Protegida vai para a fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.
Leva na cabeça a máscara,
O desinfectante nas mãos de prata,
Cara de sociopata,
Fato descartável;
Traz a vasquinha de cirurgia,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa, mas não sabia.
Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro tapados com manta
Que tesoura e tinta já não vêem, pobre santa
Tão linda que o mundo espanta.
Foge dela o virus como um mantra,
Con tanta força que nem dura.
Vai fermosa e não segura...
António Bernardo de Camões