Não sou vaidoso nem convencido,
considero-me um Tio simples e despretensioso, por isso este epitáfio não é
nenhuma lição de moral, nem corolário de vida, mensagem transcendente e, menos
ainda, instruções para descendentes. É apenas uma tese e um resumo, que
deveria ter como subtítulo: Epitáfio do Homem mais Triste do Mundo.
A questão a postular é esta: Será
que alguém que já morreu pode escrever sobre a sua morte? Parece que sim.
Contra toda a evidência, e não se trata de ressuscitar, ou de segunda ou
terceira vida, como nos jogos da X-Box, Nintendo ou Play Station. É melhor
clarificar…
Numa não qualquer quinta-feira,
enquanto se comemorava o desembarque dos aliados na Normandia, e a libertação
da Europa ( e por falar nisso, bem precisamos agora de nos libertar do jugo
Europeu), alguém se encarregava de sabotar a festa de libertação. Mas, como
sempre acontece nestes casos, o tiro saiu pela culatra e o alvo, que sofreu o
embate da bala, acabou por sobreviver e ficar mais forte, como muitas vezes
acontece! Sim, foi isto que aconteceu. Levei um tiro no passado dia 6 de Junho.
Acidental, pelo que me disseram. Eu acredito como também acredito no coelhinho
da Páscoa, Peter Pan e no Pai Natal mas, ficou bem dizer, foi um acidente: São
rosas meu senhor, são rosas meu amor…
Mas como na vida nada acontece em
vão, esse tiro acabou por me libertar de um fardo e passados meses, em que vi o
céu cinzento e negro, e me assumi como o homem mais triste do mundo, recuperei
a consciência e passei a dar mais valor à vida… parece tanta coincidência que
nem acredito. Estatisticamente seria impossível e para mim, simplesmente, foi.
E como foi, já não está. Desapareceu! Estaca zero!
Pensei que os sonhos tinham
morrido, mas agora vejo que não. Mudaram as personagens, mas os sonhos ficaram.
Uff… o que seria a vida sem sonho!
O que não nos mata, deixa-nos
mais fortes! Esta é a conclusão.
O epitáfio poderia ser: Aqui
jazia o homem que do paraíso, foi atirado para o inferno. Atravessou-o, e despertou
para um novo mundo onde vive feliz, no mais perfeito anonimato.
PS: Voltei e mudei para a minha
outra casinha… 😉