sábado, 26 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Leituras...

Natureza Quase

Eram mulheres à volta duma mesa.
Teciam conversas com linhas de voz.
Os olhos desviavam insectos verdes
a zumbirem memórias de outras mesas.
Deitavam cartas a convocar futuros.
No fruteiro, a natureza quase morta.
No retrato tinham pupilas vermelhas -
Como as feras no escuro.

Licínia Quitério
«De Pé sobre o Silêncio»

sábado, 19 de fevereiro de 2011

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Leituras...

Imagem Minha
Ficas a ler comprazida diante das rosas
silhueta que vislumbrei compus e reanimei.
Tinhas o perfil marcado cruamente pela luz,
as mãos claras no colo, os cabelos despojados
do brilho das cabeleiras soltas, mas juvenis
e sacudidos no início da tarde com alegria.
As páginas balouçavam do mesmo modo que as rosas
porque ao começar a tarde nos dias de Verão
brisas e vapores estendem-se desde o mar
até às margens floridas. No teu banco
adornado por festões de rosas trepadeiras
afastas os olhos do livro não absorta
mas para sempre atraída por inúmeras imagens.

Fiama Hasse Pais Brandão
«Três Rostos - Poemas Revistos»

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Da Janela Sul

bom dia...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Págª 107

O Inverno decorria tão frio como o anterior e a comida era ainda mais escassa. Mais uma vez, todas as rações foram reduzidas, excepto as dos cães e porcos. Uma igualdade demasiado rígida nas rações, explicou Squealer, seria contrária aos princípios do Animalismo. De qualquer modo, não teve dificuldade em provar aos outros animais que, na realidade, não havia falta de comida, apesar das aparências. Na verdade, agora fora considerado necessário fazer reajustamento nas rações (Squealer falava sempre em «reajustamento», nunca em «redução»).

O Triunfo dos Porcos

George Orwell

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Outra Janela

no brilho do sol

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Leituras...

De Esquecer

Demorei-me muito tempo ao pé de ti.
As portas fechadas por dentro, como se encerrasses
o amor e a lei. Demorei-me demais. Ao fim da tarde,
nesse mesmo dia que já morreu,
olhámo-nos devagar, mas distraídos. Diria até que anoiteceu.

Nunca falámos do amor que chega tarde.
Nem o interpelámos (como se já não pudesse
ter nome). Fingia ter esquecido o teu corpo
nas muralhas. Nas areias.

Vês aqui alguma figura? Ninguém vê.
Repara no ponto preto que alastra na margem do quadro,
nas minhas lágrimas desse tempo.
Relê.

Luis Filipe Castro Mendes
«Modos de Música»