Eu não sou tão velha assim, mas me lembro da chegada da Lycra no Brasil, no final dos anos 70.
Até então, os maiôs e biquinis eram de helanca (urghh!) ou outros tipos de malha sem a elasticidade e maciez da lycra (Spandex - Elastano).
Houve tempos (que eu não peguei, é claro) em que os maiôs eram feitos de lã. Imaginem o peso da roupa após entrar na água!
Na imagem, um Maiô masculino em lã da década de 1920 que está no Museu Histórico Nacional.
Só por causa da entrada desta fibra sintética (Elastano), passamos a ver, além dos maiôs e biquinis, roupas de ginástica, jeans com stretch e toda uma gama de tecidos com fibras mistas, com mais elasticidade.
Desta forma, podemos ter uma idéia da importância das fibras no dia-a-dia das pessoas. Marco Polo, em seu relato de viagem (Il Milione), escrito por volta do ano 1300, mostra como a descoberta da seda afetou o comércio e as relações entre ocidente e oriente, mudando toda a configuração do mundo, inclusive com a chegada dos europeus aqui no nosso território tupiniquim.
Mas vou deixar de brincadeira e ser mais séria. Em nossos dias temos:
Fibras Naturais:
são aquelas retiradas de fibras ou fios obtidos diretamente da natureza e os fios são obtidos através de processos mecânicos de torção. Podem ter origem vegetal ou animal. As
principais são:
Algodão -
fibra vegetal retirada do fruto do algodão.
Há referências de que os tecidos de algodão tenham sido levados do Oriente para a Europa no século IV a.c. por Alexandre, o Grande.
A flor é colhida, descaroçada, cardada (ou seja, separada), penteada e, em seguida, fiada.
É uma fibra excelente, por absorver bem a umidade, gerando um tecido macio e durável mas que encolhe com a lavagem, motivo porque deve ser pré-lavado antes da confecção.
Linho -
fibra vegetal retirada da planta de mesmo nome, que dá, além da fibra, o óleo, a semente de linhaça, etc. A fibra é retirada do caule da planta. Para que este seja longo, evita-se a ramificação semeando-se as plantas bem perto umas das outras. O fio é retirado após a prensagem do caule e a espadelagem (cardagem seguida de batidas, processo repetido).
Gera um tecido resistente, fresco, que não encolhe mas amarrota facilmente.
Seda -
fibra de origem animal, retirada do casulo que a larva de um inseto (bombix mori - chamada aqui de bicho-da-seda) constrói em volta de si mesma até virar mariposa. É um fio longo, resistente e naturalmente brilhoso.
As larvas se alimentam quase que exclusivamente de folhas de amoreira. Cerca de 10 dias após os casulos terem sido terminados, eles são retirados, colocados em uma estufa e, após, fervidos para que se retire a cola natural que os mantém unidos. Em seguida, são agitados para que as pontas se soltem e o fio possa ser desenrolado.
As fibras possuem grande elasticidade e após serem esticadas, voltam ao tamanho original.
O tecido é muito fino, leve e não provoca irritações na pele. No entanto é frágil e deve ser lavado com muito cuidado.
Lã -
Fibra animal, retirada de diversos animais, como as ovelhas, cabras , lhamas, camelos e até coelhos.
A espécie de cada animal, bem como sua raça e, até, o local do corpo de onde a fibra é retirada, implica em uma grande variedade da qualidade do material.
Na figura, a qualidade diminui conforme aumenta o número.
Nos carneiros, a tosquia ocorre, normalmente, na primavera, e não representa nenhum sofrimento para o animal, cujo pelo normalmente é retirado em uma peça inteira que, em seguida é lavada e penteada.
Alguns tipos bem conhecidos de lã são:
Merino - retirado de ovelhas;
Mohair e Cashmere - retirado de cabras, sendo o segundo de uma espécie particular, de mesmo nome, cuja lã de melhor qualidade vem do pelo mais fininho do peito e ventre do animal.
Angorá - retirado de coelhos.
Como disse, essas são as principais, utilizadas na fabricação de tecidos e linhas, mas há muitas outras, como a Juta, usada para fazer cordas, o Sisal usado em tecidos rústicos, para sacos de transporte de mercadorias e o Rami, parecido com o Linho, mas um pouco mais áspero.