31 janeiro 2011

Beneficiamento de Tecidos

Após terminada a tecelagem, o tecido passa por vários tratamentos que visam modificar sua aparência, qualidade ou maleabilidade, retirando impurezas como as ceras utilizadas nos fios para que deslizem bem nos teares, etc.

Chamuscagem - o tecido passa por chamas, queimando sujeiras e pequenas fibras soltas.

Desengomagem - o tecido passa por água quente ou vapor, ou por enzimas específicas de acordo com o tipo de goma que fora utilizado nos fios.

Purga - Aplicação de um detergente e de um emulgador (não me perguntem o que é isso!) em meio alcalino. Esse processo (também conhecido como cozinhamento), visa eliminar as gorduras, ceras, resinas ou parafinas e óleos.

Alvejamento - Aplicação de produtos químicos alvejantes como Peróxido de hidrogênio, Hipoclorito de sódio ou clorito de sódio, seguida de lavagem.

Branqueamento óptico -  Mesmo após o alvejamento, o tecido tem tendência a refletir uma coloração amarelada. Através deste processo, aplica-se um produto (a quente) que reflita raios azulados e avioletados que combatem o tom amarelado dando a impressão de um branco mais branco.

Mercerização -  Processo criado por John Mercer em 1848. Aplica-se (a frio) soda cáustica concentrada e hidróxido de sódio sobre o tecido de algodão sob tensão.  Em seguida, o tecido precisa ser lavado eneutralizado através de um banho de ácido, sempre sob tensão, evitando irritação no toque à pele.   Este processo faz com que as fibras inchem, diminuindo os espaços entre os fios, dando ao tecido uma aparência mais lustrosa e um toque mais macio.

Flanelar - O tecido é construído com fios mais grossos passando em uma de suas faces, esses fios sofrem a ação de atrito de guarnições em movimento levantando suas fibras, dando um toque de pelúcia.

Navalhar: Usado especialmente em tecido de felpa (atoalhados), em que navalhas passam tocando o tecido, cortando a felpa.

Lixar: O tecido passa em contato em cilindros giratórios em alta velocidade recobertos com lixa, criando no tecido um aspecto de toque chamado ‘pele de pêssego’.

Ramagem - Processo em que os tecidos são presos somente pelas ourelas (laterais) e passam por uma estufa para secagem e/ou termofixação, sem sofrer nenhum contato em suas faces. É realizado em tecidos de fibras sintéticas, fazendo que os fios se estabilizem, fixando a largura e gramatura do tecido.

Sanforização -  Processo de encolhimento mecânico do tecido no sentido do urdume (comprimento). Durante a tecelagem, os fios do urdume estão esticados, tensionados.  Posteriormente, se a roupa confeccionada com este tecido for submetida à lavagem caseira, tenderá a encolher muito.  Para evitar este problema, o tecido deve ser encolhido antes de ser utilizado.  Às vezes, 100 metros podem se tornar 85 metros, motivo porque alguns produtores reagem ao processo.  (Eu, por via das dúvidas, molho qualquer tecido que compre antes de usá-lo).

Calandragem - Processo em que o tecido passa entre cilindros sendo espremidos com alta pressão e com alta temperatura, achatando a sua superfície.  Resultando em um tecido com maior brilho e melhor toque.

29 janeiro 2011

Inspirações - A mesma idéia em dois estilistas

Hedy Lamarr em "Sansão e Dalila" (1949), cujo figurino foi feito por Edith Head, que ganhou um oscar por isso.
A atriz veste um vestido branco com um largo cinto misturando várias cores. 
Recurso simples que dá um efeito maravilhoso.







Algum tempo depois,  (imagino que o vestido seja da década de 70?) Yves Saint-Laurent faz mais ou menos a mesma coisa, com um vestido escuro acinturado por faixas roxas, rosas e verdes.
Linda combinação!

Hoje em dia, com essa onda do "politicamente correto" o mundo ficou muito chato, então vamos explicar:  Não estou acusando ninguém de cópia ou plágio, mas simplesmente mostrando uma idéia repetida.  Provavelmente muitas mulheres pelo mundo usaram outros vestidos semelhantes antes destes. (Só sei que YSL foi depois da Edith Head porque ele começou a trabalhar somente em 1955, seis anos após o filme.)

Eu mesma vi, há alguns anos, em uma lojinha no centro do Rio, um vestido preto, sem mangas, com faixas que se cruzavam na cintura, uma verde e a outra azul e me arrependo até hoje de não tê-lo comprado.

Resumindo, o vestido é bonito, na cor clara ou escura, e eu gosto.

28 janeiro 2011

Tecidos (2)

Ligamentos
A quantidade de fios do urdume pelos quais passa a trama determina o tipo do ligamento:

Tela - o mais simples e intuitivo, ou seja, a trama passa por cima de um fio e por baixo do seguinte e, assim, sucessivamente. Também conhecido como ligamento Tafetá.  O produto final tem superfície plana e regular.




Sarja - a trama passa por cima de um fio do urdume e por baixo de 2, sendo que a cada carreira, desloca-se um fio, criando uma textura diagonal, bem característica dos jeans.
Pode-se tecer de forma a espelhar as diagonais, gerando um zigue-zaque, efeito conhecido como espinha de peixe.
O tecido resultante é mais maleável que os de tela, facilitando a moldagem, e amarrota menos.


Cetim - é o nome do ligamento, que acabou sendo confundido com um dos tecidos feitos desta forma.  A trama é similar à sarja, só que em repetições de cinco a doze fios de urdume e de trama, o que faz com que a diagonal não seja claramente visível.  Esse ligamento produz um tecido maleável, com superfície lisa e brilhante.


Jacquard - tipo especial de ligamento, segundo formas complexas de entrelaçamento da trama com o urdume, de forma a produzir desenhos e texturas.



Malha - É uma exceção à regra, já que não há um entrelaçamento de dois fios, mas de apenas um fio, através de laçadas, como no tricô.






Torção

Como já vimos na parte sobre os fios, estes podem ser torcidos em duas direções distintas, condição que afeta também a tecelagem.  Ora, independentemente do ligamento utilizado, o entrelaçamento da trama com o urdume se faz em um ângulo de 90o.  Quanto mais próximos ficarem os fios, mais compacto o tecido e melhor sua qualidade.
Assim, se os fios da trama e do urdume houverem sido torcidos segundo o mesmo padrão (os dois em S ou os dois em Z), menor o espaço entre eles.

No entanto, podem ser utilizados fios com torções distintas para obter efeitos especiais de textura, como no crepe.

Ver também (http://textileindustry.ning.com/group/desenvolvimentoprodutotxtil/forum/topics/brins-sarjas e http://tecelagem-artesanal.blogspot.com/2007/11/tapetes-e-passadeiras-finlandesas.html)

[continua...]

27 janeiro 2011

As roupas e a Bíblia (4)

Abraão, pretendendo casar seu filho Isaque, manda um servo de confiança à terra de sua família, para encontrar uma noiva.   O servo faz longa viagem e chega ao local.  Pede a Deus, então, para que a moça certa se apresente a ele.  Aparece Rebeca que se propõe a servir água a ele e a seus animais. 
O homem entende que aquela é a moça e lhe dá jóias.  Em seguida, tendo sido levado a conhecer sua família, vendo que é justamente a família de seu senhor, reconhece a resposta de Deus e oferece mais jóias e vestidos à moça.



Tendo os camelos acabado de beber, tomou o homem um pendente de ouro de meio siclo de peso e duas pulseiras para as mãos dela, do peso de dez siclos de ouro;
Tendo ouvido o servo de Abraão tais palavras, prostrou-se em terra diante do SENHOR;  e tirou jóias de ouro e de prata e vestidos e os deu a Rebeca; também deu ricos presentes a seu irmão e a sua mãe.
Gênesis  24:22 e 24:52-53

A moça, de extrema coragem, se dispõe a seguir um homem estranho pelo deserto para se casar com outro, também desconhecido.  Ao vê-lo, à distância, cobre o rosto com um véu e vai em direção a ele.

Também Rebeca levantou os olhos, e, vendo a Isaque, apeou do camelo, e perguntou ao servo: Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro? É o meu senhor, respondeu. Então, tomou ela o véu e se cobriu. 
Gênesis 24:65

25 janeiro 2011

Elie Saab (coleção primavera-verão 2011)

Eis aqui alguns vestidos da coleção Prêt-à-porter Primavera-Verão (que eu AMEI!) do estilista Elie Saab.




A coleção inteira veio em tons pasteis, cinza claro, verde claro, salmon, azul hortênsia, bege... e em tecidos nobres e, em sua maioria, lisos.  Alguns com brilho e somente uma estampa, em uma mistura das outras cores.




Eu não conhecia o estilista, mas por acaso dei no desfile e achei tudo lindo.  Dei uma pesquisada e, mesmo tendo visto outros trabalhos dele muito bons, achei esta coleção o supra-sumo. 







O interesse deste modelo está nas costas, o vestido é todo franzido na cintura.



A foto não é boa, mas dá para ver todos os detalhes no vídeo do desfile:
http://www.aufeminin.com/video-mode/defile-elie-saab-printemps-ete-2011-n63082.html







O desfile é todo muito bonito, mas os sapatos (nos mesmos tons das roupas) estavam claramente desconfortáveis e as modelos andavam com visível dificuldade, o que é lamentável, afinal ninguém fica elegante quando tem que lutar para se equilibrar...












Este foi o meu favorito. Adorei o volume das mangas.

O cinto tinha um pendente na ponta que chamava muita atenção enquanto a modelo caminhava.  Ficou delicado e interessante. O mesmo cinto foi usado no modelo prata:












As fotos dos outros modelos da coleção podem ser vistas no site do estilista: www.eliesaab.com

ou
http://www.style.com/fashionshows/review/S2011RTW-ESAAB

ou
http://www.designerzcentral.com/fashion-shows/paris/review-620-elie-saab-spring-summer-2011-collection/complete-collection/

ou, ainda:

http://www.actustar.com/images/0/elie-saab_3.htm

24 janeiro 2011

Charles Worth - 3 (1886 - 1889)


Continuando os posts sobre Charles Worth (1,  2, 3), eis mais uma seleção de roupas:

1886
 


 1887
 

1888

1888


1888



1888


Esse modelo lembra muito um de 1875 do post anterior, listrado em bege e azul. Pela foto, no entanto, parece que o volume atrás é um pouco menor, e este tem uma sobre-saia.


Vestido em veludo e cetim - 1888
Pertenceu a Esther Maria Lewis Chapin (1871-1959), descendente de George Washington.
Ela o usou aos 17 anos, quando foi apresentada na Corte da Rainha Vitória.

Na realidade, não se trata de um vestido, mas de um conjunto de peças, com uma saia em cetim e vários corpetes, inclusive este com a cauda.

Este foi vendido pelos leiloeiros Doyle de Nova Iorque ao MET por uma soma considerável.



1889


1889


1889

Os vestidos podem ser encontrados nos museus 
Museu Galliera - França, 
Museu do FIT- USA,
Museo de la Moda - Chile 
e no Museu MINT - NC- USA

23 janeiro 2011

Tecidos

Resolvida a questão dos fios, o entrelaçamento destes produz os tecidos.
Então temos fios (longos), que são estendidos em um tear e outros fios (também longos) que vão sendo entrelaçados entre os primeiros, em movimentos de ida e volta, e, concomitantemente, sendo apertados uns contra os outros.
Os tecidos variam segundo a combinação: da qualidade dos fios, associada à forma de entrelaçamento e ao tratamento dado ao tecido ao final.



Basicamente é isso, mas vamos detalhar um pouquinho mais:

(A) - Urdidura (Urdume) - Base do produto.  Fios esticados no tear, no comprimento do tecido.(C)

(B) - Trama - Fios que vão sendo trançados pela urdidura, em movimentos de ida e volta.

(D) Pente - parte do tear que separa os fios para permitir a passagem da trama, segundo o produto que será tecido.

(E) Cala - espaço entre os fios do urdume por onde passa a Navete (F) com a trama.

(a imagem foi retirada deste site: http://www.ribeirinho.com.br/teares.htm)

21 janeiro 2011

As roupas e a Bíblia (3)

Em determinada situação, Abrão (antes de ter seu nome modificado para Abraão) com seus servos, parte em socorro a seu sobrinho, que morava em Sodoma, cidade que fora atacada e despojada.
Ele recupera as pessoas que haviam sido levadas cativas e todos os bens.  O rei de Sodoma, então, lhe diz para ficar com os bens e devolver somente as pessoas.

Mas Abrão lhe respondeu: Levanto a mão ao SENHOR, o Deus Altíssimo, o que possui os céus e a terra, e juro que nada tomarei de tudo o que te pertence, nem um fio, nem uma correia de sandália, para que não digas: Eu enriqueci a Abrão; 
Gênesis 14:22-23

Assim, podemos ver que até mesmo os fios e calçados eram considerados riquezas.

20 janeiro 2011

Sansão e Dalila

Recentemente assisti ao filme de 1949 do diretor Cecil B de Mille com Victor Mature e Hedy Lamarr.
Veja o post do meu outro blog.

Como disse lá, o figurino foi assinado por Edith Head, responsável pelo assunto na Paramount, e que ganhou um dos seus oito Oscars com esse trabalho.
Fazer um figurino não é a mesma coisa que fazer roupas para uma pessoa.  É quase como uma fantasia, daí que a pessoa, embora esteja restrita a fatos da época da história ,  tem uma certa liberdade para exagerar nos enfeites.  E ela caprichou.

Hedy Lamarr já era linda sozinha, mas neste filme, com todos os paramentos necessários,  ficou deslumbrante.


Ela começa como a irmã mais nova da mocinha que era disputada por Sansão e um guerreiro filisteu.  A roupa, então, é simples.  Mas, como era Technicolor, obviamente colorida:









No casamento da irmã, tudo azul.
 

 




Quando vira a favorita do rei dos filisteus, o guarda-roupa fica mais luxuoso:
Lamê prateado e muitas, muitas jóias.




E Lamê dourado com vermelho e plumas:




















Fizeram uma roupa e um cenário para apenas alguns segundos de filme.  A cena é tão curta que foi difícil capturar:   Mas valeu a pena.  Este detalhe bordado no véu/capuz é ótimo.












Quando ela tem que seduzir Sansão, cinza grafite com estampa gráfica, brilhos e transparência...

 









Bom, nesta cena o figurino é pouco, só um bikini com um pequeno pareô.
Mas quem precisa de figurino com essas pernas e essa barriga?














Essa, na minha opinião é uma das roupas mais bonitas. A combinação das cores é perfeita.














Ao recolher o pagamento pela traição, usa um vestido estampado com detalhes dourados:








Logo em seguida, ao receber a notícia de que cegaram Sansão, e que ele está empurrando uma roda de moinho,  coloca uma capa nos ombros e vai vê-lo. 


A capa tem um belo detalhe no decote, que fica parecendo um colar:











Atormentada pela lembrança de Sansão, sonha com ele, em um vestido branco com mangas fendidas e acinturado por faixas azul e rosa:











Na cena em que, arrependida, procura Sansão, usa uma capa preta, fechada por um broche.
(O arrependimento não consta da história bíblica... mas no filme fica bem) 








No final do filme, ela aparece com um vestido e capa azuis bordados com penas de pavão:








Este vestido foi inspirado em um outro, usado pela atriz Theda Bara quando interpretou Cleópatra, em 1917... mas sobre isso eu falo depois.
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