Mostrando postagens com marcador Terrorismo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Terrorismo. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, maio 05, 2017

Jornais omitem Terrorismo na Avenida Paulista


Jornais omitem atentado terrorista islâmico à bomba na Avenida Paulista

por Flavio Morgenstern


Hasan Zarif liderou um protesto contra Michel Temer no último dia 10 de abril na porta da FIESP, como registrando em matéria da Folha de S. Paulo. Ele foi entrevistado no ato que acusava Temer, descendente de libaneses, de “laços sionistas”. A prova? A escolha de Ilan Goldfajn para comandar o Banco Central. É tão Alemanha dos anos 30 que parece pesadelo (Alexandre Borges)


Em 02 de maio, na Avenida Paulista, em São Paulo, um grupo se uniu para protestar contra a lei de imigração de autoria do chanceler Aloysio Nunes, do PSDB de SP e ex-motorista do terrorista Carlos Marighella. A lei causará uma hégira no Brasil. O protesto havia sido convocado pelas redes sociais e foi pacífico.

Um grupo de pessoas, entretanto, foi até o protesto para agredir os manifestantes. Entre eles, estava Hassan Zarif, imigrante de origem palestina, que não fala português, é anti-semita e é dono de um bar “revolucionário” no Bixiga chamado Al Janiah. Em seu bar, além de aulas de árabe, são ministradas palestras com temas como “Lei Antiterrorismo: O que ainda podemos fazer?” (sic).

Os eventos são sempre realizados em parceria com um assim chamado “Movimento Palestina Para Tod@s”, que gera uma estranha inquietação pelo uso da @ trans: o que aconteceria com um homossexual ou transexual na região da Palestina dominada pelo Hamas, com sua jihad para impor a shari’ah?

Em dado momento, conflagrando o segundo atentado terrorista islâmico em território nacional, felizmente falho, Hassan Zarif joga uma bomba na direção do grupo pacífico, que precisou correr para ninguém se ferir.

Hassan Zarif, então, foi preso, portando soco inglês e sendo visto e reconhecido em um vídeo atirando o artefato explosivo. Outro vídeo pode ser visto:










Cuidado com as manchetes: falam em "confronto" com grupo de "extrema-direita", mas houve um atentado à bomba contra manifestantes na Paulista.

Ontem, na Avenida Paulista, em São Paulo, um grupo se uniu para protestar contra a lei de imigração de autoria do chanceler Aloysio Nunes, do PSDB de SP e ex-motorista do terrorista Carlos Marighella. A lei causará uma hégira no Brasil. O protesto havia sido convocado pelas redes sociais e foi pacífico.

Um grupo de pessoas, entretanto, foi até o protesto para agredir os manifestantes. Entre eles, estava Hassan Zarif, imigrante de origem palestina, que não fala português, é anti-semita e é dono de um bar “revolucionário” no Bixiga chamado Al Janiah. Em seu bar, além de aulas de árabe, são ministradas palestras com temas como “Lei Antiterrorismo: O que ainda podemos fazer?” (sic).

Os eventos são sempre realizados em parceria com um assim chamado “Movimento Palestina Para Tod@s”, que gera uma estranha inquietação pelo uso da @ trans: o que aconteceria com um homossexual ou transexual na região da Palestina dominada pelo Hamas, com sua jihad para impor a shari’ah?

Em dado momento, conflagrando o segundo atentado terrorista islâmico em território nacional, felizmente falho, Hassan Zarif joga uma bomba na direção do grupo pacífico, que precisou correr para ninguém se ferir.

Hassan Zarif, então, foi preso, portando soco inglês e sendo visto e reconhecido em um vídeo atirando o artefato explosivo. Outro vídeo pode ser visto:





Infowar: os pobres “refugiados” (com bar) contra a violentíssima “extrema-direita”

Destaca-se então a infowar, a guerra de narrativas da grande mídia para eufemizar um lado e hiperbolizar outro. De acordo com a grande mídia, um sírio, preso com um soco inglês, que levou uma bomba para um ato público e a atirou contra transeuntes pacíficos, foi apenas uma “confusão” com um “grupo de extrema direita” (sic) – grupo este que, sem destaque da imprensa, protestava pacificamente antes da chegada da turba de Hassan Zarif.




Para O Globo, Um palestino e um sírio são detidos após confusão em marcha anti-imigração em SP, e ainda Presos após confronto com direita anti-imigração vão para audiência de custódia, depois trocado para “grupo anti-imigração” (o original permanece no link). A matéria é da jornalista Juliana Arreguy, cujo avatar no Facebook pode ser visto à esquerda. A Folha prefere escancarar os dois termos que, no imaginário coletivo deturpado, representam invertidamente o oprimido e o opressor: Palestinos são presos após confronto com direita anti-imigração em SP.

O Estadão, que nunca utiliza “esquerda” ou “extrema-esquerda” em seu texto, destaca não a bomba, não o risco de vida ao qual foram expostas pessoas pacíficas, mas o pensamento político das vítimas: Ativistas pró-imigração seguem presos após briga com grupo de direita, manchete que foi reproduzida ipsis litteris na Istoé.

As únicas publicações a lembrar do “detalhe” da bomba atirada contra pessoas, que se não tivessem corrido poderiam estar mortas, foram o blog de Rodrigo Constantino na Gazeta do Povo, que marcou Manifestantes de direita contra lei de imigração acusam islâmico de explodir bomba caseira em SP, além do chinês Epoch Times: Imigrantes explodem bomba em protesto contra Lei de Migração.

Já entre as publicações petistas que eram financiadas com dinheiro do pagador de impostos brasileiro, também chamada de “esgotosfera”, a situação é ainda mais drástica: para o Brasil de Fato, abaixo da cartola “Xenofobia”, a manchete é Refugiados palestinos são presos após conflito em manifestação antimigração (sic). Na Revista Forum, espécie de porta-voz unificador do discurso petista, Palestinos são agredidos e presos em manifestação de direita anti-imigração em São Paulo. Na Rede Brasil Atual, Palestinos são agredidos e presos em manifestação contra refugiados em São Paulo, com descrições como “Os palestinos estavam passando pela Avenida Paulista e pararam para ver a manifestação, e então foram xingados e ameaçados.” A cena mais comum da cidade de São Paulo, naturalmente.


Há uma gritante semelhança de tom e objetivo entre as manchetes, sejam de O Globo, Estadão, Folha ou Revista Forum e Brasil Atual, e ainda mais semelhante ausência de comentário sobre uma bomba atirada contra pessoas (repetindo: que se não tivessem corrido, poderiam estar mortas, e não foram atingidas por se moverem rapidamente).

Para a grande mídia, que chegará ao maior número de pessoas, tudo não passou de um “confronto”, uma “confusão”: de um lado, “refugiados”; de outro, um “grupo de extrema-direita”. Foi como a narrativa chegou a TV, até mesmo escolhendo vídeos infelizes na internet em que manifestantes “admitem que agrediram refugiados” (sic).



Fake News: Al Janiah e Hassan Zarif

Se jornalistas houvessem por fazer algo mais profundo do que enxergar um cenário de violência e dizer que há uma equalização de forças caso o fato não se coadune com a narrativa padrão “palestinos coitadinhos”, veriam que a verdade está exatamente na direção oposta do que escreveram.

O jornalista Marlos Apyus, ex-Antagonista e CEO do novo portal Politicas.Info, acabou sozinho investigando e descobrindo algumas verdades inconvenientes para a narrativa da mídia.

Por exemplo, o Boletim de Ocorrência lavrado contra Hassan Zarif desmente tudo o que foi colocado pela imprensa. No B. O., Hassan Zarif é reconhecido como o autor da bomba contra o povo que manifestava. Agrediu um policial, resistiu à prisão e foi detido com um soco inglês. Sua turba estava agredindo inclusive mulheres na manifestação (sendo pró-Palestina, não é exatamente algo a se estranhar).

O que é mais significativo: apesar de Hassan Zarif e seu bando apostarem na tese de que houve um “confronto” e de que foram “agredidos”, conforme repetiu a mídia, não há marcas de agressões em seus corpos, embora haja até vídeos de suas agressões contra outras pessoas.



Como se vê, Marlos Apyus sozinho foi mais jornalista do que toda a imprensa brasileira, com exceção devida à Gazeta do Povo e Epoch Times.

Por outro lado, não é preciso ir muito atrás de documentos para ver o estado em que ficaram as vítimas deste atentado terrorista islâmico, como mostra a página Direita São Paulo:







Quando a imprensa prepara o caminho sentimental das pessoas, pode-se fazer o que bem se entende, sem esperar críticas, como quando se chama vítimas de “grupo de extrema-direita” e um verdadeiro atentado terrorista islâmico, felizmente sem nenhuma morte, de “conflito” com “refugiados” que teriam sido “agredidos” sem explicação (e corpo delito). Nem mesmo é preciso explicar o que um anti-semita que organiza palestras pensando no que fazer após a lei anti-terrorismo estaria fazendo “andando pacificamente” na Paulista com soco inglês e uma bomba.

Não à toa, a Istoé já fala que a Ouvidoria das Polícias do Estado “apura irregularidades em prisão de palestino em São Paulo” (onde está aquele chatérrimo “supostas” nessas horas?). Imagine-se se fosse um grupo de apoiadores de Doria ou Bolsonaro que jogasse uma bomba contra “refugiados”, como seriam as manchetes por meses a fio, incluindo ações no Congresso.

Sem surpresas também, descobriu-se que Hassan Zarif fez campanha para o PSOL, um dos partidos com mais flertes com o anti-semitismo do país. Logo depois, foi solto, com ajuda de Sâmia Bonfim, vereadora do PSOL. Sâmia Bonfim viu inúmeros entraves à prisão de quem solta uma bomba contra mulheres (a vereadora é, naturalmente, feminista), mas estava lá com o fito claro: reclamar que a polícia não prendeu quem respondeu com “discurso de ódio” à bomba de Hassan Zarif.





domingo, janeiro 29, 2017

Não compare “refugiados” islâmicos com judeus sob Hitler. Judeus fugiam desses “refugiados”.





por Flavio Morgenstern



Usando uma linguagem metonímica, a moda agora é comparar "refugiados" islâmicos justamente com judeus, que fugiram deles por toda a história.



Imagine que várias pessoas se mudarão para seu bairro. Elas são machistas. Elas espancam mulheres. Elas odeiam judeus, negam o Holocausto e admiram Adolf Hitler. Elas são homofóbicas, acham que homossexualismo é doença e pecado, pensam como na Idade Média e que gays devem ser mortos. Também são racistas: acham que algumas raças e etnias devem ser extintas pelo bem delas. Você aceitaria receber tais pessoas? E se elas fossem os assim chamados “refugiados islâmicos”? Pois eles são praticamente idênticos.

A linguagem molda o pensamento, e a forma como algo é descrito muda nosso apreço a ela. Aliada a ideologias de moda, que se julgam profundos pensamentos estudados e sopesados, palavras como “feminismo” e “islamofóbico” convivem no mesmo discurso, sem que metade do Ocidente pareça atentar para a impossibilidade lógica, factual e existencial da convivência entre feministas e muçulmanos – apenas para se ficar no exemplo mais óbvio dos dias que correm.

Dessubstancializadas as palavras, que funcionam apenas como gritos de guerra e mandos de ordem para determinados segmentos políticos, os usuários da língua apenas podem preencher os sons que emitem dos vocábulos com analogias a realidades mais fáceis de serem absorvidas – via de regra fenômenos gigantescos ou ínfimos.

É o que estudiosos do fenômeno chamam de “linguagem metonímica”, que só faz referências às próprias impressões que pretende causar. Para entender qualquer evento complexo na política moderna, a regra de ouro é uma comparação alquebrada com o nazismo.



A ordem executiva assinada por Donald Trump, que instala um veto de entrada a 5 países muçulmanos em voga por serem contumazes exportadores de terroristas foi um destes eventos em que os comunicadores, que deveriam informar algo ao público além do que ele já presumiria saber, preferem apenas reduzir algo difícil a um referencial facilmente digerível, que cause horror às massas irrefletidamente.


O nacionalismo de Hitler




Um problema óbvio surge: os assim chamados “refugiados” islâmicos não se parecem nem um pouco com os judeus que estavam sendo perseguidos e dizimados por Adolf Hitler na Alemanha nazista. Exatamente o oposto: como qualquer criança de 10 anos assistindo a um noticiário pela primeira vez, eles estão exatamente do lado oposto, caçando judeus ao lado dos nazistas. Comparar “refugiados” muçulmanos logo a judeus é algo que deveria fazer qualquer um passar vergonha pela ignominia por anos sob risadas colossais, como a mamona de Requião. No entanto, é a regra hoje para se parecer alguém inteligente.

A substância dos fatos é bem diferente. Adolf Hitler era um socialista que levou a cabo uma forma de socialismo nacionalista, o Nazionale Sozialismus, ou nazismo. Apesar de o nacionalismo estar fora de moda no mundo e o caráter socialista do Terceiro Reich ser comumente ignorado, sua distância do modelo marxista-leninista se dava pelo conceito de Estado-Nação, algo quase exógeno à Alemanha: o poder do povo, incluindo sua “raça”, deveria se concretizar em um Estado forte com líder plenipotenciário, em um centralismo absoluto.

O inimigo que era o bode expiatório comum para ser culpado pelos defeitos europeus na época (inclusive por socialistas) eram os dois povos sem pátria a vaguear pelas nações: os ciganos e os judeus. Com a diferença óbvia de que os judeus prosperavam onde quer que parassem, dominavam a arte do comércio, da poupança e da especulação e até hoje são líderes em disciplina e patentes. Adolf Hitler, em um de seus discursos mais famosos na Hofbräuhaus em Munique e quase nunca traduzido, explica por que somos anti-semitas usando o velho bode expiatório do judeu, povo pária “sugando” os alemães, exigindo uma pátria livre de elementos “estrangeiros”.

Para o palpiteiro de 140 caracteres desconhecedor de qualquer estudo sério sobre o totalitarismo nazista, isto pode parecer um nacionalismo “simples”, modelo “meu país é melhor do que o seu”. Não é preciso avançar mais do que 10 páginas da leitura de Mein Kampf para testemunhar Hitler usando expressões francesas, elogiando arte italiana ou enxergando nos “nórdicos”, até então países pobres e rurais, seu grande modelo. O alvo de Hitler são elementos não-“arianos” em território alemão.

Sem entender isso, é praticamente impossível entender um dos eventos mais importantes da II Guerra Mundial, a Campanha Norte-Africana, quando a o Terceiro Reich operou na Líbia, Egito, Marrocos, Argélia (Operação Tocha) e Tunísia (Operação Tunísia), com efeitos que perduram até hoje. Foi tema de diversos filmes, como O poder de um jovem. O próprio Fusca foi projetado para ser bem usado no deserto (com poucos empurrões poderia ser “descapotado”). As forças Deutsches Afrikakorps foram atuantes para enfrentar o Common Wealth britânico na África, espalhando valores como representatividade popular e direitos individuais, tão caros à Inglaterra. Os planos de Hitler para a África incluíam um império colonial indo de Gana a Camarões.

Contanto que cada etnia ou, como Hitler as chamava, cada “raça” ficasse dentro de seu cercadinho, com uma potente Alemanha militarmente expansionista como “eixo” de influência no mundo, viveríamos sob o Tertium Imperium Germanicum.

Adolf Hitler: #refugeeswelcome

Seu alvo primordial eram judeus. Quem mais odiava judeus no mundo, apesar de o anti-semitismo ser corrente por séculos na Europa, era o povo que queria substituir o monoteísmo abraâmico de Israel por um outro modelo: os muçulmanos.

Com o esfacelamento do Império Otomano na Primeira Guerra, que o Estado Islâmico hoje tenta reviver, os territórios em disputa lutam pela criação também de estados soberanos, agravados pelas migrações e reformulações decorrentes da Grande Guerra. Surge um movimento que, mirando a mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém, a primeira tentativa islâmica de aniquilação completa dos judeus do mundo, reivindica um vasto território chamado Palestina, e inicia um movimento de “Nacionalismo Palestino”, para criar um novo país exatamente onde está a Israel histórica, mas livre de judeus.

O líder do Nacionalismo Palestino era Amin al-Husseini, o “Grande Mufti de Jerusalém”. Apesar de usar um título dado pelo Império Britânico, sua ideologia era “anti-colonialista”, o que se espalhou pelo mundo a partir da educação centralizada na ONU e foi a única aprendida no Brasil desde então. Era anti-sionista, o movimento que reclamava aos judeus um país próprio onde Israel sempre existiu, e contrário às leis “imperialistas” do Common Wealth, que sempre garantiram que o povo não sofresse com tiranos.

Durante a Segunda Guerra, se refugiu na própria Alemanha nazista, colaborando com o Terceiro Reich fazendo transmissões via rádio e recrutando aos alemães soldados bósnios muçulmanos para a Waffen SS, formando a 13.ª Divisão de Montanha da Waffen SS Handschar, uma tropa de elite muçulmana-nazista para assassinar judeus e acelerar o Holocausto. Handschar (bósnio Handžar, árabe khanjar, خنجر) é a cimitarra turca do Império Otomano.

Em troca, em encontro com o próprio Adolf Hitler, al-Husseini demandou ajuda para destruir Israel, estabelecendo uma independência árabe e o reconhecimento de um “Estado palestino” no lugar de Israel, conforme profecia islâmica. Em fevereiro de 1941, após encontro com Benito Mussolini, al-Husseini faz com que Alemanha nazista e Itália fascista reconheçam o “direito” de os estados árabes resolverem a “questão judaica”.

Em novembro, se encontra com o próprio Adolf Hitler, após conversas com Ernst von Weizsäcker e Joachim von Ribbentrop. Hitler estava ocupado com a guerra e com o “problema judeu”, mas prometeu apoio ao nacionalismo palestino contra judeus protegidos pela Inglaterra. A Alemanha nazista se foi, mas a retórica “anti-colonialista” e o reconhecimento a fórceps de uma suposta “Palestina”, que não permite nem assentamentos judaicos (ou seja: judeus morando e existindo pacificamente) permanece, transmitida da Alemanha nazista diretamente para a ONU.






Essa história não parece ser extremamente conhecida fora da Alemanha, e não parece que passou nas aulas de História dos jornalistas e das pessoas gritando que “Aqui se aceita refugiados!” no aeroporto JFK, em Nova York, após o anúncio de Donald Trump.

O mundo islâmico sempre odiou judeus, mas por motivos religiosos, enquanto a Europa odiava judeus por motivos econômicos (eram a burguesia que enriquecia com comércio, destruindo a antiga aristocracia rural) e nacionais: eram um povo “estranho”, que não comungava da mesma missa e não possuía os mesmos hábitos. Os judeus, na Europa, se fechavam em guetos: não tentavam impor o judaísmo aos países europeus. Eram, sim, verdadeiros refugiados: perseguidos desde a Antigüidade por impérios poderosíssimos (sua história começa com um Êxodo), agiam entre os seus, sabendo-se sempre ser uma minoria onde quer que estivessem.

Já muçulmanos de diversos matizes odeiam judeus por enxergar neste diminuto povo a Eterna Aliança Abraâmica que rivaliza com sua narrativa de um mundo sob o islamismo. Seu método de conquista é, justamente, a imigração (sua história começa com uma, a Hégira, que marca o início do calendário islâmico). Judeus, e israelitas, possuem mais Prêmios Nobel per capita do que qualquer país do mundo. Não se sabe de qualquer coisa boa ao mundo advinda do mundo islâmico recente. Há mais livros traduzidos para o espanhol no último ano do que livros traduzidos para o árabe nos últimos mil anos.

A história da invenção de uma “Palestina” por Amin al-Husseini é repetida com Hassan al-Banna, criador da Irmandade Muçulmana. Ou com todos os ditadores que, islamicamente, governam os países islâmicos do Oriente Médio. A maior parte não reconhece palestinos. Países ricos, como os Emirados Árabes Unidos, proíbem “refugiados” sírios. Quase todos proíbem judeus, sob penas que variam entre decapitação e enforcamento. O Hamas e o Irã negam o Holocausto, e prometem a destruição de Israel. O Hezbollah é abertamente pró-neonazismo, inclusive praticando a saudação nazista.


Em uma reportagem recente da Foreign Affairs vimos como Adolf Hitler é visto fora do mundo ocidental, ao alcance de redes sociais e canais de TV. Seu livro Mein Kampf é vendido normalmente em países islâmicos, e geralmente Hitler é visto como um grande líder que teve de lidar com o “problema judeu” e finalmente lhe deu uma solução. Com o fim dos direitos autorais sobre a auto-biografia de Hitler, a maior preocupação da Alemanha é com o público interessado no livro: Mein Kampf é vendido sobretudo para os “refugiados” islâmicos na Terra de Merkel.

Países como a Síria (na lista do veto de Donald Trump) e o Líbano são casos curiosos: fazendo parte do Levante, compreendem entrepostos comerciais que geraram uma das regiões mais ricas do planeta por milênios, enquanto impérios ruíam ao seu redor. Como tal, compreendiam uma variedade de etnias, religiões e povos em seu território. Assolados por guerras civis “anti-coloniais”, quando ditadores anteviam a possibilidade de aniquilar seus elementos “estranhos” ao islamismo e aplicar a shari’ah, geraram fugas em massa de sua população para países como o Brasil.


Cidades como a São Paulo, de Paulo Maluf e Fernando Haddad, possuem fartos elementos sírios e libaneses, da esfiha ao hospital de ponta Sírio-Libanês. É o prato cheio para analistas de meia pataca crerem que se deva aceitar “refugiados” islâmicos, afinal, São Paulo se enriqueceu com sírios e libaneses atuando juntos. Poucos parecem interessados em algo além de palavras ocas para verificar que são cristãos sírios e libaneses que vieram a São Paulo, justamente fugindo dos agora chamados “refugiados” que querem implantar a shari’ah.

Sem conhecer nada disso, o mais comum é ver jovens chamando todos que discordam deles de “nazistas”, comparando “refugiados” islâmicos com judeus, enxergando “anti-semitismo” na direita política e, naturalmente, negando a Israel o direito de existir, porque a “Palestina” está sofrendo com a existência de judeus.




Mas basta usar uma palavra agradável aos ouvidos dominados por expressões chocantes, como “fascista” ou “homofóbico”, cheias de -istas e -fóbicos, para atender ao grito apontando “islamofóbico!” e passar à boa e velha comparação com nazistas, tão somente porque as palavras parecem (“refugiados sírios fugindo de guerras!”), sem saber absolutamente nada da realidade destes povos.








Certamente, se alguma pessoa gritando que “refugiados são bem vindos” e postando fotos felizes ao lado de páginas sobre feminismo e criticando homofobia no Instagram ouvisse falar que está vindo uma horda de machistas, homofóbicos, racistas, anti-semitas e teocráticos que negam a Teoria da Evolução às suas calçadas, estariam todas exigindo que Donald Trump as varresse do mapa sob forte tortura.




Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs" (ed. Record). No Twitter: @flaviomorgen



terça-feira, outubro 11, 2016

O terrorismo vai à universidade: a educação salvará o mundo?.










O terrorismo vai à universidade: a educação salvará o mundo?.






Dizem por aí que a educação salvará o mundo. Será? Esta semana o Le Monde publicou uma matéria que talvez contradiga essa afirmação. O jornal informa que os estrangeiros recrutados pelo Estado Islâmico são“significativamente mais educados que seus compatriotas”. Segundo uma pesquisa, 43,3% dos terroristas completaram os estudos secundários, 25,4% foram à universidade, 13,5% não passaram da escola primária e apenas 1,3% se declararam iletrados. Os demais, 16,3%, não deram nenhuma informação a respeito.

Há poucos dias vi alguém enunciando que pessoas que estudam são boas. Isso é tão coerente quanto afirmar que sujeitos que não estudam são maus. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. João Pereira Coutinho já escreveu sobre o Hitler, o leitor. Se no século XVIII a educação auxiliou a prudência política inglesa, também serviu às guilhotinas francesas. Dito de outra maneira, se durante a Revolução Francesa a educação serviu aos escritos de Edmund Burke, também auxiliou Robespierre e Marat. E educação é uma entidade que pode trabalhar tanto para Deus quanto para o Diabo.

Voltando à matéria, ela aponta que “Os recrutas estrangeiros do grupo Estado Islâmico na Síria têm um nível de educação relativamente elevado.” E mesmo assim continuam bárbaros. Pior ainda, às vezes não é a instrução que separa a civilização da barbárie, mas ao contrário, às vezes é precisamente a instrução que molda os tiranos e faz verter sangue inocente. Foi depois de Mao Tsé-Tung conhecer o marxismo que se tornou um facínora; foi após estudar em Paris que Pol-Pot se converteu num déspota; Che Guevara era médico. Duvido que a leitura por si só cause tanto estrago, mas creio firmemente que ela seja capaz de potencializar anseios nefastos.



A pesquisa também ressalta que uma das causas da radicalização muçulmana seria o desemprego. Mas vale lembrar que a escolha é individual. Ninguém degola os ditos “infiéis” por estar desempregado. No Brasil, mesma coisa. Não é por estar desempregado que o jovem se torna traficante, tendo em vista a existência daquele que prefere catar papelão a comercializar entorpecentes. Isso é desculpa. Aliás, mesmo que o fosse, como diz o existencialismo de Sartre, “o importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.” Isso serve de diversas maneiras.

De acordo com o Le Monde, a proporção de jihadistas que possui maior nível de educação aumenta entre aqueles que desejam executar tarefas administrativas e, pasmem, também entre os candidatos ao suicídio. Só ingênuos acreditam que leitura e estudos fazem as pessoas melhores. O gulag não foi criado por analfabetos.



Mas qual a importância disso tudo para os brasileiros? No momento penso em dois pontos. Primeiro: o terrorismo cresce exponencialmente e nada impede que de uma hora para outra um jihadista mande oCristo Redentor pelos ares. Segundo: se adultos com diploma universitário podem se tornar homens-bombas, adolescentes rebeldes em formação podem muito bem aderirem a movimentos políticos sectários a partir do incentivo de professores. Por isso a educação liberal é impreterível.

Sorte nossa que os doutrinadores socialistas estão perdendo terreno e que ainda não temos doutrinadores jihadistas. Dada a sacralização do relativismo cultural, não é de se duvidar que o Escola Sem Partido ganhasse uma ramificação chamada Escola Sem Jihadismo. Dessa forma, tal como o Escola Sem Partido é acusado de querer cercear a liberdade de expressão e reflexão, o Escola Sem Jihadismo seria acusado de xenofobia.

Se a beleza salvará o mundo, como afirmou Dostoievsky, eu não sei, mas sei que a educação pode muito bem destruí-lo.

quarta-feira, abril 06, 2016

A tomada de Jerusalém pelo Islã e suas implicações globais.










A tomada de Jerusalém pelo Islã e suas implicações globais.

por Adam Eliyahu Berkowitz





“Assim diz o Senhor: Estou voltando para Sião e habitarei em Jerusalém. Então Jerusalém será chamada Cidade da Verdade, e o monte do Senhor dos Exércitos será chamado monte Sagrado”.
Zacarias 8.3, NVI.



Uma guerra religiosa está sendo travada em torno de Jerusalém, com os muçulmanos reivindicando o monte do Templo como sua propriedade exclusiva e exigindo soberania sobre a cidade. Todavia, a base para tal reivindicação, universalmente aceita pelos governos estrangeiros, é, de fato, inexistente. Um político israelense adverte que essa apropriação fraudulenta da capital eterna dos judeus é meramente um prelúdio para os planos islâmicos para a Europa e para a América.


O ponto crucial da reivindicação de Jerusalém é a mesquita al Aqsa no monte do Templo. Frequentemente mencionada como o terceiro sítio mais sagrado do islamismo, ela é tida como o local de uma jornada noturna miraculosa que Maomé fez de Meca a Masjid al-Aqsa (“a mesquita mais distante”, em árabe), embora seja improvável que o lugar desse [suposto] milagre seja a al Aqsa em Jerusalém.



Isto ocorre parcialmente porque “a mesquita mais distante” é entendida por estudiosos do Corão como uma metáfora, significando “entre o céu e a terra”, e não como um local específico. Mesmo como uma referência geográfica, Israel, mencionado no Corão (30.1) como “a terra mais próxima” (adna al-ard), é um candidato improvável.



Na verdade, embora Jerusalém seja mencionada na Bíblia 669 vezes, e a palavra Sião, que é sinônimo de Jerusalém, seja mencionada 154 vezes, nenhuma dessas duas palavras aparece uma única vez no Corão.



Outro defeito na teoria da correlação da mesquita com Maomé é que, na ocasião da viagem dele, não havia mesquitas em Israel e o início modesto da [construção da] al Aqsa não ocorreu até várias décadas depois da morte de Maomé (632 d.C.).



Também é significativo que, a despeito de ser coberta por mosaicos e caligrafia árabe, não há na mesquita nenhuma referências à suposta jornada de Maomé ao sítio.



Embora Maomé inicialmente tenha usurpado a prática judaica de orar voltado para Jerusalém -- como ele fez com muitas outras práticas, raciocinando: “Temos mais direito sobre Moisés do que vocês” (Ibn Abbas, Número 222) --, mais tarde ele estabeleceu que a oração deveria ser feita voltada para Mecca (qibla). Esse foi um teste para medir o tamanho da população dos judeus de Medina, pois, por meio da direção para a qual eles se voltassem enquanto oravam, seriam claramente revelados os verdadeiros islamitas.



De acordo com Maomé, um verdadeiro muçulmano vira as costas para Jerusalém enquanto está orando.



Muitas vezes o Domo da Rocha é chamado, erroneamente,[1] de al Aqsa. A ignorância sobre o monte do Templo no islamismo é tão prevalecente que até mesmo vários sites islâmicos têm tentado educar seu público. JustIslam[2] observou que “muitas pessoas têm quadros em suas casas mostrando a mesquita errada! Ela é um dos três lugares mais sagrados”.



Na verdade, o Domo da Rocha, construído pelo califa Abd al'Malik [em 691 d.C], depois da morte de Maomé [em 632 d.C.], foi escolhido precisamente porque era o local dos templos judeus, e não por causa de seu significado para o islamismo. Ele é anterior à mesquita al Aqsa e, embora mais tarde tenha sido incorporado ao complexo da mesquita, sua construção não teve nada a ver com a história de Maomé.



O lugar foi escolhido com base no conselho de um judeu, Ka'ab al-Ahbâr, um rabino do Iêmen que se convertera ao islamismo e que levou os árabes ao local da antiga Pedra do Fundamento*, capacitando-os a erigirem o Domo da Rocha em cima da Pedra.



O sítio foi bastante insignificante para os muçulmanos até que Israel conquistou o monte do Templo em 1967. Fotografias dos anos 1950 mostram um complexo negligenciado e avariado, com ervas daninhas crescendo entre as pedras e pouquíssimos visitantes.



Atualmente, a Autoridade Palestina[3] exige que Jerusalém seja sua capital e, para ela, este é um ponto não negociável no processo de paz, a despeito de não haver precedentes de Jerusalém ser a capital de um país islâmico.



Em 2001, Daniel Pipes,[4] presidente do Fórum do Oriente Médio, descreveu a história da ambivalência muçulmana com respeito a Jerusalém, apontando que, durante o Mandato Britânico, “o governo britânico reconheceu o interesse mínimo dos muçulmanos por Jerusalém durante a Primeira Guerra Mundial”.



A Grã-Bretanha decidiu não incluir Jerusalém nos territórios a serem designados aos árabes porque, como disse o negociador chefe britânico, Henry McMahon: “Não havia lugar (...) suficientemente importante (...) ao sul de Damasco, ao qual os árabes atribuíam importância vital”.



Pipes também relatou uma parte da história que ilustra a avaliação árabe de Jerusalém como de somenos importância. Em 1917, “Jamal Pasha, o comandante-em-chefe otomano, instruiu seus aliados austríacos a “explodirem e mandarem Jerusalém para o inferno” se os britânicos entrassem na cidade”, escreveu ele.



Quando solicitamos a Pipes uma atualização sobre como esta teoria está funcionando atualmente, sua resposta foi amarga: “Um padrão de catorze séculos de duração sugere que, enquanto Israel controlar Jerusalém, os muçulmanos responderão focalizando a cidade e querendo dominá-la”. E ele teorizou: “A intifada das facas é a tática deste momento com este objetivo; depois que ela fracassar, deve-se esperar outra, e mais outra depois desta”.



Moshe Feiglin, presidente do partido Zehut em Israel e vice-porta-voz anterior do Knesset, viu uma ameaça mais universal e sinistra na tentativa árabe de dominar Jerusalém. “Isto é parte da cultura islâmica e de seu conceito sobre uma entidade nacional, que é diferente do conceito ocidental ou do conceito dos judeus. Os muçulmanos creem que, se eles conquistarem Jerusalém, cultural e depois fisicamente, a cidade pertencerá ao islamismo, mesmo que não exista nenhuma conexão histórica ou religiosa com o islã”.



Jerusalém está na agenda deles agora, mas em breve o islamismo irá em busca de outras cidades. Feiglin advertiu: “Assim como eles veem uma ligação com Jerusalém, eles já estão vendo uma ligação com Nova York e com cidades na França”.





* Sobre a qual Abraão ia sacrificar Isaque e sobre a qual ficava o Santo dos Santos.



Notas:








Adam Eliyahu Berkowitz é um colunista do noticiário Breaking Israel News. Ele emigrou para Israel em 1991 e serviu nas Forças da Defesa de Israel como médico combatente.

Publicado na revista Notícias de Israel 5/2016 – www.beth-shalom.com.br

Fonte: Mídia Sem Máscara

quinta-feira, março 17, 2016

Grupos terroristas Intensificam seu Interesse por crianças para a Jihad.








por Abha Shankar






As crianças tornaram-se um grupo alvo chave para o recrutamento por grupos terroristas que estão cada vez mais se voltando para as mídias sociais para mostrar seus esforços bem-sucedidos em doutriná-los para a jihad. Em janeiro, por exemplo, Wilayat Khorasan (ou "Província de Khorasan"), a ramificação do Estado Islâmico (ISIS) na região do Afeganistão e Paquistão, divulgou um vídeo de propaganda, intitulado "Filhotes do Campo do Califado" que mostrou meninos passando por treinamento para a jihad (foto).




As imagens de vídeo mostraram garotos vestidos com camuflagem aprendendo a disparar rifles de assalto Kalashnikov. Informa-se que o centro de treinamento, provavelmente localizado na província oriental afegã de Nangarhar, é a quarta instalação desse tipo de treinamento do Estado Islâmico na região.

Acampamentos semelhantes estão florescendo abertamente na Síria e no Iraque, onde as crianças estão sendo ativamente recrutadas pelo ISIS para servir como a próxima geração de combatentes do grupo terrorista. Um novo relatório publicado no CTC Sentinel do Combating Terrorism Center de West Point afirma que, no ano passado, pelo menos 89 crianças-soldados do sexo masculino foram elogiadas como "mártires" no Twitter, bem como no canal oficial do Estado Islâmico, Telegram. As crianças-soldados vieram de países tão variados como Iraque, Síria, Iêmen, Líbia e Nigéria, Iêmen, Arábia Saudita, Tunísia, Líbia, Reino Unido, França e Austrália.

Quatro por cento das crianças-soldados morreram realizando missões suicidas e outros 18 por cento eram inghimasis (que significa "mergulhar" em árabe) – isso significava que as crianças lutaram ao lado adultos para atacar posições inimigas com armas automáticas leves e, posteriormente, se mataram ao detonar coletes suicidas, disse o relatório.

As fotografias publicadas das crianças mártires mostrra um consistente "tema de felicidade com a perspectiva do martírio."




As crianças podiam ser vistas "em pé em pomares e prados, cenário presumivelmente escolhido para ecoar o paraíso para o qual eles achavam que estavam destinados."

Outra conclusão importante do relatório era que, ao contrário de outros conflitos, onde as crianças-soldados são uma "estratégia de último recurso" e servem para substituir adultos em batalha, as "crianças soldados" do ISIS estão lutando lado a lado, mais do que em lugar dos homens adultos. "

O recrutamento de crianças não só garante uma próxima geração de combatentes para um grupo terrorista, mas também torna mais fácil a lavagem cerebral de mentes jovens impressionáveis. "Isso já foi feito pelas mesmas razões por Hitler com a Juventude Hitlerista," Charlie Winter da Fundação Quillam, um think tank contra-terrorista com sede em Londres, disse à NBC News.

"Não há termo mais adequado para isso do que lavagem cerebral", Winters acrescentou. "Essas crianças não terão nenhum ponto de referência diferente do jihadismo de modo que a ideologia vai ser muito mais firme em suas cabeças e muito mais difícil de desalojar."

Em outubro, o Canal de Notícias 4 com sede em Londres publicou um vídeo que mostrou exemplos do ISIS "desenvolvendo uma nova geração para o Califado para lutar contra os infiéis." As crianças passam por um rigoroso treinamento físico e juram lealdade ao grupo terrorista, declarando: "Devo ouvir e obedecer mesmo se eu tiver que morrer."

Um ex-instrutor que escapou de um tal campo depois de ter ficado "desiludido pela escala da violência" perpetrada pelo ISIS confessou que o grupo terrorista convence crianças para a jihad, dizendo-lhes que "Está escrito no Alcorão que você tem que lutar a jihad" e que "todos nós vamos morrer mártires e alcançar o céu, todos nós."

As crianças que se recusam a lutar a jihad em nome do ISIS não apenas se arriscam a morrer, mas também sofrem o risco da tortura e outras penas. Em um exemplo horrível, o ISIS cortou mão e um pé de um menino de 14 anos de idade com uma faca de açougueiro como um aviso para as outras crianças não resistirem em pegar em armas em apoio do grupo. O ISIS disse às crianças e adolescentes reunidos: "Este homem é um infiel por isso vamos cortar a mão e pé", e "todos os que lutam contra nós vão ter suas mãos e pés cortados."

As crianças também são incentivadas a espionar seus pais que, por sua vez, se ariscam a morrer se forem contra os filhos se juntarem ao grupo terrorista.

Em julho, o ISIS divulgou um vídeo mostrando um menino decapitando um soldado servindo no Exército Sírio sob a vigilância de um militante sênior perto da antiga cidade de Palmyra. No início do ano passado, o ISIS divulgou outro vídeo que mostra um menino que parecia ter menos de 15 anos de idade decapitar dois supostos espiões russos. Em outro exemplo, Khaled Sharrouf, que deixou a Austrália para aderir aos combatentes do Estado islâmico na Síria, postou uma foto de seu filho jovem segurando uma cabeça decapitada de um homem.

Grupos como o ISIS têm "agressivamente se interessado pelo recrutamento de crianças, oferecendo palestras gratuitas e instruções que incluíam armas e outros treinamentos militares", disse um relatório da Human Rights Watch.

Isto foi confirmado por um relatório das Nações Unidas, que afirmou que crianças a partir dos 12 ou 13 estão sendo recrutados pelo ISIS para se submeter a treinamento militar em Mosul, Iraque. Os meninos que tinham sido recrutados à força por parte do Estado islâmico, mas conseguiram escapar confessaram às suas famílias que tinham sido "forçadas a formar a linha de frente para proteger" os combatentes, bem como coagidos a doar sangue para combatentes feridos. O ISIS também usa crianças para fins de propaganda, como o exemplo de militantes forçando duas crianças doentes em um hospital de câncer em Mosul a posar para fotos segurando a bandeira do Estado islâmico que foram posteriormente publicadas na Internet.

O Estado Islâmico também tem utilizado a Internet para seduzir as moças para a jihad. Salas de chat online rotineiramente aconselham as meninas "sobre como desobedecer discretamente seus pais e fugirem" para o Estado islâmico. Quando as meninas expressam preocupação com o custo financeiro da viagem, elas são instruídas a "entrar em contato em particular e que vamos ajudá-la." O grupo terrorista também criou um "bureau de casamento" na província de Aleppo, no norte da Síria para "mulheres solteiras e viúvas que gostariam de se casar com combatentes do ISIS."




O recrutamento de crianças para a jihad não se restringe apenas ao Estado Islâmico. Um relatório no Jafrianews.com afirma que o Taliban recrutou centenas de crianças para empreender a jihad no Afeganistão e no Paquistão desde 2006. Vários recrutas juvenis se afiliam ao Talibã de boa vontade para vingar a morte de membros da família. Os novos voluntários, em seguida, passam por um "processo de motivação sistemática" onde "eles os fizeram assistir filmes em vídeo, mostrando a tortura física e morte de mulheres e crianças muçulmanas [sic] em Caxemira, Afeganistão, Chechênia e na Somália por quem eles chamam de infiéis", disse o relatório.

Em uma reportagem de Maio sobre crianças-bomba, o programa 60 Minutes da CBS News observou que crianças a partir dos 7 estão sendo recrutados como homens-bomba no Afeganistão e no Paquistão. "As crianças aceitam o que você diz bastando falar com elas apenas duas vezes", disse um comandante talibã. "Elas podem ser usados em ataques de riquixá (1), bicicleta ou motocicleta."

A formação leva de quatro a sete meses, acrescentou, e os recrutas eram selecionados para tarefas diferentes com base em suas habilidades, incluindo para o trabalho de um homem-bomba.

Documentos do Joint Intelligence Group da prisão militar americana na Baía de Guantánamo incluiu depoimentos de detentos que detalharam os métodos empregados pelo Taliban para doutrinar as crianças. "O Taliban usava a interpretação linha-dura do Alcorão como uma ferramenta de recrutamento" e "Os jovens estão mais dispostos a se martirizar devido à sua falta de raciocínio quanto a tirar vidas inocentes", como mostram os documentos.

No documentário da PBS, Children of the Taliban (Filhos do Taliban), o jornalista Sharmeen Obaid Chinoy entrevistou o comandante talibã, Qari Hussain, que se gabava de recrutar crianças a partir dos cinco anos. "As crianças são ferramentas para alcançar a vontade de Deus. E o que quer que venha à sua maneira, você o sacrifica", disse Hussain.

O recrutamento de crianças também é generalizado entre os grupos terroristas que operam na África. No Mali, os jihadistas recrutam crianças pobres de áreas rurais que foram enviadas para escolas islâmicas distantes de suas famílias, que não têm dinheiro para pagar as suas despesas escolares ou para alimentá-las. Às vezes as crianças se oferecem como voluntárias para se juntarem ao grupo terrorista por dinheiro ou seguindo doutrinação nas escolas religiosas.

Na Nigéria, o Boko Haram está utilizando meninas entre as idades de 11 e 15 como mulheres-bomba para espalhar o terror na região. "É mais fácil para mulheres e meninas escorregarem em multidões onde elas podem realizar atrocidades em massa do que para os homens", Mausi Segun, pesquisador nigeriano do Human Rights Watch na cidade capital de Abuja, explicou. "No norte da Nigéria, a vestimenta da mulher lhe dá a possibilidade de mover-se com todos os tipos de coisas sem serem detectadas Ela usa um longo e volumoso véu na cabeça que chega, às vezes, até os tornozelos – e, além disto, as forças de segurança não são propensas a examinar mulheres. "

O grupo terrorista palestino Hamas tem dado treinamento militar a crianças na Faixa de Gaza para lutarem contra Israel através de acampamentos de verão especificamente criados para a finalidade por vários anos. Em março de 2015, o Centro para Pesquisa de Políticas do Oriente Próximo (CNEPR) com sede em Israel divulgou um documentário, "Children’s Army of Hamas” (Exército de Crianças do Hamas), que mostra profusão de imagens da formação e doutrinação de acampamentos de verão do Hamas, incluindo crianças envolvidas em prática de tiro com rifles de combate, foguetes e equipamentos anti-aeronaves. O líder político do Hamas, Ismail Haniyeh pode ser ouvido na conclusão do documentário dizendo: "Judeus, cuidado! Esta geração não tem medo de confrontá-los em seus centros Esta é a geração das pedras! Esta é a geração dos mísseis! Esta é o geração dos túneis! Esta é a geração dos homens-bomba!"

O Hamas tem usado seu braço de mídia, Al-Aqsa TV, para doutrinar as crianças palestinas e glorificar a jihad por anos. Em 2007, o programa de televisão, "Pioneiros do Amanhã" contou com uma imitação de Mickey Mouse chamado Farfour. Durante várias semanas, Farfour e seus apresentadores infantis pediram que as crianças resistissem violentamente a Israel, ao mesmo tempo divulgando a supremacia do Islam. Após Farfour se recusar a sucumbir à pressão das "autoridades" para desistir de sua terra, seu colega apresentador Saraa informou aos espectadores que ele tinha sido "martirizado às mãos dos criminosos, assassinos de crianças inocentes ...."

(1) Riquixá – carro de transporte de 2 rodas puxado por uma pessoa. Comum no oriente. O vocábulo "riquixá" vem da palavra japonesa jinrikisha (onde jin =humano, riki= tração, sha = veículo), que literalmente significa "veículo de tração humana".

Tradução: William Uchoa

quarta-feira, fevereiro 17, 2016

Vencendo uma guerra não convencional.






por Clifford D. May








A guerra é – e sempre será - um inferno. A Lei de Conflito Armado não pretende mudar isso – mas apenas torná-la um pouco menos infernal. Há armas com cujo uso você não concorda. Em troca, o seu inimigo não usa essas armas contra você. Você trata humanamente os combatentes capturados. Você espera o mesmo quando os seus soldados são feitos prisioneiros.

É um conceito racional e esclarecido e, na guerra global do século 21, ele falhou espetacularmente. Aqueles que se chamam jihadistas se sentem vinculados apenas à sua leitura da lei islâmica – não pelas Convenções de Genebra e outras obrigações e restrições internacionais.

Algumas pessoas acham essa simples verdade difícil de entender. Lembre-se do debate de 2004 amplamente divulgado entre o então senador Biden e o então procurador-geral John Ashcroft. O primeiro, impaciente, informou ao último por que ele considerava vital que os Estados Unidos não usassem métodos coercitivos de interrogatório – tortura, em sua opinião e de outros – contra militantes da Al Qaeda.

"Há uma razão pela qual nós assinamos esses tratados: para proteger o meu filho no exército", disse ele. "É por isso que temos esses tratados. Então, quando os americanos são capturados eles não são torturados. Essa é a razão. Para o caso de alguém esquecer. Essa é a razão." Não parece ter ocorrido ao Sr. Biden que a Al Qaeda não reconhece nem os acordos internacionais nem a lógica de contenção recíproca.

Na teoria, isso cria um dilema: devem os militares ocidentais continuar a respeitar as regras que seus inimigos desprezam? Na prática, não há debate: combatentes de sociedades democráticas aspiram conduzir-se moral e honradamente – pouco importando a barbárie exibida pelos seus inimigos. Esses inimigos não estão envergonhados por esta disparidade – eles aproveitam as vantagens que obtêm.

O High Level Military Group (Grupo Militar de Alto Nível) – que inclui ex- autoridades dos EUA, Reino Unido, Índia, Austrália, França, Espanha e Colômbia - fixaram-se na tarefa de explorar "as implicações para nações democráticas da guerra contra inimigos que têm um total desrespeito pela vida e pela lei, mas que exploram ativamente a adesão de nossas próprias nações ao Estado de Direito para obter ganhos estratégicos e táticos”. O HLMG foi organizado no ano passado pelos the Friends of Israel Initiative, entre cujos membros fundadores estão o ex-presidente espanhol José Maria Aznar, o ex-primeiro-ministro australiano John Howard e o ex-presidente do Peru, Alejandro Toledo.

Este mês, o HLMG publicou um estudo que chega a conclusões perturbadoras. Em particular, as tropas que combatem as forças jihadistas "estão expostas a um perigo maior, e de fato a morrer, como resultado do cuidado tomado para lutar de acordo com nossas leis e valores".

O estudo também constatou que "adversários irregulares e terroristas" muitas vezes exibem "uma capacidade extraordinariamente bem desenvolvida para explorar a tecnologia de comunicações e a mídia, a fim de influenciar a batalha das narrativas políticas para efeito estratégico." Em outras palavras, na guerra de idéias, os jihadistas estão pagando pouco ou nenhum preço por sua bestialidade.

Um estudo separado concluído pelo HLMG em outubro passado observou especificamente o conflito de 2014 entre Israel e o Hamas, no qual encontrou talvez a mais notória "perversão do nosso atual sistema legal."

"Não importa o quão eficaz e legítima seja a conduta das Forças de Defesa de Israel (IDF)", o estudo concluiu, "há sempre uma enxurrada de alegações contra ela. Conceitos como ‘crimes contra a humanidade’, genocídio, e acusações em organismos como as Nações Unidas e no Tribunal Penal Internacional, são ampla e facilmente utilizados com a finalidade de obter vantagem política."

O HLMG constatou que essas acusações não têm mérito, que "a conduta de Israel no Conflito de Gaza em 2014 atendeu e, em alguns aspectos excedeu o mais alto padrão que estabelecemos para militares de nossas próprias nações." Enquanto isso, o Hamas "não apenas flagrantemente violou a Lei dos Conflitos Armados como uma coisa natural, como parte de seu conceito estratégico híbrido terrorista-exército, mas abusou das proteções oferecidas pela lei para tirar vantagem militar".

Entre outras coisas, o Hamas mirou em não-combatentes israelenses e usou não-combatentes palestinos como escudos humanos. "O conceito estratégico do Hamas busca ativamente a morte de seus próprios civis como um reforço vantajoso para sua estratégia que visa a erosão da legitimidade de Israel", constatou o HLMG.

O HLMG cita a "coerção de jornalistas baseados em Gaza", "motivação ideológica" e "a ausência de conhecimento e de juízo militares e legais adequados ", como fatores que contribuem para o preconceito contra Israel e a favor do Hamas, uma organização auto-proclamada jihadista comprometida abertamente com o extermínio de Israel.

Um aspecto da conduta de Israel preocupa o HLMG: O IDF vai muito além do que é exigido nos termos da Lei de Conflito Armado em seus esforços para prevenir danos colaterais e, por isto, que elas criam novas normas de guerra que outras nações ocidentais passam a emular .

Por exemplo, os israelenses muitas vezes abandonam folhetos e bombas fictícias em edifícios sendo usados pelo Hamas para fins militares, a fim de induzir os ocupantes a sair. Às vezes eles até telefonam para indivíduos para aconselhá-los a buscar segurança.

Os israelenses podem fazer isso porque Gaza é relativamente pequena e a inteligência de Israel tem se concentrado em sua população há anos. Mas se as forças aliadas decidissem, por exemplo, atacar o Estado Islâmico na sua capital de fato, Raqqa, eles não poderiam tomar precauções semelhantes.

O conflito global agora em curso é muitas vezes chamado de "não convencional". Entre as formas que indicam isto: O Ocidente decidiu lutar com meias medidas ao tentar "resolver as queixas" de seus inimigos e daqueles que poderiam estar inclinados a se juntar a eles.

Os jihadistas, pelo contrário, têm a intenção de ganhar. Eles estão preparados para fazer o que for preciso. Um experimento sem precedentes está em andamento. Do seu resultado depende o futuro do Ocidente.


Clifford D. May é presidente da Foundation for Defense of Democracies (FDD) e colunista do Washington Times. 

Tradução: William Uchoa




domingo, janeiro 10, 2016

Um terrorista no Brasil.











Condenado por planejar atentados terroristas na França, Adlène Hicheur hoje vive como professor no Brasil, para onde veio com bolsa do governo federal e é investigado pela PF

por Filipe Coutinho, Ana Clara Costa e Hudson Corrêa




De sandálias de couro, instalado numa sala pequena no 3º andar do departamento de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o físico Adlène Hicheur, 39 anos, tem o physique du rôle atribuído aos cientistas. É magro, tem olheiras profundas e trabalha em uma pequena escrivaninha aboletada de livros. Disciplinado, Hicheur, toda sexta-feira, se desloca para fazer suas orações numa mesquita na zona norte do Rio de Janeiro. Argelino de nascimento e naturalizado francês, Hicheur tem um segredo em sua biografia que o pôs sob investigação da Polícia Federal brasileira. Em 2009, ele foi preso e condenado na França a cinco anos de detenção pela acusação de planejar atentados terroristas.




Até ser preso, Hicheur era considerado um cientista brilhante, especialista em física das partículas elementares. Ele integrava a equipe da Organização Europeia de Pesquisa Nuclear (CERN, na sigla em francês) que mantém em Genebra, na Suíça, o maior laboratório de aceleração de partículas do mundo, uma espécie de santuário para os PhDs da área. Em 2009, ele teve uma crise de dores na coluna, tirou uma licença médica e foi para a casa dos pais, na França. Lá, passou a frequentar um fórum na internet usado por jihadistas e a trocar mensagens com um interlocutor apelidado de “Phenix Shadow” (fênix da sombra, numa tradução literal). Sob essa alcunha, escondia-se a identidade de Mustapha Debchi, apontado pelo governo francês como um membro da Al Qaeda na Argélia.

O site já era investigado pela polícia francesa, que identificou potencial de risco nas mensagens enviadas por Adlène Hicheur e passou a monitorá-lo. ÉPOCA obteve os 35 e-mails trocados
por ele e decriptografados pela inteligência francesa. Eles usavam um programa de criptografia chamado Asrar, criado pela Al-Qaeda para trocar informações e armazenar conversas sigilosas.
As mensagens entre “Phenix Shadow” e Hicheur começaram genéricas. “Phenix Shadow” menciona o governo do então presidente francês Nicolas Sarkozy, para quem, diz ele, a sua hora chegaria “em breve”. Na sequência, “Phenix” pergunta a Hicheur se ele estaria disposto a fazer um ataque suicida. Recebe uma negativa como resposta. Ao longo da conversa, “Phenix” fez uma abordagem sem rodeios a Hicheur: “Caro irmão, vamos direto ao ponto: você está disposto a trabalhar em uma unidade de ativação na França? Que tipo de ajuda poderíamos te dar para que isso seja feito? Quais são suas sugestões?”.

A resposta de Hicheur veio cinco dias depois. “Sim, claro”. Ele esclarece ainda que planejava deixar a Europa nos próximos anos, mas que poderia rever o plano. Para permanecer, Adlène Hicheur colocou uma condição: a criação de uma estratégia precisa: “Trabalhar no seio da casa do inimigo central e esvaziar o sangue de suas forças”. Para o plano da “unidade de ativação” na França, Hicheur sugere diversos alvos. “Precisamos trabalhar para acelerar a recessão econômica, ou seja, atingir as indústrias vitais do inimigo e as grandes empresas, como Total, British Petroleum, Suez”, escreveu Hicheur, que também menciona também ataques a embaixadas. Os alvos seriam os governos que ele classificou de “incrédulos”: “Executar assassinatos com objetivos bem estudados: personalidades europeias ou personalidades bem definidas que pertençam aos regimes incrédulos (em embaixadas e consulados, por exemplo)”.

Com mensagens tão claras, a polícia francesa decidiu prender Hicheur. Afastou-se a possibilidade de que a conversa seria apenas uma postura crítica ao governo - ou o exercício da liberdade de expressão. A polícia ainda encontrou em seu computador um arquivo criptografado no qual se discutia o envio de € 8.000 euros para a Al Qaeda. Ao ser preso, ele disse que era um “bode expiatório”. Muitos de seus colegas ficaram ao seu lado. Em uma carta enviada em 2011 para Sarkozy, um grupo de cientistas questionou a prisão de Hicheur. Imaginavam que o franco-argelino era apenas um usuário a mais navegando em fóruns na internet. Naquele momento, contudo, a polícia francesa ainda não tinha divulgado os e-mails sobre os ataques, que nunca foram desmentidos por Hicheur e revelaram-se decisivos para que a Justiça francesa o condenasse como terrorista.

Em 2012, o caso de Hicheur foi citado num estudo da ONU sobre o uso da internet em atentados terroristas. Virou exemplo das “diferentes formas em que a internet pode ser usada para facilitar a preparação de atos de terrorismo, incluindo comunicações entre organizações que promovem o extremismo violento”. Depois de obter a liberdade condicional, em 2012, Hicheur dedicou-se a duas coisas: mudar informações na Wikipedia a seu respeito, que mencionam o caso de terrorismo, e a tentar recuperar o emprego no CERN. Ele foi barrado, porém, pela polícia suíça. Em abril de 2015, ao julgar um recurso de Hicheur, a Justiça suíça manteve a proibição da presença do cientista no país até abril de 2018. “A gravidade dos fatos leva o tribunal a considerar que a manutenção da interdição de entrada se justifica por motivos ligados à segurança interior e exterior da Suíça. As atividades executadas pelo recorrente são, com efeito, objetivamente de uma gravidade suficiente para justificar a decisão de afastamento”, diz a decisão da Justiça.

O que a Suíça considerou grave não foi impedimento para que Hicheur viesse para o Brasil, onde ele entrou em 2013 depois de obter uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq). O órgão diz que, ao contratar, faz “análise baseada no mérito científico da proposta e no currículo do candidato”. Desde então, Hicheur vive no Rio e tem visto de trabalho garantido pela Universidade Federal do Rio Janeiro até julho deste ano. Entre 2013 e 2014, Hicheur recebeu R$ 56 mil como bolsista do CNPq. Depois, tornou-se professor visitante da UFRJ, com salário de R$ 11 mil por mês. Questionada por ÉPOCA sobre os antecedentes de Hicheur, a UFRJ disse que a sua contratação seguiu as normas usuais para professores visitantes estrangeiros, de quem são exigidos passaporte com visto.
Mohamed Zeinhom Abdiem, presidente da Mesquita da Luz
(Foto: Stefano Martini/ÉPOCA)


No Brasil, Hicheur leva uma vida discreta. Mas isso não impediu que ele virasse alvo de uma operação secreta do grupo antiterrorismo da PF, em outubro. Sua casa e seu laboratório na UFRJ sofreram uma busca e apreensão, com autorização da Justiça. A investigação da PF começou quase por acaso - depois de uma reportagem da CNN em espanhol, que entrevistou frequentadores de uma mesquita no Rio de Janeiro sobre o atentado ao semanário Charlie Hedbo, em Paris, em janeiro de 2015, que deixou 12 mortos. Durante a reportagem, um dos entrevistados defendeu o ataque e tirou a camisa. Por baixo, ele estampava outra roupa com o símbolo do Estado Islâmico. Na tentativa de identificar o autor da mensagem pró-terrorismo, a PF descobriu que Hicheur frequentava a mesquita. O cientista passou então a ser um alvo prioritário da polícia, que apura se há ligações dele com o ato registrado no vídeo. ÉPOCA descobriu que Hicheur procurou o Ministério da Justiça, em setembro de 2014, para pedir a alteração da sua nacionalidade, no visto de permanência no Brasil, de francesa para argelina. Isso significa que, no caso de uma expulsão de Hicheur do Brasil, ele seria deportado para a Argélia e não para a França, onde foi condenado.

Uma das listas da Interpol, a polícia internacional, é a chamada difusão verde, com informes sobre pessoas que já cometeram crimes e que representam uma ameaça. ÉPOCA questionou a embaixada da França em Brasília se Hicheur foi alvo de comunicações desse gênero e se outros países foram informados da condenação, como forma de fazer controle na fronteira - a exemplo do que fez a Suíça. A embaixada não se pronunciou especificamente sobre o caso. “A Embaixada da França não se manifestará sobre a situação atual do senhor Adlène Hicheur”. De acordo com a nota, “tratando-se da luta contra o terrorismo, as autoridades francesas competentes mantêm um diálogo estreito, direto e útil com as autoridades brasileiras competentes”. A instituição informou ainda que, como ele tem nacionalidade francesa, ele não está impedido de voltar à França.

No Rio, Adlène Hicheur mora em um prédio de quatro andares de classe média numa rua tranquila do bairro da Tijuca. Por ainda tropeçar na língua portuguesa, o porteiro tem dificuldades para compreendê-lo e, sem gravar o nome do inquilino, o identifica “como um rapaz barbudinho” que costuma sair por volta das 7h e só voltar à noite. Segundo vizinhos, houve uma mudança brusca na rotina do cientista, que mandou um familiar de volta para a Europa e passou a viver sozinho. Na UFRJ, Hicheur ocupa uma sala pequena no final de um corredor mal iluminado, no terceiro andar do Instituto de Física.ÉPOCA o localizou lá no começo da tarde da última quinta-feira. A surpresa da visita o deixou nervoso. Começou a tremer e se recusou a dar entrevista. “Não posso falar e gostaria de ser deixado em paz. Se você escrever ou falar qualquer coisa, você não imagina as consequências para você e para mim. É só isso”, disse o professor, sem explicar a que se referia exatamente. “Esse tipo de assunto hoje em dia não é assunto tratado de maneira analítica e com razão. Estamos numa época de histeria”, afirmou. “Eu decidi não falar nada só para reconstruir minha vida. Não é porque eu não tenha razão. Eu tenho razão. Tenho muita coisa para falar. Mas deixa o tempo falar sobre isso.” Em seguida, acrescentou: “Não sou uma pessoa pública. Estou protegendo minha vida privada e de minha família. Não tenho qualquer impacto sobre o destino do mundo.” Por fim, deixou uma incógnita no ar sobre a operação de busca e apreensão feita pela PF em sua casa e no laboratório da universidade: “Sua informação não vem da Polícia Federal. São eles que contataram você (de ÉPOCA)”. Ele não esclareceu quem seriam “eles”.

Os líderes da Mesquita da Luz, no Rio, querem que a Polícia Federal descubra a identidade e o paradeiro do homem que se manifestou a favor de terroristas, dentro do templo, logo após o atentado contra o Charlie Hebdo no ano passado. A Sociedade Muçulmana do Rio de Janeiro, responsável pela mesquita, tem repudiado publicamente os ataques do Estado Islâmico, em especial o que ocorreu de novembro passado em Paris. Para o presidente da entidade, Mohamed Zeinhom Abdien, muitas pessoas não distinguem terroristas dos seguidores do islamismo e isso aumenta a estigmatização dos muçulmanos. “Denunciamos a ação do simpatizante do Estado Islâmico à Polícia Federal. Queremos mostrar que a gente não concorda com essas coisas. Nossa religião não é essa. Queremos viver em paz com o próximo”, diz Abdien, que não foi informado sobre o resultado da investigação pela PF.

A investigação da PF sobre Adlène é baseada na suspeita de incitação ao crime e propaganda em favor da guerra. Embora a Constituição de 1988 cite terrorismo, até hoje o Congresso Nacional não criou uma lei para classificar o que seria um ataque terrorista. Por isso, as investigações sobre ameaças terroristas no Brasil têm de se basear em crimes laterais, sempre com penas mais brandas. Com os ataques a Paris em novembro, ganhou força a discussão de um projeto de lei para enfim criminalizar o terrorismo. Mas, por causa da situação política atribulada do país, sua votação pela Câmara ficou para este ano – se o debate sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff não atrapalhar. O projeto prevê penas duras para quem executar, financiar, preparar ou fazer apologia a atos terroristas. Há um ponto específico que interessa aos especialistas em terrorismo: o combate aos chamados “atos preparatórios”. Ou seja, planejar - antes mesmo de executar um atentado - já será considerado crime. Com esse enquadramento, as autoridades policiais esperam viabilizar operações para que os atentados sejam evitados. Se a nova lei for aprovada, mensagens como a de Hicheur (“executar assassinatos com objetivos bem estudados”) possivelmente teriam o mesmo entendimento dado pela Justiça francesa. Hoje, contudo, há um vácuo jurídico. No ano passado, a PF realizou pelo menos quatro operações antiterrorismo, sempre baseadas em crimes menores. Enquanto as Olimpíadas se aproximam e o Congresso não se apressa em votar uma legislação anti-terror, o Brasil vive uma situação diferente de outros países: combate um terrorismo sem dispor de uma lei.