sábado, 23 de junho de 2007

Coisas de Almada e de Gente que Viveu Almada

NOTÍCIAS DA ÚLTIMA HORA

"A ´ESTRÊLA DO GINJAL, Lda.,´ (a afamada Casa das Conchas) no Ginjal, nºs 18, 19, e 20 de Albino Pereira & José Rodrigues do Vale (O Zé da Avó), que tem o telefone Almada 111, depois de concluída a primeira parte das formidáveis obras porque vai passar para confôrto e comodidade dos seus já inúmeros clientes, tem a honra de ofertar a V. Exªs. os Versos que se seguem, os quais foram oferecidos por um dos melhores fregueses da casa, e que achamos dignos de publicação:"
(clique na imagem para aumentar)
Este curioso folheto,uma relíquia, refere-se a uma CASA de COMIDAS, afamada no Ginjal, em Cacilhas nos anos 40, que fazia daquele local uma atracção gastronómica, onde o charroco e as eiroses faziam a gala da comida desta Casa.
Leiam-se os versos do folheto de "marketing" para a época.
Por informação de um ilustre cacilhense, soubemos que esta casa era propriedade dos pais da antiga cantora nacional Madalena Iglésias, sendo a mãe Espanhola referida nos versos e o pai português, o Sr. José Rodrigues do Vale (O Zé da Avó).
Ainda segundo a informação que tivemos, quando acabou a "Estrêla do Ginjal" após a saída do Sr. José Rodrigues do Vale, a Casa perdeu as conchas e foi aí instalada a primeira Fábrica da Martini em Portugal - produtora da bebida martini, pela Casa Teotónio Pereira, que possuia também outras instalações comerciais no Ginjal.
A penúltima quadra impercepível no final, na imagem, tem a redacção:
"De facto é no Ginjal
Mesmo que igual se pinte
A Casa a quem ninguém faz mal
Tem os nºs 18, 19 e 20"

sábado, 16 de junho de 2007

Gente de Almada, Gente Que Viveu Almada


Campeã Nacional de Atletismo
Almerinda Correia nasceu em Sesimbra a 9 de Março de 1920. casou com Romeu Correia em 31 de Outubro de 1942. ano em que começou a praticar atletismo. Representou o União Sport Clube Almadense e, após a fusão deste com o Pedreirense Futebol Clube, passou a fazer parte do Almada Atlético Clube. De 1942 a 1949 conquistou cinco campeonatos de Portugal e seis de Lisboa.
Onze segundos lugares e dezasseis terceiros.
Praticando corridas, saltos e lançamentos, só nestes últimos foi vencedora (peso, disco e dardo).
O casal teve uma filha, Julieta Rosa e dois netos, João Vasco e Ana Margarida.
Como curiosidade desportiva, podemos acrescentar que Almerinda foi a primeira atleta a representar o Almada Atlético Clube, fundado em 20 de Julho de 1944. No dia seguinte, costurou o equipamento e como vencedora do campeonato de Portugal por clube que ainda não tinha bandeira, fez subir a camisola no mastro de honra do Estádio Nacional em Lisboa.
Romeu Correia

domingo, 3 de junho de 2007

Gente de Almada, Gente Que Viveu e Vive Almada


Foto do passeio de 1950 da Firma José Pinto Gonçalves Lda
(para aumentar clique sobre a foto)
José Pinto Gonçalves foi proprietário de um Armazém de Géneros Alimentícios (Mercearia) em Almada, desde finais do Séc. XIX até 1956. Natural de Vila Cova do Alva, concelho de Arganil, onde nasceu a 15 de Novembro de 1871, faleceu em Almada, em 1956 com 84 anos.
José Pinto Gonçalves veio para Lisboa aos 17 anos para trabalhar na construção civil, tendo conseguido o seu primeiro emprego na construção do Liceu Passos Manuel, como ferramenteiro, porque sabia ler e escrever. Este homem, beirão de nascimento, mas almadense por opção para trabalhar e governar a vida, foi um verdadeiro empreendedor para a época, final do Séc XIX.
Em Lisboa e de sociedade com Joaquim Mendes, natural de Pomares, Arganil, alugou um quiosque no Cais do Sodré e aí montaram um negócio. Deixou depois a sociedade do quiosque e resolveu atravessar o Tejo para se radicar em Cacilhas, onde viria a abrir a Mercearia Beira Alta, na Rua Cândido dos Reis, junto ao antigo chafariz.
Casou com Maria Laura Pinto. Como a esposa tinha conhecimentos de tecidos, vislumbrou diversificar o negócio, passando a vender fazendas e tecidos na mercearia. O casal teve três filhos: Maria Sara, Maria de Lourdes e José Carlos Pinto Gonçalves, o mais novo dos três filhos. Quando do nascimento do primeiro filho do casal, a esposa passa a dedicar-se às tarefas domésticas para acompanhar de perto os filhos e a mercearia deixou de vender fazendas e tecidos. José Pinto Gonçalves não se resignou com a diminuição da actividade. Decidiu incrementar o negócio, desenvolvendo a mercearia fez um autêntico “up-grade” para a época, transformando-a no Armazém de Mercearias José Pinto Gonçalves, no mesmo local, tendo para o efeito comprado uma garagem nas traseiras da mercearia. Mais tarde, deu sociedade no armazém a seu sobrinho António Leal Pinto, também de Vila Cova do Alva, passando a firma a designar-se José Pinto Gonçalves Lda.
Em 1 de Agosto de 1950, acompanhando o crescimento de Almada, o armazém foi transferido para a Av. D. Afonso Henriques nº 15, em Almada (local do actual “Baratão”). A criatividade e o dinamismo de José Pinto Gonçalves, associados ao seu espirito solidário fizeram com que expandisse a sua actividade, quer isoladamente, quer em sociedades. Em frente ao seu armazém em Cacilhas instalou um posto de venda de gasolina.
Estabeleceu um armazém de vinhos no prédio onde funcionou o reconhecido Restaurante Floresta do Ginjal em Cacilhas, e uma Fábrica de Refrigerantes na Av. António José Gomes, na Cova da Piedade, onde também possuía uma mercearia e uma cavalariça. Em Almada, na Boca do Vento, em frente ao antigo edifício da Repartição de Finanças, foi proprietário de uma mercearia em sociedade com José Leal Pinto, também seu sobrinho. 
A firma José Pinto Gonçalves Lda, empregava cerca de 50 pessoas, contando para apoio logístico ao seu empreendimento e negócio, 5 viaturas auto de carga, uma galera, uma carroça, um veículo especial de tracção animal designado por “Diabo” para carregar e descarregar cascos de vinho e ainda viaturas auto ligeiras para os seus caixeiros viajantes.
Anualmente, José Pinto Gonçalves organizava um passeio pelo País para o seu pessoal, sendo a foto acima exibida referente ao passeio de 1950, captada junto à barragem de Castelo de Bode. José Pinto Gonçalves, de cabelo branco, está nesta foto ao centro, envergando fato preto, tendo à sua esquerda seu filho o Dr. José Carlos Pinto Gonçalves.
O Dr. José Carlos Pinto Gonçalves, Licenciado em Direito, tinha escritório de Advocacia na R. do Crucifixo nº 28 - 2º em Lisboa, foi preso pela polícia política por integrar a Comissão de Homenagem ao Prof. Egas Moniz, da qual faziam parte o Prof. Rodrigues Lapa, Prof. Rui Luís Gomes, Engª Virgínia de Moura e a Escritora Maria Lamas, também eles presos então.
Tivemos a oportunidade de conhecer pessoalmente o Sr José Pinto Gonçalves entre 1953-1955. Agradecemos ao neto do Sr. José Pinto Gonçalves, o Sr. Carlos Alberto Pinto Durão, na foto em primeiro plano, de camisa branca, à esquerda do senhor que tem o chapéu na mão, a colaboração que nos deu na elaboração destes breves apontamentos.