Foto do passeio de 1950 da Firma José Pinto Gonçalves Lda
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José Pinto Gonçalves foi proprietário de um Armazém de Géneros Alimentícios (Mercearia) em Almada, desde finais do Séc. XIX até 1956. Natural de Vila Cova do Alva, concelho de Arganil, onde nasceu a 15 de Novembro de 1871, faleceu em Almada, em 1956 com 84 anos.
José Pinto Gonçalves veio para Lisboa aos 17 anos para trabalhar na construção civil, tendo conseguido o seu primeiro emprego na construção do Liceu Passos Manuel, como ferramenteiro, porque sabia ler e escrever. Este homem, beirão de nascimento, mas almadense por opção para trabalhar e governar a vida, foi um verdadeiro empreendedor para a época, final do Séc XIX.
Em Lisboa e de sociedade com Joaquim Mendes, natural de Pomares, Arganil, alugou um quiosque no Cais do Sodré e aí montaram um negócio. Deixou depois a sociedade do quiosque e resolveu atravessar o Tejo para se radicar em Cacilhas, onde viria a abrir a Mercearia Beira Alta, na Rua Cândido dos Reis, junto ao antigo chafariz.
Casou com Maria Laura Pinto. Como a esposa tinha conhecimentos de tecidos, vislumbrou diversificar o negócio, passando a vender fazendas e tecidos na mercearia. O casal teve três filhos: Maria Sara, Maria de Lourdes e José Carlos Pinto Gonçalves, o mais novo dos três filhos. Quando do nascimento do primeiro filho do casal, a esposa passa a dedicar-se às tarefas domésticas para acompanhar de perto os filhos e a mercearia deixou de vender fazendas e tecidos. José Pinto Gonçalves não se resignou com a diminuição da actividade. Decidiu incrementar o negócio, desenvolvendo a mercearia fez um autêntico “up-grade” para a época, transformando-a no Armazém de Mercearias José Pinto Gonçalves, no mesmo local, tendo para o efeito comprado uma garagem nas traseiras da mercearia. Mais tarde, deu sociedade no armazém a seu sobrinho António Leal Pinto, também de Vila Cova do Alva, passando a firma a designar-se José Pinto Gonçalves Lda.
Em 1 de Agosto de 1950, acompanhando o crescimento de Almada, o armazém foi transferido para a Av. D. Afonso Henriques nº 15, em Almada (local do actual “Baratão”). A criatividade e o dinamismo de José Pinto Gonçalves, associados ao seu espirito solidário fizeram com que expandisse a sua actividade, quer isoladamente, quer em sociedades. Em frente ao seu armazém em Cacilhas instalou um posto de venda de gasolina.
Estabeleceu um armazém de vinhos no prédio onde funcionou o reconhecido Restaurante Floresta do Ginjal em Cacilhas, e uma Fábrica de Refrigerantes na Av. António José Gomes, na Cova da Piedade, onde também possuía uma mercearia e uma cavalariça. Em Almada, na Boca do Vento, em frente ao antigo edifício da Repartição de Finanças, foi proprietário de uma mercearia em sociedade com José Leal Pinto, também seu sobrinho.
A firma José Pinto Gonçalves Lda, empregava cerca de 50 pessoas, contando para apoio logístico ao seu empreendimento e negócio, 5 viaturas auto de carga, uma galera, uma carroça, um veículo especial de tracção animal designado por “Diabo” para carregar e descarregar cascos de vinho e ainda viaturas auto ligeiras para os seus caixeiros viajantes.
Anualmente, José Pinto Gonçalves organizava um passeio pelo País para o seu pessoal, sendo a foto acima exibida referente ao passeio de 1950, captada junto à barragem de Castelo de Bode. José Pinto Gonçalves, de cabelo branco, está nesta foto ao centro, envergando fato preto, tendo à sua esquerda seu filho o Dr. José Carlos Pinto Gonçalves.
O Dr. José Carlos Pinto Gonçalves, Licenciado em Direito, tinha escritório de Advocacia na R. do Crucifixo nº 28 - 2º em Lisboa, foi preso pela polícia política por integrar a Comissão de Homenagem ao Prof. Egas Moniz, da qual faziam parte o Prof. Rodrigues Lapa, Prof. Rui Luís Gomes, Engª Virgínia de Moura e a Escritora Maria Lamas, também eles presos então.
Tivemos a oportunidade de conhecer pessoalmente o Sr José Pinto Gonçalves entre 1953-1955. Agradecemos ao neto do Sr. José Pinto Gonçalves, o Sr. Carlos Alberto Pinto Durão, na foto em primeiro plano, de camisa branca, à esquerda do senhor que tem o chapéu na mão, a colaboração que nos deu na elaboração destes breves apontamentos.