Amélia Toledo é artista inquieta, múltipla: ao longo da vida, trabalhou em quase todas as áreas das artes plásticas —pintura a óleo, joalheria, aquarela, escultura, instalação, off-set, móbiles, serigrafia, construção de brinquedos etc. (muitos outros etc. fazem parte desta lista) — e com quase todos os materiais, como pedra, ar, papel, vidro, areia, aço, fogo, madeira, plástico, conchas, água etc. (também muitos outros etc. fazem parte desta lista!). E com pedras. Sempre gostou de pedras, por isso escreveu um lindo texto sobre elas, que acaba de virar livro. Diz a artista: “Este livro é o resultado de uma convivência íntima com o reino mineral desde quando, aos quatro anos de idade, ganhei de minha mãe uma coleção de rochas que hoje, aos oitenta e um anos, ofereço como tributo aos ensinamentos que a natureza me oferece.”
Escrito em linguagem coloquial, poética, envolvente, Das viagens do Juca pela natureza (S.Paulo: Iluminuras, 2008) conta a história de um seixo rolante, Juca, trazido da Suécia para o Brasil na bolsa de uma amiga da autora, e de suas descobertas e aventuras pelo reino mineral brasileiro. É um livro lindíssimo, de ótimo papel, todo ilustrado com fotos e invenções visuais (capa e projeto gráfico de Maína Junqueira, à altura da autora). Um livro que me levou a viajar por terras nunca dantes visitadas, descobrindo imagens e idéias e sensações e poesias insuspeitas do reino mineral, através da sensibilidade da artista. Ganhei o livro, pasmem! num sorteio, lá do Verso & Prosa, comunidade literária a que pertenço e recomendo. Das viagens do Juca pela natureza chegou ontem, gentilmente enviado pela Renata Nassif, eu já o li inteiro de um fôlego (quase sem fôlego), encantada, e hoje corri aqui para compartilhar a novidade com vocês. Um pequenino trecho dele:
“Será que as pedras, tidas como mudas, teriam também capacidades musicais? Por que se fala tanto em sons cristalinos? Teriam então, as pedras, formas de se comunicar como resto do mundo, além daquele prazer maravilhoso proporcionado a todos que têm olhos para ver, por suas cores, desenhos ou feitios, para não falar também de suas propriedades curativas, o que afinal se passa com as energias, conforme dizem os físicos?Tudo isso levou Juca a imaginar o mundo como um todo composto de inúmeras variedades numa constante e amorosa procura de comunicação.”