Nestes últimos anos a situação financeira foi ficando mais e mais complicada para muitas famílias, inclusive para a minha. "Ai, mas você é professora da federal, deve ganhar super bem...", essa é uma meia verdade, pois proporcionalmente a muita gente eu ganho bem, mas foram tantas as armadilhas e dificuldades afetando os meus que me vi numa situação super delicada e precisei de um tabefe de realidades na minha cara. Doeu, e muito, mas botei tudo no papel, no Excel e na prática, e os cortes foram feitos como fosse eu a Rainha de Espadas.
De todos os cortes o mais doloroso foi tirar o Benjamin do Medianeira. Eu tentei antes conversar com a escola, afinal minhas filhas mais velhas foram alunas lá por anos e o Benjamin é um ótimo aluno, com pais presentes e bons pagadores desde o primeiro ano, mas a escola mudou bastante e nem mesmo uma reunião para me ouvir eu consegui com eles. Os telefonemas e e-mails foram respondidos com frieza empresarial e com um sádico "tenha uma ótima semana" ao pé da página depois daquele curto parágrafo que informava que a política da escola era clara e que eu não me enquadrava para qualquer tipo de desconto. Fim de uma história, início de outra...
Festa Junina de 2019. :) |
Conversar isso com o Benji foi um dos momento mais difíceis... ele tem 13 anos e um grupo de amigos que é todo da escola, construído desde que tinhas 6 anos. 'Devastador" foi a palavra que ele usou quando perguntei como seria se ele tivesse que sair do colégio. Mas a gente conversou, ele ouviu, viu as planilhas, percebeu que iríamos seguir engessados e nos endividando se não fizéssemos esse esforço em família, e como a pessoa super querida e inteligente que é encarou a mudança com coragem, com minha promessa de que assim que for possível ele retorna para a escola (embora eu esteja com um ranço justificável do colégio que já foi tão bom em outros tempos)
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Agora estamos na fila, tentando vaga na escola pública mais próxima aqui de casa, que é uma escola ótima. Se ali não der seguiremos para outra, um pouco mais distante, até acharmos o espaço onde ele vai iniciar essa temporada de mudanças e crescimento. A nossa promessa foi a de seguir acompanhando, participando, e trabalhando para as coisas melhorarem. "Mar calmo não faz bom marinheiro", dizem por ai. Nosso menino agora sabe que navegar é preciso e viver não é.