Os exageros e as generalizações!
Não gosto de gente exagerada, nem de gente que mede tudo pela mesma bitola, que no mesmo saco mistura alhos e bogalhos!Pior ainda são pessoas assim e com direito a tempo de antena!Pessoas como Isabel Stilwell (esse grande vulto da literatura portuguesa, de quem eu nunca li nenhuma obra e não penso vir a ler) que actualmente desempenha funções de directora no jornal Destak (esse marco incontornável da imprensa escrita portuguesa).Ora a Sra. Stilwell nem sabia onde se estava a meter quando no dia 17 decidiu publicar um editorialzinho sobre uma geração de pessoas que se identificam (uns mais, outros menos e alguns nada) com a nova música dos Deolinda "Parva que eu sou".Nunca ela imaginou que a sua opinião (altamente discutível, mas já lá vamos) desse azo a tanta conversa.Só no site do jornal que dirige já deu direito a mais de 1700 comentários!Ora depois de ler o editorial, ler alguns dos comentários (todos não que 1700 é muita fruta e depois dos primeiros 50 a coisa começa a ser repetitiva) e ler textos de alguns blogs (aconselho o d' A Maçã de Eva) comecei a pensar em muitas coisas, assim que cá vai!
Em primeiro lugar quero já dizer que não ouvi a música dos Deolinda mas já vi a letra. Não vou dizer que me identifico no que nela se diz mas também entendo que muita gente se identifique.De qualquer maneira não sei se o objectivo dos Deolinda foi criar um "hino de uma geração", como algumas pessoas sugerem ou apenas aproveitar um poema com um tema bem actual para conseguir mais um sucesso.Desconheço se a banda está realmente interessada em seguir as pisadas de cantores anteriores e partir para a música de intervenção ou se apenas tentam à sua maneira superar esta crise que também afecta os artistas.Esclarecido o primeiro ponto deixo a música de parte e parto para a escrita para me debruçar agora sobre essa pérola literária que a Sra. Stilwell tão amavelmente partilhou no jornal que dirige.Começa logo a entrar a matar afirmando "se estudaram e são escravos, são parvos de facto. Parvos porque gastaram o dinheiro dos pais e o dos nossos impostos a estudar para não aprender nada.".Realmente aqui ela até tem alguma razão.Se eu soubesse que todo o dinheiro que o meus pais gastaram se iria converter num canudo que não me serve pra nada acho que tinha ficado pelo secundário!Mas o grande problema foi que pessoas da geração da Sra. Stilwell e mais velhos não souberam pôr um travão em alguns cursos superiores quando foi tempo.Durante anos licenciaram-se milhares de professores, advogados, psicólogos e outros profissionais.Para quê se era claro que o mercado de trabalho não precisava de tantos e não iria conseguir absorver tanta gente com formação.Para além disso, a mesma geração que não soube pôr esse travão pôs sim um travão mas ao ensino técnico-profissional que durante anos foi quase inexistente e para o qual se poderiam ter canalizado muitos dos actuais licenciados desempregados que provavelmente hoje seriam técnicos especializados e com trabalho!Já agora gostava de saber que curso tiraram os filhos da Sra. Stilwell, de certeza um daqueles bem bons que dá trabalhinho garantido, o famoso curso bi-etápico das cunhas por se ter uma mãe conhecida e que vem para a revista "Caras" mostrar o Natal em família e falar do Pai Natal e dessas coisas todas porque tem uma família fantástica e muito agarrada às tradições.Mas a Sra. Stilwell não é só tradições natalícias em revistas do coração e verdades absolutas sobre gerações inteiras, ela também guarda em si uma espécie de super poder que a leva a fazer estatísticas mais certeiras que o INE, tirando-nos a todos da ignorância e informando-nos que os licenciados "ganham duas vezes mais do que a média, e 80% mais do que quem tem o ensino secundário ou um curso profissional.".Ainda bem que esta senhora vem desmentir todos aqueles disparates de licenciados em caixas de supermercado a ganhar 500€ por mês.Realmente que parvos somos por acreditarmos nessas coisas!E claro que como ela mesma diz,não nos devemos queixar porque pior estiveram os nossos pais que foram para a guerra do ultramar!Se esta geração de portugueses tem de sofrer a crise e os problemas laborais que enfrenta porque uma geração anterior lutou no ultramar nem quero imaginar o que acontecerá a franceses e alemães que estiveram envolvidos na segunda guerra mundial!No meio de tanta ignorância que aparentemente todos padecemos, valha-nos a Sra. Stilwell que nos ilumina e esclarece que os contratos a termo certo e os recibos verdes não são instrumentos de tortura inventados propositadamente para torturar esta geração!O que seria de nós sem estas pessoas como a Sra. Stilwell, uma conhecedora profunda dos mercados de trabalho!Acaso alguém duvida que ela é directora do jornal porque concorreu para o cargo?E não duvidem que ela foi submetida a várias provas e entrevistas com outros possíveis candidatos, está lá porque foi a melhor!Bem deixemos a Sra. Stilwell e guardemo-la nas nossas orações, para que quando daqui a muitos anos o Senhor a chamar para junto de Si o Vaticano não demore muito em aprovar a sua canonização pelo grande trabalho de iluminar o povo e pelo milagre das estatísticas!
Agora passando ao outro lado da questão e porque sei muito bem que as coisas não são totalmente brancas nem totalmente pretas. Há de facto uma grande maioria (uma quase maioria) de licenciados sem trabalho ou com trabalhos precários e sem perspectivas de futuro.Gente nova que adia os planos de sair de casa dos pais ou de construir família porque nunca sabem se no mês seguinte ainda vão estar a trabalhar.É evidente que nem tudo é mau, felizmente ainda há gente que consegue trabalhar, realizando-se profissionalmente e conseguindo ordenados decentes e estabilidade laboral à custa do seu trabalho e do seu valor!Infelizmente também no mercado laboral encontram-se muitos profissionais que só ocupam espaço e gastam oxigénio e em que a única coisa que importou no momento de os contratarem foi o que menos importância deveria ter:um nome de família(sei lá...género Stilwell!) ou uma filiação partidária.É claro que não podemos também esquecer os que não aceitam qualquer emprego e que se recusam em trabalhar fora da sua área, gente que ainda vive na ilusão de que um canudo de uma qualquer universidade é um passaporte para um bom emprego.Mas nem só os licenciados sofrem deste mal, muita gente que não passou do secundário (porque não podia ou simplesmente não quis)recusa-se a aceitar trabalhos que consideram pouco dignificantes,mal pagos ou fisicamente cansativos.Ou seja, a vontade de trabalhar e a falta dela não ataca só quem andou na universidade, é mal que atravessa a nossa sociedade de forma transversal e nem olha a gerações!É claro que quem realmente quer um bom trabalho pode sempre deixar o país,mas será que é justo ter de deixar para trás a família e os amigos simplesmente porque o país onde nascemos não consegue (ou não quer) criar mais e melhor emprego?É por estas e por outras, porque há tanta gente diferente em todas as gerações,porque há gente com vontade de trabalhar e outros sem vontade independentemente das habilitações académicas,porque há os que se aventuram em deixar o país e os que não conseguem deixar tudo e partir,é por todos estes motivos e muitos mais que,pessoas como a Sra. Stilwell deviam pensar muito bem antes de escreverem as suas opiniões em órgãos da comunicação social.Vivemos num país livre onde todos podem e devem dar a sua opinião, mas é bom que antes de se formular essas opiniões se conheçam as realidades,é bom que as Sras. Stilwell que existem por aí entendam que a vida não é igual para todos e que ao contrário delas que vão passando de emprego em emprego à base de "convites" e que conseguem, mais tarde, estender esses "convites" à prole,nem todos temos acesso a esses "convites" e passamos a vida a enviar currículos,a ver as ofertas de empregos nos jornais e na internet e a esperar tardes inteiras que chegue a nossa vez para ser entrevistados.
fevereiro 28, 2011
fevereiro 22, 2011
Coisas que eu espero um dia vir a fazer
1 - Visitar Jerusalém (com a crise que nos anda a atacar a todos só estou à espera do comunicado de greve-geral do sindicato dos homens-bomba para reservar o bilhete)
2 - Correr no Dakar (depois de fazer mais de 1200 km de smart, que me levaram de Torres Novas a Barcelona acho que é o passo lógico)
3 - Desfilar no Carnaval do Rio (se a Cinha Jardim pode...)
4 - Ter tempo para fazer mais umas tatuagens (nunca ouviram dizer:"tempo é dinheiro"?)
5 - Descobrir uma dieta que funcione (isto porque os especialistas não consideram deixar de comer como uma dieta)
6 - Perceber porque a Lady Gaga faz sucesso (se Deus quisesse que as pessoas se vestissem com costeletas do cachaço não tinha criado talhantes e costureiras, teria feito costulhantes ou talhareiras)
1 - Visitar Jerusalém (com a crise que nos anda a atacar a todos só estou à espera do comunicado de greve-geral do sindicato dos homens-bomba para reservar o bilhete)
2 - Correr no Dakar (depois de fazer mais de 1200 km de smart, que me levaram de Torres Novas a Barcelona acho que é o passo lógico)
3 - Desfilar no Carnaval do Rio (se a Cinha Jardim pode...)
4 - Ter tempo para fazer mais umas tatuagens (nunca ouviram dizer:"tempo é dinheiro"?)
5 - Descobrir uma dieta que funcione (isto porque os especialistas não consideram deixar de comer como uma dieta)
6 - Perceber porque a Lady Gaga faz sucesso (se Deus quisesse que as pessoas se vestissem com costeletas do cachaço não tinha criado talhantes e costureiras, teria feito costulhantes ou talhareiras)
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