A sobrevivência de mais um ano? Um pacote de promessas pela paz mundial, que ela realmente venha a partir de primeiro de janeiro como um passe de mágica?
Buscando um pouco além da boa cerveja gelada e do indispensável panetone, o que fica para você, meu amigo? Uma sensação de dever cumprido no ano que se finda?
Espero, profundamente, que sim. Que este seja um momento para você se orgulhar de tudo o que fez em seu ano, mesmo que nem tudo tenha saído do jeito que você gostaria.
O mais importante é a sua postura diante dos momentos que atravessou.
Para os religiosos, estamos vivenciando os dias que antecedem o advento, a vinda do Cristo.
Aquele que trouxe até o mundo ocidental a promessa de amor ao próximo, a idéia do perdão e de ser perdoado.
E você, de onde você advém? Como anda exercitando este amor e este perdão?
Em nossas limitações sensoriais, carnais e emotivas, cada um de nós temos lá o nosso bocado de bons momentos.
Todos nós temos nossas virtudes que merecem ser destacadas e valorizadas.
E temos os nossos defeitos que merecem ser trabalhados e superados em nome das nossas virtudes.
Para que o que há de melhor em nós possa sempre ser mais evidenciado do que nossas atitudes não tão santas.
Não para que sejamos apontados com bons meninos e boas meninas, mas para que possamos ver nascer em nós um sentimento sincero de pertencimento à humanidade.
E quero deixar esta diferença marcada pelo sentimento, aquele, que um dia, declamou Adélia Prado:
Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.