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https://dx.doi.org/10.21577/1984-6835.20210102

A Influência de Políticas Públicas para o Progresso da


Geração Solar Fotovoltaica e Diversificação da Matriz
a
Universidade Federal do Paraná, Energética Brasileira
Departamento de Engenharias e Exatas,
Setor Palotina, CEP 85950-000, Palotina- The Influence of Public Policies for the Progress of Photovoltaic Solar
PR, Brasil.
Generation and Diversification of The Brazilian Energy Matrix
Fernanda Bach Gasparin,a,* Victória Oliveira Diaz de Lima,a Débora Hungaro Micheletti,a
Eduardo Lucas Konrad Burina

*E-mail: [email protected]
In the current Brazilian scenario, it is possible to see clearly the importance of public policies for the
Recebido: 2 de Abril de 2021
promotion of renewable energies. Nevertheless, the existing policies are not yet effective for clean energy,
Aceito: 27 de Julho de 2021 including solar photovoltaic, to reach its potential. In general, the stimulus of photovoltaic solar energy
production has great advantages because in Brazil there is an extensive territory with large irradiation
Publicado online: 28 de Julho de 2021 levels and a high potential for electricity generation. In addition, the diversification of the electric matrix
is essential for good management of this sector, guaranteeing the supply of energy to meet the demand,
safety, and energy efficiency. As inspiration can be cited China and Germany, countries that have made
great advances in the energy matrix in recent years due to their public policies to encourage the generation
of renewable energy. Moreover, photovoltaic solar energy generates the highest number of jobs per
megawatt, being essential for the country’s economic development. Through bibliographic research, the
present work sought to evaluate the existing public policies in Brazil, as well as in China and Germany, in
order to understand their impacts on the development of photovoltaic solar energy. Thus, it was realized the
need for better government planning so that the potential of Brazilian solar generation is reached.
Keywords: Public policies; renewable energy; solar photovoltaic energy.

1. Introdução

Atualmente o uso de energia no mundo é baseado principalmente em fontes não renováveis,


como petróleo, gás natural e carvão. Esses combustíveis, além de esgotáveis, são fontes de
geração de gases do efeito estufa e colocam em risco a sustentabilidade do planeta.¹
Nesse contexto, a preocupação ambiental juntamente com o desenvolvimento sustentável
tornou-se foco após a vigência do Protocolo de Kyoto, o qual estabelece que os países desenvolvidos
devem reduzir a emissão de dióxido de carbono através do aumento da eficiência energética, além da
pesquisa, promoção, desenvolvimento e uso de energias renováveis. Para países em desenvolvimento,
a utilização de energias renováveis significa um importante instrumento de crescimento econômico.²
Além disso, a diversificação da matriz elétrica tem sido estimulada mundialmente com o auxílio
de políticas públicas, adotadas por diferentes países com o objetivo de obter confiabilidade e
disponibilidade no sistema elétrico, bem como atender às diretrizes do desenvolvimento sustentável.³
No Brasil, apesar da grande contribuição das energias renováveis, é possível notar que não
há uma grande diversificação da matriz elétrica, o que pode ser explicado pelo baixo custo da
energia gerada pelas usinas hidrelétricas, a principal fonte elétrica do país, quando comparada
a outras fontes de energia.³
Esse cenário poderia ser transformado com o uso de políticas públicas que buscassem o
desenvolvimento na produção e distribuição de tecnologia, promovendo a redução dos custos de
implantação de outras fontes de energia elétrica. Nesse sentido, é possível observar os inúmeros
recursos ambientais que o Brasil possui e que possibilitariam a diversificação do setor elétrico
de forma estratégica. Dentre esses recursos, a energia solar fotovoltaica ganha destaque, não só
pelos altos índices de irradiação observados em boa parte do território nacional, mas também
por possuir viabilidade de implantação em pequena escala, por meio da geração distribuída
instaladas nas próprias unidades de consumo, quando comparada a outras fontes de energia.²
Esse fato, agregado com políticas públicas para garantir mercado e tornar essa tecnologia
acessível financeiramente, pode impulsionar fortemente a sua implementação e proporcionar
a diversificação da matriz elétrica brasileira.²

Rev. Virtual Quim., 2022, 14 (1), 77-81 This is an open-access article distributed under the 77
©2022 Sociedade Brasileira de Química terms of the Creative Commons Attribution License.
A Influência de Políticas Públicas para o Progresso da Geração Solar Fotovoltaica e Diversificação da Matriz Energética Brasileira

Dessa forma, o objetivo desse estudo foi avaliar o mundialmente relacionadas a energia renovável7, enquanto
impacto das políticas públicas relacionadas à energia solar em 2016 esse valor subiu para 9,8 milhões de empregos,
fotovoltaica existentes no mundo, especialmente no Brasil, dentre os quais 3,95 milhões dessas vagas estão relacionadas
a fim de compreender sua importância para o progresso a energia solar fotovoltaica.2 Vale ressaltar que para cada
dessa fonte de energia, bem como para a diversificação da megawatt instalado de geração fotovoltaica, são necessários
matriz elétrica nacional. de 25 a 30 novos empregos, distribuídos entre instaladores,
projetistas, fabricantes e montadores do sistema.7
2. Metodologia
3.1. Panorama atual de geração de energia fotovoltaica
no Brasil
O presente estudo foi realizado com base em uma
pesquisa qualitativa, através do uso de material bibliográfico, A energia solar é a que mais cresce na matriz energética
como artigos, monografias e dissertações, obtidas por mundial. Atualmente, a capacidade mundial instalada de
meio da pesquisa de palavras chaves, como energia solar e energia solar fotovoltaica é de 580,16 GW. Os países com as
políticas públicas, sendo analisados documentos que tratam maiores capacidades instaladas de energia solar fotovoltaica em
de assuntos referentes a políticas públicas de incentivo a 2019 eram China (205,07 GW), Estados Unidos (60,54 GW),
energia solar fotovoltaica tanto no Brasil quanto no exterior, Japão (61,84 GW), Alemanha (48,96 GW) e Índia (34,8 GW).8
bem como gestão energética e geração de empregos. Além Já o Brasil, até dezembro de 2020, possuía 2,989 GW
disso, a pesquisa baseou-se em consultas nas Resoluções de potência instalada em geração centralizada e 4,254 GW
Normativas da ANEEL, bem como dados da Renewable de potência instalada em geração distribuída em energia
Energy Policy Network for the 21st Century (REN21) e da solar fotovoltaica.9
Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA) Nesse contexto, o crescimento acentuado da capacidade
sobre a participação da energia solar fotovoltaica na matriz instalada da geração solar fotovoltaica tem promovido uma
elétrica brasileira e mundial. maior diversificação da matriz elétrica brasileira, garantindo
maior segurança, qualidade e confiança no sistema elétrico
3. A Energia Solar Fotovoltaica nacional, além de representar um ponto estratégico para o
desenvolvimento econômico do país.²
É necessário reconhecer, ainda, que as condições
A energia solar fotovoltaica é obtida através do efeito climáticas do Brasil são fortemente favoráveis para o
fotovoltaico, que consiste na conversão direta da luz solar aumento da participação da energia solar fotovoltaica na
em energia elétrica por meio de células fotovoltaicas, sendo diversificação das formas de obtenção de energia elétrica.7
considerada uma alternativa promissora para expansão da De forma geral, no Brasil há uma elevada incidência de
oferta de energia elétrica com baixo impacto ambiental. radiação solar em praticamente todo o território e, apesar de
Além disso, essa fonte de energia permite instalações em ainda ser considerada uma solução cara frente a outras formas
pequena escala e em áreas remotas, não necessitando de de energia, a geração solar fotovoltaica é a que apresenta maior
investimento em linhas de transmissão, além de também taxa de crescimento e queda de custos.10 Em 2010, os custos dos
poder ser conectada com a rede.4 módulos fotovoltaicos eram 90% superiores comparado a 2018,
Além desses benefícios existem outros: a redução enquanto a capacidade mundial de geração fotovoltaica cresceu
dos gastos com energia elétrica; geração de empregos de 40 GW em 2010 para 505 GW em 2018.11
locais de qualidade; geração de energia limpa, renovável e Quando se analisa a irradiação solar global incidente
sustentável; contribuição para atingir as metas de redução de no país, observa-se que a maior incidência ocorre no norte
emissão de CO2; diversificação da matriz elétrica; ampliação do estado da Bahia, atingindo até 6,50 kWh/m² por dia. Por
do uso de energias renováveis no país; redução de perdas outro lado, o local com menor incidência se dá no litoral do
por transmissão e distribuição de energia elétrica.5 estado de Santa Catarina, com valor de 4,25 kWh/m² por dia.4
Uma das vantagens da energia solar fotovoltaica está Importante notar, entretanto, que a incidência solar no litoral de
diretamente relacionada ao fato de que essa energia pode ser Santa Catarina representa cerca de 40% mais radiação do que
enquadrada tanto como geração centralizada quanto como os melhores índices encontrados na Alemanha, país referência
geração distribuída. Nesse sentido, a geração centralizada é em implementação e uso dessa energia, o que demonstra o
considerada a mais tradicional, baseando-se no emprego de grande potencial de geração presente no Brasil.²
grandes fontes geradoras para produzir energia elétrica, chegando
ao consumidor por meio de linhas de transmissão e distribuição. 4. Políticas Públicas
Já a geração distribuída é baseada em uma fonte de geração de
energia elétrica junto ou próximo ao próprio consumidor, onde
o excedente é encaminhado à rede de transmissão.6 As políticas públicas de incentivo à utilização de fontes
Outro fator importante é que em 2015, segundo dados de energia renovável e de eficiência energética são fatores
da IRENA, houve 8,1 milhões vagas de emprego geradas chave para viabilizar o desenvolvimento sustentável.12

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Gasparin

Além disso, direcioná-las ao aperfeiçoamento da produção Outro meio de incentivo para a geração distribuída
e distribuição de tecnologia estimula o uso de fontes foi o estabelecimento de condições de financiamento
renováveis de energia e reduz seus custos.² diferenciadas para a aquisição de sistemas fotovoltaicos.
O mercado de energia elétrica pode sofrer influência Nesse sentido, em 2015 o Ministério de Minas e Energia
do Estado através da criação de políticas energéticas, (MME) lançou o Programa de Desenvolvimento da Geração
da definição do planejamento energético bem como da Distribuída de Energia Elétrica – ProGD com o objetivo
normatização de mercados de energia. De forma geral, de promover a ampliação da geração distribuída com base
as políticas públicas demonstram quais as prioridades do em fontes renováveis. Com isso, alguns bancos públicos
governo para que o setor energético se desenvolva.13 e instituições privadas lançaram linhas de crédito para
Os principais mecanismos de incentivo à utilização de financiamento na aquisição de sistemas fotovoltaicos, como
energias renováveis utilizados pelos governos estão descritos o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
na Tabela 1. (BNDES), Banco da Amazônia, Banco do Brasil, Caixa
Econômica Federal, Bradesco, Santander, BV Financeira,
4.1. Políticas públicas no Brasil Sicoob, entre outros.6
Embora exista um número considerável de incentivos para
Em relação a políticas públicas que incluem a energia a geração solar fotovoltaica e um grande crescimento nesse
solar fotovoltaica, tem-se o primeiro marco em 2012 com setor nos últimos anos, ainda há muitos incentivos necessários
a implementação das Resoluções Normativas (REN) nº 481 para que a energia solar se consolide na matriz elétrica
e 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). nacional.15 O que encarece os empreendimentos de geração
Respectivamente, a primeira norma estabeleceu que renovável é o investimento inicial, fazendo-se necessárias
projetos com potência injetada na rede menor ou igual a políticas de crédito e incentivos fiscais mais eficientes.²
30 MW tenham descontos de 80% nas Tarifas de Uso de Bons mecanismos de compensação de energia gerada em
Transmissão e Tarifas de Uso de Distribuição nos 10 primeiros sistemas distribuídos são imprescindíveis para que ocorra a
anos de operação, desde que entrassem em operação até o final efetiva ampliação da fonte solar fotovoltaica. Os mesmos
de 2017. A partir do início de 2018 o desconto seria de 50%.16 autores expressam a necessidade de realizar uma análise
Já a segunda norma buscou estimular a geração ampla e estruturada dos custos existentes da implementação
distribuída de energia elétrica através de micro e mini de sistemas de compensação e de incentivos à geração
geradores para autoconsumo. Além disso, ela também fotovoltaica, evitando assim problemáticas econômicas e
estabelece os princípios gerais de créditos energéticos, sociais devido a alocação de benefícios, tendo em vista
compensação energética (net metering), encargos, potência que o reequilíbrio financeiro das distribuidoras de energia
e normas relacionadas à micro e minigeração distribuída. elétrica ocorreria com a elevação das tarifas.19
Essa REN foi reformulada e alterada para a Resolução
Normativa nº 687/2015.17 4.2. Políticas públicas no exterior
Outro incentivo foi dado pelo Conselho Nacional de
Política Fazendária (CONFAZ) através dos Convênios nº Como exemplos de políticas públicas eficientes, pode-se
101/1997 e nº 16/2015 que isenta o ICMS para alguns citar o caso da China, país líder em capacidade instalada
equipamentos utilizados para geração de energia elétrica de energia solar fotovoltaica em 2018,11 e Alemanha, cuja
por fonte solar ou eólica e isenta os estados de cobrar ICMS energia fotovoltaica tem considerável participação na matriz
sobre a energia injetada na rede.6 Atualmente todos os elétrica do país.
estados aderiram à isenção dada pelo Convênio nº 16/2015.
Em relação à Geração Centralizada, o país buscou incluir 4.3. China
a energia solar fotovoltaica em leilões de energia. A primeira
inclusão ocorreu no 6º Leilão de Energia de Reserva A China buscou alternativas para produção de energia
(LER/2014), tendo participação garantida desde então.18 renovável pois sofria uma forte pressão da comunidade

Tabela 1. Políticas públicas de incentivo a geração de energias renováveis tipicamente empregadas no mundo

Mecanismo Funcionamento
O produtor de energia elétrica renovável é remunerado pelas empresas de energia recebendo o valor de tarifas especiais que o
Sistema feed in
governo estipulou, que são garantidas por um determinado período.6
O governo determina a quantia de energia renovável a ser leiloada e produzida, sendo um sistema competitivo na qual os
Sistema de leilão
vencedores são os que apresentam propostas com menor valor, com esse valor garantido por um longo prazo.14
O governo estipula uma quantidade de energia renovável que as empresas de energia devem fornecer, podendo produzir
Sistema de cotas
diretamente essa energia ou comprando certificados verdes.14
O usuário utiliza a energia renovável produzida para compensar parcialmente ou todo seu consumo de energia da rede
Sistema net metering
elétrica. Esse sistema é utilizado no Brasil desde 2012.15

Fonte: O autor, 2021

Vol. 14, No. 1 79


A Influência de Políticas Públicas para o Progresso da Geração Solar Fotovoltaica e Diversificação da Matriz Energética Brasileira

internacional para que a emissão de CO2 fosse reduzida. A compra de cada kWh sería específico para diferentes fontes
proposta era de que até 2020 a redução dióxido de carbono de energia, assegurando essa tarifa pelo período de 20 anos.6
seria de 45% por unidade de PIB em relação a 2005.20 Essa Lei passou por algumas mudanças ao longo dos
O país, que atualmente conta com a maior produção anos, sendo as mais significativas em 2004, 2009, 2012
de energia solar no mundo, teve uma importante política e 2014, a fim de tornar o modelo feed in mais eficiente.
pública iniciada em 2006 com a Lei de Energias Renováveis, As modificações se referiram às tarifas, obrigações das
a qual visou o desenvolvimento da energia eólica e solar concessionárias de energia e metas de uso de energia
utilizando o mecanismo de tarifa feed in. Essa lei foi revisada renovável no país ao longo dos próximos anos. Já em 2017,
em 2009 para garantir a compra de energia elétrica renovável ocorreu uma modificação mais brusca, na qual o governo
pelas companhias de energia.6 passou a introduzir um sistema de leilões, onde as tarifas
No mesmo ano, o governo criou os programas Golden feed in teriam seus valores determinados.21
Sun e Building Integrated PhotoVoltaics (BIPV), além de Pode-se considerar outros incentivos dados à energia
projetos de larga escala dentro da tarifa feed in. O BIPV solar fotovoltaica pelo governo alemão, como subsídios e
buscou subsidiar os custos de implantação dos sistemas incentivos financeiros, apoio para investimento em fábricas
fotovoltaicos em edifícios e fachadas. Já o programa Golden nacionais e empréstimos a juros reduzidos. Esse conjunto de
Sun foi responsável pelo estímulo à indústria fotovoltaica, pois ações possibilitou uma grande redução no preço de sistemas
estabelecia subsídios fiscais, apoio científico e tecnológico.20 fotovoltaicos, no entanto o apoio governamental ainda é
Nesse programa, o subsídio de energia solar era de 50% em necessário para novos investimentos.6
projetos ligados à rede e de 70% em regiões remotas, além As políticas públicas da Alemanha fizeram com que o
de empréstimos a juros reduzidos e redução de impostos.6 país ganhasse destaque mundial e assumisse a posição de
Com essas políticas públicas houve um crescimento no país com maior capacidade de energia solar fotovoltaica
mercado interno e uma redução drástica nos valores dos per capita, além de estar entre os cinco países com maiores
produtos fotovoltaicos, o que refletiu no aumento de investidores produções de energia renovável no mundo.22
estrangeiros, possibilitando uma expansão contínua nesse setor.
Em 2015, a China proporcionou uma reforma no mercado de 5. Considerações Finais
energia, passando a dar prioridade ao uso de energia renovável
e buscando aumentar o desenvolvimento desse setor em
províncias com maior demanda de energia.20 A energia solar fotovoltaica apresenta capacidade para
Depois de alguns ajustes da tarifa feed in, o país chegou ser uma aliada na diversificação da matriz elétrica brasileira,
ao final de 2017 com 130,80 GW instalados. Em 2018, tendo em vista o grande potencial de irradiação solar em todo
adicionou mais 45 GW e ao final de 2019, essa capacidade território nacional, muito acima da média dos países europeus.
totalizou 205,07 GW, mantendo-se na posição de país com No entanto, apesar do crescimento de implementação de
maior desenvolvimento fotovoltaico.8 sistemas fotovoltaicos após a REN nº 482/2012, ainda há
problemas passíveis de melhorias. As políticas públicas
4.4. Alemanha brasileiras não são suficientes para o fomento dessa fonte de
energia, tendo em vista o alto custo de investimento.
A Alemanha é considerada pioneira na busca de políticas A análise de políticas públicas internacionais serve como
públicas eficientes voltadas especificamente para energias uma forma de aprendizado para a implementação de políticas
renováveis. Esse crescimento se deve, em grande parte, pela públicas nacionais eficazes. Tais políticas demonstram um
adoção das tarifas feed in.² forte apoio a pesquisa e desenvolvimento desse setor, bem
Essas ações tiveram início em 1991, com a vigência como incentivos com subsídios e tarifas atrativas. Essas
da Lei de Alimentação de Energia, na qual o governo ações tornam o setor de energia fotovoltaica atrativo para
estabeleceu a compensação de energia renovável pelo investidores, garantindo a eles retorno financeiro vantajoso
mecanismo feed in. Nesse momento, a energia eólica se frente a outras possibilidades de investimento.
destacou devido ao seu menor custo, no entanto, o governo Sendo assim, é papel do governo intervir com ações
alemão criou o Programa 1.000 telhados com objetivo efetivas a fim de tornar a energia solar fotovoltaica mais
de garantir de 60 a 79% do financiamento de instalações acessível para que ocorra uma maior diversificação da
de sistemas fotovoltaicos. Como o mercado ainda estava matriz elétrica nacional e, consequentemente, um maior
receoso, criou-se o Programa 100.000 Telhados que subsidia desenvolvimento econômico para o país.
empréstimos a juros baixos para os investidores.6
O próximo grande passo foi dado com a implantação da Referências Bibliográficas
Lei de Fontes Renováveis de Energia (EEG) de 2000, na
qual foi feita uma revisão da tarifa feed in e determinou-se
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80 Rev. Virtual Quim.


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