Marcelo Rubens Paiva's Blog

July 4, 2020

Família de Gonzagão protesta contra uso do baião por Bolsonaro

Netos de Luiz Gongaza divulgam 'nota de nojo' após música do ...

Jair Bolsonaro em campanha para melhorar sua imagem investe em território alheio, o Nordeste, que votou maciçamente contra ele em 2018, utilizando dois símbolos do sertão ao mesmo tempo, o São Francisco e Luiz Gonzaga.

Música do rei do baião, Riacho do Navio, assim como a sanfona, começa a ser presente na propaganda (lives) daquele que por anos subjugou os nordestinos, ou “paraíbas”, como se referia.

Porém, a família de Gonzagão, cujo filho Gonzaguinha foi um militante ferrenho contra a ditadura militar, reagiu.

Gonzaguinha estava no palco do Rio Centro em 1981, no evento que pedia a volta da democracia, quando militares jogaram bombas. Foi ele quem anunciou pelos microfones, para dez mil pessoas: “Pessoas contra a democracia jogaram bombas lá fora para nos amedrontar”.

Amora Pêra Gonzaga do Nascimento, Nanan Gonzaga e Daniel Gonzaga, netos de Luiz Gonzaga, soltaram ontem, dia 3 de julho, a nota de repúdio:

Diante da impotência e da impossibilidade de processo por propaganda indevida, por dupla apropriação, da canção de Luiz Gonzaga e Zé Dantas e do projeto do Rio São Francisco; nós, filhos de Luiz Gonzaga do Nascimento Jr, netos de Luiz Gonzaga, o Gonzagão, apresentamos uma NOTA DE NOJO diante deste governo mortal e suas lives. Governo que faz todos os gestos ao seu alcance para confundir e colocar em risco a população do Brasil, enquanto protege a si mesmo e aos seus.

Não estamos de acordo com o uso da canção Riacho do Navio, nem sua alteração, nem sua execução (com duplo sentido) pelo Senhor Gilson Machado Neto, presidente da Embratur, em transmissão ao vivo pelo Senhor Presidente.

E, AINDA QUE SIMBOLICAMENTE, não autorizamos ao Governo Federal o uso das canções assinadas por nenhum de nossos familiares, ou, ao menos, das respectivas partes que nos cabem.

Sonhamos com o dia em que nosso país volte a ser e a ter respeito e honestidade em relação à sua história, suas injustiças e desequilíbrios.

Sonhamos o dia em que se volte a reconhecer, dentro do país, a importância da Cultura, das artes Brasileiras, e seu imenso legado por gerações, assim como o é em todo o mundo.

Sonhamos com o dia em que a informação e o conhecimento sejam distribuídos democraticamente à todes, para, apenas recomeçar, sanarmos essa doença que não faz distinção, além da social, como costuma ser na nossa violenta história. E depois, para que o poder e o espaço, em toda instância, possam ser equalizados e distribuídos.

Sonhamos dias sem mortos pela violência do Estado, seja ela direta ou indireta.

Finalmente sonhamos com quando poderemos dançar e cantar abraçados, sem medo, nos bailes de forró e nas tantas festas as quais o Brasil faz e das quais é feito.

Trabalhamos todos os dias por realizar estes sonhos, que não são apenas por nós, mas por todas as gentes deste país.

Por hora, trabalhamos em casa, cumprindo as indicações internacionais da Organização Mundial de Saúde e pedimos que, todos que possam, também o façam.

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Published on July 04, 2020 08:13

June 24, 2020

Bolsonaro usa nome de general em vão

Quando justamente é acusado de boicotar a democracia, Bolsonaro tem a manha de homenagear quem o prendeu e a defendeu.

No domingo, dia 21, voou às pressas para o Rio de Janeiro para o velório de um paraquedista da Aeronáutica, cuja morte foi filmada e viralizada, já que o paraquedas não abriu.

Surpreendentemente, oportunista, citou o general Leônidas Pires Gonçalves no discurso, como exemplo do caráter democrático das Forças Armadas.

Se antes costumava homenagear a banda podre do Exército, a tigrada composta por elementos envolvidos em crimes de tortura, como coronel Brilhante Ustra, Currió e o general José Antônio Nogueira Belham, cuja mulher empregou no seu gabinete de deputado, por que usou justamente o nome do militar exemplar da transição democrática?

Leônidas foi o general que garantiu a posse do vice Sarney, no tenso período da transição da ditadura para a democracia e morte de Tancredo.

Foi quem negociou a volta dos militares aos quarteis e segurou os ímpetos golpistas do Clube Militar.

Era considerado “o jurista” pelos civis.

Foi o primeiro comandante do Exército no novo governo civil.

Segurou o ataques e atentados da linha-dura, como a turma do general Sylvio Frota, a quem o general Heleno, padrinho de Bolsonaro, serviu.

E, o mais surpreendente. Sob seu comando que o jovem capitão provocador e agitador Jair Bolsonaro foi preso, julgado e afastado.

Leônidas submeteu Bolsonaro ao Conselho de Justificação. Considerava o capitão “aético e incompatível com o pundonor militar” por “mentir durante todo o processo”.

Bolsonaro tinha planos com croquis de pôr bombas em protesto contra os baixos salários.

Fraco na prática da negociação política, impaciente com adversários, de temperamento desequilibrado e esqueletos de dinossauros no armário, Bolsonaro se cerca de militares para ser blindado, oferecendo-lhes emprego no serviço público (a três mil deles) e uma aposentadoria única.

E se comporta como se tivesse sido um capitão exemplar, quando na verdade era considerado louco, indisciplinado, e fora convidado a se retirar.

Leônidas se estivesse vivo colocaria o dedo na cara do presidente e lhe daria um pito daqueles.

Como o fez em 1987, como ministro do Exército do primeiro governo civil desde 1964.

 

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Published on June 24, 2020 06:43

June 20, 2020

Site alemão demite escritor brasileiro por tuíte satírico

“O homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre”, escreveu Jean Meslier (1761).

“O brasileiro só será livre quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último pastor da Igreja Universal”, tuitou João Paulo Cuenca no começo da semana.

A frase é uma releitura da a defesa do estado laico feita no século XVIII.

Foi adaptada e pichada também nas ruas de Paris em maio de 1968: “E depois de estrangular o último burocrata nas tripas do último sociólogo, ainda teremos problemas?”

Porém, a sátira do escritor brasileiro alimentou um linchamento organizado por internautas de direita, encabeçado por Rodrigo Constantino, e motivou sua demissão do site DW Brasil, página brasileira da Deutsche Weller, império broadcaster alemão, de que era colunista.

Que despachou: “A Deutsche Welle comunica que deixa de publicar a coluna quinzenal Periscópio, de J.P. Cuenca, após o colunista ter escrito, em perfil privado nas redes sociais, mensagem que contraria os nossos valores.”

E se explicou: “A Deutsche Welle repudia, naturalmente, qualquer tipo de discurso de ódio e incitação à violência. O direito universal à liberdade de imprensa e de expressão continua sendo defendido, evidentemente, mas ele não se aplica no caso de tais declarações.

As ligações da Igreja com a direita são notórias em toda a Europa. Estados laicos a combatem, como a França, que deixa suas igrejas aos cupins.

Provocações contra igrejas e sátiras são temas recorrentes da literatura e dramaturgia, de Voltaire a Molière.

ILUMINISMO “Só haverá liberdade quando o último rei for enforcado ...

Na Itália, sede da Igreja Católica, tem o ditado: 50% são católicos, 50% odeiam o Papa.

Aliás, a autonomia do Vaticano foi um presente de Mussolini à Igreja.

Meu bisavô anarquista italiano cantava: “Bandiera rossa nelle mani, il santo Papa sarà migliorato…” (com bandeira vermelha nas mãos, vamos enforcar o Papa).

Cuenca escreveu numa rede social:

“Ainda estou perplexo diante do comunicado mentiroso, covarde e difamatório publicado pela DW Brasil na tarde de ontem [18 de junho]. É desconcertante ver um veículo alemão caindo no jogo persecutório de elementos fascistas no Brasil e me perguntar se ele teria feito a mesma coisa em outros momentos da história da Alemanha.”

Afirma que tomará medidas cabíveis pela imputação de “discurso de ódio”.;

“Não aceito ser e caluniado e difamado, de forma alguma, pela imprensa supostamente livre e democrática que deveria me apoiar contra um linchamento virtual de origem fascista que contou com dezenas de ameaças de morte recebidas via inbox nas últimas 72 horas. O meu tuíte em questão não contém discurso ‘de ódio e incitação à violência’ e qualquer um com o mínimo de leitura é capaz de perceber isso.

“Agindo dessa forma covarde, a DW Brasil manda o pior tipo de recado a essas milícias fascistas: que elas podem empreender coação e censura no Brasil – e, pior, contar com o apoio da imprensa pública alemã para isso.”

Colunista desde 2003 dos veículos Tribuna da Imprensa, Jornal do Brasil, Globo, Globonews, Folha de SP, Intercept, lembra que nunca sofreu retaliação por suas opiniões.

Veio de um site de notícias alemão e causou revolta entre escritores, jornalistas e intelectuais brasileiros, de Afonso Borges, Paulo Scott a Márcia Tiburi.

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Published on June 20, 2020 07:32

June 17, 2020

Série expõe corrupção no futebol

El Presidente - Série 2020 - AdoroCinema

Premissa da série El Pre$idente (Prime Video da Amazon): Depois de perder a Copa do Mundo FIFA de 2022 para o Catar, Estados Unidos enviam equipe do FBI para investigar a corrupção dos delegados responsáveis pela escolha.

Pouco a pouco, através da delação premiada, o nó é desatado, o FBI numa longa e detalhada investigação penetra com agentes infiltrados e informantes em ciclos fechados de dirigentes com imunidades da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), sediada num hotel-cassino em Luque, Paraguai, e da própria FIFA na Suíça.

Por fim, a prisão de algum deles, como a de José Maria Marin, presidente da nossa CBF, em Zurique, dá no escândalo conhecido como Fifagate.

Por trás da produção, o argentino Armando Bó (Oscar por roteiro em Birdman), e a Gaumont, de Narcos.

O resultado: uma sensacional sátira latino-americana.

Em oito episódios, com off de um defunto, vemos a ascensão de Sergio Jadue (Andrés Parra), de La Calera, laranja que casualmente se tornou presidente da federação de futebol do Chile e levou o país a sediar se tornar campeão da Copa América de 2015, já como principal informante do FBI.

O Brás Cubas da série é Julio Grondona, presidente por três décadas da poderosa associação argentina AFA, que faleceu em 2014, quadro da FIFA e mentor de Jadue.

Esqueça as informações de que a série é de suspense e drama. É humor do começo ao fim, especialidade argentina.

Sem contar o peso e camadas das personagens femininas, a mulher, uma alpinista social, e a agente complexa do FBI.

Eze Olzanski me explicou que a decisão pela comicidade veio para a Gaumont pelo criador, Pablo Larrain, e que Bó a tornou mais satírica, ideia que, apesar do risco, foi comprada pela Amazon e parceiros.

O Brasil entra em cena através de José Hawilla, quem tinha os direitos de transmissão, Roberto Teixeira, Marin e a lenda, que transformou a FIFA num império, João Havelange, que, ao que tudo indica, será o personagem central da segunda temporada, se rolar.

Muitas tramas se passam no Rio de Janeiro de 2014, durante a nossa Copa do Mundo.

Os EUA não conseguiram Copa de 2022.

Mas a vingança veio numa empanada que comeram fria.

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Published on June 17, 2020 11:17

May 24, 2020

Companheiro bolivariano Bolsonaro

5 vezes que os estudantes foram mais responsáveis que Bolsonaro na ...

Quem diria, Bolsonaro a cada dia que passa se parece mais com um líder do regime bolivariano da Venezuela.

O país bicho-papão das esquerdas, que a dividiu, trouxe estrago em eleições a quem um dia o defendeu e que se transformou num regime indubitavelmente ditatorial, aos poucos reflete o regime bolsonarista.

Ambos líderes minimizam os impactos da pandemia e defendem o uso da cloroquina.

Em ambos, generais em posição de sentido. Ambos militarizaram o poder, corroendo a estrutura civil, num a chantagem clara à oposição.

Ambos têm problemas com sua Corte Suprema. Lá, fecharam. Aqui, ameaçam.

O Congresso vive sob ataque. A imprensa vive sob ataque. Lá, terminaram concessões, como a da RCTV (Rádio Caracas Televisión). Aqui, ameaçam.

Ambos defendem armar a população. Lá, criaram a Milícia Nacional Bolivariana da Venezuela, com quase 160 mil homens e mulheres armados. Aqui, o projeto está em andamento, num governo que condecora milícias.

Ideais populistas confundem as ideologias de ambos.

Em ambos, a pobreza dispara, a moeda derrete, a recessão econômica não tem fim.

Para piorar, ambos têm problemas com os EUA. Segundo a Reuters, os EUA podem impor restrições das viagens para e do Brasil, por conta da explosão de casos de coronavírus.

Disseram que o PT levaria o país à uma ditadura bolivariana.

Era fake news.

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Published on May 24, 2020 13:20

May 14, 2020

Curioso caso de falsidade ideológica de Bolsonaro

Ao mostrar o resultado com o nome falso no exame de Covid-19, presidente Jair Bolsonaro (codinome Airton Guedes no dia 12/03/2020 para o Sabin Medicina Diagnóstica, Unidade do Hospital das Forças Armadas, e Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz do dia 17/03/2020 para o Sabin, Unidade SAAN) cometeu delito.

Os três têm o mesmo CPF (453.178.287-91) e RG (3.032.827 SSP/DF).

O verdadeiro Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz tem 16 anos  e mora no Distrito Federal. O Sabin disse que recebeu os codinomes do hospital. Pela ficha do laboratório, o adolescente teria nascido em 21/03/1955. A mesma data que o presidente.

Ele é filho de uma major que frequenta o hospital.

A farsa não tem fim. Para provar que o presidente não teve o Covid-19, deveria ter sido feitos os exames (relacionados a anticorpos) de sangue de sorologia IgA e IgG. Ele apresentou apenas o PCR, que prova que ele supostamente não estava excretando o vírus na data da coleta.

Ou seja, o país continua sem saber se o presidente teve ou não Covid-19, isto é, se tem anticorpos dele pelo sangue.

Mais. As médicas Stella Taylor Portella, Luiza Gomes Neta, e o técnico José Gastão da Cunha Neto (CRM-DF 11.924), não checaram os documentos de quem colhiam o material genético por cotonetes da garganta e nariz? Não perceberam que era o presidente das República, ou foram coagido?

Artigo 299 do Código Penal Brasileiro:

“Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.”

É tipificado pelo popular crime de falsidade ideológica.

Torna-se delito se a declaração num documento verdadeiro, como um laudo médico, sobre fato juridicamente relevante.

A informação de que uma autoridade pública, o presidente, tem uma infecção contagiosa, que se transmite pelo ar, realiza encontros públicos sem a devida precaução, não é juridicamente relevante?

Para o cidadão comum, a lei prevê duas penas distintas:

Reclusão de um a cinco anos e multa, se o documento objeto da fraude é público.

Reclusão de um a três anos e multa, se o documento for particular.

Mas há um detalhe: “Parágrafo único. Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte”.

Quem faz a denúncia?

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Published on May 14, 2020 17:00

May 10, 2020

Seinfeld sublime na Netlix

Is 'Jerry Seinfeld: 23 Hours To Kill' available to watch on ...

O stand-up do Seinfeld (Netflix) é das coisas mais engraçadas que vi na vida, fiquei horas gargalhando sozinho.

Não perca 23 HOURS DO KILL.

Tinha que dar stop e rever, tive ataques de risos, sozinho em casa.

As piadas do celular, a mania de fotos, o vício do iPhone, nojo por banheiro químico e o fazer 60 anos, em que você apende a dizer não, são maravilhosas.

Não faltou a gozação com os carteiros, como escoteiros com aqueles shorts constrangedores e o carro que para do lado errado. “Como dá pra renovar um negócio inventado em 1600 cujos pilares são lamber, andar e centavos?”

É o Michael Jordan do humor (aliás, ele aparece na série Last Dance).

Gravado no Beacon Theather da, claro, sua Nova York, tempero do seu humor, o show começa com o próprio, com 65 anos, atrasado, mergulhando de um helicóptero ao estilo 007 e dura 50 minutos.

É um ótimo esquenta. Em breve, a Netflix coloca no ar as temporadas de Seinfeld

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Published on May 10, 2020 08:28

May 8, 2020

O caso e ocaso de Regina Duarte

O barraco de Regina Duarte ao vivo na CNN resume o caos do governo ...

Há uns anos, lá por 2005, fui vê-la no palco do Teatro Cultura Artística.

Era um monólogo, Coração Bazar. Eu pesquisava para encontrar uma atriz do seu perfil. E nunca tinha a visto no palco. Ela, que começou com meu mestre Antunes Filho.

Ela era o ícone da minha infância, quando eu e 100% víamos suas novelas, a “namoradinha do Brasil”, maior estrela e salário da TV brasileira sem concorrência de canais pagos, steamings, internet, celulares, redes sociais…

O Brasil parava para ver os melodramas dela. Foi mais que par romântico de Tarciso Meire, Francisco Cuoco, Antonio Fagundes.

Era a estrela dos mega sucessos Irmãos Coragem, Selva de Pedra, Sétimo Sentido, em que fazia dois papeis, as irmãs gêmeas e opostas, Luana e Priscila, a boa e a má, numa linguagem maniqueísta.

Foi protagonista em Roque Santeiro e Rainha da Sucata. No fim da ditadura, revelou uma nova mulher, que lutava contra a sociedade patriarcal e conquistava seu espaço: a batalhadora Malu Mulher.

Regina era um patrimônio brasileiro, como a bandeira, a Seleção de 1970, o hino.

Veio a trilogia das Helenas em obras de Manoel Carlos, já mais madura.

E veio o ocaso.

Montou Coração Bazar, peça para que a própria escolheu textos de Drummond, Ferreira Gullar, Cecília Meirelles, Millôr, Fernando Pessoa, Clarice Lispector, João Silvério Trevisan, Vinicius de Moraes, Ivan Ângelo, Paulo Leminsky, e da própria, algo confuso, atrapalhado, sem linha narrativa.

Podia exibir seu talento do drama ao cômico. Mas não tinha um eixo.

Mesmo assim, o espetáculo lotava e ganhou temporada popular em outro maior.

Ao final, as pessoas gritavam: “Volta, volta!”. Mas ela estava no palco nos agradecimentos, recebendo flores, não tinha saído. Foi então que saquei. Pediam nostalgicamente que voltasse à TV, às novelas, ao que consideravam bons tempos.

Regina Duarte representa a nostalgia bolsonarista.

Seu sucesso foi na ditadura. No seu tempo, não se contestava. A TV aberta era uma só e sólida. E a linguagem, clara: havia o bem e o mal. Nada de pensamento dialético.

Se ela chocou, como secretária da Cultura, ao cantar na CNN BRASIL a música ícone da ditadura, dizer nas entrelinhas que aquele tempo era bom, e desdenhar mortes sob tortura, “sempre houve tortura”, revelou, na verdade, uma melancólica saudade do tempo em que reinava.

Deu pena. Tem gente que envelhece mal.

Regina Duarte desfila o que define o governo Bolsonaro na entrevista à CNN:
– Apologia à ditadura
– Ataque à imprensa
– Desprezo pela vida
– Incompetência
– Insanidade pic.twitter.com/oxEAduLA40

— Chico Rubens Paiva (@chicorubensp) May 7, 2020

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Published on May 08, 2020 07:01

May 4, 2020

Bolsonaro é situação e oposição ao mesmo tempo

 

Judeus reclamam do uso de símbolos por Bolsonaro - Política - Estadão

Parece incrível, mas Jair Bolsonaro, como chefe da Nação, se apropria do discurso da situação como um opositor.

Seu ministério diz uma coisa, ele faz outra e o critica. Se seu governo propõe o distanciamento social, ele critica.

Se sua política é não praticar a velha política, ele libera fundos ao antigo Centrão, a engrenagem do Poder, de um Congresso que critica e sugere fechar.

Se diz o escolhido pelas urnas, mas contesta o resultado, de uma democracia que contesta e ameaça.

Apesar de majoritariamente votado na última eleição, ele contesta o resultado das urnas, como um derrotado.

Se a China é o maior aliado de seus apoiadores do agronegócio, ele a critica e sofre retaliação.

Critica publicamente ministros, antigos aliados, governadores da sua base, rompe com a situação de Estados favoráveis a seu programa, tornando-se o maior opositor de políticos que se elegeram graças a ele.

Toda a imprensa é lixo, mas lá está ele dando exclusivas a alguns canais.

Não torce para apenas uma agremiação. Veste a camisa da maioria dos times de futebol. Especialmente as dos vencedores.

Desfila com a bandeira de Israel, numa clara apropriação. A lembrar que o Templo de Salomão, em São Paulo, da Igreja Universal do Reino de Deus, é réplica do templo do filho de Davi, rei de Israel. Na inauguração, em 2014, o bispo Edir Macedo, um aliado, com quipá e talit, mais parecia um rabino. E Silas Malafaia, não mais aliado, já declarou: “Para nós, o Deus de Israel é o nosso Deus. Não tem nenhuma absolutíssima diferença”.

Pode ser tática. Pode ser loucura.

O certo é que, no momento em que o país mais precisa de um líder, temos um que nega sê-lo.

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Published on May 04, 2020 06:17

April 27, 2020

O anúncio devastador da ‘pirralha’

Greta Thunberg, a adolescente ativista que incomoda muitos governantes, chamada de “pirralha” pelo nosso, não dorme no ponto.

Mesmo na crise da pandemia, através da sua organização ela soltou um comercial chocante para lembrar o Dia da Terra.

Feito pela agência FF Los Angeles, usa seu bordão, “nossa casa está em chamas”, literalmente, para lembrar da crise climática: uma família acorda de manhã, como mais um dia normal, apesar de a casa estar pegando fogo, e age como se nada estivesse acontecendo.

É um bom toque para repensarmos em como vamos atuar no fim do isolamento.

Em que a natureza agradeceu o curto período sem emissão de carbono.

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Published on April 27, 2020 09:58

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Marcelo Rubens Paiva
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