Saúde e educação

RESUMO O SUS atravessa limites político-administrativos nacionais, em diferentes escalas. É a política pública que garante a saúde de milhões de brasileiros. Destaca-se que os distintos perfis históricos, sociais, econômicos e culturais, em diversos municípios, demandam atenção às especificidades de ações de saúde. Além disso, diferentes capacidades e direcionamentos de recursos produzem contrastes entre as estruturas sanitárias de localidades nacionais, influenciando a vida dos brasileiros. Assim, objetiva-se apresentar a estrutura que compõem a Atenção Primária em Saúde da cidade de Santa Cruz do Sul, no RS. Para tanto, foi desenvolvida investigação descritiva a partir do último Plano Municipal de Saúde, apoiada em referencial bibliográfico. Os dados indicam que as UBS, ESF, Núcleos Ampliados de Saúde da Família, quadro de funcionários, assim como serviços de outros níveis de atenção do município, estão distribuídas de acordo com as maiores demandas populacionais. O município apresenta questões relacionadas à segregação social que foram historicamente estabelecidas, contudo a estrutura sanitária não reflete tal situação. Conclui-se que os fixos sanitários se alinham às políticas de saúde nacionais de forma adequada.

A adolescência é a fase de desenvolvimento humano onde ocorrem várias transformações biopsicossociais, durante este processo, o adolescente torna-se vulnerável devido a exposições a fatores de risco como as drogas, a gravidez na adolescência e doenças sexualmente transmissíveis. A prevenção desses agravos e a promoção da saúde do adolescente estão destinadas à atenção primária à saúde e devem ser realizadas, principalmente, no cunho educativo, fortalecendo a autonomia do sujeito envolvido. O objetivo do presente estudo buscou descrever a visão dos adolescentes em relação aos serviços de saúde oferecidos na saúde do adolescente de um município do interior paulista. Foi desenvolvida uma pesquisa descritiva quantitativa de campo em que os participantes foram os adolescentes do terceiro ano do ensino médio de uma escola estadual, após deferidos os termos de assentimento e consentimento, assim como a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Os dados foram coletados por meio da aplicação de um questionário estruturado diretamente com os participantes e pesquisadores. Os resultados apontaram que 66% dos adolescentes procuram os serviços de saúde em casos de urgência e emergência, enquanto 63% nunca receberam orientações sobre o funcionamento dos serviços de saúde prestados no município. O estudo revelou que os adolescentes têm uma visão dos serviços de saúde no aspecto curativista, evidenciado pela procura em casos de doenças. É necessário, portanto, maiores esforços para a efetivação de uma assistência à saúde preventiva voltada às necessidades especificas deste grupo.

Descritores: Adolescência. Saúde. Comunidade.



ADOLESCENT’S PERCEPTION FACE TO HEALTH ASSISTANCE IN A MUNICIALITY OF PAULISTA COUNTRYSIDE

ABSTRACT

Adolescence is the human developmental stage when many biopsichosocial changes occur, during such process; adolescents become vulnerable due to their exposure to risk factors such as drugs, teenage pregnancy and sexually transmitted diseases. Prevention for those grievances, health promotion and educational activities can strength the autonomy of the involved subjects. The present paper aims to describe adolescent’s perception regarding to health services offered by adolescent health care in a municipality in Paulista countryside.  A field descriptive quantitative research was developed in which the participants were from twelfth grade high school students in a public school, after the consent and assent forms being accepted, as well as the approval of the Committee on Ethics in Research (CER).  Data was collected through a structured questionnaire application to the participants and researchers. Results show that 66% of the adolescents look for health assistance in urgency and emergence, while 63% had never been oriented about how health assistance services work in the municipality. The study revealed that adolescents see health assistance services as a healing service, evidenced by the demand on illness cases. It’s necessary, thus, much effort to the implementation of a prevention health assistance driven to the specific needs of that group.

Descriptors: Adolescence. Health. Community.

A função de educar integra o processo de trabalho em Saúde, permeado por ações desenvolvidas dentro e fora dos Serviços de Saúde pela grande maioria dos profissionais da área. Então, a resposta é sim! Seja enfocando medidas preventivas ou curativas à obtenção da saúde e/ou o enfrentamento das doenças, seja implementando estratégias de promoção da saúde para a construção social da saúde e do bem-estar, a Educação em Saúde é uma prática que envolve inúmeras ações num trabalho interdisciplinar, complementar e cooperativo. Portanto, para sua realização, não há um protagonista, mas vários trabalhando numa relação horizontalizada de poder, para a conquista da autonomia e do autocuidado dos educandos (indivíduo, família e comunidade, também nomeados por paciente, cliente, usuário), ou seja, para o pleno exercício da cidadania! Porém para tanto, todo e qualquer movimento nesse sentido, não se resume na transmissão de conteúdos/informações por médicos, enfermeiros, nutricionistas, farmacêuticos e outros profissionais da Saúde aos seus "pacientes", criaturas passivas, sem visão e opinião. Muito pelo contrário! A efetiva Educação em Saúde traduz-se pela adoção de práticas educativas com vistas a autonomia e ao autocuidado e, por conseguinte, à melhoria da qualidade de vida das populações constituídas por uma diversidade de demandas e seres pensantes com vivências que não devem ser desconsideradas. Por isso mesmo, vale ressaltar que nos tempos atuais, é no mínimo incoerente, o desenvolvimento de práticas de Educação em Saúde que adotem a pedagogia do ensino bancário, no qual o educador detém o conhecimento como uma verdade absoluta e o deposita em seus educandos, acreditando ainda, estar contribuindo para futuras "mudanças de comportamento" que tornem melhor a vida das pessoas. Tomar posso do "paciente" e ditar regras não funciona! Na verdade, isso não é educar, é bloquear a consciência crítica das pessoas que em algum momento da vida precisam dos Serviços de Saúde e, quase sempre são destituídas do direito de pensar e de questionar sobre o que os profissionais da área lhes impõem como sendo o ideal, o melhor para si. Isso, acontece todos os dias, com uma naturalidade e uma frequência * Professora Associada da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), Curso de Graduação em Enfermagem, Bandeirantes-Paraná-Brasil. Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação em Ensino (PPGEN-UENP), Mestrado Profissional em Ensino (MPE), Cornélio Procópio-Paraná-Brasil. https://orcid.org/0000-0001-5655-609X