Desigualdade Ambiental

Os conflitos socioambientais são processos correntes nas sociedades contemporâneas e têm gerado novos enfoques e abordagens sobre a questão ambiental. Não cabe dúvida que a região de América Latina continua sendo compreendida como um espaço de intervenção, para ser manipulada pelo conhecimento cientifico, subalternizando o conhecimento de coletivos a partir da experiência vivida. A diferença com relação a outras épocas é que atualmente as coalizões entre os Estados e as empresas conseguem identificar e estudar os impactos e justificam a inquestionabilidade das atividades de grande aporte de capital visto que os seus efeitos podem ser reduzidos a questões negociáveis com compensações econômicas despolitizando outras interpretações. Assim, aspectos que podem ser de natureza política devem ser " ajustados " a caracteres técnicos. De outro lado, a organização de comunidades locais em colaboração com os ambientalistas, professores, entre outros que configuram os movimentos sociais, produzem conhecimento sobre o processo de usurpação dos seus mundos, sendo a maioria das vezes excluídas dos processos de tomada de decisão que envolvem os seus projetos de vida. A partir desse processo, elaboram-se pautas e reivindicações sociais e ambientais que têm fomentado outras formas de olhar para o conhecimento técnico-científico e para o atual estágio do desenvolvimento socioeconômico do capitalismo. O modelo atual de uso e exploração aos bens naturais produz desigualdades sociais e ambientais que atingem de maneira desproporcional os diferentes grupos sociais (ACSELRAD, 2010; PORTO e PACHECO, 2009). Os conflitos socioambientais derivam das disputas entre os diferentes grupos humanos pelo acesso aos bens naturais desenhados na natureza.