Cadeia Produtiva da Soja

Dada a recente sucessão de quedas no preço da soja, iniciada em junho/2016, e com dívidas de custeios e investimentos vencendo, os produtores rurais são desafiados a tomar a decisão de vender a produção ou parte dela neste momento, de baixas cotações, ou postergar o faturamento e apostar em uma possível alta para maximizar o lucro, mas correndo o risco de assimilar prejuízos.

O objetivo da presente pesquisa foi mensurar a concentração de mercado ao longo da cadeia produtiva da soja. A partir dessas informações tornou-se possível avaliar se as estratégias para manter e ampliar o poder de mercado e a governança ao longo da cadeia produtiva da soja resultam em sucesso, captação do excedente do produtor rural de soja e competitividade da agroindústria processadora do grão. Neste contexto, foram calculados o Market Share, a Relação de Concentração e do Índice de Herfindahl-Hirschmann. Confirmou-se a hipótese de que o mercado que fornece insumos para os produtores rurais de soja está altamente concentrado. A hipótese de elevada concentração no segmento de aquisição e processamento da soja também foi confirmada.  Concluiu-se que o produtor rural de soja encontra-se em situação de fragilidade econômica, pois: a) adquire insumos em mercado oligopolizado e vende a produção em mercado oligopsonizado; b) as empresas dominantes estão protegidas por barreiras à entrada. Diante deste cenário e das análises realizadas, cabe ao Estado brasileiro definir a forma de inserção dos agentes nacionais, em especial do produtor rural: se será caracterizado como um instrumento de acumulação do capital internacional ou se participará dos ganhos e se constituirá como agente de desenvolvimento regional.

Este estudo tem como objetivo estudar a importância da cadeia produtiva da soja para a geração de emprego e renda no mercado de trabalho formal do estado do Rio grande do Sul. Para tanto, definiu-se a cadeia produtiva através das atividades consolidadas na Classificação Nacional de Atividades Econômicas CNAE 2.0. Em seguida, foram utilizadas as estatísticas da Relação Anual de Informações Sociais RAIS para quantificar a geração de emprego e renda, por microrregião, classe de atividade econômica e elo de produção. Entre os principais resultados, destacam-se: o elo à montante da produção gerou 31,8 mil empregos, o equivalente a R$ 57,3 milhões em salários mensais, com destaque para as microrregiões Ijuí, Porto Alegre, Não-Me-Toque, Três Passos, Santo Rosa e Passo Fundo; o elo central da cadeia produtiva gerou 37,2 mil empregos e agregou R$ 38,2 milhões de reais/mês em salários. Nessa, o destaque ficou com as microrregiões Campanha Ocidental, Cruz Alta, Litoral Lagunar, Santiago, Campanha Central e Passo Fundo; por fim, o elo a jusante da produção foi responsável pela geração de 25,9 mil empregos e R$ 128,5 milhões por mês e as microrregiões que foram responsáveis pelo maior quantitativo de emprego e renda foram Porto Alegre, Lajeado-Estrela, Caxias do Sul, Passo Fundo, Carazinho e Ijuí.