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Salvaguardar e reutilizar patrimónios

2018

NOTÍCIA Projecto Revive: Salvaguardar e reutilizar patrimónios O Programa Revive – Reabilitação, Património e Turismo, definido e implementado pelo Turismo de Portugal e Direcção-Geral do Tesouro e das Finanças tem como principal objectivo lançar no mercado, através de concessões de longa duração, um conjunto heterogé- neo de mais de trinta imóveis do Estado, actualmente sem utilização. Visa-se assim a requalificação e refuncionalização de cada um dos imóveis, respeitando o essencial dos seus valores arquitectónicos, culturais e paisagísticos, associando-os às dinâmicas da economia e da sociedade, com especial enfoque no sector do turismo. Para o efeito, cada um dos edifícios é objecto de levantamento arquitectónico actualizado, que o Turismo de Portugal promove em estreita colaboração com a Direcção Geral do Património Cultural (DGPC) que, caso a caso, enuncia as exigências e os constrangimentos da salvaguarda patrimonial. O Instituto de História da Arte é parceiro deste programa desde 2017, assumindo a responsabilidade de realizar, para cada um dos edifícios ou suas sobrevivências (é o caso dos fortes do Algarve), monografias histórico-artísticas. Os seus autores utilizam as fontes disponíveis e apoiam-se nos levantamentos topográficos e arquitectónicos realizados pelo Turismo de Portugal e pela DGPC. Coordenadas, desde 2017, por Raquel Henriques da Silva, as Paço Real de Caxias Castelo de Portalegre Coudelaria de Alter Santuário do Cabo Espichel Fotografias de Margarida Elias, 2017/2018. R E V I S T A D E H I S T Ó R I A D A A R T E N.O 13 – 2018 301 NOTÍCIA Convento de Santa Clara-a-Nova, Coimbra Convento dos Capuchos, Leiria Conventinho do Paço de Valverde, Évora. Paço de Valverde, Évora Convento de São Francisco, Portalegre Fotografias de Margarida Elias, 2017/2018. 302 R E V I S T A D E H I S T Ó R I A D A A R T E N.O 13 – 2018 NOTÍCIA diversas monografias têm sido maioritariamente escritas por Margarida Elias e Daniela Simões, a que se juntaram, Marco Sousa Santos e Carlos Caetano para os antigos fortes que integram o programa. Os trinta e três edifícios que foram objecto da realização de monografias distribuem-se ao longo de todo o território nacional. Têm diferentes cronologias, tipologias estilísticas e arquitectónicas, e grande acumulação de História. Integram conjuntos classificados, como Monumentos Nacionais ou Imóveis de Interesse Público. Na sua maioria foram mosteiros e conventos que, após a extinção das ordens religiosas, em 1834, conheceram ocupações diversas e em alguns casos foram bastante transformados. Citamos, por exemplo, Sanfins de Friestas, Lorvão, Santa Clara-a-Nova de Coimbra, o Quartel da Graça de Lisboa ou o Convento de Valverde, em Évora. Outra tipologia, com algum volume, é a dos castelos e fortes, entre os quais, por exemplo, o Castelo de Portalegre, o Forte da Ínsua e o Forte do Rato. Acrescentam-se três palácios, de Manique do Intendente, das Obras Novas e o Paço Real de Caxias ou ainda a Coudelaria de Alter e o Colégio de São Fiel. A importância deste projecto no domínio da História da Arte e da Salvaguarda do Património com diversos níveis de classificação, deve ser realçada, especialmente no que se refere a componentes menos nobres de cada um dos edifícios, profundamente alteradas e, por vezes, em estado de ruína ou abandono. A sua menor importância arquitectónica ou artística torna a investigação mais árdua e inconclusiva, mas abre pistas para eventuais reavaliações. Refira-se também a dinâmica criada entre as diversas instituições envolvidas, traduzida, positivamente, no reconhecimento da importância da investigação histórico-artística para a definição de novas vidas de edifícios que, antes, muitas outras conheceram, de acordo com a síntese proposta pelo ICOMOS: «O património não se limita a um tempo, nem passado nem futuro. Usamos o património de ontem para construirmos o património de amanhã, porque a cultura é, por natureza, dinâmica e está em constante renovação e enriquecimento»*. • Margarida Elias Raquel Henriques da Silva ICOMOS-Canada French-Speaking Committee. 1982. Charter for the Preservation of Quebec’s Heritage (Deschambault Declaration) – “Definition of Heritage and Preservation” [trad.], citado por Helena Barranha. 2016. Património cultural: conceitos e critérios fundamentais, Lisboa: IST Press – ICOMOS-Portugal, p. 26. * R E V I S T A D E H I S T Ó R I A D A A R T E N.O 13 – 2018 303