Academia.eduAcademia.edu

Vogais Para O Tupinambá

2012, Seminario De Pesquisa Em Estudos Linguisticos

RESUMO: A intenção deste texto é delimitar o sistema fonêmico das vogais para o Tupinambá que, uma vez formulado, servirá como base para a transcrição fonética dos verbetes do vocabulário Tupinambá-Português-Tupinambá de modo a contribuir com o projeto Tupinambá, coordenado pela professora dra. Consuelo Costa. São utilizadas como suporte para reconhecimento dos fonemas as Gramáticas de José Anchieta e Luiz Figueira, bem como estudos recentes para as línguas de família tupi (BORELLA, 2000; SAMPAIO, 1997). Além destas gramáticas e estudos, faremos uso do documento proveniente da 1a. Convenção Ortográfica Tupinambá de Olivença em 7/11/2010 sob a consultoria Linguística de Doutora Consuelo de Paiva Godinho Costa (Uesb) no qual acorda-se sobre a ortografia a ser utilizada para o Tupinambá. Descreveremos os sons vocálicos do Tupinambá e suas propriedades articulatórias, apresentando palavras que figurarão no Dicionário em sua transcrição fonética.

View metadata, citation and similar papers at core.ac.uk brought to you by CORE provided by Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia: Edições UESB   115 de 119 VI SEMINÁRIO DE PESQUISA EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS   VOGAIS PARA O TUPINAMBÁ Clara Carolina Souza Santos* (UESB) Consuelo de Paiva Godinho Costa* (UESB) RESUMO: A intenção deste texto é delimitar o sistema fonêmico das vogais para o Tupinambá que, uma vez formulado, servirá como base para a transcrição fonética dos verbetes do vocabulário Tupinambá – Português – Tupinambá de modo a contribuir com o projeto Tupinambá, coordenado pela professora dra. Consuelo Costa. São utilizadas como suporte para reconhecimento dos fonemas as Gramáticas de José Anchieta e Luiz Figueira, bem como estudos recentes para as línguas de família tupi (BORELLA, 2000; SAMPAIO, 1997). Além destas gramáticas e estudos, faremos uso do documento proveniente da 1a. Convenção Ortográfica Tupinambá de Olivença em 7/11/2010 sob a consultoria Linguística de Doutora Consuelo de Paiva Godinho Costa (Uesb) no qual acorda-se sobre a ortografia a ser utilizada para o Tupinambá. Descreveremos os sons vocálicos do Tupinambá e suas propriedades articulatórias, apresentando palavras que figurarão no Dicionário em sua transcrição fonética. Palavras – Chave: Fonética; fonologia; vocabulário; línguas indígenas INTRODUÇÃO *Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia; mestranda em Linguística na mesma instituição. *Doutora em Linguística pelo Instituto de Estudos em Linguagem, Unicamp, Professora Adjunta da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). 116 de 119 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS   Em encontro realizado em 2009, o C-Indy, representantes da comunidade indígena de Tupinambá de Olivença (Ilhéus) solicitaram auxílio a pesquisadores, na instituição UESB, para contribuir com o fortalecimento do ensino bilíngue Tupinambá – Português em sua comunidade escolar. Desde então a professora Consuelo Costa organiza o “Projeto Tupinambá” responsável por prestar assessoria linguística à comunidade por meio de oficinas de fonética e fonologia aos professores, bem como composição de material didático, dentre eles, um vocabulário Tupinambá - Português – Tupinambá. Em encontros quinzenais na Escola Estadual Indígena Tupinambá de Olivença professores da comunidade em conjunto com o grupo de pesquisa coordenado pela professora Consuelo discutem e refletem sobre a sua língua de origem. MATERIAL E MÉTODOS Colaborando com o intuito da comunidade Tupinambá de Olivença (Ilhéus, BA) de organizar um ensino bilíngüe na escola da aldeia, este projeto tem por intenção elaborar um vocabulário bilíngüe Tupinambá – Português - Tupinambá, que poderá inovar em relação aos dicionários escolares em línguas indígenas do Brasil por trazer a transcrição fonética dos verbetes e, assim, aqueles que participarem do processo formativo na escola indígena da aldeia terá em mãos um suporte material que auxiliará de modo seguro o uso da língua perdida. Além disso, este vocabulário diferenciar-se-á dos demais dicionários do Tupi Antigo colonial (língua da qual o Tupinambá é uma variedade) por considerar a convenção ortográfica dos índios de Olivença, que unificaram e uniformizaram a escrita de sua língua em uma assembléia lingüística em novembro de 2010. Este texto quer trazer à discussão o processo de fixação da ortografia Tupinambá a partir da Convenção Ortográfica e sua relação com a fonética e fonologia da língua Tupinambá, discutindo outrossim, a revitalização da língua indígena naquela comunidade. Na assembléia   117 de 119 VI SEMINÁRIO DE PESQUISA EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS   ficou decidido que as vogais utilizadas para os termos seriam A, E, I, O, U, Y. Utilizarão também o til (~) para marcar as sílabas tônicas e o acento seguirá a regra geral para a língua portuguesa e, diferente da maioria dos manuais de Tupi Antigo, não se usará hífen para marcar os morfemas de pessoas dos verbos. CONCLUSÕES Convém relembrar o apagamento da língua Tupinambá entre os seus falantes. Devido a numerosos massacres narrados nas histórias dos povos indígenas brasileiros, aliado a um número considerável de opiniões em textos midiáticos sobre os “modos incivis” dos Tupinambás, a comunidade viu-se forçada a adotar a língua portuguesa em suas interações sociais. Um Vocabulário Tupinambá – Português – Tupinambá contribuirá significativamente para o resgate da língua, pois contará com a transcrição fonética de cada termo – trabalho até então curiosamente inédito entre os dicionários e vocabulários recentemente elaborados. Espera-se que, com o suporte da transcrição fonética, os possíveis equívocos na fala ou escrita provenientes da sobreposição da língua portuguesa sobre a língua Tupinambá sejam minimizados, pois a transcrição é capaz de contribuir significativamente para a compreensão adequada do léxico da língua Tupinambá e para a afirmação identitária entre a comunidade pelos registros e informações que conterá. REFERÊNCIAS ANCHIETA, José. Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil feita pelo padre Joseph de Anchieta de Cõpanhia de IESU. Coimbra: por Antoni po de Mariz, 1595. 118 de 119 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS   AYROSA, Plínio (Org). Vocabulário na língua brasílica: manuscrito português-tupi do século XVII. São Paulo: Departamento de Cultura, 1938. Coleção Departamento de Cultura. Volume XX BARBORA, P. A. Lemos. Curso de tupi antigo: gramática, exercícios, textos. Rio de Janeiro: Livraria São José. 1956. Permalink: http://biblio.etnolinguistica.org/barbosa_1956_curso BORELLA, Cristina de Cássia. Aspectos morfossintáticos da língua Aweti (Tupi). Campinas. 2000. Dissertação (Mestrado) - Institudos de Estudos da Linguagem. Universidade Estadual de Campinas. DIAS, A. Gonçalves. Dicionário da língua tupy chamada língua geral dos indígenas do Brasil por A. Gonçalves Dias. Lipsia: F. A. Brockhaus, Livreiro de S. M. Imperador do Brasil, 1858. FIGUEIRA, Luiz. Arte de gramática da língua brasílica do padre Luiz Figueira, theólogo da companhia de Jesus. Lisboa, na Oficina de Miguel deslundes, na rua da Figueira, 1657. Nova edição anotada por Emílio Allain, Rio de Janeiro, Tipografia e litografia de Lombacta, Ourives, no. 7, 1880. RODRIGUES, Arion Dall'Igna, Análise morfológica de um texto tupi. Curitiba: Logos, 1952. n. 15pp. 56-77. SAMPAIO, Wany Bernadete de Araújo. Estudo comparativo sincrônico entre o Parintintin (Tenharim) e o Uru-eu-uau-uau (Amondava): contribuição para uma revisão na classificação das línguas tupikawahib. Campinas, 1997. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas.