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RIO + 20: ÁFRICA PRESENTE, ÁFRICA EM MOVIMENTO!

2018, EDITORA KOTEV, SÉRIE AFRICANIDADES 29/ PAPER DECORRENTE DE PESQUISA DE PÓS-DOUTORADO USP (CEA-USP), BUREAU POLCOMUNE, REVISTA BRASIL ANGOLA MAGAZINE & CENTRO DE ESTUDOS AFRICANOS DA USP (CEA-USP)

Rio+20: África Presente, África em Movimento! é um artigo originalmente publicado por Bureau Polcomune - Notícias sobre Política e Comunidade Negra, Junho de 2012 e pela revista Brasil Angola Magazine, nº. 5, páginas 22-23. Os dados amealhados no texto decorrem do segundo Pós-Doutorado do autor, investigação desenvolvida sob supervisão do Professor Fernando Augusto Albuquerque Mourão, no campo das Relações Internacionais na Faculdade de Filosofia, letras e Ciências humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). A presente edição deste texto foi revisada e masterizada em Junho de 2019 pela Editora Kotev (Kotev ©), para fins de acesso livre em formato PDF na Internet. Levemente ampliada relativamente ao texto original, esta edição incorpora cinco novas imagens e adota as regras atualmente vigentes quanto à norma culta da língua portuguesa, cautelas de estilo e normatizações editoriais inerentes ao formato PDF. Rio+20: África Presente, África em Movimento! é um material gratuito, sendo vedada qualquer forma de reprodução comercial e de igual modo, divulgação em qualquer veículo de comunicação sem consentimento prévio da Editora Kotev (Kotev©). A citação de Rio+20: África Presente, África em Movimento! deve obrigatoriamente incorporar referências ao autor, texto e apensos editoriais conforme padrão modelar que segue: WALDMAN, Maurício. Rio+20: África Presente, África em Movimento! Série Africanidades Nº. 29. São Paulo (SP): Editora Kotev. 2018.

1 RIO + 20: ÁFRICA PRESENTE, ÁFRICA EM MOVIMENTO! 1 MAURÍCIO WALDMAN 2 Passados vinte anos, o Rio de Janeiro está novamente no centro das atenções mundiais em razão de encontro internacional de enorme visibilidade: a Conferência das Nações Unidas com foco na questão ambiental e o desenvolvimento sustentável. Essa verdadeira cúpula da Terra tornou-se conhecida, numa referência direta à sua famosa antecessora, a Eco-92 ou Rio 92, como Rio + 20, insttucionalmente conhecida como Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ou United Nations Conference on Eniironeent and Deielopeent: UNCED). O evento, previsto para os dias 20 a 22 de Junho de 2012, reunirá dezenas de chefes de Estado com o objetvo precípuo de alavancar polítcas públicas que deem conta do desafo ambiental. Trata-se de uma questão cuja magnitude, ninguém nos dias de hoje ousa contestar. Um parecer que não permite calar é que após vinte anos da realização da Rio 92 e da divulgação massiva do conceito de desenvolvimento sustentável, os avanços obtdos foram infelizmente ínfmos. Pior ainda, observaram-se retrocessos em muitos setores. Conforme divulgado no relatório Panorama Ambiental Global - confeccionado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) -, apenas quatro das noventa metas ambientais mais importantes acertadas nos últmos 40 anos observaram avanço signifcatvo. Outros 40 objetvos avançaram minimamente. Para completar, 24 não apresentaram pratcamente nenhum progresso. Quanto ao desenvolvimento sustentável, bastaria recordar um recente pronunciamento à imprensa oferecido por ninguém menos que Gro Brundtland, referência mundial por sua partcipação na confecção do relatório Nosso Futuro Comum (Our Coeeon Future), documento matricial da Rio 92 3. Considerada “mãe” do conceito de desenvolvimento sustentável, Brundtland advertu que a sustentabilidade ainda aguarda materialização enquanto prátca real. Mais ainda, admoestou que o termo é utlizado de forma abusiva, sem a menor conexão com as intenções que deram origem a Rio 92. 2 Sem dúvida alguma, este saldo é enormemente constrangedor em face dos dilemas ambientais colocados para a sociedade global, agora reapresentados na mesa dos debates planetários com sentdo de urgência ainda maior. É indiscutvel também que o mundo de hoje é mais complexo, pois neste ínterim, o mundo global assistu a uma série de mudanças radicais. Dentre essas, as referentes à irrupção de novos atores no cenário internacional, vertente na qual podemos situar o desempenho dos países africanos. Certamente, nesta perspectva, um aspecto essencial reporta ao magnífco patrimônio ecológico substantvado na África. O contnente, que é fundamentalmente formado por terras tropicais, reúne diversos ecossistemas. São imensas savanas, forestas densas, estepes a perder de vista, desertos e mangues, no geral, paisagens dispostas lattudinalmente ao Equador. Nas áreas montanhosas, o perfl altmétrico interfere engendrando nichos ecológicos que se estendem por vastas faixas ao longo das vertentes (Figura 1). Tais pré-condições explicam a razão de serem africanos três países catalogados como megadiversos: a República Democrátca do Congo (RDC), Madagascar e a República da África do Sul (RSA). As condições naturais permitem ao contnente abrigar vários exemplares de megafauna, animais como hipopótamos, girafas, rinocerontes e elefantes. No mais, a África consttui berço de muitas plantas e animais domestcados, um verdadeiro tesouro genétco com o qual, o contnente generosamente presenteou o conjunto da Humanidade. Dentre outras dádivas, são originários da África o quiabo, café, linho, agrião, gergelim, mamona, tef, o asno, o arroz africano, feijão-fradinho, sorgo, milhete, cevada, fava, tremoço, índigo, variedades de trigo e inúmeras outras maravilhas. Na eventualidade de arrolarmos os destaques propriamente ecológicos do ambiente africano, teríamos então um polpudo prontuário adereçado de ordens de grandeza verdadeiramente magnífcas. Reportando ao documento da 17ª Assembleia da União Africana, realizada em Malabo, na Guiné Equatorial, em 2011, tomamos conhecimento de que o capital ecológico do contnente equivale a 40% da biodiversidade planetáriaa 20% das forestasa mais da metade do potencial energétco do Planeta, tanto pela força das águas dos seus rios, quanto a dos ventos e do Sol. 3 FIGURA 1 - Mapa dos biomas do contnnnnn africano, nitdamnnnn inflnnciados pnlas latnldns, nxcnpnlando árnas monnanhosas como as do Corno Africano, parnns da África Orinnnal, da rngião dos Grandns Lagos n dn Madagáscar (Fonnn: < http://biofoclscommlnicatn.nl/colnnrins-africa-map-splin-inno-biomns/ >. Acnsso: 1406-2019) Todavia, não é sufciente elencar a majestade da natureza africana. A Rio + 20 é um encontro polítco internacional. Portanto, para esse texto os parâmetros econômicos, sociais e da governança polítca conquistam projeção especial. Atentemos para o fato altamente meritório de que a África do ano de 2012 expõe notáveis contrastes positvos com relação a vinte anos atrás. Ultrapassando obstáculos 4 de toda ordem, centenas de povos e dezenas de países independentes criaram uma realidade nova, perpassada por tremendos avanços econômicos. A África tem avançado como um trem na noite, seguindo trilhos próprios, que se diferenciam dos estpulados pelo mundo ocidental. Tornou-se óbvio, mesmo para o mais recalcitrante dos incrédulos, que já passou da hora de rever as formas deturpadas de percepção impostas durante séculos ao contnente. Assim, contrastando com o pessimismo econômico que ronda os países do Hemisfério Norte, perpassado pelos impactos da recessão e de crise de crescimento, os patamares de expansão econômica do contnente são auspiciosos. Hoje em dia, seis das dez economias de crescimento mais rápido do mundo são africanas. Desde 1995, a economia dos países ao Sul do Saara se expande a taxas anuais superiores a 5% desde 1995, alcançando 6% em 2012 (Figura 2). Numa conjuntura gravada por queda da produção em vários países europeus, em 2011 a África cresceu 5,2%, prevendo-se 5,8% para 2012. Para o ano de 2040, acredita-se que o contnente abrigará um bilhão de jovens em idade produtva. De acordo com o Banco de Desenvolvimento Africano - African Deielopeent Bank -, esse desempenho tem sido acompanhado de mudanças que podem indicar passos ainda mais rápidos nos próximos anos. Nota-se uma diminuição na mortalidade infantl, contenção da AIDS, tuberculose e malária, além de melhorias na escolaridade básica. A igualdade de gênero se evidencia como uma grande conquista do contnente. Exemplifcando, com base em levantamentos da ONU, em Angola, no ano de 2008, o segmento feminino ocupava 33% dos cargos governamentais. Neste mesmo ano, eram mulheres nove ministros, sete vice-ministros, quatro secretários de Estado e três governadores. Certo é que essa tendência apresenta muitas dessimetrias. A pobreza, ainda que tenha recuado em vários pontos, segue na pauta das preocupações urgentes relatvamente ao bem-estar humano. Não seria demasiado registrar, há muito que avançar nessa direção. Do mesmo modo, a expansão econômica da África agrega várias contradições, como as que se estabelecem na relação com o meio ambiente. Erosão dos solos, estresse hídrico, 5 o alastramento da desertfcação e a crise urbana, são alguns dos agravos comumente apontados para o contnente. FIGURA 2 - Gráfco das nconomias dn mais rápido crnscimnnno da África ao Sll do Saara (GDP rnal grownh nm %). No plano contnnnnal, lm nnrço das nconomias da África crnscnm 6% ol mais por ano, balizadas por novas nxpornaçõns dn minérios, pnlo rnnorno da paz n nambém, por roblsna nxpansão dn snnorns não-nxnratvos. Annnnn-sn qln mlinas nconomias africanas slplannam os panamarns dn nxpansão dn paísns como a Índia, Brasil, Fndnração Rlssa n a China (Fonnn: Dnvnlopmnnn Prospncns Grolps, Thn World Bank (Banco Mlndial), Projncnnd GDP Grolwnh, in: < https://www.impatnnnoptmisns.org/Posns/2012/10/Africas-Economs-isGrowing-Fasn#.XQPqqxZKjIV >. Acnsso: 14-06-2019) Contudo, retenha-se que em vários aspectos, os problemas ambientais que acometem o contnente são impingidos aos africanos como sequela de desequilíbrios gerados a uma distância ponderável da África. Um desses é indiscutvelmente o global wareing ou aquecimento global. Como se sabe, o mecanismo das mudanças climátcas é essencialmente dinamizado pelas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), partcularmente o dióxido de carbono, grande parte das quais, são de responsabilidade dos chamados países afuentes. Sublinhe-se que os impactos provocados pelas alterações dos equilíbrios climátcos são dramátcos num contnente onde as atvidades agrícolas e pecuárias permanecem como atvidades primordiais. Calcula-se que 70% das populações que vivem ao Sul do Saara dependem do que plantam e colhem. 6 Para o Painel Internacional de Mudanças Climátcas (International Panel on Clieate Change: IPCC), dá-se como certo que em 2020 poderão ser 250 milhões de africanos com difculdade no acesso à água em razão do aquecimento global. Pelo mesmo motvo, levantamentos da mesma fonte estmam que em 2020 a pluviosidade possa retroagir em até 50% (Figura 3). FIGURA 3 - Mapa da África com dnmarcação nnrrinorial consoannn os qlocinnnns dn lmidadn. Como é possívnl obsnrvar, nodas as rngiõns sahnlianas, qln são lma nspécin dn annnssala do Saara, o hinterland da Etipia n da África Orinnnal, vasnas parnns da África Alsnral n linoral glinnano, nsnão dirnnamnnnn amnaçados pnlos avanços do global warming (Fonnn: < https://oxfamblogs.org/fp2p/whan-arn-african-colnnrins-alrnads-doing-no-adapnno-climann-changn/ >. Acnsso: 12-06-2019) 7 Ponderação que se impõe em face do que expusemos, os problemas ambientais se tornaram pauta obrigatória para a governança polítca no contnente. Conforme declarou em Maio desse ano a Ministra do Meio Ambiente de Angola, a Sra. Fátma Jardim, existe uma grande expectatva na Rio + 20 em termos das proposições positvas que ela venha a promover. Nessa variável, e no que justamente a África pode explicitar enquanto diferencial, as benesses alcançadas pela paz, pelo reforço da governabilidade e fortalecimento das relações multlaterais, mostram que há lugar para o otmismo e esperança. Contrariando concepções enviesadas pelas quais o contnente seria um mero campo de batalha opondo tribos, uma interpretação que além falsear totalmente a realidade, expressa preconceitos arraigados voltados contra os poios africanos, o contnente tem dado mostras de uma enorme vitalidade das suas relações multlaterais, com muitos exemplos de cooperação apontando para a união do contnente. Desta maneira, a Conferência Ministerial Africana para o Meio Ambiente (African Ministerial Conference on the Eniironeent: AMCEN), fórum permanente de debates que reúne os ministros do meio ambiente de toda a África, tem contribuído para concertar o núcleo principal do temário pertnente aos problemas ambientais africanos, e pari passu, consensar a colaboração intergovernamental para conter a degradação do ambiente. O AMCEN auferiu prestgio enquanto espaço decisório viabilizador de convenções regionais, da harmonização das polítcas ambientais e igualmente, para o fortalecimento e coesão da capacidade de intervenção das nações africanas nas negociações internacionais. É importante rubricar o papel de proa desempenhado nas artculações desenvolvidas pelo AMCEN por vários dos blocos regionais que hoje em dia, estão cada vez mais presentes no multlateralismo africano. Nessa declinação, poderíamos mencionar as seguintes grandes organizações regionais interestatais: ➢ União do Magreb Árabe (L'Union du Maghreb Árabe: UMA)a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Econoeic Coeeunity of Western African States: ECOWAS)a ➢ 8 Coeunidade Econôeica dos Estados da África Central (Econoeic Coeeunity of Central African States: ECCAS)a ➢ Mercado Comum da África Oriental e Meridional (Coeeon Market for Eastern and Southern Africa: COMESA)a ➢ Comunidade de Desenvolvimento da África Meridional (Southern African Deielopeent Coeeunity: SADC). ➢ Essa ampla coalizão polítca inter-regional tem demonstrado capacidade polítca em ratfcar acordos e unifcar posições em diversos campos nos quais pesam os interesses de todo o contnente. A saber, pontfcam os temas referentes ao combate da desertfcação, preservação de áreas úmidas, monitoramento de espécies invasivas e/ou exótcas, manejo costeiro, criação de áreas de conservação transfronteiriças e o aquecimento global. Arrematando, a exuberância ambiental do contnente propicia a adoção de tecnologias, logístcas e modelos na linha do desenvolvimento limpo. Um exemplo muito claro deste potencial é a energia solar. Amplamente presente em todas as terras africanas, o Sol pode, por intermédio linhas de crédito preferenciais para projetos ambientais, inverter rapidamente as defciências de milhões de africanos no acesso à energia. Por extensão, permitria alterar para melhor o quadro da qualidade de vida e do bemestar social, não apenas com base em projetos de escala, mas também lançando mão de instalações modulares de energia solar de pequena e média escala, que aliás, tem sido implementadas em todo o contnente em nível comunitário e residencial (Figura 4). Nessa avaliação, não esqueçamos que a África já deu mostras de que é possível superar as adversidades com o empenho dos seus povos. Por exemplo, em 1977, Wangari Maathai abandonou sua cátedra universitária para voltar-se ao trabalho de motvar as mulheres do meio rural para a defesa do meio ambiente. Esta decisão foi o cerne do Moiieento do Cinturão Verde do Quênia, iniciado com a semeadura de sete árvores em cinco de junho de 1977. 9 FIGURA 4 - Painnl solar nm opnração no mnio rlral da Tanzânia. Mlinas naçõns africanas pnrpnnlamnnnn nnsolaradas, nais como o Nígnr, Snnngal, Somália, Djiblt, Sldão, Malrinânia, Mali, Chadn, Erinrnia, África do Sll n Namíbia, podnm connar com a capnação da nnnrgia do Sol nm larga nscala graças à vastdão da slpnrfcin nnsolarada dos snls nnrrinirios. Embora ainda incipinnnn, o aprovninamnnno da nnnrgia solar nnm crnscido nxponnncialmnnnn nm nodo o contnnnnn. Na África, no nriênio 2010-2012, a nnnrgia fonovolnaica crnscnl 3,2 vnzns, nxistndo prognistcos dn nxpansão para clrno prazo, nornando o contnnnnn lm grandn mnrcado nnsnn sngmnnno (Fonnn: < https://www.forbns.com/sinns/lsndsnsgilpin/201//10/19/rnnnwabln-nnnrgs-is-aboln-noboom-in-africa-and-wn-nnnd-no-pas-attnnton-no-in/#6n74a7da/f1f >. Acnsso: 11-06-2019) Após quinze anos, o trabalho de Wangari Maathai já havia distribuído sete milhões de mudas, plantadas e protegidas por camponesas em 22 distritos em todo o Quênia. Em reconhecimento, Maathai foi laureada com o Prêmio Nobel da Paz de 2004, o primeiro a ser concedido a uma mulher africana e a um militante do meio ambiente. No que é bastante estmulante num mundo em que os interesses comuns são com frequência, atropelados por posições exclusivistas, a África que atuará em 2012 na Rio + 20 não é propriamente uma bancada de países africanos. 10 Com maior propriedade, serão lideranças africanas que oportunamente em Malabo (Guiné Equatorial, 2011), Adis Abeba (Etópia, 2012) e em muitos outros encontros e seminários, defniram cuidadosamente quais são as prioridades do contnente. Quem sabe, tal como na 15ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que ocorreu em dezembro de 2009 (também conhecida como COP 15), a África possa demonstrar novamente que seus representantes são fadores de um contnente inteiro, agindo unidos em prol do bem comum. Este rol de pressupostos anima e incentva o contnente inteiro para trabalhar com afnco visando o sucesso da Conferência Rio + 20. E que assim seja! Os povos de todo mundo agradecem! 11 POST-SCRIPTUM 4 Desde 2012, quando o artgo África Presente, África Ee Moiieento! foi publicado, o tempo, por si mesmo, impõe atualização de informações do campo econômico, no mais, imprescindíveis no cenário mutante que conforma o cenário internacional. Neste senso, é importante frisar que embora o crescimento africano tenha apresentado oscilações principalmente no biênio de 2015-2016 em razão da desaceleração das demandas chinesas por insumos e na mesma direção, por indicadores mais modestos de protagonismo econômico global, importaria rubricar que a economia contnental tem confrmado a pertnácia que a caracteriza. Deste modo, apesar da instabilidade da economia mundial e de difculdades regionais, a economia africana manteve-se estável em 2015. O contnente permaneceu na segunda posição na lista das regiões com maior expansão econômica, perdendo apenas para a Ásia Oriental. Tal como afrmou em 2016 Abebe Shimeles, Diretor Interino do Departamento de Investgação sobre Desenvolvimento do Banco Africano de Desenvolvimento: “Os países africanos, entre os quais se encontram alguns dos campeões mundiais em termos de crescimento econômico, demonstraram uma notável resiliência perante as adversidades da economia mundial”. A mais ver, note-se, tomando por base os Estados associados à União Africana, que o contnente reúne 55 países, cada um dos quais marcados por diferentes especifcidades, mercados e desafos, sendo que por sua vez, o conjunto destas nações, lado a lado com inferências externas, é balizado pela performance das economias mais dinâmicas, como Nigéria, Etópia, Angola e a República da África do Sul (RSA), seja regionalmente, seja no prisma da África como um todo. Neste sentdo, de acordo com o Relatório Africa Pulse, elaborado pelo Banco Mundial, o ritmo mais moderado de expansão econômica refete a retomada gradual da expansão das três maiores economias africanas, Nigéria, Angola e África do Sul, que pesam sobre a situação econômica da África e por tabela, nas médias gerais do contnente. Mas ainda assim, as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), antecipam para 2019, uma taxa de crescimento do PIB de 3,4% no nível agregadoa uma melhora em relação à taxa de crescimento real de 2,9% de 2018. 12 Para mais, quando as três grandes economias são excluídas das planilhas, a projeção de crescimento para os demais países da África Subsaariana ultrapassa 5%, uma vez que dezoito países devem crescer para além deste índice em 2019. Anote-se que nos últmos anos, países como a Costa do Marfm, Etópia, Ruanda, Gana e Tanzânia, excederam de modo consistente a taxa média de crescimento do PIB africano. Ademais, ainda que a atual taxa agregada de crescimento do PIB não seja forte o sufciente para absorver choques econômicos repentnos ou gerar transformações mais incisivas em curto prazo em todo o contnente, não deixa de ser alvissareiro que em 2019, são africanas seis dentre as dez economias de crescimento mais rápido do mundo (Figura 5). FIGURA / - Prnvisão dn crnscimnnno nconômico das dnz nconomias mais dinâmicas do ranking innnrnacional para oano dn 2019. As naçõns africanas nsnão idnntfcadas por barras vnrmnlhas (Fonnn: Flndo Monnnário Innnrnacional, in: < https://www.bloombnrg.com/nnws/artclns/2019-04-10/ghana-is-nhn-snar-in-imf-s-2019nconomic-grownh-forncasn-charn >. Acnsso: 18-0/-2019) Note-se que avanços nas polítcas e reformas econômicas têm desempenhado um papel importante na retomada da expansão. Assinale-se que o Banco Mundial informou no início de 2019, que uma em cada três melhorias regulatórias de negócios observadas entre junho de 2017 e maio de 2018 tveram por palco a África Subsaariana, que por sinal, é a região do mundo com o maior número de reformas a cada ano nos últmos sete anos. O setor privado, especialmente o setor de serviços, é o maior benefciário do ambiente de negócios aprimorado, contribuindo com mais da metade da produção econômica da região. O setor de serviços desempenhou um papel mais proeminente com uma taxa 13 média de crescimento de mais de 6% nos últmos dez anos. Espera-se que a tendência de crescimento da África contnue a curto e médio prazo, que para arrematar, supera diuturnamente a média global. Portanto, a África Subsaariana demonstra tendência em recuperar-se do gap resultante do recuo conjuntural do mercado de coeeodities, que reduziu no ano de 2016 a taxa de crescimento do PIB do contnente para 1,4%, o percentual mais baixo da África em décadas. Atualmente, estma-se que a África terá mais de 160 milhões de membros nas classes médias até 2030. A África oferece oportunidades enormes de negócios e investmentos em muitos setores, incluindo transporte, tecnologia da informação e comunicação (TIC), habitação e educação. Daí que a África contnua a ser peça chave para o crescimento e expansão do mercado global. (Malrício Waldman, 17-06-2019) 14 BIBLIOGRAFIA ANGELO, Cláudio. Há abuso no uso de 'sustentabilidade', diz criadora do tereo. Artgo publicado em Folha.com, edição de 22-03-2012. Texto disponível on line em: < htp://www1.folha.uol.com.br/ambiente/1065497-ha-abuso-no-uso-desustentabilidade-diz-criadora-do-termo.shtml >. 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Informe para a imprensa disponível on line em: < htp://www.worldbank.org/en/news/press-release/2018/04/18/economic-growth-inafrica-rebounds-but-not-fast-enough >. Acesso: 17-06-2019. 2018a WALDMAN, Maurício. Lições da Mãe África: O Exeeplo das Mobilizações Aebientalistas. Texto originalmente disponibilizado para a Conferência África & Brasil: Mitologias da Exclusão, proferida no III Seminário de Relações Interétnicas na Educação, em Poços de Caldas (MG), aos 20-11-2009. Posteriormente publicado, sob o ttulo Lições da Mãe África: Uea Perforeance desconhecida do Aebientaliseo Africano, pela Revista África e Africanidades, ano 2, nº. 8, edição de Fevereiro de 2010, e com o mesmo ttulo, por Cultura - Jornal Angolano de Artes e Letras (Luanda, República de Angola), nº. 65, pp. 28-30, edição de 15-28/09/2014. Texto masterizado e incorporado à Série Africanidades Nº. 19. São Paulo (SP): Editora Kotev. Texto disponível on line em: < htp://mw.pro.br/mw/africanidades_19.pdf >. Acesso em: 28-05-2019. 2019a __________. A Eco-92 e a Necessidade de ue Noio Projeto. In: Ecos da Rio-92: Geografa, Meio Ambiente e Desenvolvimento em Questão, pp. 20-32. Fortaleza (CE): Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), Seção de Fortaleza. 1992. Texto masterizado e incorporado à seriação Meio Ambiente: Coleção Memória e Debate 1. São Paulo (SP): Editora Kotev. 2018. Texto disponível on line em Formato PDF: < htp://mw.pro.br/mw/eco_92_e_a_necessidade_de_um_novo_projeto.pdf >. Acesso em: 10-07-2018. 2018a WALDMAN, Maurício. O Papel de Angola na África Centro-Meridional: Recursos Hídricos, Cooperação Regional e Dinâeicas Socioaebientais. Relatório de Pesquisa de PósDoutorado. São Paulo (SP) e Brasília (DF): Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofa, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP) e Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (CNPq). 2014a 17 WALDMAN, Maurício. Blocos Regionais Africanos: Coepilação Estatstica Essencial, Anobase 2010. Levantamento técnico de subsídio para a pesquisa O Papel de Angola na África Centro-Meridional: Recursos Hídricos, Cooperação Regional e Dinâeicas Socioaebientais. Levantamento estatstco divulgado preliminarmente junto ao XVIII Curso de Difusão Cultural do Centro de Estudos Africanos da USP (CEA-USP) e posteriormente endossado pela Câmara de Comércio Afro-Brasileira (AFRO-CHAMBER). Abril de 2013. Documento disponível on line em: < htp://www.mw.pro.br/mw/serie_professor_mourao_04.pdf >. Acesso em: 14-01-2018. 2013ba WALDMAN, Maurício et alli. Meeória D'África: A Teeática Africana ee Sala de Aula. São Paulo (SP): Cortez Editora. 2007. 1 Rio+20: África Prnsnnnn, África nm Movimnnno! é um artgo originalmente publicado por Bureau Polcomune - Notcias sobre Polítca e Comunidade Negra, Junho de 2012 e pela revista Brasil Angola Magazine, nº. 5, páginas 22-23. Os dados amealhados no texto decorrem do segundo Pós-Doutorado do autor, investgação desenvolvida sob supervisão do Professor Fernando Augusto Albuquerque Mourão, no campo das Relações Internacionais na Faculdade de Filosofa, letras e Ciências humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). A presente edição deste texto foi revisada e masterizada em Junho de 2019 pela Edinora Konnv (Konnv ©), para fns de acesso livre em formato PDF na Internet. Levemente ampliada relatvamente ao texto original, esta edição incorpora cinco novas imagens e adota as regras atualmente vigentes quanto à norma culta da língua portuguesa, cautelas de estlo e normatzações editoriais inerentes ao formato PDF. A edição eletrônica de Rio+20: África Prnsnnnn, África nm Movimnnno! contou com a Assistência de Editoração Eletrônica, Pareceres Técnicos e Tratamento Digital de Imagem do webdesigner Francesco Antonio Picciolo, Contato E-mail: [email protected], Site: www.harddesignweb.com.br. Rio+20: África Prnsnnnn, África nm Movimnnno! é um material gratuito, sendo vedada qualquer forma de reprodução comercial e de igual modo, divulgação em qualquer veículo de comunicação sem consentmento prévio da Edinora Konnv (Kotev©). A citação de Rio+20: África Prnsnnnn, África nm Movimnnno! deve obrigatoriamente incorporar referências ao autor, texto e apensos editoriais conforme padrão modelar que segue: WALDMAN, Maurício. Rio+20: África Presente, África ee Moiieento! Série Africanidades Nº. 29. São Paulo (SP): Editora Kotev. 2017. 2018. 2 MAURÍCIO WALDMAN é professor universitário, pesquisador acadêmico, jornalista, editor, consultor e antropólogo africanista, com Graduação em Sociologia (USP, 1982), Mestrado em Antropologia (USP, 1997), Doutorado em Geografa (USP, 2006), Pós-Doutorado em Geociências (UNICAMP, 2011), Pós-Doutorado em Relações Internacionais (USP, 2013) e Pós-doutorado em Meio Ambiente (PNPDCAPES, 2015). Dois dos ttulos das pesquisas do autor, Mestrado em Antropologia (USP, 1997) e Pós-Doutorado em Relações Internacionais (USP, 2013), consttuem trabalhos com área de concentração em África. Waldman foi colaborador de Chico Mendes (1988), integrou o Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI, 1988-1990) e atuou como membro da diretoria da Associação dos Geógrafos Brasileiros - Seção São Paulo (AGB-SP, 2002-2003). No campo do conhecimento africanista, atuou como consultor internacional da Câmara de Comércio AfroBrasileira (2013-2017), e durante dez anos (2004-2014), como professor nos cursos de difusão cultural do Centro de Estudos Africanos da USP (CEA-USP). Waldman foi consultor do Insttuto Paulo Freire no campo temátco de África e realidade negra brasileira, e na mesma linha, desenvolveu palestras e conferências sobre África & Africanidades em dezenas de cidades brasileiras. Maurício Waldman responde pela autoria de 210 artgos, resenhas, projetos e textos cientfcos centrados no temário de África & Africanidades. Dentre outros veículos de mídia impressa, os textos de Waldman foram regularmente publicados pela revista África (CEA-USP), Jornal Cultura (Luanda, Angola), revista Brasil-Angola Magazine (São Paulo), revista Contemporartes (Curitba) e Portal Insttuto Afro (São Paulo). É autor de Africanidade, Espaço e Tradição: A Topologia do Ieaginário Espacial Tradicional Africano na fala griot sobre Sundjata Keita do Mali (Revista África, coedição CEAUSP/Editora Humanitas, 1997-1998, volume 20/21, pp. 219-268), paper considerado internacionalmente relevante pelo Centre National de la Recherche Scientiifue (CNRS), o mais infuente centro de investgações mantdo pelo governo da França (Confra Ficha Catalográfca: < htp://mw.pro.br/mw/cat.inist.fra_2017_kotev.pdf >). Maurício Waldman é coautor de Meeória D’África: A Teeática Africana ee Sala de Aula (Cortez Editora, 2007), obra de referência no campo africanista brasileiro. Mais Informação: Pornal do Profnssor Malrício Waldman: www.mw.pro.br Malrício Waldman - Tnxnos Masnnrizados: htp://mwtextos.com.br/ Clrrícllo Lattns-CNPq: htp://lates.cnpq.br/3749636915642474 Vnrbnnn Wikipndia (BrE): htp://en.wikipedia.org/wiki/Mauricio_Waldman Connano Email: [email protected] 3 Gro Harlem Brundtland (1939- ), é uma polítca, diplomata e médica norueguesa. Membro do Partdo Trabalhista da Noruega, foi a primeira mulher chefe de governo do seu país, exercendo este mandato por duas gestões. 4 Texto baseado em informações coligidas em FREY, 2019a NAIDOO et WALLACE, 2019a THE WORLD BANK, 2018a CASA ÁFRICA. PERSPECTIVAS ECONÔMICAS NA ÁFRICA, 2016. SAIBA MAIS SOBRE A ECONOMIA AFRICANA http://mw.pro.br/mw/africanidades_04.pdf SAIBA MAIS: BLOCOS REGIONAIS AFRICANOS http://www.mw.pro.br/mw/serie_professor_mourao_04.pdf SAIBA MAIS: ECONOMIA AFRICANA HOJE http://mw.pro.br/mw/africanidades_14.pdf SAIBA MAIS: ÁFRICA E ECONOMIA GLOBAL http://mw.pro.br/mw/africanidades_20.pdf CONHEÇA A SÉRIE AFRICANIDADES http://mwtextos.com.br/serie-africanidades/ Os debates sobre ÁFRICA & AFRICANIDADES são um pilar central de atuação da EDITORA KOTEV, publicadora digital que entrou em atividades no ano de 2016. Também trabalhamos com temas relacionados com RELAÇÕES INTERNACIONAIS, EDUCAÇÃO POPULAR E EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Saiba mais sobre a EDITORA KOTEV. Acesse nossa página: http://kotev.com.br/ Qualquer dúvida nos contate. Estamos à disposição para atendê-lo: [email protected]