25
GEONOMOS 15(1): 25 - 43, 2007
SOBRE A EVOLUÇÃO TECTÔNICA DO ORÓGENO
ARAÇUAÍ-CONGO OCIDENTAL
Fernando Flecha Alkmim1, Antônio Carlos Pedrosa-Soares2,
Carlos Maurício Noce2, Simone Cerqueira Pereira Cruz3
ABSTRACT
The Araçuaí Belt, portrayed by Almeida (1977) as a brasiliano orogenic domain developed along the
southeastern margin of the São Francisco Craton, is now viewed as part of the external zone of the so
called Araçuaí-West Congo Orogen. This orogen, which also encompasses the West Congo Belt of Africa
and the terrain between the Araçuaí Belt and the Brazilian continental margin, exhibits a whole series of
puzzling features. Confined to a tongue-shaped enclave between the São Francisco and Congo cratons,
the Araçuaí-West Congo Orogen involves, besides Neoproterozoic ophiolites, a large volume of plutonic
rocks including subduction-related granites. Its evolution is thus associated with ocean floor spreading and
subduction, processes difficult to reconcile with its confined nature. From a tectonic perspective, the AraçuaíWest Congo Orogen can be subdivided in ten compartments, which played distinct rules in the course of its
development. Considering the peculiar setting it formed and knowing the kinematic function of the main
structures, the tectonic evolution of the Araçuaí-West Congo Orogen can be best explain by a model that
involves the closure of a basin partially floored by oceanic crust – the Macaúbas basin, iniciated around
880 Ma - through a mechanism that resembles the operation of a nutcracker. The São Francisco and Congo
cratons, like pincers of a nutcracker, and articulated along interior rifts (the Pirapora, Paramirim and Sangha
aulacogens), rotated against each other, compressing the Macaúbas basin that lay in-between. The driven
forces for the closure are probably triggered by collisions along the margins of the São Francisco-Congo plate
during the final assembly of West Gondwana. The main collisional stage around 580 Ma was followed by the
lateral escape of the southern portion of the orogen and gravity collapse. We anticipate that the continuation
of the study of the Brazilian or Araçuaí portion of the Araçuaí-West Congo Orogen, which correspond to an
extraordinary natural lab, will bring solution not only for the enigmas presented by this peculiar orogen, but
also for questions related to the anatomy and development of mountain belts in general.
Keywords: Araçuaí belt, Araçuaí-West Congo orogen, Brasiliano-Pan African event, Neoproterozoic,, West
Gondwana
RESUMO
Caracterizada, há 30 anos atrás, como cinturão de dobramentos brasilianos que limitaria o Cráton do São
Francisco pelo sudeste e sul, a Faixa Araçuaí é hoje entendida como parte do domínio metamórfico externo
do Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental. Este componente da grande rede orogênica do Gondwana Ocidental
que, na África, compreende a Faixa Oeste-Congolesa e, no Brasil, a Faixa Araçuaí e terrenos adjacentes a
leste, possui uma série de atributos singulares. Contornado pelo Cráton do São Francisco-Congo e contíguo, a
sul, ao sistema orogênico Ribeira exibe, em mapa, uma forma em ferradura e vergências centrífugas, o que a
princípio sugere uma evolução essencialmente ensiálica. Os estudos realizados no Orógeno Araçuaí mostram,
entretanto, que geração e consumo de assoalho oceânico constituem fases da sua evolução, como também
o são vários pulsos de volumosa produção de magmas graníticos a partir de fontes tanto mantélicas, quanto
crustais. Analisado do ponto de vista tectônico, o Orógeno Araçuaí-Congo Ociental pode ser subdividido em
dez compartimentos, os quais desempenharam papéis distintos no curso de sua história. Dada a sua natureza
confinada e as funções cinemáticas desempenhadas pelas peças do seu arcabouço, postulou-se a hipótese,
ora em fase de teste, de que o Orogeno Araçuaí-Congo Ocidental tenha evoluído a partir de uma bacia
parcialmente assoalhada por crosta oceânica - a Bacia Macaúbas, iniciada por volta de 880 Ma - através um
mecanismo que lembra a operação de um quebra-nozes. Ou seja, as peças cratônicas do São Francisco e do
Congo, articuladas por meio de riftes interiores, mover-se-iam em sentidos opostos por forças de colisões
em suas margens e promoveriam o fechamento da bacia mediterrânea precursora. Ao evento colisional
principal, que se desencadeou por volta de 580 Ma, sucederam as fases de escape lateral da porção sul e de
colapso gravitacional. Antevê-se que a continuidade do estudo da porção brasileira desta feição orogênica,
que constitui um excepcional laboratório natural, trará respostas para muitas questões ainda em aberto não
só sobre esta, mas também sobre as cadeias de montanhas de um modo geral.
Palavras-chave: Faixa Araçuaí, Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental, Evento Brasiliano-Panafricano,
Neoproterozóico, Gondwana Ocidental.
INTRODUÇÃO
Há 30 anos, Almeida (1977) caracterizava os
terrenos das margens sudeste e sul do Cráton do São
Francisco como um cinturão orogênico brasiliano:
“Propomos denominar Araçuaí, nome tomado da
cidade e do rio nela situados, a faixa de dobramentos
brasilianos adjacente às bordas sul e sudeste do Cráton
do São Francisco, em Minas Gerais e regiões vizinhas
da Bahia” (pg. 357). Foi assim introduzida na literatura
1. Departamento de Geologia, EM-UFOP. Morro do Cruzeiro, 35.400.000 Ouro Preto, MG
2. CPMTC-IGC-UFMG, Belo Horizonte, MG.
3. Departamento de Geologia e Geofísica Aplicada, IGC-UFBA, Salvador, BA
26
a definição da Faixa Araçuaí, que nos anos seguintes
consolidou-se, não sem acirrados debates sobre
correlações estratigráficas e idades de deformação das
rochas expostas na Serra do Espinhaço, o seu principal
elemento de relevo.
A história da evolução dos conhecimentos sobre
a Faixa Araçuaí e toda a região compreendida entre
ela e a margem leste brasileira - hoje conjuntamente
designadas Orógeno Araçuaí - é revista por PedrosaSoares et al. (2007, neste volume). No curso desta
evolução, constitui importante passo o entendimento
da Faixa Araçuaí e terrenos adjacentes, a leste, como
partes integrantes do sistema orogênico brasilianopanafricano do Gondwana Ocidental. Esta visão foi
proporcionada, primeiramente, de maneira panorâmica,
por Porada (1989) e, posteriormente, em maiores
detalhes, por Pedrosa-Soares et al. (1992). Surge nestes
trabalhos o ponto de partida da definição do Orógeno
Araçuaí-Congo Ocidental, uma edificação tectônica de
características muito peculiares que, na presente síntese,
são enfatizadas e comparadas com os atributos comuns
a orógenos de um modo geral. Após uma descrição dos
componentes do seu arcabouço estrutural, este trabalho
contempla ainda uma discussão a respeito do modelo
da tectônica “quebra-nozes”, proposto para a evolução
do Orógeno Araçuaí Congo-Ocidental por Alkmim et
al. (2006). Este modelo tem sido objeto de contínuos
testes, por ora, através de um esforço de obtenção
de novos dados estruturais e geocronológicos, bem
como de esclarecimento das relações entre o Orógeno
Araçuaí-Congo Ocidental e Faixa Ribeira, que lhe é
contígua a sul.
ARAÇUAÍ-CONGO OCIDENTAL:
UM ORÓGENO SUI GENERIS
Justapondo-se as margens continentais leste
brasileira e oeste africana, de acordo com a melhor
reconstrução cartográfica do Gondwana Ocidental
(De Wit et al. 1988), observa-se que a porção norte do
Cráton do São Francisco vai de encontro ao segmento
setentrional do Cráton do Congo (Fig. 1). Constata-se
também que Faixa Araçuaí, juntamente com o segmento
crustal compreendido ente ela e a margem continental
brasileira (a Província Mantiqueira Setentrional de
Almeida et al. 1981 e Almeida & Hasui 1984), com
apenas um pequeno desajuste no setor norte, encontra
correspondência na faixa panafricana Oeste Congolesa
(Tack et al. 2001). A reconstrução paleogeográfica que
deriva deste exercício, realizado por Porada (1989) e
outros autores que lhe sucederam (eg., Pedrosa-Soares
et al. 1992, Trompete 1994) tem sido continuamente
validada, uma vez que:
- confirma-se a natureza cratônica do substrato
das margens continentais sul-americana e africana,
respectivamente nos trechos correspondentes à Bahia,
ao Gabão e a Camarões (Matos 1999, Alkmim 2004);
- não há evidências, nestas mesmas regiões, de
ação termal ou deformacional relacionadas ao evento
Brasiliano-Panafricano; os processos orogênicos lá
registrados remontam ao Paleoproterozóico (Ledru et
al.1994; Feybesse et al. 1998, Silva et al. 2002, Barbosa
& Sabaté 2004, Lerouge et al. 2006);
- estudos paleomagnéticos realizados por D’AgrellaFilho et al. (1990, 2004) e Renne et al. (1990)
indicam paleopolos praticamente coincidentes para os
crátons do São Francisco e do Congo no tempo préneoproterozóico;
- um grande número de dados estratigráficos,
petrológicos e geocronológicos confirma, sem qualquer
dúvida, a região compreendida entre o Cráton do
São Francisco e margem leste brasileira como zona
orogênica brasiliana e o mesmo é válido para a Faixa
Oeste-Congolesa;
- em que pese diferenças marcantes entre os seus
registros estratigráficos até o período Criogeniano
(Pedrosa-Soares et al. 2008), a história tectônica das
zonas orogênicas brasiliana e panafricana, acima
mencionadas, guardam muitas similaridades e elas
podem, sem maiores problemas, ser entendidas como
contrapartes de um mesmo sistema.
Uma vez confirmada, essa reconstrução implica na
existência de duas feições geotectônicas indissociáveis:
o Cráton São Francisco-Congo (com conexão em
ponte, estável desde o Paleoproterozóico, Porada 1989)
e o orógeno brasiliano-panafricano Araçuaí-Congo
Ocidental (Pedrosa-Soares et al. 2001). Visto sob esta
perspectiva, o Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental
apresenta-se em mapa com um contorno linguóide
ou em ferradura, dotado de vergências centrífugas,
dirigidas para as zonas cratônicas que o abraçam quase
completamente (Fig. 1). Somente por estes traços
gerais o Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental difere
muito de construções tectônicas equivalentes, tanto
modernas, quanto antigas. Os orógenos comuns não
são confinados por áreas cratônicas e os seus traços
estruturais não descrevem trajetórias fechadas, como
se vê na Figura 1.
Com os atributos mencionados, era de se esperar que
o Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental tivesse evoluído
em ambiente totalmente ensiálico. Tal não é o caso.
Como demonstrado por Pedrosa-Soares et al. (1992,
1998, 2001) e Pedrosa-Soares & Wiedemann-Leonardos
(2000), fazem parte da sua constituição granitóides de
arco magmático relacionado a subducção e ofiolitos,
ambos de idade neoproterozóica, indicando, portanto,
geração e consumo de litosfera oceânica durante o seu
desenvolvimento.
Uma outra particularidade do orógeno em foco
é o volume anomalamente alto de rochas graníticas
geradas durante a sua edificação, especialmente aquelas
derivadas de fusão crustal durante o estágio colisional (a
suíte G2 de Pedrosa-Soares & Wiedemann-Leonardos
2000, Noce et al. 2000), o que requer magnitudes
de deformação e espessamento crustal, a primeira
vista, incompatíveis com a sua natureza confinada.
27
Figura 1. O Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental no cenário do Gondwana, reconstruído pela justaposição de
modelos digitais de terreno da porção leste do Brasil e costa oeste africana.
L: Luanda; C: Cabinda; S: Salvador (Brasil).
ARCABOUÇO ESTRUTURAL
O conhecimento hoje disponível sobre o Orógeno
Araçuaí-Congo Ocidental permite a sua subdivisão em
dez compartimentos tectônicos, os quais se distinguem
em função da orientação espacial, significado cinemático
e história de nucleação das estruturas dominantes
(Alkmim et al. 2006). São eles os seguintes (Fig. 2): i)
o Cinturão de Cavalgamentos da Serra do Espinhaço
Meridional; ii) a Zona de Cisalhamento da Chapada
Acauã, iii) a zona de dobramentos de Salinas; iv) o
Corredor Transpressivo de Minas Novas; v) a saliência
do Rio Pardo e sua zona de interação com o Aulacógeno
do Paramirim; vi) o Bloco de Guanhães; vii) a Zona de
Cisalhamento de Dom Silvério e estruturas associadas;
viii) a Zona de Cisalhamento de Itapebi e estruturas
associadas; ix) o núcleo cristalino (i.e., a zona interna
de alto grau que representa o núcleo do orógeno); e x)
o Cinturão Oeste-Congolês.
A Faixa Araçuaí, tal como definida por Almeida
(1977), engloba os oito primeiros compartimentos
acima listados e, juntamente com a Faixa OesteCongolesa, constitui o cinturão metamórfico externo
do orógeno (Fig. 2). Pelo fato da porção brasileira
abarcar aproximadamente 65% da área do Orógeno
Araçuaí-Congo Ocidental, compreendendo nove dos
dez compartimentos mencionados, ela é designada
Orógeno Araçuaí (Pedrosa-Soares et al. 2007, 2008).
Dentre os compartimentos tectônicos discriminados,
o Cinturão de Cavalgamentos da Serra do Espinhaço
Meridional é, de longe, o melhor estudado, tanto
do ponto de vista estratigráfico, como estrutural.
Em contraposição, o núcleo cristalino é o setor que
ainda carece de muitos estudos. É o mais extenso e
estruturalmente o mais complexo compartimento do
orógeno. Aqui visto como uma peça única sofrerá,
certamente, subdivisões, na medida em que novos dados
forem surgindo.
Nas seções seguintes descrevem-se, sucintamente,
as características gerais dos dez compartimentos
tectônicos do orógeno. As unidades estratigráficas
neles envolvidas são analisadas por Pedrosa-Soares et
al. (2007, neste volume).
O Cinturão de Cavalgamentos da Serra do
Espinhaço Meridional
O Cinturão de Cavalgamentos da Serra do Espinhaço
Meridional margeia o Cráton do São Francisco pelo
leste por cerca de 700 km (Fig. 3). Com direção
geral meridiana, envolve o embasamento ArqueanoPaleoproterozóico, as rochas supracrustais dos
supergrupos Espinhaço e São Francisco (Dussin &
Dussin 1995, Uhlein et al. 1998), além de um considerável
28
Figura 2. Compartimentos tectônicos do Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental: SE: Cinturão de Cavalgamentos
da Serra do Espinhaço Meridional; CA: Zona de Cisalhamento da Chapada Acauã; S: Zona de dobramentos de
Salinas; MN: Corredor transpressivo de Minas Novas; RP: Saliência do Rio Pardo e zona de interação com o
Aulacógeno do Paramirim; BG: Bloco de Guanhães; DS: Zona de Cisalhamento de Dom Silvério;
I: Zona de Cisalhamento de Itapebi; NC: núcleo cristalino; OC: Faixa Oeste-Congolesa.
volume de intrusões máficas pós-Espinhaço. Tem a sua
vergência dirigida sistematicamente para o cráton
adjacente, e é dominado por falhas de empurrão e
dobras de orientação preferencial NS, nucleadas em
até duas fases de deformação co-axiais e progressivas,
que refletem um encurtamento geral E-W. As lineações
de estiramento estão preferencialmente orientadas na
direção E-W e os indicadores cinemáticos associados
também mostram transporte tectônico dirigido para
oeste. (Uhlein et al. 1986, Uhlein 1991, Dussin & Dussin
1995, Grossi-Sad et al. 1997). A fase de deformação
principal registrada no cinturão é acompanhada de
metamorfismo nas condições de fácies xisto verde
a anfibolito (Uhlein 1991, Dussin & Dussin 1995,
Pedrosa-Soares et al. 2001).
No extremo norte do cinturão, as falhas reversas
e de empurrão próximas ao seu limite oeste infletem
para NNW e continuam pelo interior do Cráton do São
Francisco, para tomar parte, mais a norte, do segmento
sul, invertido, do Aulacógeno do Paramirim (Cruz &
Alkmim 2006). Já as porções mais internas do seu
segmento norte rotacionam-se progressivamente para
NE e vão formar a Saliência do Rio Pardo (Fig. 3).
O cinturão da Serra do Espinhaço é acompanhado,
no interior do Cráton do São Francisco, por uma zona
de dobramentos e empurrões de largura média de 45
km que afeta os supergrupos Espinhaço e São Francisco
(Fig. 3), mas não envolve o embasamento (Alkmim et
al. 1996). Esta zona pode ser entendida como o cinturão
epidérmico de antepaís do orógeno, a qual, em acordo
29
Figura 3. Mapa tectônico esquemático do Orógeno Araçuaí, enfatizando os seus compartimentos e grandes
zonas de cisalhamento. SE: Cinturão de cavalgamentos da Serra do Espinhaço Meridional;
CA: Zona de Cisalhamento da Chapada Acauã; S: Zona de dobramentos de Salinas; MN: Corredor
transpressivo de Minas Novas; RP: Saliência do Rio Pardo e zona de interação com o Aulacógeno do
Paramirim; BG: Bloco de Guanhães; DS: Zona de Cisalhamento de Dom Silvério; I: Zona de Cisalhamento de
Itapebi; AC: Zona de Cisalhamento de Abre Campo; M: Zona de Cisalhamento de Manhuaçu;
G: Zona de Cisalhamento de Guacuí; B: Zona de Cisalhamento de Batatal.
Confecionado com base em Pedrosa-Soares et al. 2001.
30
com a proposição de Almeida (1977), é entendida como
parte do domínio cratônico.
No seu segmento central, o cinturão da Serra
do Espinhaço exibe uma saliência que é seguida,
com ligeira defasagem, pelo cinturão de antepaís
adjacente (Fig. 3). Da mesma forma que em outras
faixas orogênicas, esta saliência fica situada no
setor onde a pilha sedimentar envolvida exibe a sua
maior espessura (Macedo & Marshak 1999, Rolim
& Alkmim 2004). Em função disso e de informações
geofísicas adicionais pode-se inferir a presença de
baixo estrutural de orientação WNW-ESSE na zona
cratônica imediatamente adjacente, feição interpretada
por Alkmim & Cruz (2005) como uma calha rifte não
exposta, o Aulacógeno de Pirapora. Uma feição muito
semelhante é o Aulacógeno Sangha, no Cráton do
Congo (ver adiante).
Da mesma forma que ocorre com o Orógeno
Araçuaí como um todo, na medida em que se avança
para sul, o cinturão vai sendo exposto em níveis cada
vez mais profundos, até perder as rochas de baixo
grau metamórfico da cobertura neoproterozóica. A
sua terminação sul, exposta ao nível do substrato,
compreende a porção leste do Quadrilátero Ferrífero,
marcada por falhas de empurrão e dobras vergentes para
leste (Almeida 1977, Peres et al. 2004).
A Zona de Cisalhamento da Chapada Acauã
Assim denominada por fazer parte do substrato da
grande chapada situada a leste da Serra do Espinhaço
A
Cráton do
São Francisco
Cinturão da Serra do
Espinhaço
a
B
0
Cráton do
São Francisco
Meridional, esta zona de cisalhamento compreende
uma faixa de largura variável entre 15 e 35 km e
traço curvilíneo que se estende desde a região de
Itamarandiba, passando por São Gonçalo do Rio Preto,
até a região de Salinas, norte de Minas Gerais (Gradim
et al. 2005, Marshak et al. 2006, Alkmim et al. 2006).
A sua continuidade a noroeste de Salinas é apenas
inferida (Fig. 3 e 4).
A Zona de Cisalhamento da Chapada Acauã é
marcada por uma rica assembléia de estruturas, dentre
as quais se destacam trens de dobras vergentes para
leste, cujas superfícies envoltórias mergulham no
mesmo rumo. A estas dobras se associa uma clivagem
de crenulação, cuja orientação preferencial é 290/50.
Zonas de cisalhamento dúctil-rúpteis normais e tension
gashes verticais são outros elementos muito freqüentes
no seu interior (Grossi-Sad et al. 1997, Gradim et al.
2005, Marshak et al. 2006, Santos et al. 2007). Todas
estas estruturas são de segunda geração nos domínios
onde ocorrem, ou seja, se superpõem às dobras, zonas
de cisalhamento e foliações da fase de deformação
principal da zona externa do orógeno, a qual se associa
o transporte tectônico dirigido para oeste.
A orientação espacial e o sentido de cisalhamento
das suas estruturas implicam em uma natureza
distensional para a Zona de Cisalhamento da Chapada
Acauã. Considerando sua relação de corte com os
elementos da deformação principal, sin-metamórfica,
do orógeno, Marshak et al. (2006) interpretam-na
como uma manifestação do colapso gravitacional do
Orógeno Araçuaí, que em outros compartimentos é
ZC Chapada
Acauã
0
Supergrupo São Francisco
(indiviso)
ZC Chapada
Acauã
Corredor de Minas
Novas
B’
4km
Grupo Macaúbas
Supergrupo Espinhaço
A’
50 km
Cinturão da Serra do
Espinhaço
b
Zona de dobramentos
Salinas
Formação Salinas
Granito
Embasamento
Figura 4. Seções geológicas esquemáticas da porção oeste do Orógeno Araçuaí, cuja localização é indicada no
mapa da Figura 3. Note que a seção da Fig. 4b foi encurtada para simplificação em vários
de seus segmentos. Adaptado de Alkmim et al. (2006).
31
representado por estruturas semelhantes (Peres et al.
2004, Cruz & Alkmim 2006) e pelas granitogêneses G4
e G5 (Pedrosa-Soares & Wiedemann-Leonardos 2000,
Pedrosa-Soares et al. 2007).
O exame do mapa da Figura 3 e das seções da Figura
4 mostra que a função principal desempenhada pela
Zona de Cisalhamento da Chapada Acauã no cenário do
orógeno é o abatimento de todo o bloco, constituído por
rochas Macaúbas e Salinas, situado a leste da Serra do
Espinhaço Meridional e a norte do Bloco de Guanhães.
Este fato explica a preservação da unidade sedimentar
mais jovem do orógeno (a Formação Salinas) nas
porções internas e junto ao núcleo cristalino, uma
ocorrência muito pouco provável na ausência de uma
considerável subsidência pós-colisional.
A Zona de Dobramentos de Salinas
Limitada, a oeste, pela Zona de Cisalhamento
Chapada Acauã, a leste por um conjunto de plútons
amalgamados da Suíte G4 e, a sul, pelo Corredor
Transpressivo de Minas Novas (Fig. 3 e 4), a Zona
de Dobramentos de Salinas envolve rochas da porção
superior do Grupo Macaúbas (formações Nova Aurora,
Chapada Acauã e Ribeirão da Folha) e, principalmente,
a Formação Salinas, cuja idade máxima de sedimentação
é 588 ± 24 Ma (Pedrosa-Soares & Oliveira 1997, Lima
et al. 2002, Pedrosa-Soares et al. 2007, 2008). É
característico deste compartimento um conjunto de
dobras e raras falhas de empurrão de orientação geral
NNE e dupla vergência (Fig. 4), dirigida tanto para
WNW, quanto para ENE (Uhlein 1991, Santos et al.
2007), compondo desta forma um arranjo análogo
àquele observado em cunhas de empurrões naturais e
experimentais (Dahlen et al. 1984). As dobras, cujas
dimensões vão da escala centimétrica a quilométrica,
associam-se, localmente, a clivagem de plano axial,
lineação de estiramento e intensa boudinagem (Santos
et al. 2007).
Em estudo recente sobre a história tectônica da
Formação Salinas, Santos et al. (2007) descrevem
três fases deformacionais, sendo a primeira delas
sin-deposional, a segunda, a principal e responsável
pela geração das estruturas características da zona
de dobramentos, e a terceira induzida pelas intrusões
graníticas G4 que limitam a ocorrência da unidade pelo
leste. A segunda fase de deformação foi acompanhada
do evento metamórfico regional do orógeno, que lá
atingiu as condições da fácies anfibolito médio, embora
ocorram zonas de fácies xisto verde com estruturas
sedimentares muito bem preservadas (Lima et al.
2002).
Sabendo-se que a idade máxima para a deposição
dos sedimentos Salinas é de 588 ± 24 Ma (PedrosaSoares et al. 2008), e levando-se em consideração o fato
de ter ela experimentado a deformação principal sinmetamórfica do orógeno, cujo clímax teria sido atingido
entre 580 e 560 Ma (Pedrosa-Soares et al. 2001, Noce
et al. 2004), é forçoso concluir que esta unidade
depositou-se praticamente em concomitância com a fase
colisional edificadora do orógeno. Pode-se dizer, assim,
que a Formação Salinas representa uma assembléia
sin-orogênica ou flysch. De fato, se comparada a
sucessões desta natureza presentes em vários orógenos,
especialmente no Alpino, a Formação Salinas mostra
grandes similaridades, tanto em constituição, quanto
em acervo estrutural (Santos et al. 2007).
O Corredor Transpressivo de Minas Novas
O Corredor Transpressivo de Minas Novas (Fig.
3), caracterizado por Pedrosa-Soares (1995), é uma
larga zona de deformação transcorrente dextral de
orientação geral NE-SW, desenvolvida sobre rochas
do Grupo Macaúbas e Formação Salinas. Na sua
extremidade SW, o corredor é cortado pela Zona de
Cisalhamento da Chapada Acauã e, em direção a
NE, perde progressivamente definição no interior da
província granítica do núcleo cristalino do orógeno.
O metamorfismo regional varia da fácies xisto verde a
anfibolito médio, sob regime de baixa pressão (Costa
1989, Pedrosa-Soares et al. 1996).
A geometria geral do corredor em seção transversal
é em flor positiva, desenhada por uma foliação
penetrativa, em geral, paralela ao acamamento das
unidades envolvidas. No ramo NW as foliações
mergulham para SE; no ramo oposto verifica-se o
contrário. Em direção ao centro a foliação tem o seu
mergulho progressivamente acentuado, até atingir
a verticalidade. Neste setor, podem ser observadas
grandes dobras isoclinais de planos axiais verticais,
cujas charneiras caem preferencialmente para NE. As
lineações de estiramento mostram obliqüidades muito
variáveis sobre os elementos do corredor e um caimento
preferencial de 30º para NE.
A Saliência do Rio Pardo e sua interação com o
Aulacógeno do Paramirim
Na altura do paralelo 16º S, na porção norte do
orógeno, as estruturas de orientação geral NS do
Cinturão de Cavalgamentos da Serra do Espinhaço
Meridional infletem progressivamente em direção a
NE, descrevendo um grande arco com a convexidade
voltada para norte. Trata-se da Saliência do Rio
Pardo, na qual estão envolvidas rochas do Supergrupo
Espinhaço e Grupo Macaúbas (Fig. 3). No interior da
saliência, identificam-se estruturas de duas gerações
que se interferem, dando origem a padrões em domos
e bacias (Almeida et al. 1978, Cruz & Alkmim 2006).
A geração mais antiga está associada a transporte
tectônico dirigido para norte, em direção ao cráton; a
mais jovem reflete um encurtamento geral na direção
WSW-ENE (Cruz & Alkmim 2006).
O front de deformações brasilianas materializado
pela Saliência do Rio Pardo avança em direção a norte,
adentrando a calha do Aulacógeno do Paramirim,
feição intracratônica que engloba a Serra do Espinhaço
32
Setentrional, Vale do São Francisco e Chapada
Diamantina, no Estado da Bahia (Cruz & Alkmim
2006). Verifica-se ali um rico e complexo acervo
de estruturas que afetam o substrato cratônico e as
rochas supracrustais dos supergrupos Espinhaço e São
Francisco. A inversão do aulacógeno deu-se nas mesmas
fases registradas na Saliência do Rio Pardo, ou seja,
primeiramente movimentos dirigidos para norte (Cruz
& Alkmim 2006) e, posteriormente, uma compressão
geral WSW-ENE (Danderfer 2000, Cruz 2004).
em flogopitas provenientes da Zona de Cisalhamento
Pedra Branca forneceram uma idade de 509 ± 2 Ma
(Ribeiro-Althoff et al. 1977), compatível com aquelas
da migmatitização no domínio central. Todos estes fatos
indicam que a parte central do Bloco de Guanhães expõe
um nível crustal consideravelmente mais profundo
do que as porções adjacentes a oeste e leste, e que o
seu soerguimento deu-se por volta de 510 Ma, idade
provável do colapso gravitacional do orógeno (Peres
et al. 2004).
O Bloco de Guanhães
A Zona de Cisalhamento Dom Silvério e
estruturas associadas
O Bloco de Guanhães corresponde a um grande
alto estrutural que expõe o embasamento do orógeno
a sudeste do Cinturão de Cavalgamentos da Serra do
Espinhaço Meridional (Fig. 3 e 5). É constituído por
gnaisses TTG de idades similares aos do substrato
do Cráton do São Francisco (Noce et al. 2003).
Contém, além dos gnaisses arqueanos, seqüências
metassedimentares e grandes plútons graníticos da
Suíte Borrachudos (1,75 Ga; Chemale Jr. et al. 1977,
Dussin 2000, Silva et al., 2002, Noce et al. 2003).
Ao se examinar a distribuição das unidades do Grupo
Macaúbas nas suas adjacências, nota-se que somente as
unidades mais jovens e distais do grupo, as formações
Chapada Acauã e Ribeirão da Folha, fazem com ele
contato pelo norte (Pedrosa Soares et al. 2001, 2007,
Gradim et al. 2005). Tal fato constitui um indício de
que o Bloco de Guanhães deve ter atuado como alto
estrutural já à época do rifte Macaúbas.
Do ponto de vista estrutural, o bloco pode ser
subdividido em três domínios que se distribuem em
faixas alongadas na direção NS (Alkmim et al. 2006).
O domínio oeste é caracterizado por uma série de falhas
reversas e de empurrão com direção NS, que lançam
lascas do embasamento sobre as rochas Espinhaço,
situadas mais a oeste. O domínio leste é também
marcado por falhas de empurrão de direção NS que
colocam rochas da Formação Ribeirão da Folha, do
Grupo Macaúbas, sobre gnaisses do embasamento.
O compartimento central é balizado pelas zonas de
cisalhamento Pedra Branca, Sabinópolis e Virgolândia
de direção preferencial NS (Fig. 5). Tais zonas mostram
duas fases de movimentação distintas: a mais antiga,
de sentido reverso e a mais nova de sentido normal a
normal-dextral, o qual é interpretado como uma outra
manifestação do colapso gravitacional do orógeno
(Peres et al. 2004). As rochas expostas no domínio
central experimentaram condições metamórficas
consideravelmente mais elevadas do que os domínios
leste e oeste. Elas exibem paragêneses minerais típicas
da fácies anfibolito alto e foram migmatitizadas entre
519 e 507 Ma (Noce et al. 2003). Em contraste, idades
de resfriamento K-Ar disponíveis para os domínios
laterais, onde vigoram condições metamórficas da fácies
xisto verde, situam-se entre 530 e 540 Ma, e refletem
o metamorfismo regional ocorrido entre 580 e 560 Ma
(Noce et al. 2003). Além disso, determinações Ar-Ar
A Zona de Cisalhamento Dom Silvério (Endo 1997)
marca os limites extremo sudeste do Bloco de Guanhães
e leste do Cinturão de Cavalgamentos da Serra do
Espinhaço Meridional (Fig. 3). Possui traço N-S nos
seus setores sul e central, infletindo para NNE-SSW
a norte, onde é truncada pela Zona de Cisalhamento
Abre Campo, que marca o limite oeste do núcleo
cristalino do orógeno (Peres et al. 2004) Trata-se de
uma zona transcorrente sinistral ladeada por domínios
caracterizados por uma foliação de baixo ângulo em
associação com uma lineação mineral posicionada na
direção NS, que refletem, em conjunto, um transporte
geral para N, relativo à fase de deformação mais antiga
até agora identificada no orógeno (Peres et al., 2004). O
compartimento situado a leste da Zona de Cisalhamento
Dom Silvério corresponde a uma calha sinformal suave
que hospeda rochas envolvidas em intenso dobramento
vergente para W. A oeste, persistem as foliações de
baixo ângulo e lineações N-S, as quais, na medida em se
avança em direção ao Cráton do São Francisco, passam,
gradualmente, a uma foliação de médio ângulo e uma
lineação com caimento para E, associadas a transporte
para W (Peres et al. 2004).
A Zona de Cisalhamento de Itapebi e estruturas
associadas
A Zona de Cisalhamento de Itapebi é um sistema
transpressivo dextral, situado na porção nordeste do
orógeno (Fig. 3). Afeta a Suíte Salto da Divisa (ca.
880 Ma, Silva et al. 2007), o Complexo Jequitinhonha
e o embasamento arqueano-paleoproterozóico
(Mascarenhas et al. 1979, Pedrosa-Soares et al. 1992,
Paixão & Perrella 2004, Sampaio et al. 2004, Uhlein
2004). A leste, conecta-se à Saliência do Rio Pardo
e suas falhas mais externas (setentrionais) marcam a
fronteira do Orógeno Araçuaí com o Cráton do São
Francisco. Tanto nas falhas de empurrão mais externas,
quanto na zona transcorrente central do sistema,
verificam-se evidências de uma fase de reativação
normal-sinistral a sinistral.
O núcleo cristalino do orógeno
A descontinuidade geofísica de Abre Campo
Zon
a de
Ped Cisalha
m
ra B
ranc ento
a
Zona
d
Cisalh e
a
de Sa mento
binópo
lis
Zona de C
isalham
de Virgolân ento
dia
33
Cobertura fanerozóica
Núcleo cristalino
Grupo Macaúbas (indiviso)
Formação
Ribeirão
da Folha
Grupo Dom Silvério
Supergrupo Espinhaço
Suite Borrachudos
Embasamento
ZC de empurrão
ZC transcorrente
ZC normal
Figura 5. Mapa geológico simplificado da região do Bloco de Guanhães, enfatizando as suas
grandes zonas de cisalhamento.
34
(Haralyi & Hasui 1982) marca uma mudança substancial
nas características do orógeno (Fig. 3). A leste desta
estrutura, o substrato é de idade paleoproterozóica
(o Complexo Juiz de Fora), o metamorfismo é
dominantemente de fácies anfibolito alto a granulito, e
as demais unidades presentes são suítes graníticas pré- a
pós-colisionais (G1 a G5) e assembléias metavulcanosedimentares e metassedimentares mais jovens que 630
Ma, correspondentes ao Grupo Rio Doce e complexos
paragnáissicos. Estes não possuem correlativos na Faixa
Araçuaí (s.s.) e representam sedimentos depositados em
bacias diretamente relacionadas ao arco magmático do
orógeno homônimo (Noce et al. 2004, Pedrosa-Soares
et al. 2007, 2008, Vieira 2007). É assim constituído o
que se poderia chamar de núcleo cristalino, ou núcleo
de alto grau do orógeno, que se estende até a margem
continental brasileira (Fig. 3).
A porção do núcleo cristalino melhor conhecida
do ponto de vista estrutural é a meridional, que tem
como elementos tectônicos principais quatro grandes
zonas transcorrentes dextrais, dentre elas as zonas de
cisalhamento de Abre Campo, Manhuaçu, Guacuí e
Batatal (Campos-Neto & Figueiredo 1995, Fischel et
al. 1998; Cunningham et al. 1996, 1998; Brueckner
2000). Estas estruturas estão associadas a largas faixas
miloníticas que se superpõem, com paragêneses de
mais baixo grau (em geral da fácies xisto verde), a uma
trama associada a transporte tectônico dirigido para
norte (reliquiar) ou, mais frequentemente, para leste
(Cunningham et al. 1998, Peres et al. 2004).
Dentre as zonas transcorrentes acima mencionadas,
a de Abre Campo deve representar uma sutura, não só
paleoproterozóica, como indicado pela separação que
faz de terrenos do embasamento (Cunningham et al.
1998, Fischel et al. 1998, Brueckner 2000, Noce et
al. 2007), mas também neoproterozóica, pelo fato de
limitar pelo oeste, em todo o seu traçado, a ocorrência
dos granitóides pré-colisionais G1 (Pedrosa-Soares et
al. 2007). Além disso, o seu segmento norte, na região
de Governador Valadares, conserva o seu caráter
Figura 6. Mapa geológico simplificado da Faixa Oeste-Congolesa, confeccionado com base em
Maurin (1993) e Tack et al. (2001). Adaptado de Alkmim et al. (2006).
35
original de zona de empurrão, que coloca corpos da
Suíte G1 sobre sedimentos marinhos profundos da
Formação Ribeirão da Folha (Pedrosa-Soares et al.
2001, 2007, Peres et al. 2004, Vieira 2007).
No setor setentrional do núcleo cristalino, predomina
uma deformação pervasiva de grande magnitude, que se
expressa por uma foliação penetrativa com mergulhos
baixos a moderados. Uma zona de inversão do mergulho
da foliação regional e da vergência a ela relacionada se
situa em torno do meridiano 41º30’ W, entre os paralelos
17º e 19º S. O setor a ocidente desta zona registra
transporte tectônico de topo predominantemente para
oeste, rumo ao Cráton do São Francisco, ao passo que o
setor oriental apresenta vergência majoritariamente para
leste (Pedrosa-Soares et al. 2001, 2006, Vieira 2007).
Um elemento do setor setentrional que muito se
destaca em mapas de relevo e imagens de sensores
remotos é um feixe de lineamentos que se estende por
mais de 200 km na direção NNW a partir de Vitória.
Trata-se, aparentemente, de um conjunto de estruturas
rúpteis, que inclui diques básicos de idade cretácica
(Radambrasil 1983, Novais et al. 2004).
A Faixa Oeste-Congolesa
A Faixa Oeste-Congolesa estende-se na direção NW,
por cerca de 1200 km, ao longo da costa africana do
Gabão, Republica Popular do Congo e Angola (Fig. 2
e 6). Constitui um típico cinturão de cavalgamentos e
dobramentos vergentes para o antepaís cratônico, que
em mapa exibe duas grandes saliências, uma delas
na zona de interação com o Aulacógeno Sangha ou
Bacia de Comba (Alvarez & Maurin 1991, Tack et al.
2001).
Na Faixa Oeste-Congolesa ocorrem as seguintes
unidades (Cahen et al. 1984, Trompette 2004, Tack
et al. 2001):
- o embasamento representado por rochas
arqueanas e pelo Supergrupo Kimeziano de idade
paleoproterozóica, constituído por gnaisses, anfibolitos e
rochas supracrustais metamorfisadas na fácies
anfibolito;
- o Grupo Zadiniano, composto por arenitos
e pelitos, capeados por riolitos e basaltos extrudidos
entre 1000 e 920 Ma, e metamorfizados em torno de
570 Ma;
- o Grupo Mayumbiano, que consiste essencialmente
de efusivas ácidas acumuladas entre 920 e 910 Ma;
- o Grupo Oeste-Congolês, que engloba uma espessa
seqüência de tochas terrígenas e carbonáticas, incluindo
dois horizontes de diamictitos glaciogênicos.
Todas estas unidades vulcânicas e sedimentares
estão englobadas no Supergrupo Congo Ocidental
que registra, desde a fase rifte toniana, o completo
desenvolvimento de uma bacia de margem passiva
(Tack et al. 2001).
Da zona cratônica indeformada (Fig. 6 e 7),
recoberta pelos sedimentos mais jovens do Grupo
Oeste-Congolês, passa-se, a seguir, a uma faixa
de dobramentos de antepaís e atinge-se o cinturão
metamórfico que envolve, em sucessivas lascas de
empurrão, unidades cada vez mais velhas, primeiro do
Grupo Mayumbiano, seguidas do Grupo Zadiniano e,
por fim, do embasamento Kimeziano (Maurin 1993,
Trompette 1994, Tack et al. 2001). A terminação norte
da faixa, aparentemente deslocada da sua contraparte
brasileira, corresponde a um grande graben parcialmente
invertido (Bassot 1988, Trompette 1994), constituindo
assim uma estrutura de função similar à do Aulacógeno
do Paramirim.
Panorama cinemático do orógeno
No mapa da Figura 8 e nas seções da Figura 9
estão representadas as grandes estruturas do orógeno
e respectivas indicações do sentido de transporte
tectônico. Nota-se que, à primeira vista, o quadro geral
de movimentos associados com a deformação principal
NE
SW
A
Cinturão metamórfico
b
Cinturão de antepaís
0
Grupo Zadiniano
Cráton do Congo
A’
20 km
Grupo Mayumbiano
Grupo Oeste-Congolês
Embasamento Kimeziano
Figura 7. Seção geológica esquemática através da Faixa Oeste-Congolesa, confeccionada com base em Maurin
(1993). Adaptado de Alkmim et al. (2006). Para localização, vide mapa da Figura 6.
36
12o
42o
Sentido de
movimento
40o
N
N
14o
Fase principal
Fase precoce
Transcorrência
12o
Falha normal
10o
2o
Empurrão
14o
4o
A’’’
18o
16o
C
A’
A’’
6o
A
D
V
8o
L
20o
44o
0
200 km
42o
ORÓGENO ARAÇUAÍ
Cobertura
fanerozóica
14o
16o
FAIXA OESTE CONGOLESA
Cobertura cratônica
deformada
Figura 8. Mapa cinemático simplificado do Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental.
Modificado de Alkmim et al. (2006).
sin-metamórfica é relativamente simples e centrífugo
da zona orogênica para os crátons. Adicionalmente,
verificam-se os enigmáticos movimentos da fase de
deformação mais antiga dirigidos para norte, bem
como a zona de escape lateral do núcleo cristalino e
as estruturas distensionais, dentre elas, a da Chapada
Acauã.
a evolução tectônica do Orógeno Araçuaí-Congo
Ocidental pode ser contada através de um modelo em
cinco estágios principais, que são: i) da bacia precursora
Macaúbas; ii) da convergência inicial; iii) colisional;
iv) do escape lateral da porção sul; e v) do colapso
gravitacional (Alkmim et al. 2006). Precederam este
modelo, as proposições de Pedrosa-Soares et al. (1992),
Trompette et al. (1992) e Maurin (1993).
EVOLUÇÃO TECTÔNICA
A bacia precursora Macaúbas
Tendo por base os dados que, em grande parte, são
discutidos neste e demais artigos do presente volume,
No seu franco desenvolvimento, por volta de
660 Ma (idade recentemente determinada para o
37
Figura 9. Seção geológica esquemática através de todo o Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental. Notar que, nesta
visão, o orógeno apresenta a anatomia comum a diversos edifícios colisionais. Adaptado de Alkmim et al.
(2006). Para localização, vide mapa da Figura 8.
ofiolito de Ribeirão da Folha; Queiroga et al. 2007),
a bacia Macaúbas (Fig. 10), precursora do orógeno,
deveria corresponder a algo como um grande golfo,
parcialmente assoalhado por crosta oceânica (PedrosaSoares et al. 2001, 2007). Formada em uma fase de
rifteamento que teve lugar no Paleocontinente São
Francisco-Congo, em torno de 880 Ma (Silva et al.
2007), a bacia Macaúbas evoluiria neste estágio para
duas margens passivas, conectadas pelo que viria ser
a ponte cratônica Bahia-Gabão (Porada 1989). As
margens passivas hospedariam todas as unidades hoje
encontradas nas faixas Araçuaí e Oeste-Congolesa e,
muito provavelmente, uma grande espessura adicional
de sedimentos não preservados (Fig. 10). Neste
panorama, chama a atenção a longevidade da bacia
Macaúbas que abarcaria um intervalo de existência
de ca. 220 Ma, tendo em vista o seu desenvolvimento
como rifte continental por volta de 880 Ma e a produção
de rochas magmáticas oceânicas em torno de 660 Ma.
Tal fato poderia resultar de baixas taxas de expansão
lateral no golfo Macaúbas, o que lhe conferiria um
caráter estagnado e seria explicável uma vez que a
bacia estaria quase totalmente circundada por massas
continentais. Embora desconhecida, a quantidade de
litosfera oceânica gerada nesta bacia deve ter sido
significativa, ainda que restrita pelas dimensões do
golfo, a ponto de participar, quando de sua subducção,
na geração de magmas para o arco magmático.
As margens passivas da bacia precursora estariam
ainda conectadas a pelo menos quatro riftes interiores
(Fig. 1 e 10). No domínio São Francisco encontram-se
os aulacógenos de Pirapora (Alkmim & Cruz 2005)
e Paramirim (Schobbenhaus 1996, Danderfer 2000,
Cruz & Alkmim 2006); no domínio Congo, tem-se o
Aulacógeno Sangha ou Bacia de Comba (Trompette
1994, Alvarez & Maurin 1991), além de uma estrutura
de mesma natureza na terminação norte da Faixa
Oeste-Congolesa (Bassot 1988). Estas estruturas
desempenharam um importante papel, tanto na abertura
quando no fechamento da Bacia Macaúbas. Elas foram
responsáveis pela dissipação de tensões e acomodação
de deformações no interior das zonas cratônicas.
Nas ilustrações das margens passivas da bacia
Macaúbas, os seus substratos são dotados de altos
externos (Fig. 10). O da margem oeste representaria o
futuro Bloco de Guanhães que deixa de existir mais a
norte, sendo substituído por um grande baixo. O alto
externo da margem leste corresponderia ao substrato da
porção interna do orógeno. Este alto será, nas etapas
posteriores a esta, o sítio de instalação de um arco
magmático e se converterá no seu núcleo cristalino.
A convergência inicial
Dada a configuração da bacia Macaúbas levá-la ao
fechamento implica em invocar um mecanismo motriz
que teria a subducção como conseqüência e não como
causa, face à impossibilidade mecânica em fazer descer
ao manto, por ação das forças gravitacional e de arrasto
astenosférico, seu segmento oceânico fortemente
atracado à crosta continental (Fig. 11). Postula-se,
então, que o fechamento da bacia Macaúbas tenha
sido induzido à distância, em conseqüência de colisão
envolvendo a península São Francisco e a placa Paraná
ou Rio de La Plata, por volta de 630 Ma (Seer et al.
2001, Valeriano et al. 2004). Iniciar-se-ia, desta forma,
a convergência das margens opostas da bacia Macaúbas,
em uma operação que lembra o funcionamento de um
quebra-nozes (Alkmim et al. 2006). Ou seja, a península
São Francisco rotacionaria no sentido anti-horário,
contra o continente Congo, levando a bacia Macaúbas
a uma compressão generalizada e ao consumo de sua
litosfera oceânica (Fig. 11). Por volta de 630 Ma já se
tinha produção de tonalitos do arco magmático cálcioalcalino, relacionado a subducção (Pedrosa-Soares et
al. 2001, Silva et al. 2005).
Duas questões relativas a este modelo devem ser
aqui tratadas. A primeira delas se refere à localização
do fulcro ou pólo de rotação durante a operação de
fechamento do quebra-nozes. Encontram-se resposta
para esta questão ao se considerar o que ocorrera na
etapa de abertura da bacia. Como mencionado, a sua
expansão foi viabilizada por significativa distensão no
domínio cratônico, acomodada nos riftes interiores de
Pirapora, Paramirim, Sangha e do extremo norte da
38
Figura 10. Características da Bacia Macaúbas, precursora do orógeno, por volta de 700 Ma. a) Elementos da
Bacia Macaúbas e seu cenário tectônico, vistos em mapa. b) Seção através do setor ensiálico (norte).
c) Seção através do setor oceânico (sul).
Faixa Oeste-Congolesa. Assim, durante o fechamento,
o mesmo se verificaria, ou seja, não haveria um só pólo
fixo, mas vários e móveis, situados nos mencionados
aulacógenos, os quais, nesta etapa, foram levados à
inversão em variados graus. De fato, como se pode
deduzir dos estudos realizados por Danderfer (2000)
e Cruz (2004), o Aulacógeno do Paramirim exibe
magnitudes de inversão decrescentes no sentido norte,
chegando mesmo a preservar a geometria original do
rifte no seu segmento setentrional.
A outra questão a ser tratada é a da produção de
magma a partir da subducção do segmento oceânico
relativamente limitado da bacia Macaúbas (Fig. 11).
Neste problema as seguintes variáveis estão envolvidas:
a) a idade da litosfera oceânica a ser consumida; b) as
suas dimensões; c) a profundidade da astenosfera sob a
placa superior, que marca a zona de inicio de produção
de magma; d) o ângulo de subducção. No que tange a
primeira variável, como mencionado anteriormente, o
assoalho oceânico da bacia estagnada Macaúbas deveria
possuir idade muito superior a 10 Ma, valor acima do
qual a litosfera oceânica adquire empuxo negativo no
manto e pode ser subductada. As demais variáveis
podem ser analisadas conjuntamente. Admitindose uma espessura de 90 km para a profundidade da
astenosfera na placa superior e um ângulo de subducção
de 45º, uma distância mínima de cerca de 140 km
seria requerida para que o segmento oceânico em
subducção atingisse a zona de produção de magma
no manto. Considerando-se uma taxa de produção de
litosfera oceânica da ordem de 0,3 cm/ano – muito
baixa, mas consistente com a natureza estagnada da
39
Figura 11. Ilustração da fase de convergência inicial das margens da Bacia Macaúbas, por volta de 600Ma.
a) Inicio da operação da tectônica do quebra-nozes, com o consumo forçado do assoalho da porção oceânica
da bacia precursora, visto em mapa. b) Interação inicial das margens do setor ensiálico da bacia precursora,
inicio da sedimentação sin-orogência (flysch) da Formação Salinas e inversão tectônica margem passiva leste.
c) Subdução do assoalho do setor oceânico da bacia precursora e instalação do arco magmático
na margem leste, agora convertida em placa superior.
bacia Macaúbas – poder-se-ia produzir, em 150 Ma,
um segmento oceânico de 500 km de extensão lateral,
dimensão, portanto, mais que suficiente para, quando
subductado, atingir a astenosfera e participar da geração
de magmas. Há ainda que se considerar que a margem
oeste da bacia Macaúbas, mesmo que dotada de um alto
externo, deveria possuir uma espessura bem inferior aos
90 km empregados na estimativa (Fig. 11). Outro fator
que facilitaria a produção de magma seria um ângulo
de subducção superior a 45º, provável neste caso, em
função da natureza forçada da subducção e da avançada
idade média presumida para o assoalho oceânico da
bacia Macaúbas.
Em torno de 600 Ma, um arco magmático de
tamanho significativo já teria se implantado na margem
leste da bacia, a este tempo convertida em margem ativa
(Fig. 11c). A zona de subducção ativa no segmento
sul da bacia seria representada no setor ensiálico,
a norte, por uma frente de empurrões que envolveria
os sedimentos da margem passiva distal e a sedim
40
entação profunda do depocentro norte (Fig.
11b). Naquela porção da bacia, os sedimentos
Salinas começariam a se acumular em grandes
leques turbidíticos. Estes seriam alimentados por
material advindo do arco, a sul, e da margem leste,
em processo de soerguimento flexural, causado
pela sobrecarga da margem oposta em aproximação
(Fig. 11b).
A etapa colisional
Iniciando-se pelo norte e avançando progressivamente
para sul, a colisão das margens opostas da bacia
promoveria a propagação de frentes de empurrão para as
zonas cratônicas, bem como o soerguimento da cadeia
montanhosa (Fig. 12a), no intervalo compreendido entre
580 e 560 Ma (Pedrosa-Soares et al. 2001, 2007).
Neste estágio seriam gerados os granitos G2 que
são do tipo S, ou seja, representam fusão parcial de
protolitos sedimentares aluminosos (Pedrosa-Soares et
al. 2007). O enorme volume destes granitos se explicaria
pelo fato de terem sido produzidos a partir da fusão
parcial de espessas pilhas de rochas metassedimentares
a exemplo do que teria sido o golfo Macaúbas.
Um fenômeno ainda não totalmente esclarecido é
o fato da fase mais antiga de deformação registrada
no Orógeno Araçuaí estar associada com transporte
tectônico dirigido para norte, ou seja, paralelamente à
direção do orógeno. Talvez isto reflita um efeito precoce
causado, na parte sudoeste do orógeno, pela rotação da
extremidade meridional da península São Francisco
contra o continente Congo.
O escape lateral da porção sul do núcleo cristalino
Como mencionado na seção anterior, a porção sul
do compartimento central do orógeno é secionada
por, pelo menos, quatro grandes zonas transcorrentes
dextrais, que se formaram em estágio posterior à
propagação das frentes de empurrão em direção aos
crátons, provavelmente no intervalo entre 560 e 535
Ma (Alkmim et al. 2006). A movimentação dextral ao
longo destas zonas implica em escape de material em
direção a sul, o que pode ter se dado em decorrência da
máxima aproximação entre o extremo sul da península
São Francisco e a margem do continente do Congo,
Aulacógeno
do Paramirim
Aulacógeno
do Paramirim
PENÍNSULA
SÃO FRANCISCO
CONTINENTE
PENÍNSULA
DO
SÃO FRANCISCO
CONTINENTE
DO
CONGO
CONGO
Aulacógeno
de Pirapora
Aulacógeno
Sangha
a
Aulacógeno
de Pirapora
Aulacógeno
Sangha
b
Granitos
Sutura
Figura 12. Cartoon ilustrativo dos estágios (a) colisional, por volta de 560 Ma, e (b) de colapso gravitacional,
após escape lateral da porção sul do orógeno, por volta de 500 Ma. Adaptado de Alkmim et al. (2006).
aluminosas (hoje, em parte representadas pelas extensas
unidades xistosas e complexos paragnáissicos), em
decorrência do espessamento crustal causado pelas
frentes de empurrão envolvendo o embasamento e o
arco magmático. É fato que muitas bacias marinhas
interiores (inland-sea basins) mesozóico-cenozóicas
são preenchidas por enormes pilhas de sedimentos
areno-pelíticos, depositadas sobre crosta adelgaçada,
segundo a trajetória de fechamento do quebra-nozes
(Fig. 12b).
O colapso gravitacional
Orógenos, nos quais a litosfera atinge altas
espessuras, traduzidas por grandes elevações e alto
potencial gravitacional, podem entrar em regime
41
distensional sob ação da força peso (van Bemmelen
1954, Dewey 1988, England & Houseman 1989,
Malavieille 1993). A sobrecarga na crosta aquecida e,
portanto, de baixa resistência leva ao fluxo lateral da
sua porção basal e abatimento das porções superiores,
acomodado por sistemas de zonas de cisalhamento
normais. De acordo com este mecanismo teriam
se desenvolvido a Zona de Cisalhamento Chapada
Acauã e demais estruturas distensionais observadas
principalmente nas porções central e norte do orógeno.
Nesta fase, que teria lugar entre 520 e 490 Ma, seriam
geradas as suítes graníticas G4 e G5, produtos de fusão
crustal e mantélica por descompressão adiabática
(Pedrosa-Soares & Wiedemann-Leonardos 2000).
COMENTÁRIO FINAL
A investigação geológica realizada na Faixa
Araçuaí e zonas adjacentes a leste e sul, desde a sua
definição, há trinta anos, levou à sua comparação
com feições homólogas do continente africano e
possibilitou a caracterização do Orógeno AraçuaíCongo Ocidental. Muito há que fazer, porém, para uma
melhor caracterização tanto de unidades envolvidas,
quanto de peças do seu arcabouço e, desta forma,
propiciar o completo entendimento do seu processo
genético.
Neste sentido, vale mencionar que a região
correspondente ao Orógeno Araçuaí constitui, por
várias razões, um excepcional laboratório natural.
Dentre estas razões, as principais são a natureza e
qualidade das suas exposições de rochas e estruturas.
Em virtude do soerguimento diferencial experimentado
no período Cretáceo, o Orógeno Araçuaí encontra-se
de tal forma exposto que, tanto no sentido de sul para
norte, quanto de leste para oeste, viaja-se ao longo de
seções completas da crosta inferior à crosta superior.
Assim, a continuidade do seu estudo deverá oferecer
às geociências não só soluções para os vários enigmas
propostos pela geologia deste singular constituinte do
Gondwana Ocidental, mas também para a elucidação
de várias questões referentes à anatomia e gênese das
cadeias de montanhas de um modo geral.
REFERÊNCIAS
Alkmim F. 2004. O que faz de um cráton um cráton ? O Cráton
do São Francisco e as revelações Almeidianas ao delimita-lo.
In: Mantesso-Neto et al. (eds) Geologia do Continente SulAmericano. Evolução da obra de Fernando Flávio Marques de
Almeida. Becca, pp.: 17-35.
Alkmim F.F. & Cruz S.C.P. 2005. Crátogenos, aulacógenos, orógenos
e sua interação: O caso do Cráton do São Francisco-Congo e
sistemas brasilianos/ pan-africanos adjacentes. In: SBG, Simp.
sobre o Cráton do São Francisco, 3, Anais, p.185-187.
Alkmim F.F., Chemale Jr. F., Endo I. 1996. A deformação das
coberturas proterozóicas do Cráton do São Francisco e o seu
significado tectônico. Rev. Escola de Minas, 49:22-38.
Alkmim F.F., Marshak S., Pedrosa-Soares A.C., Peres G.G., Cruz S.,
Whittington A. 2006. Kinematic evolution of the Araçuaí-West
Congo orogen in Brazil and Africa: Nutcracker tectonics during
the Neoproterozoic assembly of Gondwana. Precambrian Res.,
149: 43-64.
Almeida F.F.M. 1977. O Cráton do São Francisco. Rev. Bras. Geoc.,
7: 285-295.
Almeida F.F.M. & Hasui Y. 1984. O Précambriano do Brasil. Edgard
Blücher, 378 p.
Almeida F.F.M., Hasui Y., Brito Neves B.B., Fuck R.A. 1981.
Brazilian Structural Provinces: an introduction. Earth Sci. Rev.,
17: 1-29.
Almeida F.F.M., Hasui Y., Rodrigues E.P., Yamamoto J.K. 1978. A
faixa de dobramentos Araçuaí na região do Rio Pardo. In: SBG,
Congr. Bras. Geol., 30, Anais, v.1, p. 270-283.
Barbosa J.S.F. & Sabaté P. 2004. Archean and Paleoproterozoic crust
of the São Francisco craton, Bahia, Brazil: geodynamic features.
Precambrian Res., 133: 1-27.
Bassot, J.-P. 1988. Apport de la téledetéction à la compréhension
de la géologie di Gabon. Chronique de la Recherche Minière,
491: 25-34.
Brueckner H.K., Cunningham D., Alkmim F.F., Marshak S. 2000.
Tectonic implications of Precambrian Sm-Nd dates from the
southern São Francisco craton and adjacent Araçuaí and Ribeira
belts, Brazil. Precambrian Res., 99: 255-269.
Cahen L., Snelling N.J., Delhal J., Vail J.R. 1984. The Geochronology
of Africa. Clarendon Press, 512 pp.
Campos Neto M.C., Figueiredo M.C.H. 1995. The Rio Doce Orogeny,
Southeastern Brazil. J. South Am. Earth Sci., 8: 143-162.
Costa, A.G. 1989. Evolução petrológica para uma sequência de rochas
metamórficas regionais do tipo baixa pressão, Itinga, NE-MG.
Rev. Bras. Geoc., 19: 440-448.
Cruz S.C. 2004 A interação tectônica entre o Aulacógeno do
Paramirim e o Orógeno Araçuaí. Tese de Doutorado,
Departamento de Geologia, Universidade Federal de Ouro
Preto, 214 p.
Cruz S.C.P. & Alkmim F.F. 2006 The tectonic interaction between the
Paramirim Aulacogen and the Araçuaí belt, São Francisco Craton
Region, Eastern Brazil. Anais Acad. Bras. Ciên., 78: 151-174.
Cunningham W.D., Marshak S., Alkmim F.F. 1996. Structural style
of basin inversion at mid-crustal levels: two transects in the
internal zone of the Brasiliano Araçuaí Belt, Minas Gerais, Brazil.
Precambrian Res., 77: 1-15.
Cunningham D., Alkmim F.F., Marshak S. 1998. A structural transect
across the coastal mobile belt in the Brazilian Highlands (latitude
20°S): the roots of a Precambrian transpressional orogen.
Precambrian Res., 92: 251-275.
D’Agrella-Filho M. S., Pacca I. I. G., Teixeira W., Onstott T. C.,
Renne P.R. 1990. Paleomagnetic evidence for the evolution of
Meso-to Neo-Proterozoic glaciogenic rocks in Central-Eastern
Brazil. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology,
80: 255-265.
D’Agrella-Filho M. S., Pacca I. I. G., Trindade R. I. F., Teixeira
W., Raposo M. I. B., Onstott T. C. 2004. Paleomagnetism
and 40Ar39Ar ages of mafic dykes from Salvador (Brazil): new
constraints on the São Francisco Craton APW path between 1080
and 1010 Ma. Precambrian Res., 132: 55-77.
Dahlen F.A., Suppe B., Davis D. 1984. Mechanics of fold-and-thrust
belts and aecretionary wedges, cohesive Coulomb theory. J.
Geophys. Res., 89: 10087-10101.
Danderfer, A. 2000. Geologia Sedimentar e Evolução Tectônica do
Espinhaço Setentrional, Estado da Bahia. Tese de Doutorado,
Instituto de Geociências, Universidade de Brasília, 498 p.
Dewey J.F. 1988. Extensional collapse of orogens. Tectonics,
7:1123-1139
De Wit M., Jeffery M., Bergh H., Nicolaysen L. 1988. Geologic map
of sectors of Gondwana. AAPG and University of Witwatersrand,
Tulsa.
Dussin T.M., 2000. A tectônica extensional paleoproterozóica na borda
sudeste do Cráton do São Francisco (SE, Brasil): Geoquímica e
petrologia das meta-ígneas. Geonomos, 8: 63-68.
Dussin I.A. & Dussin T.M., 1995. Supergrupo Espinhaço: Modelo
de evolução geodinâmica. Geonomos, 3: 19-26.
Endo I. 1977. Regimes Tectônicos do Arqueano e Proterozóico no
interior da placa SanFranciscana: Quadrilátero Ferrífero e
áreas adjacentes, Minas Gerais. Tese de Doutorado, Instituto de
Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, 243 pp.
England P.C. & Houseman G.A. 1989. Extension during continental
42
convergence, with application to the Tibetan Plateau. J. Geophys.
Res., 94:17561-17579
Feybesse J.L., Johan V., Triboulet C., Guerrot C., Mayaga-Mikolo
F., Bouchot V., Eko N’dong J. 1998. The West central African
belt: a model of 2.5-2.0 Ga accretion and two-phase orogenic
evolution. Precambrian Res., 87: 161-216.
Fischel D.P., Pimentel M.M., Fuck R.A., Costa A.G., Rosière C.A.,
1998. Geology and Sm-Nd isotopic data for the Mantiqueira and
Juiz de Fora complexes (Coastal Mobile belt) in the Abre Campo
region, Minas Gerais, Brazil. In: International Conference on
Precambrian and Craton Tectonics, Abstracts, p.21-23
Gradim R.J., Alkmim F.F., Pedrosa-Soares A.C., Babinski M.,
Noce C.M. 2005. Xistos verdes do Alto Araçuaí, Minas Gerais:
Vulcanismo básico do rifte Neoproterozóico Macaúbas. Rev.
Bras. Geociên., 35: 59-69.
Grossi-Sad J.H., Lobato L.M., Pedrosa-Soares A.C., Soares Filho
B.S., 1997. Projeto Espinhaço em CD-ROM (textos, mapas e
anexos). COMIG, Belo Horizonte, 2693 pp.
Haralyi N.L.E. & Hasui Y. 1982. The gravimetric information and
Archean-Proterozoic structural framework of eastern Brazil. Rev.
Bras. Geociên., 112: 160-166.
Hasui Y., Almeida F.F.M., Brito Neves B.B. 1978. As estruturas
brasilianas. In: SBG, Congr. Bras. Geol., 30, Anais, v. 6, p.
2423-2437.
Ledru P. J., Johan V., Milési J.P., Tegycy M. 1994. Markers of
the last stage of the Paleoproterozoic collision: Evidence for
a 2 Ga continent involving circum-South Atlantic provinces.
Precambrian Res., 69: 169-191.
Lerouge C., Cocherie A., Toteu S.F., Penaye J., Milési J.-P., Tchameni
R., Nsifa E.N.C., Fanning M., Deloul, E. 2006. Shrimp U–Pb
zircon age evidence for Paleoproterozoic sedimentation and 2.05
Ga syntectonic plutonism in the Nyong Group, South-Western
Cameroon: consequences for the Eburnean–Transamazonian
belt of NE Brazil and Central. Africa. J. Afr. Earth Sci., 44:
127–413.
Lima S.A.A., Martins-Neto M.A., Pedrosa-Soares A.C., Cordani
U.G., Nutman A. 2002. A Formação Salinas na área-tipo, NE de
Minas Gerais: Uma proposta de revisão da estratigrafia da Faixa
Araçuaí com base em evidências sedimentares, metamórficas e
idades U-Pb SHRIMP. Rev. Bras. Geociên., 32: 491-500.
Macedo J. M. & Marshak S. 1999. Controls on the geometry of foldthrust belt salients. Geol. Soc. Am. Bull., 111: 1808-1822.
Malavielle J. 1993. Late orogenic extension in mountain belts:
insights from the Basin and Range and the late Paleozoic Variscan
Belt. Tectonics, 12: 1115-1130
Marshak S., Alkmim F.F., Whittington A., Pedrosa-Soares A.C.
2006. Extensional collapse in the Neoproterozoic Araçuaí
orogen, eastern Brazil: A setting for reactivation of asymmetric
crenulation cleavage. J. Structural Geol., 28: 129-147.
Mascarenhas, J.P., Pedreira, A., Gil, C.A., Neves, J.P., Oliveira, J.E.,
Silva-Filho, M.A. & Marinho, M.M. 1979. Geologia da região
centro-oriental da Bahia. Salvador, DNPM, Série Geologia 11,
Seção Geologia Básica 8, 125 p.
Matos R.M.D. 1999. History of the northeast Brazilian rift system:
kinematic implications for the break-up between Brazil and
Africa. In: N.R. Cameron, R.H. Bate, V.S. Clure (Eds.) The oil
and gas habitats of South Atlantic. Geological Society, London,
Special Publication, 153, 55-73.
Maurin J.-C. 1993. La chaîne panafricaine ouest-congolienne:
corrélation avec le domain est-brésilien et hypothese
géodynamique. Bulletin de la Société Géologique de France,
164: 51-60.
Noce C.M., Macambira M.B., Pedrosa-Soares A.C. 2000. Chronology
of Neoproterozoic-Cambrian granitic magmatism in the Araçuaí
Belt, Eastern Brazil, based on single zircon evaporation dating.
Rev. Bras. Geociên., 30: 25-29.
Noce C.M., Silva L.C., Pedrosa-Soares A.C., Alkmim F.F., Peres G.G.
2003. O embasamento da Faixa Araçuaí no Bloco Guanhães:
dados geocronológicos e evolução. In: SBG-MG, Simp. Geol.
MG, 12, Anais, p. 90.
Noce C. M, Pedrosa-Soares A. C., Piuzana D., Armstrong R., Laux
J H ; Campos C., Medeiros S. R. 2004. Ages of sedimentation
of the kinzigitic complex and of a late orogenic thermal episode
in the Araçuaí orogen, Northern Espírito Santo state, Brazil:
Zircon and monazite U-Pb SHRIMP and ID-TIMS data. Rev.
Bras. Geociên., 34: 587-592.
Noce, C.M., Pedrosa-Soares, A.C., Silva, L.C., Armstrong, R. &
Piuzana, D. 2007. Evolution of polyciclic basement complexes
in the Araçuaí orogen, based on U-Pb SHRIMP data: Implications
for Brazil-Africa links in Paleoproterozoic time. Precambrian
Research (no prelo).
Noce, C.M., Pedrosa-Soares, A.C., Silva, L.C. & Alkmim, F.F. 2007.
O Embasamento Arqueano e Paleoproterozóico do Orógeno
Araçuaí. Geonomos, 15 (este número).
Novais L.C.C., Teixeira L.B., Neves M.T., Rodarte J.B.M., Almeida
J.C.H., Valeriano C.M. 2004. Novas ocorrências de diques de
diabásio na faixa Colatina – ES: estruturas rúpteis associadas e
implicações tectônicas para as bacias de Campos e do Espírito
Santo. Boletim de Geociências da Petrobrás, 12: 191-194.
Paixão, M.M. & Perrella, P. 2004. Mapeamento geológico da área do
contato entre o Maciço Granítico Salto da Divisa e o Complexo
Jequitinhonha, Nordeste de Minas Gerais. Belo Horizonte, IGCUFMG, Trabalho de Graduação.
Pedrosa-Soares A.C. 1995. Potencial Aurífero do Vale do Araçuaí,
MG: História da Exploração, Geologia e Controle TectonoMetamórfico. Tese de Doutorado, Instituto de Geociências,
Universidade de Brasília, 125 pp.
Pedrosa-Soares, A.C. & Oliveira, M.J.R. 1997. Geologia da Folha
Salinas. In: J.H. Grossi-Sad, L.M. Lobato, A.C. Pedrosa-Soares
& B.S. Soares-Filho (eds), Projeto Espinhaço em CD-ROM.
Belo Horizonte, CODEMIG, p. 419-542.
Pedrosa-Soares A.C., Noce C.M., Vidal Ph., Monteiro R.L.B.P.,
Leonardos O.H. 1992. Towards a new tectonic model for the Late
Proterzoic Araçuaí (SE Brazil) - West Congolian (SW Africa)
Belt. J. S. Am. Earth Sci., 6: 33-47.
Pedrosa-Soares, A.C., Leonardos, O.H., Ferreira, J.C. & Reis, L.B.
1996. Duplo regime metamórfico na Faixa Araçuaí: Uma reinterpretação à luz de novos dados. In: Congresso Brasileiro de
Geologia, 39, Salvador. SBG, Anais, v. 6, p. 5-8.
Pedrosa-Soares A.C., Vidal Ph., Leonardos O.H., Brito-Neves B.B.
1998. Neoproterozoic oceanic remnants in eastern Brazil: Further
evidence and refutation of an exclusively ensialic evolution for
the Araçuaí-West Congo Orogen. Geology, 26: 519-522.
Pedrosa-Soares A.C. & Wiedemann-Leonardos C.M. 2000. Evolution
of the Araçuaí belt and its connection to the Ribeira Belt, Eastern
Brazil. In: U.G. Cordani, E.J. Milani, A. Thomaz Filho, D.A.
Campos (Eds.) Tectonic Evolution of South America. São Paulo,
SBG, p. 265-285.
Pedrosa-Soares A.C., Noce C.M., Wiedemann C.M., Pinto C.P.
2001. The Araçuaí-West Congo orogen in Brazil: An overview
of a confined orogen formed during Gondwanland assembly.
Precambrian Res., 110: 307-323.
Pedrosa-Soares, A. C., Castañeda, C., Queiroga, G., Gradim, C.,
Belém, J., Roncato, J., Novo, T., Dias, P., Gradim, D., Medeiros,
S., Jacobhson, T., Babinski, M. & Vieira, V. 2006. Magmatismo e
Tectônica do Orógeno Araçuaí no Extremo Leste de Minas Gerais
e Norte do Espírito Santo. Geonomos, 14 (2): 97-111.
Pedrosa-Soares, A.C., Noce, C.M., Alkmim, F.F., Silva, L.C.,
Babinski, M., Cordani, U., Castañeda, C. 2007. Orógeno Araçuaí:
síntese do conhecimento 30 anos após Almeida 1977. Geonomos,
15 (este número).
Pedrosa-Soares, A.C., Alkmim, F.F., Tack, L., Noce, C.M., Babinski,
M., Silva, L.C., Martins-Neto, M.A. 2008. Similarities and
differences between the Brazilian and African counterparts of
the Neoproterozoic Araçuaí-West-Congo orogen. Geological
Society, London, Special Publications, 294 (no prelo).
Peres G.G., Alkmim F.F., Jordt-Evangelista H. 2004. The southern
Araçuaí belt and the Dom Silvério Group: Geologic architecture
and tectonic significance. An. Acad. Bras. Ciên., 76: 771-790.
Porada H. 1989. Pan-African rifting and orogenesis in southern to
equatorial Africa and Eastern Brazil. Precambrian Res., 44:
103-136.
Queiroga, G.N., Pedrosa-Soares, A.C., Noce, C.M., Alkmim, F.F.,
Pimentel, M.M., Dantas, E., Martins, M., Castañeda, C., Suita,
M.T.F. & Prichard, H. 2007. Age of the Ribeirão da Folha
ophiolite, Araçuaí Orogen: The U-Pb Zircon (la-icpms) dating
of a plagiogranite. Geonomos, 15 (este número).
Radambrasil 1983. Folhas Rio de Janeiro e Vitória, vol. 34, 544 p.
43
Renne P. R., Onstott T. C., D’agrella Filho M. S., Pacca I. I. G.,
Teixeira W. 1990. 40Ar/39Ar dating of 1.0-1.1 Ga magnetizations
from the São Francisco and Kalahari Cratons: Tectonic
implications for Pan-African and Brasiliano mobile belts. Earth
Plan. Sci. Letters, 101: 349-366.
Rolim V.K. & Alkmim F.F. 2004. Geometria 3D de falhas de
empurrão e dobras associadas como expressões da morfologia
do descolamento basal: Resultados de uma simulação
computacional. Rev. Bras. Geociên., 34: 295-302.
Ribeiro-Althoff A.M., Cheilletz A., Guiliani G., Féraud G.,
Barbosa-Camacho G., Zimmermann J.L. 1997. 40Ar/39Ar and
K-Ar geochronological evidence for two periods (~2 Ga and
650-500Ma) of emerald formation in Brazil. Int. Geol. Rev.,
39: 924-937.
Sampaio, A.R., Martins, A.M., Loureiro, H.C., Arcanjo, J.B., MoraesFilho, J.C., Souza, J.D., Pereira, L.H., Couto, P.A., Santos, R.A.,
Melo, R.C., Bento, R.V. & Borges, V.P. 2004. Projeto Extremo
Sul da Bahia: Geologia e Recursos Minerais. Salvador, Série
Arquivos Abertos da Companhia Bahiana de Pesquisa Mineral,
19, 52 p.
Santos R.F., Alkmim F.F., Pedrosa-Soares A.C. 2007. A Formação
Salinas, Orógeno Araçuaí, MG: História deformacional e
significado tectônico. Rev. Bras. Geoc. (submetido).
Schobbenhaus C. 1996. As tafrogeneses superpostas Espinhaço e
Santo Onofre, Estado da Bahia: Revisão e novas propostas. Rev.
Bras. Geociên., 26: 265-276.
Seer H.J., Brod J.A., Fuck R.A., Pimentel M.M., Boaventura G.R.,
Dardenne M.A. 2001. Grupo Araxá em sua área tipo: Um
fragmento de crosta oceânica neoproterozóica na Faixa de
Dobramentos Brasília. Rev. Bras. Geociên., 31: 396–924.
Silva L.C., Amstrong R, Noce C.M, Carneiro M., Pimentel M.M.,
Pedrosa-Soares A.C., Leite C.A, Vieira V.S., Silva M.A., Paes
V.J.C., Cardoso Filho J.M. 2002. Reavaliação da evolução
geológica em terrenos pré-cambrianos brasileiros com base em
novos dados U-Pb SHRIMP, parte II: Orógeno Araçuaí, Cinturão
Móvel Mineiro e Cráton São Francisco Meridional. Rev. Bras.
Geociên., 32: 161-174.
Silva, L.C., McNaughton, N.J., Armstrong, R., Hartmann, L. &
Fletcher, I. 2005. The Neoproterozoic Mantiqueira Province and
its African connections. Precambrian Research, 136: 203-240.
Silva, L.C., Pedrosa-Soares, A.C. & Teixeira, L.R. 2007. Tonian
rift-related, A-type continental plutonism in the Araçuaí orogen,
Eastern Brazil: new evidences for the breakup stage of the São
Francisco-Congo Paleocontinent. Gondwana Research (no
prelo).
Tack L., Wingate MT.D., Liégeois J.-P., Fernandez-Alonso M.,
Deblond A. 2001. Early Neoproterozoic magmatism (1000-910
Ma) of the Zadinian and Mayumbian Groups (Bas-Congo): onset
of Rodinian rifting at the western edge of the Congo craton.
Precambrian Res., 110: 277-306.
Trompette R. 1994. Geology of Western Gondwana (2000-500 Ma).
Pan-African-Brasiliano aggregation of South America and
Africa. A.A. Balkema, Rotterdam, 350 pp.
Trompette R., Uhlein A., Egydio-Silva M.E., Karmann I. 1992. The
Brasiliano São Francisco craton revisited (central Brazil). J. S.
Am. Earth Sci., 6: 49-57.
Uhlein A. 1991. Transição cráton-faixa dobrada: um exemplo do
Cráton do São Francisco e da Faixa Araçuaí (ciclo Brasiliano)
no Estado de Minas Gerais. Tese de Doutorado, Instituto de
Geociências, Universidade de São Paulo, 295 pp.
Uhlein A., Trompette R., Silva M.E. 1986. A estruturação tectônica
do Supergrupo Espinhaço na região de Diamantina, MG. Rev.
Bras. Geociên., 16: 212-216.
Uhlein A., Trompette R., Egydio-Silva M. 1998. Proterozoic rifting
and closure, SE border of the São Francisco Craton, Brazil. J.
S. Am. Earth Sci., 11: 191-203.
Uhlein A. 2004. Paleogeografia e inversão tectônica da Faixa
Araçuaí e do Corredor do Paramirim, região centro-leste
do Brasil. Tese de Livre Docência, Instituto de Geociências,
Universidade de São Paulo, 130 pp.
Valeriano, C.M., Machado, N., Simonetti, A., Valladares, C.S.,
Seer, H.J., Simões, L.S.A., 2004. U–Pb geochronology of the
southern Brasília belt (SE-Brazil): Sedimentary Provenance,
Neoproterozoic orogeny and assembly of West-Gondwana.
Precambrian Res., 130 (1/4), 27–55.
Vieira, V.S. 2007. Significado do Grupo Rio Doce no Contexto
do Orógeno Araçuaí. Belo Horizonte, IGC-UFMG, Tese de
Doutorado.
van Bemmelen, R.W. 1954. Mountain building. Ed. Martinus Nijhoff,
The Hague, 177 pp.