IDEOLOGIA DE GÊNERO E ESCOLA SEM PARTIDO 4
Alguns textos, filmes, obras de arte, charges... contrários à ideologia de gênero das
igrejas e à censura nas escolas...
Mas também as ideias do Escola Sem Partido, defendidas por seu idealizador, e os
projetos de lei que seguem essas ideias e a ideologia de gênero das igrejas...
Organização: Adriano Picarelli
Este arquivo é a continuidade de IDEOLOGIA DE GÊNERO E ESCOLA SEM PARTIDO...
que pode ser encontrado em meu Facebook e em https://www.academia.edu/
Mais sobre meu trabalho: ver meu Facebook e meu canal do YouTube...
Atualização: 24 de outubro de 2018 (início do trabalho: meados de 2015)
Este trabalho é uma memória de meus movimentos em torno de discussões a respeito
de feminismo, gênero, sexualidade... que acontecem no Brasil e no mundo nos últimos
anos...
A partir de meados de 2015 comecei a fazer um levantamento de filmes que
apresentassem ou permitissem discussões sobre essas questões... O levantamento
está em meu canal do Youtube, em meu Facebook e no academia.edu...
Ao mesmo tempo, todos os dias, acessei a página inicial de portais e sites como Uol,
Estadão, Ig, Agência Pública, Opera Mundi, Congresso em Foco, Outras Palavras, Jornal
GGN, The Intercept Brasil, El País, BBC Brasil, Deutsche Welle... Uns com maior, outros
com menor frequência...
Nos portais, a página inicial às vezes remetia a sites ou áreas específicas, como as de
Educação, TV, Moda... Meus movimentos, de modo geral, começaram pela página
inicial... Muitas vezes acessada em vários momentos do dia...
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Certas matérias eram traduções ou remetiam a outras, de jornais estrangeiros, por
exemplo... The New York Times, The Guardian, Le Monde...
Esse trabalho também permitiu encontrar inúmeras referências de filmes, livros, obras
de arte, exposições...
Em 2015, também participei de um curso na Unicamp – o qual está referido em minhas
anotações no YouTube...
Esta memória inclui mais do que matérias e artigos de jornalismo...
Há literatura, dissertações, teses, artigos acadêmicos...
Tudo o que fui encontrando em meus movimentos – é interessante ler minha
apresentação para a playlist sobre sexualidade e gênero que organizei no YouTube, foi
escrita logo no início deste meu trabalho, embora tenha sofrido algumas
modificações...
Os movimentos que fiz, aquilo que acessei... será possível ver aí qualidades e
limitações... Quem escreve, de onde escreve...? Por que escolhi esses...?
Uma próxima ideia seria circular não mais por esses portais e sites mais conhecidos,
acessados, pertencentes ou não a grandes grupos econômicos... Mas por sites e blogs
“independentes”, “alternativos”, de movimentos sociais... Mas noto que por diversas
vezes cheguei a estes a partir dos primeiros...
[O que vem a seguir, refere-se ao primeiro arquivo IDEOLOGIA DE GÊNERO E ESCOLA
SEM PARTIDO, também faz parte da introdução do índice daquele arquivo... Seria
necessário fazer atualizações, o que não é possível agora... Mesmo assim, considerei
importante reproduzir as observações aqui...]
Nessas mais de 1000 páginas de matérias, artigos... percebo grandes ausentes, o que é
confirmado pela presença de uma ou duas matérias com suas vozes... Entre eles, as
escolas, seus professores e alunos...
Embora o jornalismo tenha produzido muita coisa boa, realmente a favor da igualdade
de direitos, base da democracia, ele também alimentou o que vi de pior neste últimos
dois anos...
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Basta que um pastor, um padre, um pastor-deputado... grite algo numa rede social,
não importa quão absurdo isso seja, terá destaque nos jornais, na web... Mais ainda
nos jornais do interior – acompanhei alguns... Um exemplo: o material didático antihomofobia do MEC virou kit-gay...
Notícias e notícias sobre acusações de igrejas contra planos de educação, contra
livros...
Quantas matérias apresentando uma experiência, um trabalho com discussões sobre
questões de gênero, realizado numa escola?
Apenas cinco, nestas mais de 1000 páginas – salvo engano:
"'Heroínas sem estátua': alunos do DF contam histórias de mulheres notáveis", Edgard
Matsuki, Uol, 31 de março de 2016 271
PROFESSORA CRIA PROJETO PARA DEBATER QUESTÕES DE GÊNERO EM ESCOLA DE SP (
Ana Carla Bermudez, Uol, 27 de setembro de 2016) 240
HÁ UM ANO, "PRIMAVERA FEMINISTA" DITAVA O TOM DA 1ª ESCOLA OCUPADA EM SP
(Janaína Garcia, Uol, 13 de novembro de 2016) 151
“PROFESSORA, VOCÊ É HOMEM?” A VIDA DE UMA MULHER TRANS NA SALA DE AULA
(Ingrid Fagundez, BBC Brasil, 15 de agosto de 2017) 868
ESCOLA DE SC USA AULAS DE CROCHÊ PARA DEBATER CONSUMISMO E IGUALDADE
SEXUAL (Aline Torres, Uol, 01 de outubro de 2017) 1171
OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA
SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL (Reportagem Bianca Borges.
Uol TAB, 30 de julho de 2018) [Atualização em 31 de julho de 2018... Matéria na
página 247 deste arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 4]
Neste período, um vereador de São Paulo quis impedir discussões a respeito de gênero
programadas pela escola Amorim Lima... Não conseguiu, num sábado a escola realizou
a atividade planejada... Algum relato sobre como foi isso? Quem participou? Como
foram as discussões?
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Quando um livro sofreu acusações de religiosos, algum autor foi ouvido?
Só encontrei um exemplo:
ESCOLA SEM PINTO. COMO A TENTATIVA DE CENSURA A UM LIVRO DIDÁTICO NO
NORTE DO PAÍS MOSTRA QUE, NO BRASIL ATUAL, A IGNORÂNCIA NÃO É APENAS UMA
TRAGÉDIA NACIONAL, MAS UM INSTRUMENTO POLÍTICO USADO POR MILÍCIAS DE
ÓDIO (Eliane Brum, sobre tentativa de retirada de livro de ciências de escolas públicas
em Ji-Paraná, RO, 2017)
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[Atualização: a mesma Eliane Brum, uma das mais competentes jornalistas do Brasil,
foi ouvir artista da performance do MAM – SP, atacado nas redes sociais, por
movimentos de direita, por padres e pastores... Ver arquivo IDEOLOGIA DE GÊNERO E
ESCOLA SEM PARTIDO 2... Ver outra atualização no início do Índice deste arquivo 4]
Por quê?
Bem, eu poderia analisar esta memória de várias maneiras...
Porém, minha intenção, aqui, é compartilhar o que fui encontrando...
Outra observação...
Ao longo destes dois anos, a partir do contato com matérias de jornalismo e filmes,
notei que há diferença entre narrativas SOBRE os outros e narrativas dos OUTROS...
O que tem a ver com o que escrevi acima sobre a ausência de narrativas de
professores e alunos... de matérias que adentrem as escolas e os ouçam... de matérias
que escutem autores de livros didáticos...
Índice: página 1066
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BOLSONARO E A AUTOVERDADE. COMO A VALORIZAÇÃO DO ATO DE DIZER, MAIS DO
QUE O CONTEÚDO DO QUE SE DIZ, VAI IMPACTAR A ELEIÇÃO NO BRASIL
Eliane Brum, El País, 16 de julho de 2018
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/16/politica/1531751001_113905.html
ELITE DA INDÚSTRIA APLAUDE BOLSONARO E VAIA CIRO POR CRITICAR REFORMA
TRABALHISTA. ALCKMIN DEFENDE REFORMA TRIBUTÁRIA QUE ALIVIA EMPRESÁRIOS
CITANDO TRUMP. MILITAR DA RESERVA NÃO APRESENTA PROPOSTAS, MAS LEVANTA
PLATEIA COM FRASES DE EFEITO CONTRA O "POLITICAMENTE CORRETO"
Afonso Benites, El País, julho de 2018
Em encontro com a elite dos industriais do Brasil em Brasília, dois dos protagonistas
desta eleição presidencial se depararam com tratamentos distintos. Enquanto o précandidato de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL) foi aplaudido ao menos seis vezes ao
dizer frases de efeitos - contra a "ideologia de gênero" e contra o "politicamente
correto", que incluía a defesa de fazer piadas contra minorias sociais - e quase não
apresentou propostas detalhadas para o setor, Ciro Gomes (PDT) acabou vaiado ao
defender uma nova reforma trabalhista para substituir as regras aprovadas sob Michel
Temer. A plateia era formada, em sua imensa maioria, por homens, de classe alta,
brancos. Quase 2.000 pessoas.
Líder nas pesquisas em cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está
preso, como concorrente do PT, Bolsonaro evitou o tempo inteiro em entrar em temas
econômicos. Disse ser "humilde" por não entender do assunto e buscar o suporte de
quem saiba. Por essa razão, não respondeu diretamente a nenhuma das três perguntas
feitas pelos empresários que o assistiam durante evento promovido pela
Confederação Nacional da Indústria (CNI). Não aprofundou nem qual seria sua reforma
da Previdência, que ele diz ser necessária. “Talvez o Paulo Guedes fosse o mais
preparado para responder”, disse em dado momento do encontro. O economista
Guedes é o consultor econômico do parlamentar e seu eventual ministro da Fazenda.
Ainda assim, Bolsonaro não precisou mais do que superficialidades para ser aplaudido.
Uma das vezes foi quando reforçou o seu discurso de que parte de seu primeiro
escalão será ocupado por militares. “Vou botar generais nos ministérios, sim. Qual o
problema? Os anteriores botavam terroristas e corruptos e ninguém falava nada”. Em
outro momento, foi quando defendia não levar ideologia para as negociações com o
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Congresso. “Não quero botar um busto do Che Guevara no Palácio do Planalto”.
Também disse que contará com o apoio dos evangélicos, que são contra a "ideologia
de gênero", e atrairá a bancada ruralista ao qualificar de "terrorista" o MST
(Movimento dos Sem Terra). "Hoje estão tirando nossa alegria de viver, não podemos
mais contar piadas de afrodescendentes, de cearenses, de goianos", disse Bolsonaro,
que é réu no Supremo Tribunal Federal por injúria e incitação ao racismo.
Ciro Gomes e Alckmin
Já o candidato Ciro Gomes teve apupos a ele desferidos. Ocorreram no momento em
que o pedetista revelou que tem um acordo com as centrais sindicais que, se eleito
presidente, ele apresentará uma nova proposta de reforma trabalhista. O seu projeto
seria discutido com representantes dos patrões, empregados e de universidades. “Meu
compromisso com as centrais sindicais é trazer essa bola de volta ao meio de campo”.
Após ser vaiado, ele disse: “É assim que vai ser. Ponto final”. Mais vaias, que
provocaram uma nova reação do pré-candidato. “Se quiserem presidente fraco,
escolham um desses que ficam de conversa fiada aqui com vocês”.
O empresariado foi um dos grandes fiadores da reforma trabalhista apresentada pelo
Governo Michel Temer e aprovada pelo Congresso Nacional no ano passado. Era
natural que fosse contrário a mudar a lei como foi promulgada. Ao ser questionado
sobre o que achou das vaias, Ciro disse que as via com maior naturalidade e lembrou
que também foi aplaudido. “Quando se é vaiado defendendo os trabalhadores, parece
que é um prêmio. E nem quero fazer disso um prêmio”, afirmou aos jornalistas ao final
do evento. De fato, em outras quatro ocasiões, Ciro acabou aplaudido – entre elas
quando defendeu que o Judiciário e o Ministério Público têm de “voltarem para seus
quadrados” e deixarem de influenciarem na política e quando prometeu manter
incentivos fiscais permanentes para o setor industrial.
Seja como for, o pré-candidato do PDT foi o único dos seis que passaram pelo palco da
CNI que teve a reação negativa do público. O público se manifestou favoravelmente
também a Geraldo Alckmin (PSDB), que propôs a criação de um imposto único
(unificando IPI, ICMS, ISS e outros) além da redução do imposto de renda para pessoa
jurídica (citou a reforma tributária de Donald Trump como exemplo), e para Álvaro
Dias (PODE), quando ele citou que pretende intensificar as relações multilaterais do
país. Quando os oradores foram Marina Silva (REDE) e Henrique Meirelles (MDB)
quase nenhuma reação foi notada.
Algo que os seis pré-candidatos tiveram em comum foi a de não se debruçarem sobre
as propostas apresentadas pela CNI. Antes de iniciar o diálogo com os pré-candidatos,
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a entidade elaborou um documento com 43 propostas para os concorrentes. Tudo
citado muito brevemente por todos. Essa foi a segunda maratona de entrevistas das
quais os presidenciáveis participaram em Brasília. Ao longo desse mês, todos deverão
se dedicar às convenções partidárias, nas quais serão seladas as alianças e coligações
para a disputa ao Planalto.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/04/politica/1530727099_691325.html
POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É ATACADO POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO
GOVERNADOR
Paulo Eduardo Dias e Juliana Santoros, especial para Ponte Jornalismo, 05 de julho de
2018
Soldado Leandro Prior recebeu ameaças e se internou em clínica de repouso após a PM
abrir investigação; governador Márcio França (PSB) disse que ‘farda tem que estar
respeitada’
Soldado Prior estava no Metrô quando foi filmado beijando um homem | Foto:
Reprodução/Facebook
Leandro Prior, de 27 anos, é policial militar desde 2014. É tido como um soldado
“honrado” por quem o viu em ação. Porém, um beijo fez a sua vida profissional virar
de cabeça para baixo com ataques homofóbicos de outros PMs e críticas até do
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governador de São Paulo, Márcio França (PSB). Tudo aconteceu após a imagem
captada por um desconhecido viralizar na internet em que Prior aparece com a farda
da tropa dando um selinho em um homem.
“Acabaram com a minha vida. Hoje eu estou afastado, passei no médico. Não é só a
homofobia o problema, é mais grave que isso, estou sofrendo ameaças de morte”,
desabafou Prior, em entrevista ao portal G1. “Eu quero continuar a trabalhar”, disse,
antes de se internar em uma clínica de repouso, temendo pelo futuro na corporação. A
própria PM instaurou procedimento para analisar a postura do soldado Leandro Prior.
Uma das mensagens de ódio direcionadas a Prior partiu do sargento da Rota (Rondas
Ostensivas Tobias de Aguiar) Renato Nobile em seu perfil do Facebook. “Aqui não
aceitamos um policial fardado em pleno metrô beijando um homem na boca.
Desgraçado. Desonra para a minha corporação. Esse tinha que morrer na pedrada!
Canalha safado! Se alguém não gostar desse comentário, foda-se você também”,
escreveu Nobile.
Em contato com a reportagem da Ponte, o sargento da Rota negou que tenha escrito
mensagens homofóbicas na internet. Segundo Nobile, que se encontra afastado dos
trabalhos por decisão de seu comando, o perfil foi hackeado. “Não é a primeira vez
que meu perfil é invadido. Informei ao meu comando o acontecido, a indignação é
minha. Não tenho problema com nada, tenho até parente homossexual. Isto [seu
afastamento e investigação+ é um absurdo”, sustenta. A Corregedoria da PM e a Polícia
Civil está investigando a publicação feita nas redes sociais.
O representante da tropa de elite da PM de SP não foi o único a condenar o ato do
policial Leandro Pior. Governador de São Paulo e chefe máximo da PM, Márcio França
criticou duramente o beijo dado enquanto ele estava fardado, ato considerado
desrespeitoso. “É preciso ver que a farda é uma extensão do Estado e a farda tem que
estar respeitada. Eu não vejo significado de você usar coldre, farda, e ficar fazendo
gestos de amor expresso em público, seja com homem ou com mulher”, posicionou-se
França, ao jornal “O Estado de S. Paulo”.
As reações fizeram com que o policial protagonista do vídeo pedisse afastamento
temporário da corporação devido à uma crise depressiva, que motivou a internação na
clínica de repouso, com permanência até a próxima terça-feira (10/7). Uma pessoa
próxima ao soldado contou que, mesmo internado, a todo instante que se lembra do
caso ele só chora. A mesma fonte contou que, por medida de segurança, o local da
clínica não pode ser divulgado.
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Segundo o advogado José Beraldo, que atua na defesa de Prior, sua orientação sexual
já era sabida de outros policiais. “Ele me contou que os policiais que atuam com ele já
sabiam, exceto o alto comando”. O defensor contou ter sido procurado por um
empresário, dono de uma casa de câmbio, que pretende testemunhar a favor do PM.
Nas palavras de Beraldo, durante um assalto ao estabelecimento do empresário, que
não teve o nome revelado, Prior teria salvo a vida do filho do homem e ainda
recuperado US$ 5 mil. O caso teria ocorrido no ano passado.
Corporação com ‘ranço homofóbico’
Especialistas ouvidos pela Ponte apontam que houve clara prática de homofobia nos
ataques feitos ao policial, tanto de outros membros da tropa quanto nas declarações
do governador, Márcio França. Para o advogado especialista em direito LGBT Mario
Solimene Filho, a iniciativa da PM em abrir um procedimento para investigar uma
possível falha nos procedimentos da corporação pois o PM deveria “estar mais
atento”, é “balela”.
“Para não se queimar, já que os direitos LGBTs hoje são muito fortes, eles dizem que o
que houve é o descumprimento das normas por estar armado, mas na verdade, é o
ranço homofóbico que está por trás disso”, diz. “Caso ele tivesse beijando uma mulher,
o governador não ia precisar falar. Vejo, sim, uma conotação do ranço homofóbico que
esta por trás da corporação, que é uma corporação explícita, a gente sabe que isso
existe *homofobia+”, pondera Filho.
Filho, analisa que a PM “não quer gay, ela não quer saber de gay”, diz. “Eu não critico a
PM em si, eu critico a sociedade e a PM é parte dela. Eu não estou entrando em
conflito com a PM, mas com a parte da sociedade que sabemos que não aceita gays.
Como tem dentro do futebol, dentro dos bombeiros. Tudo que é equipe que tem
relação de homens em conjunto estando todos no mesmo lugar eles se sentem
ameaçados”, pontua.
Atualmente na reserva da PM, o tenente-coronel Adilson Paes de Souza também
critica a homofobia dentro da corporação. “Parece um beijo discreto. Posso afirmar
que se ele estivesse dando esse mesmo beijo em uma pessoa do sexo feminino não
teria repercussão nenhuma. Então, pela imagem, mostra que esse rapaz está sendo
vítima de homofobia”, sustenta o coronel. “Esse escândalo todo, esse furor é só
porque ele deu um beijo discreto em um homem, uma pessoa do mesmo sexo. Errou
quem filmou e divulgou as imagens e deu início a essa onda toda de ofensas contra o
rapaz”, continua.
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À Ponte, Nobile disse que perfil foi hackeado | Foto: Reprodução/Facebook
No entendimento do oficial, a PM precisa compreender a orientação sexual de sua
tropa e deixar de tratá-la como um tabu. “Esse é um assunto que é um tabu na polícia.
Ninguém conversa sobre a questão da homossexualidade na Polícia Militar. Chama a
atenção por ser um fato inusitado. Eu acho que isso tem que ser admitido e acolhido e,
ao você admitir e acolher esse tema você admite que existem policias que são
homossexuais e que essa circunstância não o faz ser melhor ou pior do que ninguém”,
completa.
Adilson analisa que o pedido de afastamento por parte do soldado é compreensível já
que “deve estar submetido a uma carga de estresse muito elevada”. “Eu fico
imaginado ele no local de trabalho dele, no quartel, o que ele pode ter ouvido de
colegas ou de outras pessoas subordinadas ou superiores”, sustenta. “Eu conheço
alguns policiais que são homossexuais, embora não tenha se declarado, mas se sabe
que são. Não vejo problema nenhum, a sociedade mudou. A polícia tem que saber
levar isso pois faz parte da sociedade. Não há porque ela querer ser uma ilha onde
determinados comportamentos não podem existir”, finaliza Souza.
Advogado do PM Leandro Prior, José Beraldo disse ter pedido para a polícia
acompanhar possíveis novos ataques ao soldado, e que puna exemplarmente colegas
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de farda identificados atacando seu cliente. “A vida particular dele não pode ser
confundida com a vida pública”.
Apuração ‘exclusivamente sob aspecto administrativo’
A reportagem procurou a SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo, através
de sua assessoria de imprensa terceirizada, a InPress, que apontou que a PM “tem
como um de seus alicerces a dignidade da pessoa humana e não discrimina ninguém
por sua orientação sexual” e explicou a investigação aberta para apurar vídeo do beijo
dado por Leandro Prior. “A conduta do PM fardado no metrô é apurada única e
exclusivamente sob o aspecto administrativo, pois demonstra postura incompatível
com os procedimentos de segurança que se espera de um policial fardado e armado,
que exigem que esteja alerta”, sustenta a pasta.
Segundo a SSP, Prior procurou o serviço médico da instituição e “foi encaminhado para
tratamento de saúde no Centro de Atenção Psicológica e Social da Polícia Militar”,
além de a Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) apurar as
ameaças feitas contra o soldado. “Além da investigação, a Instituição colocou à
disposição do policial militar medidas protetivas, por meio da Divisão PM Vítima, da
Corregedoria. Criada em 1983, a Divisão tem como objetivo apurar crimes cometidos
contra policiais militares e dar apoio às vítimas”, garante.
A reportagem procurou a assessoria do governador Márcio França para saber seu
posicionamento sobre o caso e se ele confirma a declaração publicada pelo jornal “O
Estado de S. Paulo”. Em nota, a assessoria confirmou a autoria sendo de França, mas
ressaltou que o governador “repudia todo e qualquer ato discriminatório e que as
ameaças mencionadas pela reportagem já estão sendo apuradas pela Corregedoria da
PM” e que o Estado ofereceu apoio médico ao soldado Prior.
“Em relação à frase, o governador complementou que todos têm direito a livre
orientação sexual e que, independentemente disso, os servidores públicos, quando em
serviço, devem cumprir sua jornada de maneira profissional, atenta e efetiva. O
governador ainda destacou que a farda da PM é a extensão da bandeira de São Paulo.
Por isso, quando o policial estiver fardado, não pode estar distraído ou envolvido com
outras atividades que não sejam as inerentes à função militar”, posicionou-se a
assessoria de imprensa de Márcio França, ainda em nota.
[Matéria reproduzida pelo El País: “Por beijar um homem, PM de SP é atacado por
colegas de farda e até pelo governador. Soldado Leandro Prior recebeu ameaças e se
internou em clínica de repouso após a PM abrir investigação; governador Márcio
11
França (PSB) disse que ‘farda tem que estar respeitada’”, P. Eduardo e J. Santoros, El
País reproduz Ponte Jornalismo, 07 de julho de 2018]
https://ponte.org/por-beijar-um-homem-pm-e-atacado-por-colegas-de-farda-e-atepelo-governador/
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/07/politica/1530915242_121103.html
DESONROSO É AMEAÇAR, DIZ PM QUE FOI FILMADO BEIJANDO RAPAZ EM SP.
POLICIAL VIROU ALVO DE COMENTÁRIOS DE ÓDIO, FOI AMEAÇADO E AFASTADO DO
TRABALHO
Marlene Bergamo Pedro Diniz, Folha/Uol, 10 de julho de 2018
Leandro Barcellos Prior, 27, é soldado do 13º Batalhão da Polícia Militar de SP.
Inspirado no pai, ex-policial da turma de 1988, entrou na corporação há quatro anos e
estava havia dois anos na linha de frente do programa Vizinhança Solidária, que
estimula moradores a se solidarizarem uns com os outros para prevenir crimes no
bairro.
Em 26 de junho viu um vídeo em que aparece no metrô dando um selinho em outro
homem viralizar na internet e dar origem a várias postagens de ódio em redes sociais.
Conta ter sido ameaçado de apedrejamento por um policial, que nega a acusação e
afirma ter tido o Facebook hackeado. Agora, foi afastado do trabalho e toma remédios
para controlar os múltiplos acessos de pânico diários.
Defensor de Prior, José Beraldo afirma que tomará medidas legais para tirar os
comentários e publicações de ódio de circulação.
Natural de São Sebastião, no litoral paulista, Prior falou à Folha sobre o vídeo, as
ameaças sofridas e as consequências que ainda diz que pagará dentro da própria
corporação.
Em que circunstância você foi filmado? Estava no metrô com um amigo, na linha
vermelha, em direção à estação Patriarca. Ia para casa, falávamos sobre nosso dia e
não vi quem estava na nossa frente. Alguém ficou enojado com nossa felicidade e,
acho que por volta das 22h30, gravou um selinho de despedida, que sempre dou em
amigos.
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Se reconhecer essa pessoa eu vou processá-la, porque me prejudicou completamente.
Minha estabilidade emocional e profissional. Eu namoro, não tinha companheiros me
ameaçando, e agora estou em pânico, um pânico de não saber quem é que vai me
matar.
Não percebeu a câmera? Há um momento que você parece olhar para ela. Se tivesse
percebido teria tomado uma atitude. Alguns policiais chegaram a dizer que armei isso
por oportunismo, porque fui candidato a vereador [em 2014] pela minha cidade. Não
tenho pretensão de sair candidato. A verdade é que as pessoas não aceitam o beijo
entre homens, mais ainda se ele for um militar bem resolvido. Não podem medir
minha capacidade pela minha sexualidade.
Seus colegas sabiam que você era gay? Sabiam, claro. Ninguém nunca falou nada. Até
encontro uns em boates. Não espero que ninguém aceite, mas exijo respeito.
Fala-se da abertura de um processo administrativo, porque você estava de farda e
desatento. Foi aberto um procedimento, mas não houve a oitiva. Estão falando de
falta de atenção. Não estava desatento, mas sim relaxado, porque o metrô é um lugar
seguro. Meu posicionamento gerou uma falta de segurança? Não, porque estava
acordado e minha arma tem três travas.
O que aconteceu quando soube do vídeo? Ele foi gravado entre 10 e 15 de junho, não
lembro a data ao certo. Circulou em grupos de WhatsApp de policiais, mas do dia 20
para o dia 21 saiu dos grupos. No dia 21 um amigo me mostrou, mas não me
preocupei. Quantas vezes vi PMs se beijarem, até beijos lascivos. Na porta do CPC
[Comando de Policiamento da Capital] os casais chegam de mãos dadas, dão beijos de
despedida. É afeto.
O que aconteceu comigo foi preconceito. Nenhum link das 77 páginas que tenho de
postagens denuncia a desatenção do soldado Prior, e sim o fato de ele beijar outro
rapaz. É lamentável que um ato de carinho gere tanto ódio.
Sua rotina mudou? Fui para minha cidade. Hoje tenho que me preocupar aonde vou e
com quem vou. Minha família só anda de carro, até para comprar um pão. Eu só
recebo três pessoas do meu círculo.
E quando começou a receber ameaças? No dia 21. Meu pai cortou relações comigo.
Outros policiais começaram a pedir um posicionamento da corporação, e até meu
comandante me chamou na sala. Minha arma foi recolhida no mesmo dia pelos
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colegas, por bom senso e pela minha segurança. O índice de suicídio entre policiais é
grande, então é uma questão de bom senso. Mas me senti desprotegido. Quando
cheguei em casa me vi sem chão, desarmado, com um policial da Rota me
ameaçando… Não fumo, mas teve um dia que fumei quatro maços de cigarro.
Estão pedindo minha expulsão, mas, sinceramente, não sei o que fiz de errado. Não
causei nada de desonroso. Desonroso é um policial que faz um juramento em defesa
da vida, da integridade física e da dignidade humana, e desonra o juramento inteiro
ameaçando um par. Como policial, para mim essa é a maior desonra.
Posts e ameaças estão sendo investigados, diz secretaria
A Secretaria da Segurança Pública disse, em nota, que “não discrimina ninguém por
sua orientação sexual”. Segundo a pasta, Prior procurou o serviço médico e está
afastado por motivo de saúde. O policial foi incluído no programa PM Vítima e tem à
disposição medidas protetivas.
A secretaria informa ainda que a Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de
Intolerância) investiga os comentários em redes sociais e apura a conduta do policial
que fez uma das publicações.
Por fim, a pasta destaca que analisa a conduta de Prior com base no regulamento
disciplinar, “única e exclusivamente sob o aspecto administrativo, pois demonstra
postura incompatível com os procedimentos de segurança que se espera de um
policial fardado e armado”.
[A matéria também traz imagem do beijo, presente em muitas outras...]
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/07/desonroso-e-ameacar-diz-pm-quefoi-filmado-beijando-rapaz-em-sp.shtml
PM RELATA ROTINA DE TENSÃO APÓS AMEAÇAS POR “SELINHO”: "É COMO S EEU
ESTIVESSE DE TORNOZELEIRA"
Janaina Garcia, Uol, 12 de julho de 2018
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Leandro Prior, policial militar que foi filmado no metrô dando um selinho em um amigo
A Ouvidoria da Polícia Militar de São Paulo encaminhou à Corregedoria da corporação
o depoimento do soldado Leandro Barcellos Prior para que o órgão, incumbido de
apurar a conduta dos próprios policiais, investigue uma série de ameaças contra a vida
do PM. Ao UOL, ele afirmou ver sua rotina ser modificada por causa da tensão, mas
avisou que não deixará a Polícia.
Nos últimos dias, a imagem de Prior passou a ser associada à circulação de um vídeo
gravado em um vagão do metrô de São Paulo, sem o consentimento do PM, no qual
ele aparece, de farda, dando um 'selinho' em outro rapaz. Desde então, relata,
recebeu ameaças e cobranças para que pedisse baixa – ou seja, desistisse de ser um
policial. Ele está em licença médica desde o último dia 29.
O vídeo circulou em grupos de WhatsApp de policiais militares. Prior foi identificado
mais facilmente já que, no ato de demonstração de afeto, estava fardado. Ele é
assumidamente homossexual.
Segundo o ouvidor da PM, o sociólogo Benedito Mariano, o depoimento do soldado foi
apresentado ao chefe da Corregedoria, coronel Marcelino Fernandes, para que seja
aberto procedimento em um setor do órgão especializado na apuração de casos nos
quais os policiais são as vítimas.
No depoimento ao ouvidor, tomado na última terça (10), Prior afirmou ter recebido
ameaças via telefonemas e redes sociais. Algumas delas teriam sido feitas ao pai do
soldado, que é PM da reserva.
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Reprodução/Facebook
O soldado da Polícia Militar de São Paulo, Leandro Barcellos Prior
"Conversei com o coronel Marcelino [chefe da Corregedoria] e disse a ele sobre a
preocupação com a segurança do policial. A Ouvidoria requereu que a Corregedoria dê
uma atenção especial ao caso, por meio do setor de policiais vítimas, que tem
expertise para identificar autores de ameaça", disse o ouvidor. "Chama a atenção que
todas as mensagens que o soldado recebeu refletem um ódio muito grande e uma
forte posição homofóbica –vindas de duas ou três pessoas diferentes", completou.
Um dos supostos autores das ameaças, um policial da Rota (tropa de elite da PM), teria
sugerido uma ação de apedrejamento ao soldado porque ele teria desonrado a
corporação. "Queremos saber se os autores das ameaças são policiais ou não, por isso
os casos têm de ser rastreados. Esse PM do Choque, por exemplo, negou ter escrito
aquilo e alegou que o perfil dele no Facebook foi hackeado. Isso tudo precisa ser
apurado", concluiu o ouvidor.
"Quem quer que eu saia da PM, esqueça"
Ao UOL, o soldado relatou que o episódio impactou não apenas no trabalho, mas na
vida familiar e na rotina do dia a dia. Se vai a alguma atividade de lazer –uma balada,
por exemplo --, se sente obrigado a detalhar a pessoas de seu convívio aonde vai, com
quem e como vai chegar, para saberem seu paradeiro caso ele sofra alguma agressão
ou algo ainda mais sério.
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"Há um impacto diretamente na vida familiar, não só no meu dia a dia, mas no da
minha mãe, do meu padrasto, da minha avó... E eu sempre fui muito ativo: gosto de ir
a bares, dar risada, mas agora tenho que constantemente avisar de três a cinco
pessoas próximas onde estarei e que meio estou usando, o que gera um estresse
muito grande", desabafou. "É como se eu estivesse com uma tornozeleira eletrônica,
mas sem ser criminoso."
Prior disse que as ameaças não partem de civis e que elas não foram feitas também ao
amigo em quem deu o beijo na linha vermelha do metrô. "Elas vêm de dentro, é só
militar ameaçando. O problema é comigo, para que eu saia ou me exonere", contou.
"O problema da ameaça nem tanto é aquela direta, mas a velada: eles 'vão fazer algo'?
'Eles' quantos? Minha relação com meu pai era ótima, ele sabia da minha condição,
mas agora o vínculo quebrou –sem dizer que todos em casa ficam em alerta a todo
tempo", narrou.
Ele disse confiar na investigação da Corregedoria. "Acredito que haja uma lisura no
processo, pelo menos é o que eu espero. Mandei isso também à Secretaria Nacional de
Direitos Humanos". "Na inocência ou na presunção de impunidade, pessoas utilizam as
redes sociais como se elas fossem um escudo. Esse meu caso mostrou a verdadeira
cara da homofobia e do preconceito que já há, dentro da instituição, contra negros e
contra mulheres, ainda que mais veladamente. Quando a máscara cai, aparecem meia
dúzia de babuínos na rede social xingando e humilhando, mas eles se esquecem que
dá para identificá-los, sim", alertou o soldado.
Indagado sobre a PM ter se posicionado administrativamente sobre a conduta dele –
que, fardado e armado, deveria estar em alerta –, e não sobre os ataques sofridos, o
soldado lamentou: "É lamentável e triste que uma corporação que se propõe, por meio
de juramento, à defesa da vida, não se posicione firmemente quando alguém afeta
contra a sua integridade física", disse.
Se pretende pedir baixa da PM, como alguns de seus agressores virtuais chegaram a
sugerir? "Em momento algum farei isso. Hei de permanecer na PM e ainda prestar
novos concursos internos. Quem quer que eu saia, esqueça", avisou. Em novembro,
ele completa quatro anos na corporação.
O UOL pediu à assessoria da PM por escrito e por telefone qual a posição da
corporação sobre casos de homofobia entre os próprios policiais, sobre eventuais
medidas protetivas no caso do soldado Prior e sobre o procedimento na Corregedoria
– se já fora instaurada investigação e qual o prazo para finalização dos trabalhos –, mas
não obteve retorno até a publicação desta matéria.
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Corporação precisa repudiar homofobia, defende advogado
Para o advogado e ativista de direitos humanos Ariel de Castro Alves, que acompanhou
o depoimento do soldado à Ouvidoria na condição de conselheiro do Condepe
(Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana), "é importante que o Comando
Geral da PM se manifeste oficialmente contra essas ameaças" para que elas possam
cessar.
"A PM atua com base em comandos. Se o Comando-Geral rechaçar esse tipo de
ataque, diferentemente das declarações do próprio governador [Márcio França], isso
tende a parar", disse Alves.
Na semana passada, França (PSB) destacou que o código disciplinar da PM "tem regras
gerais". "Eu acho que ninguém precisa fazer as coisas ostensivamente. Nesse caso
específico, seja namorando com homem ou com uma mulher, não tem sentido um
policial fardado ficar fazendo gestos dentro de qualquer lugar público, é desnecessário,
parece uma certa provocação desnecessária", reagiu o governador, que disse ainda
compreender "um certo constrangimento" à corporação.
Conforme o conselheiro do Condepe, é comum instituições militares rechaçarem a
homossexualidade. "A própria incitação ao linchamento feita pelo PM da Rota é uma
forte prática homofóbica que comprova isso. Em geral, ou essas vítimas são
compelidas a pedir baixa, ou essa violência a que são submetidas repercute depois na
sociedade. E não só homofobia, mas isso está em treinamentos cruéis e outras
situações degradantes – por isso é importante criar nos policiais a consciência de que
devem denunciar isso a entidades de direitos humanos e à Ouvidoria".
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2018/07/12/e-como-se-euestive-com-tornozeleira-sem-ser-criminoso-diz-pm-ameacado-apos-selinho-nometro.htm
PM AMEAÇADO APÓS BEIJAR HOMEM NO METRÔ DE SP RECEBE PROTEÇÃO POLICIAL
Janaina Garcia, Uol, 13 de julho de 2018
A Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo disponibilizou nesta sexta-feira (13)
proteção policial e colete à prova de balas ao soldado Leandro Prior. Ele prestou
depoimento ao órgão na tarde de hoje. Nas duas últimas semanas, o policial tem
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recebido ameaças de morte e sofrido pressão para deixar a corporação. O motivo: um
vídeo, gravado sem o conhecimento do PM, em que ele aparece fardado dando um
"selinho" de despedida, em um amigo, na linha Vermelha do metrô.
O vídeo circulou em grupos de WhatsApp de policiais militares. A partir daí, o soldado
relata ter recebido ameaças de PMs defendendo que ele morra ou peça para deixar a
corporação. Uma das mensagens --postada no Facebook e atribuída a um policial da
Rota (tropa de elite da Polícia Militar) --defendia o apedrejamento do soldado. O dono
do perfil alegou ter tido a conta hackeada e negou ter sido o autor do texto.
Ao UOL, após depor na Corregedoria, o soldado afirmou ter aceitado as medidas de
segurança propostas, uma vez que, desde a repercussão do episódio, teve de entregar
a arma e se licenciou para tratamento psiquiátrico.
"A Corregedoria me deu todos os meios possíveis para que eu tivesse segurança e
ainda disponibilizou uma linha direta para que, precisando, eu possa entrar em
contato com eles. Apresentei as provas das ameaças que recebi, algumas mensagens
de ameaças que meu pai [PM aposentado] recebeu e agora aguardo que isso seja
investigado com a mesma humanidade e lisura com que fui atendido", afirmou.
Segundo o soldado, as ameaças foram feitas por mensagens no Facebook e no
Instagram. Outras, mais recentes, chegaram pelo WhatsApp na forma de texto e áudio.
Corregedoria investigará PMs envolvidos
O corregedor-geral da PM, coronel Marcelino Fernandes, afirmou que Prior foi ouvido
e incluído em um programa de proteção ao policial vítima. "Como ele materializou
algumas ameaças recebidas, estamos juntando essas provas para instaurar inquérito
contra os policiais envolvidos, se comprovado o fato", disse.
Fernandes reforçou que a situação em que o soldado se colocou também implicou em
"transgressões disciplinares", tendo em vista que, fardado, ele não poderia ter feito
demonstrações públicas de afeto. Ao menos quatro policiais heterossexuais foram
punidos com reclusão, desde 2001, em função desse tipo de comportamento.
"Porque isso [carícias em público, usando a farda] diminui a capacidade de reação do
policial. Mesmo estando fora de serviço [Prior, por exemplo, voltava para casa após
um dia de trabalho], quando o PM entra no transporte público, ele não paga passagem
porque representa ali o estado. Portanto, ele tem que estar atento e voltado à
segurança", defendeu.
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Além da Corregedoria da PM, o soldado também registrou na Polícia Civil as ameaças
recebidas, uma vez que haveria agentes da instituição por trás de algumas delas.
Apoio de policiais LGBTs
Também hoje, o soldado disse ter sido surpreendido por manifestações de
solidariedade, feitas pelas redes sociais, por parte de policiais, guardas civis e agentes
penitenciários assumidamente LGBTs.
Com a hashtag "#somostodosPrior" e fotos alusivas à bandeira colorida do movimento
LGBT associadas a mensagens de orgulho pela orientação sexual, os agentes
manifestaram apoio a Prior.
A campanha foi organizada pela Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública
LGBT (Renosp LGBT), entidade fundada em 2010 e que congrega cerca de 60 mil
profissionais de segurança pública assumidamente gays, lésbicas e transexuais em
todo o país.
Segundo o coordenador nacional da rede, o subtenente da PM do Distrito Federal
Itamar Matos de Souza, 40, o grupo apoiou o soldado paulista --que é associado- - para
que ele soubesse que "não está sozinho".
"Fiquei surpreso porque muitas pessoas se dispuseram a me apoiar, um sinal de que as
coisas estão mudando", avaliou o soldado. "Digamos que é um assunto que saiu não só
do armário, mas dos quartéis", afirmou Prior.
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2018/07/13/pm-ameacadoapos-beijar-homem-no-metro-de-sp-depoe-na-corregedoria-e-recebe-protecao.htm
SOLDADO QUE BEIJOU HOMEM NO METRÔ DE SP RECEBE SOLIDARIEDADE DE
POLICIAIS LGBT
Janaina Garcia, Uol, 13 de julho de 2018
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A hashtag "#somostodosPrior", em apoio ao soldado Leandro Prior, no Instagram
Se por um lado gerou uma série de ameaças e de mensagens de conteúdo
homofóbico, por outro, a cena em que um policial militar fardado beijando outro
homem no metrô de São Paulo despertou também uma onda de solidariedade nas
redes sociais por parte de outros militares homossexuais.
O caso do soldado Leandro Prior gerou forte repercussão depois de o policial, fardado
e já voltando para casa, ter sido gravado, sem seu conhecimento, dando um selinho de
despedida em um amigo. O vídeo foi parar em grupos de WhatsApp de PMs, e Prior
passou a ser ameaçado de morte e a ser pressionado a pedir exoneração –ele
completa quatro anos na instituição em novembro.
Nas redes sociais, profissionais ligados à segurança pública, entre os quais bombeiros
militares, policiais federais, civis e militares, além de agentes penitenciários e guardas
civis, começaram a compartilhar a hashtag "#somostodosPrior" com fotos alusivas à
bandeira colorida do movimento LGBT e mensagens de orgulho pela própria
orientação sexual. Prior escreveu agradecendo a vários dos autores.
A campanha foi organizada pela Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública
LGBT (Renosp LGBT), entidade fundada em 2010 e que congrega cerca de 60 mil
profissionais de segurança pública assumidamente gays, lésbicas e transexuais em
todo o país. A dispersão do termo é feita no Instagram, no Facebook e no Twitter.
"Ele não está sozinho", diz PM ativista
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Segundo o coordenador nacional da rede, o subtenente da PM do Distrito Federal
Itamar Matos de Souza, 40, o grupo viu necessidade de apoio ao soldado paulista –que
é associado -- a fim de que soubesse que "ele não está sozinho".
"Normalmente, as polícias não gostam de associar a farda à orientação diversa da
heterossexual, por isso pedimos aos profissionais de segurança que aderissem à
campanha também fardados –não só por uma forma de protesto, mas para
mostrarmos que não somos poucos e somos de todas as corporações, de todas as
forças", disse Souza, que se define gay. "E é um apoio ao Prior que busca dizer a ele:
'você não está sozinho'".
Na avaliação do oficial, ações como a campanha de solidariedade ao soldado buscam
também "acolher e incentivar" outros profissionais de segurança pública a se
assumirem.
"Queremos que essas pessoas entendam que elas não são invisíveis e que as barreiras
podem, sim, ser vencidas", afirma. Para o coordenador da rede, o impacto de
demonstrações de afeto como a de Prior foram menos pelo beijo e mais pelo
destinatário do gesto. "Estou há 22 anos na PM e nunca vi um policial ser punido por,
mesmo de farda, trocar um gesto de carinho com a esposa ou a namorada, por
exemplo. Essa repercussão, sem dúvida alguma, veio porque ele beijou outro homem",
definiu.
Soldado depõe na Corregedoria da PM
Prior depôs hoje Corregedoria da PM em São Paulo depois de a Ouvidoria solicitar que
o órgão investigasse o caso.
Ao UOL, o soldado disse hoje ter requisitado à corregedoria medidas de segurança,
uma vez que, desde a publicidade do episódio, ele teve de entregar a arma e se
licenciou para tratamento psiquiátrico.
O advogado dele, José Beraldo, afirmou ter requerido à corporação que investigue o
caso não como transgressão disciplinar praticada pelo soldado --ele foi advertido por
não estar em "situação de alerta", uma vez armado e fardado, durante o ato --, mas
como crime de ódio do qual, sustenta, o policial foi vítima.
"Se ele estava com o coldre desabotoado, como chegaram a arguir, isso foi no máximo
uma falta leve. O fato é que ele ainda está recebendo ameaças contra a vida. Se antes
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eram por Facebook, agora ele recebe também pelo WhatsApp, e todas, de natureza
homofóbica, com ódio", explicou o advogado.
"Infelizmente não há ainda lei específica para punir homofobia, mas esperamos que a
diversidade seja respeitada pela PM, ainda mais que se fala de um homem que sempre
honrou a farda".
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2018/07/13/soldado-ameacadoapos-selinho-no-metro-de-sp-recebe-solidariedade-de-policiais-e-agentes-lgbt.htm
COMO A RIGIDEZ SOBRE DEMONSTRAÇÕES DE AFETO INFLUENCIA O TRABALHO DA
PM NAS RUAS?
Janaina Garcia e Luís Adorno, Uol, 13 de julho de 2018
A repercussão dos últimos dias sobre a divulgação das imagens do soldado Leandro
Prior - que foi filmado sem seu consentimento - dando um selinho em um amigo no
metrô de São Paulo revelou que o código disciplinar da Polícia Militar pode ver como
afronta "à moral e aos bons costumes" e ao decoro da atividade gestos que facilmente
poderiam soar, a qualquer civil, como simples afeto. O soldado passou a ser vítima de
ameaças por telefone e redes sociais. Para especialistas em segurança ouvidos pelo
UOL, entretanto, enrijecer relações pode afetar negativamente a qualidade do
trabalho dos policiais nas ruas e distanciá-los do cidadão.
O soldado Leandro Barcellos Prior, da PM de SP, foi filmado dando um 'selinho' em
outro rapaz no metrô e passou a receber ameaças de morte
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Segundo o corregedor-chefe da PM paulista, coronel Marcelino Fernandes, o órgão
puniu, desde 2001, quatro policiais - um deles, duas vezes - envolvidos em cinco atos
"ofensivos à moral e aos bons costumes". Fernandes classificou os casos como
"situações similares" às do soldado, ainda que, em todas elas, embora fardados, os
policiais (todos homens) se relacionassem com mulheres.
Em um dos casos, de julho de 2004, um soldado foi punido com quatro dias de
reclusão por ter trocado beijos e abraços "com uma ex-namorada" dentro de um
ônibus. Ele foi flagrado por um oficial, que também era passageiro. Em junho do ano
seguinte, outro soldado, fardado e de folga, também viajando de ônibus, foi
"surpreendido por um superior hierárquico" trocando "carícias (beijos e abraços)" com
uma mulher. Para a Corregedoria, essa "maneira inconveniente" de o PM se portar
acabou "ferindo a imagem da corporação" e gerou uma 'transgressão grave" a ele.
Em outro caso, um mesmo policial, também soldado, foi punido duas vezes: em 2004,
com cinco dias de reclusão, ao ser visto, fardado, aos beijos e abraços com uma "civil
branca". Em 2006, ele pegou um dia de reclusão por ter "cumprimentado com beijos
no rosto algumas policiais militares femininas", o que contrariou o disposto da
corporação que prevê que "não se admitem, em lugar sujeito a administração militar,
ou por parte do militar fardado, qualquer que seja o local, cumprimentos constituídos
de gestos de intimidade como beijos e carícias faciais".
O quinto e último caso elencado pela Corregedoria, e também o mais antigo,
registrado em 2001, é o de um soldado que foi visto fardado "aos beijos e abraços com
uma moça" em frente ao batalhão onde ele trabalhava. Como o policial não mudou a
atitude mesmo com o comandante à vista --"ofendendo, dessa forma, a moral e os
bons costumes" --, foi punido com quatro dias de reclusão.
"Enrijecer relações impede imagem humana da polícia"
Para especialistas em segurança ouvidos pelo UOL, tanto civis quanto militares, o rigor
do código de conduta da polícia sobre demonstrações de afeto a PMs fardados mais
prejudica que ajuda a fortalecer a imagem da corporação perante a comunidade.
"O que coloca em risco a imagem da corporação é proibir esse tipo de
comportamento. As relações humanas também são feitas das mais simples
demonstrações de afeto, e isso vale para qualquer pessoa –desde que consensual",
observou o tenente-coronel da reserva Adilson Paes de Souza. "Se o carinho é
consensual, é afeto, acolhimento, respeito –e tenho certeza que proibir isso significa
enrijecer as relações interpessoais e causar um distanciamento do policial com o meio
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em que ele vive, o que estimula, por consequência, uma frieza no trato com o outro",
avaliou.
Estudioso da defesa dos direitos humanos e crítico da violência policial, Souza ainda
ponderou que o estímulo a um policial de trato mais impessoal "pode ser perigoso".
"Porque as PMs no Brasil, em especial em São Paulo e no Rio, já possuem elevados
índices de letalidade e de violação de direitos humanos", assinalou. "Talvez esse rigor
excessivo seja a ponta de um iceberg que explique isso."
O tenente-coronel, hoje na reserva, relatou ele próprio já ter cumprimentado outros
oficiais, homens e mulheres, de forma mais próxima, com beijo no rosto ou abraço,
sem que tenha sido punido por isso. Por outro lado, Souza lembrou de um episódio
ocorrido na Academia do Barro Branco, onde os oficiais da PM-SP são formados, em
1983, durante a ditadura militar. Ali, relatou, um dos formandos casados pegou o filho
recém-nascido no colo.
"Um major que tinha a fama de ser muito rígido afirmou que 'militar não pode
carregar pacote'. Aquilo gerou um mal-estar enorme na academia, a ponto de outros
oficiais tentarem amenizar. O que me parece é que esse tipo de ditadura ainda não
acabou, não rompemos, ainda, com esse passado. É como se eu ouvisse os ecos de
1983 cada vez que eu ouço que um ato de afeto 'ofendeu a honra e os bons
costumes'", lamentou.
Em que medida um PM demonstrar afeto em público afetaria a rotina funcional dele?
"Na realidade, a função do policial é bastante estressante, com elevados índices de
suicídio. Enrijecer relações é evitar que esse quadro mude e também impedir que a
comunidade tenha uma imagem positiva e mais humana da polícia", respondeu o
oficial.
"Punição sempre recai sobre praças"
Diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno acredita
que a corporação deveria condenar ameaças como as sofridas pelo soldado em São
Paulo com a mesma veemência com que ataca manifestações públicas de afeto de
PMs fardados.
"A atitude deveria ser condenar as ameaças, e não como esse soldado se portou. De
alguma forma, é cultural o cidadão se espantar com um PM fardado demonstrando
afeto, mas o anacronismo está no código disciplinar da corporação dar margem a esse
tipo de crítica", afirmou.
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Na avaliação da especialista, "brutalizar" o PM pela proibição de demonstrações –
mesmo não exacerbadas – de afeto não tem o mesmo crivo disciplinar de quando um
policial "é flagrado espancando alguém, por exemplo".
"No fundo, esse tipo de castigo é usado por superiores que buscam desculpas para
punir seus membros, em geral, não oficiais. Não se trata de ser contra a militarização,
mas de entender que o código disciplinar existe em uma instituição de castas, o que é
muito nocivo e dá margem a esse tipo de situação –a punição sempre recai sobre os
praças", observou.
"O policial é a representação do estado de manutenção da ordem, logo, entende-se
que deva ser neutro, imparcial e sem demonstração de afeto. Mas e se esse soldado
[Prior] estivesse dando um 'selinho' em uma mulher? A questão é o fato de ele ser
homossexual, então, essa moralidade quase hipócrita é o que de fato está por trás em
um caso particular como esse", disse.
Corregedor diz que "preconceito é lamentável"
Leandro Prior foi alvo de uma série de ataques de natureza homofóbica depois que a
imagem do beijo dado em um amigo foi parar em grupos de WhatsApp de policiais. De
sugestões de linchamento a pedidos para que ele deixasse a corporação, o PM
precisou se licenciar e levou o caso, via Ouvidoria da PM, para investigação da
Corregedoria –onde ele é aguardado para depor na tarde desta sexta-feira (13).
Entre as ameaças, uma teria partido de um militar da Rota, segundo Prior. O militar
nega e diz que seu celular foi hackeado. O corregedor da Polícia informou que, caso a
apuração traga elementos suficientes, será instaurado um inquérito militar contra o
policial da Rota. Se a Corregedoria descobrir que Prior foi ameaçado e difamado por
um civil, o caso será enviado ao DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à
Pessoa).
Questionado sobre a homofobia relatada pelo soldado, o corregedor disse que isso
também está sendo apurado, uma vez que as ameaças teriam sido motivadas por sua
orientação sexual. "Ele [Prior] diz que recebeu mais apoio interno do que críticas,
inclusive do próprio comandante dele. A sociedade precisa melhorar a cabeça. A gente
está no século 21 discutindo essas coisas, como homofobia, racismo, PMfobia,
militarfobia. O preconceito é lamentável", disse o coronel Marcelino Fernandes.
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A reportagem indagou ao corregedor sobre os casos de natureza homofóbica levados
ao órgão, mas foi informada por ele que situações assim são classificadas como
"injúrias" e analisadas em um volume não informado de ocorrências.
Para o juiz do TJM-SP (Tribunal de Justiça Militar de São Paulo) Luiz Alberto Moro
Cavalcante, a censura à homofobia nesses crimes de injúria classificados pela PM "não
chega ao tribunal". No caso específico do soldado Prior, avaliou, a questão é
administrativa e, portanto, não compete ao Poder Judiciário.
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2018/07/13/como-a-rigidezsobre-demonstracoes-de-afeto-influencia-o-trabalho-da-pm-nas-ruas.htm
A FARDA DA ALMA
Programa Conexão Repórter, jornalista Roberto Cabrini, SBT, 09 de julho de 2018.
Com Leandro Prior, soldado da PM de SP
https://www.youtube.com/watch?v=MU-pORXkkjQ
https://www.youtube.com/watch?v=GeT0JZLGFTg
JOVEM DIZ QUE FOI AGREDIDO EM SANTOS (SP) PARA "PARAR DE SER VEADO"
Mirthyani Bezerra, Uol, 13 de julho de 2018
Era o último mergulho antes de procurar o bar mais próximo para ver a seleção
brasileira jogar nas quartas de final da Copa do Mundo. O estudante de publicidade
Lucas Acacio de Souza, 23, saiu do mar na praia no bairro José Menino, em Santos
(litoral paulista), pegou um cigarro e foi pedir um isqueiro a uns rapazes que estavam
na orla.
Lucas é gay e conta que depois de pedir o isqueiro foi agredido por pelo menos seis
homens porque eles não gostaram da forma como ele falava e gesticulava. O jovem,
que é do interior de São Paulo e mora na capital paulista, publicou um desabafo nas
redes sociais com uma foto de como o seu rosto ficou após a agressão.
À reportagem do UOL, disse que dois homens foram hostis quando ele se aproximou
pedindo o isqueiro emprestado e que zombaram da maneira que ele se expressava.
"Eu falei para a minha amiga o que tinha acontecido, ela não gostou e foi reclamar
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com eles. Eles chegaram a bater nela e eu fui defendê-la. Disseram para ela 'seu
namoradinho vai apanhar para parar de ser veado' e começaram a me bater", diz. Ele
conta que outros quatro homens se juntaram aos dois para agredi-lo.
Lucas contou ainda que ele e amiga, que mora com ele em São Paulo, chegaram a
Santos na noite anterior para celebrar o encerramento do semestre na PUC-SP
(Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), onde ambos estudam. "Estávamos na
praia, nadando, brincando. A gente estava feliz e eles se incomodaram com o meu
jeito. Tudo isso aconteceu minutos antes do jogo do Brasil, enquanto todo mundo
olhava para a televisão, eu estava apanhando", diz.
Na postagem, ele diz ter recebido chutes no estômago e na cabeça, socos na cara e
"muita crueldade e covardia" e que chegou a ficar inconsciente por causa dos golpes
que recebeu. "Lembro de levantar do chão, pegar minhas coisas e gritar para minha
amiga correr dali senão eu iria morrer", desabafou.
[A matéria traz link para postagem de Lucas no Facebook, que reproduzo aqui...]
Lucas Acacio está em Santos.
9 de julho às 17:09 ·
No que você está pensando,
Lucas ?
Estou pensando quantas vezes mais eu vou apanhar ou sofrer qualquer tipo de
agressão por uma escolha que não fiz. Antes do ultimo jogo do Brasil lembro de um
grupo de pessoas mexendo comigo, me zoando pelos meus trejeitos e voz. Depois
lembro de levantar do chão, pegar minhas coisas e gritar pra minha amiga correr dali
28
se não eu iria morrer. O grupo de homens aumentava e a única pessoa que se propôs a
nos ajudar foi um morador de rua, que chorando, pediu para entrarmos em qualquer
ônibus ali na orla em Santos e descer em qualquer lugar bem lá na frente.
Tenho dores em todo o meu corpo, sinto dificuldades nas mais simples atividades. Não
aconteceu o pior, só restaram hematomas e dores musculares para tratar e como
fiquei inconsciente não me lembro de nada enquanto estava sendo espancado, mas
foram chutes no estomago e na cabeça, socos na cara e muita crueldade e covardia de
6 homens.
Não ia postar nada, nem falei isso pra ninguém na intenção de apenas esquecer tudo e
aproveitar o resto das férias, mas acabei vendo um vídeo onde um pastor diz expulsar
um espirito homossexual da casa de uma mãe fiel e enquanto todos na time line
estavam rindo da situação, comecei a chorar. Chorar desesperadamente por saber que
essa mãe acredita que seu filho tem um espirito ruim que o torna homossexual. A
religião nos demoniza de uma forma bizarra e eu fico perplexo. Perplexo também por
saber que hoje temos informações postas em nossas mãos e as pessoas ignoram tudo
parar seguir dogmas que matam pessoas e deixam a sociedade doente. Esse é o
objetivo de seu Deus ?
Não foi a primeira agressão que sofri esse ano, quem dirá na vida, mas até quando ?
Até quando vão nos matar por sermos do jeito que somos ? Até quando vão ignorar o
problema ?
Em 2017, 445 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais foram mortos em
crimes motivados por homofobia, o número representa uma vítima a cada 19 horas
(fonte GGB).
Você ai que diz que respeita mas não aceita, que apoia Bolsonaro e seu discurso, que
assovia pra mulher na rua, que usa "viado" como xingamento pejorativo, que segue
Silas Malafaia, vocês QUE NÃO PARAM UM SEGUNDO PRA OUVIR E SER EMPÁTICO E
USAR A INTERNET PRA PESQUISAR UM ASSUNTO SÉRIO ANTES DE VIR COM UM
DISCURSO SEM BASE e vocês que não moveram a bunda da cadeira pra ajudar um
jovem sendo espancado por 6 caras enquanto sua amiga não podia fazer nada. TODOS
VOCÊS são culpados por todas essas mortes e por cada cicatriz que ficará no meu
corpo.
PAREM DE NOS MATAR!
[ https://www.facebook.com/lucas.acacio.902/posts/892478154271878 ]
29
Segundo ele, a única pessoa que o auxiliou foi um morador de rua que presenciou toda
a ação. "A única pessoa que se propôs a nos ajudar foi um morador de rua, que
chorando, pediu para entrarmos em qualquer ônibus ali na orla em Santos e descer em
qualquer lugar bem lá na frente", conta.
Lucas diz que, após descer do ônibus, ele e a amiga foram para o hotel onde estavam
hospedados e que prestou queixa sobre o fato na terça-feira (10), primeiro dia útil
após o feriado. Ele diz ter prestado queixa na Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e
Delitos de Intolerância) e que fez exame de corpo de delito ontem no IML (Instituto
Médico Legal).
Em nota, a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) afirmou
que "o caso foi registrado na Decradi onde a vítima e testemunha foram ouvidas. Foi
solicitado exame de corpo de delito e tanto os depoimentos como os laudos serão
encaminhados para Santos, que prosseguirá com as investigações".
A reitoria da universidade onde Lucas estuda, a PUC-SP, cobrou das autoridades, por
meio de nota, que tomem providências sobre a agressão. No texto, a instituição
informa que "lamenta profundamente o episódio de violência sofrido pelo estudante",
repudia toda e qualquer forma de discriminação e se solidariza com o membro da
comunidade universitária.
Lucas disse que pretendia não postar sobre o que aconteceu, mas que o fez para dar
visibilidade ao problema. "Não foi a primeira agressão que sofri esse ano, que dirá na
vida. Mas até quando? Até quando vão nos matar por sermos do jeito que somos? Até
quando vão ignorar o problema?", questiona.
O estudante disse que está com medo de sair à noite porque os seus agressores ainda
não foram identificados. "Eu não tenho medo de continuar me expressando do jeito
que sou, mas tenho medo de sair à noite. Um rapaz trombou em mim ontem e eu já
fiquei ansioso, porque não lembro o rosto de quem me agrediu", contou.
Em 2017, a ONG Grupo Gay da Bahia identificou que 445 assassinatos de lésbicas,
gays, bissexuais, travestis e transexuais foram motivados por homofobia, ou seja, uma
morte a cada 19 horas. O número foi o maior já registrado pela entidade baiana desde
que ela passou a fazer o monitoramento, há 38 anos. Em 2016, haviam sido registradas
343 casos.
Dados obtidos com exclusividade pelo UOL em maio mostraram um crescimento de
127% entre 2016 e 2017 das denúncias sobre homicídios praticados contra essa
30
parcela da população feitas ao Disque 100, administrado pelo MDH (Ministério dos
Direitos Humanos).
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2018/07/13/jovem-diz-que-foiagredido-em-santos-sp-para-parar-de-ser-veado.htm
MINISTRO FAZ PRESSÃO POR CARGOS E ABRE GUERRA NO PALÁCIO DO PLANALTO.
NOVO TITULAR DA SECRETARIA-GERAL DA PRESIDÊNCIA, PASTOR RONALDO FONSECA
ARTICULA NOMEAÇÕES
Marina Dias, Folha/Uol, 11 de julho de 2018
No dia 20 de junho, a advogada Eveline Martins Brito foi exonerada do cargo
de ouvidora da Presidência da República para dar lugar à teóloga Ivana
Araújo Carvalho Gomes, ex-assessora parlamentar e sócia da JB Radiadores,
empresa que presta serviços como regulagem de motor e troca de óleo.
A nomeação foi ato unilateral do novo ministro da Secretaria-Geral, o
deputado licenciado e pastor da Assembleia de Deus Ronaldo Fonseca, que
tem demonstrado apetite para nomear funcionários de seu antigo gabinete na
Câmara — muitos ligados à igreja— para postos estratégicos no Planalto.
Desde que tomou posse como ministro, em maio, Fonseca pressiona para
emplacar pelo menos seis nomes na cúpula da Secretaria de Programa de
Parcerias de Investimentos, a PPI, dois na Secom (Secretaria de
Comunicação Social) e cinco na SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos),
além da Secretaria de Controle Interno.
Os pedidos de Fonseca causaram mal-estar no comando dos órgãos, todos
vinculados à Secretaria-Geral, que tentam resistir às demandas sob
argumento de que os indicados pelo ministro não têm as qualificações
necessárias para ocupar áreas técnicas.
No caso de Ivana, por exemplo, o currículo elenca, além da graduação em
teologia, seu trabalho como assessora parlamentar de Fonseca na Câmara e
cursos de computação, etiqueta pessoal e consultoria de imagem.
Inquirida sobre sua experiência como ouvidora, Ivana disse à Folha que no
curso preparatório para concursos públicos em que trabalhou por nove anos
havia “uma ouvidoria para ouvir as manifestações dos alunos”.
31
O secretário especial da PPI, Adalberto Santos Vasconcelos, colocou seu
cargo à disposição ao saber que teria que entregar 6 dos 33 postos disponíveis
aos apadrinhados do novo ministro.
Alegou que a pasta, com expectativa de gerar cerca de R$ 22 bilhões em
receita com concessões este ano, seria desmantelada com as trocas — Fonseca
pediu para indicar os cargos mais importantes da PPI, como o de secretário-adjunto,
além de outros secretários e diretores.
A exemplo do chefe, os demais servidores da PPI também ameaçaram se
demitir caso o novo ministro emplacasse seus apadrinhados. A reação deu
certo e, por ora, nenhuma nomeação foi feita.
Já na Secom, Fonseca conseguiu indicar titulares de dois cargos e, na SAE,
faturou dois dos cinco que havia pedido inicialmente.
As duas secretarias atendem diretamente ao presidente Temer e tentaram
evitar as nomeações, justificando que os cargos estavam preenchidos por
pessoas com requisitos não contemplados pelos novos ocupantes.
A expectativa do ministro, que disse aos secretários ter “compromissos
sociais a cumprir” com as nomeações, era emplacar aliados em cargos de
direção, com salários entre R$ 13 mil e R$ 16 mil.
Até agora, porém, foram cedidos postos de coordenação, chefia e assessoria,
com vencimentos de R$ 9,9 mil.
De acordo com assessores, Temer ouviu reclamações e pediu que Fonseca
fosse repreendido, assim como seu secretário-executivo, Pablo Tatim, pastor
da Assembleia de Deus que tem intermediado os desejos do ministro.
Desde então, Fonseca tem tido problemas para remanejar servidores, e o
andamento de projetos que dependem de seu aval administrativo tem sido
dificultado. A retaliação tem causado lentidão no funcionamento da estrutura
presidencial, de acordo com integrantes do Planalto.
Fonseca chegou para substituir Moreira Franco, deslocado para Minas e
Energia em maio. Sua posse foi articulada para aproximar o governo da
bancada evangélica.
32
OUTRO LADO
Fonseca afirmou em nota que, desde que tomou posse, “realizou nomeações
estritamente dentro da lei e no uso regular das suas prerrogativas
institucionais”. “Apenas 8 cargos de chefia e 15 de assessoria”, completou.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/07/ministro-faz-pressao-por-cargos-eabre-guerra-no-palacio-do-planalto.shtml
MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO VAI INVESTIGAR ENCONTRO DE CRIVELLA COM
PASTORES
Constança Rezende, Estadão reproduzido pelo Uol, 06 de julho de 2018
O Ministério Público do Rio vai investigar o evento promovido pelo prefeito do Rio,
Marcelo Crivella (PRB), no Palácio da Cidade, sede da Prefeitura, em que ofereceu
facilidades a pastores e líderes de igrejas. No evento, divulgado pelo jornal O
Globo, Crivella ofereceu auxílio em cirurgias de cataratas e varizes para fiéis e
assistência a pastores que tivessem problemas de IPTU em seus templos. Além
disso, exaltou o pré-candidato a deputado federal pelo PRB, Rubens Teixeira.
O MP informou que a coordenação das promotorias de Justiça da Cidadania vai
analisar se houve "inobservância da laicidade do Estado", conferindo tratamento
privilegiado aos fiéis de um determinado segmento religioso - o que é proibido pela
Constituição e pode, em tese, configurar improbidade administrativa. As falas de
Crivella também serão analisadas pela Coordenação de Saúde do MP, para a
fiscalização da política de regulação do Sistema Único de Saúde (SUS).
Entenda o caso
O prefeito (PRB) promoveu um encontro reservado no Palácio da Cidade, sede da
Prefeitura, na última quarta-feira, 4, com pastores e líderes religiosos. Segundo O
Globo, os organizadores chegaram a pedir que os participantes não registrassem o
encontro. Além disso, solicitaram reivindicações por escrito, relações de suas
igrejas e número de fiéis.
Crivella, que é bispo licenciado da Igreja Universal, discursou por mais de uma hora
e exaltou o pré-candidato a deputado federal pelo PRB, Rubens Teixeira. A
33
reportagem divulgou áudios do encontro. Em um deles, Crivella diz que, se "os
irmãos" tivessem alguém na igreja com problema de catarata era só procurar um de
seus assessores.
"É só conversar com a Márcia que ela vai anotar, vai encaminhar e, daqui a uma
semana ou duas, eles estão operando", disse o prefeito no áudio gravado pelo
jornal. O prefeito também ofereceu ajuda a pastores com problema no pagamento
do IPTU.
"Igreja não pode pagar IPTU, nem em caso de salão alugado. Mas, se você não
falar com o doutor Milton, esse processo pode demorar e demorar. Nós temos que
aproveitar que Deus nos deu a oportunidade de estar na Prefeitura para esses
processos andarem. Temos que dar um fim nisso", disse.
Em nota, a Prefeitura do Rio disse que a reunião citada "teve como objetivo prestar
contas e divulgar serviços importantes para a sociedade, entre eles o mutirão de
cirurgias de catarata e o programa sem varizes". "Desde o início de sua gestão, o
prefeito Marcelo Crivella já recebeu os mais diversos representantes da sociedade
civil, para tratar dos mais variados assuntos, tanto em seu gabinete quanto no
Palácio da Cidade", informou a prefeitura, por meio de nota.
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2018/07/06/ministeriopublico-do-rio-vai-investigar-encontro-de-crivella-com-pastores.htm
IMPEACHMENT DE CRIVELLA SERIA DURO GOLPE NO PROJETO DE PODER DA
UNIVERSAL
Leonardo Sakamoto, Blog do Sakamoto/Uol, 12 de julho de 2018
A Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro deve decidir, nesta quinta (12), se abre
processo de impeachment do prefeito Marcelo Crivella (PRB).
Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, ele está sendo acusado de
oferecer vantagens a lideranças religiosas em reunião no Palácio da Cidade na última
quarta (4). Prometeu ajuda, por exemplo, para encaminhar fieis a cirurgias (ou seja,
em tese, furar a fila) e agilizar a isenção da cobrança de IPTU de templos. ''Nós temos
que aproveitar que Deus nos deu a oportunidade de estar na Prefeitura para esses
processos andarem'', disse o prefeito, segundo registro do jornal O Globo.
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Crivella pode professar o credo que quiser. Mas a partir do momento em que se senta
na cadeira de prefeito, deve governar para todos, sem preferências, conforme a
Constituição Federal. Que em seu artigo 37o afirma que a administração pública
''obedecerá os princípios da legalidade, moralidade, publicidade, eficiência e da
impessoalidade''. Entenda-se por este último que é proibido privilegiar grupos
específicos.
Se governos caem ao privilegiar empresas, por que o tratamento seria diferente com
igrejas?
O principal pecado do prefeito não é fazer um governo guiado pela fé. Mas não
governar para todos, frustrando a fé nele depositada pelo restante da população.
Em fevereiro deste ano, um temporal atingiu o Rio de Janeiro, deixando mortos por
deslizamentos de terra, ruas alagadas, casas destruídas, árvores caídas, vias
interditadas, caos no transporte público e problemas no fornecimento de energia
elétrica. Enquanto residências pobres das zonas Norte e Oeste afundavam na lama,
Crivella estava na Europa a fim de visitar a Agência Espacial Europeia, entre outras
instituições na Alemanha, Áustria e Suécia. O prefeito fugiu do Carnaval e do
Sambódromo e a cidade ficou sem seu administrador.
Do conforto de hotéis que provavelmente não sofrem assaltos (o Rio também passou
por uma crise na segurança pública no mesmo período), nem correm o risco de
inundação, Crivella mandou um recadinho solidário à população via redes sociais no
apogeu do caos: ''Caros amigos, estou acompanhando a situação. O alerta de crise
para a chuva intensa foi dada [sic] e a defesa civil foi colocada em prontidão para atuar
prontamente em caso de acidentes graves''.
O flagra da semana passada não foi a única vez em que Crivella privilegiou sua base
religiosa em detrimento ao restante da população, tanto que o Ministério Público
entrou com uma ação de improbidade contra ele, citando outros atos a serem
investigados. Como eventos de igrejas em escolas públicas e um censo religioso na
Guarda Civil. O pior é que ao colocar um credo à frente dos demais, o prefeito acaba
por empoderar pessoas que cometem atos de violência contra outras, como aqueles
que vitimizam adeptos de religiões de matriz africana.
Durante os últimos anos, um naco ultraconservador dos congressistas religiosos
formou uma espécie de bancada fundamentalista, crescente e barulhenta, bloqueando
projetos de leis que efetivam direitos relacionados à saúde da mulher, educação e
questões de gênero – sem contar as tentativa de retrocesso nos direitos já vigentes.
35
Mas, se por um lado, há políticos fundamentalistas cristãos que vociferam contra a
dignidade humana, há outros que atuam na defesa dos direitos das minorias, mesmo
nos casos em que há conflito com as interpretações hegemônicas de sua própria
religião. É importante fazer essa ressalva neste momento de polarização extrema e
débil, em que pessoas são julgadas politicamente por sua fé.
Como já disse acima, a questão não é a fé. Mas a fé usada como instrumento de um
projeto político.
O sábio de barba (neste caso, Jesus de Nazaré, não Karl Marx) disse, em Mateus 22:21:
''Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus''. E não: ''César é Deus e Deus é
César''.
O afastamento de Crivella seria um duro golpe no neopentecostalismo televisivo, que
deu um salto, com sua vitória à Prefeitura em 2016, para a implementação de um
projeto de poder mais amplo e de longo prazo, visando ao comando do país.
Mas talvez isso seja um sinal de que o Rio não tenha que morrer para poder ressuscitar
em uma nova vida.
https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2018/07/12/impeachment-de-crivellaseria-duro-golpe-no-projeto-de-poder-da-universal/
IMPEACHMENT NO RIO: CÂMARA REJEITA PROCESSO CONTRA MARCELO CRIVELLA –
ENTENDA
André Shalders, BBC Brasil, 12 de julho de 2018
A Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro rejeitou, nesta quinta-feira, a abertura de
um processo de impeachment contra o prefeito Marcello Crivella, por 29 votos a 16.
A discussão sobre o possível impedimento do prefeito eleito em 2016 começou depois
de uma reportagem da semana passada do jornal O Globo, na qual Marcelo Crivella
(PRB) foi gravado oferecendo ajuda a líderes religiosos evangélicos para conseguir
cirurgias de catarata e varizes para seus fiéis, entre outras facilidades.
Na terça-feira, vereadores contrários a Crivella conseguiram as 17 assinaturas
necessárias para convocar a sessão e iniciar o debate sobre o possível impeachment.
Durante a sessão desta quinta-feira, houve tumulto nos arredores da Câmara entre
grupos que defendiam o impeachment e apoiadores do Crivella. No plenário, faixas
36
carregadas por apoiadores do impeachment no plenário faziam alusão às falas do
prefeito, ironizando a recomendação de "falar com a Márcia", uma de suas assessoras,
para resolver as questões.
Em nota, a prefeitura do Rio havia dito na véspera da sessão que recebia "com
tranquilidade" as notícias sobre a possível análise de pedidos de impeachment.
"O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, entende que protocolar pedido de impeachment
faz parte do jogo político da oposição. Mas tem certeza [de] que tanto a Câmara de
Vereadores quanto o Ministério Público vão saber separar o que é realidade do que é
manipulação nesse caso", diz o texto.
A BBC traz abaixo um guia com três perguntas para entender o que aconteceu no Rio
de Janeiro nos últimos dias.
O que motivou os pedidos de impeachment? Quantos são?
Foram registrados na Câmara de Vereadores do Rio dois pedidos de impeachment
contra o prefeito, formulados pelo Psol e pelo vereador Átila Nunes (MDB). Além disso,
o Sindicato dos Servidores Públicos do Rio (Sisep) apresentou um terceiro pedido de
impeachment à Justiça.
Os pedidos foram motivados por uma reportagem publicada na última sexta-feira pelo
jornal O Globo. A reportagem flagrou o prefeito numa reunião fora de sua agenda
oficial, oferecendo ajuda a pastores e líderes de igrejas evangélicas para regularizar a
isenção de IPTU em seus templos e para fazer cirurgias de catarata e remoção de
varizes em fiéis - a fala do prefeito foi gravada de modo furtivo e publicada pelo jornal,
além de reproduzida no texto dos repórteres Bruno Abbud e Berenice Seara.
Em outro âmbito, o Ministério Público local também recebeu representações contra o
prefeito, e abriu investigações.
"Se os irmãos tiverem alguém na igreja com problema de catarata, se os irmãos
conhecerem alguém, por favor falem com a Márcia. É só conversar com a Márcia que
ela vai anotar, vai encaminhar, e daqui a uma semana ou duas eles estão operando",
disse Crivella.
Crivella, que é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), promete
ainda resolver pendências tributárias das igrejas.
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"Igreja não pode pagar IPTU, nem em caso de salão alugado. Mas se você não falar
com o doutor Milton (assessor), esse processo (de isenção) pode demorar e demorar.
Nós temos que aproveitar que Deus nos deu a oportunidade de estar na Prefeitura
para esses processos andarem", diz ele.
"Contem conosco, este palácio está aberto a vocês. Qualquer coisa, nossa equipe está
aqui. Se as igrejas estiverem bem, crescendo, quantas tragédias não vamos evitar?",
diz o prefeito.
Além disso, Crivella estava acompanhado de ao menos um pré-candidato de seu
partido, o PRB, à Câmara dos Deputados.
De quais crimes o prefeito foi acusado?
Para os adversários de Crivella, a reportagem mostrou que o prefeito rompeu com os
princípios da imparcialidade e legalidade da administração pública, além da laicidade
(separação entre governo e religião) e do crime de improbidade administrativa. No
pedido assinado pelo deputado estadual Marcelo Freixo (Psol) e pela presidente do
Psol do Rio, Isabel Lessa, o prefeito é acusado de "praticar ato incompatível com a
dignidade e o decoro do cargo".
Ao comparecer ao evento acompanhado de um pré-candidato de seu partido, Crivella
teria se usado da estrutura da prefeitura para favorecer o próprio grupo político,
sustentam os opositores.
"Marcelo Crivella se utilizou indevidamente de bens e serviços da Prefeitura, em
proveito próprio e alheio e, deste modo, procedeu de modo incompatível com a
dignidade e o decoro do cargo, o que deve resultar na cassação do mandato do
Prefeito", diz um trecho do pedido de impeachment de Freixo, que foi derrotado por
Crivella no 2º turno das eleições de 2016.
"(O prefeito) não pode oferecer vantagens pessoais para os 'irmãos da igreja'
operarem, nem para os 'pastores com problemas de IPTU', muito menos mudança de
ponto de ônibus para porta da igreja. Marcelo Crivella violou o princípio do estado
laico e da probidade na Administração", diz outro trecho.
Já Crivella argumenta que a reunião com os pastores foi apenas uma dentre várias do
tipo realizadas por ele, com vários públicos. Não haveria, portanto, favorecimento.
Crivella "já recebeu os mais diversos representantes da sociedade civil, para tratar dos
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mais variados assuntos, tanto em seu gabinete quanto no Palácio da Cidade", disse a
prefeitura, em nota.
Como é a base de Crivella no Legislativo?
Dos 19 partidos com representantes na Câmara de Vereadores, só dois fazem oposição
aberta a Crivella: o PT (2 representantes) e o PSOL (6 cadeiras). E o prefeito do PRB
tem se saído vitorioso até em votações de temas polêmicos e impopulares: em junho,
aprovou um projeto que taxa as aposentadorias dos ex-servidores da Prefeitura.
Foram 28 votos favoráveis e 20 contrários, o que sugere que este seja o tamanho atual
da oposição a Crivella dentro da Câmara.
À BBC News Brasil, o vereador e ex-prefeito do Rio, Cesar Maia, ponderou, na véspera
da sessão desta quinta-feira, que "numa votação dessas, com a opinião pública
(atenta), é difícil prever (o resultado) extrapolando votações anteriores".
A principal preocupação de Crivella nos últimos dias foi o MDB. O partido tem a maior
bancada, com 9 representantes, e está rachado: abriga tanto o líder da situação, Dr.
Jairinho, quanto o autor de um dos pedidos de impeachment, o vereador Átila Nunes.
O MDB é também o partido do presidente da Casa, Jorge Felippe.
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-44787595
CRIVELLA ESCAPA DE IMPEACHMENT, MAS CONTINUA ALVO DE INVESTIGAÇÃO
João Soares, Deutsche Welle, 13 de julho de 2018
Câmara do Rio nega abrir processo de afastamento contra prefeito, acusado de
privilegiar evangélicos em seu governo. Político ainda terá que responder ao Tribunal
de Contas e ao Ministério Público.
A Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro rejeitou nesta quinta-feira (12/07), por 29
votos a 16, a abertura de um processo de impeachment contra o prefeito Marcelo
Crivella (PRB). A votação foi realizada em sessão extraordinária na Casa, que teve seu
recesso interrompido.
As duas representações contra Crivella, feitas pelo vereador Átila Alexandre Nunes
(MDB) e pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol), tinham como fato motivador uma
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reunião secreta realizada pelo prefeito com 250 pastores e líderes de igrejas
evangélicas revelada pelo jornal O Globo.
No encontro, consta que ele colocou seus assessores à disposição dos líderes religiosos
para que tivessem acesso privilegiado a serviços públicos. Crivella sugeriu a
possibilidade de mudar o local de pontos de ônibus para mais perto das igrejas e
posições melhores em filas de cirurgias na rede pública.
"Nós estamos fazendo o mutirão da catarata. Contratei 15 mil cirurgias até o final do
ano. Então, se os irmãos tiverem alguém na igreja com problema de catarata, se os
irmãos conhecerem alguém, por favor falem com a Márcia [assessora]. É só conversar
com a Márcia que ela vai anotar, vai encaminhar, e daqui a uma semana ou duas eles
estão operando", disse o prefeito na reunião.
"Vamos aproveitar esse tempo que nós estamos na prefeitura para arrumar nossas
igrejas. Se vocês quiserem fazer eventos no parque Madureira, está aqui o nosso líder,
que é o doutor Valmir. Se vocês tiverem problema, tem o Manassés, o nosso
companheiro, que cuida das pessoas com problema de vícios em drogas", acrescentou.
O vereador Tarcísio Motta, líder do Psol na Câmara do Rio, defendeu a abertura de
análise do impedimento de Crivella na Casa por entender que o prefeito cometeu
crime de responsabilidade e improbidade administrativa.
"Pouco importa se naquela reunião estavam evangélicos ou sindicalistas. Ao oferecer
vantagens aos presentes, ele fere o princípio mais básico do nosso Estado de Direito,
que é a igualdade entre todos os cidadãos. Nenhum cidadão, por ser aliado do
prefeito, pode ter vantagens sobre os demais", afirmou.
O vereador Otoni de Paula (PSC), da base de Crivella, celebrou a decisão da Câmara
como a derrota do "golpe". Em sua visão, é falso o argumento de que o prefeito
governa para seu grupo religioso.
"Isso é história de quem perdeu na urna. Tenho muitas críticas ao Crivella, mas não
posso aceitar sacanagem. Vamos passar impeachment produzido por repórter da
Globo, por fitinha gravada?", contestou. "Eu era a favor de uma CPI. Agora, os que não
passaram o impeachment querem uma CPI".
Crivella continua alvo de investigação
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Apesar de ter obtido vitória na Câmara Municipal, Crivella terá sua força política
testada nos próximos meses. Já foram coletadas 16 assinaturas para a abertura da "CPI
da Márcia", em referência à assessora citada na gravação.
Também nesta quinta-feira, o Tribunal de Contas do Município (TCM) determinou que
o prefeito terá 30 dias para apresentar novas informações sobre o déficit de 1,6 bilhão
de reais nas contas do ano passado.
O relatório do conselheiro Nestor Rocha observou que o prefeito não adotou as
medidas necessárias para equilibrar o orçamento anual. Com isso, há indícios de que
pode ter havido desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal.
Além disso, o Ministério Público Estadual abriu ação de improbidade contra o prefeito
na última quarta-feira. Investigações conduzidas pelo órgão desde agosto do ano
passado apontam que ele vem utilizando a máquina pública do município para atender
a integrantes de igrejas evangélicas.
Fora a reunião com pastores no Palácio da Cidade, a promotoria do MP menciona a
realização de eventos da igreja dentro de escolas públicas, o corte de patrocínio de
eventos religiosos de matrizes afro-brasileiras e o uso gratuito da Cidade das Artes, um
pavilhão cultural, para o Festival de Cinema Cristão.
Interesse eleitoral
O cientista político Ricardo Ismael, da PUC-Rio, sustenta que as denúncias contra o
prefeito merecem investigação, mas avalia que a oposição aproveitou a
impopularidade do prefeito para capitalizar politicamente a situação.
"A oposição quis marcar posição, ainda mais com o apoio de parte da mídia. Mesmo
que o impeachment não tenha sido aprovado, esse movimento ajuda a cristalizar uma
imagem negativa do prefeito. O cálculo político do Psol já mira a eleição municipal de
2020 e as eleições estaduais deste ano", analisou.
O vereador Tarcísio Motta nega que o movimento pelo impeachment tenha motivação
eleitoral. "Não procede, porque o impeachment também favoreceria Eduardo Paes,
nosso rival na disputa pelo governo estadual neste ano. Estamos endossando o
trabalho de fiscalização que fazemos diariamente."
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Motta afirmou que os parlamentares do Psol poderão solicitar um novo pedido de
impeachment se forem confirmados crimes de responsabilidade no parecer final do
TCM.
https://www.dw.com/pt-br/crivella-escapa-de-impeachment-mas-continua-alvo-deinvestiga%C3%A7%C3%A3o/a-44655268
https://p.dw.com/p/31MsG
SALVO NO RIO, CRIVELLA VOTOU POR AFASTAMENTO DE DILMA POR "GRAVE CRISE
ECONÔMICA"
Gustavo Maia, Uol, 13 de julho de 2018
Salvo nesta quinta-feira (12) pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro de enfrentar um
processo de impeachment, o prefeito Marcelo Crivella (PRB) votou pelo afastamento
da presidente Dilma Rousseff (PT) quando era senador, há pouco mais de dois anos,
com base em "indícios de crimes de responsabilidade" e de "uma grave crise
econômica, política e social".
"Se, de um lado, não resta sombra de dúvida de que a presidenta é honesta e tem
relevantes serviços prestados à nação, também não resta dúvida de que há indícios de
crimes de responsabilidade cometidos em sua gestão e de uma grave crise econômica,
política e social, em tese, advinda dela", declarou Crivella, na sessão do dia 11 de maio
de 2016.
Na ocasião, ele fez questão de frisar o "pesar" em votar a favor da abertura do
processo para investigar supostas irregularidades praticadas na gestão da petista,
apoiada pelo senador nas eleições de 2014, quando ele concorreu ao governo do
Estado. Ele, inclusive, foi ministro da Pesca e Aquicultura entre 2012 e 2014. Seu
partido, o PRB, integrou a base durante o primeiro e parte do segundo mandato de
Dilma.
Vencedor das eleições municipais de 2016, o ex-senador disse ter enfrentado no seu
primeiro ano de gestão "a pior crise econômica e fiscal do Estado e da cidade do Rio de
Janeiro", em artigo publicado no jornal "Folha de S.Paulo" em fevereiro passado.
Com pouco mais de um ano e meio de mandato, Crivella foi alvo de pedidos de
impeachment por conta de uma reunião realizada por ele com um grupo de
evangélicos no Palácio da Cidade, na semana passada, quando o prefeito ofereceu
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facilidades a pastores e líderes de igrejas. A Câmara rejeitou a admissibilidade por 26
votos contra a 19 favoráveis.
Diante do resultado, o prefeito afirmou em seu perfil no Facebook que os
requerimentos não tinham base jurídica. "Eu quero agradecer a Deus, quero agradecer
também aos vereadores da base que com muita firmeza rejeitaram o pedido que não
tinha nenhuma base jurídica, não tinha nenhuma razão", disse, em um vídeo.
Diferentemente do que acontece com um presidente da República no âmbito do
Senado, o prefeito não seria imediatamente afastado caso a Câmara decidisse abrir um
processo de impeachment contra ele.
Pedidos de impeachment
A reunião foi revelada pelo jornal "O Globo" no último dia 5. No dia anterior, Crivella
disse ao grupo de evangélicos presentes no encontro, intitulado "Café da Comunhão",
que procurassem uma funcionária do gabinete do prefeito a fim de agilizar o
agendamento de cirurgias de catarata e varizes na rede pública. Na ocasião, ele
também ofereceu ajuda para resolver problemas relacionados à cobrança do IPTU nos
templos.
Crivella, que é bispo licenciado da Igreja Universal, nega ter cometido qualquer
irregularidade e diz ser vítima de perseguição religiosa.
Dois pedidos de impeachment chegaram à Mesa Diretora, sendo um por iniciativa da
bancada do PSOL, que encabeça a oposição, e outro pelas mãos do vereador Átila
Alexandre Nunes (MDB) --um terceiro foi enviado por servidores ao TJ-RJ (Tribunal de
Justiça do Rio de Janeiro).
Os requerentes alegavam que houve descumprimento decreto-lei federal de 1967, que
"dispõe sobre as responsabilidades de prefeitos e vereadores". Crivella teria procedido
"de modo incompatível com a dignidade e o decoro do cargo" ao oferecer privilégios a
determinado grupo de pessoas.
Os pedidos de impeachment também argumentaram que Crivella teria cometido
crimes de improbidade administrativa e propaganda eleitoral antecipada. Na ocasião
do encontro com os evangélicos, o prefeito discursou por mais de uma hora ao lado do
colega de partido Rubens Teixeira, pré-candidato a deputado federal pelo PRB. A
Procuradoria Regional Eleitoral do RJ apura se houve, de fato, alguma irregularidade.
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Como Crivella votou no afastamento de Dilma
Durante o discurso em que proferiu seu voto, disse que não queria ou desejava, mas
cumpria "um duro dever, diante dos fatos, a que me impõe o povo brasileiro,
sobretudo a minha gente sofrida e valente, o povo fluminense".
O então senador apontou ainda os "riscos do voluntarismo compulsivo dos governos,
sobretudo em ano eleitoral, que consiste no exorbitante aumento do gasto público".
"... ainda que em projetos sociais de inegável relevância, sobretudo num país de
persistente e oprobriosa [desonrosa] desigualdade como o nosso, mas que, à frente,
cobram altíssimo preço à estabilidade econômica da Nação", declarou.
Crivella destacou que seu voto não era de condenação ou de afastamento definitivo, o
que só ocorreu no fim de agosto daquele ano. Na ocasião, ele havia se licenciado para
disputar a Prefeitura do Rio e fora substituído pelo suplente, o senador Eduardo Lopes
(PRB-RJ).
Depois de citar "palavras imortais" do padre jesuíta Antônio Vieira (1608-1697),
Crivella concluiu sua manifestação dizendo que, se o processo contra Dilma deve
buscar a Justiça, "peço a Deus que sejamos justos e não justiceiros".
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2018/07/13/salvo-no-rio-crivellavotou-por-afastamento-de-dilma-por-grave-crise-economica.htm
SEM “MÁRCIA” DE CRIVELLA, PACIENTE DO RIO FICA 8 MESES NA FILA POR CONSULTA.
PREFEITO FOI GRAVADO OFERECENDO AJUDA DE ASSESSORA PARA AGENDAMENTOS
DE FIÉIS
Júlia Barbon e Lucas Vettorazzo, Folha/Uol, 17 de julho de 2018
Enquanto o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), promete a fiéis cirurgias de
catarata em “uma ou duas semanas” caso procurem sua assessora Márcia, outros
pacientes na cidade aguardam bem mais: oito meses só para a primeira consulta.
A estimativa média, de 239 dias de espera, é da própria prefeitura, que tem como
meta até 2020 realizar 75% das consultas e exames em 90 dias. A demora é ainda mais
longa quando se trata de consultas oftalmológicas pediátricas ou para glaucoma
(aumento da pressão ocular) —449 dias e 463 dias, respectivamente.
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A fila da saúde era uma das principais bandeiras de campanha de Crivella em 2016 e
está no centro de uma polêmica que quase levou o prefeito à berlinda na última
semana, quando vereadores de oposição se organizaram para votar um processo de
impeachment. Ele foi barrado na quinta (12) por falta de votos.
A articulação começou após o vazamento de áudios do prefeito durante uma reunião a
portas fechadas com 250 pastores e líderes evangélicos. No evento, Crivella ofereceu
ajuda para encaminhar fiéis a cirurgias de catarata, tratamentos de varizes e
vasectomias, além de outros benefícios.
“É só conversar com a Márcia que ela vai anotar, vai encaminhar, e daqui a uma
semana ou duas eles estão operando”, disse o bispo licenciado em diálogo divulgado
pelo jornal O Globo.
A fala gerou críticas da oposição e levantou a suspeita de que o prefeito estaria
favorecendo um grupo religioso em detrimento da população —o que pode configurar
improbidade administrativa. Na rede pública da cidade, há relatos de pessoas que
aguardam a cirurgia de catarata, considerada simples, há dois anos.
A Folha conversou com uma paciente que espera pelo procedimento desde 2016 e
uma agente comunitária da
favela da Maré que tenta marcar desde janeiro um exame simples para mudar o grau
dos seus óculos, sem sucesso. Ambas pediram para não terem seus nomes divulgados
por medo de serem prejudicadas na fila.
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Apesar dos esforços da gestão Crivella com medidas como o mutirão da catarata —que
contratou 2.571 cirurgias desde abril e pretende zerar a demanda na cidade— e o
Corujão Carioca —que faz cirurgias à noite e nos fins de semana, replicando o
programa do ex-prefeito de São Paulo João Doria (PSDB)—, o problema continua
distante do fim.
Um total de 193 mil pessoas estava na fila para conseguir agendamento de consultas,
exames e cirurgias eletivas em julho de 2017, segundo uma auditoria do TCM (Tribunal
de Contas do Município) divulgada nesta semana.
O clínico geral Igor Saffier, que pesquisou a fila em uma unidade de saúde em 2017,
critica a estratégia de mutirões da atual gestão. “São ações válidas para tentar
desafogar a fila, mas não vão resolver. É preciso investir na estrutura da saúde básica”,
diz.
A forma como o Sisreg (Sistema de Regulação) é gerido também está entre as
principais críticas a Crivella.
O sistema é usado por profissionais da saúde para marcar todos os procedimentos
para a população que busca atendimento nas redes municipal, estadual e federal na
cidade.
A recente auditoria do TCM, porém, concluiu que dados do Sisreg não batem com os
atendimentos efetivamente realizados, ou seja, parte deles é feita sem registro no
sistema —o que pode indicar má gestão ou desrespeito à fila.
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Motivados pelo relatório e pelas falas polêmicas de Crivella, vereadores querem agora
abrir duas CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) para apurar possíveis fraudes.
Tanto o Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio) quanto a Defensoria Pública
do estado criticam a falta de transparência da gestão com relação à fila e dizem não ter
acesso ao sistema. Segundo a defensora pública Raphaela Jahara, o acesso era
franqueado no governo passado.
O médico Moisés Vieira Nunes, presidente da Amfac-RJ (Associação de Medicina de
Família e Comunidade do RJ), reconhece que a complexidade da rede é grande, mas
que alguns problemas no Sisreg contribuem para as longas esperas. “Muitas vagas de
hospitais estaduais e federais não entram no sistema.”
Além das falhas, existe ainda uma espécie de “fila da fila”, segundo relataram dois
servidores da saúde municipal. Na cirurgia de catarata, por exemplo, que é feita na
rede privada, quando o paciente consegue marcar uma consulta e é encaminhado ao
local, enfrenta uma nova fila.
O presidente do Cremerj, Nelson Nahon, ressalta que a falência do governo do estado
e a redução de repasses a hospitais federais em 2017 aumentaram ainda mais a
demanda nas unidades municipais, que também enfrentam enxugamento de recursos.
Somente em 2017, primeiro ano da gestão Crivella, houve corte de R$ 543 milhões
(10%), nos repasses para Saúde.
A piora do quadro gera um efeito em cadeia. Segundo estudo do Cremerj, 46% dos
pacientes que chegam aos hospitais para tratamento de câncer já estão em estágio
avançado. “Quem trata é o governo federal, mas quem faz o diagnóstico é a atenção
básica do município. Se atrasa no diagnóstico, atrasa também no tratamento”, diz
Nahon.
MUTIRÃO CHAMOU 65% DA FILA DE CATARATA ATÉ AGORA, DIZ PREFEITURA
A gestão Marcelo Crivella afirma que chamou, em pouco mais de dois meses, 65% dos
pacientes que aguardam na fila de cirurgia de catarata para realizar sua primeira
consulta. Foram 8.525 pessoas convocadas de 16 de abril —início do mutirão— até 29
de junho.
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Um quarto delas, porém, faltou ao atendimento. No total, a ação já realizou 2.571
operações, o equivalente a 20% da fila da catarata até março, de cerca de 13 mil
pacientes.
A respeito de pessoas que dizem esperar há mais de dois anos por uma cirurgia, a
prefeitura reitera que é preciso avaliar caso a caso e pede que os usuários procurem
uma unidade de atenção primária para que seu cadastro e situação clínica sejam
atualizados.
Também lembra que, em 2016, mais de 90 mil solicitações de serviços foram
devolvidas pela central de regulação, órgão que avalia se os pedidos são apropriados
ou não.
Sobre as suspeitas de fraude no sistema que regula a espera, a Secretaria Municipal de
Saúde rebate que não há indícios de que as filas não estejam sendo respeitadas.
A gestão Crivella diz ainda que não procede a informação de falta de investimento em
atenção básica, uma vez que sete novas clínicas da família foram inauguradas.
Cita, enfim, a “difícil situação deixada” pela gestão anterior, de Eduardo Paes (DEM),
afirmando que herdou um custo anual de R$ 422 milhões sem recursos para cobri-lo.
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/07/sem-marcia-de-crivella-pacientedo-rio-fica-8-meses-na-fila-por-consulta.shtml
MESMO APÓS ANOS DE DENÚNCIAS, VATICANO VIVE SEM DIRETRIZ PARA COMBATER
ABUSOS SEXUAIS
Nicole Winfield, Associated Press reproduzida pelo Uol, 03 de junho de 2018
O papa Francisco tomou medidas para enfrentar um crescente escândalo de abuso
sexual no Chile, mas não abordou um problema mais próximo de sua casa: a própria
Cidade do Vaticano não tem diretrizes para proteger crianças de padres pedófilos ou
exigir que suspeitos de abuso sejam denunciados à polícia.
Sete anos depois de o Vaticano ordenar que todas as Conferências Episcopais do
mundo desenvolvessem diretrizes escritas para evitar abusos, cuidar das vítimas, punir
os infratores e manter os pedófilos fora do sacerdócio, a sede da Igreja Católica não
tem essa política.
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A lacuna na tolerância zero do pontífice em relação ao abuso é surpreendente, dado
que a Santa Sé disse à ONU (Organização das Nações Unidas), há cinco anos, que
estava desenvolvendo um "programa de ambiente seguro" para crianças dentro da
Cidade do Vaticano.
Perguntado sobre as diretrizes prometidas de proteção à criança, o secretário-geral da
administração do Estado da Cidade do Vaticano, monsenhor Fernando Vergez, disse à
Associated Press que não poderia responder "já que o estudo e a verificação do
projeto ainda estão em andamento".
Sim, o papa Francisco atualizou em 2013 o código legal da Cidade do Vaticano para
criminalizar a violência sexual contra crianças e, no mês passado, o tribunal do
Vaticano condenou um ex-diplomata por posse e distribuição de pornografia infantil.
E pode-se argumentar que, além da nova lei, uma diretriz por escrito e um programa
de ambiente seguro são desnecessários em uma cidade onde apenas um punhado de
crianças vive em período integral.
Mas milhares de crianças passam pelos muros do Vaticano todos os dias, visitando os
museus, participando de audiências e missas papais e visitando a praça de São Pedro e
a basílica.
Autoridades da Cidade do Vaticano não precisariam procurar muito por ajuda na
elaboração de políticas desse tipo. A Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores
do papa, seu conselho consultivo de abuso sexual escolhido a dedo, tem um modelo
para essas diretrizes em seu site no Vaticano.
A ausência de uma diretriz clara tornou-se evidente no final do ano passado, após
revelações de que um seminarista adolescente no seminário juvenil do Vaticano havia,
em 2012, acusado um dos garotos mais velhos de molestar sexualmente seu colega de
quarto.
Não houve consequências. A polícia do Vaticano, que tem jurisdição sobre o território,
não foi chamada para investigar. Uma série de bispos --incluindo o cardeal Angelo
Comastri, vigário de Roma em Roma e arcipreste da Basílica de São Pedro-- disseram
que investigaram, mas ninguém jamais entrevistou a suposta vítima.
O estudante que apresentou a queixa, Kamil Jarzembowski, foi prontamente expulso
do seminário enquanto o seminarista acusado foi ordenado sacerdote no ano passado.
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A Associated Press descobriu que a vítima desde então apresentou uma queixa formal
ao tribunal criminal do Vaticano e as autoridades da igreja italiana lançaram uma
investigação canônica sobre o recém-ordenado sacerdote.
Mas isso só ocorreu depois que os jornalistas italianos Gaetano Pecoraro e Gianluigi
Nuzzi expuseram o escândalo no ano passado, levando o Vaticano a reabrir a
investigação. Em seus relatos, a história de Jarzembowski --incluindo todas as cartas
que ele enviou às autoridades da igreja, autoridades do Vaticano e o papa ao longo dos
anos-- veio à tona.
"Naqueles anos, quando eu estava enviando cartas, nunca houve qualquer resposta",
disse Jarzembowski à AP. "Eu estava realmente sofrendo, porque o silêncio pode ser
uma arma real que te machuca quando você sofre. Você faz uma denúncia e ninguém
vai lidar com isso."
Oficiais da igreja haviam descontado a queixa de Jarzembowski, alegando que ele só
veio a público com isso porque estava rancoroso por ter sido expulso do seminário.
Jarzembowski é realmente rancoroso --o estudante polonês teve de se esforçar para
encontrar um lugar para morar e uma nova escola para seu último ano do ensino
médio.
O seminário em questão, a poucos passos do hotel no Vaticano onde o papa Francisco
mora, serve como residência para cerca de uma dúzia de garotos de 12 a 18 anos e são
coroinhas nas missas papais.
Jarzembowski disse que seu colega de quarto foi molestado pelo seminarista mais
velho quando ambos eram menores, mas que o abuso sexual continuou depois que o
seminarista mais velho completou 18 anos.
O status da investigação não é claro. Ligações e emails para a Diocese de Como, que é
responsável pelo seminário e está conduzindo a investigação canônica, não foram
respondidos. O porta-voz do Vaticano recusou vários pedidos de comentários.
Mas a falta de uma investigação completa sobre as reclamações originais de
Jarzembowski expôs como a ausência de uma diretriz de tratamento de denúncias de
abuso pode ter repercussões.
"Se a Santa Sé não pode ser incomodada para proteger o punhado de crianças em seu
próprio quintal, como pode proteger os milhões de crianças em seus cuidados em todo
o mundo?", perguntou Anne Barrett Doyle, do banco de dados de pesquisa online
BishopAccountability.org. "É uma medida pequena, mas reveladora, da desconexão da
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Igreja Católica quando se trata de seu problema de abuso. Faz promessas que
abandona ou esquece quando a atenção do mundo se desvanece."
As promessas foram feitas há cinco anos, quando o Vaticano compareceu ao Comitê
dos Direitos da Criança da ONU para defender seus esforços para combater o
escândalo global de abuso sexual.
A Santa Sé argumentou que a convenção dos direitos da criança da ONU era de
natureza "territorial" e que a Santa Sé não poderia ser responsável por implementá-la
fora dos confins da Cidade do Vaticano. Dentro da cidade, no entanto, disse à ONU que
estava tomando medidas extensas para proteger as crianças.
Não surpreendentemente, o comitê da ONU rejeitou o argumento da Igreja e pediu
que a Santa Sé não apenas cumpra com a proteção das crianças dentro do território do
Vaticano, mas globalmente.
"Não concordamos com o estreito entendimento da implementação, confinada ao
Estado da Cidade do Vaticano", disse Kirsten Sandberg, que era presidente da
comissão da ONU na época.
O Vaticano deveria informar ao comitê em setembro passado sobre o progresso feito
desde sua apresentação de 2013. Sandberg disse que os países estão atrasados nos
prazos --a Santa Sé estava 14 anos atrasada quando finalmente apresentou suas
respostas em 2013.
Ela disse que esperava que a Santa Sé, em seu próximo relatório, seguisse uma
recomendação básica para exigir cooperação com a polícia, em vez de manter as
investigações exclusivamente internamente. "Eles devem deixar os casos para as
autoridades judiciais", disse ela.
Tradutor: Thiago Varella
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2018/07/03/cidade-dovaticano-nao-tem-diretriz-para-combater-abuso-sexual-de-padres-em-seuterritorio.htm
A HORA DO PAPA FRANCISCO TRANSFORMAÇÃO EMPREENDIDA PELO PONTÍFICE,
RUMO AOS SEUS 82 ANOS, SE ENCONTRA EM UM MOMENTO DECISIVO QUE
DETERMINARÁ O SUCESSO DE SEU PAPADO E A HERANÇA QUE DEIXA
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Daniel Verdú, El País, 07 de julho de 2018
Há algumas semanas, o papa Francisco terminou uma de suas missas matinais em
Santa Marta e, ao sair, trocou duas palavras com um conselheiro próximo. A pergunta
era corriqueira. A resposta foi sincera.
—Tudo bem, Santidade?
—Muita pressão—, respondeu Jorge Mario Bergoglio.
O pontificado do papa Francisco atravessa uma fase decisiva. Após intensos cinco anos
e meio, algumas de suas grandes reformas encalharam ou se encontram decolando. A
transformação econômica, a estratégia de comunicação do Vaticano, a luta contra os
abusos e a transformação da cúria deram resultados díspares. A euforia inicial
diminuiu, e também parte do eco midiático. Logo será preciso renovar o impulso
reformista com nomeações de cargos relevantes ainda vazios na Secretaria de Estado,
no Conselho de Assessores (C9) e em postos estratégicos da área econômica. Em junho
teve prosseguimento a acelerada configuração de um colégio cardinalício cada vez
mais ao seu gosto, onde os cardeais nomeados por ele já superam o restante. Mas as
vozes críticas não param. São setores conservadores. Poucos e muito localizados,
principalmente na área norte-americana, dizem fontes de seu entorno. “Lá a direita
está organizada e tem dinheiro”, afirma um veterano cardeal. São vozes persistentes,
agressivas e, de acordo com algumas das fontes consultadas, já pensam no substituto
de Francisco.
Às vezes dá a sensação de que o Papa possui mais apoio fora da Igreja do que dentro
A ala radical chega com força. Considera que Bergoglio, de 81 anos, não agiu até agora
como cabe a um Pontífice. O jornal conservador Il Tempo publicou em sua primeira
capa na semana passada com grande destaque e entusiasmo tipográfico: “Habemus
Papa”. Uma ironia surgida de um discurso em que o atual chefe da Igreja Católica
comparou o aborto por razões médicas (malformações, doenças...), com as práticas
nazistas para conservação da pureza da raça. No mesmo sermão, frisou também que
uma família é formada somente por um homem e uma mulher, algo que tranquilizou o
grupo mais exaltado da Igreja. Como se um Papa pudesse dizer o contrário. “É o chefe
da Igreja Católica, não de uma organização progressista. É aberto em questões sociais,
mas doutrinalmente é tão conservador ou mais do que Bento XVI. Quem pensa que ele
pode aprovar o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo está muito
52
enganado. Essa, evidentemente, não será sua herança”, diz um membro da cúria que
trabalha com ele.
Francisco absorve a pressão e não costuma transmiti-la. Mas sempre que tem
oportunidade de pronunciar um discurso à cúria (e já foram cinco) se queixa dos
boatos, da falta de lealdade. Da “desequilibrada e degenerada lógica das intrigas e dos
pequenos grupos”, pronunciado nesse Natal no tradicional discurso a seus
funcionários. Nos últimos meses foi até mesmo acusado de herege. “Essas críticas
mexem com ele. Nunca tivemos na Igreja uma revolta tão forte dos conservadores
contra o Papa. Essa frente tradicionalmente é aliada do Pontífice e o que acontece com
Francisco é insólito. É difícil entender que passem de adorar Bento XVI a comportar-se
assim com Francisco”, diz um conselheiro. A corrente reacionária é liderada pelo
cardeal Raymond Burke, e espera que esse pontificado passe à história como algo
irrelevante. Mas será nos próximos tempos que ficará clara a dimensão de seu legado,
dentro e também fora da Igreja.
A missão política dos últimos Papas variou. O polonês Karol Woytila foi o Pontífice que
ajudou a derrubar o muro entre o Leste e o Oeste. E o atual —o primeiro em 13
séculos que não vem da Europa— procura derrubar a barreira invisível entre o Sul e o
Norte. Tenta fazer isso com a defesa das migrações —ponderada ultimamente quando
afirma que só devem chegar os que podem ser recebidos— em atos como a missa em
São Pedro de sexta-feira para comemorar o quinto aniversário da viagem a
Lampedusa; a ecologia, a qual dedicou uma encíclica e a pobreza. Pode ser vista em
todos os seus gestos e nas nomeações da cúpula eclesial. Um dos últimos cardeais, por
exemplo, é Konrad Krajewski, chefe do escritório de esmolas. Um homem afastado da
arrogância principesca que costumava outorgar o anel e o chapéu vermelho e que
conhece de cor o nome de todas as pessoas sem teto que vivem ao redor do Vaticano
e da estação de Termini. Tudo isso será sem dúvida parte da marca de Francisco,
importante também no mundo laico, onde o impacto social de sua obra é mais
apreciado. Porque às vezes dá a sensação de que possui mais apoio fora da Igreja do
que dentro, onde quem espera maiores reformas se impacienta e as lutas de poder
enlamearam áreas cruciais como a econômica.
A corrente reacionária é liderada pelo cardeal Raymond Burke, e espera que esse
pontificado passe à história como algo irrelevante
As finanças e o céu sempre tiveram problemas. Mas após anos de caos, o Vaticano
homologou suas regras e controles às dos outros países. “O Moneyval *o órgão
europeu que lida com a lavagem de dinheiro+ certifica tal mudança”, dizem fontes da
53
Santa Sé especialistas na área. O Banco do Vaticano (IOR), que gere por volta de 5,7
bilhões de euros (26 bilhões de reais), fechou mais de 5.000 contas suspeitas desde
2013. O déficit foi reduzido e existem novos órgãos de inspeção. Os banqueiros agora
expiam seus pecados nos tribunais e não enforcados. Prova disso é o julgamento por
lavagem de dinheiro e desvio de verbas do ex-presidente do IOR, Angelo Caloia,
realizado nessa semana. Mas auditores gerais foram demitidos em condições
estranhas (espionagem, denúncias de coação e insinuações de corrupção), e cada vez
que alguém é contratado para colocar ordem, acaba tosquiado. O chefe de tudo isso
era o cardeal australiano George Pell. Uma espécie de superministro das finanças que
está há um ano em seu país à espera de julgamento por encobrimento de abusos a
menores. Ninguém o substituiu.
Francisco decidiu confiar em Pell apesar das suspeitas que o acompanhavam desde
Ballarat, sua pequena cidade natal, onde ocorreram centenas de abusos sexuais
enquanto ele era padre. Muitos opinam que sua ausência do Vaticano nesse ano foi
boa. “Existia uma guerra entre ele e o cardeal Calcagno *ex-presidente do órgão
responsável pelo importante patrimônio da Santa Sé: 3.724 unidades imobiliárias no
valor de 2,7 bilhões de euros – 12 bilhões de reais –]. Muitos homens lutando por seus
territórios, por cada centímetro de poder e influência...”, diz um assessor. O que
ninguém compreende é porque um substituto não foi nomeado. “Não é uma boa
mensagem”, afirma a pessoa, cética diante da possibilidade de que Pell tenha
apresentado sua renúncia ao Papa, apesar de sua negativa a fazê-lo comprometer
gravemente a linha de tolerância zero com os abusos, algo crucial ao pontificado.
A viagem ao Chile em janeiro, uma peregrinação supostamente tranquila, se
transformou em uma embaraçosa tempestade. Uma jornalista perguntou ao Papa
sobre os casos de abusos a menores de um padre chileno e o encobrimento do caso
por parte do bispo Juan Barros. “Não deveriam tê-lo exposto a essa situação”, diz um
funcionário do Vaticano. Francisco escutou a pergunta e respondeu irritado que eram
“calúnias” e que não existiam provas. Ele decidiu. “É seu estilo. Acompanha algumas
coisas muito de perto. E se perguntam, responde. Mas tem muita popularidade”,
afirma um importante membro da cúria. Pouco depois, assumiu o erro, pediu
desculpas, iniciou uma grande investigação e realizou uma enorme mudança de
atitude que acabou com um convite às vítimas ofendidas no Chile para ir a Santa
Marta, e uma histórica limpeza entre os bispos chilenos, que apresentaram sua
renúncia em peso. Aquilo foi um ponto de inflexão.
Em sua chegada, Francisco anunciou que continuaria com a política de tolerância zero
com os abusos sexuais iniciada por Bento XVI. Criou uma comissão pontifícia para
prevenir esses casos. Mas as duas vítimas incluídas no novo órgão de prevenção
abandonaram a comissão intempestivamente e denunciaram o bloqueio sistemático
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de suas propostas. Especialmente vindo da Congregação para a Doutrina da Fé dirigida
à época pela cardeal Gerhard Müller, como afirmou Marie Collins, grande especialista
no assunto e ex-membro da comissão do Vaticano. O cardeal alemão não continuou no
cargo. “O Papa demonstrou boa disposição em assuntos concretos, mas não
ocorreram mudanças estruturais determinantes que possam se manter depois dele.
Quando chegar outro Pontífice, com outra atitude, poderá ocorrer um retrocesso.
Essas mudanças estruturais seriam a única coisa que garantiria a segurança das
crianças no futuro. Ele agiu bem no Chile, mas isso deveria se estender a toda a Igreja e
que não fique restrito a casos isolados”, diz Collins pelo telefone.
Após anos de caos financeiro, o Vaticano homologou suas regras e controles às dos
outros países
Uma vez perguntaram a João XXIII quantas pessoas trabalhavam no Vaticano. Ao que o
Pontífice respondeu ironicamente: “Mais ou menos, a metade...”. A realidade é que
são por volta de 4.800. Uma pesada estrutura que precisava de uma transformação.
Ocorreram nomeações de mulheres, reduziu-se o número de dicastérios (ministérios
do Vaticano), a estrutura é mais horizontal. E além do fato de se esperar uma nova
Constituição Apostólica da cúria e a certificação de um histórico desgelo das relações
diplomáticas com a China (que, segundo fontes conhecedoras do assunto, pode
ocorrer em 2019) há concordância de que Francisco realizou uma reforma das formas.
“É 100% jesuíta. Entende o Pontificado como uma missão, como se fosse sua diocese”,
dizem fontes do Vaticano. E ocorreram mudanças tangíveis empreendidas por
Francisco difíceis de se desfazer, como a mudança da residência do Papa a Santa
Marta, um movimento para se afastar da clausura autoreferencial do Palácio
Apostólico. Um gesto que tem seu reflexo também no empenho pela abertura
ecumênica a outras religiões. Mas o que acontecer no próximo conclave determinará
se outras mudanças são definitivas.
Na quinta-feira 28 de junho, Francisco criou 14 novos cardeais: 11 têm menos de 80
anos e terão voz e voto para escolher o próximo Pontífice. Os cardeais eleitores
nomeados por ele (59) já são maioria em relação aos que restam de João Paulo II (19) e
de Bento XVI (47). Mesmo que o avanço no controle do colégio não garanta nada
(Bento XVI era um dos únicos cardeais que não foram criados por João Paulo II quando
o substituiu), agora o órgão de decisão —com 125 cardeais, 5 a mais do que o limite de
orientação fixado por Paulo V— tem uma composição mais heterogênea e periférica.
Existem cardeais de cinco continentes e 83 países e uma grande parte praticamente
não se conhece entre si. Alguns, como o japonês Thomas Aquinas Manyo, nem mesmo
falam um idioma, além do latim, que lhes permita se relacionar com seus colegas
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quando chegar o momento de entrar na Capela Sistina, escrever um nome em um
pedaço de papel e prendê-lo em uma corda.
As dinâmicas e a influência dentro do conclave estarão mais fragmentadas de agora
em diante. Os possíveis lobbies e pressões se diluirão com a multiplicidade de
nacionalidades e sensibilidades. Nos corredores do Vaticano sempre existem apostas e
muitos se empenham em fazer com o Papa volte a ser italiano. Mas as últimas
nomeações não apontam nessa direção. “É possível que o próximo Papa seja
novamente americano ou de língua espanhola”, diz um veterano de alto escalão, de
modo que representaria 40% dos católicos. É mencionado até mesmo um espanhol: o
cardeal Juan José Omella. “Ele trabalhou muito bem é o homem de confiança do Papa
na Espanha, uma igreja que aprecia e entende”, afirma a fonte.
A Espanha é o único país que contribuiu com um cardeal em cada um dos cinco
Consistórios realizados por Francisco (dois no último: Luis Ladaria, prefeito da
importante Congregação para a Doutrina da Fé, e o claretiano Aquilino Bocos). Mas
para a realização de um conclave, a sede de Pedro deveria ficar vaga. Francisco deu a
entender que seguirá os passos de Bento XVI – que renunciou em 11 de fevereiro de
2013 em meio a uma tempestade de escândalos – e se afastará quando não se sentir
com forças. “Os anos não passam em vão. E tem uma saúde que não é de ferro. Mas é
firme, metódico, trabalhador, se levanta cedo e muito renovado”, frisou o cardeal
Bocos ao EL PAÍS um dia antes de sua nomeação. Uma renúncia a curto prazo não
parece provável, dizem os especialistas. Entre outras coisas, porque se criaria a
situação mais estranha da história da Igreja: três papas convivendo a poucos metros. E
com dois já foi um desafio.
O papa Francisco cumprimenta seu predecessor, Bento XVI, no dia 28 de junho.
VATICAN MEDIA HANDOUT EFE
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No dia em que foi realizado o consistório, correu o mundo a foto da visita de Francisco
a seu predecessor para que benzesse os novos cardeais. “O Papa falso beija o anel do
real”, publicou um site. A realidade é que a convivência entre ambos, um fato insólito
que poderia ser incômodo, foi excepcional. Por isso o Papa Francisco, diz um
interlocutor, ficou tão irritado em março quando o prefeito da Secretaria de
Comunicação, monsenhor Dario Viganò, publicou uma carta privada enviada a
Bergoglio por Ratzinger. Na carta defendia Francisco das críticas por uma suposta falta
de preparação teológica, mas foi escondido um pequeno puxão de orelhas. O
escândalo foi enorme e Viganò acabou retirado do cargo em plena reforma da área de
comunicação do Vaticano. A mudança na estratégia de comunicação foi apresentada
com pompas com gigantescos painéis publicitários na Pizza Navona com a foto do
Papa: a melhor marca da Igreja Católica atualmente.
Francisco foi a reação audaz e fulgurante da Igreja ao descomunal desprestígio que
atravessou
Francisco foi a reação audaz e fulgurante da Igreja ao descomunal desprestígio que ela
atravessou. Aos ventos de mudança que sopravam no mundo. A Divina Providência
entendeu o que estava em jogo. Tudo deveria ser novo. O primeiro Papa jesuíta, o
primeiro americano, também o que inaugurou o uso desse nome e o primeiro que
conviveu com outro homem que teve o mesmo cargo. A Igreja após Francisco? Um
cardeal que participará do próximo conclave explica dessa maneira: “Há mudanças,
uma nova atmosfera, a cúria está mais aberta. Mas não está claro o que acontecerá
com um novo Papa. A questão está nas pessoas e na mentalidade. Também vimos
gritos, discussões, decepções. Devemos esperar, pensar a longo prazo”. Uma medida
capaz somente de estabelecer um pontificado.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/06/internacional/1530891730_410753.html
GOVERNO ULTRACONSERVADOR POLONÊS FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO
FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA DIREITOS DAS MULHERES E SUBVENÇÕES.
ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO EXECUTIVO ÀS ENTIDADES QUE LUTAM
PELA IGUALDADE
María R. Sahuquillo, El País, 10 de julho de 2018
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Manifestação contra o endurecimento da lei do aborto na Polônia, na segunda-feira
passada, em Varsóvia. CZAREK SOKOLOWSKI AP
Faz um ano e meio que o histórico Centro para os Direitos das Mulheres da Polônia
perdeu as subvenções do Estado. Depois de revisar o financiamento público das ONGs,
o Governo ultraconservador do partido Lei e Justiça (PiS)considerou que os programas
da entidade eram discriminatórios. Alegou que a organização e outro punhado de
entidades similares discriminavam os homens porque só atendiam mulheres, a maioria
sobreviventes de violência de gênero.
O paradoxo faz Marta Lempart se contorcer de desgosto. “É mais um capítulo da
perseguição do PiS aos direitos das mulheres”, afirma a conhecida ativista feminista.
Desde sua chegada ao poder em 2015, o Executivo nacionalista polonês empreende o
cerceamento das liberdades civis e direitos sociais, medida que golpeou com mais
força as mulheres. O Governo reduziu os projetos de promoção do trabalho feminino,
segundo a análise das organizações sociais. Também desde setembro enxugou os
programas de atendimento e educação especial para menores incapacitados, o que
obrigará muitas mulheres a ficar em casa para cuidar dos filhos. Não é por acaso que a
ministra do Trabalho, Elżbieta Rafalska, costuma referir-se às mulheres como um
“capital do cuidado”.
E prosseguindo com o esquema adotado para o centro de mulheres, o PiS limitou as
campanhas públicas contra os maus-tratos e as instituições disponíveis para
acolhimento, e introduziu uma taxa para os casos de divórcio, o que é um grande
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obstáculo para as vítimas da violência de gênero, segundo as especialistas na questão.
“E com frequência algum membro do Governo fala em retirar a Polônia do Convênio
de Istambul”, critica a engenheira e ativista feminista Anna Prus. O convênio do
Conselho da Europa para a eliminação da violência contra a mulher transformou-se em
um de seus alvos favoritos.
Grupos de mulheres se manifestam contra as políticas restritivas do Governo em
direitos reprodutivos, em 2 de julho, em Varsóvia. AP
Todos esses elementos não fazem senão aguçar a chaga da violência machista na
Polônia, onde são registradas cerca de 67.000 denúncias desse tipo por ano. Cerca de
quatro milhões de mulheres polonesas com mais de 15 anos sofreram violência física
ou sexual alguma vez na vida, de acordo com os dados compilados pelo instituto
Europeu de Igualdade de Gênero (EIGE). “O Governo polonês não parece estar do lado
das mulheres”, alerta Agnieszka Bielecka, pesquisadora da Anistia Internacional
especializada em questões de gênero. “Além do mais, embora o PiS e outros grupos
ultraconservadores e ultracatólicos sejam mais agressivos, a Polônia tem um problema
descomunal de machismo também nos partidos de centro e de esquerda”, acrescenta
a escritora feminista Krystyna Romanowska.
59
O Governo afirma o contrário, que não existe tal ataque. Vários membros do Governo
do primeiro-ministro Mateusz Morawiecki garantiram que as mulheres polonesas são
tratadas “com muito mais respeito” que em outros países da União Europeia. Nada
mais longe da realidade, segundo Lempart, iniciadora da Greve das Mulheres na
Polônia, que teve repercussão internacional. “E não só pelas políticas. As rádios e
televisões públicas e estações religiosas, como a Rádio Maryja, muito próxima ao PiS,
emitem constantemente discursos de ódio contra mulheres e propaganda contra as
organizações feministas. No domingo de Páscoa, por exemplo, seu sermão dizia que as
feministas são terroristas e assassinas”, observa.
Uma de suas investidas mais duras foi contra os direitos reprodutivos: os programas de
educação sexual foram eliminados das escolas e substituídos por conteúdos de apoio à
família. Foi limitado o acesso a métodos contraceptivos e houve um corte do
financiamento público à reprodução assistida. Além disso, com o apoio do PiS o
Parlamento polonês debate atualmente um projeto de lei que endurece a já
draconiana lei do aborto no país, uma das mais restritivas da UE. É o terceiro projeto
nessa mesma linha em três anos.
“Os direitos das mulheres polonesas estão sob constante ataque e isto se deve
fundamentalmente à conexão entre o Governo populista e a Igreja Católica, com a
qual tem uma dívida por seu apoio nas eleições”, critica Lempart. “E estão pagando
essa dívida com os corpos e as liberdades civis das mulheres”, acrescenta.
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Manifestação da ‘segunda-feira negra’ em Varsóvia, em outubro de 2016. REUTERS
O primeiro projeto, que propunha um veto total ao aborto, levou mais de 150.000
mulheres às ruas em 104 cidades de todo o país. Magdalena Ulanowaska tem na sala
de sua casa de Varsóvia uma enorme fotografia desse dia: a “segunda-feira negra”,
uma jornada histórica que deu a volta ao mundo. Era a primeira vez que essa arquiteta
de 25 anos participava de uma manifestação. Fez isso com dezenas de milhares de
mulheres de preto clamando pela liberdade de decidir sobre a maternidade perante
um Governo que pretendia abolir por completo a interrupção voluntária da gravidez.
No gigante do Leste, mais de 40% de seus quase 40 milhões de habitantes se define
como católico. O aborto é um tema controverso que divide a sociedade há décadas.
Mas os protestos da “segunda-feira negra” contaram com mulheres que, como
Ulanowska, jamais se haviam mobilizado e nunca se haviam pronunciado sobre a
interrupção da gravidez, e também com eleitoras do PiS. A crítica internacional ao
projeto de lei foi quase unânime. Temeroso dos efeitos colaterais, e com uma atitude
que não se repetiu depois com outras de suas polêmicas reformas, o Parlamento
polonês —no qual o Lei e Justiça tem maioria absoluta—acabou rejeitando o projeto.
Mas a mobilização atingiu um nervo. “E em um movimento de ação e reação, o
Executivo ultraconservador do PiS intensificou sua campanha contra os movimentos
feministas. Aumentou a repressão nas manifestações, os ataques públicos contra as
ativistas e também as represálias a quem participa dos grupos. Somos identificadas em
passeatas pacíficas, impõem multas, houve até pessoas demitidas de seu trabalho
vinculado à Administração pública por participarem dos protestos. Nós os assustamos,
por isso estão criando um clima político para nos reprimir”, afirma Prus, uma das
organizadoras da Greve de Mulheres.
No final do ano passado, apenas alguns dias depois de uma passeata multitudinária
para comemorar a “segunda-feira negra”, a polícia revistou os escritórios do Centro de
Direitos das Mulheres e da associação Baba em Varsóvia, Gdansk, Lodz e Zieolona
Gora. Promotores da Justiça ordenaram um processo de auditoria econômica contra
essas entidades. Os agentes levaram vários computadores e milhares de documentos
de seus escritórios, incluindo os arquivos confidenciais de centenas de mulheres que
ali recebiam apoio e assessoria. Uma investida que as organizações veem como mais
uma manobra de perseguição para assustá-las e fazer com que deixem de participar de
atividades como as manifestações contra o endurecimento da lei do aborto.
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Mas as mulheres não desistem. Desde os inéditos protestos da “segunda-feira negra”
as redes de mulheres, que antes eram escassas e pouco organizadas na Polônia,
cresceram e se reorganizaram, analisa a filósofa feminista Ewa Majewska. Até mesmo
em pequenas cidades polonesas onde antes isso era impensável. Protesto que
alimentou outros, como o dos movimentos ambientalistas. “Somos o único movimento
que conseguiu impedir uma política do PiS. Ganhamos e continuaremos lutando”,
conclui a arquiteta Ulanowska.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/09/internacional/1531142513_966674.html
AFASTADA, PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA.
APOIADA POR ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E
COMPARECEU A SEU GABINETE
Folha/Uol reproduz Agence France Presse, 04 de julho de 2018
Afastada do cargo por uma nova lei que reduziu a idade da aposentadoria compulsória,
a presidente da Suprema Corte da Polônia, Malgorzata Gersdorf, compareceu nesta
quarta (4) a seu gabinete, ampliando assim o confronto entre ela e o governo.
Gersdorf e outros 26 juízes seriam obrigados a deixar os cargos depois que idade de
aposentadoria foi reduzida de 70 para 65 anos, uma das medidas da reforma aprovada
pelo partido governista, o nacionalista Lei e Justiça (PiS na sigla em polonês).
Ela, porém, já tinha anunciado que não pretendia aceitar a nova regra e que iria
comparecer normalmente a seu gabinete nesta quarta, quando a mudança começou a
valer. A legislação também é criticada pela União Europeia.
"Eu não me meto em política. Quero defender o Estado de Direito e apontar o limite
entre a Constituição e a violação da Constituição", disse Gersdorf aos manifestantes
reunidos diante da sede da Suprema Corte. "Espero que a ordem legal seja
restabelecida na Polônia", completou.
A magistrada foi aplaudida pelos manifestantes que a acompanhavam e que gritaram
palavras de ordem como "Constituição", ou "Tribunais livres".
A situação da Suprema Corte é confusa: o presidente Andrzej Duda informou na terçafeira (3) a Gersdorf que ela estava aposentada por completar 65 anos e seria
substituída temporariamente por outro juiz da Corte, Jozef Iwulski.
62
Mas Gersdorf anunciou que ela indicava o mesmo juiz apenas como um substituto
durante sua ausência, na prática demonstrando que pretende seguir no cargo.
O jornal local Dziennik Gazeta Prawna resumiu a situação: "Uma Suprema Corte com
dois presidentes"
O conflito entre a maioria dos juízes da Suprema Corte e o Poder Executivo é mais um
capítulo na polêmica entre Varsóvia e Bruxelas sobre as reformas judiciais realizadas
pelo governo. A oposição diz que as mudanças nas regras são um ataque à separação
dos poderes e beneficiam a sigla no poder.
O projeto é criticado pela Comissão Europeia, que iniciou na segunda-feira (2) um novo
procedimento de infração contra a Polônia para "proteger a independência da
Suprema Corte". Esta é a primeira etapa de um processo que pode chegar à Corte de
Justiça da UE e que prevê eventuais sanções financeiras ao país.
O assunto foi tema ainda de um debate no Parlamento Europeu nesta quarta. O
primeiro-ministro da Polônia defendeu na casa o direito de seu país de "construir seu
sistema judicial de acordo com suas próprias tradições".
"Unidade na diversidade. Este lema da nossa UE não é um slogan vazio", declarou
Mateusz Morawiecki diante dos eurodeputados em Estrasburgo (nordeste da França),
antes de defender a necessidade de se respeitar as "identidades nacionais".
"Quando acontecem ataques contra o Estado de Direito, não podemos simplesmente
ignorar estes fatos dizendo que são questões nacionais", respondeu o vice-presidente
da Comissão, Valdis Dombrovskis.
Dombrovskis disse ainda que a União Europeia continua aberta ao diálogo e reafirmou
sua oposição à substituição de 40% dos juízes da Suprema Corte, uma determinação
da nova lei.
Na terça-feira à noite, entre 4.000 e 5.000 pessoas se reuniram em Varsóvia para
manifestar apoio à presidente da Suprema Corte. Gersdorf agradeceu o apoio e
reafirmou que permanecerá no cargo até 2020, de acordo com seu mandato de seis
anos, estabelecido pela Constituição.
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/07/afastada-presidente-da-supremacorte-desafia-o-governo-da-polonia.shtml
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A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO ULTRACONSERVADOR DA POLÔNIA. A
PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO, MALGORZATA GERSDORF, APRESENTOU-SE
PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA, POUCAS HORAS DEPOIS DA ATIVAÇÃO DA
POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA APOSENTADORIA E DE OUTROS 27 JUÍZES
María R. Sahuquillo, El País, 04 de julho de 2018
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1. Entrou em vigor, nesta quarta-feira, a polêmica reforma judicial do Governo polonês
que abaixa a idade de aposentadoria compulsória dos juízes do Tribunal Supremo de
70 para 65 anos. A controvertida medida (que gerou um processo na União Europeia)
força, assim, a saída de 27 dos 72 magistrados do país. A presidente do Tribunal
Supremo da Polônia, Malgorzata Gersdorf, de 65 anos, enfrentou o governo
conservador ao apresentar-se no trabalho poucas horas depois da ativação da Lei que
obriga sua aposentadoria.
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2. Malgorzata Gersdorf em sua chegada ao Tribunal Supremo da Polônia nesta quartafeira WOJTEK RADWANSKI AFP [crédito da foto]
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3. Centenas de pessoas manifestaram-se nas ruas de Varsóvia em apoio à presidenta
do Supremo polonês. Malgorzata Gersdorf só deveria deixar seu cargo à frente do
Supremo —a mais elevada instância de apelação judicial cível e penal da Polônia e
também o organismo que valida as eleições nos país— em 2020. WOJTEK RADWANSKI
AFP
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4. Milhares de pessoas saíram às ruas de diferentes cidades polonesas desde a noite
de terça-feira para protestar contra a lei do Governo ultraconservador de Lei e Justiça
(PiS), pela qual a União Europeia iniciou um processo sancionatório na segunda-feira.
Bruxelas acusa a Polônia de prejudicar a independência do Judiciário. AGENCJA
GAZETA REUTERS
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5. O conjunto de medidas, duramente criticadas por Bruxelas e por especialistas e
juristas internacionais, também prevê que o presidente tem o poder de decidir, caso a
caso, se ele mantém um juiz em seu cargo, se os magistrado solicitar uma permissão
especial para seguir trabalhando. Pelo menos 11 juízes do Supremo negaram-se a
acatar essa nova norma, argumentando que ela ofende a Constituição do país, e
devem deixar seus postos nesta quarta-feira. Outros 16 magistrados tentam estender
os prazos. CZAREK SOKOLOWSKI AP
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6. Centos de pessoas manifestaram-se em apoio à presidenta do Supremo polonês, em
Varosvia, o 4 de julho. CZAREK SOKOLOWSKI AP
70
7. Enquanto milhares de pessoas manifestam-se em apoio à presidenta do Tribunal
Supremo, o Governo polonês nega as críticas e afirma que que os Estados têm o poder
de realizar reformas como essa, argumentando que a União Europeia não pode influir
em assuntos nacionais, como o judiciário. WOJTEK RADWANSKI AFP
71
8. Desde que chegaram ao poder em 2015, os ultraconservadores e nacionalistas do
partido Direito e Justiça empreenderam uma série de reformas que lhes garantem
cada vez mais poder dentro do Estado polonês. Com as reformas do Tribunal
Constitucional, a Procuradoria Geral do Estado (agora os promotores dependem
diretamente do Ministro da Justiça) e as regras que regulam os meios de comunicação
públicos, eles vêm politizando o sistema. A última das reformas, a da Suprema Corte, é
outro passo no controle do sistema judicial. WOJTEK RADWANSKI AFP
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9. Com o processo aberto pela União Europeia contra a Polônia, o país poderia perder
seus direitos de voto no Conselho Europeu. A Hungria, que também enfrenta críticas
por não respeitar os padrões democráticos, se comprometeu a bloquear essa medida
dentro da UE. WOJTEK RADWANSKI AFP
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10. Centenas de pessoas manifestaram-se em apoio à presidenta do Supremo polonês,
em Varsóvia, esta quarta-feira (04/07). CZAREK SOKOLOWSKI AP
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11. Centenas de pessoas manifestaram-se em apoio à presidenta do Supremo polonês,
em Varsóvia, esta quarta-feira (04/07). CZAREK SOKOLOWSKI AP
12. Centenas de pessoas manifestaram-se em apoio à presidenta do Supremo polonês,
em Varsóvia, esta quarta-feira (04/07).
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https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/04/album/1530693954_798362.html#foto_g
al_1
COMO MOVIMENTOS SIMILARES AO ESCOLA SEM PARTIDO SE ESPALHAM POR
OUTROS PAÍSES
Mariana Schreiber, BBC Brasil, 13 de julho de 2018
Direito de imagem DIVULGAÇÃO/ CON MIS HIJOS NO TE METAS
Grupos conservadores e religiosos protestam contra educação de gênero e sexual em
escolas
A disputa sobre o que deve ser ensinado nas salas de aula está quente na América
Latina. Em resposta a iniciativas de diferentes governos para incluir educação sexual
e questões de gênero no currículo escolar, grupos conservadores e religiosos têm se
articulado para combater o que, segundo eles, seria uma intromissão do Estado na
educação moral praticada em casa pelas famílias.
No Brasil, o movimento Escola Sem Partido acabou emprestando seu nome a um
controverso projeto de lei que está em apreciação na Câmara dos Deputado. O texto
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estabelece regras para a conduta dos professores com objetivo de evitar supostas
"doutrinações" em sala de aula e proíbe o ensino de questões de gênero.
Nos vizinhos latino-americanos, a resistência conservadora ganhou um lema comum: o
"Con Mis Hijos No Te Metas" - em português, "não se meta com meus filhos". O slogan
começou a se espalhar pelas ruas e redes sociais do Peru em 2016, quando grupos
conseguiram barrar a implementação de parte do novo Currículo Nacional para
Educação Básica, e acabou inspirando articulações com o mesmo nome em países
como Equador, Chile, Argentina e Paraguai.
O inimigo comum é a "ideologia de gênero" - que, na visão desses grupos, seria uma
forma de ensinar as crianças erroneamente que elas podem ser, sexualmente, o que
quiserem. Todos repetem a mesma identidade visual, baseada nas cores azul e rosa,
para marcar o que consideram a diferença natural entre homens e mulheres.
Já os grupos que defendem as escolas como promotoras da igualdade de gênero e do
respeito à diversidade sexual veem o mundo de forma mais "colorida" e rechaçam o
termo ideologia, adotado pelos opositores.
À BBC News Brasil, o advogado Miguel Nagib, coordenador do Escola Sem Partido, diz
que não mantém articulação com esses grupos, mas reconheceu a semelhança.
Direito de imagem DIVULGAÇÃO/ CON MIS HIJOS NO TE METAS
ONU tem criticado esses movimentos e se manifestou contra a suspensão do ensino de
questões de gênero no Peru
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"Eu gosto muito dessa expressão, 'con mis hijos no te metas'. É exatamemte isso: os
pais querem apenas poder educar os seus filhos. É um direito natural das famílias e
estão querendo tirar para virar um Estado totalitário", disse.
Os opositores da proposta, por sua vez, dizem que o autoritarismo está em impedir
que os filhos aprendam outras perspectivas nas escolas. "O movimento tem uma
noção de família em que os pais são proprietários dos filhos. É uma relação muito
autoritária", afirma Renata Aquino, docente de história e integrante do movimento
Professores contra o Escola Sem Partido.
A Organização das Nações Unidas tem criticado esses movimentos e se manifestou
contra a suspensão do ensino de questões de gênero no Peru.
"Os valores familiares não precisam ser contrapostos pela escola, mas precisam ser
colocados em perspectiva, entendendo que existe uma variedade de valores. Temos
crianças e adolescentes sofrendo muito com esse apagamento da possibilidade de
discutirem sua identidade de gênero", ressalta Ítalo Dutra, chefe de Educação do
Unicef (órgão da ONU para os direitos das crianças) no Brasil.
'Homem é homem, mulher é mulher'
No Peru, o Con Mis Hijos No Te Metas conseguiu levar multidões às ruas em março de
2017, em diversas cidades. Poucos dias depois, o governo peruano baixou uma
resolução alterando a redação de alguns trechos do currículo escolar, com objetivo de
promover uma "adequação" para superar "mal-entendidos", explicou à BBC Brasil
Marilú Martes, na época ministra da Educação peruana.
No entanto, um tópico bastante criticado pelo movimento foi mantido: o que regula
como deve se dar o enfoque de igualdade de gênero na sala de aula.
Ele começa dizendo: "Todas as pessoas têm o mesmo potencial para aprender e se
desenvolver plenamente. Igualdade de gênero refere-se à avaliação igualitária dos
diferentes comportamentos, aspirações e necessidades de mulheres e homens".
O trecho que gerou mais resistência aparece pouco depois e diz: "Embora o que
consideramos feminino ou masculino seja baseado em uma diferença biológica sexual,
essas são noções que construímos dia a dia, em nossas interações".
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Direito de imagem DIVULGAÇÃO/ CON MIS HIJOS NO TE METAS
'Grupos evangélicos dizem que estamos confundindo as crianças. Não é verdade', diz
ex-ministra da educação
Na sequência, o documento orienta o professor a fomentar a "valorização respeitosa
do corpo" como forma de "prevenir situações de abusos sexuais". Também chama
atenção para a não reprodução de preconceitos como considerar que mulheres
limpam melhor ou que homens não são sensíveis.
Embora o tópico não aborde diretamente a diversidade de orientação sexual, o Con
Mis Hijos No Te Metas considera que o texto promove o homossexualismo. O
movimento conseguiu no ano passado uma decisão liminar da Justiça peruana
suspendendo o enfoque de igualdade de gênero do currículo escolar. Ainda se aguarda
uma manifestação definitiva da Suprema Corte. Cientes de que a vitória não é
definitiva, seguem mobilizados, disse à BBC Brasil o porta-voz do movimento, Christian
Rosas.
"Já estamos anunciando uma nova marcha para garantir que não se volte a
implementar uma abordagem que não seja a abordagem humana, isto é, a imposição
de uma ideologia (teoria do gênero), independentemente de que alguns possam ou
não estar de acordo. Não compete às nossas autoridades decidir, dado que a função
do Estado é transmitir um ensinamento a partir da neutralidade e não da imposição
ideológica", escreveu, por email.
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Já a ex-ministra da Educação Marilú Martes, que deixou o governo após a renúncia do
presidente Pedro Pablo Kuczynski em março, espera que os sucessivos casos de
violência doméstica sensibilizem a Suprema Corte a autorizar a volta do enfoque de
gênero na sala de aula.
"Grupos evangélicos dizem que estamos confundindo as crianças. Não é verdade. Você
não confunde quando informa bem e é isso que faz o Ministério da Educação: informar
as crianças e jovens quais são seus direitos", defendeu.
"Lamentavelmente, é justamente nas famílias que mais ocorrem violações a meninas
menores. Como podemos dizer então que a educação sexual deve ser apenas
promovida pelos pais se justamente os pais, tampouco educados, lamentavelmente
causam dano a seus próprios filhos?", questionou ainda.
'Erradicar a ideologia de gênero do mundo'
Após o sucesso do movimento peruano, algumas dezenas de milhares de equatorianos
foram às ruas de Guayaquil e Quito em outubro contra a inserção de artigos que
previam ensino de questões de gênero em uma lei de combate à violência contra as
mulheres. O texto aprovado não agradou completamente a nenhum dos lados da
disputa.
Também em outubro passado, após manifestações nas ruas do Paraguai, o então
ministro da Educação Enrique Riera determinou a retirada de materiais didáticos,
herdados da gestão anterior, que diziam que gênero é uma construção social.
"A família tradicional é papai, mamãe e filhinhos. Naturalmente, nós respeitamos as
opções diferentes, mas não vamos inculcar (essa percepção) nas escolas públicas",
disse Riera à imprensa paraguaia na ocasião.
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Direito de imagem DIVULGAÇÃO/ CON MIS HIJOS NO TE METAS
O Con Mis Hijos No Te Metas do Chile tem marcado oposição às "tomas", movimento
liderado por feministas de ocupação de universidades e escolas contra as práticas de
assédios sexuais dentro dessas instituições
O Con Mis Hijos No Te Metas do Chile, por sua vez, tem marcado oposição às "tomas",
movimento liderado por feministas de ocupação de universidades e escolas contra as
práticas de assédios sexuais dentro dessas instituições. O movimento critica a
interrupção das aulas e apresentou, por meio de parlamentares aliados, um projeto de
lei para proibir as ocupações.
Iniciativas parecidas com outras denominações também vêm ganhando força em
países como México e Costa Rica. O debate no continente, porém, não se limita aos
latinos. Recém-eleito para governar a província de Ontario, no Canadá, Doug Ford
cumpriu sua promessa de campanha e suspendeu nesta semana o currículo de
educação sexual implementado em 2015, que havia sido alvo de protestos. O currículo
estabelecia, por exemplo, o ensino sobre diferentes identidades de gênero e abordava
a masturbação como algo natural "que muitas pessoas fazem e sentem prazer".
Christian Rosas, porta-voz do Con Mis Hijos No Te Metas peruano, disse que tem
mantido articulação frequente com esses grupos. Segundo ele, o movimento está
presente em todo o continente americano e já inspirou grupos na França, Dinamarca,
Japão e Austrália. No Brasil, citou a presença de uma vertente, mas suas páginas no
Facebook somam poucas dezenas de seguidores.
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"Temos reuniões mensais de forma virtual, onde compartilhamos uma agenda e
acompanhamos programaticamente as iniciativas que são apresentadas nos diferentes
países. Isso nos ajuda a ter uma reação mais sincronizada, compartilhando estratégias
sociais, comunicacionais, políticas etc.", contou.
"Nosso objetivo é erradicar a ideologia de gênero do Peru, do continente e do mundo.
Nesse sentido, as conexões com o Brasil e outros países fazem parte da estratégia
programática no curto, médio e longo prazo", explicou ainda.
Disputa no Brasil
O Escola Sem Partido, criado em 2004, não nasceu com o enfoque em questões de
gênero, mas a partir da indignação de Miguel Nagib contra o que considerou uma
tentativa de doutrinação do seu filho quando um professor comparou o líder
comunista Che Guevara a São Francisco de Assis.
As reivindicações se aproximaram, porém, depois que grupos religiosos conseguiram
barrar em 2011, durante o governo Dilma Rousseff, a distribuição do material
pedagógico "Escola Sem Homofobia", que acabou apelidado de "kit gay" pelos
opositores.
"A proposta que está no Congresso trata de aspectos políticos, partidários e
ideológicos e também dessa questão relacionada à ideologia de gênero. Não acho que
seja possível separar uma coisa da outra hoje", afirma Nagib.
A proposta em discussão na Câmara dos Deputados prevê, entre outras
determinações, que o professor "não fará propaganda político-partidária em sala de
aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e
passeatas". Estabelece também que o docente, "ao tratar de questões políticas,
socioculturais e econômicas, apresentará aos alunos, de forma justa, as principais
versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito". Além disso, proíbe
qualquer ensino de questões de gênero.
Críticos da proposta dizem que ela tolhe a liberdade de ensino garantida aos
professores no artigo 206 da Constituição Federal. Dizem também que a Constituição
já prevê o "pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas" nas salas de aula.
Afirma, ainda, que a proposta Escola Sem Partido é na verdade uma "cortina de
fumaça" para impor o conservadorismo ao ensino no Brasil.
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Estava previsto que o deputado Flavinho (PSC-SP), relator do projeto de lei,
apresentasse seu parecer final nesta semana na comissão especial que está debatendo
a proposta. Após uma longa e tensa sessão de debates na quarta-feira, porém, não
houve tempo para a apreciação do texto, que agora só deve ocorrer em agosto, após o
recesso parlamentar de julho.
[Reproduzida pelo Uol: “Como movimentos similares ao Escola sem Partido se
espalham por outros países”, Mariana Schreiber, BBC Brasil reproduzida por Uol, 13 de
julho de 2018]
https://www.bbc.com/portuguese/geral-44787632
https://educacao.uol.com.br/noticias/bbc/2018/07/13/como-movimentos-similaresao-escola-sem-partido-se-espalham-por-outros-paises.htm
CAMPINA GRANDE PROÍBE DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO NA SALA DE AULA; OAB
PROTESTA
Uol, 14 de julho de 2018
Escolas públicas e privadas de Campina Grande (a 130 quilômetros de João Pessoa)
estão proibidas de abordar em sala de aula conteúdos que tratem da questão de
gênero. A proibição veio através da lei municipal n° 6.950/2018, sancionada no início
de julho pelo prefeito da cidade, Romero Rodrigues (PSDB). Segundo o texto, a
fiscalização e aplicação das penalidades devem ser feitas no prazo de 60 dias.
A lei destaca que é considerado material impróprio ou inadequado para crianças e
adolescentes aqueles já impróprios nos termos do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), que contenham imagens ou mensagens sexuais com conotação
intencionalmente erótica, obscena ou pornográfica, material relacionado à ideologia
de gênero ou qualquer outro que venha a ser assim considerado.
O vereador Pimentel Filho (PSD), autor da lei, disse que não há motivo para polêmica.
"Tentaram colocar essa discussão no plano nacional, depois no estadual e por último
no municipal, e não conseguiram. O pessoal quer confundir, quer polemizar. A lei não
coloca mordaça em ninguém, ela agora existe para que não se burle a grade
curricular", destacou. Segundo Filho, a lei segue tratados internacionais, a Constituição
Federal do Brasil e prioriza a família.
83
"O projeto foi aprovado por ignorância"
"Essa lei é um retrocesso", disse Herry Charriery Santos, presidente da Comissão de
Diversidade e Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil de Campina Grande (OABCG). Segundo ele, até a próxima semana, a comissão vai entrar com medida judicial
para derrubar a lei.
"Existem várias outras ações no Brasil inteiro questionando a legalidade dessa lei. Só
nos resta fazer esse enfrentamento", declarou.
O presidente da comissão comentou também o fato de o projeto de lei ter sido
aprovado por unanimidade na Câmara dos Vereadores de Campina Grande. "Embora
seja uma lei cheia de vícios, passou porque a Câmara tem uma base de vereadores
conservadores. A discussão sobre gênero acaba sendo distorcida. O projeto foi
aprovado por ignorância", afirmou Santos.
Por fim, ele disse que a comissão da OAB considera a lei como uma tentativa de
'amordaçar' os professores na sala de aula, uma vez que está prevista a aplicação de
multa para quem descumpri-la. O alvará de funcionamento das escolas também pode
ser suspenso, em caso de descumprimento, conforme o texto publicado no semanário
oficial da cidade.
Pelo país
Na semana passada, o ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal),
suspendeu uma lei municipal de Foz do Iguaçu (PR) semelhante à que foi aprovada em
Campina Grande, que proibia a veiculação de conteúdo relacionado à 'ideologia de
gênero' ou à orientação sexual, e mesmo ao termo gênero.
Em sua decisão, o ministro afirmou que parece equivocada a disposição, por meio de
lei municipal, acerca de conteúdo curricular e orientação pedagógica da rede pública
de ensino.
Na quarta-feira (11), uma Comissão Especial da Câmara dos Deputados criada para
tratar da Escola Sem Partido, projeto que também prevê tirar da sala de aula temas
com "conteúdo de gênero" ou "orientação sexual", teve uma sessão longa e tensa, e
não houve tempo para ser colocado em votação o relatório do deputado Flavinho
(PSC-SP). O assunto será retomado após o fim do recesso parlamentar.
84
https://educacao.uol.com.br/noticias/2018/07/14/campina-grande-proibe-discussoessobre-genero-na-sala-de-aula-oab-protesta.htm
STF QUESTIONA CIDADES DE PE SOBRE LEIS QUE PROÍBEM DEBATE SOBRE GÊNERO
Estadão reproduzido pelo Uol, 18 de julho de 2018
O PSOL ajuizou, no Supremo, a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
(ADPF) 522 contra leis dos municípios de Petrolina e Garanhuns, em Pernambuco, que
aprovam o plano municipal de educação e vedam políticas de ensino com informações
sobre gênero.
Segundo o partido, as normas municipais - Leis 2.985/2017 e 4.432/2017,
respectivamente -, invadem competência privativa da União para legislar sobre
diretrizes e bases da educação nacional, conforme estabelece o artigo 22, inciso XXIV,
da Constituição Federal. As informações foram divulgadas no site do Supremo processo relacionado (ADPF 522).
Ao vedar a adoção de políticas de ensino que façam referência à diversidade sexual,
sustenta a legenda, as leis municipais pernambucanas "desrespeitam normas editadas
pela União, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/1996) e o
Plano Nacional de Educação (Lei 13.005/2014), de observância obrigatória por todos os
entes federados".
O PSOL sustenta também que a Constituição "adotou a concepção de educação como
preparação para o exercício de cidadania, respeito à diversidade e convívio em
sociedade plural, com múltiplas expressões religiosas, políticas, culturais e étnicas".
Assim, o banimento de determinado tema do sistema educacional pela via legislativa
seria "incompatível com o direito público subjetivo ao acesso a ensino plural e
democrático".
Além disso, segundo o site do Supremo, a legenda sustenta que ao sonegarem dos
estudantes a discussão sobre sexualidade e diversidade de gênero, as leis locais
"contribuem para perpertuar a cultura de violência, tanto psicológica quanto física,
contra as mulheres e a população LGBT do país, distanciando-se do objetivo
constitucional de construir uma sociedade livre, justa e solidária (artigo 3.º, inciso I)".
O relator, ministro Marco Aurélio, pediu informações aos prefeitos de Petrolina e
Garanhuns e às Câmaras Municipais e, na sequência, a manifestação da AdvocaciaGeral da União (AGU) e o parecer da Procuradoria-Geral da República.
85
"A racionalidade própria ao Direito direciona no sentido de aguardar-se o julgamento
definitivo", afirmou Marco Aurélio, em decisão monocrática.
Defesas
A reportagem fez contato com as prefeituras de Petrolina e Garanhuns, mas não havia
recebido respostas até a publicação desta matéria. O espaço está aberto para
manifestação.
https://educacao.uol.com.br/noticias/agencia-estado/2018/07/18/stf-questionacidades-do-pe-sobre-leis-que-proibem-debate-sobre-genero.htm
86
LEI 2985 DE 19 DE DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA - PE
87
[Ver, no link do STF, a seguir, o item 1 - Petição inicial (37879/2018) - Petição inicial]
88
Sobre o autor do projeto aprovado, Elias Passos Jardim (PHS), informações do
Facebook do vereador...
“Sou colono do Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho. Resido no N-7. Sou membro
da Assembleia de Deus em Petrolina e fui eleito como vereador em 2012
representando o Projeto Cidadania”
https://pt-br.facebook.com/eliaspassos.jardim (acesso em 20 de julho de 2018)
Gazeta do Povo, Eleições 2016, Guia dos Candidatos
Nome completo:
Elias Passos Jardim
Sexo: Masculino
Idade: 61 anos
Data de nascimento: 12/01/1955
Ocupação:
Vereador
Grau de instrução: Ensino Fundamental Incompleto
Situação da candidatura após eleição:
Eleito por quociente partidário
[Alguns dos dados apresentados pela Gazeta do Povo...]
https://especiais.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2016/petrolina-pe/vereador/eliasjardim-31031/
https://doem.org.br/pe/petrolina/diarios/previsualizar/xoN82DjZ?filename=DOEpe_petrolina-ed.1812-ano.7.pdf&_cb=20171220190758 (Diário Oficial Prefeitura
Municipal de Petrolina – PE, edição 1812, ano 7, 20 dez 2017, ver pp. 8-9... Lei n. 2985,
de 19 de dezembro de 2017)
https://pontocritico.org/wp-content/uploads/2018/01/lei-2.985.17-Genero-nasescolas-Elias-Jardim.pdf
http://redir.stf.jus.br/estfvisualizadorpub/jsp/consultarprocessoeletronico/ConsultarP
rocessoEletronico.jsf?seqobjetoincidente=5485351 (acesso em 20 jul 2018)
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, COM PEDIDO DE
MEDIDA CAUTELAR, CONTRA AS LEIS Nº 2.985/2017 E Nº 4.432/2017,
89
RESPECTIVAMENTE, DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE PERNAMBUCO (PE) DE
PETROLINA E GARANHUNS, QUE APROVAM O PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E
VEDAM POLÍTICA DE ENSINO COM INFORMAÇÕES SOBRE GÊNERO NOS MUNICÍPIOS
Partido Socialismo e Liberdade – PSOL, Brasília/DF, 06 de Junho de 2018
https://www.psol50.org.br/wp-content/uploads/2018/06/ADPF-522_Pernambuco.pdf
https://drive.google.com/file/d/1G5n1Id-AQyHUc4-K041899MFFp_1Z_S/view?usp=sharing
MANIFESTAÇÃO DA PREFEITURA DE PETROLINA, NO STF, SOBRE ARGUIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL PROPOSTA PELO PSOL. DATADA DE
04 DE JULHO DE 2018
CAMPOS & PEDROSA ADVOGADOS ASSOCIADOS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO RELATOR MARCO AURÉLIO DA SUPREMA
CORTE
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL N° 522
Arguente: PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE (PSOL)
Arguido: MUNICÍPIO DE PETROLINA
Relator: Ministro Marco Aurélio
MUNICÍPIO DE PETROLINA, pessoa jurídica de direito público interno, inscrito no
CNPJ sob o nº 10.358.190/0001-77, com sede administrativa na Av. Guararapes, nº
2114, Centro, Petrolina/PE, na pessoa de seu representante legal prefeito, MIGUEL DE
SOUZA LEÃO COELHO, brasileiro, solteiro, inscrito no CPF sob o nº 070.963.824-88,
residente e domiciliado na Rua Villa Lobos, nº 08, Condomínio Portal das Águas,
Município de Petrolina/PE, por meio de seus advogados, que esta subscrevem
(mandato em anexo), vem perante Vossa Excelência manifestar-se quanto à presente
arguição de descumprimento de preceito fundamental.
1. DO BREVE ESCORÇO FÁTICO
Trata-se de arguição de descumprimento de preceito fundamental, com pedido de
medida liminar, proposta pelo PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE (PSOL) tendo por
objeto a análise da LEI Nº 2.985, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2017, que em suma
proíbe as atividades pedagógicas que visem a reprodução de conceito de ideologia de
gênero, na grade de ensino da rede municipal e da rede privada de Petrolina. O teor do
dispositivo impugnado encontra-se transcrito a seguir:
90
Art. 1º Fica proibida na grade curricular da rede municipal de ensino e da rede
privada do município de Petrolina-PE, a disciplina denominada Ideologia de Gênero,
bem como toda e qualquer disciplina que tente orientar a sexualidade dos alunos ou
que tente extinguir o gênero masculino ou feminino como gênero humano.
Art. 2º Fica proibido em todas as unidades escolares da rede de ensino público e
privada do município de Petrolina PE, a utilização, elaboração, publicação, exposição e
distribuição de quaisquer livros didáticos, ou não, que versem ou se refiram, direta ou
indiretamente, sobre ideologia de gênero, diversidade sexual e educação sexual.
Paragrafo único. Fica proibido nas bibliotecas municipais a exposição e distribuição de
quaisquer livros, didáticos ou não, que versem ou se refiram, direta ou indiretamente,
sobre ideologia de gênero, diversidade sexual e educação sexual.
O arguente sustenta, em síntese, que os atos normativos contrariam dispositivos da
Constituição Federal concernentes ao objetivo constitucional de “construir uma
sociedade livre, justa e solidária” (art. 3º, I), ao direito a igualdade (art. 5º , caput), à
vedação de censura em atividades culturais (art. 5º , IX), ao devido processo legal
substantivo (art. 5º , LIV), à laicidade do estado (art. 19, I), à competência privativa da
União para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional (art. 22, XXIV), ao
direito à liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o
saber (art. 206, II), e ao pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas (art. 206,
III).
De início, o autor sustenta a inconstitucionalidade formal da disposição sob invectiva,
a qual teria sido editada em ofensa à competência privativa da União para legislar
sobre diretrizes e bases da educação nacional, nos moldes do artigo 22, inciso XXIV, da
Carta da República.
Alega, também, que a norma hostilizada afrontaria o princípio da isonomia, previsto
no artigo 5°, caput, da Carta Maior, pois, segundo a Constituição Federal, todos são
iguais perante a lei, sem distinção de natureza alguma (embora localizar as diferenças
existentes seja importante para gerar a equidade). E, ainda, a violação aos arts. 205 e
206, da Constituição Federal, pois a Lex mater adota a concepção de educação como
preparação para exercício de cidadania, respeito à diversidade e convívio em
sociedade plural, com múltiplas expressões religiosas, políticas, culturais e étnicas.
E, por fim, aduz que houve o estiolamento da laicidade, haja vista que o vereador
evangélico Elias Jardim (PHS), com a bíblia sobre o púlpito, falando em “nome de
Deus” e argumentando “defesa da família e das crianças de Petrolina”, aprovou o
projeto de lei nº 132/2017, no dia 7 de dezembro de 2017. Após ter sido sancionado
pelo prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, o projeto tornou-se a Lei nº 2.985, ora
objurgada.
Diante disso, o autor pede a suspensão cautelar dos efeitos do artigo 2º, caput e
parágrafo único, da Lei municipal n° 2.985/2017 e, no mérito, a declaração da
inconstitucionalidade do dispositivo legal mencionado.
O processo foi despachado pelo Ministro Relator Marco Aurélio, que, nos termos do
artigo 5°, § 2°, da Lei n° 9.882, de 03 de dezembro de 1999, solicitou informações às
autoridades requeridas, bem como após a respectiva manifestação determinou a oitiva
da Advogada-Geral da União e o parecer da Procuradoria-Geral da República.
91
2. DA INEXISTÊNCIA DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A CONCESSÃO DA
MEDIDA LIMINAR.
Como visto, o arguente questiona a validade do artigo 2, caput e parágrafo único, da
Lei municipal n° 2.985/2017. Há de ser mencionado que a Constituição Federal em seu
art. 22, parágrafo único, oportuniza aos Estados-membros, quanto aos temas
delineados no artigo mencionado, dispor sobre questões específicas, como é o
presente caso.
Na mesma linha, o artigo 24, inciso IX, da Carta da República estabelece a competência
legislativa concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal para dispor sobre
educação e ensino, cabendo ao ente central a primazia acerca da elaboração das
normas gerais sobre a matéria, de modo a fixar, no interesse nacional, as diretrizes que
devem ser observadas pelas demais unidades federativas.
Por sua vez, aos Estados e ao Distrito Federal cabe suplementar a legislação nacional, o
que significa, nas palavras de José Afonso da Silva, "o poder de formular normas que
desdobrem o conteúdo de princípios ou normas gerais ou que supram a ausência ou
omissão destas”.1 Nesse mesmo viés o doutrinador Diogo de Figueiredo Moreira Neto
dispõe:
“Normas gerais são declarações principiológicas que cabem à União editar, no uso de
sua competência concorrente limitada, restrita ao estabelecimento de diretrizes
nacionais sobre certos assuntos, que deverão ser respeitadas pelos Estados-Membros
na feitura de suas legislações, através de normas específicas e particularizantes que as
detalharão, de modo que possam ser aplicadas, direta e imediatamente, às relações e
situações concretas a que se destinam, em seus respectivos âmbitos políticos”. 2
No presente caso, nota-se que o Município de Petrolina atuou de maneira a
suplementar a legislação federal e, portanto, não há qualquer
inconstitucionalidade formal como aponta a arguente, bem como restam
ausentes os pressupostos essenciais para a concessão da tutela liminar
requerida.
Outrossim, é de suma importância destacar que a educação, na acepção pura da
palavra, leva a muitos a acreditar que se restringe, apenas e tão somente, a sala de
aula, mas percebe-se que a educação se espraia por toda a sociedade – em todos os
âmbitos – a educação está presente, ou seja, do convício social, das relações
interpessoais, etc.
O direito à educação, hodiernamente, traz arraigado em seu conceito o enaltecimento
da dignidade da pessoa humana (fundamento da Constituição Federal, insculpido no
art. 1º) já que a educação se torna uma necessidade inerente ao ser humano para viver
no mundo globalizado contemporâneo.
Com a promulgação da Constituição de 1988 os avanços na área foram os mais
variados, principalmente, na consagração da efetividade do direito a educação, entre
eles destaca-se: a) A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e demais
dispositivos legais e normativos, como o Plano Nacional da Educação; b) O
Lançamento, em 2007, pelo Ministério da Educação, do Plano de Desenvolvimento da
Educação (PDE).
92
Dirley da Cunha Júnior3 e os demais doutrinadores classificam como direito
fundamental social, sendo direito e dever de todos, conforme se especificou no art. 205
da Constituição Federal:
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Na preservação de tal direito os Tribunais vem ratificando tal entendimento, conforme
se verifica no julgado do Tribunal de Justiça do Paraná:
REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. ACESSO À EDUCAÇÃO.
INOBSERVÂNCIA PELO ALUNO DO PRAZO PARA PAGAMENTO DA MATRÍCULA. FALTA DE
INFORMAÇÃO. DESPROPORCIONALIDADE DE ATO QUE VEDA A MATRÍCULA EM
INSTITUIÇÃO DE ENSINO PRIVADO. INTELIGÊNCIA DO ART. 205, CF. DEVER DE SE
PROCEDER À MATRÍCULA. SENTENÇA MANTIDA. - Art. 205, CF: "A educação, direito de
todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
(TJ-PR - REEX: 7114912 PR 0711491-2, Relator: Ângela Khury Munhoz da Rocha, Data
de Julgamento: 15/02/2011, 6ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 78)
Sendo certo que, a ausência do cumprimento de tal preceito constitucional, garante ao
titular do direito (todos) – valer-se de ação judicial competente para compelir o
Estado4 para garantir a efetividade do preceito constitucional.
A importância da educação no país traduz, também, através do dever da União
destinar e assegurar a disponibilidade de recursos suficientes aos entes federativos5,
que servem para a erradicação das desigualdades regionais. Como se trata de um
direito fundamental – trata-se de norma constitucional de plena eficácia, segundo o
doutrinador José Afonso da Silva, são aquelas normas que não necessitam de nenhuma
regulamentação para que ocorra a devida efetividade da norma constitucional, isto é, a
sua literalidade se perfaz por si só, sem auxílio de nenhuma outra norma
superveniente para a sua concretização.
Nesse desiderato, verifica-se que, o direito à educação se estende do nível inicial até o
nível superior, assim, amparado pelo dever constitucional, cabe a União e aos demais
entes federativos assegurar a efetividade de tal direito, portanto, cabe ao Município de
Petrolina, no uso de suas atribuições legais, complementar a legislação federal, haja
vista que tem competência para legislar sobre matéria de interesse local, e como todos
os demais entes possui poder de autolegislação como decorrência de sua autonomia,
axioma indelével republicano.
3. DA CONCLUSÃO
Por todo o exposto, o Município de Petrolina manifesta-se pelo indeferimento do
pedido de medida cautelar veiculado pelo arguente. São essas, Excelentíssimo Senhor
Relator, as considerações que se tem a fazer em face do despacho proferido em 20 de
junho de 2018, a respeito da inexistência dos pressupostos inerentes para a concessão
do pedido liminar.
93
Finalmente, pede e requer EXPRESSAMENTE que todas e quaisquer
publicações/intimações relativas ao presente feito sejam feitas em nome dos
patronos,DELMIRO DANTAS CAMPOS NETO, OAB/PE 23.101, LUIZ OTÁVIO
MONTEIRO PEDROSA, OAB/PE 17.597, MARIA STEPHANY DOS SANTOS, OAB/PE
36.379 sob pena de nulidade dos atos processuais
Recife, 04 de julho de 2018
DELMIRO CAMPOS
OAB/PE 23.101
LUIZ OTÁVIO PEDROSA
OAB/PE 17.597
MARIA STEPHANY DOS SANTOS
OAB/PE 36.379
[Notas de rodapé do original]
1 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 30" ed. São Paulo: Malheiros,
2008, p. 481.
2 MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Competência concorrente limitada: o problema da
conceituação das normas gerais. Revista de Informação Legislativa, Brasília, ano 25, n° 100,
out./dez. 1988, p. 159.
3 CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. Bahia: juspodivm. 2008. p. 703.
4 CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. Bahia: juspodivm. 2008. p. 703.
5 Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
§ 1º - A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é considerada,
para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir.
§ 2º - Para efeito do cumprimento do disposto no "caput" deste artigo, serão considerados os
sistemas de ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213.
§ 3º - A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das
necessidades do ensino obrigatório, nos termos do plano nacional de educação.
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das
necessidades do ensino obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de padrão de
qualidade e equidade, nos termos do plano nacional de educação. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 59, de 2009)
§ 4º - Os programas suplementares de alimentação e assistência à saúde previstos no art. 208,
VII, serão financiados com recursos provenientes de contribuições sociais e outros recursos
orçamentários.
94
§ 5º - O ensino fundamental público terá como fonte adicional de financiamento a
contribuição social do salário-educação, recolhida, na forma da lei, pelas empresas, que dela
poderão deduzir a aplicação realizada no ensino fundamental de seus empregados e
dependentes.
§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contribuição social do salário-educação
serão distribuídas proporcionalmente ao número de alunos matriculados na educação básica
nas respectivas redes públicas de ensino. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
[CAMPOS & PEDROSA ADVOGADOS ASSOCIADOS é de Recife - PE]
[Ver, no link do STF, a seguir, o item 11 - Petição de apresentação de manifestação
(45096/2018) - Petição de apresentação de manifestação ]
http://redir.stf.jus.br/estfvisualizadorpub/jsp/consultarprocessoeletronico/ConsultarP
rocessoEletronico.jsf?seqobjetoincidente=5485351 (acesso em 20 jul 2018)
REQUERIMENTO DA ASSOCIAÇÃO ESCOLA SEM PARTIDO PARA INGRESSO NOS AUTOS
DA ADPF 522 NA QUALIDADE DE AMICUS CURIAE
Mendes e Nagib Advogados
Excelentíssimo Senhor Ministro Marco Aurélio
Supremo Tribunal Federal
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 522
REQUERENTE: PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE (P-SOL)
INTERESSADOS: PREFEITO DO MUNICÍPIO DE PETROLINA, CÂMARA MUNICIPAL DE
PETROLINA, PREFEITO DO MUNICÍPIO DE GARANHUNS, CÂMARA MUNICIPAL DE
GARANHUNS
Associação Escola sem Partido, pessoa jurídica de direito privado, com registro no 1o
Ofício de Notas, Registro Civil e Protesto, Títulos e Documentos e Pessoas Jurídicas do
Distrito Federal, sob o número 3.542 (doc. 01), com sede no SHN Quadra 01, Edifício Le
Quartier, sala 1418, Brasília-DF, CEP 70701-000, CNPJ nº 23.857.417/0001-70, vem,
respeitosamente, por seu advogado (doc. 02), com fundamento no artigo 7º, § 2º, da
Lei nº 9.868/99, requerer o seu ingresso nos autos da ADPF em epígrafe, na qualidade
de amicus curiae, pelos motivos que passa a expor:
95
1. O Movimento Escola sem Partido ‒ que deu origem à associação homônima, criada
em 2015 ‒ surgiu em 2004 como reação a duas práticas ilícitas que se disseminaram
por todo o sistema de ensino no Brasil: de um lado, a doutrinação ideológica e a
propaganda política e partidária nas salas de aula e nos livros didáticos; de outro, a
usurpação ‒ pelas escolas e pelos professores ‒ do direito dos pais dos alunos sobre a
educação religiosa e moral dos seus filhos.
2. Iniciativa de um pequeno grupo de pais, estudantes e professores, organizados sob a
liderança do advogado Miguel Nagib, presidente da associação requerente, o Escola
sem Partido se transformou, ao longo desses 14 anos, na principal referência sobre o
tema da instrumentalização política, ideológica e partidária do sistema educacional.
Conhecido nacionalmente, o movimento congrega milhares de apoiadores em todo o
país, contando com mais de 170 mil seguidores nas redes sociais (Facebook e Twitter).
3. Sua página na internet ‒ www.escolasempartido.org ‒ é a única em língua
portuguesa inteiramente dedicada ao problema do abuso da liberdade de ensinar do
professor, em prejuízo da liberdade de aprender e da liberdade de consciência e de
crença dos estudantes, e do direito dos seus pais a que eles recebam a educação
religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.
4. Conforme o art. 3º do seu estatuto social, a associação requerente foi criada para:
I - combater a instrumentalização do ensino para fins ideológicos, políticos,
partidários ou corporativos;
II - defender e promover a liberdade de consciência e de crença e a
liberdade de aprender dos estudantes;
III – defender e promover o pluralismo de ideias e o princípio constitucional
da neutralidade política, ideológica e religiosa do Estado, no ambiente
acadêmico;
IV – defender o direito dos pais dos estudantes sobre a educação moral de
seus filhos, nos termos do art. 12, IV, da Convenção Americana sobre
Direitos Humanos.
5. Em suma, o fim último da requerente e do Movimento Escola sem Partido é fazer
com que a Constituição Federal e o art. 12, IV, da Convenção Americana sobre Direitos
Humanos ‒ segundo o qual “os pais e, quando for o caso, os tutores, têm direito a que
seus filhos e pupilos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com
suas próprias convicções” ‒ sejam respeitados dentro dessas diminutas frações do
território nacional que são as salas de aula.
96
6. Vem daí o interesse da requerente no objeto das Arguições de Descumprimento de
Preceito Fundamental em epígrafe, onde se discute sobre a constitucionalidade de leis
municipais que impedem a veiculação da chamada “ideologia de gênero”, nas escolas
pertencentes aos sistemas de ensino dos municípios de Garanhuns e Petrolina.
7. Trata-se, com efeito, de conteúdo potencialmente lesivo à liberdade de consciência
e de crença e à liberdade de aprender dos estudantes obrigados a frequentar as
escolas dos dois municípios; ao seu direito à intimidade e ao pluralismo de ideias; e ao
direito dos pais desses alunos a que eles recebam a educação religiosa e moral que
esteja de acordo com suas próprias convicções.
8. Assim, considerando a relevância da matéria discutida na ADPF; a pertinência
temática dessa matéria com os bens jurídicos defendidos pela requerente; e a
inquestionável representatividade do Movimento Escola sem Partido, requer a
Associação Escola sem Partido, com fundamento no artigo 7º, § 2º, da Lei 9.868/99,
seja deferido o seu ingresso como amicus curiae na ação em epígrafe.
Termos em que pede deferimento.
Romulo M. Nagib
OAB/DF 19.015
[ No link abaixo, site do STF, ve item 14 - Pedido de ingresso como amicus curiae
(47251/2018) - Pedido de ingresso como amicus curiae ]
[Sobre o significado de “amicus curiae”... “Amicus Curiae no novo CPC. Código permite
ao ‘amigo da corte’ recorrer de decisão que julgar o incidente de resolução de
demandas repetitivas”, Rodrigo Frantz Becker, Jota, 06 de março de 2015:
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/amicus-curiae-novo-cpc-06032015 ]
http://redir.stf.jus.br/estfvisualizadorpub/jsp/consultarprocessoeletronico/ConsultarP
rocessoEletronico.jsf?seqobjetoincidente=5485351
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO
Andrea Dip, Agência Pública, 30 de agosto de 2016
97
O debate sobre a inclusão dos temas de gênero e sexualidade nos planos de educação
(nacional, estaduais e municipais) foi um dos principais fatores de ascensão do Escola
Sem Partido, como admite seu fundador Miguel Nagib: “A tentativa do MEC e de
grupos ativistas de introduzir a chamada ‘ideologia de gênero’ nos planos nacional,
estaduais e municipais de educação ‒ o que ocorreu, principalmente, no primeiro
semestre de 2014 e ao longo de 2015 ‒ acabou despertando a atenção e a
preocupação de muitos pais para aquilo que está sendo ensinado nas escolas em
matéria de valores morais, sobretudo no campo da sexualidade”, disse o procurador
em entrevista a Pública (a reportagem pode ser lida aqui). Para quem não se lembra, a
bancada evangélica, senadores, deputados estaduais e vereadores evangélicos,
católicos e conservadores conseguiram, após campanha fervorosa, vetar o termo
“gênero” do Plano Nacional de Educação (PNE) e, então, dos planos estaduais e
municipais de educação de todo o país. Na época, era possível encontrar militantes
pró-vida gritando “não ao gênero” diante de assembleias legislativas e pastores
televisivos como Silas Malafaia, o deputado do PSC Marco Feliciano, o deputado do PP
Jair Bolsonaro e o senador Magno Malta do PR bradando contra a “ideologia de
gênero”, que traria a destruição da família e a doutrinação de crianças. A CNBB, na
época, também divulgou nota afirmando que a ideologia de gênero “desconstrói o
conceito de família, que tem seu fundamento na união estável entre homem e
mulher”. Nas missas e cultos, cartilhas foram distribuídas alertando pais e mães sobre
o perigo silencioso que rondava suas casas – seus filhos seriam doutrinados a virar
“outra coisa” que contrariasse seu sexo biológico. Mas o curioso é que “ideologia de
gênero” não aparece nenhuma vez nos planos de educação ou nos estudos de gênero,
e o termo nunca foi usado pelas ciências humanas. O texto vetado colocava como
meta “a superação de desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da
igualdade racial, regional, de gênero e de orientação sexual”. Intrigada com isso, a
professora doutora Jimena Furlani, da Universidade do Estado de Santa Catarina, que
atua na formação de educadores e profissionais da saúde e segurança pública para as
questões de gênero, sexualidade e direitos humanos, desenvolveu uma extensa
pesquisa, que publicou em uma série de vídeos (que você pode ver aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=5ro1O10l0v8 ). Em entrevista à Pública, ela conta
que se espantou ao de repente “acordar ideóloga de gênero e doutrinadora de
crianças” e por isso começou essa investigação. Leia a entrevista:
O que é “ideologia de gênero”, afinal? De onde ela surgiu?
A ideologia de gênero é um termo que apareceu nas discussões sobre os Planos de
Educação, nos últimos dois anos, e tem sido apresentado a nós como algo muito ruim,
que visa destruir as famílias. Trata-se de uma narrativa criada no interior de uma parte
conservadora da Igreja Católica e no movimento pró-vida e pró-família que, no Brasil,
98
parece estar centralizado num site chamado Observatório Interamericano de
Biopolítica. Em 2015 especialmente, algumas pessoas se empenharam em se
posicionar contra a “ideologia de gênero”, divulgando vídeos em suas redes sociais: o
senador pastor Magno Malta, o deputado Jair Bolsonaro, o deputado pastor Marco
Feliciano, o pastor Silas Malafaia, a pastora Damares Alves, a pastora Marisa Lobo.
Meus estudos mostraram que o termo é usado em 1998, em uma Conferência
Episcopal da Igreja Católica realizada no Peru, cujo tema foi “A ideologia de gênero –
seus perigos e alcances”. Parece que seus criadores se baseiam em dois livros para
compor essa narrativa chamada “ideologia de gênero”: primeiro, no livro de Dale
O’Leary intitulado Agenda de gênero, de 1996. O’Leary é uma militante pró-vida que
participou das Conferências da ONU (do Cairo em 1994 e de Pequim em 1995) como
delegada. Ela faz um relato dessas conferências, descreve, sob o seu ponto de vista, a
ação das feministas em apresentar o conceito gênero e como, a partir dali, a ONU
assume a chamada perspectiva de gênero para as políticas públicas sobre os direitos
das mulheres. O outro referencial usado na construção dessa narrativa é o livro de
Jorge Scala, cuja primeira edição é intitulada Ideologia de gênero: o gênero como
ferramenta de poder, de 2010, que no Brasil, curiosamente, é intitulado Ideologia de
gênero – o neototalitarismo e a morte da família, de 2015. O autor é um advogado
argentino, conhecido defensor de causas antiaborto e contra os direitos das mulheres,
membro do movimento pró-vida, que apresenta uma série de interpretações dos
estudos de gênero, extremamente problemáticas e convenientemente articuladas
para desqualificar tais estudos e apresentá-los como danosos para a sociedade.
Portanto, parecem ser esses os principais referenciais usados na criação da narrativa
chamada “ideologia de gênero”, que nos últimos dois anos vem sendo divulgados e
exaustivamente repetidos em vídeos, textos, cartilhas, documentos da CNBB, palestras
etc. Uma retórica que afirma haver uma conspiração mundial entre ONU, União
Europeia, governos de esquerda, movimentos feminista e LGBT para “destruir a
família”, mas que, em última análise, objetiva, sim, propagar um pânico social e voltar
as pessoas contra aos estudos de gênero e contra todas as políticas públicas voltadas
para as mulheres e a população LGBT, sobretudo nas questões relacionadas aos
chamados novos direitos humanos, por exemplo, no uso do nome social, no direito à
identidade de gênero, na livre orientação sexual.
E qual a diferença entre ideologia de gênero e estudos de gênero?
Primeiro, entender que todos nós seres humanos possuímos um sexo e um gênero.
Enquanto o “sexo” é o conjunto dos nossos atributos biológicos, anatômicos, físicos e
corporais que nos definem menino/homem ou menina/mulher, o gênero é tudo aquilo
que a sociedade e a cultura esperam e projetam, em matéria de comportamento,
oportunidades, capacidades etc. para o menino e para a menina. O conceito gênero só
99
surgiu porque se tornou necessário mostrar que muitas das desigualdades às quais as
mulheres eram e são submetidas, na vida social, são decorrentes da crença de que
nossa biologia nos faz pessoas inferiores, incapazes e merecedoras de menos direitos.
O conceito gênero buscou não negar o fato de que possuímos uma biologia, mas
afirmar que ela não deve definir nosso destino social. Originalmente, as reflexões
acerca da influência da sociedade e da cultura, no conjunto das definições que nos
dizem o que é “ser homem” e o que é “ser mulher”, se iniciaram nas ciências sociais e
humanas, como sociologia, história, filosofia e antropologia, mas, hoje, os estudos de
gênero se constituem num campo multidisciplinar, composto por várias abordagens e
presentes em todas as ciências – nas naturais, nas exatas, nas jurídicas, nas da saúde,
nas da comunicação, do esporte etc. Hoje os estudos de gênero se aproximam
também das discussões com outras identidades, como raça-etnia, classe social,
religião, nacionalidade, condição física, orientação sexual etc., sendo, por isso,
chamados de estudos de interseccionalidade. O conceito gênero permite, ainda,
explicar os sujeitos LGBT, especialmente os sujeito trans, na medida em que discutem,
por exemplo, a identidade de gênero e o uso do nome social. Portanto, a perspectiva
de gênero está na base dos novos direitos humanos e na justificativa das políticas de
amparo às mulheres que repercute nas discussões acerca do conceito de vida e das leis
sobre direitos sexuais e reprodutivos, e aborto e à população LGBT. Sem dúvida, se
considerarmos que o conceito gênero permite as discussões acerca da posição da
mulher na sociedade, da aceitação dos novos arranjos familiares, das novas
conjugalidades nos relacionamentos afetivos, ampliação da forma de ver os sujeitos da
pós-modernidade e no reconhecimento da chamada diversidade sexual e de gênero,
então, não há campo do conhecimento contemporâneo mais impactante e
perturbador para as instituições conservadoras e tradicionais que os efeitos reflexivos
dos estudos de gênero. Isso nos faz entender porque o empenho tão enfático,
persistente e até, em algumas situações, antiético das instituições que criaram e
divulgaram essa narrativa denominada “ideologia de gênero”. Na minha opinião, há
usos distintos da chamada “ideologia de gênero”. Parece que, no âmbito da cúpula da
Igreja Católica, trata-se de uma questão dogmática e relacionada aos valores da
ideologia judaico-cristã, que, segundo seus representantes, estariam sendo ameaçados
pelo conceito gênero por causa das mudanças no comportamento das mulheres e nas
leis sobre aborto, por exemplo, da aceitação das várias famílias e do reconhecimento
dos direitos da população LGBT. Outro uso vem de representantes evangélicos:
embora existam aqueles católicos que se aproveitam eleitoralmente dessa narrativa,
usar a “ideologia de gênero” e sua suposta “ameaça” às crianças e à família tem sido
mais presente em candidatos evangélicos – vide a chamada bancada cristã, que não
apenas no Congresso Nacional, mas em todos os legislativos do país, deve aumentar,
nas próximas eleições, à custa de campanhas cujo foco de “convencimento” deverá ser
combater a ideologia de gênero.
100
E são os evangélicos que mais combatem a ideologia de gênero no Congresso…
Muitos pastores, em 2015, lançaram vídeos falando a respeito da ideologia de gênero,
“explicando sua ameaça” às crianças e às famílias, com argumentos, visivelmente
idênticos, em falas que não diferiam muito e confundiam e alarmavam mais do que
explicavam o conceito gênero. Diziam coisas como: “Segundo a ideologia de gênero,
você não vai mais poder dizer que é menina ou menino; a escola vai te doutrinar dessa
forma. Tudo isso porque querem destruir sua família”. Dando continuidade à
explicação, afirmavam: “Eles (os perversos ideólogos de gênero) querem negar nossa
biologia”! Esse argumento da negação da biologia não é apenas absurdamente
equivocado em relação aos estudos de gênero, mas constitui-se num ato deliberado de
má-fé – uma desonestidade intelectual daqueles que criaram e divulgam a ideologia de
gênero no Brasil. Os estudos de gênero não negam a biologia por um motivo muito
simples: é preciso que ela exista para que possamos dizer que gênero é tudo o que não
é biológico, ou seja, gênero difere da biologia, gênero é um conceito da sociedade e da
cultura, gênero é, exatamente, o contrário. Não faz nenhum sentido dizer que os
estudos de gênero negam a biologia; os estudos de gênero discordam é do
determinismo biológico – quando a biologia é utilizada pra definir nosso destino social.
Tenho que admitir que a construção dessa estratégia foi muito inteligente! Destaca-se
o brilhantismo em construir uma narrativa, suficientemente ameaçadora para
sociedade, na medida em que ela se volta para a criança e a família no seu intuito
destruidor. Não há nada que mobilize mais as pessoas, principalmente pais e mães, do
que alardear que “algo” ameaça suas crianças e que há um complô mundial para
destruir sua família.
Se a ideologia de gênero foi um projeto do PT, quer dizer que, com a saída do PT do
governo, ela não existe mais?
Palavras como gênero, identidade de gênero, orientação sexual e educação sexual
foram excluídas dos planos nacional, estaduais e municipais de educação. O suposto
pernicioso governo federal, o partido político e suas políticas de educação foram
igualmente banidos do poder e do MEC. Para conter os revolucionários professores,
especialmente aqueles que possuem sensibilização com o respeito às diferenças e
discutem as formas de preconceito no cotidiano escolar, busca-se aprovar o projeto
Escola Sem Partido – aliás, excelente aliado daqueles que criaram e divulgam a
existência da ideologia de gênero. Se o governo do PT que criou a ideologia de gênero
não está mais no poder, se tudo está sob controle e as políticas de educação do MEC,
os livros didáticos e a formação de professores não mais conterão a perspectiva de
gênero, então, por que é preciso manter vivo esse monstro? Por que pastores
101
continuam dizendo em seus vídeos, missas, cultos que irão combater a ideologia de
gênero? Primeiro, para manter a assustadora narrativa ideologia de gênero. Segundo,
para apresentar-se como paladino da justiça, como aquele que vai combater e
defender as criancinhas e a família brasileira da ideologia de gênero. Terceiro, para
assim pedir o voto e se eleger. Quarto, para, ao ser eleito, impedir ou fazer retroceder
conquistas, nas leis, para mulheres, a população LGBT e o reconhecimento das
religiões de matrizes africanas; e, quinto, para aprovar leis como o Estatuto da Família,
alterar a Constituição Federal, instituir uma teocracia cristã no Brasil. Sim, estou bem
pessimista. A ideologia de gênero se tornou um excelente cabo eleitoral, e não há
nenhum interesse em mostrar para as famílias, pais e mães, que não há nenhuma ação
concreta que busque a destruição da família e que ninguém na escola vai dizer que um
menino não é menino ou que uma menina não é menina.
E tudo vem no mesmo pacote, né? O Estatuto da Família, a proibição da discussão de
gênero. O Escola Sem Partido também vem junto nesse projeto?
Uma análise que podemos fazer é entender que o tempo presente reuniu, conforme a
expressão de Michel Foucault, “condições de possibilidades históricas” para que esse
movimento conservador tivesse tanta projeção no Brasil. O senhor Miguel Nagib cria o
Escola Sem Partido no ano de 2004 e, praticamente por dez anos, não houve uma
projeção nacional de seu movimento. Nos últimos anos, o descontentamento com o
governo federal, somado à convergência de inúmeras críticas e análise conjunturais,
em vários campos, como economia, política e educação, favoreceu o surgimento e a
união de forças conservadoras e tradicionais contra as políticas de igualdade, respeito
às diferenças, direitos humanos e políticas afirmativas. Penso que a questão é muito
mais complexa do que parece. Poderíamos, inclusive, polarizá-la entre a discussão de
distintos projetos de governo e de visões de mundo: de um lado, os de direita e, de
outro lado, os de esquerda. Precisamos falar sobre isso!
O que significa, na prática, tirar a discussão de gênero dos documentos oficiais?
Nas discussões e aprovações dos Planos de Educação ficou evidente que combater a
“ideologia de gênero” significava retirar de qualquer documento as palavras gênero,
orientação sexual, diversidade sexual, nome social e educação sexual. Mesmo que as
palavras, nas frases, não implicassem nenhuma ameaça objetiva, evitar que as palavras
fossem visibilizadas na lei certamente dificultaria aqueles que pretendessem trabalhar
esses temas na educação, e, sem muitos argumentos, as palavras foram excluídas. No
entanto, é preciso lembrar que retirar essas palavras da lei não elimina os sujeitos da
diversidade sexual e de gênero do interior da escola brasileira e de todas as sociedades
102
humanas. Crianças e jovens, assim como professores, pais e mães, possuem suas
identidades de gênero, são sujeitos de afetos e convivem num mundo diverso. Aliás,
não é a existência do conceito de gênero que “fez surgir” na humanidade pessoas
homossexuais, travestis, lésbicas, transgêneros, transexuais ou bissexuais, por
exemplo. Os estudos de gênero existem para estudar esses sujeitos, compreender a
expressão de suas identidades, propor conceitos e teorias para sua existência e ajudar
a construir um mundo onde todos/as se respeitem. Da mesma forma, não foi a
existência do conceito gênero que “transformou” as mulheres em contestadoras. A
condição histórica e material, de subordinação e de sofrimento existencial, das
mulheres, em todas as culturas, é que as impulsionou e impulsiona a lutar pelas
mudanças sociais que lhes garantam uma cidadania mais plena. O conceito de gênero
pode ser banido do planeta, que mesmo assim a humanidade continuará se
expressando em sua diversidade e buscando direitos humanos para todos.
E nessa briga vale tudo, né? Inventar cartilhas falsas, falar que é contra “gênero” sem
nem saber do que realmente se trata…
As cartilhas foram apócrifas e anônimas. Eu fiz um documento-análise e no primeiro eu
disse que ninguém sabia quem era, não tinha data nem gráfica. No inicio deste ano, eu
descobri em um vídeo do professor Felipe Nery que a cartilha foi elaborada no
Observatório Interamericano de Biopolítica. Você não tem na historia alguém que cria
uma teoria e não assume essa teoria. E, pior, transfere essa teoria para os outros.
Quando começou essa história de “ideologia de gênero”, eu acordei, de um dia para o
outro, ideóloga de gênero, doutrinadora de crianças. Isso me motivou a iniciar
pesquisas para entender de onde veio isso. Eu sempre falo que todo mundo já ouviu
falar que os seres vivos se modificam ao longo do tempo num processo que se chama
evolução e que transmitem isso aos mais aptos, e eu vou perguntar quem disse isso e
as pessoas vão me responder Charles Darwin, e quem concorda com isso é chamado
darwinista. Agora, a ideologia de gênero eles não assumiram que inventaram. A gente
que tem que descobrir e contar para as pessoas que isso não existe nos estudos de
gênero, que é uma interpretação propositalmente construída de forma negativa. As
cartas não estão na mesa, eles não assumem que ninguém está doutrinando crianças
na escola, que eles querem que não se fale de gênero na escola para que as crianças
não acolham os sujeitos da diversidade, para que não aceitem que as pessoas possam
ser vistas definitivamente sem preconceito. Que eles não aceitam os direitos humanos
ampliados. Tem um vídeo que, ao mostrar um casal de transexuais, vem um
comentário de que se trata de uma aberração humana, já que Deus criou o homem e a
mulher. A gente conclui dele que eles são contra o conceito gênero porque Deus não
criou travesti, transexual, transgênero, e, por isso, essas pessoas não merecem ter
direitos.
103
E as pessoas são enganadas nessa confusão.
É claro que eles não acham que vão estar garantidos só com a confusão teórica que
fazem. Eles condenam uma série de palavras que dizem fazer parte do pacote de
ideologia de gênero para doutrinação das crianças e destruição das famílias. Eles
condenam as palavras diversidade, homofobia, perspectiva de gênero, identidade de
gênero, tudo que a gente tem utilizado para que as pessoas entendam a discussão dos
direitos e da diversidade. E aí a pergunta é: “Qual é a proposta de acolhimento de
vocês pra esses sujeitos, então? Ou querem fazer como aquele candidato à Presidência
da República e mandar todo mundo para uma ilha?”. Eles querem que essas pessoas
sumam, mas não assumem isso. O Escola Sem Partido ajuda a manter esse discurso de
proibição da discussão e de segregação e, por isso, recebeu atenção.
http://apublica.org/2016/08/existe-ideologia-de-genero/
UMA AVALIAÇÃO SOBRE A BUSCA DE DIREITOS LGBT PELO MUNDO
André Cabette Fábio, Nexo Jornal 03 de julho de 2018 [entrevista com Boris Dittrich,
da Human Rights Watch]
Em entrevista ao ‘Nexo’, Boris Dittrich afirma que a implementação de leis de
reconhecimento de gênero no mundo são um avanço, e que a Human Rights Watch
pressiona pelo fim de cirurgias desnecessárias em bebês intersexuais
O casamento civil entre homossexuais passou a ser permitido em um país apenas em
2001 ( https://internacional.estadao.com.br/blogs/radar-global/um-panorama-docasamento-gay-e-da-adocao-por-casais-do-mesmo-sexo-pelomundo/ ), quando foi
liberado na Holanda por decisão do Parlamento, apesar da oposição de grupos
religiosos.
O movimento foi capitaneado por Boris Dittrich, o primeiro homem assumidamente
homossexual a integrar o Parlamento holandês – na década de 1980, uma lésbica
assumida, Evelin Eshuis, já havia sido eleita. Em 2018, 25 países permitem o casamento
homossexual no mundo.
Entre eles o Brasil, em que esse direito foi garantido em 2013, por decisão do Conselho
Nacional de Justiça.
104
Apesar da demora, o país está à frente de nações como Alemanha, que garantiu o
casamento entre pessoas do mesmo gênero apenas em 2017, assim como da grande
maioria dos países da América Central, da Ásia, da Oceania e da África, em que este
direito não é garantido.
Atualmente, Dittrich é diretor ( https://www.hrw.org/about/people/boris-dittrich ) do
programa focado em direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros da ONG
internacional Human Rights Watch.
A entidade se dedica à promoção dos direitos humanos no mundo. Além de questões
LGBT, ela aborda também demandas de intersexuais (
https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2018/02/03/O-que-%C3%A9intersexualidade.-E-como-%C3%A9-se-descobrir-intersexual ), pessoas que possuem
características sexuais ou reprodutivas que não se encaixam nas definições típicas de
masculino e feminino, em geral por causas genéticas.
Por exemplo: aqueles que possuem cromossomos XY, que na maior parte dos casos se
traduzem em corpos masculinos, mas que têm o corpo com aparência feminina.
Em 4 de julho Dittrich falará em São Paulo sobre solidão, em especial de pessoas LGBT,
em um evento organizado em parceria entre a Human Rights Watch e a School of Life,
uma empresa educacional fundada em Londres, que busca discutir formas de levar
uma vida mais feliz.
O Nexo aproveitou a oportunidade para conversar por e-mail sobre o estado global
dos direitos de pessoas LGBT e intersexuais.
Dittrich avalia que, idealmente, direitos LGBT devem ser garantidos por legisladores, e
não pelo Judiciário, como ocorre no Brasil.
Ele vê como positivas normas que reconhecem o gênero de transgêneros, e afirma que
a Human Rights Watch vem pressionando médicos para que não realizem cirurgias
medicamente desnecessárias em bebês com características intersexuais.
Como você encara o fato de que todos os direitos LGBT no Brasil foram garantidos
pela Justiça, e não pelos legisladores?
BORIS DITTRICH - Se os políticos não agem, é ótimo que tenhamos um judiciário
independente que possa garantir direitos sem se restringir por
105
emoções ou preferências políticas. No entanto, o melhor seria que o Parlamento,
representando o povo, votasse a favor da legislação [garantindo direitos LGBT e
intersexuais], porque isso confere legitimidade democrática.
Em muitos países você vê primeiro juízes garantindo direitos declarando certas leis,
políticas públicas ou comportamentos como inconstitucionais. Em seguida, as pessoas
se acostumam à nova situação. Anos depois, políticos reformam a situação que se
desenvolveu, codificando essas práticas em leis.
A comunidade LGBT e intersexual é especialmente afetada pela solidão?
BORIS DITTRICH - A homofobia e a transfobia são avassaladoras em todas as partes do
mundo, em maior ou menor grau. Muitas pessoas LGBT,
em qualquer lugar do mundo, têm ao menos um denominador em comum, que é a
solidão e o medo da solidão.
É o medo de serem ostracizados, discriminados, ou de que façam com que se sintam
como pessoas de segunda classe, o que leva ao isolamento e, em alguns casos, a
traumas graves.
Em alguns aspectos, a homofobia e a transfobia diferem da discriminação racial. Ela faz
com que você se destaque na sociedade por causa da cor da sua pele, porém seus pais
e parentes próximos são similares a você. O mundo exterior pode ser hostil, mas você
pode encontrar refúgio dentro da sua própria família.
Ser gay em um ambiente heteronormativo é duro porque é provável que você seja
diferente dos membros da sua família, das pessoas próximas e da maioria da
sociedade. Você se sente seguro o suficiente para contar a seus pais, ou a seus irmãos
e irmãs? Como eles reagiriam?
A comunidade LGBT e intersexual internacional tem o poder de influenciar políticas
nacionais? Isso já ocorreu?
BORIS DITTRICH - Sim. Muitos governos não querem ser vistos como homofóbicos.
Depois de serem criticados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, eles podem
mudar suas leis ou políticas.
Moçambique é um exemplo de país que repeliu sua lei criminalizando a conduta
homossexual depois de ter sido avaliado pela ONU, em Genebra.
106
Foram os grupos LGBT e intersexuais nacionais e internacionais que iniciaram a
campanha pela descriminalização. A Human Rights Watch e outras entidades
conseguiram fazer com que a ONU embarcasse.
O secretário geral anterior [Kofi Annan] pressionou para que os princípios da igualdade
de direitos e da não discriminação baseassem nossas recomendações. A ONU teve
influência em muitos países.
Que vitórias e derrotas LGBT e intersexuais globais recentes você destacaria?
BORIS DITTRICH Vitórias: a igualdade de casamento na Holanda em 2001. Agora, há 25
países com o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Um bilhão de pessoas, de sete
bilhões na Terra, vivem nesses países. Uma em sete! Isso foi uma grande conquista.
Além disso, os direitos das pessoas transgênero estão se desenvolvendo rapidamente.
Leis de reconhecimento de gênero (sem esterilização forçada ou tratamento hormonal
forçado) vêm sendo criadas em países como Malta, Irlanda, Argentina etc.
A ONU reconhece os direitos de pessoas LGBTI como uma questão de direitos
humanos premente, com a criação [em 2016] da figura de especialista independente (
http://ap.ohchr.org/documents/dpage_e.aspx?si=A/HRC/RES/32/2 ) sobre orientação
sexual e identidade de gênero [dentro da entidade].
Derrotas: a Rússia vem promovendo valores tradicionais no contexto da ONU. Essa
linguagem pode ser usada contra famílias arco-íris
[LGBT].
Há países como a Rússia em que pessoas LGBT não têm liberdade de expressão por
causa da lei contra propaganda gay. A Rússia alega que protege crianças contra efeitos
danosos da transmissão de mensagens positivas sobre homossexualidade. Essa lei está
sendo replicada em alguns outros países, como a Nigéria.
As demandas LGBT e intersexuais mudam com o tempo?
BORIS DITTRICH - Sim, dependendo do contexto do país e do nível de aceitação de
LGBTI. Por exemplo, em países europeus ocidentais em que a legislação é mais ou
menos OK, os ativistas LGBTI vêm pressionando pela não discriminação no local de
trabalho, em asilos, medidas antibullying em escolas etc.
107
Essas questões não eram muito proeminentes há 20 anos.
Por que pouquíssimos países têm leis contra cirurgias em bebês com características
intersexuais [ou seja, traços sexuais e reprodutivos que não se conformam às ideias
típicas de masculino e feminino, como o sexo ambíguo]?
BORIS DITTRICH - Em termos de direitos humanos, o movimento intersexual é muito
novo e desconhecido. Mas eles [os intersexuais] se tornaram visíveis em comparação
com 10 anos atrás.
Um país como Malta adotou uma lei contra cirurgias em bebês. A Human Rights Watch
publicou um relatório grande sobre intersexualidade *“‘Eu quero ser como a natureza
me fez’: Cirurgias medicamente desnecessárias em crianças intersexuais nos Estados
Unidos” ( https://www.hrw.org/report/2017/07/25/i-want-be-nature-mademe/medically-unnecessary-surgeries-intersex-children-us ), publicado em julho de
2017], junto com o grupo intersexual InterAct.
Nós estamos pressionando médicos para que parem de realizar cirurgias medicamente
desnecessárias em bebês intersexuais.
https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2018/07/03/Umaavalia%C3%A7%C3%A3o-sobre-a-busca-de-direitos-LGBT-pelo-mundo
BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE
NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EX-PARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA
PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO MUNDO AFIRMA QUE A
COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS DIREITOS
Joana Oliveira , El País, 18 de julho de 2018
Há 17 anos, a Holanda se tornava o primeiro país do mundo a legalizar o casamento
entre pessoas do mesmo sexo e, ao mesmo tempo, concedia aos casais homossexuais
o direito de adotar crianças. O homem por trás dessa conquista histórica foi o juiz e, na
época, parlamentar holandês Boris Dittrich (Utretch, 1955), o primeiro político
abertamente gay do país, que apresentou o projeto de lei aos seus pares e fez lobby
para conseguir a aprovação por 107 votos contra 33. Hoje, uma década depois de se
afastar da vida política, Dittrich se converteu em ativista pelos direitos LGBTQ
(Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Queer) ao redor do mundo e dirige o
108
programa focado nessa comunidade na ONG internacional Human Rights Watch.
Apesar de seu trabalho estar centrado na advocacia por políticas sociais e legislações
que descriminalizem a homossexualidade ou que reconheçam as diversas identidades
de gênero, ele admite que há problemas igualmente urgentes no coletivo que são
menos visíveis.
"Uma coisa que percebi, trabalhando com pessoas LGBT ao longo dos anos, é que
todas elas enfrentam, em algum momento, um denominador comum, que é a solidão.
O processo de entender a própria identidade, sair do armário, é muito solitário. Nos
ambientes mais hostis, muitos encaram a dúvida de se é seguro expressar a própria
sexualidade ou identidade de gênero ou se há o risco de sofrer bullying na escola, ser
expulso de casa ou até morto". Para Boris, esse é um fardo pesado que, em maior ou
menor medida, os LGBT carregam sozinhos, e foi sobre isso que falou durante uma
conferência realizada no Brasil na semana passada pela organização The School of Life.
O ativista considera que a solidão dos que fogem dos modelos de heteronormatividade
é um "grave problema de saúde" que, historicamente, ficou em segundo plano na luta
por direitos civis. "Mesmo em países onde as leis e as políticas públicas funcionam
bem, são muitos jovens LGBT que ainda enfrentam essa solidão e, por causa disso,
chegam a cometer suicídio. É o caso da Holanda. É uma luta, continua sendo. Porque
você é uma minoria e tem que se redefinir perante a sociedade e se reafirmar
constantemente para ser quem você é".
Pergunta: De que maneira a conquista de direitos ajuda a amenizar esse sentimento?
O que mudou, por exemplo, desde a primeira lei de casamento igualitário?
Resposta: No início, todo mundo me dizia que era uma ideia louca, já que, naquele
momento, em nenhum lugar do mundo pessoas homossexuais podiam casar. Mas,
desde então, 25 países adaptaram suas leis de matrimônio para incluir os casais de
mesmo sexo. Dos 7 bilhões de pessoas no planeta, um bilhão vive nesses Estados, e
isso é algo muito simbólico, porque a gente passou a entender que, se eu tenho o
direito de me casar como qualquer um, por que deveria ser tratado como um cidadão
de segunda categoria? A conquista desse direito abriu a porta para outras
reivindicações.
P: Há, ou deveria haver, uma lista de prioridades dessas outras reivindicações?
R: Tudo depende de cada região. Nos países onde gays e lésbicas conquistaram
diversos direitos civis, as pessoas transexuais e intersexuais continuam sendo
109
negligenciadas. No panorama internacional, acredito que a prioridade são os direitos
delas. Temos que aprovar mais leis de reconhecimento de gênero, que garantam a
identidade social em sua plenitude. Muitos países ainda obrigam as pessoas trans a se
submeter a diagnósticos psiquiátricos, tratamentos hormonais e cirurgias para poder
adequar seus nomes nos documentos, por exemplo. No outro extremo, temos bons
exemplos como a Argentina, onde basta dirigir-se à prefeitura para conseguir um novo
registro, sem médicos ou juízes analisando e julgando a pessoa e sua trajetória de vida.
P: O seu ponto de vista mudou a respeito da luta por direitos LGBT desde que deixou
a carreira política e virou um ativista de atuação global?
R: Entre 1994 e 2006, enquanto estava no parlamento holandês, não me importava
com os direitos das pessoas trans, mal sabia que elas existiam, não conhecia nenhuma
delas e, portanto, ignorava os problemas que elas enfrentam. Quando fui trabalhar
com a Human Rights Watch, entendi a força e a importância da luta pelos direitos
trans e das pessoas intersexuais. Aí me dei conta de que é uma luta que deveria ser
uma prioridade dentro e fora do coletivo. São reivindicações com anos de história, mas
que só começaram a ganhar mais relevância na última década.
Outra coisa que mudou é que hoje eu entendo que, no momento em que se conquista
um direito, você imediatamente tem que correr atrás de outro. No meu país, ninguém
mais debate o casamento igualitário, virou um tema chato. 95% da população aprova
essa medida, então passamos para novos tópicos. Até porque a cada dia
reconhecemos novas identidades de gênero e expressões de sexualidade e, com isso,
existem novos direitos a serem conquistados.
"Enquanto estava no Parlamento, não me importava com as pessoas trans, mal sabia
que elas existiam"
P: Isso significa que a comunidade LGBT nunca deixará de lutar por igualdade?
R: Sim. Estou convencido de que, se você é uma minoria, qualquer que seja, a
emancipação nunca vai chegar, você sempre terá que mostrar um espelho para a
sociedade para que eles entendam que pertencemos ao mesmo grupo e, portanto,
merecemos os mesmos direitos. Sempre há uma nova geração, um novo grupo
religioso, um novo contexto político que põe isso em xeque, então temos que
permanecer vigilantes na luta por nosso lugar na sociedade.
110
P: Acredita que as gerações mais jovens dão por certa e acabada a conquista desses
direitos? Há uma certa acomodação?
R: Às vezes, sim. Em meu país, os jovens simplesmente não entendem que houve uma
época em que duas pessoas que se amam não podiam se casar e ter uma família. Para
eles, isso é uma coisa totalmente garantida. E, embora eu não acredite que há um risco
de regressão nesse sentido, nunca se sabe. É preciso estar alerta e, principalmente,
conhecer e entender a história que levou a essas conquistas.
P: É preciso estar mais alerta com o que acontece no quintal da Europa, em países
como Rússia, Ucrânia, Moldávia, entre outros, que criminalizam a "propaganda e
conduta homossexual"?
R: Não acredito que exista um risco de que essas políticas de repressão aos direitos
LGBT estendam-se por outros países europeus, mas, sim, há um perigo real para os
direitos humanos, em geral, com o crescimento dos partidos conservadores e
ultraconservadores nesses países, que ameaçam os direitos de refugiados, por
exemplo. A primeira coisa que fazem é querer fechar as fronteiras e tirar os direitos
das pessoas. Esse é só o primeiro grupo sob ataque, mas é preciso lembrar que muitos
partidos populistas ganham poder ao fazer as pessoas terem medo de outras, criando
a ideia de um inimigo, usando grupos como bodes expiatórios. Primeiro começam com
um grupo, depois outro e outro…
P: As leis são a melhor maneira de combater essas políticas discriminatórias?
R: As leis não são suficientes para proteger as pessoas, porque se a sociedade não acha
que é necessário proteger os mais vulneráveis em suas diferenças, não vai adiantar
nada. É mais importante fazer um trabalho para tocar as mentes e corações dos
cidadãos e fazer com que eles se unam ao movimento para que entendam que, com
ou sem lei, precisamos de sociedades mais inclusivas. Quando se tem apoio popular, é
mais fácil que os interesses políticos se alinhem para aprovar essas leis.
P: Acredita que esse é o principal papel de organizações como a Human Rights
Watch?
R: Às vezes, fazemos o rascunho de leis para países que não sabem como fazê-las,
então não é apenas o trabalho de um mediador, mas de advocacy direta com governos
111
e parlamentos, fazendo pressão. A vantagem é que sabemos o que acontece em cada
país. Ás vezes inclusive com mais detalhe do que os próprios governantes porque eles
acabam tão focados em sua própria situação que perdem a perspectiva global.
P: Qual é a posição do Brasil dentro dessa perspectiva global?
R: O Brasil é um dos membros do grupo central de direitos LGBT na ONU e também é
membro da Coalizão Internacional por Direitos Iguais, com políticas amigáveis à
comunidade. Isso não significa, é claro, que não existam problemas. O principal deles é
a violência, e ainda há muito que fazer.
P: Somos um dos países que mais mata pessoas LGBT no mundo e, desde 2015, o que
mais mata transexuais. Há anos se discute a possível criação de uma lei antihomofobia, para punir especificamente crimes de ódio contra o coletivo. Esse tipo de
legislação é realmente eficaz para mudar as estatísticas?
R: Eu diria que, mais importante que isso, é que quando uma pessoa seja agredida ou
assassinada por sua orientação sexual ou identidade de gênero, a polícia e as
autoridades judiciais realizem uma investigação profunda e que não haja impunidade.
Esse é o primeiro passo, a essência do trabalho, que é investigar, encontrar e punir o
autor do crime. Se isso não se cumpre, então, sim, deveríamos pensar em uma
legislação específica, mas não acho que deveria ser uma prioridade.
"Você não precisa ser LGBT para defender os direitos desses cidadãos. Precisamos de
mais de quaisquer políticos que considerem direitos humanos algo importante"
P: O Brasil não tem dados oficiais de crimes de ódio contra pessoas LGBTQ. O único
levantamento nacional é realizado pelo Grupo Gay da Bahia, cujos relatórios
mostram que muitos casos, mesmo quando chegam na delegacia, não são
registrados como delitos de ódio.
R: Isso também acontecia na Holanda. Quando eu ainda era juiz recebia casos de
mulheres agredidas por seus maridos por terem se revelado lésbicas, e os promotores
apenas trabalhavam com a denúncia por violência doméstica, sem analisar o que
estava por trás daquela situação específica. Levei essa experiência jurídica para a
política e propus uma medida para incluir no protocolo policial que os agentes
investigassem os possíveis aspectos de delito de ódio por trás de cada crime, para que
112
entendêssemos exatamente cada caso. Quando começamos a monitorar os possíveis
rastros de homofobia e transfobia, vimos que havia muito mais casos do que os
inicialmente registrados. A mídia passou a observar atenciosamente esses relatórios e,
agora, quando um casal gay apanha na rua por andar de mãos dadas, isso aparece na
capa de todos os jornais. Antes, só víamos a ponta de um iceberg, agora vemos que há
toda uma geleira.
P: Atualmente, um candidato com um discurso abertamente homofóbico lidera a
corrida eleitoral para a presidência da República, o que gera especial preocupação
para a juventude LGBT.
R: É importante que esses jovens compareçam às urnas e votem não apenas em
candidatos centrados nos direitos LGBT, mas em políticos realmente comprometidos
com os direitos humanos, em geral. Eles precisam saber que esses votos são
importantes. E, no caso de que alguém com esse perfil [conservador] realmente se
torne presidente, é fácil pensar em deixar o país, ir a outro lugar, mas às vezes é
melhor ficar e tentar melhorar as coisas. Se todas as pessoas que se sentem
ameaçadas, de uma maneira ou outra, por um candidato com possibilidades reais de
ser eleito deixarem o país, as coisas serão bem piores.
P: Esse panorama poderia ser uma boa oportunidade para que mais pessoas LGBTQ
dessem o passo em direção a uma carreira política?
R: Claro, mas vale lembrar que você não precisa ser LGBT para defender os direitos
desses cidadãos. Precisamos de mais de quaisquer políticos que realmente considerem
direitos humanos algo importante e que queiram lutar por isso. Um bom sinal é que
nos Estados Unidos, por exemplo, depois da eleição de Donald Trump, a sociedade civil
passou a se organizar mais, ganhando mais visibilidade nas ruas. A demonstração do
poder das mulheres nas ruas, e não apenas com o movimento #MeToo, fez com que os
direitos delas e os direitos da comunidade LGBT gerassem mais debate no Congresso
do que durante o Governo de Obama. Como ele já surfava na onda desses direitos,
havia menos necessidade de luta. Situações de opressão também criam mobilização.
Espero que, se necessário for, esse seja o caso no Brasil também.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/06/actualidad/1530912488_146292.html
“HÁ LOBBY PARA DAR PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE
CONTRARIA O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA
113
Rafael Barifouse, BBC News Brasil, 11 de julho de 2018
O procurador da República Ailton Benedito se define como uma pessoa de opiniões
que são "discrepantes do lugar comum". Além de se manifestar quase diariamente
pelas redes sociais, o atual chefe do Ministério Público Federal (MPF) em Goiás
expressa suas convicções com frequência por meio das ações movidas a partir de seu
gabinete.
Tornou-se, assim, uma voz polêmica entre os membros da instituição. Na visão de
Benedito, "promotores públicos têm um viés de centro-esquerda". "Tenho uma visão
de mundo mais conservadora", diz à BBC News Brasil.
O procurador mineiro, de 48 anos, já causou controvérsia, por exemplo, ao afirmar em
um postagem no Twitter que o nazismo era um regime socialista. Também já abriu
uma sindicância, em outra ocasião, para investigar o suposto "recrutamento
ideológico" de menores brasileiros na Venezuela, que ele dizia ver em uma iniciativa
comunitária local em um bairro popular venezuelano chamado Brasil.
A lista de polêmicas se estende: já quis suspender uma campanha publicitária sobre a
Copa do Mundo no Brasil por discordar de que o evento traria os benefícios
anunciados; pediu explicações à Universidade Federal de Goiás sobre banheiros
supostamente unissex; e proibiu protestos políticos em prédios federais do Estado.
Seu alvo mais recente é o Conselho Federal de Psicologia (CFP). Benedito quer
derrubar o veto do órgão a qualquer atitude de profissionais da área que se refira a
transexuais e travestis como se estivessem doentes, prática que, na visão do CFP, leva
à "patologização" dessas pessoas. Publicado em janeiro, o documento também proíbe
a participação de psicólogos em "terapias de conversão, reversão, readequação ou
reorientação de identidade de gênero".
Na opinião de Benedito, a proibição do CFP viola o livre exercício da profissão de
psicólogo, um direito fundamental previsto na Constituição. "Não cabe ao conselho
determinar o que é doença ou impor censura prévia a atuação de psicólogos em
eventos de natureza científica ou de comunicação que tratem do tema", afirma.
"Acredito que existe um lobby transgênero em instituições da sociedade, sobretudo
voltado à formulação de políticas públicas. Para mim, é inconcebível que, pelo fato de
se declarar transgênero, uma pessoa possa usufruir de direitos em condição
privilegiada."
114
'Proteger a população'
Benedito também argumenta que a resolução vai contra o direito dos pacientes de
buscar assistência psicológica, além de impedir o desenvolvimento científico na área
caso as pesquisas não sejam "do agrado de determinadas visões postas no conselho".
"Uma pessoa pode ser hétero e não conviver bem com sua condição e precisar de
assistência psicológica. Isso pode acontecer com qualquer ser humano, mas, como está
na resolução, qualquer assistência oferecida pode ser interpretada como uma
violação, mesmo que seja para que se conviva melhor com a própria condição",
defende Benedito.
A princípio, a ação ajuizada pelo promotor na 4ª Vara da Justiça Federal foi recusada. O
mérito da questão não foi julgado – o juiz entendeu que não cabia uma ação civil
pública em primeira instância para julgar uma resolução de um órgão federal. Agora,
Benedito recorre ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
O CFP refuta as acusações do procurador. Pedro Paulo Bicalho, diretor do conselho e
professor do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
considera a ação movida por Benedito um "grande equívoco" e diz que a resolução
reconhece a possibilidade de alguém se identificar com um gênero diferente, algo
"considerado válido pela ciência".
"Nossa resolução é baseada em uma série de evidências científicas, construídas ao
longo dos anos, de que a transexualidade é uma identidade como qualquer outra. E
que é legítimo que uma pessoa queira viver com um gênero diferente do que nasceu",
afirma Bicalho.
"Queremos justamente prestar atendimento a essas pessoas para que elas possam ter
uma convivência social. O que a resolução impede é que psicólogos tratem essa
condição como doença e apliquem terapias de reversão. Se não é doença, não há o
que ser revertido."
A posição está alinhada ao entendimento da Organização Mundial da Saúde (OMS),
que, em sua nova classificação de doenças, divulgada no mês passado, deixou de tratar
a transgeneridade como um transtorno mental. "Não podemos reconhecer o
charlatanismo como uma prática profissional", diz Bicalho sobre os que oferecem
"reversão" ou "cura".
115
"Temos que proteger a população daqueles que, em nome da ciência, têm condutas
que não são aprovadas pela própria ciência."
Contra a 'ideologia de gênero'
Benedito, por outro lado, argumenta que a postura do CFP torna impossível debater
ou questionar a situação de transgêneros "se não for para referendar a ideia de que
não se pode ter um conflito interior por sua condição".
"Isso é muito comum hoje em tudo que diz respeito à ideologia de gênero que está
sendo imposta nas instituições públicas", diz o procurador, usando um termo
empregado por críticos a uma corrente de pensamento que defende que o gênero de
uma pessoa é construído ao longo de sua vida e não está, necessariamente, vinculado
ao sexo biológico.
Não é a primeira vez que Benedito faz críticas ligadas a esse tema. Em uma dos suas
postagens no Twitter, publicada em junho, ele diz: "Adultos que não sabem o que são
nem o que desejam ser acharam a ideologia de gênero para solucionar seus problemas
de identidade: usam o Estado para impor a desintegração do Ser como modelo para
crianças e adolescentes".
Em outra postagem, diz que "ainda se chegará ao ponto de a 'orientação sexual'
dissonante da biologia ser usada como excludente penal. Por exemplo, se um homem,
alegando que se sente uma 'boneca de 10 aninhos', mantiver uma relação sexual com
criança de 10 anos e alegar que 'boneca' não pratica estupro".
O procurador cita como exemplo de privilégios a transgêneros a permissão para que,
ao serem presas, travestis e mulheres transsexuais possam ficar em alas femininas e a
criação de cotas para transgêneros em cursos de pós-graduação da Universidade
Federal de Cariri, no Ceará.
Também já criticou a autorização de que essas pessoas possam usar em documentos
um novo nome, condizente com o gênero com o qual se identificam.
"É problemático que grupos sociais pouco representativos gerem obrigações para a
sociedade. Uma coisa é a condição da pessoa para si mesma, outra é essa condição ser
um pressuposto para exercício de direitos."
Por sua vez, Bicalho afirma: "Falar que pessoas marginalizadas e estigmatizadas, que
são expulsas da escola e não são absorvidas pelo mercado de trabalho e têm uma
expectativa de vida de 35 anos, desfrutam de privilégios é uma piada de extremo mau
116
gosto".
'Cidadão de bem'
O procurador é bastante ativo na rede social: já publicou mais de 52,2 mil tuítes em
sete anos, cerca de 20 por dia.
Ali, ele se apresenta aos seus 11,4 mil seguidores como um "cidadão de bem". Seu
perfil é ilustrado pela imagem de uma grande cruz de madeira em meio a nuvens e
raios de sol. Logo abaixo de seu nome, vem a frase: "Yahveh é meu pastor, nada me
falta".
Benedito diz ser um católico conservador. "No sentido antirrevolucionário da
expressão", explica.
"Entendo que a sociedade é uma construção baseada em uma tradição milenar e na
evolução dos valores e das relações sociais. Não há como refundá-la a partir do zero,
criar um homem novo a partir da cabeça de alguém."
Um dos alvos mais frequentes das críticas do procurador são os "militantes
esquerdistas" e "esquerdopatas", além dos "bandidólatras e democidas".
É também, nas redes sociais, um defensor do projeto Escola Sem Partido, proposta de
lei que busca combater a "contaminação político-ideológica das escolas brasileiras" ao
vedar que professores "promovam preferências religiosas, morais e políticas" em sala
de aula.
"Quando critico os defensores dos direitos humanos, não nego sua existência, mas falo
contra uma opção no Brasil pela defesa intransigente dos bandidos como vítimas da
sociedade, enquanto as vítimas reais são esquecidas", diz o procurador, que é crítico
ao Estatuto do Desarmamento.
"'Nunca antes na história deste país' os bandidos conseguiram matar mais de 60 mil
brasileiros/ano. Só agora sob o Estatuto do Desarmamento", disse em uma postagem.
Aborto e castração química
Questionado sobre suas ações como procurador serem influenciadas por seus valores
e fé, Benedito diz que não pode ser "hipócrita". "Não vou dizer que não orienta, mas
117
minha atuação profissional é pautada pelo defesa à vida, liberdade, propriedade e
segurança", diz.
"Se esses valores e direitos fundamentais combinam com minha pauta conservadora,
muito bem, mas eles estão previstos na Constituição. Enquanto estiverem lá, eu os
defenderei."
Entre as outras bandeiras que defende em suas postagens, Benedito diz que gostaria
de ver a castração química aplicada em casos de estupro, mas que a lei não permite o
uso de penas corporais para crimes.
Também é contra o casamento gay, por não estar previsto na Constituição, e se opõe à
criação de uma lei contra a homofobia. "Esse termo pode ser usado de forma ampla
para perseguições indevidas ao sujeito que seja homofóbico", justifica.
"Não se pode discriminar uma pessoa por sua condição sexual, mas uma pessoa tem o
direito de ser homofóbica. A lei não pode punir preconceito, amor ou ódio, só atos e
condutas que violem os direitos dos outros."
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-44745964
REINO UNIDO PROIBIRÁ AS PSEUDOTERAPIAS QUE AFIRMAM “CURAR” A
HOMOSSEXUALIDADE. SOMENTE TRÊS PAÍSES, BRASIL, EQUADOR E MALTA, TÊM LEIS
QUE PROÍBEM EXPRESSAMENTE ESTE TIPO DE PRÁTICAS
María R. Sahuquillo, El País, 03 de julho de 2018
O Reino Unido proibirá as pseudoterapias que dizem curar a homossexualidade. O
Governo britânico apresentou na terça-feira um plano de ação para acabar com a
discriminação da comunidade LGBT+. O projeto, com 75 medidas, foi elaborado após a
análise dos dados reunidos através de entrevistas feitas pela Internet com mais de
110.000 pessoas: 2% dos entrevistados confessaram ter sido submetidos às chamadas
“terapias de conversão”; outros 5% afirmaram ter recebido ofertas para recebê-las,
mas as recusaram.
Somente três países, Brasil, Equador e Malta têm leis que proíbem expressamente esse
tipo de práticas, que quase todas as associações psiquiátricas consideram não só
ineficazes como também muito prejudiciais. No caso do Brasil, o tema ainda é
polêmico. Em setembro de 2017, o juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, da 14ª Vara
Federal de Brasília, em uma decisão liminar (provisória), abriu brecha para que
118
psicólogos oferecessem pseudoterapias de reversão sexual. Três meses depois, o juiz
fez um acréscimo à sua decisão, afirmando que apesar de autorizados a prestar os
atendimentos, os psicólogos não poderiam fazer propaganda sobre tratamentos de
reorientação sexual e deveriam tratar somente aqueles considerados egodistônicos
(que não aceitam sua condição homossexual). Não satisfeito, o Conselho Federal de
Psicologia recorreu da decisão.
Existem várias associações que oferecem ajuda para “sair da homossexualidade”,
acampamentos para adolescentes que dizem “curá-la”, psicólogos que afirmam poder
“reverter” a atração entre pessoas do mesmo sexo, grupos de apoio para “corrigir” a
orientação sexual... Em outros países, como a Espanha, podem ser perseguidas por
promover a homofobia.
A organização Stonewall, que defende os direitos dos gays, define essas terapias como
“qualquer forma de tratamento e psicoterapia que pretende reduzir e acabar com a
atração por pessoas do mesmo sexo”. “Essas atividades são um erro e não estamos
dispostos a permitir que continuem”, disse a primeira-ministra, Theresa May, em um
artigo publicado na terça-feira, coincidindo com a semana de comemorações do
Orgulho Gay.
O Governo britânico elaborou um plano de 75 pontos para melhorar a vida das
pessoas LGBTI após analisar as 108.000 respostas à pesquisa. Por volta de metade dos
entrevistados submetidos a uma dessas terapias disse que foi dirigida por um grupo
religioso; 19% por um profissional da área da saúde e 16% por um familiar ou pessoa
próxima, diz a France Presse.
Por isso, o Executivo está disposto a “considerar todas as opções legislativas e não
legislativas para proibir a promoção, oferta e realização das terapias de conversão”. A
ministra da Igualdade, Penny Mordaunt, disse ao programa Today da BBC Radio 4: “É
uma terapia muito radical feita para tentar curar alguém de ser gay, mas
evidentemente não se pode curar alguém de ser gay. A maneira mais radical [desses
tratamentos+ pode envolver um estupro correcional”.
A pesquisa também revelou que mais de dois terços dos entrevistados disseram ter
evitado andar de mãos dadas com seu companheiro/a por medo de uma reação
adversa. “Fiquei impressionado com a quantidade de entrevistados que disseram não
poder mostrar abertamente sua orientação sexual e evitam andar de mãos dadas por
medo”, disse a primeira-ministra Theresa May. “Ninguém deveria ter de esconder
quem é e quem ama”, finalizou.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/03/internacional/1530611032_635812.html
119
“CURA GAY”: REINO UNIDO PROÍBE; NO BRASIL, MPF QUER LIBERAR
Justificando/Carta Capital, 05 de julho de 2018
Nesta terça-feira (3), o governo britânico anunciou a promoção de diversas medidas
contra a LGBTfobia, dentre as quais a implantação de uma lei que proíbe terapias de
conversão sexual. No mesmo dia, no Brasil, o Ministério Público Federal em Goiás
(MPF/GO) protocolou um novo recurso na Justiça contra a norma do Conselho Federal
de Psicologia brasileiro (CFP) que proíbe terapias semelhantes.
No pronunciamento do governo da primeira ministra britânica Theresa May, foi
apresentado um plano nacional de ação contra a homofobia.
Em uma das medidas anunciadas, as chamadas terapias de conversão sexual, que
prometem mudar a orientação sexual de qualquer pessoa (e, inclusive, o amor e a
atração sexual que essas pessoas sentem), serão proibidas no Reino Unido.
Essas atividades são um erro e não estamos dispostos a permitir que
continuem.
Escreveu o governo britânico em uma nota oficial sobre a nova lei.
Iremos considerar todas as opções, legislativas e não legislativas, para
proibir a promoção, oferta ou prática de terapias de conversão.
Além da proibição das terapias, será inaugurado um “Fundo de Implementação LGBT”
com orçamento de 4,5 milhões de libras para investimentos em ações anti-LGBTfobia.
Outra medidas anunciadas no plano são: a criação de uma consultoria de saúde
nacional para a comunidade LBGTI+; um programa de educação sobre gênero e
sexualidade para as escolas; e melhoras no registo das denúncias de crimes de ódio
contra a comunidade LBGTI+.
Não é uma questão de opinião, é uma questão de pesquisa
120
As novas políticas públicas anti-LGBTfobia promulgadas no Reino Unido foram criadas
a partir dos resultados da maior pesquisa realizada com as populações LBGTI+ no país.
Das mais de 108 mil pessoas que participaram da pesquisa governamental, 65% dos
entrevistados responderam evitar andar de mão dada com um parceiro ou parceira do
mesmo sexo por medo de reações negativas.
Fiquei chocada com a quantidade de inquiridos que disseram não poder ser
abertos em relação à sua orientação sexual ou que evitam andar de mãos
dadas.
Disse a primeira-ministra britânica.
Cerca de 40% dos entrevistados disseram já ter experienciado algum tipo de violência
— verbal ou física — nos 12 meses anteriores à pesquisa e mais de 90% destes não
reportaram a violência às autoridades por considerarem que é algo que “acontece
constantemente”.
Ninguém nunca deveria ter de esconder quem é ou quem ama.
Acrescentou Theresa May.
Este plano de ação vai concretizar passos que tornem possível uma
verdadeira e duradoura mudança na sociedade.
A pesquisa aponta ainda que 2% dos entrevistados admitiu já ter experimentado o
convite a terapias de reconversão sexual e 5% afirmaram que, em algum momento da
sua vida, esta hipótese já lhes foi oferecida.
Quanto à forma como se identificam, 61% afirmaram ser gays ou lésbicas, 25%
identificou-se como bissexual e 4% como pansexual. Entre os entrevistados mais novos
surgiram também as definições de assexual, pansexual e outras; 13% definiram-se
como transgênero e 7% como não-binários.
121
MPF/Goiás na contramão da Saúde e dos Direitos Humanos
Não é só no Reino Unido que as “terapias” são proibidas. O Conselho Federal de
Psicologia (CFP) no Brasil já havia estabelecido uma norma que veda a oferta de
“terapia”, “tratamento” ou “cura” para a homoafetividade e para a transexualidade
dentro do campo profissional da psicologia.
Com relação especificamente as pessoas trans, o Conselho também havia proibido
terapias de readequação ou de reorientação de gênero após decisão da Organização
Mundial da Saúde (OMS) de retirar a transexualidade da lista de transtornos mentais.
Porém, o Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO), na contramão dos Órgãos de
Saúde especializados e das medidas do governo britânico, protocolou um novo recurso
em ação civil pública ajuizada na Justiça Federal contra as normas do Conselho Federal
de Psicologia na tentativa de conseguir, por decisão judicial, a liberação da “cura gay”.
O recurso visa a reverter decisão da Justiça Federal em Goiás que julgou extinta a ação
aberta em abril deste ano por alguns terapeutas que se dizem psicólogos e não
concordam com as resoluções do Conselho.
O procurador Ailton Ribeiro alega no recurso que a resolução do CFP é inconstitucional
pois viola o direito fundamental de cada pessoa quanto ao livre exercício profissional.
Para ele, a norma não poderia “impor aos psicólogos um modelo único de
pensamento”.
Caso similar tramita na Justiça Federal no Distrito Federal desde o ano passado. Em
setembro de 2017, o juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, da 14ª Vara Federal do
Distrito Federal, havia autorizado alguns psicólogos a atender pacientes que os
procurassem devido ao que considerem ser “problemas causados por sua orientação
sexual”.
O magistrado, porém, reconheceu a validade da resolução do CFP e, três meses depois,
fez um acréscimo à sua decisão na tentativa de melhor adequá-la ao entendimento do
Conselho profissional da categoria, afirmando que, apesar de autorizados a prestar os
atendimentos, os psicólogos não poderiam fazer propaganda sobre tratamentos de
reorientação sexual e, ainda, só poderiam oferecer terapias aos pacientes
considerados egodistônicos (que não aceitam sua própria orientação sexual). O
Conselho Federal de Psicologia recorreu da decisão.
122
Na visão do CFP, a resolução aprovada pelos psicólogos integrantes do Conselho visa a
“impedir o uso de instrumentos ou técnicas psicológicas para criar, manter ou reforçar
preconceitos, estigmas, estereótipos ou discriminação”.
O Conselho esclareceu que, com a resolução, os profissionais da área não devem
“propor, realizar ou colaborar com eventos ou serviços que busquem terapias
conversivas, reversivas, de readequação ou de reorientação de gênero”, bem como
participar de “eventos ou serviços que contribuam para o desenvolvimento de culturas
institucionais discriminatórias”.
Com informações do Observador e da Agência Brasil.
http://justificando.cartacapital.com.br/2018/07/05/cura-gay-reino-unido-proibe-nobrasil-mpf-quer-liberar/
CONHEÇA 4 CIENTISTAS LGBT QUE REVOLUCIONARAM O MUNDO. O QUE NOMES
COMO ALAN TURING, FLORENCE NIGHTINGALE, ALAN HART E FRANCIS BACON TÊM
EM COMUM? TODOS REVOLUCIONARAM A CIÊNCIA MUNDIAL, SALVARAM MILHÕES
DE VIDAS, MAS SOFRERAM COM A INTOLERÂNCIA E PRECONCEITO POR SUAS OPÇÕES
SEXUAIS
Thiago L., Uol Guia do Litoral, s/data [mas é julho de 2018]
Em tempos de intolerância e preconceito ainda existe muita gente que prefere colocar
a opção sexual de uma pessoa à frente de sua capacidade profissional. Por isso, é
importante reconhecermos as conquistas históricas, que ajudaram a transformar o
mundo, de grandes nomes da ciência que faziam parte da comunidade LGBT (Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros). Estes nomes revolucionaram
os tratamentos de saúde, desenvolveram o método científico moderno e até criaram o
computador.
Nascidos em épocas diferentes, eles também atuaram em áreas diversas da ciência,
mas sofreram da mesma discriminação e intolerância, justamente, daquelas pessoas
que ajudaram a transformar as vidas para melhor. No caso mais famoso, o cientista
britânico Alan Turing, criador do primeiro computador, cometeu suicídio em virtude da
perseguição que sofreu por ser homossexual. Já em outro caso muito conhecido, a
enfermeira Florence Nightingale, que revolucionou o atendimento médico e era
lésbica assumida, foi amplamente descriminada por sua opção sexual.
123
Florence Nightingale
A enfermeira inglesa era homossexual assumida e nunca escondeu sua opção. Ao
longo da vida, ela teve diversos romances com mulheres, mas não se casou. Exemplo
de empoderamento feminino, Florence Nightingale viveu na Ucrânia e Reino Unido, no
século XIX. Ao longo de sua atuação como enfermeira, ela foi responsável por
desenvolver técnicas que salvaram milhões de vidas.
Conhecida como fundadora da Enfermagem Moderna, ela foi a primeira pessoa a
propor que os hospitais deveriam ser locais extremamente limpos e arejados. Na
época, não havia nenhuma preocupação com a higiene, condições de saneamento e a
circulação de ar em ambientes médicos, o que propiciava a proliferação de doenças
infectocontagiosas. A situação era tão grave e a mortalidade altíssima, que as famílias
ricas se tratavam em casa, pois entrar num hospital significava, na maioria dos casos, a
morte da pessoa.
Florence também inovou ao criar a representação visual de informações, facilitando a
análise dos dados dos pacientes. O atual conceito de hospital com salas amplas,
ventiladas e sempre primando pela limpeza foi uma criação dela. Florence faleceu em
1910, aos 90 anos, e foi reconhecida em vida pelas suas conquistas com a "Order of
Merit", entregue em mãos pela Rainha Vitória.
Francis Bacon
Conhecido pela alcunha de "Pai da Ciência Moderna", Francis Bacon foi um dos
principais nomes de sua época, atuando com sucesso nas mais diversas áreas.
Infelizmente, devido ao preconceito e perseguição contra homossexuais que existia no
século XVII, ele foi obrigado a esconder sua opção sexual do público. Porém, diversas
cartas trocadas entre ele e seus familiares, em especial sua mãe e irmão, mostram que
ele era homossexual.
Ele atuou em diversos campos, chegando ao cargo de Grande Chanceler do Império
Britânico, além de ter sido o pioneiro na classificação das Ciências. Bacon também foi
um dos criadores do método indutivo de investigação, baseado no Empirismo. Ao
longo de sua vida, ele não realizou nenhuma grande descoberta científica, mas foi
pioneiro ao propor a racionalidade na ciência, separando-a da religião e superstições.
Ele é considerado o responsável por conduzir o conhecimento à Era Moderna
encerrando o clico científico da Idade Média.
124
Alan Turing
A história de Alan Turing, que ficou escondida do grande público por 50 anos, ganhou
fama com o filme "O Jogo da Imitação", de 2014. Se é o membro da lista mais famoso,
Turing também teve o pior destino entre os grandes nomes da ciência que sofreram
com a intolerância e preconceito por sua opção sexual. Após assumir sua
homossexualidade, o "Pai da Computação" foi perseguido publicamente, condenado
pela justiça inglesa à castração química e, em 1954, cometeu suicídio. Somente em
2009, 55 anos após sua morte, o governo inglês pediu perdão oficial pelos crimes
cometidos contra Turing. Já era tarde e o mundo havia perdido aos 41 anos um dos
maiores gênios da computação, que poderia ter contribuído muito mais com a ciência.
Antes de ser perseguido, o cientista da computação desenvolveu a "Máquina de
Turing" também chamada de máquina universal, por ser capaz de modelar qualquer
computador digital. Sua criação desvendava diariamente os códigos secretos nazistas e
encurtou a 2ª Guerra Mundial em pelo menos dois anos. Em números, calcula-se que
ele tenha evitado a morte de mais de 14 milhões de pessoas ao garantir uma vitória
mais rápida dos Aliados.
Alan Hart
Um dos mais renomados cientistas da história, Alan Hart nasceu Lucille Hart e foi um
dos pioneiros na cirurgia de mudança de sexo, nos Estados Unidos. Ele se submeteu a
gonadectomia (remoção do ovário) e histerectomia (remoção do útero), entre 1917 e
1918. Sua luta contra a discriminação e preconceito dos transexuais rendeu
perseguições, inclusive dentro do mundo acadêmico. Num dos episódios, Hart e sua
esposa foram obrigados a se mudarem após um ex-colega de faculdade dele perseguilo por sua opção sexual.
Ao todo, ele viveu 44 dos seus 71 anos de vida, como Alan Hart, inclusive, assinando
seus artigos científicos com o nome social. Considerado um dos maiores nomes na luta
contra a tuberculose, doença que vitimava milhões de pessoas na época, ele foi
pioneiro no uso do raio-X para detectá-la em estágios iniciais, o que aumentava em
muito as possibilidades de cura. Também foi ideia de Hart criar programas de
prevenção à doença, diminuindo as chances de contágio de novos pacientes.
[A matéria traz imagens das pessoas e da máquina de Alan Turing...]
125
http://www2.uol.com.br/guiadolitoral/materias/conheca_4_cientistas_lgbt_que_revol
ucionaram_o_mundo-4645-2018.shtml
VIDEO “I WANT TO BE LIKE NATURE MADE ME”. MEDICALLY UNNECESSARY SURGERIES
ON INTERSEX CHILDREN IN THE US
Human Rights Watch, 25 de julho de 2017
Summary
Reader Advisory: This report contains graphic descriptions of traumatic experiences,
often affecting children.
Intersex people in the United States are subjected to medical practices that can inflict
irreversible physical and psychological harm on them starting in infancy, harms that
can last throughout their lives. Many of these procedures are done with the stated aim
of making it easier for children to grow up “normal” and integrate more easily into
society by helping them conform to a particular sex assignment. The results are often
catastrophic, the supposed benefits are largely unproven, and there are generally no
urgent health considerations at stake. Procedures that could be delayed until intersex
children are old enough to decide whether they want them are instead performed on
infants who then have to live with the consequences for a lifetime.
Intersex people are not rare, but they are widely misunderstood. Biology classes often
oversimplify a fundamental reality. We are taught that sex is dimorphic: simply male or
female. But sex, in reality, is a spectrum—with the majority of humans appearing to
exist at one end or the other. In fact, as many as 1.7 percent of babies are different
from what is typically called a boy or a girl. The chromosomes, gonads, internal or
external genitalia in these children—intersex children—differ from social expectations.
Around 1 in 2,000 babies is different enough that doctors may recommend surgical
intervention to make the body appear more in line with those expectations.
Until the 1960s, when intersex children were born, the people around them—parents
and doctors—made their best guess and assigned the child a sex. Parents then reared
them per social gender norms. Sometimes the intersex people experienced
harassment and discrimination as a result of their atypical traits but many lived welladjusted lives as adults. During the 1960s, however, and based largely on the unproven
recommendations of a single prominent psychologist, medical norms in the US
126
changed dramatically. Doctors began recommending surgical solutions to the
supposed “problem” of intersex traits.
In this report, based on interviews with intersex adults, parents of intersex children,
and medical practitioners working with intersex people, interACT and Human Rights
Watch document the fall-out from that medical paradigm, and the failure of the
medical community to regulate itself effectively. As detailed below, there have been
changes in practice in recent years, with many doctors now advising against surgery on
infants and young children. But even so, surgery continues to be practiced on children
with atypical sex characteristics too young to participate in the decision, when those
procedures both carry a meaningful risk of harm and can be safely deferred.
Some intersex traits—such as atypical external genitalia—are apparent at birth.
Others—such as gonads or chromosomes that do not match the expectations of the
assigned sex—manifest later in life, such as around puberty. Information about
intersex traits can be overwhelming. Whether parents are alerted to their child’s
intersex traits at birth, puberty, or another point in life, they can struggle with
confusing information and advice.
Healthcare providers are an important source of information and comfort amidst such
confusion. But in recent decades, many doctors have defaulted to advising early
irreversible surgery on intersex children. These operations include clitoral reduction
surgeries—procedures that reduce the size of the clitoris for cosmetic reasons. Such
surgery carries the risk of pain, nerve damage, and scarring. Other operations include
gonadectomies, or the removal of gonads, which result in the child being forced onto
lifelong hormone replacement therapy.
This history of surgery was also a history of shame and stigmatization. In some cases,
doctors instructed parents to conceal the diagnosis and treatment from the child,
instilling feelings of shame in parents and children both. Many intersex people did not
learn about their conditions until they accessed their medical files as adults—
sometimes as late as in their 50s.
Finding Out the Truth
Ruth, now 60, spent much of her youth questioning the constant medical
attention, including surgeries, she received in her early childhood in the 1960s.
“Doctors always deflected my questions and stonewalled me when I asked why I
had so many appointments,” she said. “I developed PTSD and dissociative states
to protect myself while they treated me like a lab rat, semi-annually putting me
127
in a room full of white-coated male doctors, some of whom took photos of me
when I was naked.”
Ruth attended a private university, started a lucrative career, and got married to
a man. Then, one night when she was 32, she hemorrhaged while having sex, so
she rushed to the hospital. Ruth told Human Rights Watch: “After my vaginal
repair surgery, I had my first encounter with a truly compassionate and candid
doctor. He told me ‘I’m not sure what you have, but if I can see your medical
records I can explain it to you.’”
Ruth drove to the office of the endocrinologist who had treated her throughout
her childhood and requested her records. He said no, so she waited in the
parking lot until he left that night, broke in, and stole them.
“I just sat in the parking lot and didn’t even read them at first—I just put them in
date order,” Ruth said. “Then I took a breath and started reading and the first
thing I saw on the first page was ‘Male pseudo-hermaphrodite, complete female
phenotype. Patient does not know Dx (diagnosis).’” Thoughts rushed through her
head:
First, I thought: This is great! This is a known thing! How freaky does it
make you feel when they say there’s no one else like you and no name for
your condition? And the second thing was: these fucking bastards lied to
me all the time, there are other people out there like me. I wish I had
known there were others like me. I was totally enraged that that had been
kept from me. Why would you deliberately try to make a person feel like a
freak? And then I felt: This feels good. I’ve got the knowledge and they
can’t hide it from me, I can protect myself now. And then I thought: I
wonder how much mom knows. Did she know this and was part of a keepit-from-Ruth thing?
Ruth confronted her endocrinologist the next day. He said her mother had asked
him not to tell Ruth, and that he was “just following the standards of care.” Ruth
said: “That was when I realized that this way I was treated was never about me—
it was about my doctor and my parents and everyone feeling uncomfortable with
how my body was…. But I want to be like nature made me.”
Over time and with support and pressure from advocates, some medical norms have
evolved. Today, intersex children and their families often consult a team of specialists,
and not just a surgeon. The medical community has evolved in its approach to intersex
128
cases—which doctors often categorize as “Differences of Sex Development” or
“DSD”—by establishing “DSD teams.” These teams convene multiple healthcare
specialists, including mental health providers, to advise on and treat intersex patients.
Disclosure of a child’s intersex traits to the child is widely recommended and
commonly conducted. During this evolution in care, cosmetic surgeries on intersex
children’s genitals have become highly controversial within the medical community.
Most medical practitioners now acknowledge that in some cases parents may prefer to
leave their child’s body intact as a way of preserving the person’s health, sexual
function, fertility options, autonomy, and dignity. Consensus among specialists in
intersex health has evolved to acknowledge data gaps and controversies—namely that
there has never been sufficient research to show either that these surgeries benefit
patients or that there is any harm from growing up with atypical genitals. A growing
number of doctors are opposed to doing unnecessary early surgery under such
conditions. Practitioners also increasingly recognize the suffering of intersex patients
who underwent the operations without their consent.
However, despite these promising developments in care for intersex people, the field
remains fraught with uneven, inadequate, and piecemeal standards of care—and
broad disagreements among practitioners over the human rights of their intersex
patients. While there are certain surgical interventions on intersex children that are
undisputedly medically necessary, some surgeons in the US continue to perform
medically unnecessary, cosmetic surgeries on children, often before they are one year
of age.
Some practitioners believe they or their colleagues are conducting surgeries on
intersex children only in extreme cases. However, they often include socio-cultural
factors in that analysis, including parents’ stated desire to give the child a chance to
grow up “normal.” Such analysis indicates that the paradigm remains one of
unreasonable haste to embrace a surgical “solution” to a social problem, without
waiting until the wishes of the patient can be the deciding factor. It also sets up the
false dichotomy of child autonomy versus giving the child a “normal” life—when there
is no evidence that these surgeries deliver on that promise.
In a 2013 report, the United Nations special rapporteur on torture noted:
Children who are born with atypical sex characteristics are often subject to
irreversible sex assignment, involuntary sterilization, involuntary genital
normalizing surgery, performed without their informed consent, or that of their
parents, ‘in an attempt to fix their sex,’ leaving them with permanent,
irreversible infertility and causing severe mental suffering.
129
In July 2017, three former US Surgeons-General, wrote that they believed “there is
insufficient evidence that growing up with atypical genitalia leads to psychosocial
distress,” and “while there is little evidence that cosmetic infant genitoplasty is
necessary to reduce psychological damage, evidence does show that the surgery itself
can cause severe and irreversible physical harm and emotional distress.” They said:
“These surgeries violate an individual’s right to personal autonomy over their own
future.” The three doctors concluded:
[B]abies are being born who rely on adults to make decisions in their best
interest, and this should mean one thing: When an individual is born with
atypical genitalia that pose no physical risk, treatment should focus not on
surgical intervention but on psychosocial and educational support for the family
and child.
Some proponents of surgery claim that techniques have improved, and they express
confidence in their ability to secure better outcomes; however, they admit, evidence
to support that confidence is lacking. Some adults interviewed for this report who had
undergone surgery talked about traumatizing results even from “nerve-sparing”
surgeries.
Two common goals of these cosmetic “normalizing” surgeries on children’s genitals are
to enable heterosexual penetrative intercourse, and to help the child conform to
gender and sexual norms and expectations. For example, doctors cite the need for
boys to be able to stand while urinating as a reason for conducting hypospadias
surgery. Surgeries intended to make a body conform to rigid gender stereotypes
before the individual can express their sexual orientation or gender identity greatly
undermine the right to free expression as the child develops into an adult with a
surgically-modified body intended to fit social norms and not the individual’s sense of
self. These surgeries also undermine many intersex children’s rights to bodily integrity
and health.
Assigning a sex of rearing to a child never requires surgery. Genital or gonadal
surgeries on intersex children too young to declare their gender identity carry the risk
of surgically assigning the wrong sex. Depending on the condition, this risk can be
between as high as 40percent—meaning that many children will grow up to reject the
sex that has been irreversibly surgically assigned to them. This means that for
conditions where it is not possible to predict gender identity outcomes with
confidence, doctors are conducting sex assignment surgeries based on guesswork.
But assigning the wrong sex is not the only risk. Removal of gonads can end options for
fertility and will lead to lifelong need for hormone therapy. The genital surgeries done
130
on intersex children can result in loss of sexual sensation and ongoing pain. The
procedures are irreversible, in that tissue or organs that are removed cannot be
replaced, nerves that are severed cannot be regrown, and scar tissue can limit options
for future surgery.
For intersex children, their experiences with treatment interventions—including
surgeries and repeat examinations—can harm them for life. Pejorative or stigmatizing
language from doctors, repeated genital examinations and photography, and exposure
of their bodies to multiple practitioners can be traumatizing. The impact of their
negative experiences receiving medical care extends beyond the physical outcomes or
desires to be socially “normal.” Intersex people interviewed for this report described
the feelings of dread and horror—decades after unwanted or damaging surgeries,
genital exams, insensitive disclosure of diagnosis, and other experiences—when
attempting to access healthcare. For some, this has led them to avoid healthcare as
adults.
As documented in this report, despite evolving standards of care, the establishment of
multi-disciplinary “DSD teams,” distaste for discrimination, and an increasingly visible
public debate over informed consent and medical necessity, many doctors continue to
misinform parents of intersex children and pressure them into choosing unnecessary
cosmetic surgeries on their children. Nearly every parent interviewed for this report
said they were presented with medically unnecessary surgery as an urgent need at
least once during their pursuit of care for their child.
Proud Parents
Jackie, a mother of a 6-year-old in California, told Human Rights Watch her
pregnancy was uneventful, and she was excited to have a daughter join the
family. “We started saying ‘she’ even before we got pregnant,” she said. The
baby was born a month early and then immediately, Jackie remembers: “They
cleared the room and said, ‘we need to talk to you.’ They said the doctor who did
the initial exam felt what he thought were gonads and they wanted to put her in
the NICU because she might not survive the night.”
The baby was taken to a regional intensive care unit by ambulance; Jackie and
her husband joined a few hours later. “The endocrinologist we met there was
very kind, had good bedside manner,” she said. “But immediately we started
hearing stories from her about [a celebrity who is rumored to be intersex]. They
asked if my husband and I were related. They said they needed to test whether
our child had male or female chromosomes.” That same day, a urologist arrived
131
to consult on the case. “He asked—and this was within hours of me having given
birth—whether I had told anyone that we weren’t sure if our baby was a boy or a
girl.” Jackie said yes, and that she had posted it on Facebook. “Then he shrugged
and rolled his eyes and said, ‘Oh great, parents these days,’” Jackie said.
The doctors told Jackie and her husband that they needed to test the child for
some conditions which could be life threatening, including one that could cause
“salt wasting.” The tests could take up to a week, they were told, so they stayed
nearby so they could see their child daily.
“They gave all the other babies ‘It’s a boy,’ or ‘It’s a girl’ tags on their little cribs,
and our daughter had nothing,” Jackie said. “I talked to the social worker and
demanded they give us that—I needed that. I was ok with it changing and I knew
we were going to get more information, but I needed that.”
While they waited for test results, the urologist returned for several
consultations. “Within a few days he was telling us he could do genital surgery on
our kid,” Jackie said. “He would say things like ‘Well it’s easier to subtract than it
is to add.’” One day he came to see the child with one of his interns. “They said
they wanted to ‘take a look’ at my child,” Jackie said. “I said no. She wasn’t for
their studies. He responded: ‘In that case, you may never see me again,’ so I told
him goodbye.”
Medical settings can be intense for anyone. Pressure to conduct surgeries on children
to make them conform to socially “typical” understandings of male and female bodies
can be overwhelming. Incomplete or improper counseling can leave parents illequipped for the future in which their child’s body will develop differently from their
peers. Parents of young intersex children interviewed for this report recounted how
medical staff pressured them to undertake irreversible procedures, including surgery,
and, they said, made them feel they were being unreasonable when they resisted or
asked questions.
Some doctors cited surgical risk and outcome statistics that, when queried by parents,
the practitioners could not substantiate with medical research literature. Other
parents heard from doctors that the surgeries were “necessary” to avoid future
bullying and humiliation—and, as noted above, to allow their boy children to stand to
pee. Parents interviewed for this report talked about their isolation, confusion, and
distress; their desire for information and support; and the comfort they found in
meeting other parents of intersex children, and learning their child was healthy and
would be able—with support—to live a happy and fulfilling life.
132
Parents interviewed for this report who elected cosmetic surgeries on their children
expressed mixed views. Some said they felt they made the decision without complete
information and under pressure from doctors to accept surgery urgently, with the
strong implication—or in some cases explicit explanation—that surgery was required
as part of making a sex assignment on their newborn. Others said they would have
elected cosmetic surgery on their children’s genitals no matter what risk types or rates
the surgeons had cited to them—they wanted their children to look “normal.”
Bullying and social stigma are real concerns that are bound to cause parents worry—
but the surgeries do not actually remove the possibility of those harms, and the
concerns, while valid, do not justify the far greater lifelong harms that irreversible
surgeries often inflict upon intersex children. And those fears are by no means certain
to materialize. We interviewed parents who rejected early surgery and said their
children had not faced unusual amounts of bullying or harassment because of their
intersex traits. The children were able to go to school, develop friendships, and access
healthcare like other children. Parents often credited the peer support and
information they received from parent support groups for making this possible. “The
point parents have to understand is that where [they] think the problem is over—it’s
not the end,” said an intersex woman in New York. “We have to deal with it for the
rest of our lives—and *parents+ shouldn’t be making decisions based on really early
concerns because those are not the biggest problems.”
For more than 50 years, the medical community in the United States has often
defaulted to treating intersex children by conducting irreversible and unnecessary
surgeries—and no clinic has firmly instituted a moratorium on such operations. Even
after two decades of controversy and debate, there remains no research showing that
early, medically unnecessary surgery is helpful to the intersex child. The evidence is
overwhelming that these procedures carry great risk of catastrophic harm. And while
increasing numbers of doctors believe it is wrong to conduct these procedures, recent
medical journal articles and some data sets cited in this report demonstrate that many
clinics continue to do so. International human rights bodies have recognized the
practice as implicating and potentially violating a range of fundamental rights,
including freedom from torture, the right to health, and autonomy and integrity.
While most of the practitioners interviewed for this report said they thought medically
unnecessary surgeries were becoming less common, none said their clinic had stopped
doing them altogether.
None of the healthcare practitioners interviewed for this report shared exact data
about surgery rates during their interviews. However, the report documents the trends
they observed in their clinics and in the field of treating intersex people more broadly.
133
There was considerable disagreement and divergence among practitioners, which in
part reflects conflicting and inadequate standards of care.
The lack of standards limiting the discretion of doctors to recommend and conduct
medically unnecessary surgeries represents a failure of the government as well as
medical governance bodies to live up to human rights standards.
At present, too many medical practitioners advise surgery or conduct surgeries on
intersex infants and young children, citing lack of data on the outcomes for children
who do not undergo surgery. Human Rights Watch and interACT believe that this
approach has it exactly backwards: the experience of those who have undergone the
surgery and principles of medical ethics suggest that unless and until there is outcome
data establishing that the medical benefits of specific surgical procedures on infants
and young children outweigh the potential harms, they should not be used.
Accordingly, Human Rights Watch and interACT are urging a moratorium on all surgical
procedures that seek to alter the gonads, genitals, or internal sex organs of children
with atypical sex characteristics too young to participate in the decision, when those
procedures both carry a meaningful risk of harm and can be safely deferred.
https://www.hrw.org/report/2017/07/25/i-want-be-nature-made-me/medicallyunnecessary-surgeries-intersex-children-us
https://www.youtube.com/watch?time_continue=260&v=KeAVdOJOfKk (YouTube)
“É TRISTE QUE EU TENHA QUE TOMAR ESSE CUIDADO”, DIZ TORCEDOR GAY QUE VAI À
COPA DA RÚSSIA SOBRE ALERTAS DE HOMOFOBIA
Rafael Barifouse, BBC News Brasil, 08 de junho de 2018
Depois da Copa no Brasil, o engenheiro André Almeida, de 31 anos, decidiu que
também acompanharia o Mundial seguinte in loco. Prestes a embarcar para Rússia, ele
está levando na mala os cinco ingressos que comprou e também uma dose de cautela.
André é gay e sabe que não poderá se comportar por lá da mesma forma que age por
aqui.
Governos e ONGs vêm alertando torcedores lésbicas, gays, bissexuais e transexuais
(LGBT) sobre os cuidados que devem tomar enquanto estiverem na Copa do Mundo na
Rússia, um país onde há forte sentimento contrário a essas pessoas e as agressões
contra elas vêm aumentando, dizem ativistas.
134
"Isso não seria um impeditivo, porque sou apaixonado por esportes, mas não vou tocar
no assunto enquanto estiver por lá, falar disso com a família que vai me hospedar nem
perguntar às pessoas sobre lugares gays ou ter a liberdade de conhecer alguém", diz
Almeida à BBC News Brasil.
"De certa forma, não vai ser uma experiência completa. É triste que, em 2018, eu
tenha que tomar esse cuidado sem ter feito nada de errado."
Um destes alertas partiu do governo brasileiro para os 60 mil cidadãos que, segundo
estimativas oficiais, têm ingressos para jogos da competição marcada para começar na
próxima quinta-feira.
A cartilha para torcedores divulgada pelo Itamaraty na quinta-feira explica na seção
sobre as leis locais que "não são comuns manifestações intensas de afeto em público"
e recomenda expressamente que não haja "demonstrações homoafetivas", além de
manifestações sobre temas delicados - entre eles, os relacionados a orientação sexual.
O motivo seria uma lei de 2013, que tem o objetivo declarado de "proteger crianças de
informações que advogam pela negação dos valores da família tradicional".
Mais conhecida como "lei contra a propaganda gay", ela veta a distribuição de material
informativo que defenda os "interesses de relações sexuais não tradicionais" para
menores de 18 anos. Isso, na prática, proíbe manifestações públicas da comunidade
LGBT no país. Violar a norma pode resultar em multa e deportação, alertou o
Itamaraty.
Questionada sobre a inclusão desse alerta na cartilha, Luíza Lopes, diretora do
departamento consular e de brasileiros no exterior do Itamaraty, explicou que a
intenção foi prevenir "experiências ruins".
"Nossa preocupação é dar as informações necessárias para orientar brasileiros da
melhor forma possível e evitar que passem por situações constrangedoras, e há uma
lei específica sobre isso. Não poderia ficar de fora", disse a embaixadora na coletiva de
imprensa em que apresentou a cartilha.
'Risco significativo'
Uma mensagem semelhante partiu nesta sexta-feira do comitê de Relações Exteriores
do Parlamento britânico, segundo o qual cidadãos LGBT correm um "risco significativo"
135
não só pela possível "violência de grupos de justiceiros", mas também por uma "falta
de proteção adequada pelo Estado".
"A cultura de extrema direita dos grupos de hooligans russos pode colocar torcedores
LGBT sob um risco especial de serem alvo de violência", diz o relatório.
A ONG Fare, dedicada a combater qualquer discriminação no futebol, vem alertando
torcedores LGBT sobre o assunto desde o ano passado.
A organização criou um canal especial no WhatsApp para quem deseja buscar
informação e apoio ou fazer denúncias, e preparou um guia para orientar sobre esse
problema no país.
"Casos de homofobia e de grupos de extrema direita que 'caçam' pessoas LGBT em
aplicativos e na internet para atraí-los para apartamentos e depois gravar enquanto
eles são humilhados estão aumentando" na Rússia, diz o documento.
A Fare também publicou recentemente um estudo mostrando que, após o veto a
bandeiras com conteúdo radical nos estádios russos, houve um aumento no último
ano de gritos de torcida marcados pelo preconceito a minorias nesses locais.
"O aumento da homofobia é algo novo nos estádios russos. Hoje, mais do que nunca,
vemos torcedores chamando adversários de 'gay'. Isso é uma prática que deriva da
homofobia que parte do Estado", diz o documento.
Ponta do iceberg
Piara Power, diretor-executivo da Fare, diz que isso é apenas a "ponta do iceberg".
"Esses são os incidentes públicos, mas há muitos outros que não vêm à tona", afirma.
A homossexualidade era crime de sodomia na Rússia até 1993 e classificada como uma
doença mental até 1999. Em 2012, uma decisão da Justiça do país baniu a realização
da Marcha do Orgulho Gay de Moscou por 100 anos.
A Rússia foi considerada em 2017 o quarto país, entre 49 Estados europeus, com mais
violações de direitos e discriminação de cidadãos LGBT, segundo a Associação
Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais (ILGA, na sigla
em inglês).
136
De acordo com o Centro Para Pesquisa Social Independente, uma ONG baseada em
São Petesburgo, os crimes de ódio contra pessoas LGBT dobraram nos cinco anos
desde a aprovação da lei contra "propaganda gay".
E o mais recente relatório da LGBT Network, a principal organização da área na Rússia,
documentou 366 casos de discriminação no período 2016-2017, dos quais 104 foram
ocorrências de violência física, como assassinatos e estupros.
"Os ataques são frequentes porque é um país onde a homofobia está
institucionalizada na legislação. Isso manda um sinal claro para grupos homofóbicos de
que não há problema em atacar gays, porque não serão investigados", diz Yulia
Gorbunova, pesquisadora da ONG Human Rights Watch (HRW) na Rússia.
No entanto, destaca ela, em dois dos principais eventos esportivos sediados pela
Rússia - as Olimpíadas de Inverno, em 2014, e a Copa das Confederações, em 2016 -,
não foi registrado nenhum incidente do tipo com torcedores.
"Talvez porque os torcedores LGBT estavam cientes de que era um ambiente hostil a
eles e agiram de forma mais discreta, mas o fato é que pessoas abertamente
homossexuais na Rússia não estão seguras, e isso se aplica também aos estrangeiros."
A BBC News Brasil procurou a embaixada da Rússia ano Brasil, que não se manifestou
sobre o assunto até a publicação dessa reportagem.
Combate ao preconceito
A Fifa criou nos últimos anos políticas para combater o preconceito e a violação de
direitos humanos em partidas de futebol, e criou um canal online para denúncias.
A entidade e os organizadores da Copa da Rússia também já se manifestaram para
dizer que garantirão a segurança de torcedores gays.
Será usado ainda um sistema de monitoramento antidiscriminação em todas as
partidas da Copa, permitindo ao árbitro "interromper, suspender ou até mesmo
abandonar" um jogo se "um comportamento discriminatório não cessar".
"Também trabalhamos com diversos times participantes em medidas educacionais
preventivas, entre eles, é claro, os anfitriões, a Rússia", disse o diretor de diversidade e
sustentabilidade da Fifa, Federico Addiechi, em um comunicado.
137
Ao mesmo tempo, diz a pesquisadora da HRW, o governo russo tomou algumas
medidas para impedir que grupos radicais criem problemas durante o evento.
"As autoridades russas não são estúpidas. Sabem que precisam garantir a segurança
dos visitantes. Alguns dos líderes foram detidos e interrogados, e foram enviados
alertas contra possíveis ataques e agressões", afirma.
Ambiente tóxico
Mas Gorbunova alerta que, apesar da influência do governo sobre os grupos
ultranacionalistas e das ações para evitar maiores problemas durante o evento, o
ambiente em geral no país é "tóxico" para cidadãos LGBT.
"É uma herança da era soviética e um reflexo dos valores cristãos num país em que
não há uma separação entre a Igreja e o Estado", afirma a pesquisadora.
"O governo promove esses valores conservadores para contrapor os valores mais
progressistas do Ocidente e, assim, reforça essa atitude hostil do povo. Isso não vai
mudar na sociedade enquanto as autoridades tiverem essa posição."
Power, da Fare, diz que os torcedores LGBT não devem ter medo, mas recomenda
cautela. "Se um casal LGBT ficar em um hotel, haverá menos de chances de ter
problemas do que se ficar em um apartamento", diz.
"O mesmo se aplica a quem está em cidades maiores, como Moscou e São Petesburgo,
do que em locais mais remotos, como a cidade de Samara."
Ele explica que a organização não prevê ataques a pessoas LGBT na Copa, mas diz ser
bom esses torcedores terem em mente que a maioria dos torcedores serão russos, "e
eles podem se ofender".
"A Copa será um período especial, com o mundo de olho na Rússia. A polícia vai
conferir mais proteção, e população vai ser mais tolerante, porque sabe que terá
muitos visitantes e quer exibir o país da melhor forma possível", diz.
"A questão é quanto tempo isso vai durar e se as pessoas que agora batalham por
direitos iguais enfrentarão ainda mais dificuldades."
[A matéria traz algumas imagens...]
138
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-44403975
CUBA ELIMINA A PALAVRA “COMUNISMO” NO ANTEPROJETO DE REFORMA
CONSTITUCIONAL O NOVO TEXTO SÓ MENCIONA O “SOCIALISMO” E SUPRIME O
OBJETIVO DO “AVANÇO RUMO À SOCIEDADE COMUNISTA”, QUE FIGURA NA ATUAL
CONSTITUIÇÃO DE 1976
Pablo de Llano, El País, 21 de julho de 2018
O regime cubano decidiu dizer adeus formalmente ao comunismo. O conceito foi
eliminado no anteprojeto de reforma constitucional em andamento, segundo
informaram neste sábado os veículos oficiais da ilha. Imerso num processo de
liberalização controlada do modelo econômico, o Governo de Cuba inclui no novo
texto o reconhecimento da propriedade privada e se desprende da referência à
ideologia comunista, embora enfatize que o socialismo continue sendo política de
Estado.
A Constituição vigente, promulgada em 1976 e redigida à imagem e semelhança das
Cartas do bloco socialista, prevê, em seu artigo 5, o objetivo do “avanço rumo à
sociedade comunista”. Com a reforma constitucional, essa ideia desapareceria. Uma
mudança de enorme importância histórica, que o Governo apresenta como mera
adaptação da linguagem à nova fase de continuidade revolucionária. “Não quer dizer
que vamos abrir mão das nossas ideias, e sim que, em nossa visão, pensamos num país
socialista, soberano, independente, próspero e sustentável”, disse na sexta-feira o
presidente da Assembleia Nacional, Esteban Lazo.
O Parlamento unicameral cubano abriu neste sábado uma sessão que se estende até
segunda-feira e na qual os deputados debaterão o texto da reforma, para que seja
depois submetido a consulta popular. Ideologicamente, Cuba ficará na paradoxal
situação de se apartar da ideia do comunismo em sua Constituição sem deixar de
reconhecer o Partido Comunista como máximo órgão de direção do país. O
anteprojeto de reforma, segundo o jornal oficial Granma, “ratifica o caráter socialista
da Revolução e o papel dirigente do Partido”, além da “irrevogabilidade do modelo
político e econômico”.
O Governo começou a remodelar o modelo econômico – e a contenção da narrativa
comunista – em 2011, com a elaboração das chamadas Diretrizes da Política
Econômica e Social do VI Congresso do Partido Comunista de Cuba. Os 313 pontos do
documento refletiam a ordem de Raúl Castro de iniciar uma guinada do sistema que
permitisse dinamizar a raquítica economia cubana, dando maior espaço ao trabalho
139
por conta própria e abrindo o país aos investimentos estrangeiros. O raulismo marcou
uma mudança rumo a um maior pragmatismo em relação à linha imposta durante
décadas por Fidel Castro, muito refratário à abertura ao mercado e aferrado até sua
saída do poder (por doença) à narrativa marxista-leninista.
Um gabinete de continuidade
Cuba caminha rumo à era pós-Castro sob a égide da continuidade. O presidente Miguel
Díaz-Canel, de 58 anos, nascido depois da revolução de 1959 e a quem Raúl Castro, 87,
cedeu o cargo em abril, após prepará-lo durante anos como leal sucessor, formou um
Conselho de Ministros que mantém os desígnios de seu mentor. A Assembleia deu sua
aprovação neste sábado ao novo Gabinete, que conserva 20 dos 34 ministros do
general. Castro permanecerá até 2021 como secretário-geral do PC cubano, máxima
autoridade da ilha, acima do Executivo.
A principal novidade no Gabinete foi a nomeação de outro ministro da Economia,
Alejandro Gil, até agora vice-ministro. Desde que assumiu o comando, em 2008, Raúl
iniciou uma lenta adaptação do sistema socialista ao mercado e aos investimentos
estrangeiros, que Díaz-Canel terá que acelerar se quiser tirar o país de sua perpétua
situação de carestia e reverter os índices quase nulos de crescimento. Gil terá a missão
de agitar o complicado coquetel de estatismo e liberação. Membro da nova geração da
alta burocracia cubana, o novo ministro da Economia substitui um funcionário da velha
guarda, Ricardo Cabrisas, 81, que será um dos quatro vice-presidentes do Conselho de
Ministros – onde permanece Ramiro Valdés, 86, do núcleo duro histórico.
Quando assumiu a presidência, em abril, Díaz-Canel – um tecnocrata com reputação
pró-abertura mas que há dois anos adotou um discurso cada vez mais rígido e
conservador – deixou claro que seu norte era a “continuidade”, hoje conceito-chave
do status quo cubano. Em sua equipe seguirão ao seu lado pesos-pesados do sistema,
como o chanceler e cérebro das relações com os Estados Unidos Bruno Rodríguez, 60;
Leopoldo Cintra, 77, militar do círculo mais próximo de Raúl Castro, como ministro das
Forças Armadas; e o vice-almirante Julio Césa Gandarilla, 75, responsável pelo
poderoso Ministério do Interior. Os Ministérios do Comércio e Investimentos
Estrangeiros e do Turismo, duas pastas de especial relevância pela necessidade
urgente de Cuba de atrair capital, continuarão nas mãos de Rodrigo Malmierca e
Manuel Marrero. O Gabinete, com uma média de idade de 60 anos, é formado por 26
homens e oito mulheres.
Sinal verde para o casamento gay
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O texto da nova Constituição abre a possibilidade de legalização do casamento
homossexual em Cuba. Segundo afirmou na Assembleia Nacional Homero Costa,
secretário do Conselho de Estado, o artigo 68 define o casamento como a união “entre
duas pessoas (...) e não diz de qual sexo”. A atual Constituição, de 1976, só contempla
a união matrimonial entre homem e mulher. A legalização do casamento homossexual
é uma reivindicação cada vez mais imperiosa da comunidade LGBT cubana. É
defendida por Mariela Castro, filha de Raúl e diretora do Centro Nacional de Educação
Sexual de Cuba. Grupos evangélicos se manifestaram na ilha, nos últimos dias, ante a
perspectiva da mudança legal.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/21/internacional/1532184105_674201.html
ORDEM NAS FORÇAS ARMADAS É EXPURGAR LGBTS, DIZ CRIADOR DE ONG QUE
ATENDE VÍTIMAS DE HOMOFOBIA
Janaina Garcia, Uol, 18 de julho de 2018
As ameaças ao policial fardado que apareceu em um vídeo gravado sem o
conhecimento dele dando um selinho em outro homem, no metrô de São Paulo, estão
longe de ser um caso novo e isolado de homofobia nas instituições militares
brasileiras.
A opinião é do ex-sargento do Exército Fernando Alcântara, licenciado da corporação
há dez anos depois de assumir um relacionamento com outro sargento, Laci Marinho
de Araújo. O caso deles veio à tona quando assumiram publicamente a relação e foram
reportagem de capa de uma revista semanal.
"Nada mudou desde então. A repressão existe e é uma determinação dos comandos
para policiais e agentes homossexuais serem expurgados –com uma série de
procedimentos administrativos falseados nos quais o pano de fundo, na realidade, é o
preconceito", define o ex-sargento.
Junto com o hoje marido, terceiro sargento da reserva, Alcântara criou em 2009 em
Brasília, onde vivem, uma ONG para atender outros militares que, assim como eles,
tiveram de enfrentar um périplo nas Forças Armadas ou nas polícias ao se revelarem
ou serem descobertos homossexuais.
No caso do soldado paulista Leandro Prior, gravado no metrô de São Paulo, as ameaças
feitas em redes sociais sugeriram desde que o policial fosse linchado por
141
apedrejamento até que ele pedisse exoneração. Prior está licenciado para tratamento
psiquiátrico e encaminhou as ameaças à Corregedoria da PM, que abriu investigação
sobre o caso e disponibilizou colete e proteção policial ao soldado.
O Código Penal Militar, um decreto-lei de 1969, não estabeleceu proibições ao
alistamento de homossexuais, ainda que, em seu capítulo VII, tenha definido como
"crimes sexuais", além de estupro, atentado violento ao pudor e corrupção de
menores, também a "pederastia ou outro ato de libidinagem", descrita no documento
como "praticar, ou permitir o militar que com ele se pratique ato libidinoso,
homossexual ou não, em lugar sujeito a administração militar". A pena nesse caso
varia de seis meses a um ano de detenção.
Em 2015, quatro anos após reconhecer a união homoafetiva, o STF (Supremo Tribunal
Federal) decidiu, por maioria, que continua a ser crime praticar sexo de qualquer tipo
em instalações militares, mas determinou que fossem excluídos os termos
"pederastia" e "homossexual" do Código Penal Militar por entender que eles possuíam
caráter discriminatório.
Advogados, psicólogos e psicanalistas voluntários
Em entrevista ao UOL, Alcântara, que se formou em direito e atualmente advoga,
contou que a ONG, denominada "Instituto Ser de Direitos Humanos e da Natureza",
não tem fins lucrativos e faz atendimento jurídico, psicológico e psiquiátrico,
voluntariamente, a militares que enfrentam preconceito quanto à orientação sexual.
"É um trabalho feito a partir de parcerias, não recebemos doações. São advogados,
psicólogos e psiquiatras que destinam um tempo para atender pessoas que indicamos
a eles", contou.
De acordo com o ex-soldado, a entidade recebe, em média, de três a cinco casos
mensais de militares que pedem ajuda; a maioria, profissionais submetidos a
procedimentos administrativos que mascarariam, na realidade, a perseguição em
função da orientação sexual. Há também mulheres vítimas de assédio sexual praticado
por oficiais superiores.
"É difícil fazer com que as pessoas creiam que, ainda hoje, exista um modelo de
investigação da vida civil dos militares fora do ambiente militar. Cada instituição tem
seu setor de inteligência, e como hoje não há mais um 'inimigo externo' a combater,
tal qual a ditadura fazia crer, a respeito da ideologia comunista, agora se persegue
quem não comunga com a regra institucional", definiu o advogado. "Nesse sentido, ser
142
homossexual hoje nas Forças Armadas e em muitas polícias é estar passível de sofrer
as mais diversas sanções, até que essa pessoa seja jogada para fora", completou.
No entendimento de Alcântara, o tratamento dado dentro de quartéis a praças e
oficiais também difere quando a questão é a identidade de gênero ou a orientação
sexual fora do 'padrão'.
"Já vi inúmeros casos em que não se dá o mesmo tratamento duro a coronéis ou
generais que cometeram esses crimes sexuais ou a oficiais que assediaram
sexualmente homens ou mulheres nessas corporações", destacou. "Mas é importante
lembrar que instituições como o Exército agem como agem porque têm suporte de
outras, como a Justiça Militar e o Ministério Público Militar. Apesar de eu ter uma
perspectiva otimista sobre nossos direitos, confesso que ver pessoas públicas com
discurso de ódio e de apologia a torturadores ainda me assusta".
"Nunca pensamos em esmorecer"
Indagado sobre como chegam os profissionais das forças de segurança ao buscarem
apoio da ONG, Alcântara foi taxativo: "Muitos chegam já em uma situação prestes a
cometimento de suicídio, em quadros muito graves, tanto que ficamos sem condições
de enfrentamento e partimos mais para um trabalho de contenção de danos. É muita
gente que chega vítima de uma perseguição desenfreada – com prejuízo não apenas
ao indivíduo, mas a todo o núcleo familiar dele", relatou.
Hoje, Alcântara garante que não há "a menor possibilidade de a luta retroceder".
"A luta que eu e meu companheiro tivemos foi muito dura, mas nunca pensamos em
esmorecer. Mas conheci familiares de gente que se suicidou porque não suportou, ou
gente que foi expulsa ou pediu para sair. Gente massacrada porque estava
expressando uma visão de amor. Por que as instituições não combatem suas reais
mazelas?", questionou.
Sobre o uso da farda em demonstrações públicas de afeto –situação que gerou a onda
de ameaças ao soldado Prior e também a outros quatro praças heterossexuais, na PM
paulista, desde 2001 --, o ex-soldado do Exército conclui: "Se alguém conseguiu vestir a
farda, o fez porque tinha vocação para servir e combater, já que o treinamento para
isso é exaustivo. Se a pessoa superou essa etapa e vestiu a farda, é digna de respeito –
a expressão da afetividade dela não influencia. Para que falso moralismo?"
143
O parceiro de Alcântara pediu em 2011 a aposentadoria ao Exército, mas acabou
reformado com perda de um terço do salário. Ele busca reverter a medida por meio de
um recurso especial ainda não julgado no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Já Alcântara foi alvo de uma série de processos disciplinares e prisões, sob acusação de
deserção –logo após a entrevista de 2008 em que o casal se assumiu publicamente –, e
acabou solicitando o licenciamento das Forças Armadas.
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2018/07/18/ong-atendevitimas-de-homofobia-nas-forcas-armadas-ordem-e-para-lgbts-serem-expurgados.htm
EX-SARGENTO GAY RELATA PRESSÃO PARA DEIXAR EXÉRCITO: "VIADO NÃO PODE
ENVERGAR O VERDE-OLIVA"
Janaina Garcia, Uol, 21 de julho de 2018
Deixar o Exército no Rio de Janeiro, voltar para sua terra-natal e entrar para a Polícia
Militar do Rio Grande do Norte não foram decisões simples e individuais para o cabo
Graco Menezes Tasso, 40, vítima de homofobia nas Forças Armadas do Brasil. Em
2002, lembra o potiguar, ele foi incisivamente pressionado a deixar o Exército depois
de a corporação descobrir que ele não apenas era gay, como tinha um relacionamento
amoroso com um marujo.
Tasso falou ao UOL sobre a mudança de instituição e também de perspectiva sobre a
própria sexualidade –com a qual, hoje, garante, lida com "muito menos traumas".
De acordo com o policial, o namorado passou a esperá-lo na porta do quartel ou a
frequentar os churrascos junto com ele. "Eu nunca 'dei na cara' que era gay, mas o
pessoal deduziu por esses comportamentos, e também porque, eventualmente, meu
então namorado ligava para mim no quartel. Em um desses churrascos, chegou a rolar
uma discussão, uma briga com outros sargentos que não aceitavam esse tipo de coisa.
Para mim, sempre foi mais cômodo que tudo ficasse, de fato, mais velado –mas foi
assim que acabou vindo à tona", relata.
"Eu não ando com uma bandeira do movimento gay, e, na época, não queria mesmo
que ninguém soubesse sobre a minha orientação. Hoje, lido com isso muito mais
tranquilamente", conta.
144
Até chegar a esse estágio de aceitação sobre se afirmar gay em público, o policial
lembra que a dificuldade no Exército foi muito além da discussão informal um
churrasco de fim de semana.
"Acho tudo isso um grade paradoxo: como um militar não pode viver a sexualidade
dele, se já desde a história antiga, na Grécia, sabidamente isso ocorria? Mas é incrível:
as pessoas ainda se chocam", diz. Entre "as pessoas", ele destaca superiores que, até
ele se confirmar gay, elogiavam publicamente seu trabalho.
"Eu trabalhava na formação dos recrutas. De repente, começaram a me perseguir
veladamente –me tiraram disso e me puseram para ser instrutor da banda, mesmo eu
não sendo músico", narra. "Chegou ao ponto de meu subcomandante, à época, um
major, me coagir a pedir para que eu saísse da corporação usando, para isso, minha
orientação sexual. Ele dizia que ou era isso, ou eu seria expulso e isso chegaria à minha
família. Ele estudou meus pontos fracos e foi para cima".
Com a pressão, Tasso assinou o pedido de baixa em um sábado à noite. Já no começo
da semana seguinte, tentou reverter a decisão, mas o pedido não foi aceito.
"O trâmite processual foi incrivelmente rápido para a minha saída, quando, na
realidade, quando alguém pede baixa, isso costuma levar dias. Nunca esqueço a frase
do major: 'Viado não pode envergar o verde-oliva e o camuflado' [cores tradicionais
dos uniformes do Exército]. O mesmo sujeito que, tempos antes, tinha dito que eu era
o melhor sargento do batalhão dele."
Tasso chegou a tentar reverter a própria exoneração no STJ (Superior Tribunal de
Justiça), mas o pedido foi indeferido. Em 2005, voltou para Natal, onde mora a família,
e passou no concurso da PM potiguar. Foi chamado em 2006 e segue lá até hoje.
"Pode levar o tempo que for, mas a impressão que eu tenho é isso será sempre um
tabu. Hoje é mais tranquilo, mas sempre vai ter gente que fala com você com um certo
sarcasmo", define.
Ele se casou com outro homem, um civil. Nas redes sociais, não se poupam de postar
fotos juntos em momentos íntimos e descontraídos. "Muita gente que condena um
homossexual, seja ele militar ou não, não passa de gente frustrada e que deveria amar
mais. Tem muito gay que não se assume, é mal amado e mal resolvido –esses são os
que mais nos criticam. Uma pena. Mas eu tentei ser feliz", conclui.
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2018/07/21/ex-sargento-doexercito-pm-gay-relata-pressao-viado-nao-pode-envergar-o-verde-oliva.htm
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EM VÍDEO, BOLSONARO FAZ GESTO DE ARMA EM MÃO DE CRIANÇA
Uol, 20 de julho de 2018
Um vídeo gravado em Goiânia nesta quinta-feira (19) mostra o deputado federal e précandidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) ensinando uma criança a fazer o gesto de
uma arma com as mãos. As imagens causaram polêmica nas redes sociais, inclusive
entre outros pré-candidatos ao Palácio do Planalto.
As imagens mostram que Bolsonaro havia acabado de subir em um carro de som no
aeroporto de Goiânia quando apoiadores entregam a criança a ele. O deputado federal
segura a menina no colo e a auxilia a fazer o sinal com as mãos, usando os dedos
polegar e indicador, de forma que se assemelham a um revólver. Em seguida, o
deputado federal também faz o gesto, sorrindo.
No vídeo, é possível ver que apoiadores reunidos em torno do carro de som também
fazem o gesto com as mãos, copiando o deputado. A criança fica pouco mais de um
minuto no colo de Bolsonaro, que logo a devolve e começa a discursar aos presentes.
O UOL tentou contato com Bolsonaro por um número de celular na noite desta sexta,
mas as ligações não foram atendidas. O mesmo ocorreu nas tentativas de contato com
um assessor do presidenciável. A reportagem também enviou uma mensagem de
WhatsApp ao pré-candidato, que foi visualizada às 22h37 de sexta. Bolsonaro, no
entanto, não respondeu.
Em entrevista ao jornal "O Globo" publicada neste sábado, Bolsonaro se defendeu.
"Chega de frescura, quando eu era criança brincava de arma o tempo todo. Nas
favelas, tem gente de fuzil por todo o lado. Um filho vê o pai policial armado todo dia.
Não vejo maldade nenhuma nisso. As crianças do Brasil têm que ver as armas como
algo ligado à responsabilidade e de proteção à vida."
O UOL procurou ainda o deputado delegado Waldir (PSL-GO), que acompanhava
Bolsonaro na agenda em Goiânia, mas as ligações caíram na caixa postal.
Em entrevista ao jornal "O Globo", Waldir disse que a criança foi entregue ao
précandidato pelos pais, que teriam pedido a ele para que fizessem o símbolo. Disse
ainda que o gesto feito por Bolsonaro significa "coragem" para pessoas de bem, mas
que "para o bandido pode ser uma arma".
146
Bolsonaro lidera as principais pesquisas de intenção de voto nos cenários em que não
aparece o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato pelo PT. Revogar o
estatuto do desarmamento e permitir o acesso da população a armas, com restrições,
é uma das principais propostas de governo do deputado.
A campanha de Bolsonaro deverá ser oficializada neste domingo, durante convenção
nacional do PSL no Rio de Janeiro.
Presidenciáveis criticam gesto
A atitude de Bolsonaro foi criticada por outros pré-candidatos à Presidência. Marina
Silva (Rede) utilizou sua conta no Facebook para dizer que "como mãe e professora,
fiquei estarrecida ao ver um candidato ensinar uma criança a fazer gesto de revólver
com as mãos."
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A também pré-candidata Manuela D'Ávila (PCdoB) chamou Bolsonaro de "inominável"
na publicação em que critica a atitude do deputado.
No Facebook, o pré-candidato à Presidência Guilherme Boulos (PSOL) afirmou que "a
arma que defendemos para nossas crianças é uma boa educação!". Ele acrescentou
que Jair Bolsonaro é "inimigo do Brasil".
148
*Com Estadão Conteúdo
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/07/20/em-videobolsonaro-faz-gesto-de-arma-em-mao-de-crianca.htm
APÓS POLÊMICA, MAIS UMA CRIANÇA FAZ GESTO DE ARMA COM BOLSONARO
Uol, 21 de julho de 2018
Um dia após a polêmica gerada por um vídeo em que o deputado federal Jair
Bolsonaro (PSL) aparece ensinando uma criança a fazer uma arma com as mãos, o précandidato volta a ter sua imagem associada ao gesto. Neste sábado (21), durante sua
participação em um evento de formatura de paraquedistas do Exército, no Rio de
Janeiro, Bolsonaro apareceu em uma foto com outra criança usando as mãos para
imitar uma arma.
A imagem foi publicada por um dos filhos do parlamentar, o deputado estadual Flavio
Bolsonaro (PSL-RJ), em suas redes sociais com a legenda: "quando o sonho da criança é
ser policial!"
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Usando uma boina do Exército, Bolsonaro ficou na primeira fileira de um palanque
montado pelo evento para receber oficiais ao lado de nomes como o general Braga
Netto, interventor federal na Segurança do Rio de Janeiro. Ao cumprimentar as
famílias de formandos, o presidenciável desceu do palanque e foi cercado por pessoas
que dedicaram palavras em apoio à sua candidatura e pediram para tirar selfies ao seu
lado.
A polêmica havia começado com um vídeo gravado em Goiânia na quinta-feira (19) em
que uma menina faz o gesto junto a Bolsonaro. As imagens geraram críticas de
concorrentes do deputado na disputa pelo Palácio do Planalto.
As imagens de quinta-feira mostram que Bolsonaro havia acabado de subir em um
carro de som no aeroporto de Goiânia quando apoiadores entregam a criança a ele. O
deputado federal segurou a menina no colo e a auxiliou a fazer o sinal com as mãos,
usando o polegar e o indicador, de forma que se assemelham a um revólver. Em
seguida, o deputado federal também fez o gesto, sorrindo.
No vídeo, é possível ver que apoiadores reunidos em torno do carro de som também
fazem o gesto com as mãos, copiando o deputado. A criança fica pouco mais de um
minuto no colo de Bolsonaro, que logo a devolve e começa a discursar aos presentes.
Desde sexta-feira, o UOL tenta contato com Bolsonaro e sua equipe de comunicação
para comentar o tema, sem retorno.
Em entrevista ao jornal "O Globo" publicada neste sábado, Bolsonaro se defendeu.
"Chega de frescura, quando eu era criança brincava de arma o tempo todo. Nas
favelas, tem gente de fuzil por todo o lado. Um filho vê o pai policial armado todo dia.
Não vejo maldade nenhuma nisso. As crianças do Brasil têm que ver as armas como
algo ligado à responsabilidade e de proteção à vida."
Bolsonaro lidera as principais pesquisas de intenção de voto nos cenários em que não
aparece o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato pelo PT. Revogar o
estatuto do desarmamento e permitir o acesso da população a armas, com restrições,
é uma das principais propostas de governo do deputado.
A campanha de Bolsonaro deverá ser oficializada neste domingo, durante convenção
nacional do PSL no Rio de Janeiro.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/07/21/um-dia-apospolemica-mais-uma-crianca-faz-gesto-de-arma-com-bolsonaro.htm
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SOLIMÕES ABENÇOA FOTOS DO FILHO AO LADO DO NAMORADO E CONQUISTA MAIS
FÃS
Uol, 03 de julho de 2018
Solimões tem conquistado mais fãs, não por sua música, mas pela relação carinhosa
com o filho, Gabriel, de 20 anos. O cantor, dupla de Rionegro, curte e comenta
praticamente todas as fotos do rapaz no Instagram, inclusive as que ele aparece com o
namorado.
"Deus abençoe, 'ocêis'", escreveu o sertanejo. Na verdade, o cantor sempre escreve
"DEUSABENÇÔE" (assim mesmo, com as letras maiúsculas).
Aliás, a frase é praticamente a mesma em todas as publicações. Os seguidores de
Gabriel estão até copiando Solimões, com o intuito de homenageá-lo e parabenizá-lo
pelo apoio ao filho.
"O Solimões tem uma poc [gíria para gay] maravilhosa como filho e os comentários
dele em capslock são tudo", comentou uma pessoa no Twitter. "Que fofo o Solimões
comentando na foto do filho dele com o namorado", escreveu mais um.
Solimões elogia até os looks do rapaz, sem perder o sotaque caipira. "Arrasôôô! Chique
no úrtimu! Deus abençoe, 'ocêis'."
Não é muito fofo?
Veja mais pais famosos que tratam com amor e respeito os seus filhos!
[A matéria traz imagens de rede social...]
https://tvefamosos.uol.com.br/noticias/redacao/2018/07/03/solimoes-comenta-fotodo-filho-com-namorado-e-cai-nas-gracas-da-web.htm
PELA PRIMEIRA VEZ, NAVIO-ESCOLA DA MARINHA TERÁ MULHERES EM VIAGEM DE
INSTRUÇÃO. DOS 208 FUTUROS OFICIAIS DA FORÇA NAVAL A BORDO DA
EMBARCAÇÃO, 12 SÃO MULHERES
Mônica Bergamo, Folha/Uol, 17 de julho de 2018
151
O navio-escola Brasil, da Marinha, zarpa no domingo para a 32ª viagem de instrução de
guardas-marinha com novidade a bordo: dos 208 futuros oficiais da Força Naval, 12
são mulheres — as primeiras a participarem da viagem, depois de concluírem o ciclo
de quatro anos da Escola Naval.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2018/07/pela-primeira-veznavio-escola-da-marinha-tera-mulheres-em-viagem-de-instrucao.shtml
COTA DE GÊNERO NÃO CONTRIBUI PARA AUMENTAR A REPRESENTAÇÃO FEMININA.
OS PARTIDOS, DENTRO DE SUA AUTONOMIA, TÊM SUAS ESTRATÉGIAS ELEITORAIS
Eliana Passarelli, Folha/Uol, 16 de julho de 2018
A princípio, parece encorajador para as mulheres que 30% do fundo eleitoral e da
propaganda em rádio e TV sejam destinados às suas campanhas, conforme decisão do
TSE.
O STF já havia acordado que 30% do fundo partidáriodeverá ser empregado nas
candidaturas femininas. As medidas colaboram para melhorar a subrepresentação
feminina nos parlamentos, mas as dificuldades ainda são imensas.
Os partidos, dentro de sua autonomia, têm suas estratégias eleitorais. Com a redução
do período de propaganda para 52 dias, sendo apenas 35 de horário eleitoral gratuito,
o investimento será nos nomes que possuem visibilidade, os puxadores de votos. O
mesmo deve ocorrer com as candidaturas de mulheres detentoras de mandatos.
A cota de gênero foi introduzida em 1995 para as eleições de vereadores, com
percentual de 20%. Em 1997, a exigência foi expandida para as esferas estadual e
federal, estabelecendo 25% para as eleições de 1998 e 30% para as seguintes .
Segundo a previsão legal, “cada partido ou coligação deverá reservar o mínimo de 30%
e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo”. Essa concepção universal foi
utilizada para evitar questionamentos sobre a constitucionalidade da norma, que
poderia ser atacada com base no tratamento diferenciado.
Os partidos eram obrigados a reservar as vagas, mas o preenchimento era facultativo.
Em 2009, nova legislação substituiu o termo reservar por preencher, tornando
obrigatório o cumprimento da cota.
152
Assim, para cada 3 homens, é necessário 1 mulher candidata. A proporcionalidade
deve ser respeitada, sob pena de indeferimento de toda a chapa. Não havendo
mulheres, o partido deve reduzir o número de homens.
Após 22 anos, não há muito o que se comemorar. Em 2014, apenas 51 mulheres foram
eleitas para a Câmara, menos de 10% das vagas. O número não é muito superior ao de
1994, quando não havia a ação afirmativa e as mulheres eleitas representaram 6,24%
dos cargos.
São muitos os problemas que barram a ascensão feminina na política, reflexo da
cultura da sociedade brasileira em relação à participação da mulher em atividades
tidas como essencialmente masculinas.
Essa situação só deve melhorar quando houver maior participação feminina nas
estruturas partidárias. Das 35 siglas registradas no TSE, somente 4 têm mulheres na
direção nacional.
A maior parte dos partidos busca as suas candidatas para o cumprimento da cota às
vésperas das convenções e não investem em suas campanhas. Segundo o TSE, 16.131
candidatos não receberam votos em 2016, sendo 90% mulheres.
Considerando que somente a reserva de vagas não produz resultados, já se trilha outro
caminho. Tramita no Congresso a PEC 134/2015, que prevê a reserva de cadeiras para
mulheres na Câmara Federal, nas Assembleias e Câmaras municipais.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/07/cota-de-genero-nao-contribui-paraaumentar-a-representacao-feminina.shtml
COMANDO ENVELHECIDO FRAGILIZA ENTIDADES PATRONAIS EM TODO O PAÍS.
LEVANTAMENTO DA FOLHA MOSTRA UM SISTEMA MARCADO POR BAIXA
ROTATIVIDADE E FALTA DE DIVERSIDADE
Raquel Landim, Folha/Uol, 15 de julho de 2018
Quando Fábio de Salles Meirelles assumiu a presidência da Faesp (Federação da
Agricultura de São Paulo), em 1975, o general Ernesto Geisel presidia o Brasil, um
jovem chamado Bill Gates fundava a Microsoft e o cantor John Lennon estava em
turnê pelo Reino Unido com o novo sucesso "Imagine".
153
Há 43 anos no cargo, Meirelles é o mais longevo dos líderes do patronato brasileiro,
mas não o único a se eternizar no poder.
Antonio José Domingues de Oliveira ocupa a presidência da CNC (Confederação
Nacional do Comércio) faz 38 anos. José Arteiro da Silva, Abram Szajman e José
Roberto Tadros também estão no comando das federações do comércio de Maranhão,
São Paulo e Amazonas há, respectivamente, 35, 34 e 32 anos.
José Zeferino Pedrozo é presidente da Federação da Agricultura de Santa Catarina faz
28 anos.
Nas últimas duas semanas, a reportagem da Folhapesquisou as 114 confederações e
federações de agricultura, indústria, comércio e transportes do Brasil. Obteve, por
internet e telefone, informações de quase uma centena delas.
O resultado mostra um sistema envelhecido, com baixa rotatividade e diversidade,
cada vez mais político, e sobre o qual pairam suspeitas de nepotismo, desvio de
recursos e corrupção.
Das 99 entidades em que foi possível obter dados, 41 presidentes já ultrapassaram
oito anos no cargo, o equivalente a um mandato de quatro anos e uma reeleição. Pior:
17 dirigentes estão no comando faz mais de duas décadas.
Não existe hoje nenhuma mulher na cúpula do patronato — a mais importante delas
foi a senadora Kátia Abreu (PDT-TO), que deixou a presidência da CNA (Confederação
Nacional da Agricultura) em 2016.
O sistema sindical patronal se tornou um trampolim eleitoral, como já ocorreu com
sindicatos de trabalhadores e cujo exemplo mais impactante é o ex-presidente Lula.
Pelo menos dez comandantes de federações estão licenciados em todo o país para se
candidatar em outubro — o mais conhecido deles é Paulo Skaf, presidente da Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que concorre ao governo.
O levantamento da Folha, porém, mostra apenas o topo da pirâmide.
É provável que o mesmo retrato se repita pelos sindicatos patronais que compõem
federações, que, por sua vez, se agrupam em confederações. Existem 5.275 sindicatos
patronais —69% urbanos e 31% rurais.
154
DESINTERESSE E POLITICAGEM EXPLICAM DISTORÇÃO
Pessoas que conversaram com a reportagem sob a condição de anonimato dizem que
dois fenômenos distintos explicam a longevidade dos líderes.
O primeiro é a falta de disposição das multinacionais, que chegaram em peso ao Brasil
nos últimos anos, para o comando de entidades.
Sem querer expor os executivos, deixam as entidades para empresários locais, que são
cada vez mais raros.
O segundo é o abuso de poder por parte do comando das federações, que se
aproveitam da pouca representatividade e do baixo poder econômico de muitos
sindicatos para conquistar voto com pequenos favores.
Há também casos de fraude, com sindicatos que existem apenas no papel.
O exemplo mais evidente é o do Amapá, onde Sesi e Senai estão sob intervenção
desde 2013, quando a então presidente da Fiap (Federação das Indústrias do Amapá),
Joziane Araújo Rocha, foi afastada.
Ela foi acusada de forjar a existência de sindicatos para controlar a federação e de
desviar recursos do sistema S. Depois de cinco anos, as eleições para a presidência da
Fiap estão marcadas para julho.
É comum que um mesmo grupo político permaneça no comando, mesmo quando
troca o presidente. Há exemplo de dirigente que só deixa o cargo por problemas de
saúde e é substituído por pessoa de confiança — e, em um caso, acabou tudo em
família.
Na Fetracan (Federação das Empresas de Transporte de Carga do Nordeste), o
pernambucano Newton Gibson assumiu a presidência em 1989, dois anos após a
fundação, e ficou até 2015, quando adoeceu.
Deixou o filho, Nilson Gibson como presidente interino, que acabou eleito em 2017.
Há nove anos, os representantes do sindicato do Ceará travam uma batalha judicial
para assumir o comando da Fetracan, sem sucesso.
155
[A seguir, reproduzo dois gráficos apresentados na matéria...]
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/07/comando-envelhecido-fragilizaentidades-patronais-em-todo-o-pais.shtml
156
ENTREVISTA: “UMA CIÊNCIA FEMINISTA PRECISA EXPLICITAR OS CONTEXTOS NOS
QUAIS O CONHECIMENTO PRODUZIDO POR ELA É CONSTRUÍDO”
Vitória Régia da Silva, Ciência e Educação, edição 10, Gênero e Número, 20 de junho de
2018 [entrevista com a pesquisadora Marina Nucci]
http://www.generonumero.media/entrevista-uma-ciencia-feminista-precisa-explicitaros-contextos-nos-quais-o-conhecimento-produzido-por-ela-e-construido/
http://www.generonumero.media/category/edicao-n-10/
AS HISTÓRIAS DAS MULHERES QUE PRECISARAM SE PASSAR POR HOMENS PARA
FAZER O QUE QUERIAM
Beatriz Montesanti, Nexo Jornal, 16 de junho de 2016
[A matéria é sobre Sisa Abu Daoh, Elisa Bernerström, Shabana Basij-Rasikh, Rena
Kanokogi, Malinda Blalock, Billy Lee Tpton, Margaret Ann Bulkley, Norah Vincent,
Kathrine Switzer, “Marina, a monja”, Joana D’Arc, Charlotte Brontë, Murry Hall,
Dorothy Lawrence, Maria Toorpakai Wazir]
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/06/16/As-hist%C3%B3rias-dasmulheres-que-precisaram-se-passar-por-homens-para-fazer-o-que-queriam
“PARA VOCÊ NÃO ROMPER O SILÊNCIO E MANTER AS RELAÇÕES SAUDÁVEIS, VOCÊ
TEM QUE NEGAR A SUA COR”. ESPECIALISTA NO ATENDIMENTO DE MULHERES
NEGRAS, PSICÓLOGA MARIA JESUS MOURA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE LEVAR
EM CONTA O RACISMO SOFRIDO POR SUAS PACIENTES E NÃO NEGÁ-LO
Marina Rossi, El País, 13 de julho de 2018
Quando a psicóloga Maria Jesus Moura, ou somente Jesus Moura como é chamada,
decidiu estudar os espaços de atendimento de mulheres vítimas de violência
doméstica, descobriu que algo importante estava faltando. “Encontrei a subnotificação
das demandas raciais, e inclusive a desconsideração dos profissionais em notificar”,
conta. Ou seja, o tipo de violência de gênero, e principalmente de raça, não eram
levados em conta. “Em muitos relatos estava escrito ‘agrediu a mulher com palavras’.
157
Quais palavras?”, pergunta ela. “Se você não registra o que foi dito, não tem como
perceber e identificar o quanto isso é caro, doloroso e violento para essa mulher. A
desconsideração do ‘o quê’ também é um tipo de violência”.
Para Jesus, esse silêncio em relação às demandas dessas mulheres está na raiz do
racismo vivido ainda hoje no Brasil. “Vivemos um racismo institucional. Seja nos
serviços públicos, como os centros de referências de atendimento, nas delegacias, ou
nas instituições privadas, não há a definição de uma pauta de especificidade”, diz. “Isso
cria uma invisibilidade às demandas especificas”. O resultado está estampado no
cotidiano das estatísticas brasileiras: As mulheres negras são mais assassinadas que as
brancas (71% a mais, segundo o Atlas da Violência 2018), concluem em menor
quantidade o ensino superior (somente 10% terminam a faculdade, enquanto 23,5%
das mulheres brancas o fazem, segundo o IBGE) e estão na base da pirâmide quando o
assunto é salário - ganham, em média, 40% a menos que um homem branco, enquanto
a média das mulheres é de 30% a menos, segundo o IBGE.
Por consequência, essas mulheres trazem para o divã demandas muito específicas. E
esse é o foco do trabalho de Jesus, dentro e fora do consultório. Mestre em psicologia
com foco social pela Universidade Federal de Pernambuco, ela é especialista no
atendimento de mulheres negras - mas não só. Recebeu a reportagem em seu
consultório, na zona norte do Recife.
Pergunta. Claro que cada indivíduo tem suas particularidades. Mas é possível dizer
quais são as diferenças no atendimento de uma mulher negra para uma mulher
branca?
Resposta. Boa parte do que as mulheres me trazem é algum sofrimento diante de
relações sociais. Ou afetivas ou no trabalho, onde a autoestima é um dos elementos
mais frequentes. Há uma baixa autoestima e um sentimento de inferioridade, de
menos valia. O psicanalista e escritor Jurandir Freire Costa diz que o racismo tem a
tendência de destruir a identidade da pessoa negra. É uma estratégia para destruir,
criar pessoas controladas, sem autonomia, que não consigam ter um discernimento.
P. Criar criados.
R. Criar criados. Ou a escravidão psíquica. Mesmo no caso das pessoas empoderadas,
que vêm da militância. Isso acontece com as feministas também. Tem uma coisa que
amarra, porque ficou na história. E às vezes é o ponto cego, a pessoa não vê. Eu já
atendi militantes do movimento negro e convivi com um grupo de militantes cujas
fragilidades da autoestima em algum momento aparecem de forma fortíssima.
158
P. Mas existe um problema de autoestima nas mulheres de maneira geral, não?
R. Existe, porque as mulheres em geral ou estão sofrendo por uma pressão social na
sua constituição do machismo e ou do racismo.
P. Então no caso das mulheres negras o problema de autoestima pode ser
acumulativo.
R. Exatamente. Machismo e racismo. E se ela for lésbica então... Tem pessoas que são
extremamente empoderadas, de não deixar ninguém passar por cima, mas adoecem,
têm crise do pânico, se deprimem. Não é uma coisa só de ficar com medo, se fechar e
não enfrentar. Não, elas enfrentam. Mas é com sofrimento. E aí o elo de ligação é esse:
essas mulheres se questionam como elas conseguiram ser chefes hoje? Como
chegaram nesse lugar? Por mais que eu tenha almejado, investido, por mais que eu
tenha consciência de que eu sou capaz, eu não consigo ainda assim viver nesse lugar. É
um processo que vem alinhavado por dentro.
"A negritude da criança não muda quando ela sai da escola. Ela leva para onde for. E
os pais precisam entender isso"
P. Não significa que, porque chegou a uma posição desejada, a questão está
resolvida.
R. Não. Esse registro na psique não sai com o conhecimento. Não é assim: “Ah, o
racismo é isso? Então eu estou livre dele”. O registro é mais profundo. Por exemplo,
aqui no consultório não temos recepcionista. Na semana passada, eu estava na sala da
recepção e a cliente de uma colega, que atende aqui também, me perguntou se ela
pagava a mim ou à psicóloga dela. Eu entendi. Disse “Olha, aqui nós não temos
recepcionista. Então acho melhor você pagar diretamente à sua psicóloga”. Outra
pessoa diria “por que ela perguntou a mim?”. Veja, eu não estava sentada atrás do
balcão da recepção. Eu não estava em nenhum lugar específico que pudesse ser
confundido com recepcionista. Mas ao mesmo tempo ela captou a minha imagem....
P. Como é o trabalho com as crianças com esse recorte de raça?
R. Hoje eu não atendo mais criança, mas já atendi muitas e trabalho com orientação e
supervisão. E aí o trabalho é primeiro a construção do profissional conseguir entender
porque isso é importante, e depois trazer isso para a família. Mas com muito tato,
porque não se sabe como as pessoas veem essa questão. Por exemplo, eu pergunto
159
“por que você acha que falam isso do teu filho na escola? Por que aquela criança não
quis pegar na mão do teu filho?”. Eu não posso dizer diretamente que isso acontece
porque ela é negra. Eu preciso sensibilizar esse pai ou essa mãe a entender que existe
essa possibilidade. E aí explicar como isso funciona e como eles podem lidar com isso.
Mas, se a demanda já chega nominada, já é mais fácil. Eu sempre oriento a não mudar
de escola, porque o bullying foi criado para denominar as diversas violências que as
crianças sofrem na escola, e uma delas é o racismo. Esse elemento é importante para a
criança, porque ela precisa se empoderar para enfrentar o racismo na escola. Não
adianta ela sair de lá. A negritude dela não muda quando ela sai da escola. Ela leva
para onde for. E os pais precisam entender isso. Não adianta dizer que a escola é
racista. Se é racista, o que podemos fazer? De que maneira podemos contribuir? Para
qual escola você vai levar seu filho, que vai ser uma escola totalmente anti-racista,
anti-homofóbica? Não existe.
P. Porque a sociedade não é.
R. Sim, está em todo o canto. O que a gente precisa é fazer o nosso trabalho com as
pessoas para que elas possam perceber isso e entender que não é a cor da pele que faz
com que elas sejam piores que os outros. As próprias crianças já estão fazendo isso.
P. De que maneira?
R. Muitas crianças hoje já dizem, por exemplo, que não vão desenhar a mãe com tal
lápis de cor porque essa não é a cor da mãe delas. Isso é fruto de um trabalho que vem
de casa. E aí a escola, de alguma forma, ou se molda, ou violenta a criança. E esse
questionamento, infelizmente, vem através da militância.
P. Por que infelizmente?
R. Porque todas as pessoas negras deveriam ter acesso a esse entendimento. Porque
no Brasil, para brigar contra o racismo, você precisa fazer um investimento intelectual.
Você tem que ler, estudar, pesquisar. E aí você começa a compreender. Não é uma
coisa natural, de você crescer já sabendo dessas coisas e ir se preparando cada vez
mais para enfrentar isso na vida. Não, a gente cresce escondendo essas questões.
Desde a maternidade, quando entram no seu quarto, olham para a sua filha e dizem
assim “e esse narizinho? Como vai ser? Vai colocar um pregador?” E aí você ri, diz que
vai botar um pregador, e as vezes bota mesmo.
"No Brasil, para brigar contra o racismo, você precisa fazer um investimento
intelectual"
160
P. Pregador? No nariz?
R. Sim. Para afilar o nariz. Ou dizem para a mãe ficar fazendo assim [e coloca o polegar
e o indicador no nariz, em forma de pinça e faz movimento de cima para baixo]. “Faz
assim que isso vai afilando o nariz do seu bebê”. A criança acabou de nascer....
P. As pessoas já chegam com essa consciência de racismo institucionalizado aqui no
seu consultório?
R. Quando esse sentimento do racismo começa a ser falado conscientemente, já é um
passo. Mas a maioria chega sem conseguir dizer. E inclusive sem conseguir identificar
que aquele sofrimento que ela tem, tem uma relação com o racismo. Esse é o
problema. Nomear o racismo não é uma coisa simples num país que sempre camuflou
o racismo, sempre tentou esconder o racismo nas relações sociais. As pessoas negras
foram educadas, muitas vezes por suas mães e pais negros, a repetir aquilo que eles
aprenderam. Ou seja, a criar uma relação saudável no silêncio. Para essa relação ser
saudável, é preciso silenciar qualquer coisa que fale da minha insatisfação, do meu
tratamento pela minha cor da pele e pelo meu cabelo. Essa coisa de eu ter que alisar o
meu cabelo para não ser ridicularizada... O alisamento necessariamente não é a saída
de um gosto, existe uma coisa por trás que move isso. Aquele cabelo crespo não é um
cabelo que é aceito com tanta naturalidade. Talvez hoje a gente viva uma cultura do
empoderamento de mulheres principalmente, em relação aos seus cabelos crespos, e
crianças desde já crescendo assim. Mas as crianças cresciam querendo alisar o cabelo.
P. Você passou por isso?
R. Eu vi recentemente no YouTube um vídeo que parecia que fazia parte de uma
história minha. Quando eu entrei na adolescência, meu maior desejo era alisar o
cabelo e fazer franja. Eu vivia em um grupo social branco, na escola onde eu estudava
eu era a única negra. E a franja era tudo o que que queria, porque as minhas amigas
tinham franja. E na primeira oportunidade que eu tive, eu alisei o cabelo e cortei a
franja. Foi ridículo, foi horrível... Não aconteceu comigo o que aconteceu com a
menina do YouTube, que foi fazer um tutorial de como fazer franja, e foi um desastre.
Quando ela cortava, o cabelo levantava, não ficava com franja. E ela não entendia, e ia
cortando, cortando, até restar quase um dedo de cabelo só. O sofrimento dela era por
não entender por que não deu certo. Por que nos outros tutoriais que ela viu davam
certo? O cabelo então acaba sendo uma grande marca na questão da relação social,
porque como eu já disse, para você não romper o silêncio e manter as relações
saudáveis você tem que negar a cor, o cabelo, as características, roupas, adereços,
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acessórios. Chegar com turbante não é para todo mundo, porque o turbante tem uma
marca religiosa. Então acaba que já fazem uma leitura da mulher negra a partir dos
adereços, da vestimenta, de um conjunto de coisas.
"Nomear o racismo não é uma coisa simples num país que sempre camuflou o racismo,
sempre tentou esconder o racismo nas relações sociais"
P. Sobre o turbante. Foi o símbolo de uma discussão no ano passado sobre
apropriação cultural. O que acha disso?
R. O turbante tem uma representatividade nessa luta e nessa resistência negra no
nosso país. Não se usava turbante até um tempo atrás, a não ser pelas mulheres de
terreiro. Quando o turbante vem embelezar um corpo, ele vem com essa carga política
cultural. Essa discussão parte desse lugar. Por que quando a gente usa isso, isso passa
a ser de todo mundo? Por que todo mundo pode agora? Antes, ninguém podia, porque
existia uma certa resistência e proibição. Aí quando se quebra essa barreira e entra
nesse aspecto de “agora eu posso”, todo mundo quer usar. Eu, particularmente, acho
que é importante, como tudo na militância negra, a gente demarcar espaços. Mas eu
não acho interessante esse embate que existe por alguém que não é negro estar
usando turbante, porque ele não produz o que a gente tanto quer na militância, que é
a preservação dos direitos e a igualdade. Para uma mulher branca usar um turbante,
ela precisa saber que esse turbante tem uma representação. Não é qualquer adereço.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/06/politica/1530885070_540009.html
SOMOS TODAS MC K_BELAS
Yasmin Thayná, HuffPost Brasil, 27 de janeiro de 2014 [atualizado em 26 de janeiro e
2017]
Apelidos como Bombril, Assolan, Biro Biro, Drogba do Chelsea, cabelo duro, cabelo
ruim, creminho, e frases como "quando você vai ficar branca?", "deve ser difícil ser
você!", "hey, afro!", são algumas das humilhações que diversas mulheres negras
recebem no seu dia-a-dia.
É muito comum no Brasil ler, todos os dias, nos jornais ou portais de notícias, casos de
discriminação ligados à questão racial. Um dos momentos muito ruins é quando nós,
mulheres negras, atravessamos o sinal de uma rua e ouvimos uma voz dentro de um
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automóvel dizendo: "Ei, mulher! Vai comprar um pente", "Que cabelo horrível!", ou
então sempre que passamos perto de alguém desconhecido ouvimos risadas pela
nossa condição em sermos negras ou negros e também por não sermos obedientes a
ponto de aceitar padrões impostos.
Durante toda a vida, a começar pela escola, existiam os "zoadores" que me rendiam
boas horas de choro no quarto da minha casa, na Vila Iguaçuana, em Nova Iguaçu. Eu
adorava o ambiente escolar. Achava fascinante a maneira como os adultos conduziam
a educação e me ensinavam coisas incríveis. Pesadelo para mim era olhar em direção a
grade do CIEP em que eu estudava, localizado na esquina da minha antiga casa, e ver
passando o "bonde dos zoadores" que jogavam bolinhas de papel e passavam quase
todo o recreio me ofendendo com insultos do tipo "Ah, seu cabelo de Bombril. Sai
daqui!". No auge da minha adolescência, nenhum garoto se apaixonou por mim.
Devido ao surgimento da chapinha, todas as meninas negras usavam. Eu só alisava, e
quando fazia chapinha nunca me sentia segura. E isso me deixava feia.
O cineasta de "5x Favela - Agora por nós mesmos", Cadu Barcelos, de 26 anos,
morador do Complexo da Maré, era um desses zoadores, não do bonde da Vila
Iguaçuana. Assim como eu, existiram e ainda existem muitas outras meninas que todos
os dias são humilhadas no colégio e nas ruas por não estarem nos padrões que as
campanhas publicitárias e os blogs de moda elegem como bonito.
O Cadu era do bonde de Ramos, no colégio Edmundo Lins, onde estudou de primeira a
quarta série, mas também já foi de zoar muitos cabelos em Olaria, onde estudou de
quinta a oitava série.
Criado em uma família com negros e brancos, ele afirma que muitas vezes o indivíduo
passa a agir e pensar em grupo, ignorando sem perceber a sua própria opinião,
gerando a desvalorização de alguém para se erguer dentro de um coletivo. Ao
perceber que as suas zoações geravam ferimentos, o jeito foi refletir. "Eu comecei a
pensar sobre o que eu estava fazendo. As minhas relações fora da escola, com a arte e
com o terceiro setor também começaram a me dar um olhar diferente sobre o mundo,
a ver e admirar um padrão não 'formal' de beleza, de atitude, de vida que eu não via
na TV, jornais e revistas e que eu me identifiquei muito mais. Hoje, por conta das
minhas transformações, que não ocorreram na escola, enxergo além do que a mídia e
a sociedade pode ver e crio meus próprios preceitos e padrões estéticos", diz.
Não é nada difícil ver mulheres negras escrevendo nas redes sociais relatos de
preconceitos em locais públicos e ameaças provocadas pelo incomodo que o cabelo
crespo gera. Seria impossível viver diante disso sem fazer nada. Muitas meninas que
gostam de usar seus cabelos naturais não têm apoio. E um bom espaço virtual de
163
encontros, afirmação e ponto de combustível para nós é a página do facebook
Meninas Black Power, um espaço muito importante de diálogo que tem por objetivo
transformar a visão que uma mulher negra faz de si mesma. "A construção social
aponta para uma imagem degradada, negativa, e é por causa disso que nossas
características são julgadas inferiores. Mesmo com a crescente divulgação de 'cabelos
afro' na mídia, ainda há preconceito escondido atrás de falsos elogios. Surgimos para
reinventar o conceito de beleza, provar para mulheres aprisionadas às verdades
preconceituosas que bonito é ser quem somos", dizem as organizadoras da página,
que hoje se dividem em mais de 65 mulheres entre grupos formados no Rio de Janeiro
e Minas Gerais e três em desenvolvimento no Espírito Santo, São Paulo e Rio Grande
do Sul. O coletivo fala sobre cabelo natural e como cuidar dele, por dentro e por fora,
em diversas plataformas digitais que oferecem diferentes formas de comunicação.
"Falamos como mulheres negras e diretamente pra mulheres negras, frisando o valor
que há na libertação, valorização da ancestralidade, singularidade das características
hereditárias e quebra de qualquer preconceito contra nós mesmas, como somos. Além
disso levamos nossa ideia para além do espaço virtual, interferindo diretamente na
construção da sociedade, através da inserção em unidades educadoras, falando sobre
identidade, equidade e diversidade", afirmam.
Elas acreditam que não há uma "ditadura do cabelo crespo" e que qualquer
movimento em apoio ao cabelo natural e valorização da beleza e cultura negra não são
simplesmente modismo e ainda dispensam o rótulo de estilosas. "Dizemos
incansavelmente que cabelo crespo é questão de aceitação. Não fazemos lavagem
cerebral em ninguém, mas abrimos espaço pra dialogar sobre razões para não suportar
a maneira como viemos ao mundo. Ditadura é passar por séculos e séculos de
métodos cruéis de alisamento, produtos de diferentes tipos que atacam a saúde física
e mental, dependência disso e da aprovação de terceiros pra se sentir bem com a
própria imagem, perda de referências ancestrais por achar que elas são ruins, ou
qualquer outro tipo de agressão que sempre tentou nos afastar de quem somos e da
nossa negritude. Não usamos eufemismos para dizer que somos pretas, crespas e
muito confortáveis com a imagem que vemos e por isso temos sido tomadas como
'radicais'. Bem, radicalismo pior é dizer que só há um jeito de ser aceito no mundo e
que precisamos nos sacrificar para entrar dentro desse molde. Não acreditamos mais
nisso e vamos estimular essa nova visão. Já passou do tempo de retomar o curso da
nossa história e o coletivo Meninas Black Power existe para somar esforços nessa
empreitada."
A estudante de direito Maria Fernanda Anchieta, de 26 anos, é mais um exemplo de
mulher que já passou pro situações desagradáveis dentro de seu ambiente
profissional. Na rua, os principais impactos que o seu cabelo causa são os olhares de
reprovação. "Teve uma vez que uma menina de uns 6 anos chamou meu cabelo de
164
duro e os pais ficaram rindo da situação", diz ela, que começou a alisar o seu cabelo na
adolescência. "A iniciativa foi da minha mãe porque era um 'processo normal' para
todas as meninas negras com cabelo crespo. Deixei de usar aos 25 anos. Hoje eu me
sinto livre, liberta sem ter que cumprir com obrigações, me sinto naturalmente
bonita."
A área jurídica é um lugar formal e que, normalmente, os negros não estão no mesmo
lugar que a classe média branca. Maria Fernanda já foi até confundida como uma
autora de uma ação criminosa. "O olhar dirigido ao meu cabelo é sempre de
reprovação como se ele fosse sujo e desarrumado. A maioria dos advogados e
promotores são brancos e ninguém quer uma negra ocupando o mesmo espaço, muito
menos com cabelo black. No juizado especial onde trabalho o serventuário sempre
acha que eu sou autora da ação e não estagiária ou advogada".
Diante de tantos histórias, a força de Renata Freitas, mais conhecida como Renata
Codagan, prevaleceu. A arte-educadora de 41 anos teve a ideia de reverter essa
situação em arte, realizando uma exposição no ano de 2011, na Escola Livre da
Palavra, na Lapa, sobre o seu cabelo. A instalação foi dividida em três suportes. O
primeiro com fotografia 3x4, que eram registros de penteados e cabelos que ela
experimentou desde criança. O segundo era uma trança gigante, feita do mesmo
cabelo que ela usa para fazer trança, onde estavam pendurados tudo que ela já havia
usado no cabelo: marcel, chapinha, pente quente, baby lise, Guanidina, Henê, pentes
diversos incluindo finos, largos e de piolhos, cremes diverso desde Lavanda, neutros,
Yamasterol, Kolene entre outros. E o terceiro era um MP3 onde foi gravado histórias
que Renata escreveu sobre o seu cabelo, divididas em três décadas: durante a a
infância e adolescência, a fase que encontrou a militância e a fase madura atual, onde
esse processe estético com o cabelo se tornou mais consciente.
"Quem me auxiliou na curadoria foi a Beá Meira com seu olhar sensível foi me
mostrando o quanto aquele material que eu tinha era estético. Iniciei a curadoria
catando fotos de diversas épocas da minha vida ai percebi como havia brincado com o
cabelo", diz Renata que, como arte-educadora, usa o cabelo como tema principal de
suas aulas. "Esse tema é transversal das aulas que desenvolvo sobre os povos africanos
e afrodescendentes. Tenho uma filha de 12 anos que está sempre me trazendo
inquietações por ainda viver questões muito parecidas com as que eu vivi na idade
dela. Esse tema precisa ser debatido. Precisamos nos libertar."
Assim como Maria Fernanda, Renata também encarou desafios durante a vida. E
continua enfrentando. Há alguns anos atrás ela enviou um projeto para uma escola de
classe média alta da zona sul por meio de uma amiga que era professora na escola. A
proposta, que foi muito bem aceita pelas freiras durante as negociações feitas por
165
telefone, traduziu uma outra realidade quando Renata colocou seus pés na escola para
começar o trabalho. "Na época usava umas transas longas e não era moda como hoje
em dia. Quando cheguei senti um tratamento estranho desde a entrada na escola. Mas
determinei que iria até o fim. Estava bem treinada para isso. Sentei com uma freira
que era a coordenadora pedagógica e ali foi ficando bem claro que eu não serviria para
atuar na escola. Na conversa o tempo todos essa freira tentou me desqualificar para o
cargo. Uma das perguntas que nunca esqueci foi a seguinte: você tem experiência em
trabalhar com crianças ricas? Respondi que estava acostumada a trabalhar com
crianças", contou Renata que carregou consigo uma experiência que comprova que há
controvérsias a respeito da história de que o racismo diminuiu. "Lembro de risadas
quando caminhava pela escola e da cara surpresa da freira me perguntando 'você é
Renata Freitas?' com um olhar incrédulo olhado para o meu projeto impresso e para
minha cara como se fossem coisas incompatíveis."
Outra mulher que transforma o preconceito em arte é a artista de Belo Horizonte (MG)
Priscila Rezende, de 26 anos. Ela realizou uma performance intitulada "Bombril" em
frente ao Memorial Minas Vale. A performance critica a condição dos negros no
contexto social. Durante a ação a artista ariou 40 utensílios metálicos -- entre panelas
e colheres -- com o próprio cabelo.
Para a artista, relaxar o cabelo, ou alisar, é só uma das opções, assim como o black
power. "Eu acredito que usar um black pode ter significados diferentes. Para quem
levanta uma 'bandeira' e defende a identificação e valorização do negro e suas raízes
vai ser muito mais do que apenas um corte, é uma espécie de mensagem sem
palavras, só na imagem. Pra mim, usar um black passou a ser não somente
identificação, mas liberdade", afirma.
Priscila realizou duas vezes sua performance. A primeira vez durou em média 30
minutos, e foi feita na Escola Guignard, onde estudou. "O público era em sua maioria
estudantes de arte, algumas pessoas que eu já conhecia, e claro, já tinham certo
conhecimento sobre arte. Claro que conhecer sobre performance não tornou óbvio
sobre o que se tratava o trabalho, mas acredito que compreensível. Na verdade eu
particularmente não gosto que o trabalho soe óbvio, afinal, se algo se torna uma
resposta mastigada e pronta, acho que não resta muito o que pensar a partir dali.
Prefiro que ainda fique um ponto de interrogação."
Durante o trabalho, ela percebe que algumas pessoas ficam intrigadas e acham
estranho alguém que se coloca ao chão e usa os próprios cabelos como objeto para
lavar panelas e afins. "As pessoas acham estranho que eu me coloque ali, e por que?
Porque eu personifico uma frase que algumas delas não se incomodam em repetir?
Tipo, chamar cabelo afro de 'bombril' não tem problema, mas quando alguém torna a
166
frase visível e a imagem soa incômoda, aí não fica legal? Falar não tem problema pra
alguns, mostrar na sua cara tem!"
Todo o seu percurso na vida fez com que a performance "Bombril" fosse um trabalho
inspirado em relatos, humilhações, espaços em que o negro está inserido. Por já ter
sido professora, uma aluna pediu um pedaço do seu cabelo para varrer a casa. "Só não
chamei a polícia para registrar a ocorrência pois não tive nenhum apoio por parte da
escola que trabalhava, mas não deixei morrer nisso não. O pai da aluna foi chamado na
escola, onde tivemos uma conversa juntamente com ela. Deixei bem claro que o que
ela fez tem nome, se chama racismo, e poderia até mesmo render um processo, ir para
na delegacia, etc."
Priscila disse que a última vez que fez a performance foi mais interessante porque foi
feita na rua, o que permitiu uma circulação maior de olhares. "A performance foi feita
ao ar livre, na rua, e pôde ser vista por qualquer um, incluindo pessoas que passavam
dentro dos ônibus e viam de relance, sem muito tempo para processar o que estava
sendo visto. Achava isso interessante, espero que a imagem tenha gerado mais
dúvidas, e questionamentos posteriores."
Conversei com o Cadu Barcelos no final da apresentação de um monólogo que a atriz
Veruska Thaylla e o diretor Anderson Barnabé, adaptaram do conto "Mc k_bela" que
escrevi no ano passado. O Cadu, que era um desses zoadores, me contou que teve
outras percepções ao ver a Mc k-bela contando e apontando o quanto essas zoações
eram humilhantes para ela. "A primeira coisa que pensei foi que a adaptação deve ser
vista e discutida dentro da escola, com jovens que estão se formando, que estão
buscando se inserir, e, como a Mc K_Bela, se descobrir. Como sujeito, como mulher,
homem, artista, descobertas sexuais, religiosas e de o que vai ser na vida.
Um texto que me emocionou, que me fez refletir, com uma bela interpretação que me
trouxe incomodo me tirando da zona de conforto e o melhor de tudo, me fazendo
olhar pra dentro de mim. Todos somos um pouco de Mc K_Bela, seja na hora de se
vestir e querendo se enquadrar em algo para ser mais aceito, seja no nosso discursos
sobre o mundo ou simplesmente na hora de arrumar o cabelo", finaliza.
http://www.huffpostbrasil.com/yasmin-thayna/somos-todas-mckbelas_b_4661107.html
AS CIDADES MASCULINAS ERGUIDAS PELO URBANISMO DO SÉCULO 20
167
Camilo Rocha, Nexo Jornal, 29 de junho de 2018 [Sobre a jornalista Jane Jacobs, autora
do livro clássico “Morte e vida de grandes cidades”]
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/06/29/As-cidades-masculinaserguidas-pelo-urbanismo-do-s%C3%A9culo-20
ATOS POLÍTICOS E MANIFESTAÇÕES POR IGUALDADE DE GÊNERO GANHAM FORÇA NO
ORIENTE MÉDIO
Aline Yumi, Beatriz Lia e Natália Vitória*, Opera Mundi/Uol, 12 de julho de 2018
Enquanto na Arábia Saudita as mulheres só recentemente foram autorizadas a dirigir
automóveis, e, no Irã, uma revolução tolheu boa parte dos direitos femininos, no
Líbano, elas podem, inclusive, usar biquíni na praia. O que essas realidades têm em
comum? O contraste entre a luta pelos direitos das mulheres no mundo islâmico e o
papel delas dentro da religião em países em que os muçulmanos representam mais de
50% da população.
Nós sempre somos vistas como oprimidas e, normalmente, essa concepção vem do
fato de nos cobrirmos com a abaya [vestimenta que reveste o corpo da mulher
muçulmana, dos pés à cabeça] ou usarmos o hijab [véu utilizado sobre cabelos
femininos+”, diz a cineasta saudita Danya Alhamrani.
A questão da vestimenta é uma das que mais chamam a atenção no Ocidente sobre os
países árabes e/ou que possuem maioria muçulmana. O sheik libanês Kamal Chahin,
que trabalha no Centro de Divulgação do Islã para a América Latina, observa que o uso
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do lenço é obrigatório para mulheres muçulmanas: “Não se trata de uma questão
cultural. O uso da indumentária islâmica é obrigatório desde os 15 anos”. Assim, a
mulher deve cobrir o corpo todo, com exceção das mãos e do rosto, e não [a
vestimenta] pode ser transparente ou apertada.
Ele explica que a medida está descrita na Lei da Xaria, que dita como os muçulmanos
devem se comportar. No caso da mulher, a utilização de hijabs e abayas é aplicada,
segundo ele, para a sua própria proteção e é uma regra anterior à chegada do profeta
Maomé [571-632].
A lei também descreve que o papel das muçulmanas é o de educar os filhos, cuidando
para que se tornem cidadãos de bem no futuro. Nas palavras do sheik, para formar
“médicos íntegros, engenheiros sinceros e políticos honestos é necessária a figura de
uma mãe”. Ainda que essa seja a visão do mundo islâmico, ele ressalta que a Xaria não
impede as mulheres de realizar outras atividades. Assim, o islamismo, ressalta, permite
169
que elas dirijam, trabalhem ou participem da política, quando necessário. “Não cabe
ao rei, ou às leis determinar o que elas devem fazer. Esse papel cabe a Deus”.
Assim como no Ocidente as mulheres protagonizaram verdadeiras revoluções ao
conquistar o direito ao voto, à pílula anticoncepcional, à participação na política e, em
episódios mais recentes, na conscientização contra o assédio e à violência de gênero,
no Oriente Médio também há um clamor por mudanças nas estruturas.
Arábia Saudita
Na Arábia Saudita, onde às mulheres era proibido até mesmo dirigir, o príncipe
herdeiro, Mohammed bin Salman, lançou, em abril de 2016, o plano econômico “Saudi
Vision 2030”, que alterou algumas leis sauditas. A proposta, de cunho econômico, visa
modernizar o país e superar a dependência do petróleo.
“Incentivaremos nossas principais corporações a se expandir além das fronteiras e
ocupar seu lugar de direito nos mercados globais”, escreveu bin Salman, em um
discurso fixado no site oficial da proposta.
O professor de Relações Internacionais da Universidade Belas Artes de São Paulo
Sidney Ferreira Leite observa que a garantia de direitos às mulheres entra nesse
cronograma de mudanças, mas embora sejam “reformas importantes, não estão
dentro de uma agenda de igualdade de gênero”.
Ainda assim, Leite aponta uma aceleração do processo por conta da internet. Um dos
exemplos disso é o uso da hashtag “#MeToo” (“Eu também”, em tradução livre), criada
pela atriz estadunidenseAlyssa Milano em 2017 e que deu início a uma campanha
contrao assédio em várias partes do mundo.
Dentro do território saudita, o termo foi adaptado para “#MosqueMeToo” (“Na
mesquita eu também”) e é utilizado para dar voz às mulheres que sofrem abusos
durante a peregrinação para a cidade sagrada de Meca.
170
franceinfo
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#MosqueMeToo : des musulmanes dénoncent le harcèlement et les agressions sexuels
lors du pèlerinage à La Mecque https://www.francetvinfo.fr/societe/harcelementsexuel/mosquemetoo-des-musulmanes-denoncent-le-harcelement-et-les-agressionssexuels-lors-du-pelerinage-a-la-mecque_2604056.html …
08:00 - 10 de fev de 2018
371
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Além disso, o professor explica que há, no país, um processo de “ocidentalização” que
ocorre desde o final da Segunda Guerra Mundial. Para ele, o príncipe herdeiro adota
uma medida de “aproximação” com outros países, principalmente com os EUA.
Já a cineasta Danya Alhamrani considera que com ou sem aproximação, o Ocidente
sempre “deixa a desejar” na hora de representar o grupo feminino árabe.
Na tentativa de desmitificar a visão que ela considera equivocada, Alhamrani, junto
com sua sócia, Dania Nassief, realizou o documentário “A Silent Revolution: The
Journey of Woman in Saudi Arabia”, traduzido do inglês para “Uma revolução
171
silenciosa”, no qual reúnem 25 sauditas que foram pioneiras em suas áreas de atuação
para discutir feminismo e seus obstáculos.
Cartazes de divulgação do documentário A Silent Revolution: The Journey of Woman in
Saudi Arabia | Foto: Divulgação/ Twitter
“A Silent Revolution” foi premiado em Berlim pelo “Filmfestival Without Borders”, em
fevereiro. O mais surpreendente para Alhamrani é que, inicialmente, o documentário
focava na audiência internacional, mas o público feminino local também está tendo
reações positivas, conta.
“Quando as mulheres sauditas viram, elas se sentiram muito orgulhosas”, revela a
cineasta.
Entre as histórias contadas estão a da primeira saudita a escalar o Monte Everest, a
participar das Olimpíadas em Londres e a pioneira em criar uma escola para meninas
no país. “Pudemos ter um vislumbre e entender um pouco mais sobre a trajetória e os
bastidores do que elas passaram para chegar onde estão”, afirmou Alhamrani.
Segundo a cineasta, a nova geração de mulheres do país tem mais oportunidades que
as anteriores. Ela também observa que, cada vez mais, a população feminina consegue
172
entrar em universidades e garantir seus diplomas. “A igualdade pode significar muitas
coisas para pessoas diferentes” e “a nova geração de mulheres sauditas,
definitivamente, está avançando para uma liberdade de escolhas”.
Irã
Do outro lado do Golfo Pérsico, diversas mulheres têm sido presas por protestarem
contra o uso obrigatório do hijab. Isso porque após a Revolução Iraniana, em 1979, o
país se tornou um Estado Islâmico, ou seja, totalmente regido pela Xaria. Com isso,
ficou determinando que todas as mulheres devem cobrir suas cabeças e usar roupas
modestas que ocultem, no mínimo, os braços, o colo e os joelhos.
Antes disso, as mulheres tinham o direito de se vestir como quisessem. As capas de
revistas femininas no período anterior à Revolução chegavam a revelar as silhuetas de
seus corpos. Além disso, via-se a cor de seus cabelos, curtos, longos, encaracolados e
enxergava-se a cor de seus olhos.
Iranianas antes e depois da Revolução | Reprodução/ Twitter
Em 2014, a jornalista iraniana , atualmente exilada nos Estados Unidos, postou uma
foto em suas redes sociais com os cabelos ao vento e despertou o interesse de suas
seguidoras que disseram “invejar e admirar a liberdade que ela demonstrava ter”.
173
“Então, eu disse às minhas fãs que elas poderiam ter seu próprio momento de
‘liberdade furtiva’ no Irã, longe de olhos predadores”, contou Alinejad. Para provar
isso, ela tirou uma fotografia em território iraniano sem o lenço, enquanto dirigia.
Esse foi o início do projeto que hoje é conhecido como “MSF” (“My Stealth Freedom”,
traduzido livremente como “Minha Liberdade Furtiva”), no qual as iranianas registram
seus momentos sem o véu e mandam para o site — que coleta e expõe esse pequeno
protesto contra o regime político-teocrático do país.
Iranianas antes e depois da Revolução | Reprodução/ Twitter
Entre as hashtags mais populares do “MSF” estão a “White Wednesdays” (“Quartasfeiras Brancas”, em tradução livre), quando mulheres vestem branco para protestar
contra as obrigatoriedades de vestimenta tradicional; “My Forbidden Song” (“Minha
Canção Proibida”), em oposição à proibição de que um grupo feminino cante sozinho
em público; e Walking Unveiled (“Andando Desvendada”), quando elas saem às ruas
sem os véus, correndo o risco de serem encontradas por autoridades.
Alinejad diz que não esperava que o projeto pudesse crescer tanto e tão rápido,
alcançando até mesmo mídias internacionais. “A popularidade da campanha me fez
perceber o quanto as iranianas precisavam que suas vozes fossem ouvidas. Elas
174
precisavam de uma plataforma, que é exatamente o que eu tenho proporcionado”,
diz.
A jornalista relata que a iniciativa também contribuiu para a quebra de tabus e maior
conscientização, fazendo com que as pessoas encarem a utilização da indumentária
muçulmana como algo importante a ser discutido.
Iranianas na praia, em 1970 | Reproduão/ Twitter
Ainda que o projeto de Alinejad tenha sido abraçado pelas mulheres do Irã que lutam
contra a obrigatoriedade da vestimenta religiosa, a jornalista passou a receber críticas
e, até mesmo, ameaças de morte.
Ela conta que oficiais do governo diziam que “havia questões mais importantes a
serem tratadas” do que a imposição da utilização do hijab. Todavia, segundo ela, “se
mulheres não podem decidir o que colocar sobre a cabeça, elas nunca poderão
escolher o que pensar”.
Alinejad também explica que a relação entre países teocráticos no Oriente Médio é
“inegavelmente forte”, ainda mais se eles seguem o mesmo tipo de religião. Por isso,
175
ela aponta que pequenas mudanças em um local ou outro, podem impulsionar
revoluções em outros territórios e, consequentemente, mudar a realidade.
“A Arábia Saudita costumava ser comparada ao Irã. Entretanto, com o ritmo veloz das
reformas sociais do regime saudita, a pressão para abertura está sendo construída em
território iraniano. São avanços promissores que deveriam ser seguidos com cuidado”,
alertou.
Segundo o professor de Relações Internacionais Sidney Leite, “é muito provável que se
tivermos um movimento mais sistemático em torno de questões de uma agenda
feminina e feminista, o Irã tem potencial muito grande, por conta de uma história de
força, de mulheres atuando nos movimentos sociais”.
Líbano
Do outro lado, já no Mar Mediterrâneo, a sociedade libanesa apresenta outra
realidade para as mulheres. “É quase que um consenso que países como o Líbano e a
Síria são mais liberais socialmente”, explica Leite. “O Líbano, por exemplo, aceita que
as mulheres usem biquíni na praia e isso já diz muito sobre o país”, acrescenta.
176
Iranianas na praia, em 1970 | Reproduão/ Twitter
De acordo com o professor, a história neocolonialista do território também afeta a
forma de se ver as mulheres. “O Líbano e a Síria sempre tiveram influências da cultura
europeia. Na região, as trocas comerciais favoreciam também as trocas culturais”,
aponta.
Porém, ainda que o regime libanês seja mais “aberto” que o saudita ou o iraniano, ele
ainda possui traços de desigualdade de gênero.
A professora Dima Dabouss, diretora do Instituto de Estudos da Mulher no Mundo
Árabe da Lebanese American University aponta as diferenças entre as mulheres e
homens libaneses: “por exemplo, elas não podem passar a cidadania para o marido e
os filhos estrangeiros e não têm custódia de seus filhos abaixo de uma certa idade.
177
Além disso, é muito difícil mudar efetivamente essas leis familiares, porque elas estão
ligadas ao sistema político-confessional”.
Entretanto, para ela, essa problemática pode ter menos a ver com o governo e mais
com a sociedade. A especialista explica que alguns homens, e até mesmo mulheres,
“são contra a igualdade de gênero, geralmente por questões culturais e religiosas.”
“Elas acreditam que isso vai contra a natureza, Deus e a sociedade, ou a família. Eu
acredito que seja porque elas não entendem que muitos conceitos sexistas têm sido
difundidos na sociedade, algumas vezes usando a desculpa da crença, para preservar o
patriarcado”, diz Dabouss.
* Produzido para a revista Diálogos do Sul em parceria por alunos da U. P. Mackenzie.
**Edição: Vanessa Martina Silva
http://operamundi.uol.com.br/dialogosdosul/atos-politicos-e-manifestacoes-porigualdade-de-genero-ganham-forca-no-mundo-arabe/12072018/
BOLSONARO: “QUERO AGRADECER AO ALCKMIN POR REUNIR A NATA DO QUE HÁ DE
PIOR DO BRASIL AO SEU LADO”. PRESIDENCIÁVEL DE EXTREMA-DIREITA LANÇA SUA
CANDIDATURA MINIMIZANDO A FALTA DE ALIANÇAS E ATACANDO O CENTRÃO, QUE
DEVE APOIAR O TUCANO. "EU SEI DO DESCONFORTO QUE VENHO CAUSANDO. EU SOU
O PATINHO FEIO NESSA HISTÓRIA”, AFIRMOU
Felipe Betim, El País, 22 de julho de 2018
Em convenção partidária neste domingo, o Partido Social Liberal (PSL) oficializou a
candidatura do deputado federal Jair Messias Bolsonaro à Presidência da República
sem o apoio de qualquer outro partido, confirmando o isolamento político do
ultraconservador. Algo que foi minimizado ao longo do dia. “Quero agradecer ao
Geraldo Alckmin por reunir a nata do que há de pior do Brasil ao seu lado”, disse o
presidenciável, se referindo às alianças partidárias do tucano. No evento, no centro do
Rio de Janeiro, também foi reiterado o convite para que a advogada criminalista
Janaína Paschoal, coautora do pedido de impeachment contra a ex-presidenta Dilma
Rousseff (PT), aceitasse ser vice na chapa do capitão reformado do Exército. A
defensora estava sentada ao lado de dele e foi ovacionada em diversas ocasiões. Mas
pediu mais tempo para conversar e pensar sobre a proposta.
178
Com o lema “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, não faltaram ao longo de
toda a convenção falas contra a chamada “ideologia de gênero”, o aborto, as drogas e
a violência. Durante seu discurso, Bolsonaro também questionou o acordo do clima de
Paris, alertando para uma suposta perda de soberania do Brasil na região da Amazônia.
Levantou, inclusive, a possibilidade de deixar o tratado, como fez o presidente dos
Estados Unidos, Donald Trump. Na área econômica, prometeu “não apenas privatizar
como extinguir” estatais, mas preservando aquelas que sejam estratégicas, além de
falar em desregulamentações e garantias a propriedade privada. Mencionando o
formulador de seu programa econômico, o ultraliberal economista Paulo Guedes, disse
que "Deus não chama os capacitados, capacita os escolhidos" — uma referência ao
fato de que não entende de economia, segundo admitiu em diversas ocasiões.
Quando falava de sua trajetória, disse que sua mãe era muito religiosa e que, por isso,
resolveu colocar o "Messias" em seu nome. "Mas eu não sou salvador da pátria", disse.
Também pediu a união de brancos e negros, homens e mulheres, heterossexuais e
homossexuais — "ou trans também, não tem problema" —, nordestinos e sulistas.
Falou que a ideologia é mais grave que a corrupção, e que o país não aguenta mais
quatro anos de PT ou PSDB. Sinalizou que indicará um militar para o ministério da
Defesa e prometeu que todas as corporações policiais do país serão reconhecidas em
sua gestão, algo que levou a plateia ao delírio.
As lideranças presentes no evento dirigiram seus discursos inflamados e gritos de
ordem, recebidos com fortes aplausos, contra a “esquerdalha” e a “grande mídia”, mas
sobretudo menosprezaram os partidos do chamado centrão — DEM, PP, SD e PR —,
que se inclinam a apoiar em bloco o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), mas
também flertam com Ciro Gomes (PDT). A falta de apoio partidário a Bolsonaro foi
publicamente minimizada. Na semana passada, ele foi recusado por dois partidos, o PR
e o PRP, o que deve fazer com que ele chegue à campanha com apenas oito segundos
de tempo de televisão. “Não temos um grande partido, não temos um fundo
partidário, não temos tempo de televisão, mas temos vocês”, discursou o deputado.
"Eu sei do desconforto que venho causando. Eu sou o patinho feio nessa história. Mas
tenho certeza que seremos bonitos navegantes".
Ele garantiu, contudo, ter entrado em contato com 110 parlamentares que, sim,
querem apoiá-lo, e taxou os dirigentes das siglas de “dirigentes de sindicatos”. Em
outro momento, disse que 40% dos deputados do centrão “estão conosco”. Durante a
coletiva de imprensa convocada após a convenção, disse estar aberto a conversar com
todas aquelas legendas que "não são de esquerda", mas rejeitou a lógica do “toma lá,
da cá”, falando que seus ministérios serão ocupados por pessoas com mérito e
conhecimento nos temas que lhes corresponderem. “Vocês da imprensa falam que
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sem aliança não tem governabilidade e que o país fica parado. É melhor o Brasil
parado do que afundando”, disse. Visivelmente nervoso diante dos jornalistas,
mexendo as mãos sem parar, não detalhou nenhum plano ou proposta de Governo. Ao
ser questionado sobre o que faria com a educação, por exemplo, disse que não haveria
“milagre”, já que todos os recursos vão para as chamadas “despesas obrigatórias”.
Mas se disse favorável a mais investimentos no ensino fundamental. “E não pode ter
ideologia de gênero, tem que ter escola sem partido”, resumiu.
Ideais ultraconservadores
O deputado foi recebido por um forte coro de “mito”. Cerca de 3.000 simpatizantes,
segundo informações do próprio presidenciável, lotavam o auditório do centro de
Convenções Sul América. Muitos estavam enrolados em bandeiras do Brasil, vestindo
camisetas amarelas da CBF ou que estampavam uma foto do deputado
ultraconservador. Pequenos pixulecos de um ex-presidente Lula presidiário ou
bonecos infláveis do próprio Bolsonaro faziam parte do cenário. Um senhor com
máscara de Donald Trump agitando uma bandeira do Brasil fazia a alegria de alguns
presentes, que se aproximavam para tirar foto. Alguns rostos conhecidos circulavam e
também posavam para fotos, como a jornalista Joice Hasselmann e o general da
reserva Paulo Chagas, pré-candidato ao governo do Distrito Federal. Durante os
discursos, buzinas e vuvuzelas ecoavam em meio a gritos e aplausos constantes.
"Eu apoio o Bolsonaro porque estou cansado de gravatinha roubando o povo", disse o
aposentado Tubiraci Alves dos Santos, de 71 anos. "Não era para eu estar apoiando
ele. Nos anos 70, quando eu era tenente, fui acusado de ser subversivo e fui expulso
do Exército. Sempre militei pela educação e por mais de 30 anos fui do PDT. Mas hoje
meu voto é de revolta", acrescentou. Já Erson da Silva, de 28 anos, gosta das falas
diretas do presidenciável. "Ele fala o que pensa, e tem uma ideia muito de contenção,
de acabar com o que está ruim, como a violência. Nem sempre é pela força, mas
também pelo ensino. Acho que quando ele assumir vai perceber isso", aposta ele, que
é formado em Educação Física.
Entre os que compunham a mesa do evento, os mais aplaudidos foram os filhos de
Bolsonaro — Eduardo, deputado federal de São Paulo; Carlos, vereador do Rio; e
Flavio, deputado estadual do Rio — o general da reserva Augusto Heleno, o senador
Magno Malta (PR) e a advogada Janaína Paschoal. Os três últimos foram cotados para
o posto de vice na chapa presidencial, mas acabou prevalecendo o nome da última,
uma vez que nem o PR, de Malta, e o PRP, de Heleno, resolveram aderir à candidatura
Bolsonaro. “Meu partido está perdendo o bonde da história”, lamentou Malta, que
reafirmou sua lealdade ao capitão do Exército. Em tom inflamado, disse que a
180
população quer um presidente cristão que saiba "emparedar bandido". Também
defendeu uma mudança na Constituição para colocar "mais uns 10 ministros no STF"
com outros valores, mas que tenham mandatos de oito anos. Também defendeu, à
exemplo do que fez Trump, mudar a embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém. Por
sua vez, o general Heleno discursou contra a imprensa e chamou a ex-presidenta de
terrorista, em referência ao período em que lutou contra a ditadura militar (19641985).
Já Paschoal relacionou o "petismo" ao totalitarismo, dizendo que durante os governos
do PT não era possível discordar, sobretudo nas salas de aula, de ideias como a
liberação do aborto e das drogas. "O impeachment [de Rousseff] foi o início de um
processo de depuração, e agora existe uma união de varias forças para destruir o meu
trabalho", disse ela. Assim, pediu a todos os presentes um pacto pela
"governabilidade" que resulte em mais diálogo entre todos, e que não significa,
afirmou, excluir as pessoas que discordem de um ponto ou outro das propostas de
Bolsonaro. "Não vim aqui com o objetivo de aderir, mas para somar. Se não somos
capazes de somar, não seremos capazes de governar", discursou ela. "Não caiam nessa
armadilha, é contra o autoritarismo que estamos lutando. (...) Para unir toda a a nação,
nós não precisamos de mais de sete segundos [em referência aos oito segundos que o
presidenciável terá na campanha]".
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/22/politica/1532284788_918587.html
DISCURSO DE JANAINA PASCHOAL SURPREENDE E IRRITA A LIADOS DE BOLSONARO
Daniela Amorim, Constança Rezende e Leonêncio Nossa, Estadão reproduzido pelo
Uol, 22 de julho de 2018
Cotada nos últimos dias para concorrer como vice na candidatura de Jair Bolsonaro
(PSL) à Presidência da República nas eleições 2018, a advogada Janaina Paschoal (PSL)
foi a segunda pessoa mais aplaudida ao chegar à convenção nacional do PSL (Partido
Social Liberal). Contudo, seu discurso desagradou a aliados do deputado e ao próprio
Bolsonaro, que não escondeu a irritação quando ela falou que "as pessoas não
precisavam segui-lo". A advogada disse que ainda não se decidiu se aceita o convite.
A indecisão de Paschoal, a terceira opção do parlamentar fluminense para compor a
chapa presidencial, reflete o isolamento político e a dificuldade de Bolsonaro de
agregar apoio do mundo político à sua campanha. Janaína disse que "não é possível
decidir (sobre ser vice) em dois dias. "Estamos dialogando", afirmou.
181
Janaina discursou aos partidários de Bolsonaro pedindo moderação e tolerância. Ela
criticou a defesa de um pensamento único e defendeu que é necessário pensar na
governabilidade. "Não se ganha a eleição com pensamento único. E não se governa
uma nação com pensamento único", disse Janaína. "A minha fidelidade não é ao
deputado Jair Bolsonaro. A minha fidelidade é ao meu país", completou.
Segundo ela, é preciso pensar na campanha, mas também na governabilidade caso
saiam vitoriosos do pleito. "Enquanto procuramos pessoas que estejam dentro da
totalidade do nosso pensamento, eles estão se unindo", alertou ela.
A advogada também tocou em assuntos como drogas e aborto e disse que se trata de
uma discussão sobre direito. Ela também recomendou aos presentes na convenção
que não era necessário sair "falando para as pessoas acreditar em Deus". A fala irritou
alguns pastores evangélicos presentes ao ato.
Recebido sob gritos de "Mito!" e "Eu vim de graça!", Jair Bolsonaro se emocionou com
a recepção calorosa de seus partidários e chorou quando foi executado o hino
brasileiro. Também foram oficializadas na ocasião as candidaturas de Flávio Bolsonaro
ao Senado e demais escolhidos pelo partido para concorrer aos cargos de deputado
estadual e federal pelo Rio de Janeiro.
O senador Magno Malta (PR-ES), que também já teve o nome cotado para figurar
como vice na chapa de Bolsonaro, discursou em apoio ao presidenciável durante a
convenção do PSL. Malta preferiu se candidatar novamente ao Senado do que
concorrer na chapa com o PSL.
"O que o Brasil quer e o que eu quero é um homem de mãos limpas, e você tem mãos
limpas. E um homem cristão, você é cristão. O Brasil quer um homem que tem sangue
no olho para enfrentar vagabundo", disse Malta a Jair Bolsonaro.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/agenciaestado/2018/07/22/discurso-de-janaina-paschoal-surpreende-e-irrita-aliados-debolsonaro.htm
CATÓLICOS LGBT ORGANIZAM MOVIMENTO PARA REIVINDICAR MAIS ESPAÇO NA
IGREJA. GRUPO COMEMORA PEQUENOS AVANÇOS, COMO UM TEXTO EM QUE O
VATICANO USA PELA PRIMEIRA VEZ A SIGLA
Anna Virginia Balloussier, Folha/Uol, 23.de julho e 2018
182
Anna Virginia Balloussier Mulher com mulher é pecado? Os padres viviam dizendo a
Cristiana Serra que sim. O coração dela indicava que não, mas quem ela era para bater
de frente com o que lhe convenciam ser a vontade de Deus? "Só no final da
adolescência pude finalmente chamar meu primeiro amor pelo nome certo. Até então,
tinha sido um sofrimento inexplicável por causa da minha 'melhor amiga'."
Cristiana é lésbica. Não vê isso como opção. É orientação sexual. Lésbica e ponto. É
também católica praticante, do tipo que faz questão de comungar (receber a hóstia).
Uma fé que, para ela, nunca esteve aberta a negociações.
Só que a homossexualidade é condenada pelo Vaticano, o que faria dela uma pecadora
aos olhos de Deus. Ela já acreditou nesse papo. Não mais.
Hoje Cristiana, 44, não vê nada de errado em frequentar a missa e a Parada Gay.
Presidente da Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT, liderou em junho o segundo
encontro do coletivo, numa casa franciscana em São Paulo.
Da reunião saiu um manifesto para difundir a proposta "com todas as pessoas que são
excluídas da Igreja e/ou da sociedade em virtude de sua identidade de gênero e/ou
orientação sexual".
O grupo comemora pequenos avanços, como um texto do mês passado em que o
Vaticano, pela primeira vez, usa a sigla LGBT (de lésbicas, gays, bissexuais e
transgêneros). Trata-se de documento preparatório para um encontro de bispos que
discutirá, em outubro, "os jovens, a fé e o discernimento vocacional".
Diz o texto: "Jovens LGBT desejam [...] experimentar uma atenção maior por parte da
Igreja, enquanto algumas conferênci as episcopais perguntam-se sobre o que propor
aos jovens que em vez de formar casais heterossexuais decidem constituir casais
homossexuais e, acima de tudo, desejam estar perto da Igreja".
Luís Corrêa Lima, padre jesuíta e professor de teologia da PUC-RJ, apontou o
ineditismo em artigo. "Francisco é o primeiro pontífice a utilizar publicamente o termo
gay, dando-lhe também conotação positiva: 'Se uma pessoa é gay, busca o Senhor e
tem boa vontade, quem sou eu para a julgar'? Anos depois, ampliou a pergunta:
'Quem somos nós para julgar?' Ou seja, também os outros devem se abster de
julgamento. Chamar o outro como ele (ou ela) quer ser chamado é sinal de respeito."
Para Cristiana, essa "imagem progressista" do papa não é precisa. "Questionamos
muito a atitude de esperar que o papa mude alguma coisa, como se tivéssemos de
183
aguardar algum tipo de autorização vinda do alto da hierarquia para podermos ser
Igreja. Isso nós já somos."
Mas Francisco tem o mérito de defender uma Igreja que "se dirija às periferias
existenciais", diz. "Essa atitude tem mudado todo o clima da Igreja. Não à toa, de dois
anos pra cá, surgiram oficialmente quatro pastorais da diversidade no país."
Duas ficam em Belo Horizonte. Vigário na capital mineira, o padre Marcus Mareano,
34, afirma que a reação de conservadores foi feroz. "Esse grupos são maldosos." Um
deles, Fratres in Unum, publicou um texto intitulado "a agenda gayzista promovida a
todo vapor na Arquidiocese".
Inter-religioso, o encontro de junho teve convidados como Lilyth Ester Grove,
antropóloga judia e transgênero, que disse que em seu caso "quando era bicha ok", ao
menos se comparado à "ousadia" de ser uma judia trans.
O reverendo Cristiano Valério, de fé protestante, rejeitou a imagem de "um Deus
homem branco, cisgênero e velho", ainda que pintado como "tão bonzinho que
também aceita as bichas e os viados".
Para Cristiana Serra, "não faz sentido" a Igreja excluir e ferir. "Cristo andava com os
piores pecadores, os maiores párias da sociedade. Numa sociedade que acreditava que
quem andasse com pessoas 'impuras' tornava-se 'impuro' também... Era com esses
que Ele andava. Como será a Igreja desse Cristo? Uma que condena ou que acolhe e
ama incondicionalmente?"
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/07/catolicos-lgbt-organizam-movimentopara-reivindicar-mais-espaco-na-igreja.shtml
ABORTO, QUESTÃO-CHAVE NA INDICAÇÃO DE TRUMP PARA O SUPREMO DOS EUA.
PRESIDENTE NORTE-AMERICANO PREVÊ ANUNCIAR NA NOITE DESTA SEGUNDA SEU
ESCOLHIDO PARA A VAGA DE KENNEDY. NOME PODE CRIAR NOVO BALANÇO
CONSERVADOR NO TRIBUNAL
Joan Faus, El País, julho de 2018
A vaga na Suprema Corte se tornou a grande batalha política nos Estados Unidos.
Anthony Kennedy anunciou sua aposentadoria, no dia 27 de junho, após 30 anos na
mais alta instância do Judiciário do país e isso dá a Donald Trump um dos maiores
poderes que um presidente tem: propor um candidato para uma posição vitalícia que,
184
se aprovado pelo Senado, pode influenciar por décadas no rumo social dos EUA. O
presidente norte-americano deve anunciar seu escolhido na noite desta segunda-feira.
Kennedy, 81 anos, não era apenas um juiz. Ainda que de tendência conservadora, em
muitas ocasiões exercia seu voto para proteger, ao lado dos juristas progressistas, a
legalidade de assuntos de enorme repercussão, como o direito ao aborto ou o
casamento entre pessoas do mesmo sexo. Por isso era considerado uma espécie de
"juiz-pêndulo" dando o tom da corte. A aposentadoria de Kennedy deu vazão a
sentimentos antagônicos. Círculos conservadores veem a decisão como uma
oportunidade de ouro para fortalecer sua influência no Supremo. Os progressistas
temem um revés monumental em questões sociais. O debate gira, acima de tudo, em
torno da possibilidade de que a sentença judicial de 1973 que legalizou o aborto nos
EUA possa ser afetada. Há dois senadores republicanos, da ala centrista do partido,
que apoiaram no passado o direito de interromper a gravidez. Uma delas, Susan
Collins, advertiu que votará contra um candidato da Suprema Corte que seja "hostil" à
decisão que legalizou o aborto.
Trump prepara a seleção de um candidato para a vaga de Kennedy. Na semana
passada, o presidente se reuniu com quatro possíveis candidatos –ele dedicou 45
minutos a cada um deles separadamente– falou ainda com outros três, disse à
imprensa o porta-voz da Casa Branca, Raj Shah.
Na campanha eleitoral de 2016, quando estava em busca do voto dos religiosos,
Trump prometeu nomear candidatos à Suprema Corte que fossem críticos do direito
ao aborto. O republicano anunciou uma lista de 25 potenciais juristas conservadores,
preparada por organizações sociais afins, para preencher a vaga deixada pela morte de
Antonin Scalia em 2016. Depois de vencer a eleição, Trump nomeou Neil Gorsuch e
alcançou com sucesso sua confirmação, o que garantiu a vantagem de cinco juristas
conservadores contra quatro progressistas no tribunal.
As quatro pessoas que o presidente entrevistou na segunda-feira são juízes federais de
apelação. Três homens e uma mulher. Há dois que começam com uma vantagem, de
acordo com fontes conservadoras citadas por The Washington Post, embora Trump
seja imprevisível. Um deles é Brett Kavanaugh, 53 anos, que trabalhou na investigação
do impeachment de Bill Clinton, para o governo de George W. Bush e como assistente
na Suprema Corte. Recentemente, ele votou contra a concessão de permissão de
aborto para uma imigrante sem documentos que estava em um centro de detenção. A
outra é Amy Coney Barrett, 46 anos, que foi professora universitária durante anos e
também trabalhou na Suprema Corte. Durante sua votação no ano passado para ser
juíza de apelação, os democratas questionaram se sua fé católica poderia influenciar
em suas decisões.
185
A aritmética parlamentar é fundamental. O candidato nomeado por Trump tem que
ser aprovado pelo Senado. Os republicanos de Trump controlam 51 cadeiras no
Senado contra 49 dos democratas. Os conservadores só podem perder um voto. Em
caso de empate em 50, o vice-presidente Mike Pence, como presidente do Senado,
pode desempatar a votação. Outra complicação para os republicanos é que John
McCain não vai ao Senado há meses porque está lutando contra um câncer cerebral
avançado e não se sabe se ele poderia estar presente. O objetivo dos conservadores é
que a votação ocorra antes das eleições legislativas de novembro, nas quais correm o
risco de perder sua escassa maioria no Senado.
A DIFICULDADE DE MUDAR UMA FALHA HISTÓRICA
A maioria dos especialistas considera muito difícil reverter rapidamente a decisão da
Suprema Corte que legalizou o aborto nos Estados Unidos em 1973. A principal razão é
a doutrina contrária, exceto em circunstâncias excepcionais, a que um tribunal se
contradiga. Qualquer decisão desse tipo levaria anos.
O que se considera mais viável é que uma Suprema Corte muito conservadora seja
tolerante com os esforços de diferentes Estados para dificultar a interrupção da
gravidez. Iowa aprovou recentemente uma lei que proíbe a maioria dos abortos após
seis semanas de gestação (o Supremo permite que isso aconteça até as 22 semanas).
Foi impetrado rapidamente um recurso contra a lei e o evidente objetivo de seus
promotores é que o caso chegue à Suprema Corte.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/03/internacional/1530648721_018597.html
DONALD TRUMP CONSOLIDA GUINADA CONSERVADORA NA SUPREMA CORTE. O
PRESIDENTE REFORÇA O GIRO PARA A DIREITA DO TRIBUNAL SUPERIOR COM A
NOMEAÇÃO DE BRETT KAVANAUGH, O SEGUNDO EM UM ANO E MEIO
Amanda Mars, El País, 09 de julho de 2018
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu nomear o juiz Brett
Kavanaugh, conselheiro de George W. Bush e membro da equipe que investigou o expresidente Bill Clinton, como um candidato para a nova posição da Suprema Corte dos
Estados Unidos. A nomeação acontece após a aposentadoria de outro conservador,
mas mais moderado, Anthony Kennedy, no final de junho. O presidente anunciou sua
escolha nesta segunda-feira, na Casa Branca. O nome de Kavanaugh agora precisa ser
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aprovado no Senado, onde se inicia a nova luta. Se for bem-sucedido, Trump terá
conseguido consolidar a virada à direita do mais alto órgão judicial do país, composto
por nove membros, cinco considerados conservadores e quatro progressistas.
A eleição de um juiz da Suprema Corte é uma das decisões mais importantes para um
presidente dos Estados Unidos, já que seus ocupantes tomam decisões críticas para a
sociedade americana. Foi a alta corte que encerrou a segregação racial das escolas
públicas em 1954, que descriminalizou o aborto, em 1973, ou declarou legal o
casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o país, em 2015.
A agenda social tem sido fundamental nesta eleição. O medo dos democratas e dos
ativistas pró-escolha ou direitos LGBT, entre outros, é que a virada conservadora da
Suprema Corte acabe com os direitos que se acreditava estarem blindados. Algumas
decisões recentes, como o apoio ao veto de imigração de Trump ou à decisão de um
confeiteiro, que se recusou a fazer um bolo para um casamento entre dois homens,
alimentam essas dúvidas.
Kavanaugh, um juiz federal de apelação em Washington DC, é um conservador
respeitado por ter sido parte da equipe do promotor independente Kenneth Starr, que
acusou Clinton no caso Monica Lewinsky, e por ser assistente de George W. Bush. Seu
histórico de serviço também se encaixa com o republicanismo mais religioso. Em
outubro passado, por exemplo, ele fez parte do grupos de juízes que vetou o aborto de
uma imigrante irregular de 17 anos detida no Texas.
A postura do nomeado sobre o aborto se mostrava fundamental, como demonstraram
protestos a favor e contra o direito, que foram realizados fora da sede do Supremo ao
mesmo tempo que Trump anunciava o candidato. O juiz conservador aposentado,
Kennedy, migrou para posições mais centristas ao longo dos anos e seu voto foi
decisivo em questões sociais críticas, como discriminação positiva ou casamento gay.
Seu substituto, caso seja aceito pelo Senado, assume uma curva para a direita.
Alguns republicanos como líder no Senado, Mitch McConnell, haviam advertido Trump
que ele deveria escolher um nome que tivesse um consenso total entre os membros
de seu próprio partido e não desse munição aos democratas para torpedear o
processo de confirmação para garantir que ela ocorresse antes das eleições legislativas
de novembro, quando a maioria conservadora do Senado está em risco.
Agora, com controle mínimo (51 dos 100 senadores e um dele, John McCain, de
licença) será necessário conseguir algum apoio da oposição. Se der certo, Trump terá
tido a oportunidade de nomear dois membros em apenas um ano e meio de mandato.
A idade dos novos eleitos, os 50 anos de Gorsuch e os 53 do recém-nomeado,
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favorecem um mandato que durará décadas. Se outros dos membros mais velhos
deixam a Corte, como os considerados progressistas, Ruth Bader Ginsburg (85) e
Stephen Breyer (79), o presidente republicano poderia indicar ainda novos nomes,
para fortalecer a ala conservadora do tribunal superior, o que explica o apelo de
grupos progressistas para que esses juízes veteranos não deixem ainda seus cargos.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/10/internacional/1531177414_877326.html
ESCOLHA DE KAVANAUGH GERA PROTESTOS EM FRENTE À SUPREMA CORTE DOS EUA
Uol, 10 de julho de 2018
Dezenas de pessoas protestaram na noite desta segunda-feira (9) em frente à Suprema
Corte dos Estados Unidos em Washington contra a escolha do juiz conservador Brett
Kavanaugh por parte do presidente, Donald Trump, para integrar o órgão.
Do protesto, que segundo alguns veículos de imprensa chegou a reunir algumas
centenas de pessoas, participaram os senadores democratas Elizabeth Warren, Cory
Booker, Richard Blumenthal, Kirsten Gillibrand e Jeff Merkley, além do esquerdista
Bernie Sanders.
Todos eles anunciaram seu voto contrário a Kavanaugh no processo de confirmação
que acontecerá no Senado e que salvo alguma surpresa deve ser nas próximas
semanas, graças à maioria republicana na Câmara.
"Esta não é uma luta fácil, mas é uma luta que ganharemos", disse Sanders, pedindo
para a confirmação ser bloqueada.
O maior medo dos manifestantes era que a nova maioria do Supremo, ainda mais
conservadora, invalide em algum momento a decisão que em 1973 legalizou o aborto
em nível nacional.
Segundo a emissora Fox, além dos contrários a Kavanaugh também foram para a
frente do Tribunal alguns partidários de Trump, que com megafones gritaram palavras
de ordem contrárias ao aborto.
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2018/07/10/escolha-de-kavanaughgera-protestos-em-frente-a-suprema-corte-dos-eua.htm
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BRETT KAVANAUGH, ALGOZ DO IMPEACHMENT DE CLINTON E O ESCOLHIDO POR
TRUMP PARA A SUPREMA CORTE. INDICADO PARA A VAGA DE ANTHONY KENNEDY
TEM ESTREITAS RELAÇÕES COM O MUNDO CONSERVADOR, MAS ALGUNS
REPUBLICANOS O CONSIDERARAM MODERADO DEMAIS
Joan Faus, El País, 10 de julho de 2018
Poucos conhecem melhor os mesentérios judiciais de Washington que Brett
Kavanaugh, o escolhido por Donald Trump para a vaga aberta na Suprema Corte dos
Estados Unidos. O jurista, de 53 anos, encarna o establishmentjudicial conservador e
tem estreitas vinculações políticas. Foi assistente de Kenneth Starr, o promotor
independente que investigou uma operação imobiliária de Bill Clinton que acabou
levando a um processo de impeachment(destituição) contra o presidente democrata,
em 1998. Também trabalhou na campanha do republicano George W. Bush no
polêmico processo de apuração dos votos da Flórida nas eleições de 2000, e depois foi
assessor do presidente na Casa Branca. Desde 2006, é juiz federal de recursos na
capital federal.
Na noite desta segunda-feira, dia 9, ao anunciar sua nomeação – que ainda deverá ser
confirmada pelo Senado –, Trump elogiou as “credenciais impecáveis” de Kavanaugh e
o descreveu como “uma das mentes jurídicas mais agudas do nosso tempo”. O jurista,
que foi com sua mulher e duas filhas ao ato na Casa Branca, declarou-se “agradecido e
lisonjeado”. Salientou que a independência judicial é a “joia da coroa” dos Estados
Unidos e prometeu ter uma “mente aberta em cada caso”.
Suas declarações tinham um claro destinatário: os senadores que devem decidir nas
próximas semanas se aprovam sua designação para um cargo vitalício e a partir do
qual poderá alterar o rumo social do país durante décadas. O perfil de Kavanaugh, por
sua ligação com o mundo republicano, garante que o processo de votação será
turbulento. Não era a escolha preferida do líder da maioria no Senado, o republicano
Mitch McConnell, porque Kavanaugh tem uma extensa bagagem política e de decisões
judiciais que sem dúvida os democratas tratarão de usar contra ele. Por exemplo,
quando Bush o nomeou em 2003 para a Corte de Apelações do Distrito de Columbia,
os democratas se queixaram de que era um candidato com excessivo peso partidário.
Kavanaugh, que estudou Direito na Universidade de Yale e também foi assessor na
Suprema Corte, é um juiz de crenças conservadoras. Já fez, por exemplo, uma
interpretação ampla do poder executivo de um governante, defendeu o direito de
portar armas e se mostrou crítico com algumas normas de proteção ambientais. Mas
não se situa num extremo ideológico. Por exemplo, alguns republicanos criticaram que
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suas decisões em assuntos relacionados a saúde e aborto não são suficientemente
conservadoras. Esse perfil pode jogar a seu favor, se atrair o voto de republicanos
moderados e democratas que em novembro disputam a reeleição em Estados
conquistados por Trump nas eleições de 2016.
Kavanaugh nasceu em Washington, numa família de bacharéis em Direito. É filho único
e estudou num colégio jesuíta. Sua mãe foi professora de um colégio público da cidade
e também juíza em um condado próximo a Washington. Seu pai trabalhou numa
associação comercial. Seus dois progenitores foram ao evento desta segunda-feira na
Casa Branca. Kavanaugh é um apaixonado pelo esporte e atua como treinador de
basquete nos times de suas filhas.
Um dos temores de grupos progressistas é que um novo magistrado, mais conservador
que Anthony Kennedy, que renunciou recentemente à sua vaga na Suprema Corte, se
mostre contrário à sentença de 1973 que legalizou o aborto. Kavanaugh, que é
católico, pode avivar esse medo. Recentemente, votou contra a decisão do tribunal de
recursos de Washington de autorizar o aborto em uma imigrante indocumentada
menor de idade que estava sob custódia policial.
Outro assunto que pode lhe perseguir é seu papel no impeachment de Clinton. Na
época, defendeu uma interpretação jurídica ampla para tentar destituir o presidente, o
que poderia voltar a fazer agora caso Trump sofra um eventual processo de
impeachment por causa da investigação sobre a interferência russa nas eleições de
2016.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/09/internacional/1531169499_058242.html
ARGENTINA: DO “NENHUMA A MENOS” À LEGALIZAÇÃO DO ABORTO. EM
ENTREVISTA, DUAS ATIVISTAS DO MOVIMENTO DE MULHERES EXPLICAM COMO
MOBILIZARAM A OPINIÃO PÚBLICA DO PAÍS VIZINHO E CONTAM O QUE ESTÃO
FAZENDO PARA BUSCAR A APROVAÇÃO DO ABORTO SEGURO NO SENADO NO
PRÓXIMO DIA 8
Andrea Dip, Agência Pública, 10 de julho de 2018
Na madrugada do dia 14 de junho, com a Praça do Congresso de Buenos Aires tomada
por milhares de pessoas – em sua maioria mulheres – empunhando panos e bandeiras
verdes com os escritos “educación sexual para decidir, anticonceptivos para no
abortar, aborto legal para no morir”, a lei que permite o aborto até a 14a semana por
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decisão da mulher foi aprovada na Câmara dos Deputados da Argentina por 129 a
favor, 125 contra e uma abstenção.
Ao todo, houve mais de 700 expositores, a favor e contra, em audiências públicas que
duraram semanas e foram televisionadas. O debate principal era se a Argentina
deveria aprovar o aborto seguro para evitar a morte de mulheres, como uma questão
de saúde pública. A decisão poderia parecer impossível à primeira vista, com um
Congresso conservador e um presidente declaradamente contra a aprovação da lei,
que foi redigida em sua totalidade pelo movimento de mulheres que têm lutado há
mais de dez anos em muitas frentes para conseguir o direito ao aborto legal.
Em entrevistas individuais à Pública, Celeste Mac Dougall, ativista da Campanha
Nacional pelo Direito ao Aborto Seguro e Gratuito, e Agustina Frontera, escritora,
jornalista e membro do movimento Ni Una Menos – que ficou mundialmente
conhecido por levar milhões de pessoas às ruas em 2015 e 2016 para protestar contra
o feminicídio de uma garota de 14 anos enterrada viva e grávida no quintal da casa do
namorado e outra de 16 anos empalada até a morte –, contam um pouco sobre esse
processo de mobilização social e política, autônomo, horizontal e inclusivo. As
entrevistas, embora tenham sido feitas separadamente, foram editadas em conjunto
porque se complementam.
Como nasceu o movimento Ni Una Menos?
Agustina: Ni Una Menos nasce em março de 2015 a partir de uma série de seminários
que fizemos – jornalistas, pesquisadoras e escritoras – na Biblioteca Nacional de
Buenos Aires por conta de feminicídios atrozes que se tornaram públicos nos meios de
comunicação e que nós acreditamos que mereciam um discurso público, coletivo, em
repúdio a essas violências, deixando bem claro que não se tratava de casos isolados,
mas de um plano sistemático de violência contra as mulheres. Esses seminários se
chamaram “Ni Una Menos” e nós convocamos uma mobilização para 3 de junho de
2015 que foi absolutamente massiva, colocou mais de 1 milhão de pessoas nas ruas. E
os temas principais eram não apenas os feminicídios e a violência física contra as
mulheres, mas também provocar as diferentes instâncias do Estado para erradicá-los.
Quem faz parte do movimento?
Agustina: O movimento tem uma infinidade de pessoas, movimentos, organizações,
agrupações, foi apropriado por uma grande parte da população não só na Argentina,
mas em muitos outros países da América Latina e do mundo. As pautas também foram
evoluindo, e o que começou com uma ação contra os feminicídios acabou abraçando
um monte de outras críticas ao sistema patriarcal e também ao sistema capitalista e ao
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modelo neoliberal. Parece-me que a grande conquista de Ni Una Menos foi a
possibilidade de conectar diferentes violências que culminam em uma violência mais
extrema, na violência física concreta contra uma mulher ou alguém de identidade não
hegemônica.
O que é a Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Seguro e Gratuito? Quem
faz parte dela e há quanto tempo existe?
Celeste: A campanha nasceu em 2005 em um esforço conjunto das organizações que
lutam pelo direito ao aborto, em um encontro de mulheres. São 13 anos de luta. Nasce
nacional, com diversas pessoas e movimentos envolvidos, e nestes anos nós temos
realizado várias ações a partir de uma diretriz integral que é “educação sexual para
decidir, contraceptivos para não abortar, aborto legal para não morrer”. Nosso
objetivo era o debate e a sanção de um projeto de lei pela interrupção voluntária da
gravidez, que nós redigimos de maneira coletiva, apresentamos pela primeira vez em
2007 e a cada dois anos voltamos a apresentar, até que este ano começou a ser
tratado no Congresso.
A campanha existe há algum tempo então. Como você avalia sua evolução?
Celeste: Todos esses anos nós realizamos uma multiplicidade de ações, ou seja, não é
que enquanto ele não caminhava no Congresso não fazíamos nada. Realizamos um
trabalho inclusive para que, no momento em que o aborto se tornasse legal, não fosse
uma lei morta, mas um direito efetivo. Um trabalho com profissionais de saúde que
terão que realizar a prática, os advogados para que não penalizem as mulheres, um
trabalho nas escolas etc. Durante estes anos fomos lutando pelo direito ao aborto em
todos os aspectos e muito mais, disputando lugar na universidade, até um semnúmero de atividades, fortalecendo também as outras cidades para que fosse uma
força nacional etc.
Quem são e o que pedem as mulheres que lutam pela descriminalização do aborto
na Argentina?
Celeste: Todo tipo de mulher, e não só as mulheres, mas também os homens,
prostitutas, transexuais, meninas adolescentes muito jovens que estão se somando
agora à luta até militantes históricas do feminismo, passando por mulheres que
passaram por experiências de aborto, todo o tipo de mulher.
O movimento é histórico, mas apenas agora vocês conseguiram avançar com o
projeto no Congresso. A que atribui essa vitória?
192
Celeste: Durante estes anos nós buscamos assinaturas para o projeto com todos os
parlamentares e sempre tivemos apoio de deputados e deputadas. O que acontece é
que não havia primeiro uma decisão do Executivo como neste governo e houve um
nível de pressão social inegável. Para nós, o que acabou forçando o debate e a sanção
foi essa pressão tão grande do movimento de mulheres e feministas da Argentina que
em algum ponto supera a luta pelo direito ao aborto, mas a luta pelo direito ao aborto
é uma demanda urgente, um dos pontos centrais da agenda feminista.
Recentemente, o projeto que pede a descriminalização do aborto na Argentina
avançou na Câmara dos Deputados. Por que agora? O que você acha que contribuiu
para essa vitória? Tem a ver com a mobilização social ou com a configuração do
Congresso? Ou com os dois?
Agustina: Eu creio que o movimento Ni Una Menos ajudou porque se pôs a pressionar
politicamente, com a força das ruas e dos meios de comunicação, os políticos, o
Executivo e o Legislativo para que discutissem o projeto na Câmara. Tem a ver com a
mobilização social, a força e a constância da Campanha Nacional que existe há 13 anos
na Argentina. Não creio que tenha a ver com a configuração do Congresso, pois é um
Congresso bastante conservador que tem conseguido evitar o tema do aborto,
entendido como um avanço nos direitos e liberdades das mulheres gestantes. Então,
na verdade foi uma surpresa nesse sentido, no mapa político atual. Uma estratégia que
se utilizou foi que a Campanha Nacional apresentou o projeto através de várias forças
políticas, não só as forças políticas da esquerda – que são as que usualmente avançam
com esse projeto –, mas também com forças da direita, do centro. Foi uma aliança
transversal em vários espaços políticos.
E que ações você considera efetivas para levar tantas pessoas para as ruas? No Brasil
e em muitos países da América Latina, o aborto segue sendo um tema tabu e sua
descriminalização é rechaçada por grande parte da sociedade e do Congresso
conservador e religioso…
Agustina: No caso de Ni Una Menos, foi muito efetivo recorrer a pessoas conhecidas,
celebridades, o que em um momento foi muito conflitivo e contraditório porque
algumas dessas pessoas que ajudaram a impulsionar o movimento em outros aspectos
de suas vidas eram machistas, como por exemplo um apresentador muito famoso de
televisão, mas isso fez com que o movimento se difundisse rapidamente em muitas
frentes sociais e políticas. Ni Una Menos, no começo, era um movimento
despolitizado, não estava associado a uma crítica radical da sociedade, era um grito
contra violências contra as mulheres. Também foram muito importantes tanto para o
Ni Una Menos quanto para a pauta da descriminalização do aborto os movimentos de
secundaristas. Eles são os que andam nas ruas o tempo todo, com os panos verdes nas
193
mochilas. E essa presença da cor verde e a facilidade com que defendem a
descriminalização do aborto – tanto mulheres como homens jovens – me parece que
tiveram um efeito de pressão muito interessante sobre os governantes.
O STF convocou audiências públicas para decidir a descriminalização do aborto no
Brasil. Algo a dizer ao movimento de mulheres daqui?
Celeste: É difícil emular exatamente as experiências, mas é necessário pensar nas
experiências não somente do que nos uniu para lutar, que foi uma diretriz e uma
necessidade, uma exigência. Que o aborto seja lei e que haja uma diretriz integral,
educação para decidir, anticoncepcional para não abortar e aborto legal para não
morrer. Não apenas um acordo político, mas um transitar metodológico, para mim, é
fundamental. E esse método não teve nem presidente nem dirigente, tudo se fez por
consenso e não por votação, onde se avança a partir dos acordos. Inclui quem não se
diz feminista também, mas nasce como uma luta feminista, a federalização e abertura
total à participação pessoal, política e fundamentalmente coletiva. Então, há uma
questão política, mas também uma questão metodológica que tem a ver como nós,
feministas, construímos.
Quais são as principais pautas do movimento feminista argentino hoje?
Agustina: Hoje nossas energias estão concentradas na descriminalização do aborto,
mas o movimento feminista argentino também tem construído um sujeito político que
inclui lésbicas, travestis, pessoas trans, gays e não inclui só as mulheres das cidades, as
mulheres brancas, mas também estamos em aliança com o movimento indígena, com
o movimento negro, com as mulheres migrantes. Temos consciência de que o
patriarcado está em aliança com o capitalismo e o liberalismo e que nós, como
oprimidas, unimos nossas lutas com as lutas de outras e outros oprimidos por
diferentes motivos, porque uma pessoa não está sujeita à opressão por apenas uma
condição de sua vida, como por exemplo, gênero, mas também classe, nacionalidade,
etnia, cultura, idade…
Qual é o próximo passo para garantir que a descriminalização do aborto aconteça na
Argentina?
Agustina: Estamos falando com um por um dos senadores que vão votar a aprovação
da lei no dia 8 de agosto, que é a votação que define se aprova o projeto ou se vão
pedir modificações. Existem muitos senadores indecisos e a sociedade conservadora é
muito confusa e confunde os senadores ainda mais. O que a Campanha faz é falar com
um por um através de diferentes frentes de poder público, como por exemplo os
sindicatos, as organizações de jornalistas e outros espaços que funcionam como
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aliados e aliadas e que têm interesse, assim como nós, em que a lei do aborto na
Argentina seja enfim aprovada.
https://apublica.org/2018/07/argentina-do-nenhuma-a-menos-a-legalizacao-doaborto/
SIMONE VEIL, ÍCONE PRÓ-ABORTO NA FRANÇA, ENTRA PARA O PANTEÃO DE PARIS
Uol Universa reproduz RFI, 02 de julho de 2018 [RFI é uma rádio francesa de notícias]
A França presta uma grande homenagem à Simone Veil neste domingo (1°), grande
figura política do século XX, sobrevivente do Holocausto, responsável pela lei que ...
"Uma decisão de todos os franceses": assim classificou o presidente Emmanuel
Macron, durante seu discurso, neste domingo, em uma grande cerimônia de
homenagem à Simone Veil.
Ícone feminista, seus restos mortais e de seu marido, Antoine Veil, passam a integrar o
templo que abriga as maiores personalidades da França, como Voltaire, Victor Hugo,
Émile Zola, Alexandre Dumas, Pierre e Marie Curie.
A cerimônia foi transmitida em cadeia nacional neste domingo e acompanhada por
milhares de pessoas que lotaram as ruas do 5° distrito de Paris. Cobertos com a
bandeira francesa, os caixões carregando os restos mortais de Simone e Antoine Veil
entraram no monumental Panteão na presença de grandes representantes políticos,
dos filhos e netos do casal.
Eles repousarão em uma cripta ao lado de Jean Moulin, André Malraux, René Cassin e
Jean Monnet "quatro grandes personagens de nossa história", classificou Macron,
"que foram, como ela, mestres da esperança".
Nos últimos dois dias, os caixões de Simone e Antoine Veil puderam ser visitados na
cripta do Memorial da Shoah em Paris, do qual a própria ex-ministra foi fundadora e
presidente, de 2001 à 2007.
Desde sua morte, em 30 de junho de 2017, as autoridades francesas se mobilizaram
para prestar homenagem desta que é um símbolo incontestável para os franceses.
Ruas, praças e uma estação da linha 3 do metrô de Paris, passaram a levar seu nome.
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De imortal à eterna
Eleita para a Academia Francesa em 2010, Simone Veil já era, desde então, uma
"imortal". Mas com a transferência de seus restos mortais ao Panteão, ela se torna
uma "eterna", como são chamadas as personalidades que repousam no local.
De todos os pontos de vista, Simone Veil traçou um caminho fora do comum e
exemplar para uma mulher de sua época.
Sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz, para onde foi deportada com
toda a sua família aos 16 anos, e onde morreram os pais e o irmão, a francesa nascida
em Nice, no sul do país, lutou a vida inteira contra as injustiças e pela igualdade de
direitos.
Essa batalha levou do Holocausto para dentro de sua própria família. Na época Simone
Jacob, a jovem conheceu o marido, Antoine Veil, na prestigiosa Science Po de Paris, em
fevereiro de 1946; ela com 18 anos, ele com 19. Apaixonados, eles se casaram oito
meses depois, tiveram três filhos e passaram 67 anos juntos, até a morte de Antoine,
em 2013.
A vida conjugal, no entanto, começou a se construir em torno da carreira diplomática
de Antoine Veil, nomeado para trabalhar na Alemanha, onde Simone Veil o
acompanhou. Pouco favorável que a mulher trabalhasse, Antoine não aprovou que a
esposa se tornasse advogada.
Mas a jovem perseguiu seus ideais com determinação, levando na memória a própria
do oposição de seu pai que sua mãe pudesse ter uma carreira profissional.
Na Chancelaria de Paris, sua capacidade de trabalho não passou despercebida e
Simone Veil se tornou, em 1970, a primeira mulher designada à secretária-geral do
Conselho Superior da Magistratura. Foi onde o então primeiro-ministro Jacques Chirac
a conheceu e a nomeou ao Ministério da Saúde da França.
Da primeira mulher a ocupar a pasta da Saúde, Simone Veil se torna, em 1979, a
primeira presidente do Parlamento Europeu, de 1979 à 182. Em 1993, torna-se a
primeira francesa a ocupar o ministério do Estado. Em 2010, no final de sua vida, passa
a ser a sexta mulher a ser eleita para a Academia Francesa.
Legalização do aborto, a "Lei Veil"
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Apesar da grande lista de conquistas, a maior delas foi a legalização da interrupção
voluntária da gravidez na França. A lei entrou em vigor oficialmente em 19 de janeiro
de 1975, durante o mandato do presidente Valéry Giscard d'Estaing, após meses de
virulentos debates.
A aprovação do texto foi o resultado de um esforço conjunto de vários setores da
sociedade, que enfrentaram o conservadorismo, uma grande ofensiva da igreja e uma
forte oposição por parte até mesmo dos integrantes do governo Giscard d'Estaing.
O combate, no entanto, foi liderado por Simone Veil. Não por acaso, a lei é conhecida
até hoje como "Lei Veil". A árdua batalha foi detalhada em seu livro de memórias,
"Une Vie" (Uma Vida), publicado em 2007.
No texto, a ex-ministra conta que, na época do debate da lei, seu prédio foi pichado
com a cruz suástica, além de ter sido frequentemente insultada nas ruas e seus filhos
terem sido alvo de violências.
As agressões antissemitas não vieram apenas por parte de opositores do aborto nas
ruas. No Parlamento francês, formado na época por 481 homens e nove mulheres,
após um debate de 25 horas, no qual foi sofreu uma torrente de acusações, ouviu
alguns legisladores compararem a interrupção voluntária da gravidez ao Holocausto.
Outros episódios marcaram o debate, como do então deputado de direita René Feït,
médico ginecologista, que veiculou para toda a Assembleia sons de batimentos
cardíacos de um bebê na barriga da mãe.
Ele foi o mesmo a defender que, se o projeto fosse aprovado, faria, a cada ano, "duas
vezes mais vítimas que a bomba de Hiroshima. Um outro parlamentar chegou a
defender sua posição contra a legalização do aborto exibindo um feto morto dentro de
um vidro cheio de formol.
"Nunca imaginei o ódio que eu iria desencadear", disse a ex-ministra da Saúde depois
da aprovação da lei. Anos depois, Simone Veil entraria para a lista das personalidades
mais admiradas pelos franceses, ocupando por anos consecutivos os dez primeiros
lugares e, em 2016, a segunda colocação.
Ao ser questionada pouco antes de sua morte se os ataques que sofreu a
desmotivaram, respondeu: "Não, nunca perdi minha confiança e desisti. Tudo aquilo
me incentivava, me dava forças para vencer. E acho que, definitivamente, esses
excessos me ajudaram", reconheceu.
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No entanto, nunca deixou de dividir sua grande conquista - que a tornou um ícone
feminista - com um homem. "Me dizem frequentemente que eu encarno a causa das
mulheres. Elas têm consciência do que eu fiz por elas, batalhando pela lei que
autorizou a interrupção voluntária da gravidez.
Mas essa lei também devemos a um homem, Valéry Giscard d’Estaing", defendeu, em
uma entrevista. Na época, o presidente da República foi a pessoa que mais apoiou
Simone Veil em seu combate.
https://universa.uol.com.br/noticias/rfi/2018/07/02/simone-veil-icone-pro-aborto-nafranca-entra-para-o-panteao-de-paris.htm
"CALL IT OUT": CAMPANHA AUSTRALIANA CONVIDA HOMENS A LUTAR PELO
FEMINISMO
Uol Universa, 06 de julho de 2018
Homens têm lugar no feminismo? A campanha australiana "Call It Out" acredita que
sim e abre as portas para eles entrarem na luta contra o machismo.
Propagandas veiculadas pelo governo da Austrália na TV aberta pedem que homens
interessados em ajudar devem chamar atenção ("call it out", em inglês) de outros
homens que fazem comentários machistas ou demonstram posturas violentas em
relação às mulheres.
Em um dos vídeos, um grupo de amigos está no bar e um deles começa a dar em cima
da garçonete, até que um deles diz: "Irmão, não faz isso, é desrespeitoso".
Em outra peça publicitária, um homem é constrangido por colegas de trabalho depois
de ofender e gritar com a esposa no telefone. Assista:
https://www.youtube.com/watch?v=jLfchCFi7A8
https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/07/06/call-it-out-campanhaaustraliana-convida-homens-a-lutar-pelo-feminismo.htm
FAMILY VIOLENCE SUPPORT. CALL IT OUT
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Family Violence Reform, State Government of Victoria, Austrália, 2018
You might be surprised where family violence starts.
Sexist jokes and disrespectful comments can seem harmless enough, especially if
they’re within relationships, right? The same goes for someone controlling the purse
strings. That’s not your business either …
Forget that. These things are at the root of family violence. They create the culture
that enables it. So if we want to live in a community where women and children are
safe, these things are our business. And if you don’t call them out, who will?
When to call it out
Bottom line? If it makes you feel uncomfortable or just doesn’t sit right with you, call it
out. As long as you feel safe to.
So it might be someone:
- making a sexist joke
- demeaning a family member or putting them down
- controlling how their partner spends money
- constantly insisting their partner tells them what they’re doing or where they’re
going
- insisting on going to the doctor with their partner
- trying to stop their partner seeing friends or family
- If you don’t feel confident to call it out, there are still things you can do.
How to call it out
Bottom line here? You don’t have to say much. Just something.
Watch the videos and you’ll hear guys saying things like: “That’s not funny mate” and
“That’s not okay.”
- Call it out in public
- Call it out at play
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Why is it so important to call it out?
Because family violence will continue affecting women, children and our communities
if we don’t change the culture that fuels it.
At its worst, this sees one woman murdered by her partner or former partner in
Australia, every week.
And if we don’t change the culture where violence against women is common,
supported and excused, we won’t be able to stop this. The research shows this culture
is made up of things that support gender inequality, like:
- sexism
- harassment
- rigid gender roles
- stereotypes about masculinity and femininity
- men controlling women (their finances, decisions or independence)
- men talking about women aggressively or disrespectfully, including within male
friendship groups
So, why is it so important to call these things out? Because they're where family
violence starts. They create a culture where violence against women is common, is
supported and excused.
Where to get help
If you, or someone you know, is experiencing family violence help is available.
https://www.vic.gov.au/familyviolence/family-violence-support.html
JORNAL CHAMA RUSSAS DE “PUTAS” POR COMPORTAMENTO SEXUAL NA COPA
Luiza Oliveira, Uol Esporte, 03 de julho de 2018
As mulheres russas já foram vítimas de assédio sexual durante a Copa do Mundo,
como os vídeos que viralizaram e percorreram o mundo mostraram. Agora, sofrem
com o machismo dos próprios russos, que criticam o comportamento sexual feminino
200
em relação aos estrangeiros durante o Mundial. Um colunista de um dos maiores
jornais do país, inclusive, chamou as mulheres russas de putas.
O texto em questão é do jornalista Platon Besedin para o Moskovskiy Komsomolets,
um dos mais tradicionais do país, e foi publicado no último dia 27. O título é "A hora
das putas: as russas se envergonham e envergonham o país na Copa", em que Besedin
acusa as mulheres de se venderem.
"Nas cidades onde têm a Copa do Mundo, muitas russas se comportam como
prostitutas na frente dos estrangeiros. As mais espertas colocaram anúncios nos sites
de relacionamento. Claro que muitas mulheres procuram estrangeiros por dinheiro,
outras procuram o casamento. Mas tem mulheres que estão prontas para dormir com
estrangeiros de forma gratuita só porque são estrangeiros. Podemos dizer que dá
vergonha. Muitas mulheres nem conhecem o sentimento de vergonha. Muitas
mulheres que correm atrás dos estrangeiros não têm vergonha, moral e valores. Nós
criamos uma geração de putas prontas para abrir as pernas ao escutar algum sinal de
idioma estrangeiro", diz o artigo.
O autor ainda diz que a Copa do Mundo tem sido importante politicamente para
quebrar estereótipos da Rússia, mas um deles tem sido reforçado. Justamente o das
mulheres que se vendem. Elas seriam consideradas ovelhas negras que contaminam o
rebanho.
"Hoje em dia, esse comportamento é cultivado e se vender não é vergonha. Vergonha
é trabalhar como enfermeira simples no hospital e ganhar 9 mil rublos. As redes sociais
têm muitos vídeos onde meninas jovens e não tão jovens se comportam como
prostitutas com responsabilidade social baixa. O caso menos grave é o de um torcedor
brasileiro que paga a uma menina num clube da cidade de Rostov por 5 minutos de
esfrega-esfrega. Ou por exemplo aquele dos torcedores poloneses fazendo sexo oral
em uma menina russa numa banca no centro da cidade, enquanto as pessoas que
estão passando gritam 'que nojento' e outros riam. O mais horroroso nesse vídeo é o
fato que a russa também está bebendo Coca-Cola e vodca".
Besedin lembra o escândalo provocado por uma famosa rede de fast-food que fez um
post nas redes sociais oferecendo às russas três milhões de rublos (R$ 180.000,00) e
um número ilimitado de sanduíches às mulheres que ficarem grávidas dos jogadores
da Copa. Ele afirma que o post gerou repercussão e foi apagado, mas reflete o
verdadeiro comportamento das mulheres do país, que querem apenas arranjar um
casamento com um estrangeiro.
201
Por fim, afirma que tudo é culpa do sistema de valores em que essa geração tem sido
criada e que o problema é a tentativa de querer imitar o Ocidente em tudo. Ele ainda
critica os homens russos por serem "fracos e irresponsáveis ao mesmo tempo."
Ele tenta indicar caminhos para “solucionar o problema” e usa expressões ofensivas.
"Você vai dizer que existem alternativas. Eu tenho certeza que sim. Mas quem vai nos
mostrar esses caminhos? Precisamos não apenas para a Copa, mas em geral. As putas
estão em todos os lugares como baratas mortas que só consomem, comem e cagam.
Pensando apenas em suas necessidades. O teto, o ponto mais alto dos sonhos dessas
mulheres, é ter um apartamento em seu nome e todas as contas pagas por um homem
branco e nobre ".
O artigo se espalhou pelas redes sociais e teve quase meio milhão de visualizações. Ele
gerou a revolta de milhares de mulheres que denunciaram o autor por machismo e o
preconceito. Um grupo escreveu uma petição exigindo um pedido de desculpas à
publicação e reforçando que mulheres são livres para terem o comportamento sexual
que quiserem.
Diante da repercussão, Besedin escreveu uma continuação da coluna no dia seguinte.
De acordo com ele, as russas interpretaram suas palavras de maneira equivocada. Ele
disse que não se referiu a casos específicos e nem ao número de mulheres que se
envolvem com estrangeiros, mas ao modelo atual de comportamento que é imposto
ao público pela sociedade e pela mídia.
“Eu vi muitos comentários de mulheres indignadas no meu artigo "A geração das
putas". Ele supostamente degrada sua dignidade. Não, meu artigo não degrada sua
dignidade, mas a imagem de uma mulher como uma prostituta, que é cultivada em
nossa sociedade: de revistas de moda a talk shows populares. Pareça uma prostituta,
seja sexy - venda-se para o sucesso”, escreveu ele.
“Vocês insultaram a minha frase: "Nós criamos uma geração de prostitutas". Estou
pronto para repeti-la novamente. Porque sim, é assim que elas foram criadas. A
geração não está na idade, mas na perspectiva do mundo. Não é desde jovem que
ensinamos às meninas o que chamamos timidamente de sexualidade? Nós ensinamos
as garotas a parecerem sexy e dançarem sexualmente, porque elas precisarão disso na
vida. As mães e os pais ensinam isso. Nós trouxemos uma geração de garotas que
consideram o objetivo principal - o número máximo de inscritos no Instagram”,
publicou no novo artigo.
https://esporte.uol.com.br/futebol/copa-do-mundo/2018/noticias/2018/07/03/jornalchama-de-russas-de-puta-por-comportamento-sexual-na-copa.htm
202
FUNCIONÁRIA DO MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS É MORTA A FACADAS POR
EX-MARIDO NO DF. JANAÍNA ROMÃO, DE 30 ANOS, FOI GOLPEADA CINCO VEZES PELO
AGRESSOR, COM QUEM TINHA DUAS FILHAS; HOMEM É PROCURADO PELA POLÍCIA
CIVIL. ENTERRO SERÁ NO CEMITÉRIO DO GAMA
G1 Globo, 15 de julho de 2018
Uma funcionária terceirizada do Ministério dos Direitos Humanos de 30 anos foi
assassinada a facadas pelo ex-marido, de 21 anos, em uma casa em Santa Maria,
região administrativa do Distrito Federal. O crime ocorreu por volta das 18h deste
sábado (14).
Janaína Romão Lucio tinha duas filhas pequenas com Stefanno Jesus de Amorim e teria
sido vítima de uma "crise de ciúmes", segundo testemunhas relataram à Polícia Civil. O
enterro será realizado nesta segunda (16) no Cemitério do Gama, às 12h.
A mulher foi golpeada cinco vezes, no peito e nas costas, e chegou a ser transportada
pelo Samu ao Hospital Regional de Santa Maria, mas não resistiu aos ferimentos.
De acordo com delegado-chefe da 33ª DP, Alberto Rodrigues, há informações de que
Janaína "já havia registrado duas ocorrências de violência doméstica" contra o excompanheiro. O caso está sendo investigado como feminicídio.
Até a última atualização desta reportagem, conhecidos da vítima afirmavam que ela
havia sido morta ao buscar as filhas na casa do pai – versão que está sendo
considerada pela polícia. As meninas teriam sido entregues à avó materna.
Em nota de pesar publicada no site da pasta, o ministro dos Direitos Humanos,
Gustavo Rocha, afirma que "repudia com veemência a violência contra as mulheres" e
que está em contato com a Secretaria de Segurança Pública do DF para "acompanhar
de perto as investigações do assassinato de Janaína."
Testemunhas disseram, em depoimento, que encontraram "o casal discutindo por
conta de ciúmes e esse teria sido, provavelmente, o motivo do crime". Elas também
alegaram ter visto o agressor fugir da casa correndo, descalço e sem camisa.
A faca usada para matar Janaína foi deixada no local e apreendida pela equipe de
perícia. O corpo da vítima foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) e, segundo a
Polícia Civil, deve ser liberado no fim da tarde deste domingo (15).
203
Direitos Humanos
No Ministério dos Direitos Humanos, Janaína trabalhava como terceirizada na
Coordenação-geral dos Direitos da População em Situação de Rua, que monitora,
coordena e avalia políticas de atenção a este segmento social.
Segundo funcionários da pasta, ela era "uma moça jovem, alegre e tranquila", mas
circulavam boatos de que Janaína teria sido vítima de violência doméstica mais de uma
vez.
A última vez em que ela foi vista pelos colegas de trabalho foi na festa junina da
autarquia, nesta sexta-feira (13). Na ocasião, ele levou as duas filhas. "Todo mundo
ficou chocado [com o crime]", disse uma funcionária.
https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/funcionaria-do-ministerio-dosdireitos-humanos-e-morta-a-facadas-por-ex-marido-no-df.ghtml
FUNCIONÁRIA DE MINISTÉRIO ASSASSINADA NO DF HAVIA DENUNCIADO EX-MARIDO
DUAS VEZES
Isabela Palhares e Luci Ribeiro, Estadão reproduzido pelo Uol, 15 de julho de 2018
A funcionária do Ministério dos Direitos Humanos morta a facadas no início da noite
deste sábado (14), em Santa Maria, no Distrito Federal, já havia denunciado à polícia o
ex-marido, suspeito do crime. De acordo com a Polícia Civil, Janaína Romão Lúcio, 30,
registrou dois boletins de ocorrência de violência doméstica contra o ex-companheiro,
com quem tinha duas filhas.
Janaína foi atingida com golpes no peito e nas costas pelo homem de 21 anos. A polícia
não revelou a identidade do criminoso.
Segundo a Polícia Civil, testemunhas disseram que os dois estavam discutindo na rua
em frente à casa do agressor. Ela fora até o local para buscar as filhas. Após esfaquear
a vítima, o criminoso saiu correndo sem camisa e descalço. Ele ainda não foi localizado.
Janaína foi socorrida ao Hospital Regional de Santa Maria, mas não resistiu aos
ferimentos.
204
O caso foi registrado como feminicídio no 33º Distrito Policial [Santa Maria]. O
delegado Alberto Rodrigues informou que o homem tinha, além dos registros de
violência doméstica, outros antecedentes criminais e "pode ser considerado perigoso".
O ministro dos Direitos Humanos, Gustavo Rocha, distribuiu nota de pesar em que
"lamenta profundamente" a morte de Janaína, colaboradora da Secretaria Nacional de
Cidadania da pasta. "Em nome de todo o ministério, (o ministro) compartilha do luto e
manifesta sua solidariedade aos familiares e colegas de trabalho", diz a nota.
"O ministro repudia com veemência a violência contra as mulheres e reforça a
gravidade desta situação. O ministério está em contato com a Secretaria de Segurança
Pública do Distrito Federal para acompanhar de perto as investigações do assassinato
de Janaína", acrescenta o texto.
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2018/07/15/funcionariado-ministerio-dos-direitos-humanos-e-morta-a-facadas-pelo-ex-marido.htm
SILVIA FEDERICI E A “EMANCIPAÇÃO” QUE NÃO FOI. AGORA NO MÉXICO, TEÓRICA DO
FEMINISMO ANTICAPITALISTA SUSTENTA: TRABALHAR FORA NÃO LIBERTOU A
MULHER DE NADA; É PRECISO EXIGIR REMUNERAÇÃO DO TRABALHO DOMÉSTICO E
DIVISÃO DAS RESPONSABILIDADES REPRODUTIVAS
Entrevista a Gerardo Esparza, Outras Palavras reproduz Informador, tradução de Inês
Castilho, 03 de julho de 2018
Centenas de mulheres abarrotam o auditório Salvador Allende, em Jalisco, México. Nos
corredores, jovens amontoam-se ansiosos por escutar suas reflexões. Fora, com a
esperança de pescar alguma ideia, permanecem mais alguns. Quem os convoca é Silvia
Federici, que revolucionou as ideias sobre a exploração que o capitalismo fez das
mulheres. Preparando-se para proferir a conferência “A guerra contra as mulheres e as
novas formas de acumulação capitalista”, uma hora antes a escritora de Calibán e a
bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva e Revolução no ponto zero: trabalho
doméstico, reprodução e lutas feministas concedeu uma entrevista a este órgão de
mídia.
Desde quando o corpo das mulheres vem sendo considerado como objeto e símbolo
de transação monetária?
Gosto de falar sobre os períodos históricos que conheço, por isso posso dizer que a
partir do desenvolvimento do capitalismo a mulher se converteu em mercadoria: a ser
205
vendida na rua e no casamento, de modo que na história do capitalismo foi muito
difícil conceber o mesmo tipo de exploração, a das mulheres e a dos homens
assalariados. As mulheres sempre precisaram garantir sua sobrevivência vendendo seu
corpo.
As mulheres agora trabalham, mas continuam presas ao trabalho doméstico. Não
houve mudança significativa na emancipação pelo trabalho: o capitalismo ganhou
essa batalha?
Não acredito, não gosto de falar de uma derrota das mulheres. Posso mudar um pouco
a articulação, dizendo que a premissa de grande parte do movimento feminista, de
que com o trabalho fora de casa as mulheres poderiam transformar sua posição, não
se verificou. Claro que uma minoria de mulheres conseguiu trabalho melhor
remunerado, mais valorizado, como as mulheres que agora trabalham na universidade
ou que estão no sistema de saúde. Mas a maioria foi integrada aos níveis mais baixos
da organização capitalista, tanto que a maior parte não obteve autonomia econômica:
devem fazer dois ou três trabalhos ao mesmo tempo e vivem endividadas.
Com o ingresso das mulheres no mercado de trabalho, as tensões entre homens e
mulheres aumentam, assim como a violência doméstica. Qual deveria ser a
estratégia do feminismo para romper essa inércia?
Creio que já se conseguiu muita coisa. Hoje, apesar de tudo isso e de que a violência
masculina é medo da concorrência, é preciso mudar o sentido da organização material
do processo de reprodução. Duas coisas estabeleceram a relação das mulheres com os
homens de forma muito negativa. Por um lado, a identificação das mulheres com um
trabalho desvalorizado, como se não fizessem nada, e isso parece natural porque
quem produz são os homens.
Em segundo lugar, porque as mulheres foram convertidas em servas dos homens – e
isso necessita ser rompido – penso que não é suficiente as mulheres trabalharem fora
de casa. É importante transformar o próprio campo da reprodução, revalorizar o
terreno da reprodução. Não como faz o capitalismo com o Dia das Mães, mas
compreender a importância desse trabalho e que ele não pertence só à mulher. É um
trabalho muito importante, porque trata-se de criar novas gerações, o novo mundo.
No México as mulheres jovens e trabalhadoras são assassinadas sistematicamente.
São elas as novas bruxas, as jovens que buscam independência por meio do trabalho
mais abusivo do sistema, como o da fábrica?
206
A caça às bruxas tem atacado de tantas formas a vida das mulheres que, se pensamos
nessa caça como perseguição, cujo objetivo é reduzir e romper o poder social das
mulheres, podemos dizer que os assassinatos em Cidade Juarez são parte de uma nova
caça às bruxas. Hoje o capitalismo ataca brutalmente o poder social das mulheres, e o
faz por muitas razões: porque precisa reduzir o custo do trabalho, obriga as mulheres a
dar muito trabalho e reprodução sem pagamento, e com pouco pagamento fora de
casa. É um sistema estruturalmente fundado na desvalorização da condição das
mulheres e por isso necessita tanto da violência. Essa violência manda uma
mensagem: “Cuidado, não temos limites”. Com isso aterrorizam toda uma população,
porque as mulheres representam a vida, representam a reprodução.
Quem é a nova inquisição? Quem continua “queimando” as mulheres?
A violência individual existe porque o Estado permite, a delinquência é grande entre os
homens porque eles sabem que vão ficar impunes. Por exemplo, sabemos que a
militarização da vida estimula a violência contra as mulheres. Uma forma de
acumulação capitalista como o extrativismo impulsiona essa violência. Como eu disse
antes, a organização da reprodução, que coloca em casa uma serva para o homem,
porque ele tem o poder do salário, isso incentiva a violência. Por isso é que tem sido
tolerada pelo Estado. É importante enxergar isso, não ver somente a violência
individual, mas sobretudo a violência institucional.
As mulheres em cargos de poder, casos como o de Angela Merkel, da ex-secretária
de Estado Hillary Clinton ou de Christine Lagarde, diretora-geral do FMI, não
representam as mulheres trabalhadoras, as que lutam por mais direitos – mas o
sistema hegemônico. É de se esperar que as mulheres que chegam ao poder possam
reverter anos de opressão ou elas terminarão por dobrar-se aos desejos do capital?
Elas atuam segundo a lógica masculina. As mulheres capitalistas não são diferentes dos
homens, ao contrário. Por exemplo, hoje nos Estados Unidos, quando se trata de dar
uma notícia suja, é sempre uma mulher quem dá – a mulher empresta um rosto suave
e gentil a isso. Temos verificado, depois de décadas, que o acesso da mulher ao poder
não muda as coisas.
A ascensão da direita na Europa e na América vem revogar direitos já conquistados e
pretende, novamente, legislar sobre o corpo da mulher. A via eleitoral é a mais
adequada para recuperar esses direitos?
Não acredito, há muitas vias e não creio que a eleitoral seja das mais importantes.
Fiquei muito feliz com o que os zapatistas fizeram, porque eles têm um conceito de
campanha eleitoral muito diferente do conceito dos partidos tradicionais. Eles não a
207
entendiam como tomada do poder, mas sim como forma de entrar em contato com as
pessoas. E não acredito, porque temos visto muitas vezes, que os que nos prometem
que serão diferentes não são. Temos o caso de Obama, para mim emblemático. As
pessoas choravam quando ele foi eleito.
Todos pensavam na revolução, mas depois vimos que os movimentos têm sido
desmontados. Penso que o único poder é o de baixo, o sistema responde positiva ou
negativamente às mensagens que chegam de baixo: se o poder está embaixo podemos
buscar legislações mais amplas; se o poder não está embaixo, podemos ter todas as
perguntas, todas as estratégias, as demandas e as reivindicações mais interessantes do
mundo, mas se o tecido social não é fortalecido, não se irá conseguir nada.
Recentemente Maria de Jesús Patrício, Marichuy, não conseguiu as assinaturas
necessárias para candidatar-se à presidência do México. Em um país em que ser
mulher e indígena é um sinal de exclusão e pobreza, por qual razão não acolhemos
projetos que nos representem a todos?
O zapatismo tem conseguido um êxito que já é legendário. Não conheço outro
movimento social que, com tanta escassez de recursos e com um espaço que parece
tão isolado, tenha conseguido impactar as atividades, o discurso político, a imaginação
de milhões de pessoas em todas as partes do mundo. Não há movimento que tenha
sido capaz de conseguir o que os zapatistas conseguiram. Você vai a Nova York, a
Joanesburgo, à Grécia e todos conhecem os zapatistas. E muitos deixaram de fazer o
que faziam para ir a Chiapas inspirar-se. Outra coisa que me parece fenomenal é que
os zapatistas conseguiram algo que nem as Nações Unidas, com outros recursos,
conseguiram: abriram as portas de suas comunidades a milhares de pessoas de todo o
mundo com a “Escuelita” e o “Encontro Intergaláctico”.
Quem são os aliados das bruxas da modernidade?
Os novos aliados são todos os que estão se mobilizando pela defesa do meio ambiente
e da natureza, das matas e da água, que são parte da reprodução da vida. Espero
também, e isso é uma mensagem, que todos os companheiros se envolvam na criação
de um mundo mais justo e mais solidário e apoiem a luta das mulheres, que se
comprometam diretamente. Que se envolvam para mudar o comportamento dos
outros homens que seguem sendo machistas, violentos.
Creio que os homens não entenderam que o poder que ganharam sobre as mulheres
foi pago com a dependência do capitalismo. Todas as vezes que um homem entra em
greve, ele pensa: “Devo manter minha esposa e meus filhos”. O poder dos homens
sobre as mulheres serviu para pacificar os homens, para dar-lhes a ilusão de ter um
208
poder que não têm. Esta mensagem merece que eles reflitam sobre isso: se continuam
como serventes, eles mesmos, do capital, e mantêm sua masculinidade e dignidade às
custas das mulheres; ou se preferem crescer juntos, em posição igualitária com sua
companheira, numa sociedade mais justa e diferente.
https://outraspalavras.net/destaques/silvia-federici-e-a-emancipacao-feminina-quenao-foi/
"EL ÚNICO PODER ES EL DE ABAJO". LA FILÓSOFA Y FEMINISTA SILVIA FEDERICI
ESTUVO EN LA CIUDAD PARA IMPARTIR UNA CÁTEDRA MAGISTRAL SOBRE EL
CAPITALISMO Y LA FORMA EN QUE HA EXPLOTADO A LAS MUJERES DURANTE
DECENAS DE AÑOS
Gerardo Esparza, Informador.Mx, 04 de março de 2018
Cientos de mujeres abarrotan el auditorio Salvador Allende. En los pasillos se agolpan
jóvenes ansiosos de escuchar sus reflexiones. Afuera, con la esperanza de pizcar alguna
idea, permanecen algunos más. Quien los congrega es Silvia Federeci, una de las
pensadoras más influyentes en el mundo y que revolucionó con sus ideas sobre la
explotación femenina que ha hecho el capitalismo, quien dictó la conferencia “La
guerra contra las mujeres y las nuevas formas de acumulación capitalista”. Una hora
antes, la escritora de “Calibán y la bruja: mujeres, cuerpo y acumulación originaria” y
“Revolución en punto cero: trabajo doméstico, reproducción y luchas feministas”,
concedió una entrevista a este medio.
-¿Desde cuándo el cuerpo de las mujeres ha sido considerado como objeto de
símbolo y transacción monetaria
-Me gusta hablar de los períodos históricos que conozco, por eso yo puedo decir que a
partir del desarrollo del capitalismo la mujer se ha convertido en una mercancía: de
venderse en la calle y en el matrimonio, así que las mujeres en la historia del
capitalismo ha sido muy difícil concebir el mismo tipo de explotación que los hombres
asalariados. Las mujeres siempre han debido garantizar su sobrevivencia vendiendo su
cuerpo
-Las mujeres ahora trabajan, pero siguen atadas a las labores domésticas, no hubo
un cambio significativo con la emancipación laboral: ¿El capitalismo ganó esta
batalla?
209
-Yo no creo, no me gusta hablar de una derrota de las mujeres. Puedo cambiar un poco
la articulación, diciendo que la premisa de gran parte del movimiento feminista que
con el trabajo fuera de la casa las mujeres podrían cambiar su posición no se ha
verificado. Claro que está una minoría de mujeres que han conseguido trabajo más
remunerado, más valorizado, como las mujeres que ahora trabajan en la academia, o
que son del sistema de salud. Pero la mayoría ha sido integrada a los niveles más bajos
de la organización capitalista, tanto que la gran parte no ha ganado una autonomía
económica: deben hacer dos o tres trabajos y están endeudadas
-Con la entrada de las mujeres al mercado laboral, las tensiones entre hombres y
mujeres se incrementan, lo mismo la violencia dentro de los hogares, ¿cuál tendría
que ser la estrategia del feminismo para romper esta inercia.
-Creo que ya se ha conseguido mucho. Hoy, a pesar de todo esto y de que la violencia
masculina es un miedo a la competencia, es necesario cambiar el sentido de la
organización material del proceso de la reproducción, hoy la mujer está en dos cosas
que ha conformado la relación de las mujeres con los hombres en forma muy negativa:
por un lado, la identificación de las mujeres por un trabajo que es desvalorizado, que
parece que no hacen nada, parece que es una cosa natural porque son los hombres los
que producen.
En segundo lugar, es que las mujeres han sido convertidas en las sirvientas de los
hombres y eso se debe romper, yo creo que no basta que las mujeres trabajen fuera
de la casa, es importante cambiar el terreno de la reproducción misma, revalorizar el
terreno de la reproducción, y no como hace el capitalismo con el Día de la Madre, sino
comprender la importancia de ese trabajo y que no pertenece a la mujer. Es un trabajo
muy importante porque es el trabajo de crear las nuevas generaciones, el nuevo
mundo.
-En México a las mujeres jóvenes, trabajadoras de maquilas, se les asesina de
manera sistemática, ¿son ellas las nuevas brujas, las jóvenes que buscan
independencia laboral dentro del sistema más abusivo como es la maquila?
-La caza de las brujas ha atacado tantas formas de la vida de las mujeres que, si
pensamos esa caza como una persecución, el fin fue disminuir y atacar el poder social
de las mujeres, podemos decir que los asesinatos en Ciudad Juárez es parte de una
nueva caza de brujas. Hoy el capitalismo ataca el poder social de las mujeres muy
brutalmente y lo hace por tantas razones: porque necesita bajar el costo del trabajo y
obliga a las mujeres a dar un montón de trabajo y reproducción no pagado, la
necesidad de las mujeres fuera de la casa. Es un sistema estructuralmente fundado
sobre la desvalorización de la condición de las mujeres y por eso necesita tanta
210
violencia. Esta violencia manda un mensaje, es decir: “Cuidado, no tenemos límites”.
Es aterrorizar toda una población, porque las mujeres representan la vida, representan
la reproducción.
-¿Quiénes son la nueva inquisición? ¿Quiénes siguen “quemando” a las mujeres?
-La violencia individual está porque el Estado lo permite, porque tantos hombres
delinquen es porque saben que van tener impunidad. Por ejemplo, sabemos que la
militarización de la vida impulsa la violencia contra las mujeres. La forma de
acumulación capitalista como el extractivismo impulsa esa violencia, y como dije antes,
toda la organización de la reproducción, que pone en la casa a una sirvienta con un
hombre que tiene el poder del salario, todo esto incentiva la violencia, por eso es que
ha sido tolerada por el Estado. Es importante ver esto, no solamente ver la violencia
individual sino sobre todo la violencia institucional.
-Las mujeres en posiciones de poder, imagino casos como Angela Merkel, la misma
ex secretaria Clinton o Cristine Lagarde, no representan a las mujeres trabajadoras, a
las que pelean por mayores derechos, sino al sistema hegemónico, ¿es de esperarse
que las mujeres que acceden al poder puedan revertir años de opresión o terminarán
por plegarse a los deseos del capital?
-Ellas representan una lógica masculina. Las mujeres capitalistas no son diferentes, al
contrario, por ejemplo, hoy en Estados Unidos cuando se trata de dar una noticia sucia
siempre es una mujer; la mujer da una cara suave y gentil. Hemos verificado después
de décadas que la entrada de la mujer al poder no cambia las cosas.
-El ascenso de la derecha en Europa y América viene a revocar derechos ya ganados y
se pretende, nuevamente, legislar sobre el cuerpo de la mujer, ¿es la vía electoral la
más adecuada para recuperar esos derechos?
-Yo no lo creo, hay muchas vías y no creo que la electoral sea de las más importantes.
Yo fui muy feliz con lo que los zapatistas han hecho, porque tenían un concepto de la
campaña muy diferente a los partidos tradicionales. Ellos no entendían la toma del
poder, sino contactarse con la gente. Y no lo creo porque lo hemos visto muchas veces,
que los que nos prometen que van a ser diferentes (no lo son). Tenemos el caso de
Obama para mí es emblemático, la gente lloraba cuando él fue elegido.
Todos pensaban en la revolución, pero después hemos visto que ha desarmado los
movimientos. Pienso que el único poder es el de abajo, el sistema responde positiva o
negativamente a los mensajes que llegan de abajo: si abajo está el poder podemos
buscar legislaciones mayores, si abajo no está el poder, podemos tener todas las
211
preguntas, las estrategias, las demandas y las reivindicaciones más interesantes de
mundo, mas si el tejido social no es fortalecido, no vas a conseguir nada.
-Recientemente María de Jesús Patricio, Marichuy, no logró las firmas necesarias
para ser candidata a la presidencia de la República. En un país donde ser mujer e
indígena es signo de marginación y pobreza: ¿a qué se debe que no seamos
empáticos con proyectos que nos representan a todos?
-El zapatismo ha conseguido un éxito que ya es legendario. Yo no conozco otro
movimiento social que con tanta escasez de recursos y con un espacio que parece el
más aislado, ha sido capaz de impactar las actividades, el discurso político, la
imaginación de millones de personas en todas partes del mundo. No hay movimiento
que ha sido capaz de conseguir lo que los zapatistas han conseguido. Tú vas a Nueva
York, a Johannesburgo, a Grecia y todos conocen a los zapatistas, y muchos han dejado
de hacer las cosas que hacían y han ido a Chiapas y han sido inspirados. Y otra cosa que
me parece fenomenal es que los zapatistas han conseguido algo que ni las Naciones
Unidas, con otros recursos: han abierto la puerta de sus comunidades a miles de
personas de todo el mundo con la “Escuelita” y el “Encuentro Intergaláctico”.
-¿Quiénes son las o los aliados de las brujas de la modernidad?
-Los nuevos aliados son todos los que se están movilizando por la defensa del medio
ambiente y la naturaleza: del bosque y el agua que son parte de la reproducción de la
vida. Yo espero también, y esto es un mensaje, que todos los compañeros se
involucren en la creación de un mundo más justo y más solidario y que apoyen la lucha
de las mujeres y se involucren directamente, por ejemplo, ahora en el 8 de marzo; que
se involucren para cambiar el comportamiento de los otros hombres que sigue siendo
machistas, violentos.
Creo que los hombres no han entendido que el poder que han ganado sobre la mujer,
lo han pagado en la dependencia del capitalismo. Todas las veces que un hombre va a
una huelga piensa: “Debo mantener a mi esposa y mis hijos”. El poder de los hombres
sobre las mujeres ha servido para pacificar a los hombres, para darles una ilusión de
poder que no tienen. Este mensaje es algo que tienen que reflexionar, si continuar de
sirvientes ellos mismos del capital y mantener su masculinidad y dignidad al costo de
las mujeres o prefieren crecer juntos en una posición igualitaria con su compañera, en
una sociedad más justa y diferente.
https://www.informador.mx/suplementos/El-unico-poder-es-el-de-abajo-201803030084.html
212
CUBA REFORMA CONSTITUIÇÃO PARA REVERTER DÉCADAS DE HOMOFOBIA. PROJETO
DE REFORMA APROVADO NA ASSEMBLEIA NACIONAL REDEFINE O CASAMENTO COMO
A “UNIÃO ENTRE DUAS PESSOAS”
Pablo de LLano, El País, 23 de julho de 2018
A Assembleia Nacional de Cuba debateu neste domingo um artigo da futura reforma
constitucional que abre caminho para o reconhecimento do casamento homossexual
na ilha comunista. No anteprojeto, que foi aprovado no fim de semana pelos
parlamentares e será submetidos nos próximos meses a consulta popular, o
casamento é redefinido como a “união entre duas pessoas”. O texto atual especifica o
matrimônio como a união de um homem e uma mulher. A aprovação do artigo
representa um avanço importante num país que arrasta o peso de décadas de
discriminação a seus cidadãos por sua orientação sexual, e que nos anos sessenta
chegou a internar gays em campos de trabalhos forçados (
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/04/18/internacional/1492511300_510497.html ).
Roiniel Torres e Dariel Hernández conversam no Malecón de Havana. YANDER ZAMORA
“Com esta proposta de regulamentação constitucional, Cuba se situa entre os países
da vanguarda no reconhecimento e na garantia dos direitos humanos”, afirmou a
deputada Mariela Castro, que é filha do ex-presidente Raul Castro e uma das principais
213
promotoras do reconhecimento dos direitos da comunidade LGTBI na ilha, na
qualidade de diretora do Centro Nacional de Educação Sexual. A parlamentar disse que
a reforma constitucional estabelecerá as bases para que futuramente se possa aprovar
o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo em uma legislação específica, inclusive
contemplando a adoção de crianças por casais de gays e lésbicas. “O Estado deve
garantir a todas as famílias os seus direitos e as vias para alcançar estes fins”,
acrescentou.
O deputado Miguel Barnet, presidente da União de Escritores e Artistas de Cuba, disse
sentir “imenso orgulho” desse avanço. “Estamos inaugurando uma nova era. Esta é
uma Constituição dialética e moderna. E, se for preciso quebrar a tradição, que se
quebre. No socialismonão cabe nenhum tipo de discriminação entre seres humanos.
Sou a favor do artigo 68 [sobre o casamento] da nova Constituição. Senhores, o amor
não tem sexo”, afirmou. A parlamentar Yolanda Ferrer defendeu que a diversidade
sexual seja “um direito, e não um estigma”, e pediu que “séculos de atrasos” sejam
deixados para trás. “Quantas pessoas conhecemos que são homossexuais ou
bissexuais e são pessoas dignas, e que estão a cada dia juntas de nós e muitas vezes
vivem juntas, mas às quais negamos o direito de constituir família?”, questionou.
A perspectiva de que Cuba autorize o casamento homossexual foi recebida com
satisfação pela comunidade LGBTI na ilha, mas em comentários nas redes sociais
alguns ativistas salientaram a necessidade de que o avanço nesse aspecto dos direitos
sociais seja acompanhado de mais liberdades políticas e de associação.
Roiniel Torres e Dariel Hernández passeiam pelo Malecón, a avenida litorânea de
Havana. YANDER ZAMORA
214
O projeto de reforma constitucional não prevê nenhuma mudança no sistema político,
mantém o Partido Comunista como único partido legal e, embora elimine a referência
ao comunismo como modelo ideal, impõe a “irrevogabilidade do socialismo”. O texto
foi aprovado unanimemente pelos 605 deputados e, com relação à Constituição
vigente, de 1976, escrita sobre o molde das constituições do bloco comunista europeu,
contém novidades substanciais, como o reconhecimento da propriedade privada e a
instituição do cargo de primeiro-ministro. O projeto será submetido a consulta popular
entre 13 de agosto e em 15 de novembro, e finalmente deverá ser aprovado em um
referendo ainda sem data marcada.
Falando por telefone de Havana, o ativista LGBTI Isbel Torres, de 43 anos, dizia neste
domingo estar “muito contente” com a mudança constitucional sobre o casamento,
que ele não esperava. “Achava que as forças mais retrógradas dentro do Governo
teriam o poder de evitar, mas felizmente não foi assim”. Torres vê na decisão um
passo imprescindível, mas acrescenta que ainda resta “muito trabalho por fazer”.
“Cuba continua sendo um país bastante homofóbico, mais nas províncias que na
capital, é verdade; mas a homofobia e sobretudo a transfobia abundam, e em nível
institucional a polícia e o Exército são lugares onde a homofobia se expressa de
maneira terrível. Nas escolas, além disso, o bullying homofóbico é muito comum, e não
existe nenhum tipo de prevenção.”
Uma das páginas mais obscuras do castrismo foi a existência, entre 1965 e 1968, das
Unidades Militares de Ajuda à Produção, campos de trabalhos forçados para a
“reeducação” de indivíduos que o regime do Fidel Castro considerava extraviados com
relação à moral revolucionária. As tenebrosas UMAP recebiam delinquentes comuns,
dissidentes políticos, religiosos e homossexuais, entre outros. Estima-se que nelas
foram encerrados cerca de 30.000 cubanos, sendo 800 deles especificamente por
serem gays.
Um passado de torturas
O historiador Abel Serra Madero, estudioso das UMAPs, conta ao EL PAÍS que os
detentos chegavam a ser torturados nesses centros, e critica o fato de o Governo
cubano nunca ter pedido perdão por isso, e muito menos indenizado as vítimas.
“Sempre tentaram demonstrar que as UMAPs foram um erro, e Fidel Castro se isentou
das responsabilidades dizendo que estava muito ocupado governando e não sabia o
que acontecia ali. Mas não foram um erro isolado. As UMAPs foram um fenômeno
sistêmico da revolução.”
215
A psicóloga Liliana Morenza, junto a dois homossexuais recluídos em 1967 na cidade de
Camagüey. ARQUIVO DE ABEL SIERRA MADERO
Emilio Izquierdo, diretor da associação UMAP Miami, que denuncia o ocorrido nos
campos de trabalhos forçados, considera que eles foram “um crime contra a
humanidade que deveria ser julgado como tal”. Izquierdo, de 70 anos, passou dois
anos preso numa UMAP da província de Camagüey por ser dissidente político e
recorda a crueldade especial com que os detentos homossexuais eram tratados. “Eram
separados do resto e faziam equipes de trabalho composto só por gays, dividindo-os
em grupos diferentes os ativos e os passivos e submetendo-os a todo tipo de insultos,
surras e trancamento em calabouços”.
BAR DE HAVANA PROÍBE CASAL GAY DE TIRAR UMA FOTO
216
A homofobia continua muito viva em Cuba. Um caso recente de discriminação é o de
Brian Canelles e Arián Abreu, que em 8 de julho foram expulsos de um bar de moda no
centro de Havana, o Efe, por tirar uma foto se beijando. À revista El Estornudo, editada
na ilha apesar da proibição da imprensa independente, Canelles contou que um
funcionário do local lhe disse que o bar não queria “expor essa imagem”. Perguntou a
que imagem se referia. “O público gay não interessa para o bar. Não queremos ganhar
essa fama”, foi a resposta, segundo o relato de Canelles. Já depois da meia-noite,
Abreu, Canelles e sua irmã foram expulsos do local. Segundo o jovem, um segurança
agarrou-o pelo braço e o levou-o até a porta. “Eu disse a ele que havia gastado muito
dinheiro no bar e que não iria embora sem tirar a foto. Aí ele me retirou e
simplesmente fechou a porta”, disse Canelles à revista cubana, pedindo que a empresa
se desculpe pelo ocorrido. “É um negócio privado, mas não merecemos ser tratados
assim”, disse.
Em declarações ao Estornudo, uma fonte do bar disse que o estabelecimento não tem
uma política de discriminação por orientação sexual: “Não somos contra nada. Este é
um lugar aberto”, disse. Em sua página do Facebook, o bar publicou uma mensagem
em que prometia “sempre erguer a bandeira contra a homofobia”.
O caso teve repercussão em Cuba, e muitas vozes se levantaram para denunciá-lo. Até
o Centro Nacional de Educação Sexual, dirigido por Mariela Castro, filha de Raúl
Castro, emitiu nota afirmando que “está a par do ocorrido recentemente no Bar Efe da
capital, e, consequentemente, está trabalhando para conhecer detalhes dos fatos,
auxiliar as pessoas afetadas no processo e informar às autoridades competentes”. Dois
dias depois do ocorrido com o casal, uma edição extraordinária do Diário Oficial
publicou um decreto em que, entre outras medidas, prevê multa de 2.000 pesos
cubanos (287 reais) e o fechamento de qualquer negócio privado que cometer
217
discriminação por gênero ou orientação sexual. O Código Penal cubano prevê até dois
anos da prisão a quem discriminar a outra pessoa.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/22/internacional/1532287928_730414.html
“O PROBLEMA DO BOLSONARO NÃO É ECONÔMICO, É CIVILIZATÓRIO”, DIZ EXPRESIDENTE DA FIESP. HORÁCIO LAFER PIVA DISSE TAMBÉM QUE SE ESPANTA COM O
FATO DO CENTRÃO COMANDAR A CENA POLÍTICA
Josette Goulart, Folha/Uol, 19 de julho de 2018
Líder nas pesquisas, aplaudido por industriais, ovacionado como mito em aeroportos.
A combinação destes fatores tem dado a sensação no mercado financeiro e entre
grandes empresários de que Jair Bolsonaro, mesmo afeito a declarações polêmicas,
parece não representar uma ameaça à economia do país.
O empresário Horácio Lafer Piva, 61, é um dos que atesta que o problema de
Bolsonaro não é o da condução da economia. Mas ele completa sua sentença: “O
problema do Bolsonaro é civilizatório. O Brasil retrocederia neste ponto e voltaria a
discutir temas como gênero, segurança… O Brasil não precisa disso”.
Piva é o comandante de uma das principais indústrias de papel do país, a Klabin, e foi
presidente da Fiesp. Em entrevista à Folha, o empresário disse que se espanta com o
fato de o “centrão” comandar a cena política.
Os partidos que compõem esse grupo —DEM, PP, PRB e Solidariedade— estão sendo
hoje paparicados pelas candidaturas de Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin(PSDB),
pela força que podem trazer às suas campanhas, principalmente em tempo de
televisão. O MDB, para ele, também é outro grande centro de interesses.
“Acreditar demais neste momento nos candidatos é perda de tempo”, diz Piva. “Quais
são as demandas do centrão? Só vamos saber mais adiante. Me proponho a acreditar
no que os candidatos estão dizendo só depois de já terem negociado.”
O centrão tem tido força para barrar votações consideradas importantes pelos
empresários, como aconteceu com a reforma da Previdência. E também para apoiar
outras reformas consideradas ruins pelo empresário, como a política.
218
“Maior golpe que teve no Brasil foi o da reforma política, que manterá a política na
mãos dos mesmos”, diz Piva, referindo-se às mudanças nas regras que na prática
inviabilizam o potencial de novas candidaturas para o Legislativo.
Historicamente o empresário é ligado ao tucanato, mas ele não declarar voto ou
mesmo não-voto neste momento a qualquer candidato.
Na sua avaliação, apenas quatro têm chances reais de se eleger: Alckmin, Bolsonaro,
Ciro e Marina. De antemão, coloca dúvidas sobre uma chance real de transferência de
votos de Lula a um candidato do PT, que ele acredita será Fernando Haddad.
Marina, segundo Piva, tem grande potencial de se mostrar como uma alternativa ao
eleitor desalentado, desde que consiga se destacar na campanha. A candidata terá
apenas 10 segundos de tempo de TV. Alckmin depende das coligações para decolar e
Ciro tem se colocado como uma opção de centro, mesmo que de esquerda. “Mas é
muito cheio de certezas e com viés muito estatizante”.
No cenário traçado nas conversas entre empresários e representantes de mercado
financeiro, só há uma certeza: a de que ninguém tem certeza. “Mesmo aqueles que
tentam apontar as certezas não estão tão certos quando pressionamos um pouco”, diz
Piva.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/07/o-problema-do-bolsonaro-nao-eeconomico-e-civilizatorio-diz-ex-presidente-da-fiesp.shtml
“NO SAPATINHO”: A EVOLUÇÃO DAS MILÍCIAS NO RIO DE JANEIRO (2008-2011)
Ignácio Cano e Thais Duarte (coordenadores), Kryssia Ettel e Fernanda Novaes Cruz
(pesquisadoras), Rio de Janeiro, Fundação Heinrich Böll, 2012
Aqui, reproduzo dois trechos da pesquisa, com depoimentos de pessoas que de
alguma forma vivem em áreas dominadas por milícias...
As questões de gênero aparecem de forma notável...
Além do que é mais evidente, há outras questões, por exemplo, o que é para mulheres
viver em áreas dominadas, disputadas... por homens em armas – do tráfico, das
milícias, das polícias, das forças armadas?
219
“— Aí o Nadinho morre e quem assume agora é o Beto Bomba, que é o presidente da
associação de moradores, que já fazia parte da milícia. E aí ele acabou sendo
investigado há pouco tempo aí. Ele foi preso, entraram na casa dele, mas ele continua
lá, ele que manda agora. Mas é assim, quando eu entrei lá a gente notava que o poder
da milícia ele era muito maior e não só de tomar conta do transporte das vans ou do
gás, da net de tudo, mas também a própria regulação moral do lugar. Eles fazem
sempre no meio do ano, no fim do ano uma limpa, matam seis no meio do ano, doze
no final. E sei lá já, morreu gente que era gay porque ficava gente... como diz eles...
fazendo merda, desmunhecando na rua, em lugares públicos e aí esse menino foi
assassinado e aí outro foi assassinado porque saiu com a mulher do miliciano. Então,
assim, a gente notava que tinha uma regulamentação moral maior no início, inclusive
se um aluno desse trabalho maior na escola, o diretor recorreu à milícia pra resolver
o problema. [...].”
(Entrevistado 9, Rio das Pedras) (p. 64)
“A maior frouxidão do controle social não implica necessariamente que este se torne
menos tirânico. Apenas significa que o controle passou a abranger um conjunto menor
de condutas e que o recurso à violência é agora aplicado com maior parcimônia.
Curiosamente, as milícias têm desenvolvido uma maior criatividade no seu sistema
punitivo, incorporando novos castigos como prisão domiciliar, pintar muros, varrer
ruas no caso de homens ou lavar roupa no caso de mulheres.
“— Eles perguntam, como se for falar que também é muito escuro, eles pergunta
também pra ver se vai responder, abordar não chega não. Se tiver errado, se tiver
usando alguma coisa, aí eles abordam sim. Pega a droga, se tiver usando droga, dá
umas porradas e manda de volta pra casa, deixam até de castigo.
“Entrevistador: Lá tem castigo lá?
“— Tem.
“Entrevistador: Como é que são esses castigos?
“— Ficar em casa, deixa em casa e só vai sair depois com dois meses, três meses,
quatro. Aí, isso aí são regras deles lá mesmo, eles que fazem na hora. Não tem voz alta
pra todo mundo ouvir e saber qual a regra deles não.
220
(Entrevistado 40, Carobinha/Campo Grande)
“— No caso se for briga de homem, eles vão e batem na pessoa, quebra a pessoa
todinha. Se for mulher, de repente vai ter que ficar lavando a roupa deles, eles sempre
impõem um tipo de punição.
(Entrevistada 28, Praia do Carbo/ Sepetiba )
“— Ele chegou lá pra comprar. Só que ele não sabia que estava falando com miliciano.
Aí ele simplesmente pegou a vassoura e mandou ele varrer a rua todinha.
“Entrevistador: O sujeito achou que o miliciano fosse traficante?
“— É. E depois que ele varreu a rua todinha, passou o dia todinho varrendo a rua, aí
mandou ele embora. E aí falou pra ele que ali não existia mais a venda de drogas.
(Entrevistada 29, Morro Agudo/ Comendador Soares)
“— Esse muro aqui todinho, eles pra pintar é pra não tomar um pau, botam
o marido, o homem e a mulher lá pintando tudo, quando você vê alguém
pintando é que fez alguma coisa na comunidade, esse é o castigo que eles dão.
(Entrevistado 45, Águia de Ouro/ Pilares)
“Essas ‘penas alternativas’, que parecem encaixar nos papéis de gênero
tradicionalmente atribuídos a homens e mulheres, cumprem vários objetivos. As
mulheres exercem atividades típicas da esfera privada e do lar, tal como lavar roupa. Já
o homem realiza atividades no âmbito público, como varrer a rua, por exemplo. Todas
essas sanções permitem uma ‘dosagem’ mais fina na aplicação da pena e atraem
menos a atenção do sistema de justiça criminal do que dar uma surra ou matar
alguém. Por outro lado, tais medidas provavelmente suscitam uma menor resistência
dos moradores, devido à sua menor brutalidade. Por último, algumas delas podem ser
concebidas como serviços comunitários que beneficiariam ao conjunto dos moradores.
“A existência deste novo leque de opções punitivas não significa que a tradicional
execução sumária tenha perdido o seu papel, longe disso. *...+.” (pp. 65-66)
https://br.boell.org/sites/default/files/no_sapatinho_lav_hbs1_1.pdf
221
A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA DEMOCRACIA RACIAL
Lilia Schwarcz, Nexo Jornal, 16 de julho de 2018
No Brasil, é até possível reconhecer que exista algum tipo de discriminação, mas ela
é sempre um problema do ‘outro’
Vira e mexe alguém volta ao velho e castigado tema da “nossa democracia racial”. É
como se esse fosse um mantra que acompanha a história nacional brasileira,
independentemente do que os dados da realidade venham a mostrar. Há pouco
tempo, no dia 27 de junho de 2018, foi a vez do nosso presidenciável Jair Bolsonaro
declarar de maneira categórica: “Aqui no Brasil não existe isso de racismo”.
Vale a pena explorar a frase sintética e, sobretudo, o termo “isso” nela presente. A
retórica de Bolsonaro dá a entender que “isso” seria algo estrangeiro e totalmente
distante do nosso dia a dia. Interessante pensar como, ainda em 2018, 130 anos após a
abolição formal da escravidão, voltamos sempre à exaltação da nossa “festejada
mestiçagem”, da nossa “mistura racial”, como se ela fizesse parte do DNA dos
brasileiros.
No entanto, se existiu uma mestiçagem biológica no Brasil, é difícil exaltá-la. Em
primeiro lugar, houve um claro desequilíbrio na entrada de escravizados: 70% eram
homens adultos, sendo os outros 30% compostos por mulheres e crianças. Tal
desproporção estava também presente na sociedade brasileira colonial como um todo,
a despeito de um pouco menos pronunciada: 60% eram homens e apenas 40%
mulheres.
A assimetria populacional fez com que a mistura fosse resultado não de um projeto
(assim chamado) humanitário, mas antes das “necessidades do corpo”. Além do mais,
diante da profunda hierarquia que o sistema criava, as relações entre senhores e
escravizadas eram, na imensa maioria das vezes, forçadas e não consensuais. Taxas de
estupro na alcova dos proprietários escravistas eram das mais elevadas, assim como
imensa a quantidade de crianças que apenas conheciam sua filiação materna, uma vez
que o pai, de praxe, não oficializava a relação.
Mestiçagem pode ser pensada, portanto, como “mistura”, mas também como
“separação”; uma separação autoritária e hierárquica. É por isso que a frase de
Bolsonaro diz muito sobre o que ela não diz. Sobre o que precisa ficar oculto. Isto é, se
222
é preciso afirmar que “não existe isso” é porque justamente existe “isso”, sim. Negar
sempre foi uma forma de esconder o “isso” que existe entre nós. E para dar conta de
tanta negação, e na via oposta, desenvolveu-se uma longa ladainha de um país
marcado por uma suposta e imanente “democracia racial”.
Foi em 1838, logo depois de nossa independência política, que foi fundado o Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro, cujo objetivo central estava inscrito nos termos do
primeiro concurso organizado pelo estabelecimento. Em 1844, abriam-se as portas aos
candidatos que se dispusessem a discorrer sobre uma questão espinhosa, dessa forma
proposta: “Como se deve escrever a história do Brasil”.
Se fácil não fosse, mais fácil ficaria se mudássemos os termos da seguinte maneira:
“como se deve inventar uma história do e para o Brasil”. Tratava-se, portanto, de dar
um pontapé inicial para aquilo que chamaríamos, anos mais tarde, e com a maior
naturalidade, de “História do Brasil”, como se essas narrativas nascessem prontas, a
partir de um ato exclusivo de vontade ou do, assim chamado, destino. Ao contrário,
momentos inaugurais como esses são bons para iluminar os artifícios da cena e seus
bastidores. Nesse caso, o objetivo era criar apenas uma história, e que fosse (por
suposto) nacional, imperial e de quebra carioca.
O primeiro lugar ficou para um estrangeiro; o afamado cientista alemão Carl von
Martius (1794-1868), que advogou a tese de que o país se definia por sua mistura, sem
igual, de gentes e povos: “Devia ser ponto capital para o historiador reflexivo mostrar
como no desenvolvimento sucessivo do Brasil se acham estabelecidas as condições
para o aperfeiçoamento das três raças humanas que nesse país são colocadas uma ao
lado da outra, de uma maneira desconhecida da história antiga, e que devem servir-se
mutuamente de meio e fim”. Utilizando-se da metáfora de um caudaloso rio,
correspondente à herança portuguesa, que acabaria por “absorver os pequenos
confluentes das raças India e Ethiopica”, o Brasil surgia representado a partir da
particularidade das suas etnias misturadas. Se era complicado destacar a imensa
participação negra nesse novo país, já que ela lembrava a escravidão, nem por isso o
Império abriu mão de se autorrepresentar como uma nação caracterizada por sua
coloração distinta, pois, mestiçada.
Segundo a metáfora do naturalista, o Brasil poderia ser definido por meio da imagem
fluvial. Três grandes rios comporiam uma mesma nação: um grande e caudaloso,
formado pelas populações brancas; outro um pouco menor, nutrido pelos indígenas, e
ainda outro, mais diminuto, composto pelos negros. Ali estavam eles, todos juntos,
mas diferentes e separados. Afinal, ficava logo evidente qual era o mais central dos
rios e de que maneira ele se impunha e dominava os demais.
223
De fato, essa era uma ótima forma de “inventar” uma história local: a boa cantilena
das três raças, que continuaria encontrando ressonância entre nós. Tanto que vários
autores repetiriam, com pequenas variações, o mesmo argumento. Silvio Romero em
“Introdução à história da Literatura Brasileira” (1882), Oliveira Vianna em “Raça e
assimilação (1932), Arthur Ramos em “Os horizontes místicos do negro da Bahia (1932)
e assim vamos. Mas foi sobretudo Gilberto Freyre quem tratou de consolidar esse tipo
de teoria, não só em seu clássico, “Casa Grande & Senzala”, (1933), como, alguns anos
depois, em seus livros sobre o lusotropicalismo, como é o caso de “O mundo que o
português criou” (1940). Assim, se foi Arthur Ramos que cunhou o termo “democracia
racial”, e o endereçou ao Brasil, foi Freyre seu maior divulgador, exportando a
expressão (e seu conteúdo) também para o exterior.
A tese de Freyre teve tal repercussão, que chegou até à Unesco, a qual, no final dos
anos 1940, permanecia sob o impacto do racismo e da violência praticados durante a
Segunda Guerra Mundial. Foi assim que, pautada nas teses do antropólogo de Recife, e
na certeza de que o Brasil representava um exemplo de harmonia racial para o mundo,
a instituição financiou uma investigação com a intenção de comprovar a inexistência
“disso” no Brasil.
Mas o resultado foi paradoxal. Enquanto as pesquisas realizadas no Nordeste do Brasil,
feitas, sobretudo, pelo pesquisador norte-americano Donald Pierson (1900-1995),
comprovaram os pressupostos de Freyre, o grupo de São Paulo, liderado por Florestan
Fernandes (1920-1995), concluiu justamente o contrário. O maior legado da escravidão
seria a consolidação de uma profunda e entranhada desigualdade, expressa nas mais
diversas áreas, e que encontrava na “questão racial” um agravante definitivo. Nas
palavras do sociólogo paulista, o brasileiro “teria preconceito de ter preconceito”;
preferia negar, antes de reconhecer e atuar.
SE SABEMOS QUE RAÇA É UM CONCEITO QUE NÃO SE SUSTENTA CIENTIFICAMENTE
(POIS SÓ HÁ UMA RAÇA, A HUMANA), CONHECEMOS O PODER DA “RAÇA SOCIAL”.
AQUELA CONSTRUÍDA PELAS SOCIEDADES, E QUE TEM A CAPACIDADE DE
TRANSFORMAR MERAS DIFERENÇAS FENOTÍPICAS EM DESIGUALDADES DE LARGO
ALCANCE
Aliás, chama atenção a persistência do fenômeno que Florestan Fernandes denominou
de “o mito da democracia racial”, bem como a negação social praticada pelos
brasileiros. Em 2001, realizou-se na Universidade de São Paulo um censo étnico (não
obrigatório) que gerou todo tipo de reação. Muitos se recusaram a responder ao
questionário, enquanto outros se saíram com respostas do tipo: “eu não tenho esse
224
problema”. Ora, quem precisa afirmar que “não tem esse problema” é porque
justamente o tem. Outro exemplo: em pesquisa nacional implementada pela mesma
universidade, no ano de 1988, 96% dos brasileiros disseram não serem racistas, sendo
que 99% dos mesmos respondentes alegaram conhecer, sim, pessoas racistas. E, por
sinal, indicaram relações bem próximas: vizinhos, parentes, namoradas e namorados,
amigos... Mais uma vez a lógica é aquela do “eu não sou isso, mas você é”.
Há, pois, uma imensa proximidade entre a “teoria do isso” de Bolsonaro com esse tipo
de reação, quase estrutural, que faz com que a recusa do preconceito tome a forma de
cegueira nacional. Ou seja, é até possível reconhecer que exista algum tipo de
discriminação, mas ela é sempre um problema do “outro”.
De lá para cá, como se vê, muito e pouco mudou. A cada duas semanas que sento para
escrever minha coluna, novos casos de racismo aparecem, como o que acaba de
ocorrer na Faculdade de Santa Cruz do Sul, onde foram encontradas, nas portas de um
banheiro, pérolas do pensamento racista e uma verdadeira apologia da violência.
“Morte aos negros e fim das cotas para eles”, são mensagens covardes, deixadas por
valentes anônimos, escondidos nos mictórios masculinos.
Também gostaria de lembrar o editorial do jornal O Globo, de 2 de julho de 2018, que
defendeu o fim da política de cotas a partir de uma argumentação, aparentemente,
cheia de boas intenções: “ ... é um equívoco de militantes desconhecer a formação
miscigenada da sociedade brasileira, o que se reflete num convívio no país sem as
tensões existentes em outras sociedades. Este é um patrimônio nacional que deixa
marcas na produção cultura brasileira e precisa ser defendido, protegido. A questão
das cotas raciais é inevitavelmente contaminada pela sua origem: os Estados Unidos,
cuja sociedade tem uma de suas fundações assentada na ideia nada científica de ‘raça’.
Muito diferente do Brasil e de sua formação”.
Quase 200 anos depois, a tese vencedora de Von Martius parece ainda estar na moda.
É possível ler o editorial pelo que ele diz, e, mais uma vez, pelo que não diz.
Miscigenação é patrimônio, no sentido de que precisa ser tombada? Que eu saiba,
esse não é um dado natural da sociedade brasileira, mas antes uma construção social,
e das mais ambivalentes. E a que “miscigenação” o periódico se refere? Afinal, no
Brasil combinamos, perversamente, uma certa inclusão cultural com uma irrefutável
exclusão social. Por fim, como dizer que não existem tensões raciais no país, quando o
Atlas da Violência de 2018 demonstra exatamente o oposto, comprovando que há uma
geração de jovens negros sendo mortos neste exato momento, e várias gerações de
mulheres, sobretudo negras, perdendo suas infâncias por conta da gravidez precoce e
forçada? A questão tem a ver com a pobreza e a desigualdade, como afirma o editorial
225
do jornal carioca, mas basta tomar os dados mais recentes para comprovar como
pobreza tem cor.
Por fim, se sabemos que raça é um conceito que não se sustenta cientificamente (pois
só há uma raça, a humana), conhecemos o poder da “raça social”. Aquela construída
pelas sociedades, e que tem a capacidade de transformar meras diferenças fenotípicas
em desigualdades de largo alcance. É só usando esse conceito que podemos entender
por que essa “nação miscigenada” mantém um padrão de convivência social bastante
reduzido entre brancos e negros. Quem discordar basta fazer sua própria investigação:
entre em algum shopping próximo, escolha um restaurante elegante, observe o
público que frequenta teatros, cinemas e clubes, verifique a cor da clientela de nossas
escolas privadas. Essas e outras instituições vêm demostrando como nós brasileiros
vivemos juntos e separados; juntos mas separados.
É por essas e por outras que o mito da democracia racial, mesmo que desmentido
pelas estatísticas oficiais, continua ativo e em boa forma. Estamos diante da eficácia
simbólica, nos termos do etnólogo Claude Lévi-Strauss. Distante do senso comum, que
vincula a noção de mito com a ideia mentira, o certo é que a força de um mito, sua
eficácia, vem das contradições profundas que o fundam. Justamente, a certeza de que
nosso passado (recente) criou uma sociedade campeã em desigualdade, mas que
insiste em não se dar conta dela. Talvez o nome desse tipo de atitude seja dialética do
isso, ou, então, amnésia nacional.
Lilia Moritz Schwarcz é professora da USP e global scholar em Princeton. É autora,
entre outros, de “O espetáculo das raças", “As barbas do imperador", “Brasil: uma
biografia”, "Lima Barreto, triste visionário" e "Dicionário da escravidão e liberdade",
com Flavio Gomes. Foi curadora de uma série de exposições dentre as quais: “Um
olhar sobre o Brasil”, “Histórias Mestiças”, “Histórias da sexualidade” e “Histórias afroatlânticas". Atualmente é curadora adjunta do Masp. Escreve quinzenalmente às
terças-feiras.
https://www.nexojornal.com.br/colunistas/2018/A-dial%C3%A9tica-do-isso.-Ou-aladainha-da-democracia-racial
REACIONÁRIOS CONSEGUIRAM PAUTAR AS REDES SOCIAIS COM UMA FALSA
POLÊMICA NA ÚLTIMA SEMANA
João Filho, The Intercept Brasil, 22 de Julho de 2018
226
Reprodução: Facebook/Flavio Bolsonaro
“A LEGALIZAÇÃO DA pedofilia no Brasil é uma questão de tempo. Isso vai acontecer
fatalmente”, alertou Olavo de Carvalho, o guru intelectual do mais obscuro
conservadorismo brasileiro em vídeo gravado em 2012. De tempos em tempos, os
reacionários trazem o tema ao debate político, sempre dando um jeito de associá-lo
aos gays e às esquerdas, fabricando a ideia de que estes seriam tolerantes com
pedófilos.
A estratégia não é nova e foi importada da extrema-direita americana, que costuma
recorrer à falácia e nas últimas eleições fabricou o pizzagate — um boato impulsionado
por apoiadores de Trump que acusava Hillary Clinton de liderar um grupo que realizava
orgias sexuais com crianças no porão de uma pizzaria em Washington. No Brasil, um
caso recente se tornou emblemático dessa estratégia: MBL, Alexandre Frota e
companhia reacionária fizeram um enorme escândalo em torno do Queermuseu, uma
exposição de arte acusada de promover, dentre outras coisas, a pedofilia. Na esteira
do episódio, a turma aproveitou para acusar Caetano Veloso de pedófilo, por ter se
casado com Paula Lavigne quando ela ainda não havia alcançado a idade adulta. Eles
conseguiram fazer com que o assunto #CaetanoPedófilo ficasse um bom tempo entre
os assuntos mais comentados no Twitter.
À medida que a eleição se aproxima, integrantes da família Bolsonaro e da sua rede de
apoio parecem cada vez mais dedicados à fabricação dessas falsas polêmicas. Elas
ajudam a acender o fervor maniqueísta do seu eleitorado e o mantém unido contra o
inimigo comum.
227
Na semana passada, Jair Bolsonaro começou a falar sobre pedofilia, um tema incomum
para um candidato à presidência da República, mas que mobiliza o eleitorado
conservador. Sem nenhum motivo aparente, ele compartilhou uma reportagem de
2016 do jornal britânico Independent de forma absolutamente deturpada. As aspas do
psicólogo foram divulgadas como se fosse uma posição editorial do jornal, o que
contribui para a ideia de um grande complô da mídia esquerdista pervertida contra as
famílias de bem.
No dia seguinte, mais um expoente reacionário se encarregou de manter o monstro da
pedofilia pautando o debate público. O humorista e apresentador de TV Danilo Gentili
compartilhou uma notícia falsa do Daily Caller, um conhecido site de fake news
fundado por conservadores que se dedicam a atacar a esquerda e a apoiar Trump.
228
No mesmo dia mais tarde, o filhote mais assustado de Bolsonaro, o Carlos, divulgou a
mesma notícia falsa de Gentili, associando os gays à pedofilia, mas usando outra fonte.
Mesmo alertados, os dois não apagaram as notícias falsas.
Poucos dias depois, Carlos resolveu reacender a tocha do medo e ressuscitou uma
reportagem da Globo News de 2017 sobre pedofilia.
229
Jogando com o imaginário reacionário que acredita piamente que a Rede Globo — e
praticamente toda a grande imprensa — é um veículo de esquerda, Carlos Bolsonaro
compartilhou o vídeo afirmando que a emissora estaria fazendo uma defesa da
pedofilia. A reportagem registra apenas o óbvio: a pedofilia é uma doença. Não se
trata de uma questão de opinião, mas de um fato atestado pela Organização Mundial
da Saúde. Negar que seja uma doença é negar a ciência. É como negar o aquecimento
global, que a terra é redonda ou que os agrotóxicos são nocivos à saúde humana —
negações, aliás, recorrentes no mundo imaginário dessa direita lisérgica. Essa
conclusão da ciência não invalida o fato de que a relação sexual praticado por adulto
com crianças seja um crime, assim como adquirir e armazenar pornografia infantil.
Quem quer que faça essa diferenciação entre crime e doença é automaticamente
acusado de “relativizar a pedofilia” ou de “passar a mão na cabeça de pedófilo”. Há até
quem invente que a “descriminalização da pedofilia” seria uma reivindicação da
esquerda, como profetizou Olavo de Carvalho.
230
Apostando na ignorância que confunde o crime de abuso sexual de menores com a
doença pedofilia, Bolsonaro e sua rede de reaças virtuais forjaram um não-debate.
A nadadora Joanna Maranhão foi uma das vítimas das mentiras espalhadas pela
família Bolsonaro. É surreal imaginar que logo ela, uma estudiosa do assunto, tenha
sido acusada de relativizar a violência sexual contra menores. Joanna foi abusada
sexualmente pelo seu treinador quando tinha 9 anos e hoje comanda uma ONG que
atende crianças vítimas de abuso sexual. Ao tentar esclarecer a diferenças entre crime
e doença no Twitter, Joanna Maranhão teve suas ideias deturpadas por Carlos
Bolsonaro, que, claro, capitalizou em cima do fato dela ser filiada a um partido de
esquerda.
Foi o suficiente para transformar uma mulher que dedica sua vida ao combate do
abuso sexual infantil em alguém que passa pano para abusadores. A turba reacionária
imediatamente passou a atacá-la e ameaçá-la. Mas não são só os bolsonaros e os
gentilis da vida que tentam jogam areia nos olhos da opinião pública para desvirtuar o
231
debate. Há procuradores da República que utilizam as redes sociais para vender a ideia
de que a esquerda é conivente com o abuso sexual de menores. Ficou famoso nas
redes conservadoras um vídeo em que o procurador Guilherme Shelb afirma que o
“Guia Escolar de 2011 da presidente Dilma contempla o princípio da pedofilia” e que a
“pedofilia é um instrumento da revolução”. Em seu livro “Educação Sexual para
Crianças e Adolescentes — limites e desafios”, o procurador explica:
“A pedofilia já é ensinada nas escolas brasileiras. O Ministério da Educação
estabeleceu em seu ‘Guia Escolar’ para professores os seguintes ‘direitos
sexuais’ da criança. (…) Todos estes ‘direitos’ integram a pauta de
interesses do movimento pedófilo, pois em sua visão criminosa o prazer
sexual é um direito da criança.”
Alguns dos direitos que escandalizam o procurador e que ele acredita integrarem os
objetivos sórdidos do “movimento pedófilo” são o direito à privacidade sexual, à
liberdade sexual e ao prazer sexual. Esses direitos fazem parte da educação sexual
para crianças e adolescentes em diversos países do mundo, e têm a ver muito mais
com a sexualidade do que com a prática do sexo em si. Na cabeça dele, educar
sexualmente as crianças é pavimentar caminho para o abuso sexual de menores,
quando na verdade é justamente o contrário. Especialistas apontam que a educação
sexual é a principal ferramenta de enfrentamento da violência sexual contra menores.
Crianças não educadas sexualmente têm dificuldade em diferenciar um toque de afeto
de um toque erotizado, por exemplo, o que dificulta a prevenção e a denúncia em
casos de abuso. O procurador Ailton Benedito, eleito por seus pares para ser chefe da
Procuradoria da República em Goiás, é outro que há muito tempo vem usando as
redes para lutar contra o monstro imaginário da pedofilia esquerdista.
232
233
Com o bueiro destampado pela família Bolsonaro nessa semana, é claro que o nobre
procurador não poderia deixar de se manifestar:
Foi assim que os conservadores brasileiros conseguiram pautar as redes sociais
durante uma semana: apostando na ignorância da população sobre o tema,
distorcendo falas, fabricando mentiras e destruindo reputações. Justamente na
semana em que se fez um balanço de 5 meses da intervenção militar no Rio de Janeiro,
instalada com o apoio de Jair Bolsonaro e da direita conservadora, o monstro da
pedofilia foi usado para incendiar a tropa e desviar a atenção de todos. Em vez de
estarmos discutindo os números da fracassada intervenção, que aumentou o número
de tiroteios, balas perdidas, chacinas e tem baleado crianças e adolescentes, fomos
toureados pela família Bolsonaro e seus joguetes eleitorais. Falta pouco tempo para a
eleição, e a tendência é piorar. Fiquemos atentos.
https://theintercept.com/2018/07/22/como-os-reacionarios-conseguiram-pautar-asredes-sociais-com-uma-falsa-polemica-na-ultima-semana/
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CHILE INVESTIGA 139 RELIGIOSOS POR ABUSOS SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO
INFORMA QUE 66% DAS VÍTIMAS ERAM MENORES DE IDADE E QUE HÁ 34
INVESTIGAÇÕES EM CURSO
Rocío Montes, El País, 24 de julho de 2018
O Ministério Público chileno não dá trégua à Igreja Católica, assolada por uma
profunda crise decorrente dos múltiplos casos de abusos sexuais protagonizados por
religiosos e da forma como sua cúpula lidou com o escândalo. Logo após a realização
de buscas em escritórios da instituição em diversas cidades do país e de o procurador
nacional ordenar a nomeação de promotores para tratar da questão em cada região
do Chile, o Ministério Público revelou na segunda-feira um inédito cadastro dos casos
de abusos clericais sob investigação. O relatório, que abrange fatos entre 1960 e o
presente, mas que se refere apenas a processos abertos depois da entrada em vigor de
uma reforma do processo penal na década passada, indica que 158 pessoas ligadas à
instituição foram investigadas, sendo 139 religiosos, 10 laicos que ocupavam cargos
pastorais e outras nove próximas a alguma instituição eclesiástica, sobre as quais não
há maiores detalhes.
Trata-se de 144 ações penais em todas as regiões do Chile, embora a maior incidência
de abusos denunciados seja na capital, Santiago, e nas regiões de Biobío (sul) e
Valparaíso (centro). Entre os 139 religiosos investigados há 74 bispos, sacerdotes e
diáconos sem congregação e outros 65 que pertencem a alguma (16 salesianos e 15
maristas).
“Em sua grande maioria os fatos denunciados correspondem a delitos sexuais
cometidos por sacerdotes, párocos ou pessoas vinculadas a estabelecimentos
educacionais. Também existem cinco casos por acobertamento ou obstrução da
investigação contra superiores de congregações ou bispos encarregados de uma
determinada diocese”, afirma o documento do Ministério Público chileno.
A Igreja Católica chilena enfrenta uma crise profunda por causa do histórico expurgo
ordenado pelo Vaticano. No começo do ano, a polêmica visita do Papa ao país sulamericano terminou com uma exortação do Supremo Pontífice à renovação de uma
instituição marcada pelos casos de abusos sexuais e acobertamentos. Até agora,
Francisco aceitou cinco renúncias das 34 que lhe foram apresentadas em bloco em
maio passado. Mas, paralelamente, continuam sendo conhecidas novas tramas e casos
relevantes, como a detenção do padre chileno Oscar Muñoz, indiciado por estupro e
abusos sexuais reiterados contra menores, e que até janeiro passado era o chanceler
da arquidiocese de Santiago e, portanto, parte da cúpula. Nesse papel, que exerceu a
235
partir de 2011, provavelmente conhecia em primeira mão os casos de abusos sexuais
que eclodiam na instituição, incluindo a trama de maior simbolismo, a do influente
Fernando Karadima.
O Ministério Público vem realizando ações ousadas: há alguns dias, decidiu pedir ao
Vaticano que lhe envie o relatório elaborado pelos enviados especiais do papa
Francisco ao Chile, Charles Scicluna e Jordi Bertomeu, a respeito dos abusos sexuais
cometidos por membros da Igreja chilena. “A definição do Ministério Público é
investigar todas as denúncias, independentemente de os crimes estarem ou não
prescrito, porque as vítimas têm o direito de serem escutadas pela Justiça”, afirmou
nesta segunda-feira Luis Torres, diretor da Unidade Especializada em Direitos
Humanos, Violência de Gênero e Crimes Sexuais do Ministério Público Nacional.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/23/internacional/1532375740_033049.html
SUS GASTA R$ 500 MILHÕES COM COMPLICAÇÕES POR ABORTO EM UMA DÉCADA. DE
2008 A 2017, SUS GASTOU R$ 486 MI COM INTERNAÇÕES PARA ESSES TRATAMENTOS
Cláudia Collucci e Flávia Faria, Folha/Uol, 29 de julho de 2018
Em uma década, o SUS gastou R$ 486 milhões com internações para tratar as
complicações do aborto, sendo 75% deles provocados. De 2008 a 2017, 2,1 milhões de
mulheres foram internadas.
No intervalo, embora o número de internações tenha caído 7%, as despesas
hospitalares subiram 12% em razão da gravidade dos casos. Em quase um terço deles,
houve sérias complicações após o aborto, como hemorragias e infecções. Ao menos
4.455 mulheres morreram de 2000 a 2016.
O levantamento inédito obtido pela Folha consta de relatório do Ministério da Saúde
que deve subsidiar o STF (Supremo Tribunal Federal) em ação que pede a
descriminalização do aborto até 12ª semana de gestação.
A ministra Rosa Weber, relatora da ação, marcou para 3 e 6 de agosto audiência
pública sobre o processo. Serão 44 expositores, entre grupos ligados a igrejas, ONGs,
universidades, sociedades médicas e o próprio ministério.
236
A ação, da ONG Anis-Instituto de Bioética e do PSOL, argumenta que a proibição viola
direitos fundamentais previstos na Constituição, como o direito à dignidade, à
cidadania e à vida. Isso porque milhares de mulheres colocam suas vidas em risco
ao buscar a interrupção ilegal da gravidez.
Já os grupos contrários à descriminalização argumentam que a vida é inviolável em
qualquer estágio. A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em nota, diz
defender a “integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a
concepção até a morte natural”.
Lenise Garcia, professora da UnB e presidente do Movimento Brasil sem Aborto,
afirma que muitas vezes a interrupção da gravidez não é uma opção da mulher, mas
ela o faz por imposição masculina e por falta de apoio.
“O que ela quer é ajuda, compreensão. A solução tem que estar na base, com mais
educação e apoio da família”, diz ela, outra expositora no STF.
Em nota, o Ministério da Saúde informa que não se posicionará sobre a
descriminalização, mas que subsidiará o debate com dados de saúde pública. Porém,
em texto enviado ao STF, alega que está vez mais difícil diminuir as mortes por aborto
se não “houver renovação da política pública que considere reduzir restrições à
interrupção da gestação.”
“A ilegalidade [do aborto] não impede sua prática, no entanto, afeta drasticamente o
acesso a um procedimento seguro, impondo maior risco de complicações e de morte
materna evitável.”
Estima-se que de 950 mil a 1,2 milhão de abortos sejam feitos por ano no Brasil, onde
há permissão legal apenas nos casos de estupro, de risco para a vida da mulher e de
anencefalia do feto — por decisão do próprio Supremo, de 2012.
Rosa Weber já se manifestou a favor da descriminalização até o terceiro mês de
gestação em julgamento da 1ª Turma do STF em 2016, assim como os ministros Luiz
Edson Fachin e Luís Roberto Barroso.
237
238
Se, por um lado, o uso do misoprostol — pílula abortiva, em grande parte, comprada
no mercado paralelo — tornou o aborto uma prática menos arriscada, levando à
queda do número de internações, por outro, mulheres de menor nível socioeconômico
tendem a fazer uso errado ou tardio do remédio, o que torna a prática arriscada.
Associado a isso, elas demoram em procurar o hospital e, quando o fazem, não
relatam a prática do aborto ao médico, atrasando intervenções que poderiam reduzir
as complicações e evitar a morte.
“Elas sangram, adoecem, mas resistem em procurar socorro”, diz a antropóloga
Debora Diniz, professora da UnB (Universidade de Brasília) e pesquisadora da Anis.
E por que a demora? “Pelo medo de os profissionais de saúde as denunciarem, pelo
medo do estigma do aborto. Não é o aborto que as mata, mas os efeitos da
criminalização”, diz ela, que será uma das expositoras na audiência.
As complicações por aborto consomem mais recursos de saúde — como
medicamentos caros, bolsas de sangue, centro cirúrgico e leito de UTI.
239
Por ano, são mais de 15 mil mulheres internadas por pelo menos quatro dias, das quais
5.000 com complicações graves. Nesses casos, o custo hospitalar é 317% maior em
relação aos que não complicaram.
Em média, 262 mulheres morrem anualmente por essas complicações. “São mortes
quase 100% evitáveis, que só ocorrem por falta de acesso a um procedimento seguro,
com assistência. Acontecem no auge da vida produtiva dessa mulher que, em geral,
deixa órfãos outros filhos” diz o médico Rodolfo Pacagnella, da comissão de
mortalidade materna da Febrasgo (federação das sociedades de ginecologia e
obstetrícia).
O número de mortes, contudo, é subestimado. Estudo da Fiocruz que avaliou 770
mortes maternas por aborto registradas de 2006 a 2015 aponta que ele pode ser 31%
maior.
Foram identificados 195 casos de óbito cujos registros citavam o aborto no histórico,
mas que não o tinham como causa principal da morte.
Segundo Greice Menezes, médica epidemiologista e professora da UFBA (Universidade
Federal da Bahia), muitas vezes, os registros oficiais atestam que a mulher morreu de
sepse (infecção generalizada) ou peritonite (inflamação no tecido do abdômen), sem
citar que essas complicações estavam relacionadas a um aborto anterior.
240
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/07/sus-gasta-r-500-milhoes-comcomplicacoes-por-aborto-em-uma-decada.shtml
DESIGUALDADE PELA RENDA E COR DA PELE É EXPOSTA EM ABORTOS DE RISCOS NO
PAÍS. TÉCNICAS CASEIRAS E PERIGOSAS SÃO USADAS EM ESPECIAL POR PRETAS,
PARDAS E POBRES
Cláudia Collucci e Júlia Barbon, Folha/Uol, 29 de julho de 2018
Uma fez o aborto em casa e morreu. A outra procurou uma clínica particular e no dia
seguinte já estava trabalhando. Se a vontade era a mesma — não ter o filho que
carregavam na barriga—, as diferenças entre elas eram três: cor, renda e escolaridade.
As histórias da babá Ingriane Oliveira, 31, e da jornalista Fabiana (nome fictício), 41,
refletem o caráter desigual dos riscos do aborto no Brasil, maiores entre pretas, pardas
e pobres que estudaram pouco, como indica relatório do Ministério da Saúde.
241
Enquanto entre mulheres brancas a taxa é de 3 óbitos causados por aborto a cada 100
mil nascidos vivos, entre as negras esse número sobe para 5. Para as que completaram
até o ensino fundamental, o índice é de 8,5, quase o dobro da média geral de 4,5,
segundo dados de 2016.
No caso de Ingriane, que morava em uma área pobre em Petrópolis (região serrana do
RJ), a agonia durou quatro dias. De calafrios e fortes dores após o aborto, ela passou
para um quadro de fraqueza e dificuldade na respiração. Só então procurou um
hospital, com medo de que a família a julgasse caso descobrisse o real motivo de
seu estado.
Não deu tempo de explicar à irmã por que estava ali. A única coisa que disse antes de
apagar foi “eu vou morrer”, o que acabou acontecendo uma semana depois, em maio.
A causa foi um talo de mamona. O galho da planta é ainda usado em abortos caseiros
para provocar a contração uterina e a expulsão do feto. No caso de Ingriane, causou
uma inflamação do endométrio (mucosa que reveste o útero) e infecção generalizada.
Foi a última saída que a babá, grávida havia quatro meses, encontrou. O irmão
Natanael Barbosa, 28, acredita que a falta de apoio do pai da criança foi a principal
razão. “Em mensagens ela dizia que queria ter o filho, que ia comprar o enxoval, mas
ele não queria”, conta o pedreiro e pastor.
Ingriane não quis reviver, acha ele, os mesmos desafios pelos quais passou para criar
seus outros três filhos, hoje com 9, 7 e 2 anos de idade. O pai dos dois mais velhos
nunca pagou pensão, e o pai do mais novo até dá uma mensalidade, mas não é
presente. Agora as crianças estão morando com a avó e o marido.
A babá gastou mais do que podia para realizar o procedimento clandestino. Barbosa
diz que sua conta estava no vermelho. Segundo o delegado André Prates,
há discrepância no valor: a mulher que admitiu ter inserido a mamona, hoje presa
preventivamente, afirmou que cobrou R$ 300. Em uma mensagem, a grávida disse
ao pai do bebê que seriam R$ 2.000.
Ingriane estava feliz com os filhos, a família e o novo emprego, diz o irmão. A mulher
que só estudou até a sexta série e passou a trabalhar aos 18, como empregada
doméstica, cozinheira e em outras funções, tinha conseguido a vaga de babá havia dois
meses.
“Ela era muito animada. Chegava na casa da nossa mãe e conseguia alegrar todo
mundo”, conta. Ela sonhava em terminar de pagar a casa própria em dezembro e tirar
242
uma carteira de habilitação em janeiro. Mas não conseguiu.
Pesquisa Nacional sobre Aborto, realizada em 2016, mostrou que no Brasil, 1 em cada
5 mulheres aos 39 anos de idade já fez aborto —67% têm filhos, 88% declaram ter
religião e as maiores taxas estão entre negras e indígenas, de menor instrução, do
Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país.
Segundo Greice Menezes, médica epidemiologista da UFBA (Universidade Federal da
Bahia), o perfil das mulheres que abortam é muito distinto daquela percepção que
alimenta o senso comum, “de que só abortam as que exercem a sexualidade de forma
irresponsável, que têm acesso à contracepção fácil e não usam”.
A gravidez inesperada da jornalista Fabiana, aos 27 anos, por exemplo, ocorreu no
momento que ela estava em tratamento de um tumor na hipófise, que tinha cessado a
menstruação e, segundo os médicos, a deixado infértil.
Paralelamente a isso, o casamento já caminhava para o fim. “Nunca quis ter filhos.
Quando o exame de gravidez deu positivo, quase tive um troço. Comecei a chorar
desesperadamente e já tomei a decisão: ‘Vou tirar’.”
Mas não foi tão fácil assim. “Fui e voltei três vezes da clínica. Tinha medo de morrer
durante o procedimento. Na terceira vez, até pensei em ter o bebê. Mas a atitude
do meu ‘namorido’ me desencorajou e ali eu percebi que estava sozinha”, relata.
No dia marcado para a interrupção da gravidez, uma sexta-feira de 2004, Fabiana
chegou cedo à clínica na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. Recebeu uma sedação
leve. “Acordei na hora do almoço sentindo uma coliquinha. O primeiro sentimento foi
de alívio de não estar mais grávida e de estar viva.”
À época, pagou R$ 1.400 pelo procedimento, que incluiu retorno uma semana depois
para avaliação médica. “No dia seguinte, eu estava ótima. Fiquei trabalhando em
casa porque tinha faltado no trabalho no dia anterior.”
Fabiana conta que nunca se arrependeu do que fez, mas que até hoje o episódio
desperta fortes sentimentos. Por exemplo, fica incomodada quando as amigas
mostram o ultrassom de seus bebês, porque isso remete ao exame que fez antes do
aborto. “O som daquele coraçãozinho batendo está na minha cabeça até agora.”
Um ano depois da interrupção da gravidez, o casamento acabou de vez e ela
desenvolveu síndrome do pânico. “Não é uma experiência boa para nenhuma mulher.
243
É difícil passar por isso sem sobrar sequelas psicológicas. Mas o inaceitável é ver
mulheres morrendo por não terem tido a assistência que eu tive.”
A Folha obteve três relatórios médicos de mulheres que morreram por complicações
de abortos provocado em 2016 e 2017. Todas eram jovens, pobres, negras e com
filhos, perfil muito parecido ao da babá Ingriane Oliveira.
A cabeleireira M.L.D., 26, fez aborto em uma clínica clandestina no Espírito Santo. Ao
ser levada ao hospital já com infecção grave, passou por curetagem para eliminar
restos da placenta. Com a piora, seu útero foi retirado. Sofreu choque séptico e
falência de múltiplos órgãos, morrendo em 15 dias. Deixou quatro filhos.
G.S.L., 34, de Goiás, chegou ao hospital com forte infecção e dificuldade de respirar.
Um ultrassom apontou um aborto infectado de 15 semanas. Fez curetagem, teve o
útero retirado. Após sofrer insuficiência respiratória e choque séptico, morreu. Tinha
três filhos.
V.F.S, 29, de Pernambuco, engravidou mesmo usando anticoncepcional. Com dores e
sangramento intenso, foi dispensada duas vezes do hospital em greve. Na terceira, ao
desmaiar, foi levada a uma maternidade, onde se constatou aborto infectado de
gestação de 16 semanas.
Após a curetagem, V. sofreu uma parada cardiorrespiratória e foi entubada. Morreu
enquanto esperava vaga de UTI em uma outra maternidade. Deixou três filhos.
Segundo Greice Menezes, da UFBA, há uma série de entraves que postergam a ida
dessas mulheres aos serviços de saúde. “Em geral, são muito pobres, têm
outros filhos para cuidar, não podem faltar no trabalho.”
Além disso, ao chegar aos serviços de saúde, sofrem uma série de violências verbais e
físicas. “Elas demoram para serem atendidas, são ameaçadas de denúncias à polícia,
não são informadas sobre os procedimentos médicos e algumas relatam até que
profissionais de saúde lhes mostraram restos do feto, como punição”, diz Greice.
Em nota, o Ministério da Saúde diz que o SUS vem ampliando a qualificação da
atenção à saúde das mulheres por meio do planejamento familiar, da capacitação de
profissionais de saúde e da humanização da atenção ao abortamento e redução de
complicações obstétricas.
[A matéria traz os mesmos gráficos e mapa da matéria imediatamente anterior: SUS
GASTA R$ 500 MILHÕES COM COMPLICAÇÕES POR ABORTO EM UMA DÉCADA. DE
244
2008 A 2017, SUS GASTOU R$ 486 MI COM INTERNAÇÕES PARA ESSES TRATAMENTOS
(Cláudia Collucci e Flávia Faria, Folha/Uol, 29 de julho de 2018)]
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/07/desigualdade-pela-renda-e-cor-dapele-e-exposta-em-abortos-de-riscos-no-pais.shtml
TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE AS REGRAS ATUAIS DO ABORTO NO PAÍS E O QUE PODE
MUDAR. SUPREMO AVALIARÁ A DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO PARA GESTAÇÕES
DE ATÉ 12 SEMANAS
Flávia Faria, Folha/Uol, 29 de julho de 2018
Levantamento do Ministério da Saúde mostrou que, de 2008 a 2017, foram
provocados entre 9 e 12 milhões de abortos no Brasil. Nesse mesmo período,
o SUS gastou cerca de R$ 486 milhões com internações por aborto.
A legalização do procedimento para gestações de até 12 semanas está atualmente em
discussão no STF, mas ainda não há data para o julgamento.
Abaixo, confira perguntas e respostas sobre aborto no Brasil.
Em que situações o aborto é permitido no Brasil?
Em três tipos gravidez: a decorrente de estupro, a que cause risco à vida da mulher ou
a de feto anencéfalo.
Pode haver aborto legal sem o consentimento da mulher?
É necessár io que a mulher autorize o procedimento. A única exceção é caso a
continuidade da gravidez ofereça risco de vida, e a gestante esteja impossibilitada de
manifestar seu consentimento. Se a gestante for menor de idade, é necessária
autorização dos pais ou de representantes legais
É necessário comprovar o estupro para ter acesso ao aborto em uma unidade de
saúde?
245
Não. Nem é necessário apresentar boletim de ocorrência, exame do IML ou mesmo
autorização judicial. Basta procurar uma unidade de saúde que realize o procedimento
(em São Paulo, é o Hospital Pérola Byington). Se não houver o serviço na cidade de
residência, a mulher deve ser encaminhada a outro município em que haja unidade de
saúde habilitada fazer o procedimento
Em caso de feto anencéfalo, é necessária autorização judicial para a realização do
aborto?
Não, o procedimento pode ocorrer independentemente de autorização do Estado. É
necessário, para isso, apresentação de exame específico que comprove a má formação
e laudo assinado por dois médicos
Um médico pode se recusar a fazer um aborto legal?
Norma técnica do Ministério da Saúde e o Código de Ética Médico garantem ao
profissional o direito de se recusar a fazer o procedimento. Entretanto isso só pode
acontecer se não houver risco à saúde da mulher e se houver outro médico disponível
para fazer o procedimento
Um médico que atende uma mulher que chega à unidade de saúde com
complicações do aborto pode denunciá-la à polícia?
Não. Isso é vetado pelo Código Penal, que considera crime "revelar alguém, sem justa
causa, segredo de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão,
e cuja revelação possa produzir dano a outrem". O Código de Ética Médica, por sua
vez, reforça a proibição do rompimento do sigilo médico e ressalta que "na
investigação de suspeita de crime, o médico estará impedido de revelar segredo que
possa expor o paciente a processo penal".
O que está em discussão no STF?
Uma ação proposta pelo PSOL pede a d escriminalização do aborto para gestações de
até 12 semanas. Na sexta (3) e na segunda (6), haverá audiências públicas em que
diferentes representantes da sociedade falarão sobre o tema. Ainda não há data para
o julgamento.
246
Quais os principais argumentos para a legalização do aborto?
O principal, para além da d efesa do direito de escolha da mulher, é a questão de
saúde pública. Os números indicam que a proibição não faz com que mulheres
deixem de abortar, apenas torna o procedimento arriscado. Isso é especialmente
sensível no caso de mulheres pobres, que, por falta de recursos, recorrem a métodos
extremamente perigosos, que podem levar a infecções, perda do útero e à morte.
Além disso, o custo da realização do procedimento de forma segura é muito menor do
que os custos com internações por complicações causadas por abortos inseguros. Em
suma, os defensores da legalização afirmam que a proibição é pouco eficiente para
impedir abortos, mas muito eficiente para matar mulheres.
E quais os contrários?
O princípio da inviolabilid ade do direito à vida. Os grupos favoráveis à proibição,
muitos deles religiosos, consideram que a vida existe desde a concepção e que o
direito do feto de nascer é maior do que o da mulher de decidir pela interrupção da
gravidez. Muitas entidades são a favor de mais programas de apoio financeiro e
psicológico às mulheres grávidas, de modo que possam ter uma gestação saudável,
com acesso aos serviços de saúde para que o bebê se desenvolva. Há também a defesa
de que haja mais incentivo para que as mulheres que não queiram criar seus filhos
possam entregar os bebês para adoção com segurança. Vale ressaltar que nem todos
os grupos favoráveis à criminalização do aborto são contrários à realização do
procedimento nos casos já previstos em lei.
Fontes: Ministério da Saúde, Conselho Federal de Medicina, Supremo Tribunal Federal,
Defensoria Pública de São Paulo e Código Penal
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/07/tire-suas-duvidas-sobre-as-regrasatuais-do-aborto-no-pais-e-o-que-pode-mudar.shtml
OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA
SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL
Reportagem Bianca Borges. Uol TAB, 30 de julho de 2018
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https://tab.uol.com.br/trans-escola
https://tab.uol.com.br/trans-escola/#os-muros-da-escola
https://drive.google.com/file/d/1s8gZWyZMg3ip6JIAz546mmu8zSfXByC/view?usp=sharing
OPINIÃO: CASAMENTO GAY EM CUBA, UMA DÍVIDA ADIADA. OS PRECONCEITOS QUE
ALIMENTARAM POR DÉCADAS A HOMOFOBIA NA ILHA SEGUEM VIVOS E PODEM
ATRASAR A APROVAÇÃO DAS UNIÕES ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO, OPINA O
DRAMATURGO ABEL GONZÁLEZ
Abel González Melo, Deutsche Welle, 26 de julho de 2018
Nos últimos dias, o Parlamento cubano debateu mudanças na Constituição. A
imprensa internacional e as organizações que defendem direitos LGBT+ repercutiram a
modificação que lida com o reconhecimento do casamento igualitário. Com efeito, o
casamento já não se limita à união "entre um homem e uma mulher", mas "entre duas
pessoas". Ao não definir o gênero das partes, o novo texto abre o conceito de
casamento para a união entre dois homens ou duas mulheres.
No entanto, a partir do mesmo debate, ficou claro que a nova Constituição está apenas
abrindo a porta para uma legislação posterior que ainda deve implementar legalmente
a possibilidade deste tipo de união. Foi também perceptível a preocupação por parte
de alguns deputados sobre questões derivadas da legalização do casamento gay como
base para a formação de uma família, seja através da adoção de crianças ou por meio
de reprodução assistida.
O fato de que os mesmos deputados que aprovaram o documento se coloquem de
antemão contra os direitos dos cônjuges de fundar uma família e criar seus próprios
filhos é uma indicação de preconceitos disfarçados. São os mesmos preconceitos que
alimentaram a homofobia e a discriminação por causa da preferência sexual, os
mesmos que levaram à perseguição e à segregação de homossexuais e seu
internamento em campos de trabalho e nas infames unidades militares de apoio à
produção (conhecidas pela sigla Umap).
Para que um casamento igualitário seja possível em Cuba, a Carta Magna deve ser
ainda ser submetida a um referendo antes de sua aprovação final. Posteriormente,
toda a regulamentação jurídica deve ser estabelecida para garantir essa possibilidade
real. Mas em meio ao júbilo, é necessário ter em mente a persistência dos
248
preconceitos – que já ficaram mais visíveis desde as recentes sessões do Parlamento –
porque tal resistência pode atrasar ou limitar significativamente o status efetivamente
igualitário dessas uniões.
Mariela Castro (filha de Raúl Castro que atua como ativista LGBT) disse que a
concessão de direitos a pessoas que nunca puderam contar com eles não implica na
remoção desses mesmos direitos para as pessoas que já contavam com eles. Só que
todos os preconceitos historicamente herdados e que foram alimentados
institucionalmente até muito recentemente podem despertar ressentimento naqueles
que se sentiam "protegidos" pelo não reconhecimento das uniões entre pessoas do
mesmo sexo.
O casamento também gera implicações em relação à posse de bens móveis e imóveis e
tudo relacionado à herança. E essas mesmas implicações deveriam afetar o casamento
gay. Até hoje, em Cuba, a união entre duas pessoas do mesmo sexo não implica em
qualquer direito. É comum no caso da morte de um membro do casal – a menos que
vontade seja oficializada em cartório – que todos os bens do morto sejam repassados
não para o parceiro, mas para parentes distantes, que muitas vezes tinham brigado
com o falecido precisamente por causa da sua orientação sexual e que consideram o
viúvo ou viúva um intruso que deve desaparecer. Este é apenas um dos possíveis
problemas ligados a essa questão tão controversa.
Outras questões ainda precisam ser respondidas: como vai ser o reconhecimento das
uniões daqueles que se casaram com pessoas do mesmo sexo fora de Cuba, em países
onde essas uniões já são legais há muitos anos? Como isso vai ser tratado no caso de
um casamento entre dois cubanos? Ou entre um cubano e um estrangeiro? Quais vão
ser as consequências dessas uniões do ponto de vista migratório, do direito
trabalhista, do código familiar? Até que ponto vai o caráter igualitário de tais uniões?
De ter e criar seus próprios filhos?
Abel González Melo, nasceu em Cuba em 1980. É dramaturgo e diretor de teatro. Suas
peças foram publicadas e encenadas na Espanha, Itália, França, Estados Unidos,
Argentina, México, Turquia e Cuba.
https://www.dw.com/pt-br/opini%C3%A3o-casamento-gay-em-cuba-umad%C3%ADvida-adiada/a-44824390
https://p.dw.com/p/324s2
249
APÓS DÉCADAS DE SILÊNCIO, FREIRAS ENFRENTAM TABU E RELATAM ABUSOS DE
PADRES
Nicole Winfield, Associated Press reproduzida pelo Uol, 30 de julho de 2018
Esta freira não se sente mais à vontade no confessionário, desde que um padre
italiano a atacou enquanto ela estava em um dos momentos mais íntimos e
delicados: ela se confessava de seus pecados em uma sala de aula na
universidade há quase 20 anos.
Naquela época, a freira somente contou o que aconteceu a seu superior e seu
diretor espiritual e foi silenciada pela cultura de segredos da Igreja Católica, pelos
votos de obediência e pelos sentimentos de medo, repulsa e vergonha.
Ele abriu uma grande ferida dentro de mim. Eu fingi que não tinha acontecido
Depois de décadas de silêncio, a freira é uma das muitas que tornaram pública uma
questão que a Igreja Católica fingiu não ver: o abuso sexual de freiras por padres e
bispos.
Uma investigação da AP descobriu que casos surgiram na Europa, na África, na
América do Sul e na Ásia, o que mostra que o problema é global e extenso, em
grande parte devido a uma tradição em que as mulheres são vistas como pessoas
de segunda categoria e à subordinação perante os homens que as chefiam.
Algumas freiras deram as caras, impulsionadas pelo movimento #MeToo e o
crescente reconhecimento de que os adultos podem ser vítimas de abuso sexual
quando há desequilíbrio de poder em um relacionamento. As freiras tornaram
públicos seus casos, em parte, devido a anos de falta de ação por oficiais da igreja,
mesmo quando foram relatados estudos sobre o problema na África ao Vaticano na
década de 1990.
A questão ganhou destaque no contexto de escândalos envolvendo o abuso sexual
de crianças e, mais recentemente, adultos, incluindo revelações de que um dos
cardeais norte-americanos mais proeminentes, Theodore McCarrick, abusava
sexualmente e assediava seminaristas.
A extensão do abuso não está clara, pelo menos fora do Vaticano. As vítimas estão
relutantes em denunciar com medo de que ninguém vá acreditar. Os líderes da
250
igreja estão relutantes em reconhecer que alguns sacerdotes e bispos
simplesmente ignoram seus votos de celibato, sabendo que seus segredos não
serão revelados.
Nesta semana, freiras de uma pequena congregação religiosa do Chile tornaram
públicas suas histórias de abuso por padres e outras freiras na televisão nacional.
Elas relataram que seus superiores não fizeram nada para impedir.
Recentemente, na Índia, uma freira registrou uma queixa na polícia de estupro
contra um bispo, algo que há um ano era impensável.
Na África, os casos surgem periodicamente. Em 2013, por exemplo, um renomado
padre ugandense escreveu uma carta a seus superiores em que ele falou de
"sacerdotes que têm relações amorosas com freiras". Ele foi suspenso e até fez um
pedido de desculpas em maio.
"Estou triste que tenha demorado tanto tempo para esses casos virem à luz, porque
as queixas foram feitas há algum tempo", disse à AP Karlijn Demasure, uma das
principais especialistas em abuso sexual igreja e abuso de poder. "Espero que
agora sejam tomadas medidas para cuidar das vítimas e pôr fim a esses abusos."
O Vaticano se recusou a comentar as medidas que tomou, se é que houve alguma.
Uma autoridade disse que os líderes das igrejas locais são responsáveis por punir
padres que abusam sexualmente das freiras, mas que esses crimes muitas vezes
ficam impunes em tribunais civis e canônicos. O funcionário não quis se identificar
porque não estava autorizado a falar sobre o assunto publicamente.
O principal obstáculo enfrentado pelas freiras abusadas é a dificuldade de ser
levada a sério, de acordo com Demasure, que até recentemente era diretoraexecutiva
do Centro para a Proteção da Criança na Pontifícia Universidade
Gregoriana, a principal organização da igreja que lida com este tema.
"[Os sacerdotes] sempre dizem que 'elas que desejavam fazer'", disse Demasure.
"É difícil deixar de lado a impressão de que é sempre a mulher quem seduz o homem,
e não o contrário".
Enquanto contava à reportagem sobre um incidente no 2000, quando foi atacada
por um padre a quem se confessava, Demasure agarrava seu rosário.
A freira disse que ela e o padre estavam sentados de frente um para o outro em
uma sala de aula na universidade. A certa altura, o padre levantou-se e tentou violála.
251
Pequena, mas forte, ela o empurrou e o tirou de cima dela.
Então a confissão continuou. Mas o incidente e um episódio em que outro padre fez
insinuações sexuais um ano depois, a levou a não se confessar novamente.
O local da confissão deve ser um lugar de salvação, liberdade e misericórdia. Por causa
dessa experiência, a confissão tornou-se um lugar de pecado e abuso de poder.
Freira abusada em Bolonha
Ela afirmou que em uma ocasião um padre a quem ela contou o que aconteceu lhe
ofereceu um pedido de desculpas "em nome da igreja". Mas disse que nenhuma
ação foi tomada contra seu agressor, que era um proeminente professor
universitário.
A mulher contou sua história à AP sem saber que naquele momento o funeral do
padre que tentou abusar dela 18 anos atrás estava ocorrendo.
A freira disse que a morte do padre combinada com sua decisão de mostrar seu
rosto tirou um grande peso de suas costas.
"Eu me libero duas vezes: me livro do peso da vítima e da mentira e estupro de um
padre", disse ela. "Espero que isso ajude outras freiras a se libertarem e tirarem
esse peso."
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2018/07/30/apos-decadasde-silencio-freiras-relatam-terem-sido-abusadas-por-padres.htm
O FEMINISMO ME LEVOU A SER INVENCÍVEL, DIZ ATIVISTA PAQUISTANESA. AISHA
SARWARI LUTA PARA QUE MULHERES DE SEU PAÍS NÃO SEJAM PROPRIEDADE DE
HOMENS
Carolina Vila-Nova, Folha/Uol, 29 de julho de 2018
A jornalista e ativista paquistanesa Aisha Sarwari, 37, está fazendo uma proposta
ousada para suas conterrâneas: que assumam o controle de seus direitos sexuais. A
252
definição vai além do prazer sexual: é sobre as mulheres “não serem propriedade de
nenhum homem”.
Sarwari é cofundadora do Women’s Advancement Hub (WHA; Centro para o Avanço
das Mulheres), organização que trabalha pelos direitos da mulher em setores como
mobilidade, assédio online e saúde, e cede sua plataforma na internet para que
mulheres ao redor do Paquistão contem suas histórias.
Segundo maior país muçulmano do mundo e dono de uma sociedade patriarcal, o
Paquistão tem um sistema misto de legislação civil e islâmica. A Constituição
reconhece a igualdade entre homens e mulheres, mas a lei da sharia também é válida.
O “purdah”, válido em várias regiões, estabelece os preceitos de isolamento da mulher
(em casa e/ou com uso de vestimentas específicas).
Pela “vani”, uma criança é dada em casamento para resolver disputas entre clãs.
A lei de “zina” não admite a figura do estupro marital e determina que a mulher que
não conseguir provar que foi estuprada seja acusada de adultério. Para ser condenado,
ou o homem tem de confessar ou quatro homens “religiosos” (muçulmanos) devem
ter testemunhado o “ato de penetração” e acusá-lo.
Uma tentativa de aumentar a idade legal de casamento de 16 anos para 18 anos foi
barrada recentemente na Assembleia Nacional. Ativistas estimam que ocorram 1.000
assassinatos por “honra” por ano.
Se você tivesse de destacar o principal desafio enfrentado por mulheres hoje no
Paquistão, qual seria?
O extremismo religioso. Essa visão e interpretação singulares da religião que se define
por meio do controle da mulher são muito prejudiciais ao avanço das mulheres no
Paquistão. Claro que esse não é o único problema; valores culturais e tradicionais
enraizados no subcontinente também são muito retrógrados e definem a estrutura
hierárquica quando se trata dos papéis dos gêneros, independente dos valores
religiosos.
Sua organização faz a declaração ousada de que as paquistanesas devem assumir o
controle de seus direitos sexuais. Como você entende esses direitos e como essa
mensagem tem sido recebida pela sociedade?
253
Como definimos, os direitos sexuais têm menos a ver com o acesso da mulher ao
prazer sexual, por exemplo. O que queremos é que as mulheres não sejam mortas por
recusar um pretendente, que se casem por escolha própria, que possam querer não
ter filhos ou não ter mais filhos, que não sejam envergonhadas por quererem fazer um
aborto, que possam se recusar a fazer sexo com seus maridos, que possam protestar
contra a violência sexual ou que não sejam caracterizadas como sendo más mães
porque procuraram emprego.
Em suma, não serem propriedade de nenhum homem.
Essas áreas estão ganhando espaço, mas em círculos restritos, infelizmente. O que
queremos é que isso transcenda para movimentos de base, que adotem a linguagem
local e falem com mulheres de todas as classes.
Que elo você faz entre mobilidade e empoderamento no contexto paquistanês?
Todo empoderamento da mulher vem de sua mobilidade. Falei com inúmeras
mulheres, de zonas rurais e urbanas, e uma palavra no léxico delas, repetida diversas
vezes, é “permissão”. Elas constantemente pedem permissão para fazer compras,
trabalhar, vender um produto ou serviço, levar as crianças para a escola ou visitar a
família.
A sociedade paquistanesa acredita que o lugar da mulher é dentro de casa.
Independentemente da classe, a mobilidade da mulher é considerada frívola e
negociável. O argumento é que o espaço público é violento e antifeminino. E é. Isso é
verdade. Mas o que queremos é resolver isso ao torná-lo mais seguro e inclusivo. O
que não queremos é que o patriarcado prolifere porque é mais fácil confinar as
mulheres do que impedir a violência contra elas.
A WAH sugere “nuances” nas soluções para garantir um espaço público para as
mulheres. Quais seriam elas?
O primeiro princípio da nuance é o pragmatismo. Muitas vezes, na nossa tentativa de
ajudar as mulheres a exercer sua liberdade, excluímos soluções que elas mesmas
encontram. O véu ou a burca, por exemplo. Sentimos que eles podem ser um veículo,
uma transição, que as mulheres possam usá-los como um primeiro passo para sair de
casa. Acreditamos no princípio de uma liberdade completa e total para que as
254
mulheres negociem todos os caminhos para ter mais espaço —intelectual, sexual,
físico e, acima de tudo, pessoal.
A história de Qandeel Balooch [modelo paquistanesa morta em 2016] foi trágica. Ela
usava a internet para negociar mais liberdade, para abraçar sua sexualidade e sua
persona. Talvez ela pensasse que isso poderia empoderá-la de maneira financeira e dar
a ela status social. Os mesmos homens de sempre ao redor do Paquistão causaram
tanto trolling, assédio e ódio, que o próprio irmão dela a assassinou em nome da
honra.
Qualquer caminho que a mulher escolha, ela deve ser “permitida” a escolher. Num
mundo ideal, defenderia que tanto a mulher que queira se cobrir quando a mulher que
queira se expor forje seu empoderamento. No mundo real, vemos que as mulheres
acham os dois caminhos opressivos. Nenhum garante segurança e respeito. Queremos
que todas as mulheres encontrem segurança, controle e domínio sobre suas próprias
vidas.
Como a tecnologia pode ser usada para se obter segurança para as mulheres?
É necessário uma melhora séria em três níveis para que a internet seja uma arma para
o empoderamento no Paquistão:
a) Agências estatais contra o assédio online precisam ter recursos, capacitação e
sensibilidade de gênero;
b) Organizações da sociedade civil como a WAH devem trabalhar para criar mais
ativismo e “passar o microfone” para mulheres para que contem suas histórias online.
c) 17 milhões de mulheres têm acesso a conteúdo mobile no Paquistão. É uma
oportunidade tremenda. Mulheres conseguem acessar a informações vitais para sua
segurança e bem-estar para guiar seu acesso às oportunidades e criar espaços online
compartilhados entre mulheres apenas. Esses espaços podem denunciar
comportamentos predatórios. Também podem dar apoio e elos para mulheres que
precisam de ajuda.
Você já sofreu algum tipo de assédio, ameaça ou violência devido ao seus ativismo?
Sempre e todos os dias. Cite um exemplo e já terei enfrentado: ser chamada de puta e
de má mãe, ameaças de estupro, ataques por hackers, fotos da minha família sendo
255
compartilhadas em massa. E o pior assédio: me fazer duvidar da autenticidade da
minha própria voz. Também sou frequentemente chamada de “falsa feminista”.
Você se considera feminista?
Dizem que, antes de matar um demônio, você precisa dizer o seu nome. Para mim o
feminismo é a palavra que permitiu que eu matasse todo o ódio direcionado ao
feminino. Isso inclui o ódio pelos homens que o feminismo pode ter. Inclui partes
minhas que odeiam a mulher e que internalizei e associei com ser uma vítima. O
feminismo me tornou invencível, mas tive de caminhar sobre o fogo do pré-requisito
de primeiro abraçar minha vitimização. De ser dona da minha impotência. E então usála como armadura.
Qual sua expectativa em relação ao provável novo premiê Imran Khan?
Ele tem um histórico anti-feminino que é muito improvável que mude.
Mulher deposita voto em urna em Peshawar, no Paquistão Muhammad
Sajjad/Associated Press
[A matéria traz outras imagens...]
256
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/07/o-feminismo-me-levou-a-serinvencivel-diz-ativista-paquistanesa.shtml
https://drive.google.com/file/d/1jfgspM2G9BTklu94rttEGIrVWaY6qa1F/view?usp=shar
ing
FOTO DE CASAL GAY SE BEIJANDO GERA POLÊMICA EM UM DOS PONTOS TURÍSTICOS
MAIS IMPORTANTES DO BRASIL
Glenn Greenwald, The Intercept Brasil, 30 de Julho de 2018
A CADA ANO, aproximadamente dois milhões de pessoas visitam o Pão de Açúcar, no
Rio de Janeiro, fazendo dele o segundo ponto turístico mais visitado do estado, atrás
apenas do Cristo Redentor. Desde 1912, famílias viajam de todas as partes do mundo e
do próprio Brasil para subir a montanha no histórico bondinho e aproveitar a vista
panorâmica exuberante de uma das cidades mais bonitas do planeta.
Mas agora, além da vista majestosa, os visitantes do Pão de Açúcar veem algo mais,
algo que está estrategicamente posicionado em um dos espaços mais destacados do
local: uma fotografia de dois homens se beijando. E nos três meses durante os quais a
foto ocupou este lugar de destaque no Pão de Açúcar, ela gerou uma onda de raiva e
reclamações.
257
Quando entram na área de espera para os bondinhos do Pão de Açúcar, os grupos de
visitantes são fotografados em frente a uma tela verde. Depois são avisados de que
podem adquirir as fotografias impressas, com uma paisagem de sua escolha ao fundo,
em uma loja localizada no topo da montanha.
A loja exibe vários exemplos de fotos, com cada uma das paisagens disponíveis,
dispostas em filas no balcão onde as fotos são impressas e vendidas. No alto do
mostruário, ocupando o lugar mais central, está a imagem de dois homens brasileiros
se beijando romanticamente em frente a uma imagem icônica do Rio, com o Cristo
Redentor reluzente ao fundo.
A foto foi deliberadamente colocada ali por Pedro Lotti [...], o gerente de 29 anos da
empresa que gere o serviço de fotografias, FTG-Fotográfica. Ao descrever as
reclamações, muitas vezes tóxicas, que recebe diariamente, ele deixou claro que não
tem a intenção de removê-la.
“Eu fiz isso especificamente porque aqui 70% dos funcionários são gays, e passam por
sérios problemas por conta disso”, disse ele. Lotti não é gay, mas contou que viu no
uso da foto uma grande oportunidade de tornar a atração mais segura para o público
LGBT.
“A gente demorou para conseguir fazer com que gays tirassem a foto do beijo aqui,
porque eles tinham medo de fazê-la”, contou ele ao Intercept Brasil. “Na entrada, eu
notei que casais do mesmo sexo sempre hesitavam em se tocar, dar as mãos ou se
beijar nas fotos” – como fazem os casais hétero – “entravam e saíam da área das
fotos, obviamente com medo de como as pessoas poderiam reagir”.
Lotti disse que ver como os casais gays tinham medo de fazer coisas que casais héteros
fazem naturalmente – mostrar seu afeto em uma fotografia de férias – o tornou
determinado a criar um ambiente aonde casais LGBT podiam se sentir seguros para
demonstrar seu carinho. “Quando via um casal que poderia ser gay, eu perguntava:
vocês são um casal? Se eles respondiam que sim, eu dizia: se vocês quiserem das as
mãos ou se beijar, podem fazer isso”.
Quando o casal – dois homens brasileiros de Minas Gerais que têm uma relação de
longa data – fez a foto, Lotti imprimiu a fotografia e imediatamente pediu autorização
para exibi-la na loja. O casal consentiu, e Lotti propositalmente escolheu o lugar de
maior destaque para a foto, onde é praticamente impossível não vê-la. Desde então,
Lotti e seus empregados enfrentam uma permanente onda de ódio e queixas.
258
“Infelizmente, a grande maioria reage mal. Nós recebemos reclamações todos os dias”.
As pessoas em geral reclamam, especificamente, de que a foto esteja à vista das
crianças, e têm raiva de que seus filhos tenham visto a imagem. Os pais muitas vezes
questionam se “seria necessário que isso estivesse aqui, onde as crianças podem ver”.
Lotti notou que o mostruário das fotos quase sempre exibe fotos de casais
heterossexuais se beijando. Mas, diz ele, “ninguém nunca reclamou destas”.
Lotti disse que, ocasionalmente, a foto gera interações inspiradoras entre pais e filhos.
Algumas vezes, diz ele, as crianças perguntam aos pais sobre a foto com curiosidade, e
alguns respondem: “isso é amor”. Lotti diz que “isso não acontece muito
frequentemente. Não é comum. O que me deixa feliz quando isso acontece, é que
quando os pais falam com abertura e tranquilidade com os filhos, eles aceitam sem
nenhum problema, porque as crianças nunca têm um problema com isso no início”.
“O problema”, continua Lotti, “está sempre com os pais, não com as crianças.
Dependendo da resposta dos pais, você vê se o filho reage positiva ou negativamente”.
São os pais, diz ele, que perpetuam nas crianças este tipo de “preconceito louco”.
A EXIBIÇÃO DELIBERADA da fotografia em um dos sítios turísticos mais icônicos do país
é particularmente ousada em um momento em que a igualdade LGBT se tornou tão
controversa no Brasil, o país com a maior população católica do mundo e um crescente
movimento político evangélico de direita.
Com o líder das pesquisas para a eleição presidencial de 2018, o ex-presidente Lula da
Silva, preso e na virtual iminência de ser impedido de concorrer, o primeiro lugar das
estimativas fica para o Deputado Federal Jair Bolsonaro, candidato proto-fasicista da
extrema direita. Ele é conhecido por seus ataques virulentos contra LGBT’s, que
recentemente se transformaram em uma clara estratégia dos movimentos que o
apoiam. Eles afirmam que os LGBTs tentam ativamente transformar as crianças
brasileiras em gays para poderem molestá-las.
Na semana passada, como reportado pelo Intercept Brasil, um dos três filhos de
Bolsonaro que ocupam mandatos políticos, o Vereador pelo Rio de Janeiro Carlos
Bolsonaro, foi flagrado postando imagens falsas em suas mídias sociais, que afirmavam
que grupos LGBT estavam adicionando a letra P à sigla para militar pela pedofilia.
Grupos de direita tiveram êxito em provocar o cancelamento de uma exposição no ano
passado que, segundo eles, promovia a pedofilia.
O clã Bolsonaro e seu movimento falam tão frequentemente sobre pedofilia que
deixam no ar uma dúvida sobre esta obsessão. Na semana passada, em entrevista ao
259
jornal O Globo, Jair Bolsonaro foi questionado a respeito de uma entrevista concedida
à revista Playboy em 2011, onde afirmava que preferia “que um filho meu morra num
acidente do que apareça com um bigodudo por aí”. Quando Bolsonaro explicou que
sua resposta era meramente destinada a “combater a questão de ensinar sexo para
criancinha a partir de seis anos de idade”, o seguinte diálogo aconteceu:
O senhor acha que é possível ensinar a ser gay?
Não é ensinar, mas estimular. Se você passa um filme na escola de dois
meninos se beijando, o Joãozinho no intervalo pode dar uma bitoquinha no
Pedrinho. O garoto, até uma certa fase, imita.
Neste clima, a ousada escolha de Lotti de dar destaque a uma fotografia de dois
homens se beijando, em uma tradicional atração turística frequentada por milhões de
famílias e crianças, não é um gesto menor. Mas ele parece não apenas contente e sem
medo de falar publicamente sobre sua escolha, mas também orgulhoso dela: “Esta
forma de amor, entre dois homens ou duas mulheres, existe há milhares de anos,
muito antes de este tipo de valores ignorantes que agora escutamos com tanta
frequência, que são provocados por uma simples imagem de amor”.
[Há outras fotos na matéria...]
https://theintercept.com/2018/07/30/foto-de-casal-gay-se-beijando-gera-polemicaem-um-dos-pontos-turisticos-mais-importantes-do-brasil/
PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST
IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES
Glenn Greenwald, The Intercept, July 30 2018
260
EVERY YEAR, CLOSE to 2 million people visit Rio de Janeiro’s Sugar Loaf Mountain,
making it the city’s second-most frequented tourist site after Christ the Redeemer.
Since 1912, families have traveled from all over the world, and from within Brazil, to
ride the storied cable cars to the mountain’s peaks and enjoy the breathtaking
panoramic views of one of the planet’s greatest and most beautiful cities.
But now, beyond majestic vistas, the throngs of visitors to Sugar Loaf see something
else, strategically placed in one of the site’s most prominent spaces: a photograph of
two men kissing. And in the three months that the photo has occupied prime real
estate at Sugar Loaf, it has generated a steady stream of complaints and anger.
Upon entering the waiting area for the Sugar Loaf cable cars, groups of visitors have
their photos taken in front of a green screen. They are told that they can have the
pictures printed out, with their chosen background, at a counter situated on top of the
mountain.
That counter displays several samples of photos, with each of the available
backgrounds. Those sample photos are posted in a row, on the wall in front of the
booth where employees print out and sell the photographs. At the very top of that
row, occupying the most central spot, is the image of the two Brazilian men kissing
261
romantically in front of an iconic shot of Rio de Janeiro, with Christ the Redeemer
looming in the background.
The photo was placed there, with quite deliberate intent, by Pedro Lotti *…+, the 29year-old manager of the company that manages the photo operation, Fotográfica.
When describing the sometimes vitriolic complaints he receives on a daily basis, he
made clear that he has no intention of removing the photo.
“I did it specifically because roughly 70 percent of our employees here are gay, and
they experience serious problems here because of this,” he said. Lotti himself is not
gay, but said he viewed the use of the photo as an important opportunity to make the
venue safe for LGBT people.
“It actually took a while to be able to have a photo of a gay couples kissing because
most are afraid to do it,” Lotti told The Intercept. “Always, at the entrance, I noticed
that same-sex couples were cautious or scared to touch, hold hands, or kiss for their
photos” — the way that straight couples naturally do — “and they would walk to the
photo area, and then walk away, and return various times, obviously afraid of how
people would react.”
Lotti said that seeing how fearful gay couples were to do what comes naturally to
heterosexual couples — show affection for a vacation photo — made him determined
to create an environment where LGBT couples could feel safe to show affection.
“Whenever I saw a couple I thought might be gay, I asked, ‘Are you a couple?’ If they
said yes, I told them, ‘If you want to hold hands or kiss for the photo, you should.'”
When the couple in the photo — two Brazilian men in a long-term relationship, visiting
from Minas Gerais, a state just north of Rio de Janeiro — took their photo, Lotti
printed it out and immediately asked for authorization to display it at the counter. The
couple consented, and Lotti purposely chose the most conspicuous spot for the photo,
where it is virtually impossible not to see it. Ever since, Lotti and his employees have
navigated a constant stream of anger and grievance.
“Unfortunately,” said Lotti, “the large majority of people who react to the photo do so
quite poorly. We get complaints every day. They typically complain, specifically, that
the photo is in the line of vision for children, and are angry that their kids specifically
have seen the photo.” The parents usually object “that it’s not necessary to put a
photo like this in a place where kids will see it.”
Lotti noted that the store’s display of photos almost always includes heterosexual
couples who are kissing. But, he said, “nobody ever complained about those.”
262
Lotti said that, occasionally, the photo has generated inspiring interactions between
parents and children. Sometimes, he said, children ask their parents about the photo
with curiosity, and some parents respond, “That’s love.” Lotti said that “this does not
have happen often. It’s not common. But it makes me happy when I see parents
speaking openly and with tranquility about it, because the kids never have a problem
at first.”
“The problem,” Lotti said, “is always with the parents, not the kids. Depending on how
the parents respond, that determines whether the kids react positively or negatively.”
It is parents, he said, who impart to their children this kind of “crazy prejudice.”
THE PROMINENT, PURPOSEFUL display of the photo at one of the country’s most
iconic tourist sites is particularly bold given how controversial LGBT equality has
become in Brazil, the nation with the world’s largest Catholic population and a growing
right-wing evangelical political movement.
With the actual front-runner for Brazil’s 2018 presidential election, former President
Luiz Inácio Lula da Silva, imprisoned and almost certain to be banned from running, the
current poll leader is far-right, proto-fascist Congressman Jair Bolsonaro. He is
notorious for his toxic attacks on LGBT people, which have recently morphed into a
clearly deliberate strategy by his movement to argue that LGBT people are actively
attempting to convert Brazilian children to be gay in order to molest them.
Just last week, as The Intercept reported, one of Jair Bolsonaro’s three right-wing sons
who hold elected office, Rio de Janeiro Councilman Carlos Bolsonaro, got caught
posting fake posters on his social media accounts claiming that LGBT groups were
adding “P” to their name in order to advocate for pedophilia. Right-wing groups
succeeded last year in forcing the cancelation of an art exhibit that they claimed
promoted pedophilia.
The Bolsonaros and their movement speak with such great frequency about pedophilia
that it leaves one mystified as to the source of this obsession. Last week, Jair Bolsonaro
was asked in an interview with the Rio newspaper O Globo about a 2011 Playboy
interview in which he said he would rather hear that his son died in a car accident than
that he was gay. When Jair Bolsonarso claimed that his answer was merely designed
“to combat a question about teaching sex to little kids starting at the age of 6,” the
following exchange occurred:
Do you believe it’s possible to teach children to be gay?
263
Not to teach, but to stimulate. If you show a film in school of two little boys
kissing, then little Johnny during the break could give a peck to little Pedro.
Boys, until a certain phase, imitate.
In this climate, Lotti’s bold choice to prominently display a photograph of two men
kissing, at a mainstream tourist attraction frequented by millions of families and
children, is no small gesture. But he seems not only content with his choice and
unafraid to speak publicly, but proud of it: “This kind of love, between two men or two
women, has existed for thousands of years, long before the kind of ignorant bigotry
that we now hear on a regular basis, provoked by a simple picture of love.”
https://theintercept.com/2018/07/30/photo-of-kissing-gay-couple-sparkscontroversy-at-one-of-brazils-most-important-and-iconic-tourist-sites/
QUEERMUSEU, A EXPOSIÇÃO MAIS DEBATIDA E MENOS VISTA DOS ÚLTIMOS TEMPOS,
REABRE NO RIO
Júlia Dias Carneiro, BBC News Brasil, 16 de agosto de 2018 [reproduzida pelo Uol,
mesmo título e data]
Remontagem de Queermuseu foi viabilizada por uma grande campanha de
financiamento coletivo GABI CARRERA/DIVULGAÇÃO
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Quando as portas das Cavalariças da Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, no
Rio de Janeiro, se abrirem no próximo sábado, o público carioca poderá visitar a
exposição mais debatida e menos vista dos últimos tempos.
Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira foi cercada de polêmica após
seu fechamento às pressas, em setembro do ano passado, pelo Santander Cultural, em
Porto Alegre, respondendo a fortes críticas de grupos que viram nas obras apologia a
pedofilia, zoofilia e blasfêmia.
Um mês depois, a Queermuseu foi vetada pelo prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que
gravou um vídeo afirmando que os planos de levar a exposição "de pedofilia e zoofilia"
para o Museu de Arte do Rio (MAR) não iriam adiante. "Só se for no fundo do mar",
afirmou à época.
A remontagem da exposição na EAV foi possibilitada pela maior campanha de
financiamento coletivo do país, que captou mais de R$ 1 milhão de quase 1,7 mil
pessoas e contou com a venda de obras de arte doadas por 70 artistas e show de
Caetano Veloso para levantar recursos.
Foram "11 meses de tormenta", diz o curador Gaudêncio Fidelis à BBC News Brasil, até
que a exposição pudesse ser de fato exposta ao público.
"Isso que a gente chama de polêmica é o resultado de uma investida muito específica
que começou com o MBL (Movimento Brasil Livre) e criou uma narrativa falsa para a
exposição", diz o curador gaúcho.
Agora, afirma, caberá à sociedade julgar o mérito artístico da Queermuseu. "Com a
exposição aberta, essa discussão poderá ser reinstituída", afirma.
Para Fidelis, o processo foi uma batalha em favor de liberdades individuais e contra
"investidas obscurantistas".
"Grandes parcelas da sociedade entenderam que é possível empreender e vencer uma
luta pelos valores democráticos. Acho que esse é o principal legado que a exposição
deixa hoje", diz Fidelis.
Um dos líderes do MBL, Kim Kataguiri, afirma à BBC News Brasil que o grupo defende a
liberdade de expressão e protestou contra a Queermuseu pelo mau uso de dinheiro
público, via isenção fiscal, para algo "que não representa a maior parte dos valores da
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sociedade" e porque crianças estavam sendo levadas para a exposição por escolas
"sem a anuência dos pais".
Obra do gaúcho Fernando Baril foi considerada uma ofensa ao cristianismo
DIVULGAÇÃO
Onda de protestos fez exposição ser fechada às pressas
Originalmente aberta no dia 15 de agosto do ano passado no Santander Cultural, na
capital gaúcha, a Queermuseu ficaria em cartaz até 8 de outubro.
Recebera R$ 800 mil de financiamento por isenção fiscal, via Lei Rouanet. Acabou
sendo fechada às pressas quase um mês antes do previsto - nas contas de Fidelis, dois
dias e quatro horas depois do início da onda de protestos nas redes sociais.
Com o MBL na dianteira, críticos denunciaram obras da exposição, clamando pelo seu
encerramento e por um boicote ao Santander.
Cruzando Jesus Cristo com Deusa Schiva (1996), do gaúcho Fernando Baril, que retrata
Jesus crucificado com os múltiplos braços da deusa do hinduísmo, foi considerada uma
ofensa ao cristianismo. Travesti da lambada e deusa das águas(2013), da cearense Bia
Leite, faria apologia à pedofilia. De maneira geral, muitos se posicionaram contra a
presença não regulada de crianças na exposição.
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Ao justificar o fechamento, o Santander disse entender que "algumas obras
desrespeitam símbolos, crenças e pessoas", o que não estaria em linha com sua visão
de mundo.
Dias depois, entretanto, o Ministério Público do Rio Grande do Sul concluiu que as
obras da Queermuseu não faziam "nenhuma apologia ou incentivo à pedofilia" e
recomendou a reabertura da exposição pelo banco, o que não foi feito.
O êxito das investidas e o encerramento precipitado geraram uma nova onda de
revolta na internet, desta vez, denunciando censura e defendendo a liberdade de
expressão.
Kataguiri afirma à BBC News Brasil que o movimento não defendeu censura. "Foi um
mero boicote. Em nenhum momento, pedimos ação do governo para censurar a
exposição", afirma.
"Boicotes são uma ação voluntária que existe em toda democracia saudável, e o banco
atendeu por livre e espontânea vontade, para preservar sua imagem.
Para o crítico de arte e professor da PUC-Rio Sérgio Bruno Martins, é sintomático que o
caso tenha ocorrido em um centro cultural do setor privado, gerido pelo
departamento de marketing cultural de um banco.
"Se uma instituição faz a avaliação de que o seu público está pautado por valores mais
conservadores, vai tentar atendê-los. Podem ter algum compromisso com a arte, mas
o primeiro compromisso é com a imagem da marca", diz o professor da PUC-Rio.
Obra da cearense Bia Leite foi acusada de fazer apologia à pedofilia DIVULGAÇÃO
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Para ele, associar obras de arte a pedofilia ou zoofilia passam por uma noção ingênua e
moralizante da representação, como se as obras tivessem adesão moral àquilo que
representam. "Eles viram no meio da arte a chance de inflamar uma espécie de guerra
cultural, jogando com um plano moral, no qual uma retórica da escandalização tem um
apelo muito fácil, especialmente nesse ecossistema de redes sociais", afirma.
O que é a Queermuseu
A Queermuseu abrange 223 obras de 84 artistas, como Adriana Varejão, Volpi, Lygia
Clark e Leonilson, datadas dos anos 1950 até os dias de hoje.
É a maior exposição sob a alcunha queer no Brasil. A expressão da língua inglesa
significa estranho, excêntrico, e era usada pejorativamente para se referir a
homossexuais - mas foi reivindicada por movimentos LGBTI, passando a designar
comportamentos que não se encaixam em padrões normativos de gênero.
Segundo o curador, a exposição busca investigar, e não "ilustrar", a questão refletindo, por exemplo, sobre como a ideia do estranhamento e do fora da norma
pode contribuir para pensar a arte.
"Para tratar do impacto cultural conceitual, artístico e histórico da palavra queer, trago
obras que não são queer. Que são formalistas, que não têm nenhuma relação com
questões de gênero e sexualidade", afirma Gaudêncio Fidelis.
"Tanto que a narrativa difamatória em torno da exposição foi criada a partir de cinco
obras, não mais do que isso."
As obras que estiveram no centro dos ataques estarão na remontagem. A polêmica fez
com que o curador fosse chamado a se explicar no Senado, convocado para depor na
CPI dos Maus Tratos Infantis pelo senador Magno Malta (PR).
Lá, afirmou que as obras haviam sido "recortadas, editadas e descontextualizadas para
criar uma narrativa falsa e contrária à sua natureza", com fins difamatórios.
"A minha preocupação é que essas obras não passem por um processo difamatório
pela segunda vez", diz Fidelis.
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"É preciso restituir seu lugar na história da arte brasileira, que foi roubado com o
fechamento da exposição e com a criação de uma narrativa difamatória que não tem
nada a ver com a sua realidade."
Recomendação de idade
As Cavalariças da EAV, que pertenciam à antiga fazenda que deu origem ao Parque
Lage, aos pés do Corcovado e da Floresta da Tijuca, foram reformadas com a verba do
financiamento coletivo realizado para receber a Queermuseu.
Mesmo na reta final da montagem, surgiram contestações. Na semana passada, o
pastor Silas Malafaia, da Associação Vitória em Cristo, pediu que o Ministério Público
do Rio impusesse uma classificação indicativa para que a exposição não fosse
recomendada a menores de 18 anos.
Os organizadores acabaram aceitando o meio termo sugerido pelo MP. Um aviso na
entrada da exposição informará que a exposição não é recomendada a menores de 14
anos desacompanhados dos pais ou responsáveis.
Gaudêncio Fidelis diz acreditar que a exposição será a mais visitada no país na última
década. "Não pela polêmica, mas porque as pessoas se deram conta de que algo foi
roubado delas", afirma.
[Há outras imagens na matéria original, mas aqui reproduzi apenas aquelas das
obras...]
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45191250
https://entretenimento.uol.com.br/noticias/bbc/2018/08/16/queermuseu-aexposicao-mais-debatida-e-menos-vista-dos-ultimos-tempos-reabre-no-rio.htm
IGREJA DA PENSILVÂNIA ENCOBRIU MAIS DE 1.000 ABUSOS CONTRA CRIANÇAS NAS
ÚLTIMAS DÉCADAS. CRIMES FORAM DESCOBERTOS NA MAIOR INVESTIGAÇÃO SOBRE
O TEMA JÁ CONCLUÍDA NOS ESTADOS UNIDOS
Antonia Laborde, El País, 15 de agosto de 2018
Um terremoto eclesiástico sacode a Pensilvânia, no leste dos Estados Unidos. Um
brutal relatório do grande júri revelou nesta terça-feira, 14, que mais de 300
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sacerdotes abusaram de crianças, meninos e meninas, nas últimas sete décadas. Esta
investigação, que conseguiu identificar mais de 1.000 vítimas menores de idade, é a
mais robusta que se levou a cabo nos Estados Unidos sobre abusos sexuais na Igreja
Católica. O promotor geral do Estado, Josh Shapiro, revelou os escabrosos detalhes do
documento, onde se conclui um "acobertamento sistemático por parte de altos
servidores da igreja na Pensilvânia e no Vaticano".
Sacerdotes que sabiam dos abusos decidiram proteger a igreja, não as vítimas: "O foco
não era ajudar as crianças, mas evitar o escândalo", disse Shapiro em uma coletiva de
imprensa. Como consequência do acobertamento, "quase todos os casos de abuso que
encontramos são demasiado velhos para serem avaliados", afirma o relatório. E,
embora 1.000 vítimas tenham sido identificadas, o número real - entre os casos que se
perderam e os das crianças que não conseguiram fazer as acusações - seria da ordem
de 'milhares'.
O documento de quase 1.400 páginas publicado pela Corte Suprema de Pensilvânia
descreve o comportamento de padres abusadores em seis das oito dioceses do Estado,
que seriam Harrisburg, Pittsburgh, Allentown, Scranton, Erie e Greensburg. A maioria
das vítimas era adolescente e pré-adolescente: "Alguns foram manipulados com álcool
ou pornografia. Alguns foram obrigados a masturbar seus agressores, ou tiveram seus
órgãos genitais tocados por eles. Alguns foram violados oralmente, alguns pela vagina
ou pelo ânus", denuncia o texto.
A investigação acusa os líderes da igreja de desencorajarem as vítimas de denunciar os
crimes. "Vários administradores diocesanos, incluindo bispos, com frequência
dissuadiram as vítimas de denunciar os abusos à polícia, pressionaram as forças da
ordem pública para que cancelassem ou evitassem uma investigação ou eles
realizaram sua própria investigação deficiente e tendenciosa sem relatar os crimes
contra crianças às autoridades competentes", diz o documento.
O promotor Shapiro narrou alguns detalhes dos abusos. Alguns padres entregavam
cruzes de ouro às crianças abusadas para as distinguir das demais. Uma das crianças
abusadas chegou a engravidar. Durante a coletiva, Shapiro leu uma nota na qual um
religioso mostrava sua empatia e compaixão pelo caso. A carta foi dirigida ao violador,
não à vítima. A rede de proteção entre os religiosos fica clara em uma série de
histórias descritas no documento. Na diocese de Erie, por exemplo, um sacerdote
confessa ao bispo ter violado ao menos 15 crianças, uma delas de sete anos de idade.
O líder religioso felicita-o por ser uma pessoa "sincera" e por conseguir "avançar em
seu vício".
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O relatório foi divulgado semanas após Theodore McCarrick, um arcebispo de
Washington de 88 anos, renunciar como cardeal. A destacada figura da igreja norteamericana apresentou sua demissão ao Papa Francisco após ser acusado de abusar
sexualmente de crianças e adultos desde o início de sua vida religiosa, há meio século.
Um dos casos de abuso sexual de maior repercussão dentro da Igreja Católica dos
Estados Unidos aconteceu em Boston. Em 2002, o jornal The Boston Glovepublicou
uma investigação na qual apareciam 87 sacerdotes que haviam cometido abusos nos
últimos 30 anos. A reportagem, que inspirou o filme ganhador do Oscar Spotlight,
também revelava como as altas esferas eclesiásticas permitiram que os abusadores
voltassem a atuar após curtos períodos em centros de reabilitação. A reportagem
desencadeou uma onda de casos silenciados e ignorados não só em Boston, mas em
todo os Estados Unidos.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/14/internacional/1534272368_010615.html
RELATÓRIO REVELA QUE 300 PADRES ABUSARAM SEXUALMENTE CRIANÇAS NA
PENSILVÂNIA. DOCUMENTO DO GRANDE JÚRI DA PENSILVÂNIA RELATA ABUSOS
SEXUAIS PERPETRADOS POR MEMBROS DA IGREJA CATÓLICA AO LONGO DE SETE
DÉCADAS. HÁ PELO MENOS 1000 VÍTIMAS IDENTIFICÁVEIS
Público, 14 de agosto de 2018 [Público é jornal português]
Décadas de abuso sexual por membros da Igreja Católica do estado norte-americano
da Pensilvânia estarão sob escrutínio público com a divulgação do relatório da
investigação do grande júri liderado pelo procurador-geral do estado, Josh Shapiro. As
cerca de 900 páginas do relatório compilam as conclusões de mais de dois anos de
investigação e relatam casos de abusos ocorridos durante quase 70 anos, por mais de
300 padres, que a Igreja tentou encobrir.
Houve quem tentasse impedir a divulgação do relatório, mas, nesta terça-feira, o
documento foi tornado público — com alguns nomes removidos. Cerca de duas
dezenas de pessoas mencionadas no relatório pediram ao tribunal que removesse os
seus nomes. Apesar disso, várias dioceses investigadas tornaram públicos os nomes
dos envolvidos e as que ainda não o fizeram prometeram fazê-lo em breve.
Este é o resultado do trabalho de 23 jurados — incluindo católicos praticantes — que
reuniram os testemunhos de mais de 1000 vítimas identificáveis de seis das oito
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dioceses católicas do estado: Allentown, Erie, Greensburg, Harrisburg, Pittsburgh e
Scranton.
“Tem havido outros relatórios sobre abuso sexual de crianças dentro da Igreja
católica”, lê-se no relatório. “Mas nunca nesta escala. Para muitos de nós, estas
primeiras histórias passaram-se noutro local, bastante longe. Agora sabemos a
verdade: aconteceu em todo o lado.”
Conclui-se que centenas de bispos e outros líderes da igreja católica romana da
Pensilvânia perpetraram e encobriram abusos sexuais de crianças e jovens. Durante
anos, persuadiram as vítimas a não denunciarem os crimes e as autoridades a não os
investigarem, revela o documento.
Mas para os casos relatados já é tarde demais: é muito pouco provável que as
revelações conduzam a acusações penais. A legislação do estado da Pensilvânia
impede que vítimas abusadas durante a infância levantem processos criminais contra a
Igreja depois de as vítimas completarem 30 anos, explica o New York Times. Ainda
assim, completa o Guardian, dois padres foram identificados e acusados devido ao
relatório. Um deles abusou sexualmente duas crianças por vários anos, até 2010.
As vítimas estão confiantes de que esta investigação trará um “debate sério” sobre a
“eliminação do estatuto de limitação”: se isso não acontecer, “passa-se alguma coisa
muito errada com os habitantes da Pensilvânia”, disse Shaun Dougherty ao New York
Times. Dougherty, agora com 48 anos, testemunhou em tribunal sobre os abusos que
sofreu quando tinha 10 anos.
A Pensilvânia, onde um em cada quatro residentes é católico, é um dos Estados norteamericanos onde os abusos sexuais de crianças por membros da Igreja católica são
mais investigados.
Não há dados que permitam conhecer a amplitude do problema nos Estados Unidos,
mas as vítimas de abuso pedem que se conduza um inquérito a nível nacional para
apurar os números, à semelhança do que aconteceu na Austrália, onde durante quatro
anos uma comissão real examinou casos de abuso sexual de crianças por vários grupos
religiosos, entre eles a Igreja Católica.
Desde que estalou o escândalo de abuso sexual de Boston, revelado pelo Boston Globe
em 2002, que aumentou o número de clérigos norte-americanos investigados e
acusados pelo crime. Um dos casos mais recentes é o do cardeal Theodore McCarrick,
antigo arcebispo de Washington que se demitiu em Julho.
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Do Chile e da Argentina também têm chegado ao Vaticano vários pedidos de demissão
de membros da Igreja implicados em escândalos de abuso sexual.
https://www.publico.pt/2018/08/14/mundo/noticia/abuso-sexual-igreja-catolicapensilvania-1841103
INVESTIGAÇÃO ACUSA 300 PADRES DE PEDOFILIA NOS EUA, COM MAIS DE MIL
VÍTIMAS ABUSOS TERIAM SIDO ENCOBERTOS POR QUASE 70 ANOS, INFORMA
RELATÓRIO FEITO NA PENSILVÂNIA
O Globo reproduz The New York Times e AFP, 14 de agosto de 2018
Uma ampla investigação judicial nos Estados Unidos encontrou evidências confiáveis
de que cerca de 300 sacerdotes da Igreja Católica cometeram abusos sexuais, com
mais de mil menores de idade entre as vítimas. Bispos e outros líderes religiosos na
Pensilvânia encobriram os casos durante 70 anos. As vítimas foram persuadidas a não
denunciar os abusos à polícia, segundo um relatório emitido nesta terça-feira, dia 14
de agosto, pelo grande júri da Pensilvânia.
O júri se reuniu por dois anos e ouviu depoimentos de vítimas e de bispos. O relatório
abrange as dioceses de Allentown, Erie, Greensburg, Harrisburg, Pittsburgh e Scranton.
Duas delas — Greensburg e Harrisburg — tentaram anular a investigação no ano
passado, mas depois recuaram.
O documento é o mais abrangente já feito por uma agência governamental nos
Estados Unidos sobre abuso sexual infantil na Igreja Católica. Ele cataloga casos
terríveis, incluindo o de um padre que estuprou uma menina no hospital depois de ela
ter feito uma cirurgia, além de outro sacerdote que foi autorizado a permanecer no
ministério após engravidar uma menina de 17 anos, forjar uma assinatura em uma
certidão de casamento e depois se divorciar da garota.
“Apesar de algumas reformas institucionais, os líderes individuais da Igreja escaparam
da responsabilidade pública”, escreveu o grande júri. “Sacerdotes estupravam meninos
e meninas, e os homens de Deus que eram responsáveis por eles não apenas não
faziam nada, como esconderam tudo. Por décadas."
O grande júri acrescentou que os integrantes da Igreja mencionados no relatório foram
protegidos e alguns até mesmo promovidos.
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As vítimas se disseram aliviadas pelo fato de o procurador geral Josh Shapiro e seus
agentes terem conduzido a investigação, depois que seus esforços para fazer com que
as autoridades da Igreja tomassem providências não levaram a nada.
"Eu tinha ido a dois bispos ao longo de cinco anos, e eles ignoraram e minimizaram
minhas alegações", disse o padre James Faluszczak, que foi abusado quando criança e
testemunhou perante o grande júri. "É exatamente essa gestão de segredos que tem
dado cobertura aos predadores".
Não houve uma avaliação abrangente do alcance total do abuso sexual infantil na
Igreja Católica nos Estados Unidos. Pessoas que foram abusadas no país pressionaram
por anos o governo para que uma investigação nacional fosse feita, semelhante à da
Austrália, onde uma comissão passou quatro anos examinando casos.
Católicos pedem investigações sobre Cardeal
Os católicos pedem investigações independentes sobre os motivos que levaram o
Cardeal Theodore McCarrick, ex-arcebispo de Washington, a ascender na hierarquia,
apesar das advertências aos seus superiores em Roma de que ele havia molestado
seminaristas e jovens padres. O Cardeal McCarrick renunciou em julho após acusações
de abuso sexual contra menores, mas desde então padres da diocese de Lincoln,
Nebraska, e seminaristas em Boston e em outros lugares acusaram publicamente seus
superiores de fecharem os olhos à sua conduta.
Um em cada quatro moradores da Pensilvânia é católico, e os procuradores têm sido
particularmente receptivos às vítimas. Júris anteriores examinaram as dioceses de
Filadélfia e Altoona-Johnstown. Já o novo relatório abrange o resto do estado.
Ainda não se sabe se alguma das evidências descobertas pelo relatório pode levar a
acusações criminais. A legislatura estadual da Pensilvânia até agora resistiu aos apelos
para suspender o estatuto que impediu as vítimas na infância de abrirem processos
civis contra a Igreja depois de completarem 30 anos. Para muitas delas, foram décadas
até ganhar coragem para falar sobre o abuso que sofreram.
A Igreja fez lobby contra qualquer mudança no estatuto, sob a liderança do bispo
Ronald W. Gainer, de Harrisburg, presidente da Conferência Católica da Pensilvânia.
Mas as vítimas e seus defensores dizem que, em setembro, devem iniciar uma nova
campanha para pressionar os legisladores e Gainer a abandonarem sua oposição.
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"Se isso não iniciar um debate sério sobre a eliminação do estatuto de limitação, há
algo seriamente errado com meus colegas da Pensilvânia", disse Shaun Dougherty,
hoje com 48 anos, que testemunhou perante o grande júri de Altoona-Johnstown
sobre os abusos que sofreu dos 10 aos 13 anos de idade.
Vítima que testemunhou tentou se suicidar
As dioceses de Allentown, Greensburg, Pittsburgh e Scranton prometeram divulgar,
depois que o relatório do grande júri foi publicado, os nomes de todos os padres de
suas dioceses que são acusados de abusar sexualmente de menores. As dioceses de
Erie e Harrisburg já publicaram listas em seus sites. O bispo Gainer, de Harrisburg,
recentemente ordenou que os nomes dosacusados de abuso fossem retirados de
todos os edifícios da Igreja na diocese.
O relatório informa que uma das vítimas que testemunhou perante o grande júri
tentou cometer suicídio enquanto o tribunal estava deliberando. "De sua cama no
hospital, ela pediu uma coisa", diz o texto, "que terminemos nosso trabalho e digamos
ao mundo o que realmente aconteceu".
https://oglobo.globo.com/sociedade/investigacao-acusa-300-padres-de-pedofilia-noseua-com-mais-de-mil-vitimas-22978144
"THEY HID IT ALL”: CATHOLIC PRIESTS ABUSED 1,000 CHILDREN IN PENNSYLVANIA,
REPORT SAYS
Laurie Goodstein e Sharon Otterman, The New York Times, 14 de agosto de 2018
Bishops and other leaders of the Roman Catholic Church in Pennsylvania covered up
child sexual abuse by more than 300 priests over a period of 70 years, persuading
victims not to report the abuse and law enforcement not to investigate it, according to
a searing report issued by a grand jury on Tuesday.
The report, which covered six of the state’s eight Catholic dioceses and found more
than 1,000 identifiable victims, is the broadest examination yet by a government
agency in the United States of child sexual abuse in the Catholic Church. The report
said there are likely thousands more victims whose records were lost or who were too
afraid to come forward.
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It catalogs horrific instances of abuse: a priest who raped a young girl in the hospital
after she had her tonsils out; a victim tied up and whipped with leather straps by a
priest; and another priest who was allowed to stay in ministry after impregnating a
young girl and arranging for her to have an abortion.
The sexual abuse scandal has shaken the Catholic Church for more than 15 years, ever
since explosive allegations emerged out of Boston in 2002. But even after paying
billions of dollars in settlements and adding new prevention programs, the church has
been dogged by a scandal that is now reaching its highest ranks. The Pennsylvania
report comes soon after the resignation of Cardinal Theodore E. McCarrick, the former
archbishop of Washington, who is accused of sexually abusing young priests and
seminarians, as well as minors.
“Despite some institutional reform, individual leaders of the church have largely
escaped public accountability,” the grand jury wrote. “Priests were raping little boys
and girls, and the men of God who were responsible for them not only did nothing;
they hid it all. For decades.”
The grand jury said that while some accused priests were removed from ministry, the
church officials who protected them remained in office or even got promotions. One
bishop named in the report as vouching for an abusive priest was Cardinal Donald
Wuerl, now the archbishop of Washington. “Until that changes, we think it is too early
to close the book on the Catholic Church sex scandal,” the jury wrote.
The report is unlikely to lead to new criminal charges or civil lawsuits under the current
law because the statute of limitations has expired. Only two of the cases in the report
so far have led to criminal charges.
In statements released on Tuesday, Pennsylvania’s Catholic bishops called for prayers
for victims and for the church, promised greater openness and said that measures
instituted in recent years were already making the church safer.
But several bishops, including Bishop David A. Zubik of Pittsburgh, rejected the idea
the church had concealed abuse.
“There was no cover-up going on,” Bishop Zubik said in a news conference on Tuesday.
“I think that it’s important to be able to state that. We have over the course of the last
30 years, for sure, been transparent about everything that has in fact been
transpiring.”
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Church officials followed a “playbook for concealing the truth,” the grand jury said,
minimizing the abuse by using words like “inappropriate contact” instead of “rape”;
assigning priests untrained in sexual abuse cases to investigate their colleagues; and
not informing the community of the real reasons behind removing an accused priest.
“Tell his parishioners that he is on ‘sick leave,’ or suffering from ‘nervous exhaustion.’
Or say nothing at all,” the report said.
Attorney General Josh Shapiro, whose office initiated the investigation, said in a news
conference, “They protected their institution at all costs. As the grand jury found, the
church showed a complete disdain for victims.”
He said that the cover-up by senior church officials “stretched in some cases all the
way up to the Vatican.”
No other state has seen more grand jury investigations of abuses in the church than
Pennsylvania, where about one of every four residents is Catholic and the local
attorneys general have been particularly responsive to victims. Previous grand juries
examined the dioceses of Philadelphia and Altoona-Johnstown; the new report covers
the rest of the state.
Mr. Shapiro was surrounded on Tuesday by about 20 abuse victims and their family
members, who gasped and wept when he revealed that one priest had abused five
sisters in the same family, including one girl beginning when she was 18 months old.
Some victims said in interviews that they were relieved to finally be heard and to have
their perpetrators publicly named.
“I had gone to two bishops with allegations over five years, and they ignored and
downplayed my allegations,” said the Rev. James Faluszczak, an Erie priest on
extended leave who was abused as a child and who testified before the grand jury.
“It’s that very management of secrets that has given cover to predators.”
For others, it was too little, too late. Frances Samber, whose brother Michael was
abused by a priest in Pittsburgh and committed suicide in 2010, said, “It’s good that
the public sees this, but where is the justice? What do you do about it? Why aren’t
these people in prison?”
There has been no comprehensive measurement of the full scope of child sexual abuse
in the Catholic Church in the United States, though somehave tried. American abuse
survivors have pushed for years for the government to undertake a nationwide inquiry
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similar to the one conducted in Australia, where a royal commission spent four years
examining the sexual abuse of children by a variety of religious and civic institutions,
including the Catholic Church.
There have been 10 previous reports by grand juries and attorneys generalin the
United States, according to the research and advocacy group BishopAccountability.org,
but those examined single dioceses or counties.
The Pennsylvania grand jury report lands as the sex abuse scandal in the church has
reached a new stage, with calls to discipline bishops who sexually abused younger
priests and seminarians, or who have covered up for abusive colleagues.
Catholics are calling for independent investigations into why Cardinal McCarrick was
advanced up the hierarchy despite warnings to his superiors in Rome and fellow
bishops that he had molested seminarians and young priests. Cardinal McCarrick
resigned in July over allegations of sexually abusing minors, but since then priests in
the diocese of Lincoln, Nebraska, and seminarians in Boston and elsewhere have
publicly accused their superiors of turning a blind eye to sexual misconduct.
The Pennsylvania grand jury met for two years, reviewed 500,000 documents from
dioceses’ secret archives, and heard testimony from dozens of victims and the bishop
of Erie. The report covers the dioceses of Allentown, Erie, Greensburg, Harrisburg,
Pittsburgh and Scranton. Two of the dioceses — Greensburg and Harrisburg — tried to
quash the grand jury investigation last year, but later backed off that stance.
The report lists each of the accused priests and documents how they were sent from
parish to parish, and even sometimes out of state. The grand jury said that while the
list is long, “we don’t think we got them all.” The report added, “We feel certain that
many victims never came forward, and that the dioceses did not create written records
every single time they heard something about abuse.”
In the Greensburg diocese, the Rev. John Sweeney was charged by the attorney
general’s office with sexually abusing a boy in the early 1990s. Father Sweeney
pleaded guilty this month and awaits sentencing. In the Erie diocese, the Rev. David
Poulson was arrested in May and charged with sexually assaulting a boy for eight
years, starting at age 8. Father Poulson has yet to enter a plea.
The Pennsylvania State Legislature has so far resisted calls to lift the statute of
limitations, which has prevented childhood victims from filing civil lawsuits against the
church after they turn 30. For many victims, it has taken decades to gain the courage
to speak about the abuse, long past when the law would allow them to sue.
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The grand jury and the attorney general strongly recommended that the statute of
limitations be extended in civil and criminal cases. They recommended opening a
temporary “window” that would permit older victims to file civil lawsuits against
perpetrators, and the church.
The church has lobbied against any change to the statute or to open such a window, its
efforts led by Bishop Ronald W. Gainer of Harrisburg, president of the Pennsylvania
Catholic Conference. But abuse survivors and advocates say that in September they
plan to begin a fresh campaign to press lawmakers and Bishop Gainer to drop their
opposition.
“If this doesn’t start a serious debate on the elimination of the statute of limitation,
there’s something seriously wrong with my fellow Pennsylvanians,” said Shaun
Dougherty, now 48, who testified before the Altoona-Johnstown grand jury about
being abused by a priest for three years starting at age 10.
About two dozen people named in the report petitioned the court to have their names
redacted from it.
In the news conference, Mr. Shapiro, the attorney general, described the “intense legal
battle” that played out over the last several months as some people named in the
report appealed to the Pennsylvania Supreme Court to block its release.
“They wanted to cover up the cover-up,” he said.
Mr. Shapiro said his office would continue to fight for a full version of the report to be
released with no redactions.
One example of a cover-up detailed in the report concerns the Rev. Ernest Paone, a
priest who was caught molesting boys and using guns with young children in
Pittsburgh. A fellow pastor intervened in 1962 to stop the police from arresting him.
The district attorney at the time, Robert Masters, wrote to the diocese in 1964 to say
that he had halted his investigation of the case “in order to prevent unfavorable
publicity” for the diocese.
In testimony before the grand jury, Mr. Masters said that he had wanted the church’s
support for his political career.
Father Paone was relocated successively to Los Angeles, San Diego and Reno in the
following years, with Pittsburgh’s bishops attesting to his fitness as a priest. Among
279
those bishops was Cardinal Wuerl, now the archbishop of Washington. He accepted
Father Paone’s resignation from ministry in good standing in 2003, allowing him to
collect his pension.
Cardinal Wuerl released a letter to his priests on Monday, saying that while the grand
jury report would be “critical of some of my actions, I believe the report also confirms
that I acted with diligence, with concern for the survivors and to prevent future acts of
abuse.”
As of Tuesday, all six dioceses in Pennsylvania had released the names of priests with
allegations against them.
Bishop Gainer in Harrisburg recently ordered that the names of accused priests and of
bishops who mishandled abuse cases be taken down from all church buildings in the
diocese.
The report says that one of the victims who had testified before the grand jury tried to
commit suicide while they were deliberating.
“From her hospital bed, she asked for one thing,” the grand jury wrote in the report,
“that we finish our work and tell the world what really happened.”
https://www.nytimes.com/2018/08/14/us/catholic-church-sex-abusepennsylvania.html?hp&action=click&pgtype=Homepage&clickSource=storyheading&module=first-column-region®ion=top-news&WT.nav=top-news
http://mediadownloads.pacourts.us/InterimRedactedReportandResponses.pdf?cb=42148 (relatório
citado na matéria)
https://drive.google.com/file/d/1jTNCDWkMoDuUEGuBBj1yjP8ceE_ojst/view?usp=sharing (relatório citado na matéria)
PADRES SEGUIAM CARTILHA INFORMAL PARA SILENCIAR VÍTIMAS NA PENSILVÂNIA.
DIOCESES USAVAM EUFEMISMO AO TRATAR DE ABUSOS DE CRIANÇAS PARA
PROTEGER REPUTAÇÃO
Danielle Brant, Folha/Uol, 15 de agosto de 2018
280
Os 300 “padres predadores” acusados de abusar sexualmente de cerca de mil crianças
e adolescentes na Pensilvânia por sete décadas tinham uma espécie de código de
conduta não oficial para enterrar os casos e abafar o escândalo, segundo os
responsáveis pelas investigações.
Na terça-feira (14), a Procuradoria Geral do estado revelou que bispos, padres e outros
membros da Igreja Católica acobertaram crimes de abuso sexual contra crianças em
seis das oito dioceses da Pensilvânia: Harrisburg, Pittsburgh, Allentown, Scranton, Erie
e Greensburg. As duas que ficaram de fora, Filadélfia e Altoona-Johnstown, já haviam
sido investigadas no passado.
O relatório de quase 1.360 páginas detalha como os clérigos tinham um padrão
semelhante para lidar com os casos.
As práticas foram compiladas com a ajuda de especialistas em análise comportamental
do FBI (polícia federal americana), que identificaram as principais estratégias usadas
pelos abusadores, no que o relatório chama de “cartilha para esconder a verdade”. “O
objetivo principal não era ajudar as crianças e sim evitar escândalo”, afirmam os
investigadores. “Em todos os lugares, vimos o mesmo desdém perturbador para com
as vítimas.”
O documento compila oito estratégias. A principal delas era não avisar à polícia.
“Abuso sexual contra crianças, mesmo que não tenha penetração, é e foi crime por
todo período relevante. Mas não trate isso dessa forma; lide com isso como se fosse
um assunto pessoal, ‘dentro de casa’.”
Outra recomendação era que os padres adotassem eufemismos, em vez de expressões
claras, para descrever os ataques nos documentos arquivados. Em vez de estupro,
contato inapropriado.
Para dar a impressão de que a diocese estava lidando com os casos, os padres
deveriam ser encaminhados para “avaliação” em centros de tratamentos psiquiátricos
dirigidos pela igreja. Lá, especialistas deveriam “diagnosticar” se o padre era pedófilo,
baseado principalmente nos relatos do abusador, e mesmo que ele não tivesse tido
contato sexual com um menor.
Se a diocese decidisse remover um padre por causa do escândalo que a conduta dele
poderia causar, não deveria explicar os motivos. Os paroquianos saberiam apenas
que o clérigo estava em licença para cuidar da saúde ou sofrendo de “exaustão
nervosa”.
281
Os investigadores identificaram casos em que, décadas atrás, agentes da lei ficaram
sabendo dos ataques, apesar dos esforços das dioceses para ocultar os episódios. No
entanto, decidiram deixar a igreja lidar com a situação.
O documento detalha episódios em algumas dioceses. Em Allentown, por exemplo, um
padre foi confrontado com uma queixa de abuso.
Ele pediu ajuda por ter molestado o menino, mas a hierarquia católica concluiu que “a
experiência não vai necessariamente ser um trauma horrendo” para a vítima. O clérigo
continuou no ministério por muitos anos.
Em Erie, um padre confessou estupro anal e oral de ao menos 15 meninos, um deles
de 7 anos. O bispo mais tarde encontrou o abusador e ressaltou sua “candura e
sinceridade”. Ele também elogiou “o progresso que ele fez” ao controlar seu “vício”.
Anos depois, quando o padre foi excomungado, o bispo ordenou que o motivo
não fosse revelado.
Já na diocese de Harrisburg, um padre abusou de cinco irmãs. Além da agressão
sexual, ele coletou mostras da urina, do pêlo pubiano e de sangue menstrual das
meninas.
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/08/padres-seguiam-cartilha-informalpara-silenciar-vitimas-na-pensilvania.shtml
PADRES ABUSARAM DE MAIS DE MIL CRIANÇAS NA PENSILVÂNIA, DIZ RELATÓRIO.
INVESTIGAÇÕES APONTAM QUE CERCA DE 300 RELIGIOSOS COMETERAM ABUSOS
SEXUAIS NO ESTADO AMERICANO DESDE A DÉCADA DE 1940. ALTOS MEMBROS DA
IGREJA CATÓLICA TERIAM ACOBERTADO OS CASOS
Deutsche Welle, 15 de agosto de 2018
Mais de mil crianças foram vítimas de abusos sexuais cometidos por cerca de 300
padres da Igreja Católica no Estado americano da Pensilvânia desde a década de 1940,
aponta um relatório divulgado nesta terça-feira (14/08).
Um dos casos envolveu o estupro de uma garota de sete anos enquanto recebia a
visita de um padre no hospital após uma cirurgia de remoção de amígdalas. Outro
padre forçou um menino de nove anos a fazer sexo oral, tendo limpado então a boca
da criança com água-benta.
282
O relatório de cerca de 900 páginas é resultado de dois anos de investigações
conduzidas por um grande júri com base em depoimentos de dezenas de testemunhas
e mais de meio milhão de páginas de documentos internos da Igreja. O documento foi
apresentado em coletiva de imprensa com a presença de algumas vítimas.
O número real de crianças abusadas e de padres que cometeram abusos pode ser
ainda maior, pois algumas vítimas nunca denunciaram as ocorrências, e alguns
documentos secretos da Igreja foram perdidos.
Os documentos analisados incluem relatórios de bispos para autoridades no Vaticano
detalhando abusos que não foram divulgados publicamente nem encaminhados para
autoridades policiais.
Abusos acobertados
Embora reconheça que as dioceses tenham adotado certos procedimentos e pareçam
estar encaminhando queixas mais rapidamente, os autores do relatório avaliam que
ainda faltam mudanças essenciais.
"Apesar de algumas reformas institucionais, alguns líderes da Igreja têm escapado de
assumir a responsabilidade perante o público", afirma. "Padres estavam violando
pequenos meninos e meninas, e os homens de Deus que eram responsáveis por eles
não somente se isentaram, eles esconderam os fatos."
Os acusados de acobertar os escândalos incluem o atual arcebispo de Washington,
Donald Wuerl, que teria ajudado a proteger padres quando era bispo de Pittsburgh.
Segundo o relatório, bispos e líderes de dioceses usaram acordos de confidencialidade
para silenciar vítimas e enviaram padres abusadores para "tratamentos", tendo
permitido que centenas voltassem às suas ocupações.
Além disso, policiais ou procuradores por vezes não investigaram acusações por
respeito a membros da Igreja ou por alegarem que os casos estavam fora de sua
jurisdição, disse o grande júri.
"O padrão foi de abuso, negação e acobertamento", disse o procurador-geral da
Pensilvânia, Josh Shapiro.
A maioria dos casos já prescreveu, e mais de 100 padres envolvidos faleceram. Muitos
outros se aposentaram, foram dispensados ou receberam licenças.
283
Apenas dois padres foram acusados formalmente, incluindo um que já havia se
declarado culpado de abusar de uma criança de sete anos. O segundo padre teria
abusado de dois jovens até 2010, um deles ao longo de oito anos.
Seis das oito dioceses da Pensilvânia estão sob investigação, a mais ampla já conduzida
por um estado americano envolvendo abusos cometidos por clérigos católicos. Juntas,
as dioceses de Allentown, Erie, Greensburg, Harrisburg, Pittsburgh e Scranton
representam cerca de 1,7 milhão de católicos.
A arquidiocese da Filadélfia e a diocese de Johnstown-Altoona não foram incluídas pois
já foram alvo de três investigações por grandes júris anteriormente.
Diante da divulgação do relatório, líderes de dioceses demonstraram pesar pelas
vítimas e afirmaram que seu comportamento mudou. Também foi revelada, pela
primeira vez, uma lista de padres acusados de algum tipo de má conduta sexual.
Os escândalos não são exclusividade da Pensilvânia. Bispos americanos reconheceram
que mais de 17 mil pessoas nos EUA fizeram denúncias em que afirmam ter sido
molestadas por padres e outros membros da Igreja.
No mês passado, o papa Francisco revogou o título do cardeal Theodore McCarrick, de
88 anos, em meio a acusações de que o religioso teria abusado de meninos por anos a
fio e tido má conduta sexual com seminaristas adultos.
https://www.dw.com/pt-br/padres-abusaram-de-mais-de-mil-crian%C3%A7as-napensilv%C3%A2nia-diz-relat%C3%B3rio/a-45093030
https://p.dw.com/p/33Ckw
OPINIÃO: APÓSTOLOS SEM MORAL. A REVELAÇÃO DE OUTRO ESCÂNDALO DE ABUSO
SEXUAL NOS EUA ABALA AINDA MAIS AS FUNDAÇÕES DO VATICANO. JUSTIÇA E
RESSARCIMENTO PARA AS VÍTIMAS, MAS NADA DE ABSOLVIÇÃO PARA SEUS ALGOZES,
OPINA ASTRID PRANGE
Astrid Prange, Deutsche Welle, 15 de agosto de 2018
E aí, você também sofreu abuso? No futuro, muitos católicos poderão ser
confrontados com essa pergunta dolorosa. O escândalo de abuso sexual já envenena
284
toda a Igreja; desde a revelação dos primeiros incidentes nos Estados Unidos em 2002,
pelo Boston Globe, os escândalos não param de se suceder.
Abuso sexual por religiosos nos EUA, Austrália, Itália, Chile, Alemanha e em muitos
outros países: cada vez mais vítimas tomam a palavra, cada vez mais bispos e padres
são considerados culpados, cada vez mais fiéis abandonam suas igrejas.
Por isso é importante sublinhar: o fato de cada vez mais casos de abuso sexual virem a
público não significa que a dor das vítimas diminua. Pelo contrário: processamento,
esclarecimento, justiça e ressarcimento se tornam cada vez mais importantes.
É grande o perigo de que os escândalos de abuso na Igreja Católica, devido a seu
grande número, sejam encarados com indiferença crescente pelo público. Mas, ao
contrário dos espectadores dos noticiários, para as vítimas a vida não segue
normalmente no dia depois do ato.
O processamento dos casos de abuso começou em Roma e em diversas paróquias, mas
ainda não está, nem de longe, concluído. O devastador relatório das investigações na
Pensilvânia demonstra isso enfaticamente. O resultado dessa investigação poderia
colocar em questão a Igreja Católica enquanto instituição, em sua presente forma. Pois
uma instituição onde atos de violência dessa ordem ocorrem e são acobertados perde
sua aceitação social, com toda razão.
O Vaticano pressiona por essa dolorosa autopurificação – tarde, mas espere-se que
não tarde demais. Justamente Klaus Mertes, ex-diretor do colégio católico Canisius, de
Berlim, que em 2010 deu a partida para o desvendamento do escândalo de abuso
sexual na Igreja Católica da Alemanha, reconhece sucessos de aprendizado em Roma:
segundo ele, a comissão de proteção infantil nomeada pelo Vaticano, na qual também
estão representadas vítimas de violência sexual, está fazendo um excelente trabalho.
Na Alemanha, a Conferência Episcopal se autoimpôs diretrizes rigorosas sobre como
lidar com o abuso sexual e sua prevenção: as vítimas têm direito a indenização, e em
2013 o prazo de prescrição para o crime foi elevado para 30 anos – ao contrário do
que ainda acontece nos EUA.
A Pensilvânia volta a revelar os abismos humanos, a dupla moral e a capacidade de
sofrimento que até hoje vigoram dentro da Igreja Católica. Contudo, mesmo que
pareça sedutor condenar a instituição como um todo, não é nada fácil traçar uma linha
entre "bom" e "mau".
285
Pois não são apenas os fiéis e laicos engajados a sofrer com os abismos e contradições
de "sua" Igreja. Também muitos padres e bispos que desrespeitam o celibato, ou
vivem uma vida dupla por serem homossexuais, se desesperam com sua Igreja. Para
não falar das mulheres, a quem é vedado o sacerdócio.
Desde o Segundo Concílio Vaticano, é certo que muito mudou na Igreja, mas nem de
longe o suficiente para salvá-la da paralisia. Milhões de fiéis lutam por mudanças da
moral sexual católica, no confronto com os casados pela segunda vez, no celibato, no
papel das mulheres. Eles merecem reconhecimento.
Foram-se os tempos da infalibilidade papal e da imunidade sacerdotal. Mas até hoje
Roma mantém inquestionável sua armadura moral de dogmas. Só que a série de
escândalos de abuso há muito abalou os pilares desse universo masculino hierárquico.
Agora ele está ameaçado de uma implosão moral.
Astrid Prange é repórter e colunista da DW.
[Não estou reproduzindo as imagens destes textos sobre abusos na Igreja Católica,
várias delas imagens de crítica...]
https://www.dw.com/pt-br/opini%C3%A3o-ap%C3%B3stolos-sem-moral/a-45098957
https://p.dw.com/p/33EIX
SADOMASOQUISMO E USO DE SONÍFEROS: OS DETALHES DOS ABUSOS SILENCIADOS
PELA IGREJA NA PENSILVÂNIA. INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA IDENTIFICOU PELO MENOS
1.000 VÍTIMAS DE PADRES NO ESTADO NAS ÚLTIMAS DÉCADAS
Joan Faus, El País, 15 de agosto de 2018
As 1.356 páginas do relatório de um júri de instrução da Pensilvânia sobre os abusos
sexuais de clérigos contra mais 1.000 menores de idade estão repletas de descrições
horripilantes e de brutais exemplos de impunidade. A investigação revela que durante
sete décadas a cúpula eclesiástica católica encobriu e tolerou muitos dos abusos
perpetrados por mais de 300 sacerdotes. Na diocese de Erie, por exemplo, um padre
confessou ter cometido nos anos 80 abusos sexuaisanais e orais contra pelo menos 15
crianças, uma delas de apenas sete anos. Quando se reuniu com o predador sexual, o
bispo local elogiou-o por ser uma “pessoa cândida e sincera” e pelos “avanços” obtidos
286
em controlar seu “vício”. E quando finalmente o padre foi expulso, o bispo se negou a
explicar os motivos. “Nada mais deve ser indicado”, escreveu.
As pesquisas revelam um maquinário desumano de tolerância à pedofilia em 54 dos 67
condados da Pensilvânia. Mas em muitos casos chega tarde. A maioria dos abusos já
prescreveu, ou seus autores morreram. “Apesar de algumas reformas institucionais,
em geral os líderes individuais da Igreja evitaram uma prestação de contas pública. Os
padres estavam estuprando meninos e meninas pequenos, e os homens de Deus que
eram responsáveis por eles não só não fizeram nada como ainda ocultaram tudo”,
afirma a conclusão das investigações.
Abundam os exemplos escabrosos. Um padre estuprou uma menina de sete anos
quando foi visitá-la no hospital depois de ser operada das amídalas. Outro deu a um
menino uma bebida que o impedia de se lembrar do que ocorrera na noite anterior,
quando sofreu uma violação anal. Também houve um sacerdote que acabou se
demitindo após anos de acusações, mas isso não impediu que a Igreja lhe fizesse uma
carta de recomendação para seu emprego seguinte: na Disney World.
Também na diocese de Erie, o bispo descobriu em 1986 que um reverendo havia
masturbado um adolescente várias vezes na década anterior, com o pretexto de
ensinar a vítima sobre como descobrir possíveis sinais de câncer. Quando o pai de um
dos meninos abusados se queixou, a resposta da arquidiocese foi lhe pedir “discrição”
e que evitasse procurar mais informações, porque isso seria “daninho e
desnecessário”. “É óbvio neste momento que não está pendente nem se está
considerando nenhuma ação legal”, escreveu o bispo.
Em Pittsburgh, a cúpula eclesiástica desprezou as queixa de abuso contra um menino
de 15 anos porque o menor tinha “procurado” o sacerdote e o “seduziu” para iniciar
uma relação. O padre acabou sendo detido, mas, em sua avaliação interna, a Igreja
destacou que, embora o sacerdote tenha admitido atividades “sadomasoquistas” com
vários menores, elas eram “suaves”. Também em Pittsburgh existiu uma rede de
padres que se coordenavam para utilizar “chicotes, violência e sadismo ao estuprar
suas vítimas”, conforme detalha o inquérito do júri de instrução.
Os investigadores se queixaram de não ter recebido documentação recente. Ainda
assim, as investigações sugerem que, apesar reformas prometidas pela cúpula
eclesiástica norte-americana e pelo Vaticano, os padrões de acobertamento não
desapareceram totalmente. Por exemplo, a diocese de Allentown recebeu em 2009
uma queixa sobre abusos sexuais cometidos nos anos oitenta por um sacerdote, que
havia tocado os genitais de um menino de 13 anos. A diocese pediu explicações ao
padre, que àquela altura já estava aposentado, e ele alegou que foi acidental. Como
287
resultado, em dezembro de 2014, o bispo de Allentown comunicou ao Vaticano que
não expulsaria o padre do sacerdócio. O religioso morreu no ano seguinte.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/15/internacional/1534285596_678133.html
BISPOS DOS EUA DEFENDEM INVESTIGAÇÃO DE ABUSO POR VATICANO.
ORGANIZAÇÃO DIZ QUE PROBLEMA É FRUTA DE FALHAS NA SUPERVISÃO EPISCOPAL
Folha/Uol, 16 de agosto de 2018
A organização que representa os bispos da Igreja Católica dos EUA defendeu nesta
quinta-feira (16) que os abusos apontados no estado da Pensilvânia sejam investigados
pelo próprio Vaticano, com a ajuda de investigadores leigos.
O relatório, apresentado nesta terça pela Suprema Corte do estado, apontou que 300
"padres predadores"abusaram de mais de mil crianças por décadas, acobertados pela
igreja. O cardeal de Washington Theodore McCarrick, que antes atuava na Pensilvânia,
renunciou no mês passado diante da iminente publicação das denúncias.
"Quaisquer sejam os detalhes a respeito do arcebispo McCarrick sobre os muitos
abusos na Pensilvânia (ou em qualquer outro lugar), já sabemos que um dos
problemas é a falha da liderança episcopal", disse o cardeal Daniel DiNardo, presidente
da Conferência Nacional dos Bispos Católicos dos EUA, em nota.
A organização disse que vai criar novas formas para que vítimas reportem os abusos e
para que as denúncias sejam investigadas sem interferência por bispos que
supervisionem os acusados.
Denúncias similares já emergiram na Europa, na Austrália, no Chile e nos próprios EUA,
levando a processos judiciais, provocando a falência de arquidioceses e diminuindo a
autoridade moral da liderança da Igreja Católica, que tem cerca de 1,2 bilhão de
membros ao redor do mundo.
Um grupo católico que atende vítimas de abuso expressou preocupação com o novo
processo de denúncias.
"Tomo tudo com um grão imenso de sal, mas essa é a declaração mais forte de que
posso me lembrar envolvendo autoridades de segurança e leigos", disse Nick Ingala,
porta-voz do Voice of the Faithful.
288
Para ele, seria crucial que qualquer processo seja independente da influência clerical,
mas acrescentu: "Não sei como eles vão fazer isso".
O Vaticano ainda não comentou publicamente sobre as denúncias na Pensilvânia.
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/08/bispos-dos-eua-defendeminvestigacao-de-abuso-por-vaticano.shtml
OS CHOCANTES CASOS DE ABUSO COMETIDOS POR “PADRES PREDADORES” CONTRA
CENTENAS DE MENORES NOS EUA
BBC Brasil, 15 de agosto de 2018 [reproduzida como "Os chocantes casos de abuso
cometidos por ‘padres predadores’ contra centenas de menores nos EUA. Religiosos
eram mantidos na função mesmo quando confessavam crime", BBC Brasil reproduzida
pelo Uol, 16 de agosto de 2018]
O documento começa com a seguinte declaração: "Nós, membros deste grande júri,
precisamos que vocês ouçam isso. Talvez alguns de vocês tenham escutado algo
parecido antes... Mas nunca nesta escala".
E segue: "Para muitos de nós, esse tipo de histórias ocorreram em outro lugar, em
algum lugar distante. Agora sabemos a verdade: ocorreram em todas as partes".
Essas histórias são as de mais de mil menores de idade, possivelmente mais, que foram
abusados sexualmente ao longo de 70 anos por cerca de 300 padres de seis dioceses
do Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos.
Esses abusos ocorreram, segundo detalha o relatório divulgado pela Suprema Corte da
Pensilvânia, "enquanto funcionários eclesiásticos tomavam medidas para encobri-los".
Conheça a seguir detalhes de seis destes casos presentes no documento de 900
páginas do júri da Pensilvânia.
1. Um abuso disfarçado de 'exame de câncer'
Um padre em Erie, Chester Gawronski, acariciava sexualmente as crianças e dizia que o
fazia para "checar se tinham câncer".
289
Em 1997, depois de serem apresentadas queixas contra ele, Gawronski entregou à
diocese uma lista de 41 possíveis vítimas e confirmou que havia feito o "exame de
câncer" em menos 12 crianças relacionadas ali.
O padre confessou voluntariamente ter cometido abusos sexuais em múltiplas
ocasiões e, ainda assim, de 1997 a 2002, ele permaneceu na ativa no clero e
repetidamente foi transferido para outras paróquias.
2. 'Por favor, ajude-me, abusei sexualmente de uma criança'
Um dos padres, Michael Lawrence, disse ao monsenhor Anthony Muntone: "Por favor,
me ajude, abusei sexualmente de uma criança".
Muntone registrou a confissão em um memorando confidencial escrito à mão. E,
mesmo depois do registro, a diocese afirmou: "Essa experiência não será
necessariamente um trauma terrível para a vítima".
O padre Lawrence permaneceu na ativa na Igreja por anos sob o comando de três
diferentes bispos.
3. O padre que engravidou uma jovem de 17 anos
O padre Raymond Lukac engravidou uma jovem de 17 anos, falsificou a assinatura de
um pastor em uma certidão de casamento e se divorciou pouco depois de ela dar à luz.
Apesar de ter feito sexo com uma menor de idade, tido um filho com ela, se casado e
divorciado, foi permitido que Lukac permanecesse na Igreja enquanto a diocese
buscava "um bispo benevolente em outro Estado disposto a aceitar o predador e a
escondê-lo da Justiça".
4. Uma criança nua na casa do pároco
O padre Joe Pease abusou repetidamente de uma criança quando ela tinha entre 13 e
15 anos.
Funcionários da diocese encontraram em uma ocasião a vítima nua na casa onde o
pároco vivia, mas Pease disse que era uma "brincadeira" e que "não havia ocorrido
nada sexual".
290
A diocese escreveu então em um dos seus memorandos confidenciais: "Por hora,
estamos em um impasse: são alegações e não admissões".
O padre teve de fazer tratamentos indicados pela Igreja, e foi permitido que ele
voltasse à ativa por mais sete anos.
5. Vítimas identificadas por cruzes de ouro
Um grupo de ao menos "quatro padres predadores" teria estabelecido um vínculo
emocional e abusado sexualmente e de forma violenta de menores.
Uma das crianças teria sido forçada a ficar nua em uma cama e a posar como Cristo em
uma cruz. Os padres fotografaram a vítima e incluíram essas imagens em uma coleção
de pornografia infantil.
Para facilitar a identificação das vítimas, eles davam presentes às suas crianças
favoritas: cruzes de ouro que elas deveriam usar no pescoço - esses itens indicavam
que as vítimas estavam sendo preparadas para serem abusadas.
6. O padre que providenciou um aborto para sua vítima
O padre Thomas Skotek abusou de uma jovem e a engravidou. Ele mesmo
providenciou depois um aborto para ela.
O bispo James Timlin expressou o que sentia em uma carta: "Este é um momento
muito difícil em sua vida e me dou conta de quão amargo é. Compartilho de sua dor".
A carta, entretanto, não era endereçada à vítima, mas ao padre.
Estes são só alguns dos muitos exemplos incluídos no documento. E, como destacou o
procurador-geral do Estado, Josh Shapiro, ao apresentar o documento, os casos
"demonstram claramente que houve um abuso corrupto e desmedido".
"O padrão foi de abuso, negação e ocultação", afirmou Shapiro.
E o pior, destacou ele, é que ainda que a lista de padres que cometeram abusos seja
longa, "não acreditamos que o relatório abrange todos".
291
"Temos certeza de que muitas vítimas mais nunca se apresentaram para
testemunhar", afirmou o procurador.
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45191246
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/08/os-chocantes-casos-de-abusocometidos-por-padres-predadores-contra-centenas-de-menores-nos-eua.shtml
VATICANO CHAMA DE CRIMINOSOS OS PADRES ABUSADORES DA PENSILVÂNIA E PEDE
QUE ASSUMAM RESPONSABILIDADES. IGREJA SENTE "VERGONHA E DOR" PELOS 300
CASOS DE PEDOFILIA PERPETRADOS POR SACERDOTES"
El País, 16 de agosto de 2018
O Vaticano sente “vergonha e dor” depois que a Suprema Corte da Pensilvânia (EUA)
publicou um relatório que documenta 300 casos de abusos sexuais perpetrados por
padres. Em um comunicado divulgado nesta quinta-feira, a Santa Sé considera que
tanto os pedófilos como os que permitiram as agressões sexuais deveriam assumir
responsabilidades: “A Igreja tem de aprender duras lições de seu passado e deveriam
assumir responsabilidade tanto os abusadores como os que permitiram que isso
ocorresse”.
A Santa Sé qualificou de “criminosos” os abusos de menores por sacerdotes. “Os
abusos descritos no relatório são criminosos e moralmente reprováveis. Estes fatos
traíram a confiança e roubaram a dignidade e a fé de suas vítimas”, explicou o diretor
da assessoria de imprensa da Santa Sé, Greg Burke, no texto.
A nota oficial enfatiza que “a Santa Sé condena inequivocamente o abuso sexual de
menores” e destaca que “as vítimas têm de saber que o Papa está a seu lado”.
“Aqueles que sofreram são sua prioridade e a Igreja quer escutá-los para erradicar esse
trágico horror que destrói a vida dos inocentes”, prossegue.
O porta-voz do Vaticano afirmou que a maior parte do relatório tornada pública esta
semana sobre os casos de pedofilia na Pensilvânia se refere a abusos cometidos antes
do início dos anos 2000 e que quase não foram encontrados “casos depois de 2002”.
Este fato, segundo argumenta, demonstra “como as reformas feitas pela Igreja
Católica nos Estados Unidos reduziram drasticamente a incidência dos abusos
cometidos pelo clero”.
292
“A Santa Sé se empenha em estar em constante reforma e vigilância em todos os
níveis da Igreja Católica para garantir a proteção dos menores e dos adultos
vulneráveis. Enfatiza também a necessidade de obedecer à legislação civil, incluindo a
obrigação de denunciar os casos de abusos contra menores”, diz o comunicado.
O papa Francisco, segundo afirma o comunicado, “compreende bem quanto esses
crimes podem abalar a fé e o ânimo dos fiéis e reitera o chamado a fazer todos os
esforços possíveis para criar um ambiente seguro para os menores e os adultos
vulneráveis na Igreja e em toda a sociedade”.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/16/internacional/1534449644_563303.html
https://ep00.epimg.net/descargables/2018/08/16/fa87e4d55b0e52003b0dffdb002d1
421.pdf (comunicado citado na matéria)
VATICANO SABIA DOS ABUSOS SEXUAIS NA PENSILVÂNIA PELO MENOS DESDE 1963.
SANTA SÉ SE MOSTROU TOLERANTE DIANTE DE ALGUNS DOS CASOS DE PEDOFILIA,
MAS É IMPOSSÍVEL SABER SE TINHA CONHECIMENTO DE TODOS OS DETALHES
Joan Faus e Laura Delle Femmine, El País, 17 de agosto de 2018
A investigação da Pensilvânia, que relata os abusos sexuais a mais de 1.000 menores
de idade por mais de 300 religiosos durante sete décadas, revela que pelo menos
desde 1963 o Vaticano conhecia alguns desses casos e se mostrou tolerante, mas é
impossível saber se tinha conhecimento de todos os detalhes. Após dois dias de
silêncio, a Santa Sé mostrou na quinta-feira “sua vergonha” pelos abusos “criminosos”
nos Estados Unidos e afirmou que “responsabilidades deveriam ser assumidas”.
A palavra Vaticano aparece 45 vezes no pavoroso relatório do grande júri da
Pensilvânia, que revela uma máquina de silêncio e encobrimento diante dos excessos
dos religiosos. A Congregação para a Doutrina da Fé, o órgão encarregado de defender
a correta doutrina da Igreja católica, é mencionada 14 vezes e a Santa Sé, 11. A partir
da leitura do documento de 1.356 páginas se infere que Roma foi informada diversas
vezes tanto dos abusos sexuais como do fato de que a Igreja norte-americana estava
encobrindo padres pedófilos.
Ao revelar na terça-feira as descobertas da investigação, o promotor geral da
Pensilvânia, Josh Shapiro, alertou que os padrões de encobrimento “se estendem em
alguns casos até o Vaticano”. A primeira vez que o Vaticano é mencionado no relatório
é em 1963 e a última em 2015, quando o papa Francisco já estava à frente da principal
293
instituição do catolicismo e foram prometidas reformas contra os abusos. No caso de
2015, o Vaticano deu luz verde a um pedido de afastamento de um padre acusado de
crime de pornografia infantil. Um ano antes, entretanto, não se manifestou sobre a
decisão da diocese de Allentown de não afastar do sacerdócio um religioso que, nos
anos oitenta, tocou nos genitais de um menino de 13 anos.
O primeiro caso que o Vaticano tomou conhecimento há mais de meio século se refere
ao padre Raymond Lukac, da diocese de Greensburg. Em 1963, Lukac acumulava pelo
menos três queixas conhecidas de abusos sexuais e várias sobre tratamento
inapropriado a menores em diferentes cidades apesar de ter prometido melhorar seu
comportamento. Teve uma relação com um organista de 18 anos, se casou sendo
padre e teve um filho com uma jovem que ele conheceu quando ela tinha 17, além de
abusar de outra menina de 11 anos.
Com esses antecedentes, o bispo de Greensburg, William Connare, se comunicou com
o Vaticano em outubro de 1963. Lukac trabalhava à época em um centro religioso nos
subúrbios de Chicago e, por sua má conduta anterior, não podia escutar confissões. Ele
pediu a Connare para que todas as suas funções fossem restauradas e Connare o fez
em pessoa à Santa Sé, que deu sua aprovação. “Enquanto estava em Roma, revisei os
detalhes de seu caso com o Santo Ofício e obtive essas faculdades ao padre Lukac”,
disse Connare depois em uma carta, em que esclareceu que era uma permissão para
pelo menos um ano.
Em seu relatório, o grande júri da Pensilvânia concluiu que “os bispos que colaboraram
para manter Lukac em atividade no sacerdócio o fizeram sabendo que ele significava
um risco à população e foram, portanto, cúmplices com o abuso que ele cometeu”.
Existem outros exemplos. O atual arcebispo de Washington, Donald Wuerl, escreveu
uma carta ao Vaticano na qual informou que padres da que era à época sua diocese, a
de Pittsburgh, haviam sido acusados de cometer abusos sexuais em menores.
Conhecido na cúria por sua aparente tolerância zero aos abusos e criticado fora dela
por encobrir padres pedófilos, Wuerl definiu a pedofilia como algo “incurável” e
afirmou que os paroquianos tinham direito a mais informação.
Readmissões
Apesar dessa declaração ao Vaticano “sobre a natureza séria e criminosa do
problema”, na prática Wuerl permitiu que um padre pedófilo, Ernest Paone, que
anteriormente foi obrigado a tirar uma licença e se afastar de suas vítimas, fosse
294
transferido diversas vezes a outras dioceses. Wuerl acabou aceitando a renúncia de
Paone em 2003, mas permitiu que ele recebesse a aposentadoria.
Por outro lado, em 1988 Wuerl afastou outro religioso após uma vítima apresentar
uma denúncia por abuso. Cinco anos depois, entretanto, o Supremo Tribunal da
Assinatura Apostólica, maior instância vaticana, ordenou que fosse readmitido ainda
que depois tenha voltado atrás na decisão. Pouco antes das revelações do relatório da
Pensilvânia, o atual arcebispo de Washington afirmou que o documento seria crítico
com algumas de suas ações, mas defendeu que “agiu com diligência, preocupação
pelos sobreviventes e para prevenir futuros abusos”.
As técnicas usadas pelos bispos da Pensilvânia para calar as vozes críticas e as
denúncias de envolvidos e familiares incluíam o afastamento dos padres pedófilos, sua
“secularização”, licenças e tratamentos em centros de saúde mental, entre outras
coisas. De acordo com o grande júri, o Vaticano esteve em contato com vários bispos
da Pensilvânia e recebeu informação sobre os casos de abusos, mas o relatório nem
sempre detalha quais foram as repercussões desses comunicados. Em 1988, por
exemplo, uma mulher enviou uma carta à diocese de Pittsburgh e ao Vaticano para
pedir ajuda contra o abusador de seu filho, e nunca recebeu resposta.
UMA “CATÁSTROFE MORAL”
O presidente da conferência episcopal norte-americana, Daniel DiNardo, afirmou na
quinta-feira que a Igreja sofre uma “catástrofe moral” após as revelações de abusos na
diocese da Pensilvânia e a decisão do Vaticano, no final de julho, de afastar Theodore
McCarrick, arcebispo emérito de Washington, acusado de cometer abusos contra
menores décadas atrás sem que isso o impedisse de subir na hierarquia das
instituições católicas.
Em um duro comunicado, DiNardo, no cargo desde 2016, afirmou que uma das
“raízes” do problema é o “fracasso da liderança episcopal” e pediu para que seja muito
mais fácil denunciar abusos e que as respostas sejam mais rápidas e transparentes.
Somente o Papa tem o poder de disciplinar e expulsar bispos.
“O mecanismo para abordar uma queixa contra um bispo deve estar livre de
ingerências”, pediu. “Não tenho ilusões sobre o alcance do dano que esses pecados e
fracassos causaram na confiança nos bispos”.
Em um duro comunicado, DiNardo, no cargo desde 2016, assegurou que uma das
“raízes” do problema é o “fracasso na liderança episcopal” e pediu que seja bem mais
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fácil denunciar abusos e que as respostas sejam mais rápidas e transparentes. Só o
Papa tem a potestade de disciplinar ou expulsar a bispos.
“O mecanismo para abordar uma queixa contra um bispo deve estar livre de
interferências”, reclamou. “Não me faço ilusões sobre o alcance do dano que estes
pecados e fracassos causaram na confiança nos bispos”.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/17/internacional/1534538033_258338.html
ABERTURA DA MOSTRA QUEERMUSEU, NO RIO, TEM PROTESTOS DE MOVIMENTOS
RELIGIOSOS, FECHADA UM ANO ATRÁS DIANTE DE CENSURA, EXPOSIÇÃO É
REINAUGURADA NESTE SÁBADO (18)
Nicola Pamplona, Folha/Uol, 18 de agosto de 2018
Representantes de movimentos religiosos realizaram um protesto neste sábado (18)
contra a exposição Queermuseu, aberta no Rio cerca de um ano após ter sido
censurada em Porto Alegre. Eles acusam a mostra de desrespeitar símbolos cristãos e
de apologia à pedofilia e zoofilia.
Em setembro de 2017, protestos de movimentos conservadores levaram o Santander
Cultural a decidir pelo cancelamento da mostra. A montagem no Rio foi garantida após
crowdfunding , que levantou mais de R$ 1 milhão, e polêmica com o prefeito Marcelo
Crivella (PRB).
Neste sábado, o curador da Queermuseu, Gaudêncio Fidelis, disse que a reabertura da
mostra é uma "vitória contra o fascismo". "Na farsa que foi criada pelo MBL
(Movimento Brasil Livre) em torno dessa exposição reside um movimento
obscurantista", afirmou.
Representantes do MBL estiveram presentes ao protesto, ao lado de movimentos
intitulados Liga Cristã Mundial e Templários da Pátria. Eles tentaram abafar o discurso
de Fidelis gritando o nome do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) e do
senador Magno Malta (PR), um dos críticos à mostra.
"A blasfêmia não pode ser esconder atrás da arte", gritavam os manifestantes antes do
início do evento. O grupo reuniu cerca de 30 pessoas para o protesto, que teve
convocação na página do MBL no Facebook.
296
“Nós não somos contra a arte. Somos contra o escarnecimento da fé cristã”, disse
Eduardo Oliveira, diretor da Liga Cristã Mundial no Rio. “Que se faça a exposição, mas
não com aquelas obras que estão lá dentro”, completou.
Diante do risco de manifestações, a organização da mostra reforçou a segurança do
Parque Lage, que fica no Jardim Botânico, zona sul do Rio. Uma empresa privada foi
contratada para fornecer 20 seguranças e outra, para implantar câmeras e fazer a
vigilância online.
Houve momentos de discussão entre os manifestantes e pessoas que foram
acompanhar a cerimônia de abertura, mas sem incidentes de violência. Antes da
abertura, foram distribuídos aos presentes adesivos com a frase “Vencemos o
fascismo”.
“Eles querem cercear nosso direito de ser quem a gente é, de construir nossa família
do jeito que a gente quer. Falam da família tradicional brasileira, mas o que querem é
impor a família tradicional cristã”, rebateu a professora Carol Quintana.
"A EAV (Escola de Artes Visuais do Parque Lage) reafirma o seu comprometimento
inegociável com a liberdade de expressão", disse o diretor da escola, Fábio
Szwarcwald. Antes da EAV, a mostra chegou a ser cogitada pela direção do MAR
(Museu de Arte do Rio), mas a ideia foi vetada por Crivella.
"Só se for no fundo do mar", disse o prefeito, em vídeo divulgado em outubro de 2017.
"Não estamos em Atlântida e a mostra vai acontecer no Parque Lage", rebateu neste
sábado o diretor da EAV.
A organização do Queermuseu no Rio, porém, sofreu um revés na sexta (17), com
decisão judicial que restringe o acesso de menores de 14 à mostra, alegando que as
obras apresentam nudez e conteúdo sexual - adolescentes com 14 e 15 anos só podem
ir acompanhados por responsáveis.
Inicialmente, a ideia era permitir menores de 14 acompanhados. Szarcwald, que havia
levado dois filhos menores de 14 ao Parque Lage, disse que vai recorrer da decisão. O
pastor Silas Malafaia chegou a pedir ao Ministério Público a restrição a menores de
idade, mas não obteve sucesso.
Entre as obras mais controversas da exposição, está uma tela de Adriana Varejão que
retrata uma gueixa transando com um escravo, um rapaz penetrando uma cabra e dois
garotos brancos num ato sexual com um rapaz negro.
297
Outra tela, de Bia Leite, em que meninos sorridentes aparecem com os dizeres
"criança viada", recebeu acusações de apologia à pedofilia. Uma série de
representações de Jesus nos quadros de Fernando Baril foi chamada de blasfema
[Observação: nunca ouvi falar dos movimentos citados, à exceção do MBL... A matéria
traz a informação de 30 manifestantes... O que permite pensar a respeito da
representação social dessas manifestações e movimentos... Coloco como hipótese que
o que vemos são manifestações que procuram aparecer na mídia, mas com pouca
representatividade... O que me leva a pensar no papel do jornalismo... A meu ver,
pautas religiosas defendidas nos legislativos brasileiros também devem ser pensadas...
Até que ponto não seriam pautas de hierarquias de igrejas e não – inicialmente – de
fiéis, os quais estariam mais preocupados com questões de sobrevivência, como
emprego, serviços do Estado, preços de produtos e serviços etc...? ]
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/08/exposicao-queermuseu-abre-norio-com-protestos-de-movimentos-religiosos.shtml
EM ATRITO COM MACRI, PAPA FRANCISCO SE ENGAJA EM DEBATE SOBRE ABORTO.
IGREJA ELEVA CRÍTICAS AO PROJETO DE LEI QUE DESCRIMINALIZA PRÁTICA NA
ARGENTINA
Sylvia Colombo, Folha/Uol, 01 de agosto de 2018
“No século passado, todos estavam escandalizados pelo que faziam os nazistas para
cuidar da pureza da raça. Hoje se defende fazer o mesmo, mas com luvas brancas.”
Depois que o papa Francisco disse isso, a Igreja Católica, que já havia se posicionado
contra o aborto, elevou o nível das críticas ao projeto de lei que se vota no dia 8.
O papa e o presidente da Argentina, Mauricio Macri, estão em fricção política desde
que este assumiu a Presidência. Francisco declarara seu apoio, na eleição de 2015, ao
peronismo, representado por Daniel Scioli. Depois de eleito, Macri visitou o pontífice
duas vezes, tentando estreitar relações, mas foi recebido de modo frio e distante.
O estímulo do presidente para que o Congresso debatesse a Lei do Aborto afastou
ambos ainda mais.
Francisco já visitou vários países da América do Sul (Brasil, Equador, Paraguai, Peru,
Chile, Colômbia, Bolívia e México), mas vem evitando seu país natal, muitos creem que
seria para evitar um encontro com Macri que poderia ser capitalizado politicamente.
298
A igreja argentina planeja realizar, no próprio dia 8, uma “Missa pela Vida”, que
ocorrerá na Catedral de Buenos Aires às 20h, justamente no momento em que os
senadores estarão debatendo o projeto e estão programados atos dos ativistas pró e
contra a medida.
A cerimônia será presidida pelo arcebispo de Buenos Aires, cardeal Mario Poli, e
estarão presentes sacerdotes de destaque de várias províncias do país.
Os religiosos também vêm estimulando os fiéis a realizar atos, orações e jejuns pela
campanha #ValeTodaVida.
Há três semanas, na famosa Basílica de Luján, lugar de peregrinação dos católicos
argentinos, o bispo Oscar Ojea disse que, se a lei for aprovada “será a primeira vez que
se ditará, na Argentina, em tempos de democracia, uma lei que legitima a eliminação
de um ser humano por outro ser humano”.
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/08/em-atrito-com-macri-papa-franciscose-engaja-em-debate-sobre-aborto.shtml
DEBATE SOBRE ABORTO LEGAL NA ARGENTINA ENTRA NA RETA FINAL SOB PRESSÃO
DE CONSERVADORES. MOBILIZAÇÕES AUMENTAM PARA TENTAR IMPEDIR QUE EM 8
DE AGOSTO O SENADO TORNE LEI O PROJETO DE INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ
APROVADO PELA CÂMARA
Mar Centenera, El País, 01 de agosto de 2018
299
Manifestação contra o aborto legal na Argentina em frente à residência presidencial.
AFP
O debate sobre a legalização do aborto na Argentina está na reta final: em 8 de agosto,
o Senado votará o projeto de interrupção voluntária da gravidez aprovado pela
Câmara dos Deputados em junho. Uma maioria de votos a favor tornaria a Argentina o
primeiro dos grandes países latino-americanos com uma lei de aborto legal com
prazos, semelhante à que já existe no vizinho Uruguai — no Brasil, o Supremo Tribunal
Federal começa no final desta semana a discutir o tema. Mas os setores mais
conservadores da sociedade argentina, liderados pela Igreja católica, aumentaram a
pressão nas últimas semanas.
Os números estão muito equilibrados. Os votos dos 72 senadores estão divididos, com
uma ligeira vantagem a favor do não, o que deixa o resultado final nas mãos dos cinco
parlamentares indecisos. Para que a balança se incline a seu favor, alguns defensores
do aborto legal propõem a introdução de mudanças –como incluir a objeção de
consciência institucional e reduzir de 14 para 12 semanas o prazo para o aborto livre–
que devolveriam a iniciativa à Câmara dos Deputados para a aprovação definitiva.
Outros, por outro lado, resistem a qualquer modificação.
Enquanto se estabelecem alianças intraparlamentares, ambos os lados procuram
conquistar as ruas. Os detratores do projeto eram muito menos numerosos do que
aqueles que o defendiam nas proximidades do Congresso no dia da votação na Câmara
e intensificaram os chamados à mobilização para evitar que isso se repita. A Unidad
Provida, uma coalizão de organizações contrárias ao aborto, convocou uma
300
manifestação para esta segunda-feira em frente à residência presidencial em Olivos,
nos arredores de Buenos Aires. “As organizações que defendem os direitos das
mulheres e crianças nascidas e por nascer se concentrarão nesta tarde, a partir das 19
horas, diante da residência presidencial em Olivos, e pedirão ao presidente que se
abstenha de intervir, por meio de seus ministros, no debate aberto sobre o aborto”,
diz o texto que convoca a manifestação.
UMA SEMANA DECISIVA
Nesta quarta falarão no Senado os últimos oradores a favor e contra o aborto legal. Do
lado de fora, os partidários do sim convocaram um pañuelazo(manifestação em que
lenços são erguidos) e uma “terça-feira verde”, a cor que os identifica. Na quarta-feira,
as comissões que discutem o texto devem elaborar os pareceres que serão votados no
plenário no dia 8. Se o parecer da maioria incluir modificações à iniciativa original, sua
aprovação definitiva ficará comprometida e a nova lei deverá passar pela Câmara dos
Deputados.
Adolfo Rubinstein, o ministro da Saúde, tornou-se um dos grandes alvos das críticas
dos grupos antiaborto por sua defesa do projeto de lei que propõe legalizar a
interrupção da gravidez até 14 semanas. Tais grupos tentaram, sem sucesso, impugnar
sua apresentação no Senado, onde mostrou estatísticas que indicavam de uma
redução do número de abortos nos países em que é legal. Rubinstein também
enfatizou que a legalização dessa prática representaria uma economia importante para
os cofres do Estado, que hoje fazem frente a aproximadamente 50.000 internações
anuais devido a complicações derivadas de abortos inseguros.
301
A Unidad Provida critica as intervenções do ministro e rejeita que Mauricio Macri
participe do debate sem tê-lo incluído de antemão em seu programa eleitoral. Muitos
de seus eleitores também não veem isso com bons olhos, como ficou claro hoje com a
hashtag #MacriConAbortoNoTeVoto, que se tornou trending topic no Twitter. A lei
atual prevê penas de um a quatro anos de prisão para a mulher que decide
interromper a gravidez, exceto se for fruto de uma violação ou se colocar sua vida em
risco. Mesmo assim, na Argentina acontecem entre 350.000 e 450.000 abortos por
ano, de acordo com estimativas extraoficiais endossadas pelo Ministério da Saúde, e
cerca de cinquenta gestantes morrem.
A Igreja chamou seus fiéis para manifestarem nas ruas sua rejeição ao projeto de lei.
“Como já dissemos em outras ocasiões, apoiamos e incentivamos aqueles que desejem
se manifestar publicamente como cidadãos responsáveis para testemunhar o respeito
à vida”, disse a Conferência Episcopal Argentina em um comunicado divulgado no
último dia 25. Hoje, os bispos convocaram uma “missa pela vida” no dia da votação, na
catedral, localizada na praça de Mayo, no centro da cidade, enquanto os defensores do
aborto legal farão uma vigília em frente ao Congresso no mesmo dia.
Os sacerdotes villeros, com grande influência nos bairros mais pobres do país,
anunciaram a criação de centros de contenção e assistência alimentar, de saúde e
jurídica para mulheres sem recursos com gravidezes não planejadas. “Escolhemos nos
encarregar de modo comunitário dessas situações dramáticas e não esperamos
acriticamente a instalação de uma verdadeira cultura do descarte humano”,
escreveram os padres em uma declaração conjunta. Sua proposta é semelhante ao
polêmico projeto legislativo apresentado pelo presidente provisório do Senado, o
macrista Federico Pinedo, no qual propunha a adoção como alternativa ao aborto.
O jornal La Nación, cuja tiragem é uma das maiores do país, juntou-se no domingo à
ofensiva antiaborto com um editorial rejeitando inclusive a interrupção da gravidez em
casos de estupro, um suposto legal desde 1921, ao qual também se opõe a vicepresidenta Gabriela Michetti. “Não é um aborto o que pode apagar as tristes marcas
de uma violação, apenas suprimirá o ser em gestação e adicionará o sofrimento de ter
abortado”, afirmou o jornal. María Eugenia Vidal, governadora da província de Buenos
Aires, advertiu hoje que se a legalização do aborto for aprovada, “será difícil de
aplicar”. Dentro de dez dias se saberá se a campanha conservadora vencerá e a
Argentina manterá o aborto na ilegalidade.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/30/internacional/1532964366_907805.html
302
MARTA DILLON: “UMA MULHER MORRER POR ABORTO ILEGAL É FEMINICÍDIO DE
ESTADO”
Olavo Barros, Ponte Jornalismo, 30 de julho de 2018
Criadora do movimento feminista ‘Ni Una Menos’ acredita na aprovação da legalização
do aborto no Senado argentino e prepara-se para colher os frutos de décadas de
militância
Em meio ao frio inverno da capital da Argentina, floresce uma primavera feminista. O
debate sobre o Projeto de Lei da IVE (sigla em castelhano para Interrupção Voluntária
da Gravidez) tem esquentado o clima nas ruas, universidades, lares e, recentemente,
nas casas legislativas do país.
A Onda Verde, uma referência aos pequenos panos usados pelas apoiadoras e
apoiadores da Campanha pelo Direito ao Aborto, atingiu como um tsunami a agenda
política nacional. Em 14 de junho, foi aprovada a chamada “meia sanção” na Câmara
dos Deputados – com uma estreita margem de 129 votos favoráveis, 125 contra, 1
abstenção e 1 ausência. O projeto está no Senado e será votado no próximo dia 8 de
agosto.
É nesse contexto de efervescência política e social que Marta Dillon, idealizadora e
fundadora do mais célebre movimento feminista argentino da atualidade, o Ni Una
Menos, recebe a reportagem da Ponte.
Marta é mulher lésbica, esposa, mãe, avó, jornalista, escritora, ativista dos
movimentos feminista, LGBT+ e de combate ao HIV, e também foi vítima da Ditadura
Militar argentina. Sua mãe, Marta Taboada, foi assassinada pelo regime em 1977 e seu
corpo ficou desaparecido até 2011, quando a Equipe Argentina de Antropologia
Forense finalmente identificou seus restos mortais numa cova de indigentes.
Usando sempre as adversidades como potência de transformação, a ativista conta que
encontrou no feminismo “uma linguagem que me permite explicar minha vida inteira e
entendê-la de outra maneira”. E assegura: “o feminismo me salvou a vida”.
Confira a entrevista:
Ponte: Vivemos num momento de avanço conservador em todo o mundo: eleição de
Trump nos EUA, Brexit no Reino Unido, Impeachment de Dilma Rousseff no Brasil…
303
Marta Dillon: …Macri aqui na Argentina. [risos]
Ponte: Nesse sentido, em um país tradicionalmente católico e conservador como a
Argentina, a aprovação de uma legislação menos restritiva em relação ao aborto tem
sido uma grande conquista dos movimentos progressistas e do movimento feminista
em particular. O que aconteceu para que se construísse esse momento histórico?
Marta Dillon: Conservador é uma maneira de dizer, é um país que está bem dividido. A
metade do país é progressista e a outra metade é conservadora. Nós viemos de um
período de ampliação de direitos, onde conseguimos o matrimônio igualitário, a lei de
identidade de gênero, a lei de saúde sexual e direitos reprodutivos, toda uma agenda
que vinha impulsionando o feminismo há muitos anos e o feminismo na Argentina
sempre foi visto como uma presença sustentada, mas bem marginal em algum sentido.
Na Argentina, há 33 anos, realizamos o Encontro Nacional de Mulheres, quando nos
reunimos em diferentes cidades do país para debater todos os temas referentes às
nossas vidas e ao feminismo e isso gerou, de alguma maneira, um caldo de cultivo de
onde saíram muitas dessas leis. Há movimentos sociais que são fortes e no feminismo
confluem: organizações políticas, movimentos sociais e feministas autônomos e,
digamos, mais radicais, especificamente feministas. Em 2015, tivemos o surgimento do
movimento Ni Una Menos que modificou radicalmente justamente este sistema de
isolamento que estava o feminismo, que se torna muito numeroso e, como eu te disse,
se auto-organiza para gerar esses encontros. A partir de Ni Una Menos foi que se pulou
o muro do feminismo para começar a envolver muitos setores da população que não
se viam representados nesses princípios e que passam a se reconhecer feministas.
Ponte: E por que você acha que aconteceu essa identificação?
Marta Dillon: Se reconhecem feministas por várias coisas, primeiro porque se
simplificou a linguagem. Foram tirados do âmbito puramente teórico e se puseram ao
alcance de enormes setores da população conceitos como patriarcado, que as relações
de sexo e gênero são relações de opressão… A partir do reconhecimento dessa
opressão, há uma politização tanto de adolescentes quanto de muitas mulheres que
nunca haviam participado em política que começam a reconhecer outras opressões. E,
além disso, houve um deslocamento do feminismo como sujeito político. Nós,
feministas, já não demandávamos só por políticas assistenciais, mas por uma mudança
completa, revolucionária no sentido de repensar relações econômicas, de repensar do
que se trata a Justiça, de repensar todas as questões que têm a ver com o corpo e com
a autonomia das mulheres, mas não somente isso.
Ponte: E a Campanha pelo Direito ao Aborto ganha força justamente nesse contexto?
304
Marta Dillon: A Campanha pelo Direito ao Aborto é uma articulação nacional que sai
dos encontros nacionais de mulheres e que têm 13 anos de desenvolvimento. Essa
confluência entre o que gerou o Ni Una Menos e essa articulação que está em todo o
país pôde impulsionar [a Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto] de alguma
maneira, mas, tem que se levar em conta que não foram somente as marchas de Ni
Una Menos, mas, para além disso, foi a transformação dessas mobilizações em
paralisações de mulheres, que foram tomadas como uma ferramenta que interpelou
setores que antes não se consideravam feministas, como as sindicalistas, outros
movimentos sociais. Há uma mobilização feminista muito forte na Argentina. É a
sétima vez que se apresenta um projeto de lei na Campanha pelo Direito ao Aborto,
mas, antes disso, vínhamos também demandando que se cumpra o aborto por
questões que são muito óbvias na Argentina: o aborto já é legal, agora queremos que
se reconheça a vontade das mulheres para abortar. Não somente ter que dizer “bom,
minha saúde está em perigo”. A discussão sobre o direito ao aborto legal é central no
sentido de que é o que condiciona a decisão das mulheres sobre seus corpos e isso nos
coloca em uma flagrante desigualdade com os homens. Me parece que essa
emancipação, essa possibilidade de falar em voz alta, de falar do aborto, de
hierarquizar as vozes das mulheres que abortam, que já não falam disso como se
tivessem um segredo vergonhoso.
Ponte: Esse foi o quarto ano consecutivo de protestos do movimento organizado por
você, o Ni Una Menos. O tema da marcha deste ano foi “Sem #AbortoLegal, não há
#NiUnaMenos. Não ao pacto de Macri com o FMI”. Por que a ideia de aborto livre e
Ni Una Menos são inseparáveis?
Marta Dillon: Em princípio, não há Ni Una Menos se há aborto clandestino porque
enquanto morrem mulheres por causas totalmente evitáveis como o acesso ao aborto,
considero que são feminicídios de Estado. Há uma relação direta. Se nós geramos um
movimento de emancipação das mulheres, não podemos seguir sujeitas às decisões do
Estado sobre nossas maternidades ou nosso não-desejo de sermos mães. O aborto é
central para isso, para nos equilibrarmos como cidadãs livres, que podemos decidir
não somente sobre os nossos corpos, mas decidir sobre nossa vida futura. Uma
gravidez que prospera condiciona a vida inteira. Se não podemos decidir sobre isso,
estamos na metade do caminho, somos cidadãs de segunda, então não há Ni Una
Menos, não podemos nos emancipar da violência machista se não recuperamos
soberania sobre nossas vidas e nossos corpos. Nesse sentido, o aborto é central.
Ponte: E sobre o impacto do “pacto de Macri com o FMI” para Ni Una Menos e para o
movimento feminista?
305
Marta Dillon: Nós fizemos ao menos duas intervenções em relação a denunciar – antes
do pacto com o FMI inclusive – o endividamento externo, porque endividamento é
obediência. Tanto que agora temos o FMI inspecionando as contas do país, dizendo
quantos empregados ou empregadas têm que se despedir, condicionando as tarifas de
luz… Ou seja, nossas vidas estão alienadas por esses pactos, por esse endividamento
externo. E alienada no sentido que fazemos essas contas todos os dias. Se você está
em uma relação de violência e não tem recursos econômicos não vai poder se separar,
não vai poder dizer “não” quando quiser dizer “não”. A “feminização” da pobreza é um
fato: são as mulheres que estão encarregadas da reprodução da vida, do cuidado dos
filhos e têm os trabalhos piores pagos, porque precisam de trabalhos de meio período,
porque não se contratam as mulheres que estão em idade reprodutiva. A economia
nos afeta a todas e a todos, mas às mulheres de maneira diferenciada por razões
lógicas. A divisão sexual do trabalho segue existindo e nós somos encarregadas, como
se fosse algo natural, das tarefas de cuidado reprodutivo que nem sequer são
reconhecidas como trabalho. E, além disso, acabamos nos endividando na vida privada
para poder sustentar o endividamento do país e poder chegar a pagar as contas. A
“bancarização” compulsiva nos coloca num sistema em que os únicos que ganham são
os bancos.
Ponte: A votação na Câmara dos Deputados foi muito apertada e teve de tudo: desde
deputadas totalmente alinhadas ao discurso do movimento feminista até falas como
a da deputada Estela Regidor [do partido União Cívica Radical (UCR)] que comparou
mulheres grávidas à cadelas prenhas. O que podemos esperar da votação no
Senado?
Marta Dillon: O Senado é classicamente mais conservador que a Câmara dos
Deputados. Eu tenho a sensação de que vai sair, primeiro porque há muita
movimentação na rua, porque é um tema que se converteu em transversal, ou seja,
aqui temos apoiando o aborto tanto setores liberais como de esquerda. É um tema
que escapa um pouco de nossas agendas no sentido de que abortar, abortamos todas.
Agora, o que pode acontecer? Acredito que [a sanção e regulamentação da lei] vai
estar bastante condicionada a decisões do Poder Executivo em relação ao
disciplinamento das províncias. Eu acredito que ao Poder Executivo convém que saia o
aborto e, nesse sentido, acho que vai sair. Para mim, é complicado arriscar uma
definição. A mobilização social é muito forte e se esse debate continuar vai ser mais
desgastante. Há muita violência por parte dos setores conservadores, quer dizer,
muitíssima violência, desde ameaças de morte até golpes, ameaças de torturar as
mulheres que vão aos consultórios, no sentido que [médicos contrários ao aborto
legal+ dizem “bom, se *uma mulher que queira interromper a gravidez+ vem ao meu
consultório, faço *o procedimento+ sem anestesia”. Médicos e médicas que trabalham
nos hospitais públicos.
306
Ponte: Então você apostaria na aprovação?
Marta Dillon: Creio que a única maneira para os ânimos acalmarem é que saia o aborto
legal e, depois, são mudanças que são muito reativas, como o que passou com o
matrimônio igualitário. A igreja de Bergoglio *Papa Francisco+ dizia que “isso é uma
guerra de demônios”. Parecia que ia ser um desastre e o certo é que depois se
normalizam [as mudanças] porque nós, mulheres, abortamos. As católicas, as
conservadoras, as de esquerda, as progressistas… ou seja, isso é um fato. Os abortos
vão seguir estáveis, não é que vai haver mais abortos, isso é ridículo. O que vai haver
são abortos mais seguros, sem dúvida. Então, se sair [a aprovação do aborto] vai baixar
um pouco o nível de debate permanente e isso me parece que convém a todo mundo.
Ponte: O bloco de senadoras e senadores FPV-PJ [composto pelo Frente Para La
Victoria, kirchnerista, e pelo Partido Justicialista, ligado ao peronismo], do qual faz
parte a ex-presidenta Cristina Kirchner, tuitou em seu perfil oficial que “em sua
totalidade, votará a favor da meia sanção dos deputados”. Cristina não propôs esse
debate em seus mandatos. Cristina está sendo oportunista?
Marta Dillon: Olha, pode até ser que ela esteja sendo oportunista, mas o que acontece
é que o movimento Ni Una Menos começa só ao final do mandato de Cristina Kirchner
e esse movimento com toda sua diversidade, com sua heterogeneidade, veio para
fazer uma mudança profunda na subjetividade das pessoas, não digo só das mulheres.
Ouvir Cristina falando de feminismo enquanto era presidenta era de cortar os pulsos
[risos], porque ela dizia coisas que eram inacreditáveis. Agora, o que eu acredito que
aconteceu é que muitas dessas pessoas dirigentes, pessoas do mundo dos espetáculos
foram educadas por suas filhas e seus filhos. E, no caso, Cristina Kirchner tem ao seu
lado sua filha que lhe educou um montão sobre feminismo. Ela mesma, sua filha
Florencia, que aparece como feminista depois de Ni Una Menos e que, de alguma
maneira, parece que exerce influência em sua opinião.
Ponte: Mas então corre o risco de Macri acabar capitalizando essa aprovação…
Marta Dillon: Ainda não dá pra saber quem vai capitalizar. Macri não tem nem discurso
para capitalizá-lo, não tem com que capitalizá-lo. Até porque me parece que é o
contrário: para Cristina é super importante não colocar um freio nisso [debate sobre a
legalização do aborto] para voltar a rearmar o FVP [partido kirchnerista], se é que se
ele se rearma em algum momento, né?
Ponte: Uma vez que o projeto passe no Senado, acredita que o Presidente [Mauricio]
Macri vai sancionar a lei? O que acha que pode acontecer caso ele não a sancione?
307
Marta Dillon: Isso é bom para se pensar. Não acredito que vai vetar. Se vetar,
realmente me parece que vai gerar muitíssima violência. Não vejo que estejam dadas
as condições para um veto, porque abrir o panorama e depois fechá-lo deste modo me
parece que é, sim, um gerador de violência. A questão é a regulamentação. Precisamos
ver se na regulamentação mudam coisas como a obtenção de consciência ou pode ser
que no Senado haja modificações e volte aos deputados e isso seja eterno, o que seria
muito ruim. Há bastante compromisso de deputadas e deputados em prol de defender
firmemente a legalização do aborto, no sentido de se colocarem como liberais e
pensar o aborto como um tema da propriedade privada dos corpos, que não é
exatamente como nós pensamos. Não pensamos que é uma não-intervenção do
Estado em nossos corpos e em nossas existências, e, sim, que é uma proteção do
Estado sobre as decisões livres das mulheres, das pessoas com capacidade de gestar. E
também de pensar uma sociedade que permita pensar sobre as maternidades e as
paternidades de uma outra maneira, nem como uma condenação à sexualidade, nem
como uma imposição, mas como uma possibilidade de projetar futuro, de projetar
vínculos coletivos diferentes. O aborto legal nos convêm a todas.
https://ponte.org/marta-dillon-uma-mulher-morrer-por-causa-de-um-aborto-ilegal-efeminicidio-de-estado/
ARGENTINA VOTA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO EM MEIO A MOBILIZAÇÃO EM MASSA.
SENADO DECIDE SE TORNA LEI O PROJETO DE INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA
GRAVIDEZ APROVADO PELA CÂMARA DOS DEPUTADOS
Mar Centera, El País, 09 de agosto de 2018
A Argentina estará atenta ao Senado nesta quarta-feira. Os 72 parlamentares da
câmara alta votam se legalizam o aborto voluntário até a 14ª semana ou o mantêm na
clandestinidade, como crime punível com prisão, exceto em caso de estupro ou risco
para a saúde da mãe. É uma votação crucial para a Argentina e também para a
América Latina, onde o país é referência na conquista dos direitos sociais. A iniciativa
foi aprovada em junho pela Câmara dos Deputados, mas tudo indica que, se não
houver surpresas de última hora, não passará no Senado. A sessão acontecerá em um
recinto cercado de centenas de milhares de pessoas, a maioria mulheres, mobilizadas
nas ruas a favor e contra a lei.
308
Marcha a favor do aborto legal em Buenos Aires. Em vídeo, manifestação contra o
aborto. FOTO: AP | VÍDEO: ATLAS
[As roupas da imagem acima são referência ao livro “O conto da Aia”, Margaret
Atwood...]
Até agora, 37 senadores expressaram sua intenção de votar contra a legalização do
aborto, entre eles o ex-presidente Carlos Menem; 31 são a favor, incluindo a exmandatária Cristina Kirchner, mas há quem peça mudanças nesse bloco; dois
permanecem indefinidos, um se absterá e um estará ausente. Se os números se
confirmarem, a votação será negativa e o projeto de aborto legal ficará sepultado por
pelo menos um ano.
A iniciativa é muito semelhante à dos países mais desenvolvidos: livre escolha da
mulher até a 14ª semana de gestação e prazos superiores se houver risco para a mãe,
o feto ou se a gravidez for resultado de estupro. Para salvar a lei, seus partidários do
Senado aceitaram modificações no projeto original e apresentaram uma novo texto
que reduzia de 14 para 12 semanas o período para o aborto livre e incluía a objeção
institucional, mas não conseguiram consenso suficiente. Hoje, tentarão novamente
introduzir as mudanças durante a sessão, o que devolveria o texto à câmara de origem,
a dos Deputados, para a tramitação definitiva.
O debate sobre a interrupção voluntária da gravidez causou um terremoto na
Argentina, o país do Papa Francisco. Deixou de ser um tema tabu na sociedade para
emergir como um grave problema de saúde pública: a cada ano, quase 50.000
mulheres precisam ser hospitalizadas por complicações decorrentes de abortos na
309
Argentina. Em 2016, o último ano com números oficiais, 43 mulheres morreram por
essa causa. A última, Liliana Herrera, morreu há menos de uma semana. Com 22 anos
e mãe de dois filhos, ela não resistiu a uma infecção generalizada após ser submetida a
um aborto clandestino.
A meia aprovação da Câmara dos Deputados à legalização do aborto foi comemorada
nas ruas de Buenos Aires por dezenas de milhares de mulheres com lenços verdes,
abraços e gritos de “aborto legal no hospital”. Mas a vitória apertada também causou
uma contra-ofensiva de setores conservadores da sociedade argentina, liderados pela
Igreja Católica, pelos evangélicos e por altas autoridades do Governo Macri, incluindo
mulheres importantes como a vice-presidente, Gabriela Michetti; a governadora de
Buenos Aires, María Eugenia Vidal; e a deputada Elisa Carrió.
A Conferência dos Bispos da Argentina mudou seu tom moderado inicial por um
convite explícito à mobilização contra o aborto. No último sábado, dezenas de
milhares de pessoas convocadas pelas igrejas evangélicas pediram para os senadores
rejeitarem a lei e “salvarem as duas vidas”, a da mãe e a do feto. Dias antes, eles
também se manifestaram na frente da quinta presidencial de Olivos. Michetti, que tem
o papel de desempatar, se necessário, tem sido contra o aborto, mesmo em casos de
estupro, um caso previsto na lei desde 1921.
Manifestantes contra a legalização do aborto em Buenos Aires. AFP
310
Parlamentares governistas também apresentaram projetos alternativos à legalização
do aborto. O mais controverso foi o do chefe provisório do Senado, Federico Pinedo,
que prevê que as mulheres grávidas que não desejam se tornar mães entrem em um
programa estatal que cubra todas as despesas até que deem à luz e entreguem o
recém-nascido para adoção. A proposta foi comparada ao O Conto da Aia, a distopia
de Margaret Atwood em que as mulheres férteis são forçadas a conceber filhos para
outras mulheres. Atwood tomou o plano sistemático de roubo de bebês durante a
ditadura argentina (1976-1983) como uma das fontes de inspiração para seu romance
e teve uma participação ativa no debate atual. “Force partos se quiser, Argentina, mas
pelo menos chame o forçado pelo que é, escravidão”, disse a escritora canadense em
uma carta aberta.
Susan Sarandon
✔
@SusanSarandon
The criminalization of abortion does not avoid women from having an abortion; it does
push them to go to unsafe and clandestine places. Senators @SenadoArgentina the
world is looking at you: give women the right to choose!#AbortoLegalYa
#SenadoresQueSeaLey @amnistiaar
13:35 - 7 ago. 2018
59,1 mil
38,7 mil personas están hablando de esto
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Atwood é apenas um exemplo da internacionalização do debate, que coincide com a
ascensão global das demandas feministas, mas também com o avanço dos governos
conservadores na região. Na América Latina, apenas três países reconhecem o direito
das mulheres de decidir a interrupção de uma gravidez indesejada nas primeiras
semanas de gravidez: Cuba, Guiana e Uruguai. A Argentina tem sido historicamente
um país na vanguarda na amplicação dos direitos, como voltou a demonstrar em 2010
com a aprovação do casamento gay e em 2012 com a lei de identidade de gênero, e
setores favoráveis ao aborto legal receberam significativo apoio internacional. Em
cidades como Barcelona, Berlim, Londres, Madri, Montevidéu, Nova York e Santiago do
Chile foram convocados pañuelazos para esta quarta-feira em apoio à lei.
311
Se o Senado rejeitar o projeto, o tema só poderá ser tratado novamente em 2019, ano
de eleições gerais na Argentina. Na última campanha eleitoral, apenas a esquerda
incluiu em seu programa a legalização da interrupção voluntária da gravidez. Para a
próxima campanha, se o aborto for mantido como crime, todos os candidatos deverão
se posicionar.
O NORTE ARGENTINO, NA CONTRAMÃO
Quase dois terços dos votos negativos serão de senadores das províncias do norte,
onde a presença da Igreja Católica é mais forte, a educação privada está
majoritariamente nas mãos de instituições religiosas e as catedrais ainda são o centro
da vida social. Os senadores das províncias de Jujuy, La Rioja, Salta, Santiago del Estero
e San Juan votarão contra a legalização.
Os que se opõem são majoritariamente homens (23 contra 14 mulheres) e maiores de
50 anos de idade. A diferença por gênero é menor entre os partidários da lei, com 18
homens e 13 mulheres a favor.
Os que se opõem são maioritariamente homens (23 em frente a 14 mulheres) e
maiores de 50 anos. A diferença por gêneros é menor entre os partidários da lei, com
18 homens e 13 mulheres a favor.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/07/internacional/1533659021_964914.html
SENADO ARGENTINO REJEITA LEGALIZAR ABORTO; PROJETO SÓ PODERÁ SER
REAPRESENTADO DAQUI UM ANO
Uol reproduz Reuters, 09 de agosto de 2018
Após uma sessão que começou às 9h30 da manhã de quarta-feira (8) e se encerrou
somente às 2h44 da madrugada desta quinta (9), o Senado da Argentina rejeitou
projeto que propunha a legalização do aborto no país, por 38 votos a 31. Foram
registradas uma ausência e duas abstenções.
Para avançar, era necessário que a maioria simples, 37 dos 72 senadores, tivesse
aprovado o projeto.
Com a rejeição da proposta, a legislação do país segue como está: o aborto é crime
e pode ser punido com até quatro anos de prisão. As exceções são gravidez
312
decorrente de estupro, ou quando a mãe corra risco de morte.
Agora, o projeto só poderá ser reapresentado para apreciação dos legisladores
argentinos daqui um ano.
Há porém, uma alternativa diante da vitória do "não": os senadores que defendem a
legalização podem pedir o debate da iniciativa da parlamentar Lucila Crexell (MPN),
que despenaliza o aborto até a 12ª semana de gravidez. Lucila foi uma das
senadoras que se absteve na votação desta quinta.
Festa e resignação
Com o resultado, os grupos denominados "pró-vida", que adotaram lenços azuis
como símbolo contra o aborto, festejaram com fogos de artifício. Os grupos
feministas, com lenços verdes a favor da legalização, mantiveram silêncio e
resignação.
Famílias e clérigos usando bandanas azuis festejaram do lado de fora do Congresso
quando o resultado foi anunciado pouco antes das 3h da manhã, balançando
bandeiras da Argentina em apoio ao posicionamento da Igreja Católica contra o aborto
no país natal do papa Francisco.
"O que essa votação mostrou é que a Argentina ainda é um país que representa
valores de família", disse a ativista antiaborto Victoria Osuna, de 32 anos, à
Reuters.
Defensores do direito ao aborto, carregando bandanas verdes que se tornaram um
símbolo do movimento, ocuparam as ruas da cidade até o fim da votação, apesar
de forte vento e chuva. Muitos acamparam em frente ao Congresso desde a noite
de quarta-feira."Ainda estou otimista. Não foi aprovado hoje, mas será aprovado
amanhã, será aprovado no próximo dia", disse a defensora do direito ao
aborto Natalia Carol, de 23 anos. "Isso não acabou".
Houve protestos após a votação e confronto com a polícia. Revoltados, alguns
manifestantes pró-aborto lançaram garrafas, pedras, paus e até coquetéis molotov
contra o cerco policial. As tropas de segurança reagiram com jatos d'água e bombas de
gás lacrimogêneo. Houve correria pelas ruas adjacentes ao Congresso.
Projeto foi aprovado na Câmara de Deputados
313
Aprovado em 14 de junho em votação apertada na Câmara de Deputados do país,
por 129 votos a favor, 125 contra e uma abstenção, o projeto ganhou resistência
principalmente de setores ligados a igrejas. O papa Francisco se pronunciou
publicamente contra.
A proposta rejeitada hoje propunha incluir o aborto nos serviços da saúde pública
argentina, oferecido de forma gratuita e sem necessidade de maiores justificativas.
Como limitante, não seria permitido realizar aborto após a 14ª semana de gravidez.
A campanha pelo aborto foi marcada por grande polarização na sociedade argentina.
Movimentos estudantis e feministas organizaram diversas passeatas às vésperas da
votação na Câmara de Deputados, em junho, e fizeram do verde um símbolo do direito
de interromper a gravidez. Em resposta, setores religiosos organizaram marchas com o
azul-celeste, da bandeira argentina, pedindo defesa das duas vidas - a da mãe e a da
criança.
Se tivesse sido aprovada, a Argentina se tornaria o terceiro país da América Latina
a permitir a interrupção voluntária da gravidez, depois de Cuba e Uruguai.
O aborto também é legal na Cidade do México e é permitido na maior parte dos países
latino-americanos - incluindo o Brasil - em caso de risco para a vida da mulher, quando
é resultado de um estupro ou quando há inviabilidade da vida extrauterina. Por outro
lado, é totalmente proibido em El Salvador, Honduras e Nicarágua.
Lenços azuis "pró-vida"
Depois de ficarem num segundo plano durante o debate na Câmara de Deputados,
em que a legalização do aborto foi aprovada por 129 deputados e rejeitada por 125,
organizações civis e religiosas passaram à ofensiva durante o debate no Senado.
Incentivados pela Igreja com homilias e missas, milhares de manifestantes foram às
ruas. A presença dos lenços azuis contra o aborto na Praça do Congresso mais do que
duplicou em comparação com o número visto durante o primeiro debate em junho.
Desta vez, houve uma forte presença de ônibus do interior em sintonia com o voto
negativo de senadores de províncias mais conservadoras, onde a Igreja tem forte
influência.
No lado esquerdo da praça, predominavam famílias e mulheres acima de 35 anos.
Havia maior presença de homens e de jovens ligados a grupos religiosos.
314
"Para mim, é uma questão de vida ou de morte. Tão simples quanto isso. Para mim,
existe vida a partir da concepção. Portanto, interromper uma gravidez é matar o 'bebê'
que já tem vida e que vai nascer nove meses depois", diz à RFI Ezequiel López, 48 anos.
Mas, e para os casos de uma gravidez não desejada ou de casos aberrantes? "É preciso
acompanhar a mulher grávida. Se ela não quiser o bebê, pode ser dado em adoção, um
ponto que precisa ser melhor regulado na Argentina. Muitas famílias estão dispostas a
adotar", argumenta, ciente de que a vitória sobre o aborto é apenas momentânea.
"É um triunfo momentâneo até que, dentro de dois anos, volte a ser tratado. As
pessoas que continuam com isso na cabeça vão insistir. Talvez a discussão só termine
se for rejeitado num plebiscito", aponta Ezequiel.
"Acreditamos que a vida é o primeiro direito humano básico que deve ser respeitado.
Todos os demais direitos subordinam-se a esse primeiro", define Sofia Venegas, 36
anos. "Um bebê, seja na semana 12, 14 ou 16 de gestação, tem o mesmo direito. A
única diferença é que não pode expressá-lo", compara esta mãe de três filhos
pequenos.
"Ninguém aqui pensa que seja fácil para uma mulher manter uma gravidez não
desejada, mas também sabemos que é uma tragédia abortar com implicações em
síndromes, traumas e transtornos. A mulher sempre será mãe por mais que tenha
abortado", acredita esta psicóloga.
"Não podemos aceitar a falência do sistema de saúde, aprovando uma lei abortiva.
Precisamos de um sistema de saúde que funcione e todos temos de trabalhar, lenços
azuis e verdes, em erradicar a pobreza mais do que em legalizar o aborto", indica a
professora Carolina Bonorino, 39 anos, mãe de quatro filhas pequenas.
Lenços verdes pelo aborto legal, seguro e gratuito
Embora a presença dos lenços verdes duplicasse a dos lenços azuis, a quantidade de
manifestantes não foi superior àquela observada em junho. Uma maioria de mulheres
com menos de 30 anos, simpatizantes ou militantes de grupos feministas, ocupava
também as ruas adjacentes ao Congresso.
"Cheguei a esta luta a favor do aborto através do feminismo. No começo, eu não era a
favor. A minha causa era contra a violência de gênero. Aos poucos, no entanto, eu fui
315
entendendo", conta à RFI a joalheira e estudante de artes visuais Helena Vega, 24
anos.
"O aborto é uma realidade e, por mais que não tenha sido aprovado agora, vai
continuar a acontecer. Esta lei que rejeitaram só permitiria que fosse feito de forma
segura e gratuita para aquelas que não podem pagar", lamenta. "Mas não é um balde
d'água fria porque houve um avanço. Nunca antes chegamos a esta instância. Agora
está na agenda. Temos de continuar trabalhando", confia.
"A legalização é para que mais mulheres não continuem a morrer se não quiserem
ser mães ou se não puderem. É para que não sejam julgadas por isso", defende a
estudante Anabela Pavía, 27 anos.
"Foi uma vitória ter chegado até aqui. O movimento feminista gerou consciência. Esta
derrota nos dá mais força para continuar a luta. Esta é uma onda que só tende
a crescer", avisa.
Pelo lado masculino, o economista Federico Masri, 33 anos, vê na luta pelo aborto um
aspecto da luta pela igualdade de direitos.
"Tudo o que favorecer a igualdade de direitos numa sociedade desigual parece-me
melhor. No caso do aborto, toda a responsabilidade e a pena da lei recaem sobre a
mulher. Isso é injusto", observa.
"A legalização é uma questão de tempo", aposta Federico. "Nas sociedades em que o
aborto tornou-se legal, foram caminhos construídos com o tempo, como no caso do
Uruguai", compara.
O Uruguai, onde o aborto é legalizado, passou por uma rejeição semelhante. A
legalização uruguaia foi aprovada pela Câmara de Deputados em 2002, mas rejeitada
pelo Senado dois anos mais tarde. Em 2008, ela foi aprovada, mas vetada pelo
presidente Tabaré Vázquez, um médico oncologista.
Somente em 2011, no governo de José Mujica, o Senado deu meia sanção à legalização
que se tornou completa em 2012, com a aprovação da Câmara de Deputados. (Com
Reuters e RFI)
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2018/08/09/senadoargentino-rejeita-legalizar-aborto-projeto-so-podera-ser-reapresentado-daqui-umano.htm
316
SENADO DA ARGENTINA DIZ NÃO À LEGALIZAÇÃO DO ABORTO E PAÍS FICA COM LEI DE
1921. A CÂMARA ALTA SE ALINHA À IGREJA E IMPEDE QUE AS MULHERES POSSAM
DECIDIR COMO E QUANDO SER MÃES
Mar Centenera, El País, 09 de agosto de 2018
As convicções religiosas se impuseram ao direito das mulheres de decidir sobre seu
próprio corpo na Argentina, o país do papa Francisco. O Senado argentino rejeitou, por
38 votos a 31 e já entrada a quinta-feira, o projeto de legalização do aborto até a 14ª
semana de gravidez, que havia sido aprovado na Câmara dos Deputados em junho. A
interrupção da gravidez continua a ser um crime punido com até quatro anos de
prisão, apesar do fato de que a cada minuto e meio uma mulher aborta no país.
A Argentina do século XXI e integrada ao mundo anunciada por Mauricio
Macricontinuará com uma dívida histórica para com as mulheres: o aborto legal. O
presidente argentino autorizou pela primeira vez o debate parlamentar sobre a
interrupção voluntária da gravidez, mas a coalizão que lidera, Cambiemos, foi a que
deu mais votos contra a iniciativa. A lei vigente, de 1921, e que só permite o aborto em
caso de violação ou risco de vida para mãe, soava avançada há 97 anos, mas não
respondem às novas demandas sociais de boa parte da sociedades que organizou uma
mobilização inédita.
O resultado negativo emudeceu as dezenas de milhares de pessoas que enfrentaram a
intempérie debaixo de guarda-chuvas e plásticos verdes, a cor que identifica os
partidários da legalização, e foi aplaudido no lado azul-celeste da praça, onde os
detratores do projeto estavam concentrados. Foi um balde de água fria não só para o
movimento feminista argentino, mas também dos países vizinhos, que viram na
movimentação no sul do continente uma esperança de levantar o debate em outras
partes. Os últimos discursos da noite dos senadores derrotados tentavam manter o
ânimo de uma luta de longo prazo. "Os números são sabidos. Ninguém os ignora. O
Não ganha esta noite, mas o futuro não lhe pertence", disse o senador Miguel Ángel
Pichetto.
A vitória na Câmara dos Deputados, mas especialmente a mobilização maciça que
acompanhou o Sim em 14 de junho, fizeram pensar no primeiro momento que a maré
verde venceria também no Senado, uma assembleia muito mais conservadora, onde
estão representados os interesses das províncias do interior do país. Mas com o passar
das semanas, a pressão da Igreja Católica e dos evangélicos ganhou terreno até decidir
a votação. Em seus discursos antes de definir o voto, muitos senadores se protegeram
317
atrás de suas crenças religiosas e da necessidade de salvar ambas as vidas –a da mãe e
a do feto– para justificar seu voto contra.
O debate começou de manhã cedo, em uma tentativa de evitar que as discussões se
prolongassem além da meia-noite. Ainda assim, a sessão durou quase 16 horas e
terminou por volta das 3h da manhã. Apesar do clima quente nas ruas, o tom dentro
do plenário foi comedido, fiel ao protocolo do Senado. “Um aborto não será menos
trágico porque é feito em uma sala de cirurgia. Não, será igualmente trágico. O
objetivo é que não haja mais abortos na Argentina, isso é aspirar a mais”, disse o
senador Esteban Bullrich, ex-ministro da Educação de Mauricio Macri, católico
fervoroso e defensor do Não à lei. Sua apresentação resumiu a posição dos grupos
antiaborto: o embrião tem direitos constitucionais a partir do momento da concepção,
e embora o aborto seja um fato, não poderá ser reduzido com uma lei que o
regulamente.
Os porta-vozes do projeto aprovado na Câmara concentraram seus argumentos no
reconhecimento de uma realidade que existe, com ou sem lei. “As mulheres estão
sozinhas. O homem aborta antes, desaparecendo. Portanto, este é um problema das
mulheres. Os abortos são feitos e o debate de hoje é pelo aborto legal ou ilegal”, disse
a senadora peronista Norma Durango. Sua colega de Tucumán, Beatriz Mirkin, foi mais
direta: “Estou aqui para legislar, e aqui na Argentina se aborta, vi isso porque trabalhei
em hospitais. Vi muito mais curetagens uterinas do que os senhores podem imaginar”,
disse, visivelmente exaltada.
A pressão da Igreja
Outros senadores favoráveis à lei denunciaram a pressão da Igreja, como Pedro
Guastavino, de Entre Ríos. “Ontem, em minha conta de WhatsApp, recebi uma enorme
quantidade de mensagens que, em nome de Deus, me chamavam de coisas
irreproduzíveis. Fiquei agarrando e me esquivando de crucifixos”, disse. As duas
posições tiveram defensores em todos os partidos políticos. Guastavino é peronista,
como Rodolfo Urtubey, polêmico em seus argumentos contra o aborto, mesmo em
casos de estupro da mulher, quando o aborto é legal na Argentina. “O estupro também
está claramente formulado, mas deveria ser revisto. Há alguns casos em que o estupro
não tem essa configuração clássica de violência contra a mulher, às vezes o estupro é
um ato não voluntário”, disse.
Os porta-vozes do Não estavam concentrados nos partidos governistas, mas houve
exceções. A senadora Gladys González, próxima de Macri, defendeu com veemência a
lei. “Não podemos propor como solução para o aborto ilegal que o sistema seja
318
fechado. Queremos salvar ambas as vidas e não estamos salvando nenhuma”, disse
González, referindo-se ao slogan dos que se opõem à lei. Ela foi ouvida com atenção
pela colega, a vice-presidenta e presidenta do Senado, Gabriela Michetti, contrária ao
aborto mesmo em caso de estupro de uma menor. Particularidades de um debate
baseado na liberdade de consciência dos legisladores.
Entre os grandes partidos, apenas o kirchnerismo votou majoritariamente a favor. A
ex-presidenta Cristina Fernández de Kirchner, que se recusou a tratar do projeto de lei
enquanto era presidente por ser contra, explicou porque votou a favor apesar de ter
negado qualquer debate sobre o aborto durante seus oito anos de Governo.
Abortos com agulhas de tricô
A decisão de manter o aborto como crime não impede que muitas mulheres decidam
interromper uma gravidez indesejada. Segundo estimativas extraoficiais, entre
350.000 e 450.000 mulheres abortam anualmente na Argentina. Eles o fazem de forma
clandestina, arriscando suas vidas, especialmente as gestantes com menos recursos,
que recorrem a médicos não profissionais ou a métodos perigosos como sondas,
cabides, agulhas de tricô e até talos de salsa.
Enquanto os senadores debatiam, uma mulher de 35 anos e mãe de cinco filhos lutava
pela vida depois de ter sido submetida a um aborto clandestino em Mendoza, no oeste
do país. Há menos de uma semana, Liliana Herrera, de 22 anos, morreu de infecção
generalizada pelo mesmo motivo. Todos os anos, quase 50.000 mulheres sofrem
complicações decorrentes de interrupções da gravidez e cerca de cinquenta morrem.
O ministro da Saúde, Adolfo Rubinstein, pediu que os legisladores colocassem fim a
essas mortes evitáveis, votando a favor de uma lei que garantia às mulheres um aborto
seguro. O ministro da Ciência, Lino Barañao, também defendeu a lei, sem sucesso.
As pesquisas de opinião mostram uma grande divisão da sociedade argentina sobre o
aborto, com uma ligeira vantagem a favor da legalização, que dispara entre os mais
jovens. Os estudantes foram a grande força motriz da campanha a favor e voltaram a
se manifestar maciçamente hoje com lenços verdes. O Congresso só pode voltar a
tratar do assunto dentro de um ano, mas a reivindicação a favor do aborto legal,
seguro e gratuito continuará nas ruas. É uma questão de tempo que as argentinas não
sejam obrigadas a dar à luz, mas possam escolher como e quando ser mães.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/09/internacional/1533774575_136008.html
319
SENADO DA ARGENTINA REJEITA, POR 38 VOTOS A 31, LEGALIZAÇÃO DO ABORTO;
DECEPÇÃO É MAIOR AQUI, ONDE O PROCEDIMENTO INSTITUCIONAL É DESONESTO
Reinaldo Azevedo, Rede TV/Uol, 09 de agosto de 2018
O projeto de legalização do aborto na Argentina, aprovado pela Câmara, não
conquistou a maioria dos votos dos 72 senadores argentinos. Foi recusado nesta
madrugada por 38 votos a 31, com uma ausência e duas abstenções. E difícil saber
onde a decepção é maior: se nos meios ditos “progressistas” do país vizinho ou entre
os nossos militantes pró-legalização ou pró-descriminação. A propósito: entre nós,
fazem questão de estabelecer a diferença entre uma coisa e outra, como se a
descriminação pudesse ser algo mais suave do que a legalização. Trata-se, obviamente,
de uma falácia. Fosse o caso de escolher uma coisa ou outra, a legalização seria
preferível porque haveria, ao menos, regras, marcos, limites. A simples descriminação
pode ser a porta aberta ara o vale-tudo. Não é crime comer um hambúrguer na rua.
Quem o faz pode fazê-lo à sua maneira. Interromper uma gravidez há de ser algo mais
complexo do que comer um hambúrguer…
Todos os que leem este blog conhecem a minha posição. Já a expressei também no
rádio e na TV. Defendo a lei como está hoje — e sem aquela interferência do STF, que
emendou por conta própria o Código Penal, que trata do assunto entre os Artigos 124
e 128 e só exclui o crime em caso de risco de morte da mãe ou gravidez decorrente do
estupro. O tribunal acrescentou por conta própria os fetos anencéfalos. E não! Não
acho que se deva submeter a questão a plebiscito porque rejeito a “plebiscitização” da
democracia. Mas não vou me ater a esses aspectos agora. Quero chamar a atenção
para outra coisa.
Assim que a Câmara dos Deputados da Argentina votou em favor da legalização do
aborto, no dia 14 de junho, houve um verdadeiro frenesi entre os militantes brasileiros
em favor da causa, a começar da esmagadora maioria da imprensa, ambiente em que
se opor à interrupção voluntária da gravidez pode ser mais feio do que chutar a canela
da mãe. Poucos atentaram para o fato de que, naquela Casa do Legislativo, a
aprovação se deu por muito pouco: 129 votos a 125, com uma abstenção. Eram
necessários 128. Como se vê, a coisa estava longe de ser um consenso. Não fosse a
rejeição no Senado, a Argentina se juntaria à, se me permitem, esmagadora minoria de
países da América Latina em que o aborto é legal: Cuba, Guiana e Uruguai. Na
Nicarágua e em El Salvador, é proibido em qualquer caso. Nos demais países, a
legislação é parecida com a do Brasil.
A pauta da imprensa brasileira foi imediatamente tomada pela militância pró-aborto.
Tinha-se a impressão de que era uma urgência, que estava em todos cantos e todos os
320
becos. Bem, a questão é falsa como nota de R$ 3. A esmagadora maioria da população
continua a ser contrária a que o aborto deixe de ser crime. Pesquisa do Datafolha de
janeiro deste ano indica que 57% opõem-se à mudança da legislação. Defendem a
descriminação 36%. No Congresso, a proposta não seria aprovada.
E é exatamente nesse ponto que setores do Judiciário e das esquerdas, sob a liderança
do ministro Roberto Barroso, tentam dar um passa-moleque na população e no
Congresso. Na Argentina, ao menos, faz-se um debate institucionalmente honesto. Lá
como cá, os defensores da legalização do aborto são identificados com causas
progressistas, humanistas, civilizatórias, verdadeiramente iluministas. Os contrários
são apontados como verdadeiros ogros do reacionarismo. Em alguma instância do
pensamento definiu-se que eliminar um feto humano é uma prática que nos conduz a
um mundo melhor, mais humano e mais justo. Mas volto ao ponto.
Na Argentina, ainda que com todas as distorções no debate, coube ao Congresso
decidir. Não ocorreu a ninguém obter a legalização do aborto no tapetão da corte
suprema do país, como se tenta fazer por aqui. O STF foi transformado num
verdadeiro palco da militância abortista e no que chamo de um circo da agressão à
ordem legal e à independência dos Poderes. Para registro e para que se não se diga
que a rejeição à legalização do aborto foi uma obra dos homens do Senado da
Argentina, cumpre destacar: 30 dos 72 senadores são mulheres: 14 votaram a favor;
14 votaram contra, uma senadora se ausentou, e outra se absteve.
http://www3.redetv.uol.com.br/blog/reinaldo/senado-da-argentina-rejeita-por-38votos-a-31-legalizacao-do-aborto-decepcao-e-maior-aqui-onde-o-procedimentoinstitucional-e-desonesto/
SENADO DA ARGENTINA REJEITA LEGALIZAR O ABORTO. MAIORIA DOS SENADORES
VOTA CONTRA PROPOSTA DE DESCRIMINALIZAR INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ ATÉ A
14ª SEMANA DE GESTAÇÃO, QUE HAVIA SIDO APROVADA PELA CÂMARA DOS
DEPUTADOS E DIVIDIU O PAÍS. LEI ATUAL É DE 1921
Deutsche Welle, 09 de agosto de 2018
Depois de um debate de cerca de 16 horas, o Senado da Argentina rejeitou na
madrugada desta quinta-feira (09/08) um projeto de lei para legalizar o aborto – tema
que provocou fortes divisões entre políticos e na sociedade do país.
321
Após a proposta ter sido aprovada na Câmara dos Deputados em junho, por maioria
apertada, 31 senadores votaram a favor da medida, e 38, contra. Houve duas
abstenções e uma ausência.
O texto previa mudar uma legislação de 1921 e estabelecer a descriminalização de
qualquer aborto até a 14ª semana de gestação – e não apenas nas circunstâncias
previstas atualmente por lei: se a vida ou a saúde da mulher estão em risco ou se é
fruto de estupro ou abuso contra uma mulher com deficiência intelectual.
Após ter sido rejeitado pelo Senado, o projeto não poderá mais ser debatido neste ano
legislativo. Apesar de a proposta não ter sido aprovada, muitos dos legisladores
destacaram que esta foi a primeira vez que a iniciativa de legalizar o aborto chegou tão
longe.
"Que ninguém se deixe levar pela cultura da derrota. Bravo, meninas, vocês elevaram
a honra e a dignidade das mulheres argentinas", afirmou Fernando "Pino" Solanas,
senador do Proyecto Sur.
"Mais cedo ou mais tarde, num dia certamente mais brilhante que este dia cinzento e
triste de chuva, as mulheres terão a resposta normativa de que precisam", afirmou o
senador Miguel Ángel Pichetto, chefe da bancada do Partido Justicialista.
Do lado dos contrários à legalização, a senadora Silvia Elías de Pérez – da União Cívica
Radical, que integra o bloco governante Cambiemos – afirmou que o projeto de lei é
"inconstitucional" por não zelar pela vida do bebê. Ela defendeu políticas públicas de
educação sexual.
"O aborto é sempre uma tragédia, o que faz é acrescentar à mulher uma ferida a mais.
Legalizar o aborto é admitir abertamente o fracasso do Estado", disse.
A proposta causou divisão não apenas entre diferentes partidos, mas também entre
membros de uma mesma legenda. O senador Luis Naidenoff, também da União Cívica
Radical e a favor do projeto de lei, ressaltou que se trata de um problema de saúde
pública, devido à quantidade de mulheres que morrem a cada ano após abortos
clandestinos e porque a via punitiva para evitar a prática fracassou.
Organizações não governamentais estimam que cerca de 500 mil abortos clandestinos
sejam realizados anualmente na Argentina. Cerca de 60 mil resultam em complicações
e hospitalizações. Desde 1983, 3 mil mulheres teriam morrido no país em
consequência da prática ilegal.
322
O projeto para legalizar o aborto já foi apresentado em outras seis ocasiões no
Congresso, mas nunca chegou a ser debatido. A discussão ganhou atenção novamente
com o fortalecimento do movimento feminista no país.
Em março deste ano, o presidente Mauricio Macri finalmente permitiu que o
Congresso debatesse o projeto, mas declarou ser contra a legalização do aborto. Ele
prometeu assinar a lei caso fosse aprovada pelo Legislativo.
Sociedade dividida
Diante do Congresso em Buenos Aires, milhares de pessoas se concentraram durante o
debate no Senado para protestar a favor – com a cor verde como bandeira – e contra a
legalização do aborto – de azul. Ativistas lamentaram o resultado da aguardada
votação.
Ambos os blocos realizaram uma série de manifestações nos últimos meses.
Feministas também saíram às ruas com capas vermelhas e tocas brancas em alusão ao
romance transformado em série de televisão The Handmaid's Tale (O Conto da Aia),
que tematiza a opressão da mulher.
Os protestos durante a votação no Senado foram em sua maioria pacíficos, mas após a
aguardada votação, pequenos grupos de manifestantes entraram em confronto com a
polícia, arremessando bombas incendiárias e colocando fogo em barricadas. Policiais
responderam com gás lacrimogêneo.
A proposta de legalizar o aborto acirrou os ânimos no país, fortemente influenciado
pela Igreja Católica. Nesta quarta-feira, enquanto milhares torciam pela aprovação do
projeto de lei pelo Senado, outros participaram de uma "missa pela vida" na Catedral
Metropolitana de Buenos Aires.
"Não se trata de crenças religiosas, mas de uma razão humanitária", disse o cardeal
Mario Poli, arcebispo de Buenos Aires, aos presentes na missa. "Proteger a vida é o
primeiro direito humano e dever do Estado."
Médicos também se uniram aos protestos contrários à legalização do aborto nos
últimos meses, chegando a estender seus jalecos brancos no chão diante do palácio
presidencial.
323
Durante o debate no Senado, a ex-presidente e atual senadora Cristina Fernández de
Kirchner lamentou a falta de consenso entre legisladores. "O problema vai continuar
existindo. É necessário fazer um esforço para poder dar uma resposta a ele."
Se o Senado tivesse transformado a proposta em lei, a Argentina passaria a ser o
terceiro país da América Latina a legalizar o aborto, após Cuba e Uruguai.
Manifestações em prol da aprovação da medida foram realizadas nesta quarta-feira no
Brasil, no México, no Uruguai e no Equador.
[Não estou reproduzindo imagens destes artigos, são imagens sobre manifestações...
Vale a pena ver as matérias originais...]
https://www.dw.com/pt-br/senado-da-argentina-rejeita-legalizar-o-aborto/a45013181
https://p.dw.com/p/32rz3
SENADO ARGENTINO BARRA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO; PAÍSES LATINO-AMERICANOS
SÃO OS QUE MAIS RESTRINGEM PRÁTICA NO MUNDO
Mariana Schreiber, BBC Brasil, 09 de agosto de 2018
Em votação que só foi decidida nas primeiras horas desta quinta-feira, o Senado
argentino rejeitou por pequena margem a proposta de regularização do aborto no
país.
A prática permanece então proibida por lei na Argentina, refletindo a situação que
prevalece na maioria do continente sul-americano.
Na América Latina e no Caribe, 97% das mulheres vivem sob regras que proíbem ou
restringem sensivelmente o aborto, impedindo a liberdade de escolha, calcula o
Guttmacher Institute, organização americana focada em diretos sexuais e
reprodutivos.
São países em que o aborto é totalmente proibido ou permitido apenas em casos de
estupro ou quando a gravidez representa risco à saúde da gestante. Só quatro não
restringem a prática na região: Cuba, Guiana, Porto Rico e Uruguai.
Mas segundo o mesmo instituto, essa situação não se reflete em níveis globais: a
maioria das mulheres em idade reprodutiva no mundo (cerca de 60%) vive em países
324
onde o aborto é permitido em circunstâncias amplas ou sem restrições. Isso inclui 74
nações em que é possível interromper a gravidez sem necessidade de qualquer
justificativa ou que autorizam o procedimento em uma larga gama de situações,
inclusive por razões socioeconômicas.
Por pouco, esses números não mudaram nesta madrugada. Após mais de 16 horas de
debate e intensa mobilização nas ruas, o Senado argentino rejeitou, por pequena
maioria, um projeto de lei que tornaria legal a interrupção da gravidez até a 14ª
semana de gestação. A votação ficou em 38 contra e 31 a favor, enquanto 3 não
votaram, prevalecendo então o entendimento de que a legislação deve proteger o
embrião. Em junho, a matéria havia sido aprovada na Câmara, também em placar
apertado.
Hoje o aborto só é permitido às argentinas em caso de estupro ou quando a gestação
ameaça sua vida. Apesar do resultado no Senado, a derrota não parece completa para
as mulheres que nos últimos meses tomaram as ruas das principais cidades de lenços
verdes no pescoço - símbolo do movimento pela legalização. Segundo a imprensa
argentina, o presidente Mauricio Macri pretende enviar ainda esse mês uma ampla
proposta de revisão do Código Penal ao Congresso. A expectativa é que o texto
aumente as situações em que o aborto é permitido e elimine a possibilidade de prisão
para mulheres. Uma nova proposta de total legalização só pode ser analisada pelos
parlamentares a partir de março.
"Esta lei não vai sair esta noite, não será este ano, será o próximo ou o seguinte",
discursou a senadora e ex-presidente Cristina Kirchner, ao defender a legalização.
Assim como na Argentina, o movimento feminista tem aumentado a pressão pela
liberação do aborto também no Brasil, onde hoje só é permitido em casos de estupro,
quando a gestação apresenta risco à vida da mãe ou se o feto for anencéfalo (sem
cérebro). Mas, enquanto lá o debate aconteceu no Congresso, aqui a discussão entrou
na pauta do Supremo Tribunal Federal, a partir de uma ação proposta pelo PSOL em
março de 2017. O partido argumenta que a criminalização da interrupção voluntária da
gravidez deve ser considerada inconstitucional por ferir os direitos da mulher à
cidadania e à dignidade humana.
A Corte acaba de realizar dois dias de audiência pública para ouvir opiniões contra e a
favor do pedido do PSOL, que defende a liberação da interrupção até a 12ª semana de
gestação. A ministra relatora do caso, Rosa Weber, agora vai reunir os argumentos dos
dois lados em um relatório e preparar seu voto, para então liberar a ação para
julgamento.
325
A análise de propostas para liberar o aborto pelos poderes Legislativo e Judiciário em
dois dos maiores países da América Latina é uma novidade num continente que está
entre as regiões mais conservadoras do planeta quando se trata desse tema, ressalta
Nadine Gasman, representante do Escritório da ONU Mulheres no Brasil.
"O debate na Argentina foi um avanço para a região. A rejeição teve uma margem
muito pequena e a discussão vai ter que voltar (ao Congresso). No Brasil, o debate no
Supremo também teve altíssima qualidade", afirma.
A Organização das Nações Unidas tem posição pela legalização do aborto, que
considera uma questão de saúde pública. Gasman argumenta que a proibição não
reduz a prática, apenas a empurra para a clandestinidade, aumentando os riscos de
morte para a mulher.
Segundo estudo da Organização Mundial de Saúde em parceria com o Guttmacher
Institute, a incidência do aborto tem recuado nos países onde a prática é
majoritariamente legalizada. Enquanto entre 1990 e 1994, 39% das gestações em
países desenvolvidos terminaram em aborto, esse índice caiu para 28% no período de
2010 a 2014. Já na América Latina e Caribe a taxa cresceu no mesmo intervalo de
comparação, passando de 23% para 32%, reflexo da conjunção da falta de políticas de
planejamento familiar e acesso a métodos contraceptivos com o aumento do desejo
por famílias menores.
"A legalização do aborto reduz a prática porque costuma vir acompanhada de uma
maior abertura para falar de planejamento familiar e contracepção", sustenta Gasman.
Por que a proibição prevalece na América Latina?
Enquanto a quase totalidade dos países desenvolvidos liberalizou a prática do aborto
entre os anos 50 e 80, legislações restritivas continuam prevalecendo na América
Latina, África, Oriente Médio e Sudeste Asiático, destaca o Center for Reproductive
Rights, organização americana que monitora as legislações sobre interrupção de
gravidez.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a Corte Suprema declarou inconstitucional a
interferência do Estado na decisão da mulher sobre sua gestação em 1973. Na França,
a legalização passou a vigorar em 1975, após aprovação do Congresso. As alemães
conquistaram esse direito em 1976. Para as japonesas, já é permitido desde 1948. Na
Rússia, a legalização vem da União Soviética - a primeira liberação ocorreu de 1920 a
1936 e, depois, voltou a ser permitido em 1955.
326
Para a antropóloga Debora Diniz, professora da Universidade de Brasília e cofundadora
do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis), a América Latina não
acompanhou o movimento de legalização do aborto no mundo desenvolvido porque a
maioria dos países estava sob ditadura militar entre os anos 60 e 80. Ela ressalta que
esses regimes, em geral, contavam com apoio de setores conservadores religiosos.
"Nós estamos na região mais conservadora do mundo em termos de legislação por
uma herança de uma ausência de debate público qualificado para questões
democráticas e de direitos individuais. Essa é a primeira geração de mulheres (no
continente) que está vivendo fora de ditaduras militares, governos em que as igrejas
eram muito fortes", analisou.
Já a advogada Angela Vidal Gandra Martins, da União dos Juristas Católicos de São
Paulo, argumenta que a legislação sobre aborto no Brasil não deve se pautar pela lei
de outros países. Ela questiona a classificação de países ricos que permitem a
interrupção voluntária da gravidez como "desenvolvidos".
"Não significa desenvolvimento aprovar o aborto. São países utilitaristas que venceram
economicamente. Hoje a gente tem visão de que o progresso é econômico e de uma
327
moralidade pública baseada numa falsa liberdade que é utilizar o outro como meio
para os próprios fins. Nem todo desenvolvimento econômico significa relações
humanas profundas", defendeu.
Congresso x Supremo
Os grupos que se opõem à liberação do aborto no Brasil também argumentam que a
questão deve ser decidida no Congresso Nacional, instituição que aprova leis, e não no
STF.
"O Supremo existe para fazer valer a lei que os legisladores colocaram. Se a gente
quiser mudar a lei, não vai ser no Supremo, é de acordo com a representatividade
político-social (no Congresso)", argumenta Gandra Martins.
"Um partido (PSOL) que deveria discutir com seus iguais deslocou o debate (para o
STF). Isso é um aborto jurídico, vai atingir o núcleo dos nossos valores constitucionais,
que são pela inviolabilidade da vida humana", acrescentou.
Os que defendem a liberdade de escolha da mulher, por sua vez, sabem que não há
espaço hoje no Parlamento brasileiro para aprovar a legalização e defendem que o STF
tem autoridade para analisar a constitucionalidade da proibição. A criminalização do
aborto está prevista no artigos 124 e 126 do Código Penal, lei de 1940. A pena de
prisão é de até três anos para a mulher que interromper a gravidez e de até quatro
para quem realizar o procedimento.
A ação do PSOL sustenta que esses artigos ferem a Constituição de 1988 porque
comprometem a dignidade da pessoa humana, a cidadania das mulheres e o princípio
da não discriminação, já que as mulheres que mais sofrem com a proibição são as
negras, indígenas, pobres, de baixa escolaridade e que vivem distante de centros
urbanos, onde os métodos para a realização de um aborto são mais inseguros. O
partido também argumenta que a criminalização viola os direitos à saúde, à
integridade física e psicológica, à vida e à segurança, "por relegar mulheres à
clandestinidade de procedimentos ilegais e inseguros".
"A Suprema Corte é a instância final para essa revisão de questões constitucionais. O
que está em curso no Brasil é uma lei anterior à Constituição que nunca foi
recepcionada pelo Supremo. A pergunta não trata de formulação de uma nova lei, mas
de tirar artigos de uma lei que é anterior à Constituição de 1988", argumenta Debora
Diniz.
328
A professora da UnB destacou ainda a função "contramajoritária" do Supremo de
preservar direitos constitucionais de grupos que têm representação minoritária no
Congresso. As mulheres, embora sejam metade da população, têm apenas 10% das
cadeiras no Parlamento.
Na sua visão, se o STF entender que o aborto é um direito à saúde da mulher, o
procedimento poderá ser oferecido na rede pública de saúde sem que uma nova lei
legalizando a prática seja aprovada no Congresso. É o que aconteceu no Canadá - a
Corte Suprema derrubou todas as leis que criminalizavam o aborto em 1988 e desde
então nenhuma tentativa de aprovar nova legislação prosperou.
https://www.bbc.com/portuguese/geral-45126092
OPINIÃO: LEGISLAR NÃO É UM ATO DE FÉ. COM REJEIÇÃO DO SENADO AO PROJETO DE
DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO, ARGENTINA PERDE OPORTUNIDADE HISTÓRICA.
NO ENTANTO, PAÍS CRESCE COM LUTA DAS MULHERES POR SEUS DIREITOS
Verônica Marchiaro, Deutsche Welle, 09 de agosto de 2018 [ reproduzido pelo Uol, na
mesma data, como "Opinião: Crenças religiosas se impuseram frente a uma questão
de saúde pública"]
Crenças religiosas e convicções pessoais se impuseram finalmente frente a uma
questão de saúde pública. Ou foi o cálculo político diante das próximas eleições, junto
à pressão da Igreja no país do papa Francisco.
Senadores argentinos votaram contra o aborto legal, seguro e gratuito, contra a
garantia de segurança abrangente para as mulheres e seu direito de decidir.
E o projeto de lei ia além da descriminalização do aborto. Incluía também o
fortalecimento de políticas públicas de educação sexual e reprodutiva, num Estado
laico que deve garantir a ampliação dos direitos dos cidadãos. Segundo uma pesquisa
da Anistia Internacional, hoje, mais de 60% da população argentina são a favor do
aborto.
Mas o Senado não aceitou a exigência do cidadão. Não se legislou "em torno de
realidades", como pediu o chefe da aliança governista, Luis Naidenoff, mas segundo
preceitos morais. Essas realidades são os cerca de 350 mil abortos clandestinos
realizados anualmente na Argentina, de acordo com estimativas do Ministério da
Saúde, e que representam a principal causa de morte materna entre as mulheres mais
pobres e desfavorecidas do país.
329
Perdeu-se uma oportunidade histórica de se dar mais um passo à frente, após um
debate público quase confirmando que "temos uma sociedade madura", como disse o
presidente Mauricio Macri, quando decidiu levar a questão à apreciação parlamentar,
apesar de ser abertamente contra o aborto.
Uma sociedade que avançou como nenhuma outra na região em termos de direitos
humanos, identidade de gênero e casamento entre pessoas do mesmo sexo. Era a
chance de a Argentina se atracar à modernidade, mostrando que está à altura dos
países do G20, grupo das principais economias do mundo de que faz parte.
Nos últimos 11 anos, durante o governo Kirchner, o projeto foi rejeitado seis vezes no
Congresso. E, agora, havia se instalado uma incontrolável "maré feminista" a favor do
aborto, ocupando as ruas de lenço verde.
O debate foi intenso e emotivo, como é comum na Argentina. As fileiras conservadoras
de ultracatólicas demonstraram não estar à altura da discussão, com argumentos que
beiravam à ignorância e ao mau gosto, enquanto registravam-se ataques violentos
contra ativistas de ambos os lados.
Vários anos deverão passar até que outro projeto de lei semelhante possa ser
novamente apreciado no Congresso, já que ano que vem há eleições, e a renovação
legislativa não vai mudar o equilíbrio de forças em torno da legalização do aborto.
A Argentina poderia considerar como opção de modelo a católica Irlanda, onde um
grupo de cidadãos foi escolhido por sorteio para discutir a emenda constitucional, a
favor da qual os irlandeses votaram por esmagadora maioria.
No todo, a Argentina deu mais um passo à frente. O debate público e parlamentar foi
enriquecedor para o país. Legisladores e legisladoras de diferentes vertentes políticas
se uniram pela mesma causa no Congresso. E nas ruas, as mulheres abraçaram a
vitória que a história dá àqueles que ousam incorporar a mudança.
Verónica Marchiaro é argentina e trabalha na redação em espanhol da DW.
https://www.dw.com/pt-br/opini%C3%A3o-legislar-n%C3%A3o-%C3%A9-um-ato-def%C3%A9/a-45015766
https://p.dw.com/p/32sek
330
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/deutschewelle/2018/08/09/opiniaolegislar-nao-e-um-ato-de-fe.htm
NINGUÉM NA ARGENTINA PODERÁ SILENCIAR O CLAMOR DE MILHÕES DE JOVENS,
MÃES E AVÓS. DEPUTADA DEFENDE QUE AQUELES QUE SE OPÕEM À LEGALIZAÇÃO DO
ABORTO PRETENDEM, EM SUA MAIORIA, QUE SE IMPONHA O MODELO DE MULHER
INCUBADORA, INCAPACITANDO-A DE TOMAR SUAS DECISÕES
Victoria Donda, El País, 09 de agosto de 2018
Os 38 senadores e senadoras que acabaram de votar contra o projeto da Interrupção
Voluntária da Gravidez (IVG) não quiseram ouvir o clamor de milhões de mulheres que
reivindicam liberdade na Argentina. Com sua decisão, conseguem manter o status quo.
Condenam, assim, milhares de mulheres a recorrer ao aborto clandestino, a colocar
suas vidas em risco. Foi um voto pela clandestinidade e pela morte. Um voto para que
permaneçam ancorados ao mandato dos setores mais obscurantistas de nossa
sociedade que relutam em emergir dos dogmas e posturas típicas da Idade Média.
Votaram pelo passado. E assim ganhou, por enquanto, o país que não assume seus
problemas, sua realidade. O país que olha para o outro lado com cinismo e
irresponsabilidade.
Usaram todos os tipos de armas. Pressionaram e extorquiram. Tentaram e
conseguiram, em parte, desviar a verdadeira discussão. O debate sempre foi entre o
aborto legalizado ou clandestino. Uma questão de saúde públicaque levaram ao
campo das crenças ou pseudofilosofias, tentando impor seu pensamento além da
discussão sobre o aborto. Porque, por trás desse debate, há um mais abrangente, que
tem a ver com o papel das mulheres na sociedade. Aqueles que se opõem à lei
pretendem, em sua maioria, que se imponha o modelo de mulher incubadora,
incapacitando-a de tomar suas decisões. Negando-lhe, além disso, seu próprio prazer.
A todos eles dizemos que, na realidade, ganham só aquelas que formam o movimento
de mulheres. E o tempo vai provar isso.
Durante meses, ouvimos em ambas as câmaras especialistas (cientistas, médicos,
advogados, representantes dos diferentes cleros, artistas) que eram a favor e contra o
projeto. A meia-sanção foi alcançada na Câmara dos Deputados,e as mudanças no
projeto original foram aceitas para que pudesse ser lei no Senado. Tivemos disposição
para o diálogo e o consenso. Os que são contra não propuseram nenhum projeto
alternativo ou uma proposta séria para resolver a problemática da clandestinidade e
da consequente morte das mulheres. Disseram disparates como "o profilático não
serve e não deve ser usado" para considerar a síndrome de Down como uma doença.
331
Também ouvimos muitos legisladores preocupados com a implementação da lei de
educação sexual em todos os estabelecimentos de ensino do país. Curiosamente, se
esqueceram que esta lei já existe, a 26.150, e que quase não se aplica, também
"curiosamente", devido à pressão dos mesmos setores que representam e que agora
afirmam ser a favor "das duas vidas", bloqueando a promulgação desta lei.
No entanto, a votação no Senado não foi o fim dessa causa, longe disso. A democracia
deve a todas as mulheres, há décadas, o direito de decidir sobre seus corpos. Por isso,
quando há três meses este projeto elaborado pela Campanha Nacional pelo Direito ao
Aborto Legal, Seguro e Gratuito era discutido na Câmara dos Deputados, sabíamos que
se abria uma porta que nunca mais será fechada, pelo menos, até que este projeto
seja lei. Um projeto que tenho a honra de liderar com minha assinatura e que será lei,
porque essa maré verde que percorre todos os cantos do país aumenta a cada passo. E
porque leva o selo e o impulso vital das novas gerações, que já têm marcada a ferro e
fogo a necessidade de lutar por uma sociedade mais justa. Mais justa para as
mulheres, mas também para os homens, combatendo o patriarcado, com leis e com
educação. Sabemos que podemos conseguir. Como foi possível com o divórcio e com o
casamento igualitário, diante da rejeição dos mesmos atores e instituições que hoje
são contra essa lei. E também será possível com o Direito ao Aborto Legal, Seguro e
Gratuito, para que a Argentina continue sendo o farol de toda a América Latina na
conquista de novos direitos.
E realmente vale a pena descrever esses dias! Trata-se de compartilhar uma vibração
mobilizadora e emocionante. Mais de um milhão de pessoas, a maioria mulheres,
tomaram as ruas do Congresso Nacional, exultando alegria e esperança. Vimos
milhares de garotas do ensino médio lutarem por seus ideais, acompanhadas por suas
amigas, mães e até mesmo avós. Todas entrelaçadas por uma história em comum:
haviam abortado, conheciam outra mulher que havia feito um aborto ou
acompanharam alguma mulher para abortar.
Se há algo muito claro deixado por esses dias intensos e emocionantes é que ninguém
pode silenciar o clamor de milhões de jovens, mães e avós. Há apenas um ano, sequer
podíamos discutir essas questões no Congresso. Hoje, por poucos votos o projeto IVG
não se tornou realidade. A descriminalização é um fato. Por todas que lutaram antes
de nós e abriram caminho em nosso país. Por todas aquelas que morreram e morrem
porque o Estado não lhes oferece condições básicas para praticar um aborto seguro.
Por todas elas e pelas gerações futuras, não vamos parar até conseguirmos direitos
iguais entre homens e mulheres. Já vencemos, não poderão frear a onda verde. Mais
cedo ou mais tarde, conquistaremos a liberdade sobre nossos corpos. Porque a
liberdade não é negociada, o aborto será legalizado.
332
Victoria Donda é ativista de direitos humanos, deputada nacional pelo Movimento
Livres do Sul e líder do projeto de Interrupção Voluntária da Gravidez.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/09/internacional/1533828608_917067.html
BARRADO POR MAIORIA MASCULINA, PROJETO DE LEGALIZAÇÃO DO ABORTO DEIXA
LEGADO NA ARGENTINA
Gênero e Número, 09 de agosto de 2018
http://www.generonumero.media/apesar-da-rejeicao-no-senado-projeto-delegalizacao-do-aborto-na-argentina-deixa-marca-no-debate-publico-no-pais/
ARGENTINA: NADA SERÁ COMO ANTES
Fernanda Paixão e Antonio Ferreira, do Coletivo Passarinho, Outras Palavras, 15 de
agosto de 2018
Uma semana depois, balanço da jornada que quase levou à aprovação do direito ao
aborto indica: lutas feministas tornaram-se mais fortes que nunca, espalham-se pelo
continente e desafiam promiscuidade entre religião e Estado
Na madrugada da quinta-feira 9 de agosto, depois de mais de 17 horas de
pronunciamentos, o Senado argentino vetou o projeto de lei de interrupção voluntária
da gravidez (IVA). A longa jornada de mobilização nas imediações do Congresso desde
as primeiras horas do dia 8 de Aborto, ou “8A”, como se intitulou a data histórica,
terminava com o rechaço decidido por 24 senadores e 14 senadoras. Nas ruas, o lado
dos lenços azuis “pró-vida”, à direita do edifício do Congresso, não economizou fogos
de artifício e cartazes alçados com os dizeres “Cristo venceu”. O lema “Que seja lei”,
difundido nos últimos meses por toda Argentina junto com a maré verde pró-aborto
legal, ao final da noite deu lugar com força ao “Será lei”. Talvez não hoje, mas amanhã,
como ressaltaram em seus discursos senadores que votaram pelo “sim”, como Pino
Solanas e a ex-presidenta Cristina Kirchner. O projeto, que já foi apresentado ao
Congresso Nacional sete vezes, agora espera o início das sessões legislativas de 2019
para ser apresentado novamente.
333
Na manhã seguinte, em contraste com um 8 de agosto coberto de chuva, abriu-se um
dia estranhamente ensolarado. O aborto seguia na clandestinidade, deixando em jogo
a vida, a saúde e a autonomia das mulheres de todo um país. Porém, aquela jornada
épica de quase 2 milhões de pessoas que passaram todo o dia sob uma incessante
chuva e sensação térmica de 2ºC, mostrou com clareza que alguma coisa estava fora
da velha ordem. O país foi tomado pelos lenços verdes, símbolo da Campanha
Nacional pelo Aborto Legal, Seguro e Gratuito. Até o mais reacionário dos senadores
antidireitos e pró-aborto clandestino pôde sentir que este rio que tudo arrasta não vai
parar.
Foto de Vivian Ribeiro, do Coletivo Passarinho
A maré verde
Tanto nesse 8A quanto na vigília daquele 13 de junho, quando o projeto foi aprovado
pela Câmara dos Deputados, os arredores à esquerda do Congresso se transformaram
em um espaço e contexto de sororidade, onde milhares de mulheres desconhecidas
encontravam algo em comum, profundamente familiar. O microcosmos da avenida
Callao, entre a avenida Corrientes e a rua Sarmiento, estava repleto de tendas de
diversas organizações, como o Nenhuma a Menos, a Assembleia Popular Feminista
(APF) e a Não Tão Diferentes, organização de mulheres em situação de rua.
O movimento de mulheres conseguiu enraizar socialmente o tema da legalização do
aborto. Levou o assunto para a rua, escolas, hospitais e, sobretudo, para dentro das
334
famílias. Furou o bloqueio da mídia hegemônica e conseguiu pautar o debate.
Desmantelou a separação entre o público e o privado, que sempre se prestou para
reforçar o machismo, politizando a sala de jantar. Fez irromper uma identidade
feminista forte, descentralizada, que alimentou as ações cotidianas com alegria e
energia desmedidas. Daí a pujança do 8A e a convicção desse verso tão cantado em
coro feminino: “Abaixo o patriarcado, que vai cair, que vai cair”.
A luta pela legalização do aborto na Argentina é a ponta de um iceberg que tem por
debaixo décadas de organização feminista. A Campanha Nacional pelo Direito ao
Aborto Legal foi gestada nos Encontros Nacionais de Mulheres de Rosário e Mendoza e
lançada oficialmente em 28 de maio de 2005, no Dia Internacional de Ação pela Saúde
das Mulheres. De lá pra cá, o movimento foi incansável no debate científicouniversitário e nas discussões sobre políticas públicas para mulheres. Construiu um
mote claro: “Educação sexual para decidir, anticoncepcionais para não abortar e
aborto legal para não morrer”.
Assim, a questão do aborto legal entrou na agenda dos direitos humanos e da
democracia, e foi incorporada por diversas outras organizações denominadas
“socorristas”, que cumprem um importante papel de dar assistência a mulheres que
desejam realizar um aborto, enquanto a lei não sai.
“O compartilhamento de experiências é necessário entre as mulheres que vivenciam
uma gravidez indesejada. As equipes de saúde que prestam informações relevantes a
quem opta por realizar um aborto são criminalizadas”, afirma Yamila, integrante da
Assembleia Popular Feminista, destacando o papel do Protocolo ILE (Protocolo para a
Atenção Integral das Pessoas com Direito a Interrupção Legal da Gravidez), que foi
base para determinar o reconhecimento do aborto por lei no Brasil: casos de estupro,
risco de vida da mãe e anencefalia do feto.
335
Foto de Nuria Alvarez, do Coletivo Passarinho
Um novo cenário
A grande maré verde contou com a ocupação de escolas por estudantes secundaristas
para exigir a aprovação do projeto, como ocorreu na Escola Superior de Educação
Artística Rogelio Yrurtia, na cidade de Buenos Aires. No colégio Católico Instituto Padre
Márquez os alunos foram obrigados a colar cartazes “pró-vida” e a resposta foi uma
chuva de lenços verdes. Professores encurralados ou encorajados pela audácia das
jovens não tiveram como fugir do debate. O aborto teve que entrar na pauta escolar.
Nas manifestações e diariamente nas ruas é comum ver meninas jovens com seu grupo
de amigas, todas com os lenços – ou pañuelos – verdes, com argumentos muito claros
sobre o que significa a legalização do aborto na sociedade.
A linguagem inclusiva também ganhou espaços antes inimagináveis. Cresceu nos
coletivos militantes, em parte do jornalismo, especialmente o contra-hegemônico, e
em círculos literários. Antes com o “x”, de “xs estudantxs”, e agora com o “e”, de “es
menines”, desnuda como a linguagem corrente sedimentou em sua própria estrutura
concepções patriarcais, heteronormativas e binárias. Para além dos binarismos, a nova
linguagem busca transpor os gêneros.
Tudo isso não seria possível sem a força comunicativa da campanha. Ao contrário do
Brasil, a Argentina não possui um sistema de meios de comunicação tão concentrado e
unidimensional. Seja pela sua tradição mais igualitária e democrática ou por avanços
da lei de meios de comunicação durante o período kirchnerista, há algum espaço para
336
o dissenso. Exemplos disso são o Página 12, jornal impresso diário com perfil de
esquerda; a C5N, uma rede de televisão privada claramente contrária ao governo
Macri, e diversas redes de rádios com perfil crítico. Mesmo nos canais televisivos do
establishment existe uma tradição de debate aberto entre diversas correntes de
pensamento. Tudo isso somado a uma pujante rede de meios de comunicação
alternativos e à difusão do movimento pelas redes sociais permitiu que a questão
ganhasse corpo, transformando-se em um debate público de massas.
Foto de Vivian Ribeiro, do Coletivo Passarinho
Mulheres contra os direitos das mulheres
Com maioria de votos contrários do bloco Cambiemos, do atual governo, a lei foi
rejeitada com 38 votos negativos contra 31 a favor. Como se poderia prever, as
mulheres não são maioria na mesa. Contudo, o corpo do Senado argentino atualmente
é conformado por 30 mulheres e 40 homens, uma relação bastante equilibrada
considerando que a presença de mulheres nas cadeiras altas no âmbito político
normalmente representa uma porcentagem ínfima em comparação aos homens.
Enquanto na Argentina a presença de mulheres representa 41,7% do Senado, no Brasil
são 14,8%. A Argentina é um dos poucos países da América Latina que contempla em
maior número mulheres na política, inclusive na presidência do parlamento – neste
caso, quem coloca a Argentina nesse posto é a vice-presidente Gabriela Michetti,
confessamente contrária à lei do aborto. Durante os meses prévios à sessão que iria
presidir, Michetti arriscou manobras para atrasar a votação do projeto e soltou frases
337
polêmicas sobre a questão do aborto mesmo em casos de estupro: “Você pode dar
depois em adoção depois e fica tudo bem. Há dramas maiores na vida”.
O 8A foi marcado pela prevalência final das cadeiras representadas em vermelho nos
telões que transmitiam a sessão para a multidão do lado de fora, e o voto feminino no
Senado se dividiu: de 28 mulheres votantes, 14 optaram pelo “sim” e 14 pelo “não”. As
duas senadoras que se abstiveram foram Eugenia Caltafamo, do partido Unidad
Justicialista, do estado de San Luis, que não se apresentou por estar de licençamaternidade; e a senadora Lucila Crexell, do Movimiento Popular Neuquino, de
Neuquén, que mesmo presente pediu abstenção. Ela buscava a aprovação de um
projeto intermediário que contemplasse a despenalização, mas não a legalização da
prática.
A maioria das que vetaram o projeto sustentava “argumentos” pouco fundamentados
sobre o início da vida e sobre o conceito de maternidade. Entre afirmações como “não
li o projeto de lei”, proferida pela senadora Cristina López Valverde, de San Juan, do
partido Frente Todos, e que “uma mulher que está em uma gravidez não desejada
precisa de alternativas que não ponham em risco a vida de seu filho”, da senadora de
Tucumán Silvia Elías de Pérez, da Unión Cívica Radical, a postura em negativa de
senadoras mulheres foi decisiva para o resultado no Senado. Com justificativas tão
vazias quanto contraditórias, seus discursos só parecem levemente menos absurdos
do que os de senadores homens que acreditam poder opinar sobre a gravidez e até
sobre o que representa um estupro para uma mulher. Em um momento inacreditável
da sessão, o senador de Salta, Rodolfo Urtubey, do partido Justicialista, deixou uma
multidão chocada com sua exposição: “O estupro nem sempre representa uma
violência contra a mulher. Por exemplo, nos casos de abuso intrafamiliar. Não é o
estupro clássico”. Já se espalham petições denunciando o senador por apologia ao
estupro.
338
Foto: Nuria Alvarez, do Coletivo Passarinho
Macrismo polivalente
Nem tudo são flores neste processo de ascendência do movimento feminista e de
discussão sobre o aborto legal. A situação se complexifica quando se verifica que o
próprio presidente Maurício Macri foi quem habilitou o debate no Congresso Nacional
em seu discurso de abertura das sessões legislativas deste ano. Por ironia do destino,
um projeto cujo debate legislativo foi barrado durante os mais de 10 anos de
kirchnerismo foi disparado por um governo neoliberal do tipo Robin Hood às avessas,
que promove um ajuste brutal sobre o povo argentino e inicia mais um ciclo de
dependência descarada, com a predominância dos interesses do setor financeiro e
agro-exportador.
Independentemente dos objetivos íntimos do presidente (promover uma cortina de
fumaça para a crise brutal pela qual passa Argentina; buscar aproximação com um
setor das classes médias liberais e progressistas ou contribuir para um feito histórico
equiparável ao que significou a aprovação do casamento igualitário durante o governo
de Cristina), o fato concreto é que a discussão legislativa do projeto deu vazão a um
processo que já deixou marcas irreversíveis na sociedade argentina. Essas marcas
ultrapassam ainda os limites do país hermano, em uma repercussão expansiva de uma
campanha pela legalização do aborto por toda a América Latina, que se faz notar
especialmente pelo fato de que a Argentina sequer é o primeiro país a levantar o
assunto: o Uruguai mesmo, ali ao lado, conquistou a aprovação da lei em 2012.
339
Macri, com seu pragmatismo neoliberal, fez questão de deixar claro que
individualmente era contra a legalização do aborto. Agora, juntamente com alguns de
seus correligionários do Cambiemos, busca eximir-se de responsabilidade, afastandose dos resultados da votação. Tenta ocultar que dos 25 senadores que compõem o
bloco Cambiemos, 17 votaram contra o projeto. Entretanto, a forma cínica e burlesca
como Gabriela Michetti conduziu os trabalhos legislativos, insultando senadores prólegalização e comemorando a rejeição do projeto, dá conta de como sob o macrismo,
o liberalismo e o medievalismo da Opus Dei convivem em harmonia.
Foto: Nuria Alvarez
Reação e contrarreação
O deputado da esquerda trotskista Nicolas Del Caño, quando da sessão que aprovou a
legalização na Câmara dos Deputados disse que “em um Senado dominado
diretamente por governadores feudais do Partido Justicialista, do Cambiemos e de
partidos provinciais, não seria fácil a sanção da lei”. E realmente, após a aprovação
parcial do projeto na Câmara, a reação foi imediata. Luciana Rosende e Werner Pertot,
em minucioso artigo sobre o tema, contam como se deu essa reviravolta. Segundo as
autoras, “a partir de 13 de junho os setores antidireitos redobraram a aposta. A Igreja
assumiu uma posição beligerante, as ONGs religiosas ativaram seus contatos nos
meios de comunicação, aumentaram sua pressão sobre o governo e sobre o bloco de
oposição. E começaram a ser vistos mais lenços azuis com o lema ‘Salvemos as duas
vidas’”. A concertação entre o conservadorismo das elites provinciais, as ações
340
performáticas do grupos “pró-vida” e a intelligentsia dos quadros médicos e de juristas
da Universidade Católica e Universidade Austral, esta última da Opus Dei, foram
imprescindíveis para garantir o “não” no Senado.
Entretanto, a derrota da legalização do aborto abriu o caminho para outro debate.
Colocou na ordem do dia a discussão sobre a laicidade do estado – diferente do Brasil,
a Argentina sequer se declara um Estado laico. Junto aos lenços verdes surgiram os
lenços laranjas da Campanha Nacional pelo Estado Laico, que diz: “Igreja e Estado
Assuntos Separados”. Veio à tona a questão do financiamento estatal da Igreja Católica
e do pagamento dos salários dos bispos por parte do Estado, ancorados em leis
editadas durante a ditadura militar argentina, por Rafael Videla. Nora Cortiñas, uma
das mães da Praça de Maio, disse sem meias palavras que “durante a ditadura a Igreja
não se importava com as duas vidas, davam choques elétricos na vagina de mulheres
grávidas e a Igreja abençoava os voos da morte”.
Na linha discursiva dos que votaram pelo “não”, principalmente entre os senadores
homens, há uma perda do que chamam de “paz social”. Ter mulheres nas ruas pedindo
por seus direitos balança as estruturas, provocando receio. Sempre foi assim – um dos
grandes “argumentos” contra o sufrágio feminino era que seria muito trabalhoso
“ensinar às mulheres a importância do voto”, um eufemismo risível que deixa exposto
em carne viva o medo da perda de controle. É que na ação coletiva as mulheres
retiram o patriarcado da sua posição naturalizada e de perigosa invisibilidade. De
repente, o poder masculino aparece como violência e força bruta. E certamente não é
agradável tomar consciência da sua própria condição de opressor.
Octavio Salazar, professor de Direito Constitucional da Universidade de Córdoba e
autor do livro El hombre que (no) deberíamos ser, fala que “nós, homens, temos medo
do feminismo porque nos revela coisas de nós mesmos que não gostamos de
conhecer”. Talvez o grande medo que inspira a reação machista é que as mulheres
empoderadas venham a fazer com os homens o que eles sempre fizeram sob a benção
do patriarcado.
341
Foto: Vivian Ribeiro, do Coletivo Passarinho
Não se pode parar o vento
A onda verde se espalhou pela América Latina. A pauta está instalada com uma força
nunca antes vista e a mensagem é clara: a campanha continua. Os lenços verdes
chegaram a diversos países e vêm se espalhando pelo Brasil, onde o tema já está
instalado no Supremo Tribunal Federal, apesar da imprevisibilidade do resultado do
julgamento. As últimas audiências dos dias 3 e 6 de agosto, presididas pela ministra
Rosa Weber, já são vistas como um grande passo.
Dois dias depois da rejeição da lei, a campanha oficial publicou uma mensagem
exaltando a conquista inédita e histórica de colocar em pauta a problemática das
mulheres e de se fazer ouvir as vozes feministas. Enfatizou a importância de não votar
nos políticos que se abstiveram ou foram contrários ao direito das mulheres a decidir.
A campanha convocou aos chamados “pañuelazos” – manifestações em que todas
levantam seus lenços verdes em um símbolo coletivo de demanda por uma lei do
aborto seguro e gratuito –, na América Latina e no mundo; e também a que todas
estejam presentes no Encontro Nacional de Mulheres, a acontecer este ano na
província de Chubut, no sul do país.
Ao reforçar a necessidade de um Estado laico, o comunicado joga luz sobre um assunto
profundamente necessário, reforçando a importância dessa campanha, representada
pelos lenços laranjas. Talvez mais ainda no Brasil, onde religião e política andam cada
342
vez mais juntas. O grito vem das ruas, e como bem se anda dizendo entre os grupos
feministas nesses últimos dias: nunca nada nos foi dado de mão beijada.
Fernanda Paixão é jornalista carioca e analista de redes sociais; é integrante do
Coletivo Passarinho; organizadora do livro "Linguagem, cultura, reportagem: Uma
abordagem sobre publicações, autoria e subjetividade no jornalismo brasileiro".
Antônio Ferreira é advogado trabalhista e militante do Coletivo Passarinho. O Coletivo
Passarinho surgiu em março de 2016, em Buenos Aires, para combater e denunciar o
golpe de Estado em curso no Brasil. Ele abrange diferentes correntes progressistas e
propõe uma luta política, poética e afetiva.
https://outraspalavras.net/mundo/america-latina/argentina-nada-sera-como-antes/
ABORTO JÁ. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL FARÁ BEM SE DECLARAR
INCONSTITUCIONAL A PROIBIÇÃO DA PRÁTICA
Hélio Schwartsman, Folha/Uol, 01 de agosto de 2018
Já reclamei aqui da sem-cerimônia com que ministros do Supremo vêm tomando
decisões que não encontram previsão expressa nas leis nem na Carta. Tem faltado ao
STF a chamada autocontenção. Ainda assim, penso que a corte máxima fará bem se
declarar inconstitucional a proibição do aborto. Como explicar a aparente contradição?
Como regra geral, o juiz não pode mesmo substituir o legislador. Falta-lhe, para início
de conversa, o mandato popular. Mesmo que a ausência de representatividade não
fosse um problema, seria temerário concentrar num único indivíduo ou num colégio
restrito o poder de elaborar e, ao mesmo tempo, aplicar as leis. A democracia, que é
um jogo de freios e contrapesos, repele tal arranjo.
Mas a democracia tampouco pode dar-se ao luxo de ficar refém de um Poder ou da
maioria dos cidadãos. Imagine-se, a título de experimento mental, que 51% dos
eleitores tenham concluído que precisam de servos e elegem um Parlamento que
reintroduz a escravidão no ordenamento jurídico.
Absurdo? Sem dúvida. É para evitar que variações em torno desse exemplo se tornem
realidade que a Carta confere à Justiça o poder de invalidar leis julgadas
inconstitucionais. O fato de juízes terem essa capacidade não significa que devam usála sempre. Para o jogo democrático fluir, é necessário que os magistrados saibam
conter-se, só se valendo de poderes excepcionais em situações excepcionais.
343
A meu ver, o ativismo judicial pelo STF se justifica apenas para ampliar direitos
individuais já contidos em princípios enunciados na Carta, mas que o Congresso, por
alguma razão, não atualiza. Um teste prático é olhar para direitos que já tenham sido
consolidados em democracias mais maduras, como o aborto e a despenalização do
consumo de drogas. Não dá para aceitar que, em pleno século 21, pessoas precisem da
autorização de vizinhos para definir o que vão colocar ou tirar de seus próprios corpos.
Hélio Schwartsman é um filósofo e jornalista brasileiro. É editorialista e colunista do
jornal Folha de S.Paulo.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2018/08/aborto-ja.shtml
ONG INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DEFENDE DESCRIMINALIZAÇÃO DO
ABORTO
Daniel Buarque, Blog Brasilianismo/Uol, 01 de agosto de 2018
O título do texto e vídeo publicados no site da ONG internacional Human Rights Watch
é bem direto ao tratar de uma das pautas mais polêmicas no Supremo Tribunal Federal
nesta semana: ''Brasil: Descriminalize o aborto'', defende a HRW, em tom de
manifesto.
''A legislação brasileira sobre aborto é incompatível com as obrigações de direitos
humanos do país'', diz o texto.
A descriminalização do aborto volta à pauta do STF nesta semana, com audiências
públicas comandadas pela ministra Rosa Weber, em processo no qual o PSOL pede que
seja permitida em todo o país a realização do aborto até a 12ª semana de gravidez, por
decisão da gestante e sem a necessidade de nenhum tipo de autorização legal.
A HRW participará da audiência pública e anunciou que pedirá ao STF que considere as
obrigações do Brasil sob o direito internacional para chegar a sua decisão. Segundo
José Miguel Vivanco, diretor da divisão das Américas da HRW, ação no STF está sendo
vista como uma oportunidade para oferecer às mulheres e meninas no Brasil mais
escolhas reprodutivas.
344
“Nenhuma mulher ou menina deve ser forçada a escolher entre continuar uma
gravidez contra sua vontade e arriscar sua saúde, vida e liberdade para fazer um
aborto clandestino”, disse, no texto divulgado pela ONG.
Segundo a HRW, organismos da ONU determinaram que negar o acesso de mulheres e
meninas ao aborto é uma forma de discriminação que coloca em risco uma série de
direitos humanos, incluindo os direitos à vida; à saúde; à liberdade de tratamento
cruel, desumano e degradante; à não-discriminação e igualdade; à privacidade; à
informação; e à liberdade para decidir o número e o intervalo entre crianças.
Daniel Buarque vive em Londres, onde faz doutorado em relações internacionais pelo
King's College London (em parceria com a USP). Jornalista e escritor, fez mestrado
sobre a imagem internacional do país pelo Brazil Institute da mesma universidade
inglesa. É autor do livro “Brazil, um país do presente - A imagem internacional do ‘país
do futuro’” (Alameda Editorial) e do livreto “Brazil Now” da consultoria internacional
Hall and Partners, além de outros quatro livros. Escreve regularmente para o UOL e
para a Folha de S.Paulo, e trabalhou repórter do G1, do "Valor Econômico" e da
própria Folha, além de ter sido editor-executivo do portal Terra e chefe de reportagem
da rádio CBN em São Paulo.
https://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/08/01/ong-internacional-dedireitos-humanos-defende-descriminalizacao-do-aborto/
VAMOS DEIXAR O ÓDIO DE FORA NO DEBATE SOBRE O ABORTO. EM ENTREVISTA, A
PESQUISADORA DEBORA DINIZ EXPLICA POR QUE A CRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO É
INCONSTITUCIONAL E COMENTA AS AMEAÇAS QUE A LEVARAM AO PROGRAMA DE
PROTEÇÃO AOS DEFENSORES DE DIREITOS HUMANOS
Andrea Dip, Agência Pública, 02 de agosto de 2018
Às vésperas das audiências públicas convocadas pelo Supremo Tribunal Federal para
discutir a descriminalização do aborto, que acontecem nos próximos dias 03 e 06 de
agosto, uma das figuras mais importantes sobre o tema na América Latina está sendo
perseguida e ameaçada a ponto de ter sido incluída no Programa de Proteção aos
Defensores de Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos. Trata-se da
antropóloga e professora da UnB Debora Diniz, que em 2016 figurou entre os cem
pensadores globais de destaque na revista Foreign Policy e um ano antes foi
homenageada em um evento para professores da Unesco. Ela também ganhou o
345
prêmio Jabuti por seu livro “Zika: do sertão nordestino à ameaça global” e é
pesquisadora da organização Anis Instituto de Bioética, consultora do Psol na ADPF
(Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 442, que questiona a
constitucionalidade da criminalização do aborto, examinada pelo STF.
Em entrevista exclusiva à Pública, Debora Diniz conta que decidiu deixar a cidade onde
mora por um tempo para não precisar se deslocar permanentemente com escolta e diz
que a polícia está avançando nas investigações. Mas prefere focar a conversa no que
para ela é o mais importante: trazer à luz uma discussão qualificada e baseada em
evidências sobre a descriminalização do aborto no país, para que mulheres deixem de
morrer ou serem presas por um procedimento realizado no Brasil por uma a cada 5
mulheres até 40 anos, como aponta a Pesquisa Nacional do Aborto (PNA) realizada
pela Anis em 2016. Ainda segundo o trabalho, cerca de 48% das mulheres que
abortaram completaram o ensino fundamental, e 26% tinham ensino superior. Do
total, 67% já tinha filhos, 56% eram católicas e 25% protestantes ou evangélicas.
A ADPF 442, que chegou ao STF em março de 2017, pede a descriminalização da
interrupção voluntária da gravidez até 12 semanas. “O código penal de 1940 manda
prender mulheres que fizeram o aborto. A Constituição é de 1988 e portanto posterior
a 1940. Uma leitura do Código Penal pela Constituição diz que eu não posso prender
mulheres se é uma necessidade de saúde, se é uma questão de cidadania, se o aborto
é parte da dignidade da vida das mulheres ao tomar essa decisão. Então uma leitura da
Constituição sobre o Código Penal diz que ele é inconstitucional” explica Debora na
entrevista. Para julgar a ADPF a Ministra Relatora Rosa Weber convocou essas
audiências públicas. Especialistas, instituições e organizações científicas, jurídicas e da
sociedade civil vão apresentar suas posições e a partir disso o STF fará o julgamento,
ainda sem prazo definido. “Os melhores dados e a melhor ciência disponível sobre o
tema vão ser apresentados ao Supremo. Então essa é uma possibilidade de giro do
debate das multidões, do ódio, das redes sociais, para a qualificação do debate a partir
do que sabemos de aborto. Esse é um momento de fazer algo que no campo jurídico e
no campo científico se conhece muito, que é um argumento baseado em evidências”.
Leia a entrevista:
Pergunta. A imprensa tem noticiado que você saiu de Brasília e que fará parte do
Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos do governo federal, por
estar sofrendo ameaças inclusive pessoalmente. Pode contar o que está
acontecendo?
Resposta. Sim, eu estou no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos
Humanos da Secretaria de Direitos Humanos, estou fora de Brasília viajando a trabalho
e também por uma escolha pessoal, para evitar me deslocar permanentemente com
346
escolta. A polícia está investigando e não houve obrigação de sair de Brasília nesse
processo. São ameaças que começaram primeiro por redes sociais, no Facebook da
Anis por inbox, no meu Whatsapp, até que chegou em uma situação em que eu fui
falar em um evento e alguns homens estavam na porta me esperando. Eles tinham um
perfil diferente dos que estavam no evento e a coordenação sugeriu que eu saísse
pelos fundos para não haver nenhum encontro. As ameaças começaram de uma
maneira mais forte depois da convocação das audiências públicas e em particular
depois do anúncio dos participantes, e foram crescendo. A denúncia tem mais de dois
meses e meio. Ela vazou para a imprensa depois, mas eu tinha decidido não falar nada
até a polícia avançar na investigação.
P. Seu trabalho é referência em bioética, direitos reprodutivos das mulheres e
direitos humanos. Essas ameaças são algo novo ou aumentaram nos últimos
tempos?
R. No tempo da discussão sobre a legalização do aborto em caso de fetos com
anencefalia elas existiam muito fortemente, em particular no trabalho em parceria
com um promotor de justiça do DF chamado Diaulas Ribeiro. Nós fizemos um livro
juntos e, nessa ocasião, ele solicitou escolta policial para o lançamento do livro. Eu
passei alguns constrangimentos, inclusive dando aula, um sujeito entrou, eu fiz uma
queixa crime, foi uma época em que houve uma tensão inclusive de proximidade física.
Depois isso se acalmou, passaram-se alguns anos sem maiores perturbações e aí, no
ano passado, com a apresentação do caso da Rebeca Mendes no Supremo, elas
voltaram com alguma força. Um sujeito que se diz do jornalismo investigativo fez um
vídeo bastante intimidatório e isso causou uma repercussão. Eu resolvi não me
movimentar muito sobre esse vídeo e eles voltaram com mais força agora em abril e
maio, inclusive fazendo páginas coletivas que tinham centenas de comentários.
P. Temos visto discursos de ódio ganharem muita força recentemente. Você acha
que o que está vivendo tem a ver com esse momento ou com a aproximação das
audiências no STF?
R. Eu acho que isso tem a ver com duas grandes coisas. O tema do aborto é muito fácil
para momentos de grande crise política. O Brasil vive uma crise política permanente
nos últimos anos, com uma crise de representatividade política inclusive – nós não
sabemos muito bem quem são os partidos, o que eles propõem, as propostas de
governo, como eles fazem coalizões, inclusive com religiões. E nesse contexto de
fragilidade política, temas com forte apelo emocional e que são capazes de
movimentar multidões como “sim” ou “não”, “contra” ou “a favor”, como é o caso da
descriminalização do aborto, da maconha, do uso de porte de armas, movimentam
rapidamente multidões e dão uma falsa sensação de participação política. Então parte
347
destes tempos sombrios surgem por causa dessa instabilidade, em que grandes
questões democráticas não são discutidas como parte de um processo político. Nós
estamos no Rio de Janeiro com uma intervenção militar desde fevereiro e isso não é
uma pauta política permanente de reflexão séria no país. Tudo isso faz com que temas
fáceis à mobilização, e uma não reflexão sobre quais são as questões postas,
movimentem multidões. Esse é um pano de fundo importante. E o segundo ponto é a
própria arena das mídias sociais em que a gente ainda precisa de uma cultura política e
de comunicação para ocupar esses espaços. Qualquer coisa vale, de uso de identidades
falsas a agressões. O aborto é um tema que provoca paixões, que exige um arsenal de
informações e de cautela para o debate, caso contrário ele cai imediatamente na
agressão. Então, essa dificuldade já faz parte da história do próprio tema e, quando
ainda se colocam esse dois condicionantes nossos, isso se torna um tema de risco.
P. Falando sobre essas audiências do STF. A Anis assina, juntamente com o Psol, a
ação que será discutida. Me parece que há uma confusão sobre o que será julgado e
de que forma. Pode explicar o que vai acontecer nos próximos dias?
R. O código penal de 1940 manda prender mulheres que fizeram o aborto. A
Constituição é de 1988 e portanto posterior a 1940. Uma leitura do Código Penal pela
Constituição diz que eu não posso prender mulheres se é uma necessidade de saúde,
se é uma questão de cidadania, se o aborto é parte da dignidade da vida das mulheres
ao tomar essa decisão. Então uma leitura da Constituição sobre o Código Penal diz que
ele é inconstitucional. Todas as leis anteriores à Constituição têm que ser revistas. Só
que ninguém nunca provocou o Supremo a revisar o Código Penal, à luz da
Constituição, sobre o aborto. E a Suprema Corte é um espaço legítimo para essa
revisão do código penal, muito anterior à Constituição. Esse pedido foi feito pela Anis e
pelo Psol em março de 2017. A ministra relatora Rosa Weber convocou audiências
públicas – que ainda são momentos raros dentro do Supremo. As primeiras
convocadas na história foram as da anencefalia e as primeiras realizadas foram as de
célula tronco. Nessa ação, o primeiro ato da ministra, um ano depois da apresentação
da ação, foi dizer “vou convocar audiências públicas, eu quero ouvir especialistas,
comunidade científica, comunidades de fé e a sociedade civil para ouvir o que elas têm
a dizer sobre aborto”, sobre o pedido feito na ação, que é o de não prender as
mulheres. Esse é um momento muito importante, tanto politicamente quanto de
qualificação do debate público, porque é um momento em que o Supremo se curva à
sociedade dizendo “eu preciso ouvi-la antes da tomada de decisão”. Estes momentos,
dias 3 [amanhã] e dia 6, são os das audiências públicas. E há uma novidade: Pela
primeira vez a ministra disse que o que for apresentado nas audiências públicas – e por
isso ela pede tanto tempo antes das apresentações – será anexado ao processo, fará
parte dos documentos a serem consultados pelos outros ministros. O que pode
acontecer a partir daí? Ela pode a qualquer momento convocar o julgamento. Não há
348
um calendário. Vai ser no tempo da corte. No caso da anencefalia durou 8 anos. As
audiências públicas são o momento de qualificação do debate, não é o julgamento
ainda. Serão 40 expositores entre cientistas, especialistas, comunidade jurídica,
comunidades de fé, a sociedade civil. Os melhores dados e a melhor ciência disponível
sobre o tema vão ser apresentados ao Supremo. Então essa é uma possibilidade de
giro do debate, que antes nós falávamos, das multidões, do ódio, das redes sociais,
para a qualificação do debate a partir do que sabemos de aborto. Esse é um momento
de fazer algo que no campo jurídico e no campo científico se conhece muito, que é um
argumento baseado em evidências seguras para aquilo que se sustenta sobre o aborto.
Há risco de morte? Sim ou não, quais são os dados apresentados? Quem é a mulher
que aborta? Qual é o perfil? Aborto tem risco para a saúde mental? Quais são os dados
apresentados? Ou seja, as perguntas que são feitas para decidir o “sim” ou “não” à
criminalização do aborto precisam ser respondidas na audiência. E por que é
importante agora? Eu daria duas respostas. Uma nacional porque nós temos as
eleições daqui a dois meses então esse é um momento em que se soubermos bem
usar o que vai ser apresentado, podemos usar para qualificar o debate público. E a
ministra foi muito sensível a esse tema porque poderia parecer quase que um
momento inadequado, ela sendo inclusive presidente do Superior Tribunal Eleitoral.
Mas eu acredito que é o momento de respeito à democracia. E há uma segunda razão,
que é de uma geopolítica regional. A Argentina vota a decisão no Senado no dia 8
próximo. Então, como uma alegoria, eu poderia dizer que há uma onda verde na
região, que é um momento na história. Na Irlanda recentemente também, no Chile, na
Bolívia que descriminalizaram em parte a interrupção da gravidez, elas no Chile
morriam, não podiam fazer aborto nem com risco de morte. Há um momento histórico
do qual o Brasil faz parte.
P. O que querem as mulheres que pedem a descriminalização do aborto?
R. A descriminalização é a retirada desse dispositivo, dessa coisa do código penal que
diz que se uma mulher fizer aborto ela vai presa. Presa! Nós nunca podemos esquecer
disso! É uma a cada 5 mulheres aos 40 anos [que aborta]! Pelo menos meio milhão de
mulheres a cada ano. Uma em cada 5 mulheres com até 40 anos que você conhece, eu
conheço. Uma delas ao menos teria passado pela prisão. Essa é uma mulher comum,
ela tem filhos, ela vai à igreja, vai ao templo, trabalha, ela não tem o perfil de uma
“mulher fora da lei”, de uma mulher criminosa. É uma mulher comum que se vê diante
de uma necessidade de saúde, uma necessidade de vida, e ela tem que ir à
clandestinidade pra fazer um aborto, seja para comprar medicamentos, buscar uma
clinica ou, se ela tem mais dinheiro, pegar um avião para um país onde o aborto é
legalizado. Por que a descriminalização é tão importante? Quando você retira o crime
de uma prática você pode falar dela abertamente. As instituições do Estado podem
desenhar políticas para prevenir, para proteger e para cuidar. Como se previne o
349
aborto? Há estudos sistemáticos que mostram que uma mulher quando faz o aborto,
alguma coisa está errada em sua vida. Seja no uso dos métodos, ou ela teve efeitos
colaterais ou ela não soube usar, ou porque ela é muito jovem e sofre violência sexual
dentro da própria casa, porque sofre violência do parceiro, não tem dinheiro para
acessar os métodos… Há várias razões para os métodos falharem. Os companheiros
não permitem que elas usem, elas não conseguem negociar o uso da camisinha…
Então quando o aborto é crime essa mulher entra na situação de saúde e não fala a
verdade, ela tem medo de ser denunciada. Esse médico, essa enfermeira perdem a
oportunidade de saber o que esta acontecendo de errado e prevenir um segundo
aborto. Se você vir por exemplo a Colômbia, que descriminaliza o aborto por uma
decisão da corte há mais de 10 anos, uma mulher que faz aborto por saúde mental por
exemplo, ela já sai do sistema de saúde com método de planejamento familiar, com
método contraceptivo adequado à sua saúde e à sua vida. A descriminalização permite
inclusive diminuir a taxa de abortos, que é o que tanto querem aqueles que querem
prender as mulheres. O Brasil está na região que mais pune e que mais faz aborto do
mundo. Quanto mais se pune mais aumenta a perseguição e a dificuldade de acesso à
informação, e as mulheres fazem mais abortos porque algo está errado.
P. O que a Pesquisa Nacional do Aborto realizada em 2016 concluiu? Quem são as
mulheres que realizam aborto no país?
R. É a mulher comum. Não é aquela mulher que se imagina como promíscua, como
adolescente irresponsável ou como profissional do sexo. Ela é qualquer uma de nós. É
claro que as mulheres mais empobrecidas, vulneráveis, dependentes do SUS para
acesso a proteção de saúde são as mais vulneráveis aos efeitos da criminalização.
Todas as mulheres estão sob a ameaça da criminalização, da prisão, mas só algumas
correm o risco verdadeiro de serem perseguidas, punidas ou presas, que são aquelas
mulheres mais dependentes do estado. Mulheres pretas e pardas, indígenas, da
periferia, mulheres com menor nível de escolaridade e mulheres mais pobres. São elas
que tem que se arriscar a não conhecer e não saber sobre o medicamento que fazem
uso, são elas sem acesso à informação digital sobre a melhor forma de utilizar um
medicamento, são elas que procuram o SUS e que são denunciadas à policia. As
mulheres com mais acesso à informação, as mulheres mais urbanas, as mulheres com
maior nível de escolaridade recorrem a métodos um pouco mais seguros apesar da
clandestinidade. Nós estamos falando da desigualdade brasileira no perfil da mulher,
que faz aborto e corre risco de ser pega pelo código penal. Todas as mulheres – as
brancas, as negras, as de classe media, as mais pobres, as das elites, dos melhores
bairros, das periferias – fazem aborto. Mas só aquelas mesmas que o Estado, que a
polícia bota a mão, são aquelas em quem a polícia vai botar a mão quando fazem
aborto. Aqui a seletividade do sistema, do racismo e da desigualdade de classe
brasileira é tão perversa que a mesma lei só pega algumas, só põe algumas em maior
350
risco, só algumas morrem como foi o caso recente da mulher do interior do Rio de
Janeiro.
P. Na Argentina a descriminalização do aborto já passou na Câmara, depende agora
da aprovação do Senado, e milhares de pessoas têm tomado as ruas pedindo que
seja lei. Na sociedade brasileira, no entanto, é quase um tabu. Por que você acha que
isso acontece?
R. A Argentina também é um país muito conservador em que o aborto é um tabu. Nós
estamos falando de diferentes mobilizações da sociedade civil e pelo momento político
do país. Nós somos muito parecidos, Brasil e Argentina nesse tema, e a Argentina tem
um papa argentino, teria todas as condições políticas de não ter essa mobilização.
Então eu não diria que é o conservadorismo da sociedade brasileira ou da sociedade
argentina. Há uma onda conservadora vindo em toda a região, no entanto, a Argentina
teve um movimento como o Ni Una Menos que mobilizou o tema da violência de
gênero e sobre o que representavam as estruturas do Estado contra as mulheres. E por
não ter vivido uma crise política, que é imobilizadora como a do Brasil recente, houve
essa enorme mobilização das mulheres, dos velhos, dos homens, das crianças pelas
ruas, especialmente de Buenos Aires.
P. Com as eleições se aproximando, você acha que os candidatos irão discutir esse
assunto?
R. Todas as eleições mostram, seja na reta final ou quando há alguma grande disputa,
esse tema vem. E ele não vem na expectativa de um debate razoável e fundamentado
em dados, ele vem intimidatório e coercitivo sobre aqueles que lançam posições que
não sejam conservadoras. A minha expectativa é que as audiências no Supremo
permitam uma qualificação do debate nas eleições, mas eu acredito que isso não virá
como uma política de governo dos candidatos porque é sempre um tema
intimidatório, especialmente nas comunidades religiosas, que têm muita força no país.
[Entrevista reproduzida pelo El País: “Debora Diniz: ‘Todas as mulheres fazem aborto,
mas só em algumas a polícia bota a mão’. Referência nos estudos sobre o tema no
Brasil, ela está sendo perseguida e ameaçada. Em entrevista ela explica porque a
criminalização do aborto é inconstitucional”, Andrea Dip, Agência Pública reproduzida
pelo El País, 02 de agosto de 2018]
https://apublica.org/2018/08/vamos-deixar-o-odio-de-fora-no-debate-sobre-oaborto/
351
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/02/politica/1533241424_946696.html
O ÓDIO QUE NOS CEGA
Marina Amaral, Agência Pública, Ed. #75, 03 agosto de 2018 [um tipo de newsletter]
A semana começou com a entrevista do mais bilioso dos candidatos à Presidência e se
encerra com outro tema que atiça paixões: a descriminalização do aborto. É hoje a
primeira audiência no STF sobre a inconstitucionalidade de leis caducas que condenam
as mulheres à prisão – ou mesmo à morte - pelas práticas clandestinas da interrupção
à gravidez.
Quem assistiu o Roda Viva com o ex-capitão Jair Bolsonaro sabe do vão esforço que
fizeram os jornalistas para obter respostas razoáveis daquele que pretende governar o
país. Da falsa responsabilização das mulheres pela mortalidade infantil à culpabilização
dos negros pela escravidão, quase nada foi dito pelo candidato com outro objetivo
senão inflamar o ódio que assola o país.
Pois a mesma onda irracional parece envolver o debate sobre o aborto, como mostram
as ameaças de morte sofridas pela pesquisadora e professora da UnB, Debora Diniz,
que levaram à sua inclusão no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos
Humanos. O motivo para tanto ódio? Apontar com dados concretos os equívocos de
uma política de aborto que provoca mortes, danos à saúde e à dignidade das mulheres
obrigadas a escolher entre uma gravidez indesejada e um aborto ilegal – que pode ser
fatal no caso daquelas que não podem pagar pela prática clandestina nos consultórios
movidos a propinas a policiais e outros agentes do Estado.
Entre 2008 e 2017, mais de 2 milhões de mulheres foram internadas pelo SUS por
complicações decorrentes de aborto – 75% provocados – ao custo de quase meio
bilhão de reais. Em quase um terço dos casos, houve sérias complicações após o
aborto como hemorragias e infecções; e ao menos 4.445 mulheres morreram de 2000
a 2016. Esses dados, obtidos pela Folha, constam de um relatório do Ministério da
Saúde que vai subsidiar os debates no STF. Resta saber se os ministros deixarão o ódio
do lado de fora da corte para examinar sobriamente os argumentos de relatos
fundamentados sobre o assunto.
Os que condenam as mulheres por não desejar uma gravidez (aliás, elas engravidaram
sozinhas?) são capazes de apoiar decisões da Justiça de esterilizar uma mulher contra a
sua vontade ou de arrancar filhos de mães indígenas sem outro pretexto que não a
352
pobreza a que as condenamos. Duas faces da mesma moeda: o direito da mulher ao
seu próprio corpo, de escolher ser mãe – e permanecer com seus filhos - ou de não ser
mãe, sem para isso ter que cometer um crime. Que atire a primeira pedra, aquele que
nunca fez sexo sem proteção.
Se os corações estão empedernidos, que se ouça, ao menos, a razão.
Marina Amaral, codiretora da Agência Pública
https://mailchi.mp/apublica/agncia-pblica-os-ministros-deixaro-o-dio-defora?e=64d9b46514
DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO: QUEM SÃO OS GRUPOS QUE TENTARÃO
INFLUENCIAR DECISÃO DO STF
Nathalia Passarinho, BBC News Brasil, 03 de agosto de 2018
A decisão sobre levar ou não adiante uma gravidez é um direito fundamental da
mulher? Quando começa a vida? Como evitar as milhares de mortes de mulheres por
abortos inseguros no Brasil? A quem cabe decidir sobre o tema, Judiciário ou
Legislativo?
Essas são algumas das questões que devem ser debatidas nesta sexta (3) e na próxima
segunda (6) nas audiências públicas do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a ação
que pede a descriminalização do aborto.
Cerca de 60 pessoas, entre representantes de religiões, médicos, juristas e ativistas
brasileiros e estrangeiros, apresentarão suas posições aos ministros do tribunal e ao
público presente.
A discussão passa por definir se o aborto deve ser visto como um problema de saúde
pública, se o direito de decidir sobre o próprio corpo no caso de uma gestação é
garantido pela Constituição, e se tratar a interrupção da gravidez como crime é ou não
uma medida eficiente para evitar a prática do aborto e, ao mesmo tempo, proteger a
vida das mulheres.
A audiência foi convocada pela ministra Rosa Weber, relatora da Ação por
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, apresentada pelo PSOL, com
assessoria técnica do Instituto de Bioética Anis.
353
Ainda não há data marcada para o julgamento do caso.
A ação argumenta que os artigos do Código Penal que proíbem o aborto afrontam
preceitos fundamentais da Constituição Federal, como o direito das mulheres à vida, à
dignidade, à cidadania, à não discriminação, à liberdade, à igualdade, à saúde e ao
planejamento familiar, entre outros. O PSOL pede que o aborto feito até a décima
segunda semana de gestação não seja considerado crime.
Atualmente, o aborto só é permitido no Brasil em caso de estupro, risco de vida para a
mãe e feto com anencefalia- neste último caso a autorização foi dada pelo Supremo,
em julgamento de 2012.
O STF recebeu mais de 180 pedidos para falar na audiência sobre o pedido de
descriminalização do aborto e selecionou os palestrantes com base na
representatividade, na qualificação técnica e na "pluralidade" das opiniões.
A BBC News Brasil conversou com algumas dessas pessoas para saber que argumentos
levarão ao debate.
Os palestrantes pró-descriminalização do aborto
354
Palestrantes favoráveis à desciminalização vão apresentar dados sobre mortes de
mulheres em abortos clandestinos e argumentar que a legislação atual não reduz o
número de abortos AGÊNCIA BRASIL
O grupo de pessoas selecionadas para falar a favor da descriminalização do aborto é
composto por diferentes setores - de médicos a ONGs internacionais e grupos
religiosos que defendem que as mulheres devem ter autonomia para interromper a
gestação.
Cada setor deve se aprofundar em uma dessas quatro linhas de argumentação
identificadas pela BBC News Brasil:
Morte das mulheres
O primeiro dia de audiências abordará o efeito da legislação sobre aborto em
diferentes aspectos da saúde - psicológico e físico, além do impacto social.
Os médicos favoráveis à descriminalização devem expor a experiência de tratar
mulheres com complicações decorrentes de abortos inseguros.
A médica ginecologista e obstetra Melania Amorim disse à BBC News Brasil que
defenderá que a descriminalização é necessária para reduzir a mortalidade materna e
o número de abortos provocados. Segundo ela, interrupções da gestação feitas de
forma insegura são a quarta principal causa de morte de materna no Brasil.
A médica diz que, ao longo dos quase 30 anos de carreira, atendeu na rede pública
dezenas de pacientes com complicações graves de abortos clandestinos. Mas a
primeira experiência foi a que mais impactou.
"Eu tinha 17 anos, tinha acabado de entrar na faculdade e estava estagiando num
hospital. Uma menina de 13 anos chegou já desorientada, em estado grave após um
aborto clandestino. Ela entrou em estado de choque séptico e morreu", conta.
"Entrei na maternidade esperando ver partos lindos e bebês saudáveis e me vi sempre
à frente da morte. Já me deparei várias vezes com mulheres nessa situação.
Hemorragia e septicemia. As mulheres recorrem a instrumentos perfurantes ou
soluções tóxicas."
355
Melania diz que também apresentará dados para sustentar a tese de que a
descriminalização do aborto poderá, inclusive, diminuir as interrupções de gestações,
na medida em que o tema deixará de ser "tabu".
"Você evita o aborto de repetição, que é responsável por mais de 40% dos abortos
provocados. Com o acolhimento das mulheres durante e após o aborto, você evita um
próximo aborto. Você consegue ouvir a mulher e aconselhá-la a usar um método
contraceptivo eficiente", afirma.
Um estudo que deve ser mencionado, na audiência, é o da pesquisadora Gilda Sedgh,
do Instituto Guttmacher, de Nova York, que aponta que, em países onde o aborto é
crime, as taxas de aborto chegam a ser um pouco mais altas que as de nações onde o
procedimento é legalizado.
Conforme o levantamento, a taxa é de 37 abortos a cada mil mulheres em países que
vetam o aborto em qualquer circunstância ou que só o permitem em caso de risco de
vida para a mãe. Em nações onde a interrupção da gravidez é permitida e oferecida
mediante pedido da gestante, o número de abortos é de 34 para cada mil mulheres.
Desigualdade social
Antropólogos e sociólogos favoráveis à descriminalização disseram à BBC News Brasil
que pretendem demonstrar que a proibição do aborto têm impactos sociais, ao
reforçar a desigualdade entre ricos e pobres, já que as mulheres mais pobres acabam
recorrendo a métodos inseguros, enquanto as que têm dinheiro podem pagar por um
aborto em uma clínica particular ou fazer em países onde isso é permitido.
A pesquisadora Débora Diniz, coordenadora do Instituto de Bioética Anis, apresentará
um estudo que mostra que uma em cada 5 mulheres de até 40 anos já fizeram aborto
no Brasil. Mas as mais pobres, ela destaca, são as mais afetadas pela criminalização.
"Sabemos que em todas as classes sociais se faz aborto, mas as mulheres mais
precarizadas, negras e indígenas, do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país, estão
mais vulneráveis à experiência do aborto e também aos efeitos perversos da lei penal,
com risco de cadeia, graves sequelas ou morte", disse ela à BBC News Brasil.
Tratados internacionais
356
Já as ONGs internacionais devem focar na comparação das leis brasileiras com as de
outros países, e analisar a criminalização do aborto do ponto de vista do direito
internacional.
A pesquisadora Margareth Wurth, do Human Rights Watch, uma das maiores
instituições de defesa de direitos humanos do mundo, disse à BBC News Brasil que a
ONG defenderá que o trecho do Código Penal brasileiro sobre aborto viola tratados
internacionais firmados pelo Brasil.
"As punições previstas na legislação penal brasileira para o aborto são incompatíveis
com as obrigações do Brasil perante leis internacionais", disse Wruth.
O Brasil está entre os países com legislações mais restritiva ao aborto do mundo,
juntamente com a maioria das nações da América Latina, África e Oriente Médio
"A criminalização do aborto coloca em risco direitos fundamentas estabelecido em
tratados de direitos humanos firmados pelo Brasil, como o direito à privacidade,
igualdade e à informação."
357
O Human Rights Watch também deve ressaltar que a maioria dos países
desenvolvidos, como Estados Unidos, Canadá e membros da União Europeia, tem
legislações que permitem a interrupção da gravidez.
"Há uma tendência mundial de expandir os abortos seguros. Irlanda, Argentina e Chile
caminham para expandir as hipóteses legais de aborto. Essa é uma oportunidade para
o Brasil se unir a essa tendência", afirma.
Estado laico
O grupo Mulheres Católicas pelo Direito de Decidir - ONG de proteção aos direitos das
mulheres integrada por católicas - afirmará que, no catolicismo, "há incertezas sobre a
questão do aborto", além de defender que, independentemente disso, o Brasil, por ser
um Estado laico (com separação entre Igreja e Estado), não deve ser influenciado por
"qualquer credo religioso".
"Somente na segunda metade do século 19, em 1861, o aborto foi declarado um
pecado, sem nunca ter se tornado objeto de dogma. A Igreja muda assim como a
sociedade muda. Foi assim em relação à escravidão e foi assim em relação aos direitos
humanos, e pode ser novamente quanto à questão do aborto", diz a ONG, no resumo
das argumentações enviado para o STF.
Para as integrantes do grupo, a descriminalização ajudaria a evitar a morte de
mulheres em abortos inseguros.
"A vida humana é um precioso dom a ser defendido, mas não se pode restringir essa
proteção à vida do feto e seguir culpando as mulheres que abortam, condenando-as à
morte, especialmente as mulheres pobres e negras, nas clínicas clandestinas, em nome
de uma suposta 'defesa da vida'", completa.
Os palestrantes contrários à descriminalização do aborto
358
Grupos religiosos e juristas contrários à descriminalização devem defender que que a
vida começa na concepção e dizer que cabe ao Congresso debater o tema AGÊNCIA
BRASIL
As pessoas selecionadas para falar contra a descriminalização também vêm de
diferentes setores - são juristas, religiosos e pesquisadores.
O foco deles deverá ser o de que a vida começa na concepção e que, portanto, o
aborto seria uma violação do artigo da Constituição que garante "o direito à vida".
Outro ponto que deve ser abordado é o fato de a discussão estar sendo feita pelo
Judiciário e não o Legislativo.
São três os principais argumentos a serem defendidos:
'Proteger o mais vulnerável'
O bispo da diocese de Rio Grande, dom Ricardo Hoepers, que falará em nome da
Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), afirmou à BBC News Brasil que
defenderá que o aborto é "um ato contra a vida".
"A vida humana tem seu início na concepção e acreditamos na integralidade da vida
humana desde o início da vida. O aborto é um ato desproporcional, porque o feto é
inocente, indefeso. O ser humano precisa desses nove meses de proteção. A
descriminalização contraria a nossa legislação que prevê a garantia à vida", disse.
359
Medidas para ajudar mães que não querem ter filhos
Para dom Ricardo Hoepers, a redução das mortes provocadas por abortos clandestinos
não passa pela descriminalização, mas sim por políticas voltadas a "acolher mulheres"
que não querem ter filhos.
"Em vez de descriminalizar, temos que dar condições para que essas mulheres tenham
as crianças, ter políticas de auxílio. Achamos estranho que o aborto seja uma
conquista, uma bandeira, para ser divulgado como uma vitória. É um trauma, um
sofrimento. Acreditamos que com a descriminalização estamos aumentando o
sofrimento", afirma.
"Descriminalizar não é a solução. É um imediatismo."
Decisão do Congresso
Enquanto grupos religiosos focam na definição de quando a vida começa, juristas
contrários à legalização do aborto pretendem defender que não cabe ao Judiciário
decidir sobre o tema.
Essa vai ser, por exemplo, a linha de argumentação da advogada Angela Vidal Gandra
da Silva Martins, que falará pela União dos Juristas Católicos de São Paulo.
"A vida foi considerada inviolável pelos constituintes, foi colocado isso na Constituição.
Se quisermos mudar algo, o espaço democrático requer representatividade popular. Se
quiséssemos debater a vida, o lugar para esse debate é o Parlamento, o Legislativo",
afirmou à BBC News Brasil.
"Não cabe ao Supremo legislar sobre um tema de tanta relevância para a vida pública."
A advogada também afirma que, como mulher, não acha que a autonomia sobre o
corpo valha durante a gestação.
"Se eu tivesse que falar como mulher e ser humano sobre o direito ao próprio corpo,
acho que a mulher tem direito de regular suas relações sexuais. A partir do momento
que ela concebeu, aquela vida depende dela, não é dela."
360
Participação da sociedade
Se as posições dos diferentes atores ouvidos pela BBC News Brasil são divergentes, em
um ponto eles concordam, que as audiências são uma oportunidade de incluir a
sociedade civil no debate sobre um tema que têm impacto direto na vida das
mulheres.
"A participação da igreja faz parte da democracia do país. Queremos contribuir com a
discussão, não como um ponto de vista fundamentalista", afirmou dom Ricardo
Hoepers.
A expectativa é que grupos favoráveis e contrários à descriminalização se reúnam para
acompanhar as audiências. Grupos feministas organizaram um evento chamado
"Festival pela Vida das Mulheres", com shows e palestras no Museu da República, em
Brasília. Um telão foi montado lá para projetar as audiências.
"A audiência tem a função de qualificar o debate público sobre o tema para além das
fronteiras da Corte, com efeitos que, acredito, chegarão até o debate das eleições
deste ano. A lista de expositores convidados mostrou o compromisso do STF em
promover um debate sério, plural, com participação de diversas organizações da
sociedade civil com experiência no tema e dados confiáveis a apresentar", disse
Débora Diniz.
Como o mundo tem decidido essa questão
As decisões sobre aborto têm sido tomadas por diferentes instâncias pelo mundo. Na
Europa, grande parte dos países descriminalizou o aborto por decisões dos
Parlamentos.
Já nos Estados Unidos, Canadá e alguns países da América Latina o Judiciário teve
papel de destaque na discussão sobre o tema.
Em 2006, a Corte Constitucional da Colômbia decidiu que o aborto deve ser permitido,
em qualquer estágio da gravidez, se a saúde mental ou física da mulher estiver em
risco - na prática as mulheres passaram a ter o direito de fazer o procedimento em
caso de gravidez indesejada.
Nos Estados Unidos, o aborto foi legalizado a partir de uma decisão histórica da
Suprema Corte, em 1973, conhecida como"Roe vs Wade". Mais recentemente, em
361
2016, o tribunal derrubou uma lei do Texas que impunha restrições a procedimentos
de interrupção da gravidez feitos no Estado.
No Canadá, uma decisão de 1988 da Suprema Corte confirmou o direito irrestrito das
mulheres do país à interrupção da gravidez. O Senado da Argentina deve votar na
próxima semana um projeto de lei que descriminaliza o aborto. A Câmara dos
Deputados aprovou o texto com uma margem apertada.
O Brasil está entre os países com legislações mais restritiva ao aborto no mundo,
juntamente com a maioria das nações da América Latina, Caribe, África e Oriente
Médio.
[Reproduzi apenas as imagens de manifestações e o mapa que a matéria original
apresenta...]
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45052975
É CONSTRANGEDOR NÃO DEFENDER ABORTO LEGAL E SEGURO EM AUDIÊNCIA NO STF
Maria Carolina Trevisan, Blog de Maria Carolina Trevisan/Uol Universa, 03 de agosto
de 2018
O aborto legal e seguro é uma necessidade de saúde pública. Um país que se importe
com suas cidadãs não pode se abster de descriminalizar uma prática que, como é
clandestina e insegura, mata pelos menos 261 mulheres a cada ano no Brasil (
http://agenciapatriciagalvao.org.br/wp-content/uploads/2017/12/PesquisaPercep%C3%A7%C3%B5es-sobre-Aborto.pdf ) . São vidas que poderiam ter sido salvas.
Na manhã desta sexta-feira (3), o Supremo iniciou a audiência pública para discutir os
artigos 124, que criminaliza a mulher (detenção de 1 a 3 anos), e 126 do Código Penal,
que criminaliza quem provocar o aborto (pena de 1 a 4 anos de reclusão), incluindo
profissionais de saúde.
Uma das sustentações contra a descriminalização do aborto nas primeiras 12 semanas
de gestação se mostrou particularmente constrangedora, rendeu vergonha alheia e
vaias. Seu defensor, o médico Raphael Câmara Medeiros Parente, ginecologista da
UFRJ, fez manobras para desqualificar estudos relacionados às mortes e complicações
de mulheres em decorrência do aborto. Tentou dizer que são as mulheres brancas que
mais sofrem as consequências do aborto clandestino. "Não são as pretas", bradou o
médico, que aproveitou para criticar também a vinda de profissionais cubanos ao
362
Brasil. Sim, são as mulheres negras (pretas e pardas) que mais morrem. Mas Parente
tentou fazer um jogo de palavras para confundir ministros.
"A audiência está amplamente favorável à descriminalização do aborto",
avalia Priscila Akemi Beltrame, coordenadora do Comitê Latino-americano
e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem) no Brasil,
convidado como Amicus Curiae da audiência. "A descriminalização foi
subsidiada por argumentos científicos da embriologia médica, dos
juramentos éticos médicos, dos dados de saúde pública e do ponto de vista
jurídico."
A criminalização do aborto submete mulheres a graves riscos de saúde. "O aborto é
um procedimento medicamente seguro, mais seguro do que um parto quando
realizado em condições adequadas. Se o Brasil decidir continuar criminalizando as
cidadãs brasileiras, não poderá usar a ciência sobre o início da vida humana como um
pretexto", argumentou Helena Bonciani Nader, biomédica e ex-presidente da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Foi amplamente aplaudida.
De acordo com o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), são as mulheres
mais vulneráveis que perdem a vida com abortos inseguros. É óbvio. A maioria é negra,
pobre, solteira, jovem e com estudo até o ensino fundamental. Esse quadro faz com
que seja ainda mais imprescindível o apoio do Estado.
É o próprio Ministério da Saúde que demonstrou na audiência que os procedimentos
inseguros causaram mais de 250 mil internações, com mais de 15 mil complicações,
sendo 5 mil muito graves, entre 2008 e 2017.
O aborto é a terceira principal causa de morte materna no Brasil. Aqui,
morre uma mulher a cada dois dias por essa causa. Perdas evitáveis. Há,
portanto, uma grave violação dos direitos das mulheres brasileiras
cometida pelo Estado.
Não legalizar o aborto sai também mais caro ao país. "Complicações do abortamento
consomem parte significativa de recursos do SUS (leitos hospitalares, bolsas de
sangue, medicações, centros cirúrgicos, anestesia e especialistas)", esclarece o
Ministério da Saúde.
363
Ao proibir o aborto – e criminalizar médicos e mulheres que o fazem
clandestinamente, – o Estado não vai cessar a prática. "O que está em discussão é se o
aborto será legal ou clandestino", afirmou o ex-ministro da Saúde do governo Lula,
José Gomes Temporão. "Não é a criminalização que vai definir a opção de uma mulher.
Descriminalizar o aborto é uma prática em defesa da vida."
Deixar morrer
Ninguém faz aborto sem dor física e psíquica. "O aborto significa uma dor profunda,
que se confunde com a culpa, com a criminalização e com a desigualdade, que se
ampara na ausência do Estado", afirmou a deputada argentina Silvia Gabriela
Lospennato, quando a Câmara aprovou o aborto legal e seguro (
https://mariacarolinatrevisan.blogosfera.uol.com.br/2018/06/16/aprovacao-doaborto-na-argentina-pode-pressionar-stf-em-votacao-no-brasil/ ) .
"Confessamos o nosso pecado e a nossa culpa, o nosso desespero e a nossa aflição.
Esperamos ser escutados como saúde pública para que a gente consiga mudar esse
quadro no nosso país", disse a médica e doutora em saúde pública Monica de Almeida
Neri, que defendeu a legalização do aborto seguro.
A audiência pública, com participação de 26 expositores nesta sexta e outros 26 na
segunda-feira (6), servirá para ajudar os 11 ministros da corte a formar convicção para
analisar a ADPF 442 (Arguição de Preceito Fundamental) ajuizada pelo PSOL.
Os argumentadores concordam que o aborto é uma questão de saúde pública.
Portanto, não pode ser caso de polícia. É inadmissível que as mulheres brasileiras
sejam presas ou mortas por praticar a interrupção da gravidez.
Maria Carolina Trevisan, 40, é jornalista especializada na cobertura de direitos
humanos, políticas públicas sociais e democracia. Foi repórter especial da Revista
Brasileiros, colaborou para Isto É, Época, Folha de S. Paulo, Estadão, Trip e Marie
Claire. Trabalhou em regiões de extrema pobreza por quase 10 anos e estuda
desigualdades raciais há oito anos. Coordena a área de comunicação do projeto
Memória Massacre Carandiru e é pesquisadora da Associação Nacional de Direitos
Humanos, Pesquisa e Pós Graduação. É coordenadora de projetos da Andi Comunicação e Direitos. Em 2015, recebeu o diploma de Jornalista Amiga da Criança
por sua trajetória com os direitos da infância.
364
https://mariacarolinatrevisan.blogosfera.uol.com.br/2018/08/03/e-constrangedornao-defender-aborto-legal-e-seguro-em-audiencia-no-stf/
JUSTIÇA MANTÉM PENA DE 20 MULHERES QUE RESPONDEM POR ABORTO EM SÃO
PAULO
Marcos Candido, Uol Universa, 03 de agosto de 2018
Até o ano passado, 30 mulheres respondiam processo por autoaborto na Justiça
paulista. Após pedidos de habeas corpus da Defensoria Pública no fim do ano passado,
apenas cinco pedidos foram atendidos pela Justiça. 23 mulheres tiveram o pedido
negado pelo júri e ainda respondem criminalmente, segundo apurou a Universa.
A defensoria alegou problemas na obtenção de provas para a investigação. Segundo os
defensores públicos, 75% das denúncias foram feitas por médicos que socorreram
mulheres com complicações em hospitais públicos. O ato, de acordo com a defesa,
quebra o código de ética médica que garante sigilo entre especialista e paciente.
“Apesar de antiético, há pouco reconhecimento no Judiciário da ilegalidade desse tipo
de prova; mesmo com o posicionamento do Conselho Federal de Medicina sobre a
questão", explicou na ocasião Ana Rita Souza Prata, coordenadora do Núcleo de
Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher.
A defensora pública foi selecionada pela ministra Rosa Weber para o debate sobre a
descriminalização do aborto até 12º semana no Supremo Tribunal Federal, que
acontece nesta sexta (3) e segunda (6).
Com o habeas corpus, a intenção foi evitar que as mulheres fossem presas sob o artigo
124 do Código Penal, no qual a mulher que pratica aborto pode ser punida por um a
três anos de prisão.
O habeas corpus é uma garantia estabelecida na Constituição para quem está preso,
ou ameaçado de prisão, com base em provas ilegais ou abuso de poder.
Tribunal abriu precedente inédito, mas negou os demais pedidos
Em março, o Tribunal de Justiça de São Paulo trancou o processo de uma mulher de 21
anos por autoaborto. O tribunal considerou ilegais as provas obtidas por denúncias de
365
médicos e agentes de saúde. A decisão abriu um precedente para conceder o habeas
corpus a mais quatro mulheres.
Estudo feito pelo Portal Catarinas aponta existência de 331 processos por autoaborto
em 18 estados brasileiros. O número é pequeno se comparado às estimativas de 503
mil interrupções de gestação clandestinas ao ano, mas afeta mulheres que já foram
mães e vivem em regiões periféricas, segundo pesquisadores.
https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/08/03/justica-mantem-pena-de20-mulheres-que-respondem-por-aborto-em-sao-paulo.htm
“EXISTEM FUNDAMENTOS LEGAIS PARA QUE O SUPREMO LEGALIZE O ABORTO NO
BRASIL”
Felipe Betim entrevista advogado Sebástian Rodriguez, do Center for Reproductive
Rights, El País, 03 e agosto de 2018
A partir desta sexta-feira, STF realiza audiências públicas para tratar sobre ação do
PSOL que pede pela descriminalização do procedimento até o terceiro mês de gravidez
em todos os casos
O direito das mulheres a fazer um aborto legalmente até a 12ª semana de gravidez é
um dos temas que mais divide progressistas e conversadores no Brasil — e no mundo.
O Supremo Tribunal Federalse debruçará sobre o tema e realizará nesta sexta-feira, 3
de agosto, e na próxima segunda, 6, uma audiência pública com o objetivo de ouvir
especialistas, instituições e organizações nacionais e internacionais envolvidos com o
tema. Um dos que estarão presentes é Sebastián Rodríguez, advogado para a América
Latina e o Caribe do Center for Reproductive Rights, uma ONG que atua judicialmente
em cortes constitucionais e internacionais em casos envolvendo os direitos
reprodutivos e das mulheres. "Existem fundamentos legais para que o Supremo
legalize o aborto em todos os casos", garante ao EL PAÍS.
O Supremo analisará a ação protocolada em 2017 pelo Partido Socialismo e Liberdade
(PSOL) e pela Anis - Instituto de Bioética a partir da história de Rebeca Mendes, uma
brasileira que fez um aborto legalmente na Colômbia —onde há restrições para o
procedimento, que no entanto é permitido, desde 2006, caso represente um perigo
para a saúde física ou mental da mulher. Pedem para que os artigos 124 e 126 do
Código Penal brasileiro que criminalizam o aborto sejam considerados incompatíveis
com a Constituição de 1988. A lei prevê que, caso feito ilegalmente, a mulher pode ser
366
punida com uma pena de um a três anos de prisão, enquanto o médico responsável
pelo procedimento pode pegar uma pena de até quatro anos.
"O Direito Internacional dos Direitos Humanos reconheceu e recomendou
descriminalizar o aborto em todos os casos. Nesse sentido, nosso argumento é o de
que, de acordo com o Direito Constitucional brasileiro, existe uma obrigação de
incorporar vários estândares internacionais em seu ordenamento legal", explica
Rodríguez. O objetivo da audiência pública desta sexta é que os ministros do Supremo
escutem argumentos favoráveis e contrários a descriminalização e possam se valer de
informações. "Faremos uma análise de como a jurisprudência da Corte Interamericana
dos Direitos Humanos [da OEA] pode ser aplicada no ordenamento jurídico nacional,
assim como a jurisprudência da Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas". Não
há previsão de quando o tema será votado.
Atualmente, o Brasil permite o aborto em três casos: quando a mulher sofre um
estupro, quando o feto é anencéfalo ou quando a gestação representa um risco para a
vida da mulher. Trata-se de uma legislação mais avançada que a de países como
Nicarágua, que proíbe o aborto em qualquer caso. Ainda assim, a lei atual pouco fez
para diminuir o número de procedimentos ilegais. Segundo a última Pesquisa Nacional
do Aborto (PNA), divulgada em 2016, cerca de 500.000 mulheres realizaram um aborto
clandestino no ano anterior. Já o Ministério da Saúde fala de 9,5 milhões a 12 milhões
de abortos inseguros —através de remédios, chás abortivos ou procedimentos em
clínicas clandestinas— entre 2008 e 2017, os quais geraram um custo de quase 500
milhões de reais para o SUS, que não raramente tem que internar e tratar as mulheres
que sofrem complicações após os procedimentos.
Um levantamento da Defensoria Pública do Rio de 2005 a 2017 mostra que a maioria
das mulheres que respondem na Justiça são pobres, negras e com baixa escolaridade.
São elas também as que mais morrem devido em procedimentos inseguros —ao
menos quatro por dia, segundo dados de 2015 e 2016 do Ministério da Saúde— já que
não podem arcar com os altos custos de uma clínica abortiva em boas condições.
Os países que legalizaram o procedimento atravessaram caminhos diferentes:
passaram por plebiscitos e referendos (Portugal e Irlanda), por votações no Legislativo
(Espanha e Alemanha) ou por decisões das cortes constitucionais (Estados Unidos e
Canadá). Mesmo nos casos em que a população ou o Parlamento votaram a favor, foi
preciso que os tribunais constitucionais referendassem a decisão. "O problema é
quando você converte o tema em uma conversa política. Mas, ao fazer uma análise
estrita do Direito, existe a jurisprudência comparada dos EUA, Canadá, Alemanha ou
Portugal que dão peso aos argumentos legais e poderiam orientar os ministros do
STF", argumenta Rodríguez.
367
No Brasil, o debate sobre o aborto no Congresso está engessado por uma classe
política majoritariamente conservadora que, baseada em uma opinião pública também
conservadora, não se atreve a levar adiante projetos de lei. Pelo contrário: em 2015, a
bancada evangélica conseguiu aprovar em uma comissão da Câmara o Projeto de Lei
5069/13, de autoria do preso e condenado Eduardo Cunha (MDB), que dificulta o
atendimento médico das mulheres vítimas de estupro. Os contrários a interrupção da
gravidez se baseiam em questões morais e religiosas e argumentam que vida começa
na concepção e que cabe protegê-la. Também dizem que a permissão poderia
aumentar o número de aborto —os dados dos países que legalizaram o procedimento
mostram justamente o contrário. Mas o debate vem se acirrando no Brasil, empurrado
por um emergente movimento feminista no país e no mundo e pelas inúmeras
manifestações, nas ruas e nos espaços de discussão, favoráveis a interrupção da
gravidez. Argumentam que se trata de um tema de saúde pública e do direito da
mulher a decidir sobre sua vida e seu corpo, além da evidência científica de que a vida
só começa de fato após a 12ª semana de gravidez. Resta, portanto, a opção de levar o
tema para o STF para que este decida.
"O importante é entender que a legalização do aborto nas 12 primeiras semanas é um
assunto de saúde pública. Quem deve ter a voz nesse caso é o setor médico, com
argumentos científicos. Se vamos ficar discutindo sobre quando começa a vida,
existem muitas posições e não vamos sair disso", argumenta Rodríguez. "Nos EUA, a
Corte Suprema reconhece que não vai se chegar a um consenso precisamente por
causa de diferenças políticas sobre o direito a vida, e quando começa a vida. Nesse
sentido, fez uma análise estritamente legal baseada no direito à privacidade e direito à
cidadania, sobre se há os direitos humanos da mulher estão sendo feridos ou não",
acrescenta o advogado.
Para ele, nem sempre o legislativo é o espaço mais adequado para se decidir sobre o
assunto e acredita que cabe ao STF proteger os direitos das minorias. "A separação de
poderes permite que o Supremo tenha o poder judicial para revisar a jurisprudência e
determinar se trata-se de uma decisão política ou judicial", explica. "Quando estamos
falando de uma decisão simplesmente política, não podemos falar que estamos num
ambiente democrático. Porque se as pessoas a favor do aborto são uma minoria, essa
minoria nunca será escutada no Legislativo. Então legalizar o aborto é uma questão de
democracia, e o Supremo tem o trabalho de representar os interesses das minorias a
partir de uma análise estritamente legal", acrescenta.
O STF vem sendo progressista em decisões do tipo, o que anima os defensores da
legalização do aborto. Foi a corte que liberou as pesquisas com células-tronco
embrionárias, em 2008, permitiu as uniões civis homoafetivas, em 2011, e legalizou o
368
aborto de fetos anencéfalos, em 2012. Por sua vez, o Conselho Nacional de Justiça
aprovou em 2013 uma resolução que obrigava os cartórios a realizar o casamento
entre pessoas do mesmo sexo, com base na decisão do Supremo dois anos antes. "A
jurisprudência do STF é progressista e reconhecida globalmente, o que pode gerar uma
corrente que pode chegar em outros países", diz Rodríguez. Uma corrente que, aliás, já
existe: a Câmara dos Deputados da Argentina aprovou recentemente a legalização do
aborto até a 12ª semana de gravidez —a decisão final cabe ao Senado, em 8 de
agosto—, enquanto que a Irlanda liberou o procedimento em maio deste ano via
referendo. Já o Chile, historicamente restritivo, igualou no ano passado sua legislação
à brasileira. "Esperamos que o STF assuma sua liderança de maneira responsável, já
que uma decisão negativa também pode gerar um precedente negativo em outros
países", conclui o advogado.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/03/politica/1533291491_643952.html
COM MAIORIA MULHER E CIENTISTAS, POUCOS MINISTROS VÃO A DEBATE SOBRE
ABORTO
Marcos Candido, Uol Universa, 03 de agosto de 2018
Com maioria de mulheres, a audiência sobre a descriminalização do aborto no
Supremo Tribunal Federal (STF) teve, entre o maior número de expositores,
representantes de áreas técnicas e científicas. Logo após, estão os grupos religiosos.
Além das falas desta sexta (3), o debate continua e se encerra na segunda (6).
Apesar da intenção em instruir ministros do Supremo, poucos compareceram à
audiência. Apesar da presença da presidente do STF, Carmen Lúcia, em parte da sessão
pela manhã, e do ministro Luís Roberto Barroso até o início da tarde, a audiência não
teve participação de todos os 11 ministros convidados. Além deles, estiveram
presentes a relatora da ação que discute a descriminalização do aborto, Rosa Weber, e
Ricardo Lewandowski.
Segundo a Global Health Strategies, que antecipou e calculou o teor das falas, 42% das
arguições em defesa da liberação do aborto serão articuladas a partir de dados
científicos. A estratégia de persuasão será adotada por 1,9% dos participantes, sendo
mais da metade destes representantes religiosos.
No total, ao menos 41 mulheres e 17 homens têm falas confirmadas (há grupos com
representantes a confirmar).
369
Veja a divisão de participantes
Composição da audiência por argumentos e áreas (Fonte: Global Health Strategies)
Imagem: Arte/UOL
No total, o STF recebeu 187 inscrições de interessados em participar da audiência,
pedida pela ministra Rosa Weber, relatora da Arguição de Descumprimento de
Preceito Fundamental (ADPF) 442 a pedido do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL),
que entende que o aborto voluntário deve ser permitido até a 12ª semana de
gestação. A justificativa da ministra para a realização da audiência é de que o evento
consiste em "um método efetivo de discussão e de construção da resposta
jurisdicional".
Religiões
Segundo a relatora, o tribunal destaca que buscou garantir equilíbrio entre os perfis de
apoiadores da legalização do aborto e opositores. Além dos inscritos, foram
convidados representantes de instituições judaicas, espíritas, muçulmanos, budistas e
de religiões de matriz africana.
Há representantes de religiões com opiniões contrárias e favoráveis à
descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação, como as Católicas pelo
370
Direito de Decidir (a favor) e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (contra). Na
segunda (6), está programada a participação de mais opiniões contrárias e grupos
religiosos.
Com a ausência da maioria dos ministros, Carmen Lúcia destacou que todos os
integrantes do STF receberão o conteúdo das exposições. "Todos os ministros recebem
em gravação tudo que se passa na audiência pública para que possam estudar. O
aproveitamento é absoluto das exposições aqui feitas", declarou.
Com poucas interferências dos presentes, apenas Barroso se pronunciou em relação a
uma fala relacionada à legalização do aborto aprovada pelo Supremo em 2012. "Estou
aqui mais para ouvir", explicou pela manhã. Rosa Weber se manifestou apenas para
insinuar, sutilmente, que o debate sobre o tema não se restringe ao Congresso e
interromper uma das falas de uns dos representantes.
Primeiro dia demonstra divisão entre representantes
Expositor do Instituto Liberal, o ginecologista e professor da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ) Raphael Câmara defendeu que os estudos do Ministério da Saúde
têm premissas frágeis e que o número correto de abortos clandestinos realizados no
Brasil é de cerca de 98 mil, e não 1 milhão por ano, como apresentado pelo Ministério
da Saúde no início da audiência. Ele questionou ainda a capacidade da rede pública de
realizar abortos caso haja a descriminalização.
"As maternidades já estão superlotadas. Quem vai fazer esses abortos?", questionou.
A representante do ministério explicou que os dados apresentados são maiores do que
os registrados oficialmente porque, na maioria dos casos de internação por aborto
induzido, esse dado não é colocado no prontuário justamente por ser proibido.
"Então o que fazemos é cruzar bases de dados e seguir o dinheiro repassado para
procedimentos. É assim que a gente chegou no número de 1 milhão", explicou Fátima
Marinho.
Muito exaltado em suas posições, Câmara foi hostilizado pela plateia, o que levou a
ministra Rosa Weber a interromper a fala do especialista e pedir tolerância ao público.
Guerra de números
371
A batalha de estatísticas também teve como alvo dados de outros países que liberaram
a prática.
Enquanto entidades favoráveis ao aborto trouxeram exemplos de nações que tiveram
redução das taxas de aborto após a legalização, como França e Romênia, organizações
contrárias ao procedimento trouxeram números do Uruguai que mostram aumento do
índice após a descriminalização.
O tema não provocou polêmica só dentro do Supremo.
Internautas inundaram as redes sociais com comentários contrários e favoráveis à
descriminalização. No Twitter, duas hashtags relacionadas ao tema
(#NemPresaNemMorta e #AbortoÉCrime) ficaram toda a manhã entre os trending
topics do País. Fora da Corte, integrantes de movimentos feministas fizeram ato em
apoio à descriminalização próximo ao prédio do Supremo.
Próximos passos
Após a realização dos dois dias de audiência pública, a ministra Rosa Weber terá um
tempo para redigir seu voto em relação ao tema para, em seguida, agendar a data do
julgamento no plenário do Supremo.
(Com Agência Estado e Agência Brasil)
https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/08/03/poucos-ministros-emaioria-mulher-como-foi-a-audiencia-sobre-aborto-no-stf.htm
STF DÁ INÍCIO NA SEXTA A AUDIÊNCIAS SOBRE ABORTO; VEJA QUEM FALARÁ NA
CORTE
Felipe Amorim, Uol, 30 de julho de 2018
A descriminalização do aborto volta à pauta do STF (Supremo Tribunal Federal) no
próximo mês, com audiências públicas comandadas pela ministra Rosa Weber, em
processo no qual o PSOL pede que seja permitida em todo o país a realização do
aborto até a 12ª semana de gravidez, por decisão da gestante e sem a necessidade
de nenhum tipo de autorização legal.
372
Serão realizadas duas audiências, nesta sexta-feira (3) e na segunda-feira (6), nas
quais serão ouvidas 45 exposições sobre o tema, feitas organizações das áreas de
saúde, entidades religiosas, de direitos humanos e também estudiosos do tema.
As audiências públicas são uma forma de o STF reunir informações técnicas e
argumentos diversos sobre o tema, antes de o processo ser levado a julgamento.
Os outros 10 ministros do Supremo foram convidados a participar.
A PGR (Procuradoria-Geral da República) informou ao STF que só irá se manifestar
sobre o processo após as audiências públicas.
No Brasil, a lei só permite o aborto quando a gravidez é resultado de um estupro ou
quando representa risco de vida para a mãe. Em 2012, o STF passou a autorizar
também o aborto de fetos anencéfalos, tipo de má formação no sistema nervoso
que impede a vida após o nascimento, com a morte da criança horas após o parto
na maioria dos casos.
Nos outros casos, o aborto é considerado crime, e pode ser punido com pena de
um a três anos de prisão, em regime inicialmente semiaberto ou aberto.
Na ação ao STF, o PSOL diz que tratar como crime o aborto por iniciativa da
gestante equivale a tornar obrigatória a gravidez, o que fere o direito das mulheres à
liberdade para decidir sobre a própria vida e sexualidade.
"Em um contexto de descriminalização do aborto, nenhuma mulher será obrigada a
realizá-lo contra sua vontade. Porém, hoje, o Estado brasileiro torna a gravidez um
dever", diz o texto da ação.
O partido argumenta que os artigos do Código Penal que punem o aborto
criminalmente devem ser declarados parcialmente inconstitucionais, pois nos casos
em que a interrupção da gravidez ocorre a partir de decisão da mulher, até a 12ª
semana de gestação, a punição do aborto seria contrária a princípios jurídicos de
maior importância, como os direitos das mulheres à cidadania, à dignidade e a
serem tratadas de forma igualitária.
"A criminalização do aborto e a consequente imposição da gravidez compulsória
compromete a dignidade da pessoa humana e a cidadania das mulheres, pois não
lhes reconhece a capacidade ética e política de tomar decisões reprodutivas
relevantes para a realização de seu projeto de vida", afirma o PSOL no processo.
Na convenção do PSOL que confirmou Guilherme Boulos como candidato do
373
partido à Presidência, Boulos defendeu a descriminalização do aborto. "Nossa
campanha não vai ter medo de defender o aborto neste país, que é um tema de
saúde pública, porque isso é defender a vida da mulher. As mulheres estão
morrendo. Principalmente as mais pobres. Olha a vitória da Argentina. O tema tem
que vir à tona", afirmou o candidato do PSOL.
A descriminalização do aborto ainda encontra resistência na população. Pesquisa
Datafolha de novembro do ano passado aponta que, para 57% dos brasileiros,
o aborto deve ser considerado crime. Esse percentual era de 64% em dezembro
de 2016. O número de brasileiros que declararam ser contrários à criminalização do
aborto cresceu de 23% para 36% na última pesquisa.
O STF recebeu 187 pedidos de inscrição para participar como expositor nas
audiências. A decisão sobre quem participaria do debate foi da ministra Rosa
Weber, relatora da ação e responsável pela decisão de realizar as audiências
públicas. Weber usou como critérios para a seleção a representatividade do
palestrante em sua área de conhecimento, a atuação relacionada ao tema em
questão e a busca de pluralidade e equilíbrio de opiniões sobre o tema.
Serão ouvidos órgãos como o Ministério da Saúde, a SBPC (Sociedade Brasileira
para o Progresso da Ciência), o Conselho Nacional dos Direitos Humanos, a
organização Católicas pelo Direito de Decidir, a CNBB (Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil), a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, a
Sociedade Brasileira de Bioética e a organização internacional de defesa dos
direitos humanos Humans Right Watch.
Veja os argumentos de quatro das entidades participantes das audiências, dois com
posição favorável e dois contrários à descriminalização do aborto.
A favor: Conselho Nacional de Direitos Humanos
A presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos, Fabiana Severo, afirma
que tratar o aborto como crime atinge especialmente mulheres que não têm dinheiro
para realizar o procedimento com segurança numa clínica particular.
"O Brasil está muito atrasado no reconhecimento dos direitos sexuais e reprodutivos
das mulheres, criminalizando indevidamente aquelas que interrompem a gravidez, o
que acaba atingindo em especial as mulheres mais pobres, as mulheres negras, as
mulheres que não têm condições de arcar com os cursos de clínicas particulares
para um aborto seguro", afirma Fabiana Severo.
374
O Conselho aprovou a posição favorável à descriminalização por 12 votos a favor e
duas abstenções, em reuniões realizadas nos dias 9 e 10 de maio. O Conselho
Nacional de Direitos Humanos é um órgão criado por lei federal e formado por 22
integrantes, sendo 11 representantes do poder público e 11 da sociedade civil.
Contra: Associação Nacional de Juristas Evangélicos
A Associação Nacional de Juristas Evangélicos defende que decidir esse tipo de
questão não é de atribuição do STF, mas do Congresso Nacional, a quem cabe
aprovar mudanças nas leis.
Sobre a criminalização do aborto, a Anajure afirma que a vida deve ser protegida
desde a concepção, ou seja, desde o momento em que ocorre a fecundação do
óvulo no corpo da mulher. "O argumento padrão da impossibilidade moral do aborto
se fundamenta em duas premissas básicas. Uma premissa moral auto evidente:
todas as pessoas têm direito à vida; e uma premissa antropológica: o ser humano é,
desde a concepção, uma pessoa, cuja forma de manifestação no mundo é o corpo",
afirma a associação.
A associação defende que o direito do feto à vida deve se sobrepor ao direito da
mulher de ter autonomia sobre o próprio corpo. "A autonomia do corpo próprio da
mulher não pode subjugar, a não ser por um inconsequente ato de violência, a
autonomia do corpo próprio do embrião. Tentar fundamentar o direito ao aborto
como um direito à autonomia do corpo da mulher esconde o desejo tirânico de
subjugar e destruir o mais fraco pelo poder do mais forte", diz a Anajure em
manifestação entregue ao STF.
A favor: Católicas pelo Direito de Decidir
A associação Católicas pelo Direito de Decidir defende que a maternidade não é um
dever da mulher e que a criminalização do aborto se baseia em fundamentos
religiosos que perpetuam o machismo e o racismo.
"Descriminalizar a interrupção da gravidez afasta a destinação da mulher à
condição de reprodutora, rompendo com o processo de naturalização de
assimetrias por imperativos pseudobiológicos", afirma a associação, na
manifestação apresentada no processo.
375
A entidade afirma que tratar a proteção à vida como valor absoluto, como querem
os defensores da criminalização do aborto, deveria levar a tornar obrigatórias a
doação de sangue e de órgãos, o que não ocorre. "Não se fala em proteção à vida
quando o custo é o corpo de alguém, a menos que esse alguém seja mulher, a
menos que esse corpo seja negro, a menos que essa carne seja pobre", diz trecho
de manifestação apresentada ao STF.
Contra: Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) defende a proteção à vida
desde a concepção e é contra "todas e quaisquer iniciativas que pretendam
legalizar o aborto no Brasil", segundo afirmou em posicionamento da entidade
emitido em abril.
"O aborto jamais pode ser considerado um direito da mulher ou do homem, sobre a
vida do nascituro. A ninguém pode ser dado o direito de eliminar outra pessoa", diz
o texto do comunicado oficial da CNBB.
A entidade também afirma que somente o Congresso poderia alterar o que diz a
legislação. "A vida do nascituro está entre as mais indefesas e necessitadas de
proteção. Com o mesmo ímpeto e compromisso ético-cristão, repudiamos atitudes
antidemocráticas que, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo
Tribunal Federal uma função que não lhe cabe, que é legislar", defendem os bispos
do Brasil.
Serviço
Quando: 03 e 06 de agosto de 2018
Como serão as audiências: A primeira audiência começa às 8h40 na sexta-feira
(3). Serão ouvidas 23 exposições, às vezes com mais de um palestrante ou
instituição representada. Está previsto que a audiência dure até as 18h50, com
intervalo para almoço. Cada entidade ou especialista participante terá 20 minutos
para falar. Ao final de cada bloco de exposições, pela manhã e à tarde, haverá um
tempo de 30 minutos para debate, quando os ministros do STF poderão fazer
perguntas aos participantes. Os palestrantes também poderão fazer perguntas aos
demais expositores. Na segunda-feira (6), a audiência pública também está prevista
das 8h40 às 18h50, com 22 exposições de participantes. Também haverá tempo
para debate.
376
Como acompanhar: o debate será transmitido pela TV Justiça, Rádio Justiça e
pelo canal do STF no YouTube.
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2018/07/30/stf-da-inicio-nasexta-a-audiencias-sobre-descriminalizacao-do-aborto.htm
DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO DIVIDE ESPECIALISTAS EM AUDIÊNCIA NO STF
Carolina Gonçalves, Agência Brasil reproduzida pelo Uol Universa, 03 de agosto de
2018
Por quase cinco horas, médicos e profissionais ligados à área de saúde de diferentes
segmentos defenderam ou criticaram, durante 20 minutos cada, o pedido para que a
interrupção da gravidez até a 12ª semana deixe de ser crime.
Atualmente, a legislação brasileira permite o aborto em casos de estupro, risco de vida
ou fetos anencéfalos. Desde março do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF)
analisa uma ação que amplia este direito.
Antes de decidir sobre o tema, que sempre gera polêmica, a relatora da ação no STF,
ministra Rosa Weber, decidiu marcar audiência pública para ouvir especialistas de
saúde, direitos humanos, pesquisadores e cientistas e religiosos sobre o assunto.
Na primeira parte da audiência, 14 convidados falaram favoravelmente à
descriminalização do procedimento, destacando direitos da mulher como dignidade e
cidadania e alertando para casos de violência doméstica, gravidez indesejada na
adolescência, entre outros relatos que levam milhares de mulheres a buscar métodos
clandestinos de aborto.
A principal preocupação desses especialistas são as complicações e mortes
ocasionadas, de certa forma, pelas dificuldades devidas à criminalização do ato.
Eles argumentam que, deixando de ser crime, o procedimento passará a ser mais
seguro e poderá integrar uma política mais completa de saúde que inclua o
aconselhamento anticonceptivo que poderia evitar novos casos.
377
Ingriane Barbosa, de 30 anos, que morreu há pouco mais de 10 dias, em Petrópolis
(RJ), por uma infecção generalizada depois de tentar interromper a gravidez usando
um talo de mamona, recebeu homenagens de parte dos especialistas.
O caso é um dos mais recentes entre mortes por uso de métodos inseguros de aborto.
Ingriane tinha três filhos e já tinha feito um aborto. “Foi a criminalização do aborto que
matou Ingriane e deixou seus filhos órfãos”, disse a pesquisadora Debora Diniz, do
Instituto Bioética.
Debora lembrou que, apesar do aborto ser um evento comum entre as mulheres, a
distribuição dos riscos é desigual. Isto porque, segundo a pesquisadora, o acesso a
métodos mais seguros, ainda que clandestinos, é mais acessível a mulheres brancas,
de maior poder aquisitivo.
Ela citou um estudo de 2010, publicado em 2016, segundo o qual, no Brasil, a cada
ano, meio milhão de mulheres interrompem a gravidez.
“O estudo foi financiado pelo Ministério da Saúde e cobriu 83% da população do Brasil
urbano. A coleta foi feita por mulheres entrevistando mulheres, usando a ténica de
urna secreta. Essas mulheres recebiam cédulas com cinco perguntas. A primeira era se
já tinham feito um aborto. Não trata-se de abortos espontâneos”, explicou.
O resultado revelou que, aos 40 anos, uma em cada cinco mulheres já fez pelo menos
um aborto na vida.
“Fizeram o aborto jovens, entre 20 e 24 anos. Geralmente hoje têm filhos e sabem o
significado da maternidade, mas viram-se diante de um imperativo de não serem
capazes de levar adiante uma gestação. É uma mulher por minuto. São 503 mil
mulheres”, lamentou.
Aqueles que defendiam a descriminalização pediam que o aborto seja tratado como
um procedimento de saúde pública. A professora Melania Amorim, do Instituto
Paraibano de Pesquisa Joaquim Amorim Neto, afirmou que a mortalidade materna
relacionada ao aborto seguro é considerada zero nos países em que aborto é
descriminalizado, enquanto o Brasil tem uma morte por aborto a cada dois dias.
Fazendo coro aos demais defensores da descriminalização, Melania disse que as
mortes maternas por aborto ocorrem caracteristicamente entre mulheres jovens,
negras, de baixa renda e de baixa escolaridade.
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“São mulheres que não têm, em geral, conhecimento sobre métodos de aborto. Quem
tem recursos pode ter acesso a métodos seguros, embora clandestinos. O principal
fator impeditivo ao acesso ao aborto seguro é a criminalização, que aumenta a
mortalidade sem reduzir a ocorrência de abortos induzidos".
Para a professora, o aborto seguro garantiria a aproximação entre pacientes e médicos
e profissionais de saúde que poderiam reforçar informações para evitar uma nova
gestação indesejada.
"Estimativas são chutes"
O médico ginecologista Rafael Câmara, coordenador da Residência Médica e
Ginecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi o primeiro a divergir
dos favoráveis à descriminalização, afirmando que “a liberação do aborto, sim, é
problema de saúde pública”.
Ao lançar a frase que arrancou os primeiros manifestos da plateia que acompanhava a
audiência, Câmara afirmou que não é “fanático religioso”, como são frequentemente
são considerados os que são contra o aborto.
Em 20 minutos – tempo dado a cada um dos convidados para apresentar seus
argumentos –, o médico questionou as pesquisas sobre mortes e complicações por
aborto ilegal. “Não dá para estimar a porcentagem de abortos ilegais.
Não há epidemia de internações por aborto. Essas estimativas são chutes. Isso é chute.
Não está embasado”, afirmou Câmara.
Segundo o médico, nem sequer o perfil de mulheres mais afetadas pelas complicações
do aborto ilegal pode ser considerado verdadeiro. “A saúde publica é ruim para todo
mundo. Sou médico da saúde pública.”
Câmara afirmou ainda que o aborto legal “não é tão seguro assim” e disse que muitos
médicos se recusam a executar o procedimento mesmo nos casos previstos em lei,
como os de estupro.
“Médicos que recebem casos como estupro ficam sem saber o que fazer. Há casos em
que a equipe de enfermagem nega-se a participar. Outra coisa, se não tem dinheiro
para as maternidades no país, vai ter dinheiro agora para aborto? Vai ter a fila do
aborto. Quem vai fazer o aborto? Vamos cuidar das maternidades antes”, enfatizou.
379
Entre todas as exposições, a de Rafael Câmara foi a única que precisou ser
interrompida pela relatora Rosa Weber, que pediu novamente tolerância. “Temos que
saber escutar as manifestações, opiniões e dados com os quais não concordamos.
Temos que exercer a tolerância sob pena da audiência pública não atingir seus
objetivos”, disse.
Uma nova série de falas favoráveis à mudança da lei reiterou números e argumentos,
arrancando aplausos de uma plateia majoritariamente favorável à descriminalização
do aborto, até que, pelo Movimento Nacional da Cidadania pela Vida, a médica Lenise
Garcia fez críticas à liberação da prática.
A médica afirmou que um embrião já é um ser humano e, para reforçar o argumento,
apresentou um vídeo que mostra o desenvolvimento de um embrião com 11 semanas.
“A fertilização é o referencial inegável para todas as etapas do desenvolvimento desse
novo ser humano. Nenhum ser começa com 12 semanas, como nenhum mês começa
no dia 12. De onde vêm esses referenciais temporais?”, questionou Lenise.
A ação em tramitação no STF, pede que a interrupção da gravidez até a 12ª semana
deixe de ser crime. Segundo Lenise, a referência de semana tem como única
justificativa o fato do aborto no início da gestação oferecer menos riscos à mulher do
que o trabalho de parto.
“Não existe nenhuma referência relativa ao desenvolvimento do embrião. É
totalmente arbitrária a definição de 12 semanas. Tanto é que Portugal trabalha com 10
semanas, a Argentina com 14, o Reino Unido, com 20. Se houvesse dado científico, não
teríamos essa data arbitrária”, disse a médica. “E, se o aborto é um problema, não
pode ser solução”, afirmou.
https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/08/03/descriminalizacao-doaborto-divide-especialistas-em-audiencia-no-stf.htm
ABORTO E RELIGIÃO. CONHEÇA OS FIÉIS QUE DEFENDEM O DIREITO DA MULHER
INTERROMPER UMA GRAVIDEZ NO BRASIL
Amanda Serra, Uol Universa, 02 de agosto de 2018
https://universa.uol.com.br/especiais/aborto-x-religiao/index.htm
380
ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 442 DISTRITO
FEDERAL. RELATORA : MIN. ROSA WEBER. REQTE.(S) :PARTIDO SOCIALISMO E
LIBERDADE (P-SOL). Audiência Pública Convocada para Discutir Aspectos
Interpretativos dos arts. 124 e 126 do Decreto-lei nº 2.848/1940 (Código Penal).
Decisão com a Relação dos Inscritos Habilitados, Data, Ordem dos Trabalhos e
Metodologia
[A seguir, transcrevo parte do documento, com os pedidos deferidos de pessoas,
organizações, instituições...]
- Ministério da Saúde (Expositoras: Dra. Maria de Fátima Marinho de Souza e Dra.
Mônica Almeida Neri);
- Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia – FEBRASGO (Expositora: Dra. Rosires Pereira de Andrade);
- Academia Nacional de Medicina (Expositores: Dr. José Gomes Temporão e Dr. Jorge
Rezende Filho);
- Professora Dra. Melania Amorim (Instituto Paraibano de Pesquisa Joaquim Amorim
Neto);
- Dr. Raphael Câmara (Universidade Federal do Rio de Janeiro) (indicado pelo Instituto
Liberal de São Paulo e por outros cidadãos);
- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC - (Expositores: Thomaz Rafael
Gollop, Olímpio Moraes Filho e Helena Bonciani Nader);
- Centro de Pesquisas em Saúde Reprodutiva de Campinas – CEMICAMP (Expositor: Dr.
José Henrique Rodrigues Torres);
- Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ – (Expositores: Dr. Marcos Augusto Bastos Dias e
Dra. Mariza Theme-Filha);
- Conselho Federal de Psicologia (Expositores: Dra. Sandra Elena Sposito e Letícia
Gonçalves);
- Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil sem aborto (Expositora: Dra.
Lenise Aparecida Martins Garcia);
381
- Instituto de Bioética – ANIS (Expositora: Dra. Debora Diniz);
- Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Expositora: Dra. Tania Di Giacomo do
Lago);
- International Women’s Health Coalition – IWHC – (Expositora: Françoise Girard);
- Center for Reproductive Rights (Expositores: Catalina Martinez Coral, Sebastián
Rodríguez Alarcón e Juliana Cesario Alvim Gomes);
- Human Rights Watch (Expositoras: Dra. Verónica Undurraga e Dra. Amanda M.
Klasing);
- Health, Access, Rights – IPAS -(Dr. Anand Grover);
- Consórcio Latino-Americano contra o Aborto Inseguro – CLACAI – (Expositor: Dr.
Oscar Cabrera);
- Instituto de Políticas Governamentais – IPG (Expositora: Dra. Viviane Petinelli e Silva);
- Associação Brasileira de Antropologia – ABA – (Expositoras: Dra. Lia Zanotta Machado
e Dra. Maria Porto);
- Atuação conjunta de Coletivo Margarida Alves de Assessoria Popular, da Rede
Feminista de Juristas – DEFEM, do Criola, do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde
(CFSS), do Grupo Curumim Gestação e Parto, e do Centro Feminista de Estudos e
Assessoria – CFEMEA, (Expositores (as) a serem indicados (as));
- Women on waves (Expositoras: Dra. Rebecca Gomperts e Leticia Zenevich);
- Centro de Reestruturação para a Vida- CERVI- (Expositora: Rosemeire Santiago);
- Sociedade Brasileira de Bioética – SBB - (Expositores: Dr. Dirceu Bartolomeu Greco e
Dr. Sérgio Tavares de Almeida Rego) e Instituto de Biodireito e Bioética – IBIOS
Expositores: Dra. Heloisa Helena Gomes Barbosa e Dr. Vitor Azevedo de Almeida
Junior);
- Conferência Nacional dos Bispos - CNBB- (Expositores: Dom Ricardo Hoerpers e Padre
José Eduardo de Oliveira e Silva);
382
- Conselho Nacional do Laicato do Brasil na Arquidiocese de Aracaju/SE – CONAL
(Expositora: Sílvia Maria de Vasconcelos Palmeira Cruz);
- Convenção Batista Brasileira (Expositor: Prof. Dr. Lourenço Stelio Rega);
- Convenção Geral das Assembleias de Deus (Expositor: Douglas Roberto de Almeida
Baptista);
- Instituto de Estudos da Religião (Expositora: Lusmarina Campos Garcia);
- Associação dos Juristas Evangélicos - ANAJURE- (Expositora: Edna Vasconcelos Zilli);
- A União dos Juristas Católicos de São Paulo – UJUCASP (Expositora: Dra. Angela Vidal
Gandra Martins Silva);
- Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família (Expositor: Prof. Hermes Rodrigues Nery);
- Católicas pelo direito de decidir (Expositora: Dra. Maria José Fontelas Rosado Nunes);
- A Associação de Direito da Família e das Sucessões – ADFAS - (Expositora: Dra. Regina
Beatriz Tavares da Silva)e ;
- Conselho Nacional de Direitos Humanos (Expositora: Fabiana Galera Severo,
defensora pública federal, representante da Defensoria Pública da União no colegiado
do Conselho);
- CONECTAS Diretos Humanos (Expositora: Isabela Nogueira);
- Frente Parlamentar em Defesa da Vida e da Família (expositor(a) a indicar);
- Instituto Brasileiro de Direito Civil (Expositoras: Dra. Ana Carla Harmatiuk Matos e
Dra. Paula Moura Francesconi de Lemos Pereira);
- Instituto Baresi (Expositora: Adriana Abreu Magalhães Dias);
- Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (Expositora: Dra. Eleonora Rangel Nacif);
- Professora Dra. Janaína Conceição Paschoal, da Universidade de São Paulo;
- Defensoria Pública da União (Expositora: Defensora Pública da União Charlene da
Silva Borges);
383
- Defensoria Pública do Estado de São Paulo, por meio do núcleo especializado na
promoção dos direitos das mulheres – NUDEM-, em parceria com a Clínica de Litígios
Estratégicos da FGV Direito SP (Expositora: Ana Rita Souza Prata);
- Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (Expositora: Lívia Miranda Müller
Drumond Casseres); Clínica UERJ de Direitos (Expositora: Dra. Cristina Telles);
- Clínica de Direitos Humanos da Universidade Federal de Minas Gerais (Expositora:
Dra. Camila Silva Nicácio);
- Núcleo de Prática Jurídica em Direitos Humanos da USP – NJP-DH USP (Expositora:
Lívia Gil Guimarães);
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/audienciasPublicas/anexo/RelaoInscritosCronogra
ma.pdf
CITADO NO STF, ABORTO NOS EUA TEVE JULGAMENTO HISTÓRICO E REVIRAVOLTA.
PROTAGONISTA MUDOU DE POSIÇÃO APÓS DECISÃO E MORREU SEM SER
REVERENCIADA
Angela Pinho, Folha/Uol, 05 de agosto de 2018
Iniciada na semana passada com audiências públicas, a discussão sobre aborto no STF
(Supremo Tribunal Federal) evoca uma decisão de 45 anos atrás que ainda gera
debates acalorados nos EUA.
O caso Roe v. Wade ficou célebre ao liberar a interrupção da gravidez no país em 1973,
mas teve desdobramentos inesperados, principalmente em relação a sua protagonista.
O julgamento é citado 15 vezes na ação em que o PSOL pede a descriminalização do
aborto até a 12ª semana de gestação. O argumento é que as punições atuais violam
direitos das mulheres, como o da liberdade, da saúde e do planejamento familiar.
Atualmente, a lei brasileira só libera a interrupção da gravidez se ela resulta de estupro
ou gera risco para a mãe, ou em caso de feto anencéfalo.
Nos EUA da “era pré-Roe”, como é chamado o período anterior à histórica decisão de
1973, cada estado podia ter uma sua lei sobre o assunto.
384
No Texas, o aborto só era permitido para salvar a mãe. Era ali que vivia Norma
McCorvey, de 25 anos. Abandonada na infância pelo pai, criada por mãe alcoólatra,
abusada na infância e com passagem por reformatório juvenil, ela estava na terceira
gravidez.
A mãe cuidava da sua filha mais velha, e o segundo filho havia sido entregue para
adoção. Norma se desesperou ao saber que não poderia fazer o aborto no Texas e
acabou por conhecer duas jovens advogadas à espera de um caso para levar o tema à
Suprema Corte.
E assim Norma se tornou Jane Roe, seu pseudônimo no caso. Wade era Henry Wade,
procurador que fez a defesa da posição do estado.
Ao analisar o processo, a Suprema Corte decidiu, por sete a dois, que não cabia ao
Estado interferir na decisão da mulher de abortar até o primeiro trimestre de gestação.
No segundo trimestre, o procedimento poderia ser regulamentado e, a partir do
terceiro, proibido, pois haveria possibilidade de o feto viver fora do útero.
A decisão colocou em evidência o aborto como tema demarcador de visões políticas
nos EUA. As advogadas ganharam fama e tiveram a carreira marcada pelo feito.
O julgamento, porém, não serviu para Norma. O caso não foi analisado a tempo de ela
suspender a gravidez, e seu bebê foi entregue à adoção.
Permaneceu anônima por alguns anos até que decidiu revelar sua identidade e
participar ativamente de atos de movimentos pelo direito de escolha das mulheres.
Arrumou emprego em uma clínica de aborto e, ali, protagonizou uma improvável
reviravolta. Após conhecer cristãos que protestavam pelas atividades que aconteciam
no local, aproximou-se do grupo, em um processo que culminou com seu batismo na
piscina de uma casa de Dallas.
Cristã, tornou-se ativista contra o aborto, tentou anular seu caso na Suprema Corte,
sem sucesso, e acusou Barack Obama de assassino de bebês.
Morreu em 2017 sem grandes homenagens de nenhum dos lados. Já seu pseudônimo
voltou a ser citado no atual momento em que se discute no país a nova configuração
da Suprema Corte. Um eventual viés mais conservador pelas indicações de Donald
Trump poderia formar uma nova maioria sobre o assunto.
385
Essa, aliás, é uma lição que se pode extrair do caso para o Brasil, diz Thomaz de
Andrade Pereira, professor de direito da FGV Rio. Ele explica que, seja por outros
casos, ou por questões morais e tecnológicas, a visão dos tribunais dos EUA sobre o
tema já sofreu algumas mudanças depois de Roe v. Wade.
A divisão entre os trimestres, por exemplo, acabou sendo revista à medida que a
medicina avançou e, com aparatos, o feto se mostra viável antes do último trimestre.
Enquanto não houver consenso social, não deve ser diferente com o julgamento atual
no STF, afirma Pereira.
A depender da decisão, mais embates devem surgir com novas ações judiciais ou com
o debate de uma eventual regulação do aborto. “A jurisprudência ensina que casos
como esses são só capítulos de um debate que continua.”
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/08/citado-no-stf-aborto-nos-eua-tevejulgamento-historico-e-reviravolta.shtml
"JAMAIS ACHEI QUE DEBATERÍAMOS ABORTO 45 ANOS APÓS CONQUISTA” , DIZ
ADVOGADA. SARAH WEDDINGTON DEFENDEU DIREITO DE INTERROMPER GRAVIDEZ
EM CASO QUE LEGALIZOU ABORTO NOS EUA
Júlia Zaremba, Folha/Uol, 13 de agosto de 2018
Em janeiro de 1973, a advogada americana Sarah Weddington tinha 27 anos e venceu
o maior caso de sua vida e da vida de muitas outras mulheres: o Roe versus Wade, que
legalizou o aborto nos Estados Unidos.
Se alguém lhe dissesse que o assunto ainda estaria em debate no mundo 45 anos
depois, ela não teria acreditado.
Weddington ainda vive em Austin, no Texas, onde o caso começou. Em entrevista à
Folha, ela defende que a decisão da interrupção da gravidez não cabe ao governo e
que a criminalização do procedimento não é a solução.
Afinal, quem decide pelo procedimento, alega, “vai encontrar uma forma de fazer um
aborto” e vai se expor a condições arriscadas. Ela conta ter feito um aborto no fim da
década de 1960, no México, e diz ter tido “sorte de encontrar um bom médico”.
A resposta aos políticos que barrarem a legalização, como fizeram os senadores
argentinos na última quinta (9), virá nas urnas, afirma. Como no Brasil, que debate o
386
tema agora no Supremo Tribunal Federal, a Argentina só permite o aborto em casos de
estupro e risco de morte para a mãe (a lei brasileira prevê também em casos de
anencefalia).
Por outro lado, a advogada de 73 anos vê risco de retrocesso nos EUA, onde o
presidente Donald Trump indicou para a Suprema Corte o juiz Brett Kavanaugh, que,
se aprovado pelo Senado, consolidará no tribunal máximo uma maioria conservadora.
Weddington não espera que o aborto passe a ser considerado ilegal em seu país na
esfera federal, mas teme que a decisão sobre legalidade seja passada aos estados. No
sul e no miolo dos EUA, a oferta do procedimento já vem sendo restrita por cortes de
verbas e obstáculos burocráticos.
No Brasil, o aborto é crime —a não ser em casos de estupro, feto anencéfalo ou risco
à vida da mulher. Como a sra. vê a criminalização do procedimento?
Quando a mulher decide que não pode levar uma gravidez adiante, e há muitas razões
que podem levá-la a tomar essa decisão, ela vai encontrar uma forma de fazer um
aborto. Geralmente, em condições perigosas.
O hospital John Peter Smith, em Dallas, contava com uma unidade de tratamento
voltada só para mulheres que haviam tentado abortar e estavam com a saúde em
risco. Os médicos do estado eram a favor de mudar a lei, que só autorizava aborto em
caso de risco à vida da grávida, porque perceberam que tornar o procedimento ilegal
não impedia que fosse realizado. Mesmo antes do Roe vs. Wade, eu ajudei mulheres
muito jovens ou muito pobres a realizar um aborto seguro.
Foi assim que entrou no caso, certo?
Eu havia terminado a faculdade de direito e trabalhava com um grupo de estudantes,
sobretudo mulheres, da Universidade do Texas. Abrimos um centro de
aconselhamento para ajudar mulheres a evitarem a gravidez. Mas muitas chegavam
grávidas, pedindo indicação de onde fazer o aborto. Começamos a coletar informações
sobre locais, custo e os melhores médicos. Com medo de que fôssemos consideradas
cúmplices do crime de aborto e presas, as estudantes me convidaram para entrar com
um processo contra o Texas para mudar a lei. Eu disse que deveriam chamar alguém
mais experiente.
Como foi para a sra.?
Eu só tinha trabalhado com casos de divórcio, de adoção e de pessoas muito pobres.
Mas aceitei. E de graça. O processo começou em uma corte federal de Dallas, em
1971. Os juízes entenderam que a proibição era inconstitucional porque a Constituição
dos EUA prevê o direito à privacidade, e as mulheres deveriam poder decidir por si se
387
levariam uma gravidez adiante ou não. O caso foi para a Suprema Corte, e a decisão
saiu em 1973.
Como a sra. recebeu a decisão?
Em janeiro daquele ano, o telefone tocou. Era uma repórter do The New York Times,
que me contou que eu havia ganho por 7 votos a 2. Foi um momento muito
empolgante nos Estados Unidos. Se alguém tivesse me dito há 45 anos que o aborto
ainda estaria sendo discutido hoje em dia, eu nunca teria acreditado. Mas aqui
estamos nós.
Qual foi a sensação?
Senti-me muito grata. Virei a mulher mais jovem a ter ganhado um caso na Suprema
Corte. Mas não pensei: “OK, agora tudo está resolvido”. Em vez disso, comecei a
trabalhar em outras causas femininas. E acho que isso vai acontecer no Brasil se o
aborto for legalizado, o foco vai se voltar para outras questões, como tipos de
empregos disponíveis para mulheres e paridade salarial.
A criminalização do aborto foi mantida pelo Senado na Argentina nesta semana.
Quais as consequências?
Penso que as mulheres estão tão decididas e irão votar contra aqueles que dizem que
a decisão sobre o aborto não cabe a elas. E acho que isso pode ocorrer no Brasil, se
o aborto não for descriminalizado. As mulheres em todo o mundo estão muito mais
ativas, tentando garantir que possam tomar suas próprias decisões.
Ser mulher trouxe algum desafio durante o julgamento?
Sim. Por exemplo, durante o julgamento, o procurador do Texas disse para os juízes da
Suprema Corte que “argumentar contra uma mulher tão bonita é uma tarefa muito
difícil”. Ninguém riu, foi um comentário extremamente inapropriado. Também não
havia banheiro feminino na época na área reservada aos advogados. Tive que ir para
os fundos do prédio.
Como reagiu quando Norma McCorvey [a reclamante que abriu o processo sob o
pseudônimo de Jane Roe] mudou de posição e passou a ser contra o aborto?
Fiquei decepcionada, mas foi a decisão dela. Ela chegou a tentar reverter o Roe vs.
Wade na Suprema Corte, mas os juízes negaram.
388
Roe vs. Wade pode ser revertido caso o juiz Brett Kavanaugh chegue à Suprema
Corte?
É possível. Mas não acho que o aborto se tornaria ilegal em todo o país. Acredito que a
decisão poderia ficar a cargo de cada estado. Hoje, o aborto é legal em muitos estados,
mas os legisladores tentam impedir a viabilidade do procedimento. As coisas não são
perfeitas, mas podem piorar muito se a Suprema Corte votar contra Roe vs. Wade.
Hoje, 43 dos 50 estados americanos impõem alguma restrição ao aborto. É possível
que isso mude?
Definitivamente, sim. Há processos em andamento no país para que os tribunais
considerem as restrições ilegais. Mas há também outros estados tentando aprovar
mais leis para dificultar o aborto. Um misto de atividades está em andamento.
O que mais me surpreende é o quanto as discussões se espalharam pelo mundo. Brasil,
Argentina e Chile reconsiderando leis, países na África com casos semelhantes. As
mulheres não estão mais inclinadas a seguir o que o governo acha que é melhor.
Agora, casais estão decidindo que a decisão cabe a eles.
Ter realizado um aborto nos anos 1960 a incentivou a lutar pelos direito da mulher?
Eu acreditava que se tratasse de uma escolha que cabia às mulheres desde antes da
faculdade, mas certamente teve um impacto. Tive muita sorte, fiz o procedimento com
um médico no México muito talentoso, indicado por um amigo de um amigo. Ele e a
equipe fizeram um ótimo trabalho. Queria lembrar o nome dele para agradecê-lo.
Segundo pesquisa do Datafolha, divulgada em dezembro de 2017, 57% dos
brasileiros são a favor da criminalização do aborto —número inferior aos 64%
aferidos em 2016. O que a sra. citaria como possível motivo da queda?
Bom, também vemos aqui nos Estados Unidos um aumento na quantidade de pessoas
que acreditam que a escolha deve ser da mulher, não do Legislador ou dos tribunais.
Acho que isso ocorre porque a maioria dos americanos conhece alguém que realizou
um aborto desde 1973. E muito mais homens estão apoiando o direito de escolha.
Mas ainda será uma grande questão a ser debatida nas eleições legislativas de
novembro e até nas presidenciais de 2020. Acho que mais mulheres serão eleitas nos
EUA, e haverá grande mudança na política.
O que vale mais, o direito à vida do feto ou o direito de escolha da mulher?
389
Algumas pessoas dizem que a vida começa na concepção, mas acho que a questão não
deveria ser vista dessa forma. Acredito que a situação das mulheres é mais importante,
porque geralmente elas já têm filhos e se esforçam para dar a eles apoio, amor,
educação e saúde. No Texas, há um debate em andamento sobre uma proposta para
obrigar que um feto resultante de um aborto seja cremado ou enterrado...
A descriminalização do aborto pode levar à redução da prevenção da gravidez?
Eu acho que a maioria das mulheres se previne contra a gravidez, quando possível. O
que ouvi de muitas mulheres é que muitos homens não se esforçam para isso. O casal
precisa se prevenir junto. Acho que não é certo culpar as mulheres.
O que a sra. acredita estar por trás da criminalização do aborto?
Mais do que tudo, a influência da Igreja Católica. Há muita influência religiosa [no
debate]. Mas há menos pessoas nos Estados Unidos e em outros países que se guiam
pelo que a Igreja diz. Estão mais determinadas do que no passado.
O que a sra. diria para legisladores e juízes que debatem a questão?
Diria que a questão-chave é: a quem cabe decidir sobre o aborto? E a resposta deve
ser “à mulher grávida”. As pessoas deveriam se concentrar nisso, não se a vida começa
na 12ª, 16ª ou 24ª semana de gestação.
O caso que legalizou o aborto nos EUA
Grávida do terceiro filho aos 22 anos, Norma McCorvey exigiu na Justiça o direito de
abortar e foi representada pelas advogadas Sarah Weddington e Linda Coffee, sob o
pseudônimo Jane Roe. Na época, o aborto só era liberado no Texas, onde as três
viviam, em caso de risco de morte da mulher.
A outra parte do processo era o promotor de Dallas Henry Wade. O caso começou em
uma corte federal local em 1971, que se opôs ao aborto. O defensor do Estado
recorreu e o caso foi para a Suprema Corte em 1972.
Após grande mobilização popular contra e a favor, a decisão saiu em 1973, quando 7
dos 9 juízes declararam o veto inconstitucional por violar a privacidade da mulher.
Norma McCorvey, no fim das contas, teve o filho. E, numa reviravolta digna de filme,
virou uma ativista próvida. Também voltou atrás e disse que o terceiro filho não fora
fruto de um estupro, como havia afirmado. Ela morreu em fevereiro de 2017, aos 69
anos.
390
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/08/advogada-que-defendeu-direito-deinterromper-gravidez-nos-eua-teme-reves.shtml
UM CANDIDATO QUE IGNORE A QUESTÃO DO ABORTO NÃO PODE SER LEVADO À
SÉRIO. RECONHECER QUE O ABORTO É UM FATO DA VIDA REPRODUTIVA DAS
MULHERES NÃO SIGNIFICA SER CONTRA OU A FAVOR DO ABORTO, OU CONTRA OU A
FAVOR DAS RELIGIÕES
Debora Diniz, El Pais, 06 de agosto de 2018
Um candidato à presidência da República que ignore a questão do aborto não pode ser
levado à sério. Não é preciso ser feminista para reconhecer a gravidade dos efeitos da
clandestinidade do aborto no Brasil — basta aprender dois números: meio milhão de
mulheres abortam a cada ano e o aborto é a terceira causa de morte de mulheres
jovens e saudáveis. Pela urgência do tema, há argumentos inaceitáveis ao debate
público. Não vale apelo à religião ou ao foro íntimo do candidato, pois aborto não é
questão de contra ou a favor, ou de respeito a essa ou àquela religião. Vivemos, até
que se mudem as regras do jogo, em um país laico, isto é, nossos governantes devem
separar crenças de fé da responsabilidade política. E só se respeita a laicidade do
Estado protegendo as escolhas individuais sobre como regular a própria vida. Por isso,
queremos saber como cada candidato entende a questão do aborto — se como
questão de saúde pública, de direitos fundamentais ou de política criminal.
Infelizmente, em período eleitoral, aborto parece ser tema para constrangimento, para
intimidação ou mesmo para discurso odioso. Candidatos sérios preferem se silenciar
como escudo para a intimidação religiosa. Candidatos populistas abusam do jogo
passional e se lançam como defensores da família, da moral e das religiões — afirmam,
com orgulho, “serem contra o aborto”. Mas desde quando políticos devem ser contra
ou a favor de políticas públicas de saúde? Esperamos argumentos razoáveis e
fundamentados na ciência para responder à pergunta de por que mandar as mulheres
para a prisão quando abortam. Essa é uma conversa urgente para o país com a ADPF
442 em curso no Supremo Tribunal Federal que pede a descriminalização do aborto
até a 12ª semana de gestação.
A corte convocou audiências públicas para instruir o processo na última sexta e nesta
segunda, 6 de agosto. A expectativa é que os 40 especialistas convidados, entre
cientistas, pesquisadores, juristas, comunidades de fé e movimentos sociais,
apresentem suas razões para orientar a decisão da corte sobre a descriminalização do
aborto. A dois meses das eleições, as audiências têm também o papel de qualificar o
debate público sobre como falaremos de aborto. É essa a lição: precisamos pautar
391
aborto nas eleições, mas é preciso fazê-lo sem os cacoetes da intimidação moral ou do
constrangimento religioso. Se é um tema de prisão, precisamos conhecer os
argumentos dos que esperam duplicar o sistema prisional brasileiro a cada ano só com
mulheres nas cadeias. Se é um tema de saúde pública, precisamos entender como a
descriminalização do aborto reduziu a prática em outros países.
O que não podemos aceitar é que existam “temas proibidos” ao debate eleitoral.
Aborto, redução da maioridade penal, descriminalização da maconha ou casamento
entre pessoas do mesmo sexo são algumas dessas questões — se postas em um
debate político, a intenção é a de intimidar o oponente que não recorra a populismos
de “minha fé” ou “minhas crenças íntimas”. Há um cálculo de risco feito pelos
candidatos sérios que faz com que se silenciem sobre esses temas e o resultado é uma
perversa manobra populista de manipulação das emoções. A sobreposição entre o
silêncio de alguns e o proselitismo de muitos faz com que o aborto seja objeto de
discurso de ódio nas redes sociais. Enquanto isso, uma mulher por minuto aborta no
Brasil, segundo dados da Pesquisa Nacional do Aborto de 2016, do Ministério da
Saúde.
Estamos na região do mundo que mais aborta e mais se pune as mulheres. As taxas de
aborto clandestino na América Latina e Caribe são mais altas que na África. As
mulheres abortam com medicamentos cuja procedência desconhecem, arriscam-se
com talos de mamona, como foi Ingriane Barbosa, quem morreu há poucas semanas
após intensa agonia. Confissão de fé pelos políticos não devolverá a vida de Ingriane,
nem prevenirá que outras meninas e mulheres busquem métodos inseguros para o
aborto. Reconhecer que o aborto é um fato da vida reprodutiva das mulheres não
significa ser contra ou a favor do aborto, ou contra ou a favor das religiões. É ser um
candidato honesto e transparente à realidade das mulheres, em particular as mais
empobrecidas, como as jovens, nordestinas e negras. É ser um candidato que respeita
o processo político e não se intima com a inquisição odiosa.
Debora Diniz é professora da UnB e pesquisadora Anis - Instituto de Bioética.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/06/opinion/1533515579_528462.html
JANAÍNA PASCHOAL: “REALIZAR O ABORTO É COMO FAZER PARTE DO TRÁFICO"
Talyta Vespa, Uol Universa, 06 de agosto de 2018
392
Convidada a compor a mesa da tarde no segundo dia de audiência pública sobre a
ADPF 442, a jurista Janaína Paschoal chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal) logo
pela manhã. Discreta, acompanhou todos os pronunciamentos sem manifestar
satisfações ou a falta delas. O discurso da advogada é contrário à descriminalização do
aborto no Brasil, e ela se diz bastante incomodada com a “histeria” da discussão – de
ambos os lados. Uma das premissas para falar com a Universa era não abordarmos
assuntos políticos na entrevista. A reportagem insistiu, mas ela disse que não
responderia esse tipo de pergunta, conforme havia sido combinado.
“Se a descriminalização acontecer, quem será beneficiado são os médicos e as clínicas
– inclusive as clandestinas --, e, não, as mulheres. É como se pedíssemos para legalizar
o tráfico de drogas só porque há pessoas que usam drogas. Quem realiza os abortos
tem um papel similar ao do tráfico”, diz.
Advogada não acredita em dados
Segundo Janaína, o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) está usando mulheres
negras, indígenas e da periferia para falar em nome delas. “Eu não vejo essas mulheres
clamando pela legalização do aborto. Inclusive, desconfio da veracidade dos números.
Acredito que os dados sobre mulheres que morrem por aborto no Brasil estão
inflacionados”, diz.
Dados do Ministério da Saúde mostram que, a cada dois dias, uma brasileira pobre
morre vítima do aborto inseguro. Mesmo confrontada com esse e outros dados de
institutos internacionais, que mostram que o número de abortos caiu na maior parte
dos países em que a prática foi legalizada, Janaína discorda: "Eu não confio nesses
dados".
Crítica aos especialistas que realizam a interrupção da gravidez, Janaína os considera
“exploradores da desgraça alheia” e defende que, eles, sim, sejam presos. “A mulher
precisa responder pelo crime, mas a punição severa deve ser a quem faz com que ele
seja possível.”
Mulheres criminosas, mas acolhidas
Janaína nunca fez aborto, mas não garante que jamais faria. “Hoje, acredito que não
conseguiria tirar um filho”, afirma.
393
Apesar de defender que a prática continue sendo crime no Brasil, a jurista quer que as
mulheres que fizeram aborto sejam acolhidas. “Elas se sentem sozinhas e merecem até
um perdão jurídico”, diz.
Sua defesa, no entanto, mira o programa Entrega Legal. “Essas mulheres deveriam ser
ovacionadas”, diz. “No programa, a mulher leva a gestação até o fim, dá à luz e entrega
a criança”. Para a jurista, mesmo essa mulher sendo julgada e isolada pela sociedade, a
criança estará viva e poderá ter oportunidade de ser feliz com outros pais. “Há tantos
casais na fila de espera por um bebê. Essa mulher até pode ser julgada, mas eu vou
respeitá-la e admirá-la”.
Educação sexual sem banalizar o sexo
Entre as soluções que a jurista propõe para evitar casos de aborto ilegal, está a
educação sexual, “mas não essa que está sendo ensinada atualmente”, afirma, quando
questionada sobre projetos conservadores que proíbem a educação sexual nas escolas.
“Devemos retardar a sexualidade ao máximo. Onde já se viu falar sobre sexo com
crianças de 11, 12 anos? Sexo entre crianças nessa faixa etária é estupro!”.
“Pode falar sobre o corpo, sobre menstruação, mas não falar sobre sexo propriamente
dito. Para introduzir o tema ‘métodos de prevenção’, é preciso esperar os
adolescentes crescerem, senão, eles vão achar que está liberado fazer”, diz. A jurista
critica, ainda, a forma como o movimento feminista lida com o corpo. “Esperava que o
feminismo ensinasse mulheres a valorizar os próprios corpos, o mesmo com os
homens. Mas, não, é o contrário, virou esse ‘libera geral todo’”.
Abandono paterno
Quando o assunto é o papel dos homens, a advogada acredita que a descriminalização
do aborto só incentivaria os “caras folgados”. “Hoje, pelo menos há um
constrangimento ao abandonar a mulher e o filho. Além disso, o cara precisa pagar
pensão. Se legalizar o aborto, os homens folgados vão pedir que as mulheres abortem
o tempo todo. ‘Ah, você dormiu comigo, então se vira, vai abortar, é legalizado’.”
Ela se considera ponderada e ri ao dizer que foi chamada de abortista na internet.
“Meus amigos até me ligaram perguntando se eu havia mudado de lado. E isso só
porque eu acho que deve haver um meio-termo na discussão, nem liberar tudo, nem
criminalizar tudo”, conta. “É claro que também sou xingada por ‘não me importar com
394
a vida das mulheres’. É o que acontece em uma discussão, com todo o respeito,
histérica”.
https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/08/06/janaina-paschoal-realizar-oaborto-e-como-fazer-parte-do-trafico.htm
AO AFIRMAR QUE STF NÃO DEVE DISCUTIR ABORTO, RELIGIOSOS RASGAM
CONSTITUIÇÃO
Eloísa Machado, Blog do Sakamoto/Uol, 06 de agosto de 2018
Mulheres fantasiadas como no seriado ''The Handmaid's Tale'' (que mostra uma
sociedade ficcional (ficcional?), onde mulheres são subjugadas e reduzidas a
reprodutoras), em ato pela descriminalização do aborto em frente ao STF. Foto:
Marcelo Camargo/Agencia Brasil
Por Eloísa Machado, especial para o blog*
O Supremo Tribunal Federal deverá analisar se o crime de aborto, previsto em uma
legislação de 1940, é compatível ou não com a Constituição Federal de 1988.
395
Em dois dias de audiência pública convocada pela ministra Rosa Weber, grupos
religiosos fundamentalistas, contrários à descriminalização do aborto, usaram o
argumento de que o tribunal não deveria ser o espaço a decidir isso.
Ora, em nosso desenho institucional, o Supremo é o órgão guardião da Constituição
Federal. Isso significa dizer que grande parte de seu trabalho, como Corte
Constitucional que é, consiste em julgar se as leis produzidas pelos legislativos
federais, estaduais e municipais estão de acordo, na forma e no conteúdo, com o que
diz a Constituição.
Nesse papel, o Supremo também tem analisado se legislações anteriores à
Constituição podem sobreviver diante de uma nova ordem jurídica.
Fez isso ao julgar a inadequação da Lei de Imprensa, por exemplo. Naquele
julgamento, considerou que o novo regime de liberdade de expressão criado pela
Constituição de 1988 não poderia conviver com uma lei autoritária e restritiva do
pensamento. Outro exemplo: grupos religiosos fundamentalistas também haviam
procurado o Supremo para anular a lei que autorizou pesquisas com células tronco
embrionárias aprovada, por unanimidade pelo Congresso Nacional.
Portanto, a palavra e a atitude dos fundamentalistas, além de falaciosas, parecem
andar de mãos dadas com o cinismo.
Não há nada de espetacular, ilegal, abusivo (ou mesmo ativista) em um processo
constitucional no qual o Supremo analisará a adequação de uma lei à Constituição.
Pelo contrário, isso demonstra que as instituições da República ainda funcionam.
Porém, esses grupos religiosos que estão atuando contra a descriminalização do
aborto gostariam que o tema ficasse restrito ao Legislativo. Lá eles sabem que as
bancadas fundamentalistas, que ostentam membros envolvidos até os tubos em casos
de corrupção, impedirão qualquer avanço no direito de mulheres e, de quebra, irão
propor projetos cruéis.
Como obrigar uma mulher estuprada a levar a gestação até o final e registrar o nome
do estuprador nos documentos de nascimento.
O que esses grupos religiosos querem é o que tem acontecido nos últimos 30 anos: a
mulher que passa por um aborto segue criminalizada e o Legislativo bloqueia qualquer
debate para adequar a lei de 1940 à Constituição.
396
O resultado dessa omissão inconstitucional do Legislativo é mensurado em mortes
evitáveis de mulheres que não tiveram outra escolha senão o aborto inseguro. De um
lado, o Estado, por meio do Legislativo, é omisso. Por outro, é punidor.
Os dados apresentados na audiência pública, que começou na última sexta (3) e
continua nesta segunda, foram definitivos: criminalizar o aborto é matar mulheres,
ferir seu direito à saúde, incapacitá-las. Contra esses dados, restou a esses grupos
religiosos fundamentalistas colocar a ciência em dúvida. Estratégia que, convenhamos,
conta com centenas de anos.
Neste ano, em que comemoramos os 30 anos da Constituição Federal de 1988,
devemos debater se processar e prender mulheres que interromperem
voluntariamente a gestação está ou não de acordo com o direito à dignidade, à
igualdade, à liberdade, à autonomia, à privacidade e à cidadania, todos garantidos
constitucionalmente a todas as mulheres.
Pois, neste momento, em que a inconstitucionalidade da criminalização do aborto é
levada ao Supremo Tribunal Federal, não são apenas as mulheres que abortaram que
estão no banco dos réus. É a sociedade brasileira, que não se importa se jovens, negras
e pobres, as principais vítimas da falta de atendimento público para o aborto, sigam
morrendo todos os dias, por pura hipocrisia. Essa sociedade será julgada pela História.
(*) Eloísa Machado é professora da FGV Direito SP, especialista em direitos humanos e
coordenadora do Centro de Pesquisa Supremo em Pauta.
https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2018/08/06/ao-afirmar-que-stf-naodeve-discutir-aborto-religiosos-rasgam-constituicao/
EMBATE ENTRE RELIGIOSOS MARCA DEBATE SOBRE ABORTO NO STF
Marcos Candido, Uol Universa, 06 de agosto de 2018
Representantes religiosos e teólogos se dividiram em relação à descriminalização do
aborto até a 12ª semana, no segundo dia de debate sobre o tema no Supremo Tribunal
Federal (STF) nesta segunda (6). Com palmas e também reações negativas, a ministra e
relatora Rosa Weber precisou pedir para a plateia conter reações.
397
“Peço que aplausos e manifestações de desagrado sejam contidas”, orientou Weber
após a fala de um representante da Federação Espírita Brasileira, contrário à
descriminalização. A ministra informou que o evento também é transmitido pelo rádio
e internet. “Se estiverem com muitas exclamações, podem assistir de casa, com os
amigos”, recomendou.
Antes mesmo do início de audiência, religiosos, contrários e favoráveis, se
manifestaram em frente ao STF. Na madrugada,grupos a favor da descriminalização
fizeram uma vigília formada por umbandistas, evangélicos e católicos. Pela manhã,
manifestantes contrários à descriminalização rezaram na porta de entrada da sessão,
causando críticas por parte da plateia favorável à ação.
O segundo dia de audiência é marcado por expositores de grupos e associações
religiosas do catolicismo, evangélicos, espírita e islâmicas. Convidados, os expositores
da Sociedade Budista do Brasil e Federação Nacional do Culto Afro-Brasileiro (Fenacab)
não compareceram.
Grupos contrários
Primeiro a falar, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Bras) começou a sessão
chamando o evento de um “teatro armado”. “Esta audiência presta-se apenas para
legitimar o ativismo da corte. Esta audiência é parcial, a própria maneira como está
sendo conduzida viola a Constituição”, representada por dom Ricardo Hoerpers e pelo
padre José Eduardo de Oliveira e Silva. "[Defendemos a vida] desde a concepção até a
morte".
Membro da Convenção Geral das Assembleias de Deus, Douglas Roberto de Almeida
Baptista também chamou de "assassinato" e alegou a existência dados "maquiados"
dos grupos favoráveis.
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Participantes do Festival Pela Vida das Mulheres caminham do Museu Nacional da
República até o Supremo Tribunal Federal (STF). Em frente à Corte, as ativistas fizeram
um ato em defesa da descriminalização do aborto.
Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasi
Mais contidos, expositores contrários à descriminalização, como a União dos Juristas
Católicos de São Paulo (Ujucasp) e Associação dos Juristas Evangélicos (Anajure),
argumentaram que o debate deve ser feito pelo Congresso Nacional.
“Somente ao poder legislativo é concedido a permissão de aprovar normas e revogálas”, argumentou a advogada Edna Vasconcelos Zilli, em nome da Anajure.
Argumentos sobre o início da vida também foram adotados pelo grupo contrário à
ação movida pelo PSOL.
“O nascituro não é coisa, não é rés, é um ente que tem direitos a serem preservados”,
defendeu Federação Espírita Brasileira.
Grupos a favor
Do lado favorável à descriminalização, grupos argumentam em prol da laicidade do
estado e dos direitos da mulher.
“Muitas mulheres religiosas, ordenadas e leigas, esperam que o estado brasileiro se
oriente”, disse Lusmarina Campos Garcia, do Instituto de Estudos da Religião.
399
“Não se pode restringir essa restrição ao feto e culpando as mulheres, e levando elas à
morte em clínicas clandestinas; é má-fé tratar como bebê, como pessoa, o que é um
feto, um zigoto ou um embrião no início da gestação”, rebateu o grupo “Católicas pelo
direito de decidir”.
Assim que Weber abriu para as perguntas, dois grupos questionaram expositores que
tinham a mesma opinião e estendendo, assim, o tempo de fala durante a sessão.
Mesmo com recomendações da Weber, aplausos e reações negativas continuaram
durante toda a manhã. Na parte da tarde, grupos em prol dos direitos humanos e
associações jurídicas terão as falas.
O que acontece hoje
Ao todo, os ministros vão ouvir 26 exposições, cada uma com um limite de 20 minutos
sem interrupções.
A ação é feita a pedido do PSOL, que pede uma leitura constitucional dos artigos 124 e
126 do código penal, descriminalizando o aborto voluntário até a 12º semana de
gestação.
Ao final de cada bloco, o microfone é aberto por 30 minutos para as perguntas feitas
pelos ministros aos participantes. Os palestrantes também podem questionar os
demais expositores. O debate tem uma pausa para o almoço e segue até por volta das
18h.
Nada será votado. Apesar da ausência de boa parte dos ministros, o objetivo da sessão
é levar argumentos aos membros do Supremo Tribunal Federal. Não há previsão para
uma futura votação sobre o tema.
Enquanto isso...
Durante a audiência, há protestos marcados em Brasília por grupos favoráveis à
descriminalização.
Na sexta-feira, por exemplo, um grupo de mulheres usando figurinosimilar ao da série
"The Handmaid's Tale" se reuniu em frente ao STF levantando faixas com frases em
defesa dos direitos sexuais e reprodutivos.
400
Em um festival chamado "Pela vida das mulheres", manifestantes também
caminharam do Museu Nacional da República ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde
fizeram ato em defesa da descriminalização do aborto.
https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/08/06/embate-entre-religiososmarca-debate-sobre-aborto-no-stf.htm
STF retoma audiência sobre aborto, e CNBB acusa a corte de ativismo. Para padre,
discussão é 'teatro armado' para legitimar processo
Reynaldo Turollo Jr., Folha/Uol, 06 de agosto de 2018
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) abriu nesta segunda-feira (6) o
segundo dia da audiência pública realizada no STF (Supremo Tribunal Federal) para
discutir a descriminalização do aborto acusando a corte de fazer do evento um “teatro
armado” para legitimar o processo.
“Esta audiência presta-se apenas para legitimar o ativismo desta corte. Está-se
fingindo ouvir as partes, mas, na realidade, está-se apenas legitimando o ativismo que
virá em seguida. Esta audiência é parcial, a própria maneira como está sendo
conduzida viola a Constituição”, disse o padre José Eduardo de Oliveira, da CNBB,
afirmando que houve mais convidados pró-descriminalização do que contrários.
401
Mulheres vestidas como no seriado "The Handmaid's Tale" fazem ato em frente ao STF,
em Brasília; Supremo realiza audiência pública sobre descriminalização do aborto
Marcelo Camargo - 03.ago.2018/Agência Brasil
A audiência pública, iniciada na sexta (3), foi convocada pela ministra Rosa Weber no
âmbito de uma ação ajuizada pelo PSOL que pede a descriminalização do aborto até a
12ª semana degravidez. O evento é parte da fase de instrução do processo. Não há
data para o julgamento final pelo plenário do STF.
Na sexta, a maioria dos expositores, formada por representantes de entidades
médicas, foi a favor da descriminalização do aborto para a mulher que deseje fazê-lo e
para as pessoas que a ajudarem. Nesta segunda, houve 13 falas a favor da mudança e
11 contra.
Para o padre Oliveira, o STF está usurpando a competência do Congresso ao pretender
deliberar sobre o tema. Ele afirmou que é evidente que desde 1988, quando entrou
em vigor a Constituição, nunca houve controvérsia sobre os artigos do Código Penal
(de 1940) agora questionados.
O padre afirmou que a controvérsia foi artificialmente criada pelo STF em 2016,
quando a Primeira Turma decidiu, ao analisar um pedido de habeas corpus, que aborto
402
até o terceiro mês de gravidez não é crime. A decisão só valeu para um caso específico
de funcionários de uma clínica de aborto de Duque de Caixas (RJ), mas foi vista como
um precedente no sentido da descriminalização.
Na ocasião, votaram nesse sentido, formando maioria na Primeira Turma, os ministros
Rosa Weber, Luís Roberto Barroso (que propôs a tese) e Edson Fachin. Ao final da fala
do padre Oliveira, a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, disse que queria
registrar que o Poder Judiciário só delibera sobre um tema quando é provocado.
Dom Ricardo Hoerpers, que também falou pela CNBB, afirmou que a Constituição
prevê a inviolabilidade da vida e defendeu que, com 12 semanas, um embrião já é um
ser humano único. “Como este Supremo Tribunal Federal vai justificar a pena capital a
um ser humano indefeso? Não cabe a nenhuma autoridade pública reconhecer o
direito à vida a uns e não a outros”, disse.
Segundo dom Ricardo, se a questão é de saúde pública, é preciso aprimorar as políticas
públicas para a saúde da mulher e a educação sexual, principalmente nas áreas mais
pobres. Ele deu como exemplo de iniciativa positiva as casas pró-vida mantidas pela
Igreja Católica em vários estados, que visam dar apoio às mães que decidem ter os
filhos.
No mesmo sentido, o pastor Douglas Roberto de Almeida Baptista, da Convenção
Geral das Assembleias de Deus, falou contra mudanças na interpretação da lei.
“A Convenção Geral das Assembleias de Deus é contrária a esta matéria do aborto por
resultar numa licença ao direito de matar seres humanos indefesos na sacralidade do
útero materno, em qualquer fase da gestação, por ser um atentado contra o direito
natural da vida. A palavra de Deus diz: ‘Não matarás um inocente’”, disse.
Hoje o aborto só é permitido legalmente em três tipos de gravidez: decorrente de
estupro, que cause risco à vida mulher e de feto anencéfalo.
A maioria da plateia nesta segunda-feira era composta por mulheres favoráveis à
descriminalização do aborto. Parte usava atrás da orelha um galho de arruda, que,
segundo elas, tem propriedades abortivas e, ao mesmo tempo, simboliza proteção.
Sob aplausos dessas mulheres, a pastora luterana Lusmarina Campos Garcia, que
defendeu a descriminalização, fez uma leitura da Bíblia à luz do referencial teórico dos
estudos de gênero. “As inquisições contra as mulheres continuam, embora travestidas
de outras formas”, disse, sustentando que religiões são construções históricas sob
predomínio, até hoje, do patriarcado eclesiástico.
403
“O único com poder de julgar é Deus, e Deus é amor incondicional. A capacidade de
gerar uma vida nova é muito mais do que cumprir uma lei da natureza, da sociedade
ou da religião. Precisa ser uma decisão refletida de homens e mulheres que possuem a
capacidade de escolher ter filhos e filhas amadas e desejadas”, afirmou.
“O aborto não é uma escolha leviana de mulheres que decidiram não ser esse o tempo
certo para gerar uma nova vida. É uma decisão difícil, desesperada muitas vezes. Não
cabe a nós como sociedade, como Estado ou como gente de fé amontoar aflição sobre
aflição, culpa sobre culpa, medo sobre medo, ao ameaçar com a prisão e com a
categorização de assassina alguém que está em profunda situação de vulnerabilidade.”
Diferentemente dos cristãos, o rabino Michel Schlesinger, que representou a
Confederação Israelita do Brasil, explicou que a tradição judaica entende que não há
vida completa e autônoma durante a gestação, mas apenas a possibilidade de vida.
Segundo Schlesinger, sua cultura entende que só a partir do nascimento não se pode
mais escolher entre a vida da mãe e a do filho. Antes disso, durante a gestação, o
aborto é possível se houver risco para a mãe (físico ou mental) e também em casos de
gravidez na infância, de falta de condições socioeconômicas e de malformação do feto
(para vários casos além da anencefalia).
REAÇÃO DE ROSA
Na parte da tarde, o representante da Frente Parlamentar em Defesa da Vida e da
Família, senador Magno Malta (PR-ES), também declarou, como fez a CNBB, que o
tema é de competência do Legislativo. Ele disse que o povo, estarrecido com o
ativismo judicial, “está sem confiança no Judiciário”.
“O Congresso Nacional não está omisso para que essa situação viesse parar aqui. Esse
papel não lhe é devido [ao STF], esse papel é do Parlamento. As duas Casas [Câmara e
Senado] não estão omissas, elas estão debatendo”, disse Malta. Para ele, cada Poder
“precisa conhecer seu lugar e seu papel”.
Depois da exposição do senador, Rosa tomou a palavra para ler um trecho da
Constituição que trata da legitimidade da corte para julgar processos como o que está
em debate.
“A Constituição, no seu artigo 102, parágrafo primeiro, é que diz com todas as letras: a
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, decorrente desta
404
Constituição, será apreciada por este tribunal na forma da lei”, enfatizou a ministra,
num raro momento de demonstração de descontentamento.
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/08/stf-retoma-audiencia-sobreaborto-e-cnbb-acusa-a-corte-de-ativismo.shtml
NA FRENTE DO STF, PAI NOSSO PARA CALAR MANIFESTANTES PRÓ-ABORTO
Amanda Audi, The Intercept Brasil, 06 de agosto de 2018
RELIGIOSOS QUE FAZIAM fila para entrar na audiência pública sobre descriminalização
do aborto rezaram pais nossos e aves marias, em voz alta e em coro, para encobrir a
voz de mulheres que tentavam citar dados de pesquisas e estudos sobre o assunto. A
cena aconteceu nesta manhã, em frente ao STF, o Supremo Tribunal Federal.
As manifestantes estavam vestidas como as aias da série The Handmaid’s Tale, que
retrata um futuro distópico em que mulheres perdem os direitos sobre o próprio corpo
e se tornam propriedade do Estado. Na ficção, o poder é tomado por um grupo
religioso totalitário. As aias, no caso, são estupradas sistematicamente para que
possam engravidar. Uma vez grávidas, são mantidas numa espécie de cativeiro para
não abortar. Elas usam o capuz branco com laterais compridas para sequer poderem
olhar para os lados. São animais.
Uma das manifestantes, sem a fantasia, segurava um cartaz que trazia um dado da
Pesquisa Nacional do Aborto, feita pela Universidade de Brasília e o Anis Instituto de
Bioética em 2016: 54% das mulheres que abortam se declaram católicas. Ela tentava
falar sobre isso com os religiosos, sem sucesso. “Nós estamos falando sobre dados
científicos, estamos falando sobre ciência”, dizia. As rezas ficavam mais altas.
“O Estado é laico”, repetiam as mulheres, já com a voz rouca. Resposta, aos gritos:
“AVE MARIA CHEIA DE GRAÇA, O SENHOR É CONVOSCO…”
405
Para mim, que estava acompanhando a cena, foi difícil segurar o aperto na garganta.
O que ocorria ali, a poucos metros do plenário onde acontecia a audiência pública que
pode evitar que mulheres sejam presas por abortar – porque mulheres abortam,
sendo legal ou não –, se assemelhava de um jeito assustador com o mundo fictício de
The Handmaid’s Tale. Na série, que se passa num presente parecido com o nosso,
ninguém percebeu que direitos de mulheres estavam prestes a ser minados. Era coisa
de exagerados, histéricos.
406
A reza, em si, é um ato simbólico. Quando tanto nos falta o diálogo, aqueles religiosos
não estavam tentando dar argumentos, expor seus pontos de vista. Eles nem ao
menos queriam OUVIR o que as mulheres estavam dizendo. Como se vai conversar
com uma pessoa que está rezando fervorosamente, repetindo as mesmas palavras
seguidamente, em voz alta, como uma criança que coloca os dedos no ouvido para
ignorar ordens dos pais?
Os religiosos que estavam sendo ouvidos na audiência foram convocados para explicar
pontos de suas crenças, dar argumentos, expor por que acreditam que o aborto é, ou
não, aceitável do ponto de vista espiritual ou moral. Uma das organizações mais fortes
em defesa do aborto no Brasil, inclusive, são as Católicas pelo Direito de Decidir. O ato
de rezar em nenhum momento se enquadra nisso. Rezar não é argumentar. Não é
participar do debate.
Aquelas mulheres que tentavam falar sobre aborto também têm as suas religiões. Mais
cedo, no início da manhã, elas fizeram um ato ecumênico multirreligioso. Queriam
dizer que é possível ter uma crença e ao mesmo tempo defender que uma mulher que
interrompe uma gravidez não precisa ser encarcerada e penalizada pela lei.
Enquanto a ministra Rosa Weber, relatora da ação, convocou cientistas, religiosos,
defensores de direitos humanos e representantes de movimentos sociais diversos para
serem ouvidos e exporem seus pontos de vista, esses religiosos do lado de fora do
tribunal optaram pela surdez.
https://theintercept.com/2018/08/06/religiosos-aborto-stf/
QUAIS OS PRÓXIMOS PASSOS NA DISPUTA SOBRE O ABORTO NO STF
Nathalia Passarinho, BBC News, 06 de agosto de 2018
Foram dois dias em que mais de 60 pessoas expuseram pesquisas, experiências
pessoais, opiniões e dados. Nesta segunda, o Supremo Tribual Federal (STF) encerrou o
segundo e último dia de audiência pública para debater a ação apresentada pelo PSOL,
com assessoria técnica do Instituto de Bioética Anis, que pede que o aborto não seja
considerado crime quando feito até a décima segunda semana de gravidez.
Em alguns momentos do debate houve comoção, como quando o médico Sérgio
Tavares de Almeida Rego revelou, emocionado, a história pessoal da família. Ele e a
esposa já tinham um filho de um ano com deficiência quando ela engravidou
407
novamente. Os dois optaram por um aborto para poderem se dedicar integralmente a
Pedro, a quem chamou de "filho enterno", que precisa de cuidados também na vida
adulta.
Falando contra a descriminalização, Lenise Aparecida Martins Garcia, do Movimento
Nacional da Cidadania pela Vida - Brasil sem aborto, levou um feto de borracha à
audiência para ilustrar seu ponto de vista. "É arbitrária a definição de 12 semanas
(como início da vida humana). Eu não posso desconsiderar o valor de uma pessoa
porque ela é pequenininha. Ela tem mãe e pai. É uma de nós."
E a pesquisadora Débora Diniz, da Universidade de Brasília e do Instituto Anis, expôs
dados que mostram que uma em cada cinco mulheres brasileiras de até 40 anos já
fizeram um aborto.
"Se todas as mulheres que fizeram aborto estivessem na prisão hoje, teríamos um
contingente de 4,7 milhões de mulheres, pelo menos cinco vezes o sistema prisional,
que já é o quarto do mundo. Por que tão pouca razoabilidade nessa conversa? Aborto
não é matéria de prisão, é de cuidado, de proteção e prevenção", defendeu.
Mas o que vai acontecer a partir de agora? Quando o caso será julgado? E quais
ministros já se posicionaram publicamente sobre o pedido de descriminalização do
aborto?
Como será o julgamento
A partir do término das audiências, um relatório com as falas de quem participou será
distribuído a todos os 11 ministros da Corte, para consultarem, se quiserem, ao
redigirem seus votos.
A relatora da ação, ministra Rosa Weber, deverá preparar o voto e o relatório do caso um resumo das alegações do PSOL e do posicionamento dos órgãos chamados a se
manifestar, como a Advocacia-Geral da União (AGU). Não há prazo para isso.
No julgamento de um habeas corpus em 2016, a ministra se posicionou
favoravelmente a que o aborto deixe de ser crime. Por isso, há uma expectativa de que
Weber se manifeste a favor do pedido para que o aborto seja descriminalizado.
Após concluir o voto, Rosa Weber deve pedir a inclusão do processo na pauta de
julgamento do plenário do Supremo.
408
A decisão sobre que processos são julgados em cada mês é tomada pelo presidente do
STF, após consulta aos colegas. Possivelmente, quando o voto de Rosa Weber estiver
pronto, a ministra Cármen Lúcia já terá deixado a presidência do Supremo, sendo
substituída por Dias Toffoli, que toma posse em setembro para um mandato de dois
anos.
A BBC News Brasil apurou que a expectativa dos ministros e do futuro presidente do
Supremo é que o julgamento sobre aborto fique para o ano que vem, já que este ano
tem eleições gerais e há outros processos prontos para julgamento no plenário.
O que pede a ação sobre aborto
A Ação Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442 argumenta que os
artigos do Código Penal que proíbem o aborto afrontam preceitos fundamentais da
Constituição Federal, como o direito das mulheres à vida, à dignidade, à cidadania, à
não discriminação, à liberdade, à igualdade, à saúde e ao planejamento familiar, entre
outros.
O PSOL pede que o aborto feito até a décima segunda semana de gestação não seja
considerado crime. As advogadas que assinam a ação afirmam que a criminalização do
aborto leva muitas mulheres a recorrer a práticas inseguras, provocando mortes.
Atualmente o aborto é crime, com pena de até três anos para a gestante que
interromper a gravidez. Só é permitido fazer um aborto em caso de estupro, risco de
vida para a mãe ou feto com anencefalia - nesse último caso, a deliberação coube ao
STF.
Como devem votar os ministros?
Três ministros do STF - Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Edison Fachin - já votaram
pela descriminalização ao abordar um pedido de habeas corpus de cinco médicos e
funcionários de uma clínica clandestina de aborto.
A decisão, tomada pela Primeira Turma do STF em novembro de 2016, vale apenas
para aquele caso concreto, mas já é um forte indicador de como pensam esses três
magistrados.
409
Na ocasião, os ministros Marco Aurélio Mello e Luiz Fux, que participaram do
julgamento, também concederam o habeas corpus, mas não se posicionaram sobre se
o aborto, de forma geral, deveria deixar de ser crime.
Ricardo Lewandowski é visto como voto certo contra a descriminalização do aborto, já
que ele votou contra permitir a interrupção da gravidez até em casos de fetos que não
seriam capazes de sobreviver após o parto (em julgamento de 2012 sobre fetos com
anencefalia). Há dúvidas sobre o voto dos demais ministros, mas comentários já feitos
por eles podem dar pistas.
Qual o argumento dos ministros que já se posicionaram sobre a descriminalização
Luís Roberto Barroso
O primeiro voto pela descriminalização foi proferido pelo ministro Luís Roberto
Barroso, ao julgar um pedido de liberdade feito por cinco pessoas envolvidas em
procedimentos de aborto.
Barroso argumentou que os artigos do Código Penal que criminalizam o aborto violam
os direitos sexuais e reprodutivos da mulher, além dos direitos fundamentais à
autonomia, à integridade física e psíquica, e à igualdade.
"Como pode o Estado, isto é, um delegado de polícia, um promotor de justiça ou um
juiz de direito, impor a uma mulher, nas semanas iniciais da gestação, que a leve a
termo, como se tratasse de um útero a serviço da sociedade, e não de uma pessoa
autônoma, no gozo de plena capacidade de ser, pensar e viver a própria vida?",
questionou o ministro, no julgamento.
Ele defendeu ainda que criminalizar o aborto não é uma política eficiente para evitar
que interrupções de gestações aconteçam - apenas impede, afirma, que os abortos
sejam feitos com segurança. Ou seja, a criminalização não protegeria nem a "vida do
feto" nem a da mulher.
"Ela constitui medida de duvidosa adequação para proteger o bem jurídico que
pretende tutelar (vida do nascituro), por não produzir impacto relevante sobre o
número de abortos praticados no país, apenas impedindo que sejam feitos de modo
seguro", argumentou.
Para embasar esse argumento, ele citou um estudo da pesquisadora Gilda Sedgh, do
Instituto Guttmacher, de Nova York, que aponta que, em países onde o aborto é crime,
410
as taxas de aborto chegam a ser mais altas que as de nações onde o procedimento é
legalizado.
"Todos têm o direito de se expressar e de defender dogmas, valores e convicções. O
que refoge à razão pública é a possibilidade de um dos lados, em um tema eticamente
controvertido, criminalizar a posição do outro".
Rosa Weber
Ao acompanhar o voto de Barroso que considerou a criminalização do aborto
inconstitucional, Rosa Weber argumentou que as mulheres devem ter o direito de
interromper de forma segura uma gestação indesejada.
Para embasar os argumentos, ela citou tratados internacionais de direitos humanos e
decisões judiciais de cortes de outros países, como o famoso caso "Roe vs Wade" na
Suprema Corte americana, que abriu o caminho para a legalização do aborto nos
Estados Unidos, em 1973.
"O aborto clandestino é realidade ascendente dos países que não disciplinaram
juridicamente a prática da interrupção da gravidez por decisão da mulher no primeiro
trimestre da gestação, que implica sérios riscos de saúde e aumento da mortalidade
materna por complicações dos procedimentos clandestinos de aborto, os quais são
utilizados pelas mulheres que não possuem condições econômicas de custear o
tratamento particular", argumentou a ministra.
Assim como Barroso, Rosa Weber citou pesquisas que apontam que os países com as
legislações mais restritivas ao aborto são os que têm as maiores taxas de interrupção
provocada da gravidez.
"A ingerência estatal no primeiro trimestre da gestação deve militar em favor da
proteção da mulher em ter condições seguras de realizar a interrupção voluntária da
gestação."
Edson Fachin
Embora não tenha especificado os argumentos, Fachin decidiu acompanhar a posição
de Barroso em vez de seguir os fundamentos de Marco Aurélio, relator do caso, para a
concessão do habeas corpus às cinco pessoas presas preventivamente por fazerem
411
abortos clandestinos. O efeito dos votos de Marco Aurélio e de Barroso era o mesmo a concessão da liberdade ao grupo.
A diferença é que o primeiro concedeu o habeas corpus por considerar que a prisão
preventiva já não se justificava - os suspeitos não ofereceriam perigo às investigações,
nem indicavam intenção de fugir. Barroso foi além e disse que o aborto, de forma
geral, não pode ser considerado crime, se feito com consentimento da gestante até o
terceiro mês de gravidez. Portanto, na visão do ministro, aquelas pessoas nem sequer
deveriam ter sido processadas.
Ao acompanhar Barroso na visão de que a criminalização do aborto é inconstitucional,
Fachin lembrou, a título apenas de "comentário", que o Papa Francisco abriu a
possibilidade para que sejam absolvidas, mediante confissão, mulheres e profissionais
de saúde que tiverem feito abortos.
A posição dos demais ministros
Os demais ministros ainda não se manifestaram diretamente sobre o tema. Alguns
fizeram comentários que dão indícios sobre como enxergam a criminalização do
aborto.
Gilmar Mendes
Durante uma sessão de julgamento do dia 23 de março, Gilmar Mendes criticou
Barroso por ter entrado no mérito da descriminalização do aborto no julgamento do
habeas corpus do grupo que operava a clínica clandestina. Para Mendes, o tema só
poderia ter sido discutido em plenário numa Ação Por Descumprimento de Prefeito
Fundamental (ADPF), e não na análise de um pedido específico de liberdade.
"É preciso que a gente denuncie isto, que a gente anteveja esse tipo de manobra,
porque não se pode fazer isso com o Supremo Tribunal Federal: 'Ah, agora eu vou dar
uma de mais esperto e vou conseguir a decisão do aborto, de preferência na turma
com dois, com três ministros, aí a gente faz um dois a um'".
Alexandre de Moraes
O ministro Alexandre de Moraes se esquivou de responder a perguntas sobre aborto
quando foi sabatinado pelo Senado antes de assumir uma cadeira no Supremo. Na
412
época, ele argumentou que não poderia antecipar o voto, já que havia ações sobre o
tema no STF.
Ricardo Lewandowski
Lewandowski votou contra a liberação do aborto em caso de feto com anencefalia
(com formação incompleta do cérebro a ponto de ser inviável a vida do bebê). O placar
do julgamento de 2012 foi 8 a 2, com a maioria optando por permitir a chamada
"antecipação terapêutica" do parto nesses casos.
Como Lewandowski foi um dos dois votos contrários, é natural esperar que ele
também não seja favorável à descriminalização de forma mais ampla.
Na julgamento de 2012, o ministro argumentou que qualquer decisão sobre tema deve
ser tomada pelo Legislativo e que permitir o aborto no caso de fetos sem cérebro
abriria caminho para interrupções de gestação de embriões com doenças genéticas.
José Dias Toffoli
Antes de tomar posse como ministro, Toffoli afirmou, em sabatina no Senado, que
criminalizar o aborto não é uma política eficaz.
"Eu sou contra o aborto. Agora, penso que a sociedade deve debater quais os
mecanismos mais eficientes para diminuir o número de abortos no país. Porque
criminalizar o aborto não é um meio eficaz."
Luiz Fux
Em entrevista à BBC News Brasil, Luiz Fux afirmou considerar que o tema deve ser
debatido pelo Legislativo, não pelo Supremo.
"Eu tenho a impressão de que algumas questões são judicializadas porque o
Parlamento não quer pagar o preço social de tomar a decisão adequada. Mas, na
verdade, o lugar próprio de decidir sobre a descriminalização do aborto é o
Parlamento e não o Supremo Tribunal Federal", disse.
413
Mas, na mesma entrevista, ele também ponderou que o aborto deve ser visto como
uma questão de "saúde pública", visão normalmente defendida por grupos favoráveis
à descriminalização.
"Entendo que é um problema de saúde pública que a sociedade tem que decidir por
meio de seus representantes. Agora, o Judiciário pode vir a ser provocado sobre essa
questão. E então, num momento oportuno, vou me manifestar", afirmou à BBC News
Brasil.
Cármen Lúcia
Cármen Lúcia votou a favor da liberação do aborto em caso de feto anencéfalo e a
favor de pesquisas com células tronco embrionárias, mas nunca entrou no mérito
sobre se criminalizar o aborto de forma geral é ou não uma violação da Constituição.
Marco Aurélio Mello
Foi o relator da ação que permitiu aborto em caso de feto com anencefalia - e votou a
favor de permitir o procedimento nesse caso. "O Estado não é religioso nem ateu. O
Estado é simplesmente neutro. O direito não se submete à religião', disse o ministro,
na ocasião.
"O que está em jogo é a privacidade, a autonomia e a dignidade humana dessas
mulheres. Elas têm que ser respeitadas, tanto as que optam por prosseguir com sua
gravidez como as que preferem interrompê-la para pôr fim ou minimizar um estado de
sofrimento."
Mas ele não se manifestou publicamente sobre a possibilidade de descriminalizar o
aborto de forma geral, até o terceiro mês de gestação.
Celso de Mello
O ministro Celso de Mello também votou a favor da chamada "antecipação terapêutica
do parto" (interrupção da gravidez) em caso de anencefalia. Mas, até agora, não fez
comentários públicos sobre permitir o aborto até a décima segunda semana.
Nos bastidores, já comentou que a criminalização pode, eventualmente, ser vista como
uma violação a tratados internacionais de direitos humanos firmados pelo Brasil.
414
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45088795
SEM DATA PARA VOTAÇÃO, STF ENCERRA DEBATE SOBRE DESCRIMINALIZAR ABORTO
Agência Brasil reproduzida pelo Uol Universa, 07 de agosto de 2018
Terminou no começo da noite desta segunda (6) a audiência públicaconvocada pela
ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), para elaborar relatório do
julgamento da ação que visa a declarar inconstitucionais os artigos 124 e 126 do
Código Penal, que criminalizam a prática do aborto.
A arguição de descumprimento de preceito fundamental (a ADPF 442), foi apresentada
pelo PSOL e descriminaliza mulheres que façam a interrupção voluntária da gestação
até a 12ª semana da gravidez. Caso o julgamento acolha a ação, a equipe
médicaenvolvida no procedimento também não poderá ser punida.
Não há prazo para Rosa Weber apresentar o seu parecer. No encerramento da
audiência, a ministra declarou que o "próximo tempo é de reflexão". A ministra não
costuma atender à imprensa e não respondeu perguntas sobre eventual data de
julgamento.
Expositores que participaram da audiência e foram ouvidos pela Agência Brasil
acreditam que a equipe de Rosa Weber utilizará argumentos ouvidos hoje e na última
sexta-feira para subsidiar o voto da ministra.
Ao concluir o voto, ela encaminhará relatório aos demais ministros do STF. Antes disso,
Rosa Weber deverá pedir manifestação da Procuradoria-Geral da República e também
decidir sobre as demandas de instituições que querem se manifestar como amicus
curiae (amigo da corte) associado à causa, durante o julgamento no Plenário do
Supremo.
Descriminalização
Tanto nesta segunda-feira como na sexta-feira, participantes e expectadores da
audiência avaliaram que foram ouvidas mais pessoas favoráveis à descriminalização do
que contrárias.
415
A professora de Direito Janaína Paschoal, uma das autoras do impeachment da expresidente Dilma Rousseff, e que participou do debate dos juristas sobre a
descriminalização do aborto, assinalou que na tarde de hoje havia mais expositores
pró-ADPF, mas considerou "natural". Segundo ela, "o pessoal que defende essa causa
é muito organizado e unido", disse, sem responsabilizar o STF ou criticar Rosa Weber.
A Defensora Pública do Estado de São Paulo ponderou que é comum que a parte que
demanda tenha mais participação em audiências, mas lembrou que "foi a ministra que
escolheu a partir de inscrições". De acordo com o Supremo, foram recebidos mais de
180 pedidos para participar da audiência, foram acolhidos 52 pedidos, conforme
"representatividade adequada, especialização técnica e/ou jurídica e garantia da
pluralidade da composição da audiência".
https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/08/07/sem-data-para-votacao-stfencerra-debate-sobre-descriminalizar-aborto.htm
PRÓ E CONTRA: O DEBATE SOBRE O ABORTO NO STF. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
OUVIU SOCIEDADE CIVIL APÓS PEDIDO DO PSOL PARA DESCRIMINALIZAR ABORTO NO
PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO. CASO AINDA NÃO TEM DATA PARA
JULGAMENTO. ENTENDA ARGUMENTOS DOS DOIS LADOS
Renate Krieger, Deutsche Welle, 07 de agosto de 2018
Na semana em que o Senado argentino vota a descriminalização do aborto,
representantes da sociedade civil brasileira puderam apresentar argumentos pró e
contra a descriminalização da interrupção da gestação em dois dias (03/08 e 06/08) de
audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF).
Convocada pela ministra Rosa Weber, a audiência oitiva (sem debates) ouviu um total
de 60 especialistas para apresentar seus argumentos, no âmbito da Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, proposta pelo Partido
Socialismo e Liberdade (PSOL).
Ao demandar que não sejam considerados constitucionais os artigos 124 e 126 do
Código Penal brasileiro, de data anterior à Constituição de 1988, a legenda pede a
despenalização do aborto até a 12ª semana de gravidez e a isenção de punições a
profissionais de saúde que fazem o procedimento. Segundo o PSOL, a proibição do
aborto viola os "direitos e princípios fundamentais" das mulheres, garantidos na
Constituição.
416
Os artigos em questão determinam pena de prisão de até três anos para mulheres que
abortam e de até dez anos para quem provocar abortos com autorização da gestante.
Na prática, se forem considerados incompatíveis com a Constituição, os artigos
continuam inseridos no Código Penal, mas não terão mais efeitos. Ainda não há data
para julgar o caso.
Redução da mortalidade materna
Na sexta-feira (03/08), primeiro dia da audiência, a maior parte das intervenções
defendeu a descriminalização.
Os argumentos se concentraram na defesa dos direitos da mulher. Para Rebecca Cook,
por exemplo, a criminalização do aborto é ineficaz para proteger a vida pré-natal. A
professora na Faculdade de Direito da Faculdade de Medicina e do Centro Conjunto de
Bioética da Universidade de Toronto, no Canadá, representou o Consórcio LatinoAmericano contra o Aborto Inseguro na audiência.
Cook lembrou que diversos tribunais nacionais e comitês que monitoram tratados
internacionais relacionados a direitos da mulher concluíram que a descriminalização
do aborto nas primeiras semanas de gravidez facilita o alcance das medidas positivas
necessárias para proteger a vida pré-natal. Por isso, explicou, o Comitê da ONU para a
Eliminação da Discriminação contra a Mulher tem obrigado países a proverem
cuidados de saúde específicos para a mulher, incluindo a descriminalização do aborto
como uma medida para reduzir a mortalidade materna.
Bastante aplaudida, a representante do Instituto de Estudos da Religião, Lusmarina
Campos Garcia, destacou na manhã de segunda a importância da laicidade do Estado
para a "garantia da igualdade de direitos em todos os seus aspectos". "O aborto não é
uma escolha leviana de mulheres que decidiram não ser esse o tempo certo para gerar
uma nova vida. O aborto é uma decisão difícil, desesperada muitas vezes", esmiuçou.
Pastora da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), a teóloga
apresentou um contexto histórico do aborto e disse que a Bíblia não condena a
prática. "Também não há uma determinação bíblica de quando a vida começa",
discursou Lusmarina, abordando um dos principais argumentos de contrários à
despenalização do aborto, que defendem que a vida humana começa "desde a
concepção".
417
"Belas, recatadas e do lar"
Já Maria José F. Rosado Nunes, da entidade Católicas pelo Direito de Decidir, afirmou
que "a decisão pelo aborto pode ser tão moralmente aceitável quanto aquela de se
manter uma gravidez. Sua legalização realiza uma cultura ideológica e política
fundamental no pensamento, na lógica e na prática política e social em relação a um
conservadorismo moral que nos confina – a nós, mulheres – num único papel de mães
e esposas 'belas, recatadas e do lar', degradando assim a maternidade porque a
entende como destino biológico e não como escolha ética e de direito", discursou.
"Não podemos restringir essa proteção [da vida, conforme argumentos contrários ao
aborto] à vida do feto e seguir culpando as mulheres que abortam, condenando-as à
morte nas clínicas clandestinas em nome de uma suposta defesa da vida. Constitui
evidente má-fé tratar como bebê, como criança, como pessoa, o que é um zigoto, um
embrião, ou mesmo um feto no início da gestação", continuou, sob aplausos.
Mulheres protestam contra PEC 181, cujo texto-base foi aprovado por comissão da
Câmara dos Deputados em
Quando começa a vida?
Os argumentos contra o aborto foram majoritariamente apresentados na segundafeira, quando as exposições partiram especialmente de representantes de grupos
religiosos. Vários deles listaram argumentos científicos para embasar suas exposições
418
sobre o início da vida. "Onde está a inconstitucionalidade em aceitar os dados
científicos que dizem que a vida começa na concepção?", questionou Dom Ricardo
Hoerpers, em nome da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Ele afirmou que "nenhuma autoridade pública pode reconhecer seletivamente o
direito à vida" e defendeu que o assunto deve ser discutido pelo Poder Legislativo.
Além disso, sugeriu a implementação e melhoria de políticas públicas que combatam
as causas do aborto.
Já o padre José Eduardo de Oliveira, do mesmo órgão, criticou as estatísticas citadas
por grupos pró-aborto no primeiro dia da audiência, dizendo que são "inflacionados".
"Os números que foram aqui apresentados são 10 ou mais vezes maiores do que a
realidade. Toda esta inflação é para poder concluir que onde se legalizou a prática
realizaram-se menos abortos do que no Brasil", destacou.
Entre outros, ele citou o exemplo da Alemanha, dizendo que são realizados 120 mil
abortos anuais no país europeu, que tem 80 mil habitantes. "Se tivesse 200 milhões,
como o Brasil, ali haveria 300 mil abortos por ano, três vezes mais do que no Brasil",
contou.
Para Oliveira, a audiência pública da ADPF 442 no Supremo foi parcial, já que, segundo,
ele, o tribunal ouviu mais palestrantes pró-despenalização do que contra. O STF
recebeu 187 inscrições, das quais selecionou um grupo de 53 palestrantes.
Já Angela Vidal Gandra Martins Silva, falando pela União dos Juristas Católicos de São
Paulo (UJUCASP), disse que a decisão pró-aborto é pautada por um "utilitarismo
econômico" e que, "quando a racionalidade é rejeitada, passa-se à empreitada de
justificar a qualquer custo a decisão que já se tomou. Uma coisa que me chamou a
atenção foi o recurso ao planejamento familiar ou à paternidade responsável para
justificar o aborto. Planos vêm antes, não depois. Incluir no Plano B o assassinato não é
um planejamento", disse.
Congresso ou Supremo?
No último dia de audiência, vários palestrantes que argumentaram contra a
descriminalização do aborto também afirmaram que o assunto não deveria ser
decidido pelo Supremo, dizendo que este não pode atuar como Poder Legislativo. Os
palestrantes favoráveis ao aborto, em geral, defendem a competência do tribunal de
decidir sobre a matéria.
419
Porém, a relatora Rosa Weber defendeu na última sexta o direito da máxima corte de
discutir o assunto, dizendo que é preciso valorizar a divergência e ter em conta o
conflito entre os direitos fundamentais envolvido nesses assuntos constitucionais. No
pronunciamento, ela esclareceu que se trata de uma discussão constitucional e não
legislativa. "Toda questão submetida à apreciação do Judiciário merecerá uma
resposta. Uma vez provocado, o Judiciário tem de se manifestar", disse Weber,
lembrando que o pedido do PSOL foi feito "ao argumento de controvérsia
constitucional relevante" e que o STF só se pronuncia sobre um assunto quando é
apresentada uma demanda.
Diferentes projetos de lei sobre o aborto estão parados no Congresso atualmente, em
parte devido à forte pressão de deputados ligados a grupos religiosos que são contra a
interrupção voluntária da gravidez.
A legislação brasileira determina que o aborto é legal apenas em casos de estupro,
risco de morte para a mãe e quando os fetos apresentam anencefalia. As duas
primeiras exceções foram autorizadas pelo Congresso, enquanto a determinação sobre
anencéfalos foi do Supremo, em 2012.
Em novembro de 2016, a Primeira Turma do Supremo também decidiu não considerar
crime a interrupção da gravidez no primeiro trimestre (12 semanas) da gravidez. Em
reação a essa decisão, alguns deputados incluíram uma mudança constitucional para
inviabilizar o aborto numa discussão sobre licença maternidade em caso de bebê
prematuro.
A Comissão Especial da Câmara dos Deputados aprovou o texto-base da Proposta de
Emenda Constitucional (PEC) 181/15 em novembro do ano passado. A proposta inclui
na Constituição o conceito de proteção da vida "desde a concepção". Na prática, a
mudança deve inviabilizar o aborto mesmo quando ele é considerado legal.
Os deputados ainda deverão votar destaques, mas a PEC não deverá ser
fundamentalmente alterada, e depois deverá ser votada no plenário da Casa.
https://www.dw.com/pt-br/pr%C3%B3-e-contra-o-debate-sobre-o-aborto-no-stf/a44975614
https://p.dw.com/p/32iD8
SOBRE O ABORTO NO BRASIL. O BRASIL IGNORA AS EXPERIÊNCIAS DA EUROPA, ONDE
O NÚMERO DE ABORTOS CAIU COM A DESPENALIZAÇÃO. AGARRA-SE AO
420
CONSERVADORISMO DA AMÉRICA LATINA, QUE MANTÉM A REGIÃO ATRASADA. A LEI
PUNE, QUASE SEMPRE, AS MAIS POBRES
Philipp Lichterbeck, Deutsche Welle, 08 de agosto de 2018
Protesto contra a lei de proibição do aborto no Rio
Conheço três brasileiras que fizeram aborto. Na verdade, elas deveriam ser presas por
isso, já que, no Brasil, o aborto é proibido, salvo com as seguintes exceções: quando há
risco de vida para a mulher, em casos de estupro e de anencefalia do feto.
Essas exceções não se aplicaram a nenhuma das três. Suas gestações foram assim
chamadas "acidentes". Em todos os casos, os homens também eram favoráveis à
interrupção da gravidez. Mas, naturalmente, eles não correm o risco de ser
penalizados por isso.
A primeira das três mulheres tem pouco mais de 20 anos. Engravidou de um alemão
mais velho que a ajudou a conseguir o medicamento Cytotec, cuja venda é proibida no
Brasil. Na realidade, o Cytotec só deveria estar disponível em hospitais autorizados
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ainda assim, eles conseguiram
encontrar com relativa facilidade o remédio, cujo uso é arriscado. Há grupos de
Whatsapp nos quais é possível encomendá-lo. O medicamento é enviado pelo correio
e é caro.
421
Antes disso, ela entrou num longo conflito consigo mesma. O fato de o parceiro não
querer ter o filho a fortaleceu em sua decisão.
Minha segunda conhecida viajou a Londres para fazer o aborto. O homem do qual ela
havia engravidado é inglês. Ele marcou uma hora numa clínica na qual a mulher, sob
supervisão médica, tomou medicamentos que interromperam a gestação. Até hoje, ela
lembra do doloroso processo, tanto física quanto psicologicamente. Ela diz: "Naquela
época, eu era muito nova para ter filhos. O pai não teria me apoiado."
Minha terceira conhecida ficou grávida com quase 50 anos. Ela já tem dois filhos.
Procurou uma clínica no bairro de Bonsucesso – a clínica opera ilegalmente, mas é
bastante conhecida. Também existem clínicas parecidas na Barra da Tijuca, no Rio, e
em outras cidades brasileiras. São mulheres abastadas que, aparentemente, fazem
abortos com anuência das autoridades. O procedimento não é barato – dependendo
da complexidade, o aborto custa 3 mil reais.
Por alguns dias, o Supremo Tribunal Federal realizou uma audiência pública para ouvir
argumentos pró e contra a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.
Não se trata, na realidade, de saber se alguém é pró ou contra o aborto, mas sim de
descobrir como o Brasil lida com o fato de que, anualmente, entre 500 mil e 1,2 milhão
de mulheres realizam abortos por ano. Isso acontece totalmente independente da
vontade do STF, do Congresso, das igrejas e outros grupos conservadores.
A maioria das mulheres que fazem abortos ilegais no Brasil é de negras, pobres e que
já têm filhos. A cada dois dias, uma delas morre por não ter acesso a uma clínica. Em
vez disso, recorrem a métodos inseguros. Cerca de 250 mil mulheres são internadas
anualmente devido às complicações decorrentes. Ou seja, mulheres pobres morrem,
mulheres ricas pagam. Essa é a realidade. E ela mostra: a Lei Penal datada de 1940 é
inútil. Ela não se pauta pelo bem-estar da população, já que não leva a uma diminuição
dos abortos e ao salvamento de vidas, mas sim, custa vidas e onera enormemente o
sistema de saúde.
Além disso, a lei praticamente nunca é aplicada. Se fosse, as prisões brasileiras
estariam cheias de milhões de pecadoras do aborto, e clínicas como a de Bonsucesso
seriam fechadas pelas autoridades.
Igualmente, o Brasil ignora as experiências da Europa, onde o número de abortos caiu
com a despenalização. Em vez disso, agarra-se ao típico ultraconservadorismo da
América Latina, que mantém a região presa no atraso social. Um provável motivo para
esse engessamento: 90% dos políticos brasileiros são homens – um dos números mais
422
altos do mundo. Parece que suas ações não são motivadas por racionalidade e
sensatez, mas por ideologia, emoções e dinheiro.
Políticos conservadores proíbem o aborto argumentando que a vida ainda por nascer
precisa ser protegida. Logo, a vida nascida é menos importante para eles. Afinal, o que
eles fazem pela educação das crianças cujas vidas eles fingem proteger? Ou pela saúde
delas? Eles congelam as despesas para a saúde e a educação. Evidentemente, eles não
se preocupam com as crianças, mas sim com o exercício de poder e de controle sobre
o corpo da mulher.
Para nenhuma das minhas conhecidas, a decisão de fazer um aborto foi fácil. No final
das contas, elas tomaram uma decisão racional e dolorosa. Uma delas me disse: "A lei
não teve nenhuma importância nas minhas reflexões".
Philipp Lichterbeck queria abrir um novo capítulo em sua vida quando se mudou de
Berlim para o Rio, em 2012. Desde então, ele colabora com reportagens sobre o Brasil
e demais países da América Latina para os jornais Tagesspiegel (Berlim),
Wochenzeitung (Zurique) e Wiener Zeitung. Siga-o no Twitter em @Lichterbeck_Rio.
https://www.dw.com/pt-br/sobre-o-aborto-no-brasil/a-44995213
https://p.dw.com/p/32nJF
POR QUE O DEBATE SOBRE DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO NÃO AVANÇA NO
BRASIL?
Uol Universa reproduz RFI, 08 de agosto de 2018
[A RFI é uma rádio francesa de notícias que transmite para o mundo todo em francês e
em outros 14 idiomas...]
A descriminalização do aborto foi tema de audiência pública no Supremo Tribunal
Federal (STF) nos dias 3 e 6 de agosto.
“Não é direito de ninguém matar um inocente. Se não quer ter filhos, não os faça”, diz
um internauta na publicação sobre a audiência pública na página do STF no Facebook.
“Mulheres, apenas fechem as pernas”, diz uma usuária em um post da revista "Marie
Claire Brasil" sobre o aborto.
423
Nas redes sociais, circulam dezenas de memes comparando a vida de fetos aos de
animais abatidos em touradas ou informações sobre falsas pesquisas. Uma delas diz
que, se a interrupção da gravidez for legalizada, 90% dos bebês serão abortados e a
população brasileira será brevemente extinta.
O debate no Brasil sobre uma questão que na França é considerada intrínseca à
liberdade pessoal e à saúde da mulher intriga a imprensa francesa. A revista
"Marianne" avalia o debate como “crucial”, em um momento em que “o Brasil teme
um endurecimento contra o aborto com uma proibição para qualquer caso”.
No entanto, a matéria lembra que a possibilidade de descriminalização do aborto no
país é praticamente nula, com a oposição de 64% dos brasileiros, influenciados pelo
domínio da igreja católica ou pela ascensão dos movimentos evangélicos.
Já o jornal "Le Figaro" lembra que, atualmente no Brasil, o aborto é autorizado apenas
em gravidez ocorrida devido a estupros, que comprometa a vida da mãe ou em casos
de anencefalia. “Fora desses casos, a mulher que recorre à interrupção voluntária da
gestação corre o risco de ser condenada a três anos de prisão”, destaca.
Para o jornal "Le Monde", a realidade do aborto no Brasil “é alarmante”. “Entre 500
mil e um milhão de interrupções de gravidez acontecem a cada ano na ilegalidade, 250
mil mulheres são hospitalizadas devido a complicações e mais de 200 morrem
praticando o aborto a cada ano”, lembra o diário.
Na França, a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) – foi legalizada em 1975 e vale
para todos os casos. A líder da causa, Simone Veil, é uma das personalidades modernas
mais admiradas pelos franceses. Falecida em 2017, seus restos mortais foram
levadosneste ano ao Panteão, onde repousam dezenas das mais importantes figuras
da História do país.
Debate anacrônico
Por que no Brasil, país ocidental, maior economia da América Latina, o debate
acontece tão tarde e é crivado de preconceitos e desinformação? Para a advogada
Carla Vitória, integrante da Sempreviva Organização Feminista, o conservadorismo
religioso é um grande responsável pela inflexibilidade da boa parte da população sobre
a questão, “que é uma das identidades do Brasil” e que, segundo a militante, vem
avançando nos últimos anos.
424
“Existem diversos projetos de lei, defendidos por figuras políticas importantes no
Congresso Nacional que visam restringir o aborto em casos em que ele é legal hoje como o Estatuto do Nascituro e a ‘Bolsa Estupro’ - para evitar que uma mulher
interrompa uma gravidez que aconteceu porque ela foi violentada”, ressalta Carla
Vitória.
Outra razão apontada pela advogada é a questão econômica. “Se pegarmos o mapa do
mundo, quase todos os países que chamamos de ‘sul político’ criminalizam o aborto;
na América Latina, as únicas exceções são Cuba e Uruguai. Já no ‘norte político’, a
situação se inverte. O controle da maternidade diz muito sobre a imposição de que as
mulheres tenham mais filhos e há toda uma questão econômica atrelada a isso”,
ressalta.
Heloisa Righetto é mestranda de Estudos de Gênero da Universidade de Goldmisths,
em Londres e co-fundadora da plataforma Conexão Feminista. Segundo ela, o
conservadorismo da sociedade brasileira, aliado a um imobilismo, também impede que
o debate sobre a questão evolua.
“Muitos ativistas insistem que o aborto, se for legalizado, será opcional. Mas as
pessoas que são contra já sabem disso. Elas simplesmente acham que interromper a
gravidez é imoral e têm medo de confrontar essa ideia, porque sempre fomos
ensinados que abortar é errado e elas não querem lidar com esse conflito”, avalia.
O machismo da sociedade brasileira também emperra a evolução das discussões sobre
uma prática que, mesmo sendo ilegal, é realizada por uma a cada cinco mulheres até o
final da vida reprodutiva, aos 40 anos, segundo estudo de 2016 do Anis Instituto de
Bioética.
“Há a ideia de que a principal função das mulheres na sociedade é a reprodução, além
da culpabilização delas por exercerem sua sexualidade livremente. A coisa mais
comum nos argumentos contra a legalização do aborto é que se a mulher teve uma
relação sexual consentida e engravidou, ela tem que assumir as consequências. Como
se a maternidade fosse um castigo por essa mulher ter tido uma relação sexual”, diz
Carla Vitória.
A militante lembra que a maior parte dos defensores da manutenção da criminalização
do aborto no STF foram homens. “Aqui no Brasil temos uma população de 52% de
mulheres e apenas 9% delas estão no Congresso Nacional. Ou seja, os representantes
políticos da sociedade são homens, da classe média, brancos. Tudo isso interfere não
apenas no discurso contra a legalização do aborto, mas no direcionamento das
pesquisas sobre quem são as mulheres que abortam e quais são as condições de vida
425
delas. Isso é investigado quando há mulheres na ciência e em espaços de poder”,
salienta.
Um machismo que não deixa de atingir e ser difundido pelas próprias mulheres. Há
alguns meses, a revista "Marie Claire Brasil" vem publicando uma série de reportagens
defendendo a descriminalização do aborto no Brasil. Em suas postagens, leitoras se
manifestam criticando de forma controversa as próprias mulheres que interromperam
ilegalmente suas gestações.
“O triste é saber que mulheres querem ‘essa liberdade’ para viver na libertinagem”, diz
uma internauta em uma das publicações da revista no Instagram.
Para Heloisa Righetto, essas mulheres também são vítimas da própria opressão
machista que vivem diariamente. “Elas perpetuam algo que para elas é normal. É uma
espécie de Síndrome de Estocolmo. Conseguir identificar e se separar daquele que as
oprime é difícil e doloroso, porque são os homens das vidas delas que fazem parte
disso. Desta forma, é perigoso taxar as mulheres como machistas porque, com isso,
cria-se mais um preconceito contra elas”, avalia.
Evolução das mentalidades
Apesar da lentidão para o avanço das consciências em relação aos direitos das
mulheres no Brasil, o debate serve para, ao menos, sensibilizar a população sobre a
questão, avaliam as duas ativistas entrevistadas pela "RFI".
“É extremamente necessário discutir o aborto no Brasil. Ele é uma realidade, é um fato
social. Independentemente de as pessoas serem contra ou a favor, isso acontece,
principalmente entre as mulheres pobres e negras que têm que recorrer a clínicas
clandestinas e a médicos que colocam em risco a saúde, integridade física e a vida
delas”, salienta Carla Vitória.
“Eu estou otimista. Falar é bom porque faz os pensamentos evoluírem”, afirma Heloisa
Righetto. A co-fundadora do Conexão Feminista diz que se surpreendeu com mulheres
religiosas defendendo a descriminalização do aborto no STF.
“Vejo esse debate como muito positivo. Não lembro de uma discussão dessa dimensão
ter acontecido no Brasil até hoje desta forma, tomando conta das redes e mobilizando
tantas pessoas”, conclui.
426
Não há prazo para a ministra Rosa Weber, sorteada para ser a relatora da ação,
apresentar seu parecer sobre a audiência pública. O relatório do debate será
encaminhado por ela aos outros ministros do STF, e não tem data para votação. A
decisão dos magistrados, não tem poder de decisão, mas pode ser um primeiro passo
em direção de uma futura descriminalização.
https://universa.uol.com.br/noticias/rfi/2018/08/08/por-que-o-debate-sobredescriminalizacao-do-aborto-nao-avanca-no-brasil.htm
http://br.rfi.fr/brasil/20180807-por-que-o-debate-sobre-descriminalizacao-do-abortodemora-avancar-no-brasil
A DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO DEVE SER PENSADA COMO POLÍTICA PÚBLICA,
NÃO DISCUSSÃO RELIGIOSA
Cláudio Ferraz, Nexo Jornal, 09 de agosto de 2018
Enquanto temos essas discussões, algo em torno de 240 mil admissões hospitalares
acontecem anualmente no SUS como consequência de complicações advindas de
abortos, gerando custos estimados na ordem de R$ 45 milhões, além, é claro, de um
grande número de mortes
A audiência no Supremo sobre a descriminalização do aborto gera discussões
apaixonadas. De um lado “defensores da vida” acusando mulheres que praticam o
aborto e seus defensores de assassinas e assassinos. Do outro lado, mulheres que
pedem liberdade de escolha e autonomia sobre seus corpos. Esse é um tema que gera
um enorme espaço para discussões éticas, religiosas e filosóficas.
Mas enquanto temos essas discussões, algo em torno de 240 mil admissões
hospitalares acontecem anualmente no SUS como consequência de complicações
advindas de abortos, gerando custos estimados na ordem de R$ 45 milhões, além, é
claro, de um grande número de mortes. Essas internações e mortes não são
distribuídas de forma homogênea na população brasileira. Mulheres mais pobres e
negras têm muito mais chance de sofrerem consequências negativas de abortos
ilegais. Como disse Michelle Oberman em artigo recente no NYT sobre a América
Latina: “a criminalização do aborto simplesmente cria novas formas de o Estado
intensificar a miséria dos mais pobres”.
O debate que está sendo feito no STF é muito bem-vindo. Tornar uma mulher uma
criminosa por fazer um aborto não só não soluciona o problema de gravidezes
427
indesejadas, mas cria um mercado clandestino em que médicos e clínicas ilegais
ganham rendas sem o necessário controle de qualidade. Como essas clínicas e médicos
estão atuando ilegalmente, eles não podem ser responsabilizados por procedimentos
equivocados, criando incentivos perversos e consequências nocivas para as pacientes,
e para o país.
No lugar de criminalização, precisamos pensar em políticas públicas que consigam
diminuir as taxas de abortos, por meio de educação para a prevenção de gravidezes
indesejadas. O foco da discussão deveria ser em políticas que empoderem as mulheres
não só em relação ao direito de decidir sobre seus corpos, mas para obter informação,
ter aspirações, e melhorar sua educação e renda.
Um resumo de avaliações de impacto de políticas na Ásia, África e América Latina
mostra que intervenções focadas em informação sobre saúde sexual e reprodutiva,
programas que aumentam aspirações de meninas adolescentes e subsídios para
que meninas terminem o ensino médio podem ter efeitos significativos na redução de
gravidezes indesejadas. Com isso, as mulheres poderão tomar melhores decisões sobre
fertilidade, que se transformarão em melhores resultados para a sociedade como um
todo.
Claudio Ferraz é professor da Cátedra Itaú-Unibanco do Departamento de Economia
da PUC-Rio e diretor científico do JPAL (Poverty Action Lab) para a América Latina. É
formado em economia pela Universidade da Costa Rica, tem mestrado pela
Universidade de Boston, doutorado pela Universidade da Califórnia em Berkeley e foi
professor visitante na Universidade Stanford e no MIT. Sua pesquisa inclui estudos
sobre as causas e consequências da corrupção e a avaliação de impacto de políticas
públicas.
https://www.nexojornal.com.br/colunistas/2018/A-descriminaliza%C3%A7%C3%A3odo-aborto-deve-ser-pensada-como-pol%C3%ADtica-p%C3%BAblica-n%C3%A3odiscuss%C3%A3o-religiosa
BRASILEIRAS PROCURAM ABORTOS SEGUROS NOS POUCOS PAÍSES DA AMÉRICA
LATINA ONDE PRÁTICA É LEGAL
Nathalia Passarinho, BBC News Brasil, 10 de agosto de 2018
428
Direito de imagem EITAN ABRAMOVICH
Há oito meses, Rebeca Mendes Silva, a primeira mulher a pedir ao Supremo Tribunal
Federal (STF) para fazer um aborto no Brasil, interrompia a gestaçãolegalmente, com
assistência médica e psicológica na Colômbia, para onde foi depois de ter o pedido
negado pela Justiça brasileira. Saiu da clínica com o método contraceptivo que
escolheu, após ser aconselhada pelos profissionais de saúde: um implante hormonal
subcutâneo com duração de três anos.
Assim como ela, dezenas de mulheres brasileiras que se encontram diante de uma
gestação indesejada têm optado por viajar aos poucos países do continente americano
onde o aborto é legalizado, segundo representantes de ONGs de proteção aos direitos
das mulheres ouvidas pela BBC News Brasil.
De acordo com o advogado criminalista Pierpaolo Bottini, se a mulher fizer o
procedimento num país onde a prática não é considerada crime, ela não pode ser
processada e punida ao retornar ao Brasil.
"Nosso Código Penal diz que você só responde por crimes cometidos em território
nacional. Você pode responder, excepcionalmente, por crimes praticados fora desde
que seja um crime também no país onde o ato foi cometido", disse.
Mas a opção de fazer uma viagem internacional só é acessível para quem tem recursos
ou consegue o apoio de ONGs, como Rebeca - ela teve passagem e procedimento
pagos por entidades de defesa dos direitos das mulheres.
429
Direito de imagem EITAN ABRAMOVICH
Por pouco - mais precisamente, por sete votos - a Argentina não se torna uma opção a
mais para quem quer interromper a gravidez de forma segura e legal fora do Brasil.
Depois de ser aprovado em junho pela Câmara, um projeto de lei que legalizaria o
aborto até a décima quarta semana foi rejeitado pelo Senado argentino por 38 votos a
31.
Atualmente, a interrupção da gestação é crime na Argentina. O aborto só é permitido
em caso de estupro e risco de vida para a mãe.
Países da América onde o aborto é permitido
No Caribe e América do Sul, apenas Cuba, Guiana Francesa, Guiana, Porto Rico e
Uruguai permitem a interrupção da gestação amplamente, em todo o território.
O Uruguai, entretanto, só oferece o procedimento de aborto a estrangeiras que
estiverem morando lá há pelo menos um ano. A Colômbia admite a interrupção da
gravidez desde 2006 - por decisão da Suprema Corte do país - em caso de risco à saúde
física e mental da mulher, e em casos de estupro, incesto e deformidade severa do
feto.
430
Na prática, isso permitiu o aborto em caso de gravidez indesejada, na medida em que
se considera que obrigar a mulher a continuar com uma gestação contra a sua vontade
é impor a ela sofrimento psicológico.
Colombianas podem fazer o procedimento pelo sistema público de saúde, e clínicas
particulares oferecem o serviço tanto para nacionais quanto para estrangeiras.
Pelo menos uma mulher brasileira se dirige à Colômbia a cada mês para fazer o
procedimento de aborto, segundo a antropóloga Débora Diniz, professora da
Universidade de Brasília e coordenadora do Instituto de Bioética Anis, voltado a
pesquisas relacionadas aos direitos das mulheres.
Mas os altos custos limitam o acesso a esse tipo de alternativa de interrupção da
gestação. No Brasil, o aborto é crime, com pena de até três anos de prisão para a
gestante. Só é possível interromper a gestação em caso de estupro, risco de vida para
a mãe e feto com anencefalia - neste último caso, a decisão foi tomada pelo Supremo
Tribunal Federal.
431
"Eu diria que é na ordem de uns R$ 6 mil (os custos totais para fazer um aborto na
Colômbia). Ou seja, é muito dinheiro", disse Débora Diniz à BBC News Brasil.
"Além do que, há uma série de documentos exigidos que não fazem parte da vida da
mulher média brasileira, desde ter a vacina internacional de febre amarela a
passaporte e outros documentos. Então, é uma opção muito limitada e concentrada
nas mulheres mais abastadas."
A argentina Giselle Carino, diretora regional da ONG de defesa dos direitos das
mulheres International Planned Parenthood Federation, também diz que o principal
destino de brasileiras quando querem fazer um aborto legal é a Colômbia, porque lá há
mais clínicas e hospitais que fornecem o serviço. A ida de venezuelanas à Colômbia
com a mesma finalidade também é frequente, segundo ela.
"Por causa do arcabouço legal e da infraestrutura, as venezuelanas e brasileiras têm
procurado mais a Colômbia. A Cidade do México também é procurada, mas mais
frequentemente por mulheres que moram nos países vizinhos", disse ela à BBC News
Brasil.
No México, o aborto é permitido na capital do país até a décima segunda semana de
gestação.
Mais recentemente, a Bolívia flexibilizou a legislação sobre aborto, para
descriminalizar a prática quando feita nas primeiras oito semanas de gestação quando
a grávida for estudante ou tiver sob seus cuidados pessoas adultas com incapacidades,
crianças com deficiência, ou outros "menores consanguíneos".
Mas, segundo Giselle Carino, a realidade ainda é de difícil acesso ao serviço. Por isso,
dificilmente a Bolívia é procurada por estrangeiras interessadas em fazer um aborto. E,
assim como Débora Diniz, Carino destaca que, ainda que a procura tenha aumentado,
a opção de fazer um aborto fora de seu país não é realidade para as mulheres mais
pobres.
"Há muitas disparidades na região. Mulheres que não têm dinheiro ou acesso à
informação para pedir ajuda não conseguem fazer um aborto fora do país", diz.
Aconselhamento para evitar aborto de 'repetição'
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Luz Janeth é gerente de projetos do Profamilia, empresa privada da Colômbia que tem
30 clínicas no país destinadas a pesquisas sobre saúde sexual e atendimento de
mulheres que querem interromper a gravidez.
Foi numa delas que Rebeca Mendes fez o procedimento de aborto, em dezembro.
Segundo Janeth, a instituição já recebeu mais de 220 estrangeiras desde 2014, para
interrupção de gestação.
Lá, elas recebem atendimento médico, psicológico e saem com um método
contraceptivo, além de serem aconselhadas sobre todas as formas de evitar uma
gestação.
O objetivo é evitar que a mesma mulher engravide novamente e volte a fazer um
aborto. De acordo com a médica ginecologista Melania Amorim, professora do
Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira, em Pernambuco, os chamados
"abortos de repetição" são mais de 40% dos abortos provocados.
"Com o acolhimento das mulheres durante e após o aborto, você evita um próximo
aborto. Você consegue ouvir a mulher e aconselhá-la a usar um método contraceptivo
eficiente", afirma.
Segundo estudo da Organização Mundial de Saúde em parceria com o Guttmacher
Institute, de Nova York, a incidência do aborto tem recuado nos países onde a prática é
majoritariamente legalizada. Enquanto entre 1990 e 1994, 39% das gestações em
países desenvolvidos terminaram em aborto, esse índice caiu para 28% no período de
2010 a 2014. Já na América Latina e Caribe a taxa cresceu no mesmo intervalo de
comparação, passando de 23% para 32%, reflexo da conjunção da falta de políticas de
planejamento familiar e acesso a métodos contraceptivos com o aumento do desejo
por famílias menores.
América Latina no contexto global
Na América Latina e no Caribe, 97% das mulheres vivem sob regras que proíbem ou
restringem sensivelmente o aborto, impedindo a liberdade de escolha, calcula o
Guttmacher Institute, organização americana focada em diretos sexuais e
reprodutivos.
São países em que o aborto é totalmente proibido ou permitido apenas em casos de
estupro ou quando a gravidez representa risco à saúde da gestante.
433
Mas, segundo o mesmo instituto, essa situação não se reflete em níveis globais: a
maioria das mulheres em idade reprodutiva no mundo (cerca de 60%) vive em países
onde o aborto é permitido em circunstâncias amplas ou sem restrições. Isso inclui 74
nações em que é possível interromper a gravidez sem necessidade de qualquer
justificativa ou que autorizam o procedimento em uma larga gama de situações,
inclusive por razões socioeconômicas.
O aborto é permitido nos Estados Unidos e Canadá, e na esmagadora maioria dos
países da União Europeia. Em alguns países, o procedimento é oferecido
gratuitamente aos cidadãos, pelo serviço público de saúde, como é o caso do Reino
Unido.
A advogada Angela Vidal Gandra Martins, da União dos Juristas Católicos de São Paulo,
argumenta que a legislação sobre aborto no Brasil não deve se pautar pela lei de
outros países. Ela questiona a classificação de países ricos que permitem a interrupção
voluntária da gravidez como "desenvolvidos".
"Não significa desenvolvimento aprovar o aborto. São países utilitaristas que venceram
economicamente. Hoje a gente tem visão de que o progresso é econômico e de uma
moralidade pública baseada numa falsa liberdade que é utilizar o outro como meio
para os próprios fins. Nem todo desenvolvimento econômico significa relações
humanas profundas", defendeu.
Já a antropóloga Debora Diniz argumenta que a América Latina não acompanhou o
movimento de legalização do aborto no mundo desenvolvido porque a maioria dos
países estava sob ditadura militar entre os anos 60 e 80. Ela ressalta que esses
regimes, em geral, contavam com apoio de setores conservadores religiosos.
"Nós estamos na região mais conservadora do mundo em termos de legislação por
uma herança de uma ausência de debate público qualificado para questões
democráticas e de direitos individuais. Essa é a primeira geração de mulheres (no
continente) que está vivendo fora de ditaduras militares, governos em que as igrejas
eram muito fortes", analisou.
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45135808
DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS TÊM CINCO ANOS DE QUEDA EM PORTUGAL PAÍS,
ONDE 379 BRASILEIRAS ABORTARAM EM 2016, LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM 2007
434
Giuliana Miranda, Folha/Uol, 12 de agosto de 2018
Uma década após ter aprovado a descriminalização do aborto, Portugal enfrenta
tendência de queda no número de procedimentos realizados e conseguiu zerar a
mortalidade materna nesses casos.
O aborto chegou a ser a terceira principal causa de morte entre as mulheres
portuguesas na década de 1970. Já no século atual, foram 14 mortes entre 2002 e
2007 — ano em que foi aprovada a descriminalização. Desde 2011, não houve mais
nenhum óbito no país relacionado à interrupção voluntária da gravidez.
O número de complicações causadas por abortos inseguros e irregulares, como
perfuração do útero e hemorragias graves, passou para índices residuais em Portugal.
Logo após a mudança na legislação, houve uma ligeira alta na quantidade de abortos
entre 2008 e 2011. Desde então, porém, houve cinco anos consecutivos de diminuição.
Os dados mais recentes indicam que, em 2016, houve 15.416 abortos a pedido da
mulher. O número é 14,4% inferior ao de 2008 —primeiro ano com estatísticas
completas.
Estrangeiras residentes, independentemente de estarem regularizadas, também
podem abortar na rede pública. Em 2016, 379 brasileiras abortaram em Portugal.
Em seu último relatório, a Direção-Geral da Saúde de Portugal disse que, antes da
descriminalização, a quantidade de abortos na população portuguesa chegava a 20 mil.
“Ao longo dos anos, este número nunca foi ultrapassado”, afirma. O órgão diz que
desde 2011 há registro de diminuição de interrupções da gravidez tanto em números
absolutos como por mil nascidos vivos e que a taxa tem ficado abaixo da média
europeia.
Pelos últimos dados comparáveis disponíveis, de 2014, a Europa tinha 228 abortos
para cada mil nascidos vivos, contra 204 em Portugal —que atualmente tem taxa de
183.
435
Entidades de saúde pública e direito reprodutivo associam os resultados à orientação
sobre métodos contraceptivos de longa duração feita obrigatoriamente pelas
mulheres que interrompem a gestação no país.
“Em Portugal, ao contrário do que acontece em outros países da Europa, a interrupção
voluntária da gravidez é também uma oportunidade de aconselhamento
contraceptivo. A maioria das mulheres está motivada, verificando-se uma tendência
muito superior à da população em geral para uso de métodos de contracepção de
longa duração”, afirma a Sociedade Portuguesa da Contracepção.
O governo português diz que, em 2016, 94,5% das mulheres que se submeteram a
aborto por opção escolheram uma forma de contracepção após se submeterem ao
procedimento. Dessas, 39% escolheram um método de longa duração (dispositivo
intrauterino, implante contraceptivo ou laqueadura de trompas). Se quiserem, as
mulheres podem sair do hospital, lo go depois do aborto, já com um DIU (Dispositivo
Intrauterino) ou implante hormonal.
Antes proibido e sujeito a sanções legais, o aborto foi legalizado em Portugal em um
referendo em fevereiro de 2007, quando o “sim” venceu com 59% dos votos.
A aprovação, no entanto, foi repleta de polêmicas. Em 1998, outro referendo havia
rejeitado a legalização do aborto no país, com 50,9% dos votos.
436
Em 2007, o governo do socialista José Sócrates conseguiu convocar uma nova consulta
popular. Com cerca de 90% da população declaradamente católica, a questão religiosa
permeou parte do debate.
Atualmente, o aborto é realizado no sistema público de saúde sem custos. Portugal, no
entanto, tem uma das legislações mais restritivas da Europa em relação à idade
gestacional, permitindo a interrupção da gravidez apenas até a 10ª semana. Na
Holanda, por exemplo, o aborto é permitido até a 22ª semana. Na Suécia, até a 18ª
semana.
Cerca de 70% das interrupções de gravidez são feitas com medicamentos, sem
necessidade de cirurgia. Nesses casos, as mulheres podem optar entre fazer o
procedimento no hospital ou em casa.
Menores de 16 anos precisam de autorização escrita de um dos responsáveis para
realizarem o procedimento.
437
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/08/descriminalizados-abortos-temcinco-anos-de-queda-em-portugal.shtml
POR DENTRO DE UMA CLÍNICA DE ABORTO NOS EUA
Valeria Perasso, Serviço Mundial da BBC reproduzido por BBC Brasil, 12 de agosto de
2018
S. OLSON / GETTY IMAGES
Dez mulheres andam por um corredor lotado e iluminado com uma luz fluorescente.
Nuas da cintura para baixo, elas usam enormes lençóis brancos amarrados sobre os
438
quadris, enquanto se dirigem à "sala de relaxamento", um quarto sem janela
equipado com grandes sofás e uma TV. Elas aguardarão ali a sua vez de realizar um
aborto.
Estamos no Hope Medical Group, uma pequena clínica de aborto em Shreveport,
Louisiana (sul dos EUA), que atende uma ampla região rural do Estado e dos vizinhos
Texas, Arkansas e Mississippi. Trinta mulheres haviam agendado abortos no dia da
visita da reportagem da BBC, e apenas uma delas faltou.
"Achou lotado? Espere para ver como são os sábados", diz Kathaleen Pittman, 60 anos,
administradora da clínica.
Pittman conta que tem dificuldades em dormir à noite, mas não por culpa. "De jeito
nenhum. É porque fico preocupada em como podemos cuidar de nossas pacientes com
todas essas novas regras que estão tentando impor", diz.
Clínicas como a Hope enfrentam forte oposição do governo conservador de Donald
Trump. Meses atrás, a Casa Branca anunciou uma proposta de cortar o financiamento
federal de organizações que ofereçam ou discutam o aborto com suas pacientes.
A Planned Parenthood, uma das organizações alvejadas, afirmou que a proposta é
"perigosa, ultrajante e de consequências devastadoras". Já ativistas antiaborto
agradeceram Trump por "cumprir uma promessa crucial" de campanha.
Quando Pittman começou a trabalhar no Hope Medical Group, nos anos 1980, o
cenário era diferente da polarização atual.
Havia em Louisiana 11 organizações que ajudavam mulheres que decidiam
interromper a gestação; hoje, há apenas três, às quais recorrem 10 mil mulheres,
estima Pittman.
Pelo país inteiro, o número de clínicas caiu na última década. Sete Estados têm apenas
um estabelecimento cada.
E, ante regras de funcionamento cada vez mais rígidas e financiamento escasso, esses
locais vivem pressão crescente. Em 2017, 19 Estados aprovaram 63 restrições à prática
do aborto. Vinte e nove Estados atualmente têm restrições o bastante para serem
considerados hostis a diretos reprodutivos femininos, segundo o centro de pesquisas
Guttmacher Institute.
439
No âmbito federal, Trump também mudou o equilíbrio da Suprema Corte – até então
com quatro juízes conservadores e quatro liberais – com a nomeação, para um lugar
vago desde o governo Obama, do juiz conservador Neil Gorsuch, além de cortar verbas
a grupos que orientam mulheres que querem abortar.
E ativistas antiaborto também passaram a se mobilizar mais desde as eleições
presidenciais de 2016.
"Vou te dizer, as coisas não estão melhorando", desabafa Pittman.
Lucy
Lucy viajou três horas para chegar à clínica Hope. Grávida de oito semanas, ela tirou
uma dia de licença do trabalho como caixa de loja em uma cidade que ela prefere não
citar. Pediu a uma amiga que a levasse ali.
Ela se senta com a filha de dez meses de idade. Lucy, 21 anos, não deseja mais um
bebê.
"Quero voltar a estudar, e não vai dar com duas crianças", diz.
Ela pretende realizar o aborto, a despeito dos desejos do pai das crianças.
"É o mesmo cara do meu primeiro bebê, e ele nem cuida dela, então não posso
esperar que ele cuide de um segundo filho."
Lucy é levada para uma sessão de aconselhamento obrigatória, segundo a lei estadual.
É uma conversa com uma das conselheiras da clínica, e ambas discutem o
preenchimento de um longo formulário de consentimento.
Delia, a conselheira, explica em detalhes os potenciais riscos do procedimento – como
infecções, coágulos, hemorragia ou perfuração da parede do útero.
Lucy escuta, mas sem demonstrar hesitação. Explica que talvez precise de ajuda
financeira, uma vez que o procedimento custa US$ 550 (R$ 1,7 mil), mais do que seu
salário de US$ 525 (R$ 1,6 mil). Em Louisiana, o Estado só cobre os custos de abortos
em casos de estupro, incesto ou risco de vida.
Uma contribuição da própria clínica reduzirá os custos para US$ 400. Lucy agenda uma
consulta para cinco dias depois.
440
"Terça? Tudo bem", ela diz. "Quarta-feira é meu dia de folga, então poderei
descansar."
Uma divisão de 45 anos
O aborto é legalizado nos EUA desde um julgamento histórico da Suprema Corte em
1973, conhecido como Roe X Wade.
O tema gera intensos debates desde então, com divisões ideológicas e religiosas.
E. HAMBACH / GETTY IMAGES
Um estudo de 2017 do Centro de Pesquisas Pew apontou que "a divisão partidária
quanto ao aborto está muito mais polarizada" do que duas décadas atrás.
E isso ficou evidente na mais recente eleição presidencial.
Durante a campanha, Trump prometeu agir para fazer "avançar os direitos de crianças
não nascidas e suas mães", mas sua escolha para vice – Mike Pence, um dos mais
ativos políticos antiaborto do país – agradou simpatizantes conservadores.
441
Os resultados para o governo Trump foram ambíguos. Uma lei destinada a impedir o
financiamento da Planned Parenthood, maior rede de clínicas para mulheres dos EUA,
não passou no Congresso.
Mas, em janeiro, Trump emitiu uma medida que, na prática, favorece os Estados que
excluam clínicas do tipo do financimento estadual. Outra medida permite que agentes
de saúde se recusem a realizar abortos com base em objeções "religiosas ou morais".
Segurança e vigilância
Na entrada da Hope, uma recepcionista abre a passagem para as pacientes através de
uma porta com segurança reforçada, que ela monitora com 15 câmeras.
Casos de invasão, roubos e vandalismo cresceram de modo acentuado em clínicas pelo
país desde a campanha das eleições presidenciais de 2016.
442
Relatos de ameaças e intimidações a funcionários dessas clínicas também
aumentaram, segundo a Federação Nacional do Aborto (NAF, na sigla em inglês),
associação de médicos que compila estatísticas desde 1977.
Ameaças de violência ou morte quase dobraram nas clínicas no ano passado; casos de
invasões mais do que triplicaram em relação a 2016.
Por conta disso, os médicos da Hope pedem anonimato à reportagem.
443
"Os inimigos do aborto têm destruído nossa capacidade de sobreviver", diz um
ginecologista que trabalha ali há 36 anos.
Ele realiza abortos duas vezes por semana e mantém uma clínica privada na cidade.
Ativistas antiaborto deixaram panfletos em seu consultório, dizendo aos vizinhos que
ele "mata bebês" e ameaçando "levá-lo a Jesus". Ele precisou pedir proteção policial
em sua casa.
"A pressão é tamanha que outros médicos decidiram parar de fazer abortos", conta.
Mas ele não planeja seguir o mesmo caminho. "É um serviço necessário,
especialmente em um Estado pobre e historicamente contrário ao direito de escolha
(como Louisiana)."
Ativistas
"O debate sobre o aborto está mais proeminente porque não há questões mais
importantes na vida do que a vida em si", diz Chris Davis, porta-voz da comunidade
antiaborto de Shreveport.
Ele conversa com a reportagem da BBC na entrada da Bossier Medical Suite, que
fechou as portas em abril de 2017. O estacionamento da casa agora está vazio.
"Antes, aqui ficava lotado de carros", conta Davis. "Rezávamos diariamente aqui fora e
achamos que Deus atendeu nossas preces de forma grandiosa."
Davis, pai de três filhos que se define como um "forte cristão", participa de vigílias
constantes nas calçadas das clínicas.
Seu grupo se chama Praying Warriors (guerreiros das orações, em tradução livre). Eles
acampam fora do perímetro das clínicas e tentam chamar a atenção das pacientes a
caminho do local. Leis de propriedade os impedem de entrar no terreno das clínicas.
"Nosso foco não é necessariamente reverter (o resultado do julgamento) Roe X Wade
da noite para o dia", diz Davis.
"A cada mulher que muda de ideia depois de falar conosco ou rezar, o Roe X Wade é
derrubado pelos esforços de raiz. Uma mulher, um bebê por vez."
444
Catalya
Catalya evita qualquer contato com os manifestantes enquanto apressa o passo em
direção à clínica.
Vestida com uma calça de moletom, chinelos e uma camiseta vermelha gasta, a jovem
de 22 anos dirigiu durante duas horas desde o Texas para realizar um aborto. É o seu
segundo.
"Eu e meu namorado concordamos que não temos como sustentar uma criança no
momento. Era ou aborto, ou (entregar para) adoção... E simplesmente não consigo me
imaginar entregando meu filho."
O casal já tem uma criança de um ano.
"Trabalho à noite, e o pai trabalha de manhã", ela diz. "Mas temos tido menos oferta
de trabalho recentemente, está sendo difícil seguir em frente."
Juntos, eles ganham cerca de US$ 800 (R$ 2,4 mil) em turnos de dez horas em uma
empresa de processamento alimentar.
"E nunca estamos juntos com o Andre (filho do casal). Isso já é ruim, então como
podemos fazer mais uma criança passar por isso?"
445
Se ganhasse mais dinheiro, diz Catalya, "com certeza" prosseguiria com a gravidez.
Casos como o dela são comuns na clínica. Dificuldades financeiras, dizem os
administradores, são a principal razão dada pelas mulheres – em sua maioria
afroamericanas, com poucas oportunidades educacionais e baixo acesso a
contraceptivos – para pôr fim a suas gestações.
Catalya diz que está hesitante quanto a seguir adiante com o aborto, mas não
compartilha essa preocupação com sua conselheira.
Ela acha que a questão é pessoal e tem de ser resolvida dentro de casa – seu
namorado ainda não está convencido do aborto.
O ultrassom confirma que Catalya está grávida de cinco semanas. Ela se recusa a olhar
o monitor durante o exame.
No fim da consulta, ela cai em prantos. "Não é culpa do bebê... Não é culpa de
ninguém. Simplesmente não temos como sustentá-lo, me desculpe."
Batalhas estaduais
Voltar a tornar o aborto ilegal nos EUA seria algo complexo: apenas a Suprema Corte
ou uma emenda constitucional teria poder de reverter Roe X Wade.
446
Então, em anos recentes, conservadores tentaram mudar as leis em âmbito estadual,
em vez de buscar um veto total.
Nos primeiros seis meses do governo Trump, houve 431 medidas restringindo o acesso
ao aborto em Estados americanos, segundo o Guttmacher Institute.
Louisiana tem uma das leis mais controversas de todas: veta o aborto após 15 semanas
de gestação, em vez do limite de 20 semanas determinado pelo Senado em abril.
Se a lei for promulgada, será o segundo mais rígido limite em âmbito nacional, ao lado
de Mississippi e atrás apenas de Iowa.
Críticos consideram essas leis inconstitucionais.
"Restrições, restrições", diz Kathaleen Pittman. "Provavelmente a primeira que nos
afetou dramaticamente foi o período de espera de 24 horas."
Desde 1995, todas as mulheres têm de se consultar com o médico ao menos 24 horas
antes de realizar um aborto, em duas consultas separadas. Louisiana quer ampliar esse
período para 72 horas, mas a lei foi contestada na Justiça pelo Centro de Direitos
Reprodutivos.
"O sistema de duas consultas já é difícil o bastante", diz Stephannie Chaffee, que
trabalha com Pittman há dez anos.
"Muitas mulheres perdem dias de trabalho e salário, muitas têm de arrumar alguém
para cuidar de seus filhos. E têm de fazer isso duas vezes. Elas vêm de longe, às vezes
têm de pagar acomodação. Impor um período de 72 horas tornaria esse processo
ainda mais custoso."
Ela acha que isso tampouco vai dissuadir as mulheres de realizar o aborto.
"95% das que nos procuram já pensaram longamente antes de ligar para cá", afirma
Chafee. "Então a espera obrigatória de 24 horas raramente as faz mudar de ideia."
Divisões
Enquanto uma tempestade tropical avança com força sobre Shreveport no sábado, a
clínica tem um de seus dias mais concorridos.
447
Há 50 abortos agendados, o dobro do registrado em dias de semana. As fortes chuvas
não impedem as pacientes de aparecer.
Lá fora, a atividade também é incessante. Um grupo de ativistas antiaborto se reúne
na calçada, munido de enormes guarda-chuvas.
São 32 deles, de idades variadas, peregrinando a passos lentos ao redor da clínica,
rezando e segurando cruzes, bíblias e rosários.
Uma van com um trailer roda por ali com um enorme cartaz colado na parede, com
uma imagem de um feto e as palavras: "Você vai me proteger?"
"Não estamos aqui para atacar médicos, mas sim para promover a vida bem onde ela
está sendo destruída", diz Richard Sonnier, que se ajoelha e joga as mãos ao céu.
Ele conta que, 40 anos atrás, pagou para sua namorada abortar e se arrepende disso
desde então.
"Agora é a nossa hora. Mudanças na lei vão levar ao fechamento de várias clínicas",
agrega o ativista Charles, segurando um crucifixo de madeira. "Já é hora de esta cidade
se livrar do aborto."
448
Embora o conservadorismo do atual governo tenha dado forças ao movimento
antiaborto, também encorajou vários defensores dos diretos reprodutivos, elevando o
número de voluntários nas clínicas.
Vestidos em coletes fluorescentes, eles acompanham as mulheres que saem dos carros
estacionados. "Elas já têm muito na cabeça; ver um rosto amigável as ajuda", diz Ron
Thurston, 69 anos, que frequentemente ajuda na Hope.
"Os manifestantes estão se dirigindo às pessoas erradas", agrega Christian, 23 anos.
"Essa batalha diz respeito a leis. Então não entendo por que eles acham que vão
conseguir o que querem gritando com mulheres já angustiadas."
Dentro da clínica, todos ficam de olho nas câmeras de segurança.
"Se nos sentimos intimidados? De jeito nenhum", diz Pittman, que se diz "ocupada
demais para ter raiva". Há uma multidão de pacientes a serem atendidas.
Após o aborto
A reportagem da BBC telefonou para Lucy uma semana após ela ter realizado o aborto
na Hope. Ela estava recuperada e de volta ao seu emprego como caixa.
Mas nem tudo saiu conforme o planejado.
"Foi muito ruim, muito dolorido, mesmo elas tendo dito que não seria", conta. Ela não
voltaria a se submeter ao procedimento, e não só por causa da dor física.
449
"Eu sinto... meio que arrependimento", diz. "Falei com o pai, e em retrospecto eu teria
ficado com o bebê. Não achei que fosse me arrepender, mas a verdade é que me
arrependo."
Catalya também seguiu adiante com o aborto, mas não mudou de opinião.
Seu parceiro a levou à clínica e esperou por ela.
"Claro que é uma decisão difícil, que não tomamos de modo casual", diz.
"Mas foi melhor para nossa família. Estou aliviada de ter tido a oportunidade, com
meus direitos como mulher, de ter tido um aborto."
*Alguns nomes foram alterados para proteger a identidade dos entrevistados
[Matéria reproduzida pelo Uol, com mesmo título e data... Não reproduzi todas as
imagens, há outras com fotos de políticos, pessoas na clínica...]
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-44177607
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2018/08/12/por-dentro-de-umaclinica-de-aborto-nos-eua.htm
INSTITUTO DE ADVOGADOS VÊ ABORTO COMO ASSASSINATO E ENVIA CARTA AO
SUPREMO. “NINGUÉM TEM LIBERDADE PARA MATAR, MESMO QUE SEJA A MÃE DO
EMBRIÃO VIVO” DIZ TEXTO
Folha/Uol, Rogério Gentile, 22 de agosto de 2018
A Comissão de Direitos Humanos do Instituto dos Advogados de São Paulo aprovou um
documento no qual afirma que "aborto é assassinato". "Não adianta querer negar,
morte é morte, diz o texto. "Ninguém tem liberdade para matar, mesmo que seja a
mãe do embrião vivo."
Fundado em 1874 com o propósito de promover o aprimoramento do estudo e da
prática da ciência jurídica, o instituto reúne alguns dos principais advogados do país.
450
Com cerca de 900 membros, tem como associado honorário, por exemplo, Ricardo
Lewandowski, ministro do Supremo Tribunal Federal, e os ex-ministros Antonio Cezar
Peluso e Sepúlveda Pertence.
O documento, aprovado no dia 13 de agosto, foi enviado para a ministra Rosa Weber,
relatora da ação que discute a descriminalização do aborto até a 12ª semana de
gravidez.
Grupo de mulheres pró-Aborto fazem protesto na frente do STF vestidas como
na série "The Handmaid's Tale"; o tribunal teve nesta segunda (6) o segundo
dia de audiência pública sobre a descriminalização do aborto Pedro Ladeira 06.ago.2018/Folhapress
O processo foi ajuizado no ano passado pelo PSOL, que argumentou que as razões
jurídicas que moveram a criminalização do aborto pelo Código Penal de 1940 "violam
os preceitos fundamentais da dignidade da pessoa humana, da proibição de tortura ou
tratamento desumano ou degradante, da saúde e do planejamento familiar de
mulheres, adolescentes e meninas."
No início do mês, houve uma audiência pública no STF como parte da preparação para
o julgamento, ainda sem data para ser realizado.
451
Hoje o aborto só é permitido em três tipos de gravidez: decorrente de estupro, que
cause risco à vida da mulher ou de feto anencéfalo.
Ao convocar a discussão, a ministra disse que o assunto é um dos temas jurídicos "mais
sensíveis e delicado", por envolver "razões de ordem ética, moral, religiosa, de saúde
pública e tutela de direitos fundamentais individuais".
Cerca de 60 pessoas participaram dos debates no STF, entre os quais profissionais da
área de saúde, advogados e representantes de organizações da sociedade civil e de
entidades religiosas.
"O aborto configura grave violação dos direitos humanos por institucionalizar o
assassinato por meio da interrupção consciente e cruel da vida do outro", escreveu
Ricardo Sayeg, presidente da comissão na carta enviada à ministra.
No documento, a Comissão de Direitos Humanos do instituto afirma que o direito da
mulher cessa onde o direito do outro começa. "E o direito da pessoa humana começa
com a concepção", diz o texto. "Como é possível se liberar, a pretexto da Justiça, o
assassinato da vida que começa com a concepção?", questiona o texto. "Morte é
interrupção da vida, e aborto é a interrupção do embrião vivo."
O texto lembra que a lei já estabelece as hipóteses possíveis de aborto no país e que
não cabe ao Poder Judiciário a tarefa de legislar.
Diz que, se liberar o aborto, o STF estará cometendo uma grave violação de sua missão
constitucional. "Liberar o aborto com lei expressamente criminalizando seria ideologia
pura, absolutamente incompatível com a imparcialidade do Poder Judiciário."
No final do documento, a comissão afirma que o parceiro é tão responsável, "inclusive
criminalmente", quanto à mulher pela proteção do embrião. "Os direitos humanos e a
dignidade da pessoa humana surgem a partir da concepção do embrião com vida. Toda
interrupção da vida, daí em diante, é assassinato."
A declaração foi aprovada por 11 dos membros da comissão. Outros três participantes
a avalizaram parcialmente, argumentando que cabe ao Legislativo, e não ao Judiciário,
decidir o tema. Houve três votos contrários.
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/08/instituto-de-advogados-ve-abortocomo-assassinato-e-envia-carta-ao-supremo.shtml
452
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR NÍVEL EM QUASE DUAS DÉCADAS EM SP
Marcella Lourenzetto, Jornal da Manhã - Jovem Pan/Uol, 11 de agosto de 2018
Em São Paulo, o número adolescentes grávidas caiu pela metade em vinte anos.
Um balanço da Secretaria estadual de Saúde aponta que 2017 foi o ano com menos de
74 mil jovens mães, o menor número da história. Em 1998, o índice foi de pelo menos
148 mil mães com menos de 20 anos.
Em 96% dos casos, a faixa etária era entre 15 e 19 anos. Outra vitória é a redução
também da gravidez de meninas entre 10 e 14 anos.
A coordenadora do Programa Saúde do Adolescente da Secretaria de Saúde do estado,
doutora Albertina Duarte, acredita que além da distribuição de preservativos, a
conversa e a conscientização coletiva foram fundamentais para o resultado.
“Todos os países que só distribuíram preservativos não fizeram mudanças, como o
México. O que houve de mudança foi que nós instituímos casas do adolescente em
vários lugares no Estado de São Paulo, os mais vulneráveis”, diz Albertina.
Atualmente existem 30 Casas do Adolescente em São Paulo. A doutora Albertina
Duarte explica que além de informação e orientação, os locais também promovem
projetos que buscam identificar emoções, medos e dúvidas dos adolescentes sobre
sexo seguro, insegurança na relação e afetividade.
“Esses lugares começaram a ser buscados pelos adolescentes como espaços de ouvir e
discutir seus problemas e emoções. Mas, paralelamente a isso, as outras unidades
básicas passaram a atender os adolescentes e houve uma instalação da cultura de
atendimento dos adolescentes. Não é informação que falta. Falta segurança para que
os adolescentes mudem suas atitudes em relação à prevenção”, apontou a
coordenadora do Programa Saúde do Adolescente.
São Paulo distribui uma média de 60 milhões de camisinhas masculinas e quase três
milhões de preservativos femininos por ano. Só em 2017, mais de 75 milhões foram
oferecidos gratuitamente em todo o estado.
As iniciativas que auxiliam na diminuição do número de meninas e jovens grávidas
serão levadas à Organização Mundial da Saúde e devem servir de modelo para a
América Latina.
453
https://jovempan.uol.com.br/programas/jornal-da-manha/em-sp-gravidez-naadolescencia-cai-ao-menor-nivel-em-quase-duas-decadas.html
CASOS DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA ATINGEM MENOR NÍVEL DA HISTÓRIA EM SP.
INCIDÊNCIA CAIU 50% NOS ÚLTIMOS 20 ANOS
Mônica Bergamo, Folha/Uol, 10 de agosto de 2018
O número de casos de gravidez na adolescência caiu 50% no estado de São Paulo em
quase duas décadas, atingindo, em 2017, o menor nível da história. A Secretaria de
Saúde atribui a redução à distribuição de preservativos e a iniciativas de
conscientização sobre o tema.
JOVENS
Em 2017, 73.966 menores de 20 anos tiveram filhos no estado, o que equivale a 12,2%
do total de nascidos vivos. Em 1998, o percentual foi de 20,2%.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2018/08/casos-de-gravidezna-adolescencia-atingem-menor-nivel-da-historia-em-sp.shtml
THE WOMEN THE ABORTION WAR LEAVES OUT
Michelle Oberman, The New York Times, 11 de janeiro de 2018
As a lifelong feminist from California, I have always believed in a woman’s absolute
right to make choices about her own body. As a law professor, I have spent years
studying the impact of restrictive abortion laws in places such as Chile and El Salvador.
But eventually, I wanted to turn my attention to my own country, trying to understand
the aims of the anti-abortion movement here. I went to Oklahoma, a state that has
enacted so many restrictive abortion laws that it routinely tops the Americans United
for Life’s annual legislative report card.
I was grateful, if surprised, to be invited to spend a day at Birth Choice of Oklahoma, a
so-called crisis pregnancy center. Such centers, some of which are currently the subject
of Supreme Court litigation, typically are faith-based counseling offices working to
persuade women not to have abortions. They are controversial. Pro-choice advocates
like me accuse some of them of false and misleading practices, like intentionally
454
misinforming women seeking abortion-related information, or neglecting to mention
that they don’t provide abortions or even referrals.
Friends and colleagues joked about my needing a bulletproof vest for my meeting at
Birth Choice. Would I pretend to be neutral, they wanted to know, or even pro-life?
I was nervous, sitting in the clinic’s living room with five women who had dedicated
their lives, since abortion became legal in 1973, to persuading women not to have
them. When I arranged the visit, I think I said enough about why, as a law professor
from California, I needed to travel to Oklahoma to better understand pro-life culture. I
didn’t hide my position on legalized abortion, but still, it felt like I was undercover
behind enemy lines.
I listened as they began to speak with deep compassion for the “abortion-minded
women,” as they called them, who come to them for care. In my mind, centers like
theirs aimed to dissuade women who had decided they wanted an abortion and —
perhaps mistakenly — had made their way to a crisis pregnancy center instead of a
clinic.
Their commitment to supporting women helped me understand the high costs of
choosing to carry out an unplanned pregnancy.
Birth Choice sees 300 to 400 women a month at its clinic in Oklahoma City. There, they
get pregnancy tests and have their vitals checked. They help women register for
SoonerCare (the state’s Medicaid program) and make referrals for prenatal care. They
ask their clients about housing; some have violent partners or are living out of a car.
Many have lost children to foster care. Some are mentally ill or are addicts. Seventypercent are Spanish-speaking, many of them undocumented. Some have nowhere to
go.
A majority of the clients need food and clothes, yet a founder of Birth Choice, Barbara
Chishko, noted they don’t come to the center for resources. They come, she said,
because they want to “feel worthy, cared for and trusted.” She added, “Even if they
think they want an abortion, they come to be heard.”
“People judge our clients,” said Ray Ann Merchant, another founder. “Especially those
on welfare. ‘Why do these women keep having babies?’ they ask. The common
denominator is the desire to be loved.” She added, “We all crave intimacy.”
From the beginning, the founders told me, Birth Choice struggled to find support for
women who feel too poor to have their babies. In 1986, a woman was referred to
455
them from an adoption agency. Her prior pregnancies had ended in abortion and in
placement for adoption. She had planned to give up her current pregnancy for
adoption, but it became clear that she wanted to keep this child. She needed help
parenting, she needed housing, and she owed the adoption agency thousands of
dollars when she withdrew from that process.
Birth Choice responded by taking her in as the first resident of Rose Home, a shelter
where the most vulnerable of its clients can live during and immediately after their
pregnancies. At any given time, it houses five pregnant women and a maximum of 13
children.
The Rose Home shelter is a rarity among crisis pregnancy centers, a large majority of
which, according to Ms. Chishko, follow “rigid rules: no shelters, no clinical services,
just administer pregnancy tests and give out baby clothes. Just persuade the women
not to abort their babies.” And the dominant mode of persuasion, according to a
congressional report on federally funded crisis pregnancy centers, involves providing
either false or misleading information about the health effects of abortion.
By contrast, Rose Home’s five residents get support to help them throughout
pregnancy and beyond. They have weekly meetings with caseworkers to articulate
goals and plan their futures. They receive counseling, drug abuse treatment and
vocational training. They get help making court dates, permitting them to regain
custody of their children currently in foster care.
The rhetoric of “choice” and “life” encourages us to see a pregnant woman as if she’s
balancing a scale, with abortion on one side and motherhood on the other. Which will
she choose? Tilt her one way and she might get to finish high school or college, gaining
time to plan for the child she wants. Tipped another way, she might become a mother
or allow a childless couple to adopt.
The women living at Rose Home reveal the shallowness of that metaphor.
Women face the surprise of an unplanned pregnancy as if on train tracks, with a
locomotive barreling toward them. The only variation lies in how many other trains are
coming from other directions. Homelessness, violence, addiction and the biggest of all:
poverty.
I don’t mean to suggest money is the only factor that shapes many women’s response
to an unplanned pregnancy, but let’s be clear about how much it matters. One of the
largest research studies on the question of why women choose abortion surveyed
456
about 1,200 abortion patients and found 73 percent said they could not afford a baby
at the time.
Those women are telling us something that is hiding in plain view: Motherhood is
really expensive. Rose Home has dedicated itself to offsetting the high cost of
motherhood, but the costs are staggering. The system is rigged against poor women.
Ms. Chishko remarked that “the bottom line encourages abortion.” She is right.
The price of motherhood is set by our government’s policies. It will, at some level,
always be cheaper for a woman to have an abortion than to have a baby. But if antiabortion campaigners truly want to decrease the numbers of abortions, rather than
passing laws designed to drive up the costs of abortion, they would do far better to
invest in the kinds of economic supports that make becoming a parent a realistic
possibility for struggling women.
Consider the medical needs of the women living at Rose Home: access to health care,
substance-abuse and mental-health treatment, food and housing. Each has a price tag.
Yet rather than offsetting the high price of motherhood, recent anti-abortion laws
drive up the cost of abortion by closing clinics, forcing women to travel farther, and to
wait longer before ending their pregnancies.
The abortion war, with its singular focus on law, distracts us from the economic factors
entwined in a woman’s decision to terminate a pregnancy. In a world of true choice,
whether a woman walked into a Planned Parenthood or a crisis pregnancy center, she
would learn that society cared enough to provide her with the resources she needs,
regardless of her decision.
The women of Birth Choice taught me how little “choice” is involved in the abortion
decisions made by some of the poorest Americans. We fight over abortion in absolutist
terms, deadlocked in a battle in which we hurl rhetoric about choice and life, while
remaining distracted from the reality that so many women have far too little of either.
Michelle Oberman is a law professor at Santa Clara University and the author of “Her
Body, Our Laws: On the Front Lines of the Abortion War, From El Salvador to
Oklahoma,” from which this essay is adapted.
https://www.nytimes.com/2018/01/11/opinion/sunday/abortion-crisis-pregnancycenters.html
457
O QUE ESTÁ EM JOGO NA DISCUSSÃO SOBRE O ABORTO NA ARGENTINA, VOTADO
PELO SENADO NESTA QUARTA
BBC Brasil, 07 de agosto de 2018 [reportagem Veronica Smink, da BBC News Mundo
em Buenos Aires]
Direito de imagem AFP
Nesta quarta, o Senado da Argentina vai votar um dos projetos de Lei que mais
dividiu o país na última década: a descriminalização do aborto.
Nenhum tema polarizou tanto os argentinos desde a aprovação do casamento gay em
2010.
Segundo as pesquisas de opinião, a legislação que permite a interrupção voluntária da
gravidez é apoiada pela maioria. Uma pesquisa de março, por exemplo, apontava que
59% dos argentinos aprovavam a descriminalização do aborto. A pesquisa foi feita pelo
Centro de Estudos de Estado e Sociedade (Cedes) e pela Anistia Internacional
Argentina.
Mas o ponto de vista oposto também é muito defendido. E ninguém permanece alheio
ao tema, especialmente depois que a Câmara dos Deputados aprovou o projeto em
junho, depois de um debate que durou 23 horas e terminou com uma diferença de
somente quatro votos a favor.
É esperado que o debate no Senado seja igualmente disputado, embora os
prognósticos atuais sejam de que haja uma maioria de votos contrários ao projeto de
descriminalização.
458
Mas se essas previsões não se concretizarem e o projeto for aprovado, o que ele vai
significar na prática?
O que a legislação atual diz sobre aborto na Argentina?
A interrupção voluntária da gravidez é crime na Argentina desde 1886, quando o
primeiro Código Penal do país passou a vigorar.
Todas as hipóteses de aborto voluntário permaneceram ilegais até 1921, quando o
aborto passou a ser permitido em caso de perigo à vida ou à saúde da mulher e
quando a gravidez é resultado de um estupro de uma mulher "com demência ou
retardo mental".
Foi preciso quase um século para que o aborto em caso de estupro passasse a ser
permitido independentemente da capacidade intelectual da mulher. Isso só foi
autorizado no país em 2012, por decisão da Suprema Corte argentina.
Na decisão, a Suprema Corte determinou que o Estado garanta o acesso das mulheres
a abortos em casos permitidos, mas nem todos os hospitais e províncias têm
obedecido a decisão.
Em qualquer outro caso de gravidez interrompida voluntariamente, é prevista uma
pena de prisão de um a quatro anos.
Desde o fim da Ditadura Militar no país, em 1983, diversos projetos sobre aborto
foram apresentados no Congresso, mas nenhum chegou a ser votado até este ano.
Em 2018, a pressão de profissionais da saúde, artistas, sindicatos, movimentos
feministas e outros movimentos sociais, organizações políticas e grupos de defesa dos
direitos humanos fez com que a proposta entrasse na pauta da Câmara dos
Deputados, em uma campanha chamada " Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto
Legal, Seguro e Gratuito".
Mudanças sobre o aborto no mundo
Atualmente, cerca de 60% da população mundial vive em países onde o aborto é
permitido, segundo a ong Center for Reprodutive Rights.
459
Estão na lista, entre outros, os EUA, o Canadá, a África do Sul, a Austrália, a China, o
Japão e praticamente todos os países da Europa, com excessão de Malta e Polônia.
A maior parte da América Latina, no entanto, tem leis mais restritivas quanto ao tema.
Os únicos países a permitir a prática sem restrições são o Uruguai e Cuba.
Discussões sobre o assunto e mudanças estão cada vez mais frequentes no mundo.
Chile, por exemplo, mudou sua legislação no ano passado. O aborto era proibido em
qualquer circunstância, mas passou a ser permitido em alguns casos, como no de
perigo à vida da mãe e de estupro.
A Irlanda também teve mudanças em sua legislação em maio desse ano, quando 66%
dos irlandeses votaram pelo fim da restriação à interrupção voluntária da gravidez.
O Brasil está discutindo a questão no Supremo Tribunal Federal (STF), que teve
audiências sobre o caso nesta semana.
O que está sendo votado na Argentina
O projeto aprovado na Câmara dos Deputados argentina em junho dá a toda mulher o
direito de escolher. Se a legislação for aprovada, será possível interromper a gravidez
durante as primeiras 14 semanas de gestação.
A legislação prevê também que o aborto seja realizado em qualquer hospital ou clínica
e obriga o Estado a cobrir o custo do procedimento, dos medicamentos e dos
tratamentos de apoio necessários.
Esse é um dos pontos mais polêmicos da lei. Os defensores dessa medida advogam
que o tratamento precisa ser gratuito pois se trata de um problema de saúde pública.
Eles citam os quase 66 mil casos de internações de mulheres por ano devido a abortos
malfeitos – estatísticas oficiais do próprio governo.
Mas quem se opõe a essa medida afiirma que a índice de mortes em decorrência de
abortos é de cerca de 40 mulheres por ano, bem menor do que outros problemas de
saúde feminina não cobertos pelo Estado.
Objeção de consciência
460
Outro ponto controverso do projeto é a questão da "objeção de consciência".
O projeto de Lei permite que profissionais de saúde se recusem a realizar abortos se
manifestarem "objeção de consciência" previamente e por escrito e se a mulher não
estiver precisando de "atenção médica imediata e inadiável".
No entanto, o projeto de lei não permite que um hospital ou clínica como instituição se
recuse a realizar a prática, mesmo se for uma instituição religosa.
Isso fez com que um grupo de clínicas e hospitais católicos se unissem para rechaçar a
proposta, dizendo que se sentem ameaçados pelo projeto de Lei.
Do outro lado, quem defende o direito de escolha da mulher argumenta que, se
permitida a "objeção de consciência institucional" é possível que muitas mulheres, em
especial as que vivem em regiões com menos estabelecimentos de saúde, não tenham
acesso à interrupção da gravidez garantido nas primeiras 14 semanas.
Outro argumento é que um alto número de "objeções de consciência" é um dos
motivos pelos quais muitas mulheres que foram estupradas não têm acesso a um
aborto seguro, apesar da determinação da Justiça.
Uma lei alternativa
Um dos cenário possíveis é que o Senado aprove a lei, mas com modificações.
O direito à "objeção de consciência institucional" seria um dos pontos a ser
acrescentado.
Outro ponto seria diminuir o prazo legal para a interrupção da gravidez para 12
semanas. A Câmara aprovou a interrupção até a 14ª semana de gestação.
Se o Senado modificar esses pontos, a lei voltaria à Câmara dos Deputados, onde
precisaria ser aprovada novamente com as diferenças.
*com reportagem Veronica Smink, da BBC News Mundo em Buenos Aires
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45106594
461
OPINIÃO: OS DILEMAS DO ABORTO EM CUBA. EM CUBA A INTERRUPÇÃO DA
GRAVIDEZ É QUASE UM MÉTODO CONTRACEPTIVO A MAIS. ESSA FACILIDADE É
POSITIVA, MAS TRAZ RISCOS, ALÉM DE SER UM SINTOMA DE MUITO DO QUE ESTÁ
ERRADO NA ILHA, OPINA A JORNALISTA YOANI SÁNCHEZ
Yoani Sánchez, Deutsche Welle, 09 de agosto de 2018
Vinte anos de idade e quatro abortos: esta jovem cubana, que chamo de Aimara para
evitar revelar sua identidade, não é um caso isolado. A interrupção da gravidez é tão
frequente entre as mulheres da ilha caribenha, que o difícil é encontrar alguma que
não tenha passado pelo processo.
Nosso contexto nacional é diferente do que ocorre em outros países da região. Em
alguns deles, as mulheres podem passar longos anos atrás de grades por recorrer a
esse procedimento ou pela simples suspeita de que o tenham feito.
Enquanto em nações como Chile e Argentina o debate inflama as ruas e os foros
públicos, em Cuba, onde vivo, a discussão sobre o tema só se desenrola nas redes
sociais e nos sites da imprensa independente.
Para a propaganda oficial, trata-se de um "problema resolvido", mas no interior dos
templos religiosos os pastores afiam sua retórica contra as que decidem abortar. Nesse
ínterim, nos hospitais cubanos a prática se tornou tão rotineira quanto extrair um
dente, o aborto é considerado um método contraceptivo a mais.
O acesso em massa aos serviços médicos e a legalização da interrupção da gestação –
apesar da deterioração material que há décadas atravessa a Saúde Pública –
contribuem para salvar vidas maternas, já que as mulheres não se veem obrigadas a
recorrer a curandeiros nem a clínicas improvisadas.
Em 2016 realizaram-se 85.445 intervenções do tipo nos centros hospitalares cubanos,
representando uma proporção de 41,9 para cada 100 grávidas, segundo cifras oficiais.
Uma boa parte dessas pacientes chegou à maca de hospital movida pela precariedade
econômica, mas também pela vulnerabilidade em que as deixou o pouco apoio familiar
ou a indiferença do parceiro. Os papéis de gênero estritos e o machismo reinante
seguem colocando sobre os ombros das mulheres aquilo que deveria ser uma
responsabilidade compartilhada.
Esse é o caso de Aimara que, vivendo "numa casa onde sobra gente e falta espaço" –
em suas próprias palavras –, enfatiza que não quer "parir para um marido abusador, e
462
muito menos em Cuba 'como a coisa está' [um eufemismo popular para o sistema
político e econômico]".
Agora mesmo ela percorreu uma dezena de farmácias em Havana, e "não há
preservativos", lhe respondem os empregados, com cara de resignação. Manter o
consumo de pílulas anticoncepcionais também é difícil, e o último dispositivo
intrauterino que a jovem se aplicou "causou mais dano do que benefício".
Se, por um lado, as cubanas fazem valer a decisão sobre o que ocorre em seus ventres,
por outro encontram nas interrupções de gravidez – na forma de curetagens ou de
"regulações menstruais" (quando praticadas antes de seis semanas e sem anestesia) –
uma saída diante do desabastecimento de métodos contraceptivos, da crônica crise
econômica e dos desejos de emigrar – que se complicam se há uma criança incluída no
plano de fuga.
"Conseguir um visto é difícil para uma pessoa, imagine para duas", observa Aimara,
com uma lógica avassaladora. Sua maneira de pensar está muito difundida. As
dificuldades habitacionais, num país com déficit de mais de 800 mil moradias, e os
desejos de se radicar em qualquer outra geografia são algumas das motivações mais
importantes por trás de uma queda de natalidade que tem feito disparar os alarmes.
Além disso, o aborto reiterado, como é tão frequente em Cuba, multiplica os perigos
para a saúde, em não poucos casos provoca problemas cervicais e de infertilidade.
Aimara transita agora por essa perigosa corda bamba: tem o direito legal e sanitário ao
que ocorre no pequeno perímetro de seu útero, mas sua vida e seus futuros filhos
ficam à mercê de forças maiores – especialmente do que decida um grupo de senhores
sem ovários, num escritório climatizado, rodeado de comodidades.
A cubana Yoani Sánchez é jornalista e apresenta o programa La voz de tus derechos
no canal de TV da DW em espanhol.
https://www.dw.com/pt-br/opini%C3%A3o-os-dilemas-do-aborto-em-cuba/a45019675
https://p.dw.com/p/32tfn
MAIORIA DOS BRASILEIROS SEGUE CONTRÁRIA À LEGALIZAÇÃO DO ABORTO, MOSTRA
DATAFOLHA. MAS ÍNDICE DOS FAVORÁVEIS À MANUTENÇÃO DAS ATUAIS REGRAS
RECUOU DE 67% PARA 59%
463
Folha/Uol, 22 de agosto de 2018
A maioria dos brasileiros segue contrária a mudanças na legislação sobre aborto no
país. De novembro de 2015 até hoje, porém, os favoráveis à manutenção das atuais
regras recuaram de 67% para 59%, segundo pesquisa Datafolha.
O instituto ouviu 8.433 pessoas em 313 municípios do país nesta segunda (20) e terçafeira (21). A margem de erro do levantamento, uma parceria da Folha e da TV Globo, é
de dois pontos percentuais para mais ou menos.
O recuo de 67% para 59% no índice dos que defendem manter as regras atuais não
significa necessariamente que mais brasileiros estejam a favor de mudanças na lei
visando a descriminalização do aborto.
Pelo levantamento, a parcela dos que defendem que a lei do aborto seja ampliada
para permitir mais situações legais oscilou de 16% para 13%, enquanto aqueles que
defendem a legalização da interrupção da gravidez em qualquer situação oscilou de
11% para 14%.
A principal variação entre as pesquisas de novembro de 2015 e a de agora foi no índice
dos que dão "outras respostas", que passou de 3% para 10%. A taxa dos que não
souberam responder também oscilou, de 2% para 4%.
Ainda de acordo com a pesquisa, a maioria dos brasileiros, 58% (eram 57% em
novembro do ano passado), acredita que a mulher deve ser punida e ir para a cadeia
por fazer um aborto. A taxa de brasileiros contrários a qualquer punição à mulher que
abortar está em 33% (eram 36% na pesquisa de 2017).
A ação que pede no STF (Supremo Tribunal Federal) a descriminalização do aborto até
a 12ª semana de gravidez não tem data para ser julgada no plenário. No início do mês,
a relatora da ação, ministra Rosa Weber, disse, ao final da audiência pública que
discutiu esse tema, que começa agora um período de amadurecimento, sem dar
prazos para isso.
Mais de 50 representantes de diferentes setores da sociedade foram ouvidos na
audiência, que durou dois dias. As exposições foram entregues na íntegra aos 11
ministros, para auxiliá-los a formar suas convicções.
O aborto hoje só é permitido em três tipos de gravidez: decorrente de estupro, que
cause risco à vida da mulher ou de feto anencéfalo.
464
Representante da PGR (Procuradoria-Geral da República), o viceprocurador-geral,
Luciano Mariz Maia, disse que a instituição ia manifestar seu entendimento após a
audiência pública. Ele não informou datas para isso também.
Além da manifestação da PGR, o processo deverá receber as contribuições por escrito
dos ‘amici curiae’ (amigos da corte, em latim), entidades que foram admitidas como
partes interessadas na ação.
Algumas delas se apresentaram na audiência, como a União dos Juristas Católicos de
São Paulo. Outras ainda pleiteiam sua admissão nesse processo no Supremo.
Durante a audiência, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), contrária à
legalização, acusou a corte de fazer do evento um “teatro armado” para legitimar o
processo. “Esta audiência presta-se apenas para legitimar o ativismo desta corte. Estáse fingindo ouvir as partes, mas, na realidade, estáse apenas legitimando o ativismo
que virá em seguida. Esta audiência é parcial, a própria maneira como está sendo
conduzida viola a Constituição”, disse o padre José Eduardo de Oliveira, da CNBB, ao
afirmar que houve mais convidados pródescriminalização do que contrários.
A ação, ajuizada pelo PSOL em 2017, é uma ADPF (Arguição de Descumprimento de
Preceito Fundamental), um tipo de ação que, segundo o Supremo, “visa reparar ou
evitar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público”.
No caso, o PSOL sustentou que dois artigos do Código Penal, de 1940, violam direitos
fundamentais das mulheres, como o direito à vida, à liberdade, à integridade física e
psicológica, à saúde e ao planejamento familiar, entre outros.
Os artigos são o 124, que criminaliza a mulher (detenção de 1 a 3 anos), e o 126, que
criminaliza quem provocar o aborto, incluindo profissionais de saúde (pena de 1 a 4
anos de reclusão). A ação pede que abortamentos até a 12ª semana não sejam
enquadrados nesses artigos.
Os prazos para julgamento de ADPFs variam muito, a depender do andamento
processual. Na pauta das próximas sessões do plenário neste mês, por exemplo, há
duas ações desse tipo. Uma chegou à corte em agosto de 2014, e a outra, em outubro
de 2010.
ARMAS
465
O Datafolha também quis saber a opinião dos brasileiros sobre posse de armas.
Segundo o levantamento, 58% acham que a posse deve ser proibida, contra 40% que
pedem a legalização. Os índices atuais mostram estabilidade em relação à pesquisa
anterior, de novembro do ano passado.
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/08/maioria-dos-brasileiros-seguecontraria-a-legalizacao-do-aborto-mostra-datafolha.shtml
ABORTO MASCULINO: POR QUE ESSA EXPRESSÃO TEM GANHADO FORÇA NAS REDES?
Camila Brandalise, Uol Universa, 23 de agosto de 2018
A comparação entre aborto e abandono paterno ganhou uma frase que pipoca nas
redes sociais sempre que um dos dois temas aparece: “o aborto masculino já é
legalizado”.
Diz respeito, na verdade, ao grande número de homens que abandonam filhos e mães
e deixam a obrigação de criar a criança sob responsabilidade apenas da mulher. No
Brasil, 5,5 milhões de crianças não têm o nome do pai na identidade.
Quem usa o termo afirma que é uma provocação: enquanto o tema aborto desperta
paixões e discussões acaloradas, o abandono paterno não tem a mesma atenção.
“Há uma quantidade muito grande de mães criando filhos sozinhas. E sobre isso nada é
falado. Já sobre a escolha da mulher grávida abortar ou não o debate ganha até
contornos de fanatismo”, afirma a antropóloga e pesquisadora da Anis (Instituto de
Bioética), Debora Diniz, ativista pró-legalização do aborto.
“Se estão mesmo preocupados com a vida e o futuro das crianças, por que não
começar com essa pauta e intimar outros homens a cumprirem seu papel?”, pergunta
Debora, que complementa: “Se o termo deve ser usado é outra questão.
Particularmente, acredito que há outras palavras mais fortes para mostrar o silêncio
dos homens e essa incoerência argumentativa, como desamparo e abandono
parental.”
“Abandonar é pior do que abortar”
O questionamento sobre o uso do termo passa por algumas diferenças fundamentais,
a começar pela legislação. “Apesar de a interrupção de gravidez fazer parte do código
466
penal, em relação ao embrião não há nenhuma exigência legal. Já sobre a criança
nascida viva, há responsabilidades que pai e mãe devem cumprir”, explica a defensora
pública federal Charlene Borges, coordenadora do grupo de trabalho Mulheres da
Defensoria Pública da União.
Interromper a gravidez, portanto, é crime, mas há também uma condenação moral,
ética e religiosa. Já o abandono paterno não tem o mesmo espaço para discussão,
tampouco políticas públicas para evitar que pais abandonem crianças. Atualmente, 11
milhões de brasileiras são responsáveis, sozinhas, pela criação dos filhos.
Para Charlene, há um equívoco técnico no uso do termo “aborto masculino”. O
correto, no direito de família, é abandono parental. Stella Avallone, do coletivo Mães
Solo Feministas, concorda que o uso da expressão é perigoso, porque o abandono
paterno é uma situação pior do que a da interrupção de gravidez. No coletivo, ela e
outras ativistas têm entre suas pautas a descriminalização do aborto.
“Ouço sempre essa comparação, pessoas dizendo que há pais que abortam. Mas não
dá para comparar. Abandonar é muito pior do que abortar. No abandono, a criança
está viva, pensando, sendo negligenciada e sofrendo a rejeição.”
Stella tem a experiência desse trauma dentro de casa. A filha, Beatriz, de sete anos, é
reconhecida e recebe pensão. Mas não significa que há divisão de tarefas na criação,
segundo ela. O pai se afastou depois que Stella pediu o divórcio, ela conta. "Ele
cumpre apenas com suas obrigações legais. Já aconteceu de ela chorar
compulsivamente falando dele, sem entender porque o pai não ficava perto”, diz
Stella. “Quando o questionei, ele disse que não era presente porque não tinha
estômago para ficar perto de mim.”
Origem da expressão
O termo aborto masculino surgiu primeiro nos Estados Unidos, mas em outro
contexto. Lá, onde a interrupção da gravidez é legalizada, grupos que se dizem ativistas
pelos direitos dos homens se reuniram para exigir que o mesmo amparo legal fosse
concedido a eles, o de abrirem mão da paternidade. Mas a reivindicação não recebeu
suporte da legislação.
No Brasil, o termo foi adaptado à nossa realidade. Como o aborto ainda é crime por
aqui, tanto para quem pratica e quanto para quem dá qualquer suporte à prática, a
intenção é mostrar a contradição no peso que se dá à obrigação de uma mãe em
comparação à do pai. "No segundo caso, não há reprovação moral", conclui Charlene.
467
https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/08/23/aborto-masculino-por-quenao-falamos-sobre-abandono-paterno.htm
MOVIMENTO ARGENTINO PREGA DESFILIAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA. COALIZÃO PELO
ESTADO LAICO GANHA ATENÇÃO APÓS VOTAÇÃO DO DIREITO AO ABORTO
Sylvia Colombo, Folha/Uol, 23 de agosto de 2018
Uma associação que prega a desfiliação à Igreja Católica argentina desde 2009, a Cael
(Coalizão Argentina pelo Estado Laico), pegou carona nas manifestações a favor do
projeto de lei para permitir o aborto, derrubada dia 8 passado pelo Senado, para
promover sua própria causa.
O ambiente de protesto nas principais cidades do país e os lenços coloridos adotados
(verdes pela lei e azuis contra) deram impulso a um terceiro lenço: o laranja, criado
pela Cael, cuja bandeira é a separação entre Igreja e Estado —garantida na
Constituição mas nem sempre respeitada.
A Cael também reivindica submeter religiosos que abusem de crianças à Justiça
comuns, tirar sinais católicos de locais públicos, cobrar impostos às igrejas católicas e,
agora, recolocar o projeto de lei para permitir o aborto até a 14ª semana aprovado na
Câmara.
Em seu site, orienta os fieis a preencher um formulário e entregá-lo à paróquia que os
batizou. A Igreja, porém, lembra que o Vaticano só aceita a saída de suas filas pela
excomunhão. Em resposta, a organização sugere aos pais adiar o batismo para que o
indivíduo tenha chance de decidir.
A Cael convocou para sábado passado (18) seu primeiro evento público. Nele, juntou
centenas de pessoas em Buenos Aires, distribuiu formulários, orientou o
preenchimento e ofereceu lenços laranjas (já à venda durante os protestos e votações
no Congresso).
Iniciou, também, uma pequena marcha com brados como "não em meu nome" e "não
pedi para ser parte disso". Seus membros pedem "apostasia coletiva" em resposta à
"intolerância da Igreja com relação ao tema do aborto e os abusos de padres
pedófilos".
468
Para Paola Rafetta, uma dirigente da Cael, "a maioria dos argentinos é católica não
praticante, e não se preocupava antes com o que significava pertencer a essa
Instituição".
"Houve então duas viradas, uma ao se descobrir, após a ditadura (1976-1983), que a
Igreja foi cúmplice", diz. "A segunda é agora, com as garotas do movimento feminista e
com a divulgação constante dos casos dos padres pedófilos em vários países da
região."
A Cael recolheu no sábado 1.200 assinaturas, o que levou os organizadores a
prepararem eventos similares em outras cidades grandes como Córdoba, Rosário e
Salta a partir deste fim de semana.
A entidade recebeu apoio de algumas alas das Mães e Avós da Praça de Maio, que têm
enviado petições ao Vaticano pela abertura de seus arquivos à investigação do
paradeiro dos desaparecidos da ditadura e seus netos entregues a outras famílias.
Apesar de a Igreja dizer que não receberá os formulários, a Cael prometem apelar à
ONU, que em um de seus pactos diz que o Estado não pode impor a seus cidadãos uma
religião.
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/08/movimento-argentino-pregadesfiliacao-da-igreja-catolica.shtml
JUDITH BUTLER ESCREVE SOBRE SUA TEORIA DE GÊNERO E O ATAQUE SOFRIDO NO
BRASIL
Judith Butler, Folha de S. Paulo, 19 de novembro de 2017
Tradução de Clara Allain
RESUMO A filósofa norte-americana Judith Butler escreve sobre sua recente passagem
pelo Brasil. Ela comenta os ataques que sofreu, explica sua teoria de gênero e procura
entender o ódio dirigido a um pensamento que defende a dignidade e os direitos
sexuais e que condena a violência contra mulheres e pessoas trans.
Desde o começo, a oposição à minha presença no Brasil esteve envolta em uma
fantasia. Um abaixo-assinado pedia ao Sesc Pompeia que cancelasse uma palestra que
469
eu nunca iria ministrar. A palestra imaginária, ao que parece, seria sobre "gênero",
embora o seminário planejado fosse dedicado ao tema "Os fins da democracia" ("The
ends of democracy").
Ou seja, havia desde o início uma palestra imaginada ao invés de um seminário real, e
a ideia de que eu faria uma apresentação, embora eu estivesse na realidade
organizando um evento internacional sobre populismo, autoritarismo e a atual
preocupação de que a democracia esteja sob ataque.
Não sei ao certo que poder foi conferido à palestra sobre gênero que se imaginou que
eu daria. Deve ter sido uma palestra muito poderosa, já que, aparentemente, ela
ameaçou a família, a moral e até mesmo a nação.
Para aqueles que se opuseram à minha presença no Brasil, "Judith Butler" significava
apenas a proponente de uma ideologia de gênero, a suposta fundadora desse ponto
de vista absurdo e nefasto, alguém —aparentemente— que não acredita em restrições
sexuais, cuja teoria destrói ensinamentos bíblicos e contesta fatos científicos.
Como tudo isso aconteceu e o que isso significa?
Consideremos o que eu de fato escrevi e no que de fato acredito e comparemos isso
com a ficção interessante e nociva que deixou tanta gente alarmada.
No final de 1989, quase 30 anos atrás, publiquei um livro intitulado "Gender Trouble"
(lançado em português em 2003 como "Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão
da Identidade", Civilização Brasileira), no qual propus uma descrição do caráter
performativo do gênero. O que isso significa?
A cada um de nós é atribuído um gênero no nascimento, o que significa que somos
nomeados por nossos pais ou pelas instituições sociais de certas maneiras.
Às vezes, com a atribuição do gênero, um conjunto de expectativas é transmitido: esta
é uma menina, então ela vai, quando crescer, assumir o papel tradicional da mulher na
família e no trabalho; este é um menino, então ele assumirá uma posição previsível na
sociedade como homem.
No entanto, muitas pessoas sofrem dificuldades com sua atribuição —são pessoas que
não querem atender aquelas expectativas, e a percepção que têm de si próprias difere
da atribuição social que lhes foi dada.
470
A dúvida que surge com essa situação é a seguinte: em que medida jovens e adultos
são livres para construir o significado de sua atribuição de gênero?
Eles nascem na sociedade, mas também são atores sociais e podem trabalhar dentro
das normas sociais para moldar suas vidas de maneira que sejam mais vivíveis.
E instituições sociais, incluindo instituições religiosas, escolas e serviços sociais e
psicológicos, também deveriam ter capacidade de apoiar essas pessoas em seu
processo de descobrir como viver melhor com seu corpo, buscar realizar seus desejos e
criar relações que lhes sejam proveitosas.
Algumas pessoas vivem em paz com o gênero que lhes foi atribuído, mas outras
sofrem quando são obrigadas a se conformar com normas sociais que anulam o senso
mais profundo de quem são e quem desejam ser. Para essas pessoas é uma
necessidade urgente criar as condições para uma vida possível de viver.
Assim, em primeiro lugar e acima de tudo, "Problemas de Gênero" buscou afirmar a
complexidade de nossos desejos e identificações de gênero e se juntar àqueles
integrantes do movimento LGBTQ moderno que acreditavam que uma das liberdades
fundamentais que precisam ser respeitadas é a liberdade de expressão de gênero.
O livro negou a existência de uma diferença natural entre os sexos? De maneira
nenhuma, embora destaque a existência de paradigmas científicos divergentes para
determinar as diferenças entre os sexos e observe que alguns corpos possuem
atributos mistos que dificultam sua classificação.
Também afirmei que a sexualidade humana assume formas diferentes e que não
devemos presumir que o fato de sabermos o gênero de uma pessoa nos dá qualquer
pista sobre sua orientação sexual. Um homem masculino pode ser heterossexual ou
gay, e o mesmo raciocínio se aplica a uma mulher masculina.
Nossas ideias de masculino e feminino variam de acordo com a cultura, e esses termos
não possuem significados fixos. Eles são dimensões culturais de nossas vidas que
assumem formas diferentes e renovadas no decorrer da história e, como atores
históricos, nós temos alguma liberdade para determinar esses significados.
Mas o objetivo dessa teoria era gerar mais liberdade e aceitação para a gama ampla de
identificações de gênero e desejos que constitui nossa complexidade como seres
humanos.
471
Esse trabalho, e muito do que desenvolvi depois, também foi dedicado à crítica e à
condenação da violação e da violência corporais.
Além disso, a liberdade de buscar uma expressão de gênero ou de viver como lésbica,
gay, bissexual, trans ou queer (essa lista não é exaustiva) só pode ser garantida em
uma sociedade que se recusa a aceitar a violência contra mulheres e pessoas trans,
que se recusa a aceitar a discriminação com base no gênero e que se recusa a
transformar em doentes e aviltar as pessoas que abraçaram essas categorias no intuito
de viverem uma vida mais vivível, com mais dignidade, alegria e liberdade.
Meu compromisso é me opor às ofensas que diminuam as chances de alguém viver
com alegria e dignidade. Assim, sou inequivocamente contra o estupro, o assédio e a
violência sexual e contra todas as formas de exploração de crianças.
Liberdade não é —nunca é— a liberdade de fazer o mal. Se uma ação faz mal a outra
pessoa ou a priva de liberdade, essa ação não pode ser qualificada como livre —ela se
torna uma ação lesiva.
De fato, algo que me preocupa é a frequência com que pessoas que não se enquadram
nas normas de gênero e nas expectativas heterossexuais são assediadas, agredidas e
assassinadas.
As estatísticas sobre feminicídio ilustram o ponto. Mulheres que não são
suficientemente subservientes são obrigadas a pagar por isso com a vida.
Pessoas trans e travestis que desejam apenas a liberdade de movimentar-se no mundo
público como são e desejam ser sofrem frequentemente ataques físicos são mortas.
Mães correm o risco de perder seus filhos se eles saírem do armário; muitas pessoas
ainda perdem seus empregos e a relação com seus familiares quando saem do
armário. O sofrimento social e psicológico decorrente do ostracismo e condenação
social é enorme.
A injustiça radical do feminicídio deveria ser universalmente condenada, e as
transformações sociais profundas que possam tornar esse crime impensável precisam
ser fomentadas e levadas adiante por movimentos sociais e instituições que se
recusam a permitir que pessoas sejam mortas devido a seu gênero e sua sexualidade.
No Brasil, uma mulher é assassinada a cada duas horas. A tortura e o assassinato
recente de Dandara dos Santos, em Fortaleza, foi apenas um exemplo explícito da
472
matança generalizada de pessoas trans no Brasil, uma matança que valeu ao Brasil a
fama de ser o país mais conhecido pelo assassinato de pessoas LGBT.
São esses os males sociais inequívocos e atrocidades aos quais me oponho, e meu livro
—bem como o movimento queer no qual ele se insere— procura promover um mundo
sem sofrimento e violência desse tipo.
A teoria da performatividade de gênero busca entender a formação de gênero e
subsidiar a ideia de que a expressão de gênero é um direito e uma liberdade
fundamentais. Não é uma "ideologia".
Em geral, uma ideologia é entendida como um ponto de vista que é tanto ilusório
quanto dogmático, algo que "tomou conta" do pensamento das pessoas de uma
maneira acrítica.
Meu ponto de vista, entretanto, é crítico, pois questiona o tipo de premissa que as
pessoas adotam como certas em seu cotidiano, e as premissas que os serviços médicos
e sociais adotam em relação ao que deve ser visto como uma família ou considerado
uma vida patológica ou anormal.
Quantos de nós ainda acreditamos que o sexo biológico determina os papéis sociais
que devemos desempenhar? Quantos de nós ainda sustentamos que os significados de
masculino e feminino são determinados pelas instituições da família heterossexual e
da ideia de nação que impõe uma noção conjugal do casamento e da família?
Famílias queers e travestis adotam outras formas de convívio íntimo, afinidade e
apoio. Mães solteiras têm laços de afinidade diferentes. A mesma coisa se dá com
famílias mistas, nas quais as pessoas se casam novamente ou se juntam com famílias,
criando amálgamas muito diferentes daqueles vistos em estruturas familiares
tradicionais.
Encontramos apoio e afeto através de muitas formas sociais, incluindo a família, mas a
família é também uma formação histórica: sua estrutura e seu significado mudam ao
longo do tempo e do espaço. Se deixamos de afirmar isso, deixamos de afirmar a
complexidade e a riqueza da existência humana.
A ideia de gênero como ideologia foi introduzida por Joseph Ratzinger em 1997, antes
de ele se tornar o papa Bento 16. O trabalho acadêmico de Richard Miskolci e
Maximiliano Campana1 acompanha a recepção desse conceito em diversos
documentos do Vaticano.
473
Em 2010, o argentino Jorge Scala lançou um livro intitulado "La Ideologia de Género",
que foi traduzido ao português por uma editora católica [Katechesis]. Esse pode ter
sido um ponto de virada para as recepções de "gênero" no Brasil e na América Latina.
De acordo com a caricatura feita por Scala, aqueles que trabalham com gênero negam
as diferenças naturais entre os sexos e pensam que a sexualidade deve ser livre de
qualquer restrição. Aqueles que se desviam da norma do casamento heterossexual são
considerados indivíduos que rejeitam todas as normas.
Vista por essa lente, a teoria de gênero não só nega as diferenças biológicas como gera
um perigo moral.
No aeroporto de Congonhas, em São Paulo, uma das mulheres que me confrontaram
começou a gritar coisas sobre pedofilia. Por que isso? É possível que ela pense que
homens gays são pedófilos e que o movimento em favor dos direitos LGBTQI nada
mais é do que propaganda pró-pedofilia.
Então fiquei pensando: por que um movimento a favor da dignidade e dos direitos
sexuais e contra a violência e a exploração sexual é acusado de defender pedofilia se,
nos últimos anos, é a Igreja Católica que vem sendo exposta como abrigo de pedófilos,
protegendo-os contra processos e sanções, ao mesmo tempo em que não protege suas
centenas de vítimas?
Será possível que a chamada ideologia de gênero tenha virado um espectro simbólico
de caos e predação sexual precisamente para desviar as atenções da exploração sexual
e corrupção moral no interior da Igreja Católica, uma situação que abalou
profundamente sua autoridade moral?
Será que precisamos compreender como funciona "projeção" para compreendermos
como uma teoria de gênero pôde ser transformada em "ideologia diabólica"?
Talvez aqueles que queimaram uma efígie minha como bruxa e defensora dos trans
não sabiam que aquelas que eram chamadas de bruxas e queimadas vivas eram
mulheres cujas crenças não se enquadravam nos dogmas aceitos pela Igreja Católica.
Ao longo da história, atribuíram-se às bruxas poderes que elas jamais poderiam, de
fato, ter; elas viraram bodes expiatórios cuja morte deveria, supostamente, purificar a
comunidade da corrupção moral e sexual.
Considerava-se que essas mulheres tinham cometido heresia, que adoravam o diabo e
tinham trazido o mal à comunidade em lugares como Salem (EUA), em Baden-Baden
474
(Alemanha), nos Alpes Ocidentais (Áustria) e na Inglaterra. Com muita frequência esse
"mal" era representado pela libertinagem.
O fantasma dessas mulheres como o demônio ou seus representantes encontra, hoje,
eco na "diabólica" ideologia de gênero. E, no entanto, a tortura e o assassinato dessas
mulheres por séculos como bruxas representaram um esforço para reprimir vozes
dissidentes, aquelas que questionavam certos dogmas da religião.
Quem pôs fim a esse tipo de perseguição, crueldade e assassinato foram pessoas
sensatas de dentro da Igreja Católica, que insistiram que a queima de bruxas não
representava os verdadeiros valores cristãos. Afinal, queimar bruxas era uma forma de
feminicídio executado em nome de uma moralidade e ortodoxia.
Embora eu não seja estudiosa do cristianismo, entendo que uma de suas grandes
contribuições tenha sido a doutrina do amor e do apreço pela preciosidade da vida —
muito longe do veneno da caça às bruxas.
Embora apenas minha efígie tenha sido queimada, e eu mesma tenha saído ilesa,
fiquei horrorizada com a ação.
Nem tanto por interesse próprio, mas em solidariedade às corajosas feministas e
pessoas queer no Brasil que estão batalhando por maior liberdade e igualdade, que
buscam defender e realizar uma democracia na qual os direitos sexuais sejam
afirmados e a violência contra minorias sexuais e de gênero seja abominada.
Aquele gesto simbólico de queimar minha imagem transmitiu uma mensagem
aterrorizante e ameaçadora para todos que acreditam na igualdade das mulheres e no
direito de mulheres, gays e lésbicas, pessoas trans e travestis serem protegidos contra
violência e assassinato.
Pessoas que acreditam no direito dos jovens exercerem a liberdade de encontrar seu
desejo e viverem num mundo que se recusa a ameaçar, criminalizar, patologizar ou
matar aqueles cuja identidade de gênero ou forma de amar não fere ninguém.
Essa é a visão do arcebispo Justin Welby, da Inglaterra, que destacou recentemente o
direito dos jovens explorarem sua identidade de gênero, apoiando uma atitude mais
aberta e acolhedora em relação a papéis de gênero na sociedade.
Essa abertura ética é importante para uma democracia que inclua a liberdade de
expressão de gênero como uma das liberdades democráticas fundamentais, que
enxergue a igualdade das mulheres como peça essencial de um compromisso
475
democrático com a igualdade e que considere a discriminação, o assédio e o
assassinato como fatores que enfraquecem qualquer política que tenha aspirações
democráticas.
Talvez o foco em "gênero" não tenha sido, no final, um desvio da pergunta de nosso
seminário: quais são os fins da democracia?
Quando violência e ódio se tornam instrumentos da política e da moral religiosa, então
a democracia é ameaçada por aqueles que pretendem rasgar o tecido social, punir as
diferenças e sabotar os vínculos sociais necessários para sustentar nossa convivência
aqui na Terra.
Eu vou me lembrar do Brasil por todas as pessoas generosas e atenciosas, religiosas ou
não, que agiram para bloquear os ataques e barrar o ódio.
São elas que parecem saber que o "fim" da democracia é manter acesa a esperança
por uma vida comum não violenta e o compromisso com a igualdade e a liberdade, um
sistema no qual a intolerância não se transforma em simples tolerância, mas é
superada pela afirmação corajosa de nossas diferenças.
Então todos começaremos a viver, a respirar e a nos mover com mais facilidade e
alegria —é esse o objetivo maior da corajosa luta democrática que tenho orgulho de
integrar: nos tornarmos livres, sermos tratados como iguais e vivermos juntos sem
violência.
1. MISKOLCI, Richard; CAMPANA, Maximiliano. "Direito às diferenças: notas sobre
formação jurídica e as demandas de reconhecimento na sociedade brasileira
contemporânea". "Hendu "" Revista Latino-Americana de Direitos Humanos", abril de
2017.
JUDITH BUTLER, 61, referência nos estudos de gênero e teoria queer, é codiretora do
programa de teoria crítica da Universidade da Califórnia em Berkeley. Lança o livro
"Caminhos Divergentes: Judaicidade e Crítica do Sionismo" pela Boitempo.
CAMILE SPROESSER, 32, é artista plástica.
http://m.folha.uol.com.br/amp/ilustrissima/2017/11/1936103-judith-butler-escrevesobre-o-fantasma-do-genero-e-o-ataque-sofrido-no-brasil.shtml
476
AS FEMINISTAS E A DESTRUIÇÃO DE VALORES
Lia Bock, Blog Lia Bock/Uol Universa, 17 de agosto de 2018
Dia desses dei de cara com um comentário intrigante para um texto publicado neste
blog. Não costumo ler ou me abalar com os comentários ofensivos. Mas este foi
diferente. Primeiro porque não era um ataque verborrágico e nem trazia aquelas
ofensas da quarta série que passam por 'recalcada', 'feia' e 'mal amada'. O comentário
foi quase respeitoso, apesar de ser equivocado. Mas foi a prepotência que me moveu a
respondê-lo publicamente.
Vulgo, mexeu com meus brios e trouxe muito do que precisamos entender sobre o que
ele chama de "as feministas". Vamos ao comentário:
"Um dia as feministas descobrirão que não passam de ferramenta dos que 'trabalham
a destruição de valores' – todos os valores. A velha máxima de 'dividir para governar'".
A forma como ele se coloca como detentor de uma verdade invisível ao olhos das
ingênuas (ou seriam burras?) feministas é um exemplo translúcido de algo que
costumamos ver por aí: homem tentando explicar pras gurias (feministas ou não)
porque elas estão erradas. Só faltou aquele "querida, deixa eu te explicar", que
geralmente vem antes desse tipo de frase. Vocês já pensaram que, talvez, as mulheres
pensem aquilo que disseram mesmo? Talvez elas tenham embasamento para isso e,
talvez, o fato de você discordar não signifique que ela está errada. Mas só talvez.
Depois vem a parte dos valores. Querido Fulano, você tem toda razão! O que as
feministas querem é justamente destruir, trucidar e esmigalhar valores construídos
socialmente em um tempo onde a mulher era propriedade do homem, não tinha
direito a voto e se não sangrassem na noite de núpcias eram devolvidas para o pai,
dentre outras coisinhas. Os tempos mudaram e por isso precisamos "destruir" alguns
valores para que floresçam outros. Mas também não precisa generalizar. Não é porque
queremos autonomia sobre nossos corpos e o fim (por exemplo) do "valor" de que a
477
mulher deve ser submissa ao seu marido, que queremos também acabar com a ética
(um valor) ou com o respeito à vida (outro valor).
Então anota, só queremos acabar com os valores que reduzem, desrespeitam e
agridem as mulheres. Tá? E hoje está muito fácil entender o que queremos e porque
queremos, já que, infelizmente, temos visto exemplos nítidos do que isso significa.
Quando um homem se sente no direito de matar a mulher porque ela quer o divórcio,
isso fica bem claro. Quando entidades religiosas usam argumentos nada palpáveis para
dizer que a vida da mulher vale menos que a do embrião, também fica claro porque a
resistência é necessária. Novos valores, para novos tempos.
E claro que isso incomoda. Mexer em valores é mexer em privilégios. É assumir que há
do outro lado gente pensando diferente de nós e que é preciso respeitá-las.
Agora, a parte em que você diz "A velha máxima de 'dividir para governar'", não ficou
muito clara pra mim. A famosa tática de guerra, como definiu Maquiavel (dividir para
conquistar/reinar), consiste em fragmentar os adversários para ganhar batalha. Aqui
entra um ponto importante. O feminismo tem diversas correntes e lutas, mas isso não
significa que há alguém plantando essa fragmentação para sufocá-lo. Ele nasceu assim.
São muitos feminismos.
Soa reducionista pensar que o movimento das mulheres está sendo manipulado para
que perca a batalha. Seria mais honesto dizer que, talvez, se abandonassem algumas
causas os movimentos poderiam ficar mais fortes. Mas, a verdade, é que no momento,
nenhuma causa parece desnecessária ou menos urgente.
Finalizo dizendo que seu comentário, aparentemente ético e inteligente, mostra como
temos muito o que avançar.
https://liabock.blogosfera.uol.com.br/2018/08/17/as-feministas-e-a-destruicao-devalores/
“TIRAVA O COLARINHO CLERICAL. ENTÃO PODIA FAZER O QUE QUERIA”. VÍTIMAS
CONTAM AO EL PAÍS A CRUEZA E A IMPUNIDADE DOS CRIMES SEXUAIS DE
SACERDOTES CONTRA MENORES NA PENSILVÂNIA DURANTE 70 ANOS. O HORROR
VESTIA BATINA
Amanda Mars, El País, 19 de agosto de 2018
478
Mary McHale, aos 17 anos, morria de amores por uma colega de classe. Gostava dela
horrores, horrores quase em sentido literal, porque aquilo, em plenos anos oitenta,
naquele instituto católico de Reading (Pensilvânia) em que estudava, transformou-a
em uma pilha de nervos. E quando a garota em questão correspondeu e começaram a
se encontrar às escondidas, já se imaginava a caminho do inferno. Se alguém poderia
escutá-la, esse alguém era o padre James Gaffney, seu professor e mentor. Um dia, no
confessionário, contou a ele seu segredo. E foi assim que a história da primeira
namorada de Mary, que 30 anos depois se lembra perfeitamente, nunca foi a história
dessa primeira namorada, mas a história do padre James, hoje totalmente atual, atual
também em sentido literal.
“Ele começou a usar meu segredo na hora, me disse que tínhamos de nos encontrar
com frequência para trabalhar nisso”, relata McHale, hoje com 46 anos. “Então
começamos a nos encontrar, primeiro no colégio e depois em sua paróquia.
Costumava me falar de sexo, tocar-me sem motivo, tirava o colarinho clerical e dizia
que, quando não o usava, podia fazer o que quisesse. O caso mais grave aconteceu na
casa paroquial da igreja de St. Catherine. Quando a secretária saiu, fechou a porta com
ferrolho. Tinha me falado que havia um programa que queria trabalhar comigo.”
O “programa” do padre James estava em um envelope grande que guardava outros
três menores. “O primeiro envelope pedia que contássemos nossas experiências
sexuais, ele foi contando como se masturbava e outras coisas inapropriadas e eu
contei as minhas. O segundo dizia: aponte partes do corpo do outro e dê um nome. E
fizemos isso. Já era tarde e disse a ele que tinha de ir, mas respondeu que não
podíamos, que tínhamos prometido... O terceiro envelope dizia que tínhamos de tirar
a roupa e avaliar o corpo do outro. Tentei resistir mas fiz isso. Fiquei de roupa de
baixo, me pediu que fosse adiante, me neguei e ele me deixou”.
O relatório publicado esta semana depois de dois anos de investigação sobre abusos
sexuais a pelo menos 1.000 crianças ao longo de 70 anos na Igreja da Pensilvânia
revelou o colaboracionismo mudo de bispos, cardeais e pessoas dos altos escalões
eclesiásticos. De Pittsburgh até Roma, de Reading até o Vaticano. Mas, para Mary, o
silêncio machucou de formas mais complexas.
McHale acredita que o sacerdote que assedia e agride sabe o que faz, que procura
pessoas com vulnerabilidades e as usa. Na noite do exercício dos envelopes, voltou
para casa e não disse nada aos pais. O padre, que tinha trinta e poucos anos, começou
a chamá-la constantemente, em sua casa e no trabalho, mas ela resistia. A insistência
fez seu pai desconfiar, e acabou contando a ele dos abusos, mas a família não
informou a ninguém, nem à paróquia nem à polícia. A própria Mary lhes implorou
479
silêncio porque “tinha medo que revelasse o que tinha lhe confessado, morria de
medo que soubessem que eu era gay”.
Logo se mudou para cursar a universidade e Gaffney desapareceu, mas seu abuso a
perseguiu como uma sombra. Nos piores momentos, diz, caiu no alcoolismo, mas em
2004 se recuperou. E no mesmo ano, em um dia de trabalho, deparou-se no jornal
com a notícia de uma garota que tinha denunciado o padre, então ligou para o jornal e
se ofereceu para ajudá-la a depor. O hoje ex-sacerdote —tirou o famoso colarinho
clerical para sempre em 2015— figura no relatório que o procurador geral da
Pensilvânia apresentou na terça-feira. Outras três jovens também o acusam. É
impossível calcular quantas mais pode haver; quantas, como Mary, se calaram durante
décadas. Ela continua morando em Reading, com sua esposa. E vive tudo que está
acontecendo atualmente, conta, como um desabrochar, como um poder.
Para Phil Saviano, uma das vítimas dos abusos na igreja de Boston, chamou a atenção
esses dias a presença feminina no foco da história. “Fiquei feliz de ver que as mulheres
agredidas estavam bem representadas na mídia, porque ainda escuto pessoas que
acreditam que todo esse assunto é um problema de padres homossexuais que
assediam meninos adolescentes, acho que a Igreja tenta distrair a atenção do
verdadeiro problema”, explicava esta semana Saviano, a pessoa que um dia se
apresentou na redação do Boston Globe com uma caixa cheia de papéis chamando os
jornalistas a investigar e a partir daí estourou o grande escândalo, o que o torna um
dos principais personagens do filme Spotlight.
“Um predador de crianças”
Se fosse feito um filme do caso da Pensilvânia, o papel de Saviano seria representado
por Shaun Dougherty, origem do relatório que o grande júri elaborou durante dois
anos e que deu a volta ao mundo esta semana. Há seis anos levou à promotora do
distrito de Cambia sua acusação contra George Koharchik. Conheceu o sacerdote em
1980, na paróquia de Saint Clement, em Johnstown, quando tinha 10 anos. Ele era o
segundo de uma família de nove filhos e Koharchik seu padre, professor de religião e
treinador de basquete. As agressões ocorreram até que fez 13 anos.
“Minha primeira ereção foi com o padre Koharchik. Suas mãos através da roupa, no
carro, enquanto dirigia. Estou convencido de que queria saber o dia exato em que me
tornei sexualmente maduro”, conta por telefone Dougherthy, de 46 anos. “Usava o
esporte para abusar de mim e de outros meninos. Depois de jogar, você sabia que ia
abusar de você no chuveiro. Ou no carro. Nos levava aos treinos e costumava me
sentar em seu colo para me deixar dirigir. E tocava meu pênis. Se olhasse atravessado,
480
dizia ‘preste atenção na rua’, e você tinha 10 anos, e estava dirigindo enquanto ele o
tocava...”. Com o passar do tempo, o padre acabou masturbando-o. Uma vez, no
chuveiro, quando já tinha 13 anos, penetrou-o com um dedo. Shaun o olhou com
severidade e Koharchik deve ter visto algo diferente no menino porque não voltou a
agredi-lo.
Jim Vansickle, em sua casa de Coraopolis (Pensilvânia), na sexta-feira. A. M.
Não contou a ninguém até depois dos 20 anos. Quando lhe perguntam por que, explica
como algo evidente: “Fui criado como um católico irlandês estrito. Era nosso padre,
nosso professor, você é ensinado a obedecê-los. Dizem: ‘Façam o que fizerem, são
homens de Deus”.
Quando este e outros casos chegaram ao procurador geral, Shaun foi depor e o grande
júri começou a investigar. Em agosto de 2015, a polícia revistou a sede da diocese de
Johnstown e encontrou mais de 100.000 documentos arquivados cheios de denúncias.
A história de Dougherthy não faz parte do relatório publicado esta semana, mas de
outro levado a público em 2016, correspondente a esta diocese. Nele Koharchik é
definido como um “predador de crianças”.
O sacerdote continua na cidade e Dougherthy, proprietário de um restaurante em
Long Island, vive entre Nova York e a Pensilvânia. Quando lhe perguntam como
conseguiu seguir em frente, nega. “Esta é uma luta da vida inteira. Um dia você está
bem, no outro, mal. Um dia muito bem, no outro dia, muito mal”.
A luta que une muitas vítimas é a de uma mudança legislativa que acabe com a
limitação temporal na hora de levar um agressor sexual aos tribunais. O congressista
democrata do Estado, Mark Rozzi, vítima ele mesmo de abusos por parte de um
clérigo, está liderando a iniciativa. Mary McHale e Shaun Dougherthy não podem
denunciar os seus. Na Pensilvânia, as pessoas que sofreram abusos quando crianças
podem entrar com uma ação civil até 12 anos depois da maioridade, ou seja, até
fazerem 30 anos, enquanto que a via penal está aberta até fazerem 50. Assim, muitos
afetados não podem recorrer aos tribunais por esta causa, mas servirá para que não
façam novas vítimas.
Como aconteceu a Mary McHale, Jim Vansickle leu o nome de seu agressor, David
Paulson, muitos anos depois em uma notícia no jornal. Foi este ano, porque tinham
voltado a acusá-lo. “Revivi durante uma semana esses 37 anos de silêncio e frustração
e decidi que tinha de ajudar esses meninos, é o que fiz de mais difícil na vida, em
março saí e contei minha história.”
481
Em sua casa em Coraopolis, a meia hora de Pittsburgh, guarda seu anuário, de 1981, e
uma fotografia de um adolescente com muito cabelo que sorri inocente. Apesar dessa
expressão, a foto corresponde a uma época difícil. “Minha avó tinha morrido, meu pai
estava nos primeiros estágios do lúpus e, como não podia trabalhar, começamos a ter
problemas financeiros. Eu era um cachorro perdido e procurava alguém que me
guiasse e conheci Paulson, tinha acabado de sair do seminário, era meu professor de
inglês e me tornou capitão da equipe de xadrez”, relata.
Então o sacerdote se tornou seu mentor, seu amigo, seu guia, a pessoa mais próxima
de sua vida, a quem confiava tudo e a quem consultava sobre tudo. Começaram então
os toques desnecessários, o álcool, os abraços inoportunos. Durou três anos. Uma vez
o levou para a excursão a um santuário de Fátima em Ohio e reservou quarto em um
hotel. No quarto, depois de brincar de luta livre com ele sobre a cama, Paulson tentou
estuprá-lo, mas Jim acabou se liberando. “Então rompi a relação com ele e foi
devastador, fiquei sozinho e foi um conflito, porque estava feliz que desaparecesse,
mas ao mesmo tempo gostava dele por tudo que tinha feito por mim”. Logo Jim foi
para a universidade e o padre David foi muitas vezes visitá-lo, oferecendo-lhe dinheiro,
sabendo de suas dificuldades. Um dia, lhe deu um carro de presente. No outro, se
apresentou com um novo jovem e acabou desaparecendo de sua vida.
Paulson mora na Pensilvânia e no outono o julgamento o espera. Vansikcle trabalha
como tutor de jovens em sua passagem da escola para a universidade. Dedica-se a
assessorá-los e guiá-los. Mas tem uma norma: “Nunca fico com a criança, sempre com
um familiar adulto em casa. Não quero ficar sozinho com eles. Faço isso para protegêlos e para me proteger.”
UMA INVESTIGAÇÃO DE UM MILHÃO DE DOCUMENTOS
A Pensilvânia não representa o marco zero dos abusos sexuais a menores de idade no
seio da igreja. Mas é o Estado que fez a maior investigação do sistema e publicou os
resultados em vários relatórios. O desta semana cobre os fatos de seis das oito
dioceses (Allentown, Erie, Greensburg, Harrisburg, Pittsburgh e Scranton), já que as
investigações das da Filadélfia e Johnstown tinham sido divulgadas antes. Assim, o
número de 300 sacerdotes envolvidos em abusos contra pelo menos mil crianças é
sem dúvida baixo.
O grande júri passou dois anos investigando, repassando em torno de meio milhão de
documentos, e ouvindo o relato de dezenas e dezenas de vítimas, como John Vansickle
e Shaun Dougherthy. O mecanismo de acobertamento não consistia apenas em calar
sobre as denúncias, mas em persuadir as vítimas de que não recorressem às
482
autoridades e em pressionar a polícia e a justiça para que também esquecessem o
assunto. Segundo publicou o jornal Pittsburgh Post-Gazette, as dioceses de
Greensburg e Harrisburg tentaram impedir a investigação do grande júri, mas o juiz os
enfrentou. Na terça-feira, tudo se tornou público. O bispo de Pittsburgh, David Zubik,
pediu perdão. O Vaticano chamou os agressores de criminosos. As vítimas querem vêlos na prisão.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/18/internacional/1534613446_165443.html
“NÃO AGIMOS A TEMPO. ABANDONAMOS OS PEQUENOS”, DIZ PAPA SOBRE ABUSOS
NA PENSILVÂNIA. EM CARTA, PONTÍFICE INSTA RESPONSÁVEIS ECLESIÁSTICOS A
DENUNCIAREM OS POSSÍVEIS CASOS DE PEDOFILIA
Lorena Pacho, El País, 20 de agosto de 2018
O papa Francisco afirmou que o que for feito “nunca será suficiente para pedir perdão
e buscar reparar os danos causados” pelos abusos a menores por parte do clero. O
Pontífice voltou a expressar arrependimento em uma carta aberta depois que a
Suprema Corte da Pensilvânia (EUA) publicou um relatório que documenta mil casos
de abusos sexuais perpetrados por padres: “Descuidamos dos pequenos e os
abandonamos.” Para ele, é primordial criar “uma cultura capaz de evitar que essas
situações não só não se repitam, mas que não encontrem espaços para serem
encobertas e se perpetuarem”.
"Com vergonha e arrependimento, como comunidade eclesial assumimos que não
soubemos estar onde tínhamos de estar, que não agimos a tempo reconhecendo a
magnitude e a gravidade do dano que estava sendo causado em tantas vidas”,
assinalou. Na semana passada, foi divulgado um relatório que documenta 300 casos de
"padres sexuais predadores" em seis das oito dioceses do Estado da Pensilvânia.
Para o Papa, os escândalos de pedofilia no seio da Igreja Católica nos Estados Unidos,
cometidos em sua maioria antes do ano 2000, são um "crime que causa profundas
feridas de dor e impotência" nas vítimas, suas famílias e "em toda a comunidade,
sejam crentes ou não-crentes ".
"A dor dessas vítimas é um gemido que clama ao céu, que chega à alma e que por
muito tempo foi ignorado, calado ou silenciado. Mas seu grito foi mais forte que todas
as medidas que o tentaram silenciar ou até mesmo pretenderam solucioná-lo com
decisões que aumentaram a gravidade, caindo na cumplicidade”, explicou.
483
Para que essas situações não voltem a se repetir, o Pontífice pediu aos líderes da Igreja
que denunciem possíveis casos de abuso no futuro: "A solidariedade exige de nós que
denunciemos todo aquele que puser em perigo a integridade de qualquer um.
Solidariedade que reivindica lutar contra todos os tipos de corrupção, especialmente a
espiritual.” “Olhando para o futuro, nunca será pouco o que se fizer para criar uma
cultura capaz de evitar que essas situações não só não se repitam, mas não encontrem
espaços para serem encobertas e perpetuadas", afirmou.
O papa Francisco também explicou que em várias partes do mundo a Igreja está
trabalhando para proteger a integridade de crianças e adultos e aplicar "tolerância
zero" aos abusos sexuais. Embora ele reconheça que se demorou” para aplicar essas
ações e sanções tão necessárias", disse acreditar "que elas ajudarão a garantir uma
maior cultura de cuidado no presente e no futuro".
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/20/internacional/1534766368_337798.html
PAPA FRANCISCO: “A IGREJA FRACASSOU DIANTE DESSES CRIMES REPUGNANTES”.
PRIMEIRO-MINISTRO IRLANDÊS PEDE UMA RESPOSTA FIRME DO PAPA EM RELAÇÃO
AOS ABUSOS SEXUAIS DE MEMBROS DO CLERO E LEMBRA QUE A IRLANDA SE
MODERNIZOU E QUE A RELIGIÃO JÁ NÃO ESTÁ NO CENTRO DA SOCIEDADE
Daniel Verdú, El País, 25 de agosto de 2018
O mundo mudou radicalmente na última década. Mas a Irlanda, onde o papa Francisco
aterrissou na manhã deste sábado, dá a sensação de ter feito isso em uma velocidade
maior. O catolicismo continua tendo influência. Mas desde 2009, quando a comissão
Ryan descobriu 80 anos de abusos a menores, houve transformações estruturais que
foram adiante, apesar da oposição sistemática da Igreja. Hoje o país tem um primeiroministro gay, descriminalizou o aborto e os casamentos homossexuais e sofreu uma
crise econômica brutal da qual saiu mais rápido e mais forte do que qualquer parceiro
da União Europeia. O catolicismo perdeu força (caiu de 95% da população para 76,1%)
e autoridade moral e, durante esse tempo, a única revolução no céu foi a da empresa
aérea irlandesa Ryanair. O desafio para o Papa, em um lugar onde costumava jogar em
casa e que hoje reivindica uma mudança de mentalidade, é enorme.
A Irlanda é hoje um lugar mais difícil para um Pontífice do que aquela que João Paulo II
encontrou em 1979. Especialmente quando acaba de vir à tona outro escândalo de
abusos maciços na Pensilvânia que a Igreja Católica e o Vaticano encobriram durante
anos, assim como aconteceu aqui. O próprio primeiro-ministro, Leo Varadkar, lembrou
a Francisco e o advertiu de que a Irlanda mudou e que a religião já não está no centro
484
da sociedade. O Papa foi direto ao assunto. “Não posso deixar de reconhecer o grave
escândalo causado na Irlanda pelos abusos a menores por parte de membros da Igreja
encarregados de protegê-los e educá-los. O fracasso das autoridades eclesiásticas —
bispos, superiores religiosos, sacerdotes e outros— ao enfrentar adequadamente
esses crimes repugnantes provocou justamente indignação e permanece como causa
de sofrimento e vergonha para a comunidade católica. Eu mesmo compartilho esses
sentimentos”, disse o Pontífice.
O Papa, que se reunirá com um grupo de vítimas de abusos, também se referiu ao
papel da proteção de menores. Mas não houve alusões claras ao mais recente
escândalo descoberto na Pensilvânia, onde um relatório do grande júri revelou há duas
semanas que mais de 1.000 crianças foram abusadas por cerca de 300 religiosos. E
nem ao encobrimento que, de acordo com o relatório, chegou ao Vaticano. “Desejo
que a gravidade dos escândalos dos abusos, que fizeram emergir as falhas de muitos,
sirva para enfatizar a importância da proteção dos menores e dos adultos vulneráveis
por parte de toda a sociedade”, afirmou. Pouco para aqueles que esperavam palavras
mais duras ou medidas concretas como, certamente, o próprio primeiro-ministro, que
se referiu à Pensilvânia e pediu mais contundência: “As feridas ainda estão abertas e
há muito a fazer para trazer justiça e verdade e curar as vítimas. Santo Padre, peço-lhe
que use sua posição e influência para garantir que sejam tomadas medidas na Irlanda e
em todo o mundo”.
O Papa, cuja última visita à Irlanda aconteceu em 1980, para aprender inglês durante
três meses, também enfrenta nesta viagem o processo de ajuste de uma Igreja
Católica profundamente afetada em uma sociedade na qual perdeu um importante
peso específico. A aprovação do aborto, do divórcio e da lei dos casamentos
homossexuais oferece uma perspectiva social muito diferente. Mas Francisco tentou
reforçar os valores tradicionais da família como o casamento exclusivo entre um
homem e uma mulher e a rejeição ao aborto. “Este encontro é uma oportunidade para
reforçar o compromisso de respeito sagrado pelo dom divino da vida em todas as suas
formas. *...+”. O aborto, de acordo com o Pontífice, está relacionado a uma “cultura do
descarte materialista que nos tornou cada vez mais indiferentes aos membros mais
indefesos da família, incluindo os nascituros, privados do direito à vida”.
Mas em maio, a descriminalização do aborto foi aprovada por maioria esmagadora em
um referendo histórico na Irlanda. O primeiro-ministro se encarregou de lembrar isso a
Francisco em um discurso claro e contundente. “A Irlanda do século XXI é um lugar
muito diferente e cada vez mais diverso. Há cada vez mais gente que adere a
diferentes fés, ou que se sente à vontade em religiões não organizadas. Votamos em
nosso parlamento um referendo para modernizar nossas leis, entendendo que os
casamentos nem sempre funcionam, que as mulheres têm de tomar suas próprias
485
decisões, e que as famílias têm diferentes formas, incluindo aquelas encabeçadas por
um avô, um pai solteiro, dois pais do mesmo sexo ou divorciados.”
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/25/internacional/1535190795_439663.html
IRLANDA PEDE AO PAPA “JUSTIÇA” ÀS VÍTIMAS DE ABUSOS
Agence France Presse (AFP) reproduzida pelo Uol, 25 de agosto de 2018
O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, pediu neste sábado (25) ao papa Francisco
que se faça "justiça" às vítimas de abusos cometidos por membros do clero, enquanto
o pontífice reconheceu sua "vergonha" por esses crimes.
O papa chegou na manhã deste sábado em Dublin para o encerramento do Encontro
Mundial das Famílias. Sua 24ª viagem ao exterior acontece em um momento muito
sensível para a Igreja Católica, abalada na semana passada pelas revelações de abusos
sexuais cometidos no passado nos Estados Unidos e por uma série sem precedentes de
recentes renúncias de hierarcas suspeitos de fazer cumprir a lei do silêncio no Chile, na
Austrália e nos Estados Unidos.
Varadkar, que é abertamente homossexual e símbolo de uma nova Irlanda liberal, fez
um apelo para que as "vítimas e os sobreviventes obtenham justiça, verdade e cura".
"Santo Padre, peço que use sua posição e influência para conseguir este feito aqui na
Irlanda e em todo o mundo", clamou ao lado do pontífice.
"Devemos garantir que as palavras sejam seguidas de ações", insistiu em seu discurso
no Castelo de Dublin.
Desde 2002, mais de 14.500 pessoas se declararam vítimas de abusos sexuais
cometidos por padres na Irlanda.
"É uma história triste e vergonhosa, uma mancha em nosso Estado, nossa sociedade e
na Igreja Católica", estimou Varadkar.
"O papa Francisco se reuniu na noite deste sábado durante uma hora e meia com oito
sobreviventes de abusos cometidos por clérigos, religiosos ou em instituições" da
Igreja, explicou o porta-voz do Vaticano, Greg Kerry.
486
O encontro muito aguardado com os "sobreviventes", em parte identificados em um
comunicado do Vaticano, foi celebrado ao final do primeiro dia da visita papal.
Entre as oito pessoas se encontrava uma vítima, que quis permanecer anônima, do
padre católico Tony Walsh, que abusou de crianças durante duas décadas antes de ser
preso.
O papa também recebeu a porta-voz dos "sobreviventes": Marie Collins, uma
septuagenária irlandesa, que foi vítima aos 13 anos de um sacerdote quando estava
em um hospital.
'Sofrimento e vergonha'
Após escutar seu interlocutor, o papa Francisco reconheceu sua "vergonha" diante do
fracasso da Igreja por não ter enfrentado adequadamente os "crimes ignóbeis" do
clero na Irlanda.
"O fracasso das autoridades eclesiásticas - bispos, religiosos superiores, sacerdotes e
outros - para tratar adequadamente estes crimes repugnantes provoca indignação e
continua a causar sofrimento e constrangimento à comunidade católica. Eu mesmo
compartilho esses sentimentos", declarou o papa numa intervenção sobre esta
questão.
O pontífice direcionou um pensamento particular às "mulheres que no passado
sofreram situações de particular dificuldade". "Eu não posso deixar de reconhecer o
grave escândalo causado na Irlanda pelos abusos de menores por parte de membros
da Igreja encarregados de protegê-los e educá-los".
O papa argentino se referiu ao seu predecessor Bento XVI, que em 2010 havia escrito
uma carta a todos os católicos irlandeses.
"Sua intervenção franca e decisiva serve ainda hoje de incentivo aos esforços das
autoridades eclesiais para remediar os erros do passado e adotar padrões rigorosos
para garantir que não voltem a acontecer", disse Francisco.
"A Igreja na Irlanda teve, no passado e no presente, um papel de promoção do bem
que não pode ser ocultado", ressaltou em seu discurso, acrescentando: "Espero que a
gravidade dos escândalos dos abusos, que revelaram as falhas de muitos, sirva para
enfatizar a importância da proteção dos menores e dos adultos vulneráveis por toda a
sociedade."
487
Francisco presidirá neste sábado o Encontro das Famílias no estádio Croke Park de
Dublin, onde mais de 80.000 pessoas são esperadas, e vai celebrar no domingo a missa
de encerramento do evento no Parque Phoenix em Dublin, onde são esperados meio
milhão de fiéis.
Além disso, vai se reunir discretamente com vítimas de abusos sexuais.
Na semana passada, o enorme escândalo de pedofilia no estado americano da
Pensilvânia, levou o papa Francisco a divulgar uma carta sem precedentes aos 1,3
bilhão de católicos do planeta. A carta reconhece que a Igreja esteve a altura e que
"descuidou e abandonou as crianças" e "o que pode ser feito para pedir perdão nunca
será suficiente".
"Não ao papa"
À margem da visita do papa, estão previstas manifestações.
Milhares de internautas irlandeses pediram no Facebook um boicote em massa ao
papa e à missa de Phoenix Park.
Paralelamente, uma marcha acontecerá nas ruas de Dublin até o "Jardim da
Recordação".
Em Thuam (oeste), uma vigília será realizada em memória dos 796 bebês mortos entre
1925 e 1961 no albergue católico das Irmãs do Bom Socorro e que foram enterrados
em uma vala comum.
"A visita do Papa é muito dolorosa para muitos sobreviventes (de abusos). Desperta
velhas emoções. Vergonha, humilhação, desespero, raiva", declarou Maeve Lewis,
diretora da associação One in Four, que ajuda vítimas.
"É um fim de semana de emoções mistas", resumiu o ministro da Saúde da Irlanda,
Simon Harris, no Twitter. "Para muitos, o entusiasmo [por ver o papa], para outros, um
sentimento de dor", escreveu ele.
A Igreja perdeu influência na sociedade irlandesa nos últimos anos.
A missa do papa Francisco também deve atrair três vezes menos fiéis do que durante a
visita de João Paulo II em 1979, a última visita pontifícia ao país.
488
Desde então, a proporção de católicos em uma população de cerca de cinco milhões
passou de mais de 90% para menos de 80%.
Na frente política, a Irlanda legalizou o casamento gay em 2015, elegeu um primeiroministro gay, Leo Varadkar, em 2017, e autorizou o aborto em maio.
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2018/08/25/irlanda-pede-ao-papajustica-as-vitimas-de-abusos.htm
NA IRLANDA, PAPA EXPRESSA "VERGONHA” POR CASOS DE ABUSO. FRANCISCO
AFIRMOU QUE AUTORIDADES ECLESIÁSTICAS IRLANDESAS "FRACASSARAM” EM
ENFRENTAR "CRIMES REPUGNANTES”. DESDE 2002, 14.500 PESSOAS NO PAÍS SE
DECLARARAM VÍTIMAS DE ABUSOS SEXUAIS COMETIDOS POR PADRES
Deutsche Welle, 25 de agosto de 2018
O papa Francisco reconheceu neste sábado (25/08) em Dublin o fracasso da Igreja
Católica irlandesa para enfrentar adequadamente o que chamou de "crimes
repugnantes” de membros do clero local.
"Não posso deixar de reconhecer o grave escândalo causado na Irlanda pelos abusos a
menores por parte de membros da Igreja encarregados de protegê-los e educá-los",
disse.
Francisco fez tal afirmação durante um discurso às autoridades irlandesas no início de
sua visita de dois dias ao país, onde vai participar do Encontro Mundial das Famílias.
Esta é a primeira viagem oficial de um papa à Irlanda em 39 anos.
Em seu discurso, no salão de São Patrício no Castelo de Dublin, Francisco também
reconheceu que "o fracasso das autoridades eclesiásticas – bispos, superiores
religiosos e sacerdotes – na hora de enfrentar adequadamente esses crimes
repugnantes, suscitou justamente indignação e permanece como motivo de
sofrimento e vergonha para a comunidade católica". "Eu mesmo compartilho esses
sentimentos", completou ele.
Desde 2002, cerca de 14.500 pessoas se declararam vítimas de abusos sexuais
cometidos por padres na Irlanda. A visita do papa à Irlanda também ocorre logo após a
divulgação nos Estados Unidos de um relatório que aponta ao longo de 70 anos mil
489
menores sofreram abuso sexual por parte de 300 sacerdotes. Recentemente,
autoridades eclesiásticas do Chile e da Austrália também foram acusadas de acobertar
abusos.
Após o discurso, o papa se reuniu durante uma hora e meia com oito vítimas de
abusos. O encontro, que já tinha sido anunciado pelo Vaticano às vésperas da viagem,
aconteceu na nunciatura da capital irlandesa durante um momento de pausa na
agenda do pontífice.
A reunião foi "com oito vítimas de abusos por parte do clero, de religiosos e
institucionais", informou o porta-voz do Vaticano, Greg Burke.
Em comunicado da Coalizão das Famílias, Mães e Filhos da Irlanda, duas pessoas deste
grupo que participaram do encontro explicaram que o Francisco condenou a corrupção
e os acobertamentos e os qualificou de "sujeira".
Entre eles estiveram Marie Collins, que fez parte da Pontifica Comissão para a
proteção de menores criada pelo papa. Outras vítimas presentes foram os reverendos
Patrick McCafferty e Joe McDonald, Damian O'Farrel, Paul Jude Redmond, Clodagh
Malone e Bernadette Fathy, enquanto outra vítima, abusada pelo sacerdote Tony
Walsh, preferiu ficar no anonimato.
Declínio na Irlanda
Durante o encontro do papa com as autoridades irlandesas, o primeiro-ministro do
país, Leo Varadkar, pediu ao papa que use sua "posição e influência" para tentar fazer
"justiça" às vítimas dos abusos cometidos por membros do clero no mundo inteiro.
"As feridas ainda estão abertas e há muito a ser feito para que as vítimas e
sobreviventes obtenham justiça, verdade e cura. Santo Padre, peço que use sua
posição e influência para conseguir este feito aqui na Irlanda e em todo o mundo",
declarou Leo Varadkar por ocasião da visita do pontífice à Irlanda. "Devemos garantir
que as palavras sejam seguidas de ações", insistiu em seu discurso."É uma história
triste e vergonhosa, uma mancha em nosso Estado, nossa sociedade e na Igreja
Católica", estimou Varadkar.
Nas últimas décadas, a Igreja Católica irlandesa vem perdendo influência devido aos
escândalos de pedofilia e à evolução dos costumes neste país de quase cinco milhões
de habitantes.
490
No censo de 1981, dois anos após a histórica visita de João Paulo 2° à Irlanda, 93% da
população do país dizia ser católica. No último censo, em 2016, o número de católicos
tinha caído para 78%.
Francisco abordou esse declínio ao final do seu discurso desejando que a Irlanda "não
se esqueça das vibrantes melodias da mensagem cristã que a sustentaram no passado
e podem seguir fazendo o mesmo no futuro".
Neste sábado, Francisco ainda vai liderar o Encontro das Famílias no estádio Croke
Park de Dublin, onde mais de 80.000 pessoas são esperadas. No domingo (26/08), será
a vez de celebrar a missa de encerramento do evento no Parque Phoenix, também na
capital irlandesa, onde são esperados meio milhão de fiéis.
Protestos
Após a chegada do papa em Dublin, vários grupos de vítimas dos abusos organizaram
protestos neste sábado na capital. Um desses atos ocorreu em frente ao Castelo de
Dublin, onde o papa fez o discurso sobre a responsabilidade da Igreja.
O protesto foi organizado pela irlandesa Margaret McGuckin, sobrevivente dos abusos
cometidos por religiosas no internato Casa de Nazaré e impulsora de um dos órgãos
estatais de investigação de casos históricos de abusos.
"O papa tem agora que dar a cara e fazer algo pelas vítimas. Precisamos que sejam
concedidas compensações, necessitamos que a Igreja se responsabilize", declarou
McGuckin à imprensa.
Esse processo deve contemplar também ações para "levar aos tribunais" os "bispos,
sacerdotes, freiras e qualquer outra pessoa" envolvida com "o abuso de menores ou
na ocultação dos abusos", ressaltou a ativista.
Em sua opinião, as autoridades devem atuar com "tolerância zero" e impedir que a
Igreja "investigue a si mesma".
https://www.dw.com/pt-br/na-irlanda-papa-expressa-vergonha-por-casos-deabuso/a-45224107
https://p.dw.com/p/33kr5
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“NOS FAZIAM COMER VÔMITO”: AS DENÚNCIAS DE ABUSOS COMETIDOS EM
ORFANATO POR FREIRAS NA ESCÓCIA
BBC News Brasil, 25 de agosto de 2018
Smyllum Park funcionou entre 1864 e 1981 como um orfanato controlado pela orden
das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo
O orfanato católico Smyllum Park, na Escócia, fechou em 1981, mas o que se passou ali
continua a chocar quase 40 anos depois.
A polícia anunciou na última quinta-feira a prisão de 12 pessoas, entre elas 11
mulheres, algumas delas freiras, e 1 homem com idades entre 62 e 85 anos, como
parte de uma investigação sobre "abusos físicos e sexuais sistemáticos" de crianças
que teriam sido cometidos na instituição. Outras quatro pessoas ainda devem ser
denunciadas.
Localizado em Lanark, uma pequena cidade da região central do país, Smyllum Park
ficou conhecido como o "orfanato fantasma" após fechar as portas, depois de mais de
um século comandado pela ordem das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo.
A polícia disse que não divulgará mais detalhes sobre as identidades dos acusados e os
crimes enquanto não houver uma decisão final dos promotores à frente do caso.
492
"As investigações continuam, seria inapropriado fazer mais comentários", diz um
comunicado.
'Tenho 50 anos e ainda sinto medo', diz ex-moradora do orfanato
A britânica Marie Peachey viveu junto com seu irmão mais velho, Samuel, e a irmã
mais nova, Brenda, no Smyllum quando era criança. Ela contou à BBC ter ficado
"chocada, assustada, enjoada... e feliz" ao saber das prisões.
"São todas as emoções numa só", afirmou ela, que diz que nunca se esquecerá do que
viveu no orfanato.
"Algo bobo pode ser o gatilho que me faz voltar para o Smyllum, a ser uma menininha
assustada. Tenho 50 anos hoje, e ainda sinto medo."
Os testemunhos prestados no ano passado como parte das investigações fizeram com
que a irmã Ellen Flynn, que está atualmente à frente da ordem no Reino Unido,
pedisse desculpas publicamente.
A religiosa classificou como "horripilantes" os relatos e declarou que os fatos vão
"totalmente contra" ao que a ordem representa.
Mais de 11,6 mil crianças passaram pelo Smyllum Park ao longo de 117 anos
493
Segundo o jornal britânico The Scottish Daily Mail, a polícia começou a investigar
também as Irmãs de Nazaré, outra ordem católica que administrava lares para
crianças.
Os processos ocorrem em meio à visita do papa Francisco neste fim de semana à
Irlanda, onde ele se encontrou com vítimas de abusos cometidos por padres quando
eram crianças.
Em sua primeira passagem pelo país em 39 anos, Francisco disse ter ficado
envergonhado pelo fracasso da Igreja em lidar adequadamente com "crimes
repugnantes".
Uma investigação no Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, revelou que mais de 1
mil menores foram abusados por 300 padres e que os casos foram ocultados pela
Igreja.
Ao menos 400 crianças foram enterradas em cova clandestina
Mais de 11,6 mil crianças passaram pelo Smyllum Park desde sua abertura em 1864
até ele ser fechado 117 anos depois. Algumas eram órfãs, enquanto outras vinham de
famílias que não tinham condições de sustentá-los.
Há anos, a Comissão de Investigação de Abuso Infantil (SCAI, na sigla em inglês) da
Escócia analisa denúncias sobre os abusos que teriam sido cometidos neste local.
O órgão diz que a maioria das pessoas que testemunharam garante que, enquanto
viveram ali, foram agredidas frequentemente, submetidas a castigos, algumas afirmam
terem sido vítimas de abusos sexuais por pessoas responsáveis por cuidar delas.
Gregor Rolfe, advogado das Filhas da Caridade, reconheceu no ano passado perante a
SCAI que um ex-funcionário pode ter abusado sexualmente de menores e, ainda que
denúncias tenham sido feitas às freiras, elas nunca chegaram à polícia.
Alguns testemunhos dão conta que um grande número de crianças teriam morrido no
orfanato, mas a forma exata como essas mortes se deram e onde foram enterrados os
corpos é algo que ficou desconhecido por anos.
Em 2003, um dos sobreviventes do orfanato encontrou uma cova clandestina em um
terreno próximo onde, segundo uma investigação da BBC, foram enterradas ao menos
400 crianças.
494
'Comi grama porque sentia fonte', disse testemunha
Ainda que a maioria dos que viveram no orfanato já tenham morrido, as denúncias do
processo estão sendo levadas adiante por aqueles que estão vivos.
No fim de 2017, a SCAI revelou alguns dos testemunhos das pessoas que teriam sido
vítimas de abusos e contaram as experiências que tiveram no Smyllum Park.
Uma destas pessoas afirmou que as freiras a agrediam e a deixavam presa e que em
uma ocasião chegaram a enfiar sua cabeça em uma privada. "Estava histérico, porque
pensava que iria desaparecer pela privada", contou.
Outra vítima, ao ser interrogada sobre a comida no orfanato, disse que sempre
passava fome. "Não me lembro de comida. Lembro de ter comido grama porque tinha
fome", disse.
Após ser fechado, Smyllum Park ficou conhecido como o 'orfanato fantasma'. Direito de
imagem GETTY IMAGES
495
Outra pessoa que diz ter vivido no local desde os 4 anos afirmou ter recebido choques
elétricos. Contou que ficou amarrada a uma cama e amordaçada por horas,
engasgando com um travesseiro e engolindo vômito.
Theresa Tolmie-McGrane, que se apresenta como uma das vítimas, contou à BBC que
chegou aos 6 anos ao orfanato e que viveu ali "mais de uma década de abuso físico,
sexual e mental".
"Todas as crianças foram agredidas, castigadas, trancadas em quartos escuros. Nos
faziam comer nosso próprio vômito. Diria que muitos de nós tivemos a boca lavada
com sabão", afirmou.
Após quase três anos de investigações, a SCAI planeja divulgar um relatório preliminar
sobre os abusos nas próximas semanas e uma decisão final em 2019.
[A matéria traz outras imagens, de pessoas...]
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45311206
POPE FRANCIS LONG KNEW OF CARDINAL’S ABUSES AND MUST RESIGN, ARCHBISHOP
SAYS
Jason Horowitz, The New York Times, 26 de agosto de 2018
On the final day of Pope Francis’ mission to Ireland, as he issued candid apologies for
devastating clerical sex abuse scandals, a former top Vatican diplomat alleged in a
letter published on Sunday that the pope himself had joined top Vatican officials in
covering up the abuses and called for his resignation.
The letter, a bombshell written by Carlo Maria Viganò, the former top Vatican
diplomat in the United States and a staunch critic of Francis, seemed timed to do more
than simply derail the pope’s uphill efforts to win back the Irish faithful, who have
turned away from the church in large numbers.
Its unsubstantiated allegations and personal attacks amounted to an extraordinary
public declaration of war against Francis’ papacy at perhaps its most vulnerable
moment, intended to unseat a pope whose predecessor, Benedict XVI, was the first to
resign in nearly 600 years.
496
Mr. Viganò claimed that the Vatican hierarchy was complicit in covering up accusations
that Cardinal Theodore McCarrick had sexually abused seminarians and that Pope
Francis knew about the abuses by the now-disgraced American prelate years before
they became public.
In a news conference on the papal plane back to Rome late Sunday evening, Pope
Francis was asked whether there was any truth to the accusations that Archbishop
Viganò had personally informed him in 2013 of Mr. McCarrick’s history of abuse, or
whether Benedict had in fact sanctioned the American, as the letter claimed. The pope
did not deny it, but sidestepped the questions by insisting he would not dignify them
with a response.
“I will not say a single word about this,” he said. “I believe the statement speaks for
itself. And you have the sufficient journalistic ability to make your conclusions. It’s an
act of trust.”
The 7,000-word attack on Francis’ allies in the Vatican, published early Sunday Dublin
time by several conservative Catholic outlets antagonistic to Francis, represented a
steep escalation in the longstanding, and increasingly caustic, rivalries within the
church.
Factions have battled over the direction the church has gone under Francis, with
conservatives, especially some American cardinals and bishops, warning that his
pastoral and inclusive approach and emphasis on social issues dilute church doctrine
and pose a mortal threat to the future of the faith.
Already on Sunday afternoon, the battle was being joined.
Cardinal Blase J. Cupich, the archbishop of Chicago, who is aligned with Francis and
was a target of Archbishop Viganò’s letter, said in a phone interview that he suspected
English speakers had helped Archbishop Viganò write the letter. He called the pope “a
man of integrity.”
“If he makes a mistake, he admits it,” Cardinal Cupich added. “That’s why I’m
convinced this is something that he is going to respond to in an appropriate way.”
Cardinal Cupich also said the timing of the letter raised questions.
“I’d have to leave it up to him to ask him why he timed the release of this at this
moment, particularly if he considered this information so very critical and important,”
the cardinal said.
497
Archbishop Charles J. Chaput of Philadelphia, a leading conservative voice in the
Catholic Church, who according to the letter was disparaged by Francis, cited
Archbishop Viganò’s integrity in a statement to The New York Times from his
spokesman.
“The Archbishop enjoyed working with Archbishop Viganò during his tenure as
Apostolic Nuncio to the United States and found his service to be marked by integrity
to the church,” said Ken Gavin, spokesman for the archdiocese of Philadelphia.
The willingness of the pope and his allies to reach out to gay Catholics has infuriated
conservatives, many of whom, like Archbishop Viganò, blame homosexuals for the sex
abuse crisis. The pope has argued that the abuse is a symptom of a culture of privilege
and imperviousness among priests who value the church’s traditions over its
parishioners.
Last month, Francis accepted the resignation of Cardinal McCarrick, the first such
resignation in living memory, after The Times and other news outlets published
accounts of the alleged abuse and an internal investigation by the American church
deemed credible an accusation that he had sexually abused a minor.
But Archbishop Viganò alleges that Benedict had already punished Cardinal McCarrick
for his abuse of seminarians and priests. The archbishop writes that Benedict had
banned the American cardinal from publicly celebrating Mass, from living in a seminary
and from traveling to give lectures.
There is no public record of such a sanction, and the allegation has not been
confirmed.
Cardinal Cupich said he was not aware of any restrictions that Pope Benedict put on
Cardinal McCarrick as Archbishop Viganò asserts.
498
A protest in Dublin on Sunday during Francis’ visit. Credit Gonzalo Fuentes/Reuters
“How can you have secret restrictions? What does that mean?” Cardinal Cupich said,
adding that it would have been Archbishop Viganò’s duty as nuncio to inform the
American bishops of the restrictions. “Why didn’t he tell us this? Why didn’t he
enforce it?”
But Archbishop Viganò accused Francis of failing to apply the sanctions on Cardinal
McCarrick and instead rehabilitating and empowering him to help choose powerful
American bishops, including Cardinal Cupich.
Archbishop Viganò despises many of those bishops, who now wield influence and
promote Francis’ pastoral approach, and he complained in the letter of being deprived
of the voice typically given to a papal nuncio in choosing them. He targeted those
bishops and cardinals by name, but saved his most ambitious fire for Francis.
“He knew from at least June 23, 2013, that McCarrick was a serial predator,”
Archbishop Viganò writes of Francis, calling for the pope to step down.
“In this extremely dramatic moment for the universal Church, he must acknowledge
his mistakes and, in keeping with the proclaimed principle of zero tolerance, Pope
Francis must be the first to set a good example for cardinals and bishops who covered
up McCarrick’s abuses and resign along with all of them.”
499
At a 2013 reception in the library of the Apostolic Palace in the Vatican shortly after
Francis was elected pope, Archbishop Viganò was effusive with praise for him, saying
his audience was “extremely nice, extremely warm.”
But in the letter, he said he had received an icy reception from Pope Francis. And he
said the pope had told him on June 23, 2013: “The bishops in the United States must
not be ideologized, they must not be right-wing.” Francis then added, according to
Archbishop Viganò, that they must not be left-wing, “and when I say left-wing, I mean
homosexual.”
It was then that Francis asked his opinion of Cardinal McCarrick, to which Archbishop
Viganò said he had replied: “Holy Father, I don’t know if you know Cardinal McCarrick,
but if you ask the Congregation for Bishops there is a dossier this thick about him. He
corrupted generations of seminarians and priests, and Pope Benedict ordered him to
withdraw to a life of prayer and penance.”
Archbishop Viganò, who blames gays for the child abuse crisis that has destroyed the
church’s standing in many countries, dedicates entire sections of the letter to outing
cardinals who he claims belong to what he characterizes as a pernicious “homosexual
current” within the Vatican.
“These homosexual networks,” he wrote, “which are now widespread in many
dioceses, seminaries, religious orders, etc., act under the concealment of secrecy and
lies with the power of octopus tentacles, and strangle innocent victims and priestly
vocations, and are strangling the entire church.”
Archbishop Viganò is no stranger to stirring trouble in the Vatican.
A cultural conservative born into a wealthy family in Varese, Italy, he received the title
of archbishop from Pope John Paul II in 1992. He later joined the church’s diplomatic
corps, one of the traditional sources of power in the Vatican, which gave him access to
much of the information he alleges in the letter. In 2009, he was installed by Pope
Benedict XVI as secretary of the governorate of Vatican City State, a position similar to
mayor of Vatican City.
Benedict wanted him to enact government overhauls, but Archbishop Viganò’s efforts
in pursuit of that goal earned him powerful enemies.
In early 2011, hostile anonymous articles attacking Archbishop Viganò began
appearing in the Italian news media, the bulletin board of Vatican power politics.
500
Archbishop Viganò appealed to Benedict’s second in command, Cardinal Tarcisio
Bertone, who instead echoed the articles’ complaints.
Those appeals and protests, later leaked by the pope’s butler, became the heart of the
church scandal known as VatiLeaks, which many church observers say contributed to
the Benedict XVI’s resignation.
Francis removed Archbishop Viganò from his job as nuncio to the United States in
2016, in part for nearly ruining the pope’s trip to the United States by giving papal face
time to Kim Davis, the Kentucky clerk who refused to issue marriage licenses to samesex couples.
Soon after his departure, a criminal investigation into an archbishop in Minneapolis-St.
Paul revealed a memo that Archbishop Viganò had written in 2014 in an effort to
suppress a church investigation into alleged homosexual activity by the Minnesota
prelate, Archbishop John C. Nienstedt.
Since his return to Rome, Archbishop Viganò has associated with traditionalist
Catholics deeply critical of Pope Francis.
Archbishop Viganò’s letter, while especially inconvenient for the pope, who spent
Sunday morning praying for abuse victims at a shrine in Knock, Ireland, also goes after
a broad array of current and past Vatican officials and American prelates. He names all
of them.
He said that his predecessors in the Vatican’s embassy in Washington, now all
deceased, knew about Cardinal McCarrick’s alleged relationships with seminarians and
priests and had reported it to the Vatican, but that successive secretaries of state —
Angelo Sodano, Cardinal Bertone and Pietro Parolin — did nothing.
Archbishop Viganò said that he had personally met with then-Cardinal McCarrick to
remind him that he was under sanction during their first meeting after he arrived in
the United States.
“The cardinal, muttering in a barely comprehensible way, admitted that he had
perhaps made the mistake of sleeping in the same bed with some seminarians at his
beach house,” he writes.
After bumping into Cardinal McCarrick at the pope’s residence in the Vatican, and
listening to the American boast about his freedom to travel, Archbishop Viganò wrote,
501
he contacted Cardinal Parolin, the secretary of state and top adviser to Francis, in April
2014 inquiring whether the sanctions were still in force.
He said that neither Cardinal Parolin nor a host of other Vatican officials had replied,
but that when he had brought up the subject with Cardinal McCarrick’s replacement in
Washington, Cardinal Donald Wuerl, “it was immediately clear to me that he was fully
aware of it.”
Ed McFadden, a spokesman for Cardinal Wuerl, disputed that account on Sunday. “In
spite of what Archbishop Viganò’s memo indicates, Cardinal Wuerl did not receive any
documentation or information during his time in Washington regarding any actions
taken against Archbishop McCarrick,” Mr. McFadden said.
Some survivors of clerical abuse called the allegations a distraction.
“This is infighting between curia factions that are exploiting the abuse crisis and
victims of clergy sexual abuse as leverage in the struggle for church power,” said Peter
Isely, a survivor. “The sexual abuse crisis is not about whether a bishop is a liberal or a
conservative. It is about protecting children.”
The controversy over the allegations is expected to grow in coming days, especially as
Francis has declined to deny it.
Instead on Sunday’s flight, he blamed the media for promoting an “atmosphere of
guilt” around suspected clerics and shared that until his visit he “had never heard”
about Ireland’s notorious mother and baby homes, where children were ripped away
from unwed mothers.
He also sought to strike the same conciliatory tone that hundreds of thousands of
faithful heard earlier in the day as he began a Mass at Phoenix Park in Dublin by
explicitly asking forgiveness for the church’s sins and abuse.
“Some members of the hierarchy didn’t own up to these painful situations,” he said at
the Mass. “And kept silent.”
Elizabeth Dias contributed reporting from Washington, and Laurie Goodstein from
New York.
[Há outras imagens na matéria original, do papa, de bispos…]
502
https://www.nytimes.com/2018/08/26/world/europe/pope-ireland-sexual-abuseletter-vigano.html
EX-ALTO FUNCIONÁRIO DO VATICANO ACUSA O PAPA DE ENCOBRIR ABUSOS SEXUAIS.
EX-NÚNCIO NOS EUA DIZ QUE FRANCISCO CONHECIA AS ACUSAÇÕES DE PEDOFILIA
CONTRA O CARDEAL THEODOR MCCARRICK
Daniel Verdú, enviado especial, Dublin, El País, 26 de agosto de 2018
[Imagem do vídeo que acompanha a matéria]
503
[Imagem do vídeo que acompanha a matéria]
[Imagem do vídeo que acompanha a matéria]
504
[Imagem do vídeo que acompanha a matéria]
O arcebispo Carlo Maria Viganò, ex-núncio em Washington entre 2011 e 2016,
publicou uma carta de 11 páginas em que acusa o papa Francisco de “acobertar” e
silenciar os abusos sexuais do cardeal norte-americano Theodor McCarrick e pede que
o Pontífice se “demita” por isso. Viganò afirma na carta, divulgada justo quando o Papa
se encontra de viagem pela Irlanda e se reuniu com vítimas de abusos cometidos por
sacerdotes, que ele informou pessoalmente Francisco que o cardeal tinha sido acusado
de assédio sexual a um adolescente e que Bento XVI já lhe havia imposto uma série de
sanções que restringiam seus poderes. Em julho deste ano, o Papa retirou de
McCarrick o posto de cardeal por essas mesmas denúncias, um fato insólito na Igreja
desde 1928.
A carta, uma acusação sem precedentes a um Pontífice escrita por uma autoridade em
uma posição tão alta na hierarquia eclesiástica, foi publicada por diversos órgãos da
mídia católica conservadora, como o The National Catholic Register, LifeSiteNews e
InfoVaticana, tribunas habituais da guerra que o setor ultraconservador mantém com
Francisco desde que iniciou o Pontificado. Nela, Viganò —um influente e polêmico
arcebispo que ocupou altos cargos no Vaticano e que já acusou em outras ocasiões
vários membros da cúria— afirma que falou pessoalmente com o papa Francisco, logo
depois de sua eleição em 2013, sobre a gravidade das sombras que rodeavam
McCarrick. O denunciante, que já esteve nos meandros do chamado caso Vatileaks e é
505
um ultraconservador da linha antigay, deu detalhes e expôs longamente uma série de
fatos daquele dia.
Ele afirma, porém, que Francisco “continuou encobrindo” e “não levou em
consideração as sanções que o papa Bento havia imposto” ao cardeal quando anos
atrás tomara conhecimento de uma série de abusos que o norte-americano havia
cometido contra jovens seminaristas aos quais, supostamente, convidava a “dormir em
sua cama” em uma casa na praia. Não só ignorou, prossegue na acusação, mas o atual
papa o tornou um “conselheiro confiável”. Viganò, que foi afastado por Bento XVI e
enviado a Washington, decidiu falar porque “a corrupção chegou aos níveis mais altos
da Igreja”.
Segundo afirma em sua carta —que o Vaticano ainda não respondeu—, no primeiro
encontro que manteve com Francisco este lhe pediu sua impressão sobre McCarrick.
“Eu lhe respondi com total franqueza e, se querem saber, com muita ingenuidade:
‘Santo Padre, não sei se o senhor conhece o cardeal McCarrick, mas se perguntar à
Congregação para os Bispos, há um expediente deste tamanho sobre ele. Corrompeu
gerações de seminaristas e sacerdotes, o papa Bento lhe obrigou a retirar-se para uma
vida de oração e penitência’. O Papa não fez o mínimo comentário sobre minhas
graves palavras e seu rosto não mostrou nenhuma expressão de surpresa, como se já
soubesse da situação há muito tempo, e em seguida mudou de assunto”, diz no texto.
A acusação, justo no momento em que o Papa se encontra na Irlanda, território dos
maiores escândalos de abusos por membros do clero a menores, e quando a Igreja
enfrenta um novo escândalo desse tipo na Pensilvânia, se baseia somente no
depoimento de Viganò e em uma série de datas citadas para demonstrar a veracidade
de seus encontros. Mas é um enorme míssil lançado dos Estados Unidos e que
também aponta diretamente contra o cardeal Donald Wuerl, atual arcebispo de
Washington, já acusado de encobrir os abusos da Pensilvânia. Segundo o denunciante,
ele também conhecia o caso McCarrick. “Eu mesmo falei do assunto com o cardeal
Wuerl em várias ocasiões, e não precisei entrar em detalhes porque ficou claro de
imediato que estava plenamente ciente disso [...] Suas declarações recentes dizendo
que não sabia de nada sobre esse assunto... fazem rir. Mente vergonhosamente.”
A carta de Viganò está cheia de acusações ao círculo do Papa —também em questões
pessoais e de orientação sexual—, entre os quais o secretário de Estado, Pietro Parolin,
e seu conselheiro, o cardeal Maradiaga. O tom destila certa antipatia pessoal. Algo
também leva a pensar que o momento escolhido para a publicação é parte da
persistente campanha ultraconservadora vinda dos EUA contra o atual Pontífice, à qual
Viganò se uniu recentemente. Ainda mais considerando que hoje é o dia em que o
506
Papa dá sua tradicional coletiva de imprensa no avião durante a viagem de volta a
Roma.
Mas o conteúdo das acusações vai muito além do que normalmente esses círculos
apontam. "O cardeal Wuerl, ciente dos abusos cometidos pelo cardeal McCarrick e das
penalidades impostas a ele por Bento XVI, passou por cima da ordem do Papa e o
autorizou a residir em um seminário em Washington [nos Estados Unidos]. Fazendo
isso colocou outros seminaristas em risco ", insiste na carta.
McCarrick sempre negou os fatos e recentemente expressou em uma declaração sua
“total” colaboração com as autoridades do Vaticano. No entanto, em 20 de junho, uma
comissão de investigação em Nova York determinou que as acusações "eram bem
fundamentadas e confiáveis". Em resposta, nessa mesma semana, o cardeal Pietro
Parolin, secretário de Estado do Vaticano, ordenou que o cardeal abandonasse o
serviço público, seguindo as instruções do Papa.
Em 20 de julho, um homem quebrou seu silêncio depois de 40 anos e declarou ao The
New York Times que o cardeal McCarrick, que se fazia chamar pelos meninos de sua
paróquia de Uncle Ted (Tio Ted), abusara dele quando tinha 11 anos. O então
sacerdote estava com 39 anos e continuou a cometer abusos por mais duas décadas.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/26/internacional/1535270300_057389.html
PAPA EVITA RESPONDER ÀS ACUSAÇÕES DE ENCOBRIMENTO DE ABUSOS. FRANCISCO
NÃO DEU UMA RESPOSTA CLARA À ACUSAÇÃO DE UM ARCEBISPO SOBRE SEU
SUPOSTO SILÊNCIO A RESPEITO DAS ACUSAÇÕES AO CARDEAL MCCARRICK E PEDE AOS
JORNALISTAS QUE JULGUEM POR SI MESMOS
Daniel Verdú, El País, 27 de agosto de 2018
O dia se complicou logo depois de amanhecer. Em plena viagem ao epicentro dos
escândalos de abusos a menores e no meio da tempestade pelo caso da Pensilvânia, o
Papa Francisco almoçou em Dublin no domingo com a carta do arcebispo Carlo Maria
Viganò, que o acusa de encobrir os abusos sexuais cardeal Theodor McCarrick. No
meio disso houve uma viagem ao santuário de Knock, uma missa e um exercício de
penitência pública na qual pediu perdão pelas diferentes variantes dos abusos da
Igreja Católica. Mas no voo de volta a Roma, Francisco atendeu os jornalistas durante
44 minutos em sua tradicional entrevista coletiva, na qual evitou responder
claramente à principal pergunta e pediu à imprensa que julgasse por si mesma o
507
conteúdo da acusação, procedente de um dos membros da ala ultraconservadora da
Igreja.
Francisco respondeu a todas as perguntas cuidadosamente. E a terceira que recebeu
foi a mais direta. Reuniu-se com Viganó em 23 de outubro de 2013 e este o alertou
sobre o comportamento de McCarrick? O cardeal norte-americano já havia sido
punido por Bento XVI e permitiu que essas medidas fossem relaxadas? “Eu li o
comunicado esta manhã. Eu o li e direi sinceramente que os senhores o devem ler com
cuidado e fazer seu julgamento. Não direi uma palavra sobre isso. Acredito que o
comunicado fala por si mesmo e os senhores têm capacidade jornalística suficiente
para chegar às conclusões. É um ato de Fé. Quando o tempo tiver passado e os
senhores tiverem as conclusões, talvez eu fale mais. Mas eu quero a sua maturidade
profissional faça esse trabalho, mas de verdade”, afirmou em uma saída
completamente inesperada nas fileiras da classe turística, onde a imprensa viaja.
A resposta, entre outras coisas, permite que o Vaticano ganhe tempo em uma questão
muito delicada que afeta diretamente a credibilidade do Papa em uma questão crucial
para o seu Pontificado. A carta, de 11 páginas, é uma avalanche de lama sobre
Francisco e alguns de seus colaboradores mais próximos, como o secretário de Estado,
Pietro Parolin, e o cardeal Maradiaga, ambos igualmente citados no documento. O tom
– muitas das acusações e a homofobiadesenfreada que destila a argumentação
esgrimida na carta, pois Viganò acredita que a homossexualidade é causa dos abusos
na Igreja – enfraquece enormemente grande parte do seu conteúdo. Mas dois dos
principais elementos da acusação continuam sem receber esclarecimentos do Papa.
Algo que, por outro lado, ele jamais fez com as acusações recebidas do setor
ultraconservador.
A ideia de que possa haver mais documentos e seja conveniente aguardar também
paira no ambiente e sugere essa prudência. E também o fato de que Bento XVI, com
quem Francisco mantém uma relação extraordinária, tenha desempenhado um papel
fundamental em sanções que, supostamente, não foram publicadas e nem foram
respeitadas pelo próprio McCarrick, que celebrou missas durante todo esse período.
Além dessa questão, o Papa falou com os repórteres sobre alguns momentos
importantes de sua viagem, que girou sempre em torno dos abusos e da mudança de
mentalidade da sociedade irlandesa, algo distante do peso absoluto do catolicismo.
Francisco estava muito satisfeito com o encontro que teve com as oito vítimas no
sábado, quando pôde ouvir seus relatos. “Sofri muito, mas acho que era preciso ouvir
essas pessoas. E do encontro saiu a proposta de pedir perdão hoje na missa sobre
coisas concretas. [...] As coisas que eu disse hoje, algumas eu não sabia. Foi doloroso
para mim, mas com o consolo de poder esclarecer essas coisas.”
508
Uma delas era Marie Collins, que mantém fortes divergências com o Pontífice quando
se trata de abordar as reformas necessárias para evitar abusos. Tanto que abandonou
a comissão do Vaticano, da qual participou durante três anos. De fato, Collins voltou a
criticar o fato de não terem sido implementados tribunais especiais para julgar os
abusadores, como fora aprovado na Santa Sé. O Papa rebateu isso. “Tenho grande
estima por Marie Collins, nós a chamamos para dar conferências no Vaticano. Mas ela
está um pouco obcecada com o escrito de Madre Amorevole que dizia que seria
necessário um tribunal oficial para julgar os bispos. Mais tarde, se viu que não era
viável, nem conveniente, pelas diversas culturas dos bispos que devem ser julgados.
Mas a recomendação de Madre Amorevole será acatada e será feito um júri para cada
bispo. Mas não pode ser o mesmo tribunal”, insistiu Francisco. Collins respondeu logo
depois no Twitter e novamente mostrou seu total desacordo.
Com relação aos novos casos que podem surgir entre o clero, Francisco pediu que se
aja com diligência. Especialmente, afirmou, dentro das famílias, quando se tem
conhecimento dos abusos. “Se houver suspeitas, provas ou meias provas, não vejo
nada de errado em fazer uma investigação. Sempre que seja feita sobre o princípio
jurídico fundamental de que ninguém é mau se não for provado. Muitas vezes existe a
tentação de não apenas fazer a investigação, mas de publicar que a investigação foi
feita, e alguns meios de comunicação começam a criar um ambiente de culpa.” A
presunção de inocência sempre deve ser respeitada, enfatizou a propósito do caso
acontecido em Granada conhecido como Los Romanones.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/27/internacional/1535323897_383769.html
PAPA RECOMENDA PSIQUIATRIA PARA HOMOSSEXUALIDADE DETECTADA NA
INFÂNCIA. FRANCISCO DIZ QUE PAIS DEVEM REZAR COM FILHOS; VATICANO DISSE
QUE FALA FOI MAL INTERPRETADA
Folha/Uol, agosto de 2018
O papa Francisco recomendou que os pais recorram à psiquiatria quando constatarem
tendências homossexuais em seus filhos na infância, em uma entrevista coletiva no
avião que o levou de volta a Roma após uma viagem à Irlanda.
Um jornalista perguntou ao pontífice o que diria aos pais que observam orientações
homossexuais em seus filhos.
509
"Eu diria, em primeiro lugar, que rezem, que não condenem, que dialoguem, que
deem espaço ao filho ou filha", respondeu o papa.
Também afirmou que os pais devem levar em consideração a idade da criança.
"Quando é observado a partir da infância, há muito que pode ser feito por meio da
psiquiatria, para ver como são as coisas. É outra coisa quando se manifesta depois dos
20 anos" disse Francisco.
"Nunca direi que o silêncio é um remédio. Ignorar seu filho ou filha com tendências
homossexuais é uma falha da paternidade ou maternidade", declarou.
Horas após a declaração, o Vaticano disse que as palavras do pontífice não tinham sido
interpretadas corretamente e decidiu tirar a referência à psiquiatria da transcrição
oficial da conversa "para não alterar o pensamento do papa", disse um porta-voz à
agência de notícias AFP.
Não é a primeira vez que o Vaticano decide mudar declarações dadas pelo papa na
tradicional coletiva que ele dá ao voltar de suas viagens ao exterior.
Segundo o Vaticano, Francisco não quis abordar o tema como uma doença
psiquiátrica.
"Quando o papa se refere à 'psiquiatria', é claro que ele faz isso como um exemplo que
entra nas coisas diferentes que podem ser feitas", explicou o porta-voz.
"Mas, com essa palavra, ele não tinha a intenção de dizer que se tratava de uma
doença psiquiátrica, mas que talvez fosse necessário ver como são as coisas no nível
psicológico", acrescentou o porta-voz.
AFP
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/08/papa-recomenda-psiquiatria-parahomossexualidade-detectada-na-infancia.shtml
PAPA MANTÉM SILÊNCIO APÓS SER ACUSADO DE ACOBERTAR ABUSOS. "LEIAM O
DOCUMENTO ATENTAMENTE E FAÇAM O VOSSO PRÓPRIO JULGAMENTO", DECLARA
FRANCISCO SOBRE CARTA EM QUE EX-EMBAIXADOR DO VATICANO O ACUSA DE
IGNORAR HISTÓRICO DE ABUSOS SEXUAIS COMETIDOS POR CARDEAL AMERICANO
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Deutsche Welle, 27 de agosto de 2017
O papa Francisco se recusou a confirmar ou negar as alegações de um antigo núncio
(embaixador) do Vaticano nos EUA, que acusou o líder da Igreja Católica de ter
ignorado durante seu pontificado as ações do ex-arcebispo de Washington Theodore
McCarrick, acusado publicamente em julho de abuso sexual.
Em carta aberta publicada neste domingo (26/08), o arcebispo Carlo Maria Vigano
acusou o papa Francisco de ter anulado sanções contra o cardeal McCarrick e de ter
ignorado as descrições do seu comportamento homossexual predatório junto a jovens
seminaristas e sacerdotes.
"Não vou dizer uma palavra sobre isso, acho que o comunicado fala por si", disse o
papa numa coletiva de imprensa no domingo, durante seu voo de retorno a Roma
após visita à Irlanda. "Leiam o documento atentamente e façam o vosso próprio
julgamento."
O papa foi questionado sobre a veracidade das alegações de Vigano de que os dois
discutiram as alegações contra McCarrick em 2013. Os jornalistas também
perguntaram sobre as alegações de que McCarrick já estava sob sanção na época, mas
que foi reabilitado pelo próprio Francisco.
"A corrupção atingiu o topo da hierarquia da Igreja", disse o arcebispo Vigano em sua
carta aberta, na qual chegou a exigir a renúncia do papa Francisco. A carta de 11
páginas foi publicada em alguns meios de comunicação de viés conservador em vários
países. Nela, o arcebispo de 77 anos acusou clérigos do Vaticano de formarem um
"lobby gay" e de encobrirem as acusações contra McCarrick.
Vigano disse que seus dois predecessores de Francisco informaram a Santa Sé sobre as
acusações contra McCarrick a partir de 2000. Vigano afirmou ter enviado ao menos
dois memorandos sobre o cardeal. O papa Bento 16 chegou a decretar uma sanção
perpétua contra McCarrick em 2009 ou 2010, disse.
Segundo Vigano, o papa Francisco lhe perguntou sobre McCarrick em junho de 2013.
"Santo Padre, se perguntar à Congregação de Bispos, há um dossiê bastante extenso
sobre ele. McCarrick corrompeu gerações de seminaristas e padres", Vigano disse ter
respondido na época.
Pouco tempo depois, McCarrick voltou a viajar em missões em nome da Igreja. Ele foi
um dos intermediários do Vaticano nas conversações entre EUA e Cuba, em 2014.
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Vigano, no entanto, também teve problemas com acusações de acobertamento, e ele
e o papa Francisco tiveram um expressivo desentendimento na visita papal aos EUA
em 2015. Kim Davis, uma das principais vozes americanas contra o casamento gay,
esteve entre os convidados, e trechos das reuniões foram vazados – o que enfureceu o
papa.
Na onda de alegações devastadoras de abuso sexual e acobertamento que vem
atingido a Igreja Católica, um recente relatório judicial na Pensilvânia determinou que
300 padres abusaram de mais de mil crianças num período de mais de 70 anos em seis
dioceses diferentes. O escândalo levou a pedidos por renúncias e punições e por uma
investigação completa do Vaticano sobre quem sabia o que e quando sobre McCarrick.
Em junho do ano passado, McCarrick, de 88 anos, foi afastado do colégio cardinalício e
Francisco "ordenou a sua suspensão do exercício de qualquer ministério público, assim
como a obrigação de permanecer na casa que lhe será destinada para uma vida de
oração e penitência". Em julho deste ano, o papa aceitou a renúncia de McCarrick
como cardeal.
https://www.dw.com/pt-br/papa-mant%C3%A9m-sil%C3%AAncio-ap%C3%B3s-seracusado-de-acobertar-abusos/a-45241990
https://p.dw.com/p/33pVW
OPINIÃO: A FALÊNCIA MORAL DA IGREJA DO PAPA. A VISITA DE FRANCISCO À IRLANDA
É MARCADA PELO ESCÂNDALO DE ABUSOS SEXUAIS NA INSTITUIÇÃO QUE ELE
COMANDA. NA OPINIÃO DO TEÓLOGO ALEXANDER GÖRLACH, A IGREJA CATÓLICA, EM
SUA ATUAL FORMA, CHEGOU MORALMENTE AO FIM
Alexander Görlach, Deutsche Welle, 27 de agosto de 2018
O escândalo de abusos sexuais em Boston foi imortalizado no filme Spotlight segredos revelados, em 2015. O advogado das vítimas, Mitchell Garabedian, também
estava entre os personagens. Quando eu o encontrei por ocasião de um painel de
discussão na faculdade de direito da Universidade de Harvard, em Cambridge, ele não
se lembrava de uma entrevista que fizera com ele 14 anos antes.
Desde então, o papa polonês foi sucedido por um alemão e um argentino. O
pontificado de todos os sumos sacerdotes foi ofuscado por escândalos de abuso. Após
as revelações em Boston, apareceram outros em Austrália, Irlanda, Alemanha, Filipinas
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e Tanzânia. Em todo o mundo cristão. O horror, a descrença, a decepção, a dor, a raiva
– essas emoções são compartilhadas pelos fiéis em todo o mundo.
É um escândalo que une os fiéis, aproximando-os entre si, e os leva a se revoltar contra
o clero. Ao mesmo tempo, ele leva as pessoas a deixarem, às centenas de milhares, a
Igreja Católica. A prática diabólica com a qual os servos do Senhor nutriam seus jogos
sexuais está além de qualquer coisa em que uma boa alma católica possa pensar. É
compreensível, portanto, que alguns fiéis vejam aqui as mãos do próprio Satanás.
Mas a verdade parece ser, muito mais provavelmente, que esse sistema, que considera
a sexualidade vivida como algo negativo, com exceção de alguns poucos casos, e essa
estrutura, em que panelinhas e grupos de homens fazem parte da natureza da coisa,
tenham levado aos piores excessos. A Igreja papal celibatária está moralmente falida,
ela acabou consigo própria. Estamos vivendo o maior momento de definições do
destino da Igreja desde a Reforma. No momento, não dá para pensar em nada que
ainda possa impedir sua total derrocada.
E, agora, o próprio papa Francisco se vê no centro das acusações. O ex-embaixador da
Santa Sé nos Estados Unidos Carlo Maria Viganò o acusou publicamente de ter tido
conhecimento, já em 2013, das acusações contra o ex-arcebispo de Washington
Theodore McCarrick. Esta mensagem cai como uma bomba no dia em que Francisco
termina sua viagem à Irlanda, onde se encontrou com vítimas de abuso e pediu perdão
pelo sofrimento que sua Igreja causou às pessoas. A Irlanda católica abriu, por causa
do escândalo, um novo capítulo em sua relação com a autoridade central romana.
O recente escândalo de abusos sexuais da Pensilvânia não é o último, assim como o de
Boston em 2002 não foi o primeiro. Foi apenas o primeiro a vir à luz. Antes disso, se
passaram muitas décadas, séculos, em que a opinião pública crítica não conseguira
lançar sua luz sobre a escuridão, a escuridão das sacristias e vicariatos. Nestes tempos,
a Igreja era tão poderosa que ninguém podia se antepor à destruição das almas – cuja
salvação ela alega ter como missão. Agora é o tempo da distinção sobre a qual o
Senhor fala no Evangelho de Mateus: o joio deve ser arrancado sem afetar o trigo. Se
isso ainda pode vingar numa Igreja na qual, diz-se, a cumplicidade vai subindo até o
papa, é algo mais do que questionável. De qualquer forma, o Senhor da Igreja está do
lado dos fracos e não do lado do clero.
Alexander Görlach é linguista e teólogo, pesquisador da Universidade de Cambridge e
articulista dos jornais New York Times e Neue Zürcher Zeitung.
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https://www.dw.com/pt-br/opini%C3%A3o-a-fal%C3%AAncia-moral-da-igreja-dopapa/a-45245081
https://p.dw.com/p/33qJN
EM CARTA, ARCEBISPO ACUSA FRANCISCO DE ACOBERTAR CASOS DE ABUSO SEXUAL
DESDE 2013. CARLO MARIA VIGANÒ DISSE QUE O PONTÍFICE FOI INFORMADO DE
ESCÂNDALOS E DE UM DOSSIÊ SOBRE ELES
Igor Gielow, Folha/Uol, 26 de agosto de 2018
Em um dos mais diretos ataques contra seu pontificado, o papa Francisco foi acusado
por um arcebispo de ter acobertado acusações de abuso sexual atribuídas a um
excardeal norte-americano de 2013 para cá.
O autor da acusação, o italiano Carlo Maria Viganò, pediu a renúncia do pontífice.
A polêmica ocorreu no último dia da visita do papa à Irlanda, país de maioria católica
no qual a igreja vive uma grave crise ética por diversas acusações de abusos por parte
de religiosos.
No sábado (25), Francisco havia pedido perdão por crimes passados da igreja. Neste
domingo (26), comandou uma missa que o Vaticano disse ter 300 mil fiéis, enquanto
houve protestos contra a igreja devido a abusos e também a um caso envolvendo
mortes de bebês num orfanato.
No avião de volta à Itália, o papa disse que não "falaria uma palavra" sobre a acusação
de Viganò, da qual tinha conhecimento. Ela "fala por si só", disse, insinuando que ela
se insere num contexto de ataque de conservadores como Viganò contra seu papado
dito progressista.
O italiano falou por meio de uma carta de 11 páginas, divulgada neste domingo. Ele foi
embaixador da Santa Sé nos Estados Unidos de 2011 até atingir 75 anos e se
aposentar, em 2016.
No texto, ele relata que o então cardeal Theodore McCarrick havia sido denunciado
por abusos nos anos 2000. O papa Bento 16 destituiu o religioso de suas funções e
ordenou que ele vivesse em clausura, afirma o arcebispo, sem apresentar documentos.
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Viganò diz então que, em 2013, conversou sobre o caso com Francisco a pedido do
papa. "Santo Padre, eu não sei se você conhece o cardeal McCarrick, mas se você
perguntar à Congregação dos Bispos, há um dossiê tão espantoso sobre ele. Ele
corrompeu gerações de seminaristas e padres e o papa Bento ordenou que ele se
retirasse para uma vida de oração e penitência."
Depois da reunião, Viganò afirmou que Francisco "continuou a acobertar" McCarrick e
"não apenas ignorou as sanções do papa Bento" mas também o tornou "um
conselheiro próximo", responsável pela indicação de bispos nos EUA.
McCarrick fez viagens em nome da igreja e participou das negociações para o
restabelecimento das relações entre os EUA e Cuba, em 2014. "Ele [o papa] sabia, pelo
menos desde 23 de junho de 2013, que McCarrick era um predador", escreveu.
A acusação é inédita: até aqui, João Paulo 2º e Bento 16 haviam sido acusados de
negligência no trato de denúncias de abuso sexual, mas não haviam sido apontados
diretamente por uma autoridade eclesiástica como responsáveis por acobertar casos.
A mais antiga publicação católica dos EUA, o jornal National Catholic Register, e o site
LifeSiteNews publicaram a carta. Nela, Viganò também acusou de ignorar os crimes
atribuídos a McCarrick dois ex-números dois do Vaticano sob João Paulo 2º e Bento 16.
Segundo o arcebispo, sua consciência o ordenou a revelar o caso. "A corrupção
alcançou o topo da hierarquia da igreja", escreveu.
Viganò não apresenta provas. Já a culpa de McCarrick está estabelecida em pelo
menos um caso de abuso sexual de menor apurado pela Arquidiocese de Nova York -há ao menos outros três episódios sendo investigados.
Em junho deste ano, com o veredicto, McCarrick foi punido pelo Vaticano e proibido
de celebrar missas. No dia 28 daquele mês, ele renunciou a seu posto no Colégio de
Cardeais --o primeiro religioso a fazer isso desde 1927.
A acusação de Viganò se insere, como Francisco insinuou em sua resposta, em uma
disputa interna na maior denominação cristã do mundo, com 1,3 bilhão de fiéis.
Francisco e os autodenominados progressistas enfrentam tradicionalistas contrários à
sua flexibilização proposta de costumes da igreja.
O arcebispo é um expoente conservador, contrário às aberturas retóricas feitas por
Francisco ao público LGBT.
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Do ponto de vista teológico, Francisco já enfrenta uma grande trincheira conservadora
nos EUA, liderada pelo cardeal Raymond Burke. O religioso contesta formalmente um
documento papal que permite a casais divorciados que comunguem.
PROTESTOS
Com os escândalos, a visita do papa Francisco à Irlanda foi marcada por protestos. Em
Tuam, no oeste irlandês, centenas pessoas marcharam falando em voz alta os nomes
de cerca de 800 bebês que morreram em um orfanato administrado pela Igreja
Católica e que foram enterrados em uma vala comum.
"Elizabeth Murphy, 4 meses; AnnieTyne, 3 meses; John Joseph Murphy, 10 meses",
diziam os manifestantes ao lerem a relação de vítimas. Eles acenderam velas e
colocaram centenas de pequenos sapatos em torno de um caixão infantil branco para
homenagear as crianças.
Na capital, Dublin, centenas de pessoas protestaram ao lado do local onde funcionava
a Magdalene Laundries (abrigos da Igreja para mães solteiras pobres, onde podiam
morar e trabalhar).
Nesse abrigo, cerca de 10 mil mulheres e crianças foram obrigadas a fazer trabalhos
forçados, sem pagamento, entre 1922 e 1996. Em torno de 220 ex-residentes que
migraram para outros países se reuniram novamente pela primeira vez neste domingo
(26), para lembrar os maus-tratos.
ASSOCIATED PRESS e THE NEW YORK TIMES
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/08/em-carta-arcebispo-acusa-papafrancisco-de-saber-de-casos-de-abuso-sexual-desde-2013.shtml
A GUERRA SUJA VOLTA AO VATICANO. ACUSAÇÕES CONTRA O PAPA AVIVAM O FOGO
DE UMA LUTA POR PODER QUE, DISFARÇADA DE IDEOLOGIA E ORTODOXIA RELIGIOSA,
BUSCA RESTAURAR A VELHA ORDEM
Daniel Verdú, El País, 27 de agosto de 2018
Os corvos voam baixo, e o céu é de tempestade. A carta de 11 páginas do arcebispo
Carlo Maria Viganò acusando o papa Francisco de acobertar abusos do cardeal
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Theodore McCarrick é um sintoma da indigestão que sempre acomete o Vaticano
quando há uma nova ordem. Ainda se desconhece qual será o alcance destrutivo da
denúncia, sem resposta clara do Papa, enquanto ele mesmo pedia a investigação de
todos os casos. Mas a calculada publicação, concepção e necessária colaboração
sinalizam a reabertura de uma guerra que pode organizar definitivamente os
opositores de Francisco, mais interessados no poder extraviado do que na ideologia ou
nos abusos que denunciam agora e ignoraram quando puderam agir.
Carlo Maria Viganò (Varese, 1941), autor desse J’Accusevaticano, sempre deu sinais de
instabilidade. Caráter complicado, propenso às intrigas (esteve na origem do caso
Vatileaks) e inclinações à mentira. De fato, quando Bento XVI decidiu mandá-lo para os
EUA como núncio para afastá-lo do Vaticano, escreveu uma carta relatando que tinha
um irmão deficiente, o que o impedia de assumir o cargo diplomático em Washington.
Ocorre que o irmão vivia em Chicago fazia anos, e os dois não se falavam por causa de
uma disputa econômica. O arcebispo, apesar do seu currículo, não teria por si só a
capacidade de estruturar um ataque que propõe abertamente derrubar o pontificado
de Francisco, muito fortalecido nos últimos tempos graças às nomeações no colégio
cardinalício (59 dos 125 cardeais que hoje poderiam eleger o próximo pontífice).
“Transformaram um frango em um corvo”, ironizava o historiador da Igreja Alberto
Melloni.
O problema, além da veracidade ou não das suas gravíssimas acusações, talvez seja
que indivíduos assim tenham ocupado os cargos mais altos da hierarquia católica.
Figuras como o polêmico cardeal George Pell, à espera de julgamento na Austrália por
abuso de menores; o ex-secretário de Estado Tarcisio Bertone, salpicado em todos os
escândalos imagináveis; o espanhol Lucio Ángel Vallejo Balda, uma espécie de revisor
das contas do Vaticano, encarcerado por um surrealista escândalo envolvendo um
relacionamento com uma mulher, ou os próprios opositores do Papa, entre os quais
estão ninguém menos que o último prefeito para a Congregação da Doutrina da Fé,
Gerhard Müller, e o ex-presidente do Banco do Vaticano, Ettore Gotti Tedeschi.
Quando remaram a favor foram úteis; hoje, para a Santa Sé, se desacreditam com suas
próprias palavras.
Viganò, talvez despeitado por não ter recebido um maior reconhecimento de Francisco
quando apresentou suas denúncias em 23 de junho de 2013 (se é que assim foi), tem
uma longa experiência em conspirações. Esteve na origem do caso Vatileaks e
acumulou toneladas de informações estratégicas em sua passagem pela Governadoria
da Cidade do Vaticano e pela Secretaria de Estado, de modo que não seria estranho
que surpreendesse com mais documentos. Ninguém duvida de que em seu ataque
participaram diversas pessoas, especialmente do ambiente dos meios digitais
ultraconservadores dos EUA, com os quais criou intimidade em seu périplo americano.
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O Vaticano espera que as acusações se desvaneçam sozinhas. Mas o míssil estava
cuidadosamente projetado para causar uma tempestade. A carta foi traduzida ao
inglês, francês e espanhol por diversos colaboradores, incluindo alguns – e algumas –
vinculados diretamente ao círculo tradicionalista, e a publicação ocorreu no momento
em que poderia causar mais estrago.
O epicentro da guerra contra o Papa procede da corrente tradicionalista da Igreja
norte-americana vinculada ao Tea Party e de potentes círculos midiáticos próximos a
Steve Bannon, obcecado com os movimentos populistas em Roma e com o próprio
Vaticano. Um casamento de conveniência com a direita religiosa – norte-americana e
europeia –, órfã de um líder espiritual forte que a defenda no Vaticano. Ou que, pelo
menos, não a ataque continuamente em questões como a imigração e as
desigualdades. Um coquetel alinhado com um potente caça-cliques, uma elevada dose
de falsidades e investimentos em sites como LifeSite, Catholic Register e o próprio
Breitbart de Bannon. Além disso, depois da abdicação de Bento XVI, a virulência dos
ataques cresceu com a percepção de que elevar a pressão pode causar a demissão de
um Papa. Nesta segunda-feira, 27, as primeiras reações, obviamente, partiram dos
próprios líderes da revolta.
O cardeal Raymond Burke, comandante dessa guerra, humilhado em anteriores
confrontos com Francisco, como a grotesca briga na Ordem de Malta, foi o primeiro.
“As declarações feitas por um prelado com a autoridade do arcebispo Carlo Maria
Viganò devem ser levadas muito a sério pelos responsáveis pela Igreja. Cada
declaração deve estar sujeita a investigação, de acordo com a lei processual aprovada
pela Igreja”, afirmou Burke. Depois, veio um ex-conselheiro da nunciatura apostólica
nos EUA, o francês Jean-François Lantheaume, que avalizou a veracidade da acusação
em declarações à Catholic News Agency. O Papa, entretanto, preferiu guardar silêncio
no domingo e pediu aos jornalistas que extraíssem suas próprias conclusões usando
sua “maturidade profissional”. Uma saída pouco ortodoxa, mas provisoriamente
eficaz. “Era a melhor resposta que podia dar neste momento”, observa uma pessoa
que despacha frequentemente com Francisco. Mas a guerra não terminou.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/27/internacional/1535387427_460890.html
HÁ EVIDÊNCIAS DE QUE VATICANO SABIA DE ACOBERTAMENTO, DIZ PROCURADOR.
AFIRMAÇÃO É REAÇÃO A CARTA DE ARCEBISPO QUE ACUSA PAPA FRANCISCO DE
SABER DE ABUSOS
Folha/Uol, 28 de agosto de 2018
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Autoridades da Pensilvânia disseram nesta terçafeira (28) ter evidências de que o
Vaticano sabia do acobertamento de denúncias de abuso sexual por parte de padres
no estado, afirmou o procurador-geral estadual, Josh Shapiro.
"Não posso falar especificamente sobre o papa Francisco", disse Shapiro à rede NBC.
"Temos evidências de que o Vaticano tinha conhecimento do acobertamento."
As declarações de Shapiro foram uma resposta à carta do arcebispo Carlo Vigano, exembaixador do Vaticano nos EUA, que acusou o papa de acobertar acusações de abuso
sexual atribuídas a um ex-cardeal americano desde 2013.
Em 14 de agosto, um relatório da Suprema Corte da Pensilvânia afirmou que 301
"padres predadores" haviam abusado de mais de mil crianças durante várias décadas
no estado.
Segundo o procurador, 23 investigadores se reuniram por dois anos para analisar
documentos sobre as agressões.
O relatório, de quase 1.360 páginas, aponta “que havia não apenas abuso sexual,
estupro de crianças, mas um acobertamento sistemático que chegava até o Vaticano”.
“O que foi profundamente assustador sobre isso é que líderes da Igreja mentiam para
os paroquianos no domingo, mentiam para o público”, afirmou Shapiro. “Eles
blindavam esses predadores contra as forças da lei, mas documentavam tudo e
colocavam num arquivo secreto.”
Por causa do tempo que passou entre os abusos e a investigação, muitos padres e
líderes religiosos que acobertaram os casos não podem ser processados, disse o
procurador.
“Nós devolvemos às vítimas suas vozes, permitimos que elas tivessem suas verdades
compartilhadas, e sabemos que, ao compartilharem suas verdades, outras vítimas vão
aparecer e compartilhar suas verdades.”
Shapiro afirmou que, desde a divulgação do relatório, uma linha especial para obter
denúncias de abuso clerical recebeu mais de 733 ligações. O procurador disse que os
investigadores estão em contato com cada uma dessas pessoas.
O acobertamento era feito mediante uma espécie de cartilha informal. Os clérigos
tinham um padrão semelhante para lidar com os casos. Eram oito estratégias, sendo a
principal delas não avisar à polícia.
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“Abuso sexual contra crianças, mesmo que não tenha penetração, é e foi crime por
todo período relevante. Mas não trate isso dessa forma; lide com isso como se fosse
um assunto pessoal, ‘dentro de casa’.”
Além disso, para dar a impressão de que a diocese estava lidando com os casos, os
padres deveriam ser encaminhados para “avaliação” em centros de tratamentos
psiquiátricos dirigidos pela Igreja.
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/08/ha-evidencias-de-que-vaticanosabia-de-acobertamento-diz-procurador.shtml
PAPA ENFRENTA GUERRA CIVIL CONTRA ALA CONSERVADORA DA IGREJA CATÓLICA.
GRUPO SE POSICIONA CONTRA FRANCISCO EM TEMAS COMO HOMOSSEXUALIDADE,
ABORTO E DIVÓRCIO
Clóvis Rossi, Folha/Uol, 28 de agosto de 2018
Protesto em Paris contra a sugestão do papa Francisco de que crianças gays devem ter
ajuda psiquiátrica - Bertrand Guay/AFP
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Clóvis Rossi Está em curso o que Ross Douthat, colunista de The New York Times,
chama de “guerra civil católica".
A salva potencialmente mais mortífera dessa guerra foi desferida pelo arcebispo Carlo
Maria Viganò que, em carta, acusou o papa Francisco (e seus antecessores) de saber
dos pecados do cardeal americano Theodore McCarrick (agora afastado) e, não
obstante, ter pedido conselhos dele para indicar prelados.
Os pecados estão relacionados a abusos sexuais praticados por religiosos e o
acobertamento deles pela hierarquia da igreja —a mais recente causa de crise no
catolicismo.
Mas a carta de Viganò vai além da discussão sobre abusos e acobertamentos. Exige a
renúncia de Francisco.
Há especialistas que, em vez de “guerra civil", preferem dizer que “está em curso um
putsch” (tentativa de golpe) contra o papa. É o caso de Michael Sean Winters,
pesquisador visitante do Instituto para Pesquisa Política e Estudos Católicos da
Universidade Católica.
Os lados da “guerra civil” ou do “putsch” estão bem definidos: Viganò seria a ponta de
lança dos conservadores, incomodados com certas aberturas (ainda que tímidas) do
papa em questões comportamentais, como homossexualidade, aborto, divórcio e a
atitude da igreja ante novo casamento de divorciados.
Daniel Verdú, de El País, politiza ainda mais as cores da “guerra", a ponto de depositar
Viganò no colo do Tea Party, a ala hiperconservadora hoje predominante no Partido
Republicano (ele foi núncio apostólico em Washington, ou seja, embaixador do
Vaticano).
Escreve Verdú: “O epicentro da guerra contra o papa procede da corrente
tradicionalista da igreja americana, vinculada ao Tea Party e a poderosos círculos de
mídia próximos de Steve Bannon” (que foi assessor de Trump e é o ideólogo da
extrema direita).
A politização do conflito descarta o caso dos abusos sexuais e seu encobrimento como
fonte da crise. À Folha, Winters disse que o que chama de “ataque coordenado” ao
papa “não tem nada a ver com os casos de abuso sexual". O especialista lembra que já
houve outra ofensiva contra Francisco, quando ele se mostrou condescendente com os
homossexuais.
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“Eles *os conservadores+ montaram um ataque teológico ao papa mas não houve
avanço. Agora, estão tentando esse enfoque [acusar o papa de não agir contra um
prelado acusado de abusos] para reverter a decisão dos cardeais em 2013”, o ano em
que Jorge Mario Bergoglio foi eleito papa, com o nome de Francisco.
Juan Arias, correspondente de El País no Brasil, ex-seminarista e com anos de
excelente cobertura do Vaticano em seu período como correspondente em Roma,
também usa termos bélicos para se referir à crise.
Disse à Folha: “O medo daqueles que temiam ser afetados pelos gestos de ruptura de
Francisco fez com que se unissem para dar a batalha final".
Quem ganha a “batalha final"? Responde Arias: “Não sei se os conservadores vão
conseguir, mas o golpe foi quase mortal".
O que complica a situação do papa é que ele não foi suficientemente ágil para atacar o
problema dos abusos sexuais e, principalmente, do encobrimento. “A crise dos abusos
sexuais é uma crise por causa do encobrimento, não por causa do sexo. Se os pedófilos
tivessem sido rapidamente removidos de suas funções na igreja e entregues às
autoridades civis para serem processados pelos crimes, não teria havido crise", diz
Winters.
Reforça Juan Arias: “Acho que houve certa ingenuidade em Francisco ao pensar que
ele poderia resolver o problema [dos abusos/acobertamento] sem antes derrubar as
estruturas da Cúria". A Cúria Romana é uma concentração de conservadores e Arias diz
não saber se “o Francisco da ternura será capaz de lidar com ela".
Fecha com uma frase que indica a gravidade do enfrentamento desatado por Viganò:
“em Roma, já se diz que é preciso esperar que se permita ao sucessor de Francisco ser
papa de verdade".
O especialista Michael Sean Winters também olha com inquietação para o futuro
imediato: “Se os bispos americanos não se levantarem, como um corpo único, para
defender o Santo Padre, nós podemos estar deslizando para um cisma".
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/08/papa-enfrenta-guerra-civil-contraala-conservadora-da-igreja-catolica.shtml
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EM LUTA POR PODER NO VATICANO, CONSERVADORES TENTAM LIGAR ABUSOS A
GAYS. ALA CRITICA A FRANCISCO CULPA UMA “CORRENTE HOMOSSEXUAL” PELO
ESCÂNDALO QUE ATINGIU A IGREJA
Jason Horowitz, The New York Times reproduzido pelo Uol, 28 de agosto de 2018
Desde o início de seu papado, Francisco enfureceu os conservadores católicos por
defender uma igreja mais receptiva e afastá-la das questões das culturais, como o
aborto ou a homossexualidade.
"Quem sou eu para julgar?", disse o papa certa vez , quando perguntado sobre os
padres gays.
O tamanho da irritação de seus inimigos políticos e doutrinários ficou claro no último
fim de semana, quando uma carta cáustica publicada pelo ex-principal diplomata do
Vaticano nos EUA culpou pelos abusos sexuais uma "corrente homossexual" na
hierarquia da igreja.
A carta pedia a renúncia de Francisco, acusando-o de encobrir um cardeal que caiu em
desgraça, Theodore McCarrick.
Com a carta —divulgada durante a visita do papa à Irlanda—, uma oposição com
motivação ideológica transformou em arma a crise de abusos sexuais da igreja para
ameaçar não somente a agenda de Francisco, mas todo o seu papado. No mínimo, ela
trouxe para o centro do debate o tema da homossexualidade na Igreja Católica, que
muitos conservadores acreditam estar por trás da crise de abusos.
As intrigas e lutas por poder no Vaticano não são novidade, mas geralmente ficam
dentro de seus muros medievais ou voam acima das cabeças dos fiéis católicos do
mundo todo.
Esta batalha, porém, está sendo travada de uma maneira excepcionalmente aberta e
brutal. Ela é alimentada pela mídia da era moderna, a relutância do papa em calar seus
críticos e uma questão —o abuso sexual de crianças— que, talvez mais que qualquer
outra, provocou deserções entre os fiéis.
As acusações na carta continuam sem comprovações. Indagado no domingo à noite
(26) sobre sua validade, Francisco disse que não daria a dignidade de uma resposta.
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Mas elas são sérias, e a resposta vaga do papa só aumentou o interesse do público,
particularmente na acusação principal —de que ele sabia da história de relações
sexuais de McCarrick com seminaristas e não fez nada a respeito.
"É um problema sério", disse Sandro Magister, um observador veterano do Vaticano
na revista L'Espresso, segundo o qual o notável ataque público é um indício da enorme
frustração entre os conservadores em relação a Francisco. Ele duvida de que o papa,
que basicamente ignorou esses tiros no passado, conseguirá fazer o mesmo desta vez.
"Com esta questão", disse Magister, "o impacto público é muito mais forte, e nesse
campo ele está bastante vulnerável."
A não resposta de Francisco combina com sua relutância em dar oxigênio a um grupo
pequeno —embora influente e ruidoso— de prelados e escritores conservadores
alinhados com o autor da carta, o arcebispo Carlo Maria Viganò, ex-principal diplomata
do Vaticano nos EUA.
Francisco removeu do cargo ou pôs de lado adversários ideológicos na burocracia da
igreja, mas também tem sido mais disposto que seus antecessores a permitir o debate
aberto e até a dissidência. Muitos o desafiaram, às vezes em linguagem rude, por sua
abertura a tornar algumas práticas da igreja menos rígidas, entre elas a proibição de
que paroquianos divorciados ou casados de novo recebam a comunhão.
Na segunda-feira (27), apoiadores de Francisco rejeitaram a carta como mais um
ataque desesperado de conservadores frustrados que ainda não se habituaram a ser
contrariados. Eles manifestaram confiança em que suas acusações seriam
desmentidas.
Alguns sobreviventes de abusos, que têm pressionado Francisco para tomar medidas
concretas sobre a crise, em vez de apenas pedir desculpas, embora sentidas,
afirmaram que a carta de Viganò explorou o abuso com fins políticos. A carta não
demonstrou, segundo eles, especial preocupação pelas dificuldades das crianças da
igreja.
O escândalo de abuso sexual de crianças chamou a atenção dos católicos do mundo,
mas a mudança na direção da igreja sob Francisco animou seus inimigos. Eles
acreditam que a mensagem de inclusão do papa está minando antigas regras da igreja,
e que está levando a confusão e talvez a um cisma.
A explosão de blogs católicos conservadores —muitos deles nos EUA— em uma era em
que a notícia se espalha rapidamente, assim como a divulgação em momento
524
estratégico da carta se combinaram para formar uma poderosa ação contra o pontífice
de 81 anos.
"Sejamos claros que elas ainda são alegações, mas como seu pastor eu as considero
verossímeis", disse o bispo conservador Joseph Strickland, de Tyler, no Texas, em uma
carta aberta a sua diocese. "Emprestarei minha voz no que for necessário para pedir
essa investigação, e que suas conclusões exijam a responsabilização de todos os
considerados culpados, mesmo nos mais altos níveis da igreja."
Se Francisco pensou que o debate sobre homossexualidade na igreja era coisa
passada, os acontecimentos desta semana sugerem que não.
"As redes homossexuais presentes na igreja devem ser erradicadas", escreveu Viganò,
afirmando que foi a causa originária do abuso.
O escândalo de abusos já provocou um forte debate em revistas católicas e entre
igrejas. Alguns críticos da igreja culparam os votos de celibato, afirmando que suprimir
a libido humana pode levar a pedofilia e estupro.
Na Conferência das Famílias Católicas, um evento conservador rival do Encontro
Mundial de Famílias realizado em Dublin no fim de semana, os organizadores acharam
insatisfatória a recente condenação pelo papa dos abusos, porque não destacou a
homossexualidade. Esta, segundo eles, transformou os seminários em "esgotos".
O cardeal Wilfrid Napier, da África do Sul, também culpou a homossexualidade pelo
escândalo. E o cardeal Raymond Burke, um dos maiores conservadores do Vaticano e
importante crítico do papa, denunciou o que ele considera "o grave problema de uma
cultura homossexual na igreja". O problema, disse ele, não está só entre o clero, "mas
até na hierarquia, que precisa ser purificada na raiz".
Em 2005, o Vaticano declarou que até gays celibatários não deviam ser padres, e
instruiu os líderes da igreja a rejeitar inscrições nos seminários de homens que
"praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais enraizadas ou
apoiam a chamada 'cultura gay'".
Os críticos de Francisco acreditam que um encontro em Roma de bispos do mundo
todo, em outubro, sobre o tema da juventude poderá se tornar um campo de batalha.
Eles querem garantir que a oposição da igreja à homossexualidade esteja no radar se a
questão do abuso sexual for levantada, o que certamente acontecerá.
525
Em maio, Francisco teria dito a bispos italianos que quando se trata de candidatos a
seminaristas potencialmente gays, "se houver a mais ligeira dúvida é melhor não
aceitá-los".
Mesmo assim, Viganò e seus aliados afirmaram que o papa e seus apoiadores aceitam
demais os gays na igreja e ignoram à vontade que a vasta maioria das vítimas de abuso
sexual por padres são homens.
A maioria dos especialistas recusa a combinação de homossexualidade e pedofilia
como um caminho perigoso para o preconceito contra os gays. Fora da igreja, essa
ideia foi amplamente desacreditada como retrógrada.
Mas ela ainda tem força no Vaticano. Muitos aqui acreditam que uma investigação
feita por três cardeais depois do escândalo do Vatileaks em 2012 —com base em
memorandos vazados do mesmo Viganò que escreveu a carta de domingo— revelou
que um lobby gay trabalhava na Santa Sé e que seu relatório contribuiu para a
aposentadoria do papa Bento 16.
O relatório continua mantido em segredo pelo Vaticano, mas em sua carta Viganò
incluiu um naipe de nomes e aliados visados de Francisco que compartilham as
opiniões do papa.
Ele disse que o cardeal Blase Cupich, de Chicago, estava "cego por sua ideologia prógay". E discutiu a afirmação de Cupich, um ex-presidente do Comitê de Proteção a
Crianças e Jovens, "que o principal problema na crise de abuso sexual pelo clero não é
a homossexualidade, e que afirmar isso é apenas uma maneira de desviar a atenção do
verdadeiro problema, que é o clericalismo".
Em uma entrevista no domingo (26), Cupich disse: "Acho que é errado fazer dos gays e
homossexuais bodes-expiatórios, como se houvesse maior probabilidade de os gays
ofenderem crianças do que pessoas hétero. Os dados não mostram isso".
A carta de Viganò também lamentou que o Vaticano tenha trazido o padre jesuíta
James Martin, que escreveu um livro sobre como fazer o gays católicos se sentirem
mais à vontade na igreja, como consultor da Secretaria de Comunicações.
A igreja sob Francisco, escreve Viganò, "escolheu corromper os jovens que em breve se
reunirão em Dublin para o Encontro Mundial de Famílias", ao convidar Martin para
falar lá.
526
Em uma entrevista, Martin disse: "O motivo pelo qual parece que todos os padres gays
são abusadores é que não há contraexemplos públicos de padres gays celibatários
saudáveis, porque a maioria dos padres gays tem medo de se revelar nesse ambiente
venenoso".
THE NEW YORK TIMES
Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/08/em-luta-por-poder-no-vaticanoconservadores-tentam-ligar-abusos-a-gays.shtml
O QUE NAMORO DE BOLSONARO COM PR REVELA SOBRE ESTRATÉGIA RUMO AO
PLANALTO
Mariana Sanches, BBC Brasil, 04 de julho de 2018
"É um namoro sério, quase um noivado". A definição sobre a relação do presidenciável
Jair Bolsonaro (PSL) com o PR do senador Magno Malta é feita pelo deputado federal
Capitão Augusto (PR-SP). Desde dezembro do ano passado, ele tem se dedicado a uma
aproximação entre a legenda e o candidato.
O possível casamento entre Bolsonaro e o PR - Partido da República - não é apenas
mais uma das esperadas coligações que ocorrerão entre os mais de 30 partidos
brasileiros até as eleições de outubro.
Para o pré-candidato do PSL, a união significaria um salto de uma campanha nanica,
com 9 segundos de TV e nenhum palanque estadual, para a oportunidade de falar ao
eleitor por mais 45 segundos e aproveitar a estrutura de um partido médio, com 41
deputados.
O arranjo ainda desloca a candidatura Bolsonaro para um projeto mais palatável para o
Centrão, conjunto de partidos composto por PP, PSD, PR e DEM, que hoje não acredita
na viabilidade de Geraldo Alckmin (PSDB) para vencer a disputa nem está plenamente
convencido em abraçar a candidatura Ciro Gomes (PDT).
Para o PR, Bolsonaro poderia catapultar os votos da legenda a ponto de garantir ao
menos 50 deputados federais, uma bancada 20% maior do que a atual. Além de
527
devolver-lhes a posição na vice-presidência, ocupada por José Alencar nos anos Lula
(2003-2010), e repovoar, com suas indicações, a esplanada dos Ministérios.
No plano original, parte dos dirigentes do PR pretendia filiar Bolsonaro e dar a ele
legenda para disputar a presidência. "Não teve jeito porque o PR tem um partido
grande, com coligações regionais com partidos de esquerda, coisa que o Bolsonaro não
admite", reconhece Capitão Augusto. Em 2014, o PR apoiou candidatos petistas a
governo em cinco Estados.
"Mas a vice (-presidência) seria um caminho ideal pra nós", explica Capitão Augusto.
O noivo: Magno Malta
Nas últimas semanas, o senador Magno Malta (PR-ES) se dedicou a uma agenda
incomum para alguém que pretende disputar a reeleição ao Senado pelo Espírito
Santo. Fez um périplo por Estados como Tocantins e Maranhão. Nas viagens, abraçou
candidatos a governo locais, visitou programas filantrópicos, alimentou com vídeos
seus perfis em redes sociais. Os compromissos - cada vez mais nacionais - condizem
com o possível papel de Malta nas próximas eleições: o de candidato do PR a vice de
Bolsonaro.
Há quase 16 anos no Senado - onde, de acordo com seus próprios assessores - passou
boa parte do tempo sendo tratado como "baixo clero", Malta nunca foi tão relevante
na política. "Era discriminado mesmo, ninguém botava pra comissão porque ele tem
baixa formação, vem de berço negro e pobre", diz um de seus auxiliares.
Adepto ao jiu-jitsu, era visto pelos pares como uma presença folclórica nas fileiras do
Senado; alguns o chamavam de Paulo Cintura do Congresso - em referência ao
personagem atlético da escolinha do Professor Raimundo. Em seu gabinete no Senado
Federal, ele ostenta luvas de luta e camisas de futebol, orgulha-se de ter assessores
que são também esportistas e não se furta de publicar vídeos que misturam esporte e
política. Em um dos mais famosos, de camiseta regata, músculos à vista e um saco de
areia ao fundo, ele brada: "Querem que o Lula vire presidente, envolto em um manto
de impunidade, ele e seus asseclas que virarão ministros".
Malta, no entanto, cresceu politicamente nos últimos três anos graças a dois fatores:
tornou-se uma das principais vozes evangélicas no Congresso e apostou pesadamente
em comunicação via redes sociais. No Facebook, em que não costuma passar mais do
que sete horas sem fazer uma postagem, ele possui mais de 1,5 milhão de seguidores -
528
um crescimento de 161% em relação a julho de 2015, há 3 anos, quando Malta
contava 575 mil seguidores.
Entre seus projetos de lei mais populares estão os principais pleitos da bancada
evangélica hoje: a proposta que cria o programa Escola Sem Partido, para proibir
professores de expressar, em sala, opiniões sobre questões políticas, ideológicas ou de
gênero, a proposta que acaba com a maioridade penal e permite que crianças e
adolescentes sejam criminalmente processados como adultos e o texto de emenda
constitucional que isenta nacionalmente igrejas de pagamento de IPTU.
Considerado gentil e piadista, ele tem bom trânsito até mesmo com parlamentares da
oposição. Durante o impeachment de Dilma Rousseff, gostava de dizer à equipe
jurídica da ex-presidente que iria contratá-los para trabalhar com ele depois que o
governo caísse.
Hoje, não se pode dizer que Malta seja uma liderança importante para definir rumos e
estratégias partidárias no Congresso, mas ele conseguiu deixar de ser manobrado
pelos caciques.
Um caso ilustra bem a situação: atualmente Malta preside a CPI dos maus tratos a
crianças e adolescentes, cujo principal objetivo, de acordo com senadores ouvidos pela
reportagem, é servir de palanque para Malta. No ano passado, no entanto, Malta
levou à sessão da CPI um presidiário acusado de pedofilia, algemado e sem advogado,
e passou a interrogar o homem em frente aos demais senadores. Sob pressão, o
acusado acabou por confessar os crimes aos prantos. Senadores consideraram a cena
constrangedora e pediram ao presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que
encerrasse imediatamente a CPI. Malta, no entanto, conseguiu reverter o mal-estar e
mantém até hoje o controle sobre a comissão, o que lhe garante visibilidade para se
projetar como vice.
Se seus passos sugerem um caminho para ser candidato a vice, Malta prefere fazer
suspense sobre a decisão: "Realmente o PR vê com muitos bons olhos a candidatura
de Bolsonaro. Eu sou cabo eleitoral de Bolsonaro, assumido, o Brasil todo sabe disso",
reconhece Malta, em mensagem enviada à BBC News Brasil via assessoria. "Agora, tem
muita água pra correr debaixo da ponte. Tem um mês inteiro. Sou uma pessoa que
dependo de Deus. Preciso entender onde está minha importância, se seria dentro do
Senado, com Bolsonaro presidente da República, o ajudando dentro das mudanças que
terão de ser feitas. Eu não vou fazer nada atabalhoadamente, já me sinto muito
honrado de ser escolhido por ele e por parte do Brasil que gostaria de ver uma chapa
Bolsonaro/Magno Malta", pondera, sugerindo que a resposta virá apenas em agosto.
529
Para ser vice de Bolsonaro, Malta não depende apenas de Deus. Ele teria que deixar
para trás uma eleição confortável ao Senado, e se arriscar a um pleito incerto. Para
assegurar-se, pretendia colocar a mulher, a cantora gospel Lauriete Rodrigues, para
disputar a vaga ao Senado em seu lugar. Lauriete tem alguma experiência eleitoral, já
foi deputada federal, mas a disputa interna no PR do Espírito Santo se intensificou nas
últimas semanas e outros nomes podem querer tomar o lugar dela, caso Malta não
seja candidato ao Senado.
Além disso, há quem argumente dentro da campanha de Bolsonaro que Malta não
agrega tantos votos ao presidenciável porque seu eleitorado é o mesmo do
presidenciável. Além disso, Malta é de um Estado pouco expressivo e, embora seja
baiano, fez carreira política no Sudeste, portanto não ajudaria o candidato do PSL a
vencer resistências no Nordeste, única região em que Bolsonaro perde para outros
candidatos em um cenário sem Lula, segundo a última pesquisa Ibope.
Um de seus assessores arrisca, no entanto, que, se fosse para descartar a candidatura
a vice, ele já teria deixado clara sua posição. Há algumas semanas, circulou na
imprensa a informação de que ele declinara do convite. A notícia era falsa. O assessor
de imprensa de Malta deu uma série de ligações, a mando de Malta, para desmentir o
boato.
Ainda assim, o senador prefere se desvencilhar. "Eu penso que há uma precipitação
muito grande. Os candidatos estão aí, se colocando. Ninguém pergunta quem é o vice
de Ciro, Marina, Alckmin e Boulos. Essa insistência eu não entendo pra se saber com
tanta antecedência o vice de Bolsonaro", diz Malta.
Cortejo no varejo
A conversa com o PR torna mais profissional e concreta a formação de uma rede de
apoio político a Bolsonaro. Até agora, a equipe do candidato vinha realizando
aproximações pontuais com parlamentares considerados de baixo clero, de partidos
como PRB, PR, PP, DEM, SD e PTB.
A estratégia era atraí-los para almoços ou jantares, às quartas-feiras, na casa do
deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), coordenador do programa do candidato.
Nesses eventos, Lorenzoni e outros apoiadores de Bolsonaro apresentariam as
intenções da campanha e prometeriam protagonismo inédito aos parlamentares na
composição de um futuro governo do atual deputado federal. Na conta dos apoiadores
e mesmo da oposição a Bolsonaro no Congresso, o cortejo no varejo já teria convertido
90 parlamentares em favor do presidenciável.
530
"Começamos com meia dúzia de gatos pingados, atraídos pelos dotes culinários do
Onyx", brinca o deputado federal Major Olímpio (PSL-SP) sobre o cardápio dos
encontros, que costuma incluir uma carne gaúcha, além de arroz e feijão. "E agora
estamos tendo que comer de pé, com o prato na mão, de tanta gente que já
apareceu", completa.
O movimento não tem encontrado forte resistência entre as lideranças partidárias
porque, para os partidos com integrantes que acabam cooptados pela campanha, o
jogo pode ser interessante.
Considerado bom puxador de votos, Bolsonaro poderia ajudar a aumentar bancadas
mesmo das legendas que não estejam oficialmente coligadas a ele. A situação já se dá
no próprio PR. Nas contas do deputado Capitão Augusto, Bolsonaro conta hoje com o
apoio de 27 dos 41 deputados do partido. José Rocha, em um cálculo mais
conservador, afirma que são 12. Independentemente dos rumos que a direção do PR
determinar na campanha, os líderes da sigla sabem que esses deputados deverão se
manter firmes na ideia de fazer campanha por Bolsonaro.
'Qual é o partido que não tem um problema hoje?'
O PR é hoje o único partido com cuja cúpula Bolsonaro mantém algum trânsito. A
aversão do deputado a legendas é conhecida. Tanto que, para se filiar ao PSL, ele
exigiu controle total sobre a legenda. O mesmo não acontecerá com o PR, em caso de
coligação. "Como temos alguns policiais como deputados, ele se aproximou. Para o
Bolsonaro, somos importantes porque ele vai precisar de tempo de TV para se
defender das porradas que vai levar", afirma o líder da bancada do PR na Câmara,
deputado José Rocha.
De acordo com Rocha, o casamento com Bolsonaro só não sairá se o PR puder escolher
por um negócio que considera ainda melhor: o de ter Josué Gomes, filho de José
Alencar e dono da Coteminas, como candidato à presidência em uma chapa composta
junto ao PT. De acordo com o PR, a costura contaria com o ex-governador da Bahia
Jaques Wagner no posto de vice.
O cenário, no entanto, é hoje improvável já que nem chega a ser abertamente
discutido dentro do PT, que não pretende lançar qualquer candidato para substituir o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva até que a candidatura do petista seja
definitivamente impugnada pela Justiça. Procurado pela BBC News Brasil, Josué não
comentou o assunto. A reportagem não conseguiu contato com Jaques Wagner.
531
Se a coligação com o PR tem vantagens para o presidenciável do PSL, ao mesmo tempo
deve criar uma vidraça imediata para o candidato. Bolsonaro gosta de dizer que sua
campanha não tem envolvidos na Lava Jato. No entanto, o PR é comandado por
Valdemar Costa Neto, condenado no escândalo do Mensalão - caso de compra de
votos de parlamentares pelo governo petista. Aliados de Bolsonaro temem que algo
semelhante possa se repetir caso a coligação se concretize.
"De graça, o PR não ajuda um cego a atravessar a rua. Esse perfil altruísta do PR, de
que quer mudar o Brasil, não cola. Em 15 minutos no poder eles vão querer cobrar o
deles e o pau vai quebrar", diz um dos parlamentares envolvidos na campanha.
Bolsonaro sabe que Valdemar pode funcionar como âncora para suas pretensões
eleitorais. Por isso, articula com o PR para que o deputado Capitão Augusto assuma a
presidência da legenda em agosto. Seria uma medida cosmética para não afugentar
simpatizantes.
Desde a condenação a mais de sete anos de prisão, em 2013, Valdemar buscou
submergir na política, sem, no entanto, perder o controle sobre a legenda. Em 2015,
ele chegou a se desfiliar do PR e hoje é oficialmente funcionário da legenda,
contratado como administrador. Por meio de sua assessoria, ele nega ingerência
política sobre o PR. Consultado sobre quem manda na legenda, no entanto, o líder do
PR na Câmara, deputado José Rocha, é direto: "Valdemar! Mas qual é o partido que
não tem um problema hoje? Não tem um que não tenha".
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-44690878
EM CULTO, MEIRELLES RECEBE ORAÇÃO E APOIO DE PASTOR: “PAI DAS FINANÇAS”,
DANIEL WETERMAN
Estadão reproduzido pelo Uol, 16 de agosto de 2018
Em culto com lideranças da Assembleia de Deus do Belém, na zona leste de São Paulo,
o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB) recebeu, nesta segunda-feira (16),
oração e apoio para sua pré-candidatura à Presidência da República.
Convidado para um encontro de obreiros, do qual participam apenas homens com
cargos na igreja, Meirelles subiu ao púlpito do templo ao lado do ministro da
532
Secretaria-Geral da Presidência, Ronaldo Fonseca, que é membro da Assembleia de
Deus.
O presidente da igreja, pastor José Wellington Bezerra da Costa, chamou o
presidenciável de "pai das finanças" e pediu aos fiéis que pensassem em votar nele nas
eleições. "Irmãos, ao meu ver, ele é um candidato em potencial para ser o nosso
futuro presidente da República", afirmou o pastor, dizendo acreditar que, depois do
pleito de outubro, o País vai dar um "salto" de desenvolvimento.
Após o apoio do pastor, o ministro Ronaldo Fonseca disse que, no meio dos
evangélicos, os pastores não obrigam os fiéis a votar em ninguém, mas "orientam"
sobre a melhor escolha. "Não é hora de aventura, não é hora de querer brincar com
esse momento do nosso País", disse Fonseca.
O ministro destacou que há outros pré-candidatos com "boas referências", mas que
Meirelles é um "xerife da economia" porque foi chamado pelo ex-presidente Lula e
pelo presidente Temer para cargos no Executivo.
Em sua fala, Meirelles pediu oração por ele e pelo País. O pré-candidato destacou seu
trabalho no Ministério da Fazenda e disse que, "com fé e determinação" foi possível
tirar o País da recessão.
"Esta palavra, esses princípios de retidão, honestidade, tudo na minha vida foi pautado
por isso", destacou o ex-ministro. "Nunca houve uma acusação, uma palavra porque
meus princípios de austeridade, de retidão são como os princípios ensinados pelo
pastor José Wellington."
O presidenciável recebeu uma oração por sua campanha e por um eventual mandato.
A jornalistas, ele disse que foi convidado para o culto e, como cristão, segue os
mesmos princípios dos evangélicos.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/agenciaestado/2018/07/16/em-culto-meirelles-recebe-oracao-e-apoio-de-pastor-pai-dasfinancas.htm
COTADO PARA VICE DE BOLSONARO, GENERAL DIZ: "PRONTO PARA CUMPRIR A
MISSÃO"
Gustavo Maia e Luis Kawaguti, Uol, 17 de julho de 2018
533
"Não almejo nem pleiteio nada, mas estou pronto para cumprir a missão". Essa foi a
resposta do general da reserva Augusto Heleno Ribeiro Pereira (PRP) ao ser
questionado pelo UOL se cogitava ser vice na chapa do pré-candidato à Presidência Jair
Bolsonaro (PSL). Ele disse, porém, que o nome do vice de Bolsonaro ainda não foi
definido.
Em evento de pré-campanha no interior de São Paulo na tarde desta terça-feira (17), o
presidenciável afirmou que "talvez" anuncie seu companheiro de chapa nesta quarta.
"Vai ser... deve ser, deve ser um general", apressando-se em trocar o verbo afirmativo
por outro menos assertivo.
"'Ó, o cara quer a ditadura, militarizar...'", disse Bolsonaro, mudando a própria voz
para imitar um crítico hipotético. "Não, quero um cara com responsabilidade ao meu
lado. Chega desses bananas que compõem para ganhar tempo de televisão e mais
nada além disso, e continuar metendo a mão, afundando e roubando o nosso Brasil",
respondeu.
Ao UOL, o presidente do diretório paulista do PSL, deputado federal Major Olímpio,
que acompanhou o presidenciável em Registro (SP), disse que ele "possivelmente"
anunciará amanhã o nome de Heleno. Ainda segundo Olímpio, o senador e pastor
evangélico Magno Malta (PR) não aceitou o convite de Bolsonaro para integrar a chapa
com ele.
O general Heleno, por sua vez, disse conhecer "muito pouco" a política e não ser
político. "Não entraria como um candidato, mas posso apoiar [a candidatura de
Bolsonaro]", declarou.
Ele afirmou ainda que vem se reunindo ao menos semanalmente com Bolsonaro. O
PSL agendou sua convenção nacional para o próximo domingo (22), no Rio de Janeiro.
Heleno disse que, a princípio, não pretende comparecer --já que a questão do vice
ainda não foi definida.
O general afirmou também que o fato de estar vinculado a outro partido não seria um
impedimento para que apoie Bolsonaro.
Mesmo na reserva, Heleno é considerado uma das maiores lideranças da história
recente do Exército. Seu nome, que já era destaque dentro dos quartéis, saiu da
caserna e chegou ao público em geral em 2004, quando ele assumiu o cargo de
Comandante das Forças de Paz da ONU no Haiti.
534
Heleno lutou contra ex-militares rebeldes e gangues de criminosos no Haiti por cerca
de um ano e meio. Na ocasião, segundo vazamentos do WikiLeaks, se opôs à pressão
diplomática americana que queria exercer influência sobre a condução da missão de
paz e a maneira como as operações militares eram realizadas.
De volta ao Brasil, fez parte do Alto Comando do Exército e, em 2008, ocupou o posto
de Comandante Militar da Amazônia – quando entrou em choque direto com o então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a demarcação em área contínua da
reserva indígena Raposa Serra do Sol. Heleno disse, na ocasião, acreditar que o
projeto, da forma como era tocado, poderia colocar uma parte das fronteiras do Brasil
em risco.
No início dos anos 2010, setores da ativa e da reserva das Forças Armadas cogitaram
lançar Heleno como candidato a presidente, mas o projeto não avançou. Heleno
sempre recusou a possibilidade de protagonizar uma candidatura.
O UOL apurou que, no início de 2018, ele ainda descartava a possibilidade de se
candidatar, mas foi cada vez mais alvo de investidas de Bolsonaro. O contato entre
ambos vem se intensificando.
PSL e PR não fecharam acordo
O PSL vinha negociando uma possível aliança com o PR de Malta e do expresidente da
sigla Valdemar Costa Neto, condenado no escândalo do mensalão. O eventual acordo
poderia aumentar o tempo de campanha na TV de Bolsonaro de menos de 10
segundos para quase 50.
De acordo com Major Olímpio, que acompanha o presidenciável em agenda de
précampanha no interior de São Paulo nesta terça, o PR condicionou a aliança na
eleição presidencial a coligações proporcionais [para deputados federais e estaduais],
principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro.
"Não nos interessa fazer essa coligação. O PR, que já tem vários deputados, quer
aumentar a bancada, e isso tira a possibilidade de eleger os nossos candidatos. Um
comandante nunca pode abandonar o seu soldado ferido na estrada", declarou.
Olímpio disse saber do "tamanho do comprometimento" que o impasse pode causar
na campanha. "Se é um preço tão duro a pagar, nós não queremos. Vai fazer [a
propaganda] com 8 segundos e seja o que Deus quiser."
535
A interlocução com o PR foi feita pelo presidente em exercício do PSL, Gustavo
Bebianno, e outros membros da Executiva Nacional. Procurada pela reportagem, a
assessoria do Partido da República informou que não vai se manifestar sobre as
negociações.
Nos últimos meses, Bolsonaro vinha repetindo que Magno Malta era seu "vice dos
sonhos". Cumprindo o último ano do segundo mandato no Senado, o parlamentar
sempre disse que era candidato à reeleição, mas deixava abertura para uma definição
de última hora.
No ato que marcou a entrada de Bolsonaro no PSL, em março, Malta disse, por
exemplo, que o futuro estava "na mão de Deus" e que "muita água" ainda iria rolar, ao
comentar a possibilidade de ser vice na chapa do deputado.
A reportagem apurou que Malta já planejava, inclusive, apresentar sua mulher, a
cantora gospel e ex-deputada federal Lauriete Rodrigues Malta, como candidata do PR
ao Senado pelo Espírito Santo, para transferir seus votos.
A interlocutores, Malta relutava trocar uma eleição considerada garantida por uma
empreitada de risco rumo ao Palácio do Planalto. O senador também manifestava
dúvidas quanto à viabilidade política de Bolsonaro na relação com o Congresso e
atuava para apresentar nomes alinhados à ideologia conservadora e religiosa que uniu
os dois.
O processo eleitoral entra a partir desta sexta-feira (20) em sua fase decisiva, com o
início do período em que os partidos deverão realizar convenções partidárias para
formalizar a escolha de seus candidatos.
O prazo se encerra no dia 5 de agosto. As legendas terão até o dia 15 do mês que vem
para registrar as candidaturas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/07/17/cotado-paravice-de-bolsonaro-general-diz-pronto-para-cumprir-a-missao.htm
PRÉ-CANDIDATAS ACUSAM REDE DE MACHISMO E DEIXAM SIGLA
Marianna Holanda, Estadão reproduzido pelo Uol, 28 de julho de 2018
536
Duas pré-candidatas da Rede deixaram o partido e suas campanhas nesta semana sob
alegação de que a direção estadual da legenda da presidenciável Marina Silva é
machista e não apoia candidaturas de mulheres.
A agora ex-porta-voz da Rede em Campinas e ex-candidata a deputado estadual Maíra
Massei publicou, na última quinta-feira (26), um texto nas redes sociais no qual afirma
ser "uma vergonha" o fato de um partido que se propõe a fazer "uma nova política"
demonstrar "este tipo de falta de escrúpulo, dentro da própria executiva".
O caso foi revelado ontem pelo jornal "O Globo". A Rede nega as acusações.
Ex-candidata a deputado federal, Surya Guimarães, que era integrante da Executiva da
Rede, disse lamentar a falta de apoio da Rede às candidaturas femininas.
"Entendo o pragmatismo que tem que ter para termos uma chapa forte e conseguir
fazer o coeficiente eleitoral, mas é muito difícil, porque acaba sufocando candidaturas
melhores, muitas delas femininas", afirmou Surya. Tanto ela quanto Maíra faziam
parte do grupo feminino da Rede, o Elo Mulheres.
Em maio, por unanimidade, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que as
campanhas de mulheres devem receber pelo menos 30% do volume de recursos do
Fundo Especial de Financiamento de Campanha - o fundo eleitoral -, estimado em R$
1,7 bilhão. Os ministros também decidiram que a propaganda no rádio e na TV deve
obedecer à proporção de candidatos homens e mulheres, reservando o mínimo de
30% do tempo para candidaturas femininas.
Maíra disse que em reuniões da Executiva estadual foi dito que a cota seria usada nas
campanhas de Marina à Presidência e na de Heloísa Helena a deputado federal.
No último dia 13, a Rede publicou a resolução que enviou ao TSE sobre a distribuição
dos recursos.
O texto determina que 50% do fundo eleitoral do partido, orçado em R$ 10,6 milhões,
será destinado à campanha de Marina e que a distribuição dos 30% ainda será definida
pela Executiva nacional.
Rede diz repudiar acusações
Em nota, o Elo Mulheres repudiou as acusações. "É notável que a Rede e o Elo
Mulheres são compromissados com o aumento da participação das mulheres na
537
política, não apenas em período eleitoral e usando-as para preencher a determinação
legal, mas como ponto essencial para termos maior representatividade e qualidade na
democracia."
O texto ainda diz que a cota de 30% não irá só para a campanha de Marina, mas será
distribuída entre candidaturas ao Legislativo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2018/07/28/precandidatas-acusam-rede-de-machismo-e-deixam-sigla.htm
COMO PARTIDOS (DE HOMENS) PODEM DIFICULTAR A VIDA DE MULHERES
CANDIDATAS?
Leonardo Sakamoto, Blog do Sakamoto/Uol, 02 de agosto de 2018
Michel Temer dá posse a um ministério de homens brancos em 2016. Foto: Pedro
Ladeira/Folhapress
Apesar do Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal terem deixado
claro que 30% dos recursos do fundo eleitoral, além da mesma proporção em tempo
de rádio e TV, devem ser destinados a candidaturas de mulheres, ainda há dúvidas
sobre a interpretação da lei que podem favorecer cúpulas partidárias contrárias a essa
política afirmativa.
538
De acordo com o TSE, dos 513 deputados federais eleitos em outubro de 2014, apenas
51 eram mulheres. Esses 10% não chegam nem perto dos 51,7% de mulheres na
sociedade brasileira – de acordo com a última PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios) Contínua de 2017. Segundo a Justiça Eleitoral, elas perfazem 77.337.918
eleitoras aptas a votar em outubro, ou seja, 52,8% do total.
O STF havia determinado, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade
5617, que 30% era piso e não teto. Depois, o TSE reafirmou isso, explicando que, caso
o número de mulheres ultrapasse esse piso, os recursos devem aumentar na mesma
proporção. A Lei das Eleições (9.504/1997) obriga a cota mínima de gênero.
Pode parecer bobagem de tão lógico, mas o sistema partidário brasileiro funciona
como um ''Clube do Bolinha'', dificultando a entrada de novos integrantes. Não está
desconectado do tecido social do país, por certo, uma vez que a proporção de
mulheres nos conselhos de grandes empresas ou entre o total de cargos executivos
também é bem menor que o de homens.
Apesar dos 30% de fundo eleitoral e de tempo de rádio e TV estarem pacificados, a
distribuição desse montante ainda não está – e aí reside o problema. Segundo Roberta
Gresta, professora de Direito Eleitoral da PUC-Minas e assessora do Tribunal Regional
Eleitoral de Minas Gerais, o TSE afirmou que essa cota vale para candidaturas
proporcionais e majoritárias. Mas não frisou como isso deve ser calculado ou que os
30% devem ser computados separadamente.
De acordo com a professora, se mulheres concorrerem em chapas majoritárias
(presidente, governadoras, senadoras), por exemplo, o partido pode destinar a elas até
mais de 30% do total de recursos a serem investidos em uma eleição e dizer que está
cumprindo as regras. Mas isso ocorreria em prejuízo às candidaturas proporcionais
(deputadas federais, estaduais e distritais), que não receberiam o mínimo de 30% para
ajudar a alterar a proporção de mulheres na Câmara dos Deputados e nas Assembleias.
''Outro caso é uma candidata a Câmara dos Deputados, já conhecida e puxadora de
votos, ficar com 30% dos recursos sozinha. A rigor isso atende ao TSE'', segundo
Roberta Gresta. ''Mas, na leitura do Ministério Público Eleitoral, pode ser um indício de
fraude, pois não estará melhorando a competitividade. A mulher bem votada vai puxar
outros homens e não estará beneficiando apenas as mulheres, como pede a
interpretação da lei eleitoral.''
Aumentar a participação de mulheres significa diminuir a de homens. O problema é
que isso tem gerado obstáculos a candidatas, principalmente na política local. Líderes
539
partidários, na sua maioria, homens, chegam ao ponto de atuar para que mulheres
conhecidas participem do pleito, para angariar votos a outras candidaturas, mas não
tenham tanta exposição a ponto de serem eleitas.
Contando com popularidade menor que broca de dentista, os partidos políticos estão
entre as instituições menos confiáveis do país. Fizeram por merecer, claro. O que
deveriam ser agremiações que reúnem pessoas para defender determinada visão de
mundo, ideologia e projeto nacional acabaram sendo federações de interesses
individuais e mercenários a soldo de quem pagar mais. Nem sempre, nem com todos,
mas em quantidade o suficiente para jogar a política na lama da descrença.
Como retirar os partidos políticos da UTI e garantir que representem não apenas as
diferentes opiniões, mas a sua própria diversidade? O número de mulheres, mas
também de negros, indígenas, população LGBT e trabalhadores no Congresso Nacional,
por exemplo, é muito inferior do que sua fatia na sociedade. E isso tem impacto direto
na formulação de políticas públicas e na defesa de determinados direitos.
É impossível que uma Câmara composta de homens, brancos, héteros, cis,
empresários, por mais boa vontade que tenha (e boa parte não tem) possa entender a
realidade de outros grupos historicamente excluídos de sua cidadania e falar por eles.
Um homem pode representar determinados interesses de uma mulher no Congresso
Nacional ou nas Assembleias? Há aspectos que dizem respeito à vida e dignidade das
mulheres que não temos legitimidade para discutir e decidir. Nós, homens cissexuais,
não temos útero, por exemplo. Mas muitos acham que são donos dos úteros alheios.
As estruturas partidárias são autoritárias e pouco democráticas, com regras internas
que mudam ao sabor do vento, favorecendo quem está em seu controle. Isso faz com
que se pareçam mais com feudos do que com instâncias de debate e construção
coletiva. A Reforma Política discutiu, discutiu e acabou por facilitar – para o curto
prazo – a reeleição de quem já está no poder. Com isso, perdemos uma boa
oportunidade para melhorar nossa democracia e reduzir nosso machismo e racismo
estruturais.
https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2018/08/02/como-partidos-dehomens-podem-dificultar-a-vida-de-mulheres-candidatas/
QUEM ESPALHA DESINFORMAÇÃO? E QUEM NÃO ESPALHA? A MELHOR FORMA DE
LIDAR COM UMA POTENCIAL MENTIRA É PERMITIR QUE ELA SEJA DITA, PARA QUE
POSSA SER DESMENTIDA PUBLICAMENTE OU CONFRONTADA JUDICIALMENTE
540
Rodolfo Borges, El País, 28 de julho de 2018
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/27/opinion/1532724186_792402.html
SEM O FACEBOOK, O MBL NÃO EXISTIRIA
Denis R. Burgierman, Nexo Jornal, 01 de agosto de 2018
Assim como muita gente no mundo todo, dos agentes hackers de Putin aos
marqueteiros da Cambridge Analytica, o suposto movimento cresceu explorando
vulnerabilidades da rede social mais influente que existe
Semana passada, o Facebook deletou 196 páginas e 87 perfis de sua rede, muitos deles
ligados ao MBL (Movimento Brasil Livre), uma operação que foi muito influente na
política brasileira nos últimos quatro anos, ajudando a derrubar uma presidente e a
proteger outro, elegendo políticos, atacando artistas, jornalistas, ativistas e
professores e incendiando o debate político e cultural no país. A ação da empresa
americana gerou polêmica e fez com que o MBL a acusasse de censura, viés
esquerdista e de perseguir o pensamento de direita. Trata-se de uma simplificação,
como aliás costumam ser as polêmicas que bombam no Facebook.
A verdade é que o MBL só existe por causa do Facebook. A operação, criada em 2014
pelo enrolado advogado Renan Santos para derrubar Dilma Rousseff, só pôde nascer
porque se apoiou na infraestrutura em rede criada pela empresa de Mark Zuckerberg.
E essa infraestrutura tinha brechas. Renan e sua turma, assim como muita gente no
mundo todo, dos agentes hackers de Vladimir Putin aos marqueteiros da Cambridge
Analytica, cresceram explorando vulnerabilidades da rede social mais influente que
existe.
A principal dessas vulnerabilidades surgiu em 2009, quando o algoritmo do Facebook
passou a usar critérios sociais para decidir o que é relevante e o que não é. Se um
monte de gente ao mesmo tempo compartilha algo, o Facebook conclui que aquilo
deve ser importante, e aí leva esse conteúdo para mais gente ainda. O conteúdo é
mais favorecido se for compartilhado por um grande número de páginas, cada uma
delas com muitos seguidores: isso leva o Facebook a acreditar que um número grande
de organizações influentes deram valor para aquilo.
541
Delegar a decisão sobre a importância das coisas às massas foi uma sacada genial da
empresa de Zuckerberg, e graças a ela a rede social transformou-se na principal arena
do debate público do mundo. Só que essa estratégia é imperfeita porque o algoritmo
pode ser enganado: com dinheiro, movimentos sociais podem ser falsificados.
Uma maneira de fraudar o Facebook é criar um ecossistema falso: centenas de páginas
e perfis que na verdade estão todos sob um mesmo comando, e que compartilham
conteúdos ao mesmo tempo, para se fingir de multidão. Isso é um jeito de ludibriar o
algoritmo, fabricando a sensação de que algo interessa a muita gente. Outro jeito de
dar um drible no algoritmo é mobilizar as emoções das pessoas, principalmente medo
e indignação. Tudo o que nos deixa apavorados ou furiosos é lido pelo Facebook como
se fosse relevante.
Foi com base nesses dois truques que o MBL forjou a ilusão de que era altamente
relevante: seus conteúdos, com alta carga de medo e ódio, eram rapidamente
compartilhados por centenas de páginas e perfis. E uma coisa louca destes tempos é
que percepções rapidamente se transformam em realidades. Como o MBL parecia
relevante para o algoritmo, ele foi tornando-se relevante, porque o Facebook
amplificava sua visibilidade.
ESTÁ CLARO QUE O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO NÃO TEM CONDIÇÕES DE
FISCALIZAR AS FRAUDES DO MBL, ATÉ PORQUE PARTE DELE ESTÁ EM CONLUIO COM
ELES. COMO A REDE É PRIVADA, SÓ QUEM TEM PODER PARA COIBIR ABUSOS É O
PRÓPRIO FACEBOOK
Denis R. Burgierman, Nexo Jornal, 01 de agosto de 2018
Assim como muita gente no mundo todo, dos agentes hackers de Putin aos
marqueteiros da Cambridge Analytica, o suposto movimento cresceu explorando
vulnerabilidades da rede social mais influente que existe
Semana passada, o Facebook deletou 196 páginas e 87 perfis de sua rede, muitos deles
ligados ao MBL (Movimento Brasil Livre), uma operação que foi muito influente na
política brasileira nos últimos quatro anos, ajudando a derrubar uma presidente e a
proteger outro, elegendo políticos, atacando artistas, jornalistas, ativistas e
professores e incendiando o debate político e cultural no país. A ação da empresa
americana gerou polêmica e fez com que o MBL a acusasse de censura, viés
esquerdista e de perseguir o pensamento de direita. Trata-se de uma simplificação,
como aliás costumam ser as polêmicas que bombam no Facebook.
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A verdade é que o MBL só existe por causa do Facebook. A operação, criada em 2014
pelo enrolado advogado Renan Santos para derrubar Dilma Rousseff, só pôde nascer
porque se apoiou na infraestrutura em rede criada pela empresa de Mark Zuckerberg.
E essa infraestrutura tinha brechas. Renan e sua turma, assim como muita gente no
mundo todo, dos agentes hackers de Vladimir Putin aos marqueteiros da Cambridge
Analytica, cresceram explorando vulnerabilidades da rede social mais influente que
existe.
A principal dessas vulnerabilidades surgiu em 2009, quando o algoritmo do Facebook
passou a usar critérios sociais para decidir o que é relevante e o que não é. Se um
monte de gente ao mesmo tempo compartilha algo, o Facebook conclui que aquilo
deve ser importante, e aí leva esse conteúdo para mais gente ainda. O conteúdo é
mais favorecido se for compartilhado por um grande número de páginas, cada uma
delas com muitos seguidores: isso leva o Facebook a acreditar que um número grande
de organizações influentes deram valor para aquilo.
Delegar a decisão sobre a importância das coisas às massas foi uma sacada genial da
empresa de Zuckerberg, e graças a ela a rede social transformou-se na principal arena
do debate público do mundo. Só que essa estratégia é imperfeita porque o algoritmo
pode ser enganado: com dinheiro, movimentos sociais podem ser falsificados.
Uma maneira de fraudar o Facebook é criar um ecossistema falso: centenas de páginas
e perfis que na verdade estão todos sob um mesmo comando, e que compartilham
conteúdos ao mesmo tempo, para se fingir de multidão. Isso é um jeito de ludibriar o
algoritmo, fabricando a sensação de que algo interessa a muita gente. Outro jeito de
dar um drible no algoritmo é mobilizar as emoções das pessoas, principalmente medo
e indignação. Tudo o que nos deixa apavorados ou furiosos é lido pelo Facebook como
se fosse relevante.
Foi com base nesses dois truques que o MBL forjou a ilusão de que era altamente
relevante: seus conteúdos, com alta carga de medo e ódio, eram rapidamente
compartilhados por centenas de páginas e perfis. E uma coisa louca destes tempos é
que percepções rapidamente se transformam em realidades. Como o MBL parecia
relevante para o algoritmo, ele foi tornando-se relevante, porque o Facebook
amplificava sua visibilidade.
ESTÁ CLARO QUE O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO NÃO TEM CONDIÇÕES DE
FISCALIZAR AS FRAUDES DO MBL, ATÉ PORQUE PARTE DELE ESTÁ EM CONLUIO COM
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ELES. COMO A REDE É PRIVADA, SÓ QUEM TEM PODER PARA COIBIR ABUSOS É O
PRÓPRIO FACEBOOK
Mas espera… Não é estranho que o Facebook esteja punindo apenas páginas de
direita? A esquerda não trapaceia também? A resposta é sim, evidentemente. Não
faltam páginas ideologicamente à esquerda trabalhando com o mesmo manual de
manipulação da opinião pública usado por Renan. Talvez uma das diferenças centrais
seja o fato de que os fraudadores à esquerda sejam mais mal-financiados que o MBL.
Apurei que o grupo de Whatsapp “MBL - Mercado”, no qual líderes do suposto
movimento planejavam ações com seus financiadores, reunia mais de 100 executivos
que trabalhavam em todos os principais bancos e corretoras de valores que operam no
Brasil, incluindo Itaú, Bradesco, Safra, Santander, XP, Morgan Stanley e Merrill Lynch.
Não há prova de que essas empresas financeiras apóiem institucionalmente a
operação do MBL, mas é óbvio que há um aparelhamento do movimento por um setor
da economia, sem transparência alguma. Outra fonte de dinheiro são os políticos, que,
ao que tudo indica, pagam para aparecer bem nos posts. Toda essa receita ajuda a
explicar porque a operação de Renan fazia tanto barulho.
Alguns meses atrás, uma tragédia jogou luz sobre as táticas de difusão do ecossistema
do MBL: o assassinato de Marielle Franco. Minutos depois dos disparos que acabaram
com a vida da vereadora, informações falsas começaram a ricochetear pela internet –
boatos fantasiosos como o de que ela tinha envolvimento com o tráfico. Horas depois,
uma autoridade acreditou nessas mentiras e, irresponsavelmente, compartilhou- as.
Tratava-se de uma desembargadora de Justiça – alguém que deveria se preocupar em
ver provas antes de atacar uma reputação.
Até então, o que havia eram boatos, inclusive de uma pessoa sem noção, mas nada
relevante. Foi quando a operação de monitoramento das redes feita
permanentemente pelo MBL e por seus “parceiros” fisgou a polêmica e resolveu
amplificá-la. Um site chamado Ceticismo Político, parte do ecossistema, fez uma
matériade imensa visibilidade comentando sem desmentir o post da desembargadora
e levando o boato a milhões que não haviam sido impactados antes.
Para olhos treinados, o Ceticismo Político evidentemente é um site irrelevante. Não há
lá transparência quanto a financiadores, nem expediente informando quem é a
equipe, nem um “quem somos” no qual o leitor pudesse saber quem está falando. O
único nome que aparecia era falso: Luciano Ayan, alguém que não existe. Mas, por
conta da manipulação no algoritmo, as coisas que o site publica são interpretadas pelo
Facebook como relevantes e disseminadas.
544
Em meio à polêmica sobre Marielle, revelou-se que o verdadeiro mantenedor do site é
um ativista chamado Carlos Afonso, sócio de um dos líderes do MBL numa empresa de
marketing político. Entrei em contato com ele por email. Carlos nega que usasse um
nome falso – “Luciano Ayan é apenas um pseudônimo”, defendeu-se, talvez
esquecendo-se de que “pseudônimo” vem de “pseudonymos”, “nome falso” em grego.
Ele não respondeu nada que eu perguntei, apenas negou que tenha mentido (“reportei
o que alguém disse”).
Mês passado, Carlos foi chamado a falar no Congresso. Mas ele não foi lá para se
explicar sobre sua participação na difusão de desinformação – foi na condição de
especialista, dar uma palestra, a convite dos políticos. Em vez de se defender, atacou:
levou consigo um bizarro relatório de mais de 300 páginas nas quais acusava 100% dos
checadores de fatos do Brasil de serem esquerdistas. O relatório é uma obra-prima de
humor involuntário. Usa como “prova” do esquerdismo alheio o fato de alguém criticar
terapias de cura gay, compartilhar uma crônica de Antonio Prata ou citar uma frase
bonita sobre educação do Paulo Freire. Quando alguém exibe abertamente sua
preferência partidária, Carlos acusa de viés – quando não exibe, a acusação é de falta
de transparência. Ninguém escapa: para ele, todo mundo é esquerdista.
Quem estava lá conta que Carlos parecia íntimo de vários congressistas –
provavelmente porque presta serviço para eles. O MBL cobra de políticos para
manipular redes sociais a favor deles. Tenho em meu poder uma apresentação de
PowerPoint da organização, na qual eles se orgulham de sua participação na eleição de
políticos como João Doria, que fracassaria como prefeito de São Paulo, e pedem
dinheiro para eleger outros – um jeito de driblar a regulamentação rígida de
financiamento de campanhas eleitorais.
Enfim, está claro que o sistema político brasileiro não tem condições de fiscalizar as
fraudes do MBL, até porque parte dele está em conluio com eles. Como a rede é
privada, só quem tem poder para coibir abusos é o próprio Facebook. Evidentemente
seria um absurdo se a empresa se colocasse a censurar ideias. Mas não é isso o que
eles estão fazendo: estão é tentando melhorar seus mecanismos para identificar o que
é relevante e, assim, fechar as brechas de seus algoritmos. Renan Santos e Carlos
Afonso têm todo o direito de postar o que for. O que não pode acontecer é que esse
conteúdo, desprovido de checagem e criado com dinheiro suspeito para manipular a
opinião pública, seja privilegiado, como se fosse relevante. Não é.
Denis R. Burgierman é jornalista e escreveu livros como “O Fim da Guerra”, sobre
políticas de drogas, e “Piratas no Fim do Mundo”, sobre a caça às baleias na Antártica.
545
Foi diretor de redação de revistas como “Superinteressante” e “Vida Simples”,
comandou a curadoria do TEDxAmazônia, e fez parte do time que criou o Greg News,
primeiro comedy news da TV brasileira. Escreve quinzenalmente, às quintas-feiras.
https://www.nexojornal.com.br/colunistas/2018/Sem-o-Facebook-o-MBL-n%C3%A3oexistiria
REPRESENTANTES DE IGREJAS SÃO ESCOLHIDOS POR PASTORES
Renata Agostini, Estadão reproduzido pelo Uol, 12 de agosto de 2018
Um dos mais midiáticos cabos eleitorais dos evangélicos, o pastor Silas Malafaia está
animado com as chances de seus escolhidos nas urnas.
"É a coisa mais fácil do mundo: é só usar as redes sociais. É o que vai mandar nessa
eleição", diz o pastor, que ficou famoso com aparições na TV, mas hoje investe pesado
na seara digital, com dois milhões de seguidores no Facebook e 1,3 milhão no Twitter.
"É só você falar nos três anos anteriores o que você pensa. Eu venho fazendo isso há
tempos. Aqui todo mundo já sabe quem representa o Malafaia", diz o líder da
Assembleia de Deus Vitória em Cristo.
Ele sabe do que está falando. Em 2014, Malafaia, que tem um irmão deputado
estadual no Rio e um membro de sua igreja como vereador carioca, elegeu para a
Câmara dos Deputados Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), fiel da Vitória em Cristo.
Com o aliado, o pastor, que já era cabo eleitoral de aspirantes a político País afora,
aumentou seu poder de influência e uniu-se a um grupo de líderes evangélicos com
representação no Congresso por meio de membros de suas igrejas.
É o caso de Edir Macedo (Universal), Manoel Ferreira (Assembleia de Deus Madureira),
R.R. Soares (Internacional da Graça de Deus), Valdemiro Santiago (Mundial do Poder
de Deus), José Wellington Bezerra da Costa (Assembleia de Deus Belém), Mário de
Oliveira (Igreja do Evangelho Quadrangular).
A seu favor neste ano, eles contam com o desgaste da classe política - a Lava Jato
atingiu políticos evangélicos, mas, diferentemente de outros casos, o grupo não ficou
no centro do escândalo - e com o apelo de valores conservadores em segmentos da
população. Para congressistas e pesquisadores, em uma campanha de curta duração e
546
sem dinheiro de empresas, quem já tem "base eleitoral" sairá na frente - caso dos
evangélicos.
O Ministério Público e a Justiça Eleitoral, porém, vêm tentando ampliar a vigilância. O
objetivo é conter a tentativa de religiosos de usarem templos para influenciar o
eleitorado. A lei não permite que candidatos recebam doação de igrejas ou façam
campanha dentro delas.
Mas ainda é tema controverso o chamado "abuso do poder religioso". O conceito tem
sustentado decisões em tribunais a partir da interpretação de magistrados de que
igrejas atuaram diretamente para eleger candidatos.
Deputados eleitos sob o manto evangélico temem ainda que o sucesso dos últimos
anos os prejudique em razão da proliferação de candidaturas. "Votos não se
multiplicam, eles migram", diz Feliciano, questionando se a ânsia por lançar
evangélicos não fará a bancada, em vez de crescer, minguar em 2019. A resposta virá
em outubro. / R.A.
Assembleia lidera
"Elegemos a Câmara mais conservadora desde 1964", comemora Marco Feliciano
(Podemos-SP), o deputado-pastor de Orlândia que ganhou projeção nacional após
assumir, em 2013, no governo Dilma, a presidência da Comissão de Direitos Humanos,
historicamente liderada pela esquerda.
O posto resultou em protestos e rendeu ao deputado espaço no noticiário. Líder da
Catedral do Avivamento, ligada à Assembleia de Deus, o pastor foi reeleito em 2014
com quase o dobro de votos - foi o quarto deputado mais votado no País.
Não ascendeu sozinho. A bancada evangélica alcançou patamar inédito, indicam
levantamentos. Segundo pesquisa do cientista político Fábio Lacerda, que em sua tese
de doutorado na USP produziu um banco nacional de candidaturas evangélicas, o total
de deputados saltou de 35 eleitos em 2006 para 67 em 2014.
Para o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, o número foi de 36
deputados em 2006 para 75 eleitos em 2014, um aumento de 108% - a diferença
em relação aos 84 achados pelo Estadão/Broadcast explica-se pela diferença de
método dos levantamentos e pela entrada de suplentes.
547
A expansão no Congresso reflete o aumento dos seguidores das igrejas evangélicas.
Em 1991, eram 9% dos brasileiros. Em 2010, no censo do IBGE, representavam 22%.
Pesquisa Datafolha de 2016 apontou que eles já beiram 30% da população, ou 60
milhões de pessoas. É uma das maiores populações evangélicas do mundo.
O crescimento dessa base potencial de eleitores não se traduziria em votos, no
entanto, não fosse a determinação de algumas igrejas, especialmente as
neopentecostais, em ter voz no Congresso. "Desde 1986, a participação deles no
Congresso só cresce. Em 2006, há queda pontual, em função do escândalo dos
Sanguessugas, que envolve líderes evangélicos", diz Ronaldo Almeida, do Centro
Brasileiro de Análise e Planejamento.
Algumas das igrejas começaram a adotar a estratégia de escolher candidatos oficiais.
Em outros casos, líderes se lançaram ao pleito. A denominação mais bem-sucedida é a
Assembleia de Deus, que funciona como uma congregação de igrejas, com centenas de
braços.
Hoje 25 deputados dizem segui-la - 11 pastores. Logo após vêm a Igreja Batista, com
11, e a Igreja Universal do Reino de Deus, com dez.
Os evangélicos logo se tornaram "puxadores de voto", atraindo interesse das legendas.
"Quase todos os partidos passaram a desejar ter candidatos evangélicos. Isso não
acontece em outros países", diz o pesquisador canadense Paul Freston.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/agenciaestado/2018/08/12/representantes-de-igrejas-sao-escolhidos-por-pastores.htm
DEBATE DA REDETV! TEM FOCO EM ECONOMIA E "SERMÃO" DE MARINA EM
BOLSONARO
Ana Carla Bermúdez e Luciana Amaral, Uol, 18 de agosto de 2018
Temáticas da área econômica, como impostos, a PEC (Proposta de Emenda
Constitucional) do teto de gastos e o desemprego no Brasil foram o foco do segundo
debate entre os candidatos à Presidência da República, realizado pela RedeTV! na
noite desta sexta-feira (17)
548
Apesar das investidas do PT na Justiça, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não
participou do encontro. A RedeTV! informou que deixaria um púlpito vazio com o
nome de Lula, mas não o fez. Em nota lida no início do encontro, a emissora informou
que retirou o púlpito destinado ao ex-presidente a pedido de sete dos oito candidatos
presentes. Apenas Guilherme Boulos (PSOL) foi contra.
Além de Boulos, outros sete candidatos participaram do debate: Alvaro Dias
(Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB),
Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede).
O tom entre os candidatos foi elevado durante boa parte do encontro, que teve, no
total, quatro blocos. O bate-boca mais forte foi protagonizado no terceiro deles,
quando Marina Silva (Rede) enfrentou o concorrente Jair Bolsonaro (PSL), dizendo que
ele acredita poder resolver os problemas do Brasil, como a desigualdade salarial entre
gêneros e a segurança pública, "no grito e na violência".
"Você acha que pode resolver tudo no grito, na violência. Nós somos mães, nós
educamos os nossos filhos. A coisa que uma mãe mais quer é ver um filho sendo
educado para ser um cidadão de bem. E você fica ensinando para os nossos jovens que
têm de resolver as coisas na base do grito, Bolsonaro. Você é um deputado, você é pai
de família. Você um dia desses pegou a mãozinha de uma criança e ensinou como é
que se faz para atirar", afirmou.
Ciro x Alckmin
Logo em sua primeira oportunidade de confronto direto, Ciro Gomes (PDT) optou por
questionar o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB). Os dois então
passaram a discutir, ao longo do debate, sobre temas específicos da área econômica.
"O senhor esteve a favor dessa emenda [a PEC do teto de gastos] e eu fui contra. Nós
estamos aqui, respeitosamente, nada pessoal, discutindo a concepção de país. O
senhor, eleito presidente da República, revogaria ou manteria esse teto dos gastos?",
perguntou Ciro.
Alckmin, então, afirmou que a emenda existe porque as contas públicas "estouraram
todas no período do PT". Apesar disso, ele disse que "o problema não é a PEC do teto",
mas sim que é preciso "reduzir o tamanho do Estado".
Na ocasião em que Alckmin pôde escolher quem confrontaria, o tucano retribuiu e
escolheu Ciro: "vou voltar à questão da economia".
549
Foi quando os candidatos, mesmo que cordialmente, se desentenderam quanto à
autoria de uma proposta tributária. Alckmin afirmou que, caso seja eleito, vai unificar
cinco impostos em um só, o IVA (Imposto sobre o valor agregado).
Ciro logo respondeu: "Corria o ano de 95, eu escrevi o livro e propus o IVA no Brasil.
Acho que, na literatura, foi a primeira vez. As lideranças de São Paulo ficaram contra a
vida inteira, e eu compreendo".
No segundo bloco do debate, quando respondia a uma pergunta do jornalista Reinaldo
Azevedo, Alckmin retomou o embate: "Olha, primeiro fazer aqui uma observação
sobre a colocação do Ciro Gomes. E dizer que nós somos favoráveis ao ICMS no
destino. Aliás, o somos desde a época do Mário Covas".
Embates entre Boulos e Meirelles
Guilherme Boulos (PSOL) e Henrique Meirelles (MDB) também protagonizaram
momentos de embate intensos e trocaram até acusações pessoais.
Perguntado por Boulos sobre escândalos de corrupção em seu partido e se manteria
"essa prática de trocar ministério por voto no Congresso", Meirelles disse que todos os
grandes partidos têm problemas graves. O ex-ministro da Fazenda do presidente
Michel Temer (MDB) afirmou ainda ter nomeado um "time dos sonhos", com pessoas
"de competência e de preparo técnico", quando liderou a pasta.
"Esse "time dos sonhos" que você fala virou o time do pesadelo para o povo brasileiro,
porque você era ministro até o mês passado, e o desemprego está em 14 milhões de
pessoas", acusou Boulos.
Meirelles rebateu, dizendo que sua equipe "criou milhões de emprego no Brasil", e
acrescentou: "Criou milhões de empregos para quem de fato trabalha, não é? Não é
para apenas para quem faz agitação e procura ocupar terra de outras pessoas que
trabalharam duro, não é verdade?", em referência à militância de Boulos no MTST
(Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).
Boulos utilizou alguns segundos de sua fala em outro momento do debate para
responder Meirelles: "Quero dizer que eu não sou banqueiro, eu sou professor,
escrevo, e ganho minha vida honestamente. Luto ao lado dos sem-teto com muito
orgulho há 17 anos, de quem precisa de casa. Estou junto com sem-teto, com
semterra, só não estou junto com sem-vergonha como alguns aqui estão".
550
Saúde, educação e segurança
Apesar de serem mencionados pelos candidatos, temas como saúde, educação e
segurança pública não tiveram destaque ao longo do debate. Foram poucas as
propostas específicas para essas áreas trazidas por eles.
O problema da nossa nação chama-se gestão. Gestão e política pública. Eu quero dizer
a você que está me ouvindo, cidadão brasileiro, povo brasileiro, você tem direito à
educação, a saúde, a alimentação, ao trabalho, ao transporte, ao lazer", disse Cabo
Daciolo.
O candidato Jair Bolsonaro voltou a dizer que irá combater o que chama de "ideologia
de gênero" e "partidarização" em sala de aula e afirmou que pretende militarizar as
escolas do ensino fundamental.
"O dinheiro sempre vai ser apertado. No próximo governo, no outro, governar é
escolher, e nós vamos priorizar a educação, educação básica, priorizar a saúde, meu
dever até como médico, e a segurança pública. E trazer investimento privado para a
infraestrutura do nosso país, que vai gerar muito emprego, e rapidamente", afirmou
Alckmin.
Já Guilherme Boulos disse que irá resolver o problema da segurança pública no Brasil
investindo em inteligência e investigação. "Nós vamos fazer isso, e vamos fazer
enfrentando o crime organizado de verdade. Porque vamos falar a verdade aqui para o
povo brasileiro: o crime organizado, o comando dele, não está no barraco de nenhuma
favela, está mais perto da praça dos Três Poderes do que da favela da Rocinha".
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/08/18/debate-daredetv-tem-foco-em-economia-e-sermao-de-marina-em-bolsonaro.htm
MINAS TERÁ A PRIMEIRA CANDIDATA TRANS AO SENADO
Jonathas Cotrim, Estadão reproduzido peloUol, 12 de agosto de 2018
A professora Duda Salabert, 36, se apresenta como a primeira mulher trans a se
candidatar ao cargo de senadora no Brasil. Filiada ao PSOL de Minas Gerais, ela tem
como bandeira, mais do que a luta pela igualdade de gênero, a educação. "Antes de
militar como mulher trans, eu milito pela educação há mais de vinte anos", afirma
551
Salabert. Uma das propostas é o perdão da dívida do FIES (Fundo de Financiamento
Estudantil).
Salabert é presidente da Transvest, uma ONG que oferece cursos pré-vestibular e de
idiomas gratuitos para travestis e transexuais. De acordo com ela, os cursos da
organização recebem mais de 100 pessoas por ano. No futuro, a ONG pretende abrir
um curso preparatório para profissionais do sexo, ambulantes e camelôs da região
central de Belo Horizonte.
Apesar de disputar a primeira eleição, a professora disse que recebeu convites para se
candidatar a outros cargos no PSOL, mas preferiu o Senado como forma de
"provocação". "Eu aceitei pelo caráter simbólico. Senado, na sua etimologia significa
'senhores'. Se é um espaço feito para senhores, uma mulher travesti, disputando esse
espaço, é extremamente provocativo".
Além de Salabert, Minas Gerais terá outras três candidatas trans nestas eleições, duas
do PSOL e uma do PCB, partidos que estão na mesma coligação no Estado. Em março
deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o uso do nome social pelas
candidaturas de pessoas trans. "Estamos em um país que as pessoas transexuais não
são consideradas humanas. É uma desvantagem. Até nos movimentos sociais
reproduzem a transfobia", afirmou a candidata. "Mas faço do veneno o remédio".
A professora afirmou que tem sido alvo de ataques nas redes sociais. "Se a violência
ficar só no moral eu suporto, mas eu tenho muito receio de isso passar para o físico.
" Em 2017, a Associação Nacional de Travestis (ANTRA) contabilizou 179 assassinatos
de pessoas transexuais, o que daria um assassinato a cada 48 horas. Além disso, a
expectativa de um travesti no Brasil é de 35 anos, segundo a organização.
Dilma
Na corrida as duas vagas para o Senado em Minas, Duda Salabert enfrentará a
presidente cassada Dilma Rousseff (PT). Apesar de criticar o governo da petista, a
professora afirma que a candidatura de Dilma também pode alavancar a dela.
"A Dilma é o principal nome ao Senado. Não só por ser uma candidatura de mulher,
mas porque ela pode trazer para o Senado votos à esquerda. Possivelmente, duas
pessoas da esquerda vão ser eleitas este ano."
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https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/agenciaestado/2018/08/12/minas-tera-a-primeira-candidata-trans-ao-senado.htm
MARINA ATACA BOLSONARO POR MULHER E ARMAS: "ACHA QUE RESOLVE TUDO NO
GRITO"
Ana Carla Bermúdez e Luciana Amaral, Uol, 18 de agosto de 2018
Jair Bolsonaro (PSL) nesta sexta-feira (17) dizendo que ele acredita poder resolver os
problemas do Brasil, como a desigualdade salarial entre gêneros e a segurança pública,
"no grito e na violência".
"Você acha que pode resolver tudo no grito, na violência", retrucou Marina ao receber
o direito da tréplica. "Nós somos mães, nós educamos os nossos filhos. A coisa que
uma mãe mais quer é ver um filho sendo educado para ser um cidadão de bem. E você
fica ensinando para os nossos jovens que têm de resolver as coisas na base do grito,
Bolsonaro. Você é um deputado, você é pai de família. Você um dia desses pegou a
mãozinha de uma criança e ensinou como é que se faz para atirar", afirmou.
O embate entre os postulantes ao Palácio do Planalto aconteceu em debate
promovido pela RedeTV! em parceria com a revista IstoÉ nesta noite. No momento, os
candidatos tinham de escolher um adversário e fazer uma pergunta. Bolsonaro optou
por questionar Marina Silva e saber sua opinião sobre a facilitação para a posse de
armas de fogo, a qual defende para "cidadãos de bem".
A candidata disse discordar da flexibilização e, então, aproveitou para criticar a postura
de Bolsonaro em relação ao combate à desigualdade entre homens e mulheres no
mercado de trabalho. O tema havia sido discutido mais cedo entre Bolsonaro e
Henrique Meirelles (MDB). Na ocasião, o candidato do PSL disse querer "o bem das
mulheres", mas ser necessário somente cumprir a legislação. Ele também havia pedido
que não fosse usada "essa demagogia" para dividir a população.
"Não [defendo a posse de armas de fogo para a população em geral]", iniciou Marina
em sua resposta. "Antes eu queria te dizer uma coisa, Bolsonaro. [...] Só uma pessoa
que não sabe o que significa uma mulher ganhar um salário menor do que um homem
e ter as mesmas capacidades, a mesma competência e ser a primeira a ser demitida. A
última a ser promovida. [...] Tem de se preocupar sim, porque, quando se é presidente
da República, tem de se fazer cumprir o artigo quinto da Constituição Federal que diz
que nenhuma mulher deve ser discriminada.
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Não fazer vista grossa dizendo que não precisa se preocupar. Precisa se preocupar sim.
Um presidente da República está lá para combater a injustiça", afirmou a candidata da
Rede.
Em resposta, Bolsonaro questionou o fato de Marina Silva ser evangélica e defender
plebiscitos para a descriminalização do aborto e da comercialização da maconha.
"Temos aqui uma evangélica que defende o plebiscito para aborto e maconha e quer
agora defender a mulher. Você não sabe o que é uma mulher, Marina, que tem um
filho jogado no mundo das drogas. Você não sabe o que é isso para defender um
plebiscito nesse sentido. Eu defendo a mulher e defendo inclusive a castração química
para estupradores", falou.
Quando Bolsonaro mencionou a castração química, Marina Silva tentou intervir, mas,
no momento, a regra do debate proibia intervenções de candidatos quando outro
estivesse com o tempo de fala. "Não, não, não. Você não pode interromper. A senhora
não pode me interromper. A senhora não pode me interromper", argumentou o
candidato do PSL. Ele continuou a fala ressaltando que mulheres devem ter posse de
armas de fogo em casa para usá-las se desejarem.
Foi então que Marina Silva subiu o tom contra Bolsonaro e disse que o candidato quer
resolver as questões "no grito" e "na violência". Ela ainda citou um trecho da Bíblia
(Provérbios 22:6) que diz "ensina a criança no caminho em que deve andar e, mesmo
quando for idoso, não se desviará dele" ao questionar Bolsonaro se o ensinamento
dele continuaria a ser favorável à violência, em seu ponto de vista. Ela complementou,
antes que acabasse o seu tempo de tréplica: "Numa democracia, o Estado é laico".
Fora do microfone, Bolsonaro falou para Marina "leia o livro de Paulo". Não é possível
saber a qual livro escrito pelo apóstolo Paulo na Bíblia o candidato se referiu.
Após o embate, foi possível ouvir aplausos de aliados de Marina e de Ciro Gomes na
plateia. No intervalo seguinte à fala, Ciro foi até Marina cumprimentá-la pela resposta
a Bolsonaro.
O debate desta sexta-feira foi o segundo de nove entre presidenciáveis no primeiro
turno das eleições. Oito candidatos participam do encontro nesta noite: Bolsonaro,
Marina, Alvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Ciro Gomes (PDT), Geraldo
Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Henrique Meirelles (MDB).
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https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/08/18/marina-atacabolsonaro-por-mulher-e-armas-acha-que-resolve-tudo-no-grito.htm
A TRISTE CONVENIÊNCIA DOS CANDIDATOS QUE QUEREM SER ELEITOS SEM
ENFRENTAR SEUS ELEITORES. NA APAGADA ELEIÇÃO DE SÃO PAULO, ESTÁ DIFÍCIL
CONVENCER CANDIDATO A DEBATER EM BAIRRO RICO, QUE DIRÁ NA PERIFERIA
Regiane Oliveira, El País, 16 de agosto de 2018
O Tuca (Teatro da PUC São Paulo) é um desses locais da capital paulista que ficaram
marcados na memória coletiva da cidade como símbolo de resistência à ditadura
militar. Quando ocupadas, as 652 cadeiras do espaço, inaugurado em 1965, abrigam
discussões acaloradas que fazem tremer as paredes de tijolos aparentes. Não à toa, foi
escolhido pelo projeto Universidade vai às Urnas para receber um debate de
candidatos ao Governo do Estado de São Paulo. O local impõe respeito.
Mas nem todos compartilham dessa opinião. Há quem acredite que o TUCA é só mais
um aparelho ideológico da esquerda ativista. Um clichê, é verdade, mas que não
impede ninguém de ir assistir aos diversos eventos culturais que acontecem na
localização privilegiada, em meio ao rico bairro de Perdizes, na zona oeste de São
Paulo.
Por isso, foi com um sentimento de resignação que os estudantes receberam a recusa
em participar do evento do ex-prefeito de São Paulo, João Doria Junior(PSDB), e do expresidente da Fiesp, Paulo Skaf (MDB), ambos alegando problemas de agenda. O
governador Márcio França (PSB) cancelou sua participação no último minuto, sob a
justificativa de que estava acompanhando uma rebelião com reféns em um presídio
em Taubaté, no interior do Estado. Nos bastidores, no entanto, a sensação era de que,
por ser um local que tradicionalmente recebe a juventude dos partidos políticos, esses
candidatos ficaram com receio da recepção negativa que poderiam sofrer. E não há
dúvidas de que eles deveriam esperar dificuldades, afinal o embate político por vezes
se assemelha às discussões entre fanáticos de futebol. Mas será que isso justifica a
falta? Imagine se o convite fosse de um banco, associação empresarial ou clube social.
Esse fenômeno é conhecido: são candidatos que querem ganhar eleição sem ter que
lidar diretamente com os eleitores, especialmente com aqueles que pensam diferente
e que não representam ganho econômico e/ou político para sua campanha. Uma
postura que fica ainda mais confortável nas eleições de 2018, quando o foco da
cobertura de imprensa está nas eleições presidenciais.
555
O paradoxo desse posicionamento é que ele mostra um desinteresse desses
candidatos em abrir novos canais de diálogo, mesmo em um cenário de desalento com
as opções disponíveis. Na pesquisa Datafolha realizada em abril com sete candidatos
para o Governo de São Paulo, Doria e Skaf saíram na frente na preferência do
eleitorado, mas também foram os mais rejeitados. Somados, votos brancos nulos e
indecisos ganhariam a eleição paulista, com 31% das intenções.
E se é difícil convencer um candidato a conversar com estudantes em meio à rica
Perdizes, que dirá em uma comunidade no Capão Redondo? É só perguntar para quem
tentou. Em 2016, a Rede Jornalistas das Periferias, que reúne vários coletivos de
comunicação, convidaram os 13 candidatos à Prefeitura de São Paulo para uma
sabatina. A ideia era fazer um dia de entrevistas entre líderes de movimentos sociais
de várias periferias e os candidatos.
Toparam PSTU, PCO e Democracia Cristã e REDE. Dória (PSDB) e Marta (na época MDB)
queriam mandar o vice ou gravar um vídeo; Russomanno (PRB) alegou outros
compromissos; Erundina (PSOL) estava cansada e Haddad (PT) deu a negativa
praticamente em cima da hora. O evento acabou sendo cancelado pelo que os
organizadores chamaram de "problemas logísticos".
Para os organizadores, ficou uma lição: nem partidos de esquerda, nem de direita
parecem interessados no diálogo direto. Preferem manter o modelo, até então
vencedor, de campanha por monólogo intermediado, esse que é feito nos debates nas
grandes redes de televisão (onde o candidato responde o que quer, e não
necessariamente o que foi perguntado, sobre temas pré-aprovados) ou as famosas
carreatas eleitorais (onde o candidato come pastel de feira e dá um beijo constrangido
em alguma criança para sair bem na foto).
No TUCA, os candidatos Lisete Arelaro (PSOL), Luiz Marinho (PT), Marcelo Cândido
(PDT) e Cláudio Aguiar (PMN) pareciam confortáveis em meio ao seu próprio público.
Alinhados em grande parte das questões, pouco falaram para realmente diferenciar
suas propostas das dos oponentes. À parte a intervenção de Lisete, única mulher
dentre os candidatos, com seu discurso em defesa da legalização da maconha para
combater a guerra às drogas, que sacudiu o TUCA, e da simpatia do público com
Marcelo Cândido, único negro entre os candidatos, o destaque ficou com Rogério
Chequer (NOVO).
O discurso liberal do fundador do Movimento Vem Pra Rua – com sua defesa
apaixonada das privatizações e do Programa Escola Sem Partido –, desagradou a
grande maioria dos estudantes presentes. Ouviu vaias, foi chamado de golpista e de
coxinha. Mas respondeu a todos, valorizando a oportunidade e utilizando cada minuto
556
para mostrar suas ideias. Se conseguiu convencer alguém, não é possível afirmar. Mas
no final do debate, saiu pela porta da frente do teatro, aparentemente sem receio de
represálias.
Com tantas novas formas de estabelecer contato como eleitor, e num cenário em que
a população demonstra enorme desânimo em fazer valer seu voto nas urnas, é
desalentador perceber que os candidatos ainda optam por se encastelar e evitar o
debate. Até então, essa estratégia era garantia de votos. Mas até quando?
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/10/opinion/1533866189_226002.html
VI MULHERES BRIGANDO COM HOMENS QUE FAZEM DE BOLSONARO SUA ARMA DE
FOGO
Rosana Pinheiro-Machado, antropóloga, The Intercept Brasil, 20 de Agosto de 2018
“VEDETES” ERA O apelido das meninas que seguiam os integrantes “bondes” nos
rolezinhos no shopping ou no baile funk. Alguns meninos nos relataram, por volta de
2011, que quanto mais roupas de marcas e dinheiro eles ostentassem, mais vedetes
“corriam atrás”. Na vanguarda dos “rolês” estavam os homens, cabendo a elas um
papel secundário, quase alegórico.
Só que as vedetes viraram o jogo.
As coisas mudaram radicalmente no Brasil nos últimos cinco anos após as Jornadas de
Junho de 2013 e as ocupações secundaristas de 2016, tudo isso em meio a uma
primavera feminista. Não é novidade que, nas classes populares, as mulheres exercem
um papel crucial tanto como chefe de família quanto como lideranças comunitárias.
Mas me refiro a um processo novo, de ruptura de estruturas sociais profundas, que
ainda sequer é possível mensurar. Esse processo é marcado pela emergência de uma
subjetividade contestatória através da qual as meninas se apropriam do debate da
grande política, ajudando a formar, por exemplo, uma faixa de contenção à
candidatura de Jair Bolsonaro, que encontra grande rejeição entre mulheres.
De um lado, temos uma geração de mulheres politizadas e feministas; de outro, uma
forte reação adversa masculina.
557
Quando eu e minha colega Lúcia Scalco visitamos escolas públicas em 2016,
esperávamos que os novos “rolezeiros” tivessem participado das ocupações. Ao
contrário, o que encontramos foi um discurso conservador e alinhado com Bolsonaro,
esbarrando em forte oposição das adolescentes. Essa configuração é elucidativa de
uma bifurcação inédita que transcende e potencializa a tradicional liderança
comunitária feminina e o antigo conservadorismo patriarcal. De um lado, temos uma
geração de mulheres politizadas e feministas; de outro, uma forte reação adversa
masculina.
Isso ficou claro em algumas discussões em sala de aula, nas quais as meninas se
sobressaiam na argumentação e eloquência diante de meninos quietos e cabisbaixos.
Elas denunciavam a falta de coerência, o machismo, o racismo e a homofobia de
Bolsonaro. Um deles chegou a me dizer que se sentia “oprimido” pelas colegas. Uma
vez sozinhos, eles se referiam ao candidato como um símbolo, uma marca juvenil – tal
como a Nike operava na época dos bondes.
Um deles chegou a me dizer que se sentia “oprimido” pelas colegas.
Em tempos crise da segurança pública que transformou Porto Alegre em uma das
cidades mais violentas do mundo, bem como em um momento de ascensão do
feminismo, a figura de Bolsonaro parece ser um totem de virilidade que representa
uma arma de fogo – uma arma que se defende de bandidos, mas também de outras
ameaças inomináveis.
A divisão não se restringe a adolescentes de periferias. Um aspecto revelador nesse
sentido é desestabilização dos afetos a partir de novos conflitos entre casais causados
pela política. Muitos entrevistados são motoristas de Uber, da faixa de 25-30 anos, que
sonham dirigir armados, enquanto suas parceiras temem que isso traga ainda mais
perigo para as suas crianças.
Presenciamos incontáveis discussões entre casais, sendo comum ouvir que política é
um tema que deve ser evitado nos relacionamentos. Em uma das entrevistas, Joana,
53 anos, desatou a criticar Bolsonaro, com uma admirável capacidade argumentativa,
diante de seu marido calado, que se dizia indiferente ao candidato. Horas depois, José
Carlos, 64 anos, foi para o Facebook postar a famosa corrente das “42 razões para
votar em Bolsonaro”. Joana relatou que, no outro dia, ele havia reclamado que ela
“tinha falado demais e sido muito saliente”.
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Como indicam os estudos publicados na Social Psychological and Personality Sciences e
na Critical Sociology, nos Estados Unidos, já existe uma quantidade razoável de
pesquisas que mostra que o voto a Donald Trump não se deu em função de uma classe
média branca empobrecida, mas foi fundamentalmente motivado pelo preconceito e
pela personalidade autoritária do candidato.
No Brasil, é preciso levar em consideração o contexto. Ainda não temos esses números
para poder refletir com maior precisão. A crise econômica e política no Brasil foi muito
brutal (do crescimento de 7,5% em 2010 para -3,7% em 2014), somando-se ao
impeachment de Dilma Rousseff. A combinação do colapso econômico e o vácuo
político certamente têm peso importante na intenção de votos a Bolsonaro no Brasil.
Estamos falando de penúria econômica, de falência democrática, mas também da
crise do macho.
Mas não podemos ignorar o componente de preconceito de gênero, de raça e
sexualidade. É muito sintomática essa identificação masculina com a figura agressiva, e
ao mesmo tempo profundamente vazia, de Bolsonaro. Se o candidato tem se mantido
estável em segundo lugar após Lula, é preciso lembrar que esse número muda com o
recorte de gênero – ele tem 27% de intenção de votos entre homens e 12% entre
mulheres, segundo o DataFolha.
Estamos falando de penúria econômica, de falência democrática, mas também da crise
do macho. E esses fenômenos são indissociáveis. A identificação com o candidato é
também uma jogada desesperada de time que se vê caindo na tabela, uma reação a
tantas vozes políticas emergentes que resolveram se rebelar dentro e fora de casa nos
últimos anos.
Como num jogo de forças, a ordem de poder até então estabelecida tenta reverter
uma transformação que parece não ter mais volta. As mulheres são a renovação
política e formam um bloco de resistência contra o autoritarismo.
É a revolta das vedetes.
https://theintercept.com/2018/08/20/vedetes-homens-bolsonaro-bondes/
VOTO DAS MULHERES VIRA PESADELO DE BOLSONARO
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Mário Magalhães, the Intercept Brasil, 22 de agosto de 2018
LUÍS FELIPE MANVAILER espancou Tatiane Spitzner no carro, na garagem, no elevador,
até ela despencar do quarto andar do prédio onde moravam. Se foi empurrada, morta
ou viva, ou pulou em desespero pouco importa: foi assassinato. Anderson da Silva
contou ter asfixiado Simone da Silva na frente do filho deles, de três anos. Ao matá-la,
ele sabia que ela estava grávida.
A Justiça decretou a prisão de Pedro Paulo Barros Pereira, suspeito de ser o mandante
da execução de Karina Garofalo, baleada diante de um menino de 11 anos, filho de
ambos (“Papai mandou matar mamãe”, teria dito o garoto). Altamiro Lopes dos Santos
agrediu até a morte Patrícia Mitie Koike. Rodrigo Bessa Paixão foi preso pela suspeita
de ser o autor dos três disparos que tiraram a vida de Natasha Conceição Fonseca da
Silva. Duas vezes Natasha prestara queixa de Rodrigo, por agressão e ameaça.
Na cidade paranaense de Guarapuava, no complexo do Alemão, na Barra da Tijuca, em
Nova Iguaçu e Jacarepaguá, os suspeitos, acusados ou assassinos confessos eram
marido, ex-marido, namorado ou ex-namorado das mulheres mortas. O gênero das
vítimas foi determinante para os crimes, todos deste ano. Por isso, a tipificação
apropriada é feminicídio.
De 2016 para 2017, os episódios de feminicídio subiram 22% (929 para 1.133), embora
persistam resistências à aplicação da norma sancionada em 2015 por Dilma Rousseff.
Os registros de violência doméstica somam anualmente 221.238, ou 606 por dia. No
aniversário de 12 anos da Lei Maria da Penha, Brasília despertou com mais dois
feminicídios.
A Lei 13.104 alterou o Código Penal e introduziu o feminicídio “no rol dos crimes
hediondos”. Definiu-o como delito “contra a mulher por razões da condição do sexo
feminino”. Decorre de “violência doméstica e familiar”, de “menosprezo ou
discriminação à condição da mulher”. A pena é dez anos maior do que a de homicídio.
A taxa de feminicídio no Brasil é a quinta mais alta do mundo.
“Nós temos que acabar com o mimimi, acabar com essa história de feminicídio”,
declarou Jair Bolsonaro no ano passado. No começo do mês, o deputado falou: “Se
uma pessoa matar o meu pai ou a minha mãe, eu vou me sentir triste de qualquer
maneira”; “não tem que ter Lei do Feminicídio”. O candidato a presidente omitiu que o
padrão é companheiro matar companheira, e não o contrário.
560
No jornalismo, há quem teime em chamar de “crime passional” o que é feminicídio.
Paixão e amor são uma coisa. Ódio, outra. Quem ama não mata.
Mentira tem pernas curtas
Na sexta-feira, no debate da RedeTV!, Bolsonaro perguntou a Marina Silva sobre posse
de armas de fogo – para não esquecer o tema, ele consultou uma cola anotada na
palma da mão esquerda. A ex-senadora mudou o rumo da prosa. Disse que o
adversário desconhece “o que significa uma mulher ganhar um salário menor do que
um homem e ter as mesmas capacidades, a mesma competência e ser a primeira a ser
demitida, ser a última a ser promovida”.
O concorrente do PSL contra-atacou: “Temos aqui uma evangélica que defende o
plebiscito para aborto e para maconha”. A candidata da Rede viveu seu momento mais
glorioso na campanha até agora: “Você acha que pode resolver tudo no grito, na
violência”; “você um dia desses pegou a mãozinha de uma criança e ensinou como se
faz para atirar”.
Bolsonaro encarou Henrique Meirelles. O candidato do MDB indagou sobre
desigualdade salarial entre mão de obra feminina e masculina. O deputado engrossou:
“É mentira que eu defendi em qualquer época da minha vida que mulher deve ganhar
menos do que homem! É mentira! Não existe um só áudio, uma só imagem minha
nesse sentido”.
Bastou uma visita ao YouTube para assistir ao que Bolsonaro descartara como mentira.
No programa Superpop, ele se abriu: “A mulher, por ter um direito trabalhista a mais,
no caso a licença gestante [maternidade+, o empregador prefere contratar homem *…+.
Muitas vezes, por ser mulher, prefere dar um emprego ganhando menos”. A
apresentadora Luciana Gimenez questionou: “O que você acha?” Ele respondeu: “Eu
não empregaria com o mesmo salário”.
O repórter José Roberto de Toledo conferiu o programa de governo de Bolsonaro e
descobriu: a palavra “mulher” é mencionada uma vez. “Deus”, 82.
Rogando pela morte de Dilma
No Brasil que o veterano capitão pretende administrar, o desempregoentre os homens
é de 11%; entre as mulheres, de 14,2%. O de pretos alcança 15%, e o de brancos
permanece aquém dos 10%. A mulher negra é a mais afetada pela falta de ocupação.
561
Nem um terço das crianças até três anos têm acesso a creches, sobrecarregando muito
mais as mães do que os pais.
A Agência Nacional de Cinema divulgou que três em cada quatro dos 142 longasmetragens nacionais que estrearam comercialmente em 2016 foram dirigidos por
homens brancos, e nenhum por cineasta negra. Em junho se soube que uma mulher
pobre, Janaína Aparecida Quirino, fora submetida a laqueadura por determinação
judicial. Não havia diagnóstico clínico que respaldasse a ordem.
A Polícia Militar do Paraná instituiu o critério de “masculinidade” num edital para 16
vagas de cadetes. Explicou o quesito como “capacidade do indivíduo de não se
impressionar com cenas violentas, não se emocionar facilmente, tampouco
demonstrar interesse em histórias românticas e de amor”. Depois da grita, a PM
reformulou o edital. De vez em quando eu, que me delicio com comédias românticas,
choro vendo filmes; devo ser fraco em matéria de “masculinidade”.
Para contornar a obrigação de encaminhar ao menos 30% do fundo eleitoral para as
mulheres, partidos as escalam como suplentes de candidatos homens ao Senado,
contabilizando o dinheiro que se destina aos postulantes titulares. No “Roda Viva”,
Manuela D’Ávila foi interrompida no mínimo 40 vezes pelos entrevistadores. Ciro
Gomes, oito. Guilherme Boulos, nove. A deputada vestia uma camiseta com a inscrição
“Lute como uma garota”.
Bolsonaro praguejou, em 2015, sobre o mandato da então presidente: “Eu espero que
acabe hoje, *com ela+ infartada ou com câncer, *de+ qualquer maneira”.
No passado recente, Dilma tinha pelejado contra o câncer.
‘Ideologia mata!’
As mulheres vão à luta contra a injustiça e a covardia. No campus de Belém da
Universidade Federal Rural da Amazônia, estudantes protestaram contra colegas que
disseminaram por WhatsApp mensagens misóginas, homofóbicas e racistas. Um dos
interlocutores incitou, aparentemente em referência a uma aluna: “Bora logo meter o
estupro”. Outro emendou: “Estupro não, sexo surpresa”.
Na quinta-feira, secundaristas da rede carioca de colégios Pensi denunciaram no
Twitter assédio sexual cometido por diretores, professores e inspetores
(#AssédioÉHábitoNoPensi). Elas relataramcomentários, cantadas, carícias, abraços,
562
toques – um conjunto de abordagens não consentidas e intimidadoras, portanto
abusivas. A gota d’água foi a demissão de duas professoras que as apoiavam.
Anteontem, houve manifestações em várias unidades da rede e em outros colégios,
com gurias e guris vestidos de vermelho. Uma garota carregou um cartaz que
ensinava: “Quem cala as vítimas é cúmplice”. As manifestantes entoaram: “Não
acabou, tem que acabar, eu quero o fim do assédio escolar!”
Jornalistas esportivas lançaram em março a campanha#DeixaElaTrabalhar, contra o
assédio, o machismo e a violência de que são alvo no ambiente do futebol. Exigiram
respeito. “Sai daqui, puta”, uma delas ouviu de um cafajeste travestido de torcedor,
antes de ser agredida por ele. Outras foram surpreendidas por quem tentou lhes
agarrar enquanto trabalhavam. Na Copa da Rússia, um cretino quis beijar a repórter
Julia Guimarães, que se preparava para entrar no ar. “Eu não permito que você faça
isso!”, ela reagiu altiva, em inglês. “Nunca!”
Mobilizadas por movimentos feministas e outras entidades, manifestantes
acompanharam neste mês a audiência pública do Supremo Tribunal Federal que
discutiu a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação –uma questão de
saúde pública. O procedimento só é legalmente autorizado em casos de estupro, risco
da mulher e anencefalia do feto. O Ministério da Saúde estima que no ano passado
tenham ocorrido de 938 mil a 1,2 milhão de abortos provocados, quase todos
clandestinos. Ao menos 224 mulheres morreram ao interromper a gestação, numa
estimativa afetada por subnotificação.
Na barca Rio-Niterói, na sexta-feira, um PM contrariou-se com um passageiro que o
fotografava e sacou a arma. O sargento encrencara com a candidata a deputada
federal Talíria Petrone e militantes que carregavam material de campanha. A
vereadora do PSOL em Niterói, contudo, não distribuía panfletos. “Arma mata!”,
advertiu Talíria. “Ideologia mata mais!”, esbravejou o sargento. O fotógrafo Bruno
Kaiuca filmou a truculência, documentando a grotesca tirada filosófica do policial.
Quem matou Marcos Vinícius da Silva foi um policial civil, asseguraram testemunhas.
Em junho, o adolescente de 14 anos caminhava para a escola no complexo da Maré,
onde morava. Sua mãe, a empregada doméstica Bruna da Silva, narrou o último
diálogo com o filho. “Ele falou ‘mãe, eu sei quem atirou em mim, eu vi quem atirou em
mim. Eu falei ‘meu filho, quem foi que atirou em você?’ ‘Foi o blindado, mãe. Ele não
me viu com a roupa da escola’”.
Carregando a camisa escolar ensanguentada do filho, Bruna participou em São Paulo
de um protesto de mães. Desabafou: “Eu criei meu filho na comunidade até os 14 anos
563
sem tomar tiro do poder paralelo. Aí, o Estado, que era para proteger e servir meu
filho, alveja e assassina ele. Não pode. Chega! Aquela blusa do meu filho é uma
vergonha para o Estado e para o Brasil!”.
Hoje faz 161 dias que Marielle Franco e Anderson Gomes foram assassinados. O crime
continua sem punição.
Sufragistas
Na nova pesquisa presidencial do Ibope, Bolsonaro é o único dos oito primeiros
colocados que não colhe no eleitorado feminino nem metade da intenção de votos
que obtém no masculino: 13% entre as mulheres e 28% entre os homens, no cenário
que Lula lidera com folga. No total, o deputado atrai 18%, atrás de Lula (37%) e à
frente de Marina (6%), Geraldo Alckmin e Ciro (ambos com 5%).
O desempenho de Bolsonaro entre os homens é 115% melhor. Outro contraste
expressivo, que contribui para o deputado minguar entre as entrevistadas, é de
Marina: a ex-ministra atinge 15% entre elas – 50% a mais – e 10% entre eles. Se
somente eleitoras votassem, a dianteira de Lula, com 39%, seria mais ampla (ele se
limita a 35% no eleitorado masculino). A candidatura do ex-presidente está na
iminência de ser cassada pelo tapetão.
A vantagem de Lula sobre Bolsonaro é imensa também no universo dos brasileiros
mais pobres. Entre os de renda familiar até um salário mínimo mensal, o ex-presidente
ganha por 53% a 12%. Entre os com mais de cinco salários, Bolsonaro prevalece, com
32% a 17%. A esmagadora maioria das mulheres pobres recusa Bolsonaro.
O problema do extremista de direita é ainda mais grave porque as mulheres compõem
52,5% do eleitorado, com 7.436.871 inscritas a mais. Elas podem fazer a diferença,
sobretudo em eventual segundo turno.
Bendita a hora em que as sufragistas saíram às ruas.
https://theintercept.com/2018/08/22/voto-feminino-bolsonaro/
BOLSONARO FAZ ACENO TOSCO ÀS MULHERES E É NOCAUTEADO POR MARINA.
PRESIDENCIÁVEL FICA NA RETRANCA EM PROGRAMA AO VIVO NA TV, E MOSTRA QUE
O FOSSO QUE O SEPARA DO ELEITORADO FEMININO VAI SEGUIR EXISTINDO
564
Carla Jiménez, El País, 18 de agosto de 2018
O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) tem nas mulheres seu calcanhar de Aquiles, e
depois do debate na RedeTV! na noite de sexta, a chance de superar essa fragilidade
ficou menor. Ao chamar Marina Silva (Rede) para uma troca de perguntas —
provavelmente por achar que era a candidata mais fraca, depois do Cabo Daciolo
(Patriota) — acabou caindo numa armadilha. O militar de reserva perguntou se Marina
era a favor do porte de armas e a candidata da Rede limitou-se a dizer “não”,
aproveitando o tempo de resposta que lhe restava para confrontar Bolsonaro sobre
suas ideias para as mulheres. “Você disse que a questão dos salários menores para as
mulheres é uma coisa com que a gente não precisa se preocupar porque já está na
CLT. Só uma pessoa que não sabe o que é ganhar um salário menor do que um homem
tendo as mesmas capacidades, as mesmas competências, e ser a primeira a ser
demitida é quem sabe”, disse ela.
O militar ficou sem reação, para conter sua agressividade, embora tenha tentado
reagir. “Temos aqui uma evangélica que defende um plebiscito sobre o aborto e a
legalização das drogas”, disse ele. Mas já era tarde. Bolsonaro sugeriu que trata bem
sim as mulheres, inclusive propondo que se defendam com a posse de armas. Num
vídeo de sua campanha sugeriu que a posse de armas era o verdadeiro
empoderamento feminino, expondo ignorância para falar com o público que até pouco
representava 41% dos indecisos, em pesquisas estimuladas (quando os potenciais
candidatos são apresentados a um entrevistado), contra 25% dos homens. É um
problema sério para Bolsonaro, que tem 26% das preferências do eleitor masculino,
mas somente 8% do feminino.
Embora venha tentando modular suas falas, tem pouco espaço para fazer crer que sua
preocupação seja verdadeira. Um dia antes do debate na RedeTV!, os presidenciáveis
haviam sido convidados pelo grupo Mulheres do Brasil a participar de uma conversa
com representantes femininas para falar sobre assuntos relativos ao universo
feminino. O evento, comandado pela empresária Luiza Trajano, contou com a presença
de sete presidenciáveis, incluindo Marina Silva, Geraldo Alckmin, Ciro Gomes, Álvaro
Dias e Henrique Meirelles. E Bolsonaro? Não teve agenda para atender ao convite. Em
seu programa de governo de 81 páginas, registrado no Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), só há menção à palavra mulher uma única vez num quadro sobre estupros,
crime este citado para justificar endurecimento de penas.
Ao longo do debate desta sexta à noite, o candidato do PSL negou que alguma vez
tivesse dito que mulheres poderiam ganhar menos que os homens. Porém, foi num
programa da mesma emissora, numa entrevista à apresentadora Luciana Gimenez, em
2016, que ele afirmou que “tem muita mulher que é competente”, numa frase que
565
deixava antever sua dificuldade de ser firme para deixar de diferenciar competência
por sexo. É ainda mais forte a imagem dele xingando uma jornalista, em 2014, dizendo
que ela era “até bonita”, mas “você é uma idiota”. Seu embate com a deputada Maria
do Rosário (PT-RS) também formou o rótulo de machista que o acompanha e difícil de
apagar, como explicou a antropóloga Rosana Pinheiro-Machado em entrevista ao EL
PAÍS.
Mais do que a inabilidade explícita para lidar com a questão, o encontro dos
presidenciáveis na RedeTV! mostrou que Bolsonaro está assustado. Se é valente nas
redes, no programa ao vivo estava mais inseguro que o Cabo Daciolo, apesar de não
ter sido confrontado pelos outros candidatos competitivos, como Geraldo Alckmin ou
Ciro Gomes. Quando foi ao centro do palco para inquirir Marina, não fez a menor
questão de esconder que tinha uma cola anotada na mão — com as palavras
“pesquisa”, “Lula” e “armas”. Também trouxe a ameaça do comunismo como uma
fonte de preocupação para o eleitor em suas considerações finais. Antes, ficou perdido
com a pergunta de economia feita pelo jornalista Reinaldo Azevedo. Ciro Gomes,
economista, que foi chamado na ocasião para uma réplica, deixou ali de aproveitar a
bola levantada para expor seu adversário. Também Alckmin, que nitidamente quer
roubar eleitores do militar, evitou chamá-lo para fazer perguntas diretas. Foi a frágil
Marina que fez a alegria das redes ao expor um Bolsonaro desconsertado e sem
consistência para abordar o público que representa 52% do eleitorado brasileiro.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/18/opinion/1534564050_014610.html
NEM FASCISTAS NEM TELEGUIADOS: OS BOLSONARISTAS DA PERIFERIA DE PORTO
ALEGRE. ELES CONTRARIAM O ESTEREÓTIPO ATRIBUÍDO PELOS CRÍTICOS E FOGEM
DAS “FAKE NEWS”. O EL PAÍS MERGULHOU NO FENÔMENO DE ADESÃO AO
CANDIDATO DE EXTREMA DIREITA A PARTIR DA PESQUISA DE DUAS ANTROPÓLOGAS
Naira Hofmeister, El País, 17 de agosto de 2018
Cássio Martins tem 18 anos e quer que a lei do morro onde ele vive, ditada pelos
donos do tráfico, valha também para o “asfalto”. Assim, ele não vai mais precisar
esconder o celular sempre que sair dos limites do Morro da Cruz, vila na periferia de
Porto Alegre que tem um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano da capital
do Rio Grande do Sul, mas onde ele se sente confortável para ouvir música e checar o
Facebook no telefone sem medo de ser roubado. Essa é a justificativa principal para
dar o primeiro voto de sua vida para Jair Bolsonaro (PSL), o controverso candidato à
presidência da República que promete rigor com a criminalidade.
566
Também são os problemas com a segurança que levam Anriel do Prado Neves, 24, a
optar pela candidatura de extrema direita do parlamentar e capitão do Exército
reformado. Sua convicção é tanta que até colou um adesivo com a cara do candidato
na traseira do automóvel que dirige para um aplicativo de transporte. “Sei que tem
gente que dá nota ruim por isso, mas tudo bem”, se resigna. Ele já foi assaltado duas
vezes quando era taxista, mas o que preocupa mesmo Anriel é o tráfico e a guerra com
a polícia. “Dos meus 30 amigos de infância, só sobraram dois. Os outros todos
morreram, foram executados”, lamenta. No Morro da Cruz, metade das mortes de
jovens entre 15 e 29 anos é por homicídio.
Para ambos, o perfil “linha dura” do militar, que promete endurecimento da legislação
penal e a revisão do estatuto do desarmamento, poderia ajudar a solucionar os
problemas.
Os dois estão na faixa etária em que Bolsonaro se destaca nas pesquisas eleitorais:
entre os 16 e os 35 anos. Mas, à exceção de serem jovens, Cássio, Anriel e vários
outros entrevistados pelo EL PAÍS no Morro da Cruz pouco têm em comum com o
perfil que institutos de pesquisa desenham dos possíveis eleitores do presidenciável do
PSL: eles não são os mais escolarizados (chegaram ao ensino médio), nem ricos e
tampouco estão no Norte e Centro-Oeste do país. Também não se enquadram no
estereótipo que os críticos do candidato dizem ter seus eleitores: são gente de fala
branda, que defende opiniões com serenidade e argumentação, busca informações na
imprensa e é, inclusive, capaz de discordar das propostas mais radicais de Bolsonaro.
Anriel, por exemplo, fica “com um pé atrás” sobre a ideia de liberar o porte de armas
para a população. Ele tem medo que discussões bobas de trânsito terminem em
tragédia se alguém estiver com um revólver na cintura. Por outro lado, a redução da
maioridade penal não é um problema. “Aqui, gurizada de 13 anos mata sem dó”,
exemplifica. Cássio, por sua vez, gosta da ideia de estar “no mesmo nível” de um
potencial assaltante para sentir-se protegido e toparia ter uma arma. Mas confessa
que o alerta do pai, sobre o radicalismo de Bolsonaro, o deixa intrigado: “Ele tem
receio de que se não conseguir fazer o que pretende, possa dar um golpe ou coisa
parecida”, revela.
Anriel tem perfil mais liberal: admira o ex-prefeito e candidato a governador de São
Paulo João Doria (PSDB) e faz discurso contra a burocracia para empreendedores. Mas
tem consciência da profunda desigualdade brasileira e acha que ampliar
oportunidades aos mais pobres é tarefa do Estado. Quando faz corridas para
estudantes (ele detesta pegar passageiros das humanas na federal do Rio Grande do
Sul), nota diferenças: “Se eu pego corrida na UFRGS é só Assunção, Menino Deus,
567
bairros finos. Mas se é nas faculdades privadas, o destino é Restinga, Pinheiro, só
periferia”. Por isso, embora contrário a cotas raciais, ele é simpático à reserva de vagas
públicas a quem tem baixa renda.
A pesquisa
A complexidade do pensamento desses jovens eleitores de Bolsonaro e a
disponibilidade que eles têm para o debate de propostas chamou a atenção de duas
antropólogas que pesquisam juventude, consumo e política no Morro da Cruz há
quase uma década e que desenvolvem agora uma nova fase do trabalho que só
termina depois das eleições. Foi acompanhando o trabalho de campo de Rosana
Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco que a reportagem do EL PAÍS esteve no local
numa sexta-feira de agosto. “Eles não são fascistas, pelo contrário, tem argumentos
para defender sua posição”, observa Rosana.
De fato, tanto Anriel como Cássio se sentem incomodados com os rótulos
costumeiramente a eles atribuídos quando revelam ser potenciais eleitores do militar
da reserva. “Me dizem que sou lixo, mas isso não descreve como sou. Eu não vou
discriminar outra pessoa só porque gosta da Dilma ou do Temer”, queixa-se Cássio.
Anriel também se ressente das frequentes investidas de adversários: “Me chamam de
racista. Justo eu, que namoro uma negra… e ela discorda da minha posição, é contra o
Bolsonaro”, argumenta, confirmando, aliás, outro dos achados das pesquisadoras.
Em grupos focais que vem realizando em escolas, as antropólogas Lucia e Rosana
perceberam que o voto em Bolsonaro é também uma questão de gênero. “As meninas
são muito articuladas na crítica ao machismo que o candidato demonstra”, assevera
Rosana. A convicção delas era tanta que foi preciso criar um grupo exclusivamente
masculino para que os rapazes se sentissem à vontade para declarar seu voto, o que as
pesquisadoras também interpretam como uma reação ao feminismo crescente.
A namorada de Cássio faz campanha abertamente contra o capitão reformado, mas
para ele o candidato não parece preconceituoso e suas opiniões mais polêmicas soam
mais como galhofa: “Dizem que Bolsonaro é racista, machista e homofóbico, mas acho
que estão distorcendo. Uma pessoa assim não é legal e ele não parece ser alguém
ruim”, analisa.
Ao mesmo tempo, ele é crítico ao ataque de Bolsonaro à deputada federal Maria do
Rosário (PT). Em duas ocasiões, o presidenciável do PSL disse que não estupraria sua
colega na Câmara Federal porque ela “é feia” e “não merece”. Bolsonaro já foi
568
condenado no Superior Tribunal de Justiça por essa agressão, e ainda responde a outro
processo, em andamento no Supremo Tribunal Federal. “Totalmente desrespeitoso”,
condena Cássio.
A grosseria é o ponto fraco do candidato mesmo na opinião dos mais aficcionados. No
Morro da Cruz, uma dessas figuras é Cátia Cunha de Almeida Lopes, 40, que exibe num
caderno uma lista com 28 motivos para votar em Bolsonaro e viaja todos os anos para
o Rio de Janeiro em busca de um encontro com o ídolo. “Já entrei na casa dele, no
condomínio, conheci a família… Mas ver ele mesmo, pessoalmente, foi uma vez só, e
por acaso”, recorda, exibindo a caneca em que mandou imprimir a foto que registra o
momento. Ela também guarda revistas elogiosas ao candidato, que ocupa o mesmo
lugar da dupla Bruno e Marrone no seu panteão pessoal. Mesmo assim, para a técnica
em enfermagem, na discussão com Maria do Rosário “ele pegou pesado”, embora
tenha sido uma reação dita no calor dos acontecimentos —perdoável, portanto.
Anriel também relativiza outra polêmica, mesmo mantendo um tom crítico: o voto de
Bolsonaro contra Dilma Rousseff, quando ao lado de outros 366 parlamentares, na
Câmara, abriu caminho para o impeachment que viria na sequência. Na ocasião, o
candidato do PSL fez de seu voto uma homenagem ao coronel Carlos Brilhante Ustra,
condenado por torturar presos políticos durante a ditadura militar.
“Eu tenho pena da Dilma, aquilo não era para ter ocorrido. Passamos uma vergonha na
frente de outros países. Ela tinha votos para estar lá”, lamenta. Ainda assim, entende a
posição do seu candidato: “Ele estava fazendo política. Bolsonaro é um democrata”,
acredita.
O morro
Os bairros onde o Morro da Cruz está localizado não são muito familiares ao portoalegrense médio (São José é o principal, mas também a Vila João Pessoa e Coronel
Aparício Borges). Mas nem por isso a favela é desconhecida da população em geral: lá
se celebra anualmente a procissão de Páscoa mais famosa da cidade, com a encenação
da via sacra que termina justamente no alto da montanha, debaixo da cruz que lhe dá
nome. O morro também está a meio caminho entre as duas universidades mais
tradicionais da capital, a católica PUC e a federal UFRGS, e é pelo mesmo corredor
onde passam os ônibus dos estudantes que se acessa a comunidade, na avenida Bento
Gonçalves, uma das mais importantes artérias de Porto Alegre.
Não é raro ouvir de um morador do Morro da Cruz que ele “vai pra Porto Alegre”
quando precisa sair da localidade (são nove quilômetros até o centro). Lá tem de tudo:
569
supermercado, farmácia, mecânica, padaria. Placas de freteiros e de confeiteiras são
muitas, penduradas nas grades de ferro das casas. Mesmo a parte alta do morro é
abastecida com transporte coletivo, os postos de saúde atendem a população apesar
da precariedade, as escolas estão abertas. Em uma lan house que estava cheia perto
do meio-dia de uma sexta-feira, os cartazes avisam: “É proibido pornografia”. Quem
não atender é punido com a “perda de todos os créditos”. Já falar palavrão ou ter um
ataque histérico são falhas menos graves, custam 30 créditos a quem cometer os
deslizes.
À primeira vista, portanto, o Morro da Cruz não parece uma comunidade vulnerável.
Anriel mora com a irmã em uma casa de concreto e rua pavimentada. Cássio ajuda a
mãe na creche particular que ela mantém também em construção de alvenaria, bem
defronte a uma parada de ônibus. Mas as estatísticas são claras: a região do Morro da
Cruz está na posição 581 entre os 722 locais acompanhados regularmente pelo Atlas
do Desenvolvimento Humano do Brasil. Segundo o IBGE, 5% dos domicílios da
localidade são considerados indigentes - seus moradores sobrevivem com ¼ de salário
mínimo por pessoa, algo em torno de 250 reais. Outros 20% estão em condição
levemente melhor: são os pobres, cuja renda per capita é de meio salário mínimo.
Entre 2000 e 2010, o rendimento médio dos chefes de família do Morro da Cruz caiu
pela metade.
E a realidade pode ser ainda pior do que mostram os dados oficiais, porque há uma
imensidão de áreas irregulares no entorno do centrinho mais organizado, nos becos.
Essa parte não entra nas estatísticas. Por exemplo, se os dados do IBGE contabilizam
uma população de pouco mais de 16.000 pessoas, estima-se que a vila tenha entre 35
e 45 mil moradores. “São muitas ocupações, é impossível saber com precisão”,
argumenta Lucia Mury Scalco, que divide seu tempo no morro entre a pesquisa de pósdoutorado em antropologia e um trabalho social que criou depois de 12 anos
estudando a população do local.
No mapa de vulnerabilidade do Departamento de Habitação (Demhab) de Porto
Alegre, há duas enormes áreas de risco pintadas de azul sobre a região da favela, além
de outras duas pequenas. A maior parte das ocorrências da Defesa Civil na
comunidade se refere a desabamentos ou desmoronamentos.
570
Vista de um bairro do Morro da Cruz. T.M.
Na última eleição presidencial, em 2014, 20% dos moradores do Morro da Cruz
habilitados ao voto não comparecerem às urnas. Anriel não tem certeza, mas talvez
tenha ajudado a engordar as estatísticas: “Acho que justifiquei, porque o candidato
que eu ia votar, morreu”, diz, em referência a Eduardo Campos (PSB). Sua substituta
na chapa PSB-Rede, Marina Silva, não o atraiu tanto (nem antes nem agora) e ele se
absteve.
Quem votou em uma das cinco zonas eleitorais do bairro São José, onde fica a maior
parte do Morro da Cruz elegeu Dilma Rousseff (PT) —a candidata petista venceu Aécio
Neves (PSDB) em todas as seções eleitorais da região. A sigla tem certa tradição na
localidade: a população do morro sempre foi muito atuante nas assembleias do
Orçamento Participativo, criado no final dos anos 80 durante a gestão de Olívio Dutra
na prefeitura, figura sempre lembrada e referência no bairro.
Cássio lembra que os pais e os tios falam rotineiramente que “o PT ajudou muito o
povo mais pobre”, mas ele mesmo não sabe opinar sobre se a vida era melhor ou pior
antes da era Lula, por exemplo —tinha dois anos quando o ex-mandatário assumiu o
poder.
571
Por essas e outras razões, as antropólogas acham que o jogo no Morro da Cruz pode
ter virado. “Nas últimas semanas, muitas pessoas nos abordam na rua para dizer que
vão votar no Bolsonaro. Sabem que estamos pesquisando o assunto e vem nos dar
suas justificativas”, revela Rosana.
Dos rolezinhos a Bolsonaro
Elas percebem que potencialmente os jovens estão de fato declarando voto em
Bolsonaro - e isso surpreendeu a ambas, que acompanham os movimentos da
juventude do lugar desde 2009. Elas haviam desenvolvido uma tese de que as
excursões aos shopping centers apelidadas pelos jovens da periferia de “rolezinhos” ao
mesmo tempo que eram uma atitude juvenil voltada consumo, também tinham um
forte caráter reivindicatório de inclusão e de circulação no espaço público.
Intimamente, as pesquisadoras concluíram que havia ali um embrião de um
movimento político promissor. Quando as ocupações estudantis secundaristas
explodiram em 2016 - no Rio Grande do Sul mais de uma centena escolas foram
ocupadas durante meses - tudo parecia confirmar a hipótese. Mas quando foram ao
Morro da Cruz perguntar aos jovens sobre as “ocupas”, a maioria ignorava ou até
desprezava o movimento secundarista. “Eram os vagabundos, maconheiros”, ilustram.
Foi nesse caldo surpreendente que a candidatura de Jair Bolsonaro começou a decolar,
pelo menos no Morro da Cruz, em Porto Alegre. “Não há um padrão nem no perfil dos
jovens eleitores de Bolsonaro nem nos argumentos que usam para defendê-lo”, dizem
as pesquisadoras. Há simpatizantes do presidenciável em todos os universos possíveis:
no Funk, no tráfico, na igreja ou na escola. “Cada um desses grupos juvenis se apega a
uma parte do repertório que, em comum, apenas passa pela figura de um homem que
oferece uma solução radical à vida como ela é”, sintetiza Rosana, que junto com Lúcia
finaliza um livro sobre a pesquisa completa, que deve chamar From Hope to Hate: the
rise and fall of Brazilian emergence (Da esperança ao ódio: ascensão e queda da
emergência brasileira) .
Mas há outros elementos em jogo. Anriel, por exemplo, se decidiu no ensino médio,
“antes dos protestos” do últimos protestos. Como no Morro da Cruz não há escolas
secundárias, Anriel frequentou o tradicionalíssimo colégio estadual Julio de Castilhos,
na região central de Porto Alegre, um caldeirão da política local, onde estudaram
Leonel Brizola e Luciana Genro, entre uma galeria de celebridades da vida pública
brasileira (Caco Barcelos e o avô do atual presidente do TRF4, Carlos Eduardo
Thompson Flores também foram alunos).
572
A militância estudantil é uma marca do “Julinho”, como a escola é conhecida no Rio
Grande do Sul. “Vinha gente principalmente dos partidos de esquerda, como o PSOL.
Eu ouvia, mas comecei a procurar o outro lado e vi que concordava mais”, recorda.
O argumento usualmente desqualificado pela esquerda de que o Bolsa Família
incentivava as pessoas a não procurarem trabalho fez sentido para ele - que tinha uma
irmã recebendo o benefício, porque a creche da filhinha exigiu o cadastro no programa
para aceitar a matrícula da menina. “Eu sei que tem gente que precisa mesmo, mas
também conheço muitos que ficaram parados depois. Acho que deveria ser
obrigatório, para quem recebesse, ir todos os dias no SINE para arrumar emprego”,
opina.
Ele também desconfiava do expediente utilizado pelos partidos tradicionais para
arregimentar apoios da estudantada do Julinho. “Eles ofereciam lanche para quem ia
nos protestos”, revela. Às vezes também prometiam algum benefício imediato para
jovens lideranças da escola. Mas o problema prático da falta de professores, por
exemplo, não era atacado. “A gente nunca teve professor fixo de história e filosofia,
posso contar nos dedos as aulas que tive e era muito fácil de passar”, assegura Anriel.
Acostumado a vincular militância partidária com algum tipo de “pagamento”, ele
decidiu adesivar a traseira do seu automóvel no dia em que viu a recepção que o
candidato teve no aeroporto de Porto Alegre. Ele estava a trabalho no local - por isso
lamenta não ter podido descer do carro para chegar mais perto. “Era um fanatismo
impressionante. Nunca vi ninguém receber assim um candidato sem ser pago”, explica.
Informação
A militância espontânea é um fator citado por muitos dos eleitores de Bolsonaro no
Morro da Cruz entrevistados pela reportagem do EL PAÍS. Outro ponto repetido por
vários jovens é que o candidato é visto como alguém sem papas na língua, que não
tem medo de dizer o que pensa e cuja comunicação na internet - feita sobretudo por
memes - fala diretamente a esse público. “Eu deslizo o meu Facebook e só aparecem
as coisas dele, nada dos concorrentes”, exemplifica Juan da Paz, 19 anos.
Apesar disso, os simpatizantes do presidenciável não são nem de longe pessoas
desinformadas. A maioria procura informação fora das redes do candidato e alguns
têm o costume de conferir postagens antes de repassar fake news. “Quando morreu a
Marielle (Franco), eu quase compartilhei que ela era envolvida com o tráfico. Mas aí vi
que nenhum jornal dizia isso e não fui atrás”, revela, aliviado, Anriel.
573
Eles também querem ouvir o que os outros candidatos têm a dizer e acompanham
entrevistas e declarações. A participação de Bolsonaro no Roda Viva foi acompanhada
por todos, mas não na TV, e sim, pelas redes sociais. Anriel, por exemplo, precisou
resgatar o vídeo no YouTube na manhã seguinte, embora tenha tentado ver ao vivo:
“Travou a transmissão do Twitter dele e não consegui mais assistir”.
A entrevista ficou registrada na memória como uma batalha entre o candidato e os
jornalistas - outro argumento repetidamente levantado a seu favor: “Estão
perseguindo ele, o tempo todo tentam fazer ele cair numa pegadinha”, critica.
“Ninguém perguntou sobre o que importa: educação, saúde. Só sobre tortura, essas
coisas que já passaram”, argumenta o motorista - repetindo, de certa maneira, o
pensamento do próprio candidato que mencionou no programa a lei da anistia: “São
feridas que não devem mais ser lembradas”.
Oposição
Apesar de ter grande apoio, Bolsonaro não é unanimidade no Morro da Cruz —e há
muitos jovens contra suas propostas. Mas mesmo quem o critica, reconhece
qualidades: “Eu não gosto dele e não votaria nele, mas ele propõe coisas diferentes do
que estamos acostumados”, avalia Shaiane Carolina Azevedo, de 19 anos. “As
propagandas dos outros são todas iguais”, lamenta Bianca Martins, 20 anos, também
contrariada.
A pauta da segurança, por exemplo, é reconhecida como importante mesmo por seus
detratores. “Ele tem objetivos maravilhosos, fantásticos. Quem não quer sair
tranquilo, de noite, na rua? Eu tenho filhos e fico preocupada se demoram a chegar do
serviço, da faculdade… Mas como ele sugere resolver, vai instigar mais a violência. O
Brasil dele não é real”, contesta Fabiana Carniel Gonçalves, 42 anos.
Por motivos como esses, Camila Diefenthaler Zafanelli, 19 anos, está tentando virar o
voto do pai, bolsonarista convicto. “A gente conversa muito em casa, ele super apoia
(o Bolsonaro), mas eu estou insistindo”.
[A matéria também apresenta duas imagens de pessoas citadas, não as
pesquisadoras...]
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/17/politica/1534457864_835707.html
CARLA JIMÉNEZ ENTREVISTA ANTROPÓLOGA ROSANA PINHEIRO-MACHADO
574
Facebook El País, 07 de agosto de 2018
https://www.facebook.com/elpaisbrasil/videos/1934328339960440/
ALCKMIN E DORIA SE REÚNEM COM MIL LÍDERES EVANGÉLICOS PARA BÊNÇÃO EM SP
Janaina Garcia, Uol, 23 de agosto de 2018
Uma reunião fechada com cerca de mil bispos, pastores e obreiros de uma igreja
evangélica na capital paulista marcou nesta quinta-feira (23) a primeira agenda
conjunta de campanha, após o registro oficial das candidaturas, do candidato à
Presidência, Geraldo Alckmin, e ao governo, João Doria, ambos do PSDB.
Durante pouco mais de uma hora, o ex-prefeito e o ex-governador se reuniram com
lideranças da Igreja Mundial do Poder de Deus, fundada pelo pastor Valdemiro
Santiago e dissidência da Igreja Universal do Reino de Deus. Eles não falaram com a
imprensa.
Pastores que participaram do evento disseram que a reunião serviu para "abençoar a
campanha de Doria e Alckmin". "Foi uma bênção às campanhas, não um culto. Político
em culto não pode, né?", afirmou um participante que não quis se identificar. "Eles
falaram, mas nada que me tocasse. Quem me toca é Deus", respondeu outro pastor.
"Só estamos autorizados a dizer que eles receberam uma bênção para que tenham
uma campanha pacífica", resumiu outro.
A reunião desta quinta com os tucanos acontece um dia depois de o instituto
Datafolha registrar estagnação de Alckmin nas intenções de voto à Presidência, com
9% de intenções de voto em cenários sem o ex-presidente Lula de Lula (PT). Já Doria
está na liderança das intenções de voto ao governo estadual, em empate técnico com
o presidente licenciado da Fiesp, Paulo Skaf (MDB).
A portas fechadas a pedido da igreja, que organizou um forte esquema de segurança
para impedir o acesso da imprensa, a reunião convocou religiosos da Mundial de todo
o estado. Carros do interior, da capital e da Grande São Paulo entraram na sede onde
os candidatos falariam com os líderes — localizada no Brás (região central de SP), onde
cabem até 30 mil pessoas. Os cultos no local acontecem em quatro horários por dia, e
a reunião com os políticos acabou cancelando a celebração das 9h.
575
Ontem, tanto as assessorias de Doria quanto de Alckmin haviam anunciado que a
agenda seria aberta. Após consultas a líderes da Mundial, no entanto, o acesso foi
restringido.
Na vizinhança, jingle de Lula e "lei da mordaça"
Antes da reunião, bispos e pastores disseram desconhecer o conteúdo e quais os
participantes do evento. "É uma reunião de rotina à qual comparecem em geral de
2.000 a 5.000 lideranças", afirmou um deles, sem se identificar. "A gente só faz
obedecer, mas nem sei quem está aí. Essa é uma reunião de rotina que costuma ser
chamada conforme a conveniência da igreja", afirmou um obreiro da sede da igreja.
Na calçada oposta à Mundial, uma mulher entoou jingles de campanha do
expresidente Luiz Inácio Lula da Silva em ao menos duas oportunidades. Minutos antes
de acabar o encontro, um homem lançou ovos sobre jornalistas que tentavam registrar
o evento do lado de fora.
Pelo vidro da porta, foi possível observar a presença do pastor Valdemiro e gestos com
as mãos indicando bênção sobre os políticos presentes. No estacionamento da igreja,
com capacidade para 5 mil veículos, dezenas de carros adesivados traziam a imagem
do pastor com candidatos a deputado estadual e federal pelo DEM, partido da
coligação de Doria.
Procurados, representantes da igreja disseram ao fim da reunião, por meio de um
funcionário, que nenhum deles falaria com os jornalistas.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/08/23/doria-ealckmin-se-reunem-com-mil-lideres-evangelicos-para-bencao-em-sp.htm
"COLOCAR MULHER COMO VICE PARA ATRAIR ELEITORAS É CHAMÁ-LAS DE IDIOTAS"
Uol Universa, Camila Brandalise, 24 de agosto de 2018
A opinião acima impressiona? Pois o psicanalista Contardo Calligaris tem mais um
punhado dessas pra oferecer. Sobre sexo, política, funk e, principalmente, desejo
sexual das mulheres – “A prostituição é um lugar de verdadeira autonomia e
independência feminina” - que tal?
576
Calligaris se notabilizou por dissecar o tema em suas colunas no jornal Folha de S.Paulo
e, mais recentemente, como diretor e roteirista da série “Psi”, do canal HBO, que
estreia a quarta temporada em fevereiro. O psicanalista recebeu Universa para a
seguinte entrevista:
Cinco candidatos à presidência escalaram mulheres para ser suas vices. Qual é sua
análise sobre essa movimentação?
Patética. Colocar mulher como vice para atrair eleitoras é chamá-las de idiotas. Os
candidatos pensam: “elas vão votar em mim porque coloquei uma senhora como
vice”. É insultante achar que vão cair nessa. O número de mulheres na política deveria
ser maior, mas a competência tem que vir antes. Vejo ainda os candidatos fazendo um
esforço tremendo para se corrigir pelas besteiras que falam sobre mulheres. Dizem,
por exemplo, que as respeitam porque “olha só como venero minha mãe”. Então,
vamos venerar alguém que seja “virgem”, que não tenha desejo? Esse argumento é
insultante.
Você diz que a “negação do desejo feminino”, tema que levará para a televisão na
quarta temporada de “Psi”, está na base da nossa sociedade. Qual é a dificuldade em
lidar com o fato de que mulheres têm desejo?
Nossa sociedade está baseada no delírio de que a mulher é tentadora e nos leva à
perdição. Entende-se que a excitação masculina é incontrolável, que é a mulher que
suscita esse desejo e que, portanto, não pode não correspondê-lo. Não se aceita que a
mulher rejeite um homem. A solução foi negar o desejo sexual feminino. Ainda hoje,
homens matam mulheres que querem se separar. Não se aceita que o desejo feminino
tenha autonomia. O Ocidente se dedica há 3.000 anos, data aproximada de quando a
Bíblia foi escrita, a silenciar esse desejo. Falo mais do Ocidente, mas a repressão existe
no Oriente também.
A prostituição feminina é vista por você como “expressão de autonomia sexual”.
Mas muitos a identificam como objetificação da mulher. Afinal, é libertação ou
opressão?
Acredito que, ao longo dos séculos, se prostituir foi uma maneira de afirmar o
feminino, dado o poder da livre expressão da sexualidade. A prostituição é um lugar de
verdadeira autonomia e independência feminina. Dezenas das minhas pacientes não
só têm, como vivem fantasias de prostituição. Muitas delas têm prazer indo até um
lugar, com o marido, onde há profissionais do sexo, para se passarem por uma. Não
vejo problema em objetificar uma mulher ou um homem. Considerar o outro como
objeto é o bê-a-bá da excitação sexual. Não há fantasia em que isso não aconteça.
577
Apesar de ser muito oprimido - segundo sua tese - o desejo feminino é legitimado,
evidentemente, em algumas situações, correto?
Sim, mas são raras; acontece, por exemplo, com mulheres que falam e vivem suas
fantasias com os parceiros. Na maior parte das vezes, o que legitima o desejo feminino
é o amor. Essa é a grande “desculpa” masculina: os homens só aceitam o desejo delas
se ele vier atrelado ao amor. E é também um mito que as próprias mulheres
propagam. Elas dizem que só têm vontade de transar com um homem se sentirem
amor por ele. Isso é mentira. Sexo é outra coisa. Síndrome do pânico e ansiedade são
expressões atuais dessa repressão sexual. Acho interessante falar do funk nesse
contexto. Um dos motivos pelos quais o funk é criticado é que nele há mulheres
falando de sexo. As músicas assustam porque expõem desejos. Têm lá “me pega, me
bate, me vira de cabeça para baixo”. Aos poucos, até nessas letras, foram colocando o
amor no meio. Vai levar tempo para isso mudar.
Você fala com frequência que a moral é uma desculpa para reprimirmos algum tipo
de desejo com o qual não conseguimos lidar. É por isso que muita gente se incomoda
em ver um casal transando, por exemplo, pela janela do prédio ou num canto da
rua?
Todas as posições moralistas são projeções. A pessoa se irrita quando os outros fazem
o que ela deseja muito fazer mas não se permite. Isso é um ponto. O outro é que a
pessoa que olha um casal fazendo sexo, em alguma medida, sabe que está envolvida
na fantasia daquele casal porque, ao olhar, os excita. E aí ela pode se sentir
objetificada.
A “boçalidade masculina” é um tema recorrente em suas colunas. Qual o motivo?
Tenho uma profunda antipatia pelo grupo masculino. Em grupo, os homens fazem
coisas que, sozinhos, não fariam. São capazes de passar por cima de seus freios morais
e do bom senso. Estou escrevendo um livro que vai tratar desse tema, “O Grupo é o
Mal”. Falarei do nazismo e do fascismo, mas minha tese vale também para outros
exemplos, como torcidas organizadas.
As mulheres em grupo não agem da mesma maneira?
Não são boçais da mesma forma porque, resumindo, não se acham a última bolacha
do pacote. Se questionam mais, têm mais dúvidas sobre si por causa da sensação de
inadequação vinda da infância. O comportamento da mãe com a filha é o de tratá-la
578
como se ela não fosse exatamente o que a mãe deseja. As mães veneram o filho
homem, o tornam uma majestade. Além disso, vejo em grupos de amigas um lugar de
defesa, de ajuda mútua, de proteção do feminino.
Expressões corriqueiras denunciam o machismo na fala das próprias mulheres; por
exemplo “meu marido me ‘ajuda’ em casa”. Em que outras situações vê sexismo
introjetado na fala delas?
As mulheres consideram que suas relações extraconjugais são mais graves do que as
do marido. Além disso, acham que o trabalho do marido é mais importante que o
delas. Elas reconhecem uma dignidade neles que não identificam em si. “O que ele
tem pra fazer é extremamente importante, enquanto o meu doutorado pode esperar”,
esse é o tipo de frase que escuto.
Quais exigências do atual movimento feminista acredita que vão vingar?
O discurso está vingando bem, mas ainda estamos muito longe de mudanças
concretas. Acho que o aborto vai ser descriminalizado. Equiparação de salários e mais
mulheres em cargos de chefia também vai acontecer.
A sexualidade infantil causa reações horrorizadas - tema tratado por Freud, em 1905,
na obra “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade” - por quê?
A repressão à sexualidade das crianças passa diretamente pela repressão do desejo
feminino. Os meninos que se tocavam no século 19 tinham que dormir com as mãos
amarradas, mas com as meninas ocorria algo ainda mais radical. A psiquiatria da época
implementou a cauterização, com um ferro quente, do clitóris das meninas que se
tocavam. Havia livros explicando como isso deveria ser feito. Muitos pais brincam com
o tamanho do pênis do filho bebê, dizendo que ele vai ser grande. E da vagina, o que
se fala? Os pediatras recebem perguntas angustiadas de mães sobre como limpar a
vagina da filha; no entanto, bem menos sobre limpar o pinto do filho.
https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/08/24/colocar-mulher-como-vicepara-atrair-eleitoras-e-chama-las-de-idiotas.htm
MBL CONDENADO POR TRE POR PUBLICAR NOTÍCIA FALSA SOBRE JAQUES WAGNER
(PT). MBL DAVA A ENTENDER EM VÍDEO QUE PROTESTOS ANTI-LULA ERAM CONTRA
CANDIDATO AO SENADO
João Pedro Pitombo, Folha/Uol, 24 de agosto de 2018
579
João Pedro Pitombo O MBL (Movimento Brasil Livre) foi condenado pelo TRE (Tribunal
Regional Eleitoral) da Bahia a publicar em suas redes sociais resposta do candidato ao
Senado Jaques Wagner (PT).
A decisão da justiça foi motivada por um vídeo postado nas redes sociais que mostra
pessoas protestando contra petistas, que faziam ato em favor do ex-presidente Lula,
em um shopping da capital baiana.
Em suas redes sociais, o MBL deu a entender que os protestos e críticas tinham Jaques
Wagner como alvo. Wagner, no entanto, não participou do ato.
Além do MBL, o candidato a deputado Kim Kataguiri (DEM) e o vereador Fernado
Holiday (DEM) foram condenados na mesma ação por republicarem a postagem feita
nas redes sociais.
Em sua sentença, a desembargadora Gardênia Pereira justifica a decisão alegando que
as informações divulgadas pelo MBL no vídeo são falsas.
"A crítica amparada em fatos e opiniões reais, é parte da disputa democrática. No
entanto, quando o ponto de vista ao público exposto destoa dessas balizas, compete
ao Poder Judiciário, quando provocado, reparar os danos eventualmente causados às
partes".
Éden Valadares, coordenador da campanha de Wagner ao Senado, diz que o MBL
mentiu e o TRE fez justiça: "Esperamos que eles aprendam a lição".
Após a repercussão negativa, o MBL apagou o vídeo de suas redes sociais.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/mbl-condenado-por-tre-por-publicarnoticia-falsa-sobre-jaques-wagner-pt.shtml
CLUBE MILITAR ATUA EM CAMPANHA ELEITORAL MESMO PROIBIDO POR ESTATUTO E
LEI
Hanrrikson de Andrade e Rodrigo Mattos, Uol, 26 de agosto de 2018
O Clube Militar tem divulgado informações favoráveis à candidatura a presidente de
Jair Bolsonaro (PSL) apesar de ser vetada sua atuação em campanha eleitoral pelas
regras da própria entidade e pela lei eleitoral. O presidente do clube, o general da
580
reserva Hamilton Mourão, é candidato a vice na chapa do PSL. Ele nega favorecimento
a qualquer partido.
A associação militar é uma entidade privada financiada pelo pagamento de
mensalidades de seus sócios. O Ministério da Defesa repassa cerca de R$ 270 mil
mensalmente para o clube em valores descontados da folha salarial de militares que
decidem se tornar sócios. No total, são 7.819 militares que têm consignado o desconto
em seus contracheques.
Pelo regulamento da associação em seu primeiro parágrafo, "o clube manter-seà
estranho à matéria de religião, de política partidária". Questionado sobre o apoio
apenas a Bolsonaro em textos, Mourão negou qualquer irregularidade. "Na realidade,
não estamos defendendo nem o partido A, nem o partido B. Se expressa a opinião do
clube, mas sem favorecimento", disse após evento na sede da entidade na última
segunda-feira (20).
Além do estatuto, a lei eleitoral também impede que uma entidade privada forneça
infraestrutura para campanhas eleitorais como rede de contatos eletrônicos porque
isso é considerado uma doação de serviços, segundo especialistas em direito eleitoral
ouvidos pela reportagem.
"A declaração ou não de serviços não importa. Entidade não pode prestar serviços
nenhum", afirmou o advogado e ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Gilson
Dipp.
De acordo com a legislação eleitoral, o apoio de uma instituição privada a uma
campanha pode configurar crime de abuso de poder econômico. A pena para este tipo
crime é a cassação do registro de candidatura.
Já o uso irregular de recursos pode ser punido com multas e/ou devolução de valores
estimados. A análise quanto à materialidade e tipificação do crime eleitoral, no
entanto, cabe ao Ministério Público Eleitoral e é feita caso a caso.
A Procuradoria-Geral da República, que comanda a atuação de procuradores eleitorais
e atua para avaliar supostas irregularidades no pleito, informou que não comentaria o
caso. O órgão se manifesta apenas sobre ações que já se transformaram em processo,
segundo sua assessoria.
Após ouvir o general Mourão, o UOL enviou à entidade, na última quarta-feira (22),
perguntas sobre o uso da infraestrutura do Clube Militar em campanhas. Na quinta e
na sexta, a reportagem pediu novamente um posicionamento mais detalhado da
581
atuação do Clube Militar ao presidente da instituição, mas não houve resposta até a
publicação da reportagem. O Ministério da Defesa também não comentou a atuação
da instituição.
Uso de mailing e palestra
Desde julho, o Clube Militar tem divulgado textos favoráveis à candidatura de
Bolsonaro em seu site e no mailing de sócios, que têm 38 mil pessoas. Também
promoveu uma palestra do candidato juntamente com o Clube Naval e o Clube da
Aeronáutica, que cedeu seu salão para realização do evento em julho. Esse evento foi
visto por 300 mil pessoas na página do candidato no YouTube.
Clubes Militar, da Marinha e da Aeronáutica promovem palestra de Bolsonaro
Em 25 de julho, Mourão publicou texto no site do clube em que ataca o PT: "O ápice
desse processo ocorreu ao longo dos treze anos em que a dupla Lula-Dilma ocupou a
Presidência da República, pois a partir daí criaram-se as condições para que, aliados ao
que existe de mais fisiológico na política nacional, fossem impulsionadas a corrupção e
a ocupação de postos relevantes nos três poderes."
Em 8 de agosto, o Clube Militar divulgou texto do general da reserva Augusto Heleno
Pereira, que foi cotado para ser vice de Bolsonaro, em que ele afirma que o candidato
do PSL "é a única opção" para receber o apoio dos sócios. Faz críticas aos outros
candidatos Geraldo Alckmin, Marina Silva e Ciro Gomes. E conclui: "Jair Bolsonaro é a
582
única chance de mudar o país. Votar em qualquer um dos outros é ter certeza do
erro."
Artigo assinado pelo general Augusto Heleno é publicado no site do Clube Militar
No mesmo dia, o general Mourão anunciou que seria candidato a vice de Bolsonaro,
mas que continuaria à frente do Clube Militar. No texto, divulgado no correio
eletrônico da entidade, ele afirmou que o candidato do PSL tem "plenas condições de
iniciar o processo de reformas que todos almejamos para o Brasil."
Esses textos foram publicados anteriormente ao período da campanha oficial -quando não é permitido fazer propaganda-- e, além disso, há o veto do estatuto à
atuação partidária em qualquer tempo. O material continua disponível no site do
Clube Militar durante o período eleitoral.
583
Mourão publicou nota no site do Clube Militar após aceitar convite de Bolsonaro
Houve candidatos que procuraram o Clube Militar para receber apoio em suas
campanhas. Em seguida, a associação mandou um pedido para sócios que apresentem
candidatos e disse que vai divulgar um conjunto de diretrizes a serem seguidas. O
documento será chamado "Por um Brasil melhor".
"Se conhecer algum candidato que se enquadre nesse perfil, ofereça a ele a
oportunidade fazer parte de nosso canal de comunicação e nos envie seguintes dados:
nome completo, partido político, apelido para eleição, número de candidato e cargo
para o qual está concorrendo."
Postulante do PRTB, partido de Mourão, ao governo do Rio, André Monteiro disse ter
expectativa de ajuda do Clube Militar em sua campanha. Ele é ex-sargento do Exército
e subtenente da ativa no Bope (Batalhão de Operações Especiais), a divisão de elite da
Polícia Militar fluminense.
"Claro que eu conto e espero esse apoio do Clube Militar. Temos o mesmo ideal, que é
resgatar o Brasil", disse.
"Eu ainda não me reuni com o pessoal do Clube. Mas há um vídeo em que o Mourão
apoia a nossa candidatura. Muito em breve eu devo ser convidado a participar. Estou
aguardando a convocação", completou ele, referindo-se a vídeo gravado na convenção
do PRTB, em 5 de agosto, e publicado em suas redes sociais.
Aspectos legais
584
A atuação eleitoral do Clube Militar começou com o general Gilberto Pimentel,
presidente até julho, e se acentuou com o general Mourão. Em julho, ele deu uma
entrevista ao UOL (
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/07/19/generalmoura
o-prepara-curso-a-distancia-para-candidatos-das-forcas-armadas.htm ) dizendo que a
entidade daria instrumentos teóricos e práticos a campanhas de militares, e falou em
fazer propaganda.
Questionado na segunda (20) sobre o uso do clube na campanha deste ano, o general
recuou e disse que isso seria vetado. "Não defendo o uso do clube para candidato. Até
porque o clube não pode se intrometer em política partidária. O que tenho feito é
orientar os nossos candidatos sobre temas relevantes", disse Mourão.
O ex-ministro do TSE Gilson Dipp declarou que o uso do mailing [cadastro de sócios e
familiares] não deveria ser permitido, sendo a cessão de espaço para palestra uma
questão discutível. "Entidade privada (doar serviços) a lei é clara que só pode a pessoa
física. Interpretação da lei não permite doação de empresa. Supremo foi muito
drástico nisso a respeito e só se fosse pessoa física."
Outro ex-ministro do TSE que pediu para não se identificar teve opinião similar ao
dizer que nenhuma entidade privada pode contribuir em campanha mesmo que
indiretamente. Esse advogado defendeu que a doação (em forma de serviços) pode se
configurar como abuso de poder econômico pela candidatura.
O advogado especialista em direito eleitoral Daniel Falcão também afirma que usar a
rede de contatos do Clube Militar para propaganda é irregular. "Clube Militar não
poderia fazer isso. A legislação não permite que se use o site para divulgar campanha.
A cessão do espaço é mais discutível. "
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/08/26/clube-militaratua-em-campanha-eleitoral-mesmo-proibido-por-estatuto-e-lei.htm
EVANGÉLICOS PUXAM ALTA DE 11% DO NÚMERO DE CANDIDATURAS COM NOME
RELIGIOSO
Leandro Prazeres, Uol, 25 de agosto de 2018
As candidaturas com nomes religiosos cresceram 11% em 2018 em relação a 2014.
Esse aumento é superior ao crescimento do volume de candidatos no período, que foi
585
de 7,4%. O levantamento feito pelo UOL tem como base os dados do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) e analisou as candidaturas cujo "nome de urna" continha termos
associados a religiões de diversas matrizes.
Esse aumento foi puxado pelas candidaturas de evangélicos e de integrantes de
religiões de origem africana e pode ser ainda maior porque nem todos os candidatos
indicam em seus "nomes de urna" sua identidade religiosa.
Para chegar a esses dados, o UOL verificou 49.972 registros de candidaturas feitos em
2014 e em 2018 armazenados na base de dados do TSE e selecionou aqueles cujo
nome de urna continham termos comumente associados a integrantes de religiões
cristãs e de matriz africana: pastor (a), irmão (ã), padre, frei (a), apóstolo (a),
missionário (a), pai, mãe, babalorixá, entre outros.
Outra forma de verificar a evolução das candidaturas de religiosos é observar as
ocupações registradas pelos candidatos ao TSE. Neste ano, 116 pessoas indicaram ter
como ocupação serem membros de entidade religiosa. Em 2014, esse número foi de
115. A reportagem optou por fazer o levantamento com base no nome de urna porque
é dessa forma que a maioria dos religiosos se apresenta aos eleitores.
O levantamento considerou quatro dos maiores grupos religiosos brasileiros, segundo
o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): católicos, evangélicos, espíritas e
adeptos de religiões de origem africana. A reportagem não identificou.
Maioria dos candidatos com nome religioso é evangélica
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O levantamento constatou que, entre 2014 e 2018, o número de candidatos com
nomes religiosos saiu de 511 para 568, um aumento de 11,15%.
Nesse grupo, as candidaturas evangélicas são a maioria. Das 568 registradas neste ano,
524 são de evangélicos, o equivalente a 92,2% do total.
Do restante, 24 são de religiões de origem africanas (umbanda e candomblé, por
exemplo) e 20 são de católicos.
Na comparação com as eleições de 2014, as candidaturas evangélicas tiveram um
crescimento de 8,2%, saindo de 484 para 524. As candidaturas católicas tiveram uma
queda de 4,7%, saindo de 21 para 20.
O maior crescimento percentual foi registrado entre os candidatos de religiões de
matriz africana. Elas saíram de 6, em 2014, para 24, em 2018, um crescimento de
300%.
Deputado vê "crescimento natural" de evangélicos
Um levantamento recente indica que a bancada evangélica no Congresso Nacional é
composta por pelo menos 84 parlamentares (
587
https://noticias.uol.com.br/ultimasnoticias/agencia-estado/2018/08/12/cultos-alertase-chamados-movem-a-bancadada-biblia-no-congresso.htm ): 82 deputados federais e
dois senadores. Esse número é o equivalente a 14% dos 594 congressistas (513
deputados federais e 81 senadores).
Segundo o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), esse número
é mais do que o dobro dos parlamentares evangélicos eleitos em 2006.
Atualmente, a bancada evangélica é considerada uma das mais influentes e bem
articuladas do Congresso Nacional.
Foi graças a essa influência que, em 2015, uma comissão especial da Câmara dos
Deputados aprovou o Estatuto da Família (
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/09/24/comissao-dacamaraaprova-parecer-sobre-estatuto-da-familia.htm ), um projeto de lei que, entre
outras coisas, delimitava que a família é formada a partir da união de um homem e de
uma mulher, noção criticada por diversos setores da sociedade como as organizações
em defesa da comunidade LGBT.
O presidente da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional, Hidekazu
Takayama (PSC-PR), diz que o crescimento no número de candidaturas de evangélicos
neste ano acompanha o aumento no número de fiéis. "É um crescimento natural.
Quanto mais aumenta o número de fiéis, mais aumenta o número de candidatos. Não
há um movimento orquestrado para que a gente aumente nossa representação
política", diz Takayama.
O deputado, que foi um dos criadores da Frente Parlamentar Evangélica, avaliou como
normal o crescimento do número de candidaturas de religiosos de origem africana.
"A legislação brasileira permite esse tipo de candidatura. Acho que isso é normal. Da
mesma forma como o povo evangélico se lançou na política para defender seus
valores, é normal que eles também o façam", afirmou.
Takayama, no entanto, negou que a bancada evangélica tenha atacado outras
religiões. "De forma nenhuma. Nossa atuação não persegue ninguém. O que alguns
setores têm dificuldade de entender é que, apesar de o Estado ser laico, o Brasil é um
país cristão. Nossa representação, nossa atuação, também é cristã", disse o
parlamentar.
Identidade religiosa é capital eleitoral, diz socióloga
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Adeptos de religiões de origem africana fazem protesto contra intolerância religiosa no
Rio
Para a socióloga Christina Vital, uma das principais estudiosas da relação entre religião
e política no Brasil, o crescimento no número de candidatos religiosos no país tem sido
uma tendência, que ocorre desde os anos 1980, chamada de confessionalização da
política.
"A confessionalização da política é um processo no qual os candidatos usam uma
identidade religiosa para compor o seu capital eleitoral na disputa. É a forma como
eles tentam se diferenciar dos demais candidatos", afirma Christina.
A socióloga diz que o crescimento de candidatos que se assumem como integrantes de
religiões de origem africana é uma novidade, resultado do quadro de intolerância
religiosa que vem atingindo a comunidade desde os anos 1990.
Uma pesquisa realizada pelo MDH (Ministério dos Direitos Humanos) indicou, que
entre 2015 e 2017, o Brasil registrou uma denúncia por intolerância religiosa a cada 15
horas (https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agenciaestado/2017/11/12/brasilregistra-uma-denuncia-de-intolerancia-religiosa-a-cada-15- horas.htm) e que 39%
delas eram referentes a atos hostis a adeptos ou a templos de religiões de matriz
africana.
"Esse aumento é uma resposta à intolerância religiosa que afeta essas religiões. Há um
trabalho, que começou nos anos 1990, e que começa a dar resultado agora, no sentido
589
de que religiosos da umbanda e do candomblé assumam essa identidade na disputa
eleitoral para ocupar espaços de poder", afirmou Christina.
A candidata a deputada federal Flávia Pinto (PDT-RJ), cujo nome de urna é "Mãe Flávia
Pinto", diz que, além de uma reação aos episódios de intolerância religiosa, o aumento
no número de candidatos que representam o chamado "povo de axé" é resultado da
maturidade política da comunidade.
"A gente percebeu que, diante da atuação de bancadas como a evangélica, a única
resposta é ocupar espaços na política. Sem isso, eles continuarão livres para votar o
orçamento, decidir por concessões de TV, além de outras medidas que podem
prejudicar o nosso povo", afirmou.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/08/25/candidaturasde-religiosos-crescem-11-em-2018-evangelicos-lideram-ranking.htm
EVANGÉLICOS PRESSIONAM ALCKMIN POR DISCURSO CRISTÃO EM FAVOR DA FAMÍLIA.
LÍDERES QUEREM QUE TUCANO DIGA QUE VAI BARRAR CRIMINALIZAÇÃO DE
DISCURSO CONTRA HOMOSSEXUALIDADE
Folha/Uol, 29 de agosto de 2018
Com apenas 9% de intenção de voto no Datafolha no cenário sem Lula (PT), o exgovernador Geraldo Alckmin(PSDB-SP) tem sido pressionado por lideranças
evangélicas a adotar um discurso mais ideológico e cristão na campanha presidencial.
Ou, como preferem dizer, um discurso em favor “da família e da vida”.
Os líderes das igrejas dizem que, sobretudo numa disputa fragmentada como a atual, o
eleitor evangélico pode catapultar o tucano ao 2º turno caso passe a fazer
manifestações enfáticas em relação a temas como aborto, drogas, casamento gay e
homofobia.
Se não for dessa forma, dizem, os evangélicos naturalmente vão acabar desaguando
seus votos no deputado Jair Bolsonaro (PSL). De acordo com pesquisa Datafolha
realizada em 2016, 3 em cada 10 brasileiros (29%) com 16 anos ou mais são
evangélicos.
590
Folha apurou que o ponto mais importante seria assumir um compromisso de, na
Presidência, trabalhar contra qualquer projeto que criminalize o discurso religioso em
relação à homossexualidade.
Os líderes evangélicos entendem que, se houver uma alteração no Código Penal de
modo a comparar a homofobia ao racismo, muitos pastores poderão ser presos.
Na visão desses líderes, que citam a liberdade de expressão, eles têm o direito de
dizer, por exemplo, que a Bíblia condena o comportamento homossexual sem
correrem o risco de sofrer acusações judiciais por discriminação.
Alckmin tem procurado se aproximar dos evangélicos. Antes de renunciar ao governo,
chamou lideranças para uma pizza no Palácio dos Bandeirantes. Na última quinta-feira
(23), esteve com cerca de mil pessoas, entre bispos, pastores e obreiros da Igreja
Mundial do Povo de Deus, uma dissidência da Universal.
Apesar disso, resiste a adotar um discurso mais conservador, pois entende que, com o
horário eleitoral, que começa no sábado (1º) na TV e no rádio, tende a crescer.
O tucano vai dispor de cerca de 43% (5 minutos e 32 segundos por bloco) do tempo
total de propaganda, além de 434 inserções comerciais por emissora ao longo da
campanha. Para efeito de comparação, Bolsonaro terá 8 segundos por bloco e 11
comerciais.
Além disso, Alckmin não quer desagradar aos setores mais à esquerda do PSDB e do
próprio eleitorado. Tendo o PT de um lado e Bolsonaro do outro, considera-se como o
candidato do centro
Recentemente, um vídeo do ex-governador defendendo a “diversidade” circulou em
um grupo de WhatsApp que reúne líderes evangélicos. Segundo as palavras de quem
acompanhou os comentários, o tucano foi “massacrado”.
Sob condição de anonimato, um líder evangélico disse à Folha que nem Jesus
conseguiu agradar a todos e encerrou a entrevista com a frase “imagine o Alckmin”.
Bolsonaro, por sua vez, antes dos debates, promove orações com seus assessores e faz
questão de gravar a cena e enviar as imagens para o mesmo grupo de WhatsApp.
“Os evangélicos, assim como outros segmentos da sociedade, querem ver seus
representantes defendendo os seus valores”, afirma Eduardo Tuma (PSDB), secretário
da Casa Civil do prefeito Bruno Covas (SP) e uma das pontes de Alckmin com o setor.
591
O apóstolo César Augusto, da Igreja Fonte da Vida, afirma que “a maioria dos
evangélicos está com Bolsonaro porque ele já se posicionou”.
Tradicionalmente, os evangélicos não atuam como um grupo homogêneo, nem mesmo
entre as neopentecostais.
A força da recomendação de votos dos líderes das igrejas também tende,
historicamente, a ser mais aceita pelos fiéis nas eleições parlamentares do que nas
majoritárias, como a presidencial.
Justamente por isso, afirma um representante do setor, os valores professados
publicamente pelo candidato terão mais chance de atingir o coração do eleitor
religioso.
“Os evangélicos estão esperando as definições para se posicionar”, diz o bispo Robson
Rodovalho, da igreja Sara Nossa Terra e presidente da Confederação dos Conselhos de
Pastores do Brasil (Concepab).
592
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/evangelicos-pressionam-alckmin-pordiscurso-cristao-em-favor-da-familia.shtml
BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL
NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT
GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO
PROJETO ESCOLA SEM HOMOFOBIA
Ricardo Della Coletta, El País, 29 de agosto de 2018
No que talvez tenha sido o momento mais tumultuado da sua entrevista no Jornal
Nacional, na noite desta terça-feira, Jair Bolsonaro (PSL) mostrou às câmeras por
poucos segundos um livro intitulado Aparelho sexual e cia, cuja capa traz o desenho de
um menino de topete loiro olhando um tanto quanto assustado para o que tem dentro
das próprias calças. Seria só mais um dos incontáveis episódios polêmicos de um
candidato que tem esbravejado contra o que chama de campanha para o ensino de
"ideologia de gênero" nas escolas do Brasil, não fosse um detalhe: praticamente tudo
593
o que o candidato falou quando se referiu à publicação não encontra respaldo na
realidade.
"Tomei conhecimento [em 2010] do que estava acontecendo lá [num corredor da
Câmara dos Deputados]. Eles tinham acabado o nono Seminário LGBT Infantil", disse
Bolsonaro, após ter sido perguntado pela jornalista Renata Vasconcellos sobre suas
manifestações prévias de caráter homofóbico. "Estavam discutindo ali, comemorando
o lançamento de um material para combater a homofobia, que passou a ser conhecido
como kit gay. Entre esse material estava esse livro lá. Então, o pai que tenha filho na
sala agora, retira o filho da sala, para ele não ver isso aqui. Se bem que na biblioteca
das escolas públicas tem", emendou, para logo ser interrompido pelo âncora do JN
William Bonner, que o lembrou que não estava permitido mostrar qualquer material
gráfico durante a entrevista.
Bolsonaro deu a entender na sua declaração que o livro, de autoria do suíço Philippe
Chappuis (conhecido como Zep) e da francesa Hélène Bruller, formava parte do
projeto Escola sem Homofobia, que recebeu a alcunha de kit gay e que criou uma forte
polêmica no primeiro mandato da ex-presidenta Dilma Rousseff. Basicamente, tratavase de um kit de apoio para a formação de professores em temas relacionados aos
direitos LGBT, como o combate à violência e ao preconceito no ambiente escolar. A
pressão de grupos conservadores, no entanto, fez com que a então presidente vetasse
a proposta, e as peças de conscientização nunca saíram da gaveta. Logo no estreia da
administração Dilma, a bancada evangélica dava uma clara demonstração de força.
Acontece que o livro em questão nunca fez parte do projeto Escola sem Homofobia. E
mais: sequer foi adquirido ou fez parte de algum programa do Ministério de Educação.
"Ao contrário do que afirmou erroneamente o candidato à presidência em entrevista
ao Jornal Nacional na noite de 28 de agosto, ele [o livro] nunca foi comprado pelo
MEC, como tampouco fez parte de nenhum suposto kit gay", disse, em nota, a
Companhia das Letras, editora que lançou Aparelho sexual e cia em 2007. O MEC
confirmou a informação. O que há registrado é uma compra, por parte do Ministério
da Cultura em 2011, de apenas 28 exemplares da publicação para o programa Livro
Aberto. Os livros foram entregues a diferentes bibliotecas públicas do País. Segundo a
pasta da Cultura, nenhum foi distribuído para escolas.
Outro ponto da resposta de Bolsonaro contestado logo após o fim da entrevista foi a
menção a um suposto Seminário LGBT Infantil. Trata-se do Seminário Nacional LGBT,
realizado anualmente por comissões da Câmara que atuam na defesa dos direitos
dessas comunidades. De acordo com o deputado Jean Wyllys (PSOL), coordenador da
Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT, Bolsonaro está se referindo ao
encontro promovido em 2012. Naquele ano, a temática escolhida para o seminário foi
594
"Sexualidade, Papéis de Gênero e Educação na Infância e na Adolescência". Havia três
eixos naquele seminário: Subjetividades e papéis de gênero (É possível falar em uma
infância e adolescência gay?); Educação, sexualidade e gêneros (O que os papéis de
gênero têm a ver com a prática do bullying nas escolas?); e Infância, adolescência e
estado de direitos (Como estender as redes de proteção da infância e da adolescência
aos meninos e meninas que fogem dos papéis de gênero?). A assessoria de Wyllys
pontuou que não participaram crianças ao seminário, mas sim parlamentares,
acadêmicos que estudam o tema e membros da sociedade civil. Em 2018, exemplifica
Wyllys, a temática do seminário foi políticas para a população LGBT da terceira idade.
Companhia das Letras
@cialetras
O livro citado na entrevista do JN foi publicado pelo nosso selo jovem. Infelizmente está
fora de catálogo, mas nos orgulhamos da publicação
22:15 - 28 ago. 2018
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595
Reedição
Lançado pelo selo juvenil da Companhia das Letras, o livro mostrado por Bolsonaro
está esgotado. Na nota que lançou na tarde desta quarta, a editora disse que está em
contato com os donos dos direitos da obra para avaliar a possibilidade lançá-la
novamente no Brasil. A Companhia das Letras afirmou ainda que o texto original foi
traduzido para dez idiomas ao redor do mundo e vendeu mais de 1,5 milhão de cópias,
tendo sendo transformado em exposição que ficou em cartaz em Paris. O público alvo
da publicação é formado por adolescentes: no catálogo da editora, ela era sugerida
para alunos de 11 a 15 anos.
A Companhia das Letras defendeu enfaticamente o título. Segundo a empresa, a
publicação tem "sólida base pedagógica e rigor científico" ao abordar "todos os
aspectos da sexualidade". No comunicado, a editora diz que os autores conseguem
tratar de forma "leve" assuntos importantes como paixão, mudanças da puberdade,
contracepção, doenças sexualmente transmissíveis, pedofilia e incesto. "O livro conta
ainda com uma seção chamada 'Fique esperto', que alerta os adolescentes para
situações de abuso, explica o que é pedofilia — mostrando como tal ato é crime —, o
que é incesto e até fornece o contato do Disque-denúncia Nacional de Combate ao
Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes e da Secretaria Especial
dos Direitos Humanos'", explica a Companhia das Letras. "O conteúdo da obra nada
tem de pornográfico, uma vez que, formar e informar as crianças sobre sexualidade
com responsabilidade é, inclusive, preocupação manifestada pelo próprio Estado, por
meio de sua Secretaria de Cultura do Ministério da Educação que criou, dentre os
Parâmetros Curriculares Nacionais, um específico à 'Orientação Sexual' para crianças,
jovens e adolescentes", conclui a editora.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/29/politica/1535564207_054097.html
LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL ALVO DE BOATO FOI COMPRADO PELO MINC.
DEPUTADO BOLSONARO ACUSOU DISTRIBUIÇÃO PARA ESCOLAS; MEC NEGOU.
MINISTÉRIO DA CULTURA DIZ TER COMPRADO UNIDADES PARA BIBLIOTECAS
PÚBLICAS
G1 Globo, 21 de janeiro de 2016
O livro "Aparelho Sexual e Cia - Um guia inusitado para crianças descoladas" teve
exemplares comprados pelo Ministério da Cultura (MinC) e foi destinados para
bibliotecas públicas. A compra ocorreu em 2011.
596
De acordo com a pasta, 28 exemplares foram adquiridos dentro do Programa Livro
Aberto, que não tem relação com bibliotecas escolares.
O Ministério da Educação, em nota, já havia informado não ter qualquer relação com o
título. Segundo um vídeo que circula nas redes sociais desde o início de janeiro, o MEC
teria distribuído a obra em escolas.
De acordo com o MEC, a acusação não procede: o livro não consta nos programas do
governo de distribuição de materias didáticos. Por sua vez, o Ministério da Cultura
também afirma que a compra teve como foco bibliotecas de uso geral. Lançado em
2004, o programa tinha como meta zerar o número de cidades sem bibliotecas.
Um dos vídeos compartilhados nas redes mostra um discurso do deputado Jair
Bolsonaro (PP-RJ). Nas imagens, ele afirma que a obra é uma "coletânea de absurdos
que estimula precocemente as crianças a se interessarem por sexo. É uma porta aberta
para a pedofilia". Ele cita também políticos do Partido dos Trabalhadores (PT). "É o
livro do PT, livro do Lula e da Dilma Rousseff."
Bolsonaro diz, na filmagem, que o governo teria comprado milhares de unidades do
livro e as distribuído em escolas públicas. "É uma grana para os companheiros e fica
pervertendo seu filho na sala de aula. Para que o filho de pobre, na escola pública, não
aprenda nada e seja apenas um beneficiário do Bolsa Família."
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Reprodução do Facebook mostra páginas do livro "Aparelho Sexual e Cia - Um guia
inusitado para crianças descoladas". (Foto: Reprodução/Facebook)
O mesmo boato já havia circulado, de acordo com o MEC, em 2013, quando foi
necessário explicar que não havia recomendação do ministério sobre o livro, tampouco
ele constaria no Programa Nacional do Livro Didático e no Programa Nacional
Biblioteca da Escola.
"Aparelho Sexual e Cia - Um guia inusitado para crianças descoladas" foi escrito por
Zep, pseudônimo do autor suíço Phillipe Chappuis, e publicado em mais de 10 idiomas,
com 1,5 milhão de exemplares vendidos no mundo. No Brasil, ele foi lançado em 2007
pela editora Companhia das Letras.
Post de um internauta divulga vídeo gravado por Bolsonaro. Na filmagem, o deputado
acusa o MEC de distribuir o livro às escolas públicas. (Foto: Reprodução/Facebook)
http://g1.globo.com/educacao/noticia/2016/01/livro-de-educacao-sexual-alvo-deboato-foi-comprado-pelo-minc.html
LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO
MEC
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Uol, 30 de agosto de 2018
Ao longo desta quarta-feira (29), uma série de postagens circulou nas redes sociais
relacionando o livro “Aparelho sexual e Cia.” ao que ficou conhecido pejorativamente
como “kit gay”, mas que são conteúdos de combate à homofobia para serem
divulgados nas escolas públicas brasileiras. O livro, porém, nunca fez parte de nenhum
kit nem foi comprado pelo MEC (Ministério da Educação) para ser distribuído nas
escolas públicas.
A relação foi impulsionada pela entrevista do candidato à Presidência Jair Bolsonaro
concedida ao Jornal Nacional na noite de terça-feira (28).
O livro apresentado pelo presidenciável na televisão e nas redes sociais é a tradução
do livro francês “Aparelho sexual e Cia.”, lançado no Brasil em 2007 pelo selo juvenil
da editora Companhia das Letras. A obra utiliza o conhecido protagonista da série em
quadrinhos “Titeuf”, de origem suíça, e seu conteúdo está destinado à orientação
sexual para crianças e adolescentes.
A informação de que o livro da escritora francesa Hélène Bruller seria distribuído em
escolas públicas começou a ser difundida por Bolsonaro no dia 10 de janeiro de 2016
através de um vídeo que publicou no Facebook. Dois dias depois, o Ministério da
Educação emitiu um comunicado em que afirma que “não produziu e nem adquiriu ou
distribuiu o livro ‘Aparelho Sexual e Cia’”. A instituição também declarou que “não há
qualquer vinculação entre o ministério e o livro, já que a obra tampouco consta nos
programas de distribuição de materiais didáticos levados a cabo pela pasta”.
A assessoria de imprensa da Companhia das Letras confirmou que o interior de um
exemplar mostrado por Bolsonaro no mesmo dia da entrevista, em uma publicação no
Facebook, realmente faz parte do livro.
De acordo com a assessoria de imprensa da editora, o livro “nunca foi comprado pelo
MEC, como tampouco fez parte de nenhum suposto ‘kit gay’. O Ministério da Cultura
comprou 28 exemplares em 2011, destinados a bibliotecas públicas”.
A Companhia das Letras também afirmou que o livro “conta ainda com uma seção
chamada ‘Fique esperto’, que alerta os adolescentes para situações de abuso, explica o
que é pedofilia — mostrando como tal ato é crime —, o que é incesto e até fornece o
contato do Disque-denúncia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual
contra Crianças e Adolescentes e da Secretaria Especial dos Direitos Humanos”.
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A obra foi publicada em dez línguas e vendeu mais de 1,5 milhões de exemplares, foi
transformada em uma exposição apresentada por duas vezes na Cité des Sciences et
de l’Industrie em Paris.
O MBL (Movimento Brasil Livre) publicou no Twitter a falsa informação de que o
candidato pelo PSL expôs o “Kit Gay” na entrevista organizada pela “Rede Globo”.
Outros usuários disseminaram a informação de que crianças recebem a obra nas
escolas.
Em 2016, a revista “Nova Escola” publicou um desmentido sobre a falsa informação a
respeito do livro ( https://novaescola.org.br/conteudo/9937/ainda-tem-duvidas-sobreo-caso-bolsonaro-nova-escola-esclarece ).
As postagens enganosas foram verificadas agora pela “Nova Escola”, pela “AFP” e pelo
jornal “O Povo”, além do UOL, todos integrantes do Projeto Comprova.
O Comprova é um projeto integrado por 24 empresas brasileiras de mídia que investiga
e explica rumores, conteúdo forjado e táticas de manipulação associadas às eleições
presidenciais do Brasil. Envie sua pergunta ou denúncia de boato falso pelo WhatsApp
11 97795
https://noticias.uol.com.br/comprova/ultimas-noticias/2018/08/30/livro-exibido-porbolsonaro-no-jornal-nacional-nao-foi-comprado-pelo-mec.htm
ERROS E ACERTOS DE JAIR BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL E NO JORNAL DAS 10
Chico Marés, Clara Becker, Leandro Resende, Nathália Afonso e Plínio Lopes, Revista
Piauí Lupa/Uol, 28 de agosto de 2018
https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2018/08/28/jair-bolsonaro-tv-globo/
AUTORA DE LIVRO CRITICADO POR BOLSONARO REBATE: “NO FUNDO, ELE QUERIA TER
GANHADO UM"
Diego Assis, Uol, 30 de agosto de 2018
600
Nos últimos dois dias, um livro infantojuvenil fora de catálogo e pouco conhecido por
aqui ganhou os holofotes - e as buscas no Google - depois que o deputado e candidato
à presidência da República Jair Bolsonaro levou um exemplar à bancada do "Jornal
Nacional", onde estava sendo entrevistado por William Bonner e Renata Vasconcellos.
Para o candidato, "Aparelho Sexual e Cia.", escrito pela francesa Hélène Bruller e
ilustrado por Zep, "estimula precocemente as crianças para o sexo" e "escancara as
portas da pedofilia".
Bolsonaro afirma que o livro, lançado no Brasil em 2007, foi comprado pelo governo
do PT na época e incluído na lista de títulos distribuídos a escolas e bibliotecas
públicas. Em nota, a editora Companhia das Letras, que publicou a obra aqui, admite
que a ofereceu como indicação para alunos do 6º ao 9º ano (de 11 a 15 anos), mas que
o título nunca foi "comprado pelo MEC, como tampouco fez parte de nenhum suposto
'kit gay'. "O Ministério da Cultura comprou 28 exemplares em 2011, destinados a
bibliotecas públicas", continua o comunicado.
O imbróglio todo não é novidade para Hélène Bruller. Autora de 13 livros, publicados
por grandes editoras na França, como Albin Michel, Delcourt e Glenát - que publicou
originalmente "Aparelho Sexual" -, Bruller revela, em entrevista ao UOL, que recebe
críticas pela obra há "pelo menos 18 anos". Ciente dos ataques recentes de Bolsonaro,
a autora diz que prefere acreditar que seus "detratores" sabem que "ao falarem mal
de um livro, estão fazendo propaganda dele".
"Querem banir, mas inconscientemente, eles querem promover. Acho que, lá no
fundo, tem um garotinho, um pequeno Jair, que teria adorado ganhar de presente de
seus pais [um exemplar do livro] 'Aparelho Sexual e Cia.', em vez de ouvi-los gritar com
ele, a face distorcida de raiva e baba nos lábios: 'Jair! Se você se masturbar, irá para o
inferno!'", provoca.
Leia a seguir, trechos da entrevista feita por e-mail com Bruller nesta quinta-feira (30).
UOL - Você está a par do que está acontecendo no Brasil, envolvendo seu livro?
Hélène Bruller - Obviamente! Desde esta manhã, estou recebendo muitos pedidos de
entrevistas de jornalistas. Fico positivamente surpresa com essa reação.
"Aparelho Sexual e Cia" foi lançado originalmente em 2001. Você enfrentou críticas
semelhantes na França ou em outros países onde o livro tenha sido publicado?
O livro foi banido por pelo menos 18 anos em Valais, um reduto católico na Suíça.
Claro, essa medida teve o efeito imediato de fazer com que todos os jovens com
601
menos de 18 anos corressem às livrarias dos povoados vizinhos. Eu deveria
provavelmente agradecer a Valais pela promoção não intencional do meu trabalho.
Também devo expressar minha gratidão aos extremistas religiosos que, por duas
vezes, tentaram censurar exposições [baseadas no livro] de "Aparelho Sexual" na
Cidade das Ciências [em Paris] -- essa técnica de marketing muito eficiente conseguiu
dobrar o número de público nas exposições.
Claro, estou brincando, não tenho intenção de agradecer essas pessoas que
representam o obscurantismo promovido pelo Sr. Bolsonaro em seu lindo país. Mas
ainda assim estou surpresa, porque penso que esses detratores, e o Sr. Bolsonaro é um
deles, não deixam de saber que ao falarem mal de um livro, eles estão fazendo
propaganda dele.
Eles sabem disso, pode acreditar. Querem banir, mas inconscientemente, eles querem
promover. Acho que, lá no fundo, tem um garotinho, um pequeno Jair, que teria
adorado ganhar de presente de seus pais [um exemplar do livro] "Aparelho Sexual e
Cia.", em vez de ouvi-los gritar com ele, a face distorcida de raiva e baba nos lábios:
"Jair! Se você se masturbar, irá para o inferno!"
Qual foi sua intenção quando decidiu criar esse livro com [o desenhista suíço, e exmarido] Zep?
Esse é o livro que eu queria ter lido quando era pequena. Não faltam respostas no
mundo sobre sexualidade e, infelizmente, com a internet e o acesso livre a informação,
as crianças têm acesso a pornografia. Esse livro tenta contar [a essas crianças] que a
sexualidade que elas vão descobrir algum dia pode ser linda e saudável, o oposto da
pornografia; que ela está intimamente ligada ao amor, e que amar o próximo é o
caminho para o despertar da sexualidade; que amar o outro deve começar com amar a
si mesmo, respeitar a si mesmo, para então ser respeitado.
Penso que dizer às crianças que o interesse delas em assuntos sexuais é uma
curiosidade saudável, responder perguntas que às vezes as assustam como "como se
beija?", por exemplo, não significa lançá-las para a sexualidade mais cedo. Ao
contrário, vai acalmar sua curiosidade.
Que público você tinha em mente quando decidiu escrever o livro?
Todas as crianças, sem idade. Penso que determinar um limite de idade para um livro
como esse é perigoso. Acho que é responsabilidade dos pais decidir o que dão para
suas crianças. Existem crianças de 11 anos que ainda não estão prontas para fazer
602
questionamentos sobre sexualidade, para quem esse assunto ainda não desperta
interesse. Mas há outras, de 8 anos, que estão pressionando seus pais por respostas.
Cada criança é diferente e eu acredito que as pessoas que as conhecem melhor são
seus pais. Meu sonho é que não exista limite de idade impresso nos livros e que os
vendedores se acostumem a dizer: "Folheie o livro, leia alguns trechos e veja se o seu
filho tem a maturidade para consultá-lo".
Que abordagem você escolheu no livro para tratar de assuntos como sexualidade,
doenças venéreas e abusos sexuais contra crianças?
Tive uma única regra: a sinceridade. Eu penso que você pode dizer a verdade para uma
criança, mas você não pode dizer tudo. Penso que se alguém tem uma percepção
serena da sexualidade, ele vai encontrar as palavras certas [para falar disso] sem
sofrer. As partes a censurar vão aparecer por si só.
Quanto à linguagem [usada no livro], sempre percebi que para assuntos delicados
como esse, você precisa aprender a ser claro, a sacrificar o orgulho de autor, o seu
estilo literário. Se leio [nas críticas nos jornais] que eu escrevo errado, o que quero é
que a criança que leia encontre as respostas imediatamente.
Quem deve decidir o que pode ou não ser falado para as crianças sobre sexualidade?
Os pais? O estado? Os artistas?
Creio que a gente deva deixar que os pais façam seu trabalho como educadores. Sim,
há lugares em que o assunto de sexualidade é tabu, há lares em que a comunicação é
mais solta, e isso torna o nosso mundo um espaço de diferenças culturais mais bonito.
Acredito que, em primeiro lugar, a gente deva parar de confundir "sexualidade" com
"falar sobre sexualidade". Falar sobre sexualidade é apenas informar, confortar para
mais tarde, para o dia em que essas crianças terão se tornado adultas e estarão
prontas para viver sua sexualidade.
Pessoas como Jair Bolsonaro querem controlar através da ignorância. A história da
humanidade nos mostra que isso não é bom.
Você tem filhos? Como você lida com essas questões em casa? Eles leem os seus
livros?
Tenho dois filhos que, hoje, são adolescentes. Eles são livres, sempre foram, para fazer
as perguntas que quiserem. E eu sempre respondo. Resultado? Eles não são precoces
603
com relação ao sexo. Sinto que eles querem dar o seu tempo, esperar para que seja
bonito, para que seja com a pessoa certa. Por quê? Porque eles sabem do que a gente
está falando!
Quando a gente não sabe alguma coisa, por um momento, para saber mais, a gente
sente a tentação de ir atrás! E é aí que eu acho que a gente se leva a situações
desoladoras, como jovens meninas fazendo sexo cedo demais, com jovens que elas
não gostam, por inocência, ignorância, tudo misturado a desejos para receber
respostas.
Esconder algo das pessoas para protegê-las produz o efeito oposto. Informe-o, dê a ele
elementos para aprender a se proteger por conta própria. E todo mundo sabe disso
hoje. Eu acho que querer manter as crianças numa ignorância medieval sobre
sexualidade é uma maneira de retomar o controle sobre as mulheres. Mas as mulheres
do mundo de hoje não vão retroceder. Elas estão aí para ficar, ainda bem.
Você citaria outros exemplos de livros ou personagens infantis que tratam da
sexualidade de maneira positiva? Usou algum como referência?
Não. Nenhum trabalho. Nunca tive interesse em livros dos outros sobre esse assunto
porque sempre os achei entediantes e hipócritas. Ensinar crianças de 10 anos os
nomes dos hormônios reprodutivos, sobre os diferentes estágios de desenvolvimento
fetal, sobre o nascimento de uma criança, sem nunca ter explicado como isso pode
acontecer de verdade com elas? Fala sério!
Pretende processar Bolsonaro pelas afirmações que ele faz sobre seu livro?
Não. Acredito que ele já seja perseguido por seus próprios demônios.
https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2018/08/30/autora-de-livrocriticado-por-bolsonaro-rebate-no-fundo-ele-queria-ter-ganhado-um.htm
“BOLSONARO INCONSCIENTEMENTE QUERIA DIVULGAR MEU LIVRO SOBRE EDUCAÇÃO
SEXUAL”, DIZ ESCRITORA. AUTORA DE “APARELHO SEXUAL E CIA” CRITICA O
PRESIDENCIÁVEL APÓS PROPAGADA NEGATIVA SOBRE SUA OBRA. "EU ACHO QUE
SUAS OBSESSÕES DIZEM MUITO SOBRE O QUE ELE PRÓPRIO TEM NA CABEÇA",
ARGUMENTA
Ricardo Della Coletta e Sara González, El País, 31 de agosto de 2018
604
A escritora francesa Hélène Bruller não sabia que o seu livro Aparelho Sexual e Cia. (Le
Guide du Zizi Sexuel, no original em francês) havia se tornado alvo no Brasil de uma
verdadeira cruzada promovida por Jair Bolsonaro, candidato à presidência da
República pelo PSL. Mas não se pode dizer que ela, que assina obra junto com o suíço
Philippe Chappuis (conhecido como Zep), tenha ficado propriamente surpresa:
“Grupos extremistas católicos já tentaram proibir o livro e a exposição que foi feita a
partir dele. Como sempre, aumentaram o sucesso da obra. Talvez eu devesse
agradecê-los... Mas aí já é me pedir demais”, ironiza a autora, em uma entrevista por
e-mail com o EL PAÍS. Se os ataques de Bolsonaro à obra são uma espécie de reedição
de algo que Bruller já viveu, a afiada ironia que ela usa para se referir às críticas de
outros tempos tampouco muda quando ela é questionada sobre as declarações do
capitão reformado do Exército brasileiro: “Eu acho que lá no fundo do Bolsonaro existe
um pequeno garoto, o petit Jair, que teria adorado se, na sua infância, lhe tivessem
dado de presente um exemplar do Aparelho Sexual e Cia", diz.
O livro de Bruller foi publicado pela primeira vez em 2001 e lançado no Brasil seis anos
depois, pela Companhia das Letras. A obra está esgotada na editora brasileira e, por
aqui, poucas pessoas sequer sabiam da sua existência. Isso até a noite da última terçafeira, quando Bolsonaro mostrou o livro durante a tradicional rodada de entrevistas
que os presidenciáveis dão ao Jornal Nacional. Ele sugeriu na ocasião que a publicação
era parte do chamado kit gay— nome pejorativo dado ao Escola sem Homofobia,
projeto de formação de professores para temas referentes a direitos LGBT. No horário
mais nobre da televisão, Bolsonaro não se preocupou em dar dois esclarecimentos aos
espectadores: o kit gay foi barrado pelo Governo Dilma Rousseff em 2011, sem nunca
ter saído do papel; e o livro Aparelho Sexual e Cia. não fez parte do material produzido
para o Escola sem Homofobia. Tem mais: o livro jamais figurou em algum programa do
Ministério da Educação e apenas 28 exemplares foram comprados por um programa
do Ministério da Cultura e distribuídos para bibliotecas públicas, nenhuma delas em
escola.
Na manhã desta quinta-feira, Bolsonaro voltou à carga, desta vez afirmando que o livro
“estimula precocemente as crianças para o sexo” e “escancara as portas da pedofilia”.
Com a palavra, Hélène Bruller.
Pergunta. Você sabia que o seu livro, Aparelho Sexual e Cia., estava sendo criticado
por um candidato à presidência no Brasil?
Reposta. Acabo de descobrir e me surpreendeu muito. O senhor Bolsonaro sabe muito
bem que, ao dizer coisas ruins sobre o meu livro, ele aumenta consideravelmente as
vendas. Então eu me pergunto: será que o senhor Bolsonaro quer divulgar o meu
605
livro? Inconscientemente, eu até acho que sim. Eu acho que lá no fundo do Bolsonaro
existe um pequeno garoto, o petit Jair, que teria adorado que, na sua infância, lhe
tivessem dado de presente um exemplar do Aparelho Sexual e Cia ao invés de ficarem,
com caras transtornadas, berrando e dizendo para ele: “Petit Jair, você vai para o
inferno se se masturbar”.
P. O livro já foi alvo de críticas pela sua temática, seja na França ou em algum outro
país?
R. Grupos extremistas católicos já tentaram proibir o livro e a exposição que foi feita a
partir dele. Como sempre, aumentaram o sucesso da obra. Talvez eu devesse
agradecê-los... Mas aí já é me pedir demais.
[A exposição à qual Bruller se refere, segundo uma nota enviada ontem pela
Companhia das Letras, ficou em cartaz duas vezes na Cité des Sciences et de
l’Industrie, em Paris, e viajou por sete anos por diferentes países europeus+
P. A Companhia das Letras, editora que lançou o seu livro no Brasil, disse que sugeria
o livro para crianças que tinham entre 11 e 15 anos de idade...
R. Eu acho que a faixa etária não é um bom parâmetro. Há crianças de 12 anos que não
têm a maturidade necessária para entender respostas sobre a sexualidade; enquanto
que há crianças de oito anos que já pedem por essas respostas. Eu acho que é o papel
dos pais olhar e folhear os livros para julgar se os seus filhos têm a maturidade
necessária para lê-los.
P. Por que você quis fazer que tratasse de sexualidade para as crianças?
R. Quis fazer o livro que eu sonhava ter quando era uma criança. Não me importava
nada as informações sobre sexualidade que, durante a minha infância, me chegavam
nos livros: o nome dos hormônios, como se parece um feto na quarta semana de
gravidez; ou mesmo as imagens de um parto. Aquilo tudo era sério? Eu tinha 12 anos!
Naquele idade eu não tinha nenhuma vontade de parir. O que me preocupava de
verdade era saber o que eu deveria fazer se um dia um menino me beijasse. Então eu
decidi responder essas perguntas no livro para que outras crianças pudessem se
tranquilizar.
P. Como você definiria o seu livro?
R. É um livro sobre o medo. Sobre o medo de virar adulto, o medo de viver a sua
sexualidade — algo que muitas vezes os extremistas apresentam às crianças como algo
606
sujo. A questão do livro não é dizer às crianças que a sexualidade é algo que diz
respeito a elas hoje, mas sim dizer-lhes que a sexualidade será parte da sua vida
adulta; e que assimilá-la de forma serena é a melhor maneira de vivê-la como algo
saudável.
P. Na sua opinião, quais as consequências de simplesmente não tratar sobre
sexualidade com crianças e adolescentes?
R. Eu acho que é preciso informar muito bem às crianças que peçam informação sobre
sexualidade porque uma pessoa bem informada saberá se proteger, enquanto que
alguém que vive na ignorância se torna uma presa fácil. Todo mundo sabe disso. Eu
acho que é essa justamente a técnica dos extremistas — e dos pedófilos também: usar
a ignorância para melhor controlar as pessoas.
P. Você disse na resposta anterior que a sexualidade não pode ser vista como algo
sujo.
R. Considerar a sexualidade como uma coisa suja já é um verdadeiro problema em si.
Por outro lado, se a sexualidade é percebida como algo bonito e saudável, por que não
falar sobre ela com as crianças? E, além do mais, é preciso deixar de confundir “viver a
sexualidade” com “falar de sexualidade”. É evidente que informar, trazer respostas,
tranquiliza. E com isso você ajuda o jovem a decidir o melhor momento para viver, ele
mesmo, a sua própria sexualidade.
E mais uma coisa: se ignoramos tudo, como podemos saber a diferença entre
sexualidade e pornografia? Esse senhor, o Bolsonaro, nunca falou com mulheres sobre
a experiência da sexualidade. Porque, do contrário, ele saberia que muitas jovens que
foram casadas com homens sem ter qualquer informação sobre a sexualidade
lamentaram essa união. Algumas se casaram com homens torpes , nunca conheceram
o prazer ou sequer souberam que ele existe! Outras deixavam seus maridos realizarem
certas práticas, como a sodomia, sem que elas necessariamente as desejassem. Tudo
isso porque essas mulheres não sabiam que tinham o direito de dizer “não”. É essa a
vida que o senhor Bolsonaro promete às jovens mulheres brasileiras? Socorro.
P. O que você achou das acusações feitas por Bolsonaro de que o seu livro
estimulava de forma precoce a sexualidade de crianças?
R. O senhor Bolsonaro pode dizer o que bem quiser sobre o meu livro. Com isso ele
não consegue mudar o conteúdo da obra e eu acho que os brasileiros são
suficientemente inteligentes para formarem eles mesmos suas opiniões sobre o livro.
Há, no entanto, algumas particularidades muito claras da personalidade do senhor
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Bolsonaro: ele denigre o meu trabalho, então é uma pessoa sem qualquer respeito; e
se sente no direito de usar o meu livro para sua autopromoção sem me consultar
antes, então é uma pessoa desonesta. Não são as características que esperamos de um
suposto representante da moralidade.
Agora o mais importante é a perversidade subjacente desse senhor: ele grita para
quem quer ouvir que não temos que falar muito sobre a sexualidade, mas ele só fala
disso. Eu acho que as obsessões do senhor Bolsonaro dizem muito sobre o que ele
próprio tem na cabeça.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/31/politica/1535670243_981377.html
O QUE HÁ DE TÃO ASSOMBROSO NO LIVRO QUE BOLSONARO NÃO PÔDE MOSTRAR
NO JN?
Rodrigo Casarin, Blog Página Cinco/Uol, 29 de agosto de 2018
Em um dos momentos mais tensos da entrevista de Jair Bolsonaro no Jornal Nacional
de ontem, o candidato à presidência tentou mostrar um livro para as câmeras da
Globo, mas foi prontamente repreendido pelos apresentadores – pelas regras, os
entrevistados não podem apresentar qualquer tipo de material ou documento.
Bolsonaro dizia se tratar de uma obra que seria distribuída pelo MEC junto com o "kit
gay" em escolas de todo o Brasil e que descobriu isso por conta do "9º Seminário LGBT
Infantil" que teria acontecido no Congresso.
Pois bem, como a Agência Lupa apontou, nunca existiu um encontro do tipo. Além
disso, a polêmica ao redor do livro é antiga, tanto que o próprio MEC divulgou uma
nota em 2016 afirmando que nunca produziu, adquiriu ou distribuiu o título em
questão, que jamais constou em seus programas de materiais didáticos. Posição
semelhante já havia sido tomada pela pasta em 2013, o que comprova como essa
ladainha vem se arrastando por bastante tempo.
Mas, afinal, que livro é esse e o que ele tem de tão assombroso aos olhos de Jair
Bolsonaro? Trata-se de "Aparelho Sexual e Cia – Um Guia Inusitado Para Crianças
Descoladas", de Zep, pseudônimo da francesa Hélene Bruller, publicado no Brasil pela
Companhia das Letras em 2007. O título já saiu em pelo menos 10 idiomas e vendeu
mais de um milhão e meio de exemplares pelo mundo. Nele, a autora, apoiada em um
personagem de histórias em quadrinhos bem famoso na Europa, explica de forma
humorada e didática algumas questões que passam pela cabeça de qualquer pré-
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adolescente: como é beijar? O que é masturbação? Como acontece o sexo? Como as
mulheres engravidam?
Pela inovação que trouxe ao tema, o livro virou até exposição em Paris. Bolsonaro, no
entanto, deixa claro nas redes quais são os trechos que mais lhe incomodaram. São
aqueles que falam especificamente sobre o ato sexual– quanto tempo dura? Qual
posição ficar? O que sentimos? – e uma página lúdica na qual o leitor é incentivado a
inserir o dedo no buraco para simular um pênis ereto. Me parece de fato uma maneira
válida de se falar sobre sexo para quem não entende do tema – um assunto que
muitos pais têm dificuldade em abordar com os filhos -, mas entendo se alguém achar
uma solução de mau gosto.
Em todo caso, há uma distância imensa entre achar de mau gosto e constituir uma
cruzada contra a obra, ainda mais sustentada pelo falso argumento de que ela estaria
sendo adotada pelo governo. Se o título se mantém na esfera privada, que cada pai
compre-o ou não para seus rebentos – o que, evidentemente, não invalida a
necessidade de discutirmos de maneira séria como o poder público deveria atuar na
educação sexual das crianças. Sobre o assunto, o candidato à presidência também
falou que gostariam de desconstruir a heteronormatividade. Ora, isso significa ensinar
a todos, desde cedo, que qualquer forma de amor é válida e deve ser respeitada, não
apenas entre homens e mulheres – que problema há nisso?
Após a entrevista na Globo a Companhia das Letras se posicionou sobre a menção ao
título no seu Twitter: "O livro citado na entrevista do JN foi publicado pelo nosso selo
jovem. Infelizmente está fora de catálogo, mas nos orgulhamos da publicação". E a
obra não está apenas esgotada, mas supervalorizada em sebos, onde é encontrada por
preços que variam de R$109 a R$230. Pelo visto, Bolsonaro se tornou um grande
divulgador e valorizador do trabalho de Zep.
https://paginacinco.blogosfera.uol.com.br/2018/08/29/o-que-ha-de-tao-assombrosono-livro-que-bolsonaro-nao-pode-mostrar-no-jn/
CAMPANHA DE JAIR BOLSONARO É MARCADA POR INTRIGAS E IMPROVISO. SEM
TESOUREIRO OU MARQUETEIRO, ESTRUTURA TEM POUCA COESÃO E MUITA
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA DO CANDIDATO
Igor Gielow, Folha/Uol, 02 de setembro de 2018
"Isso aqui tem tudo para dar errado. Talvez por isso esteja dando certo até aqui.”
609
A frase, do candidato ao Senado Major Olímpio (PSLSP), resume talvez à perfeição a
mais inusual campanha política majoritária da história: a de Jair Bolsonaro a
presidente.
Totalmente descentralizada, sem tesoureiro ou marqueteiro formais, a estrutura do
presidenciável do PSL está coalhada de intrigas, desavenças e instâncias concorrentes
de decisão. Uma confusão, como define com termo menos publicável outro membro
de destaque da trupe, que pede para não se identificar.
Ao fim, quem tem a palavra definitiva da campanha é Bolsonaro, que percorre há mais
de dois anos o país e as redes sociais instilando sua mensagem, com sucesso revertido
no primeiro lugar das campanhas sem Lula (22% no mais recente Datafolha).
“O zero-um é quem decide”, diz Olímpio, presidente estadual do PSL paulista, usando a
sigla policialesca para o chefe de uma unidade militar. Os zeros seguintes na estrutura
são os filhos de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo (PSL-SP), o vereador carioca
Carlos (PSL) e o deputado estadual Flávio (PSL-RJ).
Eduardo e Flávio são estrategistas políticos e transmitem as ordens do pai. Não sem
ruídos, já que o presidenciável costuma discordar deles.
Só silencia quando o outro filho, Carlos, fala grosso.
Chefe da estratégia digital vitoriosa até aqui do pai, ele é a mão forte invisível da
empreitada ao Planalto. A mulher de Bolsonaro, Michelle, divide com ele o papel de
“firewall”: controla quem tem acesso ao recesso do lar do presidenciável no Rio de
Janeiro.
Ela veta a presença de políticos na casa da família, num condomínio de luxo na Barra
(Rio). Na terça passada (28), por exemplo, Bolsonaro preparou-se para a entrevista no
Jornal Nacional da Rede Globo na casa de Carlos, que mora no mesmo condomínio.
Ainda assim, para irritação de muitos aliados do polêmico candidato, o acesso a
Bolsonaro tem barreiras adicionais.
A primeira, fora do quartel-general familiar, é o núcleo partidário. Gustavo Bebianno, o
advogado de Bolsonaro no processo em que ele é réu por ter dito que não estupraria a
petista Maria do Rosário, virou presidente interino do PSL por ordem do presidenciável
e assumiu o papel de cão de guarda dele.
610
Na tarde da entrevista da Globo, ele vetou a presença de aliados na casa de Carlos. A
Folha procurou o candidato, mas não obteve resposta.
“Não é uma campanha comum”, admite Letícia Catel, secretária-geral do PSL em São
Paulo. Amiga de um curso de pós-graduação de Eduardo e, como ele, praticante de
tiro, ela emergiu como eminência parda no entorno do candidato.
“Falo diretamente com o Jair, mas é tudo de forma orgânica. Ajudo a coordenar a
campanha em São Paulo”, afirma. A agenda de Bolsonaro, por sua vez, é tocada pela
mulher de Bebianno, Renata —com supervisão de Michelle.
Letícia negociou em nome do candidato participações em debate e protagonizou um
bate-boca de rede social com uma jornalista, mas nega ser uma assessora. “Não existe
ninguém que possa dizer que assessora o candidato. Nada é oficial, eu não ganho um
centavo”, afirma.
Olímpio e Luiz Antonio Nabhan Garcia, o presidente da UDR (União Democrática
Ruralista) e um dos principais conselheiros de Bolsonaro, a desautorizam. “Ela não fala
pelo partido, não é minha escolha no PSL-SP. Se falar, passa por cima de mim”, diz o
candidato a senador. “Infelizmente, isso acontece em campanhas. Mas ela não é da
coordenação”, afirma o ruralista.
Ambos, contudo, elogiam Bebianno, que esteve em conflito no mês passado com o QG
da família pela questão da participação ou não em debates. Houve uma pressão,
coordenada por aliados mais moderados do grupo, para que o general da reserva
Augusto Heleno assumisse a coordenação da campanha.
Bolsonaro manteve Bebianno, negou publicamente a crise, e seus filhos ordenaram o
fim da querela. As críticas acabaram focadas em Julian Lemos, vice nacional do PSL,
que estava “muito aparecido”, como diz um integrante do núcleo empresarial da
campanha. Com efeito, Lemos se retirou para sua campanha a deputado pelo PSL-PB.
Ele e Bebianno não concederam entrevistas.
Essa facção do empresariado acompanha a escalada de Bolsonaro há tempos. Seus
dois primeiros apoiadores explícitos foram Fábio Wajngarten e Meyer Nigri, expoentes
na comunidade judaica paulistana. O primeiro tem uma empresa de análise de mídia e
auxilia nos contatos do presidenciável na área, além de ajudar na sua comunicação.
611
QG
Jair Bolsonaro
Candidato
Eduardo Bolsonaro
Filho deputado federal, candidato à reeleição pelo PSL-SP e estrategista político
Carlos Bolsonaro
Filho vereador (Rio), estrategista de mídia
digital, o durão da família
Flávio Bolsonaro
612
Filho deputado estadual, candidato a senador pelo PSL-RJ, estrategista
Michelle Bolsonaro
Mulher e "firewall" da família
Núcleo voluntário
Letícia Catel
Amiga de Eduardo e assessora
Abraham e Arthur Weintraub
Irmãos e professores, dão palpites econômicos no programa de governo
Victor Metta
Advogado, apoiador antigo de Bolsonaro, é o tesoureiro do PSL-SP
Núcleo empresarial
Fábio Wajngarten
Especialista em mídia e ajuda na comunicação
Meyer Nigri
Dono da construtora Tecnisa
Sebastião Bomfim
Dono da rede Centauro
Luciano Hang e Mário Gazin
Donos de redes fortes de varejo (Havan e Gazin), dão apoio
Núcleo agro
Nabhan Garcia
Presidente da UDR, conselheiro político
Frederico D´Ávila
Ex-assessor de Alckmin e consultor para o setor, candidato a estadual pelo PSL
Núcleo militar
General Augusto Heleno
Principal conselheiro fora da família, insatisfeito
com os rumos da campanha
General Ribeira Souto
Ajuda na discussão do programa de governo
General Hamilton Mourão
613
Vice (PRTB) e apologista da ditadura, está isolado
Major Olímpio
Presidente do PSL-SP e candidato a senador, tem como missão combater Alckmin
Núcleo evangélico
Magno Malta
Candidato à reeleição no Senado pelo PR-ES, é consultor
Silas Malafaia
Líder da Assembleia de Deus, casou Michelle e Bolsonaro
Núcleo partidário
Gustavo Bebianno
Advogado de Bolsonaro, virou presidente do PSL e é candidato a deputado pelo
RJ
Renata Bebianno
Mulher de Gustavo, coordena a agenda de Bolsonaro
Levy Fidelix
Presidente do aliado PRTB, forneceu o vice e busca espaço
Julian Lemos
Vice nacional do PSL, candidato a federal pela PB
Rodrigo Tavares
Genro de Fidelix, candidato a governador pelo PRTB em SP
Paulo Guedes
Economista e sua equipe trabalham sozinhos
Radicais livres
Joice Hasselmann
Jornalista colou na campanha, é candidata a federal pelo PSL-SP
Janaina Paschoal
Wajngarten reconhece dispersão na campanha. “Se você busca um objetivo, o
planejamento é imprescindível”, afirma. Já Nigri está recluso desde que surgiu como
apoiador de Bolsonaro: dono da construtora Tecnisa, ele foi fustigado por pares mais
alinhados com o PSDB.
614
Outros empresários, a partir de um café da manhã de 62 deles com Bolsonaro em 10
de agosto na casa de Wajngarten, saíram do armário. “Nunca saí de um encontro com
político sem que me pedissem dinheiro”, disse Sebastião Bomfim, dono da rede
Centauro. Gente de varejo, como Luciano Hang (lojas Havan) e Mário Gazin, do grupo
homônimo, declararam voto a Bolsonaro.
“Não temos dinheiro. Sou tesoureiro estadual do PSL em São Paulo, mas na prática
faço de tudo”, afirma Victor Metta, um advogado que fazia parte de um grupo de
entusiastas de direita com Letícia Catel e outros, que hoje são voluntários da
campanha.
Metta diz que não tem tem nem o que declarar ao TSE por ora. A candidatura recebeu
R$ 9,2 milhões do fundo criado para as eleições, mas ninguém sabe como o dinheiro
será repartido de fato.
Essa opacidade ainda pode se voltar contra Bolsonaro, que faz publicidade de sua
alegada independência de financiadores tradicionais.
O discurso de que “estou fazendo por amor”, ou “sou voluntário” permeia quase a
totalidade das conversas com apoiadores do deputado. Restará saber se o TSE aceitará
passivamente a argumentação.
Na viagem de Bolsonaro pelo oeste paulista, na semana retrasada, Metta diz que
“algumas coisas vieram prontas do PSL nacional, outras a gente fez, mas eu tenho de
ficar pedindo para pagar tudo o que oferecem para a gente, como carros”.
Essa jornada interiorana, aliás, foi fonte de um estresse razoável no PSL devido à
presença da jornalista Joice Hasselmann. Candidata a deputada federal, ela se colocou
de forma proeminente nos palanques e entrevistas de Bolsonaro, ganhando a alcunha
maldosa de “primeira-dama” por parte de aliados.
“O ser humano é assim, tem ciúme. Eu fui convidada para os eventos”, afirmou Joice. A
gota-d’água ocorreu em Araçatuba, no dia 16, quando ela se apresentou como
candidata ao governo do estado, sendo imediatamente desautorizada por Olímpio em
redes sociais. “Isso é normal, pessoas atravessam o samba em campanhas para querer
aparecer. Foi um desatino, mas o episódio está superado”, diz ele.
“O lançamento foi feito por filiados de bom coração e pegou mal. Falei com o Jair, e
vou ajudar como mulher forte para trazer votos na disputa”, disse ela, que manteve
sua candidatura. Na mesma viagem, teve bem menos acesso a Bolsonaro Janaina
Paschoal, que quase foi vice na chapa federal e agora disputa a Assembleia.
615
Para tentar dar um pouco de coesão programática, nesta semana deverão se reunir
integrantes dos núcleos empresarial, de agronegócio e militar da campanha. Pelo
currículo de Bolsonaro no Exército, o último é integrado por pessoas de suas estrita
confiança. À frente de outros militares da reserva está o general Heleno, um
respeitado quatro estrelas (topo da hierarquia). “Faço consultoria e análise, buscando
mostrar o que está errado no país. O grande problema é que, com o aparelhamento do
Estado ao longo dos anos, os dados não são confiáveis. Então podemos ter uma crise
maior ou menor se assumirmos. A essa altura, qualquer plano de governo é farsa.”
Outro general da reserva que colabora é Aléssio Ribeiro Souza. Já o general da reserva
Hamilton Mourão virou vice da chapa, mas está distante do centro decisório.
Dão pitacos econômicos no programa de governo os irmãos Abraham e Arthur
Weintraub, professores da Universidade Estadual Paulista [há um erro da matéria aqui:
são professores da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, em Osasco – SP]
notórios em sua reclusão.
Mas quem manda no setor é Paulo Guedes, o economista que aderiu a Bolsonaro após
o global Luciano Huck dar sinais de que não iria em frente na corrida ao Planalto. Ele
trabalha sozinho e sua interlocução é com o QG, trocando ideias eventuais com os
núcleos empresarial e militar.
Os evangélicos, usualmente associados a Bolsonaro, são acessados basicamente por
meio do senador Magno Malta (PR-ES). O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de
Deus, casou o presidenciável com Michelle em 2013, mas ela mudou-se para uma
denominação batista e a influência do religioso diminuiu.
Essa amálgama tenta colocar Bolsonaro na Presidência. Se terá sucesso, é incerto, mas
é inegável que constitui fenômeno inédito em sua desorganização até aqui.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/campanha-de-jair-bolsonaro-emarcada-por-intrigas-e-improviso.shtml
CRITICADO POR BOLSONARO, LIVRO "APARELHO SEXUAL E CIA." SERÁ RELANÇADO NO
DIA 12
Renata Nogueira, Uol, 05 de setembro de 2018
616
O livro "Aparelho Sexual e Cia", alvo de críticas do candidato à presidência Jair
Bolsonaro (PSL), será relançado no Brasil no próximo dia 12. A Companhia das Letras,
editora que tem os direitos da obra infantojuvenil que estava fora de catálogo no
Brasil, divulgou a novidade nesta quarta-feira (5).
Faltando uma semana para o relançamento, o título escrito por Hélène Bruller e
ilustrado por Zep será publicado pelo selo juvenil da Cia, a Editora Seguinte, e já está
disponível em pré-venda.
Jair Bolsonaro levou um exemplar de "Aparelho Sexual e Cia" ao "Jornal Nacional", na
Globo, no último dia 28 de agosto. O candidato do PSL foi impedido de mostrar o
conteúdo do livro em rede nacional, já que a exibição de documentos está vetada
durante as entrevistas dos candidatos à presidência no telejornal.
Bolsonaro afirma que o livro, lançado no Brasil em 2007, foi comprado pelo governo
do PT na época e incluído na lista de títulos distribuídos a escolas e bibliotecas
públicas.
617
Em nota oficial divulgada após o episódio na TV, a editora admite que ofereceu o título
como indicação para alunos do 6º ao 9º ano (de 11 a 15 anos), mas que o livro nunca
foi "comprado pelo MEC, como tampouco fez parte de nenhum suposto 'kit gay'. "O
Ministério da Cultura comprou 28 exemplares em 2011, destinados a bibliotecas
públicas", diz o comunicado.
Em entrevista ao UOL, a autora francesa Hélène Bruller disse que ouve críticas ao livro
"há 18 anos" e que acredita que Jair Bolsonaro sabia que, na verdade, estava
promovendo sua obra ao tomar tal atitude.
"Querem banir, mas inconscientemente, eles querem promover. Acho que, lá no
fundo, tem um garotinho, um pequeno Jair, que teria adorado ganhar de presente de
seus pais [um exemplar do livro] 'Aparelho Sexual e Cia.', em vez de ouví-los gritar com
ele, a face distorcida de raiva e baba nos lábios: 'Jair! Se você se masturbar, irá para o
inferno!'".
"Aparelho Sexual e Cia." já saiu em pelo menos 10 idiomas e vendeu mais de um
milhão e meio de exemplares pelo mundo. Nele, os autores, apoiados em um
personagem de histórias em quadrinhos bem famoso na Europa (Titeuf, uma espécie
de Calvin em francês), explicam de forma humorada e didática algumas questões que
passam pela cabeça de qualquer pré-adolescente: como é beijar? O que é
masturbação? Como acontece o sexo? Como as mulheres engravidam?
https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2018/09/05/criticado-porbolsonaro-livro-aparelho-sexual-e-cia-sera-relancado-no-dia-12.htm
VILLAS BÔAS HOMENAGEIA SOLDADOS MORTOS NO RIO E CRITICA FALTA DE
"EMPENHO" DO GOVERNO
Felipe Amorim, Uol, 24 de agosto de 2018
Em mensagem lida na cerimônia de comemoração do Dia do Soldado, nesta sextafeira (24), o comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas, homenageou os
militares mortos em operações durante a intervenção federal no Rio de Janeiro e
afirmou que as autoridades do estado não se "empenharam" na missão.
"Passados seis meses, apesar do trabalho intenso de seus responsáveis, da provação
do povo e de estatísticas que demonstram a diminuição dos níveis de criminalidade, o
componente militar é, aparentemente, o único a engajar-se na missão", afirma a
mensagem do general.
618
"Exigem-se soluções de curto prazo, contudo, nenhum outro setor dos governos locais
empenhou-se, com base em medidas socioeconômicas, para modificar os baixos
índices de desenvolvimento humano, o que mantém o ambiente propício à
proliferação da violência", conclui o texto.
O governo do Rio afirmou por meio de nota que atua de forma integrada com as forças
federais e tem atendido a todas as solicitações da intervenção federal. O governo de
Luiz Fernando Pezão disse ainda que comprou 580 carros de polícia e quitou dívidas
da segurança pública que somavam cerca de R$ 94 milhões, entre outras ações.
A mensagem, assinada por Villas Bôas, foi lida por um oficial na cerimônia realizada no
Quartel-General do Exército, em Brasília. O evento teve a participação do presidente
Michel Temer (MDB).
Villas Bôas também homenageou os três militares mortos durante uma operação das
forças de segurança nos complexos de favelas do Alemão, da Penha e da Maré, na
zona norte do Rio de Janeiro.
"Vivemos tempos atípicos. Valorizamos a perda das vidas de uns em detrimento das de
outros", diz o comandante do Exército.
"Suas mortes tiveram repercussão restrita, que nem de longe atingiram a indignação
ou a consternação condizente com os heróis que honraram seus compromissos de
defender a pátria e proteger a sociedade", afirmou o general.
Na mensagem, Villas Bôas afirma que o Brasil vive uma era de "conflitos e incertezas" e
critica o que ele chama de uma "sociedade ideologizada".
"Vivemos uma era de conflitos e incertezas, na qual os individualismos se exacerbam e
o bem comum foi relegado a segundo plano", diz o general.
"Perdemos a disciplina social, a noção de autoridade e o respeito às tradições e aos
valores, o que nos tornou uma sociedade ideologizada, intolerante e fragmentada.
Estamos nos infelicitando, diminuindo nossa autoestima e alterando nossa
identidade", afirma o comandante.
O cabo Fabiano de Oliveira Santos e os soldados Marcus Vinícius Viana Ribeiro e João
Viktor da Silva morreram após serem baleados durante a operação.
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Os militares mortos no Rio também foram homenageados pelo presidente Michel
Temer, que teve uma mensagem lida na cerimônia.
"Hoje, uma nação agradecida honra a memória dos militares que pereceram no
desempenho de sua missão", disse o presidente.
"Seu sacrifício não será em vão: cumpriremos a tarefa imperiosa de recompor a ordem
pública do Rio de Janeiro", afirmou Temer.
Colaboração
A segurança pública do Rio está sob intervenção federal desde 16 de fevereiro deste
ano, mas os demais setores do governo do Rio e a folha de pagamento das polícias civil
e militar ainda continuam sob o controle do governador Pezão.
O governo afirmou ter colaborado com a intervenção comprando carros de polícia e
quitando R$ 23 milhões em parcelas atrasadas do chamado RAS (Regime Adicional de
Serviço), mecanismo que permite a contratação de policiais em horário de folga para
reforçar o patrulhamento de rua. O RAS foi retomado em maio com um reforço diário
de 1.300 policiais militares e 200 policiais civis.
Segundo o governo, foram desembolsados ainda R$ 1,8 milhão em julho para pagar 12
mil policiais que participaram do processo.
Também foram pagos, segundo o governo do Rio, R$ 71 milhões em dívidas do Sistema
Integrado de Metas, um sistema de gestão que distribui premiações para profissionais
da segurança com base em seu desempenho.
O governo do Rio disse ainda que criou um fundo de investimentos para a segurança
pública com recursos de royalties do petróleo e prometeu que ele atingirá um
montante de R$ 250 milhões até o fim do ano. Afirmou também ter criado uma
delegacia especializada em armas.
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2018/08/24/villas-boashomenageia-soldados-mortos-no-rio-e-diz-que-so-militares-se-engajam-namissao.htm
LUCIANO HANG E O PELOTÃO DE EMPRESÁRIOS ‘ANTICOMUNISTAS’ PRÓ-BOLSONARO.
CABO ELEITORAL DO MILITAR REFORMADO, O DONO DA REDE DE LOJAS HAVAN
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CONCLAMA EMPRESÁRIOS A SE UNIREM À CAUSA. NO INÍCIO DE AGOSTO, UM CAFÉ
DA MANHÃ REUNIU 62 DELES PARA OUVIR AS PROPOSTAS DO CANDIDATO
Fernanda Becker e Regiane Oliveira, El País, 02 de setembro de 2018
Jair Bolsonaro e seu cabo eleitoral, Luciano Hang, dono das lojas Havan FACEBOOK
Luciano Hang, proprietário da rede de lojas Havan, não é do tipo que foge de polêmica.
Mesmo sendo frequentemente citado nas páginas dos jornais por controvérsias
envolvendo seu nome, decidiu abrir uma página pessoal no Facebook, em novembro
de 2017, e tem utilizado o espaço para divulgar vídeos que classifica de
"motivacionais", a fim de compartilhar sua vivência no dia a dia da empresa. Com 1,3
milhão de seguidores, Hang é um dos cabos eleitorais do candidato à presidência Jair
Bolsonaro, conforme mostrou uma reportagem do EL PAÍS publicada na semana
passada.
O empresário tem usado seu canal no Facebook para divulgar seu voto e conclamar
outras pessoas a se unirem ao seu movimento. Se a adesão ao discurso de Hang tem
sido bem sucedida ainda não é possível saber. Mas ele não está sozinho nessa missão.
Ainda que sem o ímpeto do proprietário da Havan, outros empresários já foram a
público anunciar sua intenção de votar no ex-militar. São eles Meyer Nigri (Tecnisa),
Bráulio Bacchi (Artefacto), Sebastião Bomfim Filho (Centauro) e Luiz Antonio Nabhan
Garcia (União Democrática Ruralista). Todos participaram de encontros com o
presidenciável, como um café da manhã, ocorrido em 10 de agosto, que reuniu 62
empresários.
À primeira vista modesto, o número de apoiadores de Bolsonaro entre a nata
empresarial do país surpreende na primeira eleição presidencial marcada pela
proibição do financiamento de campanhas por empresas. Outros candidatos não têm
tido, até o momento, o mesmo engajamento público. Os apoiadores de Bolsonaro têm
em comum a insatisfação com os partidos de esquerda, aos quais creditam uma
vocação "comunista". “Apoio quem seja contra a esquerda, Bolsonaro, Alckmin ou
qualquer outro", afirmou o fundador da Tecnisa à revista Piauí.Também lhes agrada
que o candidato do PSL à presidência não tenha pedido ajuda para campanha. "Em
quase 40 anos em financeiro de empresas, nunca vi um candidato não pedir dinheiro",
disse Bacchi, da Artefacto, à Folha.
Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente da UDR, realizou uma caravana no interior de
São Paulo, reduto de Geraldo Alckmin, em prol do candidato. Em um evento em julho
no Pará, o pecuarista aproveitou para pedir: "Quando o senhor se tornar presidente,
vê o que fará com essa gente da Funai, do Ibama, do Ministério Público, que não
respeita a propriedade privada”, ressaltou o jornal Estadão.
621
Para Hang, a falta de presença do empresariado na vida política do país no passado é o
"que levou o país à situação atual". "Acho que a falta de entrosamento político da
classe empresarial levou o país à situação em que nos encontramos hoje. Houve uma
terceirização da política a pessoas de mau caráter, corruptas, comunistas, socialistas e
vigaristas", lamenta.
O dono da Havan não acredita que seu envolvimento explícito com um candidato
político seja prejudicial aos negócios. "Quanto mais eu falo a verdade, mais eu vendo",
afirma. De acordo com o empresário, a Havan cresceu 45% em vendas só no primeiro
semestre deste ano e deve fechar 2018 com um faturamento de 7 bilhões de reais.
"Estou do lado certo", afirma, em defesa de sua estratégia. "Nunca vi alguém de
esquerda se dar bem na vida, só vai bem quem pensa logicamente. Lamentavelmente,
você não vê um esquerdista, um populista, um comunista que tenha ganhado dinheiro
honestamente trabalhando ou montando sua empresa", garante.
O ativismo de Hang o levou a aproveitar de um ponto de difícil fiscalização da lei
eleitoral para investir dinheiro para que postagens a favor de Bolsonaro chegassem a
mais pessoas no Facebook. Pela lei eleitoral, a propaganda política paga na rede só
pode ser feita pelos próprios candidatos, partidos e coligações, não pode ser
terceirizada. "Se nós não nos posicionarmos, o Brasil vira uma Venezuela e nós
teremos que largar este país (...) Fiz um vídeo abrindo meu voto, de forma nenhuma
eu pedi voto para ninguém. Chega num ponto do vídeo em que falo: cada brasileiro,
cada pessoa tem o direito de escolher um candidato, independentemente do meu."
Depois de o EL PAÍS publicar reportagem revelando o pagamento, o TSE mandou
retirar do Facebook dele o vídeo pró-Bolsonaro.
Ativismo nas redes
A cruzada de Hang para libertar o país daqueles a quem chama de socialistas,
comunistas e esquerdistas não é recente. Ele já abriu várias frentes de disputa nas
redes sociais. Em 16 de maio de 2018, antes da greve dos caminhoneiros, publicou um
vídeo em frente a um posto de gasolina no qual criticava o aumento do preço dos
combustíveis. No vídeo ele anunciava que os postos de combustíveis da Havan
venderiam 20.000 litros de gasolina sem impostos, no valor de 2,69 reais o litro.
O vídeo recebeu 1,2 milhão de visualizações. Dias depois, em 22 de maio teve início a
greve, sobre a qual Hang falou diversas vezes em postagens no seu canal, sempre
reivindicando a redução de impostos para empresas e a privatização da Petrobras.
Após a mobilização do caminhoneiros, a Procuradoria-Geral da República solicitou uma
622
investigação contra grupos suspeitos de inflar a greve. Entre os investigados, estava
Hang. O empresário havia sido identificado como uma das lideranças do movimento
mesmo sem ser parte da categoria, segundo uma reportagem da CBN.
Daniel Ricken, da Procuradoria da República de Itajaí, informou que a representação
contra Hang chegou ao Ministério Público, mas que não foi levada adiante. O MP
entendeu que pelo fato das empresas de Hang não se enquadrarem como serviços de
interesse público, as ações de Hang durante a greve não eram ilícitas. Questionado
sobre a ação do empresário de comercialização de gasolina a 2,69 reais por litro, o
Ministério Público declarou que desconhece a informação. Hang afirma que tudo fez
parte de uma fake newse que estava na Europa na época da greve.
Em janeiro deste ano, Hang também já havia publicado em sua página um vídeo
anunciando que no dia seguinte, às 13h, soltaria 13 minutos de fogos de artifício em
comemoração à condenação do ex-presidente Lula. De fato, o empresário transmitiu
ao vivo no Facebook a prometida queima de fogos ao som do hino nacional. O vídeo
rendeu 960.642 visualizações, mais de 50.0000 reações (em sua ampla maioria
positivas) e 10.000 compartilhamentos, mas provocou uma série de protestos em
frente a lojas da Havan em diversos municípios de Santa Catarina. Faixas acusavam o
empresário de sonegar impostos. Ele respondeu com um vídeo que rendeu ao seu
canal oficial o maior engajamento já registrado em uma postagem da página.
Publicado em 27 de janeiro, o vídeo de Hang exibia o empresário em frente a uma de
suas lojas negando as denúncias dos manifestantes enquanto exibia uma cópia de seu
certificado de antecedentes criminais. O vídeo obteve 2.903.900 visualizações e 64.000
compartilhamentos.
Hang minimiza os protestos: "Meia dúzia de gatos pingados, não são clientes da Havan.
Só boi de piranha pagos para fazer isso. Ninguém tem que ter medo de falar a verdade
e ir contra o que está errado nesse país". Ele refuta as acusações de sonegação.
"Minha empresa não depende de Governo ou de empréstimo para Governo para
vender. Nos anos do PT, se compramos alguma coisa pelo BNDES, foram máquinas e
equipamentos financiados pelo Finame [Agência Especial de Financiamento Industrial].
Quem recebe é a empresa de quem compro o equipamento, não a minha pessoa."
DISPUTAS LEGAIS
As controvérsias envolvendo Luciano Hang não se restringem ao seu ativismo político.
Segundo o Ministério Público Federal, o problemas com a justiça envolvendo a Havan e
seu proprietário começaram em 1999, quando a Procuradoria da República em
Blumenau deflagrou uma operação de busca e apreensão na empresa, que resultou na
623
autuação da Havan em 117 milhões de reais pela Receita Federal e 10 milhões pelo
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A autuação foi considerada a maior já
realizada pela Receita Federal até então. A empresa recorreu a um financiamento da
dívida por meio do REFIS e obteve um prazo, estimado pelo MPF à época, de 115 anos
para quitar a multa.
Em outro processo, que correu em segredo de Justiça, o empresário foi condenado a
13 anos, 9 meses e 12 dias de reclusão em regime fechado pelo crime de evasão de
divisas e lavagem de dinheiro. Hang e os demais réus recorreram da decisão sucessivas
vezes e conseguiram, inclusive, reduzir a pena do empresário para a 5 anos, 8 meses e
1 dia de reclusão em regime semiaberto.
Em 2016, o ministro Rogerio Schietti Cruz do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), em
decisão monocrática afirmou que o prazo prescricional de oito anos que começa a
correr após a condenação já havia vencido, de modo a punibilidade estava extinta, ou
seja, os réus, mesmo condenados, não teriam mais que cumprir a pena pois o
judiciário perdeu os prazos para responder aos recursos da defesa. O caso nunca
transitou em julgado e por isso o certificado de antecedentes criminais de Hang
permanece limpo. "Deus é o meu advogado, não tenho medo de falar a verdade. O
tempo é o senhor da verdade. Quando você é acionado [na Justiça] por coisas
inverídicas, no final o tempo mostra que você está certo", diz Havan.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/21/politica/1534888407_697144.html
PABLLO VITTAR ROMPE COM GRIFE APÓS EMPRESÁRIO MANIFESTAR APOIO A
BOLSONARO
Uol, 01 de setembro de 2018
A cantora Pabllo Vittar anunciou neste sábado (1º) o fim de sua parceria com a marca
de sapatos Victor Vicenzza, cujos produtos vinha divulgando em trabalhos recentes. O
motivo: o dono da grife, o empresário e designer catarinense Victor Vicenzza,
manifestou apoio público ao candidato Jair Bolsononaro (PSL), seguindo e curtindo
publicações do presidenciável nas redes sociais.
O caso ganhou repercussão na internet e motivou um desabafo de Pabllo em sua conta
do Instagram.
"Desde o início da minha carreira, sempre soube que seria muito difícil conseguir apoio
de marcas que queriam se relacionar com uma artista LGBTQIA+ drag que sou. Muitas
624
portas se fecharam, mas algumas se abriram e com isso trabalhei até então com
parceiros que sou muito grata. Deixo aqui meu agradecimento de apoio até agora, mas
não poderia aliar meu trabalho a um discurso que deixa claro não se importar com os
diretos humanos de toda comunidade LGBTQIA+. da qual faço parte", escreveu ela.
"Adianto que foram produzidos alguns trabalhos já finalizados e distribuídos
digitalmente desse meu novo álbum, que contém peças de marcas que, a partir de
agora, não vinculo mais a minha imagem."
"Não há conflito"
Acusado de oportunismo na internet, Victor Vicenzza se pronunciou neste sábado
sobre o apoio ao candidato do PSL, conhecido pelo posicionamento contrário ao do
movimento gay. "Acredito que Bolsonaro é o único candidato que apropriado para
liderar a nação", escreveu o empresário nas redes sociais.
Vale destacar que a Vicenzza é conhecida por oferecer sapatos femininos em
tamanhos grandes, visando atingir justamente o público gay, e suas peças publicitárias
destacam mensagens de empoderamento feminino e respeito à diversidade, incluindo
o slogan "freedom, choice" (liberdade, escolha, em português).
Nomes como Anitta, Cleo, Aretuza Lovie, a dupla Simaria e Ludmilla também já fizeram
parcerias com a marca. Segundo o empresário, não há nenhum tipo de conflito em
apoiar Bolsonaro e ter Pabllo Vittar como garota-propaganda.
"Quero deixar claro minha opinião. Para que a minha, ou qualquer outra empresa,
continue operando de forma sustentável, é necessário lutar contra todas as ideologias
socialistas e comunistas que invadiram nosso país", continuou o empresário.
625
https://tvefamosos.uol.com.br/noticias/redacao/2018/09/01/pabllo-vittar-rompecom-grife-apos-empresario-manifestar-apoio-a-bolsonaro.htm
ALCKMIN INVESTE NO VOTO DAS MULHERES E ADERE AO VOCABULÁRIO DAS
FEMINISTAS. TUCANO FALA EM “EMPODERAMENTO” E PROMETE AMPLIAR ENSINO
INFANTIL PARA BENEFICIAR “MAMÃES”
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Thais Bilenk, de Pelotas, Caxias do Sul, Porto Alegre, Folha/Uol, 01 de setembro de
2018
Até ao vocabulário feminista ele aderiu. "Vamos empoderar as mulheres", repete.
"Elas são melhores do que nós, homens."
Para passar ao segundo turno, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) investe no
eleitorado feminino, justamente aquele que nutre alta rejeição por seu principal
oponente, Jair Bolsonaro (PSL).
Conta para isso com uma vice gaúcha de estilo aguerrido, que o interrompe sem
constrangimentos quando quer opinar ou complementar uma declaração.
Ana Amélia Lemos (PP-RS) é "a mais respeitada e querida aliada, uma senadora
brilhante", elogia o tucano.
Com desempenho tímido nas pesquisas de intenção de voto, o candidato intensificou o
aceno às mulheres.
Elas correspondem a 52% do eleitorado, estão em parte (25%) indecisas e em boa
medida (43%) determinadas a não votar em Bolsonaro, segundo o Datafolha.
Alckmin e Marina Silva (Rede) são rejeitados por 23% das mulheres, mas a candidata
tem a maior intenção de voto (19%) em cenário sem Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O expresidente tem 39% do eleitorado feminino.
Com ele na disputa, Alckmin fica com 7% dos votos femininos. Sem Lula, fica com 9%.
Espontaneamente, 1% das mulheres elegem o tucano.
Em um giro pelo Rio Grande do Sul no início desta semana, ao lado da esposa, Maria
Lúcia, e de Ana Amélia, Alckmin permeou seus discursos de gestos às mulheres.
Em Pelotas, sua primeira parada, na segunda-feira (27), o candidato visitou um centro
de atendimento a autistas.
Em uma sala lotada pela entourage (cinegrafistas, assessores, aliados), uma mãe foi
convidada a relatar sua história. "Estou tão nervosa, não sou a pessoa certa",
desabafou. Ana Amélia foi rápida na reação.
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"Todas as mães são as pessoas certas."
A mulher chorou ao observar que nem sempre, porém, elas têm acesso a atendimento
desde a infância dos filhos diagnosticados. Ana Amélia, mais uma vez, reagiu logo e
puxou aplausos.
Silente, Alckmin esperou o depoimento acabar para dar um abraço que, em voz alta,
disse ser carinhoso. Sua esposa não se manifestou.
No mesmo dia, já em Porto Alegre, abordou um assunto caro ao eleitorado feminino.
"Deveríamos ter universalizado a pré-escola, mas ainda faltam 440 mil crianças de
quatro e cinco anos de idade", disse em evento promovido por uma revista local.
"A primeira meta é nenhuma criança fora da pré-escola. A outra é aumentar a creche
[para criança] de zero a três anos e universalizar para as famílias mais vulneráveis, que
precisam mais", prometeu.
Voltou à carga no dia seguinte de manhã, em Caxias do Sul.
"Investir no ensino infantil é o melhor investimento que a gente pode fazer para a
mamãe, para o papai, para a família, para poder a mulher trabalhar e cuidar dos
pequeninos", declarou a empresários.
Falando na ocasião sobre segurança pública, defendendo o encarceramento como
medida para diminuir a criminalidade, Alckmin novamente acenou às eleitoras.
"São Paulo tem 230 mil presos, 96% homens. Mulheres [são] 4% e esses 4% ainda é a
má companhia dos homens", afirmou. "Nossa homenagem às mulheres."
As menções, presentes em todos os seus discursos, têm também tiradas de humor.
Por exemplo, quando falava na Santa Casa de Porto Alegre, atentou para a expectativa
de vida do brasileiro, hoje de 75 anos. "Acho que já estamos chegando a 77. Com os
avanços da ciência, vamos chegar a cem anos e as mulheres não morrerão mais",
divertiu-se.
Ana Amélia também menciona o assunto publicamente. Minimizando o ato falho de
Alckmin, que, dias antes, chamou-a de Kátia Abreu (PDT-TO), vice de Ciro Gomes
(PDT), a ex-jornalista criticou o noticiário político.
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"As pessoas trabalham com intriguinha, e não vão a fundo no problema das mulheres,
da violência contra a mulher", discursou, em Porto Alegre.
"Trezentas mil adolescentes são violentadas por ano no Brasil e ninguém fala disso. No
governo de Alckmin, terão mais mulheres para decidir e ajudar a melhorar o Brasil."
Em relação às bandeiras feministas clássicas, no entanto, Ana Amélia não é tão incisiva
assim. A ativista Manoela Miklos vê na escolha da vice de Alckmin "uma tentativa de
dialogar com o voto feminino, mas não feminista".
Colunista da Folha, Miklos considera evasivas suas posições sobre o aborto (favorável à
lei vigente) e a lei do feminicídio (cobra uma mudança de comportamento social).
"Ela não considera adequadamente o quanto o feminismo avançou e pauta debates
para fora de sua bolha original. Por isso, acho uma tentativa desengonçada de se
aproximar desse eleitorado do ponto de vista pragmático e equivocada do ponto de
vista da defesa dos direitos das mulheres", conclui a ativista.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/alckmin-investe-no-voto-dasmulheres-e-adere-ao-vocabulario-das-feministas.shtml
COMO ELEGER MULHERES INFLUENCIA O SUCESSO DE FUTURAS CANDIDATAS
Juliana Domingos de Lima, Nexo Jornal, 04 de setembro de 2018
No terceiro texto da série sobre representatividade feminina nas eleições, o economista
Sergio Firpo fala ao ‘Nexo’ sobre sua pesquisa que avalia o aumento do voto em
mulheres em cidades que já elegeram prefeitas
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FOTO: CONGRESSO EM FOCO
PRIMEIRA MULHER A SER ELEITA DEPUTADA FEDERAL NO BRASIL, CARLOTA PEREIRA
DE QUEIRÓS ERA A ÚNICA ENTRE OS 253 ELEITOS EM 1933
As eleições de 2018, na qual estarão em disputa os cargos de presidente, governador,
senador, deputado federal e estadual, inauguram as novas regras eleitorais estipuladas
pela Reforma Política ( https://www.nexojornal.com.br/index/2017/08/22/Reformapol%C3%ADtica-o-debate-das-regras-da-democracia ), sancionada pelo presidente
Michel Temer em outubro de 2017.
Entre as novas regras está a destinação de pelo menos 5% do Fundo Partidário para
incentivar a participação feminina na política e de, no mínimo, 30% do tempo de
televisão e de recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha para as
candidatas.
A mudança complementa a determinação da Lei 9.504, de 1997, segundo a qual “cada
partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% e o máximo de 70% para
candidaturas de cada sexo”.
A obrigatoriedade, no entanto, não tem sido capaz de aumentar o número de
mulheres eleitas, que se mantém na cada dos 10% desde a década de 1990, fazendo
crescer somente o número de candidatas.
630
“Quando se aumenta o número de candidatas, por força da lei, sem nenhum outro
mecanismo para garantir que essas mulheres sejam eleitas, vai continuar sendo mais
difícil para elas *se elegerem+”, disse o economista e professor do Insper, Sergio Firpo,
em entrevista ao Nexo.
Mulheres ocupam apenas (
https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2017/10/14/Quais-foram-as-chancesperdidas-pelas-mulheres-na-reforma-pol%C3%ADtica ) 9,94% dos 513 assentos na
Câmara dos Deputados. No Senado Federal, o índice é de 14,81%.
Entre o Legislativo de 193 países monitorados pela União Interparlamentar, a Câmara
do Brasil ocupa a 153ª colocação em quantidade de mulheres. É o último colocado na
América do Sul.
Segundo um estudo publicado em 2017 (
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S198138212017000200203&lng=en&tlng=en ), realizado por Sérgio Firpo e os professores
da Fundação Getúlio Vargas Paulo Arvate e Renan Pieri, sob determinadas condições,
eleitores passam a votar em mais mulheres candidatas a deputada estadual e federal
nos municípios onde uma prefeita venceu as eleições municipais anteriores.
“Você consegue superar *a dificuldade de elegê-las] quando os eleitores são expostos
às mulheres na política. Uma forma de fazer isso talvez seja, de maneira forçosa, criar
vagas para mulheres na Câmara. As cotas universitárias não estão no número de
candidatos do vestibular, mas nas vagas da universidade”, disse Firpo.
Em entrevista ao Nexo, o economista detalha a relação entre a exposição de eleitores
a prefeitas mulheres e o aumento do sucesso de candidatas a outros cargos eletivos
em pleitos futuros e avalia, tendo em vista os resultados do estudo, o alcance das
estratégias para aumentar a representatividade feminina na política brasileira.
Como e quando os dados foram coletados? Qual o objetivo principal do estudo?
SERGIO FIRPO Os dados são de eleições dos anos 2000, até 2012. O que a gente
investiga neste trabalho é o efeito da eleição de uma mulher para a prefeitura de uma
cidade relativamente pequena.
Não olhamos para as cidades com mais de 200 mil eleitores. Nas cidades com menos
de 200 mil, só há o primeiro turno [na eleição].
631
Avaliamos o que acontece nessas cidades após a eleição de uma mulher para a
prefeitura, com relação aos votos dados pelos eleitores daquela cidade em outras
candidatas mulheres em eleições subsequentes.
Não necessariamente para prefeito, mas para deputado estadual e federal que
ocorrem dois ou seis anos depois da eleição dessa prefeita.
Por que o recorte de cidades pequenas e médias?
SERGIO FIRPO Queríamos evitar o impacto de regras eleitorais diferentes. Em uma
cidade maior, a eleição tem dois turnos, e já há uma literatura que diz que as pessoas
votam de maneira diferente.
O voto tende a ser mais sincero e menos estratégico quando se tem dois turnos. No
primeiro turno [da eleição de dois turnos], você acaba votando na pessoa que tem um
alinhamento mais claro com o ponto do espectro ideológico em que você está.
Enquanto na eleição que só tem um turno, já se vota no “menos pior”, acaba-se
votando de maneira estratégica, o que faz com que as eleições sejam diferentes. A
gente queria evitar esse tipo de coisa para homogeneizar as regras eleitorais.
Existe, sim, uma relação causal na forma como eleitores votam em mulheres
candidatas após a eleição de uma prefeita
Outra coisa importante é que a maior parte dos municípios do Brasil são cidades com
menos de 20 mil habitantes. Se a gente misturasse cidades muito grandes e tratasse
do mesmo jeito, dando o mesmo peso, perderia-se um pouco a clareza da população
que está sendo estudada: como o resultado dessas eleições locais afetou a forma
como as pessoas votam na sequência.
O que os dados mostram?
SERGIO FIRPO O que a gente mostra é que existe, sim, uma relação causal na forma
como eleitores votam em mulheres candidatas após a eleição de uma prefeita. A
hipótese que temos é que isso se dá via mudança do estereótipo que os eleitores têm
sobre o papel da mulher na política.
632
Uma vez que se é exposto a uma mulher prefeita, passa-se a desfazer ou a reconstruir
a maneira como se encara a capacidade que uma mulher tem de exercer um cargo
público.
Os eleitores – homens e mulheres, não há distinção porque não há como analisar o
voto individualmente – alteram a sua percepção sobre a capacidade e o papel da
mulher na política.
Conseguimos atribuir causalidade porque nosso estudo encara a eleição dessa prefeita
como o resultado de um experimento aleatório.
É óbvio que não é, porque não tem um grupo de controle na acepção mais estrita do
que é um experimento controlado – como nos casos médicos, em que se aleatoriza
quem vai receber a droga [que está sendo testada] e quem não vai, e vira um sorteio.
Na eleição, não há um sorteio, mas há algo muito parecido: a gente olha para eleições
em que a mulher venceu o homem por pouco.
A gente olha só para eleições em que um homem e uma mulher são os dois candidatos
mais votados, e é quase o resultado de uma moedinha jogada para cima: às vezes dá
cara, e uma mulher ganhou, às vezes dá coroa, e um homem ganhou.
A gente sabe que não é assim, mas quando você olha resultados eleitorais em que a
margem de voto de vitória é muito pequena, é quase como se fosse na sorte.
A gente usa isso para evitar que outros fatores possam ter um efeito direto sobre esse
resultado eleitoral futuro.
Municípios que são mais propensos a votar em mulheres são municípios em que a
chance de uma mulher ganhar [as eleições] para prefeitura é maior e, ao mesmo
tempo, são municípios que vão votar mais em mulheres nas eleições para deputado
federal e estadual. Isso é uma questão de preferência, de demografia.
Nos municípios onde a margem de votos é pequena não tem isso.
Faz-se um teste para saber se o seu protocolo de aleatorização foi bem feito. Fizemos
algo que, em ciências sociais, tem sido muito utilizado que é o que se chama de uma
regressão com descontinuidade: estar o mais próximo possível de um experimento
controlado, mesmo sem ter sido realizado. Com isso, a gente consegue atribuir
causalidade para os resultados encontrados.
633
No estudo, vocês mencionam a questão das preferências do eleitorado com relação
ao gênero dos candidatos, e você também citou isso agora, quanto ao perfil de certos
municípios.
SERGIO FIRPO Nosso resultado tenta isolar esse efeito.
É possível estimar como se constituem e no que se baseiam essas preferências do
eleitorado com relação ao gênero?
SERGIO FIRPO Economistas têm muito cuidado quando falam de preferência.
Preferência é o tipo da coisa que economista trata como dado.
Não interpretamos como uma alteração de preferências [do eleitorado]. As
preferências estão dadas. O que os eleitores têm é um conjunto de informações que
podem mudar ao longo do tempo.
Ele [o eleitorado] não discrimina homem e mulher por uma questão de preferência.
Discriminam com base na informação de que se tem pouca mulher disputando vagas
na política e se tem poucas mulheres bem sucedidas na política, e passam a construir
um estereótipo da competência e da qualidade das mulheres na política.
Se elejo uma mulher de maneira aleatória para prefeita numa cidade onde o número
de assentos na câmara da vereadores ocupados por mulheres é maior, em média, do
que no resto do país, os efeitos ali vão ser mais fortes
Se foi exposto a poucas mulheres [em cargos eletivos], acaba criando esse estereótipo.
E a maneira como interpretamos os resultados é que, quando você dá um choque de
informação – colocar uma mulher como prefeita – [o eleitor] muda esse estereótipo
com base nessa mudança de informação.
Esse eleitor vai votar em mulher nas eleições subsequentes, mais do que votaria
normalmente. Não estou dizendo que essas mulheres candidatas a deputada federal e
estadual são eleitas. Isso é outra coisa, porque as regras eleitorais do Brasil são tais
que não adianta o voto em um município para que a mulher seja eleita para deputada
federal. Vai depender do que acontecer no estado.
634
Estamos olhando só para o voto dado pelos munícipes, como as pessoas desse
município alteram os seus votos para deputado federal e estadual nas eleições
subsequentes. [Eles] passam a votar relativamente mais em mulheres do que antes da
eleição para prefeita.
É preciso estar exposto há algum tempo a mulheres na política para que os eleitores
possam alterar a forma de votar
Se eu elejo uma mulher de maneira aleatória para prefeita numa cidade onde o
número de assentos na câmara da vereadores ocupados por mulheres é maior, em
média, do que no resto do país, os efeitos ali vão ser mais fortes.
Uma andorinha só não faz verão. É preciso estar exposto há algum tempo a mulheres
na política para que os eleitores possam alterar a forma de votar, para que os votos
dados às mulheres, com relação ao número delas que que aparecem na lista de
candidatos, fique mais parecido com o dos homens.
Não é que os eleitores mudam a preferência. A gente não tem uma teoria para
oferecer sobre preferências.
Entre as condições que regem esse impacto, o estudo também menciona a questão
da escolaridade da mulher eleita. Por que o nível educacional da candidata eleita
tem impacto no sucesso futuro de outras candidatas?
SERGIO FIRPO Ter uma mulher prefeita significa expor eleitores a prefeitos com mais
alta escolaridade. As mulheres, sobretudo na política, têm escolaridade mais alta do
que os homens.
Ao comparar uma mulher que foi eleita com um homem que não foi eleito, para além
da questão de gênero, há a questão da diferença de escolaridade, em média, entre
homens e mulheres.
Se a gente quebrasse a nossa amostra em alta e baixa escolaridades, e olhasse para
eleições em que os candidatos têm o mesmo nível de escolaridade, isolaríamos o
efeito da escolaridade, que está misturado à questão de gênero.
O que a gente encontra é que os resultados positivos se dão nesse contexto em que eu
comparo mulher com mais alta escolaridade com homem com mais alta escolaridade.
635
Ou seja, existe, sim, um efeito de a mulher ser eleita, mas sobretudo quando os
candidatos que concorrem à eleição têm alta escolaridade. Quando a escolaridade é
mais baixa, esse efeito diminui um pouco.
Uma possível hipótese, que ainda estamos investigando, é a questão da forma como
certas candidatas surgem, sobretudo as de baixa escolaridade.
Estou só especulando, mas será que são esposas ou parentes de políticos, que estão ali
num papel secundário? Dado que só se pode ter dois mandatos, não seria uma forma
de burlar essa limitação, colocando por exemplo a mulher do ex-prefeito?
Nesses casos, obviamente, ela não cria nenhum impacto, não altera os estereótipos
das pessoas sobre o papel da mulher na política.
Como você avalia as políticas que têm sido colocadas em prática para mitigar a baixa
representatividade no Brasil?
SERGIO FIRPO No Brasil, há a cota de 30% entre candidatos e, agora, passou a ter
vínculo também com o financiamento [de campanha].
Não podem mais ter 30% [de mulheres candidatas] apenas na forma mas com um
financiamento irrisório dentro do partido.
Isso parece pouco ou, talvez, inadequado. Há outras políticas para lidar com isso que
estipulam cotas nos assentos, no número de vagas [para mulheres], por exemplo, para
a câmara de vereadores. E não no número de vagas para os candidatos.
Quando se vê o número de eleitas sobre candidatas e compara com eleitos sobre
candidatos, a razão “eleitas sobre candidatas” é muito menor, em torno de quatro
vezes menor. Ou seja, é muito mais difícil para a mulher [se eleger].
Quando se aumenta o número de candidatas, por força da lei, sem nenhum outro
mecanismo para garantir que essas mulheres sejam eleitas, vai continuar sendo mais
difícil para elas.
Consegue-se superar essa dificuldade expondo os eleitores [às mulheres]. Uma forma
de fazer isso talvez seja, de maneira forçosa, criar vagas na câmara para mulheres.
Talvez seja preciso selecionar por um sistema de cotas.
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As cotas universitárias não estão no número de candidatos do vestibular, mas nas
vagas da universidade. É como se, no caso das eleições, estivessem colocando cotas
nos candidatos do vestibular.
Além do impacto sobre o comportamento do eleitorado, é possível que os próprios
partidos respondam à eleição de mulheres, admitindo e promovendo mais
candidatas?
SERGIO FIRPO Se a gente soubesse que o voto naquele local garantiria a eleição, se
fosse um voto distrital, acho que os partidos alocariam mulheres candidatas mais
fortemente para municípios onde houve a eleição de uma prefeita.
Dominados por homens, os partidos no Brasil não parecem responder a incentivos para
colocar mais mulheres candidatas a deputada nos municípios onde uma prefeita foi
eleita
Essa relação é fraca porque o resultado eleitoral no município não corresponde ao que
vai acontecer em termos de ser eleito ou não, porque há que levar em conta o estado
inteiro. Logo, a relação não é clara.
Dominados por homens, os partidos aqui no Brasil não parecem responder a esses
incentivos para colocar mais mulheres candidatas a deputada naqueles municípios
onde uma prefeita foi eleita.
As mulheres são distribuídas entre os municípios da federação, sem necessariamente
haver uma concentração maior nesses lugares onde elas teriam vantagem.
Na sua avaliação, quais obstáculos ainda mantêm o quadro de baixa
representatividade de mulheres na política brasileira?
SERGIO FIRPO Há essa questão de dentro dos partidos, que acabei de levantar. Há a
questão dos estereótipos dos eleitores, que a gente aborda [no estudo].
Não sabemos o que é causa e o que é efeito, mas há o fato de que a própria
participação feminina é menor. Se a mulher percebe que a chance de sucesso é menor,
vai participar menos. O engajamento na política tende a ser menor.
637
Temos um outro trabalho [de pesquisa], que vai sair em breve, que tenta explorar o
evento da eleição de uma prefeita sobre a decisão de adolescentes, quando o voto não
é obrigatório, de se registrarem para votar.
O que encontramos é que meninas tendem a aumentar o seu registo, em relação aos
meninos de 16 e 17 anos, quando as mulheres ganham.
É outra forma de ver se o engajamento e a participação da mulher na política é algo
que tem bloqueado a existência de candidatas competitivas.
Talvez o modelo exemplar de uma prefeita que foi eleita gere maior participação de
jovens na política, um engajamento maior. Poderia ser um outro efeito de expor as
pessoas a mulheres na política.
Reservar cadeiras [para mulheres] poderia fazer com que se alterasse também a oferta
de candidatos, e não só a forma como os eleitores votam.
https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2018/09/04/Como-eleger-mulheresinfluencia-o-sucesso-de-futuras-candidatas
EVANGÉLICOS SE ARTICULAM PARA AUMENTAR REPRESENTATIVIDADE POLÍTICA
Ricardo Brito, Reuters reproduzida pelo Uol, 30 de agosto de 2018
Sem as mesuras do cargo de ministro que ocupa nos dias de semana como direito a
carro com motorista, o pastor Ronaldo Fonseca chegou dirigindo seu próprio
automóvel à Assembleia de Deus de Taguatinga no principal dia de culto da sua igreja
na manhã de um domingo de agosto. Fiéis já acompanhavam a celebração conduzida
por outros religiosos num templo grande, mas simples, com capacidade para 750
lugares e praticamente lotado.
O segmento evangélico registra um forte aumento no país, e essa parcela do
eleitorado tem sido cada vez mais cobiçada nas eleições, com uma bancada que
pretende crescer no Congresso Nacional no pleito deste ano. Fonseca estava lá para
comandar o culto, mas não se furtou a falar de política.
Às 10h54, o pastor assomou ao centro do altar sozinho para pedir uma bênção ao
"amigo" pastor Pedro Leite e fazer uma troça: "Pedro Leite é candidato a deputado
distrital. Estou tão feliz, tão feliz, porque hoje se encerra o prazo de coligação, quem
vai ser candidato, e eu graças a Deus não estou nem aí", disse.
638
"Glória a Deus!", replicaram os fiéis, uníssonos.
"Quero que vocês fiquem de pé e façam uma oração para ele. Ele vai ser candidato, sei
que é uma luta, ser candidato não é fácil, um homem de princípios cristãos, precisa
realmente estar ali representando e defendendo os ideais cristãos", disse Fonseca.
Com as mãos levantadas em direção a Pedro Leite, os fiéis ouviram a súplica de outro
pastor para que Deus ajudasse o pastor a cumprir o propósito de chegar à Câmara
Distrital para que o governo de Brasília seja bem fiscalizado e que o homem de Deus
possa realizar essa tarefa.
"Amém!", replicou o público.
Ronaldo Fonseca chegou ao Palácio do Planalto numa jogada do governo Michel
Temer para, entre outros objetivos, tentar atrair o apoio dos evangélicos para a
candidatura presidencial do ex-ministro Henrique Meirelles (MDB).
Nomeado no fim de maio, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência dá expediente
no 4º andar do Palácio do Planalto nos dias de semana. Aos domingos, religiosamente
celebra cultos de manhã e à noite na igreja distante cerca de 27 quilômetros do centro
de Brasília. Além disso, atua pelo projeto político de se manter influente com a eleição
de aliados evangélicos.
O ministro, deputado licenciado e pastor, é um dos principais exemplos da atuação dos
evangélicos na política. Apesar de fortemente fragmentado em igrejas e diversos
partidos das mais variadas matizes ideológicas, o grupo tem de modo geral uma causa
em comum: a defesa de pautas conservadores, como posições contrárias à legalização
do aborto e união entre pessoas do mesmo sexo.
A participação do segmento no Congresso vem crescendo desde antes da Constituição
de 1988, mas, apesar da agenda do grupo sempre ganhar ressonância nos meios de
comunicação, está aquém da representatividade do segmento na população brasileira.
O último censo demográfico do país de 2010, portanto bastante defasado, aponta que
os evangélicos são 42,2 milhões de brasileiros (22,2 por cento da população), ante a
forte presença dos católicos, 123,2 milhões (64,6 por cento do total). Estimativas mais
atualizadas, entretanto, dão conta de que os evangélicos hoje são 30 por cento da
população brasileira --pesquisa Ibope de agosto de intenção ao Palácio do Planalto
apontou 27 por cento da amostra como evangélica e 57 por cento, católica.
639
Na eleição à Presidência deste ano, entre os candidatos que lideram as pesquisas,
apenas a ex-senadora Marina Silva (Rede) é declaradamente evangélica. Mas, segundo
a maioria das lideranças do segmento ouvidas pela Reuters, o apoio dos evangélicos
está pulverizado entre vários presidenciáveis.
Dados do Ibope mostram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) --que deve ter a
candidatura barrada com base na Lei da Ficha Limpa-- e o deputado Jair Bolsonaro
(PSL), católico casado com uma evangélica, como os preferidos do segmento, e
Marina, de modo geral, num terceiro lugar.
Na Câmara dos Deputados, segundo o coordenador da Frente Parlamentar Evangélica,
deputado Takayama, do Partido Social Cristão (PSC), são cerca de 100 representantes
(cerca de 20 por cento do total) --o número varia em função de afastamentos. No
Senado, disse, são apenas 4 dos 81 senadores (somente 5 por cento das cadeiras).
Durante o culto naquela manhã de domingo, Fonseca fez questão de registrar que
qualquer candidato que fosse à igreja seria abençoado. Este foi o único momento em
que se falou de política durante o culto de quase duas horas, embora após a cerimônia
o pastor Pedro Leite tenha sido abordado por lideranças religiosas ligadas a Fonseca
para ajudar na campanha.
A Justiça Eleitoral está de olho nessa relação entre eleições e religião. Na semana
passada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que pedir votos em evento religioso
durante a campanha configura abuso do poder econômico e cassou o mandato de dois
parlamentares mineiros.
Aos 59 anos, Fonseca decidiu não se candidatar novamente nas eleições de outubro,
após ter obtido dois mandatos de deputados federal --o último deles com 85 mil votos.
Disse já ter cumprido sua "missão", mas admite trabalhar para emplacar Pedro Leite
deputado distrital e o professor Marcos Pacco, que ocupou cargos no governo do
Distrito Federal, na cadeira que ocupa na Câmara dos Deputados.
"Nosso segmento tem a tendência de escolher o representante que leva as demandas
da instituição, do que a pessoa pensa na verdade, o seu pensamento político", disse
Fonseca, em uma das entrevistas à Reuters em seu gabinete no Planalto.
CRESCIMENTO
Apesar de evidente nos últimos anos, a participação dos evangélicos na política é
relativamente recente. Anteriormente avessos ao engajamento, a atuação começou a
640
ganhar corpo pouco antes da Assembleia Nacional Constituinte, quando diferentes
vertentes do segmento se organizaram para eleger parlamentares que defendessem
seus valores, conforme a tese de doutorado em psicologia social pela PUC de São
Paulo de Bruna Suruagy do Amaral Dantas, intitulada "Religião e Política: ideologia e
ação da 'bancada evangélica' na Câmara Federal".
A pauta do grupo na ocasião --praticamente a mesma dos dias atuais-- girava em torno
da "manutenção da família, união conjugal monogâmica e heterossexual, a proibição
do aborto e do divórcio, a moral sexual e o combate à sexualidade", segundo a tese.
Após a Constituinte, o grupo continuou a trabalhar pela eleição de representantes no
Congresso a fim de diminuir a hegemonia da Igreja Católica. Porém, a frente evangélica
da Câmara só foi criada em 2003, no início do governo do então presidente Lula, e
desde então tem sido renovada no começo de cada Legislatura.
É contra o que consideram baixa representatividade desse segmento religioso que
Ronaldo Fonseca, Takayama e outras lideranças evangélicas têm feito um trabalho
para ampliar a presença no Congresso, influenciar ou até participar do próximo
governo, independentemente de quem seja o próximo presidente da República.
A estimativa de lideranças evangélicas é que haja um crescimento de 10 por cento do
tamanho da bancada na Câmara dos Deputados em outubro. Apesar da atuação coesa
no Congresso, não há um plano de ação conjunta entre as igrejas para maximizar o
desempenho eleitoral --em alguns casos, há disputas pelo mesmo eleitorado.
Ronaldo Fonseca disse que a Assembleia de Deus --a maior representante evangélica
no país, com cerca de um terço do total-- pretende eleger um deputado federal em
cada uma das 27 unidades da Federação. Foram 24 na eleição passada, afirmou.
Na capital do país, o grupo quer eleger Pacco, do Podemos, para a Câmara dos
Deputados, mas ele provavelmente terá que disputar os votos evangélicos com Julio
Lopes, do PRB, o deputado distrital mais votado na eleição passada.
"Ele (Ronaldo) deixou a vida parlamentar e trabalha para transferir o capital político
para mim. Estamos caminhando aí para juntar esse capital político", afirmou Pacco.
"O voto evangélico, cristão, será decisivo na minha eleição", atestou o candidato, que
ficou na suplência na eleição passada buscando eleitores no nicho dos preparatórios
para concursos públicos, e agora se intitula candidato do segmento evangélico.
641
Pacco admite estar fazendo uma série de agendas "casadas" com lideranças religiosas
com Fonseca em busca de apoios.
A professora Maria das Dores Campos Machado, especialista em sociologia da religião
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destacou que muitos dos
parlamentares evangélicos detêm títulos eclesiásticos e, dessa forma, são mais
comprometidos com as doutrinas, ao contrário de representantes católicos no
Legislativo.
"As igrejas lançam essas pessoas porque é mais fácil mantê-las sob controle do que um
leigo", disse Maria das Dores.
Financiamento
Para as eleições de outubro não há um padrão de financiamento de candidatos
evangélicos no país. Os entrevistados pela Reuters dizem que vão buscar doações de
aliados e contam principalmente com recursos do chamado fundo eleitoral, recurso
público criado para custear as campanhas.
O PRB, legenda mais identificada com uma igreja do segmento, a Universal do Reino de
Deus, terá quase 70 milhões de reais para bancar todas as disputas.
Procurada pela Reuters, a Receita Federal somente divulgou a arrecadação de todas as
igrejas, sem discriminar por segmento religioso. Elas arrecadaram ano passado cerca
de 531 milhões de reais, ante 536 milhões de reais em 2016 e 461 milhões de reais em
2015.
Ou seja, 1,5 bilhão de reais em arrecadação que envolve, principalmente, algumas
retenções tributárias, como o Imposto sobre a Renda retido na fonte do trabalho dos
empregados, PIS sobre folha e recolhimentos tributários daquilo que não é
considerado atividade das entidades. Nessa conta não entra a receita das igrejas com
dízimos, por exemplo.
Ninguém diz que contará com o respaldo financeiro de integrantes da igreja, ainda
mais diante da proibição do financiamento das campanhas por empresas.
Pacco disse que estima gastar 300 mil reais na campanha --o teto legal de despesas
para a sua campanha é de 2,5 milhões de reais. Ele espera contar com recursos do
fundo eleitoral previstos para o Podemos, partido ao qual é filiado, mas que ainda não
informou quanto vai disponibilizar para a disputa, e doações de pessoas próximas.
642
"Vai ser uma campanha franciscana", disse Pacco, que também fará uma vaquinha
eletrônica para garantir um suporte financeiro.
Segundo a professora da UFRJ, candidatos a cargos eletivos evangélicos partem de
uma vantagem em relação aos demais por contarem com uma estrutura institucional
de apoio, mesmo que não haja apoio financeiro às campanhas.
"Essas candidaturas são trabalhadas com muita antecipação", disse a professora,
citando, por exemplo, o endosso de lideranças religiosas aos candidatos e o uso de
rádios para torná-los conhecidos.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/reuters/2018/08/30/evang
elicos-se-articulam-para-aumentar-representatividade-politica.htm
ALEXYA, PASTORA TRANS E CANDIDATA DISPOSTA A "CONTRADIZER" EM SÃO PAULO
Alba Santandreu, EFE reproduzida pelo Uol Universa, 27 de agosto de 2018
Mãe de dois filhos adotivos, transgênero e pastora de uma igreja protestante, Alexya
Salvador considera que sua vida em si é um "ato político" e agora está disposta a
conseguir uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo para "contradizer" a
política dos poderosos no Brasil.
Há dois anos Alexya é pastora em São Paulo da Igreja da Comunidade Metropolitana
(ICM), que se autodefine como uma congregação de direitos humanos com uma
mensagem positiva e inclusiva para a comunidade LGBTI.
Fundada em 1968 nos Estados Unidos, a igreja tem mais de 400 comunidades ao redor
do mundo, incluindo Cuba, onde a pastora brasileira, de 37 anos, realizou no ano
passado a primeira missa de transexuais na ilha.
"A igreja foi um canal de liberdade para mim. Antes queria morrer, tentei me suicidar
três vezes, agora quero viver", contou Alexya, candidata a deputada estadual pelo
PSOL nas eleições de outubro.
Na sua igreja, "radicalmente protestante" e decorada com bandeiras do arco-íris, luta
pelas "causas sociais, pelo verdadeiro desejo de Jesus Cristo", e quer levar essa batalha
643
até1 o Legislativo da capital paulista para conter o "retrocesso dos direitos das
minorias".
Alexya, segundo a própria diz, se opõe à chamada "bancada da Bíblia", que reúne no
Congresso Nacional os legisladores que defendem os interesses de igrejas evangélicas,
e pretende enfrentar em nível estadual "os fundamentalistas religiosos" que estão na
política.
"A minha candidatura é de contradição. É um contraponto dentro da própria igreja",
assegurou.
De formação católica, a religião sempre esteve presente na sua vida e chegou a
estudar durante quatro anos em um seminário para ser padre, mas só conseguiu
resolver seus "conflitos internos" graças à ICM, situada no primeiro andar de um
edifício no centro de São Paulo.
"A igreja me auxiliou, me compreendeu. Me explicou que Deus me amava como era,
que não era uma escolha, que Deus me fez assim", comentou a também professora de
Português, mãe adotiva de Gabriel, um menino de 13 anos com necessidades
especiais, e Ana Maria, uma menina de 11 anos que também é transgênero.
Militante dos direitos LGBTI, Alexya considera que "o fato de ser trans no país que mais
mata transexuais no mundo é o maior ato político que poderia exercer" e sua
candidatura em si representa um "ato de sobrevivência" na busca por
representatividade dentro da Assembleia Legislativa.
No entanto, sua luta não se limita à defesa LGBTI: se conseguir uma cadeira na Câmara
de São Paulo, assegura que também colocará sobre a mesa temas como adoção,
educação e ajuda a pessoas com necessidades especiais.
Sua militância, diz, é a favor dos direitos humanos e vai na direção oposta à do
candidato presidencial Jair Bolsonaro, o segundo melhor colocado nas pesquisas de
intenções de voto.
O candidato de extrema-direita, cujo nome Alexya prefere não citar, acumula um
longo histórico de declarações machistas, homofóbicas e racistas que, segundo muitos,
incitam a violência.
"É a figura do retrocesso total do Brasil. Representa tudo o que não deve ser feito.
Representa tudo o que há de pior", lamentou Alexya, uma das 47 candidatas
transgênero que disputarão este ano um cargo nas eleições de outubro.
644
A representatividade transgênero na corrida eleitoral aumentou nove vezes desde
2014, quando apenas cinco candidatas entraram na disputa, segundo a Associação
Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
https://universa.uol.com.br/noticias/efe/2018/08/27/alexya-pastora-trans-ecandidata-disposta-a-contradizer-em-sao-paulo.htm
MULHERES SÃO "ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS
Renan Truffi e Mariana Haubert, Estadão reproduzido pelo Uol, 18 de agosto de 2018
Concorrendo em quatro chapas como vice-presidente e em duas como cabeça de
chapa, as mulheres não ganharam o mesmo espaço nos programas de governo dos
candidatos ao Planalto. Os programas de Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles
(MDB) e Jair Bolsonaro (PSL), por exemplo, dedicam poucas ou nenhuma linha para
ações voltadas ao público feminino, de acordo com os documentos registrados no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Alckmin escolheu a senadora Ana Amélia (PP-RS) como vice e vem enfatizando que ela
garante representatividade às mulheres na sua equipe. O programa tucano traz, no
entanto, somente uma única proposta direcionada a elas: "estabelecer um pacto
nacional para a redução de violência contra idosos, mulheres e LGBTI e incentivar a
criação de redes não governamentais de apoio ao atendimento de vítimas de violência
racial e contra tráfico sexual e de crianças".
A campanha do PSDB disse que o programa ainda é uma "versão resumida".
Apesar de ter cotado a senadora Marta Suplicy (MDB-SP) como vice, Meirelles cita as
mulheres apenas uma vez no programa. Ele promete "incentivar a redução da
diferença salarial entre homens e mulheres, respaldado pela nova lei do trabalho".
Com resistência no eleitorado feminino, Bolsonaro, que convidou a advogada Janaina
Paschoal (PSL-SP) para compor chapa, tratar do tema em uma medida principal do
programa: "combater o estupro de mulheres e crianças".
Na outra ponta aparecem os candidatos que dedicaram espaço maior a medidas para
o público feminino - Guilherme Boulos (PSOL) e Ciro Gomes (PDT). Ambos escolheram
mulheres como vices e apresentam medidas para esse público nos planos de governo.
645
O PT, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Lava Jato,
dedicou um tópico de seu plano para mulheres, assim como Marina Silva, da Rede.
As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/agenciaestado/2018/08/18/mulheres-sao-esquecidas-em-programas-de-governo-dospresidenciaveis.htm
UNIVERSAL ATACA VEREADORES QUE APROVARAM IMPEACHMENT DE CRIVELLA.
JORNAL DA IGREJA ACUSA FAVORÁVEIS DA ABERTURA DE PROCESSO CONTRA O
PREFEITO DE PRECONCEITO
Folha/Uol, 24 de julho de 2018
A Igreja Universal usou seu jornal para atacar os 16 vereadores que votaram a favor da
abertura de processo de impeachment contra o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo
Crivella (PRB).
Em texto publicado no domingo (22) na Folha Universal, a igreja destaca que os
evangélicos "formam uma frente coesa" e ignorar esse eleitorado é um "erro".
"No momento que mais se discute a importância do voto dos evangélicos, que já se
aproximam dos 40% da população, o pior erro que um político pode cometer é se aliar
a quem despreza esse segmento", diz o texto publicado no jornal.
Bispo licenciado da Igreja Universal, Crivella é acusado de oferecer ajuda para
encaminhar fiéis a cirurgias e para agilizar processos de isenção da cobrança de IPTU
das igrejas em reunião no Palácio da Cidade, uma das sedes da prefeitura.
O prefeito nega favorecimento e diz que teve apenas o objetivo de prestar contas de
sua gestão e apresentar aos presentes programas sociais da prefeitura.
A oposição tentou a abertura de um processo de impeachment, mas foi derrotada por
29 a 16. Ainda assim, o prefeito é réu num processo na Justiça por ferir a laicidade do
Estado em nove oportunidades.
Sob o título "Os evangélicos estão de olho neles", o texto da Folha Universal ataca as
intenções dos vereadores.
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"Será mesmo que é em defesa do Estado laico que os justiceiros da indignação seletiva
lutam? Ou o problema é ter um evangélico (que não faz parte do 'esquema') na
prefeitura da segunda cidade mais importante do país e uma das maiores e principais
do mundo?", diz o jornal.
O texto menciona ainda a absolvição do ex-prefeito César Maia (DEM), que votou
contra Crivella, numa ação civil pública em que era acusado de usar dinheiro público
para construir uma igreja. O STJ (Superior Tribunal de Justiça) arquivou o caso.
"Já imaginou se Crivella tivesse usado dinheiro da prefeitura para construir uma igreja
evangélica?", apontou o texto.
Um dos mencionados no texto, o vereador Fernando William afirmou que o prefeito
"tenta, para justificar sua brutal incapacidade de gestão, se vitimizar da forma mais
torpe".
"Mais cedo ou mais tarde, mesmo a população mais pobre vai perceber o que está por
trás desta igreja", disse.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/07/universal-ataca-vereadores-queaprovaram-impeachment-de-crivella.shtml
UNIVERSAL COBRA ISENÇÃO FISCAL PARA EQUIPAMENTOS DE TV. ECONOMIA
CHEGARIA A R$ 5 MI; À JUSTIÇA GOVERNO ACUSA BENEFÍCIO PARA EMISSORA
Rogério Gentile, Folha/Uol, 24 de agosto de 2018
A Igreja Universal do Reino de Deus tenta obter na Justiça isenção de cerca de R$ 5
milhões em impostos para a importação de equipamentos de produção de televisão.
São centenas de produtos e aparelhos com tecnologia HD, entre câmeras de estúdio,
câmeras de captação externa, monitores, softwares, switchers e ilhas de edição.
A Folha localizou 12 ações contra o governo de São Paulo, impetradas desde 2016, nas
quais a Universal afirma, citando a Constituição, ter direito à imunidade tributária.
O Estado diz que a importação dos equipamentos não se enquadra nas hipóteses
previstas na lei e cita na defesa apresentada à Justiça que a entidade é proprietária de
"canais de televisão". A Universal é a controladora da Record.
647
"Sob o pretexto de que é entidade religiosa, a autora está pretendendo obter uma
imunidade para uma verdadeira emissora de televisão, o que nada tem a ver com as
suas atividades", afirmou o governo.
No documento, o Estado argumenta que os canais produzem programas com fins
comerciais, e que essas atividades não podem ser consideradas ligadas às finalidades
essenciais do tempo.
A igreja contesta a versão do governo paulista. Diz que o objetivo principal sempre foi
o de alcançar o maior número de pessoas sofridas, a fim de propagar o Evangelho.
"A Universal sempre utilizou meios de comunicação social como TV, rádio e internet
para ultrapassar a barreira da distância física e levar uma palavra de vida e fé a
qualquer pessoa", afirmou em nota encaminhada à Folha.
Disse também que os equipamentos produzirão exclusivamente conteúdo evangélico
para ser exibido em quase todas as televisões, a Record inclusive, e cita a RedeTV!, a
Bandeirantes, o SBT e a CNT.
No texto, afirma ainda que a Universal e a Record são instituições diferentes e
independentes em todas as questões.
"A única relação é comercial, para uso de espaço da grade televisiva, a mesma prática
mantida com as demais emissoras", declarou.
Um laudo pericial anexado em um dos processos judiciais atesta que o conteúdo
produzido nos estúdios da Universal tem cunho religioso.
Cada processo de isenção de ICMS tem como base a compra de equipamentos para
um determinada sede da Universal, presente em todos os Estados e que estima ter 7
milhões de fiéis no país.
A TV HD IURD Rio de Janeiro, por exemplo, foi orçada, segundo documentos enviados
ao Judiciário, em R$ 3,7 milhões, valor que considera a compra de produtos nacionais
e importados.
Outra compra foi realizada para a reforma do departamento de TV no Templo de
Salomão, principal edifício da igreja, localizado na região do Brás, em São Paulo.
648
"A demanda inicial foi gradativamente aumentando, de uma forma que o sistema, que
já não funcionava como o esperado, não suportou toda a necessidade", justificou a
igreja à Justiça.
Na disputa com o governo paulista, a igreja já obteve mais vitórias do que derrotas.
Em relação à compra de equipamentos para a Universal do Rio, a juíza Juliana Pitelli da
Guia deu razão ao Estado, considerando que "não há como afirmar que seu uso será
exclusivamente para fins religiosos e não lucrativos".
Já a 6ª Câmara do Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, ao analisar
processo para compra destinada para a igreja de Goiânia, considerou procedente a
argumentação da Universal.
De acordo com a desembargadora Silvia Meirelles, ficou "devidamente comprovado
que os equipamentos adquiridos serão utilizados em sua atividade essencial".
Em nenhum processo houve ainda decisão definitiva.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/universal-cobra-isencao-fiscal-paraequipamentos-de-tv.shtml
CULTOS, ALERTAS E CHAMADOS MOVEM A “BANCADA DA BÍBLIA” NO CONGRESSO
Renata Agostini, Paulo Oliveira, Estadão reproduzido pelo Uol, 12 de agosto de 2018
Eduardo Cunha, fiel da Assembleia de Deus e então presidente da Câmara dos
Deputados, retardava o início dos trabalhos no plenário da Casa naquele 24 de
setembro de 2015. Comprava tempo para que uma comissão especial concluísse a
votação do Estatuto da Família.
Apresentado por um deputado evangélico, o projeto que define a família como
entidade formada pela união de um homem com uma mulher passou por 17 votos.
Doze deles vieram de parlamentares evangélicos.
A aprovação mostrava, logo no início da nova legislatura, que o grupo estava unido na
defesa de seus interesses. Mostrava também o esforço dos deputados evangélicos de
manter - e quiçá aumentar - o poder político alcançado nos quatro anos anteriores,
quando ocuparam a Comissão de Direitos Humanos com o pastor Marco Feliciano
649
(Podemos-SP). Para esses deputados, Deus tem poder. A bancada evangélica precisa
ter também.
A quarta reportagem da série Os donos do Congresso mostra que o grupo é uma força
em ascensão no Congresso Nacional. A cada legislatura, cresce em tamanho,
capacidade de organização e influência.
Levantamento do Estadão/Broadcast indicou que a bancada é composta por pelo
menos 84 parlamentares: 82 deputados e dois senadores. É mais que o dobro do
número de congressistas evangélicos que se elegeram em 2006, segundo o
Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, o Diap.
Esses parlamentares estão organizados na Frente Parlamentar Evangélica (FPE).
Oficialmente, há 182 integrantes em exercício em sua lista. No entanto, 105 deputados
seguem outras religiões. Lá entraram com suas assinaturas somente para viabilizar a
criação da frente, anabolizando a representação parlamentar evangélica.
Para chegar à formação da bancada atual - com a entrada de suplentes, por exemplo -,
o Estadão/Broadcast procurou cada congressista da lista original na FPE, além de
parlamentares indicados pela Frente e que têm atuação próxima ao grupo.
Os 84 parlamentares representam 23 Estados, 21 legendas e 19 denominações
evangélicas. Uma vez no Congresso, porém, para boa parte deles as diferenças
regionais e partidárias são esquecidas em prol da união em torno de pautas morais.
Costumes
Votações que marcaram a legislatura, como o impeachment de Dilma Rousseff ou a
PEC do teto de gastos, não entraram nas conversas da bancada. Não se trata de um
grupo homogêneo. O que os une é a defesa dos valores cristãos e da família.
Organizam-se para aprovar projetos favoráveis a essa plataforma e, especialmente,
para barrar projetos desfavoráveis a ela. Ali não persevera o debate econômico. Em
torno dos temas morais, há prioridades claras: impedir a realização de abortos, o
debate sobre identidade de gênero nas escolas, o casamento entre pessoas do mesmo
sexo, a liberação dos jogos de azar, a legalização das drogas.
Dentro desse roteiro, a aprovação da PEC 181 é celebrada como uma das principais
vitórias dos evangélicos na atual legislatura. Originalmente, ela propunha ampliar o
tempo de licença-maternidade em caso de parto prematuro.
650
No meio do caminho legislativo, foi desfigurada por um deputado evangélico e passou
a incluir a ideia da "inviolabilidade do direito à vida desde a concepção", abrindo
caminho para tornar ilegal todo tipo de aborto - hoje permitido em casos como de
estupro e de risco para a mãe.
Em 2017, a "PEC da Vida" foi aprovada na comissão, resultado celebrado aos gritos de
"Vida sim! Aborto não!" pela bancada evangélica. Graças às manobras do grupo, uma
proposta progressista tornou-se projeto conservador de alto impacto e com chances
de prosperar na Casa.
Tanto o Estatuto da Família quanto a PEC 181 aguardam votação no plenário da
Câmara e, para virar lei, ainda precisam passar pelo Senado. Há, portanto, um longo
caminho até lá. Mas são vitórias políticas expressivas para um grupo que, até outro
dia, lograva, no máximo, impedir a vitória dos outros.
Para emplacar os projetos, a atuação da bancada foi decisiva. Os evangélicos
inscreveram-se em peso nas comissões - na PEC 181 chegaram a ter quase metade das
vagas. "Não é no grito que vamos conseguir o que queremos, é no voto. Daí a
importância de estarmos organizados. Não podemos comer mosca", diz Leonardo
Quintão (MDB-MG), que é presbiteriano. Ele avalia que o grupo foi aprendendo a
operar na Casa.
O uso das comissões é um exemplo. Hoje, os 82 deputados evangélicos estão
distribuídos em 159 das 184 comissões permanentes e temporárias da Casa, segundo
levantamento do Estadão/Broadcast.
A comissão da PEC 200, que pretende isentar do pagamento de IPTU templos
alugados, é a com maior número de integrantes da bancada: 17 dos 21. Entre as
permanentes, a de Ciência e Tecnologia e a Constituição e Justiça são as que mais
concentram evangélicos. "A esquerda milita. Entendemos que precisávamos de um
grupo para militar também", diz o pastor Hidekazu Takayama (PSC-PR), presidente da
FPE.
'Valores cristãos'
Na bancada evangélica, a ordem é clara: detectar e atuar para bloquear iniciativas que
possam afrontar o ideário conservador. Nos cálculos da Frente Parlamentar Evangélica
(FPE), há mais de 300 projetos em tramitação hoje na Câmara que ameaçam
frontalmente os valores defendidos pelos evangélicos.
651
"O segmento se organizou e agora está muito bem representado. Há uma lista com os
números dos projetos que são nocivos. Temos uma torre de vigia preparada para
atuar", afirma a deputada Tia Eron (PRB-BA), que chegou ao Congresso egressa dos
quadros da Igreja Universal do Reino de Deus.
Para garantir a articulação, os evangélicos fazem reuniões às terças na Câmara. O
quórum nem sempre é alto, mas há os cultos. Realizados às quartas pela manhã num
dos plenários da Casa, eles atraem um público fiel.
Após o louvor, é comum que os deputados despachem sobre temas de interesse. O
que funciona mesmo, porém, é o WhatsApp. É lá que, a qualquer hora de qualquer dia,
surgem avisos e lembretes de votações para os quase 160 integrantes do chat "FP
Evangélica".
No núcleo duro da articulação, ao lado do presidente Hidekazu Takayama, estão
nomes como Marco Feliciano (Podemos-SP), João Campos (PRB-GO) e Sóstenes
Cavalcante (DEM-RJ). Mas a FPE diz contar com mais de 70 deputados firmes na causa
evangélica.
Sozinhos, os ativistas evangélicos são somente 16% da Câmara. Para vencer, portanto,
a bancada precisa de aliados. Há sintonia fina com as frentes "Católica Apostólica
Romana" e "Em Defesa da Família e Apoio à Vida" - não por acaso é grande o número
de católicos na composição oficial da FPE. Juntos, formam a "bancada da Bíblia".
As lideranças das frentes estão em constante contato e há afinidade em temas
centrais, como a defesa de posição contra o aborto. A atuação espraia-se pela
Esplanada. Há monitoramento e intensa pressão sobre o Executivo.
Em 2017, num dos mais rumorosos episódios de atuação da bancada da Bíblia, os
presidentes das frentes Evangélica, Católica e da Família marcharam juntos ao Palácio
do Planalto para exigir alterações na base nacional curricular. Estavam contrariados
com a inclusão do conceito de respeito à identidade de gênero e orientação sexual.
Pouco depois, o Ministério da Educação de Michel Temer divulgou novo texto,
suprimindo qualquer menção ao tema.
A articulação dos evangélicos estende-se ainda a outros grupos conservadores, como
os das chamadas bancadas do boi (Frente Parlamentar Agropecuária) e da bala (Frente
Parlamentar da Segurança Pública).
652
"A bancada 'BBB' - boi, bíblia e bala - funciona de verdade. A gente conversa, se
protege", afirma Sóstenes Cavalcante, membro da Assembleia de Deus Vitória em
Cristo, que em seu primeiro mandato se tornou uma das vozes mais influentes da
bancada evangélica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/agenciaestado/2018/08/12/cultos-alertas-e-chamados-movem-a-bancada-da-biblia-nocongresso.htm
VEREADOR MUDA NOME DE CRECHE ARCO-ÍRIS POR "PROMOVER O
HOMOSSEXUALISMO"
Uol Universa, 16 de julho de 2018
Uma creche em Palmas, no Tocantins, se tornou centro de uma polêmica só pelo fato
de se chamar “Arco-Íris”.
Tudo começou quando um projeto de lei sobre a criação de seis novas creches foi
enviado à Câmara dos Vereadores.
Entre elas, a “Creche Arco-Íris” causou irritação no vereador Filipe Martins, do PSC,
que promoveu uma emenda para a mudança no nome, alegando que o original
“promove o homossexualismo”.
"O objetivo é homenagear uma das pioneiras de Palmas como reconhecimento pelos
relevantes serviços prestados aos palmenses, além de substituir o nome Arco-Íris, que
apesar de ser um símbolo do cristianismo, também é usado para promoção do
homossexualismo", diz ele em um comunicado no site do próprio vereador, que traz
ainda o logo: “em defesa da família”.
O nome, que havia sido escolhido pela própria comunidade local, foi alterado
legalmente a pedido do vereador. A creche agora se chama Romilda Budke Guarda.
“A senhora Romilda, mãe de seis filhos, costureira, veio para Palmas -TO no dia 7 de
janeiro de 1997, fixando seu domicilio na antiga ARSO 32, sendo a primeira moradora
na referida quadra. Teve uma vida pautada na moralidade, na ética e no altruísmo.
Uma líder comunitária (saudosa memória), que muito ajudou na arborização e
embelezamento da desta cidade”, disse Martins.
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Vale lembrar que o termo "homossexualismo", usado pelo vereador, é considerado
ofensivo por boa parte da comunidade LGBT, caiu em desuso e foi substituído por
"homossexualidade", pois o sufixo "ismo" é associado a doenças e a grupos fanáticos.
https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/07/16/vereador-muda-nome-decreche-arco-iris-por-promover-o-homossexualismo.htm
VÍDEO: COMISSÃO QUE ANALISA “ESCOLA SEM PARTIDO” TEM PROTESTO E BATEBOCA
Thallita Essi, Congresso em Foco/Uol, 12 de julho de 2018
A sessão da comissão especial que analisa o projeto da chamada "escola sem partido"
teve gritaria e bate-boca entre parlamentares nesta quarta-feira (11).
Um grupo de professores e alunos se posicionou na porta do local onde era realizada a
comissão para protestar. Eles gritavam "mordaça não".
https://www.youtube.com/watch?v=36vtTDkQEis
Dentro da comissão, parlamentares se estranharam porque o presidente, deputado
Marcos Rogério (DEM-RO), tentou colocar para votação o parecer do relator, Flavinho
(PSC-SP), sem ler o texto. O fato revoltou deputados da oposição. O vídeo é do
jornalista George Marques.
https://www.youtube.com/watch?v=hz3kZwYCJfg
A sessão da comissão foi encerrada antes de ser concluído o voto sobre o parecer do
relator porque foi convocada sessão do Congresso Nacional.
O relator apresentou substitutivo prevendo que cada sala de aula terá um cartaz dos
quais constarão seis deveres do professor. Entre eles: não ofertar disciplina sobre
conteúdo de gênero ou orientação sexual; não cooptar alunos para correntes políticas
ideológicas ou partidárias; e observar "o respeito ao direito" dos pais de que os filhos
sejam educados de acordo com suas convicções.
O projeto inclui na Lei de Diretrizes e Bases da Educação a ideia de que os valores de
ordem familiar têm precedência sobre a educação escolar nos aspectos relacionados à
educação moral, sexual e religiosa.
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Thalita Essi, estagiária, produziu esta reportagem sob a supervisão da editora Amanda
Audi.
https://congressoemfoco.uol.com.br/legislativo/video-comissao-que-analisa-escolasem-partido-tem-protesto-e-bate-boca/
LEI DE CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA PROMULGADA POR MÁRCIO FRANÇA GERA
POLÊMICA. NORMA SE APLICA A EXPOSIÇÕES E MOSTRAS DE ARTE
Mônica Bergamo, Folha/Uol, 14 de julho de 2018
O governador Márcio França promulgou uma lei do deputado estadual Celso
Nascimento (PSC) que institui a classificação indicativa de exposições e mostras de
artes visuais em São Paulo. A medida já causa polêmica.
CATRACA
Advogados afirmam que a lei é inconstitucional. Alessandra Gotti, do grupo Advogados
pela Arte, diz que ela viola o artigo que diz que compete à União “exercer a
classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e
televisão”.
PODE, SIM
A assessoria de Celso Nascimento diz que exposições não são “diversões públicas”,
termo que seria “muito subjetivo”.
INFORME
O governo de SP afirma que a lei não conflita com a Constituição, “tem caráter apenas
informativo e não estabelece qualquer tipo de censura”.
TERRENO INCERTO
A nova regra determina que as próprias instituições responsáveis pelos eventos façam
a autoclassificação segundo os critérios determinados pelo Ministério da Justiça. A
pasta, no entanto, trabalha em uma nova regulamentação para as artes visuais.
NÃO COMPLICA
655
“No momento que o ministério está debatendo esse tema em audiência pública, e
somado à incompetência constitucional do estado para tratar do tema, isso [a lei] pode
mais confundir que ajudar no processo de harmonização entre liberdade de expressão
e boa utilização do Estatuto da Criança e do Adolescente”, avalia Eduardo Saron,
diretor do Itaú Cultural.
[A seguir, a coluna trata de outros assuntos... Informações sobre o deputado estadual
Celso Nascimento (PSC – SP), página da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo
- ALESP: https://www.al.sp.gov.br/alesp/deputado/?matricula=300538 ]
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2018/07/lei-de-classificacaoindicativa-promulgada-por-marcio-franca-gera-polemica.shtml
“EU RECEBI MAIS DE CEM AMEAÇAS DE MORTE”, DIZ CURADOR DA EXPOSIÇÃO
QUEERMUSEU. GAUDÊNCIO FIDELIS FALA SOBRE OS ATAQUES À EXPOSIÇÃO DE ARTE
CANCELADA NO ANO PASSADO EM PORTO ALEGRE E REINAUGURADA NO RIO DE
JANEIRO NESTE MÊS
Mariana Simões, Agência Pública, 28 de agosto de 2018
Inicialmente realizada no Santander Cultural de Porto Alegre, a exposição Queermuseu
– Cartografias da diferença na arte brasileira foi cancelada em setembro do ano
passado quando membros do Movimento Brasil Livre (MBL) criticaram o seu conteúdo
como imoral e ofensivo. À época, a exposição foi acusada de fazer apologia à
pedofilia, pornografia e zoofilia.
Nesta entrevista à Agência Pública, o curador da exposição, Gaudêncio Fidelis, avalia
que os ataques à Queermuseu demonstram uma tendência no crescimento do
conservadorismo e fundamentalismo no Brasil. “Eu recebi mais de cem ameaças de
morte. Foi terrível. Não tinha volume dos ataques que recebi. Eu tive que andar com
segurança naqueles primeiros dias”, relembra.
A decisão do Santander Cultural de fechar a exposição foi criticada e gerou
manifestações em prol da liberdade de expressão. Mas uma onda de apoio culminou
com uma campanha de crowdfunding para remontar a Queermuseu, dessa vez no Rio
de Janeiro, no Parque Lage, o que levou a um recorde nacional de financiamento
coletivo com mais de R$ 1 milhão arrecadado. Segundo o seu curador, a reinauguração
contou com a presença de cerca de 10 mil pessoas e se deve à importância política que
656
a exposição ganhou para além do mundo da arte. “Nunca no Brasil uma exposição
permaneceu tanto tempo no debate público.”
Vocês apostaram em uma exposição provocativa que tem uma mensagem política.
Qual era objetivo que vocês queriam alcançar?
Essa exposição não é uma ideia isolada. Ela vem de um processo e de um conjunto de
exposições que venho desenvolvendo há cerca de dez anos e que foi se afunilando
para algumas questões específicas que são do meu interesse. E que tem, sim, no
universo da arte uma dimensão política.
Por exemplo, tenho um interesse grande nas premissas que formam e constroem o
cânone da história da arte. Acho importante que isso seja entendido porque existe
uma equivalência na maneira como a institucionalidade constrói essa história e os
nossos comportamentos sociais com a maneira como nós vivemos a nossa vida fora do
universo institucional da arte.
É importante considerar que sou um historiador da arte que reafirmo claramente que
o cânone da arte é excludente por natureza. Ou seja, daquelas obras mais relevantes, a
história da arte exclui uma enormidade de outras. É uma fatalidade inerente desse
processo. Isso que acontece no âmbito da história da arte tem uma correspondência
no que a gente vê dos processos de exclusão no âmbito social.
Existe também uma equivalência quando digo que a obra de arte é como um espelho.
Quando você ingressa em uma exposição, você projeta nesses objetos os seus
preconceitos, a sua história de vida, o seu nível de tolerância ou intolerância. Quando
você, por exemplo, diz “eu não gosto dessa obra” ou “ela me causa determinado
sentimento”, é porque você projeta nela o olhar, mas ela demanda uma resposta. É
importante, também, entender que dentro desse aspecto as suas crenças também são
projetadas ali. Aquilo ali é um exercício de confronto com o outro, o objeto é esse
outro. Nesse sentido, a arte é muito reveladora do nosso comportamento social, dos
preconceitos que a gente projeta lá fora, muitas vezes da nossa intolerância, inclusive,
do ódio que se projeta para a arte, mas que também se projeta em relação ao outro
que a gente não aceita.
Foi justamente esse contato do público com “o outro” que gerou toda aquela reação
entre os grupos de direita. Você tinha essa expectativa de que a exposição iria gerar
uma reação no público?
657
Não. Ali [na exposição] existe esse componente, mas ele se agrega a um outro que é
circunstancial. Eu já estava detectando desde 2011, de uma maneira muito visível,
quando fui dirigir o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, que havia um acirramento
dos ataques de ódio à produção artística contemporânea. Que não são novos no Brasil
e ainda acontecem em várias partes do mundo, que é um certo ódio da arte
contemporânea. Só que eles não tinham um caráter moral naquele momento.
Depois, quando fiz a Bienal do Mercosul, nós tivemos ataques enormes à obra do Hélio
Oiticica Tropicália, que estava presente na exposição. É uma obra histórica que nós
remontamos na bienal, e ela tinha a inclusão de dois papagaios criados em cativeiro e
tinham toda a assistência dos tratadores. E vieram ataques de certos segmentos dos
defensores dos animais.
Mas a gente detectou que era um ódio direcionado à produção artística. “Ah, arte
contemporânea é um lixo” e essas coisas. A bienal foi em 2014 e já ali eu estava
detectando que isso estava crescendo, mas ainda não havia ali, pelo menos
visivelmente, um aspecto moralista por trás desses ataques.
O que mudou?
Quando a Queermuseu surge, o universo é completamente diferente. Acho que é
preciso pôr em perspectiva as circunstâncias que nós já estamos vivendo com o
crescimento desses movimentos de extrema direita e ultradireita, o fundamentalismo
que vem crescendo de uma maneira rápida e avassaladora e o papel que o MBL
desenvolve nos ataques à exposição. Porque são eles que atacam a exposição. Não há
ataques à exposição antes deles de nenhuma forma. Não há nenhum
descontentamento e a exposição é muito celebrada. Uma visitação extraordinária. Ela
teve em 26 dias 32 mil visitantes. Em uma cidade como Porto Alegre, isso é muito.
Então você não achava que as pessoas teriam essa reação de ódio?
Não. Honestamente acho que a exposição transcorria normal. Acredito que, se a
exposição tivesse permanecido mais tempo, ela teria ataques dessa natureza, mas não
de uma natureza fascista e organizada como foi o caso do MBL.
Conte um pouco sobre as ameaças que você sofreu. Como você se sentiu naquele
momento?
658
Cinco membros do MBL, alternadamente, ingressam na exposição, na tarde do dia 6 de
setembro de 2017, com cameras, fazendo vídeos e abordando e assediando os
visitantes, dizendo coisas que até hoje tenho dificuldade de repetir, mas estão nos
mais de 10 mil vídeos no YouTube. Tem muitos que são difamatórios. Eles continuam
esses ataques na sexta e no sábado, e o Santander fecha a exposição no domingo sem
consultar a mim, como curador, nem a produção. Foi uma decisão unilateral. Essas
narrativas falsas que eles construíram crescem e se juntam a narrativas de grupos
ligados ao Bolsonaro e outros setores ultraconservadores da sociedade.
E aí nós temos um dilema até então nunca visto na história de exposições brasileiras.
Como é que nós lidamos com uma exposição que está sendo atacada
sistematicamente, em que há uma narrativa difamatória que só cresce, e não temos
mais a exposição aberta para constatar se o que está sendo dito é verdade ou não?
Mas houve uma reação muito impressionante de setores progressistas da sociedade
quando mais de 3.500 pessoas se reúnem em frente ao Santander para um protesto
contra o Santander e em defesa da exposição, convocado em grande parte por
organizações LGBT, organizações de caráter feminista, outras de defesa de
trabalhadores sexuais. E se juntam a ela também organizações sociais e sindicatos,
parcelas do setor acadêmico, sociedade geral, lideranças políticas. É uma das coisas
mais impressionantes que eu vi. Lembrando que depois isso resulta nesse
engajamento extraordinário desses vastos setores da sociedade brasileira, e parte da
sociedade internacional, inclusive com a campanha de crowdfunding, a maior
campanha de financiamento coletivo do país, arrecadando mais de R$ 1,81 milhão.
Apesar da reação favorável da sociedade, que acolheu a exposição, como você se
sentiu quando os ataques começaram?
Sempre defendi arduamente as exposições que realizei. Porque acho que essa é minha
tarefa como curador. Mas a minha defesa sempre é artística e conceitual. Política
também, mas no âmbito da arte. Quando a exposição fecha, se impõe para mim uma
tarefa dentro da qual fui inadvertidamente colocado, a de fazer uma defesa de uma
outra natureza. A defesa do mérito artístico da exposição deixei de lado e tive que
migrar imediatamente para uma outra defesa, que foi a dos princípios mais
elementares da democracia, do direito de acesso. Uma defesa da liberdade de
expressão. Entendi que o impacto que isso teria sobre a liberdade de expressão e a
liberdade de escolha era fundamental. Eu fiz uma advertência que nunca vou
esquecer, quando me pediram para fazer uma fala: “Essa exposição, a partir de hoje,
está entregue nas mãos da sociedade brasileira. Eu acredito que a sociedade brasileira
659
irá dar uma demonstração de força e democracia e irá reabri-la em algum momento,
porque isso é fundamental para o princípio democrático”.
Você recebeu ameaças pessoalmente?
Eu recebi mais de cem ameaças de morte. Foi terrível. Não tinha volume dos ataques
que recebi. Eu tive que andar com segurança naqueles primeiros dias. Foi uma coisa
impressionante.
Você tomou alguma ação judicial contra esses grupos de extrema direita?
Eu fui muitas vezes questionado sobre essa questão, mas a minha decisão foi
estratégica de não fazer isso. Porque entendi que acionar o MBL é irrelevante. Seria
gastar uma enorme energia e um enorme dispêndio de recursos para obter um
sucesso que não tem impacto em relação a eles. A minha estratégia foi promover um
contra-ataque de defesa desses princípios democráticos em direção, por exemplo, a
setores da classe média conservadora, vários dos quais financiavam o MBL. Direcionar
para eles uma mensagem: “Olha com quem vocês estão flertando”. Porque esses
setores, apesar de serem conservadores, são setores diferentes, e nós precisamos,
agora, neste momento, distinguir o conservadorismo de um outro território que é o
fundamentalismo, o fascismo, a ultradireita e a extrema direita.
Ao direcionar essa mensagem para esses setores mais conservadores da classe média
que estavam dando sustentação financeira ao MBL, nós seríamos mais efetivos. Esses
setores, apesar de conservadores, não aceitam a censura em diversos termos, que
obras sejam retiradas de museus, que se fechem museus. Acho que essa estratégia foi
muito efetiva porque o MBL sofreu um dano muito maior do que eles esperavam.
O Kim Kataguiri, em uma entrevista longa, é perguntado sistematicamente sobre a
Queermuseu e ele nega que houve. É como se nunca tivesse existido. “Não, não era
censura, nós não tivemos essa intenção”. Recentemente, agora na abertura da
Queermuseu, um órgão de imprensa internacional o entrevistou novamente e ele
disse: “Não, aquilo nunca foi censura. Nós queríamos apenas defender que a exposição
não fosse financiada publicamente”. Eles desfazem a conversa.
O próprio Marcelo Crivella, prefeito que em determinado momento atacou a
exposição e impediu que ela viesse para o Rio, dá entrevista para as “Páginas
Amarelas” da Veja, e ele desfaz completamente o assunto da Queermuseu, dizendo
apenas que não gostava da exposição. Então acho que a reação que a gente
660
promoveu, a estratégia que a gente escolheu, foi acertada. Uma batalha jurídica, na
minha opinião, seria difusa e ineficaz.
Como você vê o papel da própria exposição em desconstruir essa imagem que esses
grupos de direita tentaram propagandear sobre a exposição?
A exposição agora aberta resolve aquele dilema inicial. É possível constatar que a
narrativa difamatória que tinha sido criada em torno da exposição não existe, não tem
correspondência na exposição. E estive lá todo o tempo desde a abertura. Eu percorri
as filas e conversei com as pessoas, e foi uma experiência excepcional para mim. As
pessoas estavam profundamente felizes de a exposição estar reabrindo.
Acompanharam a luta em torno dela e tinham se engajado.
O TJ-RJ derrubou a liminar que proibia a entrada de menores de 14 anos na
exposição. Você concorda com a classificação de idade em exposições que foi
adotada por vários outros lugares?
Eu sou absolutamente contra a classificação indicativa para exposições de arte e já fiz
várias defesas públicas sobre isso. Eu participei, por exemplo, de um debate sobre
classificação indicativa em que eu conclui da seguinte forma. Primeiro, a inexistência
da classificação indicativa para as artes visuais nos termos em que está colocada no
Estatuto da Criança e do Adolescente: a ausência dela não foi uma distração, não foi
um lobby da comunidade artística para que não houvesse classificação indicativa. O
ECA é muito bem-feito e está fundamentado na ideia de que de fato não existe em
nenhum lugar do mundo estudo que diga ou prove que imagens de obras de arte
produzam trauma ou algum impacto psicológico em crianças e adolescentes.
A minha defesa é muito categórica e eu vou persistir nela: que seja mantido o caráter
pedagógico que o ECA contém, aquele de que seja destinado aos pais ou responsáveis
as decisões que envolvem a maneira como eles desejam criar os seus filhos e propiciar
a eles educação e conhecimento. E essa decisão, se for retirada dos pais e jogada para
o Estado, estabelecerá mecanismos de censura prévia e assim por diante.
Você acha que virá alguma outra reação negativa pela frente?
Acho que nós vencemos essa luta em grande parte. Acho que ela continua porque
essas lutas são contínuas. Tenho dito que umas das coisas para a qual o fechamento da
661
Queermuseu nos acordou foi que a gente viu de uma hora para outra que a
democracia não é perene, que a gente tem que lutar por ela todos os dias.
Mas é muito claro para mim que o que traz as pessoas para a exposição agora é o fato
de que as elas querem participar dela e se sentem parte dela.
Quando eu falei com as pessoas que estavam na fila, elas foram muito categóricas em
dizer: “Eu vim porque essa exposição me diz respeito, eu me sinto parte dela, eu quero
participar desse momento histórico. É importante para a democracia”.
Você acha que toda essa comoção em volta da exposição acabou atraindo um
público que talvez não teria ido vê-la se ela não tivesse sido censurada?
Para você ter uma ideia, até este momento saíram mais de 2.800 matérias sobre a
exposição no mundo inteiro. Ela tem uma repercussão. Nunca no Brasil uma exposição
permaneceu tanto tempo no debate público sem cessar.
Porque ela galvaniza esses setores da sociedade mais progressistas em defesa de um
universo muito mais amplo que extrapola a exposição, mas para qual a ela serve de
plataforma. E essa plataforma não havia sido encontrada até então, com essa
possibilidade de radiação ampla. Ou seja, você consegue trazer para uma luta
abrangente um universo enorme de pessoas que até então não estavam convergindo
para uma defesa sistemática de determinados princípios democráticos. E nada melhor
que a arte para ser um instrumento de união.
Por outro lado, não deixa de ser surpreendente que uma exposição de arte, que até
então sempre foi considerada uma área elitista, restrita, de pouco acesso, hermética
etc., tenha sido justamente aquela que tenha propiciado essa amplitude.
[Reproduzida pelo El País: “Eu recebi mais de cem ameaças de morte”, diz curador da
exposição Queermuseu Gaudêncio Fidelis fala sobre os ataques à exposição de arte
cancelada no ano passado em Porto Alegre e reinaugurada no Rio de Janeiro neste
mês”, Mariana Simões, El País reproduz Agência Pública, 28 de agosto de 2018]
https://apublica.org/2018/08/eu-recebi-mais-de-cem-ameacas-de-morte-diz-curadorda-exposicao-queermuseu/
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/28/cultura/1535483191_606318.html
662
"NÓS, LGBT, JÁ FOMOS CRIANÇAS E ISSO INCOMODA", DIZ ARTISTA ACUSADA DE
INCITAR PEDOFILIA
Tiago Dias, Uol, 12 de setembro de 2017
Obras de Bia Leite no "Queermuseu": ?Um trabalho atento e delicado para se
conversar sobre infância e violência", explica a artista
Um novo debate sobre arte e representatividade tomou as redes sociais após o
fechamento precoce da mostra "Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte
Brasileira", em Porto Alegre, no último fim de semana.
Passado um mês da abertura, uma onda ruidosa de críticas a algumas obras fizeram
com que o Santander Cultural antecipasse o fim da mostra. Entre as graves acusações
apontadas estavam apologia à zoofilia e profanação.
No entanto, foram as obras "Travesti da Lambada e Deusa das Águas" e "Adriano
Bafônica e Luiz França de She-há", da série "Criança Viada", de autoria da cearense Bia
Leite, as mais contestadas. As gravuras coloridas de crianças em poses e trejeitos "não
heteronormativos", como a artista define, foram apontadas como ?apologia à
pedofilia?.
663
"Nós, LGBT, já fomos crianças. Esse assunto incomoda", afirmou a artista, em texto
enviado ao UOL. "Sou totalmente contra pedofilia e contra abuso psicológico de
crianças. O objetivo do trabalho é justamente o contrário. É que essas crianças tenham
suas existências respeitadas."
Mas afinal, do que trata a obra?
Apesar de toda a reação, pouco se falou do contexto da obra, que ganhou prêmios e
chegou a ser exposta no "XIII Seminário LGBT", na Câmara dos Deputados em Brasília,
em 2016. O evento anual chegou a irritar a bancada evangélica e foi ameaçada por
Eduardo Cunha, até então presidente da Câmera.
Bia se baseou em fotos de um antigo tumblr chamado "Criança Viada", que recebia
imagens de internautas quando crianças. A intenção, ela explica, era "celebrar esses
traços, que durante toda a infância foram motivo de xingamentos e violência".
"Nas telas expostas todas as crianças sorriem e o texto enaltece e empodera essas
crianças desviantes -- finalmente! -- chamando-as de deusas ou nomes de superheroínas", observa.
"A linguagem da pintura também nos insere na História com orgulho e força, diante de
uma sociedade que nos quer invisíveis. Nós, LGBT, já fomos crianças. Esse assunto
incomoda porque nós nunca viramos LGBT, nós sempre fomos. Todos nós devemos
cuidar das crianças, não reprimir a identidade dela nem seu modo de ser no mundo,
isso é muito grave."
Para ela, a exposição "Queermuseu" tinha caráter educativo ao propor um exercício
poético sobre o bullying. "Um trabalho atento e delicado para se conversar sobre
infância e violência, abrindo vias de diálogo para a prevenção de futuras agressões",
defende a artista.
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“Cena de Interior II”, da celebrada artista carioca Adriana Varejão
As representações das crianças nas obras são acompanhadas de legendas com gírias
do mundo gay, escritas pelo jornalista Iran Giusti, criador do tumblr e hoje
coordenador da Casa 1, centro de acolhimento LGBT em São Paulo.
Pelo Facebook, ele lamentou a repercussão: "As frases que ilustram as obras da Bia são
minhas e me doeu pra c... ver algo que eu escrevi, que foi tão lindamente entendido
por anos, acabar sendo colocado como apologia à pedofilia por tanta gente
inconsequente e desinformada".
Outras obras
Tão atacada quanto o trabalho de Bia Leite, a tela "Cena de Interior II", da celebrada
artista carioca Adriana Varejão, foi enquadrada pelos críticos como uma obra que
promove a zoofilia.
A tela mostra cenas de sexo entre figuras femininas e masculinas e entre um homem e
uma cabra. A artista já havia comentado que a compilação de práticas sexuais
existentes é uma reflexão adulta sobre o tema.
665
"Cruzando Jesus Cristo com o Deus Shiva", obra de Fernando Baril
Já a obra "Cruzando Jesus Cristo com Deusa Schiva", tela de 1996 do gaúcho Fernando
Bari, representa Jesus com inúmeras pernas e braços e reverbera "pela superfície da
pintura, exibindo objetos de toda ordem nas mãos e pés, muitos deles relacionados à
história da arte e à cultura pop", como explica o curador Gaudêncio Fidelis em texto do
catálogo do "Queermuseu".
No vídeo que deu origem à manifestação contrária à exposição, blogueiros do MBL
(Movimento Brasil Livre) apontaram que a obra "escarneava Cristo".
Entidades de defesa dos direitos LGBT criaram um ato em repúdio à decisão do banco
Santander. A manifestação está marcada para esta terça-feira (12), às 16h, na Rua 7 de
Setembro, onde fica localizado o Santander Cultural, que sediava a mostra.
https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2017/09/12/nos-lgbt-ja-fomoscriancas-esse-assunto-incomoda-diz-artista-acusada-de-pedofilia.htm
PROFESSORES E ORGANIZAÇÕES QUEREM ARTE OBRIGATÓRIA NO ENSINO MÉDIO
Agência Brasil reproduzida pelo Uol, 22 de agosto de 2018
666
Professores, educadores e entidades da sociedade civil querem que o ensino de arte
siga obrigatório nas escolas, no ensino médio. Por meio do Movimento Arte na Escola,
eles propõem ainda que haja duas aulas por semana de artes nos três anos do ensino
médio. As demandas fazem parte de documento que está sendo debatido hoje (22) e
amanhã (23) no Conselho Nacional de Educação (CNE).
Após a aprovação do novo ensino médio e da divulgação da Base Nacional Curricular
(BNCC) para essa etapa, especialistas em arte educação e entidades sociais temem que
a arte perca espaço no ensino médio. Em Brasília, o grupo se reúne para consolidar até
amanhã um documento para ser avaliado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE),
que poderá incluir as sugestões tanto na BNCC quanto nas Diretrizes do Novo Ensino
Médio.
"O mundo está indo em outra direção, está valorizando a arte educação e o Brasil
precisa acompanhar essa tendência", diz o diretor executivo do Instituto Arte na
Escola, Claudio Anjos. "No século 21, as principais competências para o
desenvolvimento do indivíduo como um todo passam pelo ensino da arte, que é
fundamental para garantir que determinadas habilidades e competências possam vir à
tona", acrescenta. O Instituto Arte na Escola é uma associação civil sem fins lucrativos
que oferece formação continuada em artes para professores da educação básica.
O novo ensino médio, aprovado no ano passado, estabelece que as escolas passem a
ensinar um conteúdo comum a todo o país, que deverá ocupar 1,8 mil horas dos três
anos da etapa de ensino e que, o no tempo restante, os estudantes possam receber
formações específicas em linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências
humanas ou ensino técnico, escolhendo uma de preferência.
A parte comum será definida pela BNCC, que atualmente está em discussão no CNE.
Além da Base, o conselho discute ainda diretrizes que vão orientar as redes de ensino
na implementação da nova lei.
Arte integra linguagens
Com a nova configuração, o ensino de arte passa a integrar, na BNCC, o eixo de
linguagens. No entendimento do movimento, dentro de linguagens, a lei permite que o
ensino de artes perca espaço para língua portuguesa, disciplina obrigatória.
A proposta em discussão pelas entidades no CNE é que seja inserida na BNCC outra
área do conhecimento e outro itinerário formativo destinado exclusivamente à arte e
667
suas linguagens. Esse itinerário incluiria artes visuais, dança, música e teatro. O
audiovisual seria posteriormente incorporado também a essa área.
Além disso, o movimento quer garantir o tempo para o ensino das artes. "A carga
horária necessária pelo professor de arte é muito maior do que existe geralmente na
escola", diz Anjos. Os especialistas reunidos no CNE vão definir uma sugestão do
mínimo a ser aprendido nas artes, para que haja uma melhora na formação dos
estudantes. "Hoje, o espaço da arte acaba sendo minimizado e as escolas acabam
trabalhando apenas com efemérides, com datas como Páscoa, São João".
A formação de professores também deverá entrar na proposta entregue ao CNE.
Dados do Ministério da Educação (MEC) de 2013 mostram que apenas 6% dos
professores que lecionavam arte no país tinham formação específica no componente.
Próximos passos
Amanhã (23) o grupo deverá consolidar propostas a serem entregues ao CNE. O vicepresidente da Câmara de Educação Básica do CNE, Ivan Siqueira, será responsável por
organizar as propostas e apresentá-las aos conselheiros responsáveis pela análise da
BNCC.
As propostas ainda terão que ser aprovadas pelos conselheiros antes de integrarem o
documento que será enfim encaminhado ao MEC e, posteriormente aplicado nas
escolas. As sugestões poderão integrar tanto a BNCC quanto as diretrizes do novo
ensino médio.
Para Siqueira, a Base "não tem nada" de artes. "Essa proposta de Base vai servir para
responder quais componentes que os alunos terão direito de aprender em qualquer
parte do país. O documento coloca só arte [como um título do texto]. Mas o que de
arte? O que de música, o que de teatro, o que de artes plásticas? Se não enumerar
isso, isso não vai ser uma Base Comum, vai ser só um título", diz.
Segundo ele, diante da ausência de especificações no documento, ele acredita que as
sugestões do grupo serão aceitas pelos conselheiros.
Ministério da Educação
A secretária de Educação Básica do MEC, Kátia Smole, diz que as artes, assim como as
demais disciplinas estão garantidas no novo ensino médio e na BNCC. "Ao contrário do
668
que vinha na parte [da BNCC] do ensino fundamental [aprovada no ano passado], as
habilidades não estão previstas por componente, mas por área. As habilidades de arte
estão contempladas na Base", reforça.
"O desenvolvimento humano não prescinde da cultura e nem da arte. Na formação
integral, na BNCC e na própria reforma [do ensino médio] está previsto o
protagonismo juvenil, o projeto de vida, a formação integral da pessoa". Ela diz que o
documento que será consolidado a partir das discussões no CNE irá "contribuir para o
melhor posicionamento possível das habilidades de tal forma a garantir tudo que está
previsto na reforma".
https://educacao.uol.com.br/noticias/2018/08/22/professores-e-organizacoesquerem-arte-obrigatoria-no-ensino-medio.htm
POR QUE LULU SANTOS DEVERIA SE ESCONDER NO ARMÁRIO?
Tony Goes, F5 Folha/ Uol, 25 de julho de 2018
Ninguém quer ser tachado de homofóbico. Nem mesmo quem expressa claramente
sua intolerância aos homossexuais. Os preconceituosos tentam se disfarçar usando
frases como “não concordo com a prática do homossexualismo (sic)”, ou a já clássica
“tenho até amigos gays”.
Existe uma variante muito em voga quando um artista famoso sai do armário. Ela está
sendo usada neste exato momento contra Lulu Santos, e diz mais ou menos assim:
“Nada contra o que você faz entre quatro paredes, mas sua vida privada só diz respeito
a você mesmo. Poupe-nos dos detalhes”.
Na segunda (23), o cantor postou em seu perfil no Instagram uma foto em que aparece
ao lado de Clebson Teixeira, e deu várias pistas de que os dois estariam namorando.
Depois ele mesmo confirmou tudo, em dois vídeos de agradecimento às mensagens de
carinhoenviadas pelos fãs.
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Lulu Santos e o namorado Clebson Teixeira /Reprodução/Instagram/lulusantos
Os comentários favoráveis são realmente maioria em todas as reportagens online que
eu pesquisei sobre o assunto. Mas claro que Lulu também é alvo da ignorância de
alguns. Explícita, em uns poucos casos, ou mais discreta, fazendo a linha “mais do que
queríamos saber”.
“Exposição desnecessária.” “Relacionamentos íntimos devem ser realmente íntimos e
discretos.” “Eu não tenho nada a ver com a vida sexual alheia. Cada um no seu
quadrado!”, e assim por diante.
Também há quem diga que Lulu Santos estaria apenas querendo se promover. Como
se fôssemos o país mais avançado do mundo, onde se assumir gay ou lésbica trouxesse
sucesso automaticamente.
O curioso de tudo isso é que ninguém reclama quando uma celebridade heterossexual
apresenta seu novo amor. Alguns casais chegam a postar fotos bastante íntimas, e
todo mundo acha lindo.
A explicação para este critério duplo é simples. Quando um famoso se desvia do
padrão heteronormativo, ele ajuda a tirar o estigma da homossexualidade. Está
mostrando para o mundo que é perfeitamente possível ser feliz, saudável e bem-
670
sucedido enquanto se relaciona com alguém do mesmo sexo. E dando coragem a
milhares de pessoas a assumir suas preferências sexuais.
Exatamente o contrário do que pregam os homofóbicos, que acham que todos os LGBT
são doentes, sofredores e marginalizados. E que alguém pode até ter desejos
homossexuais, mas deve reprimi-los – ou vivê-los em segredo, como se fosse um
crime.
Daniela Mercury, Marco Nanini, Nanda Costa, Luís Fernando Guimarães, Carol Duarte
e, agora, Lulu Santos, estão espatifando esse paradigma em mil pedacinhos. Eles e
outros artistas que vêm revelando seus pares homoafetivos estão prestando um
enorme serviço à sociedade, espalhando uma mensagem de amor e aceitação.
Menos para quem “não concorda com o homossexualismo (sic)”, é claro.
Tony Goes tem 56 anos. Nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo desde
pequeno. Já escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de
alguns longas-metragens.
[A matéria original traz também uma imagem de Lulu Santos sozinho...]
https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/tonygoes/2018/07/por-que-lulu-santos-deveriase-esconder-no-armario.shtml
GRUPOS REPUDIAM EDITAL DA PM-PR QUE EXIGE “MASCULINIDADE” DE CANDIDATOS
Isabella Macedo, Congresso em Foco/Uol, 11 de agosto de 2018
A Aliança Nacional LGBTI e o Grupo Dignidade, que atuam na defesa dos direitos da
população LGBTI, publicaram neste sábado (11) uma nota de repúdio e indignação (leia
a íntegra mais abaixo) ao edital do concurso para cadete da Polícia Militar do Paraná
(PM-PR). Em um dos anexos do edital, que descreve as características desejadas dos
aspirantes na avaliação psicológica, o documento inclui “masculinidade” como uma
dos aspectos do perfil profissiográfico.
O item C31 do edital descreve a característica: “Capacidade de o indivíduo em não se
impressionar com cenas violentas, suportar vulgaridades, não emocionar-se
facilmente, tampouco demonstrar interesse em histórias românticas e de amor”.
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Na imagem, edital pede "masculinidade" na avaliação psicológica dos candidatos
A Aliança Nacional LGBTI e o Grupo Dignidade apontam que, além de machista e
sexista, a exigência desconsidera que mulheres também sejam candidatas a cadete ou
quer delas tal aspecto definido como “masculinidade”, o que significa um “retrocesso
discriminatório”.
“Fere a Declaração Universal de Direitos Humanos e a Constituição Federal Brasileira
no que diz respeito à igualdade de todas as pessoas, além de estar na contramão dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ONU) em relação ao
alcance da igualdade entre os gêneros. Ademais, segue uma tendência
demasiadamente preocupante de recrudescência de valores que beiram o fascismo e
ameaçam a própria democracia no Brasil”, prossegue a nota.
Os grupos pedem à governadora do Paraná, Cida Borghetti (PP) e à Coronel Audilene
Rosa de Paula Dias Rocha, Comandante-Geral da PM-PR, que o edital seja revogado. A
nota também pede posicionamentos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e dos
conselhos Federal de Psicologia e Regional de Psicologia do Paraná sobre o conteúdo
do edital.
O Ministério Público do Paraná e a Universidade Federal do Paraná (UFPR), que
publicou o edital por meio de seu Núcleo de Concursos, também são cobrados para
revogar a convocação e para que o documento seja substituído por um sem o reforço
das “desigualdades e injustiças presentes na sociedade atual”.
Leia a íntegra da nota da Aliança Nacional LGTBI e Grupo Diversidade:
O Edital nº 01-Cadete-PMPR-2019, disponível em
http://portal.nc.ufpr.br/PortalNC/Concurso?concurso=CFO2019 , exige em seu Anexo
II, “Perfil Profissiográfico – Avaliação Psicológica” que os candidatos demonstrem a
característica de ”masculinidade”, definida pelo edital como “capacidade de o
indivíduo em não se impressionar com cenas violentas, suportar vulgaridades, não
emocionar-se facilmente, tampouco demonstrar interesse em histórias românticas e
de amor.”
672
Entendemos que a exigência, entre diversos equívocos, desconsidera a possibilidade
de mulheres candidatas a cadete, ou quer que elas também tenham características de
“masculinidade”, e que, portanto, é um retrocesso discriminatório e permeado por
machismo, chauvinismo, patriarcalismo, sexismo, binarismo de gênero,
heteronormatividade... Fere a Declaração Universal de Direitos Humanos e a
Constituição Federal Brasileira no que diz respeito à igualdade de todas as pessoas,
além de estar na contramão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das
Nações Unidas (ONU) em relação ao alcance da igualdade entre os gêneros. Ademais,
segue uma tendência demasiadamente preocupante de recrudescência de valores que
beiram o fascismo e ameaçam a própria democracia no Brasil.
Apelamos à governadora Cida Borghetti e à Comandante-Geral da Policia Militar do
Paraná, a Coronel Audilene Rosa de Paula Dias Rocha, para que o Edital seja revogado
imediatamente.
Pedimos a atuação imediata do Ministério Público do Paraná para que o Edital seja
revogado e substituído por um que esteja livre de aspectos que reforcem as
desigualdades e injustiças presentes na sociedade atual.
Solicitamos também que a Universidade Federal do Paraná, através do seu Núcleo de
Concursos, por meio do qual se publicou o referido Edital, faça valer seu compromisso
declarado publicamente de promoção da igualdade entre os gêneros e do combate à
discriminação, inclusive por orientação sexual e identidade de gênero.
Solicitamos outrossim ao Conselho Federal de Psicologia e ao Conselho Regional de
Psicologia do Paraná, assim como a Ordem dos Advogados do Brasil e suas Comissões
de Diversidade Sexual e de Genêro, que se posicionem sobre o conteúdo do Edital.
Curitiba, 11 de agosto de 2018
Isabella Macedo, repórter. Graduou-se em Jornalismo pela Universidade Anhembi
Morumbi (UAM-SP). Foi Foca do Curso Estado de Jornalismo, curso de extensão do
jornal O Estado de S. Paulo em parceria com a Universidade de Navarra, em 2015. É
repórter do Congresso em Foco desde maio de 2017.
https://congressoemfoco.uol.com.br/direitos-humanos/grupos-repudiam-edital-dapm-que-exige-masculinidade-de-candidatos/
673
EDITAL nº 01-CADETE PMPR-2019. CONCURSO PÚBLICO DESTINADO AO
PREENCHIMENTO DE VAGAS NO CARGO DE CADETE POLICIAL MILITAR DA POLÍCIA
MILITAR DO ESTADO DO PARANÁ. ESTADO DO PARANÁ. POLÍCIA MILITAR. DIRETORIA
DE PESSOAL. CENTRO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO
[Ver matéria: Grupos repudiam edital da PM-PR que exige “masculinidade” de
candidatos, Isabella Macedo, Congresso em Foco/Uol, 11 de agosto de 2018]
http://portal.nc.ufpr.br/PortalNC/PublicacaoDocumento?pub=118 (acesso em 12 de
agosto de 2018)
https://drive.google.com/file/d/1Ur0k1UD2M9IvLuNqeKh86XK05v2uAJB/view?usp=sharing
GOVERNADORA DETERMINA CORREÇÃO DE EDITAL DE CONCURSO DA PM DO PARANÁ
QUE PREVIA CRITÉRIO DE “MASCULINIDADE”
Roger Pereira, Paraná Portal/Uol, 13 de agosto de 2018
A governadora Cida Borghetti determinou nesta segunda-feira (13/08) a urgente
correção dos termos do edital aberto pela Polícia Militar do Paraná para o concurso do
curso de oficiais da corporação. O concurso prevê, em seu edital o critério de
“masculinidade” como um dos itens a serem avaliados na seleção.
Em nota, a governadora ressaltou que “não admite qualquer postura discriminatória
nos atos das instituições de Estado, e destacou o fato de ter escolhido uma mulher, a
Coronel Audilene, para o comando geral da Polícia Militar”.
Edital do concurso para a seleção de 16 candidatos ao curso de formação de cadetes
da PM do Paraná cita que na avaliação do “Perfil Profissiográfico e Avaliação
Psicológica”, a característica “Masculinidade” será levada em consideração. Como
“masculinidade”, o edital descreve a “capacidade de o indivíduo em não se
impressionar com cenas violentas, suportar vulgaridades, não emocionar-se
facilmente, tampouco demonstrar interesse em histórias românticas e de amor”.
A exigência levou a Aliança Nacional LGBTI e a ONG Grupo Dignidade a pedirem a
revogação do edital. A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do
Brasil Seção Paraná também se manifestou contra a exigência. Para as entidades, a
exigência “desconsidera a possibilidade de mulheres candidatas a cadete” e
674
representa “retrocesso discriminatório e permeado por machismo, chauvinismo
(chovinismo) (que é patriotismo fanático, agressivo), patriarcalismo, sexismo,
binarismo de gênero e heteronormatividade”.
Após a polêmica Polícia Militar se pronunciou alegando que o edital foi mal
interpretado. Em nota, a PM diz que o termo é utilizado pelo Conselho Federal de
Psicologia e a característica “não avalia componentes de gênero (masculino e
feminino), nem esse é o objetivo da avaliação”.
https://paranaportal.uol.com.br/cidades/governadora-determina-correcao-de-editalde-concurso-da-pm-do-parana-que-previa-criterio-de-masculinidade/
EXIGÊNCIA DE “MASCULINIDADE" PARA PM É MONUMENTO À FRAGILIDADE DO
HOMEM
Matheus Pichonelli, Blog do Pichonelli/Uol, 15 de agosto de 2018
Um concurso da Polícia Militar no Paraná causou polêmica ao incluir o item
"masculinidade" como um dos critérios para avaliação psicológica dos candidatos.
Segundo o edital, tal critério é resumido pela "capacidade de o indivíduo em não se
impressionar com cenas violentas, suportar vulgaridades, não emocionar-se
facilmente, tampouco demonstrar interesse em histórias românticas e de amor".
A "masculinidade", ainda de acordo com o edital, deve ser apresentada em um grau
maior ou igual a "regular".
No país que acaba de ultrapassar a marca dos 63 mil assassinatos ao ano, uma média
de sete mortes violentas por hora, ninguém a essa altura do campeonato imagina que
a capacidade de se encantar por histórias românticas e de amor seja exatamente uma
arma no combater ao crime.
Mas a associação automática da brutalidade como característica masculina e a
fragilidade, como um dom não-masculino, diz muito sobre como chegamos até aqui.
Em lugar de "masculinidade", o que se exige dos candidatos pode ser facilmente
trocado por "incapacidade de sentir". Um robô talvez não se impressione com cenas
violentas, suporte vulgaridades e não se emocione facilmente.
675
Humanos, homens e mulheres, podem até representar indiferença diante de tudo isso.
Mas uma coisa é representar; outra, engolir sem explodir. (Entre as características
exigidas dos candidatos estava também a capacidade de aceitar a sociedade como ela
é, como se ser humano não fosse também ser capaz de se indignar, mudar ou querer
mudar.)
Essa ideia de "masculinidade" é tão frágil que se acredita preservada quando homens
precisam dar entrevistas a repórteres mulheres em cima de um balde para não
parecerem mais baixos; quando marcas de desodorante usam títulos como "cabra
macho", "lenha" e "pegador" nos rótulos para atrair o público-alvo; quando motorista
se gaba de andar sem air-bag no carro para "morrer que nem homem"; ou quando
alguém precisa cortar o picolé na faca para não parecer estar fazendo outra coisa em
público.
É tanto esforço para não demonstrar fragilidade ou capacidade de afeto que se perde
a capacidade de se abrir, falar, elaborar, chorar; perde-se, pela atrofia, o que nos faz
humanos.
Seria cômico, não fosse também trágico, e essa tragédia pode ser mensurada no alto
índice de agressões de homens contra mulheres toda vez que sua "masculinidade" é
supostamente colocada em perigo. Como, por exemplo, quando se é contrariado e é
socialmente aceito usar a violência em nome da reputação.
Em nome dessa honra, foram construídas todas as guerras, as domésticas e as
delineadoras de fronteiras entre países.
Vamos combinar que o problema do Brasil não é a ausência de brutalidade, nem de
quem descumpre nem de quem deveria cuidar pela aplicação da lei.
A exigência no concurso da PM não é "só" uma aberração conceitual sobre o que é
masculino e o que é feminino, e como esses conceitos são construídos. É, sobretudo,
uma ofensa aos policiais que, não bastasse a missão de abraçar uma profissão com alto
nível de estresse e violência, não podem sequer demonstrar estresse ou sofrimento
em público.
Todos sabemos, ou deveríamos saber, o que acontece quando se tenta abafar esse
nível de estresse e sofrimento para não demonstrar "fraqueza". Um dos maiores
problemas hoje na corporação não é a capacidade de se emocionar com histórias
românticas. É a depressão e o suicídio.
676
https://matheuspichonelli.blogosfera.uol.com.br/2018/08/15/exigencia-demasculinidade-para-pm-e-monumento-a-fragilidade-do-homem/
REPRESSÃO ALÉM DA POLÍTICA. A DITADURA CONTRA OS GAYS: SER “DIFERENTE” ERA
AMEAÇA À SEGURANÇA NACIONAL
Gabriela Fujita, Uol, 12 de agosto de 2108
Torturas, assassinatos, violações de direitos humanos e censura à imprensa são marcas
da ditadura brasileira. Entre os muitos aspectos negativos do período há um menos
abordado: o impacto nas vidas de quem não tinha envolvimento com política, mas que
eram perseguidos por sua orientação sexual.
O professor de direito da Unifesp Renan Quinalha defendeu recentemente um
doutorado sobre o tema. Integrante da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo,
afirma que era feita "uma associação de segurança nacional com o comportamento
hetero-normativo, com a família tradicional brasileira".
A letra de uma música, por exemplo, foi proibida com o argumento de que “a
divulgação do homossexualismo é proibida pela Lei Censória”. Um funcionário público
foi afastado da Petrobras por ser gay.
O “alvo maior da atrocidade” eram os rapazes homossexuais, conta a cantora Angela
Ro Ro. Segundo ela, “não se podia ver uma bichinha na rua que, pumba!,
arrebentavam ela...”.
Veja, abaixo, relatos de quem viveu este período e sofreu ainda mais violência por ser
"diferente" do padrão sexual. E como a ditadura tornou a homofobia uma política de
Estado.
"São violações que você precisa esquecer"
A enfermeira Thaïs Azevedo se obrigou a remexer em gavetas do passado para dar seu
depoimento. Aos 70 anos de idade, não consegue conter o choro e desabafa aos dois
minutos de entrevista. “Quando falo sobre isso, descubro como a gente consegue
eliminar o passado. E aí descubro que ele é muito doloroso. Eu tenho medo.”
677
Dói se lembrar da adolescência e do início da juventude dela, vividos no Rio de Janeiro
e em São Paulo durante a ditadura (1964–1984). Para Thaïs, essa fase “obscura” traz
imagens difíceis e permeadas de muita violência.
“Quando a gente diz ‘Anos de Chumbo’, a gente está falando das pessoas
heterossexuais [e do que elas sofreram]. Esse universo homossexual não contava. Toda
a sevícia que você sofresse era natural”, ela afirma sobre a repressão militar.
Nascida no interior de Minas Gerais, Thaïs foi enviada adolescente à casa de uma tia
no Rio para continuar os estudos, mas ainda não se identificava como uma menina. O
ano era 1964 e ela tinha entre 15 e 16 anos de idade.
“Eu era uma criança preta, em uma escola só de brancos. A gente não falava de
transgeneridade. Não falava também de homossexualidade. A gente não falava, mas a
gente sentia as consequências.”
A primeira delas foi sofrida dentro de casa. A tia não aceitava o jeito de ser do
sobrinho e dispensou a empregada para que o menino assumisse as tarefas de
limpeza. “'Já que você é tão mulherzinha', ela dizia, 'vai fazer o serviço'. Ela tinha o
discurso de que, se fosse para envergonhar a família, o melhor era eu sumir. Eu fugi.”
Envergonhada, Thaïs não tentou voltar para Minas e passou a ficar pelas ruas,
dormindo na praia. Integrante de um grupo de oito jovens, todos menores de idade e
sem família, Thaïs foi presa pela primeira vez em uma feira.
“A polícia era amiga dos feirantes, pegou a gente, e foi aí que começaram as violações
sexuais pelos policiais. Eu era muito delicadinha, tinha um aspecto muito feminilizado
naturalmente, eu era uma presa muito atraente para esse pessoal.”
As apreensões dos garotos passaram a ser frequentes, e o grupo era usado pelos
policiais para diversão, ela relata.
O abuso sexual era cometido pelo poder
Thaïs de Azevedo, enfermeira
"Ninguém questiona, se você é militar. E esse militar não questiona essa criança. Eu
era menor de idade, com um corpo ainda saindo da infância, uma estrutura biológica
que não é constituída para, de repente, sofrer invasões de homens adultos e coisas
678
dessa natureza. São violações que você precisa esquecer para sair no outro dia e fugir,
correr e continuar vivendo”, ela diz.
Até chegar à idade adulta, ela se prostituiu para sobreviver. Viu os amigos de rua
desaparecerem aos poucos. Conseguiu deixar a condição marginal ao se envolver com
um homem mais velho, com quem teve um relacionamento estável. Só então pôde se
assumir com uma imagem feminina, de cabelos longos, curvas e seios (moldados com
o uso de anticoncepcional para mulheres).
"Desafiavam a ditadura pelo simples fato de serem o que eram"
A ditadura militar brasileira é, com frequência, associada a violações de direitos
humanos, civis e políticos, mas pouco se fala da repressão aos comportamentos
sexuais. Essa é a opinião do advogado Renan Quinalha, professor de direito da Unifesp,
que recentemente defendeu uma tese de doutorado na Universidade de São Paulo
(USP) que aborda histórias como a de Thaís.
“Há uma tendência a reduzir a ditadura a um embate entre um governo autoritário e
uma oposição. O regime autoritário também impactou outros segmentos da sociedade
que não tinham envolvimento com a política, que não foram para a luta armada, para
a resistência clandestina, mas que simplesmente tentavam viver seus desejos, suas
identidades e que, pelo simples fato de serem do jeito que eram, já desafiavam o
poder da ditadura”, ele diz.
Integrante da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo, o professor vasculhou
documentos oficiais (do Ministério da Justiça e da Polícia Federal, por exemplo) no
Arquivo Nacional e no Arquivo Público no Rio e em São Paulo, produzidos e registrados
entre 1964 e 1984. Seu objetivo foi mapear e compreender como as pessoas LGBTs
eram tratadas pelo aparato repressor montado durante o regime militar.
Quinalha concluiu que, encarando os LGBTs como uma ameaça à segurança nacional e
à estabilidade da família brasileira, a ditadura usou órgãos e servidores públicos para
institucionalizar a homofobia, ou a LGBTfobia, preconceito que já estava enraizado na
mentalidade brasileira, mas que piorou ao ser levado ao patamar de política de Estado.
Segundo sua pesquisa, são várias as dimensões onde a ditadura aplicava o repúdio
extremo aos homossexuais: nas artes, nas ações policiais cotidianas, nas investigações
internas do regime e até mesmo nas repartições públicas.
679
“Desde censuras, letras de música, que não tinham nada de erótico ou pornográfico,
eram simplesmente barrados porque mencionavam a sexualidade. Espetáculos de
teatro que foram proibidos de serem apresentados porque citavam algo que se
pensava estar associado ao comportamento homossexual, rompia com o padrão de
comportamento de gênero masculino, por exemplo, com uma figura afeminada.
Programas de auditório foram censurados, como o caso do programa do Chacrinha,
porque insistia em mostrar certos jurados afeminados”, Quinalha exemplifica.
Rita Lee e Gilberto Gil tiveram proibida a canção “De Leve”, uma versão de “Get Back”,
dos Beatles. A letra insinuava que um rapaz de Pelotas (RS) se descobria gay no Rio de
Janeiro, onde “muito garotão curtiu”. “De leve que é na contramão”, diz o refrão.
Na justificativa para a proibição, em novembro de 1977, a censora afirma que a letra
“enfoca o homossexualismo e lesbianismo de maneira vulgar” e avalia que o assunto
deve ser tratado “através do ponto de vista médico-científico”.
O cantor Luiz Ayrão foi mais explícito ao compor “Homossexual”, banida pela censura
em abril de 1972. A letra afirmava: “A sociedade precisa entender que é possível se
680
viver sem conviver, não aplaudir, mas não crucificar, não reprimir, pois toda força
reprimida em vão aumenta mais a força da explosão”.
A explicação para vetar a canção foi esta: “Não aprovo, pois a divulgação do
homossexualismo é proibida pela Lei Censória.”
Bem recentemente, em julho de 2018, a cantora e compositora Angela Ro Ro, que
completará 69 anos em dezembro, declarou na TV aberta que foi espancada “cinco
vezes por homofobia” e que, por causa das surras, perdeu a visão do lado direito.
“Era a nossa própria segurança pública do Rio de Janeiro que fez os cinco
espancamentos. Quatro militares desde a ditadura e um pela civil, depois da ditadura”,
ela afirmou ao jornalista Pedro Bial, da TV Globo.
A cantora, que é lésbica, conversou com o UOL sobre a revelação da violência que
sofreu, mas com algumas ressalvas. “Para a minha própria segurança física, mental e
existência”, disse a respeito de perguntas sobre as torturas. “Eu não quero puxar briga
com essa gentinha, não.”
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Eu tenho as vértebras 10 e 12, torácicas, esmagadas. Um dos caras me pegou pelos
braços e me puxou para trás e enfiou o coturno no meio das minhas costas. Foi aquele
'créc', e eu falei: ‘Me fodi...’. Caí dura, e o cara ficou apavorado: ‘Ih, aleijei a mulher...
Angela Ro Ro, cantora e compositora
Angela se lembrou de alguns casos de intolerância policial, em situações variadas:
desde um luau na praia do São Conrado, hoje conhecida como praia do Pepino,
quando o grupo com quem estava teve de sair fugindo para não apanhar da polícia;
até a morte de um amigo, que “não dava pinta”.
“A pessoa mais sossegada do mundo. Ele era delicado, nem dava pinta, ele apenas era
frágil, magrinho. Morava na zona sul, com a família. Ele estava chegando do cursinho
de noite, ele foi abordado por policiais, isso era na década de 1970. Plantaram uma
maconha nele e ele não reagiu, só falou: 'Não é meu'. Um dos caras se descontrolou e
deu uma coronhada na nuca dele. Mandaram ele se levantar, mas ele tinha morrido
já”, ela diz.
A cantora afirma que o “alvo maior da atrocidade” eram os rapazes. “Não se podia ver
uma bichinha na rua que, pumba!, arrebentavam ela...”
Para a artista, ainda estamos longe do momento em que tudo isso vai ser apenas
história. “Hoje em dia, a gente sai na rua e qualquer um vira Marielle Franco.
Infelizmente, é a situação da segurança pública. Eu já fui acometida de diversas, você
sabe, né, como eu falei no *Programa do+ Bial”, em referência aos ataques dos quais foi
vítima. “Sexo não é para se ter vergonha nem é crime”.
"Pederasta passivo" e afastado do cargo na Petrobras
682
Não apenas casos de artistas, a busca de documentos realizada pelo professor
Quinalha também identifica situações como a de um funcionário da Petrobras que foi
afastado de um cargo de chefia por conta de sua orientação sexual. Em uma
correspondência sigilosa com o timbre da empresa, ele é apontado como “elemento
pederasta passivo”, o que levou à sua remoção do cargo.
Em outro documento, intitulado “investigação socio-funcional”, com o selo da GapreDivin (Gabinete da Presidência da Petrobras / Divisão de informações), é informado o
motivo para a demissão de um funcionário do restaurante: “Por ser possuidor de
trejeitos femininos, evidenciando homossexualismo passivo”. Entre os detalhes
julgados “úteis” no documento, ressalta-se que já havia “outro empregado (mais
antigo) com a mesma tendência pederasta”, o que poderia ocasionar “rejeição ao
restaurante”.
"Fazia-se uma associação de segurança nacional com o comportamento heteronormativo, com a família tradicional brasileira, os pilares do desenvolvimento do país",
afirma o pesquisador. “A doutrina da segurança nacional traz o inimigo para dentro,
ele é interno. E você pode colocar qualquer um que esteja tentando 'acabar com a
família brasileira' nessa categoria.”
“A ditadura achava que grupos de homossexuais estavam aliados a um movimento
internacional comunista, para se unir e destruir o núcleo familiar.”
683
"Eles queriam 'limpar' a rua"
A pesquisa expõe ainda as operações que atingiam a população LGBT mais pobre em
São Paulo, formada principalmente por travestis, que se prostituíam em ruas da região
central. No primeiro semestre de 1980, de 300 a 500 pessoas eram detidas por noite.
“Tem relatos de muitas delas *travestis] que foram presas, torturadas, relatos de
torturas específicas, como colocar um dos seios em uma gaveta e fechar. Extorsão era
muito comum. No geral, elas tinham dinheiro porque tinham acabado de fazer
programa, então só saía [da delegacia ou da cadeia] quem pagava, em episódios claros
de corrupção e impunes”, conta o professor.
A enfermeira Thaïs de Azevedo, que se mudou do Rio para São Paulo em meados da
década de 1970, trabalhava como modelo e vendedora para lojas de roupas quando
conheceu a cena travesti paulistana. Durante a semana, ela ficava nas lojas, e no
sábado à noite, encontrava as garotas em regiões como a avenida Angélica e a rua
Minas Gerais, que frequentava para se divertir.
“A gente ia para o centro de São Paulo, e a polícia caía matando em cima da gente”,
ela diz. “Levavam a gente para o 4º Distrito Policial, pegavam a turminha *de travestis+
das 23h, e quem tivesse a partir de 50 cruzeiros ia dando o dinheiro e ia saindo, mas já
depois de ter passado a noite lá.”
Para efeito de comparação, o salário de Thaïs como vendedora, na época, era de 180
cruzeiros por mês.
“A gente sofria toda sorte de violência que você pode imaginar. Isso era todos os dias.
Imagine jatos de água gelada e você ficar ali [presa] a noite toda, com a roupa
molhada", ela afirma.
Era tanta tortura que elas [as travestis] começaram a se cortar com gilete. Porque
quando elas se cortavam, eles [a polícia] ficavam com medo e levavam para o hospital
Thaïs de Azevedo, enfermeira
De acordo com Thaïs, para se proteger das ofensivas policiais, as travestis carregavam
lâminas de barbear no corpo ou na peruca e se cortavam nos antebraços para sangrar
e não ficar nos “cubículos” da delegacia.
684
A enfermeira se recorda da noite em que enfrentou policiais e, em resposta ao
“atrevimento”, foi mordida por um cachorro na perna, usado para ameaça-la. Também
diz que era muito comum rasparem as cabeças das travestis detidas, que eram
obrigadas a sempre usar perucas.
“Era higienização mesmo, e não era nem disfarçada”, ela afirma. “Teve um período
que, aqui em São Paulo, ficou tenebroso para as travestis, ficou impraticável. A polícia
corria atrás como se você fosse bicho e te pegava, jogava no chão e destruía você,
batia. E os delegados surgiam na mídia como heróis. O período dos anos 1970 foi
tenebroso.”
“A ditadura exterminou fisicamente a resistência no fim dos anos 1970”, afirma
Quinalha. “E o que você faz com esse aparato repressivo todo? Ele começa a ser
deslocado para, de alguma maneira, cuidar e gerir essa população indesejável nas
regiões, por exemplo, em que o mercado imobiliário estava avançando, como a zona
central de São Paulo.”
Na análise do professor, a violência produziu muitos traumas e um fechamento do país
num momento em que a maioria do mundo ocidental discutia as liberdades civis e
sexuais. Enquanto o Maio de 1968 foi transformador para países como a França,
somente dez anos mais tarde uma parte da sociedade brasileira pôde começar a
reivindicar direitos de se expressar.
“A gente está em um processo que começa, apesar da ditadura e contra a ditadura, e
que vai se intensificando nesses anos todos, com várias lutas e algumas vitórias
pontuais. Quarenta anos é pouco tempo do ponto de vista da história”, pondera
Quinalha, “mas a situação hoje é muito diferente do que a gente tinha no momento da
ditadura. Hoje em dia, você tem a possibilidade de homossexuais se casarem,
adotarem filhos, constituírem família”.
Apesar das mudanças, para Thaïs as cicatrizes estão à mostra, e a dor a acompanha. “O
que ficou de legado é uma grande vergonha. O que eu, como pessoa, sou nessa
sociedade?”
Publicado em 12 de agosto de 2018
Reportagem: Gabriela Fujita; Edição: Pedro Cirne e Marco Britto; Fotografia: Mariana
Pekin
685
https://www.uol/noticias/especiais/ditadura-brasileira-contra-os-gays.htm
SUÍÇA INVESTIGA MÉDICO FRANCÊS QUE DIZ CURAR HOMOSSEXUALIDADE
RFI reproduzida pelo Uol Universa, 15 de agosto de 2018
As autoridades médicas da Suíça iniciaram nesta quarta-feira (15) uma investigação
sobre um médico francês que afirma poder curar a homossexualidade com um
tratamento homeopático.
Jean-Yves Henry, clínico geral e naturopata, trabalha desde 2004 em Genebra e
Lausanne, na Suíça. Ele também criou um site com aulas pagas sobre tratamentos
alternativos.
Alertado pelo “buzz” criado nas redes sociais, o ministro da Saúde do cantão de
Genebra, Mauro Poggia, pediu a abertura de uma investigação à comissão suíça de
vigilância de profissões ligadas à saúde, informou o jornal Le Courrier, de Genebra.
Mauro, citado pelo diário, estima que só o fato de o médico pensar que a
homossexualidade seja uma doença a ser curada já “é um elemento concreto para se
abrir uma investigação”.
Em entrevista por telefone à televisão pública suíça RTS, Jean-Yves Henry, 71 anos,
diplomado pela Universidade de Bordeaux, afirma não entender o tumulto provocado
pelo seu artigo publicado no site em 2009.
“A homossexualidade é um sintoma como outro qualquer, como uma dor de cabeça
ou uma alergia. Não entendo qual é o problema”, defendeu-se o médico francês.
No artigo, Henry diz que “a homossexualidade não é uma patologia, mas um sintoma
particular – de uma escolha de vida respeitável – de pacientes ‘borderline’ *transtorno
de personalidade limítrofe+”.
Ele prossegue dizendo que a homeopatia tem remédios para tal sintoma (atração por
uma pessoa do mesmo sexo), apresentando uma lista de “medicamentos”
homeopáticos diferentes para homens e mulheres.
Em uma nota acrescentada recentemente no rodapé do texto online, o dr. Heny
explica que “o artigo, escrito há dez anos e que nunca criou polêmica a nível
686
profissional, tinha como objetivo principal estimular os estudantes a refletir sobre as
relações entre os medicamentos e os sintomas comportamentais”.
“O homeopata atento vai identificar um sintoma entre outros apresentados pelo
paciente, com o objetivo de encontrar o remédio suscetível para tratar os motivos da
consulta (dor de cabeça, problemas digestivos etc)”, acrescenta a nota.
Michel Matter, presidente da Associação dos médicos de Genebra, citado pela RTS,
fala de “charlatanismo”. Segundo ele, “a questao do direito de praticar a função deve
ser questionada, mas só um magistrado vai poder decidir”.
[A RFI é uma rádio francesa de notícias que transmite para o mundo todo em francês e
em outros 14 idiomas...]
https://universa.uol.com.br/noticias/rfi/2018/08/15/suica-investiga-medico-francesque-diz-curar-homossexualidade.htm
PARLAMENTO DE HONDURAS PROÍBE ADOÇÃO PARA CASAIS HOMOSSEXUAIS
Agência EFE reproduzida pelovUol, 17 de agosto de 2018
O Parlamento de Honduras aprovou vários artigos da nova Lei de Adoção, incluído um
que "proíbe" que casais do mesmo sexo possam adotar menores no país, onde a
Constituição não reconhece o casamento gay.
Assim informou nesta sexta-feira a deputada hondurenha Doris Gutiérrez, que disse
aos jornalistas que um dos artigos aprovados na quinta-feira "proíbe" a adoção por
parte de casais do mesmo sexo em Honduras.
"Esta nova lei não pode estar acima do que estabelece a Constituição da República,
que nos diz que o casamento de fato e o casamento de direito é realizado entre um
homem e uma mulher", ressaltou a deputada do opositor Partido Inovação e Unidade
Social Democrata (Pinu-SD).
O artigo 22 da Lei de Adoção diz textualmente que está "proibido dar para adoção
crianças a casais ou uniões de fato conformados por pessoas do mesmo sexo".
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Em Honduras, "o casamento gay não foi aceito, assim como a união de fato entre
pessoas do mesmo sexo, então não podemos passar por cima desta disposição
constitucional", afirmou a deputada hondurenha sem dar mais detalhes sobre a nova
lei.
Para que em Honduras fosse reconhecido o casamento homossexual, seria necessário
reformar o artigo 112 da Constituição, pelo qual se requer uma maioria qualificada, 86
votos dos 128 deputados que integram o Congresso Nacional.
O artigo 112 da Constituição hondurenha diz textualmente que "é reconhecido o
direito do homem e da mulher a contrair matrimônio, assim como a igualdade jurídica
dos cônjuges".
Outro artigo aprovado diz que "ninguém pode ser adotado simultaneamente por mais
de uma pessoa, salvo o caso de adoção por cônjuges ou companheiros de lar em união
de fato devidamente legalizada".
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2018/08/17/parlamento-dehonduras-proibe-adocao-para-casais-homossexuais.htm
“JÁ TEVE ALGUM ENVOLVIMENTO COM HOMOSSEXUALISMO?” A TROPA DE ELITE DA
MARINHA QUER SABER
Tatiana Dias, The Intercept, 24 de Agosto de 2018
O GRUPAMENTO DE MERGULHADORES de Combate é a tropa de elite da Marinha,
comparada ao Bope do Rio de Janeiro e aos Navy Seals dos EUA. O Grumec, como é
chamado, é conhecido pelo treinamento pesado e pelo alto nível técnico. Na semana
passada, até o ator Rômulo Estrela pôde ser visto por lá fazendo um workshop para
seu próximo personagem em uma novela da TV Globo. Mas nem todos são bem-vindos
naquele lugar. Gays, por exemplo, não são. No formulário de admissão de novos
recrutas, aplicado este ano, o Grumec perguntou explicitamente:
‘Já teve algum envolvimento com jogo, agiotagem, homossexualismo, furto?’
Quando foi convocado para servir no Grumec, Carlos Freitas* já havia passado por
outros quartéis. Gay não assumido – ele tem medo do ambiente carregado de
homofobia da corporação –, nunca tinha sido questionado abertamente sobre sua
sexualidade. Até ver a papeleta de admissão, o formulário que deve ser preenchido
pelos militares que entram no Grumec.
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Papeleta de admissão do Grumec coloca homossexualidade ao lado de furto e
agiotagem.
689
1. ‘PSO': Plano de Segurança Orgânica.
2. A pergunta feita aos militares: ‘Já teve algum envolvimento com jogo, agiotagem,
homossexualismo, furto?’
3. O documento, segundo a Marinha, é de ‘uso interno’.
“Eu fiquei em choque quando vi”, me contou o militar, que pediu para não ser
identificado por correr risco de punição. Indignado, ele fotografou a papeleta no
momento da admissão. “Tenho certeza que quem já teve alguma relação homossexual
não marcou ‘sim’, até porque está explícito como algo pejorativo.”
Sim, está. Além de colocar a homossexualidade ao lado de crimes, como furto e
agiotagem, o Grumec usa a palavra “homossexualismo” – o que é homofóbico, porque
o sufixo “ismo” dá o sentido de doença à orientação sexual. A Organização Mundial da
Saúde deixou de considerar a prática uma doença em 1990. Hoje, o termo
recomendado para chamar quem tem relações afetivas com o mesmo sexo é
“homossexualidade”.
A pergunta do Grumec aos militares não é apenas ofensiva, ela é criminosa. A
discriminação por orientação sexual é inconstitucional – portanto, ilegal, mesmo em
ambientes militares.
Até 2015, o Código Penal Militar tinha outras preocupações: classificava como crime o
“ato libidinoso, homossexual ou não, em lugar sujeito à administração militar”.
Naquele ano, no entanto, o Supremo Tribunal Federal decidiu retirar os termos
“pederastia” e “homossexual ou não” do código. O argumento dos ministros foi que
essas menções eram discriminatórias e inconstitucionais porque violavam os princípios
de igualdade, dignidade, pluralidade e direito à privacidade.
A Marinha nega. Depois, admite.
O formulário homofóbico também está, segundo a fonte que enviou a fotografia ao
Intercept, fixado no Plano de Segurança Orgânica, um conjunto de normas para
proteger o quartel. Ou seja: para o Grumec, se relacionar com pessoas do mesmo sexo
é um problema de segurança, no nível de furtar ou chantagear alguém.
690
Procurado, o Grumec negou a existência do formulário e me orientou a procurar o
comando da Marinha, em Brasília. A corporação, por meio de sua assessoria de
imprensa, disse que o processo seletivo para servir em determinadas áreas tem
avaliações psicológicas e físicas, mas também afirmou desconhecer o formulário e
disse rejeitar “o uso de qualquer papeleta de admissão para a atividade, muito menos
com questionamentos sobre opção sexual”.
Com as negativas oficiais, eu decidi buscar outra fonte para confirmar a autenticidade
do documento. Conversei com José Rodrigues*, que também serve no Grumec. Ele me
disse que a papeleta é verdadeira. “O documento existe e é confidencial.”
Entrei em contato novamente com a Marinha e a questionei mais uma vez sobre a
autenticidade do papel. A corporação disse, enfim, que a cópia em posse do Intercept
“é um modelo desatualizado”, utilizado, “à época”, “internamente para o
credenciamento de segurança”. E argumentou que serve apenas para informação,
jamais foi usado em processo seletivo.
“O referido questionário não faz parte do processo seletivo para militares servirem no
Grupamento de Mergulhadores de Combate, bem como não está em vigor naquela
organização militar ou em qualquer outra da Marinha”, escreveu a corporação.
A Marinha também não respondeu se há algum procedimento para manifestações
de homofobia na corporação.
O uso da expressão “utilizado à época” não batia com nossa apuração. Eu tentei
argumentar que a papeleta havia sido distribuída pelo Grumec este ano, e perguntei o
que exatamente era o “credenciamento de segurança”, mas a tenente responsável
pelo caso afirmou que não falaria nada além do que já estava na nota enviada a mim,
assinada pelo Centro de Comunicação Social da Marinha.
Segundo o comunicado, o “respeito à dignidade da pessoa humana” é um dos “valores
e preceitos éticos” cultuados pela corporação. “Nesse contexto, repudia-se qualquer
atitude preconceituosa ou de intolerância no âmbito da Força Naval.”
A corporação não respondeu, no entanto, o que aconteceria com um recruta que
assinalasse “sim” para a pergunta “você já teve algum envolvimento com jogo,
agiotagem, homossexualismo, furto?”. A corporação vetaria a entrada de um militar
no grupo especial? Ou simplesmente deixaria sua orientação sexual assinalada, ao lado
de furto e agiotagem, por motivos de “segurança”?
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Eles também não responderam se há algum procedimento prático do comando em
relação a manifestações de homofobia em seus quartéis.
https://theintercept.com/2018/08/24/marinha-homofobia/
“ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O APELO DA MÃE DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE
MATOU APÓS BULLYING POR HOMOFOBIA
BBC News Brasil, 29 de agosto de 2018
"Você quer saber como é estar morto enquanto ainda está vivo? Perca um filho. É
doloroso. Seu coração se parte a cada segundo, e você não sabe o que fazer. A vida
deixa de ser justa."
Leia Pierce descreve assim seu sentimento ao lidar com o suicídio de seu filho, Jamel
Myles, de 9 anos. O menino se matou após sofrer, durante quatro dias, bullying por
homofobia em sua escola em Denver, nos Estados Unidos, segundo sua mãe.
"Estou acabada. Se não fosse por minha filha, não sei o que faria", disse ela à BBC.
Pouco tempo antes, Jamel havia contado para Leia que era gay. O menino disse que
não se importaria de compartilhar isso com outras pessoas, porque tinha "orgulho" de
ser gay.
"Tenho certeza de que ele contou isso para alguém (na escola) que achou que aquilo
não era certo e decidiu perseguir ele. Já vi crianças perseguirem as outras por muito
menos", diz Leia.
"Tenho certeza que ele contou para alguém, e isso se espalhou."
Em reação ao caso, a Denver Public Schools (DPS), órgão responsável pelas 207 escolas
públicas da cidade e do Condado de Denver, disse que conselheiros para situações de
crise estão disponíveis para os estudantes.
Também que enviou cartas para as famílias da Escola Primária Joe Shoemaker, onde
Jamel estudava, informando sobre esses serviços.
692
O documento dizia que a morte do menino "foi uma perda inesperada para a
comunidade da escola" e alerta pais sobre sinais de que as crianças estão passando por
situações de estresse.
"A escola me disse que vai trabalhar pela prevenção de suicídios, mas não podemos
fazer isso e nos esquecer de combater o bullying. Tenho certeza que a escola sabia que
ele sofria bullying", diz Leia.
Um porta-voz do DPS, Will Jones, disse à BBC que o distrito está "profundamente
comprometido a garantir que todos os membros da comunidade escolar sejam
tratados com dignidade e respeito, independentemente de sua orientação sexual,
identidade de gênero e status transgênero".
Seu comunicado acrescenta que os responsáveis pelo sistema escolar estão tomando
as medidas para "garantir que estudantes LGBTQ+ consigam estudar com dignidade".
As políticas e práticas, disse Jones, incluem programas antibullying e "materiais de
orientação que respeitam totalmente identidades de gênero (inclusive pelo uso de
pronomes e banheiros de preferência)".
'As crianças estavam falando para ele se matar'
Leia diz sentir-se responsável pela morte de Jamel justamente por não ter notado que
seu filho sofria bullying.
"Como sua mãe, eu deveria ter percebido sua dor, que ele estava sofrendo, e não fiz
isso. Eu me sinto responsável por não ter visto a dor nos olhos do meu bebê."
Jamel foi encontrado morto em sua casa na quinta-feira. Ele havia começado a quarta
série há quatro dias.
"Meu filho e minha filha mais velha eram muito próximos. Meu filho voltou da escola e
contou para ela que as crianças estavam falando para ele se matar", diz Leia.
"Ele não me procurou, e isso me machuca. Porque eu teria entendido, eu o teria
defendido. Fico triste que ele tenha pensado que essa era a opção disponível."
Leia conta que Jamel era um menino "mágico". "Ele entrava em um lugar e fazia
qualquer pessoa se sentir amada e especial. Ele tinha esse jeito especial. Se você
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estivesse mal, ele faria de tudo para que você ficasse bem. Ele ia se tornar algo
grandioso."
'Não tem problema ser diferente'
Leia diz que gostaria de passar uma mensagem para outras crianças que, como Jamel,
se identificam como gays.
"Diria que elas são lindas e especiais e não há nada nelas de diferente que deva fazêlas se sentirem menos amadas. Sejam gays ou não, elas deveriam sentir que, aonde
forem, serão tratadas de forma igual a qualquer outra criança."
A mãe de Jamel ainda gostaria de dizer algo para os pais de outras crianças.
"Ensinem seus filhos a amarem. Que é tudo bem ser diferente, porque somos todos
diferentes. Ninguém é igual, e se fossemos iguais esse mundo seria muito chato.
Nossas diferenças nos tornam iguais. Ensinem compaixão aos seus filhos. Ensinem
respeito. Ensinem a aceitarem mais uns aos outros", diz Leia.
"Ensinem que, se você não gosta de algo ou alguém, que está tudo bem ficar quieto e
se afastar, que não é necessário dizer sempre coisas ruins, que é bom chegar para
alguém e dizer 'Ei, você é especial, você é lindo', porque todo mundo tem dor dentro
de si e todo mundo precisa de palavras de apoio."
Leia diz que não quer que ninguém passe pela mesma dor que ela enfrenta neste
momento.
"Meu filho disse que queria mudar o mundo e dar amor às pessoas. Ele não pode mais
fazer isso agora, mas eu posso passar as palavras dele à frente, porque todo mundo
precisa ouvir isso. Uma alma tão gentil deixou esse mundo por algo tão cruel, e quero
que meu filho saiba que ele mudou o mundo para melhor por ser quem era."
[A matéria traz várias imagens de Leia e Jamel...]
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45348686
ÍNDIA DESPENALIZA A HOMOSSEXUALIDADE. SUPREMA CORTE REVOGA PROIBIÇÃO
ESTABELECIDA POR UMA LEI VITORIANA DO SÉCULO XIX
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Ángel L. Martínez Cantera, El País, 06 de setembro de 2018
Cinco juízes da Suprema Corte da Índia decidiram por unanimidade despenalizar a
homossexualidade entre pessoas adultas no país asiático. A histórica sentença desta
quinta-feira, 6, estabelece que “as relações sexuais entre adultos homossexuais em
privado não constituem um delito”, e que qualquer norma que persiga essas práticas é
“discriminatória e uma violação dos princípios constitucionais”. Desta forma, a decisão
judicial encerra uma deliberação iniciada no princípio de julho, embora com origens
numa luta pelo reconhecimento dos direitos dos homossexuais que durou mais de
uma década. O coletivo LGTBI da Índia consegue assim atualizar o marco jurídico da
maior democracia do mundo, onde continuava vigente uma anacrônica lei colonial de
mais de 150 anos atrás.
“As relações privadas e consensuais entre adultos do mesmo sexo não constituem uma
violação do artigo 377 do Código Penal”, começou dizendo o presidente da Suprema
Corte da Índia, Dipak Misra, depois de deliberar com seus colegas. A sentença abole as
disposições contra os homossexuais estipuladas na lei vitoriana de 1861, ainda vigente
Índia, que prevê que o “acesso carnal contra naturacom um homem, mulher ou animal
será apenado com a prisão perpétua, ou com a prisão limitada que poderá se estender
a 10 anos e uma multa”.
Às portas do tribunal, uma multidão de membros do coletivo LGTBI e seus
simpatizantes aguardavam desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira para
ouvir a decisão final da corte. Desde que o debate começou, há dois meses, intuía-se
que a sentença seria favorável aos homossexuais da Índia, que, segundo o último
censo, somam quase dois milhões de indivíduos (num total de 1,3 bilhão de pessoas),
embora se estime que muitos outros nunca tenham declarado sua orientação sexual às
autoridades sanitárias, justamente por causa da criminalização decorrente dessa lei
sobre os 4,8 milhões de membros da comunidade LGTBI na Índia.
“Não se tratava apenas de despenalizar, mas também de reconhecer nossos direitos
fundamentais”, declarou Akhilesh Godi, um dos autores da ação, que já havia
apontado a atitude positiva dos magistrados desde o início do processo.
Desde julho, os cinco juízes da Suprema Corte vinham fazendo referência à
incompatibilidade entre o artigo 377 e o direito à privacidade, em relação a uma
sentença da mesma corte no ano passado, em favor de preservar a orientação sexual
como elemento principal do direito constitucional à privacidade dos cidadãos. Esta
resolução foi a que permitiu ao coletivo LGTBI retomar uma batalha judicial iniciada
em 2001.
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No começo deste século, a Fundação Naz, dedicada à prevenção do HIV entre grupos
desfavorecidos, impugnou a constitucionalidade da lei devido ao risco que causava a
um coletivo marginalizado e exposto a doenças sexualmente transmissíveis. Em 2009,
o Tribunal Superior de Nova Deli declarou sua nulidade por violar os direitos
fundamentais.
Mas o julgamento foi anulado em 2013 por causa da pressão de grupos religiosos e
indivíduos que consideravam que a decisão punha em risco a instituição do
matrimônio. Por isso, dois juízes da Suprema Corte decidiram conjuntamente que a lei
precisava ser submetida a consenso parlamentar, e não à decisão de um tribunal
menor.
Desta vez, e diferentemente da sentença de 2013, o Governo da Índia se manteve à
margem, enquanto os magistrados indicaram sua intenção de declarar a nulidade da
lei, independentemente da sua revogação pelo Executivo. Assim, os defensores do
artigo 377 ficaram reduzidos a vários grupos cristãos que insistiram até o último
momento em que não existem provas científicas que sustentem que uma pessoa pode
nascer com diferentes orientações sexuais, e que a anulação da lei levaria à
propagação de doenças como a AIDS.
A declaração formal da Suprema Corte se refere especificamente às relações
“consensuais entre adultos”, sem anular por completo a lei, que protege contra crimes
sexuais em que as vítimas são homens. Na falta de uma norma específica que
contemple essa situação, as previsões atuais relativas ao estupro no Código Penal
indiano só se referem aos casos de agressões sexuais a mulheres, salvo a recente Lei
de Prevenção dos Crimes Sexuais contra Menores, que especifica o delito sexual contra
qualquer criança.
Por isso, a Suprema Corte salientou a noção do consenso em sua sentença, retendo
assim a parte do artigo 377 referida à vaga noção de “acesso carnal contra natura”
para continuar punindo atividades sexuais contra a vontade de homens, e
especialmente contra os membros das comunidades transgênero e intersexual.
Segundo dados da Associação Internacional de Gays e Lésbicas (ILGA), quase 1.500
pessoas foram detidas na Índia por causa do artigo 377 em 2015.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/06/internacional/1536217018_424450.html
SUPREMA CORTE DA ÍNDIA DESCRIMINALIZA HOMOSSEXUALIDADE. EM DECISÃO
HISTÓRICA, JUÍZES JULGAM INCONSTITUCIONAL LEI DA ERA COLONIAL QUE PUNIA
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"ATOS CONTRA A NATUREZA" COM ATÉ DEZ ANOS DE PRISÃO, NUMA GRANDE
VITÓRIA PARA OS DEFENSORES DOS DIREITOS DA COMUNIDADE LGBT
Deutsche Welle, 06 de setembro de 2018
Aceitação dos gays na conservadora sociedade indiana aumenta gradativamente,
principalmente nas grandes cidades
A Suprema Corte da Índia decidiu nesta quinta-feira (06/09) pela descriminalização das
relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo no país. Os juízes revogaram uma lei do
período colonial que estabelecia que atos homossexuais poderiam ser puníveis com
até dez anos de prisão, numa vitória histórica para os defensores dos direitos dos
membros da comunidade LGBT.
O tribunal anulou uma sentença de 2013 que validava uma lei britânica de mais de 150
anos que punia os chamados "atos contra a ordem natural". Os cinco juízes que
compõem a corte foram unânimes ao considerar inválido o artigo 377 do Código Penal
indiano que criminalizava as relações homossexuais.
Mesmo que poucas pessoas acabassem sendo presas, a lei era muitas vezes utilizada
pelas autoridades como uma ferramenta para reprimir a comunidade gay do país e
justificar atos discriminatórios. "O artigo 377 é arbitrário. A comunidade LGBT possui
os mesmos direitos que os demais. A visão majoritária e a moralidade geral não podem
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ditar os direitos constitucionais", afirmou o presidente da Suprema Corte do país,
Dipak Misra.
O advogado das cinco pessoas que entraram com recursos na Justiça pedindo a
anulação do artigo argumentou que a punição prevista no Código Penal era
inconstitucional porque punia pessoas em idade adulta que agem com consentimento
mútuo.
Em 2009, um tribunal de Nova Déli havia declarado inconstitucional o artigo 377, mas
três juízes da Suprema Corte reverteram a decisão em 2013, afirmando que cabia ao
Parlamento aprovar a medida. Uma vez que não houve avanços, o governo pediu em
julho que a Suprema Corte mais uma vez avaliasse a questão.
Na última década, a aceitação dos gays na extremamente conservadora sociedade
indiana vem aumentando gradativamente, especialmente nos grandes centros
urbanos. Até alguns filmes de Bollywood passaram a tratar de temas relacionados aos
gays, ainda que a homossexualidade ainda seja vista como algo vergonhoso numa
parte significativa do país.
O diretor e produtor de cinema de Bollywood Karan Johar festejou a decisão,
afirmando que a história está sendo escrita. "Descriminalizar a homossexualidade e
abolir o artigo 377 é um grande sinal positivo para a humanidade e pela igualdade dos
direitos", afirmou.
https://www.dw.com/pt-br/suprema-corte-da-%C3%ADndia-descriminalizahomossexualidade/a-45380678
https://p.dw.com/p/34PaQ
ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE?
Flávia Silva, Ponte Jornalismo, 29 de agosto de 2018
Data definida em 1996 serve para marcar a luta e lembrar que ninguém – além de nós
mesmas – deve ter direito sobre nossos corpos e afetos
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Em junho deste ano, São Paulo recebeu a Marcha da Visibilidade Lésbica uma iniciativa
paralela à Parada do Orgulho LGBT | Foto: Paula Rodrigues/Ponte Jornalismo
Hoje, 29 de agosto, celebra-se o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. A data foi
definida em 1996, após a realização do 1º Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE).
Mas você pode perguntar: “É necessário mesmo um dia de visibilidade para as
lésbicas?”.
A data passou a adquirir cada vez mais importância no cenário de luta e resistência
histórica, na medida em que a própria militância foi crescendo e, felizmente,
aparecendo cada vez mais. Mas ainda há muito o que avançar. Mulheres lésbicas
sofrem inúmeras violações diariamente. Ter um dia de visibilidade é reconhecer a
existência e possibilidade de avançar na discussão das pautas lésbicas. “Ao nos
reafirmamos, resistimos e fortalecemos, também, a vivência de outras em situações
similares às nossas. Dar voz a uma lésbica permite que nossas demandas sejam
ouvidas como reais, em meio à luta por mais direitos”, declara Bruna Svetlic, mulher
cis lésbica, militante e graduada em Direito.
Já para a atriz Daniela Funez, mulher translésbica, se tornar visível e ser ouvida pela
sociedade é o primeiro passo para a conquista de outros direitos e avanços, pois
qualquer outra exigência acaba ignorada quando nem sequer reconhecem a sua
existência nos espaços. “A visibilidade é essencial neste mundo em que as mulheres
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lésbicas e bissexuais têm suas sexualidades desprezadas, tratadas como desejos
temporários, ou causados por experiências negativas. Não nos reconhecem pelo que
somos, pois não conseguem admitir uma sexualidade que não tenha relação com a
figura masculina”, afirma Daniela, que está em cartaz justamente com peças que
discutem a questão de gênero: “Transex” e “Cabaret Trans Peripatético”, ambas no
Teatro Satyros, localizado na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo.
O mundo vê os corpos das mulheres como disponíveis aos prazeres e outras
necessidades dos homens. Nesse contexto, lésbicas e bissexuais se tornam objetos de
fetiches – e até mesmo de ódio -, e não indivíduos que amam e se relacionam – e
podem fazer isso muito bem, obrigada, sem a presença de um homem.
Embora a intensidade da violência possa mudar a depender da cor da sua pele e da
classe social, no fim das contas, a semente do preconceito vai atingir a mulher lésbica
branca, negra, cis, translésbica, de classe média ou da periferia. Muito vão te chamar
de “sapatona”, “caminhoneira”, “isso é falta de conhecer um homem de verdade”.
Outros tantos vão querer ter direito sobre o seu corpo e sua sexualidade. Mas eles não
têm esse direito, ninguém têm. Ninguém, além de você.
Lesbofobia é o nome dado ao preconceito contra as mulheres lésbicas. Lutar contra a
lesbofobia, é lutar contra a invisibilidade. É resistir. Pelo direito de desejar e amar
outra mulher, sem ninguém, exatamente ninguém, achar que pode estabelecer
direitos e padrões sobre os corpos e afetos.
Um dos lamentáveis crimes cometidos contra a mulher lésbica é o estupro corretivo,
que tem peculiaridades que o diferenciam do estupro praticados contra mulheres
presumidamente heterossexuais. A suposta motivação dessa ação é a de “corrigir a
orientação sexual da mulher”. Mas, como tantos outros crimes cometidos contra a
população LGBTI, não existem dados específicos sobre números de vítimas.
“Mais do que enfrentar uma existência dentro da sociedade conservadora e que dá
risada, trata como piada, torce o nariz e agride quem não se encaixa no seu padrão de
pessoas estereotipadas ou de relacionamentos ideais, a luta também é contra o
machismo constante, presente até mesmo nos grupos que deveriam servir como
apoio, incluindo até mesmo os LGBTI. É uma batalha diária para encontrar um espaço e
ainda ter voz, pois de nada adianta estar presente em um lugar sem receber nenhum
reconhecimento”, relata a atriz translésbica Daniela, que reforça a importância da
empatia entre as mulheres lésbicas, de se enxergarem umas nas outras e verem que
não estão sozinhas.
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“Somos um grupo que exige respeito, reconhecimento e espaço, o que segue sendo
negado e reprimido. É um grito para servir como uma porrada na lista de regrinhas da
sociedade que ergueram para nos deixar à margem, propositalmente em um mundo
paralelo”.
Por tudo isso é que o dia de hoje existe para que não tenhamos nenhuma mulher a
menos. O dia de hoje existe para reforçar que não pode haver espaço para o
preconceito. Preconceito fruto de falta de conhecimento e de respeito. E é para isso
que essas mulheres querem ser visíveis: para serem respeitadas em suas
individualidades e para terem seus direitos garantidos.
Flávia Silva é jornalista, trabalhou na Secretaria Municipal de Direitos Humanos e
Cidadania de São Paulo e atualmente trabalha na comunicação do Centro de Cidadania
LGBTI Laura Vermont.
https://ponte.org/artigo-visibilidade-lesbica-para-que/
MARIELLE E MÔNICA: UMA HISTÓRIA DE AMOR INTERROMPIDA AOS 5 MESES DA
MORTE DA VEREADORA, MÔNICA BENÍCIO CONTA COMO MARIELLE SE TORNOU O
AMOR DA SUA VIDA E EXPLICA POR QUE DIZER QUE É SAPATÃO É UM ATO POLÍTICO
Daniel Arroyo e Paloma Vasconcelos, Ponte Jornalismo reproduzido pelo El País, 15 de
agosto de 2018
Mônica Tereza Benício segura a boneca de pano Mariellinha, uma homenagem ao seu
grande amor. DANIEL ARROYO PONTE JORNALISMO
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Era uma tarde de sábado quando a arquiteta Mônica Tereza Benício, 32 anos, nos
recebeu em sua casa, seis dias antes de tatuar o rosto do seu Chicão, como
carinhosamente chamava Marielle, no dia em que ela completaria 39 anos, em 27 de
julho. Em quase três horas de bate-papo, a arquiteta contou como foram os 14 anos da
história de amor com Marielle Francisco da Silva, que só se tornou Franco há dois anos.
O primeiro encontro, o momento em que a amizade se tornou paixão, o primeiro
beijo, os momentos de dificuldade, a falta de aceitação —da família e delas mesmas.
Um romance que poderia bem ser roteiro de filme: mesmo com tantas idas e vindas, o
coração de uma pertencia a outra. “O que aconteceu com a Marielle não pode servir
para perder a esperança. A gente precisa transformar o que aconteceu numa releitura,
para ressignificar e recobrar essa esperança”, explica.
Hoje, impulsionada pela morte de sua companheira, Mônica, que se reconheceu como
sapatão por causa do amor com Marielle, aceitou ocupar um lugar importante na
militância e enfatiza: “Me reconhecer e dizer que sou sapatão é um ato político”.
Lugar este que, aliás, Marielle fazia questão de defender dentro da Câmara dos
Vereadores do Rio, como a Ponte contou em março em reportagem sobre a relação da
vereadora com as lutas LGBT. Um dos 20 projetos de lei que a vereadora tentou
emplacar em seu mandato defendia a inclusão do Dia da Visibilidade Lésbica no
calendário da cidade do Rio de Janeiro, comemorado em 29 de agosto, mantendo bem
perto de seu mandato, ou “mandata”, como ela chamava, os movimentos de mulheres
lésbicas e bissexuais.
“Vamos conhecer a casa?”, disse Mônica depois de partilhar conosco lindos detalhes
de uma história de amor tragicamente interrompida no 14 de março, quando a quinta
vereadora mais votada do Rio foi executada em um crime que completa cinco meses
ainda sem solução. Do quarto do casal ao jardim que ela construiu para Marielle,
Benício nos mostrou a intimidade de seu relacionamento com Chicão. Nas portas do
guarda-roupas, a concretude desse amor nos mínimos detalhes: fotos e recados
deixados uma para outra durante os dias.
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Bilhetes que as duas frequentemente trocavam: “Com você sou uma pessoa melhor”.
DANIEL ARROYO PONTE JORNALISMO
A prática de escrever uma para outra era muito comum. Tanto que, em determinado
momento, Mônica tirou uma grande caixa do armário que continha diversas cartas
trocadas pelo casal nos últimos 14 anos. Uma delas, encontrada dentro da bíblia de
Marielle, relatava as lembranças vívidas na memória de Benício em relação ao primeiro
encontro e os anos em que morar juntas era um sonho muito distante. Emocionada,
leu a carta em voz alta:
Lembro de estar sentada na porta da igreja em cima de minha mala, onde
estava a minha fantasia de carnaval, quando vi a personificação de que
viria, muito breve, a ser o amor da minha vida. Lembro da luz, lembro do
cheiro do cabelo que logo senti ao me cumprimentar, lembro do tom
esverdeado da blusa azul clara. Lembro da criança que corria a sua
frente, mas, sobretudo, eu me lembro do sorriso e de como o meu
estômago revirou e o meu coração disparou ao ver aquele sorriso.
O tempo, paciente e sábio ditoso, retomou o que jamais podia ser
separado. E ainda que o tempo se descompasse, se perca e mude
novamente, não será razão para separar, nada pode dividir o indivisível.
13 anos depois, o que foi sonhado, ensaiado, desejado se concretiza.
Como nada nunca foi fácil, até aqui as dificuldades são dramáticas, reais
e testam diariamente a vontade do permanecer, mas o amor permanece,
a paixão permanece, o desejo de caminhar juntas permanece.
703
Não poderia te amar de outra forma se não posso ser inteira sem você. Te
amarei sempre para seguir amando, entendendo que nada no meu
mundo é completo sem você. Não há hoje uma razão especial que
justifique o meu textão, a única ocasião especial é que eu vou te entregar
isso na nossa casa e que vamos dormir juntas sem preocupação e que
poderemos seguir juntas pela manhã. Houve um tempo que isso era só
um sonho e se hoje é real deve ser celebrado diariamente. Feliz mais um
dia, meu amor, te amo.
Agora a saudade é impulsionada pela vontade de mudar as coisas.
O começo de tudo
De uma despretensiosa viagem com as amigas de Marielle que frequentavam a
Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, em fevereiro de 2004, passando por um
beijo que durou toda uma madrugada, Mônica conta que parece até destino esse
encontro delas. Logo de cara, Marielle tirou Mônica do sério porque atrasou mais de
duas horas e chegou, como quem não quer nada, com a filha Luyara, que tinha apenas
5 anos.
“Aí a Marielle veio cumprimentando as pessoas, mas eu ainda não tinha olhado pra
ela, pois estava entretida brincando com a Luyara. Ela parou na minha frente e deu
boa noite pra se apresentar. Eu já tava puta, pensei ‘chegou a atrasada, que
maravilha’, e aí olhei para cima para cumprimentar. Lembro exatamente do primeiro
momento que eu olhei Marielle, é muito nítida a imagem na minha cabeça daquele
momento. E aí passou a minha raiva, e a gente começou a conversar um pouco,
esperando arrumarem as malas. Ali a gente já mobilizou as pessoas e trocaram de
lugar pra gente sentar juntas e ir conversando”, relembra Mônica.
Durante a viagem, a identificação entre as duas foi imediata: elas passaram todo
tempo possível juntas. Antes de se conhecerem, nenhuma das duas tinha tido histórico
de relacionamento com outras mulheres. Depois de muita conversa, descobriram que
moravam há apenas 300 metros de distância na Maré. Por conta de uma reunião de
trabalho, Marielle teve que voltar mais cedo para a capital fluminense.
Não demorou muito para que se encontrassem novamente. Dias depois, com um
encontro marcado, Marielle foi buscar Mônica na igreja, local onde se conheceram.
Nessa época, Marielle tinha muita vivência na igreja católica e convenceu Mônica a
retomar o contato com a religião, que voltou a fazer o curso de crisma e passou a
704
frequentar as missas de domingo. Foi Marielle que incentivou Mônica e fazer o prévestibular da Maré. Então, as amigas passaram a conviver os sete dias da semana: de
segunda a sábado se viam no cursinho, pois Marielle era secretária do local, e aos
domingos na igreja.
Nesse período, como tinha saído da Maré —sua mãe tinha ido morar em Jacarepaguá,
cerca de duas horas de distância—, e as aulas do cursinho terminavam depois das dez
horas da noite, Mônica passou a dormir na casa da amiga durante a semana. Um ano
se passou e, como nenhuma das duas tinha pensado na possibilidade de ter algo mais
do que amizade, ficavam juntas na mesma cama (uma bicama de solteiro),
conversando até de madrugada. A primeira a dormir continuava na mesma cama,
enquanto a outra mudava pra cama de baixo. Em uma dessas noites, meio sem querer,
aconteceu o primeiro beijo.
“Foi um susto. ‘O que a gente tá fazendo?’. Ao mesmo tempo que esse beijo
aconteceu e deu muito medo, a gente ficou ‘e agora, se parar vai ter que conversar
sobre isso’, e aí a gente ficou horas se beijando, até o dia clarear e a casa começar a se
movimentar. Só então a gente falou ‘pronto, tá na hora de parar’. Mas daí já tinha
gente acordada não tinha tempo pra uma DR”, narra Mônica.
No dia seguinte, elas precisavam conversar para entender o que havia acontecido. Mas
era primeiro de fevereiro, aniversário de Mônica, e Marielle havia planejado uma festa
surpresa. A conversa precisou ser adiada até o fim do dia. Com um tom de negação,
elas falaram sobre o tal beijo.
– Você já tinha pensado sobre isso?
705
“Eu me apaixonei por ela no primeiro momento que eu vi”, diz Mônica. DANIEL
ARROYO PONTE
– Não. Você já tinha?
– Não, a gente confundiu as coisas, não era isso.
Os brincos que Marielle gostava de usar ainda estão na casa. DANIEL ARROYO PONTE
706
Depois da festa surpresa, todos foram embora e elas ficaram a sós de novo. Mais um
beijo aconteceu e dessa vez com a certeza de que não era um erro. Durante os
próximos 7 meses, o casal escondeu o relacionamento com medo da possível reações
de seus amigos e familiares.
“A gente não tinha assumido para as pessoas, mas as pessoas já tinham entendido.
Tinham entendido antes da gente inclusive, mas foi um período difícil, porque a gente
tinha medo e vergonha de contar, pois eram duas mulheres faveladas, que vinham de
um universo que é muito machista. Então como é que ia ser isso, como a gente ia falar
sobre isso? Como que as pessoas iam entender? Se as pessoas iam aceitar? Se não iam
aceitar? Da família a gente já imaginava que ia ter muita resistência, então a gente
demora muito para ter esse relacionamento mais público”, recorda.
Sol em leão, lua em aquário
Por conta da reprovação da família, e levando em consideração as dificuldades
financeiras, Marielle e Mônica não conseguiam seguir juntas. Terminavam e tentavam
se relacionar com outras pessoas, sobretudo homens por causa da aceitação social.
Somente em 2013, o casal consegue a estabilidade para estruturar uma relação mais
longa.
Olhando para trás, Mônica consegue perceber que, quando rolou o primeiro beijo, já
estava apaixonada por Marielle. “Eu me apaixonei por ela no primeiro momento que
vi. Porque foi uma coisa muito específica, a sensação, e depois toda relação”, conta.
Marielle vivia atrasada. Por causa da agenda pública, tinha muitos momentos de
imprevisto. Se tinha reunião às 9h, por volta desse horário ela ia para o banho. Mas
com Mônica ela não podia ser tanto.
“Uma vez, marquei o cinema com ela, eu já tava puta com alguma coisa que eu nem
lembro o que era, e então sei que eu falei assim ‘olha só, se você atrasar eu vou
embora’. Marcamos o horário, lembro que era um horário redondo, seis ou sete.
Mandei uma mensagem avisando que tinha chegado, 5 minutos antes do combinado,
e ela disse que estava no caminho. Perguntei ‘onde?’, ela dizia ‘tô chegando’ e eu
perguntava ‘quanto tempo?’. Falei ‘vou te esperar até seis e cinco e se até seis e cinco
você não chegar, eu vou embora, falei pra você que eu não ia esperar hoje’. Ela não
chegou e eu fui embora. Ela me encontrou no meio do caminho, conseguiu me achar
no ponto de ônibus e tal, e eu falei ‘não vou mais ficar aturando seus atrasos, isso é
um absurdo, uma falta de respeito'”, relembra.
707
A personalidade de cada uma era refletida pela paleta de cores do guarda-roupas. Do
lado de Marielle, leonina, todas as cores possíveis. Roupas brancas eram raridade. Já
do lado de Mônica, aquariana, é possível encontrar apenas branco, preto e cinza. Mas
um dos segredos do dia a dia com Marielle estava nas inúmeras vezes que Mônica teve
que brigar com a companheira para que ela controlasse os gastos: Marielle adorava
fazer compras.
“Eu brigava muito, porque ela gastava muito com roupas, bolsas e sapatos. Falava que
ela não era centopeia, que ninguém precisa de tanto sapato. Eu tinha dois pares de
sapato e achava que isso era mais do que suficiente. Eu só tenho dois pés, gente”,
diverte-se. “Por que eu preciso mais do que isso? É um pra andar na chuva e um pra
andar no sol. Então eram dois guarda-roupas, um no nosso quarto e um no escritório,
e 99% era só de roupa dela”, lembra.
Era difícil manter a companheira na linha quando o assunto era alimentação, mas
Mônica não desistia. “Eu regulava a alimentação dela porque ela comia muito. Chegou
num nível que eu tava pesando a comida! Comia pra caramba e saía daqui chorando
falando que ia passar fome o dia inteiro. Ela falava ‘você vai me matar’, e eu respondia
‘Marielle, para de reclamar, aqui tem mais do que o suficiente de comida, e se você
comer nas horas certas vai dar tudo certo, você não vai ficar com fome’. Só que ela
chegava no gabinete e roubava a comida das pessoas. Depois vinham me falar
‘Mônica, você precisa deixar a Marielle comer porque ela tá roubando nossa marmita’.
E ela metia mesmo a mão na comida das pessoas”, conta.
708
A ‘roxinha’, planta preferida de Marielle, é artificial. DANIEL ARROYO PONTE
A mulher forte que era vista em público amolecia ao lado da mulher amada. Quando a
gripe começava a chegar, Marielle era só dengo para cima de Mônica, procurando por
atenção, carinho e uma boa sopa. Para Mônica, cozinhar era um ato de amor, por isso,
desde que a companheira morreu, ela parou de cozinhar.
“Quando ela tava muito gripada, falaram de uma receita de sopa que era muito
maravilhosa e sei lá o que. Fui na rua, comprei os ingredientes da sopa e fiz pra ela.
Olhava no sofá para Marielle, e ela com cino meias, 15 calças, um casaco, uma touca,
repetindo ‘tô morrendo, tô com muita febre, acho que vou ter que ir no hospital’.
Peguei o termômetro e 37,5º C. Olhei pra cara dela e falei ‘meu amor, você vai
sobreviver, é só uma gripe, fica calma, e tudo bem. Toma sopa, toma chá’. Ela não
gostava dessas coisas de tomar remédio, ela gostava mais das coisas naturais”.
Entre as boas lembranças da vida ao lado de Marielle, Mônica guarda uma especial. A
arquiteta tem como passatempo cuidar de muitas plantinhas. Uma noite, quando
estava trabalhando de casa, recebeu a notícia inesperada que Franco iria cuidar das
plantas naquele momento. Como único pedido, Marielle escutou de Mônica: “mas tem
que conversar com elas, tá bom?”. Durante todo o tempo que ficou regando as
plantas, Marielle falava especificamente com uma delas: a roxinha.
709
“Fiquei escutando ‘porque você é tão bonita, não sei o que e nãnãnã’, ‘ah, porque essa
roxinha é minha favorita, porque você é tão bonita’. Eu, trabalhando no computador,
pensei ‘eu nem tenho planta roxa!’. Aí, eu olhei e falei: ‘o que você tá falando?’ e ela
‘essa aqui, é minha favorita’. Dei um ataque de risos e falei ‘Marielle, isso é uma planta
de plástico!’. Ela insistia ‘mas ela é tão bonita, minha favorita, cheguei a fazer assim
nela’, e apertava a planta com a unha, e eu falei que ‘se fosse de verdade você tinha
machucado ela, né meu amor, não pode fazer isso com a planta não. Que bom que eu
passo horas cuidando de um jardim inteiro pra você e sua planta favorita é uma planta
de plástico, fico muito lisonjeada com isso, com essa sua atenção”, relembra entre
risadas.
Militância como fortaleza
“Assumir isso pra mim mesma é o processo que dá start nessa militância. É muito
importante, diante do simbolismo que eu venho me tornando, dizer que sou sapatão,
é uma questão de querer me tornar referência positiva para que outras pessoas que
tiverem aquele tipo de sentimento de vergonha e dor, olhe, se identifiquem e olhem
que é possível. A gente tem que lutar, a gente tem que andar de mãos dadas com a
pessoa que a gente ama, mesmo sabendo que pode ter olhar feio, mesmo sabendo
que pode ter piadinha, mas isso precisa ser bancado, precisamos afirmando isso na
luta diária pois é um direito simples e básico de amar, isso tem que ser legítimo”, conta
Mônica, que por muitos anos teve a sua militância apenas nos bastidores.
Apesar de ainda ser muito complicado para Mônica se tornar a Mônica que fala
publicamente em frente às câmeras, ela decidiu falar. O tamanho das lentes e o
barulho dos cliques ainda a assustam. É a sua forma de pedir justiça pelo assassinato
da mulher de sua vida.
O primeiro discurso público foi realizado no plenário em Brasília, quando Mônica, ao
lado da cunhada Anielle Franco, disse: “A Marielle se tornou uma coisa muito maior,
ela se transformou em um símbolo de esperança e é por isso que a gente vai lutar e
seguir lutando, porque Marielle é resistência, Marielle é força, Marielle é potência, e o
mundo agora está vendo isso”.
O segundo, direcionando sua fala para o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão: “Seu
governador, o senhor tem sangue nas suas mãos enquanto o caso da Marielle não for
solucionado”. Aos poucos, o luto foi se tornando luta e Mônica aceitou a falar em
eventos, como na “Caminhada de Mulheres Lésbicas e Bissexuais de SP“.
710
“A Mônica que passa a falar diante das câmeras, é uma Mônica que nem eu sabia que
existia. Foi uma Mônica construída nesses 129 dias por uma necessidade, por ainda ter
medo desse lugar de fala, mas que acha que a causa é muito maior e que não pode ser
superada. Hoje esse é o único medo que eu tenho, então é muito pouco perto do que
a luta que eu resolvi travar representa, então a gente vai com câmera mesmo e é o
que tem pra hoje”, afirma.
Sobre a cadeira vazia deixada pela figura de Marielle, na vida de Mônica, na militância
e na Câmara, a arquiteta é enfática ao dizer que “se a gente deixar essa cadeira vazia,
de vida e luta, a gente vai deixar de lutar com a potência que Marielle fazia e isso não
pode acontecer, a gente não pode perder potência, a gente tem que ganhar potência
nesse momento pra poder fazer valer o 14 de março. E, para o que aconteceu com
Marielle não seja motivo de perder a esperança, mas que a gente transforme o que
aconteceu em uma releitura para ressignificar a esperança, porque a gente precisa de
mais Marielles na política, não menos”.
Proteção internacional
No começo de agosto, por determinação da CIDH (Comissão Interamericana de
Direitos Humanos) , da OEA (Organização dos Estados Americanos), a justiça brasileira
será obrigada a tomar medidas para proteger a vida de Mônica, após ter sido escutado
de homem que ela seria a próxima e seguida, por duas vezes, por um carro branco
perto de sua casa.
Por telefone, Mônica contou à Ponte quais os próximos passos para receber a
proteção do Estado. “Eu entrei em contato com a OEA pedindo proteção como ativista,
para continuar defendendo os direitos humanos. O próximo passo agora é o Brasil
aceitar as medidas cautelares e me procurar para vermos a melhor forma de proteção,
o que ainda não aconteceu oficialmente. Em uma primeira conversa, o Estado me
ofereceu o programa de testemunhas, mas não é isso que eu quero, eu não sou
testemunha de nada, o que eu quero é continuar sendo defensora dos direitos
humanos. Fui na DHPP [Delegacia De Homicídios E Proteção À Pessoa], na semana
passada, para falar sobre o caso da Marielle, e a Polícia Civil se colocou a disposição
para eventuais acontecimentos, mas ainda falta esse contato oficial do Estado”.
711
Uma das cartas escritas por Marielle para Mônica. DANIEL ARROYO PONTE
Marielle Vive
Nos despedimos de Mônica, que pediu para a gente avisar quando chegasse em São
Paulo, e fomos embora rumo à rodoviária. Passamos pela porta com os dizeres
“Marielle presente”. Passos lentos em direção à rua. Primeiro portão, segundo portão.
Quando ele finalmente fechou, eu e Daniel ficamos alguns segundos sem ação, a gente
se olhou e se abraçou.
A emoção tomou conta de nós. Foi real, tínhamos acabado de escutar uma das
histórias de amor mais lindas que nossos ouvidos um dia vão escutar. Interrompida
tragicamente. Mas não é à toa o adesivo “Marielle vive” no portão da casa de Marielle
e Mônica. Marielle vive e sempre viverá enquanto essa história ecoar.
Reportagem originalmente publicada no site Ponte Jornalismo.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/15/politica/1534340777_908387.html
712
OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA
SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL
Bianca Borges. Uol TAB, 30 de julho de 2018
https://tab.uol.com.br/trans-escola
https://tab.uol.com.br/trans-escola/#os-muros-da-escola
https://drive.google.com/file/d/1s8gZWyZMg3ip6JIAz546mmu8zSfXByC/view?usp=sharing
COMO OBTER NOME DE ACORDO COM GÊNERO; ADVOGADA E ATIVISTA TRANS
EXPLICAM
Léo Marques, Uol Universa, 02 de agosto de 2018
Pessoas transgêneras (termo que inclui transexuais e travestis) têm o direito garantido
por lei de alterarem seu prenome (nome civil) e gênero (seja masculino ou feminino)
no registro civil, sem a necessidade de cirurgia de redesignação de sexo ou de
autorização judicial. O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a possibilidade
dessas alterações em 1° de março de 2018, no julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 4275.
Essa decisão histórica contou com a participação da advogada Gisele Alessandra
Schmidt e Silva, a primeira transexual brasileira a subir à tribuna da Suprema Corte do
país para defender e conquistar esse direito. “Sou uma vencedora, principalmente
porque fui peça fundamental para a decisão do STF, no que concerne a visibilidade
para a causa”, afirma Gisele, que também é representante do Grupo Dignidade,
organizado no Paraná para atuar na área da promoção da cidadania de LGBTI+.
Para Keila Simpson, presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais
(Antra): “O direito de poder alterar o próprio nome e gênero, além de garantir a
própria identidade, evita constrangimentos em público e facilita a inclusão social”.
Tanto a ativista Keila como a advogada Gisele afirmam que, antes de terem suas
identidades atuais reconhecidas legalmente, passaram por diversas situações
humilhantes, como, por exemplo, terem de se apresentar em ambientes públicos,
como salas de atendimento coletivo, com documentos que não condiziam com o que
713
realmente são. “Isso gera um constrangimento terrível e fere sua dignidade”, diz
Gisele.
Entenda como funcionava antes
Até a validação da ADI 4275 por parte do STF, a pessoa trans que quisesse mudar de
nome a fim de adequá-lo à identidade autopercebida tinha dois caminhos:
“Pela via de processo judicial era necessário a pessoa apresentar laudos psicológicos e
psiquiátricos atestando que se tratava de transgênero. As vidas eram escrutinadas e o
Estado decidia quem ela era. E muitas vezes, após o longo processo judicial, o juiz
indeferia o pedido, ou exigia que fosse feita a cirurgia de redesignação social, ou ainda
mudava o primeiro nome e mantinha o gênero, o que continuava gerando
constrangimento”, explica a advogada Gisele.
O outro meio, esclarece a presidente Keila, era o requerimento de nome social, que,
comparado à ação judicial, significava uma solução mais rápida e econômica. “Pessoas
que não queriam enfrentar um processo que poderia levar dois anos em tramitação
até a retificação de prenome tinham essa opção. O nome social, ainda em vigor, é uma
política de inclusão levantada por todo um movimento de pessoas trans e adotada por
órgãos da administração pública para evitar situações vexatórias”, argumenta.
Apesar de já estar sendo superado pelo novo direito adquirido em lei (o de fazer a
retificação de prenome e gênero oficialmente em cartório), o nome social ainda pode
ser solicitado e usado em cadastros, programas, serviços, fichas, formulários,
prontuários e congêneres dos órgãos e das entidades da administração pública.
“Carteirinhas com nome social não substituem o RG, que é o documento oficial, mas
por constarem o mesmo número de identificação, dados civis, filiação e endereço da
pessoa trans ajudam muito na hora de ir ao médico, à escola e até a prestar um
vestibular”, comenta Keila, lembrando que, nesse caso, o nome de registro (o civil) é
utilizado apenas para fins administrativos internos.
Procure por um cartório de Registro Civil
Atualmente, para as pessoas trans registrarem as mudanças de nome civil e sexo na
certidão de nascimento, elas precisam apenas ter completado 18 anos e procurar um
cartório de Registro Civil. “Preferencialmente, onde o nome de batismo foi registrado,
mas pode ser em outro, só que daí demora um pouco mais e taxa é mais alta”, orienta
a advogada Gisele.
714
O procedimento passou a ser feito exclusivamente nos cartórios de todo o país. No
local, basta preencher pessoalmente o requerimento de alteração, apresentando RG,
CPF, título de eleitor, comprovante de residência e certidões civis e criminais para
saber o que consta em seu nome antigo. “Não precisa de médico, nem laudo, nem
cirurgia. Depois de pagar algumas taxas, em questão de dias a pessoa recebe uma nova
certidão de nascimento e a partir dela começa a mudar todos os seus documentos.
Lembrando que os direitos e obrigações acompanham o novo prenome, uma vez que
os números dos documentos são os mesmos”, lembra Gisele.
Os sobrenomes também não mudam, pois pertencem à árvore genealógica da pessoa.
O que se retifica é o prenome (primeiro nome), por exemplo: Maria Figueiredo muda
para Mario Figueiredo (e vice-versa, dependendo se for mulher ou homem trans). O
Figueiredo não muda.
Quanto aos nomes compostos, também podem ser trocados por outros compostos ou
por um nome simples e o contrário também vale. “Eu, por exemplo, me chamava
Marcus Alessandro Schmidt e Silva e depois Gisele Alessandra Schmidt e Silva, mas
poderia ter adotado simplesmente Gisele Schmidt e Silva”, comenta a advogada.
Escolha um nome que reflita quem você é
Dúvidas sobre que nome adotar são comuns, mas, de acordo com Gisele e Keila, para
encontrar um a pessoa trans precisa basicamente olhar para dentro de si, buscar uma
inspiração ou pessoa que gostaria muito de homenagear, e se imaginar sendo
chamada em público. “Meu nome Gisele, por exemplo, é uma homenagem à modelo
Gisele Bündchen, que considero ser uma grande mulher e virou meu apelido, pois
sempre fui magra e alta”, revela.
Já o de Keila vem desde a infância. “Keila surgiu de uma brincadeira de criança, eu e
minhas amigas gostávamos de nomes femininos, e um belo dia escolhi esse, que me
acompanha até hoje”, explica e conclui: “Não vivemos em guerra. Se existe uma, não
fomos nós que a declaramos, então não nos cabe ter ‘nomes de guerra’. O nosso
sonho é viver em paz e é por isso que levantamos essa bandeira, que ganhou força e
hoje nos dá o direito legal de alterar nossos nomes e gêneros da maneira que
quisermos. E isso é para a vida toda”.
https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/08/02/advogada-e-ativista-transexplicam-como-obter-nome-de-acordo-com-genero.htm
715
GISELE SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM
CIRURGIA, 07 DE JUNHO DE 2017
Canal do YouTube de Adriano Picarelli, 09 de junho de 2017
Ver, na apresentação do vídeo (abaixo da tela) indicações de textos e filmes...
https://www.youtube.com/watch?v=FC9AkK50NC4
O QUE AS EMPRESAS PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO MERCADO DE
TRABALHO
BBC News Brasil reproduzida por Uol Universa, 03 de agosto de 2018
Enquanto muitos não consideram mais o gênero como um assunto estritamente
binário, ainda há muito estigma ligado à transição de identidade de gênero no
trabalho. A conscientização em relação ao tema aumentou, mas há muitos desafios
quando se fala de questões de transgêneros no mercado de trabalho.
O presidente americano, Donald Trump, recentemente assinou um decreto banindo
algumas pessoas trans de servir no Exército. E, segundo uma pesquisa conduzida pela
Rádio Pública Nacional (NPR, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, mais da metade
dos professores trans no país enfrentam assédio ou discriminação no trabalho.
No Brasil, o cenário é mais sombrio. Segundo levantamento da organização
Transgender Europe, 868 pessoas foram mortas em crimes motivados por transfobia
no Brasil entre 2008 e 2016, o que coloca o país no primeiro lugar entre as nações com
maior número de mortes de transexuais no mundo.
A cultura de violência e a discriminação contra esse grupo também resulta em uma
alta taxa de evasão escolar - 82% dos transexuais não concluem seus estudos, de
acordo com uma pesquisa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Outra consequência da discriminação de gênero e sexualidade no Brasil é que 61% da
comunidade LGBT escondem sua identidade de gênero ou sua sexualidade no
trabalho, segundo dados do instituto Center for Talent Inovation.
Como melhorar as condições de trabalho para a população trans?
716
Então, nesse contexto, como é sair do armário como trans no trabalho? E quais são as
diretrizes para os empregadores em relação a funcionários trans?
Claire Birkenshaw fez a transição de gênero quando dirigia um colégio no norte da
Inglaterra. Ela relembra sua vida antes da transição. "Superficialmente, eu era bastante
feliz, muito sociável, mas por dentro havia um temor interno sobre quem eu era desde
a infância. Era a única coisa na minha vida sobre a qual eu não era sincera."
Sua maior preocupação assim que ela tomou a decisão de mudar sua identidade de
gênero foi a "rejeição de todos". "Eu tinha muito medo porque eu sabia que assim que
contasse não haveria volta, era isso. Você sai do armário de vez", disse.
No fim das contas, a experiência de Birkenshaw foi majoritariamente positiva, mas ela
reconhece que outras pessoas precisam de tempo para se ajustar à mudança. "Como
tudo na vida, algumas pessoas levarão com facilidade, mas outras terão mais
dificuldades", diz ela. "Enquanto eu passo por essa transição, outras pessoas terão que
passar por essa transição emocional e psicologicamente também. Mas o tratamento
geral em relação a mim teve dignidade e respeito."
Birkenshaw diz que precisou "cavar fundo" para encontrar a confiança ao encarar
colegas e alunos, mas que "os jovens foram realmente incríveis. Um [aluno] veio até
mim e disse 'bom dia, senhora', e eu respondi 'você é a primeira pessoa a me chamar
de senhora'".
Após sua transição, Birkenshaw recebeu apoio de pessoas inesperadas. Ela lembra de
ex-alunos que entraram em contato para dizer "estamos muito, muito orgulhosos de
você". Até mesmo pessoas que ela nunca havia conhecido entraram em contato.
Alguém escreveu para escola dizendo que leu a história da professora no jornal local e
só queria dizer "muito bem".
Birkenshaw diz que sua capacidade de desempenhar seu trabalho como diretora da
escola não mudou com a transição. "As principais habilidades que você tem, a forma
como trabalha com as pessoas e o seu conhecimento continuam exatamente os
mesmos", diz.
Uma diferença que ela percebeu desde a transição, porém, é que ela se sente "um
pouco mais emotiva" que antes. Mas, como explica, os motivos para isso são
complicados e multifacetados. Birkenshaw não sabe "se é porque agora você tem
permissão para demonstrar suas emoções, se os hormônios têm algum efeito ou se é
717
apenas a liberação de emoções reprimidas após uma vida inteiro ocultando sua
identidade e permitindo que sua verdadeira identidade apareça".
Do ponto de vista de Birkenshaw, as coisas mudaram para melhor nos últimos 15 anos,
considerando a visibilidade de pessoas trans e a maior acessibilidade a informações
sobre o assunto.
Ela também menciona o impacto da internet, que permite que alguém em transição de
gênero possa ver "que pessoas fazem a transição no mundo todo. E isso faz uma
enorme diferença, perceber que não é só você. Não é só você com você mesmo".
Como as empresas podem lidar com a questão
Então, quais são as diretrizes para os empregadores que têm pessoas trans em suas
equipes? E quais são as dificuldades práticas que pessoas trans podem enfrentar no
trabalho?
Beck Bailey, da Campanha de Direitos Humanos dos Estados Unidos (HRC, na sigla em
inglês), que defende direitos LGBT, diz que houve mais progresso do que pensamos
entre as grandes empresas multinacionais e americanas no apoio a funcionários trans.
Bailey diz que o fato mais surpreendente é que "o mundo corporativo americano
trabalhou muito para apoiar seus funcionários trans e não-binários". Em 2002, a HRC
fez um índice de políticas, práticas e benefícios, acompanhando o progresso desde
então. "Quando começamos nossa pesquisa em 2002, apenas 5% das empresas tinham
proteções contra discriminação, e hoje 97% das empresas que participam [do índice]
têm essas proteções."
No Brasil, também há uma busca pela integração de pessoas trans no mundo
corporativo, ainda que tímida se comparada a outros países. A plataforma
Transempregos, por exemplo, foi criada para incluir pessoas trans no mercado de
trabalho. Em 2014, 12 companhias queriam usar o serviço e, em 2017, houve um
crescimento de quase 300% com 46 empresas cadastradas.
Então, como seria uma política de recursos humanos inclusiva no mercado de trabalho
moderno?
"O mais fundamental e importante é colocar em prática uma política nãodiscriminatória e antiassédio", diz Bailey. "A partir daí, eles podem construir coisas
como benefícios iguais."
718
Uma política de RH mais inclusiva significa, por exemplo, que uma pessoa trans possa
ter acesso a terapia de hormônios pelo plano de saúde da empresa - caso contrário,
essas pessoas não terão os mesmos benefícios que seus colegas cisgêneros.
Houve uma mudança significativa nessa área. Entre as companhias monitoradas pela
HRC, em 2002, "zero empresas tinham planos de saúde completamente inclusivos para
pessoas trans, e hoje temos 79%".
E também existem maneiras de uma companhia apoiar as pessoas que estão em
transição no trabalho, como facilitar a mudança de nome nos documentos da empresa
ou permitir que expressem seu gênero de acordo com o código de vestimenta que
fizer sentido para elas.
Para Bailey, educação e treinamento são fatores-chave, assim como "diálogo e
conversas que abrem espaço para as pessoas entenderem colegas trans e até clientes
trans".
O que, no ponto de vista de Bailey, levou a essa mudança? "Os empresários
americanos e os empregadores de multinacionais no mundo inteiro realmente
entendem que diversidade e inclusão são bons para os negócios, para atrair [e] manter
a melhor força de trabalho."
Uma consequência dessa abertura dos negócios à diversidade é ter mais opções para
recrutamento, mas também pode favorecer a empresa em termos de reputação no
olhar de possíveis novos funcionários. "Há pessoas que não fazem parte da
comunidade trans, mas veem esse tipo de política como indicador do compromisso da
empresa de ser um lugar acolhedor para se trabalhar."
As mulheres podem achar difícil subir na carreira considerando quão dominada por
homens é a cultura corporativa, mas as pessoas trans enfrentam esse mesmo desafio.
"Há muito preconceito contra as pessoas trans", diz Bailey. "Mesmo que elas passem
como pessoas trans, as mulheres trans enfrentam o mesmo tipo de sexismo e
misoginia que as mulheres cis". Da mesma maneira, algumas pessoas trans lidas como
homens "encontram novas aberturas, especialmente se são brancos, com o privilégio
masculino que não tinham antes da transição".
Enquanto pode ser mais fácil realizar a transição no trabalho e o apoio a funcionários
seja maior do que há 30 ou 40 anos, sem dúvidas muitos desafios persistem.
719
[ver “O que as empresas podem fazer para incluir pessoas trans no mercado de
trabalho”, BBC News Brasil, 03 de agosto de 2018]
https://universa.uol.com.br/noticias/bbc/2018/08/03/o-que-as-empresas-podemfazer-para-incluir-trans-no-mercado-de-trabalho.htm
https://www.bbc.com/portuguese/vert-cap-44294681
CANDIDATA TRANSGÊNERO VENCE PRIMÁRIA DEMOCRATA PARA GOVERNO DE
VERMONT
Agence France Presse reproduzida pelo Uol, 15 de agosto de 2018
14.ago.2018 - Christine Hallquist venceu nesta terça-feira a primária democrata e será
a candidata do partido ao governo de Vermont - a primeira mulher transgênero
Christine Hallquist venceu nesta terça-feira (15) a primária democrata e será a
candidata do partido ao governo de Vermont, podendo se tornar a primeira
transgênero a liderar um Estado dos EUA, informou a imprensa americana. "HISTÓRIA
FEITA! @christristforvt acaba de se tornar a primeira candidata a governador
trans/não binário de um partido político importante na história dos Estados Unidos",
tuitou Victory Fund, organização que apoia os candidatos LGBTQ.
720
Mas Hallquist ainda enfrentará um duro caminho para chegar ao poder, já que terá
como adversário o republicano Phil Scott, que governa Vermont desde 2016. Hallquist
fez sua transição de gênero quando dirigia a companhia elétrica Vermont Electricity
Coop, há vários anos. Em 2015, "Christine tomou a decisão (...) de se transformar em
seu verdadeiro eu, uma mulher transgênero, convertendo-se na primeira líder
empresarial do país a fazer a transição no cargo", revela o site da Vermont Electricity
Coop.
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2018/08/15/candidata-transgenerovence-primaria-democrata-para-governo-de-vermont.htm
A PROFESSORA TRANSEXUAL QUE TROCOU INDENIZAÇÃO DE R$ 20 MIL PELA CHANCE
DE DAR AULA A SEUS AGRESSORES
Noemia Colonna, BBC News Brasil, 31 de agosto de 2018
A professora de matemática transexual Natalha Claudinei Silva Nascimento deu, na
última sexta-feira, uma aula inusitada: dentro de uma sala do Fórum de Justiça de
721
Brasília, falou não para alunos adolescentes, mas sim para 40 funcionários de uma
pastelaria de onde ela era xingada diariamente.
Na aula, em vez dos números que ensinou por mais de dez anos como professora de
ensinos médio e fundamental, Natalha lecionou sobre gênero, aspectos biológicos e
comportamentais dos transgêneros, direitos, violência contra os desiguais e a
importância de denunciar atos discriminatórios.
"Foi a ignorância que me fez sofrer por todos esses anos e quero acabar com ela com a
eduçação", diz a maranhense de 35 anos.
O motivo do encontro foi um processo judicial movido no final do ano passado por
Natalha contra a tradicional pastelaria Viçosa, localizada na rodoviária de Brasília, um
dos locais de maior movimento na capital federal. A professora alega ter sofrido
agressões e xingamentos diários por parte de um grupo de funcionários do
estabelecimento.
"Eu não tinha outra alternativa. Para pegar o ônibus para casa, eu só podia passar em
frente à pastelaria e tinha que aturar esses xingamentos", lembra.
A gota d'água ocorreu em 26 de abril, quando ela decidiu conversar com os
funcionários, pedindo para que parassem. Um deles se aproximou, a derrubou no chão
e a agrediu violentamente.
Vida com medo
"Fiquei sem reação. Humilhada, só me perguntava por que aquilo acontecera comigo.
Estudei, trabalhei, tentei ser o melhor que pude, mas o fato de ser uma mulher
transexual me fez construir toda a minha vida em cima do medo, desde criança",
desabafa.
Ao acionar a Justiça, Natalha pediu R$ 20 mil reais de indenização por danos morais.
Durante a conciliação judicial, porém, a professora decidiu abrir mão da quantia,
pedindo em troca a chance de dar uma aula de questões de gênero à equipe da
pastelaria Viçosa.
"Não tem dinheiro no mundo que valha a minha dignidade e respeito. Moro na favela
mais perigosa do Distrito Federal e quero transitar livremente sem ter medo de morrer
ou ser assassinada por ser quem sou", diz. "Para mim, o único jeito de viver isso é pela
educação, que pode transformar uma sociedade violenta, preconceituosa e corrupta."
722
A pastelaria demitiu o funcionário responsável pela agressão física. Patrícia Rosa
Calmon, a proprietária, reconhece que falhou por não ter orientado seus funcionários
quanto ao respeito às pessoas transgêneras, "até porque sempre entendi que todos
são iguais. Mas fico contente que Natalha pôde nos ensinar algo", diz.
'Melhor indenização possível'
Natalha reconhece que, enquanto esperava pelos seus novos alunos na aula especial,
teve medo de cara fechada e mais rejeição.
"Só que eles chegaram abrindo sorriso e me dando boa tarde. Achei estranho,
esperava bate-boca mas encontrei atenção. Até brinquei com eles que, quem
aprendesse a lição de que 'respeito não tem preço' já estaria aprovado. Eles riram
bastante", conta Natalha.
Mas dessa vez, não era um riso de zombaria, e sim de generosidade e empatia sobre o
que uma professora trans tinha a dizer. "Foi a melhor indenização que eu poderia
ganhar na minha vida", avalia.
Marília de Avila e Silva Sampaio, a juíza do 6º Juizado Especial Cível de Brasília que
conduziu o acordo, ficou surpresa com a atitude de Natalha. "Em 22 anos de
magistratura, nunca vi um caso desses. Nem de uma pessoa transexual procurar a
justiça por danos morais por agressão e nem de uma proposta de aula no lugar de uma
reparação financeira", diz.
"Natalha foi muito firme e corajosa, foi positivo ver pessoas aprendendo sobre
discriminação de gênero exatamente de quem sofre a violência. Precisamos mudar, e
são pequenos passos como os de Natalha que farão a mudança gigante de que este
país precisa."
Infância discriminada
Natalha nasceu Claudinei do Nascimento, em Açailândia, cidade com cerca de 100 mil
habitantes no interior do Maranhão. Somente aos 22 anos e já morando em Brasília,
revelou-se transexual. "Tive que esconder a minha transgeneridade até onde pude.
Caso contrário, poderia morrer", relembra.
723
Da infância passada na roça com os pais trabalhadores rurais e mais quatro irmãos, ela
traz duas memórias marcantes: ser xingada e agredida física e verbalmente por ser
negra e homossexual, e ouvir histórias de assassinatos brutais.
"Eu tinha uns 10 anos, estava na escola, quando ouvi que haviam matado um gay.
Curiosos, fomos todos ver quem era. Não era apenas um gay. Era um travesti, vestido
com roupas femininas e com o órgão genital mutilado enterrado na própria boca. Ali,
ainda criança, senti o peso do tamanho da punição a quem ousasse sair da regra e
aprendi a conviver com o medo de mim mesma e do que poderia me acontecer por ser
quem eu era", relata.
"Eu nunca soube o que é ser homem. Desde criança, me sentia estranha em um corpo
que não acompanhava os meus desejos femininos. Queria ser mãe, gostava de brincar
de bonecas e adorava estar junto da minha mãe fazendo tudo o que ela fazia. A minha
identidade sempre foi feminina", afirma.
Ao se assumir, ela enfrentou a ira do pai, a crítica dos irmãos e a insistência dos
próprios colegas de trabalho para que mudasse de ideia e se voltasse para a religião
evangélica. "Nunca entendi o que estavam me pedindo. Não me sentia estranha e nem
me via pecadora."
Para ela, o episódio de transfobia que sofreu por parte dos funcionários da pastelaria e
a busca por reparação na Justiça a fez entender pela primeira vez o que são direitos
humanos. "Não sabia o que era um fórum, uma audiência ou reunião de conciliação,
não fazia ideia de que poderia lutar pela minha dignidade humana sem estar sozinha",
conta.
Hoje, reconciliada com seu pai, Natalha se dedica a projetos de educação contra o
preconceito em uma ONG fundada por ela mesma.
"Existem pessoas de todos os gêneros, menosprezadas, mal amadas e se sentindo sem
direito a viver neste mundo. Quero ajudar todas elas com a minha história. Prefiro
olhar para a generosidade de todos que um dia, por ignorância, me machucaram, e
que hoje, graças à educação, me respeitam. Não compensa ficar remoendo o que
passou."
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45347986
PABLLO VITTAR CHORA AO LEMBRAR BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME
BATERAM"
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Maurício Dehô, Uol, 02 de setembro de 2018
Pabllo Vittar se emocionou no Altas Horas, ao falar sobre sua infância. A cantora
relembrou momentos difíceis, quando estava no primeiro dia em uma nova escola, na
5ª série, e apanhou de colegas. E se declarou à mãe, que sempre a apoiou
"Na escola foi um período muito difícil para mim. Eu tinha dez anos na 5ª série, uma
criança gordinha, afenimada do cabelo grande. Eu fui pra escola nesse primeiro dia
muito contente, todo mundo queria chegar na 5ª série. Troquei de escola e achei que
ia fazer um monte de amigos novos. No primeiro dia me bateram e foi horroroso
porque eu não tinha a quem recorrer. Tinha minhas irmãs, que estudavam comigo, e
os professores não faziam nada", relatou Pabllo, interrompendo sua fala em alguns
momentos por conta da emoção.
"Eu lembro de ter chegado em casa falando para minha mãe que não queria ir mais
para à escola. Minha mãe falou: você vai sim, sua vida inteira vai ser desse jeito, se
você se esconder vai ser pior", adicionou ela.
Questionada por Serginho Groisman sobre a posição de sua família nisso, ela contou
como a mãe sempre a apoiou.
"Eu tenho muito orgulho de ter nascido na família da Dona Verônica Rodrigues, minha
mãe, que sempre me aceitou e me amou. Ela me criou e as minhas duas irmãs sozinha,
no interior do Pará. Eu me lembro de ajudar a minha mãe a colocar o cimento da
calçada da gente", relembrou Pabllo.
Pabllo ainda contou como foi sua evolução física - chegando hoje aos seus 1,87 m.
"Eu fui começar a esticar, eu tinha 13 para 14 anos, era muito alta, muito magrinha.
Pensava: "mas que diacho é isso, todo mundo ficando bonito e eu um curupira
desse?". Mas a vida foi boa comigo, quando foi chegando os 18, 19, foi chegando o
babado", riu a cantora, que cantou "Problema Seu", "Indestrutível" e "KO" no "Altas
Horas".
https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2018/09/02/pablo-vittar-choraao-lembrar-bullying-na-escola-no-1-dia-me-bateram.htm
GABRIELA LORAN, 1ª ATRIZ TRANS DE "MALHAÇÃO", REVELA PLANOS DE SER MÃE
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Uol Universa, 02 de setembro de 2018
Realizada como a primeira atriz trans a integrar o elenco de "Malhação", Gabriela
Loran já planeja a maternidade.
Em entrevista ao jornal carioca "Extra" neste domingo (2), a professora Priscila da
edição "Vidas Brasileiras" da novela, falou sobre o desejo de adotar.
"Tenho um vínculo muito forte com a maternidade. Assim que eu estabilizar minha
carreira, quero ser mãe. A primeira coisa que vou fazer é adotar uma criança. Para
onde e olho, vejo o futuro, e é disso que eu tiro forças".
Ela ainda disse à publicação que sua família não colocou obstáculos à sua transição.
"Nunca foi preciso que a gente sentasse e conversasse sobre nada do que estava
acontecendo comigo. Eles viam que eu era diferente, mas nunca questionaram. Sou
privilegiada de tê-los junto de mim".
Há dois meses, Gabriela, que também é bailarina e youtuber comemorou sua nova
certidão de nascimento: aos 25 anos, ela foi reconhecida como Gabriela de maneira
legal.
Em agosto, ela ainda posou nua para o "Pele Project", dos fotógrafos Brunno Rangel e
Marcelo Feitosa. Ao compartilhar seu retrato nas redes sociais, refletiu: "A pele que
transcende. Por baixo da roupa, todos nós transcendemos", escreveu a atriz.
[A matéria traz duas imagens da atriz...]
https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/09/02/gabriela-loran-1-atriz-transde-malhacao-revela-planos-de-ser-mae.htm
APÓS 3 ANOS, PROFESSORA GANHA AÇÃO JUDICIAL CONTRA COLÉGIO QUE A DEMITIU
POR SER TRANS
Ponte Jornalismo, Paloma Vasconcelos, 09 de setembro de 2018
Juíza reconhece que demissão foi motivada por discriminação, exige retorno imediato
da professora e indenização; Luiza Coppieters desabafa: ‘Sofri muito nos últimos três
anos, mas a vitória veio’
726
“Passei por muita coisa. Passei fome, passei frio e fui despejada. Sofri muito. Mas é
preciso acreditar. A gente vai tomar muita porrada na vida, mas uma hora vem a
vitória”, declarou a professora Luiza Coppieters, 39 anos, para os alunos do cursinho
popular da USP Leste minutos depois de receber a notícia de que havia ganhado o
processo contra o Colégio Anglo Leonardo da Vinci. Em 2015, a Ponte denunciou o
caso com exclusividade.
A juíza do trabalho Daiana Monteiro Santos decidiu que ficou comprovado que Luiza
foi demitida motivada por discriminação pelo fato de ser trans, exigiu a reintegração
imediata dela ao quadro de professores e que a instituição educacional pague a ela
uma indenização de R$ 30 mil por danos morais.
Na decisão, Daiana usa como argumentação o princípio da dignidade da pessoa
humana, previsto no artigo 1°, III da Constituição, combinado com o princípio da
igualdade, do artigo 5° da Constituição da República. “A igualdade para ser atendida
em sua plenitude e de forma justa deve considerar as diferenças submetendo-as, se
necessário, a tratamento diferenciado, o que se traduz na igualdade material definida
por Aristóteles, 300 anos antes de Cristo, de forma que ‘devemos tratar os iguais
igualmente e os desiguais desigualmente, na medida de suas desigualdades'”, escreveu
na sentença.
Luiza conta que os últimos 3 anos foram intensos. Ela viu tudo desmoronar quando foi
demitida do colégio onde trabalhou por 5 anos ensinando filosofia. Além da demissão,
a professora precisou lidar com uma depressão, duas tentativas de suicídio somadas a
um quadro de síndrome do pânico e crises de ansiedade.
Apesar de estar no momento de mais fragilidade emocional, viu muitas portas serem
abertas após a demissão no Anglo, principalmente do mundo acadêmico por meio das
inúmeras palestras em que foi convidada. “O reconhecimento eu nunca tive em sala de
aula, tive pela sociedade. Agora é um momento de tranquilidade. É uma página virada
e amassada, estou em outros capítulos da minha vida. Estou olhando muito lá na
frente, depois de 3 anos sem conseguir enxergar o futuro”, desabafou a professora em
entrevista à Ponte.
Agora, Luiza precisa esperar o colégio se manifestar em um prazo de até 5 dias úteis a
contar da data de publicação do processo, que aconteceu no dia 6/9. Para garantir um
retorno sem represálias, a juíza incluiu no processo que, caso haja qualquer forma de
discriminação, a reintegração será substituída por pagamento em dobro do salário. “É
uma forma de recebe-la bem, publicamente eles têm que ter respeito e manter uma
conduta de respeito em relação ao trabalho dela ali dentro. Isso foi bem importante
727
porque garante que ela possa voltar a retornar o trabalho de uma forma saudável”,
conta Marina Tambelli, advogada de Luiza.
Além dos dois processos trabalhistas contra o Anglo, um de indenização por danos
morais e um pedido de reintegração por dispensa discriminatória, outras
irregularidades foram denunciadas no processo. Neste trecho, a magistrada deixa claro
o entendimento de que Luiza foi penalizada quando tornou pública a transição de
gênero. “Atuaram de forma discriminatória com a demandante, pois quando
souberam de sua decisão, a proibiram de tratar do assunto com os alunos, sob a
alegação que a escola tomaria tal providência, o que nunca ocorreu. Ademais, a
reclamante foi questionada acerca de tal vedação por e-mail, porém diante da inércia
das reclamadas em esclarecer tal mudança aos alunos, evidentemente que a autora
seria por eles indagada”, escreve.
“Ela trabalhou dois anos sem registro, de 2009 a 2011, o que impactou no
recolhimento de direitos trabalhistas previstos, como INSS e FGTS. O registro só
aconteceu em março de 2011. Eles também não pagavam o salário corretamente, o
que estava no holerite não era o que ela recebia, haviam pagamentos por fora. Sem
contar que ela recebia 9 horas-aula e trabalhava 26. Além de ter outras coisas da
Convenção Coletiva de Trabalho da Educação Básica que não eram pagas, como o
adicional de 25% por dar aula em outro município e a PLR [Participação nos Lucros ou
Resultados+”, explica Tambelli.
Coppieters começou o tratamento hormonal em 2012 e avisou a coordenação do
colégio dois anos depois, em março de 2014. Na época, foi acolhida pelos colegas de
trabalho e a direção informou que cuidaria dos próximos passos. O que não ocorreu.
Entre as provas documentais do processo há um e-mail da professora exigindo um
posicionamento da escola. Luiza não conseguia mais mentir sobre quem era. Precisava
contar aos alunos a verdade. Em novembro, depois de trocar o nome das redes sociais,
passou a trabalhar com roupas femininas e assumiu a sua identidade como mulher
transexual.
Aos poucos, percebeu que as promessas do colégio haviam sido em vão. Em janeiro de
2015, viu suas aulas serem reduzidas drasticamente e seus grupos de estudos
cortados. Seu salário, que era de R$ 6 mil, passou para R$ 1 mil. Foi nesse período que
a sua depressão ficou mais forte e ela precisou ser afastada diversas vezes para cuidar
da saúde. Todas, relembra Marina, por meio de atestados médicos. Na ocasião, Luiza
entendeu que a retirada das turmas era para que outros novos alunos não a
conhecessem.
728
“A demissão acontece em um momento que ela está bastante depressiva, com uma
série de atestados e não se pode mandar embora um funcionário doente, o
procedimento é afastamento pelo INSS. Então essa demissão é ilegal tanto do ponto
de vista discriminatório quanto pelo fato dela estar doente, ela não podia ter sido
demitida por conta dessas duas razões. É perceptível uma cronologia de reação da
escola: a partir do momento que ela mostra a questão de gênero, começa a ser
bastante reprimida”, explica Marina.
O processo comprovou que a demissão não foi baseada na queda de rendimento de
Luiza, como alegou o Colégio Anglo. “Ficou comprovado no processo, com prova
testemunhal e documental, que a ausência nessa reunião não foi só dela, uma vez que
não era uma reunião obrigatória, muitos professores faltaram e não tiveram punição.
A juíza deixa muito claro que ela estava em um momento de ascensão na escola, com
a aquisição de mais aulas, então o argumento do rendimento escolar caiu por terra.
Tanto que ela foi escolhida como paraninfa, representante na formatura escolhida
pelos alunos”, explica a advogada.
Determinação inédita
Para reforçar o processo, a juíza Daiana Monteiro Santos usou a Súmula 443 do
Tribunal Superior do Trabalho para determinar que a demissão foi discriminatória.
Originalmente, a súmula é usada para proteger trabalhadores com doenças graves,
como câncer e HIV, garantindo que eles tenham estabilidade trabalhista. Confira o
trecho: “Afirma a reclamante ter sofrido dispensa discriminatória em razão de sua
mudança de gênero na constância do contrato de trabalho com as reclamadas, sendo
que o processo de transição com tratamento hormonal iniciou-se em 2012. Alega ter
informado a Coordenação Pedagógica sobre tal decisão em março de 2014 e foi muito
bem acolhida pelos colegas. Em uma reunião ocorrida em julho de 2014, lhe foi dito
pelos Coordenadores que os professores estavam proibidos de debater e conversar
sobre questões de gênero dentro e fora da sala de aula e seu relacionamento com a
direção se tornou mais difícil, sob maior pressão e rigor excessivo. Em outubro do
mesmo ano, a depoente mudou seu gênero na rede social e quando os alunos
descobriram, foi muito bem acolhida e apoiada. A partir de novembro de 2014 passou
a trabalhar vestida de mulher, pois contava com o apoio dos professores e alunos”.
No caso de Luiza, a juíza defende no processo que “diante do quadro cultural
brasileiro, no qual ainda vemos numerosos atos de violência e preconceito contra
homossexuais e transexuais, entendo ser plenamente aplicável seu entendimento
jurisprudencial em relação a ela”.
729
Para Marina, o uso analógico dessa súmula abre um importante precedente na justiça
trabalhista visando a inclusão de pessoas LGBTs em situações de descriminação em
locais de trabalho. “Ao aplicar analogicamente da Súmula 443, ela mostra que a
dispensa foi discriminatória por conta da transição de gênero. Essa súmula visa a
proteção de pessoas em vulnerabilidade ou em uma situação de estigma relacionado
às minorias, então para ela não ficar à mercê, a súmula garante que ela tem
estabilidade no emprego”, explica Tambelli.
A advogada conta que a questão discriminatória para pessoas trans e travestis ainda é
uma questão nova no âmbito trabalhista. “Por conta disso, a gente teve muito receio
durante o processo, o mais importante era provar como se deu a comunicação dela
com a escola, a proibição dela falar sobre o assunto com alunos e professores. E tudo
isso foi comprovado por prova testemunhal e documental. Não é um processo simples,
por isso é uma grande vitória para o movimento trans e LGBT no geral, por permitir
uma proteção dessa ao trabalhador enquanto população trans. A sociedade está
mudando e o Judiciário tem que acompanhar essa mudança, são demandas antigas”,
reforça Marina.
Para Coppieters, a sua vitória é também uma vitória do movimento LGBT,
principalmente em relação empregabilidade trans que ainda é muito baixa: de acordo
com a ANTRA, 90% das pessoas trans ainda recorrem a prostituição e ao mercado
informal para sobreviver. A Ponte mostrou no Especial Trans, publicado em janeiro, a
dificuldade de inclusão de pessoas trans e travestis no mercado formal de trabalho.
“Espero que as pessoas vejam o peso desse processo, o significado disso, dessa
sentença dentro do judiciário que a gente tem, no momento em que estamos vivendo.
Essa vitória no âmbito trabalhista é um exemplo também no campo jurídico, vai servir
de respaldo para muitas pessoas trans estarem na luta. As questões psíquicas
dificultam a vida de uma pessoa trans no mercado de trabalho, mas agora a gente tem
um respaldo”, comemora a professora.
Luiza afirma que a sensação agora é de alma lavada. “Estou muito feliz com isso,
porque passei esses 3 anos com mágoa a rancor. Mas agora a sensação é de virar a
página. Eu voltei a ler, estou lendo dois livros por dia, depois de ficar quase 3 anos sem
conseguir ler. Isso me criava uma angústia, falar em universidades, com doutores, sem
ao menos conseguir ler. Ao mesmo tempo tive um baita de um respaldo, isso é muito
gratificante. Antes, eu não tinha esse reconhecimento no colégio, um professor de
química e física lá tinha um salário muito mais alto do que o meu por serem
valorizados no vestibular. É interessante isso, quem vai ganhar com o meu retorno?
Quem vai ser a professora de renome que vai estar lá?”, salienta.
730
Além disso, a sentença cita decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) em reconhecer
a alteração do nome social sem cirurgia e a convenção da OIT (Organização
Internacional do Trabalho) número 111 que trata sobre discriminação em matéria de
emprego e profissão: “Toda distinção, exclusão ou preferência fundada na raça, cor,
sexo, religião, opinião política, ascendência nacional ou origem social, que tenha por
efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou de tratamento em matéria
de emprego ou profissão”.
“O Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias considerou que as pessoas
transgênero que sejam vítimas de discriminação podem ser protegidas pela proibição
de discriminação em razão do sexo. O E. STF já reconheceu a possibilidade de alteração
de nome e gênero no assento de registro civil independentemente de procedimento
cirúrgico de redesignação de sexo (ADI 4275)”, escreve a juíza Daiana Monteiro Santos.
A relação com os alunos
A espera por justiça fez Luiza acreditar que nunca mais pisaria em uma sala de aula.
“Eles roubaram a minha profissão” era uma frase que constantemente passava pela
sua cabeça nesses anos. Ela relembra como era a relação com os alunos, que a
acolheram tão bem quando ela deu a notícia da transição: “Na verdade, o tio Luiz não
é tio Luiz, é tia Luiza. Sou uma mulher transexual”.
“Eu tinha um perfil, Luiza Seixas, e coloquei uma foto minha de apoio a uma candidata
a presidente. Aí, numa sexta, um aluno pediu pra adicionar e eu aceitei. Quando entrei
de novo no domingo tinha várias solicitações de amizade e eu aceitei todas. Muitas
pessoas acharam que era um protesto em defesa dos direitos das mulheres”, relembra
Luiza.
“Na segunda, cheguei para dar aula pra primeira turma e fiz a pergunta de sempre
‘Jovens, vocês tem algo digno de nota para compartilhar com os seus pares e comigo?’
e nada. Perguntei novamente e nada. Na terceira aula, um aluno perguntou ‘professor,
o que que é aquele seu Facebook?’. E eu perguntei se ele queria mesmo saber. Foi
quando eu contei a eles. Aí começaram a fazer perguntas, foi um chororô”, conta a
professora.
Durante uma semana, cada turma era uma nova emoção. Todos reagiram muito bem a
novidade. Foram os alunos que pressionaram a escola a mudar o nome da professora
no quadro de funcionários, por meio de um protesto.
731
Vida pública
Se tornar uma pessoa pública em um momento que a vida pessoal está arrasada. Esse
foi o maior desafio de Luiza nos últimos anos. Ao mesmo tempo que ter a vida pública
a ajudou a permanecer de pé, criou muitos conflitos internos por conta das crises de
ansiedade que a impediram de participar de alguns eventos.
“Eu sempre esperei o pior e não aconteceu porque a sociedade me aceitou. Foi muito
difícil conciliar vida pública com a privada. Cada atividade que eu participei nos últimos
anos demandaram muito esforço. As pessoas veem a Luiza brigona, Luiza forte, Luiza
que vai e fala, mas até chegar ali foi muito cigarro, muita ansiedade, foi muito esforço
e muitas vezes eu era arrancada de casa”, desabafa Coppieters.
Luiza chegou a se candidatar para vereadora nas eleições municipais de São Paulo pelo
Psol em 2016, mas, há um mês, acabou se desfiliando do partido por divergências
internas e optou por seguir com a própria militância em palestras e encontros.
Para ela, a vida política foi impulsionada por dois momentos. Começou a dar
entrevistas depois de criticar uma postagem da Prefeitura de São Paulo sobre o
programa Transcidadania, do então prefeito Fernando Haddad (PT). Na ocasião de
divulgação, eles usaram fotos do prefeito com drag queen (personagens criados por
artistas performáticos) em vez de pessoas trans e travestis, uma vez que o programa
era destinado para essas pessoas. Foi a primeira vez que a professora foi entrevistada.
Logo depois, veio a demissão.
“Aí, vem a demissão e eu falo com a Ponte. Na época, a causa trans nem era tão
famosa, então foi um boom. Mais boom ainda por eu ser trans e lésbica. Isso tem um
peso na história da causa trans que muita gente não reconhece. Nisso as pessoas
começaram a ver o que eu dizia nas redes sociais e me chamavam para falar. De
entrevista em entrevista, participei dos planos de educação em 2015 e dei muitas
entrevistas. Cada lugar que eu falava, mais três me chamava”, relembra.
[Reproduzida pelo El País: “Professora trans ganha processo contra colégio por
demissão considerada discriminatória. Juíza exige retorno imediato da docente ao
trabalho e uma indenização de 30 mil reais. Após a decisão, Luiza Coppieters desabafa:
‘Sofri muito nos últimos três anos, mas a vitória veio’”, Paloma Vasconcelos, Ponte
Jornalismo reproduzida pelo El País, 10 de setembro de 2018... A matéria traz fotos de
Luiza Coppieters...]
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https://ponte.org/apos-3-anos-professora-ganha-acao-judicial-contra-colegio-que-ademitiu-por-ser-trans/
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/10/politica/1536615194_781598.html
PROFESSORA TRANS GANHA NA JUSTIÇA DIREITO DE VOLTAR A DAR AULA APÓS SER
DEMITIDA
Fernando Molina,, Uol, 12 de setembro de 2018
A Justiça do Trabalho determinou, na última quarta-feira (05), que a professora Luiza
Pereira Coppieters seja readmitida pelo Colégio Anglo Leonardo da Vinci, que fica
localizado na região metropolitana de São Paulo. Em 2015, a docente acionou
judicialmente a instituição de ensino alegando ter sido desligada sem justa causa e por
discriminação por ser transexual.
A magistrada Daiana Monteiro Santos, da 2ª Vara do Trabalho de Barueri, julgou
procedente o requerimento e determinou não apenas que Luiza seja recontratada,
mas também a quitação de todos os salários e direitos trabalhistas referentes ao
período em que permaneceu fora do cargo. O colégio também foi condenado a
indenizar a professora em R$ 30 mil por danos morais sofridos em meses anteriores à
demissão.
Para embasar sua decisão, a juíza apresentou evidências de que a professora de
filosofia estava sendo discriminada. Segundo a magistrada, a redução na carga de aulas
de Luiza sem que as turmas tivessem deixado de existir acarretou em "drástica
redução salarial" da autora da ação. De acordo com uma testemunha, que segundo a
sentença trabalhava próxima à direção do colégio, o desligamento da docente já era
planejado desde o final de 2014.
Em nota, a instituição informa que vai cumprir a decisão da Justiça, mas alegou não ter
cometido irregularidades no desligamento da profissional: "O Colégio Anglo Leonardo
da Vinci esclarece que não cometeu discriminação contra Luiza Coppieters. Há mais de
40 anos, o respeito por todas as pessoas faz parte dos valores da nossa instituição. Por
meios legais, o Colégio mostrou que não houve transfobia no caso de demissão".
Em entrevista ao UOL, Luiza Coppieters demonstrou satisfação pela decisão: "Fiquei
muito feliz pela justiça ter sido feita. É uma sentença que respeita os tratados
internacionais. Mostra a importância dos trabalhadores recorrerem aos seus direitos. É
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uma vitória não só minha, mas das pessoas transexuais, ainda mais no campo das
empresas privadas, e em especial da educação".
Contudo, se a docente celebrou a decisão da Justiça, o mesmo não pode ser dito do
posicionamento oficial apresentado pelo colégio: "Como eles podem falar que
mostraram por meios legais se o que aconteceu foi justamente o contrário? Todas as
alegações foram vagas, não mostraram provas documentais e nem testemunhais que
sustentassem minha demissão por faltar com obrigações profissionais. Se não estão
errados, como foram condenados por danos morais? Precisam rever a posição deles,
essa afirmação me deixou muito preocupada".
Ainda segundo Luiza, antes da transição de gênero, quando era conhecida como
professor Luiz, ela tinha autonomia para comandar grupos de estudo que abordavam
temas de escolha dos estudantes sem nenhuma restrição de tema. A partir de 2014,
quando decidiu comunicar o colégio de sua decisão, a situação passou a mudar.
Debates em torno de questões de gênero ou sexualidade com os alunos foram vetados
pela instituição e, segundo Luiza, foi solicitado que ela não contasse aos alunos sobre
sua opção.
"Os coordenadores me chamaram em um bar para uma reunião e me apresentaram
um plano: 'Você não vai mais ter esses grupos, não pode mais falar de gênero, de
sexualidade. Vamos vazar para os funcionários [sobre a transição], espera eles
passarem para os alunos, e depois a gente vê o que faz'. Chegou setembro e ninguém
(do colégio) falou nada. Aí, quando mudei minha identidade no Facebook, os alunos
vieram perguntar e eu expliquei. Só então a escola veio dizer que eu não deveria ter
falado nada (com os alunos)".
Com o fim do processo, a docente ressalta que aprendeu a ter consciência de seus
direitos e faz um alerta para outras pessoas que possam estar passando por situações
parecidas: "Na época da reunião no bar, eu fiquei aliviada por não ter sido mandada
embora, (pensei) que talvez eu estivesse errada, que estavam me aceitando, mas esse
tempo longe me fez ver como foi uma violência muito grande. Acho que a classe
trabalhadora não tem muita noção de que tem direitos, às vezes parece que (os
empregadores) estão dando esmola, e não é assim".
Segundo Luiza, uma reunião deve ocorrer entre as partes para acertar os detalhes de
seu retorno às atividades profissionais, conforme determinado pela Justiça do
Trabalho. "Dar essas aulas é um direito meu. Estou muito tranquila, tenho a garantia e
estou amparada pela lei, e vão ter que me respeitar. Eu tive dificuldade de tratamento
das outras pessoas comigo em 2014, foi muito doloroso, mas volto muito mais forte,
sabendo que estou certa", concluiu.
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https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2018/09/12/professora-transganha-na-justica-direito-de-voltar-a-dar-aula-apos-ser-demitida.htm
MÃE TRANS É IMPEDIDA DE REGISTRAR FILHO BIOLÓGICO EM CARTÓRIO NO RS.
ÁGATA FEZ TRANSIÇÃO APÓS A CONFIRMAÇÃO DA GRAVIDEZ DA NAMORADA
Fernanda Canofre, Folha/Uol, 27 de agosto de 2018
No dia 3 de agosto, quando a professora Ágata Vieira Mostardeiro, 25, pegou o filho
Bento no colo, pela primeira vez, ela enfrentou a tremedeira nos braços pelo medo de
deixá-lo cair, e o segurou forte. “Não queria mais largar. Tão pequeno e tão lindo.
Fiquei boba, sabe?”.
Ter um filho com a designer de moda, Chaiane Cunha, 26, que tivesse o DNA das duas,
era um sonho. Ágata, que se identifica como mulher trans há um ano e um mês,
esperou a gravidez da namorada ser confirmada para começar o tratamento hormonal
de transição de gênero.
Assim que viu o resultado positivo, correu para retificar seus documentos a tempo de
ter seu nome na certidão do filho. No dia seguinte ao nascimento, ela seguiu para fazer
o registro de Bento.
A animação com o que era para ser um dos momentos mais felizes da vida, porém,
murchou na mesa da atendente. O cartório não aceitou seu nome como genitora
biológica da criança.
“Me orientaram fazer a certidão só em nome da outra mãe e eu ser registrada como
mãe socioafetiva. É o que costumam fazer. Mas, eu sou mãe biológica. Bento é meu
único filho e acho que será o único filho biológico possível de nós duas”, afirma.
“É angustiante, estar num momento feliz e não poder registrálo, além de me
mencionarem como pai, volta e meia, de uma forma não legítima”.
O parto, realizado em Canoas, região metropolitana de Porto Alegre (RS), não foi fácil.
Primeiro, o bebê teve de enfrentar cinco dias de UTI para regular a glicose, um reflexo
do diabetes gestacional da mãe, que não foi diagnosticado no pré-natal.
735
Poucos dias depois de ter alta, o bebê voltou a ser internado no hospital para tratar
uma infecção urinária. Diagnosticado com infecção sanguínea, ele segue em
tratamento médico.
Na terça-feira (21), após semanas à espera de uma resposta da Justiça, Ágata cedeu.
Na Declaração de Nascido Vivo, assinada pelo médico que fez o parto, seu nome
estava como “companheira” da mãe da criança. Ela aceitou registrar o filho como mãe
socioafetiva, para conseguir incluí-lo em seu plano de saúde e trocar de hospital,
enquanto Chaiane assinou um documento dizendo que desistia de procurar “pelo pai
biológico” da criança.
Um dia antes, respondendo ao parecer do Ministério Público sobre o caso, o Fórum de
Canoas condicionou o registro da criança à apresentação de atestado médico
afirmando que Ágata não havia alterado seu sexo biológico na época da concepção —
ou seja, que teria condições físicas de ser “pai”— e à uma declaração de Chaiane
certificando o vínculo biológico do filho com a namorada.
“Vendo do ponto de vista de filha sem o nome do pai no registro, sabendo que essa é
uma realidade recorrente, fico indignada. O Bento é de nós duas, é geneticamente das
duas. Não faz sentido que só o meu nome conste”, diz Chaiane.
No final de junho, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou a regulamentação
para retificações de nome e sexo em cartórios de todo o país. Sobre filhos, o
documento se refere apenas à mudança de documentos já existentes: em caso de
retificação do nome de um dos pais, a alteração deve ter concordância do próprio filho
e de outro pai. O caso de Ágata é diferente.
“Se o nome já está retificado, a partir do momento da retificação, todos os atos
jurídicos que essa pessoa praticar ela vai praticar com esse [novo] nome. Inclusive, o
ato de registrar o filho”, explica o defensor público Mário Rheingantz.
Em nota, a Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg) alega que o
cartório “não se recusou a realizar o registro de nascimento”. “A precaução do cartório
foi no intuito de evitar prejuízos à família em razão de eventual procedimento
incorreto", diz o texto.
Para a advogada Gabriela Souza, que representa Ágata, o caso mostra o despreparo
do Judiciário para lidar com novas famílias e o preconceito da sociedade contra
pessoas trans.
736
“O ato de registro civil é um ato unilateral. Se vai um homem cisgênero *que se
identifica com o sexo biológico] e hétero registrar a criança, ninguém pede DNA,
ninguém pede que a mãe que está no hospital mande declaração por escrito dizendo
que transou com esse homem. Acredito que esse caso seja o primeiro do Brasil”,
afirma.
O próximo passo, diz ela, é entrar com uma ação para constar na certidão de Bento
que ele tem duas mães biológicas e reconhecer Ágata como tal. A advogada também
planeja entrar com uma representação na OAB, por quebra de direitos, e outra contra
o próprio Judiciário.
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/08/mae-trans-e-impedida-deregistrar-filho-biologico-em-cartorio-no-rs.shtml
DADOS SOBRE ASSASSINATO DE LGBTS SÃO INCOMPLETOS. VERA LÚCIA, DO PSTU,
CITOU O BRASIL COMO CAMPEÃO MUNDIAL EM HOMICÍDIOS DO TIPO, MAS
ESTATÍSTICAS TÊM LACUNAS E NÃO COMPARAM TODOS OS PAÍSES
Ethel Rudnitzki, Agência Pública, 29 de agosto de 2018
“Este país é também o que mais mata LGBTs no mundo. Uma vítima a cada 19 horas.”
– Vera Lúcia (PSTU), no plano de governo registrado no Tribunal Superior Eleitoral
(TSE).
Ao defender a criminalização da LGBTfobia no seu plano de governo, a candidata Vera
Lúcia, do PSTU, disse que o Brasil mata uma pessoa LGBT a cada 19 horas – o que
coloca o país na liderança desse tipo de morte no mundo. As estatísticas sobre
violência contra LGBTs no Brasil e no resto do planeta, no entanto, são incompletas.
Faltam registros oficiais e a maioria dos países não informa qualquer dado sobre esse
tema, o que impede a criação de um ranking mundial. Por isso, o Truco – projeto de
checagem de fatos da Agência Pública – classificou a afirmação como impossível de
provar.
Questionada sobre a fonte usada pela candidata, a assessoria de imprensa de Vera
Lúcia enviou o Relatório 2017 do Grupo Gay da Bahia, que registrou 445 mortes de
pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis no Brasil naquele ano. Isso
significa que, a cada 19 horas e 40 minutos, uma pessoa LGBT foi morta ou se matou
em 2017.
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O grupo Gay da Bahia é realmente a principal referência nacional em registros de
mortes do tipo. As estatísticas, no entanto, não são precisas. A entidade contabiliza
anualmente assassinatos e suicídios de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e
travestis no Brasil por meio de postagens em redes sociais e notícias de jornal. O
próprio grupo assume em seu relatório a provável subnotificação dos números e
reclama da falta de levantamentos oficiais. “A falta de estatísticas oficiais,
diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, prova a incompetência e
homofobia governamental”, diz, no documento, o antropólogo Luiz Mott, fundador do
grupo.
Além disso, não há estudos com abrangência necessária para fazer uma comparação
internacional das mortes de LGBTs. Um relatório da Associação Internacional de
Lésbicas, Gays, Transexuais, Transgêneros e Interseccionais (ILGA, na sigla em inglês),
de 2017, coloca o Brasil como o país com maior número de mortes de LGBTs
registradas no continente americano em 2016 – 340 mortes indicadas pelo relatório do
Grupo Gay da Bahia no ano. O mesmo documento reconhece a falta de estatísticas
confiáveis e completas sobre a violência contra LGBTs, o que aponta como um desafio
a ser enfrentado. Assim, as estatísticas são uma forma de apresentar o problema da
violência, não de fazer um ranking dos países.
Existe um estudo que, de fato, coloca o Brasil em primeiro lugar, mas em mortes de
pessoas trans. A pesquisa foi feita pela Organização Europa Transgênero (TGEU, na
sigla em inglês). O levantamento contabilizou mortes de travestis e transexuais
registradas de 2008 a 2016 em apenas 66 países. O Brasil foi apontado como o que
mais matou em números absolutos – foram registradas 868 ocorrências no período.
Porém, apenas cinco países africanos tiveram os dados contabilizados, o que mostra
que os números não são abrangentes. O relatório conclui também que os países com
maior quantidade registrada de mortes de transexuais e travestis são aqueles com
grande visibilidade e organização de movimentos ligados à causa de gênero. “Isso
mostra algumas das limitações de um monitoramento global como esse, bem como a
necessidade de uma interpretação cuidadosa dos resultados”, diz o relatório.
Em se tratando apenas de transgêneros, mesmo com as limitações dos dados, o
relatório da Europa Transgênero mostra que o Brasil não é o país americano que mais
mata transexuais e travestis em proporção à população. De acordo com os dados do
documento, Honduras foi o campeão na região, com 10,4 mortes por 1 milhão de
habitantes. O Brasil ficou em quarto lugar, com 4,3 mortes por 1 milhão de habitantes.
Assim, pela falta de registros oficiais a respeito da violência contra LGBTs, não é
possível dizer que o país é o que mais mata essa população no mundo. Os dados
nacionais e internacionais sobre o tema servem para mostrar que existe violência, mas
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não são completos o suficiente para fazer um ranking dos países – embora mostrem
que os números do Brasil são sem dúvida preocupantes. Por isso, a afirmação é
impossível de provar.
Ao ser comunicada sobre o selo, a assessoria de imprensa de Vera Lúcia enviou a
seguinte nota: “É importante ressaltar que o dado se baseia em um levantamento de
uma entidade independente pelos direitos LGBTs. De fato existe uma dificuldade em
tabular esse tipo de informação, devido à subnotificação para esse tipo de crime e à
própria falta de interesse do governo e autoridades em tratar o tema.”
TRUCO
Este texto foi produzido pelo Truco, o projeto de fact-checking da Agência Pública.
Entenda a nossa metodologia de checagem e conheça os selos de classificação
adotados em https://apublica.org/truco. Sugestões, críticas e observações sobre esta
checagem podem ser enviadas para o e-mail
[email protected] e por WhatsApp ou
Telegram: (11) 96488-5119. Acompanhe também no Twitter e no Facebook. A partir do
dia 30 de julho de 2018, os selos “Distorcido” e “Contraditório” deixaram de ser usados
no Truco. Além disso, adotamos um novo selo, “Subestimado”. Saiba mais sobre a
mudança.
https://apublica.org/2018/08/truco-dados-sobre-assassinato-de-lgbts-saoincompletos/
CONGRESSO CHILENO APROVA LEI QUE PERMITE MUDANÇA DE GÊNERO PARA MAIOR
DE 14
Agence France Presse reproduzida pelo Uol Universa, 13 de setembro de 2018
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Imagem: Getty Images
O Congresso chileno sancionou nesta quarta-feira (12) a Lei da Identidade de Gênero
que permite a mudança de nome e sexo para os maiores de 14 anos, acabando com
uma batalha legislativa de cinco anos entre a comunidade LGBTI e os conservadores.
A lei, considerada um marco pelos movimentos sociais, foi aprovada pela Câmara dos
Deputados por 95 votos a favor e 46 contra, um resultado mais folgado do que o
esperado, ao fim de um acalorado debate no Parlamento de Valparaíso. No início de
setembro, o documento já havia recebido a autorização do Senado.
Quando entrar em vigor, os maiores de 18 anos poderão mudar de nome e sexo com
um procedimento simples no Registro Civil, e os casados em um tribunal de família.
Os adolescentes entre 14 e 18 anos terão que recorrer a um tribunal de família na
companhia de pelo menos um de seus representantes legais ou responsáveis. Se não
contarem com isso, poderão solicitar a intervenção de um juiz para que determine se a
solicitação pode prosseguir.
Crianças menores de 14 anos foram deixadas de fora do projeto final em função da
oposição nas fileiras conservadoras e da falta do quórum mínimo necessário.
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O Chile se soma a vizinhos como Argentina e Peru aprovando a lei. Na América Latina,
Brasil, Paraguai e a maioria dos países centro-americanos carecem de normas que
regulem a mudança de registro.
O ministro da Justiça, Hernán Larraín, explicou que "para os menores de 14 anos
apresentamos uma ideia de acompanhamento" e entre 14 e 18 "se resguarda a
situação desses menores que já têm mais capacidade de discernimento, mais
maturidade".
A lei deve ser sancionada pelo presidente, o conservador Sebastián Piñera, embora
ainda possa enfrentar alguns obstáculos, já que legisladores conservadores contrários
ao projeto anunciaram que recorrerão ao Tribunal Constitucional (TC), ente com
capacidade para impugnar artigos da lei.
"Estamos na presença de um evento histórico, que celebramos com muita emoção e
alegria, porque vai melhorar a qualidade de vida de milhares de pessoas que adiaram
sua dignidade e direitos apenas por preconceitos em relação à identidade de gênero",
reagiu o líder trans do Movimento de Integração e Libertação Homossexual (Movilh)
Álvaro Troncoso.
Na mesma linha, a diretora jurídica da Fundação Iguais, Jimena Lizama, considerou a
votação "um tremendo triunfo para os e as adolescentes", mas "o Estado fica em
dívida com a infância trans".
No caminho oposto, o ex-candidato presidencial José Antonio Kast foi um dos mais
ativos no rechaço à lei que considera um "fracasso para o Chile e para nossas
crianças".
Efeito Hollywood
Apresentado durante o primeiro governo de Piñera (2010-2014), o projeto recebeu a
máxima urgência na reta final do executivo da socialista Michelle Bachelet após a
repercussão mundial do filme chileno "Uma mulher fantástica", interpretada pela atriz
transgênero Daniela Vega.
A obra, que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro, mostra a discriminação e a
violência que uma jovem transgênero sofre após a morte de seu parceiro, tornando
visível no Chile a luta dessa comunidade.
741
Atualmente, a comunidade transgênero usa uma antiga lei de mudança de nome.
Embora na maioria dos casos a mudança seja aceita pelos tribunais civis, ela requer a
presença de um advogado, o que tem um custo econômico associado.
Além disso, é possível que a pessoa seja submetida a exames médicos e psiquiátricos,
prolongando o processo por pelo menos um ano. Com a lei aprovada, o processo fica
mais rápido e confidencial.
A partir de agora, o judiciário terá seis meses para regulamentar a lei e quatro meses
para fazê-la entrar em vigor.
A norma faz parte de uma série de leis sociais promovidas durante o segundo governo
de Bachelet (2014-2018) e que incluem a lei do aborto terapêutico e o Acordo da
União Civil, que reconhece oficialmente casais do mesmo sexo, embora seja pouco
provável que se vá aprovar a lei sobre a união oficial desses casais, que atualmente
tramita no Parlamento.
https://universa.uol.com.br/noticias/afp/2018/09/13/congresso-chileno-aprova-leique-permite-mudanca-de-genero-para-maior-de-14.htm
COBERTAS PELO SUS, CIRURGIAS DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL DEMORAM ATÉ CINCO
ANOS
Luiza Souto, Uol Universa, 19 de agosto de 2018
Nos dez anos em que o Ministério da Saúde passou a cobrir atendimento clínico e
ambulatorial para transexuais, a moradora de Belford Roxo (RJ) Liah Campos, de 35
anos, não tem muito o que celebrar: ela sequer consegue entrar na fila de cirurgia de
transgenitalização do único local do Rio de Janeiro que realiza o procedimento, o
Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), da Uerj. Lá, desde 2011 não é aceita uma
nova inscrição para procedimentos cirúrgicos, e os que conseguiram - cerca de 60 estão esperando há cinco anos.
“A ouvidoria do hospital me informou que o tempo de espera está beirando os 10
anos”, reclama Liah.
Liah se assumiu transexual aos 19 anos, e há três tem atendimento especializado,
incluindo psicológico e com hormônios. Afirma estar apta a realizar a cirurgia, e depois
de ser expulsa de casa pela mãe e cair na prostituição, deposita nesse atendimento a
esperança de sanar metade dos seus problemas.
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“O abandono familiar e a falta de emprego são o que menos importa para mim. O mais
insuportável é a questão do corpo, que me deixa isolada. Meu corpo é a minha
negação. Já cortei os pulsos duas vezes”, revela ela.
Há exatos dez anos, o Ministério da Saúde regulamentou o processo transexualizador
no Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, passou a cobrir atendimentos em pacientes
transexuais. Entre eles estão a mastectomia (retirada de mama), além de terapia
hormonal. As cirurgias de redesignação sexual foram regulamentadas pelo Conselho
Federal de Medicina (CFM) em 1997 e antes desse movimento do Ministério alguns
hospitais universitários já atuavam no ramo, com recursos próprios.
Para se ter uma ideia da importância dessa cobertura, especialistas ouvidos pela
Universa afirmam que uma cirurgia de transgenitalização pode custar até R$ 35 mil.
Uma mastectomia, até R$ 10 mil.
Na lista do Ministério, são cinco os centros habilitados para procedimentos cirúrgicos e
mais cinco para os ambulatoriais.
A primeira cirurgia de transgenitalização que recebeu essa cobertura do SUS foi feita
em agosto de 2008, numa paciente de 32 anos, justamente no Pedro Ernesto, onde
Liah espera na fila. O hospital informa que a meta é de uma cirurgia do tipo por mês, e
aproximadamente 60 pessoas trans aguardam na fila.
Responsável pelo processo, o urologista Eloísio Alexsandro da Silva confirma a
demora: “leva-se aproximadamente 5 anos”. Ele justifica que a cirurgia de
transgenitalização é realizada pelo setor de urologia reconstrutora, ou seja, em
conjunto com homens com câncer, por exemplo. Questionado sobre os principais
entraves para se conseguir expandir o serviço, ele é taxativo:
“Pensamos que são problemas gerais sobre a saúde pública do Rio de Janeiro”.
A musicista e pedagoga Kathyla Katheryne, 51, operou em 2016, após cinco anos de
espera: "É a parte mais difícil de todo esse processo. Nunca pensei em desistir, mas
temia um retrocesso e até mesmo o fim dessa cobertura”.
Kathyla diz que pouco percebeu um aumento de serviços voltados para a população
trans nesses dez anos. Ela aponta pouco interesse de cirurgiões envolvidos com a
questão.
743
Agendamento até 2020
A fila também anda grande no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
(HCFMUSP), em São Paulo: há pacientes marcados para até 2020. Mas diferentemente
do Rio, ali a equipe médica opera pessoas trans toda segunda-feira. É importante
atentar, no entanto, que alguns pacientes realizam mais de um procedimento, além de
retoques e correções.
A chefe do departamento de endocrinologia do HCFMUSP, Elaine Maria Frade Costa,
concorda que há escassez de profissionais com “expertise adequada”.
“São poucos, porque são procedimentos de grande porte. Se é uma questão de crença
religiosa por parte dos médicos, não consigo falar. Há os que não querem, e eles têm o
direito, mas há também falta de capacitação”, avalia ela.
No ano passado foram, ao todo, 52 cirurgias incluindo genitoplastia masculinizante e
feminizante e próteses mamárias. Neste ano, até agora, foram 33.
A psicóloga do Espaço de Acolhimento Trans do Hospital das Clínicas da Universidade
Federal de Pernambuco, Suzana Livadias, vê na normatização do Ministério uma
estratégia criada para atender as necessidades de parcela da população LGBT com
dificuldade no acesso à saúde, mas acredita não ser o suficiente. Ali há hoje 290
pessoas no serviço ambulatorial e 320 em lista de espera para acessá-lo.
“Não é porque tem um centro credenciado que tudo será resolvido. A atenção básica
precisa abraçar a ideia de que todas as pessoas estão sob seu foco de atenção”.
Para Keila Simpson, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), falta
ampliar o serviço para atender a demanda, como no Nordeste. “Se esses serviços
fossem ampliados as filas diminuiriam e as pessoas não precisariam se deslocar para
outros estados".
O tratamento
Para fazer a adequação sexual, é necessário que a pessoa procure um centro de
atendimento para acompanhamento médico e psicológico por, pelo menos, dois anos,
até ele ter certeza de sua decisão. Para ambos os gêneros, a idade mínima para
procedimentos ambulatoriais como hormonioterapia é de 18 anos. Para a cirurgia, a
idade mínima é de 21 anos.
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As cirurgias de transgenitalização duram, em média, três horas. O paciente fica
internado por uma semana e o tempo de recuperação leva até quatro meses. Segundo
o Ministério da Saúde, entre agosto de 2008 e dezembro de 2017 foram mais de 450
procedimentos hospitalares e 25,7 mil ambulatoriais.
Onde tem atendimento
Em São Paulo, são quatro os hospitais públicos que realizam cirurgia de redesignação
sexual: o Geral de Pedreira, o Estadual de Diadema, o das Clínicas da Faculdade de
Medicina da USP, e o estadual Mário Covas. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde,
entre 2010 e 2017 foram feitos 508 procedimentos cirúrgicos, incluindo mamoplastias
e genitoplastia masculinizante e feminizante. O Estado tem ainda o Ambulatório de
Saúde Integral para Travestis e Transexuais do CRT DST/Aids, responsável por preparar
o paciente para a cirurgia.
Em Minas Gerais, o Hospital das Clínicas de Uberlândia (MG) realiza procedimentos
apenas ambulatoriais.
No Rio de Janeiro, o Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (IEDE) atende a
parte ambulatorial. Em 2017, foram 1,2 mil pacientes. Este ano, até junho, já foram
mil. O Hospital Pedro Ernesto também oferece a parte ambulatorial como terapia
hormonal, além de realizar cirurgia.
Em Curitiba, o Centro Regional de Especialidades Metropolitano atualmente atende
340 usuários na parte ambulatorial. Ano passado foram mais de 800 consultas
médicas.
O Hospital de Clínicas de Porto Alegre também atende pacientes habilitados para
cirurgia.
Em Vitória (ES), o Hospital Universitário Cassiano Antonio de Moraes faz atendimento
ambulatorial e cirúrgico. Atualmente há 150 pacientes em atendimento.
Em Goiânia, o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás também opera e
atende de forma ambulatorial: foram 116 cirurgias entre 2001 e 2013. E
aproximadamente 200 pessoas estão terminando o processo transexualizador.
O mais recente serviço credenciado pelo SUS é o do Hospital das Clínicas da
Universidade Federal de Pernambuco: o espaço realizou a primeira cirurgia de
transgenitalização em 2015, e de lá para cá foram cerca de 22.
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https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/08/19/transexuais-ficam-atecinco-anos-em-fila-de-cirurgia-de-transgenitalizacao.htm
COM QUE IDADE DESCOBRIMOS NOSSA ORIENTAÇÃO SEXUAL?
BBC News Mundo, 01 de setembro de 2018
Com qual idade nós descobrimos nossa orientação sexual? Será que uma criança de 9
anos tem idade suficiente para saber qual sua preferência?
Nesta semana, a BBC publicou a história de Jamel Myles, um menino de 9 anos que
cometeu suicídio nos Estados Unidos por sofrer bullying depois de revelar a colegas de
escola que era gay. O caso ocorreu em Denver, no Colorado.
Leia Rochelle Pierce, mãe do garoto, disse que ele havia contado a ela sobre sua
sexualidade há algumas semanas. Segundo Pierce, o garoto estava "orgulhoso" de sua
orientação.
A BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, entrevistou dois psicólogos
especializados em sexualidade para saber se é possível determinar com qual idade as
crianças descobrem sua orientação sexual.
Os entrevistados são a psicóloga Asia Eaton, doutora em psicologia social e estudos de
gênero e professora da Universidade Internacional da Flórida; e Clinton W. Anderson,
diretor da Oficina de Assuntos LGBT da Associação de Psicólogos dos Estados Unidos.
BBC News - Com qual idade uma pessoa conhece sua orientação sexual? Há
diferentes versões sobre isso ou é um tema de consenso entre especialistas?
Asia Eaton - Há estudos que revelam que os adultos de minorias sexuais
experimentaram sua primeira atração sexual por pessoas do mesmo sexo por volta dos
8 ou 9 anos, mas outros pesquisadores dizem que esse desejo só desperta perto dos
11 anos. Há uma variedade de pesquisas sobre qual seria a média de idade.
É uma pergunta difícil, por que há uma diferença entre orientação e identidade sexual.
A orientação sexual geralmente se refere ao sexo ou sexos pelo qual ou pelos quais a
pessoa sente atração. Já a identidade sexual se refere à percepção de gênero sexual
que a pessoa tem de si própria.
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Ambas são dinâmicas e podem mudar ao longo do tempo de acordo com o contexto.
A verdade é que a gente tem essas experiências dentro de uma ampla faixa de idade.
Alguém poderia ter sua primeira experiência de atração sexual desde os seis até os 16.
Ou nunca.
Em média, os jovens de hoje passam a se dizer LGBTQ durante o ensino médio, o que é
muito mais cedo que as gerações passadas. Isso ocorre principalmente porque hoje
existem maior consciência e aceitação social das pessoas LGBTQ.
Clinton W. Anderson - Esse é um assunto ainda em pesquisa, entre outras razões,
porque o gênero e a sexualidade são aspectos da psicologia que refletem as interações
entre biologia e contexto sociocultural. Então, à medida que mudam a cultura e a
sociedade, o gênero e a sexualidade também estão sujeitos a mudanças.
Certamente há indivíduos que podem experimentar atração sexual aos 9 anos ou
antes, mas é pouco provável que com essa idade eles tenham capacidade cognitiva e
emocional para compreender completamente o que significa orientação sexual.
Não há uma idade específica em que se espera que todas as pessoas se deem conta de
sua orientação ou identidade sexuais. Há algumas pessoas com sexualidade fluida e
que podem descobrir no futuro uma orientação diferente.
Para a maioria das pessoas, a orientação sexual - dado que se trata fundamentalmente
de relações românticas e sexuais - tende a se desenvolver na adolescência. O gênero,
por outro lado, se desenvolve na infância.
BBC News - Até que ponto os pais - e a sociedade em geral - podem influenciar o que
as crianças pensam sobre sua própria sexualidade?
Asia Eaton - As pesquisas revelam que a maioria dos jovens LGBTQ dizem que, quando
eram pequenos, eram chamados de "mulherzinha" ou "sapatão", de forma
depreciativa.
Todos os jovens que saem do armário correm o risco de sofrer preconceito,
discriminação ou violência em suas escolas, locais de trabalho, comunidades religiosas
e sociais.
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Felizmente, pesquisas revelam que a família, amigos e a escola que apoiam os jovens
são pontos importantes para diminuir os impactos negativos dessas experiências.
Os pais têm uma oportunidade poderosa e única para apoiar o desenvolvimento
saudável da identidade de seus filhos e também as experiências deles com seus
companheiros.
Clinton W. Anderson - A aceitação da diversidade e da identidade sexual é muito
importante para a comunidade LGBTQ e para o bem-estar de seus membros.
Uma pesquisa concluiu que a rejeição dos pais está altamente associada a problemas
de saúde mental e comportamental. Por outro lado, a aceitação está ligada a
resultados melhores nesse sentido.
Essa aceitação dos pais pode proporcionar certa proteção, mas outras instituições com
presença de crianças, como escolas e esportes, também podem ter efeitos muito
positivos ou negativos, em caso de rechaço ao comportamento de uma criança.
Garantir que essas instituições sejam ambientes seguros e propícios para todas as
crianças é muito importante para o sucesso da criança na escola e o bem-estar
emocional das crianças.
[Reproduzida como “Com que idade descobrimos nossa orientação sexual?”, BBC
News Mundo reproduzida por Uol Universa, 02 de setembro de 2018]
https://www.bbc.com/portuguese/geral-45385028
https://universa.uol.com.br/noticias/bbc/2018/09/02/com-que-idade-descobrimosnossa-orientacao-sexual.htm
DESCOBRIR-SE TRANS NA INFÂNCIA COMO SHILOH JOLIE PITT É MENOS TRAUMÁTICO
Uol, 11 de setembro de 2016, entrevista com o psiquiatra Saulo Ciasca, do
Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo)
Aos três anos, Shiloh, a filha de dez anos dos atores Angelina Jolie e Brad Pitt, já era
fotografada com roupas tidas como masculinas. Em 2008, durante um programa da
apresentadora americana Oprah Winfrey, Brad Pitt revelou que a primeira filha
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biológica, ainda com dois anos, só queria ser chamada de John. Ou Peter, por causa do
personagem Peter Pan. “É exatamente o tipo de coisa que é fofa para os pais, mas
provavelmente será irritante para outras pessoas”, disse o ator, na ocasião. Anos
depois, Jolie e Pitt parecem ter deixado de enxergar o comportamento como “coisa de
criança” e passaram a respeitar o fato de a filha não se reconhecer como uma garota.
No casamento dos atores, em 2014, Shiloh vestiu paletó e gravata, assim como os
outros três irmãos.
Nesta semana, a garota voltou a ser assunto nas redes sociais, porque tabloides dos
Estados Unidos afirmaram que os pais estão empenhados em criar um ambiente livre
de preconceitos para que Shiloh possa agir espontaneamente.
Para entender como se dá a identidade de gênero em crianças e de que forma os pais
podem lidar com filhos que não se reconhecem no corpo biológico, o UOL conversou
com o psiquiatra Saulo Ciasca, do Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de
Gênero e Orientação Sexual do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
(Universidade de São Paulo), que também oferece atendimento específico para
crianças.
Com que idade a criança conhece o seu gênero?
Com três ou quatro anos. Quando a criança começa a falar e a se expressar, ela já
mostra qual gênero a representa. Primeiramente, ela aprende a nomear o gênero.
Depois, descobre que o gênero não muda de acordo com a roupa que usa. Mas não
são todas que percebem que não se identificam com o gênero de nascimento.
Qual é o papel dos pais nesse processo de identificação?
Os pais não influenciam na identidade de gênero da criança, mas no papel de gênero,
que é a maneira como ela se expressa na sociedade. O pai pode fazer com que a
criança reprima isso, mas, com três ou quatro anos, ela não tem maturidade para
esconder um gênero, ela será espontânea. É mais tarde que ela vai aprender a simular
um comportamento, se achar necessário.
E como diferenciar uma fase de experimentação da criança, uma brincadeira, de uma
crise de identidade de gênero?
749
Brincar com jogos que a sociedade atribui a determinado gênero e vestir roupas
diferentes são formas de experimentação. É preciso ficar atento quando há
persistência em alguns comportamentos. Se a criança passar mais de um ano e meio
agindo de uma forma que parece não condizer com o gênero, por exemplo, é sinal de
crise. Mas existe uma diferença da criança que diz ser do outro gênero e da criança
que deseja ser. A que deseja ser talvez não tenha crise [estudo do "Journal of the
American Academy of Child Adolescent", publicado em 2013, descobriu que crianças
do sexo masculino que diziam "sou uma menina" tinham maior chance de serem
transexuais na fase adulta do que as que diziam "quero ser uma menina". A despeito
disso, tanto no primeiro quanto no segundo caso, pode-se tratar de um
comportamento transitório].
Há uma idade específica em que a criança dá sinais de que não está se identificando
com o gênero?
Aos seis anos, a criança tende a brincar só com amigos do mesmo gênero. Então, se a
menina se identifica como menino, ela vai querer brincar só com meninos.
Geralmente, a criança transgênero se espelha nos personagens também. Por exemplo,
um menino trans, que nasceu menina, quando brincava de boneca, assumia-se como o
pai da boneca. No videogame, a criança também pode escolher um avatar do gênero
com o qual se identifica.
O que os pais podem fazer ao perceber que não se trata de uma experimentação?
Reprimir só vai gerar problemas de autoestima no filho. Por outro lado, eles também
não precisam incentivar. O melhor é deixar o filho livre para experimentar e se
conhecer. A criança tem de testar a mudança e se sentir à vontade para voltar ao
passo inicial quando quiser. Pode ser difícil para os pais terem paciência durante esse
processo, mas é preciso aceitar a indefinição do filho. Muitas vezes, os adultos querem
uma resposta rápida, mas é a criança quem vai determinar o tempo para se
reconhecer. E é só o amadurecimento que dirá se uma criança é trans ou não.
É mais fácil quando essa descoberta é feita ainda na infância?
É muito mais fácil. Depois, na puberdade, a criança vai conseguir se adaptar melhor.
Imagina como se sente uma adolescente que se reconhece como menino e, de
repente, menstrua. É muito sofrimento. Já se ela tem um acompanhamento desde a
infância, pode conversar com os pais sobre um procedimento hormonal. Os que
750
cometem suicídio, que têm dificuldade na escola ou sofrem de transtorno de
personalidade, são os que não têm apoio em casa.
E como lidar com uma criança que assumiu outra identidade de gênero, como parece
ser o caso de Shiloh?
É preciso assumir para a família e para a sociedade que o filho é uma criança com um
gênero diferente do nascimento. Os pais têm de participar desse processo, não dá para
deixar a criança sozinha. As atitudes devem ser pensadas caso a caso. Há pais que
fazem uma carta para a escola, por exemplo, pedindo que o nome do filho seja
mudado. Imagina essa criança ser chamada com um nome masculino e estar vestida
toda de menina? É uma chateação.
E se a criança tem outros irmãos, até mais novos? Como dar a notícia?
As crianças entendem esse assunto com muito mais facilidade do que os adultos. Tem
um caso de uma menina de nove anos que contou para um colega da escola: “Sou
menina, mas nasci com um pênis. Um dia vou fazer uma cirurgia para retirar ele”.
Nesse processo, sempre será necessário buscar ajuda médica?
É complicado dizer “sempre”, porque os pais podem lidar bem com a situação e,
nessas condições, a criança pode não sofrer. Sem sofrimento, não é preciso
acompanhamento médico. Mas, se acharem necessário, um psiquiatra pode ajudar.
http://estilo.uol.com.br/gravidez-e-filhos/noticias/redacao/2016/09/11/descobrir-setrans-na-infancia-como-shiloh-jolie-pitt-e-menos-traumatico.htm
PELA PRIMEIRA VEZ, GLOBO EXIBE BEIJO GAY EM NOVELA DAS SEIS E PÚBLICO
COMEMORA
Notícias da TV/Uol, Daniel de Castro, por Gabriel Perline (redator desta notícia), 12 de
setembro de 2018
751
Luccino (Juliano Laham) e Capitão Otávio (Pedro Henrique Müller) na novela Orgulho &
Paixão
Pela primeira vez em 47 anos, a Globo mostrou um beijo gay em uma novela das seis.
A cena foi protagonizada pelo casal Luccino (Juliano Laham) e Capitão Otávio (Pedro
Henrique Müller) na novela Orgulho e Paixão e exibida nesta quarta-feira (12). Na
internet a reação foi positiva, e os fãs da trama de Marcos Bernstein comemoraram a
cena romântica.
Na cena, Luccino e Otávio conversavam sobre o futuro de seu relacionamento. O
italiano previu dias tristes com a ausência do namorado, que está prestes a retornar ao
quartel.
"O que eu vou fazer quando você voltar para o quartel e a angústia apertar de novo?",
perguntou o personagem de Laham. "Quando eu tiver que sair, tente pensar em coisas
boas. Pense em comprar peças novas para a sua moto, pense no macarrão da sua
mamma, que esse você não enjoa. Pense em dar um mergulho na cachoeira que você
adora...", respondeu o militar.
Luccino então interrompeu o namorado e se lembrou do dia em que Otávio o tocou
pela primeira vez no braço. "Senti uma eletricidade que foi direto para o coração",
desabafou.
Após uma sequência de frases românticas e declarações, o personagem de Laham
puxou o rosto do namorado e o beijou pela primeira vez. Otávio, no entanto, acabou
se assustando com o carinho.
752
"Que loucura que eu fiz? Onde eu estava com a cabeça, Luccino? Eu deixei o Randolfo
[Miguel Rômulo] sozinho com os meus soldados", disse Otávio, que saiu em disparada
ao quartel, constrangido por beijar o namorado.
A Globo inaugurou a faixa de "novelas das seis" em 1971, com Meu Pedacinho de
Chão. Embora algumas tramas mais contemporâneas tenham apresentado
personagens homossexuais, Orgulho e Paixão entra para a história por ser a primeira
trama do horário a exibir um beijo entre pessoas do mesmo sexo.
O tabu do "beijo gay" em novelas foi quebrado pela Globo em 2013, protagonizado por
Mateus Solano e Thiago Fragoso em Amor à Vida, exibida na faixa das 21h.
Depois, outras tramas do horário também apostaram em cenas semelhantes, como Em
Família (2014), Império (2014), Babilônia (2015) e O Outro Lado do Paraíso (2017). Na
faixa das 23h, Verdades Secretas (2015) e Liberdade, Liberdade (2016) tiveram beijo
entre homossexuais, assim como Malhação - Viva a Diferença (2017).
Nas redes sociais, o público comemorou o beijo dos personagens. O cantor Lulu
Santos, que assumiu recentemente o namoro com Clebson Teixeira, foi um dos que
festejaram a cena. Confira algumas das mensagens:
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https://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/novelas/pela-primeira-vez-globo-exibe-beijogay-em-novela-das-seis-e-publico-comemora-22305
MAIS DE 20 GRUPOS LGBT ACUSAM PREFEITO DE SP DE IGNORAR CARTA
PROTOCOLADA
Blog do Paulo Sampaio/Uol, 04 de agosto de 2018
762
Mais de vinte representantes de entidades LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis,
Transexuais e Trangêneros) enviaram ao prefeito Bruno Covas uma carta protocolada
(publicada no fim deste texto), cobrando dele uma postura em relação à substituição
do coordenador de Política LGBT na secretaria municipal de Direitos Humanos e
Cidadania, Ivan Inácio Batista, pelo ativista Marcos Freitas. Integrantes do Movimento
Social Organizado, que assina a carta, afirmam que já haviam mandado a Covas
mensagens por e-mail e WhatsApp, "mas o prefeito ignorou".
A secretária Eloísa Arruda teria decidido afastar Batista da coordenadoria depois de
receber reiteradas queixas das entidades LGBT ao trabalho dele.
Situação inédita
Embora Freitas esteja cumprindo expediente há cerca de um mês, ele ainda não foi
formalmente nomeado — nem Batista formalmente exonerado: "É uma situação
inédita, um funcionário de terceiro escalão levar tanto tempo para assumir o cargo",
surpreende-se Nelson Matias Pereira, do conselho fundador da Parada LGBT.
"Marcamos uma reunião de boas-vindas com o Marcos, fomos lá, nos colocamos à
disposição, e uma semana depois ele ainda não tinha sido nomeado. Fica difícil saber
quem, afinal, responde pelo cargo."
O grupo que se opõe à decisão da secretária de pedir o cargo do coordenador acredita
que a origem da confusão estaria em um desentendimento entre ela e a vereadora
Adriana Ramalho, do PSDB. Adriana reclamou no plenário que não vinha sendo
atendida por Eloísa. Em resposta, a secretária enviou uma "carta aberta" à presidência
da Câmara, queixando-se de que recebera "ofensas morais", o que aumentou o
desgaste entre as duas.
Como Batista é presidente municipal da Diversidade Tucana — movimento LGBT do
PSDB — e estaria mais ligado a Adriana, os opositores de Eloísa afirmam que ela
dispensou o coordenador como retaliação às críticas da vereadora.
À deriva
Na Diversidade Tucana, há quem diga que a pressão do movimento LGBT para afastar
Batista da coordenadoria tem origem em questões partidárias, uma vez que a maior
parte dos militantes está ligada ao PT e ao PSOL. "Eles querem jogar a culpa na gente,
mas a questão é entre eles", diz Pereira.
763
Marcos Freitas também é ligado ao PSDB, mas não teria a mesma força que Batista.
Segundo fontes ligadas a Prefeitura, Bruno Covas teria dito a Batista que continuasse
no cargo, desautorizando assim a secretária. Por sua vez, Eloísa não voltou atrás na
decisão de nomear Marcos Freitas. Enquanto se aguarda o fim da queda de braço, o
impasse na coordenadoria permanece.
Outro Lado
Procurados, o prefeito Bruno Covas e o coordenador Ivan Inácio Batista preferiram não
se manifestar.
Até o fechamento desta edição, a assessoria da secretaria de Direitos Humanos e
Cidadania não respondeu à ligação do blog, assim como a vereadora Adriana Ramalho.
A Carta
Nós, do Movimento Social Organizado, viemos a público manifestar nosso apoio pela
escolha do ativista Marcos Freitas como Coordenador de Políticas LGBTI, da Secretaria
Municipal de Direitos Humanos e Cidadania e também manifestar a nossa indignação
com o machismo e a falta de respeito contra uma autoridade constituída por uma
mulher, Dra. Eloísa Arruda, sendo atropelada em detrimento de um grupo minoritário e
sem representatividade no movimento social.
Também repudiamos a forma na qual fomos ignorados pelo Sr. Prefeito Bruno Covas,
não dando devolutiva ao nosso pedido, enviado para o email pessoal e institucional do
Sr. Prefeito, comunicação que também foi enviada por aplicativo de mensagem e
protocolada na Prefeitura de São Paulo.
Somos contrários ao retorno do antigo coordenador, por acreditarmos que é primordial
que os diálogos entre a Coordenação e a sociedade civil sejam constantes e,
infelizmente, nos dois anos anteriores essa comunicação foi prejudicada em diversos
momentos em razão da ingerência por parte do órgão público municipal durante
processos de construção coletiva que caberiam à sociedade civil definir e não à
Coordenadoria.
Acreditamos que a escolha do novo coordenador é assertiva por ser um nome que não
atua apenas nas esferas partidárias, mas também no Movimento Social. O novo
coordenador passou pelo Conselho Estadual dos Direitos da População LGBT, sendo o
764
segundo mais votado do Estado e construiu uma militância suprapartidária em diversos
espaços coletivos do Movimento LGBT.
As entidades e coletivos suprapartidários e apartidários que assinam conjuntamente
esta carta, solicitam ao Prefeito Bruno Covas uma audiência para tratarmos de pautas
coletivas do Movimento e assim inaugurarmos um período de diálogos permanentes e
não autoritários com a Prefeitura de São Paulo.
ABRAFH – Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas
Associação Mães pela Diversidade
APOGLBT SP – Associação da Parada do Orgulho LGBT
Clovis Casemiro – Coordenador da Associação Internacional de Turismo LGBT – IGLTA
Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência
Consulado das Famílias
Diversa Cultura e Arte – DAC
Família Braction
Família d' Matthah
Família Durell SP
Família Mad Queen
Família Mó chavão
Família Smorffets
Família Stronger
GADVS – Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e de Gênero
GAMES (Government Affairs, Media, Entrepreneurs & Supporters)
Grupo Pela Vidda São Paulo
IBRAT – Instituto Brasileiro de Transmasculinidades
Instituto Omindaré
Ivone de Oliveira – Blog Gata de Rodas
ONG Banda do Fuxico
Matheus – Portal Menino Gay
Pedra no Sapato
Salete Campari
Heitor Werneck
https://paulosampaio.blogosfera.uol.com.br/2018/08/04/mais-de-20-entidades-lgbtdizem-que-prefeito-de-sp-ignora-carta-protocolada/
INDIGNADOS COM DESPREZO DE COVAS, GRUPOS LGBT LANÇAM
#SAIDOGABINETEPREFEITO
765
Paulo Sampaio, Blog do Paulo Sampaio/Uol, 22 de agosto de 2018
Cerca de dez entidades e militantes de defesa dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais,
travestis, transexuais e transgêneros se reuniram anteontem para decidir como agirão
diante da decisão do prefeito Bruno Covas de manter na secretaria de Direitos
Humanos e Cidadania o coordenador de políticas LGBTI+, Ivan Batista.
Insatisfeitos com o trabalho de Batista, os ativistas o acusam de explorar ilegalmente
trios elétricos na parada gay; de favorecer pessoas de seu relacionamento em
entidades ligadas à causa e de praticar tráfico de influência na secretaria. "Mandamos
e-mails para o prefeito, mensagens de WhatsApp e até uma carta protocolada, mas ele
nos ignorou", queixa-se o empresário e militante Heitor Werneck. "Hoje (ontem),
estamos lançando a hashtag saidogabineteprefeito', em uma página do facebook que
batizamos de 'Fora Ivan'." Segundo Werneck, "a hashtag tem duplo sentido mesmo,
faz alusão à expressão 'sair do armário'. O prefeito sempre nos prometeu dar atenção
especial às políticas LGBTI+, acreditávamos que ele tinha simpatia pela causa."
O diálogo se perdeu
De acordo com Matheus Pereira da Silva, 22 anos, editor do portal "Menino Gay", "é
nítido que, depois da chegada do Ivan, o diálogo com o movimento se perdeu". "Eu
acompanho a coordenação de Políticas LGBTI+ desde a gestão anterior, sempre atuei
em projetos voltados para jovens, e nunca o vi participando ativamente de nenhum.
Nós organizamos o 'Piquenique para Deficientes LGBTI+', ele apareceu, tirou algumas
fotos e foi embora."
Matheus se diz "espantado com a atitude do prefeito". "Buscamos o diálogo, e não
estamos sendo ouvidos. Há um tempo, publiquei no portal um post sobre o
compromisso de São Paulo na luta contra a Aids, e marquei o perfil do prefeito. Ele
comentou e participou. Agora, fiz o mesmo para falar sobre a pauta LGBTI+, ele nos
bloqueou. O que eu me pergunto é: até quando isso vai durar? Quando o prefeito vai
sair do gabinete e nos atender?"
Funcionários fantasmas
O ativista Elvis Justino, 32 anos, queixa-se de que o coletivo "Família Stronger", criado
por ele, está sofrendo "mais do que qualquer outro" com o que considera o "abandono
dos centros de cidadania LGBTI+": "A maioria de nós é pobre, preta, periférica, e
precisa desses serviços funcionando. A Prefeitura dize que faze 'eventos voltados para
766
a comunidade', mas isso, para quem é carente de assistência psicológica ou legal
(advogado), é quase nada."
Segundo Justino, quando se procura o profissional encarregado do atendimento
psicológico, por exemplo, "ele não existe". "Os centros podem até estar abertos, mas o
que adianta se você só encontra lá a tiazinha da limpeza? É como hospital sem
médico."
Em uma investigação feita em abril do ano passado pelo Tribunal de Contas do
Município (TCM), auditores relataram que na primeira de três visitas ao posto do Largo
do Arouche (centro), não encontraram nenhum dos cinco funcionários denunciados
como fantasmas: dois coordenadores, um comunicador, um advogado e um assistente.
Na segunda, apenas os coordenadores. Na terceira, o contador não estava. Os fiscais
consideraram a denúncia procedente.
Exoneração da secretária
Depois de uma apuração interna, a ex-secretária de Direitos Humanos e Cidadania
Eloísa Arruda chegou a pedir a exoneração de Ivan Batista, que é presidente municipal
do Diversidade Tucana (grupo LGBTI+ do PSDB). No fim, ela mesma foi demitida. Eloísa
havia chamado para ocupar o cargo o militante Marcos Freitas. O prefeito jamais
assinou a exoneração de Batista, nem a nomeação de Freitas, desautorizando, assim,
Eloísa.
O Ministério Público de São Paulo abriu um inquérito para apurar se houve
improbidade administrativa na gestão de Ivan Batista. Ao procurador Wilson Tafner, da
Promotoria do Patrimônio Público Social, Eloísa afirmou que não se deveria pagar por
ingressos para ter acesso ao trio, e que esses carros deveriam ficar disponíveis aos
programas e equipamentos de atendimento à população LGBTT+.
Outro lado da Prefeitura
Sobre a falta de atendimento nos Centros de Cidadania LGBTI (Justino
afirma que o único que funciona normalmente é o da zona leste).
O Edital de Chamamento para gestão dos Centros de Cidadania obedecem a um
rigoroso plano de trabalho, que é acompanhado pela comissão de monitoramento e
pelo gestor. Eventuais irregularidades apuradas já foram alvo de aplicação de
penalidade, assim como houve a suspensão de valores utilizados indevidamente.
767
O edital – assim como o plano de trabalho – prevê a contratação de apenas um
profissional da área de saúde (psicólogo), tendo tal contratação sido realizada por
todos os Centros. Quaisquer outros serviços de saúde devem ser buscados nas
Unidades Básicas de Saúde, espalhadas por todo o município.
Quanto a "funcionários fantasmas", trata-se de investigação realizada no passado,
antes da publicação do novo edital de chamamento e referente a contratos celebrados
pela gestão anterior. O Centro de Cidadania da região central, que funcionava na
região do Largo do Arouche, foi transferido para novo endereço (Rua Visconde de Ouro
Preto, 118 – Consolação) em outubro de 2017, com suas atividades sendo realizadas
regularmente e normalmente desde então.
Sobre a falta de representante no Conselho Municipal LGBT, "que não
convoca eleições há
dois anos" (segundo Justino). "O conselho existe
justamente para fazer valer os direitos da nossa comunidade; se não tem
conselheiro, quem vai ver o descaso de gestores como o Ivan Batista?"
O mandato dos conselheiros eleitos em 2015 e nomeados em 2016 encerrou-se no
início deste ano (2018) e, desde então, diversas audiências públicas vem sendo
realizadas para traçar as diretrizes das próximas eleições do Conselho Municipal LGBTI.
Conforme deliberado nas audiências públicas, o último encontro será realizado no
Centro de Cidadania LGBTI da Zona Sul, no dia 1 de Setembro. Após isso, os trabalhos
da comissão eleitoral serão iniciados.
Sobre a reclamação (de Elvis Justino) de que as bolsas oferecidas pelo
Programa Transcidadania — criado pela Prefeitura para promover a
reinserção social da população LGBTT em situação de vulnerabilidade —
foram reduzidas em 68:
O Programa Transcidadania conta atualmente com 240 bolsas do Programa Operação
Trabalho (POT, gerenciado pela Secretaria Municipal de Trabalho e Empreendedorismo
— SMTE). Mensalmente há o desligamento de beneficiárias que já concluíram todas as
etapas do projeto, bem como a inserção de novas participantes, de acordo com a lista
de espera de cada Centro de Cidadania LGBTI.
As etapas de inserção de beneficiárias obedecem a um fluxo rigoroso determinado
entre as duas Secretarias (de Direitos Humanos e SMTE) envolvidas na gestão do
programa, para avaliação da candidata, coleta e análise da documentação e sua
768
admissão formal no Transcidadania. Por isso, eventualmente, algumas vagas podem
ficar ociosas durante um curto período.
A SMDHC pretende aumentar em mais 60 o número de bolsas para o exercício 2019,
chegando a um total de 340 vagas até o fim da gestão, em 2020.
Ivan Batista não fala sobre o assunto.
https://paulosampaio.blogosfera.uol.com.br/2018/08/22/indignados-com-desprezode-covas-grupos-lgbt-lancam-saidogabineteprefeito/
GOVERNO ALEMÃO ABRE CAMINHO PARA REGISTRO DE TERCEIRO GÊNERO PROJETO
DE LEI PREVÊ QUE PAIS DE CRIANÇAS INTERSEXUAIS POSSAM ASSINALAR A OPÇÃO
“DIVERSO”, ALÉM DE MASCULINO E FEMININO, AO REGISTRAR NASCIMENTO.
PROPOSTA SEGUE DETERMINAÇÃO DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
Deutsche Welle, 15 de agosto de 2018
O governo alemão aprovou nesta quarta-feira (15/08) um projeto de lei para introduzir
um terceiro gênero no registro de nascimento, levando em consideração pessoas cujo
sexo não está definido no momento em que nascem, os chamados intersexuais.
Assim, junto às tradicionais alternativas "masculino" e "feminino", formulários
incluirão a opção "diverso", que poderá ser assinalada pelos pais da criança da qual
não se pode determinar o sexo.
A medida aprovada pelo gabinete federal – formado pela chanceler federal Angela
Merkel e seus ministros – ainda precisa ser aprovada pelo Parlamento. O porta-voz do
governo, Steffen Seibert, indicou que se espera que o projeto de lei entre em vigor no
início de 2019.
Com a aprovação do projeto de lei, o governo de coalizão alemão liderado pela
conservadora Merkel cumpre a sentença proferida no ano passado pelo Tribunal
Constitucional Federal alemão, que instou o Executivo a introduzir uma terceira opção
nos documentos oficiais disponíveis no país. A corte alegou que a lei discriminava
pessoas que não se consideram nem homem nem mulher quando as obrigava,
permanentemente, a se registrar como um dos dois gêneros.
Intersexual é um termo amplo que inclui pessoas com características biológicas como
órgãos genitais e cromossomos que não se encaixam completamente na noção
769
tipicamente binária de masculino e feminino. Por vezes, é aparente no momento do
nascimento. Outras vezes, nota-se na puberdade.
O Tribunal Constitucional argumentou em sua sentença do ano passado que, de
acordo com o direito constitucional à proteção da personalidade, as pessoas que não
são nem homens nem mulheres têm o direito de assinalar sua identidade de gênero de
forma "positiva" no registro de nascimento.
O caso chegou à Justiça alemã quando uma pessoa pediu para mudar sua descrição de
gênero para "diverso" em seu registro de nascimento, onde constava que era do sexo
feminino. O caso fracassou em diversas instâncias até chegar ao Tribunal
Constitucional.
A ministra alemã da Justiça, Katarina Barley, do Partido Social-Democrata (SPD) –
membro da coalizão de governo e a quem coube a elaboração do projeto de lei –
admitiu que a "modernização" do registro civil aconteceu com "atraso". "Ninguém
deveria sofrer discriminação com base em sua identidade sexual", afirmou.
A opção "diverso" também dará dignidade e uma identidade positiva a pessoas que
não se identificam com o sexo masculino ou feminino, disse Barley.
O governo alemão pretende reformar sua legislação para que esta seja mais inclusiva e
moderna. Concretamente, novas leis deverão reconhecer a diversidade sexual e as
diferentes identidades de gênero – entre elas, a de pessoas transsexuais.
A ministra alemã da Família, a também social-democrata Franziska Giffey, destacou
que a atual lei para transsexuais do país precisa ser anulada e substituída por um texto
que reconheça e fortaleça a diversidade sexual. Com isso, avaliações médicas
obrigatórias para determinar o gênero de uma pessoa também deverão ser proibidas
no futuro.
Em 2013, após reforma legal, a Alemanha foi o primeiro país europeu a permitir aos
pais deixar em branco a caixa que indica o sexo de um bebê em sua certidão de
nascimento, reconhecendo assim, na prática, um "terceiro gênero" – nem masculino,
nem feminino. Mas para defensores dos direitos do terceiro gênero essa medida ainda
não era suficiente.
Na Áustria, o Tribunal Constitucional decidiu em junho deste ano que as autoridades
do país devem autorizar pessoas a se registrarem como algo diferente de "masculino"
ou "feminino" se assim desejarem, mas a lei austríaca não foi alterada por a corte
770
achar que o texto atual não é explícito ao especificar que o gênero das pessoas precisa
ser ou masculino, ou feminino.
No mês passado, depois de Dinamarca, Irlanda, Malta, Noruega e Suécia, Portugal se
tornou o sexto país europeu a permitir o direito à autodeterminação da identidade
transgênero.
Estima-se que haja cerca de 80 mil pessoas intersexuais na Alemanha, o equivalente a
um pouco menos de 1% da população. Segundo as Nações Unidas, entre 0,05% e 1,7%
da população mundial é intersexual.
https://www.dw.com/pt-br/governo-alem%C3%A3o-abre-caminho-para-registro-deterceiro-g%C3%AAnero/a-45097376
https://p.dw.com/p/33Dt2
O QUE MUDA NA ALEMANHA COM A LEI QUE CRIA O “TERCEIRO GÊNERO”, PARA
PROTEGER PESSOAS INTERSEXUAIS
Gabriel Bonis, BBC News Brasil, 25 de agosto de 2018
O gabinete de governo alemão aprovou na última semana um projeto de lei que
permitirá que pessoas intersexuais optem por um terceiro gênero em suas certidões
de nascimento, além de feminino e masculino. A medida ainda será votada no
Parlamento, mas precisa entrar em vigor até 31 de dezembro deste ano por decisão da
Corte Constitucional, a maior instância em questões constitucionais na Alemanha.
Indivíduos nascidos com características sexuais e biológicas não totalmente femininas
ou masculinas, como variações genitais e/ou de cromossomos (homens possuem um
cromossomo X e um Y, e mulheres têm dois XX), poderão ser registrados com o
marcador de gênero "diverso". Desde 2013, é possível deixar essa informação em
branco nesses casos na Alemanha.
Segundo a ONU, cerca 1,7% dos bebês nascidos no mundo não possuem características
masculinas ou femininas claras, uma proporção tão frequente quanto a da população
global de ruivos.
O termo intersexual abarca pessoas que nasceram com variações genéticas ou
corporais (visíveis ou não) que não se encaixam exatamente na definição de masculino
ou feminino. Segundo a Sociedade Intersexual dos EUA, pode ser, por exemplo, uma
771
pessoa de aparência feminina que tenha uma anatomia interna tipicamente masculina;
ou uma garota que nasce sem abertura vaginal ou um garoto que nasce com saco
escrotal semelhante a um lábio genital.
É uma característica biológica - não diz respeito, por exemplo, à orientação sexual ou à
identidade de gênero dessa pessoa.
Corte força legislativo a abordar o tema
O projeto de lei alemão foi criado pelo Ministério do Interior após a Corte Federal
Constitucional decidir em outubro passado que a lei de status civil alemã era
discriminatória contra pessoas intersexuais.
Segundo o tribunal, os direitos fundamentais de um adulto intersexual registrado no
nascimento como mulher foram violados quando ele/ela tentou, sem sucesso, alterar
seu gênero para "inter/diverso" em seus documentos.
Os juízes da Corte entenderam haver violação do direito geral à personalidade se não
existir na lei a possibilidade de se registrar uma terceira "entrada positiva" de gênero
para as pessoas que não podem ser assinaladas como homem ou mulher no
nascimento. Não oferecer essa outra opção, eles argumentaram, seria uma
intervenção injustificável e discriminatória. Logo, a Corte definiu que o Legislativo
criasse uma terceira categoria ou dispensasse qualquer informação sobre gênero no
registro civil.
O projeto de lei do gabinete adotou o marcador "diverso", mas definiu que crianças
precisam ser declaradas como intersexuais por médicos para usarem esse gênero. Um
certificado de "variação de desenvolvimento sexual" também será exigido de adultos e
jovens maiores de 14 anos que quiserem alterar seus marcadores de gênero no
escritório de registro civil.
Ativistas
A exigência da participação médica no processo motivou duras críticas de associações
para direitos de pessoas intersexuais e de organizações de direitos humanos, que
acusam o projeto de continuar a patologização desses indivíduos.
"Eles enfrentam discriminação e são tratados como doentes todos os dias. Pessoas
intersexuais não são doentes, apenas possuem uma identidade de gênero não binária
772
(feminina ou masculina). Ter que ver um médico para decidir sobre a sua própria
identidade de gênero os patologiza novamente", argumenta Jana Prosinger, chefe de
política internacional de gênero da Fundação Heinrich Böll, ligada ao Partido Verde
alemão.
Há também questionamentos sobre violação de privacidade e dificuldades para
conseguir certos documentos exigidos pelo projeto de lei. "Para acessar esse terceiro
gênero, os interessados terão que oferecer informações pessoais detalhadas a
autoridades e apresentar certificados médicos que podem ser impossíveis de obter
para muitos intersexuais. É normal que eles/elas não possuam acesso completo ao seu
histórico médico", explica Kitty Anderson, copresidente da Organização Intersexual
Internacional Europa (OII Europe).
"Isso significa que pessoas adultas que se definem como intersexuais precisariam fazer
um grande número de exames, o que pode acarretar em mais traumas", completa
Prosinger.
Sem marcação de gêneros
Apesar de reconhecer que a medida torna mais simples para crianças intersexuais e
jovens adultos mudarem seus gêneros no futuro, a organização Bundesvereinigung
Trans* e.V. criticou que "médicos sejam os guardiões do reconhecimento de gênero",
apontando que a identidade de gênero não pode ser determinada apenas por
características corporais e destacando a violência que intersexuais sofrem no sistema
de saúde.
Para a organização Intersexuelle Menschen e.V., o projeto não segue as demandas da
Corte Constitucional Federal e desconsidera que apenas 25% das crianças intersexuais
são identificadas como tal no nascimento.
"Não tenho conhecimento de oposição direta à proposta, mas os grupos (ligados ao
tema) compartilharam suas críticas com o Ministério (do Interior). Infelizmente,
apenas o nome do gênero foi aceito de nossas sugestões e todos os demais pontos
foram aparentemente ignorados", diz Stefanie Klement, presidente da organização, à
BBC News Brasil.
Organizações ligadas ao tema queriam que o governo alemão seguisse o conselho da
Corte Constitucional e abolisse o registro de qualquer gênero das certidões de
nascimento. Isso serviria para evitar discriminação contra crianças intersexuais.
773
"As crianças que não podem ser designadas a um gênero serão colocadas como
'diverso' porque não é algo opcional. Isso viola o direito de uma criança à privacidade e
pode levar a uma maior discriminação, porque elas vão ser expostas quando
precisarem mostrar a certidão de nascimento", afirma Anderson.
Segundo Prosinger, manter um marcador de gênero nas certidões força médicos a
decidirem sobre algo que seria uma escolha pessoal. "Um dos traumas que ocorrem
com frequência é que as genitais de um bebê podem parecer com as de uma menina
ou menino, mas seus hormônios e cromossomos, não. Então, a aparência física não
significa nada."
O projeto também foi criticado por excluir transexuais que não se identificam com o
gênero binário.
O Ministério do Interior, por outro lado, defende que o projeto de lei atende
"completamente às determinações" da Corte Constitucional Federal e que o governo
acatou as sugestões de várias associações para usar o termo "diverso", com objetivo
de escolher uma definição "não discriminatória".
De acordo com Sören Schmidt, porta-voz do Ministério do Interior alemão, como o
prazo do tribunal para o Legislativo implementar as provisões era para o final deste
ano, foi "necessário restringir a lei aos regulamentos relevantes e não vinculá-la a uma
reforma da lei sobre transexuais".
Sobre a avaliação médica para acessar o gênero "diverso", Schmidt disse que "o
certificado não precisa conter um diagnóstico preciso; em vez disso, o atestado médico
é suficiente para mostrar que a pessoa afetada tem uma variante do desenvolvimento
sexual".
Para Prosinger, o governo poderia ter sido mais "corajoso" para "de fato implementar
uma lei antidiscriminatória".
"Não estou certa de que a sociedade esteja preparada para (abolir o gênero da
certidão de nascimento) e tenho certeza de que haveria alguma reação contra. A longo
prazo, contudo, esperaria que as pessoas percebessem que isso não lhes causa
nenhuma desvantagem, mas todos que tem gêneros não binários e que querem
decidir sobre sua identidade de gênero não seriam estigmatizados e traumatizados."
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45292522
774
OPINIÃO: RECONHECER "INTERSEXO" É APENAS UM PRIMEIRO PASSO. ALÉM DE
"MASCULINO" OU "FEMININO", DOCUMENTOS ALEMÃES INCLUEM AGORA O GÊNERO
"DIVERSO". UM AVANÇO, MAS AINDA HÁ MUITO A FAZER PELA PROTEÇÃO E
RECONHECIMENTO DOS INTERSEXUAIS, OPINA JORNALISTA PACINTHE MATTAR
Pacinthe Mattar, Deutsche Welle, 17 de agosto de 2018
Agora é oficial: na quarta-feira (15/08), o governo alemão aprovou um projeto de lei
que permitirá que se opte por um terceiro gênero em documentos oficiais e de
identidade.
Isso significa que quem não se identifica como masculino ou feminina – ou com
anatomia sexual e reprodutiva ambígua – pode optar por se identificar como
"inter/diverso" ou "diverso". A decisão do gabinete federal em Berlim ainda requer
aprovação do Parlamento alemão.
Intersexualidade não é uma orientação sexual, refere-se especificamente às
características biológicas de um ser humano. Intersexuais podem ser gays ou
heterossexuais, e podem se identificar como masculinos, femininas ou não.
Muitas culturas e religiões reconhecem a intersexualidade: várias comunidades das
nações indígenas no Canadá, por exemplo, já aceitam há muito tempo os com "dois
espíritos", termo genérico referente a quem não se encaixa nas noções ocidentais de
gênero e identidade sexual, que incorporando características masculinas e femininas.
Para inter- e trans-sexuais e gente que não se identifica com a representação
masculina ou feminina, é de importância crucial a opção de poder se autoidentificar
nos documentos pessoais de forma que reflita a própria realidade. No entanto, isso
não resolve todos os problemas dos que já enfrentaram discriminação devido a seu
status não binário, nem masculino nem feminino.
Tanto crianças quanto adultos intersexuais enfrentam discriminação, estigmatização e
são muitas vezes submetidos a cirurgias alteradoras da anatomia, a fim de se
adaptarem à binariedade masculina ou feminina. Por vezes esses procedimentos são
coercivos ou, no caso de bebês e crianças, realizados sem o consentimento dos
afetados.
A opção "terceiro gênero" alinha a Alemanha a outros países que tomaram passos
para reconhecer intersexuais ou um terceiro sexo, como Áustria, Austrália, Nova
Zelândia, Índia, Canadá, Portugal e algumas partes dos Estados Unidos.
775
A ONU estima que entre 0,05% e 1,7% da população mundial nasça com traços
intersexuais – a percentagem máxima equivale aproximadamente ao total de ruivos
em todo o mundo.
O passo tomado pela Alemanha tem sido considerado histórico por muitos ativistas,
especialistas e legisladores, que também levantam outras questões sobre os direitos e
liberdades dos intersexuais em todo o mundo.
As pessoas intersexo e que não se identificam como homem ou mulher têm o direito
de se identificar como quiserem e de ter a sua identidade confirmada e reconhecida
pelos governos, agências médicas e instituições públicas. Mas esse reconhecimento e
direito à autoidentificação não são suficientes.
Ser capaz de se identificar como "diverso" num documento oficial, por exemplo, não
torna mais fácil ou menos arriscado o uso de banheiros públicos para intersexuais e
não conformes de gênero sem uma aparência clara masculina ou feminina: eles
geralmente se deparam com olhares e atenção indesejados e até mesmo violência.
Intersexuais que não se encaixam nas aparências tradicionais masculina ou feminina
são frequentemente submetidos a revistas pessoais desconfortáveis quando passam
pela área de segurança em aeroportos e outros postos de controle – e a
documentação oficial não vai necessariamente aliviar esse desconforto.
Os intersexuais também questionam se a identificação clara como "diverso" ou
"intersexo" nos documentos de viagem oficiais pode colocá-los em risco ao entrar em
países ou territórios que não reconhecem a designação.
Mesmo quem saúda a mudança, diz tratar-se apenas de um primeiro passo, e que há
muito mais trabalho a ser feito para proteger os direitos daqueles de gênero não
conforme. Outros temem que a decisão não seja de libertação, e sim de mais
categorização e rotulação médica.
Para muitos, contudo, a medida representa um passo à frente num caminho
desafiador para a liberação e aceitação. É uma compreensão de que a identidade
sexual também não é um sim ou não, e que muitas vezes pode recair num espectro
com muitas camadas e complexidades. Nas palavras de Sara Kelly Keenan, a primeira
americana a ter incluído "intersexo" em sua certidão de nascimento, em 2016: "Há
poder em saber quem se é."
https://www.dw.com/pt-br/opini%C3%A3o-reconhecer-intersexo-%C3%A9-apenasum-primeiro-passo/a-45119937
776
https://p.dw.com/p/33Jkv
JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO LIBERA ENTRADA DE CRIANÇAS NA "QUEERMUSEU"
Carolina Farias, Uol Universa, 21 de agosto de 2018
A Justiça reverteu uma decisão provisória que proibia menores de 14 anos de
entrarem na "Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira", no Rio. No
plantão do último fim de semana, o juiz Pedro Henrique Alves, da 1ª Vara da Infância,
da Juventude e do Idoso, expediu liminar com a decisão e a curadoria da mostra e a
EAV (Escola de Artes Visuais) do Parque Lage, que abriga a exibição, recorreram.
De acordo com comunicado, a mostra seguirá a recomendação de classificação
indicativa do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, com afixação de cartazes
na entrada informando que a mostra "não é recomendada a menores de 14 anos
desacompanhados dos pais ou responsáveis".
“A instituição que dirijo tem um histórico público de resistência a que devemos todos
honrar. Hoje, mais uma vez, derrubamos a censura que vem a serviço de movimentos
ultraconservadores. Penso que os valores de cada família são subjetivos e quem decide
se uma criança deve ou não ver determinada obra de arte são os pais. Não cabe
estatizar essa decisão”, disse Fabio Szwarcwald, diretor da EAV.
Em setembro do ano passado, a exibição sobre representatividade LGBT foi realizada
no Santander Cultural de Porto Alegre e, um mês depois da abertura, foi cancelada
após protestos de grupos conservadores que atacaram o conteúdo como imoral,
ofensivo a crenças e favorável à zoofilia e pedofilia.
Para chegar ao Rio, a "Queermuseu" conseguiu arrecadar R$ 1,082 milhão via
financiamento coletivo. Segundo os organizadores, é o maior valor já alcançado dessa
forma no Brasil. O dinheiro foi usado na montagem, produção de ciclo de debates,
além da adaptação museológica das cavalariças, espaço dentro do Parque Laje onde
ocorre a mostra.
[A matéria traz imagens de 15 obras da Queermuseu: 1. Obra "Adriano Bafônica e Luiz
França de She-há", de Bia Leite... 2. "Cruzando Jesus Cristo com Deusa Shiva", de
Fernando Barril... 3. "Retrato de Rodolfo Jozetti", de Cândido Portinari... 4. Imagem da
série "Beach Triptych", de Alair Gomes... 5. "Is a Feeling", obra de Cibelle Cavalli
Bastos... 6. "Cena de Interior 2, 1994", da artista carioca Adriana Varejão... 7. Obra sem
777
título de Mário Röhnelt de grafite e tinta acrílica sobre papel... 8. Colagem sobre tela
de Luiz Henrique Schwanke... 9. "Abusada São Paulo #15", do coletivo de artistas
Avaf... 10. "Cristo, s.d", do brasileiro Guignard, em exposição "Queermuseu"... 11. "São
Sebastião, s.d", grafite sobre papel de Alfredo Volpi... 12. "Tirésias Revela a Vinda de
São Sebastião", de Thiago Martins de Melo... 13. Obra "Penis", colagem manual de
Amorim, que está no "Queermuseu"... 14. Obra sem título de Marcos Chaves da série
"Ecléticos"... 15. "Cabeça Coletiva" da brasileira Lygia Clark]
https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2018/08/21/justica-do-rio-dejaneiro-libera-entrada-de-criancas-na-queermuseu.htm
DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO NÃO DEU CERTO, DIZ PESQUISADOR MEXICANO
Cristina Sánchez, Agência EFE reproduzida pelo Uol Universa, 20 de agosto de 2018
Amplamente debatido atualmente, a descriminalização do aborto na capital mexicana
"foi um fracasso na política pública", na opinião de Cándido Pérez, doutorando em
Políticas Estratégicas de Gestão e Desenvolvimento na Universidade de Anahuac e
médico do Centro de Estudos e Formação Integral para a Mulher do México (CEFIM),
pois não diminuiu o número de mortes de mulheres que procuram esse procedimento
e nem a clandestinidade.
Essa está no relatório "Aborto, a política de um Estado claudicante", que faz uma
cronologia dos eventos mais relevantes dos últimos 25 anos sobre o aborto no México.
O documento foi elaborado por um grupo multidisciplinar de mulheres e homens
especialistas no assunto, com o apoio do CEFIM.
"O impacto da legalização do aborto não foi o esperado. A única coisa que gerou foi
privar as mulheres da autonomia da decisão, deixando somente o aborto como
opção", disse ele.
Conforme o relatório, pouco mais de uma década depois de ter sido liberado na
Cidade do México, o aborto representa 10,7% das mortes maternas na capital, taxa
que está acima da média nacional, de 9,2%.
"O mais preocupante é que se desconhece em que condições são realizados nove de
cada dez abortos na Cidade do México", argumentou.
778
Para ele, descriminalizar esta prática e elas aumentarem em hospitais público, não
significa que as mortes não irão ocorrer. Segundo ele, nenhuma autoridade do setor
da saúde sabe sobre os hospitais privados que realizam o procedimento.
"É difícil dizer que (o aborto) acaba com a clandestinidade, quando se desconhece
tudo o que acontece no âmbito privado. Uma das grandes deficiências é o fato de
hospitais particulares não terem a obrigação de informar nenhuma autoridade pública
sobre quantos abortos realizam, em que condições ou que tipo de procedimento fez",
apontou.
O relatório afirma que, conforme pesquisas acadêmicas, nos últimos 11 anos cerca de
1,5 milhões de abortos foram feitos na Cidade do México. O dado se choca com o
número das autoridades da saúde, que indicam pouco mais de 175 mil interrupções.
"Esse grande desconhecimento dos hospitais privados nos faz questionar o impacto a
respeito da clandestinidade", afirmou Pérez.
O estudo também destaca o grande número de mulheres que abortou mais de uma
vez.
"Mais de 11 mil mulheres reincidiram, chegando a dois ou mais abortos. É
preocupante, porque, de acordo com a literatura, muitas vezes, a reincidência do
aborto está associada a outros problemas, como a violência doméstica", defendeu.
Segundo ele, isso se deve ao fato de que as autoridades realizam os abortos, mas não
se preocupam em conhecer as condições e razões das mulheres para isso e não terem
registros das reincidentes.
"Não sabemos se determinada mulher volta a fazer porque têm uma relação violenta
com o parceiro ou porque não teve acesso a mecanismos de prevenção ou por
qualquer outro motivo", afirmou.
O médico ressaltou as experiência de alguns países da Europa, onde existem
programas e formas de dar acesso à informação, bem como acompanhamento das
mulheres, o que ajudaria a entender as principais razões da escolha pelo aborto. O
pesquisador lamentou que, apesar da permissão na capital mexicana, há uma ausência
de preocupação real sobre alternativas para diminuir a taxa de mortalidade e a
incidência. A prática é proibida em todo o resto do país.
"Não se pode falar de liberdade de decisão das mulheres quando existe apenas uma
alternativa. A política da interrupção legal da gravidez é a única neste sentido. Uma
779
alternativa seria as autoridades se preocuparem verdadeiramente com as mulheres
para que seja possível ajudá-las com alternativas reais diante de uma gravidez não
desejada", ressaltou.
https://universa.uol.com.br/noticias/efe/2018/08/20/descriminalizacao-do-abortonao-deu-certo-diz-pesquisador-mexicano.htm
INSTITUTO DE ADVOGADOS RETIRA DO STF DOCUMENTO QUE RELACIONAVA ABORTO
A ASSASSINATO. ENTIDADE DIZ QUE PARECER ENVIADO AO STF NÃO ENCONTRA
RESPALDO ENTRE MEMBROS
Rogério Gentile, Folha/Uol, 30 de agosto de 2018
O Instituto dos Advogados de São Paulo vai pedir ao Supremo Tribunal Federal que
desconsidere o documento intitulado "Aborto é assassinato".
O texto, que afirma que “ninguém tem liberdade para matar, mesmo que seja a mãe
do embrião vivo”, havia sido encaminhado ao STF pela Comissão de Direitos Humanos
da entidade em razão do processo que analisa a descriminalização do aborto até a 12ª
semana da gravidez.
O instituto considera que a Comissão dos Direitos Humanos, presidida pelo advogado
Ricardo Sayeg, não poderia ter enviado o parecer ao STF sem antes submetêlo a uma
discussão mais ampla na direção e no conselho da instituição.
Afirma que outras comissões internas têm opiniões divergentes em relação ao aborto
e que não há uma posição oficial sobre o tema. A declaração sobre o aborto havia sido
aprovada por 11 membros da Comissão de Direitos Humanos.
Outros três participantes a avalizaram parcialmente, argumentando que cabe ao
Legislativo, e não ao Judiciário, decidir sobre o tema. Houve três votos contrários.
O instituto, criado em 1874 e que reúne alguns dos principais advogados do país,
deverá analisar também um pedido de afastamento do presidente da Comissão de
Direitos Humanos. A solicitação foi feita pela associada Marina Pinhão Coelho Araújo,
diretora de relações institucionais do Iasp, que alega que o advogado descumpriu o
estatuto interno.
Além de solicitar o afastamento do presidente da comissão, Mariana pede que a
direção e o conselho avaliem a abertura de processo administrativo contra Sayeg. Caso
780
seja investigado e punido, de acordo com o estatuto social, Sayeg pode sofrer uma
advertência, uma suspensão e até mesmo a exclusão dos quadros do Iasp. O advogado
terá 15 dias para apresentar sua defesa.
À Folha, Sayeg afirmou que o procedimento adotado pela Comissão de Direitos
Humanos no caso do aborto foi o mesmo adotado em outras situações e que nunca
houve esse tipo de estranhamento. Diz que a comissão sempre teve autonomia. “Serei
punido por transgressão de opinião?”, pergunta. “Vou lutar até o fim contra o aborto e
não me intimidarei diante dessas ameaças.”
Em um trecho do parecer, a Comissão de Direitos Humanos afirma que o parceiro é
tão responsável, “inclusive criminalmente”, quanto a mulher pela proteção do
embrião. Hoje, no país, o aborto é permitido em três tipos de gravidez: decorrente de
estupro, que cause risco à vida da mulher ou de feto anencéfalo.
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/08/instituto-de-advogados-recua-deposicao-que-liga-aborto-a-assassinato.shtml
COMO A POLÊMICA DO ABORTO ESTÁ LEVANDO CATÓLICOS A PEDIREM
DESLIGAMENTO OFICIAL DA IGREJA NA ARGENTINA
Marcia Carmo, BBC News Brasil, 29 de agosto de 2018
781
Batizada na Igreja Católica, a assistente de informática Silvia Mollo, de 63 anos, está
entre os muitos argentinos que entraram neste mês com pedido na Arquidiocese de
Buenos Aires para se desligar oficialmente da instituição religiosa.
Mollo diz que passou a "duvidar" da Igreja nos últimos tempos, após o que considera
uma falta de providências diante de denúncias de abusos sexuais envolvendo
sacerdotes. "Além de ser batizada, fiz minha consagração há apenas quatro anos. Mas
agora mudei de ideia. Não podemos mais admitir estes abusos sexuais e ver que a
cúpula da Igreja não faz nada", afirma.
A maioria das pessoas que deixam de ser católicas simplesmente param de frequentar
a Igreja, mas um grupo de argentinos está fazendo pedidos formais para se desligar
oficialmente como forma de protesto. A solicitação é para que os dados da pessoa
sejam retirados dos livros da instituição. "O sistema passou a ser perverso", diz Mollo à
BBC News Brasil.
Mãe de três filhos, a assistente de informática diz que a posição do papa sobre a
discussão sobre a legalização do aborto na Argentina "foi a gota d'água" para sua
decisão. "É preciso ter misericórdia, compreensão com as mulheres que abortam
porque necessitam abortar, e não porque querem", afirma.
Em junho passado, após a aprovação na Câmara dos Deputados da Argentina do
projeto de lei que previa a interrupção da gravidez até a 14ª semana, o pontífice, que é
argentino, se referiu à suspensão da gestação durante discurso no Vaticano. E
comparou a prática ao extermínio cometido pelos nazistas: "No século passado, todos
se escandalizavam com o que os nazistas faziam para purificar a raça. Agora, querem
fazer o mesmo com luvas brancas", disse.
Suas palavras foram interpretadas como um recado aos que apoiavam a iniciativa no
país – ela acabou vetada quando foi a votação no Senado neste mês. E acabou gerando
o movimento de pedidos de desligamentos da Igreja, como o de Mollo e de diversas
outras pessoas.
Distribuição de formulários
No dia da votação do aborto no Senado, a Coalizão Argentina por um Estado Laico
(CAEL), fundada em 2009 por advogados, antropólogas e filósofas feministas, distribuiu
mais de 1,3 mil formulários para fazer pedidos de desligamentos da Igreja na frente do
Congresso.
782
Mais tarde, a distribuição chegou a provocar filas em uma das esquinas mais
movimentadas de Buenos Aires, nas avenidas Callao e Corrientes, no centro da cidade.
Dez dias depois, o formulário foi entregue em 24 pontos do país.
O advogado Cesar Rosenstein, um dos fundadores da CAEL, disse à BBC News Brasil
que a "interferência da Igreja Católica" no debate sobre a legalização da interrupção da
gravidez certamente influenciou o tamanho da fila dos que querem renunciar à
instituição.
"Ficou muito evidente que a Igreja foi principal força que se opôs ao acesso à
interrupção legal de gravidez. E o que as pessoas que preencheram o formulário
querem é um Estado laico, sem a interferência da Igreja", afirmou.
O casal de argentinos Emiliano Ramirez, de 41 anos, e Romina Ojagnan, de 36 anos,
recebeu os formulários e também decidiu entrar com o pedido oficial de desligamento
da Igreja Católica.
"Há muito tempo vínhamos pensando nisso. Fomos batizados pelos nossos pais e
nunca praticamos a fé católica", diz Ojagnan à BBC News Brasil. "E somos contra a
postura da Igreja que se opõe ao movimento LGBT, à camisinha e que ainda fala coisas
como a que disse o papa Francisco, de que os homossexuais devem ser tratados com
psiquiatras. E foi a posição da Igreja contra a legalização do aborto que acelerou nossa
decisão de pedir a apostasia."
783
O papa havia afirmado nesta semana que "quando (a homossexualidade) é observada
a partir da infância, há muito que pode ser feito por meio da psiquiatria, para ver como
são as coisas. É outra coisa quando se manifesta depois dos 20 anos".
Após a declaração causar polêmica, o Vaticano disse que as palavras do pontífice não
tinham sido interpretadas corretamente. Ele havia dito também que pais com filhos
homossexuais devem rezar, não condenar, dialogar e "dar espaço para o filho ou filha".
Renúncia
Na sexta-feira passada, Rosenstein e outros ativistas da CAEL entregaram as caixas
com mais de 3 mil formulários preenchidos na sede Conferência Episcopal Argentina,
onde foram recebidos por religiosos que são assessores na Igreja.
"Juridicamente, as pessoas não podem renunciar ao batismo. Mas elas podem
renunciar à instituição e podem escolher entre manter a fé ou não", diz Rosenstein.
As justificativas não foram iguais em todos os formulários preenchidos. "Cada um
colocou seu argumento, mas ficou claro que a questão do aborto e outros abusos da
Igreja foram o detonador. E que estas pessoas não se sentem representados pela
Igreja", afirmou.
Rosenstein afirma que os formulários continuarão sendo distribuídos no país – para
ele, a "tendência" é que mais argentinos peçam a desvinculação da Igreja.
784
As demandas do CAEL incluem o pedido de que símbolos religiosos não ocupem mais
instituições públicas e o fim da educação religiosa em escolas, entre outras medidas.
Nem todos os grupos que defendem o Estado Laico e a legalização do aborto são
seculares, no entanto. As mulheres do grupo Católicas pelo Direito de Decidir também
defendem a legalização, mas não fizeram pedidos de apostasia.
"Não queremos que as instituições religiosas interfiram nas decisões individuais, e
queremos que as pessoas tenham liberdade de escolha. Na votação do projeto do
aborto, as igrejas católica e evangélicas se uniram contra a medida", diz a socióloga
Victoria Tesoriero, das Católicas pelo Direito a Decidir.
Procurada pela BBC News Brasil, a assessoria de imprensa da Arquidiocese confirmou
ter recebido os formulários na sexta-feira e reconheceram um aumento, nos últimos
dias, de pedidos de apostasia. Mas afirmaram que "o motivo não está claro".
Segundo dados publicados na imprensa argentina, 77% dos argentinos declaram-se
católicos. Este índice foi de 90% nos anos 1960. Nove em cada dez dizem acreditar em
Deus e mais de 30% consideram-se católicos praticantes, de acordo com o site de
checagem de informações Chequeado, que cruzou dados de pesquisas.
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45325614
POLICIAIS FARDADOS TIETAM BOLSONARO EM CAMPANHA; PM-SP APURA
IRREGULARIDADE
Gustavo Maia, Janaina Garcia e Marcelo Ferraz, Uol, 27 de agosto de 2018
Caixa de som portátil tocando o jingle de campanha, manifestações de apoio, dezenas
de selfies, tietagem e até um ônibus que parou e abriu as portas para a entrada de um
candidato. Cenas normais de uma campanha eleitoral, mas protagonizadas por oficiais
fardados da Polícia Militar de São Paulo durante os quatro dias de visita do
presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) a cidades do interior paulista.
A reportagem do UOL acompanhou a passagem de Bolsonaro por oito municípios
(Presidente Prudente, Araçatuba, Glicério, José Bonifácio, São José do Rio Preto, Jaci,
Catanduva e Barretos) e flagrou a manifestação dos policiais (assista ao vídeo acima).
785
A Polícia Militar, por meio de sua assessoria de imprensa, solicitou à reportagem que
fossem enviadas imagens que embasassem o relato, o que foi feito.
Em nota, a PM informou que as fotos e vídeos fornecidos "serão alvo de apuração por
parte do comando da região nos termos do Regulamento Disciplinar", sem apontar
possíveis irregularidades ou sanções. O texto passou a valer em 2001 depois que a lei
que o instituiu foi sancionada pelo então governador, Geraldo Alckmin (PSDB), que
também concorre à Presidência.
Um trecho do regulamento estabelece que "aos militares do Estado da ativa são
proibidas manifestações coletivas sobre atos de superiores, de caráter reivindicatório e
de cunho político-partidário".
Especialistas ouvidos pela reportagem falam em desvio de função.
"Independentemente do candidato, o policial representa o Estado, a princípio, isento,
laico e sem ideologias. Nesse sentido, representa também o governo, que tem de
governar para todos", afirmou o ex-chefe do Estado-Maior da Polícia Militar do Rio de
Janeiro e antropólogo, o coronel da reserva Robson Rodrigues.
"Servidores públicos, no uso de suas atribuições, durante a jornada de trabalho,
fazendo campanha eleitoral, estão em desvio e em confronto com o estatuto do
servidor, ou seja, fazendo uso de recursos públicos para seus fins particulares, o que
significa corrupção do mandato público delegado de polícia", afirmou a antropóloga e
cientista política Jacqueline Muniz, especialista em segurança pública da UFF
(Universidade Federal Fluminense).
"Vou mandar essa foto para o Alckmin"
Bolsonaro acabara de almoçar em um restaurante no município de Jaci (SP) na última
sexta-feira (24). Do outro lado da calçada, dois policiais militares aguardavam o
candidato do PSL, que é capitão da reserva do Exército.
Fardados e armados, eles logo abriram um sorriso quando Bolsonaro atravessou a rua
para cumprimentá-los. Um dos agentes, identificado como capitão Cavalari, não tirava
a mão do fuzil que levava a tiracolo. Os dois queriam ser fotografados ao lado do
deputado federal. Logo, outros oito policiais se enfileiraram. Com o candidato no
centro, posaram de braços cruzados --exceto o que exibia a arma.
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Gustavo Maia/UOL
Em campanha, Bolsonaro posa para foto ao lado de policiais militares em Jaci (SP)
"Vou mandar essa foto para o Alckmin", comentou o presidenciável, entre risadas. A
brincadeira tinha como alvo o ex-governador tucano, que comandava a Polícia Militar.
Neste sábado (25), último dia do tour eleitoral, Bolsonaro participou de uma carreata
em Catanduva (SP). Na recepção montada na entrada da cidade, um PM identificado
como sargento Alexandre orientava o trânsito e trazia acoplada à farda uma caixa de
som, envolta em estampa de camuflagem militar.
O equipamento do policial executava um jingle da campanha de Bolsonaro,
reproduzido via bluetooth por seu celular. O sargento desligou a música enquanto era
filmado pela reportagem.
Quase uma hora depois, quando o presidenciável parou na estrada no caminho para
Barretos (SP) para dar uma entrevista no acostamento, o PM estava lá e aproveitou
para tirar uma foto do candidato ao lado de um colega. Em seguida, a dupla voltou ao
carro da corporação.
"Não faz imagem não"
À noite, Bolsonaro deixava o Parque do Peão de Barretos, onde foi ovacionado ao
montar um cavalo na arena de rodeios, quando cruzou com um ônibus da Polícia
Militar que transportava policiais para a festa.
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Aplaudido e saudado das janelas pelos agentes como "mito", alcunha que ganhou dos
apoiadores, o candidato entrou rapidamente no veículo acompanhado do deputado
federal Major Olímpio, candidato do PSL ao Senado em São Paulo, que é da reserva da
corporação. Ao se ver filmado pela imprensa e por sua equipe de campanha, Bolsonaro
pediu: "não faz imagem não".
A legislação eleitoral proíbe agentes públicos de "ceder ou usar, em benefício de
candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis [como ônibus, por
exemplo] pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos territórios e dos municípios". A única exceção vale para a
realização de convenções partidárias.
Ao ver que cinegrafistas ainda registravam as cenas ocorridas dentro do ônibus, onde
Bolsonaro tirou fotos com alguns PMs e fez gestos simulando armas com as mãos, um
dos seguranças da equipe do candidato voltou a pedir que eles não filmassem, para
"preservar a identidade dos policiais".
Presidente do diretório paulista do PSL, Olímpio afirmou ao UOL neste domingo (26)
que vê "alguns hipócritas, alguns babacas de plantão fazendo algumas avaliações de
improbidade administrativa, de descumprimento de legislação eleitoral", mas disse
que "não existe nada disso".
Para ele, o fato de os policiais tirarem foto não transcende as obrigações
regulamentares e institucionais dos agentes, sendo "simplesmente um gesto natural
do policial, que também é um cidadão".
"Não estão fazendo tietagem coisa nenhuma", afirmou Olímpio, que atribuiu a
iniciativa a Bolsonaro e a ele mesmo, na PM há mais de 40 anos e acompanhante
frequente do presidenciável em São Paulo. Ele relatou ainda já ter pego celulares de
PMs para tirar as fotografias.
A ligação do presidenciável com as forças de segurança é ressaltada por ele em
discursos no qual promete valorizar as polícias civil e militar além de pleitear
"excludente de ilicitude" para os casos em que agentes matem alguém em serviço.
Bolsonaro tem dito que quem matar "vagabundo" deve ser condecorado e não
processado.
Durante as viagens, a reportagem conversou informalmente com policiais durante os
atos de campanha e ouviu manifestações de apoio. Para os agentes, que são favoráveis
ao endurecimento de leis como a redução da maioridade penal, só o candidato poderá
788
resolver o problema da violência no país. Em discursos, o presidenciável mencionou as
mortes de militares do Exército no Rio de Janeiro e de PMs no Ceará.
Policiais tiraram selfies com o candidato dentro da Prefeitura de Glicério (SP)
Segurança reforçada
Além das manifestações de apoio, os atos de Bolsonaro no interior de São Paulo foram
marcados pelo ostensivo aparato policial. Por ser candidato à Presidência, ele também
é diariamente acompanhado por uma equipe da Polícia Federal há quase um mês.
As carreatas e caminhadas do presidenciável alteraram a dinâmica dos municípios e
atraíram milhares de pessoas, provocando engarrafamentos e bloqueios de ruas. Em
nota, a Polícia Militar informou que "é de sua competência constitucional a
preservação da ordem pública em eventos que há grande acúmulo e concentração de
pessoas, notadamente em vias públicas, seja de que tipo de evento for, de cunho
político ou não".
"Assim, no caso específico, foram designadas equipes policiais militares para dar
segurança às pessoas que participavam do evento. Não há qualquer policial militar
designado para a segurança de qualquer candidato", explicou a corporação.
Major Olímpio lembrou que a legislação eleitoral determina que o candidato, partido
ou coligação faça a devida comunicação à autoridade policial em, no mínimo, 24 horas
antes de sua realização do ato, para que sejam tomadas as providências necessárias.
789
"Ocorre que a esmagadora maioria da classe política hoje não consegue ter
aglomeração de pessoas que possam demandar o uso de escoltas ou providências de
policiamento ostensivo para os locais dos eventos que sejam significativas", comentou
o parlamentar.
No primeiro dia da viagem, em Presidente Prudente (SP), Bolsonaro vestiu um colete à
prova de balas sob o agasalho. Questionado sobre a preocupação com a segurança, ele
disse que é orientado a seguir certos ritos. "Obedeço e acima de tudo não revelo o que
acontece no tocante à minha segurança, pela minha segurança", declarou.
Policial representa o Estado
Para especialistas em segurança pública consultados pelo UOL, a tietagem dos policiais
fardados e armados à figura de políticos, independentemente de quem seja o
candidato ou o partido, extrapola as atribuições do agente de segurança e configura
um desvio de função de finalidade.
A explicação é que, uma vez no exercício da função, o policial representa o Estado, ou
seja, o interesse público coletivo, e não apenas a si próprio ou as próprias convicções.
na avaliação de Muniz, o gesto dos PMs representa "conflito com os princípios da
hierarquia e disciplina, uma vez que tal manifestação política no horário de trabalho
corresponde à desobediência".
Rodrigues afirmou ainda que o policial "precisa se livrar de ideologias e aprender a
fazer isso" no curso da atividade, mas ponderou, por outro lado, que é "democrático e
republicano" que se demonstrem tendências ideológicas no âmbito da vida privada.
"Como profissional, o policial tem que servir a todos; esse é o contrato que ele assina,
é para isso que ele recebe. Nesse sentido, tem de agir de forma republicana – mas abe
aos líderes e chefes da corporação admoestar essa situação e corrigir esses desvios da
função pública", afirmou.
"Infelizmente, por vezes o que vemos é uma posição permissiva quanto a isso por
parte dos comandos, quando o candidato em questão é do interesse do comando -- e
se fosse outro candidato, como esses chefes reagiriam? Isso pode passar à sociedade a
percepção de um Estado enviesado e uma mensagem equivocada", concluiu o coronel.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/08/27/policiaisfardados-tietam-bolsonaro-em-campanha-pm-sp-apura-irregularidade.htm
790
BOLSONARO AMEAÇA OPONENTES E ATACA LEGITIMIDADE DA DISPUTA ELEITORAL
PELO PLANALTO. EM CARREATA, CANDIDATO DO PSL FAZ SÍMBOLO DE CADEIA,
QUANDO É VAIADO POR OPOSITORES
Afonso Benites, El País, 05 de setembro de 2018
Bolsonaro chuta boneco que satiriza Lula em Brasília. JOÉDSON ALVES EFE
Para os apoiadores, Jair Bolsonaro sorri e acena ou faz símbolos de coração ou de
armas com as duas mãos. Para os diversos opositores que o xingam por um caminho
de dez quilômetros, o ultradireitista apresenta gestos de prisão, no qual faz uma
espécie de cela usando os dedos indicadores e médios das duas mãos. Assim o
candidato do PSL à presidência se alterna por pouco mais de duas horas em uma
carreata que reuniu 1.000 carros e motocicletas que passou pelas cidades satélites de
Ceilândia e Taguatinga, no Distrito Federal, nesta quarta-feira.
Após o ato público de campanha, o primeiro em Brasília, o deputado federal e militar
reformado afirmou de maneira veemente que qualquer que seja o resultado das
eleições, o pleito estará sob suspeição. Em seu entendimento, sem o voto impresso
não é possível fazer a auditoria da apuração. Ele desconfia que as urnas eletrônicas
possam ser fraudadas. A análise vale, inclusive, para o caso em de ele vencer o pleito.
“Qualquer um que ganhar vai estar sob suspeita essas eleições. Com toda certeza”.
791
Apesar desse discurso do candidato, o Tribunal Superior Eleitoral já destacou que há
dezenas de maneiras de auditar o processo eleitoral. Em palestra a jornalistas no
último dia 3, o secretário de tecnologia da informação do tribunal, Giuseppe Janino,
afirmou que, em 22 anos de utilização, nunca se detectou nenhuma fraude no sistema
de votação ou apuração dos resultados. E explicou que há mais de 30 barreiras digitais
que impedem o acesso aos sistemas da Justiça Eleitoral. Destacou ainda que já foram
realizados quatro testes públicos de segurança com equipes de hackers vinculados à
universidades e Polícia Federal nos quais ninguém conseguiu transpor todas essas
barreiras.
Além das auditorias frequentes, é possível checar nos boletins de urnas que são
impressos por cada urna eletrônica ao final da votação se os votos ali contabilizados
foram de fato registrados pelo TSE. Esse boletim é um pequeno papel que é impresso e
afixado em frente as zonas eleitorais. Nele há um QR Code, que pode ser fotografada e
comparada com a apuração da Corte. Ainda assim, Bolsonaro insiste em sua tese
antisistema e diz que poderia ganhar a eleição em primeiro turno, caso o voto fosse
impresso. O candidato ou o seu partido, contudo, jamais enviaram representantes
para acompanhar os testes do TSE. “Ninguém está sentando na cadeira antes da hora.
Em qualquer lugar do Brasil tem uma aceitação enorme [à minha candidatura]. Se o
voto for impresso, mas o Supremo suspendeu isso, e tivermos como comprovar a
lisura das eleições, a gente ganha no primeiro turno”, disse.
Em junho passado, o Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucional uma lei, de
autoria de Bolsonaro, que obrigava a impressão dos votos. Os magistrados
entenderam que a versão impressa viola a garantia constitucional do segredo do voto,
já que seria possível identificar o eleitor. “Pode falar à vontade. Eu não acredito nessa
forma de apurar votos”, disse Bolsonaro. A estratégia do ultradireitista de solapar a
confiança no sistema eleitoral e martelar em fraude foi usada por Donald Trump nos
EUA. Lá, Trump, sob críticas dos analistas, repetiu que as eleições poderiam ser
manipuladas sem mostrar qualquer prova ou evidência.
792
Opositores de Bolsonaro em ato nesta quarta-feira. ERALDO PERES AP
Ataques e provocações
Se ensaiou alguma moderação nos debates da TV, nos últimos dias, o candidato deixou
claro que vai apostar no ultraje e na provocação para ao menos manter sua base de
apoiadores — na mais recente pesquisa do Ibope, divulgada nesta quarta, ele aparece
liderando com 22%, já considerando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fora da
disputa. Ora tenta intimidar jornalistas que o questionam, ora outras candidaturas. Na
noite de terça-feira, atacou um repórter que é homossexual que o indagou por que
Bolsonaro havia postado um vídeo em sua página no Twitter no qual um menino dizia
que na escola ensinaram que garotos usavam saia, brincos e pintavam a unha. “Você
pintou unha quando criança?”, rebateu o candidato ao jornalista. O jornalista disse
que não e lhe disse não poderia ser tratado dessa maneira hostil. O deputado
respondeu de forma rude: “Eu não posso o quê, rapaz!? Você pergunta o que quer e
eu respondo o que eu quero”.
No sábado passado, em viagem ao Acre, Bolsonaro disse que iria “fuzilar a petralhada
do Acre”, em referência aos políticos do PT que governam o Estado há duas décadas.
Disse o candidato: “Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre. Vamos botar esses
picaretas para correr do Acre. Já que gostam tanto da Venezuela, essa turma tem que
ir para lá. Só que lá não tem nem mortadela. Vão ter que comer capim mesmo”. Nesta
quarta-feira, a Procuradoria-Geral da República solicitou que ele explicasse o quis
dizer. O órgão analisa a possibilidade de abrir um processo pelos delitos de incitação
ao crime e ameaça.
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Na carreata desta quarta-feira, Bolsonaro continuou criticando os petistas, mas usou
um tom menos duro. “Vamos varrer a cúpula desses partidos *PT e PSDB+ para a lata
de lixo da história. Vamos dar um pé no traseiro do comunismo”. Quando indagado
pela reportagem o que ele achava dos ataques que estava recebendo, principalmente
da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), que tenta pregar nele a pecha de misógino,
o candidato disse que isso faz parte da política. “*A crítica+ é política, palavras, é jogo
de palavras, é o sentimento. Eu entrei em campo, não por uma obsessão. Entrei por
uma missão de Deus e por uma missão patriótica de mudar o rumo do Brasil”.
Desde o dia 31, quando se iniciou a campanha de rádio e TV, a coligação de Alckmin
leva ao ar peças publicitárias nas quais reproduzem discussões que Bolsonaro teve
com a deputada Maria do Rosário (PT-RS), a quem chama de vagabunda, e a uma
jornalista, que também é xingada. Enquanto isso, seu séquito de convertidos parece
permanecer inalterado. Eis o que uma de suas eleitoras, a fonoaudióloga Carmen
Minuzi, disse ao EL PAÍS, após acompanhar a carreata do candidato sob o sol de 32º C:
“Entendo que as pessoas fazem de tudo para querer desestabilizar o Bolsonaro, mas
ele é uma pessoa firme de caráter e, o que ele é, ele mostra pra gente. Não usa
máscaras. Com certeza ele respeita as mulheres”. Enquanto ela concede a entrevista,
uma menina que aparentava ter menos de dez anos de idade, gritava no colo do pai:
“Eu sou criança e escolhi o Bolsonaro. Não quero essa porcaria da imprensa”.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/06/politica/1536190564_625684.html
BOLSONARO É ESFAQUEADO EM ATO DE CAMPANHA EM JUIZ DE FORA (MG)
Gustavo Maia, Luciana Amaral, Leandro Prazeres e Janaina Garcia, Uol, 06 de setembro
de 2018
O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) foi esfaqueado no abdômen em um ato de
campanha em Juiz de Fora (MG) nesta quinta-feira (6). A informação foi confirmada
pela Polícia Militar mineira e pela Polícia Federal. Um homem, identificado como
Adélio Bispo de Oliveira, foi preso em flagrante.
O candidato foi levado para a Santa Casa de Juiz de Fora. Por volta das 17h30, o
hospital informou que "o paciente Jair Messias Bolsonaro deu entrada no hospital por
volta das 15h40 com uma lesão por material perfurocortante na região do abdômen.
Ele foi atendido na urgência, passou por um exame de ultrassonografia e agora está no
centro cirúrgico".
794
Bolsonaro é o primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto (
http://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/09/05/pesquisaibopepresidente-59-bolsonaro-lula-haddad-marina-alckmin-ciro.htm ) para a
Presidência.
Segundo um de seus filhos, o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o
presidenciável "sofreu um atentado" com "uma estocada com faca na região do
abdômen", e passa bem. De acordo com o parlamentar, o ferimento "foi apenas
superficial".
Em publicação no Twitter (
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/09/06/santa-casadejuiz-de-fora-mg-confirma-lesao-e-cirurgia-em-bolsonaro.htm ), horas depois, Flávio
disse que o estado do candidato "é mais grave" do que se pensava. "A perfuração
atingiu parte do fígado, do pulmão e da alça do intestino. Perdeu muito sangue,
chegou no hospital com pressão de 10/3, quase morto... Seu estado agora parece
estabilizado", declarou Flávio.
A Polícia Militar de Juiz de Fora confirmou que o esfaqueamento aconteceu na rua
Halfeld, no centro da cidade. Um homem suspeito do crime foi preso em flagrante e
levado para a superintendência da Polícia Federal na cidade mineira para prestar
esclarecimentos.
Segundo a Polícia Civil mineira, o agressor é Adélio Bispo de Oliveira. Ainda de acordo
com a polícia, o suspeito ainda não prestou depoimento.
Em imagens divulgadas em redes sociais, o deputado federal aparece sendo carregado
por outros homens durante o ato de campanha. Depois de ser atacado, enquanto está
no meio de apoiadores, Bolsonaro faz expressão de dor.
O superintendente de Investigação e Polícia Judiciária da polícia Civil de Minas Gerais,
Carlos Capristrano, disse que os policiais tiveram dificuldade em retirar o suspeito do
crime do local porque apoiadores de Bolsonaro tentavam agredi-lo.
"A informação que obtive do local é que a polícia teve dificuldades em tirar o suspeito
da área porque muitos apoiadores queriam linchar o rapaz", afirmou o delegado.
Mais cedo, o próprio deputado federal falou sobre o seu "aparato de segurança".
"Todos que estão comigo são da Polícia Federal e são voluntários. Até vocês que não
integram ou nunca integraram forças de segurança, como civis, colaboram nesse
795
momento porque os senhores querem em grande parte ver mudar o nosso Brasil",
declarou, a apoiadores.
Desde o fim de julho, Bolsonaro é escoltado diariamente por uma equipe da Polícia
Federal, garantia concedida aos candidatos à Presidência da República. A Polícia
Federal informou que está apurando a ocorrência do fato.
Testemunha viu homem de casaco preto
A ativista Roberta Lopes Alves, do movimento Direita Minas, estava no ato de
campanha –que transcorria pelo calçadão da rua Halfeld e seguiria até a Praça da
Estação, onde Bolsonaro participaria de um comício.
De acordo com ela, um homem de casaco preto se aproximou e atingiu o abdome do
candidato. Na sequência, relatou, ele quase foi linchado por populares.
"Ele [Bolsonaro] está fora de perigo, mas ainda estamos aguardando informações
completas sobre o quadro de saúde. Estava muito cheio e havia muito barulho; não
deu para ouvir se a pessoa que o atacou disse algo. Quando o pessoal percebeu o que
aconteceu, quase linchou o agressor, mas a Polícia Federal o levou", disse.
"Estamos em choque, muito transtornados. É como se atingisse alguém da minha
família – e na hora, a ficha não caiu direito. Estou imensamente triste por ele passar
por isso", afirmou a ativista.
Candidato já usou colete à prova de balas
No seu primeiro ato público desde o início oficial da campanha, em Presidente
Prudente (SP), no dia 22 do mês passado, a reportagem do UOL flagrou o candidato
vestindo um colete à prova de balas, cercado de seguranças (
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/08/23/bolsonaroabr
e-campanha-em-sp-e-veste-colete-a-prova-de-balas.htm ). A peça foi utilizada por ele
em outras duas viagens desde então, em Rondônia e no Acre.
Presidente em exercício do PSL e um dos mais próximos aliados do deputado federal, o
advogado Gustavo Bebianno disse à reportagem que, entre os candidatos, Bolsonaro
"está em nível 1 [máximo] de risco".
796
No mês passado, o próprio candidato foi questionado sobre a preocupação com a
segurança e disse que é orientado a seguir certos ritos. "Obedeço e acima de tudo não
revelo o que acontece no tocante à minha insegurança, pela minha segurança",
declarou.
[A matéria traz um vídeo do momento do ataque...]
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/09/06/bolsonaroem-juiz-de-fora.htm
BOLSONARO É ESFAQUEADO DURANTE ATO DE CAMPANHA EM JUIZ DE FORA.
CANDIDATO PARTICIPAVA DE PASSEATA EM JUIZ DE FORA QUANDO FOI ATINGIDO
POR HOMEM DE 40 ANOS. A FACADA CAUSOU LESÃO NO ABDÔMEN, SEGUNDO O
HOSPITAL ONDE ELE É OPERADO
Rodolfo Borges, Gil Alessi, Heloísa Mendonça e Afonso Benites, El País, 06 de setembro
de 2018
[Vídeo do momento em que Bolsonaro foi esfaqueado...]
O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) foi vítima de um ataque enquanto fazia
campanha pela presidência da República em Juiz de Fora (MG). A Santa Casa de Juiz de
Fora, para onde Bolsonaro foi levado após receber uma facada, informou que "o
paciente Jair Messias Bolsonaro deu entrada no hospital por volta das 15h40 com uma
lesão por material perfurocortante na região do abdômen". "Ele foi atendido na
urgência, passou por um exame de ultrassonografia e agora está no Centro Cirúrgico",
diz a nota. O incidente ocorre no dia seguinte à publicação pesquisa que confirmava a
liderança do deputado na corrida presidencial sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e em meio a uma campanha tensa, que já tinha registrado gestos de agressão
durante a caravana pré-eleitoral de Lula, em março.
Um dos filhos de Bolsonaro, Flávio, que é candidato ao Senado, disse em seu perfil no
Twitter que "Infelizmente foi mais grave que esperávamos". "A perfuração atingiu
parte do fígado, do pulmão e da alça do intestino. Perdeu muito sangue, chegou no
hospital com pressão de 10/3, quase morto... Seu estado agora parece estabilizado.
Orem, por favor!", publicou Flávio. Apoiador de Bolsonaro, o deputado Fernando
Francischini (PSL-PR) publicou uma foto do candidato à presidência na mesa de cirurgia
com a mensagem "O Capitão está vivo e passará para a história!". Ao EL PAÍS,
797
Francischini disse que “está na cara que foi um crime político". "Como líder do nosso
partido na Câmara, vou encaminhar um requerimento para a Polícia Federal investigar
se havia mandante ou se esse militante de esquerda agiu sozinho. Ele já foi filiado ao
PSOL e agiu da pior maneira possível”. Francischini não estava em Juiz de Fora nesta
quinta-feira, mas está a caminho da cidade
O agressor foi identificado como Adélio Bispo de Oliveira, de 40 anos, e, de acordo
com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi filiado ao PSOL de 2007 a 2014. Segundo a
Polícia Federal, "o agressor foi preso em flagrante e conduzido para a Delegacia da PF
naquele município". Foi instaurado inquérito policial para apurar as circunstâncias do
fato. A Polícia Federal informou ainda que que Bolsonaro "contava com a escolta de
policiais federais quando foi atingido por uma faca durante um ato público na cidade
de Juiz de Fora/MG".
[Postagem de twitter...]
Logo após o incidente, vídeos circularam pelas redes sociais mostrando mais de um
ângulo do ataque. Pelos registros, é possível ver o momento em que Bolsonaro, que
era carregado por apoiadores, contrai o corpo ao ser atingido no abdômen. Também é
possível ver uma lâmina se afastar do corpo do candidato à presidência. Na sequência,
o autor da facada é identificado pelos apoiadores do deputado, que o seguram e o
agridem com murros.
Em sua página do Facebook, Adélio Bispo de Oliveira fazia comentários críticos a
Bolsonaro e chegou a elogiar o presidente venezuelano Nicolás Maduro. “Dá nojo só
de ouvir (...) dizer que a ditadura deveria ter matado pelos uns 30.000 comunistas”,
escreveu Oliveira após postar um vídeo com entrevista do presidenciável do PSL
realizada em data desconhecida. Bispo também usava a rede social para criticar o que
chama de “direita maçônica”. “Na maçonaria a maior parte dos maçons não passam do
terceiro grau, servindo de capachos para os mais graduados, e para lhes satisfazer
certas vaidades e serviços exclusos”. Segundo fotos postadas em seu perfil, ele teria
ido a ao menos um ato contra o presidente Michel Temer.
Repercussão
A notícia do ataque refletiu no mercado financeiro. A partir das 16h10, a Bolsa de
Valores de São Paulo, que operava em queda durante todo o dia, começou a subir. O
principal índice do mercado, Ibovespa, fechou o dia em alta de 1,76% e o dólar caiu
798
1%. Segundo analistas consultados pelo EL PAÍS, isso não significa, no entanto, que o
mercado financeiro endosse Bolsonaro ou se posicione contra ele. O presidente Michel
Temer criticou a intolerância que tem pautado a campanha. "A Polícia Federal e a
polícia local já estão trabalhando nessa matéria, foi agora há pouco. Mas isso revela
algo que devemos nos conscientizar. É intolerável num Estado democrático de direito
que não haja a possibilidade de uma campanha tranquila, que uma campanha que as
pessoas vão e apresentem seus projetos", disse Temer durante cerimônia no Palácio
do Planalto.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou nota para repudiar o "ato de
violência praticado contra o candidato Jair Bolsonaro". "A democracia não comporta
esse tipo de situação. A realização das eleições em ambiente saudável depende da
serenidade das instituições e militantes políticos. O processo eleitoral não pode ser
usado para enfraquecer a democracia", diz na nota Claudio Lamachia, presidente
nacional da OAB. "Neste momento, cabe a reflexão a respeito do momento marcado
por extremismos, por discursos de ódio e apologia à violência. Tudo isso apenas
estimula mais violência, numa situação que prejudica a todos. A OAB acompanha
atenta o desdobramento desse fato. É preciso que todas as forças políticas possam
participar do pleito e que os eleitores tenham assegurado o direito à livre escolha",
finaliza o presidente do OAB.
Os outros candidatos à presidência se manifestaram sobre o incidente. “Eu repudio
todo e qualquer ato de violência. Por isso a violência nunca deve ser estimulada. Eu
não estimulo”, disse o senador Alvaro Dias (Podemos-PR). O candidato do Novo, João
Amoêdo, disse que "é lamentável e inaceitável o que aconteceu há pouco com o
candidato Jair Bolsonaro". "Independentemente de divergências políticas, não é
possível aceitar nenhum ato de violência. O Brasil lutou muito para voltar à
democracia e a ter eleições limpas e livres. A violência não pode colocar essas
conquistas em risco. Que o agressor sofra as devidas punições. Meus votos de
melhoras para o candidato", completou.
Atualmente candidato a vice-presidente da chapa do PT à presidência, o ex-prefeito
Fernando Haddad publicou em seu perfil no Twitter que repudia "totalmente qualquer
ato de violência" e deseja "pronto restabelecimento a Jair Bolsonaro". A ex-ministra
Marina Silva (Rede) escreveu que "a violência contra o candidato Jair Bolsonaro é
inadmissível e configura um duplo atentado: contra sua integridade física e contra a
democracia". "Neste momento difícil que atravessa o Brasil, é preciso zelar com rigor
pela defesa da vida humana e pela defesa da vida democrática e institucional do nosso
País. Este atentado deve ser investigado e punido com todo rigor. A sociedade deve
refutar energicamente qualquer uso da violência como manifestação política",
completa Marina.
799
Colaborou Regiane Oliveira.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/06/politica/1536262864_321361.html
ATAQUE REFORÇA APOIO A BOLSONARO, MAS GERA DÚVIDA SOBRE RADICALIZAÇÃO.
ATENTADO INÉDITO PODE CAUSAR REFLUXO OU AUMENTAR EXTREMISMO, CRIANDO
INCERTEZAS NA CAMPANHA
Igor Gielow, Folha/Uol, 06 de setembro de 2018
O atentado contra Jair Bolsonaro (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/bolsonarointerrompe-ato-decampanha-apos-ser-esfaqueado.shtml ), ato inédito em campanhas presidenciais
desde a redemocratização, insere um elemento de imprevisibilidade na já turbulenta
disputa pelo Palácio do Planalto
O presidenciável, se sobreviver às sequelas do grave ataque, tende a ser beneficiado
politicamente pelo episódio. No mínimo, ficará difícil para seus adversários manterem
o ritmo diário de críticas contra ele.
Mas há alguns fatores concorrendo contra a expansão dessa simpatia para além de sua
base de apoio, hoje cristalizada nos cerca de 15% do eleitorado que declaram voto
nele ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/lula-chega-a-39-apontadatafolhasem-ele-bolsonaro-lidera.shtml )espontaneamente (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/lula-chega-a39-aponta-datafolha-semele-bolsonaro-lidera.shtml ).
O primeiro diz respeito à autoria do ataque. O suspeito de ter esfaqueado o deputado
foi filiado ao PSOL e, segundo relatos disponíveis, parece desequilibrado.
Alguma conta política cairá para o partido de Guilherme Boulos. Não que isso vá piorar
ou melhorar seu desempenho de nanico, mas poderá alimentar o impacto mais
importante: na radicalização já em curso no país.
A primeira reação dos bolsonaristas foi previsivelmente exacerbada, reforçada pela
associação à esquerda do agressor. Membros da cúpula militar, reunidos em Brasília,
avaliavam conversar com o núcleo familiar da campanha para pedir moderação.
800
O atentado é o zênite do processo de polarização extrema que toma conta do país
desde os protestos de junho de 2013.
Naquele momento, forças desorganizadas da sociedade explodiram em
descontentamento com o rumo da gestão pública, e a franja à direita que
desenvolveu-se a partir dali ganhou corpo com as manifestações de rua pelo
impeachment de Dilma Rousseff em 2015 e 2016.
Historicamente eleitora do PSDB, essa fatia da população passou a ser fomentadora da
figura de Bolsonaro. Se aqueles processos não produziram cadáveres, o extremismo do
processo político literalmente feriu o líder das pesquisas eleitorais.
Poderá isso gerar um refluxo, uma rejeição à defesa desses extremos associada ao
processo de formação da candidatura de Bolsonaro?
Ele disputa surfando uma onda de indignação contra o sistema político,
independentemente de ser parte dele.
Para complicar o cenário, a retórica bolsonarista invariavelmente apela a metáforas
violentas. Compara o combate ao crime ideal a uma política de extermínio de
bandidos.
Além de sempre associar-se ao simbolismo das armas, Bolsonaro até teve de se
explicar à Procuradoria-Geral da República por ter dito que gostaria de “metralhar”
petistas.
Nesse sentido, é inconveniente ironia que um candidato que defende armar a
população para garantir a segurança pública ter sido alvejado de forma quase fatal por
uma prosaica faca de cozinha.
Obviamente, isso não é justificativa para violência alguma, como muitos já insinuam
em redes sociais. Mas é central para ajudar a entender o caldo cultural em que a
campanha eleitoral se desenrola.
É possível especular se o ato extremo poderá levar a um desejo por apaziguamento de
ânimos no país.
Mas o exato reverso também é uma possibilidade, talvez até maior. Ou seja, a
agudização do ambiente de crise, com os clamores dos aliados de Bolsonaro, mas não
só.
801
Na internet, por exemplo, já circulavam teorias conspiratórias sugerindo que o ataque
poderia ser uma armação visando dar um empurrão eleitoral a Bolsonaro. O fato de o
deputado quase ter morrido exangue, pelo relato médico disponível, é mero detalhe
para quem propaga esse tipo de informação.
Esse cenário de aumento de agressividade só tem paralelo histórico recente com os
enfrentamentos entre brizolistas e colloridos no primeiro turno de 1989.
O problema, aqui, é que o patamar da crise é infinitamente maior de saída. As
investigações sobre o caso deverão ser fundamentais para aclarar o cenário e trazer
algum grau de racionalidade.
País que teve seu primeiro presidente civil em 21 anos morto antes de tomar posse, o
Brasil parece fadado a lances dramáticos. Em 2014, a morte de Eduardo (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/pf-descarta-motivacao-criminosa-emqueda-de-aviao-decampos.shtml ) Campos (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/pf-descarta-motivacao-criminosa-emquedade-aviao-de-campos.shtml ) (PSB) em um acidente de avião quase catapultou
sua então vice, Marina Silva, à Presidência.
Se analistas achavam difícil este 2018 ser superado em termos de nebulosidade
eleitoral, o atentado apenas prova que no fundo de todo poço sempre reside um
alçapão.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/ataque-reforca-apoio-a-bolsonaromas-gera-duvida-sobre-radicalizacao.shtml
ATENTADO CONTRA BOLSONARO INAUGURA NOVA ETAPA NA VIOLÊNCIA POLÍTICA DO
PAÍS
Leonardo Sakamoto, Blog do Sakamoto/Uo, 06 de setembro de 2018
Com o atentado contra a vida do candidato mais bem colocado na última pesquisa de
intenção de voto (
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/09/05/pesquisaibope
-presidente-59-bolsonaro-lula-haddad-marina-alckmin-ciro.htm ) à Presidência da
República, o Brasil assume a barbárie.
O ataque a Jair Bolsonaro (PSL), em Juiz de Fora (MG), nesta quinta (6), durante um ato
de campanha, é o retrato mais bem acabado da perda de crença nas instituições e nas
802
leis e regras que regem a vida cotidiana. É representativo da ausência de fé na arena
pública como espaço para construção de saídas coletivas. E é assumir que a
aniquilação do outro passa ser um instrumento político válido.
O Brasil sempre matou seus pobres, suas minorias em direitos, seus sem-terra e semteto, seus trabalhadores rurais, seus ativistas, seus jornalistas, seus políticos. Mas um
país que tentar assassinar um presidenciável em praça pública, à luz do dia, de forma
premeditada, deixa claro que não se importa mais com a democracia, nem com nada
daquilo que une sua sociedade.
Quanto tempo um país que executa Marielle Franco (a quinta vereadora mais votada
de nossa segunda maior cidade, voz de várias minorias historicamente
subrepresentadas) e não resolve sua morte levaria para subverter as regras de
civilidade política e tentar matar alguém que pode ser nosso próximo presidente?
Dado a ultrapolarização de setores da direita à esquerda, não muito. A dúvida não era
se, mas até quando figuras como Jair Bolsonaro ou Lula poderiam continuar andando a
pé nas ruas de um país deflagrado sem que nada acontecesse com eles, seja pela ação
de um grupo, seja decisão de um lobo-solitário.
Em março deste ano, veio o primeiro aviso, com o ataque a tiros aos ônibus da
caravana que o ex-presidente realizou na região Sul. Por pura sorte, ninguém ficou
ferido. O veículo que transportava parte dos jornalistas ficou com buracos de bala. Em
qualquer lugar minimamente civilizado, todas as autoridades e representantes
políticos, independentemente de sua orientação ideológica, teriam repudiado o
ataque e exigido investigação urgente. Porque foi um ataque a tiros contra um expresidente e, até então, pré-candidato à Presidência da República, mesmo que os
agressores tenham errado o ônibus em que ele estava. Mas, por aqui, isso foi
relativizado, minimizado, comemorado. Ou seja, asfaltamos o caminho para o passo
seguinte.
Uma coisa é protestar contra candidatos e suas propostas para o país. Ou mesmo
exigir que enfrentem a Justiça e sejam punidos, conforme a lei, por eventuais crimes
cometidos. Outra coisa é tentar assassinar representantes políticos e, com isso, calar
aqueles que eles representam. Esse limite entre civilização e barbárie estava sendo
posto à prova repetidas vezes. E, agora, voltou a se romper.
Neste momento, levas de militantes anti-Bolsonaro, elaboram suas teorias da
conspiração nas redes sociais, lutando para tirar a importância do que aconteceu.
Chamam o atentado de fraude, tachando de falsos os boletins médicos que dão conta
da operação pela qual o candidato teve que passar. Buscam formas de mostrar que ele
803
não foi atingido. Questionados, dizem que parte dos militantes bolsonaristas fizeram a
mesma coisa no atentado à caravana em março – o que é verdade, mas não justifica.
Pois, com o olho por olho, ficaremos todos cegos ao final.
Mas quem são os ''monstros'' que fazem boa parte dessas ações? São apenas doidos
perdidos na multidão? Adelio Bispo de Oliveira, de 40 anos, preso em flagrante após
esfaquear o candidato afirmou – segundo policiais federais – que estava cumprindo
uma ''ordem de Deus'' ( https://piaui.folha.uol.com.br/aposesfaquear-bolsonaroagressor-dizia-cumprir-ordem-dedeus/?doing_wp_cron=1536267996.1590080261230468750000 ). Seu perfil pessoal
no Facebook está repleto de conteúdo contra o candidato, contra a maçonaria, elogios
ao comunismo e muitas teorias conspiratórias, um verdadeiro saco de gatos
ideológico, indicando desequilíbrio. Não é possível ainda afirmar que ele conta com
algum grau de insanidade, mas certamente se alimentou da ultrapolarização na qual
está mergulhado o país.
Em ''Eichmann em Jerusalém – Um relato sobre a banalidade do mal'', a filósofa Hanna
Arendt conta a história da captura do carrasco nazista Adolf Eichmann, na Argentina,
por agentes israelenses, e seu consequente julgamento. Ela, judia e alemã, chegou a
ficar presa em um campo de concentração antes de conseguir fugir para os Estados
Unidos durante a Segunda Guerra Mundial.
Ao contrário da descrição de um demônio que todos esperavam em seus relatos,
originalmente produzidos para a revista New Yorker, o que ela viu foi um funcionário
público medíocre e carreirista, que não refletia sobre suas ações e atividades e que
repetia clichês. Ele não possuía história de preconceito aos judeus e não apresentava
distúrbios mentais ou caráter doentio. Agia acreditando que, se cumprisse as ordens
que lhe fossem dadas, ascenderia na carreira e seria reconhecido entre seus pares por
isso. Cumpria ordens com eficiência, sendo um bom burocrata, sem refletir sobre o
mal que elas causavam.
A autora não quis com o texto, que acabou lhe rendendo ameaças, suavizar os
resultados da ação de Eichmann, mas entendê-lo em um contexto maior. Ele não era o
mal encarnado. Seria fácil pensar assim, aliás. Mas explicar que a maldade foi
construída aos poucos, por influência de pessoas e diante da falta de crítica, ocupando
espaço quando as instituições politicamente permitiram. O vazio de pensamento é o
ambiente em que o ''mal'' se aconchega, abrindo espaço para a banalização da
violência.
Já tratei desse livro aqui, mas achei que era pertinente trazer novamente. É assustador
saber que alguém visto como ''normal'' e ''comum'' no dia a dia pode ser capaz, nos
804
contextos histórico, político e institucional apropriados, tornar-se o que
convencionamos chamar de monstro. Ou seja, os monstros são nossos vizinhos –
aquela que empina pipa com sua filha, aquele que faz um ótimo churrasco, aquele que
adora cuidar de roseiras. Ou podemos ser nós mesmos.
Como sempre digo, líderes políticos, sociais ou religiosos afirmam que não incitam a
violência através de suas palavras. Porém, se não são suas mãos que seguram o
revólver, é a sobreposição de seus argumentos e a escolha que fazem das palavras ao
longo do tempo que distorce a visão de mundo de seus seguidores e torna o ato de
atirar banal. Ou, melhor dizendo, “necessário”. Suas ações e regras redefinem o que é
aceitável, visão que depois será consumida e praticada por terceiros.
Estes acreditarão estarem fazendo o certo, praticamente em uma missão divina.
Os envolvidos nesses casos colocam em prática o que leem todos os dias na rede e
absorvem em outras mídias: que seus adversários político e ideológico são a corja da
sociedade e agem para corromper os valores, tornar a vida dos outros um inferno e a
cidade, um lixo. Seres descartáveis, que vivem na penumbra e nos ameaçam com sua
existência, que não se encaixa nos padrões estabelecidos do bem.
Como dialogar com quem acha normal matar por ideias? O que fazer quando um ato,
que pode ser de loucura, tem origem estrutural?
Independentemente da estratégia, ela começa com paciência e vai demandar muita
resistência. Porque a barbárie não pode prevalecer.
Discordo frontalmente das ideias de Jair Bolsonaro, mas ele não deveria ser impedido
de falar, afinal a liberdade de expressão não aceita censura prévia, mas prevê a
responsabilização judicial posterior. Pois a partir do momento em que a política se
torna proibida e é recebida à faca, a sociedade é ferida de morte.
Torço por uma rápida e total recuperação do candidato e pela punição do responsável
por esse crime. Mas torço também para que o país não transforme o ataque em
gatilho para aprofundar a guerra que trava contra si mesmo. Porque, se assim for, não
sobrará muita coisa após outubro.
A discussão não é entre direita e esquerda, mas entre civilização e barbárie. E, antes
que seja tarde demais, deve ser tratada de frente pela política, pela sociedade. Porque,
dependendo do que aconteça, não são apenas mortos e saudades que deixaremos
pelo caminho. Mas nosso futuro .
805
Leonardo Sakamoto. É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São
Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e o desrespeito aos direitos
humanos no Brasil. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do
Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de
Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil e conselheiro do
Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão.
https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2018/09/06/atentado-contrabolsonaro-inaugura-nova-etapa-na-violencia-politica-do-pais/
O BRASIL SE AFOGA EM UM MAR DE BÍLIS. NEGOCIAÇÃO E DIÁLOGO SÃO OS ÚNICOS
MEIOS PARA O PAÍS COMEÇAR A SAIR DO BURACO EM QUE CAIU
Clóvis Rossi, Folha/Uol, 07 de setembro de 2018
Do jeito que vão as coisas, o Brasil vai acabar se afogando em um mar de bílis. O
ataque a Jair Bolsonaro ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/bolsonaroleva-facadadurante-ato-de-campanha-em-juiz-de-fora.shtml ) é a mais recente —e
talvez a mais grave evidência— de que o ódio impregnou de tal maneira partes
substanciais da sociedade que qualquer hipótese de conciliação se torna perto de
impossível.
Não é porque Bolsonaro foi a vítima que deixa de ser também responsável por essa
maré montante de ódio. Quem, como ele, sugere “metralhar” petistas está semeando
a intolerância. Não estou dizendo que haja uma relação de causa e efeito entre a frase
do candidato e o ataque a ele. Seria estúpido dizer que a culpa pelo atentado é da
vítima.
Não é isso. O que existe é um ambiente de radicalização horroroso pelo qual todos os
partidos são de alguma forma responsáveis.
Pode até ser que o criminoso (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/suspeito-de-esfaquearbolsonaro-foifiliado-ao-psol.shtml ) não tenha sido movido pela política (o fato de ter sido militante
do PSOL entre 2007 e 2014, não quer dizer que o partido é responsável).
Pode ter sido um ato insano, mas é óbvio que o ambiente de ódio de que o Brasil foi se
impregnando mais e mais aplaina o caminho para insanidades.
806
O que assusta, nesse ambiente, é que se abandona a evidência de que a política não
pode ser feita com o fígado, o que é de uma obviedade imensa, mas perdida no
caminho. Não há outro meio para pelo menos começar a sair do buraco em que o país
caiu a não ser a negociação e o diálogo.
Dois fatos para demonstrar essa necessidade: primeiro, a reforma da Previdência, que
a maioria considera indispensável, embora haja discordâncias sobre a maneira de fazêla. Se líderes autocráticos como Vladimir Putin e Daniel Ortega não conseguiram fazer
as reformas que anunciaram, como é que a democracia brasileira a fará sem um
diálogo franco, honesto e desarmado?
Segundo, não há no Brasil uma maioria política capaz de impor suas posições. Basta
lembrar que nem mesmo no segundo turno das eleições mais recentes (2002, 2006,
2010 e 2014) houve maioria absoluta do eleitorado a favor do presidente afinal eleito.
Houve apenas maioria absoluta dos votos válidos, o que está longe de representar a
maioria do eleitorado.
Logo ou há diálogo e negociação entre as parcelas majoritária e minoritárias ou o mar
de bílis se transformará em um tsunami.
Clóvis Rossi. Repórter especial, membro do Conselho Editorial da Folha e vencedor do
prêmio Maria Moors Cabot.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/2018/09/o-brasil-se-afoga-em-ummar-de-bilis.shtml
ATAQUE A BOLSONARO EXPÕE FACE VIOLENTA DA POLARIZAÇÃO NO BRASIL,
AFIRMAM ANALISTAS
Mariana Schreiber, BBC News Brasil, 07 de setembro de 2018
O ataque ao candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) - esfaqueado nesta quintafeira durante um ato de campanha em Minas Gerais - é reflexo de uma escalada de
violência no discurso político brasileiro que tem se agravado desde a eleição de 2014,
avaliam cientistas políticos ouvidos pela BBC News Brasil.
Eles destacam o ineditismo de uma agressão dessa gravidade a um candidato
presidencial na história brasileira e lamentam que lideranças de diferentes partidos
807
tenham acirrado o discurso contra seus adversários nos últimos anos, alimentando a
intolerância.
Há quatro anos, a então presidente Dilma Rousseff (PT) venceu Aécio Neves (PSDB) no
segundo turno por apertada diferença, em uma campanha marcada por agressões de
ambos os lados. A polarização se acentuou após o resultado com a divisão da
sociedade em torno do processo de impeachment da petista.
"A campanha de 2014 já foi extremamente violenta na retórica dos candidatos. E, às
vezes, essa retórica violenta ultrapassa a retórica e chega às ruas. Refletir sobre isso é
indispensável", afirma o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas
(FGV) Marco Antônio Carvalho Teixeira.
Para Rafael Cortez, cientista político da Tendências, o aumento da violência na retórica
política é sintoma de um movimento mais amplo de fragilização da confiança na
democracia. Ele cita como episódios que alimentaram esse processo os
questionamentos sobre o resultado da eleição levantados pelo PSDB na Justiça
eleitoral após a derrota de 2014, os ataques do PT ao sistema judiciário, os bate-bocas
entre ministros do Supremo Tribunal Federal e o controverso processo de
impeachment.
"O ataque ao Bolsonaro parece ter sido realizado por um homem desequlibrado, sem
uma articulação política por trás, mas não é um ato isolado. Pode ser visto como
resultado de um processo longo de radicalização, alimentado pelas lideranças
políticas", acredita.
Carlos Melo, cientista político do Insper, também considera que a violência na eleição
deste ano tem "raízes" no agravamento da polarização entre os brasileiros nos últimos
quatro anos.
"A gente vem num crescente de violência desde a campanha de 2014. A coisa começa
com o nós contra eles, petralhas e tucanalhas, coxinhas e mortadelas, a
desqualificação pessoal do adversário: um momento vai parar na rua", lamenta.
"Ao que tudo indica, foi um sujeito desajustado (que atacou Bolsonaro), não foi uma
briga de torcidas ainda, mas precisa ter freio esse tipo de coisa", ressalta.
O professor do Insper lembrou outro ato grave acontecido em março, quando a
caravana do ex-presidente Luiz Inácio da Silva foi atingida por tiros em uma estrada do
Paraná e criticou o hoje candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, por não ter
repudiado com veemência o ataque.
808
"Acho que eles (petistas) estão colhendo o que plantaram", disse o tucano na ocasião.
Já a senadora presidente do PT, Gleisi Hoffmann, subiu o tom no início do ano ao
repudiar a possibilidade de Lula ser preso após condenação em segunda instância, o
que acabou ocorrendo em abril.
"Para prender o Lula, vai ter que prender muita gente, mas, mais do que isso, vai ter
que matar gente. Aí, vai ter que matar", declarou em janeiro, dias antes do julgamento
do petista no Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
Bolsonaro, por sua vez, tem instigado a violência contra adversários durante toda sua
trajetória política, declarações que ganham novo peso agora que lidera a corrida
presidencial, com pouco mais de 20% das intenções de votos.
O candidato do PSL já defendeu, em 2000, que o então presidente Fernando Henrique
Cardoso deveria ser fuzilado. Já no último sábado, durante campanha em Rio Branco,
voltou a usar o verbo contra petistas: "Vamos fuzilar a petralhada toda aqui do Acre!".
Após o atentado contra Bolsonaro nesta quinta, porém, as principais lideranças
políticas foram unânimes em repudiar o ato, sinalizando para uma possível moderação
da radicalização.
Como fica a corrida eleitoral?
O impacto do episódio sobre a já incerta corrida eleitoral deste ano não está claro. Não
se sabe ainda por quanto tempo Bolsonaro ficará impedido de realizar atos de
campanha e participar de debates entre os candidatos.
Para Carlos Melo, do Insper, é possível que a comoção em torno do ataque favoreça
Bolsonaro em um primeiro momento. Por outro lado, destaca, o eleitorado pode ficar
mais crítico ao seu discurso agressivo.
Na avaliação de Rafael Cortez, o episódio não deve provocar um aumento significativo
nas intenções de voto no candidato do PSL, mas pode contribuir para consolidar o
apoio que ele tem hoje, evitando a esperada "desidratação" do seu eleitorado com
início da campanha eleitoral em rádio e televisão (em que ele tem um espaço mínimo
de exposição).
809
Diante do atentado, o candidato com maior tempo de propaganda eleitoral, Geraldo
Alckmin, será obrigado a rever sua estratégia de fortes ataques a Bolsonaro, ressalta.
Se mantiver seu patamar atual, de 22% das intenções de voto segundo a última
pesquisa Ibope, as chances de Bolsonaro chegar ao segundo turno são altas.
"Esse ataque pode colocar o Bolsonaro no local de vítima, causando uma reação dos
seu apoiadores parecida com a que ocorre com parte dos defensores de Lula, que vê o
petista como perseguido político", analisa o cientista político da Tendências.
Mesmo condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Lula aparecia nas
pesquisas eleitorais com quase 40% de preferência do eleitorado, mas foi declarado
inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na semana passada. A expectativa é
que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad seja anunciado como seu substituto
pelo PT até terça-feira.
Para Cortez, o atentado contra Bolsonaro pode atrapalhar a transferência de votos do
ex-presidente para Haddad caso haja uma percepção de que o ataque partiu de
alguém de esquerda, simpatizante do PT. As primeiras informações apuradas pela
Polícia Federal, no entanto, não indicam qualquer ligação do suspeito com o partido de
Lula.
Adélio Bispo de Oliveira é solteiro, de 40 anos, e morador de Juiz de Fora. Ele foi
filiado ao PSOL entre 2007 e 2014. Suas postagens no Facebook indicam um perfil
político mais à esquerda, porém com alguns elementos contraditórios como apoio à
redução da maioridade penal, tema mais frequentemente defendido pela direita, e
rejeição generalizada a políticos. Ele também criticava a ex-presidente Dilma Rousseff.
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45442944
BOLSONARO ESTABILIZADO. UOL, PÁGINA INICIAL, 06 SET 2018, 21H20MIN
810
Print screen de tela da página inicial do Uol...
Não consegui encontrar indicação do autor da foto...
É possível que não seja foto, mas imagem de vídeo...
Ela reúne, num mesmo quadro, fachada da Riachuelo (de Flávio Rocha, um dos
candidatos da extrema-direita à presidência), pessoas com celulares nas mãos (que
remetem às redes sociais, território onde Bolsonaro e movimentos de extrema-direita
cresceram, ao espalharem notícias falsas e criarem escândalos) e Bolsanaro, camisa da
seleção, ao ser esfaqueado...
Os celulares continuam a captura de imagens para movimentar as redes sociais...
“Não há sangue...”... “Esquerdista, não agiu só, houve planejamento...”...
Das imagens que vi, talvez a que mais mobilize o pensamento, ao explorar sentidos,
memórias do que estamos vivendo...
O adjetivo “estabilizado” também leva a pensar sobre o que é Bolsonaro em nossa
sociedade...
BRÉSIL : LE NAUFRAGE D’UNE NATION
Editorial do Le Monde, 08 de setembro de 2018
811
Editorial. Après l’agression du candidat d’extrême droite Jair Bolsonaro, la campagne
présidentielle risque de se radicaliser dans un pays qui semble avoir perdu le contrôle
de son destin.
A un mois de l’élection présidentielle, la tentative d’assassinat visant, jeudi 6
septembre, le candidat d’extrême droite Jair Bolsonaro fait peser une nouvelle menace
sur la jeune démocratie brésilienne. Immédiatement et unanimement condamnée,
cette agression commise par un personnage présenté comme déséquilibré témoigne
du climat extrêmement tendu qui prévaut actuellement. Depuis la destitution
(impeachment)controversée de la présidente de gauche Dilma Rousseff, en 2016, le
pays semble avoir perdu le contrôle de son destin.
Lire aussi : Au Brésil, une campagne électorale bouleversée par l’agression du
candidat d’extrême droite
Tout y contribue. Une société qui se sent abandonnée. Les balles perdues qui fauchent
les enfants des quartiers populaires aux mains des gangs. Des représentants de la
société civile assassinés en plein jour. Une classe politique aussi affligeante que
vieillissante, minée par la corruption. Dans ce contexte délétère, l’incendie qui a
ravagé le Musée national de Rio, le 2 septembre, est apparu comme le symbole de
l’incurie de l’Etat. Certains parlent du suicide d’une nation. Cela en a tout l’air.
Le pays était au bord de la révolte en juin 2013. Il est aujourd’hui totalement
déboussolé. Les Brésiliens se cherchent un chef capable, espèrent-ils, de redonner au
pays sa splendeur perdue. Les uns le voient en Jair Bolsonaro, ce militaire de réserve
au discours hargneux et provocateur. Les autres continuent à s’en remettre à l’ancien
président Luiz Inacio Lula da Silva, emprisonné pour corruption. Tous deux sont en tête
des sondages. Aucun d’eux, désormais, ne peut faire campagne.
Il est trop tôt pour évaluer les conséquences politiques de l’agression subie par le
candidat d’extrême droite. Mais, à l’instar de la gauche, chérissant un Lula comparé à «
un prisonnier politique », l’extrême droite a maintenant son martyr. Et, à en croire le
fils de Jair Bolsonaro, Flavio, ce statut serait à même de propulser son père « plus fort
que jamais » à la fonction suprême dès le premier tour de l’élection.
Sortir le pays d’une crise politique, morale et institutionnelle
L’hypothèse est sans doute exagérée. Mais la commotion nationale provoquée par
cette attaque indigne d’une démocratie devrait porter le candidat dans les sondages.
La seule force du drame occulte les débats, les échanges d’idées, les nécessaires
propositions pour sortir le pays d’une crise politique, morale et institutionnelle. Un
812
séjour prolongé à l’hôpital épargnerait à Jair Bolsonaro toute confrontation télévisée
et lui permettrait de contrôler son message par le biais de ses vidéos de téléphone
portable et de ses publications sur les réseaux sociaux.
La campagne présidentielle était déjà violente. On peut craindre qu’elle se radicalise
davantage encore. Il y a six mois, la caravane de l’ancien président Lula a été criblée de
balles. Après son incarcération, en avril, un militant venu le soutenir a été blessé par
des tirs. Puis ce furent les mots incendiaires de Jair Bolsonaro appelant, lors d’un de
ses meetings, à fusiller les « petralhas », autre nom donné aux militants du parti des
travailleurs (PT, gauche) de Lula. L’agression au couteau contre le candidat d’extrême
droite marque une étape supplémentaire dans cette escalade hors de contrôle et fait
mentir l’image de ce « pays cordial » que serait le Brésil.
Il reste à espérer que cet épisode dramatique opère comme un électrochoc. Et qu’il
incite l’ensemble de la société brésilienne à trouver une solution démocratique à
l’ensemble de ses maux. A ce stade, hélas ! cela semble relever du vœu pieux.
https://www.lemonde.fr/idees/article/2018/09/08/bresil-le-naufrage-d-unenation_5352184_3232.html
ALCKMIN DIZ QUE IDEOLOGIA DE GÊNERO É DISCUSSÃO PARA FAMÍLIA, NÃO ESCOLA
Luciana Amaral, Uol, 11 de setembro de 2018
O candidato à Presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin (
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/candidatos/geraldo-alckmin-psdb/
), disse nesta terça-feira (11) durante sabatina de UOL, Folha de S. Paulo e SBT que a
ideologia de gênero é assunto que deve ser discutido entre a família, não
necessariamente nas escolas.
"Em princípio, eu acho que a questão de ideologia de gênero é a família quem deve
cuidar. Agora, a biologia precisa ser dada em aula. Eu fui professor de biologia muito
tempo", respondeu o candidato ao ser questionado se era a favor a discussão de
gênero em sala de aula.
Ele diz que biologia é uma ciência e, como tanto, os aparelhos reprodutores devem ser
ensinados aos jovens nas aulas, inclusive para a prevenção à gravidez precoce. "Você
precisa explicar, até para prevenir a gravidez indesejada. Não é entrar em questão de
gênero, né?, gay, não é gay. Nada disso. É informação que precisa ter", ressaltou.
813
Indagado sobre o aborto, o candidato disse ser contra a descriminalização, salvo em
casos já previstos pela legislação: feto anencefálico, risco de morte para a mãe e
estupro.
"Agora que o senhor falou da questão de gênero, então, o senhor é contra essa
discussão de gênero na escola?"
Ainda na saúde, o candidato afirmou que, se eleito, pretende reabrir 30 mil leitos
fechados no SUS (Sistema Único de Saúde) e reduzir filas de espera para consultas.
Sobre propostas para pessoas com HIV, Alckmin afirmou apostar em boas campanhas
de prevenção e tratamentos eficazes.
"Educação, instrução, informação e prevenção. É camisinha, é preservativo e cuidado
com a questão de sangue", falou.
Alckmin tem 10% das intenções de voto, diz Datafolha
Geraldo Alckmin é médico, passou pelos cargos de vereador e deputado federal e
assumiu o governo do Estado de São Paulo em 2001, depois da morte de Mario Covas.
Em seguida, Alckmin governou o estado por três mandatos (2003 - 2006, 2010 - 2014 e
2014 - 2018). É a segunda vez que ele se candidata à Presidência da República.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada na segunda-feira (10), o tucano aparece com
10% das intenções de voto. Jair Bolsonaro (PSL) lidera o levantamento com 24%. A
margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Sabatinas e debates
Os presidenciáveis estão sendo entrevistados por jornalistas do UOL, Folha e SBT. Ciro
Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Guilherme Boulos (PSOL) e Alvaro Dias (Podemos) já
foram sabatinados. A ordem das próximas entrevistas previstas, definidas por sorteio,
é a seguinte:
12/9 – Cabo Daciolo (Patriota)
13/9 – Henrique Meirelles (MDB)
14/9 – Jair Bolsonaro (PSL)
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Foram convidados os candidatos dos partidos com representatividade no Congresso
(com ao menos cinco parlamentares), conforme determina a legislação eleitoral.
Como o PT não indicou o substituto na corrida eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, que teve sua candidatura barrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a
sabatina com o presidenciável petista, que estava agendada para 5 de setembro, não
aconteceu.
Vítima de um ataque a faca na última quinta (6), Jair Bolsonaro, que foi submetido a
uma cirurgia e está internado, também não deve participar. Cabo Daciolo, que está em
jejum em um monte, deixou de participar recentemente do debate da TV Gazeta.
UOL, Folha e SBT também realizarão um debate entre os candidatos no dia 26 de
setembro e, em um eventual segundo turno, no dia 17 de outubro. Dividido em três
blocos, o debate terá transmissão ao vivo pela TV aberta e nos sites do UOL e da Folha.
Três jornalistas de cada veículo, assim como nas sabatinas, entrevistarão os
candidatos.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/09/11/alckmin-dizque-ideologia-de-genero-e-discussao-para-familia-nao-escola.htm
SABATINA COM GERALDO ALCKMIN - UOL/FOLHA/SBT - 11/09
Transmitida ao vivo em 11 de setembro de 2018, 10h às 11h da manhã, canal do
YouTube TV Uol, jornalistas Irineu Machado, do UOL, Débora Bergamasco, do SBT, e
Fernando Canzian, da Folha de SP.
https://www.youtube.com/watch?v=2PbDqo0IUFo
PROFISSIONAIS DA VIOLÊNCIA. A REAÇÃO DE MOURÃO, O VICE “FACA NA CAVEIRA” DE
BOLSONARO, APONTA COMO O BRASIL SERÁ GOVERNADO EM CASO DE VITÓRIA DA
CHAPA DE EXTREMA-DIREITA
Eliane Brum, El País, 10 de setembro de 2018
Um trecho do artigo de Eliane Brum, que trata de mais questões, envolvendo as
posturas de Bolsonaro e seu grupo sobre tortura, povos indígenas, gênero, por
exemplo...
815
“Se querem usar a violência, os profissionais da violência somos nós”. A frase é do
general Hamilton Mourão, candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro
(PSL). Foi dita à revista Crusoé, após o ataque à faca contra o candidato na cidade de
Juiz de Fora, em Minas Gerais, em 6 de setembro. É uma frase para se prestar toda
atenção.
Os vices com frequência têm chegado à presidência no Brasil. Mas o mais importante é
o que a declaração nos conta sobre a chapa que, sem Lula, está em primeiro lugar nas
intenções de voto para a disputa presidencial das eleições de outubro. O que significa
um candidato a vice-presidente se anunciar como “nós” e como “profissional da
violência” num momento de tanta gravidade para o Brasil?
Abalado pela brutalidade do episódio, Mourão poderia ter escolhido pelo menos duas
variações que mudariam a intenção: “os profissionais da segurança” ou “os
profissionais da proteção”. Palavras como segurança e proteção levariam à ideia de
amparo e de defesa —e não à ideia de ataque, de retaliação e de confronto. Mas não.
Mourão usou um “nós”— e usou “profissionais da violência”. Ao ser perguntado quem
era o “nós”, o general disse que se referia “aos militares e ao uso da força pelo
Estado”.
Mourão declarou ainda: “Eu não acho, eu tenho certeza: o autor do atentado é do PT”.
No mesmo dia, o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, afirmou ao jornal Folha de S.
Paulo: “A guerra está declarada”.
Mourão trata as Forças Armadas do Brasil como se fossem sua milícia pessoal
É bastante revelador que um general da reserva, hoje político e candidato, se
considere no direito de falar em nome do Estado, em plena campanha eleitoral para se
tornar governo. A declaração de Mourão mostra que ele acredita falar pelos militares,
como se os representasse e os comandasse. E como se os militares fossem uma força
autônoma, uma espécie de milícia de Bolsonaro e de Mourão. E não o que a
Constituição determina: uma instituição do Estado, paga com recursos públicos,
subordinada ao presidente da República.
Ao fazer essa declaração, Mourão trata as Forças Armadas como se fossem a sua
gangue e o país como se fosse a sua caserna. Alguém machucou o meu amigo? Vou ali
chamar a minha turma para descer o cacete. E faz isso na condição de político e de
candidato, como se o processo democrático fosse apenas uma burocracia pela qual é
preciso passar, mas que pode ser atropelada caso se torne inconveniente demais.
816
Mais tarde, Mourão baixaria o tom, segundo ele a pedido do próprio Jair Bolsonaro.
Uma orientação curiosa para um candidato que divulgou uma foto sua na cama do
hospital fazendo com as mãos o sinal de atirar. No dia seguinte à agressão, durante
entrevista à Globo News, o vice de Bolsonaro afirmou que, em caso hipotético de
“anarquia”, pode haver um “autogolpe” do presidente, com o apoio das Forças
Armadas.
Bolsonaro em foto publicada pelo filho nas redes sociais. FLAVIO BOLSONARO AP
Ao comentar a convocação à violência por ele e outras pessoas da campanha, Mourão
afirmou: “Realmente subiu um pouco o tom (no início), mas temos que baixar, porque
não é caso de guerra”. Disse ainda que, se forem eleitos, vão “governar para todos, e
não apenas para pequenos grupos”.
Diante da crise, aquele que quer ser vice-presidente do Brasil bota gasolina na
fogueira que deveria conter
817
As declarações do vice de Bolsonaro no primeiro momento dão pelo menos duas
informações sobre ele que vale a pena registrar. Mourão decide baixar o tom depois
de elevar (muito) o tom. Poderia se pensar se é esse tipo de reação passional que se
espera de um general, uma pessoa numa posição de comando ocupando o posto
máximo da hierarquia do Exército, cujas ordens podem afetar milhares de vidas
humanas. Pela trajetória de Mourão, a dificuldade de agir com racionalidade em
momentos de tensão não parece ter afetado a sua carreira.
Neste momento, porém, Mourão é um político e candidato a vice-presidente. Diante
da crise, representada pela agressão a Bolsonaro, aquele que quer ser vice-presidente
do Brasil explode, confunde o seu lugar e o lugar das Forças Armadas, e bota gasolina
na fogueira que deveria conter. E deveria conter não apenas por ser candidato, mas
por responsabilidade de cidadão.
É importante que Mourão tenha finalmente entendido que não se trata de uma guerra
e tenha parado de encontrar inimigos entre as faces da população. Mas as declarações
irresponsáveis já produziram um efeito cujas consequências são difíceis de prever.
Como ele mesmo lembrou, “há um velho ditado que diz: as palavras, quando saem da
boca, não voltam mais”.
Como governarão, com sua lógica de guerra, na qual o inimigo não é outro exército,
mas a parte da população que discorda deles?
O que Mourão faria com poder real diante das tantas crises que esperam um
governante? Como governará essa dupla, caso eleita, um que invoca mais violência em
palavras e outro que, recém operado após sofrer uma agressão, faz sinal de atirar?
Como governarão, com sua lógica de guerra, na qual o inimigo não é outro exército,
mas a parte da população que discorda deles?
A segunda informação que emerge das declarações é a rapidez e a leviandade com que
Mourão julga e condena. De imediato ele responsabilizou o PT pela agressão à faca.
Não havia —e não há— um único indício de que o autor da facada tenha qualquer
ligação com o PT ou faça parte de um plano do partido. Adelio Bispo de Oliveira afirma
ter agido sozinho e “a mando de Deus”. Declarar publicamente uma “fake news” ou
mentira, num momento de tanta gravidade para o país, também pode ter
consequências imprevisíveis. Não adianta voltar atrás depois de ter afirmado uma
mentira como “certeza” justamente na hora em que os ânimos estavam mais
acirrados.
818
É importante observar como esse protagonista se comporta diante da crise [...].
[...]
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/10/opinion/1536582945_652291.html
GENERAIS INTIMIDAM OS ELEITORES E CHANTAGEIAM A DEMOCRACIA
Mário Magalhães, The Intercept Brasil, 12 de Setembro de 2018
AS MENOS DE 44 horas transcorridas entre as imagens de Jair Bolsonaro esfaqueado
num calçadão e, na UTI hospitalar, encenando atirar com arma de fogo contam um
drama e uma parábola. O drama é o torpe atentado contra o capitão de Artilharia, que
cinco dias antes empunhara um tripé, fingira disparar e bravateara, para gozo da
multidão que o ovacionava: “Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre!” A parábola é a
do sapo e do escorpião.
A narrativa tem variações nos acabamentos, mas a alvenaria é a mesma. Um escorpião
pede para atravessar um lago nas costas de um sapo. O sapo se recusa a dar corona
por recear uma picada assassina. O escorpião alega não saber nadar; não envenenaria
o anfíbio, porque afundaria junto com ele. O sapo coaxa: “Então, tá”. No meio da
travessia, o escorpião o atraiçoa. Agonizando, o sapo pergunta sobre o motivo do
gesto suicida. O escorpião esclarece, antes de se afogar: “Porque é da minha
natureza”.
Candidato a senador no Rio, o deputado estadual Flávio Bolsonaro tuitou na sextafeira, 7 de setembro, um dia depois de seu pai ser ferido em Juiz de Fora: “Jair
Bolsonaro está mais forte do que nunca e pronto para ser eleito presidente do Brasil
no primeiro turno!”.
Na noite do feriado, o general Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro, disse em
entrevista à Globonews que conversara por telefone com o cabeça da chapa. O
candidato a presidente lhe recomendou “moderar o tom”, para “não exacerbar essa
questão que está ocorrendo”.
Sincera ou pragmática, a atitude talvez rendesse votos: a vítima apelaria por
serenidade e tolerância, repeliria a violência. No sábado, a ilusão ruiu, com Flávio
voltando ao Twitter para publicar uma fotografia do pai sentado numa poltrona do
hospital Albert Einstein. O paciente simulou tirotear.
819
A cena colidiu com o recado transmitido por Mourão. Por que Bolsonaro reincidiu na
modulação beligerante? Porque é da sua natureza. Noutras palavras, da verve de Ciro
Gomes, “ele foi ferido na barriga, mas não mudou nada na cabeça”.
Fator Lula
A facada desferida contra Bolsonaro mereceu solidariedade e compaixão, mas não
comoção em larga escala. O Datafolha ouviu 2.804 eleitores anteontem e constatou
que, desde 21 de agosto, o representante da extrema direita oscilou de 22% para 24%
da preferência, sem romper a margem de erro de dois pontos. Sua rejeição passou de
39% para 43%, muito além do índice de Marina Silva, que vem atrás com 29%.
Há empate quádruplo no segundo lugar da intenção de votos: Ciro Gomes, 13%
(cresceu 3 pontos); Marina, 11% (despencou 5); Geraldo Alckmin, 10% (oscilou 1 para
cima); e Fernando Haddad, 9%, (mais 5).
A morte do candidato Eduardo Campos foi sucedida em 2014 pela ascensão de sua
antiga vice, Marina. Ferido, Bolsonaro patinou no Datafolha. Ele mantém eleitorado
fidelíssimo, mas não o expande. Em nova evidência de que é candidato de classe, a
Bolsa subiu 1,76% e o dólar caiu 0,94% no dia 6. Os investidores esperavam que o
capitão, em quem confiam, disparasse nas pesquisas.
Os assassinatos do governador João Pessoa, em 1930, e do major-aviador Rubens Vaz,
em 1954, mudaram ou aceleraram o rumo da história. Em 2018, a agressão a
Bolsonaro não teve esse poder. Contra os perseguidores mais colados, três confrontos
de segundo turno indicam seu revés. O melhor desempenho é um empate com
Haddad (39% a 38% para o petista).
Dos cinco líderes, quem mais avançou foi o ex-prefeito, 125%. E isso que somente
ontem, 11 de setembro, ele foi inscrito como candidato oficial à Presidência. Barrado
pela Justiça, Lula escreveu uma carta-manifesto. Um trecho: “Nós continuamos vivos
no coração e na memória do povo. E o nosso nome agora é Haddad”. É provável que o
candidato do PT diminua em breve a distância para Bolsonaro. Terá ao lado a vice
Manuela D’Ávila. A vigorosa campanha de Ciro possivelmente sofrerá com a
descoberta, por muitos eleitores, de que ele não é o predileto do ex-presidente.
Não prevaleceram as previsões de que os adversários de Bolsonaro promoveriam
viradas em suas campanhas, escapando de polêmicas com quem convalesce. O sórdido
atentado contra o deputado não mitiga a sordidez dos seus ideais. Supor o contrário, e
820
por isso tratar com indulgência o discurso obscurantista, seria contribuir para a derrota
da democracia em outubro.
Jogral sombrio
À facada em Bolsonaro sobreveio o jogo duro de dois dos mais influentes oficiais do
Exército. O general Mourão, na reserva remunerada. E o comandante da Força,
general Eduardo Villas Bôas, no serviço ativo. Na Globonews, com a naturalidade de
quem avisa não querer cebola na pizza de calabresa, o candidato a vice tratou como
razoável o que ele reconheceu como “autogolpe” de um governante. “O presidente da
República pode decidir empregar as Forças Armadas”; “é um autogolpe, você pode
dizer isso”. “É uma hipótese”, adoçou, e não receita salgada para consumo imediato.
Mourão não tem mais nem um pelotão para dar ordens, ao contrário de seu
conterrâneo gaúcho Villas Bôas. Em entrevista a O Estado de S. Paulo, o chefe do
Exército associou a tentativa de homicídio contra Bolsonaro à legitimidade do próximo
governante:
“O atentado confirma que estamos construindo dificuldade para que o novo governo
tenha uma estabilidade, para a sua governabilidade, e podendo até mesmo ter sua
legitimidade questionada. Por exemplo, com relação a Bolsonaro, ele não sendo eleito,
ele pode dizer que prejudicaram a campanha dele. E, ele sendo eleito, provavelmente
será dito que ele foi beneficiado pelo atentado, porque gerou comoção”.
Indagado pela repórter Tânia Monteiro sobre o registro da candidatura Lula, negado
pelo Tribunal Superior Eleitoral, Villas Bôas tornou a abordar a legitimidade do eleito:
“Preocupa que este acirramento das divisões acabe minando tanto a governabilidade
quanto a legitimidade do próximo governo. Nos preocupa também que as decisões
relativas a este tema sejam definidas e decididas rapidamente, de uma maneira
definitiva, para que todo o processo transcorra com naturalidade”.
O comandante reiterou sua obsessão, ao opinar sobre a determinação do Conselho de
Direitos Humanos da ONU para o ex-presidente ser opção nas urnas: “É uma tentativa
de invasão da soberania nacional. Depende de nós permitir que ela se confirme ou
não. Isso é algo que nos preocupa, porque pode comprometer nossa estabilidade, as
condições de governabilidade e de legitimidade do próximo governo”.
Não cabe ao comandante da mais poderosa das três Forças tutelar as
regras eleitorais.
821
Ele assegurou que “não há hipótese de o Exército provocar uma quebra de ordem
institucional”. Na contramão, como se fosse um magistrado, incursionou em campo
minado, estranho às suas atribuições legais: “O pior cenário é termos alguém sub
judice, afrontando tanto a Constituição quanto a Lei da Ficha Limpa, tirando a
legitimidade, dificultando a estabilidade e a governabilidade do futuro governo e
dividindo ainda mais a sociedade brasileira. A Lei da Ficha Limpa se aplica a todos”.
A soberania nacional é fundamento constitucional da República. Sua “invasão”
imaginada ofereceria pretexto para viradas de mesa golpistas, com ou sem estripulias
armadas. Não cabe ao comandante da mais poderosa das três Forças tutelar as regras
eleitorais.
A 25 dias do primeiro turno, bolsonarismo e golpismo consolidam seu
amálgama.
Ao se pronunciar sobre a postulação de Lula e “o pior cenário”, Villas Bôas parece
acenar com uma chantagem: se elegerem o petista, um correligionário dele ou outro
candidato de desagrado da caserna, a escolha pode ser interditada como ilegítima. Ao
contrário do que o general acredita, a divisão social se aprofunda com a violação da
soberania do voto popular, e não com a submissão a ela.
Com seus devaneios sobre “intervenção militar” e “autogolpe”, o general Mourão têm
composto com seu camarada Villas Bôas um jogral intimidador. Viúvas da ditadura se
excitam e sonham com o futuro repetindo o passado.
A 25 dias do primeiro turno, bolsonarismo e golpismo consolidam seu amálgama. Todo
figurão bolsonarista é golpista, embora nem todo golpista seja bolsonarista.
Declaração de guerra
É estultice pensar que a pregação da violência política justifica atos violentos contra o
pregador. Não os autoriza, porém não apaga a história. Convencido das vantagens
eleitorais de sua trêfega alusão a armas, Bolsonaro havia ensinado em julho uma
menina a imitar um revólver ou uma pistola com o polegar e o indicador da mão
direita. Em agosto, ele perguntou a um menino, uniformizado com réplica de farda da
Polícia Militar, que segurava no colo: “Sabe dar tiro? Atira. Policial tem que atirar”.
822
Pouco depois das três e meia da tarde da quinta-feira, Bolsonaro teve a barriga
penetrada por uma faca quando um apoiador o carregava nos ombros. Deu sorte, ali
na esquina das ruas Halfeld e Batista de Oliveira: o agressor não portava arma de fogo,
cuja posse generalizada o candidato preconiza. Logo se soube que o criminoso era um
homem perturbado, de 40 anos, identificado como Adélio Bispo de Oliveira. Havia sido
filiado ao PSOL de 2007 a 2014, mas dissolvera os vínculos com o partido de Guilherme
Boulos.
“Quem mandou foi Deus”, disse o esfaqueador, cujas broncas mais cabeludas são com
a maçonaria e Bolsonaro. Para ilustres partidários do deputado, o inimigo era outro.
“Agora é guerra”, declarou Gustavo Bebbiano. O presidente do PSL não informou
contra quem. “Se querem usar a violência, os profissionais da violência somos nós”,
atemorizou o general Mourão. Ele sentenciou, em versão falsa, que o postulante à
Presidência fora “covardemente atacado por um militante do Partido dos
Trabalhadores”.
Bolsonaro é o único personagem da vida nacional que sugeriu
publicamente o extermínio de 30 mil brasileiros.
O pastor Silas Malafaia espalhou, noutra inverdade, que o aparente lobo solitário “é
militante do PT e assessora a campanha de Dilma *Rousseff+ ao Senado em Minas”. O
senador Magno Malta compartilhou foto fraudada digitalmente para inserir Adélio
perto de Lula em uma manifestação. À falta de argumento original, o general da
reserva Augusto Heleno descreveu o celerado que feriu Bolsonaro como “um radical
irresponsável, fiel a seus ideais marxistas”.
Tanto bolsonaristas quanto seus contendores difundiram teorias conspiratórias e
cascatas caricaturais sobre o crime. Os concorrentes do capitão, contudo, repudiaram
a violência e se solidarizaram com ele. Em março, o deputado afirmara que petistas
haviam disparado os tiros contra a caravana de Lula. Bolsonaro é o único personagem
da vida nacional que sugeriu publicamente o extermínio de 30 mil brasileiros
Morte à espreita
Aos 63 anos, Jair Messias Bolsonaro tangenciou a morte. Como o país assistiu em
imagens em movimento, ao ser esfaqueado o candidato em campanha vestia uma
camiseta amarela com a inscrição garrafal em verde “MEU PARTIDO É O BRASIL”.
823
Sangrou pouco por fora, mas a lâmina lesionou uma veia que irriga o abdômen e, em
quatro cortes, o intestino. A hemorragia interna consumiu 2,5 litros de sangue, cerca
de 40% do volume que circula no corpo. Derrubou sua pressão para 8 por 4.
Bolsonaro chegou à Santa Casa de Misericórdia “em choque” e em “situação
gravíssima”, de acordo com os médicos que o socorreram em Juiz de Fora. A cirurgia
que o salvou durou duas horas. Pelo trabalho, o Sistema Único de Saúde pagará R$
367,06 ao cirurgião vascular Paulo Gonçalves de Oliveira Junior. O doutor dividirá a
remuneração com os colegas que atenderam Bolsonaro, relatou a repórter Consuelo
Dieguez.
Na sexta-feira, deitado em seu leito, o candidato gravou um depoimento. Agradeceu a
Deus, médicos e enfermeiros. Abatido, relembrou a investida: “Parecia apenas uma
pancada na boca do estômago *…+. A dor era insuportável, e parecia que tinha algo
mais grave acontecendo”. Lamentou se ausentar do desfile militar do 7 de Setembro. E
falou: “Nunca fiz mal a ninguém”.
Na manhã de sábado o transferiram para São Paulo, onde Bolsonaro posou simulando
atirar. A legenda para a foto bem poderia ser “Porque é da minha natureza”.
[A matéria original apresenta imagens de pessoas citadas...]
https://theintercept.com/2018/09/12/generais-exercito-eleicoes-democracia/
UM MILHÃO DE MULHERES CONTRA BOLSONARO: A REJEIÇÃO TOMA FORMA NAS
REDES. GRUPO NO FACEBOOK CONSEGUE 10.000 NOVOS PEDIDOS DE PARTICIPAÇÃO
POR MINUTO DE ELEITORAS INDIGNADAS ELAS QUEREM, AGORA, LEVAR A
INSATISFAÇÃO PARA AS RUAS
Joana Oliveira, El País, 12 de setembro de 2018
824
Manifestação pelo direito das mulheres em dezembro de 2016. ROVENA ROSA
AGÊNCIA BRASIL
A rejeição do eleitorado feminino ao candidato Jair Bolsonaro (PSL), refletida em todas
as pesquisas e que no último Datafolha, do dia 10 de setembro, chegou a 49%, se
materializou nas últimas duas semanas como um grupo massivo de debate político no
Facebook. O "Mulheres unidas contra Bolsonaro" já conta mobilizou mais de um
milhão e meio de usuárias da rede social e, a cada minuto, recebe 10.000 novos
pedidos de participação. Para os usuários que não são membros do grupo, o número
visível de participantes é menor —860 mil na última atualização desta reportagem—,
porque reflete apenas o número de perfis que realmente estão ativos nos debates do
mesmo (os demais estão esperando autorização para participar ou ainda não
responderam o convite feito pelas demais), conforme explicou a EL PAÍS um porta-voz
do Facebook.
"Destinado à união das mulheres de todo o Brasil contra o avanço e fortalecimento do
machismo, misoginia e outros tipos de preconceitos representados pelo candidato Jair
Bolsonaro e seus eleitores", de acordo com a descrição do Facebook, o grupo nasceu
com a intenção de agregar os discursos de eleitoras indignadas com os
posicionamentos do presidenciável em relação aos direitos das mulheres, explica
Ludimilla Teixeira, publicitária baiana de 36 anos, uma das criadoras. "Percebia nas
minhas próprias redes muitas amigas comentando e criticando essas posturas, então
decidimos unir todas essas mulheres e criar um fato político para mostrar que grande
parte da população não é favorável a essa candidatura", conta.
825
Isso aconteceu na quinta-feira, 30 de agosto. 24 horas depois, o grupo, exclusivamente
feminino, já chegava a 600.000 participantes. O rápido crescimento já se desdobrou na
convocatória de uma manifestação contra o candidato, em 29 de setembro, em São
Paulo, que já conta com 40.000 confirmações de assistência. O objetivo, asseguram as
administradoras do grupo, é realizar atos similares em outras cidades do país. Como
reação, nesta quarta-feira, um outro grupo chamou a atenção no Facebook: "Mulheres
unidas a Favor de Bolsonaro", com cerca de 38.000 participantes, mas que,
curiosamente, foi criado e é administrado por um grupo de homens.
Na plataforma da rede social, as postagens do grupo contra Bolsonaro criticam não
apenas as propostas do candidato, como a flexibilização do acesso a armas, mas
principalmente suas declarações em relação à brecha salarial de gênero —o candidato
acredita que a equiparação no sistema privado não é competência política do Estado e
seu gabinete, conforme adiantou o Valor Econômico, paga menos às mulheres— e
seus comentários violentos contra repórteres e colegas políticas. "Um país sério de
verdade jamais permitiria que esse cidadão falasse as barbaridades que falou. Cadê o
Ministério Público? Cadê os órgãos de defesa das mulheres?", questiona Teixeira em
relação à frase "não te estupraria porque você não merece", dita à deputada Maria do
Rosário.
O grupo se define como apartidário ("A única bandeira é ser anti-Bolsonaro", diz
Teixeira), mas existem postagens fixas sobre os demais candidatos à presidência, nos
quais as simpatizantes de cada um podem publicar informações sobre eles e suas
propostas. "Acredito que muitas indecisas decidiram em quem votar com base nessas
discussões online", comenta a publicitária.
Com um perfil de participantes que vai desde adolescentes até senhoras que, por lei, já
não precisariam mais votar, o grupo é espaço de discussão de mulheres que enfrentam
familiares e amigos na tentativa de combater o voto ao que consideram "um candidato
nefasto". "Meu marido é um coronel militar que vai votar nele. Já não sei mais o que
fazer, só penso em rasgar o título de eleitor dele ou esconder seus documentos para
que ele não possa votar", conta uma professora de 62 anos, que prefere não se
identificar.
826
Reprodução de imagem postada no grupo do Facebook.
As participantes definem o grupo como um "elo de ligação", um espaço de reunião
onde elas pudessem debater política livremente, sem ser silenciadas. "Porque quando
fazíamos postagens individuais, sempre havia mansplaining (explicação masculina),
homens nos atacando com termos chulos, assédio. Há casos até de usuários que
tiraram print de fotos das meninas e espalharam por aí, éramos atacadas pelos
seguidores de Bolsonaro, que são bastante agressivos. Faltava esse espaço para
debate", conta Teixeira.
Também são muitas as postagens de usuárias que desabafam sobre violência
doméstica e relações abusivas e de mulheres trans que agradecem por terem
encontrado um “espaço solidário”. "Sinto que o Brasil todo está lá. É muito maior do
que só um grupo contra Bolsonaro", afirma a publicitária, que destaca que as
participantes "não são contra a pessoa" do presidenciável. "Ele é um ser humano que
merece respeito. Inclusive, lamentamos muito o ocorrido [referindo-se ao ataque à
faca sofrido por Bolsonaro no dia 6 de setembro]. Não somos favoráveis a nenhum
tipo de violência ou discurso de ódio, queremos vencê-lo nas urnas".
Foi justamente depois desse atentado que o candidato registrou um crescimento entre
três e dois pontos percentuais na intenção de voto feminino, de acordo com as últimas
pesquisas Datafolha e Ibope, respectivamente. "O esfaqueamento mobilizou parte dos
eleitores indecisos, principalmente as mulheres, que se solidarizaram com o
candidato", avalia a antropóloga e cientista social Rosana Pinheiro-Machado.
Por outro lado, a cientista política acredita que o ataque foi também a "faísca" para
que mais mulheres se mobilizassem contra Bolsonaro. "A mensagem sobre o voto
feminino como faixa de contenção contra ele já vinha circulando e esse atentado
827
disparou o medo de que se gerasse mais simpatia pelo candidato e que levasse a uma
vitória sua no primeiro turno".
Para além das eleições
Pinheiro-Machado considera que o movimento de "mulheres unidas contra Bolsonaro"
pode ter o mesmo impacto no Brasil que a marcha das mulheres contra Trump nos
Estados Unidos, mas matiza que, para isso, o milhão de participantes do grupo virtual
tem que se traduzir nas ruas para que se possa gerar um fato político relevante.
"Desde a primavera feminista, quem consegue se organizar hoje no Brasil são
basicamente as mulheres", diz.
E as organizadoras e participantes da plataforma na rede social não pretendem parar.
Elas contam que já consideram mudar o nome do grupo depois das eleições para se
tornar, de fato, um movimento que promova rodas de conversa, debates e outras
ações em prol dos direitos das mulheres. "Não são só as eleições, temos uma série de
pautas pelas quais lutar, como contra o Estatuto do Nascituro [PL 5069/13, que
dificultará o acesso ao aborto em casos de estupro], ou a favor da criação de uma lei
para criminalizar o assédio", afirma Teixeira.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/12/actualidad/1536768048_321164.html
“NENHUMA NARRATIVA SUBSTITUI A REPORTAGEM COMO DOCUMENTO SOBRE A
HISTÓRIA EM MOVIMENTO”. DISCURSO DE ELIANE BRUM, COLUNISTA DO EL PAÍS,
LIDO DURANTE O PRÊMIO COMUNIQUE-SE, DESTACA O PAPEL IMPRESCINDÍVEL DO
JORNALISMO NUM MOMENTO BRUTAL DO BRASIL. XICO SÁ TAMBÉM VENCEU
PRÊMIO NA CATEGORIA CULTURA PELOS TEXTOS PUBLICADOS NESTE JORNAL
Eliane Brum, El País, 12 de setembro de 2018
É preciso ter a alma aberta, um olhar sensível, e coragem para resistir e insistir no
jornalismo que conta a verdadeira história de uma nação a partir das pessoas comuns,
ou simplesmente anônimas, quando não, invisíveis. É pelo olhar desses personagens
que se enxergam as reais cores e dores de um país como o Brasil. A colunista Eliane
Brum, que escreve quinzenalmente no EL PAÍS desde o início da edição brasileira em
26 de novembro de 2013, tem sido fiel a esse princípio desde que começou na carreira
no final dos anos 80. É o jornalismo que não passa pelos palácios, nem por gabinetes,
nem pelas fontes do mercado financeiro, ou pelos corredores do Judiciário, como
828
destacou o jornalista Caco Barcellos, premiado pela quinta vez na categoria “Mídia
Falada” no prêmio Comunique-se, na noite desta terça, dia 11.
Brum também foi premiada, na categoria "Colunista". É o quarto prêmio Comuniquese da sua carreira, e mais um que se junta aos mais de 40 que esta gaúcha de Ijuí já
acumula por ter se tornado um espelho da alma brasileira. Tem sangue de repórter, e
todo repórter que se preze é brindado pela sorte de estar no lugar certo na hora certa.
Nem sempre para escrever boas notícias. Foi assim durante o incêndio do Museu
Nacional, no último dia 2. A jornalista havia sido convidada para um evento no Museu
do Amanhã. “Eu vim ao Rio para um evento no Museu do Amanhã. Então descobri que
não tinha mais passado. Diante de mim, o Museu Nacional do Rio queimava.”,
começava o texto O Brasil queimou – e não tinha água para apagar o fogo, que ela
escreveu e publicou poucas horas depois das chamas consumirem o museu.
A indiferença do Brasil pelo que deveria ser a sua riqueza é a linha condutora das
colunas de Eliane Brum nestes quase cinco anos no EL PAÍS Brasil. Textos que
cativaram leitores inclusive no exterior, e já são publicados em espanhol tanto no
portal Américas, que alcança todos os países de língua hispânica, como na Espanha,
chegando aos leitores europeus.
Como ela, o jornalista e escritor Xico Sá também foi premiado nesta terça na categoria
Cultura por seus textos publicados no EL PAÍS. Textos que não fogem das críticas ácidas
ao retrocesso que a política tem imposto ao país – “meu nome é Democracia e meus
tímpanos foram estourados pelos megafones da intolerância,” escreve Xico no texto
Me chamo Democracia e peço socorro no Brasil—, mas que também sabem brindar o
leitor com histórias de amor, seja pelo Cariri, pela filha Irene, ou pelo exercício de
escrever cartas de amor. “O cheiro do pequi espanta o raio gourmetizador a léguas de
distância”, escreveu o versátil escritor em Uma viagem de volta ao Cariri. Já em Uma
carta de amor vale por mil nudes, Xico escreve “Você aí, que vive um amor à distância,
nada como uma carta fumegante, daquelas capazes de queimar os dedos dos
carteiros”. Em seu discurso de agradecimento, Xico lembrou que o jornalismo é
importante “porque luta contra a barbárie e o fascismo”.
Em comum entre Eliane Brum e Xico Sá, está o acalento por um Brasil mais justo, mais
humano, mais inclusivo, valores estes que o EL PAÍS Brasil também partilha. A seguir,
publicamos a íntegra da carta de agradecimento de Brum, lida durante o prêmio
Comunique-se, que retratam o que este jornal acredita.
829
“Infelizmente não pude estar com vocês nesta noite porque, neste momento, estou em
São Francisco, na Califórnia, para a Cúpula do Clima. Mas sei que estou muito bem
representada pela Carla Jimenez, diretora de redação do El País Brasil. Queria começar
justamente agradecendo à Carla e ao El País pelo respeito absoluto pelo meu trabalho.
Publiquei minha primeira coluna no El País no primeiro dia do El País no Brasil e, desde
então, encontrei no El País o melhor espaço para exercer o jornalismo que acredito.
Tenho muito orgulho de fazer parte deste projeto que, em cinco anos, marcou uma
diferença de qualidade e conquistou um lugar de independência no jornalismo feito no
Brasil.
Quero também agradecer ao Comunique-se por todos os anos se esforçar para a
realização deste prêmio, apesar das turbulências do país. E, principalmente, agradecer
a todos que, com o seu voto, reconheceram o meu trabalho e me trouxeram até aqui.
Este é um momento brutal para o Brasil. A imagem do Museu Nacional do Rio em
chamas literaliza a profundidade da nossa crise. O Brasil queima.
Estamos à beira de uma eleição em que o candidato em primeiro lugar nas pesquisas
está preso e impedido pelo judiciário de disputar a eleição. E o candidato em segundo
lugar levou uma facada num evento de campanha. É crescente o sentimento de que o
judiciário não faz justiça, de que o voto vale cada vez menos e de que vivemos o que
poderíamos chamar de democracia sem povo: a cada dia mais um direito a menos.
Num momento de crise climática, a maior relevância do Brasil no cenário internacional
é ter no seu território a maior porção da maior floresta tropical do mundo. Mas desde
que os ruralistas se tornaram fiadores do governo, cresce o poder da grilagem na
Amazônia e os desmatadores avançam justamente sobre as áreas protegidas. Em
Anapu, onde a missionária Dorothy Stang foi morta em 2005, hoje a situação é muito
mais explosiva. Desde 2015, 16 camponeses foram assassinados sem que nada se
mova neste país. Nas comunidades do Rio, cabeças de crianças negras têm sido
arrebentadas à bala, antes e depois da intervenção. O Brasil não tem guerra, o que tem
é massacre. E há séculos ele destrói os mesmos corpos: o dos negros e o dos indígenas.
A imprensa não é imune às contradições. E desempenhou um papel na atual crise. Este
papel também precisa ser iluminado. Não são só os partidos que precisam fazer
autocrítica. Mas o jornalismo e, principalmente a reportagem, são imprescindíveis. Não
há nenhuma narrativa que possa substituir a reportagem como documento sobre a
história em movimento. E o que se espera de nós é que sejamos capazes de resistir e
fazer reportagem no momento em que, por todas as razões, é mais difícil fazer
reportagem.
830
Estou na Cúpula do Clima e não aqui para, junto com um grupo de jornalistas e com o
Centro Pulitzer, lançar um fundo global para financiar reportagens de profundidade na
Amazônia e fortalecer o jornalismo local feito desde a Amazônia. O Brasil e o planeta
só pararão de queimar quando formos capazes de voltar a imaginar um futuro onde
possamos viver. Queria terminar dizendo “muito obrigada”. E, o mais importante:
Marielle Presente.”
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/12/politica/1536783358_800538.html
O VOTO DAS MULHERES DESAFIA A EXTREMA DIREITA BRASILEIRA. ELAS VIVEM
UMBILICALMENTE LIGADAS À VIDA REAL. SÃO AS MAIORES VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA
DENTRO E FORA DE CASA
Juan Arias, El País, 14 de setembro de 2018
Manifestação pela legalização do aborto em dezembro de 2016 ROVENA ROSA
AGÊNCIA BRASIL
As mulheres brasileiras são a maioria (53%) entre os eleitores nas eleições
presidenciais que estão à porta. E são sempre as que mais votam. Querendo, elas
podem decidir quem presidirá o país em um dos momentos mais difíceis e perigosos
após a ditadura militar. A democracia, que muitos vêem ameaçada pelo ressurgimento
831
de uma extrema direita militarista e violenta, presidida pelo capitão da reserva,
Bolsonaro, poderá ser salva graças às mulheres.
Elas começaram a se mexer com força, como indica o movimento "Mulheres Unidas
contra Bolsonaro", que já coletou mais de um milhão de assinaturas no Facebook e
está conseguindo 10 mil membros por minuto. É uma aposta feminina contra o
ressurgimento de uma política que visa resolver os problemas deste convulsionado
continente com balas, oferecendo a violência como um talismã para a solução de
todos os males.
Sempre apostei em uma solução positiva para este país, mesmo quando tudo parecia
ficar política e socialmente sombrio. Quando, meses atrás, soavam como luto os sinos
da abstenção nas eleições, alcançando 40% do eleitorado, continuei acreditando que,
no final, a sensatez triunfaria, sob pena de colocar o país diante de um abismo com
sérias repercussões econômicas e morais que acabam atingindo sempre os mais
frágeis. Aqueles que hoje parecem dispostos a não votar ou a anular o voto, já são
cada vez em menor número e estão se aproximando das taxas normais das eleições
anteriores. O senso de responsabilidade está vencendo.
Uma vez terminadas as eleições, cuja aposta espero que seja naqueles que defendem
os melhores valores desta sociedade que quer viver em paz, poderemos ver o peso
real que o voto feminino teve contra os fantasmas da intolerância e do populismo. As
mulheres, afinal, vivem umbilicalmente ligadas à vida real, à dor de cada dia. Elas são
as maiores vítimas da violência dentro e fora de casa.
Um movimento feminino contra o candidato que ameaça incendiar o país com a
violência e com nostalgias de golpes militares é a melhor demonstração de que a
mulher, desde o Homo Sapiens, continua a ser a defensora da vida que nela é gerada.
Da vida e dos valores da liberdade e da religião como o motor da libertação contra a
tirania dos ídolos. Gea, a primeira divindade da História, era uma mulher. Era a deusa
da Terra e da fecundidade. Enquanto os homens lutavam em guerras, as mulheres
cultivavam a vida.
A mulher, apesar de ter sido estigmatizada com o selo da fragilidade, como se tem
visto com a candidata negra Marina Silva, sempre se revelou mais forte que o homem,
principalmente nas horas de dor e derrota. E isso, apesar do fato de que os homens,
que provavelmente dominavam até mesmo a linguagem, tingirem de feminino todos
os substantivos femininos que se referem à violência. Assim, eles fizeram a guerra
feminina. Feminino são as batalhas, as armas, as balas, a bomba atômica. Até as
flechas envenenadas dos nativos são femininas. E a pólvora. São femininas a pobreza,
a escravidão e a derrota.
832
O arrojo, o heroísmo e o orgulho foram reservados para eles, os homens. São
masculinos. E no entanto, é nos lagos do feminino que os conceitos mais nobres da
Humanidade são reproduzidos, como a paz e a esperança, junto com a criatividade, a
arte e a cultura. Feminina é a vida. São as mãos que curam, abraçam e nutrem. A luz é
mulher, assim como a poesia.
O mundo escureceu quando os homens masculinizaram os deuses que se tornaram
violentos. A religião foi sempre feminina até que alguém a transformasse em um
instrumento de poder e prevaricação contra os mais frágeis. A política é feminina,
assim como a democracia. E no Brasil, poderão ser as mulheres que devolverão a
esperança a esta sociedade amargurada e irritada. A liberdade, como a igualdade, é
profundamente feminina, e as mulheres brasileiras estão lutando para que não
acabem profanadas nas garras da intolerância, que é a bandeira de todos os famintos e
sedentos de violência.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/14/opinion/1536933199_059245.html
NOSSOS HERÓIS NÃO MATAM, GENERAL
Marina Amaral , newsletter da Agência Pública, ed. #80, 14 de setembro de 2018
As seguidas instigações à violência feitas pelo general candidato a vice na chapa de
Bolsonaro revelam mais do que o desrespeito à democracia, por si só lamentável. Ao
dizer que “os profissionais da violência somos nós *o Exército+” e qualificar falsamente
o desequilibrado autor da horrível facada contra o ex-capitão como “militante do PT”,
a intenção parece ser a de semear o medo e o ódio em uma campanha que já desperta
receio e perplexidade na população.
Do ponto de vista subjetivo, a valorização da violência – também expressa no gesto
provocativo do candidato fotografado na cama do hospital – faz mais do que incitar
paixões. Despreza a força da resistência pacífica que engrandece aqueles que
realmente lutam contra a violência política a que estão submetidos.
Duas recentes reportagens da Pública mostram como agem heroicamente as vítimas
dessa violência: a série de vídeos sobre a fome na periferia de São Paulo, e as
reportagens sobre o mais recente episódio de agressão aos Guarani, no Mato Grosso
do Sul.
833
Não há como ficar indiferente à força das mulheres que batalham diariamente pela
sobrevivência de suas famílias, sem queixas nem acusações, apesar do abandono do
Estado e da injustiça gritante de que são alvo na cidade mais rica do país. Ou deixar de
se indignar diante da invasão da tropa de choque da PM-MS em Caarapó sob o
pretexto de proteger jagunços que atiraram contra duas meninas indígenas que
colhiam melancias plantadas por seus parentes em área já identificada pela Funai
como terra Guarani-Kaiowá.
Como mostra a prisão do xamã Alcebíades, alvo de cinco tiros de balas de borracha,
extraídas a seco pelos policiais – que também suturaram os ferimentos do ancião na
cadeia! – ninguém ameaçava de fato os jagunços que agrediram as garotas, embora
não lhes faltasse motivos para apelar para a violência.
A força dos indígenas – e das mulheres da periferia – está na alegria e na dignidade
com que lutam para sobreviver. Dê uma olhada na cena final do vídeo feito por Joana
Moncau, com reportagem de Renan Antunes de Oliveira, e veja como entre risos, eles
celebram a vida, comendo melancia, sem que ninguém, nem mesmo o velho xamã
recém-saído da cadeia, assuma o papel de herói.
É dessa coragem que precisamos, general, para enfrentar a crueldade vigente no país,
e alavancada pelos militares em seus quase 30 anos no poder.
Marina Amaral, codiretora da Agência Pública
https://mailchi.mp/apublica/agncia-pblicanossos-heris-no-matamgeneral?e=64d9b46514
"A DEMOCRACIA NÃO SE DEFENDE SOZINHA". HISTORIADOR AMERICANO TIMOTHY
SNYDER, ESPECIALISTA EM AUTORITARISMO, VÊ COM PREOCUPAÇÃO CENÁRIO NO
BRASIL E DIZ QUE SÓ REALIZAÇÃO DE ELEIÇÕES NÃO SIGNIFICA QUE CANDIDATOS E
ELEITORES SERÃO INCLINADOS À DEMOCRACIA
Gabriel Bonis, Deutsche Welle, 14 de setembro de 2018
Professor da Universidade de Yale (EUA) e autor de livros sobre autoritarismo, o
historiador americano Timothy Snyder vê com preocupação o cenário politico no Brasil
antes das eleições presidenciais. Em entrevista à DW, ele diz que que a democracia
não se defende sozinha e que candidatos e eleições são apenas parte do processo
democrático.
834
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"Há um tipo de fantasia bastante difundida de que, se o governo civil é corrupto,
haveria alguma maneira de obter a pureza por meio dos militares", comenta o
renomado historiador.
Snyder recebeu diversas distinções, incluindo o Prêmio Hannah Arendt em
Pensamento Político. Ele é autor do bestseller Sobre a tirania - 20 lições do século 20
para o presente, uma análise de como os EUA poderiam evitar uma guinada ao
autoritarismo na atualidade, e The road to unfreedom (o caminho para a falta de
liberdade, em tradução livre), no qual comenta a ascensão do autoritarismo em Rússia,
Europa e Estados Unidos.
DW Brasil: Jair Bolsonaro lidera as pesquisas de intenção de votos para presidente.
Entre outras polêmicas, ele fez comentários em apoio à brutalidade policial e elogiou
torturadores. O que o fato de um candidato com esse perfil ter chances de vitória
significa para a democracia brasileira?
Timothy D. Snyder: O início da resposta para essa pergunta é que a democracia não se
defende sozinha. Só porque há eleições democráticas, não significa que candidatos e
eleitores serão inclinados à democracia. Eleições democráticas fazem parte de um
projeto muito maior de construção de um Estado pluralista, individualista e de Direito.
Quando partes desse projeto começam a desmoronar, passamos a ver isso em
candidaturas e na eleição deste tipo de indivíduos.
Antes de sofrer um atentado, Bolsonaro foi criticado por dizer "vamos fuzilar a
petralhada” em comício no Acre. No início deste ano, um ônibus da caravana do expresidente Lula foi alvejado por tiros. Quão preocupante são esses casos de violência
política?
É extremamente preocupante porque um dos propósitos fundamentais das leis é
evitar a violência. E um dos propósitos básicos dos partidos políticos é canalizar o
interesse das pessoas de tal maneira que elas não resolvam suas diferenças com
violência. Outro problema é que a violência tem uma forma de levar a mais violência.
Mesmo pequenos atos de violência podem levar a maiores atos de violência.
General Mourão, candidato a vice-presidente de Bolsonaro, admitiu que as Forças
Armadas poderiam apoiar um "autogolpe” na hipótese de "anarquia”. Autoridades
militares de alto escalão sugeriram a um colunista do jornal "O Estado de S. Paulo" a
835
possibilidade de um golpe caso Lula fosse libertado ou se a Lei da Anistia fosse
revisada. Como o senhor analisa essas declarações?
As possibilidades mencionadas são bem sombrias. Sem enfatizar no contexto
brasileiro, a base da ordem constitucional é que a violência é controlada pelo Estado e
apenas executada de acordo com a lei. Assim que isso é questionado, entra-se em um
território muito perigoso. A ideia de que as Forças Armadas deveriam decidir quem
governará ou não o país é um passo em direção a um tipo diferente de sistema,
porque ao se fazer isso uma vez, isso vai acontecer de novo, e de novo. Outro
problema é que, uma vez que as Forças Armadas decidam que podem escolher o
comandante do país, se perceberá que diferentes partes da instituição têm diferentes
candidatos. Imaginar as Forças Armadas [fazendo isso] é pensar em uma situação na
qual o Estado de Direito não funciona mais. É abrir caminho para um futuro em que é
muito difícil recuperar esse Estado de Direito porque a história, não apenas da América
Latina, mostra muito bem que golpes militares tendem a levar a mais golpes militares.
Eles criam a percepção de possibilidade, que é muito difícil de se dissolver.
Além de candidatos com perfil autoritário, o Brasil experimentou pedidos por
intervenção militar. O que pode explicar essa busca por saídas não democráticas?
Não posso explicar o porquê de os brasileiros estarem agindo desta forma, pois não
estou no Brasil. Mas posso dizer que as pessoas perdem a paciência quando acreditam
que há imprevisibilidade e quando acham que aqueles no topo estão representando
algo além da população. E o Brasil não é o único exemplo disso. Contudo, a noção de
que toda a elite política é corrupta é muito incapacitante. Porque então as pessoas
começam a pensar: se todo mundo é corrupto, o sistema deve ser corrupto. E,
portanto, temos que encontrar algo limpo, o que na imaginação de muitos é a polícia
ou as Forças Armadas. É claro que a polícia e as Forças Armadas não são mais puros do
que o resto. Eles simplesmente parecem ser porque não estão no poder. Se
analisarmos pesquisas de opinião nos EUA sobre quais instituições não são corruptas,
o Congresso vai muito mal, e as Forças Armadas vão muito bem. Creio que há um tipo
de fantasia bastante difundida de que, se o governo civil é corrupto, haveria alguma
maneira de obter a pureza por meio dos militares. Obviamente, isso não é verdade,
conforme se descobre no dia seguinte a um golpe militar.
Qual a melhor maneira de dialogar com apoiadores de candidatos autoritários?
Há três considerações. A primeira é que se você está à esquerda ou na oposição, é
muito importante não pensar "nós somos apenas a oposição”, "estamos apenas nas
sombras”. É preciso pensar que se é parte do país. Esse nível de confiança é muito
relevante, porque uma das maneiras pelas quais se chega ao autoritarismo de direita é
836
que a esquerda perde a confiança. O segundo ponto é fazer algo no mundo real e não
pela internet. Ninguém consegue persuadir os outros pela internet. O terceiro aspecto
é que, se essas conversas funcionam, não é por meio de confrontação. Mas quando se
pergunta o que o outro acha que está errado e quais são as coisas com as quais ambos
se preocupam. O mais importante nessas conversas é reconhecer que o outro é um ser
humano. Porque do ponto de vista de um aspirante a ditador de direita, a ideia é
convencer seus seguidores de que os outros não fazem parte do país, que são intrusos.
A conversa é um sucesso se acontecer, mesmo que não se convença alguém a mudar o
voto.
O que o senhor diria aos milhares de brasileiros que estão pensando em quem não
votar em vez de escolher um candidato?
Às vezes, essas eleições em que os candidatos não são ideais acabam sendo as mais
importantes. Há uma enorme quantidade de americanos que lamentam não terem
votado em 2016 [nas eleições presidenciais]. As pessoas disseram que ambos os
candidatos eram ruins, logo, não iriam votar. E agora não gostam das consequências.
https://www.dw.com/pt-br/a-democracia-n%C3%A3o-se-defende-sozinha/a45478237
https://p.dw.com/p/34oxx
CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM INCLINAÇÃO
POLÍTICA NOS CULTOS
Aiuri Rebello, Uol, 16 de setembro de 2018
"Eu vou ter que falar aqui um negócio, porque não dá para enfiar a cabeça embaixo da
terra, que nem se fosse uma avestruz”, diz o bispo Renato Cardoso, durante um culto
no Templo de Salomão, o maior da Igreja Universal do Reino de Deus, localizado no
Brás, na zona leste de São Paulo. Antes de começar, no entanto, o pastor ordena a
retirada de todos os menores de 16 anos do salão.
"Primeiro, vou mostrar um vídeo", diz o genro de Edir Macedo aos cerca de mil fiéis
que acompanham o culto em uma noite fria, já sem a presença das crianças. Nos
telões, imagens aparentemente gravadas com um celular, em um pátio de uma escola,
mostram diversos adolescentes se beijando na boca, em uma espécie de "beijaço".
Meninos beijam meninos e meninas beijam meninas. Há beijos coletivos também.
837
"Vocês viram? Isso já está acontecendo nas nossas escolas. Ainda não é lei, mas estão
tentando transformar a ideologia de gênero em lei, a menos que você impeça. A
responsabilidade está na ponta dos seus dedos", afirma Cardoso, de maneira grave,
após o curto vídeo, ao introduzir para os fiéis o assunto eleições deste ano.
Do outro lado da Avenida Celso Garcia, em frente ao Templo de Salomão, está a sede
da Assembleia de Deus -- Ministério de Madureira. Lá dentro, em uma noite chuvosa, o
bispo Samuel Ferreira, líder da congregação evangélica, abençoava em uma ciranda
em cima do palco os pastores Cezinha e Alex de Madureira (em referência ao
ministério), respectivamente candidatos a deputado federal e deputado estadual
nestas eleições, ambos pelo PSD.
Entre o fim de agosto e o início deste mês, a reportagem do UOL visitou "cultoscomícios" em São Paulo, onde a pregação religiosa confunde-se por vezes com o
discurso da política e das eleições nas pregações de pastores e bispos.
Faltando menos de um mês para o dia dos fiéis-eleitores irem às urnas escolher seus
candidatos, igrejas evangélicas e a Igreja Católica em todo o país aplicam estratégias
para falar sobre as eleições com suas congregações, tentando não entrar em conflito
com a Justiça Eleitoral – que tem considerado propaganda eleitoral irregular, e até
crime eleitoral, pedir votos dentro de igrejas (leia mais abaixo).
Metade do culto dedicado às eleições
Em uma noite de terça-feira, das quase três horas de culto religioso na sede da
Assembleia de Deus -- Ministério de Madureira, no Brás, zona leste de São Paulo --,
uma hora e meia foi dedicada às eleições. Desde o momento em que subiu ao palco e
pegou o microfone para falar, a partir da metade final do encontro religioso, o bispo
Samuel Ferreira não tocou em outro assunto que não fosse o voto no mês de outubro.
"A lei me impede de dizer claramente o que eu tenho de dizer, mas não podem nos
calar, vamos orar", afirmou o bispo. "Ando muito preocupado, não durmo direito de
noite. Não podemos virar a cabeça para o outro lado e fingir que não estamos vendo
nada. Não podemos ficar quietos."
“O que está acontecendo hoje no Brasil é muito grave. Temos um momento muito
importante agora, que são as eleições. Tem muita coisa em jogo."
Bispo Samuel Ferreira, da Assembleia de Deus
838
Antes de apresentar os dois candidatos oficiais da igreja -- o candidato a deputado
federal Cezar de Madureira (PSD) e o candidato a deputado estadual Alex de
Madureira (PSD) --, pedir votos para os dois e rezar com eles no meio de uma ciranda
de pastores, no palco do culto, Ferreira dedicou longo tempo de seu sermão a
reflexões sobre as eleições presidenciais e pautas caras à Assembleia de Deus.
Sem citar nomes, torpedeou candidatos ao Palácio do Planalto. "Tem candidato por aí
que se diz evangélico, mas disse que vai propor plebiscito para decidir casamento
gay... plebiscito para decidir aborto", disse Ferreira, balançando a cabeça em
desaprovação. "Quer dizer, está fazendo como Pilatos, que lavou as mãos. E quando
Pilatos lavou as mãos, deu no que deu", acrescentou, em alusão a comentários feitos
pela presidenciável Marina Silva (Rede).
"Tem outro candidato por aí que está prometendo liberar arma para todo mundo. Não
sei, não sei... Lá, nos Estados Unidos, um maluco subiu em um quarto de hotel em Las
Vegas com mais de 40 armas em uma sacola e abriu fogo lá de cima contra as pessoas
que estavam lá embaixo, vendo um show. É isso que queremos por aqui?", questionou
o bispo em alusão a propostas do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).
"O líder nas pesquisas para o Senado simplesmente é contra tudo o que acreditamos",
disse Ferreira em outro momento, em alusão ao petista Eduardo Suplicy. "Outro
candidato não foi na Marcha para Jesus a uns anos atrás, mas foi na Parada Gay, quer
dizer, escolheu lado, né", disparou o bispo, em uma truncada referência ao
presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), que, quando era governador de São Paulo, não
participou do evento evangélico, mas foi à parada, em 2016.
A isso seguiu-se uma longa conversa sobre a injusta prisão do apóstolo Pedro, de
acordo com a história contada na Bíblia. Confusos, alguns fiéis responderam com "Viva
Bolsonaro!", outros (menos numerosos) com "Lula livre!"
Em 2014, a ex-presidente Dilma Rousseff participou de um culto no palco junto com o
bispo Ferreira, de quem recebeu o apoio naquelas eleições.
Ferreira não deixou de lado temas caros à igreja, e pregou contra candidatos que
defendem o aborto, o casamento homossexual e a liberação das drogas. Disse também
que a igreja não pode perder os representantes que já tem, já que estariam para
conseguir a tão sonhada concessão de rádio e TV do governo federal e, sem os
políticos, o objetivo não seria atingido.
839
Cezinha de Madureira é deputado estadual desde 2014, quando se elegeu para seu
primeiro mandato pelo DEM. Já Alex de Madureira é um dos braços-direitos de Samuel
Ferreira e tenta seu primeiro mandato como deputado estadual.
Na saída do "culto-comício", os fiéis ganhavam na porta do templo santinhos eleitorais
que traziam a imagem do líder da igreja junto dos dois candidatos, com a frase "bispo
Samuel Ferreira vota" embaixo, acompanhada dos nomes e números dos pastores. No
verso, o santinho ainda trazia uma "cola" para a urna eletrônica, com recomendação
de voto em Mara Gabrilli e Tripoli para senadores, João Dória para governador e
Geraldo Alckmin para presidente, todos do PSDB, partido com o qual o PSD, dos
pastores, se coligou.
Procurados pela reportagem, por meio de suas assessorias de imprensa, os candidatos
Cezinha e Alex de Madureira e a Assembleia de Deus não responderam. Em artigo
escrito para o site "Consultor Jurídico" em 2016, Cezinha defendeu a campanha
eleitoral dentro de igrejas.
No Templo de Salomão, da Igreja Universal do Reino de Deus, também no Brás, a parte
comício do culto é mais discreta e dura menos tempo. De cerca de uma hora e meia de
culto, apenas a meia hora final foi dedicada às eleições.
Depois de tirar as crianças da sala e exibir o vídeo dos adolescentes com os beijos na
boca, o bispo Renato Cardoso foi claro. "Eu tenho candidato, mas não posso dizer
quem é."
"Tenho candidato a presidente, a governador, a senador, a deputado federal e a
deputado estadual, mas por causa desse raio dessa legislação eleitoral, eu não posso
dizer quem são, senão vão me multar e podem até fechar o templo por uns dias, igual
aconteceu com a gente nas eleições passadas, lá no Rio de Janeiro, com o [Marcelo]
Crivella [prefeito do Rio de Janeiro pelo PRB e bispo da Universal]", disse o bispo aos
fiéis, ao explicar por que não vai recomendar os candidatos abertamente.
"Informem-se com o pessoal da Igreja. Façam uma pesquisa sobre quem são os nossos
candidatos e, depois, falem com os obreiros, conversem com o pessoal da igreja sobre
quem são nossos candidatos", disse Cardoso.
Depois, ele reforçou uma das pautas legislativas caras à igreja. "Um pastor me contou
que a professora do filho dele, na escola pública, passou uma lição de casa. Era para
fazer uma pesquisa no fim de semana sobre relacionamentos homossexuais", contou,
no púlpito, o bispo. "Aí, na frente da classe, na segunda-feira, era para beijar na boca,
na frente de todo mundo, um coleguinha do mesmo sexo. Se fosse menina, beijava
840
menina. Se fosse menino, beijava menino. Isso já está acontecendo nas nossas escolas.
Ainda não é lei, mas querem que seja. Isso se chama ideologia de gênero. Não
podemos permitir. Por isso, é importante você votar nos candidatos que defendam
nossa fé."
Não há indícios de que a história da lição de casa seja verdadeira. A reportagem pediu
mais detalhes do caso para a Universal, por meio de sua assessoria de imprensa, que
não respondeu a este questionamento.
Na saída, ao contrário do que acontece na Assembleia de Deus, do outro lado da rua,
não há ninguém distribuindo santinhos. Após perguntar a um obreiro na porta, porém,
a reportagem do UOL consegue uma indicação de voto: os candidatos do PRB,
principalmente os que são bispos e pastores da Universal. Para presidente? "Olha,
nosso candidato é o Alckmin, mas o Bolsonaro também é uma boa opção, hein", diz o
obreiro da igreja.
Questionados pela reportagem, alguns fiéis parece concordar. "Só o Bolsonaro para
ver se dá jeito nessa pouca vergonha", diz uma dona-de-casa, de 48 anos, chamada
Júlia, que foi ao templo acompanhada do marido. "Falar, todo mundo fala, e chegou
nesse ponto. Acho que o capitão vai dar um jeito nos corruptos, ele não tem medo de
confronto e tem o Exército atrás dele para garantir", diz o marido.
O PRB, partido que possui diversos candidatos a deputado estadual e federal nas
eleições deste ano, é o partido "oficial" da Igreja Universal do Reino de Deus. A sigla é
dirigida por membros do alto escalão da comunidade evangélica, como o bispo
licenciado Marcos Pereira, presidente nacional da agremiação partidária. Pereira era
ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, no governo do presidente Michel
Temer, até janeiro deste ano. Ele é candidato a deputado federal por São Paulo.
Procurada pelo UOL, a Universal informa que "protesta e discorda veementemente da
exclusão de milhares de lideranças evangélicas de todas as denominações, que
representam mais de 70 milhões de pessoas em nosso país, de participarem do
processo democrático que deve incluir o direito de expressar opiniões políticas". A
igreja afirma que cumpre rigorosamente as leis do Brasil e dos outros 120 países onde
atua. Procurado pela reportagem, o PRB não respondeu.
“Tenho candidato a presidente, a governador, a senador, a deputado federal e a
deputado estadual, mas por causa desse raio dessa legislação eleitoral, eu não posso
dizer quem são.”
841
Renato Cardoso, Bispo da Igreja Universal
Santinho na porta e oração por Bolsonaro
No Renascer Hall, a sede da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, na Mooca, zona leste
de São Paulo, a campanha eleitoral acontece de uma maneira mais discreta e mais
direta.
Ao chegar ao templo para o culto noturno, o fiel ganhava na porta um santinho com os
candidatos apoiados pelos líderes da igreja evangélica, o apóstolo Estevam Hernandes
(foto) e a bispa Sonia Hernandes.
São os candidatos a deputado federal Marcelo Aguiar e a deputado estadual Pastor
Carlos Cezar, ambos do PSB, que aparecem junto com os líderes religiosos em diversas
fotos no material gráfico. Na entrada para o culto, o fiel também tem a oportunidade
de inscrever-se para receber o material de campanha dos candidatos por e-mail e
WhatsApp.
Depois de eleger-se vereador por São Paulo, Aguiar está encerrando o segundo
mandato consecutivo como deputado federal. Ligado à Renascer e cantor, é um dos
organizadores da Marcha para Jesus, que acontece todos os anos em São Paulo.
O pastor Carlos Cezar também está há duas legislaturas como deputado estadual na
Assembleia Legislativa de São Paulo. "Estou deputado, sou pastor", afirma, no material
de campanha entregue na porta do culto religioso. "Faço da minha vida pública
extensão do meu ministério", acrescenta o candidato.
Nos santinhos, chama a atenção o fato de que, na "cola" para a urna eletrônica, no
verso, não há indicações de voto para senadores, governador e presidente. Os
números estão em branco.
No culto em si, com cerca de duas horas de duração, o apóstolo quase ignorou as
eleições, com a exceção de dois momentos nos quais pediu orações para Bolsonaro -o presidenciável do PSL havia sido vítima de um atentado e levado uma facada na
barriga, durante evento de campanha em Juiz de Fora (MG), naquela tarde.
Em maio, Bolsonaro foi o único presidenciável ainda no pleito a participar da Marcha
para Jesus, organizada pela Universal com o apoio de outras igrejas evangélicas (o
então pré-candidato do PRB à Presidência, Flávio Rocha, também participou do
evento. A sigla acabou retirando a candidatura e integra a coligação de Alckmin).
842
Na ocasião, Bolsonaro foi recebido no palco pelo apóstolo Hernandes e pela bispa
Sônia, e discursou brevemente. Foi ovacionado, mas também ouviu vaias vindas dos
fiéis.
Procurados pelo UOL, a Igreja Renascer e os candidatos Marcelo Aguiar e Pastor Carlos
Cezar não responderam.
Desculpas por pedido de "Lula livre" em Aparecida
O reitor do Santuário Nacional Aparecida, padre João Batista de Almeida, envolveu-se
em uma confusão nas redes sociais e teve de pedir desculpas, após celebrar uma missa
pela libertação, em maio, ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que
teve sua candidatura ao Palácio do Planalto barrada pela Justiça. O sacerdote foi
acusado por fiéis de ser comunista.
O Santuário de Aparecida, localizado na cidade homônima, a 170 quilômetros de São
Paulo, é o maior templo católico do Brasil e um dos maiores do mundo.
Durante a celebração que causou polêmica, o clérigo pediu para que "Nossa Senhora
Aparecida abençoe [o petista] e lhe dê muitas forças para que se faça a verdadeira
justiça, para que o quanto antes ele possa estar entre nós, construindo com o nosso
povo um projeto de país que semeie a justiça e a fraternidade".
O arrependimento veio três dias depois, numa "nota de reparação" assinada pelo
padre João Batista e reforçada por dom Orlando Brandes, arcebispo da Arquidiocese
de Aparecida, e pelo padre José Inácio de Medeiros, superior provincial dos
Missionários Redentoristas da Província de São Paulo.
"Manifesto meu pesar e peço perdão a todos que se sentiram ofendidos pela maneira
como conduzi a celebração da missa das 14h", disse o reitor do Santuário.
Igreja não é lugar de tomar "posição político-partidária, que é contrária ao Evangelho",
afirma o texto, que começa pedindo "perdão pela dor que geramos à Mãe Igreja, aos
fiéis e às pessoas de boa vontade".
Escaldada com a polêmica, a direção do santuário lançou para as eleições a campanha
apartidária “Vamos mudar nosso país? #Eu sou o Brasil Ético”. Nela, a Igreja Católica
evita falar em casos concretos, e pede para o cidadão votar consciente, em candidatos
honestos.
843
Ao abrir o sermão do feriado de 7 de setembro no santuário, dom José Reginaldo
Andrietta, da Diocese de Jales (também no interior de SP), falou sobre compra de
votos e pediu para os católicos denunciarem os casos que presenciarem. "Indefinido e
imprevisível, como talvez nunca tenha acontecido na história do nosso país, é de se
perguntar: qual seria a atitude política correta?", questionou o religioso antes de
introduzir o assunto.
No dia 20 de setembro, a Igreja Católica promoverá em Aparecida, por meio da
Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), um debate com os
presidenciáveis, a ser transmitido por emissoras de rádio e televisão de "inspiração
católica e cristã".
Procurada pelo UOL para esclarecer o episódio e falar sobre as eleições, a assessoria
de imprensa do santuário católico não respondeu.
“Estou deputado, sou pastor. Faço da minha vida pública extensão do meu ministério.“
Carlos Cezar, Pastor da Igreja Renascer e deputado estadual em SP pelo PS
Considerada normal até as eleições de 2014, quando a Justiça Eleitoral começou a ter
um entendimento contrário, a campanha eleitoral dentro de igrejas e templos
religiosos ainda é vista Brasil afora.
Não há proibição específica sobre o tema na legislação eleitoral, mas, no julgamento
de casos específicos recentes, tanto os TREs (Tribunais Regionais Eleitorais) como o TSE
(Tribunal Superior Eleitoral) têm considerado a campanha política em cultos e missas
religiosas como "abuso do poder religioso".
"Essa figura jurídica, o abuso de poder religioso, não existe na lei", afirma o advogado
Alberto Luiz Rollo, especialista em direito eleitoral. "Mas, de duas eleições para cá, a
Justiça Eleitoral tem afirmado isso, em julgamentos sobre este tipo de questão, e
dizendo que o 'abuso de poder religioso' é análogo ao 'abuso de poder econômico',
este, sim, um crime previsto na legislação eleitoral."
De acordo com o especialista, a pregação eleitoral em meio a celebrações religiosas
pode ser considerada propaganda eleitoral irregular, dependendo da maneira como
for feita. "Se for algo recorrente, o religioso ficar pedindo de maneira reiterada nos
844
cultos voto para determinado candidato, pode até render uma impugnação de registro
de candidatura ou cassação da diplomação, se o candidato tiver sido eleito", diz Rollo.
Na maior parte das vezes, porém, a punição acaba sendo uma multa, que pode ser
aplicada à igreja e ao candidato.
"Isso não impede o religioso de declarar apoio e fazer campanha para alguém, o
problema é usar a estrutura da igreja para tanto. Se ele for na TV, no horário eleitoral
gratuito, por exemplo, pedir voto, não tem problema nenhum", observa o advogado.
Maioria dos eleitores é cristã, mas influência da religião é incerta
A maioria dos eleitores no Brasil é cristã. De acordo com o último Censo do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2010, mais de 90% da população
declara ter alguma religião -- 87% são cristãos.
Ao todo, 65% da população declarava ser católica, 22% evangélica, 8% não tinha
religião nenhuma e o restante, 5%, seguia outras religiões.
Isso ajuda a explicar o esforço dos candidatos para se aproximar deste eleitorado.
De acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), as candidaturas com nomes
religiosos cresceram 11% em 2018, em relação a 2014.
A lista é liderada por candidatos cristãos. Em primeiro lugar, ficam os pastores. São 524
candidatos evangélicos que declaram essa atividade. Padres ou outros membros da
Igreja Católica perfazem 20 candidatos. Por fim, são 24 os candidatos que se declaram
ligados a igrejas de matrizes religiosas africanas nas eleições deste ano.
Apesar disso, a influência da religião no voto dos fiéis é incerta. Segundo pesquisa da
PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e da Intercom (Sociedade
Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), feita com evangélicos
durante a Marcha para Jesus (evento que reúne fiéis de igrejas evangélicas em São
Paulo anualmente há 26 anos), 40% dos entrevistados não esperam que o próximo
presidente seja evangélico.
Quase um terço dos entrevistados, 32%, afirmou até preferir que o Executivo fique nas
mãos de alguém que tenha outra ou nenhuma fé.
845
https://www.uol/eleicoes/especiais/templos-e-igrejas-na-campanha-eleitoral-de2018.htm
CONTRA O PT, CONFEDERAÇÃO DE PASTORES DO BRASIL DECIDE APOIAR BOLSONARO
Daniela Lima, Blog Painel/Uol, 20 de setembro de 2018
Cruzada A centralização do embate entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT)
( https://painel.blogfolha.uol.com.br/2018/09/19/na-tv-alckmin-vai-tratar-cenariobolsonaro-contra-haddad-como-encruzilhada-obscurantista/ ) já no primeiro turno da
eleição fez igrejas evangélicas anteciparem uma tomada de lado na disputa. A
Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil, que congrega as principais
agremiações neopentecostais, decidiu declarar apoio ao capitão reformado. À frente
da entidade e da Sara Nossa Terra, o bispo Robson Rodovalho diz que, com “a divisão
entre direita e esquerda, não dá mais para ficar em cima do muro”.
Cavalo de pau Rodovalho, que apoiou Haddad em 2012 para prefeito de SP, diz agora
que só Bolsonaro é capaz de “colocar um freio de arrumação no Brasil”. Ele comanda
cerca de 1,5 milhão de fiéis.
Para convertidos O novo Datafolha reforça a tendência de polarização entre o
candidato do PSL e o do PT. A pesquisa mostra que, entre os evangélicos, o deputado
abre larga vantagem sobre o petista nas sondagens sobre um eventual segundo turno:
51% a 34%.
Meu pastor Os conselhos regionais de pastores ligados a Rodovalho vão mapear
agremiações evangélicas para identificar simpatizantes de Haddad. A ideia é que, com
os dados, os líderes religiosos atuem para virar esses votos.
Bom filho à casa torna Haddad, que perdeu a reeleição (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/eleicoes-2016/2016/10/1819110-aposta-dealckminjoao-doria-e-eleito-prefeito-de-sao-paulo-no-1-turno.shtml ) para prefeito de
São Paulo em 2016, venceria Bolsonaro na capital, indica o Datafolha. Os dois marcam
empate técnico no primeiro turno, mas o petista abre 45% a 34% sobre o rival na fase
seguinte.
Grandes negócios Aliados de Bolsonaro esperam agora declarações enfáticas de
empresários. Os donos da Riachuelo, Flávio Rocha (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/bolsonaro-faz-ofensiva-para-atrair-o-
846
pib-em-sao-paulo.shtml ), e da Centauro, Sebastião Bomfim Filho, organizam
manifesto de um grupo de varejistas a favor do presidenciável.
Moeda volátil Na noite desta terça (18), o publicitário Nizan Guanaes recebeu parte da
elite paulista em um jantar. O voto útil antecipado em Bolsonaro foi assunto corrente.
Resta saber se os entusiastas mudaram de ideia com o recente entrevero (
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2018/09/assessoreconomico-de-bolsonaro-quer-recriar-imposto-nos-moldes-da-cpmf.shtml ) entre o
presidenciável e seu guru na economia, Paulo Guedes (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/bolsonaro-votou-contra-cpmfqueguedes-quer-recriar-e-a-associou-a-cubanizacao.shtml ).
Água entre os dedos Entre os endinheirados de SP que estavam no evento, o apoio a
Geraldo Alckmin (PSDB) ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/haddadesta-no-segundo-turno-mas-bolsonaro-vai-cair-diz-alckmin.shtml ) derreteu.
Minha gente A força do lulismo no Nordeste (
https://painel.blogfolha.uol.com.br/2018/09/15/em-alta-na-regiao-haddad-miranordeste-no-programaeleitoral-na-tv/ ) fica clara nas simulações de segundo turno
entre Haddad e Bolsonaro em Pernambuco, por exemplo. O petista alcança o dobro
das intenções de votos do adversário no estado: 53% a 26%.
Penetra Para não deixar Bolsonaro correr solto no empresariado, a coordenação da
campanha de Haddad vai discutir um roteiro de aproximação com o setor produtivo (
https://painel.blogfolha.uol.com.br/2018/09/14/haddad-deve-usar-entrevista-ao-jnparamandar-recados-ao-mercado-financeiro/ ). A ideia é que o presidente da
Coteminas, Josué Alencar, seja uma das pontes.
Só vendo Desidratada pelas pesquisas (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/apos-queda-marina-silva-eleva-tom-etenta-turbinar-campanha-emredes-sociais.shtml ), Marina Silva (Rede) enviou áudio a
correligionários nos estados pedindo ânimo. “Se tivesse ficado impressionada com
pesquisas em 1994 não teria sido eleita a senadora mais jovem do Brasil”, disse.
Sem moral Integrantes da Rede de São Paulo ironizaram a mensagem. O clima é de
insatisfação. Até hoje os programas dos candidatos a deputado da sigla não foram ao
horário eleitoral. Justificativa: falta de verbas.
Caminho do meio A campanha de Ciro Gomes (PDT)(
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/nem-a-pau-juvenal-diz-ciro-sobre-japensar-emapoio-a-haddad.shtml ) profetiza que Haddad vai atingir o teto das
847
intenções de voto em breve e que haverá espaço para avançar entre os que são antiPT e anti-Bolsonaro.
Azedou Desde que o presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio de
Noronha, criticou o juiz Fernando Fischer, filho de seu colega de corte Felix Fischer, o
clima entre os dois não é dos melhores.
Azedou 2 Na segunda (17), Noronha disse num evento em SP que a decisão do filho de
Fischer de prender Beto Richa ( PSDB-PR)(
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/ex-governador-beto-richa-e-preso-noparana.shtml ) causava “arrepio” e que “todo mundo quer ser *Sergio+ Moro”. Nesta
quarta (19), no STJ, segundo integrantes da corte, os dois discutiram antes da sessão.
TIROTEIO
O que o Brasil precisa é cobrar mais impostos de quem é rico e menos da classe média
e dos mais pobres
De Ciro Gomes, presidenciável do PDT, sobre a proposta do economista de Jair
Bolsonaro (PSL) de criar um novo imposto nos moldes da CPMF.
https://painel.blogfolha.uol.com.br/2018/09/20/contra-o-pt-confederacao-depastores-do-brasil-decide-apoiar-bolsonaro/
ENQUANTO PASTORES EVANGÉLICOS APOIAM BOLSONARO, CÚPULA CATÓLICA LAVA
AS MÃOS. ESTARIA JESUS, NESTAS ELEIÇÕES, A FAVOR DE UM CANDIDATO QUE PREGA
A VIOLÊNCIA COMO PANACEIA PARA TODOS OS MALES?
Juan Arias, El País, 20 de setembro de 2018
Há momentos na história dos povos, como hoje no Brasil, onde os cristãos não podem
ser omitir quando os direitos fundamentais das pessoas, como suas liberdades e
defesa dos mais fracos, estão em perigo. No Brasil, 166 milhões de pessoas, cerca de
86% da população, declaram-se cristãs. Nessa parcela, 64,6% são católicas e o
restante, evangélicas. Para ambos os grupos, sua constituição religiosa são os textos da
Bíblia, do Antigo e do Novo Testamento. Ambas os grupos cristãos têm como lema a
paz e a fraternidade, bem como a defesa dos mais humildes e esquecidos pelo poder.
As igrejas evangélicas pregam, como vi escrito até em um caminhão, que "Cristo está
voltando". Pergunto-me, no entanto, se os evangélicos e católicos não seriam pegos de
848
surpresa se, de fato, o inocente e pacífico Jesus de Nazaré, crucificado por defender os
perseguidos e desprezados pelo poder, aparecesse nos dias de hoje entre eles. Estaria
Jesus, nestas eleições, a favor de um candidato que prega a violência como panaceia
para todos os males, que zomba das minorias ameaçadas pela intransigência, que
ensina crianças a usar as mãos inocentes para imitar um revólver e que, vítima de um
ataque injusto, como são todos os atos de violência, continua, de seu leito no hospital,
fazendo gestos como se estivesse disparando uma arma?
Se Cristo voltasse, ficaria, certamente, surpreso com a notícia publicada pelo jornal
Folha de S. Paulo, de que a Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil decidiu
apoiar a candidatura do capitão reformado Jair Bolsonaro, sob o pretexto de frear uma
possível vitória da esquerda. Os evangélicos, como todos os cidadãos, têm o direito de
preferir um candidato de esquerda ou de direita. Eles são, no entanto, seguidores do
profeta que morreu por defender todas as minorias perseguidas em seu tempo e que
se recusou a ser defendido por seus discípulos com a espada. Não poderia, por isso,
abençoar aqueles que não só pregam a violência e até mesmo o extermínio dos
inimigos, mas também fazem alarde sobre isso.
E, se pode nos surpreender o fato de que as igrejas evangélicas declarem, por meio de
seus pastores, seu apoio ao candidato que fez das armas seu estandarte sagrado,
também surpreende que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lave as
mãos e não tenha a coragem de assumir uma posição clara sob a desculpa de que a
Igreja "não se pronuncia sobre candidatos". O cardeal Sérgio da Rocha, que agora
preside a CNBB, em uma cerimônia em Brasília no último dia 14, havia defendido que
os católicos não devem apoiar candidatos "que promovam a violência", referindo-se a
Bolsonaro. Em seguida, os bispos divulgaram um comunicado para esclarecer que o
cardeal havia dado sua opinião pessoal, e que a CNBB "não se pronuncia sobre
candidatos". Os bispos, mais uma vez, lavaram as mãos, um gesto que traz tristes
lembranças, quando Pôncio Pilatos, antes de condenar Jesus à morte, também lavou
as mãos.
A Igreja Católica, que carrega nas costas dois mil séculos de história, já pagou caro no
passado por ter feito uso da violência contra os hereges, nas fogueiras da Inquisição e
nas guerras religiosas. Ainda surpreende aquele ambíguo lavar de mãos do papa Pio XII
diante de Hitler e do Holocausto. E pagou caro por seus pecados de traição à sua
doutrina de paz e de defesa das liberdades, assim como seu apoio às piores ditaduras.
Uma coisa é que, como princípio, as igrejas cristãs proclamem sua independência em
assuntos transitórios da política, e outra que, quando a política se torna um perigo
nacional, se permitam lavar as mãos ou ficar do lado dos opressores dos fracos e
849
daqueles que desejam fazer da violência o centro de gravidade de um país. Para isso,
não existe perdão.
No cristianismo, a neutralidade quando a vida e os direitos das pessoas estão em jogo
é um pecado. A Bíblia é clara. No livro do Apocalipse (3:15-16), aqueles que preferem
covardemente lavar as mãos são repreendidos: "Assim, porque és morno, e nem és
frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca”. O Deus cristão exige a coragem de
saber se posicionar contra os violentos, no pelotão dos indefesos condenados ao
esquecimento e principal alvo da violência.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/20/opinion/1537466622_097329.html
“JC NAS ELEIÇÕES” DEBATE UNIÃO ENTRE RELIGIÃO E POLÍTICA. CARTILHA DA IGREJA
CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA SERÁ DIVULGADA NESTA QUINTA-FEIRA (20) EM RIO
CLARO
Lucas Calore, Jornal Cidade de Rio Claro, Caderno A, página sem data e sem
numeração (provavelmente dia 19 ou 20 de setembro de 2018)
850
https://drive.google.com/file/d/1DuewuP7oWXQy3B_KInT68viS6BDRPFiD/view?usp=s
haring
A FORÇA DOS EVANGÉLICOS NA ELEIÇÃO. NA POLÍTICA BRASILEIRA, ELES AINDA ESTÃO
SUB-REPRESENTADOS. MAS AGORA PODEM SER DECISIVOS PARA A ESCOLHA DO MAIS
ALTO CARGO DO ESTADO. E PODEM TORNAR O BRASIL AINDA MAIS CONSERVADOR
Thomas Milz, Deutsche Welle, 27 de setembro de 2018
O outrora "país mais católico do mundo" sempre teve presidentes católicos – com
exceção do evangélico Ernesto Geisel. A eleição do dia 7 de outubro terá dois
candidatos à Presidência com perfil evangélico: Marina Silva e Jair Bolsonaro. A
primeira é evangélica convertida do catolicismo, e o segundo, católico, se deixou
batizar em 2016 por um pastor evangélico no rio Jordão.
As igrejas evangélicas estão há décadas ganhando cada vez mais fiéis. No censo de
2010, 42 milhões de brasileiros (22%) se declararam "evangélicos", enquanto 123
milhões eram católicos (64%). Atualmente, a parcela de evangélicos é de cerca de 30%,
segundo estimativas de especialistas.
Mas politicamente eles ainda estão sub-representados. Atualmente, dos 513
deputados da Câmara dos Deputados, apenas cerca de 90 pertencem à Frente
Parlamentar Evangélica, fundada em 2003. No Senado, cinco dos 81 senadores são
evangélicos, sendo que dois estão licenciados.
Nas próximas eleições, é esperado que a bancada evangélica cresça pelo menos 10%
devido ao desempenho de Bolsonaro, na opinião do cientista político Ricardo Ismael,
da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ): "A novidade é que os
evangélicos começam a ser competitivos em eleições para o Poder Executivo".
Uma prova disso é a eleição em 2016, do bispo da Igreja Universal do Reino de Deus
Marcelo Crivella para prefeito do Rio de Janeiro. Para isso, ele contou com o poder da
Igreja Universal, fundada por seu tio Edir Macedo, junto com o império de TV Rede
Record. Pastores teriam pedido votos para Crivella, segundo reportagens da mídia.
Não se sabe com quanto dinheiro a Igreja Universal contribuiu para a dispendiosa
campanha eleitoral.
851
Nem todos os candidatos evangélicos têm o apoio de Igrejas tão grandes, influentes e
poderosas financeiramente. Mas eles ganham eleitores da nova classe média baixa,
onde a Igreja Católica vem perdendo influência desde os anos 70.
"A população de baixa renda e de classe média baixa brasileira se afastou da chamada
teologia da libertação, defendida pela Igreja Católica progressista, e aderiu ao que
ficou conhecido como 'teologia da prosperidade', propagada pelas igrejas evangélicas
neopentecostais", ressalta Ismael.
Para o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da
PUC-SP, a ascensão dos evangélicos é resultado do êxodo rural na segunda metade do
século 20. A devota população rural encontrou nas cidades grandes uma sociedade
católica secularizada e liberal e foi buscar refúgio nas Igrejas Pentecostais –
moralmente mais severas, conservadoras e puristas –, com suas promessas de
prosperidade.
"Para uma população massacrada por condições de vida extremamente difíceis,
escandalizada pela perda dos valores tradicionais, solitária nas grandes cidades, essa
mensagem era muito atraente", afirma Ribeiro Neto.
Ela conseguiu ascender economicamente nas últimas décadas para uma nova classe
média – e vota tendencialmente na direita conservadora. A pesquisa Ibope de 18 de
setembro, por exemplo, aponta que os eleitores evangélicos votam menos na
esquerda (6%) do que os católicos (21%). "O discurso católico tem mirado mais a
questão social, dos direitos dos mais pobres", sublinha o sociólogo. "Enquanto o
discurso evangélico – particularmente entre os neopentecostais – está mais centrado
na questão dos valores morais."
Diferentemente das classes mais pobres, que tendem a votar na esquerda, que são
mais dependentes da ajuda estatal, a população da ascendente classe baixa média não
depende mais de ajudas diretas do Estado.
"Já os neopentecostais são hegemônicos nessas novas classes médias, e se preocupam
muito com os valores morais, o combate à insegurança urbana e o fim do Estado
assistencialista – que não atende mais às suas necessidades", comenta o especialista.
A grande maioria dos políticos evangélicos também é contra uma agenda a favor das
minorias, segundo Ismael. "A bancada evangélica tem se colocado contra uma agenda
de esquerda, que quer mudanças na questão dos direitos das minorias, na
possibilidade de novos formatos de famílias, nas discussões sobre gênero e no sistema
852
educacional. É cedo para dizer que ela terá êxito em impedir tais avanços. Mas tem
força para provocar muitos embates e negociações."
Será que o próximo presidente será evangélico? Jair Bolsonaro lidera as pesquisas de
intenção de voto (27%, segundo a CNI/Ibope de quarta-feira), enquanto Marina Silva
perde força (6%). Ela não restringe seu discurso a temas evangélicos, mas abraça tanto
a política social quanto o ambientalismo, segundo Ismael.
"O candidato Jair Bolsonaro tem um discurso que reproduz os valores da pregação
evangélica, se colocando contra a agenda da esquerda na área de costumes. Dai vem
sua expressiva votação entre os evangélicos", analisa.
Enquanto Marina Silva, declaradamente evangélica, possui um perfil com
características mais católicas, o católico Bolsonaro discursa como um evangélico, na
avaliação de Ribeiro Neto.
"Curiosamente, Marina é a candidata católica por excelência, vivendo essa cisão entre
as questões sociais – onde tem um perfil de esquerda – e as morais – onde se
aproxima da direita", afirma.
Já Bolsonaro, de acordo com o especialista, é totalmente identificado com as
aspirações da nova classe média. "Tanto para um evangélico quanto para um católico
ultraconservador, Bolsonaro representa a alternativa populista de um líder capaz de
usar a força para resolver os problemas que não estão sendo resolvidos pelo diálogo
democrático", frisa o sociólogo.
https://www.dw.com/pt-br/a-for%C3%A7a-dos-evang%C3%A9licos-naelei%C3%A7%C3%A3o/a-45632150
https://p.dw.com/p/35T0Q
"BOLSONARO É A CARICATURA DO EXTREMISTA DE DIREITA". EM ENTREVISTA,
PESQUISADOR ALEMÃO QUE ESTUDA A NOVA DIREITA BRASILEIRA DIZ QUE
MOVIMENTO NO BRASIL NÃO É CASO ISOLADO NO MUNDO, MAS POSSUI
PARTICULARIDADES PERIGOSAS, É MAIS PODEROSO E ABRANGENTE
Clarissa Neher, Deutsche Welle, 27 de setembro de 2018
853
As eleições deste ano marcam a expansão política da nova direita no Brasil. Seu maior
representante é Jair Bolsonaro, candidato à Presidência pelo PSL que, no momento,
lidera nas pesquisas de intenção de voto.
Para o sociólogo e pesquisador alemão Georg Wink, que estuda a ascensão da direita
no Brasil, ela não é um fato isolado no mundo. Mas há particularidades que tornam o
caso brasileiro mais perigoso, como o poder econômico e político que esses grupos
possuem e o próprio contexto do país, que enfrenta recessão e desemprego.
"A nova direita não defende nada substancialmente diferente do que a velha direita. O
que mudou foi a forma, a linguagem, e o potencial", afirma Wink, que é o professor na
Universidade de Copenhague e pesquisa atualmente esse movimento.
Em entrevista à DW Brasil, o pesquisador aponta as diferenças entre a nova direita
brasileira e movimentos semelhantes em outros países, comenta a ascensão de
Bolsonaro e perspectivas que um eventual governo teria.
DW Brasil: Como essa nova direita difere da velha no Brasil?
Georg Wink: Comecei a trabalhar com o fenômeno da nova direita com algumas
ressalvas e, no início, não sabia se o conceito "nova direita” realmente seria adequado.
Entretanto, já existe um trabalho substancial de pesquisadores brasileiros, embora
esparso, e quanto mais fui estudando, mais fui ficando preocupado, porque na
verdade só vemos a superfície, que são os discursos meio polêmicos e bizarros de
alguns políticos, mas por trás disso há estruturas consolidadas com muito poder
político, midiático e financeiro. É só pensar na poderosa infraestrutura internacional
dos diversos institutos "liberais”, como o Millenium, o Mises e o Liberal, que estão por
trás de movimentos como o MBL.
Em princípio, a nova direita não defende nada substancialmente diferente do que a
velha direita, como o antigo PFL, vinha defendendo, a combinação de conservadorismo
moral com princípios neoliberais. O que mudou foi a forma, a linguagem, e o potencial.
Ela sempre existiu, mas com muita razão agora está sendo chamada de "direita
desavergonhada”, porque "ser de direita” deixou de ser um estigma em algum
momento, provavelmente por volta de 2013. Passa a sair do armário e percebe que
defender suas posições de forma não velada é a fórmula do sucesso, especialmente
entre os mais jovens e os mais ricos.
A ascensão de Jair Bolsonaro, um candidato populista com ideias radicais de direita,
é fenômeno isolado ou faz parte de um contexto global?
854
Nada é isolado, é só pensar na Polônia, na Hungria, na França, na Alemanha, nos EUA,
entre muitos outros países, mas cada caso é diferente. O que faz do Bolsonaro especial
é que ele, como nenhum outro, reúne absolutamente 100% do repertório extremista.
Quando comparamos com outros políticos de destaque da direita, eles não mostram a
mesma radicalidade em todas as suas atitudes, por exemplo, não são necessariamente
sempre misóginos ou homofóbicos. Bolsonaro tem tudo, é a caricatura do extremista
de direita. Estou no início da pesquisa, mas a hipótese que me norteia é que o caso da
nova direita no Brasil tem uma relevância especial, maior do que os EUA do Trump, por
ser um fenômeno mais abrangente, mais poderoso e que se manifestou muito de
repente. Revelador para o mundo inteiro, aliás.
O que difere a nova direita do Brasil da dos outros países?
No Brasil, a nova direita envolve um maior número de agentes políticos e sociais do
que em outros países e são mais variados. Por exemplo, as principais igrejas
pentencostais e neopentecostais, partes das forças repressivas, empresários que
pouco se importam com programas políticos, desde que siga a doutrina neoliberal, os
neointegralistas, que muitas vezes são esquecidos, mas em 2004 fizeram seu o
primeiro congresso depois de anos. Temos ainda os monarquistas, que também têm
poder sobre a mídia social, aliás, é justamente a dominação das mídias sociais que
acontece no Brasil de forma incomparável, como uma série de estudos tem mostrado.
Tem ideólogos, muitos além de Olavo de Carvalho. E a nova direita tem o apoio de
uma infraestrutura internacional, os 'think tanks' que mencionei, bem abastecidos com
verba de empresas conhecidas e desconhecidas. Isso tudo junto dá mais poder e
substância ao movimento da nova direita.
Considerando o contexto do Brasil, que é muito mais vulnerável do que no caso dos
outros países que mencionei, que não passaram por um processo tão draconiano de
desestabilização do consenso democrático, o tal "impeachment”, e, em consequência,
também recessão e desemprego, isso é uma mistura muito explosiva. Por isso, a
ascensão da direita no Brasil não é um fato isolado, mas em comparação com a
situação global, concentra e acentua os fatores de tal forma que torna o caso
periclitante.
Jair Bolsonaro é o candidato mais à frente nas pesquisas de intenção de voto. Você
acha que ele coloca em risco à democracia brasileira?
Tendo a achar que sozinho ele não coloca a democracia brasileira mais em risco do que
já está. Assim com o ex-presidente Fernando Collor, em 1990, se eleito, ele teria uma
base pífia no Congresso e dependeria totalmente das coalizões, quase inevitavelmente
com grandes partidos do centro. A não ser que o Congresso fique ainda mais
855
conservador. Quero ver ele enchendo os ministérios com generais se precisar
satisfazer uma dúzia de partidos da base aliada. Mas duvido que sua eleição
represente uma ameaça necessariamente maior à democracia do que agora com
Michel Temer.
Como Temer representa uma ameaça à democracia?
Com a exclusão e precarização de milhões de pessoas por meio de políticas
macroeconômicas, que impactam suas possibilidades de participação democrática,
com o enfraquecimento de mecanismos e instituições da democracia, Exército na rua,
manipulação do Judiciário, censura de professores universitários. A diferença do
Bolsonaro seria provavelmente o tom, a retórica, o que não deixa de ter importância.
Mas talvez até fique mais fácil perceber a ameaça à democracia, fazer oposição,
quando um presidente Bolsonaro se manifesta de forma mais tosca e menos
dissimulada do que agora ou num hipotético governo liderado por um partido de
centro-direita que segue o mesmo caminho de Temer.
Há aqueles que falam que uma eleição do Fernando Haddad, candidato do PT, pode
também levar a uma ameaça à democracia, diante do ódio que muitos têm pelo
partido no Brasil. Você acha que isso é possível?
Trabalhando com a nova direita me assustei com sua firmeza estratégica. Muitas vezes
eles próprios definem o seu caminho como uma "guerra cultural” para conquistar a
juventude, principalmente por meio do ciberativismo. São hipsters, se apresentam
como vanguarda, e parece que está funcionando. Um dos sintomas desta parcela da
população é o antipetismo patológico, independente de políticas de um suposto
governo do PT que poderiam beneficiá-los. Agora, tirando a nova direita, acredito que
será difícil uma reconciliação com o centrão como ocorreu em 2003. Algo substancial
mudou no Brasil nos quase 14 anos de governo do PT. Num determinado momento
acabou a tolerância das elites econômicas com este projeto e com uma solução
democrática de conflitos de interesse. Não vejo como e por que esta tolerância
poderia voltar.
Se Haddad ganhar, será um confronto constante dos dois lados, não será possível
contornar mais uma vez o miolo do problema e fazer paliativo: a manutenção do
privilégio para alguns e a brutal exploração da maioria. Agora não sei se esta nova
situação seria necessariamente uma ameaça à democracia.
https://www.dw.com/pt-br/bolsonaro-%C3%A9-a-caricatura-do-extremista-dedireita/a-45651684
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https://p.dw.com/p/35Y5U
EDIR MACEDO DECLARA APOIO A BOLSONARO
Estadão reproduzido pelo Uol, 30 de setembro de 2018
O bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), declarou voto
no sábado (29) em Jair Bolsonaro, deputado federal e candidato a presidente da
República pelo PSL.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o PRB, partido ligado à Universal, já
manifestou internamente predileção por Bolsonaro num segundo turno entre ele e o
candidato do PT, ex-ministro e ex-prefeito Fernando Haddad, cenário mais provável
segundo pesquisas de intenção de voto. O partido coligou-se ao tucano Geraldo
Alckmin no primeiro turno, mas prepara-se para entrar na campanha de Bolsonaro. A
informação foi publicada no sábado, pelo jornal O Globo.
O religioso da maior igreja neopentecostal do País e a mais influente eleitoralmente
usou seu perfil oficial certificado no Facebook para responder ao questionamento de
um fiel da IURD, que desejava saber quem ele apoiaria na eleição para presidente da
República.
O corretor de imóveis Antonio Mattos, simpatizante de Bolsonaro, comentou em um
vídeo de Macedo, cujo conteúdo não tinha a ver com eleição: "Queremos saber bispo
(sic) do seu posicionamento sobre a eleição pra presidente". O bispo Macedo
respondeu de forma direta: "Bolsonaro".
Em eleições anteriores, a Igreja Universal apoiou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT),
hoje candidata ao Senado em Minas Gerais. O PRB, partido ligado à igreja criado
durante o governo Lula, participou das duas últimas gestões petistas, mas
desembarcou do governo e apoiou o impeachment. A sigla comanda o Ministério da
Indústria no governo Michel Temer.
A Universal decidira ficar "neutra" na disputa presidencial, sem fazer declarações
oficiais, nem indicar posição. Uma fonte com trânsito na cúpula da denominação disse
que a posição poderia ser revista ao longo da semana, e outros líderes religiosos
evangélicos esperavam um posicionamento do Bispo Edir Macedo. Oficialmente, a
Universal disse à reportagem, na quinta-feira à noite, que "incentiva a todos os
cristãos, de todas as denominações, a escolherem candidatos comprometidos com os
valores da família e da fé".
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Um dos elos entre a campanha de Bolsonaro e líderes da Universal são os integrantes
da comunidade judaica que colaboram com a campanha do PSL e mantêm vínculos
com religiosos graduados da igreja. A Universal adotou a simbologia judaica, e o excapitão do Exército também passou a se posicionar de acordo com bandeiras
defendidas por Israel. Em 2016, viajou ao País com os filhos, e foi batizado no Rio
Jordão pelo pastor Everaldo Pereira, da Assembleia de Deus Ministério Madureira.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/agenciaestado/2018/09/30/edir-macedo-declara-apoio-a-bolsonaro.htm
LIDERANÇAS DAS BANCADAS EVANGÉLICA E DA BALA ASSUMEM APOIO A BOLSONARO
Camila Turtelli e Mariana Haubert, Estadão reproduzido pelo Uol, 03 de outubro de
2018
Os líderes das bancadas evangélica e da bala assumiram o apoio ao candidato do PSL
ao Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro. No entanto, diferentemente da frente ruralista,
os líderes não cogitam, neste momento, formalizar o posicionamento do grupo nas
eleições 2018. O deputado Hidekazu Takayama (PSC-PR) (
https://noticias.uol.com.br/politica/politicosbrasil/2018/deputadofederal/pr/20041948-takayama.htm ), que coordena a frente dos evangélicos na
Câmara, afirmou à reportagem que o apoio do seu grupo é uma "tendência natural", já
que o candidato apoia os "valores cristãos e da família".
Por outro lado, Takayama afirmou que não há uma orquestração da frente para
oficializar o apoio ao candidato já que a maioria dos deputados está atualmente em
campanha, sem tempo para reuniões. "Com certeza, acredito que a maioria aceitaria",
afirmou. Ele afirmou ainda que em uma eventual eleição de Bolsonaro, a frente
provavelmente não faria oposição ao seu governo.
O criador da Frente Parlamentar da Segurança e candidato ao governo do Distrito
Federal, Alberto Fraga (DEM-DF), declarou seu apoio pessoal ao militar na noite desta
terça-feira, 2, ao vivo, durante o debate realizado pela TV Globo. Ao Broadcast Político,
plataforma de notícias em tempo real do Grupo Estado, Fraga disse que o sentimento
da maioria dos integrantes da chamada bancada da bala é apoiar Bolsonaro. "O apoio
está implícito", disse.
De acordo com ele, dos 306 integrantes do grupo, cerca de 170 querem o capitão
reformado no Palácio do Planalto. A bancada da bala não existe formalmente no
858
Congresso mas a Câmara reconhece as frentes parlamentares suprapartidárias,
organizadas por interesses comuns. A frente da segurança agrega neste momento 299
deputados.
Fraga afirmou, contudo, que o grupo não se posicionará oficialmente porque nem
todos os seus integrantes foram consultados sobre a questão. "Eu gostaria (de declarar
posição), mas como não consegui reunir todo mundo, não tenho como emitir essa
nota. Claro que deve ter gente que não concorda com essa decisão", disse.
Oficialmente, há 182 integrantes em exercício na Frente Parlamentar Evangélica (FPE).
No entanto, 105 deputados pertencem a outras religiões e entraram com suas
assinaturas somente para viabilizar a criação da frente. Os 84 parlamentares
representam 23 estados, 21 legendas e 19 denominações evangélicas.
Nessa terça, a Frente Parlamentar da Agropecuária selou seu apoio à candidatura do
militar. O grupo reúne 214 deputados, sendo que 43% deles são de partidos coligados
à candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), incluindo 18 parlamentares tucanos. A
responsável pela adesão foi a deputada Tereza Cristina (DEM-MS), presidente da
frente. Além de ser de um partido que integra a coligação de Alckmin, a deputada foi
cotada para ser vice na sua chapa.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/agenciaestado/2018/10/03/liderancas-das-bancadas-evangelica-e-da-bala-assumem-apoio-abolsonaro.htm
POR QUE FIGURAS FOLCLÓRICAS, MEDÍOCRES E VIOLENTAS COMO BOLSONARO
ACABAM DESAFIANDO A RAZÃO E A INTELIGÊNCIA? MAIS DO QUE OS VALORES QUE
DEFENDEM, ESSES PERSONAGENS INIMIGOS DA DEMOCRACIA E DA LIBERDADE SÃO
FRUTO DOS ERROS DOS QUE OS PRECEDERAM
Juan Arias, El País, 03 de outubro de 2018
O capitão reformado Jair Messias Bolsonaro, de extrema direita, com ideias fascistas,
que discrimina as minorias, denigre as mulheres, exalta a tortura e defende a violência,
lidera as intenções de voto nas eleições presidenciais no Brasil, uma das maiores
democracias do mundo. Isso deveria obrigar os demais políticos a se fazerem algumas
perguntas incômodas.
859
Precisamos nos perguntar por que o político brasileiro poderia, hoje, como no passado
Hitler, Mussolini ou o caudilho Franco, chegar ao poder, até mesmo pelas urnas,
apesar de serem figuras folclóricas, inexpressivas e com biografias insignificantes.
Precisamos nos perguntar o que os tornou protagonistas e inimigos da democracia e
da liberdade. Descobriríamos que todos eles, a começar pelo capitão brasileiro, mais
do que os valores que defendem, são o fruto dos erros dos que os precederam.
Por trás desses personagens, que estão mais para figuras do teatro do absurdo do que
para guias mundiais e estadistas de alto nível, está a deterioração de uma classe
política e de uma sociedade na qual as pessoas perderam a confiança nos valores da
democracia e da liberdade. E nesses casos é forte a tentação, sobretudo dos mais
desesperados, de cair nas mãos de caudilhos iluminados, messias religiosos e
salvadores da pátria.
Há traços comuns nesses personagens, banais, mas perigosos para a democracia, que
os unem numa espécie de destino curioso e fatal. Um deles é um desejo quase
psicanalítico de superar sua mediocridade com a força de um messianismo que os
resgate de sua pequenez e que, levado ao paroxismo, de repente os transforme em
heróis e garantidores de uma sociedade que se sente ameaçada.
Não por acaso, em Bolsonaro e nos outros ditadores aparece sempre um conflito
religioso que acaba sendo resolvido a serviço de sua divinização, de escolhidos pelos
deuses para sua missão. Todos eles haviam tido antes uma relação conflituosa com a
religião que acabaram instrumentalizando para fortalecer seu poder. Hitler foi ao
mesmo tempo cristão e ateu, defensor e perseguidor da fé, conforme sua
conveniência. Mussolini era filho de um socialista ateu convicto e de uma mãe
religiosa, e terminou, por interesse, tornando-se católico e defendendo a Igreja e o
Vaticano.
O ditador Franco foi outro personagem ambivalente com a religião, que acabou
usando – e abusando– para manter seu poder. Ele foi o grande abençoado pelos papas
e saía em procissão sob ornamentos religiosos, acompanhado de bispos e cardeais. E
hoje, no Brasil, Bolsonaro, que tem formação católica, está nas mãos das poderosas
igrejas evangélicas nas quais foi batizado novamente e que o apoiam nas eleições. E
seu lema é "Deus acima de tudo". E foi Deus, segundo ele, que milagrosamente o
salvou do ataque sofrido durante a campanha, que o deixou à beira da morte.
Todos esses personagens medíocres que acabaram surpreendendo o mundo com a
força de sua violência aparecem em suas biografias como artistas malsucedidos ou
militares fracassados com sede de superação para exorcizar suas fraquezas. Hitler
queria, e não conseguiu, ser um grande pintor, assim como o ditador espanhol. E hoje
860
Bolsonaro, que aparece como o grande ex-militar capaz de redimir o Brasil de seus
demônios do comunismo e dos destruidores da família e dos bons costumes, era um
paraquedista sem brilho, demitido do Exército por sua conduta.
O deificado estrategista militar Franco, que levou a Espanha a uma sangrenta guerra
civil e a 40 anos de ditadura e terror policial, que estudou em uma escola religiosa, era
chamado por seus colegas da Academia de Toledo – dizem seus biógrafos – de
"Franquito", por ser pequeno, miúdo, fraco e ter voz afeminada. Chegou-se a pensar
em lhe dar uma arma de cano curto, um mosquetão, em vez do pesado rifle do
regulamento. A vingança de Franco por sua mediocridade juvenil é conhecida por seu
mais de um milhão de mortos nas costas e seu hábito de anotar em uma folha de
papel, enquanto tomava café, aqueles que deveriam ser fuzilados, desenhando uma
flor sobre cada nome destinado à morte.
Bolsonaro foi um dos políticos brasileiros mais insignificantes em 27 anos como
deputado federal, durante os quais, sem conseguir aprovar sequer uma única lei
importante, se distinguiu apenas por suas bravatas e insultos a mulheres e gays, e sua
defesa dos valores mais retrógrados da sociedade.
Na manifestação em favor de sua candidatura em São Paulo, um de seus filhos
ofendeu as mulheres quando disse que as da direita são "mais bonitas e limpas" do
que as da esquerda, que até "defecam na rua". Mussolini, um dos fundadores do
fascismo mundial, que alardeava suas aventuras sexuais, tinha um conceito menos
higienista nessa questão. Contava, sem pudor, que preferia, quando desfrutava das
mulheres, que fossem "cabeludas e não muito limpas" (La Caída de Mussolini, Ed.
Planet, Barcelona). Também entre ditadores costuma haver uma estranha criatividade
sexual e uma alergia e até mesmo desprezo, quando não perseguição, por tudo que
não for macho e fêmea em estado puro. As políticas de gênero e sua riqueza humana e
sexual tendem a ser ignoradas, e até a irritar aqueles líderes e salvadores da
moralidade e da religião.
No entanto, permanece sem resposta, como no caso do capitão brasileiro, quem
foram os verdadeiros responsáveis que lhes permitiram crescer e ganhar eleições que
mais tarde desprezariam para dar lugar ao totalitarismo. Há um dito dos romanos que
poderia nos ajudar a decifrar esse enigma que hoje atormenta o Brasil com Bolsonaro:
"Corruptio optimi, pessima", isto é, "a pior corrupção é a dos melhores". E um mais
moderno, que se escuta em alguns países da América Latina: "Quando os que mandam
perdem a vergonha, os que obedecem perdem o respeito por eles". É essa corrupção
de quem deveria ter zelado pelos valores da civilização e da democracia que acaba
gerando os monstros e fantasmas que hoje atormentam quem não abandonou os
861
valores da democracia. Esses valores foram o sustentáculo das grandes civilizações do
passado e de todas as lutas contra a barbárie.
Que o Brasil saiba escolher desta vez, com as armas da democracia e a aposta na
liberdade, para não reescrever as páginas trágicas de um passado que sua maturidade
democrática parecia ter sabido superar e exorcizado para sempre.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/03/opinion/1538575097_762640.html
O PARADOXO DO PROGRESSO. PODE PARECER CONTRADITÓRIO, MAS A POLARIZAÇÃO
DA SOCIEDADE É RESULTADO DA MELHORA DOS PADRÕES DE VIDA NO BRASIL AO
LONGO DAS ÚLTIMAS DÉCADAS, ESCREVE A COLUNISTA ASTRID PRANGE
Astrid Prange, Deutsche Welle, 03 de outubro de 2018
Solidariedade em vez de polarização, diz cartaz de protesto em Hamburgo
Caros Brasileiros, de onde vem a polarização que todo mundo sente? Hoje, no dia da
unidade alemã (03/10), descobri uma nova explicação que eu queria compartilhar com
vocês nesses tempos tensos, poucos dias antes das eleições no Brasil.
A inspiração vem de um livro com o título O paradoxo da integração. O autor, Aladin El
Mafaalani, é filho de imigrantes árabes, sociólogo, economista e professor de ciências
862
políticas. A atual polarização política na Alemanha para ele é o resultado de uma
integração bem sucedida de imigrantes.
Parece bastante contraditório, mas a conclusão de Mafaalani é: mais progresso, mais
polarização.
"Enquanto mulheres imigrantes faziam limpeza, ninguém ligava para o véu ou o lenço
na cabeça delas", disse ele. "Mas quando elas começaram a fazer faculdade e subir na
escada social, os conflitos surgiram."
As estatísticas sustentam essa tese: o nível de educação da geração jovem de
imigrantes na Alemanha melhorou significativamente. Em 2005, somente 14 % desse
grupo conseguiu um diploma universitário. Em 2016, a taxa subiu para 26%. No mesmo
período, o desemprego entre todos imigrantes na Alemanha diminuiu: caiu de 18%
para 7%.
Ao meu ver, a tese de Mafaalani serviria também para explicar a polarização da
sociedade no Brasil. Pois nos últimos 25 anos, milhões de brasileiros humildes
conseguiram ascender socialmente. Ao passo que o combate à pobreza no Brasil é
reconhecido pela comunidade internacional, internamente a avaliação é divida.
Enquanto a maioria festeja o progresso, uma parte da sociedade se sente até
ameaçada.
Isso provocou uma reação contrária: contra cotas para negros nas universidades,
contra a legislação do emprego doméstico, contra o PT. E inveja também. Inveja dos
novos atores na sociedade, que queriam mudar a maneira tradicional de governar o
país, que queriam ser ouvidos e respeitados.
Mas qual seria a resposta para esse paradoxo do progresso? Seria então melhor não
lutar mais por justiça social, direitos de minorias, emancipação da mulher, integração
de refugiados ou proteção ao meio ambiente?
A resposta é definitivamente não. Pois é melhor conviver com o paradoxo do
progresso do que com o retrocesso. E mais importante ainda: apesar dos avanços no
campo da integração e inclusão social, ainda tem muito o que melhorar.
O medo que os movimentos populistas continuem avançando é real. Na Alemanha, o
partido de direita "Alternativa para a Alemanha" (AfD) alcançou 18 % nas últimas
pesquisas eleitorais. No Brasil, o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) alcançou
32% das intenções de voto.
863
A ideia de voltar para "os bons tempos de antigamente" parece sedutora. Na
realidade, essa viagem é uma ilusão. Pois, afinal, qual passado teria sido melhor? O
tempo da ditadura militar no Brasil? O "Estado Novo" de Getúlio Vargas? E na
Alemanha, a extinta República Democrata Alemã? A ditadura do Nazismo?
Em vez de glorificar um passado não definido, o desafio é desenvolver e discutir ideias
para o futuro. Pois a globalização não vai ficar mais humana se for combatida com
populismo, protecionismo ou nacionalismo. E a criminalidade não vai se dissolver com
tanques de guerra nas favelas. E a imigração para os Estados Unidos não vai parar com
o muro de Trump. Muros serão derrubados, ensina a reunificação alemã.
Astrid Prange de Oliveira foi para o Rio de Janeiro solteira. De lá, escreveu por oito
anos para o diário taz de Berlim e outros jornais e rádios. Voltou à Alemanha com uma
família carioca e, por isso, considera o Rio sua segunda casa. Hoje ela escreve sobre o
Brasil e a América Latina para a Deutsche Welle.
https://www.dw.com/pt-br/o-paradoxo-do-progresso/a-45742197
https://p.dw.com/p/35vdN
CAMPANHA VÊ ONDA EVANGÉLICA CONTRA HADDAD E QUER FOCO NO ELEITOR MAIS
POBRE. PARA TENTAR CHEGAR AO SEGUNDO TURNO, PETISTA DEVE ADOTAR
POSTURA MAIS ASSERTIVA EM ÚLTIMO DEBATE NA TV
Marina Dias, Folha/Uol, 02 de outubro de 2018
A campanha de Fernando Haddad (PT) avalia que uma onda de voto evangélico se
concretizou contra o petista e que o candidato precisa reforçar o canal direto com o
eleitor mais pobre caso queira revertê-la e chegar ao segundo turno.
Em reunião nesta terça-feira (2), em São Paulo, integrantes da campanha do PT ao
Planalto se debruçaram sobre pesquisas —inclusive as encomendadas pelo próprio
partido— e identificaram um crescimento do apoio a Jair Bolsonaro (PSL),
principalmente entre eleitoras mulheres, pobres e evangélicas, que ganham até dois
salários mínimos.
Os resultados alarmaram o QG petista, que passou a temer uma vitória do capitão
reformado do Exército ainda no primeiro turno caso seu crescimento não seja
estancado.
864
De acordo com o Datafolha divulgado (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/bolsonarocresce-e-atinge-32-haddadtem-21-e-ve-rejeicao-subir-no-datafolha.shtml ) nesta segunda, Bolsonaro subiu
quatro pontos desde a semana passado e chegou a 32%, seguido por Haddad, que
tinha 22% e agora aparece com 21%.
Em um eventual segundo turno, os dois estão tecnicamente empatados: Bolsonaro
cresceu de 39% para 44% e Haddad oscilou de 45% para 42%. A rejeição do petista,
porém, disparou de 32% para 41%, ante 45% do candidato do PSL.
Na avaliação de petistas, o último fim de semana de setembro marcou a entrada
definitiva de líderes evangélicos na campanha presidencial, o que pode ter alimentado
o sentimento anti-PT e as intenções de voto a favor de Bolsonaro.
No domingo (30), o bispo Edir Macedo, que comanda a Igreja Universal do Reino de
Deus, declarou apoio ao capitão reformado. Nesta terça (2), foi a vez do presidente
emérito da Assembleia de Deus - Ministério Belém, pastor José Wellington, anunciar
voto em Bolsonaro.
Na opinião de auxiliares de Haddad, o movimento pode provocar um efeito cascata em
outras denominações, que devem orientar o voto dos fiéis durante os cultos, por
exemplo.
Aliados, no entanto, afirmam que essa não é uma "batalha perdida" e que, até
domingo (7) --data do primeiro turno--, Haddad precisa focar o eleitorado mais pobre,
com um discurso firme sobre economia, para tentar retomar o voto que
historicamente foi de apoio ao PT.
O desafio até lá é o mesmo: o candidato tem que se despir de seu discurso
habitualmente empolado e professoral e falar de maneira mais assertiva, diretamente
para o povo, o que não funcionou no debate da Record, no domingo (30), por
exemplo.
O evento da Rede Globo, na quinta-feira (4), o último antes do primeiro turno, é
considerado "decisivo" para Haddad. Assessores dizem que ele precisa alcançar esse
eleitor mais pobre, que já votou no ex-presidente Lula mas que, desta vez, está na
órbita de Bolsonaro —ou até mesmo ainda não sabe que é ele o candidato do PT.
865
A campanha petista teme que a tendência de queda entre o eleitorado mais pobre,
somada ao crescente antipetismo, coloque mais combustível na sensação de que
Bolsonaro pode vencer no primeiro turno, impulsionando o voto útil anti-PT.
Esses eleitores poderiam sair de Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), João
Amoêdo (Novo), Alvaro Dias (Podemos) e Henrique Meirelles (MDB), por exemplo,
que, juntos, hoje somam cerca de 20%.
No campo mais à esquerda, Ciro Gomes (PDT) permanece com 11% no Datafolha e há
quem acredite, dentro do PT, que pode haver na reta final um movimento de voto útil
anti-Bolsonaro do ex-governador do Ceará para Haddad.
Os últimos levantamentos mostravam uma estabilidade do patamar de Bolsonaro, em
torno de 28%, mas ele cresceu fora da margem de erro nos últimos dias, o que
preocupou a equipe de Haddad. O petista, que por sua vez vinha crescendo,
estacionou com 21%.
A avaliação da campanha do PT é que, além do voto da mulher pobre e evangélica,
Bolsonaro avançou sobre a classe média anti-PT que antes estava declarando voto
para Alckmin ou Marina.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/campanha-ve-onda-evangelicacontra-haddad-e-quer-foco-no-eleitor-mais-pobre.shtml
ELEIÇÕES 2018: VOTO ANTI-PT; POR SEGURANÇA E PELA FAMÍLIA TRADICIONAL, O
QUE PENSAM AS MULHERES QUE ESCOLHERAM BOLSONARO
Leandro Machado e Luiza Franco, BBC News Brasil, 04 de outubro de 2018
Para Angélica Oliveira, de 27 anos, o candidato Jair Bolsonaro significa a "defesa da
família" e o "combate à ideologia de gênero". Para Lisa Gomes, de 38, que ainda não
tem certeza se vai mesmo votar no militar reformado, ele seria uma aposta contra o
"caos já conhecido" do governo do PT.
Já Sandra Rocha, 60 anos, vê em Bolsonaro a possibilidade de melhorar a segurança
pública - ela, que vota no petista Eduardo Suplicy para o Senado, não vê contradição
em escolher o atual símbolo do antipetismo para presidente: "Voto na pessoa, e não
no partido."
866
Até esta semana, um dos aspectos desta eleição que a diferenciava de todas as outras
desde a redemocratização era a disparidade que as pesquisas de intenção de voto
apontavam entre a preferência de homens e mulheres - um fato inédito no Brasil,
segundo analistas.
A maior parte do voto feminino rechaçava o candidato à presidência Jair Bolsonaro
(PSL), enquanto a maior parcela do masculino o apoia.
Essa diferença continua grande - metade das mulheres do país rejeita o militar da
reserva -, mas as últimas pesquisas Ibope e Datafolha apontam que essa disparidade
está diminuindo. O capitão subiu seis pontos percentuais entre elas, segundo o
levantamento Datafolha divulgado na terça-feira, de 21% para 27% - Fernando Haddad
tem 20% das intenções quando se olha apenas o voto feminino.
No total, o deputado federal é o líder das pesquisas, aparecendo com 32% das
intenções de voto. Fernando Haddad (PT) surge em 2º, com 21%.
Apesar de boa parte do voto feminino rejeitar Bolsonaro e das acusações de que o
candidato é misógino e machista, o que explica seu crescimento também neste
público?
Nos últimos dias, a BBC News Brasil ouviu mulheres que dizem preferir Bolsonaro.
Também conversou com uma psicanalista e cientistas políticos para analisar o
fenômeno.
Em entrevistas recentes, Mauro Paulino, diretor do Datafolha, e a diretora executiva
do Ibope Inteligência, Marcia Cavallari, disseram que esse crescimento de Bolsonaro
no eleitorado feminino se deu principalmente entre mulheres de renda mais alta.
Cavallari afirmou, ainda, que a mudança ocorreu principalmente na região Sudeste.
No último sábado, milhares de mulheres lideraram protestos contra o candidato do
PSL. O movimento #EleNão acusa Bolsonaro de machismo, homofobia, misoginia e de
tratamento desrespeitoso às mulheres depois de várias declarações do candidato
nesse sentido. Ele nega que seja machista ou homofóbico.
Voto útil e Bolsonaro como 'mal menor'
Quando a BBC perguntou à nutricionista Lisa Gomes, de 38 anos, em quem pretendia
votar, ela torceu a boca e respondeu: "Ainda não estou com opinião formada. Está tão
difícil, né?".
867
Aos poucos, durante uma conversa em uma esquina do Jardim Paulista (bairro nobre
na zona oeste de São Paulo), contou que deve seguir o voto do marido, que trabalha
no mercado financeiro. "Ele não gosta do Bolsonaro, mas acha que ele pode derrotar o
PT, então pensa em votar nele por isso. Eu não entendo muito de política. Acho
importante, mas não entendo, então não sei dizer."
Ela reflete, e diz: "Acho que votar nele é tiro no pé, vai ser um caos". Mas, entre o
"caos" que ela conhece, que seria repetir um governo do PT, e a possibilidade de algo
novo (Bolsonaro), fica com a segunda opção.
Outra moradora do bairro, Leci Junqueira, 52 anos, responde convicta: "Vou votar no
Bolsonaro", confirmando a intenção com um movimento de "sim" com a cabeça. "Eu
era João Amoêdo (Novo), mas há uns 20 dias decidi votar no Bolsonaro. Votar no
Amoêdo não adianta porque ele não tem chance, é desperdício de voto. Só o
Bolsonaro vai tirar o PT. Nas próximas eleições a gente trabalha pelo Amoêdo, mas
agora, é ele (Bolsonaro)."
A BBC perguntou o que ela acha das declarações tidas como machistas e homofóbicas
do candidato. Respondeu que não as leva a sério. "Isso é só marketing". Refletiu, e
acrescentou: "Não acho que vai ser um bom governo, mas é o mal menor."
Leci foi eleitora do PSDB por anos, mas se desiludiu com o partido quando Aécio
Neves, candidato à Presidência em 2014, foi flagrado em escândalos de corrupção.
"Chega de PSDB", diz ela.
Voto convicto em Bolsonaro
Já a marítima Renata Karla Andrade, de 31 anos, vota no Bolsonaro por convicção.
Moradora de Belém, conheceu o deputado federal em 2013, quando soube da
proposta de castração química para estupradores, um dos principais projetos do
militar da reserva. "Achei o projeto brilhante. O feminismo nunca conseguiu aprovar
nada que fosse tão bom para as mulheres", disse.
Segundo ela, não se pode apenas apontar a figura masculina como culpada pelos
estupros ou por uma cultura de abusos, mas sim a impunidade, que é bastante grande
no Brasil, diz. Uma punição mais severa, afirma ela, poderia diminuir o número de
casos.
Para Renata, porém, Bolsonaro significa mais do que uma série de projetos de lei.
868
"Acho que ele é o último suspiro de esperança de manter a democracia em pé", diz,
por telefone. Falas do candidato a favor da ditadura militar e de torturadores, afirma,
não refletem o pensamento dele, pois são tiradas de contexto.
"Quando falam isso sobre ele é para causar pânico nas pessoas. Você não pode pegar
uma frase errônea de uma pessoa para classificá-la. Por que não pegamos frases
erradas do Lula também e de outros candidatos?", afirma.
Nascida na periferia do Recife, Karla estudou a vida toda em escolas públicas. Passou
dificuldades na infância, mas conseguiu fazer faculdade, passou em concurso e chegou
a liderar a tripulação de um navio mercante. "Sempre trabalhei com homens e nunca
vi essa diferença com a mulheres, mesmo quando eu era a única mulher no trabalho",
diz.
Sobre o movimento #EleNão, Renata se mostra desconfiada. "As pessoas têm todo
direito de se manifestar contra um candidato, mas me pergunto quem elas apoiam.
Para mim, os protestos foram manipulados por partidos de esquerda", diz.
"Não voto no Bolsonaro porque quero ele como meu pai ou meu irmão. Voto porque
acho que ele é o único candidato diferente do que está aí. Acho que ele será um
presidente competente."
Para a paulista Angélica Oliveira, 27, Bolsonaro significa a defesa da "família" e o
combate à "ideologia de gênero". Ela acha que o modelo de família nuclear (casal
heterossexual com filhos) é o ideal para o Brasil. Acredita que Bolsonaro é o candidato
que defende mais claramente esses valores.
Oliveira diz, ainda, que vem de família petista e votou em Lula e Dilma Rousseff, mas
se decepcionou. "O país não melhorou, melhorou?", pergunta.
A babá Sandra Rocha, de 60 anos, também é uma ex-eleitora do PT decepcionada com
o legado do partido de Lula, tanto em relação à corrupção quanto à crise econômica.
"Lula seria meu herói, mas ficou maluco, só pode ser. Virou uma vergonha para o país.
Como pode um candidato na cadeia? Eu não tenho ensino, mas meus filhos têm e
ganham R$ 1,2 mil."
Sandra tampouco votaria no PSDB, pois viu a cidade onde vive, Taubaté, mudar
durante o governo de Geraldo Alckmin. "Era uma cidade de estudantes e virou uma
cidade de presidiários", diz, em referência à construção de presídios no município.
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Ela ainda mantém um voto petista: Eduardo Suplicy, candidato do PT ao Senado. "Ele
pode ter fechado os olhos (para a corrupção), mas não se sujou. É um homem bom",
diz ela, acrescentando que não vê contradição entre seus votos para o Legislativo e
para o Executivo. "Voto na pessoa, e não no partido."
Antipetismo e conservadorismo
Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil levantam hipóteses para explicar uma
mudança de comportamento de parte das mulheres.
Professor de Ciências Políticas da Unicamp, Oswaldo Martins Estanislau do Amaral
acredita que a guinada de Bolsonaro demonstra a consolidação do antipetismo, que,
segundo ele, é "fortíssimo" tanto entre homens quanto entre mulheres. "Nesse
contexto, Bolsonaro seria um mal menor para esses eleitores", diz ele.
Flávia Biroli, professora de Ciência Política da UnB, vai na mesma linha: Bolsonaro seria
uma mistura de antipetismo com conservadorismo dos costumes.
"É preciso compreender como atua essa sobreposição entre o antipetismo e a reação
conservadora à agenda da igualdade de gênero. É essa a chave, me parece, para se
compreender a votação de mulheres no candidato da extrema-direita, apesar de sua
estridente misoginia."
Já Andrea Freitas, cientista política e professora da Unicamp, acredita que esta eleição
será marcada pelo "voto do medo", ou seja, boa parte do eleitorado vai escolher seu
candidato não por suas propostas, mas por receio do adversário vencer.
"A decisão do voto tem ocorrido mais pelo campo da psicologia do que o das ideias e
propostas, em ambos os lados", diz. "É possível que muitas mulheres que iriam votar
em outros candidatos, como Amoêdo ou Alckmin, tenham migrado para o Bolsonaro
porque enxergam nele a única força que pode vencer o PT."
O comportamento e o salvador da pátria
870
Manifestação liderada por mulheres lotou Largo da Batata, em São Paulo. Direito de
imagem AFP
Segundo Vera Iaconelli, psicanalista e doutora em psicologia pela USP, um dos motivos
que explicam o voto feminino em Bolsonaro é a ojeriza de parte da população a
mudanças de comportamento que ocorreram na sociedade brasileira nos últimos
anos.
"Uma parte das pessoas tem dificuldade de se adaptar e se assustaram com mudanças
rápidas que aconteceram no Brasil, como o movimento LGBT, os casamentos
homoafetivos, o feminismo, as discussões sobre gênero. A liberdade dá medo em
muita gente. Então, as pessoas passaram a associar esse comportamento mais liberal
ao PT e à esquerda", diz.
"Freud já dizia em 1920 que todos nós temos um traço autoritário e o desejo de
encontrar um 'salvador da pátria', uma pessoa que nos salvará das mudanças ruins. Às
vezes, as pessoas encontram esse 'salvador' e se refletem nele. Quem vota no
Bolsonaro acredita que ele defende a família tradicional, heterossexual, patriarcal e
com filhos", diz a psicanalista.
"Sempre vai existir a mulher que apoia o machista, como vão existir o negro e o pobre
que apoiam racistas. Até poucos tempo atrás, nós acreditávamos que o Brasil não era
racista, simplesmente porque as pessoas não se davam conta do nosso racismo",
afirma Iaconelli.
871
Para Biroli, um dos eixos de construção do antipetismo é a reação ao feminismo e à
agenda da igualdade de gênero. "O candidato de extrema-direita representa os
temores e inseguranças diante de mudanças nas relações sociais de gênero".
No entanto, cita outros fatores para o aumento da rejeição a Haddad entre as
mulheres, que subiu de 29% para 36% entre as mulheres.
"É preciso lembrar que, na última semana, as igrejas evangélicas entraram no jogo
político contra a candidatura petista. Outro ponto é que a propaganda eleitoral de
outros candidatos pode ter favorecido Bolsonaro ao mirar no PT em sua busca de
eleitores e pessoas indecisas", diz.
Uma indecisa é a assistente de cozinha Marcia Conceição, mas ela tende a Bolsonaro
por influência do marido evangélico.
Ele ouviu do pastor que Bolsonaro é contra o ensino de educação sexual nas escolas.
"Tem aquela coisa lá do kit gay (material elaborado em 2011 para promover a nãodiscriminação por orientação sexual nas escolas). Tenho cinco filhos e acho que não
tem necessidade de os meus filhos aprenderem sobre sexualidade tão cedo", afirma.
Ela também se diz assustada com informações que recebe pelo Whatsapp sobre
gênero e sexualidade.
No entanto, diz ser contra o "radicalismo" do candidato em relação a pessoas
homossexuais. "Tenho vários amigos homo e não tenho nada contra, então não sei o
que fazer."
[A matéria traz outras imagens, de mulheres que apoiam Bolsonaro...]
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45714612
GRUPOS EVANGÉLICOS BARRAM LEI FAVORÁVEL À POPULAÇÃO TRANS NO URUGUAI.
PROJETO PREVÊ MUDANÇA DE SEXO GRATUITA, FACILITAÇÃO À MUDANÇA DE
IDENTIDADE E INDENIZAÇÃO ÀS VÍTIMAS DA REPRESSÃO DURANTE A DITADURA
MILITAR
Magdalena Martínez, El País, 04 de outubro de 2018
Um ano de tramitação parlamentar e vários meses de polêmica: a lei que protege as
pessoas trans (travestis, transexuais e transgênero) gerou uma resistência inesperada
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no Uruguai, com manifestações, mensagens nas redes sociais e a coleta de assinaturas
contra o projeto. O coletivo trans, que não chega a mil pessoas, tem o apoio de
dezenas de entidades que acusam as igrejas evangélicas de orquestrarem uma
campanha com matizes religiosos no país mais laico e com menos crentes da América
Latina.
O projeto de lei uruguaio, atualmente paralisado, propõe medidas de discriminação
positiva para as pessoas trans, como o acesso a bolsas e postos de trabalho estatais;
também contempla que a mudança de sexo possa ser feita gratuitamente na rede de
saúde pública e facilita a mudança de identidade. Além disso, concede uma
indenização às vítimas da repressão durante a ditadura militar (1973-1985), um grupo
de 60 pessoas que receberia uma pensão de 350 dólares (1.400 reais) por mês. A
filosofia global da norma é proteger um coletivo especialmente marginalizado – os
trans têm uma expectativa de vida de 35 anos no Uruguai – e abrir espaços
trabalhistas para que a principal opção de subsistência dessas pessoas não seja a
prostituição.
O capítulo mais polêmico tem a ver com a autorização da mudança de sexo (tanto
hormonal quanto cirúrgica) para os menores de idade sem o consentimento de seus
pais. A oposição do Partido Nacional (centro-direita) exigiu a eliminação dessas
disposições. A coalizão de esquerda no poder, a Frente Ampla, promove o projeto,
mas, diante dos protestos, decidiu suprimir a autorização das operações cirúrgicas de
mudança de sexo para os menores sem o aval de seus pais. O argumento principal é
que no Uruguai apenas 1% da população trans (tanto adulta como adolescente) se
submete a esse tipo de intervenção.
Entretanto, a Frente Ampla resiste a eliminar a possibilidade de que os menores
recebam tratamentos hormonais sem o apoio familiar, já que a legislação internacional
avaliza o conceito de “autonomia progressiva” dos adolescentes, tanto em decisões
como a mudança de sexo como com relação ao aborto. Na verdade, a mudança de
sexo hormonal em menores sem autorização da família é praticada há cerca de 10
anos no Uruguai, com autorização judicial prévia e como um processo médico
controlado.
As principais sociedades médicas apoiam isso, e nunca houve oposição dos políticos
nem das organizações sociais. Por isso, a chegada de um abaixo-assinado com 40.000
adesões contra essas medidas – uma cifra considerável num país de 3,4 milhões de
habitantes – causou surpresa e alvoroço político, especialmente quando se soube que
pessoas próximas à igreja evangélica Missão Vida, uma das maiores do país,
apresentaram a petição no Parlamento.
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As organizações de apoio à lei contra-atacaram com uma chuva de dados mostrando
que, de todos os marginalizados sociais, os trans são os mais vulneráveis do Uruguai.
Assim, afirmam que as pessoas desse coletivo têm uma expectativa de vida de 35 anos,
quando a média nacional é de 77 anos. Estimam que 25% saíram de casa antes dos 18
anos por serem rejeitados pela família, 87% não concluíram os estudos secundários e
sofreram discriminação no âmbito educacional, e 67% tiveram que se prostituir para
gerar renda, segundo dados da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade da
República. Além disso, durante a ditadura, os trans sofreram torturas, violência sexual
e prisões injustificadas.
Pelo lado parlamentar, a senadora Verónica Alonso, do Partido Nacional, lidera a
oposição à norma. Alonso, que tem como aliados vários legisladores evangélicos, não
se opõe apenas à mudança de sexo nos menores, rejeitando também as medidas de
discriminação positiva e as reparações pelos abusos da ditadura. No entanto, a
senadora é partidária de que uma lei proteja as pessoas trans e reconhece que se trata
de uma população estigmatizada e vulnerável. Mas dentro do seu próprio partido há
senadores que se mostram mais flexíveis e poderiam dar seu apoio à lei se ocorrerem
algumas modificações. Na verdade, a Frente Ampla dispõe de uma maioria suficiente
para conseguir uma aprovação, embora atualmente trabalhe em alterações para obter
o maior apoio parlamentar possível e que a votação ocorra no final deste mês.
[A matéria traz imagem de manifestação, mas sem indicação do que foi, onde, data...]
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/03/internacional/1538575214_030690.html
COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE "ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE
IDENTIDADE
Rafael Barifouse, BBC News Brasil, 30 de setembro de 2018 [reproduzida por Uol
Universa com mesmo título, imagens e data]
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A advogada paranaense Gisele Alessandra Schmidt e Silva diz que os primeiros sinais
de que era transgênero vieram aos 5 anos de idade
Imagem: Arquivo pessoal
Gisele Alessandra Schmidt e Silva, de 48 anos, foi a primeira advogada transgênero a
falar diante do Supremo Tribunal Federal (STF). Em defesa de uma ação pelo direito de
pessoas como ela mudarem seu nome e gênero no registro civil sem precisar fazer
uma cirurgia para mudar de sexo, ela disse aos ministros:
"Não somos doentes, como pretende a classificação internacional de doenças. Não
sofro de transtorno de identidade sexual. Sofre a sociedade de preconceitos
historicamente arraigados contra nós."
Passado um ano e meio daquela sessão, a situação é bem diferente. Não só o STF
reconheceu o direito pleiteado naquela ação, como Gisele e outros transgêneros como
ela não são mais considerados portadores de um transtorno mental.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) mudou esse entendimento em seu guia que
serve de referência para estatísticas e diagnósticos médicos e enviou assim uma
mensagem em sintonia com o que defendeu a advogada paranaense no STF: ser
transgênero - em geral, ter uma identidade de gênero que não corresponde ao seu
sexo ao nascer - não é doença.
A novidade acompanha uma evolução da ciência sobre a questão, dizem especialistas
ouvidos pela BBC News Brasil.
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A nova Classificação Internacional de Doenças (CID) será apresentada na assembleia da
OMS em 2019 e entrará em vigor nos países-membros, entre eles o Brasil, em 2022.
"É a comprovação de tudo o que eu defendo", diz Gisele à BBC News Brasil. "Nunca me
considerei doente."
O que são pessoas transgênero
Transgêneros são pessoas que não se identificam com seu sexo biológico. Pode ser um
homem que se enxerga como mulher, uma mulher que entende como homem ou
ainda alguém que acredita não se encaixar perfeitamente em nenhuma destas
possibilidades.
O termo foi cunhado em 1965 pelo psiquiatra americano John Oliven, da Universidade
de Columbia, no livro Higiene Sexual e Patologia, e se popularizou nas décadas
seguintes.
Quem se identifica como transgênero não tem um problema mental, disse a OMS
Imagem: Getty Images
Alexandre Saadeh, coordenador do ambulatório de transtorno de identidade de
gênero do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (HC), explica que as pessoas
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transgênero são menos de 1% da população e estão presentes em "todas as culturas"
e ao longo de toda a história.
A ciência ainda não sabe explicar ao certo o que faz uma pessoa ser transgênero, mas
Sadeeh diz que os estudos feitos até hoje apontam para uma "base biológica" para
essa condição.
"Há quem defenda que isso é apenas fruto de influências socioculturais, mas recebo
pacientes de 4 ou 5 anos que afirmam que o sexo biológico não diz respeito a eles. É
algo que acontece muito cedo para falar que é apenas sociocultural", diz ele.
"Pesquisas mostram que existe uma base biológica na origem da transexualidade,
questões genéticas e hormonais."
A experiência de Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (USP) e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), também
aponta para sinais precoces de transgeneridade.
"Em muitos casos, é uma reflexão que surge desde a primeira infância. Há influências
de ordem genética, mas precisamos de mais estudos para entender em que momento
do desenvolvimento isso se apresenta", diz a médica.
"Muitas dessas crianças descobrirão que não são trans, outras se identificarão como
homossexuais e outras de fato serão transgênero. Cabe a nós ouvir o que têm a dizer,
dar apoio e acompanhar."
Ela explica não haver dados precisos sobre a proporção de transgêneros na população,
porque muitas estimativas se baseiam em quem deseja uma cirurgia e, hoje, se
entende que essa condição vai além.
Há quem se identifique com o gênero oposto, mas não quer ser operado. Alguns
desejam só tomar hormônios ou modificar características externas. E há quem não se
identifique com nenhum gênero.
"Existe hoje um leque mais amplo do que os gêneros binários, e ainda vão surgir
muitas nomenclaturas para contemplar possibilidades que não eram estudadas", diz
Abdo.
"Não quer dizer que temos de ir para o extremo oposto e que todos devam questionar
sua identidade de gênero. É algo que surge naturalmente."
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'Uma ferida na alma que não cicatriza'
A advogada Gisele Alessandra diz ter sentido que havia algo diferente em torno dos 5
anos de idade. Ela conta nunca ter se identificado com nada do universo masculino.
"Eu me recusava a usar o uniforme dos meninos. Gritava e dizia que não queria ir pra
escola. Sentia um grande desconforto e não entendia o que era, mas percebia que, se
fizesse modificações para deixar a roupa mais feminina, me sentia melhor", diz a
advogada.
"Minha vida escolar foi muito difícil. Sofri muito bullying. Fui chamada de todas as
palavras pejorativas: traveco, florzinha, aberração."
Quando Gisele tinha 15 anos, uma prima perguntou por que pessoas a estavam
ridicularizando. "Respondi que era mulher. Minha prima me falou que eu não era, que
estava doente e me levou para um psiquiatra que fazia cura gay. Minha família é
religiosa, e fui levada para uma sessão de exorcismo", conta Gisele.
"Tudo isso criou um trauma inenarrável, uma ferida na alma que não cicatriza. Fiquei
com tanto medo que apaguei a Gisele da minha vida por muitos anos."
Mudança acompanha evolução da visão sobre essa condição, dizem especialistas
Imagem: Getty Images
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A advogada passou então a "representar o papel" de Marcus, seu nome de
nascimento, e só deixou de fazer isso há cerca de oito anos, quando percebeu que
"usar essa máscara" estava gerando problemas como ansiedade, depressão e psoríase.
Foi quando começou uma transição gradual para sua nova identidade.
Há cinco anos, não existe mais qualquer sinal de Marcus. Ele deu lugar de vez à
advogada transgênero que hoje trabalha no Grupo Dignidade, uma ONG dedicada à
defesa de direitos LGBT, e na área criminal.
Ela diz ter recebido a mudança da OMS com uma "grande felicidade". "É importante
esse reconhecimento de que não se trata de uma doença mental, para que não tentem
nos tratar. Acompanhei o caso de uma menina trans em que a família a internou
compulsoriamente em uma clínica. Isso é um perigo."
Por que ser transgênero não é doença
A nova definição da OMS enterra na prática uma noção que se tinha a respeito de
pessoas transgênero.
Ser transgênero constava até então no capítulo do sobre problemas mentais do código
da organização, como "distúrbio de identidade de gênero".
Agora, muda de nome, para "incongruência de gênero", e passa a integrar um novo
capítulo sobre condições relacionadas à saúde sexual.
A edição anterior do guia falava de "transexualismo" - o sufixo "ismo" vem do grego e
atribui à condição um caráter de patologia.
Tratava-se de "um desejo de viver e ser aceito como um membro do sexo oposto",
normalmente acompanhado por "desconforto" com o órgão genital e vontade de se
submeter a cirurgia ou tratamento hormonal para adequar o corpo à percepção
pessoal.
Ao deixar de ser doença, a forma de se referir a isso também mudou, como ocorreu
com "homossexualismo", que deu lugar a "homossexualidade", quando a OMS tirou de
seu guia de doenças a atração por pessoas do mesmo sexo.
O correto é usar transexualidade ou transgeneridade. "O sufixo 'dade' se refere a uma
característica. A mudança despatologiza a condição", diz Abdo.
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O novo CID abre mão por completo desses termos e trata a transgeneridade como
uma "persistente incompatibilidade na percepção de um indivíduo de seu próprio
gênero e o sexo designado" ao nascer.
A OMS explica que isso deve se manifestar por vários meses ao menos. O diagnóstico
não pode ser feito antes da puberdade, e preferências e comportamentos que
destoam do esperado para o sexo biológico não servem de base para isso.
"Uma doença é algo que afeta negativamente o corpo, e a incongruência de gênero
não é isso", diz Lale Say, coordenadora do departamento de pesquisa e saúde
reprodutiva da OMS.
Ela explica que essa condição, mesmo que não seja uma patologia, ainda consta no
guia de doenças porque é algo que demanda serviços de saúde, como cirurgias,
tratamento hormonal e apoio psicológico. "Mas não precisa prevenir ou curar. Não é
algo que se deve lutar contra, mas que merece suporte."
Mudança 'reflete a visão científica atual'
A versão anterior do CID, de 1990, começou a ser revista há dez anos. Grupos
analisaram a literatura científica e consultaram profissionais e pessoas interessadas em
cada especialidade.
"O resultado reflete a visão científica atual. Ser transgênero não é uma questão
médica, é uma questão pessoal", diz Say.
A OMS levou um tempo para formalizar a mudança de entendimento, diz Saadeh. "A
transexualidade não é considerada uma doença mental há 15 ou 20 anos. Demanda
um diagnóstico para justificar os tratamentos necessários, senão vira só intervenção
estética. E não é o caso, porque a pessoa sofre com a condição", afirma.
"Mas diagnóstico não é sinônimo de doença. Por exemplo, gravidez de risco é um
diagnóstico, mas não é doença."
O psiquiatra diz que ainda recebe muitos transgêneros em seu consultório que se
consideram uma "aberração". "Chegam de todo o Brasil se achando doentes, um erro
de Deus, e mostramos que não é errado ou uma escolha", diz.
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Say diz que a mudança no código da OMS ajuda a "aprimorar o conhecimento e a
compreensão de profissionais de saúde e a evitar comportamentos com um viés",
influenciados por crenças pessoais.
Abdo, da ABP, avalia que isso muda o alvo dos cuidados de saúde, que se voltam para
o sofrimento gerado pela condição, e não para a incompatibilidade de gênero em si.
"Da mesma forma que não se pode tratar um homossexual para mudar sua orientação
sexual, não há por que tratar um transgênero para acabar com a incongruência entre
sexo biológico e psicológico", afirma Abdo.
"O acompanhamento será feito para adaptar o sexo biológico ao desejado ou
percebido como próprio, um processo que é longo e demanda acompanhamento por
uma equipe capacitada."
'É um primeiro passo', diz ativista
Cianán Russell, da Transgender Europe, uma das principais ONGs do mundo de defesa
dos direitos de transgêneros, diz que a mudança é um "bom primeiro passo". "Não é
apenas simbólica, mas prática. É fantástica e deve ser celebrada. É o resultado de anos
de ativismo e um sinal de que a OMS está respondendo às nossas críticas", afirma.
Mas Russell faz ressalvas, por considerar a terminologia ainda "pouco clara", e diz que
há um "longo caminho" a percorrer. "A forma usada hoje ainda patologiza de certa
forma a condição, porque, por mais que não precise de diagnóstico psiquiátrico, ainda
exige algum diagnóstico."
Russell acha improvável que a transgeneridade saia por completo do CID, porque é um
mecanismo que dá acesso à cobertura de serviços por planos de saúde. Mas gostaria
de ver a condição em uma categoria que não demande diagnósticos atrelados à
identidade de gênero.
"Todos os procedimentos médicos que uma pessoa trans precisa, pessoas que não são
trans também precisam. Não há nada que seja exclusivo. Mas essa mudança é passo
que a OMS não parece estar pronta para dar."
Russell ressalta que a OMS deve se esforçar para implementar as novas diretrizes mais
rápido do que no guia anterior. "Mesmo ratificada nos anos 1990, a outra edição foi
implementada nos Estados Unidos só em 2015, por exemplo. Enquanto não forem
aplicadas na prática, transgêneros continuarão a serem considerados doentes", afirma.
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Para combater o estigma
A OMS afirma ainda que não classificar a transgeneridade como uma doença mental
pode reduzir o preconceito.
Espera-se que, com o tempo, isso ajude na aceitação social e promova um melhor
acesso a serviços de saúde. "A pessoa vai se sentir mais confortável para pedir ajuda",
diz Say.
Abdo acredita que isso pode contribuir, mas não será de imediato. Ela cita o exemplo
da homossexualidade, que saiu do guia da OMS na edição anterior e, ainda hoje, há
um estigma atrelado a essa orientação sexual.
"Os homossexuais se apresentam hoje de forma mais confortável na sociedade, são
mais respeitados, considerados indivíduos que existem e que não devem ser
submetidos a tratamentos para mudar quem são", afirma a psiquiatra.
"Mas ainda existe quem tente fazer isso, fique deprimido ou tente se matar. As novas
gerações serão as responsáveis pela desestigmatização da transgeneridade."
Saadeh faz a mesma avaliação. "Ainda hoje há quem considere homossexualidade uma
doença e que tem cura. Para muitas pessoas, ter uma identidade de gênero diferente
do sexo biológico é algo maluco", afirma ele. "Conforme as pessoas se tornem menos
ignorantes em relação a isso, as atitudes podem mudar, mas levará tempo."
Preconceito velado
Gisele Alessandra diz que declarar-se transgênero foi uma realização pessoal, mas que
isso lhe custou o contato com a família.
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Transgêneros são menos de 1% da população e estão presentes em 'todas as culturas',
diz psiquiatra
Imagem: Getty Images
"Passei dois anos cuidando da minha mãe, que tinha câncer. Depois que ela morreu,
viraram as costas para mim. Recebi uma carta em que diziam 'essa coisa em que me
transformei' não significava nada para eles. Entraram com uma ação na Justiça para
me obrigar a sair do apartamento dela", diz a advogada.
"Em meio ao trauma de tudo que havia acontecido e à dor do luto, eu ainda por cima
não tinha mais onde morar."
Ao mesmo tempo, ela diz que hoje, após ter assumido uma aparência feminina, ela
sente-se mais aceita socialmente, mesmo que não totalmente. "Ninguém mais me
xinga no meio da rua nem sou alvo de qualquer outro ato de violência. Pelo contrário,
me elogiam."
Mas ela acredita que o preconceito, antes explícito, agora se manifesta de forma
velada. "Talvez seja ainda pior. Posso revidar uma agressão, mas como posso reagir à
falta de convites para sair ou de propostas de trabalho? Não há defesa para isso."
https://www.bbc.com/portuguese/geral-44651428
https://universa.uol.com.br/noticias/bbc/2018/09/30/como-ser-transgenero-foi-deaberracao-e-doenca-a-questao-de-identidade.htm
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“MINHA FILHA NÃO ESTÁ NO CORPO ERRADO, É UMA MENINA COM PÊNIS”. O ATOR
ESPANHOL NACHO VIDAL APRESENTA A HISTÓRIA DE SUA FILHA TRANSEXUAL, DE 11
ANOS, NO LIVRO PARA PRÉ-ADOLESCENTES MI NOMBRE ES VIOLETA. NESTA
ENTREVISTA, AFIRMA QUE O MACHISMO “NÃO TEM NADA A VER COM O PORNÔ” E
QUE DESCONFIA DO MOVIMENTO LGTBQI
Begoña Gômez Urzaiz, El País, 28 de setembro de 2018
Ninguém esperava entrevistar Nacho Vidal no departamento de literatura infantil de
um império editorial. Nem acabar falando sobre educação, um assunto, a propósito,
que lhe apaixona e incentiva. Mas o ator e produtor pornô espanhol que vende
vibradores feitos à imagem e semelhança de seu membro, não está aqui para falar
sobre isso, e sim sobre um livro, Mi Nombre Es Violeta(Cruz Books), escrito por Santi
Anaya e baseado na história de sua própria filha, que agora também se chama Violeta
no registro civil, mas que recebeu outro nome quando nasceu há 11 anos com
aparência de menino.
A Violeta do romance tem cerca de 13 anos e começa o segundo ano do ensino médio
em um novo colégio, enquanto Violeta Vidal é um pouco mais jovem e continua em
sua escola de sempre em Mataró (nos arredores de Barcelona), mas compartilham
uma parte importante de sua história. Para escrever o livro, o autor visitou a menina
por mais de dois anos e teve longas conversas com ela. O resultado foi um livro de
namoros adolescentes com uma protagonista transgênero e uma mensagem
antibullying. A história completa de Violeta Vidal será conhecida em 2019, durante a
estreia do documentário que a família esteve filmando nos últimos três anos.
Pergunta: Por que você decidiu fazer o livro?
Resposta: Vimos um documentário quando minha filha tinha 6 anos que a levou a
dizer: "Eu sou assim, isso é o que acontece comigo". Se não tivéssemos visto o
documentário, talvez hoje ela teria 11 anos e continuaria sendo chamada de Nacho.
Foi graças a isso que pesquisamos mais e demos o passo. Esta informação é muito útil.
Você vai comprar um livro na Fnac, vê "espiritualidade" e encontra muitas prateleiras
cheias de livros. "Autoajuda": uma seção inteira. Agora, procura por "transexualidade",
e nada. Não há informação, não há ninguém que tenha se atrevido [a abordar o
assunto]. Por isso, adoraria que fosse uma leitura recomendada nas escolas, não
apenas porque é uma menina transexual. Poderia ser um livro sobre uma menina com
excesso de peso, sobre um menino com óculos fundo de garrafa ou sobre um garoto
asiático ou negro em um mundo brancos. Tem a ver com a diferença e a empatia, a
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diversidade e a aceitação, da dor, do amor... é uma ficção que atualmente pode ser
uma realidade. Quando você lê o livro, cria empatia. Pensa: "Como essa menina está
sofrendo por causa desses filhos da puta", e, então, percebe que os filhos da puta
somos nós.
P. Até que esse conflito chegue, toda a primeira metade do livro é muito feliz, uma
história convencional de amor adolescente. Foi uma escolha consciente? Você quis
dar à Violeta da ficção essa história tão comum?
R. Às vezes, tendemos a traumatizar, a dramatizar com esse tema. As pessoas me
dizem: "Sua filha deve sofrer muito". Na verdade, não, minha filha é líder de classe,
todos votaram nela, é querida por todos. Não temos nenhum drama em casa. Por isso,
saímos da associação [Chrysalis]. Muitas vezes, não concordo muito com os grupos
LGTBQ. Impõem coisas demais. Não posso forçar ninguém a fazer nada. Por exemplo,
no dia em que vi o ônibus da Hazte Oír [associação conservadora contra a
transexualidade], fiquei furioso. Mas então relaxei e pensei: eles têm todo o direito. Se
você não quer educar seu filho na diversidade, tenho que respeitar, porque é seu filho.
P. Mas estão negando a realidade de sua filha e seus direitos.
R. Mas é a vida deles. Meus filhos não estão nem aí. Minha filha vive sua vida. Eu
sempre digo a ela: se não amarem você como é, não vale a pena. Que é uma frase que
está na capa do livro. Ensino meus filhos a que entre por um ouvido e saia pelo outro.
Digo a eles que não tentem agradar a todo mundo. Junte-se com quem gosta de você.
Acha que todo mundo ama o Nacho Vidal? Tem muita gente que me odeia, que me
critica. Eu ando com quem gosta de mim. Outro dia eu estava vendo que a ministra da
Justiça [da Espanha, Dolores Delgado] chamou o outro [Fernando Grande-Malarska,
ministro do Interior+ de “maricón” *homossexual+, e encheram um programa inteiro.
Isto o que é? Um pátio de colégio? Por que não fazem programas de televisão sobre as
crianças que estão morrendo, gente que passa fome, que não tem onde dormir? Estão
falando de uma senhora que chamou o outro de bicha? Por favor! Eu vivo no mundo
do não absurdo. Se eu peço respeito para minha filha, eu tenho que ter respeito pelos
outros, desde que não coloquem um dedo nela.
P. Um dedo ou um Whatsapp, né? O livro trata do tema do ciberbullying, que é um
problema real que leva muitos menores a cogitar o suicídio.
R. É preciso educá-los. Minha filha chegou um dia me dizendo que uma menina tinha
dito a ela que não ia mais chamá-la de Violeta, que ia chamá-la de Nacho, e estava
super triste. Eu lhe disse que estava sendo tola. Se eu chamar você de “cocô de vaca”,
você responde? Pois se chamarem você de Nacho é igual, não responda.
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R. Mas você entende que as associações fazem um trabalho? É útil procurar casos
similares e lutar por objetivos legais que ainda não foram alcançados.
R. Não acho correto que lhe obriguem a fazer algo em que você não acredita. Não
gosto de impor nada a ninguém. Eu só entro em que não deveríamos obrigar ninguém
a fazer algo que não quer. Quando você diz: “Vamos aprovar leis para que
obriguem…”, nesse momento você espalha o ódio. Não quero que tenham ódio da
minha filha, quero que tenham empatia.
P. Violeta, a sua Violeta, deixou claro para vocês aos seis anos que era uma menina.
Como foi o processo com os diferentes círculos, o colégio, a família…?
R. No colégio nos disseram que já sabiam, ela sempre havia dito que é uma menina.
Sempre tinha seu grupo de amiguinhas. Não houve nenhum problema, e isso que
frequenta um colégio subvencionado católico. Depois tentamos mudá-la de colégio,
fomos a um particular. Por quê? Pela educação, era estilo norueguês, nós gostávamos
do modelo, trilíngue. Mas não a quiseram, nos disseram que não estavam preparados.
Eu não posso obrigá-los a aceitá-la. Eu disse a eles: “Já vi como é a instituição de vocês,
se chegasse a colocar a minha filha aqui, teria sofrido pacas, obrigado pela
honestidade”. Poderia atacá-los, mas nunca disse o nome do colégio nem vou dizer,
porque tenho esse respeito. Cada um é livre para fazer o que quiser.
P. O resto do entorno reagiu bem?
R. Os outros pais foram fantásticos. Um menino disse que ia chamá-la de Nacho, os
pais falaram com ele, o menino fez uma carta pedindo-lhe desculpas. Voltará a se
deparar com isso em outro colégio, nos extracurriculares… obviamente. Não podemos
colocá-la numa urna de vidro e que ninguém a toque. Eu tenho uma parte da família
que é da Opus Dei, e não houve nenhum problema, é uma menina que quando você a
conhece se apaixona. Não houve nenhum drama, a única coisa foi que minha mulher
se sentiu muito mal por tê-la vestido por tanto tempo como menino e não tê-la
escutado. Era muito efeminado, gostava do rosa… pensávamos: “O menino vai ser
gay”.
P. Você insiste que não foi uma luta, que ninguém sofreu.
R. Não tivemos nenhum tipo de drama. É preciso ver a parte positiva. Minha filha se
levanta e enxerga pelos olhos, se aguenta nas próprias pernas. Sente, canta, toca
música, me traz notas excelentes. Sempre foi feliz. Se você tiver isso em casa, cadê o
drama? O drama está na sua cabeça. As crianças não podem levar choques elétricos
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para que larguem de viadagem. Eu sempre pergunto: “O que aconteceria se isto
acontecesse na sua família? O que você faria, sendo católico apostólico romano?
Dizendo que isso acontece porque está na moda, que são meninos viciosos? Que
resposta me dariam? Levariam a criança ao psicólogo, iriam lhe dar remédios, metê-la
num manicômio? Eu gostaria de me sentar com alguém que seja contra isto, queria
entender sua maneira de pensar.
P. Violeta leu o livro?
R. Ainda não, não deve lê-lo ainda. Vai se sugestionar, deixa que aconteça com ela.
Mas é bonito, sim, que o leiam as crianças que não são transexuais, eu não acredito
que seja um livro para crianças transexuais.
P. Vocês se preocupam com o que pode acontecer quando ela chegar à puberdade?
R. Ninguém está preparado, nem as crianças nem os pais. Vejo os filhos dos meus
amigos que eram crianças maravilhosas, e agora seus pais querem matá-los… Ninguém
está preparado para a adolescência, nem os pais nem as crianças para a adolescência
das outras crianças, porque depende da educação que receberam em casa. Como pai,
você vive preocupado 24 horas por dia. Ela vai ter que solucionar seus próprios
problemas, o melhor é estar sempre ao seu lado e lhe fazer entender que não é tão
importante.
P. Para as crianças transgênero, é um momento crucial. Você disse que não considera
necessários os processos de reatribuição de gênero.
R. Eu disse que preferiria que qualquer pessoa se aceitasse tal como é e não tivesse
que chegar ao extremo de castrar seu pênis ou sua vagina, assim como não deveria
cortar um braço ou uma perna. Eu gostaria que se aceitasse tal como é. Se ela não
aceitar, se achar que essa é a solução, lhe ajudarei. Neste ponto acredito que estamos
bem com Violeta, porque quando era menor sempre tapava o pênis com as mãos, e
hoje em dia não tapa. Antes, quando você lhe perguntava se queria fazer xixi, dizia que
não mijava em árvore, que queria ir se sentar numa privada. Mas, hoje em dia, mija na
árvore. Estamos percebendo que ela não tem nenhum problema com seu pênis. Para
mim é maravilhoso. Ela diz: “Não sou uma menina em um corpo errado, sou uma
menina com pênis”.
P. Você diria que vir do mundo do pornô o ajudou a ter esta mentalidade?
R. Eu produzi muito pornô com transexuais e falei muito com elas. Tenho muitas
amigas transexuais. Conheço o mundo da transexual que precisou sair de casa muito
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jovenzinha, que precisou se prostituir com 15 anos para viver e comer, porque a
expulsaram de sua casa com seu próprio pai lhe dando uma surra. Depois, quando
ganharam dinheiro, os pais apareceram e elas começaram a mandar quantias,
comprando seu amor com dinheiro. Elas passam muito tempo trancadas sem sair,
esperando o cliente, e enquanto esperam se drogam. É um mundo muito duro, e essas
histórias de vida que eu conhecia me faziam ter muito medo de que isso acontecesse
com a minha filha. Mas depois existe outro mundo dos transexuais, onde as crianças
foram acolhidas por suas famílias, acabaram seus estudos ou empreenderam negócios.
Estão no Governo, são juízes, são advogadas, são policiais. Esse é o mundo em que
estamos nos movimentando.
P. É preciso modificar certas mentalidades dentro do pornô?
R. Como?
P. Que não seja orientado para o prazer masculino.
R. Você acha isso de verdade? Viu muita pornografia para poder dizer isso?
R. Você pode argumentar que já mudou…
R. A pornografia não é machista, é um produto, é uma fantasia. Existem mais de
60.000 filmes por ano, e são feitos há não sei quantos anos. Existem cenas em que a
mulher é a dominante. Só se fala das cenas em que o homem é o dominante. [Nesse
momento, Vidal saca o celular e nos mostra vários fotogramas de cenas pornográficas.]
Tudo isto que você vê aqui são humilhações e maus tratos a homens por parte de
mulheres que pisoteiam seus pênis, os maltratam...
P. Você já tinha essa busca preparada? Vejo que a tem guardada no celular.
R. Sim, trago-a sempre aqui porque me dá muita raiva. A pornografia não tem que
mudar, as pessoas têm que mudar. Quando você maltrata o seu filho em casa, isso é o
que vão repetir, não o que veem nos filmes. Se não, eu vejo Scarface e viro
narcotraficante. Eu vi muita pornografia e nunca participei de um grupo de
estupradores.
P. Incomoda-o que a violência sexual seja relacionada com o consumo de
pornografia?
R. Incomoda-me muitíssimo, me ataca pessoalmente por um trabalho que faço há 25
anos. Pode me chamar de machista por abrir a porta a uma mulher, pode me chamar
888
de machista por esperar que uma mulher se sente, porque é minha educação.
Educaram-me assim. Se for jantar contigo, eu vou lhe pagar o jantar. Se isso é ser
machista, viva o machismo. Mas na vida nunca levantei a mão para uma mulher. No
sexo, tive relações como todo mundo, há mulheres que me pediram sexo mais duro, e
outras menos duro, mas nunca maltratei. No pornô, fazemos um produto como
qualquer outro. E há coisas que não podemos fazer. Não podemos encenar um
estupro. Como vêm me dizer que nós criamos os grupos de estupradores? Nunca vi
nenhum estupro no pornô, porque nenhuma produtora vai comprar isso. Temos
limitações que não existem no cinema convencional. Certamente você viu Irreversível,
com a Monica Bellucci, e ninguém diz nada. Vê como decapitam e ninguém diz nada.
Por que tanto ataque à pornografia? Por que a tratamos como machista?
P. Então, se tiver que caracterizar o tipo de pornô que está fazendo atualmente…
R. Eu gravo com uma câmera em cima de um tripé e faço amor com uma mulher. Nem
mais nem menos.
P. Estão tentando abrir caminhos novos?
R. Já está tudo inventado. Agora foi feito o vídeo do festival de cinema de Barcelona
[refere-se ao vídeo do Festival Erótico, com uma espécie de mea culpa]. Acho horrível,
como se os estupros coletivos fossem nossa culpa. Não tenho culpa de nada. Quem
estupra, estupra porque é um grande filho da puta. Quem mata a sua mulher, mata
porque pirou. Não acho que sirva de nada aumentar as penas de prisão. Quem mata
sua mulher sabe disso e “le vale verga” *não está nem aí+, como dizem os mexicanos.
P. Voltando a Violeta, ontem se soube do caso de um menino transexual chamado
Gabriel a quem foi negada a mudança de nome na certidão de nascimento. Vocês
também tiveram dificuldades...
R. É que exigem nomes ambíguos. Como é possível que eu mande essa documentação
e um juiz me diga que sim, e um promotor que não? Vai ver a promotora acordou mal
ou chegou atrasada para deixar as crianças na escola, e aí me nega, mas no ano
seguinte mando a mesma documentação e me dizem que sim. Isto o que é? Uma porta
de uma discoteca? Isto não é o livre-arbítrio. Aqui precisa haver uma lei que diga que
sim ou que diga que não. Se for para me ferrar, me ferre, mas não precisa zoar. Tive
que ir a psicólogos, a psiquiatras, falar com professores do colégio… Você não tem que
ter o poder de decidir. Milha filha se chama como ela quiser, e se chama Violeta.
P. Como reagiu quando ela contou a vocês?
889
R. Pois nos deu uma lição de vida, mais uma. Estávamos gravando-a para o
documentário quando lhe dissemos. Achamos que ficaria muito contente, mas só
disse: “Acho certo, vocês me deram o que precisavam dar, não tenho por que
agradecer”. Isso é como quando a Receita Federal lhe paga a restituição do imposto.
Por que você ficou contente, idiota, se o dinheiro já era seu?
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/27/cultura/1538079214_047547.html
“SEM SER SUBALTERNO NEM USAR UNIFORME”: EMPRESA SÓ TEM BABÁS LGBTS
Marcos Candido, Uol Universa, 15 de setembro de 2018
O empresário Biel Lima, 31, é especializado em recreação infantil e usava os
conhecimentos para cuidar dos sobrinhos. A decisão em transformar o cuidado de
crianças em uma fonte de renda parecia promissora, mas ele queria ir além. “Pensei:
por que não criar uma empresa que empregue babás LGBTs?”, diz.
Foi assim que nasceu a Babá Beau, uma empresa que emprega e inclui uma rede de
babás lésbicas, gays, bissexuais e trans. “Queremos subverter a ideia de que a babá é
uma profissão considerada subalterna. A ideia é trocar nossas vivências e experiências
com a família”, diz o empresário, que é gay.
No lugar do uniforme, roupas informais e atividades como ir a parques, museus e
teatros. O universo cultural é bem familiar: Biel é músico e trabalha com babás que
também são artistas. “Não é só olhar e cuidar. As crianças são estimuladas brincar com
música e a dança. Nós deixamos uma sugestão cultural para os pais levarem os filhos
no fim de semana”, conta.
O atendimento é voltado a qualquer modelo familiar, mas a prioridade são mães solo.
O empresário faz às vezes como babá, mas também há mulheres trans e lésbicas como
colaboradoras fixas. “A gente pensa mais em questões sociais. Nós ficamos
preocupados com a naturalização da criança em enxergar diferenças entre as pessoas.
Cuidei de duas meninas que me perguntaram se eu namorava o Biel, e expliquei que
eu na verdade gostava de meninas. Elas achavam errado, e eu expliquei”, conta a babá
Larissa Lima, 23.
Criada em junho, a empresa foi contratada e indicada por Djamila Ribeiro, filósofa e
uma das principais vozes do feminismo negro no país. Depois da indicação, Biel afirma
que a demanda aumentou. É verdade que a repercussão que ficam curiosas sobre qual
o diferencial do atendimento. E, para isso, eles já têm a resposta.
890
“O principal diferencial é uma pessoa assumidamente LGBT, e que não esconde isso,
entrar na sua casa. Apresentar a diversidade logo na primeira infância faz com que elas
cresçam e entendam que somos iguais”.
https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/09/15/sem-uniforme-e-sem-sersubalterno-a-empresa-que-emprega-so-babas-lgbts.htm
COMO EXPLICAR O BEIJO GAY DA NOVELA DAS 6 PARA OS FILHOS? A NOVELA EXPLICA!
Nilson Xavier, Blog do Nilson Xavier/Uol, 30 de agosto de 2018
Juliano Laham e Pedro Henrique Müller (foto: reprodução)
Atualizado em 12/09/2018.
Vamos falar de homossexualidade na novela das seis. Sim, "Orgulho e Paixão", uma
trama romântica, de época, em um horário, a princípio, visado. Não precisa tirar os
filhos da sala para ver a novela – mas respeitemos a classificação indicativa, 12 anos.
"Orgulho e Paixão" é a primeira do horário com uma trama romântica envolvendo
gays. E tratando o assunto de forma que qualquer criança possa compreender – o
891
sentimento entre duas pessoas do mesmo sexo – sem apelação ou a pretensão de ser
didática ou levantar bandeira.
Talvez a temporada "Viva a Diferença" da Malhação (2017-2018) tenha sido a primeira
da novelinha a abordar o tema abertamente e sem melindres ou didatismo. Ou pelo
menos a que melhor tocou no assunto. O ápice foi o beijo entre duas garotas. A
atração avançou na abordagem e abriu precedente para que outras produções fossem
pelo mesmo caminho.
Nunca antes os dilemas da homossexualidade foram trabalhados de maneira tão eficaz
em uma novela das seis quanto agora, em "Orgulho e Paixão". Na trama, o jovem
Luccino (Juliano Laham), de uma família de simples camponeses, em uma cidadezinha
do interior, na década de 1910, sente-se atraído e desperta para a paixão pelo militar
Otávio (Pedro Henrique Müller), que corresponde aos seus sentimentos.
Sagaz, o autor Marcos Bernstein inseriu com cuidado a trama em sua novela. Primeiro
ele esperou o tempo certo para o público amadurecer a ideia: depois de meses da
novela no ar, já com audiência estabelecida. Segundo fez o público gostar dos
personagens. Otávio, a princípio, tinha um viés cômico ou estava envolvido em
situações cômicas. Era um personagem pequeno, mas agradável.
Pedro Henrique Müller e Juliano Laham (foto: reprodução)
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Já Luccino foi apresentado desde o início como um rapaz de boa índole, trabalhador,
bom filho e bom irmão. Um personagem "do bem". Sua trajetória foi elaborada de
modo que o público acompanhasse com ele a descoberta de seus sentimentos.
Primeiro por Mário, em quem Mariana (Chandelly Braz) se travestia. Depois por
Otávio. Outro acerto foi a escolha dos atores, pouco conhecidos do grande público e
muito bem nos papeis.
Além do texto meticuloso de Bernstein, a produção prima pelo bom gosto da direção
(Fred Mayrink e equipe). Foi bonita e cuidadosa toda a sequência do beijo entre
Luccino e Otávio, no capítulo desta quarta-feira, 12/09. Texto, direção e elenco na
medida certa.
Já critiquei a atemporalidade do texto de "Orgulho e Paixão", em que os personagens,
de época, pensam com a cabeça de 2018 (leia AQUI). No caso dos gays da novela, a
trama se limita a mostrar os sentimentos dos personagens e seus dramas. Eles vivem
os dilemas e renúncias comuns a todos os homossexuais, de todas as épocas – ainda
que alguns amigos de Luccino e Otávio aceitem tudo com uma naturalidade bastante
contemporânea.
O horário das 18h de novelas é o mais tradicional da TV, haja vista seu público alvo, na
maioria donas de casa, crianças e adolescentes. Com bom gosto e cuidado, tateando
para não ferir os mais sensíveis ao tema, a novela explica, sem ser didática, por meio
de uma trama bem conduzida, romântica e atraente. Com "Orgulho e Paixão", a Globo
quebra mais um tabu de sua programação e avança na discussão.
Em tempo: a novela "Sete Vidas" (2015) também apresentou casais homossexuais com
uma abordagem muito boa. Porém, referindo-me a "Orgulho e Paixão", trato do
desenvolvimento de um personagem gay de forma didática e sutil, de fácil
compreensão e alcance.
https://nilsonxavier.blogosfera.uol.com.br/2018/08/30/como-explicar-os-gays-danovela-das-6-para-os-filhos-a-novela-explica/
"ORGULHO E PAIXÃO" INAUGUROU UM NOVO TIPO DE DRAMATURGIA: A "NOVELA
DISNEY"
Nilson Xavier, Blog do Nilson Xavier/Uol, 24 de setembro de 2018
893
Nunca uma produção da TV brasileira se aproximou tanto do que convencionou-se
qualificar como "Disney", em referência ao estilo perpetuado pela famosa produtora
de cinema. A novela das seis da Globo, "Orgulho e Paixão" (finalizada nesta segunda,
24/09), foi a que mais características reuniu sobre um tipo de dramaturgia e um
padrão de produção que há décadas cativa plateias do mundo todo, no cinema e
televisão.
A fórmula é simples: fantasia e entretenimento em uma estética colorida, com doses
de romance, comédia, música e aventura. O mundo é idealizado, não há compromisso
com a realidade e, de repente, a vida pode virar um musical. O maniqueísmo impera:
os bons são bons demais e os maus, maus demais. No final, o bem triunfa, a felicidade
é potencializada, o mal paga e sempre há espaço para a redenção dos malvados.
Os mocinhos são bravos e corajosos, como os príncipes de contos de fadas. As
mocinhas, bem, são como as princesas, ou você nunca percebeu que cada uma das
irmãs Benedito parece uma "princesa Disney"? Os vilões são caricaturas do mal, muito
próximas dos vilões de desenhos animados: Susana = Dick Vigarista, Petúlia = Muttley,
Xavier = Tião Gavião. O que dizer de Lady Margareth, uma perfeita bruxa de conto de
fadas, com direito a gargalhada malévola.
As Irmãs Benedito vs. as Princesas Disney (divulgação)
Isto não é uma crítica, mas a constatação de um estilo assumido pela novela e
prontamente absorvido pelo público, haja vista a repercussão da trama. "Orgulho e
Paixão" fecha com uma média final de 21,5 pontos de audiência no Ibope da Grande
SP, dentro do esperado no horário – ainda que inferior às duas últimas produções,
"Tempo de Amar" (22,5) e "Novo Mundo" (24).
894
Apesar do convite ao escapismo, a novela tentou um diálogo com temas
contemporâneos. Por não haver compromisso com a realidade, a trama de "Orgulho e
Paixão", ambientada na década de 1910, teve um forte discurso atual que extrapolou
os limites da época retratada. O melhor exemplo está na protagonista Elisabeta
(Nathalia Dill): definida como "uma mulher à frente de seu tempo", suas falas e
atitudes eram de uma moça contemporânea.
Como escrevi em crítica publicada em agosto, uma mulher de 1910 "à frente de seu
tempo" pensaria com a cabeça uns 30, 40 anos adiante. Mas com a cabeça mais de um
século depois? Porém, assumiu-se que Elisabeta era uma personagem surrealista: ao
final, foi transformada em super-heroína (quase com super poderes). Para além do
discurso politicamente correto, a protagonista muitas vezes ultrapassou a linha tênue
que descamba para a chatice. No início falastrona, briguenta e mal-educada, foi
podada a tempo de não resvalar na mocinha chata.
Outro ponto a destacar: ao mostrar a liberdade sexual da maioria das personagens
femininas, o roteiro desconsiderou a moral da época retratada. São licenças poéticas
permitidas neste tipo de produção, afinal, trata-se de uma fantasia (não de um
documentário sobre o comportamento da mulher nos anos 1910) que assumiu um
compromisso com a atualidade.
A direção artística de Fred Mayrink apresentou um belíssimo trabalho de concepção e
realização, com cenários, figurinos e arte de tirar o fôlego. Tanto a direção de atores
como as das cenas atingiram plenamente o exigido pelo roteiro. Aliás, sensacional e
bem realizada a sequência do trem nos penúltimo e último capítulos – absurda, como
nos filmes de aventura e desenhos de animados, mas dentro da proposta da novela.
Sororidade, feminismo, racismo, homossexualidade e preconceito social foram
abordados com o olhar atual que esse tipo de discussão demanda. O primeiro beijo
gay em uma produção das seis da Globo apresentou o permitido no horário, com bom
gosto e sutileza. A abordagem foi além: didática na medida certa – com destaque para
a interpretação dos atores Juliano Laham (Lucino) e Pedro Henrique Müller (Otávio). O
drama dos personagens conquistou as redes sociais e a torcida do público (#Lutavio).
Elogios às atuações irrepreensíveis de boa parte do elenco, em especial a Ary
Fontoura, que há uns dez anos não tinha em mãos um personagem tão bom, o
irresistível ranzinza Barão de Ouro Verde; a Gabriela Duarte, de volta às novelas com
uma personagem que caiu nas graças do público; à dupla vivida por Grace Gianoukas e
Alessandra Negrini – Petúlia e Susana, uma reedição dos picaretas Muttley e Dick
Vigarista; a Agatha Moreira e Rodrigo Simas, talentosos atores esbanjando carisma; a
895
Vera Holtz em mais um tipo marcante; e a Christine Fernandes e Tammy Di Calafiori,
no retorno à Globo em personagens bem defendidos.
No entanto, um deslize que merece citação: o mau aproveitamento dos atores Tato
Gabus Mendes, Murilo Rosa e Letícia Persiles, em personagens que renderam muito
pouco ou aquém de suas possibilidades.
O elogio maior vai a Marcos Bernstein, o autor, por ter conduzido uma trama
movimentada, que em momento algum perdeu o fôlego, mantendo o público cativo a
uma história que experimentou várias narrativas (comédia, aventura, ação, suspense,
romance, drama, musical).
Ressalto a capacidade inventiva de Bernstein, roteirista de filmes díspares como
"Central do Brasil" (com João Emanuel Carneiro), "O Outro Lado da Rua" (com Melanie
Dimantas), "Zuzu Angel" (com Sérgio Rezende), "Chico Xavier", "Meu Pé de Laranja
Lima" (com Melanie Dimantas, o qual também dirigiu) e "Faroeste Caboclo" (com
Victor Atherino), da novela de aventura "Além do Horizonte" (com Carlos Gregório,
mal sucedida na audiência), da série "A Cura" (com João Emanuel Carneiro) e
colaborador da novela "A Vida da Gente" (de Lícia Manzo).
[A matéria original traz mais imagens...]
https://nilsonxavier.blogosfera.uol.com.br/2018/09/24/orgulho-e-paixao-inaugurouum-novo-tipo-de-dramaturgia-a-novela-disney/
GOVERNADOR CONTRARIA POLÍCIA AO EXALTAR MÃE PM QUE MATOU CRIMINOSO.
PARA BAIXAR LETALIDADE POLICIAL, ESTRATÉGIA DE COMANDO É CONTRA ENALTECER
MORTES
Guilherme Seto, Rogério Pagnan e Sílvia Haidar, Folha/Uol, 14 de maio de 2018
O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), fez uma cerimônia neste domingo
(13) para enaltecer a mãe PM que matou um ladrão e adotou uma estratégia em ano
eleitoral oposta à definida pela cúpula da própria polícia para reduzir os índices de
letalidade da corporação.
França, que tentará um novo mandato ao governo rivalizando com João Doria (PSDB),
ex-prefeito de SP, fez uma homenagem à cabo Katia da Silva Sastre, 42, que, no dia
anterior, reagiu a um assalto na porta de uma escola em Suzano (Grande São Paulo),
acertando tiros no peito e na perna do bandido, que morreu.
896
Mãe de duas filhas, ela estava no local com a mais velha, de sete anos, para participar
de festa de Dia das Mães —havia outras crianças por perto.
O governador entregou flores à PM em evento no Comando de Policiamento de Área
Metropolitana-4, na zona leste, para cumprimentá-la pela “destreza, técnica e
coragem”.
“A gente não pode deixar de enaltecer toda a técnica que você usou nesse episódio, a
maneira rápida que você agiu e, ao mesmo tempo, a coragem que você teve, porque
poderia simplesmente se omitir naquela situação, pois estava de folga, à paisana”,
afirmou França à policial.
A cabo, por sua vez, disse que agiu para “defender as mães, as crianças, a minha
própria vida e a da minha filha”. “É gratificante por ter salvado vidas. A gente não sabe
como seria o decorrer disso. É para isso que estamos nessa profissão, para defender as
vidas, e foi o que eu fiz.”
O ato do governador foi criticado por especialistas em segurança pública pelo temor
de que a homenagem possa passar mensagens equivocadas à tropa e à população —
mesmo que a atitude da cabo tenha sido correta diante do risco no caso específico.
Uma preocupação é que seja um incentivo às pessoas reagirem a assaltos — na
contramão da orientação da polícia.
Outra é que a morte de ladrões seja vista pela corporação como algo incentivado pelo
governo, após a escalada nos últimos anos do número de mortos pela polícia —alta de
10% em 2017, com 943 casos, recorde desde 2001.
O coronel Marcelo Vieira Salles, novo comandante-geral da PM, havia manifestado
preocupação nos últimos dias com a letalidade policial —apesar da queda no primeiro
trimestre — e dado orientação a subcomandantes de que reduzi-la era prioridade.
Salles disse aos subordinados que a estratégia era a de evitar qualquer exaltação de
mortes cometidas por PMs. A Folha apurou que ele fez críticas duras na última semana
à política de premiação a policiais que matam criminosos e afirmou que a sua filosofia
era totalmente oposta a isso.
Neste domingo, convocado para acompanhar a cerimônia, defendeu a reação da cabo
ao assalto e disse não entender a homenagem como um endosso à morte de ladrões.
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Questionado pela Folha se a exaltação à cabo não iria contra a política de desincentivo
à letalidade policial, França disse que “a homenagem é feita porque é Dia das Mães”.
“Ela foi a uma festa para comemorar a data e aconteceu uma situação dessas. Ela agiu
tão precisamente, tão perfeitamente, que a gente resolveu homenageá-la. Claro, o
rapaz morreu, não é o ideal. A gente gostaria que as pessoas não morressem”, afirmou
França.
Ele ressaltou em seguida que incentiva “as pessoas mais jovens que elas não se
aventurem com arma na mão, porque estão sujeitas a morrer”.
Minutos após a cabo ser homenageada, um episódio semelhante de reação a assalto
envolvendo policial de folga ocorria em uma drogaria em Guarujá, no litoral paulista.
O PM a paisana foi perseguido pelo ladrão até surpreendê-lo e atingi-lo com tiros. O
assaltante morreu horas depois no hospital.
Na disputa eleitoral deste ano, França tem buscado se afastar do rótulo de candidato
próximo da esquerda —conforme ele tem sido tachado por Doria, seu adversário.
Pesquisa Datafolha em abril mostrou que 13% dos brasileiros consideram a violência o
principal problema do país, na terceira posição, empatada com desemprego.
“Existe uma tendência, até pelo quadro de competição eleitoral, à disputa pela
retórica da política de segurança. É o que se vê, por exemplo, também no caso do [Jair]
Bolsonaro *candidato à Presidência+”, afirma André Zanetic, pesquisador do Núcleo de
Estudos da Violência da USP.
“Ele *França+ incentiva a ação policial como algo válido ou legítimo e tem como razão a
disputa eleitoral, não a segurança pública”, afirma.
Rafael Alcadipani, professor da FGV, considerou a homenagem feita pelo governador
como “populista e irresponsável”. “Sabemos que a liderança afeta a tropa. Ao
incentivar a ação, ele coloca os policiais em risco”, diz.
“Com a homenagem, incentiva que policiais reajam mais. Não se deve dar flores e
medalhas em ação com mortes. A PM salva vidas todos os dias e não ganha medalha
por isso. É um incentivo completamente errado.”
Alcadipani e outros especialistas ressalvam que a crítica não é para a reação da cabo.
Apesar da presença de crianças e outras mães, ele avalia que a policial “não tinha
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muita opção, porque podia ter sido executada caso o rapaz descobrisse que ela é
policial”.
A cabo explicou sua atitude após ser homenageada. “A minha preocupação, no
momento, foi que a minha intervenção fosse de maneira mais próxima a ele [ladrão]
para que não houvesse risco de machucar outras pessoas, porque havia crianças
correndo.”
Em março, um casal da PM de Santa Catarina foi baleado em uma pizzaria de Natal,
durante tentativa de assalto. Houve luta corporal com o bandido, e a policial morreu.
“Você não parabeniza alguém pela morte de outra pessoa, ainda mais no caso de uma
tropa com muitos problemas de letalidade policial e que vem afirmando que tentará
reduzi-la. Há um confronto de mensagens entre o governador e a PM”, afirma Samira
Bueno, que é diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
“A recomendação da polícia é sempre para não reagir. Cerca de 70% dos policiais
morrem fora de serviço em situações exatamente como essa. A policial deu sorte, já
que em geral o que acontece é que o policial saia ferido ou morra.”
Para Zanetic, a homenagem feita pelo governador “remete à premiação por bravura
que existiu no Rio, a chamada gratificação faroeste, criada no governo Marcello
Alencar (PSDB) em 1995, dada ao policial que tivesse ações letais em maior volume”.
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/05/governador-contraria-policia-aoexaltar-mae-pm-que-matou-criminoso.shtml
TRE SUSPENDE PROPAGANDA QUE MOSTRAVA PM CANDIDATA MATANDO LADRÃO
EM ESCOLA
Leonardo Martins, Uol, 05 de setembro de 2018
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Ex-PM reagiu a assalto na porta da escola da filha e matou homem em Suzano (SP)
O TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) determinou, nesta quarta-feira (5),
a suspensão de uma propaganda eleitoral da candidata a deputada federal Kátia da
Silva Sastre ( https://noticias.uol.com.br/politica/politicosbrasil/2018/deputadofederal/sp/04041976-policial-katia-sastre.htm?dados-cargodisputado-id=06&anoeleicao=2018&dados-uf-eleicao=SP&dados-numeropartido=22&p=katia ) (PR-SP),
policial militar que ficou conhecida após matar um criminoso na frente da porta da
escola de sua filha, em Suzano (SP), em maio deste ano. O pedido foi elaborado pelo
PSOL e PCB e acatado pela corte.
Em propaganda exibida na televisão na terça-feira (4), a campanha da candidata
decidiu utilizar o vídeo em que a PM mata o assaltante. Além das imagens, houve uma
dublagem do que Kátia teria dito ao ladrão no dia da morte e o barulho dos disparos
do revólver.
Os partidos pediram a remoção da campanha do horário eleitoral gratuito alegando
que a peça contraria os artigo 6, 68 e 17 da lei eleitoral, já que, entre outros fatores,
incita a violência e é transmitida em horário em que crianças e jovens assistem à
televisão.
Em seu despacho, o juiz Paulo Sergio Brant de Carvalho concordou e acatou a liminar
dos partidos, afirmando que "a propaganda impugnada veicula cena de violência
contra pessoas" e que, além da impertinência em relação à idade dos telespectadores
que poderiam estar assistindo a peça, a publicidade ainda "promove o comportamento
de reação individual em situações de conflito agudo", o que é vetado pela lei eleitoral.
900
O magistrado determinou multa de R$ 5 mil em caso de descumprimento da ordem. O
Partido da República, por meio de sua assessoria de imprensa, diz que "não comenta
decisões do poder judiciário". A legenda também disse não ter nenhum contato da
campanha ou da assessoria da candidata, que não foi localizada pela reportagem.
Especialistas apontam "trucagem" na propaganda
Especialistas em direito eleitoral consultados pelo UOL antes mesmo de a decisão ser
divulgada já apontavam que havia "trucagem", isto é, algum tipo de edição, na peça
publicitária da candidata, configurando uma irregularidade eleitoral.
O artigo 54 do código eleitoral diz que, na propaganda, "só poderão aparecer, em
gravações internas e externas, candidatos, caracteres com propostas, fotos, jingles,
clipes com música ou vinhetas, inclusive de passagem, com indicação do número do
candidato ou do partido, bem como seus apoiadores, (...) sendo vedadas montagens,
trucagens, computação gráfica, desenhos animados e efeitos especiais".
Segundo Daniel Falcão, professor de Direito Eleitoral do IDP (Instituto Brasiliense de
Direito Público), a "trucagem", que no caso da candidata foi colocar os sons do disparo
e a dublagem, contraria a legislação. "Pelo que foi exibido na televisão na época, o
vídeo foi registrado por uma câmera de segurança, sem captação de áudio. Você
colocar um áudio é 'maquiar' o vídeo".
Fillipe Lambalot, membro da Comissão Especial de Direito Eleitoral da OAB-SP (Ordem
dos Advogados do Brasil), afirma que o vídeo, por mostrar um ato de assassinato que
pode despertar diversas emoções na opinião pública, também fere o artigo 242 do
código eleitoral. Esse regimento diz que a propaganda não deve "empregar meios
destinados a criar, artificialmente, na opinião pública, estados mentais, emocionais ou
passionais".
João Paulo Martinelli, que também é professor de Direito do IDP, endossa o apelo
moral e a autopromoção que a candidata buscou com a peça. "Vejo como induzir o
eleitor a acreditar em uma 'salvação' para violência. Também é uma forma de
autopromoção, o fato de ela ser policial, ter treinamento policial, tem uma arma
fornecida pelo Estado que foi comprada com dinheiro público, mesmo ela tendo agido
dentro da lei [no ato do vídeo], ela não pode usar esse fato para se auto promover."
Os três advogados afirmaram que a candidata não corre o risco de perder sua
candidatura pelo ato, apenas ser obrigada a remover a propaganda e, em caso de
insistência, ser multada e perder seu espaço no horário eleitoral gratuito.
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https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/09/05/tre-suspendepropaganda-que-mostrava-pm-candidata-matando-ladrao-em-escola.htm
CANDIDATA À CÂMARA, PM QUE MATOU LADRÃO DIZ: QUEM É DE BEM NÃO MATA A
RODO
Talyta Vespa, Uol Universa, 21 de setembro de 2018
A candidata à deputada federal Kátia Sastre (PR), que ficou conhecida como "Mãe PM"
depois de matar um assaltante em frente à escola da filha, em maio, ganhou na Justiça
o direito de exibir o vídeo que mostra a troca de tiros entre eles em sua propaganda
eleitoral. As imagens haviam saído do ar depois que PSOL e PCB pediram a proibição
da exibição da propaganda alegando incitação à violência e a atentados contra a vida.
A candidata é a favor do armamento da população e diz que a política não aumentaria
a violência. "Quem é de bem não sai matando a rodo”, diz Kátia, cujo partido faz parte
da coligação que apoia a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à presidência.
A violência não vai aumentar caso o porte de armas seja liberado, como você
defede?
Não. Os bandidos já estão armados até os dentes, mais ainda que a Polícia Militar. Só
vamos dar aos homens de bem o poder de se defenderem. Na nossa proposta, para
comprar uma arma, a pessoa não poderá ter antecedentes criminais. Além disso, vai
ter que passar por exames psicológicos.
Muitos casos de violência doméstica são perpetrados por homens que não têm
antecedentes criminais. Em tese, pela sua proposta, esses homens poderiam
comprar armas. Não prevê, portanto, aumento de morte das mulheres?
Não, porque quem quer matar, mata de qualquer jeito. Em toda casa tem uma faca. É
só ver o exemplo do homem que jogou a mulher da varanda no Paraná. Tem também
o caso do próprio Bolsonaro, que é a favor do armamento e foi atacado por uma arma
branca.
Se o homem que atentou contra a vida de Bolsonaro estivesse armado, ele teria
morrido. Não?
902
Não. O bandido não atira, na real, nem aborda, quando acha que há outras pessoas
armadas em volta.
Como foi a batalha jurídica contra o PSOL e PCB que lutaram para tirar a cena de
morte do seu programa eleitoral na TV?
Eles alegaram que o programa faz apologia à violência e incita atentados contra a vida.
Entraram com uma ação e o vídeo foi retirado do ar. O processo durou uns 15 dias,
mas o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) concluiu que as acusações não procediam. Eu
sabia que ganharíamos. O vídeo mostra uma ação de legítima defesa. Além disso, são
imagens que viralizaram. Todo mundo já tinha visto.
Expor esse vídeo, inclusive a crianças, não estimula ainda mais a onda de violência?
Não. Mostro que estou me candidatando em defesa do cidadão de bem. Naquele
episódio, agi de acordo com o Método Giraldi da PM. O procedimento diz que, se o
bandido ameaça atirar, devemos dar dois tiros em áreas visíveis do corpo dele. Se
reagir, atiramos mais uma vez, e por aí vai, até que se renda. Respondi a um processo
na polícia, mas isso é padrão sempre que alguma ação culmina na morte do bandido. O
vídeo não mostra apenas um ato heroico, mas a vida real de um policial. Isso acontece
todos os dias.
É a primeira vez que você mata uma pessoa?
Eu não o matei. Atirei contra ele e eu mesma chamei o resgate para ajudá-lo. Ele
chegou com vida ao hospital.
Mas ele morreu.
Sim, mas tentei ajudar. Já passei por várias ocorrências desse tipo porque tenho 21
anos de polícia.
E nessas ocorrências, os bandidos morreram?
Prefiro não responder a essa pergunta.
Mostrar esse vídeo pode gerar um efeito rebote, o de aumentar a raiva dos
criminosos?
Não. A Polícia Militar toma todas as providências para a nossa segurança. Os bandidos
já matam sem motivo; colocar ou não o vídeo não vai fazê-los repensar nem para o
903
bem nem para o mal. Ninguém fez nada para ele naquele momento, estávamos em
frente à escola esperando a festa de Dia das Mães. A ficha criminal dele era gigante:
respondia a processos por ocultação de cadáver, formação de quadrilha e homicídio.
Se não tem efeito, para que serve o vídeo?
O vídeo mostra o que a população quer ver.
Concorda com a expressão "bandido bom é bandido morto"?
Não. Eu não espero nem quero que o bandido morra. Bom é não ter bandido.
Como se sentiu depois da morte do homem?
Foi uma véspera de Dia das Mães bem triste. Passei o dia na delegacia e, quando
cheguei em casa, tentei curtir minhas filhas e minha mãe. Elas me acalentaram.
Converso muito com as meninas sobre a minha profissão e não foi a primeira vez que
uma delas me viu atuando. Ela passou por uma avaliação psicológica e os resultados
foram positivos. São crianças, claro que se assustam, mas eu explico que o papel da
mamãe é proteger a população.
Quais medidas de proteção tomou após o vídeo ter sido divulgado?
Tive todo o apoio da Polícia Militar.
Como foi esse apoio?
Prefiro não falar.
Por que se sente preparada para o cargo de deputada?
Além de policial, sou arquiteta, urbanista e engenheira de segurança. Sei que posso
fazer diferença para o Brasil porque entendo de segurança. Meu objetivo sempre foi
cuidar do ir e vir das pessoas, e, se eleita, vou fazer isso de cima. Pretendo implantar o
Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência, do Governo
Federal, implantado pelas polícias militares) em todas as escolas.
O salário inicial de um PM em São Paulo é R$ 3.312. Por que escolheu a polícia e não
investiu na carreira de arquiteta ou engenheira?
904
Venho de família de militares. Meu bisavô, meu avô e meu pai foram policiais; nunca
me vi fazendo outra coisa. Sempre quis honrar a farda que herdei de meu pai. Ele era
um ótimo policial e eu também sou.
https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/09/21/candidata-a-deputada-maepm-que-matou-assaltante-quer-dar-armas-a-civis.htm
APÓS SER CONDENADO A 623 ANOS POR MASSACRE, CORONEL UBIRATAN FOI
ABSOLVIDO E ASSASSINADO EM 2006
Janaina Garcia, Uol, 06 de abril de 2013
Comandante da ação que resultou na invasão de 330 policiais no pavilhão 9 do
Carandiru, em outubro de 1992, o coronel da reserva Ubiratan Guimarães foi o único
julgado e condenado criminalmente pelo massacre de presos (
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/10/01/passados-20anosnao-ha-condenados-pelo-massacre-de-carandiru.htm ) ocorrido na zona norte de
São Paulo em outubro de 1992.
Alçado à fama gerada pelo episódio na Casa de Detenção, o coronel Ubiratan se lançou
a uma vaga de deputado estadual e alcançou a suplência em 1997 – com o controverso
"111" entre o número de urna, o qual negou que tivesse relação com o massacre.
Em 2001, o policial foi condenado em júri popular pela morte de 102 dos 111 presos
assassinados na invasão que conteria uma rebelião entre dois grupos rivais da casa de
detenção. Foi condenado a 632 anos de prisão, mas com direito a recorrer da pena em
liberdade.
No ano seguinte, 2002, se elegeu deputado estadual com pouco mais de 50 mil votos
novamente com o "111" na cédula.
Beneficiado pelo foro privilegiado da condição de parlamentar, em 2006 --ano em que
preparava a reeleição --acabou sendo absolvido pelo órgão especial do Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo, que entendeu que o policial agiu, durante a rebelião,
no "estrito cumprimento do dever legal".
Meses depois, em 9 setembro de 2006, o PM foi assassinado a tiros em seu
apartamento nos Jardins, área nobre de São Paulo. Acusada pelo assassinato, a
namorada do coronel, a advogada Carla Cepollina, foi absolvida pelo crime em júri
popular por falta de provas (
905
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimasnoticias/2012/11/07/cepollina-eabsolvida-de-acusacao-de-matar-o-coronelubiratan.htm ).
No dia do julgamento, após a divulgação da sentença, o promotor do caso, João Carlos
Calsavara, chegou a afirmar que a ré foi absolvida porque "quem foi julgado foi o
coronel Ubiratan". "Quem foi julgado aqui hoje foi o coronel Ubiratan. O coronel é um
homem estigmatizado, é um ícone de uma de uma década que foi julgado aqui", disse.
Coronel era "muito equilibrado e não era vingativo", diz advogado
Para o advogado que defendeu o coronel e conseguiu a absolvição dele no TJ, Vicente
Cascione, apenas "quem opinou por razões meramente políticas" é que atribuiu ao
policial a autoria de se comandar um massacre.
"Todo mundo falou que foi um massacre; hoje, caberia até um processo criminal e de
indenização por danos morais à família se dissessem isso, pois ele foi absolvido por um
órgão especial do TJ, não por duas ou três pessoas. Mas muitos que disseram que o
coronel comandou um massacre nunca leram uma página sequer do processo [sobre a
morte dos 111 detentos] --havia uma tocaia dos presos para massacrar a polícia lá
dentro e um cenário de rebelião", disse.
Segundo Cascione, o PM "era muito equilibrado, não era vingativo, não tomou uma
atitude contra ninguém que o acusou de ser autor de massacre, nem contra órgão de
imprensa, jornalista, político: só queria que ficasse provada a inocência dele, e ficou",
concluiu.
"Quem age no estrito cumprimento do dever legal não pratica crime. Para os jurados,
o coronel não agiu com dolo (ou seja, intenção) e não se podia exigir dele outra
conduta que não a adotada".
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/04/06/condenado-a-623anos-por-massacre-coronel-ubiratan-foi-absolvido-e-assassinado-em-2006.htm
O LIMITE DO INTOLERÁVEL: TRANSFORMAR UMA CHACINA EM UMA COMPETIÇÃO
MACABRA
Roberto Tardelli, Justificando/Carta Capital, 09 de janeiro de 2017
906
Qual é o limite do inaceitável? Existe um denominador comum, que uniria o mais
facinoroso defensor da pena de morte e o mais radical dos abolicionistas penais? A
resposta sempre foi óbvia para mim, não, claro que não. Nada há que os uma,
nenhuma ponte poderia fazer isso. Ninguém.
Pensava isso até ontem, quando me deparei com a mais estúpida, horrorosa, canalha,
opinião sobre os massacres nos presídios do norte do país, que alimentaram as velas
do ódio, que fizeram com que pessoas novamente se revelassem e exteriorizassem os
mais sombrios pensamentos. Bloqueei gente de baciada e ainda estou bloqueando,
quando tive minha atenção para publicação, postada na página de Major Olímpio:
PLACAR DOS PRESÍDIOS
MANAUS 66x 30 RORAIMA
Vocês podem
Fazer Melhor
#euAcredito…
Esse, talvez, seja o limite do intolerável. Alguma coisa que causaria náusea a qualquer
pessoa, minimamente humanizada, transformar uma chacina em uma competição
macabra. É alguém que se divertiu com as mortes horrendas, é alguém revelar que é
uma pessoa oca de alma, de espírito, de um mínimo de sentimento de compaixão.
Um condenado à pena de morte tem direito – nos países em que há esse flagelo
jurídico – possui alguns direitos, no mínimo, de alguém orar por ele, de alguém, antes
da hora fatal, revelar-lhe algum compadecimento. Mesmo os mais desabridos
defensores da pena de morte a submetem, antes, a um processo legal, a eles, imaginase, deve horrorizar as mortes causadas nesses momentos de insanidade coletiva. Deve
ser a eles, esses uns que defendem a pena de morte, obrigatório que seres humanos
sejam tratados como seres humanos, ainda que privados de liberdade. Os Adoradores
de Tio Sam hão de admitir que no altar das execuções, alguém tenha lido ao preso seus
direitos, no momento em que foi capturado. Defender a pena de morte é ainda
diferente de saciar-se com o sangue arrancado nos corredores de uma cadeia imunda
e superlotada. Mesmo os defensores da pena de morte não podem acolher a
manifestação do ilustre deputado, que vulgarizou as mortes, ao leva-las a um nível
ético-moral rastejante e infame.
907
Major Olímpio revelou, na postagem, que não há limites para decadência dos valores
morais que compõem uma sociedade, qualquer sociedade, com um mínimo ético
civilizatório. Não basta termos o idioma comum, território comum, bandeira, moeda,
seleção e hino, sem que tenhamos um mínimo de identidade e de solidariedade, se
não aos que morreram trucidados, ao menos, em relação a seus parentes, posto que
os tem, tanto quanto os tem Major Olímpio.
As ovelhas cristãs, católicas, ouviram do Papa Francisco um pedido de compaixão.
Custa crer que as mais de 22.000 pessoas que curtiram essa opinião não se enojassem
com ela, caso os mortos fossem cães abandonados nos canos públicos.
Esse homem é titular de mandato que lhe foi outorgado pelo voto popular, livre e
secreto, foi candidato a prefeito de São Paulo. Tem, portanto, força no partido a que
pertence, ironicamente, Solidariedade, que o aceita e o fortalece, na medida em que o
apresenta como aquele que, dentro de suas hostes, melhor faria pela cidade-estado,
onde perambulam milhares de miseráveis, capazes de farem despertar-lhe uma outra
macabra competição, de morte aos sem-teto, aos viciados, aos sem-nada.
Esse homem tem milhares de eleitores, que nele vêem alguma réstia de esperança.
Não é a esperança de melhoria, mas a esperança do ressentimento e da destruição
que pode provocar e está provocando, do ódio que mantém acesa a pira ensandecida
do racismo, da discriminação de gênero, do atraso cultural.
Talvez represente Major Olímpio o nível máximo da degradação moral que a Guerra do
Ódio pode produzir e deve ser ele o alerta de que, caso nos descuidemos, passemos a
nos identificar com ele, antes mesmo de abominar seu pensamento. Corremos o risco
de aplaudi-lo quando deveríamos expulsá-lo de qualquer ambiente de civilidade.
Major Olímpio deve ser o Gabinete da comunidade de segurança e de boa parcela das
carreiras jurídicas, que no afã de defender interesses corporativistas, podem estar a se
aliar com aquele que deveriam levar às barras do tribunais. Quem se compraz da
forma que o fez com uma tragédia de ciclópicas dimensões não poderia ter lugar
garantido no pior dos parlamentos, por ausência mínima de decoro.
Minha tristeza aumenta quando me dou conta que ele, Major Olímpio, nos representa,
ainda que seja no que temos de mais odioso, no que temos de mais repugnante. Talvez
seja esse senhor nosso marco-zero da estupidez, de nossa capacidade pelo culto à
barbárie, de nosso cinismo vil. Ele é o limite do inaceitável.
Aos que o seguiram, meus pêsames pela morte espiritual de que padeceram.
908
Roberto Tardelli é Advogado Sócio da Banca Tardelli, Giacon e Conway. Procurador de
Justiça do MPSP Aposentado.
http://justificando.cartacapital.com.br/2017/01/09/o-limite-do-intoleraveltransformar-uma-chacina-em-uma-competicao-macabra-2/
FACEBOOK MAJOR OLÍMPIO, 07 DE JANEIRO DE 2017
SENADOR, MAJOR OLÍMPIO APOIARÁ VENDA DE RESERVAS INDÍGENAS E FIM DE
TORCIDAS ORGANIZADAS. APOIADOR DE BOLSONARO EM SP, DEPUTADO TAMBÉM
QUER REVOGAÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO
Folha/Uol, 09 de outubro de 2018
O deputado federal Major Olímpio (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/major-olimpio-emara-gabrilli-saoeleitos-para-o-senado-por-sao-paulo.shtml ) (PSL) é um dos soldados mais antigos e
fiéis do bolsonarismo.
Coordenador de campanha de Jair Bolsonaro (PSL) em São Paulo, ele foi beneficiado
pela onda de popularidade do presidenciável, ultrapassou nomes fortes (como a
tucana Mara Gabrilli, eleita, e o petista Eduardo Suplicy), e foi o candidato ao Senado
mais votado em São Paulo ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/majorolimpio-e-mara-gabrilli-sao-eleitos-para-o-senado-por-saopaulo.shtml ), com 28,81%
dos votos válidos.
909
Ele, que diz que “a ficha ainda está caindo”, afirma que o capitão reformado do
Exército não interferirá nas eleições paulistas, a despeito do flerte de João Doria
(PSDB), que tem tentado fazer pegar a moda Bolsodoria.
Sobre o Senado, ele define como prioridades de seu mandato a redução da maioridade
penal, a revogação do estatuto do desarmamento e a retomada de projeto seu para
extinguir torcidas organizadas. Ele também diz que apoiará projeto de Bolsonaro de
venda de reservas indígenas (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/presidenciaveis-vao-da-omissao-apropostas-genericas-sobreindigenas.shtml ).
Como o senhor entende essa onda bolsonarista que engordou as votações (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/candidatos-ligados-a-bolsonarodisparam-na-reta-final-diz-boca-deurna-do-ibope.shtml ) de diversos candidatos na
reta final? Foi um recado dado pela população de que estão esgotados com a velha
política. Surgiu, então, essa onda bolsonarista como resposta. É uma esperança que
surgiu dessa expectativa dos eleitores.
Quais são as principais metas do seu mandato? A redução da maioridade penal é
questão de honra. Também vou priorizar a luta pela revogação do estatuto do
desarmamento para possibilitar que o cidadão de bem se defenda. E vamos lutar pela
sedimentação do Sistema Único de Segurança Pública (
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/05/criacao-de-sistema-unico-daseguranca-publica-deixaduvidas-sobre-execucao.shtml ), que já foi aprovado mas
ainda não foi implementado.
O senhor já apresentou na Câmara um projeto de extinção das torcidas organizadas.
Vai retomá-lo no Senado? Vou prosseguir com ele. As torcidas organizadas surgiram
como grupos para apoiar os times, mas se tornaram organizações criminosas que
colocaram os clubes e os torcedores como reféns. Organizadas de São Paulo fizeram
até campanha para não votar em mim, porque se tornaram esses antros que geram
violência. São fachadas para o crime.
Como o senhor vê o segundo turno das eleições presidenciais? Faltou um
“Alckminzinho” para ganharmos no primeiro turno. Vamos ter uma vitória
avassaladora, com mais de 70% dos votos no segundo turno, com toda a certeza.
Bolsonaro já propôs colocar as reservas indígenas nas mãos dos índios para que eles
possam vender os terrenos. Como senador, o senhor será favorável a isso caso um
dia o projeto chegue? Concordo. As reservas indígenas hoje se prestam a sofrer com o
910
extrativismo de minerais. Temos tantas organizações picaretas que estão defendendo
o meio ambiente. Com absoluta certeza eu defenderei e vamos tentar implementar.
A Janaina Paschoal (PSL), deputada estadual por São Paulo, disse que abandonará o
Bolsonaro caso ele se mostre autoritário. O senhor faria o mesmo? Não existe o
menor risco de acontecer. O Bolsonaro não tem o menor viés autoritário. Querem
colocar esse estigma devido ao fato de ele ser militar. Janaína jamais precisará deixar o
Bolsonaro. É a pessoa que conheço que mais defende a liberdade de expressão e das
pessoas.
A ideia de uma Constituinte já foi defendida por ambas as candidaturas, a de
Fernando Haddad (PT) e a de Bolsonaro. O senhor concorda? Discordando do general
Hamilton Mourão (PRTB), acredito que uma Constituinte tem que contar com os
representantes do povo. Mas a ideia dele não é a do programa de governo nem a do
Bolsonaro. Sou um pouco reticente com a ideia de se chamar uma Assembleia
Constituinte Nacional. Acho que se faria um esforço muito grande em um primeiro
momento e produziríamos muito pouco.
Como o senhor vê o apoio de João Doria a Bolsonaro em São Paulo? Achei
extremamente antiético da parte do pessoal de campanha dele plantar o voto
Bolsodoria quando nós tínhamos um candidato, o Rodrigo Tavares (PRTB). Meu vídeo
[Olímpio gravou vídeo em que acusa Doria de oportunismo] foi em relação a isso.
Independente se o Doria está falando em Bolsonaro por oportunidade eleitoral ou não,
conversei com Bolsonaro e [Gustavo] Bebianno [presidente do PSL] e o partido terá
posição de neutralidade.
O Bolsonaro vai manifestar apoio a ele ou gravar algum vídeo de agradecimento?
Neutralidade. Temos um objetivo maior que é a eleição de Bolsonaro. Não vamos
entrar nessa briga doméstica aqui em São Paulo. Jamais [terá vídeo de Bolsonaro para
Doria]. Bolsonaro não vai tomar posição na eleição em São Paulo. E ninguém vai me
ver em palanque do PSDB em São Paulo.
Em seu vídeo, o senhor acusa Doria de oportunismo por apoiar o voto BolsoDoria
enquanto Geraldo Alckmin ainda estava na disputa. É lógico que agora ele quer pegar
uma carona na popularidade do Bolsonaro. Entendo que agora é legítimo. Lá atrás,
quando tínhamos candidato a governador, foi antiético, no mínimo.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/senador-major-olimpio-apoiaravenda-de-reservas-indigenas-e-fim-de-torcidas-organizadas.shtml
911
ELEITA DEPUTADA, "MÃE PM" DEFENDE LIBERAÇÃO DAS ARMAS E APOIA BOLSONARO
Bibiana Bolson, Uol, 08 de outubro de 2018
Katia Sastre foi eleita deputada federal em SP com 264.013 votos, a 7ª mais votada
Conhecida nacional e internacionalmente após reagir a um assalto em frente à escola
onde a filha de sete anos estuda (
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/05/aolado-de-criancas-mae-pmreage-a-assalto-e-mata-ladrao-emsp-veja-video.shtml ) e matar o assaltante em
Suzano (Grande SP, a policial militar Katia Sastre foi eleita deputada federal em São
Paulo pelo Partido da República. Ela recebeu 264.013 votos (1,25% do total de votos
válidos) – a sétima mais votada – e promete apoiar Jair Bolsonaro (PSL) no segundo
turno da disputa à Presidência, apesar de apoiado Geraldo Alckmin no primeiro turno.
Favorável à liberação das armas no Brasil e com planos direcionados principalmente
para a segurança pública, ela acredita que armar o povo não aumentará a violência.
"Os bandidos estão armados, só o cidadão de bem que está desarmado", diz Katia, de
42 anos, em entrevista ao UOL. "As pessoas de bem não aguentam mais essa situação
de violência, então elas depositaram a confiança em mim."
No entanto, apesar de ter ganhado popularidade nas redes sociais em maio deste ano,
no Dia das Mães, e até ter recebido uma homenagem do governador Márcio França
(PSB), ela não se considera uma heroína. À época, a Corregedoria da Polícia Militar de
São Paulo avaliou como correta a ação e pediu o arquivamento de qualquer eventual
investigação contra a policial. "Não me sinto uma heroína, me sinto reconhecida. A
912
polícia inteira e os profissionais da segurança vivem isso diariamente. É um
reconhecimento", diz.
Esta foi a primeira disputa eleitoral de Katia e veio justamente depois do episódio que
lhe rendeu popularidade e, consequente, o interesse de mais de uma legenda. A
escolha foi pelo PR, partido de onde que vêm as maiores inspirações na vida pública e
política, segundo a "mãe PM". Publicamente, ela já elogiou a honestidade dos também
eleitos deputados Tiririca e Capitão Augusto, também policial militar.
Entretanto, apesar do resultado positivo nas urnas, a campanha foi polêmica. Katia
usou os minutos que tinha na televisão para exibir o mesmo vídeo que lhe rendeu
fama e recebeu críticas de especialistas por, segundo eles, violar as normas fixadas
para o horário eleitoral. Para os críticos, a estratégia consistiu em manipulação e
"criação artificial" de sons que confundem emocionalmente os eleitores, o que violaria
o artigo 242 do Código Eleitoral.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/10/08/eleitadeputada-mae-pm-defende-liberacao-das-armas-e-a-apoia-bolsonaro.htm
APÓS ANUNCIAR NEUTRALIDADE, FRANÇA USARÁ VICE PM PARA ATRAIR
BOLSONARISTAS
Guilherme Mazieiro, Uol, 10 de outubro de 2018
Com a decisão da Executiva Nacional do PSB de permitir que o diretório de São Paulo
se mantenha neutro na eleição presidencial, Márcio França (PSB) (
https://noticias.uol.com.br/politica/politicosbrasil/2018/governador/sp/23061963marcio-franca.htm ) projeta uma campanha de segundo turno sem se vincular ao PT e
com uso da imagem da vice Eliane Nikoluk (PR). O objetivo é atrair votos de eleitores
que apoiam Jair Bolsonaro (PSL) (
http://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/candidatos/jair-bolsonaropsl/ ). O
movimento de colar na ala pró-Bolsonaro em São Paulo já foi feito abertamente por
João Doria (PSDB) (
https://noticias.uol.com.br/politica/politicosbrasil/2018/governador/sp/16121957joao-doria.htm?anoeleicao=2018&p=doria ), que reforça em suas postagens a hashtag
#BolsoDoria.
"Eu acho que a vice, que é militar da reserva, tem tudo a ver com o [perfil do eleitor
do] Bolsonaro e, desde o começo, a única coisa que ela era queria era que não
apoiássemos o PT em São Paulo. Estamos neutros", disse o coordenador da campanha
913
de França, Jonas Donizette (PSB). A direção do partido anunciou na terça-feira o apoio
ao candidato petista Fernando Haddad (
http://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/candidatos/fernando-haddad-pt/ ).
Márcio França teve 21,53% dos votos válidos e foi para disputa em segundo turno com
João Doria (PSDB) (
https://noticias.uol.com.br/politica/politicosbrasil/2018/governador/sp/16121957joao-doria.htm?ano-eleicao=2018&p=doria ), que teve 31,77 %. Em São Paulo, o
capitão da reserva teve 53% dos votos, enquanto Haddad teve 16,42%. Nas redes
sociais, França postou sua posição contra o PT, mas destacou que cumpriu o acordo
com o partido e ficará neutro na disputa nacional.
Prefeito de Campinas, Donizette acredita que não é um problema para o eleitor de
França o perfil militar de Eliane, que já declarou apoio pessoal a Bolsonaro. Ele
entende que é uma opinião pessoal dela e que é possível atrair eleitores que optam
pelo capitão da reserva apenas pelo antipetismo.
914
"Vamos mostrar muito a figura da nossa vice, até porque o eleitor tem de comparar o
candidato e o vice das duas chapas. Ela é uma pessoa com identidade com essa ala que
apoia o Bolsonaro. É bem aceita no meio militar", disse.
O socialista representou França na reunião da Executiva, nesta terça-feira (9), em
Brasília que definiu apoio político a Fernando Haddad. Ficou definido que as lideranças
de São Paulo e do Distrito Federal se manterão neutras sobre a decisão.
Donizette ainda destacou que o PSB não buscará apoio formal do PT, em São Paulo.
"Vamos nos manter neutros. Acredito que o eleitor do PT pode ter mais simpatia com
a campanha do França. Todo voto é bem-vindo. Voto, a gente não despreza", disse.
Doria reforça o antipetismo que marcou sua campanha toda e tenta atrair votos dos
simpatizantes de Bolsonaro. No seu dicurso após o resultado no 1º turno disse que vai
derrotar "Márcio Cuba", nas eleições.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/10/10/neutralidadepsb-sao-paulo-franca-usa-vice-bolsonaro.htm
OPINIÃO: É DANOSO QUANDO MILITARES NÃO PASSAM IMAGEM DE NEUTRALIDADE
Rafael Alcadipani, Uol, 10 de outubro de 2018
915
É a primeira vez desde a redemocratização do país que os militares brasileiros, tanto
das Forças Armadas quanto das PMs, estão ocupando posição de destaque na política.
Além da chapa vencedora do primeiro turno das eleições ser composta por ex-oficiais
das Forças Armadas, em estados como São Paulo, por exemplo, candidatos a
vicegovernadores vieram das fileiras da PM (Polícia Militar) e um dos senadores eleitos
é ex-oficial da instituição.
No total, 72 militares foram eleitos para cargos legislativos nesta eleição (
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/10/08/militareseleito
s-2018-camara-senado-assembleia-legislativa.htm ), conforme noticiou o UOL. Além
disso, durante as eleições, inúmeras imagens das PMs foram utilizadas na propaganda
política dos candidatos ligados ao militarismo país a fora. Em São Paulo, inclusive, uma
das representantes da PM eleita usou para sua campanha política as cenas do
momento em que ela neutraliza um criminoso que veio posteriormente a entrar em
óbito.
Boa parte dos ex-militares e ex-policiais eleitos adotam uma visão próxima do desejo
de parte da população de que "bandido bom é bandido morto". Jair Bolsonaro (PSL) (
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/candidatos/jairbolsonaro-psl/ ) tem
em sua equipe de campanha ex-membros das Forças Armadas e promete trazer para
seu eventual governo inúmeros militares, além de defende as escolas militares como
uma das soluções para os problemas educacionais do Brasil.
Há inúmeras imagens de Bolsonaro junto a PMs e membros das Forças Armadas
durante sua campanha eleitoral. Vale frisar que a grande maioria dos eleitos são
representantes do oficialato, não das praças.
"Embora as instituições de estado militares sejam neutras politicamente, a larga
presença de militares dentre os políticos no atual momento faz com que um eventual
novo governo de Bolsonaro seja percebido pelo cidadão comum como um governo
que representa as instituições militares brasileiras. "
As linhas de fronteira entre instituições militares e a política partidária nunca
estiveram tão tênues na história recente do Brasil. As pessoas têm dificuldade de notar
que um governo Jair Bolsonaro não é um governo das instituições militares, mas sim
um governo composto por militares. Separar o militar da instituição é muito difícil para
o senso comum, ainda mais quando militares da ativa, especialmente no caso de
policiais, utilizam o seus perfis nas redes sociais para declarar apoio a políticos
oriundos de sua instituição.
916
As Forças Armadas são, hoje, a instituição mais respeitada do Brasil, segundo o Índice
de Confiança na Justiça, publicado pela Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas.
Trata-se de uma conquista que durou décadas após o término do Regime Militar e a
proximidade entre militares e ex-militares e política pode trazer mais dados do que
benefícios à reputação do militarismo e das instituições militares no Brasil.
O país possui problemas estruturais e de grande complexidade que não serão
resolvidos em um curto espaço de tempo. Com isso, caso após algum tempo da
presença de militares na política não haja melhorias efetivas para a população, os
militares serão também responsabilizados pelos problemas brasileiros acarretando um
grande risco a sua imagem institucional e a sua reputação no longo prazo.
A situação ficará ainda mais séria se militares-políticos aparecerem em escândalos de
corrupção ou defendendo arbitrariedades como já aconteceu na campanha política. Há
ainda a possibilidade de a população em geral sofrer com a perda de direitos durante a
necessária reforma da previdência sem que nenhum direito dos militares seja retirado.
Isso pode levar as pessoas a verem políticos militares como preocupados apenas com
as suas demandas em detrimento das demandas do povo. Aliás, as falas do general
vice de Bolsonaro contra os direitos das pessoas já produziu danos de imagem
institucional aos militares brasileiros.
Ademais, há muita desconfiança que um governo repleto de militares possa decidir
retornar aos períodos do regime ditatorial brasileiro caso as demoradas e necessárias
negociações da democracia não aconteçam como deseja o governo.
"Se, por um lado, há nas Forças Armadas uma tradição de respeito às instituições,
por outro, as feridas do regime militar estão ainda abertas."
Além disso, hoje, muitas pessoas não percebem as Forças Armadas e as PMs como
instituições ideológica e politicamente neutras, mas sim como instituições que
assumiram um lado na polarização política e social brasileira.
É muito danoso para o país quando instituições que possuem o monopólio da força do
Estado não passam uma imagem de isenção e neutralidade. Tal quadro piora quando o
grande líder dos militares na política brasileira e muitos dos políticos militares eleitos
possuem inúmeras falas contra homoafetivos, mulheres, negros e demais minorias.
917
Após esta campanha eleitoral, há o potencial de cristalizar em parte da sociedade a
imagem de militares como sendo figuras preconceituosas, violentas e que procuram
defender a sua ideologia a todo custo. Isso é lamentável, pois trata-se de uma imagem
caricata que não faz jus a realidade de boa parte dos atuais membros das Forças
Armadas e das PMs brasileiras.
Em geral, militares são profissionais extremamente bem treinados, qualificados e que
desempenham uma função social importante em qualquer democracia. Desde a
redemocratização, nossos militares têm cumprido à risca o seu papel de respeito a
ordem democrática vigente. Porém, quando militares se misturam com a política
partidária, os danos para as instituições no longo prazo podem ser significativos.
Rafael Alcadipani é professor-adjunto da FGV-EAESP (Fundação Getulio Vargas),
membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do International Visiting Fellow
no Crime and Security Research Institute, na Universidade de Cardiff, no Reino Unido.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/10/10/artigodanoso-quando-militares-nao-passam-imagem-de-isencao-e-neutralidade.htm
JANAÍNA PASCHOAL É A DEPUTADA MAIS VOTADA NA HISTÓRIA DO PAÍS. CANDIDATA
DO PSL OBTEVE MAIS DE 2 MILHÕES DE VOTOS NA DISPUTA PARA O LEGISLATIVO
ESTADUAL. NÚMERO SUPERA EDUARDO BOLSONARO, ATUAL RECORDISTA PARA A
VAGA NA CÂMARA DOS DEPUTADOS
G1 Globo, 07 de outubro de 2018
A advogada e professora Janaína Paschoal (PSL) é a deputada mais votada na história
do país.
Na disputa por uma vaga na Assembleia Legislativa de São Paulo, a candidata recebeu
2.031.829 votos (98,25% das urnas apuradas) e superou o recorde histórico para o
legislativo estadual e federal.
Janaína também obteve mais votos que Eduardo Bolsonaro (PSL), deputado federal
eleito por São Paulo, que atingiu 1.814.443 votos(com 98,25% das urnas apuradas).
O recorde anterior de um deputado estadual era de Fernando Capez (PSDB), reeleito
em 2014 com 306.268 votos. Nesta eleição, Janaína teve quase sete vezes mais votos
do que o tucano conseguiu na última votação.
918
A candidata do PSL também teve mais votos do que 10 dos 13 governadores eleitos no
primeiro turno. Ela conseguiu mais votos, por exemplo, do que Paulo Câmara, reeleito
em Pernambuco com 1.918.219 votos.
A deputada eleita também teve mais votos que os candidatos à Presidência Daciolo
(Patriota), Henrique Meirelles (MDB), Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (Podemos),
Guilherme Boulos (PSOL), Vera Lúcia (PSTU), Eymael (DC) e João Goulart Filho (PPL).
Por meio de sua conta no Twitter, Janaína comentou o resultado. Ela é uma das
autoras do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Amados, são muitos votos, mais de dois milhões. Esta votação expressiva é muito
importante, pois me confere mais legitimidade para trabalhar por todos nós. Agradeço
a cada cidadão que confiou em mim. Deus há de me ajudar a fazer tudo que tenho em
mente e mais um pouco!
— October 8, 2018
O segundo candidato mais bem votado para o legislativo paulista é Arthur Mamãe
Falei (DEM) que, assim como Janaína, estreia na Casa. O terceiro e quarto lugar ficaram
com os veteranos Carlos Giannazi (PSOL) e Coronel Telhada (PP).
Veja a lista dos mais votados para deputado estadual de SP:
JANAINA PASCHOAL (PSL) - 2.031.829 votos
ARTHUR MAMÃE FALEI (DEM) - 470.606 votos
CARLOS GIANNAZI (PSOL) - 216.399 votos
CORONEL TELHADA (PP) - 211.300 votos
GIL DINIZ (PSL) - 210.439 votos
DANIEL JOSÉ (NOVO) - 180.861 votos
JORGE WILSON XERIFE CONSUMIDOR (PRB) - 173.378 votos
DELEGADO OLIM (PP) - 159.411 votos
CAIO FRANÇA (PSB) - 149.764 votos
MONICA DA BANCADA ATIVISTA (PSOL) - 147.868 votos
EDMIR CHEDID (DEM) - 134.116 votos
MAJOR MECCA (PSL) - 129.411 votos
HENI OZI CUKIER (NOVO) - 128.234 votos
919
ANDRÉ DO PRADO (PR) - 121.445 votos
ALEX DE MADUREIRA (PSD) - 116.238 votos
CONTE LOPES (PP) - 115.226 votos
MARTA COSTA (PSD) - 114.553 votos
CAMPOS MACHADO (PTB) - 113.663 votos
CAUÊ MACRIS (PSDB) - 113.509 votos
CARLOS CEZAR (PSB) - 113.189 votos
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/eleicoes/2018/noticia/2018/10/07/janainapaschoal-e-a-deputada-mais-votada-da-historia-de-sp.ghtml
GENERAL LIGADO A BOLSONARO FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE
1964
Leandro Prazeres, Uol, 28 de setembro de 2018
Os livros de história que não tragam a verdade sobre 64 precisam ser eliminados". A
declaração é do general da reserva Aléssio Ribeiro Souto, um dos militares de um
grupo técnico ( https://www.uol/noticias/especiais/quem-sao-osgenerais-debolsonaro.htm ) que se reúne regularmente para auxiliar a equipe do candidato à
Presidência Jair Bolsonaro (PSL) (
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/candidatos/jairbolsonaropsl/index.htm ) na formulação de propostas que podem vir a ser
implementadas caso ele vença as eleições.
Formado na Aman (Academia das Agulhas Negras) e no IME (Instituto Militar de
Engenharia), Ribeiro Souto comandou o CTEX (Centro Tecnológico do Exército) entre
2006 e 2009. Sua afinidade com o tema fez com que ele fosse destacado no grupo de
Bolsonaro para contribuir com diretrizes básicas para políticas de educação, ciência e
tecnologia.
Em aproximadamente duas horas de entrevista ao UOL, o general defendeu a revisão
da grade curricular de alunos e professores brasileiros para eliminar o que classifica
como "ideologização" na educação brasileira. Ao falar sobre episódios de agressão de
alunos contra professores, ele disse que, se necessário, o ECA (Estatuto da Criança e do
Adolescente) deveria ser extinto.
"Se chegarmos à conclusão de que, com ele, é impossível (punir alunos que agridem
professores), elimine-se o ECA e substitua-se por outra coisa mais viável."
920
O general também disse que os técnicos em torno de Bolsonaro estudam formas de
inverter a matriz de investimento para priorizar a educação básica em relação ao
ensino superior. Ribeiro Souto também falou sobre a autonomia das universidades
federais. Para ele, o modelo de escolha dos reitores, baseado em uma eleição interna,
precisa ser revisto.
"Da maneira como o processo está, ele acaba impondo que em determinadas
universidades, numa parcela expressiva, toda a grande administração seja de uma
determinada corrente partidária", disse.
Confira abaixo os principais trechos e temas da entrevista:
Valorização dos professores e extinção do ECA
UOL - A proposta mais conhecida de Jair Bolsonaro na área de educação é a criação de
uma escola militar em cada estado do Brasil. O senhor acredita que só isso seja
suficiente para solucionar o problema da educação no país ou há outras propostas
sendo estudadas hoje?
Ribeiro Souto - Começamos com o ser humano: valorização dos professores,
motivação dos alunos, avaliação e cuidado com a formação dos professores,
especialmente do ensino básico, já que nós temos na ordem de 2,5 milhões
professores do ensino básico. É um número gigantesco para 46 milhões de alunos e
para 184 mil escolas estaduais e municipais. Vamos cuidar, primeiro, do
aperfeiçoamento desses professores de forma continuada e recorrente. Cuidar da
formação daqueles que ingressarão no magistério é algo que consideramos
fundamental.
Mas o que significa valorizar o professor de maneira prática? Passa por aumentar o
piso salarial básico da categoria?
Nós pensamos que a criança deve ser levada a reverenciar os seus pais, em primeiro
lugar. Fora os pais, as pessoas que devem ser reverenciadas são os professores. Há
uma série de pontos que tratam da valorização dos professores. O quinto ou o sexto é
a questão salarial. A questão salarial tem que ser muito bem equacionada. Há outras
questões essenciais que vêm até antes do salário.
921
Como o seu grupo pretende transformar em política pública a reverência ao
professor? Como tirar isso do plano do discurso e fazer funcionar dentro da sala de
aula?
As crianças têm que ter consciência de que o professor tem que ser respeitado. Deve
haver providências para que todo ato que consista em desrespeito à figura do
professor seja reprimido dentro dos processos democráticos e dentro dos processos
legais.
É absolutamente inaceitável que um professor seja agredido por palavras ou por atos
físicos dentro da sala de aula. A primeira medida de valorização do professor e de se
impedir que haja violência contra ele dentro da sala de aula é o exemplo dos
governantes.
Segunda medida: não-aceitação de qualquer tipo de violência. Não considero a menor
hipótese de aceitar agressão. Para isso, é preciso que os sistemas policiais e de Justiça
estejam funcionando de maneira adequada.
A legislação já reprime esse tipo de ato. O que o senhor pensa em fazer
concretamente?
Se necessário, é preciso que se chame a polícia para agir. Quem agrediu o professor
tem que imediatamente ser retirado de sala de aula e ser submetido às normas do ECA
(Estatuto da Criança e do Adolescente) e às normais legais cabíveis. Se for adulto, é
preciso ser punido no âmbito de um processo legal. Se for menor, atualmente, tem
que se buscar o ECA.
Mas aí você vai dizer: "Ah!. Mas o ECA não funciona". Então, você está pedindo medida
concreta. Mudar o que tenha que ser mudado no âmbito da legislação para que a
repressão seja eficaz.
O senhor defende uma mudança no ECA?
Defendo a mudança que for necessária. Isso é fora de dúvida. Você admitir que o ECA
proteja bandido... quem agride o professor é bandido. Se for para proteger bandido,
eu sou contra o ECA. E a equipe é unânime em asseverar que, se você tem uma
legislação que proteja bandido, é preciso eliminar essa legislação.
922
A sua equipe é unânime em defender a alteração ou a eliminação do ECA?
É preciso estudar as duas coisas. Não sou jurista, não sou especialista na área de
Justiça, mas, se não é possível fazer com que o ECA proteja o professor da agressão
dos alunos, se chegarmos à conclusão de que, com ele, é impossível, elimine-se o ECA
e substitua-se por outra coisa mais viável.
Mudar formação de professores para evitar "doutrinação"
Uma das principais críticas de apoiadores de Bolsonaro é o que eles chamam de
ideologização do ensino. Há uma crítica de que professores estariam doutrinando
seus alunos em direção a uma determinada ideologia política. O senhor defende uma
mudança na formação dos professores?
Com toda certeza. Os currículos têm que ser revistos. A base ideológica que prevalece
na formação dos professores precisa ser alterada. O ideário de (Antonio) Gramsci
(pensador italiano) tem que ser eliminado na formação dos professores. Minhas filhas
estudam num dos melhores colégios de Brasília e um professor disse, em sala de aula,
que a Coreia do Norte não é aquilo dito pela imprensa. Que aquilo é algo totalmente
diferente.
Um professor que fala isso é produto de uma mentalidade, desculpe, distorcida
completamente. A escola não é para ensinar ideologia, não é para ensinar religião, não
é pra ensinar a forma de se comportar sexualmente. Isso é um papel fundamental da
família. Pode ser tratado na escola? Pode. Mas não da forma como nós sabemos que
está sendo tratado agora.
O senhor acredita que há ideologização na formação dos professores? O senhor
defende mudança no currículo dos professores?
Toda a base curricular e todo o processo de formação de professores precisam ser
revistos para tornar o professor alguém qualificado para formar crianças, jovens nos
seus respectivos estágios da vida.
Mas o que o senhor pretende fazer para acabar com o que o senhor classifica como
ideologização do ensino?
923
Alterar os currículos naquilo que for necessário. Dizer que a Coreia do Norte é um país
ótimo e democrático, e que é a imprensa que está fazendo uma imagem ruim do país,
é uma informação absurda. Desculpe, o professor que diz isso é um irresponsável,
ideologizado, e o professor que disse isso é de uma ideologização doentia.
Banir livros de história que não tragam "verdade" sobre 1964
A maior parte dos livros didáticos de história trata o 31 de março como um golpe. Se
Bolsonaro vencer, o MEC comandado por ele terá a possibilidade de escolher um
conjunto de livros, em detrimento de outros. O senhor defende uma mudança nesse
conteúdo em relação a 1964?
A base da democracia é a liberdade, a verdade, a coragem e a ética. Qualquer livro de
história tem que falar que os militares pegaram o Brasil na 42ª economia do mundo e
trouxeram para o patamar de oitava. Que a produção petrolífera saiu de 70 mil barris
para 800 mil barris.
Tem que falar que essa quantidade de órgãos que até hoje está atuando no Brasil, na
grande gestão, foram criados no regime militar. Quando se fala em FGTS, de educação
de analfabetos... isso tem que estar no livro de história. E, se o historiador não relata
isso, desculpe, ele não está pegando a base fundamental da democracia. Quem
declara que 1964 foi um golpe é o mesmo que declara que a Dilma (Rousseff) foi
vítima de um golpe.
Mas o impeachment da ex-presidente Dilma provavelmente ainda não entrou nos
livros de história. Questiono especificamente em relação a 1964, porque 1964 já
entrou nos livros de história. Minha dúvida é: o senhor defende uma mudança no
conteúdo dos livros de história em relação a 64?
Os livros de história que não trazem a verdade têm que ser eliminados das escolas
brasileiras.
Minha pergunta específica é: os livros de história que tratam 1964 como um golpe
precisam ser eliminados?
Não disse isso. Os livros de história que não tratam o regime de 64 no contexto da
verdade têm que ser eliminados das escolas.
924
O que o senhor defende em relação aos livros de história que tratam 1964 como um
golpe?
Se não trouxerem a verdade completa... Essa é uma opinião pessoal do historiador. Ele
trata como golpe um presidente que foi eleito pelo Congresso Nacional, com os votos
daqueles que se colocaram na oposição.
Para a enorme maioria da comunidade acadêmica, para a comunidade internacional,
o que ocorreu em 1964 foi um golpe. Não se trata da opinião de um historiador em
particular. Por isso é tão importante esse questionamento. Na sua avaliação, os
livros de história que tratam 64 como um golpe deveriam ser eliminados?
Os livros que não trazem a verdade sobre o regime de 1964 têm que ser eliminados.
Investimento em Ciência e Tecnologia é meta de longo prazo
Com relação a ciência e tecnologia, a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior) perdeu R$ 1 bilhão em recursos desde 2015.
Recentemente, ela ficou quase sem recursos para as bolsas. Qual será a política de
um eventual governo Bolsonaro em relação à Capes?
Não respondo pelo Bolsonaro, mas pelo nosso trabalho técnico. É preciso que haja
gestão adequada. Quanto à queda dos recursos para a Capes, não tenho esses dados.
Mas, se você pegar 10% do que foi jogado fora na corrupção da Petrobras, 10%
apenas, essa recuperação resolve o problema da cifra que você acabou de falar.
O Brasil investe, em média, 1% do PIB em ciência e tecnologia. Vocês estudam
ampliar esse valor?
O Brasil investe 1% do PIB e há países que investem 0,5% com mais efetividade que o
nosso país. Há alguma coisa incorreta nisso aí. Somente com utilização adequada do
1% que investimos em ciência e tecnologia, temos o potencial de dobrar a nossa
produtividade científico-tecnológica.
Evidentemente que se você pegar os países que determinam o rumo da ciência e
tecnologia estão na faixa de 4% do PIB. Você passar de 1% para 4% seria o ideal. É
possível? Em quanto tempo? Só no longo prazo. Não é coisa que se consiga fazer no
925
curto prazo.
Vocês estudam a fusão do Ministério da Educação com Ciência e Tecnologia e
Cultura?
Há uma tendência de, no que diz respeito à equipe, propor um Ministério da Educação,
Cultura e Esporte e um Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações.
Cultura e esportes virariam secretarias?
Seriam um módulo organizacional do Ministério da Educação. Se vai chamar secretaria
ou não, não importa. O que importa é o fomento da cultura. É a cultura acessível à
massa de brasileiros que normalmente não tem acesso.
Escola não pode ser do PT e nem do PSL, diz general
Um dos projetos que está tramitando no Congresso é o que ficou conhecido como
Escola Sem Partido. Em um eventual governo Jair Bolsonaro, vocês darão novo
impulso a esse projeto?
Não entro no mérito da questão política de um eventual governo, se vencedor. Mas é
inaceitável que a escola seja do PT, quando o PT está no poder, ou que seja do PSL,
quando o PSL ganhar a eleição.
E como equacionar isso?
Não existe partido dentro da escola. Ponto final. Acabou. Esta é a minha visão pessoal.
Essa também é a visão esposada pela equipe e isso será levado à equipe de transição.
Que medidas práticas vocês estudam para, segundo vocês, despartidarizar as
escolas?
Professor de matemática tem que dar aula de matemática. Professor de português
tem que dar aula de português. Professor de geografia tem que dar aula de geografia.
Bolsonaro, como pessoa, não admite corrupção, e será um exemplo para todos os
926
professores. E o professor, pelo seu exemplo, tem que chegar em sala de aula para
cumprir o que determina a escola. E não tem que ir lá defender o PT, quando está no
poder, e nem o PSL, quando o PSL estiver no poder. Simplinho (sic).
No âmbito do Executivo, vocês pretendem implementar algum tipo de avaliação para
saber se o professor está dando aula de forma ideologizada ou não?
Não respondo pelo governo.
Vocês pretendem fazer uma avaliação da grade curricular e aquilo que perceberem
como ideologia será eliminado?
Com absoluta certeza, é uma proposta nossa [do grupo] e que não representa a
campanha. Não posso falar em nome da campanha política, mas essa é a nossa
proposta.
Foco no ensino básico, fundamental e médio
Uma das principais críticas de especialistas em educação é a de que o governo
federal priorizou, nos últimos anos, o ensino superior e dedicou pouca atenção ao
ensino básico, fundamental e médio. Como vocês pretendem mudar isso?
Isso aí nós tratamos com ênfase. Há uma inversão da matriz. O dado de 2015 é de 67%
dos investimentos para o ensino superior e 33% para o básico. Tudo indica que, em
2018, estaremos empregando 70% para educação superior e 30% para o ensino básico.
Vocês pretendem alterar esse percentual?
Como alterar, se 70% dos recursos empregados é pagamento de pessoal? Para fazer
isso, imediatamente, como vai fazer? Mandando embora metade dos funcionários e
professores do ensino superior? Não é assim que se faz. É um problema de uma
complexidade tal, que é aquele cuja solução começa no médio prazo. É um problema
de longo prazo. Não é problema a ser atacado [no curto prazo]. Alterar essa matriz só é
possível no médio e longo prazo. Estamos desafiando as melhores cabeças no setor da
educação e não conseguimos chegar a um possível início de solução.
A PEC do teto de gastos está "amarrando" vocês?
927
A princípio, não. Por enquanto, estamos trabalhando com ideias básicas. Acho que a
inversão da matriz é de médio e muito longo prazos e que um governo, em quatro
anos, seja ele quem for, só conseguirá iniciar um processo. Não consegue resolver isso,
não. Teria que mover coisas de pernas para o ar e, mesmo em um governo bemintencionado, que não aceite corrupção, isso é extremamente complexo.
Grupo estuda novas formas de escolha de reitores
Atualmente, as universidades públicas têm autonomia para escolher seus reitores.
Vocês pretendem alterar esse mecanismo?
A primeira coisa que procuramos ver em relação à escolha e designação do reitor é:
em qual país do mundo é feito da mesma forma que no Brasil? Ainda não descobrimos
nenhum país que escolhe e designa o reitor da universidade da maneira como o Brasil.
Eu vou fazer uma afirmação que pode causar a polêmica que causar, porque é minha,
pessoal. Você não pode ter um processo democrático que resulte em gestores de uma
atividade fundamental que só sejam, majoritariamente, integrantes de uma corrente
do pensamento político e ideológico.
Mas, em tese, qualquer professor pode ser candidato ao cargo de reitor.
Da maneira como o processo brasileiro está, ele acaba impondo que, em determinadas
universidades, numa parcela expressiva, toda a grande administração delas seja de
uma determinada corrente partidária. É o exemplo do Rio de Janeiro, onde o PSOL
majoritariamente domina a grande gestão das universidades. A pergunta que eu faço,
e eu espero que não coloque isso no âmbito da campanha do Bolsonaro... Se escrever,
tem que escrever que é a minha posição. Eu não considero democrático que a escolha
de um processo de reitores possa recair sempre em uma parcela do espectro políticoideológico. Eu acho que isso não atende aos fundamentos da democracia.
Do ponto de vista prático: o seu grupo estuda alterar a autonomia da escolha dos
reitores?
A questão da universidade surgiu mais recentemente. Entre os dois grandes problemas
ligados à universidade estão a escolha da gestão pedagógica e administrativa e a
formação dos professores na universidade.
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O senhor diz que esse tema foi discutido nas últimas duas semanas, que vocês estão
procurando saber como isso funciona em outros países, e que sua opinião pessoal é
que a eleição para reitor não é o melhor modelo para a escolha da gestão da
universidade. É isso?
Se você tem a eleição com os resultados que você tem no Brasil, eu, pessoalmente,
não considero isso democrático.
O processo elege o mais votado.
Mas, peraí, eu posso fazer uma eleição que elege sempre o cara da minoria? É
democrático? Sócrates não concordaria com isso.
Na sua avaliação, esse modelo deveria ser alterado? Se sim, ele deveria ser alterado
só pra evitar que candidatos de esquerda vençam?
Não. Eu não disse isso.
Sim. Por isso estou perguntando.
O sistema deveria ser alterado para que a maioria vença. A democracia é o governo da
maioria, fundado nos quatro pilares básicos.
Mas quando um candidato X, qualquer que seja ele, recebe mais votos que um
candidato Y, isso não é a expressão da maioria?
Não.
O senhor defende a indicação do governo para o comando das universidades?
Não.
O senhor defende o quê?
929
Eu acho que a universidade é um local que não tem nada a ver com o governo, com
partido ou corrente ideológica. Tem que ter autonomia, mas que não seja um local da
prática de uma determinada ideologia. Ao praticar os interesses de uma determinada
corrente politico-ideológica, ligada a um determinado partido, acabou a autonomia.
Então, que modelo o senhor acha melhor?
Não sei. Perguntei a todos os educadores, mas nem eles conseguiram me responder.
Agora, isso precisa ser estudado.
Cotas não serão discutidas pelo grupo
O seu grupo estuda mudanças no sistema de cotas para o ingresso no ensino
superior?
Existe uma lei aprovada pelo Congresso Nacional e um decreto que regulamenta o
assunto, e isso joga a questão para o campo político. Só tem uma saída, que é o
presidente eleito assumir e tratar da questão junto às grandes lideranças nacionais.
Nem adianta a equipe e seus integrantes terem um posicionamento. Eu me reservo,
por uma questão de lealdade, o direito de não opinar sobre ao assunto. E o nosso
grupo não pretende levar este assunto à equipe de transição.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/09/28/generalligado-a-bolsonaro-fala-em-banir-livros-sem-a-verdade-sobre-1964.htm
O AUTORITARISMO, A CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA
Lilia Schwarcz, Nexo Jornal, 07 de outubro de 2018
Reflexões sobre o golpe militar de 1964 e o ‘grupo técnico’ que assessora Jair
Bolsonaro
“Os livros de história que não tragam a verdade sobre 1964 precisam ser eliminados”.
Foi dessa maneira, peremptória, que o general da reserva, Aléssio Ribeiro Souto, um
dos militares que trabalha no “grupo técnico” – espécie de equipe assessora do
candidato à Presidência do PSL, Jair Bolsonaro, e que formula propostas de governo –
definiu a “verdade” (
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/09/28/general930
ligado-a-bolsonaro-fala-em-banir-livros-sem-a-verdadesobre-1964.htm ) sobre um dos
momentos mais conturbados e violentos da nossa história. Ele se referia ao golpe
militar de 1964, que foi responsável pela abertura de um processo que ceifou os
direitos dos brasileiros, além de institucionalizar a tortura. Foi no mínimo assustador
saber, ainda, que também o ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias
Toffoli, afirmou, na semana que passou, que prefere chamar de “movimento de 1964”
e não de “golpe” a tomada do governo brasileiro, naquele ano, com tanques na rua e
deposições ilegais de políticos.
Fico me perguntando se perdi algo dessa conversa ou se foram eles que não viram os
documentos, relatos e fotos que eu vi. O problema é que não há outra maneira de
definir esse “movimento”, senão como golpe. Afinal, ele tirou do poder um governo
democraticamente eleito, e que não havia praticado qualquer ato que desobedecesse
ou atentasse contra a constituição então vigente.
A definição de golpe de Estado não é uma invenção dos brasileiros; muito menos o
resultado de uma manipulação ideológica (e de esquerda, para dizermos o termo que
o militar deixa claro, mas de forma subliminar). Ele está presente em qualquer manual
de ciência política. O termo é mais conhecido por sua versão francesa, “Coup d’État”, e
na sua versão alemã, “Staatsstreich”. Mas seja lá o exemplo e o modelo que se queira
utilizar, ele se refere, sempre, a uma ruptura institucional repentina. Trocando em
miúdos: define-se como golpe de Estado a deposição de um governo legitimamente
instalado e legalmente vigente.
Portanto, interpretações à parte, o que não há como e por que duvidar é que o
“movimento” iniciado pelos militares, em 31 de março de 1964, e que depôs o
presidente João Goulart, tenha sido algo diferente de golpe. Não entendo os motivos
de Toffoli, que dias depois alegou ter sido mal compreendido (o que não foi). Já no
caso do general a história é outra. Aliás, a “ciência” de Ribeiro Souto é também outra.
Ele, que comandou, de 2006 a 2009, o CTEx (Centro Tecnológico do Exército) e foi
chamado por Bolsonaro para dar as diretrizes no que se refere a políticas públicas nas
áreas de ciências, educação e tecnologia, é contrário ao que chama de a
“ideologização do ensino”, marcada, ainda segundo o militar, pela influência do
italiano Antonio Gramsci.
IMPRESSIONA, AINDA, COMO OS LIVROS, SOBRETUDO OS DE HISTÓRIA, PARECEM
AMEAÇAR ESSE TIPO DE VOZ DE COMANDO. POR ISSO, E NÃO RARO, APELA-SE PARA A
CENSURA, QUANDO NÃO PARA A QUEIMA EM PRAÇA PÚBLICA
931
Coerente com o que leu, e o que não leu, Ribeiro Souto usa de sua “autoridade no
tema” para condenar os livros de história que tratam 1964 como um golpe.
Selecionando um verbo de estima militar – “eliminar” –, no sentido de que ele inculca
uma ordem de comando, o general não só alude positivamente à ideia de censura,
como, na mesma entrevista, aproveita para incluir o “pacote” todo: “não existe partido
dentro da escola. Ponto final”, esbravejou ele.
Vale a pena destacar a retórica do general da reserva, comum aos grupos totalitários
que, quando falam sempre discursam, além de abusar de um tom afirmativo e sem
titubeios, como se só existisse apenas uma verdade nesse mundo: a deles.
Impressiona, ainda, como os livros, sobretudo os de história, parecem ameaçar esse
tipo de voz de comando. Por isso, e não raro, apela-se para a censura, quando não
para a queima em praça pública.
O exemplo mais famoso é o de Adolf Hitler, que, em 1933, logo depois de sua chegada
ao poder, queimou livros considerados contrários ao nazismo e que não
correspondessem ao que julgava digno de narrar ao “povo ariano”. Mas foi assim,
também, em muitos momentos da história. Foi assim com a dinastia Chin que por volta
de 213 a.c. mandou aniquilar uma grande quantidade de livros que preservassem
ideias e morais consideradas perigosas. Foi assim com o faraó Aknatón, que queimou
milhares de papiros, extinguindo 75% da literatura, então, existente no seu país. Foi
assim também com a maior biblioteca do mundo antigo, Alexandria, que, criada em
300 a.c., possuía mais de 9.000 manuscritos. Foi assim na época da inquisição
espanhola que fez a proeza de queimar 5.000 manuscritos árabes e livros referentes a
outras religiões, que não a católica. Foi assim em 1640, quando Martinho Lutero
incendiou traduções da bíblia em diferentes regiões da Alemanha. Foi assim quando a
Administração de Alimentos e Remédios dos Estados Unidos (sic) sumiu com obras do
dramaturgo Wilhelm Reich por considerá-las perigosas. Foi assim, ainda, na União
Soviética quando, a partir dos anos 1920, um número imenso de obras literárias
“decadentes”, do Ocidente, foram destruídas. Foi igualmente assim durante o
macartismo, na década de 1950, quando muitas bibliotecas dos Estados Unidos
incineraram textos considerados contrários aos bons costumes locais. Foi assim no
Chile, durante a ditadura de Pinochet, quando centenas de livros acabaram no fogo.
Foi assim no Sri Lanka, em 1981, quando se aniquilou a biblioteca pública de Jaffna,
que contava com 100 mil livros raros. Foi assim na Bósnia, durante os anos 1992 e
1995, época em que as forças sérvias liquidaram bibliotecas que contivessem obras
muçulmanas. Foi sempre assim ...
Como se vê, Ribeiro Souto não está sozinho quando afirma que gostaria de eliminar
livros que professassem ideias diferentes das dele. Toda vez que um regime autoritário
resolve abolir todo o conhecimento que não o reconhece como legítimo, apela para
932
uma “outra história”, que funciona como espécie de baluarte para defender os
próprios interesses, logo convertidos em realidade.
No caso do nosso general, ele parece acreditar que seria preciso apenas relembrar os
feitos do “movimento de 1964” – o qual, segundo ele, elevou a produção da Petrobrás
de 70 para 800 mil barris ou (segundo ele também) fez o Brasil passar da 42ª economia
do mundo ao patamar de oitava (sic). O general tem certeza que só esses fatos já
desautorizariam mencionar, em nossos livros de história, a palavra “golpe” e “ponto
final”.
O fato é que arrolar alguns elementos por ele considerados positivos, e que tiveram
origem no contexto do regime militar, não significa esquecer do Estado falido que a
ditadura nos legou (com uma inflação galopante) e, ainda mais, silenciar sobre o
arbítrio e a ilegalidade do golpe (sim). Também não autoriza o general a silenciar sobre
a tortura institucional vigente no país, não mencionar a Constituição imposta em 1967,
ou os 17 Atos Institucionais que tolheram os direitos dos brasileiros (conforme tratei
na minha coluna anterior ( https://www.nexojornal.com.br/colunistas/2018/Os-50anos-do-AI-5.-Lembrar-para-n%C3%A3o-esquecer )). Pior, ainda, é professar que tudo
que é contrário ao que pensamos deva ser eliminado sumariamente, ou imaginar que
história se faz por um exercício de vontade, atribuindo-se a ela um sentido único. Essa
é uma “ideologização reversa”, de lado oposto, e professada por Ribeiro Souto como
se fosse a derradeira conclusão nessa área. Não é!
Talvez o que nosso especialista em “tecnologia militar” não saiba é que história vem do
grego e significa pesquisa; a produção de conhecimento por meio da investigação. O
conceito variou muito no decorrer do tempo, mas não há quem deixe de considerar
Heródoto (485 a.c.- 425 a.c) o pai da história, justamente por ele ter investigado aquilo
que narrou. Foi, porém, Tucídides (460 a.c. - 400 a.c.) o primeiro a aplicar o, assim
chamado, método crítico, que implicava, justamente, o cruzamento de dados e o uso
de diversas fontes contrastadas. Já Cícero (106 - 43 a.c.), em sua obra “Do Orador II”,
concluiu que a história é “testemunha dos tempos”. A ideia de testemunhar, no
sentido de trazer a verdade de seu tempo, mas não aquela definitiva, já estava na
definição desse grande político, orador e filósofo da Antiguidade.
De lá pra cá o conceito variou muito, com os historiadores procurando definir essa arte
de narrar com documentos primários, devidamente coligidos e rastreados. A história
seria também uma ciência do e no tempo, uma vez que ela está sempre em diálogo
com as novas questões e documentos que cada contexto permite apresentar. E como
essa é uma disciplina sempre em disputa, não faltaram (belas) definições sobre ela.
Para Johan Wolfgang von Goethe (1749-1832), por exemplo, “escrever a história é um
modo de livrar-se do passado”. Até mesmo um escritor de literatura romântica, admite
933
que é preciso narrar o que ocorreu no passado, para que, de alguma maneira,
possamos nos livrar dos traumas e do que, em geral, preferimos esquecer. Já Marc
Bloch (1886-1944), um dos fundadores da Escola dos Annales, no seu livro “Apologia
da história”, define a disciplina como “a ciência dos homens no tempo”. Fazendo coro
com ele, Lucien Febvre (1878-1956) – integrante da mesma escola, mas de uma outra
geração –, concebeu uma definição sintética e eficiente: “A história é filha de seu
tempo”, registrou ele. Com a frase, o francês mostrava como nada do que o
historiador escreve é definitivo, nem existe uma só verdade ou um “ponto final”. Por
sua vez, o inglês Eric Hobsbawm, em seu livro “Era dos extremos”, definiu os
historiadores como “memorialistas profissionais do que seus colegas-cidadãos desejam
esquecer”. Seu colega, Peter Burke, em “Variedade de história cultural”, apela para
uma definição bemhumorada, mas não menos contundente: “Houve outrora um
funcionário chamado 'Lembrete'. O título na verdade era um eufemismo para o
cobrador de dívidas. A tarefa oficial era lembrar às pessoas o que elas gostariam de ter
esquecido. Uma das mais importantes funções do historiador é ser um lembrete”.
A função do historiador é, portanto, “deixar um lembrete” daquilo que se procura
esquecer. Além do mais, diferentemente do que ajuíza o membro da equipe de
Bolsonaro, o passado não vive isolado num tempo remoto e intocável. Por sinal, por
mais que nosso general tenha tentado eliminar o conceito, apenas corroborou com a
ideia de que nosso presente anda cheio de passado. Ou melhor, os pensadores
pragmáticos do presente, como Souto Ribeiro, acabam deixando à mostra a carpintaria
da sua construção, buscando fazer do passado apenas uma réplica de suas intenções e
desejos.
Diferentemente do que professa o membro da equipe de aconselhamento do
candidato do PSL, e como mostrou Políbio, historiador grego do século 2 a.C.: "Desde
que um homem assume atitude de historiador, tem que esquecer todas as
considerações, como o amor aos amigos e o ódio aos inimigos (...) Pois assim como os
seres vivos se tornam inúteis quando privados de olhos, também a história da qual foi
retirada a verdade nada mais é do que um conto sem proveito."
Quem sabe faria bem a Souto Ribeiro se inspirar um pouco nos mestres da história,
que deixaram claro o que faz e o que não faz um bom profissional. A atitude do
general, conselheiro de Jair Bolsonaro, me fez lembrar o conto de Italo Calvino,
chamado “Um general na biblioteca”. Nele, o escritor italiano narra um estranho
episódio que ocorrera na Panduria, “nação ilustre, onde uma suspeita insinuou-se um
dia nas mentes dos oficiais superiores: a de que os livros contivessem opiniões
contrárias ao prestígio militar”.
934
Pois bem. A partir de uma série de investigações militares, percebeu-se, então, que
esse hábito tão difundido, “de considerar os generais como gente que também pode
se enganar e organizar desastres, e as guerras como algo às vezes diferente das
radiosas cavalgadas para destinos gloriosos”, era partilhado por grande quantidade de
livros, modernos e antigos, pandurianos e estrangeiros. Frente a tal constatação o
Estado-Maior não teve outro remédio senão nomear uma comissão de inquérito para
examinar a maior biblioteca local. Todos os estudiosos que costumavam frequentar a
biblioteca foram sumariamente retirados, a não ser o senhor Crispino, um velho
bibliotecário local.
Todavia, como os militares não eram muito versados “em matéria bibliográfica”,
tiveram que recorrer ao Crispino, enquanto procuravam desenvolver seu trabalho de
censura. E se os primeiros relatórios saíram fáceis, os demais mostraram-se
complicados: “A floresta de livros ao invés de ser desbastada, parecia ficar cada vez
mais emaranhada”. Um livro levava a outro, os raciocínios iam tornando-se “mais
históricos, filosóficos e econômicos” e daí nasciam “debates intelectuais” por horas a
fio.
Depois do general e dos tenentes seria a vez dos soldados serem contaminados por
essa “mania leitora que assolou toda a tropa”. O resultado é que durante as longas
semanas invernais os militares não emitiram qualquer documento. Por isso mesmo,
quando o comando supremo – cansado de esperar – ordenou a conclusão da
investigação, e a apresentação do relatório, obteve o que queria, mas não como
queria. Em vez de uma lista de obras censuradas, apareceu “uma espécie de
compêndio da história da humanidade, das origens aos nossos dias, no qual todas as
ideias para os bem-pensantes de Pandúria eram criticadas, as classes dirigentes
denunciadas (...) e o povo exaltado como vítima heroica das guerras e políticas
equivocadas”.
A assembleia dos generais de Pandúria empalideceu, falou-se de degradação. Depois,
temendo-se escândalo maior, o general e os quatro tenentes foram mandados para a
reserva, por causa de “um grave esgotamento nervoso contraído no serviço”. Fim da
história, mas não tanto. Até hoje, vestidos à paisana, encapotados para não
congelarem, os militares destituídos são “vistos entrando na velha biblioteca, onde
esperava por eles o senhor Crispino com seus livros”.
Livros guardam memórias, perturbam, excitam e revolucionam a nossa imaginação. O
general da reserva, Souto Ribeiro, não há de ter o mesmo destino do que seus colegas
da Pandúria. Que pena ... Agora que começou a pontificar, parece ter gostado desse
lugar. Aliás, esse parece ser um estilo dos correligionários do PSL: falar grosso,
discursar alto, sem pesquisar ou ponderar.
935
Prefiro ficar do lado dos grandes historiadores, dos generais da Pandúria e bem longe
da “equipe técnica” do PSL, que parece um bom espelho difusor do projeto de Jair
Bolsonaro para a cultura e a educação. Faz, agora, 30 anos que a censura e o
cerceamento de direitos foram arduamente derrotados por nós brasileiros. Sempre há
um bom provérbio para auxiliar na tarefa de finalizar uma coluna cujo tema está longe
de se encontrar esgotado. Solto dois. “Antes só do que mal acompanhado”. E me
permitam mais um, que se refere aos membros da equipe de Jair Bolsonaro: “diga-me
com quem andas que te direi quem és!”
PS.: Terminei esta coluna antes de ler os resultados do primeiro turno das eleições de
2018. Mas ela se mantém de pé. Um vento conservador percorreu o Brasil. Agora é
hora de separar o joio do trigo. Se PSL e PT representam dois polos da política, no
entanto, e como mostra o meu texto, não há comparação entre o compromisso com a
democracia que professa Fernando Haddad e o total descompromisso de Jair
Bolsonaro e os membros de sua equipe.
Lilia Moritz Schwarcz é professora da USP e global scholar em Princeton. É autora,
entre outros, de “O espetáculo das raças", “As barbas do imperador", “Brasil: uma
biografia”, "Lima Barreto, triste visionário" e "Dicionário da escravidão e liberdade",
com Flavio Gomes. Foi curadora de uma série de exposições dentre as quais: “Um
olhar sobre o Brasil”, “Histórias Mestiças”, “Histórias da sexualidade” e “Histórias afroatlânticas". Atualmente é curadora adjunta do Masp.
https://www.nexojornal.com.br/colunistas/2018/O-autoritarismo-a-censura-de-livrose-o-sentido-da-hist%C3%B3ria
“MEU LIVRO É SOBRE A DITADURA. JAMAIS PENSEI QUE SERIA CENSURADO”, DIZ
AUTOR DE “MENINOS SEM PÁTRIA”. COLÉGIO PARTICULAR DO RIO VETOU OBRA APÓS
PAIS RECLAMAREM DE DOUTRINAÇÃO COMUNISTA. “PAPEL DO PROFESSOR É
MOSTRAR CAMINHOS AOS ALUNOS, SEM FAZER JULGAMENTOS. NÃO CABE AOS PAIS
DETERMINAR O QUE DEVE SER LIDO. FATOS E HISTÓRIA SÃO INCONTESTÁVEIS”, DIZ
LUIZ PUNTEL
Breiller Pires, El País, 05 de outubro de 2018
Luiz Puntel (Guaxupé, 1949) escreveu seis livros para a Série Vagalume, célebre
coleção da literatura brasileira voltada para o público infantojuvenil. Um deles é
Meninos Sem Pátria, inspirado na história do jornalista José Maria Rabelo, que,
936
perseguido pela ditadura militar, foi obrigado a se exilar do país com esposa e sete
filhos por 16 anos. A obra está em sua 23ª edição e é uma das mais populares da série,
com quase 1 milhão de exemplares vendidos – a maioria deles para uso didático em
escolas. Nesta semana, um grupo de pais se revoltou com a indicação do livro para
alunos do sexto ano do colégio carioca Santo Agostinho, no Leblon, por suposta
“doutrinação comunista”. Depois da queixa, a direção decidiu suspender a leitura.
Nesta sexta-feira, outro grupo de pais e estudantes protestou em frente ao colégio e
fez um abaixo-assinado contra a censura.
Mais de três décadas após o lançamento, Puntel rechaça a hipótese conspiratória
atribuída a sua obra, explicando que a trama não faz juízo de valor sobre
posicionamentos ideológicos ao constatar que o Brasil experimentou a ditadura
militar. “É um fato histórico”, afirma o autor, que hoje dá aulas de português, redação
e oratória em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.
Pergunta. Como recebe a notícia de que seu livro acabou vetado em um colégio do
Rio de Janeiro?
Resposta. Eu fiquei surpreso. Meu livro é sobre a ditadura, um fato histórico. Jamais
imaginei que, em 2018, seria censurado. Meninos Sem Pátria rendeu mais de 20
edições, sempre com boa aceitação do público e, principalmente, das escolas, que o
recomendam para leitura didática. Não faz sentido acusá-lo de doutrinação ou
proselitismo ideológico.
P. A que atribui essa acusação dos pais?
R. O livro é uma obra de ficção baseada na história do José Maria Rabelo, fundador do
jornal O Binômio. Ele passou por Chile e Bolívia antes de se exilar na França. No livro,
não falo apenas sobre a perseguição da ditadura militar. Conto também o lado
romântico, mostrando um pouco como era a dinâmica cultural de Paris dos anos 60.
Uma das minhas referências para escrevê-lo foi o livro Memórias das Mulheres do
Exílio, que foi lançado no começo da década de 80 e descrevia a vida das famílias que
tiveram de sair do país na clandestinidade. Infelizmente, vivemos um tempo de
radicalização, notícias falsas e disseminação de mentiras na internet. Isso faz com que
as pessoas enxerguem viés político em tudo.
P. Ficou decepcionado com a atitude do colégio, que voltou atrás depois de
recomendar o livro?
R. Lamento que um colégio como o Santo Agostinho, reconhecido pelo senso crítico,
tenha cedido à pressão de meia dúzia de pais. Eu entendo a posição da diretoria, que
937
deve ter temido um boicote ou ameaça de tirar os alunos da escola, mas isso não é
educativo nem democrático. Sem contar que o veto ao livro só piorou as coisas,
aumentou a repercussão do caso. Faz lembrar o episódio do Queermuseu, quando três
ou quatro imbecis fizeram uma gritaria e o Santander arrepiou, suspendendo a
exposição.
P. Movimentos como o “Escola sem partido” têm incentivado os pais a monitorarem
o conteúdo ministrado por professores aos filhos. Acredita que esse patrulhamento
pode contribuir para novos casos de censura nas escolas?
R. Eu também sou contra a doutrinação. Acho que o papel do professor é dar
informação e mostrar caminhos aos alunos, sem fazer julgamentos. Mas não cabe aos
pais determinar o que deve ser lido, muito menos o que não deve. Fatos e história são
incontestáveis. Que se leia e se discuta em sala de aula. Já perdi uma aluna, filha de
juiz, por contestá-la depois que ela escreveu uma redação dizendo que tinha que
armar todo mundo. Tem gente que não aceita que o professor fale sobre
transexualidade, já vão logo chamando de comunista. Mas diversidade de gênero cai
no vestibular. Como vamos ignorar isso? Essas reações são reflexos de posições
radicais, como a que aponta o armamento como solução dos problemas de segurança.
Se o Adélio tivesse conseguido comprar uma arma, o Bolsonaro poderia estar morto. O
professor, sempre com bom senso, não pode fugir do debate desses temas.
P. A página do Facebook que repercutiu o protesto dos pais contra o seu livro declara
apoio a Jair Bolsonaro, que prega que a ditadura deveria ter matado mais gente.
Recentemente, Dias Toffoli chamou o golpe militar no Brasil de “movimento de 64”.
Declarações como essas ajudam a relativizar o caráter antidemocrático do regime?
R. No Brasil, gostam de dizer que a ditadura não foi tão forte quanto na Argentina ou
no Chile. De fato, a repressão nesses países foi pior. Mas isso não significa que não
houve ditadura por aqui. Embora o Toffoli chame de “movimento”, houve golpe,
perseguição a opositores, prisões arbitrárias, restrição dos direitos civis e fechamento
do Congresso. Todas as características de uma ditadura. Nos comentários da página
que divulgou a censura no colégio, tinha gente pedindo para queimar exemplares do
livro. Isso já aconteceu no Brasil, quando queimaram Capitães de Areia, do Jorge
Amado, durante o governo de Getúlio Vargas. É um retrocesso ao passado. Eu me
orgulho de ter escrito Meninos Sem Pátria, que continua passando de geração em
geração. O livro está aí para mostrar que a ditadura realmente existiu.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/04/cultura/1538677664_945391.html
938
VENDEDOR DE LIVROS, PASTOR E “QUASE CANDIDATO”: O PASSADO DE ADÉLIO BISPO
Hanrrikson de Andrade, Uol, 13 de setembro de 2018
Adélio Bispo de Oliveira, o homem que esfaqueou Jair Bolsonaro (PSL) (
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/candidatos/jair-bolsonaropsl/ ) na
última quinta-feira (6) e disse que agiu "a mando de Deus", apegou-se com fervor à fé
evangélica no fim dos anos 1990, quando se mudou para Uberaba, região do Triângulo
Mineiro.
Tinha pouco mais de 20 anos e sobrevivia vendendo livros. Como o dinheiro era
escasso, decidiu buscar ajuda na Igreja da Fé e foi recebido pelo então líder da
instituição, o pastor Romildo Cândido. Foi sob a tutela dele que o jovem iniciou a vida
religiosa.
Em entrevista ao UOL, Romildo contou que Adélio já demonstrava à época obsessão
pela política e que aparentava ser um rapaz "idealista", porém "confuso" e
"revoltado". Hoje à frente da Igreja Voz dos Mártires, com sede em Uberaba, o líder
evangélico disse ter ficado surpreso com a notícia do ataque.
"Ele sempre foi zeloso pela Bíblia e pelas coisas de Deus. E falar que foi Deus que
mandou [cometer o crime]? Eu até comentei com a minha esposa: a cabeça dele não
estava boa mesmo. Acho que ele não está bem."
Dedicado, Adélio tornou-se obreiro (uma espécie de auxiliar do pastor) nos primeiros
meses de 1998 e, um ano depois, viajou a São Paulo junto a Romildo para se consagrar
evangelista (pessoa designada a disseminar o evangelho e fazer pregações no templo e
em espaços públicos).
Nos anos seguintes, relatou o ex-líder da Igreja da Fé, Adélio viajou à sua cidade natal,
Montes Claros (MG), onde teria sido consagrado pastor em uma igreja missionária. A
reportagem não localizou a instituição.
Segundo Romildo, ao longo dos anos, Adélio passou por vários municípios e não se
fixou em uma denominação evangélica. "Ele sumia. Uma hora ele estava em Santa
Catarina, outra hora em Uberaba e, depois, voltava a Montes Claros", disse.
A versão bate com os relatos dos familiares do agressor de Bolsonaro. À "Folha de
S.Paulo", um dia após o ataque ao candidato a presidente, parentes mais próximos
contaram que ele virou um andarilho aos 17 anos (
939
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/agressor-de-bolsonaro-queriaserdeputado-diz-cunhada.shtml ), quando deixou a casa da família em Montes Claros e
foi a São Paulo buscar emprego. Além de cidades em Minas, também passou por
Florianópolis e Balneário Camboriú (SC).
Entre idas e vindas a Uberaba, Adélio chegou a morar na casa de Romildo por "sete ou
oito meses", entre 2006 e 2007. "Desde que o conheci, em 98, sempre tivemos um
vínculo como amigos. Teve uma época que ele não tinha onde morar e ficou na minha
casa. Eu o ajudei muito, ele era um cara idealista e que tinha uma visão política como
poucos brasileiros. Só que era de esquerda", declarou o pastor.
"Ele se mostrava nervoso, xingava os políticos e a maçonaria. Durante todo o tempo,
ele foi muito avesso à maçonaria. Não sei se já tinha esse pensamento de fazer o que
fez. Ele passou a se isolar. Debatia muito política e passou a se isolar das pessoas que
tinham mais intimidade.'
Romildo Cândido, sobre o período em que Adélio morou em sua casa
O sonho de se lançar candidato
No ambiente da igreja, Adélio era visto como uma pessoa misteriosa e que falava
pouco sobre si. Não tinha namorada, costumava dizer que "não queria arrumar filho
para deixar sofrendo na terra", de acordo com o relato de Romildo. Também não
comentava as viagens que fazia. Seu único assunto de interesse era a política.
Identificado com as bandeiras de esquerda, Adélio se filiou ao PSOL em maio de 2007.
Segundo Romildo, que quatro meses depois também entrou para a agremiação, o
pupilo sonhava ser candidato a deputado. O registro do TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) mostra que os dois ingressaram na sigla no mesmo ano.
Apesar de correligionário, o pastor afirmou reconhecer que não tinha a mesma firmeza
ideológica de Adélio e chegou a recomendar que ele pleiteasse uma candidatura por
partidos de direita. "Um dia eu disse para ele que, já que ele queria mesmo ser
candidato, que buscasse a direita, talvez o PSDB ou o MDB. Aí ele disse: 'com esse
povo, não'. O negócio dele era realmente o PSOL, o PSTU. Ele foi criando uma aversão
à direita. Sempre foi da mesma forma."
Além de Romildo, a cunhada de Adélio, Maria Inês Dias Fernandes, 48, disse, em
entrevista à Folha, que ele havia compartilhado o desejo de se eleger deputado para
940
poder "trabalhar em várias cidades" (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/agressor-de-bolsonaro-queriaserdeputado-diz-cunhada.shtml ). Na versão do pastor, Adélio chegou a cogitar uma
candidatura pelo PSOL, mas teria ficado frustrado porque a legenda supostamente
decidiu lançar outro nome. Ele deixou o partido em 2014.
O UOL procurou a assessoria do PSOL, que informou que não há qualquer registro de
pedido de candidatura em nome do ex-filiado. O líder psolista em Uberaba, José
Eustáquio dos Reis, declarou que ele pouco participava das reuniões da militância. "O
contato era muito pouco com ele. Ele sempre estava trabalhando fora [do município].
A gente só o encontrava às vezes, na rua."
Histórico de manifestações
Romildo contou que um dos empregos de Adélio em Uberaba foi na antiga fábrica da
Skala, uma empresa de cosméticos que faliu nos anos 2000 e cujo terreno ficou
abandonado na cidade. "Na época, o dono deu cano em todo mundo. Fizeram
movimentação, protesto, foram para a porta do fórum. E ele que era uma liderança,
por isso foi muitas vezes ameaçado", relatou.
Assim como o pastor, José Eustáquio dos Reis também observou que Adélio era "uma
pessoa atuante em manifestações" e que tinha um perfil "corajoso". "Era um cara que
falava diretamente com alguns políticos do município. A gente sabia que ele ia à
Câmara para travar debates e se envolver em manifestações. Tinha o pensamento dele
e uma forma de agir", destacou o psolista.
Diretor do Stiquifar (Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Álcool, Plásticos,
Cosméticos, Fertilizantes, Químicas e Farmacêuticas de Uberaba e Região), Alan José
confirmou que, à época da falência da Skala, vários protestos foram realizados em
favor dos direitos dos trabalhadores prejudicados. Ele disse, no entanto, que não se
recorda de Adélio.
"Tivemos uma negociação muito difícil. A empresa [Skala] quebrou literalmente.
Fizeram um acordo judicial, e os trabalhadores receberam 75% do que era devido",
esclareceu. A reportagem tentou localizar os atuais donos da empresa de cosméticas,
mas não houve resposta. Uma funcionária da Secretaria Municipal de Finanças disse
que o terreno da antiga fábrica continua abandonado.
"Lobo solitário" é a principal hipótese
941
A principal linha de investigação da Polícia Federal é que Adélio agiu sozinho ao atacar
o candidato Jair Bolsonaro durante atividade de campanha em Juiz de Fora (
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/09/10/pf-dizqueataque-a-bolsonaro-foi-solitario-e-nega-envolvimento-de-mulher.htm ), segundo
apurou o UOL. A motivação foi a discordância de posicionamento político em relação
ao presidenciável.
Na última sexta (7), o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann (PPS-PE), havia
dito que outros dois suspeitos de envolvimento no crime eram investigados. Um deles
seria um homem que prestou depoimento na madrugada de sexta e foi liberado. No
entanto, não há por enquanto elementos suficientes que corroborem essa tese
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/09/13/vendedor-delivros-pastor-e-quase-candidato-o-passado-de-adelio-bispo.htm
HADDAD NÃO CRIOU O “KIT GAY”. JAIR BOLSONARO (PSL) ACUSA ADVERSÁRIO DE TER
SIDO RESPONSÁVEL PELA IDEALIZAÇÃO DE MATERIAL ESCOLAR CONTRA HOMOFOBIA,
MAS INICIATIVA SURGIU DO LEGISLATIVO
Patrícia Figueiredo, Agência Pública, 11 de outubro de 2018
“*Fernando Haddad+ criou o ‘kit gay’.” – Jair Bolsonaro, candidato à Presidência pelo
PSL, em entrevista à rádio Jovem Pan ( https://jovempan.uol.com.br/eleicoes2018/presidenciais/o-haddad-criou-o-kit-gay-diz-jair-bolsonaro.html ).
Ao contrário do que afirmou o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) em entrevista à
rádio Jovem Pan em 9 de outubro, seu adversário na disputa eleitoral, Fernando
Haddad (PT), não criou nenhum “kit gay”. O termo pejorativo é usado por críticos para
se referir ao Escola Sem Homofobia. O material – composto por um caderno e peças
impressas e audiovisuais – foi encomendado pela Comissão de Direitos Humanos da
Câmara dos Deputados ao Ministério da Educação (MEC) e elaborado por um grupo de
ONGs especializadas, em conformidade com as diretrizes de um programa do governo
federal lançado anteriormente, em 2004. Quando houve a polêmica sobre o seu
conteúdo, em 2011, Haddad estava no comando do MEC.
A cartilha tinha como principal objetivo promover “valores de respeito à paz e à nãodiscriminação por orientação sexual”. Não há no documento nenhuma orientação que
justifique a alcunha “kit gay”. Diversos especialistas em educação já se manifestaram
942
favoravelmente ao material e entidades da sociedade civil avaliam o conteúdo como
adequado para as faixas etárias indicadas. Além disso, não é possível atribuir a
Fernando Haddad responsabilidade sobre a autoria do material, porque o projeto
surgiu do poder Legislativo e não foi desenvolvido diretamente pelo MEC, mas por
ONGs contratadas pelo ministério. Quando a cartilha foi vetada pela presidente Dilma
Rousseff (PT), os materiais do kit ainda estavam sob análise da pasta. Por isso, o Truco
– projeto de checagem da Agência Pública – classifica a frase de Bolsonaro como falsa.
A origem do material remonta a 2004, quando Haddad ainda não era ministro da
Educação. Foi naquele ano que o governo federal lançou o “Brasil sem Homofobia –
Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra GLTB e Promoção da
Cidadania Homossexual” (
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/brasil_sem_homofobia.pdf ). No plano de
implementação da proposta há recomendações para que sejam elaborados materiais
educacionais que promovam valores de respeito à paz e à não discriminação por
orientação sexual.
Seguindo com atraso a recomendação do programa, o projeto Escola Sem Homofobia
foi financiado pelo Ministério da Educação por meio de recursos aprovados em 2006
por emenda parlamentar da Comissão de Legislação Participativa da Câmara de
Deputados. O resultado do projeto foi uma cartilha dividida em três capítulos,
subdivididos em tópicos, além de dois anexos com sugestões de sequências didáticas e
de como utilizar os materiais em vídeo. Dinâmicas sobre o assunto de cada tópico são
propostas pelos autores para professores e alunos.
Durante uma reunião da Comissão de Legislação Participativa sobre homofobia nas
escolas realizada em 2010, Beto de Jesus, secretário de finanças da Associação
Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT),
uma das entidades responsáveis pela criação do material, disse sentir falta da
participação do então ministro da Educação, Fernando Haddad, no processo. “Eu sinto
a ausência do ministro nas questões relacionadas a LGBTs”, afirmou. “Já conseguimos
falar com os ministros, eles já estiveram em espaços nossos, mas o ministro Haddad
ainda não esteve em espaços nossos; ele não foi nem na Conferência Nacional. Outros
ministros foram.”
Em nota oficial divulgada em 20 de janeiro de 2011, as entidades envolvidas na
elaboração da cartilha garantiram que todas as etapas de planejamento e execução do
projeto “foram amplamente discutidas e acompanhadas de perto pelo MEC e pela
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secad)”.
943
Na época, o material teve sua distribuição aprovada e recomendada pela Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Em nota, a Unesco
disse que o conteúdo era adequado às faixas etárias e de desenvolvimento afetivocognitivo a que se destinam, em concordância com a Orientação Técnica Internacional
sobre Educação em Sexualidade, publicada pela entidade em 2010. Além da Unesco,
outros órgãos ligados à Organização das Nações Unidas (ONU), como o Programa
Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Uniaids), mostraram-se favoráveis à
distribuição da cartilha em 2011.
O Conselho Federal de Psicologia também emitiu um parecer técnico favorável (
https://site.cfp.org.br/cfp-elabora-parecer-sobre-o-projeto-escola-sem-homofobia/ )
ao Escola Sem Homofobia. “É notório o cuidado didático-pedagógico e qualidade visual
com que foi criado e desenvolvido todo o conjunto educacional apresentado no kit –
vídeos, livretos, cartilhas, boletins com temas específicos e panfletos. Trata-se de uma
produção densa, cuidadosa e bem articulada”, afirma o parecer.
No entanto, pressões de grupos religiosos no Congresso levaram o governo federal a
recuar e a presidente Dilma suspendeu a produção e distribuição do material, em maio
de 2011. À época, o kit produzido pelas entidades Pathfinder do Brasil, Reprolatina e
Comunicação em Sexualidade (ECOS), com apoio da ABGLT, ainda estava sendo
analisado por técnicos do MEC.
Em entrevista à revista Nova Escola ( https://novaescola.org.br/conteudo/1579/umaanalise-do-caderno-escola-sem-homofobia ), o pedagogo Ricardo Desidério, que avalia
alguns conteúdos do material anti-homofobia em seu doutorado na Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), diz que o material representaria um
avanço nas escolas. “Os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais, elaborados em
1997) eram o único documento que tratava de sexualidade, mas o faziam de forma
genérica. Já esse material faz um recorte prático do que precisa ser trabalhado na
escola hoje”, disse Desidério.
Outros especialistas ouvidos pela Folha de S.Paulo em 2011 (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2012/10/1170962-kits-de-pt-e-psdb-tem-itensincomodos-para-evangelicos.shtml ) também aprovaram o conteúdo da cartilha
contra homofobia. “Não dá para dizer que há incentivo à bissexualidade, até porque *a
orientação sexual+ não é algo que se resolva de repente”, disse à Folha a professora de
psicologia da educação da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Ana Mercês Bock.
O material é alvo de críticas de Jair Bolsonaro com frequência. A própria campanha de
Haddad já desmentiu que o petista seria responsável pelo “kit gay” em uma publicação
no site da coligação O Brasil Feliz de Novo. “A expressão preconceituosa vem sendo
944
utilizada com intenções políticas nefastas, inclusive distribuindo imagens falsas do
material e citando livros fora de contexto”, relata o texto da página.
Na mesma entrevista para a rádio Jovem Pan, Bolsonaro criticou novamente o projeto
anti-homofobia falando que “não se aprende nada na escola, é filme de menino se
beijando, filme de menina se acariciando”. Para o candidato, “a escola é para aprender
matemática, química, física, e não sexo.” No entanto, no material do Escola Sem
Homofobia não há representações de crianças mantendo relações sexuais.
Bolsonaro também direcionou recentemente suas críticas ao livro Aparelho Sexual e
Cia. A obra, editada pela Cia das Letras, já vendeu 1,5 milhão de exemplares em todo o
mundo e foi publicada em dez idiomas. Durante uma entrevista para o Jornal Nacional,
da Rede Globo ( https://globoplay.globo.com/v/6980200/ ), o candidato afirmou que a
obra seria distribuída nas escolas pelo MEC, relacionando-a ao “kit gay”. No entanto, o
livro também não faz ou fez parte de nenhum programa do MEC, conforme
desmentido pelo próprio ministério em nota oficial publicada em 2016.
TRUCO
Este texto foi produzido pelo Truco, o projeto de fact-checking da Agência Pública.
Entenda a nossa metodologia de checagem e conheça os selos de classificação
adotados em https://apublica.org/truco. Sugestões, críticas e observações sobre esta
checagem podem ser enviadas para o e-mail
[email protected] e por WhatsApp ou
Telegram: (11) 96488-5119. Acompanhe também no Twitter e no Facebook. A partir
do dia 30 de julho de 2018, os selos “Distorcido” e “Contraditório” deixaram de ser
usados no Truco. Além disso, adotamos um novo selo, “Subestimado”. Saiba mais
sobre a mudança.
[A matéria original tem mais links... Reproduzida pelo El País: “Bolsonaro mente ao
dizer que Haddad criou ‘kit gay’. Jair Bolsonaro (PSL) acusa adversário de ter sido
responsável pela idealização de material escolar contra homofobia, mas iniciativa
surgiu do Legislativo”, Patrícia Figueiredo, Agência Pública reproduzida pelo El País, 12
de outubro de 2018 ]
https://apublica.org/2018/10/truco-haddad-nao-criou-o-kit-gay/
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/12/politica/1539356381_052616.html
945
UMA ANÁLISE DO CADERNO ESCOLA SEM HOMOFOBIA. AVALIAMOS O MATERIAL
DIDÁTICO QUE FICOU PEJORATIVAMENTE CONHECIDO COMO 'KIT GAY' E TEVE SUA
DISTRIBUIÇÃO SUSPENSA PELO GOVERNO FEDERAL EM 2011
Bruno Mazzoco, Revista Nova Escola, 01 de Fevereiro de 2015
Lançado pelo governo federal em 2004, o Programa Brasil sem Homofobia previa,
entre suas diretrizes, promover "valores de respeito à paz e à não-discriminação por
orientação sexual". Dentre as propostas para a Educação estava a produção de
materiais educativos específicos para discutir questões como orientação sexual e
homofobia. Com alguns anos de atraso, em 2011, essa recomendação estava prestes a
sair do papel com a elaboração do kit Escola sem Homofobia. Contudo, após pressão
de setores conservadores da sociedade e do Congresso Nacional, o material foi
engavetado pelo governo.
NOVA ESCOLA teve acesso, com exclusividade, ao caderno que compõe o material
(disponível para download aqui). A cartilha é dividida em três capítulos (subdivididos
em tópicos) e dois anexos com sugestões de sequências didáticas e indicações de
como utilizar os materiais em vídeo. Ao fim de cada tópico, os autores propõem
dinâmicas sobre o assunto tratado, que podem ser trabalhadas em sala de aula e em
horários de formação de professores. "Ter um material como esse nas escolas seria um
avanço muito grande. Os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais, elaborados em
1997) eram o único documento que tratava de sexualidade, mas o faziam de forma
genérica. Já esse material faz um recorte prático do que precisa ser trabalhado na
escola hoje", afirma o pedagogo Ricardo Desidério, que avalia alguns conteúdos do kit
em seu doutorado em Educação Escolar pela Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho (UNESP).
Desfazendo a confusão
O primeiro capítulo do caderno propõe "desconstruir conceitos equivocados a respeito
de identidade de gênero e orientação sexual". Para Desidério, esse é um dos objetivos
principais do material. "Ele esclarece dúvidas do senso comum e traz referenciais da
Ciência para introduzir a questão de gênero. Isso é importante para desfazer equívocos
dos próprios professores e embasar sua prática". Para isso, os autores analisam o
conceito de gênero do ponto vista biológico e sócio-histórico e mostram como as
construções dos papeis sociais associados aos sexos masculino e feminino também
estão presentes na escola, inclusive no modo como o ensino das disciplinas reproduz
esse arranjo. Um exemplo: na aula de Educação Física, é comum que meninos joguem
futebol e meninas, vôlei. Além disso, segundo a publicação, o modelo heteronormativo
946
perpassa as concepções de família presentes nas diferentes disciplinas. A reiteração
desse padrão, sem considerar a multiplicidade de relações afetivas possíveis, abre
caminho para homofobia. Ela se manifesta em piadas, comentários maliciosos,
segregação social e chega, em muitos casos, à agressão física.
Retratos da homofobia na escola
Com o objetivo de apoiar a incorporação do combate à discriminação e à violência
baseadas nas questões de gênero e orientação sexual, o capítulo seguinte mostra
como a homofobia se manifesta no dia a dia da escola. Isso se dá por meio da
construção de estereótipos e do silêncio diante de situações de preconceito. Para
embasar esse diagnóstico, o material apresenta pesquisas que confirmam a "existência
de uma cultura homofóbica nas escolas".
Uma delas, realizada pela Unesco em 2004, traz um retrato alarmante da intolerância:
93,5% dos alunos entrevistados têm algum preconceito com relação a gênero. E mais:
um quarto dos estudantes afirmou que não gostaria de ter colegas homossexuais.
A publicação enfatiza a importância de problematizar e discutir tolerância para
reverter esse quadro e mostra como fazer isso com uma série de exemplos. Essa é uma
atitude importante pois a omissão em tratar o assunto só ajuda a reforçar o
preconceito. De acordo com Desidério, ao demonstrar, com exemplos colhidos do
cotidiano, que muitas manifestações de preconceito passam desapercebidas pelos
professores, os temas tratados no capítulo ajudam o docente a tomar consciência
desses processos.
A diversidade sexual na escola
O terceiro e último capítulo traz propostas de atividades para ajudar gestores a incluir
o combate à homofobia na elaboração de PPPs. "A incorporação dessa discussão no
PPP é o primeiro passo para estruturar esse trabalho", argumenta Desidério. Para isso,
ele defende que toda a comunidade escolar seja envolvida no processo de discussão. A
participação dos pais ajudaria a alertá-los sobre a importância de trabalhar o assunto e
evitar mal entendidos. O material apresenta sugestões sobre como engajar a
comunidade escolar e propõe um plano de ação para transformar a escola em um
ambiente sem homofobia. "É um material importante para servir de subsídio ao
trabalho, mas o professor tem que ter consciência de que a discussão de uma escola
sem homofobia não é só importante, mas necessária", finaliza.
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https://novaescola.org.br/conteudo/1579/uma-analise-do-caderno-escola-semhomofobia
KITS DE PT E PSDB TÊM ITENS INCÔMODOS PARA EVANGÉLICOS
Coluna Poder, Folha/Uol, 18 de outubro de 2012
Usados agora como artilharia nos fronts tucano e petista, os kits anti-homofobia
produzidos pelo Ministério da Educação na gestão Fernando Haddad (PT) e pelo
governo do Estado de São Paulo no mandato de José Serra (PSDB) têm fatores de
constrangimento para os dois candidatos à prefeitura paulistana.
Um dos cinco vídeos que integram o pacote preparado pelo MEC em 2011, mas vetado
pela presidente Dilma Rousseff após forte reação das bancadas evangélica e católica
no Congresso, mostra um adolescente que se interessa por garotos e garotas.
Nos instantes finais, o narrador diz que, "gostando dos dois, a probabilidade de ele
encontrar alguém por quem sentisse atração era quase 50% maior; tinha duas vezes
mais chances de encontrar alguém". Serra viu no filmete uma apologia à
bissexualidade e falou em "doutrinação".
Dois dos vídeos que compunham o material do MEC também estavam no kit
distribuído em 2009 pelo governo paulista, que dedicava um capítulo à discussão da
diversidade sexual e da homofobia em escolas --outros se debruçavam sobre bullying,
violência urbana e drogas.
Além das ferramentas audiovisuais, o conjunto montado na gestão Serra inclui uma
cartilha. Em um dos trechos do texto, afirma-se que "não se cura a homossexualidade
em consultórios psiquiátricos ou cultos religiosos". A candidatura tucana tem o apoio
de líderes evangélicos cuja pregação inclui a suposta "libertação" do homossexualismo
via religião.
Ontem, durante ato de campanha, Serra se recusou a responder a pergunta sobre a
política anti-homofobia que adotaria se eleito: "Não vou entrar nesse tema, senão
depois os adversários dizem que fui eu que botei na pauta".
ESPECIALISTAS
Psicólogos e professores ouvidos pela Folha disseram que os kits são oportunos.
"Quando se trata de temas fortes, tabus, é importante que a abordagem seja radical,
948
senão você abafa o problema. É preciso causar choque", sustenta a professora de
psicologia da educação da PUC-SP Ana Mercês Bock.
Para ela, os vídeos recomendados para uso em sala de aula não têm "grosseria ou
exagero". "Não dá para dizer que há incentivo à bissexualidade, até porque [a
orientação sexual] não é algo que se resolva de repente", diz ela, sobre o filmete
atacado por Serra. "Num conjunto de vídeos em que também há lésbicas e travestis, é
válido."
O professor do departamento de psicologia da UFMG Marco Aurélio Prado critica a
sazonalidade da discussão sobre os materiais didáticos. "Uma coisa é a sexualidade na
escola, outra é a forma como conteúdos sobre ela são interpretados por políticos em
períodos eleitorais."
De acordo com Prado, que lamenta o veto da presidente Dilma ao conteúdo feito pelo
MEC, "se quer ampliar a democracia, o Estado brasileiro precisa dizer algo sobre a
violência causada por intolerância sexual".
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950
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2012/10/1170962-kits-de-pt-e-psdb-tem-itensincomodos-para-evangelicos.shtml
CONSELHO Nacional de Combate à Discriminação. Brasil Sem Homofobia: Programa de
combate à violência e à discriminação contra GLTB e promoção da cidadania
homossexual. Brasília : Ministério da Saúde, 2004
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/brasil_sem_homofobia.pdf
https://drive.google.com/file/d/1QlrbgmRD0En6VzK1kxlSFNFeAWoesdrx/view?usp=sh
aring
TSE DETERMINA REMOÇÃO DE VÍDEOS DE BOLSONARO SOBRE “KIT GAY” NO
FACEBOOK
Rafael Moraes Moura, Estadão reproduzido pelo Uol, 16 de outubro de 2018
O ministro Carlos Horbach, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou a remoção
de seis postagens no Facebook e no YouTube em que o candidato do PSL à Presidência
da República, Jair Bolsonaro, faz críticas ao livro "Aparelho Sexual e Cia." e afirma que
a obra integraria material a ser distribuído a escolas públicas na época em que
Fernando Haddad (PT) comandava o Ministério da Educação.
No vídeo, Bolsonaro afirma que o livro é "uma coletânea de absurdos que estimula
precocemente as crianças a se interessarem pelo sexo". "No meu entender, isso é uma
porta aberta para a pedofilia", diz o candidato do PSL, que ainda afirma que "esse é o
livro do PT".
Em nota, o Ministério da Educação (MEC) já afirmou em diversas oportunidades que
não produziu nem adquiriu ou distribuiu "Aparelho Sexual e Cia.", esclarecendo que o
livro é uma publicação da editora Companhia das Letras publicada em 10 idiomas.
"É igualmente notório o fato de que o projeto 'Escola sem Homofobia' não chegou a
ser executado pelo Ministério da Educação, do que se conclui que não ensejou, de
fato, a distribuição do material didático a ele relacionado. Assim, a difusão da
informação equivocada de que o livro em questão teria sido distribuído pelo MEC gera
desinformação no período eleitoral, com prejuízo ao debate político, o que recomenda
a remoção dos conteúdos com tal teor", concluiu Horbach.
951
Os advogados do PT afirmam que, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, no
dia 28 de agosto, Bolsonaro mentiu e difundiu a falsa ideia de que o livro seria
distribuído em escolas públicas.
"O candidato vem proferindo esta grave mentira há mais de dois anos. A informação
de que o livro seria distribuído em escolas públicas começou a ser difundida por
Bolsonaro no dia 10 de janeiro de 2016 através de um vídeo que publicou no
Facebook", observa a coligação de Haddad.
Em outra representação, o ministro negou um pedido do PT para remover uma
entrevista de Bolsonaro concedida ao programa "Pânico", na qual o deputado federal
faz referência ao material didático do projeto "Escola sem homofobia" como sendo o
"kit gay", atribuindo a responsabilidade pela sua elaboração a Fernando Haddad.
"É possível concluir que os representantes buscam impedir que o candidato
representado chame o material didático do projeto 'Escola sem Homofobia' de 'kit
gay'. Tal pretensão, caso acatada pelo Poder Judiciário, materializaria verdadeira
censura contra o candidato representado, que estaria impedido de verbalizar, de
acordo com suas concepções, críticas à gestão do concorrente à frente do Ministério
da Educação", observou Horbach.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/agenciaestado/2018/10/16/tse-determina-remocao-de-videos-de-bolsonaro-sobre-kit-gay-nofacebook.htm
AO VIVO | ELEIÇÕES 2018: BOLSONARO E HADDAD NA COBERTURA EM TEMPO REAL.
NESTA SEGUNDA-FEIRA, O TSE NEGOU PEDIDO DE HADDAD DE RETIRAR POST DE
OLAVO DE CARVALHO SOBRE INCESTO
Regiane Oliveira, El País, 15 de outubro de 2018
TSE nega pedido para tirar do ar publicações com a informação falsa de que Haddad
defende o incesto
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou a liminar requerida pela Coligação O Povo
Feliz de Novo (PT/PCdoB/PROS) contra o filósofo Olavo de Carvalho, pedindo remoção
de publicações no Facebook e no Twitter que teriam conteúdo "ofensivo, difamatório
e inverídico" sobre o candidato do PT, Fernando Haddad. Também foi negado o pedido
de resposta.
952
A coligação alega que Olavo de Carvalho publicou que Haddad estaria defendendo o
incesto em seu livro ‘Desorganizando o Consenso', de 1998, que traça estratégias para
driblar o conservadorismo. "Estou lendo um livrinho do Haddad, onde ele defende a
tese encantadora de que para implantar o socialismo é preciso derrubar primeiro o
‘tabu do Incesto’. Kit gay é fichinha. Haddad quer que os meninos comam suas mães",
afirmou Carvalho nas redes sociais.
A publicação se tornou viral e foi compartilhada por Carlos Bolsonaro, filho do
candidato do PSL, mas foi retirada do ar pelo filósofo, com uma correção: "A nota que
retirei de circulação dava a impressão de que isso constava do próprio livro dele, mas
na verdade é uma idéia do Max Horkheimer à qual ele aderiu um tanto
disfarçadamente".
Em sua decisão, o ministro Luis Felipe Salomão afirmou que, embora a publicação
veiculada apresente teor ofensivo ou negativo, "exterioriza o pensamento crítico (...)
acerca de uma obra de autoria do candidato, de modo que a liberdade de expressão
no campo político-eleitoral abrange não só manifestações, opiniões e ideias
majoritárias, socialmente aceitas, elogiosas, concordantes ou neutras, mas também
aquelas minoritárias, contrárias às crenças estabelecidas, discordantes, críticas e
incômodas".
O TSE também negou o pedido de remoção de mensagem que mostrem um vídeo,
publicado por Djeison Moreira, em que são comparados os planos de governo de Jair
Bolsonaro e Fernando Haddad.
Segundo a coligação, o material distorce os reais termos e intenções de seu plano de
governo, expondo projetos e intenções de forma completamente deturpada, como
forma de induzir o público a erro, circunstância que ensejaria também direito de
resposta.
O ministro Sergio Banhos afirmou que, da análise do conteúdo (prints anexados na
petição inicial, vídeo e planos de governo da coligação), é possível verificar, em juízo
preliminar, que não há violação da lei. “Verifica-se que a publicação impugnada
restringe-se à crítica ao plano de governo da representante em comparação com o da
sua adversária", afirmou.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/15/politica/1539638509_436084.html
953
OLAVO FAZ INCITAÇÃO À VIOLÊNCIA; CONVOCO MEUS CONCIDADÃOS A REPUDIÁ-LO.
TEXTO ANUNCIA UMA ESCALADA DE AÇÕES VIOLENTAS E CONCLAMA SEGUIDORES A
PERPETRÁ-LAS
Caetano Veloso, Folha/Uol, 14 de outubro de 2018
Caetano Veloso Olavo de Carvalho sugere em texto que, caso Bolsonaro se eleja,
imediatamente à sua posse seus opositores sejam não apenas derrotados mas
totalmente destruídos enquanto grupos, organizações e até indivíduos.
Ele diz que os que consideram Bolsonaro uma ameaça à democracia não estão lutando
para vencer uma eleição e sim "pela sobrevivência política, social e até física". Isso é
anúncio de autoritarismo matador.
Bolsonaro já disse que a ditadura matou pouco, já apareceu usando tripé de câmera
como fuzil a metralhar petistas, já louvou o torturador e assassino coronel Brilhante
Ustra. Quando atacado a faca por um maníaco, todos os outros concorrentes à
presidência condenaram veementemente o atentado e seu autor; quando um eleitor
seu matou um artista baiano que declarara voto no PT, Bolsonaro disse que não tinha
nada a ver com isso.
Esse texto de Olavo anuncia uma escalada de ações violentas e conclama seus
seguidores a perpetrá-las tão logo Bolsonaro chegue (se ele chegar) ao Alvorada.
É evidente que todo cidadão brasileiro que mereça esse nome –seja ele Fernando
Henrique Cardoso, Roberto Carlos, Roberto Schwartz, Suzana Vieira, Chico Buarque,
Luiz Tenório de Oliveira Lima, Letícia Sabatela, Fernando Haddad, Zezé de Camargo,
Miriam Leitão ou ACM Neto– deve agir contra a possibilidade de eleição de Bolsonaro.
A não ser que este desautorize publicamente o texto de Olavo. Único modo, aliás, de
dar credibilidade a suas tentativas de amenizar o sentido de seus antigos brados.
954
Olavo, o sub-Heidegger do nosso sub-Hitler (ou sub-Spengler do nosso subGoebels),
diz que petistas, artistas, mídia, professores, jornalistas e intelectuais apelam a
recursos ilícitos e imorais para obter vitória. No entanto, acabo de ler um texto em
letras grandes, produzido pelos correligionários do capitão, que diz: "O PT QUEBRA
IMAGENS, ESFREGA O CRUCIFIXO NOS ÓRGÃOS GENITAIS, URINAM (sic) NA BÍBLIA E
AGORA QUER APOIO CATÓLICO".
Deve ser a milionésima fake-news expedida pela campanha bolsonarista. Olavo é
figura histórica da anti-esquerda. Catequizou gerações de jovens brasileiros a um
anticomunismo delirante e ressentido.
Faz décadas uma jovem conhecida minha tinha se convertido ao islamismo através dos
ensinamentos de Olavo, seu carismático professor. A força dos parágrafos de Fritjof
Schuon, autor que li fascinado, devem ter chegado com beleza aos ouvidos da moça,
através das explanações brilhantes de Olavo. Mas desconfio de que o que o animava
955
não era a beleza do Islã, sua tradição, sua riqueza espiritual. O que o entusiasmava
eram as teocracias tardias que o desfiguram.
Olavo hoje posa nos EUA segurando arma pesada. Quão útil será sua cruzada para a
indústria armamentista? É-se inocente útil mesmo quando se torna paranoicamente
suspicaz. Para ele, o que há na aventura da modernidade é necessariamente o mal.
Intelectual erudito e mente insana, nem sabe que eu só sei de um caso de artista que
masturbava-se com um crucifixo (ele o declarou em entrevista na TV) –e era
justamente um que hoje aparece ao seu lado.
Eu nunca fui petista. Nunca fui comunista. Odeio ter ouvido de Dirceu que o caso não é
de ganhar eleição mas de tomar o poder. Meu pai me ensinou a ser anti-stalinista e,
vendo a discrepância entre a vida real dos trabalhadores e os planos das "vanguardas”
políticas, aprendi a ser anti-leninista (diante das filas para ver a múmia de Lenin em
Moscou, reafirmou-se meu desprezo: detesto o mais ínfimo resquício de culto à
personalidade que ronda Lula). Mas farei o que me for possível para vencer o
crescimento da desigualdade e, acima de tudo, defenderei os direitos da pessoa
humana.
Considero o texto de Olavo incitação à violência. Convoco meus concidadãos a
repudiá-lo. Ou vamos fingir que o candidato dele já venceu a eleição e, por isso, pode
mandar matar quem não votou nele? Respeitarei como presidente quem quer que se
eleja. Mas exijo dele que exiba compromisso com os direitos da pessoa humana e,
como os outros cidadãos, rejeite o que foi sugerido por Olavo de Carvalho.
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/10/olavo-faz-incitacao-a-violenciaconvoco-meus-concidadaos-a-repudia-lo.shtml
PADRES USAM MISSAS E REDES SOCIAIS PARA APOIAR BOLSONARO E HADDAD.
POSICIONAMENTO DO CLERO CATÓLICO É PRÁTICA DESESTIMULADA PELA IGREJA
Anna Virginia Balloussier, Folha/Uol, 17 de outubro de 2018
Jair Bolsonaro (PSL) ou Fernando Haddad (PT)? Não são só mesas de bares e grupos de
WhatsApp que têm se dividido sobre a eleição mais polarizada do Brasil nas últimas
décadas.
956
Missas e redes sociais vêm servindo de termômetro para o cisma político dentro da
Igreja Católica, com padres e até bispos tomando partido, apesar de o direito canônico
desestimular posicionamentos de natureza política.
Nesta quarta-feira (17), dom Orani Tempesta, bispo da Arquidiocese do Rio, se
encontrará com Bolsonaro, dois dias após seu bispo auxiliar, dom Antônio Augusto
Dias Duarte, passar uma hora na casa do candidato do PSL —que tratou de publicar a
foto com o religioso em seu Twitter.
Duas figuras populares do clero local já fizeram acenos ao capitão reformado: Jorjão e
Omar Raposo (reitor do santuário sob os pés do Cristo Redentor), tidos como padres
popstar e amigos de celebridades como Zeca Pagodinho e Elba Ramalho, visitaram o
presidenciável esfaqueado no hospital. A foto viralizou entre bolsonaristas.
A assessoria do padre Omar disse que a reunião só aconteceu pois “ele estava no
hospital visitando outra pessoa e, como sempre acontece com os sacerdotes, foi
chamado a abençoar outros enfermos. Entre eles, o Bolsonaro”.
Monsenhor Sérgio Tani preside o tribunal eclesiástico da Arquidiocese de São Paulo,
que julga de processos internos da Igreja a pedidos para declarar nulo um matrimônio.
No tribunal na internet o veredito do monsenhor é claro: reproduz diariamente textos
contra o PT. “Bolsonaro começou com a tortura, fez o Haddad e a Manu assistirem *sic+
missa”, afirma um deles, acompanhado do emote de uma carinha chorando de tanto
rir.
O petista e sua vice, Manuela D’Ávila (PC do B), participaram de uma missa na
Paróquia dos Santos Mártires, na periferia paulistana na sexta (12), feriado de Nossa
Senhora Aparecida, e lá comungaram (receberam a hóstia).
Jaime Crowe, padre que celebrou o ato litúrgico, perguntou aos fiéis “como chegamos”
ao ponto em que “alguém pode dizer para nós bandido bom é bandido morto, que
tem que armar todo mundo”.
De Campinas, o padre Rodrigo Catini Flaibam foi no mesmo dia ao Facebook criticar a
dupla. “Comungar quando não se é católico (Manuela declara-se não cristã e defende
abertamente aborto) é sacrilégio. Comungou a própria condenação. E o padre que
permitiu tal disparate está em pecado grave”, escreveu.
957
Em entrevista à Folha ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/11/1936692-naose-combate-o-crime-comjargao-de-internet-diz-manuela-davila.shtml ) no ano
passado, Manuela declarou que sua “origem é cristã”. À reportagem ela disse nesta
terça-feira (16) que “todos estão pautados pelas fake news, que mundo maluco”.
Já Haddad é cristão ortodoxo, e não católico apostólico romano —alas do catolicismo
com divergências teológicas.
Mas não pecou, segundo o Código de Direito Canônico: “Os ministros católicos
administram os sacramentos da Penitência [confissão], Eucaristia e Unção dos
Enfermos licitamente aos membros das Igrejas Orientais que não têm plena comunhão
com a Igreja Católica se esses os buscarem por sua própria vontade”.
Padre Rodrigo chama Haddad de Calamiddade e, quando o petista abriu mão da cor do
PT em sua propaganda, provocou: “Está vermelho de vergonha?”. Incluiu nome e
número de Bolsonaro em sua foto no perfil do Facebook, como tantos colegas da
Igreja.
A defesa de Bolsonaro anda de mãos dadas com o antipetismo e nem sempre se limita
à internet.
“Como você cala a boca das pessoas? Ou você dá uma facada...” Padre Paulo Ricardo (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/padre-anti-pt-cita-facada-embolsonaro-ao-falar-deperseguicao-moral.shtml ) mal termina a frase, clara alusão ao
atentado contra o candidato, e o público que acompanha sua fala aplaude e bradar:
“Mito! Mito! Mito!”.
As palmas diminuem, e ele continua: “...ou você realiza aquilo que Bento 16 chama de
martírio dos tempos modernos, que é caluniar, desacreditar e inventar mentiras sobre
essas pessoas”.
Querido por movimentos de direita e apelidado de “Malafaia da Igreja Católica” por
blogs de esquerda, o clérigo ganhou projeção em 2014, com bofetadas contínuas no PT
de Dilma Rousseff —como o texto em que diz que “o governo Dilma prepara-se para
implantar aborto no Brasil”.
Após o vídeo viralizar, Paulo Ricardo divulgou uma “nota de esclarecimento”
afirmando que apenas se valeu de um “recurso retórico, uma alusão ao atentado
sofrido por Bolsonaro”. A fala teria sido descontextualizada. “As pessoas que estão
usando minha imagem para fins eleitorais fazem-no sem a minha permissão.”
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Esses são alguns dos antipetistas declarados. Mas o repúdio ao candidato do PSL
também ecoa entre o clero brasileiro. No texto “Votar com Lucidez”, reproduzido no
site da regional sul da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom
Reginaldo Andrietta, da Diocese de Jales (SP), não cita o nome de Bolsonaro.
E nem precisaria, não no entendimento de eleitores do militar reformado que
defenestraram o bispo que escreveu contra as “escandalosas posturas alienadas de
muitos cristãos e as adesões a um candidato à Presidência que dissemina violência,
ódio, racismo, homofobia e preconceito contra mulheres e pobres”.
“Ele utiliza falsamente as temáticas de aborto, gênero, família e ética; faz apologia à
tortura, à pena de morte e ao armamentismo; e é réu por injúria e incitação ao crime
de estupro”, diz dom Reginaldo.
Em maio, o reitor do Santuário Nacional Aparecida, padre João Batista de Almeida,
pediu desculpas ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/05/reitor-de-aparecidase-desculpaapos-pedir-que-nossa-senhora-abencoe-lula.shtml ) após celebrar uma
missa pela libertação do ex-presidente Lula, preso 40 dias antes, e ser chamado de
comunista nas redes sociais.
Aconteceu na celebração da Eucaristia, quando ele rogou a “Nossa Senhora Aparecida”
para abençoar o petista e lhe dar “muitas forças para que se faça a verdadeira justiça,
para que o quanto antes ele possa estar entre nós, construindo com o nosso povo um
projeto de país que semeie a justiça e a fraternidade”. Na plateia, manifestantes com
camisas vermelhas da CUT e enrolados em bandeiras do PT.
A oratória enxameou as redes sociais com críticas a João Batista, como o tuiteiro que
sugeriu “a excomunhão do padre”, que seria “o melhor que a Igreja pode fazer para se
livrar dessa mácula comunista”.
Igreja não é lugar de tomar “posição político-partidária, que é contrária ao Evangelho”,
afirma a nota em que pede “perdão pela dor que geramos à Mãe Igreja, aos fiéis e às
pessoas de boa vontade”.
A cúpula da CNBB também entrou na mira de propagadores do bolsonarismo, após seu
presidente, o cardeal Sérgio da Rocha, dizer em fevereiro que a entidade rejeitará
“candidatos que promovam ainda mais a violência”, fala que foi interpretada como
uma indireta ao presidenciável do PSL.
Fake news que mexem com a fé proliferam num país onde 86% brasileiros se declaram
cristãos, com 54% de católicos e 32% de evangélicos, segundo pesquisa Datafolha.
959
Uma das mais recentes simula uma notícia da Folha que nunca existiu: uma proposta
de Bolsonaro para embranquecer a imagem de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira
do Brasil, que é negra na representação tradicional.
Segundo o texto falso ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/nao-everdade-que-bolsonaro-proposmudar-representacao-de-n-sra-aparecida.shtml ), a
ideia teria sido discutida em reunião com o bispo Edir Macedo, líder da Igreja
Universal, que apoia sua candidatura.
Para Rodrigo Coppe Caldeira , historiador que pesquisa religião na PUC de Minas,
“podemos dizer que há uma mobilização evidente das igrejas, principalmente por esta
eleição ter um cheiro —ou mau cheiro— de guerra cultural”.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/padres-usam-missas-e-redes-sociaispara-apoiar-bolsonaro-e-haddad.shtml
“JC NAS ELEIÇÕES” DEBATE UNIÃO ENTRE RELIGIÃO E POLÍTICA
Lucas Calore, Jornal Cidade de Rio Claro, provavelmente 19 ou 20 de setembro de 2018
(o jornal não numera e nem traz data em determinadas páginas, o que só percebi ao
trabalhar com o arquivo da foto)
960
https://drive.google.com/file/d/1DuewuP7oWXQy3B_KInT68viS6BDRPFiD/view?usp=s
haring
TÍTULOS DE VÍDEOS DO CANAL DO YOUTUBE MBL – MOVIMENTO BRASIL LIVRE
(seleção feita em 16 de outubro de 2018)
https://drive.google.com/file/d/1IXZx2qre5P4uolavYuyiUx7GBMQMuSgg/view?usp=sh
aring
"ESPETÁCULO" DE CORRUPÇÃO AFASTA ELEITOR DA POLÍTICA E AUMENTA
ABSTENÇÃO
Gabriela Fujita, Uol, 31 de outubro de 2016
961
A não participação de eleitores nas eleições municipais bateu recorde em 2016, tanto
no primeiro quanto no segundo turno.
As abstenções neste domingo (30) chegaram a 21,55%, batendo o índice de 2012
(19,12% do total de eleitores), que era o maior desde então. Os votos inválidos
atingiram os maiores patamares desde 2000.
Nulos quase dobraram em relação à última eleição, passando de 4,81% em 2012 para
8,33% no segundo turno deste ano. Brancos tiveram leve alta, indo de 2,63% para
2,88%.
No primeiro turno, esses números já eram os mais altos desde 2000. Abstenções eram
17,58%, enquanto nulos eram 8,14%, e brancos, 2,87%.
No primeiro turno, cerca de 25 milhões de brasileiros deixaram de votar – 17,5% do
eleitorado, que é de 144 milhões de pessoas. Este é o maior índice registrado em um
primeiro turno desde o ano 2000, de acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Os números não levam em conta os votos nulos e em branco, considerados inválidos.
Nas eleições de 2012, em comparação, a abstenção tinha sido de 16,41%.
Não há dúvidas de que a classe política tem deixado a desejar na credibilidade, e quem
acompanha o assunto mais de perto avalia que o desempenho das urnas este ano é
consequência de um 'espetáculo' cada vez mais vergonhoso.
"Um espetáculo político que seria justamente um escândalo", diz Roberto Romano,
professor de filosofia e ética da Unicamp. "Os políticos se julgam incólumes, se julgam
capazes de fazer o que quiserem sem ter uma sanção negativa. Decoro parlamentar
não é só não falar palavrão e usar um terno com gravata. É todo um sistema de
comportamento que faz com que o representante respeite o representado e não meta
a mão no seu dinheiro, por exemplo."
Na opinião do professor, o cidadão que se sente desrespeitado e se nega a votar ou a
escolher um candidato pode até fazer disso uma forma de protestar, mas na prática,
acaba transferindo a outros a responsabilidade de resolver sua insatisfação.
"Na vida e na política, tem um ditado que é importantíssimo: não existe espaço vazio.
Se o espaço não é preenchido por pessoas honestas, pessoas que tenham retidão de
caráter, boas intenções e que, ao mesmo tempo, tenham capacidade mínima de
962
administração, evidentemente você vai ter o espaço preenchido por gente que não é
assim", analisa Romano.
Eleitor não conta
Políticos afundados em casos policiais como os do mensalão e da Operação Lava Jato
desencorajam o eleitorado, mas também a dificuldade em participar repele o voto, diz
Vera Chaia, cientista política e professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo).
De uns anos para cá, ela destaca, situações que levaram muitos cidadãos a se envolver
e a questionar a política brasileira, como as manifestações de rua a partir de 2013, se
transformaram, logo depois, em uma prova de que eles contam pouco para os
resultados.
"O que o eleitor vê é que ele não interfere em nada. O processo eleitoral se dá pelos
partidos. Existe uma briga política dentro das casas legislativas, seja Senado, Câmara
Federal, Assembleia Legislativa ou Câmara Municipal, e as decisões são feitas em outra
esfera, que não envolve o cidadão", critica a professora.
"Havia uma grande esperança de uma parcela do eleitorado de que a economia iria
mudar imediatamente, a corrupção iria acabar a partir do momento em que ocorresse
uma mudança de governo, e o que a população viu é que nada mudou", afirma ela
sobre o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Apoliticismo
Também pesa no desestímulo ao eleitor a ideia de que todo e qualquer político é
"farinha do mesmo saco". A mensagem é antiga, vem de um Brasil do século 19,
explica o professor Romano, quando já se relacionava políticos de carreira à
incompetência ou desonestidade.
"O Brasil, desde o século 19, está sendo inoculado contra a vida política, esse fantasma
de que a política é uma coisa suja ou incompetente. O apoliticismo vem desde a
presença dos militares positivistas na proclamação da República. Como eles eram
contrários à democracia, sobretudo a democracia liberal, preferiam a administração
feita por técnicos, e passaram a identificar, na propaganda, a democracia com o caos,
a desordem e a corrupção", ele afirma.
963
Tanto para o professor como para a cientista política da PUC-SP, não adianta
repreender o cidadão que se ausenta sem oferecer a ele um sistema político e eleitoral
que dê mais chances às condutas democráticas.
"Acredito que, com o voto facultativo, os partidos vão ter de fazer com que o eleitor
saia de sua casa para votar porque vai valer a pena, porque vão provar que podem
fazer uma mudança na política e merecem seu voto. Atualmente, o eleitor só vai votar
por obrigação", defende Vera Chaia.
Reforma política
A reforma política que poderá, por exemplo, transformar o voto obrigatório em
facultativo terá de começar com a democratização dos partidos, argumenta Romano,
para quem o sistema de administração das legendas se tornou "oligárquico".
"São poucos dirigentes e que permanecem no cargo por 20, 30 anos. O que quer dizer
que eles conhecem a máquina do partido, os recursos financeiros, os financiadores
possíveis ou não. Quando você tem esse tipo de controle desses poucos sobre a
máquina inteira, não adianta só entrar gente nova. É preciso proibir um dirigente de
permanecer por mais de dois anos. Porque se ele continua, ele controla tudo",
contesta o professor.
A representatividade, ou identificação que o eleitor sente com quem está no poder,
fica comprometida nesse universo em que, de acordo com a professora Chaia, valem
mais os interesses do partido do que os da maioria.
"Existe o partido que representa os evangélicos, existe o partido que é mais ligado à
bancada ruralista, são segmentos que até favorecem a compreensão do eleitor em
relação a quem é quem nas casas públicas, mas a democracia perde com isso, a partir
do momento em que esses segmentos só pensam nas suas bases eleitorais", ela
conclui.
[A matéria também apresenta gráficos...]
http://eleicoes.uol.com.br/2016/noticias/2016/10/31/espetaculo-de-corrupcaoafasta-eleitor-da-politica-e-das-urnas.htm
DE OLHO EM VOTO CATÓLICO, BOLSONARO ASSINA COMPROMISSO COM ARCEBISPO
DO RIO
964
Hanrrikson de Andrade e Gustavo Maia, Uol, 17 de outubro de 2018
Mirando o eleitorado católico, o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro
(PSL) visitou nesta quarta-feira (17) o arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, e
afirmou que o país "não pode mais flertar com o desconhecido".
Segundo ele, uma vitória de sua candidatura representa a defesa de valores
conservadores que ele tem em comum com a Igreja Católica, a quem fez um aceno ao
assinar um compromisso formal.
O documento exalta os valores conservadores e diz que, se eleito, Bolsonaro lutará
pela "família", a "inocência da criança em sala de aula", além de se posicionar contra o
aborto e a legalização das drogas.
"Assumimos o compromisso em defesa da família, em defesa da inocência da criança,
em defesa da liberdade das religiões, contrários ao aborto, contrários à legalização das
drogas", disse Bolsonaro ao lado de Tempesta. "Ou seja, o compromisso que está no
coração de todo brasileiro de bem."
965
Fábio Motta/Estadão Conteúdo
Funcionárias da Arquidiocese posavam para fotógrafos fazendo sinais de armas de
fogo com as mãos diante de uma imagem de Jesus Cristo
O gesto de Bolsonaro mira um eleitorado no qual sua vantagem sobre Fernando
Haddad (PT) é menor. Segundo pesquisa Ibope divulgada nesta segunda-feira (15),
Bolsonaro tem 66% da preferência de votos entre os evangélicos, contra 24% de
Haddad.
Já entre os católicos, a diferença é menor. O candidato do PSL tem a preferência de
48% dos eleitores, contra 42% do petista.
Bolsonaro chegou à Arquidiocese do Rio às 9h e entrou no local sem falar com a
imprensa. O encontro durou 20 minutos. Após a assinatura do compromisso firmado
com a Igreja Católica, alguns cinegrafistas e autógrafos foram autorizados a registrar o
momento, mas a maioria dos jornalistas ficou encurralada na entrada do edifício e não
conseguiu entrar no elevador.
O candidato não chegou a dar entrevistas, mas falou brevemente com os cinegrafistas.
Uma profissional francesa perguntou o motivo pelo qual ele "não comparecia a
debates e não falava com a imprensa", mas o presidenciável não respondeu.
Ao fim do encontro com dom Orani, Bolsonaro deixou local por uma saída alternativa e
dirigiu à sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro, na zona portuária da cidade.
966
Procurado pela reportagem, dom Orani respondeu, via sua assessoria, que não daria
entrevista sobre o assunto.
Enquanto a imprensa aguardava a decisão se poderia subir ou não para registrar o
encontro, funcionárias da Arquidiocese vestidas com camisas amarelas posavam para
fotógrafos fazendo sinais de armas de fogo com os dedos das mãos diante de uma
imagem de Jesus Cristo.
Os gestos causaram desconforto entre outros funcionários, que repudiaram a
manifestação.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/10/17/de-olho-emvoto-catolico-bolsonaro-assina-compromisso-com-arcebispo-do-rio.htm
EM CULTO, MALAFAIA ATACA A FOLHA E ENSINA FIÉIS A IDENTIFICAR FAKE NEWS UMA
DAS PRINCIPAIS LIDERANÇAS EVANGÉLICAS DO PAÍS, PASTOR É CABO ELEITORAL DE
BOLSONARO
Ana Luiza Albuquerque, Folha/Uol, 19 de outubro de 2018
"Os obreiros vão distribuir os envelopes, vocês podem ofertar com cartão de crédito
ou débito, se você quiser, ok, até para quem está na internet", orientou o pastor Silas
Malafaia na noite desta quinta-feira (18), em pregação na Assembleia de Deus Vitória
em Cristo, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro.
Poderia ser um culto ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/evangelicosveem-bolsonaro-como-omais-autoritario-e-quem-mais-defende-a-democracia.shtml )
como outro qualquer, mas a presença da imprensa levou o pastor, que até então fazia
piadas e divertia os fiéis, a elevar o tom contra a reportagem da Folha. Malafaia, uma
das principais lideranças evangélicas do país (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/com-60-bolsonaro-maisque-dobravantagem-sobre-haddad-entre-evangelicos-diz-datafolha.shtml ), é cabo eleitoral do
presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/eleicoes/2018/presidente/jair-bolsonaro280000614517.shtml ).
"Pego as reportagens dos jornais, quatro, cinco matérias contra Bolsonaro. De vez em
quando, uma contra Haddad [Fernando]. Que imprensa parcial é essa?", questionou
Malafaia em entrevista após a pregação.
967
A reportagem respondeu citando matéria que mostra que as críticas a Bolsonaro e
Haddad tiveram as mesmas proporções (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/criticas-a-bolsonaro-e-a-haddad-temas-mesmas-proporcoes-nafolha.shtml ) na Folha.
"Deve ter sido em outro jornal, porque eu estou acompanhando todo dia. É desigual,
desonesto, ridículo, uma imprensa esquerdopata. Aí eu fico nervoso, não é com você,
é com os órgãos de imprensa, por isso que ando indignado."
Quando deu início ao culto, Malafaia citou os jornais internacionais que estavam na
igreja, disse que nunca havia recebido tantos jornalistas e afirmou que todos estavam
livres para entrevistar os fiéis. Em seguida, orientou seus seguidores a identificar fake
news.
"Tudo que você ouvir nas redes sociais, na imprensa... Número um, duvidar. Número
dois, criticar, analisar o que está ouvindo. Número três, determinar, não aceito nada,
aceito tudo, aceito parte. Se fizer as três coisas vai parar de ficar replicando fake news
de graça."
Malafaia também defendeu que o pastor não é dono dos fiéis ou de seus votos, mas
que pode influenciá-los. "O sindicalista influencia, o ativista político, os artistas, por
que eu como pastor não posso influenciar? Eu influencio como outros influenciam
também", discursou.
Mais cedo, no Twitter, Malafaia criticou a Folha pela veiculação de reportagem que
revelou que uma rede de empresários financia campanha (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/empresarios-bancam-campanhacontra-o-pt-pelo-whatsapp.shtml ) contra Haddad no Whatsapp, firmando contratos
de até R$ 12 milhões para comprar pacotes de disparos em massa.
Questionado pela Folha se não é importante que irregularidades do tipo sejam
identificadas, o pastor afirmou que Bolsonaro não tem responsabilidade sobre o caso.
"Os caras produzem fake news, empresários, sei lá quem, e o cara [Bolsonaro] é
responsável? PT falar em fake news deve ser brincadeira."
Para Malafaia, a imprensa está "doida" porque perdeu o monopólio da informação. "A
Folha, o Globo, a Época, a Veja falam uma mentira e o pau canta nas redes sociais. Por
isso que a imprensa quer desmoralizar as redes sociais, essa que é a verdade", disse.
968
O pastor nem sempre foi defensor ferrenho do candidato do PSL. No ano passado,
quando acreditava na candidatura de João Doria (PSDB) ao Planalto, Malafaia afirmou
que Bolsonaro não tinha competência administrativa e política para ser presidente.
"Era minha posição naquela época. Mudou porque estou vendo o quê? PT, Haddad.
Haddad representa roubalheira, o maior esquema de corrupção da história política do
Brasil, tem mais de 30 processos, perdeu no primeiro turno uma eleição. Poste,
fantoche de Lula. Aí eu tenho que ser Bolsonaro. Porque não tem outro. Como um cara
desses quer ser presidente? Vou te contar, minha filha, até um Garotinho [Anthony,
ex-governador do Rio] eu votava."
À época, Malafaia atacou Bolsonaro porque ficou ressentido com o ex-capitão. Isso
porque, na visão do pastor, o candidato do PSL não fez uma defesa enfática de sua
inocência, quando foi indiciado na Operação Timóteo sob suspeita de lavagem de
dinheiro em um esquema de corrupção em cobranças de royalties da exploração
mineral.
"Ele me defendeu, mas não me defendeu como deveria, por isso fiquei invocado. Foi
por isso, eu estava com raiva, quando a gente está com raiva fala umas bobagens e eu
estava indignado. Porque eu defendi ele na questão da Maria do Rosário, que chamou
ele de estuprador. Na hora que chegou minha vez, deu um depoimento lá no
Congresso, eu falei: é isso, cara? Tinha que meter nas redes sociais. Depois que acabou
tudo, [Bolsonaro disse] vem gravar uma live, aí agora eu não quero."
Questionado pela reportagem sobre a funcionária fantasma que Bolsonaro mantinha
em Angra dos Reis (RJ), Malafaia respondeu que todo funcionário de deputado federal
"trabalha em outras coisas". Como revelou a Folha, o parlamentar utilizava verba da
Câmara para empregar uma vizinha que vendia açaí (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/01/1949719-bolsonaro-empregaservidora-fantasma-quevende-acai-em-angra.shtml ).
"Funcionária fantasma que vocês inventaram. Foi apurado nada. A mulher morava em
Angra, como qualquer funcionária. Noventa por cento do gabinete de um deputado
está no estado. Em Brasília mantém uma secretária, um telefonista e um assessor.
Todo funcionário é cargo político comissionado, trabalha em outras coisas e tem uma
nomeação política. A imprensa sabe disso."
Sob gritos de "mito" e câmeras de celular que filmavam a repórter, Malafaia
aconselhou que "é melhor já ir se acostumando" e questionou a idoneidade da
reportagem.
969
"Filha, vai me desculpar, o teu jornal, com todo o respeito, é o jornal mais
esquerdopata, mais mentiroso, mais fake news. Eu estou dando entrevista aqui por
uma questão sua, mas a organização Folha é uma vergonha. E é bom todo mundo
gravar, vamos ver o que vão botar lá."
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/em-culto-malafaia-ataca-a-folha-eensina-fieis-a-identificar-fake-news.shtml
GOVERNO NÃO SERÁ DE MAIORIA DE MILITARES, DIS BEBIANNO
Talita Fernandes, Agora, p. A 4, 17 de outubro de 2018
[A linguagem usada é notável... Mas será que é particular dele, de seu partido? Me
lembro da retórica de Aécio Neves, do PSDB... ao iniciarem e protagonizarem o golpe a
partir de 2014... Mas podemos voltar à UDN... Ou... A política como lugar da destruição
do outro, do que tem interesses, ideias diferentes... O adversário é alguém a ser
eliminado... varrido – palavra que li inúmeras vezes nos últimos anos... Mais
importante do que a derrubada de Dilma Roussef, a pedagogia dessa lógica foi tão
970
eficiente que acabou por se voltar contra aqueles que a praticaram... Tudo tem mais
de um sentido... a meu ver... ]
https://drive.google.com/file/d/1IFVteg2Mfb_wG7hra-Kf9DmSJ2g6U7J/view?usp=sharing
A ELEIÇÃO DO “KIT GAY”. BUSCAS NA INTERNET POR “KIT GAY” NESTAS ELEIÇÕES
BATERAM RECORDE DE 2011, QUANDO O ASSUNTO VEIO À TONA; BOLSONARO E
MALAFAIA LIDERAM MENÇÕES AO “KIT"
Alexandre Policarpo, Bruno Fonseca, Eliziane Lara e Gabriella Hauber, Agência Pública,
17 de outubro de 2018
Renata Bragança, professora do ensino fundamental, recebeu recentemente, no
WhatsApp, uma nova denúncia comprovadamente falsa. Segundo a mensagem, a
“cartilha gay” estava lá, em uma escolinha no município de Ipatinga, no interior de
Minas Gerais. No texto, outra professora afirmava que o material seria distribuído pelo
Ministério da Educação (MEC) a escolas de todo o país – um “alerta para proteger
nossas crianças”, ao menos segundo a mensagem.
A professora, que recebe mensagens falsas com frequência, respondeu que pagaria R$
100 pelo kit: “Não tinha, claro. Esse material nunca nem chegou às escolas”, comenta.
Renata enviou à reportagem da Pública uma série de correntes e conteúdos
compartilhados em grupos de família, de amigos e da igreja evangélica que frequenta
que alertam sobre a distribuição do “kit gay” nas escolas ou de outras “tentativas de
doutrinação de gênero” no ensino. Todos os conteúdos estão associados ao Partido
dos Trabalhadores (PT) e impulsionam a campanha política de Jair Bolsonaro (PSL), que
vem reiteradamente se referindo ao kit nas suas próprias redes.
Conteúdos postados pelo próprio Bolsonaro e seu filho Carlos Bolsonaro, vereador no
Rio de Janeiro, foram alvo de decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na segundafeira, 15 de outubro, o ministro Carlos Horbach determinou a retirada de seis vídeos
que afirmaram que o livro Aparelho sexual e cia foi adotado durante a gestão de
Haddad no MEC. Em agosto, Bolsonaro apresentou o livro no Jornal Nacional, da Rede
Globo, e afirmou que o material foi distribuído para crianças pelo MEC na gestão de
Fernando Haddad.
“Além do ‘kit gay’, recebo mensagens dizendo que as meninas vão ser obrigadas a
beijar outras meninas, que o Haddad vai fechar as igrejas, que vai obrigar as escolas a
971
ensinar que todos são gays. Uma, duas, três, de várias pessoas diferentes”, relata a
professora.
Na experiência de Renata, mensagens sobre o “kit gay” são difíceis de contestar,
mesmo ela sendo professora e afirmando aos que enviam as mensagens falsas de que
essa realidade está longe de ser a da sala de aula. “Todo mundo quer proteger uma
criança, criança é sagrada na sociedade. Mas eles se aproveitam de uma brecha que foi
descobrir que os pais não vão na escola, no máximo deixam os filhos e buscam, mas
eles não sabem o que acontece lá. Qualquer mentira é difícil de desmentir”, reclama.
Postagens e pesquisas por “kit gay” disparam nas redes na eleição
A pedido da Pública, o Monitor do Debate Político no Meio Digital listou as dez
publicações mais compartilhadas que mencionam o “kit gay” no Facebook de 15 de
setembro a 15 de outubro. O monitor é um projeto do Grupo de Pesquisa em Políticas
Públicas para o Acesso à Informação da Universidade de São Paulo (USP).
No topo das publicações mais compartilhadas está o perfil oficial do candidato Jair
Bolsonaro, que reiteradamente se refere a Haddad como o “pai do kit gay”. A
publicação no Facebook, no dia 10 de outubro, que teve mais de 115 mil
compartilhamentos faz ataques a Haddad e reafirma que o petista é o criador do “kit”.
A segunda publicação com mais compartilhamentos foi feita pelo deputado federal
pelo PT, Enio Verri. Neste caso, a postagem questiona as afirmações de Bolsonaro
sobre o “kit” e traz uma entrevista de Haddad sobre o boato. A postagem teve 35 mil
compartilhamentos.
A terceira, quarta e quinta publicações com mais compartilhamentos são todas
favoráveis à versão de Bolsonaro, feitas por páginas como Brasil com Bolsonaro,
Somos Todos Bolsonaro e Movimento Brasil Livre (MBL). Juntas, elas somam 77 mil
compartilhamentos.
O Monitor rastreou também conteúdos antigos que voltaram a ser compartilhados no
período eleitoral. No topo deles, está uma postagem do site evangélico Gospel Prime,
que afirma que o “kit gay” seria reformulado e lançado até o fim do ano de 2011. A
postagem faz referência a uma matéria da revista Veja na qual Haddad afirmava que o
material anti-homofobia seria revisado, sem custos adicionais, após a pressão de
grupos religiosos. A postagem do Gospel Prime alcançou 140 mil compartilhamentos.
972
Além desse conteúdo, uma reportagem da revista Nova Escola, que esclarece do que
se tratava o material “escola sem homofobia”, também voltou a circular no Facebook.
O conteúdo de 2015 alcançou 22 mil compartilhamentos.
“As páginas que estão fazendo campanha para Bolsonaro claramente estão apelando
para exageros como ‘protejam suas crianças!’, sugerindo que o material seria nocivo
aos jovens. Do outro lado, a campanha de Haddad faz um grande esforço para
desmentir o caso, mas com o ônus de ter de esclarecer as nuances do projeto original”,
comenta o professor da USP e coordenador do Monitor, Márcio Moretto. Para o
pesquisador, como, de fato, houve uma tentativa do PT de produzir material de
conscientização sobre a homofobia, foi criada uma zona cinzenta fértil para todo tipo
de abusos.
Família Bolsonaro e pastor Malafaia lideram menções ao “kit gay”
A Pública, através do Crowdtangle – ferramenta de monitoramento do Facebook,
Twitter e Instagram –, pesquisou os conteúdos com maior número de engajamento
nas três redes que mencionaram o “kit gay” na semana anterior à votação de primeiro
turno e na seguinte. O resultado: Jair Bolsonaro, seu filho Carlos (PSL-RJ) e o pastor
Silas Malafaia estão entre os autores que alcançaram maior engajamento citando o
“kit”.
O pastor Silas Malafaia também é autor de um vídeo no qual Bolsonaro afirma que
Haddad é o pai do “kit gay”. Apenas essa publicação teve mais de 210 mil visualizações
em cerca de 24 horas e quase 7,5 mil compartilhamentos. Malafaia é um tuiteiro
contumaz sobre o kit: desde 1º de outubro, o pastor fez 15 postagens sobre o “kit gay”
– média de um tuíte por dia –, todas associadas ao candidato do PT. No mesmo
período, Malafaia fez apenas oito tuítes com a palavra “Deus”.
Outras páginas de Facebook de conteúdo religioso também relacionaram o PT à
criação do material. Frases de Fé, Paraclitus, Apocalink e O Leão de Judá estão entre as
que mais geraram compartilhamentos. Páginas de apoio a Bolsonaro também
disseminam o conteúdo, como a Somos Todos Bolsonaro, Chega de Corruptos – mais
de uma vez no mesmo dia –, Brasil Verde e Amarelo, Exército Bolsonaro, Eu Vou Votar
no Bolsonaro, Direita Opressora e Bolsonaro Sarcástico. Ao todo, essas páginas
geraram quase 14 mil reações e mais de 85 mil compartilhamentos.
Segundo a ferramenta de pesquisa do Google, o Trends, a quantidade de buscas na
internet sobre o termo “kit gay” em setembro de 2018 foi a maior já registrada,
superando até quando o assunto eclodiu pela primeira vez em 2011. Entre os assuntos
973
mais relacionados a essa busca estão “escola” e os dois candidatos à presidência:
“Bolsonaro” e “Haddad”.
Boatos encontram no WhatsApp terreno ideal
Os responsáveis pelas iniciativas de checagem de boatos E-Farsas e Boatos.org são
unânimes em concordar que o “kit gay” tem sido um argumento onipresente na
campanha política deste ano.
Como explica Edgard Matsuki, fundador do site Boatos.org, as buscas pelo “kit”
cresceram significativamente no período de eleições, assim como as correntes que
foram desmentidas pelos checadores. “Não entramos na discussão principal se Haddad
é pai do “kit gay” ou não, porém tudo que é imagem que não fazia parte do projeto
original, aí sim, a gente entrou”, explica.
Segundo Matsuki, uma das imagens mais utilizadas é a de uma campanha do
Ministério da Saúde de combate ao HIV voltada para adultos, que é apresentada como
se fosse material do conteúdo desenvolvido para as escolas. “Por mais que você
mostre o fato objetivo, que não é esse o material de escola, as pessoas não querem
ouvir muito. Por outro lado, tem muita gente que compartilha a informação correta
para tentar esclarecer. Posso te deixar claro que, sem dúvida, esse é um dos temas que
mais estão sendo falados nas eleições, principalmente utilizado como argumento para
voto ou não voto”, avalia.
Na impressão de Gilmar Lopes, criador do E-Farsas, os boatos sobre o kit gay”
circularam com força no primeiro turno, mas voltaram de forma ainda mais intensa
com a definição do confronto entre Bolsonaro e Haddad. “É a mesma corrente de anos
atrás, mas com uma nova roupagem. Quando desmentimos essas histórias, muita
gente fica brava, nos acusam de não sermos imparciais. Há quem diga que, mesmo
sendo mentira, eu não deveria desmentir para não atrapalhar a candidatura do outro
lado”, relata.
“De forma geral, questões identitárias, que envolvem uma série de preconceitos como
homofobia, machismo etc., estão mais proeminentes neste debate atual que outros
temas macro, como políticas públicas, habitação, saneamento básico e educação”,
afirma o pesquisador da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio
Vargas (FGV), Lucas Calil.
O grupo vem monitorando o debate nas redes sociais desde 2013 e avaliou, no
domingo das votações do 1º turno, mais de 1,7 milhão de menções com ofensas no
974
Twitter relacionadas às eleições. No levantamento, LGBTs foram o terceiro tema mais
citado em postagens ofensivas — nordestinos ficaram em primeiro lugar. Em segundo,
vieram discussões sobre nazismo e fascismo.
Segundo Calil, os confrontos nas redes digitais sobre temas como o “kit gay” e direitos
LGBT têm se dado de forma ainda mais intensa que nas eleições de 2014. Na análise do
pesquisador, atualmente, fora os direitos LGBT e questões de gênero, os outros únicos
temas que têm se mostrado tão capazes de engajamento nas redes são a corrupção e
a segurança pública.
O problema é que as redes mais facilmente rastreáveis, como Facebook e Twitter, são
apenas a ponta do iceberg na disseminação de conteúdos sobre o “kit gay”. De acordo
com o pesquisador do Instituto de Internet da Universidade de Oxford, na Inglaterra,
Caio Machado, as mensagens de WhatsApp têm apresentado mais frequentemente
discursos de ódio ligado a temas como a homossexualidade que as de outras redes
como o Twitter e o Facebook. “O material que circula no WhatsApp, de certa forma,
não tem dono. Ele tem uma retórica própria, que pode ser falaciosa. Você nunca vai
remontar quem criou ou disse aquilo. Além disso, é muito difícil você mensurar o que é
disparado diretamente pelas campanhas e o que é feito por usuários”, avalia.
Segundo o pesquisador, que prepara uma pesquisa sobre conteúdos no WhatsApp no
contexto das eleições brasileiras, o cenário nacional tem sido diferente da eleição de
Donald Trump, entre outros motivos, justamente pela predominância do aplicativo em
nosso país. “O Brasil sozinho tem quase 10% dos usuários do WhatsApp do mundo. Os
Estados Unidos são mais Facebook e Twitter, e isso se revelou inclusive na
disseminação de notícias falsas: o que a gente detectou no Twitter no Brasil foi o
menor índice de notícias falsas até agora, não tem porque alguém se expor lá se você
tem essa massa de WhatsApp disponível”, avalia.
Boatos do “kit gay” definem aliados e inimigos e espalham pânico social
Em 2012, a coordenadora do Núcleo de Estudos da Diversidade Sexual e de Gênero do
Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares da Universidade de Brasília (UnB),
Tatiana Lionço, tornou-se alvo de uma campanha difamatória na internet conduzida
por Bolsonaro, então deputado federal.
À época, Tatiana falou sobre sexualidade na infância durante o IX Seminário LGBT na
Câmara. “Bolsonaro editou a minha fala e levou a sociedade a entender que eu estaria
defendendo a ‘homossexualidade infantil’, começaram a produzir conteúdos dizendo
que eu estaria fazendo inclusive um estímulo à pedofilia”, relata a pesquisadora. Dois
975
anos depois, a Câmara dos Deputados publicou nota sobre o evento, com o conteúdo
das palestras na íntegra. “Essa é uma das pautas que mais mobiliza ódio e repulsa
social. A figura do pedófilo e do abusador sexual de crianças é uma das figuras do
monstro moral contemporâneo”, afirma Tatiana.
Tatiana acionou a Procuradoria-Geral da República e o Ministério Público pelos crimes
de difamação e calúnia, mas os processos foram arquivados porque ambas as
instituições entenderam que a questão deveria ser tratada no âmbito civil, como danos
morais. A pesquisadora enviou ofício também à Presidência da Câmara e a resposta
que obteve foi que o deputado estava protegido pela liberdade de expressão. “O
Estado brasileiro foi absolutamente conivente com isso”, desabafa.
Para o doutor em ciência política e pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisas
sobre a Mulher da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Thiago Coacci, a
pauta do “kit gay” é um gatilho utilizado para despertar o pânico moral. “Pânicos
morais são um fenômeno já identificado desde a década de 1960 pelas ciências sociais.
Eles ocorrem quando há um relativo consenso na sociedade ou em parte significativa
dela de que um grupo de pessoas ou comportamento ameaça a ordem social. Por
serem um fenômeno social de massa, são muito utilizados politicamente”, explica.
Segundo o pesquisador, no atual contexto brasileiro, movimentos feministas e LGBT
são associados à suposta degradação de valores, e isso não ocorre por acaso. “Pânicos
morais não são fenômenos irracionais ou que ocorrem espontaneamente,
frequentemente são frutos da ação coordenada e intencional de grupos organizados,
como igrejas ou partidos”, afirma Coacci.
De acordo com a pesquisadora da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação Magali Cunha, especialista em comunicação, religião e política, embora a
crítica a direitos LGBT gere um consenso entre os principais líderes evangélicos,
sobretudo os pentecostais, o mesmo não ocorre com os fiéis.
Na visão da pesquisadora, essas pessoas, embora não concordem necessariamente
com discursos extremistas dos líderes das igrejas, acabam sem meios para contrapor
essas posições. “Boa parte dos pastores midiáticos, esses que exercem maior
influência, como o Malafaia, são donos de igrejas. Nesse caso, não tem nenhum
questionamento, diferente de outras igrejas em que há eleições para pastores ou
escolhas dentro de uma forma mais participativa. Esses líderes se sustentam porque
não há nenhuma organização institucional que questione a autoridade deles”, avalia.
Contudo, como aponta a pós-doutoranda em ciência política na UFMG, Viviane
Gonçalves, utilizar discursos morais em campanhas políticas não é uma exclusividade
976
de 2018. “Em 1989, Fernando Collor levou a público a história – posteriormente
desmentida – de que Lula teria pedido à mãe de sua filha Lurian que a abortasse. Em
2010, Dilma Rousseff e José Serra também protagonizaram acusações e explicações
quanto à temática do aborto. No último pleito, em 2014, a capacidade ou competência
de Rousseff para governar foi questionada num explícito alinhamento ao debate
quanto ao lugar das mulheres ser no ambiente doméstico ou fora de casa, inclusive
com atuação direta nas tomadas de decisões”, relembra.
Apoiadores de Bolsonaro realizaram pelo menos 50 ataques em todo o país
Levantamento inédito contabilizou relatos de agressões e ameaças contra pessoas em
18 estados e no DF nos últimos dez dias; 6 apoiadores do candidato do PSL também
foram agredidos
Polêmica sobre “kit” silencia problemas reais como abuso sexual e intolerância
Se, por um lado, os boatos sobre o “kit gay” se alimentam da preocupação de pais com
suas crianças, por outro, eles acabam tomando o lugar de debates de problemas reais,
como assédio sexual e a violência contra jovens LGBT. “Nós deveríamos ter o direito de
conversar abertamente sobre isso, inclusive porque existem muitos crimes e muitas
violências relacionadas à sexualidade”, afirma Tatiana Lionço.
Thiago Coacci relembra que o objetivo que levou à formulação do kit “Escola sem
homofobia” para as escolas: facilitar atividades para a promoção do respeito e o fim da
violência contra mulheres e a população LGBT. “Discutir gênero e sexualidade nas
escolas é uma forma de concretizar direitos à liberdade, igualdade e, em última
instância, até mesmo o direito à vida, que nos é negado tantas vezes por meio de
assassinatos LGBTfóbicos”, argumenta.
Enquanto o debate não avança, a professora Renata Bragança, que continua
recebendo correntes sobre o “kit gay” nas escolas, segue precisando intervir para
diminuir a violência gerada por preconceito no ambiente escolar. “É engraçado que a
gente tem que ficar o tempo todo mediando homofobia na sala de aula, aluno
xingando o outro de ‘viadinho’, batendo no outro, e ninguém está preocupado com
isso, com o problema de fato”, lamenta.
Leia a checagem que desmente que Haddad teria criado o “kit gay” – material
encomendado pela Câmara nunca foi distribuído e era, na verdade, para promover
tolerância e contra discriminação de homossexuais.
977
Atualização às 17h20 de 17 de outubro de 2018
Corrigimos a sigla da Universidade de Brasília (UnB) na reportagem e também o crédito
da pesquisadora Viviane Gonçalves
https://apublica.org/2018/10/a-eleicao-do-kit-gay/
TSE DETERMINA REMOÇÃO DE VÍDEOS DE BOLSONARO SOBRE "KIT GAY" NO
FACEBOOK
Rafael Moraes Moura, Estadão reproduzido pelo Uol, 16 de outubro de 2018
O ministro Carlos Horbach, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou a remoção
de seis postagens no Facebook e no YouTube em que o candidato do PSL à Presidência
da República, Jair Bolsonaro, faz críticas ao livro "Aparelho Sexual e Cia." e afirma que
a obra integraria material a ser distribuído a escolas públicas na época em que
Fernando Haddad (PT) comandava o Ministério da Educação.
No vídeo, Bolsonaro afirma que o livro é "uma coletânea de absurdos que estimula
precocemente as crianças a se interessarem pelo sexo". "No meu entender, isso é uma
porta aberta para a pedofilia", diz o candidato do PSL, que ainda afirma que "esse é o
livro do PT".
Em nota, o Ministério da Educação (MEC) já afirmou em diversas oportunidades que
não produziu nem adquiriu ou distribuiu "Aparelho Sexual e Cia.", esclarecendo que o
livro é uma publicação da editora Companhia das Letras publicada em 10 idiomas.
"É igualmente notório o fato de que o projeto 'Escola sem Homofobia' não chegou a
ser executado pelo Ministério da Educação, do que se conclui que não ensejou, de
fato, a distribuição do material didático a ele relacionado. Assim, a difusão da
informação equivocada de que o livro em questão teria sido distribuído pelo MEC gera
desinformação no período eleitoral, com prejuízo ao debate político, o que recomenda
a remoção dos conteúdos com tal teor", concluiu Horbach.
Os advogados do PT afirmam que, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, no
dia 28 de agosto, Bolsonaro mentiu e difundiu a falsa ideia de que o livro seria
distribuído em escolas públicas.
"O candidato vem proferindo esta grave mentira há mais de dois anos. A informação
de que o livro seria distribuído em escolas públicas começou a ser difundida por
978
Bolsonaro no dia 10 de janeiro de 2016 através de um vídeo que publicou no
Facebook", observa a coligação de Haddad.
Em outra representação, o ministro negou um pedido do PT para remover uma
entrevista de Bolsonaro concedida ao programa "Pânico", na qual o deputado federal
faz referência ao material didático do projeto "Escola sem homofobia" como sendo o
"kit gay", atribuindo a responsabilidade pela sua elaboração a Fernando Haddad.
"É possível concluir que os representantes buscam impedir que o candidato
representado chame o material didático do projeto 'Escola sem Homofobia' de 'kit
gay'. Tal pretensão, caso acatada pelo Poder Judiciário, materializaria verdadeira
censura contra o candidato representado, que estaria impedido de verbalizar, de
acordo com suas concepções, críticas à gestão do concorrente à frente do Ministério
da Educação", observou Horbach.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/agenciaestado/2018/10/16/tse-determina-remocao-de-videos-de-bolsonaro-sobre-kit-gay-nofacebook.htm
VALE MAIS DEFENESTRAR O ‘KIT GAY’ OU PROTEGER CRIANÇAS DO ABUSO SEXUAL?
EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS PODERIA SER UMA ARMA EFICAZ CONTRA
ABUSADORES, MAS A HISTERIA IDEOLÓGICA É O TIRO PELA CULATRA DE QUEM SE DIZ
DEFENSOR DA FAMÍLIA
Breiller Pires, El País, 18 de outubro de 2018
979
Bolsonaro protesta contra ’kit gay’ no plenário da Câmara. AGÊNCIA BRASIL
Enxurrada de notícias falsas, campanhas baseadas em mentiras, teorias conspiratórias
sem pé nem cabeça virando verdade absoluta em grupos de Whatsapp. As eleições
2018 representam uma frustração diária para que lida com informação. Mas se tem
algo que enche de tristeza um jornalista neste momento é ver tanta gente aderindo à
paranoia do ‘kit gay’.
Há bastante tempo investigo casos de abuso sexual de crianças no futebol. Vi de perto
a dor de vítimas e familiares. Me dá uma profunda agonia que o sofrimento dessas
pessoas seja utilizado como moeda eleitoral, de forma distorcida e irresponsável, pelo
candidato a presidente que diz defender os valores da família.
A maioria dos pais de garotos abusados por treinadores, preparadores e dirigentes
admite jamais ter conversado sobre sexo com os filhos. É quase unanimidade entre
especialistas (psicólogos, assistentes sociais, sexólogos, médicos etc.), e eu já devo ter
conversado sobre o tema com dezenas deles, de diferentes áreas, que a educação
sexual na infância ajuda a prevenir abusos contra crianças e adolescentes.
Por isso, há um projeto de lei no Congresso Nacional, apoiado até mesmo por
parlamentares conservadores, que pretende obrigar clubes e escolinhas de futebol a
adotar medidas para evitar o abuso em suas dependências. Uma delas é justamente
oferecer o básico de educação sexual aos jovens atletas. O que isso significa? Explicar
que tipo de toque dos adultos eles não devem permitir, os limites do contato físico
980
com técnicos e massagistas durante a prática esportiva e a quem recorrer caso sofram
assédio de qualquer espécie.
O tal “kit gay”, que não chegou a existir na prática, nada mais é que uma proposta de
levar educação sexual às escolas. Seu objetivo nunca foi pregar que menino deve
brincar de boneca e menina de carrinho, muito menos estimular incesto ou erotização
precoce, mas apenas disponibilizar informação a um grupo vulnerável de pessoas que
não costuma receber em casa o devido esclarecimento – por vergonha, abandono,
desconhecimento, pelo tabu.
E por que é necessário abordar as questões de gênero na educação sexual?
Para ficar no exemplo do futebol, os casos que apurei (são mais de 120 num período
de sete anos) envolvem vítimas do sexo masculino. Um dos principais motivos para os
garotos resistirem em denunciar os abusos é o medo de ser tachado como
homossexual. Abuso é crime. É preciso dizer a eles que o fato de terem sido assediados
ou molestados não altera a orientação sexual, tampouco interfere na sexualidade.
Abusadores se aproveitam do preconceito para garantir o silêncio das vítimas.
Enquanto reinar o preconceito, eles agirão impunemente.
Em seus 28 anos na Câmara dos Deputados, Jair Bolsonaro ventilou ideias na linha
repressora, como castração química e aumento de penas para estupradores, em
resposta à violência sexual. Porém, carece de propostas objetivas no campo da
prevenção e presta um enorme desserviço à proteção dos direitos infantojuvenis ao
contribuir para desqualificar a alternativa mais eficiente de se combater abusos sob o
estigma de “kit gay”.
Zelar pelas crianças é causa nobre. No entanto, oportunismo e desinformação são o
insumo da ignorância. Converse com seus filhos, busque fontes diversas de
conhecimento, assuma o compromisso de não passar para frente “notícias” de
procedência duvidosa, pesquise antes de tomar uma piada como verdade e,
independentemente do seu voto, preserve o mínimo de bom senso.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/18/deportes/1539895132_663874.html
UOL, PÁGINA INICIAL, 18 OUT 2018 7H22MIN. EMPRESAS BANCAM CAMPANHA
CONTRA PT NAS REDES SOCIAIS; PRÁTICA É ILEGAL
981
EMPRESÁRIOS BANCAM CAMPANHA CONTRA O PT PELO WHATSAPP. COM
CONTRATOS DE R$ 12 MILHÕES, PRÁTICA VIOLA A LEI POR SER DOAÇÃO NÃO
DECLARADA
Patrícia Campos Mello, Folha/Uol,, 18 de outubro de 2018
Empresas estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT
no WhatsApp ( https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/10/como-owhatsappcombate-a-desinformacao-no-brasil.shtml ) e preparam uma grande operação na
semana anterior ao segundo turno.
A prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/candidatos-doaram-r-158-milhoes-asproprias-campanhas.shtml ) por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não
declarada.
A Folha apurou que cada contrato chega a R$ 12 milhões e, entre as empresas
compradoras, está a Havan ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/donodahavan-nega-que-tenha-coagido-funcionarios-para-voto-em-bolsonaro.shtml ). Os
contratos são para disparos de centenas de milhões de mensagens.
As empresas apoiando o candidato Jair Bolsonaro (PSL) compram um serviço chamado
"disparo em massa", usando a base de usuários do próprio candidato ou bases
vendidas por agências de estratégia digital. Isso também é ilegal, pois a legislação
eleitoral proíbe compra de base de terceiros, só permitindo o uso das listas de
apoiadores do próprio candidato (números cedidos de forma voluntária).
982
Quando usam bases de terceiros, essas agências oferecem segmentação por região
geográfica e, às vezes, por renda. Enviam ao cliente relatórios de entrega contendo
data, hora e conteúdo disparado.
Entre as agências prestando esse tipo de serviços estão a Quickmobile, a Yacows, Croc
Services e SMS Market.
Os preços variam de R$ 0,08 a R$ 0,12 por disparo de mensagem para a base própria
do candidato e de R$ 0,30 a R$ 0,40 quando a base é fornecida pela agência.
As bases de usuários muitas vezes são fornecidas ilegalmente por empresas de
cobrança ou por funcionários de empresas telefônicas.
Empresas investigadas pela reportagem afirmaram não poder aceitar pedidos antes do
dia 28 de outubro, data da eleição, afirmando ter serviços enormes de disparos de
WhatsApp na semana anterior ao segundo turno comprados por empresas privadas.
Questionado se fez disparo em massa, Luciano Hang (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/quanto-mais-eu-malho-o-pt-mais-euvendo-dizdono-de-rede-que-apoia-bolsonaro.shtml ), dono da Havan (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/justicaproibe-dono-da-havan-derealizar-atos-politicos-com-funcionarios-e-compara-a-voto-de-cabresto.shtml ), disse
que não sabe "o que é isso". "Não temos essa necessidade. Fiz uma 'live' aqui agora.
Não está impulsionada e já deu 1,3 milhão de pessoas. Qual é a necessidade de
impulsionar? Digamos que eu tenha 2.000 amigos. Mando para meus amigos e
viraliza."
Procurado, o sócio da QuickMobile, Peterson Rosa, afirma que a empresa não está
atuando na política neste ano e que seu foco é apenas a mídia corporativa. Ele nega
ter fechado contrato com empresas para disparo de conteúdo político.
Richard Papadimitriou, da Yacows, afirmou que não iria se manifestar. A SMS Market
não respondeu aos pedidos de entrevista.
Na prestação de contas do candidato Jair Bolsonaro (PSL) (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/eleicoes/2018/presidente/jair-bolsonaro280000614517.shtml ), consta apenas a empresa AM4 Brasil Inteligência Digital, como
tendo recebido R$ 115 mil para mídias digitais.
Segundo Marcos Aurélio Carvalho, um dos donos da empresa, a AM4 tem apenas 20
pessoas trabalhando na campanha. "Quem faz a campanha são os milhares de
983
apoiadores voluntários espalhados em todo o Brasil. Os grupos são criados e nutridos
organicamente", diz.
Ele afirma que a AM4 mantém apenas grupos de WhatsApp para denúncias de fake
news ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/presidente-do-tse-pede-abolsonaro-e-haddad-tres-medidas-contra-fake-news.shtml ), listas de transmissão e
grupos estaduais chamados comitês de conteúdo.
No entanto, a Folha apurou com ex-funcionários e clientes que o serviço da AM4 não
se restringe a isso.
Uma das ferramentas usadas pela campanha de Bolsonaro é a geração de números
estrangeiros automaticamente por sites como o TextNow.
Funcionários e voluntários dispõem de dezenas de números assim, que usam para
administrar grupos ou participar deles. Com códigos de área de outros países, esses
administradores escapam dos filtros de spam e das limitações impostas pelo
WhatsApp —o máximo de 256 participantes em cada grupo e o repasse automático de
uma mesma mensagem para até 20 pessoas ou grupos.
Os mesmos administradores também usam algoritmos que segmentam os membros
dos grupos entre apoiadores, detratores e neutros, e, desta maneira, conseguem
customizar de forma mais eficiente o tipo de conteúdo que enviam.
Grande parte do conteúdo não é produzida pela campanha —vem de apoiadores.
Os administradores de grupos bolsonaristas também identificam "influenciadores":
apoiadores muito ativos, os quais contatam para que criem mais grupos e façam mais
ações a favor do candidato. A prática não é ilegal.
Não há indício de que a AM4 tenha fechado contratos para disparo em massa;
Carvalho nega que sua empresa faça segmentação de usuários ou ajuste de conteúdo.
As estimativas de pessoas que trabalham no setor sobre o número de grupos de
WhatsApp anti-PT são muito vagas —vão de 20 mil a 300 mil— pois é impossível
calcular os grupos fechados.
Diogo Rais ( https://www1.folha.uol.com.br/colunas/diogo-rais/ ), professor de direito
eleitoral da Universidade Mackenzie, diz que a compra de serviços de disparo de
WhatsApp por empresas para favorecer um candidato configura doação não declarada
de campanha, o que é vedado.
984
Ele não comenta casos específicos, mas lembra que dessa forma pode-se incorrer no
crime de abuso de poder econômico e, se julgado que a ação influenciou a eleição,
levar à cassação da chapa.
EM MG, ROMEU ZEMA CONTRATOU EMPRESA DE IMPULSIONAMENTO
O candidato ao governo de Minas do partido Novo, Romeu (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/surpresa-na-eleicao-de-mg-zema-sediz-anti-pt-e-aguarda-partido-sobreapoio-a-bolsonaro.shtml )Zema (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/surpresa-na-eleicao-de-mg-zema-sedizanti-pt-e-aguarda-partido-sobre-apoio-a-bolsonaro.shtml ), declarou ao Tribunal
Superior Eleitoral pagamento de R$ 200 mil à Croc Services por impulsionamento de
conteúdos. O diretório estadual do partido em Minas gastou R$ 165 mil com a
empresa.
A Folha teve acesso a propostas e trocas de email da empresa com algumas
campanhas oferecendo disparos em massa usando base de dados de terceiros, o que é
ilegal.
Indagado pela Folha, Pedro Freitas, sócio-diretor da Croc Services, afirmou: "Quem
tem de saber da legislação eleitoral é o candidato, não sou eu."
Depois, recuou e disse que não sabia se sua empresa prestara serviço para Zema.
Posteriormente, enviou mensagem afirmando que conferiu seus registros e que
vendera pacotes de disparo em massa de WhatsApp, mas só a bases do próprio
candidato, filiados ao partido e apoiadores de Zema —o que é legal.
Procurada, a campanha afirmou que "contratou serviço de envio de mensagem
somente por WhatsApp para envio aos filiados do partido, pessoas cadastradas pelo
website e ações de mobilização de apoiadores".
A Folha apurou que eleitores em Minas receberam mensagens em WhatsApp
vinculando o voto em Zema ao voto em Jair Bolsonaro (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/surpresa-no-2o-turno-de-mg-zemasurfaem-bolsonaro-e-ja-ameaca-deputados.shtml ) dias antes do primeiro turno.
Zema, que estava em terceiro nas pesquisas, terminou em primeiro.
Colaboraram Joana Cunha e Wálter Nunes
985
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/empresarios-bancam-campanhacontra-o-pt-pelo-whatsapp.shtml
É HORA DE SE DEBRUÇAR SOBRE A PROPAGANDA EM REDE DE BOLSONARO. MUITOS
DE NÓS ESTÃO EM BUSCA DE EXPLICAÇÕES PARA O TSUNAMI DE VOTOS EM
CANDIDATURAS ANTISSISTEMA E ANTIPETISTAS NO 1º TURNO DAS ELEIÇÕES
BRASILEIRAS DE 2018
Francisco Brito Cruz e Mariana Giorgetti Valente, El País, 18 de outubro de 2018
Muitos de nós estão em busca de explicações para o tsunami de votos em
candidaturas antissistema e antipetistas no 1º turno das eleições brasileiras de 2018.
Como essas candidaturas com pouco tempo de televisão e menos receitas declaradas à
Justiça Eleitoral puderam passar por cima de lideranças consolidadas e com amplo
acesso a recursos?
Grande parte das tentativas de explicação passa pela internet e pela campanha nas
redes sociais. Algumas delas vêm tentando associar ao fenômeno brasileiro
acontecimentos de outros processos eleitorais, ocorridos em especial nos EUA e na
União Europeia. Revelações publicadas na Folha de S.Paulo, de outro lado, apontaram
a participação ilegal de empresários brasileiros no envio de spam pró-Bolsonaro “em
massa”, com vistas a impactar eleitores.
Dois personagens simbolizam tipos de explicações sobre o que ocorreu. O primeiro é
Steve Bannon, o estrategista político da campanha de Donald Trump, chefe de redação
do site de extrema direita Breitbart News e colaborador da Cambridge Analytica,
polêmica empresa de marketing político. O segundo é Luciano Hang, empresário
brasileiro, dono da empresa Havan, e apoiador de Jair Bolsonaro. Como se relacionam
essas explicações, ou, ainda, o que está acontecendo na internet brasileira?
Tentativas de explicação, e uma ponta de iceberg
A explicação que passa por Bannon corre há mais tempo no período eleitoral. Um
retrato de um sorridente Eduardo Bolsonaro ao lado de Bannon em Manhattan, em
agosto deste ano, alimentou a ideia de que a ascensão do ex-capitão brasileiro
derivaria do uso das táticas utilizadas por Trump na Cambridge Analytica, empresa que
foi pivô de um escândalo em abril deste ano, por ter utilizado dados não autorizados
de milhões de usuários do Facebook para campanhas eleitorais.
986
Essas táticas foram reveladas por um ex-funcionário da Cambridge Analytica à
imprensa. A empresa usou um “quiz de personalidade” no Facebook para coletar
dados pessoais de usuários e de seus amigos e, assim, construir perfis psicométricos
minuciosos sobre eles. Em seguida, o banco de perfis foi utilizado para informar as
campanhas dos clientes da Cambridge Analytica, servindo para customizar a cada um
dos eleitores anúncios hiperpersonalizados. Trata-se do chamado
“microdirecionamento”: usar ferramentas de propaganda paga na rede torna possível
catapultar aquele anúncio para o feed daquela pessoa, o que amplia muito as
possibilidades de convencimento. Agregando uma imensa quantidade de informações
pessoais dos eleitores, a estratégia de Steve Bannon teria inflado o campo conservador
enviando a mensagem exata que o eleitor precisava ouvir e assim se comportar como
queria a campanha de Donald Trump, ajudando sua eleição. A manipulação de
sentimentos em favor de estratégias eleitorais e a falta de transparência do uso desses
dados pessoais acabou submetendo Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, a uma longa
audiência pública no Congresso Americano e levando ao fechamento da Cambridge
Analytica.
O encontro de Bannon com Eduardo Bolsonaro foi catalisador de uma narrativa de que
os resultados eleitorais no Brasil seriam explicáveis por aquela técnica de envio de
anúncios “microdirecionados”. A ideia é a de que seria possível apontar um motor
centralizado de manipulação dos brasileiros, com grandes interesses estrangeiros por
trás. Um texto viralizou nas redes, afirmando que o esquema explicaria o
comportamento dos brasileiros neste processo eleitoral, tese que vem sendo repetida
frequentemente por outras matérias, textos opinativos e vídeos compartilhados nas
redes anti-Bolsonaro.
Com a descoberta pela Folha de S. Paulo de que empresas apoiadoras da campanha de
Bolsonaro pagaram valores de até R$ 12 milhões em contratos que visavam o disparo
de mensagens de WhatsApp “em massa”, o cenário parece começar a se apresentar
em sua real complexidade. Os valores não foram declarados à Justiça Eleitoral e as
bases de dados telefônicos teriam sido obtidas lícita e ilicitamente. Um dos
personagens que figura nesta explicação é Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan
e indicado pelo jornal como um dos participantes do esquema. Mas a injeção de
recursos ilícitos e trabalho de comunicação profissionalizado é a ponta de um iceberg
que ainda tem muito para ser explorado.
A infraestrutura de propaganda em rede
987
Se Steve Bannon ofereceu mesmo alguma forma de suporte à campanha de Bolsonaro
e de outros aliados não sabemos ainda. É muito possível também que, nos próximos
dias, venham à tona mais descobertas sobre poder econômico e ilicitudes por trás da
produção e disseminação de conteúdos pelas redes.
Nas tentativas de explicação, faltam ainda boas hipóteses e formulações conceituais
para compreensão da estruturação da campanha de Bolsonaro nas redes, que
articulem todos os indícios disponíveis. Observando o desenvolvimento da campanha e
o conjunto de evidências, parece ser possível afirmar que a campanha acontece a
partir de uma infraestrutura de propaganda em rede. O conceito aproveita o
diagnóstico dos pesquisadores estadunidenses Yochai Benkler, Robert Faris e Hal
Roberts, da Universidade de Harvard, no recém-lançado livro “Network Propaganda”,
de que campanhas políticas no ambiente digital vêm se aproveitando de dinâmicas de
rede para se fortalecer. É claro, essas dinâmicas são localizadas e apoiam-se em
fatores conjunturais.
Não parece que tenha sido utilizada, no Brasil, uma tática de propaganda no estilo
“escândalo Cambridge Analytica”, ou seja, centrada na compra de anúncios em redes
sociais para envio de propaganda “microdirecionada”. Não há, pelo menos ainda,
indícios de nenhuma grande campanha de anúncios pagosna internet pelos candidatos
da família Bolsonaro, nem nas prestações de contas perante a Justiça Eleitoral, nem na
ferramenta do Facebook que dá transparência aos anúncios pagos que tratam de
política (conforme descrevemos aqui). Ainda, os candidatos do PSL, grande surpresa
nas eleições legislativas, não tiveram gastos significativos com propaganda paga
(segundo as mesmas fontes consultadas acima), e, quando gastaram, não
demonstraram nenhuma sofisticação na compra de públicos segmentados à la
Cambridge Analytica. Foram feitos anúncios pagos, porém direcionados a grandes
públicos, com segmentações amplas (como por Estados) e conteúdos simples (espécies
de “santinhos virtuais”). As páginas apoiadoras de Jair Bolsonaro e companhia (já
mapeadas aqui), que poderiam estar impulsionando os conteúdos para públicos
hipersegmentados em seu lugar, tampouco estão tendo gastos significativos no
Facebook.
Ao mesmo tempo, o candidato a presidente do PSL manteve-se como o mais
procurado no Google e foi sobre quem mais se tuitou no período eleitoral. Candidatos
ao Congresso vinculados a ele são influenciadores com números altíssimos de
seguidores e compartilhamentos no Twitter e no YouTube. Enormes fanpages
apoiadoras no Facebook propagam suas ideias, visibilizam suas figuras e viralizam
conteúdos de campanha.
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A ausência de investimento em anúncios em qualquer uma das redes sociais corrobora
a hipótese de que a força política dessa onda capitaneada pela candidatura de
Bolsonaro nas redes sociais resulta de um esforço distribuído e capilarizado, contando
com um misto coordenado de esforço contratado com outro voluntário e espontâneo,
visivelmente maior do que o de seus adversários. Nessa hipótese, as comunicações de
campanha não chegam nos usuários a partir de hipersegmentação por interesses e
dados de personalidade, mas a partir de uma infraestrutura que mistura elementos
novos da comunicação digital com velhos conhecidos da propaganda política, como as
listas de números de telefone.
Símbolo desse tipo de esforço distribuído e uma das formas de comunicação mais
utilizadas entre os brasileiros, o WhatsApp ocupa um papel importante no cenário.
Sendo um aplicativo de mensagens criptografadas, o “zap” não oferece espaço para
publicidade nem para direcionamento das mensagens a grupos de pessoas específicos
- a mensagem realmente só se dissemina se alguém passar para frente ou se alguém
furar o bloqueio de spams da empresa e disparar mensagens em massa (aí parecendo
figurar o esforço de empresários como Luciano Hang). Ainda, a viralização dessas
mensagens e sua conversão em voto deve depender de muitos “carteiros voluntários”
em todo país, uma massa de repassadores de conteúdo que faz com que a mensagem
chegue até “a última milha” (ou seja, até os grupos de família, amigos e no fluxo de
mensagens entre indivíduos) e ali seja defendida.
Articulada em rede, essa infraestrutura de propaganda ganha eficiência quando os
administradores de grupos se coordenam, atuando como “nós” importantes da rede
por concentrar muitas conexões e melhorar o fluxo. Ganha eficiência também quando
militantes plugam nela não só seu tempo e rede pessoal, mas grandes recursos
financeiros e ferramentas mais sofisticadas, como parece ser o caso de Hang.
Assim, no WhatsApp (e possivelmente nas outras plataformas de comunicação), a
gestão de tal infraestrutura parece contar com um misto de trabalho pago e
voluntário, com estrutura descentralizada.
Do lado pago, há os gastos declarados à Justiça Eleitoral, direcionados a esse tipo de
comunicação: como foi divulgado recentemente, Jair Bolsonaro pagou R$ 115 mil a
uma empresa do Rio de Janeiro para administrar e alimentar com conteúdos pelo
menos 1500 grupos de WhatsApp em seu apoio. Neste lado também estão os
investimentos ilícitos, muito mais difíceis de se mensurar, em ilegalidade dupla: são
recursos não declarados, e oriundos de empresas, que, de acordo com decisão do
Supremo Tribunal Federal na ADI 4650, em 2015, não podem financiar campanhas. O
esquema revelado aponta para pagamentos para que empresas de comunicação
989
prestem serviços de alimentação de grupos, mas também para uma espécie de “spam”
- a versão online dos antigos SMS e ligações para listas de telefones.
Resta muita dúvida ainda sobre a sofisticação da administração de grupos provida por
empresas, pois, conforme revelou a Folha, não há clareza se elas atuam apenas em
grupos públicos (acessíveis por links) ou também nos privados, mais difíceis de se
investigar, e sobre como funcionam ferramentas de automatização ou mesmo de
segmentação de mensagens para diferentes tipos de grupos. Entretanto, está claro
que o arranjo é tanto mais eficiente quanto que consiga entregar mensagens de
propaganda ao maior número de pessoas na ponta da linha do que os concorrentes. A
eficiência também parece estar ligada à aderência das mensagens à conjuntura política
e aos sentimentos das pessoas, ganhando assim mais chance de serem passadas
adiante.
Ainda, ao se constituir em rede (como a própria Web), a produção das imagens,
vídeos, links e áudios que ali trafegam também não precisa ser centralizada: ela fica
aberta a um outro possível exército de voluntários e militantes, que pode também se
plugar àquela infraestrutura para a propaganda ser distribuída no WhatsApp e nos
outros meios.
Uma infraestrutura construída no tempo e à brasileira
Já em maio de 2017, a BBC Brasil reportava a existência de rede de militância próBolsonaro, fomentada por ele próprio, que fazia parte de centenas de grupos
apoiadores no WhatsApp e se engajou pessoalmente na comunicação com seus “fãs”.
Esse e outros relatos documentam a construção dessa infraestrutura de propaganda
em rede desde no mínimo 2013. Na época, tais grupos passaram a fomentar o
comportamento de “soldados do mito” que transborda para outras redes como o
YouTube e o Facebook, e recebe ordens, como postar as palavras “Bolsonaro 2018” ou
avaliar negativamente o vídeo de alguém que o critica.
A rede de propaganda política foi sendo construída ocupando cada uma das
plataformas utilizadas pelos brasileiros, respeitando suas peculiaridades. Cada uma
delas é uma camada a ser ocupada e que retroalimenta as demais. Se a organização da
militância e a distribuição de mensagens rapidamente pode ser feita de WhatsApp, a
formação política pode ser via YouTube. Ainda, a disputa por narrativas pode ocupar o
Twitter e o aumento da rede visando amigos e conhecidos pode ser feito no Facebook.
Tudo isso com o ritmo próprio de cada uma das plataformas e tendo como momentos
destacados as performances das lideranças perante a mídia tradicional, apenas mais
um de seus palcos. Essa infraestrutura em rede e em várias plataformas permite fazer
990
campanha política sem um único centro irradiador de conteúdos. Conforme apontado
por analistas, a função primordial da coordenação da campanha passa a ser a de
“validação” das mensagens que lhe convém, não de sua exclusiva criação.
Quando, durante a campanha, trabalho profissionalizado é contratado de forma lícita
ou não para alimentar essas redes, ele se acopla a uma infraestrutura que já vinha
sendo erigida, e com isso tem um ganho de escala e eficiência, na medida que os
conteúdos são repassados, transformados para outras plataformas e blindados de
versões alternativas. Como descrevemos, essa é a peculiaridade da infraestrutura de
propaganda em rede: a facilidade de atores, maliciosos ou não, acoplarem-se a
qualquer ponta da infraestrutura e fomentar seu funcionamento. De fato, as recentes
revelações apontam que cada em uma dessas camadas podem ter incidido práticas
ilícitas; além disso, sabemos hoje com mais clareza, todas elas se apoiam na
disseminação de informações falsas e divisivas, capazes de gerar comoção e ser
compartilhadas adiante. O punitivismo, a cruzada moral e anticorrupção, o discurso de
ódio e o antipetismo funcionaram bem para isso.
Por fim, é clara a existência de um grande experimentalismo - o investimento na
tentativa e erro, no “se colar colou, se não colar na próxima cola” - uma espécie de
empreendedorismo político-tecnológico brasileiro.
A capacidade dessa rede de mudar interpretações, manipular acontecimentos e
alcançar um número imenso de pessoas ficou clara para o Brasil neste momento, mas
ela vem sendo construída há anos. Sua centralidade foi até mesmo admitida por Jair
Bolsonaro, que recentemente criticou a medida do WhatsApp de restringir de mais de
200 para 20 o número de contatos para quem se pode encaminhar um conteúdo de
uma vez só (que respondia à episódios de violência resultantes da disseminação de
rumores pelo app, em especial na Índia). Isso mostrou que a decisão da empresa
deixou mais estreito o gargalo, limitando o fluxo das comunicações na rede
descentralizada de propaganda de sua campanha. Um recente artigo de uma jornalista
e dois pesquisadores brasileiros no The New York Times sugeriu, inclusive, que o
número de compartilhamentos fosse reduzido a 5, a exemplo do que o WhatsApp fez
na Índia para combater o repasse de rumores - proposta que imediatamente levantou
a ira de um segmento do Twitter, com a hashtag “#CensuraPetista” ganhando o
primeiro lugar nos trending topics horas depois da publicação do texto.
A fotografia de Steve Bannon com Eduardo Bolsonaro talvez esconda um quadro mais
complexo do que mero um tentáculo brasileiro da Cambridge Analytica, ou a existência
de um ator todo-poderoso a manipular as pessoas para o fortalecimento do campo
político de Jair Bolsonaro. É possível que dinheiro e poder estrangeiro estejam atuando
nos nós da infraestrutura de propaganda em rede em questão. Ainda, é tão possível
991
que toda esta infraestrutura tenha sido fruto de um planejamento genial e
maquiavélico, com tons de estratégia militar, quanto é também que ela seja apenas
uma soma de fatores desconexos.
De toda forma, é preciso reconhecer que desbaratinar o abuso de poder econômico e
a utilização de recursos e técnicas para manipular a opinião pública vai ter de passar
pelo reconhecimento e investigação da operação dessa infraestrutura; pelo
desenvolvimento de teses jurídicas renovadas sobre a responsabilização da campanha
por esses atos, e de conhecimento sobre as tecnologias e técnicas utilizadas, por parte
da Justiça e das campanhas, que fazem as denúncias; e também por soluções de design
tecnológico por parte das empresas, que precisam ser pensadas com cuidado para o
tiro não sair pela culatra. No fim de tudo, vai ficar ainda a importante pergunta sobre
por que muita gente que você conhece virou um nó nessa rede e por que a estratégia
colou. Daí, talvez olhares a partir da sociologia, antropologia, ciência política,
economia e psicologia possam nos ajudar mais.
Francisco Brito Cruz é diretor do InternetLab e doutorando em sociologia jurídica pela
Faculdade de Direito da USP.
Mariana Giorgetti Valente é diretora do InternetLab, doutora em sociologia jurídica
pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP), onde também cursou
a graduação em Direito. Atualmente, é diretora do InternetLab, centro de pesquisa
independente na área de direito e tecnologia. É também pesquisadora do Núcleo
Direito e Democracia do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP).
[Completei informações sobre Mariana Giorgetti Valente, na matéria original aparece
cortada – vai até “pela” –, algum erro de edição...]
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/18/opinion/1539892615_110015.html
MANIPULAÇÃO DO ELEITOR POR GRUPOS DE WHATSAPP DEIXARÁ FERIDAS NA
DEMOCRACIA
Leonardo Sakamoto, Blog do Sakamoto/Uol, 18 de outubro de 2018
O Tribunal Superior Eleitoral prometeu, ao longo deste ano, que agiria de forma
contundente para prevenir que as eleições brasileiras fossem influenciadas pela
992
circulação de notícias falsas. Organizou eventos, trouxe especialistas, deu centenas de
entrevistas, bateu no peito e garantiu que não haveria anormalidade. Disse até que as
eleições poderiam ser canceladas se o vencedor usasse desse tipo de artifício.
Depois, quando o debate público passou a ser manipulado à luz do dia, com fraudes e
distorções produzidas de forma amadora, ou através de cálculos sofisticados que usam
coleta de dados e inteligência artificial para produzem mensagens personalizadas que
podem estimular o desejo dos indivíduos, veio o silêncio. O TSE não tem sido capaz de
defender o processo eleitoral e nem a si mesmo, sofrendo sucessivos e inaceitáveis
ataques de Jair Bolsonaro e amigos, que acusam a urna eletrônica e os resultados
eleitorais sem provas concretas.
Nesta quarta (17), o tribunal chamou uma reunião com representantes dos candidatos
à Presidência da República para pedir compromisso contra as notícias falsas, a
violência na campanha e em defesa das urnas. Esse tipo de encontro, em que todos
concordam com tudo, tende a ser ineficiente. Melhor faria que os ministros
apontassem publicamente os problemas de cada candidato e, atendendo ações,
punissem com rigor. O que seria útil, inclusive, para mostrar à população a bobagem
da falsa simetria – nestas eleições, nem todo mundo bate e apanha igual.
Pode ser que os ministros do TSE ou do Supremo Tribunal Federal não tenham
dimensão real do que está acontecendo. Nesse sentido, a reveladora reportagem de
Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/empresarios-bancamcampanhacontra-o-pt-pelo-whatsapp.shtml ), sobre um esquema digital em prol da
campanha do deputado do PSL, pode ser útil. Ou, tendo percebido que o monstro é
maior do que eles, queiram permanecer quietos, sem a coragem necessária para
enfrentá-lo. Ministros que, em condições normais, comentam até jogo de futebol da
quarta divisão e penteado de Playmobil.
Em artigo publicado no jornal New York Times (
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/the-newyorktimes/2018/10/17/as-noticias-falsas-estao-envenenando-a-politica-brasileira-eowhatsapp-poderia-parar-isso.htm ), desta quarta (17), Cristina Tardáguila, da Agência
Lupa, Fabrício Benevenuto, da UFMG, e Pablo Ortellado, da USP, trouxeram dados de
um estudo realizado pelas três instituições sobre o impacto da desinformação
compartilhada pelo WhatsApp nas eleições presidenciais. Com base na análise de
846.905 mensagens de 347 grupos de discussão política, verificou-se que das 50
imagens diferentes que circularam, entre 16 de agosto e 7 de outubro, apenas quatro
eram verdadeiras ou não haviam sido manipuladas. Quatro.
993
Para reduzir o impacto de conteúdo com objetivo de manipular o debate público, eles
sugerem que o WhatsApp reduza, no período eleitoral, a quantidade de vezes que uma
mensagem pode ser replicada e também limitar o tamanho de grupos montados
durante a eleição. Se o TSE tivesse gastado energia para além de discutir o que são
notícias falsas, poderia ter ampliado o debate e obtido compromissos mais eficazes de
vários setores da sociedade. Inclusive o de investigação policial célere e de protocolos
para resposta mais rápida da Justiça Eleitoral em casos de campanhas de difamação
on-line. Afinal, em menos de um dia um estrago já pode ter sido feito.
A somatória de todas as checagens de boatos feitas por agências especializadas e
veículos de comunicação não conseguiu acompanhar o ritmo de notícias falsas, fraudes
e distorções distribuídas por aplicativos de mensagens e rede sociais. E mesmo se
conseguisse, não chegaria ao público como os boatos chegaram. Os smartphones de
uma parcela considerável da população contam com planos em que apenas o acesso
ao Facebook ou ao WhatsApp é ilimitado, devido a parcerias. Ou seja, quando o eleitor
recebe uma notícia que desconfia ser falsa, não consegue clicar e ler o texto, muito
menos procurar no Google uma checagem dessa informação, porque acabou seu plano
de dados e está longe de um Wi-Fi.
No final, o WhatsApp foi o que avisamos que seria: não um aplicativo de mensagens,
mas uma rede social anônima e, portanto, perfeita para a difusão de conteúdo com
poucas chances de contestação.
Ao mesmo tempo, consultorias digitais usam bancos de dados, com 80 a 100 pontos
de informação sobre cada pessoa, que ajudam a definir o comportamento de eleitores,
juntá-los a grupos microssegmentados, e enviar mensagens a eles, empacotando-as
em uma embalagem de notícia falsa. Daí, impulsionam esse pacote, com um cartão de
crédito pré-pago internacional e acessando através de uma rede privada virtual
sediada em outro país, tornando mais difícil a identificação, responsabilização e
remediação do ato.
Essa parte invisível, que usava ''chipeiras'' com dezenas de cartões de celulares e agora
opera com programas que criam números virtuais de fora do Brasil, acoplados a
computadores abastecidos com megaplanilhas, atua com psicometria e inteligência
artificial para manipulação em massa. Ela é muito, mas muito mais assustadora.
Porque, ao produzir conteúdos para que mexam com nossos sentimentos baseados
em bases de dados com informações que coletam, compram ou roubam sobre nós,
acabam por induzir vontades e manipular nossa vida sem que percebamos. É a antiga
mensagem subliminar da propaganda, mas extremamente mais poderosa e eficaz.
994
Uma das condições básicas da vida em sociedade é que seus membros concordam em
tomar decisões racionais e coletivas baseadas em fatos. Mas quando fatos
comprováveis passam a ser irrelevantes diante da emoção, abre-se a possibilidade da
ascensão de quem sabe surfar sobre medos e preconceitos, elegendo um inimigo que
ameaça a tudo e a todos o tempo inteiro. E, portanto, demanda mão amiga e braço
forte.
A dez dias do segundo turno, é possível afirmar que o debate eleitoral foi manipulado
com consequências que não podem ser ainda determinadas. E que o resultado da
''festa da democracia'' de 2018 é uma sociedade em que uma parcela considerável de
seus membros tornou-se incapaz de separar ficção de realidade. E uma outra parte
simplesmente não se importa com isso.
Post atualizado para inclusão de informações às 10h40 do dia 18/10/2018
https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2018/10/18/o-uso-de-noticia-falsapara-manipular-o-debate-eleitoral-deixara-cicatrizes/
GUERRA SUJA NAS REDES SOCIAIS EXPÕE O FAKE TSE
Josias de Souza, Blog do Josias/Uol, 18 de outubro de 2018
Antes do início da campanha de 2018, o Tribunal Superior Eleitoral trombeteou a
notícia de que não toleraria o uso das redes sociais para a difusão de notícias falsas.
Presidente do tribunal na época, o ministro Luiz Fux chegou a dizer que seriam
expurgados do processo eleitoral candidatos que jogassem sujo na internet. Hoje,
verifica-se que a ameaça do ministro era, ela própria, uma notícia falsa.
A Justiça eleitoral não conseguiu coibir nem mesmo a difusão de falácias sobre
supostas violações de urnas eletrônicas. O TSE e seus ministros limitaram-se a emitir
declarações protocolares sobre a segurança do processo eletrônico de votação. Nem
sinal de punições. O próprio Jair Bolsonaro chamou de fraude a votação que resultou
no segundo turno. E ficou por isso mesmo.
Sem controle, a lama escorre livremente pelos visores dos celulares e tablets na forma
de desinformação, mistificação e notícias falsas. O lodo vem da esquerda e da direita.
Mas Jair Bolsonaro prevalece na quantidade. Notícia da Folha de S.Paulo (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/empresarios-bancam995
campanhacontra-o-pt-pelo-whatsapp.shtml ) ajuda a entender o fenômeno:
Empresários compram ilegalmente pacotes de mensagens anti-PT difundidas via
WhatsApp. Isso é crime. Deveria ser punido. Mas a guerra suja nas redes sociais e no
WhatsApp revela a existência de um Fake TSE.
https://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2018/10/18/guerra-suja-nas-redessociais-expoe-o-fake-tse/
UOL, PÁGINA INICIAL, 19 OUT 2018 11H10MIN. DISPARO DE MENSAGENS CONTRA PT
NO WHATSAPP CONSTRANGE TSE
WHATSAPP NOTIFICA AGÊNCIAS QUE DISPARAM MENSAGENS ANTI-PT. REDE SOCIAL
PEDIU QUE DISPAROS EM MASSA SEJAM INTERROMPIDOS, E CONTAS ASSOCIADAS
FORAM BANIDAS
Patrícia Campos Mello, Folha/Uol, 19 de outubro de 2018
O WhatsApp enviou notificação extrajudicial para as agências Quickmobile, Yacows,
Croc services e SMS Market determinando que parem de fazer envio de mensagens em
massa e de utilizar números de celulares obtidos pela internet, que as empresas
usavam para aumentar o alcance dos grupos na rede social.
A empresa também baniu as contas do WhatsApp associadas a essas agências.
Reportagem publicada pela Folha nesta quinta-feira (18) mostrou que empresas
bancaram uma campanha (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/empresarios-bancam-campanha996
contra-o-pt-pelo-whatsapp.shtml ) de mensagens anti-PT com pacotes de disparos em
massa.
A prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/candidatos-doaram-r-158-milhoes-asproprias-campanhas.shtml ) por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não
declarada.
A agência AM4 e outras estão sob investigação e serão notificadas caso sejam
comprovadas as irregularidades.
O comportamento fere as regras do WhatsApp. O envio de mensagens em massa com
conteúdo eleitoral não é ilegal, desde que use a base de usuários dos próprios
candidatos, ou seja, listas com nomes e telefones celulares de apoiadores que
voluntariamente os cederam.
No entanto, várias agências venderam bases de usuários de terceiros, segmentadas
por região e perfil de origem desconhecida —o que é ilegal
“Estamos tomando medidas legais para impedir que empresas façam envio maciço de
mensagens no WhatsApp e já banimos as contas associadas a estas empresas”,
informou em nota o WhatsApp.
A empresa também disse que usa tecnologia de ponta para detectar contas com
comportamento anormal para que elas não possam ser usadas para espalhar
mensagens de spam.
A presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a ministra Rosa Weber, convocou
para esta sexta-feira (19) uma reunião com PT e aliados para discutir o caso.
O partido do presidenciável Fernando Haddad entrou com ação na Justiça Eleitoral
para investigar suposto financiamento ilegal de campanha por Jair Bolsonaro (PSL).
Weber falará à imprensa na tarde desta sexta, acompanhada da procuradorageral da
República, Raquel Dodge, e de outras autoridades.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/whatsapp-notifica-agencias-quedisparam-mensagens-anti-pt.shtml
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UM PAÍS PRIMITIVO PRESTES A REGREDIR MAIS. BOLSONARO DEU VIA LIVRE A TODOS
OS DEMÔNIOS
Clóvis Rossi, Folha/Uol, 19 de outubro de 2018
Tenho enorme resistência a equiparar determinados grupos e líderes políticos ao
fascismo e ao nazismo. Foram modelos tão horrorosos que custa a crer que os seres
humanos não tenham aprendido nada com os horrores produzidos.
Feita essa ressalva, não há como não pensar em Joseph Goebbels, o ministro da
Propaganda nazista, ao ler o texto da extraordinária repórter que é Patrícia Campos
Mello sobre a máquina de ”fake news” montada por empresários (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/empresarios-bancam-campanhacontra-o-pt-pelowhatsapp.shtml ) admiradores de Jair Bolsonaro para atacar
Fernando Haddad.
A Goebbels se atribui a frase ”uma mentira mil vezes repetida vira verdade".
A Folha, aliás, usou essa frase em uma propaganda anos atrás para defender o
jornalismo sério como antídoto contra a transformação de mentiras em verdades.
Pena que as redes sociais tenham atropelado o antídoto.
Os admiradores de Bolsonaro superaram Goebbels: em vez de ”uma mentira”
dispararam milhares delas.
Alguma surpresa? Não para mim. Se Bolsonaro já se exibiu em vídeo sugerindo
metralhar os petistas, nada mais natural —e execrável— que seus seguidores
metralhem o petista Haddad pelas redes sociais.
É apenas o mais recente episódio do estrago que Bolsonaro já fez, seja ou não eleito.
Repito: se Bolsonaro é ou não uma ameaça à democracia só se saberá mais adiante.
Mas, desde já, está provado que ele despertou os demônios que habitam parte
significativa do eleitorado, levando-a a votar em um candidato que faz apologia da
tortura e da ditadura ( https://aovivo.folha.uol.com.br/2018/10/11/5555-5aovivo.shtml#post383182 ).
Convenhamos que tortura e ditadura são irmãs siamesas. Não conheço uma, de direita
ou de esquerda, que não utilize a tortura como arma de submissão de dissidentes ou
de simples críticos.
998
Ao apoiarem ou, no mínimo, serem lenientes com quem elogia uma prática bárbara (
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/eliogaspari/2018/10/bolsonaro-nao-e-trumpa-alma-de-sua-retoricaesta-nas-filipinas.shtml ), os eleitores de Bolsonaro estão
levando o Brasil a retroceder muitos degraus em um processo civilizatório que nunca
se conclui neste país.
A catarata de ofensas e ameaças dirigidas contra Patrícia, após a publicação de sua
reportagem, é a versão virtual da ”Kristallnacht", a noite dos cristais, o ataque aos
judeus na Alemanha nazista em novembro de 1938, efetuado pelos paramilitares das
sinistras SA e, atenção, também por civis alemães.
Por enquanto, é uma infâmia virtual, mas demônios liberados e estimulados não
voltam para a garrafa.
A propósito dos demônios que Bolsonaro libertou, Brian Winter, editor-chefe da
publicação Americas Quarterly, prevê um morticínio nos próximos meses e explica que
essa previsão ”se deve à prioridade política número um de Bolsonaro: relaxar as leis e
regras para as forças de segurança, permitindo que atirem primeiro e façam perguntas
depois".
Winter lembra que a licença para matar será ainda mais ampla do que é hoje, quando
”a polícia já mata 5 mil pessoas por ano".
No ano passado, 63.880 brasileiros morreram de forma violenta, um recorde que
coloca o Brasil nos primeiros lugares no ranking de homicídios (
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/08/mortes-violentas-avancam-ebatem-novo-recorde-no-pais.shtml ) por 100 mil habitantes, como é arquiconhecido.
Alguém acha, honestamente, que aumentar esse número já sinistro trará o país para
mais perto da civilização? Desgraçadamente, há muitíssima gente que acha sim, que
aceita a tese de que bandido bom é bandido morto.
Até entendo a angústia de boa parte desse público, mas não se justifica abrir a porta
da violência para enfrentar a violência. Basta olhar para o México, que colocou o
Exército para combater a criminalidade, no governo Felipe Calderón, espalhou uma
pilha impressionante de cadáveres e, não obstante, os criminosos ficaram mais fortes.
O que torna ainda mais grave esse retrocesso civilizatório à vista é o fato de que o
Brasil é um país primitivo. É só lembrar as humilhantes posições que ocupa em
rankings mundiais dos mais diversos assuntos: é dos últimos na lista da Transparência
Internacional, que mede a percepção de corrupção; é um desastre absoluto nos
999
exames Pisa, que medem a qualidade da educação; é o 72º no ranking de
competitividade do Fórum Econômico Mundial, entre 140 países; é sempre uma
vergonha sua colocação no Índice de Desenvolvimento Humano; é um dos dez países
de desigualdade mais cruel.
Parece lógico deduzir que esses fracassos contínuos há anos ou talvez séculos tenham
levado a maioria a buscar uma solução supostamente mágica, na figura de um político
há 27 anos no Congresso mas que se faz passar por um outsider.
É como escreveu Monica de Bolle (Johns Hopkins University), que já citei aqui: da série
de fatores que contribuem para o apoio a Bolsonaro e que ainda serão analisados nos
próximos meses, destaca-se o fato de ”o eleitorado estar completamente farto *fed
up, no texto em inglês] com o chamado establishment".
Já houve pelo menos outro momento de busca por uma mágica: os brasileiros
elegeram Collor como se fosse o caçador de marajás. Não passava de uma grosseira
fraude. Deu no que deu.
Clóvis Rossi, repórter especial, membro do Conselho Editorial da Folha e vencedor do
prêmio Maria Moors Cabot.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/2018/10/um-pais-primitivoprestes-a-regredir-mais.shtml
DOCUMENTO CONFIRMA OFERTA ILEGAL DE MENSAGENS POR WHATSAPP NA
ELEIÇÃO. PROPOSTA NÃO ACEITA PELA CAMPANHA DE ALCKMIN PEDIU R$ 8,7 MI POR
DISPAROS VIA APLICATIVO
Patrícia Campos Mello, Folha/Uol, 20 de outubro de 2018
Trocas de emails e a proposta de um contrato obtidas pela Folha confirmam a oferta
de disparos em massa por WhatsApp (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/empresarios-bancam-campanhacontra-opt-pelo-whatsapp.shtml ) a campanhas políticas, utilizando base de usuários
de terceiros, em desacordo com a lei eleitoral (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/saibaquais-regras-devem-sercumpridas-no-dia-da-eleicao.shtml ).
1000
A Croc Services formalizou proposta de R$ 8,7 milhões à campanha de Geraldo Alckmin
(PSDB) ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/quarto-colocado-alckmintem-piordesempenho-da-historia-do-psdb.shtml ) à Presidência, usando nomes e
números de celulares obtidos pela própria agência, e não pelo candidato.
A oferta de contrato da empresa, com data de 30 de julho e obtida pela Folha, cita
opções diversas de disparos de mensagens por WhatsApp (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/empresarios-bancam-campanhacontra-opt-pelo-whatsapp.shtml ), com pagamento a ser feito até três dias antes da
ação.
Marcelo Vitorino, coordenador da área digital da campanha de Alckmin (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/quarto-colocado-alckmin-tem-piordesempenhoda-historia-do-psdb.shtml ), afirma que a campanha não comprou a
opção de serviço usando base de terceiros, mas apenas com a lista de telefones de
militantes e membros do PSDB e de apoiadores que forneceram dados nas redes do
candidato —o que não é ilegal. Ele desembolsou R$ 495 mil pelos disparos, a R$ 0,09
cada um.
Pedro Freitas, sócio-diretor da Croc, afirmou não saber que a prática era ilegal. Ele
disse que só prestou serviços para a campanha de Romeu Zema (Novo) (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/datafolha-mostra-que-zema-abrelarga-vantagem-sobreanastasia-em-mg.shtml ) ao governo de Minas, que gastou R$
365 mil, e de Alckmin, com a base fornecida pelos partidos —Zema também diz que só
comprou serviços com dados próprios.
1/5 Empresas oferecem serviços de disparo de mensagens por WhatsApp na eleição
1001
[5 imagens acompanham a matéria, reproduzo apenas esta]
Freitas disse ter uma base própria de usuários acumulada ao longo dos anos. Ele presta
serviços ao setor privado. "Se as campanhas compraram a base de alguém eu não sei,
mas o fato é que me mandaram a lista de telefones."
A Folha revelou na quinta-feira (18) que empresas compraram pacotes de disparos (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/empresarios-bancam-campanhacontra-o-pt-pelowhatsapp.shtml ) em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp e
preparavam uma grande operação na semana anterior ao segundo turno da eleição.
Entre elas estaria a Havan, do empresário Luciano Hang (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/dono-da-havan-diz-que-naobancacampanha-anti-pt-pelo-whatsapp-e-fala-em-processar-a-folha.shtml ), que nega
ter pago a agências por esses disparos e afirmou que vai processar (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/donoda-havan-quer-direito-deresposta-contra-a-folha-por-materia-sobre-whatsapp.shtml ) a Folha.
A prática é considerada ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas,
vedada pela lei, e não declarada.
Além disso, a reportagem mostrou que agências ofereciam às campanhas listas de
telefones de WhatsApp segmentados por região geográfica, e às vezes, por renda.
1002
Após a reportagem, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) abriu ação (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/whatsapp-bloqueia-contas-tse-e-pgrapuram-atuacao-eleitoral-deempresas.shtml ) para investigar a compra de disparos em
massa e a procuradorageral da República, Raquel Dodge (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/pgrpede-inquerito-para-apurar-usode-empresas-na-disseminacao-de-fake-news.shtml ), pediu à Polícia Federal inquérito
para apurar o caso —ele foi aberto neste sábado (20) (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/pf-abre-inquerito-para-investigarescandalo-das-mensagens-sobrepresidenciaveis-no-whatsapp.shtml ), visando
investigar mensagens em redes sociais tanto da campanha de Jair Bolsonaro (PSL) (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/eleicoes/2018/presidente/jair-bolsonaro280000614517.shtml ) como de Fernando Haddad (PT) (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/eleicoes/2018/presidente/fernandohaddad280000629808.shtml ).
Além disso, o WhatsApp baniu contas associadas às quatro agências citadas na
reportagem, Quickmobile, a Yacows, Croc Services e SMS Market, e enviou notificação
extrajudicial ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/whatsapp-notificaagencias-quedisparam-mensagens-anti-pt.shtml ) para que elas parem de enviar textos
em massa e usar números obtidos a partir de base de terceiros.
O aplicativo também anunciou que baniu 100 mil usuários no Brasil nesta semana para
conter desinformação, spam e notícias falsas. Flávio Bolsonaro, filho do presidenciável,
teve a conta suspensa ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/flaviobolsonaro-diz-que-teve-conta-do-whatsapp-banida.shtml ) — depois, recuperou o
número.
Conforme revelou o jornal O Globo na sexta (19), Marcelo Vitorino, da campanha de
Alckmin, também já citou o nome de outra empresa, DOT Group, que, segundo ele,
ofereceu a entrega de disparo de mensagens por WhatsApp para até 80 milhões de
pessoas, usando cadastro de terceiros.
A oferta, feita em encontro na sede do PSDB em Brasília em 11 de julho, não foi aceita,
segundo ele. A DOT Group nega ter oferecido o serviço.
A compra de serviços de disparo de WhatsApp por empresas para favorecer um
candidato configura doação não declarada, além de vir de pessoa jurídica, o que é
vedado.
1003
Com isso, pode-se também incorrer no crime de abuso de poder econômico e, caso se
considere que teve influência determinante, pode levar à cassação da chapa, caso o
candidato esteja ciente.
Bolsonaro afirmou na quinta não ter "controle se tem gente fazendo isso" (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/bolsonaro-diz-nao-ter-controle-sobreacao-de-empresas-nowhatsapp.shtml ). Neste sábado, reafirmou não ter vínculo com
as ações promovidas em disparos de WhatsApp contra o PT: “Eu não tenho nada a ver
com isso”.
O presidente do PSL, Gustavo Bebianno (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/presidente-do-psl-nega-acoes-deempresas-no-whatsapp-e-atacahaddad.shtml ), disse que a reportagem da Folha é
"fake news". Neste sábado, afirmou ter pedido à PGR que apure o teor “até o último
momento, de forma conclusiva, porque o PT tem a mania de acusar os outros daquilo
que ele faz”.
No caso da campanha do PSDB, as mensagens enviadas por WhatsApp, com um vídeo,
diziam: "Boa noite, tudo pronto? Daqui a pouco as urnas abrem e Geraldo tem um
recado importante para você! Assista e encaminhe para seus contatos! Chegou a hora!
É 45 na urna com amor e tolerância no coração".
"Pelo volume de mensagens geradas em favor do Bolsonaro, é possível que sua
campanha tenha sido beneficiada, mesmo que ele não tenha conhecimento pleno",
disse Vitorino, da campanha tucana.
"Existem muitas empresas que oferecem o serviço com bases de terceiros e será muito
difícil conseguir comprovar a quantidade de mensagens enviada, bem como as fontes
pagadoras, dado que muitas dessas empresas são informais”, afirmou ele.
Segundo Vitorino, a julgar pelo engajamento em redes sociais como Facebook e
Twitter, é possível que outros candidatos tenham feito uso de ferramentas ilegais.
"O envolvimento de empresários em defesa de candidatos já foi comprovado pelo TSE,
que, ao receber denúncia da campanha de Alckmin sobre o impulsionamento irregular
de conteúdo, multou um empresário. Como não há nenhum tipo de monitoramento
ativo, por parte das autoridades, é provável que muitos outros empresários tenham
também feito impulsionamentos de políticos”, disse.
Ele se refere à denúncia que fez contra Luciano Hang, da Havan (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/quanto-mais-eu-malho-o-pt-mais-eu1004
vendo-dizdono-de-rede-que-apoia-bolsonaro.shtml ), que foi multado em R$ 10 mil
pelo TSE por ter impulsionado publicações no Facebook que promoviam a campanha
de Jair Bolsonaro ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/justica-proibedono-dahavan-de-realizar-atos-politicos-com-funcionarios-e-compara-a-voto-decabresto.shtml ).
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/documento-confirma-oferta-ilegal-demensagens-por-whatsapp-na-eleicao.shtml
MINISTRO DO TSE VETA PROGRAMA DE HADDAD QUE ASSOCIA BOLSONARO À
TORTURA
Uol, 20 de outubro de 2018
O ministro Luis Felipe Salomão, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), decidiu neste
sábado (20) suspender a exibição na TV de um programa da campanha de Fernando
Haddad (PT) que relaciona Jair Bolsonaro (PSL) à tortura e a outros atos de violência (
http://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/10/16/empropaganda
-na-tv-pt-associa-bolsonaro-a-ditadura-e-a-tortura.htm ). A determinação tem caráter
liminar (temporário), e o mérito do caso ainda será julgado.
A decisão de Salomão veio em resposta a um pedido da campanha de Bolsonaro
alegando que o programa causa medo na população, violando a lei eleitoral, ao sugerir
que o candidato do PSL vai perseguir e torturar adversários político se for eleito
presidente. A candidatura de Bolsonaro também disse que seus eleitores foram
apresentados como violentos e afirmou que a propaganda de Haddad acirra os ânimos
da população.
O programa de Haddad em questão incluiu trechos do filme "Batismo de Sangue" que
reproduzem torturas aplicadas a presos durante a ditadura militar brasileira (19641985) e mostrou uma entrevista dada por Bolsonaro em 1999 na qual ele diz ser
favorável à tortura.
A propaganda petista apresenta o coronel Brilhante Ustra (1932-2015), reconhecido
como torturador pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), como "ídolo de Bolsonaro". O
voto de Bolsonaro no impeachment de Dilma Rousseff (PT), em que o deputado
homenageou Ustra, também é exibido.
Em entrevista ao "Roda Viva", da TV Cultura, em julho deste ano, Bolsonaro disse que
seu livro de cabeceira era "A Verdade Sufocada", no qual Ustra dá sua versão sobre a
1005
ditadura militar e enfatiza os atentados cometidos por grupos de esquerda contra o
regime.
O programa do PT afirma ainda que seguidores de Bolsonaro "agridem" e "matam",
citando o caso do assassinato em Salvador do mestre de capoeira Moa do Katendê. A
investigação policial aponta que o crime teve motivação política (
http://atarde.uol.com.br/bahia/salvador/noticias/2003049-inquerito-aponta-quemorte-de-moa-do-katende-foi-motivada-por-discussao-politica ).
Para o ministro Salomão, a propaganda "ultrapassou os limites da razoabilidade e
infringiu a legislação eleitoral".
"A distopia simulada na propaganda, considerando o cenário conflituoso de
polarização e extremismos observado no momento político atual, pode criar, na
opinião pública, estados passionais com potencial para incitar comportamentos
violentos", decidiu.
Segundo Salomão, "observando a sequência das cenas e a imputação formalizada ao
candidato impugnante e seus eleitores/apoiadores, percebo que a peça televisiva tem
mesmo potencial para 'criar, artificialmente, na opinião pública, estados mentais,
emocionais ou passionais' (artigo 242, Código Eleitoral)".
Por fim, o ministro considerou que as cenas de tortura exibidas no programa violam a
classificação indicativa para o horário eleitoral.
"Segundo a classificação indicativa realizada pelo Ministério da Justiça, o conteúdo da
mídia, diante das cenas de violência, destina-se à faixa etária acima dos 14 anos e só
poderia ser veiculada, na televisão, após às 21h. Desse modo, é forçoso reconhecer a
inviabilidade de sua transmissão, uma vez que o art. 49 da Lei das Eleições estabelece
o início da propaganda eleitoral do bloco noturno às 20h30", afirmou.
https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/10/20/ministro-dotse-veta-programa-de-haddad-que-associa-bolsonaro-a-tortura.htm
GAYS, NEGROS E INDÍGENAS JÁ SENTEM NAS RUAS O MEDO DE UM GOVERNO
BOLSONARO. EPISÓDIOS DE INTIMIDAÇÃO AUMENTAM ANSIEDADE ENTRE GRUPOS
QUE SE SENTEM VULNERÁVEIS POR DISCURSOS FEITOS NO PASSADO, E HOJE
NEGADOS, PELO CANDIDATO. DEBATE SOBRE ESTRATÉGIAS DE PROTEÇÃO CRESCE
PARA “RESISTIR EM TEMPOS SOMBRIOS”, DIZ ATIVISTA
1006
Joana Oliveira e Naira Hofmeister, El País, 20 de outubro de 2018
Há uma semana, W.D. 34 anos, parou de andar de mãos dadas com o marido nas ruas
de Porto Alegre. Ambos, que sempre se sentiram cômodos com sua
homossexualidade, tomaram a decisão depois do resultado do primeiro turno das
eleições, no dia 7 de outubro, que deu grande vantagem ao candidato de extrema
direita Jair Bolsonaro, com 46% dos votos. “Vimos que a nossa atitude em público teria
que mudar, não poderíamos mais trocar carinho na rua porque sentimos uma reação
muito agressiva à nossa simples existência”, conta W. D., gerente de uma empresa do
ramo imobiliário. O medo é um sentimento latente entre o coletivo LGBT, negros,
indígenas e outras minorias atacadas por Bolsonaro, que lidera a corrida eleitoral para
o Planalto e que tem um longo histórico de declarações racistas, misóginas e
homofóbicas. Sua chegada à presidência é percebida como a legitimação de
comportamentos que ultrapassam o limite do aceitável. Em campanha, o candidato já
negou diversas vezes que seja homofóbico ou racista. Porém, suas falas contundentes
em vídeos passados não escondem o desprezo que já empregou pelo que lhe parece
diferente.
Giulianna Nonato, de 26 anos, sempre teve medo de sair na rua, mesmo antes de
identificar-se como travesti. “Antes de me apresentar com um corpo feminino, era
uma bicha, então minha vida sempre foi marcada por bullying e violência”, conta em
São Paulo. Nas últimas semanas, depois dos vários casos de agressão e assassinatos
motivados por questões políticas no Brasil, o medo da jovem aumentou. Em 10 dias,
pelo menos duas pessoas foram assassinadas e outras 70 sofreram agressões por
conta de seus posicionamentos políticos, de acordo com levantamento do Open
Knowledge Brasil e Agência Pública. Os dados mostram que em seis dos casos as
vítimas foram apoiadores de Bolsonaro; as demais foram agredidas por pessoas afins a
ele.
“Parece que há mais ultraconservadores saindo do armário do que gays. Eu já tirei
todos os símbolos LGBT que podem me prejudicar”, diz G. G., de 16 anos. Bolsonaro
afirmou que as agressões são “excessos” e “casos isolados” e lamentou os episódios de
violência, ao mesmo tempo em que denunciou um “movimento orquestrado” de falsas
denúncias para prejudicar sua campanha. “Os candidatos não podem ser
responsabilizados por tudo que seus apoiadores fazem. No entanto, no mínimo, têm a
obrigação de garantir que seus discursos não incitem a violência. E quando ameaças e
atos de violência ocorrem, devem condená-los de maneira categórica”, defende Maria
Laura Canineu, diretora para o Brasil da ONG Human Rights Watch. Bolsonaro de fato
chegou a fazer uma fala mais direta. “Dispensamos voto e qualquer aproximação de
quem pratica violência contra eleitores que não votam em mim”, escreveu no twitter
no último dia 10. Mas na sequência da mensagem, relativizou algumas acusações ao
1007
supor que parte das queixas eram calúnias. “A este tipo de gente peço que vote nulo
ou na oposição por coerência, e que as autoridades tomem as medidas cabíveis, assim
como contra caluniadores que tentam nos prejudicar.”
Mais do que as agressões físicas durante o período eleitoral, Nonato teme a “violência
institucional” de um possível Governo conservador, que pode modificar ou anular
direitos sociais garantidos por lei, como o Protocolo Transexualizador, que assegura
atendimento no SUS aos cidadãos trans, incluindo o terapias hormonais e cirurgias.
“Atualmente, já enfrentamos uma escassez de hormônios e temos que esperar meses
na fila para uma simples consulta médica… isso pode piorar”, lamenta a jovem.
Para a ativista Melina Kurin, bissexual de 33 anos casada com uma mulher trans, a
situação é de “pânico” na comunidade LGBT. Ela traz de volta à memória um passado
no Brasil de repúdio à vida dos trans nos tempos da ditadura. Naquela época, a
Operação Tarântula contava com forças policiais que prendiam, torturavam e
matavam travestis e transexuais. Por agora, há um temor de que esses ecos voltem a
soar no país. “As pessoas que já te olhavam com ódio agora te olham como se você
fosse a personificação do mal que Bolsonaro pretende combater. Ele se apresenta
como o salvador da pátria, então seus inimigos se convertem em inimigos do povo”,
comenta sua mulher, a socióloga Leona Wolf, de 36 anos, que compara a situação no
Brasil com a campanha de Donald Trumpem 2016, quando aumentaram as agressões
racistas e xenófobas nos EUA. “Sei que não vamos ter aqui campos de concentração
para homossexuais, como na Chechênia, mas tenho, sim, receio de que cheguemos a
uma situação como a Rússia de Putin", acrescenta.
Susane Souza, de 45 anos, e Camilla Silva, de 22, ambas mulheres negras da periferia,
têm sofrido crises de ansiedade nos últimos dias. “Tenho medo de ser assassinada”,
resume Silva, enquanto Souza teme por seu filho adolescente: “Não quero que um
filho meu seja apontado na rua, agredido simplesmente pela cor da sua pele”.
Esse medo ao ódio que têm marcado as eleições não se restringe às grandes cidades.
Nas aldeias indígenas, líderes políticos e religiosos expressam sua preocupação ante
um possível retrocesso nas leis ambientais que protegem seus territórios. “Nosso
principal temor é que ele *Bolsonaro+ libere a mineração em nossas reservas naturais”,
explica Cristine Takuá, de 38 anos, coordenadora de uma comunidade guarani no
interior de São Paulo.
Para a ativista indígena Célia Xakriabá, de 29 anos, um dos grandes perigos de um
Executivo de Bolsonaro seria a liberação do acesso às armas de fogo no campo. “Isso
promoveria o genocídio dos povos nativos. Vamos sofrer um dos maiores impactos
desde 1500. A proposta de armamento no campo já é muito problemática, por
1008
exemplo para a etnia Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, onde os latifundiários
matam até os nossos bebês”, lamenta. Ela mesma, que sempre sai nas ruas com um
vistoso cocar e pinturas corporais típicas de sua tribo, tem sido alvo de ameaças. “Duas
pessoas já gritaram para mim que, se eu continuar saindo vestida desse jeito, vão
mandar me matar".
Apesar do medo, ambas coincidem na importância de resistir aos “tempos sombrios” e
contam que as diferentes etnias indígenas do país estão organizando-se para pensar
em estratégias de proteção e apoio, inclusive com os povos nativos de países vizinhos.
“Ainda temos esperança. Resistimos há 518 anos, e continuaremos fazendo isso",
afirma Takuá.
Giulianna Nonato tem a mesma postura. "Vamos defender tudo que já conquistamos.
Acredito muito na força dos movimentos sociais", diz. Ela conta geralmente conversa
com outras travestis e transexuais que sofreram os anos mais duros do regime militar
e que elas lhe aconselham a não deixar-se paralisar pelo medo. O psicanalista
Christian Dunker, professor da Universidade de São Paulo, defende que isso é o que se
deve fazer.
Dunker comenta que o Brasil sempre foi violento —lidera o ranking de homicídios por
arma de fogo e é o país onde mais pessoas LGBT são assassinadas no mundo— e que o
que ocorre agora é uma “sensação de medo intensificada no subconsciente coletivo”.
“Em momentos de tanta tensão política, é comum que nos lembremos dos maus
exemplos históricos, como a ditadura, mas precisamos saber que não é a mesma
coisa", diz. “As pessoas nas favelas enfrentam, infelizmente, uma violência diária e
continuam vivendo. É hora de aprender desses mais vulneráveis estratégias de
sobrevivência emocional, para não se render".
Temor nas universidades
O medo de agressões não é exclusivo de populações vulneráveis e tem repercutido
mesmo entre quem sempre se sentiu protegido e confortável. É o caso do professor do
Centro de Desenvolvimento Tecnológico da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL),
Luciano Volcan Agostini. Homem, branco, internacionalmente premiado e com
estabilidade garantida por concurso público, ele se arrepiou ao receber um email
anônimo com ameaças à sua carreira docente: “Estou envolvido diretamente na
campanha de Jair Bolsonaro e lhe informo que o mesmo está ciente do ativismo
político-comunista que a UFPEL está fazendo, assim como outras. Saiba que a teta vai
secar e o governo não irá mais financiar pesquisas inúteis”, dizia a missiva.
1009
Agostini, que é pesquisador, foi pró-reitor da universidade e participou da equipe que
definiu o Padrão Brasileiro de TV Digital, se surpreendeu. “Não faço campanha
partidária dentro da UFPEL e, muito menos, dentro da sala de aula. Minha militância
política tem acontecido mais nas redes sociais e, mesmo assim, não tenho perfil
público”. Ele admite que se sente intimidado, especialmente pelo anonimato da
mensagem, que utilizou um email falso. “Isso quer dizer que pode ser qualquer pessoa
ao meu redor que está me ameaçando”, observa ele, que já denunciou o caso à Polícia
Federal. “O clima é de profunda preocupação e medo na academia. O cerceamento do
livre pensamento está brotando e tomando uma forma cada vez mais assustadora”,
conclui.
Também profissional de uma instituição de ensino pública, a bibliotecária P.P. não é
militante partidária e diz que seus “ideais são principalmente pautados pela minha
espiritualidade”. Mesmo assim, mudou o comportamento recentemente por temer
represálias políticas até em atitudes corriqueiras profissionais.
Ela decidiu tirar um livro do teórico Karl Marx do expositor onde a biblioteca mostra os
itens recém adquiridos para os frequentadores. “Foi para proteger a instituição, não
me senti confortável, pensei que poderia vir alguém do MBLtentando achar alguma
coisa… fiquei em dúvida pois (colocar os lançamentos no expositor) é uma coisa tão
sem intenção, tão rotineira, mas pensei que até convencer, dar explicação e provar
que não somos doutrinadores… não sei. Tirei e guardei na estante, junto com outros
livros”, relata.
Ela também tem controlado as postagens que a biblioteca faz para divulgar sua
coleção. Temáticas que ganharam relevância nos últimos anos e que demandam
literatura para pesquisa, como os movimentos LGBT, feminista e negro estão sendo
diluídos propositalmente para evitar “falsas interpretações, para não inventarem o que
não é”, assegura.
O nível de ansiedade chegou ao ponto máximo depois que livros com a temática de
direitos humanos foram rasgados na biblioteca da Universidade de Brasília (UnB). Foi a
deixa para P.P. avisar a colegas que se o clima piorasse, ela estava disposta a levar
parte do acervo que toma conta para sua casa, como medida de proteção. “Antes a
gente falava em censura num tom de brincadeira, agora a gente não ri mais”.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/18/politica/1539891924_366363.html
1010
FILHO DE BOLSONARO AMEAÇA STF E DIZ QUE PARA FECHAR CORTE BASTA “UM
SOLDADO E UM CABO”. DECLARAÇÕES, FEITAS EM JULHO EM UM CURSINHO,
PROVOCAM REPÚDIO. FHC DIZ QUE HÁ "CHEIRO DE FASCISMO"
Ricardo Della Coletta e Felipe Betim, El País, 21 de outubro de 2018
O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável Jair Bolsonaro,
ameaçou os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) caso eles decidam fazer
algum tipo de questionamento à candidatura de extrema direita do PSL. "Se o STF
arguir qualquer coisa... Sei lá, que recebeu uma doação ilegal de 100 reais do José da
Silva... E impugna a candidatura dele... Eu não acho isso improvável, mas aí vai ter que
pagar para ver. Será que eles vão ter essa força mesmo?", questiona o deputado, em
vídeo que começou a circular pelas redes sociais neste domingo. "O pessoal até brinca
que para fechar o STF você não manda nem um jipe, manda um soldado e um cabo. Se
você prender um ministro do STF, você acha que vai ter uma manifestação popular?".
O Supremo ainda não se pronunciou oficialmente sobre a ameaça.
Em texto publicado em seu perfil no Facebook na tarde deste domingo, o deputado
esclareceu que o vídeo foi gravado há quase quatro meses e pediu desculpas. "Eu
respondi a uma hipótese esdrúxula, onde Jair Bolsonaro teria sua candidatura
impugnada pelo STF sem qualquer fundamento. De fato, se algo desse tipo ocorresse,
o que eu acho que jamais aconteceria, demonstraria uma situação fora da
normalidade democrática. Na sequência citei uma brincadeira que ouvi de alguém na
rua", afirmou. Mais adiante acrescentou: "Tenho a consciência tranquila e o momento
é de acalmar os ânimos, que muitas das vezes é inflado propositalmente para se criar
uma atmosfera de instabilidade. Se alguém defender que o STF precisa ser fechado, de
fato essa pessoa precisa de um psiquiatra. Eu jamais falei isso".
O presidenciável Jair Bolsonaro já havia declarado horas antes a jornalistas que não
existe a possibilidade de o Supremo ser fechado, segundo informou a Folha de S.
Paulo. "Se alguém falou em fechar o STF, precisa consultar um psiquiatra", afirmou o
candidato, que naquele momento garantiu desconhecer o vídeo e disse duvidar que
seu filho tenha feito tal afirmação. "Alguém tirou de contexto". Já a ministra Rosa
Weber, que também é presidenta do Tribunal Superior Eleitoral(TSE), declarou ter
conhecimento do vídeo, assim como de sua desautorização por parte de Jair
Bolsonaro. "De qualquer sorte, embora não seja a presidente do STF, e sim do TSE,
[quero dizer que] no Brasil as instituições estão funcionando normalmente". Ela disse
ainda que os juízes no Brasil "não se deixam abalar por qualquer manifestação que
eventualmente possa ser compreendida como inadequada".
1011
A ameaça ao Supremo foi feita durante uma aula na AlfaCon Concursos Públicos, que
oferece cursos preparatórios para os que almejam trabalhar na Polícia Federal e outras
instituições públicas. O vídeo de sua fala foi publicado em julho deste ano no canal do
Youtube do curso preparatório. "Sendo eleito no primeiro turno, há possibilidade de o
STF criar uma previsibilidade para agir e impedir que seu pai assuma? E, isso
acontecendo, o Exército pode agir sem ser invocado, salvo engano, o artigo 1º?",
perguntava um participante da aula. Eduardo Bolsonaro, que é policial federal e foi
reeleito deputado federal por São Paulo neste ano com 1,8 milhão de votos, tornandose o mais votado da história, começou respondendo o seguinte: "Aí está caminhando
para um estado de exceção, né. O STF vai ter que pagar para ver. E aí quando ele pagar
para ver, vai ser ele contra nós. Você está indo para um pensamento que muitas
pessoas falam e muito pouco pode ser dito".
As declarações do dep. E Bolsonaro merecem repudio dos democratas.
Prega a ação direta, ameaça o STF. Não apoio chicanas contra os
vencedores, mas estas
cruzaram a linha, cheiram a fascismo. Têm meu repúdio, como quaisquer
outras, de qualquer partido, contra leis, a Constituição.
— Fernando Henrique Cardoso (@FHC) October 21, 2018
O vídeo ascendeu novamente os temores de uma possível escalada autoritária no país.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que costuma ser cauteloso, afirmou que
as declarações sobre o STF "cruzaram a linha, cheiram a fascismo". Segundo informou
o jornal O Globo, Fernando Haddad, candidato a presidente do PT, disse durante uma
entrevista em São Luís, no Maranhão, que "esse é pessoal é uma milícia", em
referência à família de seu adversário. "Não é um candidato a presidente. É um chefe
de milícia. Os filhos deles são milicianos, são capangas. É gente de quinta categoria".
O EL PAÍS também telefonou para a sede da AlfaCon em Cascavel (Paraná), onde a aula
foi realizada, segundo consta na descrição do vídeo. O homem que atendeu a ligação
disse que um responsável só poderia falar com a reportagem a partir de segunda-feira,
mas, antes de interromper bruscamente a ligação, acusou este jornal de ser
"tendencioso" e "de esquerda".
O TSE vai investigar se empresas bancaram ilegalmente o envio de milhares de
mensagens por WhatsApp para favorecer a candidatura presidencial de Jair Bolsonaro
(PSL), conforme publicado em reportagem da Folha de S. Paulo. O PDT, partido de Ciro
Gomes, que ficou em terceiro lugar na eleição presidencial, também entrou com uma
1012
ação no TSE na qual pede a anulação da eleição presidencial, por abuso de poder
econômico por parte de Bolsonaro. Já a campanha de Haddad protocolou uma
representação na qual pede a investigação do caso e a cassação do registro de
Bolsonaro.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/21/politica/1540142442_181625.html
BOLSONARO A MILHARES EM EUFORIA: “VAMOS VARRER DO MAPA OS BANDIDOS
VERMELHOS”. "NÓS SOMOS O BRASIL DE VERDADE", DIZ CANDIDATO DE EXTREMA
DIREITA A UMA SEMANA DO SEGUNDO TURNO. SEUS ELEITORES DERAM
DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA NAS RUAS EM DEZENAS DE CIDADES
Heloísa Mendonça e Naiara Galarraga Gortázar, El País, 22 de outubro de 2018
Apoiadores ouvem Bolsonaro falar em vídeo na av. Paulista. FERNANDO BIZERRA JR.
(EFE) / VÍDEO: REUTERS-QUALITY
Vestidos de verde e amarelo, os apoiadores do candidato de extrema direita Jair
Bolsonaro (PSL) exibiram neste domingo na Avenida Paulista sua força e euforia a uma
semana do segundo turno das eleições em que o candidato aparece com uma enorme
vantagem sobre o seu concorrente, Fernando Haddad(PT), segundo as pesquisas
eleitorais. O capitão retirado do Exército não compareceu à manifestação paulista que
encheu vários quarteirões da avenida, mas discursou por meio de um telão. A um
1013
passo do Palácio do Planalto e contra alguns prognósticos de que a corrida do segundo
modularia sua retórica, repetiu o discurso mais virulento contra os adversários do PT:
"Vamos varrer do mapa os bandidos vermelhos do Brasil", disse. “Essa turma, se quiser
ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós. Ou vão para fora ou vão para a
cadeia”, afirmou. Bolsonaro, que descreveu a si aos seguidores como "o Brasil de
verdade", agradeceu outras dezenas de manifestações pelo país.
Os 19 pontos de vantagem que as pesquisas dão ao militar reformado faz com que
seus seguidores se sintam cada dia mais confiantes. Enquanto isso, o candidato e seu
entorno continuam enviando sinais inquietantes sobre como atuará caso seja eleito
presidente. Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável e deputado eleito, sugeriu em
um vídeo de julho que circulou nas redes neste domingo a possibilidade de fechar o
Superior Tribunal Federal (STF), algo que para ser feito basta, afirma,"um soldado e um
cabo". Horas depois, ele publicou uma nota na sua página do Facebook em que
explicava suas palavras, que respondiam a uma pergunta sobre a hipótese do seu pai
ter sua candidatura impugnada pelo STF sem qualquer fundamento. "Se alguém
defender que o STF precisa ser fechado, de fato essa pessoa precisa de um psiquiatra",
completou.
Há entre seus apoiadores, no entanto, os que manifestam uma fé cega no líder do
Partido Social Liberal. "Se Bolsonaro começar a falar em fechar o STF, eu vou confiar
nele. Estou dando meu voto de confiança a ele. Se lá na frente o presidente nos
decepcionar, voltaremos novamente aqui para a Paulista para protestar", explicava
Hilston Oliveira, um artista plástico, que junto com a mulher e três filhos participava do
ato a favor do capitão reformado. "Somos evangélicos e Bolsonaro defende
exatamente os valores que acreditamos". Participante assídua das manifestação
convocadas contra a corrupção, a advogada Ana Maria Straub diz apoiar Bolsonaro por
ele ser uma pessoa íntegra "um patriota e sem os istas *racista, fascista, machista…+
que é acusado". "Ele é um candidato que defende os valores da família e é contra o
aborto", diz a advogada que garante que, em sua família, conhece apenas um primo
que não irá votar no capitão reformado do Exército.
Outro grande protagonista ausente da mobilização foi o PT. A ameaça feita por
Bolsonaro no telão retroalimentava o ódio visceral que seus votantes exibiam no chão.
"Fora PT" e "Eu vim de graça", foram alguns dos gritos mais entoados por um mar de
gente com camisetas de Bolsonaro.
Ex-eleitora fiel do PT, a aposentada Angélica, de 54 anos, abandonou o voto ao partido
após os escândalos de corrupção envolvendo o PT. "É corrupção demais, me
decepcionou. O que vemos hoje é um país cheio de bandidos e tráfico de drogas. Não
é que eu apenas leio sobre esses problemas, eu os vejo nas ruas. Não podemos deixar
1014
que o país vire uma Venezuela", diz a aposentada que vestia uma camiseta escrita
Bolsonaro Presidente com uma foto do candidato do PSL. "Claro que o Bolsonaro não é
santo, mas todas as propostas deles são boas, temos chance de mudar o país",
ressalta.
O goiano Leonardo Costa, de 26 anos, aproveitou uma viagem de negócios à capital
paulista para participar pela primeira vez de uma manifestação. "Vim porque
realmente essa vale a pena. Não podemos deixar que um partido corrupto como o PT
continue no poder. A mudança é agora ou nunca", disse ao lado do amigo Guilherme
que, vestido com a camisa do Brasil, também apoiava a candidatura de Bolsonaro.
"Sabemos que ele não é o candidato ideal, é impossível concordar com todas as ideias
defendidas por ele, mas é o único que pode vencer o PT".
A exibição de força chega dias depois da Folha de S. Paulo publicar que um grupo de
empresários pagava ilegalmente envios de mensagens por WhatsApp contra o PT.
Desde então, os controladores da aplicação suspenderam as contas das empresas
mencionadas. O caso está sendo investigado pelas autoridades eleitorais e é
improvável que tenha alguma conclusão antes do segundo turno, no próximo domingo
28.
Em São Paulo, tudo nos cenários, nas cores e nos personagens remetiam à campanha
de rua pelo impeachment de Dilma Rousseff: bonecos infláveis do ex-presidente Luiz
Inacio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava Jato, conviviam com cinco
carros de som - dos movimentos de direita Avança Brasil, Vem pra Rua, MBL e Nas
Ruas - também estavam estacionados em diferentes pontos da avenida. João Doria,
candidato tucano ao governo de São Paulo que luta por se colar a Bolsonaro, também
apareceu. As deputadas do PSL Janaína Paschoal e Joice Hasselmann foram
ovacionadas.
No sábado, a Av. Paulista acolheu outra marcha, muito menos multitudinária, a favor
de Haddad. Boa parte dos simpatizantes de Bolsonaro coincidem que a prioridade
agora é que o PT não regresse ao poder. Pouco importava aos presentes que o homem
com mais probabilidades de ser o próximo presidente do Brasil não estivesse presente.
Pelo Twitter, o candidato havia lamentado mais cedo não poder participar das
manifestações, e lembrou do atentado a faca que sofreu no início de setembro. O
candidato praticamente não pisou na rua desde o episódio em Minas Gerais. Prefere
permanecer em seu controlado ambiente das redes sociais a participar dos debates de
televisão.
[A matéria traz outras fotos de participantes...]
1015
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/22/actualidad/1540162319_752998.html
CONVITE PARA A PRIMEIRA SEMANA E PARADA LGBT DE RIO CLARO/SP TEMA DA
PARADA: CHEGA DE OPRESSÕES, É HORA DE DAR CLOSE!
Movimento LGBT
Primeira Semana e Parada LGBT – Rio Claro/SP – Ano de 2018, 15 a 21 de outubro
Realização Movimento LGBT
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
PRIMEIRA SEMANA E PARADA LGBT DE RIO CLARO/SP
VISIBILIDADE AOS DIREITOS,
MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS E CULTURAIS LGBT
O objetivo do projeto é fomentar a “VISIBILIDADE AOS DIREITOS, MANIFESTAÇÕES
ARTÍSTICAS E CULTURAIS LGBT” na cidade de Rio Claro/SP.
O objetivo da primeira semana e parada LGBT é promover e proporcionar para a
população LGBT existente no município e para a comunidade rio-clarense uma semana
socioeducativa e cultural, com atividades e ações inclusivas, mobilizando a população
LGBT, com intuito participativo social.
[Ver no link do do Google Drive, abaixo, o documento completo... Aqui, reproduzi o
início, mas o documento traz todas as atividades da Semana...]
http://movimentolgbt.com.br/convite-para-a-primeira-semana-e-parada-lgbt-de-rioclaro-sp/
https://drive.google.com/file/d/13_hOsetWnLJ2O7LrWj9wa1kZy6YEnTXS/view?usp=s
haring
ORGANIZAÇÃO DA 1ª PARADA LGBT CONTESTA PREFEITURA
1016
Jornal Cidade de Rio Claro, primeira página, 18 de outubro de 2018
https://drive.google.com/file/d/1Dif0Q9AMA1a_WZouWLIVZ_0YldZ0trtt/view?usp=sh
aring
ORGANIZAÇÃO DA 1ª PARADA LGBT CONTESTA PREFEITURA
Fabíola Cunha, Jornal Cidade de Rio Claro, 18 de outubro de 2018, p. B 7
1017
https://drive.google.com/file/d/1mGo2Ch0rrS5X3lhMewjD3wCxU8MnN3IV/view?usp=
sharing
PREFEITURA NEGA ALVARÁ PARA REALIZAÇÃO DA 1ª PARADA LGBT NESTE DOMINGO
NA CIDADE
Tribuna 2000, Primeira página, 19 de outubro de 2018 (Semanário de Rio Claro SP)
1018
https://drive.google.com/file/d/1acTutq4m4XUH4ZzXu5pZTt5AO13_evk_/view?usp=s
haring
NOTA OFICIAL INFORMATIVA MOVIMENTO LGBT
Facebook, 20 de outubro de 2018
Sobre a 1ª Parada LGBT de Rio Claro, SP, realizada em 21 e outubro de 2018
1019
NOVOS PROTESTOS POLÍTICOS NESTE FIM DE SEMANA EM RC. MOVIMENTOS
ACONTECEM EM PRAÇAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO NESTE SÁBADO (20) E NO
DOMINGO (21)
Lucas Calore, Jornal Cidade de Rio Claro, Caderno A Dia a Dia, 20 de outubro de 2018, o
jornal não numera páginas da esquerda (quando tirei a foto, não percebi)
1020
https://drive.google.com/file/d/1lekFYbV7hSbpLR45oUA2dl08B7ux5P9c/view?usp=sh
aring
LGBT
Jornal Cidade de Rio Claro, Lucas Calore, Coluna Cidade Livre, 21 do outubro de 2018
Sobre a confirmação da organização da Parada, a respeito de sua realização, mesmo
sem autorização da Prefeitura
1021
1022
“Apesar da negativa da Prefeitura Municipal e do indeferimento do pedido de
impetração de Mandado de Segurança Coletivo contra a Prefeitura por parte do
Ministério Público, a organização da 1ª Parada LGBT afirma que está mantido o evento
para este domingo (21) no município de Rio Claro.”
https://drive.google.com/file/d/1RjzZafry3TVkO0CqXohdXKDrOCaIz4c/view?usp=sharing
JORNAL CIDADE DE RIO CLARO, PRIMEIRA PÁGINA, 21 DE OUTUBRO DE 2018
1023
1024
UM RELATO DA 1ª PARADA LGBT DE RIO CLARO – SP
1a Parada LGBT de Rio Claro
Comentário que postei (Adriano Picarelli) no Facebook de Leila Pizzotti...
Organizadora da Parada...
"Participei da Parada, pude acompanhar até a avenida 8... Parabéns, Leila e todos que
lá estiveram... Leila e a Madrinha da Parada, Angel, falaram muito bem, sobre
cidadania, direitos, igualdade... A grande diferença é que não é luta pelo poder de
oprimir os outros, mas pelo poder de ser igual aos outros, de ter mesmos direitos e voz
ouvida da mesma maneira... Leila, também gostei de como cuidou da Parada, da
organização da segurança, orientando os participantes... E também concordo que PM e
Guarda Civil tiveram ótima atuação, discreta, sem interferir... agiram para que tudo
desse certo... Foi o que vi lá... Diversidade de cores, de pele, de cabelos, de roupas, de
bandeiras, de afetos... Danças... A Parada trouxe alegria... e como precisamos disso
nestes tempos... Leila, a meu ver, você acertou em manter a Parada... Quando o
movimento de cidadãos é ético, pensando numa sociedade melhor, o movimento não
precisa que algo externo traga ordem, o próprio movimento traz uma ordem, no caso,
ordem de respeito ao espaço público, aos outros... O que vi hoje foi bela lição de
cidadania... Parabéns a você, Leila, e a todos que estiveram fazendo história!
Parabéns!"
Comentário feito poucas horas depois da Parada...
Ainda preciso acrescentar... Depois de refletir mais detidamente...
Seguranças eram particulares, da Parada... Devem ser experientes, notei a discrição e
tranquilidade no trabalho... Para usar uma expressão adequada aqui: ninguém tinha
fez cara de “poucos amigos”...
Um carro da PM passou pela concentração no Jardim Público... Outro da Guarda Civil
Municipal, parou, desceram três guardas e conversaram com a organização, sem
problema algum...
Não posso dizer como PM e Guarda atuaram – há câmeras pelo centro...
1025
Até onde acompanhei o trajeto, não observei qualquer ação do Estado no sentido de
orientar o trânsito... Em esquinas, moças da Parada, com uma faixa, interrompiam o
tráfego por poucos momentos...
Não ouvi reclamação de motorista algum e a Parada não sofreu qualquer
constrangimento...
Talvez por volta de 300 pessoas estiveram presentes... mas não sou acostumado a
fazer estimativas....
Rio Claro tem por volta de 200 mil habitantes...
Os vereadores eleitos, cerca de 1000, 1500 votos...
Algumas memórias... Em Rio Claro há carreata no dia de São Cristóvão, padroeiro de
motoristas e viajantes... Também há procissões – já vi algumas em bairro, à noite... A
tocha olímpica passou por aqui... Todos os protestos pelo impeachment de Dilma
Roussef marcaram presença na cidade... Há pouco tempo, houve passeata de ONG de
apoio a pessoas com determinada síndrome... No período eleitoral também há
carreatas...
O carnaval contava com sambódromo com arquibancadas de montar, que ficavam
mais de uma semana numa avenida importante que cruza a cidade... O trânsito...
interrompido... não apenas nos horários de desfiles...
Na última greve geral convocada no país, houve colunistas de jornais da cidade que
defenderam que greves deveriam ser realizadas aos domingos (?!)...
Alguns ano atrás, governo anterior, indo para o trabalho, deparei-me com um
verdadeiro labirinto em toda a região central e entorno... Em cada esquina, guardas
civis e rapazes o Tiro de Guerra interrompiam o tráfego, mesmo sem saber ao certo
em que momento os participantes de uma corrida passariam... Ninguém tinha um
mapa, muitos sabiam indicar um caminho apenas até poucas quadras adiante... Ouvi
motoristas falando palavrões, mas quando já distantes do guardas... Rio Claro tem uma
Floresta Estadual, com percurso para corrida, que poderia muito bem ser usado, ainda
mais num caso em que a população estava completamente alheia à competição... De
qualquer modo, o trânsito na região central, onde há hospital, foi interrompido...
Não tenho condições de apresentar quais foram os problemas na organização da 1ª
Parada LGBT de Rio Claro... Acompanhei o noticiário dos jornais, que pouco
esclareceram...
1026
Em meu Facebook há dois vídeos que gravei, com falas da organizadora e da madrinha
da Parada, Leila Pizzotti e Angel...
CARTA CONVITE/MANIFESTO. DO MOVIMENTO VEM PRA RUA. MANIFESTAÇÕES DE 13
DE MARÇO DE 2016, PELO IMPEACHMENT DE DILMA ROUSSEF
Publicada no jornal Tribuna 2000, p. 5, 11 e 12 de março de 2016 (Tribuna é semanário
publicado em Rio Claro – SP)
1027
1028
BRASIL... NÃO CABE NA GLOBO!
Nilce F. Bueno, Diário do Rio Claro, 19 de outubro de 2018, p. 2
https://drive.google.com/file/d/1MoSKFOEGSQqGRqXISxTOAWRIthB6u_S/view?usp=sharing
PRIMEIRA PARADA LGBT DE RIO CLARO REÚNE GRANDE PÚBLICO
Jornal Cidade, 21 de outubro de 2018
A primeira Parada LGBT de Rio Claro aconteceu na tarde desta domingo (21) e reuniu
grande público.
A multidão se reuniu na Jardim Público por volta das 13 horas e seguiram sentido a
Escola de Samba A Casamba, onde o evento segue até às 21 horas.
Confira imagens da reunião, da caminhada e também do evento na A Casamba:
1029
1030
[Rua 1, diante da estação ferroviária]
1031
[A matéria traz mais imagens... ver link...]
https://www.jornalcidade.net/primeira-parada-lgbt-de-rio-claro-reune-grandepublico/
1ª PARADA LGBT DE RIO CLARO. VÍDEOS COM FALAS DA ORGANIZADORA E DA
MADRINHA DA PARADA
Filmagem: Adriano Picarellli
Leila Pizzotti... organizadora da 1a Parada LGBT de Rio Claro
21 de outubro de 2018
https://www.facebook.com/100009193848901/videos/2125392911110483/
Angel... Madrinha da 1a Parada LGBT de Rio Claro...
21 de outubro de 2018
https://www.facebook.com/100009193848901/videos/2125386214444486/
1032
JORNAL CIDADE DE RIO CLARO, PRIMEIRA PÁGINA, 23 DE OUTUBRO DE 2018
1033
https://drive.google.com/file/d/1Sw3GF22nLsL4_i4lDHMroPpPod2ORVkl/view?usp=sh
aring
PARADA PERCORRE CIDADE DE FORMA PACÍFICA. ORGANIZAÇÃO AGRADECE
APOIADORES; PREFEITURA DIZ QUE EVENTO OCORREU SE ALVARÁ E GCM
“MONITOROU”
Fabíola Cunha, Jornal Cidade de Rio Claro, 23 de outubro de 2018, Caderno B, p. B1
https://drive.google.com/file/d/1iVsodvUn30jgP9XLpovu7F4u407yI3E/view?usp=sharing (página inteira)
https://drive.google.com/file/d/1d8Ht8GdzBCCOUqtJ60l858NT6C27YVdb/view?usp=sh
aring (meia página)
1034
JORNAL CIDADE DE RIO CLARO, PRIMEIRA PÁGINA, 08 DE OUTUBRO DE 2018
Um dia depois da realização do primeiro turno das eleições de 2018
1035
1036
JORNAL CIDADE DE RIO CLARO, PRIMEIRA PÁGINA, 11 DE OUTUBRO DE 2018
1037
OS VALORES E BOATOS QUE CONDUZEM (OU NÃO) OS EVANGÉLICOS A BOLSONARO
Leandro Machado e Luiza Franco, BBC News Brasil, 23 de outubro de 2018
No palco de uma unidade da igreja evangélica Sara Nossa Terra, a empresária Sarah
Alarcon lamenta para os fiéis que acompanhavam o culto: "Estamos num momento em
que o povo de Deus está brigando por política. Nós temos que orar, que pedir para
Deus fazer o melhor cenário e colocar as melhores pessoas. Xingar não vai mudar a
realidade. Se orássemos mais teríamos um país muito mais unido. A falta de oração
está fazendo nós perecermos".
Minutos antes, na porta do templo, a empresária, e eleitora de Jair Bolsonaro, dizia-se
farta de testemunhar brigas de evangélicos. "As pessoas têm que parar de se meter na
escolha dos outros e orar mais", dizia.
Segundo pesquisa Datafolha de quinta-feira, 71% dos evangélicos do país declaram
voto em Jair Bolsonaro no segundo turno. Ele vence com folga em todos os subgrupos
- evangélicos tradicionais, pentecostais, neopentecostais e outros setores. Outros 29%
dos evangélicos escolhem Haddad.
Em nível nacional, Bolsonaro lidera os levantamentos de intenção de voto com 59%,
ante 41% de Haddad.
Nos últimos dias, a BBC News Brasil conversou com evangélicos de diversas igrejas
entender o papel da religião na opção de voto em cada um dos candidatos.
Entre os apoiadores ouvidos pela reportagem, muitos associam o candidato do PSL à
perspectiva de "resposta" a algumas mudanças de comportamento ocorridas nos
últimos anos, como o crescimento do movimento LGBT, feminismo, discussões de
identidade de gênero e novos formatos familiares, como as homoafetivas.
Outro argumento recorrente é o de que Bolsonaro seria um exemplo de político "ficha
limpa", sem envolvimento em casos de corrupção, em contraponto ao partido de Lula.
Já os evangélicos contrários ao deputado argumentam que sua plataforma política e
seus discursos estão em desacordo com valores cristãos importantes, como amor ao
próximo, a pregação da paz e a igualdade entre os seres humanos. Eles alegam que o
voto evangélico em Bolsonaro, político que já defendeu a tortura contra opositores,
desrespeita a trajetória do principal símbolo do cristianismo, Jesus Cristo.
1038
Mesmo diante desta divisão, pastores ouvidos pela BBC News Brasil dizem que não
costumam acontecer brigas nas igrejas. Eventuais discordâncias e debates só ocorrem
em redes sociais, como WhatsApp. Um deles conta que, na sua igreja, onde eleitores
de Bolsonaro são maioria, aqueles que não votam no capitão reformado costumam
ficar em silêncio devido à pressão do grupo oposto.
O que dizem os evangélicos a favor de Bolsonaro?
A campanha e apoiadores de Bolsonaro conseguiram colar no candidato do PT a
imagem de um governo que iria ensinar sexo na escola e estimular homossexualidade,
o que nunca foi cogitado por Haddad. Para isso, informações falsas sobre o petista
foram disseminadas, como o fato de ele ser ministro da Educação quando o governo
propôs distribuir a professores um material contra homofobia apelidado por
opositores de "kit gay" - no entanto, a cartilha nunca chegou a ser enviada aos
profissionais ou escolas.
Na semana passada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibiu Bolsonaro de divulgar
vídeos associando Haddad ao "kit-gay".
Esse boato foi citado por todos os evangélicos com quem a BBC News Brasil conversou.
A empresária Sarah, da igreja Sara Nossa terra, explica seu voto com três fatores:
questões comportamentais, a recente crise econômica e um desejo de "ordem" social.
"Para decidir meu voto, entrei em oração e escutei a Deus. Fiquei pensando no país
que quero para o meu filho de nove anos. Não quero que ele aprenda sobre sexo na
escola", diz ela.
Sobre declarações agressivas de Bolsonaro, que já se disse a favor da tortura e
"homofóbico com muito orgulho", a empresária justifica: "A gente está elegendo um
presidente. Não vou dormir com ele."
Na mesma igreja, a universitária Vitória dos Santos, 19, tem críticas a declarações
belicosas e preconceituosas do candidato, mas não pretende mudar sua escolha.
"Tenho amigos gays e vejo o desespero deles, mas o PT não dá", diz ela, que decidiu
seu voto conversando com amigos da igreja e pastores. "Aqui, na Igreja, a gente tem
um trabalho de valorização da família", afirma.
Do outro lado da cidade, em Itaquera (zona leste paulistana), o comerciante Agnaldo
Floriz, 40, fiel da pequena igreja Palavra da Vida Eterna, cita outro argumento que
pesou: uma notícia falsa que recebeu pelo WhatsApp, mas que acreditou ser
1039
verdadeira. "Você sabe que o Haddad prometeu distribuir mamadeira em formato de
pênis para as crianças?".
Ao lado, o vendedor Renato Rodrigues, 38, defende sua opção de voto: "Bolsonaro
tem padrão cristão, de respeito à família. Ele não quer induzir o homem a ser mulher.
Vou seguir meus líderes, (o pastor Silas) Malafaia e (o deputado federal) Marco
Feliciano."
Os líderes evangélicos que apoiam Bolsonaro
O sucesso do candidato do PSL também se explica pelo apoio de líderes de grandes
igrejas, como o bispo Edir Macedo, da Universal do Reino de Deus, e o pastor Silas
Malafaia, da Vitória em Cristo. Para pedir votos ao deputado, eles também citaram o
chamado "kit-gay".
Os professores estão instruindo (os alunos): 'olha, você tem direito de escolher ser
menina se você é menino. Ou você, menina, pode escolher ser menino'. É isso que
estamos vendo nas escolas", disse Edir Macedo.
Malafaia falou de corrupção, mas também repetiu o discurso conservador em defesa
da família tradicional, formada por homem, mulher e filhos. "Esse cara (Bolsonaro) tem
gana de melhorar o Brasil, temos que dar um basta a essa gente que roubou durante
13 anos. Bolsonaro é a favor dos valores de família, é contra essa bandidagem de
erotizar criança em escola, que toda a esquerda quer."
À medida que a proporção de evangélicos no país foi aumentando, também cresceu
sua representação política. De acordo com dados do Datafolha, três em cada dez (29%)
brasileiros com 16 anos ou mais atualmente são evangélicos. Em 2017, a Frente
Parlamentar Evangélica tinha 178 integrantes, de um total de 510 deputados na
Câmara.
Nos últimos dias, o grupo fez uma carta declarando apoio a Bolsonaro. "A pauta do
candidato coincide com a visão desta frente pró-vida. Por esta razão, e por entender
que um governante de esquerda limitaria o direito de crença e liberdade religiosa, nos
pronunciamos novamente em prol da candidatura de Bolsonaro. Mais que uma
questão natural, é uma questão espiritual. A defesa dos valores cristãos, da vida e da
família está acima de tudo!", diz o texto.
Em Pinheiros, o pastor batista Celso Eranides conta que votou em Ciro Gomes (PDT) no
primeiro turno, mas está inclinado a Bolsonaro no segundo. Ex-aluno de letras da USP,
1040
afirma que seu círculo social é composto pelos dois lados do polo político: tem amigos
acadêmicos petistas e evangélicos bolsonaristas.
"O que faço? O discurso de Bolsonaro é impositivo, mas o outro lado também é. A
ideologia de gênero veio com muita força", diz à BBC News Brasil. "Essa turma da
esquerda não defende a gente, da família tradicional. Não quero que meu filho de
nove anos aprenda sobre sexo na escola".
O pastor conta ser a favor do casamento gay civil, mas tem receio de ser obrigado a
realizar cerimônias religiosas desse tipo, por uma "questão espiritual". Não há no
programa de governo petista qualquer menção sobre obrigar igrejas a realizar
casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
"Fico conjecturando… O que é democracia para mim? É alternância de poder. As
pessoas falam essa idiotice (de que Bolsonaro representa a tortura), mas o país é outro
hoje. Quero acreditar que as instituições funcionam. Não existe mais isso. Odeio
militar, acho o discurso deles (esquerda) é idiota. Além disso, Bolsonaro será eleito
democraticamente, da mesma forma que um torneiro mecânico foi eleito (Lula). E
acho que Bolsonaro não fica mais de quatro anos."
Bolsonaro e os valores cristãos
Para o segmento minoritário contra Jair Bolsonaro, o principal argumento é o de que a
postura do candidato é oposta ao que a Bíblia prega.
O escritor Miguel Del Castillo, que frequenta a igreja Comunidade de Jesus, diz que
muitos evangélicos têm "fechado os olhos para o discurso de violência de Bolsonaro".
Para ele, a retórica replicada pelo candidato sobre "pessoas de bem" não bate com os
valores cristãos.
"Partimos do pressuposto de que nenhum ser humano é intrinsecamente bom. É a
doutrina do pecado universal, para o qual Jesus se apresenta como redenção. Se todos
são pecadores, esse discurso de que há 'pessoas de bem' é contraditório. Jesus falava
em amar inclusive os inimigos."
Já o pastor Levi Araújo, da Igreja Batista da Água Branca, em São Paulo, afirma que o
candidato do PSL "alimenta e fortalece um grupo neo-fascista que é um perigo para o
Brasil".
1041
Em sua opinião, o voto evangélico em Bolsonaro contraria preceitos cristãos. "Jesus
Cristo de Nazaré foi torturado. Como um cristão vota em um candidato que já disse ser
a favor da tortura e da ditadura?", diz.
"Bolsonaro é machista e misógino, e Jesus foi o primeiro líder religioso a reconhecer e
valorizar o papel das mulheres. Bolsonaro é xenófobo; Jesus foi imigrante", afirma.
Bolsonaro já fez reiteradas declarações em defesa da tortura e da ditadura, mas nega
ser machista e xenófobo.
Já o antropólogo Flávio Conrado, evangélico que se identifica com o campo político da
esquerda, resume seus motivos para não votar em Bolsonaro: "Por causa do
extremismo das posições que ele expressa em relação aos direitos humanos."
Na visão dele, a polarização também está presente nas igrejas. "O risco para os
evangélicos é que sejamos cada vez mais taxados como intolerantes, o que não
somos."
Em setembro, um grupo de teólogos e reverendos presbiterianos, batistas e de outras
denominações publicou a Carta Pastoral à Nação, em que pedem para a população
escolher candidatos "pelo alinhamento deles com os valores do Reino de Deus,
evidenciados na defesa dos mais pobres e dos menos favorecidos".
Diz ainda, entre outras coisas, que "o nome de Deus não pode ser usado em vão, ainda
mais para fins políticos".
Teólogo e fundador da ONG Rio de Paz, Antonio Carlos Costa também tem exposto
suas críticas ao capitão reformado nas redes sociais.
Diz ser crítico ao PT há anos e não declara explicitamente voto em Haddad. Nestas
eleições, no entanto, decidiu mudar seu comportamento porque, na opinião dele,
Bolsonaro usa a fé cristã "para defender ideias radicalmente anti-cristãs" e que ele
teve "posições antidemocráticas ao longo de sua vida."
"A minha questão é teológica", diz ele, num vídeo. "Como instituição, a igreja deve
respeitar a diversidade de opinião de seus membros (...) Estamos criando barreiras
intransponíveis para milhões de pessoas que deveriam ser objeto da nossa
preocupação".
Qual é a influência dos líderes das igrejas no voto dos evangélicos?
1042
Para o cientista político Claudio Couto, da Fundação Getúlio Vargas, a transferência
dos votos dos fiéis para um candidato apoiado pelos líderes não é automática. "Esse
eleitorado não segue bovinamente a determinação do seu líder religioso", diz.
Já Amy Erica Smith, professora de ciência política da Universidade de Iowa, nos
Estados Unidos, diz que os evangélicos criticam líderes que se posicionam
politicamente.
"Isso muda um pouco quando o entrevistado fala do seu pastor especificamente. Há
uma tendência a perdoar mais nos casos concretos", diz ela, que há anos estuda a
intersecção entre religião e política no Brasil.
Dados de sua pesquisa com evangélicos nas eleições de 2014 apontam que o apoio de
líderes não importou para a decisão da maioria dos ouvidos. "A transferência não é
automática."
Ela diz que, quanto mais conservadora a igreja, mais coeso tende a ser o perfil de voto
das pessoas que a frequentam.
No caso de 2018, quanto mais a pessoa frequenta sua igreja, maior a chance de ela
declarar voto em Bolsonaro e não em Haddad. "É forte a correlação entre preocupação
com questões sexuais e de gênero com o apoio a Bolsonaro, e não a Haddad", diz.
No entanto, isso não acontece porque o pastor orienta as escolhas dos fiéis, mas
porque eles, em geral, convivem muito e têm valores e formas de pensar parecidas. "A
orientação do pastor faz parte, mas não é o fator mais importante."
Neste ano, Smith conduziu uma pesquisa online com religiosos. Concluiu que, entre
aqueles que frequentam igrejas, 29% dos católicos, 38% de evangélicos não
pentecostais e 46% de pentecostais sabiam que seus líderes apoiavam algum
candidato. Quase todos disseram que esse candidato era Jair Bolsonaro.
"Isso indica que há muito ativismo dentro das igrejas dos apoiadores de Bolsonaro",
diz.
Na avaliação dela, a maior parte dos evangélicos gostaria, em tese, de votar em um
cristão, mas considerações ideológicas podem pesar mais, como parece ocorrer neste
ano - apesar de ter sido batizado por um pastor em Israel, Bolsonaro se declara,
oficialmente, católico.
1043
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45829796
UOL, PÁGINA INICIAL, 23 DE OUTUBRO DE 2018, 12H18MIN
[Minha interpretação... Uol nunca deixou de tratar dessas questões... Infelizmente, só
agora elas ganharam tal destaque, com matérias tão objetivas e esclarecedoras...
Apresento as matérias dessas chamadas de página inicial a seguir..]
MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM
RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA
INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA
Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018
Até as 20 horas de segunda-feira (22), somava 8,6 milhões de visualizações um vídeo
de 2016 em que Jair Bolsonaro, então deputado e agora candidato do PSL à
Presidência ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/prestigio-combolsonaroagrada-mas-tambem-preocupa-cupula-militar.shtml ), acusa o PT de promover a
sexualização precoce de crianças (
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2018/10/entenda-aspolemicas-sobreescola-sem-partido-e-genero-na-educacao.shtml ) nas escolas do país.
A título de comparação, o número equivale a 18% dos votos recebidos por ele no
primeiro turno da eleição (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/eleicoes/2018/apuracao/1turno/brasil/ ).
1044
No vídeo, postado em sua conta pessoal no Facebook e ainda no ar, Bolsonaro
denuncia a entrega para alunos do que, segundo ele, seria um kit em que se ensina a
ser homossexual ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/ministro-dotsedetermina-exclusao-de-publicacoes-com-expressao-kit-gay-usadas-porbolsonaro.shtml ) e de um livro sobre sexo para crianças (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/livro-exibido-por-bolsonaro-nuncafoiadotado-pelo-mec-diz-editora.shtml ).
Esses dois materiais, entretanto, jamais chegaram a escolas por vias oficiais (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/livro-exibido-por-bolsonaro-nunca-foiadotado-pelo-mec-diz-editora.shtml ).
O livro apresentado por Bolsonaro no vídeo, e de novo em entrevista ao Jornal
Nacional (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/livro-exibido-porbolsonaro-nunca-foi-adotadopelo-mec-diz-editora.shtml )antes do primeiro turno,
nunca esteve na lista de obras compradas pelo governo. Depois do desmentido, ele
voltou a gravar afirmando que as escolas receberam a obra, sim, como um brinde das
editoras.
Esse novo vídeo já foi visto 3,5 milhões de vezes no Youtube, em canal extraoficial.
Não é possível mensurar a quantidade de compartilhamentos de conteúdos no
WhatsApp.
A campanha envolvendo esse tema alavancou Bolsonaro, como o próprio reconheceu.
“O ‘kit gay’ ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/eleicao-na-chapa-explicapolemicado-kit-gay-durante-gestao-de-haddad-no-mec.shtml ) foi uma catapulta na
minha carreira política”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo em abril de 2017.
Mas essa não é uma retórica isolada ou original, circunscrita ao contexto brasileiro.
Movimentos que se opõem a discussões sobre gênero nas escolas ganham força desde
a década de 1990.
Há iniciativas em ao menos 50 países, dos EUA à França, em consonância com agendas
religiosas como a oposição ao aborto (
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/08/maioria-dos-brasileiros-seguecontraria-a-legalizacao-do-aborto-mostradatafolha.shtml ), ao casamento
homossexual ( https://m.folha.uol.com.br/folha-topicos/casamento-gay/?pg=5 ) e a
um suposto risco de destruição da família.
Entre os detratores pelo mundo, reforça-se o discurso de que há um ataque
orquestrado por militantes da esquerda marxista ao conceito tradicional de família.
1045
No México, deputados com apoio de grupos conservadores chegaram a propor em
2016 a queima de livros didáticos que abordavam a educação sexual. No mesmo ano,
uma marcha tomou as ruas na Colômbia contra a pretensão do governo de incluir essa
discussão na educação.
Na Itália, o chamado Jogo do Respeito foi proibido após mobilização de conservadores
e religiosos. O material, com desenhos, questionava estereótipos sociais e apresentava
homens passando roupa ou carregando um carrinho de bebê, além de mulheres
trocando lâmpadas de casa.
Segundo estudiosos, a abordagem educacional da identidade de gênero (
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/04/1873735-retirada-de-identidadede-genero-do-curriculo-e-criticada-porentidades.shtml )pode colaborar com o
combate a problemas como gravidez na adolescência (
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/02/1862231-uma-em-cada-cincocriancas-nascidas-nopais-e-filha-de-adolescente.shtml ), violência contra mulher (
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/08/brasil-registra-606-casos-deviolencia-domestica-e-164-estupros-pordia.shtml ) e homofobia (
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/05/1884666-brasil-patina-nocombate-ahomofobia-e-vira-lider-em-assassinatos-de-lgbts.shtml ). A igualdade de
gênero é um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. De
acordo com pesquisadores, o próprio termo “ideologia do gênero” foi gestado entre os
que atacam essas discussões. Não há entre educadores, portanto, quem defenda essa
ideologia.
A consolidação da expressão se dá em documentos religiosos. “Ideologia de Gênero”(
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/10/saiba-como-surgiu-o-termoideologia-de-genero.shtml ) aparece pela primeira vez em um documento eclesiástico
em 1998, em nota da Conferência Episcopal do Peru intitulada “A ideologia de gênero:
seus perigos e alcances” (antes, autoras antifeministas (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/congresso-antifeminista-une-cristasamiga-pessoal-de-bolsonaro-homem-mais-machista.shtml ) como as americanas
Christina Sommers e Dale O’Leary haviam feito críticas similares).
Em 2000, novas menções surgem em registro da própria Cúria Romana, até que, em
2003, é publicado o mais extenso documento católico sobre o tema, o Lexicon.
A preocupação está presente, por exemplo, na Carta de Aparecida, resultado da
Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, realizada no Brasil em
2007 com presença do papa Bento 16. O texto diz que a “ideologia de gênero”
1046
colaboraria para o enfraquecimento da família e prejudicaria a dignidade do
casamento.
A adoção do discurso e de expressões tem sido combinada com acusações infundadas,
segundo o pesquisador Rogério Junqueira, do Centro de Estudos Multidisciplinares e
Avançados da UnB (Universidade de Brasília). Junqueira é autor de estudos sobre a
cruzada contra as discussões de gênero, como “Ideologia de gênero”: a gênese de uma
categoria política reacionária – ou: a promoção dos direitos humanos se tornou uma
“ameaça à família natural?". Esse artigo identifica a escalada religiosa em torno do
tema.
Na publicação de Bolsonaro de 2016, consta que, para o PT, “brevemente a pedofilia
deixará de ser crime”. Nunca houve iniciativas nesse sentido nos governos do PT(
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/lula-e-um-grande-conselheiro-e-terapapeldestacado-em-meu-governo-afirma-haddad.shtml ).
Imagens de materiais do Ministério da Saúde para o público LGBTI em campanhas
contra a Aids ( https://m.folha.uol.com.br/folha-topicos/aids/?pg=3 ), por exemplo,
foram disseminadas nesta eleição como se fossem conteúdo escolar. Foto de uma
Parada Gay nos EUA também.
A Justiça eleitoral determinou no último dia 15 a retirada do ar de publicações do
capitão reformado que associam a entrega do que passou a ser chamado de “kit gay” a
Fernando Haddad (PT) ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/ministro-dotse-determina-exclusao-de-publicacoes-com-expressao-kit-gayusadas-porbolsonaro.shtml ).
O petista, que disputa o segundo turno, era ministro da Educação na época da
polêmica sobre o material contra a homofobia, engavetado em 2011. Além de ter sido
barrado, o kit era voltado a alunos de ensino médio (com 14 anos ou mais) e a
professores.
“Investe-se em pânico moral quando se começa a falar que as crianças estão sendo
ameaçadas”, diz Junqueira. “Os acusadores colocam os acusados na defensiva a partir
de um suposto comportamento inaceitável, como ensinar sexo para crianças.
No Brasil, a polêmica sobre o kit foi o ruidoso início desse fenômeno, ainda em 2011.
Mais tarde, em 2014, no governo Dilma Rousseff (PT) (
https://m.folha.uol.com.br/folha-topicos/dilma-rousseff/ ), uma meta que buscava
superar desigualdades educacionais “com ênfase na promoção da igualdade racial,
1047
regional, de gênero e de orientação sexual” foi suprimida da versão final do PNE (Plano
Nacional de Educação).
Nos anos seguintes qualquer menção a gênero seria retirada de planos municipais e
estaduais de educação. As supressões foram lembradas no texto de um abaixo
assinado feito em 2017 contra a presença no Brasil da filósofa americana Judith
Butler ( https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/11/1933437-manifestantespro-e-contra-judith-butler-protestam-no-sesc-pompeia.shtml ), referência nos estudos
de gênero.
A petição teve 300 mil assinaturas e a palestra, em São Paulo, foi acompanhada de
manifestantes ( https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/11/1933437manifestantes-pro-e-contra-judith-butler-protestam-no-sesc-pompeia.shtml ) com
cartazes clamando por “mais família”. Uma foto de Butler era acompanhada da frase
“pedofilia não”.
Foi também em 2014 que os filhos políticos do capitão reformado apresentaram os
primeiros projetos de lei para criar o projeto Escola Sem Partido (
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/08/os-deveres-detalhados-da-escolasem-partido.shtml ) no Rio de Janeiro. Flavio Bolsonaro fez a proposta na Assembleia
Legislativa, e Carlos Bolsonaro, na Câmara.
Esses textos se posicionam contra a doutrinação partidária por parte dos professores (
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2018/10/o-que-bolsonaro-e-haddadpropoem-para-osprofessores.shtml ), mas também preveem veto a conteúdos “que
possam estar em conflito com as convicções religiosas ou morais dos estudantes ou de
seus pais”.
A iniciativa da família Bolsonaro impulsionou o Escola Sem Partido, movimento criado
em 2004 para combater uma suposta doutrinação de esquerda dos professores nas
aulas ( https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2016/08/1798773-em-debateprojeto-de-escola-sem-partido-e-chamado-de-autoritario.shtml ), e que também
atingiria livros didáticos.
Educadores e professores veem uma tentativa de censura, além de um risco de
limitação do papel da escola na formação de alunos críticos.
No site do movimento, há minutas de modelos de projetos de lei a serem replicados
pelo Brasil. Até abril, há o registro de pelo menos 91 apresentados em Câmaras
Municipais e Assembleias com o mesmo teor, segundo reportagem da revista Gênero
e Número. Outro projeto avança no Congresso Nacional, capitaneado pela bancada
1048
evangélica ( http://arte.folha.uol.com.br/poder/2017/500-anos-de-reformaprotestante/na-politica/ ).
De acordo acordo com o professor Fernando Penna, da UFF (Universidade Federal
Fluminense), os defensores do projeto perceberam que poderiam ganhar atenção
embarcando no combate à “Ideologia do gênero”.
Uma proibição específica à palavra “gênero” (
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/10/saiba-como-surgiu-o-termoideologia-de-genero.shtml ) aparece pela primeira vez em texto apresentado em 2015
no Senado.
“Muita gente acha que o Escola sem Partido pautou o tema, mas é o contrário. Ele
cresce quando acha esse filão”, diz Penna. “A questão tem sido usada como
ferramenta política de manipulação do pânico moral”.
Cunhado em 1972 pelo sociólogo Stanley Cohen (1942-2013), o pânico moral, também
citado por Rogério Junqueira, é um conceito que define uma reação baseada na
percepção falsa de que o comportamento de um determinado grupo, em geral
minorias, é perigoso e representa uma ameaça para a sociedade.
O vice-presidente do Escola Sem Partido, Bráulio Matos, concorda que a absorção mais
efetiva do tema conferiu ao movimento um “destaque extraordinário”. Para Matos, a
“Ideologia do gênero” significaria uma erotização precoce, sem consentimento da
família e promovida pelo estado.
O fundo da discussão está ligada a movimentos que querem, assim como no âmbito
político, usar a sala de aula para agendas específicas”, diz ele, que é professor da UnB
e fundou a iniciativa ao lado do advogado Miguel Nagib.
Ambos são católicos e se conheceram pouco antes de 2004 em encontros no Instituto
Liberal de Brasília.
Matos defende que uma lista de deveres dos professores, previstas pelo movimento
para, inclusive, serem afixadas nas salas de aula, não inova em questões
constitucionais.
“O problema crucial que o movimento levanta é a distinção entre liberdade de
expressão, fora da sala de aula, e a liberdade de ensinar”, diz. Os projetos incluem a
criação de canais de denúncias de professores. Ele ainda defende que o projeto não
trata de conteúdos barrados. Mas um é sempre vetado: a questão de gênero.
1049
Em março de 2017, o ministro Luís Roberto Barroso (STF) suspendeu, em decisão
liminar, uma lei ( https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/08/1914513-ensinoreligioso-em-escola-publica-nao-deve-promover-crenca-diz-barroso.shtml ) que criava
o programa em Alagoas (no estado o texto foi batizado como Escola Livre).
Parecer do Ministério Público Federal de oito meses antes já classificara a iniciativa
como inconstitucional por, entre outras coisas, impedir o pluralismo de ideias e de
concepções pedagógicas, negar a liberdade de cátedra e contrariar a laicidade do
Estado (por permitir no espaço público da escola visões morais e religiosas
particulares).
1050
Fernando Cássio, professor da Universidade Federal do ABC, em SP, ressalta que os
impactos dessas discussões já vão além de eventuais mudanças legislativas.
“Há outra questão que é inocular uma autocensura, um medo e sensação de extrema
vigilância dentro da escola”, diz. “Os casos de intimidação já estão acontecendo”.
Cassio faz parte da Rede Escola Pública e Universidade, que prepara um manual de
defesa de professores. Já houve casos, por exemplo, de um professor de Campinas (SP)
suspenso por usar uma saia em uma manifestação fora da escola, em 2016.
No início deste mês, um docente de história em Natal foi ameaçado de morte depois
que o pai de um aluno entendeu como ataque político uma explicação dele sobre a Lei
Rouanet. Uma escola tradicional do Rio proibiu, no início do mês, um livro (
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/renato-terra/2018/10/menos-livros-maiswhatsapp.shtml ) que foi considerado comunista por pais (a obra “Meninos sem
pátria” retrata vida de família exilada na ditadura).
Com reconhecido modelo pedagógico, a escola municipal Desembargador Amorim
Lima, no Butantã, na zona oeste de SP, recebeu em 2016 uma notificação judicial de
um vereador para que fosse cancelado um evento que discutiria questões de gênero.
“Fizemos do mesmo jeito, avisamos a secretaria e escrevemos uma carta. Os pais que
tinham dúvida sobre o assunto vieram nos debates e entenderam do que se tratava”,
1051
diz a diretora da escola, Ana Elisa Siqueira. “Recebemos intenso apoio imediato de
muitos educadores.”
O secretário municipal de Educação de São Paulo, Alexandre Schneider, quase deixou o
cargo em 2017 depois que se opôs a uma blitz feita em escolas por um vereador ligado
ao MBL (Movimento Brasil Livre) (
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2017/04/1875338-aposacao-de-holiday-onu-reage-e-critica-escola-sem-partido.shtml ). O parlamentar
denunciava supostas doutrinações, e o então prefeito João Doria (PSDB), agora
candidato ao governo do SP ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/hojedefensor-de-bolsonaro-doria-ja-afirmou-que-presidenciavel-seria-desastre.shtml ), se
manteve alinhado ao MBL.
Outro lado de pressão é nas discussões curriculares em curso no país. Após pressão, o
governo Michel Temer (MDB) retirou, em abril de 2017, ao menos dez menções a
gênero da versão final da Base Nacional Comum Curricular (
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2018/07/sob-pressao-temer-mudara-basecurricular-para-o-ensino-medio.shtml ) (que prevê o que os alunos devem aprender na
educação básica).
A ausência da previsão dessa discussão em planos de educação e na base curricular
dificultam que redes de ensino possam criar programas de formação de professores. A
necessidade desse preparo, segundo docentes, é tratar na sala de aula as questões que
já são levadas à escola pelos alunos.
O programa de governo de Jair Bolsonaro (
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2018/10/oque-bolsonaro-e-haddadpropoem-para-os-professores.shtml ) prevê o objetivo de lutar contra a sexualização
precoce e defende que “um dos maiores males atuais *da educação+ é a forte
doutrinação”. Ele já deu entrevistas gravadas em que afirma ser homofóbico.
Procurada, a campanha não respondeu as perguntas da reportagem.
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2018/10/entenda-as-polemicas-sobreescola-sem-partido-e-genero-na-educacao.shtml
ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO NA EDUCAÇÃO.
TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES RELIGIOSAS
Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018
1052
A discussão sobre uma suposta doutrinação ideológica nas escolas sobre questões de
gênero e sexualidade, que alavancou a carreira e candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) (
https://arte.folha.uol.com.br/poder/eleicoes2018/propostas-dos-candidatos-apresidencia/ ) à Presidência da República, não é uma retórica isolada ou original,
circunscrita ao contexto brasileiro. Movimentos que se opõem a discussões sobre
gênero ( https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/10/saiba-como-surgiu-otermo-ideologia-de-genero.shtml ) nas escolas ganham força desde a década de 1990,
em mais de 50 países.
Entre os detratores pelo mundo, reforça-se o discurso de que há um ataque
orquestrado por militantes da esquerda marxista ao conceito tradicional de família.
Por outro lado, estudiosos defendem que a abordagem educacional da identidade de
gênero pode colaborar com o combate a problemas como gravidez na adolescência (
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/02/1862231-uma-em-cada-cincocriancas-nascidas-no-pais-e-filha-de-adolescente.shtml ), violência contra a mulher (
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/08/brasil-registra-606-casos-deviolencia-domestica-e-164-estupros-pordia.shtml ) e homofobia (
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/05/1884666-brasil-patina-nocombate-ahomofobia-e-vira-lider-em-assassinatos-de-lgbts.shtml ). Abaixo, veja mais
sobre as polêmicas que envolvem as discussões sobre gênero e sexualidade nas
escolas brasileiras.
Por que abordar questões de gênero na escola seria importante? Segundo estudiosos
do tema, a abordagem educacional da temática de identidade de gênero pode
colaborar com o combate a problemas como gravidez na adolescência, violência contra
mulher, machismo ( https://m.folha.uol.com.br/folhatopicos/machismo/?pg=5 ) e
homofobia. Essa preocupação ainda visa fomentar uma escola plural, laica e que
acolha as diferenças (
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/oscarvilhenavieira/2016/08/1799589-aescola-plural-e-de-qualidade.shtml ).
Quais críticas a essa abordagem? Movimentos conservadores e religiosos denunciam
um suposto estímulo a uma sexualização precoce e até mesmo uma propaganda à
homossexualidade. Documentos da Igreja Católica associam essa discussão ao risco de
destruição da família tradicional. Para defensores do projeto Escola sem Partido (
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2018/05/escola-sem-partido-avanca-nacamara-texto-proibe-uso-do-termo-genero.shtml ), por exemplo, a escola não poderia
expor conceitos que estariam em conflito com as convicções religiosas ou morais dos
estudantes ou de seus pais.
1053
O que preveem os projetos chamados de Escolas sem Partido? As propostas preveem,
em geral, a “neutralidade” dos professores, limitando que os docentes exponham sua
opinião nas salas de aula e também não estimulem alunos à participação política.
Haveria ainda canais de reclamações para que alunos e famílias denunciem
professores que estejam em desacordo com as definições da lei. Há projetos em
trâmite no Congresso e em ao menos 97 Assembleias e Câmaras municipais, segundo
reportagem da revista Gênero e Número. No texto do Congresso, a abordagem de
questões de gênero seria vetada (
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2018/05/escola-sem-partido-avanca-nacamara-texto-proibe-uso-do-termo-genero.shtml ).
A doutrinação política é um problema nas escolas? Não há pesquisador que defenda a
doutrinação partidária na sala de aula. Hoje é impossível saber se há de fato um
problema de doutrinação ideológica de âmbito político nas escolas e qual seria a
extensão desse problema nas mais de 186 mil escolas do país. Educadores veem no
Escola sem Partido ( https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/05/equivoco-sempartido.shtml ) uma tentativa de censura, além de risco de limitação do papel da
escola na formação de alunos críticos.
Os livros didáticos promovem doutrinação política ou sexual? As obras do Programa
Nacional do Livro Didático (PNLD) são escolhidas por equipe do MEC e de professores
de universidades públicas. Participam do edital editoras e autores de todo Brasil. A
partir de uma lista ampla, os professores e secretarias definem as obras adotadas nas
escolas.
“Não conheço estudo, pesquisa, embasada em dados, que traga algum tipo de número
sobre reclamações contra conteúdo de livros didáticos. Os livros são usados nas
escolas públicas fazem parte de um programa consolidado e que vem se
aperfeiçoando bastante”, diz Silvia Panazzo, presidente da Associação Brasileira dos
Autores de Livros Educativos.
Questões envolvendo gênero, como gravidez na adolescência e homofobia, são
problemas na escola? A Pesquisa Nacional sobre Estudantes LGBTs e o Ambiente
Escolar, de 2016, indica que 73% dos jovens entre 13 e 21 anos identificados LGBTs
foram agredidos verbalmente na escola em 2015 por causa da sua orientação sexual. É
o maior índice entre outros cinco países da América Latina onde a mesma pesquisa foi
realizada. Já a gravidez é o principal motivo de abandono escolar das meninas.
Machismo, homofobia, sexualidade e gravidez na adolescência são tratados na
escola? A abordagem desses temas depende de cada escola e professor. Cerca de 60%
1054
das escolas não trabalharam em 2015 com machismo e homofobia, por exemplo,
segundo questionário respondido por diretores de escolas.
Por que especialistas defendem a inclusão da temática de gênero em planos de
educação e na Base Nacional Comum Curricular? A ausência da previsão dessa
discussão em planos de educação e na base curricular (
https://www1.folha.uol.com.br/especial/2016/base-nacional-comum-curricular/ )
dificultam que redes de ensino e escolas possam criar programas de formação de
professores. A necessidade desse preparo, segundo docentes, é tratar na sala de aula
das questões que já são levadas pelos alunos para as escolas.
[Aqui, a matéria traz os memos gráficos da matéria imediatamente anterior neste meu
arquivo: MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO
TÊM RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA
INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23 de
outubro de 2018) ]
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2018/10/entenda-as-polemicas-sobreescola-sem-partido-e-genero-na-educacao.shtml
SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”. MOVIMENTO
CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM DISCUSSÕES
SOBRE GÊNERO
Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018
No Brasil, o ataque às discussões de gênero, especialmente no âmbito das escolas,
alavancou a carreira e a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) (
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2018/10/motores-de-bolsonaro-escolasempartido-e-ideologia-de-genero-tem-raizes-religiosas.shtml ) à Presidência da
República.
O movimento não é restrito ao presidenciável: mais de 50 países vivenciaram ondas de
grupos conservadores que se opõem às discussões de gênero, vistas por eles como um
ataque orquestrado por militantes da esquerda marxista ao conceito tradicional de
família.
Abaixo, veja como o termo surgiu e como o combate à "ideologia de gênero" tem
pautado políticas públicas em todo o mundo, especialmente na área da educação (
1055
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2018/10/entenda-as-polemicas-sobreescola-sem-partido-e-genero-na-educacao.shtml ).
ONU
O conceito de gênero foi adotado num documento intergovernamental pela primeira
vez na Conferência de População do Cairo, na Assembleia Geral da ONU de 1994
Antifeminismo
Em 1997, escritora Dale O’Leary publica “Agenda de Gênero: redefinindo a igualdade”,
que critica o feminismo por, segundo ela, fomentar uma ideologia que desrespeitaria
diferenças biológicas
Surgimento
O termo “Ideologia de gênero” aparece pela primeira vez em 1998, em um documento
eclesiástico, em uma nota da Conferência Episcopal do Peru, intitulada “A ideologia de
gênero: seus perigos e alcances".
Isso é demonstrado no artigo “Ideologia de gênero”: a gênese de uma categoria
política reacionária – ou: a promoção dos direitos humanos se tornou uma “ameaça à
família natural?", de Rogério Diniz Junqueira, da Unb
Vaticano
Em 2000, a expressão aparece em documento da Cúria Romana, com a publicação de
“Família, Matrimônio e Uniões de fato”, do Conselho Pontifício para a Família
Educação sexual
É publicado em 2003 o mais amplo texto da Igreja católica elaborado sobre o tema:
“Lexicon: termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas”. Em
relação à educação sexual, o Lexicon se posiciona pelo primado da família e sublinha
os limites da educação sexual no âmbito escolar. O feminismo é apontado como
problemático.
Um dos autores que tratam da ação do vaticano com relação ao tema é David
Patternote, da Universidade Livre de Bruxelas
1056
Escola sem Partido
Surge em 2004 no Brasil movimento Escola sem Partido para combater uma suposta
doutrinação de esquerda que os professores praticariam nas escolas
Papa
Em 2008, já na condição de Papa Bento 16, Joseph Ratzinger descreve gênero como
algo que contrariaria e desprezaria a natureza, e poderia levá-la à autodestruição.
Estudiosos, como a francesa Sara Garbagnoli, observam que pronunciamentos
parecem ter agido como sinal verde para eclosão de um movimento internacional
antigênero
Kit gay’
Em 2011, produção de um material do Projeto Escola Sem Homofobia causa polêmica
e é chamado de “kit gay”( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/eleicao-nachapaexplica-polemica-do-kit-gay-durante-gestao-de-haddad-no-mec.shtml ). A
política previa vídeos e material para o professor, com foco no ensino médio. Após
críticas e ataques, iniciativa é engavetada. Fernando Haddad (PT) era ministro da
Educação
No Congresso
Comissões de Direitos Humanos e de Educação da Câmara realizaram, em 2012, o
Seminário LGBT no Congresso Nacional - Respeito à Diversidade se Aprende na
Infância: Sexualidade, Papéis de Gênero e Educação na Infância e na Adolescência.
Bolsonaro repetiu em entrevistas que o evento era denominado como “Seminário
LGBT Infantil” ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/veja-erros-e-acertosde-jair-bolsonaro-no-jornal-nacional.shtml ), o que não era verdade
Primeiro projeto
Os filhos de Jair Bolsonaro apresentam, em 2014, o primeiro projeto de lei ligado ao
movimento Escola sem Partido. Flavio Bolsonaro ingressa com projeto na Assembleia
do Rio e Carlos Bolsonaro, na Câmara.
Plano Nacional de Educação
Meta que buscava superar desigualdades educacionais, “com ênfase na promoção da
igualdade racial, regional, de gênero e de orientação sexual”, é suprimida da versão
1057
final do PNE (Plano Nacional de Educação) em 2014. Planos estaduais e municipais
também tiveram o termo suprimido (
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2015/06/1647528-por-pressao-planos-deeducacao-de-8-estados-excluemideologia-de-genero.shtml )
Enem
Enem de 2015 pede, como tema de redação, que participantes escrevam sobre “A
persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira” (
http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2126 ). A proposta trazia um texto da
filósofa francesa Simone de Beauvoir, o que foi considerado uma tentativa de
“doutrinação por parlamentares como Jair Bolsonaro (PSL) e Marco Feliciano (PSC)
Senado
Senador Magno Malta (PR-ES) apresenta no mesmo ano projeto (
http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2016/08/1798773-em-debate-projeto-deescola-sem-partido-e-chamado-deautoritario.shtml ) para criar o programa Escola Sem
Partido e vetar a abordagem sobre as questões de gênero na escola.
Alagoas
A Assembleia de Alagoas aprova em 2016 projeto Escola sem Partido (
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/05/1770390-estados-debatem-vetarideologia-em-sala-de-aula-alagoas-ja-aprova-projeto.shtml ), sob o nome de Escola
Livre. STF suspendeu a lei por meio de liminar
Nas redes
Em 2016, Bolsonaro publica vídeo em que acusa o PT de promover sexualização
precoce de crianças nas escolas do país. Tanto o projeto de combate à homofobia
chamado por ele de "kit gay" (
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/ministro-do-tse-determina-exclusaode-publicacoes-com-expressao-kit-gay-usadas-por-bolsonaro.shtml ) quanto o livro
apresentado nas imagens ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/opequeno-jair-teria-adorado-aparelho-sexual-e-cia-diz-autora-de-livro-citado-porbolsonaro.shtml ) nunca chegaram às escolas por vias oficiais. Vídeo tem quase 9
milhões de visualizações no Facebook e 287 mil compartilhamentos.
No mundo
1058
Em 2016, no México, deputados com apoio de grupos conservadores chegaram a
propor a queima de livros didáticos que abordavam a educação sexual. No mesmo
ano, marcha toma as ruas na Colômbia (
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/08/na-colombia-santos-sacrificoupopularidade-por-paz-com-a-guerrilha-farc.shtml ) contra a pretensão do governo de
incluir essa discussão na educação. A professora e antropóloga Mara Viveros Vigoya,
da Universidade Nacional da Colômbia, tem estudado o tema. Na Itália, o chamado
Jogo do Respeito foi proibido após mobilização de conservadores e religiosos. O
material, com desenho, questionava alguns estereótipos sociais e apresentava homens
passando roupa ou carregando um carrinho de bebê, além de mulheres trocando
lâmpadas de casa
Em SP
Também em 2016, vereador de SP tenta suspender “Semana de Gênero” na escola
municipal Amorim Lima, referência educacional (
https://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2018/10/1983447-amorim-lima-e-exemplodo-ensino-sem-salas-de-aula.shtml )
Constituição
Em manifestação enviada ao Congresso em 2016, a Procuradoria-Geral da República
classifica de “inconstitucional” (
http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2016/10/1824785-para-pgr-escola-sempartido-e-inconstitucional-e-subestima-alunos.shtml ) a proposta de incluir o Programa
Escola Sem Partido entre as diretrizes e bases da educação nacional
Base
Após pressão da bancada evangélica (
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/04/1873511-bancada-evangelicacelebra-retirada-de-questao-de-genero-de-base-curricular.shtml ) do Congresso em
2017, o governo Michel Temer retira ao menos dez menções a gênero (
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/12/1940989-governo-temer-esvaziagenero-na-base-curricular-e-mistura-tema-com-religiao.shtml ) da versão final da Base
Nacional Comum Curricular (que prevê o que os alunos devem aprender na educação
básica)
Filosofia
1059
A participação da filósofa Judith Butler (
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/11/1936103-judithbutler-escrevesobre-o-fantasma-do-genero-e-o-ataque-sofrido-no-brasil.shtml ) no seminário Os fins
da democracia, realizado em novembro de 2017 em SP, provoca reação de
conservadores. Além de abaixo-assinado contra a presença dela, com 300 mil
assinaturas, houve manifestações (
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/11/1934406-passagem-da-filosofajudith-butler-br-por-congonhas-termina-na-delegacia.shtml )
Blitz do MBL
O secretário municipal de Educação de São Paulo, Alexandre Schneider, quase deixa o
cargo ( http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/04/1873834-acuado-secretariopede-demissao-mas-doria-consegue-evitar-saida.shtml ) depois de se opor a uma blitz
feita em escolas por um vereador ligado ao MBL (Movimento Brasil Livre) (
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/04/1872673-secretario-de-doria-dizque-vereador-ligado-ao-mbl-intimidou-professores.shtml ) no fim de 2017. O
parlamentar denunciava supostas doutrinações. O então prefeito João Doria (PSDB),
agora candidato ao governo do SP, se manteve alinhado ao MBL (
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/04/1874973-doria-diz-que-vereador-esecretario-da-educacao-exacerbaram-em-polemica.shtml )
Sem gênero
Em maio deste ano, Comissão especial na Câmara Federal aprova relatório favorável
ao projeto de lei Escola sem Partido, que proíbe o uso da palavra “gênero”(
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2018/05/escola-sem-partido-avanca-nacamara-texto-proibe-uso-do-termo-genero.shtml ) e da expressão “orientação sexual”
em sala de aula, mesmo em disciplinas “complementares ou facultativas”.
Projetos
Até abril deste ano, 91 projetos foram apresentados em Câmaras Municipais e
Assembleias do país, segundo reportagem da revista Gênero e Número
Literatura
Neste ano, o livro “Meninos sem Pátria”, de Luiz Puntel, é suspenso pelo Colégio Santo
Agostinho (no RJ) ( https://www1.folha.uol.com.br/colunas/alvaro-costa-esilva/2018/10/sinais-fortes-sinais.shtml ), após pressão de um grupo de pais que
1060
entenderam a obra como marxista. Livro aborda família na ditadura e é adotado em
escolas há 40 anos
Ameaça
No início deste mês, professor foi ameaçado de morte em Natal (RN) (
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ilona-szabo/2018/10/perdemos-todos.shtml )
depois de explicação sobre Lei Rouanet em aula ser considerada doutrinação por pai
de aluno
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/10/saiba-como-surgiu-o-termoideologia-de-genero.shtml
DOUTRINAÇÃO E MASSIFICAÇÃO: ESCRITOR LEMBRA DA EDUCAÇÃO EM COLÉGIO
MILITAR
Rodrigo Casarin, Blog Página Cinco/Uol, 24 de outubro de 2018
Indo para o almoço de Páscoa na casa da sogra, em 2010, que Carlos Eduardo Pereira
sentiu seus pés formigarem. Estranhou, mas seguiu adiante. Comeu e bebeu como
manda o figurino, achou que tudo estava bem. Ao longo da semana, no entanto, o
amortecimento foi aumentando. Em poucos dias estava internado num hospital e
precisando lidar com uma notícia drástica: Carlos possui uma doença autoimune de
alguma forma ligada à esclerose múltipla, ainda que até hoje não saiba exatamente
qual é o seu problema. Repentinamente, perdeu a sensibilidade do corpo do tórax
para baixo e a capacidade de andar com as próprias pernas. Então com 37 anos, já saiu
do hospital montado em uma cadeira de rodas.
Passou o ano em busca de tratamentos, com médicos apostando na tentativa e erro
para ver se encontravam alguma solução. Apenas erraram. Então, cansou-se de tentar
contornar a situação e resolveu encarar de vez a nova realidade. "Quer saber? O
prejuízo é esse? Vamos tocar a vida", pensou.
Formado em História, Carlos passou boa parte da carreira em sala de aula, mas,
quando foi acometido pela doença misteriosa, era servidor público concursado e
trabalhava no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Depois de um período de licença,
aposentou-se por invalidez e foi pensar em algo novo para fazer. Aí que descobriu que
novas possibilidades lhe aguardavam.
1061
É fácil imaginar as dificuldades que um cadeirante enfrenta no dia a dia: a necessidade
de ajuda para contornar eventuais situações, impossibilidade de praticar uma série de
atividades físicas, dificuldade para se locomover por ruas acidentadas… Só que "chega
uma hora que você fala: se não for pra rua, não vou fazer mais nada. Então, fui pra rua.
Sempre [que saio de casa] eu acho que vai dar alguma merda, e sempre dá. Mas
sempre tem lá alguém pra ajudar se precisar. Não dá pra deixar de fazer as coisas por
causa disso", diz Carlos, que também mostra um lado positivo com o que lhe
aconteceu:
"Vão dizer que é papo de filme e novela, mas tem um monte de pontos positivos.
Minha vida melhorou em muitos aspectos depois de ter virado cadeirante. Vivia com a
minha mulher, mas depois disso casamos, nasceu minha filha… Antes não tinha tempo
pra porra nenhuma, agora, aposentado, recebo o mesmo salário e vou atrás do que
realente curto fazer. Gostava de ler e de ir ao cinema, então fui fazer oficinas e cursos
de escrita. Fui descobrindo coisas que não descobriria se não fosse cadeirante".
Depois que se viu sobre uma cadeira de rodas que Carlos mergulhou na escrita e
pegou gosto pela produção literária. No ano passado, mais de sete anos após aquele
almoço de Páscoa, lançou seu livro de estreia, o romance "Enquanto os Dentes"
(Todavia), e prontamente passou a ser apontado como uma grande revelação da
literatura nacional. Ver a obra entre as semifinalistas do Prêmio Oceanos e na final do
Prêmio São Paulo de Literatura comprova que o autor, hoje com 45 anos, é mesmo um
nome para se prestar atenção.
No livro, o leitor conhece Antônio, cadeirante negro de classe média que encara
perrengues para circular pelo Rio de Janeiro. O personagem, no entanto, não está num
simples passeio, mas voltando para a casa da família após sua ruína financeira.
Enquanto cruza a cidade, repassa diversos momentos de sua vida, como os tempos na
escola militar, a descoberta da homossexualidade e a problemática relação com o pai
autoritário, tratado como "Comandante", que não vê há mais de vinte anos. Dentre as
diversas possibilidades de interpretação, é uma história sobre alguém que não tem
outra escolha a não ser se render ao triste destino. Uma história de alguém que,
literalmente e metaforicamente, perdeu a capacidade de caminhar com as próprias
pernas.
Não são muitos, mas há evidentes traços em comum entre autor e protagonista. Carlos
conta que relutou um tanto em aceitar que a história que tinha para contar possuía
inegáveis toques de sua própria biografia. "A gente fica cheio de grilo quando tá
começando. Pensava que para escrever ficção precisava ser algo puro, que não tivesse
absolutamente nada a ver com minha vida pessoal. Então, comecei dois outros livros
assim, até que descobri que isso é uma bobagem. Uma vez, estava vendo o [escritor]
1062
Paulo Scott falar para um grupo e me dei conta que deveria ir na minha vida e cavucar
algo que fosse verdadeiro. Deveria buscar os meus sentimentos verdadeiros, se não a
escrita não funcionaria", conta. "Há várias imagens muito úteis num personagem
cadeirante. A dificuldade de se locomover pela cidade pode ser uma metáfora para
muitas coisas. Ser cadeirante só é uma dificuldade mais visível. O fodido é relativo. O
outro pode não estar numa cadeira de rodas e estar mais fodido ainda", completa.
Outro ponto de contato entre personagem e autor é a relação com o exército. Carlos
não tem pai oficial, mas, como Antônio, também passou parte de sua vida dentro de
uma escola militar. De família humilde da Ilha do Governador, subúrbio do Rio de
Janeiro, via na farda uma possibilidade para ter uma profissão garantida e um futuro
com alguma estabilidade financeira, mesma situação de praticamente todos os seus
colegas. "Só um ou outro estava lá por talento, vocação, por vibrar mesmo", recorda.
O "lá", no caso, eram as escolas da marinha e da aeronáutica, primeiro em Barbacena
e depois em Angra dos Reis, onde fez o ensino médio. Vivendo o regime militar em
tempo integral, percebeu que não era aquilo que queria para si, apesar de ter algumas
boas lembranças da época, como as amizades que fez.
Praticamente o único que costumava carregar algum livro literário consigo, o hoje
escritor recorda que aquelas escolas não costumavam incentivar o contado dos alunos
com elementos culturais que não fossem relacionados ao próprio meio militar. "Não
tinha espaço para isso. [Nessas escolas] têm que seguir a doutrina militar", comenta.
Por falar em doutrina, contrapondo o que vivenciou em sua formação com o que
depois viu em sala de aula quando ele mesmo era professor, diz não ter dúvidas de
onde a doutrinação impera:
"Com toda certeza no ensino militar. Hierarquia e disciplina são as bases do
militarismo. É justamente o que se faz lá: doutrinar a cabeça do militar para que depois
ele funcione na tropa. Há uma massificação de ideias para entrar no esquema deles e,
se alguém questiona, as sansões são severas. A ideia é não questionar. Se isso não é
doutrinação, não sei o que é".
Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo,
em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda
não passou da página 5.
O blog Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos
impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das
histórias em quadrinhos.
1063
https://paginacinco.blogosfera.uol.com.br/2018/10/24/doutrinacao-e-massificacaoescritor-lembra-da-educacao-em-colegio-militar/
AOS INDECISOS, AOS QUE SE ANULAM, AOS QUE PREFEREM NÃO. O MAIOR DELÍRIO
VIVIDO HOJE NO BRASIL É O DA “NORMALIDADE”
Eliane Brum, El País, 24 de outubro de 2018
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/24/opinion/1540394956_656180.html
“SER GAY É O MELHOR PRESENTE QUE DEUS ME DEU”, DIZ PRESIDENTE DA APPLE. TIM
COOK DECLAROU SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL EM 2014
Folha/Uol, 24 de outubro de 2018
Tim Cook, 57, presidente-executivo da Apple, afirmou nesta quarta-feira (24) que o
melhor presente que Deus lhe deu foi ser gay.
"Tenho muito orgulho disso", disse à jornalista Christiane Amanpour em entrevista à
CNN ( https://edition.cnn.com/2018/10/24/tech/tim-cook-gay-apple/index.html ),
repetindo uma declaração que já havia dado em 2014.
Há quatro anos, Tim Cook abriu sua orientação sexual, tornando-se um dos pioneiros
das grandes empresas a se posicionar sobre sexualidade.
"Tornei público porque comecei a receber histórias de crianças que liam na internet
que eu era gay."
Ele recebia cartas e emails de crianças que sofriam bullying e outros tipos de abuso
devido à orientação sexual. O executivo disse que era "egoísta" de sua parte manter
em silêncio aspectos íntimos quando poderia ajudar outras pessoas com sua postura.
"Precisava fazer algo por elas", disse Cook.
O presidente da Apple ainda se mostrou "chocado" por ter sido o primeiro CEO gay de
uma empresa na Fortune 500, lista anual da revista Fortune com as empresas mais
ricas dos Estados Unidos. Na entrevista, ele afirmou estar feliz por outros líderes terem
falado abertamente sobre sexualidade.
1064
"Aprendi como era ser uma minoria", disse à CNN.
Além de Cook, executivos da tecnologia como Peter Thiel, cofundador e presidente do
PayPal, Peter Arvai, do Prezi, Joel Simkhai, do aplicativo Grindr, Jon Hall, veterano da
computação do sistema Linux, e Chris Hughes, um dos cofundadores do Facebook, já
manifestaram suas orientações sexuais publicamente ou se engajaram em causas de
diversidade.
Um pouco antes de Cook declarar sua opção em 2014, John Browne, expresidente da
BP, uma das maiores petroleiras do mundo, lançou o livro The Glass Closet: Why
Coming Out is Good Business (
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/08/1497998-executivo-avalia-osriscos-de-sair-do-armario-no-trabalho.shtml ) (o armário de vidro: por que se assumir é
bom negócio, na tradução para o português).
Sua posição foi emblemática para o mundo dos negócios porque Browne guardou sua
sexualidade em segredo por 40 anos dentro da empresa. Ele deixou o cargo depois da
divulgação de um caso sobre o relacionamento que teve com um garoto de programa.
"Ficar no armário era uma decisão prática de negócio", escreveu no livro, referindo-se
aos negócios que precisava manter com países em que a homossexualidade era crime,
como da África e do Oriente Médio.
Apesar de hoje o cenário ser mais aberto em relação aos anos 1960 e 1970, início da
carreira de Browne e Cook, só recentemente a Fortune 500 listou uma empresa cuja
presidente mulher é abertamente homossexual.
Beth Ford, que comanda a companhia de alimentos Land O'Lakes, é a primeira a
aparecer na publicação, que saiu em agosto deste ano.
https://www1.folha.uol.com.br/tec/2018/10/ser-gay-e-o-melhor-presente-que-deusme-deu-diz-presidente-da-apple.shtml
1065
ÍNDICE
Em primeiro lugar uma atualização da introdução deste arquivo...
Escrevi, lá no início deste trabalho...
Quando um livro sofreu acusações de religiosos, algum autor foi ouvido?
Só encontrei um exemplo:
ESCOLA SEM PINTO. COMO A TENTATIVA DE CENSURA A UM LIVRO DIDÁTICO NO
NORTE DO PAÍS MOSTRA QUE, NO BRASIL ATUAL, A IGNORÂNCIA NÃO É APENAS UMA
TRAGÉDIA NACIONAL, MAS UM INSTRUMENTO POLÍTICO USADO POR MILÍCIAS DE
ÓDIO (Eliane Brum, sobre tentativa de retirada de livro de ciências de escolas públicas
em Ji-Paraná, RO, 2017)
97 (página do arquivo Ideologia de Gênero e Ecola Sem
Partido)
[Atualização: a mesma Eliane Brum, uma das mais competentes jornalistas do Brasil,
foi ouvir artista da performance do MAM – SP (“ ‘Fui morto na internet...”), atacado
nas redes sociais, por movimentos de direita, por padres e pastores... Ver arquivo
IDEOLOGIA DE GÊNERO E ESCOLA SEM PARTIDO 2... Ver outra atualização logo a
seguir, neste arquivo 4]
Aqui, uma atualização parcial em 11 de outubro de 2018...
“ ‘Fui morto na internet como se fosse um zumbi da série The Walking Dead’. Em
entrevista exclusiva, Wagner Schwartz, o artista que fez a performance ‘La Bête’, no
MAM de São Paulo, fala pela primeira vez sobre os ataques que sofreu, nos quais foi
chamado de ‘pedófilo’ ”, Eliane Brum, El País, 12 de fevereiro de 2018
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/12/opinion/1518444964_080093.html
“ ‘Me mataron en Internet como si fuera un zombi de la serie ‘The Walking Dead’.
Wagner Schwartz, el artista que realizó la 'performance' 'La Bête' en el Museo de Arte
Moderno de São Paulo, habla por primera vez sobre los ataques que sufrió, en los que
1066
le llamaron ‘pedófilo’”, Eliane Brum, traducción: Meritxell Almarza, El País, 14 de
fevereiro e 2018
https://elpais.com/internacional/2018/02/14/actualidad/1518623775_287430.html
“EU RECEBI MAIS DE CEM AMEAÇAS DE MORTE”, DIZ CURADOR DA EXPOSIÇÃO
QUEERMUSEU. GAUDÊNCIO FIDELIS FALA SOBRE OS ATAQUES À EXPOSIÇÃO DE ARTE
CANCELADA NO ANO PASSADO EM PORTO ALEGRE E REINAUGURADA NO RIO DE
JANEIRO NESTE MÊS (Mariana Simões, Agência Pública, 28 de agosto de 2018) 656
(esta e as próximas numerações referem-se a este arquivo, Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido 4)
AUTORA DE LIVRO CRITICADO POR BOLSONARO REBATE: “NO FUNDO, ELE QUERIA TER
GANHADO UM" (Diego Assis, Uol, 30 de agosto de 2018) 600
“BOLSONARO INCONSCIENTEMENTE QUERIA DIVULGAR MEU LIVRO SOBRE EDUCAÇÃO
SEXUAL”, DIZ ESCRITORA. AUTORA DE “APARELHO SEXUAL E CIA” CRITICA O
PRESIDENCIÁVEL APÓS PROPAGADA NEGATIVA SOBRE SUA OBRA. "EU ACHO QUE
SUAS OBSESSÕES DIZEM MUITO SOBRE O QUE ELE PRÓPRIO TEM NA CABEÇA",
ARGUMENTA (Ricardo Della Coletta e Sara González, El País, 31 de agosto de 2018)
604
“MEU LIVRO É SOBRE A DITADURA. JAMAIS PENSEI QUE SERIA CENSURADO”, DIZ
AUTOR DE “MENINOS SEM PÁTRIA”. COLÉGIO PARTICULAR DO RIO VETOU OBRA APÓS
PAIS RECLAMAREM DE DOUTRINAÇÃO COMUNISTA. “PAPEL DO PROFESSOR É
MOSTRAR CAMINHOS AOS ALUNOS, SEM FAZER JULGAMENTOS. NÃO CABE AOS PAIS
DETERMINAR O QUE DEVE SER LIDO. FATOS E HISTÓRIA SÃO INCONTESTÁVEIS”, DIZ
LUIZ PUNTEL (Breiller Pires, El País, 05 de outubro de 2018 936... Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: LEITURA NA ESCOLA: TERRITÓRIO EM
CONFLITO. LIVROS INFANTO-JUVENIS TAMBÉM SÃO VÍTIMAS DA ONDA
CONSERVADORA NO BRASIL (José Ruy Lozano) 262 ... O QUE SERIA DA LITERATURA
NUMA "ESCOLA SEM PARTIDO"? (José Ruy Lozano, professor e autor de livros
didáticos) 261 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PAIS
TENTAM BOICOTAR LIVRO SOBRE PRINCESAS AFRICANAS, MÃE RESISTE, E OBRA É
MANTIDA 123) 936
1067
Ver também...
“Pais acusam livro de Ana Maria Machado de fazer apologia ao suicídio”, Rodrigo
Casarin, Blog Página Cinco/Uol, 07 de setembro de 2018
https://paginacinco.blogosfera.uol.com.br/2018/09/07/pais-acusam-livro-de-anamaria-machado-de-fazer-apologia-ao-suicidio/
“Ana Maria Machado sobre acusações: tão absurdo que não sei como reagir”, Rodrigo
Casarin, Blog Página Cinco/Uol, 07 de setembro de 2018
https://paginacinco.blogosfera.uol.com.br/2018/09/07/ana-maria-machado-sobreacusacoes-tao-absurdo-que-nao-sei-como-reagir/
Os temas são:
Sobre a ideia de “ideologia de gênero”: criadores, usos... p. 1072
Um pouco de história relacionada às questões de gênero, ao feminismo... p. 1102
2018: 100 anos da conquista do direito ao voto por mulheres inglesas... p. 1143
Carnaval 2018... p. 1143
Dia Internacional da Mulher, 08 de março de 2018... p. 1143
Assassinato de Marielle Franco (PSOL), vereadora do Rio de Janeiro: 14 de março de
2018... p. 1144
Eleições 2018... p. 1145
1ª Parada LGBT de Rio Claro – SP... 21 de outubro de 2018... p. 1181
Cidades e gênero... p. 1183
Ciências, Biologia, Robótica... questões de gênero... sexualidade... p. 1184
1068
Cinema, filmes, televisão, web, obras de arte, fotografias, charges, quadrinhos... p.
1187
Conhecimento... verdade... p. 1192
Críticas ao feminismo, ao movimento #metoo... p. 1205
Crossdressing... p. 1205
Declarações de autoridades, políticos, jornalistas, artistas... p. 1205
Depoimentos... histórias pessoais contadas pelas pessoas que vivem essas histórias...
p. 1208
Dicionário... as palavras têm sentidos políticos... têm história... p. 1212
Educação fora da escola e questões de gênero... sexualidade... p. 1214
Empresas e gênero... p. 1218
Esportes e gênero... p. 1222
Famílias... diversidade... p. 1222
Forças armadas e questões de gênero... p. 1223
Gays, lésbicas... ações políticas contra preconceito e discriminação... pessoas... p.
1233
Gays, lésbicas... preconceito, discriminação, exclusão... violência... p. 1238
Intersexuais... p. 1244
Jornalismo e questões de gênero... diversidade... p. 1245
“Ideologia de gênero” e Escola Sem Partido… matérias e textos de opinião... p. 1248
Projetos de lei, leis... baseados no Escola Sem Partido... p. 1268
Projetos de lei envolvendo questões de gênero, religião... p. 1269
1069
Igrejas, religiões e questões de gênero, desigualdades de gênero, renda, educação...
p. 1271
Igrejas, religiões e sexualidade... p. 1288
Igrejas, religiões, religiosos... ideias diferentes... p. 1301
Igrejas, religiões e poder... [Ver a secção Eleições 2018... E também a próxima secção:
Igrejas e impostos no Brasil... ] p. 1302
Igrejas e impostos no Brasil... p. 1320
Judiciário, Ministério Público, polícias e questões de gênero... p. 1321
Literatura... há links para download... p. 1332
Livros e trabalhos acadêmicos sobre questões de gênero... há links para download...
p. 1334
Manifestações públicas de preconceito, machismo, homofobia... p. 1337
Manifestações públicas contra preconceito, machismo, homofobia... p. 1339
Moda, publicidade e gênero... p. 1342
Mulheres e política... feminismo... p. 1342
Mulheres, trabalho, aposentadoria... questões de gênero... p. 1345
Mulheres, sexualidade, contracepção, aborto... p. 1346
Estupro... p. 1358
Assédio, violência contra as mulheres, assassinatos... p. 1358
Discriminação contra mulheres... questões de gênero... p. 1360
Mulheres e prisões no Brasil... p. 1363
Ocupações de escolas... reforma do ensino médio... matérias e textos de opinião...
1363
p.
1070
Sexualidade... afetividade... mais... p. 1364
Sites... p. 1364
Textos gerais sobre questões de gênero, identidade, sexualidade, religião... p. 1364
Transexuais, travestis... cinema... televisão... fotografia... p. 1375
Transexuais, travestis... direitos... política... trabalho... preconceitos... p. 1375
Transexuais, travestis... medicina... saúde… p. 1384
Violência contra transexuais, travestis... assassinatos... p. 1385
1071
Sobre a ideia de “ideologia de gênero”: criadores, usos... .
Ver ainda, neste arquivo, as seções Eleições 2018... e 1ª Parada LGBT de Rio Claro –
SP... 21 de outubro de 2018...
Várias referências desta secção, e as quatro primeiras são exemplos claros, tratam da
ideologia de gênero patriarcal, analisada e criticada pelo feminismo, pelos estudos
sobre gênero...
“Entrevista: ‘Uma ciência feminista precisa explicitar os contextos nos quais o
conhecimento produzido por ela é construído’”, Vitória Régia da Silva, Ciência e
Educação, edição 10, Gênero e Número, 20 de junho de 2018 [entrevista com a
pesquisadora Marina Nucci... Nessa entrevista obtive as referências dos dois trabalhos
a seguir, de Londa Schiebinger e Fabíola Rohden]:
http://www.generonumero.media/entrevista-uma-ciencia-feminista-precisa-explicitaros-contextos-nos-quais-o-conhecimento-produzido-por-ela-e-construido/
“O feminismo mudou a ciência?”, Londa Schiebinger, tradução de Raul Fiker, Bauru,
SP, EDUSC - Editora da Universidade do Sagrado Coração, 2001. 384p. (Coleção
Mulher)
http://brasil.indymedia.org/media/2007/06/386937.pdf (link para download)
"Ginecologia, gênero e sexualidade na ciência do século XIX", Fabíola Rohden,
Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 8, n. 17, p. 101-125, junho de 2002. [Este
artigo tem origem na tese de doutorado de Fabíola Rohden, intitulada "Uma ciência da
diferença: sexo, contracepção e natalidade na medicina da mulher", apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – Museu Nacional – UFRJ, em
2000]
http://www.scielo.br/pdf/%0D/ha/v8n17/19078.pdf
1072
“ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O APELO DA MÃE DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE
MATOU APÓS BULLYING POR HOMOFOBIA (BBC News Brasil, 29 de agosto de 2018
692... Ver ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? 698... Ver O QUE AS EMPRESAS
PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO MERCADO DE TRABALHO 716 ) 692
“SER GAY É O MELHOR PRESENTE QUE DEUS ME DEU”, DIZ PRESIDENTE DA APPLE.
TIM COOK DECLAROU SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL EM 2014 (Folha/Uol, 24 de outubro
de 2018) 1064
"COLOCAR MULHER COMO VICE PARA ATRAIR ELEITORAS É CHAMÁ-LAS DE IDIOTAS"
(Uol Universa, Camila Brandalise, 24 de agosto de 2018... Entrevista com o psicanalista
Contardo Calligaris... Há uma análise histórica da discriminação, do controle sobre as
mulheres 576 ... Ver ALCKMIN INVESTE NO VOTO DAS MULHERES E ADERE AO
VOCABULÁRIO DAS FEMINISTAS. TUCANO FALA EM “EMPODERAMENTO” E PROMETE
AMPLIAR ENSINO INFANTIL PARA BENEFICIAR “MAMÃES” 626/627 ... MULHERES SÃO
"ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS 645 ) 576
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO (Andrea Dip, Agência Pública, 30 de
agosto de 2016 97... Ver também SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE
GÊNERO”. MOVIMENTO CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À
FAMÍLIA” EM DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO 1055 ... A ELEIÇÃO DO “KIT GAY”. BUSCAS
NA INTERNET POR “KIT GAY” NESTAS ELEIÇÕES BATERAM RECORDE DE 2011, QUANDO
O ASSUNTO VEIO À TONA; BOLSONARO E MALAFAIA LIDERAM MENÇÕES AO “KIT"
971 ... MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO
TÊM RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA
INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA 1044... ENTENDA AS
POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO NA EDUCAÇÃO. TEMAS JÁ
FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES RELIGIOSAS 1052 ) 97
COMO EXPLICAR O BEIJO GAY DA NOVELA DAS 6 PARA OS FILHOS? A NOVELA
EXPLICA! (Nilson Xavier, Blog do Nilson Xavier/Uol, 30 de agosto de 2018) 891
1073
PELA PRIMEIRA VEZ, GLOBO EXIBE BEIJO GAY EM NOVELA DAS SEIS E PÚBLICO
COMEMORA (Notícias da TV/Uol, Daniel de Castro, por Gabriel Perline (redator desta
notícia), 12 de setembro de 2018) 751
"ORGULHO E PAIXÃO" INAUGUROU UM NOVO TIPO DE DRAMATURGIA: A "NOVELA
DISNEY" (Nilson Xavier, Blog do Nilson Xavier/Uol, 24 de setembro de 2018) 893
GABRIELA LORAN, 1ª ATRIZ TRANS DE "MALHAÇÃO", REVELA PLANOS DE SER MÃE (Uol
Universa, 02 de setembro de 2018) 725/726
O BRASIL... NÃO CABE NA GLOBO! (Nilce F. Bueno, Diário do Rio Claro, 19 de outubro
de 2018, p. 2... Publicado durante a Primeira Semana e Parada LGBT – Rio Claro...)
1029
A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA DEMOCRACIA RACIAL (Lilia Schwarcz,
Nexo Jornal, 16 de julho de 2018) 222
JUDITH BUTLER ESCREVE SOBRE SUA TEORIA DE GÊNERO E O ATAQUE SOFRIDO NO
BRASIL (Judith Butler, Folha de S. Paulo, 19 de novembro de 2017 469... Ver também
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 469
OLAVO FAZ INCITAÇÃO À VIOLÊNCIA; CONVOCO MEUS CONCIDADÃOS A REPUDIÁLO. TEXTO ANUNCIA UMA ESCALADA DE AÇÕES VIOLENTAS E CONCLAMA
SEGUIDORES A PERPETRÁ-LAS (Caetano Veloso, Folha/Uol, 14 de outubro de 2018
954... Sobre afirmações de Olavo de Carvalho, um dos defensores das ideias de
extrema-direita e de igrejas a respeito de gênero, política... ver, por exemplo, a
respeito de crime organizado, narcotráfico: “NO SAPATINHO”: A EVOLUÇÃO DAS
MILÍCIAS NO RIO DE JANEIRO (2008-2011) (Ignácio Cano e Thais Duarte,
coordenadores, Kryssia Ettel e Fernanda Novaes Cruz, pesquisadoras, Rio de Janeiro,
Fundação Heinrich Böll, 2012:
https://br.boell.org/sites/default/files/no_sapatinho_lav_hbs1_1.pdf ... MORRE AOS
96 ANOS O JURISTA HÉLIO BICUDO, UM DEFENSOR DOS DIREITOS HUMANOS.
FUNDAMENTAL NO COMBATE AO “ESQUADRÃO DA MORTE” NA DITADURA MILITAR,
BICUDO FOI COFUNDADOR DO PT E AJUDOU NO PEDIDO DE IMPEACHMENT DE DILMA
ROUSSEFF (Arthur Stabile e Maria Teresa Cruz, Ponte Jornalismo, 31 de julho de 2018:
https://ponte.org/morre-aos-96-anos-o-jurista-helio-bicudo-um-defensor-dos-direitos1074
humanos/ ... COMO A DITADURA PERSEGUIU HÉLIO BICUDO. JURISTA TEVE A VIDA
ESCRUTINADA POR DENUNCIAR ATUAÇÃO DE ESQUADRÕES DA MORTE.
DOCUMENTOS INÉDITOS MOSTRAM QUE A CÚPULA DO REGIME AGIU DIRETAMENTE
PARA ACOBERTAR A AÇÃO DOS GRUPOS DE EXTERMÍNIO (João Soares, Deutsche
Welle, 01 de agosto de 2018:
https://www.dw.com/pt-br/como-a-ditadura-perseguiu-h%C3%A9lio-bicudo/a44918892 ... https://p.dw.com/p/32TSG ... "DITADURA IDEALIZOU MODELO ATUAL
DAS MILÍCIAS”. MILÍCIAS TIVERAM SEU EMBRIÃO NOS ESQUADRÕES DA MORTE
APOIADOS PELA DITADURA, AFIRMA SOCIÓLOGO. EM ENTREVISTA, ELE REJEITA A
IDEIA DE PODER PARALELO, APONTANDO QUE GRUPOS FARIAM PARTE DA
“DIMENSÃO ILEGAL DO ESTADO" (João Soares, Deutsche Welle, 03 de agosto de 2018:
https://www.dw.com/pt-br/ditadura-idealizou-modelo-atual-das-mil%C3%ADcias/a44945335 ... https://p.dw.com/p/32aKl ... ATENTADOS DE DIREITA FOMENTARAM AI-5
CINQUENTA ANOS DEPOIS DO ATO QUE SEPULTOU AS LIBERDADES DEMOCRÁTICAS
NO PAÍS, A PÚBLICA OBTÉM DOCUMENTOS QUE PROVAM QUE FOI A DIREITA
PARAMILITAR, E NÃO A ESQUERDA, QUE DEU INÍCIO A EXPLOSÕES DE BOMBAS E
ROUBOS DE ARMAS (Vasconcelo Quadros, Agência Pública reproduzida pelo El País, 02
de outubro de 2018:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/02/politica/1538488463_222527.html ...
PROGRAMA ARQUIVO N SOBRE ATENTADO NO RIOCENTRO (30 DE ABRIL DE 1981)
(Roteiro e edição Luciana Savaget, Globo News, 2011:
https://www.youtube.com/watch?v=QqNUttqzGMw ...
https://www.youtube.com/watch?v=ZWj-YALnsl4 ... Ver também AO VIVO |
ELEIÇÕES 2018: BOLSONARO E HADDAD NA COBERTURA EM TEMPO REAL. NESTA
SEGUNDA-FEIRA, O TSE NEGOU PEDIDO DE HADDAD DE RETIRAR POST DE OLAVO DE
CARVALHO SOBRE INCESTO 952 ... Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido 3: PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE
DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ) 954
AO VIVO | ELEIÇÕES 2018: BOLSONARO E HADDAD NA COBERTURA EM TEMPO
REAL. NESTA SEGUNDA-FEIRA, O TSE NEGOU PEDIDO DE HADDAD DE RETIRAR POST
DE OLAVO DE CARVALHO SOBRE INCESTO (Regiane Oliveira, El País, 15 de outubro de
2018 952... Ver TSE DETERMINA REMOÇÃO DE VÍDEOS DE BOLSONARO SOBRE “KIT
GAY” NO FACEBOOK 978 ... Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido 3: PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI.
AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ...) 952
REPRESSÃO ALÉM DA POLÍTICA. A DITADURA CONTRA OS GAYS: SER “DIFERENTE”
ERA AMEAÇA À SEGURANÇA NACIONAL (Gabriela Fujita, Uol, 12 de agosto de 2108...
Ver livro “Ditadura e Homossexualidades – Repressão, Resistência e a Busca da
1075
Verdade”, Renan Quinalha James N. Green (organizadores), EdUFSCar, 2014... Ver, na
secção Livros e trabalhos acadêmicos sobre questões de gênero... há links para
download, deste arquivo: “Contra a moral e os bons costumes: a política sexual da
ditadura brasileira (1964-1988)”, Renan Honorio Quinalha, nstituto de Relações
Internacionais, USP, 2017. Orientadora: Rossana Rocha Reis. Tese de doutorado:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/101/101131/tde-20062017-182552/ptbr.php ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 2: “SOBREVIVI”,
DIZ VÍTIMA DE OPERAÇÃO DA POLÍCIA DE CAÇA A TRAVESTIS HÁ 31 ANOS 746 ) 677
A ELEIÇÃO DO “KIT GAY”. BUSCAS NA INTERNET POR “KIT GAY” NESTAS ELEIÇÕES
BATERAM RECORDE DE 2011, QUANDO O ASSUNTO VEIO À TONA; BOLSONARO E
MALAFAIA LIDERAM MENÇÕES AO “KIT" (Alexandre Policarpo, Bruno Fonseca,
Eliziane Lara e Gabriella Hauber, Agência Pública, 17 de outubro de 2018 971 ...
VALE MAIS DEFENESTRAR O ‘KIT GAY’ OU PROTEGER CRIANÇAS DO ABUSO SEXUAL?
EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS PODERIA SER UMA ARMA EFICAZ CONTRA
ABUSADORES, MAS A HISTERIA IDEOLÓGICA É O TIRO PELA CULATRA DE QUEM SE
DIZ DEFENSOR DA FAMÍLIA 979 ... MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM
PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA
SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA
CATÓLICA 1044... ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO
NA EDUCAÇÃO. TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES
RELIGIOSAS 1052... SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”.
MOVIMENTO CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM
DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO 1055) 971
UOL, PÁGINA INICIAL, 23 DE OUTUBRO DE 2018, 12H18MIN (Chamadas com
destaque principal, no topo da página: “Escola Sem Partido e ideologia de gênero têm
suas raízes na religião”, “Entenda as polêmicas sobre Escola Sem Partido e gênero na
educação”, “Como o combate à ‘ideologia de gênero’ tem pautado políticas
públicas”) 1044
MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM
RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA
INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23
de outubro de 2018) 1044
ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO NA EDUCAÇÃO.
TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES RELIGIOSAS (Paulo
Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1052
1076
SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”. MOVIMENTO
CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM DISCUSSÕES
SOBRE GÊNERO (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1055
OS VALORES E BOATOS QUE CONDUZEM (OU NÃO) OS EVANGÉLICOS A BOLSONARO
(Leandro Machado e Luiza Franco, BBC News Brasil, 23 de outubro de 2018) 1038
TSE DETERMINA REMOÇÃO DE VÍDEOS DE BOLSONARO SOBRE "KIT GAY" NO
FACEBOOK (Rafael Moraes Moura, Estadão reproduzido pelo Uol, 16 de outubro de
2018 978... Ver LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL NÃO FOI
COMPRADO PELO MEC 598/599 ... BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO DE
EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA
PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO
PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM 593 ... Ver também, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS
LIVROS (Fernando Haddad, Revista Piauí/Uol, edição 129, junho de 2017... E-ministro
da Educação dos governos Lula e Dilma, sobre atuação de políticos ligados a igrejas no
caso do material contra homofobia, deturpado com a denominação “kit gay”) 221)
978
VALE MAIS DEFENESTRAR O ‘KIT GAY’ OU PROTEGER CRIANÇAS DO ABUSO SEXUAL?
EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS PODERIA SER UMA ARMA EFICAZ CONTRA
ABUSADORES, MAS A HISTERIA IDEOLÓGICA É O TIRO PELA CULATRA DE QUEM SE
DIZ DEFENSOR DA FAMÍLIA (Breiller Pires, El País, 18 de outubro de 2018 979 ... Ver
também GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR NÍVEL EM QUASE DUAS
DÉCADAS EM SP 453... De acordo com a matéria (gravidez na adolescência), os
resultados foram conseguidos a partir de conhecimento, discussão, conversas com
adolescentes sobre suas questões, sexualidade... Ou seja, penso eu, o oposto do que
propõem igrejas e Escola Sem Partido... CASOS DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
ATINGEM MENOR NÍVEL DA HISTÓRIA EM SP. INCIDÊNCIA CAIU 50% NOS ÚLTIMOS
20 ANOS 454 ) 979
GAYS, NEGROS E INDÍGENAS JÁ SENTEM NAS RUAS O MEDO DE UM GOVERNO
BOLSONARO. EPISÓDIOS DE INTIMIDAÇÃO AUMENTAM ANSIEDADE ENTRE GRUPOS
QUE SE SENTEM VULNERÁVEIS POR DISCURSOS FEITOS NO PASSADO, E HOJE
NEGADOS, PELO CANDIDATO. DEBATE SOBRE ESTRATÉGIAS DE PROTEÇÃO CRESCE
1077
PARA “RESISTIR EM TEMPOS SOMBRIOS”, DIZ ATIVISTA (Joana Oliveira e Naira
Hofmeister, El País, 20 de outubro de 2018) 1006
FILHO DE BOLSONARO AMEAÇA STF E DIZ QUE PARA FECHAR CORTE BASTA “UM
SOLDADO E UM CABO”. DECLARAÇÕES, FEITAS EM JULHO EM UM CURSINHO,
PROVOCAM REPÚDIO. FHC DIZ QUE HÁ "CHEIRO DE FASCISMO" (Ricardo Della
Coletta e Felipe Betim, El País, 21 de outubro de 2018) 1011
UOL, PÁGINA INICIAL, 18 OUT 2018 7H22MIN. EMPRESAS BANCAM CAMPANHA
CONTRA PT NAS REDES SOCIAIS; PRÁTICA É ILEGAL 981
EMPRESÁRIOS BANCAM CAMPANHA CONTRA O PT PELO WHATSAPP. COM
CONTRATOS DE R$ 12 MILHÕES, PRÁTICA VIOLA A LEI POR SER DOAÇÃO NÃO
DECLARADA (Patrícia Campos Mello, Folha/Uol,, 18 de outubro de 2018) 982
É HORA DE SE DEBRUÇAR SOBRE A PROPAGANDA EM REDE DE BOLSONARO. MUITOS
DE NÓS ESTÃO EM BUSCA DE EXPLICAÇÕES PARA O TSUNAMI DE VOTOS EM
CANDIDATURAS ANTISSISTEMA E ANTIPETISTAS NO 1º TURNO DAS ELEIÇÕES
BRASILEIRAS DE 2018 (Francisco Brito Cruz e Mariana Giorgetti Valente, El País, 18 de
outubro de 2018) 986
MANIPULAÇÃO DO ELEITOR POR GRUPOS DE WHATSAPP DEIXARÁ FERIDAS NA
DEMOCRACIA (Leonardo Sakamoto, Blog do Sakamoto/Uol, 18 de outubro de 2018)
992
GUERRA SUJA NAS REDES SOCIAIS EXPÕE O FAKE TSE (Josias de Souza, Blog do
Josias/Uol, 18 de outubro de 2018... Estou trazendo textos de alguns jornalistas com
30,, 40 anos de profissão, ganhadores de prêmios nacionais e internacionais...) 995
UOL, PÁGINA INICIAL, 19 OUT 2018 11H10MIN. DISPARO DE MENSAGENS CONTRA PT
NO WHATSAPP CONSTRANGE TSE 996
WHATSAPP NOTIFICA AGÊNCIAS QUE DISPARAM MENSAGENS ANTI-PT. REDE SOCIAL
PEDIU QUE DISPAROS EM MASSA SEJAM INTERROMPIDOS, E CONTAS ASSOCIADAS
FORAM BANIDAS (Patrícia Campos Mello, Folha/Uol, 19 de outubro de 2018) 996
UM PAÍS PRIMITIVO PRESTES A REGREDIR MAIS. BOLSONARO DEU VIA LIVRE A
TODOS OS DEMÔNIOS (Clóvis Rossi, Folha/Uol, 19 de outubro de 2018) 998
1078
DOCUMENTO CONFIRMA OFERTA ILEGAL DE MENSAGENS POR WHATSAPP NA
ELEIÇÃO. PROPOSTA NÃO ACEITA PELA CAMPANHA DE ALCKMIN PEDIU R$ 8,7 MI
POR DISPAROS VIA APLICATIVO (Patrícia Campos Mello, Folha/Uol, 20 de outubro de
2018) 1000
TÍTULOS DE VÍDEOS DO CANAL DO YOUTUBE MBL – MOVIMENTO BRASIL LIVRE
(Seleção feita em 16 de outubro de 2018 961 ... Ainda sobre o MBL, ver... QUEM
ESPALHA DESINFORMAÇÃO? E QUEM NÃO ESPALHA? A MELHOR FORMA DE LIDAR
COM UMA POTENCIAL MENTIRA É PERMITIR QUE ELA SEJA DITA, PARA QUE POSSA
SER DESMENTIDA PUBLICAMENTE OU CONFRONTADA JUDICIALMENTE (Rodolfo
Borges, El País, 28 de julho de 2018 540/541... Ver MBL CONDENADO POR TRE POR
PUBLICAR NOTÍCIA FALSA SOBRE JAQUES WAGNER (PT). MBL DAVA A ENTENDER EM
VÍDEO QUE PROTESTOS ANTI-LULA ERAM CONTRA CANDIDATO AO SENADO 579 ...
ESTÁ CLARO QUE O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO NÃO TEM CONDIÇÕES DE
FISCALIZAR AS FRAUDES DO MBL, ATÉ PORQUE PARTE DELE ESTÁ EM CONLUIO COM
ELES. COMO A REDE É PRIVADA, SÓ QUEM TEM PODER PARA COIBIR ABUSOS É O
PRÓPRIO FACEBOOK 542 ... LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO JORNAL
NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO MEC (Uol, 30 de agosto de 2018... A matéria
também cita atuação do MBL) 598/599 ... BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO
DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA
PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO
PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM 593 ... Sobre o MBL,
mencionado no artigo de Rodolfo Borges e que apoia o Escola Sem Partido, ver a
secção Assassinato de Marielle Franco (PSOL), vereadora do Rio de Janeiro: 14 de
março de 2018..., página 1170, do arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
3, com destaque para as matérias COMO GANHOU CORPO A ONDA DE FAKE NEWS
SOBRE MARIELLE FRANCO 224... ESTUDO RESPONSABILIZA SITE DE OPINIÃO
POLÍTICA E MBL POR ESPALHAR FAKE NEWS SOBRE MARIELLE 229... FACEBOOK TIRA
DO AR PÁGINA E PERFIS ASSOCIADOS À ONDA DE FAKE NEWS CONTRA MARIELLE.
REDE SOCIAL DIZ QUE PERFIS FALSOS FEREM AS NORMAS) 230... FACEBOOK TIRA DO
AR PÁGINA QUE BOMBOU NOTÍCIA FALSA SOBRE MARIELLE FRANCO 232... O
EXÉRCITO DE PINÓQUIOS. COMO OPERAM DEZ DOS MAIORES SITES DE NOTÍCIAS
FALSAS DO PAÍS, PAGOS ATÉ COM VERBA DE GABINETE PARA DISSEMINAR BOATOS
469... ASSÉDIO E ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO 775/776... DONO DE SITES
CRITICADOS POR “FAKE NEWS” RECEBE DINHEIRO DE DEPUTADO 777... GRUPOS
DIREITISTAS DIFUNDEM “FAKE NEWS” PARA CRITICAR COMBATE DO FACEBOOK ÀS
“FAKE NEWS”. MBL E ATIVISTAS DE EXTREMA-DIREITA ATACAM AGÊNCIAS DE
CHECAGEM DE INFORMAÇÕES, DIVULGAM PERFIS PESSOAIS DE JORNALISTAS E USAM
DADOS FALSOS PARA DESQUALIFICAR INICIATIVA DA REDE SOCIAL 649... ASSÉDIO E
ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO 775/776 ) 961
1079
GRUPOS EVANGÉLICOS BARRAM LEI FAVORÁVEL À POPULAÇÃO TRANS NO
URUGUAI. PROJETO PREVÊ MUDANÇA DE SEXO GRATUITA, FACILITAÇÃO À
MUDANÇA DE IDENTIDADE E INDENIZAÇÃO ÀS VÍTIMAS DA REPRESSÃO DURANTE A
DITADURA MILITAR (Magdalena Martínez, El País, 04 de outubro de 2018... Uma
informação apresentada pela matéria: expectativa de vida de pessoa trans no
Uruguai é de 35 anos...) 872
CONGRESSO CHILENO APROVA LEI QUE PERMITE MUDANÇA DE GÊNERO PARA
MAIOR DE 14 (Agence France Presse reproduzida pelo Uol Universa, 13 de setembro
de 2018 739... Ver COBERTAS PELO SUS, CIRURGIAS DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL
DEMORAM ATÉ CINCO ANOS 742 ... Ver no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem
Partido 2: DANIELA VEGA, A ATRIZ TRANS QUE COLOCOU HOLLYWOOD A SEUS PÉS
1258 ... Ver no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: DANIELA VEGA, A
ATRIZ TRANSEXUAL QUE FEZ HISTÓRIA NO OSCAR. ATRIZ DE ‘UMA MULHER
FANTÁSTICA’, GANHADOR DE MELHOR FILME ESTRANGEIRO, TEM UMA BIOGRAFIA
SOFRIDA 519 ... CHEFE DA IGREJA CHILENA SOBRE TRANSEXUAIS: “SE UM GATO
TIVER NOME DE CACHORRO, NÃO PASSARÁ A SER UM CACHORRO”. A ATRIZ
TRANSEXUAL DANIELA VEGA RESPONDE RICARDO EZZATI: “VENHA CONVERSAR
COMIGO. VOCÊ SE ATREVE?” ELA ESTRELOU O FILME GANHADOR DO OSCAR “UMA
MULHER FANTÁSTICA” 521 ... Ver CHILE INVESTIGA 139 RELIGIOSOS POR ABUSOS
SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO INFORMA QUE 66% DAS VÍTIMAS ERAM MENORES DE
IDADE E QUE HÁ 34 INVESTIGAÇÕES EM CURSO (Rocío Montes, El País, 24 de julho de
2018) 235 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, a seção
Igrejas, religiões e poder... 1265, mais especificamente a partir da p. 1288, onde estão
matérias sobre Igreja Católica no Chile... por exemplo: CARTA DO PAPA FRANCISCO
AOS BISPOS DO CHILE REFERENTE ÀS INFORMAÇÕES ENTREGUES POR D. CHARLES J.
SCICLUNA (Papa Francisco, Vaticano, 08 de abril de 2018) 669 ... TODOS OS BISPOS
CHILENOS PEDEM DEMISSÃO POR ESCÂNDALO DE PEDOFILIA. CÚPULA DA IGREJA NO
PAÍS É ACUSADA PELO VATICANO DE TER NEGLIGENCIADO DENÚNCIAS (Folha/Uol
reproduz Reuters e Associated Press, 18 de maio de 2018) 658 ... PAPA ANUNCIA
'MUDANÇAS E RESOLUÇÕES' EM IGREJA CHILENA APÓS CASOS DE PEDOFILIA (Kelly
Velasquez, Agence France Presse AFP reproduzida por Yahoo, 17 de maio de 2018)
660 ... BISPOS CHILENOS DEMITEM-SE EM BLOCO DEVIDO A ESCÂNDALO DE
PEDOFILIA. PAPA REUNIU-SE ESTA SEMANA COM OS 34 BISPOS CHILENOS PARA
DISCUTIR OMISSÕES E ENCOBRIMENTO DE UM ESCÂNDALO DE ABUSOS SEXUAIS DE
MENORES. TODOS ELES APRESENTARAM A SUA DEMISSÃO (Público, 18 de maio de
2018... Público é jornal de Portugal) 662/663 ... ESCÂNDALO SEXUAL LEVA TODOS OS
BISPOS DO CHILE A PEDIREM DEMISSÃO AO PAPA (BBC Brasil, 18 de maio de 2018)
663 ... TODOS OS BISPOS CHILENOS APRESENTAM RENÚNCIA AO PAPA PELOS
1080
ESCÂNDALOS DE PEDOFILIA. AGORA CABE AO SUMO PONTÍFICE DECIDIR SE ACEITA
TODAS AS RENÚNCIAS OU SOMENTE ALGUMAS DELAS (Lorena Pacho, El País, 18 de
maio de 2018) 665 ... TODOS OS BISPOS CHILENOS RENUNCIAM POR ESCÂNDALO DE
ABUSOS (Deutsche Welle, 18 de maio de 2018) 667 ... EXCLUSIVO: DOCUMENTO
RESERVADO DEL PAPA A OBISPOS REVELA FALLAS QUE DESCUBRIÓ EN LA IGLESIA
CHILENA. EL TEXTO, DE DIEZ CARILLAS Y QUE LES ENTREGÓ EN ROMA EL MARTES,
CONTIENE FUERTES CRÍTICAS AL ACTUAR DE LA IGLESIA CHILENA FRENTE A LAS
DENUNCIAS DE ABUSOS. EL PONTÍFICE HABLA DE “HECHOS DELICTIVOS”,
“ESCÁNDALO” E “IR MÁS ALLÁ” DE LA REMOCIÓN DE PERSONAS PARA SOLUCIONAR LA
CRISIS (Tele 13 T 13, 17 de maio de 2018) 672 ... LA TRANSCRIPCIÓN COMPLETA DEL
DOCUMENTO RESERVADO QUE EL PAPA ENTREGÓ A LOS OBISPOS CHILENOS. T13
TUVO ACCESO EXCLUSIVO A LAS DURAS CRÍTICAS QUE EMITIÓ FRANCISCO AL ACTUAR
DE LA IGLESIA CHILENA FRENTE A LOS CASOS DE ABUSOS COMETIDOS POR ALGUNOS
SACERDOTES (Tele 13 T13, 17 de maio de 2018... ) 675 ... “NOS OBRIGAVAM A FICAR
NUS NA PISCINA”: OS RELATOS DE ABUSOS SEXUAIS COMETIDOS POR BISPOS NO
CHILE (Constanza Hola, BBC News Mundo, 16 de junho de 2018) 945 ... DIOCESE
CHILENA SUSPENDE 14 SACERDOTES ENVOLVIDOS EM ESCÂNDALO SEXUAL (Uol
reproduz AFP Agence France Presse, 23 de maio de 2018) 727) 739
MÃE TRANS É IMPEDIDA DE REGISTRAR FILHO BIOLÓGICO EM CARTÓRIO NO RS.
ÁGATA FEZ TRANSIÇÃO APÓS A CONFIRMAÇÃO DA GRAVIDEZ DA NAMORADA
(Fernanda Canofre, Folha/Uol, 27 de agosto de 2018) 735
AS FEMINISTAS E A DESTRUIÇÃO DE VALORES (Lia Bock, Blog Lia Bock/Uol Universa,
17 de agosto de 2018) 477
Exemplos de atuação de grupos e instituições que têm defendido a ideologia de gênero
patriarcal, defendido o Escola Sem Partido (seus projetos “copia e cola”) e atacado o
feminismo e movimentos contrários a desigualdades sociais no Brasil...
QUEM ESPALHA DESINFORMAÇÃO? E QUEM NÃO ESPALHA? A MELHOR FORMA DE
LIDAR COM UMA POTENCIAL MENTIRA É PERMITIR QUE ELA SEJA DITA, PARA QUE
POSSA SER DESMENTIDA PUBLICAMENTE OU CONFRONTADA JUDICIALMENTE
(Rodolfo Borges, El País, 28 de julho de 2018 540/541... Ver MBL CONDENADO POR
TRE POR PUBLICAR NOTÍCIA FALSA SOBRE JAQUES WAGNER (PT). MBL DAVA A
ENTENDER EM VÍDEO QUE PROTESTOS ANTI-LULA ERAM CONTRA CANDIDATO AO
SENADO 579 ... ESTÁ CLARO QUE O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO NÃO TEM
CONDIÇÕES DE FISCALIZAR AS FRAUDES DO MBL, ATÉ PORQUE PARTE DELE ESTÁ EM
1081
CONLUIO COM ELES. COMO A REDE É PRIVADA, SÓ QUEM TEM PODER PARA COIBIR
ABUSOS É O PRÓPRIO FACEBOOK 542 ... LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO
JORNAL NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO MEC (Uol, 30 de agosto de 2018... A
matéria também cita atuação do MBL) 598/599 ... BOLSONARO MENTIU AO FALAR
DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL
MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI
COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM 593 ...
TÍTULOS DE VÍDEOS DO CANAL DO YOUTUBE MBL – MOVIMENTO BRASIL LIVRE 961
... Sobre o MBL, mencionado no artigo de Rodolfo Borges e que apoia o Escola Sem
Partido, ver a secção Assassinato de Marielle Franco (PSOL), vereadora do Rio de
Janeiro: 14 de março de 2018..., página 1170, do arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido 3, com destaque para as matérias COMO GANHOU CORPO A ONDA DE
FAKE NEWS SOBRE MARIELLE FRANCO 224... ESTUDO RESPONSABILIZA SITE DE
OPINIÃO POLÍTICA E MBL POR ESPALHAR FAKE NEWS SOBRE MARIELLE 229...
FACEBOOK TIRA DO AR PÁGINA E PERFIS ASSOCIADOS À ONDA DE FAKE NEWS
CONTRA MARIELLE. REDE SOCIAL DIZ QUE PERFIS FALSOS FEREM AS NORMAS) 230...
FACEBOOK TIRA DO AR PÁGINA QUE BOMBOU NOTÍCIA FALSA SOBRE MARIELLE
FRANCO 232... O EXÉRCITO DE PINÓQUIOS. COMO OPERAM DEZ DOS MAIORES
SITES DE NOTÍCIAS FALSAS DO PAÍS, PAGOS ATÉ COM VERBA DE GABINETE PARA
DISSEMINAR BOATOS 469... ASSÉDIO E ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO
775/776... DONO DE SITES CRITICADOS POR “FAKE NEWS” RECEBE DINHEIRO DE
DEPUTADO 777... GRUPOS DIREITISTAS DIFUNDEM “FAKE NEWS” PARA CRITICAR
COMBATE DO FACEBOOK ÀS “FAKE NEWS”. MBL E ATIVISTAS DE EXTREMA-DIREITA
ATACAM AGÊNCIAS DE CHECAGEM DE INFORMAÇÕES, DIVULGAM PERFIS PESSOAIS
DE JORNALISTAS E USAM DADOS FALSOS PARA DESQUALIFICAR INICIATIVA DA REDE
SOCIAL 649... ASSÉDIO E ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO 775/776 )
540/541
HADDAD NÃO CRIOU O “KIT GAY”. JAIR BOLSONARO (PSL) ACUSA ADVERSÁRIO DE
TER SIDO RESPONSÁVEL PELA IDEALIZAÇÃO DE MATERIAL ESCOLAR CONTRA
HOMOFOBIA, MAS INICIATIVA SURGIU DO LEGISLATIVO (Patrícia Figueiredo, Agência
Pública, 11 de outubro de 2018 942... Ver Ver também, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS LIVROS (Fernando
Haddad, ex-ministro da Educação dos governos Lula e Dilma, sobre atuação de
políticos ligados a igrejas no caso do material contra homofobia, deturpado com a
denominação “kit gay”) 221) 942
UMA ANÁLISE DO CADERNO ESCOLA SEM HOMOFOBIA. AVALIAMOS O MATERIAL
DIDÁTICO QUE FICOU PEJORATIVAMENTE CONHECIDO COMO 'KIT GAY' E TEVE SUA
1082
DISTRIBUIÇÃO SUSPENSA PELO GOVERNO FEDERAL EM 2011 (Bruno Mazzoco, Revista
Nova Escola, 01 de Fevereiro de 2015) 946
KITS DE PT E PSDB TÊM ITENS INCÔMODOS PARA EVANGÉLICOS (Coluna Poder,
Folha/Uol, 18 de outubro de 2012) 948
CONSELHO Nacional de Combate à Discriminação. Brasil Sem Homofobia: Programa
de combate à violência e à discriminação contra GLTB e promoção da cidadania
homossexual. Brasília : Ministério da Saúde, 2004 951
VILLAS BÔAS HOMENAGEIA SOLDADOS MORTOS NO RIO E CRITICA FALTA DE
"EMPENHO" DO GOVERNO (Felipe Amorim, Uol, 24 de agosto de 2018 618... Ver
CLUBE MILITAR ATUA EM CAMPANHA ELEITORAL MESMO PROIBIDO POR ESTATUTO E
LEI 580 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR
NA CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E
EMPURRA O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor,
Revista Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante
do Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017,
segundo o texto do jornalista... 78) 618
GRUPOS REPUDIAM EDITAL DA PM-PR QUE EXIGE “MASCULINIDADE” DE
CANDIDATOS (Isabella Macedo, Congresso em Foco/Uol, 11 de agosto de 2018 671...
Ver na secção Forças armadas e questões de gênero... , do índice deste arquivo, as
matérias relacionadas com a matéria POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É ATACADO
POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO GOVERNADOR 07... Ver ainda, na secção
Eleições 2018..., deste arquivo, as matérias relacionadas à candidatura de Jair
Bolsonaro à presidência da República... ) 671
EDITAL nº 01-CADETE PMPR-2019. CONCURSO PÚBLICO DESTINADO AO
PREENCHIMENTO DE VAGAS NO CARGO DE CADETE POLICIAL MILITAR DA POLÍCIA
MILITAR DO ESTADO DO PARANÁ. ESTADO DO PARANÁ. POLÍCIA MILITAR. DIRETORIA
DE PESSOAL. CENTRO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO 674
GOVERNADORA DETERMINA CORREÇÃO DE EDITAL DE CONCURSO DA PM DO
PARANÁ QUE PREVIA CRITÉRIO DE “MASCULINIDADE” (Roger Pereira, Paraná
Portal/Uol, 13 de agosto de 2018) 674
1083
EXIGÊNCIA DE “MASCULINIDADE" PARA PM É MONUMENTO À FRAGILIDADE DO
HOMEM (Matheus Pichonelli, Blog do Pichonelli/Uol, 15 de agosto de 2018) 675
POR QUE LULU SANTOS DEVERIA SE ESCONDER NO ARMÁRIO? (Tony Goes, F5 Folha/
Uol, 25 de julho de 2018 669... Ver ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? 698)
669
ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? (Flávia Silva, Ponte Jornalismo, 29 de
agosto de 2018 698... Comparar o artigo com a proposta do Escola Sem Partido,
contrária a discussões sobre sexualidade nas escolas, censurando informações sobre a
existência do que não é heterossexualidade... Ver também POR QUE LULU SANTOS
DEVERIA SE ESCONDER NO ARMÁRIO? 669 ... “ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O
APELO DA MÃE DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE MATOU APÓS BULLYING POR
HOMOFOBIA 692... OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS
PARA SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL 713) 698
VEREADOR MUDA NOME DE CRECHE ARCO-ÍRIS POR "PROMOVER O
HOMOSSEXUALISMO" (Uol Universa, 16 de julho de 2018) 653
ÍNDIA DESPENALIZA A HOMOSSEXUALIDADE. SUPREMA CORTE REVOGA PROIBIÇÃO
ESTABELECIDA POR UMA LEI VITORIANA DO SÉCULO XIX (Ángel L. Martínez Cantera,
El País, 06 de setembro de 2018 694/695... Ver UMA AVALIAÇÃO SOBRE A BUSCA DE
DIREITOS LGBT PELO MUNDO 104 ... BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA
MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EXPARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO
MUNDO AFIRMA QUE A COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS
DIREITOS 108 ) 694/695
SUPREMA CORTE DA ÍNDIA DESCRIMINALIZA HOMOSSEXUALIDADE. EM DECISÃO
HISTÓRICA, JUÍZES JULGAM INCONSTITUCIONAL LEI DA ERA COLONIAL QUE PUNIA
"ATOS CONTRA A NATUREZA" COM ATÉ DEZ ANOS DE PRISÃO, NUMA GRANDE
VITÓRIA PARA OS DEFENSORES DOS DIREITOS DA COMUNIDADE LGBT (Deutsche
Welle, 06 de setembro de 2018) 996/997
PARLAMENTO DE HONDURAS PROÍBE ADOÇÃO PARA CASAIS HOMOSSEXUAIS
(Agência EFE reproduzida pelovUol, 17 de agosto de 2018 687... Ver UMA AVALIAÇÃO
SOBRE A BUSCA DE DIREITOS LGBT PELO MUNDO 104 ... BORIS DITTRICH:
1084
“OPRESSÃO TAMBÉM CRIA MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE NECESSÁRIO, ESSE SEJA O
CASO NO BRASIL”. EX-PARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA PRIMEIRA LEI DE
CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO MUNDO AFIRMA QUE A COMUNIDADE LGBT NUNCA
DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS DIREITOS 108 ... Ver, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 3: CORTE INTERAMERICANA DETERMINA QUE 20 PAÍSES
RECONHEÇAM CASAMENTO GAY 999 ) 687
FUNCIONÁRIA DO MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS É MORTA A FACADAS POR
EX-MARIDO NO DF. JANAÍNA ROMÃO, DE 30 ANOS, FOI GOLPEADA CINCO VEZES
PELO AGRESSOR, COM QUEM TINHA DUAS FILHAS; HOMEM É PROCURADO PELA
POLÍCIA CIVIL. ENTERRO SERÁ NO CEMITÉRIO DO GAMA (G1 Globo, 15 de julho de
2018 203... Ver FUNCIONÁRIA DE MINISTÉRIO ASSASSINADA NO DF HAVIA
DENUNCIADO EX-MARIDO DUAS VEZES 204 ... JORNAL CHAMA RUSSAS DE “PUTAS”
POR COMPORTAMENTO SEXUAL NA COPA 200 ) 203
FUNCIONÁRIA DE MINISTÉRIO ASSASSINADA NO DF HAVIA DENUNCIADO EX-MARIDO
DUAS VEZES (Isabela Palhares e Luci Ribeiro, Estadão reproduzido pelo Uol, 15 de julho
de 2018) 204
“NO SAPATINHO”: A EVOLUÇÃO DAS MILÍCIAS NO RIO DE JANEIRO (2008-2011)
(Ignácio Cano e Thais Duarte, coordenadores, Kryssia Ettel e Fernanda Novaes Cruz,
pesquisadoras, Rio de Janeiro, Fundação Heinrich Böll, 2012) 219
COTA DE GÊNERO NÃO CONTRIBUI PARA AUMENTAR A REPRESENTAÇÃO FEMININA.
OS PARTIDOS, DENTRO DE SUA AUTONOMIA, TÊM SUAS ESTRATÉGIAS ELEITORAIS
(Eliana Passarelli, Folha/Uol, 16 de julho de 2018) 152
OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA
SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL (Reportagem Bianca
Borges. Uol TAB, 30 de julho de 2018 247... Ver PABLLO VITTAR CHORA AO LEMBRAR
BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME BATERAM" 724/725 ... “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114 ... COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874) 247
PABLLO VITTAR CHORA AO LEMBRAR BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME
BATERAM" (Maurício Dehô, Uol, 02 de setembro de 2018 724/725... Ver OS MUROS
1085
DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA SOBREVIVEREM AOS
PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL 713 ... COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874 ) 724/725
VÍDEO: COMISSÃO QUE ANALISA “ESCOLA SEM PARTIDO” TEM PROTESTO E BATEBOCA (Thallita Essi, Congresso em Foco/Uol, 12 de julho de 2018) 654
CULTOS, ALERTAS E CHAMADOS MOVEM A “BANCADA DA BÍBLIA” NO CONGRESSO
(Renata Agostini, Paulo Oliveira, Estadão reproduzido pelo Uol, 12 de agosto de 2018)
649
“SEM SER SUBALTERNO NEM USAR UNIFORME”: EMPRESA SÓ TEM BABÁS LGBTS
(Marcos Candido, Uol Universa, 15 de setembro de 2018) 890
A PROFESSORA TRANSEXUAL QUE TROCOU INDENIZAÇÃO DE R$ 20 MIL PELA
CHANCE DE DAR AULA A SEUS AGRESSORES (Noemia Colonna, BBC News Brasil, 31 de
agosto de 2018) 721
APÓS 3 ANOS, PROFESSORA GANHA AÇÃO JUDICIAL CONTRA COLÉGIO QUE A
DEMITIU POR SER TRANS (Ponte Jornalismo, Paloma Vasconcelos, 09 de setembro de
2018 726... Ver O QUE AS EMPRESAS PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO
MERCADO DE TRABALHO 716... “ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O APELO DA MÃE
DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE MATOU APÓS BULLYING POR HOMOFOBIA 692 )
726
PROFESSORA TRANS GANHA NA JUSTIÇA DIREITO DE VOLTAR A DAR AULA APÓS SER
DEMITIDA (Fernando Molina,, Uol, 12 de setembro de 2018) 733
COMO OBTER NOME DE ACORDO COM GÊNERO; ADVOGADA E ATIVISTA TRANS
EXPLICAM (Léo Marques, Uol Universa, 02 de agosto de 2018 713... Ver GISELE
SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM CIRURGIA, 07
DE JUNHO DE 2017 716 ... Ver a seguinte seção do arquivo Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido: Transexuais, travestis... direitos... política... preconceitos...
1534 ... Lá encontram-se textos como “TRANSTORNOS” DE GÊNERO E NOME SOCIAL
(Contardo Calligaris, psicanalista) 452 ... O CONGRESSO E A DESUMANIZAÇÃO
(Alexandre Vidal Porto, escritor e diplomata, mestre em Direito por Harvard) 453 ...
NOME SOCIAL É CURATIVO, E TENTAM NOS TIRAR ESSE DIREITO, DIZ ALUNO TRANS
1086
453 ... (TRANS)FOBIAS (filme de Yan Teixeira, Comunicação Social/Jornalismo,
Universidade Federal de São João Del Rei - MG, 2014... Também traz a questão do
nome social) 571 ... EDUCAÇÃO REALIZA CAMPANHA DE INCLUSÃO DE ALUNOS
TRAVESTIS E TRANSEXUAIS: SECRETARIA ORIENTA ESCOLAS ESTADUAIS PARA QUE
OFEREÇAM A POSSIBILIDADE DA ADOÇÃO DE NOME SOCIAL AOS ESTUDANTES (2015)
453 ... CRESCE NÚMERO DE ALUNOS TRANS QUE USAM NOME SOCIAL NAS ESCOLAS
DE SP (2016) 453 ... UNESP APROVA USO DE NOME SOCIAL POR PESSOAS TRANS
(junho de 2017) 468 ... OAB AUTORIZA ADVOGADOS TRAVESTIS E TRANS A USAREM
NOME SOCIAL EM CARTEIRA (maio de 2016) 454 ... ELA É A 1ª ADVOGADA
TRANSGÊNERO A TER SEU NOME SOCIAL NA CARTEIRINHA DA OAB 454 ... ADVOGADA
TRANS É A PRIMEIRA A MUDAR NOME NO REGISTRO DE NASCIMENTO E NA OAB
(junho de 2017) 456 ... TRAVESTIS E TRANSEXUAIS PODEM TER NOME SOCIAL EM
CARTÃO DE CRÉDITO E DÉBITO (novembro de 2016) 457 ... TRAVESTIS E TRANSEXUAIS
PODERÃO INCLUIR NOME SOCIAL NO CPF (julho de 2017) 469 ... PRECONCEITO E
VIOLÊNCIA EXPULSAM TRANS DE REDE DE SAÚDE: "ME SENTI VIOLADO" (Marcelle
Souza, Uol, 28 de setembro de 2017, matéria também fala de nome social... Ver
comentário – sobre se a questão é de “costumes” ou de “desigualdade” – que coloquei
junto da matéria GAYS E LÉSBICAS CONTAM POR QUE ESCONDEM A ORIENTAÇÃO
SEXUAL NO TRABALHO 1155...) 1163 ... JANOT DEFENDE ALTERAÇÃO DE GÊNERO NO
REGISTRO CIVIL DE TRANSEXUAL MESMO SEM CIRURGIA 457 ... TRANSEXUAL PEDE
MORTE ASSISTIDA SE NÃO PUDER MUDAR NOME E GÊNERO 466 ... UMA
TRANSEXUAL NÃO ACEITA QUE SUA CONDIÇÃO SEJA VISTA COMO TRANSTORNO
(Contardo Calligaris, psicanalista) 466 ... PELA PRIMEIRA VEZ, MULHER TRANS PODE
MUDAR GÊNERO SEM AVALIAÇÃO MÉDICA 466 ... STJ AUTORIZA CABELEREIRA TRANS
A MUDAR SEXO EM DOCUMENTOS SEM FAZER CIRURGIA (maio de 2017) 468 ... PELA
PRIMEIRA VEZ, ADVOGADA TRANSGÊNERO FAZ DEFESA PERANTE O STF (junho de
2017) 458 ... NÃO SE ADVOGA POR DIREITOS SEM A ESCUTA DE SEUS TITULARES
(Carolina Gerassi, advogada, Justificando/Carta Capital, 13 de junho de 2017) 460 )
713
GISELE SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM
CIRURGIA, 07 DE JUNHO DE 2017 (Canal do YouTube de Adriano Picarelli, 09 de junho
de 2017... Na verdade, o título que dei ao vídeo não está correto... Seria melhor usar
expressão como “alteração do registro civil”... Ver, na apresentação do vídeo - abaixo
da tela - indicações de textos e filmes... Ver COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874 ) 716
MÃE TRANS É IMPEDIDA DE REGISTRAR FILHO BIOLÓGICO EM CARTÓRIO NO RS.
ÁGATA FEZ TRANSIÇÃO APÓS A CONFIRMAÇÃO DA GRAVIDEZ DA NAMORADA
(Fernanda Canofre, Folha/Uol, 27 de agosto de 2018) 735
1087
DESCOBRIR-SE TRANS NA INFÂNCIA COMO SHILOH JOLIE PITT É MENOS
TRAUMÁTICO (Uol, 11 de setembro de 2016, entrevista com o psiquiatra Saulo Ciasca,
do Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP - Universidade de São Paulo
748... Ver COM QUE IDADE DESCOBRIMOS NOSSA ORIENTAÇÃO SEXUAL? 746 ... Ver,
no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: A DIFERENÇA ENTRE OS SEXOS
É PRODUTO DE CADA CULTURA OU GRUPO SOCIAL 62 ) 748
COM QUE IDADE DESCOBRIMOS NOSSA ORIENTAÇÃO SEXUAL? (BBC News Mundo,
01 de setembro de 2018 746... Ver DESCOBRIR-SE TRANS NA INFÂNCIA COMO SHILOH
JOLIE PITT É MENOS TRAUMÁTICO 748 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido: A DIFERENÇA ENTRE OS SEXOS É PRODUTO DE CADA CULTURA OU
GRUPO SOCIAL 62) 746
O FEMINISMO ME LEVOU A SER INVENCÍVEL, DIZ ATIVISTA PAQUISTANESA. AISHA
SARWARI LUTA PARA QUE MULHERES DE SEU PAÍS NÃO SEJAM PROPRIEDADE DE
HOMENS (Carolina Vila-Nova, Folha/Uol, 29 de julho de 2018 252... Ver filmes
"Saving face", Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão, 2012... "A girl
in the river: the price of forgiveness", Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão,
2015…) 252
SUS GASTA R$ 500 MILHÕES COM COMPLICAÇÕES POR ABORTO EM UMA DÉCADA.
DE 2008 A 2017, SUS GASTOU R$ 486 MI COM INTERNAÇÕES PARA ESSES
TRATAMENTOS (Cláudia Collucci e Flávia Faria, Folha/Uol, 29 de julho de 2018) 236
DESIGUALDADE PELA RENDA E COR DA PELE É EXPOSTA EM ABORTOS DE RISCOS NO
PAÍS. TÉCNICAS CASEIRAS E PERIGOSAS SÃO USADAS EM ESPECIAL POR PRETAS,
PARDAS E POBRES (Cláudia Collucci e Júlia Barbon, Folha/Uol, 29 de julho de 2018)
241
TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE AS REGRAS ATUAIS DO ABORTO NO PAÍS E O QUE PODE
MUDAR. SUPREMO AVALIARÁ A DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO PARA GESTAÇÕES
DE ATÉ 12 SEMANAS (Flávia Faria, Folha/Uol, 29 de julho de 2018... O Supremo
Tribunal Federal é composto, em julho de 2018, por 9 homens e 2 mulheres...) 245
1088
AS HISTÓRIAS DAS MULHERES QUE PRECISARAM SE PASSAR POR HOMENS PARA
FAZER O QUE QUERIAM (Beatriz Montesanti, Nexo Jornal, 16 de junho de 2016) 157
CULTOS, ALERTAS E CHAMADOS MOVEM A “BANCADA DA BÍBLIA” NO CONGRESSO
(Renata Agostini, Paulo Oliveira, Estadão reproduzido pelo Uol, 12 de agosto de 2018)
649
CATÓLICOS LGBT ORGANIZAM MOVIMENTO PARA REIVINDICAR MAIS ESPAÇO NA
IGREJA. GRUPO COMEMORA PEQUENOS AVANÇOS, COMO UM TEXTO EM QUE O
VATICANO USA PELA PRIMEIRA VEZ A SIGLA (Anna Virginia Balloussier, Folha/Uol,
23.de julho e 2018 182... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
3: VATICANO USA TERMO "LGBT" PELA PRIMEIRA VEZ EM DOCUMENTO OFICIAL
["INSTRUMENTUM LABORIS" DELLA XV ASSEMBLEA GENERALE ORDINARIA DEL
SINODO DEI VESCOVI, OFICINA DE PRENSA DE LA SANTA SEDE, 19 JUN 2018] (Uol
Universa, 21 de junho de 2018) 1001... ENTENDA O QUE SIGNIFICA A IGREJA
CATÓLICA USAR O TERMO LGBT OFICIALMENTE PELA PRIMEIRA VEZ (Edison Veiga, BBC
Brasil, 26 de junho de 2018) 1080/1081 ... JÁ SÃO 86 PESSOAS TRANS ASSASSINADAS
APENAS NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2018 1086 ) 182
CHILE INVESTIGA 139 RELIGIOSOS POR ABUSOS SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO
INFORMA QUE 66% DAS VÍTIMAS ERAM MENORES DE IDADE E QUE HÁ 34
INVESTIGAÇÕES EM CURSO (Rocío Montes, El País, 24 de julho de 2018) 235
"CALL IT OUT": CAMPANHA AUSTRALIANA CONVIDA HOMENS A LUTAR PELO
FEMINISMO (Uol Universa, 06 de julho de 2018 198... Ver FAMILY VIOLENCE
SUPPORT. CALL IT OUT 198/199 ) 198
FAMILY VIOLENCE SUPPORT. CALL IT OUT (Family Violence Reform, State Government
of Victoria, Austrália, 2018) 198/199
SILVIA FEDERICI E A “EMANCIPAÇÃO” QUE NÃO FOI. AGORA NO MÉXICO, TEÓRICA DO
FEMINISMO ANTICAPITALISTA SUSTENTA: TRABALHAR FORA NÃO LIBERTOU A
MULHER DE NADA; É PRECISO EXIGIR REMUNERAÇÃO DO TRABALHO DOMÉSTICO E
DIVISÃO DAS RESPONSABILIDADES REPRODUTIVAS (Entrevista a Gerardo Esparza,
Outras Palavras reproduz Informador, tradução de Inês Castilho, 03 de julho de 2018
205... Ver original "EL ÚNICO PODER ES EL DE ABAJO". LA FILÓSOFA Y FEMINISTA
SILVIA FEDERICI ESTUVO EN LA CIUDAD PARA IMPARTIR UNA CÁTEDRA MAGISTRAL
1089
SOBRE EL CAPITALISMO Y LA FORMA EN QUE HA EXPLOTADO A LAS MUJERES
DURANTE DECENAS DE AÑOS 209 ) 205
"EL ÚNICO PODER ES EL DE ABAJO". LA FILÓSOFA Y FEMINISTA SILVIA FEDERICI
ESTUVO EN LA CIUDAD PARA IMPARTIR UNA CÁTEDRA MAGISTRAL SOBRE EL
CAPITALISMO Y LA FORMA EN QUE HA EXPLOTADO A LAS MUJERES DURANTE
DECENAS DE AÑOS (Gerardo Esparza, Informador.Mx, 04 de março de 2018) 209
CUBA ELIMINA A PALAVRA “COMUNISMO” NO ANTEPROJETO DE REFORMA
CONSTITUCIONAL O NOVO TEXTO SÓ MENCIONA O “SOCIALISMO” E SUPRIME O
OBJETIVO DO “AVANÇO RUMO À SOCIEDADE COMUNISTA”, QUE FIGURA NA ATUAL
CONSTITUIÇÃO DE 1976 (Pablo de Llano, El País, 21 de julho de 2018) 139
CUBA REFORMA CONSTITUIÇÃO PARA REVERTER DÉCADAS DE HOMOFOBIA.
PROJETO DE REFORMA APROVADO NA ASSEMBLEIA NACIONAL REDEFINE O
CASAMENTO COMO A “UNIÃO ENTRE DUAS PESSOAS” (Pablo de LLano, El País, 23 de
julho de 2018) 213
OPINIÃO: CASAMENTO GAY EM CUBA, UMA DÍVIDA ADIADA. OS PRECONCEITOS
QUE ALIMENTARAM POR DÉCADAS A HOMOFOBIA NA ILHA SEGUEM VIVOS E
PODEM ATRASAR A APROVAÇÃO DAS UNIÕES ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO,
OPINA O DRAMATURGO ABEL GONZÁLEZ (Abel González Melo, Deutsche Welle, 26 de
julho de 2018) 248
CONHEÇA 4 CIENTISTAS LGBT QUE REVOLUCIONARAM O MUNDO. O QUE NOMES
COMO ALAN TURING, FLORENCE NIGHTINGALE, ALAN HART E FRANCIS BACON TÊM
EM COMUM? TODOS REVOLUCIONARAM A CIÊNCIA MUNDIAL, SALVARAM MILHÕES
DE VIDAS, MAS SOFRERAM COM A INTOLERÂNCIA E PRECONCEITO POR SUAS OPÇÕES
SEXUAIS (Thiago L., Uol Guia do Litoral, s/data, mas é julho de 2018) 123
VIDEO “I WANT TO BE LIKE NATURE MADE ME”. MEDICALLY UNNECESSARY
SURGERIES ON INTERSEX CHILDREN IN THE US (Human Rights Watch, 25 de julho de
2017) 126
GOVERNO ALEMÃO ABRE CAMINHO PARA REGISTRO DE TERCEIRO GÊNERO PROJETO
DE LEI PREVÊ QUE PAIS DE CRIANÇAS INTERSEXUAIS POSSAM ASSINALAR A OPÇÃO
1090
“DIVERSO”, ALÉM DE MASCULINO E FEMININO, AO REGISTRAR NASCIMENTO.
PROPOSTA SEGUE DETERMINAÇÃO DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL (Deutsche Welle,
15 de agosto de 2018) 769
OPINIÃO: RECONHECER "INTERSEXO" É APENAS UM PRIMEIRO PASSO. ALÉM DE
"MASCULINO" OU "FEMININO", DOCUMENTOS ALEMÃES INCLUEM AGORA O GÊNERO
"DIVERSO". UM AVANÇO, MAS AINDA HÁ MUITO A FAZER PELA PROTEÇÃO E
RECONHECIMENTO DOS INTERSEXUAIS, OPINA JORNALISTA PACINTHE MATTAR
(Pacinthe Mattar, Deutsche Welle, 17 de agosto de 2018) 775
O QUE MUDA NA ALEMANHA COM A LEI QUE CRIA O “TERCEIRO GÊNERO”, PARA
PROTEGER PESSOAS INTERSEXUAIS [Gabriel Bonis, BBC News Brasil, 25 de agosto de
2018 771... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: SOU
INTERSEXUAL, NÃO HERMAFRODITA. AS PESSOAS QUE NÃO SE ENCAIXAM NA
ATRIBUIÇÃO TRADICIONAL DO SEXO PEDEM MAIOR VISIBILIDADE, SEM CLICHÊS OU
DESINFORMAÇÃO (Barbara Ayuso, El País, 17 de setembro de 2016) 851/852 ...
HOLANDA INCLUI GÊNERO NEUTRO NO REGISTRO CIVIL. UMA PESSOA INTERSEXUAL
REGISTRADA COMO HOMEM, QUE DEPOIS SE IDENTIFICOU COMO MULHER,
SOLICITOU A CRIAÇÃO DE UMA TERCEIRA OPÇÃO NA DOCUMENTAÇÃO OFICIAL (Isabel
Ferrer, El País, 28 de maio de 2018) 831 ] 771
BOLSONARO E A AUTOVERDADE. COMO A VALORIZAÇÃO DO ATO DE DIZER, MAIS
DO QUE O CONTEÚDO DO QUE SE DIZ, VAI IMPACTAR A ELEIÇÃO NO BRASIL (Eliane
Brum, El País, 16 de julho de 2018... Eliane Brum trata - entre outras questões - de
ações de igrejas e movimentos de direita contra pessoas LGBTQs e a favor da censura
nas escolas, via Escola Sem Partido...) 05
ELITE DA INDÚSTRIA APLAUDE BOLSONARO E VAIA CIRO POR CRITICAR REFORMA
TRABALHISTA. ALCKMIN DEFENDE REFORMA TRIBUTÁRIA QUE ALIVIA EMPRESÁRIOS
CITANDO TRUMP. MILITAR DA RESERVA NÃO APRESENTA PROPOSTAS, MAS
LEVANTA PLATEIA COM FRASES DE EFEITO CONTRA O "POLITICAMENTE CORRETO"
(Afonso Benites, El País, julho de 2018 05... Ver também COMANDO ENVELHECIDO
FRAGILIZA ENTIDADES PATRONAIS EM TODO O PAÍS. LEVANTAMENTO DA FOLHA
MOSTRA UM SISTEMA MARCADO POR BAIXA ROTATIVIDADE E FALTA DE DIVERSIDADE
153 ... “O PROBLEMA DO BOLSONARO NÃO É ECONÔMICO, É CIVILIZATÓRIO”, DIZ EXPRESIDENTE DA FIESP. HORÁCIO LAFER PIVA DISSE TAMBÉM QUE SE ESPANTA COM O
FATO DO CENTRÃO COMANDAR A CENA POLÍTICA 218 ) 05
EM VÍDEO, BOLSONARO FAZ GESTO DE ARMA EM MÃO DE CRIANÇA (Uol, 20 de julho
de 2018) 146
1091
APÓS POLÊMICA, MAIS UMA CRIANÇA FAZ GESTO DE ARMA COM BOLSONARO (Uol,
21 de julho de 2018 149... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
3: MAL-ESTAR NA CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE
GENERAIS E EMPURRA O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio
Victor, Revista Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o
comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro
de 2017, segundo o texto do jornalista... 78 ... Ver também, sobre ações e falas dos
dois militares citados aqui: A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA DEMOCRACIA
RACIAL 222 ) 149
BOLSONARO: “QUERO AGRADECER AO ALCKMIN POR REUNIR A NATA DO QUE HÁ
DE PIOR DO BRASIL AO SEU LADO”. PRESIDENCIÁVEL DE EXTREMA-DIREITA LANÇA
SUA CANDIDATURA MINIMIZANDO A FALTA DE ALIANÇAS E ATACANDO O CENTRÃO,
QUE DEVE APOIAR O TUCANO. "EU SEI DO DESCONFORTO QUE VENHO CAUSANDO.
EU SOU O PATINHO FEIO NESSA HISTÓRIA”, AFIRMOU (Felipe Betim, El País, 22 de
julho de 2018... Ver EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A
DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA
SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ... REACIONÁRIOS
CONSEGUIRAM PAUTAR AS REDES SOCIAIS COM UMA FALSA POLÊMICA NA ÚLTIMA
SEMANA 226 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, PADRE
PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE,
FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ... Ver, ainda, artigo COMO FABRICAR
MONSTROS PARA GARANTIR O PODER EM 2018, Eliane Brum, El País, 30 de outubro
de 2017:
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/30/opinion/1509369732_431246.html ) 178
DISCURSO DE JANAINA PASCHOAL SURPREENDE E IRRITA A LIADOS DE BOLSONARO
(Daniela Amorim, Constança Rezende e Leonêncio Nossa, Estadão reproduzido pelo
Uol, 22 de julho de 2018) 181
REACIONÁRIOS CONSEGUIRAM PAUTAR AS REDES SOCIAIS COM UMA FALSA
POLÊMICA NA ÚLTIMA SEMANA (João Filho, The Intercept Brasil, 22 de Julho de 2018
226 ... Ver também MESMO APÓS ANOS DE DENÚNCIAS, VATICANO VIVE SEM
DIRETRIZ PARA COMBATER ABUSOS SEXUAIS 48 ... CHILE INVESTIGA 139
RELIGIOSOS POR ABUSOS SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO INFORMA QUE 66% DAS
VÍTIMAS ERAM MENORES DE IDADE E QUE HÁ 34 INVESTIGAÇÕES EM CURSO 235 ...
Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, secção do índice
denominada Sobre a ideia de “ideologia de gênero”: criadores, usos..., a partir da
página 1112, mais matérias sobre o tema... Enquanto casos de pedofilia na Igreja
Católica são divulgados nos EUA, no México, na Austrália, Argentina..., no Brasil,
1092
políticos, religiosos e grupos de extrema-direita procuram difamar filósofos, artistas,
intelectuais, com acusações de pedofilia – ver arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido 2... Especificamente matérias sobre a exposição Queermuseu e a
performance do artista Wagner Schwartz, no MAM-SP... E especialmente o artigo “ ‘Fui
morto na internet como se fosse um zumbi da série The Walking Dead’. Em
entrevista exclusiva, Wagner Schwartz, o artista que fez a performance ‘La Bête’, no
MAM de São Paulo, fala pela primeira vez sobre os ataques que sofreu, nos quais foi
chamado de ‘pedófilo’ ”, Eliane Brum, El País, 12 de fevereiro de 2018:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/12/opinion/1518444964_080093.html ... “
‘Me mataron en Internet como si fuera un zombi de la serie ‘The Walking Dead’.
Wagner Schwartz, el artista que realizó la 'performance' 'La Bête' en el Museo de
Arte Moderno de São Paulo, habla por primera vez sobre los ataques que sufrió, en
los que le llamaron ‘pedófilo’”, Eliane Brum, traducción: Meritxell Almarza, El País, 14
de fevereiro e 2018:
https://elpais.com/internacional/2018/02/14/actualidad/1518623775_287430.html)
226
CHILE INVESTIGA 139 RELIGIOSOS POR ABUSOS SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO
INFORMA QUE 66% DAS VÍTIMAS ERAM MENORES DE IDADE E QUE HÁ 34
INVESTIGAÇÕES EM CURSO (Rocío Montes, El País, 24 de julho de 2018) 235
CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM
INCLINAÇÃO POLÍTICA NOS CULTOS (Aiuri Rebello, Uol, 16 de setembro de 2018... A
matéria também trata da igreja católica... 837... Ver CONTRA O PT, CONFEDERAÇÃO
DE PASTORES DO BRASIL DECIDE APOIAR BOLSONARO 846 ... Ver também
BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL
NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT
GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO
PROJETO ESCOLA SEM HOMOFOBIA 593... LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO
JORNAL NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO MEC 598/599 ... Ver também, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS
LIVROS (Fernando Haddad, ex-ministro da Educação dos governos Lula e Dilma, sobre
atuação de políticos ligados a igrejas no caso do material contra homofobia, deturpado
com a denominação “kit gay”) 221 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido 3, PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI.
AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690... Ver livro do filósofo
francês Jacques Rancière: “O ódio à democracia”, Boitempo, 2015) 837
1093
ELEIÇÕES 2018: VOTO ANTI-PT; POR SEGURANÇA E PELA FAMÍLIA TRADICIONAL, O
QUE PENSAM AS MULHERES QUE ESCOLHERAM BOLSONARO (Leandro Machado e
Luiza Franco, BBC News Brasil, 04 de outubro de 2018 866... Ver O PARADOXO DO
PROGRESSO. PODE PARECER CONTRADITÓRIO, MAS A POLARIZAÇÃO DA SOCIEDADE É
RESULTADO DA MELHORA DOS PADRÕES DE VIDA NO BRASIL AO LONGO DAS ÚLTIMAS
DÉCADAS, ESCREVE A COLUNISTA ASTRID PRANGE 862 ) 866
POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É ATACADO POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO
GOVERNADOR (Paulo Eduardo Dias e Juliana Santoros, especial para Ponte Jornalismo,
05 de julho de 2018 07... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido:
PROFESSORES DENUNCIAM AMEAÇA DE PMS EM AUDIÊNCIA NA UNIFESP: "DEPOIS
MORRE E NÃO SABE POR QUÊ" (Luís Adorno, Uol, 15 de agosto de 2017) 871 ... NOTA
DE REPÚDIO DIANTE DO OCORRIDO NO CAMPUS BAIXADA SANTISTA (Adunifesp, 14 de
agosto de 2017) 874 ... “ELES NÃO ESTAVAM LÁ À TOA; ALGUÉM DETERMINOU”, DIZ
ADILSON PAES SOBRE INVASÃO DE POLICIAIS À AUDIÊNCIA NA UNIFESP (Ciro Barros,
Agência Pública, 15 de agosto de 2017) 875 ) 07
DESONROSO É AMEAÇAR, DIZ PM QUE FOI FILMADO BEIJANDO RAPAZ EM SP.
POLICIAL VIROU ALVO DE COMENTÁRIOS DE ÓDIO, FOI AMEAÇADO E AFASTADO DO
TRABALHO (Marlene Bergamo Pedro Diniz, Folha/Uol, 10 de julho de 2018) 12
PM RELATA ROTINA DE TENSÃO APÓS AMEAÇAS POR ‘SELINHO”: "É COMO S EEU
ESTIVESSE DE TORNOZELEIRA" (Janaina Garcia, Uol, 12 de julho de 2018) 14
PM AMEAÇADO APÓS BEIJAR HOMEM NO METRÔ DE SP RECEBE PROTEÇÃO POLICIAL
(Janaina Garcia, Uol, 13 de julho de 2018) 18
SOLDADO QUE BEIJOU HOMEM NO METRÔ DE SP RECEBE SOLIDARIEDADE DE
POLICIAIS LGBT (Janaina Garcia, Uol, 13 de julho de 2018) 20
COMO A RIGIDEZ SOBRE DEMONSTRAÇÕES DE AFETO INFLUENCIA O TRABALHO DA
PM NAS RUAS? (Janaina Garcia e Luís Adorno, Uol, 13 de julho de 2018) 23
A FARDA DA ALMA (Programa Conexão Repórter, jornalista Roberto Cabrini, SBT, 09
de julho de 2018. Com Leandro Prior, soldado da PM de SP...) 27
ORDEM NAS FORÇAS ARMADAS É EXPURGAR LGBTS, DIZ CRIADOR DE ONG QUE
ATENDE VÍTIMAS DE HOMOFOBIA (Janaina Garcia, Uol, 18 de julho de 2018 141... Ver
EM VÍDEO, BOLSONARO FAZ GESTO DE ARMA EM MÃO DE CRIANÇA 146 ... APÓS
1094
POLÊMICA, MAIS UMA CRIANÇA FAZ GESTO DE ARMA COM BOLSONARO 149 ... Ver,
no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA CASERNA.
INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA O
EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista Piaui/Uol,
edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do Exército, general
Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo o texto do
jornalista... 78 ... Ver também A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA
DEMOCRACIA RACIAL 222) 141
EX-SARGENTO GAY RELATA PRESSÃO PARA DEIXAR EXÉRCITO: "VIADO NÃO PODE
ENVERGAR O VERDE-OLIVA" (Janaina Garcia, Uol, 21 de julho de 2018) 144
“JÁ TEVE ALGUM ENVOLVIMENTO COM HOMOSSEXUALISMO?” A TROPA DE ELITE
DA MARINHA QUER SABER (Tatiana Dias, The Intercept, 24 de Agosto de 2018) 688
FOTO DE CASAL GAY SE BEIJANDO GERA POLÊMICA EM UM DOS PONTOS
TURÍSTICOS MAIS IMPORTANTES DO BRASIL (Glenn Greenwald, The Intercept Brasil,
30 de Julho de 2018 257... Ver PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS
CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES
260 … Ver, junto com matérias a ela associadas, POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É
ATACADO POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO GOVERNADOR 07 ) 257
PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST
IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES (Glenn Greenwald, The Intercept, July 30
2018) 260
JOVEM DIZ QUE FOI AGREDIDO EM SANTOS (SP) PARA "PARAR DE SER VEADO"
(Mirthyani Bezerra, Uol, 13 de julho de 2018 27... Ver também “É TRISTE QUE EU
TENHA QUE TOMAR ESSE CUIDADO”, DIZ TORCEDOR GAY QUE VAI À COPA DA RÚSSIA
SOBRE ALERTAS DE HOMOFOBIA 134 ) 27
“NO SAPATINHO”: A EVOLUÇÃO DAS MILÍCIAS NO RIO DE JANEIRO (2008-2011)
(Ignácio Cano e Thais Duarte, coordenadores, Kryssia Ettel e Fernanda Novaes Cruz,
pesquisadoras, Rio de Janeiro, Fundação Heinrich Böll, 2012) 219
COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE "ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE
IDENTIDADE (Rafael Barifouse, BBC News Brasil, 30 de setembro de 2018 874... Ver
1095
GISELE SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM
CIRURGIA, 07 DE JUNHO DE 2017, canal do YouTube de Adriano Picarelli, 09 de junho
de 2017... Ver, na apresentação do vídeo - abaixo da tela - indicações de textos e
filmes... https://www.youtube.com/watch?v=FC9AkK50NC4 ) 874
CONGRESSO CHILENO APROVA LEI QUE PERMITE MUDANÇA DE GÊNERO PARA
MAIOR DE 14 (Agence France Presse reproduzida pelo Uol Universa, 13 de setembro
de 2018 739... Ver COBERTAS PELO SUS, CIRURGIAS DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL
DEMORAM ATÉ CINCO ANOS 742 ... Ver no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem
Partido 2: DANIELA VEGA, A ATRIZ TRANS QUE COLOCOU HOLLYWOOD A SEUS PÉS
1258 ... Ver no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: DANIELA VEGA, A
ATRIZ TRANSEXUAL QUE FEZ HISTÓRIA NO OSCAR. ATRIZ DE ‘UMA MULHER
FANTÁSTICA’, GANHADOR DE MELHOR FILME ESTRANGEIRO, TEM UMA BIOGRAFIA
SOFRIDA 519 ... CHEFE DA IGREJA CHILENA SOBRE TRANSEXUAIS: “SE UM GATO
TIVER NOME DE CACHORRO, NÃO PASSARÁ A SER UM CACHORRO”. A ATRIZ
TRANSEXUAL DANIELA VEGA RESPONDE RICARDO EZZATI: “VENHA CONVERSAR
COMIGO. VOCÊ SE ATREVE?” ELA ESTRELOU O FILME GANHADOR DO OSCAR “UMA
MULHER FANTÁSTICA” 521 ) 739
GRUPOS EVANGÉLICOS BARRAM LEI FAVORÁVEL À POPULAÇÃO TRANS NO
URUGUAI. PROJETO PREVÊ MUDANÇA DE SEXO GRATUITA, FACILITAÇÃO À
MUDANÇA DE IDENTIDADE E INDENIZAÇÃO ÀS VÍTIMAS DA REPRESSÃO DURANTE A
DITADURA MILITAR (Magdalena Martínez, El País, 04 de outubro de 2018... Uma
informação apresentada pela matéria: expectativa de vida de pessoa trans no
Uruguai é de 35 anos...) 872
REINO UNIDO PROIBIRÁ AS PSEUDOTERAPIAS QUE AFIRMAM “CURAR” A
HOMOSSEXUALIDADE. SOMENTE TRÊS PAÍSES, BRASIL, EQUADOR E MALTA, TÊM LEIS
QUE PROÍBEM EXPRESSAMENTE ESTE TIPO DE PRÁTICAS (María R. Sahuquillo, El País,
03 de julho de 2018) 118
“CURA GAY”: REINO UNIDO PROÍBE; NO BRASIL, MPF QUER LIBERAR
(Justificando/Carta Capital, 05 de julho de 2018 120... Ver “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114) 120
SUÍÇA INVESTIGA MÉDICO FRANCÊS QUE DIZ CURAR HOMOSSEXUALIDADE (RFI
reproduzida pelo Uol Universa, 15 de agosto de 2018) 686
1096
“HÁ LOBBY PARA DAR PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE
CONTRARIA O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (Rafael Barifouse, BBC News Brasil,
11 de julho de 2018 113/114... Ver OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS
TRANSGÊNEROS PARA SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL 247
... REACIONÁRIOS CONSEGUIRAM PAUTAR AS REDES SOCIAIS COM UMA FALSA
POLÊMICA NA ÚLTIMA SEMANA 226 ... Ver CONHEÇA 4 CIENTISTAS LGBT QUE
REVOLUCIONARAM O MUNDO. O QUE NOMES COMO ALAN TURING, FLORENCE
NIGHTINGALE, ALAN HART E FRANCIS BACON TÊM EM COMUM? TODOS
REVOLUCIONARAM A CIÊNCIA MUNDIAL, SALVARAM MILHÕES DE VIDAS, MAS
SOFRERAM COM A INTOLERÂNCIA E PRECONCEITO POR SUAS OPÇÕES SEXUAIS 123
... Ver também “CURA GAY”: REINO UNIDO PROÍBE; NO BRASIL, MPF QUER LIBERAR
120 ... BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE
NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EX-PARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA
PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO MUNDO AFIRMA QUE A
COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS DIREITOS 108... REINO
UNIDO PROIBIRÁ AS PSEUDOTERAPIAS QUE AFIRMAM “CURAR” A
HOMOSSEXUALIDADE. SOMENTE TRÊS PAÍSES, BRASIL, EQUADOR E MALTA, TÊM LEIS
QUE PROÍBEM EXPRESSAMENTE ESTE TIPO DE PRÁTICAS 118) 113/114
COMANDO ENVELHECIDO FRAGILIZA ENTIDADES PATRONAIS EM TODO O PAÍS.
LEVANTAMENTO DA FOLHA MOSTRA UM SISTEMA MARCADO POR BAIXA
ROTATIVIDADE E FALTA DE DIVERSIDADE (Raquel Landim, Folha/Uol, 15 de julho de
2018) 153
“PARA VOCÊ NÃO ROMPER O SILÊNCIO E MANTER AS RELAÇÕES SAUDÁVEIS, VOCÊ
TEM QUE NEGAR A SUA COR”. ESPECIALISTA NO ATENDIMENTO DE MULHERES
NEGRAS, PSICÓLOGA MARIA JESUS MOURA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE
LEVAR EM CONTA O RACISMO SOFRIDO POR SUAS PACIENTES E NÃO NEGÁ-LO
(Marina Rossi, El País, 13 de julho de 2018 157... Ver SOMOS TODAS MC K_BELAS
162 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA
CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA
O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista
Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do
Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo
o texto do jornalista... 78 ... Ver também A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA
DEMOCRACIA RACIAL 222 ) 157
1097
“É TRISTE QUE EU TENHA QUE TOMAR ESSE CUIDADO”, DIZ TORCEDOR GAY QUE VAI
À COPA DA RÚSSIA SOBRE ALERTAS DE HOMOFOBIA (Rafael Barifouse, BBC News
Brasil, 08 de junho de 2018 134... Ver também JOVEM DIZ QUE FOI AGREDIDO EM
SANTOS (SP) PARA "PARAR DE SER VEADO" 27) 134
JORNAL CHAMA RUSSAS DE “PUTAS” POR COMPORTAMENTO SEXUAL NA COPA
(Luiza Oliveira, Uol Esporte, 03 de julho de 2018 200... Ver FUNCIONÁRIA DO
MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS É MORTA A FACADAS POR EX-MARIDO NO DF.
JANAÍNA ROMÃO, DE 30 ANOS, FOI GOLPEADA CINCO VEZES PELO AGRESSOR, COM
QUEM TINHA DUAS FILHAS; HOMEM É PROCURADO PELA POLÍCIA CIVIL. ENTERRO
SERÁ NO CEMITÉRIO DO GAMA) 203 ) 200
MESMO APÓS ANOS DE DENÚNCIAS, VATICANO VIVE SEM DIRETRIZ PARA
COMBATER ABUSOS SEXUAIS (Nicole Winfield, Associated Press reproduzida pelo Uol,
03 de junho de 2018 48... Ver também GOVERNO ULTRACONSERVADOR POLONÊS
FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA DIREITOS
DAS MULHERES E SUBVENÇÕES. ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO EXECUTIVO
ÀS ENTIDADES QUE LUTAM PELA IGUALDADE 57... Ver, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 3, secção do índice denominada Sobre a ideia de
“ideologia de gênero”: criadores, usos..., a partir da página 1112, mais matérias sobre
o tema... Enquanto casos de pedofilia na Igreja Católica são divulgados nos EUA, no
México, na Austrália, Argentina..., no Brasil, políticos, religiosos e grupos de extremadireita procuram difamar filósofos, artistas, intelectuais, com acusações de pedofilia –
ver arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 2... Especificamente matérias
sobre a exposição Queermuseu e a performance do artista Wagner Schwartz, no
MAM-SP... E especialmente o artigo “ ‘Fui morto na internet como se fosse um zumbi
da série The Walking Dead’. Em entrevista exclusiva, Wagner Schwartz, o artista que
fez a performance ‘La Bête’, no MAM de São Paulo, fala pela primeira vez sobre os
ataques que sofreu, nos quais foi chamado de ‘pedófilo’ ”, Eliane Brum, El País, 12 de
fevereiro de 2018:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/12/opinion/1518444964_080093.html ... “
‘Me mataron en Internet como si fuera un zombi de la serie ‘The Walking Dead’.
Wagner Schwartz, el artista que realizó la 'performance' 'La Bête' en el Museo de
Arte Moderno de São Paulo, habla por primera vez sobre los ataques que sufrió, en
los que le llamaron ‘pedófilo’”, Eliane Brum, traducción: Meritxell Almarza, El País, 14
de fevereiro e 2018:
https://elpais.com/internacional/2018/02/14/actualidad/1518623775_287430.html )
48
1098
APÓS DÉCADAS DE SILÊNCIO, FREIRAS ENFRENTAM TABU E RELATAM ABUSOS DE
PADRES (Nicole Winfield, Associated Press reproduzida pelo Uol, 30 de julho de 2018)
250
A HORA DO PAPA FRANCISCO TRANSFORMAÇÃO EMPREENDIDA PELO PONTÍFICE,
RUMO AOS SEUS 82 ANOS, SE ENCONTRA EM UM MOMENTO DECISIVO QUE
DETERMINARÁ O SUCESSO DE SEU PAPADO E A HERANÇA QUE DEIXA (Daniel Verdú,
El País, 07 de julho de 2018 51/52... Ver também GOVERNO ULTRACONSERVADOR
POLONÊS FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA
DIREITOS DAS MULHERES E SUBVENÇÕES. ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO
EXECUTIVO ÀS ENTIDADES QUE LUTAM PELA IGUALDADE 57 ... AFASTADA,
PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA. APOIADA POR
ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E COMPARECEU A SEU
GABINETE 62 ... A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO ULTRACONSERVADOR DA
POLÔNIA. A PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO, MALGORZATA GERSDORF,
APRESENTOU-SE PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA, POUCAS HORAS DEPOIS DA
ATIVAÇÃO DA POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA APOSENTADORIA E DE OUTROS 27
JUÍZES 64... No arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido, há mais sobre a
Polônia, por exemplo, a respeito de aborto e de sua representação no Parlamento
Europeu, eurodeputado... EURODEPUTADO POLONÊS É PUNIDO POR DECLARAÇÕES
SEXISTAS. ULTRACONSERVADOR JANUSZ KORWIN-MIKKE É MULTADO EM MAIS DE 9
MIL EUROS E SUSPENSO DO PARLAMENTO EUROPEU POR DIZER QUE MULHERES SÃO
"MAIS FRACAS" E "MENOS INTELIGENTES" DO QUE OS HOMENS (2017) 42 e 612 )
51/52
GOVERNO ULTRACONSERVADOR POLONÊS FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO
FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA DIREITOS DAS MULHERES E SUBVENÇÕES.
ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO EXECUTIVO ÀS ENTIDADES QUE LUTAM
PELA IGUALDADE (María R. Sahuquillo, El País, 10 de julho de 2018 57... Ver
AFASTADA, PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA.
APOIADA POR ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E
COMPARECEU A SEU GABINETE 62 ... A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO
ULTRACONSERVADOR DA POLÔNIA. A PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO,
MALGORZATA GERSDORF, APRESENTOU-SE PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA,
POUCAS HORAS DEPOIS DA ATIVAÇÃO DA POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA
APOSENTADORIA E DE OUTROS 27 JUÍZES 64 ... No arquivo Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido, há mais sobre a Polônia, por exemplo, a respeito de aborto e de
sua representação no Parlamento Europeu, eurodeputado... EURODEPUTADO
POLONÊS É PUNIDO POR DECLARAÇÕES SEXISTAS. ULTRACONSERVADOR JANUSZ
KORWIN-MIKKE É MULTADO EM MAIS DE 9 MIL EUROS E SUSPENSO DO
PARLAMENTO EUROPEU POR DIZER QUE MULHERES SÃO "MAIS FRACAS" E "MENOS
1099
INTELIGENTES" DO QUE OS HOMENS (2017) 42 e 612 ... No arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 2, ver EDUCAÇÃO SEXUAL DIVIDE SOCIEDADE
POLONESA 568... #SEXEDPL NO YOUTUBE 569 ... REBELIÃO POLONESA. CRISE
REVELA A IMPOTÊNCIA DA UE ANTE GUINADA AUTORITÁRIA DE UM DOS PAÍSESMEMBROS 570 ) 57
AFASTADA, PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA.
APOIADA POR ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E
COMPARECEU A SEU GABINETE (Folha/Uol reproduz Agence France Presse, 04 de julho
de 2018) 62
A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO ULTRACONSERVADOR DA POLÔNIA. A
PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO, MALGORZATA GERSDORF, APRESENTOU-SE
PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA, POUCAS HORAS DEPOIS DA ATIVAÇÃO DA
POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA APOSENTADORIA E DE OUTROS 27 JUÍZES (María R.
Sahuquillo, El País, 04 de julho de 2018) 64
AS CIDADES MASCULINAS ERGUIDAS PELO URBANISMO DO SÉCULO 20 (Camilo
Rocha, Nexo Jornal, 29 de junho de 2018... Sobre a jornalista Jane Jacobs, autora do
livro clássico “Morte e vida de grandes cidades”... Ver este livro na secção Livros e
trabalhos acadêmicos sobre questões de gênero... há links para download... deste
arquivo... ) 167/168
COMO MOVIMENTOS SIMILARES AO ESCOLA SEM PARTIDO SE ESPALHAM POR
OUTROS PAÍSES (Mariana Schreiber, BBC Brasil, 13 de julho de 2018) 76
CAMPINA GRANDE PROÍBE DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO NA SALA DE AULA; OAB
PROTESTA (Uol, 14 de julho de 2018) 83
STF QUESTIONA CIDADES DE PE SOBRE LEIS QUE PROÍBEM DEBATE SOBRE GÊNERO
(Estadão reproduzido pelo Uol, 18 de julho de 2018 85... Ver LEI 2985 DE 19 DE
DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE 87 ...
) 85
LEI 2985 DE 19 DE DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE
87
1100
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, COM PEDIDO DE
MEDIDA CAUTELAR, CONTRA AS LEIS Nº 2.985/2017 E Nº 4.432/2017,
RESPECTIVAMENTE, DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE PERNAMBUCO (PE) DE
PETROLINA E GARANHUNS, QUE APROVAM O PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E
VEDAM POLÍTICA DE ENSINO COM INFORMAÇÕES SOBRE GÊNERO NOS MUNICÍPIOS
(Partido Socialismo e Liberdade – PSOL, Brasília/DF, 06 de Junho de 2018 89/90...
Sobre a pesquisadora Jimena Furlani, citada no documento, ver EXISTE “IDEOLOGIA DE
GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA
FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS
EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 89/90
MANIFESTAÇÃO DA PREFEITURA DE PETROLINA, NO STF, SOBRE ARGUIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL PROPOSTA PELO PSOL. DATADA
DE 04 DE JULHO DE 2018 90
REQUERIMENTO DA ASSOCIAÇÃO ESCOLA SEM PARTIDO PARA INGRESSO NOS
AUTOS DA ADPF 522 NA QUALIDADE DE AMICUS CURIAE 95
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO (Andrea Dip, Agência Pública, 30 de
agosto de 2016) 97
ATOS POLÍTICOS E MANIFESTAÇÕES POR IGUALDADE DE GÊNERO GANHAM FORÇA
NO ORIENTE MÉDIO (Aline Yumi, Beatriz Lia e Natália Vitória*, Opera Mundi/Uol, 12
de julho de 2018 168... Ver filme "Ladies first", Mona El-Naggar, EUA, 2016,
geralmente está no YouTube… Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido, PARA EXAMINAR DUAS RETÓRICAS DE PODER (Berenice Bento, socióloga
da UFRN) 649 ) 168
O FEMINISMO ME LEVOU A SER INVENCÍVEL, DIZ ATIVISTA PAQUISTANESA. AISHA
SARWARI LUTA PARA QUE MULHERES DE SEU PAÍS NÃO SEJAM PROPRIEDADE DE
HOMENS (Carolina Vila-Nova, Folha/Uol, 29 de julho de 2018 252... Ver filmes
"Saving face", Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão, 2012... "A girl
in the river: the price of forgiveness", Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão,
2015…) 252
1101
Um pouco de história relacionada às questões de gênero, ao feminismo...
Ver também a seção 1ª Parada LGBT de Rio Claro – SP... 21 de outubro de 2018...
O FEMINISMO ME LEVOU A SER INVENCÍVEL, DIZ ATIVISTA PAQUISTANESA. AISHA
SARWARI LUTA PARA QUE MULHERES DE SEU PAÍS NÃO SEJAM PROPRIEDADE DE
HOMENS (Carolina Vila-Nova, Folha/Uol, 29 de julho de 2018 252... Ver filmes
"Saving face", Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão, 2012... "A girl
in the river: the price of forgiveness", Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão,
2015…) 252
A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA DEMOCRACIA RACIAL (Lilia Schwarcz,
Nexo Jornal, 16 de julho de 2018) 222
“ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O APELO DA MÃE DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE
MATOU APÓS BULLYING POR HOMOFOBIA (BBC News Brasil, 29 de agosto de 2018
692... Ver ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? 698... Ver O QUE AS EMPRESAS
PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO MERCADO DE TRABALHO 716 ) 692
VÍDEO: COMISSÃO QUE ANALISA “ESCOLA SEM PARTIDO” TEM PROTESTO E BATEBOCA (Thallita Essi, Congresso em Foco/Uol, 12 de julho de 2018) 654
CULTOS, ALERTAS E CHAMADOS MOVEM A “BANCADA DA BÍBLIA” NO CONGRESSO
(Renata Agostini, Paulo Oliveira, Estadão reproduzido pelo Uol, 12 de agosto de 2018)
649
OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA
SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL (Reportagem Bianca
Borges. Uol TAB, 30 de julho de 2018 247... Ver PABLLO VITTAR CHORA AO LEMBRAR
BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME BATERAM" 724/725 ... “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114 ... COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874 ) 247
1102
PABLLO VITTAR CHORA AO LEMBRAR BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME
BATERAM" (Maurício Dehô, Uol, 02 de setembro de 2018 724/725... Ver OS MUROS
DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA SOBREVIVEREM AOS
PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL 713 ... COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874 ) 724/725
COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE "ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE
IDENTIDADE (Rafael Barifouse, BBC News Brasil, 30 de setembro de 2018 874... Ver
GISELE SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM
CIRURGIA, 07 DE JUNHO DE 2017, canal do YouTube de Adriano Picarelli, 09 de junho
de 2017... Ver, na apresentação do vídeo - abaixo da tela - indicações de textos e
filmes... https://www.youtube.com/watch?v=FC9AkK50NC4 ) 874
COMO OBTER NOME DE ACORDO COM GÊNERO; ADVOGADA E ATIVISTA TRANS
EXPLICAM (Léo Marques, Uol Universa, 02 de agosto de 2018 713... Ver GISELE
SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM CIRURGIA, 07
DE JUNHO DE 2017 716 ... Ver a seguinte seção do arquivo Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido: Transexuais, travestis... direitos... política... preconceitos...
1534 ... Lá encontram-se textos como “TRANSTORNOS” DE GÊNERO E NOME SOCIAL
(Contardo Calligaris, psicanalista) 452 ... O CONGRESSO E A DESUMANIZAÇÃO
(Alexandre Vidal Porto, escritor e diplomata, mestre em Direito por Harvard) 453 ...
NOME SOCIAL É CURATIVO, E TENTAM NOS TIRAR ESSE DIREITO, DIZ ALUNO TRANS
453 ... (TRANS)FOBIAS (filme de Yan Teixeira, Comunicação Social/Jornalismo,
Universidade Federal de São João Del Rei - MG, 2014... Também traz a questão do
nome social) 571 ... EDUCAÇÃO REALIZA CAMPANHA DE INCLUSÃO DE ALUNOS
TRAVESTIS E TRANSEXUAIS: SECRETARIA ORIENTA ESCOLAS ESTADUAIS PARA QUE
OFEREÇAM A POSSIBILIDADE DA ADOÇÃO DE NOME SOCIAL AOS ESTUDANTES (2015)
453 ... CRESCE NÚMERO DE ALUNOS TRANS QUE USAM NOME SOCIAL NAS ESCOLAS
DE SP (2016) 453 ... UNESP APROVA USO DE NOME SOCIAL POR PESSOAS TRANS
(junho de 2017) 468 ... OAB AUTORIZA ADVOGADOS TRAVESTIS E TRANS A USAREM
NOME SOCIAL EM CARTEIRA (maio de 2016) 454 ... ELA É A 1ª ADVOGADA
TRANSGÊNERO A TER SEU NOME SOCIAL NA CARTEIRINHA DA OAB 454 ... ADVOGADA
TRANS É A PRIMEIRA A MUDAR NOME NO REGISTRO DE NASCIMENTO E NA OAB
(junho de 2017) 456 ... TRAVESTIS E TRANSEXUAIS PODEM TER NOME SOCIAL EM
CARTÃO DE CRÉDITO E DÉBITO (novembro de 2016) 457 ... TRAVESTIS E TRANSEXUAIS
PODERÃO INCLUIR NOME SOCIAL NO CPF (julho de 2017) 469 ... PRECONCEITO E
VIOLÊNCIA EXPULSAM TRANS DE REDE DE SAÚDE: "ME SENTI VIOLADO" (Marcelle
Souza, Uol, 28 de setembro de 2017, matéria também fala de nome social... Ver
comentário – sobre se a questão é de “costumes” ou de “desigualdade” – que coloquei
junto da matéria GAYS E LÉSBICAS CONTAM POR QUE ESCONDEM A ORIENTAÇÃO
SEXUAL NO TRABALHO 1155...) 1163 ... JANOT DEFENDE ALTERAÇÃO DE GÊNERO NO
1103
REGISTRO CIVIL DE TRANSEXUAL MESMO SEM CIRURGIA 457 ... TRANSEXUAL PEDE
MORTE ASSISTIDA SE NÃO PUDER MUDAR NOME E GÊNERO 466 ... UMA
TRANSEXUAL NÃO ACEITA QUE SUA CONDIÇÃO SEJA VISTA COMO TRANSTORNO
(Contardo Calligaris, psicanalista) 466 ... PELA PRIMEIRA VEZ, MULHER TRANS PODE
MUDAR GÊNERO SEM AVALIAÇÃO MÉDICA 466 ... STJ AUTORIZA CABELEREIRA TRANS
A MUDAR SEXO EM DOCUMENTOS SEM FAZER CIRURGIA (maio de 2017) 468 ... PELA
PRIMEIRA VEZ, ADVOGADA TRANSGÊNERO FAZ DEFESA PERANTE O STF (junho de
2017) 458 ... NÃO SE ADVOGA POR DIREITOS SEM A ESCUTA DE SEUS TITULARES
(Carolina Gerassi, advogada, Justificando/Carta Capital, 13 de junho de 2017) 460 )
713
GISELE SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM
CIRURGIA, 07 DE JUNHO DE 2017 (Canal do YouTube de Adriano Picarelli, 09 de junho
de 2017... Na verdade, o título que dei ao vídeo não está correto... Seria melhor usar
expressão como “alteração do registro civil”... Ver, na apresentação do vídeo - abaixo
da tela - indicações de textos e filmes... Ver COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874 ) 716
MÃE TRANS É IMPEDIDA DE REGISTRAR FILHO BIOLÓGICO EM CARTÓRIO NO RS.
ÁGATA FEZ TRANSIÇÃO APÓS A CONFIRMAÇÃO DA GRAVIDEZ DA NAMORADA
(Fernanda Canofre, Folha/Uol, 27 de agosto de 2018) 735
CULTOS, ALERTAS E CHAMADOS MOVEM A “BANCADA DA BÍBLIA” NO CONGRESSO
(Renata Agostini, Paulo Oliveira, Estadão reproduzido pelo Uol, 12 de agosto de 2018)
649
GRUPOS EVANGÉLICOS BARRAM LEI FAVORÁVEL À POPULAÇÃO TRANS NO
URUGUAI. PROJETO PREVÊ MUDANÇA DE SEXO GRATUITA, FACILITAÇÃO À
MUDANÇA DE IDENTIDADE E INDENIZAÇÃO ÀS VÍTIMAS DA REPRESSÃO DURANTE A
DITADURA MILITAR (Magdalena Martínez, El País, 04 de outubro de 2018... Uma
informação apresentada pela matéria: expectativa de vida de pessoa trans no
Uruguai é de 35 anos...) 872
CONGRESSO CHILENO APROVA LEI QUE PERMITE MUDANÇA DE GÊNERO PARA
MAIOR DE 14 (Agence France Presse reproduzida pelo Uol Universa, 13 de setembro
de 2018 739... Ver COBERTAS PELO SUS, CIRURGIAS DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL
DEMORAM ATÉ CINCO ANOS 742 ... Ver no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem
Partido 2: DANIELA VEGA, A ATRIZ TRANS QUE COLOCOU HOLLYWOOD A SEUS PÉS
1104
1258 ... Ver no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: DANIELA VEGA, A
ATRIZ TRANSEXUAL QUE FEZ HISTÓRIA NO OSCAR. ATRIZ DE ‘UMA MULHER
FANTÁSTICA’, GANHADOR DE MELHOR FILME ESTRANGEIRO, TEM UMA BIOGRAFIA
SOFRIDA 519 ... CHEFE DA IGREJA CHILENA SOBRE TRANSEXUAIS: “SE UM GATO
TIVER NOME DE CACHORRO, NÃO PASSARÁ A SER UM CACHORRO”. A ATRIZ
TRANSEXUAL DANIELA VEGA RESPONDE RICARDO EZZATI: “VENHA CONVERSAR
COMIGO. VOCÊ SE ATREVE?” ELA ESTRELOU O FILME GANHADOR DO OSCAR “UMA
MULHER FANTÁSTICA” 521 ... Ver CHILE INVESTIGA 139 RELIGIOSOS POR ABUSOS
SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO INFORMA QUE 66% DAS VÍTIMAS ERAM MENORES DE
IDADE E QUE HÁ 34 INVESTIGAÇÕES EM CURSO (Rocío Montes, El País, 24 de julho de
2018) 235 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, a seção
Igrejas, religiões e poder... 1265, mais especificamente a partir da p. 1288, onde estão
matérias sobre Igreja Católica no Chile... por exemplo: CARTA DO PAPA FRANCISCO
AOS BISPOS DO CHILE REFERENTE ÀS INFORMAÇÕES ENTREGUES POR D. CHARLES J.
SCICLUNA (Papa Francisco, Vaticano, 08 de abril de 2018) 669 ... TODOS OS BISPOS
CHILENOS PEDEM DEMISSÃO POR ESCÂNDALO DE PEDOFILIA. CÚPULA DA IGREJA NO
PAÍS É ACUSADA PELO VATICANO DE TER NEGLIGENCIADO DENÚNCIAS (Folha/Uol
reproduz Reuters e Associated Press, 18 de maio de 2018) 658 ... PAPA ANUNCIA
'MUDANÇAS E RESOLUÇÕES' EM IGREJA CHILENA APÓS CASOS DE PEDOFILIA (Kelly
Velasquez, Agence France Presse AFP reproduzida por Yahoo, 17 de maio de 2018)
660 ... BISPOS CHILENOS DEMITEM-SE EM BLOCO DEVIDO A ESCÂNDALO DE
PEDOFILIA. PAPA REUNIU-SE ESTA SEMANA COM OS 34 BISPOS CHILENOS PARA
DISCUTIR OMISSÕES E ENCOBRIMENTO DE UM ESCÂNDALO DE ABUSOS SEXUAIS DE
MENORES. TODOS ELES APRESENTARAM A SUA DEMISSÃO (Público, 18 de maio de
2018... Público é jornal de Portugal) 662/663 ... ESCÂNDALO SEXUAL LEVA TODOS OS
BISPOS DO CHILE A PEDIREM DEMISSÃO AO PAPA (BBC Brasil, 18 de maio de 2018)
663 ... TODOS OS BISPOS CHILENOS APRESENTAM RENÚNCIA AO PAPA PELOS
ESCÂNDALOS DE PEDOFILIA. AGORA CABE AO SUMO PONTÍFICE DECIDIR SE ACEITA
TODAS AS RENÚNCIAS OU SOMENTE ALGUMAS DELAS (Lorena Pacho, El País, 18 de
maio de 2018) 665 ... TODOS OS BISPOS CHILENOS RENUNCIAM POR ESCÂNDALO DE
ABUSOS (Deutsche Welle, 18 de maio de 2018) 667 ... EXCLUSIVO: DOCUMENTO
RESERVADO DEL PAPA A OBISPOS REVELA FALLAS QUE DESCUBRIÓ EN LA IGLESIA
CHILENA. EL TEXTO, DE DIEZ CARILLAS Y QUE LES ENTREGÓ EN ROMA EL MARTES,
CONTIENE FUERTES CRÍTICAS AL ACTUAR DE LA IGLESIA CHILENA FRENTE A LAS
DENUNCIAS DE ABUSOS. EL PONTÍFICE HABLA DE “HECHOS DELICTIVOS”,
“ESCÁNDALO” E “IR MÁS ALLÁ” DE LA REMOCIÓN DE PERSONAS PARA SOLUCIONAR LA
CRISIS (Tele 13 T 13, 17 de maio de 2018) 672 ... LA TRANSCRIPCIÓN COMPLETA DEL
DOCUMENTO RESERVADO QUE EL PAPA ENTREGÓ A LOS OBISPOS CHILENOS. T13
TUVO ACCESO EXCLUSIVO A LAS DURAS CRÍTICAS QUE EMITIÓ FRANCISCO AL ACTUAR
DE LA IGLESIA CHILENA FRENTE A LOS CASOS DE ABUSOS COMETIDOS POR ALGUNOS
SACERDOTES (Tele 13 T13, 17 de maio de 2018... ) 675 ... “NOS OBRIGAVAM A FICAR
1105
NUS NA PISCINA”: OS RELATOS DE ABUSOS SEXUAIS COMETIDOS POR BISPOS NO
CHILE (Constanza Hola, BBC News Mundo, 16 de junho de 2018) 945 ... DIOCESE
CHILENA SUSPENDE 14 SACERDOTES ENVOLVIDOS EM ESCÂNDALO SEXUAL (Uol
reproduz AFP Agence France Presse, 23 de maio de 2018) 727) 739
O QUE AS EMPRESAS PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO MERCADO DE
TRABALHO (BBC News Brasil reproduzida por Uol Universa, 03 de agosto de 2018
716... Ver APÓS 3 ANOS, PROFESSORA GANHA AÇÃO JUDICIAL CONTRA COLÉGIO QUE
A DEMITIU POR SER TRANS 726... CANDIDATA TRANSGÊNERO VENCE PRIMÁRIA
DEMOCRATA PARA GOVERNO DE VERMONT 720 ) 716
A PROFESSORA TRANSEXUAL QUE TROCOU INDENIZAÇÃO DE R$ 20 MIL PELA
CHANCE DE DAR AULA A SEUS AGRESSORES (Noemia Colonna, BBC News Brasil, 31 de
agosto de 2018) 721
CANDIDATA TRANSGÊNERO VENCE PRIMÁRIA DEMOCRATA PARA GOVERNO DE
VERMONT (Agence France Presse reproduzida pelo Uol, 15 de agosto de 2018... A
candidata foi dirigente da companhia de energia de Vermont 720... Ver MINAS TERÁ
A PRIMEIRA CANDIDATA TRANS AO SENADO 551... ALEXYA, PASTORA TRANS E
CANDIDATA DISPOSTA A "CONTRADIZER" EM SÃO PAULO 643) 720
“SEM SER SUBALTERNO NEM USAR UNIFORME”: EMPRESA SÓ TEM BABÁS LGBTS
(Marcos Candido, Uol Universa, 15 de setembro de 2018) 890
APÓS 3 ANOS, PROFESSORA GANHA AÇÃO JUDICIAL CONTRA COLÉGIO QUE A
DEMITIU POR SER TRANS (Ponte Jornalismo, Paloma Vasconcelos, 09 de setembro de
2018 726... Ver O QUE AS EMPRESAS PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO
MERCADO DE TRABALHO 716... “ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O APELO DA MÃE
DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE MATOU APÓS BULLYING POR HOMOFOBIA 692 )
726
PROFESSORA TRANS GANHA NA JUSTIÇA DIREITO DE VOLTAR A DAR AULA APÓS SER
DEMITIDA (Fernando Molina,, Uol, 12 de setembro de 2018) 733
GABRIELA LORAN, 1ª ATRIZ TRANS DE "MALHAÇÃO", REVELA PLANOS DE SER MÃE (Uol
Universa, 02 de setembro de 2018) 725/726
MAIS DE 20 GRUPOS LGBT ACUSAM PREFEITO DE SP DE IGNORAR CARTA
PROTOCOLADA (Blog do Paulo Sampaio/Uol, 04 de agosto de 2018... A matéria é
1106
interessante, entre outras coisas porque apresenta a “Diversidade Tucana —
movimento LGBT do PSDB” ... Ver também “PP, PSC, PSDB e MDB, os partidos da
‘Escola sem Partido’”, Mariana Bastos com reportagem adicional de Carolina de Assis,
Gênero e Número, 18 de abril de 2018: http://www.generonumero.media/pp-pscpsdb-e-mdb-os-partidos-da-escola-sem-partido/ ) 762
INDIGNADOS COM DESPREZO DE COVAS, GRUPOS LGBT LANÇAM
#SAIDOGABINETEPREFEITO (Paulo Sampaio, Blog do Paulo Sampaio/Uol, 22 de agosto
de 2018... A matéria traz informações sobre programas da Prefeitura de São Paulo,
como o Transcidadania...) 765/766
VEREADOR MUDA NOME DE CRECHE ARCO-ÍRIS POR "PROMOVER O
HOMOSSEXUALISMO" (Uol Universa, 16 de julho de 2018) 653
“MINHA FILHA NÃO ESTÁ NO CORPO ERRADO, É UMA MENINA COM PÊNIS”. O ATOR
ESPANHOL NACHO VIDAL APRESENTA A HISTÓRIA DE SUA FILHA TRANSEXUAL, DE 11
ANOS, NO LIVRO PARA PRÉ-ADOLESCENTES MI NOMBRE ES VIOLETA. NESTA
ENTREVISTA, AFIRMA QUE O MACHISMO “NÃO TEM NADA A VER COM O PORNÔ” E
QUE DESCONFIA DO MOVIMENTO LGTBQI (Begoña Gômez Urzaiz, El País, 28 de
setembro de 2018... Esta entrevista também tem a ver com feminismo...) 884
POR QUE LULU SANTOS DEVERIA SE ESCONDER NO ARMÁRIO? (Tony Goes, F5 Folha/
Uol, 25 de julho de 2018 669... Ver ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? 698 )
669
ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? (Flávia Silva, Ponte Jornalismo, 29 de
agosto de 2018 698... Comparar o artigo com a proposta do Escola Sem Partido,
contrária a discussões sobre sexualidade nas escolas, censurando informações sobre a
existência do que não é heterossexualidade... Ver também POR QUE LULU SANTOS
DEVERIA SE ESCONDER NO ARMÁRIO? 669 ... “ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O
APELO DA MÃE DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE MATOU APÓS BULLYING POR
HOMOFOBIA 692... OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS
PARA SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL 713) 698
MARIELLE E MÔNICA: UMA HISTÓRIA DE AMOR INTERROMPIDA AOS 5 MESES DA
MORTE DA VEREADORA, MÔNICA BENÍCIO CONTA COMO MARIELLE SE TORNOU O
AMOR DA SUA VIDA E EXPLICA POR QUE DIZER QUE É SAPATÃO É UM ATO POLÍTICO
1107
(Daniel Arroyo e Paloma Vasconcelos, Ponte Jornalismo reproduzido pelo El País, 15 de
agosto de 2018) 701
COMO EXPLICAR O BEIJO GAY DA NOVELA DAS 6 PARA OS FILHOS? A NOVELA
EXPLICA! (Nilson Xavier, Blog do Nilson Xavier/Uol, 30 de agosto de 2018) 891
PELA PRIMEIRA VEZ, GLOBO EXIBE BEIJO GAY EM NOVELA DAS SEIS E PÚBLICO
COMEMORA (Notícias da TV/Uol, Daniel de Castro, por Gabriel Perline (redator desta
notícia), 12 de setembro de 2018) 751
"ORGULHO E PAIXÃO" INAUGUROU UM NOVO TIPO DE DRAMATURGIA: A "NOVELA
DISNEY" (Nilson Xavier, Blog do Nilson Xavier/Uol, 24 de setembro de 2018) 893
GABRIELA LORAN, 1ª ATRIZ TRANS DE "MALHAÇÃO", REVELA PLANOS DE SER MÃE (Uol
Universa, 02 de setembro de 2018) 725/726
"CALL IT OUT": CAMPANHA AUSTRALIANA CONVIDA HOMENS A LUTAR PELO
FEMINISMO (Uol Universa, 06 de julho de 2018 198... Ver FAMILY VIOLENCE
SUPPORT. CALL IT OUT 198/199 ) 198
FAMILY VIOLENCE SUPPORT. CALL IT OUT (Family Violence Reform, State Government
of Victoria, Austrália, 2018) 198/199
JUDITH BUTLER ESCREVE SOBRE SUA TEORIA DE GÊNERO E O ATAQUE SOFRIDO NO
BRASIL (Judith Butler, Folha de S. Paulo, 19 de novembro de 2017 469... Ver também
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 469
CONHEÇA 4 CIENTISTAS LGBT QUE REVOLUCIONARAM O MUNDO. O QUE NOMES
COMO ALAN TURING, FLORENCE NIGHTINGALE, ALAN HART E FRANCIS BACON TÊM
EM COMUM? TODOS REVOLUCIONARAM A CIÊNCIA MUNDIAL, SALVARAM MILHÕES
DE VIDAS, MAS SOFRERAM COM A INTOLERÂNCIA E PRECONCEITO POR SUAS OPÇÕES
SEXUAIS (Thiago L., Uol Guia do Litoral, s/data, mas é julho de 2018) 123
1108
ÍNDIA DESPENALIZA A HOMOSSEXUALIDADE. SUPREMA CORTE REVOGA PROIBIÇÃO
ESTABELECIDA POR UMA LEI VITORIANA DO SÉCULO XIX (Ángel L. Martínez Cantera,
El País, 06 de setembro de 2018 694/695... Ver UMA AVALIAÇÃO SOBRE A BUSCA DE
DIREITOS LGBT PELO MUNDO 104 ... BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA
MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EXPARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO
MUNDO AFIRMA QUE A COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS
DIREITOS 108 ) 694/695
SUPREMA CORTE DA ÍNDIA DESCRIMINALIZA HOMOSSEXUALIDADE. EM DECISÃO
HISTÓRICA, JUÍZES JULGAM INCONSTITUCIONAL LEI DA ERA COLONIAL QUE PUNIA
"ATOS CONTRA A NATUREZA" COM ATÉ DEZ ANOS DE PRISÃO, NUMA GRANDE
VITÓRIA PARA OS DEFENSORES DOS DIREITOS DA COMUNIDADE LGBT (Deutsche
Welle, 06 de setembro de 2018) 996/997
PARLAMENTO DE HONDURAS PROÍBE ADOÇÃO PARA CASAIS HOMOSSEXUAIS
(Agência EFE reproduzida pelovUol, 17 de agosto de 2018 687... Ver UMA AVALIAÇÃO
SOBRE A BUSCA DE DIREITOS LGBT PELO MUNDO 104 ... BORIS DITTRICH:
“OPRESSÃO TAMBÉM CRIA MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE NECESSÁRIO, ESSE SEJA O
CASO NO BRASIL”. EX-PARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA PRIMEIRA LEI DE
CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO MUNDO AFIRMA QUE A COMUNIDADE LGBT NUNCA
DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS DIREITOS 108 ... Ver, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 3: CORTE INTERAMERICANA DETERMINA QUE 20 PAÍSES
RECONHEÇAM CASAMENTO GAY 999 ) 687
AS HISTÓRIAS DAS MULHERES QUE PRECISARAM SE PASSAR POR HOMENS PARA
FAZER O QUE QUERIAM (Beatriz Montesanti, Nexo Jornal, 16 de junho de 2016) 157
ENTREVISTA: “UMA CIÊNCIA FEMINISTA PRECISA EXPLICITAR OS CONTEXTOS NOS
QUAIS O CONHECIMENTO PRODUZIDO POR ELA É CONSTRUÍDO” (Vitória Régia da
Silva, Ciência e Educação, edição 10, Gênero e Número, 20 de junho de 2018...
Entrevista com a pesquisadora Marina Nucci) 157
SILVIA FEDERICI E A “EMANCIPAÇÃO” QUE NÃO FOI. AGORA NO MÉXICO, TEÓRICA DO
FEMINISMO ANTICAPITALISTA SUSTENTA: TRABALHAR FORA NÃO LIBERTOU A
MULHER DE NADA; É PRECISO EXIGIR REMUNERAÇÃO DO TRABALHO DOMÉSTICO E
DIVISÃO DAS RESPONSABILIDADES REPRODUTIVAS (Entrevista a Gerardo Esparza,
1109
Outras Palavras reproduz Informador, tradução de Inês Castilho, 03 de julho de 2018
205... Ver original "EL ÚNICO PODER ES EL DE ABAJO". LA FILÓSOFA Y FEMINISTA
SILVIA FEDERICI ESTUVO EN LA CIUDAD PARA IMPARTIR UNA CÁTEDRA MAGISTRAL
SOBRE EL CAPITALISMO Y LA FORMA EN QUE HA EXPLOTADO A LAS MUJERES
DURANTE DECENAS DE AÑOS 209 ) 205
"EL ÚNICO PODER ES EL DE ABAJO". LA FILÓSOFA Y FEMINISTA SILVIA FEDERICI
ESTUVO EN LA CIUDAD PARA IMPARTIR UNA CÁTEDRA MAGISTRAL SOBRE EL
CAPITALISMO Y LA FORMA EN QUE HA EXPLOTADO A LAS MUJERES DURANTE
DECENAS DE AÑOS (Gerardo Esparza, Informador.Mx, 04 de março de 2018) 209
“PARA VOCÊ NÃO ROMPER O SILÊNCIO E MANTER AS RELAÇÕES SAUDÁVEIS, VOCÊ
TEM QUE NEGAR A SUA COR”. ESPECIALISTA NO ATENDIMENTO DE MULHERES
NEGRAS, PSICÓLOGA MARIA JESUS MOURA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE
LEVAR EM CONTA O RACISMO SOFRIDO POR SUAS PACIENTES E NÃO NEGÁ-LO
(Marina Rossi, El País, 13 de julho de 2018 157... Ver SOMOS TODAS MC K_BELAS
162 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA
CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA
O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista
Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do
Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo
o texto do jornalista... 78 ... Ver também A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA
DEMOCRACIA RACIAL 222) 157
BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”.
CANDIDATO DO PSL MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO
NUNCA FOI COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM
HOMOFOBIA [Ricardo Della Coletta, El País, 29 de agosto de 2018 593... Ver GENERAL
LIGADO A BOLSONARO FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE 1964 920
... O AUTORITARISMO, A CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA 930 ... Ver
CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM INCLINAÇÃO
POLÍTICA NOS CULTOS 837 ... Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem
Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS LIVROS (Fernando Haddad, ex-ministro da
Educação dos governos Lula e Dilma, sobre atuação de políticos ligados a igrejas no caso do
material contra homofobia, deturpado com a denominação “kit gay”) 221 ] 593
LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL ALVO DE BOATO FOI COMPRADO PELO MINC.
DEPUTADO BOLSONARO ACUSOU DISTRIBUIÇÃO PARA ESCOLAS; MEC NEGOU.
MINISTÉRIO DA CULTURA DIZ TER COMPRADO UNIDADES PARA BIBLIOTECAS
PÚBLICAS (G1 Globo, 21 de janeiro de 2016) 596
1110
LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO
MEC (Uol, 30 de agosto de 2018... A matéria também cita atuação do MBL 598/599...
Ver também CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM
INCLINAÇÃO POLÍTICA NOS CULTOS 837 ... Ver GENERAL LIGADO A BOLSONARO
FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE 1964 920 ... O AUTORITARISMO, A
CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA 930 ) 598/599
ERROS E ACERTOS DE JAIR BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL E NO JORNAL DAS 10
(Chico Marés, Clara Becker, Leandro Resende, Nathália Afonso e Plínio Lopes, Revista
Piauí Lupa/Uol, 28 de agosto de 2018) 600
HADDAD NÃO CRIOU O “KIT GAY”. JAIR BOLSONARO (PSL) ACUSA ADVERSÁRIO DE
TER SIDO RESPONSÁVEL PELA IDEALIZAÇÃO DE MATERIAL ESCOLAR CONTRA
HOMOFOBIA, MAS INICIATIVA SURGIU DO LEGISLATIVO (Patrícia Figueiredo, Agência
Pública, 11 de outubro de 2018 942... Ver Ver também, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS LIVROS (Fernando
Haddad, ex-ministro da Educação dos governos Lula e Dilma, sobre atuação de
políticos ligados a igrejas no caso do material contra homofobia, deturpado com a
denominação “kit gay”) 221) 942
UMA ANÁLISE DO CADERNO ESCOLA SEM HOMOFOBIA. AVALIAMOS O MATERIAL
DIDÁTICO QUE FICOU PEJORATIVAMENTE CONHECIDO COMO 'KIT GAY' E TEVE SUA
DISTRIBUIÇÃO SUSPENSA PELO GOVERNO FEDERAL EM 2011 (Bruno Mazzoco, Revista
Nova Escola, 01 de Fevereiro de 2015) 946
KITS DE PT E PSDB TÊM ITENS INCÔMODOS PARA EVANGÉLICOS (Coluna Poder,
Folha/Uol, 18 de outubro de 2012) 948
CONSELHO Nacional de Combate à Discriminação. Brasil Sem Homofobia: Programa
de combate à violência e à discriminação contra GLTB e promoção da cidadania
homossexual. Brasília : Ministério da Saúde, 2004 951
A ELEIÇÃO DO “KIT GAY”. BUSCAS NA INTERNET POR “KIT GAY” NESTAS ELEIÇÕES
BATERAM RECORDE DE 2011, QUANDO O ASSUNTO VEIO À TONA; BOLSONARO E
MALAFAIA LIDERAM MENÇÕES AO “KIT" (Alexandre Policarpo, Bruno Fonseca,
Eliziane Lara e Gabriella Hauber, Agência Pública, 17 de outubro de 2018 971 ...
VALE MAIS DEFENESTRAR O ‘KIT GAY’ OU PROTEGER CRIANÇAS DO ABUSO SEXUAL?
1111
EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS PODERIA SER UMA ARMA EFICAZ CONTRA
ABUSADORES, MAS A HISTERIA IDEOLÓGICA É O TIRO PELA CULATRA DE QUEM SE
DIZ DEFENSOR DA FAMÍLIA 979 ... MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM
PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA
SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA
CATÓLICA 1044... ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO
NA EDUCAÇÃO. TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES
RELIGIOSAS 1052... SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”.
MOVIMENTO CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM
DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO 1055) 971
UOL, PÁGINA INICIAL, 23 DE OUTUBRO DE 2018, 12H18MIN (Chamadas com
destaque principal, no topo da página: “Escola Sem Partido e ideologia de gênero têm
suas raízes na religião”, “Entenda as polêmicas sobre Escola Sem Partido e gênero na
educação”, “Como o combate à ‘ideologia de gênero’ tem pautado políticas
públicas”) 1044
MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM
RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA
INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23
de outubro de 2018) 1044
ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO NA EDUCAÇÃO.
TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES RELIGIOSAS (Paulo
Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1052
SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”. MOVIMENTO
CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM DISCUSSÕES
SOBRE GÊNERO (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1055
PADRES USAM MISSAS E REDES SOCIAIS PARA APOIAR BOLSONARO E HADDAD.
POSICIONAMENTO DO CLERO CATÓLICO É PRÁTICA DESESTIMULADA PELA IGREJA
(Anna Virginia Balloussier, Folha/Uol, 17 de outubro de 2018 956... Ver também
OLAVO FAZ INCITAÇÃO À VIOLÊNCIA; CONVOCO MEUS CONCIDADÃOS A REPUDIÁLO. TEXTO ANUNCIA UMA ESCALADA DE AÇÕES VIOLENTAS E CONCLAMA
SEGUIDORES A PERPETRÁ-LAS 954 ... AO VIVO | ELEIÇÕES 2018: BOLSONARO E
HADDAD NA COBERTURA EM TEMPO REAL. NESTA SEGUNDA-FEIRA, O TSE NEGOU
PEDIDO DE HADDAD DE RETIRAR POST DE OLAVO DE CARVALHO SOBRE INCESTO
952 ... Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PADRE
1112
PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE,
FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ) 956
“JC NAS ELEIÇÕES” DEBATE UNIÃO ENTRE RELIGIÃO E POLÍTICA (Lucas Calore, Jornal
Cidade de Rio Claro, SP, provavelmente 19 ou 20 de setembro de 2018) 960
DE OLHO EM VOTO CATÓLICO, BOLSONARO ASSINA COMPROMISSO COM
ARCEBISPO DO RIO (Hanrrikson de Andrade e Gustavo Maia, Uol, 17 de outubro de
2018) 964/965
EM CULTO, MALAFAIA ATACA A FOLHA E ENSINA FIÉIS A IDENTIFICAR FAKE NEWS
UMA DAS PRINCIPAIS LIDERANÇAS EVANGÉLICAS DO PAÍS, PASTOR É CABO
ELEITORAL DE BOLSONARO (Ana Luiza Albuquerque, Folha/Uol, 19 de outubro de
2018 967... Ver REPRESENTANTES DE IGREJAS SÃO ESCOLHIDOS POR PASTORES 546
... CAMPANHA DE JAIR BOLSONARO É MARCADA POR INTRIGAS E IMPROVISO. SEM
TESOUREIRO OU MARQUETEIRO, ESTRUTURA TEM POUCA COESÃO E MUITA
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA DO CANDIDATO 609 ... GENERAIS INTIMIDAM OS ELEITORES
E CHANTAGEIAM A DEMOCRACIA 819 ... PADRES USAM MISSAS E REDES SOCIAIS
PARA APOIAR BOLSONARO E HADDAD. POSICIONAMENTO DO CLERO CATÓLICO É
PRÁTICA DESESTIMULADA PELA IGREJA 956 ... EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM
ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE
DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO
CONCEITO 97 ... QUEERMUSEU, A EXPOSIÇÃO MAIS DEBATIDA E MENOS VISTA DOS
ÚLTIMOS TEMPOS, REABRE NO RIO 264 ... Ver também retórica agressiva de
Bebianno, presidente do PSL: GOVERNO NÃO SERÁ DE MAIORIA DE MILITARES, DIS
BEBIANNO 970 ) 967
OS VALORES E BOATOS QUE CONDUZEM (OU NÃO) OS EVANGÉLICOS A BOLSONARO
(Leandro Machado e Luiza Franco, BBC News Brasil, 23 de outubro de 2018) 1038
GAYS, NEGROS E INDÍGENAS JÁ SENTEM NAS RUAS O MEDO DE UM GOVERNO
BOLSONARO. EPISÓDIOS DE INTIMIDAÇÃO AUMENTAM ANSIEDADE ENTRE GRUPOS
QUE SE SENTEM VULNERÁVEIS POR DISCURSOS FEITOS NO PASSADO, E HOJE
NEGADOS, PELO CANDIDATO. DEBATE SOBRE ESTRATÉGIAS DE PROTEÇÃO CRESCE
PARA “RESISTIR EM TEMPOS SOMBRIOS”, DIZ ATIVISTA (Joana Oliveira e Naira
Hofmeister, El País, 20 de outubro de 2018) 1006
1113
BOLSONARO E A AUTOVERDADE. COMO A VALORIZAÇÃO DO ATO DE DIZER, MAIS
DO QUE O CONTEÚDO DO QUE SE DIZ, VAI IMPACTAR A ELEIÇÃO NO BRASIL (Eliane
Brum, El País, 16 de julho de 2018... Eliane Brum trata - entre outras questões - de
ações de igrejas e movimentos de direita contra pessoas LGBTQs e a favor da censura
nas escolas, via Escola Sem Partido...) 05
ELITE DA INDÚSTRIA APLAUDE BOLSONARO E VAIA CIRO POR CRITICAR REFORMA
TRABALHISTA. ALCKMIN DEFENDE REFORMA TRIBUTÁRIA QUE ALIVIA EMPRESÁRIOS
CITANDO TRUMP. MILITAR DA RESERVA NÃO APRESENTA PROPOSTAS, MAS
LEVANTA PLATEIA COM FRASES DE EFEITO CONTRA O "POLITICAMENTE CORRETO"
(Afonso Benites, El País, julho de 2018 05... Ver também COMANDO ENVELHECIDO
FRAGILIZA ENTIDADES PATRONAIS EM TODO O PAÍS. LEVANTAMENTO DA FOLHA
MOSTRA UM SISTEMA MARCADO POR BAIXA ROTATIVIDADE E FALTA DE DIVERSIDADE
153 ) 05
“O PROBLEMA DO BOLSONARO NÃO É ECONÔMICO, É CIVILIZATÓRIO”, DIZ EXPRESIDENTE DA FIESP. HORÁCIO LAFER PIVA DISSE TAMBÉM QUE SE ESPANTA COM O
FATO DO CENTRÃO COMANDAR A CENA POLÍTICA (Josette Goulart, Folha/Uol, 19 de
julho de 2018) 218
EM VÍDEO, BOLSONARO FAZ GESTO DE ARMA EM MÃO DE CRIANÇA (Uol, 20 de julho
de 2018) 146
APÓS POLÊMICA, MAIS UMA CRIANÇA FAZ GESTO DE ARMA COM BOLSONARO (Uol,
21 de julho de 2018 149... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
3: MAL-ESTAR NA CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE
GENERAIS E EMPURRA O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio
Victor, Revista Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o
comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro
de 2017, segundo o texto do jornalista... 78... Ver também, sobre ações e falas dos
dois militares citados aqui: A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA DEMOCRACIA
RACIAL 222 ) 149
BOLSONARO: “QUERO AGRADECER AO ALCKMIN POR REUNIR A NATA DO QUE HÁ
DE PIOR DO BRASIL AO SEU LADO”. PRESIDENCIÁVEL DE EXTREMA-DIREITA LANÇA
SUA CANDIDATURA MINIMIZANDO A FALTA DE ALIANÇAS E ATACANDO O CENTRÃO,
QUE DEVE APOIAR O TUCANO. "EU SEI DO DESCONFORTO QUE VENHO CAUSANDO.
EU SOU O PATINHO FEIO NESSA HISTÓRIA”, AFIRMOU (Felipe Betim, El País, 22 de
julho de 2018... Ver EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A
DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA
SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ... REACIONÁRIOS
1114
CONSEGUIRAM PAUTAR AS REDES SOCIAIS COM UMA FALSA POLÊMICA NA ÚLTIMA
SEMANA 226 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, PADRE
PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE,
FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ... Ver, ainda, artigo COMO FABRICAR
MONSTROS PARA GARANTIR O PODER EM 2018, Eliane Brum, El País, 30 de outubro
de 2017:
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/30/opinion/1509369732_431246.html ) 178
DISCURSO DE JANAINA PASCHOAL SURPREENDE E IRRITA A LIADOS DE BOLSONARO
(Daniela Amorim, Constança Rezende e Leonêncio Nossa, Estadão reproduzido pelo
Uol, 22 de julho de 2018) 181
REACIONÁRIOS CONSEGUIRAM PAUTAR AS REDES SOCIAIS COM UMA FALSA
POLÊMICA NA ÚLTIMA SEMANA (João Filho, The Intercept Brasil, 22 de Julho de 2018
226 ... Ver também MESMO APÓS ANOS DE DENÚNCIAS, VATICANO VIVE SEM
DIRETRIZ PARA COMBATER ABUSOS SEXUAIS 48 ... CHILE INVESTIGA 139
RELIGIOSOS POR ABUSOS SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO INFORMA QUE 66% DAS
VÍTIMAS ERAM MENORES DE IDADE E QUE HÁ 34 INVESTIGAÇÕES EM CURSO 235 ...
Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, secção do índice
denominada Sobre a ideia de “ideologia de gênero”: criadores, usos..., a partir da
página 1112, mais matérias sobre o tema... Enquanto casos de pedofilia na Igreja
Católica são divulgados nos EUA, no México, na Austrália, Argentina..., no Brasil,
políticos, religiosos e grupos de extrema-direita procuram difamar filósofos, artistas,
intelectuais, com acusações de pedofilia – ver arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido 2... Especificamente matérias sobre a exposição Queermuseu e a
performance do artista Wagner Schwartz, no MAM-SP... E especialmente o artigo “ ‘Fui
morto na internet como se fosse um zumbi da série The Walking Dead’. Em
entrevista exclusiva, Wagner Schwartz, o artista que fez a performance ‘La Bête’, no
MAM de São Paulo, fala pela primeira vez sobre os ataques que sofreu, nos quais foi
chamado de ‘pedófilo’ ”, Eliane Brum, El País, 12 de fevereiro de 2018:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/12/opinion/1518444964_080093.html ... “
‘Me mataron en Internet como si fuera un zombi de la serie ‘The Walking Dead’.
Wagner Schwartz, el artista que realizó la 'performance' 'La Bête' en el Museo de
Arte Moderno de São Paulo, habla por primera vez sobre los ataques que sufrió, en
los que le llamaron ‘pedófilo’”, Eliane Brum, traducción: Meritxell Almarza, El País, 14
de fevereiro e 2018:
https://elpais.com/internacional/2018/02/14/actualidad/1518623775_287430.html)
226
1115
CHILE INVESTIGA 139 RELIGIOSOS POR ABUSOS SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO
INFORMA QUE 66% DAS VÍTIMAS ERAM MENORES DE IDADE E QUE HÁ 34
INVESTIGAÇÕES EM CURSO (Rocío Montes, El País, 24 de julho de 2018) 235
QUEERMUSEU, A EXPOSIÇÃO MAIS DEBATIDA E MENOS VISTA DOS ÚLTIMOS
TEMPOS, REABRE NO RIO (Júlia Dias Carneiro, BBC News Brasil, 16 de agosto de
2018... Reproduzida pelo Uol, mesmo título e data 264... Ver JUDITH BUTLER ESCREVE
SOBRE SUA TEORIA DE GÊNERO E O ATAQUE SOFRIDO NO BRASIL 469 ...
PROFESSORES E ORGANIZAÇÕES QUEREM ARTE OBRIGATÓRIA NO ENSINO MÉDIO
666 ... Ver, na seção Livros e trabalhos acadêmicos sobre questões de gênero... há
links para download... , deste arquivo, a referência a “Obra aberta”, Umberto Eco...
Ver mais sobre Queermuseu nos arquivos Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 1,
2 e 3... Ver ainda, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PADRE
PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE,
FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ) 264
ABERTURA DA MOSTRA QUEERMUSEU, NO RIO, TEM PROTESTOS DE MOVIMENTOS
RELIGIOSOS, FECHADA UM ANO ATRÁS DIANTE DE CENSURA, EXPOSIÇÃO É
REINAUGURADA NESTE SÁBADO (18) (Nicola Pamplona, Folha/Uol, 18 de agosto de
2018... Matéria também fala de manifestantes pró-Bolsonaro e Magno Malta; protesto
teve convocação na página do Facebook do MBL... Sobre o MBL, ver, por exemplo, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, a seção do Índice Assassinato de
Marielle Franco (PSOL), vereadora do Rio de Janeiro: 14 de março de 2018... p. 1170)
296
JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO LIBERA ENTRADA DE CRIANÇAS NA "QUEERMUSEU"
(Carolina Farias, Uol Universa, 21 de agosto de 2018 777... Ver ABERTURA DA
MOSTRA QUEERMUSEU, NO RIO, TEM PROTESTOS DE MOVIMENTOS RELIGIOSOS,
FECHADA UM ANO ATRÁS DIANTE DE CENSURA, EXPOSIÇÃO É REINAUGURADA NESTE
SÁBADO (18) 296... LEI DE CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA PROMULGADA POR MÁRCIO
FRANÇA GERA POLÊMICA. NORMA SE APLICA A EXPOSIÇÕES E MOSTRAS DE ARTE
[Mônica Bergamo, Folha/Uol, 14 de julho de 2018 655... Ver, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 2: MASP BUSCOU ORIENTAÇÃO JURÍDICA PARA VETO
INÉDITO A MENORES DE 18 ANOS (Uol, 19 de outubro de 2017... Sobre a mostra
“Histórias da sexualidade”) 04 ... ADVOGADOS SE UNEM PARA TENTAR BARRAR
CENSURA A MENORES EM EXPOSIÇÃO NO MASP (Leonardo Rodrigues, Uol, 26 de
outubro de 2017... A questão é mais ampla, os advogados procuram estudar e propor
adequação de legislação, não se trata apenas da exposição do MASP) 07 ... PROJETOS
PARA CLASSIFICAR EXPOSIÇÕES DE ARTE SE ESPALHAM PELO PAÍS (Mônica Bergamo,
Folha/Uol, 16 de dezembro de 2017... A matéria também traz informações sobre
1116
pesquisa a respeito da presença de pessoas LGBTI em comerciais...) 535 ... MPF
CRITICA, E MASP LIBERA ACESSO DE MENORES À MOSTRA SOBRE SEXUALIDADE
(Juliana Dal Pivar, Revista Piauí/Uol, 07 de novembro de 2017... Sobre a mostra
“Histórias da sexualidade”) 08 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem
Partido 3: DEPUTADOS APROVAM PROJETO QUE PREVÊ CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA
EM EXPOSIÇÕES EM SP (Uol, 14 de junho de 2018) 870 ) 777
“EU RECEBI MAIS DE CEM AMEAÇAS DE MORTE”, DIZ CURADOR DA EXPOSIÇÃO
QUEERMUSEU. GAUDÊNCIO FIDELIS FALA SOBRE OS ATAQUES À EXPOSIÇÃO DE ARTE
CANCELADA NO ANO PASSADO EM PORTO ALEGRE E REINAUGURADA NO RIO DE
JANEIRO NESTE MÊS (Mariana Simões, Agência Pública, 28 de agosto de 2018) 656
"NÓS, LGBT, JÁ FOMOS CRIANÇAS E ISSO INCOMODA", DIZ ARTISTA ACUSADA DE
INCITAR PEDOFILIA (Tiago Dias, Uol, 12 de setembro de 2017) 663
PROFESSORES E ORGANIZAÇÕES QUEREM ARTE OBRIGATÓRIA NO ENSINO MÉDIO
(Agência Brasil reproduzida pelo Uol, 22 de agosto de 2018) 666
POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É ATACADO POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO
GOVERNADOR (Paulo Eduardo Dias e Juliana Santoros, especial para Ponte Jornalismo,
05 de julho de 2018 07... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido:
PROFESSORES DENUNCIAM AMEAÇA DE PMS EM AUDIÊNCIA NA UNIFESP: "DEPOIS
MORRE E NÃO SABE POR QUÊ" (Luís Adorno, Uol, 15 de agosto de 2017) 871 ... NOTA
DE REPÚDIO DIANTE DO OCORRIDO NO CAMPUS BAIXADA SANTISTA (Adunifesp, 14 de
agosto de 2017) 874 ... “ELES NÃO ESTAVAM LÁ À TOA; ALGUÉM DETERMINOU”, DIZ
ADILSON PAES SOBRE INVASÃO DE POLICIAIS À AUDIÊNCIA NA UNIFESP (Ciro Barros,
Agência Pública, 15 de agosto de 2017) 875 ) 07
DESONROSO É AMEAÇAR, DIZ PM QUE FOI FILMADO BEIJANDO RAPAZ EM SP.
POLICIAL VIROU ALVO DE COMENTÁRIOS DE ÓDIO, FOI AMEAÇADO E AFASTADO DO
TRABALHO (Marlene Bergamo Pedro Diniz, Folha/Uol, 10 de julho de 2018) 12
PM RELATA ROTINA DE TENSÃO APÓS AMEAÇAS POR ‘SELINHO”: "É COMO S EEU
ESTIVESSE DE TORNOZELEIRA" (Janaina Garcia, Uol, 12 de julho de 2018) 14
PM AMEAÇADO APÓS BEIJAR HOMEM NO METRÔ DE SP RECEBE PROTEÇÃO POLICIAL
(Janaina Garcia, Uol, 13 de julho de 2018) 18
1117
SOLDADO QUE BEIJOU HOMEM NO METRÔ DE SP RECEBE SOLIDARIEDADE DE
POLICIAIS LGBT (Janaina Garcia, Uol, 13 de julho de 2018) 20
COMO A RIGIDEZ SOBRE DEMONSTRAÇÕES DE AFETO INFLUENCIA O TRABALHO DA
PM NAS RUAS? (Janaina Garcia e Luís Adorno, Uol, 13 de julho de 2018) 23
A FARDA DA ALMA (Programa Conexão Repórter, jornalista Roberto Cabrini, SBT, 09
de julho de 2018. Com Leandro Prior, soldado da PM de SP...) 27
GRUPOS REPUDIAM EDITAL DA PM-PR QUE EXIGE “MASCULINIDADE” DE
CANDIDATOS (Isabella Macedo, Congresso em Foco/Uol, 11 de agosto de 2018 671...
Ver na secção Forças armadas e questões de gênero... , do índice deste arquivo, as
matérias relacionadas com a matéria POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É ATACADO
POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO GOVERNADOR 07... Ver ainda, na secção
Eleições 2018..., deste arquivo, as matérias relacionadas à candidatura de Jair
Bolsonaro à presidência da República... ) 671
EDITAL nº 01-CADETE PMPR-2019. CONCURSO PÚBLICO DESTINADO AO
PREENCHIMENTO DE VAGAS NO CARGO DE CADETE POLICIAL MILITAR DA POLÍCIA
MILITAR DO ESTADO DO PARANÁ. ESTADO DO PARANÁ. POLÍCIA MILITAR. DIRETORIA
DE PESSOAL. CENTRO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO 674
GOVERNADORA DETERMINA CORREÇÃO DE EDITAL DE CONCURSO DA PM DO
PARANÁ QUE PREVIA CRITÉRIO DE “MASCULINIDADE” (Roger Pereira, Paraná
Portal/Uol, 13 de agosto de 2018) 674
EXIGÊNCIA DE “MASCULINIDADE" PARA PM É MONUMENTO À FRAGILIDADE DO
HOMEM (Matheus Pichonelli, Blog do Pichonelli/Uol, 15 de agosto de 2018) 675
ORDEM NAS FORÇAS ARMADAS É EXPURGAR LGBTS, DIZ CRIADOR DE ONG QUE
ATENDE VÍTIMAS DE HOMOFOBIA (Janaina Garcia, Uol, 18 de julho de 2018 141... Ver
EM VÍDEO, BOLSONARO FAZ GESTO DE ARMA EM MÃO DE CRIANÇA 146 ... APÓS
POLÊMICA, MAIS UMA CRIANÇA FAZ GESTO DE ARMA COM BOLSONARO 149 ... Ver,
no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA CASERNA.
INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA O
EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista Piaui/Uol,
edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do Exército, general
Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo o texto do
1118
jornalista... 78 ... Ver também A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA
DEMOCRACIA RACIAL 222) 141
EX-SARGENTO GAY RELATA PRESSÃO PARA DEIXAR EXÉRCITO: "VIADO NÃO PODE
ENVERGAR O VERDE-OLIVA" (Janaina Garcia, Uol, 21 de julho de 2018) 144
“JÁ TEVE ALGUM ENVOLVIMENTO COM HOMOSSEXUALISMO?” A TROPA DE ELITE
DA MARINHA QUER SABER (Tatiana Dias, The Intercept, 24 de Agosto de 2018) 688
VILLAS BÔAS HOMENAGEIA SOLDADOS MORTOS NO RIO E CRITICA FALTA DE
"EMPENHO" DO GOVERNO (Felipe Amorim, Uol, 24 de agosto de 2018 618... Ver
CLUBE MILITAR ATUA EM CAMPANHA ELEITORAL MESMO PROIBIDO POR ESTATUTO E
LEI 580 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR
NA CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E
EMPURRA O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor,
Revista Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante
do Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017,
segundo o texto do jornalista... 78) 618
REPRESSÃO ALÉM DA POLÍTICA. A DITADURA CONTRA OS GAYS: SER “DIFERENTE”
ERA AMEAÇA À SEGURANÇA NACIONAL (Gabriela Fujita, Uol, 12 de agosto de 2108...
Ver livro “Ditadura e Homossexualidades – Repressão, Resistência e a Busca da
Verdade”, Renan Quinalha James N. Green (organizadores), EdUFSCar, 2014... Ver, na
secção Livros e trabalhos acadêmicos sobre questões de gênero... há links para
download, deste arquivo: “Contra a moral e os bons costumes: a política sexual da
ditadura brasileira (1964-1988)”, Renan Honorio Quinalha, nstituto de Relações
Internacionais, USP, 2017. Orientadora: Rossana Rocha Reis. Tese de doutorado:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/101/101131/tde-20062017-182552/ptbr.php ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 2: “SOBREVIVI”,
DIZ VÍTIMA DE OPERAÇÃO DA POLÍCIA DE CAÇA A TRAVESTIS HÁ 31 ANOS 746 ) 677
“MEU LIVRO É SOBRE A DITADURA. JAMAIS PENSEI QUE SERIA CENSURADO”, DIZ
AUTOR DE “MENINOS SEM PÁTRIA”. COLÉGIO PARTICULAR DO RIO VETOU OBRA
APÓS PAIS RECLAMAREM DE DOUTRINAÇÃO COMUNISTA. “PAPEL DO PROFESSOR É
MOSTRAR CAMINHOS AOS ALUNOS, SEM FAZER JULGAMENTOS. NÃO CABE AOS
PAIS DETERMINAR O QUE DEVE SER LIDO. FATOS E HISTÓRIA SÃO INCONTESTÁVEIS”,
DIZ LUIZ PUNTEL (Breiller Pires, El País, 05 de outubro de 2018 936... Ver GENERAL
LIGADO A BOLSONARO FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE 1964 920...
O AUTORITARISMO, A CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA 930 ... Ver, no
1119
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: LEITURA NA ESCOLA: TERRITÓRIO
EM CONFLITO. LIVROS INFANTO-JUVENIS TAMBÉM SÃO VÍTIMAS DA ONDA
CONSERVADORA NO BRASIL (José Ruy Lozano) 262 ... O QUE SERIA DA LITERATURA
NUMA "ESCOLA SEM PARTIDO"? (José Ruy Lozano, professor e autor de livros
didáticos) 261 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PAIS
TENTAM BOICOTAR LIVRO SOBRE PRINCESAS AFRICANAS, MÃE RESISTE, E OBRA É
MANTIDA 123 ) 936
FOTO DE CASAL GAY SE BEIJANDO GERA POLÊMICA EM UM DOS PONTOS
TURÍSTICOS MAIS IMPORTANTES DO BRASIL (Glenn Greenwald, The Intercept Brasil,
30 de Julho de 2018 257... Ver PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS
CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES
260 … Ver, junto com matérias a ela associadas, POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É
ATACADO POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO GOVERNADOR 07 ) 257
PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST
IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES (Glenn Greenwald, The Intercept, July 30
2018) 260
JOVEM DIZ QUE FOI AGREDIDO EM SANTOS (SP) PARA "PARAR DE SER VEADO"
(Mirthyani Bezerra, Uol, 13 de julho de 2018 27... Ver também “É TRISTE QUE EU
TENHA QUE TOMAR ESSE CUIDADO”, DIZ TORCEDOR GAY QUE VAI À COPA DA RÚSSIA
SOBRE ALERTAS DE HOMOFOBIA 134 ) 27
“NO SAPATINHO”: A EVOLUÇÃO DAS MILÍCIAS NO RIO DE JANEIRO (2008-2011)
(Ignácio Cano e Thais Duarte, coordenadores, Kryssia Ettel e Fernanda Novaes Cruz,
pesquisadoras, Rio de Janeiro, Fundação Heinrich Böll, 2012) 219
SOLIMÕES ABENÇOA FOTOS DO FILHO AO LADO DO NAMORADO E CONQUISTA
MAIS FÃS (Uol, 03 de julho de 2018) 151
REINO UNIDO PROIBIRÁ AS PSEUDOTERAPIAS QUE AFIRMAM “CURAR” A
HOMOSSEXUALIDADE. SOMENTE TRÊS PAÍSES, BRASIL, EQUADOR E MALTA, TÊM LEIS
QUE PROÍBEM EXPRESSAMENTE ESTE TIPO DE PRÁTICAS (María R. Sahuquillo, El País,
03 de julho de 2018) 118
1120
“CURA GAY”: REINO UNIDO PROÍBE; NO BRASIL, MPF QUER LIBERAR
(Justificando/Carta Capital, 05 de julho de 2018 120... Ver “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114) 120
SUÍÇA INVESTIGA MÉDICO FRANCÊS QUE DIZ CURAR HOMOSSEXUALIDADE (RFI
reproduzida pelo Uol Universa, 15 de agosto de 2018) 686
“HÁ LOBBY PARA DAR PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE
CONTRARIA O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (Rafael Barifouse, BBC News Brasil,
11 de julho de 2018 113/114... Ver OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS
TRANSGÊNEROS PARA SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL 247
... REACIONÁRIOS CONSEGUIRAM PAUTAR AS REDES SOCIAIS COM UMA FALSA
POLÊMICA NA ÚLTIMA SEMANA 226 ... Ver CONHEÇA 4 CIENTISTAS LGBT QUE
REVOLUCIONARAM O MUNDO. O QUE NOMES COMO ALAN TURING, FLORENCE
NIGHTINGALE, ALAN HART E FRANCIS BACON TÊM EM COMUM? TODOS
REVOLUCIONARAM A CIÊNCIA MUNDIAL, SALVARAM MILHÕES DE VIDAS, MAS
SOFRERAM COM A INTOLERÂNCIA E PRECONCEITO POR SUAS OPÇÕES SEXUAIS 123
... Ver também “CURA GAY”: REINO UNIDO PROÍBE; NO BRASIL, MPF QUER LIBERAR
120 ... BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE
NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EX-PARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA
PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO MUNDO AFIRMA QUE A
COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS DIREITOS 108... REINO
UNIDO PROIBIRÁ AS PSEUDOTERAPIAS QUE AFIRMAM “CURAR” A
HOMOSSEXUALIDADE. SOMENTE TRÊS PAÍSES, BRASIL, EQUADOR E MALTA, TÊM LEIS
QUE PROÍBEM EXPRESSAMENTE ESTE TIPO DE PRÁTICAS 118) 113/114
UMA AVALIAÇÃO SOBRE A BUSCA DE DIREITOS LGBT PELO MUNDO (André Cabette
Fábio, Nexo Jornal 03 de julho de 2018... Entrevista com Boris Dittrich, da Human
Rights Watch) 104
BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE
NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EX-PARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA
PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO MUNDO AFIRMA QUE A
COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS DIREITOS (Joana
Oliveira , El País, 18 de julho de 2018 108... Ver também “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114 ) 108
1121
GOVERNO ALEMÃO ABRE CAMINHO PARA REGISTRO DE TERCEIRO GÊNERO PROJETO
DE LEI PREVÊ QUE PAIS DE CRIANÇAS INTERSEXUAIS POSSAM ASSINALAR A OPÇÃO
“DIVERSO”, ALÉM DE MASCULINO E FEMININO, AO REGISTRAR NASCIMENTO.
PROPOSTA SEGUE DETERMINAÇÃO DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL (Deutsche Welle,
15 de agosto de 2018) 769
OPINIÃO: RECONHECER "INTERSEXO" É APENAS UM PRIMEIRO PASSO. ALÉM DE
"MASCULINO" OU "FEMININO", DOCUMENTOS ALEMÃES INCLUEM AGORA O GÊNERO
"DIVERSO". UM AVANÇO, MAS AINDA HÁ MUITO A FAZER PELA PROTEÇÃO E
RECONHECIMENTO DOS INTERSEXUAIS, OPINA JORNALISTA PACINTHE MATTAR
(Pacinthe Mattar, Deutsche Welle, 17 de agosto de 2018) 775
O QUE MUDA NA ALEMANHA COM A LEI QUE CRIA O “TERCEIRO GÊNERO”, PARA
PROTEGER PESSOAS INTERSEXUAIS [Gabriel Bonis, BBC News Brasil, 25 de agosto de
2018 771... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: SOU
INTERSEXUAL, NÃO HERMAFRODITA. AS PESSOAS QUE NÃO SE ENCAIXAM NA
ATRIBUIÇÃO TRADICIONAL DO SEXO PEDEM MAIOR VISIBILIDADE, SEM CLICHÊS OU
DESINFORMAÇÃO (Barbara Ayuso, El País, 17 de setembro de 2016) 851/852 ...
HOLANDA INCLUI GÊNERO NEUTRO NO REGISTRO CIVIL. UMA PESSOA INTERSEXUAL
REGISTRADA COMO HOMEM, QUE DEPOIS SE IDENTIFICOU COMO MULHER,
SOLICITOU A CRIAÇÃO DE UMA TERCEIRA OPÇÃO NA DOCUMENTAÇÃO OFICIAL (Isabel
Ferrer, El País, 28 de maio de 2018) 831 ] 771
CUBA ELIMINA A PALAVRA “COMUNISMO” NO ANTEPROJETO DE REFORMA
CONSTITUCIONAL O NOVO TEXTO SÓ MENCIONA O “SOCIALISMO” E SUPRIME O
OBJETIVO DO “AVANÇO RUMO À SOCIEDADE COMUNISTA”, QUE FIGURA NA ATUAL
CONSTITUIÇÃO DE 1976 (Pablo de Llano, El País, 21 de julho de 2018) 139
CUBA REFORMA CONSTITUIÇÃO PARA REVERTER DÉCADAS DE HOMOFOBIA.
PROJETO DE REFORMA APROVADO NA ASSEMBLEIA NACIONAL REDEFINE O
CASAMENTO COMO A “UNIÃO ENTRE DUAS PESSOAS” (Pablo de LLano, El País, 23 de
julho de 2018) 213
OPINIÃO: CASAMENTO GAY EM CUBA, UMA DÍVIDA ADIADA. OS PRECONCEITOS
QUE ALIMENTARAM POR DÉCADAS A HOMOFOBIA NA ILHA SEGUEM VIVOS E
PODEM ATRASAR A APROVAÇÃO DAS UNIÕES ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO,
OPINA O DRAMATURGO ABEL GONZÁLEZ (Abel González Melo, Deutsche Welle, 26 de
julho de 2018) 248
1122
COMANDO ENVELHECIDO FRAGILIZA ENTIDADES PATRONAIS EM TODO O PAÍS.
LEVANTAMENTO DA FOLHA MOSTRA UM SISTEMA MARCADO POR BAIXA
ROTATIVIDADE E FALTA DE DIVERSIDADE (Raquel Landim, Folha/Uol, 15 de julho de
2018) 153
PELA PRIMEIRA VEZ, NAVIO-ESCOLA DA MARINHA TERÁ MULHERES EM VIAGEM DE
INSTRUÇÃO. DOS 208 FUTUROS OFICIAIS DA FORÇA NAVAL A BORDO DA
EMBARCAÇÃO, 12 SÃO MULHERES (Mônica Bergamo, Folha/Uol, 17 de julho de 2018)
151
COTA DE GÊNERO NÃO CONTRIBUI PARA AUMENTAR A REPRESENTAÇÃO FEMININA.
OS PARTIDOS, DENTRO DE SUA AUTONOMIA, TÊM SUAS ESTRATÉGIAS ELEITORAIS
(Eliana Passarelli, Folha/Uol, 16 de julho de 2018) 152
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR NÍVEL EM QUASE DUAS DÉCADAS EM
SP (Marcella Lourenzetto, Jornal da Manhã - Jovem Pan/Uol, 11 de agosto de 2018...
De acordo com a matéria, os resultados foram conseguidos a partir de conhecimento,
discussão, conversas com adolescentes sobre suas questões, sexualidade... Ou seja,
penso eu, o oposto do que propõem igrejas e Escola Sem Partido... Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: POPE FRANCIS SUGGESTS DONALD TRUMP
IS "NOT A CHRISTIAN" (Jim Yardley, The New York Times, 18 de fevereiro de 2016...
Papa Francisco afirma posição de sua igreja, contrária a métodos contraceptivos,
fevereiro de 2016) 274) 453
CASOS DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA ATINGEM MENOR NÍVEL DA HISTÓRIA EM SP.
INCIDÊNCIA CAIU 50% NOS ÚLTIMOS 20 ANOS (Mônica Bergamo, Folha/Uol, 10 de
agosto de 2018) 454
SUS GASTA R$ 500 MILHÕES COM COMPLICAÇÕES POR ABORTO EM UMA DÉCADA.
DE 2008 A 2017, SUS GASTOU R$ 486 MI COM INTERNAÇÕES PARA ESSES
TRATAMENTOS (Cláudia Collucci e Flávia Faria, Folha/Uol, 29 de julho de 2018) 236
1123
DESIGUALDADE PELA RENDA E COR DA PELE É EXPOSTA EM ABORTOS DE RISCOS NO
PAÍS. TÉCNICAS CASEIRAS E PERIGOSAS SÃO USADAS EM ESPECIAL POR PRETAS,
PARDAS E POBRES (Cláudia Collucci e Júlia Barbon, Folha/Uol, 29 de julho de 2018)
241
TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE AS REGRAS ATUAIS DO ABORTO NO PAÍS E O QUE PODE
MUDAR. SUPREMO AVALIARÁ A DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO PARA GESTAÇÕES
DE ATÉ 12 SEMANAS (Flávia Faria, Folha/Uol, 29 de julho de 2018... O Supremo
Tribunal Federal é composto, em julho de 2018, por 9 homens e 2 mulheres...) 245
STF DÁ INÍCIO NA SEXTA A AUDIÊNCIAS SOBRE ABORTO; VEJA QUEM FALARÁ NA
CORTE (Felipe Amorim, Uol, 30 de julho de 2018 372... Ver também ARGÜIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 442 DISTRITO FEDERAL. RELATORA :
MIN. ROSA WEBER. REQTE.(S) :PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE (P-SOL).
Audiência Pública Convocada para Discutir Aspectos Interpretativos dos arts. 124 e 126
do Decreto-lei nº 2.848/1940 (Código Penal). Decisão com a Relação dos Inscritos
Habilitados, Data, Ordem dos Trabalhos e Metodologia 381 ... SEM DATA PARA
VOTAÇÃO, STF ENCERRA DEBATE SOBRE DESCRIMINALIZAR ABORTO 415 ) 372
ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 442 DISTRITO
FEDERAL. RELATORA : MIN. ROSA WEBER. REQTE.(S) :PARTIDO SOCIALISMO E
LIBERDADE (P-SOL). Audiência Pública Convocada para Discutir Aspectos
Interpretativos dos arts. 124 e 126 do Decreto-lei nº 2.848/1940 (Código Penal).
Decisão com a Relação dos Inscritos Habilitados, Data, Ordem dos Trabalhos e
Metodologia 381
ABORTO JÁ. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL FARÁ BEM SE DECLARAR
INCONSTITUCIONAL A PROIBIÇÃO DA PRÁTICA (Hélio Schwartsman, Folha/Uol, 01 de
agosto de 2018 343... Ver SENADO DA ARGENTINA REJEITA, POR 38 VOTOS A 31,
LEGALIZAÇÃO DO ABORTO; DECEPÇÃO É MAIOR AQUI, ONDE O PROCEDIMENTO
INSTITUCIONAL É DESONESTO 320 ... AO AFIRMAR QUE STF NÃO DEVE DISCUTIR
ABORTO, RELIGIOSOS RASGAM CONSTITUIÇÃO 395 ... ) 343
ONG INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DEFENDE DESCRIMINALIZAÇÃO DO
ABORTO (Daniel Buarque, Blog Brasilianismo/Uol, 01 de agosto de 2018) 344
VAMOS DEIXAR O ÓDIO DE FORA NO DEBATE SOBRE O ABORTO. EM ENTREVISTA, A
PESQUISADORA DEBORA DINIZ EXPLICA POR QUE A CRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO É
INCONSTITUCIONAL E COMENTA AS AMEAÇAS QUE A LEVARAM AO PROGRAMA DE
PROTEÇÃO AOS DEFENSORES DE DIREITOS HUMANOS (Andrea Dip, Agência Pública,
02 de agosto de 2018... A antropóloga traz muitas informações sobre aborto no
1124
Brasil... Débora Diniz é grande defensora de que a questão seja debatida com o
suporte de conhecimentos científicos, acadêmicos, de qualidade, produzidos por
pesquisadores reconhecidos em suas áreas, com trabalhos submetidos a revistas,
congressos... Ver sua intervenção na audiência no STF em 03 de agosto de 2018:
https://www.youtube.com/watch?v=3dB5SSRCO1M ...
https://www.youtube.com/watch?v=gO8TgXCKydU 345... Ver SOBRE O ABORTO NO
BRASIL. O BRASIL IGNORA AS EXPERIÊNCIAS DA EUROPA, ONDE O NÚMERO DE
ABORTOS CAIU COM A DESPENALIZAÇÃO. AGARRA-SE AO CONSERVADORISMO DA
AMÉRICA LATINA, QUE MANTÉM A REGIÃO ATRASADA. A LEI PUNE, QUASE SEMPRE,
AS MAIS POBRES 420/421 ... DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS TÊM CINCO ANOS DE
QUEDA EM PORTUGAL PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS ABORTARAM EM 2016,
LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM 2007 434/435 ... DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO
NÃO DEU CERTO, DIZ PESQUISADOR MEXICANO 778) 345
O ÓDIO QUE NOS CEGA (Marina Amaral, Agência Pública, Ed. #75, 03 agosto de 2018,
newsletter 352... Ver SUS GASTA R$ 500 MILHÕES COM COMPLICAÇÕES POR ABORTO
EM UMA DÉCADA. DE 2008 A 2017, SUS GASTOU R$ 486 MI COM INTERNAÇÕES PARA
ESSES TRATAMENTOS 236 ... DESIGUALDADE PELA RENDA E COR DA PELE É EXPOSTA
EM ABORTOS DE RISCOS NO PAÍS. TÉCNICAS CASEIRAS E PERIGOSAS SÃO USADAS EM
ESPECIAL POR PRETAS, PARDAS E POBRES 241 ... SOBRE O ABORTO NO BRASIL. O
BRASIL IGNORA AS EXPERIÊNCIAS DA EUROPA, ONDE O NÚMERO DE ABORTOS CAIU
COM A DESPENALIZAÇÃO. AGARRA-SE AO CONSERVADORISMO DA AMÉRICA LATINA,
QUE MANTÉM A REGIÃO ATRASADA. A LEI PUNE, QUASE SEMPRE, AS MAIS POBRES
420/421 ... DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS TÊM CINCO ANOS DE QUEDA EM
PORTUGAL PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS ABORTARAM EM 2016, LEGALIZOU
INTERRUPÇÃO EM 2007 434/435 ... BRASILEIRAS PROCURAM ABORTOS SEGUROS
NOS POUCOS PAÍSES DA AMÉRICA LATINA ONDE PRÁTICA É LEGAL 428 ...
ABORTO E RELIGIÃO. CONHEÇA OS FIÉIS QUE DEFENDEM O DIREITO DA MULHER
INTERROMPER UMA GRAVIDEZ NO BRASIL 380 ) 352
DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO: QUEM SÃO OS GRUPOS QUE TENTARÃO
INFLUENCIAR DECISÃO DO STF (Nathalia Passarinho, BBC News Brasil, 03 de agosto de
2018... A matéria apresenta também argumentos dos grupos... 353... Ver ABORTO E
RELIGIÃO. CONHEÇA OS FIÉIS QUE DEFENDEM O DIREITO DA MULHER INTERROMPER
UMA GRAVIDEZ NO BRASIL 380) 353
É CONSTRANGEDOR NÃO DEFENDER ABORTO LEGAL E SEGURO EM AUDIÊNCIA NO
STF (Maria Carolina Trevisan, Blog de Maria Carolina Trevisan/Uol Universa, 03 de
agosto de 2018... Texto com informações, link para pesquisa... Não fiz isso aqui, mas é
interessante verificar se os números relativos a abortos, internações etc são os
mesmos, de uma matéria para outra... se as fontes são citadas e quais são... 362... Ver
1125
SOBRE O ABORTO NO BRASIL. O BRASIL IGNORA AS EXPERIÊNCIAS DA EUROPA, ONDE
O NÚMERO DE ABORTOS CAIU COM A DESPENALIZAÇÃO. AGARRA-SE AO
CONSERVADORISMO DA AMÉRICA LATINA, QUE MANTÉM A REGIÃO ATRASADA. A LEI
PUNE, QUASE SEMPRE, AS MAIS POBRES 420/421 ... DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS
TÊM CINCO ANOS DE QUEDA EM PORTUGAL PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS
ABORTARAM EM 2016, LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM 2007 434/435 ...
DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO NÃO DEU CERTO, DIZ PESQUISADOR MEXICANO
778 ... BRASILEIRAS PROCURAM ABORTOS SEGUROS NOS POUCOS PAÍSES DA AMÉRICA
LATINA ONDE PRÁTICA É LEGAL 428 ) 362
JUSTIÇA MANTÉM PENA DE 20 MULHERES QUE RESPONDEM POR ABORTO EM SÃO
PAULO (Marcos Candido, Uol Universa, 03 de agosto de 2018 365... Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, A MULHER DENUNCIADA POR MÉDICA
DE PLANTÃO E PROCESSADA POR ABORTO: “FUI INTERROGADA ENQUANTO
SANGRAVA" , Nathalia Passarinho, da BBC News Brasil em Londres, 08 junho 2018...
matéria que traz posição do Conselho Federal de Medicina a respeito da exigência
ética de sigilo médico... 895 ) 365
“EXISTEM FUNDAMENTOS LEGAIS PARA QUE O SUPREMO LEGALIZE O ABORTO NO
BRASIL” (Felipe Betim entrevista advogado Sebástian Rodriguez, do Center for
Reproductive Rights, El País, 03 e agosto de 2018 366... ... AO AFIRMAR QUE STF NÃO
DEVE DISCUTIR ABORTO, RELIGIOSOS RASGAM CONSTITUIÇÃO 395 ) 366
COM MAIORIA MULHER E CIENTISTAS, POUCOS MINISTROS VÃO A DEBATE SOBRE
ABORTO (Marcos Candido, Uol Universa, 03 de agosto de 2018... Informações sobre
participantes da audiência, e um gráfico interessante sobre origem das argumentações
pró e contra descriminalização do aborto...) 369
DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO DIVIDE ESPECIALISTAS EM AUDIÊNCIA NO STF
(Carolina Gonçalves, Agência Brasil reproduzida pelo Uol Universa, 03 de agosto de
2018... Matéria destaca algumas das apresentações: a favor, Débora Diniz, Melania
Amorim; contra, Rafael Câmara e Lenise Garcia 377... Ver também ARGÜIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 442 DISTRITO FEDERAL. RELATORA :
MIN. ROSA WEBER. REQTE.(S) :PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE (P-SOL).
Audiência Pública Convocada para Discutir Aspectos Interpretativos dos arts. 124 e 126
do Decreto-lei nº 2.848/1940 (Código Penal). Decisão com a Relação dos Inscritos
Habilitados, Data, Ordem dos Trabalhos e Metodologia 381) 377
ABORTO E RELIGIÃO. CONHEÇA OS FIÉIS QUE DEFENDEM O DIREITO DA MULHER
INTERROMPER UMA GRAVIDEZ NO BRASIL (Amanda Serra, Uol Universa, 02 de agosto
de 2018 380... Ver "JAMAIS ACHEI QUE DEBATERÍAMOS ABORTO 45 ANOS APÓS
1126
CONQUISTA” , DIZ ADVOGADA. SARAH WEDDINGTON DEFENDEU DIREITO DE
INTERROMPER GRAVIDEZ EM CASO QUE LEGALIZOU ABORTO NOS EUA 386 ...
DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO NÃO DEU CERTO, DIZ PESQUISADOR MEXICANO
778) 380
CITADO NO STF, ABORTO NOS EUA TEVE JULGAMENTO HISTÓRICO E REVIRAVOLTA.
PROTAGONISTA MUDOU DE POSIÇÃO APÓS DECISÃO E MORREU SEM SER
REVERENCIADA (Angela Pinho, Folha/Uol, 05 de agosto de 2018 384... Ver "JAMAIS
ACHEI QUE DEBATERÍAMOS ABORTO 45 ANOS APÓS CONQUISTA” , DIZ ADVOGADA.
SARAH WEDDINGTON DEFENDEU DIREITO DE INTERROMPER GRAVIDEZ EM CASO QUE
LEGALIZOU ABORTO NOS EUA 386 ) 384
"JAMAIS ACHEI QUE DEBATERÍAMOS ABORTO 45 ANOS APÓS CONQUISTA” , DIZ
ADVOGADA. SARAH WEDDINGTON DEFENDEU DIREITO DE INTERROMPER GRAVIDEZ
EM CASO QUE LEGALIZOU ABORTO NOS EUA (Júlia Zaremba, Folha/Uol, 13 de agosto
de 2018 386... Ver POR QUE O DEBATE SOBRE DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO NÃO
AVANÇA NO BRASIL? 423) 386
UM CANDIDATO QUE IGNORE A QUESTÃO DO ABORTO NÃO PODE SER LEVADO À
SÉRIO. RECONHECER QUE O ABORTO É UM FATO DA VIDA REPRODUTIVA DAS
MULHERES NÃO SIGNIFICA SER CONTRA OU A FAVOR DO ABORTO, OU CONTRA OU
A FAVOR DAS RELIGIÕES (Debora Diniz, El Pais, 06 de agosto de 2018 391... Ver
SOBRE O ABORTO NO BRASIL. O BRASIL IGNORA AS EXPERIÊNCIAS DA EUROPA, ONDE
O NÚMERO DE ABORTOS CAIU COM A DESPENALIZAÇÃO. AGARRA-SE AO
CONSERVADORISMO DA AMÉRICA LATINA, QUE MANTÉM A REGIÃO ATRASADA. A LEI
PUNE, QUASE SEMPRE, AS MAIS POBRES 420/421 ... DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS
TÊM CINCO ANOS DE QUEDA EM PORTUGAL PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS
ABORTARAM EM 2016, LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM 2007 434/435 ... Ver
BRASILEIRAS PROCURAM ABORTOS SEGUROS NOS POUCOS PAÍSES DA AMÉRICA
LATINA ONDE PRÁTICA É LEGAL 428 ... GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR
NÍVEL EM QUASE DUAS DÉCADAS EM SP 453 ) 391
JANAÍNA PASCHOAL: “REALIZAR O ABORTO É COMO FAZER PARTE DO TRÁFICO"
(Talyta Vespa, Uol Universa, 06 de agosto de 2018... A advogada que defendeu no
Congresso o impeachment de Dilma Roussef... 392... Ver DESCRIMINALIZADOS,
ABORTOS TÊM CINCO ANOS DE QUEDA EM PORTUGAL PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS
ABORTARAM EM 2016, LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM 2007 434/435 ... EM ATRITO
COM MACRI, PAPA FRANCISCO SE ENGAJA EM DEBATE SOBRE ABORTO. IGREJA ELEVA
CRÍTICAS AO PROJETO DE LEI QUE DESCRIMINALIZA PRÁTICA NA ARGENTINA 298...
Ver SIMONE VEIL, ÍCONE PRÓ-ABORTO NA FRANÇA, ENTRA PARA O PANTEÃO DE PARIS
195 ... Ver JANAÍNA PASCHOAL É A DEPUTADA MAIS VOTADA NA HISTÓRIA DO PAÍS.
1127
CANDIDATA DO PSL OBTEVE MAIS DE 2 MILHÕES DE VOTOS NA DISPUTA PARA O
LEGISLATIVO ESTADUAL. NÚMERO SUPERA EDUARDO BOLSONARO, ATUAL
RECORDISTA PARA A VAGA NA CÂMARA DOS DEPUTADOS 918 ... Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, "VIVEMOS UMA EPIDEMIA SOCIAL DE
ABANDONO PATERNO", DIZ PROMOTOR 406... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero
e Escola Sem Partido 2: DESTRUIÇÃO DA FAMÍLIA? 596) 392
AO AFIRMAR QUE STF NÃO DEVE DISCUTIR ABORTO, RELIGIOSOS RASGAM
CONSTITUIÇÃO (Eloísa Machado, Blog do Sakamoto/Uol, 06 de agosto de 2018 395...
Ver SOBRE O ABORTO NO BRASIL. O BRASIL IGNORA AS EXPERIÊNCIAS DA EUROPA,
ONDE O NÚMERO DE ABORTOS CAIU COM A DESPENALIZAÇÃO. AGARRA-SE AO
CONSERVADORISMO DA AMÉRICA LATINA, QUE MANTÉM A REGIÃO ATRASADA. A LEI
PUNE, QUASE SEMPRE, AS MAIS POBRES 420/421 ... DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS
TÊM CINCO ANOS DE QUEDA EM PORTUGAL PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS
ABORTARAM EM 2016, LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM 2007 434/435 ... GRAVIDEZ NA
ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR NÍVEL EM QUASE DUAS DÉCADAS EM SP 453 ) 395
EMBATE ENTRE RELIGIOSOS MARCA DEBATE SOBRE ABORTO NO STF (Marcos Candido,
Uol Universa, 06 de agosto de 2018) 397
STF RETOMA AUDIÊNCIA SOBRE ABORTO, E CNBB ACUSA A CORTE DE ATIVISMO.
PARA PADRE, DISCUSSÃO É 'TEATRO ARMADO' PARA LEGITIMAR PROCESSO
(Reynaldo Turollo Jr., Folha/Uol, 06 de agosto de 2018 401... Ver AO AFIRMAR QUE
STF NÃO DEVE DISCUTIR ABORTO, RELIGIOSOS RASGAM CONSTITUIÇÃO 395 ) 401
NA FRENTE DO STF, PAI NOSSO PARA CALAR MANIFESTANTES PRÓ-ABORTO (Amanda
Audi, The Intercept Brasil, 06 de agosto de 2018) 405
QUAIS OS PRÓXIMOS PASSOS NA DISPUTA SOBRE O ABORTO NO STF (Nathalia
Passarinho, BBC News, 06 de agosto de 2018... A matéria traz histórico da ação e
apresenta posicionamentos anteriores dos ministros sobre questões relativas a
aborto...) 407
SEM DATA PARA VOTAÇÃO, STF ENCERRA DEBATE SOBRE DESCRIMINALIZAR
ABORTO (Agência Brasil reproduzida pelo Uol Universa, 07 de agosto de 2018) 415
PRÓ E CONTRA: O DEBATE SOBRE O ABORTO NO STF. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
OUVIU SOCIEDADE CIVIL APÓS PEDIDO DO PSOL PARA DESCRIMINALIZAR ABORTO
NO PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO. CASO AINDA NÃO TEM DATA PARA
JULGAMENTO. ENTENDA ARGUMENTOS DOS DOIS LADOS (Renate Krieger, Deutsche
Welle, 07 de agosto de 2018. Um apanhado geral das audiências e ainda sobre a
1128
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 181/15, que proibiria, na prática, mesmo
casos de aborto considerados, hoje, legais... ) 416
SOBRE O ABORTO NO BRASIL. O BRASIL IGNORA AS EXPERIÊNCIAS DA EUROPA,
ONDE O NÚMERO DE ABORTOS CAIU COM A DESPENALIZAÇÃO. AGARRA-SE AO
CONSERVADORISMO DA AMÉRICA LATINA, QUE MANTÉM A REGIÃO ATRASADA. A
LEI PUNE, QUASE SEMPRE, AS MAIS POBRES (Philipp Lichterbeck, Deutsche Welle, 08
de agosto de 2018 420/421... Ver DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS TÊM CINCO ANOS
DE QUEDA EM PORTUGAL PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS ABORTARAM EM 2016,
LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM 2007 434/435 ... Ver BRASILEIRAS PROCURAM
ABORTOS SEGUROS NOS POUCOS PAÍSES DA AMÉRICA LATINA ONDE PRÁTICA É LEGAL
428 ... GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR NÍVEL EM QUASE DUAS DÉCADAS
EM SP 453 ) 420/421
POR QUE O DEBATE SOBRE DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO NÃO AVANÇA NO
BRASIL? (Uol Universa reproduz RFI, 08 de agosto de 2018 423... Ver "JAMAIS ACHEI
QUE DEBATERÍAMOS ABORTO 45 ANOS APÓS CONQUISTA” , DIZ ADVOGADA. SARAH
WEDDINGTON DEFENDEU DIREITO DE INTERROMPER GRAVIDEZ EM CASO QUE
LEGALIZOU ABORTO NOS EUA 386) 423
A DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO DEVE SER PENSADA COMO POLÍTICA PÚBLICA,
NÃO DISCUSSÃO RELIGIOSA (Cláudio Ferraz, Nexo Jornal, 09 de agosto de 2018 427...
Ver BRASILEIRAS PROCURAM ABORTOS SEGUROS NOS POUCOS PAÍSES DA AMÉRICA
LATINA ONDE PRÁTICA É LEGAL 428 ... DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS TÊM CINCO
ANOS DE QUEDA EM PORTUGAL PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS ABORTARAM EM 2016,
LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM 2007 434/435 ... GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA CAI AO
MENOR NÍVEL EM QUASE DUAS DÉCADAS EM SP 453 ... DESCRIMINALIZAÇÃO DO
ABORTO NÃO DEU CERTO, DIZ PESQUISADOR MEXICANO 778) 427
BRASILEIRAS PROCURAM ABORTOS SEGUROS NOS POUCOS PAÍSES DA AMÉRICA
LATINA ONDE PRÁTICA É LEGAL (Nathalia Passarinho, BBC News Brasil, 10 de agosto
de 2018... A matéria traz informações sobre legislação na AL e também sobre estudos
a respeito dos índices de aborto em países nos quais houve descriminalização...
428... DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS TÊM CINCO ANOS DE QUEDA EM PORTUGAL
PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS ABORTARAM EM 2016, LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM
2007 434/435 ... GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR NÍVEL EM QUASE
DUAS DÉCADAS EM SP 453 ) 428
DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS TÊM CINCO ANOS DE QUEDA EM PORTUGAL PAÍS,
ONDE 379 BRASILEIRAS ABORTARAM EM 2016, LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM 2007
(Giuliana Miranda, Folha/Uol, 12 de agosto de 2018 434/435... Ver
1129
DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO NÃO DEU CERTO, DIZ PESQUISADOR MEXICANO
778) 434/435
POR DENTRO DE UMA CLÍNICA DE ABORTO NOS EUA (Valeria Perasso, Serviço
Mundial da BBC reproduzido por BBC Brasil, 12 de agosto de 2018... Informações
também sobre legislação federal e de estados, sobre desigualdade social e aborto...
sobre ações de grupos religiosos...) 438
INSTITUTO DE ADVOGADOS VÊ ABORTO COMO ASSASSINATO E ENVIA CARTA AO
SUPREMO. “NINGUÉM TEM LIBERDADE PARA MATAR, MESMO QUE SEJA A MÃE DO
EMBRIÃO VIVO” DIZ TEXTO (Folha/Uol, Rogério Gentile, 22 de agosto de 2018 450...
Ver INSTITUTO DE ADVOGADOS RETIRA DO STF DOCUMENTO QUE RELACIONAVA
ABORTO A ASSASSINATO. ENTIDADE DIZ QUE PARECER ENVIADO AO STF NÃO
ENCONTRA RESPALDO ENTRE MEMBROS 780 ) 450
INSTITUTO DE ADVOGADOS RETIRA DO STF DOCUMENTO QUE RELACIONAVA ABORTO
A ASSASSINATO. ENTIDADE DIZ QUE PARECER ENVIADO AO STF NÃO ENCONTRA
RESPALDO ENTRE MEMBROS (Rogério Gentile, Folha/Uol, 30 de agosto de 2018) 780
MAIORIA DOS BRASILEIROS SEGUE CONTRÁRIA À LEGALIZAÇÃO DO ABORTO, MOSTRA
DATAFOLHA. MAS ÍNDICE DOS FAVORÁVEIS À MANUTENÇÃO DAS ATUAIS REGRAS
RECUOU DE 67% PARA 59% (Folha/Uol, 22 de agosto de 2018) 463/464
CULTOS, ALERTAS E CHAMADOS MOVEM A “BANCADA DA BÍBLIA” NO CONGRESSO
(Renata Agostini, Paulo Oliveira, Estadão reproduzido pelo Uol, 12 de agosto de 2018)
649
UM MILHÃO DE MULHERES CONTRA BOLSONARO: A REJEIÇÃO TOMA FORMA NAS
REDES. GRUPO NO FACEBOOK CONSEGUE 10.000 NOVOS PEDIDOS DE PARTICIPAÇÃO
POR MINUTO DE ELEITORAS INDIGNADAS ELAS QUEREM, AGORA, LEVAR A
INSATISFAÇÃO PARA AS RUAS (Joana Oliveira, El País, 12 de setembro de 2018) 824
ABORTO MASCULINO: POR QUE ESSA EXPRESSÃO TEM GANHADO FORÇA NAS REDES?
(Camila Brandalise, Uol Universa, 23 de agosto de 2018 466... Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: "VIVEMOS UMA EPIDEMIA SOCIAL DE
ABANDONO PATERNO", DIZ PROMOTOR 406... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero
e Escola Sem Partido 2: DESTRUIÇÃO DA FAMÍLIA? 596) 466
ABORTO, QUESTÃO-CHAVE NA INDICAÇÃO DE TRUMP PARA O SUPREMO DOS EUA.
PRESIDENTE NORTE-AMERICANO PREVÊ ANUNCIAR NA NOITE DESTA SEGUNDA SEU
1130
ESCOLHIDO PARA A VAGA DE KENNEDY. NOME PODE CRIAR NOVO BALANÇO
CONSERVADOR NO TRIBUNAL (Joan Faus, El País, julho de 2018) 184
DONALD TRUMP CONSOLIDA GUINADA CONSERVADORA NA SUPREMA CORTE. O
PRESIDENTE REFORÇA O GIRO PARA A DIREITA DO TRIBUNAL SUPERIOR COM A
NOMEAÇÃO DE BRETT KAVANAUGH, O SEGUNDO EM UM ANO E MEIO (Amanda Mars,
El País, 09 de julho de 2018) 186
ESCOLHA DE KAVANAUGH GERA PROTESTOS EM FRENTE À SUPREMA CORTE DOS EUA
(Uol, 10 de julho de 2018) 188
BRETT KAVANAUGH, ALGOZ DO IMPEACHMENT DE CLINTON E O ESCOLHIDO POR
TRUMP PARA A SUPREMA CORTE. INDICADO PARA A VAGA DE ANTHONY KENNEDY
TEM ESTREITAS RELAÇÕES COM O MUNDO CONSERVADOR, MAS ALGUNS
REPUBLICANOS O CONSIDERARAM MODERADO DEMAIS (Joan Faus, El País, 10 de julho
de 2018) 189
ARGENTINA: DO “NENHUMA A MENOS” À LEGALIZAÇÃO DO ABORTO. EM
ENTREVISTA, DUAS ATIVISTAS DO MOVIMENTO DE MULHERES EXPLICAM COMO
MOBILIZARAM A OPINIÃO PÚBLICA DO PAÍS VIZINHO E CONTAM O QUE ESTÃO
FAZENDO PARA BUSCAR A APROVAÇÃO DO ABORTO SEGURO NO SENADO NO
PRÓXIMO DIA 8 (Andrea Dip, Agência Pública, 10 de julho de 2018) 190
EM ATRITO COM MACRI, PAPA FRANCISCO SE ENGAJA EM DEBATE SOBRE ABORTO.
IGREJA ELEVA CRÍTICAS AO PROJETO DE LEI QUE DESCRIMINALIZA PRÁTICA NA
ARGENTINA (Sylvia Colombo, Folha/Uol, 01 de agosto de 2018 298... Ver SIMONE
VEIL, ÍCONE PRÓ-ABORTO NA FRANÇA, ENTRA PARA O PANTEÃO DE PARIS 195 ) 298
DEBATE SOBRE ABORTO LEGAL NA ARGENTINA ENTRA NA RETA FINAL SOB PRESSÃO
DE CONSERVADORES. MOBILIZAÇÕES AUMENTAM PARA TENTAR IMPEDIR QUE EM 8
DE AGOSTO O SENADO TORNE LEI O PROJETO DE INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ
APROVADO PELA CÂMARA (Mar Centenera, El País, 01 de agosto de 2018) 299
MARTA DILLON: “UMA MULHER MORRER POR ABORTO ILEGAL É FEMINICÍDIO DE
ESTADO” (Olavo Barros, Ponte Jornalismo, 30 de julho de 2018) 303
O QUE ESTÁ EM JOGO NA DISCUSSÃO SOBRE O ABORTO NA ARGENTINA, VOTADO
PELO SENADO NESTA QUARTA (BBC Brasil, 07 de agosto de 2018, reportagem
Veronica Smink, da BBC News Mundo em Buenos Aires... A matéria traz informações
1131
sobre mudanças na legislação argentina, estatísticas sobre aborto naquele país, sobre
legislação em outros países...) 458
ARGENTINA VOTA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO EM MEIO A MOBILIZAÇÃO EM MASSA.
SENADO DECIDE SE TORNA LEI O PROJETO DE INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA
GRAVIDEZ APROVADO PELA CÂMARA DOS DEPUTADOS (Mar Centera, El País, 09 de
agosto de 2018) 308
SENADO ARGENTINO REJEITA LEGALIZAR ABORTO; PROJETO SÓ PODERÁ SER
REAPRESENTADO DAQUI UM ANO (Uol reproduz Reuters, 09 de agosto de 2018) 312
SENADO DA ARGENTINA DIZ NÃO À LEGALIZAÇÃO DO ABORTO E PAÍS FICA COM LEI DE
1921. A CÂMARA ALTA SE ALINHA À IGREJA E IMPEDE QUE AS MULHERES POSSAM
DECIDIR COMO E QUANDO SER MÃES (Mar Centenera, El País, 09 de agosto de 2018)
317
SENADO DA ARGENTINA REJEITA, POR 38 VOTOS A 31, LEGALIZAÇÃO DO ABORTO;
DECEPÇÃO É MAIOR AQUI, ONDE O PROCEDIMENTO INSTITUCIONAL É DESONESTO
(Reinaldo Azevedo, Rede TV/Uol, 09 de agosto de 2018 320... Ver ABORTO JÁ.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL FARÁ BEM SE DECLARAR INCONSTITUCIONAL A
PROIBIÇÃO DA PRÁTICA 343... STF RETOMA AUDIÊNCIA SOBRE ABORTO, E CNBB
ACUSA A CORTE DE ATIVISMO. PARA PADRE, DISCUSSÃO É 'TEATRO ARMADO' PARA
LEGITIMAR PROCESSO 401... Ver AO AFIRMAR QUE STF NÃO DEVE DISCUTIR
ABORTO, RELIGIOSOS RASGAM CONSTITUIÇÃO 395 ) 320
SENADO DA ARGENTINA REJEITA LEGALIZAR O ABORTO. MAIORIA DOS SENADORES
VOTA CONTRA PROPOSTA DE DESCRIMINALIZAR INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ ATÉ A
14ª SEMANA DE GESTAÇÃO, QUE HAVIA SIDO APROVADA PELA CÂMARA DOS
DEPUTADOS E DIVIDIU O PAÍS. LEI ATUAL É DE 1921 (Deutsche Welle, 09 de agosto de
2018) 321
SENADO ARGENTINO BARRA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO; PAÍSES LATINOAMERICANOS SÃO OS QUE MAIS RESTRINGEM PRÁTICA NO MUNDO (Mariana
Schreiber, BBC Brasil, 09 de agosto de 2018) 324
OPINIÃO: LEGISLAR NÃO É UM ATO DE FÉ. COM REJEIÇÃO DO SENADO AO PROJETO
DE DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO, ARGENTINA PERDE OPORTUNIDADE
HISTÓRICA. NO ENTANTO, PAÍS CRESCE COM LUTA DAS MULHERES POR SEUS
DIREITOS (Verônica Marchiaro, Deutsche Welle, 09 de agosto de 2018) 329
1132
NINGUÉM NA ARGENTINA PODERÁ SILENCIAR O CLAMOR DE MILHÕES DE JOVENS,
MÃES E AVÓS. DEPUTADA DEFENDE QUE AQUELES QUE SE OPÕEM À LEGALIZAÇÃO
DO ABORTO PRETENDEM, EM SUA MAIORIA, QUE SE IMPONHA O MODELO DE
MULHER INCUBADORA, INCAPACITANDO-A DE TOMAR SUAS DECISÕES (Victoria
Donda, El País, 09 de agosto de 2018) 331
BARRADO POR MAIORIA MASCULINA, PROJETO DE LEGALIZAÇÃO DO ABORTO DEIXA
LEGADO NA ARGENTINA (Gênero e Número, 09 de agosto de 2018) 333
ARGENTINA: NADA SERÁ COMO ANTES (Fernanda Paixão e Antonio Ferreira, do
Coletivo Passarinho, Outras Palavras, 15 de agosto de 2018) 333
MOVIMENTO ARGENTINO PREGA DESFILIAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA. COALIZÃO
PELO ESTADO LAICO GANHA ATENÇÃO APÓS VOTAÇÃO DO DIREITO AO ABORTO
(Sylvia Colombo, Folha/Uol, 23 de agosto de 2018 468... Ver COMO A POLÊMICA DO
ABORTO ESTÁ LEVANDO CATÓLICOS A PEDIREM DESLIGAMENTO OFICIAL DA IGREJA
NA ARGENTINA 781 ) 468
COMO A POLÊMICA DO ABORTO ESTÁ LEVANDO CATÓLICOS A PEDIREM
DESLIGAMENTO OFICIAL DA IGREJA NA ARGENTINA (Marcia Carmo, BBC News Brasil,
29 de agosto de 2018) 781
“MULHERES, CORPO E INSURREIÇÃO. AO RELACIONAR VIOLÊNCIA SEXUAL E
DIREITOS REPRODUTIVOS COM GREVE DO TRABALHO, ARGENTINAS E POLONESAS
ATINGIRAM MUITO MAIS DO QUE PARECE” (Eliane Brum, El País, 24 de outubro de
2016: http://brasil.elpais.com/brasil/2016/10/24/opinion/1477313842_805785.html )
SIMONE VEIL, ÍCONE PRÓ-ABORTO NA FRANÇA, ENTRA PARA O PANTEÃO DE PARIS
(Uol Universa reproduz RFI, 02 de julho de 2018 195... Ver “Morre Simone Veil,
sobrevivente do holocausto e ícone da luta pelos direitos das mulheres”, Silvia Ayuso,
El País, 30 de junho de 2017:
http://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/30/internacional/1498812986_572455.html ...
“Morre Simone Veil, ícone da luta pelos direitos das mulheres na Europa”, Uol, 30 de
junho de 2017:
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2017/06/30/morre-simoneveil-icone-da-luta-pelos-direitos-das-mulheres-na-europa.htm ) 195
1133
FUNCIONÁRIA DO MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS É MORTA A FACADAS POR
EX-MARIDO NO DF. JANAÍNA ROMÃO, DE 30 ANOS, FOI GOLPEADA CINCO VEZES
PELO AGRESSOR, COM QUEM TINHA DUAS FILHAS; HOMEM É PROCURADO PELA
POLÍCIA CIVIL. ENTERRO SERÁ NO CEMITÉRIO DO GAMA (G1 Globo, 15 de julho de
2018 203... Ver FUNCIONÁRIA DE MINISTÉRIO ASSASSINADA NO DF HAVIA
DENUNCIADO EX-MARIDO DUAS VEZES 204 ... JORNAL CHAMA RUSSAS DE “PUTAS”
POR COMPORTAMENTO SEXUAL NA COPA 200 ) 203
FUNCIONÁRIA DE MINISTÉRIO ASSASSINADA NO DF HAVIA DENUNCIADO EX-MARIDO
DUAS VEZES (Isabela Palhares e Luci Ribeiro, Estadão reproduzido pelo Uol, 15 de julho
de 2018) 204
JORNAL CHAMA RUSSAS DE “PUTAS” POR COMPORTAMENTO SEXUAL NA COPA
(Luiza Oliveira, Uol Esporte, 03 de julho de 2018 200... Ver FUNCIONÁRIA DO
MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS É MORTA A FACADAS POR EX-MARIDO NO DF.
JANAÍNA ROMÃO, DE 30 ANOS, FOI GOLPEADA CINCO VEZES PELO AGRESSOR, COM
QUEM TINHA DUAS FILHAS; HOMEM É PROCURADO PELA POLÍCIA CIVIL. ENTERRO
SERÁ NO CEMITÉRIO DO GAMA) 203 ) 200
“É TRISTE QUE EU TENHA QUE TOMAR ESSE CUIDADO”, DIZ TORCEDOR GAY QUE VAI
À COPA DA RÚSSIA SOBRE ALERTAS DE HOMOFOBIA (Rafael Barifouse, BBC News
Brasil, 08 de junho de 2018 134... Ver também JOVEM DIZ QUE FOI AGREDIDO EM
SANTOS (SP) PARA "PARAR DE SER VEADO" 27) 134
MESMO APÓS ANOS DE DENÚNCIAS, VATICANO VIVE SEM DIRETRIZ PARA
COMBATER ABUSOS SEXUAIS (Nicole Winfield, Associated Press reproduzida pelo Uol,
03 de junho de 2018 48... Ver também GOVERNO ULTRACONSERVADOR POLONÊS
FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA DIREITOS
DAS MULHERES E SUBVENÇÕES. ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO EXECUTIVO
ÀS ENTIDADES QUE LUTAM PELA IGUALDADE 57... Ver, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 3, secção do índice denominada Sobre a ideia de
“ideologia de gênero”: criadores, usos..., a partir da página 1112, mais matérias sobre
o tema... Enquanto casos de pedofilia na Igreja Católica são divulgados nos EUA, no
México, na Austrália, Argentina..., no Brasil, políticos, religiosos e grupos de extremadireita procuram difamar filósofos, artistas, intelectuais, com acusações de pedofilia –
ver arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 2... Especificamente matérias
sobre a exposição Queermuseu e a performance do artista Wagner Schwartz, no
MAM-SP... E especialmente o artigo “ ‘Fui morto na internet como se fosse um zumbi
da série The Walking Dead’. Em entrevista exclusiva, Wagner Schwartz, o artista que
1134
fez a performance ‘La Bête’, no MAM de São Paulo, fala pela primeira vez sobre os
ataques que sofreu, nos quais foi chamado de ‘pedófilo’ ”, Eliane Brum, El País, 12 de
fevereiro de 2018:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/12/opinion/1518444964_080093.html ... “
‘Me mataron en Internet como si fuera un zombi de la serie ‘The Walking Dead’.
Wagner Schwartz, el artista que realizó la 'performance' 'La Bête' en el Museo de
Arte Moderno de São Paulo, habla por primera vez sobre los ataques que sufrió, en
los que le llamaron ‘pedófilo’”, Eliane Brum, traducción: Meritxell Almarza, El País, 14
de fevereiro e 2018:
https://elpais.com/internacional/2018/02/14/actualidad/1518623775_287430.html )
48
APÓS DÉCADAS DE SILÊNCIO, FREIRAS ENFRENTAM TABU E RELATAM ABUSOS DE
PADRES (Nicole Winfield, Associated Press reproduzida pelo Uol, 30 de julho de 2018)
250
A HORA DO PAPA FRANCISCO TRANSFORMAÇÃO EMPREENDIDA PELO PONTÍFICE,
RUMO AOS SEUS 82 ANOS, SE ENCONTRA EM UM MOMENTO DECISIVO QUE
DETERMINARÁ O SUCESSO DE SEU PAPADO E A HERANÇA QUE DEIXA (Daniel Verdú,
El País, 07 de julho de 2018 51/52... Ver também GOVERNO ULTRACONSERVADOR
POLONÊS FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA
DIREITOS DAS MULHERES E SUBVENÇÕES. ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO
EXECUTIVO ÀS ENTIDADES QUE LUTAM PELA IGUALDADE 57 ... AFASTADA,
PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA. APOIADA POR
ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E COMPARECEU A SEU
GABINETE 62 ... A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO ULTRACONSERVADOR DA
POLÔNIA. A PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO, MALGORZATA GERSDORF,
APRESENTOU-SE PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA, POUCAS HORAS DEPOIS DA
ATIVAÇÃO DA POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA APOSENTADORIA E DE OUTROS 27
JUÍZES 64... No arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido, há mais sobre a
Polônia, por exemplo, a respeito de aborto e de sua representação no Parlamento
Europeu, eurodeputado... EURODEPUTADO POLONÊS É PUNIDO POR DECLARAÇÕES
SEXISTAS. ULTRACONSERVADOR JANUSZ KORWIN-MIKKE É MULTADO EM MAIS DE 9
MIL EUROS E SUSPENSO DO PARLAMENTO EUROPEU POR DIZER QUE MULHERES SÃO
"MAIS FRACAS" E "MENOS INTELIGENTES" DO QUE OS HOMENS (2017) 42 e 612 )
51/52
IGREJA DA PENSILVÂNIA ENCOBRIU MAIS DE 1.000 ABUSOS CONTRA CRIANÇAS NAS
ÚLTIMAS DÉCADAS. CRIMES FORAM DESCOBERTOS NA MAIOR INVESTIGAÇÃO
SOBRE O TEMA JÁ CONCLUÍDA NOS ESTADOS UNIDOS (Antonia Laborde, El País, 15
de agosto de 2018) 269
1135
RELATÓRIO REVELA QUE 300 PADRES ABUSARAM SEXUALMENTE CRIANÇAS NA
PENSILVÂNIA. DOCUMENTO DO GRANDE JÚRI DA PENSILVÂNIA RELATA ABUSOS
SEXUAIS PERPETRADOS POR MEMBROS DA IGREJA CATÓLICA AO LONGO DE SETE
DÉCADAS. HÁ PELO MENOS 1000 VÍTIMAS IDENTIFICÁVEIS (Público, 14 de agosto de
2018... Público é jornal português) 271
INVESTIGAÇÃO ACUSA 300 PADRES DE PEDOFILIA NOS EUA, COM MAIS DE MIL
VÍTIMAS ABUSOS TERIAM SIDO ENCOBERTOS POR QUASE 70 ANOS, INFORMA
RELATÓRIO FEITO NA PENSILVÂNIA (O Globo reproduz The New York Times e AFP, 14
de agosto de 2018) 273
"THEY HID IT ALL”: CATHOLIC PRIESTS ABUSED 1,000 CHILDREN IN PENNSYLVANIA,
REPORT SAYS (Laurie Goodstein e Sharon Otterman, The New York Times, 14 de agosto
de 2018) 275
PADRES SEGUIAM CARTILHA INFORMAL PARA SILENCIAR VÍTIMAS NA PENSILVÂNIA.
DIOCESES USAVAM EUFEMISMO AO TRATAR DE ABUSOS DE CRIANÇAS PARA
PROTEGER REPUTAÇÃO (Danielle Brant, Folha/Uol, 15 de agosto de 2018) 280
PADRES ABUSARAM DE MAIS DE MIL CRIANÇAS NA PENSILVÂNIA, DIZ RELATÓRIO.
INVESTIGAÇÕES APONTAM QUE CERCA DE 300 RELIGIOSOS COMETERAM ABUSOS
SEXUAIS NO ESTADO AMERICANO DESDE A DÉCADA DE 1940. ALTOS MEMBROS DA
IGREJA CATÓLICA TERIAM ACOBERTADO OS CASOS (Deutsche Welle, 15 de agosto de
2018) 282
OPINIÃO: APÓSTOLOS SEM MORAL. A REVELAÇÃO DE OUTRO ESCÂNDALO DE ABUSO
SEXUAL NOS EUA ABALA AINDA MAIS AS FUNDAÇÕES DO VATICANO. JUSTIÇA E
RESSARCIMENTO PARA AS VÍTIMAS, MAS NADA DE ABSOLVIÇÃO PARA SEUS ALGOZES,
OPINA ASTRID PRANGE (Astrid Prange, Deutsche Welle, 15 de agosto de 2018) 284
SADOMASOQUISMO E USO DE SONÍFEROS: OS DETALHES DOS ABUSOS SILENCIADOS
PELA IGREJA NA PENSILVÂNIA. INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA IDENTIFICOU PELO MENOS
1.000 VÍTIMAS DE PADRES NO ESTADO NAS ÚLTIMAS DÉCADAS (Joan Faus, El País, 15
de agosto de 2018) 286
“TIRAVA O COLARINHO CLERICAL. ENTÃO PODIA FAZER O QUE QUERIA”. VÍTIMAS
CONTAM AO EL PAÍS A CRUEZA E A IMPUNIDADE DOS CRIMES SEXUAIS DE
SACERDOTES CONTRA MENORES NA PENSILVÂNIA DURANTE 70 ANOS. O HORROR
VESTIA BATINA (Amanda Mars, El País, 19 de agosto de 2018) 478
1136
BISPOS DOS EUA DEFENDEM INVESTIGAÇÃO DE ABUSO POR VATICANO.
ORGANIZAÇÃO DIZ QUE PROBLEMA É FRUTA DE FALHAS NA SUPERVISÃO EPISCOPAL
(Folha/Uol, 16 de agosto de 2018) 288
OS CHOCANTES CASOS DE ABUSO COMETIDOS POR “PADRES PREDADORES” CONTRA
CENTENAS DE MENORES NOS EUA (BBC Brasil, 15 de agosto de 2018) 289
VATICANO CHAMA DE CRIMINOSOS OS PADRES ABUSADORES DA PENSILVÂNIA E
PEDE QUE ASSUMAM RESPONSABILIDADES. IGREJA SENTE "VERGONHA E DOR"
PELOS 300 CASOS DE PEDOFILIA PERPETRADOS POR SACERDOTES" (El País, 16 de
agosto de 2018) 292
VATICANO SABIA DOS ABUSOS SEXUAIS NA PENSILVÂNIA PELO MENOS DESDE 1963.
SANTA SÉ SE MOSTROU TOLERANTE DIANTE DE ALGUNS DOS CASOS DE PEDOFILIA,
MAS É IMPOSSÍVEL SABER SE TINHA CONHECIMENTO DE TODOS OS DETALHES (Joan
Faus e Laura Delle Femmine, El País, 17 de agosto de 2018) 293
“NÃO AGIMOS A TEMPO. ABANDONAMOS OS PEQUENOS”, DIZ PAPA SOBRE ABUSOS
NA PENSILVÂNIA. EM CARTA, PONTÍFICE INSTA RESPONSÁVEIS ECLESIÁSTICOS A
DENUNCIAREM OS POSSÍVEIS CASOS DE PEDOFILIA (Lorena Pacho, El País, 20 de
agosto de 2018) 483
PAPA FRANCISCO: “A IGREJA FRACASSOU DIANTE DESSES CRIMES REPUGNANTES”.
PRIMEIRO-MINISTRO IRLANDÊS PEDE UMA RESPOSTA FIRME DO PAPA EM RELAÇÃO
AOS ABUSOS SEXUAIS DE MEMBROS DO CLERO E LEMBRA QUE A IRLANDA SE
MODERNIZOU E QUE A RELIGIÃO JÁ NÃO ESTÁ NO CENTRO DA SOCIEDADE (Daniel
Verdú, El País, 25 de agosto de 2018 484 ... Ver livro “Philomena”, Martin Sixsmith...
Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: HISTORIADORA DENUNCIA
QUE CONVENTO ENTERROU ATÉ 800 RECÉM-NASCIDOS NA IRLANDA (2014) 52 ...
FOSSA COM 800 BEBÊS É ACHADA EM ORFANATO CATÓLICO NA IRLANDA (2017) 52 )
484
IRLANDA PEDE AO PAPA “JUSTIÇA” ÀS VÍTIMAS DE ABUSOS (Agence France Presse
(AFP) reproduzida pelo Uol, 25 de agosto de 2018 486... Ver livro “Philomena”, Martin
Sixsmith ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: HISTORIADORA
DENUNCIA QUE CONVENTO ENTERROU ATÉ 800 RECÉM-NASCIDOS NA IRLANDA (2014)
52 ... FOSSA COM 800 BEBÊS É ACHADA EM ORFANATO CATÓLICO NA IRLANDA (2017)
52 ) 486
NA IRLANDA, PAPA EXPRESSA "VERGONHA” POR CASOS DE ABUSO. FRANCISCO
AFIRMOU QUE AUTORIDADES ECLESIÁSTICAS IRLANDESAS "FRACASSARAM” EM
1137
ENFRENTAR "CRIMES REPUGNANTES”. DESDE 2002, 14.500 PESSOAS NO PAÍS SE
DECLARARAM VÍTIMAS DE ABUSOS SEXUAIS COMETIDOS POR PADRES (Deutsche
Welle, 25 de agosto de 2018) 489
“NOS FAZIAM COMER VÔMITO”: AS DENÚNCIAS DE ABUSOS COMETIDOS EM
ORFANATO POR FREIRAS NA ESCÓCIA (BBC News Brasil, 25 de agosto de 2018 492...
Para ver semelhanças com o que aconteceu na Irlanda, livro “Philomena”, Martin
Sixsmith ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: HISTORIADORA
DENUNCIA QUE CONVENTO ENTERROU ATÉ 800 RECÉM-NASCIDOS NA IRLANDA (2014)
52 ... FOSSA COM 800 BEBÊS É ACHADA EM ORFANATO CATÓLICO NA IRLANDA (2017)
52) 492
POPE FRANCIS LONG KNEW OF CARDINAL’S ABUSES AND MUST RESIGN,
ARCHBISHOP SAYS (Jason Horowitz, The New York Times, 26 de agosto de 2018 496…
Ao ler a matéria, me questionei se a relação entre homossexualidade e abusos sexuais
é a mesma relação que há entre heterossexualidade e estupros? Nos dois casos, há
alguma relação necessária: homossexualidade implica abusos, heterossexualidade leva
necessariamente a estupros? Ver, artigo com interpretação original sobre o assunto:
OPINIÃO: A FALÊNCIA MORAL DA IGREJA DO PAPA. A VISITA DE FRANCISCO À IRLANDA
É MARCADA PELO ESCÂNDALO DE ABUSOS SEXUAIS NA INSTITUIÇÃO QUE ELE
COMANDA. NA OPINIÃO DO TEÓLOGO ALEXANDER GÖRLACH, A IGREJA CATÓLICA, EM
SUA ATUAL FORMA, CHEGOU MORALMENTE AO FIM 512 ... Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E
SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL
690 ) 496
EX-ALTO FUNCIONÁRIO DO VATICANO ACUSA O PAPA DE ENCOBRIR ABUSOS SEXUAIS.
EX-NÚNCIO NOS EUA DIZ QUE FRANCISCO CONHECIA AS ACUSAÇÕES DE PEDOFILIA
CONTRA O CARDEAL THEODOR MCCARRICK (Daniel Verdú, enviado especial, Dublin, El
País, 26 de agosto de 2018) 503
EM CARTA, ARCEBISPO ACUSA FRANCISCO DE ACOBERTAR CASOS DE ABUSO SEXUAL
DESDE 2013. CARLO MARIA VIGANÒ DISSE QUE O PONTÍFICE FOI INFORMADO DE
ESCÂNDALOS E DE UM DOSSIÊ SOBRE ELES (Igor Gielow, Folha/Uol, 26 de agosto de
2018 514... Ver livro “Philomena”, Martin Sixsmith ... Ver, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido: HISTORIADORA DENUNCIA QUE CONVENTO ENTERROU
ATÉ 800 RECÉM-NASCIDOS NA IRLANDA (2014) 52 ... FOSSA COM 800 BEBÊS É
ACHADA EM ORFANATO CATÓLICO NA IRLANDA (2017) 52) 514
PAPA EVITA RESPONDER ÀS ACUSAÇÕES DE ENCOBRIMENTO DE ABUSOS. FRANCISCO
NÃO DEU UMA RESPOSTA CLARA À ACUSAÇÃO DE UM ARCEBISPO SOBRE SEU
1138
SUPOSTO SILÊNCIO A RESPEITO DAS ACUSAÇÕES AO CARDEAL MCCARRICK E PEDE AOS
JORNALISTAS QUE JULGUEM POR SI MESMOS (Daniel Verdú, El País, 27 de agosto de
2018) 507
PAPA RECOMENDA PSIQUIATRIA PARA HOMOSSEXUALIDADE DETECTADA NA
INFÂNCIA. FRANCISCO DIZ QUE PAIS DEVEM REZAR COM FILHOS; VATICANO DISSE
QUE FALA FOI MAL INTERPRETADA (Folha/Uol, 27 de agosto de 2018 509... Ver
também, matéria que traz imagem de protesto em Paris, a respeito da declaração do
papa: PAPA ENFRENTA GUERRA CIVIL CONTRA ALA CONSERVADORA DA IGREJA
CATÓLICA. GRUPO SE POSICIONA CONTRA FRANCISCO EM TEMAS COMO
HOMOSSEXUALIDADE, ABORTO E DIVÓRCIO 520 ) 509
PAPA MANTÉM SILÊNCIO APÓS SER ACUSADO DE ACOBERTAR ABUSOS. "LEIAM O
DOCUMENTO ATENTAMENTE E FAÇAM O VOSSO PRÓPRIO JULGAMENTO", DECLARA
FRANCISCO SOBRE CARTA EM QUE EX-EMBAIXADOR DO VATICANO O ACUSA DE
IGNORAR HISTÓRICO DE ABUSOS SEXUAIS COMETIDOS POR CARDEAL AMERICANO
(Deutsche Welle, 27 de agosto de 2017) 510/511
OPINIÃO: A FALÊNCIA MORAL DA IGREJA DO PAPA. A VISITA DE FRANCISCO À
IRLANDA É MARCADA PELO ESCÂNDALO DE ABUSOS SEXUAIS NA INSTITUIÇÃO QUE
ELE COMANDA. NA OPINIÃO DO TEÓLOGO ALEXANDER GÖRLACH, A IGREJA
CATÓLICA, EM SUA ATUAL FORMA, CHEGOU MORALMENTE AO FIM (Alexander
Görlach, Deutsche Welle, 27 de agosto de 2018 512... Ver também EM LUTA POR
PODER NO VATICANO, CONSERVADORES TENTAM LIGAR ABUSOS A GAYS. ALA CRITICA
A FRANCISCO CULPA UMA “CORRENTE HOMOSSEXUAL” PELO ESCÂNDALO QUE
ATINGIU A IGREJA 523 ) 512
A GUERRA SUJA VOLTA AO VATICANO. ACUSAÇÕES CONTRA O PAPA AVIVAM O
FOGO DE UMA LUTA POR PODER QUE, DISFARÇADA DE IDEOLOGIA E ORTODOXIA
RELIGIOSA, BUSCA RESTAURAR A VELHA ORDEM (Daniel Verdú, El País, 27 de agosto
de 2018 516... Ver também PAPA ENFRENTA GUERRA CIVIL CONTRA ALA
CONSERVADORA DA IGREJA CATÓLICA. GRUPO SE POSICIONA CONTRA FRANCISCO EM
TEMAS COMO HOMOSSEXUALIDADE, ABORTO E DIVÓRCIO 520 ... EM LUTA POR
PODER NO VATICANO, CONSERVADORES TENTAM LIGAR ABUSOS A GAYS. ALA CRITICA
A FRANCISCO CULPA UMA “CORRENTE HOMOSSEXUAL” PELO ESCÂNDALO QUE
ATINGIU A IGREJA 523 ) 516
HÁ EVIDÊNCIAS DE QUE VATICANO SABIA DE ACOBERTAMENTO, DIZ PROCURADOR.
AFIRMAÇÃO É REAÇÃO A CARTA DE ARCEBISPO QUE ACUSA PAPA FRANCISCO DE
SABER DE ABUSOS (Folha/Uol, 28 de agosto de 2018) 518
1139
PAPA ENFRENTA GUERRA CIVIL CONTRA ALA CONSERVADORA DA IGREJA CATÓLICA.
GRUPO SE POSICIONA CONTRA FRANCISCO EM TEMAS COMO HOMOSSEXUALIDADE,
ABORTO E DIVÓRCIO (Clóvis Rossi, Folha/Uol, 28 de agosto de 2018 520... Ver EM
LUTA POR PODER NO VATICANO, CONSERVADORES TENTAM LIGAR ABUSOS A GAYS.
ALA CRITICA A FRANCISCO CULPA UMA “CORRENTE HOMOSSEXUAL” PELO
ESCÂNDALO QUE ATINGIU A IGREJA 523 ) 520
EM LUTA POR PODER NO VATICANO, CONSERVADORES TENTAM LIGAR ABUSOS A
GAYS. ALA CRITICA A FRANCISCO CULPA UMA “CORRENTE HOMOSSEXUAL” PELO
ESCÂNDALO QUE ATINGIU A IGREJA (Jason Horowitz, The New York Times
reproduzido pelo Uol, 28 de agosto de 2018) 523
MOVIMENTO ARGENTINO PREGA DESFILIAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA. COALIZÃO
PELO ESTADO LAICO GANHA ATENÇÃO APÓS VOTAÇÃO DO DIREITO AO ABORTO
(Sylvia Colombo, Folha/Uol, 23 de agosto de 2018) 468
JUDITH BUTLER ESCREVE SOBRE SUA TEORIA DE GÊNERO E O ATAQUE SOFRIDO NO
BRASIL (Judith Butler, Folha de S. Paulo, 19 de novembro de 2017 469... Ver também
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 469
GOVERNO ULTRACONSERVADOR POLONÊS FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO
FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA DIREITOS DAS MULHERES E SUBVENÇÕES.
ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO EXECUTIVO ÀS ENTIDADES QUE LUTAM
PELA IGUALDADE (María R. Sahuquillo, El País, 10 de julho de 2018 57... Ver
AFASTADA, PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA.
APOIADA POR ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E
COMPARECEU A SEU GABINETE 62 ... A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO
ULTRACONSERVADOR DA POLÔNIA. A PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO,
MALGORZATA GERSDORF, APRESENTOU-SE PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA,
POUCAS HORAS DEPOIS DA ATIVAÇÃO DA POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA
APOSENTADORIA E DE OUTROS 27 JUÍZES 64 ... No arquivo Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido, há mais sobre a Polônia, por exemplo, a respeito de aborto e de
sua representação no Parlamento Europeu, eurodeputado... EURODEPUTADO
POLONÊS É PUNIDO POR DECLARAÇÕES SEXISTAS. ULTRACONSERVADOR JANUSZ
KORWIN-MIKKE É MULTADO EM MAIS DE 9 MIL EUROS E SUSPENSO DO
PARLAMENTO EUROPEU POR DIZER QUE MULHERES SÃO "MAIS FRACAS" E "MENOS
INTELIGENTES" DO QUE OS HOMENS (2017) 42 e 612 ... No arquivo Ideologia de
1140
Gênero e Escola Sem Partido 2, ver EDUCAÇÃO SEXUAL DIVIDE SOCIEDADE
POLONESA 568... #SEXEDPL NO YOUTUBE 569 ... REBELIÃO POLONESA. CRISE
REVELA A IMPOTÊNCIA DA UE ANTE GUINADA AUTORITÁRIA DE UM DOS PAÍSESMEMBROS 570 ) 57
AFASTADA, PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA.
APOIADA POR ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E
COMPARECEU A SEU GABINETE (Folha/Uol reproduz Agence France Presse, 04 de julho
de 2018) 62
A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO ULTRACONSERVADOR DA POLÔNIA. A
PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO, MALGORZATA GERSDORF, APRESENTOU-SE
PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA, POUCAS HORAS DEPOIS DA ATIVAÇÃO DA
POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA APOSENTADORIA E DE OUTROS 27 JUÍZES (María R.
Sahuquillo, El País, 04 de julho de 2018) 64
CATÓLICOS LGBT ORGANIZAM MOVIMENTO PARA REIVINDICAR MAIS ESPAÇO NA
IGREJA. GRUPO COMEMORA PEQUENOS AVANÇOS, COMO UM TEXTO EM QUE O
VATICANO USA PELA PRIMEIRA VEZ A SIGLA (Anna Virginia Balloussier, Folha/Uol,
23.de julho e 2018 182... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
3: VATICANO USA TERMO "LGBT" PELA PRIMEIRA VEZ EM DOCUMENTO OFICIAL
["INSTRUMENTUM LABORIS" DELLA XV ASSEMBLEA GENERALE ORDINARIA DEL
SINODO DEI VESCOVI, OFICINA DE PRENSA DE LA SANTA SEDE, 19 JUN 2018] (Uol
Universa, 21 de junho de 2018) 1001... ENTENDA O QUE SIGNIFICA A IGREJA
CATÓLICA USAR O TERMO LGBT OFICIALMENTE PELA PRIMEIRA VEZ (Edison Veiga, BBC
Brasil, 26 de junho de 2018) 1080/1081 ... JÁ SÃO 86 PESSOAS TRANS ASSASSINADAS
APENAS NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2018 1086 ) 182
COMO MOVIMENTOS SIMILARES AO ESCOLA SEM PARTIDO SE ESPALHAM POR
OUTROS PAÍSES (Mariana Schreiber, BBC Brasil, 13 de julho de 2018) 76
CAMPINA GRANDE PROÍBE DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO NA SALA DE AULA; OAB
PROTESTA (Uol, 14 de julho de 2018) 83
STF QUESTIONA CIDADES DE PE SOBRE LEIS QUE PROÍBEM DEBATE SOBRE GÊNERO
(Estadão reproduzido pelo Uol, 18 de julho de 2018 85... Ver LEI 2985 DE 19 DE
DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE 87 ...
) 85
1141
LEI 2985 DE 19 DE DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE
87
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, COM PEDIDO DE
MEDIDA CAUTELAR, CONTRA AS LEIS Nº 2.985/2017 E Nº 4.432/2017,
RESPECTIVAMENTE, DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE PERNAMBUCO (PE) DE
PETROLINA E GARANHUNS, QUE APROVAM O PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E
VEDAM POLÍTICA DE ENSINO COM INFORMAÇÕES SOBRE GÊNERO NOS MUNICÍPIOS
(Partido Socialismo e Liberdade – PSOL, Brasília/DF, 06 de Junho de 2018 89/90...
Sobre a pesquisadora Jimena Furlani, citada no documento, ver EXISTE “IDEOLOGIA DE
GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA
FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS
EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 89/90
MANIFESTAÇÃO DA PREFEITURA DE PETROLINA, NO STF, SOBRE ARGUIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL PROPOSTA PELO PSOL. DATADA
DE 04 DE JULHO DE 2018 90
REQUERIMENTO DA ASSOCIAÇÃO ESCOLA SEM PARTIDO PARA INGRESSO NOS
AUTOS DA ADPF 522 NA QUALIDADE DE AMICUS CURIAE 95
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO (Andrea Dip, Agência Pública, 30 de
agosto de 2016) 97
MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO VAI INVESTIGAR ENCONTRO DE CRIVELLA COM
PASTORES (Constança Rezende, Estadão reproduzido pelo Uol, 06 de julho de 2018)
33
IMPEACHMENT DE CRIVELLA SERIA DURO GOLPE NO PROJETO DE PODER DA
UNIVERSAL (Leonardo Sakamoto, Blog do Sakamoto/Uol, 12 de julho de 2018) 34
IMPEACHMENT NO RIO: CÂMARA REJEITA PROCESSO CONTRA MARCELO CRIVELLA –
ENTENDA (André Shalders, BBC Brasil, 12 de julho de 2018) 36
CRIVELLA ESCAPA DE IMPEACHMENT, MAS CONTINUA ALVO DE INVESTIGAÇÃO (João
Soares, Deutsche Welle, 13 de julho de 2018) 39
1142
SALVO NO RIO, CRIVELLA VOTOU POR AFASTAMENTO DE DILMA POR "GRAVE CRISE
ECONÔMICA" (Gustavo Maia, Uol, 13 de julho de 2018) 42
SEM “MÁRCIA” DE CRIVELLA, PACIENTE DO RIO FICA 8 MESES NA FILA POR
CONSULTA. PREFEITO FOI GRAVADO OFERECENDO AJUDA DE ASSESSORA PARA
AGENDAMENTOS DE FIÉIS (Júlia Barbon e Lucas Vettorazzo, Folha/Uol, 17 de julho de
2018) 44
UNIVERSAL ATACA VEREADORES QUE APROVARAM IMPEACHMENT DE CRIVELLA.
JORNAL DA IGREJA ACUSA FAVORÁVEIS DA ABERTURA DE PROCESSO CONTRA O
PREFEITO DE PRECONCEITO (Folha/Uol, 24 de julho de 2018) 646
MINISTRO FAZ PRESSÃO POR CARGOS E ABRE GUERRA NO PALÁCIO DO PLANALTO.
NOVO TITULAR DA SECRETARIA-GERAL DA PRESIDÊNCIA, PASTOR RONALDO
FONSECA ARTICULA NOMEAÇÕES (Marina Dias, Folha/Uol, 11 de julho de 2018 31...
Ver EVANGÉLICOS SE ARTICULAM PARA AUMENTAR REPRESENTATIVIDADE POLÍTICA
638 ) 31
ATOS POLÍTICOS E MANIFESTAÇÕES POR IGUALDADE DE GÊNERO GANHAM FORÇA
NO ORIENTE MÉDIO (Aline Yumi, Beatriz Lia e Natália Vitória*, Opera Mundi/Uol, 12
de julho de 2018 168... Ver filme "Ladies first", Mona El-Naggar, EUA, 2016,
geralmente está no YouTube… Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido, PARA EXAMINAR DUAS RETÓRICAS DE PODER (Berenice Bento, socióloga
da UFRN) 649 ) 168
2018: 100 anos da conquista do direito ao voto por mulheres inglesas...
Carnaval 2018...
Dia Internacional da Mulher, 08 de março de 2018...
1143
Assassinato de Marielle Franco (PSOL), vereadora do Rio de Janeiro: 14 de março de
2018...
“NENHUMA NARRATIVA SUBSTITUI A REPORTAGEM COMO DOCUMENTO SOBRE A
HISTÓRIA EM MOVIMENTO”. DISCURSO DE ELIANE BRUM, COLUNISTA DO EL PAÍS,
LIDO DURANTE O PRÊMIO COMUNIQUE-SE, DESTACA O PAPEL IMPRESCINDÍVEL DO
JORNALISMO NUM MOMENTO BRUTAL DO BRASIL. XICO SÁ TAMBÉM VENCEU
PRÊMIO NA CATEGORIA CULTURA PELOS TEXTOS PUBLICADOS NESTE JORNAL (Eliane
Brum, El País, 12 de setembro de 2018) 828
"A DEMOCRACIA NÃO SE DEFENDE SOZINHA". HISTORIADOR AMERICANO TIMOTHY
SNYDER, ESPECIALISTA EM AUTORITARISMO, VÊ COM PREOCUPAÇÃO CENÁRIO NO
BRASIL E DIZ QUE SÓ REALIZAÇÃO DE ELEIÇÕES NÃO SIGNIFICA QUE CANDIDATOS E
ELEITORES SERÃO INCLINADOS À DEMOCRACIA 834 ) 815
MARIELLE E MÔNICA: UMA HISTÓRIA DE AMOR INTERROMPIDA AOS 5 MESES DA
MORTE DA VEREADORA, MÔNICA BENÍCIO CONTA COMO MARIELLE SE TORNOU O
AMOR DA SUA VIDA E EXPLICA POR QUE DIZER QUE É SAPATÃO É UM ATO POLÍTICO
(Daniel Arroyo e Paloma Vasconcelos, Ponte Jornalismo reproduzido pelo El País, 15 de
agosto de 2018) 701
TÍTULOS DE VÍDEOS DO CANAL DO YOUTUBE MBL – MOVIMENTO BRASIL LIVRE
(Seleção feita em 16 de outubro de 2018 961 ... Ainda sobre o MBL, ver... QUEM
ESPALHA DESINFORMAÇÃO? E QUEM NÃO ESPALHA? A MELHOR FORMA DE LIDAR
COM UMA POTENCIAL MENTIRA É PERMITIR QUE ELA SEJA DITA, PARA QUE POSSA
SER DESMENTIDA PUBLICAMENTE OU CONFRONTADA JUDICIALMENTE (Rodolfo
Borges, El País, 28 de julho de 2018 540/541... Ver MBL CONDENADO POR TRE POR
PUBLICAR NOTÍCIA FALSA SOBRE JAQUES WAGNER (PT). MBL DAVA A ENTENDER EM
VÍDEO QUE PROTESTOS ANTI-LULA ERAM CONTRA CANDIDATO AO SENADO 579 ...
ESTÁ CLARO QUE O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO NÃO TEM CONDIÇÕES DE
FISCALIZAR AS FRAUDES DO MBL, ATÉ PORQUE PARTE DELE ESTÁ EM CONLUIO COM
ELES. COMO A REDE É PRIVADA, SÓ QUEM TEM PODER PARA COIBIR ABUSOS É O
PRÓPRIO FACEBOOK 542 ... LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO JORNAL
NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO MEC (Uol, 30 de agosto de 2018... A matéria
também cita atuação do MBL) 598/599 ... BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO
DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA
PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO
PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM 593 ... Sobre o MBL,
1144
mencionado no artigo de Rodolfo Borges e que apoia o Escola Sem Partido, ver a
secção Assassinato de Marielle Franco (PSOL), vereadora do Rio de Janeiro: 14 de
março de 2018..., página 1170, do arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
3, com destaque para as matérias COMO GANHOU CORPO A ONDA DE FAKE NEWS
SOBRE MARIELLE FRANCO 224... ESTUDO RESPONSABILIZA SITE DE OPINIÃO
POLÍTICA E MBL POR ESPALHAR FAKE NEWS SOBRE MARIELLE 229... FACEBOOK TIRA
DO AR PÁGINA E PERFIS ASSOCIADOS À ONDA DE FAKE NEWS CONTRA MARIELLE.
REDE SOCIAL DIZ QUE PERFIS FALSOS FEREM AS NORMAS) 230... FACEBOOK TIRA DO
AR PÁGINA QUE BOMBOU NOTÍCIA FALSA SOBRE MARIELLE FRANCO 232... O
EXÉRCITO DE PINÓQUIOS. COMO OPERAM DEZ DOS MAIORES SITES DE NOTÍCIAS
FALSAS DO PAÍS, PAGOS ATÉ COM VERBA DE GABINETE PARA DISSEMINAR BOATOS
469... ASSÉDIO E ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO 775/776... DONO DE SITES
CRITICADOS POR “FAKE NEWS” RECEBE DINHEIRO DE DEPUTADO 777... GRUPOS
DIREITISTAS DIFUNDEM “FAKE NEWS” PARA CRITICAR COMBATE DO FACEBOOK ÀS
“FAKE NEWS”. MBL E ATIVISTAS DE EXTREMA-DIREITA ATACAM AGÊNCIAS DE
CHECAGEM DE INFORMAÇÕES, DIVULGAM PERFIS PESSOAIS DE JORNALISTAS E USAM
DADOS FALSOS PARA DESQUALIFICAR INICIATIVA DA REDE SOCIAL 649... ASSÉDIO E
ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO 775/776 ) 961
Eleições 2018...
"ESPETÁCULO" DE CORRUPÇÃO AFASTA ELEITOR DA POLÍTICA E AUMENTA
ABSTENÇÃO (Gabriela Fujita, Uol, 31 de outubro de 2016 961
A meu ver, esta primeira matéria que coloco aqui, na seção Eleições 2018... merece
destaque pelas análises dos pesquisadores – a política como meio de defender
privilégios de grupos e não de espaço comum, definido por direitos e deveres, normas
de convivência válidas para todos...
Ainda a meu ver, igrejas não trouxeram mudança, mas aprofundamento dessas
práticas – além de contínua ampliação de isenções de impostos, elas agora têm acesso
ao fundo partidário e orçamentos de União, estados e municípios... Escrevo este texto,
quando o arcebisto do Rio declarou apoio à candidatura Bolsonaro...
Acrescento uma reflexão...
1145
Não podemos escolher não viver em um Estado, sob suas leis, nascemos num Estado...
Mesmo que emigremos, estaremos num contexto de outro Estado...
Mas podemos escolher se abraçamos ou não uma religião, se nos tornamos ou não
membros de uma igreja – com as exigências que ela nos coloca...
Na medida em que igrejas, com suas propostas de regulação da vida das pessoas
avançam sobre o ordenamento do Estado, não resta a menor dúvida de que as
liberdades democráticas, os direitos conquistados ao longo de séculos de lutas, correm
imenso perigo...
(Regulação baseada em textos de milhares de anos atrás, escolhidos e interpretados
das mais diversas maneiras - mesmo dentro de uma tradição, como a cristã, por
exemplo -, escolhidos e interpretados segundo interesses bastante terrenos, de
poder, riqueza, ao ponto de, em certos casos, ainda a meu ver, ser mais adequado
usarmos expressões como “empresários da fé”)
A questão fica ainda mais séria quando olhamos para casos como os da Igreja Católica,
a qual, por exemplo, estabelece claramente o lugar da mulher, que não é o do padre,
nem o do bispo, nem o do cardeal, nem o de eleitora do papa, muito menos...
Metade da humanidade está excluída dessa estrutura extremamente hierarquizada de
poder, que tem pretensões de exercer influência sobre o Estado, suas escolas,
legislação sobre união entre pessoas para vida em comum, adoção, legislação sobre
cultura, artes...
Se posso escolher não pertencer a certa religião, a determinada igreja, se posso
escolher viver outros valores... essa liberdade de escolha é roubada quando o Estado
passa a ser ordenado pela fé...
Nestes três anos de pesquisa, não encontrei um único exemplo de movimentos sociais
como o feminismo, movimentos LGBTIs, movimentos contra o racismo... que tivessem
apresentado propostas de lei para diminuir direitos de religiosos de qualquer fé, que
tivessem apresentado projetos impedindo pessoas heterossexuais de escolherem seus
nomes, de se unirem, de usarem espaços públicos... não me deparei com exemplo
algum de projeto que impeça a discussão de temas religiosos em escolas, de
apresentação de pontos de vista de qualquer tradição...
Mas igrejas querem impedir discussões sobre pontos de vistas diferentes daqueles que
defendem (censura em escolas estatais!)...
1146
Estudos sobre gênero levados adiante por pesquisadore(a)s universitário(a)s
profissionais de áreas como Sociologia, Psicologia, Filosofia... nada disso pode, para
igrejas e Escola Sem Partido...
Feminismo também não...
Uma clara tentativa de extermínio do diferente deles, de pensamentos, corpos,
práticas...
Quando alguém não pode sequer ser mencionado numa escola... estamos diante do
quê?
Esse alguém (que pode ser uma ideia, vamos ampliar um pouco), é importante
registrar aqui minha experiência nestes três anos, é rotineiramente alguém sobre
quem muitos falam, alguém ordinariamente não ouvido...
E sobre ele falam como uma grande ameaça: à família (não dizem “às famílias”), à
civilização cristã...
Ora, mulheres que lutaram pelo direito ao voto, em diversos países, ao longo do século
XX, ouviram as mesmas acusações de grupos políticos e religiosos... E o mesmo se
disse do divórcio...
A meu ver, alguém que acusa gays, trans... de procurarem destruir a família, esse
alguém não pode mais ser chamado de ingênuo, principalmente se teve e tem
condições de estudar de procurar informações de qualidade...
Há filmes e filmes, cito vários em meus trabalhos, entrevistas em jornais impressos,
portais da web... apresentando casais de diversos tipos...
E o que vemos?
Que buscam constituir famílias e não destruir...
"Em defesa da família", Daniella Cronemberger, Brasil, 2016
https://www.youtube.com/watch?v=L2LMRM1ZNTQ
1147
“Casal homoafetivo planejava adotar uma criança mas acaba optando por três”, Glenn
Greenwald, Juliana Gonçalves e Thiago Dezan, The Intercept Brasil, no YouTube em 06
de fevereiro de 2017
https://www.youtube.com/watch?v=0Hd2VaXVI_k
"Vestidas de noiva", Fábia Fuzeti e Gabi Torrezani, Brasil, 2015
https://www.youtube.com/watch?v=B5lbwvyqb_A
"Regras para acelerar o processo de adoção entram em vigor", Neide Duarte, Jornal
Nacional, Rede Globo, 24 de novembro de 2017
https://www.youtube.com/watch?v=WZb1_acp4-0
“'Um dia verá que o mundo não é tão bonito, mas deve perdoá-lo': a carta de um pai
gay a seu filho", Tom C. Avendaño, El País, 02 de novembro de 2017
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/11/02/cultura/1509612925_185888.html
"Você sabe o que acontece quando gays querem adotar um filho?", Yannik D'Elboux,
Uol, 03 de fevereiro de 2015
https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2015/02/03/voce-sabe-o-que-acontecequando-gays-querem-adotar-um-filho.htm
https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/entretenimento/2015/02/03/vocesabe-o-que-acontece-quando-gays-querem-adotar-um-filho.htm
Se há famílias ameaçadas, ameaçadas por grupos que justificam suas ações por meio
de interpretações religiosas... se há famílias ameaçadas... são exatamente famílias
formadas por gays, trans...
São essas famílias que querem destruir...
Para muitos religiosos, Eduardo Cunha pode adotar e educar filhos...
1148
Um casal gay... não...
Criar ameaças inexistentes é a forma de ação de diversos religiosos e igrejas...
Controle do outro pelo medo...
Comunismo e “ideologia de gênero” foram as ameaças apresentadas para unir,
manipular e explorar grupos no Brasil, nos últimos anos...
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO (Andrea Dip, Agência Pública, 30 de
agosto de 2016) 97
E comunismo pode ser qualquer coisa, com a qual aquele que procura causar
escândalos não concorde...
Um grande exemplo, ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3:
PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO
YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690
Ex-governadores presos ou cassados recentemente no Brasil: Sérgio Cabral (PMDB-RJ),
Anthony Garotinho (RJ), Rosinha Garotinho (governou o Rio pelo PMDB), Silval Barbosa
(PMDB-MT), André Puccinelli (PMDB-MS), Marcelo Miranda (PMDB-TO, cassado pela
Justiça Eleitoral), José Melo (PROS-AM), Beto Richa (PSDB-PR), Marconi Perillo (PSDBGO)... Eduardo Azeredo (PSDB-MG, preso depois de décadas, julgamento do chamado
“Mensalão Tucano”)...
E há o caso de Aécio Neves (PSDB-MG, ex-governador do estado)...
Aécio Neves, Eduardo Azeredo e Sérgio Guerra foram presidentes do PSDB...
O que dizer de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), grande líder religioso da Câmara dos
Deputados?
1149
“Como funcionava o esquema de corrupção que desviou milhões de reais da Caixa”,
Flávio Costa e Felipe Amorim, Uol, 22 de junho de 2017
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2017/06/22/como-funcionava-oesquema-de-corrupcao-que-desviou-milhoes-da-caixa.htm
“Cunha era 'banco de corrupção de políticos', diz Funaro; assista”, Folha/Uol, 13 de
outubro de 2017
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1926815-cunha-era-banco-decorrupcao-de-politicos-diz-funaro.shtml
“Filha de Cunha ganha R$ 2 milhões de fundo público e lidera doações do MDB”, Edson
Sardinha e Fábio Góis, Congresso em Foco/Uol, 11 de setembro de 2018
https://congressoemfoco.uol.com.br/eleicoes/filha-de-cunha-ganha-r-2-milhoes-defundo-publico-e-lidera-doacoes-do-mdb/
Geddel Vieira Lima (PMDB-BA)?
Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez...
Corrupção no CARF, sempre citada como envolvendo os setores mais avançados do
capitalismo brasileiro e somando montantes maiores do que a corrupção apurada na
Petrobrás pela Lava-Jato...
Não deixo de lembrar aqui, e de acusar, a corrupção do PT, “a ameaça comunista”,
mas noto que foi praticada junto com diversos dos políticos, partidos e empresas,
citados acima...
Observemos a situação do estado do Rio de Janeiro...
https://drive.google.com/file/d/16BL_ppabqGE4QqzVFOlMmnRTybBrOduv/view?usp=
sharing
Olhemos para o Brasil...
1150
“Metade da população não tem acesso a coleta de esgoto. João Goulart Filho acertou
dado em plano de governo; 99 milhões de pessoas utilizavam medidas alternativas
para despejar dejetos em 2016”, Ethel Rudnitzki, Agência Pública, 04 de setembro de
2018
https://apublica.org/2018/09/truco-metade-da-populacao-nao-tem-acesso-a-coletade-esgoto/ ... http://www.snis.gov.br/diagnostico-agua-e-esgotos/diagnostico-ae2016
“Brasil tem maior concentração de renda do mundo entre o 1% mais rico”, Rodolfo
Borges, El País, 14 de dezembro de 2017
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/12/13/internacional/1513193348_895757.html
“Parcela dos 10% mais ricos concentra 42%da renda do país,diz IBGE”, Uol/Valor, 17 de
dezembro de 2014
https://economia.uol.com.br/noticias/valor-online/2014/12/17/parcela-dos-10-maisricos-concentra-42-da-renda-do-pais-diz-ibge.htm
“Novo megatemplo ilustra disputa de igrejas em SP para 'mostrar poder'”, Felipe
Souza, BBC Brasil, 29 de fevereiro de 2016
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160226_megatemplos_saopaulo_
fs
“Igreja Universal investe R$ 414 milhões em novo templo em Curitiba”, Fernando
Garcel, Paraná Portal/Uol, 15 de outubro de 2016
[Igreja usufrui dos serviços da cidade sem pagar IPTU, de acordo com as leis
brasileiras... Para pensar no liberalismo brasileiro... A partir das atividades da igreja é
que se conseguiu capital para a compra da TV Record?. Outros empresários, para
acumular o mesmo capital e disputar a compra da TV em igualdade de condições,
pagariam impostos que a igreja não pagou?]
1151
http://paranaportal.uol.com.br/curitiba/igreja-universal-investe-r-414-milhoes-comnovo-templo-em-curitiba/
"’Vivemos uma epidemia social de abandono paterno’, diz promotor”, Daniela Carasco,
Universa Uol, 10 de abril de 2018
https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/04/10/vivemos-uma-epidemiasocial-de-abandono-paterno-diz-promotor.htm
“2/3 dos estupros registrados em SP são de vulneráveis; número é o maior desde
2013”, Marcos Sérgio Silva, Uol, 16 de maio de 2017
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/05/16/23-dos-estuprosregistrados-em-sp-sao-de-vulneraveis-numero-e-o-maior-desde-2013.htm
Já não se pode dizer, jocosamente, isentando pessoas de suas responsabilidades, que
“ameaça comunista” é fruto de falta de conhecimento, de isolamento intelectual... Ver
filme “Dr. Fantástico” (“Dr. Strangelove”), de Stanley Kubrick, 1964...
Só posso concluir que é completo descompromisso com pessoas mais vulneráveis que
vivem numa das sociedades mais desiguais do mundo...
Onde está a “ameaça comunista”?
O que ameaça, mesmo, as famílias?
Quem está semeando ignorância e se enriquecendo às custas daqueles que procuram
alguma esperança de vida melhor?
*
AOS INDECISOS, AOS QUE SE ANULAM, AOS QUE PREFEREM NÃO. O MAIOR DELÍRIO
VIVIDO HOJE NO BRASIL É O DA “NORMALIDADE” (Eliane Brum, El País, 24 de outubro
de 2018 1064... Ver MINISTRO DO TSE VETA PROGRAMA DE HADDAD QUE ASSOCIA
BOLSONARO À TORTURA (Uol, 20 de outubro de 2018 1005...) 1064
1152
OLAVO FAZ INCITAÇÃO À VIOLÊNCIA; CONVOCO MEUS CONCIDADÃOS A REPUDIÁLO. TEXTO ANUNCIA UMA ESCALADA DE AÇÕES VIOLENTAS E CONCLAMA
SEGUIDORES A PERPETRÁ-LAS (Caetano Veloso, Folha/Uol, 14 de outubro de 2018
954... Sobre afirmações de Olavo de Carvalho, ver, por exemplo, a respeito de crime
organizado, narcotráfico: “NO SAPATINHO”: A EVOLUÇÃO DAS MILÍCIAS NO RIO DE
JANEIRO (2008-2011) (Ignácio Cano e Thais Duarte, coordenadores, Kryssia Ettel e
Fernanda Novaes Cruz, pesquisadoras, Rio de Janeiro, Fundação Heinrich Böll, 2012:
https://br.boell.org/sites/default/files/no_sapatinho_lav_hbs1_1.pdf ... MORRE AOS
96 ANOS O JURISTA HÉLIO BICUDO, UM DEFENSOR DOS DIREITOS HUMANOS.
FUNDAMENTAL NO COMBATE AO “ESQUADRÃO DA MORTE” NA DITADURA MILITAR,
BICUDO FOI COFUNDADOR DO PT E AJUDOU NO PEDIDO DE IMPEACHMENT DE DILMA
ROUSSEFF (Arthur Stabile e Maria Teresa Cruz, Ponte Jornalismo, 31 de julho de 2018:
https://ponte.org/morre-aos-96-anos-o-jurista-helio-bicudo-um-defensor-dos-direitoshumanos/ ... COMO A DITADURA PERSEGUIU HÉLIO BICUDO. JURISTA TEVE A VIDA
ESCRUTINADA POR DENUNCIAR ATUAÇÃO DE ESQUADRÕES DA MORTE.
DOCUMENTOS INÉDITOS MOSTRAM QUE A CÚPULA DO REGIME AGIU DIRETAMENTE
PARA ACOBERTAR A AÇÃO DOS GRUPOS DE EXTERMÍNIO (João Soares, Deutsche
Welle, 01 de agosto de 2018:
https://www.dw.com/pt-br/como-a-ditadura-perseguiu-h%C3%A9lio-bicudo/a44918892 ... https://p.dw.com/p/32TSG ... "DITADURA IDEALIZOU MODELO ATUAL
DAS MILÍCIAS”. MILÍCIAS TIVERAM SEU EMBRIÃO NOS ESQUADRÕES DA MORTE
APOIADOS PELA DITADURA, AFIRMA SOCIÓLOGO. EM ENTREVISTA, ELE REJEITA A
IDEIA DE PODER PARALELO, APONTANDO QUE GRUPOS FARIAM PARTE DA
“DIMENSÃO ILEGAL DO ESTADO" (João Soares, Deutsche Welle, 03 de agosto de 2018:
https://www.dw.com/pt-br/ditadura-idealizou-modelo-atual-das-mil%C3%ADcias/a44945335 ... https://p.dw.com/p/32aKl ... ATENTADOS DE DIREITA FOMENTARAM AI-5
CINQUENTA ANOS DEPOIS DO ATO QUE SEPULTOU AS LIBERDADES DEMOCRÁTICAS
NO PAÍS, A PÚBLICA OBTÉM DOCUMENTOS QUE PROVAM QUE FOI A DIREITA
PARAMILITAR, E NÃO A ESQUERDA, QUE DEU INÍCIO A EXPLOSÕES DE BOMBAS E
ROUBOS DE ARMAS (Vasconcelo Quadros, Agência Pública reproduzida pelo El País, 02
de outubro de 2018:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/02/politica/1538488463_222527.html ...
PROGRAMA ARQUIVO N SOBRE ATENTADO NO RIOCENTRO (30 DE ABRIL DE 1981)
(Roteiro e edição Luciana Savaget, Globo News, 2011:
https://www.youtube.com/watch?v=QqNUttqzGMw ...
https://www.youtube.com/watch?v=ZWj-YALnsl4 ... Ver também AO VIVO |
ELEIÇÕES 2018: BOLSONARO E HADDAD NA COBERTURA EM TEMPO REAL. NESTA
SEGUNDA-FEIRA, O TSE NEGOU PEDIDO DE HADDAD DE RETIRAR POST DE OLAVO DE
CARVALHO SOBRE INCESTO 952 ... Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e
1153
Escola Sem Partido 3: PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE
DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ) 954
O QUE NAMORO DE BOLSONARO COM PR REVELA SOBRE ESTRATÉGIA RUMO AO
PLANALTO (Mariana Sanches, BBC Brasil, 04 de julho de 2018) 527
EM CULTO, MEIRELLES RECEBE ORAÇÃO E APOIO DE PASTOR: “PAI DAS FINANÇAS”,
DANIEL WETERMAN (Estadão reproduzido pelo Uol, 16 de agosto de 2018 532... Ver,
no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, PADRE PAULO RICARDO DE
AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK,
CONGRESSO NACIONAL 690 ) 532
COTADO PARA VICE DE BOLSONARO, GENERAL DIZ: "PRONTO PARA CUMPRIR A
MISSÃO" (Gustavo Maia e Luis Kawaguti, Uol, 17 de julho de 2018... A matéria faz
referência ao general da reserva Augusto Heleno Ribeiro Pereira (PRP) e senador
Magno Malta, PR - ES... 533... Ver CLUBE MILITAR ATUA EM CAMPANHA ELEITORAL
MESMO PROIBIDO POR ESTATUTO E LEI 580... Ver CAMPANHA DE JAIR BOLSONARO
É MARCADA POR INTRIGAS E IMPROVISO. SEM TESOUREIRO OU MARQUETEIRO,
ESTRUTURA TEM POUCA COESÃO E MUITA INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA DO CANDIDATO
609 ... BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL
NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT
GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO
PROJETO ESCOLA SEM 593 ) 533
PRÉ-CANDIDATAS ACUSAM REDE DE MACHISMO E DEIXAM SIGLA (Marianna Holanda,
Estadão reproduzido pelo Uol, 28 de julho de 2018... A matéria também apresenta
medidas do TSE para garantir participação mais igualitária de mulheres nas eleições,
com mínimo de candidaturas, participação no dinheiro destinado a bancar
campanhas... 536 ... Ver também COMO PARTIDOS (DE HOMENS) PODEM
DIFICULTAR A VIDA DE MULHERES CANDIDATAS? 538... Ver COMO ELEGER
MULHERES INFLUENCIA O SUCESSO DE FUTURAS CANDIDATAS 629) 536
COMO PARTIDOS (DE HOMENS) PODEM DIFICULTAR A VIDA DE MULHERES
CANDIDATAS? (Leonardo Sakamoto, Blog do Sakamoto/Uol, 02 de agosto de 2018
538... Ver COMO ELEGER MULHERES INFLUENCIA O SUCESSO DE FUTURAS
CANDIDATAS 629 ) 538
QUEM ESPALHA DESINFORMAÇÃO? E QUEM NÃO ESPALHA? A MELHOR FORMA DE
LIDAR COM UMA POTENCIAL MENTIRA É PERMITIR QUE ELA SEJA DITA, PARA QUE
POSSA SER DESMENTIDA PUBLICAMENTE OU CONFRONTADA JUDICIALMENTE
1154
(Rodolfo Borges, El País, 28 de julho de 2018 540/541... Ver MBL CONDENADO POR
TRE POR PUBLICAR NOTÍCIA FALSA SOBRE JAQUES WAGNER (PT). MBL DAVA A
ENTENDER EM VÍDEO QUE PROTESTOS ANTI-LULA ERAM CONTRA CANDIDATO AO
SENADO 579 ... ESTÁ CLARO QUE O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO NÃO TEM
CONDIÇÕES DE FISCALIZAR AS FRAUDES DO MBL, ATÉ PORQUE PARTE DELE ESTÁ EM
CONLUIO COM ELES. COMO A REDE É PRIVADA, SÓ QUEM TEM PODER PARA COIBIR
ABUSOS É O PRÓPRIO FACEBOOK 542 ... LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO
JORNAL NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO MEC (Uol, 30 de agosto de 2018... A
matéria também cita atuação do MBL) 598/599 ... TÍTULOS DE VÍDEOS DO CANAL DO
YOUTUBE MBL – MOVIMENTO BRASIL LIVRE 961 ... Sobre o MBL, mencionado no
artigo e que apoia o Escola Sem Partido, ver a secção Assassinato de Marielle Franco
(PSOL), vereadora do Rio de Janeiro: 14 de março de 2018..., página 1170, do arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, com destaque para as matérias COMO
GANHOU CORPO A ONDA DE FAKE NEWS SOBRE MARIELLE FRANCO 224... ESTUDO
RESPONSABILIZA SITE DE OPINIÃO POLÍTICA E MBL POR ESPALHAR FAKE NEWS SOBRE
MARIELLE 229... FACEBOOK TIRA DO AR PÁGINA E PERFIS ASSOCIADOS À ONDA DE
FAKE NEWS CONTRA MARIELLE. REDE SOCIAL DIZ QUE PERFIS FALSOS FEREM AS
NORMAS) 230... FACEBOOK TIRA DO AR PÁGINA QUE BOMBOU NOTÍCIA FALSA
SOBRE MARIELLE FRANCO 232... O EXÉRCITO DE PINÓQUIOS. COMO OPERAM DEZ
DOS MAIORES SITES DE NOTÍCIAS FALSAS DO PAÍS, PAGOS ATÉ COM VERBA DE
GABINETE PARA DISSEMINAR BOATOS 469... ASSÉDIO E ATAQUE A JORNALISTAS NO
CONGRESSO 775/776... DONO DE SITES CRITICADOS POR “FAKE NEWS” RECEBE
DINHEIRO DE DEPUTADO 777... GRUPOS DIREITISTAS DIFUNDEM “FAKE NEWS” PARA
CRITICAR COMBATE DO FACEBOOK ÀS “FAKE NEWS”. MBL E ATIVISTAS DE EXTREMADIREITA ATACAM AGÊNCIAS DE CHECAGEM DE INFORMAÇÕES, DIVULGAM PERFIS
PESSOAIS DE JORNALISTAS E USAM DADOS FALSOS PARA DESQUALIFICAR INICIATIVA
DA REDE SOCIAL 649... ASSÉDIO E ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO 775/776
) 540/541
ESTÁ CLARO QUE O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO NÃO TEM CONDIÇÕES DE
FISCALIZAR AS FRAUDES DO MBL, ATÉ PORQUE PARTE DELE ESTÁ EM CONLUIO COM
ELES. COMO A REDE É PRIVADA, SÓ QUEM TEM PODER PARA COIBIR ABUSOS É O
PRÓPRIO FACEBOOK (Denis R. Burgierman, Nexo Jornal, 01 de agosto de 2018) 542
REPRESENTANTES DE IGREJAS SÃO ESCOLHIDOS POR PASTORES (Renata Agostini,
Estadão reproduzido pelo Uol, 12 de agosto de 2018... A matéria tem o seguinte
trecho: "’Desde 1986, a participação deles no Congresso só cresce. Em 2006, há
queda pontual, em função do escândalo dos Sanguessugas, que envolve líderes
evangélicos’, diz Ronaldo Almeida, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento.” )
546
1155
DEBATE DA REDETV! TEM FOCO EM ECONOMIA E "SERMÃO" DE MARINA EM
BOLSONARO (Ana Carla Bermúdez e Luciana Amaral, Uol, 18 de agosto de 2018 548...
Ver MULHERES SÃO "ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS
PRESIDENCIÁVEIS 645 ) 548
MARINA ATACA BOLSONARO POR MULHER E ARMAS: "ACHA QUE RESOLVE TUDO NO
GRITO" (Ana Carla Bermúdez e Luciana Amaral, Uol, 18 de agosto de 2018 533... Ver
MULHERES SÃO "ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS
645 ) 553
BOLSONARO FAZ ACENO TOSCO ÀS MULHERES E É NOCAUTEADO POR MARINA.
PRESIDENCIÁVEL FICA NA RETRANCA EM PROGRAMA AO VIVO NA TV, E MOSTRA QUE
O FOSSO QUE O SEPARA DO ELEITORADO FEMININO VAI SEGUIR EXISTINDO (Carla
Jiménez, El País, 18 de agosto de 2018 564/565... Ver MULHERES SÃO "ESQUECIDAS"
EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS 645 ) 564/565
MINAS TERÁ A PRIMEIRA CANDIDATA TRANS AO SENADO (Jonathas Cotrim, Estadão
reproduzido peloUol, 12 de agosto de 2018 551... ALEXYA, PASTORA TRANS E
CANDIDATA DISPOSTA A "CONTRADIZER" EM SÃO PAULO 643... CANDIDATA
TRANSGÊNERO VENCE PRIMÁRIA DEMOCRATA PARA GOVERNO DE VERMONT 720 )
551
ALEXYA, PASTORA TRANS E CANDIDATA DISPOSTA A "CONTRADIZER" EM SÃO
PAULO (Alba Santandreu, EFE reproduzida pelo Uol Universa, 27 de agosto de 2018
643... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: “PROFESSORA, VOCÊ
É HOMEM?” A VIDA DE UMA MULHER TRANS NA SALA DE AULA (Ingrid Fagundez, BBC
Brasil, 15 de agosto de 2017) 868 ) 643
A TRISTE CONVENIÊNCIA DOS CANDIDATOS QUE QUEREM SER ELEITOS SEM
ENFRENTAR SEUS ELEITORES. NA APAGADA ELEIÇÃO DE SÃO PAULO, ESTÁ DIFÍCIL
CONVENCER CANDIDATO A DEBATER EM BAIRRO RICO, QUE DIRÁ NA PERIFERIA
(Regiane Oliveira, El País, 16 de agosto de 2018... Segundo a matéria, Rogério Chequer
(NOVO), candidato ao governo do estado de São Paulo, defendeu, em debate no
teatro TUCA, o Programa Escola Sem Partido...) 555
VI MULHERES BRIGANDO COM HOMENS QUE FAZEM DE BOLSONARO SUA ARMA DE
FOGO (Rosana Pinheiro-Machado, antropóloga, The Intercept Brasil, 20 de Agosto de
2018 557... Ver também NEM FASCISTAS NEM TELEGUIADOS: OS BOLSONARISTAS DA
PERIFERIA DE PORTO ALEGRE. ELES CONTRARIAM O ESTEREÓTIPO ATRIBUÍDO PELOS
CRÍTICOS E FOGEM DAS “FAKE NEWS”. O EL PAÍS MERGULHOU NO FENÔMENO DE
ADESÃO AO CANDIDATO DE EXTREMA DIREITA A PARTIR DA PESQUISA DE DUAS
1156
ANTROPÓLOGAS 566 ... CARLA JIMÉNEZ ENTREVISTA ANTROPÓLOGA ROSANA
PINHEIRO-MACHADO 574/575 ) 557
NEM FASCISTAS NEM TELEGUIADOS: OS BOLSONARISTAS DA PERIFERIA DE PORTO
ALEGRE. ELES CONTRARIAM O ESTEREÓTIPO ATRIBUÍDO PELOS CRÍTICOS E FOGEM
DAS “FAKE NEWS”. O EL PAÍS MERGULHOU NO FENÔMENO DE ADESÃO AO
CANDIDATO DE EXTREMA DIREITA A PARTIR DA PESQUISA DE DUAS ANTROPÓLOGAS
(Naira Hofmeister, El País, 17 de agosto de 2018 566... Ver também VI MULHERES
BRIGANDO COM HOMENS QUE FAZEM DE BOLSONARO SUA ARMA DE FOGO 557 ...
CARLA JIMÉNEZ ENTREVISTA ANTROPÓLOGA ROSANA PINHEIRO-MACHADO 574/575)
566
CARLA JIMÉNEZ ENTREVISTA ANTROPÓLOGA ROSANA PINHEIRO-MACHADO
(Facebook El País, 07 de agosto de 2018) 574/575
VOTO DAS MULHERES VIRA PESADELO DE BOLSONARO (Mário Magalhães, the
Intercept Brasil, 22 de agosto de 2018) 559/560
BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”.
CANDIDATO DO PSL MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO
NUNCA FOI COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM
HOMOFOBIA [Ricardo Della Coletta, El País, 29 de agosto de 2018 593... Ver GENERAL
LIGADO A BOLSONARO FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE 1964 920
... O AUTORITARISMO, A CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA 930 ... Ver
CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM INCLINAÇÃO
POLÍTICA NOS CULTOS 837 ... Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem
Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS LIVROS (Fernando Haddad, ex-ministro da
Educação dos governos Lula e Dilma, sobre atuação de políticos ligados a igrejas no caso do
material contra homofobia, deturpado com a denominação “kit gay”) 221 ] 593
LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL ALVO DE BOATO FOI COMPRADO PELO MINC.
DEPUTADO BOLSONARO ACUSOU DISTRIBUIÇÃO PARA ESCOLAS; MEC NEGOU.
MINISTÉRIO DA CULTURA DIZ TER COMPRADO UNIDADES PARA BIBLIOTECAS
PÚBLICAS (G1 Globo, 21 de janeiro de 2016) 596
LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO
MEC (Uol, 30 de agosto de 2018... A matéria também cita atuação do MBL 598/599...
Ver também CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM
INCLINAÇÃO POLÍTICA NOS CULTOS 837 ... Ver GENERAL LIGADO A BOLSONARO
FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE 1964 920 ... O AUTORITARISMO, A
CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA 930 ) 598/599
1157
ERROS E ACERTOS DE JAIR BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL E NO JORNAL DAS 10
(Chico Marés, Clara Becker, Leandro Resende, Nathália Afonso e Plínio Lopes, Revista
Piauí Lupa/Uol, 28 de agosto de 2018) 600
AUTORA DE LIVRO CRITICADO POR BOLSONARO REBATE: “NO FUNDO, ELE QUERIA
TER GANHADO UM" (Diego Assis, Uol, 30 de agosto de 2018) 600
“BOLSONARO INCONSCIENTEMENTE QUERIA DIVULGAR MEU LIVRO SOBRE
EDUCAÇÃO SEXUAL”, DIZ ESCRITORA. AUTORA DE “APARELHO SEXUAL E CIA”
CRITICA O PRESIDENCIÁVEL APÓS PROPAGADA NEGATIVA SOBRE SUA OBRA. "EU
ACHO QUE SUAS OBSESSÕES DIZEM MUITO SOBRE O QUE ELE PRÓPRIO TEM NA
CABEÇA", ARGUMENTA (Ricardo Della Coletta e Sara González, El País, 31 de agosto
de 2018 604... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, PADRE
PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE,
FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ) 604
O QUE HÁ DE TÃO ASSOMBROSO NO LIVRO QUE BOLSONARO NÃO PÔDE MOSTRAR
NO JN? (Rodrigo Casarin, Blog Página Cinco/Uol, 29 de agosto de 2018) 608 literatrua
CRITICADO POR BOLSONARO, LIVRO "APARELHO SEXUAL E CIA." SERÁ RELANÇADO
NO DIA 12 (Renata Nogueira, Uol, 05 de setembro de 2018) 616
CONTRA O PT, CONFEDERAÇÃO DE PASTORES DO BRASIL DECIDE APOIAR
BOLSONARO (Daniela Lima, Blog Painel/Uol, 20 de setembro de 2018 846... Ver
CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM INCLINAÇÃO
POLÍTICA NOS CULTOS 837 ) 846
GENERAL LIGADO A BOLSONARO FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE
1964 (Leandro Prazeres, Uol, 28 de setembro de 2018 920... Ver BOLSONARO MENTIU
AO FALAR DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO
PSL MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI
COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM HOMOFOBIA
593 ... O AUTORITARISMO, A CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA 930 ...
“MEU LIVRO É SOBRE A DITADURA. JAMAIS PENSEI QUE SERIA CENSURADO”, DIZ
AUTOR DE “MENINOS SEM PÁTRIA”. COLÉGIO PARTICULAR DO RIO VETOU OBRA APÓS
PAIS RECLAMAREM DE DOUTRINAÇÃO COMUNISTA. “PAPEL DO PROFESSOR É
MOSTRAR CAMINHOS AOS ALUNOS, SEM FAZER JULGAMENTOS. NÃO CABE AOS PAIS
DETERMINAR O QUE DEVE SER LIDO. FATOS E HISTÓRIA SÃO INCONTESTÁVEIS”, DIZ
LUIZ PUNTEL 936 ) 920
1158
O AUTORITARISMO, A CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA (Lilia
Schwarcz, Nexo Jornal, 07 de outubro de 2018 930... Ver GENERAL LIGADO A
BOLSONARO FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE 1964 920) 930
HADDAD NÃO CRIOU O “KIT GAY”. JAIR BOLSONARO (PSL) ACUSA ADVERSÁRIO DE
TER SIDO RESPONSÁVEL PELA IDEALIZAÇÃO DE MATERIAL ESCOLAR CONTRA
HOMOFOBIA, MAS INICIATIVA SURGIU DO LEGISLATIVO (Patrícia Figueiredo, Agência
Pública, 11 de outubro de 2018 942... Ver Ver também, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS LIVROS (Fernando
Haddad, ex-ministro da Educação dos governos Lula e Dilma, sobre atuação de
políticos ligados a igrejas no caso do material contra homofobia, deturpado com a
denominação “kit gay”) 221) 942
UMA ANÁLISE DO CADERNO ESCOLA SEM HOMOFOBIA. AVALIAMOS O MATERIAL
DIDÁTICO QUE FICOU PEJORATIVAMENTE CONHECIDO COMO 'KIT GAY' E TEVE SUA
DISTRIBUIÇÃO SUSPENSA PELO GOVERNO FEDERAL EM 2011 (Bruno Mazzoco, Revista
Nova Escola, 01 de Fevereiro de 2015) 946
KITS DE PT E PSDB TÊM ITENS INCÔMODOS PARA EVANGÉLICOS (Coluna Poder,
Folha/Uol, 18 de outubro de 2012) 948
CONSELHO Nacional de Combate à Discriminação. Brasil Sem Homofobia: Programa
de combate à violência e à discriminação contra GLTB e promoção da cidadania
homossexual. Brasília : Ministério da Saúde, 2004 951
CAMPANHA DE JAIR BOLSONARO É MARCADA POR INTRIGAS E IMPROVISO. SEM
TESOUREIRO OU MARQUETEIRO, ESTRUTURA TEM POUCA COESÃO E MUITA
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA DO CANDIDATO (Igor Gielow, Folha/Uol, 02 de setembro de
2018 609... Ver CLUBE MILITAR ATUA EM CAMPANHA ELEITORAL MESMO PROIBIDO
POR ESTATUTO E LEI 580 ... LUCIANO HANG E O PELOTÃO DE EMPRESÁRIOS
‘ANTICOMUNISTAS’ PRÓ-BOLSONARO. CABO ELEITORAL DO MILITAR REFORMADO, O
DONO DA REDE DE LOJAS HAVAN CONCLAMA EMPRESÁRIOS A SE UNIREM À CAUSA.
NO INÍCIO DE AGOSTO, UM CAFÉ DA MANHÃ REUNIU 62 DELES PARA OUVIR AS
PROPOSTAS DO CANDIDATO 620/621 ... MULHERES SÃO "ESQUECIDAS" EM
PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS 645 ... Ver, no arquivo Ideologia
de Gênero e Escola Sem Partido 3, PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS
ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690)
609
CLUBE MILITAR ATUA EM CAMPANHA ELEITORAL MESMO PROIBIDO POR ESTATUTO
E LEI (Hanrrikson de Andrade e Rodrigo Mattos, Uol, 26 de agosto de 2018 580... Ver
1159
BOLSONARO AMEAÇA OPONENTES E ATACA LEGITIMIDADE DA DISPUTA ELEITORAL
PELO PLANALTO. EM CARREATA, CANDIDATO DO PSL FAZ SÍMBOLO DE CADEIA,
QUANDO É VAIADO POR OPOSITORES 791 ... VILLAS BÔAS HOMENAGEIA SOLDADOS
MORTOS NO RIO E CRITICA FALTA DE "EMPENHO" DO GOVERNO 618 ... POLICIAIS
FARDADOS TIETAM BOLSONARO EM CAMPANHA; PM-SP APURA IRREGULARIDADE
785 ... CAMPANHA DE JAIR BOLSONARO É MARCADA POR INTRIGAS E IMPROVISO.
SEM TESOUREIRO OU MARQUETEIRO, ESTRUTURA TEM POUCA COESÃO E MUITA
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA DO CANDIDATO 609 ... BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE
LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA
PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO
PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM 593 ... MULHERES SÃO
"ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS 645 ) 580
POLICIAIS FARDADOS TIETAM BOLSONARO EM CAMPANHA; PM-SP APURA
IRREGULARIDADE (Gustavo Maia, Janaina Garcia e Marcelo Ferraz, Uol, 27 de agosto
de 2018 785... Ver OPINIÃO: É DANOSO QUANDO MILITARES NÃO PASSAM IMAGEM
DE NEUTRALIDADE 915 ... Ver no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido:
PROFESSORES DENUNCIAM AMEAÇA DE PMS EM AUDIÊNCIA NA UNIFESP: "DEPOIS
MORRE E NÃO SABE POR QUÊ" 871... NOTA DE REPÚDIO DIANTE DO OCORRIDO NO
CAMPUS BAIXADA SANTISTA 874 ... “ELES NÃO ESTAVAM LÁ À TOA; ALGUÉM
DETERMINOU”, DIZ ADILSON PAES SOBRE INVASÃO DE POLICIAIS À AUDIÊNCIA NA
UNIFESP 875... ) 785
O LIMITE DO INTOLERÁVEL: TRANSFORMAR UMA CHACINA EM UMA COMPETIÇÃO
MACABRA (Roberto Tardelli, Justificando/Carta Capital, 09 de janeiro de 2017 906...
Ver FACEBOOK MAJOR OLÍMPIO, 07 DE JANEIRO DE 2017 909 ... Major Olímpio é
coordenador de campanha de Jair Bolsonaro e foi eleito senador, nas eleições de 2018,
antes era deputado federal...) 906
SENADOR, MAJOR OLÍMPIO APOIARÁ VENDA DE RESERVAS INDÍGENAS E FIM DE
TORCIDAS ORGANIZADAS. APOIADOR DE BOLSONARO EM SP, DEPUTADO TAMBÉM
QUER REVOGAÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO (Folha/Uol, 09 de outubro de
2018... Em 1978, portanto ditadura civil-militar, foi apresentada, pelo ministro do
Interior, Rangel Reis, e pelo general Ismarth, a ideia de um projeto de emancipação do
Índio, o qual previa inclusive a possibilidade de que índios emancipados pudessem
vender suas terras... Ver, por exemplo, livro “Os fuzis e as flechas: história de sangue e
resistência indígena na ditadura”, Rubens Valente, Companhia das Letras, 2017...
Especificamente o cap. 21, “Um moinho feroz”, pp. 302-309) 909
JANAÍNA PASCHOAL É A DEPUTADA MAIS VOTADA NA HISTÓRIA DO PAÍS.
CANDIDATA DO PSL OBTEVE MAIS DE 2 MILHÕES DE VOTOS NA DISPUTA PARA O
1160
LEGISLATIVO ESTADUAL. NÚMERO SUPERA EDUARDO BOLSONARO, ATUAL
RECORDISTA PARA A VAGA NA CÂMARA DOS DEPUTADOS (G1 Globo, 07 de outubro
de 2018) 918
GOVERNADOR CONTRARIA POLÍCIA AO EXALTAR MÃE PM QUE MATOU CRIMINOSO.
PARA BAIXAR LETALIDADE POLICIAL, ESTRATÉGIA DE COMANDO É CONTRA
ENALTECER MORTES (Guilherme Seto, Rogério Pagnan e Sílvia Haidar, Folha/Uol, 14 de
maio de 2018 896... Ver APÓS ANUNCIAR NEUTRALIDADE, FRANÇA USARÁ VICE PM
PARA ATRAIR BOLSONARISTAS 913... OPINIÃO: É DANOSO QUANDO MILITARES NÃO
PASSAM IMAGEM DE NEUTRALIDADE 915... POLICIAIS FARDADOS TIETAM
BOLSONARO EM CAMPANHA; PM-SP APURA IRREGULARIDADE 785...) 896
TRE SUSPENDE PROPAGANDA QUE MOSTRAVA PM CANDIDATA MATANDO LADRÃO
EM ESCOLA (Leonardo Martins, Uol, 05 de setembro de 2018) 899
CANDIDATA À CÂMARA, PM QUE MATOU LADRÃO DIZ: QUEM É DE BEM NÃO MATA A
RODO (Talyta Vespa, Uol Universa, 21 de setembro de 2018) 902
APÓS SER CONDENADO A 623 ANOS POR MASSACRE, CORONEL UBIRATAN FOI
ABSOLVIDO E ASSASSINADO EM 2006 (Janaina Garcia, Uol, 06 de abril de 2013) 905
ELEITA DEPUTADA, "MÃE PM" DEFENDE LIBERAÇÃO DAS ARMAS E APOIA BOLSONARO
(Bibiana Bolson, Uol, 08 de outubro de 2018) 912
APÓS ANUNCIAR NEUTRALIDADE, FRANÇA USARÁ VICE PM PARA ATRAIR
BOLSONARISTAS (Guilherme Mazieiro, Uol, 10 de outubro de 2018 913... Ver
também "COLOCAR MULHER COMO VICE PARA ATRAIR ELEITORAS É CHAMÁ-LAS DE
IDIOTAS" 576) 913
OPINIÃO: É DANOSO QUANDO MILITARES NÃO PASSAM IMAGEM DE
NEUTRALIDADE (Rafael Alcadipani, Uol, 10 de outubro de 2018) 915
LUCIANO HANG E O PELOTÃO DE EMPRESÁRIOS ‘ANTICOMUNISTAS’ PRÓBOLSONARO. CABO ELEITORAL DO MILITAR REFORMADO, O DONO DA REDE DE
LOJAS HAVAN CONCLAMA EMPRESÁRIOS A SE UNIREM À CAUSA. NO INÍCIO DE
AGOSTO, UM CAFÉ DA MANHÃ REUNIU 62 DELES PARA OUVIR AS PROPOSTAS DO
CANDIDATO (Fernanda Becker e Regiane Oliveira, El País, 02 de setembro de 2018
620/621... Ver CONTRA O PT, CONFEDERAÇÃO DE PASTORES DO BRASIL DECIDE
1161
APOIAR BOLSONARO 846 ...Ver também PABLLO VITTAR ROMPE COM GRIFE APÓS
EMPRESÁRIO MANIFESTAR APOIO A BOLSONARO 624 ) 620/621
PABLLO VITTAR ROMPE COM GRIFE APÓS EMPRESÁRIO MANIFESTAR APOIO A
BOLSONARO (Uol, 01 de setembro de 2018 624... Ver também LUCIANO HANG E O
PELOTÃO DE EMPRESÁRIOS ‘ANTICOMUNISTAS’ PRÓ-BOLSONARO. CABO ELEITORAL
DO MILITAR REFORMADO, O DONO DA REDE DE LOJAS HAVAN CONCLAMA
EMPRESÁRIOS A SE UNIREM À CAUSA. NO INÍCIO DE AGOSTO, UM CAFÉ DA MANHÃ
REUNIU 62 DELES PARA OUVIR AS PROPOSTAS DO CANDIDATO 620/621) 624
BOLSONARO AMEAÇA OPONENTES E ATACA LEGITIMIDADE DA DISPUTA ELEITORAL
PELO PLANALTO. EM CARREATA, CANDIDATO DO PSL FAZ SÍMBOLO DE CADEIA,
QUANDO É VAIADO POR OPOSITORES (Afonso Benites, El País, 05 de setembro de
2018 791... Ver CLUBE MILITAR ATUA EM CAMPANHA ELEITORAL MESMO PROIBIDO
POR ESTATUTO E LEI 580 ... VILLAS BÔAS HOMENAGEIA SOLDADOS MORTOS NO RIO
E CRITICA FALTA DE "EMPENHO" DO GOVERNO 618 ... Nas três matérias há
coincidência notável: militares questionam várias instituições da República, menos as
Forças Armadas... Urnas – Justiça Eleitoral -, dados econômicos – ministérios do
governo federal -, ações de governos no Rio, durante a intervenção... Ver também
BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”.
CANDIDATO DO PSL MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO
NUNCA FOI COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM
HOMOFOBIA 593 ... A matéria de entrada desta chamada, ainda traz informações
sobre carreata no Acre: “No sábado passado, em viagem ao Acre, Bolsonaro disse que
iria ‘fuzilar a petralhada do Acre’, em referência aos políticos do PT que governam o
Estado há duas décadas. Disse o candidato: ‘Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre.
Vamos botar esses picaretas para correr do Acre. Já que gostam tanto da Venezuela,
essa turma tem que ir para lá. Só que lá não tem nem mortadela. Vão ter que comer
capim mesmo’. Nesta quarta-feira, a Procuradoria-Geral da República solicitou que ele
explicasse o quis dizer. O órgão analisa a possibilidade de abrir um processo pelos
delitos de incitação ao crime e ameaça.” ) 791
BOLSONARO É ESFAQUEADO EM ATO DE CAMPANHA EM JUIZ DE FORA (MG)
(Gustavo Maia, Luciana Amaral, Leandro Prazeres e Janaina Garcia, Uol, 06 de
setembro de 2018 794... BOLSONARO ESTABILIZADO. UOL, PÁGINA INICIAL, 06 SET
2018, 21H20MIN 810) 794
BOLSONARO ESTABILIZADO. UOL, PÁGINA INICIAL, 06 SET 2018, 21H20MIN 810
BOLSONARO É ESFAQUEADO DURANTE ATO DE CAMPANHA EM JUIZ DE FORA.
CANDIDATO PARTICIPAVA DE PASSEATA EM JUIZ DE FORA QUANDO FOI ATINGIDO
1162
POR HOMEM DE 40 ANOS. A FACADA CAUSOU LESÃO NO ABDÔMEN, SEGUNDO O
HOSPITAL ONDE ELE É OPERADO (Rodolfo Borges, Gil Alessi, Heloísa Mendonça e
Afonso Benites, El País, 06 de setembro de 2018... Já no dia do atentado, insinuações
de que seria ação planejada pela esquerda... Ver VENDEDOR DE LIVROS, PASTOR E
“QUASE CANDIDATO”: O PASSADO DE ADÉLIO BISPO 939 ) 797
ATAQUE REFORÇA APOIO A BOLSONARO, MAS GERA DÚVIDA SOBRE RADICALIZAÇÃO.
ATENTADO INÉDITO PODE CAUSAR REFLUXO OU AUMENTAR EXTREMISMO, CRIANDO
INCERTEZAS NA CAMPANHA (Igor Gielow, Folha/Uol, 06 de setembro de 2018 800...
Ver VENDEDOR DE LIVROS, PASTOR E “QUASE CANDIDATO”: O PASSADO DE ADÉLIO
BISPO 939 ) 800
ATENTADO CONTRA BOLSONARO INAUGURA NOVA ETAPA NA VIOLÊNCIA POLÍTICA
DO PAÍS (Leonardo Sakamoto, Blog do Sakamoto/Uo, 06 de setembro de 2018 802...
O jornalista escreveu: “Como sempre digo, líderes políticos, sociais ou religiosos
afirmam que não incitam a violência através de suas palavras. Porém, se não são suas
mãos que seguram o revólver, é a sobreposição de seus argumentos e a escolha que
fazem das palavras ao longo do tempo que distorce a visão de mundo de seus
seguidores e torna o ato de atirar banal. Ou, melhor dizendo, ‘necessário’. Suas ações
e regras redefinem o que é aceitável, visão que depois será consumida e praticada por
terceiros. /”Estes acreditarão estarem fazendo o certo, praticamente em uma missão
divina./”Os envolvidos nesses casos colocam em prática o que leem todos os dias na
rede e absorvem em outras mídias: que seus adversários político e ideológico são a
corja da sociedade e agem para corromper os valores, tornar a vida dos outros um
inferno e a cidade, um lixo. Seres descartáveis, que vivem na penumbra e nos
ameaçam com sua existência, que não se encaixa nos padrões estabelecidos do
bem.”... Ver BOLSONARO AMEAÇA OPONENTES E ATACA LEGITIMIDADE DA DISPUTA
ELEITORAL PELO PLANALTO. EM CARREATA, CANDIDATO DO PSL FAZ SÍMBOLO DE
CADEIA, QUANDO É VAIADO POR OPOSITORES 791... BOLSONARO É ESFAQUEADO
DURANTE ATO DE CAMPANHA EM JUIZ DE FORA. CANDIDATO PARTICIPAVA DE
PASSEATA EM JUIZ DE FORA QUANDO FOI ATINGIDO POR HOMEM DE 40 ANOS. A
FACADA CAUSOU LESÃO NO ABDÔMEN, SEGUNDO O HOSPITAL ONDE ELE É OPERADO
797 ... BOLSONARO ESTABILIZADO. UOL, PÁGINA INICIAL, 06 SET 2018, 21H20MIN
810... O BRASIL SE AFOGA EM UM MAR DE BÍLIS. NEGOCIAÇÃO E DIÁLOGO SÃO OS
ÚNICOS MEIOS PARA O PAÍS COMEÇAR A SAIR DO BURACO EM QUE CAIU 806...
ATAQUE A BOLSONARO EXPÕE FACE VIOLENTA DA POLARIZAÇÃO NO BRASIL,
AFIRMAM ANALISTAS 807 ... PROFISSIONAIS DA VIOLÊNCIA. A REAÇÃO DE MOURÃO,
O VICE “FACA NA CAVEIRA” DE BOLSONARO, APONTA COMO O BRASIL SERÁ
GOVERNADO EM CASO DE VITÓRIA DA CHAPA DE EXTREMA-DIREITA 815 ... Ver
VENDEDOR DE LIVROS, PASTOR E “QUASE CANDIDATO”: O PASSADO DE ADÉLIO BISPO
939 ... BRÉSIL : LE NAUFRAGE D’UNE NATION 811 ) 802
1163
O BRASIL SE AFOGA EM UM MAR DE BÍLIS. NEGOCIAÇÃO E DIÁLOGO SÃO OS ÚNICOS
MEIOS PARA O PAÍS COMEÇAR A SAIR DO BURACO EM QUE CAIU (Clóvis Rossi,
Folha/Uol, 07 de setembro de 2018 806... ATENTADO CONTRA BOLSONARO
INAUGURA NOVA ETAPA NA VIOLÊNCIA POLÍTICA DO PAÍS 802... ATAQUE A
BOLSONARO EXPÕE FACE VIOLENTA DA POLARIZAÇÃO NO BRASIL, AFIRMAM
ANALISTAS 807... ATAQUE REFORÇA APOIO A BOLSONARO, MAS GERA DÚVIDA
SOBRE RADICALIZAÇÃO. ATENTADO INÉDITO PODE CAUSAR REFLUXO OU AUMENTAR
EXTREMISMO, CRIANDO INCERTEZAS NA CAMPANHA 800... PROFISSIONAIS DA
VIOLÊNCIA. A REAÇÃO DE MOURÃO, O VICE “FACA NA CAVEIRA” DE BOLSONARO,
APONTA COMO O BRASIL SERÁ GOVERNADO EM CASO DE VITÓRIA DA CHAPA DE
EXTREMA-DIREITA 815 ... Ver VENDEDOR DE LIVROS, PASTOR E “QUASE
CANDIDATO”: O PASSADO DE ADÉLIO BISPO 939 ... BOLSONARO AMEAÇA
OPONENTES E ATACA LEGITIMIDADE DA DISPUTA ELEITORAL PELO PLANALTO. EM
CARREATA, CANDIDATO DO PSL FAZ SÍMBOLO DE CADEIA, QUANDO É VAIADO POR
OPOSITORES 791 ... BRÉSIL : LE NAUFRAGE D’UNE NATION 811 ) 806
ATAQUE A BOLSONARO EXPÕE FACE VIOLENTA DA POLARIZAÇÃO NO BRASIL,
AFIRMAM ANALISTAS (Mariana Schreiber, BBC News Brasil, 07 de setembro de 2018
807... Ver BOLSONARO AMEAÇA OPONENTES E ATACA LEGITIMIDADE DA DISPUTA
ELEITORAL PELO PLANALTO. EM CARREATA, CANDIDATO DO PSL FAZ SÍMBOLO DE
CADEIA, QUANDO É VAIADO POR OPOSITORES 791... BOLSONARO ESTABILIZADO.
UOL, PÁGINA INICIAL, 06 SET 2018, 21H20MIN 810... ATENTADO CONTRA
BOLSONARO INAUGURA NOVA ETAPA NA VIOLÊNCIA POLÍTICA DO PAÍS 802... O
BRASIL SE AFOGA EM UM MAR DE BÍLIS. NEGOCIAÇÃO E DIÁLOGO SÃO OS ÚNICOS
MEIOS PARA O PAÍS COMEÇAR A SAIR DO BURACO EM QUE CAIU 806...
PROFISSIONAIS DA VIOLÊNCIA. A REAÇÃO DE MOURÃO, O VICE “FACA NA CAVEIRA” DE
BOLSONARO, APONTA COMO O BRASIL SERÁ GOVERNADO EM CASO DE VITÓRIA DA
CHAPA DE EXTREMA-DIREITA 815 ... Ver VENDEDOR DE LIVROS, PASTOR E “QUASE
CANDIDATO”: O PASSADO DE ADÉLIO BISPO 939 ) 807
BRÉSIL : LE NAUFRAGE D’UNE NATION (Editorial do Le Monde, 08 de setembro de
2018) 811
PROFISSIONAIS DA VIOLÊNCIA. A REAÇÃO DE MOURÃO, O VICE “FACA NA CAVEIRA”
DE BOLSONARO, APONTA COMO O BRASIL SERÁ GOVERNADO EM CASO DE VITÓRIA
DA CHAPA DE EXTREMA-DIREITA (Eliane Brum, El País, 10 de setembro de 2018...
Novamente menção a afirmações do grupo de Bolsonaro, que implicam a esquerda e
especificamente o PT no atentado... A matéria reproduz uma das primeiras imagens de
Bolsonaro no hospital em São Paulo, fazendo o gesto de imitar armas com as mãos...
Eliane Brum também lembra do assassinato de Marielle Franco... Ver Ver VENDEDOR
1164
DE LIVROS, PASTOR E “QUASE CANDIDATO”: O PASSADO DE ADÉLIO BISPO 939 ...Ver
"A DEMOCRACIA NÃO SE DEFENDE SOZINHA". HISTORIADOR AMERICANO TIMOTHY
SNYDER, ESPECIALISTA EM AUTORITARISMO, VÊ COM PREOCUPAÇÃO CENÁRIO NO
BRASIL E DIZ QUE SÓ REALIZAÇÃO DE ELEIÇÕES NÃO SIGNIFICA QUE CANDIDATOS E
ELEITORES SERÃO INCLINADOS À DEMOCRACIA 834 ) 815
GENERAIS INTIMIDAM OS ELEITORES E CHANTAGEIAM A DEMOCRACIA (Mário
Magalhães, The Intercept Brasil, 12 de Setembro de 2018... O jornalista fala de
ameaças de golpe, notícias falsas espalhadas por apoiadores do candidato, acusações
sem apresentação de fundamentação séria... 819... Ver VENDEDOR DE LIVROS,
PASTOR E “QUASE CANDIDATO”: O PASSADO DE ADÉLIO BISPO 939 ... Ver
PROFISSIONAIS DA VIOLÊNCIA. A REAÇÃO DE MOURÃO, O VICE “FACA NA CAVEIRA” DE
BOLSONARO, APONTA COMO O BRASIL SERÁ GOVERNADO EM CASO DE VITÓRIA DA
CHAPA DE EXTREMA-DIREITA 815... "A DEMOCRACIA NÃO SE DEFENDE SOZINHA".
HISTORIADOR AMERICANO TIMOTHY SNYDER, ESPECIALISTA EM AUTORITARISMO, VÊ
COM PREOCUPAÇÃO CENÁRIO NO BRASIL E DIZ QUE SÓ REALIZAÇÃO DE ELEIÇÕES
NÃO SIGNIFICA QUE CANDIDATOS E ELEITORES SERÃO INCLINADOS À DEMOCRACIA
834... BOLSONARO AMEAÇA OPONENTES E ATACA LEGITIMIDADE DA DISPUTA
ELEITORAL PELO PLANALTO. EM CARREATA, CANDIDATO DO PSL FAZ SÍMBOLO DE
CADEIA, QUANDO É VAIADO POR OPOSITORES 791... EM VÍDEO, BOLSONARO FAZ
GESTO DE ARMA EM MÃO DE CRIANÇA 146... APÓS POLÊMICA, MAIS UMA CRIANÇA
FAZ GESTO DE ARMA COM BOLSONARO 149 ... Sobre uso político de notícias falsas,
por grupos de direita, ver a secção Assassinato de Marielle Franco (PSOL), vereadora
do Rio de Janeiro: 14 de março de 2018..., página 1170, do arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 3 ) 819
VENDEDOR DE LIVROS, PASTOR E “QUASE CANDIDATO”: O PASSADO DE ADÉLIO
BISPO (Hanrrikson de Andrade, Uol, 13 de setembro de 2018) 939
UM MILHÃO DE MULHERES CONTRA BOLSONARO: A REJEIÇÃO TOMA FORMA NAS
REDES. GRUPO NO FACEBOOK CONSEGUE 10.000 NOVOS PEDIDOS DE PARTICIPAÇÃO
POR MINUTO DE ELEITORAS INDIGNADAS ELAS QUEREM, AGORA, LEVAR A
INSATISFAÇÃO PARA AS RUAS (Joana Oliveira, El País, 12 de setembro de 2018... Ver a
continuidade desse movimento no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
5...) 824
“NENHUMA NARRATIVA SUBSTITUI A REPORTAGEM COMO DOCUMENTO SOBRE A
HISTÓRIA EM MOVIMENTO”. DISCURSO DE ELIANE BRUM, COLUNISTA DO EL PAÍS,
LIDO DURANTE O PRÊMIO COMUNIQUE-SE, DESTACA O PAPEL IMPRESCINDÍVEL DO
JORNALISMO NUM MOMENTO BRUTAL DO BRASIL. XICO SÁ TAMBÉM VENCEU
1165
PRÊMIO NA CATEGORIA CULTURA PELOS TEXTOS PUBLICADOS NESTE JORNAL (Eliane
Brum, El País, 12 de setembro de 2018) 828
O VOTO DAS MULHERES DESAFIA A EXTREMA DIREITA BRASILEIRA. ELAS VIVEM
UMBILICALMENTE LIGADAS À VIDA REAL. SÃO AS MAIORES VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA
DENTRO E FORA DE CASA (Juan Arias, El País, 14 de setembro de 2018) 831
NOSSOS HERÓIS NÃO MATAM, GENERAL (Marina Amaral , newsletter da Agência
Pública, ed. #80, 14 de setembro de 2018) 833
"A DEMOCRACIA NÃO SE DEFENDE SOZINHA". HISTORIADOR AMERICANO TIMOTHY
SNYDER, ESPECIALISTA EM AUTORITARISMO, VÊ COM PREOCUPAÇÃO CENÁRIO NO
BRASIL E DIZ QUE SÓ REALIZAÇÃO DE ELEIÇÕES NÃO SIGNIFICA QUE CANDIDATOS E
ELEITORES SERÃO INCLINADOS À DEMOCRACIA (Gabriel Bonis, Deutsche Welle, 14 de
setembro de 2018) 834
CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM
INCLINAÇÃO POLÍTICA NOS CULTOS (Aiuri Rebello, Uol, 16 de setembro de 2018
837... CAMPANHA VÊ ONDA EVANGÉLICA CONTRA HADDAD E QUER FOCO NO ELEITOR
MAIS POBRE. PARA TENTAR CHEGAR AO SEGUNDO TURNO, PETISTA DEVE ADOTAR
POSTURA MAIS ASSERTIVA EM ÚLTIMO DEBATE NA TV 864 ... Ver ENQUANTO
PASTORES EVANGÉLICOS APOIAM BOLSONARO, CÚPULA CATÓLICA LAVA AS MÃOS.
ESTARIA JESUS, NESTAS ELEIÇÕES, A FAVOR DE UM CANDIDATO QUE PREGA A
VIOLÊNCIA COMO PANACEIA PARA TODOS OS MALES? 848 ... "BOLSONARO É A
CARICATURA DO EXTREMISTA DE DIREITA". EM ENTREVISTA, PESQUISADOR ALEMÃO
QUE ESTUDA A NOVA DIREITA BRASILEIRA DIZ QUE MOVIMENTO NO BRASIL NÃO É
CASO ISOLADO NO MUNDO, MAS POSSUI PARTICULARIDADES PERIGOSAS, É MAIS
PODEROSO E ABRANGENTE 853 ... Ver também BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE
LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA
PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO
PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM HOMOFOBIA 593... LIVRO
EXIBIDO POR BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO MEC
598/599 ... Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: VIVI
NA PELE O QUE APRENDI NOS LIVROS (Fernando Haddad, ex-ministro da Educação dos
governos Lula e Dilma, sobre atuação de políticos ligados a igrejas no caso do material
contra homofobia, deturpado com a denominação “kit gay”) 221 ... Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E
SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL
690... Ver livro do filósofo francês Jacques Rancière: “O ódio à democracia”, Boitempo,
2015 ) 837
1166
CONTRA O PT, CONFEDERAÇÃO DE PASTORES DO BRASIL DECIDE APOIAR
BOLSONARO (Daniela Lima, Blog Painel/Uol, 20 de setembro de 2018 846... Ver
"BOLSONARO É A CARICATURA DO EXTREMISTA DE DIREITA". EM ENTREVISTA,
PESQUISADOR ALEMÃO QUE ESTUDA A NOVA DIREITA BRASILEIRA DIZ QUE
MOVIMENTO NO BRASIL NÃO É CASO ISOLADO NO MUNDO, MAS POSSUI
PARTICULARIDADES PERIGOSAS, É MAIS PODEROSO E ABRANGENTE 853 ...
ENQUANTO PASTORES EVANGÉLICOS APOIAM BOLSONARO, CÚPULA CATÓLICA LAVA
AS MÃOS. ESTARIA JESUS, NESTAS ELEIÇÕES, A FAVOR DE UM CANDIDATO QUE PREGA
A VIOLÊNCIA COMO PANACEIA PARA TODOS OS MALES? 848 ... GENERAIS
INTIMIDAM OS ELEITORES E CHANTAGEIAM A DEMOCRACIA... 819 ... CAMPANHA VÊ
ONDA EVANGÉLICA CONTRA HADDAD E QUER FOCO NO ELEITOR MAIS POBRE. PARA
TENTAR CHEGAR AO SEGUNDO TURNO, PETISTA DEVE ADOTAR POSTURA MAIS
ASSERTIVA EM ÚLTIMO DEBATE NA TV 864 ) 846
A FORÇA DOS EVANGÉLICOS NA ELEIÇÃO. NA POLÍTICA BRASILEIRA, ELES AINDA
ESTÃO SUB-REPRESENTADOS. MAS AGORA PODEM SER DECISIVOS PARA A ESCOLHA
DO MAIS ALTO CARGO DO ESTADO. E PODEM TORNAR O BRASIL AINDA MAIS
CONSERVADOR (Thomas Milz, Deutsche Welle, 27 de setembro de 2018 851... Ver
"BOLSONARO É A CARICATURA DO EXTREMISTA DE DIREITA". EM ENTREVISTA,
PESQUISADOR ALEMÃO QUE ESTUDA A NOVA DIREITA BRASILEIRA DIZ QUE
MOVIMENTO NO BRASIL NÃO É CASO ISOLADO NO MUNDO, MAS POSSUI
PARTICULARIDADES PERIGOSAS, É MAIS PODEROSO E ABRANGENTE 853 ) 851
ENQUANTO PASTORES EVANGÉLICOS APOIAM BOLSONARO, CÚPULA CATÓLICA
LAVA AS MÃOS. ESTARIA JESUS, NESTAS ELEIÇÕES, A FAVOR DE UM CANDIDATO
QUE PREGA A VIOLÊNCIA COMO PANACEIA PARA TODOS OS MALES? (Juan Arias, El
País, 20 de setembro de 2018 848... Ver “JC NAS ELEIÇÕES” DEBATE UNIÃO ENTRE
RELIGIÃO E POLÍTICA. CARTILHA DA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA SERÁ
DIVULGADA NESTA QUINTA-FEIRA (20) EM RIO CLARO 850 ... Ver CONTRA O PT,
CONFEDERAÇÃO DE PASTORES DO BRASIL DECIDE APOIAR BOLSONARO 846 ...
"BOLSONARO É A CARICATURA DO EXTREMISTA DE DIREITA". EM ENTREVISTA,
PESQUISADOR ALEMÃO QUE ESTUDA A NOVA DIREITA BRASILEIRA DIZ QUE
MOVIMENTO NO BRASIL NÃO É CASO ISOLADO NO MUNDO, MAS POSSUI
PARTICULARIDADES PERIGOSAS, É MAIS PODEROSO E ABRANGENTE 853 ...
GENERAIS INTIMIDAM OS ELEITORES E CHANTAGEIAM A DEMOCRACIA... 819 ...
CAMPANHA VÊ ONDA EVANGÉLICA CONTRA HADDAD E QUER FOCO NO ELEITOR MAIS
POBRE. PARA TENTAR CHEGAR AO SEGUNDO TURNO, PETISTA DEVE ADOTAR
POSTURA MAIS ASSERTIVA EM ÚLTIMO DEBATE NA TV 864 ) 848
"BOLSONARO É A CARICATURA DO EXTREMISTA DE DIREITA". EM ENTREVISTA,
PESQUISADOR ALEMÃO QUE ESTUDA A NOVA DIREITA BRASILEIRA DIZ QUE
1167
MOVIMENTO NO BRASIL NÃO É CASO ISOLADO NO MUNDO, MAS POSSUI
PARTICULARIDADES PERIGOSAS, É MAIS PODEROSO E ABRANGENTE (Clarissa Neher,
Deutsche Welle, 27 de setembro de 2018 853... Ver CAMPANHA VÊ ONDA
EVANGÉLICA CONTRA HADDAD E QUER FOCO NO ELEITOR MAIS POBRE. PARA TENTAR
CHEGAR AO SEGUNDO TURNO, PETISTA DEVE ADOTAR POSTURA MAIS ASSERTIVA EM
ÚLTIMO DEBATE NA TV 864 ) 853
EDIR MACEDO DECLARA APOIO A BOLSONARO (Estadão reproduzido pelo Uol, 30 de
setembro de 2018 857... Ver CAMPANHA VÊ ONDA EVANGÉLICA CONTRA HADDAD E
QUER FOCO NO ELEITOR MAIS POBRE. PARA TENTAR CHEGAR AO SEGUNDO TURNO,
PETISTA DEVE ADOTAR POSTURA MAIS ASSERTIVA EM ÚLTIMO DEBATE NA TV 864 )
857
LIDERANÇAS DAS BANCADAS EVANGÉLICA E DA BALA ASSUMEM APOIO A
BOLSONARO (Camila Turtelli e Mariana Haubert, Estadão reproduzido pelo Uol, 03 de
outubro de 2018 858... Ver CAMPANHA VÊ ONDA EVANGÉLICA CONTRA HADDAD E
QUER FOCO NO ELEITOR MAIS POBRE. PARA TENTAR CHEGAR AO SEGUNDO TURNO,
PETISTA DEVE ADOTAR POSTURA MAIS ASSERTIVA EM ÚLTIMO DEBATE NA TV 864 ...
A ELEIÇÃO DO “KIT GAY”. BUSCAS NA INTERNET POR “KIT GAY” NESTAS ELEIÇÕES
BATERAM RECORDE DE 2011, QUANDO O ASSUNTO VEIO À TONA; BOLSONARO E
MALAFAIA LIDERAM MENÇÕES AO “KIT" 971 ... MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA
SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO
CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA
IGREJA CATÓLICA 1044... ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E
GÊNERO NA EDUCAÇÃO. TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM
RAÍZES RELIGIOSAS 1052... SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE
GÊNERO”. MOVIMENTO CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À
FAMÍLIA” EM DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO 1055) 858
POR QUE FIGURAS FOLCLÓRICAS, MEDÍOCRES E VIOLENTAS COMO BOLSONARO
ACABAM DESAFIANDO A RAZÃO E A INTELIGÊNCIA? MAIS DO QUE OS VALORES QUE
DEFENDEM, ESSES PERSONAGENS INIMIGOS DA DEMOCRACIA E DA LIBERDADE SÃO
FRUTO DOS ERROS DOS QUE OS PRECEDERAM (Juan Arias, El País, 03 de outubro de
2018) 859
O PARADOXO DO PROGRESSO. PODE PARECER CONTRADITÓRIO, MAS A POLARIZAÇÃO
DA SOCIEDADE É RESULTADO DA MELHORA DOS PADRÕES DE VIDA NO BRASIL AO
LONGO DAS ÚLTIMAS DÉCADAS, ESCREVE A COLUNISTA ASTRID PRANGE (Astrid
Prange, Deutsche Welle, 03 de outubro de 2018 862... Ver ELEIÇÕES 2018: VOTO
ANTI-PT; POR SEGURANÇA E PELA FAMÍLIA TRADICIONAL, O QUE PENSAM AS
MULHERES QUE ESCOLHERAM BOLSONARO 866 ) 862
1168
CAMPANHA VÊ ONDA EVANGÉLICA CONTRA HADDAD E QUER FOCO NO ELEITOR MAIS
POBRE. PARA TENTAR CHEGAR AO SEGUNDO TURNO, PETISTA DEVE ADOTAR
POSTURA MAIS ASSERTIVA EM ÚLTIMO DEBATE NA TV (Marina Dias, Folha/Uol, 02 de
outubro de 2018... A matéria traz informações sobre apoio de Edir Macedo, Igreja
Universal do Reino de Deus, e de José Wellington, Assembleia de Deus, Ministério
Belém) 864
ELEIÇÕES 2018: VOTO ANTI-PT; POR SEGURANÇA E PELA FAMÍLIA TRADICIONAL, O
QUE PENSAM AS MULHERES QUE ESCOLHERAM BOLSONARO (Leandro Machado e
Luiza Franco, BBC News Brasil, 04 de outubro de 2018 866... Ver O PARADOXO DO
PROGRESSO. PODE PARECER CONTRADITÓRIO, MAS A POLARIZAÇÃO DA SOCIEDADE É
RESULTADO DA MELHORA DOS PADRÕES DE VIDA NO BRASIL AO LONGO DAS ÚLTIMAS
DÉCADAS, ESCREVE A COLUNISTA ASTRID PRANGE 862 ) 866
PADRES USAM MISSAS E REDES SOCIAIS PARA APOIAR BOLSONARO E HADDAD.
POSICIONAMENTO DO CLERO CATÓLICO É PRÁTICA DESESTIMULADA PELA IGREJA
(Anna Virginia Balloussier, Folha/Uol, 17 de outubro de 2018 956... Ver também
OLAVO FAZ INCITAÇÃO À VIOLÊNCIA; CONVOCO MEUS CONCIDADÃOS A REPUDIÁLO. TEXTO ANUNCIA UMA ESCALADA DE AÇÕES VIOLENTAS E CONCLAMA
SEGUIDORES A PERPETRÁ-LAS 954 ... AO VIVO | ELEIÇÕES 2018: BOLSONARO E
HADDAD NA COBERTURA EM TEMPO REAL. NESTA SEGUNDA-FEIRA, O TSE NEGOU
PEDIDO DE HADDAD DE RETIRAR POST DE OLAVO DE CARVALHO SOBRE INCESTO
952 ... Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PADRE
PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE,
FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ) 956
“JC NAS ELEIÇÕES” DEBATE UNIÃO ENTRE RELIGIÃO E POLÍTICA (Lucas Calore, Jornal
Cidade de Rio Claro, SP, provavelmente 19 ou 20 de setembro de 2018) 960
DE OLHO EM VOTO CATÓLICO, BOLSONARO ASSINA COMPROMISSO COM
ARCEBISPO DO RIO (Hanrrikson de Andrade e Gustavo Maia, Uol, 17 de outubro de
2018 964/965... A ELEIÇÃO DO “KIT GAY”. BUSCAS NA INTERNET POR “KIT GAY”
NESTAS ELEIÇÕES BATERAM RECORDE DE 2011, QUANDO O ASSUNTO VEIO À TONA;
BOLSONARO E MALAFAIA LIDERAM MENÇÕES AO “KIT" 971 ... MOTORES DE
BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM RAÍZES
RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA
INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA 1044... ENTENDA AS
POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO NA EDUCAÇÃO. TEMAS JÁ
FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES RELIGIOSAS 1052... SAIBA
COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”. MOVIMENTO CONSERVADOR TEM
1169
ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO
1055) 964/965
EM CULTO, MALAFAIA ATACA A FOLHA E ENSINA FIÉIS A IDENTIFICAR FAKE NEWS
UMA DAS PRINCIPAIS LIDERANÇAS EVANGÉLICAS DO PAÍS, PASTOR É CABO
ELEITORAL DE BOLSONARO (Ana Luiza Albuquerque, Folha/Uol, 19 de outubro de
2018 967... Ver REPRESENTANTES DE IGREJAS SÃO ESCOLHIDOS POR PASTORES 546
... CAMPANHA DE JAIR BOLSONARO É MARCADA POR INTRIGAS E IMPROVISO. SEM
TESOUREIRO OU MARQUETEIRO, ESTRUTURA TEM POUCA COESÃO E MUITA
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA DO CANDIDATO 609 ... GENERAIS INTIMIDAM OS ELEITORES
E CHANTAGEIAM A DEMOCRACIA 819 ... PADRES USAM MISSAS E REDES SOCIAIS
PARA APOIAR BOLSONARO E HADDAD. POSICIONAMENTO DO CLERO CATÓLICO É
PRÁTICA DESESTIMULADA PELA IGREJA 956 ... EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM
ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE
DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO
CONCEITO 97 ... A ELEIÇÃO DO “KIT GAY”. BUSCAS NA INTERNET POR “KIT GAY”
NESTAS ELEIÇÕES BATERAM RECORDE DE 2011, QUANDO O ASSUNTO VEIO À TONA;
BOLSONARO E MALAFAIA LIDERAM MENÇÕES AO “KIT" 971 ... MOTORES DE
BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM RAÍZES
RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA
INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA 1044... ENTENDA AS
POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO NA EDUCAÇÃO. TEMAS JÁ
FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES RELIGIOSAS 1052... SAIBA
COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”. MOVIMENTO CONSERVADOR TEM
ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO
1055 ... QUEERMUSEU, A EXPOSIÇÃO MAIS DEBATIDA E MENOS VISTA DOS ÚLTIMOS
TEMPOS, REABRE NO RIO 264 ... Ver também retórica agressiva de Bebianno,
presidente do PSL: GOVERNO NÃO SERÁ DE MAIORIA DE MILITARES, DIS BEBIANNO
970 ) 967
GOVERNO NÃO SERÁ DE MAIORIA DE MILITARES, DIS BEBIANNO (Talita Fernandes,
Agora, p. A4, 17 de outubro de 2018... A retórica do presidente do PSL é comum na
política brasileira de hoje... Adversários políticos são bandidos ou idiotas a serem
eliminados... A política como espaço de eliminação do outro... O que tem a ver com
com tentativas de partidos se perpetuarem no poder... reeleições... O PSDB governa SP
desde 1995, sem contrapeso algum na Assembleia Legislativa do Estado! Não é,
portanto, entranho que Escola Sem Partido tenha destaque... Igrejas apresentam
sociólogos, filósofos, artistas... feministas... como aqueles que tramam a destruição da
família, da civilização cristã... por meio da “ideologia de gênero”... das discussões sobre
sexualidade nas escolas... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3:
1170
PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO
YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ) 970
TSE DETERMINA REMOÇÃO DE VÍDEOS DE BOLSONARO SOBRE "KIT GAY" NO
FACEBOOK (Rafael Moraes Moura, Estadão reproduzido pelo Uol, 16 de outubro de
2018 978... Ver LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL NÃO FOI
COMPRADO PELO MEC 598/599 ... BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO DE
EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA
PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO
PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM 593 ... Ver também, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS
LIVROS (Fernando Haddad, Revista Piauí/Uol, edição 129, junho de 2017... E-ministro
da Educação dos governos Lula e Dilma, sobre atuação de políticos ligados a igrejas no
caso do material contra homofobia, deturpado com a denominação “kit gay”) 221)
978
A ELEIÇÃO DO “KIT GAY”. BUSCAS NA INTERNET POR “KIT GAY” NESTAS ELEIÇÕES
BATERAM RECORDE DE 2011, QUANDO O ASSUNTO VEIO À TONA; BOLSONARO E
MALAFAIA LIDERAM MENÇÕES AO “KIT" (Alexandre Policarpo, Bruno Fonseca,
Eliziane Lara e Gabriella Hauber, Agência Pública, 17 de outubro de 2018 971 ...
MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM
RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA
INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA 1044... ENTENDA AS
POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO NA EDUCAÇÃO. TEMAS JÁ
FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES RELIGIOSAS 1052... SAIBA
COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”. MOVIMENTO CONSERVADOR TEM
ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO
1055 ... Ver LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL NÃO FOI
COMPRADO PELO MEC 598/599 ... BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO DE
EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA
PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO
PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM 593 ... Ver também, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS
LIVROS (Fernando Haddad, Revista Piauí/Uol, edição 129, junho de 2017... Ex-ministro
da Educação dos governos Lula e Dilma, sobre atuação de políticos ligados a igrejas no
caso do material contra homofobia, deturpado com a denominação “kit gay”) 221)
971
VALE MAIS DEFENESTRAR O ‘KIT GAY’ OU PROTEGER CRIANÇAS DO ABUSO SEXUAL?
EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS PODERIA SER UMA ARMA EFICAZ CONTRA
ABUSADORES, MAS A HISTERIA IDEOLÓGICA É O TIRO PELA CULATRA DE QUEM SE
1171
DIZ DEFENSOR DA FAMÍLIA (Breiller Pires, El País, 18 de outubro de 2018 979 ... Ver
também GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR NÍVEL EM QUASE DUAS
DÉCADAS EM SP 453... De acordo com a matéria (gravidez na adolescência), os
resultados foram conseguidos a partir de conhecimento, discussão, conversas com
adolescentes sobre suas questões, sexualidade... Ou seja, penso eu, o oposto do que
propõem igrejas e Escola Sem Partido... CASOS DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
ATINGEM MENOR NÍVEL DA HISTÓRIA EM SP. INCIDÊNCIA CAIU 50% NOS ÚLTIMOS
20 ANOS 454 ) 979
OS VALORES E BOATOS QUE CONDUZEM (OU NÃO) OS EVANGÉLICOS A BOLSONARO
(Leandro Machado e Luiza Franco, BBC News Brasil, 23 de outubro de 2018) 1038
TÍTULOS DE VÍDEOS DO CANAL DO YOUTUBE MBL – MOVIMENTO BRASIL LIVRE
(Seleção feita em 16 de outubro de 2018 961 ... Ainda sobre o MBL, ver... QUEM
ESPALHA DESINFORMAÇÃO? E QUEM NÃO ESPALHA? A MELHOR FORMA DE LIDAR
COM UMA POTENCIAL MENTIRA É PERMITIR QUE ELA SEJA DITA, PARA QUE POSSA
SER DESMENTIDA PUBLICAMENTE OU CONFRONTADA JUDICIALMENTE (Rodolfo
Borges, El País, 28 de julho de 2018 540/541... Ver MBL CONDENADO POR TRE POR
PUBLICAR NOTÍCIA FALSA SOBRE JAQUES WAGNER (PT). MBL DAVA A ENTENDER EM
VÍDEO QUE PROTESTOS ANTI-LULA ERAM CONTRA CANDIDATO AO SENADO 579 ...
ESTÁ CLARO QUE O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO NÃO TEM CONDIÇÕES DE
FISCALIZAR AS FRAUDES DO MBL, ATÉ PORQUE PARTE DELE ESTÁ EM CONLUIO COM
ELES. COMO A REDE É PRIVADA, SÓ QUEM TEM PODER PARA COIBIR ABUSOS É O
PRÓPRIO FACEBOOK 542 ... LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO JORNAL
NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO MEC (Uol, 30 de agosto de 2018... A matéria
também cita atuação do MBL) 598/599 ... BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO
DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA
PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO
PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM 593 ... Sobre o MBL,
mencionado no artigo de Rodolfo Borges e que apoia o Escola Sem Partido, ver a
secção Assassinato de Marielle Franco (PSOL), vereadora do Rio de Janeiro: 14 de
março de 2018..., página 1170, do arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
3, com destaque para as matérias COMO GANHOU CORPO A ONDA DE FAKE NEWS
SOBRE MARIELLE FRANCO 224... ESTUDO RESPONSABILIZA SITE DE OPINIÃO
POLÍTICA E MBL POR ESPALHAR FAKE NEWS SOBRE MARIELLE 229... FACEBOOK TIRA
DO AR PÁGINA E PERFIS ASSOCIADOS À ONDA DE FAKE NEWS CONTRA MARIELLE.
REDE SOCIAL DIZ QUE PERFIS FALSOS FEREM AS NORMAS) 230... FACEBOOK TIRA DO
AR PÁGINA QUE BOMBOU NOTÍCIA FALSA SOBRE MARIELLE FRANCO 232... O
EXÉRCITO DE PINÓQUIOS. COMO OPERAM DEZ DOS MAIORES SITES DE NOTÍCIAS
FALSAS DO PAÍS, PAGOS ATÉ COM VERBA DE GABINETE PARA DISSEMINAR BOATOS
469... ASSÉDIO E ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO 775/776... DONO DE SITES
1172
CRITICADOS POR “FAKE NEWS” RECEBE DINHEIRO DE DEPUTADO 777... GRUPOS
DIREITISTAS DIFUNDEM “FAKE NEWS” PARA CRITICAR COMBATE DO FACEBOOK ÀS
“FAKE NEWS”. MBL E ATIVISTAS DE EXTREMA-DIREITA ATACAM AGÊNCIAS DE
CHECAGEM DE INFORMAÇÕES, DIVULGAM PERFIS PESSOAIS DE JORNALISTAS E USAM
DADOS FALSOS PARA DESQUALIFICAR INICIATIVA DA REDE SOCIAL 649... ASSÉDIO E
ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO 775/776 ) 961
UOL, PÁGINA INICIAL, 18 OUT 2018 7H22MIN. EMPRESAS BANCAM CAMPANHA
CONTRA PT NAS REDES SOCIAIS; PRÁTICA É ILEGAL 981
EMPRESÁRIOS BANCAM CAMPANHA CONTRA O PT PELO WHATSAPP. COM
CONTRATOS DE R$ 12 MILHÕES, PRÁTICA VIOLA A LEI POR SER DOAÇÃO NÃO
DECLARADA (Patrícia Campos Mello, Folha/Uol,, 18 de outubro de 2018) 982
É HORA DE SE DEBRUÇAR SOBRE A PROPAGANDA EM REDE DE BOLSONARO. MUITOS
DE NÓS ESTÃO EM BUSCA DE EXPLICAÇÕES PARA O TSUNAMI DE VOTOS EM
CANDIDATURAS ANTISSISTEMA E ANTIPETISTAS NO 1º TURNO DAS ELEIÇÕES
BRASILEIRAS DE 2018 (Francisco Brito Cruz e Mariana Giorgetti Valente, El País, 18 de
outubro de 2018) 986
MANIPULAÇÃO DO ELEITOR POR GRUPOS DE WHATSAPP DEIXARÁ FERIDAS NA
DEMOCRACIA (Leonardo Sakamoto, Blog do Sakamoto/Uol, 18 de outubro de 2018)
992
GUERRA SUJA NAS REDES SOCIAIS EXPÕE O FAKE TSE (Josias de Souza, Blog do
Josias/Uol, 18 de outubro de 2018... Estou trazendo textos de alguns jornalistas com
30,, 40 anos de profissão, ganhadores de prêmios nacionais e internacionais...) 995
UOL, PÁGINA INICIAL, 19 OUT 2018 11H10MIN. DISPARO DE MENSAGENS CONTRA PT
NO WHATSAPP CONSTRANGE TSE 996
WHATSAPP NOTIFICA AGÊNCIAS QUE DISPARAM MENSAGENS ANTI-PT. REDE SOCIAL
PEDIU QUE DISPAROS EM MASSA SEJAM INTERROMPIDOS, E CONTAS ASSOCIADAS
FORAM BANIDAS (Patrícia Campos Mello, Folha/Uol, 19 de outubro de 2018) 996
UM PAÍS PRIMITIVO PRESTES A REGREDIR MAIS. BOLSONARO DEU VIA LIVRE A
TODOS OS DEMÔNIOS (Clóvis Rossi, Folha/Uol, 19 de outubro de 2018) 998
DOCUMENTO CONFIRMA OFERTA ILEGAL DE MENSAGENS POR WHATSAPP NA
ELEIÇÃO. PROPOSTA NÃO ACEITA PELA CAMPANHA DE ALCKMIN PEDIU R$ 8,7 MI
1173
POR DISPAROS VIA APLICATIVO (Patrícia Campos Mello, Folha/Uol, 20 de outubro de
2018) 1000
MINISTRO DO TSE VETA PROGRAMA DE HADDAD QUE ASSOCIA BOLSONARO À
TORTURA (Uol, 20 de outubro de 2018 1005... Ver TSE DETERMINA REMOÇÃO DE
VÍDEOS DE BOLSONARO SOBRE "KIT GAY" NO FACEBOOK 978) 1005
GAYS, NEGROS E INDÍGENAS JÁ SENTEM NAS RUAS O MEDO DE UM GOVERNO
BOLSONARO. EPISÓDIOS DE INTIMIDAÇÃO AUMENTAM ANSIEDADE ENTRE GRUPOS
QUE SE SENTEM VULNERÁVEIS POR DISCURSOS FEITOS NO PASSADO, E HOJE
NEGADOS, PELO CANDIDATO. DEBATE SOBRE ESTRATÉGIAS DE PROTEÇÃO CRESCE
PARA “RESISTIR EM TEMPOS SOMBRIOS”, DIZ ATIVISTA (Joana Oliveira e Naira
Hofmeister, El País, 20 de outubro de 2018) 1006
FILHO DE BOLSONARO AMEAÇA STF E DIZ QUE PARA FECHAR CORTE BASTA “UM
SOLDADO E UM CABO”. DECLARAÇÕES, FEITAS EM JULHO EM UM CURSINHO,
PROVOCAM REPÚDIO. FHC DIZ QUE HÁ "CHEIRO DE FASCISMO" (Ricardo Della
Coletta e Felipe Betim, El País, 21 de outubro de 2018) 1011
BOLSONARO A MILHARES EM EUFORIA: “VAMOS VARRER DO MAPA OS BANDIDOS
VERMELHOS”. "NÓS SOMOS O BRASIL DE VERDADE", DIZ CANDIDATO DE EXTREMA
DIREITA A UMA SEMANA DO SEGUNDO TURNO. SEUS ELEITORES DERAM
DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA NAS RUAS EM DEZENAS DE CIDADES (Heloísa Mendonça
e Naiara Galarraga Gortázar, El País, 22 de outubro de 2018) 1013
UOL, PÁGINA INICIAL, 23 DE OUTUBRO DE 2018, 12H18MIN (Chamadas com
destaque principal, no topo da página: “Escola Sem Partido e ideologia de gênero têm
suas raízes na religião”, “Entenda as polêmicas sobre Escola Sem Partido e gênero na
educação”, “Como o combate à ‘ideologia de gênero’ tem pautado políticas
públicas”) 1044
MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM
RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA
INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23
de outubro de 2018) 1044
ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO NA EDUCAÇÃO.
TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES RELIGIOSAS (Paulo
Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1052
1174
SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”. MOVIMENTO
CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM DISCUSSÕES
SOBRE GÊNERO (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1055
JORNAL CIDADE DE RIO CLARO, PRIMEIRA PÁGINA, 08 DE OUTUBRO DE 2018 (Um dia
depois da realização do primeiro turno das eleições de 2018 1035/1036... Ver JORNAL
CIDADE DE RIO CLARO, PRIMEIRA PÁGINA, 11 DE OUTUBRO DE 2018 1037 )
1035/1036
ALCKMIN E DORIA SE REÚNEM COM MIL LÍDERES EVANGÉLICOS PARA BÊNÇÃO EM
SP (Janaina Garcia, Uol, 23 de agosto de 2018 575... Ver também EVANGÉLICOS
PRESSIONAM ALCKMIN POR DISCURSO CRISTÃO EM FAVOR DA FAMÍLIA. LÍDERES
QUEREM QUE TUCANO DIGA QUE VAI BARRAR CRIMINALIZAÇÃO DE DISCURSO
CONTRA HOMOSSEXUALIDADE 590 ... EVANGÉLICOS PUXAM ALTA DE 11% DO
NÚMERO DE CANDIDATURAS COM NOME RELIGIOSO 585 ... GENERAIS INTIMIDAM
OS ELEITORES E CHANTAGEIAM A DEMOCRACIA 819... ALCKMIN INVESTE NO VOTO
DAS MULHERES E ADERE AO VOCABULÁRIO DAS FEMINISTAS. TUCANO FALA EM
“EMPODERAMENTO” E PROMETE AMPLIAR ENSINO INFANTIL PARA BENEFICIAR
“MAMÃES” 626/627 ... MULHERES SÃO "ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE
GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS 645 ) 575
EVANGÉLICOS PRESSIONAM ALCKMIN POR DISCURSO CRISTÃO EM FAVOR DA FAMÍLIA.
LÍDERES QUEREM QUE TUCANO DIGA QUE VAI BARRAR CRIMINALIZAÇÃO DE
DISCURSO CONTRA HOMOSSEXUALIDADE (Folha/Uol, 29 de agosto de 2018) 590
ALCKMIN INVESTE NO VOTO DAS MULHERES E ADERE AO VOCABULÁRIO DAS
FEMINISTAS. TUCANO FALA EM “EMPODERAMENTO” E PROMETE AMPLIAR ENSINO
INFANTIL PARA BENEFICIAR “MAMÃES” (Thais Bilenk, de Pelotas, Caxias do Sul, Porto
Alegre, Folha/Uol, 01 de setembro de 2018 626/627... Ver ALCKMIN DIZ QUE
IDEOLOGIA DE GÊNERO É DISCUSSÃO PARA FAMÍLIA, NÃO ESCOLA 813... Ver
SABATINA COM GERALDO ALCKMIN - UOL/FOLHA/SBT - 11/09 815... MULHERES SÃO
"ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS 645 ...
"COLOCAR MULHER COMO VICE PARA ATRAIR ELEITORAS É CHAMÁ-LAS DE IDIOTAS"
(Uol Universa, Camila Brandalise, 24 de agosto de 2018... Entrevista com o psicanalista
Contardo Calligaris...) 576 ... ALCKMIN E DORIA SE REÚNEM COM MIL LÍDERES
EVANGÉLICOS PARA BÊNÇÃO EM SP 575... Ver também EVANGÉLICOS PRESSIONAM
ALCKMIN POR DISCURSO CRISTÃO EM FAVOR DA FAMÍLIA. LÍDERES QUEREM QUE
TUCANO DIGA QUE VAI BARRAR CRIMINALIZAÇÃO DE DISCURSO CONTRA
HOMOSSEXUALIDADE 590 ) 626/627
1175
ALCKMIN DIZ QUE IDEOLOGIA DE GÊNERO É DISCUSSÃO PARA FAMÍLIA, NÃO ESCOLA
(Luciana Amaral, Uol, 11 de setembro de 2018 813... Ver SABATINA COM GERALDO
ALCKMIN - UOL/FOLHA/SBT - 11/09 815 ... Alckmin não foi capaz de mostrar, com
exemplos de seu próprio governo, a importância da educação... GRAVIDEZ NA
ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR NÍVEL EM QUASE DUAS DÉCADAS EM SP 453 ... CASOS
DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA ATINGEM MENOR NÍVEL DA HISTÓRIA EM SP.
INCIDÊNCIA CAIU 50% NOS ÚLTIMOS 20 ANOS 454 ... Ver também OS MUROS DA
ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS
E SALAS DE AULA NO BRASIL 713 ... Ver PABLLO VITTAR CHORA AO LEMBRAR
BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME BATERAM" 724/725 ... O QUE AS EMPRESAS
PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO MERCADO DE TRABALHO 716... APÓS 3
ANOS, PROFESSORA GANHA AÇÃO JUDICIAL CONTRA COLÉGIO QUE A DEMITIU POR
SER TRANS 726... PROFESSORA TRANS GANHA NA JUSTIÇA DIREITO DE VOLTAR A
DAR AULA APÓS SER DEMITIDA 733 ... CANDIDATA TRANSGÊNERO VENCE PRIMÁRIA
DEMOCRATA PARA GOVERNO DE VERMONT 720 ... ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA
PARA QUE? 698... Comparar o artigo com a proposta do Escola Sem Partido,
contrária a discussões sobre sexualidade nas escolas, censurando informações sobre a
existência do que não é heterossexualidade... Ver também POR QUE LULU SANTOS
DEVERIA SE ESCONDER NO ARMÁRIO? 669 ... “ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O
APELO DA MÃE DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE MATOU APÓS BULLYING POR
HOMOFOBIA 692 ... A ELEIÇÃO DO “KIT GAY”. BUSCAS NA INTERNET POR “KIT GAY”
NESTAS ELEIÇÕES BATERAM RECORDE DE 2011, QUANDO O ASSUNTO VEIO À TONA;
BOLSONARO E MALAFAIA LIDERAM MENÇÕES AO “KIT" 971 ... VALE MAIS
DEFENESTRAR O ‘KIT GAY’ OU PROTEGER CRIANÇAS DO ABUSO SEXUAL? EDUCAÇÃO
SEXUAL NAS ESCOLAS PODERIA SER UMA ARMA EFICAZ CONTRA ABUSADORES, MAS
A HISTERIA IDEOLÓGICA É O TIRO PELA CULATRA DE QUEM SE DIZ DEFENSOR DA
FAMÍLIA 979 ... MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE
GÊNERO TÊM RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO
IDEOLÓGICA INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA 1044... ENTENDA
AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO NA EDUCAÇÃO. TEMAS JÁ
FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES RELIGIOSAS 1052... SAIBA
COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”. MOVIMENTO CONSERVADOR TEM
ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO
1055 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: POPE FRANCIS
SUGGESTS DONALD TRUMP IS "NOT A CHRISTIAN", Jim Yardley, The New York Times,
18 de fevereiro de 2016 274) 813
"COLOCAR MULHER COMO VICE PARA ATRAIR ELEITORAS É CHAMÁ-LAS DE IDIOTAS"
(Uol Universa, Camila Brandalise, 24 de agosto de 2018... Entrevista com o psicanalista
Contardo Calligaris... 576 ... Ver ALCKMIN INVESTE NO VOTO DAS MULHERES E
1176
ADERE AO VOCABULÁRIO DAS FEMINISTAS. TUCANO FALA EM “EMPODERAMENTO” E
PROMETE AMPLIAR ENSINO INFANTIL PARA BENEFICIAR “MAMÃES” 626/627 ...
MULHERES SÃO "ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS
645 ) 576
MULHERES SÃO "ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS
PRESIDENCIÁVEIS (Renan Truffi e Mariana Haubert, Estadão reproduzido pelo Uol, 18
de agosto de 2018) 645
COMO ELEGER MULHERES INFLUENCIA O SUCESSO DE FUTURAS CANDIDATAS
(Juliana Domingos de Lima, Nexo Jornal, 04 de setembro de 2018 629... Ver COMO
PARTIDOS (DE HOMENS) PODEM DIFICULTAR A VIDA DE MULHERES CANDIDATAS?
538 ... PRÉ-CANDIDATAS ACUSAM REDE DE MACHISMO E DEIXAM SIGLA 536 ...
MULHERES SÃO "ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS
645 ) 629
MBL CONDENADO POR TRE POR PUBLICAR NOTÍCIA FALSA SOBRE JAQUES WAGNER
(PT). MBL DAVA A ENTENDER EM VÍDEO QUE PROTESTOS ANTI-LULA ERAM CONTRA
CANDIDATO AO SENADO (João Pedro Pitombo, Folha/Uol, 24 de agosto de 2018
579... Ver... GENERAIS INTIMIDAM OS ELEITORES E CHANTAGEIAM A DEMOCRACIA
819... Sobre o MBL, que apoia o Escola Sem Partido, ver a secção Assassinato de
Marielle Franco (PSOL), vereadora do Rio de Janeiro: 14 de março de 2018..., página
1170, do arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, com destaque para as
matérias COMO GANHOU CORPO A ONDA DE FAKE NEWS SOBRE MARIELLE FRANCO
224... ESTUDO RESPONSABILIZA SITE DE OPINIÃO POLÍTICA E MBL POR ESPALHAR FAKE
NEWS SOBRE MARIELLE 229... FACEBOOK TIRA DO AR PÁGINA E PERFIS ASSOCIADOS
À ONDA DE FAKE NEWS CONTRA MARIELLE. REDE SOCIAL DIZ QUE PERFIS FALSOS
FEREM AS NORMAS) 230... FACEBOOK TIRA DO AR PÁGINA QUE BOMBOU NOTÍCIA
FALSA SOBRE MARIELLE FRANCO 232... O EXÉRCITO DE PINÓQUIOS. COMO OPERAM
DEZ DOS MAIORES SITES DE NOTÍCIAS FALSAS DO PAÍS, PAGOS ATÉ COM VERBA DE
GABINETE PARA DISSEMINAR BOATOS 469... ASSÉDIO E ATAQUE A JORNALISTAS NO
CONGRESSO 775/776... DONO DE SITES CRITICADOS POR “FAKE NEWS” RECEBE
DINHEIRO DE DEPUTADO 777... GRUPOS DIREITISTAS DIFUNDEM “FAKE NEWS” PARA
CRITICAR COMBATE DO FACEBOOK ÀS “FAKE NEWS”. MBL E ATIVISTAS DE EXTREMADIREITA ATACAM AGÊNCIAS DE CHECAGEM DE INFORMAÇÕES, DIVULGAM PERFIS
PESSOAIS DE JORNALISTAS E USAM DADOS FALSOS PARA DESQUALIFICAR INICIATIVA
DA REDE SOCIAL 649... ASSÉDIO E ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO
775/776) 579
EVANGÉLICOS PUXAM ALTA DE 11% DO NÚMERO DE CANDIDATURAS COM NOME
RELIGIOSO (Leandro Prazeres, Uol, 25 de agosto de 2018 585... Ver EVANGÉLICOS SE
1177
ARTICULAM PARA AUMENTAR REPRESENTATIVIDADE POLÍTICA 638 ... MINISTRO FAZ
PRESSÃO POR CARGOS E ABRE GUERRA NO PALÁCIO DO PLANALTO. NOVO TITULAR
DA SECRETARIA-GERAL DA PRESIDÊNCIA, PASTOR RONALDO FONSECA ARTICULA
NOMEAÇÕES 31 ... REPRESENTANTES DE IGREJAS SÃO ESCOLHIDOS POR PASTORES
546 ... Ver também ALCKMIN E DORIA SE REÚNEM COM MIL LÍDERES EVANGÉLICOS
PARA BÊNÇÃO EM SP 575 ... EVANGÉLICOS PRESSIONAM ALCKMIN POR DISCURSO
CRISTÃO EM FAVOR DA FAMÍLIA. LÍDERES QUEREM QUE TUCANO DIGA QUE VAI
BARRAR CRIMINALIZAÇÃO DE DISCURSO CONTRA HOMOSSEXUALIDADE 590...
GENERAIS INTIMIDAM OS ELEITORES E CHANTAGEIAM A DEMOCRACIA 819...) 585
EVANGÉLICOS SE ARTICULAM PARA AUMENTAR REPRESENTATIVIDADE POLÍTICA
(Ricardo Brito, Reuters reproduzida pelo Uol, 30 de agosto de 2018 638... Ver
MINISTRO FAZ PRESSÃO POR CARGOS E ABRE GUERRA NO PALÁCIO DO PLANALTO.
NOVO TITULAR DA SECRETARIA-GERAL DA PRESIDÊNCIA, PASTOR RONALDO FONSECA
ARTICULA NOMEAÇÕES 31 ... EVANGÉLICOS PUXAM ALTA DE 11% DO NÚMERO DE
CANDIDATURAS COM NOME RELIGIOSO 585 ... REPRESENTANTES DE IGREJAS SÃO
ESCOLHIDOS POR PASTORES 546 ... GENERAIS INTIMIDAM OS ELEITORES E
CHANTAGEIAM A DEMOCRACIA 819... ) 638
CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM
INCLINAÇÃO POLÍTICA NOS CULTOS (Aiuri Rebello, Uol, 16 de setembro de 2018
837... Ver "BOLSONARO É A CARICATURA DO EXTREMISTA DE DIREITA". EM
ENTREVISTA, PESQUISADOR ALEMÃO QUE ESTUDA A NOVA DIREITA BRASILEIRA DIZ
QUE MOVIMENTO NO BRASIL NÃO É CASO ISOLADO NO MUNDO, MAS POSSUI
PARTICULARIDADES PERIGOSAS, É MAIS PODEROSO E ABRANGENTE 853 ...
GENERAIS INTIMIDAM OS ELEITORES E CHANTAGEIAM A DEMOCRACIA... 819 ...
CAMPANHA VÊ ONDA EVANGÉLICA CONTRA HADDAD E QUER FOCO NO ELEITOR MAIS
POBRE. PARA TENTAR CHEGAR AO SEGUNDO TURNO, PETISTA DEVE ADOTAR
POSTURA MAIS ASSERTIVA EM ÚLTIMO DEBATE NA TV 864 ... Ver também
BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL
NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT
GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO
PROJETO ESCOLA SEM HOMOFOBIA 593... LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO
JORNAL NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO MEC 598/599 ... Ver também, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS
LIVROS (Fernando Haddad, ex-ministro da Educação dos governos Lula e Dilma, sobre
atuação de políticos ligados a igrejas no caso do material contra homofobia, deturpado
com a denominação “kit gay”) 221 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido 3, PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI.
AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690... Ver livro do filósofo
francês Jacques Rancière: “O ódio à democracia”, Boitempo, 2015 ) 837
1178
CONTRA O PT, CONFEDERAÇÃO DE PASTORES DO BRASIL DECIDE APOIAR
BOLSONARO (Daniela Lima, Blog Painel/Uol, 20 de setembro de 2018 846...
CAMPANHA VÊ ONDA EVANGÉLICA CONTRA HADDAD E QUER FOCO NO ELEITOR MAIS
POBRE. PARA TENTAR CHEGAR AO SEGUNDO TURNO, PETISTA DEVE ADOTAR
POSTURA MAIS ASSERTIVA EM ÚLTIMO DEBATE NA TV 864 ... Ver "BOLSONARO É A
CARICATURA DO EXTREMISTA DE DIREITA". EM ENTREVISTA, PESQUISADOR ALEMÃO
QUE ESTUDA A NOVA DIREITA BRASILEIRA DIZ QUE MOVIMENTO NO BRASIL NÃO É
CASO ISOLADO NO MUNDO, MAS POSSUI PARTICULARIDADES PERIGOSAS, É MAIS
PODEROSO E ABRANGENTE 853 ... ENQUANTO PASTORES EVANGÉLICOS APOIAM
BOLSONARO, CÚPULA CATÓLICA LAVA AS MÃOS. ESTARIA JESUS, NESTAS ELEIÇÕES, A
FAVOR DE UM CANDIDATO QUE PREGA A VIOLÊNCIA COMO PANACEIA PARA TODOS
OS MALES? 848 ... GENERAIS INTIMIDAM OS ELEITORES E CHANTAGEIAM A
DEMOCRACIA... 819 ) 846
A FORÇA DOS EVANGÉLICOS NA ELEIÇÃO. NA POLÍTICA BRASILEIRA, ELES AINDA
ESTÃO SUB-REPRESENTADOS. MAS AGORA PODEM SER DECISIVOS PARA A ESCOLHA
DO MAIS ALTO CARGO DO ESTADO. E PODEM TORNAR O BRASIL AINDA MAIS
CONSERVADOR (Thomas Milz, Deutsche Welle, 27 de setembro de 2018 851...
Ver"BOLSONARO É A CARICATURA DO EXTREMISTA DE DIREITA". EM ENTREVISTA,
PESQUISADOR ALEMÃO QUE ESTUDA A NOVA DIREITA BRASILEIRA DIZ QUE
MOVIMENTO NO BRASIL NÃO É CASO ISOLADO NO MUNDO, MAS POSSUI
PARTICULARIDADES PERIGOSAS, É MAIS PODEROSO E ABRANGENTE 853 ) 851
ENQUANTO PASTORES EVANGÉLICOS APOIAM BOLSONARO, CÚPULA CATÓLICA
LAVA AS MÃOS. ESTARIA JESUS, NESTAS ELEIÇÕES, A FAVOR DE UM CANDIDATO
QUE PREGA A VIOLÊNCIA COMO PANACEIA PARA TODOS OS MALES? (Juan Arias, El
País, 20 de setembro de 2018 848... Ver “JC NAS ELEIÇÕES” DEBATE UNIÃO ENTRE
RELIGIÃO E POLÍTICA. CARTILHA DA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA SERÁ
DIVULGADA NESTA QUINTA-FEIRA (20) EM RIO CLARO 850 ... Ver "BOLSONARO É A
CARICATURA DO EXTREMISTA DE DIREITA". EM ENTREVISTA, PESQUISADOR ALEMÃO
QUE ESTUDA A NOVA DIREITA BRASILEIRA DIZ QUE MOVIMENTO NO BRASIL NÃO É
CASO ISOLADO NO MUNDO, MAS POSSUI PARTICULARIDADES PERIGOSAS, É MAIS
PODEROSO E ABRANGENTE 853 ... CONTRA O PT, CONFEDERAÇÃO DE PASTORES DO
BRASIL DECIDE APOIAR BOLSONARO 846 ... GENERAIS INTIMIDAM OS ELEITORES E
CHANTAGEIAM A DEMOCRACIA... 819 ... CAMPANHA VÊ ONDA EVANGÉLICA CONTRA
HADDAD E QUER FOCO NO ELEITOR MAIS POBRE. PARA TENTAR CHEGAR AO
SEGUNDO TURNO, PETISTA DEVE ADOTAR POSTURA MAIS ASSERTIVA EM ÚLTIMO
DEBATE NA TV 864 ) 848
1179
“JC NAS ELEIÇÕES” DEBATE UNIÃO ENTRE RELIGIÃO E POLÍTICA. CARTILHA DA IGREJA
CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA SERÁ DIVULGADA NESTA QUINTA-FEIRA (20) EM
RIO CLARO (Lucas Calore, Jornal Cidade de Rio Claro, Caderno A, página sem data e
sem numeração, provavelmente dia 19 ou 20 de setembro de 2018 850... Ver
CAMPANHA VÊ ONDA EVANGÉLICA CONTRA HADDAD E QUER FOCO NO ELEITOR MAIS
POBRE. PARA TENTAR CHEGAR AO SEGUNDO TURNO, PETISTA DEVE ADOTAR
POSTURA MAIS ASSERTIVA EM ÚLTIMO DEBATE NA TV 864 ) 850
"BOLSONARO É A CARICATURA DO EXTREMISTA DE DIREITA". EM ENTREVISTA,
PESQUISADOR ALEMÃO QUE ESTUDA A NOVA DIREITA BRASILEIRA DIZ QUE
MOVIMENTO NO BRASIL NÃO É CASO ISOLADO NO MUNDO, MAS POSSUI
PARTICULARIDADES PERIGOSAS, É MAIS PODEROSO E ABRANGENTE (Clarissa Neher,
Deutsche Welle, 27 de setembro de 2018 853... Ver CAMPANHA VÊ ONDA
EVANGÉLICA CONTRA HADDAD E QUER FOCO NO ELEITOR MAIS POBRE. PARA TENTAR
CHEGAR AO SEGUNDO TURNO, PETISTA DEVE ADOTAR POSTURA MAIS ASSERTIVA EM
ÚLTIMO DEBATE NA TV 864) 853
EDIR MACEDO DECLARA APOIO A BOLSONARO (Estadão reproduzido pelo Uol, 30 de
setembro de 2018) 857
LIDERANÇAS DAS BANCADAS EVANGÉLICA E DA BALA ASSUMEM APOIO A
BOLSONARO (Camila Turtelli e Mariana Haubert, Estadão reproduzido pelo Uol, 03 de
outubro de 2018 858... Ver CAMPANHA VÊ ONDA EVANGÉLICA CONTRA HADDAD E
QUER FOCO NO ELEITOR MAIS POBRE. PARA TENTAR CHEGAR AO SEGUNDO TURNO,
PETISTA DEVE ADOTAR POSTURA MAIS ASSERTIVA EM ÚLTIMO DEBATE NA TV 864)
858
POR QUE FIGURAS FOLCLÓRICAS, MEDÍOCRES E VIOLENTAS COMO BOLSONARO
ACABAM DESAFIANDO A RAZÃO E A INTELIGÊNCIA? MAIS DO QUE OS VALORES QUE
DEFENDEM, ESSES PERSONAGENS INIMIGOS DA DEMOCRACIA E DA LIBERDADE SÃO
FRUTO DOS ERROS DOS QUE OS PRECEDERAM (Juan Arias, El País, 03 de outubro de
2018) 859
CAMPANHA VÊ ONDA EVANGÉLICA CONTRA HADDAD E QUER FOCO NO ELEITOR MAIS
POBRE. PARA TENTAR CHEGAR AO SEGUNDO TURNO, PETISTA DEVE ADOTAR
POSTURA MAIS ASSERTIVA EM ÚLTIMO DEBATE NA TV (Marina Dias, Folha/Uol, 02 de
outubro de 2018... A matéria traz informações sobre apoio de Edir Macedo, Igreja
Universal do Reino de Deus, e de José Wellington, Assembleia de Deus, Ministério
Belém) 864
1180
ELEIÇÕES 2018: VOTO ANTI-PT; POR SEGURANÇA E PELA FAMÍLIA TRADICIONAL, O
QUE PENSAM AS MULHERES QUE ESCOLHERAM BOLSONARO (Leandro Machado e
Luiza Franco, BBC News Brasil, 04 de outubro de 2018 866... Ver O PARADOXO DO
PROGRESSO. PODE PARECER CONTRADITÓRIO, MAS A POLARIZAÇÃO DA SOCIEDADE É
RESULTADO DA MELHORA DOS PADRÕES DE VIDA NO BRASIL AO LONGO DAS ÚLTIMAS
DÉCADAS, ESCREVE A COLUNISTA ASTRID PRANGE 862) 866
JORNAL CIDADE DE RIO CLARO, PRIMEIRA PÁGINA, 08 DE OUTUBRO DE 2018 (Um dia
depois da realização do primeiro turno das eleições de 2018 1035/1036... Ver JORNAL
CIDADE DE RIO CLARO, PRIMEIRA PÁGINA, 11 DE OUTUBRO DE 2018 1037 )
1035/1036
1ª Parada LGBT de Rio Claro – SP... 21 de outubro de 2018...
CONVITE PARA A PRIMEIRA SEMANA E PARADA LGBT DE RIO CLARO/SP TEMA DA
PARADA: CHEGA DE OPRESSÕES, É HORA DE DAR CLOSE! (Movimento LGBT,
Primeira Semana e Parada LGBT – Rio Claro/SP – Ano de 2018, 15 a 21 de outubro...
Programação da Semana) 1016
ORGANIZAÇÃO DA 1ª PARADA LGBT CONTESTA PREFEITURA (Jornal Cidade de Rio
Claro, primeira página, 18 de outubro de 2018) 1016/1017
ORGANIZAÇÃO DA 1ª PARADA LGBT CONTESTA PREFEITURA (Fabíola Cunha, Jornal
Cidade de Rio Claro, 18 de outubro de 2018, p. B 7) 1017/1018
PREFEITURA NEGA ALVARÁ PARA REALIZAÇÃO DA 1ª PARADA LGBT NESTE
DOMINGO NA CIDADE (Tribuna 2000, Primeira página, 19 de outubro de 2018.
Semanário de Rio Claro SP) 1018/1019
NOVOS PROTESTOS POLÍTICOS NESTE FIM DE SEMANA EM RC. MOVIMENTOS
ACONTECEM EM PRAÇAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO NESTE SÁBADO (20) E NO
DOMINGO (21) (Lucas Calore, Jornal Cidade de Rio Claro, Caderno A Dia a Dia, 20 de
outubro de 2018) 1020/1021
NOTA OFICIAL INFORMATIVA MOVIMENTO LGBT (Facebook, 20 de outubro de 2018...
Sobre a 1ª Parada LGBT de Rio Claro, SP, realizada em 21 e outubro de 2018)
1019/1020
1181
LGBT (Jornal Cidade de Rio Claro, Lucas Calore, Coluna Cidade Livre, 21 do outubro de
2018... Sobre a confirmação da organização da Parada, a respeito de sua realização,
mesmo sem autorização da Prefeitura) 1021/1022
JORNAL CIDADE DE RIO CLARO, PRIMEIRA PÁGINA, 21 DE OUTUBRO DE 2018
1023/1024
PRIMEIRA PARADA LGBT DE RIO CLARO REÚNE GRANDE PÚBLICO (Jornal Cidade site, 21 de outubro de 2018) 1029
UM RELATO DA 1ª PARADA LGBT DE RIO CLARO – SP (Adriano Picarelli... Em meu
Facebook há vídeos sobre a Parada 1025... Ver PARADA PERCORRE CIDADE DE
FORMA PACÍFICA. ORGANIZAÇÃO AGRADECE APOIADORES; PREFEITURA DIZ QUE
EVENTO OCORREU SE ALVARÁ E GCM “MONITOROU” 1034 ... NOVOS PROTESTOS
POLÍTICOS NESTE FIM DE SEMANA EM RC. MOVIMENTOS ACONTECEM EM PRAÇAS
PÚBLICAS DO MUNICÍPIO NESTE SÁBADO (20) E NO DOMINGO (21) 1020/1021 ...
CARTA CONVITE/MANIFESTO. DO MOVIMENTO VEM PRA RUA. MANIFESTAÇÕES DE 13
DE MARÇO DE 2016, PELO IMPEACHMENT DE DILMA ROUSSEF 1027/1028) 1025
1ª PARADA LGBT DE RIO CLARO. VÍDEOS COM FALAS DA ORGANIZADORA E DA
MADRINHA DA PARADA (Filmagem: Adriano Picarellli. 21 de outubro de 2018) 1032
JORNAL CIDADE DE RIO CLARO, PRIMEIRA PÁGINA, 23 DE OUTUBRO DE 2018 1033
PARADA PERCORRE CIDADE DE FORMA PACÍFICA. ORGANIZAÇÃO AGRADECE
APOIADORES; PREFEITURA DIZ QUE EVENTO OCORREU SE ALVARÁ E GCM
“MONITOROU” (Fabíola Cunha, Jornal Cidade de Rio Claro, 23 de outubro de 2018,
Caderno B, p. B1) 1034
CARTA CONVITE/MANIFESTO. DO MOVIMENTO VEM PRA RUA. MANIFESTAÇÕES DE
13 DE MARÇO DE 2016, PELO IMPEACHMENT DE DILMA ROUSSEF (Publicada no jornal
Tribuna 2000, p. 5, 11 e 12 de março de 2016 (Tribuna é semanário publicado em Rio
Claro – SP) 1027/1028
O BRASIL... NÃO CABE NA GLOBO! (Nilce F. Bueno, Diário do Rio Claro, 19 de outubro
de 2018, p. 2... Publicado durante a Primeira Semana e Parada LGBT – Rio Claro...)
1029
1182
Cidades e gênero...
Ver também a seção 1ª Parada LGBT de Rio Claro – SP... 21 de outubro de 2018...
GAYS, NEGROS E INDÍGENAS JÁ SENTEM NAS RUAS O MEDO DE UM GOVERNO
BOLSONARO. EPISÓDIOS DE INTIMIDAÇÃO AUMENTAM ANSIEDADE ENTRE GRUPOS
QUE SE SENTEM VULNERÁVEIS POR DISCURSOS FEITOS NO PASSADO, E HOJE
NEGADOS, PELO CANDIDATO. DEBATE SOBRE ESTRATÉGIAS DE PROTEÇÃO CRESCE
PARA “RESISTIR EM TEMPOS SOMBRIOS”, DIZ ATIVISTA (Joana Oliveira e Naira
Hofmeister, El País, 20 de outubro de 2018) 1006
AS CIDADES MASCULINAS ERGUIDAS PELO URBANISMO DO SÉCULO 20 (Camilo
Rocha, Nexo Jornal, 29 de junho de 2018... Sobre a jornalista Jane Jacobs, autora do
livro clássico “Morte e vida de grandes cidades”... Ver este livro na secção Livros e
trabalhos acadêmicos sobre questões de gênero... há links para download... deste
arquivo... ) 167/168
“NO SAPATINHO”: A EVOLUÇÃO DAS MILÍCIAS NO RIO DE JANEIRO (2008-2011)
(Ignácio Cano e Thais Duarte, coordenadores, Kryssia Ettel e Fernanda Novaes Cruz,
pesquisadoras, Rio de Janeiro, Fundação Heinrich Böll, 2012:
https://br.boell.org/sites/default/files/no_sapatinho_lav_hbs1_1.pdf ) 219
FOTO DE CASAL GAY SE BEIJANDO GERA POLÊMICA EM UM DOS PONTOS
TURÍSTICOS MAIS IMPORTANTES DO BRASIL (Glenn Greenwald, The Intercept Brasil,
30 de Julho de 2018 257... Ver PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS
CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES
260 … Ver, junto com matérias a ela associadas, POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É
ATACADO POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO GOVERNADOR 07 ) 257
PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST
IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES (Glenn Greenwald, The Intercept, July 30
2018) 260
O FEMINISMO ME LEVOU A SER INVENCÍVEL, DIZ ATIVISTA PAQUISTANESA. AISHA
SARWARI LUTA PARA QUE MULHERES DE SEU PAÍS NÃO SEJAM PROPRIEDADE DE
HOMENS (Carolina Vila-Nova, Folha/Uol, 29 de julho de 2018 252... Ver filmes
"Saving face", Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão, 2012... "A girl
1183
in the river: the price of forgiveness", Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão,
2015…) 252
Ciências, Biologia, Robótica... questões de gênero... sexualidade...
OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA
SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL (Reportagem Bianca
Borges. Uol TAB, 30 de julho de 2018 247... Ver PABLLO VITTAR CHORA AO LEMBRAR
BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME BATERAM" 724/725 ... “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114 ... COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874) 247
COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE "ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE
IDENTIDADE (Rafael Barifouse, BBC News Brasil, 30 de setembro de 2018 874... Ver
GISELE SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM
CIRURGIA, 07 DE JUNHO DE 2017, canal do YouTube de Adriano Picarelli, 09 de junho
de 2017... Ver, na apresentação do vídeo - abaixo da tela - indicações de textos e
filmes... https://www.youtube.com/watch?v=FC9AkK50NC4 ) 874
DESCOBRIR-SE TRANS NA INFÂNCIA COMO SHILOH JOLIE PITT É MENOS
TRAUMÁTICO (Uol, 11 de setembro de 2016, entrevista com o psiquiatra Saulo Ciasca,
do Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP - Universidade de São Paulo
748... Ver COM QUE IDADE DESCOBRIMOS NOSSA ORIENTAÇÃO SEXUAL? 746 ... Ver,
no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: A DIFERENÇA ENTRE OS SEXOS
É PRODUTO DE CADA CULTURA OU GRUPO SOCIAL 62 ) 748
COM QUE IDADE DESCOBRIMOS NOSSA ORIENTAÇÃO SEXUAL? (BBC News Mundo,
01 de setembro de 2018 746... Ver DESCOBRIR-SE TRANS NA INFÂNCIA COMO SHILOH
JOLIE PITT É MENOS TRAUMÁTICO 748 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido: A DIFERENÇA ENTRE OS SEXOS É PRODUTO DE CADA CULTURA OU
GRUPO SOCIAL 62) 746
JUDITH BUTLER ESCREVE SOBRE SUA TEORIA DE GÊNERO E O ATAQUE SOFRIDO NO
BRASIL (Judith Butler, Folha de S. Paulo, 19 de novembro de 2017 469... Ver também
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 469
1184
“Entrevista: ‘Uma ciência feminista precisa explicitar os contextos nos quais o
conhecimento produzido por ela é construído’”, Vitória Régia da Silva, Ciência e
Educação, edição 10, Gênero e Número, 20 de junho de 2018 [entrevista com a
pesquisadora Marina Nucci... Nessa entrevista obtive as referências dos dois trabalhos
a seguir, de Londa Schiebinger e Fabíola Rohden]:
http://www.generonumero.media/entrevista-uma-ciencia-feminista-precisa-explicitaros-contextos-nos-quais-o-conhecimento-produzido-por-ela-e-construido/
“O feminismo mudou a ciência?”, Londa Schiebinger, tradução de Raul Fiker, Bauru,
SP, EDUSC - Editora da Universidade do Sagrado Coração, 2001. 384p. (Coleção
Mulher)
http://brasil.indymedia.org/media/2007/06/386937.pdf (link para download)
"Ginecologia, gênero e sexualidade na ciência do século XIX", Fabíola Rohden,
Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 8, n. 17, p. 101-125, junho de 2002. [Este
artigo tem origem na tese de doutorado de Fabíola Rohden, intitulada "Uma ciência da
diferença: sexo, contracepção e natalidade na medicina da mulher", apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – Museu Nacional – UFRJ, em
2000]
http://www.scielo.br/pdf/%0D/ha/v8n17/19078.pdf
"COLOCAR MULHER COMO VICE PARA ATRAIR ELEITORAS É CHAMÁ-LAS DE IDIOTAS"
(Uol Universa, Camila Brandalise, 24 de agosto de 2018... Entrevista com o psicanalista
Contardo Calligaris... Há uma análise histórica da discriminação, do controle sobre as
mulheres...) 576
SILVIA FEDERICI E A “EMANCIPAÇÃO” QUE NÃO FOI. AGORA NO MÉXICO, TEÓRICA DO
FEMINISMO ANTICAPITALISTA SUSTENTA: TRABALHAR FORA NÃO LIBERTOU A
MULHER DE NADA; É PRECISO EXIGIR REMUNERAÇÃO DO TRABALHO DOMÉSTICO E
DIVISÃO DAS RESPONSABILIDADES REPRODUTIVAS (Entrevista a Gerardo Esparza,
Outras Palavras reproduz Informador, tradução de Inês Castilho, 03 de julho de 2018
205... Ver original "EL ÚNICO PODER ES EL DE ABAJO". LA FILÓSOFA Y FEMINISTA
SILVIA FEDERICI ESTUVO EN LA CIUDAD PARA IMPARTIR UNA CÁTEDRA MAGISTRAL
1185
SOBRE EL CAPITALISMO Y LA FORMA EN QUE HA EXPLOTADO A LAS MUJERES
DURANTE DECENAS DE AÑOS 209 ) 205
"EL ÚNICO PODER ES EL DE ABAJO". LA FILÓSOFA Y FEMINISTA SILVIA FEDERICI
ESTUVO EN LA CIUDAD PARA IMPARTIR UNA CÁTEDRA MAGISTRAL SOBRE EL
CAPITALISMO Y LA FORMA EN QUE HA EXPLOTADO A LAS MUJERES DURANTE
DECENAS DE AÑOS (Gerardo Esparza, Informador.Mx, 04 de março de 2018) 209
COMO ELEGER MULHERES INFLUENCIA O SUCESSO DE FUTURAS CANDIDATAS
(Juliana Domingos de Lima, Nexo Jornal, 04 de setembro de 2018 629... Ver COMO
PARTIDOS (DE HOMENS) PODEM DIFICULTAR A VIDA DE MULHERES CANDIDATAS?
538 ... PRÉ-CANDIDATAS ACUSAM REDE DE MACHISMO E DEIXAM SIGLA 536 ...
MULHERES SÃO "ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS
645 ) 629
CONHEÇA 4 CIENTISTAS LGBT QUE REVOLUCIONARAM O MUNDO. O QUE NOMES
COMO ALAN TURING, FLORENCE NIGHTINGALE, ALAN HART E FRANCIS BACON TÊM
EM COMUM? TODOS REVOLUCIONARAM A CIÊNCIA MUNDIAL, SALVARAM MILHÕES
DE VIDAS, MAS SOFRERAM COM A INTOLERÂNCIA E PRECONCEITO POR SUAS OPÇÕES
SEXUAIS (Thiago L., Uol Guia do Litoral, s/data, mas é julho de 2018) 123
“PARA VOCÊ NÃO ROMPER O SILÊNCIO E MANTER AS RELAÇÕES SAUDÁVEIS, VOCÊ
TEM QUE NEGAR A SUA COR”. ESPECIALISTA NO ATENDIMENTO DE MULHERES
NEGRAS, PSICÓLOGA MARIA JESUS MOURA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE
LEVAR EM CONTA O RACISMO SOFRIDO POR SUAS PACIENTES E NÃO NEGÁ-LO
(Marina Rossi, El País, 13 de julho de 2018 157... Ver SOMOS TODAS MC K_BELAS
162 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA
CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA
O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista
Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do
Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo
o texto do jornalista... 78 ... Ver também A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA
DEMOCRACIA RACIAL 222) 157
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR NÍVEL EM QUASE DUAS DÉCADAS EM
SP (Marcella Lourenzetto, Jornal da Manhã - Jovem Pan/Uol, 11 de agosto de 2018...
De acordo com a matéria, os resultados foram conseguidos a partir de conhecimento,
discussão, conversas com adolescentes sobre suas questões, sexualidade... Ou seja,
penso eu, o oposto do que propõem igrejas e Escola Sem Partido... Ver, no arquivo
1186
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: POPE FRANCIS SUGGESTS DONALD TRUMP
IS "NOT A CHRISTIAN" (Jim Yardley, The New York Times, 18 de fevereiro de 2016...
Papa Francisco afirma posição de sua igreja, contrária a métodos contraceptivos,
fevereiro de 2016) 274) 453
CASOS DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA ATINGEM MENOR NÍVEL DA HISTÓRIA EM SP.
INCIDÊNCIA CAIU 50% NOS ÚLTIMOS 20 ANOS (Mônica Bergamo, Folha/Uol, 10 de
agosto de 2018) 454
REINO UNIDO PROIBIRÁ AS PSEUDOTERAPIAS QUE AFIRMAM “CURAR” A
HOMOSSEXUALIDADE. SOMENTE TRÊS PAÍSES, BRASIL, EQUADOR E MALTA, TÊM LEIS
QUE PROÍBEM EXPRESSAMENTE ESTE TIPO DE PRÁTICAS (María R. Sahuquillo, El País,
03 de julho de 2018) 118
“CURA GAY”: REINO UNIDO PROÍBE; NO BRASIL, MPF QUER LIBERAR
(Justificando/Carta Capital, 05 de julho de 2018 120... Ver “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114) 120
SUÍÇA INVESTIGA MÉDICO FRANCÊS QUE DIZ CURAR HOMOSSEXUALIDADE (RFI
reproduzida pelo Uol Universa, 15 de agosto de 2018) 686
VIDEO “I WANT TO BE LIKE NATURE MADE ME”. MEDICALLY UNNECESSARY
SURGERIES ON INTERSEX CHILDREN IN THE US (Human Rights Watch, 25 de julho de
2017) 126
Cinema, filmes, televisão, web, obras de arte, fotografias, charges, quadrinhos...
“Obra aberta”, Umberto Eco, 8ed, São Paulo, Perspectiva, 1991 (Para pensar sobre
ataques de movimentos como MBL, igrejas, pastores, padres... a exposições como
Queermuseu... às artes... à liberdade de pensamento nas escolas...)
https://teoliteraria.files.wordpress.com/2013/02/eco-umberto-obra-aberta.pdf
1187
QUEERMUSEU, A EXPOSIÇÃO MAIS DEBATIDA E MENOS VISTA DOS ÚLTIMOS
TEMPOS, REABRE NO RIO (Júlia Dias Carneiro, BBC News Brasil, 16 de agosto de
2018... Reproduzida pelo Uol, mesmo título e data 264... Ver JUDITH BUTLER ESCREVE
SOBRE SUA TEORIA DE GÊNERO E O ATAQUE SOFRIDO NO BRASIL 469 ...
PROFESSORES E ORGANIZAÇÕES QUEREM ARTE OBRIGATÓRIA NO ENSINO MÉDIO
666 ... Ver, na seção Livros e trabalhos acadêmicos sobre questões de gênero... há
links para download... , deste arquivo, a referência a “Obra aberta”, Umberto Eco...
Ver mais sobre Queermuseu nos arquivos Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 1,
2 e 3... Ver ainda, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PADRE
PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE,
FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ) 264
ABERTURA DA MOSTRA QUEERMUSEU, NO RIO, TEM PROTESTOS DE MOVIMENTOS
RELIGIOSOS, FECHADA UM ANO ATRÁS DIANTE DE CENSURA, EXPOSIÇÃO É
REINAUGURADA NESTE SÁBADO (18) (Nicola Pamplona, Folha/Uol, 18 de agosto de
2018... Matéria também fala de manifestantes pró-Bolsonaro e Magno Malta; protesto
teve convocação na página do Facebook do MBL... Sobre o MBL, ver, por exemplo, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, a seção do Índice Assassinato de
Marielle Franco (PSOL), vereadora do Rio de Janeiro: 14 de março de 2018... p. 1170)
296
JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO LIBERA ENTRADA DE CRIANÇAS NA "QUEERMUSEU"
(Carolina Farias, Uol Universa, 21 de agosto de 2018 777... Ver ABERTURA DA
MOSTRA QUEERMUSEU, NO RIO, TEM PROTESTOS DE MOVIMENTOS RELIGIOSOS,
FECHADA UM ANO ATRÁS DIANTE DE CENSURA, EXPOSIÇÃO É REINAUGURADA NESTE
SÁBADO (18) 296... LEI DE CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA PROMULGADA POR MÁRCIO
FRANÇA GERA POLÊMICA. NORMA SE APLICA A EXPOSIÇÕES E MOSTRAS DE ARTE
[Mônica Bergamo, Folha/Uol, 14 de julho de 2018 655... Ver, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 2: MASP BUSCOU ORIENTAÇÃO JURÍDICA PARA VETO
INÉDITO A MENORES DE 18 ANOS (Uol, 19 de outubro de 2017... Sobre a mostra
“Histórias da sexualidade”) 04 ... ADVOGADOS SE UNEM PARA TENTAR BARRAR
CENSURA A MENORES EM EXPOSIÇÃO NO MASP (Leonardo Rodrigues, Uol, 26 de
outubro de 2017... A questão é mais ampla, os advogados procuram estudar e propor
adequação de legislação, não se trata apenas da exposição do MASP) 07 ... PROJETOS
PARA CLASSIFICAR EXPOSIÇÕES DE ARTE SE ESPALHAM PELO PAÍS (Mônica Bergamo,
Folha/Uol, 16 de dezembro de 2017... A matéria também traz informações sobre
pesquisa a respeito da presença de pessoas LGBTI em comerciais...) 535 ... MPF
CRITICA, E MASP LIBERA ACESSO DE MENORES À MOSTRA SOBRE SEXUALIDADE
(Juliana Dal Pivar, Revista Piauí/Uol, 07 de novembro de 2017... Sobre a mostra
“Histórias da sexualidade”) 08 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem
1188
Partido 3: DEPUTADOS APROVAM PROJETO QUE PREVÊ CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA
EM EXPOSIÇÕES EM SP (Uol, 14 de junho de 2018) 870 ) 777
“EU RECEBI MAIS DE CEM AMEAÇAS DE MORTE”, DIZ CURADOR DA EXPOSIÇÃO
QUEERMUSEU. GAUDÊNCIO FIDELIS FALA SOBRE OS ATAQUES À EXPOSIÇÃO DE ARTE
CANCELADA NO ANO PASSADO EM PORTO ALEGRE E REINAUGURADA NO RIO DE
JANEIRO NESTE MÊS (Mariana Simões, Agência Pública, 28 de agosto de 2018) 656
"NÓS, LGBT, JÁ FOMOS CRIANÇAS E ISSO INCOMODA", DIZ ARTISTA ACUSADA DE
INCITAR PEDOFILIA (Tiago Dias, Uol, 12 de setembro de 2017) 663
LEI DE CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA PROMULGADA POR MÁRCIO FRANÇA GERA
POLÊMICA. NORMA SE APLICA A EXPOSIÇÕES E MOSTRAS DE ARTE [Mônica Bergamo,
Folha/Uol, 14 de julho de 2018 655... Ver “EU RECEBI MAIS DE CEM AMEAÇAS DE
MORTE”, DIZ CURADOR DA EXPOSIÇÃO QUEERMUSEU. GAUDÊNCIO FIDELIS FALA
SOBRE OS ATAQUES À EXPOSIÇÃO DE ARTE CANCELADA NO ANO PASSADO EM PORTO
ALEGRE E REINAUGURADA NO RIO DE JANEIRO NESTE MÊS 656 ... Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 2: MASP BUSCOU ORIENTAÇÃO JURÍDICA
PARA VETO INÉDITO A MENORES DE 18 ANOS (Uol, 19 de outubro de 2017... Sobre a
mostra “Histórias da sexualidade”) 04 ... ADVOGADOS SE UNEM PARA TENTAR
BARRAR CENSURA A MENORES EM EXPOSIÇÃO NO MASP (Leonardo Rodrigues, Uol, 26
de outubro de 2017... A questão é mais ampla, os advogados procuram estudar e
propor adequação de legislação, não se trata apenas da exposição do MASP) 07 ...
PROJETOS PARA CLASSIFICAR EXPOSIÇÕES DE ARTE SE ESPALHAM PELO PAÍS (Mônica
Bergamo, Folha/Uol, 16 de dezembro de 2017... A matéria também traz informações
sobre pesquisa a respeito da presença de pessoas LGBTI em comerciais...) 535 ... MPF
CRITICA, E MASP LIBERA ACESSO DE MENORES À MOSTRA SOBRE SEXUALIDADE
(Juliana Dal Pivar, Revista Piauí/Uol, 07 de novembro de 2017... Sobre a mostra
“Histórias da sexualidade”) 08 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem
Partido 3: DEPUTADOS APROVAM PROJETO QUE PREVÊ CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA
EM EXPOSIÇÕES EM SP (Uol, 14 de junho de 2018) 870 ) 655
PROFESSORES E ORGANIZAÇÕES QUEREM ARTE OBRIGATÓRIA NO ENSINO MÉDIO
(Agência Brasil reproduzida pelo Uol, 22 de agosto de 2018) 666
“Livro analisa a representatividade feminina nas séries em 70 anos de mudanças
dentro e fora das telas”, Larissa Linder, Revista Trip/Tpm/Uol, 13 de setembro de 2018
[entrevista com autora do livro: "Uma série de mulheres engraçadas - As protagonistas
1189
das sitcons em 70 anos de mudanças dentro e fora das telas", Fernanda Friedrich,
Gramma, 2018... Autora é pesquisadora da Unversidade Federal de Santa Catarina]
https://revistatrip.uol.com.br/tpm/livro-examina-a-representatividade-das-mulheresnas-series-de-tv?utm_source=uol&utm_medium=home&utm_campaign=livroexamina-a-representatividade-das-mulheres-nas-series-de-tv
“As mulheres da sitcom: uma análise de representatividade das protagonistas nas
telas”, Fernanda Farias Friedrich. Tese doutorado. Universidade Federal de Santa
Catarina – UFSC, Programa de Pós-Graduação em Literatura, Area de Concentração
Crítica Feminista e Estudos de Gênero. Florianópolis, 2018
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/186287/PLIT0749T.pdf?sequence=-1&isAllowed=y
A FARDA DA ALMA (Programa Conexão Repórter, jornalista Roberto Cabrini, SBT, 09
de julho de 2018. Com Leandro Prior, soldado da PM de SP...) 27
REPRESSÃO ALÉM DA POLÍTICA. A DITADURA CONTRA OS GAYS: SER “DIFERENTE”
ERA AMEAÇA À SEGURANÇA NACIONAL (Gabriela Fujita, Uol, 12 de agosto de 2108...
Ver livro “Ditadura e Homossexualidades – Repressão, Resistência e a Busca da
Verdade”, Renan Quinalha James N. Green (organizadores), EdUFSCar, 2014... Ver, na
secção Livros e trabalhos acadêmicos sobre questões de gênero... há links para
download, deste arquivo: “Contra a moral e os bons costumes: a política sexual da
ditadura brasileira (1964-1988)”, Renan Honorio Quinalha, nstituto de Relações
Internacionais, USP, 2017. Orientadora: Rossana Rocha Reis. Tese de doutorado:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/101/101131/tde-20062017-182552/ptbr.php ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 2: “SOBREVIVI”,
DIZ VÍTIMA DE OPERAÇÃO DA POLÍCIA DE CAÇA A TRAVESTIS HÁ 31 ANOS 746 ) 677
POR QUE LULU SANTOS DEVERIA SE ESCONDER NO ARMÁRIO? (Tony Goes, F5 Folha/
Uol, 25 de julho de 2018 669... Ver ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? 698)
669
COMO EXPLICAR O BEIJO GAY DA NOVELA DAS 6 PARA OS FILHOS? A NOVELA
EXPLICA! (Nilson Xavier, Blog do Nilson Xavier/Uol, 30 de agosto de 2018) 891
1190
PELA PRIMEIRA VEZ, GLOBO EXIBE BEIJO GAY EM NOVELA DAS SEIS E PÚBLICO
COMEMORA (Notícias da TV/Uol, Daniel de Castro, por Gabriel Perline (redator desta
notícia), 12 de setembro de 2018) 751
"ORGULHO E PAIXÃO" INAUGUROU UM NOVO TIPO DE DRAMATURGIA: A "NOVELA
DISNEY" (Nilson Xavier, Blog do Nilson Xavier/Uol, 24 de setembro de 2018) 893
GABRIELA LORAN, 1ª ATRIZ TRANS DE "MALHAÇÃO", REVELA PLANOS DE SER MÃE (Uol
Universa, 02 de setembro de 2018) 725/726
O BRASIL... NÃO CABE NA GLOBO! (Nilce F. Bueno, Diário do Rio Claro, 19 de outubro
de 2018, p. 2... Publicado durante a Primeira Semana e Parada LGBT – Rio Claro...)
1029
CONGRESSO CHILENO APROVA LEI QUE PERMITE MUDANÇA DE GÊNERO PARA
MAIOR DE 14 (Agence France Presse reproduzida pelo Uol Universa, 13 de setembro
de 2018 739... Ver COBERTAS PELO SUS, CIRURGIAS DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL
DEMORAM ATÉ CINCO ANOS 742 ... Ver no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem
Partido 2: DANIELA VEGA, A ATRIZ TRANS QUE COLOCOU HOLLYWOOD A SEUS PÉS
1258 ... Ver no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: DANIELA VEGA, A
ATRIZ TRANSEXUAL QUE FEZ HISTÓRIA NO OSCAR. ATRIZ DE ‘UMA MULHER
FANTÁSTICA’, GANHADOR DE MELHOR FILME ESTRANGEIRO, TEM UMA BIOGRAFIA
SOFRIDA 519 ... CHEFE DA IGREJA CHILENA SOBRE TRANSEXUAIS: “SE UM GATO
TIVER NOME DE CACHORRO, NÃO PASSARÁ A SER UM CACHORRO”. A ATRIZ
TRANSEXUAL DANIELA VEGA RESPONDE RICARDO EZZATI: “VENHA CONVERSAR
COMIGO. VOCÊ SE ATREVE?” ELA ESTRELOU O FILME GANHADOR DO OSCAR “UMA
MULHER FANTÁSTICA” 521 ) 739
"CALL IT OUT": CAMPANHA AUSTRALIANA CONVIDA HOMENS A LUTAR PELO
FEMINISMO (Uol Universa, 06 de julho de 2018 198... Ver FAMILY VIOLENCE
SUPPORT. CALL IT OUT 198/199 ) 198
FAMILY VIOLENCE SUPPORT. CALL IT OUT (Family Violence Reform, State Government
of Victoria, Austrália, 2018) 198/199
1191
“MINHA FILHA NÃO ESTÁ NO CORPO ERRADO, É UMA MENINA COM PÊNIS”. O ATOR
ESPANHOL NACHO VIDAL APRESENTA A HISTÓRIA DE SUA FILHA TRANSEXUAL, DE 11
ANOS, NO LIVRO PARA PRÉ-ADOLESCENTES MI NOMBRE ES VIOLETA. NESTA
ENTREVISTA, AFIRMA QUE O MACHISMO “NÃO TEM NADA A VER COM O PORNÔ” E
QUE DESCONFIA DO MOVIMENTO LGTBQI (Begoña Gômez Urzaiz, El País, 28 de
setembro de 2018... Esta entrevista também tem a ver com feminismo...) 884
SOLIMÕES ABENÇOA FOTOS DO FILHO AO LADO DO NAMORADO E CONQUISTA
MAIS FÃS (Uol, 03 de julho de 2018) 151
SOMOS TODAS MC K_BELAS (Yasmin Thayná, HuffPost Brasil, 27 de janeiro de 2014,
atualizado em 26 de janeiro e 2017 162... Ver “PARA VOCÊ NÃO ROMPER O SILÊNCIO
E MANTER AS RELAÇÕES SAUDÁVEIS, VOCÊ TEM QUE NEGAR A SUA COR”.
ESPECIALISTA NO ATENDIMENTO DE MULHERES NEGRAS, PSICÓLOGA MARIA JESUS
MOURA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE LEVAR EM CONTA O RACISMO SOFRIDO
POR SUAS PACIENTES E NÃO NEGÁ-LO 157) 162
ATOS POLÍTICOS E MANIFESTAÇÕES POR IGUALDADE DE GÊNERO GANHAM FORÇA
NO ORIENTE MÉDIO (Aline Yumi, Beatriz Lia e Natália Vitória*, Opera Mundi/Uol, 12
de julho de 2018 168... Ver filme "Ladies first", Mona El-Naggar, EUA, 2016,
geralmente está no YouTube… Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido, PARA EXAMINAR DUAS RETÓRICAS DE PODER (Berenice Bento, socióloga
da UFRN) 649 ) 168
O FEMINISMO ME LEVOU A SER INVENCÍVEL, DIZ ATIVISTA PAQUISTANESA. AISHA
SARWARI LUTA PARA QUE MULHERES DE SEU PAÍS NÃO SEJAM PROPRIEDADE DE
HOMENS (Carolina Vila-Nova, Folha/Uol, 29 de julho de 2018 252... Ver filmes
"Saving face", Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão, 2012... "A girl
in the river: the price of forgiveness", Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão,
2015…) 252
Conhecimento... verdade...
1192
Londa Schiebinger, Fabíola Rohden e Neurogenderings vieram da leitura da entrevista
com a Pesquisadora Marina Nucci...
“Entrevista: ‘Uma ciência feminista precisa explicitar os contextos nos quais o
conhecimento produzido por ela é construído’”, Vitória Régia da Silva, Ciência e
Educação, edição 10, Gênero e Número, 20 de junho de 2018 [entrevista com a
pesquisadora Marina Nucci... Nessa entrevista obtive as referências dos dois trabalhos
a seguir, de Londa Schiebinger e Fabíola Rohden]:
http://www.generonumero.media/entrevista-uma-ciencia-feminista-precisa-explicitaros-contextos-nos-quais-o-conhecimento-produzido-por-ela-e-construido/
“O feminismo mudou a ciência?”, Londa Schiebinger, tradução de Raul Fiker, Bauru,
SP, EDUSC - Editora da Universidade do Sagrado Coração, 2001. 384p. (Coleção
Mulher)
http://brasil.indymedia.org/media/2007/06/386937.pdf (link para download)
"Ginecologia, gênero e sexualidade na ciência do século XIX", Fabíola Rohden,
Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 8, n. 17, p. 101-125, junho de 2002. [Este
artigo tem origem na tese de doutorado de Fabíola Rohden, intitulada "Uma ciência da
diferença: sexo, contracepção e natalidade na medicina da mulher", apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – Museu Nacional – UFRJ, em
2000]
http://www.scielo.br/pdf/%0D/ha/v8n17/19078.pdf
NEUROGENDERINGS
https://neurogenderings.wordpress.com/
1193
"A ideologia do movimento Escola Sem Partido: 20 autores desmontam o discurso",
Ação Educativa Assessoria, Pesquisa e Informação (Org.). São Paulo, Ação Educativa,
2016
http://acaoeducativa.org.br/wpcontent/uploads/2017/05/escolasempartido_miolo.pdf
JUDITH BUTLER ESCREVE SOBRE SUA TEORIA DE GÊNERO E O ATAQUE SOFRIDO NO
BRASIL (Judith Butler, Folha de S. Paulo, 19 de novembro de 2017 469... Ver também
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 469
A ELEIÇÃO DO “KIT GAY”. BUSCAS NA INTERNET POR “KIT GAY” NESTAS ELEIÇÕES
BATERAM RECORDE DE 2011, QUANDO O ASSUNTO VEIO À TONA; BOLSONARO E
MALAFAIA LIDERAM MENÇÕES AO “KIT" (Alexandre Policarpo, Bruno Fonseca,
Eliziane Lara e Gabriella Hauber, Agência Pública, 17 de outubro de 2018 971 ...
VALE MAIS DEFENESTRAR O ‘KIT GAY’ OU PROTEGER CRIANÇAS DO ABUSO SEXUAL?
EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS PODERIA SER UMA ARMA EFICAZ CONTRA
ABUSADORES, MAS A HISTERIA IDEOLÓGICA É O TIRO PELA CULATRA DE QUEM SE
DIZ DEFENSOR DA FAMÍLIA 979 ... MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM
PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA
SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA
CATÓLICA 1044... ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO
NA EDUCAÇÃO. TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES
RELIGIOSAS 1052... SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”.
MOVIMENTO CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM
DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO 1055) 971
UOL, PÁGINA INICIAL, 23 DE OUTUBRO DE 2018, 12H18MIN (Chamadas com
destaque principal, no topo da página: “Escola Sem Partido e ideologia de gênero têm
suas raízes na religião”, “Entenda as polêmicas sobre Escola Sem Partido e gênero na
educação”, “Como o combate à ‘ideologia de gênero’ tem pautado políticas
públicas”) 1044
MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM
RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA
INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23
de outubro de 2018) 1044
1194
ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO NA EDUCAÇÃO.
TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES RELIGIOSAS (Paulo
Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1052
SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”. MOVIMENTO
CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM DISCUSSÕES
SOBRE GÊNERO (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1055
“Obra aberta”, Umberto Eco, 8ed, São Paulo, Perspectiva, 1991 (Para pensar sobre
ataques de movimentos como MBL, igrejas, pastores, padres... a exposições como
Queermuseu... às artes... à liberdade de pensamento nas escolas...)
https://teoliteraria.files.wordpress.com/2013/02/eco-umberto-obra-aberta.pdf
OLAVO FAZ INCITAÇÃO À VIOLÊNCIA; CONVOCO MEUS CONCIDADÃOS A REPUDIÁLO. TEXTO ANUNCIA UMA ESCALADA DE AÇÕES VIOLENTAS E CONCLAMA
SEGUIDORES A PERPETRÁ-LAS (Caetano Veloso, Folha/Uol, 14 de outubro de 2018
954... Sobre afirmações de Olavo de Carvalho, ver, por exemplo, a respeito de crime
organizado, narcotráfico: “NO SAPATINHO”: A EVOLUÇÃO DAS MILÍCIAS NO RIO DE
JANEIRO (2008-2011) (Ignácio Cano e Thais Duarte, coordenadores, Kryssia Ettel e
Fernanda Novaes Cruz, pesquisadoras, Rio de Janeiro, Fundação Heinrich Böll, 2012:
https://br.boell.org/sites/default/files/no_sapatinho_lav_hbs1_1.pdf ... MORRE AOS
96 ANOS O JURISTA HÉLIO BICUDO, UM DEFENSOR DOS DIREITOS HUMANOS.
FUNDAMENTAL NO COMBATE AO “ESQUADRÃO DA MORTE” NA DITADURA MILITAR,
BICUDO FOI COFUNDADOR DO PT E AJUDOU NO PEDIDO DE IMPEACHMENT DE DILMA
ROUSSEFF (Arthur Stabile e Maria Teresa Cruz, Ponte Jornalismo, 31 de julho de 2018:
https://ponte.org/morre-aos-96-anos-o-jurista-helio-bicudo-um-defensor-dos-direitoshumanos/ ... COMO A DITADURA PERSEGUIU HÉLIO BICUDO. JURISTA TEVE A VIDA
ESCRUTINADA POR DENUNCIAR ATUAÇÃO DE ESQUADRÕES DA MORTE.
DOCUMENTOS INÉDITOS MOSTRAM QUE A CÚPULA DO REGIME AGIU DIRETAMENTE
PARA ACOBERTAR A AÇÃO DOS GRUPOS DE EXTERMÍNIO (João Soares, Deutsche
Welle, 01 de agosto de 2018:
https://www.dw.com/pt-br/como-a-ditadura-perseguiu-h%C3%A9lio-bicudo/a44918892 ... https://p.dw.com/p/32TSG ... "DITADURA IDEALIZOU MODELO ATUAL
DAS MILÍCIAS”. MILÍCIAS TIVERAM SEU EMBRIÃO NOS ESQUADRÕES DA MORTE
APOIADOS PELA DITADURA, AFIRMA SOCIÓLOGO. EM ENTREVISTA, ELE REJEITA A
IDEIA DE PODER PARALELO, APONTANDO QUE GRUPOS FARIAM PARTE DA
“DIMENSÃO ILEGAL DO ESTADO" (João Soares, Deutsche Welle, 03 de agosto de 2018:
1195
https://www.dw.com/pt-br/ditadura-idealizou-modelo-atual-das-mil%C3%ADcias/a44945335 ... https://p.dw.com/p/32aKl ... ATENTADOS DE DIREITA FOMENTARAM AI-5
CINQUENTA ANOS DEPOIS DO ATO QUE SEPULTOU AS LIBERDADES DEMOCRÁTICAS
NO PAÍS, A PÚBLICA OBTÉM DOCUMENTOS QUE PROVAM QUE FOI A DIREITA
PARAMILITAR, E NÃO A ESQUERDA, QUE DEU INÍCIO A EXPLOSÕES DE BOMBAS E
ROUBOS DE ARMAS (Vasconcelo Quadros, Agência Pública reproduzida pelo El País, 02
de outubro de 2018:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/02/politica/1538488463_222527.html ...
PROGRAMA ARQUIVO N SOBRE ATENTADO NO RIOCENTRO (30 DE ABRIL DE 1981)
(Roteiro e edição Luciana Savaget, Globo News, 2011:
https://www.youtube.com/watch?v=QqNUttqzGMw ...
https://www.youtube.com/watch?v=ZWj-YALnsl4 ... Ver também AO VIVO |
ELEIÇÕES 2018: BOLSONARO E HADDAD NA COBERTURA EM TEMPO REAL. NESTA
SEGUNDA-FEIRA, O TSE NEGOU PEDIDO DE HADDAD DE RETIRAR POST DE OLAVO DE
CARVALHO SOBRE INCESTO 952 ... Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido 3: PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE
DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ) 954
AO VIVO | ELEIÇÕES 2018: BOLSONARO E HADDAD NA COBERTURA EM TEMPO
REAL. NESTA SEGUNDA-FEIRA, O TSE NEGOU PEDIDO DE HADDAD DE RETIRAR POST
DE OLAVO DE CARVALHO SOBRE INCESTO (Regiane Oliveira, El País, 15 de outubro de
2018 952... Ver TSE DETERMINA REMOÇÃO DE VÍDEOS DE BOLSONARO SOBRE “KIT
GAY” NO FACEBOOK 978 ... Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido 3: PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI.
AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ...) 952
BOLSONARO A MILHARES EM EUFORIA: “VAMOS VARRER DO MAPA OS BANDIDOS
VERMELHOS”. "NÓS SOMOS O BRASIL DE VERDADE", DIZ CANDIDATO DE EXTREMA
DIREITA A UMA SEMANA DO SEGUNDO TURNO. SEUS ELEITORES DERAM
DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA NAS RUAS EM DEZENAS DE CIDADES (Heloísa Mendonça
e Naiara Galarraga Gortázar, El País, 22 de outubro de 2018... Essa ideia de verdade
não é apenas dos apoiadores de Bolsonaro, de igrejas... Encontrei duas matéria, há
poucos dias, de pessoas que fazem jornalismo de alta qualidade... Escreveram algo
como: tal político precisa conhecer a realidade, a vida real... Como assim? O que vive a
família Setubal, ou a família Moreira Salles não é real? São pequenos deslizamentos de
sentido que, a meu ver, têm consequências.... Para dizer que tal político precisa
conhecer os bairros onde vivem pessoas que tomam ônibus às 4h30min, é melhor
dizer precisamente isto... E não que alguém vive o real e outro não... É mais adequado
descrever a vida de cada um... O Brasil de Bolsonaro certamente não é o de alguém
1196
que vive em Heliópolis... Mas esses brasis têm relações... “Nós somos o Brasil de
verdade” indica o horizonte cultural de quem diz a frase...) 1013
MINISTRO DO TSE VETA PROGRAMA DE HADDAD QUE ASSOCIA BOLSONARO À
TORTURA (Uol, 20 de outubro de 2018 1005... AOS INDECISOS, AOS QUE SE
ANULAM, AOS QUE PREFEREM NÃO. O MAIOR DELÍRIO VIVIDO HOJE NO BRASIL É O
DA “NORMALIDADE” (Eliane Brum, El País, 24 de outubro de 2018) 1064 ... Ver TSE
DETERMINA REMOÇÃO DE VÍDEOS DE BOLSONARO SOBRE "KIT GAY" NO FACEBOOK
978) 1005
“Livro analisa a representatividade feminina nas séries em 70 anos de mudanças
dentro e fora das telas”, Larissa Linder, Revista Trip/Tpm/Uol, 13 de setembro de 2018
[entrevista com autora do livro: "Uma série de mulheres engraçadas - As protagonistas
das sitcons em 70 anos de mudanças dentro e fora das telas", Fernanda Friedrich,
Gramma, 2018... Autora é pesquisadora da Unversidade Federal de Santa Catarina]
https://revistatrip.uol.com.br/tpm/livro-examina-a-representatividade-das-mulheresnas-series-de-tv?utm_source=uol&utm_medium=home&utm_campaign=livroexamina-a-representatividade-das-mulheres-nas-series-de-tv
“As mulheres da sitcom: uma análise de representatividade das protagonistas nas
telas”, Fernanda Farias Friedrich. Tese doutorado. Universidade Federal de Santa
Catarina – UFSC, Programa de Pós-Graduação em Literatura, Area de Concentração
Crítica Feminista e Estudos de Gênero. Florianópolis, 2018
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/186287/PLIT0749T.pdf?sequence=-1&isAllowed=y
“PARA VOCÊ NÃO ROMPER O SILÊNCIO E MANTER AS RELAÇÕES SAUDÁVEIS, VOCÊ
TEM QUE NEGAR A SUA COR”. ESPECIALISTA NO ATENDIMENTO DE MULHERES
NEGRAS, PSICÓLOGA MARIA JESUS MOURA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE
LEVAR EM CONTA O RACISMO SOFRIDO POR SUAS PACIENTES E NÃO NEGÁ-LO
(Marina Rossi, El País, 13 de julho de 2018 157... Ver SOMOS TODAS MC K_BELAS
162 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA
CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA
O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista
Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do
1197
Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo
o texto do jornalista... 78 ... Ver também A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA
DEMOCRACIA RACIAL 222) 157
A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA DEMOCRACIA RACIAL (Lilia Schwarcz,
Nexo Jornal, 16 de julho de 2018) 222
GENERAL LIGADO A BOLSONARO FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE
1964 (Leandro Prazeres, Uol, 28 de setembro de 2018 920... Ver BOLSONARO MENTIU
AO FALAR DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO
PSL MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI
COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM HOMOFOBIA
593 ... O AUTORITARISMO, A CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA 930 ...
“MEU LIVRO É SOBRE A DITADURA. JAMAIS PENSEI QUE SERIA CENSURADO”, DIZ
AUTOR DE “MENINOS SEM PÁTRIA”. COLÉGIO PARTICULAR DO RIO VETOU OBRA APÓS
PAIS RECLAMAREM DE DOUTRINAÇÃO COMUNISTA. “PAPEL DO PROFESSOR É
MOSTRAR CAMINHOS AOS ALUNOS, SEM FAZER JULGAMENTOS. NÃO CABE AOS PAIS
DETERMINAR O QUE DEVE SER LIDO. FATOS E HISTÓRIA SÃO INCONTESTÁVEIS”, DIZ
LUIZ PUNTEL 936 ) 920
O AUTORITARISMO, A CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA (Lilia
Schwarcz, Nexo Jornal, 07 de outubro de 2018 930... Ver GENERAL LIGADO A
BOLSONARO FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE 1964 920) 930
“MEU LIVRO É SOBRE A DITADURA. JAMAIS PENSEI QUE SERIA CENSURADO”, DIZ
AUTOR DE “MENINOS SEM PÁTRIA”. COLÉGIO PARTICULAR DO RIO VETOU OBRA
APÓS PAIS RECLAMAREM DE DOUTRINAÇÃO COMUNISTA. “PAPEL DO PROFESSOR É
MOSTRAR CAMINHOS AOS ALUNOS, SEM FAZER JULGAMENTOS. NÃO CABE AOS
PAIS DETERMINAR O QUE DEVE SER LIDO. FATOS E HISTÓRIA SÃO INCONTESTÁVEIS”,
DIZ LUIZ PUNTEL (Breiller Pires, El País, 05 de outubro de 2018 936... Ver GENERAL
LIGADO A BOLSONARO FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE 1964 920...
O AUTORITARISMO, A CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA 930 ... Ver, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: LEITURA NA ESCOLA: TERRITÓRIO
EM CONFLITO. LIVROS INFANTO-JUVENIS TAMBÉM SÃO VÍTIMAS DA ONDA
CONSERVADORA NO BRASIL (José Ruy Lozano) 262 ... O QUE SERIA DA LITERATURA
NUMA "ESCOLA SEM PARTIDO"? (José Ruy Lozano, professor e autor de livros
didáticos) 261 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PAIS
1198
TENTAM BOICOTAR LIVRO SOBRE PRINCESAS AFRICANAS, MÃE RESISTE, E OBRA É
MANTIDA 123 ) 936
GOVERNO NÃO SERÁ DE MAIORIA DE MILITARES, DIS BEBIANNO (Talita Fernandes,
Agora, p. A4, 17 de outubro de 2018... A retórica do presidente do PSL é comum na
política brasileira de hoje... Adversários políticos são bandidos ou idiotas a serem
eliminados... A política como espaço de eliminação do outro... O que tem a ver com
com tentativas de partidos se perpetuarem no poder... reeleições... O PSDB governa SP
desde 1995, sem contrapeso algum na Assembleia Legislativa do Estado! Não é,
portanto, entranho que Escola Sem Partido tenha destaque... Igrejas apresentam
sociólogos, filósofos, artistas... feministas... como aqueles que tramam a destruição da
família, da civilização cristã... por meio da “ideologia de gênero”... das discussões sobre
sexualidade nas escolas... Ver FILHO DE BOLSONARO AMEAÇA STF E DIZ QUE PARA
FECHAR CORTE BASTA “UM SOLDADO E UM CABO”. DECLARAÇÕES, FEITAS EM JULHO
EM UM CURSINHO, PROVOCAM REPÚDIO. FHC DIZ QUE HÁ "CHEIRO DE FASCISMO"
1011... BOLSONARO A MILHARES EM EUFORIA: “VAMOS VARRER DO MAPA OS
BANDIDOS VERMELHOS”. "NÓS SOMOS O BRASIL DE VERDADE", DIZ CANDIDATO DE
EXTREMA DIREITA A UMA SEMANA DO SEGUNDO TURNO. SEUS ELEITORES DERAM
DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA NAS RUAS EM DEZENAS DE CIDADES 1013 ... Ver, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PADRE PAULO RICARDO DE
AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK,
CONGRESSO NACIONAL 690 ) 970
TÍTULOS DE VÍDEOS DO CANAL DO YOUTUBE MBL – MOVIMENTO BRASIL LIVRE
(Seleção feita em 16 de outubro de 2018 961 ... Ainda sobre o MBL, ver... QUEM
ESPALHA DESINFORMAÇÃO? E QUEM NÃO ESPALHA? A MELHOR FORMA DE LIDAR
COM UMA POTENCIAL MENTIRA É PERMITIR QUE ELA SEJA DITA, PARA QUE POSSA
SER DESMENTIDA PUBLICAMENTE OU CONFRONTADA JUDICIALMENTE (Rodolfo
Borges, El País, 28 de julho de 2018 540/541... Ver MBL CONDENADO POR TRE POR
PUBLICAR NOTÍCIA FALSA SOBRE JAQUES WAGNER (PT). MBL DAVA A ENTENDER EM
VÍDEO QUE PROTESTOS ANTI-LULA ERAM CONTRA CANDIDATO AO SENADO 579 ...
ESTÁ CLARO QUE O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO NÃO TEM CONDIÇÕES DE
FISCALIZAR AS FRAUDES DO MBL, ATÉ PORQUE PARTE DELE ESTÁ EM CONLUIO COM
ELES. COMO A REDE É PRIVADA, SÓ QUEM TEM PODER PARA COIBIR ABUSOS É O
PRÓPRIO FACEBOOK 542 ... LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO JORNAL
NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO MEC (Uol, 30 de agosto de 2018... A matéria
também cita atuação do MBL) 598/599 ... BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO
DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA
1199
PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO
PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM 593 ... Sobre o MBL,
mencionado no artigo de Rodolfo Borges e que apoia o Escola Sem Partido, ver a
secção Assassinato de Marielle Franco (PSOL), vereadora do Rio de Janeiro: 14 de
março de 2018..., página 1170, do arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
3, com destaque para as matérias COMO GANHOU CORPO A ONDA DE FAKE NEWS
SOBRE MARIELLE FRANCO 224... ESTUDO RESPONSABILIZA SITE DE OPINIÃO
POLÍTICA E MBL POR ESPALHAR FAKE NEWS SOBRE MARIELLE 229... FACEBOOK TIRA
DO AR PÁGINA E PERFIS ASSOCIADOS À ONDA DE FAKE NEWS CONTRA MARIELLE.
REDE SOCIAL DIZ QUE PERFIS FALSOS FEREM AS NORMAS) 230... FACEBOOK TIRA DO
AR PÁGINA QUE BOMBOU NOTÍCIA FALSA SOBRE MARIELLE FRANCO 232... O
EXÉRCITO DE PINÓQUIOS. COMO OPERAM DEZ DOS MAIORES SITES DE NOTÍCIAS
FALSAS DO PAÍS, PAGOS ATÉ COM VERBA DE GABINETE PARA DISSEMINAR BOATOS
469... ASSÉDIO E ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO 775/776... DONO DE SITES
CRITICADOS POR “FAKE NEWS” RECEBE DINHEIRO DE DEPUTADO 777... GRUPOS
DIREITISTAS DIFUNDEM “FAKE NEWS” PARA CRITICAR COMBATE DO FACEBOOK ÀS
“FAKE NEWS”. MBL E ATIVISTAS DE EXTREMA-DIREITA ATACAM AGÊNCIAS DE
CHECAGEM DE INFORMAÇÕES, DIVULGAM PERFIS PESSOAIS DE JORNALISTAS E USAM
DADOS FALSOS PARA DESQUALIFICAR INICIATIVA DA REDE SOCIAL 649... ASSÉDIO E
ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO 775/776 ) 961
É HORA DE SE DEBRUÇAR SOBRE A PROPAGANDA EM REDE DE BOLSONARO. MUITOS
DE NÓS ESTÃO EM BUSCA DE EXPLICAÇÕES PARA O TSUNAMI DE VOTOS EM
CANDIDATURAS ANTISSISTEMA E ANTIPETISTAS NO 1º TURNO DAS ELEIÇÕES
BRASILEIRAS DE 2018 (Francisco Brito Cruz e Mariana Giorgetti Valente, El País, 18 de
outubro de 2018) 986
VI MULHERES BRIGANDO COM HOMENS QUE FAZEM DE BOLSONARO SUA ARMA DE
FOGO (Rosana Pinheiro-Machado, antropóloga, The Intercept Brasil, 20 de Agosto de
2018 557... Ver também NEM FASCISTAS NEM TELEGUIADOS: OS BOLSONARISTAS DA
PERIFERIA DE PORTO ALEGRE. ELES CONTRARIAM O ESTEREÓTIPO ATRIBUÍDO PELOS
CRÍTICOS E FOGEM DAS “FAKE NEWS”. O EL PAÍS MERGULHOU NO FENÔMENO DE
ADESÃO AO CANDIDATO DE EXTREMA DIREITA A PARTIR DA PESQUISA DE DUAS
ANTROPÓLOGAS 566 ... CARLA JIMÉNEZ ENTREVISTA ANTROPÓLOGA ROSANA
PINHEIRO-MACHADO 574/575 ) 557
NEM FASCISTAS NEM TELEGUIADOS: OS BOLSONARISTAS DA PERIFERIA DE PORTO
ALEGRE. ELES CONTRARIAM O ESTEREÓTIPO ATRIBUÍDO PELOS CRÍTICOS E FOGEM
DAS “FAKE NEWS”. O EL PAÍS MERGULHOU NO FENÔMENO DE ADESÃO AO
1200
CANDIDATO DE EXTREMA DIREITA A PARTIR DA PESQUISA DE DUAS ANTROPÓLOGAS
(Naira Hofmeister, El País, 17 de agosto de 2018 566... Ver também VI MULHERES
BRIGANDO COM HOMENS QUE FAZEM DE BOLSONARO SUA ARMA DE FOGO 557 ...
CARLA JIMÉNEZ ENTREVISTA ANTROPÓLOGA ROSANA PINHEIRO-MACHADO 574/575)
566
CARLA JIMÉNEZ ENTREVISTA ANTROPÓLOGA ROSANA PINHEIRO-MACHADO
(Facebook El País, 07 de agosto de 2018) 574/575
VILLAS BÔAS HOMENAGEIA SOLDADOS MORTOS NO RIO E CRITICA FALTA DE
"EMPENHO" DO GOVERNO (Felipe Amorim, Uol, 24 de agosto de 2018 618... Ver
CLUBE MILITAR ATUA EM CAMPANHA ELEITORAL MESMO PROIBIDO POR ESTATUTO E
LEI 580 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR
NA CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E
EMPURRA O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor,
Revista Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante
do Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017,
segundo o texto do jornalista... 78) 618
VAMOS DEIXAR O ÓDIO DE FORA NO DEBATE SOBRE O ABORTO. EM ENTREVISTA, A
PESQUISADORA DEBORA DINIZ EXPLICA POR QUE A CRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO É
INCONSTITUCIONAL E COMENTA AS AMEAÇAS QUE A LEVARAM AO PROGRAMA DE
PROTEÇÃO AOS DEFENSORES DE DIREITOS HUMANOS (Andrea Dip, Agência Pública,
02 de agosto de 2018... A antropóloga traz muitas informações sobre aborto no
Brasil... Débora Diniz é grande defensora de que a questão seja debatida com o
suporte de conhecimentos científicos, acadêmicos, de qualidade, produzidos por
pesquisadores reconhecidos em suas áreas, com trabalhos submetidos a revistas,
congressos... Ver sua intervenção na audiência no STF em 03 de agosto de 2018:
https://www.youtube.com/watch?v=3dB5SSRCO1M ...
https://www.youtube.com/watch?v=gO8TgXCKydU 345... Ver SOBRE O ABORTO NO
BRASIL. O BRASIL IGNORA AS EXPERIÊNCIAS DA EUROPA, ONDE O NÚMERO DE
ABORTOS CAIU COM A DESPENALIZAÇÃO. AGARRA-SE AO CONSERVADORISMO DA
AMÉRICA LATINA, QUE MANTÉM A REGIÃO ATRASADA. A LEI PUNE, QUASE SEMPRE,
AS MAIS POBRES 420/421 ... DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS TÊM CINCO ANOS DE
QUEDA EM PORTUGAL PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS ABORTARAM EM 2016,
LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM 2007 434/435 ... DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO
NÃO DEU CERTO, DIZ PESQUISADOR MEXICANO 778) 345
1201
QUEM ESPALHA DESINFORMAÇÃO? E QUEM NÃO ESPALHA? A MELHOR FORMA DE
LIDAR COM UMA POTENCIAL MENTIRA É PERMITIR QUE ELA SEJA DITA, PARA QUE
POSSA SER DESMENTIDA PUBLICAMENTE OU CONFRONTADA JUDICIALMENTE
(Rodolfo Borges, El País, 28 de julho de 2018 540/541... Ver MBL CONDENADO POR
TRE POR PUBLICAR NOTÍCIA FALSA SOBRE JAQUES WAGNER (PT). MBL DAVA A
ENTENDER EM VÍDEO QUE PROTESTOS ANTI-LULA ERAM CONTRA CANDIDATO AO
SENADO 579 ... ESTÁ CLARO QUE O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO NÃO TEM
CONDIÇÕES DE FISCALIZAR AS FRAUDES DO MBL, ATÉ PORQUE PARTE DELE ESTÁ EM
CONLUIO COM ELES. COMO A REDE É PRIVADA, SÓ QUEM TEM PODER PARA COIBIR
ABUSOS É O PRÓPRIO FACEBOOK 542 ... BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO
DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA
PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO
PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM HOMOFOBIA 593 ...
LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO
MEC (Uol, 30 de agosto de 2018... A matéria também cita atuação do MBL) 598/599
... TÍTULOS DE VÍDEOS DO CANAL DO YOUTUBE MBL – MOVIMENTO BRASIL LIVRE
961 ... Sobre o MBL, mencionado no artigo e que apoia o Escola Sem Partido, ver a
secção Assassinato de Marielle Franco (PSOL), vereadora do Rio de Janeiro: 14 de
março de 2018..., página 1170, do arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
3, com destaque para as matérias COMO GANHOU CORPO A ONDA DE FAKE NEWS
SOBRE MARIELLE FRANCO 224... ESTUDO RESPONSABILIZA SITE DE OPINIÃO
POLÍTICA E MBL POR ESPALHAR FAKE NEWS SOBRE MARIELLE 229... FACEBOOK TIRA
DO AR PÁGINA E PERFIS ASSOCIADOS À ONDA DE FAKE NEWS CONTRA MARIELLE.
REDE SOCIAL DIZ QUE PERFIS FALSOS FEREM AS NORMAS) 230... FACEBOOK TIRA DO
AR PÁGINA QUE BOMBOU NOTÍCIA FALSA SOBRE MARIELLE FRANCO 232... O
EXÉRCITO DE PINÓQUIOS. COMO OPERAM DEZ DOS MAIORES SITES DE NOTÍCIAS
FALSAS DO PAÍS, PAGOS ATÉ COM VERBA DE GABINETE PARA DISSEMINAR BOATOS
469... ASSÉDIO E ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO 775/776... DONO DE SITES
CRITICADOS POR “FAKE NEWS” RECEBE DINHEIRO DE DEPUTADO 777... GRUPOS
DIREITISTAS DIFUNDEM “FAKE NEWS” PARA CRITICAR COMBATE DO FACEBOOK ÀS
“FAKE NEWS”. MBL E ATIVISTAS DE EXTREMA-DIREITA ATACAM AGÊNCIAS DE
CHECAGEM DE INFORMAÇÕES, DIVULGAM PERFIS PESSOAIS DE JORNALISTAS E USAM
DADOS FALSOS PARA DESQUALIFICAR INICIATIVA DA REDE SOCIAL 649... ASSÉDIO E
ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO 775/776 ... Ver GENERAL LIGADO A
BOLSONARO FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE 1964 920 ... O
AUTORITARISMO, A CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA 930) 540/541
HADDAD NÃO CRIOU O “KIT GAY”. JAIR BOLSONARO (PSL) ACUSA ADVERSÁRIO DE
TER SIDO RESPONSÁVEL PELA IDEALIZAÇÃO DE MATERIAL ESCOLAR CONTRA
1202
HOMOFOBIA, MAS INICIATIVA SURGIU DO LEGISLATIVO (Patrícia Figueiredo, Agência
Pública, 11 de outubro de 2018 942... Ver Ver também, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS LIVROS (Fernando
Haddad, ex-ministro da Educação dos governos Lula e Dilma, sobre atuação de
políticos ligados a igrejas no caso do material contra homofobia, deturpado com a
denominação “kit gay”) 221) 942
UMA ANÁLISE DO CADERNO ESCOLA SEM HOMOFOBIA. AVALIAMOS O MATERIAL
DIDÁTICO QUE FICOU PEJORATIVAMENTE CONHECIDO COMO 'KIT GAY' E TEVE SUA
DISTRIBUIÇÃO SUSPENSA PELO GOVERNO FEDERAL EM 2011 (Bruno Mazzoco, Revista
Nova Escola, 01 de Fevereiro de 2015) 946
KITS DE PT E PSDB TÊM ITENS INCÔMODOS PARA EVANGÉLICOS (Coluna Poder,
Folha/Uol, 18 de outubro de 2012) 948
CONSELHO Nacional de Combate à Discriminação. Brasil Sem Homofobia: Programa
de combate à violência e à discriminação contra GLTB e promoção da cidadania
homossexual. Brasília : Ministério da Saúde, 2004 951
SILVIA FEDERICI E A “EMANCIPAÇÃO” QUE NÃO FOI. AGORA NO MÉXICO, TEÓRICA DO
FEMINISMO ANTICAPITALISTA SUSTENTA: TRABALHAR FORA NÃO LIBERTOU A
MULHER DE NADA; É PRECISO EXIGIR REMUNERAÇÃO DO TRABALHO DOMÉSTICO E
DIVISÃO DAS RESPONSABILIDADES REPRODUTIVAS (Entrevista a Gerardo Esparza,
Outras Palavras reproduz Informador, tradução de Inês Castilho, 03 de julho de 2018
205... Ver original "EL ÚNICO PODER ES EL DE ABAJO". LA FILÓSOFA Y FEMINISTA
SILVIA FEDERICI ESTUVO EN LA CIUDAD PARA IMPARTIR UNA CÁTEDRA MAGISTRAL
SOBRE EL CAPITALISMO Y LA FORMA EN QUE HA EXPLOTADO A LAS MUJERES
DURANTE DECENAS DE AÑOS 209 ) 205
"EL ÚNICO PODER ES EL DE ABAJO". LA FILÓSOFA Y FEMINISTA SILVIA FEDERICI
ESTUVO EN LA CIUDAD PARA IMPARTIR UNA CÁTEDRA MAGISTRAL SOBRE EL
CAPITALISMO Y LA FORMA EN QUE HA EXPLOTADO A LAS MUJERES DURANTE
DECENAS DE AÑOS (Gerardo Esparza, Informador.Mx, 04 de março de 2018) 209
COMO ELEGER MULHERES INFLUENCIA O SUCESSO DE FUTURAS CANDIDATAS
(Juliana Domingos de Lima, Nexo Jornal, 04 de setembro de 2018 629... Ver COMO
PARTIDOS (DE HOMENS) PODEM DIFICULTAR A VIDA DE MULHERES CANDIDATAS?
538 ... PRÉ-CANDIDATAS ACUSAM REDE DE MACHISMO E DEIXAM SIGLA 536 ...
1203
MULHERES SÃO "ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS
645 ) 629
"COLOCAR MULHER COMO VICE PARA ATRAIR ELEITORAS É CHAMÁ-LAS DE IDIOTAS"
(Uol Universa, Camila Brandalise, 24 de agosto de 2018... Entrevista com o psicanalista
Contardo Calligaris... Há uma análise histórica da discriminação, do controle sobre as
mulheres 576 ... Ver ALCKMIN INVESTE NO VOTO DAS MULHERES E ADERE AO
VOCABULÁRIO DAS FEMINISTAS. TUCANO FALA EM “EMPODERAMENTO” E PROMETE
AMPLIAR ENSINO INFANTIL PARA BENEFICIAR “MAMÃES” 626/627 ... MULHERES SÃO
"ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS 645 ) 576
POR QUE LULU SANTOS DEVERIA SE ESCONDER NO ARMÁRIO? (Tony Goes, F5 Folha/
Uol, 25 de julho de 2018 669... Ver ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? 698)
669
DESCOBRIR-SE TRANS NA INFÂNCIA COMO SHILOH JOLIE PITT É MENOS
TRAUMÁTICO (Uol, 11 de setembro de 2016, entrevista com o psiquiatra Saulo Ciasca,
do Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP - Universidade de São Paulo
748... Ver COM QUE IDADE DESCOBRIMOS NOSSA ORIENTAÇÃO SEXUAL? 746 ... Ver,
no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: A DIFERENÇA ENTRE OS SEXOS
É PRODUTO DE CADA CULTURA OU GRUPO SOCIAL 62 ) 748
COM QUE IDADE DESCOBRIMOS NOSSA ORIENTAÇÃO SEXUAL? (BBC News Mundo,
01 de setembro de 2018 746... Ver DESCOBRIR-SE TRANS NA INFÂNCIA COMO SHILOH
JOLIE PITT É MENOS TRAUMÁTICO 748 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido: A DIFERENÇA ENTRE OS SEXOS É PRODUTO DE CADA CULTURA OU
GRUPO SOCIAL 62) 746
DADOS SOBRE ASSASSINATO DE LGBTS SÃO INCOMPLETOS. VERA LÚCIA, DO PSTU,
CITOU O BRASIL COMO CAMPEÃO MUNDIAL EM HOMICÍDIOS DO TIPO, MAS
ESTATÍSTICAS TÊM LACUNAS E NÃO COMPARAM TODOS OS PAÍSES (Ethel Rudnitzki,
Agência Pública, 29 de agosto de 2018) 737
1204
CONHEÇA 4 CIENTISTAS LGBT QUE REVOLUCIONARAM O MUNDO. O QUE NOMES
COMO ALAN TURING, FLORENCE NIGHTINGALE, ALAN HART E FRANCIS BACON TÊM
EM COMUM? TODOS REVOLUCIONARAM A CIÊNCIA MUNDIAL, SALVARAM MILHÕES
DE VIDAS, MAS SOFRERAM COM A INTOLERÂNCIA E PRECONCEITO POR SUAS OPÇÕES
SEXUAIS (Thiago L., Uol Guia do Litoral, s/data, mas é julho de 2018) 123
Críticas ao feminismo, ao movimento #metoo...
AS FEMINISTAS E A DESTRUIÇÃO DE VALORES (Lia Bock, Blog Lia Bock/Uol Universa,
17 de agosto de 2018) 477
UOL, PÁGINA INICIAL, 23 DE OUTUBRO DE 2018, 12H18MIN (Chamadas com
destaque principal, no topo da página: “Escola Sem Partido e ideologia de gênero têm
suas raízes na religião”, “Entenda as polêmicas sobre Escola Sem Partido e gênero na
educação”, “Como o combate à ‘ideologia de gênero’ tem pautado políticas
públicas”) 1044
MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM
RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA
INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23
de outubro de 2018) 1044
ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO NA EDUCAÇÃO.
TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES RELIGIOSAS (Paulo
Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1052
SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”. MOVIMENTO
CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM DISCUSSÕES
SOBRE GÊNERO (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1055
Crossdressing...
Declarações de autoridades, políticos, jornalistas, artistas...
1205
A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA DEMOCRACIA RACIAL (Lilia Schwarcz,
Nexo Jornal, 16 de julho de 2018) 222
OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA
SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL (Reportagem Bianca
Borges. Uol TAB, 30 de julho de 2018 247... Ver PABLLO VITTAR CHORA AO LEMBRAR
BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME BATERAM" 724/725 ... “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114 ... COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874) 247
BOLSONARO: “QUERO AGRADECER AO ALCKMIN POR REUNIR A NATA DO QUE HÁ
DE PIOR DO BRASIL AO SEU LADO”. PRESIDENCIÁVEL DE EXTREMA-DIREITA LANÇA
SUA CANDIDATURA MINIMIZANDO A FALTA DE ALIANÇAS E ATACANDO O CENTRÃO,
QUE DEVE APOIAR O TUCANO. "EU SEI DO DESCONFORTO QUE VENHO CAUSANDO.
EU SOU O PATINHO FEIO NESSA HISTÓRIA”, AFIRMOU (Felipe Betim, El País, 22 de
julho de 2018... Ver EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A
DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA
SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ... REACIONÁRIOS
CONSEGUIRAM PAUTAR AS REDES SOCIAIS COM UMA FALSA POLÊMICA NA ÚLTIMA
SEMANA 226 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, PADRE
PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE,
FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ... Ver, ainda, artigo COMO FABRICAR
MONSTROS PARA GARANTIR O PODER EM 2018, Eliane Brum, El País, 30 de outubro
de 2017:
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/30/opinion/1509369732_431246.html ) 178
REACIONÁRIOS CONSEGUIRAM PAUTAR AS REDES SOCIAIS COM UMA FALSA
POLÊMICA NA ÚLTIMA SEMANA (João Filho, The Intercept Brasil, 22 de Julho de 2018
226 ... Ver também MESMO APÓS ANOS DE DENÚNCIAS, VATICANO VIVE SEM
DIRETRIZ PARA COMBATER ABUSOS SEXUAIS 48 ... CHILE INVESTIGA 139
RELIGIOSOS POR ABUSOS SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO INFORMA QUE 66% DAS
VÍTIMAS ERAM MENORES DE IDADE E QUE HÁ 34 INVESTIGAÇÕES EM CURSO 235 ...
Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, secção do índice
denominada Sobre a ideia de “ideologia de gênero”: criadores, usos..., a partir da
página 1112, mais matérias sobre o tema... Enquanto casos de pedofilia na Igreja
1206
Católica são divulgados nos EUA, no México, na Austrália, Argentina..., no Brasil,
políticos, religiosos e grupos de extrema-direita procuram difamar filósofos, artistas,
intelectuais, com acusações de pedofilia – ver arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido 2... Especificamente matérias sobre a exposição Queermuseu e a
performance do artista Wagner Schwartz, no MAM-SP... E especialmente o artigo “ ‘Fui
morto na internet como se fosse um zumbi da série The Walking Dead’. Em
entrevista exclusiva, Wagner Schwartz, o artista que fez a performance ‘La Bête’, no
MAM de São Paulo, fala pela primeira vez sobre os ataques que sofreu, nos quais foi
chamado de ‘pedófilo’ ”, Eliane Brum, El País, 12 de fevereiro de 2018:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/12/opinion/1518444964_080093.html ... “
‘Me mataron en Internet como si fuera un zombi de la serie ‘The Walking Dead’.
Wagner Schwartz, el artista que realizó la 'performance' 'La Bête' en el Museo de
Arte Moderno de São Paulo, habla por primera vez sobre los ataques que sufrió, en
los que le llamaron ‘pedófilo’”, Eliane Brum, traducción: Meritxell Almarza, El País, 14
de fevereiro e 2018:
https://elpais.com/internacional/2018/02/14/actualidad/1518623775_287430.html)
226
“HÁ LOBBY PARA DAR PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE
CONTRARIA O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (Rafael Barifouse, BBC News Brasil,
11 de julho de 2018 113/114... Ver OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS
TRANSGÊNEROS PARA SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL 247
... REACIONÁRIOS CONSEGUIRAM PAUTAR AS REDES SOCIAIS COM UMA FALSA
POLÊMICA NA ÚLTIMA SEMANA 226 ... Ver CONHEÇA 4 CIENTISTAS LGBT QUE
REVOLUCIONARAM O MUNDO. O QUE NOMES COMO ALAN TURING, FLORENCE
NIGHTINGALE, ALAN HART E FRANCIS BACON TÊM EM COMUM? TODOS
REVOLUCIONARAM A CIÊNCIA MUNDIAL, SALVARAM MILHÕES DE VIDAS, MAS
SOFRERAM COM A INTOLERÂNCIA E PRECONCEITO POR SUAS OPÇÕES SEXUAIS 123
... Ver também “CURA GAY”: REINO UNIDO PROÍBE; NO BRASIL, MPF QUER LIBERAR
120 ... BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE
NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EX-PARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA
PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO MUNDO AFIRMA QUE A
COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS DIREITOS 108... REINO
UNIDO PROIBIRÁ AS PSEUDOTERAPIAS QUE AFIRMAM “CURAR” A
HOMOSSEXUALIDADE. SOMENTE TRÊS PAÍSES, BRASIL, EQUADOR E MALTA, TÊM LEIS
QUE PROÍBEM EXPRESSAMENTE ESTE TIPO DE PRÁTICAS 118) 113/114
SOLIMÕES ABENÇOA FOTOS DO FILHO AO LADO DO NAMORADO E CONQUISTA
MAIS FÃS (Uol, 03 de julho de 2018) 151
1207
POR QUE LULU SANTOS DEVERIA SE ESCONDER NO ARMÁRIO? (Tony Goes, F5 Folha/
Uol, 25 de julho de 2018 669... Ver ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? 698)
669
Depoimentos... histórias pessoais contadas pelas pessoas que vivem essas histórias...
“SER GAY É O MELHOR PRESENTE QUE DEUS ME DEU”, DIZ PRESIDENTE DA APPLE.
TIM COOK DECLAROU SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL EM 2014 (Folha/Uol, 24 de outubro
de 2018) 1064
MARIELLE E MÔNICA: UMA HISTÓRIA DE AMOR INTERROMPIDA AOS 5 MESES DA
MORTE DA VEREADORA, MÔNICA BENÍCIO CONTA COMO MARIELLE SE TORNOU O
AMOR DA SUA VIDA E EXPLICA POR QUE DIZER QUE É SAPATÃO É UM ATO POLÍTICO
(Daniel Arroyo e Paloma Vasconcelos, Ponte Jornalismo reproduzido pelo El País, 15 de
agosto de 2018) 701
REPRESSÃO ALÉM DA POLÍTICA. A DITADURA CONTRA OS GAYS: SER “DIFERENTE”
ERA AMEAÇA À SEGURANÇA NACIONAL (Gabriela Fujita, Uol, 12 de agosto de 2108...
Ver livro “Ditadura e Homossexualidades – Repressão, Resistência e a Busca da
Verdade”, Renan Quinalha James N. Green (organizadores), EdUFSCar, 2014... Ver, na
secção Livros e trabalhos acadêmicos sobre questões de gênero... há links para
download, deste arquivo: “Contra a moral e os bons costumes: a política sexual da
ditadura brasileira (1964-1988)”, Renan Honorio Quinalha, nstituto de Relações
Internacionais, USP, 2017. Orientadora: Rossana Rocha Reis. Tese de doutorado:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/101/101131/tde-20062017-182552/ptbr.php ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 2: “SOBREVIVI”,
DIZ VÍTIMA DE OPERAÇÃO DA POLÍCIA DE CAÇA A TRAVESTIS HÁ 31 ANOS 746 ) 677
A FARDA DA ALMA (Programa Conexão Repórter, jornalista Roberto Cabrini, SBT, 09
de julho de 2018. Com Leandro Prior, soldado da PM de SP...) 27
1208
FOTO DE CASAL GAY SE BEIJANDO GERA POLÊMICA EM UM DOS PONTOS
TURÍSTICOS MAIS IMPORTANTES DO BRASIL (Glenn Greenwald, The Intercept Brasil,
30 de Julho de 2018 257... Ver PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS
CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES
260 … Ver, junto com matérias a ela associadas, POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É
ATACADO POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO GOVERNADOR 07 ) 257
PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST
IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES (Glenn Greenwald, The Intercept, July 30
2018) 260
MÃE TRANS É IMPEDIDA DE REGISTRAR FILHO BIOLÓGICO EM CARTÓRIO NO RS.
ÁGATA FEZ TRANSIÇÃO APÓS A CONFIRMAÇÃO DA GRAVIDEZ DA NAMORADA
(Fernanda Canofre, Folha/Uol, 27 de agosto de 2018) 735
APÓS 3 ANOS, PROFESSORA GANHA AÇÃO JUDICIAL CONTRA COLÉGIO QUE A
DEMITIU POR SER TRANS (Ponte Jornalismo, Paloma Vasconcelos, 09 de setembro de
2018 726... Ver O QUE AS EMPRESAS PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO
MERCADO DE TRABALHO 716... “ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O APELO DA MÃE
DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE MATOU APÓS BULLYING POR HOMOFOBIA 692 )
726
PROFESSORA TRANS GANHA NA JUSTIÇA DIREITO DE VOLTAR A DAR AULA APÓS SER
DEMITIDA (Fernando Molina,, Uol, 12 de setembro de 2018) 733
A PROFESSORA TRANSEXUAL QUE TROCOU INDENIZAÇÃO DE R$ 20 MIL PELA
CHANCE DE DAR AULA A SEUS AGRESSORES (Noemia Colonna, BBC News Brasil, 31 de
agosto de 2018) 721
“ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O APELO DA MÃE DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE
MATOU APÓS BULLYING POR HOMOFOBIA (BBC News Brasil, 29 de agosto de 2018
692... Ver ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? 698... Ver O QUE AS EMPRESAS
PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO MERCADO DE TRABALHO 716 ) 692
OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA
SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL (Reportagem Bianca
1209
Borges. Uol TAB, 30 de julho de 2018 247... Ver PABLLO VITTAR CHORA AO LEMBRAR
BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME BATERAM" 724/725 ... “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114 ... COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874) 247
PABLLO VITTAR CHORA AO LEMBRAR BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME
BATERAM" (Maurício Dehô, Uol, 02 de setembro de 2018 724/725... Ver OS MUROS
DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA SOBREVIVEREM AOS
PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL 713 ... COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874 ) 724/725
COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE "ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE
IDENTIDADE (Rafael Barifouse, BBC News Brasil, 30 de setembro de 2018 874... Ver
GISELE SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM
CIRURGIA, 07 DE JUNHO DE 2017, canal do YouTube de Adriano Picarelli, 09 de junho
de 2017... Ver, na apresentação do vídeo - abaixo da tela - indicações de textos e
filmes... https://www.youtube.com/watch?v=FC9AkK50NC4 ) 874
COMO OBTER NOME DE ACORDO COM GÊNERO; ADVOGADA E ATIVISTA TRANS
EXPLICAM (Léo Marques, Uol Universa, 02 de agosto de 2018 713... Ver GISELE
SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM CIRURGIA, 07
DE JUNHO DE 2017 716 ... Ver a seguinte seção do arquivo Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido: Transexuais, travestis... direitos... política... preconceitos...
1534 ... Lá encontram-se textos como “TRANSTORNOS” DE GÊNERO E NOME SOCIAL
(Contardo Calligaris, psicanalista) 452 ... O CONGRESSO E A DESUMANIZAÇÃO
(Alexandre Vidal Porto, escritor e diplomata, mestre em Direito por Harvard) 453 ...
NOME SOCIAL É CURATIVO, E TENTAM NOS TIRAR ESSE DIREITO, DIZ ALUNO TRANS
453 ... (TRANS)FOBIAS (filme de Yan Teixeira, Comunicação Social/Jornalismo,
Universidade Federal de São João Del Rei - MG, 2014... Também traz a questão do
nome social) 571 ... EDUCAÇÃO REALIZA CAMPANHA DE INCLUSÃO DE ALUNOS
TRAVESTIS E TRANSEXUAIS: SECRETARIA ORIENTA ESCOLAS ESTADUAIS PARA QUE
OFEREÇAM A POSSIBILIDADE DA ADOÇÃO DE NOME SOCIAL AOS ESTUDANTES (2015)
453 ... CRESCE NÚMERO DE ALUNOS TRANS QUE USAM NOME SOCIAL NAS ESCOLAS
DE SP (2016) 453 ... UNESP APROVA USO DE NOME SOCIAL POR PESSOAS TRANS
(junho de 2017) 468 ... OAB AUTORIZA ADVOGADOS TRAVESTIS E TRANS A USAREM
NOME SOCIAL EM CARTEIRA (maio de 2016) 454 ... ELA É A 1ª ADVOGADA
TRANSGÊNERO A TER SEU NOME SOCIAL NA CARTEIRINHA DA OAB 454 ... ADVOGADA
TRANS É A PRIMEIRA A MUDAR NOME NO REGISTRO DE NASCIMENTO E NA OAB
(junho de 2017) 456 ... TRAVESTIS E TRANSEXUAIS PODEM TER NOME SOCIAL EM
1210
CARTÃO DE CRÉDITO E DÉBITO (novembro de 2016) 457 ... TRAVESTIS E TRANSEXUAIS
PODERÃO INCLUIR NOME SOCIAL NO CPF (julho de 2017) 469 ... PRECONCEITO E
VIOLÊNCIA EXPULSAM TRANS DE REDE DE SAÚDE: "ME SENTI VIOLADO" (Marcelle
Souza, Uol, 28 de setembro de 2017, matéria também fala de nome social... Ver
comentário – sobre se a questão é de “costumes” ou de “desigualdade” – que coloquei
junto da matéria GAYS E LÉSBICAS CONTAM POR QUE ESCONDEM A ORIENTAÇÃO
SEXUAL NO TRABALHO 1155...) 1163 ... JANOT DEFENDE ALTERAÇÃO DE GÊNERO NO
REGISTRO CIVIL DE TRANSEXUAL MESMO SEM CIRURGIA 457 ... TRANSEXUAL PEDE
MORTE ASSISTIDA SE NÃO PUDER MUDAR NOME E GÊNERO 466 ... UMA
TRANSEXUAL NÃO ACEITA QUE SUA CONDIÇÃO SEJA VISTA COMO TRANSTORNO
(Contardo Calligaris, psicanalista) 466 ... PELA PRIMEIRA VEZ, MULHER TRANS PODE
MUDAR GÊNERO SEM AVALIAÇÃO MÉDICA 466 ... STJ AUTORIZA CABELEREIRA TRANS
A MUDAR SEXO EM DOCUMENTOS SEM FAZER CIRURGIA (maio de 2017) 468 ... PELA
PRIMEIRA VEZ, ADVOGADA TRANSGÊNERO FAZ DEFESA PERANTE O STF (junho de
2017) 458 ... NÃO SE ADVOGA POR DIREITOS SEM A ESCUTA DE SEUS TITULARES
(Carolina Gerassi, advogada, Justificando/Carta Capital, 13 de junho de 2017) 460 )
713
GISELE SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM
CIRURGIA, 07 DE JUNHO DE 2017 (Canal do YouTube de Adriano Picarelli, 09 de junho
de 2017... Na verdade, o título que dei ao vídeo não está correto... Seria melhor usar
expressão como “alteração do registro civil”... Ver, na apresentação do vídeo - abaixo
da tela - indicações de textos e filmes... Ver COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874 ) 716
“MINHA FILHA NÃO ESTÁ NO CORPO ERRADO, É UMA MENINA COM PÊNIS”. O ATOR
ESPANHOL NACHO VIDAL APRESENTA A HISTÓRIA DE SUA FILHA TRANSEXUAL, DE 11
ANOS, NO LIVRO PARA PRÉ-ADOLESCENTES MI NOMBRE ES VIOLETA. NESTA
ENTREVISTA, AFIRMA QUE O MACHISMO “NÃO TEM NADA A VER COM O PORNÔ” E
QUE DESCONFIA DO MOVIMENTO LGTBQI (Begoña Gômez Urzaiz, El País, 28 de
setembro de 2018) 884
“PARA VOCÊ NÃO ROMPER O SILÊNCIO E MANTER AS RELAÇÕES SAUDÁVEIS, VOCÊ
TEM QUE NEGAR A SUA COR”. ESPECIALISTA NO ATENDIMENTO DE MULHERES
NEGRAS, PSICÓLOGA MARIA JESUS MOURA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE
LEVAR EM CONTA O RACISMO SOFRIDO POR SUAS PACIENTES E NÃO NEGÁ-LO
(Marina Rossi, El País, 13 de julho de 2018 157... Ver SOMOS TODAS MC K_BELAS
162 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA
CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA
1211
O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista
Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do
Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo
o texto do jornalista... 78 ... Ver também A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA
DEMOCRACIA RACIAL 222) 157
SOMOS TODAS MC K_BELAS (Yasmin Thayná, HuffPost Brasil, 27 de janeiro de 2014,
atualizado em 26 de janeiro e 2017 162... Ver “PARA VOCÊ NÃO ROMPER O SILÊNCIO
E MANTER AS RELAÇÕES SAUDÁVEIS, VOCÊ TEM QUE NEGAR A SUA COR”.
ESPECIALISTA NO ATENDIMENTO DE MULHERES NEGRAS, PSICÓLOGA MARIA JESUS
MOURA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE LEVAR EM CONTA O RACISMO SOFRIDO
POR SUAS PACIENTES E NÃO NEGÁ-LO 157) 162
“EU RECEBI MAIS DE CEM AMEAÇAS DE MORTE”, DIZ CURADOR DA EXPOSIÇÃO
QUEERMUSEU. GAUDÊNCIO FIDELIS FALA SOBRE OS ATAQUES À EXPOSIÇÃO DE ARTE
CANCELADA NO ANO PASSADO EM PORTO ALEGRE E REINAUGURADA NO RIO DE
JANEIRO NESTE MÊS (Mariana Simões, Agência Pública, 28 de agosto de 2018) 656
"NÓS, LGBT, JÁ FOMOS CRIANÇAS E ISSO INCOMODA", DIZ ARTISTA ACUSADA DE
INCITAR PEDOFILIA (Tiago Dias, Uol, 12 de setembro de 2017) 663
O FEMINISMO ME LEVOU A SER INVENCÍVEL, DIZ ATIVISTA PAQUISTANESA. AISHA
SARWARI LUTA PARA QUE MULHERES DE SEU PAÍS NÃO SEJAM PROPRIEDADE DE
HOMENS (Carolina Vila-Nova, Folha/Uol, 29 de julho de 2018 252... Ver filmes
"Saving face", Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão, 2012... "A girl
in the river: the price of forgiveness", Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão,
2015…) 252
Dicionário... as palavras têm sentidos políticos... têm história...
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO (Andrea Dip, Agência Pública, 30 de
agosto de 2016 97
1212
UOL, PÁGINA INICIAL, 23 DE OUTUBRO DE 2018, 12H18MIN (Chamadas com
destaque principal, no topo da página: “Escola Sem Partido e ideologia de gênero têm
suas raízes na religião”, “Entenda as polêmicas sobre Escola Sem Partido e gênero na
educação”, “Como o combate à ‘ideologia de gênero’ tem pautado políticas
públicas”) 1044
MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM
RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA
INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23
de outubro de 2018) 1044
ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO NA EDUCAÇÃO.
TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES RELIGIOSAS (Paulo
Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1052
SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”. MOVIMENTO
CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM DISCUSSÕES
SOBRE GÊNERO (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1055
ABORTO MASCULINO: POR QUE ESSA EXPRESSÃO TEM GANHADO FORÇA NAS REDES?
(Camila Brandalise, Uol Universa, 23 de agosto de 2018 466... Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: "VIVEMOS UMA EPIDEMIA SOCIAL DE
ABANDONO PATERNO", DIZ PROMOTOR 406... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero
e Escola Sem Partido 2: DESTRUIÇÃO DA FAMÍLIA? 596) 466
DESCOBRIR-SE TRANS NA INFÂNCIA COMO SHILOH JOLIE PITT É MENOS
TRAUMÁTICO (Uol, 11 de setembro de 2016, entrevista com o psiquiatra Saulo Ciasca,
do Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP - Universidade de São Paulo
748... Ver COM QUE IDADE DESCOBRIMOS NOSSA ORIENTAÇÃO SEXUAL? 746 ... Ver,
no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: A DIFERENÇA ENTRE OS SEXOS
É PRODUTO DE CADA CULTURA OU GRUPO SOCIAL 62 ) 748
COM QUE IDADE DESCOBRIMOS NOSSA ORIENTAÇÃO SEXUAL? (BBC News Mundo,
01 de setembro de 2018 746... Ver DESCOBRIR-SE TRANS NA INFÂNCIA COMO SHILOH
JOLIE PITT É MENOS TRAUMÁTICO 748 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido: A DIFERENÇA ENTRE OS SEXOS É PRODUTO DE CADA CULTURA OU
GRUPO SOCIAL 62) 746
GOVERNO ALEMÃO ABRE CAMINHO PARA REGISTRO DE TERCEIRO GÊNERO PROJETO
DE LEI PREVÊ QUE PAIS DE CRIANÇAS INTERSEXUAIS POSSAM ASSINALAR A OPÇÃO
1213
“DIVERSO”, ALÉM DE MASCULINO E FEMININO, AO REGISTRAR NASCIMENTO.
PROPOSTA SEGUE DETERMINAÇÃO DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL (Deutsche Welle,
15 de agosto de 2018) 769
OPINIÃO: RECONHECER "INTERSEXO" É APENAS UM PRIMEIRO PASSO. ALÉM DE
"MASCULINO" OU "FEMININO", DOCUMENTOS ALEMÃES INCLUEM AGORA O GÊNERO
"DIVERSO". UM AVANÇO, MAS AINDA HÁ MUITO A FAZER PELA PROTEÇÃO E
RECONHECIMENTO DOS INTERSEXUAIS, OPINA JORNALISTA PACINTHE MATTAR
(Pacinthe Mattar, Deutsche Welle, 17 de agosto de 2018) 775
O QUE MUDA NA ALEMANHA COM A LEI QUE CRIA O “TERCEIRO GÊNERO”, PARA
PROTEGER PESSOAS INTERSEXUAIS [Gabriel Bonis, BBC News Brasil, 25 de agosto de
2018 771... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: SOU
INTERSEXUAL, NÃO HERMAFRODITA. AS PESSOAS QUE NÃO SE ENCAIXAM NA
ATRIBUIÇÃO TRADICIONAL DO SEXO PEDEM MAIOR VISIBILIDADE, SEM CLICHÊS OU
DESINFORMAÇÃO (Barbara Ayuso, El País, 17 de setembro de 2016) 851/852 ...
HOLANDA INCLUI GÊNERO NEUTRO NO REGISTRO CIVIL. UMA PESSOA INTERSEXUAL
REGISTRADA COMO HOMEM, QUE DEPOIS SE IDENTIFICOU COMO MULHER,
SOLICITOU A CRIAÇÃO DE UMA TERCEIRA OPÇÃO NA DOCUMENTAÇÃO OFICIAL (Isabel
Ferrer, El País, 28 de maio de 2018) 831 ] 771
Educação fora da escola e questões de gênero... sexualidade...
“SER GAY É O MELHOR PRESENTE QUE DEUS ME DEU”, DIZ PRESIDENTE DA APPLE.
TIM COOK DECLAROU SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL EM 2014 (Folha/Uol, 24 de outubro
de 2018) 1064
“Livro analisa a representatividade feminina nas séries em 70 anos de mudanças
dentro e fora das telas”, Larissa Linder, Revista Trip/Tpm/Uol, 13 de setembro de 2018
[entrevista com autora do livro: "Uma série de mulheres engraçadas - As protagonistas
das sitcons em 70 anos de mudanças dentro e fora das telas", Fernanda Friedrich,
Gramma, 2018... Autora é pesquisadora da Unversidade Federal de Santa Catarina]
https://revistatrip.uol.com.br/tpm/livro-examina-a-representatividade-das-mulheresnas-series-de-tv?utm_source=uol&utm_medium=home&utm_campaign=livroexamina-a-representatividade-das-mulheres-nas-series-de-tv
1214
“As mulheres da sitcom: uma análise de representatividade das protagonistas nas
telas”, Fernanda Farias Friedrich. Tese doutorado. Universidade Federal de Santa
Catarina – UFSC, Programa de Pós-Graduação em Literatura, Area de Concentração
Crítica Feminista e Estudos de Gênero. Florianópolis, 2018
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/186287/PLIT0749T.pdf?sequence=-1&isAllowed=y
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR NÍVEL EM QUASE DUAS DÉCADAS EM
SP (Marcella Lourenzetto, Jornal da Manhã - Jovem Pan/Uol, 11 de agosto de 2018...
De acordo com a matéria, os resultados foram conseguidos a partir de conhecimento,
discussão, conversas com adolescentes sobre suas questões, sexualidade... Ou seja,
penso eu, o oposto do que propõem igrejas e Escola Sem Partido... Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: POPE FRANCIS SUGGESTS DONALD TRUMP
IS "NOT A CHRISTIAN" (Jim Yardley, The New York Times, 18 de fevereiro de 2016...
Papa Francisco afirma posição de sua igreja, contrária a métodos contraceptivos,
fevereiro de 2016) 274) 453
CASOS DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA ATINGEM MENOR NÍVEL DA HISTÓRIA EM SP.
INCIDÊNCIA CAIU 50% NOS ÚLTIMOS 20 ANOS (Mônica Bergamo, Folha/Uol, 10 de
agosto de 2018) 454
“PARA VOCÊ NÃO ROMPER O SILÊNCIO E MANTER AS RELAÇÕES SAUDÁVEIS, VOCÊ
TEM QUE NEGAR A SUA COR”. ESPECIALISTA NO ATENDIMENTO DE MULHERES
NEGRAS, PSICÓLOGA MARIA JESUS MOURA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE
LEVAR EM CONTA O RACISMO SOFRIDO POR SUAS PACIENTES E NÃO NEGÁ-LO
(Marina Rossi, El País, 13 de julho de 2018 157... Ver SOMOS TODAS MC K_BELAS
162 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA
CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA
O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista
Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do
Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo
o texto do jornalista... 78 ... Ver também A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA
DEMOCRACIA RACIAL 222) 157
OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA
SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL (Reportagem Bianca
Borges. Uol TAB, 30 de julho de 2018 247... Ver PABLLO VITTAR CHORA AO LEMBRAR
BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME BATERAM" 724/725 ... “HÁ LOBBY PARA DAR
1215
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114 ... COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874) 247
A PROFESSORA TRANSEXUAL QUE TROCOU INDENIZAÇÃO DE R$ 20 MIL PELA
CHANCE DE DAR AULA A SEUS AGRESSORES (Noemia Colonna, BBC News Brasil, 31 de
agosto de 2018) 721
O QUE AS EMPRESAS PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO MERCADO DE
TRABALHO (BBC News Brasil reproduzida por Uol Universa, 03 de agosto de 2018
716... Ver APÓS 3 ANOS, PROFESSORA GANHA AÇÃO JUDICIAL CONTRA COLÉGIO QUE
A DEMITIU POR SER TRANS 726... CANDIDATA TRANSGÊNERO VENCE PRIMÁRIA
DEMOCRATA PARA GOVERNO DE VERMONT 720 ) 716
GABRIELA LORAN, 1ª ATRIZ TRANS DE "MALHAÇÃO", REVELA PLANOS DE SER MÃE (Uol
Universa, 02 de setembro de 2018) 725/726
POR QUE LULU SANTOS DEVERIA SE ESCONDER NO ARMÁRIO? (Tony Goes, F5 Folha/
Uol, 25 de julho de 2018 669... Ver ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? 698)
669
FOTO DE CASAL GAY SE BEIJANDO GERA POLÊMICA EM UM DOS PONTOS
TURÍSTICOS MAIS IMPORTANTES DO BRASIL (Glenn Greenwald, The Intercept Brasil,
30 de Julho de 2018 257... Ver PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS
CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES
260 … Ver, junto com matérias a ela associadas, POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É
ATACADO POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO GOVERNADOR 07 ) 257
PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST
IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES (Glenn Greenwald, The Intercept, July 30
2018) 260
COMO EXPLICAR O BEIJO GAY DA NOVELA DAS 6 PARA OS FILHOS? A NOVELA
EXPLICA! (Nilson Xavier, Blog do Nilson Xavier/Uol, 30 de agosto de 2018) 891
1216
PELA PRIMEIRA VEZ, GLOBO EXIBE BEIJO GAY EM NOVELA DAS SEIS E PÚBLICO
COMEMORA (Notícias da TV/Uol, Daniel de Castro, por Gabriel Perline (redator desta
notícia), 12 de setembro de 2018) 751
"ORGULHO E PAIXÃO" INAUGUROU UM NOVO TIPO DE DRAMATURGIA: A "NOVELA
DISNEY" (Nilson Xavier, Blog do Nilson Xavier/Uol, 24 de setembro de 2018) 893
EM VÍDEO, BOLSONARO FAZ GESTO DE ARMA EM MÃO DE CRIANÇA (Uol, 20 de julho
de 2018) 146
APÓS POLÊMICA, MAIS UMA CRIANÇA FAZ GESTO DE ARMA COM BOLSONARO (Uol,
21 de julho de 2018 149... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
3: MAL-ESTAR NA CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE
GENERAIS E EMPURRA O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio
Victor, Revista Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o
comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro
de 2017, segundo o texto do jornalista... 78... Ver também, sobre ações e falas dos
dois militares citados aqui: A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA DEMOCRACIA
RACIAL 222 ) 149
TÍTULOS DE VÍDEOS DO CANAL DO YOUTUBE MBL – MOVIMENTO BRASIL LIVRE
(Seleção feita em 16 de outubro de 2018 961 ... Ainda sobre o MBL, ver... QUEM
ESPALHA DESINFORMAÇÃO? E QUEM NÃO ESPALHA? A MELHOR FORMA DE LIDAR
COM UMA POTENCIAL MENTIRA É PERMITIR QUE ELA SEJA DITA, PARA QUE POSSA
SER DESMENTIDA PUBLICAMENTE OU CONFRONTADA JUDICIALMENTE (Rodolfo
Borges, El País, 28 de julho de 2018 540/541... Ver MBL CONDENADO POR TRE POR
PUBLICAR NOTÍCIA FALSA SOBRE JAQUES WAGNER (PT). MBL DAVA A ENTENDER EM
VÍDEO QUE PROTESTOS ANTI-LULA ERAM CONTRA CANDIDATO AO SENADO 579 ...
ESTÁ CLARO QUE O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO NÃO TEM CONDIÇÕES DE
FISCALIZAR AS FRAUDES DO MBL, ATÉ PORQUE PARTE DELE ESTÁ EM CONLUIO COM
ELES. COMO A REDE É PRIVADA, SÓ QUEM TEM PODER PARA COIBIR ABUSOS É O
PRÓPRIO FACEBOOK 542 ... LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO JORNAL
NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO MEC (Uol, 30 de agosto de 2018... A matéria
também cita atuação do MBL) 598/599 ... BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO
DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA
PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO
PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM 593 ... Sobre o MBL,
mencionado no artigo de Rodolfo Borges e que apoia o Escola Sem Partido, ver a
secção Assassinato de Marielle Franco (PSOL), vereadora do Rio de Janeiro: 14 de
1217
março de 2018..., página 1170, do arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
3, com destaque para as matérias COMO GANHOU CORPO A ONDA DE FAKE NEWS
SOBRE MARIELLE FRANCO 224... ESTUDO RESPONSABILIZA SITE DE OPINIÃO
POLÍTICA E MBL POR ESPALHAR FAKE NEWS SOBRE MARIELLE 229... FACEBOOK TIRA
DO AR PÁGINA E PERFIS ASSOCIADOS À ONDA DE FAKE NEWS CONTRA MARIELLE.
REDE SOCIAL DIZ QUE PERFIS FALSOS FEREM AS NORMAS) 230... FACEBOOK TIRA DO
AR PÁGINA QUE BOMBOU NOTÍCIA FALSA SOBRE MARIELLE FRANCO 232... O
EXÉRCITO DE PINÓQUIOS. COMO OPERAM DEZ DOS MAIORES SITES DE NOTÍCIAS
FALSAS DO PAÍS, PAGOS ATÉ COM VERBA DE GABINETE PARA DISSEMINAR BOATOS
469... ASSÉDIO E ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO 775/776... DONO DE SITES
CRITICADOS POR “FAKE NEWS” RECEBE DINHEIRO DE DEPUTADO 777... GRUPOS
DIREITISTAS DIFUNDEM “FAKE NEWS” PARA CRITICAR COMBATE DO FACEBOOK ÀS
“FAKE NEWS”. MBL E ATIVISTAS DE EXTREMA-DIREITA ATACAM AGÊNCIAS DE
CHECAGEM DE INFORMAÇÕES, DIVULGAM PERFIS PESSOAIS DE JORNALISTAS E USAM
DADOS FALSOS PARA DESQUALIFICAR INICIATIVA DA REDE SOCIAL 649... ASSÉDIO E
ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO 775/776 ) 961
"CALL IT OUT": CAMPANHA AUSTRALIANA CONVIDA HOMENS A LUTAR PELO
FEMINISMO (Uol Universa, 06 de julho de 2018 198... Ver FAMILY VIOLENCE
SUPPORT. CALL IT OUT 198/199 ) 198
FAMILY VIOLENCE SUPPORT. CALL IT OUT (Family Violence Reform, State Government
of Victoria, Austrália, 2018) 198/199
Empresas e gênero...
“SER GAY É O MELHOR PRESENTE QUE DEUS ME DEU”, DIZ PRESIDENTE DA APPLE.
TIM COOK DECLAROU SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL EM 2014 (Folha/Uol, 24 de outubro
de 2018) 1064
ELITE DA INDÚSTRIA APLAUDE BOLSONARO E VAIA CIRO POR CRITICAR REFORMA
TRABALHISTA. ALCKMIN DEFENDE REFORMA TRIBUTÁRIA QUE ALIVIA EMPRESÁRIOS
CITANDO TRUMP. MILITAR DA RESERVA NÃO APRESENTA PROPOSTAS, MAS
LEVANTA PLATEIA COM FRASES DE EFEITO CONTRA O "POLITICAMENTE CORRETO"
(Afonso Benites, El País, julho de 2018 05... Ver também COMANDO ENVELHECIDO
FRAGILIZA ENTIDADES PATRONAIS EM TODO O PAÍS. LEVANTAMENTO DA FOLHA
MOSTRA UM SISTEMA MARCADO POR BAIXA ROTATIVIDADE E FALTA DE DIVERSIDADE
153 ) 05
1218
COMANDO ENVELHECIDO FRAGILIZA ENTIDADES PATRONAIS EM TODO O PAÍS.
LEVANTAMENTO DA FOLHA MOSTRA UM SISTEMA MARCADO POR BAIXA
ROTATIVIDADE E FALTA DE DIVERSIDADE (Raquel Landim, Folha/Uol, 15 de julho de
2018) 153
“O PROBLEMA DO BOLSONARO NÃO É ECONÔMICO, É CIVILIZATÓRIO”, DIZ EXPRESIDENTE DA FIESP. HORÁCIO LAFER PIVA DISSE TAMBÉM QUE SE ESPANTA COM O
FATO DO CENTRÃO COMANDAR A CENA POLÍTICA (Josette Goulart, Folha/Uol, 19 de
julho de 2018) 218
LUCIANO HANG E O PELOTÃO DE EMPRESÁRIOS ‘ANTICOMUNISTAS’ PRÓBOLSONARO. CABO ELEITORAL DO MILITAR REFORMADO, O DONO DA REDE DE
LOJAS HAVAN CONCLAMA EMPRESÁRIOS A SE UNIREM À CAUSA. NO INÍCIO DE
AGOSTO, UM CAFÉ DA MANHÃ REUNIU 62 DELES PARA OUVIR AS PROPOSTAS DO
CANDIDATO (Fernanda Becker e Regiane Oliveira, El País, 02 de setembro de 2018
620/621... Ver CONTRA O PT, CONFEDERAÇÃO DE PASTORES DO BRASIL DECIDE
APOIAR BOLSONARO 846 ...Ver também PABLLO VITTAR ROMPE COM GRIFE APÓS
EMPRESÁRIO MANIFESTAR APOIO A BOLSONARO 624 ) 620/621
UOL, PÁGINA INICIAL, 18 OUT 2018 7H22MIN. EMPRESAS BANCAM CAMPANHA
CONTRA PT NAS REDES SOCIAIS; PRÁTICA É ILEGAL 981
EMPRESÁRIOS BANCAM CAMPANHA CONTRA O PT PELO WHATSAPP. COM
CONTRATOS DE R$ 12 MILHÕES, PRÁTICA VIOLA A LEI POR SER DOAÇÃO NÃO
DECLARADA (Patrícia Campos Mello, Folha/Uol,, 18 de outubro de 2018) 982
É HORA DE SE DEBRUÇAR SOBRE A PROPAGANDA EM REDE DE BOLSONARO. MUITOS
DE NÓS ESTÃO EM BUSCA DE EXPLICAÇÕES PARA O TSUNAMI DE VOTOS EM
CANDIDATURAS ANTISSISTEMA E ANTIPETISTAS NO 1º TURNO DAS ELEIÇÕES
BRASILEIRAS DE 2018 (Francisco Brito Cruz e Mariana Giorgetti Valente, El País, 18 de
outubro de 2018) 986
MANIPULAÇÃO DO ELEITOR POR GRUPOS DE WHATSAPP DEIXARÁ FERIDAS NA
DEMOCRACIA (Leonardo Sakamoto, Blog do Sakamoto/Uol, 18 de outubro de 2018)
992
GUERRA SUJA NAS REDES SOCIAIS EXPÕE O FAKE TSE (Josias de Souza, Blog do
Josias/Uol, 18 de outubro de 2018... Estou trazendo textos de alguns jornalistas com
30,, 40 anos de profissão, ganhadores de prêmios nacionais e internacionais...) 995
1219
UOL, PÁGINA INICIAL, 19 OUT 2018 11H10MIN. DISPARO DE MENSAGENS CONTRA PT
NO WHATSAPP CONSTRANGE TSE 996
WHATSAPP NOTIFICA AGÊNCIAS QUE DISPARAM MENSAGENS ANTI-PT. REDE SOCIAL
PEDIU QUE DISPAROS EM MASSA SEJAM INTERROMPIDOS, E CONTAS ASSOCIADAS
FORAM BANIDAS (Patrícia Campos Mello, Folha/Uol, 19 de outubro de 2018) 996
UM PAÍS PRIMITIVO PRESTES A REGREDIR MAIS. BOLSONARO DEU VIA LIVRE A
TODOS OS DEMÔNIOS (Clóvis Rossi, Folha/Uol, 19 de outubro de 2018) 998
DOCUMENTO CONFIRMA OFERTA ILEGAL DE MENSAGENS POR WHATSAPP NA
ELEIÇÃO. PROPOSTA NÃO ACEITA PELA CAMPANHA DE ALCKMIN PEDIU R$ 8,7 MI
POR DISPAROS VIA APLICATIVO (Patrícia Campos Mello, Folha/Uol, 20 de outubro de
2018) 1000
FILHO DE BOLSONARO AMEAÇA STF E DIZ QUE PARA FECHAR CORTE BASTA “UM
SOLDADO E UM CABO”. DECLARAÇÕES, FEITAS EM JULHO EM UM CURSINHO,
PROVOCAM REPÚDIO. FHC DIZ QUE HÁ "CHEIRO DE FASCISMO" (Ricardo Della
Coletta e Felipe Betim, El País, 21 de outubro de 2018) 1011
CONTRA O PT, CONFEDERAÇÃO DE PASTORES DO BRASIL DECIDE APOIAR
BOLSONARO (Daniela Lima, Blog Painel/Uol, 20 de setembro de 2018... O blog
também se refere a apoios de empresários 846... Ver CULTO-COMÍCIO. PASTORES
CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM INCLINAÇÃO POLÍTICA NOS CULTOS 837
) 846
PABLLO VITTAR ROMPE COM GRIFE APÓS EMPRESÁRIO MANIFESTAR APOIO A
BOLSONARO (Uol, 01 de setembro de 2018 624... Ver também LUCIANO HANG E O
PELOTÃO DE EMPRESÁRIOS ‘ANTICOMUNISTAS’ PRÓ-BOLSONARO. CABO ELEITORAL
DO MILITAR REFORMADO, O DONO DA REDE DE LOJAS HAVAN CONCLAMA
EMPRESÁRIOS A SE UNIREM À CAUSA. NO INÍCIO DE AGOSTO, UM CAFÉ DA MANHÃ
REUNIU 62 DELES PARA OUVIR AS PROPOSTAS DO CANDIDATO 620/621) 624
A TRISTE CONVENIÊNCIA DOS CANDIDATOS QUE QUEREM SER ELEITOS SEM
ENFRENTAR SEUS ELEITORES. NA APAGADA ELEIÇÃO DE SÃO PAULO, ESTÁ DIFÍCIL
CONVENCER CANDIDATO A DEBATER EM BAIRRO RICO, QUE DIRÁ NA PERIFERIA
(Regiane Oliveira, El País, 16 de agosto de 2018... Segundo a matéria, Rogério Chequer
(NOVO), candidato ao governo do estado de São Paulo, defendeu, em debate no
1220
teatro TUCA, o Programa Escola Sem Partido... Novo é partido que representa ideias
do grande capital, do capital financeiro...) 555
O QUE AS EMPRESAS PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO MERCADO DE
TRABALHO (BBC News Brasil reproduzida por Uol Universa, 03 de agosto de 2018
716... Ver APÓS 3 ANOS, PROFESSORA GANHA AÇÃO JUDICIAL CONTRA COLÉGIO QUE
A DEMITIU POR SER TRANS 726... CANDIDATA TRANSGÊNERO VENCE PRIMÁRIA
DEMOCRATA PARA GOVERNO DE VERMONT 720 ) 716
A PROFESSORA TRANSEXUAL QUE TROCOU INDENIZAÇÃO DE R$ 20 MIL PELA
CHANCE DE DAR AULA A SEUS AGRESSORES (Noemia Colonna, BBC News Brasil, 31 de
agosto de 2018) 721
CANDIDATA TRANSGÊNERO VENCE PRIMÁRIA DEMOCRATA PARA GOVERNO DE
VERMONT (Agence France Presse reproduzida pelo Uol, 15 de agosto de 2018 720...
Ver MINAS TERÁ A PRIMEIRA CANDIDATA TRANS AO SENADO 551... ALEXYA,
PASTORA TRANS E CANDIDATA DISPOSTA A "CONTRADIZER" EM SÃO PAULO 643)
720
APÓS 3 ANOS, PROFESSORA GANHA AÇÃO JUDICIAL CONTRA COLÉGIO QUE A
DEMITIU POR SER TRANS (Ponte Jornalismo, Paloma Vasconcelos, 09 de setembro de
2018 726... Ver O QUE AS EMPRESAS PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO
MERCADO DE TRABALHO 716... “ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O APELO DA MÃE
DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE MATOU APÓS BULLYING POR HOMOFOBIA 692 )
726
PROFESSORA TRANS GANHA NA JUSTIÇA DIREITO DE VOLTAR A DAR AULA APÓS SER
DEMITIDA (Fernando Molina,, Uol, 12 de setembro de 2018) 733
“SEM SER SUBALTERNO NEM USAR UNIFORME”: EMPRESA SÓ TEM BABÁS LGBTS
(Marcos Candido, Uol Universa, 15 de setembro de 2018) 890
FOTO DE CASAL GAY SE BEIJANDO GERA POLÊMICA EM UM DOS PONTOS
TURÍSTICOS MAIS IMPORTANTES DO BRASIL (Glenn Greenwald, The Intercept Brasil,
30 de Julho de 2018 257... Ver PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS
CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES
260 … Ver, junto com matérias a ela associadas, POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É
ATACADO POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO GOVERNADOR 07 ) 257
1221
PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST
IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES (Glenn Greenwald, The Intercept, July 30
2018) 260
Esportes e gênero...
“É TRISTE QUE EU TENHA QUE TOMAR ESSE CUIDADO”, DIZ TORCEDOR GAY QUE VAI
À COPA DA RÚSSIA SOBRE ALERTAS DE HOMOFOBIA (Rafael Barifouse, BBC News
Brasil, 08 de junho de 2018 134... Ver também JOVEM DIZ QUE FOI AGREDIDO EM
SANTOS (SP) PARA "PARAR DE SER VEADO" 27) 134
JORNAL CHAMA RUSSAS DE “PUTAS” POR COMPORTAMENTO SEXUAL NA COPA
(Luiza Oliveira, Uol Esporte, 03 de julho de 2018 200... Ver FUNCIONÁRIA DO
MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS É MORTA A FACADAS POR EX-MARIDO NO DF.
JANAÍNA ROMÃO, DE 30 ANOS, FOI GOLPEADA CINCO VEZES PELO AGRESSOR, COM
QUEM TINHA DUAS FILHAS; HOMEM É PROCURADO PELA POLÍCIA CIVIL. ENTERRO
SERÁ NO CEMITÉRIO DO GAMA) 203 ) 200
Famílias... diversidade...
A HORA DO PAPA FRANCISCO TRANSFORMAÇÃO EMPREENDIDA PELO PONTÍFICE,
RUMO AOS SEUS 82 ANOS, SE ENCONTRA EM UM MOMENTO DECISIVO QUE
DETERMINARÁ O SUCESSO DE SEU PAPADO E A HERANÇA QUE DEIXA (Daniel Verdú,
El País, 07 de julho de 2018 51/52... Ver também GOVERNO ULTRACONSERVADOR
POLONÊS FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA
DIREITOS DAS MULHERES E SUBVENÇÕES. ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO
EXECUTIVO ÀS ENTIDADES QUE LUTAM PELA IGUALDADE 57 ... AFASTADA,
PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA. APOIADA POR
ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E COMPARECEU A SEU
GABINETE 62 ... A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO ULTRACONSERVADOR DA
POLÔNIA. A PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO, MALGORZATA GERSDORF,
APRESENTOU-SE PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA, POUCAS HORAS DEPOIS DA
ATIVAÇÃO DA POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA APOSENTADORIA E DE OUTROS 27
JUÍZES 64... No arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido, há mais sobre a
Polônia, por exemplo, a respeito de aborto e de sua representação no Parlamento
Europeu, eurodeputado... EURODEPUTADO POLONÊS É PUNIDO POR DECLARAÇÕES
1222
SEXISTAS. ULTRACONSERVADOR JANUSZ KORWIN-MIKKE É MULTADO EM MAIS DE 9
MIL EUROS E SUSPENSO DO PARLAMENTO EUROPEU POR DIZER QUE MULHERES SÃO
"MAIS FRACAS" E "MENOS INTELIGENTES" DO QUE OS HOMENS (2017) 42 e 612 )
51/52
Forças armadas e questões de gênero...
Ver ainda, neste arquivo, a secção Eleições 2018...
DOUTRINAÇÃO E MASSIFICAÇÃO: ESCRITOR LEMBRA DA EDUCAÇÃO EM COLÉGIO
MILITAR (Rodrigo Casarin, Blog Página Cinco/Uol, 24 de outubro de 2018 1061... Ver,
no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA CASERNA.
INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA O
EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista Piaui/Uol,
edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do Exército, general
Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo o texto do
jornalista... 78) 1061
REPRESSÃO ALÉM DA POLÍTICA. A DITADURA CONTRA OS GAYS: SER “DIFERENTE”
ERA AMEAÇA À SEGURANÇA NACIONAL (Gabriela Fujita, Uol, 12 de agosto de 2108...
Ver livro “Ditadura e Homossexualidades – Repressão, Resistência e a Busca da
Verdade”, Renan Quinalha James N. Green (organizadores), EdUFSCar, 2014... Ver, na
secção Livros e trabalhos acadêmicos sobre questões de gênero... há links para
download, deste arquivo: “Contra a moral e os bons costumes: a política sexual da
ditadura brasileira (1964-1988)”, Renan Honorio Quinalha, nstituto de Relações
Internacionais, USP, 2017. Orientadora: Rossana Rocha Reis. Tese de doutorado:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/101/101131/tde-20062017-182552/ptbr.php ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 2: “SOBREVIVI”,
DIZ VÍTIMA DE OPERAÇÃO DA POLÍCIA DE CAÇA A TRAVESTIS HÁ 31 ANOS 746 ) 677
PELA PRIMEIRA VEZ, NAVIO-ESCOLA DA MARINHA TERÁ MULHERES EM VIAGEM DE
INSTRUÇÃO. DOS 208 FUTUROS OFICIAIS DA FORÇA NAVAL A BORDO DA
EMBARCAÇÃO, 12 SÃO MULHERES (Mônica Bergamo, Folha/Uol, 17 de julho de 2018)
151
1223
VILLAS BÔAS HOMENAGEIA SOLDADOS MORTOS NO RIO E CRITICA FALTA DE
"EMPENHO" DO GOVERNO (Felipe Amorim, Uol, 24 de agosto de 2018 618... Ver
CLUBE MILITAR ATUA EM CAMPANHA ELEITORAL MESMO PROIBIDO POR ESTATUTO E
LEI 580 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR
NA CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E
EMPURRA O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor,
Revista Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante
do Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017,
segundo o texto do jornalista... 78) 618
OPINIÃO: É DANOSO QUANDO MILITARES NÃO PASSAM IMAGEM DE
NEUTRALIDADE (Rafael Alcadipani, Uol, 10 de outubro de 2018) 915
GOVERNO NÃO SERÁ DE MAIORIA DE MILITARES, DIS BEBIANNO (Talita Fernandes,
Agora, p. A4, 17 de outubro de 2018... A retórica do presidente do PSL é comum na
política brasileira de hoje... Adversários políticos são bandidos ou idiotas a serem
eliminados... A política como espaço de eliminação do outro... O que tem a ver com
com tentativas de partidos se perpetuarem no poder... reeleições... O PSDB governa SP
desde 1995, sem contrapeso algum na Assembleia Legislativa do Estado! Não é,
portanto, entranho que Escola Sem Partido tenha destaque... Igrejas apresentam
sociólogos, filósofos, artistas... feministas... como aqueles que tramam a destruição da
família, da civilização cristã... por meio da “ideologia de gênero”... das discussões sobre
sexualidade nas escolas... Ver FILHO DE BOLSONARO AMEAÇA STF E DIZ QUE PARA
FECHAR CORTE BASTA “UM SOLDADO E UM CABO”. DECLARAÇÕES, FEITAS EM JULHO
EM UM CURSINHO, PROVOCAM REPÚDIO. FHC DIZ QUE HÁ "CHEIRO DE FASCISMO"
1011... BOLSONARO A MILHARES EM EUFORIA: “VAMOS VARRER DO MAPA OS
BANDIDOS VERMELHOS”. "NÓS SOMOS O BRASIL DE VERDADE", DIZ CANDIDATO DE
EXTREMA DIREITA A UMA SEMANA DO SEGUNDO TURNO. SEUS ELEITORES DERAM
DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA NAS RUAS EM DEZENAS DE CIDADES 1013 ... Ver, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PADRE PAULO RICARDO DE
AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK,
CONGRESSO NACIONAL 690 ) 970
FILHO DE BOLSONARO AMEAÇA STF E DIZ QUE PARA FECHAR CORTE BASTA “UM
SOLDADO E UM CABO”. DECLARAÇÕES, FEITAS EM JULHO EM UM CURSINHO,
PROVOCAM REPÚDIO. FHC DIZ QUE HÁ "CHEIRO DE FASCISMO" (Ricardo Della
Coletta e Felipe Betim, El País, 21 de outubro de 2018) 1011
1224
EM VÍDEO, BOLSONARO FAZ GESTO DE ARMA EM MÃO DE CRIANÇA (Uol, 20 de julho
de 2018) 146
APÓS POLÊMICA, MAIS UMA CRIANÇA FAZ GESTO DE ARMA COM BOLSONARO (Uol,
21 de julho de 2018 149... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
3: MAL-ESTAR NA CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE
GENERAIS E EMPURRA O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio
Victor, Revista Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o
comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro
de 2017, segundo o texto do jornalista... 78 ... Ver, neste arquivo 4, VILLAS BÔAS
HOMENAGEIA SOLDADOS MORTOS NO RIO E CRITICA FALTA DE "EMPENHO" DO
GOVERNO (Felipe Amorim, Uol, 24 de agosto de 2018 618... Ver também, sobre
ações e falas dos dois militares citados aqui: A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA
DEMOCRACIA RACIAL 222) 149
BOLSONARO: “QUERO AGRADECER AO ALCKMIN POR REUNIR A NATA DO QUE HÁ
DE PIOR DO BRASIL AO SEU LADO”. PRESIDENCIÁVEL DE EXTREMA-DIREITA LANÇA
SUA CANDIDATURA MINIMIZANDO A FALTA DE ALIANÇAS E ATACANDO O CENTRÃO,
QUE DEVE APOIAR O TUCANO. "EU SEI DO DESCONFORTO QUE VENHO CAUSANDO.
EU SOU O PATINHO FEIO NESSA HISTÓRIA”, AFIRMOU (Felipe Betim, El País, 22 de
julho de 2018... Ver EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A
DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA
SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ...Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E
SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL
690 ... Ver, ainda, artigo COMO FABRICAR MONSTROS PARA GARANTIR O PODER EM
2018, Eliane Brum, El País, 30 de outubro de 2017:
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/30/opinion/1509369732_431246.html ) 178
DISCURSO DE JANAINA PASCHOAL SURPREENDE E IRRITA A LIADOS DE BOLSONARO
(Daniela Amorim, Constança Rezende e Leonêncio Nossa, Estadão reproduzido pelo
Uol, 22 de julho de 2018) 181
BOLSONARO AMEAÇA OPONENTES E ATACA LEGITIMIDADE DA DISPUTA ELEITORAL
PELO PLANALTO. EM CARREATA, CANDIDATO DO PSL FAZ SÍMBOLO DE CADEIA,
QUANDO É VAIADO POR OPOSITORES (Afonso Benites, El País, 05 de setembro de
2018 791... Ver CLUBE MILITAR ATUA EM CAMPANHA ELEITORAL MESMO PROIBIDO
POR ESTATUTO E LEI 580 ... VILLAS BÔAS HOMENAGEIA SOLDADOS MORTOS NO RIO
E CRITICA FALTA DE "EMPENHO" DO GOVERNO 618 ... Nas três matérias há
1225
coincidência notável: militares questionam várias instituições da República, menos as
Forças Armadas... Urnas – Justiça Eleitoral -, dados econômicos – ministérios do
governo federal -, ações de governos no Rio, durante a intervenção... Ver também
BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”.
CANDIDATO DO PSL MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO
NUNCA FOI COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM
HOMOFOBIA 593 ... A matéria de entrada desta chamada, ainda traz informações
sobre carreata no Acre: “No sábado passado, em viagem ao Acre, Bolsonaro disse que
iria ‘fuzilar a petralhada do Acre’, em referência aos políticos do PT que governam o
Estado há duas décadas. Disse o candidato: ‘Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre.
Vamos botar esses picaretas para correr do Acre. Já que gostam tanto da Venezuela,
essa turma tem que ir para lá. Só que lá não tem nem mortadela. Vão ter que comer
capim mesmo’. Nesta quarta-feira, a Procuradoria-Geral da República solicitou que ele
explicasse o quis dizer. O órgão analisa a possibilidade de abrir um processo pelos
delitos de incitação ao crime e ameaça.” ) 791
"A DEMOCRACIA NÃO SE DEFENDE SOZINHA". HISTORIADOR AMERICANO TIMOTHY
SNYDER, ESPECIALISTA EM AUTORITARISMO, VÊ COM PREOCUPAÇÃO CENÁRIO NO
BRASIL E DIZ QUE SÓ REALIZAÇÃO DE ELEIÇÕES NÃO SIGNIFICA QUE CANDIDATOS E
ELEITORES SERÃO INCLINADOS À DEMOCRACIA 834 ) 815
PROFISSIONAIS DA VIOLÊNCIA. A REAÇÃO DE MOURÃO, O VICE “FACA NA CAVEIRA”
DE BOLSONARO, APONTA COMO O BRASIL SERÁ GOVERNADO EM CASO DE VITÓRIA
DA CHAPA DE EXTREMA-DIREITA (Eliane Brum, El País, 10 de setembro de 2018...
Novamente menção a afirmações do grupo de Bolsonaro, que implicam a esquerda e
especificamente o PT no atentado... A matéria reproduz uma das primeiras imagens de
Bolsonaro no hospital em São Paulo, fazendo o gesto de imitar armas com as mãos...
Eliane Brum também lembra do assassinato de Marielle Franco... Ver Ver VENDEDOR
DE LIVROS, PASTOR E “QUASE CANDIDATO”: O PASSADO DE ADÉLIO BISPO 939 ...Ver
"A DEMOCRACIA NÃO SE DEFENDE SOZINHA". HISTORIADOR AMERICANO TIMOTHY
SNYDER, ESPECIALISTA EM AUTORITARISMO, VÊ COM PREOCUPAÇÃO CENÁRIO NO
BRASIL E DIZ QUE SÓ REALIZAÇÃO DE ELEIÇÕES NÃO SIGNIFICA QUE CANDIDATOS E
ELEITORES SERÃO INCLINADOS À DEMOCRACIA 834 ) 815
GENERAIS INTIMIDAM OS ELEITORES E CHANTAGEIAM A DEMOCRACIA (Mário
Magalhães, The Intercept Brasil, 12 de Setembro de 2018... O jornalista fala de
ameaças de golpe, notícias falsas espalhadas por apoiadores do candidato, acusações
sem apresentação de fundamentação séria... 819... Ver VENDEDOR DE LIVROS,
PASTOR E “QUASE CANDIDATO”: O PASSADO DE ADÉLIO BISPO 939 ... Ver
PROFISSIONAIS DA VIOLÊNCIA. A REAÇÃO DE MOURÃO, O VICE “FACA NA CAVEIRA” DE
BOLSONARO, APONTA COMO O BRASIL SERÁ GOVERNADO EM CASO DE VITÓRIA DA
1226
CHAPA DE EXTREMA-DIREITA 815... "A DEMOCRACIA NÃO SE DEFENDE SOZINHA".
HISTORIADOR AMERICANO TIMOTHY SNYDER, ESPECIALISTA EM AUTORITARISMO, VÊ
COM PREOCUPAÇÃO CENÁRIO NO BRASIL E DIZ QUE SÓ REALIZAÇÃO DE ELEIÇÕES
NÃO SIGNIFICA QUE CANDIDATOS E ELEITORES SERÃO INCLINADOS À DEMOCRACIA
834... BOLSONARO AMEAÇA OPONENTES E ATACA LEGITIMIDADE DA DISPUTA
ELEITORAL PELO PLANALTO. EM CARREATA, CANDIDATO DO PSL FAZ SÍMBOLO DE
CADEIA, QUANDO É VAIADO POR OPOSITORES 791... EM VÍDEO, BOLSONARO FAZ
GESTO DE ARMA EM MÃO DE CRIANÇA 146... APÓS POLÊMICA, MAIS UMA CRIANÇA
FAZ GESTO DE ARMA COM BOLSONARO 149 ... Sobre uso político de notícias falsas,
por grupos de direita, ver a secção Assassinato de Marielle Franco (PSOL), vereadora
do Rio de Janeiro: 14 de março de 2018..., página 1170, do arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 3 ) 819
VOTO DAS MULHERES VIRA PESADELO DE BOLSONARO (Mário Magalhães, the
Intercept Brasil, 22 de agosto de 2018) 559/560
BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”.
CANDIDATO DO PSL MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO
NUNCA FOI COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM
HOMOFOBIA [Ricardo Della Coletta, El País, 29 de agosto de 2018 593... Ver GENERAL
LIGADO A BOLSONARO FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE 1964 920
... O AUTORITARISMO, A CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA 930 ... Ver
CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM INCLINAÇÃO
POLÍTICA NOS CULTOS 837 ... Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem
Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS LIVROS (Fernando Haddad, ex-ministro da
Educação dos governos Lula e Dilma, sobre atuação de políticos ligados a igrejas no caso do
material contra homofobia, deturpado com a denominação “kit gay”) 221 ] 593
LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL ALVO DE BOATO FOI COMPRADO PELO MINC.
DEPUTADO BOLSONARO ACUSOU DISTRIBUIÇÃO PARA ESCOLAS; MEC NEGOU.
MINISTÉRIO DA CULTURA DIZ TER COMPRADO UNIDADES PARA BIBLIOTECAS
PÚBLICAS (G1 Globo, 21 de janeiro de 2016) 596
LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO
MEC (Uol, 30 de agosto de 2018... A matéria também cita atuação do MBL 598/599...
Ver também CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM
INCLINAÇÃO POLÍTICA NOS CULTOS 837 ... Ver GENERAL LIGADO A BOLSONARO
FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE 1964 920 ... O AUTORITARISMO, A
CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA 930 ) 598/599
1227
ERROS E ACERTOS DE JAIR BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL E NO JORNAL DAS 10
(Chico Marés, Clara Becker, Leandro Resende, Nathália Afonso e Plínio Lopes, Revista
Piauí Lupa/Uol, 28 de agosto de 2018) 600
AUTORA DE LIVRO CRITICADO POR BOLSONARO REBATE: “NO FUNDO, ELE QUERIA
TER GANHADO UM" (Diego Assis, Uol, 30 de agosto de 2018) 600
“BOLSONARO INCONSCIENTEMENTE QUERIA DIVULGAR MEU LIVRO SOBRE
EDUCAÇÃO SEXUAL”, DIZ ESCRITORA. AUTORA DE “APARELHO SEXUAL E CIA”
CRITICA O PRESIDENCIÁVEL APÓS PROPAGADA NEGATIVA SOBRE SUA OBRA. "EU
ACHO QUE SUAS OBSESSÕES DIZEM MUITO SOBRE O QUE ELE PRÓPRIO TEM NA
CABEÇA", ARGUMENTA (Ricardo Della Coletta e Sara González, El País, 31 de agosto
de 2018 604... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, PADRE
PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE,
FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ) 604
O QUE HÁ DE TÃO ASSOMBROSO NO LIVRO QUE BOLSONARO NÃO PÔDE MOSTRAR
NO JN? (Rodrigo Casarin, Blog Página Cinco/Uol, 29 de agosto de 2018) 608
CRITICADO POR BOLSONARO, LIVRO "APARELHO SEXUAL E CIA." SERÁ RELANÇADO
NO DIA 12 (Renata Nogueira, Uol, 05 de setembro de 2018) 616
GENERAL LIGADO A BOLSONARO FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE
1964 (Leandro Prazeres, Uol, 28 de setembro de 2018 920... Ver BOLSONARO MENTIU
AO FALAR DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO
PSL MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI
COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM HOMOFOBIA
593 ... O AUTORITARISMO, A CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA 930 ...
“MEU LIVRO É SOBRE A DITADURA. JAMAIS PENSEI QUE SERIA CENSURADO”, DIZ
AUTOR DE “MENINOS SEM PÁTRIA”. COLÉGIO PARTICULAR DO RIO VETOU OBRA APÓS
PAIS RECLAMAREM DE DOUTRINAÇÃO COMUNISTA. “PAPEL DO PROFESSOR É
MOSTRAR CAMINHOS AOS ALUNOS, SEM FAZER JULGAMENTOS. NÃO CABE AOS PAIS
DETERMINAR O QUE DEVE SER LIDO. FATOS E HISTÓRIA SÃO INCONTESTÁVEIS”, DIZ
LUIZ PUNTEL 936 ) 920
O AUTORITARISMO, A CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA (Lilia
Schwarcz, Nexo Jornal, 07 de outubro de 2018 930... Ver GENERAL LIGADO A
BOLSONARO FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE 1964 920) 930
HADDAD NÃO CRIOU O “KIT GAY”. JAIR BOLSONARO (PSL) ACUSA ADVERSÁRIO DE
TER SIDO RESPONSÁVEL PELA IDEALIZAÇÃO DE MATERIAL ESCOLAR CONTRA
1228
HOMOFOBIA, MAS INICIATIVA SURGIU DO LEGISLATIVO (Patrícia Figueiredo, Agência
Pública, 11 de outubro de 2018 942... Ver Ver também, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS LIVROS (Fernando
Haddad, ex-ministro da Educação dos governos Lula e Dilma, sobre atuação de
políticos ligados a igrejas no caso do material contra homofobia, deturpado com a
denominação “kit gay”) 221) 942
UMA ANÁLISE DO CADERNO ESCOLA SEM HOMOFOBIA. AVALIAMOS O MATERIAL
DIDÁTICO QUE FICOU PEJORATIVAMENTE CONHECIDO COMO 'KIT GAY' E TEVE SUA
DISTRIBUIÇÃO SUSPENSA PELO GOVERNO FEDERAL EM 2011 (Bruno Mazzoco, Revista
Nova Escola, 01 de Fevereiro de 2015) 946
KITS DE PT E PSDB TÊM ITENS INCÔMODOS PARA EVANGÉLICOS (Coluna Poder,
Folha/Uol, 18 de outubro de 2012) 948
CONSELHO Nacional de Combate à Discriminação. Brasil Sem Homofobia: Programa
de combate à violência e à discriminação contra GLTB e promoção da cidadania
homossexual. Brasília : Ministério da Saúde, 2004 951
CAMPANHA DE JAIR BOLSONARO É MARCADA POR INTRIGAS E IMPROVISO. SEM
TESOUREIRO OU MARQUETEIRO, ESTRUTURA TEM POUCA COESÃO E MUITA
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA DO CANDIDATO (Igor Gielow, Folha/Uol, 02 de setembro de
2018 609... Ver CLUBE MILITAR ATUA EM CAMPANHA ELEITORAL MESMO PROIBIDO
POR ESTATUTO E LEI 580 ... LUCIANO HANG E O PELOTÃO DE EMPRESÁRIOS
‘ANTICOMUNISTAS’ PRÓ-BOLSONARO. CABO ELEITORAL DO MILITAR REFORMADO, O
DONO DA REDE DE LOJAS HAVAN CONCLAMA EMPRESÁRIOS A SE UNIREM À CAUSA.
NO INÍCIO DE AGOSTO, UM CAFÉ DA MANHÃ REUNIU 62 DELES PARA OUVIR AS
PROPOSTAS DO CANDIDATO 620/621 ... MULHERES SÃO "ESQUECIDAS" EM
PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS 645 ... Ver, no arquivo Ideologia
de Gênero e Escola Sem Partido 3, PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS
ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690)
609
CLUBE MILITAR ATUA EM CAMPANHA ELEITORAL MESMO PROIBIDO POR ESTATUTO
E LEI (Hanrrikson de Andrade e Rodrigo Mattos, Uol, 26 de agosto de 2018 580... Ver
BOLSONARO AMEAÇA OPONENTES E ATACA LEGITIMIDADE DA DISPUTA ELEITORAL
PELO PLANALTO. EM CARREATA, CANDIDATO DO PSL FAZ SÍMBOLO DE CADEIA,
QUANDO É VAIADO POR OPOSITORES 791 ... VILLAS BÔAS HOMENAGEIA SOLDADOS
MORTOS NO RIO E CRITICA FALTA DE "EMPENHO" DO GOVERNO 618 ... POLICIAIS
FARDADOS TIETAM BOLSONARO EM CAMPANHA; PM-SP APURA IRREGULARIDADE
785 ... CAMPANHA DE JAIR BOLSONARO É MARCADA POR INTRIGAS E IMPROVISO.
1229
SEM TESOUREIRO OU MARQUETEIRO, ESTRUTURA TEM POUCA COESÃO E MUITA
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA DO CANDIDATO 609 ... BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE
LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA
PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO
PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM 593 ... MULHERES SÃO
"ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS 645 ) 580
POLICIAIS FARDADOS TIETAM BOLSONARO EM CAMPANHA; PM-SP APURA
IRREGULARIDADE (Gustavo Maia, Janaina Garcia e Marcelo Ferraz, Uol, 27 de agosto
de 2018 785... Ver OPINIÃO: É DANOSO QUANDO MILITARES NÃO PASSAM IMAGEM
DE NEUTRALIDADE 915 ... Ver no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido:
PROFESSORES DENUNCIAM AMEAÇA DE PMS EM AUDIÊNCIA NA UNIFESP: "DEPOIS
MORRE E NÃO SABE POR QUÊ" 871... NOTA DE REPÚDIO DIANTE DO OCORRIDO NO
CAMPUS BAIXADA SANTISTA 874 ... “ELES NÃO ESTAVAM LÁ À TOA; ALGUÉM
DETERMINOU”, DIZ ADILSON PAES SOBRE INVASÃO DE POLICIAIS À AUDIÊNCIA NA
UNIFESP 875... ) 785
O LIMITE DO INTOLERÁVEL: TRANSFORMAR UMA CHACINA EM UMA COMPETIÇÃO
MACABRA (Roberto Tardelli, Justificando/Carta Capital, 09 de janeiro de 2017 906...
Ver FACEBOOK MAJOR OLÍMPIO, 07 DE JANEIRO DE 2017 909 ... Major Olímpio é
coordenador de campanha de Jair Bolsonaro e foi eleito senador, nas eleições de 2018,
antes era deputado federal...) 906
SENADOR, MAJOR OLÍMPIO APOIARÁ VENDA DE RESERVAS INDÍGENAS E FIM DE
TORCIDAS ORGANIZADAS. APOIADOR DE BOLSONARO EM SP, DEPUTADO TAMBÉM
QUER REVOGAÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO (Folha/Uol, 09 de outubro de
2018... Em 1978, portanto ditadura civil-militar, foi apresentada, pelo ministro do
Interior, Rangel Reis, e pelo general Ismarth, a ideia de um projeto de emancipação do
Índio, o qual previa inclusive a possibilidade de que índios emancipados pudessem
vender suas terras... Ver, por exemplo, livro “Os fuzis e as flechas: história de sangue e
resistência indígena na ditadura”, Rubens Valente, Companhia das Letras, 2017...
Especificamente o cap. 21, “Um moinho feroz”, pp. 302-309) 909
JANAÍNA PASCHOAL É A DEPUTADA MAIS VOTADA NA HISTÓRIA DO PAÍS.
CANDIDATA DO PSL OBTEVE MAIS DE 2 MILHÕES DE VOTOS NA DISPUTA PARA O
LEGISLATIVO ESTADUAL. NÚMERO SUPERA EDUARDO BOLSONARO, ATUAL
RECORDISTA PARA A VAGA NA CÂMARA DOS DEPUTADOS (G1 Globo, 07 de outubro
de 2018) 918
1230
GOVERNADOR CONTRARIA POLÍCIA AO EXALTAR MÃE PM QUE MATOU CRIMINOSO.
PARA BAIXAR LETALIDADE POLICIAL, ESTRATÉGIA DE COMANDO É CONTRA
ENALTECER MORTES (Guilherme Seto, Rogério Pagnan e Sílvia Haidar, Folha/Uol, 14 de
maio de 2018 896... Ver APÓS ANUNCIAR NEUTRALIDADE, FRANÇA USARÁ VICE PM
PARA ATRAIR BOLSONARISTAS 913... OPINIÃO: É DANOSO QUANDO MILITARES NÃO
PASSAM IMAGEM DE NEUTRALIDADE 915... POLICIAIS FARDADOS TIETAM
BOLSONARO EM CAMPANHA; PM-SP APURA IRREGULARIDADE 785...) 896
TRE SUSPENDE PROPAGANDA QUE MOSTRAVA PM CANDIDATA MATANDO LADRÃO
EM ESCOLA (Leonardo Martins, Uol, 05 de setembro de 2018) 899
CANDIDATA À CÂMARA, PM QUE MATOU LADRÃO DIZ: QUEM É DE BEM NÃO MATA A
RODO (Talyta Vespa, Uol Universa, 21 de setembro de 2018) 902
APÓS SER CONDENADO A 623 ANOS POR MASSACRE, CORONEL UBIRATAN FOI
ABSOLVIDO E ASSASSINADO EM 2006 (Janaina Garcia, Uol, 06 de abril de 2013) 905
ELEITA DEPUTADA, "MÃE PM" DEFENDE LIBERAÇÃO DAS ARMAS E APOIA BOLSONARO
(Bibiana Bolson, Uol, 08 de outubro de 2018) 912
APÓS ANUNCIAR NEUTRALIDADE, FRANÇA USARÁ VICE PM PARA ATRAIR
BOLSONARISTAS (Guilherme Mazieiro, Uol, 10 de outubro de 2018 913... Ver
também "COLOCAR MULHER COMO VICE PARA ATRAIR ELEITORAS É CHAMÁ-LAS DE
IDIOTAS" 576) 913
OPINIÃO: É DANOSO QUANDO MILITARES NÃO PASSAM IMAGEM DE
NEUTRALIDADE (Rafael Alcadipani, Uol, 10 de outubro de 2018) 915
POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É ATACADO POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO
GOVERNADOR (Paulo Eduardo Dias e Juliana Santoros, especial para Ponte Jornalismo,
05 de julho de 2018 07... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido:
PROFESSORES DENUNCIAM AMEAÇA DE PMS EM AUDIÊNCIA NA UNIFESP: "DEPOIS
MORRE E NÃO SABE POR QUÊ" (Luís Adorno, Uol, 15 de agosto de 2017) 871 ... NOTA
DE REPÚDIO DIANTE DO OCORRIDO NO CAMPUS BAIXADA SANTISTA (Adunifesp, 14 de
agosto de 2017) 874 ... “ELES NÃO ESTAVAM LÁ À TOA; ALGUÉM DETERMINOU”, DIZ
ADILSON PAES SOBRE INVASÃO DE POLICIAIS À AUDIÊNCIA NA UNIFESP (Ciro Barros,
Agência Pública, 15 de agosto de 2017) 875 ) 07
1231
DESONROSO É AMEAÇAR, DIZ PM QUE FOI FILMADO BEIJANDO RAPAZ EM SP.
POLICIAL VIROU ALVO DE COMENTÁRIOS DE ÓDIO, FOI AMEAÇADO E AFASTADO DO
TRABALHO (Marlene Bergamo Pedro Diniz, Folha/Uol, 10 de julho de 2018) 12
PM RELATA ROTINA DE TENSÃO APÓS AMEAÇAS POR ‘SELINHO”: "É COMO S EEU
ESTIVESSE DE TORNOZELEIRA" (Janaina Garcia, Uol, 12 de julho de 2018) 14
PM AMEAÇADO APÓS BEIJAR HOMEM NO METRÔ DE SP RECEBE PROTEÇÃO POLICIAL
(Janaina Garcia, Uol, 13 de julho de 2018) 18
SOLDADO QUE BEIJOU HOMEM NO METRÔ DE SP RECEBE SOLIDARIEDADE DE
POLICIAIS LGBT (Janaina Garcia, Uol, 13 de julho de 2018) 20
COMO A RIGIDEZ SOBRE DEMONSTRAÇÕES DE AFETO INFLUENCIA O TRABALHO DA
PM NAS RUAS? (Janaina Garcia e Luís Adorno, Uol, 13 de julho de 2018) 23
A FARDA DA ALMA (Programa Conexão Repórter, jornalista Roberto Cabrini, SBT, 09
de julho de 2018. Com Leandro Prior, soldado da PM de SP...) 27
GRUPOS REPUDIAM EDITAL DA PM-PR QUE EXIGE “MASCULINIDADE” DE
CANDIDATOS (Isabella Macedo, Congresso em Foco/Uol, 11 de agosto de 2018 671...
Ver na secção Forças armadas e questões de gênero... , do índice deste arquivo, as
matérias relacionadas com a matéria POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É ATACADO
POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO GOVERNADOR 07... Ver ainda, na secção
Eleições 2018..., deste arquivo, as matérias relacionadas à candidatura de Jair
Bolsonaro à presidência da República... ) 671
EDITAL nº 01-CADETE PMPR-2019. CONCURSO PÚBLICO DESTINADO AO
PREENCHIMENTO DE VAGAS NO CARGO DE CADETE POLICIAL MILITAR DA POLÍCIA
MILITAR DO ESTADO DO PARANÁ. ESTADO DO PARANÁ. POLÍCIA MILITAR. DIRETORIA
DE PESSOAL. CENTRO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO 674
GOVERNADORA DETERMINA CORREÇÃO DE EDITAL DE CONCURSO DA PM DO
PARANÁ QUE PREVIA CRITÉRIO DE “MASCULINIDADE” (Roger Pereira, Paraná
Portal/Uol, 13 de agosto de 2018) 674
EXIGÊNCIA DE “MASCULINIDADE" PARA PM É MONUMENTO À FRAGILIDADE DO
HOMEM (Matheus Pichonelli, Blog do Pichonelli/Uol, 15 de agosto de 2018) 675
1232
ORDEM NAS FORÇAS ARMADAS É EXPURGAR LGBTS, DIZ CRIADOR DE ONG QUE
ATENDE VÍTIMAS DE HOMOFOBIA (Janaina Garcia, Uol, 18 de julho de 2018 141... Ver
EM VÍDEO, BOLSONARO FAZ GESTO DE ARMA EM MÃO DE CRIANÇA 146 ... APÓS
POLÊMICA, MAIS UMA CRIANÇA FAZ GESTO DE ARMA COM BOLSONARO 149 ... Ver,
no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA CASERNA.
INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA O
EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista Piaui/Uol,
edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do Exército, general
Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo o texto do
jornalista... 78 ... Ver também A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA
DEMOCRACIA RACIAL 222) 141
EX-SARGENTO GAY RELATA PRESSÃO PARA DEIXAR EXÉRCITO: "VIADO NÃO PODE
ENVERGAR O VERDE-OLIVA" (Janaina Garcia, Uol, 21 de julho de 2018) 144
“JÁ TEVE ALGUM ENVOLVIMENTO COM HOMOSSEXUALISMO?” A TROPA DE ELITE
DA MARINHA QUER SABER (Tatiana Dias, The Intercept, 24 de Agosto de 2018) 688
Gays, lésbicas... ações políticas contra preconceito e discriminação... pessoas...
Ver também a seção 1ª Parada LGBT de Rio Claro – SP... 21 de outubro de 2018...
“SER GAY É O MELHOR PRESENTE QUE DEUS ME DEU”, DIZ PRESIDENTE DA APPLE.
TIM COOK DECLAROU SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL EM 2014 (Folha/Uol, 24 de outubro
de 2018) 1064
“ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O APELO DA MÃE DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE
MATOU APÓS BULLYING POR HOMOFOBIA (BBC News Brasil, 29 de agosto de 2018
692... Ver ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? 698... Ver O QUE AS EMPRESAS
PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO MERCADO DE TRABALHO 716 ) 692
HADDAD NÃO CRIOU O “KIT GAY”. JAIR BOLSONARO (PSL) ACUSA ADVERSÁRIO DE
TER SIDO RESPONSÁVEL PELA IDEALIZAÇÃO DE MATERIAL ESCOLAR CONTRA
HOMOFOBIA, MAS INICIATIVA SURGIU DO LEGISLATIVO (Patrícia Figueiredo, Agência
Pública, 11 de outubro de 2018 942... Ver Ver também, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS LIVROS (Fernando
1233
Haddad, ex-ministro da Educação dos governos Lula e Dilma, sobre atuação de
políticos ligados a igrejas no caso do material contra homofobia, deturpado com a
denominação “kit gay”) 221) 942
UMA ANÁLISE DO CADERNO ESCOLA SEM HOMOFOBIA. AVALIAMOS O MATERIAL
DIDÁTICO QUE FICOU PEJORATIVAMENTE CONHECIDO COMO 'KIT GAY' E TEVE SUA
DISTRIBUIÇÃO SUSPENSA PELO GOVERNO FEDERAL EM 2011 (Bruno Mazzoco, Revista
Nova Escola, 01 de Fevereiro de 2015) 946
KITS DE PT E PSDB TÊM ITENS INCÔMODOS PARA EVANGÉLICOS (Coluna Poder,
Folha/Uol, 18 de outubro de 2012) 948
CONSELHO Nacional de Combate à Discriminação. Brasil Sem Homofobia: Programa
de combate à violência e à discriminação contra GLTB e promoção da cidadania
homossexual. Brasília : Ministério da Saúde, 2004 951
MAIS DE 20 GRUPOS LGBT ACUSAM PREFEITO DE SP DE IGNORAR CARTA
PROTOCOLADA (Blog do Paulo Sampaio/Uol, 04 de agosto de 2018... A matéria é
interessante, entre outras coisas porque apresenta a “Diversidade Tucana —
movimento LGBT do PSDB” ... Ver também “PP, PSC, PSDB e MDB, os partidos da
‘Escola sem Partido’”, Mariana Bastos com reportagem adicional de Carolina de Assis,
Gênero e Número, 18 de abril de 2018: http://www.generonumero.media/pp-pscpsdb-e-mdb-os-partidos-da-escola-sem-partido/ ) 762
INDIGNADOS COM DESPREZO DE COVAS, GRUPOS LGBT LANÇAM
#SAIDOGABINETEPREFEITO (Paulo Sampaio, Blog do Paulo Sampaio/Uol, 22 de agosto
de 2018... A matéria traz informações sobre programas da Prefeitura de São Paulo,
como o Transcidadania...) 765/766
“SEM SER SUBALTERNO NEM USAR UNIFORME”: EMPRESA SÓ TEM BABÁS LGBTS
(Marcos Candido, Uol Universa, 15 de setembro de 2018) 890
SOLDADO QUE BEIJOU HOMEM NO METRÔ DE SP RECEBE SOLIDARIEDADE DE
POLICIAIS LGBT (Janaina Garcia, Uol, 13 de julho de 2018) 20
COMO A RIGIDEZ SOBRE DEMONSTRAÇÕES DE AFETO INFLUENCIA O TRABALHO DA
PM NAS RUAS? (Janaina Garcia e Luís Adorno, Uol, 13 de julho de 2018) 23
1234
A FARDA DA ALMA (Programa Conexão Repórter, jornalista Roberto Cabrini, SBT, 09
de julho de 2018. Com Leandro Prior, soldado da PM de SP...) 27
GRUPOS REPUDIAM EDITAL DA PM-PR QUE EXIGE “MASCULINIDADE” DE
CANDIDATOS (Isabella Macedo, Congresso em Foco/Uol, 11 de agosto de 2018 671...
Ver na secção Forças armadas e questões de gênero... , do índice deste arquivo, as
matérias relacionadas com a matéria POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É ATACADO
POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO GOVERNADOR 07... Ver ainda, na secção
Eleições 2018..., deste arquivo, as matérias relacionadas à candidatura de Jair
Bolsonaro à presidência da República... ) 671
EDITAL nº 01-CADETE PMPR-2019. CONCURSO PÚBLICO DESTINADO AO
PREENCHIMENTO DE VAGAS NO CARGO DE CADETE POLICIAL MILITAR DA POLÍCIA
MILITAR DO ESTADO DO PARANÁ. ESTADO DO PARANÁ. POLÍCIA MILITAR. DIRETORIA
DE PESSOAL. CENTRO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO 674
GOVERNADORA DETERMINA CORREÇÃO DE EDITAL DE CONCURSO DA PM DO
PARANÁ QUE PREVIA CRITÉRIO DE “MASCULINIDADE” (Roger Pereira, Paraná
Portal/Uol, 13 de agosto de 2018) 674
EXIGÊNCIA DE “MASCULINIDADE" PARA PM É MONUMENTO À FRAGILIDADE DO
HOMEM (Matheus Pichonelli, Blog do Pichonelli/Uol, 15 de agosto de 2018) 675
POR QUE LULU SANTOS DEVERIA SE ESCONDER NO ARMÁRIO? (Tony Goes, F5 Folha/
Uol, 25 de julho de 2018 669... Ver ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? 698 )
669
ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? (Flávia Silva, Ponte Jornalismo, 29 de
agosto de 2018 698... Comparar o artigo com a proposta do Escola Sem Partido,
contrária a discussões sobre sexualidade nas escolas, censurando informações sobre a
existência do que não é heterossexualidade... Ver também POR QUE LULU SANTOS
DEVERIA SE ESCONDER NO ARMÁRIO? 669 ... “ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O
APELO DA MÃE DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE MATOU APÓS BULLYING POR
HOMOFOBIA 692... OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS
PARA SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL 713) 698
MARIELLE E MÔNICA: UMA HISTÓRIA DE AMOR INTERROMPIDA AOS 5 MESES DA
MORTE DA VEREADORA, MÔNICA BENÍCIO CONTA COMO MARIELLE SE TORNOU O
1235
AMOR DA SUA VIDA E EXPLICA POR QUE DIZER QUE É SAPATÃO É UM ATO POLÍTICO
(Daniel Arroyo e Paloma Vasconcelos, Ponte Jornalismo reproduzido pelo El País, 15 de
agosto de 2018) 701
COMO EXPLICAR O BEIJO GAY DA NOVELA DAS 6 PARA OS FILHOS? A NOVELA
EXPLICA! (Nilson Xavier, Blog do Nilson Xavier/Uol, 30 de agosto de 2018) 891
PELA PRIMEIRA VEZ, GLOBO EXIBE BEIJO GAY EM NOVELA DAS SEIS E PÚBLICO
COMEMORA (Notícias da TV/Uol, Daniel de Castro, por Gabriel Perline (redator desta
notícia), 12 de setembro de 2018) 751
"ORGULHO E PAIXÃO" INAUGUROU UM NOVO TIPO DE DRAMATURGIA: A "NOVELA
DISNEY" (Nilson Xavier, Blog do Nilson Xavier/Uol, 24 de setembro de 2018) 893
FOTO DE CASAL GAY SE BEIJANDO GERA POLÊMICA EM UM DOS PONTOS
TURÍSTICOS MAIS IMPORTANTES DO BRASIL (Glenn Greenwald, The Intercept Brasil,
30 de Julho de 2018 257... Ver PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS
CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES
260 … Ver, junto com matérias a ela associadas, POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É
ATACADO POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO GOVERNADOR 07 ) 257
PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST
IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES (Glenn Greenwald, The Intercept, July 30
2018) 260
A HORA DO PAPA FRANCISCO TRANSFORMAÇÃO EMPREENDIDA PELO PONTÍFICE,
RUMO AOS SEUS 82 ANOS, SE ENCONTRA EM UM MOMENTO DECISIVO QUE
DETERMINARÁ O SUCESSO DE SEU PAPADO E A HERANÇA QUE DEIXA (Daniel Verdú,
El País, 07 de julho de 2018 51/52... Ver também GOVERNO ULTRACONSERVADOR
POLONÊS FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA
DIREITOS DAS MULHERES E SUBVENÇÕES. ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO
EXECUTIVO ÀS ENTIDADES QUE LUTAM PELA IGUALDADE 57 ... AFASTADA,
PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA. APOIADA POR
ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E COMPARECEU A SEU
GABINETE 62 ... A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO ULTRACONSERVADOR DA
POLÔNIA. A PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO, MALGORZATA GERSDORF,
APRESENTOU-SE PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA, POUCAS HORAS DEPOIS DA
ATIVAÇÃO DA POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA APOSENTADORIA E DE OUTROS 27
1236
JUÍZES 64... No arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido, há mais sobre a
Polônia, por exemplo, a respeito de aborto e de sua representação no Parlamento
Europeu, eurodeputado... EURODEPUTADO POLONÊS É PUNIDO POR DECLARAÇÕES
SEXISTAS. ULTRACONSERVADOR JANUSZ KORWIN-MIKKE É MULTADO EM MAIS DE 9
MIL EUROS E SUSPENSO DO PARLAMENTO EUROPEU POR DIZER QUE MULHERES SÃO
"MAIS FRACAS" E "MENOS INTELIGENTES" DO QUE OS HOMENS (2017) 42 e 612 )
51/52
REINO UNIDO PROIBIRÁ AS PSEUDOTERAPIAS QUE AFIRMAM “CURAR” A
HOMOSSEXUALIDADE. SOMENTE TRÊS PAÍSES, BRASIL, EQUADOR E MALTA, TÊM LEIS
QUE PROÍBEM EXPRESSAMENTE ESTE TIPO DE PRÁTICAS (María R. Sahuquillo, El País,
03 de julho de 2018) 118
“CURA GAY”: REINO UNIDO PROÍBE; NO BRASIL, MPF QUER LIBERAR
(Justificando/Carta Capital, 05 de julho de 2018 120... Ver “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114) 120
ÍNDIA DESPENALIZA A HOMOSSEXUALIDADE. SUPREMA CORTE REVOGA PROIBIÇÃO
ESTABELECIDA POR UMA LEI VITORIANA DO SÉCULO XIX (Ángel L. Martínez Cantera,
El País, 06 de setembro de 2018 694/695... Ver UMA AVALIAÇÃO SOBRE A BUSCA DE
DIREITOS LGBT PELO MUNDO 104 ... BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA
MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EXPARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO
MUNDO AFIRMA QUE A COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS
DIREITOS 108 ) 694/695
SUPREMA CORTE DA ÍNDIA DESCRIMINALIZA HOMOSSEXUALIDADE. EM DECISÃO
HISTÓRICA, JUÍZES JULGAM INCONSTITUCIONAL LEI DA ERA COLONIAL QUE PUNIA
"ATOS CONTRA A NATUREZA" COM ATÉ DEZ ANOS DE PRISÃO, NUMA GRANDE
VITÓRIA PARA OS DEFENSORES DOS DIREITOS DA COMUNIDADE LGBT (Deutsche
Welle, 06 de setembro de 2018) 996/997
UMA AVALIAÇÃO SOBRE A BUSCA DE DIREITOS LGBT PELO MUNDO (André Cabette
Fábio, Nexo Jornal 03 de julho de 2018... Entrevista com Boris Dittrich, da Human
Rights Watch) 104
1237
BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE
NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EX-PARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA
PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO MUNDO AFIRMA QUE A
COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS DIREITOS (Joana
Oliveira , El País, 18 de julho de 2018 108... Ver também “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114 ) 108
CUBA ELIMINA A PALAVRA “COMUNISMO” NO ANTEPROJETO DE REFORMA
CONSTITUCIONAL O NOVO TEXTO SÓ MENCIONA O “SOCIALISMO” E SUPRIME O
OBJETIVO DO “AVANÇO RUMO À SOCIEDADE COMUNISTA”, QUE FIGURA NA ATUAL
CONSTITUIÇÃO DE 1976 (Pablo de Llano, El País, 21 de julho de 2018) 139
CUBA REFORMA CONSTITUIÇÃO PARA REVERTER DÉCADAS DE HOMOFOBIA.
PROJETO DE REFORMA APROVADO NA ASSEMBLEIA NACIONAL REDEFINE O
CASAMENTO COMO A “UNIÃO ENTRE DUAS PESSOAS” (Pablo de LLano, El País, 23 de
julho de 2018) 213
OPINIÃO: CASAMENTO GAY EM CUBA, UMA DÍVIDA ADIADA. OS PRECONCEITOS
QUE ALIMENTARAM POR DÉCADAS A HOMOFOBIA NA ILHA SEGUEM VIVOS E
PODEM ATRASAR A APROVAÇÃO DAS UNIÕES ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO,
OPINA O DRAMATURGO ABEL GONZÁLEZ (Abel González Melo, Deutsche Welle, 26 de
julho de 2018) 248
Gays, lésbicas... preconceito, discriminação, exclusão... violência...
“SER GAY É O MELHOR PRESENTE QUE DEUS ME DEU”, DIZ PRESIDENTE DA APPLE.
TIM COOK DECLAROU SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL EM 2014 (Folha/Uol, 24 de outubro
de 2018) 1064
GAYS, NEGROS E INDÍGENAS JÁ SENTEM NAS RUAS O MEDO DE UM GOVERNO
BOLSONARO. EPISÓDIOS DE INTIMIDAÇÃO AUMENTAM ANSIEDADE ENTRE GRUPOS
QUE SE SENTEM VULNERÁVEIS POR DISCURSOS FEITOS NO PASSADO, E HOJE
NEGADOS, PELO CANDIDATO. DEBATE SOBRE ESTRATÉGIAS DE PROTEÇÃO CRESCE
PARA “RESISTIR EM TEMPOS SOMBRIOS”, DIZ ATIVISTA (Joana Oliveira e Naira
Hofmeister, El País, 20 de outubro de 2018) 1006
1238
“PARA VOCÊ NÃO ROMPER O SILÊNCIO E MANTER AS RELAÇÕES SAUDÁVEIS, VOCÊ
TEM QUE NEGAR A SUA COR”. ESPECIALISTA NO ATENDIMENTO DE MULHERES
NEGRAS, PSICÓLOGA MARIA JESUS MOURA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE
LEVAR EM CONTA O RACISMO SOFRIDO POR SUAS PACIENTES E NÃO NEGÁ-LO
(Marina Rossi, El País, 13 de julho de 2018 157... Ver SOMOS TODAS MC K_BELAS
162 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA
CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA
O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista
Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do
Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo
o texto do jornalista... 78 ... Ver também A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA
DEMOCRACIA RACIAL 222) 157
“ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O APELO DA MÃE DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE
MATOU APÓS BULLYING POR HOMOFOBIA (BBC News Brasil, 29 de agosto de 2018
692... Ver ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? 698... Ver O QUE AS EMPRESAS
PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO MERCADO DE TRABALHO 716 ) 692
REPRESSÃO ALÉM DA POLÍTICA. A DITADURA CONTRA OS GAYS: SER “DIFERENTE”
ERA AMEAÇA À SEGURANÇA NACIONAL (Gabriela Fujita, Uol, 12 de agosto de 2108...
Ver livro “Ditadura e Homossexualidades – Repressão, Resistência e a Busca da
Verdade”, Renan Quinalha James N. Green (organizadores), EdUFSCar, 2014... Ver, na
secção Livros e trabalhos acadêmicos sobre questões de gênero... há links para
download, deste arquivo: “Contra a moral e os bons costumes: a política sexual da
ditadura brasileira (1964-1988)”, Renan Honorio Quinalha, nstituto de Relações
Internacionais, USP, 2017. Orientadora: Rossana Rocha Reis. Tese de doutorado:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/101/101131/tde-20062017-182552/ptbr.php ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 2: “SOBREVIVI”,
DIZ VÍTIMA DE OPERAÇÃO DA POLÍCIA DE CAÇA A TRAVESTIS HÁ 31 ANOS 746 ) 677
BOLSONARO E A AUTOVERDADE. COMO A VALORIZAÇÃO DO ATO DE DIZER, MAIS
DO QUE O CONTEÚDO DO QUE SE DIZ, VAI IMPACTAR A ELEIÇÃO NO BRASIL (Eliane
Brum, El País, 16 de julho de 2018... Eliane Brum trata - entre outras questões - de
ações de igrejas e movimentos de direita contra pessoas LGBTQs e a favor da censura
nas escolas, via Escola Sem Partido...) 05
1239
POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É ATACADO POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO
GOVERNADOR (Paulo Eduardo Dias e Juliana Santoros, especial para Ponte Jornalismo,
05 de julho de 2018 07... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido:
PROFESSORES DENUNCIAM AMEAÇA DE PMS EM AUDIÊNCIA NA UNIFESP: "DEPOIS
MORRE E NÃO SABE POR QUÊ" (Luís Adorno, Uol, 15 de agosto de 2017) 871 ... NOTA
DE REPÚDIO DIANTE DO OCORRIDO NO CAMPUS BAIXADA SANTISTA (Adunifesp, 14 de
agosto de 2017) 874 ... “ELES NÃO ESTAVAM LÁ À TOA; ALGUÉM DETERMINOU”, DIZ
ADILSON PAES SOBRE INVASÃO DE POLICIAIS À AUDIÊNCIA NA UNIFESP (Ciro Barros,
Agência Pública, 15 de agosto de 2017) 875 ) 07
DESONROSO É AMEAÇAR, DIZ PM QUE FOI FILMADO BEIJANDO RAPAZ EM SP.
POLICIAL VIROU ALVO DE COMENTÁRIOS DE ÓDIO, FOI AMEAÇADO E AFASTADO DO
TRABALHO (Marlene Bergamo Pedro Diniz, Folha/Uol, 10 de julho de 2018) 12
PM RELATA ROTINA DE TENSÃO APÓS AMEAÇAS POR ‘SELINHO”: "É COMO S EEU
ESTIVESSE DE TORNOZELEIRA" (Janaina Garcia, Uol, 12 de julho de 2018) 14
PM AMEAÇADO APÓS BEIJAR HOMEM NO METRÔ DE SP RECEBE PROTEÇÃO POLICIAL
(Janaina Garcia, Uol, 13 de julho de 2018) 18
SOLDADO QUE BEIJOU HOMEM NO METRÔ DE SP RECEBE SOLIDARIEDADE DE
POLICIAIS LGBT (Janaina Garcia, Uol, 13 de julho de 2018) 20
COMO A RIGIDEZ SOBRE DEMONSTRAÇÕES DE AFETO INFLUENCIA O TRABALHO DA
PM NAS RUAS? (Janaina Garcia e Luís Adorno, Uol, 13 de julho de 2018) 23
A FARDA DA ALMA (Programa Conexão Repórter, jornalista Roberto Cabrini, SBT, 09
de julho de 2018. Com Leandro Prior, soldado da PM de SP...) 27
GRUPOS REPUDIAM EDITAL DA PM-PR QUE EXIGE “MASCULINIDADE” DE
CANDIDATOS (Isabella Macedo, Congresso em Foco/Uol, 11 de agosto de 2018 671...
Ver na secção Forças armadas e questões de gênero... , do índice deste arquivo, as
matérias relacionadas com a matéria POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É ATACADO
POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO GOVERNADOR 07... Ver ainda, na secção
Eleições 2018..., deste arquivo, as matérias relacionadas à candidatura de Jair
Bolsonaro à presidência da República... ) 671
EDITAL nº 01-CADETE PMPR-2019. CONCURSO PÚBLICO DESTINADO AO
PREENCHIMENTO DE VAGAS NO CARGO DE CADETE POLICIAL MILITAR DA POLÍCIA
1240
MILITAR DO ESTADO DO PARANÁ. ESTADO DO PARANÁ. POLÍCIA MILITAR. DIRETORIA
DE PESSOAL. CENTRO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO 674
GOVERNADORA DETERMINA CORREÇÃO DE EDITAL DE CONCURSO DA PM DO
PARANÁ QUE PREVIA CRITÉRIO DE “MASCULINIDADE” (Roger Pereira, Paraná
Portal/Uol, 13 de agosto de 2018) 674
EXIGÊNCIA DE “MASCULINIDADE" PARA PM É MONUMENTO À FRAGILIDADE DO
HOMEM (Matheus Pichonelli, Blog do Pichonelli/Uol, 15 de agosto de 2018) 675
ORDEM NAS FORÇAS ARMADAS É EXPURGAR LGBTS, DIZ CRIADOR DE ONG QUE
ATENDE VÍTIMAS DE HOMOFOBIA (Janaina Garcia, Uol, 18 de julho de 2018 141... Ver
EM VÍDEO, BOLSONARO FAZ GESTO DE ARMA EM MÃO DE CRIANÇA 146 ... APÓS
POLÊMICA, MAIS UMA CRIANÇA FAZ GESTO DE ARMA COM BOLSONARO 149 ... Ver,
no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA CASERNA.
INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA O
EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista Piaui/Uol,
edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do Exército, general
Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo o texto do
jornalista... 78 ... Ver também A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA
DEMOCRACIA RACIAL 222) 141
EX-SARGENTO GAY RELATA PRESSÃO PARA DEIXAR EXÉRCITO: "VIADO NÃO PODE
ENVERGAR O VERDE-OLIVA" (Janaina Garcia, Uol, 21 de julho de 2018) 144
“JÁ TEVE ALGUM ENVOLVIMENTO COM HOMOSSEXUALISMO?” A TROPA DE ELITE
DA MARINHA QUER SABER (Tatiana Dias, The Intercept, 24 de Agosto de 2018) 688
POR QUE LULU SANTOS DEVERIA SE ESCONDER NO ARMÁRIO? (Tony Goes, F5 Folha/
Uol, 25 de julho de 2018 669... Ver ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? 698 )
669
FOTO DE CASAL GAY SE BEIJANDO GERA POLÊMICA EM UM DOS PONTOS
TURÍSTICOS MAIS IMPORTANTES DO BRASIL (Glenn Greenwald, The Intercept Brasil,
30 de Julho de 2018 257... Ver PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS
CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES
260 … Ver, junto com matérias a ela associadas, POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É
ATACADO POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO GOVERNADOR 07 ) 257
1241
PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST
IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES (Glenn Greenwald, The Intercept, July 30
2018) 260
JOVEM DIZ QUE FOI AGREDIDO EM SANTOS (SP) PARA "PARAR DE SER VEADO"
(Mirthyani Bezerra, Uol, 13 de julho de 2018 27... Ver também “É TRISTE QUE EU
TENHA QUE TOMAR ESSE CUIDADO”, DIZ TORCEDOR GAY QUE VAI À COPA DA RÚSSIA
SOBRE ALERTAS DE HOMOFOBIA 134 ) 27
“NO SAPATINHO”: A EVOLUÇÃO DAS MILÍCIAS NO RIO DE JANEIRO (2008-2011)
(Ignácio Cano e Thais Duarte, coordenadores, Kryssia Ettel e Fernanda Novaes Cruz,
pesquisadoras, Rio de Janeiro, Fundação Heinrich Böll, 2012) 219
A HORA DO PAPA FRANCISCO TRANSFORMAÇÃO EMPREENDIDA PELO PONTÍFICE,
RUMO AOS SEUS 82 ANOS, SE ENCONTRA EM UM MOMENTO DECISIVO QUE
DETERMINARÁ O SUCESSO DE SEU PAPADO E A HERANÇA QUE DEIXA (Daniel Verdú,
El País, 07 de julho de 2018 51/52... Ver também GOVERNO ULTRACONSERVADOR
POLONÊS FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA
DIREITOS DAS MULHERES E SUBVENÇÕES. ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO
EXECUTIVO ÀS ENTIDADES QUE LUTAM PELA IGUALDADE 57 ... AFASTADA,
PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA. APOIADA POR
ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E COMPARECEU A SEU
GABINETE 62 ... A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO ULTRACONSERVADOR DA
POLÔNIA. A PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO, MALGORZATA GERSDORF,
APRESENTOU-SE PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA, POUCAS HORAS DEPOIS DA
ATIVAÇÃO DA POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA APOSENTADORIA E DE OUTROS 27
JUÍZES 64... No arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido, há mais sobre a
Polônia, por exemplo, a respeito de aborto e de sua representação no Parlamento
Europeu, eurodeputado... EURODEPUTADO POLONÊS É PUNIDO POR DECLARAÇÕES
SEXISTAS. ULTRACONSERVADOR JANUSZ KORWIN-MIKKE É MULTADO EM MAIS DE 9
MIL EUROS E SUSPENSO DO PARLAMENTO EUROPEU POR DIZER QUE MULHERES SÃO
"MAIS FRACAS" E "MENOS INTELIGENTES" DO QUE OS HOMENS (2017) 42 e 612 )
51/52
REINO UNIDO PROIBIRÁ AS PSEUDOTERAPIAS QUE AFIRMAM “CURAR” A
HOMOSSEXUALIDADE. SOMENTE TRÊS PAÍSES, BRASIL, EQUADOR E MALTA, TÊM LEIS
1242
QUE PROÍBEM EXPRESSAMENTE ESTE TIPO DE PRÁTICAS (María R. Sahuquillo, El País,
03 de julho de 2018) 118
“CURA GAY”: REINO UNIDO PROÍBE; NO BRASIL, MPF QUER LIBERAR
(Justificando/Carta Capital, 05 de julho de 2018 120... Ver “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114) 120
SUÍÇA INVESTIGA MÉDICO FRANCÊS QUE DIZ CURAR HOMOSSEXUALIDADE (RFI
reproduzida pelo Uol Universa, 15 de agosto de 2018) 686
ÍNDIA DESPENALIZA A HOMOSSEXUALIDADE. SUPREMA CORTE REVOGA PROIBIÇÃO
ESTABELECIDA POR UMA LEI VITORIANA DO SÉCULO XIX (Ángel L. Martínez Cantera,
El País, 06 de setembro de 2018 694/695... Ver UMA AVALIAÇÃO SOBRE A BUSCA DE
DIREITOS LGBT PELO MUNDO 104 ... BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA
MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EXPARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO
MUNDO AFIRMA QUE A COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS
DIREITOS 108 ) 694/695
SUPREMA CORTE DA ÍNDIA DESCRIMINALIZA HOMOSSEXUALIDADE. EM DECISÃO
HISTÓRICA, JUÍZES JULGAM INCONSTITUCIONAL LEI DA ERA COLONIAL QUE PUNIA
"ATOS CONTRA A NATUREZA" COM ATÉ DEZ ANOS DE PRISÃO, NUMA GRANDE
VITÓRIA PARA OS DEFENSORES DOS DIREITOS DA COMUNIDADE LGBT (Deutsche
Welle, 06 de setembro de 2018) 996/997
PARLAMENTO DE HONDURAS PROÍBE ADOÇÃO PARA CASAIS HOMOSSEXUAIS
(Agência EFE reproduzida pelovUol, 17 de agosto de 2018 687... Ver UMA AVALIAÇÃO
SOBRE A BUSCA DE DIREITOS LGBT PELO MUNDO 104 ... BORIS DITTRICH:
“OPRESSÃO TAMBÉM CRIA MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE NECESSÁRIO, ESSE SEJA O
CASO NO BRASIL”. EX-PARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA PRIMEIRA LEI DE
CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO MUNDO AFIRMA QUE A COMUNIDADE LGBT NUNCA
DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS DIREITOS 108 ... Ver, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 3: CORTE INTERAMERICANA DETERMINA QUE 20 PAÍSES
RECONHEÇAM CASAMENTO GAY 999 ) 687
1243
UMA AVALIAÇÃO SOBRE A BUSCA DE DIREITOS LGBT PELO MUNDO (André Cabette
Fábio, Nexo Jornal 03 de julho de 2018... Entrevista com Boris Dittrich, da Human
Rights Watch) 104
BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE
NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EX-PARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA
PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO MUNDO AFIRMA QUE A
COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS DIREITOS (Joana
Oliveira , El País, 18 de julho de 2018 108... Ver também “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114 ) 108
CUBA ELIMINA A PALAVRA “COMUNISMO” NO ANTEPROJETO DE REFORMA
CONSTITUCIONAL O NOVO TEXTO SÓ MENCIONA O “SOCIALISMO” E SUPRIME O
OBJETIVO DO “AVANÇO RUMO À SOCIEDADE COMUNISTA”, QUE FIGURA NA ATUAL
CONSTITUIÇÃO DE 1976 (Pablo de Llano, El País, 21 de julho de 2018) 139
CUBA REFORMA CONSTITUIÇÃO PARA REVERTER DÉCADAS DE HOMOFOBIA.
PROJETO DE REFORMA APROVADO NA ASSEMBLEIA NACIONAL REDEFINE O
CASAMENTO COMO A “UNIÃO ENTRE DUAS PESSOAS” (Pablo de LLano, El País, 23 de
julho de 2018) 213
OPINIÃO: CASAMENTO GAY EM CUBA, UMA DÍVIDA ADIADA. OS PRECONCEITOS
QUE ALIMENTARAM POR DÉCADAS A HOMOFOBIA NA ILHA SEGUEM VIVOS E
PODEM ATRASAR A APROVAÇÃO DAS UNIÕES ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO,
OPINA O DRAMATURGO ABEL GONZÁLEZ (Abel González Melo, Deutsche Welle, 26 de
julho de 2018) 248
CONHEÇA 4 CIENTISTAS LGBT QUE REVOLUCIONARAM O MUNDO. O QUE NOMES
COMO ALAN TURING, FLORENCE NIGHTINGALE, ALAN HART E FRANCIS BACON TÊM
EM COMUM? TODOS REVOLUCIONARAM A CIÊNCIA MUNDIAL, SALVARAM MILHÕES
DE VIDAS, MAS SOFRERAM COM A INTOLERÂNCIA E PRECONCEITO POR SUAS OPÇÕES
SEXUAIS (Thiago L., Uol Guia do Litoral, s/data, mas é julho de 2018) 123
Intersexuais...
1244
VIDEO “I WANT TO BE LIKE NATURE MADE ME”. MEDICALLY UNNECESSARY
SURGERIES ON INTERSEX CHILDREN IN THE US (Human Rights Watch, 25 de julho de
2017) 126
GOVERNO ALEMÃO ABRE CAMINHO PARA REGISTRO DE TERCEIRO GÊNERO PROJETO
DE LEI PREVÊ QUE PAIS DE CRIANÇAS INTERSEXUAIS POSSAM ASSINALAR A OPÇÃO
“DIVERSO”, ALÉM DE MASCULINO E FEMININO, AO REGISTRAR NASCIMENTO.
PROPOSTA SEGUE DETERMINAÇÃO DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL (Deutsche Welle,
15 de agosto de 2018) 769
OPINIÃO: RECONHECER "INTERSEXO" É APENAS UM PRIMEIRO PASSO. ALÉM DE
"MASCULINO" OU "FEMININO", DOCUMENTOS ALEMÃES INCLUEM AGORA O GÊNERO
"DIVERSO". UM AVANÇO, MAS AINDA HÁ MUITO A FAZER PELA PROTEÇÃO E
RECONHECIMENTO DOS INTERSEXUAIS, OPINA JORNALISTA PACINTHE MATTAR
(Pacinthe Mattar, Deutsche Welle, 17 de agosto de 2018) 775
O QUE MUDA NA ALEMANHA COM A LEI QUE CRIA O “TERCEIRO GÊNERO”, PARA
PROTEGER PESSOAS INTERSEXUAIS [Gabriel Bonis, BBC News Brasil, 25 de agosto de
2018 771... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: SOU
INTERSEXUAL, NÃO HERMAFRODITA. AS PESSOAS QUE NÃO SE ENCAIXAM NA
ATRIBUIÇÃO TRADICIONAL DO SEXO PEDEM MAIOR VISIBILIDADE, SEM CLICHÊS OU
DESINFORMAÇÃO (Barbara Ayuso, El País, 17 de setembro de 2016) 851/852 ...
HOLANDA INCLUI GÊNERO NEUTRO NO REGISTRO CIVIL. UMA PESSOA INTERSEXUAL
REGISTRADA COMO HOMEM, QUE DEPOIS SE IDENTIFICOU COMO MULHER,
SOLICITOU A CRIAÇÃO DE UMA TERCEIRA OPÇÃO NA DOCUMENTAÇÃO OFICIAL (Isabel
Ferrer, El País, 28 de maio de 2018) 831 ] 771
Jornalismo e questões de gênero... diversidade...
Nesta secção estão matérias que, a meu ver, ou meramente reproduzem a ideologia
de gênero de igrejas..., ou discutem criticamente o próprio jornalismo, ou, ainda,
matérias e programas que, sempre a meu ver, são pontos altos do jornalismo – quer
porque enfrentam questões dominadas por preconceitos, quer pela escolha de
entrevistados, pela relação entre jornalistas e entrevistados...
1245
“NENHUMA NARRATIVA SUBSTITUI A REPORTAGEM COMO DOCUMENTO SOBRE A
HISTÓRIA EM MOVIMENTO”. DISCURSO DE ELIANE BRUM, COLUNISTA DO EL PAÍS,
LIDO DURANTE O PRÊMIO COMUNIQUE-SE, DESTACA O PAPEL IMPRESCINDÍVEL DO
JORNALISMO NUM MOMENTO BRUTAL DO BRASIL. XICO SÁ TAMBÉM VENCEU
PRÊMIO NA CATEGORIA CULTURA PELOS TEXTOS PUBLICADOS NESTE JORNAL (Eliane
Brum, El País, 12 de setembro de 2018) 828
AOS INDECISOS, AOS QUE SE ANULAM, AOS QUE PREFEREM NÃO. O MAIOR DELÍRIO
VIVIDO HOJE NO BRASIL É O DA “NORMALIDADE” (Eliane Brum, El País, 24 de outubro
de 2018 1064... Ver MINISTRO DO TSE VETA PROGRAMA DE HADDAD QUE ASSOCIA
BOLSONARO À TORTURA (Uol, 20 de outubro de 2018 1005...) 1064
A FARDA DA ALMA (Programa Conexão Repórter, jornalista Roberto Cabrini, SBT, 09
de julho de 2018. Com Leandro Prior, soldado da PM de SP...) 27
POR QUE LULU SANTOS DEVERIA SE ESCONDER NO ARMÁRIO? (Tony Goes, F5 Folha/
Uol, 25 de julho de 2018 669... Ver ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? 698)
669
“PARA VOCÊ NÃO ROMPER O SILÊNCIO E MANTER AS RELAÇÕES SAUDÁVEIS, VOCÊ
TEM QUE NEGAR A SUA COR”. ESPECIALISTA NO ATENDIMENTO DE MULHERES
NEGRAS, PSICÓLOGA MARIA JESUS MOURA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE
LEVAR EM CONTA O RACISMO SOFRIDO POR SUAS PACIENTES E NÃO NEGÁ-LO
(Marina Rossi, El País, 13 de julho de 2018 157... Ver SOMOS TODAS MC K_BELAS
162 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA
CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA
O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista
Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do
Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo
o texto do jornalista... 78 ... Ver também A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA
DEMOCRACIA RACIAL 222) 157
OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA
SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL (Reportagem Bianca
Borges. Uol TAB, 30 de julho de 2018 247... Ver PABLLO VITTAR CHORA AO LEMBRAR
1246
BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME BATERAM" 724/725 ... “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114 ... COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874) 247
DADOS SOBRE ASSASSINATO DE LGBTS SÃO INCOMPLETOS. VERA LÚCIA, DO PSTU,
CITOU O BRASIL COMO CAMPEÃO MUNDIAL EM HOMICÍDIOS DO TIPO, MAS
ESTATÍSTICAS TÊM LACUNAS E NÃO COMPARAM TODOS OS PAÍSES (Ethel Rudnitzki,
Agência Pública, 29 de agosto de 2018) 737
QUEM ESPALHA DESINFORMAÇÃO? E QUEM NÃO ESPALHA? A MELHOR FORMA DE
LIDAR COM UMA POTENCIAL MENTIRA É PERMITIR QUE ELA SEJA DITA, PARA QUE
POSSA SER DESMENTIDA PUBLICAMENTE OU CONFRONTADA JUDICIALMENTE
(Rodolfo Borges, El País, 28 de julho de 2018 540/541... Ver MBL CONDENADO POR
TRE POR PUBLICAR NOTÍCIA FALSA SOBRE JAQUES WAGNER (PT). MBL DAVA A
ENTENDER EM VÍDEO QUE PROTESTOS ANTI-LULA ERAM CONTRA CANDIDATO AO
SENADO 579 ... ESTÁ CLARO QUE O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO NÃO TEM
CONDIÇÕES DE FISCALIZAR AS FRAUDES DO MBL, ATÉ PORQUE PARTE DELE ESTÁ EM
CONLUIO COM ELES. COMO A REDE É PRIVADA, SÓ QUEM TEM PODER PARA COIBIR
ABUSOS É O PRÓPRIO FACEBOOK 542 ... LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO
JORNAL NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO MEC (Uol, 30 de agosto de 2018... A
matéria também cita atuação do MBL) 598/599 ... TÍTULOS DE VÍDEOS DO CANAL DO
YOUTUBE MBL – MOVIMENTO BRASIL LIVRE 961 ... Sobre o MBL, mencionado no
artigo e que apoia o Escola Sem Partido, ver a secção Assassinato de Marielle Franco
(PSOL), vereadora do Rio de Janeiro: 14 de março de 2018..., página 1170, do arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, com destaque para as matérias COMO
GANHOU CORPO A ONDA DE FAKE NEWS SOBRE MARIELLE FRANCO 224... ESTUDO
RESPONSABILIZA SITE DE OPINIÃO POLÍTICA E MBL POR ESPALHAR FAKE NEWS SOBRE
MARIELLE 229... FACEBOOK TIRA DO AR PÁGINA E PERFIS ASSOCIADOS À ONDA DE
FAKE NEWS CONTRA MARIELLE. REDE SOCIAL DIZ QUE PERFIS FALSOS FEREM AS
NORMAS) 230... FACEBOOK TIRA DO AR PÁGINA QUE BOMBOU NOTÍCIA FALSA
SOBRE MARIELLE FRANCO 232... O EXÉRCITO DE PINÓQUIOS. COMO OPERAM DEZ
DOS MAIORES SITES DE NOTÍCIAS FALSAS DO PAÍS, PAGOS ATÉ COM VERBA DE
GABINETE PARA DISSEMINAR BOATOS 469... ASSÉDIO E ATAQUE A JORNALISTAS NO
CONGRESSO 775/776... DONO DE SITES CRITICADOS POR “FAKE NEWS” RECEBE
DINHEIRO DE DEPUTADO 777... GRUPOS DIREITISTAS DIFUNDEM “FAKE NEWS” PARA
CRITICAR COMBATE DO FACEBOOK ÀS “FAKE NEWS”. MBL E ATIVISTAS DE EXTREMA1247
DIREITA ATACAM AGÊNCIAS DE CHECAGEM DE INFORMAÇÕES, DIVULGAM PERFIS
PESSOAIS DE JORNALISTAS E USAM DADOS FALSOS PARA DESQUALIFICAR INICIATIVA
DA REDE SOCIAL 649... ASSÉDIO E ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO
775/776) 540/541
JORNAL CIDADE DE RIO CLARO, PRIMEIRA PÁGINA, 08 DE OUTUBRO DE 2018 (Um dia
depois da realização do primeiro turno das eleições de 2018 1035/1036... Ver JORNAL
CIDADE DE RIO CLARO, PRIMEIRA PÁGINA, 11 DE OUTUBRO DE 2018 1037 )
1035/1036
JORNAL CIDADE DE RIO CLARO, PRIMEIRA PÁGINA, 11 DE OUTUBRO DE 2018 1037
JORNAL CHAMA RUSSAS DE “PUTAS” POR COMPORTAMENTO SEXUAL NA COPA
(Luiza Oliveira, Uol Esporte, 03 de julho de 2018 200... Ver FUNCIONÁRIA DO
MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS É MORTA A FACADAS POR EX-MARIDO NO DF.
JANAÍNA ROMÃO, DE 30 ANOS, FOI GOLPEADA CINCO VEZES PELO AGRESSOR, COM
QUEM TINHA DUAS FILHAS; HOMEM É PROCURADO PELA POLÍCIA CIVIL. ENTERRO
SERÁ NO CEMITÉRIO DO GAMA) 203 ) 200
“Ideologia de gênero” e Escola Sem Partido… matérias e textos de opinião...
Ver ainda, neste arquivo, a secção Eleições 2018...
DOUTRINAÇÃO E MASSIFICAÇÃO: ESCRITOR LEMBRA DA EDUCAÇÃO EM COLÉGIO
MILITAR (Rodrigo Casarin, Blog Página Cinco/Uol, 24 de outubro de 2018 1061... Ver,
no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA CASERNA.
INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA O
EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista Piaui/Uol,
edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do Exército, general
Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo o texto do
jornalista... 78) 1061
1248
OLAVO FAZ INCITAÇÃO À VIOLÊNCIA; CONVOCO MEUS CONCIDADÃOS A REPUDIÁLO. TEXTO ANUNCIA UMA ESCALADA DE AÇÕES VIOLENTAS E CONCLAMA
SEGUIDORES A PERPETRÁ-LAS (Caetano Veloso, Folha/Uol, 14 de outubro de 2018
954... Sobre afirmações de Olavo de Carvalho, ver, por exemplo, a respeito de crime
organizado, narcotráfico: “NO SAPATINHO”: A EVOLUÇÃO DAS MILÍCIAS NO RIO DE
JANEIRO (2008-2011) (Ignácio Cano e Thais Duarte, coordenadores, Kryssia Ettel e
Fernanda Novaes Cruz, pesquisadoras, Rio de Janeiro, Fundação Heinrich Böll, 2012:
https://br.boell.org/sites/default/files/no_sapatinho_lav_hbs1_1.pdf ... MORRE AOS
96 ANOS O JURISTA HÉLIO BICUDO, UM DEFENSOR DOS DIREITOS HUMANOS.
FUNDAMENTAL NO COMBATE AO “ESQUADRÃO DA MORTE” NA DITADURA MILITAR,
BICUDO FOI COFUNDADOR DO PT E AJUDOU NO PEDIDO DE IMPEACHMENT DE DILMA
ROUSSEFF (Arthur Stabile e Maria Teresa Cruz, Ponte Jornalismo, 31 de julho de 2018:
https://ponte.org/morre-aos-96-anos-o-jurista-helio-bicudo-um-defensor-dos-direitoshumanos/ ... COMO A DITADURA PERSEGUIU HÉLIO BICUDO. JURISTA TEVE A VIDA
ESCRUTINADA POR DENUNCIAR ATUAÇÃO DE ESQUADRÕES DA MORTE.
DOCUMENTOS INÉDITOS MOSTRAM QUE A CÚPULA DO REGIME AGIU DIRETAMENTE
PARA ACOBERTAR A AÇÃO DOS GRUPOS DE EXTERMÍNIO (João Soares, Deutsche
Welle, 01 de agosto de 2018:
https://www.dw.com/pt-br/como-a-ditadura-perseguiu-h%C3%A9lio-bicudo/a44918892 ... https://p.dw.com/p/32TSG ... "DITADURA IDEALIZOU MODELO ATUAL
DAS MILÍCIAS”. MILÍCIAS TIVERAM SEU EMBRIÃO NOS ESQUADRÕES DA MORTE
APOIADOS PELA DITADURA, AFIRMA SOCIÓLOGO. EM ENTREVISTA, ELE REJEITA A
IDEIA DE PODER PARALELO, APONTANDO QUE GRUPOS FARIAM PARTE DA
“DIMENSÃO ILEGAL DO ESTADO" (João Soares, Deutsche Welle, 03 de agosto de 2018:
https://www.dw.com/pt-br/ditadura-idealizou-modelo-atual-das-mil%C3%ADcias/a44945335 ... https://p.dw.com/p/32aKl ... ATENTADOS DE DIREITA FOMENTARAM AI-5
CINQUENTA ANOS DEPOIS DO ATO QUE SEPULTOU AS LIBERDADES DEMOCRÁTICAS
NO PAÍS, A PÚBLICA OBTÉM DOCUMENTOS QUE PROVAM QUE FOI A DIREITA
PARAMILITAR, E NÃO A ESQUERDA, QUE DEU INÍCIO A EXPLOSÕES DE BOMBAS E
ROUBOS DE ARMAS (Vasconcelo Quadros, Agência Pública reproduzida pelo El País, 02
de outubro de 2018:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/02/politica/1538488463_222527.html ...
PROGRAMA ARQUIVO N SOBRE ATENTADO NO RIOCENTRO (30 DE ABRIL DE 1981)
(Roteiro e edição Luciana Savaget, Globo News, 2011:
https://www.youtube.com/watch?v=QqNUttqzGMw ...
https://www.youtube.com/watch?v=ZWj-YALnsl4 ... Ver também AO VIVO |
ELEIÇÕES 2018: BOLSONARO E HADDAD NA COBERTURA EM TEMPO REAL. NESTA
SEGUNDA-FEIRA, O TSE NEGOU PEDIDO DE HADDAD DE RETIRAR POST DE OLAVO DE
CARVALHO SOBRE INCESTO 952 ... Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido 3: PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE
DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ) 954
1249
AO VIVO | ELEIÇÕES 2018: BOLSONARO E HADDAD NA COBERTURA EM TEMPO
REAL. NESTA SEGUNDA-FEIRA, O TSE NEGOU PEDIDO DE HADDAD DE RETIRAR POST
DE OLAVO DE CARVALHO SOBRE INCESTO (Regiane Oliveira, El País, 15 de outubro de
2018 952... Ver TSE DETERMINA REMOÇÃO DE VÍDEOS DE BOLSONARO SOBRE “KIT
GAY” NO FACEBOOK 978 ... Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido 3: PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI.
AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ...) 952
FILHO DE BOLSONARO AMEAÇA STF E DIZ QUE PARA FECHAR CORTE BASTA “UM
SOLDADO E UM CABO”. DECLARAÇÕES, FEITAS EM JULHO EM UM CURSINHO,
PROVOCAM REPÚDIO. FHC DIZ QUE HÁ "CHEIRO DE FASCISMO" (Ricardo Della
Coletta e Felipe Betim, El País, 21 de outubro de 2018) 1011
BOLSONARO A MILHARES EM EUFORIA: “VAMOS VARRER DO MAPA OS BANDIDOS
VERMELHOS”. "NÓS SOMOS O BRASIL DE VERDADE", DIZ CANDIDATO DE EXTREMA
DIREITA A UMA SEMANA DO SEGUNDO TURNO. SEUS ELEITORES DERAM
DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA NAS RUAS EM DEZENAS DE CIDADES (Heloísa Mendonça
e Naiara Galarraga Gortázar, El País, 22 de outubro de 2018) 1013
GOVERNO NÃO SERÁ DE MAIORIA DE MILITARES, DIS BEBIANNO (Talita Fernandes,
Agora, p. A4, 17 de outubro de 2018... A retórica do presidente do PSL é comum na
política brasileira de hoje... Adversários políticos são bandidos ou idiotas a serem
eliminados... A política como espaço de eliminação do outro... O que tem a ver com
com tentativas de partidos se perpetuarem no poder... reeleições... O PSDB governa SP
desde 1995, sem contrapeso algum na Assembleia Legislativa do Estado! Não é,
portanto, entranho que Escola Sem Partido tenha destaque... Igrejas apresentam
sociólogos, filósofos, artistas... feministas... como aqueles que tramam a destruição da
família, da civilização cristã... por meio da “ideologia de gênero”... das discussões sobre
sexualidade nas escolas... Ver FILHO DE BOLSONARO AMEAÇA STF E DIZ QUE PARA
FECHAR CORTE BASTA “UM SOLDADO E UM CABO”. DECLARAÇÕES, FEITAS EM JULHO
EM UM CURSINHO, PROVOCAM REPÚDIO. FHC DIZ QUE HÁ "CHEIRO DE FASCISMO"
1011... BOLSONARO A MILHARES EM EUFORIA: “VAMOS VARRER DO MAPA OS
BANDIDOS VERMELHOS”. "NÓS SOMOS O BRASIL DE VERDADE", DIZ CANDIDATO DE
EXTREMA DIREITA A UMA SEMANA DO SEGUNDO TURNO. SEUS ELEITORES DERAM
DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA NAS RUAS EM DEZENAS DE CIDADES 1013 ... Ver, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PADRE PAULO RICARDO DE
1250
AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK,
CONGRESSO NACIONAL 690 ) 970
GAYS, NEGROS E INDÍGENAS JÁ SENTEM NAS RUAS O MEDO DE UM GOVERNO
BOLSONARO. EPISÓDIOS DE INTIMIDAÇÃO AUMENTAM ANSIEDADE ENTRE GRUPOS
QUE SE SENTEM VULNERÁVEIS POR DISCURSOS FEITOS NO PASSADO, E HOJE
NEGADOS, PELO CANDIDATO. DEBATE SOBRE ESTRATÉGIAS DE PROTEÇÃO CRESCE
PARA “RESISTIR EM TEMPOS SOMBRIOS”, DIZ ATIVISTA (Joana Oliveira e Naira
Hofmeister, El País, 20 de outubro de 2018) 1006
“ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O APELO DA MÃE DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE
MATOU APÓS BULLYING POR HOMOFOBIA (BBC News Brasil, 29 de agosto de 2018
692... Ver ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? 698... Ver O QUE AS EMPRESAS
PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO MERCADO DE TRABALHO 716 ) 692
CULTOS, ALERTAS E CHAMADOS MOVEM A “BANCADA DA BÍBLIA” NO CONGRESSO
(Renata Agostini, Paulo Oliveira, Estadão reproduzido pelo Uol, 12 de agosto de 2018)
649
VÍDEO: COMISSÃO QUE ANALISA “ESCOLA SEM PARTIDO” TEM PROTESTO E BATEBOCA (Thallita Essi, Congresso em Foco/Uol, 12 de julho de 2018) 654
VEREADOR MUDA NOME DE CRECHE ARCO-ÍRIS POR "PROMOVER O
HOMOSSEXUALISMO" (Uol Universa, 16 de julho de 2018) 653
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR NÍVEL EM QUASE DUAS DÉCADAS EM
SP (Marcella Lourenzetto, Jornal da Manhã - Jovem Pan/Uol, 11 de agosto de 2018...
De acordo com a matéria, os resultados foram conseguidos a partir de conhecimento,
discussão, conversas com adolescentes sobre suas questões, sexualidade... Ou seja,
penso eu, o oposto do que propõem igrejas e Escola Sem Partido... Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: POPE FRANCIS SUGGESTS DONALD TRUMP
IS "NOT A CHRISTIAN" (Jim Yardley, The New York Times, 18 de fevereiro de 2016...
Papa Francisco afirma posição de sua igreja, contrária a métodos contraceptivos,
fevereiro de 2016) 274) 453
1251
CASOS DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA ATINGEM MENOR NÍVEL DA HISTÓRIA EM SP.
INCIDÊNCIA CAIU 50% NOS ÚLTIMOS 20 ANOS (Mônica Bergamo, Folha/Uol, 10 de
agosto de 2018) 454
A TRISTE CONVENIÊNCIA DOS CANDIDATOS QUE QUEREM SER ELEITOS SEM
ENFRENTAR SEUS ELEITORES. NA APAGADA ELEIÇÃO DE SÃO PAULO, ESTÁ DIFÍCIL
CONVENCER CANDIDATO A DEBATER EM BAIRRO RICO, QUE DIRÁ NA PERIFERIA
(Regiane Oliveira, El País, 16 de agosto de 2018... Segundo a matéria, Rogério Chequer
(NOVO), candidato ao governo do estado de São Paulo, defendeu, em debate no
teatro TUCA, o Programa Escola Sem Partido...) 555
ALCKMIN DIZ QUE IDEOLOGIA DE GÊNERO É DISCUSSÃO PARA FAMÍLIA, NÃO ESCOLA
(Luciana Amaral, Uol, 11 de setembro de 2018 813... Ver SABATINA COM GERALDO
ALCKMIN - UOL/FOLHA/SBT - 11/09 815 ... Alckmin não foi capaz de mostrar, com
exemplos de seu próprio governo, a importância da educação... GRAVIDEZ NA
ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR NÍVEL EM QUASE DUAS DÉCADAS EM SP 453 ... CASOS
DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA ATINGEM MENOR NÍVEL DA HISTÓRIA EM SP.
INCIDÊNCIA CAIU 50% NOS ÚLTIMOS 20 ANOS 454 ... Ver também OS MUROS DA
ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS
E SALAS DE AULA NO BRASIL 713... Ver PABLLO VITTAR CHORA AO LEMBRAR
BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME BATERAM" 724/725 ... O QUE AS EMPRESAS
PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO MERCADO DE TRABALHO 716... APÓS 3
ANOS, PROFESSORA GANHA AÇÃO JUDICIAL CONTRA COLÉGIO QUE A DEMITIU POR
SER TRANS 726... PROFESSORA TRANS GANHA NA JUSTIÇA DIREITO DE VOLTAR A
DAR AULA APÓS SER DEMITIDA 733 ... CANDIDATA TRANSGÊNERO VENCE PRIMÁRIA
DEMOCRATA PARA GOVERNO DE VERMONT 720 ... ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA
PARA QUE? 698... Comparar o artigo com a proposta do Escola Sem Partido,
contrária a discussões sobre sexualidade nas escolas, censurando informações sobre a
existência do que não é heterossexualidade... Ver também POR QUE LULU SANTOS
DEVERIA SE ESCONDER NO ARMÁRIO? 669 ... “ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O
APELO DA MÃE DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE MATOU APÓS BULLYING POR
HOMOFOBIA 692 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: POPE
FRANCIS SUGGESTS DONALD TRUMP IS "NOT A CHRISTIAN", Jim Yardley, The New York
Times, 18 de fevereiro de 2016 274) 813
1252
VALE MAIS DEFENESTRAR O ‘KIT GAY’ OU PROTEGER CRIANÇAS DO ABUSO SEXUAL?
EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS PODERIA SER UMA ARMA EFICAZ CONTRA
ABUSADORES, MAS A HISTERIA IDEOLÓGICA É O TIRO PELA CULATRA DE QUEM SE
DIZ DEFENSOR DA FAMÍLIA (Breiller Pires, El País, 18 de outubro de 2018 979 ... Ver
também GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR NÍVEL EM QUASE DUAS
DÉCADAS EM SP 453... De acordo com a matéria (gravidez na adolescência), os
resultados foram conseguidos a partir de conhecimento, discussão, conversas com
adolescentes sobre suas questões, sexualidade... Ou seja, penso eu, o oposto do que
propõem igrejas e Escola Sem Partido... CASOS DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
ATINGEM MENOR NÍVEL DA HISTÓRIA EM SP. INCIDÊNCIA CAIU 50% NOS ÚLTIMOS
20 ANOS 454 ) 979
OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA
SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL (Reportagem Bianca
Borges. Uol TAB, 30 de julho de 2018 247... Ver PABLLO VITTAR CHORA AO LEMBRAR
BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME BATERAM" 724/725 ... “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114 ... COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874) 247
PABLLO VITTAR CHORA AO LEMBRAR BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME
BATERAM" (Maurício Dehô, Uol, 02 de setembro de 2018 724/725... Ver OS MUROS
DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA SOBREVIVEREM AOS
PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL 713 ... COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874 ) 724/725
COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE "ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE
IDENTIDADE (Rafael Barifouse, BBC News Brasil, 30 de setembro de 2018 874... Ver
GISELE SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM
CIRURGIA, 07 DE JUNHO DE 2017, canal do YouTube de Adriano Picarelli, 09 de junho
de 2017... Ver, na apresentação do vídeo - abaixo da tela - indicações de textos e
filmes... https://www.youtube.com/watch?v=FC9AkK50NC4 ) 874
A PROFESSORA TRANSEXUAL QUE TROCOU INDENIZAÇÃO DE R$ 20 MIL PELA
CHANCE DE DAR AULA A SEUS AGRESSORES (Noemia Colonna, BBC News Brasil, 31 de
agosto de 2018) 721
APÓS 3 ANOS, PROFESSORA GANHA AÇÃO JUDICIAL CONTRA COLÉGIO QUE A
DEMITIU POR SER TRANS (Ponte Jornalismo, Paloma Vasconcelos, 09 de setembro de
2018 726... Ver O QUE AS EMPRESAS PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO
1253
MERCADO DE TRABALHO 716... “ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O APELO DA MÃE
DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE MATOU APÓS BULLYING POR HOMOFOBIA 692 )
726
PROFESSORA TRANS GANHA NA JUSTIÇA DIREITO DE VOLTAR A DAR AULA APÓS SER
DEMITIDA (Fernando Molina,, Uol, 12 de setembro de 2018) 733
O QUE AS EMPRESAS PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO MERCADO DE
TRABALHO (BBC News Brasil reproduzida por Uol Universa, 03 de agosto de 2018
716... Ver APÓS 3 ANOS, PROFESSORA GANHA AÇÃO JUDICIAL CONTRA COLÉGIO QUE
A DEMITIU POR SER TRANS 726... CANDIDATA TRANSGÊNERO VENCE PRIMÁRIA
DEMOCRATA PARA GOVERNO DE VERMONT 720 ) 716
CANDIDATA TRANSGÊNERO VENCE PRIMÁRIA DEMOCRATA PARA GOVERNO DE
VERMONT (Agence France Presse reproduzida pelo Uol, 15 de agosto de 2018... Ela foi
dirigente da companhia de energia de Vermont... 720... Ver MINAS TERÁ A PRIMEIRA
CANDIDATA TRANS AO SENADO 551... ALEXYA, PASTORA TRANS E CANDIDATA
DISPOSTA A "CONTRADIZER" EM SÃO PAULO 643) 720
GRUPOS EVANGÉLICOS BARRAM LEI FAVORÁVEL À POPULAÇÃO TRANS NO
URUGUAI. PROJETO PREVÊ MUDANÇA DE SEXO GRATUITA, FACILITAÇÃO À
MUDANÇA DE IDENTIDADE E INDENIZAÇÃO ÀS VÍTIMAS DA REPRESSÃO DURANTE A
DITADURA MILITAR (Magdalena Martínez, El País, 04 de outubro de 2018... Uma
informação apresentada pela matéria: expectativa de vida de pessoa trans no
Uruguai é de 35 anos...) 872
“MINHA FILHA NÃO ESTÁ NO CORPO ERRADO, É UMA MENINA COM PÊNIS”. O ATOR
ESPANHOL NACHO VIDAL APRESENTA A HISTÓRIA DE SUA FILHA TRANSEXUAL, DE 11
ANOS, NO LIVRO PARA PRÉ-ADOLESCENTES MI NOMBRE ES VIOLETA. NESTA
ENTREVISTA, AFIRMA QUE O MACHISMO “NÃO TEM NADA A VER COM O PORNÔ” E
QUE DESCONFIA DO MOVIMENTO LGTBQI (Begoña Gômez Urzaiz, El País, 28 de
setembro de 2018) 884
Como defender a ideia de que pessoas que atuam na política, defendendo seus direitos
de serem iguais aos outros em termos de cidadania... como defender a ideia de que
1254
essas pessoas, que justamente agora se fizeram ouvir pelas ciências médicas e são
reconhecidas como seres que não são doentes (e elas nem concordam com esse poder
de outros dizerem quem elas são)... como defender que na escola seja proibido falar
delas, de suas condições, de suas lutas em nossa sociedade...? Essa violência é
defendida por igrejas e pelo Escola Sem Partido... que reduzem os seres humanos, em
certo sentido, ao código genético, à base química... mais do que isso: usando genética,
química, para justificar preconceitos, perseguições, exclusão... desigualdades sociais...
MINAS TERÁ A PRIMEIRA CANDIDATA TRANS AO SENADO (Jonathas Cotrim, Estadão
reproduzido peloUol, 12 de agosto de 2018 551... ALEXYA, PASTORA TRANS E
CANDIDATA DISPOSTA A "CONTRADIZER" EM SÃO PAULO 643... CANDIDATA
TRANSGÊNERO VENCE PRIMÁRIA DEMOCRATA PARA GOVERNO DE VERMONT 720 )
551
ALEXYA, PASTORA TRANS E CANDIDATA DISPOSTA A "CONTRADIZER" EM SÃO
PAULO (Alba Santandreu, EFE reproduzida pelo Uol Universa, 27 de agosto de 2018
643... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: “PROFESSORA, VOCÊ
É HOMEM?” A VIDA DE UMA MULHER TRANS NA SALA DE AULA (Ingrid Fagundez, BBC
Brasil, 15 de agosto de 2017) 868 ) 643
JUDITH BUTLER ESCREVE SOBRE SUA TEORIA DE GÊNERO E O ATAQUE SOFRIDO NO
BRASIL (Judith Butler, Folha de S. Paulo, 19 de novembro de 2017 469... Ver também
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 469
"A ideologia do movimento Escola Sem Partido: 20 autores desmontam o discurso",
Ação Educativa Assessoria, Pesquisa e Informação (Org.). São Paulo, Ação Educativa,
2016
http://acaoeducativa.org.br/wpcontent/uploads/2017/05/escolasempartido_miolo.pdf
1255
“Obra aberta”, Umberto Eco, 8ed, São Paulo, Perspectiva, 1991 (Para pensar sobre
ataques de movimentos como MBL, igrejas, pastores, padres... a exposições como
Queermuseu... às artes... à liberdade de pensamento nas escolas...)
https://teoliteraria.files.wordpress.com/2013/02/eco-umberto-obra-aberta.pdf
PROFESSORES E ORGANIZAÇÕES QUEREM ARTE OBRIGATÓRIA NO ENSINO MÉDIO
(Agência Brasil reproduzida pelo Uol, 22 de agosto de 2018) 666
COMO EXPLICAR O BEIJO GAY DA NOVELA DAS 6 PARA OS FILHOS? A NOVELA
EXPLICA! (Nilson Xavier, Blog do Nilson Xavier/Uol, 30 de agosto de 2018) 891
PELA PRIMEIRA VEZ, GLOBO EXIBE BEIJO GAY EM NOVELA DAS SEIS E PÚBLICO
COMEMORA (Notícias da TV/Uol, Daniel de Castro, por Gabriel Perline (redator desta
notícia), 12 de setembro de 2018) 751
"ORGULHO E PAIXÃO" INAUGUROU UM NOVO TIPO DE DRAMATURGIA: A "NOVELA
DISNEY" (Nilson Xavier, Blog do Nilson Xavier/Uol, 24 de setembro de 2018) 893
ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? (Flávia Silva, Ponte Jornalismo, 29 de
agosto de 2018 698... Comparar o artigo com a proposta do Escola Sem Partido,
contrária a discussões sobre sexualidade nas escolas, censurando informações sobre a
existência do que não é heterossexualidade... Ver também POR QUE LULU SANTOS
DEVERIA SE ESCONDER NO ARMÁRIO? 669 ... “ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O
APELO DA MÃE DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE MATOU APÓS BULLYING POR
HOMOFOBIA 692... OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS
PARA SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL 713) 698
MARIELLE E MÔNICA: UMA HISTÓRIA DE AMOR INTERROMPIDA AOS 5 MESES DA
MORTE DA VEREADORA, MÔNICA BENÍCIO CONTA COMO MARIELLE SE TORNOU O
AMOR DA SUA VIDA E EXPLICA POR QUE DIZER QUE É SAPATÃO É UM ATO POLÍTICO
(Daniel Arroyo e Paloma Vasconcelos, Ponte Jornalismo reproduzido pelo El País, 15 de
agosto de 2018) 701
1256
A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA DEMOCRACIA RACIAL (Lilia Schwarcz,
Nexo Jornal, 16 de julho de 2018) 222
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO (Andrea Dip, Agência Pública, 30 de
agosto de 2016 97... Ver também A ELEIÇÃO DO “KIT GAY”. BUSCAS NA INTERNET
POR “KIT GAY” NESTAS ELEIÇÕES BATERAM RECORDE DE 2011, QUANDO O ASSUNTO
VEIO À TONA; BOLSONARO E MALAFAIA LIDERAM MENÇÕES AO “KIT"
971 ...
MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM
RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA
INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA 1044... ENTENDA AS
POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO NA EDUCAÇÃO. TEMAS JÁ
FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES RELIGIOSAS 1052... SAIBA
COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”. MOVIMENTO CONSERVADOR TEM
ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO
1055) 97
A ELEIÇÃO DO “KIT GAY”. BUSCAS NA INTERNET POR “KIT GAY” NESTAS ELEIÇÕES
BATERAM RECORDE DE 2011, QUANDO O ASSUNTO VEIO À TONA; BOLSONARO E
MALAFAIA LIDERAM MENÇÕES AO “KIT" (Alexandre Policarpo, Bruno Fonseca,
Eliziane Lara e Gabriella Hauber, Agência Pública, 17 de outubro de 2018 971 ...
VALE MAIS DEFENESTRAR O ‘KIT GAY’ OU PROTEGER CRIANÇAS DO ABUSO SEXUAL?
EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS PODERIA SER UMA ARMA EFICAZ CONTRA
ABUSADORES, MAS A HISTERIA IDEOLÓGICA É O TIRO PELA CULATRA DE QUEM SE
DIZ DEFENSOR DA FAMÍLIA 979 ... MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM
PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA
SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA
CATÓLICA 1044... ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO
NA EDUCAÇÃO. TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES
RELIGIOSAS 1052... SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”.
MOVIMENTO CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM
DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO 1055) 971
UOL, PÁGINA INICIAL, 23 DE OUTUBRO DE 2018, 12H18MIN (Chamadas com
destaque principal, no topo da página: “Escola Sem Partido e ideologia de gênero têm
suas raízes na religião”, “Entenda as polêmicas sobre Escola Sem Partido e gênero na
educação”, “Como o combate à ‘ideologia de gênero’ tem pautado políticas
públicas”) 1044
1257
MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM
RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA
INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23
de outubro de 2018) 1044
ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO NA EDUCAÇÃO.
TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES RELIGIOSAS (Paulo
Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1052
SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”. MOVIMENTO
CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM DISCUSSÕES
SOBRE GÊNERO (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1055
VALE MAIS DEFENESTRAR O ‘KIT GAY’ OU PROTEGER CRIANÇAS DO ABUSO SEXUAL?
EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS PODERIA SER UMA ARMA EFICAZ CONTRA
ABUSADORES, MAS A HISTERIA IDEOLÓGICA É O TIRO PELA CULATRA DE QUEM SE
DIZ DEFENSOR DA FAMÍLIA (Breiller Pires, El País, 18 de outubro de 2018 979 ... Ver
também GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR NÍVEL EM QUASE DUAS
DÉCADAS EM SP 453... De acordo com a matéria (gravidez na adolescência), os
resultados foram conseguidos a partir de conhecimento, discussão, conversas com
adolescentes sobre suas questões, sexualidade... Ou seja, penso eu, o oposto do que
propõem igrejas e Escola Sem Partido... CASOS DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
ATINGEM MENOR NÍVEL DA HISTÓRIA EM SP. INCIDÊNCIA CAIU 50% NOS ÚLTIMOS
20 ANOS 454 ) 979
GAYS, NEGROS E INDÍGENAS JÁ SENTEM NAS RUAS O MEDO DE UM GOVERNO
BOLSONARO. EPISÓDIOS DE INTIMIDAÇÃO AUMENTAM ANSIEDADE ENTRE GRUPOS
QUE SE SENTEM VULNERÁVEIS POR DISCURSOS FEITOS NO PASSADO, E HOJE
NEGADOS, PELO CANDIDATO. DEBATE SOBRE ESTRATÉGIAS DE PROTEÇÃO CRESCE
PARA “RESISTIR EM TEMPOS SOMBRIOS”, DIZ ATIVISTA (Joana Oliveira e Naira
Hofmeister, El País, 20 de outubro de 2018) 1006
COMO MOVIMENTOS SIMILARES AO ESCOLA SEM PARTIDO SE ESPALHAM POR
OUTROS PAÍSES (Mariana Schreiber, BBC Brasil, 13 de julho de 2018) 76
1258
CAMPINA GRANDE PROÍBE DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO NA SALA DE AULA; OAB
PROTESTA (Uol, 14 de julho de 2018) 83
STF QUESTIONA CIDADES DE PE SOBRE LEIS QUE PROÍBEM DEBATE SOBRE GÊNERO
(Estadão reproduzido pelo Uol, 18 de julho de 2018 85... Ver LEI 2985 DE 19 DE
DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE 87 ...
) 85
LEI 2985 DE 19 DE DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE
87
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, COM PEDIDO DE
MEDIDA CAUTELAR, CONTRA AS LEIS Nº 2.985/2017 E Nº 4.432/2017,
RESPECTIVAMENTE, DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE PERNAMBUCO (PE) DE
PETROLINA E GARANHUNS, QUE APROVAM O PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E
VEDAM POLÍTICA DE ENSINO COM INFORMAÇÕES SOBRE GÊNERO NOS MUNICÍPIOS
(Partido Socialismo e Liberdade – PSOL, Brasília/DF, 06 de Junho de 2018 89/90...
Sobre a pesquisadora Jimena Furlani, citada no documento, ver EXISTE “IDEOLOGIA DE
GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA
FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS
EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 89/90
MANIFESTAÇÃO DA PREFEITURA DE PETROLINA, NO STF, SOBRE ARGUIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL PROPOSTA PELO PSOL. DATADA
DE 04 DE JULHO DE 2018 90
REQUERIMENTO DA ASSOCIAÇÃO ESCOLA SEM PARTIDO PARA INGRESSO NOS
AUTOS DA ADPF 522 NA QUALIDADE DE AMICUS CURIAE 95
TÍTULOS DE VÍDEOS DO CANAL DO YOUTUBE MBL – MOVIMENTO BRASIL LIVRE
(Seleção feita em 16 de outubro de 2018... MBL é um dos grandes apoiadores do
Escola Sem Partido 961 ... Ainda sobre o MBL, ver... QUEM ESPALHA
DESINFORMAÇÃO? E QUEM NÃO ESPALHA? A MELHOR FORMA DE LIDAR COM UMA
POTENCIAL MENTIRA É PERMITIR QUE ELA SEJA DITA, PARA QUE POSSA SER
DESMENTIDA PUBLICAMENTE OU CONFRONTADA JUDICIALMENTE (Rodolfo Borges,
El País, 28 de julho de 2018 540/541... Ver MBL CONDENADO POR TRE POR PUBLICAR
NOTÍCIA FALSA SOBRE JAQUES WAGNER (PT). MBL DAVA A ENTENDER EM VÍDEO QUE
PROTESTOS ANTI-LULA ERAM CONTRA CANDIDATO AO SENADO 579 ... ESTÁ CLARO
QUE O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO NÃO TEM CONDIÇÕES DE FISCALIZAR AS
FRAUDES DO MBL, ATÉ PORQUE PARTE DELE ESTÁ EM CONLUIO COM ELES. COMO A
1259
REDE É PRIVADA, SÓ QUEM TEM PODER PARA COIBIR ABUSOS É O PRÓPRIO
FACEBOOK 542 ... LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL NÃO
FOI COMPRADO PELO MEC (Uol, 30 de agosto de 2018... A matéria também cita
atuação do MBL) 598/599 ... BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO DE
EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA
PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO
PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM 593 ... Sobre o MBL,
mencionado no artigo de Rodolfo Borges e que apoia o Escola Sem Partido, ver a
secção Assassinato de Marielle Franco (PSOL), vereadora do Rio de Janeiro: 14 de
março de 2018..., página 1170, do arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
3, com destaque para as matérias COMO GANHOU CORPO A ONDA DE FAKE NEWS
SOBRE MARIELLE FRANCO 224... ESTUDO RESPONSABILIZA SITE DE OPINIÃO
POLÍTICA E MBL POR ESPALHAR FAKE NEWS SOBRE MARIELLE 229... FACEBOOK TIRA
DO AR PÁGINA E PERFIS ASSOCIADOS À ONDA DE FAKE NEWS CONTRA MARIELLE.
REDE SOCIAL DIZ QUE PERFIS FALSOS FEREM AS NORMAS) 230... FACEBOOK TIRA DO
AR PÁGINA QUE BOMBOU NOTÍCIA FALSA SOBRE MARIELLE FRANCO 232... O
EXÉRCITO DE PINÓQUIOS. COMO OPERAM DEZ DOS MAIORES SITES DE NOTÍCIAS
FALSAS DO PAÍS, PAGOS ATÉ COM VERBA DE GABINETE PARA DISSEMINAR BOATOS
469... ASSÉDIO E ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO 775/776... DONO DE SITES
CRITICADOS POR “FAKE NEWS” RECEBE DINHEIRO DE DEPUTADO 777... GRUPOS
DIREITISTAS DIFUNDEM “FAKE NEWS” PARA CRITICAR COMBATE DO FACEBOOK ÀS
“FAKE NEWS”. MBL E ATIVISTAS DE EXTREMA-DIREITA ATACAM AGÊNCIAS DE
CHECAGEM DE INFORMAÇÕES, DIVULGAM PERFIS PESSOAIS DE JORNALISTAS E USAM
DADOS FALSOS PARA DESQUALIFICAR INICIATIVA DA REDE SOCIAL 649... ASSÉDIO E
ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO 775/776 ) 961
“MEU LIVRO É SOBRE A DITADURA. JAMAIS PENSEI QUE SERIA CENSURADO”, DIZ
AUTOR DE “MENINOS SEM PÁTRIA”. COLÉGIO PARTICULAR DO RIO VETOU OBRA
APÓS PAIS RECLAMAREM DE DOUTRINAÇÃO COMUNISTA. “PAPEL DO PROFESSOR É
MOSTRAR CAMINHOS AOS ALUNOS, SEM FAZER JULGAMENTOS. NÃO CABE AOS
PAIS DETERMINAR O QUE DEVE SER LIDO. FATOS E HISTÓRIA SÃO INCONTESTÁVEIS”,
DIZ LUIZ PUNTEL (Breiller Pires, El País, 05 de outubro de 2018 936... Ver GENERAL
LIGADO A BOLSONARO FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE 1964 920...
O AUTORITARISMO, A CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA 930 ... Ver, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: LEITURA NA ESCOLA: TERRITÓRIO
EM CONFLITO. LIVROS INFANTO-JUVENIS TAMBÉM SÃO VÍTIMAS DA ONDA
CONSERVADORA NO BRASIL (José Ruy Lozano) 262 ... O QUE SERIA DA LITERATURA
NUMA "ESCOLA SEM PARTIDO"? (José Ruy Lozano, professor e autor de livros
didáticos) 261 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PAIS
1260
TENTAM BOICOTAR LIVRO SOBRE PRINCESAS AFRICANAS, MÃE RESISTE, E OBRA É
MANTIDA 123 ) 936
BOLSONARO E A AUTOVERDADE. COMO A VALORIZAÇÃO DO ATO DE DIZER, MAIS
DO QUE O CONTEÚDO DO QUE SE DIZ, VAI IMPACTAR A ELEIÇÃO NO BRASIL (Eliane
Brum, El País, 16 de julho de 2018... Eliane Brum trata - entre outras questões - de
ações de igrejas e movimentos de direita contra pessoas LGBTQs e a favor da censura
nas escolas, via Escola Sem Partido...) 05
“O PROBLEMA DO BOLSONARO NÃO É ECONÔMICO, É CIVILIZATÓRIO”, DIZ EXPRESIDENTE DA FIESP. HORÁCIO LAFER PIVA DISSE TAMBÉM QUE SE ESPANTA COM O
FATO DO CENTRÃO COMANDAR A CENA POLÍTICA (Josette Goulart, Folha/Uol, 19 de
julho de 2018) 218
BOLSONARO: “QUERO AGRADECER AO ALCKMIN POR REUNIR A NATA DO QUE HÁ
DE PIOR DO BRASIL AO SEU LADO”. PRESIDENCIÁVEL DE EXTREMA-DIREITA LANÇA
SUA CANDIDATURA MINIMIZANDO A FALTA DE ALIANÇAS E ATACANDO O CENTRÃO,
QUE DEVE APOIAR O TUCANO. "EU SEI DO DESCONFORTO QUE VENHO CAUSANDO.
EU SOU O PATINHO FEIO NESSA HISTÓRIA”, AFIRMOU (Felipe Betim, El País, 22 de
julho de 2018... Ver EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A
DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA
SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ... REACIONÁRIOS
CONSEGUIRAM PAUTAR AS REDES SOCIAIS COM UMA FALSA POLÊMICA NA ÚLTIMA
SEMANA 226 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, PADRE
PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE,
FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ... Ver, ainda, artigo COMO FABRICAR
MONSTROS PARA GARANTIR O PODER EM 2018, Eliane Brum, El País, 30 de outubro
de 2017:
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/30/opinion/1509369732_431246.html ) 178
DISCURSO DE JANAINA PASCHOAL SURPREENDE E IRRITA A LIADOS DE BOLSONARO
(Daniela Amorim, Constança Rezende e Leonêncio Nossa, Estadão reproduzido pelo
Uol, 22 de julho de 2018) 181
REACIONÁRIOS CONSEGUIRAM PAUTAR AS REDES SOCIAIS COM UMA FALSA
POLÊMICA NA ÚLTIMA SEMANA (João Filho, The Intercept Brasil, 22 de Julho de 2018
226 ... Ver também MESMO APÓS ANOS DE DENÚNCIAS, VATICANO VIVE SEM
DIRETRIZ PARA COMBATER ABUSOS SEXUAIS 48 ... CHILE INVESTIGA 139
RELIGIOSOS POR ABUSOS SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO INFORMA QUE 66% DAS
VÍTIMAS ERAM MENORES DE IDADE E QUE HÁ 34 INVESTIGAÇÕES EM CURSO 235 ...
1261
Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, secção do índice
denominada Sobre a ideia de “ideologia de gênero”: criadores, usos..., a partir da
página 1112, mais matérias sobre o tema... Enquanto casos de pedofilia na Igreja
Católica são divulgados nos EUA, no México, na Austrália, Argentina..., no Brasil,
políticos, religiosos e grupos de extrema-direita procuram difamar filósofos, artistas,
intelectuais, com acusações de pedofilia – ver arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido 2... Especificamente matérias sobre a exposição Queermuseu e a
performance do artista Wagner Schwartz, no MAM-SP... E especialmente o artigo “ ‘Fui
morto na internet como se fosse um zumbi da série The Walking Dead’. Em
entrevista exclusiva, Wagner Schwartz, o artista que fez a performance ‘La Bête’, no
MAM de São Paulo, fala pela primeira vez sobre os ataques que sofreu, nos quais foi
chamado de ‘pedófilo’ ”, Eliane Brum, El País, 12 de fevereiro de 2018:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/12/opinion/1518444964_080093.html ... “
‘Me mataron en Internet como si fuera un zombi de la serie ‘The Walking Dead’.
Wagner Schwartz, el artista que realizó la 'performance' 'La Bête' en el Museo de
Arte Moderno de São Paulo, habla por primera vez sobre los ataques que sufrió, en
los que le llamaron ‘pedófilo’”, Eliane Brum, traducción: Meritxell Almarza, El País, 14
de fevereiro e 2018:
https://elpais.com/internacional/2018/02/14/actualidad/1518623775_287430.html)
226
CHILE INVESTIGA 139 RELIGIOSOS POR ABUSOS SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO
INFORMA QUE 66% DAS VÍTIMAS ERAM MENORES DE IDADE E QUE HÁ 34
INVESTIGAÇÕES EM CURSO (Rocío Montes, El País, 24 de julho de 2018) 235
O QUE NAMORO DE BOLSONARO COM PR REVELA SOBRE ESTRATÉGIA RUMO AO
PLANALTO (Mariana Sanches, BBC Brasil, 04 de julho de 2018) 527
Exemplos de atuação de grupos e instituições que têm defendido a ideologia de gênero
patriarcal, defendido o Escola Sem Partido (seus projetos “copia e cola”) e atacado o
feminismo e movimentos contrários a desigualdades sociais no Brasil...
QUEM ESPALHA DESINFORMAÇÃO? E QUEM NÃO ESPALHA? A MELHOR FORMA DE
LIDAR COM UMA POTENCIAL MENTIRA É PERMITIR QUE ELA SEJA DITA, PARA QUE
POSSA SER DESMENTIDA PUBLICAMENTE OU CONFRONTADA JUDICIALMENTE
(Rodolfo Borges, El País, 28 de julho de 2018 540/541... Ver MBL CONDENADO POR
TRE POR PUBLICAR NOTÍCIA FALSA SOBRE JAQUES WAGNER (PT). MBL DAVA A
ENTENDER EM VÍDEO QUE PROTESTOS ANTI-LULA ERAM CONTRA CANDIDATO AO
SENADO 579 ... ESTÁ CLARO QUE O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO NÃO TEM
CONDIÇÕES DE FISCALIZAR AS FRAUDES DO MBL, ATÉ PORQUE PARTE DELE ESTÁ EM
1262
CONLUIO COM ELES. COMO A REDE É PRIVADA, SÓ QUEM TEM PODER PARA COIBIR
ABUSOS É O PRÓPRIO FACEBOOK 542 ... LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO
JORNAL NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO MEC (Uol, 30 de agosto de 2018... A
matéria também cita atuação do MBL) 598/599 ... BOLSONARO MENTIU AO FALAR
DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL
MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI
COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM 593 ...
TÍTULOS DE VÍDEOS DO CANAL DO YOUTUBE MBL – MOVIMENTO BRASIL LIVRE 961
... Sobre o MBL, mencionado no artigo de Rodolfo Borges e que apoia o Escola Sem
Partido, ver a secção Assassinato de Marielle Franco (PSOL), vereadora do Rio de
Janeiro: 14 de março de 2018..., página 1170, do arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido 3, com destaque para as matérias COMO GANHOU CORPO A ONDA DE
FAKE NEWS SOBRE MARIELLE FRANCO 224... ESTUDO RESPONSABILIZA SITE DE
OPINIÃO POLÍTICA E MBL POR ESPALHAR FAKE NEWS SOBRE MARIELLE 229...
FACEBOOK TIRA DO AR PÁGINA E PERFIS ASSOCIADOS À ONDA DE FAKE NEWS
CONTRA MARIELLE. REDE SOCIAL DIZ QUE PERFIS FALSOS FEREM AS NORMAS) 230...
FACEBOOK TIRA DO AR PÁGINA QUE BOMBOU NOTÍCIA FALSA SOBRE MARIELLE
FRANCO 232... O EXÉRCITO DE PINÓQUIOS. COMO OPERAM DEZ DOS MAIORES
SITES DE NOTÍCIAS FALSAS DO PAÍS, PAGOS ATÉ COM VERBA DE GABINETE PARA
DISSEMINAR BOATOS 469... ASSÉDIO E ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO
775/776... DONO DE SITES CRITICADOS POR “FAKE NEWS” RECEBE DINHEIRO DE
DEPUTADO 777... GRUPOS DIREITISTAS DIFUNDEM “FAKE NEWS” PARA CRITICAR
COMBATE DO FACEBOOK ÀS “FAKE NEWS”. MBL E ATIVISTAS DE EXTREMA-DIREITA
ATACAM AGÊNCIAS DE CHECAGEM DE INFORMAÇÕES, DIVULGAM PERFIS PESSOAIS
DE JORNALISTAS E USAM DADOS FALSOS PARA DESQUALIFICAR INICIATIVA DA REDE
SOCIAL 649... ASSÉDIO E ATAQUE A JORNALISTAS NO CONGRESSO 775/776 )
540/541
BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL
NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT
GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO
PROJETO ESCOLA SEM HOMOFOBIA [Ricardo Della Coletta, El País, 29 de agosto de
2018 593... Ver GENERAL LIGADO A BOLSONARO FALA EM BANIR LIVROS SEM "A
VERDADE" SOBRE 1964 920 ... O AUTORITARISMO, A CENSURA DE LIVROS E O
SENTIDO DA HISTÓRIA 930 ... Ver CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS
DA IGREJA E MOSTRAM INCLINAÇÃO POLÍTICA NOS CULTOS 837 ... Ver também, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS
LIVROS (Fernando Haddad, ex-ministro da Educação dos governos Lula e Dilma, sobre
1263
atuação de políticos ligados a igrejas no caso do material contra homofobia, deturpado
com a denominação “kit gay”) 221 ] 593
LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL ALVO DE BOATO FOI COMPRADO PELO MINC.
DEPUTADO BOLSONARO ACUSOU DISTRIBUIÇÃO PARA ESCOLAS; MEC NEGOU.
MINISTÉRIO DA CULTURA DIZ TER COMPRADO UNIDADES PARA BIBLIOTECAS
PÚBLICAS (G1 Globo, 21 de janeiro de 2016) 596
LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO
MEC (Uol, 30 de agosto de 2018... A matéria também cita atuação do MBL 598/599...
Ver também CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM
INCLINAÇÃO POLÍTICA NOS CULTOS 837 ... Ver GENERAL LIGADO A BOLSONARO
FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE 1964 920 ... O AUTORITARISMO, A
CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA 930 ) 598/599
ERROS E ACERTOS DE JAIR BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL E NO JORNAL DAS 10
(Chico Marés, Clara Becker, Leandro Resende, Nathália Afonso e Plínio Lopes, Revista
Piauí Lupa/Uol, 28 de agosto de 2018) 600
AUTORA DE LIVRO CRITICADO POR BOLSONARO REBATE: “NO FUNDO, ELE QUERIA
TER GANHADO UM" (Diego Assis, Uol, 30 de agosto de 2018) 600
“BOLSONARO INCONSCIENTEMENTE QUERIA DIVULGAR MEU LIVRO SOBRE
EDUCAÇÃO SEXUAL”, DIZ ESCRITORA. AUTORA DE “APARELHO SEXUAL E CIA”
CRITICA O PRESIDENCIÁVEL APÓS PROPAGADA NEGATIVA SOBRE SUA OBRA. "EU
ACHO QUE SUAS OBSESSÕES DIZEM MUITO SOBRE O QUE ELE PRÓPRIO TEM NA
CABEÇA", ARGUMENTA (Ricardo Della Coletta e Sara González, El País, 31 de agosto
de 2018 604... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, PADRE
PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE,
FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ) 604
O QUE HÁ DE TÃO ASSOMBROSO NO LIVRO QUE BOLSONARO NÃO PÔDE MOSTRAR
NO JN? (Rodrigo Casarin, Blog Página Cinco/Uol, 29 de agosto de 2018) 608
CRITICADO POR BOLSONARO, LIVRO "APARELHO SEXUAL E CIA." SERÁ RELANÇADO
NO DIA 12 (Renata Nogueira, Uol, 05 de setembro de 2018) 616
HADDAD NÃO CRIOU O “KIT GAY”. JAIR BOLSONARO (PSL) ACUSA ADVERSÁRIO DE
TER SIDO RESPONSÁVEL PELA IDEALIZAÇÃO DE MATERIAL ESCOLAR CONTRA
HOMOFOBIA, MAS INICIATIVA SURGIU DO LEGISLATIVO (Patrícia Figueiredo, Agência
1264
Pública, 11 de outubro de 2018 942... Ver Ver também, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS LIVROS (Fernando
Haddad, ex-ministro da Educação dos governos Lula e Dilma, sobre atuação de
políticos ligados a igrejas no caso do material contra homofobia, deturpado com a
denominação “kit gay”) 221 ) 942
UMA ANÁLISE DO CADERNO ESCOLA SEM HOMOFOBIA. AVALIAMOS O MATERIAL
DIDÁTICO QUE FICOU PEJORATIVAMENTE CONHECIDO COMO 'KIT GAY' E TEVE SUA
DISTRIBUIÇÃO SUSPENSA PELO GOVERNO FEDERAL EM 2011 (Bruno Mazzoco, Revista
Nova Escola, 01 de Fevereiro de 2015) 946
KITS DE PT E PSDB TÊM ITENS INCÔMODOS PARA EVANGÉLICOS (Coluna Poder,
Folha/Uol, 18 de outubro de 2012) 948
CONSELHO Nacional de Combate à Discriminação. Brasil Sem Homofobia: Programa
de combate à violência e à discriminação contra GLTB e promoção da cidadania
homossexual. Brasília : Ministério da Saúde, 2004 951
POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É ATACADO POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO
GOVERNADOR (Paulo Eduardo Dias e Juliana Santoros, especial para Ponte Jornalismo,
05 de julho de 2018 07... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido:
PROFESSORES DENUNCIAM AMEAÇA DE PMS EM AUDIÊNCIA NA UNIFESP: "DEPOIS
MORRE E NÃO SABE POR QUÊ" (Luís Adorno, Uol, 15 de agosto de 2017) 871 ... NOTA
DE REPÚDIO DIANTE DO OCORRIDO NO CAMPUS BAIXADA SANTISTA (Adunifesp, 14 de
agosto de 2017) 874 ... “ELES NÃO ESTAVAM LÁ À TOA; ALGUÉM DETERMINOU”, DIZ
ADILSON PAES SOBRE INVASÃO DE POLICIAIS À AUDIÊNCIA NA UNIFESP (Ciro Barros,
Agência Pública, 15 de agosto de 2017) 875 ) 07
DESONROSO É AMEAÇAR, DIZ PM QUE FOI FILMADO BEIJANDO RAPAZ EM SP.
POLICIAL VIROU ALVO DE COMENTÁRIOS DE ÓDIO, FOI AMEAÇADO E AFASTADO DO
TRABALHO (Marlene Bergamo Pedro Diniz, Folha/Uol, 10 de julho de 2018) 12
PM RELATA ROTINA DE TENSÃO APÓS AMEAÇAS POR ‘SELINHO”: "É COMO S EEU
ESTIVESSE DE TORNOZELEIRA" (Janaina Garcia, Uol, 12 de julho de 2018) 14
PM AMEAÇADO APÓS BEIJAR HOMEM NO METRÔ DE SP RECEBE PROTEÇÃO POLICIAL
(Janaina Garcia, Uol, 13 de julho de 2018) 18
SOLDADO QUE BEIJOU HOMEM NO METRÔ DE SP RECEBE SOLIDARIEDADE DE
POLICIAIS LGBT (Janaina Garcia, Uol, 13 de julho de 2018) 20
1265
COMO A RIGIDEZ SOBRE DEMONSTRAÇÕES DE AFETO INFLUENCIA O TRABALHO DA
PM NAS RUAS? (Janaina Garcia e Luís Adorno, Uol, 13 de julho de 2018) 23
A FARDA DA ALMA (Programa Conexão Repórter, jornalista Roberto Cabrini, SBT, 09
de julho de 2018. Com Leandro Prior, soldado da PM de SP...) 27
ORDEM NAS FORÇAS ARMADAS É EXPURGAR LGBTS, DIZ CRIADOR DE ONG QUE
ATENDE VÍTIMAS DE HOMOFOBIA (Janaina Garcia, Uol, 18 de julho de 2018 141... Ver
EM VÍDEO, BOLSONARO FAZ GESTO DE ARMA EM MÃO DE CRIANÇA 146 ... APÓS
POLÊMICA, MAIS UMA CRIANÇA FAZ GESTO DE ARMA COM BOLSONARO 149 ... Ver,
no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA CASERNA.
INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA O
EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista Piaui/Uol,
edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do Exército, general
Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo o texto do
jornalista... 78 ... Ver também A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA
DEMOCRACIA RACIAL 222) 141
EX-SARGENTO GAY RELATA PRESSÃO PARA DEIXAR EXÉRCITO: "VIADO NÃO PODE
ENVERGAR O VERDE-OLIVA" (Janaina Garcia, Uol, 21 de julho de 2018) 144
FOTO DE CASAL GAY SE BEIJANDO GERA POLÊMICA EM UM DOS PONTOS
TURÍSTICOS MAIS IMPORTANTES DO BRASIL (Glenn Greenwald, The Intercept Brasil,
30 de Julho de 2018 257... Ver PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS
CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES
260 … Ver, junto com matérias a ela associadas, POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É
ATACADO POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO GOVERNADOR 07 ) 257
PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST
IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES (Glenn Greenwald, The Intercept, July 30
2018) 260
ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? (Flávia Silva, Ponte Jornalismo, 29 de
agosto de 2018 698... Comparar o artigo com a proposta do Escola Sem Partido,
contrária a discussões sobre sexualidade nas escolas, censurando informações sobre a
existência do que não é heterossexualidade... Ver também POR QUE LULU SANTOS
DEVERIA SE ESCONDER NO ARMÁRIO? 669 ... “ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O
1266
APELO DA MÃE DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE MATOU APÓS BULLYING POR
HOMOFOBIA 692... OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS
PARA SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL 713) 698
JOVEM DIZ QUE FOI AGREDIDO EM SANTOS (SP) PARA "PARAR DE SER VEADO"
(Mirthyani Bezerra, Uol, 13 de julho de 2018 27... Ver também “É TRISTE QUE EU
TENHA QUE TOMAR ESSE CUIDADO”, DIZ TORCEDOR GAY QUE VAI À COPA DA RÚSSIA
SOBRE ALERTAS DE HOMOFOBIA 134 ) 27
“PARA VOCÊ NÃO ROMPER O SILÊNCIO E MANTER AS RELAÇÕES SAUDÁVEIS, VOCÊ
TEM QUE NEGAR A SUA COR”. ESPECIALISTA NO ATENDIMENTO DE MULHERES
NEGRAS, PSICÓLOGA MARIA JESUS MOURA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE
LEVAR EM CONTA O RACISMO SOFRIDO POR SUAS PACIENTES E NÃO NEGÁ-LO
(Marina Rossi, El País, 13 de julho de 2018 157... Ver SOMOS TODAS MC K_BELAS
162 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA
CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA
O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista
Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do
Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo
o texto do jornalista... 78 ... Ver também A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA
DEMOCRACIA RACIAL 222) 157
ARGENTINA: DO “NENHUMA A MENOS” À LEGALIZAÇÃO DO ABORTO. EM
ENTREVISTA, DUAS ATIVISTAS DO MOVIMENTO DE MULHERES EXPLICAM COMO
MOBILIZARAM A OPINIÃO PÚBLICA DO PAÍS VIZINHO E CONTAM O QUE ESTÃO
FAZENDO PARA BUSCAR A APROVAÇÃO DO ABORTO SEGURO NO SENADO NO
PRÓXIMO DIA 8 (Andrea Dip, Agência Pública, 10 de julho de 2018) 190
SENADO DA ARGENTINA REJEITA LEGALIZAR O ABORTO. MAIORIA DOS SENADORES
VOTA CONTRA PROPOSTA DE DESCRIMINALIZAR INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ ATÉ A
14ª SEMANA DE GESTAÇÃO, QUE HAVIA SIDO APROVADA PELA CÂMARA DOS
DEPUTADOS E DIVIDIU O PAÍS. LEI ATUAL É DE 1921 (Deutsche Welle, 09 de agosto de
2018) 321
ARGENTINA: NADA SERÁ COMO ANTES (Fernanda Paixão e Antonio Ferreira, do
Coletivo Passarinho, Outras Palavras, 15 de agosto de 2018) 333
1267
Projetos de lei, leis... baseados no Escola Sem Partido...
MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM
RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA
INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23
de outubro de 2018) 1044
ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO NA EDUCAÇÃO.
TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES RELIGIOSAS (Paulo
Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1052
SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”. MOVIMENTO
CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM DISCUSSÕES
SOBRE GÊNERO (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1055
VÍDEO: COMISSÃO QUE ANALISA “ESCOLA SEM PARTIDO” TEM PROTESTO E BATEBOCA (Thallita Essi, Congresso em Foco/Uol, 12 de julho de 2018) 654
CAMPINA GRANDE PROÍBE DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO NA SALA DE AULA; OAB
PROTESTA (Uol, 14 de julho de 2018) 83
STF QUESTIONA CIDADES DE PE SOBRE LEIS QUE PROÍBEM DEBATE SOBRE GÊNERO
(Estadão reproduzido pelo Uol, 18 de julho de 2018 85... Ver LEI 2985 DE 19 DE
DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE 87 ...
) 85
LEI 2985 DE 19 DE DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE
87
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, COM PEDIDO DE
MEDIDA CAUTELAR, CONTRA AS LEIS Nº 2.985/2017 E Nº 4.432/2017,
RESPECTIVAMENTE, DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE PERNAMBUCO (PE) DE
PETROLINA E GARANHUNS, QUE APROVAM O PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E
VEDAM POLÍTICA DE ENSINO COM INFORMAÇÕES SOBRE GÊNERO NOS MUNICÍPIOS
(Partido Socialismo e Liberdade – PSOL, Brasília/DF, 06 de Junho de 2018 89/90...
1268
Sobre a pesquisadora Jimena Furlani, citada no documento, ver EXISTE “IDEOLOGIA DE
GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA
FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS
EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 89/90
MANIFESTAÇÃO DA PREFEITURA DE PETROLINA, NO STF, SOBRE ARGUIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL PROPOSTA PELO PSOL. DATADA
DE 04 DE JULHO DE 2018 90
REQUERIMENTO DA ASSOCIAÇÃO ESCOLA SEM PARTIDO PARA INGRESSO NOS
AUTOS DA ADPF 522 NA QUALIDADE DE AMICUS CURIAE 95
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO (Andrea Dip, Agência Pública, 30 de
agosto de 2016) 97
Projetos de lei envolvendo questões de gênero, religião...
VEREADOR MUDA NOME DE CRECHE ARCO-ÍRIS POR "PROMOVER O
HOMOSSEXUALISMO" (Uol Universa, 16 de julho de 2018) 653
CAMPINA GRANDE PROÍBE DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO NA SALA DE AULA; OAB
PROTESTA (Uol, 14 de julho de 2018) 83
STF QUESTIONA CIDADES DE PE SOBRE LEIS QUE PROÍBEM DEBATE SOBRE GÊNERO
(Estadão reproduzido pelo Uol, 18 de julho de 2018 85... Ver LEI 2985 DE 19 DE
DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE 87 ...
) 85
LEI 2985 DE 19 DE DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE
87
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, COM PEDIDO DE
MEDIDA CAUTELAR, CONTRA AS LEIS Nº 2.985/2017 E Nº 4.432/2017,
RESPECTIVAMENTE, DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE PERNAMBUCO (PE) DE
PETROLINA E GARANHUNS, QUE APROVAM O PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E
1269
VEDAM POLÍTICA DE ENSINO COM INFORMAÇÕES SOBRE GÊNERO NOS MUNICÍPIOS
(Partido Socialismo e Liberdade – PSOL, Brasília/DF, 06 de Junho de 2018 89/90...
Sobre a pesquisadora Jimena Furlani, citada no documento, ver EXISTE “IDEOLOGIA DE
GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA
FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS
EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 89/90
MANIFESTAÇÃO DA PREFEITURA DE PETROLINA, NO STF, SOBRE ARGUIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL PROPOSTA PELO PSOL. DATADA
DE 04 DE JULHO DE 2018 90
REQUERIMENTO DA ASSOCIAÇÃO ESCOLA SEM PARTIDO PARA INGRESSO NOS
AUTOS DA ADPF 522 NA QUALIDADE DE AMICUS CURIAE 95
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO (Andrea Dip, Agência Pública, 30 de
agosto de 2016) 97
LEI DE CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA PROMULGADA POR MÁRCIO FRANÇA GERA
POLÊMICA. NORMA SE APLICA A EXPOSIÇÕES E MOSTRAS DE ARTE [Mônica Bergamo,
Folha/Uol, 14 de julho de 2018 655... Ver “EU RECEBI MAIS DE CEM AMEAÇAS DE
MORTE”, DIZ CURADOR DA EXPOSIÇÃO QUEERMUSEU. GAUDÊNCIO FIDELIS FALA
SOBRE OS ATAQUES À EXPOSIÇÃO DE ARTE CANCELADA NO ANO PASSADO EM PORTO
ALEGRE E REINAUGURADA NO RIO DE JANEIRO NESTE MÊS 656 ... Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 2: MASP BUSCOU ORIENTAÇÃO JURÍDICA
PARA VETO INÉDITO A MENORES DE 18 ANOS (Uol, 19 de outubro de 2017... Sobre a
mostra “Histórias da sexualidade”) 04 ... ADVOGADOS SE UNEM PARA TENTAR
BARRAR CENSURA A MENORES EM EXPOSIÇÃO NO MASP (Leonardo Rodrigues, Uol, 26
de outubro de 2017... A questão é mais ampla, os advogados procuram estudar e
propor adequação de legislação, não se trata apenas da exposição do MASP) 07 ...
PROJETOS PARA CLASSIFICAR EXPOSIÇÕES DE ARTE SE ESPALHAM PELO PAÍS (Mônica
Bergamo, Folha/Uol, 16 de dezembro de 2017... A matéria também traz informações
sobre pesquisa a respeito da presença de pessoas LGBTI em comerciais...) 535 ... MPF
CRITICA, E MASP LIBERA ACESSO DE MENORES À MOSTRA SOBRE SEXUALIDADE
(Juliana Dal Pivar, Revista Piauí/Uol, 07 de novembro de 2017... Sobre a mostra
“Histórias da sexualidade”) 08 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem
Partido 3: DEPUTADOS APROVAM PROJETO QUE PREVÊ CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA
EM EXPOSIÇÕES EM SP (Uol, 14 de junho de 2018) 870 ) 655
1270
PARLAMENTO DE HONDURAS PROÍBE ADOÇÃO PARA CASAIS HOMOSSEXUAIS
(Agência EFE reproduzida pelovUol, 17 de agosto de 2018 687... Ver UMA AVALIAÇÃO
SOBRE A BUSCA DE DIREITOS LGBT PELO MUNDO 104 ... BORIS DITTRICH:
“OPRESSÃO TAMBÉM CRIA MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE NECESSÁRIO, ESSE SEJA O
CASO NO BRASIL”. EX-PARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA PRIMEIRA LEI DE
CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO MUNDO AFIRMA QUE A COMUNIDADE LGBT NUNCA
DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS DIREITOS 108 ... Ver, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 3: CORTE INTERAMERICANA DETERMINA QUE 20 PAÍSES
RECONHEÇAM CASAMENTO GAY 999 ) 687
Igrejas, religiões e questões de gênero, desigualdades de gênero, renda, educação...
Ver também a seção Eleições 2018...
VÍDEO: COMISSÃO QUE ANALISA “ESCOLA SEM PARTIDO” TEM PROTESTO E BATEBOCA (Thallita Essi, Congresso em Foco/Uol, 12 de julho de 2018) 654
O FEMINISMO ME LEVOU A SER INVENCÍVEL, DIZ ATIVISTA PAQUISTANESA. AISHA
SARWARI LUTA PARA QUE MULHERES DE SEU PAÍS NÃO SEJAM PROPRIEDADE DE
HOMENS (Carolina Vila-Nova, Folha/Uol, 29 de julho de 2018 252... Ver filmes
"Saving face", Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão, 2012... "A girl
in the river: the price of forgiveness", Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão,
2015…) 252
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO (Andrea Dip, Agência Pública, 30 de
agosto de 2016) 97
VEREADOR MUDA NOME DE CRECHE ARCO-ÍRIS POR "PROMOVER O
HOMOSSEXUALISMO" (Uol Universa, 16 de julho de 2018) 653
1271
COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE "ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE
IDENTIDADE (Rafael Barifouse, BBC News Brasil, 30 de setembro de 2018 874... Ver
GISELE SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM
CIRURGIA, 07 DE JUNHO DE 2017, canal do YouTube de Adriano Picarelli, 09 de junho
de 2017... Ver, na apresentação do vídeo - abaixo da tela - indicações de textos e
filmes... https://www.youtube.com/watch?v=FC9AkK50NC4 ) 874
GRUPOS EVANGÉLICOS BARRAM LEI FAVORÁVEL À POPULAÇÃO TRANS NO
URUGUAI. PROJETO PREVÊ MUDANÇA DE SEXO GRATUITA, FACILITAÇÃO À
MUDANÇA DE IDENTIDADE E INDENIZAÇÃO ÀS VÍTIMAS DA REPRESSÃO DURANTE A
DITADURA MILITAR (Magdalena Martínez, El País, 04 de outubro de 2018... Uma
informação apresentada pela matéria: expectativa de vida de pessoa trans no
Uruguai é de 35 anos...) 872
CONGRESSO CHILENO APROVA LEI QUE PERMITE MUDANÇA DE GÊNERO PARA
MAIOR DE 14 (Agence France Presse reproduzida pelo Uol Universa, 13 de setembro
de 2018 739... Ver COBERTAS PELO SUS, CIRURGIAS DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL
DEMORAM ATÉ CINCO ANOS 742 ... Ver no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem
Partido 2: DANIELA VEGA, A ATRIZ TRANS QUE COLOCOU HOLLYWOOD A SEUS PÉS
1258 ... Ver no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: DANIELA VEGA, A
ATRIZ TRANSEXUAL QUE FEZ HISTÓRIA NO OSCAR. ATRIZ DE ‘UMA MULHER
FANTÁSTICA’, GANHADOR DE MELHOR FILME ESTRANGEIRO, TEM UMA BIOGRAFIA
SOFRIDA 519 ... CHEFE DA IGREJA CHILENA SOBRE TRANSEXUAIS: “SE UM GATO
TIVER NOME DE CACHORRO, NÃO PASSARÁ A SER UM CACHORRO”. A ATRIZ
TRANSEXUAL DANIELA VEGA RESPONDE RICARDO EZZATI: “VENHA CONVERSAR
COMIGO. VOCÊ SE ATREVE?” ELA ESTRELOU O FILME GANHADOR DO OSCAR “UMA
MULHER FANTÁSTICA” 521 ... Ver CHILE INVESTIGA 139 RELIGIOSOS POR ABUSOS
SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO INFORMA QUE 66% DAS VÍTIMAS ERAM MENORES DE
IDADE E QUE HÁ 34 INVESTIGAÇÕES EM CURSO (Rocío Montes, El País, 24 de julho de
2018) 235 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, a seção
Igrejas, religiões e poder... 1265, mais especificamente a partir da p. 1288, onde estão
matérias sobre Igreja Católica no Chile... por exemplo: CARTA DO PAPA FRANCISCO
AOS BISPOS DO CHILE REFERENTE ÀS INFORMAÇÕES ENTREGUES POR D. CHARLES J.
SCICLUNA (Papa Francisco, Vaticano, 08 de abril de 2018) 669 ... TODOS OS BISPOS
CHILENOS PEDEM DEMISSÃO POR ESCÂNDALO DE PEDOFILIA. CÚPULA DA IGREJA NO
PAÍS É ACUSADA PELO VATICANO DE TER NEGLIGENCIADO DENÚNCIAS (Folha/Uol
reproduz Reuters e Associated Press, 18 de maio de 2018) 658 ... PAPA ANUNCIA
'MUDANÇAS E RESOLUÇÕES' EM IGREJA CHILENA APÓS CASOS DE PEDOFILIA (Kelly
Velasquez, Agence France Presse AFP reproduzida por Yahoo, 17 de maio de 2018)
1272
660 ... BISPOS CHILENOS DEMITEM-SE EM BLOCO DEVIDO A ESCÂNDALO DE
PEDOFILIA. PAPA REUNIU-SE ESTA SEMANA COM OS 34 BISPOS CHILENOS PARA
DISCUTIR OMISSÕES E ENCOBRIMENTO DE UM ESCÂNDALO DE ABUSOS SEXUAIS DE
MENORES. TODOS ELES APRESENTARAM A SUA DEMISSÃO (Público, 18 de maio de
2018... Público é jornal de Portugal) 662/663 ... ESCÂNDALO SEXUAL LEVA TODOS OS
BISPOS DO CHILE A PEDIREM DEMISSÃO AO PAPA (BBC Brasil, 18 de maio de 2018)
663 ... TODOS OS BISPOS CHILENOS APRESENTAM RENÚNCIA AO PAPA PELOS
ESCÂNDALOS DE PEDOFILIA. AGORA CABE AO SUMO PONTÍFICE DECIDIR SE ACEITA
TODAS AS RENÚNCIAS OU SOMENTE ALGUMAS DELAS (Lorena Pacho, El País, 18 de
maio de 2018) 665 ... TODOS OS BISPOS CHILENOS RENUNCIAM POR ESCÂNDALO DE
ABUSOS (Deutsche Welle, 18 de maio de 2018) 667 ... EXCLUSIVO: DOCUMENTO
RESERVADO DEL PAPA A OBISPOS REVELA FALLAS QUE DESCUBRIÓ EN LA IGLESIA
CHILENA. EL TEXTO, DE DIEZ CARILLAS Y QUE LES ENTREGÓ EN ROMA EL MARTES,
CONTIENE FUERTES CRÍTICAS AL ACTUAR DE LA IGLESIA CHILENA FRENTE A LAS
DENUNCIAS DE ABUSOS. EL PONTÍFICE HABLA DE “HECHOS DELICTIVOS”,
“ESCÁNDALO” E “IR MÁS ALLÁ” DE LA REMOCIÓN DE PERSONAS PARA SOLUCIONAR LA
CRISIS (Tele 13 T 13, 17 de maio de 2018) 672 ... LA TRANSCRIPCIÓN COMPLETA DEL
DOCUMENTO RESERVADO QUE EL PAPA ENTREGÓ A LOS OBISPOS CHILENOS. T13
TUVO ACCESO EXCLUSIVO A LAS DURAS CRÍTICAS QUE EMITIÓ FRANCISCO AL ACTUAR
DE LA IGLESIA CHILENA FRENTE A LOS CASOS DE ABUSOS COMETIDOS POR ALGUNOS
SACERDOTES (Tele 13 T13, 17 de maio de 2018... ) 675 ... “NOS OBRIGAVAM A FICAR
NUS NA PISCINA”: OS RELATOS DE ABUSOS SEXUAIS COMETIDOS POR BISPOS NO
CHILE (Constanza Hola, BBC News Mundo, 16 de junho de 2018) 945 ... DIOCESE
CHILENA SUSPENDE 14 SACERDOTES ENVOLVIDOS EM ESCÂNDALO SEXUAL (Uol
reproduz AFP Agence France Presse, 23 de maio de 2018) 727) 739
SUS GASTA R$ 500 MILHÕES COM COMPLICAÇÕES POR ABORTO EM UMA DÉCADA.
DE 2008 A 2017, SUS GASTOU R$ 486 MI COM INTERNAÇÕES PARA ESSES
TRATAMENTOS (Cláudia Collucci e Flávia Faria, Folha/Uol, 29 de julho de 2018) 236
DESIGUALDADE PELA RENDA E COR DA PELE É EXPOSTA EM ABORTOS DE RISCOS NO
PAÍS. TÉCNICAS CASEIRAS E PERIGOSAS SÃO USADAS EM ESPECIAL POR PRETAS,
PARDAS E POBRES (Cláudia Collucci e Júlia Barbon, Folha/Uol, 29 de julho de 2018)
241
TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE AS REGRAS ATUAIS DO ABORTO NO PAÍS E O QUE PODE
MUDAR. SUPREMO AVALIARÁ A DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO PARA GESTAÇÕES
DE ATÉ 12 SEMANAS (Flávia Faria, Folha/Uol, 29 de julho de 2018... O Supremo
Tribunal Federal é composto, em julho de 2018, por 9 homens e 2 mulheres...) 245
1273
STF DÁ INÍCIO NA SEXTA A AUDIÊNCIAS SOBRE ABORTO; VEJA QUEM FALARÁ NA
CORTE (Felipe Amorim, Uol, 30 de julho de 2018 372... Ver também ARGÜIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 442 DISTRITO FEDERAL. RELATORA :
MIN. ROSA WEBER. REQTE.(S) :PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE (P-SOL).
Audiência Pública Convocada para Discutir Aspectos Interpretativos dos arts. 124 e 126
do Decreto-lei nº 2.848/1940 (Código Penal). Decisão com a Relação dos Inscritos
Habilitados, Data, Ordem dos Trabalhos e Metodologia 381 ... SEM DATA PARA
VOTAÇÃO, STF ENCERRA DEBATE SOBRE DESCRIMINALIZAR ABORTO 415 ... Na seção
Mulheres, sexualidade, contracepção, aborto... – deste arquivo – estão notícias
sobre as discussões nas audiências no STF... e a respeito das posições de igrejas...)
372
DEBATE SOBRE ABORTO LEGAL NA ARGENTINA ENTRA NA RETA FINAL SOB PRESSÃO
DE CONSERVADORES. MOBILIZAÇÕES AUMENTAM PARA TENTAR IMPEDIR QUE EM 8
DE AGOSTO O SENADO TORNE LEI O PROJETO DE INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ
APROVADO PELA CÂMARA (Mar Centenera, El País, 01 de agosto de 2018) 299
ARGENTINA VOTA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO EM MEIO A MOBILIZAÇÃO EM MASSA.
SENADO DECIDE SE TORNA LEI O PROJETO DE INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA
GRAVIDEZ APROVADO PELA CÂMARA DOS DEPUTADOS (Mar Centera, El País, 09 de
agosto de 2018) 308
SENADO ARGENTINO REJEITA LEGALIZAR ABORTO; PROJETO SÓ PODERÁ SER
REAPRESENTADO DAQUI UM ANO (Uol reproduz Reuters, 09 de agosto de 2018) 312
SENADO DA ARGENTINA DIZ NÃO À LEGALIZAÇÃO DO ABORTO E PAÍS FICA COM LEI DE
1921. A CÂMARA ALTA SE ALINHA À IGREJA E IMPEDE QUE AS MULHERES POSSAM
DECIDIR COMO E QUANDO SER MÃES (Mar Centenera, El País, 09 de agosto de 2018)
317
SENADO DA ARGENTINA REJEITA LEGALIZAR O ABORTO. MAIORIA DOS SENADORES
VOTA CONTRA PROPOSTA DE DESCRIMINALIZAR INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ ATÉ A
14ª SEMANA DE GESTAÇÃO, QUE HAVIA SIDO APROVADA PELA CÂMARA DOS
DEPUTADOS E DIVIDIU O PAÍS. LEI ATUAL É DE 1921 (Deutsche Welle, 09 de agosto de
2018) 321
SENADO ARGENTINO BARRA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO; PAÍSES LATINOAMERICANOS SÃO OS QUE MAIS RESTRINGEM PRÁTICA NO MUNDO (Mariana
Schreiber, BBC Brasil, 09 de agosto de 2018) 324
1274
OPINIÃO: LEGISLAR NÃO É UM ATO DE FÉ. COM REJEIÇÃO DO SENADO AO PROJETO
DE DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO, ARGENTINA PERDE OPORTUNIDADE
HISTÓRICA. NO ENTANTO, PAÍS CRESCE COM LUTA DAS MULHERES POR SEUS
DIREITOS (Verônica Marchiaro, Deutsche Welle, 09 de agosto de 2018) 329
ARGENTINA: NADA SERÁ COMO ANTES (Fernanda Paixão e Antonio Ferreira, do
Coletivo Passarinho, Outras Palavras, 15 de agosto de 2018) 333
“MULHERES, CORPO E INSURREIÇÃO. AO RELACIONAR VIOLÊNCIA SEXUAL E
DIREITOS REPRODUTIVOS COM GREVE DO TRABALHO, ARGENTINAS E POLONESAS
ATINGIRAM MUITO MAIS DO QUE PARECE” (Eliane Brum, El País, 24 de outubro de
2016: http://brasil.elpais.com/brasil/2016/10/24/opinion/1477313842_805785.html )
BOLSONARO: “QUERO AGRADECER AO ALCKMIN POR REUNIR A NATA DO QUE HÁ
DE PIOR DO BRASIL AO SEU LADO”. PRESIDENCIÁVEL DE EXTREMA-DIREITA LANÇA
SUA CANDIDATURA MINIMIZANDO A FALTA DE ALIANÇAS E ATACANDO O CENTRÃO,
QUE DEVE APOIAR O TUCANO. "EU SEI DO DESCONFORTO QUE VENHO CAUSANDO.
EU SOU O PATINHO FEIO NESSA HISTÓRIA”, AFIRMOU (Felipe Betim, El País, 22 de
julho de 2018... Ver EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A
DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA
SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ...Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E
SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL
690 ... Ver, ainda, artigo COMO FABRICAR MONSTROS PARA GARANTIR O PODER EM
2018, Eliane Brum, El País, 30 de outubro de 2017:
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/30/opinion/1509369732_431246.html ) 178
DISCURSO DE JANAINA PASCHOAL SURPREENDE E IRRITA A LIADOS DE BOLSONARO
(Daniela Amorim, Constança Rezende e Leonêncio Nossa, Estadão reproduzido pelo
Uol, 22 de julho de 2018) 181
CONTRA O PT, CONFEDERAÇÃO DE PASTORES DO BRASIL DECIDE APOIAR
BOLSONARO (Daniela Lima, Blog Painel/Uol, 20 de setembro de 2018 846... Ver
CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM INCLINAÇÃO
POLÍTICA NOS CULTOS 837 ) 846
1275
CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM
INCLINAÇÃO POLÍTICA NOS CULTOS (Aiuri Rebello, Uol, 16 de setembro de 2018... A
matéria também trata da igreja católica... 837... Ver CONTRA O PT, CONFEDERAÇÃO
DE PASTORES DO BRASIL DECIDE APOIAR BOLSONARO 846 ... Ver também
BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL
NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT
GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO
PROJETO ESCOLA SEM HOMOFOBIA 593... LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO
JORNAL NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO MEC 598/599 ... Ver também, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS
LIVROS (Fernando Haddad, ex-ministro da Educação dos governos Lula e Dilma, sobre
atuação de políticos ligados a igrejas no caso do material contra homofobia, deturpado
com a denominação “kit gay”) 221 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido 3, PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI.
AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690... Ver livro do filósofo
francês Jacques Rancière: “O ódio à democracia”, Boitempo, 2015) 837
A ELEIÇÃO DO “KIT GAY”. BUSCAS NA INTERNET POR “KIT GAY” NESTAS ELEIÇÕES
BATERAM RECORDE DE 2011, QUANDO O ASSUNTO VEIO À TONA; BOLSONARO E
MALAFAIA LIDERAM MENÇÕES AO “KIT" (Alexandre Policarpo, Bruno Fonseca,
Eliziane Lara e Gabriella Hauber, Agência Pública, 17 de outubro de 2018 971 ...
VALE MAIS DEFENESTRAR O ‘KIT GAY’ OU PROTEGER CRIANÇAS DO ABUSO SEXUAL?
EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS PODERIA SER UMA ARMA EFICAZ CONTRA
ABUSADORES, MAS A HISTERIA IDEOLÓGICA É O TIRO PELA CULATRA DE QUEM SE
DIZ DEFENSOR DA FAMÍLIA 979 ... MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM
PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA
SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA
CATÓLICA 1044... ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO
NA EDUCAÇÃO. TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES
RELIGIOSAS 1052... SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”.
MOVIMENTO CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM
DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO 1055) 971
UOL, PÁGINA INICIAL, 23 DE OUTUBRO DE 2018, 12H18MIN (Chamadas com
destaque principal, no topo da página: “Escola Sem Partido e ideologia de gênero têm
suas raízes na religião”, “Entenda as polêmicas sobre Escola Sem Partido e gênero na
educação”, “Como o combate à ‘ideologia de gênero’ tem pautado políticas
públicas”) 1044
1276
MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM
RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA
INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23
de outubro de 2018) 1044
ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO NA EDUCAÇÃO.
TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES RELIGIOSAS (Paulo
Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1052
SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”. MOVIMENTO
CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM DISCUSSÕES
SOBRE GÊNERO (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1055
PADRES USAM MISSAS E REDES SOCIAIS PARA APOIAR BOLSONARO E HADDAD.
POSICIONAMENTO DO CLERO CATÓLICO É PRÁTICA DESESTIMULADA PELA IGREJA
(Anna Virginia Balloussier, Folha/Uol, 17 de outubro de 2018 956... Ver também
OLAVO FAZ INCITAÇÃO À VIOLÊNCIA; CONVOCO MEUS CONCIDADÃOS A REPUDIÁLO. TEXTO ANUNCIA UMA ESCALADA DE AÇÕES VIOLENTAS E CONCLAMA
SEGUIDORES A PERPETRÁ-LAS 954 ... AO VIVO | ELEIÇÕES 2018: BOLSONARO E
HADDAD NA COBERTURA EM TEMPO REAL. NESTA SEGUNDA-FEIRA, O TSE NEGOU
PEDIDO DE HADDAD DE RETIRAR POST DE OLAVO DE CARVALHO SOBRE INCESTO
952 ... Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PADRE
PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE,
FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ) 956
“JC NAS ELEIÇÕES” DEBATE UNIÃO ENTRE RELIGIÃO E POLÍTICA (Lucas Calore, Jornal
Cidade de Rio Claro, SP, provavelmente 19 ou 20 de setembro de 2018) 960
DE OLHO EM VOTO CATÓLICO, BOLSONARO ASSINA COMPROMISSO COM
ARCEBISPO DO RIO (Hanrrikson de Andrade e Gustavo Maia, Uol, 17 de outubro de
2018) 964/965
EM CULTO, MALAFAIA ATACA A FOLHA E ENSINA FIÉIS A IDENTIFICAR FAKE NEWS
UMA DAS PRINCIPAIS LIDERANÇAS EVANGÉLICAS DO PAÍS, PASTOR É CABO
ELEITORAL DE BOLSONARO (Ana Luiza Albuquerque, Folha/Uol, 19 de outubro de
2018 967... Ver REPRESENTANTES DE IGREJAS SÃO ESCOLHIDOS POR PASTORES 546
... CAMPANHA DE JAIR BOLSONARO É MARCADA POR INTRIGAS E IMPROVISO. SEM
TESOUREIRO OU MARQUETEIRO, ESTRUTURA TEM POUCA COESÃO E MUITA
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA DO CANDIDATO 609 ... GENERAIS INTIMIDAM OS ELEITORES
E CHANTAGEIAM A DEMOCRACIA 819 ... PADRES USAM MISSAS E REDES SOCIAIS
1277
PARA APOIAR BOLSONARO E HADDAD. POSICIONAMENTO DO CLERO CATÓLICO É
PRÁTICA DESESTIMULADA PELA IGREJA 956 ... EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM
ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE
DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO
CONCEITO 97 ... QUEERMUSEU, A EXPOSIÇÃO MAIS DEBATIDA E MENOS VISTA DOS
ÚLTIMOS TEMPOS, REABRE NO RIO 264 ... Ver também retórica agressiva de
Bebianno, presidente do PSL: GOVERNO NÃO SERÁ DE MAIORIA DE MILITARES, DIS
BEBIANNO 970 ) 967
OS VALORES E BOATOS QUE CONDUZEM (OU NÃO) OS EVANGÉLICOS A BOLSONARO
(Leandro Machado e Luiza Franco, BBC News Brasil, 23 de outubro de 2018) 1038
GAYS, NEGROS E INDÍGENAS JÁ SENTEM NAS RUAS O MEDO DE UM GOVERNO
BOLSONARO. EPISÓDIOS DE INTIMIDAÇÃO AUMENTAM ANSIEDADE ENTRE GRUPOS
QUE SE SENTEM VULNERÁVEIS POR DISCURSOS FEITOS NO PASSADO, E HOJE
NEGADOS, PELO CANDIDATO. DEBATE SOBRE ESTRATÉGIAS DE PROTEÇÃO CRESCE
PARA “RESISTIR EM TEMPOS SOMBRIOS”, DIZ ATIVISTA (Joana Oliveira e Naira
Hofmeister, El País, 20 de outubro de 2018) 1006
MESMO APÓS ANOS DE DENÚNCIAS, VATICANO VIVE SEM DIRETRIZ PARA
COMBATER ABUSOS SEXUAIS (Nicole Winfield, Associated Press reproduzida pelo Uol,
03 de junho de 2018 48... Ver também GOVERNO ULTRACONSERVADOR POLONÊS
FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA DIREITOS
DAS MULHERES E SUBVENÇÕES. ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO EXECUTIVO
ÀS ENTIDADES QUE LUTAM PELA IGUALDADE 57... Ver, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 3, secção do índice denominada Sobre a ideia de
“ideologia de gênero”: criadores, usos..., a partir da página 1112, mais matérias sobre
o tema... Enquanto casos de pedofilia na Igreja Católica são divulgados nos EUA, no
México, na Austrália, Argentina..., no Brasil, políticos, religiosos e grupos de extremadireita procuram difamar filósofos, artistas, intelectuais, com acusações de pedofilia –
ver arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 2... Especificamente matérias
sobre a exposição Queermuseu e a performance do artista Wagner Schwartz, no
MAM-SP... E especialmente o artigo “ ‘Fui morto na internet como se fosse um zumbi
da série The Walking Dead’. Em entrevista exclusiva, Wagner Schwartz, o artista que
fez a performance ‘La Bête’, no MAM de São Paulo, fala pela primeira vez sobre os
ataques que sofreu, nos quais foi chamado de ‘pedófilo’ ”, Eliane Brum, El País, 12 de
fevereiro de 2018:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/12/opinion/1518444964_080093.html ... “
1278
‘Me mataron en Internet como si fuera un zombi de la serie ‘The Walking Dead’.
Wagner Schwartz, el artista que realizó la 'performance' 'La Bête' en el Museo de
Arte Moderno de São Paulo, habla por primera vez sobre los ataques que sufrió, en
los que le llamaron ‘pedófilo’”, Eliane Brum, traducción: Meritxell Almarza, El País, 14
de fevereiro e 2018:
https://elpais.com/internacional/2018/02/14/actualidad/1518623775_287430.html )
48
CHILE INVESTIGA 139 RELIGIOSOS POR ABUSOS SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO
INFORMA QUE 66% DAS VÍTIMAS ERAM MENORES DE IDADE E QUE HÁ 34
INVESTIGAÇÕES EM CURSO (Rocío Montes, El País, 24 de julho de 2018) 235
APÓS DÉCADAS DE SILÊNCIO, FREIRAS ENFRENTAM TABU E RELATAM ABUSOS DE
PADRES (Nicole Winfield, Associated Press reproduzida pelo Uol, 30 de julho de 2018)
250
A HORA DO PAPA FRANCISCO TRANSFORMAÇÃO EMPREENDIDA PELO PONTÍFICE,
RUMO AOS SEUS 82 ANOS, SE ENCONTRA EM UM MOMENTO DECISIVO QUE
DETERMINARÁ O SUCESSO DE SEU PAPADO E A HERANÇA QUE DEIXA (Daniel Verdú,
El País, 07 de julho de 2018 51/52... Ver também GOVERNO ULTRACONSERVADOR
POLONÊS FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA
DIREITOS DAS MULHERES E SUBVENÇÕES. ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO
EXECUTIVO ÀS ENTIDADES QUE LUTAM PELA IGUALDADE 57 ... AFASTADA,
PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA. APOIADA POR
ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E COMPARECEU A SEU
GABINETE 62 ... A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO ULTRACONSERVADOR DA
POLÔNIA. A PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO, MALGORZATA GERSDORF,
APRESENTOU-SE PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA, POUCAS HORAS DEPOIS DA
ATIVAÇÃO DA POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA APOSENTADORIA E DE OUTROS 27
JUÍZES 64... No arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido, há mais sobre a
Polônia, por exemplo, a respeito de aborto e de sua representação no Parlamento
Europeu, eurodeputado... EURODEPUTADO POLONÊS É PUNIDO POR DECLARAÇÕES
SEXISTAS. ULTRACONSERVADOR JANUSZ KORWIN-MIKKE É MULTADO EM MAIS DE 9
MIL EUROS E SUSPENSO DO PARLAMENTO EUROPEU POR DIZER QUE MULHERES SÃO
"MAIS FRACAS" E "MENOS INTELIGENTES" DO QUE OS HOMENS (2017) 42 e 612 )
51/52
IGREJA DA PENSILVÂNIA ENCOBRIU MAIS DE 1.000 ABUSOS CONTRA CRIANÇAS NAS
ÚLTIMAS DÉCADAS. CRIMES FORAM DESCOBERTOS NA MAIOR INVESTIGAÇÃO
SOBRE O TEMA JÁ CONCLUÍDA NOS ESTADOS UNIDOS (Antonia Laborde, El País, 15
de agosto de 2018) 269
1279
RELATÓRIO REVELA QUE 300 PADRES ABUSARAM SEXUALMENTE CRIANÇAS NA
PENSILVÂNIA. DOCUMENTO DO GRANDE JÚRI DA PENSILVÂNIA RELATA ABUSOS
SEXUAIS PERPETRADOS POR MEMBROS DA IGREJA CATÓLICA AO LONGO DE SETE
DÉCADAS. HÁ PELO MENOS 1000 VÍTIMAS IDENTIFICÁVEIS (Público, 14 de agosto de
2018... Público é jornal português) 271
INVESTIGAÇÃO ACUSA 300 PADRES DE PEDOFILIA NOS EUA, COM MAIS DE MIL
VÍTIMAS ABUSOS TERIAM SIDO ENCOBERTOS POR QUASE 70 ANOS, INFORMA
RELATÓRIO FEITO NA PENSILVÂNIA (O Globo reproduz The New York Times e AFP, 14
de agosto de 2018) 273
"THEY HID IT ALL”: CATHOLIC PRIESTS ABUSED 1,000 CHILDREN IN PENNSYLVANIA,
REPORT SAYS (Laurie Goodstein e Sharon Otterman, The New York Times, 14 de agosto
de 2018) 275
PADRES SEGUIAM CARTILHA INFORMAL PARA SILENCIAR VÍTIMAS NA PENSILVÂNIA.
DIOCESES USAVAM EUFEMISMO AO TRATAR DE ABUSOS DE CRIANÇAS PARA
PROTEGER REPUTAÇÃO (Danielle Brant, Folha/Uol, 15 de agosto de 2018) 280
PADRES ABUSARAM DE MAIS DE MIL CRIANÇAS NA PENSILVÂNIA, DIZ RELATÓRIO.
INVESTIGAÇÕES APONTAM QUE CERCA DE 300 RELIGIOSOS COMETERAM ABUSOS
SEXUAIS NO ESTADO AMERICANO DESDE A DÉCADA DE 1940. ALTOS MEMBROS DA
IGREJA CATÓLICA TERIAM ACOBERTADO OS CASOS (Deutsche Welle, 15 de agosto de
2018) 282
OPINIÃO: APÓSTOLOS SEM MORAL. A REVELAÇÃO DE OUTRO ESCÂNDALO DE ABUSO
SEXUAL NOS EUA ABALA AINDA MAIS AS FUNDAÇÕES DO VATICANO. JUSTIÇA E
RESSARCIMENTO PARA AS VÍTIMAS, MAS NADA DE ABSOLVIÇÃO PARA SEUS ALGOZES,
OPINA ASTRID PRANGE (Astrid Prange, Deutsche Welle, 15 de agosto de 2018) 284
SADOMASOQUISMO E USO DE SONÍFEROS: OS DETALHES DOS ABUSOS SILENCIADOS
PELA IGREJA NA PENSILVÂNIA. INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA IDENTIFICOU PELO MENOS
1.000 VÍTIMAS DE PADRES NO ESTADO NAS ÚLTIMAS DÉCADAS (Joan Faus, El País, 15
de agosto de 2018) 286
“TIRAVA O COLARINHO CLERICAL. ENTÃO PODIA FAZER O QUE QUERIA”. VÍTIMAS
CONTAM AO EL PAÍS A CRUEZA E A IMPUNIDADE DOS CRIMES SEXUAIS DE
SACERDOTES CONTRA MENORES NA PENSILVÂNIA DURANTE 70 ANOS. O HORROR
VESTIA BATINA (Amanda Mars, El País, 19 de agosto de 2018) 478
1280
BISPOS DOS EUA DEFENDEM INVESTIGAÇÃO DE ABUSO POR VATICANO.
ORGANIZAÇÃO DIZ QUE PROBLEMA É FRUTA DE FALHAS NA SUPERVISÃO EPISCOPAL
(Folha/Uol, 16 de agosto de 2018) 288
OS CHOCANTES CASOS DE ABUSO COMETIDOS POR “PADRES PREDADORES” CONTRA
CENTENAS DE MENORES NOS EUA (BBC Brasil, 15 de agosto de 2018) 289
VATICANO CHAMA DE CRIMINOSOS OS PADRES ABUSADORES DA PENSILVÂNIA E
PEDE QUE ASSUMAM RESPONSABILIDADES. IGREJA SENTE "VERGONHA E DOR"
PELOS 300 CASOS DE PEDOFILIA PERPETRADOS POR SACERDOTES" (El País, 16 de
agosto de 2018) 292
VATICANO SABIA DOS ABUSOS SEXUAIS NA PENSILVÂNIA PELO MENOS DESDE 1963.
SANTA SÉ SE MOSTROU TOLERANTE DIANTE DE ALGUNS DOS CASOS DE PEDOFILIA,
MAS É IMPOSSÍVEL SABER SE TINHA CONHECIMENTO DE TODOS OS DETALHES (Joan
Faus e Laura Delle Femmine, El País, 17 de agosto de 2018) 293
“NÃO AGIMOS A TEMPO. ABANDONAMOS OS PEQUENOS”, DIZ PAPA SOBRE ABUSOS
NA PENSILVÂNIA. EM CARTA, PONTÍFICE INSTA RESPONSÁVEIS ECLESIÁSTICOS A
DENUNCIAREM OS POSSÍVEIS CASOS DE PEDOFILIA (Lorena Pacho, El País, 20 de
agosto de 2018) 483
PAPA FRANCISCO: “A IGREJA FRACASSOU DIANTE DESSES CRIMES REPUGNANTES”.
PRIMEIRO-MINISTRO IRLANDÊS PEDE UMA RESPOSTA FIRME DO PAPA EM RELAÇÃO
AOS ABUSOS SEXUAIS DE MEMBROS DO CLERO E LEMBRA QUE A IRLANDA SE
MODERNIZOU E QUE A RELIGIÃO JÁ NÃO ESTÁ NO CENTRO DA SOCIEDADE (Daniel
Verdú, El País, 25 de agosto de 2018 484 ... Ver livro “Philomena”, Martin Sixsmith...
Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: HISTORIADORA DENUNCIA
QUE CONVENTO ENTERROU ATÉ 800 RECÉM-NASCIDOS NA IRLANDA (2014) 52 ...
FOSSA COM 800 BEBÊS É ACHADA EM ORFANATO CATÓLICO NA IRLANDA (2017) 52 )
484
IRLANDA PEDE AO PAPA “JUSTIÇA” ÀS VÍTIMAS DE ABUSOS (Agence France Presse
(AFP) reproduzida pelo Uol, 25 de agosto de 2018 486... Ver livro “Philomena”, Martin
Sixsmith ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: HISTORIADORA
DENUNCIA QUE CONVENTO ENTERROU ATÉ 800 RECÉM-NASCIDOS NA IRLANDA (2014)
52 ... FOSSA COM 800 BEBÊS É ACHADA EM ORFANATO CATÓLICO NA IRLANDA (2017)
52 ) 486
NA IRLANDA, PAPA EXPRESSA "VERGONHA” POR CASOS DE ABUSO. FRANCISCO
AFIRMOU QUE AUTORIDADES ECLESIÁSTICAS IRLANDESAS "FRACASSARAM” EM
1281
ENFRENTAR "CRIMES REPUGNANTES”. DESDE 2002, 14.500 PESSOAS NO PAÍS SE
DECLARARAM VÍTIMAS DE ABUSOS SEXUAIS COMETIDOS POR PADRES (Deutsche
Welle, 25 de agosto de 2018) 489
“NOS FAZIAM COMER VÔMITO”: AS DENÚNCIAS DE ABUSOS COMETIDOS EM
ORFANATO POR FREIRAS NA ESCÓCIA (BBC News Brasil, 25 de agosto de 2018 492...
Para ver semelhanças com o que aconteceu na Irlanda, livro “Philomena”, Martin
Sixsmith ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: HISTORIADORA
DENUNCIA QUE CONVENTO ENTERROU ATÉ 800 RECÉM-NASCIDOS NA IRLANDA (2014)
52 ... FOSSA COM 800 BEBÊS É ACHADA EM ORFANATO CATÓLICO NA IRLANDA (2017)
52) 492
POPE FRANCIS LONG KNEW OF CARDINAL’S ABUSES AND MUST RESIGN,
ARCHBISHOP SAYS (Jason Horowitz, The New York Times, 26 de agosto de 2018 496…
Ao ler a matéria, me questionei se a relação entre homossexualidade e abusos sexuais
é a mesma relação que há entre heterossexualidade e estupros? Nos dois casos, há
alguma relação necessária: homossexualidade implica abusos, heterossexualidade leva
necessariamente a estupros? Ver, artigo com interpretação original sobre o assunto:
OPINIÃO: A FALÊNCIA MORAL DA IGREJA DO PAPA. A VISITA DE FRANCISCO À IRLANDA
É MARCADA PELO ESCÂNDALO DE ABUSOS SEXUAIS NA INSTITUIÇÃO QUE ELE
COMANDA. NA OPINIÃO DO TEÓLOGO ALEXANDER GÖRLACH, A IGREJA CATÓLICA, EM
SUA ATUAL FORMA, CHEGOU MORALMENTE AO FIM 512 ... Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E
SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL
690 ) 496
EX-ALTO FUNCIONÁRIO DO VATICANO ACUSA O PAPA DE ENCOBRIR ABUSOS SEXUAIS.
EX-NÚNCIO NOS EUA DIZ QUE FRANCISCO CONHECIA AS ACUSAÇÕES DE PEDOFILIA
CONTRA O CARDEAL THEODOR MCCARRICK (Daniel Verdú, enviado especial, Dublin, El
País, 26 de agosto de 2018) 503
EM CARTA, ARCEBISPO ACUSA FRANCISCO DE ACOBERTAR CASOS DE ABUSO SEXUAL
DESDE 2013. CARLO MARIA VIGANÒ DISSE QUE O PONTÍFICE FOI INFORMADO DE
ESCÂNDALOS E DE UM DOSSIÊ SOBRE ELES (Igor Gielow, Folha/Uol, 26 de agosto de
2018 514... Ver livro “Philomena”, Martin Sixsmith ... Ver, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido: HISTORIADORA DENUNCIA QUE CONVENTO ENTERROU
ATÉ 800 RECÉM-NASCIDOS NA IRLANDA (2014) 52 ... FOSSA COM 800 BEBÊS É
ACHADA EM ORFANATO CATÓLICO NA IRLANDA (2017) 52) 514
PAPA EVITA RESPONDER ÀS ACUSAÇÕES DE ENCOBRIMENTO DE ABUSOS. FRANCISCO
NÃO DEU UMA RESPOSTA CLARA À ACUSAÇÃO DE UM ARCEBISPO SOBRE SEU
1282
SUPOSTO SILÊNCIO A RESPEITO DAS ACUSAÇÕES AO CARDEAL MCCARRICK E PEDE AOS
JORNALISTAS QUE JULGUEM POR SI MESMOS (Daniel Verdú, El País, 27 de agosto de
2018) 507
PAPA RECOMENDA PSIQUIATRIA PARA HOMOSSEXUALIDADE DETECTADA NA
INFÂNCIA. FRANCISCO DIZ QUE PAIS DEVEM REZAR COM FILHOS; VATICANO DISSE
QUE FALA FOI MAL INTERPRETADA (Folha/Uol, 27 de agosto de 2018 509... Ver
também, matéria que traz imagem de protesto em Paris, a respeito da declaração do
papa: PAPA ENFRENTA GUERRA CIVIL CONTRA ALA CONSERVADORA DA IGREJA
CATÓLICA. GRUPO SE POSICIONA CONTRA FRANCISCO EM TEMAS COMO
HOMOSSEXUALIDADE, ABORTO E DIVÓRCIO 520 ) 509
PAPA MANTÉM SILÊNCIO APÓS SER ACUSADO DE ACOBERTAR ABUSOS. "LEIAM O
DOCUMENTO ATENTAMENTE E FAÇAM O VOSSO PRÓPRIO JULGAMENTO", DECLARA
FRANCISCO SOBRE CARTA EM QUE EX-EMBAIXADOR DO VATICANO O ACUSA DE
IGNORAR HISTÓRICO DE ABUSOS SEXUAIS COMETIDOS POR CARDEAL AMERICANO
(Deutsche Welle, 27 de agosto de 2017) 510/511
OPINIÃO: A FALÊNCIA MORAL DA IGREJA DO PAPA. A VISITA DE FRANCISCO À
IRLANDA É MARCADA PELO ESCÂNDALO DE ABUSOS SEXUAIS NA INSTITUIÇÃO QUE
ELE COMANDA. NA OPINIÃO DO TEÓLOGO ALEXANDER GÖRLACH, A IGREJA
CATÓLICA, EM SUA ATUAL FORMA, CHEGOU MORALMENTE AO FIM (Alexander
Görlach, Deutsche Welle, 27 de agosto de 2018 512... Ver também EM LUTA POR
PODER NO VATICANO, CONSERVADORES TENTAM LIGAR ABUSOS A GAYS. ALA CRITICA
A FRANCISCO CULPA UMA “CORRENTE HOMOSSEXUAL” PELO ESCÂNDALO QUE
ATINGIU A IGREJA 523 ) 512
A GUERRA SUJA VOLTA AO VATICANO. ACUSAÇÕES CONTRA O PAPA AVIVAM O
FOGO DE UMA LUTA POR PODER QUE, DISFARÇADA DE IDEOLOGIA E ORTODOXIA
RELIGIOSA, BUSCA RESTAURAR A VELHA ORDEM (Daniel Verdú, El País, 27 de agosto
de 2018 516... Ver também PAPA ENFRENTA GUERRA CIVIL CONTRA ALA
CONSERVADORA DA IGREJA CATÓLICA. GRUPO SE POSICIONA CONTRA FRANCISCO EM
TEMAS COMO HOMOSSEXUALIDADE, ABORTO E DIVÓRCIO 520 ... EM LUTA POR
PODER NO VATICANO, CONSERVADORES TENTAM LIGAR ABUSOS A GAYS. ALA CRITICA
A FRANCISCO CULPA UMA “CORRENTE HOMOSSEXUAL” PELO ESCÂNDALO QUE
ATINGIU A IGREJA 523 ) 516
HÁ EVIDÊNCIAS DE QUE VATICANO SABIA DE ACOBERTAMENTO, DIZ PROCURADOR.
AFIRMAÇÃO É REAÇÃO A CARTA DE ARCEBISPO QUE ACUSA PAPA FRANCISCO DE
SABER DE ABUSOS (Folha/Uol, 28 de agosto de 2018) 518
1283
PAPA ENFRENTA GUERRA CIVIL CONTRA ALA CONSERVADORA DA IGREJA CATÓLICA.
GRUPO SE POSICIONA CONTRA FRANCISCO EM TEMAS COMO HOMOSSEXUALIDADE,
ABORTO E DIVÓRCIO (Clóvis Rossi, Folha/Uol, 28 de agosto de 2018 520... Ver EM
LUTA POR PODER NO VATICANO, CONSERVADORES TENTAM LIGAR ABUSOS A GAYS.
ALA CRITICA A FRANCISCO CULPA UMA “CORRENTE HOMOSSEXUAL” PELO
ESCÂNDALO QUE ATINGIU A IGREJA 523 ) 520
EM LUTA POR PODER NO VATICANO, CONSERVADORES TENTAM LIGAR ABUSOS A
GAYS. ALA CRITICA A FRANCISCO CULPA UMA “CORRENTE HOMOSSEXUAL” PELO
ESCÂNDALO QUE ATINGIU A IGREJA (Jason Horowitz, The New York Times
reproduzido pelo Uol, 28 de agosto de 2018) 523
MOVIMENTO ARGENTINO PREGA DESFILIAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA. COALIZÃO
PELO ESTADO LAICO GANHA ATENÇÃO APÓS VOTAÇÃO DO DIREITO AO ABORTO
(Sylvia Colombo, Folha/Uol, 23 de agosto de 2018) 468
JUDITH BUTLER ESCREVE SOBRE SUA TEORIA DE GÊNERO E O ATAQUE SOFRIDO NO
BRASIL (Judith Butler, Folha de S. Paulo, 19 de novembro de 2017 469... Ver também
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 469
GOVERNO ULTRACONSERVADOR POLONÊS FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO
FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA DIREITOS DAS MULHERES E SUBVENÇÕES.
ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO EXECUTIVO ÀS ENTIDADES QUE LUTAM
PELA IGUALDADE (María R. Sahuquillo, El País, 10 de julho de 2018 57... Ver
AFASTADA, PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA.
APOIADA POR ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E
COMPARECEU A SEU GABINETE 62 ... A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO
ULTRACONSERVADOR DA POLÔNIA. A PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO,
MALGORZATA GERSDORF, APRESENTOU-SE PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA,
POUCAS HORAS DEPOIS DA ATIVAÇÃO DA POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA
APOSENTADORIA E DE OUTROS 27 JUÍZES 64 ... No arquivo Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido, há mais sobre a Polônia, por exemplo, a respeito de aborto e de
sua representação no Parlamento Europeu, eurodeputado... EURODEPUTADO
POLONÊS É PUNIDO POR DECLARAÇÕES SEXISTAS. ULTRACONSERVADOR JANUSZ
KORWIN-MIKKE É MULTADO EM MAIS DE 9 MIL EUROS E SUSPENSO DO
PARLAMENTO EUROPEU POR DIZER QUE MULHERES SÃO "MAIS FRACAS" E "MENOS
INTELIGENTES" DO QUE OS HOMENS (2017) 42 e 612 ... No arquivo Ideologia de
1284
Gênero e Escola Sem Partido 2, ver EDUCAÇÃO SEXUAL DIVIDE SOCIEDADE
POLONESA 568... #SEXEDPL NO YOUTUBE 569 ... REBELIÃO POLONESA. CRISE
REVELA A IMPOTÊNCIA DA UE ANTE GUINADA AUTORITÁRIA DE UM DOS PAÍSESMEMBROS 570 ) 57
AFASTADA, PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA.
APOIADA POR ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E
COMPARECEU A SEU GABINETE (Folha/Uol reproduz Agence France Presse, 04 de julho
de 2018) 62
A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO ULTRACONSERVADOR DA POLÔNIA. A
PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO, MALGORZATA GERSDORF, APRESENTOU-SE
PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA, POUCAS HORAS DEPOIS DA ATIVAÇÃO DA
POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA APOSENTADORIA E DE OUTROS 27 JUÍZES (María R.
Sahuquillo, El País, 04 de julho de 2018) 64
CATÓLICOS LGBT ORGANIZAM MOVIMENTO PARA REIVINDICAR MAIS ESPAÇO NA
IGREJA. GRUPO COMEMORA PEQUENOS AVANÇOS, COMO UM TEXTO EM QUE O
VATICANO USA PELA PRIMEIRA VEZ A SIGLA (Anna Virginia Balloussier, Folha/Uol,
23.de julho e 2018 182... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
3: VATICANO USA TERMO "LGBT" PELA PRIMEIRA VEZ EM DOCUMENTO OFICIAL
["INSTRUMENTUM LABORIS" DELLA XV ASSEMBLEA GENERALE ORDINARIA DEL
SINODO DEI VESCOVI, OFICINA DE PRENSA DE LA SANTA SEDE, 19 JUN 2018] (Uol
Universa, 21 de junho de 2018) 1001... ENTENDA O QUE SIGNIFICA A IGREJA
CATÓLICA USAR O TERMO LGBT OFICIALMENTE PELA PRIMEIRA VEZ (Edison Veiga, BBC
Brasil, 26 de junho de 2018) 1080/1081 ... JÁ SÃO 86 PESSOAS TRANS ASSASSINADAS
APENAS NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2018 1086 ) 182
CUBA ELIMINA A PALAVRA “COMUNISMO” NO ANTEPROJETO DE REFORMA
CONSTITUCIONAL O NOVO TEXTO SÓ MENCIONA O “SOCIALISMO” E SUPRIME O
OBJETIVO DO “AVANÇO RUMO À SOCIEDADE COMUNISTA”, QUE FIGURA NA ATUAL
CONSTITUIÇÃO DE 1976 (Pablo de Llano, El País, 21 de julho de 2018) 139
CUBA REFORMA CONSTITUIÇÃO PARA REVERTER DÉCADAS DE HOMOFOBIA.
PROJETO DE REFORMA APROVADO NA ASSEMBLEIA NACIONAL REDEFINE O
CASAMENTO COMO A “UNIÃO ENTRE DUAS PESSOAS” (Pablo de LLano, El País, 23 de
julho de 2018) 213
1285
OPINIÃO: CASAMENTO GAY EM CUBA, UMA DÍVIDA ADIADA. OS PRECONCEITOS
QUE ALIMENTARAM POR DÉCADAS A HOMOFOBIA NA ILHA SEGUEM VIVOS E
PODEM ATRASAR A APROVAÇÃO DAS UNIÕES ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO,
OPINA O DRAMATURGO ABEL GONZÁLEZ (Abel González Melo, Deutsche Welle, 26 de
julho de 2018) 248
COMO MOVIMENTOS SIMILARES AO ESCOLA SEM PARTIDO SE ESPALHAM POR
OUTROS PAÍSES (Mariana Schreiber, BBC Brasil, 13 de julho de 2018) 76
CAMPINA GRANDE PROÍBE DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO NA SALA DE AULA; OAB
PROTESTA (Uol, 14 de julho de 2018) 83
STF QUESTIONA CIDADES DE PE SOBRE LEIS QUE PROÍBEM DEBATE SOBRE GÊNERO
(Estadão reproduzido pelo Uol, 18 de julho de 2018 85... Ver LEI 2985 DE 19 DE
DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE 87 ...
) 85
LEI 2985 DE 19 DE DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE
87
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, COM PEDIDO DE
MEDIDA CAUTELAR, CONTRA AS LEIS Nº 2.985/2017 E Nº 4.432/2017,
RESPECTIVAMENTE, DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE PERNAMBUCO (PE) DE
PETROLINA E GARANHUNS, QUE APROVAM O PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E
VEDAM POLÍTICA DE ENSINO COM INFORMAÇÕES SOBRE GÊNERO NOS MUNICÍPIOS
(Partido Socialismo e Liberdade – PSOL, Brasília/DF, 06 de Junho de 2018 89/90...
Sobre a pesquisadora Jimena Furlani, citada no documento, ver EXISTE “IDEOLOGIA DE
GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA
FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS
EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 89/90
MANIFESTAÇÃO DA PREFEITURA DE PETROLINA, NO STF, SOBRE ARGUIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL PROPOSTA PELO PSOL. DATADA
DE 04 DE JULHO DE 2018 90
REQUERIMENTO DA ASSOCIAÇÃO ESCOLA SEM PARTIDO PARA INGRESSO NOS
AUTOS DA ADPF 522 NA QUALIDADE DE AMICUS CURIAE 95
1286
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO (Andrea Dip, Agência Pública, 30 de
agosto de 2016) 97
MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO VAI INVESTIGAR ENCONTRO DE CRIVELLA COM
PASTORES (Constança Rezende, Estadão reproduzido pelo Uol, 06 de julho de 2018)
33
IMPEACHMENT DE CRIVELLA SERIA DURO GOLPE NO PROJETO DE PODER DA
UNIVERSAL (Leonardo Sakamoto, Blog do Sakamoto/Uol, 12 de julho de 2018) 34
IMPEACHMENT NO RIO: CÂMARA REJEITA PROCESSO CONTRA MARCELO CRIVELLA –
ENTENDA (André Shalders, BBC Brasil, 12 de julho de 2018) 36
CRIVELLA ESCAPA DE IMPEACHMENT, MAS CONTINUA ALVO DE INVESTIGAÇÃO (João
Soares, Deutsche Welle, 13 de julho de 2018) 39
SALVO NO RIO, CRIVELLA VOTOU POR AFASTAMENTO DE DILMA POR "GRAVE CRISE
ECONÔMICA" (Gustavo Maia, Uol, 13 de julho de 2018) 42
SEM “MÁRCIA” DE CRIVELLA, PACIENTE DO RIO FICA 8 MESES NA FILA POR
CONSULTA. PREFEITO FOI GRAVADO OFERECENDO AJUDA DE ASSESSORA PARA
AGENDAMENTOS DE FIÉIS (Júlia Barbon e Lucas Vettorazzo, Folha/Uol, 17 de julho de
2018) 44
UNIVERSAL ATACA VEREADORES QUE APROVARAM IMPEACHMENT DE CRIVELLA.
JORNAL DA IGREJA ACUSA FAVORÁVEIS DA ABERTURA DE PROCESSO CONTRA O
PREFEITO DE PRECONCEITO (Folha/Uol, 24 de julho de 2018) 646
MINISTRO FAZ PRESSÃO POR CARGOS E ABRE GUERRA NO PALÁCIO DO PLANALTO.
NOVO TITULAR DA SECRETARIA-GERAL DA PRESIDÊNCIA, PASTOR RONALDO
FONSECA ARTICULA NOMEAÇÕES (Marina Dias, Folha/Uol, 11 de julho de 2018 31...
Ver EVANGÉLICOS SE ARTICULAM PARA AUMENTAR REPRESENTATIVIDADE POLÍTICA
638) 31
ATOS POLÍTICOS E MANIFESTAÇÕES POR IGUALDADE DE GÊNERO GANHAM FORÇA
NO ORIENTE MÉDIO (Aline Yumi, Beatriz Lia e Natália Vitória*, Opera Mundi/Uol, 12
1287
de julho de 2018 168... Ver filme "Ladies first", Mona El-Naggar, EUA, 2016,
geralmente está no YouTube… Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido, PARA EXAMINAR DUAS RETÓRICAS DE PODER (Berenice Bento, socióloga
da UFRN) 649 ) 168
ÍNDIA DESPENALIZA A HOMOSSEXUALIDADE. SUPREMA CORTE REVOGA PROIBIÇÃO
ESTABELECIDA POR UMA LEI VITORIANA DO SÉCULO XIX (Ángel L. Martínez Cantera,
El País, 06 de setembro de 2018 694/695... Ver UMA AVALIAÇÃO SOBRE A BUSCA DE
DIREITOS LGBT PELO MUNDO 104 ... BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA
MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EXPARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO
MUNDO AFIRMA QUE A COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS
DIREITOS 108 ) 694/695
SUPREMA CORTE DA ÍNDIA DESCRIMINALIZA HOMOSSEXUALIDADE. EM DECISÃO
HISTÓRICA, JUÍZES JULGAM INCONSTITUCIONAL LEI DA ERA COLONIAL QUE PUNIA
"ATOS CONTRA A NATUREZA" COM ATÉ DEZ ANOS DE PRISÃO, NUMA GRANDE
VITÓRIA PARA OS DEFENSORES DOS DIREITOS DA COMUNIDADE LGBT (Deutsche
Welle, 06 de setembro de 2018) 996/997
Igrejas, religiões e sexualidade...
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO (Andrea Dip, Agência Pública, 30 de
agosto de 2016 97... Ver também A ELEIÇÃO DO “KIT GAY”. BUSCAS NA INTERNET
POR “KIT GAY” NESTAS ELEIÇÕES BATERAM RECORDE DE 2011, QUANDO O ASSUNTO
VEIO À TONA; BOLSONARO E MALAFAIA LIDERAM MENÇÕES AO “KIT"
971... VALE
MAIS DEFENESTRAR O ‘KIT GAY’ OU PROTEGER CRIANÇAS DO ABUSO SEXUAL?
EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS PODERIA SER UMA ARMA EFICAZ CONTRA
ABUSADORES, MAS A HISTERIA IDEOLÓGICA É O TIRO PELA CULATRA DE QUEM SE DIZ
DEFENSOR DA FAMÍLIA 979 ... MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E
IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA
DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA
1044... ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO NA
EDUCAÇÃO. TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES
RELIGIOSAS 1052... SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”.
1288
MOVIMENTO CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA”
EM DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO 1055) 97
A ELEIÇÃO DO “KIT GAY”. BUSCAS NA INTERNET POR “KIT GAY” NESTAS ELEIÇÕES
BATERAM RECORDE DE 2011, QUANDO O ASSUNTO VEIO À TONA; BOLSONARO E
MALAFAIA LIDERAM MENÇÕES AO “KIT" (Alexandre Policarpo, Bruno Fonseca,
Eliziane Lara e Gabriella Hauber, Agência Pública, 17 de outubro de 2018 971 ...
VALE MAIS DEFENESTRAR O ‘KIT GAY’ OU PROTEGER CRIANÇAS DO ABUSO SEXUAL?
EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS PODERIA SER UMA ARMA EFICAZ CONTRA
ABUSADORES, MAS A HISTERIA IDEOLÓGICA É O TIRO PELA CULATRA DE QUEM SE
DIZ DEFENSOR DA FAMÍLIA 979 ... MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM
PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA
SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA
CATÓLICA 1044... ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO
NA EDUCAÇÃO. TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES
RELIGIOSAS 1052... SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”.
MOVIMENTO CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM
DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO 1055) 971
UOL, PÁGINA INICIAL, 23 DE OUTUBRO DE 2018, 12H18MIN (Chamadas com
destaque principal, no topo da página: “Escola Sem Partido e ideologia de gênero têm
suas raízes na religião”, “Entenda as polêmicas sobre Escola Sem Partido e gênero na
educação”, “Como o combate à ‘ideologia de gênero’ tem pautado políticas
públicas”) 1044
MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM
RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA
INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23
de outubro de 2018) 1044
ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO NA EDUCAÇÃO.
TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES RELIGIOSAS (Paulo
Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1052
SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”. MOVIMENTO
CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM DISCUSSÕES
SOBRE GÊNERO (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1055
1289
PADRES USAM MISSAS E REDES SOCIAIS PARA APOIAR BOLSONARO E HADDAD.
POSICIONAMENTO DO CLERO CATÓLICO É PRÁTICA DESESTIMULADA PELA IGREJA
(Anna Virginia Balloussier, Folha/Uol, 17 de outubro de 2018 956... Ver também
OLAVO FAZ INCITAÇÃO À VIOLÊNCIA; CONVOCO MEUS CONCIDADÃOS A REPUDIÁLO. TEXTO ANUNCIA UMA ESCALADA DE AÇÕES VIOLENTAS E CONCLAMA
SEGUIDORES A PERPETRÁ-LAS 954 ... AO VIVO | ELEIÇÕES 2018: BOLSONARO E
HADDAD NA COBERTURA EM TEMPO REAL. NESTA SEGUNDA-FEIRA, O TSE NEGOU
PEDIDO DE HADDAD DE RETIRAR POST DE OLAVO DE CARVALHO SOBRE INCESTO
952 ... Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PADRE
PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE,
FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ) 956
“JC NAS ELEIÇÕES” DEBATE UNIÃO ENTRE RELIGIÃO E POLÍTICA (Lucas Calore, Jornal
Cidade de Rio Claro, SP, provavelmente 19 ou 20 de setembro de 2018) 960
DE OLHO EM VOTO CATÓLICO, BOLSONARO ASSINA COMPROMISSO COM
ARCEBISPO DO RIO (Hanrrikson de Andrade e Gustavo Maia, Uol, 17 de outubro de
2018) 964/965
EM CULTO, MALAFAIA ATACA A FOLHA E ENSINA FIÉIS A IDENTIFICAR FAKE NEWS
UMA DAS PRINCIPAIS LIDERANÇAS EVANGÉLICAS DO PAÍS, PASTOR É CABO
ELEITORAL DE BOLSONARO (Ana Luiza Albuquerque, Folha/Uol, 19 de outubro de
2018 967... Ver REPRESENTANTES DE IGREJAS SÃO ESCOLHIDOS POR PASTORES 546
... CAMPANHA DE JAIR BOLSONARO É MARCADA POR INTRIGAS E IMPROVISO. SEM
TESOUREIRO OU MARQUETEIRO, ESTRUTURA TEM POUCA COESÃO E MUITA
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA DO CANDIDATO 609 ... GENERAIS INTIMIDAM OS ELEITORES
E CHANTAGEIAM A DEMOCRACIA 819 ... PADRES USAM MISSAS E REDES SOCIAIS
PARA APOIAR BOLSONARO E HADDAD. POSICIONAMENTO DO CLERO CATÓLICO É
PRÁTICA DESESTIMULADA PELA IGREJA 956 ... EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM
ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE
DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO
CONCEITO 97 ... QUEERMUSEU, A EXPOSIÇÃO MAIS DEBATIDA E MENOS VISTA DOS
ÚLTIMOS TEMPOS, REABRE NO RIO 264 ... Ver também retórica agressiva de
Bebianno, presidente do PSL: GOVERNO NÃO SERÁ DE MAIORIA DE MILITARES, DIS
BEBIANNO 970 ) 967
OS VALORES E BOATOS QUE CONDUZEM (OU NÃO) OS EVANGÉLICOS A BOLSONARO
(Leandro Machado e Luiza Franco, BBC News Brasil, 23 de outubro de 2018) 1038
1290
GAYS, NEGROS E INDÍGENAS JÁ SENTEM NAS RUAS O MEDO DE UM GOVERNO
BOLSONARO. EPISÓDIOS DE INTIMIDAÇÃO AUMENTAM ANSIEDADE ENTRE GRUPOS
QUE SE SENTEM VULNERÁVEIS POR DISCURSOS FEITOS NO PASSADO, E HOJE
NEGADOS, PELO CANDIDATO. DEBATE SOBRE ESTRATÉGIAS DE PROTEÇÃO CRESCE
PARA “RESISTIR EM TEMPOS SOMBRIOS”, DIZ ATIVISTA (Joana Oliveira e Naira
Hofmeister, El País, 20 de outubro de 2018) 1006
CULTOS, ALERTAS E CHAMADOS MOVEM A “BANCADA DA BÍBLIA” NO CONGRESSO
(Renata Agostini, Paulo Oliveira, Estadão reproduzido pelo Uol, 12 de agosto de 2018)
649
VÍDEO: COMISSÃO QUE ANALISA “ESCOLA SEM PARTIDO” TEM PROTESTO E BATEBOCA (Thallita Essi, Congresso em Foco/Uol, 12 de julho de 2018) 654
CUBA ELIMINA A PALAVRA “COMUNISMO” NO ANTEPROJETO DE REFORMA
CONSTITUCIONAL O NOVO TEXTO SÓ MENCIONA O “SOCIALISMO” E SUPRIME O
OBJETIVO DO “AVANÇO RUMO À SOCIEDADE COMUNISTA”, QUE FIGURA NA ATUAL
CONSTITUIÇÃO DE 1976 (Pablo de Llano, El País, 21 de julho de 2018) 139
CUBA REFORMA CONSTITUIÇÃO PARA REVERTER DÉCADAS DE HOMOFOBIA.
PROJETO DE REFORMA APROVADO NA ASSEMBLEIA NACIONAL REDEFINE O
CASAMENTO COMO A “UNIÃO ENTRE DUAS PESSOAS” (Pablo de LLano, El País, 23 de
julho de 2018) 213
OPINIÃO: CASAMENTO GAY EM CUBA, UMA DÍVIDA ADIADA. OS PRECONCEITOS
QUE ALIMENTARAM POR DÉCADAS A HOMOFOBIA NA ILHA SEGUEM VIVOS E
PODEM ATRASAR A APROVAÇÃO DAS UNIÕES ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO,
OPINA O DRAMATURGO ABEL GONZÁLEZ (Abel González Melo, Deutsche Welle, 26 de
julho de 2018) 248
ÍNDIA DESPENALIZA A HOMOSSEXUALIDADE. SUPREMA CORTE REVOGA PROIBIÇÃO
ESTABELECIDA POR UMA LEI VITORIANA DO SÉCULO XIX (Ángel L. Martínez Cantera,
El País, 06 de setembro de 2018 694/695... Ver UMA AVALIAÇÃO SOBRE A BUSCA DE
DIREITOS LGBT PELO MUNDO 104 ... BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA
MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EXPARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO
1291
MUNDO AFIRMA QUE A COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS
DIREITOS 108 ) 694/695
SUPREMA CORTE DA ÍNDIA DESCRIMINALIZA HOMOSSEXUALIDADE. EM DECISÃO
HISTÓRICA, JUÍZES JULGAM INCONSTITUCIONAL LEI DA ERA COLONIAL QUE PUNIA
"ATOS CONTRA A NATUREZA" COM ATÉ DEZ ANOS DE PRISÃO, NUMA GRANDE
VITÓRIA PARA OS DEFENSORES DOS DIREITOS DA COMUNIDADE LGBT (Deutsche
Welle, 06 de setembro de 2018) 996/997
COMO MOVIMENTOS SIMILARES AO ESCOLA SEM PARTIDO SE ESPALHAM POR
OUTROS PAÍSES (Mariana Schreiber, BBC Brasil, 13 de julho de 2018) 76
VEREADOR MUDA NOME DE CRECHE ARCO-ÍRIS POR "PROMOVER O
HOMOSSEXUALISMO" (Uol Universa, 16 de julho de 2018) 653
COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE "ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE
IDENTIDADE (Rafael Barifouse, BBC News Brasil, 30 de setembro de 2018 874... Ver
GISELE SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM
CIRURGIA, 07 DE JUNHO DE 2017, canal do YouTube de Adriano Picarelli, 09 de junho
de 2017... Ver, na apresentação do vídeo - abaixo da tela - indicações de textos e
filmes... https://www.youtube.com/watch?v=FC9AkK50NC4 ) 874
CAMPINA GRANDE PROÍBE DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO NA SALA DE AULA; OAB
PROTESTA (Uol, 14 de julho de 2018) 83
STF QUESTIONA CIDADES DE PE SOBRE LEIS QUE PROÍBEM DEBATE SOBRE GÊNERO
(Estadão reproduzido pelo Uol, 18 de julho de 2018 85... Ver LEI 2985 DE 19 DE
DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE 87 ...
) 85
LEI 2985 DE 19 DE DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE
87
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, COM PEDIDO DE
MEDIDA CAUTELAR, CONTRA AS LEIS Nº 2.985/2017 E Nº 4.432/2017,
RESPECTIVAMENTE, DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE PERNAMBUCO (PE) DE
PETROLINA E GARANHUNS, QUE APROVAM O PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E
1292
VEDAM POLÍTICA DE ENSINO COM INFORMAÇÕES SOBRE GÊNERO NOS MUNICÍPIOS
(Partido Socialismo e Liberdade – PSOL, Brasília/DF, 06 de Junho de 2018 89/90...
Sobre a pesquisadora Jimena Furlani, citada no documento, ver EXISTE “IDEOLOGIA DE
GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA
FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS
EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 89/90
MANIFESTAÇÃO DA PREFEITURA DE PETROLINA, NO STF, SOBRE ARGUIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL PROPOSTA PELO PSOL. DATADA
DE 04 DE JULHO DE 2018 90
REQUERIMENTO DA ASSOCIAÇÃO ESCOLA SEM PARTIDO PARA INGRESSO NOS
AUTOS DA ADPF 522 NA QUALIDADE DE AMICUS CURIAE 95
MESMO APÓS ANOS DE DENÚNCIAS, VATICANO VIVE SEM DIRETRIZ PARA
COMBATER ABUSOS SEXUAIS (Nicole Winfield, Associated Press reproduzida pelo Uol,
03 de junho de 2018 48... Ver também GOVERNO ULTRACONSERVADOR POLONÊS
FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA DIREITOS
DAS MULHERES E SUBVENÇÕES. ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO EXECUTIVO
ÀS ENTIDADES QUE LUTAM PELA IGUALDADE 57... Ver, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 3, secção do índice denominada Sobre a ideia de
“ideologia de gênero”: criadores, usos..., a partir da página 1112, mais matérias sobre
o tema... Enquanto casos de pedofilia na Igreja Católica são divulgados nos EUA, no
México, na Austrália, Argentina..., no Brasil, políticos, religiosos e grupos de extremadireita procuram difamar filósofos, artistas, intelectuais, com acusações de pedofilia –
ver arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 2... Especificamente matérias
sobre a exposição Queermuseu e a performance do artista Wagner Schwartz, no
MAM-SP... E especialmente o artigo “ ‘Fui morto na internet como se fosse um zumbi
da série The Walking Dead’. Em entrevista exclusiva, Wagner Schwartz, o artista que
fez a performance ‘La Bête’, no MAM de São Paulo, fala pela primeira vez sobre os
ataques que sofreu, nos quais foi chamado de ‘pedófilo’ ”, Eliane Brum, El País, 12 de
fevereiro de 2018:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/12/opinion/1518444964_080093.html ... “
‘Me mataron en Internet como si fuera un zombi de la serie ‘The Walking Dead’.
Wagner Schwartz, el artista que realizó la 'performance' 'La Bête' en el Museo de
Arte Moderno de São Paulo, habla por primera vez sobre los ataques que sufrió, en
los que le llamaron ‘pedófilo’”, Eliane Brum, traducción: Meritxell Almarza, El País, 14
de fevereiro e 2018:
https://elpais.com/internacional/2018/02/14/actualidad/1518623775_287430.html )
48
1293
CHILE INVESTIGA 139 RELIGIOSOS POR ABUSOS SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO
INFORMA QUE 66% DAS VÍTIMAS ERAM MENORES DE IDADE E QUE HÁ 34
INVESTIGAÇÕES EM CURSO (Rocío Montes, El País, 24 de julho de 2018) 235
APÓS DÉCADAS DE SILÊNCIO, FREIRAS ENFRENTAM TABU E RELATAM ABUSOS DE
PADRES (Nicole Winfield, Associated Press reproduzida pelo Uol, 30 de julho de 2018)
250
A HORA DO PAPA FRANCISCO TRANSFORMAÇÃO EMPREENDIDA PELO PONTÍFICE,
RUMO AOS SEUS 82 ANOS, SE ENCONTRA EM UM MOMENTO DECISIVO QUE
DETERMINARÁ O SUCESSO DE SEU PAPADO E A HERANÇA QUE DEIXA (Daniel Verdú,
El País, 07 de julho de 2018 51/52... Ver também GOVERNO ULTRACONSERVADOR
POLONÊS FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA
DIREITOS DAS MULHERES E SUBVENÇÕES. ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO
EXECUTIVO ÀS ENTIDADES QUE LUTAM PELA IGUALDADE 57 ... AFASTADA,
PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA. APOIADA POR
ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E COMPARECEU A SEU
GABINETE 62 ... A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO ULTRACONSERVADOR DA
POLÔNIA. A PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO, MALGORZATA GERSDORF,
APRESENTOU-SE PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA, POUCAS HORAS DEPOIS DA
ATIVAÇÃO DA POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA APOSENTADORIA E DE OUTROS 27
JUÍZES 64... No arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido, há mais sobre a
Polônia, por exemplo, a respeito de aborto e de sua representação no Parlamento
Europeu, eurodeputado... EURODEPUTADO POLONÊS É PUNIDO POR DECLARAÇÕES
SEXISTAS. ULTRACONSERVADOR JANUSZ KORWIN-MIKKE É MULTADO EM MAIS DE 9
MIL EUROS E SUSPENSO DO PARLAMENTO EUROPEU POR DIZER QUE MULHERES SÃO
"MAIS FRACAS" E "MENOS INTELIGENTES" DO QUE OS HOMENS (2017) 42 e 612 )
51/52
IGREJA DA PENSILVÂNIA ENCOBRIU MAIS DE 1.000 ABUSOS CONTRA CRIANÇAS NAS
ÚLTIMAS DÉCADAS. CRIMES FORAM DESCOBERTOS NA MAIOR INVESTIGAÇÃO
SOBRE O TEMA JÁ CONCLUÍDA NOS ESTADOS UNIDOS (Antonia Laborde, El País, 15
de agosto de 2018) 269
RELATÓRIO REVELA QUE 300 PADRES ABUSARAM SEXUALMENTE CRIANÇAS NA
PENSILVÂNIA. DOCUMENTO DO GRANDE JÚRI DA PENSILVÂNIA RELATA ABUSOS
SEXUAIS PERPETRADOS POR MEMBROS DA IGREJA CATÓLICA AO LONGO DE SETE
DÉCADAS. HÁ PELO MENOS 1000 VÍTIMAS IDENTIFICÁVEIS (Público, 14 de agosto de
2018... Público é jornal português) 271
1294
INVESTIGAÇÃO ACUSA 300 PADRES DE PEDOFILIA NOS EUA, COM MAIS DE MIL
VÍTIMAS ABUSOS TERIAM SIDO ENCOBERTOS POR QUASE 70 ANOS, INFORMA
RELATÓRIO FEITO NA PENSILVÂNIA (O Globo reproduz The New York Times e AFP, 14
de agosto de 2018) 273
"THEY HID IT ALL”: CATHOLIC PRIESTS ABUSED 1,000 CHILDREN IN PENNSYLVANIA,
REPORT SAYS (Laurie Goodstein e Sharon Otterman, The New York Times, 14 de agosto
de 2018) 275
PADRES SEGUIAM CARTILHA INFORMAL PARA SILENCIAR VÍTIMAS NA PENSILVÂNIA.
DIOCESES USAVAM EUFEMISMO AO TRATAR DE ABUSOS DE CRIANÇAS PARA
PROTEGER REPUTAÇÃO (Danielle Brant, Folha/Uol, 15 de agosto de 2018) 280
PADRES ABUSARAM DE MAIS DE MIL CRIANÇAS NA PENSILVÂNIA, DIZ RELATÓRIO.
INVESTIGAÇÕES APONTAM QUE CERCA DE 300 RELIGIOSOS COMETERAM ABUSOS
SEXUAIS NO ESTADO AMERICANO DESDE A DÉCADA DE 1940. ALTOS MEMBROS DA
IGREJA CATÓLICA TERIAM ACOBERTADO OS CASOS (Deutsche Welle, 15 de agosto de
2018) 282
OPINIÃO: APÓSTOLOS SEM MORAL. A REVELAÇÃO DE OUTRO ESCÂNDALO DE ABUSO
SEXUAL NOS EUA ABALA AINDA MAIS AS FUNDAÇÕES DO VATICANO. JUSTIÇA E
RESSARCIMENTO PARA AS VÍTIMAS, MAS NADA DE ABSOLVIÇÃO PARA SEUS ALGOZES,
OPINA ASTRID PRANGE (Astrid Prange, Deutsche Welle, 15 de agosto de 2018) 284
SADOMASOQUISMO E USO DE SONÍFEROS: OS DETALHES DOS ABUSOS SILENCIADOS
PELA IGREJA NA PENSILVÂNIA. INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA IDENTIFICOU PELO MENOS
1.000 VÍTIMAS DE PADRES NO ESTADO NAS ÚLTIMAS DÉCADAS (Joan Faus, El País, 15
de agosto de 2018) 286
“TIRAVA O COLARINHO CLERICAL. ENTÃO PODIA FAZER O QUE QUERIA”. VÍTIMAS
CONTAM AO EL PAÍS A CRUEZA E A IMPUNIDADE DOS CRIMES SEXUAIS DE
SACERDOTES CONTRA MENORES NA PENSILVÂNIA DURANTE 70 ANOS. O HORROR
VESTIA BATINA (Amanda Mars, El País, 19 de agosto de 2018) 478
BISPOS DOS EUA DEFENDEM INVESTIGAÇÃO DE ABUSO POR VATICANO.
ORGANIZAÇÃO DIZ QUE PROBLEMA É FRUTA DE FALHAS NA SUPERVISÃO EPISCOPAL
(Folha/Uol, 16 de agosto de 2018) 288
OS CHOCANTES CASOS DE ABUSO COMETIDOS POR “PADRES PREDADORES” CONTRA
CENTENAS DE MENORES NOS EUA (BBC Brasil, 15 de agosto de 2018) 289
1295
VATICANO CHAMA DE CRIMINOSOS OS PADRES ABUSADORES DA PENSILVÂNIA E
PEDE QUE ASSUMAM RESPONSABILIDADES. IGREJA SENTE "VERGONHA E DOR"
PELOS 300 CASOS DE PEDOFILIA PERPETRADOS POR SACERDOTES" (El País, 16 de
agosto de 2018) 292
VATICANO SABIA DOS ABUSOS SEXUAIS NA PENSILVÂNIA PELO MENOS DESDE 1963.
SANTA SÉ SE MOSTROU TOLERANTE DIANTE DE ALGUNS DOS CASOS DE PEDOFILIA,
MAS É IMPOSSÍVEL SABER SE TINHA CONHECIMENTO DE TODOS OS DETALHES (Joan
Faus e Laura Delle Femmine, El País, 17 de agosto de 2018) 293
“NÃO AGIMOS A TEMPO. ABANDONAMOS OS PEQUENOS”, DIZ PAPA SOBRE ABUSOS
NA PENSILVÂNIA. EM CARTA, PONTÍFICE INSTA RESPONSÁVEIS ECLESIÁSTICOS A
DENUNCIAREM OS POSSÍVEIS CASOS DE PEDOFILIA (Lorena Pacho, El País, 20 de
agosto de 2018) 483
PAPA FRANCISCO: “A IGREJA FRACASSOU DIANTE DESSES CRIMES REPUGNANTES”.
PRIMEIRO-MINISTRO IRLANDÊS PEDE UMA RESPOSTA FIRME DO PAPA EM RELAÇÃO
AOS ABUSOS SEXUAIS DE MEMBROS DO CLERO E LEMBRA QUE A IRLANDA SE
MODERNIZOU E QUE A RELIGIÃO JÁ NÃO ESTÁ NO CENTRO DA SOCIEDADE (Daniel
Verdú, El País, 25 de agosto de 2018 484 ... Ver livro “Philomena”, Martin Sixsmith...
Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: HISTORIADORA DENUNCIA
QUE CONVENTO ENTERROU ATÉ 800 RECÉM-NASCIDOS NA IRLANDA (2014) 52 ...
FOSSA COM 800 BEBÊS É ACHADA EM ORFANATO CATÓLICO NA IRLANDA (2017) 52 )
484
IRLANDA PEDE AO PAPA “JUSTIÇA” ÀS VÍTIMAS DE ABUSOS (Agence France Presse
(AFP) reproduzida pelo Uol, 25 de agosto de 2018 486... Ver livro “Philomena”, Martin
Sixsmith ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: HISTORIADORA
DENUNCIA QUE CONVENTO ENTERROU ATÉ 800 RECÉM-NASCIDOS NA IRLANDA (2014)
52 ... FOSSA COM 800 BEBÊS É ACHADA EM ORFANATO CATÓLICO NA IRLANDA (2017)
52 ) 486
NA IRLANDA, PAPA EXPRESSA "VERGONHA” POR CASOS DE ABUSO. FRANCISCO
AFIRMOU QUE AUTORIDADES ECLESIÁSTICAS IRLANDESAS "FRACASSARAM” EM
ENFRENTAR "CRIMES REPUGNANTES”. DESDE 2002, 14.500 PESSOAS NO PAÍS SE
DECLARARAM VÍTIMAS DE ABUSOS SEXUAIS COMETIDOS POR PADRES (Deutsche
Welle, 25 de agosto de 2018) 489
“NOS FAZIAM COMER VÔMITO”: AS DENÚNCIAS DE ABUSOS COMETIDOS EM
ORFANATO POR FREIRAS NA ESCÓCIA (BBC News Brasil, 25 de agosto de 2018 492...
Para ver semelhanças com o que aconteceu na Irlanda, livro “Philomena”, Martin
1296
Sixsmith ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: HISTORIADORA
DENUNCIA QUE CONVENTO ENTERROU ATÉ 800 RECÉM-NASCIDOS NA IRLANDA (2014)
52 ... FOSSA COM 800 BEBÊS É ACHADA EM ORFANATO CATÓLICO NA IRLANDA (2017)
52) 492
POPE FRANCIS LONG KNEW OF CARDINAL’S ABUSES AND MUST RESIGN,
ARCHBISHOP SAYS (Jason Horowitz, The New York Times, 26 de agosto de 2018 496…
Ao ler a matéria, me questionei se a relação entre homossexualidade e abusos sexuais
é a mesma relação que há entre heterossexualidade e estupros? Nos dois casos, há
alguma relação necessária: homossexualidade implica abusos, heterossexualidade leva
necessariamente a estupros? Ver, artigo com interpretação original sobre o assunto:
OPINIÃO: A FALÊNCIA MORAL DA IGREJA DO PAPA. A VISITA DE FRANCISCO À IRLANDA
É MARCADA PELO ESCÂNDALO DE ABUSOS SEXUAIS NA INSTITUIÇÃO QUE ELE
COMANDA. NA OPINIÃO DO TEÓLOGO ALEXANDER GÖRLACH, A IGREJA CATÓLICA, EM
SUA ATUAL FORMA, CHEGOU MORALMENTE AO FIM 512 ... Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E
SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL
690 ) 496
EX-ALTO FUNCIONÁRIO DO VATICANO ACUSA O PAPA DE ENCOBRIR ABUSOS SEXUAIS.
EX-NÚNCIO NOS EUA DIZ QUE FRANCISCO CONHECIA AS ACUSAÇÕES DE PEDOFILIA
CONTRA O CARDEAL THEODOR MCCARRICK (Daniel Verdú, enviado especial, Dublin, El
País, 26 de agosto de 2018) 503
EM CARTA, ARCEBISPO ACUSA FRANCISCO DE ACOBERTAR CASOS DE ABUSO SEXUAL
DESDE 2013. CARLO MARIA VIGANÒ DISSE QUE O PONTÍFICE FOI INFORMADO DE
ESCÂNDALOS E DE UM DOSSIÊ SOBRE ELES (Igor Gielow, Folha/Uol, 26 de agosto de
2018 514... Ver livro “Philomena”, Martin Sixsmith ... Ver, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido: HISTORIADORA DENUNCIA QUE CONVENTO ENTERROU
ATÉ 800 RECÉM-NASCIDOS NA IRLANDA (2014) 52 ... FOSSA COM 800 BEBÊS É
ACHADA EM ORFANATO CATÓLICO NA IRLANDA (2017) 52) 514
PAPA EVITA RESPONDER ÀS ACUSAÇÕES DE ENCOBRIMENTO DE ABUSOS. FRANCISCO
NÃO DEU UMA RESPOSTA CLARA À ACUSAÇÃO DE UM ARCEBISPO SOBRE SEU
SUPOSTO SILÊNCIO A RESPEITO DAS ACUSAÇÕES AO CARDEAL MCCARRICK E PEDE AOS
JORNALISTAS QUE JULGUEM POR SI MESMOS (Daniel Verdú, El País, 27 de agosto de
2018) 507
PAPA RECOMENDA PSIQUIATRIA PARA HOMOSSEXUALIDADE DETECTADA NA
INFÂNCIA. FRANCISCO DIZ QUE PAIS DEVEM REZAR COM FILHOS; VATICANO DISSE
QUE FALA FOI MAL INTERPRETADA (Folha/Uol, 27 de agosto de 2018 509... Ver
1297
também, matéria que traz imagem de protesto em Paris, a respeito da declaração do
papa: PAPA ENFRENTA GUERRA CIVIL CONTRA ALA CONSERVADORA DA IGREJA
CATÓLICA. GRUPO SE POSICIONA CONTRA FRANCISCO EM TEMAS COMO
HOMOSSEXUALIDADE, ABORTO E DIVÓRCIO 520 ) 509
PAPA MANTÉM SILÊNCIO APÓS SER ACUSADO DE ACOBERTAR ABUSOS. "LEIAM O
DOCUMENTO ATENTAMENTE E FAÇAM O VOSSO PRÓPRIO JULGAMENTO", DECLARA
FRANCISCO SOBRE CARTA EM QUE EX-EMBAIXADOR DO VATICANO O ACUSA DE
IGNORAR HISTÓRICO DE ABUSOS SEXUAIS COMETIDOS POR CARDEAL AMERICANO
(Deutsche Welle, 27 de agosto de 2017) 510/511
OPINIÃO: A FALÊNCIA MORAL DA IGREJA DO PAPA. A VISITA DE FRANCISCO À
IRLANDA É MARCADA PELO ESCÂNDALO DE ABUSOS SEXUAIS NA INSTITUIÇÃO QUE
ELE COMANDA. NA OPINIÃO DO TEÓLOGO ALEXANDER GÖRLACH, A IGREJA
CATÓLICA, EM SUA ATUAL FORMA, CHEGOU MORALMENTE AO FIM (Alexander
Görlach, Deutsche Welle, 27 de agosto de 2018 512... Ver também EM LUTA POR
PODER NO VATICANO, CONSERVADORES TENTAM LIGAR ABUSOS A GAYS. ALA CRITICA
A FRANCISCO CULPA UMA “CORRENTE HOMOSSEXUAL” PELO ESCÂNDALO QUE
ATINGIU A IGREJA 523 ) 512
A GUERRA SUJA VOLTA AO VATICANO. ACUSAÇÕES CONTRA O PAPA AVIVAM O
FOGO DE UMA LUTA POR PODER QUE, DISFARÇADA DE IDEOLOGIA E ORTODOXIA
RELIGIOSA, BUSCA RESTAURAR A VELHA ORDEM (Daniel Verdú, El País, 27 de agosto
de 2018 516... Ver também PAPA ENFRENTA GUERRA CIVIL CONTRA ALA
CONSERVADORA DA IGREJA CATÓLICA. GRUPO SE POSICIONA CONTRA FRANCISCO EM
TEMAS COMO HOMOSSEXUALIDADE, ABORTO E DIVÓRCIO 520 ... EM LUTA POR
PODER NO VATICANO, CONSERVADORES TENTAM LIGAR ABUSOS A GAYS. ALA CRITICA
A FRANCISCO CULPA UMA “CORRENTE HOMOSSEXUAL” PELO ESCÂNDALO QUE
ATINGIU A IGREJA 523 ) 516
HÁ EVIDÊNCIAS DE QUE VATICANO SABIA DE ACOBERTAMENTO, DIZ PROCURADOR.
AFIRMAÇÃO É REAÇÃO A CARTA DE ARCEBISPO QUE ACUSA PAPA FRANCISCO DE
SABER DE ABUSOS (Folha/Uol, 28 de agosto de 2018) 518
PAPA ENFRENTA GUERRA CIVIL CONTRA ALA CONSERVADORA DA IGREJA CATÓLICA.
GRUPO SE POSICIONA CONTRA FRANCISCO EM TEMAS COMO HOMOSSEXUALIDADE,
ABORTO E DIVÓRCIO (Clóvis Rossi, Folha/Uol, 28 de agosto de 2018 520... Ver EM
LUTA POR PODER NO VATICANO, CONSERVADORES TENTAM LIGAR ABUSOS A GAYS.
ALA CRITICA A FRANCISCO CULPA UMA “CORRENTE HOMOSSEXUAL” PELO
ESCÂNDALO QUE ATINGIU A IGREJA 523 ) 520
1298
EM LUTA POR PODER NO VATICANO, CONSERVADORES TENTAM LIGAR ABUSOS A
GAYS. ALA CRITICA A FRANCISCO CULPA UMA “CORRENTE HOMOSSEXUAL” PELO
ESCÂNDALO QUE ATINGIU A IGREJA (Jason Horowitz, The New York Times
reproduzido pelo Uol, 28 de agosto de 2018) 523
MOVIMENTO ARGENTINO PREGA DESFILIAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA. COALIZÃO
PELO ESTADO LAICO GANHA ATENÇÃO APÓS VOTAÇÃO DO DIREITO AO ABORTO
(Sylvia Colombo, Folha/Uol, 23 de agosto de 2018) 468
JUDITH BUTLER ESCREVE SOBRE SUA TEORIA DE GÊNERO E O ATAQUE SOFRIDO NO
BRASIL (Judith Butler, Folha de S. Paulo, 19 de novembro de 2017 469... Ver também
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 469
GOVERNO ULTRACONSERVADOR POLONÊS FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO
FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA DIREITOS DAS MULHERES E SUBVENÇÕES.
ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO EXECUTIVO ÀS ENTIDADES QUE LUTAM
PELA IGUALDADE (María R. Sahuquillo, El País, 10 de julho de 2018 57... Ver
AFASTADA, PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA.
APOIADA POR ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E
COMPARECEU A SEU GABINETE 62 ... A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO
ULTRACONSERVADOR DA POLÔNIA. A PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO,
MALGORZATA GERSDORF, APRESENTOU-SE PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA,
POUCAS HORAS DEPOIS DA ATIVAÇÃO DA POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA
APOSENTADORIA E DE OUTROS 27 JUÍZES 64 ... No arquivo Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido, há mais sobre a Polônia, por exemplo, a respeito de aborto e de
sua representação no Parlamento Europeu, eurodeputado... EURODEPUTADO
POLONÊS É PUNIDO POR DECLARAÇÕES SEXISTAS. ULTRACONSERVADOR JANUSZ
KORWIN-MIKKE É MULTADO EM MAIS DE 9 MIL EUROS E SUSPENSO DO
PARLAMENTO EUROPEU POR DIZER QUE MULHERES SÃO "MAIS FRACAS" E "MENOS
INTELIGENTES" DO QUE OS HOMENS (2017) 42 e 612 ... No arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 2, ver EDUCAÇÃO SEXUAL DIVIDE SOCIEDADE
POLONESA 568... #SEXEDPL NO YOUTUBE 569 ... REBELIÃO POLONESA. CRISE
REVELA A IMPOTÊNCIA DA UE ANTE GUINADA AUTORITÁRIA DE UM DOS PAÍSESMEMBROS 570 ) 57
AFASTADA, PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA.
APOIADA POR ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E
1299
COMPARECEU A SEU GABINETE (Folha/Uol reproduz Agence France Presse, 04 de julho
de 2018) 62
A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO ULTRACONSERVADOR DA POLÔNIA. A
PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO, MALGORZATA GERSDORF, APRESENTOU-SE
PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA, POUCAS HORAS DEPOIS DA ATIVAÇÃO DA
POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA APOSENTADORIA E DE OUTROS 27 JUÍZES (María R.
Sahuquillo, El País, 04 de julho de 2018) 64
CATÓLICOS LGBT ORGANIZAM MOVIMENTO PARA REIVINDICAR MAIS ESPAÇO NA
IGREJA. GRUPO COMEMORA PEQUENOS AVANÇOS, COMO UM TEXTO EM QUE O
VATICANO USA PELA PRIMEIRA VEZ A SIGLA (Anna Virginia Balloussier, Folha/Uol,
23.de julho e 2018 182... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
3: VATICANO USA TERMO "LGBT" PELA PRIMEIRA VEZ EM DOCUMENTO OFICIAL
["INSTRUMENTUM LABORIS" DELLA XV ASSEMBLEA GENERALE ORDINARIA DEL
SINODO DEI VESCOVI, OFICINA DE PRENSA DE LA SANTA SEDE, 19 JUN 2018] (Uol
Universa, 21 de junho de 2018) 1001... ENTENDA O QUE SIGNIFICA A IGREJA
CATÓLICA USAR O TERMO LGBT OFICIALMENTE PELA PRIMEIRA VEZ (Edison Veiga, BBC
Brasil, 26 de junho de 2018) 1080/1081 ... JÁ SÃO 86 PESSOAS TRANS ASSASSINADAS
APENAS NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2018 1086 ) 182
CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM
INCLINAÇÃO POLÍTICA NOS CULTOS (Aiuri Rebello, Uol, 16 de setembro de 2018... A
matéria também trata da igreja católica... 837... Ver CONTRA O PT, CONFEDERAÇÃO
DE PASTORES DO BRASIL DECIDE APOIAR BOLSONARO 846 ... Ver também
BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL
NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT
GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO
PROJETO ESCOLA SEM HOMOFOBIA 593... LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO
JORNAL NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO MEC 598/599 ... Ver também, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS
LIVROS (Fernando Haddad, ex-ministro da Educação dos governos Lula e Dilma, sobre
atuação de políticos ligados a igrejas no caso do material contra homofobia, deturpado
com a denominação “kit gay”) 221 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido 3, PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI.
AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690... Ver livro do filósofo
francês Jacques Rancière: “O ódio à democracia”, Boitempo, 2015) 837
1300
Igrejas, religiões, religiosos... ideias diferentes...
ALEXYA, PASTORA TRANS E CANDIDATA DISPOSTA A "CONTRADIZER" EM SÃO
PAULO (Alba Santandreu, EFE reproduzida pelo Uol Universa, 27 de agosto de 2018
643... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: “PROFESSORA, VOCÊ
É HOMEM?” A VIDA DE UMA MULHER TRANS NA SALA DE AULA (Ingrid Fagundez, BBC
Brasil, 15 de agosto de 2017) 868 ) 643
CATÓLICOS LGBT ORGANIZAM MOVIMENTO PARA REIVINDICAR MAIS ESPAÇO NA
IGREJA. GRUPO COMEMORA PEQUENOS AVANÇOS, COMO UM TEXTO EM QUE O
VATICANO USA PELA PRIMEIRA VEZ A SIGLA (Anna Virginia Balloussier, Folha/Uol,
23.de julho e 2018 182... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
3: VATICANO USA TERMO "LGBT" PELA PRIMEIRA VEZ EM DOCUMENTO OFICIAL
["INSTRUMENTUM LABORIS" DELLA XV ASSEMBLEA GENERALE ORDINARIA DEL
SINODO DEI VESCOVI, OFICINA DE PRENSA DE LA SANTA SEDE, 19 JUN 2018] (Uol
Universa, 21 de junho de 2018) 1001... ENTENDA O QUE SIGNIFICA A IGREJA
CATÓLICA USAR O TERMO LGBT OFICIALMENTE PELA PRIMEIRA VEZ (Edison Veiga, BBC
Brasil, 26 de junho de 2018) 1080/1081 ... JÁ SÃO 86 PESSOAS TRANS ASSASSINADAS
APENAS NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2018 1086 ) 182
ABORTO E RELIGIÃO. CONHEÇA OS FIÉIS QUE DEFENDEM O DIREITO DA MULHER
INTERROMPER UMA GRAVIDEZ NO BRASIL (Amanda Serra, Uol Universa, 02 de agosto
de 2018) 380
EMBATE ENTRE RELIGIOSOS MARCA DEBATE SOBRE ABORTO NO STF (Marcos Candido,
Uol Universa, 06 de agosto de 2018) 397
PRÓ E CONTRA: O DEBATE SOBRE O ABORTO NO STF. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
OUVIU SOCIEDADE CIVIL APÓS PEDIDO DO PSOL PARA DESCRIMINALIZAR ABORTO
NO PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO. CASO AINDA NÃO TEM DATA PARA
JULGAMENTO. ENTENDA ARGUMENTOS DOS DOIS LADOS (Renate Krieger, Deutsche
Welle, 07 de agosto de 2018. Um apanhado geral das audiências e ainda sobre a
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 181/15, que proibiria, na prática, mesmo
casos de aborto considerados, hoje, legais... ) 416
1301
Igrejas, religiões e poder...
Ver ainda, neste arquivo, as secções Eleições 2018... e Igrejas e impostos...
CULTOS, ALERTAS E CHAMADOS MOVEM A “BANCADA DA BÍBLIA” NO CONGRESSO
(Renata Agostini, Paulo Oliveira, Estadão reproduzido pelo Uol, 12 de agosto de 2018)
649
VÍDEO: COMISSÃO QUE ANALISA “ESCOLA SEM PARTIDO” TEM PROTESTO E BATEBOCA (Thallita Essi, Congresso em Foco/Uol, 12 de julho de 2018) 654
VEREADOR MUDA NOME DE CRECHE ARCO-ÍRIS POR "PROMOVER O
HOMOSSEXUALISMO" (Uol Universa, 16 de julho de 2018) 653
O FEMINISMO ME LEVOU A SER INVENCÍVEL, DIZ ATIVISTA PAQUISTANESA. AISHA
SARWARI LUTA PARA QUE MULHERES DE SEU PAÍS NÃO SEJAM PROPRIEDADE DE
HOMENS (Carolina Vila-Nova, Folha/Uol, 29 de julho de 2018 252... Ver filmes
"Saving face", Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão, 2012... "A girl
in the river: the price of forgiveness", Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão,
2015…) 252
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO (Andrea Dip, Agência Pública, 30 de
agosto de 2016) 97
COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE "ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE
IDENTIDADE (Rafael Barifouse, BBC News Brasil, 30 de setembro de 2018 874... Ver
GISELE SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM
CIRURGIA, 07 DE JUNHO DE 2017, canal do YouTube de Adriano Picarelli, 09 de junho
de 2017... Ver, na apresentação do vídeo - abaixo da tela - indicações de textos e
filmes... https://www.youtube.com/watch?v=FC9AkK50NC4 ) 874
1302
GRUPOS EVANGÉLICOS BARRAM LEI FAVORÁVEL À POPULAÇÃO TRANS NO
URUGUAI. PROJETO PREVÊ MUDANÇA DE SEXO GRATUITA, FACILITAÇÃO À
MUDANÇA DE IDENTIDADE E INDENIZAÇÃO ÀS VÍTIMAS DA REPRESSÃO DURANTE A
DITADURA MILITAR (Magdalena Martínez, El País, 04 de outubro de 2018... Uma
informação apresentada pela matéria: expectativa de vida de pessoa trans no
Uruguai é de 35 anos...) 872
CONGRESSO CHILENO APROVA LEI QUE PERMITE MUDANÇA DE GÊNERO PARA
MAIOR DE 14 (Agence France Presse reproduzida pelo Uol Universa, 13 de setembro
de 2018 739... Ver COBERTAS PELO SUS, CIRURGIAS DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL
DEMORAM ATÉ CINCO ANOS 742 ... Ver no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem
Partido 2: DANIELA VEGA, A ATRIZ TRANS QUE COLOCOU HOLLYWOOD A SEUS PÉS
1258 ... Ver no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: DANIELA VEGA, A
ATRIZ TRANSEXUAL QUE FEZ HISTÓRIA NO OSCAR. ATRIZ DE ‘UMA MULHER
FANTÁSTICA’, GANHADOR DE MELHOR FILME ESTRANGEIRO, TEM UMA BIOGRAFIA
SOFRIDA 519 ... CHEFE DA IGREJA CHILENA SOBRE TRANSEXUAIS: “SE UM GATO
TIVER NOME DE CACHORRO, NÃO PASSARÁ A SER UM CACHORRO”. A ATRIZ
TRANSEXUAL DANIELA VEGA RESPONDE RICARDO EZZATI: “VENHA CONVERSAR
COMIGO. VOCÊ SE ATREVE?” ELA ESTRELOU O FILME GANHADOR DO OSCAR “UMA
MULHER FANTÁSTICA” 521 ... Ver CHILE INVESTIGA 139 RELIGIOSOS POR ABUSOS
SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO INFORMA QUE 66% DAS VÍTIMAS ERAM MENORES DE
IDADE E QUE HÁ 34 INVESTIGAÇÕES EM CURSO (Rocío Montes, El País, 24 de julho de
2018) 235 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, a seção
Igrejas, religiões e poder... 1265, mais especificamente a partir da p. 1288, onde estão
matérias sobre Igreja Católica no Chile... por exemplo: CARTA DO PAPA FRANCISCO
AOS BISPOS DO CHILE REFERENTE ÀS INFORMAÇÕES ENTREGUES POR D. CHARLES J.
SCICLUNA (Papa Francisco, Vaticano, 08 de abril de 2018) 669 ... TODOS OS BISPOS
CHILENOS PEDEM DEMISSÃO POR ESCÂNDALO DE PEDOFILIA. CÚPULA DA IGREJA NO
PAÍS É ACUSADA PELO VATICANO DE TER NEGLIGENCIADO DENÚNCIAS (Folha/Uol
reproduz Reuters e Associated Press, 18 de maio de 2018) 658 ... PAPA ANUNCIA
'MUDANÇAS E RESOLUÇÕES' EM IGREJA CHILENA APÓS CASOS DE PEDOFILIA (Kelly
Velasquez, Agence France Presse AFP reproduzida por Yahoo, 17 de maio de 2018)
660 ... BISPOS CHILENOS DEMITEM-SE EM BLOCO DEVIDO A ESCÂNDALO DE
PEDOFILIA. PAPA REUNIU-SE ESTA SEMANA COM OS 34 BISPOS CHILENOS PARA
DISCUTIR OMISSÕES E ENCOBRIMENTO DE UM ESCÂNDALO DE ABUSOS SEXUAIS DE
MENORES. TODOS ELES APRESENTARAM A SUA DEMISSÃO (Público, 18 de maio de
2018... Público é jornal de Portugal) 662/663 ... ESCÂNDALO SEXUAL LEVA TODOS OS
BISPOS DO CHILE A PEDIREM DEMISSÃO AO PAPA (BBC Brasil, 18 de maio de 2018)
663 ... TODOS OS BISPOS CHILENOS APRESENTAM RENÚNCIA AO PAPA PELOS
ESCÂNDALOS DE PEDOFILIA. AGORA CABE AO SUMO PONTÍFICE DECIDIR SE ACEITA
1303
TODAS AS RENÚNCIAS OU SOMENTE ALGUMAS DELAS (Lorena Pacho, El País, 18 de
maio de 2018) 665 ... TODOS OS BISPOS CHILENOS RENUNCIAM POR ESCÂNDALO DE
ABUSOS (Deutsche Welle, 18 de maio de 2018) 667 ... EXCLUSIVO: DOCUMENTO
RESERVADO DEL PAPA A OBISPOS REVELA FALLAS QUE DESCUBRIÓ EN LA IGLESIA
CHILENA. EL TEXTO, DE DIEZ CARILLAS Y QUE LES ENTREGÓ EN ROMA EL MARTES,
CONTIENE FUERTES CRÍTICAS AL ACTUAR DE LA IGLESIA CHILENA FRENTE A LAS
DENUNCIAS DE ABUSOS. EL PONTÍFICE HABLA DE “HECHOS DELICTIVOS”,
“ESCÁNDALO” E “IR MÁS ALLÁ” DE LA REMOCIÓN DE PERSONAS PARA SOLUCIONAR LA
CRISIS (Tele 13 T 13, 17 de maio de 2018) 672 ... LA TRANSCRIPCIÓN COMPLETA DEL
DOCUMENTO RESERVADO QUE EL PAPA ENTREGÓ A LOS OBISPOS CHILENOS. T13
TUVO ACCESO EXCLUSIVO A LAS DURAS CRÍTICAS QUE EMITIÓ FRANCISCO AL ACTUAR
DE LA IGLESIA CHILENA FRENTE A LOS CASOS DE ABUSOS COMETIDOS POR ALGUNOS
SACERDOTES (Tele 13 T13, 17 de maio de 2018... ) 675 ... “NOS OBRIGAVAM A FICAR
NUS NA PISCINA”: OS RELATOS DE ABUSOS SEXUAIS COMETIDOS POR BISPOS NO
CHILE (Constanza Hola, BBC News Mundo, 16 de junho de 2018) 945 ... DIOCESE
CHILENA SUSPENDE 14 SACERDOTES ENVOLVIDOS EM ESCÂNDALO SEXUAL (Uol
reproduz AFP Agence France Presse, 23 de maio de 2018) 727 ) 739
SUS GASTA R$ 500 MILHÕES COM COMPLICAÇÕES POR ABORTO EM UMA DÉCADA.
DE 2008 A 2017, SUS GASTOU R$ 486 MI COM INTERNAÇÕES PARA ESSES
TRATAMENTOS (Cláudia Collucci e Flávia Faria, Folha/Uol, 29 de julho de 2018) 236
DESIGUALDADE PELA RENDA E COR DA PELE É EXPOSTA EM ABORTOS DE RISCOS NO
PAÍS. TÉCNICAS CASEIRAS E PERIGOSAS SÃO USADAS EM ESPECIAL POR PRETAS,
PARDAS E POBRES (Cláudia Collucci e Júlia Barbon, Folha/Uol, 29 de julho de 2018)
241
TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE AS REGRAS ATUAIS DO ABORTO NO PAÍS E O QUE PODE
MUDAR. SUPREMO AVALIARÁ A DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO PARA GESTAÇÕES
DE ATÉ 12 SEMANAS (Flávia Faria, Folha/Uol, 29 de julho de 2018... O Supremo
Tribunal Federal é composto, em julho de 2018, por 9 homens e 2 mulheres...) 245
EM ATRITO COM MACRI, PAPA FRANCISCO SE ENGAJA EM DEBATE SOBRE ABORTO.
IGREJA ELEVA CRÍTICAS AO PROJETO DE LEI QUE DESCRIMINALIZA PRÁTICA NA
ARGENTINA (Sylvia Colombo, Folha/Uol, 01 de agosto de 2018 298... Ver SIMONE
VEIL, ÍCONE PRÓ-ABORTO NA FRANÇA, ENTRA PARA O PANTEÃO DE PARIS 195 ) 298
DEBATE SOBRE ABORTO LEGAL NA ARGENTINA ENTRA NA RETA FINAL SOB PRESSÃO
DE CONSERVADORES. MOBILIZAÇÕES AUMENTAM PARA TENTAR IMPEDIR QUE EM 8
1304
DE AGOSTO O SENADO TORNE LEI O PROJETO DE INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ
APROVADO PELA CÂMARA (Mar Centenera, El País, 01 de agosto de 2018) 299
ARGENTINA VOTA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO EM MEIO A MOBILIZAÇÃO EM MASSA.
SENADO DECIDE SE TORNA LEI O PROJETO DE INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA
GRAVIDEZ APROVADO PELA CÂMARA DOS DEPUTADOS (Mar Centera, El País, 09 de
agosto de 2018) 308
SENADO ARGENTINO REJEITA LEGALIZAR ABORTO; PROJETO SÓ PODERÁ SER
REAPRESENTADO DAQUI UM ANO (Uol reproduz Reuters, 09 de agosto de 2018) 312
SENADO DA ARGENTINA DIZ NÃO À LEGALIZAÇÃO DO ABORTO E PAÍS FICA COM LEI DE
1921. A CÂMARA ALTA SE ALINHA À IGREJA E IMPEDE QUE AS MULHERES POSSAM
DECIDIR COMO E QUANDO SER MÃES (Mar Centenera, El País, 09 de agosto de 2018)
317
SENADO DA ARGENTINA REJEITA LEGALIZAR O ABORTO. MAIORIA DOS SENADORES
VOTA CONTRA PROPOSTA DE DESCRIMINALIZAR INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ ATÉ A
14ª SEMANA DE GESTAÇÃO, QUE HAVIA SIDO APROVADA PELA CÂMARA DOS
DEPUTADOS E DIVIDIU O PAÍS. LEI ATUAL É DE 1921 (Deutsche Welle, 09 de agosto de
2018) 321
SENADO ARGENTINO BARRA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO; PAÍSES LATINOAMERICANOS SÃO OS QUE MAIS RESTRINGEM PRÁTICA NO MUNDO (Mariana
Schreiber, BBC Brasil, 09 de agosto de 2018) 324
OPINIÃO: LEGISLAR NÃO É UM ATO DE FÉ. COM REJEIÇÃO DO SENADO AO PROJETO
DE DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO, ARGENTINA PERDE OPORTUNIDADE
HISTÓRICA. NO ENTANTO, PAÍS CRESCE COM LUTA DAS MULHERES POR SEUS
DIREITOS (Verônica Marchiaro, Deutsche Welle, 09 de agosto de 2018) 329
ARGENTINA: NADA SERÁ COMO ANTES (Fernanda Paixão e Antonio Ferreira, do
Coletivo Passarinho, Outras Palavras, 15 de agosto de 2018) 333
“MULHERES, CORPO E INSURREIÇÃO. AO RELACIONAR VIOLÊNCIA SEXUAL E
DIREITOS REPRODUTIVOS COM GREVE DO TRABALHO, ARGENTINAS E POLONESAS
ATINGIRAM MUITO MAIS DO QUE PARECE” (Eliane Brum, El País, 24 de outubro de
2016: http://brasil.elpais.com/brasil/2016/10/24/opinion/1477313842_805785.html )
1305
ATOS POLÍTICOS E MANIFESTAÇÕES POR IGUALDADE DE GÊNERO GANHAM FORÇA
NO ORIENTE MÉDIO (Aline Yumi, Beatriz Lia e Natália Vitória*, Opera Mundi/Uol, 12
de julho de 2018 168... Ver filme "Ladies first", Mona El-Naggar, EUA, 2016,
geralmente está no YouTube… Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido, PARA EXAMINAR DUAS RETÓRICAS DE PODER (Berenice Bento, socióloga
da UFRN) 649 ) 168
ÍNDIA DESPENALIZA A HOMOSSEXUALIDADE. SUPREMA CORTE REVOGA PROIBIÇÃO
ESTABELECIDA POR UMA LEI VITORIANA DO SÉCULO XIX (Ángel L. Martínez Cantera,
El País, 06 de setembro de 2018 694/695... Ver UMA AVALIAÇÃO SOBRE A BUSCA DE
DIREITOS LGBT PELO MUNDO 104 ... BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA
MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EXPARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO
MUNDO AFIRMA QUE A COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS
DIREITOS 108 ) 694/695
SUPREMA CORTE DA ÍNDIA DESCRIMINALIZA HOMOSSEXUALIDADE. EM DECISÃO
HISTÓRICA, JUÍZES JULGAM INCONSTITUCIONAL LEI DA ERA COLONIAL QUE PUNIA
"ATOS CONTRA A NATUREZA" COM ATÉ DEZ ANOS DE PRISÃO, NUMA GRANDE
VITÓRIA PARA OS DEFENSORES DOS DIREITOS DA COMUNIDADE LGBT (Deutsche
Welle, 06 de setembro de 2018) 996/997
CUBA ELIMINA A PALAVRA “COMUNISMO” NO ANTEPROJETO DE REFORMA
CONSTITUCIONAL O NOVO TEXTO SÓ MENCIONA O “SOCIALISMO” E SUPRIME O
OBJETIVO DO “AVANÇO RUMO À SOCIEDADE COMUNISTA”, QUE FIGURA NA ATUAL
CONSTITUIÇÃO DE 1976 (Pablo de Llano, El País, 21 de julho de 2018) 139
CUBA REFORMA CONSTITUIÇÃO PARA REVERTER DÉCADAS DE HOMOFOBIA.
PROJETO DE REFORMA APROVADO NA ASSEMBLEIA NACIONAL REDEFINE O
CASAMENTO COMO A “UNIÃO ENTRE DUAS PESSOAS” (Pablo de LLano, El País, 23 de
julho de 2018) 213
OPINIÃO: CASAMENTO GAY EM CUBA, UMA DÍVIDA ADIADA. OS PRECONCEITOS
QUE ALIMENTARAM POR DÉCADAS A HOMOFOBIA NA ILHA SEGUEM VIVOS E
PODEM ATRASAR A APROVAÇÃO DAS UNIÕES ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO,
OPINA O DRAMATURGO ABEL GONZÁLEZ (Abel González Melo, Deutsche Welle, 26 de
julho de 2018) 248
1306
COMO MOVIMENTOS SIMILARES AO ESCOLA SEM PARTIDO SE ESPALHAM POR
OUTROS PAÍSES (Mariana Schreiber, BBC Brasil, 13 de julho de 2018) 76
CAMPINA GRANDE PROÍBE DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO NA SALA DE AULA; OAB
PROTESTA (Uol, 14 de julho de 2018) 83
STF QUESTIONA CIDADES DE PE SOBRE LEIS QUE PROÍBEM DEBATE SOBRE GÊNERO
(Estadão reproduzido pelo Uol, 18 de julho de 2018 85... Ver LEI 2985 DE 19 DE
DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE 87 ...
) 85
LEI 2985 DE 19 DE DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE
87
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, COM PEDIDO DE
MEDIDA CAUTELAR, CONTRA AS LEIS Nº 2.985/2017 E Nº 4.432/2017,
RESPECTIVAMENTE, DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE PERNAMBUCO (PE) DE
PETROLINA E GARANHUNS, QUE APROVAM O PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E
VEDAM POLÍTICA DE ENSINO COM INFORMAÇÕES SOBRE GÊNERO NOS MUNICÍPIOS
(Partido Socialismo e Liberdade – PSOL, Brasília/DF, 06 de Junho de 2018 89/90...
Sobre a pesquisadora Jimena Furlani, citada no documento, ver EXISTE “IDEOLOGIA DE
GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA
FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS
EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 89/90
MANIFESTAÇÃO DA PREFEITURA DE PETROLINA, NO STF, SOBRE ARGUIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL PROPOSTA PELO PSOL. DATADA
DE 04 DE JULHO DE 2018 90
REQUERIMENTO DA ASSOCIAÇÃO ESCOLA SEM PARTIDO PARA INGRESSO NOS
AUTOS DA ADPF 522 NA QUALIDADE DE AMICUS CURIAE 95
LEI DE CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA PROMULGADA POR MÁRCIO FRANÇA GERA
POLÊMICA. NORMA SE APLICA A EXPOSIÇÕES E MOSTRAS DE ARTE [Mônica Bergamo,
Folha/Uol, 14 de julho de 2018 655... Ver “EU RECEBI MAIS DE CEM AMEAÇAS DE
MORTE”, DIZ CURADOR DA EXPOSIÇÃO QUEERMUSEU. GAUDÊNCIO FIDELIS FALA
SOBRE OS ATAQUES À EXPOSIÇÃO DE ARTE CANCELADA NO ANO PASSADO EM PORTO
ALEGRE E REINAUGURADA NO RIO DE JANEIRO NESTE MÊS 656 ... Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 2: MASP BUSCOU ORIENTAÇÃO JURÍDICA
1307
PARA VETO INÉDITO A MENORES DE 18 ANOS (Uol, 19 de outubro de 2017... Sobre a
mostra “Histórias da sexualidade”) 04 ... ADVOGADOS SE UNEM PARA TENTAR
BARRAR CENSURA A MENORES EM EXPOSIÇÃO NO MASP (Leonardo Rodrigues, Uol, 26
de outubro de 2017... A questão é mais ampla, os advogados procuram estudar e
propor adequação de legislação, não se trata apenas da exposição do MASP) 07 ...
PROJETOS PARA CLASSIFICAR EXPOSIÇÕES DE ARTE SE ESPALHAM PELO PAÍS (Mônica
Bergamo, Folha/Uol, 16 de dezembro de 2017... A matéria também traz informações
sobre pesquisa a respeito da presença de pessoas LGBTI em comerciais...) 535 ... MPF
CRITICA, E MASP LIBERA ACESSO DE MENORES À MOSTRA SOBRE SEXUALIDADE
(Juliana Dal Pivar, Revista Piauí/Uol, 07 de novembro de 2017... Sobre a mostra
“Histórias da sexualidade”) 08 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem
Partido 3: DEPUTADOS APROVAM PROJETO QUE PREVÊ CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA
EM EXPOSIÇÕES EM SP (Uol, 14 de junho de 2018) 870 ) 655
EM CULTO, MEIRELLES RECEBE ORAÇÃO E APOIO DE PASTOR: “PAI DAS FINANÇAS”,
DANIEL WETERMAN (Estadão reproduzido pelo Uol, 16 de agosto de 2018 532... Ver,
no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, PADRE PAULO RICARDO DE
AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK,
CONGRESSO NACIONAL 690 ) 532
BOLSONARO E A AUTOVERDADE. COMO A VALORIZAÇÃO DO ATO DE DIZER, MAIS
DO QUE O CONTEÚDO DO QUE SE DIZ, VAI IMPACTAR A ELEIÇÃO NO BRASIL (Eliane
Brum, El País, 16 de julho de 2018... Eliane Brum trata - entre outras questões - de
ações de igrejas e movimentos de direita contra pessoas LGBTQs e a favor da censura
nas escolas, via Escola Sem Partido 05... Ver “O PROBLEMA DO BOLSONARO NÃO É
ECONÔMICO, É CIVILIZATÓRIO”, DIZ EX-PRESIDENTE DA FIESP. HORÁCIO LAFER PIVA
DISSE TAMBÉM QUE SE ESPANTA COM O FATO DO CENTRÃO COMANDAR A CENA
POLÍTICA 218 ) 05
BOLSONARO: “QUERO AGRADECER AO ALCKMIN POR REUNIR A NATA DO QUE HÁ
DE PIOR DO BRASIL AO SEU LADO”. PRESIDENCIÁVEL DE EXTREMA-DIREITA LANÇA
SUA CANDIDATURA MINIMIZANDO A FALTA DE ALIANÇAS E ATACANDO O CENTRÃO,
QUE DEVE APOIAR O TUCANO. "EU SEI DO DESCONFORTO QUE VENHO CAUSANDO.
EU SOU O PATINHO FEIO NESSA HISTÓRIA”, AFIRMOU (Felipe Betim, El País, 22 de
julho de 2018... Ver EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A
DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA
SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ...Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E
SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL
1308
690 ... Ver, ainda, artigo COMO FABRICAR MONSTROS PARA GARANTIR O PODER EM
2018, Eliane Brum, El País, 30 de outubro de 2017:
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/30/opinion/1509369732_431246.html ) 178
DISCURSO DE JANAINA PASCHOAL SURPREENDE E IRRITA A LIADOS DE BOLSONARO
(Daniela Amorim, Constança Rezende e Leonêncio Nossa, Estadão reproduzido pelo
Uol, 22 de julho de 2018) 181
CONTRA O PT, CONFEDERAÇÃO DE PASTORES DO BRASIL DECIDE APOIAR
BOLSONARO (Daniela Lima, Blog Painel/Uol, 20 de setembro de 2018 846... Ver
CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM INCLINAÇÃO
POLÍTICA NOS CULTOS 837 ) 846
CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM
INCLINAÇÃO POLÍTICA NOS CULTOS (Aiuri Rebello, Uol, 16 de setembro de 2018... A
matéria também trata da igreja católica... 837... Ver CONTRA O PT, CONFEDERAÇÃO
DE PASTORES DO BRASIL DECIDE APOIAR BOLSONARO 846 ... Ver também
BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL
NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT
GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO
PROJETO ESCOLA SEM HOMOFOBIA 593... LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO
JORNAL NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO MEC 598/599 ... Ver também, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS
LIVROS (Fernando Haddad, ex-ministro da Educação dos governos Lula e Dilma, sobre
atuação de políticos ligados a igrejas no caso do material contra homofobia, deturpado
com a denominação “kit gay”) 221 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido 3, PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI.
AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690... Ver livro do filósofo
francês Jacques Rancière: “O ódio à democracia”, Boitempo, 2015) 837
A ELEIÇÃO DO “KIT GAY”. BUSCAS NA INTERNET POR “KIT GAY” NESTAS ELEIÇÕES
BATERAM RECORDE DE 2011, QUANDO O ASSUNTO VEIO À TONA; BOLSONARO E
MALAFAIA LIDERAM MENÇÕES AO “KIT" (Alexandre Policarpo, Bruno Fonseca,
Eliziane Lara e Gabriella Hauber, Agência Pública, 17 de outubro de 2018 971 ...
VALE MAIS DEFENESTRAR O ‘KIT GAY’ OU PROTEGER CRIANÇAS DO ABUSO SEXUAL?
EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS PODERIA SER UMA ARMA EFICAZ CONTRA
ABUSADORES, MAS A HISTERIA IDEOLÓGICA É O TIRO PELA CULATRA DE QUEM SE
DIZ DEFENSOR DA FAMÍLIA 979 ... MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM
1309
PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA
SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA
CATÓLICA 1044... ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO
NA EDUCAÇÃO. TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES
RELIGIOSAS 1052... SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”.
MOVIMENTO CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM
DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO 1055) 971
UOL, PÁGINA INICIAL, 23 DE OUTUBRO DE 2018, 12H18MIN (Chamadas com
destaque principal, no topo da página: “Escola Sem Partido e ideologia de gênero têm
suas raízes na religião”, “Entenda as polêmicas sobre Escola Sem Partido e gênero na
educação”, “Como o combate à ‘ideologia de gênero’ tem pautado políticas
públicas”) 1044
MOTORES DE BOLSONARO, ESCOLA SEM PARTIDO E IDEOLOGIA DE GÊNERO TÊM
RAÍZES RELIGIOSAS. MOVIMENTO CONTRA SUPOSTA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA
INCORPOROU PAUTA MUNDIAL DA IGREJA CATÓLICA (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23
de outubro de 2018) 1044
ENTENDA AS POLÊMICAS SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO E GÊNERO NA EDUCAÇÃO.
TEMAS JÁ FORAM ALVO DE PROTESTOS PELO PAÍS E TÊM RAÍZES RELIGIOSAS (Paulo
Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1052
SAIBA COMO SURGIU O TERMO “IDEOLOGIA DE GÊNERO”. MOVIMENTO
CONSERVADOR TEM ORIGEM RELIGIOSA E VÊ “AMEAÇA À FAMÍLIA” EM DISCUSSÕES
SOBRE GÊNERO (Paulo Saldaña, Folha/Uol, 23 de outubro de 2018) 1055
PADRES USAM MISSAS E REDES SOCIAIS PARA APOIAR BOLSONARO E HADDAD.
POSICIONAMENTO DO CLERO CATÓLICO É PRÁTICA DESESTIMULADA PELA IGREJA
(Anna Virginia Balloussier, Folha/Uol, 17 de outubro de 2018 956... Ver também
OLAVO FAZ INCITAÇÃO À VIOLÊNCIA; CONVOCO MEUS CONCIDADÃOS A REPUDIÁLO. TEXTO ANUNCIA UMA ESCALADA DE AÇÕES VIOLENTAS E CONCLAMA
SEGUIDORES A PERPETRÁ-LAS 954 ... AO VIVO | ELEIÇÕES 2018: BOLSONARO E
HADDAD NA COBERTURA EM TEMPO REAL. NESTA SEGUNDA-FEIRA, O TSE NEGOU
PEDIDO DE HADDAD DE RETIRAR POST DE OLAVO DE CARVALHO SOBRE INCESTO
952 ... Ver EMPRESÁRIOS BANCAM CAMPANHA CONTRA O PT PELO WHATSAPP.
COM CONTRATOS DE R$ 12 MILHÕES, PRÁTICA VIOLA A LEI POR SER DOAÇÃO NÃO
DECLARADA 982 ... Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem
Partido 3: PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI.
AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ) 956
1310
“JC NAS ELEIÇÕES” DEBATE UNIÃO ENTRE RELIGIÃO E POLÍTICA (Lucas Calore, Jornal
Cidade de Rio Claro, SP, provavelmente 19 ou 20 de setembro de 2018) 960
DE OLHO EM VOTO CATÓLICO, BOLSONARO ASSINA COMPROMISSO COM
ARCEBISPO DO RIO (Hanrrikson de Andrade e Gustavo Maia, Uol, 17 de outubro de
2018 964/965... Ver EMPRESÁRIOS BANCAM CAMPANHA CONTRA O PT PELO
WHATSAPP. COM CONTRATOS DE R$ 12 MILHÕES, PRÁTICA VIOLA A LEI POR SER
DOAÇÃO NÃO DECLARADA 982 ) 964/965
EM CULTO, MALAFAIA ATACA A FOLHA E ENSINA FIÉIS A IDENTIFICAR FAKE NEWS
UMA DAS PRINCIPAIS LIDERANÇAS EVANGÉLICAS DO PAÍS, PASTOR É CABO
ELEITORAL DE BOLSONARO (Ana Luiza Albuquerque, Folha/Uol, 19 de outubro de
2018 967... Ver REPRESENTANTES DE IGREJAS SÃO ESCOLHIDOS POR PASTORES 546
... CAMPANHA DE JAIR BOLSONARO É MARCADA POR INTRIGAS E IMPROVISO. SEM
TESOUREIRO OU MARQUETEIRO, ESTRUTURA TEM POUCA COESÃO E MUITA
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA DO CANDIDATO 609 ... GENERAIS INTIMIDAM OS ELEITORES
E CHANTAGEIAM A DEMOCRACIA 819 ... PADRES USAM MISSAS E REDES SOCIAIS
PARA APOIAR BOLSONARO E HADDAD. POSICIONAMENTO DO CLERO CATÓLICO É
PRÁTICA DESESTIMULADA PELA IGREJA 956 ... EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM
ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE
DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO
CONCEITO 97 ... QUEERMUSEU, A EXPOSIÇÃO MAIS DEBATIDA E MENOS VISTA DOS
ÚLTIMOS TEMPOS, REABRE NO RIO 264 ... Ver também retórica agressiva de
Bebianno, presidente do PSL: GOVERNO NÃO SERÁ DE MAIORIA DE MILITARES, DIS
BEBIANNO 970 ) 967
OS VALORES E BOATOS QUE CONDUZEM (OU NÃO) OS EVANGÉLICOS A BOLSONARO
(Leandro Machado e Luiza Franco, BBC News Brasil, 23 de outubro de 2018) 1038
UOL, PÁGINA INICIAL, 18 OUT 2018 7H22MIN. EMPRESAS BANCAM CAMPANHA
CONTRA PT NAS REDES SOCIAIS; PRÁTICA É ILEGAL 981
EMPRESÁRIOS BANCAM CAMPANHA CONTRA O PT PELO WHATSAPP. COM
CONTRATOS DE R$ 12 MILHÕES, PRÁTICA VIOLA A LEI POR SER DOAÇÃO NÃO
DECLARADA (Patrícia Campos Mello, Folha/Uol,, 18 de outubro de 2018) 982
É HORA DE SE DEBRUÇAR SOBRE A PROPAGANDA EM REDE DE BOLSONARO. MUITOS
DE NÓS ESTÃO EM BUSCA DE EXPLICAÇÕES PARA O TSUNAMI DE VOTOS EM
1311
CANDIDATURAS ANTISSISTEMA E ANTIPETISTAS NO 1º TURNO DAS ELEIÇÕES
BRASILEIRAS DE 2018 (Francisco Brito Cruz e Mariana Giorgetti Valente, El País, 18 de
outubro de 2018) 986
MANIPULAÇÃO DO ELEITOR POR GRUPOS DE WHATSAPP DEIXARÁ FERIDAS NA
DEMOCRACIA (Leonardo Sakamoto, Blog do Sakamoto/Uol, 18 de outubro de 2018)
992
GUERRA SUJA NAS REDES SOCIAIS EXPÕE O FAKE TSE (Josias de Souza, Blog do
Josias/Uol, 18 de outubro de 2018... Estou trazendo textos de alguns jornalistas com
30,, 40 anos de profissão, ganhadores de prêmios nacionais e internacionais...) 995
UOL, PÁGINA INICIAL, 19 OUT 2018 11H10MIN. DISPARO DE MENSAGENS CONTRA PT
NO WHATSAPP CONSTRANGE TSE 996
WHATSAPP NOTIFICA AGÊNCIAS QUE DISPARAM MENSAGENS ANTI-PT. REDE SOCIAL
PEDIU QUE DISPAROS EM MASSA SEJAM INTERROMPIDOS, E CONTAS ASSOCIADAS
FORAM BANIDAS (Patrícia Campos Mello, Folha/Uol, 19 de outubro de 2018) 996
UM PAÍS PRIMITIVO PRESTES A REGREDIR MAIS. BOLSONARO DEU VIA LIVRE A
TODOS OS DEMÔNIOS (Clóvis Rossi, Folha/Uol, 19 de outubro de 2018) 998
DOCUMENTO CONFIRMA OFERTA ILEGAL DE MENSAGENS POR WHATSAPP NA
ELEIÇÃO. PROPOSTA NÃO ACEITA PELA CAMPANHA DE ALCKMIN PEDIU R$ 8,7 MI
POR DISPAROS VIA APLICATIVO (Patrícia Campos Mello, Folha/Uol, 20 de outubro de
2018) 1000
GAYS, NEGROS E INDÍGENAS JÁ SENTEM NAS RUAS O MEDO DE UM GOVERNO
BOLSONARO. EPISÓDIOS DE INTIMIDAÇÃO AUMENTAM ANSIEDADE ENTRE GRUPOS
QUE SE SENTEM VULNERÁVEIS POR DISCURSOS FEITOS NO PASSADO, E HOJE
NEGADOS, PELO CANDIDATO. DEBATE SOBRE ESTRATÉGIAS DE PROTEÇÃO CRESCE
PARA “RESISTIR EM TEMPOS SOMBRIOS”, DIZ ATIVISTA (Joana Oliveira e Naira
Hofmeister, El País, 20 de outubro de 2018) 1006
MESMO APÓS ANOS DE DENÚNCIAS, VATICANO VIVE SEM DIRETRIZ PARA
COMBATER ABUSOS SEXUAIS (Nicole Winfield, Associated Press reproduzida pelo Uol,
03 de junho de 2018 48... Ver também GOVERNO ULTRACONSERVADOR POLONÊS
FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA DIREITOS
DAS MULHERES E SUBVENÇÕES. ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO EXECUTIVO
1312
ÀS ENTIDADES QUE LUTAM PELA IGUALDADE 57... Ver, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 3, secção do índice denominada Sobre a ideia de
“ideologia de gênero”: criadores, usos..., a partir da página 1112, mais matérias sobre
o tema... Enquanto casos de pedofilia na Igreja Católica são divulgados nos EUA, no
México, na Austrália, Argentina..., no Brasil, políticos, religiosos e grupos de extremadireita procuram difamar filósofos, artistas, intelectuais, com acusações de pedofilia –
ver arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 2... Especificamente matérias
sobre a exposição Queermuseu e a performance do artista Wagner Schwartz, no
MAM-SP... E especialmente o artigo “ ‘Fui morto na internet como se fosse um zumbi
da série The Walking Dead’. Em entrevista exclusiva, Wagner Schwartz, o artista que
fez a performance ‘La Bête’, no MAM de São Paulo, fala pela primeira vez sobre os
ataques que sofreu, nos quais foi chamado de ‘pedófilo’ ”, Eliane Brum, El País, 12 de
fevereiro de 2018:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/12/opinion/1518444964_080093.html ... “
‘Me mataron en Internet como si fuera un zombi de la serie ‘The Walking Dead’.
Wagner Schwartz, el artista que realizó la 'performance' 'La Bête' en el Museo de
Arte Moderno de São Paulo, habla por primera vez sobre los ataques que sufrió, en
los que le llamaron ‘pedófilo’”, Eliane Brum, traducción: Meritxell Almarza, El País, 14
de fevereiro e 2018:
https://elpais.com/internacional/2018/02/14/actualidad/1518623775_287430.html )
48
CHILE INVESTIGA 139 RELIGIOSOS POR ABUSOS SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO
INFORMA QUE 66% DAS VÍTIMAS ERAM MENORES DE IDADE E QUE HÁ 34
INVESTIGAÇÕES EM CURSO (Rocío Montes, El País, 24 de julho de 2018) 235
APÓS DÉCADAS DE SILÊNCIO, FREIRAS ENFRENTAM TABU E RELATAM ABUSOS DE
PADRES (Nicole Winfield, Associated Press reproduzida pelo Uol, 30 de julho de 2018)
250
A HORA DO PAPA FRANCISCO TRANSFORMAÇÃO EMPREENDIDA PELO PONTÍFICE,
RUMO AOS SEUS 82 ANOS, SE ENCONTRA EM UM MOMENTO DECISIVO QUE
DETERMINARÁ O SUCESSO DE SEU PAPADO E A HERANÇA QUE DEIXA (Daniel Verdú,
El País, 07 de julho de 2018 51/52... Ver também GOVERNO ULTRACONSERVADOR
POLONÊS FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA
DIREITOS DAS MULHERES E SUBVENÇÕES. ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO
EXECUTIVO ÀS ENTIDADES QUE LUTAM PELA IGUALDADE 57 ... AFASTADA,
PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA. APOIADA POR
ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E COMPARECEU A SEU
GABINETE 62 ... A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO ULTRACONSERVADOR DA
POLÔNIA. A PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO, MALGORZATA GERSDORF,
1313
APRESENTOU-SE PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA, POUCAS HORAS DEPOIS DA
ATIVAÇÃO DA POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA APOSENTADORIA E DE OUTROS 27
JUÍZES 64... No arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido, há mais sobre a
Polônia, por exemplo, a respeito de aborto e de sua representação no Parlamento
Europeu, eurodeputado... EURODEPUTADO POLONÊS É PUNIDO POR DECLARAÇÕES
SEXISTAS. ULTRACONSERVADOR JANUSZ KORWIN-MIKKE É MULTADO EM MAIS DE 9
MIL EUROS E SUSPENSO DO PARLAMENTO EUROPEU POR DIZER QUE MULHERES SÃO
"MAIS FRACAS" E "MENOS INTELIGENTES" DO QUE OS HOMENS (2017) 42 e 612 )
51/52
IGREJA DA PENSILVÂNIA ENCOBRIU MAIS DE 1.000 ABUSOS CONTRA CRIANÇAS NAS
ÚLTIMAS DÉCADAS. CRIMES FORAM DESCOBERTOS NA MAIOR INVESTIGAÇÃO
SOBRE O TEMA JÁ CONCLUÍDA NOS ESTADOS UNIDOS (Antonia Laborde, El País, 15
de agosto de 2018) 269
RELATÓRIO REVELA QUE 300 PADRES ABUSARAM SEXUALMENTE CRIANÇAS NA
PENSILVÂNIA. DOCUMENTO DO GRANDE JÚRI DA PENSILVÂNIA RELATA ABUSOS
SEXUAIS PERPETRADOS POR MEMBROS DA IGREJA CATÓLICA AO LONGO DE SETE
DÉCADAS. HÁ PELO MENOS 1000 VÍTIMAS IDENTIFICÁVEIS (Público, 14 de agosto de
2018... Público é jornal português) 271
INVESTIGAÇÃO ACUSA 300 PADRES DE PEDOFILIA NOS EUA, COM MAIS DE MIL
VÍTIMAS ABUSOS TERIAM SIDO ENCOBERTOS POR QUASE 70 ANOS, INFORMA
RELATÓRIO FEITO NA PENSILVÂNIA (O Globo reproduz The New York Times e AFP, 14
de agosto de 2018) 273
"THEY HID IT ALL”: CATHOLIC PRIESTS ABUSED 1,000 CHILDREN IN PENNSYLVANIA,
REPORT SAYS (Laurie Goodstein e Sharon Otterman, The New York Times, 14 de agosto
de 2018) 275
PADRES SEGUIAM CARTILHA INFORMAL PARA SILENCIAR VÍTIMAS NA PENSILVÂNIA.
DIOCESES USAVAM EUFEMISMO AO TRATAR DE ABUSOS DE CRIANÇAS PARA
PROTEGER REPUTAÇÃO (Danielle Brant, Folha/Uol, 15 de agosto de 2018) 280
PADRES ABUSARAM DE MAIS DE MIL CRIANÇAS NA PENSILVÂNIA, DIZ RELATÓRIO.
INVESTIGAÇÕES APONTAM QUE CERCA DE 300 RELIGIOSOS COMETERAM ABUSOS
SEXUAIS NO ESTADO AMERICANO DESDE A DÉCADA DE 1940. ALTOS MEMBROS DA
IGREJA CATÓLICA TERIAM ACOBERTADO OS CASOS (Deutsche Welle, 15 de agosto de
2018) 282
1314
OPINIÃO: APÓSTOLOS SEM MORAL. A REVELAÇÃO DE OUTRO ESCÂNDALO DE ABUSO
SEXUAL NOS EUA ABALA AINDA MAIS AS FUNDAÇÕES DO VATICANO. JUSTIÇA E
RESSARCIMENTO PARA AS VÍTIMAS, MAS NADA DE ABSOLVIÇÃO PARA SEUS ALGOZES,
OPINA ASTRID PRANGE (Astrid Prange, Deutsche Welle, 15 de agosto de 2018) 284
SADOMASOQUISMO E USO DE SONÍFEROS: OS DETALHES DOS ABUSOS SILENCIADOS
PELA IGREJA NA PENSILVÂNIA. INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA IDENTIFICOU PELO MENOS
1.000 VÍTIMAS DE PADRES NO ESTADO NAS ÚLTIMAS DÉCADAS (Joan Faus, El País, 15
de agosto de 2018) 286
“TIRAVA O COLARINHO CLERICAL. ENTÃO PODIA FAZER O QUE QUERIA”. VÍTIMAS
CONTAM AO EL PAÍS A CRUEZA E A IMPUNIDADE DOS CRIMES SEXUAIS DE
SACERDOTES CONTRA MENORES NA PENSILVÂNIA DURANTE 70 ANOS. O HORROR
VESTIA BATINA (Amanda Mars, El País, 19 de agosto de 2018) 478
BISPOS DOS EUA DEFENDEM INVESTIGAÇÃO DE ABUSO POR VATICANO.
ORGANIZAÇÃO DIZ QUE PROBLEMA É FRUTA DE FALHAS NA SUPERVISÃO EPISCOPAL
(Folha/Uol, 16 de agosto de 2018) 288
OS CHOCANTES CASOS DE ABUSO COMETIDOS POR “PADRES PREDADORES” CONTRA
CENTENAS DE MENORES NOS EUA (BBC Brasil, 15 de agosto de 2018) 289
VATICANO CHAMA DE CRIMINOSOS OS PADRES ABUSADORES DA PENSILVÂNIA E
PEDE QUE ASSUMAM RESPONSABILIDADES. IGREJA SENTE "VERGONHA E DOR"
PELOS 300 CASOS DE PEDOFILIA PERPETRADOS POR SACERDOTES" (El País, 16 de
agosto de 2018) 292
VATICANO SABIA DOS ABUSOS SEXUAIS NA PENSILVÂNIA PELO MENOS DESDE 1963.
SANTA SÉ SE MOSTROU TOLERANTE DIANTE DE ALGUNS DOS CASOS DE PEDOFILIA,
MAS É IMPOSSÍVEL SABER SE TINHA CONHECIMENTO DE TODOS OS DETALHES (Joan
Faus e Laura Delle Femmine, El País, 17 de agosto de 2018) 293
“NÃO AGIMOS A TEMPO. ABANDONAMOS OS PEQUENOS”, DIZ PAPA SOBRE ABUSOS
NA PENSILVÂNIA. EM CARTA, PONTÍFICE INSTA RESPONSÁVEIS ECLESIÁSTICOS A
DENUNCIAREM OS POSSÍVEIS CASOS DE PEDOFILIA (Lorena Pacho, El País, 20 de
agosto de 2018) 483
PAPA FRANCISCO: “A IGREJA FRACASSOU DIANTE DESSES CRIMES REPUGNANTES”.
PRIMEIRO-MINISTRO IRLANDÊS PEDE UMA RESPOSTA FIRME DO PAPA EM RELAÇÃO
AOS ABUSOS SEXUAIS DE MEMBROS DO CLERO E LEMBRA QUE A IRLANDA SE
MODERNIZOU E QUE A RELIGIÃO JÁ NÃO ESTÁ NO CENTRO DA SOCIEDADE (Daniel
1315
Verdú, El País, 25 de agosto de 2018 484 ... Ver livro “Philomena”, Martin Sixsmith...
Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: HISTORIADORA DENUNCIA
QUE CONVENTO ENTERROU ATÉ 800 RECÉM-NASCIDOS NA IRLANDA (2014) 52 ...
FOSSA COM 800 BEBÊS É ACHADA EM ORFANATO CATÓLICO NA IRLANDA (2017) 52 )
484
IRLANDA PEDE AO PAPA “JUSTIÇA” ÀS VÍTIMAS DE ABUSOS (Agence France Presse
(AFP) reproduzida pelo Uol, 25 de agosto de 2018 486... Ver livro “Philomena”, Martin
Sixsmith ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: HISTORIADORA
DENUNCIA QUE CONVENTO ENTERROU ATÉ 800 RECÉM-NASCIDOS NA IRLANDA (2014)
52 ... FOSSA COM 800 BEBÊS É ACHADA EM ORFANATO CATÓLICO NA IRLANDA (2017)
52 ) 486
NA IRLANDA, PAPA EXPRESSA "VERGONHA” POR CASOS DE ABUSO. FRANCISCO
AFIRMOU QUE AUTORIDADES ECLESIÁSTICAS IRLANDESAS "FRACASSARAM” EM
ENFRENTAR "CRIMES REPUGNANTES”. DESDE 2002, 14.500 PESSOAS NO PAÍS SE
DECLARARAM VÍTIMAS DE ABUSOS SEXUAIS COMETIDOS POR PADRES (Deutsche
Welle, 25 de agosto de 2018) 489
“NOS FAZIAM COMER VÔMITO”: AS DENÚNCIAS DE ABUSOS COMETIDOS EM
ORFANATO POR FREIRAS NA ESCÓCIA (BBC News Brasil, 25 de agosto de 2018 492...
Para ver semelhanças com o que aconteceu na Irlanda, livro “Philomena”, Martin
Sixsmith ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: HISTORIADORA
DENUNCIA QUE CONVENTO ENTERROU ATÉ 800 RECÉM-NASCIDOS NA IRLANDA (2014)
52 ... FOSSA COM 800 BEBÊS É ACHADA EM ORFANATO CATÓLICO NA IRLANDA (2017)
52) 492
POPE FRANCIS LONG KNEW OF CARDINAL’S ABUSES AND MUST RESIGN,
ARCHBISHOP SAYS (Jason Horowitz, The New York Times, 26 de agosto de 2018 496…
Ao ler a matéria, me questionei se a relação entre homossexualidade e abusos sexuais
é a mesma relação que há entre heterossexualidade e estupros? Nos dois casos, há
alguma relação necessária: homossexualidade implica abusos, heterossexualidade leva
necessariamente a estupros? Ver, artigo com interpretação original sobre o assunto:
OPINIÃO: A FALÊNCIA MORAL DA IGREJA DO PAPA. A VISITA DE FRANCISCO À IRLANDA
É MARCADA PELO ESCÂNDALO DE ABUSOS SEXUAIS NA INSTITUIÇÃO QUE ELE
COMANDA. NA OPINIÃO DO TEÓLOGO ALEXANDER GÖRLACH, A IGREJA CATÓLICA, EM
SUA ATUAL FORMA, CHEGOU MORALMENTE AO FIM 512 ... Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E
SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL
690 ) 496
1316
EX-ALTO FUNCIONÁRIO DO VATICANO ACUSA O PAPA DE ENCOBRIR ABUSOS SEXUAIS.
EX-NÚNCIO NOS EUA DIZ QUE FRANCISCO CONHECIA AS ACUSAÇÕES DE PEDOFILIA
CONTRA O CARDEAL THEODOR MCCARRICK (Daniel Verdú, enviado especial, Dublin, El
País, 26 de agosto de 2018) 503
EM CARTA, ARCEBISPO ACUSA FRANCISCO DE ACOBERTAR CASOS DE ABUSO SEXUAL
DESDE 2013. CARLO MARIA VIGANÒ DISSE QUE O PONTÍFICE FOI INFORMADO DE
ESCÂNDALOS E DE UM DOSSIÊ SOBRE ELES (Igor Gielow, Folha/Uol, 26 de agosto de
2018 514... Ver livro “Philomena”, Martin Sixsmith ... Ver, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido: HISTORIADORA DENUNCIA QUE CONVENTO ENTERROU
ATÉ 800 RECÉM-NASCIDOS NA IRLANDA (2014) 52 ... FOSSA COM 800 BEBÊS É
ACHADA EM ORFANATO CATÓLICO NA IRLANDA (2017) 52) 514
PAPA EVITA RESPONDER ÀS ACUSAÇÕES DE ENCOBRIMENTO DE ABUSOS. FRANCISCO
NÃO DEU UMA RESPOSTA CLARA À ACUSAÇÃO DE UM ARCEBISPO SOBRE SEU
SUPOSTO SILÊNCIO A RESPEITO DAS ACUSAÇÕES AO CARDEAL MCCARRICK E PEDE AOS
JORNALISTAS QUE JULGUEM POR SI MESMOS (Daniel Verdú, El País, 27 de agosto de
2018) 507
PAPA RECOMENDA PSIQUIATRIA PARA HOMOSSEXUALIDADE DETECTADA NA
INFÂNCIA. FRANCISCO DIZ QUE PAIS DEVEM REZAR COM FILHOS; VATICANO DISSE
QUE FALA FOI MAL INTERPRETADA (Folha/Uol, 27 de agosto de 2018 509... Ver
também, matéria que traz imagem de protesto em Paris, a respeito da declaração do
papa: PAPA ENFRENTA GUERRA CIVIL CONTRA ALA CONSERVADORA DA IGREJA
CATÓLICA. GRUPO SE POSICIONA CONTRA FRANCISCO EM TEMAS COMO
HOMOSSEXUALIDADE, ABORTO E DIVÓRCIO 520 ) 509
PAPA MANTÉM SILÊNCIO APÓS SER ACUSADO DE ACOBERTAR ABUSOS. "LEIAM O
DOCUMENTO ATENTAMENTE E FAÇAM O VOSSO PRÓPRIO JULGAMENTO", DECLARA
FRANCISCO SOBRE CARTA EM QUE EX-EMBAIXADOR DO VATICANO O ACUSA DE
IGNORAR HISTÓRICO DE ABUSOS SEXUAIS COMETIDOS POR CARDEAL AMERICANO
(Deutsche Welle, 27 de agosto de 2017) 510/511
OPINIÃO: A FALÊNCIA MORAL DA IGREJA DO PAPA. A VISITA DE FRANCISCO À
IRLANDA É MARCADA PELO ESCÂNDALO DE ABUSOS SEXUAIS NA INSTITUIÇÃO QUE
ELE COMANDA. NA OPINIÃO DO TEÓLOGO ALEXANDER GÖRLACH, A IGREJA
CATÓLICA, EM SUA ATUAL FORMA, CHEGOU MORALMENTE AO FIM (Alexander
Görlach, Deutsche Welle, 27 de agosto de 2018 512... Ver também EM LUTA POR
PODER NO VATICANO, CONSERVADORES TENTAM LIGAR ABUSOS A GAYS. ALA CRITICA
A FRANCISCO CULPA UMA “CORRENTE HOMOSSEXUAL” PELO ESCÂNDALO QUE
ATINGIU A IGREJA 523 ) 512
1317
A GUERRA SUJA VOLTA AO VATICANO. ACUSAÇÕES CONTRA O PAPA AVIVAM O
FOGO DE UMA LUTA POR PODER QUE, DISFARÇADA DE IDEOLOGIA E ORTODOXIA
RELIGIOSA, BUSCA RESTAURAR A VELHA ORDEM (Daniel Verdú, El País, 27 de agosto
de 2018 516... Ver também PAPA ENFRENTA GUERRA CIVIL CONTRA ALA
CONSERVADORA DA IGREJA CATÓLICA. GRUPO SE POSICIONA CONTRA FRANCISCO EM
TEMAS COMO HOMOSSEXUALIDADE, ABORTO E DIVÓRCIO 520 ... EM LUTA POR
PODER NO VATICANO, CONSERVADORES TENTAM LIGAR ABUSOS A GAYS. ALA CRITICA
A FRANCISCO CULPA UMA “CORRENTE HOMOSSEXUAL” PELO ESCÂNDALO QUE
ATINGIU A IGREJA 523 ) 516
HÁ EVIDÊNCIAS DE QUE VATICANO SABIA DE ACOBERTAMENTO, DIZ PROCURADOR.
AFIRMAÇÃO É REAÇÃO A CARTA DE ARCEBISPO QUE ACUSA PAPA FRANCISCO DE
SABER DE ABUSOS (Folha/Uol, 28 de agosto de 2018) 518
PAPA ENFRENTA GUERRA CIVIL CONTRA ALA CONSERVADORA DA IGREJA CATÓLICA.
GRUPO SE POSICIONA CONTRA FRANCISCO EM TEMAS COMO HOMOSSEXUALIDADE,
ABORTO E DIVÓRCIO (Clóvis Rossi, Folha/Uol, 28 de agosto de 2018 520... Ver EM
LUTA POR PODER NO VATICANO, CONSERVADORES TENTAM LIGAR ABUSOS A GAYS.
ALA CRITICA A FRANCISCO CULPA UMA “CORRENTE HOMOSSEXUAL” PELO
ESCÂNDALO QUE ATINGIU A IGREJA 523 ) 520
EM LUTA POR PODER NO VATICANO, CONSERVADORES TENTAM LIGAR ABUSOS A
GAYS. ALA CRITICA A FRANCISCO CULPA UMA “CORRENTE HOMOSSEXUAL” PELO
ESCÂNDALO QUE ATINGIU A IGREJA (Jason Horowitz, The New York Times
reproduzido pelo Uol, 28 de agosto de 2018) 523
MOVIMENTO ARGENTINO PREGA DESFILIAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA. COALIZÃO
PELO ESTADO LAICO GANHA ATENÇÃO APÓS VOTAÇÃO DO DIREITO AO ABORTO
(Sylvia Colombo, Folha/Uol, 23 de agosto de 2018) 468
JUDITH BUTLER ESCREVE SOBRE SUA TEORIA DE GÊNERO E O ATAQUE SOFRIDO NO
BRASIL (Judith Butler, Folha de S. Paulo, 19 de novembro de 2017 469... Ver também
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 469
GOVERNO ULTRACONSERVADOR POLONÊS FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO
FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA DIREITOS DAS MULHERES E SUBVENÇÕES.
1318
ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO EXECUTIVO ÀS ENTIDADES QUE LUTAM
PELA IGUALDADE (María R. Sahuquillo, El País, 10 de julho de 2018 57... Ver
AFASTADA, PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA.
APOIADA POR ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E
COMPARECEU A SEU GABINETE 62 ... A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO
ULTRACONSERVADOR DA POLÔNIA. A PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO,
MALGORZATA GERSDORF, APRESENTOU-SE PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA,
POUCAS HORAS DEPOIS DA ATIVAÇÃO DA POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA
APOSENTADORIA E DE OUTROS 27 JUÍZES 64 ... No arquivo Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido, há mais sobre a Polônia, por exemplo, a respeito de aborto e de
sua representação no Parlamento Europeu, eurodeputado... EURODEPUTADO
POLONÊS É PUNIDO POR DECLARAÇÕES SEXISTAS. ULTRACONSERVADOR JANUSZ
KORWIN-MIKKE É MULTADO EM MAIS DE 9 MIL EUROS E SUSPENSO DO
PARLAMENTO EUROPEU POR DIZER QUE MULHERES SÃO "MAIS FRACAS" E "MENOS
INTELIGENTES" DO QUE OS HOMENS (2017) 42 e 612 ... No arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 2, ver EDUCAÇÃO SEXUAL DIVIDE SOCIEDADE
POLONESA 568... #SEXEDPL NO YOUTUBE 569 ... REBELIÃO POLONESA. CRISE
REVELA A IMPOTÊNCIA DA UE ANTE GUINADA AUTORITÁRIA DE UM DOS PAÍSESMEMBROS 570 ) 57
AFASTADA, PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA.
APOIADA POR ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E
COMPARECEU A SEU GABINETE (Folha/Uol reproduz Agence France Presse, 04 de julho
de 2018) 62
A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO ULTRACONSERVADOR DA POLÔNIA. A
PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO, MALGORZATA GERSDORF, APRESENTOU-SE
PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA, POUCAS HORAS DEPOIS DA ATIVAÇÃO DA
POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA APOSENTADORIA E DE OUTROS 27 JUÍZES (María R.
Sahuquillo, El País, 04 de julho de 2018) 64
CATÓLICOS LGBT ORGANIZAM MOVIMENTO PARA REIVINDICAR MAIS ESPAÇO NA
IGREJA. GRUPO COMEMORA PEQUENOS AVANÇOS, COMO UM TEXTO EM QUE O
VATICANO USA PELA PRIMEIRA VEZ A SIGLA (Anna Virginia Balloussier, Folha/Uol,
23.de julho e 2018 182... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
3: VATICANO USA TERMO "LGBT" PELA PRIMEIRA VEZ EM DOCUMENTO OFICIAL
["INSTRUMENTUM LABORIS" DELLA XV ASSEMBLEA GENERALE ORDINARIA DEL
SINODO DEI VESCOVI, OFICINA DE PRENSA DE LA SANTA SEDE, 19 JUN 2018] (Uol
Universa, 21 de junho de 2018) 1001... ENTENDA O QUE SIGNIFICA A IGREJA
CATÓLICA USAR O TERMO LGBT OFICIALMENTE PELA PRIMEIRA VEZ (Edison Veiga, BBC
1319
Brasil, 26 de junho de 2018) 1080/1081 ... JÁ SÃO 86 PESSOAS TRANS ASSASSINADAS
APENAS NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2018 1086 ) 182
MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO VAI INVESTIGAR ENCONTRO DE CRIVELLA COM
PASTORES (Constança Rezende, Estadão reproduzido pelo Uol, 06 de julho de 2018)
33
IMPEACHMENT DE CRIVELLA SERIA DURO GOLPE NO PROJETO DE PODER DA
UNIVERSAL (Leonardo Sakamoto, Blog do Sakamoto/Uol, 12 de julho de 2018) 34
IMPEACHMENT NO RIO: CÂMARA REJEITA PROCESSO CONTRA MARCELO CRIVELLA –
ENTENDA (André Shalders, BBC Brasil, 12 de julho de 2018) 36
CRIVELLA ESCAPA DE IMPEACHMENT, MAS CONTINUA ALVO DE INVESTIGAÇÃO (João
Soares, Deutsche Welle, 13 de julho de 2018) 39
SALVO NO RIO, CRIVELLA VOTOU POR AFASTAMENTO DE DILMA POR "GRAVE CRISE
ECONÔMICA" (Gustavo Maia, Uol, 13 de julho de 2018) 42
SEM “MÁRCIA” DE CRIVELLA, PACIENTE DO RIO FICA 8 MESES NA FILA POR
CONSULTA. PREFEITO FOI GRAVADO OFERECENDO AJUDA DE ASSESSORA PARA
AGENDAMENTOS DE FIÉIS (Júlia Barbon e Lucas Vettorazzo, Folha/Uol, 17 de julho de
2018) 44
UNIVERSAL ATACA VEREADORES QUE APROVARAM IMPEACHMENT DE CRIVELLA.
JORNAL DA IGREJA ACUSA FAVORÁVEIS DA ABERTURA DE PROCESSO CONTRA O
PREFEITO DE PRECONCEITO (Folha/Uol, 24 de julho de 2018) 646
MINISTRO FAZ PRESSÃO POR CARGOS E ABRE GUERRA NO PALÁCIO DO PLANALTO.
NOVO TITULAR DA SECRETARIA-GERAL DA PRESIDÊNCIA, PASTOR RONALDO
FONSECA ARTICULA NOMEAÇÕES (Marina Dias, Folha/Uol, 11 de julho de 2018 31 ...
Ver EVANGÉLICOS SE ARTICULAM PARA AUMENTAR REPRESENTATIVIDADE POLÍTICA
638) 31
Igrejas e impostos no Brasil...
1320
Sobre a atuação de Crivella, quando senador, em relação a impostos, ver esta mesma
secção do índice no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido...
MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO VAI INVESTIGAR ENCONTRO DE CRIVELLA COM
PASTORES (Constança Rezende, Estadão reproduzido pelo Uol, 06 de julho de 2018)
33
IMPEACHMENT DE CRIVELLA SERIA DURO GOLPE NO PROJETO DE PODER DA
UNIVERSAL (Leonardo Sakamoto, Blog do Sakamoto/Uol, 12 de julho de 2018) 34
IMPEACHMENT NO RIO: CÂMARA REJEITA PROCESSO CONTRA MARCELO CRIVELLA –
ENTENDA (André Shalders, BBC Brasil, 12 de julho de 2018) 36
CRIVELLA ESCAPA DE IMPEACHMENT, MAS CONTINUA ALVO DE INVESTIGAÇÃO (João
Soares, Deutsche Welle, 13 de julho de 2018) 39
SALVO NO RIO, CRIVELLA VOTOU POR AFASTAMENTO DE DILMA POR "GRAVE CRISE
ECONÔMICA" (Gustavo Maia, Uol, 13 de julho de 2018) 42
SEM “MÁRCIA” DE CRIVELLA, PACIENTE DO RIO FICA 8 MESES NA FILA POR
CONSULTA. PREFEITO FOI GRAVADO OFERECENDO AJUDA DE ASSESSORA PARA
AGENDAMENTOS DE FIÉIS (Júlia Barbon e Lucas Vettorazzo, Folha/Uol, 17 de julho de
2018) 44
UNIVERSAL ATACA VEREADORES QUE APROVARAM IMPEACHMENT DE CRIVELLA.
JORNAL DA IGREJA ACUSA FAVORÁVEIS DA ABERTURA DE PROCESSO CONTRA O
PREFEITO DE PRECONCEITO (Folha/Uol, 24 de julho de 2018) 646
UNIVERSAL COBRA ISENÇÃO FISCAL PARA EQUIPAMENTOS DE TV. ECONOMIA
CHEGARIA A R$ 5 MI; À JUSTIÇA GOVERNO ACUSA BENEFÍCIO PARA EMISSORA
(Rogério Gentile, Folha/Uol, 24 de agosto de 2018) 647
Judiciário, Ministério Público, polícias e questões de gênero...
1321
FILHO DE BOLSONARO AMEAÇA STF E DIZ QUE PARA FECHAR CORTE BASTA “UM
SOLDADO E UM CABO”. DECLARAÇÕES, FEITAS EM JULHO EM UM CURSINHO,
PROVOCAM REPÚDIO. FHC DIZ QUE HÁ "CHEIRO DE FASCISMO" (Ricardo Della
Coletta e Felipe Betim, El País, 21 de outubro de 2018) 1011
OLAVO FAZ INCITAÇÃO À VIOLÊNCIA; CONVOCO MEUS CONCIDADÃOS A REPUDIÁLO. TEXTO ANUNCIA UMA ESCALADA DE AÇÕES VIOLENTAS E CONCLAMA
SEGUIDORES A PERPETRÁ-LAS (Caetano Veloso, Folha/Uol, 14 de outubro de 2018
954... Sobre afirmações de Olavo de Carvalho, ver, por exemplo, a respeito de crime
organizado, narcotráfico: “NO SAPATINHO”: A EVOLUÇÃO DAS MILÍCIAS NO RIO DE
JANEIRO (2008-2011) (Ignácio Cano e Thais Duarte, coordenadores, Kryssia Ettel e
Fernanda Novaes Cruz, pesquisadoras, Rio de Janeiro, Fundação Heinrich Böll, 2012:
https://br.boell.org/sites/default/files/no_sapatinho_lav_hbs1_1.pdf ... MORRE AOS
96 ANOS O JURISTA HÉLIO BICUDO, UM DEFENSOR DOS DIREITOS HUMANOS.
FUNDAMENTAL NO COMBATE AO “ESQUADRÃO DA MORTE” NA DITADURA MILITAR,
BICUDO FOI COFUNDADOR DO PT E AJUDOU NO PEDIDO DE IMPEACHMENT DE DILMA
ROUSSEFF (Arthur Stabile e Maria Teresa Cruz, Ponte Jornalismo, 31 de julho de 2018:
https://ponte.org/morre-aos-96-anos-o-jurista-helio-bicudo-um-defensor-dos-direitoshumanos/ ... COMO A DITADURA PERSEGUIU HÉLIO BICUDO. JURISTA TEVE A VIDA
ESCRUTINADA POR DENUNCIAR ATUAÇÃO DE ESQUADRÕES DA MORTE.
DOCUMENTOS INÉDITOS MOSTRAM QUE A CÚPULA DO REGIME AGIU DIRETAMENTE
PARA ACOBERTAR A AÇÃO DOS GRUPOS DE EXTERMÍNIO (João Soares, Deutsche
Welle, 01 de agosto de 2018:
https://www.dw.com/pt-br/como-a-ditadura-perseguiu-h%C3%A9lio-bicudo/a44918892 ... https://p.dw.com/p/32TSG ... "DITADURA IDEALIZOU MODELO ATUAL
DAS MILÍCIAS”. MILÍCIAS TIVERAM SEU EMBRIÃO NOS ESQUADRÕES DA MORTE
APOIADOS PELA DITADURA, AFIRMA SOCIÓLOGO. EM ENTREVISTA, ELE REJEITA A
IDEIA DE PODER PARALELO, APONTANDO QUE GRUPOS FARIAM PARTE DA
“DIMENSÃO ILEGAL DO ESTADO" (João Soares, Deutsche Welle, 03 de agosto de 2018:
https://www.dw.com/pt-br/ditadura-idealizou-modelo-atual-das-mil%C3%ADcias/a44945335 ... https://p.dw.com/p/32aKl ... ATENTADOS DE DIREITA FOMENTARAM AI-5
CINQUENTA ANOS DEPOIS DO ATO QUE SEPULTOU AS LIBERDADES DEMOCRÁTICAS
NO PAÍS, A PÚBLICA OBTÉM DOCUMENTOS QUE PROVAM QUE FOI A DIREITA
PARAMILITAR, E NÃO A ESQUERDA, QUE DEU INÍCIO A EXPLOSÕES DE BOMBAS E
ROUBOS DE ARMAS (Vasconcelo Quadros, Agência Pública reproduzida pelo El País, 02
de outubro de 2018:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/02/politica/1538488463_222527.html ...
PROGRAMA ARQUIVO N SOBRE ATENTADO NO RIOCENTRO (30 DE ABRIL DE 1981)
(Roteiro e edição Luciana Savaget, Globo News, 2011:
https://www.youtube.com/watch?v=QqNUttqzGMw ...
1322
https://www.youtube.com/watch?v=ZWj-YALnsl4 ... Ver também AO VIVO |
ELEIÇÕES 2018: BOLSONARO E HADDAD NA COBERTURA EM TEMPO REAL. NESTA
SEGUNDA-FEIRA, O TSE NEGOU PEDIDO DE HADDAD DE RETIRAR POST DE OLAVO DE
CARVALHO SOBRE INCESTO 952 ... Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido 3: PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE
DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ) 954
AO VIVO | ELEIÇÕES 2018: BOLSONARO E HADDAD NA COBERTURA EM TEMPO
REAL. NESTA SEGUNDA-FEIRA, O TSE NEGOU PEDIDO DE HADDAD DE RETIRAR POST
DE OLAVO DE CARVALHO SOBRE INCESTO (Regiane Oliveira, El País, 15 de outubro de
2018 952... Ver TSE DETERMINA REMOÇÃO DE VÍDEOS DE BOLSONARO SOBRE “KIT
GAY” NO FACEBOOK 978 ... Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido 3: PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI.
AÇÕES NO YOUTUBE, FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ...) 952
PRÉ-CANDIDATAS ACUSAM REDE DE MACHISMO E DEIXAM SIGLA (Marianna Holanda,
Estadão reproduzido pelo Uol, 28 de julho de 2018... A matéria também apresenta
medidas do TSE para garantir participação mais igualitária de mulheres nas eleições,
com mínimo de candidaturas, participação no dinheiro destinado a bancar
campanhas... 536 ... Ver também COMO PARTIDOS (DE HOMENS) PODEM
DIFICULTAR A VIDA DE MULHERES CANDIDATAS? 538... Ver COMO ELEGER
MULHERES INFLUENCIA O SUCESSO DE FUTURAS CANDIDATAS 629) 536
REPRESENTANTES DE IGREJAS SÃO ESCOLHIDOS POR PASTORES (Renata Agostini,
Estadão reproduzido pelo Uol, 12 de agosto de 2018... A matéria tem o seguinte
trecho: "’Desde 1986, a participação deles no Congresso só cresce. Em 2006, há
queda pontual, em função do escândalo dos Sanguessugas, que envolve líderes
evangélicos’, diz Ronaldo Almeida, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento.” )
546
SUS GASTA R$ 500 MILHÕES COM COMPLICAÇÕES POR ABORTO EM UMA DÉCADA.
DE 2008 A 2017, SUS GASTOU R$ 486 MI COM INTERNAÇÕES PARA ESSES
TRATAMENTOS (Cláudia Collucci e Flávia Faria, Folha/Uol, 29 de julho de 2018) 236
DESIGUALDADE PELA RENDA E COR DA PELE É EXPOSTA EM ABORTOS DE RISCOS NO
PAÍS. TÉCNICAS CASEIRAS E PERIGOSAS SÃO USADAS EM ESPECIAL POR PRETAS,
PARDAS E POBRES (Cláudia Collucci e Júlia Barbon, Folha/Uol, 29 de julho de 2018)
241
1323
TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE AS REGRAS ATUAIS DO ABORTO NO PAÍS E O QUE PODE
MUDAR. SUPREMO AVALIARÁ A DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO PARA GESTAÇÕES
DE ATÉ 12 SEMANAS (Flávia Faria, Folha/Uol, 29 de julho de 2018... O Supremo
Tribunal Federal é composto, em julho de 2018, por 9 homens e 2 mulheres...) 245
STF DÁ INÍCIO NA SEXTA A AUDIÊNCIAS SOBRE ABORTO; VEJA QUEM FALARÁ NA
CORTE (Felipe Amorim, Uol, 30 de julho de 2018 372... Ver também ARGÜIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 442 DISTRITO FEDERAL. RELATORA :
MIN. ROSA WEBER. REQTE.(S) :PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE (P-SOL).
Audiência Pública Convocada para Discutir Aspectos Interpretativos dos arts. 124 e 126
do Decreto-lei nº 2.848/1940 (Código Penal). Decisão com a Relação dos Inscritos
Habilitados, Data, Ordem dos Trabalhos e Metodologia 381 ... SEM DATA PARA
VOTAÇÃO, STF ENCERRA DEBATE SOBRE DESCRIMINALIZAR ABORTO 415 ... Na seção
Mulheres, sexualidade, contracepção, aborto... – deste arquivo – estão notícias
sobre as discussões nas audiências no STF...) 372
COTA DE GÊNERO NÃO CONTRIBUI PARA AUMENTAR A REPRESENTAÇÃO FEMININA.
OS PARTIDOS, DENTRO DE SUA AUTONOMIA, TÊM SUAS ESTRATÉGIAS ELEITORAIS
(Eliana Passarelli, Folha/Uol, 16 de julho de 2018) 152
CAMPINA GRANDE PROÍBE DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO NA SALA DE AULA; OAB
PROTESTA (Uol, 14 de julho de 2018) 83
STF QUESTIONA CIDADES DE PE SOBRE LEIS QUE PROÍBEM DEBATE SOBRE GÊNERO
(Estadão reproduzido pelo Uol, 18 de julho de 2018 85... Ver LEI 2985 DE 19 DE
DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE 87 ...
) 85
LEI 2985 DE 19 DE DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE
87
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, COM PEDIDO DE
MEDIDA CAUTELAR, CONTRA AS LEIS Nº 2.985/2017 E Nº 4.432/2017,
RESPECTIVAMENTE, DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE PERNAMBUCO (PE) DE
PETROLINA E GARANHUNS, QUE APROVAM O PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E
VEDAM POLÍTICA DE ENSINO COM INFORMAÇÕES SOBRE GÊNERO NOS MUNICÍPIOS
1324
(Partido Socialismo e Liberdade – PSOL, Brasília/DF, 06 de Junho de 2018 89/90...
Sobre a pesquisadora Jimena Furlani, citada no documento, ver EXISTE “IDEOLOGIA DE
GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA
FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS
EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 89/90
MANIFESTAÇÃO DA PREFEITURA DE PETROLINA, NO STF, SOBRE ARGUIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL PROPOSTA PELO PSOL. DATADA
DE 04 DE JULHO DE 2018 90
REQUERIMENTO DA ASSOCIAÇÃO ESCOLA SEM PARTIDO PARA INGRESSO NOS
AUTOS DA ADPF 522 NA QUALIDADE DE AMICUS CURIAE 95
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO (Andrea Dip, Agência Pública, 30 de
agosto de 2016) 97
TSE DETERMINA REMOÇÃO DE VÍDEOS DE BOLSONARO SOBRE "KIT GAY" NO
FACEBOOK (Rafael Moraes Moura, Estadão reproduzido pelo Uol, 16 de outubro de
2018 978... Ver LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL NÃO FOI
COMPRADO PELO MEC 598/599 ... BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO DE
EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO PSL MOSTRA
PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI COMPRADO
PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM 593 ... Ver também, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS
LIVROS (Fernando Haddad, Revista Piauí/Uol, edição 129, junho de 2017... E-ministro
da Educação dos governos Lula e Dilma, sobre atuação de políticos ligados a igrejas no
caso do material contra homofobia, deturpado com a denominação “kit gay”) 221)
978
MINISTRO DO TSE VETA PROGRAMA DE HADDAD QUE ASSOCIA BOLSONARO À
TORTURA (Uol, 20 de outubro de 2018 1005... AOS INDECISOS, AOS QUE SE
ANULAM, AOS QUE PREFEREM NÃO. O MAIOR DELÍRIO VIVIDO HOJE NO BRASIL É O
DA “NORMALIDADE” (Eliane Brum, El País, 24 de outubro de 2018) 1064 ... Ver TSE
DETERMINA REMOÇÃO DE VÍDEOS DE BOLSONARO SOBRE "KIT GAY" NO FACEBOOK
978) 1005
1325
MANIPULAÇÃO DO ELEITOR POR GRUPOS DE WHATSAPP DEIXARÁ FERIDAS NA
DEMOCRACIA (Leonardo Sakamoto, Blog do Sakamoto/Uol, 18 de outubro de 2018)
992
GUERRA SUJA NAS REDES SOCIAIS EXPÕE O FAKE TSE (Josias de Souza, Blog do
Josias/Uol, 18 de outubro de 2018... Estou trazendo textos de alguns jornalistas com
30,, 40 anos de profissão, ganhadores de prêmios nacionais e internacionais...) 995
UOL, PÁGINA INICIAL, 19 OUT 2018 11H10MIN. DISPARO DE MENSAGENS CONTRA PT
NO WHATSAPP CONSTRANGE TSE 996
WHATSAPP NOTIFICA AGÊNCIAS QUE DISPARAM MENSAGENS ANTI-PT. REDE SOCIAL
PEDIU QUE DISPAROS EM MASSA SEJAM INTERROMPIDOS, E CONTAS ASSOCIADAS
FORAM BANIDAS (Patrícia Campos Mello, Folha/Uol, 19 de outubro de 2018) 996
UM PAÍS PRIMITIVO PRESTES A REGREDIR MAIS. BOLSONARO DEU VIA LIVRE A
TODOS OS DEMÔNIOS (Clóvis Rossi, Folha/Uol, 19 de outubro de 2018) 998
DOCUMENTO CONFIRMA OFERTA ILEGAL DE MENSAGENS POR WHATSAPP NA
ELEIÇÃO. PROPOSTA NÃO ACEITA PELA CAMPANHA DE ALCKMIN PEDIU R$ 8,7 MI
POR DISPAROS VIA APLICATIVO (Patrícia Campos Mello, Folha/Uol, 20 de outubro de
2018) 1000
QUEERMUSEU, A EXPOSIÇÃO MAIS DEBATIDA E MENOS VISTA DOS ÚLTIMOS
TEMPOS, REABRE NO RIO (Júlia Dias Carneiro, BBC News Brasil, 16 de agosto de
2018... Reproduzida pelo Uol, mesmo título e data 264... Ver JUDITH BUTLER ESCREVE
SOBRE SUA TEORIA DE GÊNERO E O ATAQUE SOFRIDO NO BRASIL 469 ...
PROFESSORES E ORGANIZAÇÕES QUEREM ARTE OBRIGATÓRIA NO ENSINO MÉDIO
666 ... Ver, na seção Livros e trabalhos acadêmicos sobre questões de gênero... há
links para download... , deste arquivo, a referência a “Obra aberta”, Umberto Eco...
Ver mais sobre Queermuseu nos arquivos Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 1,
2 e 3... Ver ainda, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PADRE
PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE,
FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ) 264
ABERTURA DA MOSTRA QUEERMUSEU, NO RIO, TEM PROTESTOS DE MOVIMENTOS
RELIGIOSOS, FECHADA UM ANO ATRÁS DIANTE DE CENSURA, EXPOSIÇÃO É
REINAUGURADA NESTE SÁBADO (18) (Nicola Pamplona, Folha/Uol, 18 de agosto de
2018... Matéria também fala de manifestantes pró-Bolsonaro e Magno Malta; protesto
teve convocação na página do Facebook do MBL... Sobre o MBL, ver, por exemplo, no
1326
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, a seção do Índice Assassinato de
Marielle Franco (PSOL), vereadora do Rio de Janeiro: 14 de março de 2018... p. 1170)
296
JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO LIBERA ENTRADA DE CRIANÇAS NA "QUEERMUSEU"
(Carolina Farias, Uol Universa, 21 de agosto de 2018 777... Ver ABERTURA DA
MOSTRA QUEERMUSEU, NO RIO, TEM PROTESTOS DE MOVIMENTOS RELIGIOSOS,
FECHADA UM ANO ATRÁS DIANTE DE CENSURA, EXPOSIÇÃO É REINAUGURADA NESTE
SÁBADO (18) 296... LEI DE CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA PROMULGADA POR MÁRCIO
FRANÇA GERA POLÊMICA. NORMA SE APLICA A EXPOSIÇÕES E MOSTRAS DE ARTE
[Mônica Bergamo, Folha/Uol, 14 de julho de 2018 655... Ver, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 2: MASP BUSCOU ORIENTAÇÃO JURÍDICA PARA VETO
INÉDITO A MENORES DE 18 ANOS (Uol, 19 de outubro de 2017... Sobre a mostra
“Histórias da sexualidade”) 04 ... ADVOGADOS SE UNEM PARA TENTAR BARRAR
CENSURA A MENORES EM EXPOSIÇÃO NO MASP (Leonardo Rodrigues, Uol, 26 de
outubro de 2017... A questão é mais ampla, os advogados procuram estudar e propor
adequação de legislação, não se trata apenas da exposição do MASP) 07 ... PROJETOS
PARA CLASSIFICAR EXPOSIÇÕES DE ARTE SE ESPALHAM PELO PAÍS (Mônica Bergamo,
Folha/Uol, 16 de dezembro de 2017... A matéria também traz informações sobre
pesquisa a respeito da presença de pessoas LGBTI em comerciais...) 535 ... MPF
CRITICA, E MASP LIBERA ACESSO DE MENORES À MOSTRA SOBRE SEXUALIDADE
(Juliana Dal Pivar, Revista Piauí/Uol, 07 de novembro de 2017... Sobre a mostra
“Histórias da sexualidade”) 08 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem
Partido 3: DEPUTADOS APROVAM PROJETO QUE PREVÊ CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA
EM EXPOSIÇÕES EM SP (Uol, 14 de junho de 2018) 870 ) 777
“EU RECEBI MAIS DE CEM AMEAÇAS DE MORTE”, DIZ CURADOR DA EXPOSIÇÃO
QUEERMUSEU. GAUDÊNCIO FIDELIS FALA SOBRE OS ATAQUES À EXPOSIÇÃO DE ARTE
CANCELADA NO ANO PASSADO EM PORTO ALEGRE E REINAUGURADA NO RIO DE
JANEIRO NESTE MÊS (Mariana Simões, Agência Pública, 28 de agosto de 2018) 656
"NÓS, LGBT, JÁ FOMOS CRIANÇAS E ISSO INCOMODA", DIZ ARTISTA ACUSADA DE
INCITAR PEDOFILIA (Tiago Dias, Uol, 12 de setembro de 2017) 663
UMA AVALIAÇÃO SOBRE A BUSCA DE DIREITOS LGBT PELO MUNDO (André Cabette
Fábio, Nexo Jornal 03 de julho de 2018... Entrevista com Boris Dittrich, da Human
Rights Watch) 104
BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE
NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EX-PARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA
1327
PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO MUNDO AFIRMA QUE A
COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS DIREITOS (Joana
Oliveira , El País, 18 de julho de 2018 108... Ver também “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114 ) 108
“CURA GAY”: REINO UNIDO PROÍBE; NO BRASIL, MPF QUER LIBERAR
(Justificando/Carta Capital, 05 de julho de 2018 120... Ver “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114 ... REINO UNIDO PROIBIRÁ AS PSEUDOTERAPIAS
QUE AFIRMAM “CURAR” A HOMOSSEXUALIDADE. SOMENTE TRÊS PAÍSES, BRASIL,
EQUADOR E MALTA, TÊM LEIS QUE PROÍBEM EXPRESSAMENTE ESTE TIPO DE PRÁTICAS
118 ) 120
ÍNDIA DESPENALIZA A HOMOSSEXUALIDADE. SUPREMA CORTE REVOGA PROIBIÇÃO
ESTABELECIDA POR UMA LEI VITORIANA DO SÉCULO XIX (Ángel L. Martínez Cantera,
El País, 06 de setembro de 2018 694/695... Ver UMA AVALIAÇÃO SOBRE A BUSCA DE
DIREITOS LGBT PELO MUNDO 104 ... BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA
MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EXPARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO
MUNDO AFIRMA QUE A COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS
DIREITOS 108 ) 694/695
SUPREMA CORTE DA ÍNDIA DESCRIMINALIZA HOMOSSEXUALIDADE. EM DECISÃO
HISTÓRICA, JUÍZES JULGAM INCONSTITUCIONAL LEI DA ERA COLONIAL QUE PUNIA
"ATOS CONTRA A NATUREZA" COM ATÉ DEZ ANOS DE PRISÃO, NUMA GRANDE
VITÓRIA PARA OS DEFENSORES DOS DIREITOS DA COMUNIDADE LGBT (Deutsche
Welle, 06 de setembro de 2018) 996/997
“HÁ LOBBY PARA DAR PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE
CONTRARIA O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (Rafael Barifouse, BBC News Brasil,
11 de julho de 2018 113/114... Ver OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS
TRANSGÊNEROS PARA SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL 247
... REACIONÁRIOS CONSEGUIRAM PAUTAR AS REDES SOCIAIS COM UMA FALSA
POLÊMICA NA ÚLTIMA SEMANA 226 ... Ver CONHEÇA 4 CIENTISTAS LGBT QUE
REVOLUCIONARAM O MUNDO. O QUE NOMES COMO ALAN TURING, FLORENCE
NIGHTINGALE, ALAN HART E FRANCIS BACON TÊM EM COMUM? TODOS
REVOLUCIONARAM A CIÊNCIA MUNDIAL, SALVARAM MILHÕES DE VIDAS, MAS
1328
SOFRERAM COM A INTOLERÂNCIA E PRECONCEITO POR SUAS OPÇÕES SEXUAIS 123
... Ver também “CURA GAY”: REINO UNIDO PROÍBE; NO BRASIL, MPF QUER LIBERAR
120 ... BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE
NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EX-PARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA
PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO MUNDO AFIRMA QUE A
COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS DIREITOS 108... REINO
UNIDO PROIBIRÁ AS PSEUDOTERAPIAS QUE AFIRMAM “CURAR” A
HOMOSSEXUALIDADE. SOMENTE TRÊS PAÍSES, BRASIL, EQUADOR E MALTA, TÊM LEIS
QUE PROÍBEM EXPRESSAMENTE ESTE TIPO DE PRÁTICAS 118) 113/114
APÓS 3 ANOS, PROFESSORA GANHA AÇÃO JUDICIAL CONTRA COLÉGIO QUE A
DEMITIU POR SER TRANS (Ponte Jornalismo, Paloma Vasconcelos, 09 de setembro de
2018 726... Ver O QUE AS EMPRESAS PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO
MERCADO DE TRABALHO 716... “ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O APELO DA MÃE
DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE MATOU APÓS BULLYING POR HOMOFOBIA 692 )
726
PROFESSORA TRANS GANHA NA JUSTIÇA DIREITO DE VOLTAR A DAR AULA APÓS SER
DEMITIDA (Fernando Molina,, Uol, 12 de setembro de 2018) 733
MÃE TRANS É IMPEDIDA DE REGISTRAR FILHO BIOLÓGICO EM CARTÓRIO NO RS.
ÁGATA FEZ TRANSIÇÃO APÓS A CONFIRMAÇÃO DA GRAVIDEZ DA NAMORADA
(Fernanda Canofre, Folha/Uol, 27 de agosto de 2018) 735
A PROFESSORA TRANSEXUAL QUE TROCOU INDENIZAÇÃO DE R$ 20 MIL PELA
CHANCE DE DAR AULA A SEUS AGRESSORES (Noemia Colonna, BBC News Brasil, 31 de
agosto de 2018) 721
COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE "ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE
IDENTIDADE (Rafael Barifouse, BBC News Brasil, 30 de setembro de 2018 874... Ver
GISELE SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM
CIRURGIA, 07 DE JUNHO DE 2017, canal do YouTube de Adriano Picarelli, 09 de junho
de 2017... Ver, na apresentação do vídeo - abaixo da tela - indicações de textos e
filmes... https://www.youtube.com/watch?v=FC9AkK50NC4 ) 874
1329
COMO OBTER NOME DE ACORDO COM GÊNERO; ADVOGADA E ATIVISTA TRANS
EXPLICAM (Léo Marques, Uol Universa, 02 de agosto de 2018 713... Ver GISELE
SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM CIRURGIA, 07
DE JUNHO DE 2017 716 ... Ver a seguinte seção do arquivo Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido: Transexuais, travestis... direitos... política... preconceitos...
1534 ... Lá encontram-se textos como “TRANSTORNOS” DE GÊNERO E NOME SOCIAL
(Contardo Calligaris, psicanalista) 452 ... O CONGRESSO E A DESUMANIZAÇÃO
(Alexandre Vidal Porto, escritor e diplomata, mestre em Direito por Harvard) 453 ...
NOME SOCIAL É CURATIVO, E TENTAM NOS TIRAR ESSE DIREITO, DIZ ALUNO TRANS
453 ... (TRANS)FOBIAS (filme de Yan Teixeira, Comunicação Social/Jornalismo,
Universidade Federal de São João Del Rei - MG, 2014... Também traz a questão do
nome social) 571 ... EDUCAÇÃO REALIZA CAMPANHA DE INCLUSÃO DE ALUNOS
TRAVESTIS E TRANSEXUAIS: SECRETARIA ORIENTA ESCOLAS ESTADUAIS PARA QUE
OFEREÇAM A POSSIBILIDADE DA ADOÇÃO DE NOME SOCIAL AOS ESTUDANTES (2015)
453 ... CRESCE NÚMERO DE ALUNOS TRANS QUE USAM NOME SOCIAL NAS ESCOLAS
DE SP (2016) 453 ... UNESP APROVA USO DE NOME SOCIAL POR PESSOAS TRANS
(junho de 2017) 468 ... OAB AUTORIZA ADVOGADOS TRAVESTIS E TRANS A USAREM
NOME SOCIAL EM CARTEIRA (maio de 2016) 454 ... ELA É A 1ª ADVOGADA
TRANSGÊNERO A TER SEU NOME SOCIAL NA CARTEIRINHA DA OAB 454 ... ADVOGADA
TRANS É A PRIMEIRA A MUDAR NOME NO REGISTRO DE NASCIMENTO E NA OAB
(junho de 2017) 456 ... TRAVESTIS E TRANSEXUAIS PODEM TER NOME SOCIAL EM
CARTÃO DE CRÉDITO E DÉBITO (novembro de 2016) 457 ... TRAVESTIS E TRANSEXUAIS
PODERÃO INCLUIR NOME SOCIAL NO CPF (julho de 2017) 469 ... PRECONCEITO E
VIOLÊNCIA EXPULSAM TRANS DE REDE DE SAÚDE: "ME SENTI VIOLADO" (Marcelle
Souza, Uol, 28 de setembro de 2017, matéria também fala de nome social... Ver
comentário – sobre se a questão é de “costumes” ou de “desigualdade” – que coloquei
junto da matéria GAYS E LÉSBICAS CONTAM POR QUE ESCONDEM A ORIENTAÇÃO
SEXUAL NO TRABALHO 1155...) 1163 ... JANOT DEFENDE ALTERAÇÃO DE GÊNERO NO
REGISTRO CIVIL DE TRANSEXUAL MESMO SEM CIRURGIA 457 ... TRANSEXUAL PEDE
MORTE ASSISTIDA SE NÃO PUDER MUDAR NOME E GÊNERO 466 ... UMA
TRANSEXUAL NÃO ACEITA QUE SUA CONDIÇÃO SEJA VISTA COMO TRANSTORNO
(Contardo Calligaris, psicanalista) 466 ... PELA PRIMEIRA VEZ, MULHER TRANS PODE
MUDAR GÊNERO SEM AVALIAÇÃO MÉDICA 466 ... STJ AUTORIZA CABELEREIRA TRANS
A MUDAR SEXO EM DOCUMENTOS SEM FAZER CIRURGIA (maio de 2017) 468 ... PELA
PRIMEIRA VEZ, ADVOGADA TRANSGÊNERO FAZ DEFESA PERANTE O STF (junho de
2017) 458 ... NÃO SE ADVOGA POR DIREITOS SEM A ESCUTA DE SEUS TITULARES
(Carolina Gerassi, advogada, Justificando/Carta Capital, 13 de junho de 2017) 460 )
713
GISELE SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM
CIRURGIA, 07 DE JUNHO DE 2017 (Canal do YouTube de Adriano Picarelli, 09 de junho
1330
de 2017... Na verdade, o título que dei ao vídeo não está correto... Seria melhor usar
expressão como “alteração do registro civil”... Ver, na apresentação do vídeo - abaixo
da tela - indicações de textos e filmes... Ver COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874 ) 716
GOVERNO ALEMÃO ABRE CAMINHO PARA REGISTRO DE TERCEIRO GÊNERO PROJETO
DE LEI PREVÊ QUE PAIS DE CRIANÇAS INTERSEXUAIS POSSAM ASSINALAR A OPÇÃO
“DIVERSO”, ALÉM DE MASCULINO E FEMININO, AO REGISTRAR NASCIMENTO.
PROPOSTA SEGUE DETERMINAÇÃO DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL (Deutsche Welle,
15 de agosto de 2018) 769
OPINIÃO: RECONHECER "INTERSEXO" É APENAS UM PRIMEIRO PASSO. ALÉM DE
"MASCULINO" OU "FEMININO", DOCUMENTOS ALEMÃES INCLUEM AGORA O GÊNERO
"DIVERSO". UM AVANÇO, MAS AINDA HÁ MUITO A FAZER PELA PROTEÇÃO E
RECONHECIMENTO DOS INTERSEXUAIS, OPINA JORNALISTA PACINTHE MATTAR
(Pacinthe Mattar, Deutsche Welle, 17 de agosto de 2018) 775
O QUE MUDA NA ALEMANHA COM A LEI QUE CRIA O “TERCEIRO GÊNERO”, PARA
PROTEGER PESSOAS INTERSEXUAIS [Gabriel Bonis, BBC News Brasil, 25 de agosto de
2018 771... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: SOU
INTERSEXUAL, NÃO HERMAFRODITA. AS PESSOAS QUE NÃO SE ENCAIXAM NA
ATRIBUIÇÃO TRADICIONAL DO SEXO PEDEM MAIOR VISIBILIDADE, SEM CLICHÊS OU
DESINFORMAÇÃO (Barbara Ayuso, El País, 17 de setembro de 2016) 851/852 ...
HOLANDA INCLUI GÊNERO NEUTRO NO REGISTRO CIVIL. UMA PESSOA INTERSEXUAL
REGISTRADA COMO HOMEM, QUE DEPOIS SE IDENTIFICOU COMO MULHER,
SOLICITOU A CRIAÇÃO DE UMA TERCEIRA OPÇÃO NA DOCUMENTAÇÃO OFICIAL (Isabel
Ferrer, El País, 28 de maio de 2018) 831 ] 771
ABORTO, QUESTÃO-CHAVE NA INDICAÇÃO DE TRUMP PARA O SUPREMO DOS EUA.
PRESIDENTE NORTE-AMERICANO PREVÊ ANUNCIAR NA NOITE DESTA SEGUNDA SEU
ESCOLHIDO PARA A VAGA DE KENNEDY. NOME PODE CRIAR NOVO BALANÇO
CONSERVADOR NO TRIBUNAL (Joan Faus, El País, julho de 2018) 184
DONALD TRUMP CONSOLIDA GUINADA CONSERVADORA NA SUPREMA CORTE. O
PRESIDENTE REFORÇA O GIRO PARA A DIREITA DO TRIBUNAL SUPERIOR COM A
NOMEAÇÃO DE BRETT KAVANAUGH, O SEGUNDO EM UM ANO E MEIO (Amanda Mars,
El País, 09 de julho de 2018) 186
1331
ESCOLHA DE KAVANAUGH GERA PROTESTOS EM FRENTE À SUPREMA CORTE DOS EUA
(Uol, 10 de julho de 2018) 188
BRETT KAVANAUGH, ALGOZ DO IMPEACHMENT DE CLINTON E O ESCOLHIDO POR
TRUMP PARA A SUPREMA CORTE. INDICADO PARA A VAGA DE ANTHONY KENNEDY
TEM ESTREITAS RELAÇÕES COM O MUNDO CONSERVADOR, MAS ALGUNS
REPUBLICANOS O CONSIDERARAM MODERADO DEMAIS (Joan Faus, El País, 10 de julho
de 2018) 189
Literatura... há links para download...
BOLSONARO MENTIU AO FALAR DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”.
CANDIDATO DO PSL MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO
NUNCA FOI COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM
HOMOFOBIA [Ricardo Della Coletta, El País, 29 de agosto de 2018 593... Ver GENERAL
LIGADO A BOLSONARO FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE 1964 920
... O AUTORITARISMO, A CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA 930 ... Ver
CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM INCLINAÇÃO
POLÍTICA NOS CULTOS 837 ... Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem
Partido: VIVI NA PELE O QUE APRENDI NOS LIVROS (Fernando Haddad, ex-ministro da
Educação dos governos Lula e Dilma, sobre atuação de políticos ligados a igrejas no caso do
material contra homofobia, deturpado com a denominação “kit gay”) 221 ] 593
LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL ALVO DE BOATO FOI COMPRADO PELO MINC.
DEPUTADO BOLSONARO ACUSOU DISTRIBUIÇÃO PARA ESCOLAS; MEC NEGOU.
MINISTÉRIO DA CULTURA DIZ TER COMPRADO UNIDADES PARA BIBLIOTECAS
PÚBLICAS (G1 Globo, 21 de janeiro de 2016) 596
LIVRO EXIBIDO POR BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL NÃO FOI COMPRADO PELO
MEC (Uol, 30 de agosto de 2018... A matéria também cita atuação do MBL 598/599...
Ver também CULTO-COMÍCIO. PASTORES CITAM CANDIDATOS DA IGREJA E MOSTRAM
INCLINAÇÃO POLÍTICA NOS CULTOS 837 ... Ver GENERAL LIGADO A BOLSONARO
FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE 1964 920 ... O AUTORITARISMO, A
CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA 930 ) 598/599
ERROS E ACERTOS DE JAIR BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL E NO JORNAL DAS 10
(Chico Marés, Clara Becker, Leandro Resende, Nathália Afonso e Plínio Lopes, Revista
Piauí Lupa/Uol, 28 de agosto de 2018) 600
1332
AUTORA DE LIVRO CRITICADO POR BOLSONARO REBATE: “NO FUNDO, ELE QUERIA
TER GANHADO UM" (Diego Assis, Uol, 30 de agosto de 2018) 600
“BOLSONARO INCONSCIENTEMENTE QUERIA DIVULGAR MEU LIVRO SOBRE
EDUCAÇÃO SEXUAL”, DIZ ESCRITORA. AUTORA DE “APARELHO SEXUAL E CIA”
CRITICA O PRESIDENCIÁVEL APÓS PROPAGADA NEGATIVA SOBRE SUA OBRA. "EU
ACHO QUE SUAS OBSESSÕES DIZEM MUITO SOBRE O QUE ELE PRÓPRIO TEM NA
CABEÇA", ARGUMENTA (Ricardo Della Coletta e Sara González, El País, 31 de agosto
de 2018 604... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, PADRE
PAULO RICARDO DE AZEVEDO JR E SANCTUS ANGELE DOMINI. AÇÕES NO YOUTUBE,
FACEBOOK, CONGRESSO NACIONAL 690 ) 604
O QUE HÁ DE TÃO ASSOMBROSO NO LIVRO QUE BOLSONARO NÃO PÔDE MOSTRAR
NO JN? (Rodrigo Casarin, Blog Página Cinco/Uol, 29 de agosto de 2018) 608
CRITICADO POR BOLSONARO, LIVRO "APARELHO SEXUAL E CIA." SERÁ RELANÇADO
NO DIA 12 (Renata Nogueira, Uol, 05 de setembro de 2018) 616
GENERAL LIGADO A BOLSONARO FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE
1964 (Leandro Prazeres, Uol, 28 de setembro de 2018 920... Ver BOLSONARO MENTIU
AO FALAR DE LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL NO “JORNAL NACIONAL”. CANDIDATO DO
PSL MOSTRA PUBLICAÇÃO QUE SERIA PARTE DO “KIT GAY”, MAS TÍTULO NUNCA FOI
COMPRADO PELO MEC NEM FOI INCLUÍDO NO PROJETO ESCOLA SEM HOMOFOBIA
593 ... O AUTORITARISMO, A CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA 930 ...
“MEU LIVRO É SOBRE A DITADURA. JAMAIS PENSEI QUE SERIA CENSURADO”, DIZ
AUTOR DE “MENINOS SEM PÁTRIA”. COLÉGIO PARTICULAR DO RIO VETOU OBRA APÓS
PAIS RECLAMAREM DE DOUTRINAÇÃO COMUNISTA. “PAPEL DO PROFESSOR É
MOSTRAR CAMINHOS AOS ALUNOS, SEM FAZER JULGAMENTOS. NÃO CABE AOS PAIS
DETERMINAR O QUE DEVE SER LIDO. FATOS E HISTÓRIA SÃO INCONTESTÁVEIS”, DIZ
LUIZ PUNTEL 936 ) 920
“MEU LIVRO É SOBRE A DITADURA. JAMAIS PENSEI QUE SERIA CENSURADO”, DIZ
AUTOR DE “MENINOS SEM PÁTRIA”. COLÉGIO PARTICULAR DO RIO VETOU OBRA
APÓS PAIS RECLAMAREM DE DOUTRINAÇÃO COMUNISTA. “PAPEL DO PROFESSOR É
MOSTRAR CAMINHOS AOS ALUNOS, SEM FAZER JULGAMENTOS. NÃO CABE AOS
PAIS DETERMINAR O QUE DEVE SER LIDO. FATOS E HISTÓRIA SÃO INCONTESTÁVEIS”,
DIZ LUIZ PUNTEL (Breiller Pires, El País, 05 de outubro de 2018 936... Ver GENERAL
LIGADO A BOLSONARO FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE 1964 920...
1333
O AUTORITARISMO, A CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA 930 ... Ver, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: LEITURA NA ESCOLA: TERRITÓRIO
EM CONFLITO. LIVROS INFANTO-JUVENIS TAMBÉM SÃO VÍTIMAS DA ONDA
CONSERVADORA NO BRASIL (José Ruy Lozano) 262 ... O QUE SERIA DA LITERATURA
NUMA "ESCOLA SEM PARTIDO"? (José Ruy Lozano, professor e autor de livros
didáticos) 261 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PAIS
TENTAM BOICOTAR LIVRO SOBRE PRINCESAS AFRICANAS, MÃE RESISTE, E OBRA É
MANTIDA 123 ) 936
“MINHA FILHA NÃO ESTÁ NO CORPO ERRADO, É UMA MENINA COM PÊNIS”. O ATOR
ESPANHOL NACHO VIDAL APRESENTA A HISTÓRIA DE SUA FILHA TRANSEXUAL, DE 11
ANOS, NO LIVRO PARA PRÉ-ADOLESCENTES MI NOMBRE ES VIOLETA. NESTA
ENTREVISTA, AFIRMA QUE O MACHISMO “NÃO TEM NADA A VER COM O PORNÔ” E
QUE DESCONFIA DO MOVIMENTO LGTBQI (Begoña Gômez Urzaiz, El País, 28 de
setembro de 2018) 884
Livros e trabalhos acadêmicos sobre questões de gênero... há links para download...
“O ódio à democracia”, Jacques Rancière, Boitempo Editorial, 2015
CONSELHO Nacional de Combate à Discriminação. Brasil Sem Homofobia: Programa de
combate à violência e à discriminação contra GLTB e promoção da cidadania
homossexual. Brasília : Ministério da Saúde, 2004
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/brasil_sem_homofobia.pdf
https://drive.google.com/file/d/1QlrbgmRD0En6VzK1kxlSFNFeAWoesdrx/view?usp=sh
aring
“Entrevista: ‘Uma ciência feminista precisa explicitar os contextos nos quais o
conhecimento produzido por ela é construído’”, Vitória Régia da Silva, Ciência e
Educação, edição 10, Gênero e Número, 20 de junho de 2018 [entrevista com a
pesquisadora Marina Nucci... Nessa entrevista obtive as referências dos dois trabalhos
a seguir, de Londa Schiebinger e Fabíola Rohden]:
1334
http://www.generonumero.media/entrevista-uma-ciencia-feminista-precisa-explicitaros-contextos-nos-quais-o-conhecimento-produzido-por-ela-e-construido/
“O feminismo mudou a ciência?”, Londa Schiebinger, tradução de Raul Fiker, Bauru,
SP, EDUSC - Editora da Universidade do Sagrado Coração, 2001. 384p. (Coleção
Mulher)
http://brasil.indymedia.org/media/2007/06/386937.pdf (link para download)
"Ginecologia, gênero e sexualidade na ciência do século XIX", Fabíola Rohden,
Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 8, n. 17, p. 101-125, junho de 2002. [Este
artigo tem origem na tese de doutorado de Fabíola Rohden, intitulada "Uma ciência da
diferença: sexo, contracepção e natalidade na medicina da mulher", apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – Museu Nacional – UFRJ, em
2000]
http://www.scielo.br/pdf/%0D/ha/v8n17/19078.pdf
“Pesquisa nacional de aborto 2016”, Débora Diniz, Marcelo Medeiros e Alberto
Madeiro, Ciência & Saúde Coletiva, 22 (2), pp. 653 a 660, 2017
http://www.scielo.br/pdf/csc/v22n2/1413-8123-csc-22-02-0653.pdf
“Percepções sobre o aborto no Brasil”, Pesquisa Locomotiva/ Instituto Patrícia Galvão,
novembro de 2017 [pesquisa citada na matéria É CONSTRANGEDOR NÃO DEFENDER
ABORTO LEGAL E SEGURO EM AUDIÊNCIA NO STF (Maria Carolina Trevisan, Blog de
Maria Carolina Trevisan/Uol Universa, 03 de agosto de 2018) 362 ]
http://agenciapatriciagalvao.org.br/wp-content/uploads/2017/12/PesquisaPercep%C3%A7%C3%B5es-sobre-Aborto.pdf
"Reasons U.S. Women Have Abortions: Quantitative and Qualitative Perspectives",
Lawrence B. Finer, Lori F. Frohwirth, Lindsay A. Dauphinee, Susheela Singh and Ann M.
1335
Moore, Perspectives on Sexual and Reproductive Health, 37(3):110–118, september
2005 [todos os autores são do Guttmacher Institute, New York]
https://www.guttmacher.org/sites/default/files/pdfs/pubs/psrh/full/3711005.pdf
“Abortion Worldwide 2017: Uneven Progress and Unequal Access”, Susheela Singh,
Lisa Remez, Gilda Sedgh, Lorraine Kwokand e Tsuyoshi Onda, Guttmacher Institute,
março de 2018 [texto citado na seguinte matéria do Uol: ABORTO E RELIGIÃO.
CONHEÇA OS FIÉIS QUE DEFENDEM O DIREITO DA MULHER INTERROMPER UMA
GRAVIDEZ NO BRASIL (Amanda Serra, Uol Universa, 02 de agosto de 2018) 380 ]
https://www.guttmacher.org/report/abortion-worldwide-2017
https://www.guttmacher.org/sites/default/files/report_pdf/abortion-worldwide2017.pdf
“Contra a moral e os bons costumes: a política sexual da ditadura brasileira (19641988)”, Renan Honorio Quinalha, nstituto de Relações Internacionais, USP, 2017.
Orientadora: Rossana Rocha Reis. Tese de doutorado
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/101/101131/tde-20062017-182552/ptbr.php
"A ideologia do movimento Escola Sem Partido: 20 autores desmontam o discurso",
Ação Educativa Assessoria, Pesquisa e Informação (Org.). São Paulo, Ação Educativa,
2016
http://acaoeducativa.org.br/wpcontent/uploads/2017/05/escolasempartido_miolo.pdf
“Livro analisa a representatividade feminina nas séries em 70 anos de mudanças
dentro e fora das telas”, Larissa Linder, Revista Trip/Tpm/Uol, 13 de setembro de 2018
[entrevista com autora do livro: "Uma série de mulheres engraçadas - As protagonistas
das sitcons em 70 anos de mudanças dentro e fora das telas", Fernanda Friedrich,
Gramma, 2018... Autora é pesquisadora da Unversidade Federal de Santa Catarina]
1336
https://revistatrip.uol.com.br/tpm/livro-examina-a-representatividade-das-mulheresnas-series-de-tv?utm_source=uol&utm_medium=home&utm_campaign=livroexamina-a-representatividade-das-mulheres-nas-series-de-tv
“As mulheres da sitcom: uma análise de representatividade das protagonistas nas
telas”, Fernanda Farias Friedrich. Tese doutorado. Universidade Federal de Santa
Catarina – UFSC, Programa de Pós-Graduação em Literatura, Area de Concentração
Crítica Feminista e Estudos de Gênero. Florianópolis, 2018
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/186287/PLIT0749T.pdf?sequence=-1&isAllowed=y
“Obra aberta”, Umberto Eco, 8ed, São Paulo, Perspectiva, 1991 (Para pensar sobre
ataques de movimentos como MBL, igrejas, pastores, padres... a exposições como
Queermuseu... às artes... à liberdade de pensamento nas escolas...)
https://teoliteraria.files.wordpress.com/2013/02/eco-umberto-obra-aberta.pdf
“Morte e vida das grandes cidades”, Jane Jacobs, São Paulo, WMF Martins Fontes,
2011 (Ver AS CIDADES MASCULINAS ERGUIDAS PELO URBANISMO DO SÉCULO 20
167/168 )
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3843818/course/section/923498/JACOBSJane-1961-Morte-e-Vida-de-Grandes-Cidades%20%281%29.pdf
“NO SAPATINHO”: A EVOLUÇÃO DAS MILÍCIAS NO RIO DE JANEIRO (2008-2011)
(Ignácio Cano e Thais Duarte, coordenadores, Kryssia Ettel e Fernanda Novaes Cruz,
pesquisadoras, Rio de Janeiro, Fundação Heinrich Böll, 2012) 219
Manifestações públicas de preconceito, machismo, homofobia...
1337
ELITE DA INDÚSTRIA APLAUDE BOLSONARO E VAIA CIRO POR CRITICAR REFORMA
TRABALHISTA. ALCKMIN DEFENDE REFORMA TRIBUTÁRIA QUE ALIVIA EMPRESÁRIOS
CITANDO TRUMP. MILITAR DA RESERVA NÃO APRESENTA PROPOSTAS, MAS
LEVANTA PLATEIA COM FRASES DE EFEITO CONTRA O "POLITICAMENTE CORRETO"
(Afonso Benites, El País, julho de 2018 05... Ver também COMANDO ENVELHECIDO
FRAGILIZA ENTIDADES PATRONAIS EM TODO O PAÍS. LEVANTAMENTO DA FOLHA
MOSTRA UM SISTEMA MARCADO POR BAIXA ROTATIVIDADE E FALTA DE DIVERSIDADE
153 ... “O PROBLEMA DO BOLSONARO NÃO É ECONÔMICO, É CIVILIZATÓRIO”, DIZ EXPRESIDENTE DA FIESP. HORÁCIO LAFER PIVA DISSE TAMBÉM QUE SE ESPANTA COM O
FATO DO CENTRÃO COMANDAR A CENA POLÍTICA 218 ) 05
REACIONÁRIOS CONSEGUIRAM PAUTAR AS REDES SOCIAIS COM UMA FALSA
POLÊMICA NA ÚLTIMA SEMANA (João Filho, The Intercept Brasil, 22 de Julho de 2018
226 ... Ver também MESMO APÓS ANOS DE DENÚNCIAS, VATICANO VIVE SEM
DIRETRIZ PARA COMBATER ABUSOS SEXUAIS 48 ... CHILE INVESTIGA 139
RELIGIOSOS POR ABUSOS SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO INFORMA QUE 66% DAS
VÍTIMAS ERAM MENORES DE IDADE E QUE HÁ 34 INVESTIGAÇÕES EM CURSO 235 ...
Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, secção do índice
denominada Sobre a ideia de “ideologia de gênero”: criadores, usos..., a partir da
página 1112, mais matérias sobre o tema... Enquanto casos de pedofilia na Igreja
Católica são divulgados nos EUA, no México, na Austrália, Argentina..., no Brasil,
políticos, religiosos e grupos de extrema-direita procuram difamar filósofos, artistas,
intelectuais, com acusações de pedofilia – ver arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido 2... Especificamente matérias sobre a exposição Queermuseu e a
performance do artista Wagner Schwartz, no MAM-SP... E especialmente o artigo “ ‘Fui
morto na internet como se fosse um zumbi da série The Walking Dead’. Em
entrevista exclusiva, Wagner Schwartz, o artista que fez a performance ‘La Bête’, no
MAM de São Paulo, fala pela primeira vez sobre os ataques que sofreu, nos quais foi
chamado de ‘pedófilo’ ”, Eliane Brum, El País, 12 de fevereiro de 2018:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/12/opinion/1518444964_080093.html ... “
‘Me mataron en Internet como si fuera un zombi de la serie ‘The Walking Dead’.
Wagner Schwartz, el artista que realizó la 'performance' 'La Bête' en el Museo de
Arte Moderno de São Paulo, habla por primera vez sobre los ataques que sufrió, en
los que le llamaron ‘pedófilo’”, Eliane Brum, traducción: Meritxell Almarza, El País, 14
de fevereiro e 2018:
https://elpais.com/internacional/2018/02/14/actualidad/1518623775_287430.html)
226
1338
JORNAL CHAMA RUSSAS DE “PUTAS” POR COMPORTAMENTO SEXUAL NA COPA
(Luiza Oliveira, Uol Esporte, 03 de julho de 2018 200... Ver FUNCIONÁRIA DO
MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS É MORTA A FACADAS POR EX-MARIDO NO DF.
JANAÍNA ROMÃO, DE 30 ANOS, FOI GOLPEADA CINCO VEZES PELO AGRESSOR, COM
QUEM TINHA DUAS FILHAS; HOMEM É PROCURADO PELA POLÍCIA CIVIL. ENTERRO
SERÁ NO CEMITÉRIO DO GAMA) 203 ) 200
Manifestações públicas contra preconceito, machismo, homofobia...
Ver também a seção 1ª Parada LGBT de Rio Claro – SP... 21 de outubro de 2018...
UM MILHÃO DE MULHERES CONTRA BOLSONARO: A REJEIÇÃO TOMA FORMA NAS
REDES. GRUPO NO FACEBOOK CONSEGUE 10.000 NOVOS PEDIDOS DE PARTICIPAÇÃO
POR MINUTO DE ELEITORAS INDIGNADAS ELAS QUEREM, AGORA, LEVAR A
INSATISFAÇÃO PARA AS RUAS (Joana Oliveira, El País, 12 de setembro de 2018... Ver a
continuidade desse movimento no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
5...) 824
DEBATE DA REDETV! TEM FOCO EM ECONOMIA E "SERMÃO" DE MARINA EM
BOLSONARO (Ana Carla Bermúdez e Luciana Amaral, Uol, 18 de agosto de 2018 548...
Ver MULHERES SÃO "ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS
PRESIDENCIÁVEIS 645 ) 548
MARINA ATACA BOLSONARO POR MULHER E ARMAS: "ACHA QUE RESOLVE TUDO NO
GRITO" (Ana Carla Bermúdez e Luciana Amaral, Uol, 18 de agosto de 2018 533... Ver
MULHERES SÃO "ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS
645 ) 553
BOLSONARO FAZ ACENO TOSCO ÀS MULHERES E É NOCAUTEADO POR MARINA.
PRESIDENCIÁVEL FICA NA RETRANCA EM PROGRAMA AO VIVO NA TV, E MOSTRA QUE
O FOSSO QUE O SEPARA DO ELEITORADO FEMININO VAI SEGUIR EXISTINDO (Carla
Jiménez, El País, 18 de agosto de 2018 564/565... Ver MULHERES SÃO "ESQUECIDAS"
EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS 645 ) 564/565
1339
PABLLO VITTAR ROMPE COM GRIFE APÓS EMPRESÁRIO MANIFESTAR APOIO A
BOLSONARO (Uol, 01 de setembro de 2018 624... PABLLO VITTAR CHORA AO
LEMBRAR BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME BATERAM" 724/725) 624
A PROFESSORA TRANSEXUAL QUE TROCOU INDENIZAÇÃO DE R$ 20 MIL PELA
CHANCE DE DAR AULA A SEUS AGRESSORES (Noemia Colonna, BBC News Brasil, 31 de
agosto de 2018) 721
CAMPINA GRANDE PROÍBE DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO NA SALA DE AULA; OAB
PROTESTA (Uol, 14 de julho de 2018) 83
“PARA VOCÊ NÃO ROMPER O SILÊNCIO E MANTER AS RELAÇÕES SAUDÁVEIS, VOCÊ
TEM QUE NEGAR A SUA COR”. ESPECIALISTA NO ATENDIMENTO DE MULHERES
NEGRAS, PSICÓLOGA MARIA JESUS MOURA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE
LEVAR EM CONTA O RACISMO SOFRIDO POR SUAS PACIENTES E NÃO NEGÁ-LO
(Marina Rossi, El País, 13 de julho de 2018 157... Ver SOMOS TODAS MC K_BELAS
162 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA
CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA
O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista
Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do
Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo
o texto do jornalista... 78... Ver também A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA
DEMOCRACIA RACIAL 222 ) 157
SOMOS TODAS MC K_BELAS (Yasmin Thayná, HuffPost Brasil, 27 de janeiro de 2014,
atualizado em 26 de janeiro e 2017 162... Ver “PARA VOCÊ NÃO ROMPER O SILÊNCIO
E MANTER AS RELAÇÕES SAUDÁVEIS, VOCÊ TEM QUE NEGAR A SUA COR”.
ESPECIALISTA NO ATENDIMENTO DE MULHERES NEGRAS, PSICÓLOGA MARIA JESUS
MOURA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE LEVAR EM CONTA O RACISMO SOFRIDO
POR SUAS PACIENTES E NÃO NEGÁ-LO 157) 162
FOTO DE CASAL GAY SE BEIJANDO GERA POLÊMICA EM UM DOS PONTOS
TURÍSTICOS MAIS IMPORTANTES DO BRASIL (Glenn Greenwald, The Intercept Brasil,
30 de Julho de 2018 257... Ver PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS
CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES
260 … Ver, junto com matérias a ela associadas, POR BEIJAR UM HOMEM, PM DE SP É
ATACADO POR COLEGAS DE FARDA E ATÉ PELO GOVERNADOR 07 ) 257
1340
PHOTO OF KISSING GAY COUPLE SPARKS CONTROVERSY AT ONE OF BRAZIL’S MOST
IMPORTANT AND ICONIC TOURIST SITES (Glenn Greenwald, The Intercept, July 30
2018) 260
ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? (Flávia Silva, Ponte Jornalismo, 29 de
agosto de 2018 698... Comparar o artigo com a proposta do Escola Sem Partido,
contrária a discussões sobre sexualidade nas escolas, censurando informações sobre a
existência do que não é heterossexualidade... Ver também POR QUE LULU SANTOS
DEVERIA SE ESCONDER NO ARMÁRIO? 669 ... “ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O
APELO DA MÃE DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE MATOU APÓS BULLYING POR
HOMOFOBIA 692... OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS
PARA SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL 713) 698
"CALL IT OUT": CAMPANHA AUSTRALIANA CONVIDA HOMENS A LUTAR PELO
FEMINISMO (Uol Universa, 06 de julho de 2018 198... Ver FAMILY VIOLENCE
SUPPORT. CALL IT OUT 198/199 ) 198
FAMILY VIOLENCE SUPPORT. CALL IT OUT (Family Violence Reform, State Government
of Victoria, Austrália, 2018) 198/199
O FEMINISMO ME LEVOU A SER INVENCÍVEL, DIZ ATIVISTA PAQUISTANESA. AISHA
SARWARI LUTA PARA QUE MULHERES DE SEU PAÍS NÃO SEJAM PROPRIEDADE DE
HOMENS (Carolina Vila-Nova, Folha/Uol, 29 de julho de 2018 252... Ver filmes
"Saving face", Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão, 2012... "A girl
in the river: the price of forgiveness", Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão,
2015…) 252
GOVERNO ALEMÃO ABRE CAMINHO PARA REGISTRO DE TERCEIRO GÊNERO PROJETO
DE LEI PREVÊ QUE PAIS DE CRIANÇAS INTERSEXUAIS POSSAM ASSINALAR A OPÇÃO
“DIVERSO”, ALÉM DE MASCULINO E FEMININO, AO REGISTRAR NASCIMENTO.
PROPOSTA SEGUE DETERMINAÇÃO DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL (Deutsche Welle,
15 de agosto de 2018) 769
OPINIÃO: RECONHECER "INTERSEXO" É APENAS UM PRIMEIRO PASSO. ALÉM DE
"MASCULINO" OU "FEMININO", DOCUMENTOS ALEMÃES INCLUEM AGORA O GÊNERO
"DIVERSO". UM AVANÇO, MAS AINDA HÁ MUITO A FAZER PELA PROTEÇÃO E
1341
RECONHECIMENTO DOS INTERSEXUAIS, OPINA JORNALISTA PACINTHE MATTAR
(Pacinthe Mattar, Deutsche Welle, 17 de agosto de 2018) 775
O QUE MUDA NA ALEMANHA COM A LEI QUE CRIA O “TERCEIRO GÊNERO”, PARA
PROTEGER PESSOAS INTERSEXUAIS [Gabriel Bonis, BBC News Brasil, 25 de agosto de
2018 771... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: SOU
INTERSEXUAL, NÃO HERMAFRODITA. AS PESSOAS QUE NÃO SE ENCAIXAM NA
ATRIBUIÇÃO TRADICIONAL DO SEXO PEDEM MAIOR VISIBILIDADE, SEM CLICHÊS OU
DESINFORMAÇÃO (Barbara Ayuso, El País, 17 de setembro de 2016) 851/852 ...
HOLANDA INCLUI GÊNERO NEUTRO NO REGISTRO CIVIL. UMA PESSOA INTERSEXUAL
REGISTRADA COMO HOMEM, QUE DEPOIS SE IDENTIFICOU COMO MULHER,
SOLICITOU A CRIAÇÃO DE UMA TERCEIRA OPÇÃO NA DOCUMENTAÇÃO OFICIAL (Isabel
Ferrer, El País, 28 de maio de 2018) 831 ] 771
Moda, publicidade e gênero...
"CALL IT OUT": CAMPANHA AUSTRALIANA CONVIDA HOMENS A LUTAR PELO
FEMINISMO (Uol Universa, 06 de julho de 2018 198... Ver FAMILY VIOLENCE
SUPPORT. CALL IT OUT 198/199 ) 198
FAMILY VIOLENCE SUPPORT. CALL IT OUT (Family Violence Reform, State Government
of Victoria, Austrália, 2018) 198/199
Mulheres e política... feminismo...
Ver também, por exemplo, a seção Mulheres, sexualidade, contracepção, aborto...
Ver ainda, neste arquivo, a secção Eleições 2018...
AS FEMINISTAS E A DESTRUIÇÃO DE VALORES (Lia Bock, Blog Lia Bock/Uol Universa,
17 de agosto de 2018) 477
1342
COTA DE GÊNERO NÃO CONTRIBUI PARA AUMENTAR A REPRESENTAÇÃO FEMININA.
OS PARTIDOS, DENTRO DE SUA AUTONOMIA, TÊM SUAS ESTRATÉGIAS ELEITORAIS
(Eliana Passarelli, Folha/Uol, 16 de julho de 2018) 152
PRÉ-CANDIDATAS ACUSAM REDE DE MACHISMO E DEIXAM SIGLA (Marianna Holanda,
Estadão reproduzido pelo Uol, 28 de julho de 2018... A matéria também apresenta
medidas do TSE para garantir participação mais igualitária de mulheres nas eleições,
com mínimo de candidaturas, participação no dinheiro destinado a bancar
campanhas... 536 ... Ver também COMO PARTIDOS (DE HOMENS) PODEM
DIFICULTAR A VIDA DE MULHERES CANDIDATAS? 538... Ver COMO ELEGER
MULHERES INFLUENCIA O SUCESSO DE FUTURAS CANDIDATAS 629) 536
COMO PARTIDOS (DE HOMENS) PODEM DIFICULTAR A VIDA DE MULHERES
CANDIDATAS? (Leonardo Sakamoto, Blog do Sakamoto/Uol, 02 de agosto de 2018
538... Ver COMO ELEGER MULHERES INFLUENCIA O SUCESSO DE FUTURAS
CANDIDATAS 629 ) 538
REPRESENTANTES DE IGREJAS SÃO ESCOLHIDOS POR PASTORES (Renata Agostini,
Estadão reproduzido pelo Uol, 12 de agosto de 2018... A matéria tem o seguinte
trecho: "’Desde 1986, a participação deles no Congresso só cresce. Em 2006, há
queda pontual, em função do escândalo dos Sanguessugas, que envolve líderes
evangélicos’, diz Ronaldo Almeida, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento.” )
546
COMO ELEGER MULHERES INFLUENCIA O SUCESSO DE FUTURAS CANDIDATAS
(Juliana Domingos de Lima, Nexo Jornal, 04 de setembro de 2018 629
DEBATE DA REDETV! TEM FOCO EM ECONOMIA E "SERMÃO" DE MARINA EM
BOLSONARO (Ana Carla Bermúdez e Luciana Amaral, Uol, 18 de agosto de 2018 548...
Ver MULHERES SÃO "ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS
PRESIDENCIÁVEIS 645 ) 548
MARINA ATACA BOLSONARO POR MULHER E ARMAS: "ACHA QUE RESOLVE TUDO NO
GRITO" (Ana Carla Bermúdez e Luciana Amaral, Uol, 18 de agosto de 2018 533... Ver
MULHERES SÃO "ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS
645 ) 553
1343
BOLSONARO FAZ ACENO TOSCO ÀS MULHERES E É NOCAUTEADO POR MARINA.
PRESIDENCIÁVEL FICA NA RETRANCA EM PROGRAMA AO VIVO NA TV, E MOSTRA QUE
O FOSSO QUE O SEPARA DO ELEITORADO FEMININO VAI SEGUIR EXISTINDO (Carla
Jiménez, El País, 18 de agosto de 2018 564/565... Ver MULHERES SÃO "ESQUECIDAS"
EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS 645 ) 564/565
ARGENTINA: DO “NENHUMA A MENOS” À LEGALIZAÇÃO DO ABORTO. EM
ENTREVISTA, DUAS ATIVISTAS DO MOVIMENTO DE MULHERES EXPLICAM COMO
MOBILIZARAM A OPINIÃO PÚBLICA DO PAÍS VIZINHO E CONTAM O QUE ESTÃO
FAZENDO PARA BUSCAR A APROVAÇÃO DO ABORTO SEGURO NO SENADO NO
PRÓXIMO DIA 8 (Andrea Dip, Agência Pública, 10 de julho de 2018) 190
SIMONE VEIL, ÍCONE PRÓ-ABORTO NA FRANÇA, ENTRA PARA O PANTEÃO DE PARIS
(Uol Universa reproduz RFI, 02 de julho de 2018 195... Ver “Morre Simone Veil,
sobrevivente do holocausto e ícone da luta pelos direitos das mulheres”, Silvia Ayuso,
El País, 30 de junho de 2017:
http://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/30/internacional/1498812986_572455.html ...
“Morre Simone Veil, ícone da luta pelos direitos das mulheres na Europa”, Uol, 30 de
junho de 2017:
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2017/06/30/morre-simoneveil-icone-da-luta-pelos-direitos-das-mulheres-na-europa.htm ) 195
SILVIA FEDERICI E A “EMANCIPAÇÃO” QUE NÃO FOI. AGORA NO MÉXICO, TEÓRICA DO
FEMINISMO ANTICAPITALISTA SUSTENTA: TRABALHAR FORA NÃO LIBERTOU A
MULHER DE NADA; É PRECISO EXIGIR REMUNERAÇÃO DO TRABALHO DOMÉSTICO E
DIVISÃO DAS RESPONSABILIDADES REPRODUTIVAS (Entrevista a Gerardo Esparza,
Outras Palavras reproduz Informador, tradução de Inês Castilho, 03 de julho de 2018
205... Ver original "EL ÚNICO PODER ES EL DE ABAJO". LA FILÓSOFA Y FEMINISTA
SILVIA FEDERICI ESTUVO EN LA CIUDAD PARA IMPARTIR UNA CÁTEDRA MAGISTRAL
SOBRE EL CAPITALISMO Y LA FORMA EN QUE HA EXPLOTADO A LAS MUJERES
DURANTE DECENAS DE AÑOS 209 ) 205
"EL ÚNICO PODER ES EL DE ABAJO". LA FILÓSOFA Y FEMINISTA SILVIA FEDERICI
ESTUVO EN LA CIUDAD PARA IMPARTIR UNA CÁTEDRA MAGISTRAL SOBRE EL
CAPITALISMO Y LA FORMA EN QUE HA EXPLOTADO A LAS MUJERES DURANTE
DECENAS DE AÑOS (Gerardo Esparza, Informador.Mx, 04 de março de 2018) 209
1344
ATOS POLÍTICOS E MANIFESTAÇÕES POR IGUALDADE DE GÊNERO GANHAM FORÇA
NO ORIENTE MÉDIO (Aline Yumi, Beatriz Lia e Natália Vitória*, Opera Mundi/Uol, 12
de julho de 2018 168... Ver filme "Ladies first", Mona El-Naggar, EUA, 2016,
geralmente está no YouTube… Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido, PARA EXAMINAR DUAS RETÓRICAS DE PODER (Berenice Bento, socióloga
da UFRN) 649 ) 168
O FEMINISMO ME LEVOU A SER INVENCÍVEL, DIZ ATIVISTA PAQUISTANESA. AISHA
SARWARI LUTA PARA QUE MULHERES DE SEU PAÍS NÃO SEJAM PROPRIEDADE DE
HOMENS (Carolina Vila-Nova, Folha/Uol, 29 de julho de 2018 252... Ver filmes
"Saving face", Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão, 2012... "A girl
in the river: the price of forgiveness", Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão,
2015…) 252
Mulheres, trabalho, aposentadoria... questões de gênero...
COMANDO ENVELHECIDO FRAGILIZA ENTIDADES PATRONAIS EM TODO O PAÍS.
LEVANTAMENTO DA FOLHA MOSTRA UM SISTEMA MARCADO POR BAIXA
ROTATIVIDADE E FALTA DE DIVERSIDADE (Raquel Landim, Folha/Uol, 15 de julho de
2018) 153
PELA PRIMEIRA VEZ, NAVIO-ESCOLA DA MARINHA TERÁ MULHERES EM VIAGEM DE
INSTRUÇÃO. DOS 208 FUTUROS OFICIAIS DA FORÇA NAVAL A BORDO DA
EMBARCAÇÃO, 12 SÃO MULHERES (Mônica Bergamo, Folha/Uol, 17 de julho de 2018)
151
AS HISTÓRIAS DAS MULHERES QUE PRECISARAM SE PASSAR POR HOMENS PARA
FAZER O QUE QUERIAM (Beatriz Montesanti, Nexo Jornal, 16 de junho de 2016) 157
SILVIA FEDERICI E A “EMANCIPAÇÃO” QUE NÃO FOI. AGORA NO MÉXICO, TEÓRICA DO
FEMINISMO ANTICAPITALISTA SUSTENTA: TRABALHAR FORA NÃO LIBERTOU A
MULHER DE NADA; É PRECISO EXIGIR REMUNERAÇÃO DO TRABALHO DOMÉSTICO E
DIVISÃO DAS RESPONSABILIDADES REPRODUTIVAS (Entrevista a Gerardo Esparza,
Outras Palavras reproduz Informador, tradução de Inês Castilho, 03 de julho de 2018
1345
205... Ver original "EL ÚNICO PODER ES EL DE ABAJO". LA FILÓSOFA Y FEMINISTA
SILVIA FEDERICI ESTUVO EN LA CIUDAD PARA IMPARTIR UNA CÁTEDRA MAGISTRAL
SOBRE EL CAPITALISMO Y LA FORMA EN QUE HA EXPLOTADO A LAS MUJERES
DURANTE DECENAS DE AÑOS 209 ) 205
"EL ÚNICO PODER ES EL DE ABAJO". LA FILÓSOFA Y FEMINISTA SILVIA FEDERICI
ESTUVO EN LA CIUDAD PARA IMPARTIR UNA CÁTEDRA MAGISTRAL SOBRE EL
CAPITALISMO Y LA FORMA EN QUE HA EXPLOTADO A LAS MUJERES DURANTE
DECENAS DE AÑOS (Gerardo Esparza, Informador.Mx, 04 de março de 2018) 209
Mulheres, sexualidade, contracepção, aborto...
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR NÍVEL EM QUASE DUAS DÉCADAS EM
SP (Marcella Lourenzetto, Jornal da Manhã - Jovem Pan/Uol, 11 de agosto de 2018...
De acordo com a matéria, os resultados foram conseguidos a partir de conhecimento,
discussão, conversas com adolescentes sobre suas questões, sexualidade... Ou seja,
penso eu, o oposto do que propõem igrejas e Escola Sem Partido... Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: POPE FRANCIS SUGGESTS DONALD TRUMP
IS "NOT A CHRISTIAN" (Jim Yardley, The New York Times, 18 de fevereiro de 2016...
Papa Francisco afirma posição de sua igreja, contrária a métodos contraceptivos,
fevereiro de 2016) 274) 453
CASOS DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA ATINGEM MENOR NÍVEL DA HISTÓRIA EM SP.
INCIDÊNCIA CAIU 50% NOS ÚLTIMOS 20 ANOS (Mônica Bergamo, Folha/Uol, 10 de
agosto de 2018) 454
SUS GASTA R$ 500 MILHÕES COM COMPLICAÇÕES POR ABORTO EM UMA DÉCADA.
DE 2008 A 2017, SUS GASTOU R$ 486 MI COM INTERNAÇÕES PARA ESSES
TRATAMENTOS (Cláudia Collucci e Flávia Faria, Folha/Uol, 29 de julho de 2018) 236
DESIGUALDADE PELA RENDA E COR DA PELE É EXPOSTA EM ABORTOS DE RISCOS NO
PAÍS. TÉCNICAS CASEIRAS E PERIGOSAS SÃO USADAS EM ESPECIAL POR PRETAS,
PARDAS E POBRES (Cláudia Collucci e Júlia Barbon, Folha/Uol, 29 de julho de 2018)
241
TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE AS REGRAS ATUAIS DO ABORTO NO PAÍS E O QUE PODE
MUDAR. SUPREMO AVALIARÁ A DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO PARA GESTAÇÕES
1346
DE ATÉ 12 SEMANAS (Flávia Faria, Folha/Uol, 29 de julho de 2018... O Supremo
Tribunal Federal é composto, em julho de 2018, por 9 homens e 2 mulheres...) 245
BRASILEIRAS PROCURAM ABORTOS SEGUROS NOS POUCOS PAÍSES DA AMÉRICA
LATINA ONDE PRÁTICA É LEGAL (Nathalia Passarinho, BBC News Brasil, 10 de agosto
de 2018... A matéria traz informações sobre legislação na AL e também sobre estudos
a respeito dos índices de aborto em países nos quais houve descriminalização...
428... DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS TÊM CINCO ANOS DE QUEDA EM PORTUGAL
PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS ABORTARAM EM 2016, LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM
2007 434/435 ) 428 religi~ies poder
DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS TÊM CINCO ANOS DE QUEDA EM PORTUGAL PAÍS,
ONDE 379 BRASILEIRAS ABORTARAM EM 2016, LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM 2007
(Giuliana Miranda, Folha/Uol, 12 de agosto de 2018) 434/435
POR DENTRO DE UMA CLÍNICA DE ABORTO NOS EUA (Valeria Perasso, Serviço
Mundial da BBC reproduzido por BBC Brasil, 12 de agosto de 2018... Informações
também sobre legislação federal e de estados, sobre desigualdade social e aborto...
sobre ações de grupos religiosos...) 438
CULTOS, ALERTAS E CHAMADOS MOVEM A “BANCADA DA BÍBLIA” NO CONGRESSO
(Renata Agostini, Paulo Oliveira, Estadão reproduzido pelo Uol, 12 de agosto de 2018)
649
STF DÁ INÍCIO NA SEXTA A AUDIÊNCIAS SOBRE ABORTO; VEJA QUEM FALARÁ NA
CORTE (Felipe Amorim, Uol, 30 de julho de 2018 372... Ver também ARGÜIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 442 DISTRITO FEDERAL. RELATORA :
MIN. ROSA WEBER. REQTE.(S) :PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE (P-SOL).
Audiência Pública Convocada para Discutir Aspectos Interpretativos dos arts. 124 e 126
do Decreto-lei nº 2.848/1940 (Código Penal). Decisão com a Relação dos Inscritos
Habilitados, Data, Ordem dos Trabalhos e Metodologia 381 ... SEM DATA PARA
VOTAÇÃO, STF ENCERRA DEBATE SOBRE DESCRIMINALIZAR ABORTO 415 ) 372
ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 442 DISTRITO
FEDERAL. RELATORA : MIN. ROSA WEBER. REQTE.(S) :PARTIDO SOCIALISMO E
LIBERDADE (P-SOL). Audiência Pública Convocada para Discutir Aspectos
Interpretativos dos arts. 124 e 126 do Decreto-lei nº 2.848/1940 (Código Penal).
Decisão com a Relação dos Inscritos Habilitados, Data, Ordem dos Trabalhos e
Metodologia 381
1347
ABORTO JÁ. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL FARÁ BEM SE DECLARAR
INCONSTITUCIONAL A PROIBIÇÃO DA PRÁTICA (Hélio Schwartsman, Folha/Uol, 01 de
agosto de 2018 343... Ver SENADO DA ARGENTINA REJEITA, POR 38 VOTOS A 31,
LEGALIZAÇÃO DO ABORTO; DECEPÇÃO É MAIOR AQUI, ONDE O PROCEDIMENTO
INSTITUCIONAL É DESONESTO 320 ... AO AFIRMAR QUE STF NÃO DEVE DISCUTIR
ABORTO, RELIGIOSOS RASGAM CONSTITUIÇÃO 395 ... ) 343
ONG INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DEFENDE DESCRIMINALIZAÇÃO DO
ABORTO (Daniel Buarque, Blog Brasilianismo/Uol, 01 de agosto de 2018) 344
VAMOS DEIXAR O ÓDIO DE FORA NO DEBATE SOBRE O ABORTO. EM ENTREVISTA, A
PESQUISADORA DEBORA DINIZ EXPLICA POR QUE A CRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO É
INCONSTITUCIONAL E COMENTA AS AMEAÇAS QUE A LEVARAM AO PROGRAMA DE
PROTEÇÃO AOS DEFENSORES DE DIREITOS HUMANOS (Andrea Dip, Agência Pública,
02 de agosto de 2018... A antropóloga traz muitas informações sobre aborto no
Brasil... Débora Diniz é grande defensora de que a questão seja debatida com o
suporte de conhecimentos científicos, acadêmicos, de qualidade, produzidos por
pesquisadores reconhecidos em suas áreas, com trabalhos submetidos a revistas,
congressos... Ver sua intervenção na audiência no STF em 03 de agosto de 2018:
https://www.youtube.com/watch?v=3dB5SSRCO1M ...
https://www.youtube.com/watch?v=gO8TgXCKydU 345... Ver SOBRE O ABORTO NO
BRASIL. O BRASIL IGNORA AS EXPERIÊNCIAS DA EUROPA, ONDE O NÚMERO DE
ABORTOS CAIU COM A DESPENALIZAÇÃO. AGARRA-SE AO CONSERVADORISMO DA
AMÉRICA LATINA, QUE MANTÉM A REGIÃO ATRASADA. A LEI PUNE, QUASE SEMPRE,
AS MAIS POBRES 420/421 ... DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS TÊM CINCO ANOS DE
QUEDA EM PORTUGAL PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS ABORTARAM EM 2016,
LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM 2007 434/435 ... DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO
NÃO DEU CERTO, DIZ PESQUISADOR MEXICANO 778) 345
O ÓDIO QUE NOS CEGA (Marina Amaral, Agência Pública, Ed. #75, 03 agosto de 2018,
newsletter 352... Ver SUS GASTA R$ 500 MILHÕES COM COMPLICAÇÕES POR ABORTO
EM UMA DÉCADA. DE 2008 A 2017, SUS GASTOU R$ 486 MI COM INTERNAÇÕES PARA
ESSES TRATAMENTOS 236 ... DESIGUALDADE PELA RENDA E COR DA PELE É EXPOSTA
EM ABORTOS DE RISCOS NO PAÍS. TÉCNICAS CASEIRAS E PERIGOSAS SÃO USADAS EM
ESPECIAL POR PRETAS, PARDAS E POBRES 241 ... SOBRE O ABORTO NO BRASIL. O
BRASIL IGNORA AS EXPERIÊNCIAS DA EUROPA, ONDE O NÚMERO DE ABORTOS CAIU
COM A DESPENALIZAÇÃO. AGARRA-SE AO CONSERVADORISMO DA AMÉRICA LATINA,
QUE MANTÉM A REGIÃO ATRASADA. A LEI PUNE, QUASE SEMPRE, AS MAIS POBRES
420/421 ... DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS TÊM CINCO ANOS DE QUEDA EM
PORTUGAL PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS ABORTARAM EM 2016, LEGALIZOU
1348
INTERRUPÇÃO EM 2007 434/435 ... BRASILEIRAS PROCURAM ABORTOS SEGUROS
NOS POUCOS PAÍSES DA AMÉRICA LATINA ONDE PRÁTICA É LEGAL 428 ...
ABORTO E RELIGIÃO. CONHEÇA OS FIÉIS QUE DEFENDEM O DIREITO DA MULHER
INTERROMPER UMA GRAVIDEZ NO BRASIL 380 ) 352
DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO: QUEM SÃO OS GRUPOS QUE TENTARÃO
INFLUENCIAR DECISÃO DO STF (Nathalia Passarinho, BBC News Brasil, 03 de agosto de
2018... A matéria apresenta também argumentos dos grupos... 353... Ver ABORTO E
RELIGIÃO. CONHEÇA OS FIÉIS QUE DEFENDEM O DIREITO DA MULHER INTERROMPER
UMA GRAVIDEZ NO BRASIL 380) 353
É CONSTRANGEDOR NÃO DEFENDER ABORTO LEGAL E SEGURO EM AUDIÊNCIA NO
STF (Maria Carolina Trevisan, Blog de Maria Carolina Trevisan/Uol Universa, 03 de
agosto de 2018... Texto com informações, link para pesquisa... Não fiz isso aqui, mas é
interessante verificar se os números relativos a abortos, internações etc são os
mesmos, de uma matéria para outra... se as fontes são citadas e quais são... 362... Ver
SOBRE O ABORTO NO BRASIL. O BRASIL IGNORA AS EXPERIÊNCIAS DA EUROPA, ONDE
O NÚMERO DE ABORTOS CAIU COM A DESPENALIZAÇÃO. AGARRA-SE AO
CONSERVADORISMO DA AMÉRICA LATINA, QUE MANTÉM A REGIÃO ATRASADA. A LEI
PUNE, QUASE SEMPRE, AS MAIS POBRES 420/421 ... DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS
TÊM CINCO ANOS DE QUEDA EM PORTUGAL PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS
ABORTARAM EM 2016, LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM 2007 434/435 ...
DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO NÃO DEU CERTO, DIZ PESQUISADOR MEXICANO
778 ... BRASILEIRAS PROCURAM ABORTOS SEGUROS NOS POUCOS PAÍSES DA AMÉRICA
LATINA ONDE PRÁTICA É LEGAL 428 ) 362
JUSTIÇA MANTÉM PENA DE 20 MULHERES QUE RESPONDEM POR ABORTO EM SÃO
PAULO (Marcos Candido, Uol Universa, 03 de agosto de 2018 365... Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, A MULHER DENUNCIADA POR MÉDICA
DE PLANTÃO E PROCESSADA POR ABORTO: “FUI INTERROGADA ENQUANTO
SANGRAVA" , Nathalia Passarinho, da BBC News Brasil em Londres, 08 junho 2018...
matéria que traz posição do Conselho Federal de Medicina a respeito da exigência
ética de sigilo médico... 895 ) 365
“EXISTEM FUNDAMENTOS LEGAIS PARA QUE O SUPREMO LEGALIZE O ABORTO NO
BRASIL” (Felipe Betim entrevista advogado Sebástian Rodriguez, do Center for
Reproductive Rights, El País, 03 e agosto de 2018 366... ... AO AFIRMAR QUE STF NÃO
DEVE DISCUTIR ABORTO, RELIGIOSOS RASGAM CONSTITUIÇÃO 395 ) 366
COM MAIORIA MULHER E CIENTISTAS, POUCOS MINISTROS VÃO A DEBATE SOBRE
ABORTO (Marcos Candido, Uol Universa, 03 de agosto de 2018... Informações sobre
1349
participantes da audiência, e um gráfico interessante sobre origem das argumentações
pró e contra descriminalização do aborto...) 369
DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO DIVIDE ESPECIALISTAS EM AUDIÊNCIA NO STF
(Carolina Gonçalves, Agência Brasil reproduzida pelo Uol Universa, 03 de agosto de
2018... Matéria destaca algumas das apresentações: a favor, Débora Diniz, Melania
Amorim; contra, Rafael Câmara e Lenise Garcia 377... Ver também ARGÜIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 442 DISTRITO FEDERAL. RELATORA :
MIN. ROSA WEBER. REQTE.(S) :PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE (P-SOL).
Audiência Pública Convocada para Discutir Aspectos Interpretativos dos arts. 124 e 126
do Decreto-lei nº 2.848/1940 (Código Penal). Decisão com a Relação dos Inscritos
Habilitados, Data, Ordem dos Trabalhos e Metodologia 381) 377
ABORTO E RELIGIÃO. CONHEÇA OS FIÉIS QUE DEFENDEM O DIREITO DA MULHER
INTERROMPER UMA GRAVIDEZ NO BRASIL (Amanda Serra, Uol Universa, 02 de agosto
de 2018 380... Ver "JAMAIS ACHEI QUE DEBATERÍAMOS ABORTO 45 ANOS APÓS
CONQUISTA” , DIZ ADVOGADA. SARAH WEDDINGTON DEFENDEU DIREITO DE
INTERROMPER GRAVIDEZ EM CASO QUE LEGALIZOU ABORTO NOS EUA 386 ...
DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO NÃO DEU CERTO, DIZ PESQUISADOR MEXICANO
778) 380
CITADO NO STF, ABORTO NOS EUA TEVE JULGAMENTO HISTÓRICO E REVIRAVOLTA.
PROTAGONISTA MUDOU DE POSIÇÃO APÓS DECISÃO E MORREU SEM SER
REVERENCIADA (Angela Pinho, Folha/Uol, 05 de agosto de 2018 384... Ver "JAMAIS
ACHEI QUE DEBATERÍAMOS ABORTO 45 ANOS APÓS CONQUISTA” , DIZ ADVOGADA.
SARAH WEDDINGTON DEFENDEU DIREITO DE INTERROMPER GRAVIDEZ EM CASO QUE
LEGALIZOU ABORTO NOS EUA 386 ) 384
"JAMAIS ACHEI QUE DEBATERÍAMOS ABORTO 45 ANOS APÓS CONQUISTA” , DIZ
ADVOGADA. SARAH WEDDINGTON DEFENDEU DIREITO DE INTERROMPER GRAVIDEZ
EM CASO QUE LEGALIZOU ABORTO NOS EUA (Júlia Zaremba, Folha/Uol, 13 de agosto
de 2018 386... Ver POR QUE O DEBATE SOBRE DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO NÃO
AVANÇA NO BRASIL? 423) 386
UM CANDIDATO QUE IGNORE A QUESTÃO DO ABORTO NÃO PODE SER LEVADO À
SÉRIO. RECONHECER QUE O ABORTO É UM FATO DA VIDA REPRODUTIVA DAS
MULHERES NÃO SIGNIFICA SER CONTRA OU A FAVOR DO ABORTO, OU CONTRA OU
A FAVOR DAS RELIGIÕES (Debora Diniz, El Pais, 06 de agosto de 2018 391... Ver
SOBRE O ABORTO NO BRASIL. O BRASIL IGNORA AS EXPERIÊNCIAS DA EUROPA, ONDE
O NÚMERO DE ABORTOS CAIU COM A DESPENALIZAÇÃO. AGARRA-SE AO
CONSERVADORISMO DA AMÉRICA LATINA, QUE MANTÉM A REGIÃO ATRASADA. A LEI
1350
PUNE, QUASE SEMPRE, AS MAIS POBRES 420/421 ... DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS
TÊM CINCO ANOS DE QUEDA EM PORTUGAL PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS
ABORTARAM EM 2016, LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM 2007 434/435 ... Ver
BRASILEIRAS PROCURAM ABORTOS SEGUROS NOS POUCOS PAÍSES DA AMÉRICA
LATINA ONDE PRÁTICA É LEGAL 428 ... GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR
NÍVEL EM QUASE DUAS DÉCADAS EM SP 453 ) 391
JANAÍNA PASCHOAL: “REALIZAR O ABORTO É COMO FAZER PARTE DO TRÁFICO"
(Talyta Vespa, Uol Universa, 06 de agosto de 2018... A advogada que defendeu no
Congresso o impeachment de Dilma Roussef... 392... Ver DESCRIMINALIZADOS,
ABORTOS TÊM CINCO ANOS DE QUEDA EM PORTUGAL PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS
ABORTARAM EM 2016, LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM 2007 434/435 ... EM ATRITO
COM MACRI, PAPA FRANCISCO SE ENGAJA EM DEBATE SOBRE ABORTO. IGREJA ELEVA
CRÍTICAS AO PROJETO DE LEI QUE DESCRIMINALIZA PRÁTICA NA ARGENTINA 298...
Ver SIMONE VEIL, ÍCONE PRÓ-ABORTO NA FRANÇA, ENTRA PARA O PANTEÃO DE PARIS
195 ... Ver JANAÍNA PASCHOAL É A DEPUTADA MAIS VOTADA NA HISTÓRIA DO PAÍS.
CANDIDATA DO PSL OBTEVE MAIS DE 2 MILHÕES DE VOTOS NA DISPUTA PARA O
LEGISLATIVO ESTADUAL. NÚMERO SUPERA EDUARDO BOLSONARO, ATUAL
RECORDISTA PARA A VAGA NA CÂMARA DOS DEPUTADOS 918 ... Ver, no arquivo
Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, "VIVEMOS UMA EPIDEMIA SOCIAL DE
ABANDONO PATERNO", DIZ PROMOTOR 406... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero
e Escola Sem Partido 2: DESTRUIÇÃO DA FAMÍLIA? 596) 392
AO AFIRMAR QUE STF NÃO DEVE DISCUTIR ABORTO, RELIGIOSOS RASGAM
CONSTITUIÇÃO (Eloísa Machado, Blog do Sakamoto/Uol, 06 de agosto de 2018 395...
Ver SOBRE O ABORTO NO BRASIL. O BRASIL IGNORA AS EXPERIÊNCIAS DA EUROPA,
ONDE O NÚMERO DE ABORTOS CAIU COM A DESPENALIZAÇÃO. AGARRA-SE AO
CONSERVADORISMO DA AMÉRICA LATINA, QUE MANTÉM A REGIÃO ATRASADA. A LEI
PUNE, QUASE SEMPRE, AS MAIS POBRES 420/421 ... DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS
TÊM CINCO ANOS DE QUEDA EM PORTUGAL PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS
ABORTARAM EM 2016, LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM 2007 434/435 ... GRAVIDEZ NA
ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR NÍVEL EM QUASE DUAS DÉCADAS EM SP 453 ) 395
EMBATE ENTRE RELIGIOSOS MARCA DEBATE SOBRE ABORTO NO STF (Marcos Candido,
Uol Universa, 06 de agosto de 2018) 397
STF RETOMA AUDIÊNCIA SOBRE ABORTO, E CNBB ACUSA A CORTE DE ATIVISMO.
PARA PADRE, DISCUSSÃO É 'TEATRO ARMADO' PARA LEGITIMAR PROCESSO
(Reynaldo Turollo Jr., Folha/Uol, 06 de agosto de 2018 401... Ver AO AFIRMAR QUE
STF NÃO DEVE DISCUTIR ABORTO, RELIGIOSOS RASGAM CONSTITUIÇÃO 395 ) 401
1351
NA FRENTE DO STF, PAI NOSSO PARA CALAR MANIFESTANTES PRÓ-ABORTO (Amanda
Audi, The Intercept Brasil, 06 de agosto de 2018) 405
QUAIS OS PRÓXIMOS PASSOS NA DISPUTA SOBRE O ABORTO NO STF (Nathalia
Passarinho, BBC News, 06 de agosto de 2018... A matéria traz histórico da ação e
apresenta posicionamentos anteriores dos ministros sobre questões relativas a
aborto...) 407
SEM DATA PARA VOTAÇÃO, STF ENCERRA DEBATE SOBRE DESCRIMINALIZAR
ABORTO (Agência Brasil reproduzida pelo Uol Universa, 07 de agosto de 2018) 415
PRÓ E CONTRA: O DEBATE SOBRE O ABORTO NO STF. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
OUVIU SOCIEDADE CIVIL APÓS PEDIDO DO PSOL PARA DESCRIMINALIZAR ABORTO
NO PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO. CASO AINDA NÃO TEM DATA PARA
JULGAMENTO. ENTENDA ARGUMENTOS DOS DOIS LADOS (Renate Krieger, Deutsche
Welle, 07 de agosto de 2018. Um apanhado geral das audiências e ainda sobre a
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 181/15, que proibiria, na prática, mesmo
casos de aborto considerados, hoje, legais... ) 416
SOBRE O ABORTO NO BRASIL. O BRASIL IGNORA AS EXPERIÊNCIAS DA EUROPA,
ONDE O NÚMERO DE ABORTOS CAIU COM A DESPENALIZAÇÃO. AGARRA-SE AO
CONSERVADORISMO DA AMÉRICA LATINA, QUE MANTÉM A REGIÃO ATRASADA. A
LEI PUNE, QUASE SEMPRE, AS MAIS POBRES (Philipp Lichterbeck, Deutsche Welle, 08
de agosto de 2018 420/421... Ver DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS TÊM CINCO ANOS
DE QUEDA EM PORTUGAL PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS ABORTARAM EM 2016,
LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM 2007 434/435 ... Ver BRASILEIRAS PROCURAM
ABORTOS SEGUROS NOS POUCOS PAÍSES DA AMÉRICA LATINA ONDE PRÁTICA É LEGAL
428 ... GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR NÍVEL EM QUASE DUAS DÉCADAS
EM SP 453 ) 420/421
POR QUE O DEBATE SOBRE DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO NÃO AVANÇA NO
BRASIL? (Uol Universa reproduz RFI, 08 de agosto de 2018 423... Ver "JAMAIS ACHEI
QUE DEBATERÍAMOS ABORTO 45 ANOS APÓS CONQUISTA” , DIZ ADVOGADA. SARAH
WEDDINGTON DEFENDEU DIREITO DE INTERROMPER GRAVIDEZ EM CASO QUE
LEGALIZOU ABORTO NOS EUA 386) 423
A DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO DEVE SER PENSADA COMO POLÍTICA PÚBLICA,
NÃO DISCUSSÃO RELIGIOSA (Cláudio Ferraz, Nexo Jornal, 09 de agosto de 2018 427...
Ver BRASILEIRAS PROCURAM ABORTOS SEGUROS NOS POUCOS PAÍSES DA AMÉRICA
LATINA ONDE PRÁTICA É LEGAL 428 ... DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS TÊM CINCO
ANOS DE QUEDA EM PORTUGAL PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS ABORTARAM EM 2016,
1352
LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM 2007 434/435 ... GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA CAI AO
MENOR NÍVEL EM QUASE DUAS DÉCADAS EM SP 453 ... DESCRIMINALIZAÇÃO DO
ABORTO NÃO DEU CERTO, DIZ PESQUISADOR MEXICANO 778) 427
BRASILEIRAS PROCURAM ABORTOS SEGUROS NOS POUCOS PAÍSES DA AMÉRICA
LATINA ONDE PRÁTICA É LEGAL (Nathalia Passarinho, BBC News Brasil, 10 de agosto
de 2018... A matéria traz informações sobre legislação na AL e também sobre estudos
a respeito dos índices de aborto em países nos quais houve descriminalização...
428... DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS TÊM CINCO ANOS DE QUEDA EM PORTUGAL
PAÍS, ONDE 379 BRASILEIRAS ABORTARAM EM 2016, LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM
2007 434/435 ... GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA CAI AO MENOR NÍVEL EM QUASE
DUAS DÉCADAS EM SP 453 ) 428
DESCRIMINALIZADOS, ABORTOS TÊM CINCO ANOS DE QUEDA EM PORTUGAL PAÍS,
ONDE 379 BRASILEIRAS ABORTARAM EM 2016, LEGALIZOU INTERRUPÇÃO EM 2007
(Giuliana Miranda, Folha/Uol, 12 de agosto de 2018 434/435... Ver
DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO NÃO DEU CERTO, DIZ PESQUISADOR MEXICANO
778) 434/435
POR DENTRO DE UMA CLÍNICA DE ABORTO NOS EUA (Valeria Perasso, Serviço
Mundial da BBC reproduzido por BBC Brasil, 12 de agosto de 2018... Informações
também sobre legislação federal e de estados, sobre desigualdade social e aborto...
sobre ações de grupos religiosos...) 438
INSTITUTO DE ADVOGADOS VÊ ABORTO COMO ASSASSINATO E ENVIA CARTA AO
SUPREMO. “NINGUÉM TEM LIBERDADE PARA MATAR, MESMO QUE SEJA A MÃE DO
EMBRIÃO VIVO” DIZ TEXTO (Folha/Uol, Rogério Gentile, 22 de agosto de 2018 450...
Ver INSTITUTO DE ADVOGADOS RETIRA DO STF DOCUMENTO QUE RELACIONAVA
ABORTO A ASSASSINATO. ENTIDADE DIZ QUE PARECER ENVIADO AO STF NÃO
ENCONTRA RESPALDO ENTRE MEMBROS 780 ) 450
INSTITUTO DE ADVOGADOS RETIRA DO STF DOCUMENTO QUE RELACIONAVA ABORTO
A ASSASSINATO. ENTIDADE DIZ QUE PARECER ENVIADO AO STF NÃO ENCONTRA
RESPALDO ENTRE MEMBROS (Rogério Gentile, Folha/Uol, 30 de agosto de 2018) 780
MAIORIA DOS BRASILEIROS SEGUE CONTRÁRIA À LEGALIZAÇÃO DO ABORTO, MOSTRA
DATAFOLHA. MAS ÍNDICE DOS FAVORÁVEIS À MANUTENÇÃO DAS ATUAIS REGRAS
RECUOU DE 67% PARA 59% (Folha/Uol, 22 de agosto de 2018) 463/464
1353
CULTOS, ALERTAS E CHAMADOS MOVEM A “BANCADA DA BÍBLIA” NO CONGRESSO
(Renata Agostini, Paulo Oliveira, Estadão reproduzido pelo Uol, 12 de agosto de 2018)
649
UM MILHÃO DE MULHERES CONTRA BOLSONARO: A REJEIÇÃO TOMA FORMA NAS
REDES. GRUPO NO FACEBOOK CONSEGUE 10.000 NOVOS PEDIDOS DE PARTICIPAÇÃO
POR MINUTO DE ELEITORAS INDIGNADAS ELAS QUEREM, AGORA, LEVAR A
INSATISFAÇÃO PARA AS RUAS (Joana Oliveira, El País, 12 de setembro de 2018) 824
ABORTO MASCULINO: POR QUE ESSA EXPRESSÃO TEM GANHADO FORÇA NAS
REDES? (Camila Brandalise, Uol Universa, 23 de agosto de 2018 466... Ver, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: "VIVEMOS UMA EPIDEMIA
SOCIAL DE ABANDONO PATERNO", DIZ PROMOTOR 406... Ver, no arquivo Ideologia
de Gênero e Escola Sem Partido 2: DESTRUIÇÃO DA FAMÍLIA? 596) 466
ABORTO, QUESTÃO-CHAVE NA INDICAÇÃO DE TRUMP PARA O SUPREMO DOS EUA.
PRESIDENTE NORTE-AMERICANO PREVÊ ANUNCIAR NA NOITE DESTA SEGUNDA SEU
ESCOLHIDO PARA A VAGA DE KENNEDY. NOME PODE CRIAR NOVO BALANÇO
CONSERVADOR NO TRIBUNAL (Joan Faus, El País, julho de 2018) 184
DONALD TRUMP CONSOLIDA GUINADA CONSERVADORA NA SUPREMA CORTE. O
PRESIDENTE REFORÇA O GIRO PARA A DIREITA DO TRIBUNAL SUPERIOR COM A
NOMEAÇÃO DE BRETT KAVANAUGH, O SEGUNDO EM UM ANO E MEIO (Amanda Mars,
El País, 09 de julho de 2018) 186
ESCOLHA DE KAVANAUGH GERA PROTESTOS EM FRENTE À SUPREMA CORTE DOS EUA
(Uol, 10 de julho de 2018) 188
BRETT KAVANAUGH, ALGOZ DO IMPEACHMENT DE CLINTON E O ESCOLHIDO POR
TRUMP PARA A SUPREMA CORTE. INDICADO PARA A VAGA DE ANTHONY KENNEDY
TEM ESTREITAS RELAÇÕES COM O MUNDO CONSERVADOR, MAS ALGUNS
REPUBLICANOS O CONSIDERARAM MODERADO DEMAIS (Joan Faus, El País, 10 de julho
de 2018) 189
POR DENTRO DE UMA CLÍNICA DE ABORTO NOS EUA (Valeria Perasso, Serviço
Mundial da BBC reproduzido por BBC Brasil, 12 de agosto de 2018... Informações
também sobre legislação federal e de estados, sobre desigualdade social e aborto...
sobre ações de grupos religiosos...) 438
1354
THE WOMEN THE ABORTION WAR LEAVES OUT (Michelle Oberman, The New York
Times, 11 de janeiro de 2018… A autora, professora de Direito, feminista, foi conhecer
centro dedicado a convencer mulheres desistir do aborto... Para ela, a “guerra do
aborto”, retóricas de escolha e vida, nos desvia das questões enfrentadas pelas
mulheres que procuram o aborto: violência doméstica, dependência de drogas,
pobreza... Essa é interpretação da autora... 454... Ver DESCRIMINALIZAÇÃO DO
ABORTO NÃO DEU CERTO, DIZ PESQUISADOR MEXICANO 778 ) 454
OPINIÃO: OS DILEMAS DO ABORTO EM CUBA. EM CUBA A INTERRUPÇÃO DA
GRAVIDEZ É QUASE UM MÉTODO CONTRACEPTIVO A MAIS. ESSA FACILIDADE É
POSITIVA, MAS TRAZ RISCOS, ALÉM DE SER UM SINTOMA DE MUITO DO QUE ESTÁ
ERRADO NA ILHA, OPINA A JORNALISTA YOANI SÁNCHEZ (Yoani Sánchez, Deutsche
Welle, 09 de agosto de 2018) 462
DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO NÃO DEU CERTO, DIZ PESQUISADOR MEXICANO
(Cristina Sánchez, Agência EFE reproduzida pelo Uol Universa, 20 de agosto de 2018)
778
ARGENTINA: DO “NENHUMA A MENOS” À LEGALIZAÇÃO DO ABORTO. EM
ENTREVISTA, DUAS ATIVISTAS DO MOVIMENTO DE MULHERES EXPLICAM COMO
MOBILIZARAM A OPINIÃO PÚBLICA DO PAÍS VIZINHO E CONTAM O QUE ESTÃO
FAZENDO PARA BUSCAR A APROVAÇÃO DO ABORTO SEGURO NO SENADO NO
PRÓXIMO DIA 8 (Andrea Dip, Agência Pública, 10 de julho de 2018) 190
EM ATRITO COM MACRI, PAPA FRANCISCO SE ENGAJA EM DEBATE SOBRE ABORTO.
IGREJA ELEVA CRÍTICAS AO PROJETO DE LEI QUE DESCRIMINALIZA PRÁTICA NA
ARGENTINA (Sylvia Colombo, Folha/Uol, 01 de agosto de 2018 298... Ver SIMONE
VEIL, ÍCONE PRÓ-ABORTO NA FRANÇA, ENTRA PARA O PANTEÃO DE PARIS 195 ) 298
DEBATE SOBRE ABORTO LEGAL NA ARGENTINA ENTRA NA RETA FINAL SOB PRESSÃO
DE CONSERVADORES. MOBILIZAÇÕES AUMENTAM PARA TENTAR IMPEDIR QUE EM 8
DE AGOSTO O SENADO TORNE LEI O PROJETO DE INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ
APROVADO PELA CÂMARA (Mar Centenera, El País, 01 de agosto de 2018) 299
MARTA DILLON: “UMA MULHER MORRER POR ABORTO ILEGAL É FEMINICÍDIO DE
ESTADO” (Olavo Barros, Ponte Jornalismo, 30 de julho de 2018) 303
1355
O QUE ESTÁ EM JOGO NA DISCUSSÃO SOBRE O ABORTO NA ARGENTINA, VOTADO
PELO SENADO NESTA QUARTA (BBC Brasil, 07 de agosto de 2018, reportagem
Veronica Smink, da BBC News Mundo em Buenos Aires... A matéria traz informações
sobre mudanças na legislação argentina, estatísticas sobre aborto naquele país, sobre
legislação em outros países...) 458
ARGENTINA VOTA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO EM MEIO A MOBILIZAÇÃO EM MASSA.
SENADO DECIDE SE TORNA LEI O PROJETO DE INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA
GRAVIDEZ APROVADO PELA CÂMARA DOS DEPUTADOS (Mar Centera, El País, 09 de
agosto de 2018) 308
SENADO ARGENTINO REJEITA LEGALIZAR ABORTO; PROJETO SÓ PODERÁ SER
REAPRESENTADO DAQUI UM ANO (Uol reproduz Reuters, 09 de agosto de 2018) 312
SENADO DA ARGENTINA DIZ NÃO À LEGALIZAÇÃO DO ABORTO E PAÍS FICA COM LEI DE
1921. A CÂMARA ALTA SE ALINHA À IGREJA E IMPEDE QUE AS MULHERES POSSAM
DECIDIR COMO E QUANDO SER MÃES (Mar Centenera, El País, 09 de agosto de 2018)
317
SENADO DA ARGENTINA REJEITA, POR 38 VOTOS A 31, LEGALIZAÇÃO DO ABORTO;
DECEPÇÃO É MAIOR AQUI, ONDE O PROCEDIMENTO INSTITUCIONAL É DESONESTO
(Reinaldo Azevedo, Rede TV/Uol, 09 de agosto de 2018 320... Ver ABORTO JÁ.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL FARÁ BEM SE DECLARAR INCONSTITUCIONAL A
PROIBIÇÃO DA PRÁTICA 343... STF RETOMA AUDIÊNCIA SOBRE ABORTO, E CNBB
ACUSA A CORTE DE ATIVISMO. PARA PADRE, DISCUSSÃO É 'TEATRO ARMADO' PARA
LEGITIMAR PROCESSO 401... Ver AO AFIRMAR QUE STF NÃO DEVE DISCUTIR
ABORTO, RELIGIOSOS RASGAM CONSTITUIÇÃO 395 ) 320
SENADO DA ARGENTINA REJEITA LEGALIZAR O ABORTO. MAIORIA DOS SENADORES
VOTA CONTRA PROPOSTA DE DESCRIMINALIZAR INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ ATÉ A
14ª SEMANA DE GESTAÇÃO, QUE HAVIA SIDO APROVADA PELA CÂMARA DOS
DEPUTADOS E DIVIDIU O PAÍS. LEI ATUAL É DE 1921 (Deutsche Welle, 09 de agosto de
2018) 321
SENADO ARGENTINO BARRA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO; PAÍSES LATINOAMERICANOS SÃO OS QUE MAIS RESTRINGEM PRÁTICA NO MUNDO (Mariana
Schreiber, BBC Brasil, 09 de agosto de 2018) 324
OPINIÃO: LEGISLAR NÃO É UM ATO DE FÉ. COM REJEIÇÃO DO SENADO AO PROJETO
DE DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO, ARGENTINA PERDE OPORTUNIDADE
1356
HISTÓRICA. NO ENTANTO, PAÍS CRESCE COM LUTA DAS MULHERES POR SEUS
DIREITOS (Verônica Marchiaro, Deutsche Welle, 09 de agosto de 2018) 329
NINGUÉM NA ARGENTINA PODERÁ SILENCIAR O CLAMOR DE MILHÕES DE JOVENS,
MÃES E AVÓS. DEPUTADA DEFENDE QUE AQUELES QUE SE OPÕEM À LEGALIZAÇÃO
DO ABORTO PRETENDEM, EM SUA MAIORIA, QUE SE IMPONHA O MODELO DE
MULHER INCUBADORA, INCAPACITANDO-A DE TOMAR SUAS DECISÕES (Victoria
Donda, El País, 09 de agosto de 2018) 331
BARRADO POR MAIORIA MASCULINA, PROJETO DE LEGALIZAÇÃO DO ABORTO DEIXA
LEGADO NA ARGENTINA (Gênero e Número, 09 de agosto de 2018) 333
ARGENTINA: NADA SERÁ COMO ANTES (Fernanda Paixão e Antonio Ferreira, do
Coletivo Passarinho, Outras Palavras, 15 de agosto de 2018) 333
MOVIMENTO ARGENTINO PREGA DESFILIAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA. COALIZÃO
PELO ESTADO LAICO GANHA ATENÇÃO APÓS VOTAÇÃO DO DIREITO AO ABORTO
(Sylvia Colombo, Folha/Uol, 23 de agosto de 2018 468... Ver COMO A POLÊMICA DO
ABORTO ESTÁ LEVANDO CATÓLICOS A PEDIREM DESLIGAMENTO OFICIAL DA IGREJA
NA ARGENTINA 781 ) 468
COMO A POLÊMICA DO ABORTO ESTÁ LEVANDO CATÓLICOS A PEDIREM
DESLIGAMENTO OFICIAL DA IGREJA NA ARGENTINA (Marcia Carmo, BBC News Brasil,
29 de agosto de 2018) 781
“MULHERES, CORPO E INSURREIÇÃO. AO RELACIONAR VIOLÊNCIA SEXUAL E
DIREITOS REPRODUTIVOS COM GREVE DO TRABALHO, ARGENTINAS E POLONESAS
ATINGIRAM MUITO MAIS DO QUE PARECE” (Eliane Brum, El País, 24 de outubro de
2016: http://brasil.elpais.com/brasil/2016/10/24/opinion/1477313842_805785.html )
SIMONE VEIL, ÍCONE PRÓ-ABORTO NA FRANÇA, ENTRA PARA O PANTEÃO DE PARIS
(Uol Universa reproduz RFI, 02 de julho de 2018 195... Ver “Morre Simone Veil,
sobrevivente do holocausto e ícone da luta pelos direitos das mulheres”, Silvia Ayuso,
El País, 30 de junho de 2017:
http://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/30/internacional/1498812986_572455.html ...
“Morre Simone Veil, ícone da luta pelos direitos das mulheres na Europa”, Uol, 30 de
junho de 2017:
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2017/06/30/morre-simoneveil-icone-da-luta-pelos-direitos-das-mulheres-na-europa.htm ) 195
1357
JORNAL CHAMA RUSSAS DE “PUTAS” POR COMPORTAMENTO SEXUAL NA COPA
(Luiza Oliveira, Uol Esporte, 03 de julho de 2018 200... Ver FUNCIONÁRIA DO
MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS É MORTA A FACADAS POR EX-MARIDO NO DF.
JANAÍNA ROMÃO, DE 30 ANOS, FOI GOLPEADA CINCO VEZES PELO AGRESSOR, COM
QUEM TINHA DUAS FILHAS; HOMEM É PROCURADO PELA POLÍCIA CIVIL. ENTERRO
SERÁ NO CEMITÉRIO DO GAMA) 203 ) 200
O FEMINISMO ME LEVOU A SER INVENCÍVEL, DIZ ATIVISTA PAQUISTANESA. AISHA
SARWARI LUTA PARA QUE MULHERES DE SEU PAÍS NÃO SEJAM PROPRIEDADE DE
HOMENS (Carolina Vila-Nova, Folha/Uol, 29 de julho de 2018 252... Ver filmes
"Saving face", Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão, 2012... "A girl
in the river: the price of forgiveness", Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão,
2015…) 252
Estupro...
A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA DEMOCRACIA RACIAL (Lilia Schwarcz,
Nexo Jornal, 16 de julho de 2018) 222
O FEMINISMO ME LEVOU A SER INVENCÍVEL, DIZ ATIVISTA PAQUISTANESA. AISHA
SARWARI LUTA PARA QUE MULHERES DE SEU PAÍS NÃO SEJAM PROPRIEDADE DE
HOMENS (Carolina Vila-Nova, Folha/Uol, 29 de julho de 2018 252... Ver filmes
"Saving face", Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão, 2012... "A girl
in the river: the price of forgiveness", Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão,
2015…) 252
Assédio, violência contra as mulheres, assassinatos...
APÓS DÉCADAS DE SILÊNCIO, FREIRAS ENFRENTAM TABU E RELATAM ABUSOS DE
PADRES (Nicole Winfield, Associated Press reproduzida pelo Uol, 30 de julho de 2018)
250
1358
SILVIA FEDERICI E A “EMANCIPAÇÃO” QUE NÃO FOI. AGORA NO MÉXICO, TEÓRICA DO
FEMINISMO ANTICAPITALISTA SUSTENTA: TRABALHAR FORA NÃO LIBERTOU A
MULHER DE NADA; É PRECISO EXIGIR REMUNERAÇÃO DO TRABALHO DOMÉSTICO E
DIVISÃO DAS RESPONSABILIDADES REPRODUTIVAS (Entrevista a Gerardo Esparza,
Outras Palavras reproduz Informador, tradução de Inês Castilho, 03 de julho de 2018
205... Ver original "EL ÚNICO PODER ES EL DE ABAJO". LA FILÓSOFA Y FEMINISTA
SILVIA FEDERICI ESTUVO EN LA CIUDAD PARA IMPARTIR UNA CÁTEDRA MAGISTRAL
SOBRE EL CAPITALISMO Y LA FORMA EN QUE HA EXPLOTADO A LAS MUJERES
DURANTE DECENAS DE AÑOS 209 ) 205
"EL ÚNICO PODER ES EL DE ABAJO". LA FILÓSOFA Y FEMINISTA SILVIA FEDERICI
ESTUVO EN LA CIUDAD PARA IMPARTIR UNA CÁTEDRA MAGISTRAL SOBRE EL
CAPITALISMO Y LA FORMA EN QUE HA EXPLOTADO A LAS MUJERES DURANTE
DECENAS DE AÑOS (Gerardo Esparza, Informador.Mx, 04 de março de 2018) 209
FUNCIONÁRIA DO MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS É MORTA A FACADAS POR
EX-MARIDO NO DF. JANAÍNA ROMÃO, DE 30 ANOS, FOI GOLPEADA CINCO VEZES
PELO AGRESSOR, COM QUEM TINHA DUAS FILHAS; HOMEM É PROCURADO PELA
POLÍCIA CIVIL. ENTERRO SERÁ NO CEMITÉRIO DO GAMA (G1 Globo, 15 de julho de
2018 203... Ver FUNCIONÁRIA DE MINISTÉRIO ASSASSINADA NO DF HAVIA
DENUNCIADO EX-MARIDO DUAS VEZES 204 ... JORNAL CHAMA RUSSAS DE “PUTAS”
POR COMPORTAMENTO SEXUAL NA COPA 200 ) 203
FUNCIONÁRIA DE MINISTÉRIO ASSASSINADA NO DF HAVIA DENUNCIADO EX-MARIDO
DUAS VEZES (Isabela Palhares e Luci Ribeiro, Estadão reproduzido pelo Uol, 15 de julho
de 2018) 204
ORDEM NAS FORÇAS ARMADAS É EXPURGAR LGBTS, DIZ CRIADOR DE ONG QUE
ATENDE VÍTIMAS DE HOMOFOBIA (Janaina Garcia, Uol, 18 de julho de 2018 141... Ver
EM VÍDEO, BOLSONARO FAZ GESTO DE ARMA EM MÃO DE CRIANÇA 146 ... APÓS
POLÊMICA, MAIS UMA CRIANÇA FAZ GESTO DE ARMA COM BOLSONARO 149 ... Ver,
no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA CASERNA.
INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA O
EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista Piaui/Uol,
edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do Exército, general
Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo o texto do
1359
jornalista... 78 ... Ver também A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA
DEMOCRACIA RACIAL 222) 141
"CALL IT OUT": CAMPANHA AUSTRALIANA CONVIDA HOMENS A LUTAR PELO
FEMINISMO (Uol Universa, 06 de julho de 2018 198... Ver FAMILY VIOLENCE
SUPPORT. CALL IT OUT 198/199 ) 198
FAMILY VIOLENCE SUPPORT. CALL IT OUT (Family Violence Reform, State Government
of Victoria, Austrália, 2018) 198/199
O FEMINISMO ME LEVOU A SER INVENCÍVEL, DIZ ATIVISTA PAQUISTANESA. AISHA
SARWARI LUTA PARA QUE MULHERES DE SEU PAÍS NÃO SEJAM PROPRIEDADE DE
HOMENS (Carolina Vila-Nova, Folha/Uol, 29 de julho de 2018 252... Ver filmes
"Saving face", Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão, 2012... "A girl
in the river: the price of forgiveness", Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão,
2015…) 252
Discriminação contra mulheres... questões de gênero...
Ver ainda, neste arquivo, a secção Eleições 2018...
APÓS DÉCADAS DE SILÊNCIO, FREIRAS ENFRENTAM TABU E RELATAM ABUSOS DE
PADRES (Nicole Winfield, Associated Press reproduzida pelo Uol, 30 de julho de 2018)
250
AS HISTÓRIAS DAS MULHERES QUE PRECISARAM SE PASSAR POR HOMENS PARA
FAZER O QUE QUERIAM (Beatriz Montesanti, Nexo Jornal, 16 de junho de 2016) 157
ENTREVISTA: “UMA CIÊNCIA FEMINISTA PRECISA EXPLICITAR OS CONTEXTOS NOS
QUAIS O CONHECIMENTO PRODUZIDO POR ELA É CONSTRUÍDO” (Vitória Régia da
Silva, Ciência e Educação, edição 10, Gênero e Número, 20 de junho de 2018...
Entrevista com a pesquisadora Marina Nucci) 157
1360
SILVIA FEDERICI E A “EMANCIPAÇÃO” QUE NÃO FOI. AGORA NO MÉXICO, TEÓRICA DO
FEMINISMO ANTICAPITALISTA SUSTENTA: TRABALHAR FORA NÃO LIBERTOU A
MULHER DE NADA; É PRECISO EXIGIR REMUNERAÇÃO DO TRABALHO DOMÉSTICO E
DIVISÃO DAS RESPONSABILIDADES REPRODUTIVAS (Entrevista a Gerardo Esparza,
Outras Palavras reproduz Informador, tradução de Inês Castilho, 03 de julho de 2018
205... Ver original "EL ÚNICO PODER ES EL DE ABAJO". LA FILÓSOFA Y FEMINISTA
SILVIA FEDERICI ESTUVO EN LA CIUDAD PARA IMPARTIR UNA CÁTEDRA MAGISTRAL
SOBRE EL CAPITALISMO Y LA FORMA EN QUE HA EXPLOTADO A LAS MUJERES
DURANTE DECENAS DE AÑOS 209 ) 205
"EL ÚNICO PODER ES EL DE ABAJO". LA FILÓSOFA Y FEMINISTA SILVIA FEDERICI
ESTUVO EN LA CIUDAD PARA IMPARTIR UNA CÁTEDRA MAGISTRAL SOBRE EL
CAPITALISMO Y LA FORMA EN QUE HA EXPLOTADO A LAS MUJERES DURANTE
DECENAS DE AÑOS (Gerardo Esparza, Informador.Mx, 04 de março de 2018) 209
COMANDO ENVELHECIDO FRAGILIZA ENTIDADES PATRONAIS EM TODO O PAÍS.
LEVANTAMENTO DA FOLHA MOSTRA UM SISTEMA MARCADO POR BAIXA
ROTATIVIDADE E FALTA DE DIVERSIDADE (Raquel Landim, Folha/Uol, 15 de julho de
2018 153... Ver também SILVIA FEDERICI E A “EMANCIPAÇÃO” QUE NÃO FOI. AGORA
NO MÉXICO, TEÓRICA DO FEMINISMO ANTICAPITALISTA SUSTENTA: TRABALHAR FORA
NÃO LIBERTOU A MULHER DE NADA; É PRECISO EXIGIR REMUNERAÇÃO DO TRABALHO
DOMÉSTICO E DIVISÃO DAS RESPONSABILIDADES REPRODUTIVAS 205) 153
COTA DE GÊNERO NÃO CONTRIBUI PARA AUMENTAR A REPRESENTAÇÃO FEMININA.
OS PARTIDOS, DENTRO DE SUA AUTONOMIA, TÊM SUAS ESTRATÉGIAS ELEITORAIS
(Eliana Passarelli, Folha/Uol, 16 de julho de 2018) 152
PRÉ-CANDIDATAS ACUSAM REDE DE MACHISMO E DEIXAM SIGLA (Marianna Holanda,
Estadão reproduzido pelo Uol, 28 de julho de 2018... A matéria também apresenta
medidas do TSE para garantir participação mais igualitária de mulheres nas eleições,
com mínimo de candidaturas, participação no dinheiro destinado a bancar
campanhas... 536 ... Ver também COMO PARTIDOS (DE HOMENS) PODEM
DIFICULTAR A VIDA DE MULHERES CANDIDATAS? 538... Ver COMO ELEGER
MULHERES INFLUENCIA O SUCESSO DE FUTURAS CANDIDATAS 629) 536
COMO PARTIDOS (DE HOMENS) PODEM DIFICULTAR A VIDA DE MULHERES
CANDIDATAS? (Leonardo Sakamoto, Blog do Sakamoto/Uol, 02 de agosto de 2018
1361
538... Ver COMO ELEGER MULHERES INFLUENCIA O SUCESSO DE FUTURAS
CANDIDATAS 629 ) 538
REPRESENTANTES DE IGREJAS SÃO ESCOLHIDOS POR PASTORES (Renata Agostini,
Estadão reproduzido pelo Uol, 12 de agosto de 2018... A matéria tem o seguinte
trecho: "’Desde 1986, a participação deles no Congresso só cresce. Em 2006, há
queda pontual, em função do escândalo dos Sanguessugas, que envolve líderes
evangélicos’, diz Ronaldo Almeida, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento.” )
546
DEBATE DA REDETV! TEM FOCO EM ECONOMIA E "SERMÃO" DE MARINA EM
BOLSONARO (Ana Carla Bermúdez e Luciana Amaral, Uol, 18 de agosto de 2018 548...
Ver MULHERES SÃO "ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS
PRESIDENCIÁVEIS 645 ) 548
MARINA ATACA BOLSONARO POR MULHER E ARMAS: "ACHA QUE RESOLVE TUDO NO
GRITO" (Ana Carla Bermúdez e Luciana Amaral, Uol, 18 de agosto de 2018 533... Ver
MULHERES SÃO "ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS
645 ) 553
BOLSONARO FAZ ACENO TOSCO ÀS MULHERES E É NOCAUTEADO POR MARINA.
PRESIDENCIÁVEL FICA NA RETRANCA EM PROGRAMA AO VIVO NA TV, E MOSTRA QUE
O FOSSO QUE O SEPARA DO ELEITORADO FEMININO VAI SEGUIR EXISTINDO (Carla
Jiménez, El País, 18 de agosto de 2018 564/565... Ver MULHERES SÃO "ESQUECIDAS"
EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS 645 ) 564/565
“PARA VOCÊ NÃO ROMPER O SILÊNCIO E MANTER AS RELAÇÕES SAUDÁVEIS, VOCÊ
TEM QUE NEGAR A SUA COR”. ESPECIALISTA NO ATENDIMENTO DE MULHERES
NEGRAS, PSICÓLOGA MARIA JESUS MOURA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE
LEVAR EM CONTA O RACISMO SOFRIDO POR SUAS PACIENTES E NÃO NEGÁ-LO
(Marina Rossi, El País, 13 de julho de 2018 157... Ver SOMOS TODAS MC K_BELAS
162 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA
CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA
O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista
Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do
Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo
o texto do jornalista... 78 ... Ver também A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA
DEMOCRACIA RACIAL 222) 157
1362
SOMOS TODAS MC K_BELAS (Yasmin Thayná, HuffPost Brasil, 27 de janeiro de 2014,
atualizado em 26 de janeiro e 2017 162... Ver “PARA VOCÊ NÃO ROMPER O SILÊNCIO
E MANTER AS RELAÇÕES SAUDÁVEIS, VOCÊ TEM QUE NEGAR A SUA COR”.
ESPECIALISTA NO ATENDIMENTO DE MULHERES NEGRAS, PSICÓLOGA MARIA JESUS
MOURA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE LEVAR EM CONTA O RACISMO SOFRIDO
POR SUAS PACIENTES E NÃO NEGÁ-LO 157) 162
JORNAL CHAMA RUSSAS DE “PUTAS” POR COMPORTAMENTO SEXUAL NA COPA
(Luiza Oliveira, Uol Esporte, 03 de julho de 2018 200... Ver FUNCIONÁRIA DO
MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS É MORTA A FACADAS POR EX-MARIDO NO DF.
JANAÍNA ROMÃO, DE 30 ANOS, FOI GOLPEADA CINCO VEZES PELO AGRESSOR, COM
QUEM TINHA DUAS FILHAS; HOMEM É PROCURADO PELA POLÍCIA CIVIL. ENTERRO
SERÁ NO CEMITÉRIO DO GAMA) 203 ) 200
ATOS POLÍTICOS E MANIFESTAÇÕES POR IGUALDADE DE GÊNERO GANHAM FORÇA
NO ORIENTE MÉDIO (Aline Yumi, Beatriz Lia e Natália Vitória*, Opera Mundi/Uol, 12
de julho de 2018 168... Ver filme "Ladies first", Mona El-Naggar, EUA, 2016,
geralmente está no YouTube… Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido, PARA EXAMINAR DUAS RETÓRICAS DE PODER (Berenice Bento, socióloga
da UFRN) 649 ) 168
O FEMINISMO ME LEVOU A SER INVENCÍVEL, DIZ ATIVISTA PAQUISTANESA. AISHA
SARWARI LUTA PARA QUE MULHERES DE SEU PAÍS NÃO SEJAM PROPRIEDADE DE
HOMENS (Carolina Vila-Nova, Folha/Uol, 29 de julho de 2018 252... Ver filmes
"Saving face", Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão, 2012... "A girl
in the river: the price of forgiveness", Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão,
2015…) 252
Mulheres e prisões no Brasil...
Ocupações de escolas... reforma do ensino médio... matérias e textos de opinião...
1363
Sexualidade... afetividade... mais...
A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA DEMOCRACIA RACIAL (Lilia Schwarcz,
Nexo Jornal, 16 de julho de 2018) 222
Sites...
HUMAN RIGHTS WATCH
https://www.hrw.org/pt
https://www.hrw.org/
NEUROGENDERINGS
https://neurogenderings.wordpress.com/
Textos gerais sobre questões de gênero, identidade, sexualidade, religião...
VEREADOR MUDA NOME DE CRECHE ARCO-ÍRIS POR "PROMOVER O
HOMOSSEXUALISMO" (Uol Universa, 16 de julho de 2018) 653
POR QUE LULU SANTOS DEVERIA SE ESCONDER NO ARMÁRIO? (Tony Goes, F5 Folha/
Uol, 25 de julho de 2018 669... Ver ARTIGO. VISIBILIDADE LÉSBICA PARA QUE? 698 )
669
COMO EXPLICAR O BEIJO GAY DA NOVELA DAS 6 PARA OS FILHOS? A NOVELA
EXPLICA! (Nilson Xavier, Blog do Nilson Xavier/Uol, 30 de agosto de 2018) 891
1364
PELA PRIMEIRA VEZ, GLOBO EXIBE BEIJO GAY EM NOVELA DAS SEIS E PÚBLICO
COMEMORA (Notícias da TV/Uol, Daniel de Castro, por Gabriel Perline (redator desta
notícia), 12 de setembro de 2018) 751
"ORGULHO E PAIXÃO" INAUGUROU UM NOVO TIPO DE DRAMATURGIA: A "NOVELA
DISNEY" (Nilson Xavier, Blog do Nilson Xavier/Uol, 24 de setembro de 2018) 893
OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA
SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL (Reportagem Bianca
Borges. Uol TAB, 30 de julho de 2018 247... Ver PABLLO VITTAR CHORA AO LEMBRAR
BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME BATERAM" 724/725 ... “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114 ... COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874) 247
COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE "ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE
IDENTIDADE (Rafael Barifouse, BBC News Brasil, 30 de setembro de 2018 874... Ver
GISELE SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM
CIRURGIA, 07 DE JUNHO DE 2017, canal do YouTube de Adriano Picarelli, 09 de junho
de 2017... Ver, na apresentação do vídeo - abaixo da tela - indicações de textos e
filmes... https://www.youtube.com/watch?v=FC9AkK50NC4 ) 874
A PROFESSORA TRANSEXUAL QUE TROCOU INDENIZAÇÃO DE R$ 20 MIL PELA
CHANCE DE DAR AULA A SEUS AGRESSORES (Noemia Colonna, BBC News Brasil, 31 de
agosto de 2018) 721
AS FEMINISTAS E A DESTRUIÇÃO DE VALORES (Lia Bock, Blog Lia Bock/Uol Universa,
17 de agosto de 2018) 477
JUDITH BUTLER ESCREVE SOBRE SUA TEORIA DE GÊNERO E O ATAQUE SOFRIDO NO
BRASIL (Judith Butler, Folha de S. Paulo, 19 de novembro de 2017 469... Ver também
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 469
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
1365
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO (Andrea Dip, Agência Pública, 30 de
agosto de 2016) 97
"COLOCAR MULHER COMO VICE PARA ATRAIR ELEITORAS É CHAMÁ-LAS DE IDIOTAS"
(Uol Universa, Camila Brandalise, 24 de agosto de 2018... Entrevista com o psicanalista
Contardo Calligaris... Há uma análise histórica da discriminação, do controle sobre as
mulheres...) 576
REPRESSÃO ALÉM DA POLÍTICA. A DITADURA CONTRA OS GAYS: SER “DIFERENTE”
ERA AMEAÇA À SEGURANÇA NACIONAL (Gabriela Fujita, Uol, 12 de agosto de 2108...
Ver livro “Ditadura e Homossexualidades – Repressão, Resistência e a Busca da
Verdade”, Renan Quinalha James N. Green (organizadores), EdUFSCar, 2014... Ver, na
secção Livros e trabalhos acadêmicos sobre questões de gênero... há links para
download, deste arquivo: “Contra a moral e os bons costumes: a política sexual da
ditadura brasileira (1964-1988)”, Renan Honorio Quinalha, nstituto de Relações
Internacionais, USP, 2017. Orientadora: Rossana Rocha Reis. Tese de doutorado:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/101/101131/tde-20062017-182552/ptbr.php ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 2: “SOBREVIVI”,
DIZ VÍTIMA DE OPERAÇÃO DA POLÍCIA DE CAÇA A TRAVESTIS HÁ 31 ANOS 746 ) 677
VILLAS BÔAS HOMENAGEIA SOLDADOS MORTOS NO RIO E CRITICA FALTA DE
"EMPENHO" DO GOVERNO (Felipe Amorim, Uol, 24 de agosto de 2018 618... Ver
CLUBE MILITAR ATUA EM CAMPANHA ELEITORAL MESMO PROIBIDO POR ESTATUTO E
LEI 580 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR
NA CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E
EMPURRA O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor,
Revista Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante
do Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017,
segundo o texto do jornalista... 78) 618
“MEU LIVRO É SOBRE A DITADURA. JAMAIS PENSEI QUE SERIA CENSURADO”, DIZ
AUTOR DE “MENINOS SEM PÁTRIA”. COLÉGIO PARTICULAR DO RIO VETOU OBRA
APÓS PAIS RECLAMAREM DE DOUTRINAÇÃO COMUNISTA. “PAPEL DO PROFESSOR É
MOSTRAR CAMINHOS AOS ALUNOS, SEM FAZER JULGAMENTOS. NÃO CABE AOS
PAIS DETERMINAR O QUE DEVE SER LIDO. FATOS E HISTÓRIA SÃO INCONTESTÁVEIS”,
DIZ LUIZ PUNTEL (Breiller Pires, El País, 05 de outubro de 2018 936... Ver GENERAL
LIGADO A BOLSONARO FALA EM BANIR LIVROS SEM "A VERDADE" SOBRE 1964 920...
1366
O AUTORITARISMO, A CENSURA DE LIVROS E O SENTIDO DA HISTÓRIA 930 ... Ver, no
arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: LEITURA NA ESCOLA: TERRITÓRIO
EM CONFLITO. LIVROS INFANTO-JUVENIS TAMBÉM SÃO VÍTIMAS DA ONDA
CONSERVADORA NO BRASIL (José Ruy Lozano) 262 ... O QUE SERIA DA LITERATURA
NUMA "ESCOLA SEM PARTIDO"? (José Ruy Lozano, professor e autor de livros
didáticos) 261 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: PAIS
TENTAM BOICOTAR LIVRO SOBRE PRINCESAS AFRICANAS, MÃE RESISTE, E OBRA É
MANTIDA 123 ) 936
ATOS POLÍTICOS E MANIFESTAÇÕES POR IGUALDADE DE GÊNERO GANHAM FORÇA
NO ORIENTE MÉDIO (Aline Yumi, Beatriz Lia e Natália Vitória*, Opera Mundi/Uol, 12
de julho de 2018 168... Ver filme "Ladies first", Mona El-Naggar, EUA, 2016,
geralmente está no YouTube… Ver também, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido, PARA EXAMINAR DUAS RETÓRICAS DE PODER (Berenice Bento, socióloga
da UFRN) 649 ) 168
O FEMINISMO ME LEVOU A SER INVENCÍVEL, DIZ ATIVISTA PAQUISTANESA. AISHA
SARWARI LUTA PARA QUE MULHERES DE SEU PAÍS NÃO SEJAM PROPRIEDADE DE
HOMENS (Carolina Vila-Nova, Folha/Uol, 29 de julho de 2018 252... Ver filmes
"Saving face", Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão, 2012... "A girl
in the river: the price of forgiveness", Sharmeen Obaid-Chinoy, EUA/Paquistão,
2015…) 252
A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA DEMOCRACIA RACIAL (Lilia Schwarcz,
Nexo Jornal, 16 de julho de 2018) 222
PELA PRIMEIRA VEZ, NAVIO-ESCOLA DA MARINHA TERÁ MULHERES EM VIAGEM DE
INSTRUÇÃO. DOS 208 FUTUROS OFICIAIS DA FORÇA NAVAL A BORDO DA
EMBARCAÇÃO, 12 SÃO MULHERES (Mônica Bergamo, Folha/Uol, 17 de julho de 2018)
151
COTA DE GÊNERO NÃO CONTRIBUI PARA AUMENTAR A REPRESENTAÇÃO FEMININA.
OS PARTIDOS, DENTRO DE SUA AUTONOMIA, TÊM SUAS ESTRATÉGIAS ELEITORAIS
(Eliana Passarelli, Folha/Uol, 16 de julho de 2018) 152
COMO ELEGER MULHERES INFLUENCIA O SUCESSO DE FUTURAS CANDIDATAS
(Juliana Domingos de Lima, Nexo Jornal, 04 de setembro de 2018 629... Ver COMO
1367
PARTIDOS (DE HOMENS) PODEM DIFICULTAR A VIDA DE MULHERES CANDIDATAS?
538 ... PRÉ-CANDIDATAS ACUSAM REDE DE MACHISMO E DEIXAM SIGLA 536 ...
MULHERES SÃO "ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS
645 ) 629
"COLOCAR MULHER COMO VICE PARA ATRAIR ELEITORAS É CHAMÁ-LAS DE IDIOTAS"
(Uol Universa, Camila Brandalise, 24 de agosto de 2018... Entrevista com o psicanalista
Contardo Calligaris... 576 ... Ver ALCKMIN INVESTE NO VOTO DAS MULHERES E
ADERE AO VOCABULÁRIO DAS FEMINISTAS. TUCANO FALA EM “EMPODERAMENTO” E
PROMETE AMPLIAR ENSINO INFANTIL PARA BENEFICIAR “MAMÃES” 626/627 ...
MULHERES SÃO "ESQUECIDAS" EM PROGRAMAS DE GOVERNO DOS PRESIDENCIÁVEIS
645 ) 576
SUS GASTA R$ 500 MILHÕES COM COMPLICAÇÕES POR ABORTO EM UMA DÉCADA.
DE 2008 A 2017, SUS GASTOU R$ 486 MI COM INTERNAÇÕES PARA ESSES
TRATAMENTOS (Cláudia Collucci e Flávia Faria, Folha/Uol, 29 de julho de 2018) 236
DESIGUALDADE PELA RENDA E COR DA PELE É EXPOSTA EM ABORTOS DE RISCOS NO
PAÍS. TÉCNICAS CASEIRAS E PERIGOSAS SÃO USADAS EM ESPECIAL POR PRETAS,
PARDAS E POBRES (Cláudia Collucci e Júlia Barbon, Folha/Uol, 29 de julho de 2018)
241
TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE AS REGRAS ATUAIS DO ABORTO NO PAÍS E O QUE PODE
MUDAR. SUPREMO AVALIARÁ A DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO PARA GESTAÇÕES
DE ATÉ 12 SEMANAS (Flávia Faria, Folha/Uol, 29 de julho de 2018... O Supremo
Tribunal Federal é composto, em julho de 2018, por 9 homens e 2 mulheres...) 245
UMA AVALIAÇÃO SOBRE A BUSCA DE DIREITOS LGBT PELO MUNDO (André Cabette
Fábio, Nexo Jornal 03 de julho de 2018... Entrevista com Boris Dittrich, da Human
Rights Watch) 104
BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE
NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EX-PARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA
PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO MUNDO AFIRMA QUE A
COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS DIREITOS (Joana
Oliveira , El País, 18 de julho de 2018 108... Ver também “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114 ) 108
1368
CUBA ELIMINA A PALAVRA “COMUNISMO” NO ANTEPROJETO DE REFORMA
CONSTITUCIONAL O NOVO TEXTO SÓ MENCIONA O “SOCIALISMO” E SUPRIME O
OBJETIVO DO “AVANÇO RUMO À SOCIEDADE COMUNISTA”, QUE FIGURA NA ATUAL
CONSTITUIÇÃO DE 1976 (Pablo de Llano, El País, 21 de julho de 2018) 139
CUBA REFORMA CONSTITUIÇÃO PARA REVERTER DÉCADAS DE HOMOFOBIA.
PROJETO DE REFORMA APROVADO NA ASSEMBLEIA NACIONAL REDEFINE O
CASAMENTO COMO A “UNIÃO ENTRE DUAS PESSOAS” (Pablo de LLano, El País, 23 de
julho de 2018) 213
OPINIÃO: CASAMENTO GAY EM CUBA, UMA DÍVIDA ADIADA. OS PRECONCEITOS
QUE ALIMENTARAM POR DÉCADAS A HOMOFOBIA NA ILHA SEGUEM VIVOS E
PODEM ATRASAR A APROVAÇÃO DAS UNIÕES ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO,
OPINA O DRAMATURGO ABEL GONZÁLEZ (Abel González Melo, Deutsche Welle, 26 de
julho de 2018) 248
PARLAMENTO DE HONDURAS PROÍBE ADOÇÃO PARA CASAIS HOMOSSEXUAIS
(Agência EFE reproduzida pelovUol, 17 de agosto de 2018 687... Ver UMA AVALIAÇÃO
SOBRE A BUSCA DE DIREITOS LGBT PELO MUNDO 104 ... BORIS DITTRICH:
“OPRESSÃO TAMBÉM CRIA MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE NECESSÁRIO, ESSE SEJA O
CASO NO BRASIL”. EX-PARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA PRIMEIRA LEI DE
CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO MUNDO AFIRMA QUE A COMUNIDADE LGBT NUNCA
DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS DIREITOS 108 ... Ver, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 3: CORTE INTERAMERICANA DETERMINA QUE 20 PAÍSES
RECONHEÇAM CASAMENTO GAY 999 ) 687
“NO SAPATINHO”: A EVOLUÇÃO DAS MILÍCIAS NO RIO DE JANEIRO (2008-2011)
(Ignácio Cano e Thais Duarte, coordenadores, Kryssia Ettel e Fernanda Novaes Cruz,
pesquisadoras, Rio de Janeiro, Fundação Heinrich Böll, 2012) 219
SOLIMÕES ABENÇOA FOTOS DO FILHO AO LADO DO NAMORADO E CONQUISTA
MAIS FÃS (Uol, 03 de julho de 2018) 151
COMO MOVIMENTOS SIMILARES AO ESCOLA SEM PARTIDO SE ESPALHAM POR
OUTROS PAÍSES (Mariana Schreiber, BBC Brasil, 13 de julho de 2018) 76
1369
REACIONÁRIOS CONSEGUIRAM PAUTAR AS REDES SOCIAIS COM UMA FALSA
POLÊMICA NA ÚLTIMA SEMANA (João Filho, The Intercept Brasil, 22 de Julho de 2018
226 ... Ver também MESMO APÓS ANOS DE DENÚNCIAS, VATICANO VIVE SEM
DIRETRIZ PARA COMBATER ABUSOS SEXUAIS 48 ... CHILE INVESTIGA 139
RELIGIOSOS POR ABUSOS SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO INFORMA QUE 66% DAS
VÍTIMAS ERAM MENORES DE IDADE E QUE HÁ 34 INVESTIGAÇÕES EM CURSO 235 ...
Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, secção do índice
denominada Sobre a ideia de “ideologia de gênero”: criadores, usos..., a partir da
página 1112, mais matérias sobre o tema... Enquanto casos de pedofilia na Igreja
Católica são divulgados nos EUA, no México, na Austrália, Argentina..., no Brasil,
políticos, religiosos e grupos de extrema-direita procuram difamar filósofos, artistas,
intelectuais, com acusações de pedofilia – ver arquivo Ideologia de Gênero e Escola
Sem Partido 2... Especificamente matérias sobre a exposição Queermuseu e a
performance do artista Wagner Schwartz, no MAM-SP... E especialmente o artigo “ ‘Fui
morto na internet como se fosse um zumbi da série The Walking Dead’. Em
entrevista exclusiva, Wagner Schwartz, o artista que fez a performance ‘La Bête’, no
MAM de São Paulo, fala pela primeira vez sobre os ataques que sofreu, nos quais foi
chamado de ‘pedófilo’ ”, Eliane Brum, El País, 12 de fevereiro de 2018:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/12/opinion/1518444964_080093.html ... “
‘Me mataron en Internet como si fuera un zombi de la serie ‘The Walking Dead’.
Wagner Schwartz, el artista que realizó la 'performance' 'La Bête' en el Museo de
Arte Moderno de São Paulo, habla por primera vez sobre los ataques que sufrió, en
los que le llamaron ‘pedófilo’”, Eliane Brum, traducción: Meritxell Almarza, El País, 14
de fevereiro e 2018:
https://elpais.com/internacional/2018/02/14/actualidad/1518623775_287430.html)
226
CHILE INVESTIGA 139 RELIGIOSOS POR ABUSOS SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO
INFORMA QUE 66% DAS VÍTIMAS ERAM MENORES DE IDADE E QUE HÁ 34
INVESTIGAÇÕES EM CURSO (Rocío Montes, El País, 24 de julho de 2018) 235
ENTREVISTA: “UMA CIÊNCIA FEMINISTA PRECISA EXPLICITAR OS CONTEXTOS NOS
QUAIS O CONHECIMENTO PRODUZIDO POR ELA É CONSTRUÍDO” (Vitória Régia da
Silva, Ciência e Educação, edição 10, Gênero e Número, 20 de junho de 2018...
Entrevista com a pesquisadora Marina Nucci) 157
JORNAL CHAMA RUSSAS DE “PUTAS” POR COMPORTAMENTO SEXUAL NA COPA
(Luiza Oliveira, Uol Esporte, 03 de julho de 2018 200... Ver FUNCIONÁRIA DO
1370
MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS É MORTA A FACADAS POR EX-MARIDO NO DF.
JANAÍNA ROMÃO, DE 30 ANOS, FOI GOLPEADA CINCO VEZES PELO AGRESSOR, COM
QUEM TINHA DUAS FILHAS; HOMEM É PROCURADO PELA POLÍCIA CIVIL. ENTERRO
SERÁ NO CEMITÉRIO DO GAMA) 203 ) 200
FUNCIONÁRIA DO MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS É MORTA A FACADAS POR
EX-MARIDO NO DF. JANAÍNA ROMÃO, DE 30 ANOS, FOI GOLPEADA CINCO VEZES
PELO AGRESSOR, COM QUEM TINHA DUAS FILHAS; HOMEM É PROCURADO PELA
POLÍCIA CIVIL. ENTERRO SERÁ NO CEMITÉRIO DO GAMA (G1 Globo, 15 de julho de
2018 203... Ver FUNCIONÁRIA DE MINISTÉRIO ASSASSINADA NO DF HAVIA
DENUNCIADO EX-MARIDO DUAS VEZES 204 ... JORNAL CHAMA RUSSAS DE “PUTAS”
POR COMPORTAMENTO SEXUAL NA COPA 200 ) 203
FUNCIONÁRIA DE MINISTÉRIO ASSASSINADA NO DF HAVIA DENUNCIADO EX-MARIDO
DUAS VEZES (Isabela Palhares e Luci Ribeiro, Estadão reproduzido pelo Uol, 15 de julho
de 2018) 204
“PARA VOCÊ NÃO ROMPER O SILÊNCIO E MANTER AS RELAÇÕES SAUDÁVEIS, VOCÊ
TEM QUE NEGAR A SUA COR”. ESPECIALISTA NO ATENDIMENTO DE MULHERES
NEGRAS, PSICÓLOGA MARIA JESUS MOURA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE
LEVAR EM CONTA O RACISMO SOFRIDO POR SUAS PACIENTES E NÃO NEGÁ-LO
(Marina Rossi, El País, 13 de julho de 2018 157... Ver SOMOS TODAS MC K_BELAS
162 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: MAL-ESTAR NA
CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA
O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL (Fábio Victor, Revista
Piaui/Uol, edição 138, março de 2018... Longa entrevista com o comandante do
Exército, general Eduardo Villas Bôas, realizada em fins de novembro de 2017, segundo
o texto do jornalista... 78 ... Ver também A DIALÉTICA DO ISSO. OU A LADAINHA DA
DEMOCRACIA RACIAL 222) 157
SOMOS TODAS MC K_BELAS (Yasmin Thayná, HuffPost Brasil, 27 de janeiro de 2014,
atualizado em 26 de janeiro e 2017 162... Ver “PARA VOCÊ NÃO ROMPER O SILÊNCIO
E MANTER AS RELAÇÕES SAUDÁVEIS, VOCÊ TEM QUE NEGAR A SUA COR”.
ESPECIALISTA NO ATENDIMENTO DE MULHERES NEGRAS, PSICÓLOGA MARIA JESUS
MOURA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE LEVAR EM CONTA O RACISMO SOFRIDO
POR SUAS PACIENTES E NÃO NEGÁ-LO 157) 162
1371
MESMO APÓS ANOS DE DENÚNCIAS, VATICANO VIVE SEM DIRETRIZ PARA
COMBATER ABUSOS SEXUAIS (Nicole Winfield, Associated Press reproduzida pelo Uol,
03 de junho de 2018 48... Ver também GOVERNO ULTRACONSERVADOR POLONÊS
FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA DIREITOS
DAS MULHERES E SUBVENÇÕES. ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO EXECUTIVO
ÀS ENTIDADES QUE LUTAM PELA IGUALDADE 57... Ver, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 3, secção do índice denominada Sobre a ideia de
“ideologia de gênero”: criadores, usos..., a partir da página 1112, mais matérias sobre
o tema... Enquanto casos de pedofilia na Igreja Católica são divulgados nos EUA, no
México, na Austrália, Argentina..., no Brasil, políticos, religiosos e grupos de extremadireita procuram difamar filósofos, artistas, intelectuais, com acusações de pedofilia –
ver arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 2... Especificamente matérias
sobre a exposição Queermuseu e a performance do artista Wagner Schwartz, no
MAM-SP... E especialmente o artigo “ ‘Fui morto na internet como se fosse um zumbi
da série The Walking Dead’. Em entrevista exclusiva, Wagner Schwartz, o artista que
fez a performance ‘La Bête’, no MAM de São Paulo, fala pela primeira vez sobre os
ataques que sofreu, nos quais foi chamado de ‘pedófilo’ ”, Eliane Brum, El País, 12 de
fevereiro de 2018:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/12/opinion/1518444964_080093.html ... “
‘Me mataron en Internet como si fuera un zombi de la serie ‘The Walking Dead’.
Wagner Schwartz, el artista que realizó la 'performance' 'La Bête' en el Museo de
Arte Moderno de São Paulo, habla por primera vez sobre los ataques que sufrió, en
los que le llamaron ‘pedófilo’”, Eliane Brum, traducción: Meritxell Almarza, El País, 14
de fevereiro e 2018:
https://elpais.com/internacional/2018/02/14/actualidad/1518623775_287430.html )
48
APÓS DÉCADAS DE SILÊNCIO, FREIRAS ENFRENTAM TABU E RELATAM ABUSOS DE
PADRES (Nicole Winfield, Associated Press reproduzida pelo Uol, 30 de julho de 2018)
250
A HORA DO PAPA FRANCISCO TRANSFORMAÇÃO EMPREENDIDA PELO PONTÍFICE,
RUMO AOS SEUS 82 ANOS, SE ENCONTRA EM UM MOMENTO DECISIVO QUE
DETERMINARÁ O SUCESSO DE SEU PAPADO E A HERANÇA QUE DEIXA (Daniel Verdú,
El País, 07 de julho de 2018 51/52... Ver também GOVERNO ULTRACONSERVADOR
POLONÊS FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA
DIREITOS DAS MULHERES E SUBVENÇÕES. ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO
EXECUTIVO ÀS ENTIDADES QUE LUTAM PELA IGUALDADE 57 ... AFASTADA,
PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA. APOIADA POR
ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E COMPARECEU A SEU
GABINETE 62 ... A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO ULTRACONSERVADOR DA
1372
POLÔNIA. A PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO, MALGORZATA GERSDORF,
APRESENTOU-SE PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA, POUCAS HORAS DEPOIS DA
ATIVAÇÃO DA POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA APOSENTADORIA E DE OUTROS 27
JUÍZES 64... No arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido, há mais sobre a
Polônia, por exemplo, a respeito de aborto e de sua representação no Parlamento
Europeu, eurodeputado... EURODEPUTADO POLONÊS É PUNIDO POR DECLARAÇÕES
SEXISTAS. ULTRACONSERVADOR JANUSZ KORWIN-MIKKE É MULTADO EM MAIS DE 9
MIL EUROS E SUSPENSO DO PARLAMENTO EUROPEU POR DIZER QUE MULHERES SÃO
"MAIS FRACAS" E "MENOS INTELIGENTES" DO QUE OS HOMENS (2017) 42 e 612 )
51/52
GOVERNO ULTRACONSERVADOR POLONÊS FECHA CERCO SOBRE O MOVIMENTO
FEMINISTA. EXECUTIVO DO PIS CORTA DIREITOS DAS MULHERES E SUBVENÇÕES.
ORGANIZAÇÕES DENUNCIAM ATAQUE DO EXECUTIVO ÀS ENTIDADES QUE LUTAM
PELA IGUALDADE (María R. Sahuquillo, El País, 10 de julho de 2018 57... Ver
AFASTADA, PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA.
APOIADA POR ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E
COMPARECEU A SEU GABINETE 62 ... A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO
ULTRACONSERVADOR DA POLÔNIA. A PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO,
MALGORZATA GERSDORF, APRESENTOU-SE PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA,
POUCAS HORAS DEPOIS DA ATIVAÇÃO DA POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA
APOSENTADORIA E DE OUTROS 27 JUÍZES 64 ... No arquivo Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido, há mais sobre a Polônia, por exemplo, a respeito de aborto e de
sua representação no Parlamento Europeu, eurodeputado... EURODEPUTADO
POLONÊS É PUNIDO POR DECLARAÇÕES SEXISTAS. ULTRACONSERVADOR JANUSZ
KORWIN-MIKKE É MULTADO EM MAIS DE 9 MIL EUROS E SUSPENSO DO
PARLAMENTO EUROPEU POR DIZER QUE MULHERES SÃO "MAIS FRACAS" E "MENOS
INTELIGENTES" DO QUE OS HOMENS (2017) 42 e 612 ... No arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 2, ver EDUCAÇÃO SEXUAL DIVIDE SOCIEDADE
POLONESA 568... #SEXEDPL NO YOUTUBE 569 ... REBELIÃO POLONESA. CRISE
REVELA A IMPOTÊNCIA DA UE ANTE GUINADA AUTORITÁRIA DE UM DOS PAÍSESMEMBROS 570 ) 57
AFASTADA, PRESIDENTE DA SUPREMA CORTE DESAFIA O GOVERNO DA POLÔNIA.
APOIADA POR ATOS, MALGORZATA GERSDORF SE NEGOU A DEIXAR O CARGO E
COMPARECEU A SEU GABINETE (Folha/Uol reproduz Agence France Presse, 04 de julho
de 2018) 62
A MAGISTRADA QUE DESAFIA O GOVERNO ULTRACONSERVADOR DA POLÔNIA. A
PRESIDENTA DO TRIBUNAL SUPREMO, MALGORZATA GERSDORF, APRESENTOU-SE
PARA TRABALHAR NESTA QUARTA-FEIRA, POUCAS HORAS DEPOIS DA ATIVAÇÃO DA
1373
POLÊMICA LEI QUE OBRIGA SUA APOSENTADORIA E DE OUTROS 27 JUÍZES (María R.
Sahuquillo, El País, 04 de julho de 2018) 64
CATÓLICOS LGBT ORGANIZAM MOVIMENTO PARA REIVINDICAR MAIS ESPAÇO NA
IGREJA. GRUPO COMEMORA PEQUENOS AVANÇOS, COMO UM TEXTO EM QUE O
VATICANO USA PELA PRIMEIRA VEZ A SIGLA (Anna Virginia Balloussier, Folha/Uol,
23.de julho e 2018 182... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
3: VATICANO USA TERMO "LGBT" PELA PRIMEIRA VEZ EM DOCUMENTO OFICIAL
["INSTRUMENTUM LABORIS" DELLA XV ASSEMBLEA GENERALE ORDINARIA DEL
SINODO DEI VESCOVI, OFICINA DE PRENSA DE LA SANTA SEDE, 19 JUN 2018] (Uol
Universa, 21 de junho de 2018) 1001... ENTENDA O QUE SIGNIFICA A IGREJA
CATÓLICA USAR O TERMO LGBT OFICIALMENTE PELA PRIMEIRA VEZ (Edison Veiga, BBC
Brasil, 26 de junho de 2018) 1080/1081 ... JÁ SÃO 86 PESSOAS TRANS ASSASSINADAS
APENAS NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2018 1086 ) 182
CAMPINA GRANDE PROÍBE DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO NA SALA DE AULA; OAB
PROTESTA (Uol, 14 de julho de 2018) 83
STF QUESTIONA CIDADES DE PE SOBRE LEIS QUE PROÍBEM DEBATE SOBRE GÊNERO
(Estadão reproduzido pelo Uol, 18 de julho de 2018 85... Ver LEI 2985 DE 19 DE
DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE 87 ...
) 85
LEI 2985 DE 19 DE DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE
87
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, COM PEDIDO DE
MEDIDA CAUTELAR, CONTRA AS LEIS Nº 2.985/2017 E Nº 4.432/2017,
RESPECTIVAMENTE, DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE PERNAMBUCO (PE) DE
PETROLINA E GARANHUNS, QUE APROVAM O PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E
VEDAM POLÍTICA DE ENSINO COM INFORMAÇÕES SOBRE GÊNERO NOS MUNICÍPIOS
(Partido Socialismo e Liberdade – PSOL, Brasília/DF, 06 de Junho de 2018 89/90...
Sobre a pesquisadora Jimena Furlani, citada no documento, ver EXISTE “IDEOLOGIA DE
GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA
FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS
EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 89/90
1374
MANIFESTAÇÃO DA PREFEITURA DE PETROLINA, NO STF, SOBRE ARGUIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL PROPOSTA PELO PSOL. DATADA
DE 04 DE JULHO DE 2018 90
REQUERIMENTO DA ASSOCIAÇÃO ESCOLA SEM PARTIDO PARA INGRESSO NOS
AUTOS DA ADPF 522 NA QUALIDADE DE AMICUS CURIAE 95
PROFESSORES E ORGANIZAÇÕES QUEREM ARTE OBRIGATÓRIA NO ENSINO MÉDIO
(Agência Brasil reproduzida pelo Uol, 22 de agosto de 2018) 666
Transexuais, travestis... cinema... televisão... fotografia...
GABRIELA LORAN, 1ª ATRIZ TRANS DE "MALHAÇÃO", REVELA PLANOS DE SER MÃE (Uol
Universa, 02 de setembro de 2018) 725/726
Transexuais, travestis... direitos... política... trabalho... preconceitos...
GAYS, NEGROS E INDÍGENAS JÁ SENTEM NAS RUAS O MEDO DE UM GOVERNO
BOLSONARO. EPISÓDIOS DE INTIMIDAÇÃO AUMENTAM ANSIEDADE ENTRE GRUPOS
QUE SE SENTEM VULNERÁVEIS POR DISCURSOS FEITOS NO PASSADO, E HOJE
NEGADOS, PELO CANDIDATO. DEBATE SOBRE ESTRATÉGIAS DE PROTEÇÃO CRESCE
PARA “RESISTIR EM TEMPOS SOMBRIOS”, DIZ ATIVISTA (Joana Oliveira e Naira
Hofmeister, El País, 20 de outubro de 2018) 1006
OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA
SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL (Reportagem Bianca
Borges. Uol TAB, 30 de julho de 2018 247... Ver PABLLO VITTAR CHORA AO LEMBRAR
BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME BATERAM" 724/725 ... “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114 ... COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874) 247
1375
COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE "ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE
IDENTIDADE (Rafael Barifouse, BBC News Brasil, 30 de setembro de 2018 874... Ver
GISELE SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM
CIRURGIA, 07 DE JUNHO DE 2017, canal do YouTube de Adriano Picarelli, 09 de junho
de 2017... Ver, na apresentação do vídeo - abaixo da tela - indicações de textos e
filmes... https://www.youtube.com/watch?v=FC9AkK50NC4 ) 874
GRUPOS EVANGÉLICOS BARRAM LEI FAVORÁVEL À POPULAÇÃO TRANS NO
URUGUAI. PROJETO PREVÊ MUDANÇA DE SEXO GRATUITA, FACILITAÇÃO À
MUDANÇA DE IDENTIDADE E INDENIZAÇÃO ÀS VÍTIMAS DA REPRESSÃO DURANTE A
DITADURA MILITAR (Magdalena Martínez, El País, 04 de outubro de 2018... Uma
informação apresentada pela matéria: expectativa de vida de pessoa trans no
Uruguai é de 35 anos...) 872
CONGRESSO CHILENO APROVA LEI QUE PERMITE MUDANÇA DE GÊNERO PARA
MAIOR DE 14 (Agence France Presse reproduzida pelo Uol Universa, 13 de setembro
de 2018 739... Ver COBERTAS PELO SUS, CIRURGIAS DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL
DEMORAM ATÉ CINCO ANOS 742 ... Ver no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem
Partido 2: DANIELA VEGA, A ATRIZ TRANS QUE COLOCOU HOLLYWOOD A SEUS PÉS
1258 ... Ver no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: DANIELA VEGA, A
ATRIZ TRANSEXUAL QUE FEZ HISTÓRIA NO OSCAR. ATRIZ DE ‘UMA MULHER
FANTÁSTICA’, GANHADOR DE MELHOR FILME ESTRANGEIRO, TEM UMA BIOGRAFIA
SOFRIDA 519 ... CHEFE DA IGREJA CHILENA SOBRE TRANSEXUAIS: “SE UM GATO
TIVER NOME DE CACHORRO, NÃO PASSARÁ A SER UM CACHORRO”. A ATRIZ
TRANSEXUAL DANIELA VEGA RESPONDE RICARDO EZZATI: “VENHA CONVERSAR
COMIGO. VOCÊ SE ATREVE?” ELA ESTRELOU O FILME GANHADOR DO OSCAR “UMA
MULHER FANTÁSTICA” 521 ... Ver CHILE INVESTIGA 139 RELIGIOSOS POR ABUSOS
SEXUAIS. RELATÓRIO INÉDITO INFORMA QUE 66% DAS VÍTIMAS ERAM MENORES DE
IDADE E QUE HÁ 34 INVESTIGAÇÕES EM CURSO (Rocío Montes, El País, 24 de julho de
2018) 235 ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3, a seção
Igrejas, religiões e poder... 1265, mais especificamente a partir da p. 1288, onde estão
matérias sobre Igreja Católica no Chile... por exemplo: CARTA DO PAPA FRANCISCO
AOS BISPOS DO CHILE REFERENTE ÀS INFORMAÇÕES ENTREGUES POR D. CHARLES J.
SCICLUNA (Papa Francisco, Vaticano, 08 de abril de 2018) 669 ... TODOS OS BISPOS
CHILENOS PEDEM DEMISSÃO POR ESCÂNDALO DE PEDOFILIA. CÚPULA DA IGREJA NO
PAÍS É ACUSADA PELO VATICANO DE TER NEGLIGENCIADO DENÚNCIAS (Folha/Uol
reproduz Reuters e Associated Press, 18 de maio de 2018) 658 ... PAPA ANUNCIA
'MUDANÇAS E RESOLUÇÕES' EM IGREJA CHILENA APÓS CASOS DE PEDOFILIA (Kelly
Velasquez, Agence France Presse AFP reproduzida por Yahoo, 17 de maio de 2018)
660 ... BISPOS CHILENOS DEMITEM-SE EM BLOCO DEVIDO A ESCÂNDALO DE
PEDOFILIA. PAPA REUNIU-SE ESTA SEMANA COM OS 34 BISPOS CHILENOS PARA
1376
DISCUTIR OMISSÕES E ENCOBRIMENTO DE UM ESCÂNDALO DE ABUSOS SEXUAIS DE
MENORES. TODOS ELES APRESENTARAM A SUA DEMISSÃO (Público, 18 de maio de
2018... Público é jornal de Portugal) 662/663 ... ESCÂNDALO SEXUAL LEVA TODOS OS
BISPOS DO CHILE A PEDIREM DEMISSÃO AO PAPA (BBC Brasil, 18 de maio de 2018)
663 ... TODOS OS BISPOS CHILENOS APRESENTAM RENÚNCIA AO PAPA PELOS
ESCÂNDALOS DE PEDOFILIA. AGORA CABE AO SUMO PONTÍFICE DECIDIR SE ACEITA
TODAS AS RENÚNCIAS OU SOMENTE ALGUMAS DELAS (Lorena Pacho, El País, 18 de
maio de 2018) 665 ... TODOS OS BISPOS CHILENOS RENUNCIAM POR ESCÂNDALO DE
ABUSOS (Deutsche Welle, 18 de maio de 2018) 667 ... EXCLUSIVO: DOCUMENTO
RESERVADO DEL PAPA A OBISPOS REVELA FALLAS QUE DESCUBRIÓ EN LA IGLESIA
CHILENA. EL TEXTO, DE DIEZ CARILLAS Y QUE LES ENTREGÓ EN ROMA EL MARTES,
CONTIENE FUERTES CRÍTICAS AL ACTUAR DE LA IGLESIA CHILENA FRENTE A LAS
DENUNCIAS DE ABUSOS. EL PONTÍFICE HABLA DE “HECHOS DELICTIVOS”,
“ESCÁNDALO” E “IR MÁS ALLÁ” DE LA REMOCIÓN DE PERSONAS PARA SOLUCIONAR LA
CRISIS (Tele 13 T 13, 17 de maio de 2018) 672 ... LA TRANSCRIPCIÓN COMPLETA DEL
DOCUMENTO RESERVADO QUE EL PAPA ENTREGÓ A LOS OBISPOS CHILENOS. T13
TUVO ACCESO EXCLUSIVO A LAS DURAS CRÍTICAS QUE EMITIÓ FRANCISCO AL ACTUAR
DE LA IGLESIA CHILENA FRENTE A LOS CASOS DE ABUSOS COMETIDOS POR ALGUNOS
SACERDOTES (Tele 13 T13, 17 de maio de 2018... ) 675 ... “NOS OBRIGAVAM A FICAR
NUS NA PISCINA”: OS RELATOS DE ABUSOS SEXUAIS COMETIDOS POR BISPOS NO
CHILE (Constanza Hola, BBC News Mundo, 16 de junho de 2018) 945 ... DIOCESE
CHILENA SUSPENDE 14 SACERDOTES ENVOLVIDOS EM ESCÂNDALO SEXUAL (Uol
reproduz AFP Agence France Presse, 23 de maio de 2018) 727) 739
MÃE TRANS É IMPEDIDA DE REGISTRAR FILHO BIOLÓGICO EM CARTÓRIO NO RS.
ÁGATA FEZ TRANSIÇÃO APÓS A CONFIRMAÇÃO DA GRAVIDEZ DA NAMORADA
(Fernanda Canofre, Folha/Uol, 27 de agosto de 2018) 735
“MINHA FILHA NÃO ESTÁ NO CORPO ERRADO, É UMA MENINA COM PÊNIS”. O ATOR
ESPANHOL NACHO VIDAL APRESENTA A HISTÓRIA DE SUA FILHA TRANSEXUAL, DE 11
ANOS, NO LIVRO PARA PRÉ-ADOLESCENTES MI NOMBRE ES VIOLETA. NESTA
ENTREVISTA, AFIRMA QUE O MACHISMO “NÃO TEM NADA A VER COM O PORNÔ” E
QUE DESCONFIA DO MOVIMENTO LGTBQI (Begoña Gômez Urzaiz, El País, 28 de
setembro de 2018) 884
COMO OBTER NOME DE ACORDO COM GÊNERO; ADVOGADA E ATIVISTA TRANS
EXPLICAM (Léo Marques, Uol Universa, 02 de agosto de 2018 713... Ver GISELE
SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM CIRURGIA, 07
1377
DE JUNHO DE 2017 716 ... Ver a seguinte seção do arquivo Ideologia de Gênero e
Escola Sem Partido: Transexuais, travestis... direitos... política... preconceitos...
1534 ... Lá encontram-se textos como “TRANSTORNOS” DE GÊNERO E NOME SOCIAL
(Contardo Calligaris, psicanalista) 452 ... O CONGRESSO E A DESUMANIZAÇÃO
(Alexandre Vidal Porto, escritor e diplomata, mestre em Direito por Harvard) 453 ...
NOME SOCIAL É CURATIVO, E TENTAM NOS TIRAR ESSE DIREITO, DIZ ALUNO TRANS
453 ... (TRANS)FOBIAS (filme de Yan Teixeira, Comunicação Social/Jornalismo,
Universidade Federal de São João Del Rei - MG, 2014... Também traz a questão do
nome social) 571 ... EDUCAÇÃO REALIZA CAMPANHA DE INCLUSÃO DE ALUNOS
TRAVESTIS E TRANSEXUAIS: SECRETARIA ORIENTA ESCOLAS ESTADUAIS PARA QUE
OFEREÇAM A POSSIBILIDADE DA ADOÇÃO DE NOME SOCIAL AOS ESTUDANTES (2015)
453 ... CRESCE NÚMERO DE ALUNOS TRANS QUE USAM NOME SOCIAL NAS ESCOLAS
DE SP (2016) 453 ... UNESP APROVA USO DE NOME SOCIAL POR PESSOAS TRANS
(junho de 2017) 468 ... OAB AUTORIZA ADVOGADOS TRAVESTIS E TRANS A USAREM
NOME SOCIAL EM CARTEIRA (maio de 2016) 454 ... ELA É A 1ª ADVOGADA
TRANSGÊNERO A TER SEU NOME SOCIAL NA CARTEIRINHA DA OAB 454 ... ADVOGADA
TRANS É A PRIMEIRA A MUDAR NOME NO REGISTRO DE NASCIMENTO E NA OAB
(junho de 2017) 456 ... TRAVESTIS E TRANSEXUAIS PODEM TER NOME SOCIAL EM
CARTÃO DE CRÉDITO E DÉBITO (novembro de 2016) 457 ... TRAVESTIS E TRANSEXUAIS
PODERÃO INCLUIR NOME SOCIAL NO CPF (julho de 2017) 469 ... PRECONCEITO E
VIOLÊNCIA EXPULSAM TRANS DE REDE DE SAÚDE: "ME SENTI VIOLADO" (Marcelle
Souza, Uol, 28 de setembro de 2017, matéria também fala de nome social... Ver
comentário – sobre se a questão é de “costumes” ou de “desigualdade” – que coloquei
junto da matéria GAYS E LÉSBICAS CONTAM POR QUE ESCONDEM A ORIENTAÇÃO
SEXUAL NO TRABALHO 1155...) 1163 ... JANOT DEFENDE ALTERAÇÃO DE GÊNERO NO
REGISTRO CIVIL DE TRANSEXUAL MESMO SEM CIRURGIA 457 ... TRANSEXUAL PEDE
MORTE ASSISTIDA SE NÃO PUDER MUDAR NOME E GÊNERO 466 ... UMA
TRANSEXUAL NÃO ACEITA QUE SUA CONDIÇÃO SEJA VISTA COMO TRANSTORNO
(Contardo Calligaris, psicanalista) 466 ... PELA PRIMEIRA VEZ, MULHER TRANS PODE
MUDAR GÊNERO SEM AVALIAÇÃO MÉDICA 466 ... STJ AUTORIZA CABELEREIRA TRANS
A MUDAR SEXO EM DOCUMENTOS SEM FAZER CIRURGIA (maio de 2017) 468 ... PELA
PRIMEIRA VEZ, ADVOGADA TRANSGÊNERO FAZ DEFESA PERANTE O STF (junho de
2017) 458 ... NÃO SE ADVOGA POR DIREITOS SEM A ESCUTA DE SEUS TITULARES
(Carolina Gerassi, advogada, Justificando/Carta Capital, 13 de junho de 2017) 460 )
713
GISELE SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM
CIRURGIA, 07 DE JUNHO DE 2017 (Canal do YouTube de Adriano Picarelli, 09 de junho
de 2017... Na verdade, o título que dei ao vídeo não está correto... Seria melhor usar
expressão como “alteração do registro civil”... Ver, na apresentação do vídeo - abaixo
1378
da tela - indicações de textos e filmes... Ver COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874 ) 716
COBERTAS PELO SUS, CIRURGIAS DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL DEMORAM ATÉ CINCO
ANOS (Luiza Souto, Uol Universa, 19 de agosto de 2018... A matéria trata de questões
médicas, legais e indica onde as pessoas são atendidas...) 742
MAIS DE 20 GRUPOS LGBT ACUSAM PREFEITO DE SP DE IGNORAR CARTA
PROTOCOLADA (Blog do Paulo Sampaio/Uol, 04 de agosto de 2018... A matéria é
interessante, entre outras coisas porque apresenta a “Diversidade Tucana —
movimento LGBT do PSDB” ... Ver também “PP, PSC, PSDB e MDB, os partidos da
‘Escola sem Partido’”, Mariana Bastos com reportagem adicional de Carolina de Assis,
Gênero e Número, 18 de abril de 2018: http://www.generonumero.media/pp-pscpsdb-e-mdb-os-partidos-da-escola-sem-partido/ ) 762
INDIGNADOS COM DESPREZO DE COVAS, GRUPOS LGBT LANÇAM
#SAIDOGABINETEPREFEITO (Paulo Sampaio, Blog do Paulo Sampaio/Uol, 22 de agosto
de 2018... A matéria traz informações sobre programas da Prefeitura de São Paulo,
como o Transcidadania...) 765/766
ALEXYA, PASTORA TRANS E CANDIDATA DISPOSTA A "CONTRADIZER" EM SÃO
PAULO (Alba Santandreu, EFE reproduzida pelo Uol Universa, 27 de agosto de 2018
643... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido: “PROFESSORA, VOCÊ
É HOMEM?” A VIDA DE UMA MULHER TRANS NA SALA DE AULA (Ingrid Fagundez, BBC
Brasil, 15 de agosto de 2017) 868 ) 643
MINAS TERÁ A PRIMEIRA CANDIDATA TRANS AO SENADO (Jonathas Cotrim, Estadão
reproduzido peloUol, 12 de agosto de 2018 551... ALEXYA, PASTORA TRANS E
CANDIDATA DISPOSTA A "CONTRADIZER" EM SÃO PAULO 643... CANDIDATA
TRANSGÊNERO VENCE PRIMÁRIA DEMOCRATA PARA GOVERNO DE VERMONT 720 )
551
PABLLO VITTAR ROMPE COM GRIFE APÓS EMPRESÁRIO MANIFESTAR APOIO A
BOLSONARO (Uol, 01 de setembro de 2018 624... PABLLO VITTAR CHORA AO
LEMBRAR BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME BATERAM" 724/725) 624
1379
O QUE AS EMPRESAS PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO MERCADO DE
TRABALHO (BBC News Brasil reproduzida por Uol Universa, 03 de agosto de 2018
716... Ver APÓS 3 ANOS, PROFESSORA GANHA AÇÃO JUDICIAL CONTRA COLÉGIO QUE
A DEMITIU POR SER TRANS 726... CANDIDATA TRANSGÊNERO VENCE PRIMÁRIA
DEMOCRATA PARA GOVERNO DE VERMONT 720 ) 716
A PROFESSORA TRANSEXUAL QUE TROCOU INDENIZAÇÃO DE R$ 20 MIL PELA
CHANCE DE DAR AULA A SEUS AGRESSORES (Noemia Colonna, BBC News Brasil, 31 de
agosto de 2018) 721
CANDIDATA TRANSGÊNERO VENCE PRIMÁRIA DEMOCRATA PARA GOVERNO DE
VERMONT (Agence France Presse reproduzida pelo Uol, 15 de agosto de 2018 720...
Ver MINAS TERÁ A PRIMEIRA CANDIDATA TRANS AO SENADO 551... ALEXYA,
PASTORA TRANS E CANDIDATA DISPOSTA A "CONTRADIZER" EM SÃO PAULO 643)
720
“SEM SER SUBALTERNO NEM USAR UNIFORME”: EMPRESA SÓ TEM BABÁS LGBTS
(Marcos Candido, Uol Universa, 15 de setembro de 2018) 890
A PROFESSORA TRANSEXUAL QUE TROCOU INDENIZAÇÃO DE R$ 20 MIL PELA
CHANCE DE DAR AULA A SEUS AGRESSORES (Noemia Colonna, BBC News Brasil, 31 de
agosto de 2018) 721
GABRIELA LORAN, 1ª ATRIZ TRANS DE "MALHAÇÃO", REVELA PLANOS DE SER MÃE (Uol
Universa, 02 de setembro de 2018) 725/726
APÓS 3 ANOS, PROFESSORA GANHA AÇÃO JUDICIAL CONTRA COLÉGIO QUE A
DEMITIU POR SER TRANS (Ponte Jornalismo, Paloma Vasconcelos, 09 de setembro de
2018 726... Ver O QUE AS EMPRESAS PODEM FAZER PARA INCLUIR TRANS NO
MERCADO DE TRABALHO 716... “ENSINEM SEUS FILHOS A AMAR’: O APELO DA MÃE
DO MENINO DE 9 ANOS QUE SE MATOU APÓS BULLYING POR HOMOFOBIA 692 )
726
PROFESSORA TRANS GANHA NA JUSTIÇA DIREITO DE VOLTAR A DAR AULA APÓS SER
DEMITIDA (Fernando Molina,, Uol, 12 de setembro de 2018) 733
1380
CONHEÇA 4 CIENTISTAS LGBT QUE REVOLUCIONARAM O MUNDO. O QUE NOMES
COMO ALAN TURING, FLORENCE NIGHTINGALE, ALAN HART E FRANCIS BACON TÊM
EM COMUM? TODOS REVOLUCIONARAM A CIÊNCIA MUNDIAL, SALVARAM MILHÕES
DE VIDAS, MAS SOFRERAM COM A INTOLERÂNCIA E PRECONCEITO POR SUAS OPÇÕES
SEXUAIS (Thiago L., Uol Guia do Litoral, s/data, mas é julho de 2018) 123
“HÁ LOBBY PARA DAR PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE
CONTRARIA O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (Rafael Barifouse, BBC News Brasil,
11 de julho de 2018 113/114... Ver OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS
TRANSGÊNEROS PARA SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL 247
... REACIONÁRIOS CONSEGUIRAM PAUTAR AS REDES SOCIAIS COM UMA FALSA
POLÊMICA NA ÚLTIMA SEMANA 226 ... Ver CONHEÇA 4 CIENTISTAS LGBT QUE
REVOLUCIONARAM O MUNDO. O QUE NOMES COMO ALAN TURING, FLORENCE
NIGHTINGALE, ALAN HART E FRANCIS BACON TÊM EM COMUM? TODOS
REVOLUCIONARAM A CIÊNCIA MUNDIAL, SALVARAM MILHÕES DE VIDAS, MAS
SOFRERAM COM A INTOLERÂNCIA E PRECONCEITO POR SUAS OPÇÕES SEXUAIS 123
... Ver também “CURA GAY”: REINO UNIDO PROÍBE; NO BRASIL, MPF QUER LIBERAR
120 ... BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE
NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EX-PARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA
PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO MUNDO AFIRMA QUE A
COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS DIREITOS 108... REINO
UNIDO PROIBIRÁ AS PSEUDOTERAPIAS QUE AFIRMAM “CURAR” A
HOMOSSEXUALIDADE. SOMENTE TRÊS PAÍSES, BRASIL, EQUADOR E MALTA, TÊM LEIS
QUE PROÍBEM EXPRESSAMENTE ESTE TIPO DE PRÁTICAS 118) 113/114
CAMPINA GRANDE PROÍBE DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO NA SALA DE AULA; OAB
PROTESTA (Uol, 14 de julho de 2018) 83
STF QUESTIONA CIDADES DE PE SOBRE LEIS QUE PROÍBEM DEBATE SOBRE GÊNERO
(Estadão reproduzido pelo Uol, 18 de julho de 2018 85... Ver LEI 2985 DE 19 DE
DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE 87 ...
) 85
LEI 2985 DE 19 DE DEZEMBRO DE 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE PETROLINA – PE
87
1381
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, COM PEDIDO DE
MEDIDA CAUTELAR, CONTRA AS LEIS Nº 2.985/2017 E Nº 4.432/2017,
RESPECTIVAMENTE, DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE PERNAMBUCO (PE) DE
PETROLINA E GARANHUNS, QUE APROVAM O PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E
VEDAM POLÍTICA DE ENSINO COM INFORMAÇÕES SOBRE GÊNERO NOS MUNICÍPIOS
(Partido Socialismo e Liberdade – PSOL, Brasília/DF, 06 de Junho de 2018 89/90...
Sobre a pesquisadora Jimena Furlani, citada no documento, ver EXISTE “IDEOLOGIA DE
GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM EDUCAÇÃO JIMENA
FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O ASSUNTO, EXPLICA OS
EQUÍVOCOS DO CONCEITO 97 ) 89/90
MANIFESTAÇÃO DA PREFEITURA DE PETROLINA, NO STF, SOBRE ARGUIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL PROPOSTA PELO PSOL. DATADA
DE 04 DE JULHO DE 2018 90
REQUERIMENTO DA ASSOCIAÇÃO ESCOLA SEM PARTIDO PARA INGRESSO NOS
AUTOS DA ADPF 522 NA QUALIDADE DE AMICUS CURIAE 95
EXISTE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”? EM ENTREVISTA À PÚBLICA, A DOUTORA EM
EDUCAÇÃO JIMENA FURLANI, QUE DESENVOLVEU EXTENSA PESQUISA SOBRE O
ASSUNTO, EXPLICA OS EQUÍVOCOS DO CONCEITO (Andrea Dip, Agência Pública, 30 de
agosto de 2016) 97
CATÓLICOS LGBT ORGANIZAM MOVIMENTO PARA REIVINDICAR MAIS ESPAÇO NA
IGREJA. GRUPO COMEMORA PEQUENOS AVANÇOS, COMO UM TEXTO EM QUE O
VATICANO USA PELA PRIMEIRA VEZ A SIGLA (Anna Virginia Balloussier, Folha/Uol,
23.de julho e 2018 182... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido
3: VATICANO USA TERMO "LGBT" PELA PRIMEIRA VEZ EM DOCUMENTO OFICIAL
["INSTRUMENTUM LABORIS" DELLA XV ASSEMBLEA GENERALE ORDINARIA DEL
SINODO DEI VESCOVI, OFICINA DE PRENSA DE LA SANTA SEDE, 19 JUN 2018] (Uol
Universa, 21 de junho de 2018) 1001... ENTENDA O QUE SIGNIFICA A IGREJA
CATÓLICA USAR O TERMO LGBT OFICIALMENTE PELA PRIMEIRA VEZ (Edison Veiga, BBC
Brasil, 26 de junho de 2018) 1080/1081 ... JÁ SÃO 86 PESSOAS TRANS ASSASSINADAS
APENAS NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2018 1086 ) 182
UMA AVALIAÇÃO SOBRE A BUSCA DE DIREITOS LGBT PELO MUNDO (André Cabette
Fábio, Nexo Jornal 03 de julho de 2018... Entrevista com Boris Dittrich, da Human
Rights Watch) 104
1382
BORIS DITTRICH: “OPRESSÃO TAMBÉM CRIA MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE
NECESSÁRIO, ESSE SEJA O CASO NO BRASIL”. EX-PARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA
PRIMEIRA LEI DE CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO MUNDO AFIRMA QUE A
COMUNIDADE LGBT NUNCA DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS DIREITOS (Joana
Oliveira , El País, 18 de julho de 2018 108... Ver também “HÁ LOBBY PARA DAR
PRIVILÉGIOS A TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA 113/114 ) 108
CUBA ELIMINA A PALAVRA “COMUNISMO” NO ANTEPROJETO DE REFORMA
CONSTITUCIONAL O NOVO TEXTO SÓ MENCIONA O “SOCIALISMO” E SUPRIME O
OBJETIVO DO “AVANÇO RUMO À SOCIEDADE COMUNISTA”, QUE FIGURA NA ATUAL
CONSTITUIÇÃO DE 1976 (Pablo de Llano, El País, 21 de julho de 2018) 139
CUBA REFORMA CONSTITUIÇÃO PARA REVERTER DÉCADAS DE HOMOFOBIA.
PROJETO DE REFORMA APROVADO NA ASSEMBLEIA NACIONAL REDEFINE O
CASAMENTO COMO A “UNIÃO ENTRE DUAS PESSOAS” (Pablo de LLano, El País, 23 de
julho de 2018) 213
OPINIÃO: CASAMENTO GAY EM CUBA, UMA DÍVIDA ADIADA. OS PRECONCEITOS
QUE ALIMENTARAM POR DÉCADAS A HOMOFOBIA NA ILHA SEGUEM VIVOS E
PODEM ATRASAR A APROVAÇÃO DAS UNIÕES ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO,
OPINA O DRAMATURGO ABEL GONZÁLEZ (Abel González Melo, Deutsche Welle, 26 de
julho de 2018) 248
GOVERNO ALEMÃO ABRE CAMINHO PARA REGISTRO DE TERCEIRO GÊNERO PROJETO
DE LEI PREVÊ QUE PAIS DE CRIANÇAS INTERSEXUAIS POSSAM ASSINALAR A OPÇÃO
“DIVERSO”, ALÉM DE MASCULINO E FEMININO, AO REGISTRAR NASCIMENTO.
PROPOSTA SEGUE DETERMINAÇÃO DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL (Deutsche Welle,
15 de agosto de 2018) 769
OPINIÃO: RECONHECER "INTERSEXO" É APENAS UM PRIMEIRO PASSO. ALÉM DE
"MASCULINO" OU "FEMININO", DOCUMENTOS ALEMÃES INCLUEM AGORA O GÊNERO
"DIVERSO". UM AVANÇO, MAS AINDA HÁ MUITO A FAZER PELA PROTEÇÃO E
RECONHECIMENTO DOS INTERSEXUAIS, OPINA JORNALISTA PACINTHE MATTAR
(Pacinthe Mattar, Deutsche Welle, 17 de agosto de 2018) 775
O QUE MUDA NA ALEMANHA COM A LEI QUE CRIA O “TERCEIRO GÊNERO”, PARA
PROTEGER PESSOAS INTERSEXUAIS [Gabriel Bonis, BBC News Brasil, 25 de agosto de
2018 771... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 3: SOU
1383
INTERSEXUAL, NÃO HERMAFRODITA. AS PESSOAS QUE NÃO SE ENCAIXAM NA
ATRIBUIÇÃO TRADICIONAL DO SEXO PEDEM MAIOR VISIBILIDADE, SEM CLICHÊS OU
DESINFORMAÇÃO (Barbara Ayuso, El País, 17 de setembro de 2016) 851/852 ...
HOLANDA INCLUI GÊNERO NEUTRO NO REGISTRO CIVIL. UMA PESSOA INTERSEXUAL
REGISTRADA COMO HOMEM, QUE DEPOIS SE IDENTIFICOU COMO MULHER,
SOLICITOU A CRIAÇÃO DE UMA TERCEIRA OPÇÃO NA DOCUMENTAÇÃO OFICIAL (Isabel
Ferrer, El País, 28 de maio de 2018) 831 ] 771
PARLAMENTO DE HONDURAS PROÍBE ADOÇÃO PARA CASAIS HOMOSSEXUAIS
(Agência EFE reproduzida pelovUol, 17 de agosto de 2018 687... Ver UMA AVALIAÇÃO
SOBRE A BUSCA DE DIREITOS LGBT PELO MUNDO 104 ... BORIS DITTRICH:
“OPRESSÃO TAMBÉM CRIA MOBILIZAÇÃO. ESPERO QUE, SE NECESSÁRIO, ESSE SEJA O
CASO NO BRASIL”. EX-PARLAMENTAR RESPONSÁVEL PELA PRIMEIRA LEI DE
CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO MUNDO AFIRMA QUE A COMUNIDADE LGBT NUNCA
DEIXARÁ DE LUTAR POR NOVOS DIREITOS 108 ... Ver, no arquivo Ideologia de
Gênero e Escola Sem Partido 3: CORTE INTERAMERICANA DETERMINA QUE 20 PAÍSES
RECONHEÇAM CASAMENTO GAY 999 ) 687
Transexuais, travestis... medicina... saúde…
OS MUROS DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA
SOBREVIVEREM AOS PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL (Reportagem Bianca
Borges. Uol TAB, 30 de julho de 2018 247... Ver “HÁ LOBBY PARA DAR PRIVILÉGIOS A
TRANSGÊNEROS”, DIZ PROCURADOR QUE CONTRARIA O CONSELHO FEDERAL DE
PSICOLOGIA 113/114 ) 247
COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE "ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE
IDENTIDADE (Rafael Barifouse, BBC News Brasil, 30 de setembro de 2018 874... Ver
GISELE SCHIMIDT: SUSTENTAÇÃO ORAL NO STF, DIREITO DO NOME SOCIAL SEM
CIRURGIA, 07 DE JUNHO DE 2017, canal do YouTube de Adriano Picarelli, 09 de junho
de 2017... Ver, na apresentação do vídeo - abaixo da tela - indicações de textos e
filmes... https://www.youtube.com/watch?v=FC9AkK50NC4 ) 874
1384
COBERTAS PELO SUS, CIRURGIAS DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL DEMORAM ATÉ CINCO
ANOS (Luiza Souto, Uol Universa, 19 de agosto de 2018... A matéria trata de questões
médicas, legais e indica onde as pessoas são atendidas...) 742
GRUPOS EVANGÉLICOS BARRAM LEI FAVORÁVEL À POPULAÇÃO TRANS NO
URUGUAI. PROJETO PREVÊ MUDANÇA DE SEXO GRATUITA, FACILITAÇÃO À
MUDANÇA DE IDENTIDADE E INDENIZAÇÃO ÀS VÍTIMAS DA REPRESSÃO DURANTE A
DITADURA MILITAR (Magdalena Martínez, El País, 04 de outubro de 2018... Uma
informação apresentada pela matéria: expectativa de vida de pessoa trans no
Uruguai é de 35 anos...) 872
Violência contra transexuais, travestis... assassinatos...
GAYS, NEGROS E INDÍGENAS JÁ SENTEM NAS RUAS O MEDO DE UM GOVERNO
BOLSONARO. EPISÓDIOS DE INTIMIDAÇÃO AUMENTAM ANSIEDADE ENTRE GRUPOS
QUE SE SENTEM VULNERÁVEIS POR DISCURSOS FEITOS NO PASSADO, E HOJE
NEGADOS, PELO CANDIDATO. DEBATE SOBRE ESTRATÉGIAS DE PROTEÇÃO CRESCE
PARA “RESISTIR EM TEMPOS SOMBRIOS”, DIZ ATIVISTA (Joana Oliveira e Naira
Hofmeister, El País, 20 de outubro de 2018) 1006
REPRESSÃO ALÉM DA POLÍTICA. A DITADURA CONTRA OS GAYS: SER “DIFERENTE”
ERA AMEAÇA À SEGURANÇA NACIONAL (Gabriela Fujita, Uol, 12 de agosto de 2108...
Ver livro “Ditadura e Homossexualidades – Repressão, Resistência e a Busca da
Verdade”, Renan Quinalha James N. Green (organizadores), EdUFSCar, 2014... Ver, na
secção Livros e trabalhos acadêmicos sobre questões de gênero... há links para
download, deste arquivo: “Contra a moral e os bons costumes: a política sexual da
ditadura brasileira (1964-1988)”, Renan Honorio Quinalha, nstituto de Relações
Internacionais, USP, 2017. Orientadora: Rossana Rocha Reis. Tese de doutorado:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/101/101131/tde-20062017-182552/ptbr.php ... Ver, no arquivo Ideologia de Gênero e Escola Sem Partido 2: “SOBREVIVI”,
DIZ VÍTIMA DE OPERAÇÃO DA POLÍCIA DE CAÇA A TRAVESTIS HÁ 31 ANOS 746 ) 677
MINAS TERÁ A PRIMEIRA CANDIDATA TRANS AO SENADO (Jonathas Cotrim, Estadão
reproduzido peloUol, 12 de agosto de 2018 551... ALEXYA, PASTORA TRANS E
CANDIDATA DISPOSTA A "CONTRADIZER" EM SÃO PAULO 643... CANDIDATA
1385
TRANSGÊNERO VENCE PRIMÁRIA DEMOCRATA PARA GOVERNO DE VERMONT 720 )
551
PABLLO VITTAR CHORA AO LEMBRAR BULLYING NA ESCOLA: "NO 1º DIA, ME
BATERAM" (Maurício Dehô, Uol, 02 de setembro de 2018 724/725... Ver OS MUROS
DA ESCOLA. OS DESAFIOS DE JOVENS TRANSGÊNEROS PARA SOBREVIVEREM AOS
PÁTIOS E SALAS DE AULA NO BRASIL 713 ... COMO SER TRANSGÊNERO FOI DE
"ABERRAÇÃO" E "DOENÇA" A QUESTÃO DE IDENTIDADE 874 ) 724/725
JOVEM DIZ QUE FOI AGREDIDO EM SANTOS (SP) PARA "PARAR DE SER VEADO"
(Mirthyani Bezerra, Uol, 13 de julho de 2018 27... Ver também “É TRISTE QUE EU
TENHA QUE TOMAR ESSE CUIDADO”, DIZ TORCEDOR GAY QUE VAI À COPA DA RÚSSIA
SOBRE ALERTAS DE HOMOFOBIA 134 ) 27
“É TRISTE QUE EU TENHA QUE TOMAR ESSE CUIDADO”, DIZ TORCEDOR GAY QUE VAI
À COPA DA RÚSSIA SOBRE ALERTAS DE HOMOFOBIA (Rafael Barifouse, BBC News
Brasil, 08 de junho de 2018 134... Ver também JOVEM DIZ QUE FOI AGREDIDO EM
SANTOS (SP) PARA "PARAR DE SER VEADO" 27) 134
DADOS SOBRE ASSASSINATO DE LGBTS SÃO INCOMPLETOS. VERA LÚCIA, DO PSTU,
CITOU O BRASIL COMO CAMPEÃO MUNDIAL EM HOMICÍDIOS DO TIPO, MAS
ESTATÍSTICAS TÊM LACUNAS E NÃO COMPARAM TODOS OS PAÍSES (Ethel Rudnitzki,
Agência Pública, 29 de agosto de 2018) 737
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