UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
Eduardo Yuji Sakurada
METODOLOGIA PARA ANÁLISE DE CONFIABILIDADE
DINÂMICA
Florianópolis
2013
Eduardo Yuji Sakurada
METODOLOGIA PARA ANÁLISE DE CONFIABILIDADE
DINÂMICA
Tese submetida ao Programa de PósGraduação em Engenharia Mecânica
para a obtenção do Grau de Doutor em
Engenharia Mecânica.
Orientador: Prof. Acires Dias, Dr. Eng.
Coorientador: Prof. Bernardo Luís Rodrigues de Andrade, Dr. Eng.
Florianópolis
2013
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do
Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.
S111m
Sakurada, Eduardo Yuji
Metodologia para análise de confiabilidade dinâmica /
Eduardo Yuji Sakurada ; orientador, Acires Dias ; coorientador, Bernardo Luís Rodrigues de Andrade. Florianópolis, SC, 2013.
259 p.
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mecânica.
Inclui referências
1. Engenharia mecânica. 2. Confiabilidade dinâmica. 3.
Análise de falhas. 4. Modelagem de sistemas. I. Dias,
Acires. II. Andrade, Bernardo Luís Rodrigues de. III.
Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de PósGraduação em Engenharia Mecânica. IV. Título.
CDU 621
Eduardo Yuji Sakurada
METODOLOGIA PARA ANÁLISE DE CONFIABILIDADE
DINÂMICA
Esta Tese foi julgada aprovada para a obtenção do Título de “Doutor
em Engenharia Mecânica”, e aprovada em sua forma final pelo Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Mecânica.
Florianópolis, 08 de abril 2013.
Prof. Júlio César Passos, Dr. Eng.
Coordenador do Curso
Prof. Acires Dias, Dr. Eng.
Orientador
Prof. Bernardo Luís Rodrigues de Andrade, Dr. Eng.
Coorientador
Banca Examinadora:
Prof. Acires Dias, Dr. Eng.
Presidente
Prof. Gilberto Martha de Souza, Ph.D.
Banca Examinadora (continuação):
Prof. Cristiano Vasconcellos Ferreira, Dr. Eng.
Prof. Leonam dos Santos Guimarães, Ph.D.
Prof. Ubirajara Franco Moreno, Dr. Eng.
Prof. Victor Juliano De Negri, Dr. Eng.
À Taliana e à Ayumi, pelo amor e felicidade
que me proporcionam.
AGRADECIMENTOS
Aos estimados professores Acires Dias e Bernardo Luís Rodrigues
de Andrade pela orientação e pelo apoio ao longo do desenvolvimento deste
trabalho.
Aos professores que participaram da banca de defesa do exame de
qualificação e da defesa de tese: Armando Albertazzi Gonçalves Júnior, André
Ogliari, Victor Juliano De Negri, Ubirajara Franco Moreno, Leonam dos
Santos Guimarães, Gilberto Martha de Souza e Cristiano Vasconcellos Ferreira,
pelas observações e sugestões valiosas que contribuíram para a melhoria do
trabalho final.
Ao professor Jonny Carlos da Silva por auxiliar com os conceitos
relacionados à modelagem e simulação de sistemas.
Aos amigos Luís Fernando Peres Calil, Heitor Azuma Kagueiama,
Rodrigo Rizzi Starr e Luis Antonio Pereira de Lima pelo companheirismo,
pela parceria nos estudos e valorosas discussões.
Aos colegas do Núcleo de desenvolvimento Integrado de Produtos
(NeDIP), especialmente à Cindy Ibarra por auxiliar na representação da metodologia e Juliano Mazute pelo suporte momentos antes da apresentação do
trabalho.
Aos colegas Luiz Fernando Segalin de Andrade, Henrique Cezar Pavanati e Rogério Pereira, do IFSC, pelo apoio.
À Taliana pela paciência, carinho e confiança depositada em mim.
À família, em especial aos meus pais, Tetsuya e Sada, pelo carinho,
educação e incentivo.
Ao Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico
(CNPq) pelo auxílio financeiro na forma de bolsa de doutorado.
Reunir-se é um começo, permanecer juntos é
um progresso, e trabalhar juntos é sucesso.
Henry Ford
RESUMO
A análise de confiabilidade dinâmica é bastante recente e está sendo demandada para análise de confiabilidade em sistemas complexos, mas até o momento há poucas publicações no Brasil. As primeiras publicações fora do
país iniciaram na década de 1980, mas foi na década de 1990 que o assunto
ganhou mais volume. Por ser uma nova abordagem da confiabilidade, muitas análises são dependentes dos especialistas e os aplicativos criados estão
vinculados aos sistemas para os quais foram desenvolvidos. Existem vários
aspectos que caracterizam uma análise de confiabilidade dinâmica, tais como:
análise instantânea da confiabilidade, taxa de falha com degradação, avaliação
dos fatores humanos, avaliação do comportamento dinâmico das variáveis de
processo, entre outros. Em princípio, a técnica permite modelar sistemas de
maneira mais realista para os propósitos da análise de confiabilidade, risco
e segurança. No entanto, por considerar uma quantidade maior de variáveis,
interações entre sistemas, entre outros fatores, a análise de confiabilidade
dinâmica exige uma maior quantidade de informações, modelagem mais complexa, maior custo de processamento computacional e tempo. Isso faz com
que se dê preferência em trabalhar com a análise de confiabilidade estática.
Todavia, tem-se observado ao longo da história, incidentes graves em sistemas
como usinas nucleares, aeronaves, grandes embarcações, etc, que são sistemas
complexos com grande potencial catastrófico. Portanto, não se satisfazem com
a análise estática de confiabilidade, ou seja, para uma taxa de falha definida
num tempo estabelecido. Por causa disso, a análise de confiabilidade dinâmica
começou a ser incorporada dentro das metodologias para avaliação de risco
e segurança, agregando mais informação para as análises. O presente trabalho apresenta uma proposta de metodologia para a análise de confiabilidade
dinâmica, na qual são consideradas: o comportamento dinâmico do sistema
devido às falhas\ações de manutenção e atualização do modelo ao longo do
tempo. Para isso, a metodologia se fundamenta no método de Monte Carlo
e na modelagem a eventos discretos com comportamento semi-markoviano.
Adicionalmente, são utilizados alguns métodos e técnicas para dar suporte
como: Análise do modo de falha, efeitos e criticidade (FMECA), Análise de
eventos por rede causal (CNEA), Diagramas de blocos para confiabilidade
e Manutenção centrada em confiabilidade (MCC). Deseja-se com o uso da
metodologia facilitar a análise de confiabilidade dinâmica de sistemas e, por
consequência, obter modelos de confiabilidade mais próximos da realidade
e atualizados. Foram feitas duas aplicações da metodologia: a primeira num
problema clássico proposto no workshop organizado pela associação italiana
3ASI (Associazione degli Analisti dell’Ambiente, dell’Affidabilita’ e della Sicurezza Industriale) em 2004, de análise de confiabilidade dinâmica; a segunda
num “sistema real” – sistema hidráulico de governo de um navio petroleiro.
Palavras-chave: Confiabilidade dinâmica, análise de falhas, modelagem de
sistemas.
ABSTRACT
Dynamic reliability analysis is quite recent and is becoming a demand for
the reliability analysis on complex systems, but so far there are not as many
publications on the subject in Brazil. The first publications are dated from
the 1980’s, but it was only in the 1990’s that the subject gained more volume.
Since it is a new approach in reliability, many analyses are dependent on specialists and the computer systems created are linked to the system for which
they were developed. There are many aspects that characterize a dynamic
reliability analysis, such as: instant reliability analysis, failure rate with degradation, human factor evaluation, evaluation of the dynamic behavior of
process variables, among others. In principle, the technique allows the system
modeling in a more realistic way for the reliability, risk and safety analysis
purposes. On the other hand, since the analysis demand the consideration of
a larger number of variables, systems interactions, among other factors, the
dynamic reliability analysis requires a larger amount of information, a more
complex model, higher cost in computer processing and time. This makes it
preferable to work with a static reliability analysis. However, it may be observed in history that severe incidents in systems such as nuclear power plants,
aircrafts, large vessels etc., which are complex systems with great catastrophic
potential. Therefore, it is not enough to use the static reliability analysis, using
a defined failure rate in a specific time. For this reason, the dynamic reliability
analysis began to be incorporated in risk and safety evaluation methodologies,
adding more information to the analysis. This work presents a methodology
proposal for the dynamic reliability analysis, in which are considered: failure
dynamic behavior and the model update over time. With this purpose, the
methodology is grounded on the Monte Carlo method and discrete events with
semi-markovian behavior modeling. Additionally, methods and techniques are
used to support the analysis, like: Failure mode, event and criticality analysis
(FMECA), Causal network event analysis (CNEA), Reliability block diagrams
and Reliability centered maintenance (MCC).The use of this methodology
aims to facilitate the system dynamic reliability analysis, consequently, reaching reliability models closer to reality and updated. Two applications were
made: the first in a classic problem proposed in the workshop on dynamic
reliability analysis organized by the Italian association 3ASI (Associazione
degli Analisti dell’Ambiente, dell’Affidabilita’ e della Sicurezza Industriale)
in 2004; and the second in a existing system – the hydraulic system of a oil
tanker rudder.
Keywords: Dynamic reliability, failure analysis, system modeling.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1
Figura 2.1
Figura 2.2
Figura 2.3
Figura 3.1
Figura 3.2
Figura 3.3
Figura 3.4
Figura 3.5
Figura 3.6
Figura 3.7
Figura 3.8
Figura 3.9
Figura 3.10
Figura 3.11
Figura 4.1
Figura 4.2
Figura 4.3
Figura 4.4
Figura 4.5
Figura 4.6
Figura 4.7
Figura 4.8
Figura 4.9
Figura 4.10
Figura 4.11
Figura 4.12
Estados do sistema técnico . . . . . . . . . . . . .
Representação do comportamento dinâmico em função dos estados dos componentes (i1 , i2 , ...) e do
tempo t . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estrutura geral de uma plataforma para confiabilidade dinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Modelo para predição da confiabilidade . . . . . .
Exemplo de tabela para FMECA . . . . . . . . . . .
Diagrama de uma análise de eventos por rede causal
(CNEA) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Taxonomia da CNEA . . . . . . . . . . . . . . . .
Exemplo de uma caixa e setas . . . . . . . . . . .
Exemplo de aplicação de IDEF0 . . . . . . . . . .
Configuração em série . . . . . . . . . . . . . . . .
Configuração em paralelo . . . . . . . . . . . . . .
Configuração em ponte . . . . . . . . . . . . . . .
(a)Delta-estrela (b)R-em-N (c)Trimodular (d)Stand-by
Fluxograma para simulação de Monte Carlo . . . .
Procedimento de referência para implantação da MCC
Classificação do modelo comportamental utilizado
pela metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Modelo de referência para cada etapa da metodologia
Metodologia para análise de confiabilidade dinâmica
(ACoDi) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Processo de desenvolvimento integrado de produtos
– PRODIP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Relação da metodologia ACoDi com o PRODIP . .
Relação da metodologia com todo o ciclo de vida do
produto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Atividades da etapa 1 . . . . . . . . . . . . . . . .
Critérios para o uso da confiabilidade dinâmica . .
Relações determinísticas para avaliar a aceitação do
risco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Relações determinísticas para escolha da análise de
confiabilidade dinâmica . . . . . . . . . . . . . . .
Atividade da etapa 2 . . . . . . . . . . . . . . . . .
Atividades da etapa 3 . . . . . . . . . . . . . . . . .
45
50
55
56
61
63
64
65
66
67
67
68
68
70
71
76
77
78
79
79
81
83
85
87
88
90
91
Figura 4.13
Figura 4.14
Figura 4.15
Figura 4.16
Figura 4.17
Figura 4.18
Figura 4.19
Figura 4.20
Figura 4.21
Figura 4.22
Figura 4.23
Figura 4.24
Figura 4.25
Figura 4.26
Figura 4.27
Figura 4.28
Figura 4.29
Figura 4.30
Figura 4.31
Figura 4.32
Figura 4.33
Figura 4.34
Figura 4.35
Figura 4.36
Figura 4.37
Figura 4.38
Figura 4.39
Figura 4.40
Figura 4.41
Figura 4.42
Figura 4.43
Figura 5.1
Figura 5.2
Priorização da análise . . . . . . . . . . . . . . . . 92
Desdobramento da função global . . . . . . . . . . 93
Variação de temperatura após falha do sistema de
refrigeração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
97
Mudança no nível da variável de controle . . . . .
97
Comportamento do sistema de segunda ordem em
função de ξ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
Atividades da etapa 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
Sistema com componentes C1 e C2 (reserva) . . . . 102
Diagrama de blocos para confiabilidade com sensor,
controlador e atuador . . . . . . . . . . . . . . . . 102
Exemplo de análise de sistema a partir do controle
do nível de fluido do reservatório . . . . . . . . . . 104
Diagrama de blocos para análise de um sistema de
controle realimentado . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Regiões de operação do sistema . . . . . . . . . . 105
Tempo de reação para início da manutenção preditiva 107
Atuação sobre o avanço da variável de controle . . 109
Manutenção em série . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
Manutenção em paralelo . . . . . . . . . . . . . . 112
Manutenção mista . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
Atividades da etapa 5 . . . . . . . . . . . . . . . . 115
Exemplo de simulação realizada manualmente . . . 116
Representação do fluxo de informação do software 117
Fluxograma para desenvolvimento do software . . . 119
Válvula direcional com falha do tipo aberta e fechada 122
Fluxograma para avaliação da “Condição de falha
nos componentes” no software (Figura 4.32) . . . . 124
Variáveis de entrada e saída do controlador . . . . . 125
Ação do controlador diante da posição da variável
de controle y . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
Atividade da etapa 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
Cenário com sucesso da missão . . . . . . . . . . . 129
Relatório para o cenário apresentado na Figura 4.38 . 131
Obtenção da função densidade de falha . . . . . . . 132
Rotina para gerar um conjunto de funções densidade
de falha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
Relação entre a metodologia ACoDi e a MCC . . . 135
Procedimento de análise de segurança . . . . . . . 136
Problema proposto . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
Desdobramento da função global do sistema técnico 142
Figura 5.3
Figura 5.4
Figura 5.5
Figura 5.6
Figura 5.7
Figura 5.8
Figura 5.9
Figura 5.10
Figura 5.11
Figura 5.12
Figura 5.13
Figura 5.14
Figura 5.15
Figura 5.16
Figura 5.17
Figura 5.18
Figura 5.19
Figura 5.20
Figura 5.21
Figura 5.22
Figura 6.1
Figura 6.2
Figura 6.3
Figura 6.4
Figura 6.5
Figura 6.6
Figura 6.7
Figura 6.8
Figura 6.9
Figura 6.10
Figura 6.11
Estados dos componentes . . . . . . . . . . . . . . 144
Regiões de operação para o reservatório . . . . . . 148
Cenário com falha na bomba P1 . . . . . . . . . . 150
Cenário com falha na bomba P2 . . . . . . . . . . 150
Cenário com falha oculta na bomba P2 . . . . . . . . 151
Comportamento dinâmico de um teste de simulação 152
Relatório ponto a ponto ao longo de um tempo de
missão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
Histogramas de falhas em 10 mil testes . . . . . . . 154
Função distribuição acumulada de falhas . . . . . . 155
Distribuição de pontos para transbordamento . . . . 156
Distribuição de pontos para esvaziamento . . . . . 156
Distribuição amostral de X . . . . . . . . . . . . . 157
Função distribuição acumulada de falhas para transbordamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
Função distribuição acumulada de falhas para esvaziamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
Modelo do sistema com GSPN . . . . . . . . . . . 160
Modelo do sistema com FSPN . . . . . . . . . . . 162
Função distribuição acumulada de falhas para transbordamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
Função distribuição acumulada de falhas para esvaziamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164
Correlação entre os pontos – Transbordamento . . . 165
Correlação entre os pontos – Esvaziamento . . . . 165
Circuito hidráulico do sistema de governo do leme . 168
Análise funcional do SHA para os subsistemas de
primeiro nível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
Diagrama estrutural do sistema hidráulico de acionamento do leme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171
Diagrama de blocos para confiabilidade – Máquina
do leme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172
Estados dos componentes reparáveis . . . . . . . . 173
Estados dos componentes não reparáveis . . . . . . 174
Regiões de operação com tempo limite para falha e
comutação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176
Comportamento com falha oculta . . . . . . . . . . 177
Comportamento do sistema e dos componentes . . 179
Parte do relatório ponto a ponto para a Figura 6.11 . . 181
Comportamento dinâmico para simulação para tLimite =
30 minutos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182
Figura 6.12
Figura 6.13
Figura 6.14
Figura 6.15
Figura 6.16
Figura 6.17
Figura 6.18
Figura 6.19
Figura 6.20
Figura 6.21
Figura A.1
Figura A.2
Figura A.3
Figura A.4
Figura A.5
Figura A.6
Figura A.7
Figura A.8
Figura A.9
Figura A.10
Figura A.11
Figura A.12
Figura C.1
Figura C.2
Figura C.3
Figura C.4
Figura D.1
Figura D.2
Figura E.1
Figura E.2
Ampliação da Figura 6.11 nas etapas 2, 3, 4 e 5 da
simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
Ampliação da Figura 6.11 nas etapas 6 e 7 da simulação183
Ampliação da Figura 6.11 nas etapas 9, 10, 11 e 12
da simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
Histograma de falhas para sistema de governo do
leme (tLimite = 30 minutos) . . . . . . . . . . . . . 185
Função distribuição acumulada de falhas(tLimite = 30
minutos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186
Probabilidade de falha em função do tempo de missão188
Probabilidade de falha em função do tempo limite
sem vazão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
Probabilidade de falha sem manutenção . . . . . . 189
Probabilidade de falha em função das taxas de reparo 190
Probabilidade de falha em função das taxas de reparo
(10mil horas) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
Sistema massa-mola – modelo comportamental estático210
Sistema massa-mola – modelo comportamental dinâmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211
Classificação dos modelos comportamentais . . . . 212
Função densidade de probabilidade de falha hipotética f (x) em função da vida x . . . . . . . . . . . . 216
Confiabilidade em função do tempo para distribuição
exponencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218
Correlação entre confiabilidade, mantenabilidade e
disponibilidade para produtos reparáveis . . . . . . 219
Comportamento da variável X(t) ao longo do tempo 220
Desencadeamento de um incidente . . . . . . . . . 222
Funções amostra ou realizações do processo . . . . 223
Possíveis estados de um componente . . . . . . . . 224
Possíveis estados do sistema . . . . . . . . . . . . 225
Mudanças de estados de um componente . . . . . . 227
Probabilidade de falha por transbordamento – P1P2V 235
Probabilidade de falha por esvaziamento – P1P2V . 236
Probabilidade de falha por transbordamento – VP1P2 236
Probabilidade de falha por esvaziamento – VP1P2 . 237
Problema exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241
Diagrama de blocos para confiabilidade . . . . . . . 241
Árvore de eventos discreta dinâmica . . . . . . . . 249
(a) Uma simples rede de Petri (b) Depois do disparo
de T1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 251
Figura E.3
Figura E.4
Redes de Petri temporizadas . . . . . . . . . . . . 253
Estados e eventos de um DRBD . . . . . . . . . . 256
LISTA DE TABELAS
Tabela 6.1
Tabela 6.2
Tabela 6.3
Tabela B.1
Tabela B.2
Tabela B.3
Tabela B.4
Tabela D.1
Valores de probabilidade de falha (ACoDi) . . . . .
Valores de confiabilidade e probabilidade de falha
(Confiabilidade estática) . . . . . . . . . . . . . .
Valores de probabilidade de falha para análise sem
manutenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Dados para transbordamento (Metodologia ACoDi)
Dados para esvaziamento (Metodologia ACoDi) . .
Dados para transbordamento (Redes de Petri) . . .
Dados para esvaziamento (Redes de Petri) . . . . .
Probabilidades de falha e confiabilidade de cada componente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
186
187
189
. 231
. 231
232
232
243
LISTA DE QUADROS
Quadro 3.1
Referências bibliográficas recomendadas para técnicas
de suporte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Quadro 5.1 Funções dos componentes do sistema técnico . . . . . . . . 143
Quadro 5.2 Características dos componentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
Quadro 5.3 Taxa de variação do nível H . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
Quadro 5.4 Configurações do sistema em função do nível . . . . . . . . 146
Quadro 5.5 Discretização do nível H . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
Quadro 6.1 Vazão disponível para o sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174
Quadro 6.2 Taxas de falhas dos componentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
Quadro A.1 Sistema dinâmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213
Quadro A.2 Elementos da definição da norma NBR 5462 . . . . . . . . . 215
Quadro A.3 Condição funcional e operacional dos componentes . . 224
Quadro D.1 Possíveis configurações no sistema reservatório baseado
em árvore de eventos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 244
Quadro E.1 Portas lógicas dinâmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 251
Quadro E.2 Eventos, condições e portas da estrutura ESD . . . . . . . . 254
LISTA DE SIGLAS
ACH
Análise de confiabilidade humana
ACoDi
Análise de confiabilidade dinâmica
CNEA
Causal network event analysis (Análise de evento por redes
causais)
DFM
Dynamic flowgraph methodology (Metodologia do fluxograma dinâmico)
DETA
Dynamic event tree analysis (Análise por árvore de eventos
dinâmica)
DETAM
Dynamic event tree analysis method (Método da análise
por árvore de eventos dinâmica)
DFTA
Dynamic fault tree analysis (Análise por árvore de falhas
dinâmica)
DRBD
Dynamic reliability block diagram (Diagrama de blocos
para confiabilidade dinâmica)
DYLAM
Dynamic logical analytical methodology
DoD
Department of Defense (Departamento de defesa)
ESD
Event sequence diagram (Diagrama sequencial de eventos)
FESD
Functional event sequence diagram (Diagrama sequencial
de eventos funcionais)
ETA
Event tree analysis (Análise por árvore de eventos)
FMEA
Failure mode and effects analysis (Análise do modo de
falha e seus efeitos)
FMECA
Failure modes, effects and criticality analysis (Análise do
modo de falha, efeitos e criticidade)
FTA
Fault tree analysis (Análise por árvore de falha)
FSPN
Fluid Stochastic Petri Nets (Redes de Petri Fluidas e Estocásticas)
GSPN
Generalized Stochastic Petri Nets (Redes de Petri Estocásticas Generalizadas)
HRA
Human reliability analysis (Análise de confiabilidade humana)
IDEF0
Integration definition for function modeling
LabRisco Laboratório de análise, avaliação e gerenciamento de risco
LASHIP
Laboratório de Sistemas Hidráulicos e Pneumáticos
MCC
Manutenção centrada em confiabilidade
MTBF
Mean time between failures (Tempo médio entre falhas)
MTTR
Mean time to repair (Tempo médio de reparo)
NPR
Número de prioridade de risco (Risk priority number)
NeDIP
Núcleo de Desenvolvimento Integrado de Produtos
PRA
Probabilistic risk assessment (Avaliação probabilística de
risco)
PRODIP
Processo de desenvolvimento integrado de produtos
PSA
Probabilistic safety assessment (Avaliação probabilística
de segurança)
RBD
Reliability block diagram (Diagramas de blocos para confiabilidade)
SA
Subsistema de atuação
SED
Sistema a eventos discretos
SI
Subsistema de isolamento
SP1
Subsistema de potência 1
SP2
Subsistema de potência 2
TB
Tubulações do sistema hidráulico de governo do leme
UFSC
Universidade Federal de Santa Catarina
USP
Universidade de São Paulo
VE
Válvulas esfera do sistema hidráulico de governo do leme
LISTA DE SÍMBOLOS
D(t)
Disponibilidade instantânea para um tempo t
D
Disponibilidade estacionária
f (x)
Função densidade de probabilidade de falha da variável x
F(t)
Função distribuição de probabilidade de falha ou função
distribuição acumulada de falhas da variável t
IC1−α (µ)
Intervalo de confiança de um parâmetro µ, para uma probabilidade (1 − α)
P( j → i|y) Probabilidade de transição de j para i, dado estado y
Q(x)
Probabilidade de falha para um tempo de vida x
R(x)
Confiabilidade para um tempo de vida x
t
Variável tempo em horas
µ
Taxa de reparo [reparos/hora]
λ
Taxa de falha [falhas/hora]
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
37
1.1 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.2.1 Objetivo geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.2.2 Objetivos específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.2.3 Resultados esperados . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.3 Definições e conceitos preliminares . . . . . . . . . . . . . 43
1.3.1 Definição de confiabilidade dinâmica . . . . . . . . 44
1.3.2 Os modelos para a análise de confiabilidade estática e
dinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
1.4 Estrutura do documento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2 CONFIABILIDADE DINÂMICA
2.1 Diferentes abordagens para análise de confiabilidade dinâmica
2.2 Comportamento dinâmico dos sistemas . . . . . . . . . . .
2.3 Comportamento determinístico e estocástico . . . . . . . . . .
2.4 Área de aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.5 Estrutura geral de uma análise de confiabilidade dinâmica . .
2.6 Considerações do capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . .
47
47
49
51
52
55
57
3 PRINCIPAIS TÉCNICAS PARA DAR SUPORTE À METODOLOGIA
3.1 Análise do modo de falha, efeitos e criticidade (FMECA) . .
3.2 Análise de eventos por rede causal (CNEA) . . . . . . . . .
3.3 Integration definition for function modeling (IDEF0) . . . .
3.4 Diagramas de blocos para confiabilidade . . . . . . . . . . .
3.5 Método de Monte Carlo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3.6 Manutenção centrada em confiabilidade (MCC) . . . . . . .
3.7 Considerações do capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . .
59
60
62
64
66
69
69
72
4 METODOLOGIA PROPOSTA PARA ANÁLISE DE CONFIABILIDADE DINÂMICA
4.1 Caracterização do sistema abordado pela metodologia . . . .
4.1.1 Variáveis de estado do sistema . . . . . . . . . . . .
4.1.2 Estado do sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4.2 Modelo de referência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4.3 Atualização do modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
75
75
75
75
76
80
4.4
4.5
4.6
4.7
4.8
Etapa 1: Análise inicial do sistema técnico para confiabilidade
dinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
4.4.1 Atividade 1.1: Análise quanto ao comportamento dinâmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
4.4.2 Atividade 1.2: Análise da criticidade do sistema . . . 83
4.4.3 Atividade 1.3: Análise da disponibilidade do sistema
84
4.4.4 Atividade 1.4: Análise do sistema . . . . . . . . . . 85
Etapa 2: Definição da equipe . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
Etapa 3: Análise do sistema, subsistemas e componentes . . 89
4.6.1 Atividade 3.1: Desdobramento das funções do sistema 91
4.6.2 Atividade 3.2: Caracterização dos subsistemas e componentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
4.6.3 Atividade 3.3: Descrição comportamental do sistema 96
Etapa 4: Análise da manutenção do sistema técnico . . . . . 100
4.7.1 Atividade 4.1: Caracterização dos sensores, controlador e atuadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
4.7.2 Atividade 4.2: Definição das regiões de operação . . 105
4.7.3 Atividade 4.3: Modelagem do comportamento em
função da manutenção . . . . . . . . . . . . . . . . 106
4.7.3.1 Tempo de reação . . . . . . . . . . . . . . 107
4.7.3.2 Atuação sobre o avanço da variável de controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
4.7.3.3 Manutenção preditiva com o sistema em
operação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
Modelagem em série da manutenção111
4.7.3.3.1
Modelagem em paralelo da manu4.7.3.3.2
tenção . . . . . . . . . . . . . . . 111
4.7.3.3.3 Modelagem mista da manutenção 112
4.7.3.3.4 Modelagem sem manutenção . . 113
4.7.3.4 Falhas ocultas . . . . . . . . . . . . . . . 114
Etapa 5: Modelagem e simulação . . . . . . . . . . . . . . . 114
4.8.1 Atividade 5.1: Representação do comportamento dinâmico do sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
4.8.2 Atividade 5.2: Estrutura para implementação . . . . 116
4.8.2.1 Diagrama de fluxo do software . . . . . . 118
4.8.2.2 Inicialização das variáveis . . . . . . . . . 118
4.8.2.2.1 Armazenamento dos dados do sistema . . . . . . . . . . . . . . . 120
4.8.2.2.2 Armazenamento dos dados dos
componentes . . . . . . . . . . . 121
4.8.2.3
Sorteio de: tipos de falha, tempos de falha
e reparo . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4.8.2.4 Ordenação cronológica das falhas dos componentes . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4.8.2.5 Tempo de missão (tmissão ) e falha do sistema
4.8.2.6 Condição de falha dos componentes . . .
4.8.2.7 Ações do controlador . . . . . . . . . . .
4.8.2.8 Cálculo dy/dt para definir a variação do
sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4.8.2.9 Determinação do próximo evento e tempo
associado . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4.8.2.10 Próximo tempo t e estado y . . . . . . . .
4.9 Etapa 6: Análise de resultados . . . . . . . . . . . . . . . .
4.9.1 Atividade 6.1: Geração de relatórios ponto a ponto e
cenários de simulação . . . . . . . . . . . . . . . .
4.9.1.1 Cenários de simulação . . . . . . . . . . .
4.9.1.2 Relatório ponto a ponto . . . . . . . . . .
4.9.2 Atividade 6.2: Cálculo da probabilidade de falha e
confiabilidade do sistema técnico . . . . . . . . . .
4.10 Relação entre a metodologia ACoDi e a MCC . . . . . . . .
4.11 Relação entre a metodologia AcoDi e a Análise de Segurança
de Sistemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4.12 Considerações do capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . .
122
123
123
123
124
126
126
127
127
128
128
129
130
134
135
137
5 APLICAÇÃO EM UM PROBLEMA CLÁSSICO
139
5.1 Etapa 1: Análise inicial do sistema técnico para confiabilidade
dinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
5.2 Etapa 2: Definição da equipe . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
5.3 Etapa 3: Análise do sistema, subsistemas e componentes . . . 141
5.3.1 Atividade 3.1: Desdobramento das funções do sistema 142
5.3.2 Atividade 3.2: Caracterização dos subsistemas e componentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
5.3.3 Atividade 3.3: Descrição comportamental do sistema 145
5.4 Etapa 4: Análise da manutenção do sistema técnico . . . . . 146
5.4.1 Atividade 4.1: Caracterização dos sensores, controlador e atuadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
5.4.2 Atividade 4.2: Definição das regiões de operação . . 147
5.4.3 Atividade 4.3: Modelagem do comportamento em
função da manutenção . . . . . . . . . . . . . . . . 148
5.4.3.1 Tempo de reação . . . . . . . . . . . . . . 148
5.4.3.2
5.5
5.6
5.7
5.8
5.9
Atuação sobre o avanço da variável de controle H . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5.4.3.3 Manutenção preditiva com o sistema em
operação . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Etapa 5: Modelagem e simulação . . . . . . . . . . . . . . .
Etapa 6: Análise de resultados . . . . . . . . . . . . . . . .
5.6.1 Atividade 6.1: Geração dos relatórios ponto a ponto e
cenários de falha . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5.6.2 Atividade 6.2: Cálculo da probabilidade de falha e
confiabilidade do sistema técnico . . . . . . . . . .
Análise com redes de petri . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Análise comparativa entre os resultados . . . . . . . . . . .
5.8.1 Quanto à implementação computacional . . . . . . .
5.8.2 Resultados numéricos . . . . . . . . . . . . . . . .
Considerações do capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . .
148
149
149
. 151
152
154
158
. 161
. 161
163
166
6 APLICAÇÃO EM UM SISTEMA REAL
6.1 Etapa 1: Análise inicial do sistema técnico para confiabilidade
dinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6.1.1 Atividade 1.1: Análise quanto ao comportamento dinâmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6.1.2 Atividade 1.2: Análise da criticidade do sistema . . .
6.1.3 Atividade 1.3: Análise da disponibilidade do sistema
6.1.4 Atividade 1.4: Análise do sistema . . . . . . . . . .
6.2 Etapa 2: Definição da equipe . . . . . . . . . . . . . . . . .
6.3 Etapa 3: Análise do sistema, subsistema e componentes . . .
6.3.1 Atividade 3.1: Desdobramento das funções do sistema
6.3.2 Atividade 3.2: Caracterização dos subsistemas e componentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6.3.3 Atividade 3.3: Descrição comportamental do sistema
6.4 Etapa 4: Análise da manutenção do sistema técnico . . . . .
6.4.1 Atividade 4.1: Caracterização dos sensores, controlador e atuadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6.4.2 Atividade 4.2: Definição das regiões de operação . .
6.4.3 Atividade 4.3: Modelagem do comportamento em
função da manutenção . . . . . . . . . . . . . . . .
6.4.3.1 Tempo de reação . . . . . . . . . . . . . .
6.4.3.2 Atuação sobre o avanço da variável de controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6.4.3.3 Manutenção preditiva com o sistema em
operação . . . . . . . . . . . . . . . . . .
167
167
169
169
169
169
170
170
170
173
174
175
175
175
175
175
176
176
6.5
6.6
6.7
6.8
6.9
6.4.4 Falhas ocultas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Etapa 5: Modelagem e simulação . . . . . . . . . . . . . . .
Atividade 5.1: Representação do comportamento dinâmico do
sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Atividade 5.2: Estrutura para implementação . . . . . . . .
Etapa 6: Análise de resultados . . . . . . . . . . . . . . . .
6.8.1 Atividade 6.1: Geração dos relatórios ponto a ponto e
cenários de falha . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6.8.2 Atividade 6.2: Cálculo da probabilidade de falha e
confiabilidade do sistema técnico . . . . . . . . . .
6.8.3 Análise de confiabilidade estática . . . . . . . . . .
6.8.4 Análise comparativa entre a confiabilidade estática e
a metodologia ACoDi . . . . . . . . . . . . . . . .
Considerações do capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . .
178
178
178
178
180
180
185
186
187
. 191
7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS
FUTUROS
193
7.1 Quanto aos objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194
7.2 Resultados e contribuições . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
7.3 Recomendações para trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . 197
REFERÊNCIAS
199
APÊNDICE A -- Conceitos e definições
209
APÊNDICE B -- Valores obtidos na simulação do problema clássico 231
APÊNDICE C -- Simulação do problema clássico com componentes
reparáveis em série
235
APÊNDICE D -- Análise do reservatório: confiabilidade clássica
241
APÊNDICE E -- Técnicas e ferramentas adicionais
249
37
1 INTRODUÇÃO
A norma NBR 5462/1994 define a confiabilidade como sendo “a capacidade de um item desempenhar uma função requerida sob condições especificadas, durante um dado intervalo de tempo” (ABNT, 1994). Porém, a mensuração
da confiabilidade geralmente está associada a um valor de probabilidade, o que
permite, desta forma, avaliar quantitativamente a capacidade do item (sistema
ou componente) de realizar sua função.
A análise de confiabilidade se desdobra em aplicações diversas como:
na análise de falhas de sistemas e componentes, nos projetos para confiabilidade, na manutenção centrada em confiabilidade (MCC), na elaboração dos
períodos de garantia, entre outras atividades – buscando melhorar a qualidade
dos produtos e serviços.
Existem duas abordagens para a confiabilidade: estrutural e funcional.
A primeira tem seu foco voltado para as estruturas dos sistemas técnicos. Nesse
tipo de análise, para uma dada condição inicial de carregamento, verifica-se
os valores de tensão, deformação e deslocamento que podem ocorrer nas
estruturas. Para essa abordagem, utiliza-se técnicas de simulação numérica
como elementos finitos, elementos de contorno, diferenças finitas, entre outras.
Sabe-se que os valores de solicitação e resistência não são perfeitamente
definidos, pois variam dentro de um intervalo de forma probabilística. Desta
forma, a probabilidade dos sistemas resistirem, ou não, depende das funções
densidade de probabilidade – dos valores de primeiro momento, de segundo
momento, etc – associadas à solicitação, à resistência e aos ciclos aplicados ao
longo da vida.
Da Rosa (2002) apresenta aspectos estruturais dos projetos mecânicos,
particularmente a mecânica da fratura e fadiga. No texto o autor discute o
processo clássico de projeto – que faz uso de coeficientes de segurança – e a
análise com enfoque probabilístico, que considera a dispersão dos valores das
variáveis de projeto. O autor apresenta a seguinte definição de confiabilidade:
[. . . ] é a probabilidade de que um componente, ou
sistema, operando dentro dos limites de projeto, não
falhe durante o período de tempo previsto para a sua
vida, dentro das condições de agressividade do meio
(DA ROSA, 2002, p.32).
Por outro lado, a confiabilidade funcional está centrada na função
do sistema, inter-relacionando as várias tecnologias presentes nos sistemas
técnicos. Com base nos modos de falhas e nas taxas de falhas dos componentes
– obtidos em testes laboratoriais ou observações em campo – estima-se as
probabilidades do sistema funcionar, ou falhar, para um dado período de
38
tempo.
Tanto em um caso quanto no outro – estrutural ou funcional – poderá
ser desenvolvida uma análise de confiabilidade estática, a mais comum, ou
dinâmica. O que é chamado de confiabilidade estática, ou simplesmente
confiabilidade, é caracterizada pela visão de se desenvolver uma análise num
momento definido, a partir da elaboração de um modelo de confiabilidade e
de uma taxa de falha para cada um dos componentes que compõem o sistema
técnico em análise. Para esse tipo de modelo, no momento em que ocorre
a falha, o sistema fica fora de operação, período em que são realizadas as
manutenções.
Na análise de confiabilidade dinâmica a condição do sistema não fica
definida somente por “falha” e “não-falha”, ou seja, o sistema ainda pode
trabalhar em uma condição de “falha parcial” antes de chegar à “falha total”.
Basicamente, quando se tem uma falha parcial e esta é detectada, ocorre a
ação de um controlador para restabelecer o sistema para sua condição normal
de operação. Ou seja, dado que se identificou uma condição fora do normal,
é disparado um comando para que outros componentes entrem ou saiam de
operação. Os sistemas que possuem falhas em seus componentes e, ainda
assim, desempenham sua função são conhecidos como “sistemas tolerantes a
falhas”. No trabalho de Domínguez-García et al. (2008) o autor apresenta uma
metodologia para trabalhar de forma integrada a confiabilidade e a análise
de desempenho de sistemas tolerantes a falhas. Para isso, na modelagem do
comportamento dinâmico são consideradas as informações como sobressinal
(overshoot), tempo de acomodação (settling time), entre outros parâmetros,
junto com as cadeias de Markov, que representam as diferentes configurações
do sistema.
Paralelamente às mudanças de configuração do sistemas tolerantes a
falhas, pode-se, além disso, incluir a execução da manutenção “a quente”1
dos componentes em falha. Desta forma, mesmo que as taxas de falha dos
componentes permaneçam constantes, a confiabilidade do sistema pode mudar,
bastando que se tenha sensores para identificar os componentes em falha,
controlador para disparar a ação e a possibilidade de executar a manutenção
do sistema durante a operação. Tais ações podem influenciar diretamente no
aumento da confiabilidade do sistema, visto que haveria menos componentes
em falha.
No artigo publicado por Wang et al. (2012), a análise confiabilidade
de dinâmica é realizada em sistemas eletrônicos com o objetivo de capturar o
processo de envelhecimento de hardware. Para isso é feito um monitoramento
com sensores que indicam o processo de degradação do equipamento, obtendo
o valor da confiabilidade atual do sistema. Com esses dados torna-se possível
1 Manutenção
a quente é o serviço de manutenção com o sistema em operação.
39
tomar medidas para prolongar a vida e prevenir falhas do equipamento.
A análise dinâmica tem um custo maior porque exige um maior monitoramento do sistema, um esforço computacional maior, maior conhecimento
sobre o sistema, entre outros fatores. Por causa desse trabalho mais exigente,
as aplicações são destinadas a sistemas complexos com grande potencial
catastrófico como nas áreas nuclear, aviação, petroquímica, entre outras.
No entanto, esse cenário restrito vem mudando, sendo um dos fatores
que contribuem para o uso da confiabilidade dinâmica é a evolução na capacidade de processamento dos computadores. Segundo Manno et al. (2012)
essa melhoria no esforço computacional tem incentivado o uso de modelagens
com métodos numéricos para resolução dos problemas, pois são mais simples
e flexíveis em comparação com as soluções analíticas. Manno et al. (2012)
utiliza o método de Monte Carlo combinado com a análise por árvore de falhas
(FTA) para resolver problemas de análise de confiabilidade dinâmica, sendo
a plataforma de desenvolvimento o Simulink – ambiente de simulação com
diagramas de blocos do software Matlab.
A confiabilidade dinâmica está fortemente ligada à metodologia PRA
(Avaliação Probabilística de Risco), onde além da falha do sistema técnico,
existe a preocupação com as consequências da falha sobre o meio ambiente,
população, imagem da empresa, continuidade operacional, entre outros aspectos. Todas essas variáveis fazem com que o número de cenários possíveis
atinjam um grande volume de possibilidades, o que torna as formas tradicionais de análise difíceis de serem aplicadas. De acordo com Hu (2005), a
quantidade crescente de subsistemas e componentes constituintes, combinada
com a complexidade da interação entre hardware, software e ações humanas,
faz com que seja difícil obter os cenários de risco com os métodos tradicionais
de PRA, ou seja, deve-se então fazer uso de metodologias que levem em
consideração os aspectos dinâmicos do sistemas de forma evidente onde se
vê o comportamento dinâmico das variáveis, a mudança de configuração do
sistema, entre outras características.
Com a análise de alguns incidentes ocorridos no passado, verifica-se
que a modelagem de confiabilidade estática não é suficiente para representar
os cenários de falhas e modelar adequadamente os sistemas. Geralmente,
os incidentes ocorrem devido a uma combinação de vários eventos. Desta
forma, a ordem e o tempo com que ocorrem os eventos, bem como a interação
humana são fatores fundamentais na modelagem da propagação das falhas.
Com isso, percebe-se a necessidade de analisar as falhas considerando tais
fatores para uma melhor representação do cenário de falhas. O uso da análise
de confiabilidade dinâmica irá facilitar a proposição de barreiras na busca
de impedir que falhas catastróficas ocorram ou propor ações alternativas que
atenuem os efeitos das falhas.
40
Verifica-se que essa forma de análise traz vários benefícios, no entanto,
a divulgação da técnica foi limitada pela complexidade dos sistemas envolvidos (como sistemas eletrônicos, mecânicos, software, fatores ambientais
e humanos) e também pela falta de aplicativos para auxiliar no desenvolvimento da análise. Em face disso, a confiabilidade dinâmica no Brasil ainda
é pouco conhecida, inclusive no meio acadêmico. Alguns trabalhos estão
relacionados com o arcabouço teórico da confiabilidade dinâmica, todavia
não são explicitamente tratados como tal. Neste contexto, encontram-se as
pesquisas relacionadas com a análise de confiabilidade humana (HRA) (MENEZES; DROGUETT, 2007; MATURANA, 2011), sistemas tolerante a falhas (MOURA,
2006; DOMÍNGUEZ-GARCÍA et al., 2008) e análise probabilística do risco com
atualização dinâmica das probabilidades (RODRIGUEZ, 2012) – o dinamismo
está presente nas ações humanas, ou nas configurações do sistema ou nas
atualização das informações do modelo.
Internacionalmente, os primeiros trabalhos sobre confiabilidade dinâmica foram publicados na década de 1980 com os trabalhos de Ladde e Siljak
(1981) e Tanaka et al. (1989). A partir da década de 1990 houve um salto
no número de publicações, destacando-se os trabalhos de: Siu (1994), Xue
e Yang (1995), Devooght (1997), Marseguerra et al. (1998), Swaminathan e
Smidts (1999c), Labeau et al. (2000), Distefano e Xing (2006), Codetta-Raiteri
e Bobbio (2006) e Chiacchio et al. (2012).
Entre as técnicas mais utilizadas para a modelagem das falhas nos
sistemas destacam-se a DFTA (Análise por árvore de falhas dinâmica), DETA
(Análise por árvore de eventos dinâmica) e DRBD (Diagrama de blocos para
confiabilidade dinâmica), que são baseadas nas técnicas tradicionais: FTA
(Análise por árvore de falhas), ETA (Análise por árvore de eventos) e RBD
(Diagrama de blocos para confiabilidade). A principal diferença entre as
técnicas tradicionais e as dinâmicas é a implementação de elementos adicionais
que consideram ordem cronológica e o tempo de ocorrência dos eventos. Além
dessas técnicas, vale ainda citar a análise de Monte Carlo, Redes de Petri, ESD
(Diagrama sequencial de eventos) e Go-flow.
Assim, a proposta deste trabalho é apresentar uma metodologia para
análise de confiabilidade dinâmica e discutir os conceitos dessa nova abordagem, bem como as técnicas que podem ser utilizadas para a modelagem dos
sistemas. Pretende-se com a metodologia proposta contemplar duas características dinâmicas: comportamento dinâmico causado pelas falhas e a atualização
do modelo do sistema técnico ao longo do tempo.
41
1.1 JUSTIFICATIVA
Embora os estudos relacionados com a análise de confiabilidade dinâmica tenham iniciado há mais de 20 anos, o conhecimento sobre o assunto
ainda não atingiu maturidade suficiente, ou seja, grande parte de sua utilização
está no meio acadêmico e fora deste ambiente ainda é bastante restrita.
No Brasil o conhecimento sobre o assunto é mais restrito, pois até
o presente momento foram encontradas poucas publicações que abordam o
assunto.
Desta forma, existe a necessidade de obter informações como:
• Quando e como começa a análise?
• Quais as etapas de desenvolvimento?
• Quais as informações que devem ser coletadas para o desenvolvimento
da análise?
• Como os resultados são apresentados e utilizados?
Assim, em vista das questões apresentadas acima, a relevância deste
trabalho é ter uma metodologia para auxiliar no desenvolvimento sistematizado
da análise de confiabilidade dinâmica de sistemas.
Visto que as análises são realizadas para sistemas com potencial catastrófico como usinas nucleares, aeronaves, navios de grande porte, que são
sistemas complexos, reforça-se a necessidade de se ter uma metodologia para
auxiliar o desenvolvimento da análise. Desta forma, mediante a essa dificuldade, busca-se sistematizar o processo de análise e assim reduzir a chances
de cometer erros, já que as análises de confiabilidade são muito dependentes
dos especialistas. Além disso, deseja-se disseminar o conhecimento para que
outros trabalhos possam dar continuidade a essa nova linha pesquisa.
Particularmente, uma das linhas de pesquisas desenvolvidas no NeDIP
(Núcleo de Desenvolvimento Integrado de Produtos) e LASHIP (Laboratório
de Sistemas Hidráulicos e Pneumáticos) são voltadas para o desenvolvimento
de metodologias de projeto de sistemas. Nos últimos dez anos, nos laboratórios
citados têm surgido trabalhos relacionados com confiabilidade e mantenabilidade, como:
• Alves (2001) desenvolveu um sistema especialista para diagnóstico de
falhas em um sistema de governo de navio, visando o planejamento da
manutenção das embarcações.
• Vinadé (2003) desenvolveu um sistema especialista para sistematizar o
projeto para confiabilidade e mantenabilidade aplicado à reguladores de
velocidade de usinas hidrelétricas.
42
• Calil (2009) propôs uma metodologia para gerenciamento de risco com
foco na segurança e na continuidade, sendo utilizada várias técnicas de
análise de falhas2 de forma integrada a fim de capturar melhor os cenários de falhas e assim, propor barreiras e procedimentos mais eficazes.
• Porciúncula (2009) desenvolveu uma metodologia para cálculo da confiabilidade que leva em consideração o regime de trabalho diferenciado
dos componentes do sistema, obtendo dessa forma um valor de confiabilidade mais próximo da realidade. O objetivo é, com essa informação,
definir uma mantenabilidade diferenciada para cada campo de aplicação
do sistema hidráulico. Isso permite programar a produção e também a
gestão da manutenção, na fase de projeto, pelo fabricante do sistema
hidráulico.
• Sanabria (2012) desenvolveu uma metodologia para análise de confiabilidade em robôs, cujo objetivo é garantir a confiabilidade estabelecida
nas fases inicias de projeto.
Além do mais, nos laboratórios ora mencionados procura-se desenvolver códigos computacionais que permitam aplicar as teorias desenvolvidas.
Também observa-se a integração de várias técnicas, explorando-se adequadamente as vantagens de cada uma. No entanto, apesar dos avanços ora
mencionados, a análise de confiabilidade tem sido realizada de forma puramente estática.
Para contribuir com a linha de pesquisa em confiabilidade e mantenabilidade, desenvolveu-se a simulação das falhas nos modelos com base no método
de Monte Carlo e nos processos semi-Markovianos. O método de Monte Carlo
é utilizado em simulações estocásticas e não necessita de uma interface gráfica
para o seu desenvolvimento, como DFTA ou DRBD. Já os processos semiMarkovianos serão usados para modelar estados dos componentes – mudanças
da condição normal para falha e vice-versa. A implementação numérica será
no software Matlab, que é ferramenta bastante conhecida no meio acadêmico.
Espera-se com o uso destas técnicas e ferramentas divulgar e facilitar o uso da
metodologia.
2 FMECA,
FTA, ETA, ESD e CNEA.
43
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo geral
Neste trabalho objetiva-se propor uma metodologia para análise de
confiabilidade dinâmica, contemplando o comportamento dinâmico de falhas
e atualização do modelo de análise ao longo do tempo.
1.2.2 Objetivos específicos
Para o cumprimento do objetivo geral deste trabalho, têm-se os seguintes objetivos específicos:
• Estruturar uma metodologia que permita o desenvolvimento da análise
de confiabilidade dinâmica para identificar: início da análise, etapas de
análise, informações requeridas e resultados.
• Sistematizar o uso das técnicas para análise da confiabilidade dinâmica.
• Sistematizar uma ferramenta computacional para auxiliar na implementação do modelo de análise.
• Avaliar a metodologia para um problema clássico de confiabilidade dinâmica e comparar o resultado com as análises de outros pesquisadores.
1.2.3 Resultados esperados
Deseja-se com o uso da metodologia facilitar a análise de confiabilidade
dinâmica de sistemas, obter modelos de confiabilidade mais próximos da
realidade e atualizados. Além disso, as informações geradas pela análise serão
utilizadas para visualizar os cenários de falhas mais críticos, para os quais
devem ser propostas ações – de manutenção ou barreiras – para impedir ou
mitigar as consequências das falhas.
1.3 DEFINIÇÕES E CONCEITOS PRELIMINARES
Inicialmente apresenta-se alguns conceitos preliminares fundamentais
para a compreensão do texto da tese.
44
1.3.1 Definição de confiabilidade dinâmica
Confiabilidade dinâmica é uma análise de confiabilidade aplicada em
sistemas cuja modelagem comportamental tem características dinâmicas,
onde ocorrem mudanças ao longo do tempo na configuração do sistema,
nas variáveis de estado do sistema ou em alguma característica3 de seus
componentes, que em função das mudanças observadas, ações são tomadas
ao longo do tempo a fim de impedir a falha do sistema técnico.
Portanto, destaca-se que não basta que o modelo comportamental do
sistema técnico tenha características dinâmicas, também é necessário que
se tenha tempo para a tomada de ações, que podem ser humanas ou via
hardware/software. Assim, nos sistemas que possuem um comportamento
muito rápido, em que não há tempo hábil para agir, só é possível utilizar a
análise de confiabilidade estática.
1.3.2 Os modelos para a análise de confiabilidade estática e dinâmica
Os itens a seguir apresentam as principais diferenças entre os modelos
para a análise de confiabilidade estática e dinâmica:
• Quanto ao modelo comportamental
Geralmente, um diagrama de blocos para a análise de confiabilidade
estática é suficiente para a análise. Na análise de confiabilidade dinâmica
é preciso ter modelos que descrevam o comportamento dinâmico das
variáveis de estado do sistema, cujos valores definem o estado do sistema.
Assim, muitas vezes, a variável de estado do sistema será denominada
no texto de variável de controle, pois seu valor caracteriza o estado do
sistema.
• Quanto aos estados do sistema técnico
O número de estados do sistema técnico para análise de confiabilidade
dinâmica é maior do que para análise de confiabilidade estática. A
Figura 1.1 apresenta os possíveis estados para uma análise de confiabilidade estática e dinâmica.
Geralmente, para a análise de confiabilidade estática a falha do sistema
técnico é caracterizada como o não cumprimento da função. Desta
forma, os estados do sistema ficam resumidos em operação e falha.
3 Por
exemplo: taxas de falha, taxas de reparo, função densidade de falha.
45
Figura 1.1 – Estados do sistema técnico
Confiabilidade estática
Confiabilidade dinâmica
λ
λ
Operação
Operação
Falha
Emergência
μ
μ
Falha 1
λ
λ
Falha 2
Já na análise de confiabilidade dinâmica, a falha pode ter mais de um
estado. Como é feito um acompanhamento das variáveis de estado do
sistema, os valores observados podem ultrapassar um limite superior,
caracterizando um tipo de falha, ou um limite inferior, segundo tipo
de falha do sistema técnico. Na Figura 1.1 estão apresentados apenas
Falha 1 e Falha 2. No entanto, poderiam ter outras falhas, quando
se utiliza para controle do sistema, um número maior de variáveis de
estado.
O estado de emergência é uma condição em que o sistema está fora
do estado normal de operação, mas também não está em falha. No
estado de emergência, o sistema ainda pode voltar para a condição
normal, que é uma condição desejada, ou passar para o estado de falha.
Estas transições dependem das políticas de manutenção do sistema,
dos sistemas de controle de falha, entre outros fatores. O estado de
emergência é uma condição do sistema que exige uma ação (humana ou
não) para impedir que o sistema alcance o estado de falha.
Os textos apresentados nesta introdução tem por objetivo esclarecer um
pouco sobre a análise de confiabilidade dinâmica. No Capítulo 2 a análise de
confiabilidade dinâmica é abordada com um maior detalhamento.
1.4 ESTRUTURA DO DOCUMENTO
Este documento está dividido em sete capítulos, conforme apresentados
a seguir.
No Capítulo 2 é tratada a análise de confiabilidade dinâmica especifica-
46
mente.
No Capítulo 3 faz-se uma apresentação sucinta das técnicas mais conhecidas para a análise de confiabilidade dinâmica.
O Capítulo 4 traz a metodologia proposta para a análise de confiabilidade dinâmica.
No Capítulo 5 é apresentado um estudo aplicado a um problema clássico proposto especificamente para os estudos em análise de confiabilidade
dinâmica, que é um sistema dinâmico para controle de nível de fluido em
um reservatório. Os resultados obtidos são comparados com a metodologia com redes de petri estocásticas generalizadas e fluidas, GSPN e FSPN
respectivamente.
No Capítulo 6 é apresentado um estudo aplicado em um sistema hidráulico de governo do leme em um navio petroleiro.
No Capítulo 7 são apresentadas as conclusões e propostas para trabalhos
futuros.
No Apêndice A são apresentadas as definições básicas relacionadas
com a teoria de confiabilidade em sistemas e análise de risco.
O Apêndice B apresenta os valores utilizados para gerar os gráficos das
funções distribuição de probabilidade de falhas para o problema do Capítulo 5.
Nesta análise foi considerado que os componentes não são reparáveis, ou seja,
enquanto o sistema está em operação, não são realizadas manutenções.
Diante disso, houve a curiosidade de se analisar o problema do reservatório, Capítulo 5, considerando a existência de manutenção dos componentes durante a operação. Esta análise foi realizada no Apêndice C, em
que verificou-se a influência da sequência de manutenção dos componentes
sobre a probabilidade de falha do sistema. Posteriormente, foi realizado no
Apêndice D uma análise de confiabilidade estática para o mesmo problema.
No Apêndice E são apresentadas, de maneira sucinta, algumas técnicas utilizadas atualmente para análise de confiabilidade dinâmica. Desta
forma, para a obtenção de maiores detalhes deve-se consultar as bibliografias
específicas referenciadas no texto.
47
2 CONFIABILIDADE DINÂMICA
A presente seção apresenta as diferentes abordagens para análise de
confiabilidade dinâmica, área de aplicação, limitações e estrutura de análise.
2.1 DIFERENTES ABORDAGENS PARA ANÁLISE DE CONFIABILIDADE DINÂMICA
Um dos primeiros trabalhos em que se encontrou o termo confiabilidade
dinâmica foi no livro escrito por Siljak (1978), e o autor refere-se ao termo
“confiabilidade dinâmica” como sendo a confiabilidade aplicada a sistemas
dinâmicos.
A definição apresentada por Devooght (1997) é bem próxima de Siljak (1978): “confiabilidade dinâmica é o termo utilizado para a teoria de
confiabilidade relacionada com sistemas dinâmicos”.
As definições de Siljak (1978) e Devooght (1997) associam a análise
de confiabilidade à aplicação, que é em sistemas dinâmicos. No entanto, uma
análise em um sistema dinâmico ainda pode ser uma análise de confiabilidade
estática e não dinâmica.
A visão de sistema dinâmico na qual os autores se referem é que, nas
análises, são levadas em consideração alguns dos itens a seguir:
• variação do comportamento dinâmico das variáveis de saída, ou
• mudanças no arranjo dos seus componentes (configuração do sistema),
alterando o estado dos componentes, ou
• variação de alguma característica como, por exemplo, a taxa de falhas
ou de reparo dos componentes ao longo do tempo.
Desta forma, não basta somente que o sistema seja dinâmico, faz-se
necessário acompanhar alguma mudança no sistema ao longo do tempo.
Caso não sejam levadas em consideração tais mudanças, ou não seja possível
tomar ações diante das mudanças, a análise de confiabilidade do sistema
dinâmico será estática.
No Apêndice A é apresentado a definição de sistema, sendo discutido
as diferenças entre um sistema estático e dinâmico. O que se deseja destacar
é que mesmo que o sistema seja dinâmico, a análise de confiabilidade ainda
pode ser estática ou dinâmica. Para executar uma análise de confiabilidade
dinâmica, proposta nesta tese, deve-se acompanhar as mudanças que ocorrem
48
no sistema e tomar ações com o objetivo de controlar a progressão da falha e
restaurar o sistema para a condição de operação normal.
Por meio da revisão bibliográfica, foi possível constatar que existem
outras abordagens para a análise de confiabilidade dinâmica:
• Avaliação ao longo do tempo: São feitas avaliações ao longo do tempo,
com isso, atualiza-se o modelo confiabilístico com informações de
campo ou experimentos, permitindo identificar mudanças nos valores
das taxas de falha dos produtos.
As melhorias nos processos de produção, qualidade dos materiais, mão
de obra, tecnologia, entre outros fatores, reduzem os valores das taxas
de falha, que podem ser percebidas durante as reavaliações da confiabilidade (COLLAS, 1991).
Basicamente, nessa abordagem a avaliação da confiabilidade é dinâmica,
visto que ao longo do ciclo de vida do produto, são feitas várias análises dos parâmetros. Neste grupo encontram-se trabalhos com o tema
“confiabilidade crescente” (growing reliability).
Todavia poderia ser incluído aqui, não somente as análises que identificam a “confiabilidade crescente” dos produtos, mas também aquelas
que levam em consideração o aumento da taxa de falhas com o tempo, o
que resultaria em uma “confiabilidade decrescente”. Assim, neste caso,
estaria associado um processo de degradação do produto, causando um
aumento em sua taxa de falhas.
Portanto, tornando essa abordagem mais ampla, pode-se considerar
como uma avaliação ao longo do tempo. Consequentemente, são identificadas mudanças na taxa de falha, aumento ou redução, e em função
de tais mudanças são realizadas ações como: alterações de projeto, dos
processos de fabricação, operação ou manutenção.
• Avaliação que leva em consideração fatores humanos e ambientais:
A análise de confiabilidade estática tem o foco sobre o equipamento.
Por outro lado, na análise de confiabilidade dinâmica os fatores externos
são levados em consideração, onde após a falha do equipamento é
feita uma análise das consequências. Nesse contexto estão os estudos
relacionados com avaliação de risco, que é uma das linhas de pesquisa de
Swaminathan e Smidts (1999c), onde os autores definem confiabilidade
dinâmica como sendo “o estudo probabilístico dos sistemas homemmáquina-software afetados por um processo físico subjacente”.
Segundo Marseguerra et al. (1998) e Devooght e Smidts (1996) a confiabilidade dinâmica visa complementar as metodologias clássicas da
avaliação probabilística do risco (Probabilistic Risk Assessment – PRA)
49
quando o comportamento dinâmico do sistema precisa ser levado em
consideração.
A abordagem que será adotada neste trabalho segue próxima das duas
abordagens apresentadas.
2.2 COMPORTAMENTO DINÂMICO DOS SISTEMAS
Segundo Devooght e Smidts (1996), o comportamento dinâmico de um
sistema pode ser descrito por um conjunto de equações de primeira ordem
como:
dy
= fi (y,t)
dt
(2.1)
A variável y representa as variáveis de estado que descrevem o comportamento do sistema, o índice i de fi (y,t) varia de i = 1 até i = M N , sendo M o
número de estados dos N componentes do sistema1 .
No Apêndice A, Figura A.10, é ilustrado os possíveis estados de um
componente e as transições que ocorrem de um estado para outro. Cada círculo representa um estado e cada seta uma transição. Assim, para aquele
componente da Figura A.10 estão apresentados seis estados e quatorze transições. Dependendo do problema que está sendo analisado e do componente, o
número de estados e transições podem ser diferentes.
Desta forma, supondo que um sistema possua apenas 4 componentes, cada um podendo estar em 6 estados, resulta que o sistema pode ter
uma combinação 1296 de estados de componentes. O comportamento dinâmico do sistema, descrito pela Equação 2.1, é influenciado pelos estados dos
componentes do sistema. Isso não significa que a falha de um componente
necessariamente irá afetar diretamente a dinâmica do sistema. Uma falha
oculta em um componente, por exemplo, só irá prejudicar o sistema quando
o sistema demandar uma mudança de estado. Por exemplo, se o componente
estiver ligado e o mesmo travar na posição ligado, não terá problema enquanto
não surgir um comando para desligar.
O comportamento dinâmico da variável y é monitorado nos estudos de
PSA, onde é investigado em que condições a variável ultrapassa determinados
limites de segurança, e quando possível, quantificar a probabilidade dessa
transição ocorrer.
1 O número de configurações do sistema, is, calculado em função de M e N, tem como hipótese
que todos os componentes possuem os mesmos estados.
50
Segundo Devooght e Smidts (1996), o histórico de transientes do sistema é uma sucessão de estados (y1 , i1 ,t1 ), (y2 , i2 ,t2 ) ... (yk , ik ,tk ) ... onde a
transição no tempo tk o sistema está no estado (yk , ik ). A transição ik → ik+1 ,
que representa a mudança de estados de um componente, ocorre de forma
instantânea. Essa consideração geralmente é adequada, no entanto, se for
necessário considerar por exemplo um processo de degradação progressivo,
pode-se adicionar estados intermediários.
Graficamente, pode-se representar o comportamento dinâmico de um
sistema conforme a Figura 2.1. O estado i1 corresponde ao intervalo 0 ≤ t < t1 ,
o estado i2 ao intervalo t1 ≤ t < t2 e assim por diante. Ou seja, a mudança
entre os estados, is, é instantânea, mas o comportamento da variável y pode
ser gradual, dependendo do sistema – neste exemplo, o comportamento da
variável y muda linearmente ao longo do tempo.
Figura 2.1 – Representação do comportamento dinâmico em função dos estados dos componentes (i1 , i2 , ...) e do tempo t
y(t)
y4
y2, y3
y1
i1
i3
i2
i4
i5
0
0
t1
t2
t3
t4
t
A maneira como Devooght e Smidts (1996) representa os estados do
sistema, em função de (y, i, t), pode gerar uma quantidade muito grande
de estados, dificultando a análise. Nesta tese, os estados do sistema serão
tratados sob uma visão mais externa, consequentemente, o número de estados
do sistema será menor, facilitando a análise do problema. Basicamente, nesta
tese o estado do sistema fica definido em função da variável de estado y e do
tempo t, reduzindo os estados do sistema em “condição normal” de operação,
“condição de emergência” e “condição de falha” do sistema.
As mudanças dos estados dos componentes (i1 , i2 , ...) podem ser
causadas por (DEVOOGHT; SMIDTS, 1996):
51
• falha ou mal funcionamento de componentes
• dispositivos de controle que agem sob influência de y
• intervenção humana
De acordo com Devooght e Smidts (1996) alguns processos na análise
dinâmica podem ser tratados pela modelagem Markoviana. Os autores citam
como exemplo os processos de envelhecimento, mas salientam que nem todos
os processos podem ser tratados dessa forma. Assim, muitas vezes é utilizada
a modelagem semi-Markoviana, que é mais genérica e portanto mais flexível.
No Apêndice A é apresentada a Equação A.16, que representa o conceito de um processo Markoviano. De acordo com a equação, a probabilidade
condicional do sistema no tempo tn , depende apenas do valor x no tempo
tn−1 . Os valores de x para os tempos anteriores, tn−2 em diante, não importam
porque não tem influência para o tempo tn . Assim, a futura evolução do sistema depende apenas do valor atual de (y, i,t), sem considerar os valores do
passado. A Equação A.16 vale tanto para os processos Markovianos, como
semi-Markovianos.
Ouhbi e Limnios (2003) e Devooght e Smidts (1996) destacam que
pelo fato dos modelos Markovianos exigirem que a transição entre os estados
seja distribuída exponencialmente, torna-se uma limitação para muitos casos
reais, sendo recomendado desta forma, a modelagem com modelos semi
Markovianos.
As probabilidades de transição P( j → i|y) são condicionalmente dependentes, em geral, a alguns valores da variável de estado y. Assim, dependendo
do valor de y o sistema pode mudar de estado, ligando/desligando componentes
para trazer o sistema para uma condição mais segura.
2.3 COMPORTAMENTO DETERMINÍSTICO E ESTOCÁSTICO
Marseguerra et al. (1998) apresenta uma breve descrição de como abordar o comportamento determinístico e o estocástico em conjunto. Segundo os
autores, para prever os estados futuros, a análise deve iniciar com a evolução
determinística da configuração inicial do sistema. Posteriormente, considera-se
a ocorrência de um evento estocástico (evento inicial) e verifica-se o comportamento determinístico com essa nova configuração de cenário. Em um
sistema dinâmico, esse comportamento pode ocorrer repetidamente ao longo
da duração do incidente.
Formalmente, o problema pode ser estruturado em termos da dinâmica
probabilística (MARSEGUERRA et al., 1998 apud DEVOOGHT; SMIDTS, 1992) que
52
dá subsídios para o relacionamento entre a evolução dinâmica de um sistema
e a transição entre seus estados. As características dinâmicas da evolução da
planta podem ser levadas em consideração por meio da introdução de modelos
físicos adequados, em geral, cada um correspondendo a uma configuração
particular do sistema.
O comportamento estocástico está associado aos acontecimentos como:
tempo que ocorrerá a falha, tipo de falha (aberta ou fechada) e – se for considerada ações de manutenção no modelo – o tempo de reparo de componentes
em falha. Já o comportamento determinístico está associado à evolução, ou
variação, da variável de controle do sistema ao longo do tempo que é dirigida por uma equação que relaciona a contribuição de cada componente no
comportamento desta variável.
2.4 ÁREA DE APLICAÇÃO
A confiabilidade dinâmica tem sido utilizada principalmente na PRA2
e
para analisar os riscos e a segurança em áreas como: usinas nucleares,
indústrias químicas, indústria aeroespacial, entre outras. Foi observado que
somente com uso das técnicas tradicionais de árvore de eventos/falhas estáticas não era possível modelar o comportamento dinâmico dos processos e a
interação humana.
PSA3
O contexto industrial e científico sob os quais tais estudos aparecem está claramente o campo do PRA e PSA,
usados por exemplo nos estudos de segurança do reator
nuclear, cuja espinha dorsal é a metodologia árvore de
eventos/falhas (DEVOOGHT, 1997, p.215).
Alguns acidentes no passado reforçam a necessidade de utilização da
abordagem dinâmica. Marseguerra et al. (1998) relata que muitos acidentes
ocorreram porque não se previu a forte interação entre a evolução das variáveis
do processo, a ação de intervenção dos sistemas de proteção (ou controle) e as
ações dos operadores para recuperação do sistema.
Por exemplo, o acidente nuclear de Three Mile Island em 1979. Após
a falha de uma bomba do circuito de resfriamento, houve aumento da temperatura e da pressão dentro do reator. Ao atingir o limite de pressão, ocorreu a
abertura da válvula de alívio, no entanto, esta continuou aberta mesmo depois
da pressão ter voltado ao normal, pois ficou emperrada. Os operadores não
sabiam que a válvula permanecia aberta, visto que o sistema havia mandado
sinal para fechá-la, mas não informava o seu estado real. Essa falha e mais
2 Probabilistic
3 Probabilistic
risk analysis.
safety analysis.
53
alguns erros humanos na operação, fizeram com que o acidente se desenvolvesse de uma forma totalmente inesperada. Durante um acidente, um papel
importante é representado pelos operadores humanos que são chamados para
intervir e recuperar os sistemas. O sucesso ou falha das ações dos operadores
são fortemente dependentes dos valores que as variáveis do processo assumem, pois eles são influenciados pelo nível de tensão que estão trabalhando
(MARSEGUERRA et al., 1998).
Na análise feita, eram conhecidas as taxas de falha de cada um dos
componentes, possivelmente sendo também consideradas as condições de
falhas abertas e fechadas. Contudo, não se tinha por certo todos os cenários
para as distintas condições. Além do mais, todo nível de taxa de falha foi
contextualizado dentro de um nível de confiança. Ou seja, aquele cenário
levantado pode não se efetivar. Então para se construir mais cenários, é preciso
dispor de instrumentos eficientes para simulação das condições operacionais
ao longo do ciclo de vida.
De acordo com Marseguerra et al. (1998), a análise da situação apresentada no exemplo deve ser executada por meio de modelos preditivos que
levem em consideração a ocorrência de eventos de transição de vários tipos no
equipamento. A predição de estados futuros do sistema exige que se inicie a
análise seguindo a evolução determinística da configuração inicial do sistema.
Depois disso, considera-se a ocorrência de um evento inicializador no equipamento – estocástico e repentino – e após essa entrada, prossegue-se com a
análise dando continuidade a evolução determinística do sistema para a nova
configuração do cenário. Em um sistema dinâmico, tal esquema pode ocorrer
repetidamente ao longo da duração do acidente.
A geração de cenários de forma manual para um sistema dinâmico
pode se tornar muito trabalhosa, tendo em vista a quantidade de combinações
de eventos que podem ocorrer. Os cenários dos eventos dependem da ordem
cronológica com que ocorrem as falhas, comportamento dinâmico da variável
de controle (que muda em função das falhas), tempo e política de manutenção
(se for considerada manutenção no modelo), tempo entre as falhas, entre outros
fatores.
Desta forma, faz se necessário que se tenha uma ferramenta computacional para gerar cenários automaticamente, para que um analista possa
visualizar e identificar possíveis falhas nos sistemas de proteção. Como exemplo pode-se citar o trabalho de Nejad-Hosseinian (2007) que apresenta uma
metodologia para gerar cenários automaticamente com base nos diagramas
sequenciais de eventos (ESD).
O artigo de Swaminathan e Smidts (1999a) segue a mesma linha de
trabalho de Nejad-Hosseinian (2007), mostrando que algumas vezes alguns
cenários importantes podem passar despercebidos. Desta forma os autores
54
apresentam uma metodologia para identificar cenários que faltaram no modelo,
mas que deveriam ser considerados.
Com relação ao gerenciamento de riscos e segurança em sistemas,
Guimarães (2003) apresenta um procedimento de análise de segurança, que
utiliza como informações preliminares:
(a) conjunto de cenários de incidentes identificados pela Análise Preliminar
de Risco; e
(b) probabilidade de ocorrência de eventos inicializadores destes cenários.
Desta forma, pode-se – como a Análise Preliminar de Risco – utilizar a
análise de confiabilidade dinâmica como etapa preliminar para fornecer, por
meio das simulações comportamentais dos sistemas técnicos, os cenários de
incidentes para a análise de segurança. Além disso, a análise de confiabilidade
dinâmica permite avaliar as “barreiras de segurança” da etapa 2 (Segurança
implantada) e as “ações de contenção” do evento indesejado na etapa 3(Salvaguarda), contidas nos Procedimentos de Análise de Segurança. No Capítulo 4 a
relação entre o procedimento de análise de segurança e confiabilidade dinâmica
serão tratados com maiores detalhes.
A análise de confiabilidade humana (ACH) também é uma área relacionada com a confiabilidade dinâmica, visto que as reações humanas são
dinâmicas e interferem na performance do sistema. Neste contexto, destacamse trabalhos como:
• Pallerosi et al. (2011) apresenta os conceitos básicos, metodologias qualitativas e quantitativas, aborda aspectos relacionados com a psicologia,
administração e engenharia;
• Souza et al. (2010) realiza uma profunda revisão bibliográfica onde é
apresentada a evolução das metodologias neste tipo de análise, quantidade de publicações ao longo dos anos e sua importância;
• A análise de confiabilidade humana é realizada com o uso de redes
bayesianas (MATURANA, 2011; MENEZES; DROGUETT, 2007; DROGUETT;
MOSLEH, 2006);
• Moré (2004) realiza análise de confiabilidade humana com uso de lógica
fuzzy; e
• Begosso (2005) propõe um simulador do comportamento humano, com
o objetivo de produzir de forma aleatória estados de erro humano.
55
2.5 ESTRUTURA GERAL DE UMA ANÁLISE DE CONFIABILIDADE
DINÂMICA
Labeau et al. (2000) propõe uma estrutura, Figura 2.2, para a análise de
confiabilidade dinâmica formada por três módulos: Entrada (Representação
esquemática), máquina computacional e saída.
Figura 2.2 – Estrutura geral de uma plataforma para confiabilidade dinâmica
Entrada
Representação
esquemática
Gráficos de transição
de estados, redes de
Petri estocásticas,
ESDs, Go-flow,
“Smart”' components
Saída:
Máquina
computacional
Processos
dinâmicos
Equipamento
Componentes
humanos e
software
Distribuições no
tempo.
Processos.
Distribuições.
Importância.
Quase acidentes.
Fonte: Labeau et al. (2000, p.221, tradução nossa)
Na entrada estão as representações esquemáticas, técnicas que relacionam os estados dos componentes dos sistemas em forma de diagramas. Elas
permitem visualizar e estruturar o problema a ser resolvido. São exemplos
dessas técnicas: diagramas de estados, redes de Petri, Go-flow, diagramas de
eventos, etc.
Na máquina computacional estão os métodos utilizados para a solução
do problema e nela são realizadas as simulações do sistema, agindo como um
condutor para os modelos físicos, humano e software. A máquina computacional pode ser desde um elaborado método de integração para função densidade
de probabilidade, para uma dada distribuição de probabilidade do sistema, até
algoritmos de simulação (LABEAU et al., 2000).
A saída são os resultados utilizados pelo analista. De acordo com
Labeau et al. (2000) podem ser:
• Frequência total de acidentes em função do tempo.
• Frequência do estado final4 em função do tempo.
• Frequência média dos grupos de corte (Cut set) para um dado intervalo
de tempo.
4 Estado
final são modos de falha particulares do sistema.
56
• Frequência de cenários de acidentes discretizados em função do tempo.
Collas (1991) apresentou uma análise de confiabilidade para componentes eletrônicos realizada na Bull S.A.5 , na qual identificou um comportamento
crescente da confiabilidade ao longo do ciclo de vida do produto. Esse processo foi visto como um tipo de confiabilidade dinâmica e foi atribuída à
evolução da organização, dos processos de produção, da assistência técnica
entre outros fatores. Vale salientar aqui que esta abordagem não será adotada
neste trabalho, mas está apresentada aqui para esclarecer ao leitor que existe
este outro ponto de vista, que considera análises do produto ao longo do tempo,
realimentando o modelo para aproximá-lo do produto real.
Segundo Collas (1991), as abordagens tradicionais para predição da
confiabilidade do produto são baseadas nos modelos de taxa de falha dos componentes, definidas apenas em termos dos parâmetros tecnológicos intrínsecos
do produto, desconsiderando assim a evolução desses parâmetros durante o
seu ciclo de vida – o que faz com que, com o passar dos anos, o modelo fique
obsoleto.
O modelo utilizado por Collas (1991) é apresentado na Figura 2.3. O
grupo de marketing define a “meta” de confiabilidade para o produto. Uma
vez definido esse valor, os modelos térmicos e funcionais de confiabilidade
são usados para calcular: as estimativas de taxas de falha, especificações de
engenharia e medidas derivadas como disponibilidade, demanda de manutenção e requerimentos de peças sobressalentes. Todos esses cálculos são
realizados iterativamente com realimentação de uma análise complementar
até um balanço satisfatório nas características do componente e sistemas ser
alcançado.
Figura 2.3 – Modelo para predição da confiabilidade
Meta
Predição,
estimativa da
confiabilidade
Especificações
de engenharia
Modelo:
Confiabilidade
térmica
Fonte: Collas (1991, p.302, tradução nossa)
5 http://www.bull.com/
Medidas
57
A taxa de falha intrínseca do componente foi determinada utilizando um
padrão interno da Bull, que leva em consideração: tecnologia, complexidade
do circuito integrado, temperatura da junção, ambiente e nível de qualidade. O
modelo adotado era mais simples do que outros padrões, exceto pela inclusão
de um novo parâmetro que representa a maturidade da tecnologia.
As comparações das taxas de falha estimadas com as observadas foram
realizadas para cada tipo de componente, de família e de tecnologia. Com
base nessas comparações, foram construídas curvas de ajuste para modificar os
parâmetros dos modelos de taxa de falha. Os fatores de ajuste, utilizados para
revisar as taxas de falha e a confiabilidade, foram baseados em observações
de amostras de clientes ao longo de intervalos de tempos variados, como
sucessivos meses ou semestres (COLLAS, 1991).
A partir do trabalho publicado por Collas (1991) percebe-se a necessidade de ajustar os modelos para cada aplicação e para isso é muito importante
a disponibilidade de dados colhidos de campo para realimentar o modelo, e
assim, fazer os ajustes para uma condição mais próxima da realidade.
2.6 CONSIDERAÇÕES DO CAPÍTULO
O presente capítulo apresentou os aspectos encontrados na análise de
confiabilidade ser dinâmica e as diferentes abordagens que podem ser feitas.
A presente seção apresentou diferentes abordagens de análise de confiabilidade dinâmica, que podem estar relacionadas com o comportamento das
variáveis de saída do sistema, mudanças na configuração do sistema, mudanças
dos parâmetros dos componentes, análise dinâmica – avaliações e reavaliações
ao longo do tempo – e atuação humana. O presente trabalho contempla as
mudanças na configuração do sistema e o comportamento das variáveis de
estado do sistema. As atuações humanas estarão representadas pelas taxas de
reparo do componentes, que estão associados com o tempo de manutenção
dos componentes.
O comportamento dinâmico está associado com o comportamento
determinístico e estocástico do sistema, que são ditados pelos estados dos
componentes do sistema. O comportamento estocástico estão relacionados
com as falhas e reparos dos componentes.
Neste trabalho, a função densidade de falha do sistema π(y, i,t) será
obtida por meio de simulação numérica, utilizando o método de Monte Carlo.
As aplicações da análise de confiabilidade dinâmica são muito utilizadas nos estudos de PSA e PRA. Embora não tenha sido relatada na seção, há
um grande potencial para aplicação na manutenção de sistemas onde, com
as informações geradas, auxiliam o mantenedor na tomada de decisões como
58
priorizar a manutenção de componentes, elaboração de procedimentos para
identificar as falhas ocultas dos componentes e estabelecimento de barreiras
para impedir a propagação de falhas.
O modelo apresentado por Collas (1991) é bem diferente do modelo
de Labeau et al. (2000). Embora ambos sejam consideradas análises de
confiabilidade dinâmica, os objetivos propostos são diferentes. O primeiro
busca obter atualizações constantes do modelo, a fim de obter valores dos
parâmetros mais adequados, que caracterizem com boa representação o sistema
real, ou seja, a avaliação é dinâmica, realizada de tempos em tempos. O modelo
de Labeau et al. (2000) é mais alinhado às propostas desta tese e consideram
os aspectos dinâmicos relacionados com a configuração do sistema, com os
fatores humanos e software.
59
3 PRINCIPAIS TÉCNICAS PARA DAR SUPORTE À
METODOLOGIA
A metodologia apresentada neste trabalho passa por diversas etapas nas
quais são identificados o comportamento do sistema (dinâmico ou estático),
modos de falha, efeitos, criticidade quanto às falhas, disponibilidade e limites
de operação do sistema, procedimentos de operação e manutenção, entre
outras informações. Para isso, são utilizadas algumas técnicas de suporte que
irão auxiliar na coleta de informações, na organização do conhecimento e na
modelagem do sistema.
Para a metodologia, sugere-se o uso das seguintes técnicas: FMECA,
CNEA, IDEF0, diagramas de bloco para confiabilidade, método de Monte
Carlo e MCC. A sugestão se deve às potencialidades oferecidas pelas técnicas,
facilidade de uso e também por fazerem parte do arcabouço teórico usado
pelos pesquisadores do NeDIP.
Nesta seção é apresentada uma descrição sucinta de cada uma das técnicas. Para uma leitura mais aprofundada sugere-se as bibliografias referenciadas
no Quadro 3.1
Quadro 3.1 – Referências bibliográficas recomendadas para técnicas de suporte
Técnica de suporte
FMECA
CNEA
IDEF0
Diagramas de bloco
para confiabilidade
Método de Monte
Carlo
MCC
Referências
Dias et al. (2011), Bertsche (2008), Sakurada (2001), Stamatis (1995), USA/DOD
(1980), SAE (2000)
Dias et al. (2011), Calil (2009), Kagueiama
(2012)
NIST (1993), Dias et al. (2011), Calil
(2009), Kagueiama (2012), Belan (2007),
Presley (1997)
Sanabria (2012), Vinadé (2003), Dias
(1996), Billinton e Allan (1992)
Billinton e Allan (1992), Sobol (1983),
Lobo (2000)
Dias et al. (2011), Moubray (1997), Smith
(2001), Rigoni (2009), SAE (1999), NASA
(2008), Siddiqui A. W.; Ben-Daya (2009)
60
3.1 ANÁLISE DO MODO DE FALHA, EFEITOS E CRITICIDADE (FMECA)
A FMECA é uma técnica indutiva de análise de falhas em sistemas,
amplamente utilizada nas áreas de confiabilidade, manutenção, análise de
risco e qualidade. A sigla vem do termo em inglês “Failure modes, effects
and criticality analysis” e foi desenvolvida pelo departamento de defesa dos
Estados Unidos (DoD – Department of Defense) para avaliação das operações
militares.
A partir dos anos de 1970 a técnica foi aplicada no contexto das indústrias automobilísticas e, atualmente, é utilizada em diversos setores com o
objetivo de identificar, analisar e avaliar as falhas de produtos e serviços.
A técnica FMECA comumente é também denominada de FMEA. No
entanto, esta última tem uma abordagem qualitativa e a outra permite, por
meio do índice NPR (número de prioridade de risco), quantificar a criticidade
da falha. O índice é calculado por meio da Equação 3.1.
sendo,
NPR = S · O · D
(3.1)
S: índice de severidade (1–10)
O: índice de ocorrência (1–10)
D: índice de detecção (1–10)
O índice de severidade está relacionado com os impactos que a falha
pode gerar no sistema técnico, ao homem ou ao meio ambiente. As falhas
que ameaçam a segurança ou podem gerar grandes prejuízos, recebem valores
maiores.
O índice de ocorrência está relacionado com a frequência de ocorrência
da falha. Desta forma, as falhas que raramente ocorrem recebem valores
baixos e as que ocorrem com muita frequência recebem valores altos.
O índice de detecção está relacionado com os meios de descobrir ou
perceber a falha, então representa a dificuldade de se detectar a falha. Se uma
falha é facilmente detectável recebe valor baixo, e no caso oposto, quando é
difícil de detectar recebe valor elevado.
Portanto, o número de prioridade de risco, NPR, é um valor que varia
de um até mil e representa a criticidade da falha. Vale destacar que o valor
obtido com o NPR serve para orientar a equipe quanto à priorização das falhas.
Assim, depois de ter as falhas classificadas pelo índice, ainda é necessário
que sejam analisadas cuidadosamente, principalmente, para os casos em que o
índice de severidade (S) é elevado – mesmo que tenham o NPR baixo.
A Figura 3.1 apresenta um exemplo de uma tabela FMECA, que é divi-
61
dida em duas partes. A primeira é o cabeçalho onde são incluídas informações
gerais que identificam o sistema, a equipe e o documento – representados
pelos números (1), (2) e (3). A segunda parte da tabela FMECA corresponde
aos campos utilizados para a análise de falhas dos componentes do sistema,
identificados pelos números (4) até (17).
Figura 3.1 – Exemplo de tabela para FMECA
Participantes:
Sistema:
1
Componente
Função
3
2
Modo
Efeitos S
de falha
Causas
8
4
5
6
7
de
Página:
Data de início:
Data de revisão:
N
Ações
O Controles D P
recomendadas
R
atuais
10
9
Responsável /
data limite
Resultados das ações
Ações S O D N
P
tomadas
R
12
11
13
14
15
16
17
Fonte: Adaptado de SAE (2000)
A seguir, uma breve descrição dos campos numerados na Figura 3.1 é
apresentada:
• (1) Identificação do sistema.
• (2) Nome dos participantes da reunião.
• (3) Registro da página do formulário, data de início do projeto FMECA
e data da reunião atual.
• (4) Identificação do componente.
• (5) Função que o componente deve desempenhar.
• (6) Possíveis modos de falha.
• (7) Possíveis efeitos que podem ser causados no sistema.
• (8) Valor de 1 a 10 do índice de severidade. Este valor é determinado
em função dos possíveis efeitos gerados no sistema.
• (9) As causas que podem ter gerado o modo de falha.
62
• (10) Valor de 1 a 10 do índice de ocorrência.
• (11) Métodos para identificar e controlar as falhas.
• (12) Valor de 1 a 10 do índice de detecção da falha. Este valor é
determinado em função dos métodos existentes listados no campo (11).
• (13) Número de prioridade de risco, NPR.
• (14) Ações recomendadas pelo grupo para a eliminação da falha.
• (15) Nome da pessoa responsável em implementar a ação e data limite
para conclusão das ações.
• (16) Ação que foi utilizada para a eliminação da falha.
• (17) Reavaliação dos índices e cálculo do novo NPR.
A análise de falhas por meio da FMECA é um procedimento contínuo,
aplicado no sistema técnico ao longo do seu ciclo de vida. O documento deve
estar sempre atualizado, refletindo cada alteração relacionado ao produto, seja
no projeto, processo de fabricação, operação ou manutenção.
Os resultados e os benefícios de sua aplicação são documentos que
apresentam as características críticas dos sistema, recomendações para melhoria do projeto/operação/manutenção, orientação para testes e ensaios para
análise de falhas, entre outras informações.
Além dos documentos gerados na análise, o maior benefício da técnica
é a uniformização do conhecimento gerado durante as reuniões, uma vez que
conta com a participação de especialistas (confiabilidade, projeto, operação,
manutenção) e usuários do sistema técnico.
3.2 ANÁLISE DE EVENTOS POR REDE CAUSAL (CNEA)
Na seção anterior foi apresentada a técnica FMECA que, basicamente,
faz uso de uma tabela para o gerenciamento das informações sobre as falhas de
um determinado componente ou sistema. Tal representação apresenta alguns
inconvenientes quanto a representação do conhecimento. Para contornar esse
problema, buscou-se uma maneira que pudesse representar as relações entre
modos de falha, causas e efeitos.
A técnica CNEA (Causal Network Event Analysis) foi desenvolvida no
Núcleo de Desenvolvimento Integrado de Produtos (NeDIP) – da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC) – durante o projeto MitiSF6 e as atividades
de pesquisa de Calil (2009). O principal objetivo da técnica é representar o
63
encadeamento entre as falhas, bem como as barreiras, em forma de diagrama –
tendo em vista as limitações no uso das tabelas FMECA.
A Figura 3.2 é um exemplo de diagrama. Na parte central localiza-se o
modo de falha ou incidente que se deseja analisar. As causas do modo de falha
estão dispostos à esquerda do evento central e os efeitos ou consequências à
direita. Assim, o ponto forte da técnica é a representação gráfica de todos os
eventos relacionados com o evento central, inclusive as causas intermediárias,
efeitos intermediários e as barreiras para a contingência dos eventos de falha.
Figura 3.2 – Diagrama de uma análise de eventos por rede causal (CNEA)
Barreira
implementada
Barreira
proposta 2
Causa 1
Barreira
proposta 1
Causa 2
Causa 4
Efeito 1
Modo de falha
(Incidente)
Causa 3
(intermediária)
Efeito 2
(intermediário)
Efeito 3
Efeito 4
Fonte: Kagueiama (2012)
O uso da técnica permite uma melhor compreensão das relações entre
eventos de uma rede causal (modos de falha, causas, efeitos, barreiras). Consequentemente, facilita o desenvolvimento das análises de falha, a comunicação
entre os especialistas e o preenchimento das tabelas FMECA.
A técnica CNEA foi utilizada para a análise de risco nos trabalhos
desenvolvidos no NeDIP (DIAS et al., 2011; CALIL, 2009). A semelhança dos
diagramas gerados com a CNEA com a Figura A.8, que representa o modelo
de desencadeamento de um incidente, permitiu uma forte interação com a
análise de risco, facilitando a representação de cenários críticos de falha e a
proposição de barreiras para bloquear ou mitigar efeitos das falhas.
No trabalho desenvolvido por Kagueiama (2012) é apresentado uma
sistematização de técnicas de análise de falhas e projeto para confiabilidade:
FMECA, CNEA, IDEF0, redes bayesianas e FTA. No estudo foi evidenciado
as características de cada uma das técnicas e como podem ser integradas
em uma análise de falhas e confiabilidade. A técnica CNEA mostrou-se
bastante flexível apresentando boa integração, não somente com a FMECA,
mas também com FTA e redes bayesianas.
A Figura 3.3 apresenta uma breve descrição dos elementos utilizados
nos diagramas.
64
Figura 3.3 – Taxonomia da CNEA
FIGURA
DESCRIÇÃO
Evento a se analisar:
Um incidente ou
modo de falha.
FIGURA
ou
Efeito potencial que
o evento central pode
gerar.
Causa ou efeito
intermediário
Causa raiz para a
ocorrência do evento
central.
ou
DESCRIÇÃO
Barreira preventiva já
implementada que
objetiva evitar a
ocorrência do evento
central ou mitigar seus
efeitos.
Barreira preventiva
proposta que deverá
ser implementada.
Fonte: Dias et al. (2011)
3.3 Integration definition for function modeling (IDEF0)
A técnica IDEF0 é utilizada para representar a estrutura funcional de
um sistema e faz parte de uma família de técnicas de modelagem denominadas
por IDEF (integrated definition for function modeling), que são baseadas em
uma linguagem gráfica denominada SADT (structured analysis and design
technique) (PRESLEY, 1997).
A técnica, durante a análise de sistemas, auxilia na identificação das
funções e dos recursos necessários para executá-las, bem como facilita na
verificação dos pontos corretos e incorretos do sistema (NIST, 1993; CALIL,
2009).
Os principais componentes utilizados no IDEF0 são as caixas e setas,
que podem ser vistos na Figura 3.4.
As caixas representam as funções e as setas são dados ou objetos
relacionados às funções a serem executadas. As principais setas são as de
entrada, controle, mecanismo e saída. As setas de entrada representam as
entradas necessárias para o desenvolvimento da função especificada na caixa e
as de saída representam os dados ou objetos que foram produzidos. Setas de
controle definem as condições requeridas para a produção das saídas adequadas.
As setas de mecanismo definem os meios ou ferramentas através dos quais
será exercida a função especificada pela caixa (DIAS et al., 2011).
A Figura 3.5 apresenta um exemplo de diagrama IDEF0 desenvolvido
durante o projeto MitiSF6 . O diagrama contém três funções (A21, A22 e
65
Figura 3.4 – Exemplo de uma caixa e setas
Controles
Saídas
Entradas
Função
A0
Mecanismos
Chamada
Fonte: NIST (1993), Dias et al. (2011)
A23) relacionadas com o processo de manipulação do gás SF6 utilizados nos
disjuntores de alta tensão da empresa Eletrosul.
• Função A21: Fazer manutenção nos disjuntores isolados a SF6
• Função A22: Fazer manutenção da subestação blindada isolada a SF6
• Função A23: Fazer manutenção de outros equipamentos isolados a SF6
Todas as funções apresentadas neste exemplo compartilham das mesmas entradas, controles, mecanismos e saídas. No entanto, cada uma apresenta
particularidades como diferentes quantidades de perda de gás, procedimentos
de operação, procedimentos de manutenção, peças sobressalentes entre outras
características que devem ser estudadas a fim de mitigar a perda de SF6 .
Cada função pode ser desdobrada em outras subfunções a fim de se
explorar os problemas de cada processo com maiores detalhes. Dado que
alguma saída esteja fora dos padrões estipulados pelos controles, são realizadas
análises dos procedimentos, documentos e ferramentas a fim de melhorar o
processo.
Portanto, a técnica permite mapear as funções de um processo, de forma
estruturada. Tal característica traz benefícios como o ganho de conhecimento
sobre o processo, os procedimentos, as ações humanas, entre outras atividades
– sendo uma técnica de suporte recomendada para as atividades de projeto e
controle de processos.
66
Figura 3.5 – Exemplo de aplicação de IDEF0
C1 C2 C3
Estado do equipamento
Procedimentos / normas / leis
Tempo de uso do equipamento
I3
I2
I1
Equipamento
Sobressalentes
Insumos disponíveis
Equipamento tão bom como novo
Fazer manutenção
de disjuntores
isolados a SF6
SF6 / N2 / óleo e resíduos para o meio
O2
O1
A21
Fazer manutenção
da subestação
blindada isolada
a SF6 (GIS)
A22
Fazer manutenção
de outros
equipamentos
isolados a SF6
A23
Sistema de informação
Veículos de transporte
RH
Oficina
M1 M2 M3 M4
Fonte: MT-PR-RT-NE-01 (UFSC/NEDIP, 2008, Apêndice A, p.21)
3.4 DIAGRAMAS DE BLOCOS PARA CONFIABILIDADE
Para se calcular a confiabilidade de um sistema é preciso saber a relação
funcional entre componentes, isto é, como irão operar para atender os requisitos do sistema. Uma forma muito utilizada para representação da relação entre
os componentes de sistemas é por meio dos diagramas de blocos.
Tais diagramas, no contexto de confiabilidade, são conhecidos como
diagramas de blocos para confiabilidade. Basicamente, é uma rede de blocos
conectados funcionalmente, isto é, se houver um caminho interligando os
blocos da entrada do sistema até a saída, significa que o sistema executa sua
função, caso contrário estará em falha.
67
Cada bloco do diagrama pode representar um componente ou um
conjunto de componentes na forma de um subsistema. Logicamente, a confiabilidade do sistema possui uma relação direta não só com a taxa de falha dos
componentes, mas também com a configuração formada por esses blocos.
As configurações mais conhecidas são em série e em paralelo. Na
configuração em série, Figura 3.6, a falha de qualquer componente da rede
resulta na falha do sistema.
Figura 3.6 – Configuração em série
1
n
2
Saída
Entrada
O cálculo da confiabilidade de um sistema em série, Rs , pode ser feito
com o uso da Equação 3.2, onde Ri (t) é a confiabilidade de cada componente i.
n
Rs (t) = ∏ Ri (t)
(3.2)
i=1
Por outro lado, se os componentes estão em paralelo, Figura 3.7, é
preciso que todos os componentes nesta configuração estejam em falha para
que o sistema também falhe.
Figura 3.7 – Configuração em paralelo
1
Entrada
2
Saída
n
Para o cálculo da confiabilidade em paralelo, R p , pode-se fazer uso da
Equação 3.3.
n
R p (t) = 1 − ∏[1 − Ri (t)]
(3.3)
i=1
Além destas configurações série/paralelo, existem outras mais complexas, como por exemplo a configuração do tipo ponte. Aqui existe um
componente especial que dá flexibilidade para o sistema trabalhar com uma
combinação maior de componentes.
68
Por exemplo, a Figura 3.8 é um sistema com configuração ponte, cujo
componente especial é o item 3. A falha desse componente especial não
causa a falha do sistema, mas reduz as possibilidades de combinações entre os
componentes.
Figura 3.8 – Configuração em ponte
1
4
3
Entrada
Saída
2
5
Fonte: Adaptado de Billinton e Allan (1992, p.101)
Outras configurações mais complexas apresentadas na Figura 3.9, podem ser vistas no trabalho de Vinadé (2003) e Billinton e Allan (1992).
Figura 3.9 – (a)Delta-estrela (b)R-em-N (c)Trimodular (d)Stand-by
1
2
n
(a)
(b)
R
1
Rv
R
2
R
(c)
(d)
Fonte: Vinadé (2003)
Assim, uma das primeiras etapas para se determinar a confiabilidade
de um sistema é conhecer seu funcionamento, ou seja, a relação entre seus
componentes e subsistemas. Comumente, busca-se desenvolver a modelagem,
agrupando os componentes e subsistemas, ou analisando por partes, de forma
a trazer para uma configuração série/paralelo, que é a mais simples, facilitando
assim a análise e a coleta de resultados.
Com as informações geradas na análise de confiabilidade é possível
planejar as paradas de manutenção, planejar a compra de peças sobressalentes,
identificar pontos de monitoramento de falhas, entre outras atividades, as quais
resultarão em um sistema com maior disponibilidade, visto que as ações irão
atuar na confiabilidade e na mantenabilidade do sistema.
69
3.5 MÉTODO DE MONTE CARLO
Segundo Sobol (1983) o Método de Monte Carlo é um método de
simulação numérica que tem como base a utilização de variáveis aleatórias. A
primeira publicação sobre o método foi em 1949, no artigo “The Monte Carlo
method”, sendo escrito por J. von Neumann e S. Ulam.
Segundo Hu (2005), enquanto as árvores de eventos dinâmicas, para
eventos discretos, ocorrem somente em tempos pré-definidos, a simulação
de Monte Carlo pode ocorrer em qualquer momento, e pode ser aplicada a
sistemas reais – que são muitas vezes complexos –, usar taxas de falha variável,
incluir atrasos (delay) como variável aleatória, entre outras características.
Assim, a técnica apresenta grande flexibilidade o que a torna bastante atraente.
O comportamento do sistema é descrito por um conjunto de variáveis
aleatórias, sendo que estas podem ser obtidas por meio de tabelas, sorteios
realizados por software matemáticos, planilhas eletrônicas, roleta etc.
A Figura 3.10 apresenta um fluxograma simplificado do procedimento
para a simulação de Monte Carlo proposto por Werner (1996). A simulação foi
realizada fornecendo duas entradas (INPUTs): a primeira (INPUT 1) define a
distribuição estatística de cada componente e a segunda (INPUT 2) estabelece
a relação entre os componentes e o desempenho do sistema.
Desta forma, a medida que são obtidos os valores aleatórios dos componentes, em INPUT 1, estes são usados para calcular o desempenho do sistema,
pois foi estabelecido uma relação entre componente e sistema em INPUT 2.
O resultado da simulação, saída (OUTPUT), é um conjunto de valores que
representam o desempenho do sistema, que são tratados estatisticamente.
3.6 MANUTENÇÃO CENTRADA EM CONFIABILIDADE (MCC)
A manutenção centrada em confiabilidade é uma concepção de gestão
de manutenção que combina, basicamente, várias técnicas e ferramentas para
a administração da manutenção tais como as árvores de decisão (FTA, ETA,
IDEF0) e análise do modo de falha e efeitos (FMEA, FMECA), de forma
sistemática, para apoiar efetiva e eficientemente as decisões de manutenção
(DIAS et al., 2011; FUENTES, 2006).
Segundo Fuentes (2006) a MCC busca, fundamentalmente, a:
• Preservação da função do sistema.
• Identificação das falhas funcionais e dos modos de falha dominantes.
• Priorização das falhas funcionais de acordo com as suas consequências.
70
Figura 3.10 – Fluxograma para simulação de Monte Carlo
INPUT 1
Distribuição estatística
para cada componente
Selecionar um valor
aleatório de cada
distribuição
INPUT 2
Relação entre componentes
e desempenho do sistema
Repetir muitas
vezes
Baseado nesses valores
calcular o desempenho
do sistema
OUTPUT
Vários valores de
desempenho para o sistema
Fonte: Werner (1996)
• Seleção das tarefas de manutenção aplicáveis e de custo eficiente favoráveis.
Existem diversos programas para implantação da MCC (Moubray
(1997), Smith (2001), SAE (1999), NASA (2008), entre outras). No trabalho de Rigoni (2009) foi realizada uma extensa revisão na literatura sobre
o tema, constituindo-se em um referencial teórico consistente e atualizado.
Por esse motivo, esta metodologia para implantação de MCC será adotada
neste trabalho, Figura 3.11, como uma das técnicas de suporte para análise de
confiabilidade dinâmica.
A MCC apresentada é constituída de oito etapas. Algumas destas etapas
possuem atividades e documentos importantes para a preparação e execução
de uma análise de confiabilidade dinâmica – destacadamente as etapas 3, 4, 5
e 6.
Segundo Fuentes (2006), a MCC permite buscar respostas para as
seguintes questões:
• Quais são as funções e os níveis normais de eficiência dos equipamentos
71
Figura 3.11 – Procedimento de referência para implantação da MCC
Etapa 0
AdequaçãoIdaIMCCI
PréGIImplantação
Etapa 1
PreparaçãoI
Etapa 2
SeleçãoIdoISistemaIeIColetaIdeIInformaçõesI
AnáliseI
Demandas
ObjetivosI
Etapa 3
AnáliseIdosIModosIdeIFalha-IseusIEfeitosIeIsuaI
CriticidadeIgFMECADI
TarefasI
EntradasI
SaídasI
Etapa 4
SeleçãoIdasIFunçõesISignificantesIeIClassificaçãoIdeI
seusIModosIdeIFalhaI
ControlesI
MecanismosI
Etapa 5
SeleçãoIdasITarefasIdeIManutençãoIAplicáveisIeI
EfetivasI
TomadaI
deI
DecisãoI
Etapa 6
DefiniçãoIdosIIntervalosIIniciaisIeIAgrupamentoIdasI
TarefasIdeIManutençãoI
Etapa 7
RedaçãoIdoIManualIeIImplementaçãoI
Etapa 8
AcompanhamentoIeIRealimentaçãoI
Fonte: Rigoni (2009)
em seu atual contexto operacional?
• Qual é o estágio da falha para haver perda da sua função?
• Qual é a causa de cada falha funcional?
• O que sucede quando cada falha ocorrer?
• De que forma cada falha se manifesta?
• O que se pode fazer para prevenir cada falha?
Implementação
Gestão
72
• O que se deveria fazer se uma tarefa preventiva adequada não pode ser
executada?
As respostas para tais questões são fundamentais para a etapa de modelagem da manutenção na análise de confiabilidade dinâmica. Pois, na implementação computacional serão utilizadas informações como: efeito da falha
do sistema, taxa de reparo, mecanismos de detecção da falha, caracterização
da falha do sistema entre outras informações.
3.7 CONSIDERAÇÕES DO CAPÍTULO
Nesta seção foram apresentadas as técnicas de suporte FMECA,CNEA,
IDEF0, diagramas de bloco para confiabilidade e MCC, consideradas como
as mais relevantes para a análise de confiabilidade dinâmica neste trabalho.
Evidentemente, existem outras técnicas podem colaborar no desenvolvimento
(ETA, FTA, redes de petri, ESD, entre outras). Todavia as técnicas apresentadas neste capítulo já atendem as necessidades da metodologia para análise de
confiabilidade dinâmica.
Algumas técnicas estão inter-relacionadas, como é o caso da FMECA
e MCC. Ou seja, a análise do modo de falha e efeitos faz parte de uma das
etapas da manutenção centrada em confiabilidade – no caso da metodologia
apresentada por Rigoni (2009) a FMECA é realizada na etapa 3. Assim,
dado que se tenha executado uma FMECA inicialmente, tem-se uma maior
facilidade e rapidez na implantação da manutenção centrada em confiabilidade.
Em princípio, a CNEA poderia ser utilizada após a criação das tabelas
FMECA. Mas foi durante o desenvolvimento do projeto MitiSF6 , que foi
possível perceber que o uso da CNEA é bastante eficiente em identificar inconsistências nas tabelas FMECA. Por apresentar de forma clara o encadeamento
dos eventos relacionadas com falha (causas→ modos de falha→ efeitos, barreiras propostas e implementadas), recomenda-se seu uso antes da execução
da FMECA.
A técnica IDEF0 é utilizada no desdobramento funcional de processos.
O uso da técnica junto com a MCC ajudará no mapeamento dos procedimentos
e recursos (humanos, equipamentos) da manutenção.
Os diagramas de blocos para confiabilidade auxiliam na visualização da
configuração do sistema. Nesta seção, foi apresentada como realizar o cálculo
para as configurações em série e paralelo. No entanto, vale salientar que as
equações apresentadas são utilizadas para análise de confiabilidade estática.
Assim, servem apenas para obter valores de referência para serem comparados
com a análise de confiabilidade dinâmica. O maior benefício da técnica aqui
está relacionado com a visualização das configurações de operação do sistema,
73
e não com os valores que podem ser obtidos com os diagramas.
Os principais objetivos das técnicas estão relacionados com a aquisição,
a organização e a representação do conhecimento.
74
75
4 METODOLOGIA PROPOSTA PARA ANÁLISE DE
CONFIABILIDADE DINÂMICA
Esta seção apresenta uma metodologia para análise de confiabilidade
dinâmica, sendo desenvolvida para sistemas que utilizam modelos comportamentais com características dinâmicas. Ou seja, é preciso que se tenha
características que variam ao longo do tempo e com base nos valores assumidos são tomadas ações para impedir a falha do sistema.
Este capítulo inicia com a caracterização do sistema, posteriormente
apresenta-se a relação com o projeto e o ciclo de vida e a descrição das etapas
da metodologia.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA ABORDADO PELA METODOLOGIA
Os tópicos seguintes apresentam uma breve descrição sobre as “variáveis de estado do sistema” e os “estado do sistema”, utilizados pela metodologia proposta.
4.1.1 Variáveis de estado do sistema
As variáveis de estado são utilizadas para identificar o estado do sistema.
Como o sistema é dinâmico, a variável de estado tempo é a principal variável
a ser considerada. As outras variáveis dependem da aplicação, por exemplo:
temperatura, pressão, vazão, posição, velocidade, força, etc.
As variáveis de estado tratadas pela metodologia podem ser contínuas
ou discretas.
4.1.2 Estado do sistema
A metodologia é recomendada para sistemas com estados discretos.
Assim, com base nos valores das variáveis de estado, o sistema pode estar,
por exemplo, em sua condição normal de operação, em emergência ou em
falha. Para calcular a confiabilidade do sistema (ou a probabilidade de falha)
é verificado, ao final do tempo de missão, se o sistema está ou não em falha.
Desta forma, para as análises de confiabilidade, o sistema deve ser representado
por pelo menos dois estados: um que caracteriza como “bom” e outro como
76
“falha”. Dependendo da aplicação, em função da necessidade, pode-se criar
outros estados além destes apresentados.
Ainda dentro do conceito de modelos a estado discreto, o sistema fica
caracterizado como sistema guiado a eventos. Desta forma, se ao longo de um
tempo de missão, ocorrem poucos eventos, a simulação demanda um menor
tempo de processamento. Os principais eventos que influenciam nas simulações para o cálculo da confiabilidade dinâmica são: falha de componente,
alterações de estados dos componentes realizados pelo controlador, conclusão
do tempo de missão e ações de manutenção.
Portanto, os modelos comportamentais atendidos pela metodologia
são os modelos a estados discretos, guiados por eventos, cuja classificação é
apresentada na Figura 4.1.
Figura 4.1 – Classificação do modelo comportamental utilizado pela metodologia
Modelo
comportamental
Modelos a estado
contínuo
Modelos contínuos
no tempo
Modelos discretos
no tempo
Modelos a estado
discreto
Sistemas guiados
pelo tempo
Sistemas guiados
por eventos
Fonte: De Negri e Santos (2007)
4.2 MODELO DE REFERÊNCIA
Para a compreensão dos elementos contidos nas figuras apresentadas na
metodologia é apresentado um modelo de referência na Figura 4.2, utilizado
para representar cada etapa, sendo identificado um número “x” e um título
contendo uma breve descrição na parte superior da figura.
As “Entradas” são informações ou pré-requisitos necessários para o
início da etapa e ficam localizadas à esquerda da figura, sendo conectadas por
setas na primeira atividade da etapa.
As atividades são ações ou procedimentos necessárias para a realização
77
da etapa. No modelo, a Etapa x possui n atividades (x.1 até x.n) representadas
por retângulos. Geralmente, cada etapa será constituída de várias atividades,
as quais podem, ou não, compartilhar das mesmas técnicas & ferramentas e
materiais & documentos.
As “Técnicas & ferramentas” de suporte estão dispostas na parte inferior de cada atividade, as quais estão representadas dentro de caixas com
bordas arredondadas e conectadas às atividades por setas com linhas tracejadas.
Os “Materiais & documentos” também estão dispostos abaixo de cada
atividade, sendo representados por um conjunto de folhas e setas com linha
contínua. Os “Resultados” de cada etapa estão representados no canto inferior
direito da figura, identificados como “Saídas”.
Figura 4.2 – Modelo de referência para cada etapa da metodologia
Etapa x: Título da etapa
Entradas
x.1
Título da atividade 1
Técnicas &
ferramentas
x.n
Título da atividade n
Materiais &
documentos
Saídas
Resultados
da etapa x
A seguir, a Figura 4.3 sintetiza as etapas principais do processo metodológico para análise de confiabilidade dinâmica, denominada por ACoDi,
cujas etapas são:
1. Análise inicial do sistema técnico para confiabilidade dinâmica)
2. Definição da equipe
3. Análise do sistema, subsistemas e componentes
4. Análise da manutenção
5. Modelagem e simulação computacional da falha no sistema técnico
6. Análise de resultados
78
As etapas da metodologia para análise de confiabilidade dinâmica são
suportas por técnicas e ferramentas de apoio como apresentadas no Capítulo 3
e por outras como, por exemplo: brainstorming, questionários estruturados e
não estruturados, análise funcional, etc.
Figura 4.3 – Metodologia para análise de confiabilidade dinâmica (ACoDi)
Metodologia,para,análise,de,confiabilidade,dinâmica,-,ACoDi
1.,
Análise,inicial,do,sistema,técnico,para,confiabilidade,dinâmica
4.,
2.,
3.,
Definição,da Análise,do,sistema,, Análise,da
manutenção
,,,,,equipe
subsistemas,e,
componentes
5.,
,Modelagem,e,
,simulação,,,
6.,
Análise,de,
resultados
Técnicas,e,ferramentas,de,apoio
A metodologia ACoDi é uma variante do Processo de Desenvolvimento
Integrado de Produtos – PRODIP – desenvolvido por Back et al. (2008),
Figura 4.4. Neste caso, por mais complexo que seja o sistema, há que organizar
o rito de análise dentro do ciclo de vida, para o atributo de confiabilidade. Este
atributo, sofre influência de todos os requisitos e necessidades estabelecidas
desde o planejamento, mas sua análise é recomendável a partir do projeto
preliminar.
A confiabilidade é entendida, dentro da metodologia PRODIP, como
um atributo do produto e no caso está associado ao processo de desenvolvimento do produto. Nesta tese, a análise pode servir para avaliação de produtos
em desenvolvimento ou já em uso. Assim, a metodologia proposta vai além
do que está contextualizado na Figura 4.4.
No caso da confiabilidade dinâmica, por exigir ainda mais informações
do que uma análise estática, depende também do projeto detalhado por ter que
considerar, além da estrutura física do sistema técnico, também os softwares
embarcados, os planos de operação e de manutenção que só ficam concluídos
ao final da fase de projeto detalhado.
A Figura 4.5 mostra a relação da metodologia ACoDi com o processo
de desenvolvimento de produtos PRODIP. Assim, as saídas do projeto conceitual, preliminar e detalhado são as informações de entrada para a metodologia,
que traz como saída: função densidade de falha do sistema para as falhas
evidentes e ocultas, probabilidade de falha do sistema, confiabilidade, cenários
de falha mais críticos, mantenabilidade e gestão da manutenção.
Os resultados obtidos com a metodologia visam dar suporte ao produto
no ciclo de vida, a fim de obter melhores resultados para a confiabilidade do
79
Figura 4.4 – Processo de desenvolvimento integrado de produtos – PRODIP
\
\
|
\
iii
l
\
l
\
l
H
I Projefo do rnonufofuro — PM
‘
Dm
wo_CL®E_ QDm
I Suprimentos — SU
an
C)
C)
>
u
0
0
0
In
'2
'2
'2
>
:0
:0
:0
I:
I:
I:
>1
UUC®>|I won_
Técnico e
econo
" mico
Documeniogoo
do produfo
GHGHG
Liberogoo do
produio
L T . . . I
0 e 'n'c'O
>
>
Volidode do
projefo
____
_
I
I
®U_O _‘OOD®
_OUOggg:
> _U _U_ U> OQOUEQEDUOQ
_O6_O_Q
OSUOEOSUQQOU
J
I
L
€
i€
®éw
Y
OuUO_h_O@Qm_L
OUOCUE
20__
O®UOEOQ
UG_OQ_
_CO_CO L€_
Concepgdo
OEOE
OJ_®_O_UQO_QU
E©CO ®
Especificogoes
de DIOJGTO J
I
é
A _\_\______
_ _
NEOGODUOE
I
do “G
I
>
UUUH
U
so
Plono do
DFOJGTO
I Pos-vendo — PV
>
>
>
UUU
A
I:\:|
c|:)
I Produodo — PR
>
A
laL®_8U_QO_ C®Q n_
El
Ii
DU_
i
H_<
O_ ®OCo cIvO>_)6:m_C (_ U<
-:0
C)
...U_‘‘
A
I Dependobilidode i DP
>
UDUH
D
C
UU
LUH
H
:0
_
A
8U%I® _ g®
___
mm
UwCU5@®L
|
I Segurdngo — SE
I Administrotivo-finonceiro — AF
:0
A
0
I Quoliddde — QU
D
>
:0
En_
_
-:1
Z
t
_>_n_
_U5tIUSCoFtonOJ_®_O_n_
-3
n
G
‘
A
“E
OSUQQODO’
I DDU
A
_®_O_fl_
I Projefo do produto - PP
E
UUUnuUUU
n_®O6_O_QQUOJ
I F_®C\_U_OC®_®mi
‘
V_OC_>L@_O_>_
E
-A
__
I G9f9F1CiC1l'T‘\9l'1TO de projefo —GP
I Mdrkefing _ MK
.
~
Vohdoooo
Longomenfo }
A
_m_@
O_Ogwoo
owL®_QE®
|
>
>
Implementogoo do Iofe iniciol
Preporogdo
do produgéo }
_
\
I Gesfoo empresoriol i GE
}
Projeto
detolmdo }
PF0i9TO
DF9|iminQ'
_‘_
_
|
Projeto
conceifudl
fi
A
OJO8OO)E_®JUE_C®_OU®C_O%_O8%__U>
n_En®_lC_OU’_m®VC_UO|_ n_
Projeto
'|nformdc|onol
'
_OODgO$U©_Cg%O_EOUp_O®_9OQC _ODOUE_OE_
Plonejdmenfo
do projeto
I
fiOE®EO_®CU_n_
_UOSUO5OUO*
ODO
_O_C_9©0_@UE®E®_QE_ ®_O_QOUOUOQOQUE
' do DFOIG
' 1o do produfo
Eldboroooo
P|onejomen’ro}
>
w_O_: w3UC_wosuoamuOE® _> O>C®w UmoOw ®O _fl_
Processo de desenvolvimento de produfos in dusfriois
Figura 2.14 Representação gráfica do modelo do processo de desenvolvimento integrado de produtos – PRODIP
Fonte: Back et al. (2008)
Figura 4.5 – Relação da metodologia ACoDi com o PRODIP
Processoádeádesenvolvimentoádeáprodutosáindustriaisá2áPRODIP
Entradas
Metodologiaáparaáanáliseádeáconfiabilidadeádinâmicaá2áACoDi
5.á
4.á
Análiseáinicialádoásiste2á Definiçãoáda
maátécnicoáparaáconfia2 áááááequipe
bilidadeádinâmica
1.á
6.á
AnáliseádoásistemaAá Análiseáda
manutenção
subsistemasááeá
componentes
é.á
áModelagemáe
ásimulaçãoá
6.á
Análiseádosá
resultados
Saídas
ááááááááááááááááááááResultados:
Especificaçõesá
deáprojeto
Realimentaçãoádeá
informaçõesáparaá
oáprojeto
2áFunçãoádensidadeádeáfalhaáDevidentesáeá
ocultasIádoásistema
2áConfiabilidadeáeáprobabilidadeádeáfalhaá
doásistema
2áCenáriosádeáfalhaácríticos
2áMantenabilidade
2áGestãoádaámanutenção
2áConhecimentoáadquirido
80
sistema como: incluir novas funções relacionadas à segurança e proteção do
sistema, substituição de alternativas de solução na etapa do projeto conceitual,
propor mudanças nos planos de operação/manutenção, incluir outros dispositivos de monitoramento para o sistema, etc. Ou seja, a análise de confiabilidade
dinâmica gera informações que irão propor mudanças, desde especificações
de projeto – na etapa do projeto informacional – até ações de operação e
manutenção durante a etapa de uso.
Vale ressaltar que, embora a metodologia para análise de confiabilidade
dinâmica possa ser aplicada desde a fase do projeto preliminar, é na etapa de
uso que se tem a maior quantidade de informações, o que consequentemente
facilita a sua aplicação.
Para melhor relacionar a metodologia proposta com a do PRODIP,
tomou-se o ciclo de vida de um item como sendo do planejamento do item ao
descarte. A Figura 4.6 sintetiza esta abordagem. As informações da fase de uso
e descarte, que servem de entrada de dados para as análises de confiabilidade,
no contexto da metodologia estão, relacionados com as taxas de falha e reparo
dos componentes, testes realizados em campo, histórico de falhas, etc. Tais
informações aproximam o modelo de confiabilidade do comportamento do
sistema real.
4.3 ATUALIZAÇÃO DO MODELO
A presente metodologia divide a análise de confiabilidade dinâmica em
quatro elementos fundamentais: processos dinâmicos, equipamentos, ações
humanas e software.
Os processos dinâmicos são ditados pelas relações entre os componentes e o sistema. Os equipamentos possuem características como carga de
trabalho, sequências de operação, ambiente de instalação, taxas de falha dos
seus componentes entre outras características que influenciam os componentes,
logo, agem também sobre o comportamento dinâmico do sistema.
As ações humanas sobre os equipamentos, bem como as reações destes
frente a determinados comportamentos dinâmicos dos sistemas estão relacionados. Por fim, o software faz a compilação de todas essas informações. A
forma que foi desenvolvido tem reflexos na apresentação dos dados e também
nas implementações futuras.
Todos esses elementos estão relacionados e fazem parte de uma análise
de confiabilidade dinâmica. A Figura 4.6 apresenta os elementos constituintes
da análise. À medida que as análises são desenvolvidas, ao longo de meses, é
possível refinar o modelo tornando-o mais próximo da realidade.
Com isso, os valores de entrada da análise sofrerão alterações – podem
81
Figura 4.6 – Relação da metodologia com todo o ciclo de vida do produto
Planejamento
Projetação
Implementação
Uso
Descarte
Entradas
IMComportamentoMdinâmicoMdoMsistema
IMRelaçãoMcomponentesMxMsistema
IMTipoMdeMmanutenção
IMTaxasMdeMfalha
IMTaxasMdeMreparo
IMDistribuiçãoMnormalUMexponencialUMlogInormalUMweibull
IMParâmetrosMdasMdistribuições
Interação
EspecificaçõesM
deMprojeto
ProcessosM
dinâmicos
y
Equipamentos
AçõesM
humanas
Software
AçõesMdeM
operaçãoMeM
manutenção
dy/dt
AnáliseMdeMconfiabilidadeMdinâmica
RealimentaçãoMdeM
informaçõesMparaM
oMprojeto
Saídas
IMFunçãoMdensidadeMdeMprobabilidadeMdasMfalhasM
MMMgevidenteMeMocultasw
IMConfiabilidadeMMeMprobabilidadeMdeMfalhaMdoMsistema
IMCenáriosMdeMfalhasMcríticos
IMMantenabilidade
IMGestãoMdaMmanutenção
IMConhecimentoMadquirido
RealimentaçãoMdeM
informaçõesMparaMuso
t
82
haver mudanças na representação dinâmica do sistema, nas funções adotadas (normal, exponencial, log-normal, weibull) ou em seus parâmetros etc
– obtendo outras saídas. Mostra-se nesta etapa de atualização do modelo, o
papel de grande importância do software. Assim, deve-se prever estas atualizações, sendo portando recomendado a utilização da filosofia de programação
orientada a objetos.
As seções que se seguem apresentam as etapas para o desenvolvimento
da metodologia de análise de confiabilidade proposta.
4.4 ETAPA 1: ANÁLISE INICIAL DO SISTEMA TÉCNICO PARA CONFIABILIDADE DINÂMICA
A etapa 1, representada pela Figura 4.7, corresponde a uma análise do
sistema técnico para verificar se existe a necessidade de realizar a análise de
confiabilidade dinâmica, ou se uma análise estática é suficiente. Os principais
critérios para a tomada de decisão são: a análise quanto ao comportamento
dinâmico, à criticidade e à disponibilidade do sistema.
Desta forma, cada um dos critérios são descritos como atividades da
etapa, que ao final irão dar suporte à tomada de decisão: uso da confiabilidade
estática ou dinâmica. As atividades desta etapa são:
• Atividade 1.1: Análise quanto ao comportamento dinâmico
• Atividade 1.2: Análise da criticidade do sistema
• Atividade 1.3: Análise da disponibilidade do sistema
• Atividade 1.4: Análise do sistema
Cada uma das atividades desta etapa inicial serão abordadas a seguir.
4.4.1 Atividade 1.1: Análise quanto ao comportamento dinâmico
O comportamento dinâmico pode estar relacionado com o processo de
degradação dos componentes, às mudanças de configuração do sistema, às
ações humanas durante a operação e a manutenção. Nas análises em que se
deseja levar em conta tais variações (características dos componentes, configuração, tempo das ações) recomenda-se a análise de confiabilidade dinâmica.
Nesta atividade pode-se contar com a participação de projetistas, especialistas em modelagem de sistemas, profissionais responsáveis pela operação e
manutenção do sistema.
83
Figura 4.7 – Atividades da etapa 1
Etapa31:3Análise3inicial3do3sistema3técnico3para
333333333333333confiabilidade3dinâmica
Sistema3
técnico3
Etapa32
Atividade33,1
1,1
Análise3quanto3ao3
comportamento3
dinâmico
Figura34,1
- Brainstorming
43Análise3funcionalj3estru4
tural3e3comportamental
1,23
Análise3de3
criticidade
43CNEA3
43FMECA
43Brainstorming
1,33
Análise3de3
disponibilidade
1,4
Análise3do3
sistema
43MCC
43Brainstorming
43Pesquisa3em3catálogos
43Relatórios3de3operação3e3manutenção
43Questionários3estruturados3e3não3estruturados
43Projetistas
43Especialistas3em3sistemas
43Especialista3em3confiabilidade
43Pessoal3de3operação33e3manutenção
Saídas
Recomendação3para3
análise3de3confiabilidade3
dinâmica3ou3estática
Pode-se tomar como exemplo o caso em que se deseja avaliar o efeito
na confiabilidade do sistema, em função do tempo de reação da equipe de
operação/manutenção. Equipes com maior capacitação técnica realizam tarefas
em menos tempo e com menores chances de erros, o que consequentemente
irá refletir na confiabilidade do sistema.
No apêndice A é apresentada uma seção sobre as diferenças entre um
sistema representado por um modelo comportamental estático e dinâmico.
Em resumo, dependendo da forma com o problema será abordado, pode-se
considerar que o sistema é estático ou dinâmico. Assim, recomenda-se uma
leitura naquela seção para maiores esclarecimentos.
4.4.2 Atividade 1.2: Análise da criticidade do sistema
Para a avaliação da criticidade recomenda-se usar a técnica FMECA –
Análise dos modos de falhas, efeitos e criticidade. A criticidade do sistema
leva em consideração a frequência de ocorrência (O), a dificuldade de detecção
84
(D) e a severidade das falhas (S). Além deste parâmetro, a técnica traz benefícios como evidenciar as características críticas ou significativas dos sistemas,
permite obter listas de procedimentos para detecção de falhas, direcionar a
elaboração de testes, destaca potenciais problemas de segurança, entre outras
informações que servirão como entrada de dados para esta etapa.
Destaca-se que, na análise de criticidade, é importante avaliar cuidadosamente a severidade do modo de falha. Embora o NPR (índice de criticidade
ou número de prioridade de risco) possa ter um baixo valor – quando os índices
de ocorrência e detecção são baixos –, deve-se também considerar o sistema
como sendo crítico aqueles que possuem modos de falha que podem conduzir
danos ao homem e ao meio ambiente.
Esta análise é importante pela premissa básica de que a aplicação da
confiabilidade dinâmica é requerida apenas para sistemas cujas falhas podem
ter consequências ambientais, humanas ou do empreendimento. Em grande
parte dos casos a Severidade (S) se constitui no aspecto mais importante nesta
análise. Contudo, devido as implicações de uma falha e a dificuldade de
detecção (D) da mesma, pode gerar nos sistemas complexos, condições de
falhas ocultas que pode comprometer o sistema. Se levar em consideração que
na maioria dos casos se requer que o sistema técnico não tenha descontinuidade
de operação, tal fato potencializa em muito as exigências para esta análise.
4.4.3 Atividade 1.3: Análise da disponibilidade do sistema
Existem sistemas em que é fundamental que a disponibilidade tenha valor extremamente elevado1 . Nesse caso, as manutenções devem ser realizadas
com o sistema em operação (manutenção a quente). Para isso, é importante
que se tenha componentes redundantes para que, durante a operação do componente reserva, seja realizada a manutenção do componente principal o mais
rápido possível, a fim de garantir que sempre haja um componente reserva
pronto para ser usado.
A implantação de uma manutenção centrada em confiabilidade (MCC)
e o uso da FMECA ou técnicas da análise de risco, priorizam as funções
críticas do sistema técnico que devem ser mantidas. Assim, uma análise de
confiabilidade dinâmica pode dar suporte para as tomadas de decisão, por
exemplo, apresentando para um dado tempo, quais itens devem ser testados
para identificação de falhas ocultas no sistema que tem comportamento di1 A disponibilidade neste caso está relacionada com o gerenciamento da continuidade do
negócio, que tem como objetivo de não permitir a interrupção das atividades do negócio e proteger
os processos críticos, como por exemplo o fornecimento de energia elétrica, água, serviço aéreo,
etc. Mesmo que a probabilidade de ocorrência (O) seja pequena, para esses sistemas, deve-se
cuidar, tendo em vista o impacto da falta da disponibilidade do sistema técnico ou dos serviços.
85
nâmico. Ou seja, com esta análise é possível fazer simulações para testar a
garantia de continuidade, mesmo que alguns dos itens da função principal do
sistema estejam em falha ou em manutenção.
4.4.4 Atividade 1.4: Análise do sistema
A condição essencial para o uso da confiabilidade dinâmica é que o
sistema tenha um comportamento dinâmico. Todavia, dependendo da disponibilidade e criticidade do sistema, ainda é possível fazer uso da análise de
confiabilidade estática mesmo tendo o sistema um comportamento dinâmico.
A Figura 4.8 representa os critérios para se adotar a análise de confiabilidade
dinâmica.
Figura 4.8 – Critérios para o uso da confiabilidade dinâmica
Região
Comportamento
dinâmico
Disponibilidade
elevada
Identificação
R1
R2
Criticidade
elevada
R3
R4
A análise inicial considera que um sistema está configurado, para efeito
de aplicação de confiabilidade dinâmica, na condição de ter comportamento
dinâmico, disponibilidade elevada e criticidade elevada. Contudo, nem todo
sistema está simultaneamente nas três condições. Assim, é requerido que se
proceda uma análise para tomada de decisão quanto a aplicação de confiabilidade dinâmica ou estática. A maioria dos sistemas requerem apenas análise de
confiabilidade estática, definido pela região R1, por não terem comportamento
dinâmico.
Se tiver comportamento dinâmico, ainda assim pode não ser requerido
a análise de confiabilidade dinâmica, como apontada pela região R2. Os
sistemas que se encontram nessa região possuem comportamento dinâmico,
no entanto, não possuem criticidade ou disponibilidade elevada. Assim, o uso
da análise de confiabilidade dinâmica para esses sistemas é opcional.
86
A região R3 é definida para os sistemas que tenham comportamento
dinâmico e estejam na região de disponibilidade elevada ou criticidade elevada.
Nesta região é fortemente recomendada a análise de confiabilidade dinâmica.
Por último na região R4, é obrigatório o uso da análise de confiabilidade
dinâmica, visto que estes sistemas além do comportamento dinâmico, exigem
disponibilidade elevada e possuem criticidade elevada.
A condição necessária para o uso da análise de confiabilidade dinâmica
é que o sistema tenha comportamento dinâmico. Portanto, a disponibilidade
elevada e a criticidade são critérios adicionais que irão refinar a decisão de se
realizar uma análise de confiabilidade dinâmica ou não. Para a tomada de decisão, pode-se criar uma matriz semelhante à matriz de risco, que é uma forma
de avaliar os riscos de um sistema técnico. A matriz apresentada na Figura 4.9
(DIAS et al., 2011), é uma proposta de avaliar o risco em complementação ou
substituição ao índice NPR (Número de prioridade de risco).
A avaliação do risco apresentada por Dias et al. (2011), Figura 4.9, é
realizada por um conjunto de 4 matrizes, sendo que cada uma representa um
grau de detecção das falhas. Cada matriz por sua vez é uma combinação dos
índices de ocorrência (O) e severidade (S). Portanto, de acordo com os índices
de “detecção” (D), “ocorrência” (O) e “severidade” (S), pode-se avaliar o risco
como aceitável, indesejável e inaceitável.
Vale ressaltar a importância de se destacar o índice de severidade. Portanto, ao observar a forma como a criticidade do sistema é avaliada comumente
nas análises de FMECA, considerando somente o NPR, verifica-se que a severidade (S) fica mascarada por estar embutida dentro do índice de criticidade
(NPR = S · O · D). Para evidenciar sua importância e manter o mesmo critério
utilizado nas análises FMECA, pode-se fazer uso de quatro matrizes – como
apresentado por Dias et al. (2011) – ao invés de uma, fazendo uma distinção
quanto ao impacto dos efeitos gerados com a falha: severidade baixa, média,
perigosa e catastrófica.
A Figura 4.10 é um exemplo de matriz que poderia ser utilizada para a
tomada de decisão na escolha da análise de confiabilidade estática ou dinâmica.
A figura foi desenvolvida a partir da matriz de risco de Dias et al. (2011),
onde os índices de ocorrência (O) e severidade (S) foram substituídos pela
disponibilidade e criticidade do sistema.
Na Figura 4.10 apresenta-se a matriz para avaliar os sistemas dinâmicos,
no qual pondera-se os aspectos de disponibilidade e criticidade do sistema.
Para os sistemas em que é exigida baixa disponibilidade e criticidade, a análise
de confiabilidade dinâmica é opcional, região I (R2). Na proporção em que os
critérios vão sendo mais exigentes, a análise pode se tornar “recomendada” –
região II (R3) –, “fortemente recomendada” – região III (R3) – e “obrigatória”
– região IV (R4) –. As identificações dentro dos parênteses (R2, R3 e R4)
87
Figura 4.9 – Relações determinísticas para avaliar a aceitação do risco
Detecção é regular [D=2]
II
II
II
II
III
III IV IV IV IV
9
II
II
II
II
III
III IV IV IV IV
8
I
I
II
II
III
III
III
III IV IV
7
I
I
II
II
III
III
III
III IV IV
6
I
I
II
II
III
III
III
5
I
I
II
II
III
III
4
I
I
I
I
II
3
I
I
I
I
2
I
I
I
1
I
I
1
2
Ocorrência [O]
Ocorrência [O]
Detecção é fácil [D=1]
10
10
II
II
III
III IV IV IV IV IV IV
9
II
II
II
III IV IV IV IV IV IV
8
II
II
II
III
III
III IV IV IV IV
7
II
II
II
II
III
III IV IV IV IV
III IV IV
6
I
I
II
II
III
III
III
III IV IV
III
III IV IV
5
I
I
II
II
III
III
III
III IV IV
II
III
III
III
III
4
I
I
II
II
II
II
III
III
III
III
II
II
III
III
III
III
3
I
I
II
II
II
II
III
III
III
III
I
II
II
II
II
II
II
2
I
I
I
I
II
II
II
II
II
II
I
I
II
II
II
II
II
II
1
I
I
I
I
II
II
II
II
II
II
3
4
5
6
7
8
9
10
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Severidade (S)
Severidade (S)
Detecção é muito difícil [D=4]
III
III
III
III IV IV IV IV IV IV
9
III
III
III
III IV IV IV IV IV IV
8
II
II
III
III
III
III IV IV IV IV
7
II
II
II
II
III
III IV IV IV IV
6
II
II
II
II
III
5
II
II
II
II
4
I
I
II
3
I
I
2
I
1
Ocorrência [O]
Ocorrência [O]
Detecção é difícil [D=3]
10
10
III
III
III IV IV IV IV IV IV IV
9
III
III
III IV IV IV IV IV IV IV
8
III
III
III
III
III IV IV IV IV IV
7
III
III
III
III
III IV IV IV IV IV
III IV IV IV IV
6
II
II
II
II
III IV IV IV IV IV
III
III
III
III IV IV
5
II
II
II
II
III IV IV IV IV IV
II
II
II
III
III IV IV
4
II
II
II
II
III
III IV IV IV IV
II
II
II
II
III
III IV IV
3
II
II
II
II
III
III IV IV IV IV
I
II
II
II
II
III
III
III
III
2
I
I
II
II
III
III
III
III IV IV
I
I
II
II
II
II
III
III
III
III
1
I
I
II
II
III
III
III
III IV IV
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1
2
3
4
5
6
7
Severidade (S)
8
9
10
Severidade (S)
Legenda:
IV Inaceitável
III Indesejável (requer decisão gerencial)
II
Aceitável (com revisão por parte da gerência)
I
Aceitável
Fonte: Dias et al. (2011)
foram incluídas nas Figura 4.10 para relacionar a matriz com a Figura 4.8.
A matriz apresentada é uma sugestão para auxiliar a tomada de decisão.
Dependendo do sistema técnico e da equipe de trabalho, as regiões (I, II, III e
IV) irão sofrer mudanças, sendo alocadas mais espaços para uma região ou
outra.
88
Figura 4.10 – Relações determinísticas para escolha da análise de confiabilidade dinâmica
IV
IV
IV
IV
IV
IV
IV
IV
IV
IV
IV
IV
IV
IV
IV
IV
IV
IV
IV
IV
III
III
III
III
III
III
IV
IV
IV
IV
III
III
III
III
III
III
IV
IV
IV
IV
II
II
II
II
III
III
III
III
IV
IV
5
4
II
II
II
II
II
III
III
III
IV
IV
II
II
II
II
II
II
III
III
IV
IV
3
2
1
I
I
I
II
II
II
III
III
IV
IV
I
I
I
II
II
II
III
III
IV
IV
I
I
I
II
II
II
III
III
IV
IV
1
2
3
4
5
6
Criticidade
7
8
9
10
Disponibilidade
10
9
8
7
6
Legenda:
Uso da análise
de confiabilidade
dinâmica
{
IV
Obrigatória
R4
III
Fortemente recomendada
II
Recomendada
I
Opcional
{
R3
R2
Fonte: Adaptado de Dias et al. (2011)
4.5 ETAPA 2: DEFINIÇÃO DA EQUIPE
A equipe deve ser definida com profissionais que tenham conhecimento
para estabelecer os critérios de análise como recomendado na Figura 4.8 e
tomadas de decisão como o indicado na Figura 4.10. Em qualquer que seja a
condição há que conhecer tecnicamente o item (componente, subsistema ou
sistema) em análise e as técnicas demandadas para uma análise de confiabilidade.
A equipe deve ser constituída por profissionais com conhecimentos em
diversas áreas e características como:
89
• Conhecimento do item em análise
• Conhecimento do atributo confiabilidade
• Segurança humana, ambiental e física do sistema
• Análise de risco
• Gestão da operação
• Gestão da manutenção
• Análise de falhas
• Análise e desenvolvimento computacional
Em outras palavras, a equipe deve ser constituída por profissionais
que possam fornecer informações sobre: projeto, procedimentos de operação,
configurações de operação (normal e emergência), alarmes, tempo de falha de
componentes, tempo de reparo, tratamento e dados estatísticos, implementação
computacional, entre outras informações.
A Figura 4.11 representa a etapa de definição da equipe de analistas,
que será definida em função do sistema técnico a ser modelado. Esta etapa
apresenta apenas uma atividade, 2.1, onde se procede a seleção dos profissionais ou das habilidades envolvidas com o sistema, requeridos para auxiliar na
análise de confiabilidade dinâmica.
A presença de um profissional em informática na equipe se torna
importante não somente pelo tempo gasto na implementação, mas também
para a documentação e desenvolvimento de um sistema flexível que torne
fácil realizar modificações futuras, construir um banco de dados, entre outras
atividades que deverão ser realizadas ao longo do ciclo de vida.
Por fim, é preciso que se tenha conhecimentos de estatística para o
processamento das informações: análise do gerador de números aleatórios,
construção dos histogramas de falhas e análise das dispersão dos resultados. A
recomendação é que o grupo seja constituído de 5 a 8 analistas, sendo requerido
da equipe, prioridade de conhecimento em confiabilidade, no sistema técnico
e em análise computacional.
4.6 ETAPA 3: ANÁLISE DO SISTEMA, SUBSISTEMAS E COMPONENTES
É a partir deste cenário que, após montar a equipe, inicia-se efetivamente a análise do sistema técnico sob o ponto de vista da confiabilidade. A
90
Figura 4.11 – Atividade da etapa 2
Etapav1
Etapav3
Etapav2:vDefiniçãovdavequipe
Sistemav
técnicov
2.1
Seleçãovdevpessoasvenvolvidasvcomvsistema
v-vDadosvdevoperação:
vvvvvConfiguraçõesvnormal
vvvvvvevemergência
v-vDadosvdevmanutenção
-vProjetistas
-vEspecialistasvemvsistemas
-vPessoalvdevoperaçãovev
manutenção
-vProgramador
Saídas
Equipevparavanálisev
devconfiabilidadev
dinâmica
consideração do atributo da confiabilidade, como se sabe, deve ser feita durante
o projeto. Contudo, por causa de incidentes passados ocorridos na operação
ou por exigência legal devido atualização da legislação, também se deflagre
o processo de análise no ciclo de vida de uso. Muitas vezes, a consideração
das restrições legais, os eventos de falha ocorridos, o investimento financeiro
feito e a visão e missão do empreendimento também influenciam a opção por
análise de confiabilidade dinâmica.
Esta etapa é constituída de três atividades, cuja sequência pode ser vista
na Figura 4.12:
• Atividade 3.1: Desdobramento das funções do sistema
• Atividade 3.2: Caracterização dos subsistemas e componentes
• Atividade 3.3: Descrição comportamental do sistema
Basicamente, é realizada a discretização do problema, buscando os
principais subsistemas e componentes. Posteriormente, são obtidas informações da operação/manutenção dos subsistemas e componentes, sendo avaliada
91
Figura 4.12 – Atividades da etapa 3
Etapag2
Etapag3:gAnálisegdogsistemaIgsubsistemasgegcomponentes
Atividade
102
Sistemag
técnico
301
Desdobramentog
dasgfunçõesgdog
sistema
FgAnálisegfuncional
FgIDEF0
FgMCC
FgFMECA
302g
Caracterizaçãog
dosgsubsistemasg
egcomponentes
FgDiagramagdegblocosg
paragconfiabilidade
FgDadosgdegoperaçãoIgg
manutençãogegdegfalhas
FgDadosgdegcampo
303g
Descriçãog
comportamentalg
dogsistema
Etapag4
ge
Etapag5
FgModelosgdeg
gggsimulação
FgDiagramag
gggcomportamental
Saídas
FgListagdegcomponentes
FgEquaçãogougtabelagdeg
relacionamentogrepresentandogog
comportamentogdogsistema
FgEstadosgdosgcomponentes
FgConfiguraçõesgdogsistema
a influência de cada uma das partes sobre a função global do sistema técnico.
4.6.1 Atividade 3.1: Desdobramento das funções do sistema
Geralmente, os sistemas são compostos por uma quantidade muito
grande de componentes e subsistemas. Desta forma, é preciso organizar quais
componentes ou subsistemas que irão participar do estudo. A atividade 1.2
realizada para avaliar a criticidade do sistema é uma das entradas para esta
etapa. Para desenvolver a atividade 3.1 há que se utilizar de técnicas que
proporcionem a explicitação do conhecimento da equipe de análise (definida
na Etapa 2) na forma de documentos racionalizados para uma futura implementação computacional, com vistas a manter continuidade da análise e também
obter, tanto quanto possível, informações quantificáveis.
A primeira atividade da equipe é determinar se a análise será realizada
em todo o sistema técnico, avaliado na etapa 1, ou será em uma parte do sistema.
A Figura 4.13 apresenta esta situação, onde existe um sistema composto por n
subsistemas.
A realização da FMECA na etapa 1 (atividade 1.2: Análise quanto à
criticidade), avaliou a criticidade do sistema. Considerando que o sistema
92
Figura 4.13 – Priorização da análise
Sistema
Subsistema 1
Subsistema 2
Subsistema 3
Subsistema n
A
EC
FM CC
M
possui uma criticidade elevada, deve-se avaliar neste momento se a análise
será realizada para todo os sistema ou em algum subsistema específico. Para
essa decisão, pode-se revisar os documentos da FMECA, CNEA e relatórios
de falhas da MCC.
O objetivo desta análise inicial é racionalizar os esforços, buscando
identificar as partes mais importantes do sistema. A análise será realizada
prioritariamente nos subsistemas que possuem maior influência na função principal do sistema, ou quando estiver relacionado com os sistemas de segurança
e proteção. A escolha feita pela equipe poderá ser: analisar o sistema todo, ou
se restringir a um, ou mais, subsistema.
A partir da escolha de qual subsistema a ser analisado, a próxima ação
é o desdobramento das funções do sistema ou subsistema. A análise começa
com a função global do sistema (FG), ou do subsistema, sendo desdobrada em
funções mais simples, denominadas funções parciais (FP). O nível mais detalhado das funções é denominado de funções elementares (FE). A Figura 4.14
ilustra o desdobramento da função global apresentada por Back et al. (2008).
Além das funções, são representadas os fluxos de energia, material e sinal.
A IDEF0 é uma técnica recomenda para realizar análise funcional
de processos. Da mesma forma que o desdobramento funcional, a técnica
também permite o desdobramento funcional em níveis, e permite visualizar
a comunicação entre uma função e outra, bem como o fluxo de informações
dos controles, mecanismos, entradas e saídas. Portanto, o uso desta técnica
torna-se fortemente recomendado para essa atividade.
Após o desdobramento das funções, tem-se uma estrutura funcional
do sistema ou subsistema. Esta representação facilita a comunicação entre
os membros da equipe e permite segregar as funções mais importantes para
o processo, que podem ser utilizadas para o desenvolvimento de um novo
93
Figura 4.14 – Desdobramento da função global
Fonte: Back et al. (2008)
Figura 7.3 Desdobramento da função global na estrutura funcional do
FMECA ou MCC, mais detalhado, ou realimentar as antigas análises.
Para sistemas já em uso, por exemplo, serão utilizadas informações
como: relatórios de manutenção, histórico de incidentes, dados de taxas de
falha, componentes e subsistemas com características críticas, entrevistas com
especialistas, analogia com sistemas semelhantes, entre outras fontes. Tais
informações são obtidas na etapa de uso do ciclo de vida do desenvolvimento
de produtos.
Para projetos novos, durante o desenvolvimento do projeto conceitual,
é realizada a análise funcional do sistema, obtendo a estrutura de funções.
Para cada função são investigados diferentes princípios de solução, resultando
na construção da matriz morfológica. Destaca-se que, mesmo um produto
encontrando-se na etapa de projetação, pode-se obter as funções ou subfunções
mais críticas, que serão utilizadas nesta atividade de desdobramento.
Com a lista de componentes mais críticos do sistema ou daqueles que
tem influência no comportamento do sistema, pode-se então realizar uma
subdivisão e organização do sistema em subsistemas e componentes.
As funções dos sistemas e componentes são uma das mais importantes
informações para as técnicas FMECA, CNEA e MCC, principalmente, quando
a análise é realizada com uma abordagem funcional, em que o modo de falha
94
é definido como uma “não função” do componente.
Após obter a estrutura funcional é preciso relacionar as funções com
os subsistemas e componentes. Com isso, tem-se um mapeamento dos componentes e subsistemas mais importantes para a função global, permite ter um
melhor entendimento sobre o funcionamento do sistema e uniformização do
conhecimento entre os participantes da análise.
4.6.2 Atividade 3.2: Caracterização dos subsistemas e componentes
Após realizar o desdobramento do sistema, é possível analisar o comportamento do sistema em função dos possíveis estados dos subsistemas e
componentes2 . Portanto, a caracterização dos subsistemas e componentes
inicia com a análise dos possíveis estados que os itens podem assumir.
A Figura A.10, apresentada no Apêndice A, é um exemplo de diagrama
de estados de um item, que ao longo do seu ciclo de vida pode assumir
qualquer um dos seis estados, que são obtidos com a combinação de três
condições funcionais (sem falha, com falha evidente, com falha oculta) com
duas condições operacionais (ligado, desligado):
• Sem falha
O item pode estar sem falha e sua condição operacional pode ser desligado ou ligado.
• Com falha evidente
O item com falha evidente pode estar travado na posição “ligado” ou
“desligado”. Está caracterizado como falha evidente porque sua condição
operacional atual difere da condição normal de operação. Ou seja, o item
deveria estar na condição ligado e agora está desligado. Essa diferença
com a condição de operação permite detectar a falha.
• Com falha oculta
A falha oculta é difícil de ser detectada, visto que o componente está
travado na posição em que coincide com a condição de operação normal.
Ou seja, na condição normal o item deveria estar ligado e a falha faz
com que o item fique travado na posição ligado. Este tipo de falha só é
percebido quando é exigida uma mudança de estado do item. Somente
2 Os subsistemas e componentes serão tratados como item. Segundo a norma NBR 5462
(ABNT, 1994) item é definido como “qualquer parte, subsistema, sistema ou equipamento que
possa ser considerado individualmente e ensaiado separadamente.”
95
nesse momento a falha deixa de ser oculta e passa a ser uma falha
evidente.
A falha oculta pode ser detectada com manutenções preventivas, em que
os itens do sistema são verificados com uma frequência pré-determinada
de período de inspeção.
Vale ressaltar que os estados apresentados na Figura A.10 servem
apenas para orientação. O número de estados de um item pode ser bem
maior do que seis. Por exemplo, se ao invés de duas, fossem três (aberto,
fechado, parcialmente aberto) as condições operacionais. A combinação com
as três condições funcionais (sem falha, com falha evidente, com falha oculta)
poderiam gerar um total de nove estados.
Assim, com base nos dados de operação, manutenção e de falha, devese estabelecer os possíveis estados de cada item obtido na atividade 3.1.
A combinação dos estados dos componentes têm influência sobre o
sistema, sua variável de controle e derivadas. Devido aos fatores dinâmicos dos
sistemas – mudança de configuração, estados e características dos componentes
e tempo –, à elevada quantidade de componentes e estados, é desaconselhável
analisar o efeito no comportamento do sistema para cada combinação sem o
auxílio de uma implementação computacional. Isso porque, mais do que a
análise o importante é a permanência e a repetitividade da análise.
Assim, na implementação computacional cria-se uma variável denominada “componente” com informações do tipo: nome do componente, estado
atual, taxa de falha, tempo para a falha, estado inicial, taxa de reparo, entre
outras informações. Durante a simulação induz-se mudanças nos componentes
e consequentemente no sistema, que pode falhar ou atingir o tempo de missão,
ou seja, sucesso. Toda esta racionalidade de análise efetuada a partir do conhecimento sistematizado do sistema e das informações dos especialistas, permite
tomada de decisão onde a descontinuidade da função fica mitigada. Maiores
detalhes serão apresentados na seção de implementação computacional.
Cada componente será identificado por um nome, condição de operação
inicial (ligado ou desligado), efeito funcional no sistema, possíveis estados,
função densidade de falha, taxa de falha, função densidade de reparo, taxa de
reparo, entre outras informações. Para obter esses detalhes, deve-se recorrer a
fontes como:
• Relatórios de manutenção
• Análise em sistemas similares
• Testes
96
• Dados de campo
• Histórico de incidentes
• Dados de taxa de falhas
• Entrevistas com especialistas
• Requisitos legais
• Política institucional
4.6.3 Atividade 3.3: Descrição comportamental do sistema
O principal objetivo nesta etapa é descrever o comportamento do sistema em função dos elementos que se encontram nos níveis hierárquicos que
estão abaixo, sejam eles componentes ou subsistemas. Para isso, deve-se
ter conhecimento da influência de cada componente sobre o sistema, isto é,
como a variável de saída do componente afeta o comportamento dinâmico do
sistema.
Por exemplo, seja um sistema cuja temperatura deva ser controlada e
mantida em torno dos 40◦ C. A falha do subsistema de refrigeração vai conduzir ao aumento da temperatura. A Figura 4.15 representa o comportamento
dinâmico da temperatura do sistema (variável de controle) após a falha, que aumenta gradualmente a uma taxa dT /dt. Assim, na descrição comportamental
é preciso que a variação de temperatura do sistema esteja definida em função
dos estados do subsistema de refrigeração e dos outros subsistemas que podem
agir sobre essa variável de controle.
Basicamente, é preciso identificar os fatores que desencadeiam a mudança da variável de controle e também os fatores que levam a variável de
controle a estabilizar em um patamar específico, ou retornar ao ponto de início.
Em geral, o início do processo tem origem em falhas nos componentes, ou
ação indevida durante a operação, e o patamar de estabilização está associado
aos dispositivos de segurança que impedem que a variável de controle atinja
valores críticos. A Figura 4.15 apresenta apenas o início do aumento da
temperatura, ou seja, ainda seria preciso definir os processos que levariam a
temperatura a estabilizar ou retornar ao valor original.
A estrutura funcional do sistema, desenvolvida no projeto conceitual, é
uma das principais fontes de informação para esta etapa. Tendo uma estrutura
de funções bem documentada é possível relacionar os componentes com as
97
Figura 4.15 – Variação de temperatura após falha do sistema de refrigeração
Tc(oC)
Regiãocdecfalhacdocsistema
100
80
Falhacdocsubsistema
decrefrigeração
Regiãocdecemergência
dT/dt
Regiãocdecoperaçãoc
normal
40
t1
t2
tc(min)
funções e avaliar a interferência de cada componente sobre a função global. O
comportamento dinâmico do sistema é descrito por uma variável de controle,
que é a variável de estado do sistema. A Figura 4.16 apresenta alguns exemplos
de funções que podem ser adotadas para representar as mudanças de nível da
variável de controle, y(t). Tais mudanças podem estar relacionadas à falha ou
reparo de um componente, ação do controlador e ações humanas.
Figura 4.16 – Mudança no nível da variável de controle
y(t)
y(t)
t
t
(a) Função degrau
(b) Função rampa
y(t)
y(t)
t
(c) Função exponencial
t
(d) Função senoidal amortecida
• O item (a) da Figura 4.16 ilustra uma mudança instantânea – função
degrau – na variável de controle, y(t), sendo utilizada para representar
os casos em que as variações são muito rápidas em relação ao tempo.
98
Por exemplo, a ação de um operador ao ligar uma fonte de energia: o
valor parte de zero até o valor nominal de tensão.
• O item (b) da figura ilustra uma mudança que segue uma função do
tipo rampa; representa uma variação gradual no valor da variável de
controle. Como exemplo, pode-se supor que esteja sendo monitorada a
pressão em um reservatório de gás. A falha de um componente (início
da rampa) dá início a um aumento gradual da pressão. Ao atingir um
certo valor limite, é acionada uma válvula limitadora de pressão, que
impede o aumento da pressão – final da rampa.
O comportamento neste caso é regido por uma equação de reta do tipo:
(4.1)
y(t) = At + B
Desta forma é importante definir os parâmetros A e B da Equação 4.1
em função dos estados dos componentes do sistema.
• O item (c) ilustra uma mudança que segue uma função exponencial. Um
exemplo clássico para esse comportamento é o processo de carga de um
capacitor elétrico. Os sistemas descritos por esse comportamento, na
área de controle de sistemas, são denominados de sistemas de primeira
ordem e seguem uma equação do tipo:
t
y(t) = (1 − e− τ )u(t)
(4.2)
Os elementos da Equação 4.2 correspondem à variável u(t), que representa uma variável de entrada, e τ, conhecida como constante de tempo
– seu valor está relacionado com a velocidade com que ocorre a variação
de y(t) no tempo3 .
• O item (d) ilustra uma mudança que segue uma função senoidal amortecida. O amortecimento do sistema obedece uma curva exponencial
e a oscilação segue os parâmetros definidos pela função senoidal. O
sistemas descritos por esse comportamento, na área de controle de sistemas, são denominados de sistemas de segunda ordem e obedecem uma
equação do tipo:
"
y(t) = 1 − p
e
1 − ξ2
− τt
e
#
sen(ωat + ψ) u(t)
(4.3)
3 Quanto menor for o valor de τ, maior a velocidade com que ocorre a variação de y(t) no
tempo.
99
onde,
ξ: razão de amortecimento
ωn : frequência natural
τ: constante de tempo
τ = ξωn
ωa = ωn
p
1 − ξ2
ψ = arc cos(ξ)
Dependendo do valor assumido pelo parâmetro ξ, o comportamento da
curva pode ficar próximo de um sistema de primeira ordem, ou seja, sem
sobressinal. Isso pode ser observado na Figura 4.17, onde é apresentado
um gráfico para quatro valores de ξ ( 0,1 – 0,4 – 1 – 2)4 . A teoria de
controle de sistemas dinâmicos relacionados com modelos de primeira
e segunda ordem podem ser encontradas em Franklin et al. (1994) e
Ogata et al. (2003).
Figura 4.17 – Comportamento do sistema de segunda ordem em função de ξ
y(t)
ξ = 0,1
ξ = 0,4
ξ=1
ξ=2
t
O modelo mecânico clássico de sistema de segunda ordem é representado por massa, mola e amortecedor.
Os itens (c) e (d) são bastante utilizados na análise de sistemas de
controle, onde o comportamento durante o transiente possui influência significativa na performance do sistema. Assim, dependendo das características
do sistemas que estão sendo modelados, das informações disponíveis e dos
requisitos de projeto pode-se considerar os comportamentos descritos pelos
itens (a), (b), (c) ou (d).
4 Quando ξ = 1 é denominado sistema com amortecimento crítico. Para ξ > 1 é denominado
sistema superamortecido e para 0 < ξ < 1 subamortecido.
100
Além da variável de controle, muitas vezes os valores de suas derivadas devem ser controlados. Por exemplo, se a variável que estiver sendo
monitorada for uma posição “x” de um atuador, dependendo do problema é
necessário monitorar a velocidade com que o atuador está se movimentando e
também sua aceleração. Para esses casos, estará sendo avaliada mais de uma
variável de controle. Assim, a falha do sistema pode ocorrer quando qualquer
uma das variáveis alcançar a região de falha do sistema. Consequentemente,
à medida que o número de variáveis aumenta, a complexidade da análise
também aumenta.
A falha do sistema técnico fica caracterizada quando a variável de
estado alcançar a região de falha. Por outro lado, o sucesso da missão fica
caracterizado quando o tempo de simulação atinge o tempo de missão sem
que a variável de controle alcance a região de falha.
4.7 ETAPA 4: ANÁLISE DA MANUTENÇÃO DO SISTEMA TÉCNICO
Nesta etapa, Figura 4.18, a manutenção centrada em confiabilidade
(MCC) é a principal técnica de suporte a ser utilizada. Serão obtidas informações como tempo médio de reparo dos componentes, modelo estatístico das
ações de manutenção (função densidade de reparo), sensores que detectam
a falha, valores limites da variável de controle, priorização das ações de manutenção, manutenção em série e paralelo, recursos (equipamentos e mão de
obra) disponíveis, etc.
Durante as reuniões, as técnicas Brainstorming, IDEF0 e FMECA irão
auxiliar fornecendo informações como funções, processos e componentes
mais críticos do sistema; histórico de falhas; procedimentos de operação e
manutenção; entre outras. A Figura 4.18 apresenta as atividades realizadas na
etapa de análise da manutenção do sistema:
• Atividade 4.1: Caracterização dos sensores, controlador e atuadores
• Atividade 4.2: Definição das regiões de operação
• Atividade 4.3: Modelagem do comportamento em função da manutenção
101
Figura 4.18 – Atividades da etapa 4
EtapaT3
EtapaT4:TAnáliseTdaTmanutençãoTdoTsistemaTtécnico
SistemaT
técnico
4jõT
CaracterizaçãoTdosT
sensoresFTcontroladorT
eTatuadores
4j2T
DefiniçãoTdasT
regiõesTdeT
operaçãoT
0TDadosTdeToperaçãoTeT
TTTmanutenção
0TDadosTdeTcampo
0TCatálogos
0TEspecialistasFToperadoresFT
TTTprojetistas
EtapaT5
4j3
ModelagemTdoTcom0
TportamentoTemTfun0
TçãoTdaTmanutenção
0TDiagramaTdeTblocosTpara
TTTconfiabilidade
0TRecursosTdisponíveis
0TTabelasTdeTrelacionamento
0TDiagramaTcomportamental
Brainstorming 0TIDEF2T0TMCCT0TFMECA
Saídas
0TCapacidadeTdaTmanutenção
TTTRsérieFTparaleloFTmistav
0TSensoresTeTatuadores
0TModelosTestatísticosTparaT
manutenção
0TTempoTmédioTdeTreparo
0TTempoTdeTreaçãoT
4.7.1 Atividade 4.1: Caracterização dos sensores, controlador e atuadores
Os sensores são os elementos que irão monitorar a variável de controle
constantemente. A partir do momento que ocorre uma falha, o comportamento
dinâmico do sistema faz com que a variável deixe a região de operação normal.
A detecção de que o valor está fora da região normal é percebida por
um controlador, que faz a leitura do sensor e dependendo da informação
obtida, dispara ações para os atuadores. Portanto, é preciso definir quais são
os elementos do sistema que operam como sensores, os limites em que fica
caracterizado que o comportamento está fora do normal, o controlador e os
atuadores.
A partir do momento que o sensor indica que a variável de controle está
fora da região de operação, o controlador faz o acionamento dos atuadores,
que são os elementos responsáveis em impedir que a variável atinja os limites
102
críticos que determinam a falha total do sistema.
Para ilustrar melhor estes conceitos é apresentado um exemplo, Figura 4.19. O sistema é constituído de dois componentes, C1 e C2 ligados em
paralelo, e um medidor para obter a saída do componente C1 .
Figura 4.19 – Sistema com componentes C1 e C2 (reserva)
Sensor
Controlador
C1
Atuador
C2
Supondo que em um dado momento, o medidor instalado junto ao
componente C1 indica que o sinal fornecido está abaixo de um valor limite. Ao
perceber a informação, o controlador aciona o atuador que realiza a comutação
para o componente C2 , que é o componente reserva. O sensor deste sistema
é composto pelo medidor, o controlador e atuador são representados pelo
operador, que deve visualizar no medidor que o sinal está baixo e realizar a
comutação para o componente reserva.
Embora o sistema apresentado no exemplo possua um componente
reserva, a ação de recuperar o sistema ainda pode falhar, pela probabilidade de
falha do sensor, do controlador ou do atuador. Uma análise de confiabilidade
pode ser desenvolvida com o uso de diagramas de blocos para confiabilidade,
como apresentado na Figura 4.20. O sensor, controlador e o atuador podem
entrar como componentes montados em série, visto que a falha de qualquer
um deles pode conduzir a falha no sistema.
Figura 4.20 – Diagrama de blocos para confiabilidade com sensor, controlador
e atuador
C1
Sensor
Controlador
Atuador
C2
Um caso simples como no exemplo citado, pode gerar várias análises
103
e soluções. Esse tipo de problema, é bastante aderente à análise de confiabilidade dinâmica, onde é possível simular vários cenários5 . Geralmente, na
análises de confiabilidade estática, o conjunto (sensor, controlador e atuador)
é considerado perfeito, ou seja, nenhum dos três elementos falha – portanto,
não entram na representação dos diagramas de blocos para a confiabilidade.
Na análise de confiabilidade dinâmica os sensores, o controlador e os
atuadores são itens importantes, pois são necessários para a representação do
comportamento dinâmico do sistema. Assim, mesmo se forem considerados
perfeitos, ainda devem estar presentes nos modelos para realizar mudanças de
estados nos componentes para impedir a falha do sistema. Além disso, mesmo
considerando que não falhem, suas características como o valor definido para
acionamento, tempo de resposta (para leitura do controlador e acionamento
dos atuadores), entre outras, irão influenciar na confiabilidade do sistema.
Caso os sensores, controlador e atuadores forem suscetíveis à falhas,
será preciso ter uma função densidade de falha que represente o sensor e o
atuador, bem como os seus possíveis estados – análogo aos estados definidos
para os componentes.
Deve-se salientar que um sensor, no contexto deste trabalho, não tem
função somente de realizar a leitura da variável de controle. Além disso, deve
apresentar a informação para que seja interpretada pelo controlador e com isso
sejam tomadas ações para evitar a falha.
Assim, considere o exemplo apresentado na Figura 4.21. O sistema
pode ser caracterizado como um sistema dinâmico no qual a variável de
controle que está sendo monitorada é o nível do reservatório. Pode-se pensar
inicialmente que a boia é um sensor/controlador e a haste acoplada à válvula é
o atuador. Na medida que o nível de líquido baixa, a boia faz o papel de sensor
e controlador porque faz a leitura e aciona a válvula por meio da haste.
No entanto, do ponto de vista da análise de confiabilidade dinâmica,
se for considerado que a falha do sistema é quando ocorre o esvaziamento
do reservatório, então, para realizar a análise deve-se incluir um elemento
que, por exemplo, quando o nível do reservatório chegar em 50%, um alerta
é emitido informando a situação. O controlador, de posse dessa informação
comanda uma ação de atuação – redução do consumo –. Para esse caso, a
função do controlador e atuador estão representados pelo homem, que com a
informação que o nível está baixo e toma a ação de reduzir o consumo.
Embora a boia, a haste e a válvula sejam elementos que fazem parte
do sistema que controla o enchimento do reservatório, estes não podem ser
5 Poderia ser simulado um sensor com falha oculta, ou seja, está travado em uma posição de
leitura. Ou ainda, simular a ação do operador cujo tempo de reação segue uma dada distribuição
de probabilidade – nesse caso seria avaliado a confiabilidade do sistema em função do tempo de
reação do operador.
104
Figura 4.21 – Exemplo de análise de sistema a partir do controle do nível de
fluido do reservatório
Chave de nível
Controlador e Atuador
Válvula
Haste
Sensor
Boia
Ação
Reduzir o
consumo
Nível
baixo
Análise de confiabilidade dinâmica
caracterizados como sensor, controlador e atuador. As taxas de falha destes
elementos entram na análise e terão impacto na confiabilidade do sistema, mas
participam da modelagem somente como componentes do sistema.
O sensor, o controlador e o atuador são elementos que estão presentes
nas teorias de controle clássico. A Figura 4.22 apresenta um diagrama de blocos para análise de um sistema de controle realimentado (também denominado
de sistema em malha fechada) em que é possível observar a disposição dos três
elementos. O sensor faz a leitura da saída do processo e se houver diferença
com o valor de referência do sistema, o controlador – por meio do atuador –
toma ações sobre o processo para manter a variável nos limites estabelecidos
no projeto. As perturbações são interferências externas que agem sobre o
processo e podem afastar o valor de saída do sistema do valor de referência.
Figura 4.22 – Diagrama de blocos para análise de um sistema de controle
realimentado
Perturbação
Referência
+
Σ
Controlador
Atuador
-
Sensor
Fonte: Adaptado de Ogata et al. (2003)
Processo
Saída
105
4.7.2 Atividade 4.2: Definição das regiões de operação
A atividade de definição dos limites de operação consiste em definir os
valores que caracterizam: a falha do sistema, a condição de emergência e a
operação normal.
No exemplo apresentado na Figura 4.21, a condição considerada normal
seria do nível 50% até o reservatório cheio (100%). A condição de emergência
seria para valores abaixo dos 50% e falha quando estivesse vazio. A atividade
de definição dos limites está relacionada diretamente com a caracterização dos
sensores e atuadores. Ou seja, durante a definição dos sensores e atuadores,
naturalmente se inicia a definição dos limites de operação.
Figura 4.23 – Regiões de operação do sistema
y(t)
Região de falha
yFS
yS
yN
yI
Região de emergência
Região normal
ou nominal
Região de emergência
yFI
Região de falha
t1
t2
t3
t4
t5
t6
t7
t8
t
A Figura 4.23 apresenta um gráfico que representa o comportamento
dinâmico de uma variável de controle, y(t). A figura representa um caso
genérico que será utilizada para explicar como cada ponto pode migrar para
cada uma das regiões:
• Condição normal de operação: Nesse caso, variável de controle y(t),
opera dentro de um limite superior, yS , e um limite inferior, yI . O valor
yN é um valor de referência que representa o valor nominal de projeto.
Desta forma, os pontos identificados no tempo t1 , t5 e t6 , representam o
sistema na condição normal de operação.
• Condição de emergência: O sistema avança para a região de emergência
quando ocorre falha em um ou mais componentes. No momento que a
variável de controle atinge os limites da condição normal (yS ou yI ), o
106
sensor envia uma informação ao controlador de que, pelo menos, um
componente está em falha. Os pontos que se encontram no tempo t2 ,
t3 , t4 , t7 e t8 são condições em que um alerta está sendo emitido e que
ações são necessárias para recuperar o sistema.
A saída da condição normal e o ingresso para a região de emergência está
associado com a taxa de falha de um ou mais itens do sistema e como
os seus estados influenciam a variável de controle. Desta forma, quanto
maior for a taxa de falha dos componentes, maior será a frequência com
que ocorrerá esta passagem.
• Falha do sistema: O sistema falha quando o valor da variável de controle
atinge o limite superior, yFS , ou o limite inferior, yFI . A ocorrência
de falha do sistema vai depender da velocidade com que a variável
de controle avança para a região de falha e também da qualidade dos
sensores, do controle e dos atuadores. A qualidade destes elementos está
relacionada com os equipamentos de proteção, a capacitação da equipe
de manutenção, os programas de manutenção, entre outros pontos que
são abordados pela manutenção centrada em confiabilidade.
Assim, as chances do sistema migrar da região de emergência para a
região de falha estão associadas com os tempos para as ações de manutenção, mão de obra da equipe e recursos disponíveis para instalação de
barreiras (proteções). Estas ações quando não puderem trazer o sistema
para a condição normal, devem pelo menos reduzir a velocidade de
avanço da variável de controle do sistema, a fim de que possa ser feita a
manutenção e impedir que se atinja a região de falha.
4.7.3 Atividade 4.3: Modelagem do comportamento em função da manutenção
Os possíveis estados dos componentes, e portanto, das falhas foram
definidas na atividade 3.2 (Caracterização dos componentes). A atividade a ser
realizada nesta etapa se resume em caracterizar como as ações de detecção e
manutenção influenciam a variável de controle, e portanto, a confiabilidade do
sistema. As informações advindas da manutenção centrada em confiabilidade
(MCC) são fundamentais nesta etapa, pois estão fortemente relacionadas com
o procedimentos de manutenção, tempos de reparo, equipamentos de suporte
disponíveis, mão de obra, etc.
107
4.7.3.1 Tempo de reação
A partir do momento que a variável de controle alcança a região de
emergência, o sensor informa a situação ao controlador. O período de tempo
entre o momento de entrada na região de emergência até o início do procedimento de manutenção é denominado de tempo de reação.
A Figura 4.24 apresenta uma variável de controle, y(t), que após a falha
de um componente no tempo t1 , alcança a região de emergência no tempo t2 ;
nesse momento o sensor informa o estado da variável y(t) para o controlador.
Após um dado tempo – tempo de reação – entra em operação um atuador que
interrompe o avanço da variável de controle em direção à falha do sistema.
Figura 4.24 – Tempo de reação para início da manutenção preditiva
y(t)
Região de falha
Região de
emergência
Falha de
componente
Tempo de Tempo de
reação
manutenção
Região
normal
t1
t2
t3
t4
t5
t
Dependendo da complexidade do sistema, do tipo de falha e dos controles disponíveis, o tempo de reação implementado no modelo pode ser nulo
ou ser tão longo que não há tempo para o controlador acionar os atuadores,
consequentemente ocorrerá a falha do sistema.
O tempo de reação pode ser determinístico ou estocástico:
• Caso seja determinístico, é preciso ter a função que descreve o tempo
de reação para computar o início da manutenção. Essa função pode ser
dependente do componente, da equipe de manutenção, da variável de
controle, entre outros elementos.
• Caso seja estocástico, deve-se informar a função densidade que descreve
o tempo para que possa realizar o sorteio e obter o valor do tempo de
108
reação. Quanto maior for o tempo de reação, maiores são os riscos
do sistema falhar. O tempo de reação está relacionado com os dispositivos de sinalização dos sensores e com a capacitação da equipe de
manutenção.
Nessa atividade, é muito importante a presença de especialistas no
sistema, como os projetistas, pessoal de operação e manutenção, que irão
dar informações para construir a função ou fornecer o modelo estatístico que
descreve o tempo de reação.
4.7.3.2 Atuação sobre o avanço da variável de controle
Antes de iniciar a manutenção de algum componente, alguns sistemas
possuem elementos que fazem o bloqueio da variável de controle, impedindo
o avanço em direção à região de falha do sistema. Paralelamente, são iniciadas
as ações para detecção das falhas e manutenção preditiva dos componentes.
Deve-se buscar mecanismos que façam o bloqueio, principalmente,
quando a mudança da variável de controle é considerada rápida em relação às
ações de manutenção. Por outro lado, se a mudança da variável de controle
é bastante lenta, pode-se buscar a manutenção direta dos componentes. Mas
além da taxa de variação, deve-se levar em consideração os recursos disponíveis (equipamentos, mão de obra, etc), os possíveis efeitos que a falha pode
gerar, a probabilidade de detecção e recuperação dos componentes em falha,
entre outros fatores.
Na Figura 4.25, após o tempo de reação do sistema de controle, são
apresentados quatro caminhos de manutenção preditiva para a variável y(t)
identificadas por “a”, “b”, “c” e “d”:
• No caminho “a” não foi realizada nenhuma ação sobre a variável. Embora, as ações de manutenção já tivessem iniciado – no tempo t3 – não
foi possível impedir a falha do sistema.
• No caminho “b” foi feita uma ação sobre o sistema que permitiu uma
queda no comportamento dy/dt, que foi suficiente para que a manutenção do sistema fosse concluída e levasse o sistema a retornar para as
condições normais de operação em t6 . Todavia, nesse caso uma demora
maior na manutenção do sistema ainda poderá conduzí-lo a falha.
• No caminho “c” o avanço da variável foi totalmente interrompido. Em
relação aos casos “a” e “b”, essa situação é a mais favorável, visto que o
sistema já não avança em direção à falha. Consequentemente, o trabalho
da equipe de manutenção é realizado sob uma pressão um pouco menor
109
nesse caso. No entanto, vale chamar a atenção que ainda é uma situação
crítica, pois no caso de alguma nova falha, o tempo disponível para
qualquer ação é bem menor, tendo em vista a proximidade com os
limites da região de emergência com a região de falha.
• No caminho “d” foi realizada uma ação que permitiu a variável retornar
para a região de operação normal. Isso pode ocorrer, por exemplo,
para os sistemas que possuem componentes redundantes. Assim, dado
que ocorreu uma falha no componente principal, ao ser detectada esta
condição, é realizada a comutação para o componente reserva, que
recupera o sistema. Paralelamente, pode ser é realizada a manutenção
do componente em falha, que após o reparo pode entrar em operação
novamente, ou ficar na condição de reserva.
Figura 4.25 – Atuação sobre o avanço da variável de controle
y(t)
Região de falha
a
Região de
emergência
d
Tempo
de
reação
t1
b
c
t2
Região
normal
Tempo de
manutenção
t3
t4
t5
t6
t7
t
Assim a análise de confiabilidade procura caracterizar os cenários a
partir da dinâmica das falhas dos itens, dos estados de falha do sistema e do
tempo de reação da manutenção, como forma de sistematizar barreiras para
impedir ou reduzir o avanço para a região de falha. Tais proteções, junto com
as ações de manutenção aumentam as chances de recuperação do sistema, e
consequentemente, a confiabilidade.
4.7.3.3 Manutenção preditiva com o sistema em operação
Como visto no capítulo de revisão, a gestão da MCC está estruturada
para agir na forma de: manutenção corretiva e manutenção preventiva, baseada no tempo ou baseada na condição. Um problema crítico para sistemas
110
dinâmicos está associado às falhas ocultas. É nestes casos que a análise de
confiabilidade dinâmica é mais apropriado, e para que não haja perda de continuidade a manutenção é feita com o sistema em operação, sinalizada de forma
preditiva.
Em alguns instantes do ciclo de vida dos sistemas serão detectadas falhas em mais de um item. Isso pode ser mais crítico se existirem falhas ocultas
no sistema. No momento em que componentes com falha oculta recebem uma
solicitação para mudança de estado (de ligado para desligado, ou de desligado
para ligado), as falhas deixam de ser ocultas. Essas não conformidades fazem o
sistema operar em condições desfavoráveis, consequentemente, as variáveis de
estado do sistema irão ultrapassar os limites de segurança, tendendo o sistema
a ir para uma condição de falha. A existência de dois ou mais componentes em
falha torna a situação mais complicada do ponto de vista da manutenção. Para
esses casos, pergunta-se: em quais componentes se deve iniciar a manutenção?
A resposta para a pergunta vai depender dos recursos disponíveis, da
função e tempo de reparo de cada componente, entre outros fatores. O que
se quer é manter o sistema operando, mesmo que se detectou a falha de um
componente. As prioridades definidas pela organização estão nas informações
geradas pela MCC e nela estará definido o tipo de manutenção do sistema, que
pode ser em série, em paralelo, misto ou sem manutenção. Vale ressaltar que
a manutenção do componente é realizada com o sistema em operação – sem
desligar o equipamento –. Assim, a manutenção deve ser executada de forma
mais rápida possível para que a variável de controle retorne à sua faixa de
operação, afastando-se dos limites máximos ou mínimos que poderiam levar à
falha do sistema.
As seções seguintes apresentam as possíveis modelagens para conduzir
a manutenção de conjuntos de componentes que estão em falha, que são:
• Manutenção em série
• Manutenção em paralelo
• Manutenção mista
• Sem manutenção
A caracterização das modelagens de manutenção é muito importante
para a análise de confiabilidade dinâmica do sistema técnico, principalmente
quanto ao comportamento dinâmico do sistema após as falhas nos componentes.
111
4.7.3.3.1 Modelagem em série da manutenção
Na manutenção em série os reparos serão realizados em um componente
de cada vez. Consequentemente é um processo mais lento. A maneira como é
conduzida a manutenção dos componentes terá um impacto direto no valor da
confiabilidade do sistema, pois se o sistema de manutenção é mais eficiente, é
possível trazê-lo para a condição normal mais rapidamente, evitando assim
que os valores limites que caracterizam as falhas sejam alcançados.
A Figura 4.26 representa graficamente a manutenção em dois componentes. A manutenção do componente 1 inicia em t0 e termina em t1 . A
manutenção do componente 2 tem início somente depois da manutenção do
componente 1 em t1 , finalizando em t2 .
Figura 4.26 – Manutenção em série
Sequência de
manutenção
μ1: Taxa de reparo do componente 1
μ2: Taxa de reparo do componente 2
Início
Tempo de reparo
Fim
Componente 1 (μ1)
Componente 1
Fim
Tempo de reparo
Início
Componente 2 (μ2)
Componente 2
t0
t1
Componente 1
reparado
t2
t
Componente 2
reparado
Na manutenção em série deve-se especificar a ordem com que será
realizada a manutenção, cuja sequência foi definida em função das taxas de
reparo, ou taxas de falha, ou grau de influência do componente sobre a variável
de estado do sistema, ou custo de manutenção do componente etc.
Esta modelagem ocorre para itens dependentes na estrutura funcional e
é feita das decisões de projeto.
4.7.3.3.2 Modelagem em paralelo da manutenção
Na manutenção em paralelo o tempo para o início da manutenção é
igual, diferindo-se na finalização para cada componente.
Após a manutenção, tanto em série quanto em paralelo, pode-se especi-
112
ficar um coeficiente de degradação do componente que irá atuar na sua taxa de
falha. Ou pode-se considerar o componente recuperado tão bom quanto novo,
neste caso não há degradação do componente.
Na Figura 4.27 estão dois componentes sendo reparados em paralelo.
Neste tipo de manutenção, os componentes iniciam a manutenção no mesmo
tempo, t0 . No tempo t1 finaliza-se a manutenção do componente 1 e do
componente 2 em t2 .
Figura 4.27 – Manutenção em paralelo
μ1: Taxa de reparo do componente 1
μ2: Taxa de reparo do componente 2
Sequência de
manutenção
Início
Fim
Tempo de reparo
componente 1 (μ1)
Componente 1
e
Componente 2
Fim
Tempo de reparo
componente 2 (μ2)
t0
t1
Componente 1
reparado
t2
t
Componente 2
reparado
Verifica-se que há uma sobreposição nos processos de manutenção,
consequentemente, tem-se todos os componentes que estavam em falha sendo
reparados, o que implica em tempo menor de reparo do sistema, quando
comparados com a manutenção em série.
4.7.3.3.3 Modelagem mista da manutenção
Na modelagem da manutenção mista combina-se a manutenção em
série e paralelo. Nesta manutenção, grupos de componentes são reparados
em série. Dentro de cada grupo a manutenção é realizada em paralelo. A
Figura 4.28 apresenta um exemplo em que quatro componentes estão em falha:
componentes 1, 2, 3 e 4.
A manutenção inicia com os componentes 1 e 2. Dado que a manutenção de um dos componentes foi concluída (componente 1), inicia-se a
manutenção do componente do segundo grupo, que é o componente 3. Assim,
pode-se concluir que a capacidade de manutenção deste sistema é de dois
113
Figura 4.28 – Manutenção mista
μ1: Taxa de reparo do componente 1
μ2: Taxa de reparo do componente 2
μ3: Taxa de reparo do componente 3
μ4: Taxa de reparo do componente 4
Sequência de
manutenção
Início
Fim
Tempo de reparo
componente 1 (μ1)
Componente 1
Componente 2
Fim
Fim
Tempo de reparo
componente 2 (μ2)
Tempo de reparo
componente 3 (μ3)
Início
Componente 3
Componente 4
Início
t0
t1
Componente 1
reparado
Fim
Tempo de reparo
componente 4 (μ4)
t2
Componente 2
reparado
t3
t4 t
Componente 3 Componente 4
reparado
reparado
componentes por vez. Na existência de mais componentes em falha, estes
ficam em espera.
Ou seja, a manutenção em série seria um caso particular em que cada
grupo é constituído por apenas um componente. Em contrapartida, a manutenção em paralelo seria também um caso particular em que é composto por um
único conjunto composto por todos os componentes.
4.7.3.3.4 Modelagem sem manutenção
Alguns sistemas não permitem que a manutenção seja realizada com o
sistema em operação. Mas para evitar a parada do sistema, possuem mecanismos, ou barreiras, para impedir ou mitigar a progressão da variável de controle.
Com isso, conseguem interromper o avanço da variável em direção à região
de falha, ou retardar o avanço, para que medidas que reduzam o impacto dos
efeitos sejam tomadas.
Vale destacar que, mesmo que os componentes não sejam reparáveis
ainda necessitam de sensores, controladores e atuadores para fazerem a predição.
114
4.7.3.4 Falhas ocultas
A falha oculta irá ocorrer sempre que o tipo de falha, aberta ou fechada,
coincidir com o estado de operação exigido pelo sistema. Por exemplo, considere que uma válvula de alívio, na sua operação normal, deva permanecer
fechada. Em um dado tempo, por algum problema, a válvula permanece
trancada na posição fechada – se a função da válvula não for exigida e ela
está trancada, tem-se o caso de uma falha oculta. A sua condição de falha só
será percebida quando o sistema necessitar que a válvula mude de estado para
aberta.
Durante a simulação, para a determinação da confiabilidade dinâmica
do sistema é possível identificar e registrar os componentes com falha oculta
e também o momento da ocorrência. Com o número de ocorrências e tempo,
é possível obter uma função densidade de probabilidade para falhas ocultas.
Esta informação obtida das simulações, pode ser usada pelo mantenedor para
organizar seu cronograma de inspeções dos componentes de acordo com o
período mais provável que as falhas irão ocorrer, a fim de identificar tais
falhas no sistema real e evitar surgimento de problemas durante a demanda de
operação.
4.8 ETAPA 5: MODELAGEM E SIMULAÇÃO
As informações obtidas nas etapas 3 e 4 são utilizadas para a modelagem e simulação computacional do sistema técnico. A Figura 4.29 apresenta
as atividades realizadas nesta etapa.
4.8.1 Atividade 5.1: Representação do comportamento dinâmico do sistema
O comportamento dinâmico do sistema é descrito pelas variáveis de
estado, y, que indicam valores, quantidades ou condições que são utilizados em
um processo – servem para controlar, modificar ou supervisionar. Temperatura,
pressão, densidade, concentração e peso são efeitos cujas de variáveis podem
ser monitoradas para disparar alarmes – quando o sistema ultrapassa o limite de
sua condição normal de operação –, ou caracterizar a falha do sistema. Assim,
deve-se estabelecer os valores limites: faixa normal de operação, valores
máximos e mínimos que definirão a falha do sistema.
A Equação 2.1, dy/dt, apresentada no capítulo 2, mostra que ocorrerão
115
Figura 4.29 – Atividades da etapa 5
EtapaD3
e
EtapaD4
EtapaD5:DModelagemDeDsimulaçãoD
5(4D
RepresentaçãoDdoD
comportamentoDdinâmico
UDDadosDdeDoperaçãoDeD
manutenção
UDDadosDdeDcampo
UDCatálogos
UDEspecialistasbDoperaU
doresbDprojetistas
UDLimitesDdeDoperação
UDSensoresbDcontrolaU
dorDeDatuadores
Brainstorming
UDIDEF3D
UDMCCD
UDCNEA
UDFMECA
EtapaD6
5(2D
EstruturaDparaDimplementação
EspecialistasbD
operadoresbD
projetistasbD
mantenedoresbD
profissionalDemD
programação
UDFilosofiaDdeD
programaçãoD
orientadaDaDobjetos
UDUML
UDBrainstorming
UDAmbienteDdeD
programaçãoD
jSoftwareL
Saídas
ModeloD
computacional
variações devido aos estados dos componentes i e suas propriedades6 , ao
tempo t e também pela própria variável y.
Assim, deve-se escrever como os componentes influenciam na variável
de controle do sistema. Para implementação computacional recomenda-se
inicialmente modelar os gráficos que representem o comportamento dinâmico
ao longo do tempo, para adquirir sensibilidade da análise.
A Figura 4.30 é um exemplo de simulação onde é possível acompanhar
o comportamento dinâmico do sistema diante à ocorrência de falhas. A figura
foi elaborada considerando um sistema com dois componentes C1 e C2 ligados
em paralelo, no qual o primeiro é o componente principal e o segundo é o
reserva (redundante).
Inicialmente um componente C1 tem uma falha no tempo t1 . Quando
o sistema ultrapassa o limite da região normal, no tempo t2 , o sensor envia
a informação ao controlador. Após o tempo de reação em t3 , o atuador faz a
comutação, ativando o componente C2. Com isso, o sistema consegue trazer
a variável y(t) para a região normal de operação em t5 . A manutenção do
componente C1 é concluída no tempo t4 .
À medida que os componentes são reparados, seus estados são alterados
e sorteios de novos tempo de falha e de reparo são realizados.
Diagramas que mostram o comportamento do sistema são muito im6 Taxas
de falha, taxa de reparo, condições de operação etc
116
Figura 4.30 – Exemplo de simulação realizada manualmente
y(t)
Região de falha
Falha
de C1
Ativação
de C2
Região de
emergência
Tempo
de
reação
t1
t2
Região
normal
Tempo de
manutenção
t3
t4
t5
t
portantes para a orientação na implementação computacional e também para a
equipe que está trabalhando no problema. Nessa atividade, são revisados os
limites de condição normal de operação e quando a falha no sistema ocorre.
Também verifica-se as ações do controlador sobre os atuadores, os componentes e analisa-se as políticas de manutenção do sistema.
4.8.2 Atividade 5.2: Estrutura para implementação
A implementação computacional de uma análise de confiabilidade dinâmica pode ser estruturada com os seguintes elementos: sistema, componentes,
controlador e manutenção. A comunicação entre os elementos está apresentada
na Figura 4.31.
O elemento principal do sistema é o controlador, que concentra todas
as informações vindas do sistema e ações de manutenção. Na Figura 4.31, o
controlador é representado pelo software, tendo como função identificar quais
os próximos eventos que irão ocorrer no sistema, que podem ser: falha ou
reparo de componente, falha do sistema ou sucesso da missão, próximo estado
da variável de controle.
O comportamento dinâmico da variável de controle, y, é regido pelos
comandos do controlador (software) sobre os atuadores que agem sobre os
componentes, pelas respostas do sistema e falhas/reparos dos componentes.
O comportamento aleatório está vinculado às taxas de falha e de reparo.
Para cada componente são sorteados o tempo da próxima falha, tipo de falha e
o tempo gasto com a manutenção. No momento que o tempo “t” de simulação
117
Figura 4.31 – Representação do fluxo de informação do software
Análise de confiabilidade dinâmica
Software
Identificação do
próximo evento
Simulações de falhas, reparos e mudanças
de configuração do sistema
y
Processos
dinâmicos
dy/dt
y
Tipos de
manutenção
Manutenção
Tempo de
reação
da equipe
Ações
humanas
Limites de
operação
do sistema
Configurações
do sistema
Equipamentos
}
- Falha de componente
- Reparo de
componente
- Próximo estado y
- Falha do sistema
- Sucesso da missão
dy/dt
t
Comportamento
determinístico
dy/dt = C1.X1 + ... + Cn.Xn
Estados dos
componentes
Operação
Realimentação dos dados do sistema
(Estados dos componentes)
Taxas de falha (λ)
Taxas de reparo (μ)
Tempo de reação
etc
Base de dados
coincide com o tempo de falha ou de reparo, o componente muda de estado.
O comportamento determinístico é ditado pela equação do sistema
que relaciona os estados dos componentes com a variável de controle. Dado
que ocorreu uma falha, se não for oculta, o estado do componente irá mudar
passando de aberto para fechado ou de fechado para aberto, influenciando
diretamente os valores da variável de controle ao longo do tempo.
Portanto, o comportamento da variável de controle possui uma parcela
determinística e outra estocástica. Considera-se determinístico porque depende
dos estados dos componentes que são alterados pelo controlador e estocástica
porque a ocorrência da falha e o tempo gasto com a manutenção possuem
comportamento aleatório.
118
4.8.2.1 Diagrama de fluxo do software
A Figura 4.32 apresenta o fluxograma para auxiliar na implementação
computacional, sendo recomendado o uso de linguagem orientada a objetos,
ou que possam utilizar variáveis do tipo estrutura onde seja possível armazenar
vários tipos de informações em um mesmo elemento. Desta maneira, torna-se
mais fácil a implementação e mudanças futuras, seja acrescentando outros
componentes ou mudando o valor de suas variáveis.
O fluxograma representa que a rotina será executada em um número de
“n ciclos” de simulação, definido pela variável nciclos . Cada ciclo representa
um teste cujo resultado pode ser uma falha do sistema – em um tempo – ou
sucesso da missão. O conjunto de n ciclos é usado para construir um único
histograma de falhas do sistema. Desta forma, se na entrada de dados da
análise for estipulado “k” histogramas, o fluxograma apresentado se repetirá
um número de “k” vezes.
Desta forma, este ciclo deve ser repetido exaustivamente. Na Figura 4.32 a variável que representa os milhares de ciclos está nomeada como
nciclos . Nas aplicações realizadas neste trabalho, foram realizadas 104 ciclos
para a construção de cada histograma. Portanto, o algoritmo deve estar dentro
de um laço de repetição, para a construção de vários histogramas de falhas,
permitindo assim analisar a dispersão dos resultados dos histogramas.
Cada um dos blocos apresentados na Figura 4.32 possui rotinas de
programação associadas. Algumas das rotinas podem depender do tempo,
f (t), da variável de estado do sistema, f (y), e do estado dos componentes,
f (componentes).
Nas seções seguintes serão descritos os principais pontos da Figura 4.32
para a implementação computacional.
4.8.2.2 Inicialização das variáveis
A primeira rotina para implementação computacional é a inicialização
das variáveis. É preciso estabelecer as condições iniciais das variáveis utilizadas na simulação. Ou seja, o sistema deve ter os estados dos componentes, dos
sensores, da variável de controle e de suas derivadas definidas para um tempo
inicial t0 = 0.
Os estados dos componentes, sensores e variável de controle devem
receber valores iniciais que representem as condições normais de operação.
Desta forma, no tempo t0 = 0 o sistema não apresenta falhas, a variável de
controle se encontra no valor nominal de projeto, os sensores indicam condição
normal, os componentes principais ativados e os redundantes desativados.
119
Figura 4.32 – Fluxograma para desenvolvimento do software
Início
Repetir enquanto
n < nciclos
Inicialização das variáveis
Sorteio de: tipos de falha, tempos de
falha e reparo
Ordenação cronológica das
falhas dos componentes
Não
Sucesso
da missão
Não
t < tmissão
?
&
y < ylimite
Sim
y > ylimite
?
Condição de falha nos componentes = f(t)
Sim
Falha do sistema
Armazenar valor t
Controlador
Mudança de estados dos componentes = f(y)
Dispara manutenção = f(y, t, componente)
Conclui manutenção = f(t, componente)
Próximo ciclo
n = n+1
Cálculo de dy/dt = f(componentes)
Determinação do próximo evento e tempo associado
Falha de componente / Reparo de componente /
Próximo estado y / Sucesso na missão / Falha do sistema
Próximo
- Tempo t
- Variáveis de estado y
Nas seções seguintes é apresentada uma sugestão para criação das
variáveis sistema e componentes.
120
4.8.2.2.1 Armazenamento dos dados do sistema
Ao longo da simulação a variável sistema deve trocar diversas informações com o controlador para ativar/desativar a manutenção e ligar/desligar
componentes. Os itens apresentados a seguir são informações que podem ser
armazenadas na variável sistema e servem para a orientação na implementação
computacional.
• Próximo evento e o tempo em que irá ocorrer.
Esta informação será proveniente do controlador que, com as informações do sistema e manutenção poderá inferir qual será o próximo evento
e quando irá ocorrer. Como o controlador é responsável por ler os
sensores e comandar os atuadores, processar os dados, esta informação
será armazenada dentro da variável sistema para que não se perca.
• Componente que está sendo reparado.
• Tipo de manutenção adotado: série, paralelo, mista ou sem manutenção.
• Sequência de manutenção de componentes.
Se for escolhida a manutenção em série deve-se ter a priorização com
que a manutenção será executada nos componentes. Caso a manutenção
do sistema seja do tipo mista, deve-se ter a priorização dentro de cada
grupo de componentes.
• Tempo de reação.
Tempo intermediário entre o momento em que a variável de controle y
entra na região de emergência e o início da manutenção de componente.
Em algumas aplicações o tempo de reação pode ser considerado nulo,
como por exemplo, em sistemas que executam a comutação automática
entre o componente principal e reserva.
• Tempo de início da manutenção.
Tempo que começa a ser contado a partir do tempo de reação.
• Tempo final da manutenção.
• Estado do alarme: ligado ou desligado.
O alarme fica ligado quando a variável de controle se encontra na região
de emergência e é desligado quando não há mais falhas e a variável de
controle retorna para o seu valor nominal.
121
• Região de emergência.
Valores limites da variável de controle que informam ao controlador que
o sistema está fora da condição normal. Nesses casos, após o tempo de
reação, o controlador comanda os atuadores para o início da manutenção
de componentes.
• Região de falha.
Valores limites da variável de controle que caracterizam a falha do
sistema. Quando o sistema atinge esses valores é feito o registro do tipo
de falha e o momento em que ocorreu.
4.8.2.2.2 Armazenamento dos dados dos componentes
Em relação ao componente, este pode armazenar as seguintes informações:
• Nome do componente.
• Estado operacional: o componente pode estar ligado ou desligado.
• Último comando recebido pelo controlador: pode ser ligado ou desligado.
• Condição atual. Inicialmente a condição do componente é “sem falha”.
• Taxa de falha (λ): Valor utilizado para calcular quando ocorrerá a falha.
• Taxa de reparo (µ): Valor utilizado para calcular o intervalo de tempo
para recuperar o componente.
• O valor de saída para o sistema: máximo e mínimo.
De acordo com a condição do componente, o valor pode variar de um
valor mínimo até um máximo. O valor terá influência no comportamento
dinâmico do sistema, dy/dt.
Destaca-se aqui a diferença entre estado operacional e condição do componente. O estado operacional é o modo como o componente está operando,
que pode ser ligado ou desligado. Por outro lado, a condição do componente
está relacionado com os possíveis estados do componente, definido na atividade 3.2 “Caracterização dos componentes”, onde são gerados diagramas
representado os estados dos componentes. A condição de cada componente
pode ser: sem falha, com falha evidente ou com falha oculta.
122
4.8.2.3 Sorteio de: tipos de falha, tempos de falha e reparo
Nessa rotina, com a função densidade de probabilidade e os valores de
taxa de falha, calcula-se o tempo que a falha irá ocorrer. Além disso deve-se
considerar o tipo de falha, ou seja, sortear se a falha será aberta ou fechada.
As probabilidades associadas ao tipo de falha podem ser iguais, ou não, isso
dependerá das características construtivas de cada componente e a maneira
como está instalado no sistema.
A Figura 4.33 apresenta um exemplo em que uma válvula direcional
3/2 vias faz parte de um circuito hidráulico. A válvula é acionada por meio
de um solenoide. Na Figura 4.33 (a), a falha do solenoide faz com que a
válvula tenha uma falha aberta, ou seja, na tentativa de fechar a válvula, esta
permaneceu aberta por causa da falha do solenoide. Em contrapartida, na
Figura 4.33 (b), a falha do solenoide gera uma falha fechada na válvula. Ou
seja, aciona-se o solenoide para abrir a válvula, mas esta permanece fechada7 .
Figura 4.33 – Válvula direcional com falha do tipo aberta e fechada
Válvula com
falha aberta
Válvula com
falha fechada
A
Falha no
solenoide
P
a)
Válvula direcional 3/2 vias
normalmente aberta
A
Falha no
solenoide
P
T
b)
T
Válvula direcional 3/2 vias
normalmente fechada
Portanto, nesse caso, os detalhes construtivos da válvula direcional 3/2
vias definem o modo de falha do solenoide na válvula, ou seja, o modo falha
deste componente pode ser uma falha aberta ou fechada.
O tempo de reparo também é uma variável aleatória que será calculada
em função da taxa de reparo. O tempo de reparo é uma forma de considerar
fatores humanos na simulação. De acordo com a capacitação da equipe de
manutenção, número de colaboradores, equipamentos utilizados, alarmes,
entre outros fatores, os valores das taxas de reparo irão variar mais ou menos.
Cada componente que sofrer uma manutenção, terá um novo tempo de
falha, tipo de falha e tempo de reparo. É possível adicionar uma função de
degradação nas taxas de falha, que irá influenciar o tempo de falha, fazendo
com que a próxima ocorrência de falha seja num tempo menor do que em um
7 Pode-se dizer então que, uma falha aberta é uma falha que ocorre em uma ação de fechar e
uma falha fechada é uma falha que ocorre em uma ação de abrir.
123
componente “novo”.
4.8.2.4 Ordenação cronológica das falhas dos componentes
Após o cálculo dos tempos de falha é preciso organizar os componentes
por ordem de ocorrência de falha, ou seja, qual componente irá falhar primeiro,
qual o segundo e assim por diante. Esta ordenação se faz necessária, pois
durante a simulação são realizadas verificações para identificar qual o próximo
evento. Assim, se o evento for “falha de componente”, é preciso identificar o
componente que irá falhar e quando irá ocorrer.
4.8.2.5 Tempo de missão (tmissão ) e falha do sistema
O tempo de missão e a falha do sistema são dois eventos que interrompem a simulação. Se o tempo de missão for atingido e a variável de estado
do sistema não atingiu o limite que caracteriza a falha, significa que houve
sucesso na missão.
Por outro lado, se a variável de estado atingir o valor limite que caracteriza a falha do sistema, interrompe-se a simulação e registra-se a falha e o
tempo t de ocorrência. O conjunto de valores, falha e tempo, de várias rodadas
de simulação são utilizados na etapa final para construção dos histogramas e
cálculo das probabilidades de falha.
4.8.2.6 Condição de falha dos componentes
Nesta rotina, o tempo t de simulação será comparado com o tempo
de falha dos componentes. Se os valores forem iguais, muda-se o estado do
componente para falha.
Posteriormente é necessário verificar se a falha é aberta ou fechada.
Se o estado operacional antes da falha do componente for aberto e ocorrer
uma falha aberta, tem-se uma falha oculta aberta. Por outro lado, se o estado
operacional do componente antes da falha for fechado e ocorrer uma falha
fechada, tem-se uma falha oculta fechada.
Assim, as informações de entrada nesta rotina são: o tempo t de simulação, o tempo de falha, o tipo de falha e o estado operacional do componente.
A Figura 4.34 apresenta um fluxograma para auxiliar na implementação da
rotina.
124
Figura 4.34 – Fluxograma para avaliação da “Condição de falha nos componentes” no software (Figura 4.32)
Enquanto
i < número de componentes
Não
Condição do componente = sem falha
tsimulação = tfalha
?
Sim
Condição do componente = falha
Falha evidente
Não
Estado operacional
=
Tipo de falha
?
Não
Sim
Estado operacional
= ligado?
Falha oculta
Sim
Falha evidente
ligado
Falha evidente
desligado
Falha oculta
desligado
Não
Estado operacional
= ligado?
Próximo componente
i = i+1
Falha oculta ligado
4.8.2.7 Ações do controlador
De acordo com o valor da variável de controle, y, uma rotina denominada “controlador” irá executar comandos para ligar e desligar os componentes.
Além disso, irá disparar ações de manutenção e alterar o estado dos componentes quando forem reparados. A Figura 4.35 ilustra as variáveis que devem
ser fornecidas para o controlador (variáveis de entrada) e as informações
retornadas por ele.
Quando a variável de controle sai da região de operação normal, o
controlador deve disparar um alarme (sinal) para indicar que existe falha em
algum componente. Além disso deve alterar a condição do sistema informando
que está em reparo – nesse momento, o tempo de início de reparo é ajustado.
125
Figura 4.35 – Variáveis de entrada e saída do controlador
Estado de cada
componente reparado
Sistema
Liga/desliga
alarme do sistema
Liga/desliga
componentes
yanterior
yatual
Estado de cada
componente
Limites do sistema:
alarme e falha total
Controlador
Estado de cada
componente reparado
Manutenção
Memoriza o comando de
estados nos componentes
Altera tipo de falha
(oculta/não oculta)
dos componentes
O tempo para finalização do reparo é obtido com o sorteio da taxa de reparo
(µ) do componente.
Quando o tempo para finalização do reparo for igual ao tempo de
simulação t, o estado do componente é alterado de acordo com o último estado
definido pelo próprio controlador. Assim, o último comando do controlador
(ligar/desligar) sobre o componente deve ficar registrado, para que depois da
manutenção, este estado seja ajustado no componente reparado.
Ao final do reparo o componente não tem mais falha, no entanto, é
preciso sortear novos tempos de falha e reparo. Após cada reparo de componente, é feito uma reordenação dos componentes em função dos tempos de
falha. Com os componentes sem falha, o sistema retorna para as condições
normais de operação, sendo então desligado o alarme que indica a condição
de emergência.
Outra consideração importante é saber o estado anterior da variável de
controle, y. A Figura 4.36 ilustra esse caso. Quando a variável de controle,
y, está fora da faixa normal de operação, ponto (1), e posteriormente atinge
o limite da condição normal, nenhum comando para mudança de estado é
realizado. Por outro lado, se ocorre da variável de controle estar dentro da faixa
normal de operação, ponto (2), e no momento seguinte alcança a linha limite,
o controlador dispara um alarme e após o tempo de reação, muda o estado
de alguns componentes para impedir a progressão da variável de controle em
direção ao limites que caracterizam a falha do sistema.
Assim, para um mesmo valor de y, é possível que o sistema tenha
dois comportamentos distintos. Um comportamento para o sistema saindo da
condição normal e outro para quando estiver retornando.
126
Figura 4.36 – Ação do controlador diante da posição da variável de controle y
y(t)
Região de falha
1
Região de emergência
Região normal
Valor nominal
2
Região de emergência
Região de falha
t
4.8.2.8 Cálculo dy/dt para definir a variação do sistema
Nesta rotina, em função dos estados dos componentes, calcula-se a
derivada da variável de estado do sistema, dy/dt. Com esse valor e os limites
operacionais do sistema (condição normal, emergência e falha) é possível
determinar para qual região a variável de estado do sistema – ou variável de
controle – está avançando e verificar o tempo demandado para alcançar essa
região.
4.8.2.9 Determinação do próximo evento e tempo associado
A simulação tem um comportamento markoviano, ou seja, dado que
se conhece o estado do sistema no presente, é possível saber qual será o seu
próximo estado futuro. Desta forma, sabendo como está ocorrendo a variação
do sistema, dy/dt, bem como os tempos de falha e de reparo dos componentes,
é possível determinar qual será o próximo evento.
Assim, a simulação se desenvolve gerenciada por eventos, que podem
ser:
• Falha de um componente
• Reparo de um componente
• Valor limite da região de segurança da variável de controle
127
• Valor nominal de operação da variável de controle
• Sucesso da missão
• Falha do sistema, tendo a variável de controle atingido o valor crítico.
Se os valores da variável de controle forem constantes ao longo do
tempo na simulação, dy/dt = 0, a análise dos resultados se torna mais restrita
e dessa forma os resultados para o próximo evento podem ser: falha ou reparo
de algum componente ou sucesso da missão.
No entanto, se a variação da variável de controle for diferente de zero,
então é preciso verificar qual o valor atual e quanto tempo levará para chegar
ao próximo limite (segurança, valor nominal ou falha do sistema). Este tempo
deve ser comparado com o tempo de falha e reparo dos componentes para que
o menor tempo seja o próximo evento.
4.8.2.10 Próximo tempo t e estado y
Esta é a última rotina do ciclo de simulação para coleta dos tempos de
falha do sistema. Neste momento é atualizado o incremento, ∆t, que será dado
ao tempo de simulação t. Tal incremento é obtido com a rotina “Determinação
do próximo evento e tempo associado”. Assim, a simulação segue orientada
a eventos, que pode ser uma falha, um reparo ou um valor de referência da
variável de estado y.
4.9 ETAPA 6: ANÁLISE DE RESULTADOS
A Figura 4.37 representa a etapa de resultados, onde são realizadas as
seguintes atividades:
• Atividade 6.1: Geração de relatórios ponto a ponto e cenários de falha
• Atividade 6.2: Cálculo da probabilidade de falha e confiabilidade do
sistema técnico
Espera-se, como resultados, ter um modelo que represente o sistema em
suas configurações variadas, ter um modelo de confiabilidade mais próximo
da realidade, servir como material de apoio a decisões para o gerenciamento
de ativos, planejamento da manutenção e atualização tecnológica dos equipamentos.
Com a metodologia busca-se facilitar o papel do analista e também
reduzir a dispersão das análises, visto que elas são muito dependentes dos
128
Figura 4.37 – Atividade da etapa 6
Etapab6:bAnálisebdebresultados
6.1b
Geraçãobdebrelatóriosbpontobab
pontobebcenáriosbdebsimulação
6.2
Cálculobdebprobabilidadebdeb
falhabebconfiabilidadebdobST
Etapab5
-bProfissionalbcombconhecimentosbemb
estatísticabebconfiabilidade
-bOperadoresgbprojetistasgbmantenedoresgb
profissionalbembprogramação
Brainstorming - Softwarebparabtratamentobestatísticob
Saídas
-bRecomendaçõesbparabprojetogb
operaçãobebmanutenção
-bCenáriosbcríticos
-bProbabilidadebdebfalhabeb
confiabilidadebdobsistemabtécnico
especialistas. Assim, o desenvolvimento estruturado da análise visa reduzir
a chance de erros e também facilitar a aplicação da análise de confiabilidade
dinâmica.
4.9.1 Atividade 6.1: Geração de relatórios ponto a ponto e cenários de
simulação
A utilização de relatórios ponto a ponto e cenários permitem visualizar
o comportamento dinâmico da variável de estado do sistema. De posse do
relatório e do gráfico verifica-se há coerência do comportamento do sistema
para identificar eventuais erros na modelagem ou implementação.
4.9.1.1 Cenários de simulação
A Figura 4.38 apresenta um exemplo de um cenário que pode ocorrer
como resultado de uma simulação. Para o exemplo foi considerado um sistema
com dois componentes, sendo um principal (C1) e outro reserva (C2).
No tempo t1 , ocorre a falha de C1 e com isso a variável de controle y(t)
129
avança para a região de emergência. Após ter passado o tempo de reação em
t3 , o componente (C2) entra em operação, trazendo o sistema para a região
normal em T4 . Depois de ter sido concluída a manutenção do componente em
falha, em t5 , é realizada a comutação entre os componentes – desativação de
C2 e ativação de C1.
Figura 4.38 – Cenário com sucesso da missão
y(t)
Região de falha
yF
yS
Falha
de C1
Ativação
de C2
yN
Região de
emergência
Tempo
de
reação
t1
t2
t3
Desativação de C2
Ativação de C1
Tempo de
manutenção
Região
normal
t4
t5
t6
t
Assim, a Figura 4.38 representa o comportamento dinâmico do sistema
para um resultado de simulação. Os textos incluídos no gráfico foram adicionados manualmente com a intenção de explicar o comportamento da variável no
gráfico. No entanto, todos os gráficos devem vir acompanhados de relatórios
ponto a ponto, a fim de verificar a coerência do comportamento do modelo em
relação ao sistema real.
4.9.1.2 Relatório ponto a ponto
Os relatórios ponto a ponto são utilizados junto com os gráficos de
cenários da simulação. Nele, cada ponto do gráfico é identificado trazendo as
informações das condições dos sistema e componentes. Além disso, apresenta
qual será o próximo evento e quando este irá ocorrer.
A Figura 4.39 apresenta parte do relatório, contendo apenas o “ponto 0”
e “ponto 1”, que poderia ser gerado para o exemplo apresentado na Figura 4.38.
O presente relatório seria composto por sete pontos – seis pontos apresentados
no gráfico mais o ponto inicial (t = 0, y = yn ).
Desta forma, os relatórios devem apresentar as seguintes informações:
130
• Ponto de referência
Número sequencial que indica cada ponto no gráfico de cenário, sendo
identificado por um tempo e um valor da variável de controle do sistema
(ti , yi ).
• Tempo t e variável de controle y
Corresponde aos valores ti e yi para o ponto de referência
• Estados dos componentes
Os estados dos componentes permitem inferir sobre o comportamento
da variável de controle, dy/dt. Assim, o analista, quando percebe
uma variação dy/dt fora dos padrões esperados, deve observar qual
os estados dos componentes para verificar se o comportamento está
coerente.
• Alarme do sistema para não-conformidade
O alarme indica quando a variável de controle alcançou o início da
região de emergência. Significa que o sistema está deixando a região
de operação normal, consequentemente, há alguma não conformidade.
Esta informação serve para dar início do tempo de reação, tempo gasto
para iniciar a identificação e manutenção dos componentes em falha.
• Próximo evento e tempo
Com as informações dos estados dos componentes, tempos de falha/reparo,
y e dy/dt é possível avaliar qual será o próximo evento e quando irá
ocorrer. Apresenta-se esta informação no relatório, para cada ponto de
referência, para verificar se a sequência de eventos está coerente com os
eventos reais.
4.9.2 Atividade 6.2: Cálculo da probabilidade de falha e confiabilidade
do sistema técnico
A falha do sistema é caracterizada quando a variável de controle alcança
a região de falha. Esta informação é armazenada em uma variável junto com o
tempo t em que ocorreu a falha. Um conjunto de falhas distribuídas ao longo
do tempo permite construir um histograma e com isso obter a probabilidade
de falha e a confiabilidade do sistema.
A Figura 4.40 ilustra a sequência de passos para obter a função densidade de falha de um sistema. No exemplo são realizadas doze simulações até
131
Figura 4.39 – Relatório para o cenário apresentado na Figura 4.38
*************** Ponto 0 ***************************
t=0
e
y = yN
----------- Estados dos componentes --------------------------C1: Sem falha (ligado)
C2: Sem falha (desligado)
----------- Alarme de não conformidade ----------------------Alarme = desligado
----------- Próximo evento --------------------------------------Próximo evento ==> Falha evidente de C1 (desligado)
Próximo tempo t ==> t = t1
*************************************************
*************** Ponto 1 ***************************
t = t1
e
y = yN
----------- Estados dos componentes --------------------------C1: Falha evidente (desligado)
C2: Sem falha (desligado)
----------- Alarme de não conformidade ----------------------Alarme = desligado
----------- Próximo evento --------------------------------------Próximo evento ==> Nível yE
Próximo tempo t ==> t = t2
a falha, as quais são agrupadas em cinco classes. A contagem das falhas em
cada classe permite obter as frequências relativas de falhas, em porcentagem
Todavia, muitas vezes se deseja ter um conjunto de histogramas, com o
objetivo de realizar uma análise de dispersão dos resultados (histogramas ou
funções densidade de falha). Assim, para se obter mais funções, basta repetir o
processo. A Figura 4.41 apresenta um fluxograma que pode ser utilizado para
gerar vários histogramas ou funções densidades de falha, permitindo realizar
uma análise de dispersão dos dados. O número de histogramas é definido pela
variável n f uncoes e o número de simulações para gerar cada um dos histogramas
é definido pela variável nsimulacoes .
Pode-se reduzir a dispersão com aumento na quantidade de simulações – para construção de cada histograma – e no número de repetições.
Em contrapartida, haverá um maior custo em processamento computacional,
demandando um tempo maior para a obtenção dos resultados.
132
Simulações
Figura 4.40 – Obtenção da função densidade de falha
Tempo de falha ou
ciclos
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Falhas %
Agrupamento
das simulações
50
1
2
3
4
5
40
30
20
10
tempo ou ciclos
Fonte: Adaptado de Bertsche (2008)
O aumento da quantidade de simulações e de classes8 , torna as diferenças de falhas entre as classes mais suave, melhorando a visualização dos
histogramas.
Outra informação importante que pode ser obtida durante as simulações
é a probabilidade de falha oculta dos componentes. Ou seja, dado que ocorreu
uma falha oculta, registra-se a ocorrência e o tempo. Com essas informações,
constrói-se histogramas e obtém a probabilidade de falha oculta dos compo8 O aumento do número de classes permite que o intervalo de tempo, ou ciclo, para cada classe
fique menor. Consequentemente, há uma maior discretização do gráfico, tornando-o mais suave.
133
Figura 4.41 – Rotina para gerar um conjunto de funções densidade de falha
nfuncoes : número de funções
densidade de falha Para i = 1 até nfuncoes faça
Análise de dispersão das
funções densidade de falha
Não
i < nfuncoes
?
Sim
nsimulacoes: número de simulações
para cada função den- Para j = 1 até nsimulacoes faça
sidade de falha
Não
j< nsimulacoes
?
Sim
Criar classes ao
longo do tempo
Agrupar as ocorrências
de falhas nas classes
Calcular as frequências
relativas em cada classe
Construir histograma
Realizar
simulação j
Falha do Não Sucesso
da missão
sistema
j=j+1
?
Sim
Armazenar tempo de falha tf(i)
Contadorfalhas = Contadorfalhas+1
j=j+1
Construir função
densidade de falha
i = i+1
nentes. Tal informação pode ser usada pelos mantenedores na busca de falhas
ocultas pelo sistema.
Com relação à detecção de falha oculta, Assis (2012) propõe uma
maneira de estimar a periodicidade de inspeção, em componentes responsáveis
pela proteção do sistema sujeitos à falhas ocultas. No artigo, o autor leva em
consideração aspectos de custos de manutenção para determinar o período
ótimo para a realização das inspeções.
A análise parte da consideração de que inspeções mais frequentes
possuem maiores chances de detectar as falhas e, logo, menores serão os
custos com as consequências das falhas. No entanto, a realização das inspeções
também têm um custo envolvido. Então, pressupõe-se que existe um período
ótimo para as inspeções, no qual o custo total é mínimo. As simulações são
realizadas orientadas a eventos, usando como base o método de Monte Carlo.
134
Portanto, como a metodologia proposta neste trabalho permite obter
a função densidade de falhas ocultas, pode-se futuramente adicionar uma
implementação envolvendo custos, de forma que seja possível – da mesma
maneira que foi proposto por Assis (2012) –, calcular um período ótimo para
a realização das inspeções no sistema.
4.10 RELAÇÃO ENTRE A METODOLOGIA ACODI E A MCC
Percebe-se com as etapas da metodologia ACoDi, uma proximidade
com os processos de manutenção, especificamente a manutenção centrada
em confiabilidade MCC. Desta forma, nesta seção apresenta os pontos que
relacionam as duas metodologias.
A Figura 4.42 apresenta a relação entre a metodologia MCC proposta
por Rigoni (2009) e a metodologia para análise de confiabilidade dinâmica
proposta neste trabalho. As etapas 3, 4, 5 e 6 da metodologia para MCC
fornecem informações para as etapas 1, 3 e 4 da análise de confiabilidade
dinâmica.
A seguir, é apresentada uma breve descrição das etapas da análise de
confiabilidade dinâmica que são dependentes das informações da MCC:
• Etapa 1: Análise inicial do sistema técnico para confiabilidade dinâmica
Nesta etapa, são necessárias informações para análise de criticidade
do sistema. Assim, as informações desenvolvidas na etapa 3 da MCC
(FMECA) dão suporte para a análise do sistema e tomada de decisões.
• Etapa 3: Análise do sistema, subsistemas e componentes
As informações dos componentes e subsistemas, funções críticas, modos
de falhas e efeitos, desenvolvidas na MCC são utilizadas na modelagem
comportamental do sistema. As falhas que podem ocorrer nos componentes possuem influência direta sobre o comportamento dinâmico do
sistema.
• Etapa 4: Análise da manutenção
As manutenções tem grande peso na confiabilidade do sistema na análise
de confiabilidade dinâmica. Assim, as informações sobre os procedimentos de manutenção, tempo de execução das tarefas entre outras
informações geradas nas etapas 5 e 6 da MCC, são necessárias para a
modelagem da manutenção.
Os resultados da análise de confiabilidade dinâmica obtida na etapa
6 (Análise de resultados), podem servir como informações de suporte para
135
Figura 4.42 – Relação entre a metodologia ACoDi e a MCC
Manutençãoãcentradaãemãconfiabilidade
Análiseãdeãconfiabilidadeã
dinâmica
Etapaã1:ã
Análiseãinicialãdoãsistemaã
técnicoãparaãconfiabilidade
dinâmica
Etapa 3
AnáliseãdosãModosãdeãFalhaéãseusãEfeitosãeãsuaã
CriticidadeãâFMECA4ã
Etapa 4
SeleçãoãdasãFunçõesãSignificantesãeãClassificaçãoãdeã
seusãModosãdeãFalhaã
Etapa 5
SeleçãoãdasãTarefasãdeãManutençãoãAplicáveisãeã
Efetivasã
Etapa 6
DefiniçãoãdosãIntervalosãIniciaisãeãAgrupamentoãdasã
TarefasãdeãManutençãoã
Informaçõesã
dasãetapasã3éã4é
5ãeã6ãdaãMCC
Etapaã3:
Análiseãdoãsistemaéã
subsistemasãeã
componentes
Etapaã4:ã
Análiseãdaãmanutenção
Etapaã6:ã
Análiseãdeãresultados
Informaçõesã
paraãetapasã5ã
eã6ãdaãMCC
a MCC, especificamente, nas etapas 5 e 6. Assim, pode-se atualizar as informações da MCC, fechando um ciclo com melhoria contínua. Ou seja, as
informações geradas pela MCC são fornecidas para a análise de confiabilidade
dinâmica, que retorna quais pontos dos processo de manutenção poderiam
ser melhorados. Com isso, faz-se a implementação das mudanças propostas e
realiza-se uma nova avaliação do sistema, tanto no contexto da MCC como na
confiabilidade dinâmica.
4.11 RELAÇÃO ENTRE A METODOLOGIA ACODI E A ANÁLISE DE
SEGURANÇA DE SISTEMAS
Guimarães (2003) apresenta na Figura 4.43, um procedimento geral
de análise de segurança de sistemas, constituído de quatro etapas: segurança
intrínseca, segurança implantada, salvaguarda e emergência.
136
De acordo com a Figura 4.43, à proporção que as etapas são implantadas
ocorre a redução do risco. Em contrapartida, dado que se deflagrou o evento
inicializador e ocorre a progressão do cenário acidental, tem-se um aumento
do risco.
Figura 4.43 – Procedimento de análise de segurança
A
U
M
E
N
T
O
CENÁRIO
ACIDENTAL
SEGURANÇA
INTRÍNSECA
OU
INTEGRADA
EVENTO
INICIALIZADOR
SEGURANÇA
IMPLANTADA
D
O
R
I
S
C
O
PROCEDIMENTO
DE ANÁLISE DE
SEGURANÇA
SALVAGUARDA
EVENTO
INDESEJADO
EMERGÊNCIA
R
E
D
U
Ç
Ã
O
D
O
R
I
S
C
O
ACIDENTE
Fonte: Adaptado de Guimarães (2003)
Pode-se relacionar as regiões de operação do sistema da Figura 4.23,
com o cenário acidental apresentado por Guimarães (2003). Quando a variável
de controle avança para a “região de falha” apresentada na Figura 4.23 corresponde ao avanço do cenário acidental em direção ao “acidente”. Assim, quanto
maior for a região de emergência, na Figura 4.23, mais distante a região de
falha estará da região normal ou nominal. Consequentemente, um tempo maior
será disponível para o acionamento das “barreiras de segurança” ou “ações
de contenção” contidas nos procedimentos de segurança, o que aumentam as
chances de impedir ou retardar o avanço para a região de falha.
Os dispositivos de alarme e os procedimentos de análise de segurança,
têm influência na confiabilidade dinâmica do sistema técnico. Durante os
estudos e implantação dos procedimentos de segurança, principalmente nas
etapas de “segurança implantada” e “salvaguarda”, pode-se realizar simulações
137
(alterando as regiões de operação, alarmes, controles, etc) a fim de se obter
maior confiabilidade do sistema técnico, resultando em uma maior eficiência
das alterações propostas no sistema técnico.
4.12 CONSIDERAÇÕES DO CAPÍTULO
O presente capítulo apresentou a proposta de metodologia para a análise
de confiabilidade dinâmica. Na Etapa 1 (Análise inicial do sistema técnico
para confiabilidade dinâmica) foram apresentados alguns critérios para o uso
da metodologia, que depende fundamentalmente das características do sistema
técnico que está sendo analisado. Ao longo do desenvolvimento do estudo
percebe-se que é preciso conhecer bem o sistema que está sendo analisado, e
para isso é necessário saber como os componentes ou subsistemas funcionam
e como estão relacionados, para melhor caracterizar as falhas (modos de falhas
e efeitos).
Para os casos em que, inicialmente, se tem pouco conhecimento sobre
o sistema recomenda-se fortemente a utilização da técnica FMECA pois, neste
tipo de análise parte-se da análise funcional dos componentes, e posteriormente
analisa-se as possíveis falhas dos componentes e os efeitos que poderiam gerar
no sistema. Esse procedimento indutivo possibilita adquirir conhecimento
profundo sobre o sistema, obter lista de subsistemas e componentes mais
importantes, conhecimento sobre as falhas dos componentes e, por fim, a
criticidade do sistema, que é um dos critérios de avaliação para o uso da
metodologia.
Outra técnica recomendada é a CNEA, semelhante à técnica FMECA,
contudo ao invés de trazer as informações em forma de tabela, faz uso de
diagramas para representar sequências de eventos de falha. Com isso, facilita
a discussão e a compreensão sobre as relações de modos de falha, causas e
efeitos de falha. Na Etapa 3 (Análise do sistema e componentes) e Etapa 4
(Análise da manutenção do sistema técnico) o comportamento do sistema é
descrito em função das falhas e das manutenções. Por causa disso, o uso de
análise de falhas como técnica de suporte nessas etapas se torna fundamental.
Dado que se tenha um pouco mais de conhecimento sobre as relações
de causa e efeitos, pode-se também utilizar a técnica FTA. Esta técnica possui
uma estrutura onde o evento de topo é uma falha do sistema e abaixo deste
evento estão todas as possíveis causas relacionadas por portas lógicas.
No trabalho de Kagueiama (2012) o autor disserta sobre várias técnicas utilizadas na análise de confiabilidade9 e como podem ser utilizadas em
conjunto.
9 IDEF0,
FMECA, FTA, CNEA e redes bayesianas.
138
Outra consideração importante a ser ressaltada é a forte interação
da metodologia proposta com a MCC. Tão importante quanto as técnicas
de análise de falhas, a manutenção centrada em confiabilidade é uma das
principais fontes de informação para a modelagem do sistema, principalmente,
nas etapas 3 e 4, pois o comportamento dinâmico do sistema está fortemente
relacionado com os sensores, alarmes e ações de operação/manutenção.
Desta forma, quanto maior for a quantidade de informações obtidas
com a MCC, mais fácil se dará a implementação e maior será a proximidade do
modelo com o sistema real. Destaca-se também a relação da metodologia com
a análise de segurança de sistemas. Alguns conceitos (como alarmes, controles
sobre as falhas, etc) são semelhantes aos adotados na área de segurança de
sistemas. Consequentemente, pode-se utilizar a metodologia para auxiliar nos
estudos de segurança de sistemas.
Um dos problemas observados por diversos autores é a falta de um
modelo para facilitar a aplicação da análise de confiabilidade dinâmica. Assim,
um dos desafios desse trabalho é, além de desenvolver uma metodologia para
a análise, tornar a aplicação da técnica mais simples.
A modelagem utilizando a filosofia de sistemas orientados a eventos é
bastante adequada para os problemas de análise de confiabilidade dinâmica.
Uma das vantagens disso é a velocidade na execução das simulações que
fica bastante rápida, quando comparada com simulações que executam com
incremento de passo no tempo, ∆t, constante. Outro problema de executar o
incremento de tempo constante é que se o valor for muito grande, pode-se
perder alguns eventos. E para valores muito pequenos o tempo de simulação
pode ficar muito demorado.
Assim, o presente trabalho identifica o próximo evento e quando irá
ocorrer, e por isso, o valor do incremento de tempo, ∆t, é variável. Portanto,
quando há poucos eventos entre o início da simulação e o tempo de missão, o
tempo gasto na simulação é bem curto.
A metodologia será aplicada em um problema clássico de confiabilidade dinâmica, apresentado no Capítulo 5. Posteriormente, a metodologia será
aplicada a um sistema real, sendo os resultados comparados com a análise de
confiabilidade estática.
Finalmente, destaca-se que existe uma preocupação com relação à
capacidade dos softwares em gerar números aleatórios, que na realidade são
números pseudo-aleatórios, visto que a partir de um dado limite a série de
valores começa a se repetir. Assim, verificou-se que, teoricamente, no Matlab é
possível gerar mais do que 21492 valores antes de começar a se repetir (MOLER,
2004). Desta forma, as simulações geradas nos capítulos seguintes serão
realizadas com mais de um milhão de sorteios em cada análise, a fim de se
obter melhores resultados numéricos.
139
5 APLICAÇÃO EM UM PROBLEMA CLÁSSICO
Nesta seção, a metodologia ACoDi será aplicada em um estudo de caso
apresentado em um workshop de análise de confiabilidade dinâmica, cujo
intuito era comparar várias técnicas de confiabilidade dinâmica existentes.
O workshop foi organizado em 2004 pela associação italiana 3ASI
(Associazione degli Analisti dell’Ambiente, dell’Affidabilita’ e della Sicurezza
Industriale), no qual foi apresentado o problema da Figura 5.1.
Figura 5.1 – Problema proposto
Controlador
P1
P2
+3
HLP
+2
+1
HLB
0
-1
HLA
-2
-3
HLV
V
O sistema é composto por um reservatório contendo fluido, duas bombas (P1 e P2) para encher o reservatório, uma válvula (V) para esvaziá-lo e
um controlador para monitorar o nível (H) do fluido e acionar as bombas e a
válvula.
Inicialmente o nível H se encontra em 0, a bomba P1 ligada, a válvula V
aberta e a bomba P2 desligada. A vazão fornecida pelas bombas é a mesma da
válvula. Dessa forma, enquanto nenhum componente falha, o sistema mantém
o nível constante em 0. A falha consiste em travar um dos componentes no
estado ligado ou desligado. A probabilidade de falha obedece a distribuição
exponencial.
Se H atingir o nível HLB (+1) há o risco do fluido transbordar pelo
reservatório; este evento ocorre quando H excede o nível HLP (+3). Para evitar
isso o controlador comanda o desligamento das duas bombas e abertura da
válvula com o objetivo de reduzir H. Se um componente está travado, ele não
140
obedece o controlador e mantém o seu estado atual.
O outro cenário indesejado é o esvaziamento do reservatório, que ocorre
quando H está abaixo de HLV (-3). Para evitar isso, quando o nível atinge HLA
(-1), o controlador ordena o acionamento das duas bombas e o fechamento da
válvula V, com o objetivo de aumentar o nível H.
Assim, a falha do sistema fica caracterizado pelos dois cenários: reservatório com fluido transbordando e reservatório esvaziando.
Com isso, objetivo desta seção é apresentar a metodologia passo a
passo para resolver esse problema e comparar com os resultados obtidos por
outros pesquisadores.
5.1 ETAPA 1: ANÁLISE INICIAL DO SISTEMA TÉCNICO PARA CONFIABILIDADE DINÂMICA
Nesta etapa são realizadas quatro atividades cujo objetivo é avaliar o
comportamento dinâmico do sistema, a criticidade e a disponibilidade dos
sistema técnico.
• Atividade 1.1: Análise quanto ao comportamento dinâmico
O problema proposto apresenta comportamento dinâmico do nível do
reservatório, que varia em função dos estados dos componentes e do
tempo t.
Outro comportamento dinâmico é em relação à configuração do sistema.
Nas condições normais de operação, tem-se a bomba P1 acionada, fornecendo vazão para o reservatório, funcionando junto com a válvula V,
drenando o reservatório. Dado que o nível H passa para HLB (+1) ou
HLA (-1), a configuração do sistema, com os componentes em operação
irá mudar em função das ações do controlador.
• Atividade 1.2: Análise da criticidade do sistema
Não é anunciado que o sistema é critico. Além disso, o problema não
está colocado em nenhum contexto que apresente risco ao homem, ao
meio-ambiente, ou custo elevado. Assim, pode-se assumir que este
problema é de baixa criticidade.
Assim, ao observar a Figura 4.10 com as relações determinísticas para a
escolha da análise de confiabilidade dinâmica, no eixo das abscissas, o
sistema estaria entre as colunas 1 e 3.
• Atividade 1.3: Análise da disponibilidade do sistema
141
Da mesma forma que a análise realizada na Atividade 1.2 (criticidade),
o contexto apresentado para o problema não permite afirmar se é um
sistema que exige alta disponibilidade ou não. Da maneira como está
apresentado, sem uma contextualização se o reservatório faz parte de um
sistema de abastecimento de água de uma cidade, ou de uma empresa,
ou uma residência, ou um processo de fabricação, etc, não é possível
definir qual a disponibilidade exigida pelo sistema.
Como não foi contextualizado, será assumido que o sistema não exige
disponibilidade, podendo parar ocasionalmente para realizações de manutenção. Assim, será assumido que a disponibilidade exigida possui
nota mínima de 1 e máxima de 3.
• Atividade 1.4: Análise do sistema
Por fim, conclui-se que o sistema possui comportamento dinâmico
em que a variável de controle, nível H, muda ao longo do tempo em função
dos estados dos componentes. As variações do nível ocorrem em função dos
estados dos componentes, que por sua vez sofrem influência das taxas de falha
e da própria variável de controle H.
Assim, mesmo que não tenha criticidade elevada ou seja exigida alta
disponibilidade já se pode realizar uma análise de confiabilidade dinâmica
neste sistema, tendo em vista a presença do comportamento dinâmico. Este sistema está localizado na região R2 da Figura 4.8 e a aplicação da confiabilidade
dinâmica seria opcional conforme a Figura 4.10.
5.2 ETAPA 2: DEFINIÇÃO DA EQUIPE
Como a aplicação será feita em um sistema bastante simples, nesse
caso, a formação da equipe não é tão relevante. Aqui a equipe está constituída
apenas pelo pesquisador sendo a programação realizada no software Matlab.
5.3 ETAPA 3: ANÁLISE DO SISTEMA, SUBSISTEMAS E COMPONENTES
Nesta etapa são realizadas as seguintes atividades:
• Atividade 3.1: Desdobramento das funções do sistema
• Atividade 3.2: Caracterização dos subsistemas e componentes
• Atividade 3.3: Descrição comportamental do sistema
142
5.3.1 Atividade 3.1: Desdobramento das funções do sistema
O desdobramento das funções do sistema foi realizado conforme a
Figura 5.2. Iniciou-se com a função global do sistema (manter o nível na faixa
-1<H<+1), sendo levado em consideração os fluxos de energia, matéria e sinal.
Figura 5.2 – Desdobramento da função global do sistema técnico
Energia
Fluido
NívelLH
Energia
ManterLoLnívelLnaL Fluido
faixaL-1<H<+1
NívelLH
Fluido
Fluido
FornecerL Fluido
fluido
ArmazenarL Fluido
fluido
DrenarL
fluido
Fluido
NívelLH
LerLnívelLdoL
fluido
NívelLH
Energia
Energia
ControlarL
nível
Energia
Na Figura 5.1 é possível identificar os seguintes componentes deste
sistema: bomba P1, bomba P2, reservatório, válvula V e controlador. Desta
forma, com o desdobramento da funcional do sistema e a lista de componentes do sistema faz-se o relacionamento dos componentes com as funções
elementares identificadas, Quadro 5.1.
O reservatório e o controlador serão considerados como elementos
perfeitos, que não sofrem falha. Esta consideração foi feita no trabalho de
Codetta-Raiteri e Bobbio (2006), que será usado para comparação dos resultados, o que faz com que os modelos tenham os mesmos componentes.
143
Quadro 5.1 – Funções dos componentes do sistema técnico
Componente
Bomba P1
Bomba P2
Reservatório
Válvula V
Controlador
Função
Fornecer fluido
Fornecer fluido
Armazenar fluido
Drenar fluido
Ler nível do fluido e controlar o nível do
reservatório
5.3.2 Atividade 3.2: Caracterização dos subsistemas e componentes
A quantidade de estados dos componentes para este caso são seis:
1. Ligado sem falha
2. Desligado sem falha
3. Ligado com falha evidente
4. Desligado com falha evidente
5. Ligado com falha oculta
6. Desligado com falha oculta
Os possíveis estados dos componentes, com suas transições, podem
ser vistos na Figura 5.3. Na proposta realizada no workshop, os componentes
do sistema não são reparáveis, portanto, sem manutenção. Em comparação
com a Figura A.10, o número de estados é o mesmo, todavia, existem menos
transições tendo em vista que neste estudo de caso não são realizadas manutenções. Assim, uma vez que o componente passa para a condição funcional
“com falha evidente ou oculta”, este não retorna para a condição “sem falha”.
As transições de estados “a1 ” e “a” são determinadas pelo controlador
de nível do sistema técnico. Já as transições “b”, “c”, “d” e “e” são ocasionadas
por falhas que podem ser do tipo comum ou ocultas, abertas (liga quando não
deveria) ou fechadas (desliga quando não deveria). As transições “d1 ” e “e1 ”
ocorrem quando o controlador do sistema tenta mudar a condição operacional
do componente: ligado→desligado ou desligado→ligado. Nesse momento, a
falha que antes era oculta passa a ser evidente.
Os componentes da simulação suscetíveis às falhas são: bomba P1,
bomba P2 e válvula V. As taxas de falha e a variação de nível, dH/dt, estão
relacionadas no Quadro 5.2.
144
Figura 5.3 – Estados dos componentes
a
a1
Ligado
sem falha
d
b
Ligado
com falha
evidente
Ligado
com falha
oculta
Desligado
sem falha
e
c
Desligado
com falha
evidente
d1
Desligado
com falha
oculta
e1
Quadro 5.2 – Características dos componentes
Componente
Bomba P1
Bomba P2
Válvula V
Taxa de falha
(Falhas/hora)
0,004566
0,005714
0,003125
dH/dt
(m/hora)
0,6
0,6
-0,6
A obtenção do tempo de falha, se o componente irá falhar travado
ligado ou desligado e se a falha será evidente ou oculta é realizada em três
etapas:
• Inicialmente realiza-se o sorteio do tempo de falha do componente,
com base nas taxas de falha do Quadro 5.2.
• Posteriormente, um segundo sorteio é realizado para definir se o componente irá falhar travado ligado ou desligado. Neste caso, como não
foi dado nenhuma informação sobre as probabilidade de falhar ligado
ou desligado, considerou-se que as probabilidades de falha, em relação
ao estado operacional (ligado ou desligado) são iguais.
• Por fim, verifica-se o estado operacional do componente antes da falha.
A falha será oculta se o estado operacional antes da falha coincidir com
estado operacional da falha (ligado ou desligado) e evidente quando
forem diferentes.
Portanto, para definir o tempo de falha e o estado de falha do componente (oculta/evidente, ligado/desligado) é preciso, além do Quadro 5.2, saber
o estado operacional do componente quando estava funcionando.
145
Embora o controlador seja um componente do sistema, este será analisado em separado na etapa 4, atividade 4.1.
5.3.3 Atividade 3.3: Descrição comportamental do sistema
A variação do nível H pode ser representada pela equação 5.1.
dH
= C1.Q1 +C2.Q2 +C3.Q3
dt
(5.1)
C1, C2 e C3 são os estados dos componentes e indicam se estão ligados
(1) ou desligados (0). O componente C1 representa a bomba P1, com Q1
valendo 0,6 m/h. O componente C2 representa a bomba P2 com Q2 valendo
0,6 m/h, e C3 a válvula V com Q3 valendo -0,6 m/h.
O quadro 5.3 apresenta os valores obtidos com a equação 5.1. Desta
forma, verifica-se que a taxa de variação do nível H depende do estado operacional dos componentes – pode ser positiva (aumento do nível H), nula, ou
negativa. Vale destacar que a variação sendo positiva, ainda pode assumir dois
valores: valores 0,6 m/h ou 1,2 m/h.
Quadro 5.3 – Taxa de variação do nível H
Configuração
1
2
3
4
5
6
7
8
P1
Ligado
Ligado
Ligado
Ligado
Desligado
Desligado
Desligado
Desligado
P2
Desligado
Ligado
Desligado
Ligado
Desligado
Ligado
Desligado
Ligado
V
Desligado
Desligado
Ligado
Ligado
Desligado
Desligado
Ligado
Ligado
dH/dt
0,6 m/h
1,2 m/h
0,0 m/h
0,6 m/h
0,0 m/h
0,6 m/h
-0,6 m/h
0,0 m/h
O nível do reservatório não se altera quando uma das bombas, P1 ou
P2, está ligada com a válvula V e também quando todos os componentes estão
desligados, situação vista na configuração 3, 5 e 8 do quadro 5.3.
O único modo em que a vazão do reservatório diminui, aparece na
configuração 7, quando ambas as bombas estão desligadas e a válvula V
ligada.
Para os outros quatro casos (1, 2, 4 e 6), o reservatório apresenta a
tendência ao enchimento. Assim, analisando a combinação dos estados dos
componentes, percebe-se que há uma tendência maior de ocorrer transborda-
146
mento do que esvaziamento.
5.4 ETAPA 4: ANÁLISE DA MANUTENÇÃO DO SISTEMA TÉCNICO
Esta etapa é constituída por três etapas:
• Atividade 4.1: Caracterização dos sensores, controlador e atuadores
• Atividade 4.2: Definição das regiões de operação
• Atividade 4.3: Modelagem do comportamento em função da manutenção
5.4.1 Atividade 4.1: Caracterização dos sensores, controlador e atuadores
O sensor e controlador são representados pelo mesmo componente no
sistema. Os atuadores são a bomba P1, bomba P2 e válvula V, já descritos na
atividade 3.2.
O controlador irá atuar sobre os componentes em função do valor da
variável de estado do sistema. Se for percebido que há uma tendência de
ocorrer transbordamento, o controlador irá desligar as bombas e ligar a válvula
que faz a drenagem do reservatório.
Por outro lado, se houver uma tendência de esvaziamento, ambas as
bombas são ligadas e válvula V é fechada.
Na condição normal de operação, nível H entre HLA (-1) e HLB (+1),
a bomba P1 fica ligada, a bomba P2 desligada e a válvula V ligada. Assim,
pode-se perceber que o sistema assume várias configurações em função da
variável de controle H, sendo o controlador o componente responsável por
essas mudanças.
O quadro 5.4 resume os estados componentes em função do nível H.
Quadro 5.4 – Configurações do sistema em função do nível
H
0
-1
+1
Bomba P1
Ligado
Ligado
Desligado
Bomba P2
Desligado
Ligado
Desligado
Válvula V
Ligado
Desligado
Ligado
No Quadro 5.4 estão apresentadas apenas as configurações do sistema
em que todos os componentes estão na condição sem falha. Ou seja, se forem
147
consideradas todas as configurações possíveis, incluindo as condições com
e sem falha, resulta em 216 configurações do sistema. O cálculo é realizado
com a seguinte equação:
i = Mn
sendo,
i: Número de configurações
M: Número de estados de cada componente (6)
n: Número de componentes (3)
5.4.2 Atividade 4.2: Definição das regiões de operação
A variável de estado do sistema é o nível do reservatório H, sendo que
esta terá cinco pontos característicos.
• H=0 -> Nível nominal de operação. Este é o ponto desejado de operação
normal.
• H=HLB (+1) -> Nível limite (superior) da condição normal. Neste
ponto existe um risco de ocorrer transbordamento. Para valores de H
acima deste valor o sistema entra na região de emergência.
• H=HLA (-1) -> Nível limite (inferior) da condição normal. Neste ponto
existe um risco de ocorrer a esvaziamento do reservatório. Para valores
de H abaixo deste valor o sistema entra na região de emergência.
• H=HLP (+3) -> Nível máximo do reservatório. Ponto onde é caracterizado o transbordamento, portanto, falha do sistema por transbordamento.
• H=HLV (-3) -> Nível mínimo do reservatório. Ponto onde é caracterizado o esvaziamento completo, portanto, falha do sistema por esvaziamento.
O tempo de missão será 1000 horas, valor utilizado em outras simulações encontradas na literatura como Codetta-Raiteri e Bobbio (2006) e
Marseguerra et al. (1998).
A Figura 5.4 apresenta as regiões de operação do sistema técnico, sendo
indicadas os limites da variável de controle H para cada região.
148
Figura 5.4 – Regiões de operação para o reservatório
H
Região de falha
+3
Região de emergência
+1
0
Região normal
ou nominal
-1
Região de emergência
-3
Região de falha
tmissão t
5.4.3 Atividade 4.3: Modelagem do comportamento em função da manutenção
Neste sistema não será considerada a manutenção. No entanto, ele
possibilita conter o avanço da variável de controle H para a região de falha por
meio das ações do controlador que altera as configurações do sistema, ativando
e desativando componentes do sistema.
5.4.3.1 Tempo de reação
O tempo de reação será utilizado para comutar as configurações do
sistema quando a variável de controle atingir os valores de H=+1 e H=-1.
Neste estudo de caso está sendo considerado que o sistema é automático e
como as mudanças são muito rápidas, está sendo considerado que o tempo de
comutação é nulo.
5.4.3.2 Atuação sobre o avanço da variável de controle H
Quando a variável de controle alcançar os limites da condição normal
(+1 ou -1), ocorrerão mudanças de configuração do sistema a fim de impedir
o avanço para a região de falha (H=+3 ou H=-3) e recuperar a variável de
controle para a condição nominal, H=0.
149
5.4.3.3 Manutenção preditiva com o sistema em operação
Neste estudo de caso, não está sendo considerada a manutenção dos
componentes. Para impedir a falha do sistema é realizada apenas alterações
na configuração do sistema, por meio do controlador, a fim de que não ocorra
transbordamento ou secagem do reservatório.
5.5 ETAPA 5: MODELAGEM E SIMULAÇÃO
Esta etapa é constituída de duas atividades:
• Atividade 5.1: Representação do comportamento dinâmico do sistema
• Atividade 5.2: Estrutura para implementação
A atividade 5.2 não será descrita, pois a estrutura para implementação é a mesma apresentada no capítulo da proposta da metodologia. Desta
forma, será descrita apenas a atividade 5.1 (Representação do comportamento
dinâmico do sistema).
Para analisar os gráficos gerados na simulação é importante conhecer
antecipadamente alguns possíveis cenários para facilitar a compreensão do
comportamento dinâmico do sistema. A Figura 5.5 ilustra o comportamento
do sistema quando ocorre a falha na bomba P1. Nesse caso, o nível do
reservatório, H, irá oscilar entre o valor +1 e -1, até que ocorra outra falha no
sistema.
A Figura 5.6 representa uma falha da bomba P2. Nesse caso, a bomba
entra em operação quando não devia. No entanto, ao atingir o nível H=+1 o
controlador dispara um comando impedindo que ocorra o transbordamento.
Uma falha fechada na válvula V terá o mesmo comportamento apresentado na Figura 5.6, onde há um aumento do nível do reservatório até chegar no
valor H=+1. Nesse nível, o controlador comanda o desligamento das bombas
mantendo o nível estagnado em H=+1.
A presença de um controlador torna o sistema bastante robusto, visto
que, mesmo ocorrendo falhas nos componentes e sem ter manutenção, ainda é
possível com as mudanças de configuração do sistema, impedir o transbordamento ou secagem do reservatório.
A Figura 5.7 é um caso em que ocorreu a falha em dois componentes,
P1 e P2. Ainda que dois componentes estivessem em falha, o controlador
impede a falha total do sistema. Após o ponto de início é possível verificar
a ocorrência de uma falha oculta na bomba P2. Ou seja, a bomba estava
desligada e falha mantém o componente nesse mesmo estado (desligado).
150
Figura 5.5 – Cenário com falha na bomba P1
Condição(normal:
(((P1(ligado,(P2(desligado(e
(((V(ligado
Controlador(dispara(comando:
((Ligar(P1((falha),((ligar(P2(e((
((desligar(V
+3
+1
0
-1
-3
Falha(de(P1:(
((((desligado
Controlador(dispara(comando:
((Ligar(P1((falha),((desligar(P2(e
((ligar(V
Figura 5.6 – Cenário com falha na bomba P2
Condição(normal:
(((P1(ligado,(P2(desligado(e
(((V(ligado
Controlador(dispara(comando:
((Desligar(P1,((desligar(P2((falha)(e((
((ligar(V
+3
+1
0
-1
-3
Falha(de(P2:(
((((ligado
P2(permanece(ligado,
com(falha.
Dessa forma, não há variação do nível H. A falha só deixa de ser oculta
quando o controlador dispara um comando para ligar as bombas, quando o
nível alcança o valor H=-1.
151
Figura 5.7 – Cenário com falha oculta na bomba P2
Condição normal:
P1 ligado, P2 deligado e
V ligado
Controlador dispara comando:
Ligar P1(falha), ligar P2 (falha) e
desligar V
+3
+1
0
-1
-3
Falha de P2:
desligado (oculta)
Falha de P1:
desligado
A representação do comportamento do sistema em função das falhas
dá subsídios para o programador verificar a coerência do sistema na simulação
numérica na etapa de análise dos resultados. Aqui foram criados apenas três
figuras, mas já são suficientes para a compreensão do comportamento. Durante
a simulação, vários eventos de falha irão se combinar e possivelmente irão
gerar gráficos com uma complexidade maior.
5.6 ETAPA 6: ANÁLISE DE RESULTADOS
Nesta etapa de resultados são apresentadas duas atividades:
• Atividade 6.1: Geração dos relatórios ponto a ponto e cenários de falha
• Atividade 6.2: Cálculo da probabilidade de falha e confiabilidade do
sistema técnico
Cada teste de simulação resulta em uma falha ou sucesso da missão
do sistema técnico. Inicialmente, para cada teste é gerado um relatório ponto
a ponto e um gráfico com o cenário de falha mostrando o comportamento
dinâmico da variável de controle H. Posteriormente, após verificar que o
comportamento do modelo está coerente com o sistema, são gerados apenas
resultados numéricos, não sendo mais gerados os relatórios ponto a ponto e
os gráficos de cenários de falha, a fim de que a simulação seja realizada com
menor custo de processamento.
152
Na seção seguinte será apresentado apenas um gráfico com cenário de
falha e parte de um relatório ponto a ponto.
5.6.1 Atividade 6.1: Geração dos relatórios ponto a ponto e cenários de
falha
Para auxiliar na interpretação dos dados gerados pelo modelo de simulação, são gerados relatórios ponto a ponto ao longo do tempo, gráficos do
comportamento dinâmico da variável de estado do sistema e os histogramas.
A Figura 5.8 apresenta o comportamento dinâmico (cenário de falha)
de apenas um teste de simulação. A simulação tem início no ponto 1, com
o sistema na condição normal de operação: bomba P1 ligada, P2 desligada,
válvula V ligada e nível H em zero.
Figura 5.8 – Comportamento dinâmico de um teste de simulação
Variação do nível com o tempo
3
2.5
Ponto 40: falha
do sistema
2
1.5
Ponto 2: P1
falha desligado
Nível H
1
0.5
Ponto 39: P2
falha ligado
0
Ponto 40: V
falha desligado
-0.5
Ponto 1: Início
-1
-1.5
0
100
200
300
Tempo t
400
500
600
A primeira falha ocorre no tempo t = 121, 12 h. A bomba P1 falha desligada, fazendo com que o nível do reservatório diminua até atingir
H=-1. O controlador nesse momento comanda o fechamento da válvula V e
acionamento da bomba P2, fazendo o nível do reservatório subir até atingir
153
H=0. Nesse nível o sistema deve operar com a configuração inicial (P1 ligada,
P2 desligada e V ligada), mas como a bomba P1 está em falha, o nível do
reservatório volta a diminuir. Esse comportamento oscilatório – representado
no detalhe com ampliação – repete-se até o ponto 39, quando a bomba P2
falha ligada.
A Figura 5.9 apresenta parte do relatório ponto a ponto gerado em
um teste de simulação, que é utilizado para facilitar a leitura do gráfico de
comportamento dinâmico do sistema. Cada ponto do gráfico é descrito pelo
relatório informando a condição (falha ou não) de cada componente, nível do
reservatório, tempo, vazão de cada componente, vazão resultante, próximo
evento e quando este irá ocorrer.
Figura 5.9 – Relatório ponto a ponto ao longo de um tempo de missão
******************* Etapa = 1 ****************
****************** t = 0.00 h ****************
------- Vazão dos fornecida pelos componentes -------Bomba P1 fornece 0.6 m/h
Bomba P2 fornece 0.0 m/h
Valvula V fornece -0.6 m/h
----------------------------------------------------------------------- Estado dos componentes -------------------------Bomba P1.Failure = 0
Bomba P2.Failure = 0
Valvula V.Failure = 0
----------------------------------------------------------------t = 0.00 h => h = 0.00 m q = 0.0 m/h
System.RepairAlarm = 0
Proximo evento ==> Failure (stuck off):Bomba P1 em t= 121.12 h.
-----------------------------------------------------------------******************* Etapa = 2 ****************
****************** t = 121.12 h ****************
------- Vazão dos fornecida pelos componentes -------Bomba P1 fornece 0.0 m/h
Bomba P2 fornece 0.0 m/h
Valvula V fornece -0.6 m/h
----------------------------------------------------------------------- Estado dos componentes ----------------------Bomba P1.Failure = 1 Falha desligado
Bomba P2.Failure = 0
Valvula V.Failure = 0
-----------------------------------------------------t = 121.12 h => h = 0.00 m q = -0.6 m/h
System.RepairAlarm = 0
Proximo evento ==> Level -1: Dry out detection alarm em t= 122.78 h.
-----------------------------------------------------------------
******************** Etapa = 38 *****************
******************** t = 181.12 h ****************
------- Vazão dos fornecida pelos componentes ------------Bomba P1 fornece 0.0 m/h
Bomba P2 fornece 0.0 m/h
Valvula V fornece -0.6 m/h
----------------------------------------------------------------------------- Estado dos componentes -------------------------------Bomba P1.Failure = 1 Falha desligado
Bomba P2.Failure = 0
Valvula V.Failure = 0
----------------------------------------------------------------------t = 181.12 h => h = 0.00 m q = -0.6 m/h
System.RepairAlarm = 1
Proximo evento ==> Failure (stuck on):Bomba P2 em t= 182.16 h.
----------------------------------------------------------------------******************* Etapa = 39 *******************
****************** t = 182.16 h ******************
------- Vazão dos fornecida pelos componentes -------------Bomba P1 fornece 0.0 m/h
Bomba P2 fornece 0.6 m/h
Valvula V fornece -0.6 m/h
---------------------------------------------------------------------------- Estado dos componentes ------------------------------Bomba P1.Failure = 1 Falha desligado
Bomba P2.Failure = 1 Falha ligado
Valvula V.Failure = 0
----------------------------------------------------------------------t = 182.16 h => h = -0.62 m q = 0.0 m/h
System.RepairAlarm = 1
Proximo evento ==> Failure (stuck off):Valvula V em t= 550.58 h.
-----------------------------------------------------------------------
154
5.6.2 Atividade 6.2: Cálculo da probabilidade de falha e confiabilidade
do sistema técnico
Para a construção de um único histograma, foram realizados 10 mil
testes, cujo resultado pode ser: falha por transbordamento, falha por esvaziamento ou sucesso da missão. A Figura 5.10 apresenta um histograma para
transbordamento e um outro para esvaziamento do reservatório.
Vale destacar que o histograma para transbordamento apresenta uma
quantidade de falhas muito maior que a de esvaziamento. Por causa disso,
as escalas de número de falhas nos gráficos – eixo vertical – são diferentes.
Assim, no histograma de falhas por transbordamento, a escala de falhas é
[0 – 450], enquanto que no histograma de falhas por esvaziamento, a escala
apresentada é [0 – 200].
Os gráficos foram gerados com diferença nas escalas com o intuito de
facilitar a visualização do gráfico referente ao esvaziamento. É possível verificar ainda que os histogramas possuem contornos que podem ser aproximados
à uma função log-normal.
Figura 5.10 – Histogramas de falhas em 10 mil testes
Histograma para transbordamento
Número de falhas
400
300
200
100
0
0
100
200
300
400
500
Tempo t
600
700
800
900
1000
700
800
900
1000
Histograma para esvaziamento
Número de falhas
200
150
100
50
0
0
100
200
300
400
500
Tempo t
600
Fazendo-se a integração dos valores contidos nos histogramas de falha no tempo, para o transbordamento e esvaziamento, obtém-se a função
distribuição acumulada de falhas, Figura 5.11.
155
Figura 5.11 – Função distribuição acumulada de falhas
Transbordamento
Probabilidade de falha
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0
100
200
300
400
500
600
Tempo t
700
800
900
1000
700
800
900
1000
Esvaziamento
Probabilidade de falha
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0
100
200
300
400
500
600
Tempo t
Embora a Figura 5.11 forneça as probabilidades de falha do sistema
para tempos de missão de 0 até 1000 horas, ainda é necessário saber a dispersão
dos resultados. Para isso, o processo para se obter cada histograma foi repetido
100 vezes, obtendo-se assim 100 curvas de distribuição acumulada de falhas
para transbordamento – Figura 5.12 – e esvaziamento – Figura 5.13.
Ao analisar os gráficos da Figura 5.12 e Figura 5.13 é possível verificar
que a probabilidade de ocorrer falha por transbordamento fica em torno de 50%,
enquanto a probabilidade de ocorrer falha por esvaziamento do reservatório é
em torno de 12%.
O valor da probabilidade de falha do sistema é uma estimativa. E
como tal, deve-se determinar o intervalo de confiança, IC1−α (µ), em que
possivelmente possa ser encontrado o valor real do parâmetro desejado, que
nesse caso é a probabilidade de falha para transbordamento e esvaziamento do
reservatório. Para esse cálculo, faz-se uso da Equação 5.2 (NETO, 1977).
S
S
√
√
, X̄ + z1−α/2 .
(5.2)
IC1−α (µ) ≈ X̄ − z1−α/2 .
n
n
156
Figura 5.12 – Distribuição de pontos para transbordamento
Figura 5.13 – Distribuição de pontos para esvaziamento
Quando o número de amostras é elevado, a curva da distribuição tstudent fica muito próxima da distribuição normal. Por causa disso, nesta
aplicação os limites para o intervalo de confiança foram calculados com base
na distribuição normal.
O intervalo de confiança, IC1−α (µ), está relacionado com a probabilidade de se encontrar o valor real dentro da faixa, sendo esta probabilidade
denominada por “nível ou grau de confiança”, expressa como (1 − α).
Desta forma, α é a probabilidade do erro na estimação para o inter-
157
valo de confiança, isto é, a probabilidade de errar ao afirmar que o valor da
probabilidade de falha do sistema está dentro do intervalo de confiança.
A representação gráfica do intervalo de confiança, expressa pela Equação 5.2, está ilustrada na Figura 5.14. A equação representa o limite inferior e
o superior, para uma distribuição normal bi-caudal, para um nível de confiança
(1 − α).
Figura 5.14 – Distribuição amostral de X
σ=
S
n
1-α
α/2
X - z1-α/2. S
n
α/2
X
X + z1-α/2. S
n
X
Fonte: Adaptado de Neto (1977)
O cálculo para determinar o intervalo de confiança de 99% em torno
da média, no ponto em t = 1000 h (tempo de missão) foi realizado com a
Equação 5.2.
Os valores utilizados para o cálculo foram:
• Número de pontos, n = 100.
• Para intervalo de confiança de 99%, z = 2, 58.
• Valor médio da probabilidade de transbordamento, X̄ = 0, 4962.
• Desvio padrão para os dados relacionados com o transbordamento,
S = 0, 0047.
• Valor médio da probabilidade de esvaziamento, X̄ = 0, 1227.
• Desvio padrão para os dados relacionados com o esvaziamento,
S = 0, 0034.
Assim, os intervalos de confiança para as falhas, no tempo t = 1000 h,
resultam em:
158
Transbordamento:
Esvaziamento:
IC 99% (µ) ≈ (0, 4950; 0, 4974)
IC 99% (µ) ≈ (0, 1218; 0, 1236)
O mesmo processo foi utilizado para determinar o intervalo de confiança para outros pontos, sendo obtidos os gráficos da Figura 5.15 e Figura 5.16.
Os valores utilizados para gerar os gráficos estão apresentados no Apêndice B,
nas tabelas B.1 e B.2.
Analisando os gráficos é possível perceber que a dispersão dos resultados aumenta com o aumento do tempo t, assim, as maiores diferenças estão
no tempo t = 1000 h. No gráfico relacionado à falha por transbordamento,
Figura 5.15, os limites máximos e mínimos do intervalo de confiança não são
perceptíveis, ficando uma curva sobreposta a outra.
Probabilidade de falha acumulada
Figura 5.15 – Função distribuição acumulada de falhas para transbordamento
Transbordamento
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0
200
400
600
800
1000
Tempo t
Já no gráfico referente à falha por esvaziamento, Figura 5.16, por ter
outra escala nos eixos das ordenadas, os limites máximos e mínimos ainda que
bem próximos, são visíveis. Todavia, a dispersão dos valores referente à falha
por esvaziamento é maior que a falha por transbordamento.
Na seção seguinte, o problema é resolvido com o uso de redes de petri.
Posteriormente, os resultados obtidos com a metodologia ACoDi e redes de
petri são comparados.
5.7 ANÁLISE COM REDES DE PETRI
Nesta seção apresenta-se a análise utilizando redes de petri realizada
por Codetta-Raiteri e Bobbio (2006). O autor desenvolve o problema utilizando duas técnicas: Redes de Petri Estocásticas Generalizadas – Generalized
159
Probabilidade de falha acumulada
Figura 5.16 – Função distribuição acumulada de falhas para esvaziamento
Esvaziamento
0.14
0.12
0.1
0.08
0.06
0.04
0.02
0
0
200
400
600
800
1000
Tempo t
Stochastic Petri Nets (GSPN) – e Redes de Petri Fluidas Estocásticas – Fluid
Stochastic Petri Nets (FSPN).
A Figura 5.17 apresenta o modelo com redes de petri estocásticas
generalizadas (GSPN) onde o acompanhamento do comportamento do sistema
é feito por meio das fichas (marcas) dentro da rede.
Inicialmente, as fichas estão na posição onde a configuração do sistema
indica a operação normal de funcionamento, ou seja, sem falhas, bomba P1
ligada, P2 desligada e válvula V ligada. O nível do reservatório se encontra na
posição 0, ou seja, com quatro fichas em “Level”. A relação entre os níveis e a
sua discretização para o modelo GSPN estão apresentadas no Quadro 5.5.
Cada um dos componentes pode estar no estado ligado (“on”), desligado (“off ”) ou travado (“stuck”), que é definido pela posição da ficha.
Ao observar a rede, percebe-se que as taxas de falha dos componentes1
foram divididas por dois. Isso porque nessa análise está sendo considerado
que uma parcela da taxa é destinada para falha aberta – componente trava na
posição ligado – e outra para falha fechada, quando o componente trava na
posição desligado.
As variações do nível do reservatório são modeladas por cinco transições, indicadas por: Fill1, Fill2, Fill3, Fill4 e Remove. Os estados dos
componentes (ligado/desligado) influenciam nessas transições e causam a
variação do nível do reservatório. Quando o nível do reservatório chega em
zero, uma ficha é adicionada na variável DRYOUT. Em contrapartida, se o nível
do reservatório atingir valor oito, uma ficha é adicionada na variável OVERFLOW.
A Figura 5.18 corresponde ao modelo de redes de petri fluidas estocásticas
(FSPN). Esta ferramenta, além de possuir os elementos utilizados nas redes de petri
estocásticas generalizadas (GSPN), possui arcos e posições de rede que podem repre1 Corresponde
à taxa de transição do estado de componente bom para falha.
160
Figura 5.17 – Modelo do sistema com GSPN
0.004566 / 2
P1failONON
P1stuck
P1failONOFF
P1failOFFON
P1on
P1off
P1switchOFF
5
P1switchON
4
P1failOFFOFF
0.6*#P1on*#P2off*#Voff
Fill1
0.005714 / 2
1.2*#P1on*#P2on*#Voff
P2failONON
P2failONOFF
5
P2on
P2stuck
P2failOFFON
Fill2
P2switchOFF
4
P2off
P2switchON
Empty
4
LEVEL
Fill3
8
P2failOFFOFF
4
5
DRYOUT
0.6*#P1on*#P2on*#Von
Full
OVERFLOW
0.6*#P1off*#P2on*#Voff
Fill4
0.003125 / 2
0.6*#P1off*#P2off*#Von
VfailONON
Remove
VfailONOFF
Von
VswitchOFF
Vstuck
VfailOFFON
Voff
VswitchON
VfailOFFOFF
Fonte: Codetta-Raiteri e Bobbio (2006)
sentar variáveis contínuas como: nível, temperatura e pressão. Os arcos adicionais,
encontrados no modelo FSPN, representam tubos ou canalizações. As funções delta de
Dirac são utilizadas para executar uma transição quando o nível atinge um determinado
valor.
Na modelagem por GSPN e FSPN os níveis do reservatório, foram discretizados de acordo com o Quadro 5.5. Na modelagem FSPN a nova posição de rede
“L” representa o nível de líquido no reservatório que, de acordo com o Quadro 5.5,
pode variar de 0 até 6. Os arcos adicionais estão representados na figura por setas
duplas, =⇒ , indicam tubos e modelam a ação das bombas e da válvula sobre o nível
161
Quadro 5.5 – Discretização do nível H
H
Condição
>+3
+3
+2
+1
0
-1
-2
-3
<-3
Transbordamento
HLP
HLB
Nível inicial
HLA
HLV
Esvaziamento
# fichas
Level (GSPN)
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Level
(FSPN)
6
5
4
3
2
1
0
Fonte: Adaptado de Codetta-Raiteri e Bobbio (2006)
do reservatório.
5.8 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS RESULTADOS
A presente seção traz os resultados da implementação computacional e os valores obtidos comparados às metodologias GSPN e FSPN (CODETTA-RAITERI; BOBBIO,
2006).
5.8.1 Quanto à implementação computacional
A implementação computacional foi realizada no Matlab, que possui uma
linguagem própria de programação muito semelhante às linguagens C e Pascal. Foi
possível perceber que plataforma de programação desenvolvida facilita a implementação de novos componentes do sistema, bem como a inclusão de rotinas como, por
exemplo, para a execução de manutenção no sistema.
Nesta etapa, os resultados foram comparados considerando que os componentes
não são reparáveis. No Apêndice C estão os resultados de uma simulação para os
componentes reparáveis, sendo a manutenção realizada em série. No entanto, para o
caso da simulação considerando manutenção em série, não foram encontradas análises
na literatura para serem comparadas.
Uma das principais etapas observadas durante o estudo de caso foram:
• A caracterização da falha, ou seja, quais são as condições que o sistema se
encontra em falha. No início das análises não se tem muitas informações, assim,
esse é um dos passos principais, ter de forma clara as condições que conduzem
o sistema a falha.
162
Figura 5.18 – Modelo do sistema com FSPN
0.004566 / 2
P1failONON
Dirac(L-4)
P1stuck
P1failONOFF
P1on
P1switchOFF
0.6*#P1on
Dirac(L-2)
P1failOFFON
P1off
P1switchON
0.6*#P2on
3
L
P1failOFFOFF
P1fill
P2fill
0.6*#Von
0.005714 / 2
Vremove
P2failONON
Dirac(L-4)
P2failONOFF
P2on
P2switchOFF
P2stuck
Dirac(L-2)
P2failOFFON
P2off
P2switchON
Dirac(L)
P2failOFFOFF
Empty
0.003125 / 2
DRYOUT
Dirac(L-6)
VfailONON
Full
OVERFLOW
Dirac(L-2)
VfailONOFF
Von
VswitchOFF
Vstuck
Dirac(L-4)
VfailOFFON
Voff
VswitchON
VfailOFFOFF
Fonte: Codetta-Raiteri e Bobbio (2006)
• O desenvolvimento de gráficos que representem o comportamento dinâmico do
sistema de forma manual. Neste momento são descritos as mudanças de estados
dos componentes ao longo do tempo, em função das variáveis de controle, das
falhas e/ou reparo dos componentes.
A grande vantagem da metodologia está na flexibilidade da implementação,
podendo ser realizada em diferentes linguagens de programação. Vale salientar que as
163
linguagens de programação com filosofia orientadas a objeto potencializam a implementação de novas rotinas.
5.8.2 Resultados numéricos
Os resultados obtidos com as redes de petri estão apresentados junto com os
da metodologia ACoDi. A Figura 5.19 apresenta a probabilidade de falha acumulada
considerando o transbordamento do reservatório ao longo do tempo. Os valores obtidos
com a metodologia ACoDi, inicialmente, são maiores que os valores obtidos com as
redes de petri. No entanto, percebe-se uma convergência na medida que os valores se
aproximam do tempo de missão, t = 1000 h.
Figura 5.19 – Função distribuição acumulada de falhas para transbordamento
Probabilidade de falha acumulada
Transbordamento
0,60
0,50
0,40
GSPN
0,30
FSPN (máx)
0,20
FSPN(mín)
ACoDi (máx)
0,10
ACoDi (mín)
0,00
0
200
400
600
800
1000
Tempo t (horas)
A Figura 5.20 apresenta a probabilidade de falha acumulada considerando o
esvaziamento do reservatório ao longo do tempo. Nesse gráfico, também se percebe
que há uma diferença inicial, mas quando os valores se aproximam do tempo de missão
t = 1000 h, essa diferença se reduz consideravelmente.
Algumas inferências foram pensadas para avaliar as diferenças entre os resultados:
1. O uso de variáveis de precisão simples (float), precisão dupla (double) bem
como os arrendondamentos utilizados na programação podem ter influência.
2. O software gerador de números aleatórios do Matlab pode também influenciar
nos resultados. É preciso um estudo nos algoritmos e modelos para geração de
números aleatórios e pseudoaleatórios utilizados pelo programa.
As hipóteses levantadas (1 e 2) podem ter influência para os tempos de missão
abaixo de 500 horas. No entanto, na medida que o tempo de missão aumenta, tem-se
um período disponível maior para que ocorram os comportamentos dinâmicos do
164
Figura 5.20 – Função distribuição acumulada de falhas para esvaziamento
Probabilidade de falha acumulada
Esvaziamento
0,14
0,12
0,10
GSPN
0,08
FSPN (máx)
0,06
FSPN(mín)
0,04
ACoDi (máx)
0,02
ACoDi (mín)
0,00
0
200
400
600
800
1000
Tempo t (horas)
sistema (falhas e mudanças de estados dos componentes comandados pelo controlador).
Neste caso, as diferenças numéricas de implementação acabam tendo menos influência,
em comparação com a dinâmica do sistema.
Em função do objetivo da tese, embora tenha-se pesquisado para mitigar as
diferenças, considera-se que a mesma não é significativa para o objeto da pesquisa,
tendo em vista que a hipótese mais provável é que o problema seja de modelamento
matemático e computacional, e não de engenharia.
Os valores obtidos com as redes de petri estocásticas generalizada (GSPN) são
analíticos. Por este motivo, estes foram usados para verificar o coeficiente de correlação,
R2 , comparando-se com os resultados da metodologia ACoDi. A Figura 5.21 apresenta
um gráfico que relaciona os valores do modelo GSPN e da metodologia para o caso
de falha por transbordamento do reservatório. O valor do coeficiente de correlação
está junto ao gráfico, R2 = 0, 9709. Ou seja, as variações dos valores obtidos com
a metodologia são explicados em 97, 09% pela variação dos valores obtidos com a
GSPN.
Da mesma forma, a Figura 5.22 apresenta um gráfico que relaciona os valores
do modelo GSPN com os obtidos com a metodologia ACoDi, sendo considerada a
falha por esvaziamento do reservatório. O valor obtido foi R2 = 0, 9635, ou seja, os
valores obtidos com a metodologia são explicados com 96, 35% dos valores obtidos
com a GSPN.
Ao comparar o valores médios obtidos com a metodologia ACoDi, com o
valores obtidos com o modelo GSPN, para o tempo t = 1000 h, calculou-se um erro
relativo de 2, 3% para falha por transbordamento e 4, 2% para esvaziamento. Os valores
são satisfatórios, tendo em vista que são os valores mais baixos justamente no tempo
de missão desejado. Os valores dos resultados, tanto da metodologia quanto das redes
de petri, estão organizados em tabelas e podem ser vistos no Apêndice B.
Por outro lado, para os valores de t baixos, em torno de 100 h observou-se uma
165
Figura 5.21 – Correlação entre os pontos – Transbordamento
Transbordamento
y = 1,0792x
R² = 0,9709
0,60
0,50
ACoDi
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
GSPN
Figura 5.22 – Correlação entre os pontos – Esvaziamento
Esvaziamento
y = 1,1243x
R² = 0,9635
0,14
0,12
ACoDi
0,10
0,08
0,06
0,04
0,02
0,00
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
GSPN
diferença mais acentuada entre os valores da metodologia em relação aos obtidos com
o modelo GSPN. A diferença decai rapidamente alcançando 4, 2% (transbordamento)
e 2, 3% (esvaziamento) no tempo t = 1000 h. Esse comportamento ainda deve ser
estudado, visando melhorar os resultados para os tempos iniciais.
166
5.9 CONSIDERAÇÕES DO CAPÍTULO
O presente capítulo apresentou a aplicação da metodologia ACoDi para um
problema clássico. Observou-se que os valores obtidos pela metodologia ACoDi é mais
conservativo, na faixa 4, 2% para esvaziamento e 2, 3% para esvaziamento. Este fato
poderia ser interpretado para a análise de risco em sistemas. Como já comentado, mais
casos ainda precisam ser estudados para adquirir mais confiança sobre a proposição.
Contudo permite-se afirmar que a solução apresentada, traz no desenvolvimento
a aderência a uma metodologia de projeto, e por isso poderá ser muito apropriada aos
projetistas que desenvolvem produtos ou fazem atualizações buscando melhorar a
confiabilidade e redução dos riscos existentes nos sistemas já em operação.
A etapa que mais demandou tempo no desenvolvimento da análise de confiabilidade dinâmica do reservatório foi implementação computacional. A utilização dos
relatórios que descrevem a simulação ponto a ponto, junto com os gráficos que apresentam o comportamento dinâmico da variável de estado do sistema foram fundamentais
para as validações iniciais do modelo.
Cada histograma de falhas foi gerado com 10 mil testes, sendo que o resultado
de cada teste poderia ser: sucesso, transbordamento ou esvaziamento do reservatório.
O tempo de processamento de 10 mil testes foi de aproximadamente sete minutos,
sendo a configuração do computador: Windows Vista, Processador Intel Core 2 Duo
T7500 (2.2GHz, 4MB L2 Cache, 800MHz), Memória de 3GB DDR2 667MHz. Uma
das razões para o rápido processamento é que o incremento de tempo, ∆t, é variável.
Na simulação, busca-se identificar qual será o próximo evento (falha, reparo, nível) e
quando irá ocorrer. Consequentemente, a execução da simulação se torna muito mais
rápido do que um incremento de tempo constante, que se for muito grande, corre-se o
risco de perder algum evento.
A dispersão dos histogramas foi feita com 100 histogramas para cada falha,
sendo considerada um intervalo de confiança para 99%. Ao observar os gráficos
percebe-se que os valores tiveram pouca dispersão. Por causa disso, permite-se para
futuras simulações, realizar uma quantidade de testes menor.
167
6 APLICAÇÃO EM UM SISTEMA REAL
Nesta seção é apresentado um estudo de caso realizado em um sistema real.
A aplicação foi realizada em um sistema de governo convencional de um navio para
transporte de produtos derivados de petróleo que opera na costa brasileira.
Entre os vários sistemas constituintes do navio petroleiro, a análise foi realizada
no sistema de governo do leme, denominada de máquina do leme, que é comandado
hidraulicamente.
6.1 ETAPA 1: ANÁLISE INICIAL DO SISTEMA TÉCNICO PARA CONFIABILIDADE DINÂMICA
A Figura 6.1 apresenta o circuito hidráulico do sistema de governo do leme
do navio. Em uma análise de confiabilidade estática considera-se que a falha do
sistema ocorre no momento em que este fica indisponível, ou seja, no instante em
que a embarcação fica a deriva. No final deste capítulo, os resultados com o uso
da metodologia ACoDi são comparados com os valores obtidos com a análise de
confiabilidade estática.
No entanto, é possível realizar uma análise em que se pode considerar um
tempo de limite em que a embarcação fica sem o sistema de governo. Deseja-se avaliar
qual a confiabilidade do sistema para os tempos limites de 40, 20, 10, 5 e 2 minutos.
Portanto, somente será considerado “falha do sistema do leme” se houver
indisponibilidade da função do leme em um tempo maior que o tempo limite. Desta
forma, a realização destas simulações podem ser utilizadas para avaliar a capacidade
da equipe de manutenção e de seus procedimentos.
REDE DE
SUSPIRO
REDE DE
ENCHIMENTO
Subsistema de
reposição de óleo
M
M
M
Subsistema
de potência 2
168
Subsistema
de isolamento
Subsistema
de potência 1
Figura 6.1 – Circuito hidráulico do sistema de governo do leme
Fonte: Sakurada e Andrade (2007)
Subsistema
de atuação
169
6.1.1 Atividade 1.1: Análise quanto ao comportamento dinâmico
O sistema possui um comportamento dinâmico do ponto de vista de mudança
da configuração do sistema. Dado que ocorre falha no sistema subsistema principal de
potência (SP1), entra em operação o subsistema de potência reserva (SP2). Paralelamente, tem início a manutenção de SP1, que após ser recuperado volta a fornecer vazão
para o sistema, retornando o subsistema de potência SP2 para a condição de elemento
reserva.
Desta forma, o sistema muda de configuração em função das falhas e manutenções dos subsistemas de potência SP1 e SP2.
Outro comportamento dinâmico observado é a vazão fornecida ao sistema. Enquanto o subsistema de potência SP1 está sem falha, há vazão disponível a ser fornecida
para o sistema. Dado que ocorra a falha, enquanto não é realizada a comutação para
SP2, o sistema fica com vazão disponível nula. Após a comutação para SP2, o sistema
volta a ter vazão disponível. Assim, a vazão disponível para o sistema pode ter o valor
nominal de projeto ou pode ser nula, dependendo dos estados dos subsistemas SP1/SP2
e também do tempo de transição de um sistema para outro.
6.1.2 Atividade 1.2: Análise da criticidade do sistema
Os navios petroleiros são sistemas que possuem criticidade elevada tendo em
vista as consequências que podem ocorrer em caso de um incidente. Entre os vários
sistemas existentes na embarcação, o sistema de governo do leme é um dos mais
importantes. A indisponibilidade da função do sistema de governo pode conduzir a
efeitos catastróficos, sendo uma ameaça à segurança do homem e do meio ambiente.
6.1.3 Atividade 1.3: Análise da disponibilidade do sistema
A função do sistema de governo é constantemente exigida, principalmente,
na entrada de canais ou em baías. Durante a navegação nessas regiões é exigida
elevada disponibilidade do sistema, tendo em vista o limitado espaço para manobras,
proximidade com outras embarcações, estruturas portuárias, etc.
6.1.4 Atividade 1.4: Análise do sistema
Com as informações levantadas nas atividades 1.1, 1.2 e 1.3 conclui-se que é
um sistema dinâmico, crítico em que é exigida elevada disponibilidade. Portanto, de
acordo com a Figura 4.8, este sistema se encontra na região R4 onde o uso da análise
de confiabilidade dinâmica é obrigatório.
170
6.2 ETAPA 2: DEFINIÇÃO DA EQUIPE
O sistema de governo do leme foi analisado em um projeto do NeDIP – do
Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC – com LabRisco – do Departamento
de Engenharia Naval e Oceânica da USP. Neste desenvolvimento, foram realizadas
consultas com técnicos da embarcação e engenheiros de ambas as instituições. Com
isso, foi possível obter informações sobre o funcionamento da máquina do leme.
6.3 ETAPA 3: ANÁLISE DO SISTEMA, SUBSISTEMA E COMPONENTES
Esta etapa é constituída das seguintes atividades:
• Atividade 3.1: Desdobramento das funções do sistema
• Atividade 3.2: Caracterização dos subsistemas e componentes
• Atividade 3.3: Descrição comportamental do sistema
6.3.1 Atividade 3.1: Desdobramento das funções do sistema
O desdobramento funcional do sistema de governo foi apresentado no trabalho
de Kagueiama (2012), Figura 6.2. A função global o principal do sistema foi descrita
como: Mover a madre do leme para a posição desejada, em um tempo especificado e
manter a posição de modo estável.
Figura 6.2 – Análise funcional do SHA para os subsistemas de primeiro nível
SHA
Energia elétrica
Fluido hidraúlico
Comando de acionamento
Mover a madre do leme
para a posição desejada, em
um tempo especificado, e manter
a posição de modo estável
Energia mecânica
Fluido hidraúlico
Indicação de acionamento
Energia
Material
Sinal
Comando de acionamento
Energia
Energia
Subsistema de potência 1 hidráulica Subsistema de isolamento hidráulica
Energia
elétrica
Fornecer a vazão
de fluido hidráulico
Fluido
hidraúlico
Fluido
hidraúlico
Transmitir fluido do
subsistema de potência
e para o de atuação
Subsistema de atuação
Energia
mecânica
Mover cana
do leme
Fluido
hidraúlico
Fluido
hidraúlico
Subsistema acionado
Fonte: Kagueiama (2012)
Com o desdobramento da função global foram identificados os principais
171
subsistemas presentes: subsistema de potência, de isolamento, de reposição de óleo e o
de atuação.
• Subsistema de potência – É o subsistema que apresenta a maior quantidade de
componentes. Fornece vazão para o sistema e é constituído com duas unidades
denominadas de SP1 e SP2.
• Subsistema de isolamento – É constituído por um conjunto de válvulas que permite que o sistema possa operar com dois ou quatro cilindros hidráulicos. Este
subsistema possui seu próprio reservatório, motor elétrico, bomba e conjunto de
válvulas.
• Subsistema de atuação – É constituído por dois pares de cilindros hidráulicos e
um conjunto de válvulas de alívio. Convertem a energia hidráulica em energia
mecânica atuando sobre a cana do leme.
• Subsistema de reposição de óleo – É constituído de um reservatório de mil
litros e válvulas de bloqueio. Tem a função de abastecer os reservatórios dos
subsistemas de potência e de isolamento, quando o nível de óleo se encontra
muito baixo. Desta forma, esse subsistema somente é acionado durante as ações
de manutenção periódica.
Desta forma, o circuito hidráulico apresentado na Figura 6.1 foi organizado em
quatro subsistemas, conforme a Figura 6.3.
Figura 6.3 – Diagrama estrutural do sistema hidráulico de acionamento do
leme
Subsistema de
atuação
Subsistema de
isolamento
Subsistema de
reposição de óleo
Subsistema de
potência 2
Subsistema de
potência 1
Fonte: Sakurada e Andrade (2007)
A quantidade de componentes existentes e a função desempenhada pelo subsistema de potência faz com que este subsistema seja o mais importante na movimentação
172
do leme. Portanto, por uma questão de segurança, os subsistemas SP1 e SP2 são
idênticos. Com isso, na ocorrência de falha do subsistema SP1, é realizada a comutação
para o subsistema SP2 para garantir a disponibilidade de vazão de óleo.
Na análise de confiabilidade Biasotto (2008) não foi considerado o subsistema de reposição de óleo, tendo em vista que é um sistema em paralelo, ligado aos
reservatórios de óleo apenas quando é verificado que o nível do óleo está baixo.
Em contrapartida, um conjunto de válvulas esferas (VE) e tubulações (TB)
foram incluídas na análise do sistema de governo. As válvulas esfera são acionadas
manualmente e são operadas em condições de emergência, quando se deseja isolar
alguma parte do sistema do leme, sendo operadas no caso de uma pane elétrica do
sistema. Como a ocorrência de falha em alguma dessas válvulas, bem como nas
tubulações, pode comprometer a função principal do sistema, tais componentes foram
incluídos na análise.
A Figura 6.4 é o diagrama de blocos para análise de confiabilidade do sistema
de governo do leme. Nessa configuração, o sistema opera com o subsistema SP1,
subsistema de isolamento (SI), subsistema de atuação (SA), conjunto de válvulas esfera
(VE) e tubulações (TB).
No caso de uma falha do subsistema SP1, ocorre a comutação para o subsistema
SP2, o que torna possível realizar manutenções em SP1 com a máquina do leme ainda
em operação. Por outro lado, o mesmo não acontece quando a falha ocorre em SI e SA
– nesses casos é necessário que máquina do leme fique fora de operação.
Figura 6.4 – Diagrama de blocos para confiabilidade – Máquina do leme
SP1
SI
SP2
SA
VE
TB
SP1T-TSubsist.TpotênciaT1
SP2T-TSubsist.TpotênciaT2
SIT-TSubsist.Tisolamento
SAT-TSubsist.Tatuação
VET-TVálvulasTesfera
TBT-TTubulações
A partir deste ponto a máquina do leme será tratada como sistema técnico em
análise tendo como componentes: SP1, SP2, SI, SA, VE e TB.
Para a análise de confiabilidade dinâmica, será considerada como variável de
controle do sistema o “tempo que o sistema fica sem vazão disponível”, tsv . Tal situação
ocorre quando houver falhas nos componentes SP1 e SP2. A vazão não é fornecida
para os cilindros a todo momento. Ou seja, quando os cilindros estão parados, a vazão
gerada pela bomba hidráulica é devolvida para o reservatório. Todavia, se houver
necessidade de movimentação, a válvula direcional 4/3 vias alimentará os cilindros
hidráulicos. Por causa disso, utiliza-se o termo “vazão disponível”, que é a vazão
gerada pelo sistema e pode, ou não, ser direcionada para os cilindros.
173
A partir disso, define-se a falha do sistema: será quando o tempo que o sistema
fica sem vazão for maior que o tempo limite, ou seja, se tsv > tlimite tem-se a falha no
sistema. As simulações serão realizadas para os tempo limites, tlimite : 40, 30, 20, 10, 5
e 2 minutos.
6.3.2 Atividade 3.2: Caracterização dos subsistemas e componentes
A Figura 6.5 apresenta os possíveis estados dos componentes reparáveis, ou
seja, SP1 e SP2. Assim, esses componentes quando estão ligados, fornecendo vazão,
podem parar de fornecer – caminho “b”. Caso estejam desligados, podem ter uma falha
oculta – caminho “c”. Desta forma, quando houver uma demanda será percebida a
ocorrência de uma falha oculta. Nesse caso, a falha irá deixar de ser oculta e será uma
falha comum – caminho “c1 ”.
Figura 6.5 – Estados dos componentes reparáveis
c
b1
c1
Não serão consideradas falhas do tipo: entrar em operação quando não deveria.
Por causa disso, hão há falhas evidentes do tipo “ligado”. Desta forma, todas as falhas
que ocorrem com os componentes SP1 e SP2 são no sentido de não fornecer vazão.
Os componentes SI, SA, VE e TB só podem ser reparados quando a máquina do
leme estiver fora de operação. Assim, serão tratados como componentes não reparáveis.
A Figura 6.6 representa os possíveis estados desses componentes: ligado (sem falha) e
desligado (com falha). Como não são reparáveis, a falha desses componentes conduzem
à falha do sistema.
174
Figura 6.6 – Estados dos componentes não reparáveis
a
Desligado
com falha
evidente
Ligado
sem falha
6.3.3 Atividade 3.3: Descrição comportamental do sistema
Nesta análise estará sendo verificado se os componentes SP1 e SP2 tem vazão
disponível ou não. A partir do momento que ambos os componentes estão em falha,
a vazão disponível é nula. Então, o comportamento que será observado nos gráficos
gerados na simulação são do tipo degrau, Figura 4.16 (a). Portanto, quando a houver
vazão disponível, o valor da variável de controle, Q, será 1. Caso contrário, a o valor
de Q será 0.
A equação 6.1 será utilizada para verificar a vazão disponível para o sistema. A
vazão pode ser fornecida pelo componente SP1 ou SP2. Assim, quando o componente
estiver em operação (ativado) seu valor será igual a 1, do contrário, será 0. O operador
deve selecionar se deseja operar com o componente SP1 ou SP2 (SetSP1 ou SetSP2).
As variáveis FuncQ1 e FuncQ2 indicam que o componente está funcionando
(1) ou com falha (0).
Q = SetSP1.FuncQ1 + SetSP2.FuncQ2
(6.1)
Assim, para um componente fornecer vazão para o sistema, ele deve estar
ativado e ligado. O Quadro 6.1 representa a vazão disponível para o sistema, Q, em
função dos componentes SP1 e SP2. Se SP1 estiver com falha FuncQ1 será zero – visto
que está desligado –, a mesma consideração é adotada para SP2.
Quadro 6.1 – Vazão disponível para o sistema
Q
SetSP1
FuncQ1 SetSP2
1
1
1
0
1
0
0
1
0
1
0
0
0
0
0
1
FuncQ2 Observação
SP1 ativado operando
0
normalmente
SP2 ativado operando
1
normalmente
SP1 ativado, mas sem va0
zão
SP2 ativado, mas sem va0
zão
175
6.4 ETAPA 4: ANÁLISE DA MANUTENÇÃO DO SISTEMA TÉCNICO
6.4.1 Atividade 4.1: Caracterização dos sensores, controlador e atuadores
A detecção de falhas de falhas em SP1 e SP2 ocorre quando os componentes
deixam de ter vazão disponível.
O sensor e controlador serão considerados como sendo o mesmo componente
nesta simulação. Quando ocorre a falha em SP1 (componente principal), decorre um
tempo para ativação de SP2, denominado tempo de comutação.
O tempo de reparo dos componentes (SP1 e SP2) segue uma distribuição
exponencial com taxa de reparo sendo 0,2 reparos/hora.
Quando ocorrer a falha de SP1, o papel do controlador nesse sistema será de,
simultaneamente, realizar a comutação para SP2 e disparar o comando para manutenção.
Após a manutenção de SP1, desliga-se o alarme – já que o sistema retornou à condição
normal de operação – e realiza-se a comutação de SP2 para SP1.
6.4.2 Atividade 4.2: Definição das regiões de operação
A Figura 6.7 representa as regiões de operação do sistema: região normal, de
emergência e de falha do sistema.
A região normal de operação é quando não há falhas ou para um período de
tempo curto sem vazão, no qual é utilizado para realizar a comutação do subsistema
de potência principal, SP1, para o subsistema de potência reserva, SP2. Se por algum
motivo, o tempo de indisponibilidade do sistema for maior que o tempo de comutação,
tem se uma condição de emergência.
No momento em que não há vazão disponível, inicia-se a contagem para
verificar se o tempo limite sem vazão será alcançado. Essa situação indica que o
sistema se encontra em uma condição de emergência e que está se aproximando da
região de falha.
6.4.3 Atividade 4.3: Modelagem do comportamento em função da manutenção
As falhas e reparos de componentes tem influência no comportamento dinâmico
da variável de controle, Q, do sistema.
6.4.3.1 Tempo de reação
O tempo de reação aqui será considerado nulo. Ou seja, a partir do momento
que ocorrer a falha de um componente principal, inicia se o processo para a comutação
176
Figura 6.7 – Regiões de operação com tempo limite para falha e comutação
tsv
Região de falha
tLimite
Região de emergência
tComutação
0
Região normal
ou nominal
tmissão t
para o componente reserva. Paralelamente, inicia-se o processo de manutenção dos
componentes em falha.
O tempo de comutação foi considerado constante, sendo atribuído o valor de 30
segundos. O valor foi atribuído em função da facilidade de ativação de um subsistema
para outro.
6.4.3.2 Atuação sobre o avanço da variável de controle
No momento que vazão disponível for nula, percebe-se que há falha do sistema.
Consequentemente, tem início as ações de manutenção do sistema, que são: comutação
para o componente reserva e início da manutenção do componente principal.
Portanto, ocorre o monitoramento de duas variáveis: a vazão (Q) e o tempo
que o sistema fica com vazão nula (tsv ). Mas o acompanhamento da variável tsv só é
realizado enquanto Q = 0.
6.4.3.3 Manutenção preditiva com o sistema em operação
Entre os componentes do sistema de governo, somente será realizada manutenção preditiva em SP1 e SP2. Pois, enquanto um destes componentes estiver em
manutenção, o outro pode estar suprindo o sistema com vazão de óleo. Para que seja
considerada falha do subsistema de potência é necessário que ambos os componentes
SP1 e SP2 estejam sem vazão disponível por um tempo maior que o tempo limite,
tsv > tlimite .
Os outros componentes SI, SA, VE e TB, por não possuírem elementos redundantes, necessitam que o sistema seja desligado para a realização de manutenções.
Assim, na falha de um destes componentes, será considerada a falha do sistema.
177
A manutenção será em série, ou seja, se ambos os componentes (SP1 e SP2)
estiverem em falha, a manutenção será realizada inicialmente em SP1 e posteriormente
em SP2. A Figura 6.8 ilustra essa situação onde inicialmente é feita a manutenção de
SP1, posteriormente de SP2. As regiões em cinza destacam os instantes que SP1 está
ativado e SP2 desativado.
Figura 6.8 – Comportamento com falha oculta
SP1cativado
SP2cativado
SP1cativado
1
Manutenção
SP1
SP1cliga
Falhac
detectada
Manutenção
ccSP2
{
Falhac
SP1
0
Comando
liga
SP2
{
1
0
{
Vazãoc
1
disponível
SP1+SP2
0
{
Tempocde
ccomutação
Falha
oculta
t6
t1
t2
t3
t7
t4 t5
Tempoclimite
Falhacdoc
sistema
Tempocsemcvazão
Observa-se na Figura 6.8 que SP2 está com falha oculta no tempo t1 . O
componente SP1 deixa de funcionar em t2 , exigindo a comutação para SP2 – a falha no
componente reserva será percebida somente neste momento. É um cenário crítico, onde
ambos os componentes responsáveis por fornecer vazão estão em falha. No entanto,
se um dos componentes for recuperado e ativado antes do tempo limite, t5 , o sistema
estará salvo. Neste exemplo ocorreu a falha do sistema porque o tempo que o sistema
voltou a ter vazão foi em t6 , ultrapassando o tempo limite t5 .
No exemplo, destaca-se que embora um dos componentes tenham sido reparados antes do tempo limite, ocorreu a falha no sistema pois a comutação demandou um
tempo que ultrapassou o tempo limite.
178
6.4.4 Falhas ocultas
As falhas ocultas podem ocorrer somente com SP2, sendo do tipo desligado.
Esta falha deixa de ser oculta e passa a ser uma falha evidente ao tentar ligar o
componente. Na Figura 6.8 a falha oculta ocorreu em t1 e foi percebida somente em t3 ,
após o tempo de comutação.
6.5 ETAPA 5: MODELAGEM E SIMULAÇÃO
A implementação computacional será realizada no software Matlab. A estrutura desenvolvida para o estudo de caso do problema clássico (controle do nível do
reservatório), será usada como base para este desenvolvimento.
6.6 ATIVIDADE 5.1: REPRESENTAÇÃO DO COMPORTAMENTO DINÂMICO DO SISTEMA
O comportamento dinâmico que será observado são, principalmente, os estados
dos componentes SP1 e SP2. As falhas e manutenções sobre estes componentes
são os principais responsáveis pelo comportamento do sistema de governo do leme.
Alguns diagramas comportamentais do sistema, Figuras 6.8 e 6.9, serão utilizadas para
compreender o comportamento do sistema.
Na Figura 6.9 é possível visualizar um cenário no qual ocorre a falha de SP1
no tempo t1 . A comutação entre os componentes ocorre nos intervalos t1 -t2 e t3 -t4 .
O sistema volta a ser alimentado por SP1 em t4 . Destaca-se que a ativação de um
componente para outro não é realizada instantaneamente, deve-se considerar o “tempo
de comutação”.
No intervalo t3 -t4 ambos os componentes estão em funcionamento. No entanto,
somente SP2 está ativado – fornecendo vazão para o sistema. O tempo t5 representa
o tempo máximo que o sistema pode ficar sem vazão. Nesse caso, como foi feita a
comutação com o componente reserva, o tempo que o sistema ficou sem fornecimento
de óleo é muito menor que o tempo limite. A vazão disponível para o sistema será
monitorada, junto com os tempos de comutação e reparo dos componentes.
6.7 ATIVIDADE 5.2: ESTRUTURA PARA IMPLEMENTAÇÃO
A estrutura para implementação do software segue conforme descrito na proposta da metodologia, ou seja, utiliza o fluxograma apresentado na Figura 4.32 como
estrutura geral para a implementação do software; os tempos de falha e de reparo são
obtidos por sorteio, posteriormente é feita a ordenação das falhas conforme a ordem
cronológica de ocorrência; e o processo é dirigido a eventos.
As variáveis armazenadas nos componentes reparáveis são:
179
Figura 6.9 – Comportamento do sistema e dos componentes
SP1vativado
SP2vativado
SP1vativado
1
SP1
0
SP1vliga
Falhav
devSP1
SP2vdesliga
1
SP2vliga
SP2
0
{
{
Manutenção
devSP1
t1
0
t4 t5
Tempovde
comutação
{
SP1+SP2
t3
t2
1
Vazãov
disponível
Tempovde
comutação
Tempovsemv
vazão
Tempovlimite
• Nome: SP1 e SP2
• A condição atual: sem falha ligado, sem falha desligado, com falha evidente,
com falha oculta
• O último estado definido pelo controlador
• Taxa de falha: 93, 9133.10−6 falhas/hora. Valor obtido do relatório técnico de
Biasotto (2008)
• Taxa de reparo: 0, 2 reparos/hora
• Tempo de reparo: Valor obtido a partir da taxa de reparo
• Valor de saída: ligado (1) ou desligado (0)
• Próxima condição: Falha ou reparo
As variáveis armazenadas nos componentes não reparáveis são:
• Nome: SI, SA, VE e TB
• A condição atual: ligado sem falha, desligado com falha comum
• O último estado definido pelo controlador. Não se aplica aqui, visto que o
componente não é reparável
• Taxa de falha: Valores obtidos do relatório técnico de Biasotto (2008)
SI: 20, 6187.10−6 falhas/hora
180
SA: 4, 3304.10−6 falhas/hora
VE: 1, 7366.10−6 falhas/hora
TB: 1, 0435.10−6 falhas/hora
• Taxa de reparo: Não se aplica aqui para estes componentes
• Tempo de reparo. Não se aplica aqui para estes componentes
• Valor de saída: ligado (1) ou desligado (0)
• Próxima condição: Falha evidente
6.8 ETAPA 6: ANÁLISE DE RESULTADOS
6.8.1 Atividade 6.1: Geração dos relatórios ponto a ponto e cenários de
falha
Os relatórios ponto a ponto e cenários de falha são usados para verificar apenas
a coerência do comportamento dinâmico. Dado que os cenários e relatórios apresentam
comportamentos avaliados como adequados, esta função não é mais executada. Pois,
em uma simulação com 10 mil testes, seriam gerados 10 mil relatórios e gráficos,
exigindo muito do processamento computacional o que tornaria a simulação muito
lenta.
Os relatórios ponto a ponto são textos gerados automaticamente e trazem
informação de cada ponto do gráfico de cenário de falhas. A Figura 6.10 traz a parte
inicial do relatório ponto a ponto para a simulação apresentada na Figura 6.11. Cada
ponto no gráfico é descrito no relatório como etapa, sendo informado o subsistema de
potência que está ativo, valor da variável de controle Q, tempos de falha de reparo dos
componentes e o evento que irá ocorrer na próxima etapa.
181
Figura 6.10 – Parte do relatório ponto a ponto para a Figura 6.11
QQQQQQQQQQQQQQQQQQQãEtapaã=ãfãQQQQQQQQQQQQQQQQã
ãQQQQQQQQQQQQQQQQQQããtã=ãkxkkãhãQQQQQQQQQQQQQQQQã
ãRRRRRRRãEstadoãdosãcomponentesãSPfãeãSP:ãRRRRRRRR
ããSPfã=ãfãããããVk>DesligadoãVf>Ligadoã
ããSP:ã=ãkãããããã
RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
ã
RRRRRRRãCondiçãoãdosãcomponentesããRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
ããSPfxFailureã=ãkã
ããSP:xFailureã=ãkã
ããSIxFailureã=ãkã
ããSAxFailureã=ãkã
ããTBxFailureã=ãkã
ããVExFailureã=ãkã
RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
ãtã=ãkxkkãhã=>ãQã=ãfxkkããdQvdtã=ãkxkãmvhã
ãSystemxRepairAlarmãã=ãk
ãProximoãeventoã==>ãFailureãVstuckãoff>jSPfãemãt=ã:f5:x:6ãhxã
ã
ããSPfã=ã:f5:x:6ãhãã==>ãFalhaãtipoãkã==>ãTimeToRepairã=ã7x3:ãhã
ããSP:ã=ã6648x87ãhãã==>ãFalhaãtipoãkã==>ãTimeToRepairã=ãf9x83ãhã
ããSIã=ã5f578x84ãhãã==>ãFalhaãtipoãkã==>ãTimeToRepairã=ãInfãhã
ããSAã=ã5:fk67x96ãhãã==>ãFalhaãtipoãkã==>ãTimeToRepairã=ãInfãhã
ããTBã=ã58f98fx8fãhãã==>ãFalhaãtipoãkã==>ãTimeToRepairã=ãInfãhã
ããVEã=ã569k438x97ãhãã==>ãFalhaãtipoãkã==>ãTimeToRepairã=ãInfãhã
RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
QQQQQQQQQQQQQQQQQQQãEtapaã=ã:ãQQQQQQQQQQQQQQQQã
ãQQQQQQQQQQQQQQQQQQããtã=ã:f5:x:6ãhãQQQQQQQQQQQQQQQQã
ãRRRRRRRãEstadoãdosãcomponentesãSPfãeãSP:ãRRRRRRRR
ããSPfã=ãkãããããVk>DesligadoãVf>Ligadoã
ããSP:ã=ãkãããããã
RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
ã
RRRRRRRãCondiçãoãdosãcomponentesããRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
ããSPfxFailureã=ãfãFalhaãdesligadoã
ããSP:xFailureã=ãkã
ããSIxFailureã=ãkã
ããSAxFailureã=ãkã
ããTBxFailureã=ãkã
ããVExFailureã=ãkã
RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
ãtã=ã:f5:x:6ãhã=>ãQã=ãfxkkããdQvdtã=ãkxkãmvhã
ãSystemxRepairAlarmãã=ãk
ãProximoãeventoã==>ãAjusteãdeãpontoãemãt=ã:f5:x:6ãhxã
ã
ããSPfã=ã:f5:x:6ãhãã==>ãFalhaãtipoãkã==>ãTimeToRepairã=ã7x3:ãhã
ããSP:ã=ã6648x87ãhãã==>ãFalhaãtipoãkã==>ãTimeToRepairã=ãf9x83ãhã
ããSIã=ã5f578x84ãhãã==>ãFalhaãtipoãkã==>ãTimeToRepairã=ãInfãhã
ããSAã=ã5:fk67x96ãhãã==>ãFalhaãtipoãkã==>ãTimeToRepairã=ãInfãhã
ããTBã=ã58f98fx8fãhãã==>ãFalhaãtipoãkã==>ãTimeToRepairã=ãInfãhã
ããVEã=ã569k438x97ãhãã==>ãFalhaãtipoãkã==>ãTimeToRepairã=ãInfãhã
RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
A Figura 6.11 apresenta um teste realizado para tlimite = 30 minutos onde estão
identificados 12 pontos (etapas). Devido a escala do gráfico, não é possível identificar
182
alguns pontos, pois ficaram sobrepostos. As Figuras 6.12, 6.13 e 6.14 são amplificações
de alguns pontos da Figura 6.11 que não estão visíveis. Assim, uma das características
necessárias dos gráficos gerados é que permitam realizar amplificações para melhor
visualizar os eventos que ocorrem em tempos muito próximos, que no gráfico geral
acabam ficando sobrepostos.
Figura 6.11 – Comportamento dinâmico para simulação para tLimite = 30
minutos
ComportamentoFdaFvazãoF(tlimiteF=F30Fmin)
1
0,9
Etapa 1
Etapa 2
Etapa 5, 6, 7
Etapa 8
Etapa 9
FornecimentoFdeFvazão
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
Etapa 4
Etapa 3
Etapa 10
Etapa 11, 12
0,1
0
0
1000
2000
3000
4000
TempoFt
5000
6000
A etapa 1 da simulação ocorre no tempo t = 0 e representa o sistema nas condições iniciais de operação, quando não há nenhuma falha no sistema. Na Figura 6.12
é possível visualizar as etapas 2, 3, 4 e 5.
Na etapa 2 (t = 2142, 25 h) ocorreu a falha de SP1. Como a função que
descreve o comportamento é do tipo degrau, para um mesmo tempo t teremos dois
valores de Q. Na etapa 2 Q = 1 e na etapa 3 ( t = 2142, 25 h) a vazão é nula, Q = 0. O
tempo de manutenção de SP1 começa a ser contado a partir da falha. O valor calculado
foi treparo = 6, 72 h, desta forma SP1 estará sem falhas em t = 2148, 98 h.
Dado que o sistema ficou sem vazão disponível, ocorre a comutação de SP1 para
SP2. O tempo de comutação foi considerado fixo, tcomutacao = 30 s que é equivalente
a aproximadamente 8, 33.10−3 h. Assim, na etapa 4 ocorre no tempo t = 2142, 26 h
e a vazão disponível ainda é nula. O tempo de comutação é muito pequeno quando
comparado com os tempos de falha dos componentes, o que faz com que os pontos no
gráfico fiquem sobrepostos.
Na etapa 5 (t = 2142, 26 h) ocorre a recuperação da vazão, ou seja, Q passa
do valor 0 para 1. Esta é uma condição de emergência pois o sistema está operando
183
Figura 6.12 – Ampliação da Figura 6.11 nas etapas 2, 3, 4 e 5 da simulação
ComportamentoTdaTvazãoT(tlimiteT=T30Tmin)
1,1
1
0,9
Etapa 2
FornecimentoTdeTvazão
0,8
Etapa 5
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
Etapa 4
Etapa 3
0,1
0
2142.2 2142.21 2142.22 2142.23 2142.24 2142.25 2142.26 2142.27 2142.28 2142.29 2142.3
TempoTt
com o componente reserva (SP2) enquanto o componente principal (SP1) está em
manutenção.
Figura 6.13 – Ampliação da Figura 6.11 nas etapas 6 e 7 da simulação
ComportamentoTdaTvazãoT(tlimiteT=T30Tmin)
1,1
1
0,9
Etapa 6
Etapa 7
FornecimentoTdeTvazão
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
2148.96
2148.97
2148.98
2148.99
TempoTt
2149
2149.01
2149.02
184
Na etapa 6 (t = 2148, 98 h) é concluída a manutenção de SP1, mas SP2 ainda
está ativado. Na etapa 7 (2148, 99) h é realizada a comutação de SP2 para e SP1, sendo
desativado o componente reserva e ativado o componente principal. As etapas 6 e 7
podem ser visualizadas na Figura 6.13.
Figura 6.14 – Ampliação da Figura 6.11 nas etapas 9, 10, 11 e 12 da simulação
ComportamentoTdaTvazãoT(tlimiteT=T30Tmin)
1,1
1
0,9
Etapa 9
FornecimentoTdeTvazão
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
Etapa 10
Etapa 11
Etapa 12
0,1
0
6008.6
6008.7
6008.8
6008.9
TempoTt
6009
6009.1
6009.2
Na etapa 8 (t = 5539, 96 h), Figura 6.11, ocorre uma falha oculta de SP2. Como
é uma falha oculta, a manutenção do componente não é iniciada.
Na etapa 9 (t = 6008, 69 h), Figura 6.14, ocorre falha de SP1 novamente.
Consequentemente, a etapa 10 representa o momento em que a vazão torna-se nula. O
novo tempo de reparo de SP1 é igual a treparo = 1, 78 h. Assim, dado que ocorreu a
falha evidente de SP1, tem-se o início da manutenção, que será concluída no tempo
t = 6010, 47 h.
A etapa 11 (t = 6008, 70 h) representa o momento em que ocorre a comutação
de SP1 para SP2. No entanto, SP2 está com falha oculta que agora se torna uma falha
evidente. O sistema de governo está com SP1 e SP2 em falha.
O tempo limite para recuperar um dos subsistemas de potência é em t =
6009, 19 h. Como a manutenção de SP1 será concluída somente em t = 6010, 47, fica
caracterizada a falha do sistema de governo em t = 6009, 19 h na etapa 12. Esse valor
é armazenado para a construção de histogramas de falha.
Esta seção apresentou a análise de um gráfico de cenário de falha. Durante a
implementação computacional são gerados e analisados vários gráficos. Ao verificar
que o comportamento do modelo está adequado e não há erros na simulação, a geração
dos gráficos e relatórios ponto a ponto são desativadas. A próxima ação é a geração de
histogramas para o cálculo da probabilidade de falha do sistema de governo.
185
6.8.2 Atividade 6.2: Cálculo da probabilidade de falha e confiabilidade
do sistema técnico
A Figura 6.15 apresenta um histograma em que o tempo limite sem vazão
utilizado foi de 30 minutos. O histograma apresenta a quantidade de falhas do sistema
para cada intervalo de tempo. Para a construção de cada histograma são realizados
10 mil testes, cujo resultado de cada teste pode ser: sucesso da missão ou falha em
determinado tempo.
Para cada tlimite (40, 30, 20, 10, 5 e 2 minutos) foram gerados 60 histogramas,
obtendo assim conjuntos de curvas para análise de dispersão dos resultados. Significa
que para cada tempo limite foram gerados 60 histogramas, sendo que cada um destes
foi obtido com 10 mil testes.
Figura 6.15 – Histograma de falhas para sistema de governo do leme (tLimite =
30 minutos)
Histograma para falhas no sistema de governo − (tlimite = 30min)
600
SystemFailure
Número de falhas
500
400
300
200
100
0
0
1000
2000
3000
4000
5000
Tempo
6000
7000
8000
9000
10000
A Figura 6.16 apresenta a função distribuição acumulada de falhas para nível
de confiança de 95%. A dispersão dos resultados é pequena, tendo em vista que
os limites máximos e mínimos estão bastante próximos. Para o tempo de missão,
tmissao = 10000 h, o intervalo (máximo; mínimo) de probabilidade de falha obtido foi:
IC 95% (µ) ≈ (42, 44%; 42, 67%)
A Tabela 6.1 apresenta os valores de probabilidade de falha médios para três
tempos de missão (tmissao ). Para uma melhor apresentação dos dados no texto, foram
186
Figura 6.16 – Função distribuição acumulada de falhas(tLimite = 30 minutos)
Sistema de governo do leme (tlimite=30minutos)
0.45
Probabilidade de falha acumulada
0.4
0.35
0.3
0.25
0.2
0.15
0.1
0.05
0
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Tempo (horas)
7000
8000
9000
10000
expostos somente os valores para tempo de missão igual a mil, 5 mil e 10 mil horas1 .
Os valores da tabela foram gerados em simulações para os tempos limite, tLimite : 40,
30, 20, 10, 5 e 2 minutos.
Tabela 6.1 – Valores de probabilidade de falha (ACoDi)
Tempo (horas)
Simulação 40min
Simulação 30 min
Simulação 20min
Simulação 10min
Simulação 05min
Simulação 02min
1000
0,0333
0,0345
0,0340
0,0344
0,0343
0,0354
5000
0,2018
0,2044
0,2057
0,2062
0,2076
0,2097
10000
0,4205
0,4255
0,4284
0,4322
0,4339
0,4373
6.8.3 Análise de confiabilidade estática
Nesta seção é apresentada uma análise de confiabilidade estática. Para isso, o
cálculo realizado utiliza o diagrama de blocos apresentado na Figura 6.4 como base.
1 A simulação foi realizada para tempos de missão iniciando em zero até 10 mil, variando a
cada mil horas.
187
Pelo diagrama observa-se que uma parte do sistema tem configuração em paralelo (SP1
e SP2) e o restante dos componentes ligados em série.
A comutação de SP1 para SP2 é considerada instantânea e não é considerada
manutenção. Ou seja, dado que ocorreu uma falha em SP1, entra em operação SP2 que
é o componente reserva, consequentemente, a falha neste componente acarreta a falha
do sistema.
Também não há consideração de tempo limite sem vazão. Portanto, no instante
que SP1 e SP2 estão em falha, automaticamente considera-se a falha do sistema.
Na Tabela 6.2 são apresentados as taxas de falhas dos componentes.
Quadro 6.2 – Taxas de falhas dos componentes
Componentes
SP1
SP2
SI
SA
VE
TB
Taxas de falha (Falhas/hora)
93, 9133.10−6
93, 9133.10−6
20, 6187.10−6
4, 3304.10−6
0, 17366.10−6
1, 0435.10−6
Por meio das Equações 3.2 e Equações 3.3 foram realizados os cálculos para
confiabilidade em componentes ligados em série e paralelo, respectivamente. Os
valores calculados estão apresentados na Tabela 6.2 em que estão apresentados apenas
os valores para tempo de missão de 1 mil, 5 mil e 10 mil. No entanto, os cálculos foram
desenvolvidos variando a cada mil horas, inciando em 0 e terminando em 10 mil.
Tabela 6.2 – Valores de confiabilidade e probabilidade de falha (Confiabilidade
estática)
Tempo (horas)
R(t) sist.
F(t) sist.
1000
0,9663
0,0337
5000
0,7542
0,2458
10000
0,4842
0,5158
6.8.4 Análise comparativa entre a confiabilidade estática e a metodologia
ACoDi
A Figura 6.17 apresenta os valores para análise de confiabilidade estática e a
metodologia ACoDi para tempos de missão variando de 1 mil a 10 mil horas. Neste
gráfico não é possível grande variação, da probabilidade de falha, em relação ao tempo
limite sem vazão;
188
Figura 6.17 – Probabilidade de falha em função do tempo de missão
Como a análise de confiabilidade estática não considera a variação do tempo
sem vazão, o valor da probabilidade de falha para este método foi relacionado com
o tempo sem vazão nulo, tsv = 0. Os dados obtidos com a metodologia ACoDi estão
representados junto com a análise de confiabilidade estática na Figura 6.18.
Figura 6.18 – Probabilidade de falha em função do tempo limite sem vazão
52%
y = -0,0004x + 0,4368
R² = 0,9793
Probabilidade de falha
51%
50%
49%
Análise de confiabilidade
dinâmica
48%
47%
Confiabilidade estática
46%
45%
Linear (Análise de
confiabilidade dinâmica)
44%
43%
42%
0
10
20
30
40
50
Tempo de tolerância (minutos)
Na Figura 6.18 é possível verificar que existe uma influência em relação ao
tempo limite sem vazão. A medida que há uma tolerância maior na indisponibilidade
do sistema, há uma redução linear na probabilidade de falha do sistema.
A diferença entre as duas metodologias, observada na Figura 6.20, ocorrem
basicamente devido a possibilidade de realizar reparos no sistema na metodologia
ACoDi. Na Figura 6.19 foi obtida com uma simulação considerando que não há
manutenção no sistema. Nessa modelagem foi utilizado o modelo com o tempo limite
189
sem vazão de 30 minutos. Verifica-se que a curva obtida analiticamente (confiabilidade
estática), coincide com a curva obtida numericamente (metodologia ACoDi).
Figura 6.19 – Probabilidade de falha sem manutenção
Simulação sem manutenção
Probabilidade de falha
60%
50%
40%
30%
ACoDi
20%
Conf. estática
10%
0%
0
2000
4000
6000
8000
Tempo de missão (horas)
10000
A Tabela 6.3 apresenta os dados utilizados para a construção do gráfico apresentado na Figura 6.19.
Tabela 6.3 – Valores de probabilidade de falha para análise sem manutenção
Tempo (horas)
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
ACoDi
0,0387
0,0853
0,1389
0,1952
0,2531
0,311
0,3668
0,421
0,4731
0,5151
Conf. estática
0,0337
0,0788
0,1312
0,1877
0,2458
0,3039
0,3606
0,4152
0,467
0,5158
A Figura 6.20 apresenta um gráfico no qual é analisado a probabilidade de
falha em função da taxa de reparo de SP1 e SP2, para o tempo de missão de 0 a 10 mil
horas. A probabilidade de falha sofre pouca influência da taxa de reparo para os tempos
de missão abaixo de 2500 horas – para essa faixa de valores verifica-se a sobreposição
das curvas. Esse comportamento ocorre porque quando o tempo de missão é curto,
ocorrem poucos casos de falha e reparo. Por outro lado, se o tempo de missão é longo,
190
um componente pode passar por vários reparos, o que influencia com maior peso a
probabilidade de falha e confiabilidade do sistema técnico.
Figura 6.20 – Probabilidade de falha em função das taxas de reparo
60%
Probabilidade de falha
50%
Sem manutenção A
40%
0,001 B
30%
0,010 C
0,100 D
20%
1,000 E
10,000 F
10%
0%
0
2000
4000
6000
8000
10000
Tempo de missão (horas)
A Figura 6.21 é uma representação da variação da probabilidade de falha do
sistema de governo em função da taxa de reparo, sendo considerada apenas para o
tempo de missão de 10 mil horas. É possível verificar que para os valores abaixo de
0,100 reparos/hora a probabilidade de falha tem pouca variação. Significa que é preciso
investir nos procedimentos e equipamentos de manutenção para que a taxa de reparo
esteja acima deste valor.
Figura 6.21 – Probabilidade de falha em função das taxas de reparo (10mil
horas)
Tempo de missão de 10 mil horas
Probabilidade de falha
50%
B
C
D
40%
E
30%
F
20%
10%
0%
0,001
0,01
0,1
1
Taxas de reparo (reparos/hora)
10
191
Assim, a simulação permite visualizar a influência da manutenção na confiabilidade dinâmica do sistema. Para os sistemas com potencial catastrófico, a taxa de
reparo não pode ser baixa. Isto vai exigir que se tenha componentes redundantes, peças
sobressalentes à disposição, equipamentos e procedimentos de manutenção eficientes.
6.9 CONSIDERAÇÕES DO CAPÍTULO
O presente capítulo apresentou o uso da metodologia ACoDi para a análise
do sistema de governo de um navio. A análise foi comparada com a análise de
confiabilidade estática e os valores obtidos foram satisfatórios.
Foi possível verificar a influência da manutenção na probabilidade de falha e na
confiabilidade do sistema. Para os sistemas com o tempo de missão curto, os resultados
ficam próximos de uma análise de confiabilidade estática. Já, quando o tempo de
missão é mais longo, ocorre uma maior quantidade de manutenções no sistema, o que
faz com que a taxa de reparo tenha uma influência maior sobre os resultados.
As taxas de falha utilizadas dos componentes foram obtidas do relatório técnico
de Biasotto (2008), onde o estudo foi realizado com software denominado Relex 2007,
que usa o método de Monte Carlo para a realização das simulações. O estudo foi
realizado para tempo de missão 720 horas, obtendo uma confiabilidade de aproximadamente 91, 9%. Em comparação com a metodologia ACoDi, usando os dados da análise,
também sem manutenção, houve uma diferença – obteve-se uma confiabilidade de
aproximadamente 97%2 .
Com a geração dos diagramas que representam o comportamento dinâmico,
pode-se perceber que a ocorrência de falha oculta no componente reserva (SP2) geralmente resulta na falha do sistema. A ocorrência da falha oculta no componente reserva,
no momento de uma demanda – falha do componente principal (SP1) –, exige muito
da capacidade de manutenção. Desta forma, o tempo que o sistema fica sem vazão
disponível é muito elevado, ou seja, ultrapassa o tempo limite que caracteriza a falha
do sistema. Foi possível perceber a necessidade de um estudo de impacto das falhas
ocultas sobre a confiabilidade dinâmica do sistema.
Aqui, neste estudo de caso, ficou mais evidente que a metodologia ACoDi
torna-se aderente à análise de sistemas já em operação, em que necessitem atualizações
tecnológicas para adequarem-se às legislação em relação à segurança operacional, à
continuidade do negócio e, principalmente, à segurança humana e ambiental.
Uma vez que se tenha as informações de manutenção e das tecnologias a
serem implantadas é possível identificar de forma efetiva os sistemas, subsistemas
e componentes de alta criticidade, que se ajustam às regiões R3 e R4, e para estas
implementar esta metodologia e/ou mesmo outras técnicas para definir o grau de
confiabilidade.
A capacidade de se gerar cenários de falhas traz como vantagem, a possibilidade de se poder implantar um supervisório para acompanhamento em tempo real o
comportamento do sistema, na forma de um diagrama como da Figura 4.38, para que
2O
valor foi obtido com base nos dados da Tabela 6.3.
192
os operadores em sala de comando ou em algum sistema eletrônico possam orientar as
equipes de manutenção em situações de falhas em sistemas de alto risco operacional.
193
7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS
FUTUROS
A presente seção sintetiza os pontos considerados mais importantes do desenvolvimento do trabalho, apresenta as conclusões e recomendações para trabalhos
futuros. Além disso, deseja-se neste momento da leitura do texto ter respostas para as
seguintes questões:
• Por que este texto é um tema de tese?
• Onde está a tese nesta pesquisa?
A resposta para as duas questões será apresentada com base na utilidade da
metodologia proposta, nos benefícios que a metodologia pode trazer, no seu campo de
aplicação, e no atendimento aos objetivos gerais e específicos.
Como foi apresentado no Capítulo 1, a análise de confiabilidade dinâmica é
pouco conhecida, e portanto, necessita de desenvolvimento e pesquisas relacionadas. A
proposta de apresentar uma metodologia vem com o intuito de auxiliar na divulgação
desta nova abordagem e facilitar o uso no meio acadêmico e industrial.
Para isso, a proposta da metodologia ACoDi apresenta uma estrutura para
desenvolvimento de uma análise de confiabilidade dinâmica, onde estão organizadas as
informações e técnicas de suporte necessárias para a realização da análise. Além da
proposta da metodologia apresentada no Capítulo 4, os estudos de caso apresentados no
Capítulo 5 (problema de controle de nível do reservatório) e no Capítulo 6 (problema da
disponibilidade do leme do navio) exemplificam seu uso durante as etapas e atividades
desenvolvidas na metodologia.
As sequências de etapas e atividades propostas permitem obter e organizar as
informações, orientando o analista, durante a elaboração e execução de uma análise de
confiabilidade dinâmica. Tal sistematização se reflete em um ganho de conhecimento
sobre o sistema técnico do ponto de vista de projeto, de operação e de manutenção.
Consequentemente, a metodologia dá suporte para os profissionais nas três áreas para a
tomada de decisão que podem refletir em alterações de projeto, em procedimentos de
operação e manutenção dos equipamentos.
A metodologia parte desde o princípio de se poder ou não executar a análise
de confiabilidade dinâmica. Ou seja, a análise deste sistema é viável? Quando se
deve realizar uma análise de confiabilidade estática ou clássica? Dado que se tenha
concluído que a análise de confiabilidade dinâmica será realizada, os resultados obtidos
são: cenários de falhas, confiabilidade ou probabilidade de falha, componentes críticos
do sistema sob a ótica da operação e da manutenção, facilita a identificação dos itens a
serem melhorados (taxa de falhas, taxa de reparo, sensores, componentes sobressalentes,
capacitação, configurações do sistema, etc) e se os resultados são significativos por meio
das simulações. A forma estruturada permite, atualizar as informações relacionadas
com o sistema técnico e realizar novas análises a fim de verificar a efetividade das
ações de melhoria.
A técnica se mostrou adequada para a análise de risco em sistemas, tendo em
vista que faz uso de técnicas de suporte como FMECA e CNEA. Adicionalmente, a
194
obtenção de cenários de falhas e da confiabilidade dá subsídios para a proposição de
barreiras, mudanças no projeto, alteração nos sistemas de controle, alarmes entre outros
pontos que podem melhorar a confiabilidade dinâmica do sistemas. Consequentemente,
pode-se reduzir a ocorrência de falhas ou mitigar os efeitos gerados.
Desta forma, a metodologia pode ser utilizada para a análise de confiabilidade
de sistemas, suporte ao projeto de produto, suporte ao planejamento da manutenção de
sistemas técnicos e na análise de risco.
7.1 QUANTO AOS OBJETIVOS
O objetivo geral proposto foi de apresentar uma metodologia para análise
de confiabilidade dinâmica, contemplando o comportamento dinâmico de falhas e
atualização do modelo de análise ao longo do tempo.
Para o cumprimento do objetivo geral deste trabalho, foi proposto os seguintes
objetivos específicos:
1. Sistematizar o uso das técnicas para análise da confiabilidade dinâmica.
2. Sistematizar uma ferramenta computacional para auxiliar na implementação do
modelo de análise.
3. Estruturar uma metodologia que permita o desenvolvimento da análise de confiabilidade dinâmica para identificar: início da análise, etapas de análise, informações requeridas e resultados.
4. Aplicar a metodologia para um problema clássico de confiabilidade dinâmica e
comparar o resultado com as análises de outros pesquisadores.
No Capítulo 2 foi apresentado os aspectos que fazem uma análise de confiabilidade ser dinâmica e diferentes abordagens que podem ser feitas. A análise de
confiabilidade deste trabalho está relacionada com as mudanças de configuração do
sistema, acompanhamento das variáveis de controle e a atuação humana (por meio das
taxas de reparo dos componentes).
Para realizar uma análise de confiabilidade dinâmica verificou-se que é preciso
ter um conjunto de informações de projeto, operação e manutenção do sistema como:
configurações de operação do sistema, limites que caracterizam operação normal ou
falha do sistema, taxas de falha dos componentes, comportamento dinâmico da variável
de estado do sistema, taxas de reparo e política de manutenção (se houver manutenção
do sistema). As etapas e atividades sugeridas pela metodologia ACoDi visam capturar e
organizar as informações para a implementação da análise de confiabilidade dinâmica.
O trabalho foi desenvolvido com base no método de Monte Carlo para a
execução das simulações de falha, em que os sorteios dos tempos (de falha ou de
reparo) foram obtidos de distribuições estatísticas. Neste trabalho foram utilizadas as
distribuições exponencial e log-normal, no entanto, de acordo com a necessidade da
modelagem pode-se utilizar outras como a normal e Weibull.
A metodologia ACoDi ficou aderente aos trabalhos desenvolvidos no NeDIP,
visto que as técnicas de suporte – FMECA, CNEA, IDEF0, diagramas de blocos
195
para confiabilidade e MCC, – fazem parte do arcabouço de técnicas utilizadas pelos
pesquisadores do laboratório.
A metodologia foi desenvolvida para produtos já existentes ou que já estejam na
etapa do projeto detalhado, quando as configurações dos sistemas, lista de componentes
entre outras informações necessárias para a modelagem, já estiverem sido definidas no
projeto do produto. A relação entre a metodologia ACoDi e PRODIP foi apresentada
na proposta da metodologia, no Capítulo 4.
Foi possível verificar com a aplicação da metodologia, no problema clássico
de confiabilidade dinâmica (Capítulo 5) – que serviu de referência para comparação
de resultados a serem obtidos nas análises de sistemas dinâmicos – e na análise do
sistema de governo do navio (Capítulo 6), que as etapas e atividades descritas pela
metodologia ACoDi facilitam o desenvolvimento da análise, direcionando a busca e
geração de informações.
A metodologia foi desenvolvida com uma representação próxima do PRODIP,
onde são definidas etapas e atividades, para facilitar a compreensão e aplicação da
análise de confiabilidade dinâmica. Com isso, o desenvolvimento ficou sistematizado,
sendo possível verificar em cada etapa, as atividades e técnicas de suporte que devem
ser realizadas.
Foi apresentado um fluxograma geral do programa, Figura 4.32, os fluxogramas
das principais rotinas e a representação do fluxo de informações dentro do software,
Figura 4.31, para auxiliar na implementação computacional.
Diante dos resultados obtidos, conclui-se que os objetivos específicos apresentados foram contemplados. Quanto ao objetivo geral – desenvolver uma metodologia
para análise de confiabilidade dinâmica, contemplando o comportamento dinâmico de
falhas e atualização do modelo de análise ao longo do tempo – entende-se que este
também foi cumprido.
Portanto, diante do que foi apresentado, pode-se concluir que o texto apresentado é uma tese, sendo que está localizada na metodologia para o desenvolvimento de
análise de confiabilidade dinâmica.
7.2 RESULTADOS E CONTRIBUIÇÕES
O principal resultado e contribuição deste trabalho é a metodologia ACoDi,
que por meio da estrutura representada com etapas e atividades, permite realizar a
análise de confiabilidade dinâmica, que é a proposta desta tese. Em cada uma das
etapas e atividades estão explicitadas as informações necessárias, bem como o uso de
técnicas de suporte, que irão conduzir a equipe de analistas.
O uso da metodologia além de auxiliar no desenvolvimento da análise, serve
como documentação para dar suporte ao projeto, manutenção e operação do sistema
técnico. Adicionalmente, com o maior conhecimento adquirido com o uso da metodologia sobre o sistema (projeto, operação e manutenção), é possível realizar alterações
que resultem na melhoria da confiabilidade do sistema.
O resultado das simulações com a metodologia ACoDi são explicitados na
forma de gráficos com função densidade de probabilidade de falha, diagramas com
196
a representação do comportamento dinâmico das variáveis de controle e relatórios
ponto a ponto ao longo do tempo de missão. Essas informações auxiliam no reprojeto
de sistemas, análise do estado atual do sistema e dos controles (barreiras) de falhas
e, principalmente, auxiliam o gestor de manutenção para organização dos planos de
manutenção, capacitação de mão de obra, instalação de sensores e equipamentos de
monitoramento/contenção de falhas.
Os relatórios ponto a ponto, ao longo do tempo de missão, junto com a representação do comportamento dinâmico das variáveis de controle auxiliam na visualização
de cenários de falhas que podem ocorrer no sistema e não foram previstos pelos analistas. A partir destes relatórios, pode-se gerar cenários críticos de falha que devem
comunicar-se com os operadores para auxiliar na tomada de decisões para conter o
desvio de comportamento. Esses poderão ser representados de forma semelhante como
na Figura 4.38.
Com os estudos de caso, verificou-se que a metodologia permite avaliar a
confiabilidade dos sistemas em função das ações de manutenção. Se a manutenção dos
componentes demanda um tempo muito grande1 , a confiabilidade do sistema pode ter
valor muito baixo. Desta forma, se existe um dado valor limite de confiabilidade, o
gestor de manutenção pode planejar a compra de equipamentos, programar a quantidade
de componentes sobressalentes, preparar programas de capacitação da equipe, entre
outras atividades com o objetivo de melhorar a confiabilidade.
Por exemplo, com a aplicação da metodologia no sistema de governo do navio
foi possível perceber que, no caso de uma probabilidade de falha acima do desejado,
pode-se elaborar simulações a fim de obter melhores resultados para o sistema. Pode-se
sugerir, no caso de necessidade de melhoria da confiabilidade, as seguintes ações:
• Substituição de componentes que possuem menores taxas de falha. Pode-se
buscar componentes de outras marcas ou, até mesmo, outros componentes na
matriz morfológica do projeto que atendam a mesma função. Neste caso, estaria
sendo feito um reprojeto do produto.
• Melhorar os procedimentos de manutenção, aquisição de peças sobressalentes
que demandam maior tempo de manutenção, capacitação dos operadores, aquisição de equipamentos para manutenção, entre outras ações a fim de aumentar
as taxas de reparo dos componentes.
• Propor alterações nos controles, sensores ou atuadores. Com isso, pode-se
dificultar o avanço da variável de controle para região de falha. Em termos da
análise de risco, essas ações correspondem ao estabelecimento de barreiras a
fim impedir a propagação da falha ao longo da rede causal.
• Propor mudanças na configuração do sistema, como estabelecer redundâncias
para os componentes com maior taxa de falha, ou maior tempo de reparo.
Portanto, o conhecimento inicial adquirido com as técnicas de suporte, apresentadas no Capítulo 3, é complementado com as informações obtidas com os resultados
da implementação computacional. Estas informações complementares retornam para
1 Análise
em sistemas que permitem a manutenção durante a operação.
197
o projeto (projeto informacional), para a operação e manutenção, buscando melhorar
continuamente a confiabilidade dinâmica dos sistemas.
7.3 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Com a simulações foi possível perceber que grande parte das falhas do sistema
acontecem devido à presença de falhas ocultas. Quando o controlador do sistema gera
comando para alterar os estados dos componentes, percebe-se que estes estão em falha,
que agora já passam a ser falhas evidentes. Assim, sugere-se a implementação de
rotinas para obtenção de histogramas para falhas ocultas. Dessa forma, o gestor de
manutenção pode ter uma probabilidade de falha oculta para cada componente. Com
isso, são gerados planos de manutenção com testes para detecção de falhas ocultas.
Implementar estrutura para manutenção em paralelo e manutenção mista série/paralelo onde é feito manutenção em um grupo de componentes ao mesmo tempo,
posteriormente, os grupos subsequentes são reparados. Desta forma, a manutenção em
cada grupo é realizada em paralelo e a manutenção entre os grupos é realizada em série.
Tendo esta flexibilidade o gestor de manutenção pode planejar melhor as manutenções
nos equipamento, ou seja, priorizar a manutenção nos equipamentos que tem maior
impacto na confiabilidade do sistema.
Grande parte dos incidentes envolvem a falha humana, que ocorrem principalmente em situações de emergência onde o há grande pressão sobre o agente, devido
às condições frente à uma falha catastrófica. A consideração da atuação humana
no metodologia ACoDi ainda é deficiente e necessita de um maior aprimoramento.
Deve-se implementar modos de falha humanos como erro de execução da tarefas, ou
não execução das tarefas, ou execução de tarefa não exigida entre outras. Portanto,
caracterizar as falhas humanas e implementá-las no modelo enriqueceria a análise de
confiabilidade dinâmica.
Nas aplicações apresentadas no Capítulo 5, onde foi monitorado o nível do reservatório de fluido, e no Capítulo 6, onde foi monitorado o tempo de indisponibilidade
do sistema de governo do leme do navio, os sistemas foram estudados apenas com uma
variável de controle. Desta forma, sugere-se desenvolver uma estrutura para controlar
várias variáveis de controle, para aumentar a possibilidade de uso do modelo proposto.
Desenvolver uma estrutura, como sistema especialista, para capturar as informações geradas pela metodologia ACoDi e fazer implementação em sistemas para
monitoramento “online” em salas de controle. Assim, de acordo com os estados dos
componentes e das variáveis de controle do sistema técnico, pode-se em um painel de
informações, explicitar os cenários de falhas para os operadores de sistemas a fim de
auxiliar na tomada de decisões que impeçam que o sistema entre em uma região de
emergência ou de falha completa.
Implementar a estrutura de programação do ACoDi no Scilab, que é um ambiente utilizado para desenvolvimento de programas para resolver problemas numéricos.
Tem a vantagem de ser gratuito e distribuído com o código fonte (open source software).
Consequentemente, o uso da técnica com software livre pode ter maior divulgação,
facilitando o compartilhamento do conhecimento sobre o assunto. O mesmo não foi
198
utilizado nesta tese, com receito de haver bugs e confundir o desenvolvimento das
simulações.
199
REFERÊNCIAS
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). NBR 5462: Confiabilidade e
matenabilidade – terminologia. Rio de Janeiro, 1994. 37 p.
ACOSTA, C.; SIU, N. Dynamic event trees in accident sequence analysis:
application to steam generator tube rupture. Reliability Engineering
& System Safety, v. 41, n. 2, p. 135 – 154, 1993. ISSN 0951-8320.
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/095183209390027V>.
AL-DABBAGH, A. W.; LU, L. Reliability modeling of networked control
systems using dynamic flowgraph methodology. Reliability Engineering
& System Safety, v. 95, n. 11, p. 1202 – 1209, 2010. ISSN 0951-8320.
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0951832010001262>.
ALVES, G. D. Sistema especialista protótipo para diagnóstico de falha em um sistema
hidráulico naval. Dissertação (Mestrado) — Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, SC, 2001.
ASSIS, R. Periodicidade óptima de inspecções na procura de falhas ocultas. Risco,
Segurança e Sustentabilidade, p. 447–464, 2012.
BACK, N.; OGLIARI, A.; DIAS, A.; SILVA, J. C. Projeto Integrado de Produtos:
planejamento, concepção e modelagem. [S.l.]: Manole, 2008.
BEGOSSO, L. C. S.PERERE – Uma ferramenta apoiada por arquiteturas cognitivas
para o estudo da confiabilidade humana. Tese (Doutorado) — Universidade de São
Paulo, São Paulo, SP, 2005. <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3141/tde09012006-093145/>.
BELAN, H. C. Formalização da rede de petri canal/agência para projeto de
equipamentos industriais. Dissertação (Mestrado) — Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, SC, Abril 2007.
BERTSCHE, B. Reliability in automotive and mechanical engineering. 1st. ed. Berlin:
Springer, 2008.
BIASOTTO, E. Sistema de governo do navio Itabuna: Estudo de confiabilidade do
sistema hidráulico de acionamento do leme. [S.l.], 2008. Relatório final para Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
BILLINTON, R.; ALLAN, R. Reliability Evaluation of Engineering Systems:
Concepts and Techniques. 2nd. ed. New York: Plenum Pub Corp, 1992.
BOTTA, R.; BAHILL, Z.; BAHILL, T. When are observable states necessary? Systems
Engineering, John Wiley and Sons Ltd., Chichester, UK, v. 9, n. 3, p. 228–240, out.
2006. ISSN 1098-1241. <http://dx.doi.org/10.1002/sys.v9:3>.
BOUDALI, H.; CROUZEN, P.; STOELINGA, M. Dynamic fault tree analysis using
input/output interactive markov chains. In: IEEE. Dependable Systems and Networks,
2007. DSN’07. 37th Annual IEEE/IFIP International Conference on. [S.l.], 2007. p.
708–717.
200
BUCCI, P.; KIRSCHENBAUM, J.; MANGAN, L. A.; ALDEMIR, T.;
SMITH, C.; WOOD, T. Construction of event-tree/fault-tree models from
a markov approach to dynamic system reliability. Reliability Engineering
and System Safety, v. 93, n. 11, p. 1616 – 1627, 2008. ISSN 0951-8320.
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0951832008000343>.
CALIL, L. F. P. Metodologia de gerenciamento de risco: Foco na segurança
e continuidade. Tese (Doutorado) — Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, SC, Março 2009.
CARDOSO, J.; VALETTE, R. Redes de Petri. Florianópolis, SC: Editora da UFSC,
1997. 212 p.
CARVALHO, A. Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa.
Dissertação (Mestrado) — Universidade Federal de Minas Gerais, 2008.
CARVALHO, E. N. Uma revisão crítica do emprego de bancos de dados de falhas em
análises probabilísticas de segurança de plantas nucleares e químicas. Dissertação
(Mestrado) — Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2007.
CASSADY, C.; POHL, E. Introduction to repairable systems modeling. In: Annual
Reliability and Maintainability Symposium, 49o . Tampa, Florida, USA: [s.n.], 2003.
CASSANDRAS, C.; LAFORTUNE, S. Introduction to discrete event systems. 2nd. ed.
New York: Springer, 2008. 772 p.
CHIACCHIO, F.; CACIOPPO, M.; D’URSO, D.; MANNO, G.; TRAPANI, N.;
COMPAGNO, L. A weibull-based compositional approach for hierarchical dynamic
fault trees. Reliability Engineering & System Safety, Elsevier, 2012.
CODETTA-RAITERI, D.; BOBBIO, A. Stochastic petri nets supporting dynamic
reliability evaluation. International Journal of Materials & Structural Reliability, v. 4,
p. 65–77, March 2006.
COLLAS, G. Dynamic reliability prediction: how to adjust modeling and reliability
growth? In: Proceedings of the IEEE Annual Reliability and Maintainability
Symposium. New York: Institute of Electrical and Electronics Engineers: [s.n.], 1991.
p. 301–306.
CURY, J. Teoria de controle supervisório de sistemas a eventos discretos. V Simpósio
Brasileiro de Automação Inteligente (Minicurso), Novembro 2001.
DA ROSA, E. Análise de resistência mecânica: Mecânica da fratura e fadiga. Agosto 2002. Universidade Federal de Santa Catarina.
<http://www.grante.ufsc.br/download/FADIGA.pdf>.
DE NEGRI, V. J.; SANTOS, E. A. P. S. Projeto de sistemas de automação da
manufatura. In: AGUIRRE, L. A. (Ed.). Enciclopédia de automática: controle &
automação. 1. ed. São Paulo- SP: Blucher, 2007. v. 1, cap. 15, p. 382–417.
DEVOOGHT, J. Dynamic reliability. In: LEWINS, M. B. J. (Ed.). Advances in
Nuclear Science and Technology. New York: Springer, 1997. v. 25, p. 215–278.
DEVOOGHT, J.; SMIDTS, C. Probabilistic reactor dynamics. I: The theory of
continuous event trees. Nuclear science and engineering, American Nuclear Society,
v. 111, n. 3, p. 229–240, 1992.
201
. Probabilistic dynamics as a tool for dynamic PSA. Reliability engineering &
systems safety, Elsevier, v. 52, n. 3, p. 185–196, 1996.
DIAS, A. Metodologia para Análise da Confiabilidade em Freios Pneumáticos
Automotivos. Tese (Doutorado) — Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP,
Julho 1996.
DIAS, A.; CALIL, L. F. P.; RIGONI, E.; OGLIARI, A.; SAKURADA, E. Y.;
KAGUEIAMA, H. A. Metodologia para análise de risco: Mitigação de perda de SF6
em disjuntores. 1. ed. Florianópolis, SC: Nova Letra Gráfica & Editora, 2011. 1304 p.
ISBN: 978-85-98128-42-9.
DISTEFANO, S.; PULIAFITO, A. Dynamic reliability block diagrams vs dynamic
fault trees. Proceedings of the 53rd Annual Reliability and Maintainability Symposium
(RAMS07), IEEE, 2007.
DISTEFANO, S.; XING, L. A new approach to modeling the system reliability:
dynamic reliability block diagrams. Reliability and Maintainability Symposium, 2006.
RAMS’06. Annual, p. 189–195, 2006.
DOMÍNGUEZ-GARCÍA, A.; KASSAKIAN, J.; SCHINDALL, J.; ZINCHUK, J. An
integrated methodology for the dynamic performance and reliability evaluation of
fault-tolerant systems. Reliability Engineering & System Safety, Elsevier, v. 93, n. 11,
p. 1628–1649, 2008.
DROGUETT, E. L.; MOSLEH, A. Análise bayesiana da confiabilidade de produtos
em desenvolvimento. Gestão & Produção, Scielo, v. 13, p. 57 – 69, 04 2006. ISSN
0104-530X.
FRANKLIN, G.; POWELL, J.; EMAMI-NAEINI, A.; POWELL, J. Feedback control
of dynamic systems. [S.l.]: Addison-Wesley Reading, MA, 1994.
FUENTES, F. Metodologia para inovação da gestão de manutenção industrial. Tese
(Doutorado) — Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2006.
GEORGES, M. R. R. Metodologia para Modelagem e Simulação de Sistemas:
Aplicação em Manufatura Discreta. Tese (Doutorado) — Universidade Estadual de
Campinas, 2005.
GUIMARÃES, L. S. Gerenciamento de Riscos e Segurança de Sistemas. Rio de
Janeiro, RJ: iEditora, 2003.
HU, Y. A guided simulation methodology for dynamic probabilistic risk assessment of
complex systems. Tese (Doutorado) — University of Maryland, 2005.
HUBKA, V.; EDER, W. Theory of technical systems. [S.l.]: Springer-Verlag New York,
1988. 275 p.
KAGUEIAMA, H. A. Sistematização de técnicas de análise de falha e projeto para
confiabilidade. Dissertação (Mestrado) — Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, SC, 2012.
LABEAU, P.; SMIDTS, C.; SWAMINATHAN, S. Dynamic reliability: towards an
integrated platform for probabilistic risk assessment. Reliability Engineering and
System Safety, Elsevier, v. 68, n. 3, p. 219–254, 2000.
202
LADDE, G.; SILJAK, D. Multiplex control systems: Stochastic stability and dynamic
reliability. In: Proc. 20th IEEE Conference on Decision and Control including the
Symposium on Adaptive Processes. [S.l.: s.n.], 1981. v. 20, p. 908–912.
LAW, A.; KELTON, W. et al. Simulation modeling and analysis. 3. ed. [S.l.]:
McGraw-Hill, 2005.
LOBO, L. M. V. Determinação de índices de fiabilidade em sistemas eléctricos
utilizando o método de monte carlo. Dissertação (Mestrado) — Faculdade de
Engenharia da Universidade de Porto, Setembro 2000.
MANIAN, R.; DUGAN, J.; COPPIT, D.; SULLIVAN, K. Combining various solution
techniques for dynamic fault tree analysis of computer systems. In: Proceedings of 3rd
IEEE International High-Assurance Systems Engineering Symposium. [S.l.: s.n.], 1998.
p. 21–28.
MANNO, G.; CHIACCHIO, F.; COMPAGNO, L.; D’URSO, D.; TRAPANI, N.
Matcarlore: An integrated ft and monte carlo simulink tool for the reliability
assessment of dynamic fault tree. Expert Syst. Appl., v. 39, n. 12, p. 10334–10342,
2012.
MARRANGHELLO, N. Redes de Petri: Conceitos e Aplicações. São Paulo:
DCCE/IBILCE/UNESP, p. 33, Março 2005.
MARSEGUERRA, M.; ZIO, E.; DEVOOGHT, J.; LABEAU, P. A concept paper
on dynamic reliability via Monte Carlo simulation. Mathematics and Computers in
Simulation, Elsevier Science, v. 47, n. 2, p. 371–382, 1998.
MATSUOKA, T.; KOBAYASHI, M. The go-flow reliability analysis
methodology—analysis of common cause failures with uncertainty. Nuclear
Engineering and Design, v. 175, n. 3, p. 205 – 214, 1997. ISSN 0029-5493.
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0029549397000381>.
MATURANA, M. Aplicação de Redes Bayesianas na análise da contribuição do erro
humano em acidentes de colisão. Dissertação (Mestrado) — Universidade de São
Paulo, 2011.
MENEZES, R. C. S.; DROGUETT, E. L. Análise da confiabilidade humana via redes
Bayesianas: uma aplicação à manutenção de linhas de transmissão. Produção, Scielo,
v. 17, p. 162 – 185, 04 2007. ISSN 0103-6513.
MERCURIO, D.; PODOFILLINI, L.; ZIO, E.; DANG, V. Identification and
classification of dynamic event tree scenarios via possibilistic clustering: Application
to a steam generator tube rupture event. Accident Analysis and Prevention, Elsevier,
2008.
MOLER, C. B. Numerical computing with MATLAB. [S.l.]: Society for Industrial and
Applied Mathematics, 2004.
MORÉ, J. Aplicação da lógica Fuzzy na avaliação da confiabilidade humana nos
ensaios não destrutivos por ultra-som. Tese (Doutorado) — Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Rio de janeiro, RJ, Abril 2004.
203
MOSLEH, A. et al. An integrated framework for identification, classification, and
assessment of aviation systems hazards. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON
PROBABILISTIC SAFETY ASSESSMENT AND MANAGEMENT (PSAM), 7 –
ESREL ’04: PROCEEDINGS OF THE 7TH INTERNATIONAL CONFERENCE
ON PROBABILISTIC SAFETY ASSESSMENT AND MANAGEMENT. Berlim,
Alemanha, 2004.
MOUBRAY, J. Reliability-centered Maintenance. New York: Industrial Press, 1997.
MOURA, M. J. C. Processos semi markovianos e redes bayesianas para avaliação de
indicadores de desempenho de confiabilidade de sistemas complexos tolerantes à falha.
Dissertação (Mestrado) — Universidade Federal de Pernambuco, Departamento de
Engenharia de Produção, 2006.
NASA (National Aeronautics and Space Administration). Reliability Centered
Maintenance Guide: For Facilities and Collateral Equipment . Washington, 2008.
NEJAD-HOSSEINIAN, S. H. Automatic generation of generalized event sequence
diagrams for guiding simulation based dynamic probabilistic risk assessment of
complex systems. Tese (Doutorado) — University of Maryland, College Park, MD,
USA, 2007. AAI3297363.
NETO, P. L. O. C. Estatística. São Paulo: Editora E. Blücher, 1977.
NIST (National Institute of Standards and Technology). FIPS PUBS 183: Integration
definition for function modeling (IDEF0). Gaithersburg, MD, 1993. Draft Federal
Information Processing Standards Publication.
OGATA, K. System Dynamics. Prentice Hall, 2004. (cram 101). ISBN 9780131424623.
<http://books.google.co.uk/books?id=5OanQgAACAAJ>.
OGATA, K.; MAYA, P.; LEONARDI, F. Engenharia de controle moderno. São Paulo:
Prentice Hall, 2003.
OUHBI, B.; LIMNIOS, N. Nonparametric reliability estimation of
semi-markov processes. Journal of Statistical Planning and Inference, v. 109, n. 1–2, p. 155 – 165, 2003. ISSN 0378-3758.
<ce:title>C.R. Rao 80th Birthday Felicitation Volume, Part III</ce:title>.
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0378375802003087>.
PALLEROSI, C.; MAZZOLINI, L.; MAZZOLINI, B. Confiabilidade humana:
Conceitos, Análises, Avaliação e Desafios. ALL PRINT, 2011. ISBN 9788577189830.
<http://books.google.com.br/books?id=eFicpwAACAAJ>.
PAPOULIS, A. Probability, Random Variables, and Stochastic Processes. 3rd. ed. New
York: McGraw-Hill, 1991.
PETERSON, J. Petri Net Theory and the Modeling of Systems. [S.l.]: Prentice Hall
PTR Upper Saddle River, NJ, USA, 1981.
PORCIÚNCULA, G. S. Sistematização do processo da análise de falha em
sistemas automáticos. Tese (Doutorado) — Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, SC, 2009.
204
PRESLEY, A. R. A representation method to support enterprise engineering. Tese
(Doctor of Philosophy) — Faculty of the Graduate School of University of Texas at
Arlington, Arlington, 1997.
REASON, J. Managing the risk of organizational accidents. England: Ashgate
Publishing Limited, 1997.
RIGONI, E. Metodologia para Implantação da Manutenção Centrada na
Confiabilidade: uma abordagem fundamentada em Sistemas Baseados em
Conhecimento e Lógica Fuzzy. Tese (Doutorado) — Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, 2009.
RODRIGUEZ, C. P. Análise de risco em operações de “offloading”– Um modelo de
avaliação probabilística dinâmica para a tomada de decisão. Tese (Doutorado) —
Universidade de São Paulo, 2012.
SAE (Society of Automotive Engineers). JA1011: Evaluation criteria for
reliability-centered maintenance (RCM) processes. Warrendale, PA, 1999.
. J1739: Potential Failure Mode and Effects Analysis in Design (Design FMEA)
and Potential Failure Mode and Effects Analysis in Manufacturing and Assembly
Processes (Process FMEA) Reference Manual. [S.l.], 2000.
SAKURADA, E. Y. As técnicas de análise dos modos de falhas e seus efeitos e análise
da árvore de falhas no desenvolvimento e na avaliação de produtos. Dissertação
(Mestrado) — Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2001.
SAKURADA, E. Y.; ANDRADE, B. L. R. Implantação de Laboratório para Análise e
Avaliação de Risco: Estudo de confiabilidade da máquina do leme – Itabuna. São
Paulo, 2007. Relatório técnico CNPQ.
SANABRIA, J. A. Metodologia para análise de confiabilidade em robôs com
aplicação em robô paralelo. Dissertação (Mestrado) — Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, SC, Maio 2012.
SIDDIQUI A. W.; BEN-DAYA, M. Handbook of Maintenance Management and
Engineering. 1. ed. Springer-Verlag London Ltd: Springer, 2009. 397-415 p.
SILJAK, D. Large-Scale Dynamic Systems: Stability and Structure. 1. ed. New York:
Elsevier Science Ltd, 1978. 432 p.
SIU, N. Risk assessment for dynamic systems: an overview. Reliability
engineering & systems safety, Elsevier, v. 43, n. 1, p. 43–73, 1994.
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/0951832094900957>.
SMITH, A. M. Reliability-centered maintenance. Boston, MA: Mc Graw Hill, 2001.
SOBOL, I. O método de Monte Carlo. Tradução de M. DOMBROVSKY. Moscou:
Editora Mir, 1983. 64 p.
SOUZA, F. S.; FIRMINO, P. R.; DROGUETT, E. A. L. A análise de confiabilidade
humana: Uma revisão comentada da literatura. In: XLII SBPO – Sociedade Brasileira
de Pesquisa Operacional. Bento Gonçalves, RS: Anais do XLII SBPO, 2010.
205
STAMATELATOS, M.; APOSTOLAKIS, G.; DEZFULI, H.; EVERLINE, C.;
GUARRO, S.; MOIENI, P.; MOSLEH, A.; PAULOS, T.; YOUNGBLOOD,
R. Probabilistic Risk Assessment Procedures Guide for NASA Managers and
Practitioners. Office of Safety and Mission Assurance NASA Headquarters, Washington,
DC. March, v. 31, 2002.
STAMATIS, D. H. Failure mode and effects analysis: FMEA from theory to execution.
7. ed. Milwaukee: ASQC Quality Press, 1995.
SWAMINATHAN, S.; SMIDTS, C. Identification of missing scenarios in esds using probabilistic dynamics. Reliability Engineering
and System Safety, v. 66, n. 3, p. 275 – 279, 1999. ISSN 0951-8320.
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0951832099000241>.
. The mathematical formulation for the event sequence diagram framework. Reliability Engineering and System Safety,
Elsevier, v. 65, n. 2, p. 103 – 118, 1999. ISSN 0951-8320.
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0951832098000921>.
. The Event Sequence Diagram framework for dynamic Probabilistic Risk
Assessment. Reliability Engineering and System Safety, Elsevier, v. 63, n. 1, p. 73–90,
1999.
TANAKA, T.; KUMAMOTO, H.; INOUE, K. Evaluation of a dynamic reliability
problem based on order of component failure. Reliability, IEEE Transactions on, v. 38,
n. 5, p. 573–576, 1989.
UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). NEDIP (Núcleo de Desenvolvimento
Integrado de Produtos). MT-PR-RT-NE-01: IDEF0 dos processos relacionados à
manipulação do SF6 . Revisão 4. Florianópolis, 2008. Relatório do projeto MitiSF6.
USA (United States of America). DOD (Department of Defense). MIL-STD-1629A:
Procedures for performing a failure mode, effects and criticality analysis. Washington,
1980.
VARGAS, E. High availability fundamentals. Sun Blueprints series, Novembro 2000.
VINADÉ, C. Sistematização do Processo de projeto para Confiabilidade e
Mantenabilidade aplicado a sistemas Hidráulicos e Implementação de um Sistema
Especialista. Tese (Doutorado) — Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, SC, 2003.
WANG, Y.; ENACHESCU, M.; COTOFANA, S.; FANG, L. Variation
tolerant on-chip degradation sensors for dynamic reliability management systems. Microelectronics Reliability, 2012. ISSN 0026-2714.
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0026271412002351>.
WERNER, L. Modelagem dos tempos de falhas ao longo do calendário. Dissertação
(Mestrado) — Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1996.
XU, H.; XING, L.; ROBIDOUX, R. Drbd-dynamic reliability block diagrams for
system reliability modelling. International journal of computers applications, Acta
Press, v. 31, n. 2, p. 132–141, 2008.
206
XUE, J.; YANG, K. Dynamic reliability analysis of coherent multistate systems.
Reliability, IEEE Transactions on, v. 44, n. 4, p. 683–688, Dec. 1995.
ZHU, D. Integrating software behavior into dynamic probabilistic risk assessment.
Tese (Doutorado) — University of Maryland, 2005.
ZÜRN, H. H. Processos Estocásticos em Engenharia Elétrica. 2009. Notas de aula,
Universidade Federal de Santa Catarina.
APÊNDICE A -- Conceitos e definições
209
Neste capítulo são apresentadas as definições relacionadas com a confiabilidade
em sistemas.
A análise de confiabilidade realizada usualmente é a análise de confiabilidade
estática. Tanto neste tipo de análise, quanto na análise de confiabilidade dinâmica
existem termos, parâmetros e abordagens que, antes de tudo, devem estar definidos da
forma mais objetiva possível.
A.1 SISTEMA
No cotidiano, depara-se frequentemente com o termo sistema. Pode-se citar
como exemplos: sistemas de controle, sistemas de segurança, sistema de áudio/vídeo,
sistema de monitoramento, etc. O termo é utilizado em diversas áreas e, para a área
tecnológica, pode-se utilizar a definição apresentada por Hubka e Eder (1988):
Conjunto finito de elementos reunidos para formar um
todo sob certas regras bem definidas, por meio das
quais existem determinadas relações precisas definidas
entre os elementos e para com seu ambiente [. . . ].
Sistema, subsistema e componente são termos que estão associados à conjuntos
de elementos (sejam mecanismos ou processos) e a distinção entre eles é relativa, ou
seja, variam de acordo com cada caso em estudo e também do ponto de vista do analista.
Por exemplo, em uma análise uma bomba de engrenagens pode ser tratada como um
sistema e seus elementos internos como componentes e, em uma outra análise a mesma
bomba pode ser tratada com um componente inserido em um subsistema de potência,
que por sua vez faz parte de um sistema hidráulico. Dependendo do problema que está
sendo estudado, da extensão atingida pela falha, da formação da equipe, entre outros
fatores, será definido como sistema, subsistema ou componente.
Na área tecnológica comumente utiliza-se o termo sistema técnico quando se
refere à máquinas, equipamentos e softwares. Segundo Calil (2009), o termo pode ser
definido como “um conjunto de equipamentos e instalações que têm uma (ou mais)
função para ser desempenhada e, a todo o momento, está interagindo como o ambiente,
o homem e outros sistemas técnicos, influenciando e sendo influenciado”. Assim, os
sistemas utilizados no âmbito da engenharia são sistemas técnicos.
Segundo De Negri e Santos (2007) os sistemas podem ser representados por
modelos a fim de facilitar a análise e o projeto, sendo realizadas descrições simplificadas que enfatizam certos detalhes ou propriedades enquanto outros são suprimidos.
Essa atividade de representar por modelos é denominada de modelagem e pode ser
desenvolvida segundo as perspectivas funcional, estrutural e comportamental.
De forma resumida, pode-se descrever os modelos da seguinte maneira (DE
NEGRI; SANTOS, 2007):
• O modelo funcional apresenta a função de cada item do sistema e a interrelação entre eles. A realização das funções de cada um dos itens reflete na
função global do sistema. Pode-se citar exemplos como os circuitos elétricos,
pneumáticos e hidráulicos. O modelo funcional responde a pergunta “O que o
210
sistema faz?”.
• O modelo estrutural representa como os itens do sistema estão relacionados
entre si, por meio de conexões físicas, ou de comunicação ou relações hierárquicas. Pode-se citar como exemplos os desenhos mecânicos e maquetes
do sistema. O modelo estrutural responde a pergunta “Onde as funções estão
implementadas?”.
• O modelo comportamental responde a pergunta “Como ou quando uma
função é executada?”. Como exemplo de modelo comportamental pode-se citar
uma equação matemática, uma implementação comutacional onde se observa as
variáveis de controle do sistema ao longo do tempo, etc.
Assim, no texto desta tese, quando um sistema for designado como estático,
significa que a modelagem adotada para o sistema é um modelo comportamental que o
descreve de forma estática, ou seja, as suas características ou variáveis não variam com
o tempo. Esse mesmo sistema pode ter um modelo comportamental que o representa
dinamicamente. Dessa forma, as suas características que variam no tempo descritas e
analisadas no modelo.
Segundo Ogata (2004), Botta et al. (2006) e Georges (2005) quando se descreve
um sistema por meio de um modelo comportamental estático, as variáveis de saída
dependem apenas dos valores de entrada do presente. Assim, se não houver alteração
no valor de entrada, o resultado na saída permanece constante.
Para ilustrar a modelagem de um sistema como estático e dinâmico, considere
a Figura A.1. Inicialmente, analisa-se o sistema massa-mola sob o ponto de vista
estático. O deslocamento ye da extremidade da mola depende da massa M e da
constante elástica k – considerada constante. Desta forma, se for adicionado um valor
extra de massa (entrada do sistema), o deslocamento ye (saída do sistema) sofrerá um
acréscimo proporcional. Não importa o tempo que a massa esteja acoplada na mola, o
deslocamento será sempre o mesmo.
Figura A.1 – Sistema massa-mola – modelo comportamental estático
0
M
k
massa
k
ye
ye
M
y
O modelo matemático que descreve o deslocamento da extremidade da mola,
ye , é representado pela Equação A.1, sendo g a aceleração da gravidade.
211
ye =
M.g
k
(A.1)
O termo sistema dinâmico é frequentemente encontrado nos textos relacionados com a análise de confiabilidade dinâmica. O termo refere-se a sistemas que utilizam
modelos comportamentais que levam em consideração características dinâmicas,
ou seja, possuem variáveis que sofrem alterações ao longo do tempo.
Segundo Ogata (2004, p. 2), as variáveis de saída dos modelos comportamentais
dinâmicos no tempo presente, dependem dos valores de entrada do passado e do
presente. Neste caso, se o sistema não estiver em equilíbrio, os valores de saída variam
com o tempo.
A Figura A.2 apresenta um sistema massa-mola no qual foi considerado um
modelo comportamental dinâmico. Inicialmente é imposto um deslocamento yd0 , por
meio da força F, na massa M acoplada na extremidade da mola – entrada do sistema.
Ao liberar a massa, a extremidade da mola desenvolve um movimento oscilatório
conforme uma onda senoidal.
Para determinar a posição y1 , ou suas derivadas, no tempo t1 é preciso saber,
além do valor da massa M e da constante elástica k, o valor da força F ou o deslocamento inicial imposto yd0 . Assim, seguindo a definição de Ogata (2004), os valores de
saída (y e suas derivadas) do presente, no tempo t1 , dependem dos valores de entrada
do passado (M(t = 0), k(t = 0), F ou yd0 ) e do presente (M(t = t1 ), k(t = t1 )).
Figura A.2 – Sistema massa-mola – modelo comportamental dinâmico
0
yd0
t1
M
yd0
tempo
y1
M
y
F
O modelo matemático que descreve o comportamento da variável y ao longo
do tempo é obtido da Equação A.2.
M.
d2y
+ k.y − F = 0
dt 2
(A.2)
212
A parcela dinâmica do modelo está incorporada na variável d 2 y/dt 2 , que
representa a aceleração. Portanto, para o mesmo sistema massa-mola é possível analisálo sob a ótica de uma modelagem estática e também dinâmica.
De Negri e Santos (2007) apresenta uma classificação de modelos comportamentais em função dos tipos de sinais1 processados pelo sistema, que podem ser
organizados de acordo com a Figura A.3.
Figura A.3 – Classificação dos modelos comportamentais
Modelo
comportamental
Modelos a estado
contínuo
Modelos contínuos
no tempo
Modelos discretos
no tempo
Modelos a estado
discreto
Sistemas guiados
pelo tempo
Sistemas guiados
por eventos
Fonte: De Negri e Santos (2007)
Assim, os modelos comportamentais podem ser inicialmente classificados em
modelos a estado contínuo ou a estado discreto. No primeiro caso, são modelos que
descrevem o sistema utilizando variáveis de estado, entradas e saídas com amplitude
contínua. No segundo, as variáveis de estado, entradas e saídas possuem amplitude
discreta, ou seja, assumem valores determinados dentro de um intervalo de existência.
A mudança de um estado do sistema para outro é denominada de transição de estado.
O modelo a estado contínuo ainda pode ter uma subdivisão em dois grupos:
modelos contínuos no tempo e modelos discretos no tempo. Quando o modelo é
contínuo no tempo tanto a amplitude dos sinais quanto a variável independente são
contínuas, isto é, o sistema opera sobre entradas analógicas e produz saídas e estados
analógicos. Sistemas modelados desta forma são denominados sistemas contínuos no
tempo.
Os modelos discretos no tempo possuem a amplitude dos sinais contínua, mas
a variável independente é discreta, ou seja, as variáveis de saída e de estados são
modificadas somente em instantes discretos. Os sistemas modelados desta forma são
denominados de sistemas discretos no tempo e, normalmente, são expressos por meio
de equações de diferenças.
Os modelos a estado discreto podem ser guiados pelo tempo ou guiados por
eventos. Para o caso dos sistemas guiados pelo tempo, as mudanças são sincronizadas
1 Os sinais podem ser variáveis físicas observáveis, cujo estado ou parâmetros associados
com o tempo portam a informação. Ou variáveis de uma função matemática associadas com as
entradas, saídas ou processamento do sistema (DE NEGRI; SANTOS, 2007).
213
com o tempo, pois, a cada instante marcado por um relógio interno2 , um evento (ou
nenhum) é selecionado provocando uma transição de estado. O relógio é responsável
por qualquer possível mudança de estado. Por outro lado, para o caso dos modelos a
estado discreto guiados por eventos, a ocorrência dos eventos independe dos instantes
marcados pelo relógio.
Os sistemas ainda podem apresentar uma característica determinística ou aleatória. Um sistema é determinístico se, dado um vetor de variáveis de entrada para
um determinado tempo t ≥ t0 , então o estado do sistema x(t) poderá ser calculado. Já
nos sistemas estocásticos o estado x(t) é um vetor de variáveis aleatórias e somente a
distribuição de probabilidades poderá ser calculada e não o estado do sistema.
Portanto, a partir da análise das várias definições de sistemas, foi possível estabelecer uma definição para sistema dinâmico, sendo esta apresentada no Quadro A.1.
Quadro A.1 – Sistema dinâmico
Conjunto de elementos organizados que possuem uma (ou mais) função
para ser desempenhada, cuja modelagem comportamental considera
alterações na configuração, nas variáveis de estado do sistema ou em
alguma característica de seus componentes ao longo do tempo.
Desta forma, de acordo com a análise feita sobre o sistema e o modelo comportamental adotado, uma ponte – por exemplo – pode ser um sistema dinâmico; basta
que tenha carregamentos dinâmicos ou corrosão da estrutura metálica – elementos que
afetam as características dos componentes ao longo do tempo, e consequentemente, o
sistema.
As alterações da configuração de um sistema são mudanças que podem ocorrer
causadas por eventos, tais como: falha de componentes, atuação de um controlador,
intervenção humana, entre outros fatores. Pode-se citar alguns exemplos:
• Um reservatório cuja variável de saída seja o nível do fluido. Altera-se os
estados dos componentes (ligando/desligando bombas e válvulas) em função do
nível do fluido no reservatório.
• Uma máquina de lavar roupas cuja variável de saída seja o grau de limpeza das
roupas. Para determinados estágios do processo de lavação a máquina passa por
diferentes estados, acionando/desacionando componentes.
• Um ambiente em que a temperatura deva permanecer em determinada faixa.
Para determinados níveis de temperatura, altera-se os estados dos aquecedores
ou dos trocadores de calor.
Nos exemplos apresentados ocorrem mudanças na configuração do sistema
ao longo do tempo, isto é, alguns componentes ora participam, ora ficam desativados.
Desta forma, as configurações dos sistemas podem mudar em função dos valores das
2 Por
exemplo, relógio interno dos microcomputadores.
214
variáveis de saída (nível, limpeza, temperatura), atuação humana ou de controlador,
condição dos componentes, tempo de operação entre outros fatores.
A.2 MANTENABILIDADE
Formalmente, o termo mantenabilidade é definido pela norma
NBR 5462 (ABNT, 1994) como:
Capacidade de um item ser mantido ou recolocado em
condições de executar suas funções requeridas, sob
condições de uso especificadas, quando a manutenção
é executada sob condições determinadas e mediante
procedimentos e meios prescritos.
A mantenabilidade é um parâmetro de desempenho que indica a capacidade de
recolocar o equipamento em operação. Tal parâmetro está associado com a capacitação
da equipe, programas de manutenção e recursos disponíveis como equipamento, mão
de obra e instalação.
Este parâmetro irá influenciar diretamente na disponibilidade do sistema e está
associado com o tempo médio de reparo – Mean time to repair (MTTR).
A.3 CONFIABILIDADE E PROBABILIDADE DE FALHA
A confiabilidade e a probabilidade de falha são eventos complementares, e
portanto, serão abordadas juntas nesta seção. Inicialmente serão tratados os conceitos
relacionados à confiabilidade.
A norma NBR 5462 (ABNT, 1994) define confiabilidade como: a
“capacidade de um item desempenhar uma função requerida sob condições especificadas, durante um dado intervalo de tempo”. Geralmente, a confiabilidade está
associada a um valor de probabilidade, possibilitando dessa forma quantificar essa
capacidade. Esta definição de confiabilidade é a estática. Mais adiante será apresentada
a definição de confiabilidade dinâmica.
No trabalho escrito por Dias (1996, p. 24) várias definições de confiabilidade são apresentadas, nas quais o autor identificou quatro estruturas fundamentais:
“probabilidade, comportamento adequado, período de uso (ou de vida) e condições de uso”.
Ainda que a definição descrita na NBR 5462 (ABNT, 1994) pareça menos
restritiva, ela contempla todos os elementos identificados por Dias (1996). O termos
empregados na definição da norma estão relacionados com as estruturas fundamentais
no Quadro A.2.
Assim, a confiabilidade é um parâmetro de desempenho do sistema em relação à
capacidade de operar e realizar funções, para um dado período de tempo sob condições
específicas em projeto. Este parâmetro pode ser interpretado como uma qualidade do
produto em relação ao projeto e à fabricação.
215
Quadro A.2 – Elementos da definição da norma NBR 5462
NBR 5462 (ABNT, 1994)
Capacidade
Função
Intervalo de tempo
Condições especificadas
Elementos identificados por
Dias (1996)
Probabilidade
Comportamento adequado
Período de uso (ou de vida)
Condições de uso
A confiabilidade de um componente pode ser obtida por meio de ensaios
experimentais ou de uso. A Equação A.3 é usada para o cálculo da confiabilidade R(x).
R(x) =
Ns (x)
N0 (0)
(A.3)
onde
x = vida do componente, geralmente expressa em tempo, mas pode ser utilizado
o número de ciclos, número de rotações, etc;
Ns (x) = quantidade de componentes em bom funcionamento para a vida x;
N0 (0) = quantidade de componentes, em bom funcionamento, no início do
ensaio;
Comumente, é realizada a contagem da quantidade de componentes que falharam, N f (x), ao invés dos componentes que estão em bom funcionamento. Desta forma,
sabendo que N0 (0) = Ns (x) + N f (x), pode-se reescrever a Equação A.3 com base na
quantidade de componentes que falharam,
R(x)
=
=
=
Ns (x)
N0 (0)
N0 (x) − N f (x)
N0 (0)
N f (x)
1−
N0 (0)
(A.4)
O termo N f (x)/N0 (0) presente na Equação A.4 representa a probabilidade de
falha, razão entre os componentes que falharam – para um período de vida x – e a
quantidade de componentes no início do ensaio.
Segundo Dias (1996) a probabilidade de falha, Q(x), ou não-confiabilidade,
pode ser definida como a probabilidade de um item não desempenhar a função requerida,
ou seja, não estar em falha para um determinado período de uso, sob determinadas
condições de operação previamente estabelecidas.
Assim, pode-se reescrever a Equação A.4 em função de Q(x),
R(x) = 1 − Q(x)
(A.5)
216
A Equação A.5 demonstra que a confiabilidade e a probabilidade de falha são
eventos complementares. Esta equação, quando derivada, fornece a função densidade
de probabilidade de falha, f (x), apresentada na Equação A.6.
f (x) =
dF(x)
dR(x)
1 dN f (x)
=−
=
dx
dx
N0 dx
(A.6)
Graficamente, a função densidade de falha f (x), confiabilidade R(x) e probabilidade de falha Q(x) podem ser representados de acordo com a Figura A.4.
Figura A.4 – Função densidade de probabilidade de falha hipotética f (x) em
função da vida x
f(x)
Q(x)
R(x)
x
vida
Fonte: Billinton e Allan (1992)
Assim, os valores da probabilidade de falha Q(x) e da confiabilidade R(x) ficam
definidas pela área sob a curva da função densidade de falha, conforme a Figura A.4.
Matematicamente, pode ser escrita como apresentado nas Equações A.7 e A.8:
Q(x) =
Z x
e
R(x) = 1 −
Z x
0
0
(A.7)
f (x)dx
f (x)dx =
Z ∞
f (x)dx
(A.8)
x
A maior dificuldade de se obter a confiabilidade por meio de ensaios experimentais é o custo e o tempo demandado para a realização dos ensaios, pois além do
tempo de preparação, realização e tratamento dos dados é preciso ter um tamanho de
amostra significativo.
217
Assim, o que é feito na maioria dos casos é recorrer à banco de dados de falhas.
Geralmente, as informações obtidas de banco de dados são valores de taxa de falha, λ,
que obedecem uma distribuição exponencial.
A taxa de falhas, é a relação entre o número de componentes que falharam
em um dado intervalo de uso x (tempo, ciclos, rotações, etc) e o número total de
componentes expostos à falha, Equação A.9, (DIAS, 1996):
λ(x) =
no de f alhas por unidade de uso
no de componentes expostos à f alha
(A.9)
No entanto, vale ressaltar que as taxas de falhas contidas nos banco de dados,
muitas vezes, são valores pessimistas o que resulta em um valor de confiabilidade
muito baixo. Desta forma, é preciso cautela no uso desses valores para que o modelo
calculado seja realmente uma representação próxima do sistema real.
Uma das funções densidades de probabilidade, f (x), mais utilizadas é a distribuição exponencial, Equação A.10.
f (x) = λe−λx
(A.10)
Para esta distribuição, o cálculo da confiabilidade é realizado com a Equação A.11, tendo como entrada de dados a vida, x, e a taxa de falhas, λ.
R(x) = e−λx
(A.11)
Paralelamente, a probabilidade de falha é calculada com o complemento da
confiabilidade, Equação A.12.
Q(x) = 1 − e−λx
(A.12)
A Figura A.5 é uma representação gráfica da Equação A.11 para três valores
distintos de taxa de falha: 1.10−3 , 5.10−3 e 10.10−3 falhas/hora. É possível constatar
que, visualizando o comportamento das três curvas apresentadas no gráfico, o aumento
da taxa de falhas resulta em uma queda mais acentuada da confiabilidade, R(x), ao
longo da vida x. Isto significa que, para um mesmo x, um sistema com maior taxa de
falha possui uma menor confiabilidade, consequentemente uma maior probabilidade de
falha.
Carvalho (2007) disserta de forma detalhada sobre os banco de dados de falhas
existentes, suas origens e características. Para o uso das taxas de falhas em componentes,
deve-se atentar às características e aplicações para os quais foram desenvolvidos os
bancos de dados – buscando dessa maneira aproximar o modelo com o sistema real
que está sendo analisado.
218
Confiabilidade - R(x)
R(x)
Figura A.5 – Confiabilidade em função do tempo para distribuição exponencial
1
1E-03
λ
0,8
5E-03
10E-03
0,6
0,4
0,2
0
0
100
200
300
400
500
x
Vida (x)
Além da distribuição exponencial, podem ser utilizadas outras distribuições,
tais como: log-normal, Weibull e gamma. Entre essas, destaca-se a distribuição Weibull,
que pode assumir a forma de uma distribuição exponencial, ou aproximadamente de
uma distribuição de Rayleigh ou de uma distribuição Gaussiana, dependendo dos
valores do seu parâmetro de forma.
Maiores detalhes, com a descrição da manipulação matemática das equações
relacionadas com confiabilidade podem ser encontrados em Dias (1996), Bertsche
(2008) e Billinton e Allan (1992).
A.4 DISPONIBILIDADE
De acordo com a norma NBR 5462 (ABNT, 1994) o termo disponibilidade é
definido como:
Capacidade de um item estar em condições de executar
uma certa função em um dado instante ou durante um
intervalo de tempo determinado, levando-se em conta
os aspectos combinados de sua confiabilidade, mantenabilidade e suporte de manutenção, supondo que os
recursos externos requeridos estejam assegurados.
A Figura A.6, apresenta a relação entre confiabilidade (C), mantenabilidade (M)
e disponibilidade (D). A disponibilidade de um sistema está diretamente relacionada
com a mantenabilidade e a confiabilidade. Um item que possui uma mantenabilidade
elevada significa, em poucas palavras, que caso ocorra uma falha, esta será eliminada
rapidamente, colocando o sistema novamente em funcionamento. Já uma confiabilidade
elevada no sistema irá indicar que o sistema é pouco suscetível às falhas ao longo de
219
sua vida. Esses dois parâmetros irão garantir que o sistema terá poucas “paradas”, o
que garante tempo de operação, ou seja, disponibilidade.
Figura A.6 – Correlação entre confiabilidade, mantenabilidade e disponibilidade para produtos reparáveis
Falha
Reparo
VIDA (x)
Sistema reparável
+D
tempo de bom
funcionamento
tempo de
recolocação
+C
+M
CONFIABILIDADE
Probabilidade de bom
funcionamento
+C
Projeto
Sensores
Redund.
Projeto
Manut.
Melhorias
MANTENABILIDADE
Probabilidade de
recolocação
+M
+D
DISPONIBILIDADE
Probabilidade de uso
efetivo
Fonte: Dias (1996)
Portanto, o aumento na confiabilidade do sistema (+C) – por meio de ações
no projeto –, bem como o aumento da mantenabilidade (+M) – por meio das ações na
manutenção – resultam no aumento da disponibilidade (+D) do sistema.
A Figura A.7 apresenta um sistema técnico em que estão representados os
estados do sistema técnico em funcionamento e fora de operação. A figura será
utilizada para demonstrar o conceito de disponibilidade.
Assim, a partir do comportamento X(t) do sistema técnico, pode-se definir a
disponibilidade instantânea D(t) como a probabilidade do sistema estar em funcionamento no instante t, Equação A.13.
D(t) = P[X(t) = 1]
(A.13)
A disponibilidade instantânea D(t) é um valor difícil de se obter e é pouco
utilizada na prática. Segundo Cassady e Pohl (2003), ao invés de se trabalhar com a
disponibilidade instantânea, costuma-se fazer uso da variável denominada disponibilidade estacionária D – recebe esta denominação porque seu valor é constante quando t
tende a infinito –, apresentada na Equação A.14.
D = lim D(t) =
t→∞
µ
λ+µ
(A.14)
220
Figura A.7 – Comportamento da variável X(t) ao longo do tempo
X(t)
1
0
0
Início de uma ação
de manutenção
t
Finalização de uma
ação de manutenção
X(t) =
{
1 se o sistema estiver funcionando no tempo t
0 se o sistema estiver fora de operação no tempo t
Fonte: Cassady e Pohl (2003)
Em muitas aplicações, as taxas de falha e de reparo, são consideradas constantes
ao longo do seu período de uso. Nesses casos, o MTBF (tempo médio entre falhas)
é o inverso da taxa de falhas λ e o MTTR (tempo médio de reparo) é o inverso da
taxa de reparo µ (CARVALHO, 2008). Assim, por meio da Equação A.15, calcula-se a
disponibilidade estacionária, D.
D=
MT BF
µ
=
λ + µ MT BF + MT T R
(A.15)
O valor do MTBF está relacionado com a confiabilidade, já que quanto maior
for o tempo médio entre as falhas, maior será o período de tempo que o sistema cumpre
a sua função e, consequentemente, maior será sua confiabilidade. Enquanto que o
MTTR está relacionado com a mantenabilidade, visto que quanto menor for o tempo
de reparo, maior será a mantenabilidade do sistema.
Desta forma, ao analisar a Equação A.15, percebe-se que mesmo que o sistema
tenha uma confiabilidade baixa, ou seja, tempo médio entre falhas baixo este ainda pode
ter uma disponibilidade (D) elevada – basta que tenha um valor de MTTR pequeno
comparado ao MTBF.
Assim, para os sistemas que possuem valores de confiabilidade baixos, é fundamental que se tenha elevada mantenabilidade para garantir que se tenha disponibilidade.
No artigo escrito por Vargas (2000) o autor descreve aspectos básicos de confiabilidade
e disponibilidade em hardwares, onde garantir a disponibilidade de sistemas é muito
221
importante não só do ponto de vista do custo monetário, mas também para reputação
da empresa.
Maiores detalhes sobre a função disponibilidade podem ser encontrados em
Carvalho (2008), Billinton e Allan (1992) e Cassady e Pohl (2003).
A.5 RISCO
A análise de confiabilidade tem uma relação muito próxima com a gestão de
risco. Antes de tratar da gestão do risco, o termo “risco” foi analisado por Calil (2009),
onde após analisar várias trabalhos, apresentou a seguinte definição:
Risco é a chance de ocorrência de um estado futuro
“x”, dada a ocorrência de um estado inicial – que pode
ser expressa pela probabilidade condicional
P(Estado f uturo “x”|Estado inicial)–, sendo necessário para sua completa caracterização o delineamento
dos dois estados, além dos cenários que possibilitem
esta transição (que compõem o perfil do risco).
Em outras palavras, analisa-se a chance de ocorrer um estado futuro, geralmente
um evento indesejado, um incidente. Para isso, parte-se da hipótese de ocorrência de
um evento inicial e considera-se os possíveis cenários que poderiam conduzir àquele
estado futuro.
A Figura A.8 é um modelo, adaptado de Mosleh et al. (2004) e Reason (1997),
que pode ser utilizado para representar o desencadeamento de um incidente. O processo
tem início com um evento inicial, representado por um círculo contendo a expressão
“causa ou condição” que, ao atravessar as barreiras, conduz a uma “condição perigosa”.
Esta, quando associada a um “evento gatilho”, pode levar à um incidente, se as barreiras
de proteção falharem.
A relação entre a análise de confiabilidade e de risco é que o foco principal da
primeira análise, geralmente, está sobre a função equipamento. Assim, tomando como
referência a Figura A.8, a análise de confiabilidade estaria associada com os eventos
que poderiam conduzir ao incidente, ou seja, “causa ou condição”, “condição perigosa”
e as “barreiras”. O “evento gatilho” é um evento que se busca antecipar nas análises de
confiabilidade, mas muitas vezes ocorrem de forma imprevista.
A análise de risco corresponde à Figura A.8 por completo. Desta forma, este
tipo de análise tem um foco mais abrangente e busca avaliar as consequências que uma
falha no sistema poderia gerar para os operadores do sistema, para a população, para o
meio ambiente, etc. Assim, uma análise de confiabilidade é extremamente importante
para a análise de risco, principalmente, como uma etapa inicial de entrada de dados.
222
Figura A.8 – Desencadeamento de um incidente
Causa ou
condição
Condição
per igosa
Barreiras
+
Evento
gatilho
Consequências
Incidente
Barreiras
Barreiras
+
Alguns "furos" são falhas ativas,
outros são condições latentes.
Profundidade
da defesa
Incidente
Fonte: Dias et al. (2011)
A.6 PROCESSO ESTOCÁSTICO
Segundo Moura (2006) processo estocástico é uma família de variáveis aleatórias indexadas no tempo que descreve o comportamento dinâmico de algum processo –
sendo este físico, químico, biológico, etc.
Papoulis (1991) descreve o processo estocástico matematicamente como X(t, ζ),
onde X(ti , ζ) é uma variável aleatória para um dado instante determinado i e X(t, ζ j ) é
a função temporal, ou função amostra, correspondente ao resultado de um experimento
ζ j . Portanto, quando as variáveis (t ou ζ) são escritas acompanhadas dos índices (i ou
j), significa que são casos particulares das variáveis, ou seja, ti é um instante de tempo
determinado i para várias amostragens ou observações. Em contrapartida, ζ j é uma
amostragem específica j, acompanhada ao longo do tempo.
A Figura A.9 é uma representação gráfica de n resultados, ζ, com comportamento estocástico entre 0 ≤ t < T . Por exemplo, ζ1 poderia ser o monitoramento, em
uma dada região, da quantidade de chuva ao longo do ano 1990, ζ2 do ano 1991 e
assim por diante. Cada acompanhamento anual da quantidade de chuva corresponde à
uma função amostra, ζ j . Ao se fazer a leitura da quantidade de chuva para uma data
específica t1 de vários anos, obtém-se valores de variável aleatória X(t1 , ζ). Com esses
valores, pode-se realizar análises estatísticas para o obter o valor médio da quantidade
de chuva e assim, tomar ações preventivas para os períodos críticos onde ocorrem
chuvas em excesso ou períodos de seca.
Desta forma, os processos estocásticos são importantes não pelos valores
da variável aleatória, mas pelos tipos de distribuição de probabilidade (normal, lognormal, exponencial, Weibull, etc) obtidos, valores característicos da variável de
223
Figura A.9 – Funções amostra ou realizações do processo
ζ1
ζ2
ζn
0
t1
T
t
0
t1
T
t
0
t1
T
t
Fonte: Zürn (2009)
aleatória – médias, máximos, mínimos, dispersão, etc. Com essas informações, pode-se
realizar simulações cujos resultados serão utilizados nas etapas de projeto, operação,
manutenção e uso dos sistemas técnicos.
A.7 ESTADO DE UM COMPONENTE
O estado do componente traz duas informações importantes: uma com relação
à condição funcional (sem falha, com falha evidente ou com falha oculta) e outra com
relação à condição operacional (ligado ou desligado).
Assim, os estados dos componentes são definidos com base nas possíveis
combinações das condições funcionais e operacionais, conforme apresentado no Quadro A.3.
Na Figura A.10 estão representados todos os estados dos componentes, bem
como as transições. Cada estado do componente está representado por um círculo; os
arcos representam as transições de um estado para outro; e os retângulos com linhas
tracejadas representam as condições funcionais.
Em condições normais de operação – ou seja, sem falha –, um componente
pode mudar de “ligado” para “desligado” (transição a) e de “desligado” para “ligado”
224
Quadro A.3 – Condição funcional e operacional dos componentes
Condição
Funcional
Operacional
Sem falha
Ligado
Desligado
Com falha evidente Ligado
Desligado
Com falha oculta
Ligado
Desligado
Estados dos componentes
Sem falha ligado
Sem falha desligado
Com falha evidente ligado
Com falha evidente desligado
Com falha oculta ligado
Com falha oculta desligado
(transição a1 ).
A falha evidente é caracterizada pela mudança da condição do componente.
Na transição b, o componente está operando ligado e com a falha passa para a condição
operacional desligado. O restabelecimento da condição funcional e operacional, para
este caso está representado pela transição b1 . O outro caso de falha evidente, representada pela transição c, é menos comum. Ocorre quando o componente está desligado, e
a falha o leva para a condição operacional ligado. A manutenção do componente, que é
o retorno para a condição sem falha e desligado está representada pela transição c1 .
A ocorrência de falhas ocultas estão representadas pelas transições d e e. Pela
Figura A.10 é possível visualizar que este tipo de falha somente ocorre quando o
componente está ligado e o componente fica “travado ligado” e também na condição
contrária a esta, quando o componente está desligado e fica “travado desligado”. Ou
seja, neste caso a condição operacional se mantém e o ocorre mudança da condição
funcional do componente (sem falha → falha oculta).
Figura A.10 – Possíveis estados de um componente
a
a1
Ligado
sem falha
Desligado
sem falha
c
b
d3
d
d2
Ligado
com falha
evidente
Ligado
com falha
oculta
d1
c1
e3
b1
e2
e
Desligado
com falha
evidente
Desligado
com falha
oculta
e1
Destaca-se que na metodologia que será apresentada, uma falha oculta não pode
225
mudar de estado diretamente para uma condição sem falha – caminhos representados
pelas transições d3 e e3 – antes é preciso passar para a condição de falha evidente
– caminho d1 e e1 . Seria possível corrigir falhas ocultas com inspeções periódicas,
enquanto o sistema está aparentemente em condições normais, sem falha. Assim, nessa
ação as falhas ocultas passam a ser evidentes e então pode-se, desta forma, alterar o
estado do componente para as condições sem falha representados pelas transições d2 e
e2 . Vale destacar que mesmo assim, foi preciso passar para o estado de falha evidente,
ou seja, as falhas foram detectadas na inspeção.
A análise dos estados dos componentes, bem como suas transições, é fundamental para o presente trabalho, dado que esta dinâmica3 se mostra determinante para
a análise de confiabilidade estática e dinâmica. Quando ocorre a mudança de estado
(componente sem falha → componente com falha), não implica a perda da função do
sistema, mas simplesmente, demandas por ação de manutenção para recuperar o estado
inicial do sistema a uma condição “tão bom quanto novo”.
A.8 VARIÁVEIS DE ESTADO DE UM SISTEMA
É o conjunto de variáveis que determina completamente o sistema em um dado
instante de tempo t (LAW et al., 2005). Em um sistema dinâmico haverá pelo menos
duas variáveis de estado. Uma para caracterizar o estado do sistema – por exemplo
indicar que o sistema está em falha – e outra para indicar o tempo.
A.9 ESTADO DE UM SISTEMA
Os estados dos sistemas abordados neste trabalho são discretos. A Figura A.11
apresenta os possíveis estados do sistema: condição de operação normal, condição de
emergência ou em falha.
Figura A.11 – Possíveis estados do sistema
a
Normal
c
Emergência
Falha
b
Os estados do sistema dependem das variáveis de estado y (variável de controle)
e t (tempo). Assim, conhecendo o valor destas variáveis é possível identificar qual o
estado do sistema.
Dado que o sistema tenha entrado em uma condição de emergência – transição
3 Transições
de um estado para outro.
226
a –, deve-se tomar ações para trazer o sistema para a condição normal – transição b e
impedir a falha do sistema, indicada pela transição c.
A.10 EVENTO
Esta definição é utilizada nos sistemas a eventos discretos (SED), onde a
ocorrência do evento é uma ação instantânea e confere, para o sistema, o caráter
discreto no tempo (CURY, 2001). Podem ser considerados como eventos: a falha
ou reparo de um componente, acionamento de um sensor, disparo de um alarme,
intervenção humana.
A.11 PROCESSO MARKOVIANO
Segundo Papoulis (1991), processo Markoviano é um processo estocástico
cujos valores do passado não tem influência no futuro se os valores presente estiverem
definidos, sendo representado pela Equação A.16. A expressão está escrita para
t1 < t2 < ... < tn−2 < tn−1 < tn .
P {x(tn ) ≤ xn |x(tn−1 ), ..., x(t1 )} = P {x(tn ) ≤ xn |x(tn−1 )}
(A.16)
Ou seja, a probabilidade condicional para o instante de tempo tn é determinada
em função do valor x no tempo tn−1 , independente do valor assumido nos tempos
anteriores t1 , t2 ... tn−2 .
O conceito de processo Markoviano se torna importante na metodologia para
racionalizar o processamento das informações. Assim, não são armazenados os estados
antigos do sistema, pois para saber o estado futuro basta saber o estado atual. Desta
forma, não há necessidade de armazenar todos os estados que foram assumidos para
o sistema, resultando em uma quantidade menor de variáveis para ser gerenciada na
simulação numérica.
A.12 PROCESSO SEMI MARKOVIANO
Da mesma forma que o processo Markoviano, o semi Markoviano não necessita
das informações dos estados do sistema no tempo passado para calcular a probabilidade
de um estado futuro – interessa somente as informações do estado atual.
Quanto às transições, no processo semi Markoviano ocorrem da mesma maneira que nos processos Markovianos. A diferença é que no processo Markoviano
o tempo de permanência nos estados obedecem uma distribuição exponencial. Ou
seja, segundo Moura (2006), no processo semi Markoviano esse tempo pode ter uma
distribuição arbitrária, isto é, pode não ser uma exponencial – o que torna o processo
semi Markoviano menos restritivo – podendo ser aplicado em uma gama maior de
227
problemas.
A.13 DIAGRAMAS DE TRANSIÇÃO DE ESTADOS
Os diagramas de transição de estados serão utilizados para representar os possíveis estados dos componentes. Algumas mudanças de estados serão determinísticas,
como ligar e desligar componentes. No entanto, as mudanças de estado relacionadas
com a condição do componente (operação ↔ falha) serão estocásticas. Para esses
casos, será considerado que o comportamento é Markoviano – a mudança do estado
em operação para falha estará associado à uma taxa de falha, λ, e a manutenção do
componente estará associada a uma taxa de reparo, µ.
A Figura A.12 apresenta um exemplo de cadeia de Markov com dois estados
(operação e falha). A probabilidade de um componente em operação passar para
o estado em falha está relacionado com a taxa de falhas λ. De maneira análoga, a
probabilidade de um componente em falha passar para o estado de operação está
relacionado com a taxa de reparos µ.
Figura A.12 – Mudanças de estados de um componente
λ
1-μ
1-λ
Operação
Falha
μ
λ: taxa de falha
μ: taxa de reparo
Cada combinação de estados dos componentes representará uma configuração
do sistema, que terá um dado comportamento dinâmico. Portanto, o comportamento
dinâmico do sistema está fortemente relacionado com os parâmetros λ e µ dos componentes.
Assim, para a modelagem do sistema técnico deve-se ter uma representação
do diagrama de transição de estados dos componentes, as taxas de transição – para
os eventos estocásticos – e as regras para mudança de estados para os eventos com
comportamento determinístico.
A.14 CONSIDERAÇÕES DO CAPÍTULO
O presente capítulo apresentou alguns conceitos básicos relacionados com
confiabilidade estática. As equações apresentadas para cálculo de confiabilidade de
sistemas em série e paralelo, com o uso de diagramas de bloco é bastante simples, sendo
228
um dos motivos que seja uma forma amplamente utilizada. Existem outros aspectos
que não foram abordados como análise funcional, redução de sistemas, redundância
passiva, etc, mas podem ser encontrados de forma detalhada nos trabalhos de Billinton
e Allan (1992), Dias (1996) e Moubray (1997).
A definição de sistema é bastante subjetiva, mas a classificação apresentada
por Cassandras e Lafortune (2008) permite delimitar o amplo conjunto de definições
que podem ser encontrados, facilitando as discussões sobre o assunto. Um conjunto de
elementos pode ser tratado como um sistema, subsistema ou componente. A aplicação
dos conceitos irá depender da equipe que realiza o estudo, do problema que está sendo
tratado, da complexidade dos elementos, entre outras variáveis.
O objetivo principal na seção de sistemas foi de esclarecer o termo “sistemas
dinâmicos”, visto que na definição de confiabilidade dinâmica o termo é citado. Outros
conceitos relacionados com análise de confiabilidade dinâmica, como processos estocásticos, estado de um sistema e componente, evento, processos Markovianos e semi
Markovianos foram tratados.
O estado do sistema não pode ser definido somente pelos estados dos componentes, pois além disso é necessário saber o valor da variável de controle e o tempo. O
Capítulo 2 irá tratar especificamente da análise de confiabilidade dinâmica. Na seção
será possível compreender melhor sobre os estados de um sistema.
APÊNDICE B -- Valores obtidos na simulação do problema clássico
231
Os gráficos das Figuras 5.15 e 5.16 representam a função distribuição acumulada de falhas, F(t), para o problema do reservatório de líquido. A geração dos gráficos
foi a partir dos valores contidos nas Tabelas B.1 e B.2. Esses valores foram obtidos por
meio da aplicação da metodologia para análise de confiabilidade dinâmica proposta
neste trabalho. A simulação realizada considera que os componentes do sistema não
reparáveis.
Tabela B.1 – Dados para transbordamento (Metodologia ACoDi)
Tempo
t(horas)
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
Probabilidade de
falha (máx)
0,000000000
0,123925239
0,261320386
0,355972677
0,414377133
0,449766336
0,470523893
0,482859897
0,490350448
0,494765522
0,497368700
Probabilidade de
falha (mín)
0,000000000
0,122304761
0,259103614
0,353689323
0,411956867
0,447179664
0,468086107
0,480438103
0,487947552
0,492340478
0,494967300
Tabela B.2 – Dados para esvaziamento (Metodologia ACoDi)
Tempo
(horas)
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
Probabilidade de
falha (máx)
0,000000000
0,010632667
0,037664070
0,065436334
0,086567370
0,101231918
0,110621894
0,116518776
0,120112003
0,122327930
0,123520799
Probabilidade de
falha (mín)
0,000000000
0,010115333
0,036679930
0,064161666
0,085124630
0,099616082
0,108952106
0,114803224
0,118397997
0,120592070
0,121781201
232
Os dados dos gráficos de probabilidade de falha acumulada, gerados na aplicação das redes de petri estocásticas (GSPN) e redes de petri fluidas estocásticas (FSPN),
Figuras 5.19 e 5.20, foram obtidos das Tabelas B.3 e B.4.
Tabela B.3 – Dados para transbordamento (Redes de Petri)
Tempo
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
GSPN
0,000000
0,074208
0,195182
0,292146
0,359876
0,405374
0,435689
0,455953
0,469595
0,478857
0,485200
FSPN (máx)
0,000000
0,079228
0,209277
0,306257
0,373996
0,422347
0,454625
0,475018
0,489827
0,498549
0,504734
FSPN(mín)
0,000000
0,068572
0,191723
0,284943
0,350404
0,397253
0,428575
0,448382
0,462773
0,471251
0,477266
Tabela B.4 – Dados para esvaziamento (Redes de Petri)
Tempo
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
GSPN
0,000000
0,004463
0,022077
0,044846
0,065827
0,082568
0,095014
0,103939
0,110227
0,114622
0,117689
FSPN (máx)
0,000000
0,005355
0,027037
0,049890
0,072385
0,087613
0,099597
0,108157
0,114853
0,119074
0,123190
FSPN(mín)
0,000000
0,002845
0,020963
0,041510
0,062215
0,076387
0,087603
0,095643
0,101947
0,105926
0,109810
APÊNDICE C -- Simulação do problema clássico com componentes reparáveis
em série
235
Nessa seção estão apresentadas duas simulações. A primeira considera que os
componentes em falha deverão ser reparados na seguinte ordem: bomba P1, bomba
P2 e por último a válvula V. Na segunda simulação, a ordem de reparo estipulada foi:
válvula V, bomba P1 e por último a bomba P2.
Cada histograma foi obtido com 10 mil ensaios. A dispersão dos resultados foi
obtida um conjunto de 100 histogramas.
O objetivo aqui é verificar se a confiabilidade do sistema é influenciada pela
ordem de manutenção dos componentes. Destaca-se que não foram realizadas manutenções dos componentes com falha oculta.
C.1 ORDEM: BOMBA P1, BOMBA P2, VÁLVULA V
A Figura C.1 apresenta os valores máximos e mínimos da probabilidade de
falha acumulada, considerando o intervalo de confiança de 99 %, para o caso de
transbordamento do reservatório.
Figura C.1 – Probabilidade de falha por transbordamento – P1P2V
Probabilidade de falha acumulada
Transbordamento
0.35
0.3
0.25
0.2
0.15
0.1
0.05
0
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
Tempo t
A Figura C.2 apresenta os valores máximos e mínimos da probabilidade de
falha acumulada, considerando o intervalo de confiança de 99 % considerando a falha
por esvaziamento do reservatório.
Assim, os intervalos de confiança para as falhas, no tempo t = 1000h, resultam
em:
Transbordamento:
Esvaziamento:
IC 99% (µ) ≈ (0, 2653; 0, 2677)
IC 99% (µ) ≈ (0, 1001; 0, 1017)
Em relação à simulação sem manutenção, a probabilidade de falha por transbordamento reduziu quase a metade. Ou seja, reduziu do valor em torno de 49 % para
26 %. Por outro lado, a probabilidade de falha por esvaziamento não teve mudanças
tão significativas. Reduziu de valores em torno de 12 % para aproximadamente 10 %.
236
Figura C.2 – Probabilidade de falha por esvaziamento – P1P2V
Esvaziamento
Probabilidade de falha acumulada
0.12
0.1
0.08
0.06
0.04
0.02
0
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
Tempo t
C.2 ORDEM: VÁLVULA V, BOMBA P1, BOMBA P2
Nesta seção estão apresentados os resultados para simulação considerando que
a ordem com que os componentes foram reparados foi inicialmente a válvula V, depois
a bomba P1 e por último a bomba P2.
A Figura C.3 apresenta os valores máximos e mínimos, para um intervalo de
confiança de 99 %, da probabilidade de falha acumulada para transbordamento.
Figura C.3 – Probabilidade de falha por transbordamento – VP1P2
Probabilidade de falha acumulada
Transbordamento
0.35
0.3
0.25
0.2
0.15
0.1
0.05
0
0
100
200
300
400
500
Tempo t
600
700
800
900
1000
237
A Figura C.4 apresenta os valores máximos e mínimos, para um intervalo de
confiança de 99 %, da probabilidade de falha acumulada para esvaziamento.
Figura C.4 – Probabilidade de falha por esvaziamento – VP1P2
Esvaziamento
Probabilidade de falha acumulada
0.12
0.1
0.08
0.06
0.04
0.02
0
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
Tempo t
Assim, os intervalos de confiança para as falhas, no tempo t = 1000h, resultam
em:
Transbordamento:
Esvaziamento:
IC 99% (µ) ≈ (0, 2628; 0, 2651)
IC 99% (µ) ≈ (0, 1009; 0, 1024)
Em relação à simulação anterior, em que a manutenção inicialmente é realizada
na bomba P1, os valores são muito próximos, tanto para a falha por transbordamento
quanto para o esvaziamento.
Assim, para o gestor da manutenção pode-se definir tanto uma como outra
sequência de manutenção. Pois a probabilidade de falha do sistema, praticamente não
sofre diferença para as sequências de manutenção apresentadas.
238
APÊNDICE D -- Análise do reservatório: confiabilidade clássica
241
Para esclarecer as diferenças da metodologia estática e dinâmica, considere o
exemplo a seguir.
A Figura D.1 apresenta um reservatório no qual existe um líquido e este deve
se manter no nível 0. Para isso, existem duas bombas para fazer o enchimento do
reservatório e uma válvula para o esvaziamento. No entanto, em condições normais
de operação, somente a bomba P1 e a válvula V ficam ligadas, de forma que a vazão
que entra no reservatório é a mesma que sai, consequentemente, o nível se mantém em
zero.
Figura D.1 – Problema exemplo
Controlador
P1
P2
+3
HLP
+2
+1
HLB
0
-1
HLA
-2
-3
HLV
V
Dados:
Tempo de missão (t): 1000 h
Taxa de falha de P1: 0,004566 falhas/h
Taxa de falha de P2: 0,005714 falhas/h
Taxa de falha de V: 0,003125 falhas/h
D.1 DIAGRAMA DE BLOCOS PARA CONFIABILIDADE
Na análise tradicional não é considerada a presença de um controlador. Fazendo
uso de diagrama de blocos para confiabilidade, o sistema pode ser representado de
acordo com a Figura D.2.
Figura D.2 – Diagrama de blocos para confiabilidade
P1
V
P2
242
Por meio da equação R(t) = e−λ.t , para um tempo t = 1000h, calcula-se a
confiabilidade de cada componente.
RP1 (1000) ∼
= 0, 0104 (1, 04 %)
RP2 (1000) ∼
= 0, 0033 (0, 33 %)
RV (1000) ∼
= 0, 0439 (4, 39 %)
Nas seções seguintes são apresentadas duas análises do sistema. Inicialmente,
trata-se a análise do sistema sem considerar as diferenças entre falha evidente e oculta.
Posteriormente, utiliza-se para o cálculo da confiabilidade do sistema somente a probabilidade de falha evidente.
D.2 ANÁLISE DO SISTEMA SEM CONSIDERAR AS FALHAS OCULTAS
Na análise de confiabilidade estática dos sistemas técnicos, geralmente, não são
consideradas as falhas ocultas dos componentes. Ou seja, no valor da taxa de falha do
componente estão incorporados as falhas que são evidentes, que causam mudança de
estado do componente, e as ocultas, que travam o componente no estado que coincide
com a demanda do sistema.
O que se deseja com essa análise é destacar que, na maior parte dos casos,
considera-se que o sistema está em falha independentemente se a falha de seu componente é evidente ou oculta. No entanto, o que ocorre na prática é que se o componente
está com falha oculta, isto não é percebido pelo sistema, ou seja, o sistema não está em
falha, visto que continua a executar sua função.
A confiabilidade do sistema, Rsistema , foi calculada por meio das associações
de série e paralelo, sendo obtido o seguinte valor:
Rsistema (1000) ∼
= 0, 0006 (0, 06 %)
De forma complementar, a probabilidade falha do sistema, Qsistema , é igual a:
Qsistema (1000) ∼
= 0, 9994 (99, 94 %)
O valor da probabilidade de falha obtida para 1000 h indica que o sistema tem
pouca chance de cumprir sua função para este tempo de missão.
Nessa análise não é possível identificar se o sistema irá falhar por transbordamento ou esvaziamento. Além disso, nos cálculos estão incluídos os casos em que
ocorreram falhas ocultas nos componente, mas o sistema não entrou em falha.
Por exemplo, considere uma falha oculta na válvula V. O sistema continua
a operar, pois ela ainda continua a dar vazão de fluido, cumprindo sua função. No
entanto, nesta análise é considerada falha do sistema, visto que o componente V não
tem redundância. Assim, a ocorrência de falha neste componente leva à falha do
sistema, embora o nível de fluido permaneça em zero.
243
D.3 ANÁLISE DO SISTEMA COM DISTINÇÃO DAS FALHAS EVIDENTES E OCULTAS
A análise a seguir considera que a probabilidade de falha oculta e evidentes são
iguais. No entanto, as falhas ocultas dos componentes não causam a falha do sistema,
já que este continua a operar com se estivesse sem falhas.
Desta forma, a confiabilidade é obtida com sendo uma composição da probabilidade de não-falha do componente junto com a probabilidade de falha oculta. Ou seja,
a falha do sistema será considerada somente com as falhas evidentes, pois estas mudam
alteram os estados dos componentes para uma condição indesejada para o sistema.
As probabilidade de falha (evidente) e confiabilidade de cada componente estão
apresentadas na Tabela D.1
Tabela D.1 – Probabilidades de falha e confiabilidade de cada componente
Componente
P1
P2
V
Probabilidade de
falha evidente
0,494800263
0,498350276
0,478031533
Confiabilidade
0,505199737
0,501649724
0,521968467
O resultado para a confiabilidade do sistema, Rsistema , nesta segunda análise de
confiabilidade estática foi:
Rsistema (1000) ∼
= 0, 3932 (39, 32 %)
De forma complementar, a probabilidade falha do sistema, Qsistema , é igual a:
Qsistema (1000) ∼
= 0, 6067 (60, 67 %)
Na análise de confiabilidade estática não é possível saber probabilidade de
falha por transbordamento e esvaziamento. Para isso seria preciso conhecer a ordem
cronológica com que os eventos ocorrem e o estado do componente estipulado pelo
sistema. Desta forma, só é possível verificar, por meio do diagrama de blocos, se o
sistema vai falhar ou não. A análise é construída sobre as funções dos componentes.
Então, dado que o componente está em falha e ele não tem redundância, considera-se a
falha do sistema.
Considere o Quadro D.1. Nele estão representados as possíveis configurações
que podem ocorrer no sistema. Um componente em bom estado está representado por
“0” e com falha evidente por “1”. As possíveis configurações são obtidas por meio da
análise por árvore de eventos, onde para cada nó da árvore existem duas possibilidades:
sucesso ou falha do componente.
Portanto, neste exemplo o sistema consegue operar para as configurações “1”,
“3” e “5”. Na configuração “1” todos os componentes estão bons. Na configuração “3”
244
Quadro D.1 – Possíveis configurações no sistema reservatório baseado em
árvore de eventos
Configuração P1 P2 V Condição do sistema
1
0
0
0 Operação
2
0
0
1 Falha
3
0
1
0 Operação
4
0
1
1 Falha
5
1
0
0 Operação
6
1
0
1 Falha
7
1
1
0 Falha
8
1
1
1 Falha
e “5” apenas uma das bombas P1 ou P2 estão em falha, sendo garantida o fornecimento
de vazão por pelo menos por uma das bombas.
D.4 PRINCIPAIS DIFERENÇAS
Na validação da metodologia, Capítulo 5, foram feitos simulações que identificaram duas falhas no sistema: falha por transbordamento e falha por esvaziamento no
reservatório.
A probabilidade de falha para esvaziamento, no tempo de 1000 h, é em torno
de 12% e transbordamento de 50%.
A probabilidade de falha por transbordamento é bem maior do que a secagem,
como era de se esperar. A existência de duas bombas para alimentar o reservatório e
apenas uma válvula para a drenagem conduz o sistema para esta tendência.
No início da análise é possível perceber que a quantidade das informações que
devem ser fornecidas para a análise de confiabilidade dinâmica é bem maior do que
na estática. Isto porque para poder avaliar o sistema dinamicamente, faz-se necessário
esse conjunto de dados.
Com a soma da probabilidade de falha por transbordamento com a de secagem
tem-se um valor em torno de 62%. Esse valor, comparado com a primeira análise de
confiabilidade estática é significativamente inferior que os 99,94%. No entanto, se
comparado com a segunda análise, onde se considera apenas as falhas evidentes os
valor fica bastante próximo, pois o valor obtido na segunda análise foi de 60,67%.
A probabilidade de falha na análise de confiabilidade dinâmica (62%) foi um
pouco maior que os 60,67% obtidos com a análise estática para as falhas evidentes.
Essa diferença pode ser ocasionada pelas falhas ocultas, que na análise dinâmica estão
sendo consideradas. Observou-se ao longo das simulações que, muita das falhas do
sistema são consequências de falhas ocultas associadas à falha de outros componentes.
Nesses casos as falhas ocultas passam a ser evidentes pois o sistema demanda mudanças
de estados nos componentes a fim de impedir o transbordamento ou esvaziamento do
reservatório.
245
A presença do controlador, responsável em mudar a configuração do sistema
quando o valor da variável de controle está fora da faixa normal de operação, torna o
sistema um pouco mais tolerante às falhas. Por exemplo, em uma análise de confiabilidade estática, considera-se a falha do sistema quando ocorre a falha na válvula V. No
sistema dinâmico é preciso que outros componentes falhem, além da válvula, para que
ocorra a falha do sistema.
Desta forma, o controlador atua não somente na bomba sobressalente, que
entra em funcionamento quando o nível do reservatório está baixando, mas também
na válvula V que é fechada para evitar o esvaziamento. Portanto, mesmo que as duas
bombas P1 e P2 parem de fornecer vazão, ainda é preciso que a válvula V tenha uma
falha aberta para que haja esvaziamento. Na análise estática, quando ocorre a falha na
bomba principal, é considerada apenas a ação de substituir a bomba em falha.
Grande parte dos sistemas dinâmicos funcionam como no exemplo apresentado.
Tais sistemas devem ser modelados com uso da metodologia de confiabilidade dinâmica.
Outra característica que pode ser observada com o exemplo é que os valores de
confiabilidade podem se tornar mais próximos da realidade. Ou seja, muitos cálculos
propostos pelas normas são pessimistas, resultam em uma confiabilidade bem mais
baixa do que ocorre nos sistemas reais.
Por fim, a modelagem permite acompanhar a variável de controle nas simulações. Com isso é possível obter vários cenários de falha do sistema que irão ajudar a
equipe a desenvolver controles para evitar a ocorrência de uma falha do sistema.
246
APÊNDICE E -- Técnicas e ferramentas adicionais
249
O presente capítulo apresenta, de forma resumida, as principais técnicas e
ferramentas utilizadas para análise de confiabilidade dinâmica. O objetivo desta seção
é dar uma visão geral das possíveis técnicas que podem ser utilizadas atualmente.
E.1 ANÁLISE POR ÁRVORE DE EVENTOS DINÂMICA
As árvores de eventos dinâmicas, Dynamic event tree analysis (DETA), são
geradas por softwares que levam em consideração o comportamento dinâmico das
variáveis de controle da planta. Essa capacidade é devido a implementação de modelos
matemáticos que simulam o comportamento dinâmico do sistema (MERCURIO et al.,
2008).
A Figura E.1 é um exemplo de árvore eventos dinâmica onde é possível observar
o cálculo da probabilidade de um cenário, que é realizado por meio do produto entre
todos os nós participantes da ramificação.
Figura E.1 – Árvore de eventos discreta dinâmica
0
ti = i.Δt
Δt
P2
P3
Pontos de Ramificação (PR)
PR de estado do sistema
PR de variáveis físicas
PR de ações humanas
PR de software
PR de estado final
Pi = Probabilidade da ramificação
P4
P5
Prob.(Estado final) = P1P2P3P4P5
Modelo de estado
da tripulação
Modelo de estado
Modelo de estado
do sistema
dos softwares do sistema
Modelo de variáveis físicas
Temperatura
P1
Tempo
ti,1
Fonte: Hu (2005)
Para gerar as árvores de eventos dinâmicas é preciso identificar os pontos
de ramificação ao longo do tempo, onde ocorrem os eventos estocásticos e também
quando são gerados algumas ações do sistema, do componente ou de um operador.
Posteriormente, armazena-se os estados do sistema para cada ponto ramificação, que
recebem a denominação de “nós”.
250
Assim, são geradas várias ramificações, sendo que cada uma representa um
possível cenário de falha. No trabalho desenvolvido por Bucci et al. (2008) é possível verificar um exemplo de aplicação. Nele, é possível observar que a árvore de
eventos dinâmica tem a vantagem de apresentar a probabilidade de ocorrência de cada
ramificação, além de fornecer a probabilidade de falha do sistema.
A árvore de eventos permite visualizar os cenários que poderiam ocorrer em
função dos vários eventos (ação humana, software etc). No entanto, segundo Siu (1994),
todas as possíveis combinações dos estados do sistema devem ser consideradas. Consequentemente, o número de sequências de eventos pode crescer e dificultar o tratamento
das informações, o que obriga o uso de estratégias para limitar este problema.
Um dos softwares mais conhecidos para árvore de eventos dinâmica é conhecido como Dynamic event tree analysis method (DETAM), desenvolvido a partir de
uma generalização de um software utilizado para análise e avaliação probabilística do
risco PRA, denominado DYLAM (ACOSTA; SIU, 1993).
E.2 ANÁLISE POR ÁRVORE DE FALHAS DINÂMICA
A Análise por árvore de falhas dinâmica, Dynamic fault tree analysis (DFTA),
é uma extensão da análise por árvore de falhas (FTA). Desta forma, possui algumas
portas lógicas e elementos adicionais que permitem modelar o comportamento e a
interação de componentes em sistemas complexos (BOUDALI et al., 2007).
Além das portas lógicas utilizadas nas árvores de falhas estáticas (E, OU, K/M)
e eventos básicos, as árvores de falhas dinâmicas utilizam as portas apresentadas no
Quadro E.1.
Para solucionar os problemas relacionados com os sistemas dinâmicos é necessário fazer uso de uma representação que acompanhe a história do sistema, na forma de
um “estado”. Por esta razão as DFTA utilizam as cadeias de Markov, que contém toda
informação a respeito das falhas dos componentes, a sequência de falhas e informação
sobre alocações de componentes sobressalentes (MANIAN et al., 1998, p.2, tradução
nossa).
Os modelos de Markov são transformados em equações diferenciais e resolvidos numericamente. Mas também é possível utilizar, como alternativa aos modelos de
Markov: redes de Petri, inferências bayesianas e simulações de Monte Carlo (DISTEFANO; PULIAFITO, 2007).
E.3 REDES DE PETRI ESTOCÁSTICAS
É uma rede na qual para cada transição tem-se associada uma variável aleatória com distribuição exponencial, que expressa a frequência de disparo da transição
(CARDOSO; VALETTE, 1997). A Figura E.2 é um pequeno exemplo onde a variável T1
representa uma condição de transição para a ficha avançar da posição P1 para P2.
As representações gráficas permitem a modelagem comportamental de sistemas
discretos, possuindo três elementos básicos de representação: lugar, transição e ficha.
251
Quadro E.1 – Portas lógicas dinâmicas
Símbolo
Porta lógica
Dependência
funcional
FDEP
FDEP
1
2
E prioridade
PAND
1
2
Reserva
Spare
1
Relação causal
Propaga o evento da entrada do
gatilho (1) para os eventos básicos
dependentes (2).
A falha na saída ocorre se as falhas
na entrada ocorrerem em uma dada
ordem. Ex. ocorre a falha (1) e
depois a falha (2).
Quando a entrada primária falha (1),
as entradas reservas disponíveis (2)
são usadas em ordem até não sobrar
nenhuma.
2
Fonte: Boudali et al. (2007)
Figura E.2 – (a) Uma simples rede de Petri (b) Depois do disparo de T1
Lugar (P1)
Ficha
Transição (T1)
Lugar (P2)
(a)
(b)
Fonte: Labeau et al. (2000, p.223, tradução nossa)
A movimentação da rede é feita por meio dos disparos das transições, fazendo
com que as fichas se movimentem pelos lugares (círculos). A Figura E.2 apresenta dois
estados de uma rede: antes e depois de disparar a transição T1. Assim, não basta que a
252
ficha esteja no lugar (P1) para ocorrer a mudança de estado, a condição (representada
pela transição T1) tem que ser atendida.
A redes de Petri são amplamente utilizadas na modelagem de hardware e
software de computadores (LABEAU et al., 2000 apud PETERSON, 1981). Seu potencial
está na habilidade de levar em conta a sincronização e o paralelismo.
Associar regras com o disparo das transições é um fenômeno recente. Ao
longo dos anos, o conceito de transição dependente do tempo foi sendo introduzido.
Inicialmente, ou utilizavam tempo determinístico ou tempo derivado de uma taxa de
transição. Essa característica permitiu um mapeamento entre redes de Petri e as cadeias
de Markov (LABEAU et al., 2000).
As redes de Petri temporizadas são extensões que buscam acrescentar às redes
de Petri a possibilidade de análise no domínio de tempo. Nestas extensões o tempo
pode estar associado às marcas, aos arcos, aos lugares ou às transições.
As extensões estocásticas [...] permitem considerar
incertezas nos instantes de execução de eventos do sistema, associando a eles funções de probabilidade para
a determinação de sua execução (MARRANGHELLO,
2005).
A Figura E.3 apresenta uma classificação de redes de Petri temporizadas, que
podem ser determinísticas ou estocásticas.
Segundo Labeau et al. (2000) as redes de Petri estocásticas podem ser utilizadas
para representar os sistemas dinâmicos qualitativamente, e se os modelos das variáveis
do processo forem incorporados na rede, torna-se possível realizar uma análise de
confiabilidade quantitativa por meio da simulação de Monte Carlo.
Uma desvantagem desta técnica é que ela também pode conduzir a uma explosão de estados, mas isso pode ser mitigado com o uso da simulação de Monte Carlo
guiada (biasing).
E.4 DIAGRAMA SEQUENCIAL DE EVENTOS
Um diagrama sequencial de eventos (Event sequence diagram (ESD)) é uma
representação orientada para explicitar a sequência de eventos que chegam a diferentes
estados finais. Cada caminho desse fluxo é um cenário no qual eventos pivotais são
estabelecidos como: ocorreu ou não (STAMATELATOS et al., 2002).
A possibilidade de construir cenários constitui-se na grande aplicação desta
técnica. Ela permite visualizar o inter-relacionamento entre sistemas técnicos, ambientais e humanos, o que se constitui numa particularidade da técnica. Por sua vez, o nível
de complexidade torna-se muito grande, para o caso de sistemas complexos.
A estrutura para uma análise qualitativa é apresentada por Swaminathan e
Smidts (1999c). Sua construção consiste em capturar as informações dos cenários
dinâmicos com base no conhecimento de um especialista. As estruturas consistem de
eventos, condições, portas, regras de dependência, restrições e variáveis de processo.
Os símbolos utilizados nos diagramas estão apresentados no Quadro E.2.
253
Figura E.3 – Redes de Petri temporizadas
Fonte: Marranghello (2005, p.25)
O formalismo matemático para a utilização dos componentes do ESD estão
presentes na obra seguinte de Swaminathan e Smidts (1999b). Esse formalismo pode
ser usado com equações de transições de estado Markoviana e semi-Markoviana
(SWAMINATHAN; SMIDTS, 1999c; LABEAU et al., 2000).
A técnica tem sido utilizada na indústria nuclear como forma de documentação,
para que os operadores possam entender melhor os cenários de acidentes. O diagrama
nesse caso é denominado de “diagrama sequencial de eventos funcionais” – Functional
event sequence diagram (FESD) (SWAMINATHAN; SMIDTS, 1999c; LABEAU et al., 2000).
Os diagramas atuais possuem estruturas que permitem analisar o comportamento dinâmico dos sistemas por meio das variáveis de processo. Assim, é possível
identificar e construir sequências de eventos ordenados no tempo.
254
Quadro E.2 – Eventos, condições e portas da estrutura ESD
Caixa de comentário
Evento inicial
Sim
Não
Condição tempo
São geradas duas saídas
dependendo se a condição é
atendida no tempo ou não
Sim
Não
Condição de variável física
São geradas duas saídas
dependendo se a condição física
é atendida no tempo ou não
Sim
Não
Condição competição
Modelos de uma disputa entre
tempo de ocorrência de dois
eventos. Ocorre na saída o
evento que for mais rápido.
Sim
Não
Evento pivotal
Porta de saída OU
Usada para modelar múltiplas
saídas mutuamente exclusivas
OU
Porta de entrada OU
Usada para unir cenários
OU
Evento final
Atraso determinístico
Porta de saída E
Usada para modelar múltiplos
processos concorrentes
independentes
Atraso randômico
Porta de entrada E
Usada para modelar
sincronizações
E
E
Fonte: Labeau et al. (2000, p.224, tradução nossa)
E.5 DIAGRAMAS DE BLOCOS PARA CONFIABILIDADE DINÂMICA
Cada bloco no diagrama de blocos para confiabilidade, RBD, representa um
componente físico funcionando e a falha desse componente representa a interrupção
da ramificação onde está instalado. Se uma quantidade suficiente de blocos estiver em
falha, de forma que não haja nenhuma comunicação entre a entrada e a saída, significa a
falha do sistema. Em outras palavras, se existir pelo menos uma caminho comunicando
a entrada com a saída, o sistema irá funcionar (DISTEFANO; PULIAFITO, 2007).
O RBD tradicionalmente tem sido usado com sistemas não reparáveis, nos quais
é possível obter a função confiabilidade do sistema, R(t), analiticamente (DISTEFANO;
255
PULIAFITO,
2007).
Da mesma forma que se observou a necessidade de modelar fatores dinâmicos
na FTA, no RBD foi feita uma extensão da técnica, adicionando novos elementos,
criando assim o diagrama de blocos de confiabilidade dinâmica – DRBD. Nessa versão,
surgiram elementos adicionais em relação aos diagramas de blocos (RBD) tradicionais.
Segundo Xu et al. (2008) com o uso desses elementos adicionais é possível representar
blocos dependentes do estado do sistema – possibilitando representar configurações
alternativas –; blocos para representação de peças sobressalentes e divisão de carga
(load sharing).
O RBD garante as características de interesse na modelagem de confiabilidade
como simplicidade, versatilidade e poder expressivo. Tais características foram herdados nos modelos DRBD, que além disso permitem levar em consideração as dinâmicas
do sistema. Um sistema é considerado variante no tempo se os estados de seus componentes desenvolvem-se quando uma sequência de eventos ocorre. É possível definir
relações de confiabilidade (dependências) entre componentes associando tais relações
a eventos (DISTEFANO; PULIAFITO, 2007).
Em um modelo DRBD a condição de cada componente é caracterizada por
uma variável de estado que identifica a condição operacional do componente em um
dado tempo. A evolução de um estado do componente (dinâmica do componente) é
caracterizada por eventos que ocorrem com ele (DISTEFANO; PULIAFITO, 2007).
De acordo com Distefano e Puliafito (2007) um componente genérico pode
assumir os seguintes estados:
• Ativo se o componente funciona sem qualquer problema.
• Falha se o componente não está funcionando, acompanhamento de sua falha.
• Standby se o componente está funcionando (sem falhas), mas está indisponível.
Um evento representa a transição de um estado do componente para outro. A
seguir, uma breve descrição das transições (eventos) que podem ser assumidas por um
componente:
• O evento failure modela a mudança de estado de ativo, ou standby, para falha.
• O evento wake-up muda o estado de standby para ativo.
• O evento sleep muda o estado de ativo para standby.
• O evento reparation muda o estado de falha para ativo.
• O evento adep-switch representa a transição entre dois estado ativos.
• O evento sdep-switch representa a transição entre dois estado standby.
A Figura E.4 resume os estados e as transições (eventos) de um DRBD.
A análise dos diagramas de blocos facilita muito a obtenção dos grupos de corte
e grupos de ligação. Desta forma, a principal contribuição do DRBD é a capacidade de
modelar dependência entre subsistemas, ou componentes, a respeito do comportamento
de suas confiabilidades. A Figura E.4 é uma forma de modelar que lembra bastante o
modelo de Markov, indicando que as duas técnicas possuem grande interação.
256
Figura E.4 – Estados e eventos de um DRBD
Figure 2 - DRBD States-Events Machine
Fonte: Distefano e Puliafito (2007, p.73)
E.6 CONSIDERAÇÕES DO CAPÍTULO
Neste capítulo foram apresentadas algumas técnicas para análise de dinâmica
nos sistemas. Vale citar que ainda existem outras técnicas como Go-flow, Dynamic
flowgraph methodology (DFM), cujas descrições podem ser encontradas em Matsuoka
e Kobayashi (1997) e Al-Dabbagh e Lu (2010) respectivamente.
Muitas técnicas acabam trabalhando junto com as cadeias de Markov. Nelas
ocorrem os a explosão de estados. Para essa questão Zhu (2005) cita três formas de
tratamento: A primeira consiste em unir alguns estados ou estados finais, com isso
reduzir a quantidade de ramificações desenvolvidas. A segunda seria a simulação
paralela em vários computadores, distribuindo dessa maneira a carga computacional.
A terceira forma é por meio da simulação de Monte Carlo guiada para os estados ou
eventos de interesse.
Durante a pesquisa foi possível perceber que embora os estudos sobre confiabilidade dinâmica tenham começado na década de oitenta, ainda tem muito a ser
desenvolvido. Embora existam alguns softwares como FTA dinâmico, ETA dinâmico,
redes de petri estocásticas, entre outras, a aplicação da confiabilidade dinâmica ainda é
muito dependente de um especialista, visto que devem ser desenvolvidos modelos específicos para cada sistema que está sendo estudado. Existem algumas instituições que
estão se destacando neste contexto como a Universidade de Maryland e a Universidade
Duke – nos Estados Unidos – e a Universidade de Messina na Itália.
No Brasil o tema ainda é muito recente e até o presente momento, muito pouco
foi encontrado. O trabalho de Moura (2006) faz uso de processos semi markovianos e
redes bayesianas para avaliação de indicadores de desempenho (disponibilidade, confiabilidade, mantenabilidade) de sistemas complexos tolerante à falhas. Tais sistemas
podem ser considerados como sistemas dinâmicos, no entanto, o autor não trata como
uma análise de confiabilidade dinâmica de forma evidente.
257
No trabalho de Porciúncula (2009) o autor desenvolveu uma metodologia para
análise de confiabilidade no projeto de sistemas automáticos. Embora os sistemas
automáticos apresentados tenham várias configurações de operação, a abordagem é feita
com os conceitos de confiabilidade estática. Ou seja, não foi levada em consideração
o comportamento dinâmico das diferentes configurações do sistema. O problema foi
analisado por um ponto de vista mais externo, em que foi considerado o tempo médio
de ocupação de cada configuração. Com as informações levantadas com a metodologia
apresentada pelo autor, a compreensão do sistema torna-se facilitada, principalmente,
pelo uso da metodologia Grafcet, onde é explicitado a representação comportamental
do modelo.
Em face dessa carência de trabalhos relacionados com o tema, percebeu-se
a necessidade de investir pesquisa neste campo de conhecimento e desenvolver uma
metodologia para facilitar a análise e o desenvolvimento de modelos.