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Em pleno anos 1990, em que os processos de globalização (e tudo o que isso implica em termos econômicos, políticos e sócio-culturais) ganham relevância analítica no campo das ciências sociais, Hermano Vianna se dedica a estudar o samba como símbolo de unidade nacional, ou melhor, como instrumento com " eficácia simbólica " suficiente para plasmar a unidade nacional tão necessária ao projeto de país que se buscava nos anos de 1930. Extravagância de antropólogo? Absolutamente! Pelo contrário, a problemática apresentada por Vianna naquele contexto era atual à contrapelo, digamos. Vamos a ela. Tendo como objeto " um processo, o da nacionalização do samba, que teve como palco principal o Rio de Janeiro " (p. 13), o autor percorre o itinerário investigativo a partir de uma pergunta: como foi possível que o samba passasse de ritmo marginal, maldito e alvo de repressão a música nacional/oficial, símbolo de brasilidade? E, aqui, o termo " passagem " tem importância significativa, pois a ele se liga outro conceito fundamental na reflexão de Vianna: o de mediação. Para responder a esta pergunta, o autor recorre a uma " alegoria " (p. 20): uma noitada de violão, em 1926, que reuniu, de um lado, Gilberto Freyre, Heitor Villa-Lobos, Sergio Buarque de Hollanda, Prudente de Morais Neto, Luciano Gallet – representantes da intelectualidade e da arte erudita de " boas famílias " brasileira – e, de outro, Patrício Teixeira, Donga e Pixinguinha – músicos jovens, negros ou mestiços saídos das camadas mais pobres da sociedade carioca. Este encontro simbolizaria um fenômeno que posteriormente o samba amplificará para a nação como um todo: a mestiçagem, o intercâmbio de classes e culturas e sua possibilidade de convivência pacífica a despeito das diferenças e desigualdades como sendo a originalidade da experiência social brasileira. Neste enquadramento, entender o " mistério do samba " seria entender o processo de definição da identidade nacional brasileira e a autenticidade de " nossa civilização " (que poderia ser representada no microcosmo daquele encontro). O problema a ser resolvido seria: como é possível que em uma sociedade de classes a construção da identidade nacional fosse realizada a partir da incorporação de práticas culturais de grupos subalternos? Vianna mostra como a valorização do " popular " se dá na medida em que a relação entre a elite brasileira e a música popular por meio de duas coisas principais: indivíduos " que agem como mediadores culturais, e (...) espaços onde essas mediações são implementadas " (p. 41). Tomando como base as " teorias da complexidade " , Vianna procura mostrar como a existência de vários " mundos culturais " em uma sociedade complexa (como a brasileira) impõe a necessidade da existência de grupos mediadores, que acabam realizando uma importante função de elaboração de projetos de comunicação entre estes mundos. O objetivo do autor é relativizar o que ele considera uma narrativa mítica sobre a origem de uma tradição: aquela que descreve a gênese da música popular brasileira e o samba como uma história de resistência contra a repressão da elite. Para Vianna, o processo de consolidação do samba como símbolo de identidade nacional se calça em uma contradição social real: o discurso oficial que condena o popular como " pobreza cultural " , mas que aplaude essa mesma cultura na vida cotidiana. A inscrição do samba como elemento de identidade nacional deve ser entendida no interior da " unidade nacional " como projeto político, isto é, como uma invenção de um projeto unificador que só ganha amplitude após a Independência (1822). Se, durante o Império, a Coroa oferecia este polo galvanizador da unidade, a situação muda de figura com a abolição da escravidão colonial e com a formação da República.
Boletim Eletrônico da Biblioteca Aloísio Magalhães, 2019
Leitura comemorativa de VIANNA, Hermano. O mistério do samba. 5. Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; Ed. UFRJ, 1995. 193 p.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO MUSEU NACIONAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL
Pontos de Interrogação — Revista de Crítica Cultural, 2019
Sambadores, protejam essa arte bela! Façam um congresso pra ela, não deixem o samba parar! Ele morrendo, seca a fonte dos conjuntos, Se acaba a mãe dos assuntos da cultura popular Antônio Ribeiro da Conceição-Mestre Bule-Bule O Dossiê "Estudando o Samba..." vem com a proposição de apresentar autores/as e estudos sobre os muitos sambas da Bahia, do Brasil
Macabéa - Revista Eletrônica do Netlli, 2021
This paper aims to investigate in which way the ancestrality and the resistance appear in the work Desde que o samba é samba ("Since the samba is samba"-2012) from the Rio de Janeiro based writer Paulo Lins. We will verify, mainly, starting from two themes dealt in the work: religion and samba. The two mentioned aspects demonstrate the importance to the legitimation of the characters' voices and identities. The samba school creation and the Umbanda movements merge themselves at the same time and Paulo Lins brings that historical cutout as an opportunity to reenact that period, through the historical novel, giving life to the marginalized and society erased characters. As a foundation to our investigation, we will recur to the works from Amadou
Estudos Linguísticos e Literários, 2015
Culturas e Memórias nas Escolas de Samba do Rio de Janeiro: Dramas e Esquecimentos, 2017
Afinal de contas, escola de samba é cultura? Por que falamos tanto na necessidade de se fazer enredos de “cunho cultural”? Qual a importância da memória nas escolas de samba? Quem são as pessoas que se preocupam com a memória nessas agremiações? Essas e outras perguntas serão respondidas nesse livro. A partir de duas narrativas no GRES Acadêmicos do Salgueiro - Djalma Sabiá, compositor e fundador da escola, e o Departamento Cultural, liderados por Eduardo Pinto e João Gustavo Melo - mergulha-se no mundo das escolas de samba do Rio de Janeiro observando as diferentes formas de se viver uma escola de samba. As distintas visões sobre a ideia de cultura, a dificuldade de se trabalhar com a memória dessas - quase - centenárias instituições e os dramas vividos por quem decide fazer um trabalho pouco reconhecido, formam um conjunto de práticas que necessitam vir à tona para a reflexão de todos nós interessados nas dificuldades de se fazer, viver e sentir a Cultura Popular Brasileira.
2000
Este trabalho significa uma abordagem critica sobre as mudanças histórias e sociais ocorridas na expressão musical do samba de roda, ao longo do período de 1970 a 1990. Esta pesquisa apresenta a tradição e modernização do samba de roda no final do século XX. O trabalho sobre a manifestação cultural do samba de roda pretende enfoca dois segmentos: a organização espacial e as relações sócias. Elaboraremos um levantamento históricocultural baseado em documentos produzidos no século XX, contendo uma abordagem por historiadores, folcloristas, etnólogos, antropólogos e sociólogos para assessorar a compreensão e os principais resultados do samba, e em especial o samba de roda, que sofreu influências e adaptações. Também analisaremos as representações sociais do samba de roda com os meios de produção e divulgação e com mercado cultural. Palavras-chaves: tradição, modernidade, cultural. Artigo extraído da monografia, Manifestações Culturais em Cachoeira: A tradição e Modernidade do Samba de Roda. Faculdade Visconde de Cairu (Salvador), 2004. As transformações ocorridas nos batuques ao longo da história cultural dos negros estabelecidos no Brasil, acabaram criando classificações capazes de distinguir diversas formas de práticas d danças e cantos advindos da África através de seus descendentes. Em inicio do século XIX, o reflexo de uma música produzida pelas classes populares resultou em processo de nacionalização e até mesmo de branquização 2 das danças e dos sons introduzidos pelos africanos. Desta forma, acabou determinando no plano cultural brasileiro uma espécie de classificação e/ou divisão dos batuques em: batuques africanos e de seus descendentes; batuques de negros livres ou libertos ; e os batuques dos brancos
Revista e-Curriculum, 2021
Considerando o currículo um território de multiplicidades, este artigo explora o conceito de heterotopias de Michel Foucault, acionando o samba-enredo da Mangueira de 2019. O argumento aqui desenvolvido é o de que o samba-enredo da Mangueira nos faz pensar contraespaços no currículo, necessários para a afirmação da vida e para o alargamento de possíveis nos territórios curriculares. Assim, o objetivo deste texto é discutir as possibilidades em um currículo que ultrapassem a linha do instituído, buscando, desse modo, a criação de contraespaços e alargarmento do território curricular para que nele caibam modos de vidas considerados invivíveis. Quando utilizamos o samba e o desfile para problematizar as heterotopias no currículo, vemo-nos implicados na política das subjetividades e nos outros espaços para além da Sapucaí, aqueles em que o desfile pode se desdobrar em novas construções e (des)continuidades.
Trata-se de tradução do artigo da professora da Université de Versailles Saint-Quentin, Centre d’histoire culturelle des sociétés contemporaines, Institut Universitaire de France. Anaïs Fléchet, Saudade do Brasil. Le mystère de la samba ou l’art du dévoilement”. In: Sigila, Paris/Lisbonne, 2008, n. 21, p.127-137.
Routledge Press, 2024
US-China Education Review B
European Scientific Journal, ESJ, 2024
Tarjeta navideña de 2020...
The effect of the type of solar panels, irrigation systems, and distances between planting lines on the yield of beans (Vicia Faba…L, 2024
Experiências em Gestão em Saúde na Enfermagem (Atena Editora), 2023
Journal of Innovative Research in Social Studies, 2023
Italian cultural geography, or the history of a prolific absence, 2005
Quality & Quantity, 2017
American Journal of Plant Sciences, 2016
John Benjamins Publishing Company eBooks, 2011
IEEE Internet of Things Journal
Thin Solid Films, 2005