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PALESTRA - A ARTE COMPÓSITA DA BÍBLIA

Esboço da palestra ministrada no “Café Teológico” da Igreja Missão Gente de Jesus em São Paulo dia 30/01/2016

PALESTRA - A ARTE COMPÓSITA DA BÍBLIA Ministrada no “Café Teológico” da Igreja Missão Gente de Jesus em São Paulo dia 30/01/2016 Anderson de Oliveira Lima O autor é doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e doutor em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). 1 – OS ESTUDOS MODERNOS DA BÍBLIA A Bíblia foi, na maior parte de sua história, um objeto destinado exclusivamente ao uso religioso. É relativamente recente a consciência de que ela pode ser usada para outros fins, como os histórico-culturais ou literários. Para encontrarmos um marco inicial nessa nova história, vamos ao séc. XVII, quando o delicado tema da autoria do Pentateuco ganhou destaque. Desse ponto de partida a FRAGMENTARIEDADE bíblica se tornou conhecida; a Hipótese Documental passaria a ser o carro chefe da pesquisa acadêmica em torno da Bíblia Hebraica. Isso impulsionou os estudos bíblicos modernos e nós aprendemos muito sobre as origens dos textos bíblicos entre séculos XIX e XX. Mas o tempo também foi revelando uma série de limitações dessa pesquisa: A ênfase na historicidade, no passado factual, fez da Bíblia um mero instrumento de mediação entre nós e a “verdade”. A Bíblia dos eruditos não era a mesma que os demais liam. Os especialistas decompunham o texto e alcançavam conclusões baseadas em textos hipotéticos, dando pouco valor ao que o leitor comum lia. A erudição das academias ficou separada da prática cotidiana dos leitores comuns, das instituições religiosas, dos mais interessados na Bíblia. Destaco, portanto, a ideia de FRAGMENTARIEDADE dos textos bíblicos que nos foi dada pelos estudos bíblicos modernos. É esse o tema que impulsiona nossa discussão. 2 – OS ESTUDOS LITERÁRIOS DA BÍBLIA Desde meados do século XX alguns críticos se voltaram à Bíblia com novos olhares. Em geral, o interesse deles era meramente literário: Eles não se importavam com o passado, com os tempos bíblicos, ou com os originais dos textos. Eles se interessavam com a importância da Bíblia para a cultura ocidental, com sua influência sobre as religiões, sobre as artes, sobre nossos modos de entender o mundo. Não se importavam também se as histórias narradas eram verdadeiras ou falsas, mas com as razões pelas quais elas cativavam os leitores, sejam essa razões de ordem estética ou histórica. Por isso eles deram valor às Bíblias em suas versões mais difundidas, e não em originais perdidos. 3 – A ARTE COMPÓSITA DA BÍBLIA SEGUNDO ROBERT ALTER O maior impulso para essas abordagens literárias foi dado por Robert Alter e sua obra A Arte da Narrativa Bíblica de 1981, com edição brasileira de 2007. Foi lidando com o problema da FRAGMENTARIEDADE bíblica que Alter desenvolveu a ideia de “Arte Compósita” que inspirou nossa palestra. Criticando a crítica moderna da Bíblia, ele defendeu: A crítica moderna parece crer que os redatores eram “[...] tomados por uma espécie de pulsão tribal maníaca, sempre compelidos a incluir unidades de material que não faziam sentido algum, por razões que eles próprios não saberiam explicar” (2007, p. 40). “O texto bíblico pode não ser o tecido acabado que a tradição judaico-cristã pré-moderna imaginou, mas pode ser que a miscelânea confusa de textos que as pesquisas tantas vezes quiseram pôr no lugar das noções mais antigas, lida com mais minúcia, forme um padrão intencional”. (2007, p. 200) Para Alter, nós é que temos dificuldade para compreender a lógica narrativa dos antigos escritores e redatores bíblicos, segundo a qual, os - problemas decorrentes da união de duas narrativas diferentes eram irrelevantes diante da possibilidade de se alcançar um resultado multifocal (2007, p. 204-205). Exemplo: quem elegeu os sinóticos ao cânon não notou seus problemas de coerência (conceitual) e coesão (sequencial)? Ou tal montagem segue alguma lógica autoral que não atende às nossas modernas expectativas? 4 – APLICAÇÕES/EXERCÍCIOS Apocalipse 12: http://faje.edu.br/periodicos2/index.php/perspectiva/article/view/860/1288