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Globalizações passado e presente

2016, Cadernos Mateus DOC X: Globalização

As viagens dos Descobrimentos são um dos actos fundadores de uma sociedade globalizada, estando na origem de trocas de experiências e no conhecimento de outras realidades. A circulação de formas e ideias durante a Idade Média potenciou a confrontação ideológica e a incorporação de novos saberes que de outra forma não seriam tangíveis. Serão as viagens dos descobrimentos portugueses, ponto de partida para uma realidade internacional globalizada acompanhados por uma atitude reflexiva em relação ao conhecimento ancorado numa forte ligação ao seu contexto de origem? Esta é tanto mais eficaz quanto maior for a capacidade de investigar sobre o sentido das coisas e as suas raízes. A historiografia da arte portuguesa tem-nos demonstrado a importância da viagem como possibilidade de cruzamento de influências e como esta contribui para a formação do gosto de mecenas e de autores. Em Portugal, tal como noutros países, a questão impõe-se nestas duas diferentes perspetivas. Sendo essencial entender o nosso enquadramento na realidade da Europa mediterrânica, é também impositivo perceber de que forma este enquadramento lhe permitiu desenvolver uma resposta tão particular. Serão as edificações deste período apenas importações de modelos ou, traduzem, em sim mesmas, uma perspetiva coerente e original? A interação de diferentes culturas e diferentes locais introduz uma matriz dinâmica que se concretiza, na realidade nacional, em edifícios ricos de simbolismo e de significado. A arquitetura da época manuelina inaugura uma nova forma de encarar o espaço. A sua unicidade e a funcionalidade mostram um momento particular na arquitetura portuguesa A história da arquitetura é feita sobretudo de descontinuidades. Todavia, as permanências deverão também ser tidas em conta. A linguagem clássica da arquitetura sempre esteve presente por todo o Mediterrâneo. A análise da arquitetura terá que ser feita a partir de um raciocínio lógico. De acordo com A. Zaragoza Catalán, apenas na nossa época é possível apreciar de que modo as influências formais do norte francês se refletiram nas poderosas tradições construtivas locais. Há que fazer uma nova leitura, por cima dos estilos (Carrera Santamaria, 2012). Fernando Távora diria: o estilo não conta, conta sim a relação entre a obra e a vida. (Alves Costa, 2001).

CADERNOS MATEUS DOC 10 GLOBALIZAÇÃO GLOBALIZATION Casa de Mateus 27-29 Novembro November 2015 CADERNOS MATEUS DOC 10 Globalização Globalization 27-29 Nov. 2015 Instituto Internacional Casa de Mateus Índice Table of Contents 04 O Programa Mateus DOC The Mateus DOC Program 06 The Mateus DOC Meeting O Seminário Mateus DOC 09 Prefácio Rui Tavares 27 I Cientistas, Arquitetos e Portugal Global Uma rede de investigadores portugueses no estrangeiro: Global Portuguese Scientists (GPS.PT) David Marçal Globalizações, passado e presente Tiago Cruz 49 II Direito, Europa e Mundo Direito do mar: internacionalização do direito europeu ou europeização do direito internacional? Ana Rita Babo Pinto A União Europeia e a globalização – agente, paradigma normativo e vítima Graça Enes 85 III Identidades e Desigualdades Globalização, identidade e património – contributos de uma perspectiva ilosóica Maria José Figueiroa-Rêgo Globalização das desigualdades num mundo em movimento Maria João Guia Comunicação global e nichos culturais: uma abordagem à estética das mensagens Luís Lima 141 IV Nómadas Globais: uma visão antropológica da globalização Globalização: Globalizações? Desglobalização? Humberto Martins Turistas backpacker: os antituristas na era da híper-mobilidade Márcio Martins 175 Notas Biográicas Biographical Notes 182 A Agenda do Mateus DOC IX The Mateus DOC IX Agenda 4 IICM · Instituto Internacional Casa de Mateus MATEUS DOC The Program Mateus DOC is a program aimed at researchers from all scientiic ields. The program’s main objective is to stimulate interdisciplinary dialogue among young researchers from diferent ields and to encourage them to discuss the most pressing issues of our time in an academic but informal way. Our goal is therefore to train the participants to relect and develop further innovative research from a broader perspective, integrating contributions from other ields and methodologies. This approach will not only enrich their scientiic work through the combination of diverse methods and the fusion of distinct contents, but it will also pave the way for the establishment of new cultural horizons, helping young scientists to position themselves culturally and socially. The program Mateus DOC starts of with a call for proposals. Candidates submit a summary to the Institute explaining how they will approach a given theme — chosen annually by the Steering Committee of the IICM. Each year a Selection Committee will evaluate the proposals and structure the debate on the basis of the received contributions. The selected proposals are then redistributed to all participants who elaborate further on their papers in order to incorporate the other participant’s ideas into a brief 5-page preliminary report, to be submitted to the IICM. These are redistributed again to everyone before the seminar. Within 30 days after the seminar the participants are asked to hand in their inal articles, which must take into account the debate held at the Casa de Mateus. Both the articles and a brief description of the overall discussions are made available at the Institute’s website. Cadernos Mateus DOC IX · Globalização - Globalization 5 O Programa MATEUS DOC O Mateus DOC é um programa dirigido a investigadores de todas as áreas cientíicas. O objectivo principal do programa consiste em estimular o diálogo interdisciplinar entre jovens investigadores de diferentes áreas, confrontando-os com temas de atualidade e interesse geral. Pretende-se, desta forma, habituar os participantes a encarar os seus temas de relexão e investigação numa perspectiva alargada que inclua sistematicamente pontos de vista exteriores à área cientíica respectiva. Esta abordagem não só enriquece o trabalho cientíico através do estabelecimento de novas associações de método ou de conteúdo, como também abre novos horizontes culturais, ajudando a melhor posicionar, cultural e socialmente, o percurso pessoal de cada um. O programa MATEUS DOC começa com um apelo à apresentação de propostas. Os candidatos submetem ao IICM a sua proposta de interpretação e formas de abordagens de um tema anualmente escolhido pela Comissão Diretiva do IICM. Um Comité de Seleção estrutura o seminário baseando-se nas contribuições recebidas. As propostas selecionadas são redistribuídas por todos os participantes que se comprometem a desenvolver o tema de acordo com sua proposta, tendo em conta as contribuições dos restantes participantes, sob a forma de um breve artigo preliminar de 5 páginas a submeter ao IICM. Os artigos são novamente redistribuídos a todos antes do seminário. No prazo de 30 dias após a realização do seminário os doutorandos entregam ao Instituto os artigos deinitivos tendo em conta o debate realizado na Casa de Mateus. Os artigos, acompanhados de um resumo do seminário, são publicados na página na internet do Instituto. 6 IICM · Instituto Internacional Casa de Mateus The meeting at the Casa de Mateus Between the 18th and the 20th of November 2015 the tenth edition of the Mateus DOC program took place at the Casa de Mateus, focusing on the theme “Globalization”. After carefully reviewing all the submitted proposals, the best working papers were selected, and Mateus DOC convened a multi-faceted group of scholars, scientists and researchers from the most varied academic backgrounds and currently at the doctoral or postdoctoral stages of their careers. Four female researchers and ive male researchers took part in this edition. Various disciplinary ields were represented in the meeting, even if approaches from the points of view of law and philosophy predominated. Here is the list of participants, coming from research centres in Lisboa (2), Porto (3), Coimbra (1) and Vila Real (3): Ana Rita Pinto (Law), David Marçal (Chemistry), Graça Enes (Law), Humberto Martins (Sociology), Luís Lima (Philosophy), Márcio Martins (Geography), Maria João Guia (Law), Maria José Figueiroa-Rego (Philosophy) e Tiago Cruz (Architecture). This group of scholars participated in all the debates revolving around the theme “Globalization”, delving into its various dimensions and adopting various approaches to this concept from an interdisciplinary viewpoint. The meeting was also attended by members of the Selecting Committee and special guests, namely Álvaro de Vasconcelos, António Feijó, António Fontainhas, Eduardo Marçal Grilo, João Vale de Almeida, Rui Tavares, Miguel Poiares Maduro, Ramón Villares e Sérgio Arzeni. The members of the board of the Casa de Mateus International Institute, António Cunha, Jorge Vasconcelos, Artur Cristóvão and Teresa Albuquerque, were also present. The discussions revolved around the themes that were at the core of the selected proposals, such as: Scientists, Architects and Global Portugal, Law, Europe and the World, Identities and Inequalities, Global Nomads: an anthropological view of globalization. During these three days, the discussions took place in an informal atmosphere, accompanied by walks around the countryside and chats by the ireplace. The debates were conducted mainly by the scholars, with a discrete participation by the special guests and directors of the Institute. The articles gathered in this volume relect the diversity of viewpoints and approaches that were at the core of the debates in Mateus. The diferent languages used during the debates also relect this and we have hence decided to remain faithful to such spirit of intercultural, interdisciplinary and intergenerational communion by publishing the articles in either Spanish, Portuguese or English. The contents of this publication can also be accessed through IICM’s webpage at www.iicm.pt. Cadernos Mateus DOC IX · Globalização - Globalization 7 O seminário na Casa de Mateus O seminário da décima edição do programa Mateus DOC decorreu entre os dias 18 e 20 de Novembro 2015, em Mateus. Após um processo de seleção em duas etapas que se iniciou com um apelo à submissão de propostas de artigos a apresentar, o Mateus DOC reuniu em Mateus um grupo de investigadores, doutorandos e pós-docs, de diversas disciplinas e áreas do saber. A agenda do seminário estruturouse em torno dos seguintes tópicos: Cientistas, Arquitectos e Portugal Global, Direito, Europa e Mundo, Identidades e Desigualdades, Nómadas Globais: uma visão antropológica da globalização, que enquadraram as discussões entre diferentes perspectivas de abordagem do tema geral desta edição “Globalização”. Nesta edição participaram 4 investigadoras e 5 investigadores. As disciplinas abrangidas eram razoavelmente diversas apesar de uma predominância de investigadores em direito e ilosoia. Os participantes provenientes de centros de investigação de Lisboa (2), do Porto (3), de Coimbra (1) e de Vila Real (3), são: Durante os três dias do evento, as discussões tiveram lugar numa atmosfera informal permitindo aos investigadores presentes re-equacionar, defender e amadurecer as suas teses como forma de preparação para a redação do artigo inal. Ana Rita Pinto (Direito), David Marçal (Química), Graça Enes (Direito), Humberto Martins (Sociologia), Luís Lima (Filosoia), Márcio Martins (Geograia), Maria João Guia (Direito), Maria José Figueiroa-Rego (Filosoia) e Tiago Cruz (Arquitectura). Durante o seminário estiveram presentes os seguintes convidados: Álvaro de Vasconcelos, António Feijó, António Fontainhas, Eduardo Marçal Grilo, João Vale de Almeida, Rui Tavares, Miguel Poiares Maduro, Ramón Villares e Sérgio Arzeni. Os membros da direcção do Instituto Internacional Casa de Mateus, António Cunha, Jorge Vasconcelos, Artur Cristóvão e Teresa Albuquerque, também estiveram presentes. Os artigos inais aqui coligidos reletem a diversidade de pontos de vista e que estiveram na base do debate em Mateus. Os conteúdos desta publicação podem igualmente ser consultados no site do IICM: www.iicm.pt. Cadernos Mateus DOC IX · Globalização - Globalization I Cientistas, Arquitetos e Portugal Global David Marçal e Tiago Cruz No painel de abertura o debate teve como ponto de partida alguns dos protagonistas do fenómeno da globalização: cientistas e arquitetos. O mote foi lançado por David Marçal com a apresentação da proposta de criação de “Uma rede de investigadores portugueses no estrangeiro”. Posteriormente Tiago Cruz trouxe à discussão a importância de olhar o conhecimento global na perspetiva histórica da arquitectura portuguesa, com o seu artigo “Globalizações, passado e presente”. No debate que se seguiu às apresentações foram abordadas importantes questões relacionadas com o papel do cientista e do investigador português. Procurou-se entender a importância da sua incorporação em redes cientíicas internacionais e, também, como podem ser criadas condições para futuro acolhimento desses investigadores no país de origem. E, como estes, mesmo estando fora, podem desempenhar um papel positivo na sociedade portuguesa. Nesse âmbito falou-se da igura do estrangeirado e da questão da discriminação positiva. Em relação íntima com a circulação do conhecimento, foi introduzido o conceito de viagem. Associado, num primeiro momento, à diáspora portuguesa nos séculos XV e XVI, evidencia as possibilidades analíticas que nos traz o contacto com “o outro” e facilita também a perceção de uma herança, com possibilidade de criação de valor assente na especiicidade e na diferenciação. 27 Cadernos Mateus DOC IX · Globalização - Globalization 35 Globalizações, Passado e Presente Tiago Cruz 1. Introdução A relexão que agora se apresenta é o resultado de uma articulação ponderada entre algumas considerações decorrentes de um projeto de investigação e o fórum de discussão e debate de ideias proporcionado pelo encontro de investigadores Mateus DOC X. Tendo como ponto de partida o referido estudo, em desenvolvimento no âmbito de um programa de doutoramento em Estudos do Património, especialização em História da Arte13, este conjunto de ideias foi lançado ao debate e procurou, sempre que possível, estabelecer pontos de contacto com as diferentes perspectivas que foram emergindo das várias sessões do encontro. A supracitada investigação tem como linha de pesquisa privilegiada a procura de uma especiicidade para a arquitetura nacional no largo tempo do manuelino. De acordo com o nosso ponto de vista é fundamental perceber, dentro do contexto geral das transformações decorridas na arte europeia dos séculos XV e XVI, a organização de uma dinâmica própria na condução de uma resposta original e autónoma14. Vários autores nacionais identiicaram, na História da Arquitetura Portuguesa, e existência de traços comuns, de permanência15. O conceito de globalização assume um papel preponderante na demonstração da nossa hipótese de trabalho. A sua deinição e possível caracterização revela-se, tal como icou demonstrado ao longo das várias sessões de trabalho destes encontros Mateus DOC, tarefa difícil e, necessariamente, em atualização constante. Ao invocarmos este conceito não nos podemos esquecer dos múltiplos signiicados que foi adquirindo ao longo dos tempos e do modo como, através dele, poderemos obter diferentes perspetivas históricas e de revisão do passado. 13 A investigação é orientada pela Prof.ª Leonor Botelho, docente no Departamento de Ciências e Técnicas do Património, na FLUP. 14 A este propósito refira-se a noção de constante introduzida pelo arquiteto Fernando Távora. «[Esta] referese a qualquer coisa de fundamental que não pode ser substituído pelo acessório ou pelo decorativo.» (TÁVORA, 1993: 17-19). Reforçando a ideia de continuidade, Eduardo Souto de Moura diz-nos que «o progresso na arte e na ciência dependem desta continuidade e firmeza, as únicas coisas que permitem a mudança» (SOUTO DE MOURA, 2003: 92). 15Tem vindo a ser demonstrado, com trabalhos de natureza teórico-prática, a existência de elementos específicos de uma arquitetura dita portuguesa. Alexandre Alves Costa, nas suas 36 aulas de História da Arquitetura Portuguesa, identifica-os como invariantes, isto é, independentes de um determinado período histórico (COSTA, 2007). Este tema é também tratado por José Manuel Fernandes em várias publicações e artigos (FERNANDES, 1991 e 2006), e por Walter Rossa (2006), entre muitos outros autores. 16 Esta perspetiva será debatida com mais detalhe no seguimento desta apresentação. Não esquecemos, contudo, o ponto de vista de alguns intervenientes no debate em Mateus que defenderam a partida dos primeiros hominídeos de África como sendo a primeira globalização. Compreendemos o enquadramento e a pertinência da observação. IICM · Instituto Internacional Casa de Mateus Partimos para esta discussão centrando-nos em alguns dos protagonistas do fenómeno da globalização: arquitetos, construtores, clientes e mecenas. Ou seja, de um modo geral, todos os agentes envolvidos de forma direta no processo da arquitetura e da construção. Fazendo a ponte com a arquitectura portuguesa construída ao longo dos séculos, um dos objectivos desta relexão foi trazer à discussão a importância de a olharmos num cenário de conhecimento global e numa perspetiva histórica. É, pois, essencial compreender de que forma o enquadramento nacional, europeu e mediterrânico, entre outros contextos possíveis e relevantes, permitiu responder – em circunstância de intensa circulação de formas e ideias – às inovações técnicas, estéticas e formais. A globalização, enquanto processo, potencia confrontos e debates ideológicos e conceptuais. A era dos Descobrimentos – com as trocas intercontinentais e o advento de uma forma de conhecimento mundializado – terá sido a primeira globalização16. As viagens dos Descobrimentos são um dos atos fundadores de uma sociedade globalizada (SERRÃO, 2012: 8-9). Estão na origem de trocas de experiências e no conhecimento de novas realidades, que de outra forma não teriam sido tornadas acessíveis. Para além disso, com o estabelecimento de comunidades portuguesas em diferentes latitudes, estas viagens funcionaram também como um instrumento para a promoção da interculturalidade. «Ao conferirem à marcha dos povos europeus uma dimensão mundial, que marcaria o devir de toda a humanidade, os Descobrimentos situaram Portugal e a restante Ibéria numa posição privilegiada de diálogo intra e extra-europeu». (BAPTISTA PEREIRA, 1996). Seguindo este ponto de vista, a importância destas viagens revela-se numa dupla perspetiva. Por um lado, foram importantes ocasiões para a exploração do território e para o alargamento do conhecimento geográico. Por outro lado, numa visão etno-antropológica, foram momentos determinantes para a descoberta do Outro. Sabemos que este processo de conhecimento do mundo pelos portugueses decorreu num período de tempo relativamente cur- Cadernos Mateus DOC IX · Globalização - Globalization to, desde as primeiras conquistas no Norte de África, a partir de 1415, até aos primeiros contactos com o Japão, em 1541. Não obstante, os horizontes do espaço cultural português foram ampliados de forma excecional, em múltiplos sentidos e em diferentes direções, extravasando as tradicionais fronteiras e limites do espaço europeu. Para o nosso caso particular, interessam sobretudo as implicações na concepção e percepção do objecto artístico. «Os problemas para os quais cada obra de arte é a solução encontrada ou proposta são problemas tipicamente artísticos; mas porque a arte é uma componente constitutiva do sistema cultural, existe decerto uma relação entre os problemas artísticos e a problemática geral da época.» (ARGAN, 2008: 17). Se é certo que a arte portuguesa dos séculos XV e XVI relete uma nova visão do mundo desencadeada pelo processo dos Descobrimentos, estas inluências – com novas imagens e novos modelos – não são simplesmente assimiladas, mas sim interpretadas de uma maneira própria e particular, revestindo a arte produzida neste período de um carácter particular, individualizado e facilmente reconhecível. 2. História da arte como «ponto de encontro fundamental» «Sempre que a arte acontece, a saber, quando há um princípio, produz-se na história um choque (Stoss), a história começa ou recomeça de novo. História não quer dizer o desenrolar de quaisquer factos no tempo, por mais importantes que sejam. História é o despertar de um povo para a sua tarefa, como inserção no que lhe está dado.» (HEIDEGGER, 2009: 62). A perspetiva globalizante da História da Arte revela-se, quanto a nós, como particularmente pertinente num debate desta natureza. Ao promover uma discussão interdisciplinar e uma análise integrada da obra de arte, esta disciplina traduz-se como um «ponto de encontro fundamental» (SERRÃO, 2009: 1). Assiste-se atualmente a uma renovação de metodologias e tecnologias da perceção e a «novas consciências éticas na correlação de tarefas» (SERRÃO, 2012: 7). Estas conquistas da globalização – revestidas de uma visão amadurecida do património – promovem o auto- 37 38 IICM · Instituto Internacional Casa de Mateus conhecimento dos patrimónios regionais e o reforço dos olhares micro-artísticos (SERRÃO, 2012: 4). Se é certo que podemos ler as obras de arte – neste caso especíico, as obras de arquitetura – como testemunhos de memória e identidade (JORGE, 2013), é importante termos em mente a sua condição de historicidade (OLIVEIRA, 2004: 18). Fernando Távora chama-nos a atenção para a forma como devemos olhar para o passado: «a história vale na medida em que pode resolver os problemas do presente e na medida em que se torna um auxiliar e não uma obsessão» (TÁVORA, 1992: 103). Do passado podemos retirar importantes lições. Uma visão histórica do processo de globalização permitir-nos-á estabelecer importantes paralelismos com o mundo contemporâneo. «Aí [no pretérito] descobrimos mecanismos com objetivos idênticos destinados à apreensão do mundo, à multiplicação do conhecimento em rede, para airmação de interesses pretensamente superiores, fossem militares, económicos e mercantis, ou valores religiosos» (SERRÃO, 2012: 9). A leitura do passado e da história deverá ser encarada como facto mental, conceptual e não como representação mimética da passagem do tempo. O exame desse fenómeno (bem estudado por Claude-Gilbert) permite-nos encontrar «em singular cotejo com a realidade global do novo milénio, (…) idênticos pressupostos de acção entre a realidade dos séculos XV-XVI e a do dealbar do XXI no uso e coniguração de uma dimensão estética» (SERRÃO, 2012: 9). Este é um dos fundamentos que nos permite tomar este método de conhecimento como imprescindível para estudar as invariantes de uma arquitetura portuguesa ou de uma matriz de construção nacional. Outra das faculdades da História da Arte é a possibilidade de estabelecer novas leituras e novos pontos de ancoragem. «Aprendi de há muito em autores como Giulio Cargo Argan (‘a cultura estruturalmente historicista pode renovar-se se souber reformular as suas metodologias e tecnologias de perceção’)» (SERRÃO, 2012: 2-3). A transmissão de conhecimento, elemento chave nesta discussão, permite que os temas abordados se revelem pertinentes Cadernos Mateus DOC IX · Globalização - Globalization para o debate contemporâneo. É-nos permitida a revisitação estética constante, promovendo-se a própria renovação de conceitos, fundamentos e campos e limites de análise. «A contribuição particular do historiador consiste na descoberta das múltiplas formas do tempo. O objectivo do historiador, seja qual for a sua especialização, é retratar o tempo.» (KUBLER, 1991: 26). 3. Globalização: Universal e Particular A utilização do termo globalização de forma mais constante tem início na década de 80 do século XX (intensiicando-se nos anos 90), fruto do debate originado por profundas alterações nas estruturas económica, política e social do mundo ocidental (HOBSBAWN, 1995). A origem do termo é recente mas refere-se a um fenómeno antigo (SOBRAL, 2004). Como foi já anteriormente exposto, vários investigadores partilham a ideia de que as viagens efetuadas pelos navegadores portugueses entre os séculos XV e XVI se constituem como a primeira globalização. Há, por vezes, uma visão pessimista associada a este fenómeno. Várias vozes se têm erguido em sua defesa, traduzindo novos pontos de vista. «O universalismo, do qual Portugal se orgulha de ter sido pioneiro, não é confundível com a massiicação uniformizadora. Pelo contrário! Pressupõe a unidade na riqueza da diversidade humana, que se expressa em todas as formas de criação e vivência cultural: das línguas à gastronomia, das artes à ilosoia.» (SAMPAIO, 2003: 19). Em Portugal, tal como noutros países, a questão impõe-se em duas diferentes perspetivas. Sendo essencial entender o nosso enquadramento na realidade da Europa e do Mediterrâneo, impõe-se também perceber de que forma este enquadramento lhe permitiu desenvolver uma resposta única e particular. «O autoconhecimento dos patrimónios regionais, o reforço dos olhares micro-artísticos, a redeinição de ‘vanguardas periféricas’, a valorização generalizada das produções artísticas coloniais e pós-coloniais e o alargamento das práticas pluridisciplinares enriqueceram, reconheçamo-lo, o mundo das artes e os seus propósitos.» (SERRÃO, 2012:1). 39 IICM · Instituto Internacional Casa de Mateus 40 Se, por um lado a abertura a modos alternativos de pensamento e consciencialização relativamente à pluralidade e à diferença se constituem como preciosos testemunhos de progresso e emancipação humana, há que salvaguardar, da mesma forma, «(…) o direito elementar dos povos e comunidades à redescoberta e proteção das suas raízes e marcas identitárias próprias» (SAMPAIO, 2003: 19). Os esforços deverão ser concentrados no sentido de conhecer, promover e valorizar o panorama artístico das ditas periferias e optar pela utilização de novos métodos e estratégias de conhecimento, pesquisa e investigação. Existem presentemente novos e renovados desaios que passam pelo indeclinável alargamento do campo e da tipologia do objeto de análise, bem como pelo recurso indispensável a novas lógicas de abordagem. Não quer isto dizer que os métodos e perspetivas que pertencem ao âmago da disciplina, tal como se foi pensando e materializando nos últimos cento e cinquenta anos, não permaneçam válidos e operativos (MACHADO, 2008). Trata-se, sim, de verter para a disciplina conquistas da globalização (SERRÃO, 2012: 3). 4. Portugal Global «(…) o acto verdadeiramente grande da História Portuguesa (…) o grande acto cosmopolita da História (…) [foi esse] longo, cauteloso, cientíico período dos Descobrimentos.» (Álvaro de Campos (1966), Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação) O caráter de resiliência da nação portuguesa tem sido destacado pela História de Portugal como uma das características únicas do país, e esteve presente durante o debate em Mateus. Desde a sua fundação em 1143 (e ressalvando o período da anexação espanhola), o país soube manter-se como Estado-Nação independente e com fronteiras praticamente inalteradas. Como protagonista global ou mesmo depois, declinando estrategicamente para a periferia, revela uma grande habilidade e saber na gestão de alianças geoestratégicas. Esta introdução inicial pretende chamar a atenção para a necessidade de perceção de uma herança comum. Serão as ediicações Cadernos Mateus DOC IX · Globalização - Globalization 41 realizadas no nosso território, ao longo dos diferentes períodos históricos, apenas importações de modelos ou, traduzem, em si mesmas, uma perspetiva coerente e original? A interação de diferentes culturas e diferentes locais introduz uma matriz dinâmica que se concretiza, na realidade nacional, em edifícios ricos de simbolismo e de signiicado. A prossecução deste objectivo pressupõe o já referido olhar crítico integrador e uma visão globalizante. «Um ensaio sobre a deinição da identidade nacional a partir dos traços intuíveis no plano artístico só pode ser desenvolvido no seio de uma História da Arte global, aberta ao contributo da Iconologia e do olhar semiótico, desse prazer de desvendar e saber ver, sem perder de vista a realidade produtiva e os confrontos sociais ou de tendências que coabitam, nem a perduração das formas e das dinâmicas estéticas memoriais no ciclo do tempo» (SERRÃO, 2007: 47). Uma das questões mais debatidas durante o encontro Mateus DOC X foi a da identidade. Apesar da existência de diferentes pontos de vista, estamos convictos de que «[a] individualidade portuguesa não desaparece como o fumo e se nós a possuímos nada perderemos em estudar a Arquitectura estrangeira, caso contrário será inútil ter a pretensão de falar em Arquitectura Portuguesa.» (TÁVORA, 1947: 12). Caracterizando a arquitetura produzida em Portugal na época manuelina17, é importante referir que esta inaugura uma nova forma de encarar o espaço. A sua unicidade e a funcionalidade mostram um momento particular na arquitetura portuguesa. A arquitectura produzida no largo tempo do manuelino desenvolve-se numa fase de transição, congregando elementos do gótico inal, bem como princípios do pensamento renascentista e maneirista. Apesar da permanência dos modelos góticos, introduzem-se alterações na composição do espaço interior e na volumetria. «D. Manuel, rei absoluto e resoluto, busca uma imagem artística que fosse ‘ao modo de Portugal’, isto é, sintomaticamente diversa da arte ad modum Yspaniae (isabelino, plateresco, hispano-lamengo), e que parecesse de facto moderna, isto é, capaz de 17 Consideramos, como arco temporal, o período decorrente entre 1490 e 1530. IICM · Instituto Internacional Casa de Mateus 42 aglutinar a tradição goticista e mourisca com a nova e pretendida expressão proselista do centro decisório.» (SERRÃO, 2001: 23). Como síntese deste modo de construir, reforçamos a ideia de que o manuelino se constitui como «(…) um projeto ao mesmo tempo humano ou material, radicado na particular conjuntura nacional e na vontade do rei, e divino ou espiritual, assente na esperança escatológica e na jubilosa expectativa da Parusia.» (LEITE, 2005). 5. As Viagens Em relação íntima com a circulação do conhecimento, pretendemos introduzir, neste ponto, o conceito de viagem (CRUZ, 2015). Podemos associá-lo, num primeiro momento, à diáspora portuguesa nos séculos XV e XVI, mas também (como já foi referido) como algo capaz de evidenciar as possibilidades analíticas que nos traz o contacto com o Outro e, ao mesmo tempo, facilitar a perceção de uma herança, com possibilidade de criação de valor na especiicidade e no diferenciado. Não obstante as diiculdades que poderiam acarretar as deslocações na Idade Média, as viagens neste período eram muito mais frequentes do que aquilo que até há alguns anos se julgava. «Os historiadores têm vindo a demonstrar como a sociedade do Ocidente medieval conheceu uma intensa circulação de homens e de ideias». (LOPES, 2006). Comprovando a abertura e permeabilidade a novos conhecimentos e experiências, os caminhos da Europa foram intensamente percorridos por mercadores, peregrinos, clérigos e reis. Com motivações de ordem comercial, religiosa ou no âmbito de missões político-diplomáticas, a viagem era, por vezes, acompanhada por um complexo ritual iniciático e a chegada ao destino como o cumprimento de um ato espiritual de grande elevação. A evangelização e o negócio contribuíram para que esta época fosse um período rico em intercâmbios e no estabelecimento de relações mais ou menos duradouras e com propósitos nem sempre lineares. Serão as viagens dos Descobrimentos portugueses ponto de partida para uma realidade internacional globalizada, acompanhadas por uma atitude relexiva em relação ao conhecimento ancorado numa forte ligação ao seu contexto de origem? Esta é tanto mais Cadernos Mateus DOC IX · Globalização - Globalization eicaz quanto maior for a capacidade de investigar sobre o sentido das coisas e as suas raízes. A historiograia da arte portuguesa tem-nos revelado a importância da viagem como possibilidade de cruzamento de inluências e como contributo para a formação do gosto de mecenas e de autores. A viagem implica a deslocação do próprio sujeito do conhecimento. Constitui-se como uma forma de aproximação a realidades complexas e permite percecionar diferentes espaços e tempos. Ao viajarmos podemos tomar novos pontos de vista e identiicar novas centralidades de discurso e de pensamento. «(…) La localización de las periferias depende del punto de vista del observador» (ZARAGOZA CATALÁN, 2003: 108). Citando Álvaro Domingues, «[é] o grau de afastamento a um centro que clariica a posição periférica (física, social, morfológica)» (DOMINGUES, 1994: 5). As viagens foram importantes fontes de informação, permitindo o confronto com diferentes visões do mundo e com novas arquiteturas. Elas tiveram o mérito de apresentar novidades sobre povos longínquos e inacessíveis à generalidade das populações. «Ora os relatos produzidos pelos viajantes dos séculos XVI e XVII, missionários ou laicos, oferecem o interesse de, enquanto um primeiro olhar ocidental sobre um conjunto de sociedades – ameríndias, africanas, orientais ou polinésias -, poderem ser consideradas precursões das construções etnológicas que seriam elaboradas mais tarde sobre essas sociedades.» (PEREZ, 1992: 74). Por outro lado, o estabelecimento de comunidades portuguesas em diferentes latitudes foi, inicialmente, uma nítida consequência dos Descobrimentos, não sendo também de estranhar que estes hajam contribuído para que tivesse sido em língua portuguesa que se fosse desenhando um género literário só séculos depois entendido como tal noutros países e a que frequentemente se viria associar a historiograia. 6. Conclusão «(…) Com o nível de intensidade com que conhecemos hoje, a globalização é um fenómeno relativamente recente. Todavia, teremos de 43 44 IICM · Instituto Internacional Casa de Mateus recuar até ao século XV para encontrarmos a origem deste processo. A campanha dos descobrimentos portugueses deu início a uma nova era e impulsionou a globalização (…).» (SOBRAL, 2004). Tal como evidenciamos em alguns pontos de vista presentes nesta relexão, o historiador de arte constitui-se como uma espécie de «operário de memórias» (SERRÃO, 2001: 44), sendo a sua intervenção essencial no processo de entendimento do passado e de informação do presente e do futuro. «Face a um quadro global que altera relações de domínio, esbate paradigmas e dilui fronteiras, tanto a produção artística como a própria fruição e consumo das artes e, também, o papel atuante da História da Arte – disciplina inserida nesse vasto mundo em mutação com as suas teorizações críticas, a sua capacidade de interrogar sentidos e a sua metodologia de análise das obras artísticas –, vêem o seu papel interventivo substancialmente alterado nos seus pressupostos.» (SERRÃO, 2012: 1). Por outro lado, uma maior consciencialização das questões identitárias permite-nos reconstituir um quadro operativo de salvaguarda e de proteção de elementos essenciais e extremamente presentes na caracterização de fatores identitários. Deseja-se que as novas gerações de historiadores, críticos de arte e demais proissões diretamente envolvidas neste processo (e tendo em conta uma perspectiva mais vocacionada para a preservação do património) possam «lidar melhor com a ruína envolvente porque aprendem nestas lições, que se tornam de evidenciada utilidade para uma cartograia de registo face à extensão brutal das perdas identitárias e para uma adequada intervenção preventiva.» (SERRÃO, 2014: 34). Um outro aspeto, que remete novamente para a História da Arte como ponto de encontro fundamental, e que permite concluir esta relexão, é a importância da organização da atividade cientíica, hoje, numa base transnacional. Atualmente é possível falar de uma verdadeira comunidade cientíica internacional. Portugal e os investigadores portugueses têm beneiciado de uma incorporação cada vez mais profícua nas redes cientíicas internacionais, garantindo o processo de intermediação cultural e devolvendo conhecimento sobre «pontos de vista» que o tempo desmemorizou (SERRÃO, 2007: 44). Cadernos Mateus DOC IX · Globalização - Globalization “Conhecer o passado é uma tarefa tão surpreendente como conhecer as estrelas.” (George Kubler (1991), A Forma do Tempo) Referências Bibliográicas: Argan, Giulio C. e Fagiolo, Maurízio. (2008). Guia de História da Arte. Lisboa: Editorial Estampa. Baptista Pereira, F. A. (1996). Arte Portuguesa da Época dos Descobrimentos. Lisboa: CTT. Costa, Alexandre A. (2007). Introdução ao Estudo da História da Arquitectura Portuguesa. Porto: FAUP publicações. Cruz, Tiago. (2015). «A viagem como instrumento de projecto “no largo tempo do manuelino”». 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Valência: Subsecretaria de Promoció Cultural. 47 Cadernos Mateus DOC IX · Globalização - Globalization Tiago Cruz Tiago Cruz (Vila Nova de Gaia, 1985) é mestre arquiteto pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (2010). Fre-quenta atualmente o 3º Ciclo de estudos em Estudos do Patrimó-nio, especialização em História da Arte, no Departamento de Ciências e Técnicas do Património, na Faculdade de Letras da mesma Universidade. Tem presentemente como principal inte-resse de investigação a arquitectura construída no “largo tempo do manuelino” em Portugal. Tiago Cruz (Vila Nova de Gaia, 1985) is a master architect for the Porto School of Architecture (2010). He is currently attending the PhD in Heritage Studies, specialization in Art History in the Department of Heritage Studies at the Faculty of Arts of the same University. His main current research interest is the architecture built on “the large time of the manuelino” in Portugal. 181 182 IICM · Instituto Internacional Casa de Mateus Mateus DOC X Sexta, 27 Nov. Globalização Globalization Agenda 17:30 Conferência de Abertura · Globalização Auditório de Geociências da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro João Vale de Almeida, Embaixador da União Europeia Rui Tavares, Historiador Miguel Poiares Maduro, Professor de Direito Partida para o Antigo Lagar da Casa de Mateus 19:45 Boas vindas e apresentações dos participantes no Seminário António Cunha, Ramón Villares, Jorge Vasconcelos, Artur Cristóvão, José Tavares e Teresa Albuquerque e todos os participantes Relato do seminário Mateus DOC 9 · Migração José Luís Ferreira Lançamento do caderno Mateus DOC 8 · Infinito 20:30 Jantar - debate Participam os oradores, os conferencistas e convidados: Sergio Arzeni, António Feijó, E duardo Marçal Grilo, Álvaro Vasconcelos Cadernos Mateus DOC IX · Globalização - Globalization 183 Sábado, 28 Nov. Domingo, 20 Set. 08:45 - 11:00 Pequeno almoço no Lagar da Casa de Mateus 09:00 - 11:00 Pequeno almoço no Lagar da Casa de Mateus Cientistas, Arquitectos e Portugal Global Nómadas Globais: uma visão antropológica da globalização GPS: Global Portuguese Scientists – Cientistas Portugueses no Mundo David Marçal Globalizações, passado e presente Tiago Cruz 12:00 Partida para a Quinta da Costa 13:00 - 15:15 Direito, Europa e Mundo Direito do mar: internacionalização do direito europeu ou europeização do direito internacional? Ana Maria Pinto A União Europeia e a Globalização – Agente, Paradigma, Normativo e Vítima Graça Enes 16:00 Regresso ao Lagar da Casa de Mateus 19:00 - 22:00 Identidades e Desigualdades Globalização, Identidade e Património Maria José Figueiroa-Rêgo A Globalização das desigualdades num mundo em movimento Maria João Guia Comunicação Global e Nichos Culturais: uma abordagem à estética das mensagens Luís Lima Globalização: Globalizações? Desglobalização? Etnografias da subjectividade na era dos grandes números e categorias classificatórias Humberto Martins Turistas backpacker: os anti-turistas na era da híper-mobilidade Márcio Martins 13:00 Almoço na Copa da Casa de Mateus, conclusões e despedidas Programa Mateus DOC Programa Principal / Main Sponsor ©Instituto Internacional Casa de Mateus e autores individuais / and individual authors Todos os direitos reservados / All rights reserved Editado por / Published by IICM – Instituto Internacional Casa de Mateus Casa de Mateus 5000-291 Vila Real Portugal T +351 259 323 121 F +351 259 326 553 [email protected] http://www.iicm.pt Coordenação Geral Teresa Albuquerque Coordenação Editorial Pedro Magalhães Design Fernando Pendão Depósito Legal n.º 327 162/11 ISBN 978-989-97281-1-0 ISSN 2182-1569 (impresso) ISSN 2182-1577 (em linha)