Conference Presentation by Tiago Trindade Cruz
VIII Jornada Internacional de História da Arquitectura | O desenho da arquitetura, 2023
O desenho desempenha um papel de destaque nos instrumentos de investigação, interpretação e comun... more O desenho desempenha um papel de destaque nos instrumentos de investigação, interpretação e comunicação utilizados pela História da Arquitetura. Com o advento da tecnologia e dos seus lugares de interface, o desenho digital permite inovar na representação, experimentação e comunicação do espaço e do tempo, agregando novas possibilidades de atualização e integração de dados da investigação e de monitorização e avaliação dos resultados.
Na implementação de um modelo de análise interdisciplinar, o desenho digital do convento de Monchique, na cidade do Porto, recorre ao desenho como instrumento de confronto de diferentes fontes de investigação e aferição de formas, cronologias e funções. Na sua relação com o lugar, e nas especificidades decorrentes da arquitetura conventual mendicante feminina, permite uma interpretação de escalas, estratigrafias de construção e de ocupação, afirmando o Desenho Digital como instrumento privilegiado de investigação em Estudos do Património.
Antologia de Ensaios: Laboratório colaborativo: dinâmicas urbanas, património, artes. VIII Seminário de investigação, ensino e difusão, 2022
O presente artigo tem por base a investigação desenvolvida no projeto de Doutoramento em Estudos ... more O presente artigo tem por base a investigação desenvolvida no projeto de Doutoramento em Estudos do Património, especialização em História da Arte (FLUP, 2022), sob o tema "Património e Desenho Digital: metodologias e abordagens aplicadas ao convento de Monchique no Porto (o demolido, a ruína e o transformado)"1. Assumindo o desenho como agente ativo do nosso processo de investigação, adotamos como problemática principal: Que metodologias e instrumentos do Desenho Digital são potencialmente aplicáveis ao estudo do Património Cultural, e como as implementar em diferentes contextos como o demolido, a ruína e o transformado? Partimos para a hipótese de investigação com uma discussão prévia dos conceitos, e que contribui para uma problematização da Taxonomia do Digital Heritage, alinhando-se com as agendas globais da sustentabilidade e da inclusão e afirmando os novos territórios do digital enquanto campos da produção e da democracia cultural. Para implementação de um modelo de análise interdisciplinar, que se quis inovador na metodologia e nos resultados alcançados, selecionamos o antigo complexo conventual da Madre de Deus de Monchique, na cidade do Porto, recorrendo ao desenho como instrumento de confronto de diferentes fontes de investigação e aferição de formas, cronologias e funções. Na sua relação com o lugar, e nas especificidades decorrentes da arquitetura conventual mendicante feminina, permitiu-nos uma interpretação de escalas, estratigrafias de construção e de ocupação. Pretendeu-se afirmar o Desenho Digital enquanto instrumento privilegiado de investigação em Estudos do Património, pautando-nos pela transparência das fontes e recursos utilizados, pelo rigor cientifico, na interpretação, comunicação e difusão do conhecimento, contribuindo para uma renovação metodológica na abordagem ao Património Arquitetónico e urbano integrado numa Paisagem Histórica Urbana, o que justificou a criação de uma plataforma, Digital Heritage, para a disseminação do conhecimento produzido.
ACHS 2020 Futures, 2020
This poster seeks to systematise a set of interpretive drawings developed around the conventual c... more This poster seeks to systematise a set of interpretive drawings developed around the conventual complex of Monchique (Porto, Portugal). Aiming to explore the opportunities offered by the Digital Age for knowledge and prophylactic preservation of the built heritage, digital drawings connect to the future by creating a digital memory/registration in the present. We live a period characterised by technological development and virtually unlimited dynamization of information flows, with implications for the construction of human knowledge. Its migration into the digital domain affects our interaction with History and transforms our heritage experience by introducing the concept of Digital Cultural Heritage. Given this approach, digital drawing is an effective tool, allowing to adopt a memorial practice that conditions/informs innovation, without nostalgia for the past, rejecting the various forms of museification.
Finally, it demonstrates the rigor in complying with scientific methodologies that use digital drawing for knowledge of the built heritage, as well as in the international charters and doctrines that inform these matters, namely the “London Charter” (2006 and 2009), the “Seville Principles” (2011-12), the “Berlin Charter” (2015), the “ICOMOS Charter for Interpretation and Presentation of Cultural Heritage Sites” (2008) and the “ICOMOS Charter on Cultural Tourism” (1999).
CHNT24 - Conference on Cultural Heritage and New Technologies, 2019
The Digital Age, characterized by technological development and the virtually unlimited dynamizat... more The Digital Age, characterized by technological development and the virtually unlimited dynamization of information flows, is changing the way humans construct knowledge. "If the human knowledge is rapidly migrating in digital domains and virtual worlds, what happens to the past?" (Forte, 2014, p. 113). Faced withthis new approach, a Digital Cultural Heritage (Carvalho, 2016), it is necessary to adopt a memorial practice that conditions / informs innovation, without nostalgia of the past and that rejects the various forms of museification (Choay, 2015, p. 227). The creation of augmented and virtual realities, with different forms of interaction, reveals new forms of visibility and visuality, with the screen acquiring a great cultural relevance (Matoso, 2017, p. 127). With the emergence of the avatars of the historical monument (Choay, 2015, p. 37), the question is how to put the technologies at the service of visualizing cultural contents and to contribute to the visualization of the past and the interpretation of virtual reconstitution hypotheses. M. Forte tells us that the past can not bere constructed but simulated (2010, p.10). The limits between reality and simulacrum tend to fade, and may lead to phenomena of substitution (Solà-Morales, 2016), in a new way of apprehending the world. In an approach to the concept of cyberarchaeology, M. Forte underlines the idea of "potential past" as more appropriate to the classification of the process generated by the coevolution of information resulting from human evolution and the cyber-interaction generated by different worlds, with a knowledge validated by the relationship between the present and the Past (2010, p. 10).
Proceedings of the Fifteenth International ISKO Conference 9-11 July 2018 Porto, Portugal, 2018
This presentation aims at expounding on the importance of information and communication technolog... more This presentation aims at expounding on the importance of information and communication technology (ICT) and of digital heritage in strengthening the bilateral relations of and the interaction between civil society and its collective cultural heritage, as well as their role in the recognition and understanding of the particularities and the importance of the history and accounts of these constructed sets. By following this approach, I intend to address the subject of digital technology, highlighting its ever-increasing importance and leading role as an instrument for the study and preservation of cultural and architectural heritage assets. The latter aspect is particularly vital in understanding cities as living entities and physical embodiments of the collective memory, so as to create a database and a set of various highly significant types of knowledge, which can potentially be universally accessed and shared.
The use of ICT, providing new forms of accessing and organizing knowledge, has become an increasingly central and essential process in the field of digital heritage. The management of content disseminated through ICT acts as a basic element in the overall communication and sustainability of knowledge. ICT not only broadens the scope of research but also serves to disseminate it to a wider and more diverse audience in an interactive manner.
On the other hand, the implementation of research projects in the field of digital heritage – based on history of art and history of architecture – leads to the exploration of approaches with the aim of recovering, analysing and interpreting lost or otherwise invisible/transformed heritage assets within the urban landscape. By extension, they allow us to not only question how these strategies are used to reinsert the absent/transformed historical city in its multiple layers within the contemporary environment but also to assess the connection of civil society with its (in)visible legacy. In conclusion, the multidisciplinary nature of this approach is the key focus, an approach that effectively combines digital humanities, history, history of art, architecture and information technology.
Workshop, Long and Short Paper, and Poster Proceedings from the Fourth Immersive Learning Research Network Conference (iLRN 2018 MONTANA), 2018
This work aims to address the Digital Heritage topic in the light of the new investigation opport... more This work aims to address the Digital Heritage topic in the light of the new investigation opportunities within History of Architecture, which have been brought by technological development. The protagonism assumed by digital drawing will also be addressed as a research, analysis, preservation and promotion tool of the cities' built heritage. Our object of study-the conventual complex of Monchique (Porto, Portugal), which has suffered several transformations over time (both in form and function), serves as an example to show how digital tools contribute to the spreading of historical knowledge as a living memory, mostly to a wider audience and not only to experts in the field. The three-dimensional models, such as the one we propose to build, take on shapes capable of (non-destructively) reconstitute previous stages or the constructive evolution of the building, enabling its better understanding , within a both humanist and enlightened perspective. Given that the digital cannot replace physical and phenomenological experiences of built heritage, it does however allow innovation in its holistic and multidisciplinary reading, providing new opportunities for its knowledge and fruition , as it is the specific case of the virtual tours and the augmented reality. In conclusion, we fit in a wider vision which perceives that the combining of science, culture and education, together with the potential of digital and immer-sive technologies, can actively contribute to an improvement in learning and development of multiple perspectives on the built heritage and, consequently, on the shift of learnings between experiences, in a shared construction of knowledge.
Genius Loci: Lugares e Significados - Breves Reflexões | Genius Loci: Places and Meanings - Short Reflections, 2016
As viagens dos Descobrimentos portugueses, nos séculos XV e XVI, são um dos atos fundadores de um... more As viagens dos Descobrimentos portugueses, nos séculos XV e XVI, são um dos atos fundadores de uma sociedade globalizada. Ao promoverem trocas de experiências e o conhecimento de outras realidades, potenciaram a confrontação ideológica e a circulação do saber. Pelo surto construtivo sem precedentes que então ocorreu, esta época consubstanciou-se como uma das mais fecundas na História da Arte em Portugal, legando-nos uma arquitetura plena de simbolismo e significados.
Neste contexto, torna-se essencial perceber de que modo estas construções, fruto de uma matriz dinâmica, se concretizam numa desejável síntese: pragmática e eficiente. É fundamental indagar acerca da sua capacidade de questionar a importação de modelos e de que modo problematizam a origem e o sentido das suas «formas e ideias».
“A CIDADE PARADIGMÁTICA: ORIGENS, AVATARES, FRONTEIRAS / PARADIGMATIC CITY: ORIGINS, AVATARS, FRONTIERS
As cidades não são entidades permanentes e imutáveis e a sua história é feita sobretudo de descon... more As cidades não são entidades permanentes e imutáveis e a sua história é feita sobretudo de descontinuidades. Se bem que deverão também ser tidas em conta as permanências e continuidades, a historiografia tem-nos demonstrado como grandes inflexões permitiram – em momentos-chave – que estas continuassem vivas e dinâmicas. Recordemos a este propósito os planos do barão Haussman para Paris e os projectos de Mussolini para várias cidades italianas.
O crescimento recente das cidades, com o fenómeno associado da periferia, tem dado origem a uma condição diferente daquilo que estávamos habituados. A cidade periférica não corresponde à nossa ideia tradicional de cidade. Surge imprevista, escapando às nossas previsões e ao nosso controlo. Esta imprevisibilidade vulnerabiliza as cidades. Há que desenvolver novas estratégias de planeamento que ultrapassem os limites administrativos das e actuem a um nível intermunicipal.
A investigação das formas da expansão urbana é essencial no sustentáculo de uma linha de investigação que permita um planeamento coerente nas novas áreas de expansão e uma qualificação de áreas degradadas.
Umas das ideias que associamos aos tecidos periféricos é que estão para lá do limite, para lá de uma ordem estabelecida e reconhecida. O conceito de periferia, tal como foi entendido até ao início da Revolução Industrial, era justamente compreendido como uma demarcação dos limites de uma cidade. O border line onde o construído se confrontava com o não construído e o natural com o artificial.
É frequente associarmos as áreas de expansão periférica a algo que está para além de uma ordem reconhecida, sem formas de consolidação precisa.
Actualmente, a tarefa de definição de uma condição periférica revela-se impossível. Já não é possível confortarmo-nos com a definição dicotómica entre centro/periferia. De acordo com as palavras de Luís Santiago Baptista, esta «(…) já não permite captar satisfatoriamente a condição urbana contemporânea», Apesar disto, e « (…) mesmo perante as dificuldades para compreender a condição urbana contemporânea a partir dessa dualidade disciplinar [centro e periferia], ela não deixa de estar naturalmente presente nas cidades que habitamos» .
Uma nova atitude implica também um reconhecimento da necessidade de proceder a recentralizações. Josep Luís Sert diz-nos: «Para acabar com este desordenado processo de descentralização é preciso criar uma corrente contrária, quer dizer, o que poderíamos chamar recentralização.»
A recentralização pressupõe um questionar acerca das novas oportunidades programáticas e tipológicas que podem ser veiculadas pelas novas áreas de expansão urbana das cidades e que potencial poderá derivar das novas definições de periferia.
Book chapter by Tiago Trindade Cruz
Cadernos Mateus DOC X: Globalização, 2016
As viagens dos Descobrimentos são um dos actos fundadores de uma sociedade globalizada, estando n... more As viagens dos Descobrimentos são um dos actos fundadores de uma sociedade globalizada, estando na origem de trocas de experiências e no conhecimento de outras realidades. A circulação de formas e ideias durante a Idade Média potenciou a confrontação ideológica e a incorporação de novos saberes que de outra forma não seriam tangíveis.
Serão as viagens dos descobrimentos portugueses, ponto de partida para uma realidade internacional globalizada acompanhados por uma atitude reflexiva em relação ao conhecimento ancorado numa forte ligação ao seu contexto de origem? Esta é tanto mais eficaz quanto maior for a capacidade de investigar sobre o sentido das coisas e as suas raízes.
A historiografia da arte portuguesa tem-nos demonstrado a importância da viagem como possibilidade de cruzamento de influências e como esta contribui para a formação do gosto de mecenas e de autores.
Em Portugal, tal como noutros países, a questão impõe-se nestas duas diferentes perspetivas. Sendo essencial entender o nosso enquadramento na realidade da Europa mediterrânica, é também impositivo perceber de que forma este enquadramento lhe permitiu desenvolver uma resposta tão particular. Serão as edificações deste período apenas importações de modelos ou, traduzem, em sim mesmas, uma perspetiva coerente e original? A interação de diferentes culturas e diferentes locais introduz uma matriz dinâmica que se concretiza, na realidade nacional, em edifícios ricos de simbolismo e de significado. A arquitetura da época manuelina inaugura uma nova forma de encarar o espaço. A sua unicidade e a funcionalidade mostram um momento particular na arquitetura portuguesa
A história da arquitetura é feita sobretudo de descontinuidades. Todavia, as permanências deverão também ser tidas em conta. A linguagem clássica da arquitetura sempre esteve presente por todo o Mediterrâneo. A análise da arquitetura terá que ser feita a partir de um raciocínio lógico. De acordo com A. Zaragoza Catalán, apenas na nossa época é possível apreciar de que modo as influências formais do norte francês se refletiram nas poderosas tradições construtivas locais.
Há que fazer uma nova leitura, por cima dos estilos (Carrera Santamaria, 2012). Fernando Távora diria: o estilo não conta, conta sim a relação entre a obra e a vida. (Alves Costa, 2001).
Conservation / Sustainable Design. Heritage Challenges in Historic Urban Landscapes, 2024
The present-day context demands sustainable design practices by preserving and enhancing pre-exis... more The present-day context demands sustainable design practices by preserving and enhancing pre-existing features. This contextual approach is pursued by Álvaro Siza’s designs for the Historic Centre of Porto, from 1968 to 2000, recognising Fernando Távora’s lessons on the intervention in the historic city drawn from the “Study of the Urban Renewal of Barredo” (CMP 1969).
During this period, Siza presented two unbuilt proposals for Ponte Avenue, aimed at solving the urban void created by demolitions in the 1940s. These demolitions were carried out as part of a sanitisation policy influenced by earlier proposals by architects such as Marcello Piacentini in 1938 and Giovanni Muzzio in 1940, along with a political-ideological strategy promoted by the dictatorial regime to monumentalise the Cathedral. This vision is partially sustained in Siza’s 1968 proposal, commissioned for the eastern side of the avenue. In contrast, Siza’s design in the 2000s, which aimed for a contemporary morpho-typological reconstruction of the old fabric, focused on healing urban scars. The three decade-long span between Siza’s designs reflects the evolving perspectives in spatial planning and preservation in pre-existing built contexts.
Moreover, in the 1970s, Álvaro Siza was actively engaged in several projects within the Historic Centre of Porto, including a collaboration with the Commission for Urban Renewal of the Ribeira/Barredo Area (CRUARB), for the intervention of two buildings in Reboleira Street (1977). Additionally, in the Lada neighbourhood, situated in the Ribeira district, Siza aimed to revitalise a deteriorated area through a combination of renovation and new construction (1976). These designs demonstrate Álvaro Siza’s respect for authenticity and cultural values while providing valuable insights into sustainable intervention, balancing preservation and contemporary creation.
Enciclopédia do Românico em Portugal, 2023
Enciclopédia do Românico em Portugal, 2023
Enciclopédia do Românico em Portugal, 2023
CEM, 2020
Este artigo é parte de uma reflexão mais ampla em torno do desenho digital e das novas
metodolog... more Este artigo é parte de uma reflexão mais ampla em torno do desenho digital e das novas
metodologias de investigação em História da Arquitetura. Tendo como objetivo refletir sobre o conceito de Paisagem Patrimonial, parte‑se da antiga estrutura monástica de Monchique, na cidade do Porto, como laboratório experimental de investigação arquitetónica e urbana. Sabemos que a tecnologia digital permite reconstituir elementos de outras épocas, cuja passagem do tempo transformou ou fez desaparecer. Neste contexto, e com recurso ao desenho digital, procura‑se reconhecer o património edificado e as estruturas urbanas através de uma interpretação sincrónica e
diacrónica, atenta aos diferentes períodos históricos e às suas especificidades.
Genius Loci: Lugares e Significados | Places and Meanings, Dec 2017
As viagens dos Descobrimentos portugueses, nos séculos XV e XVI, são um dos atos fundadores de um... more As viagens dos Descobrimentos portugueses, nos séculos XV e XVI, são um dos atos fundadores de uma sociedade globalizada. Ao promoverem trocas de experiências e o conhecimento de outras realidades, potenciaram a confrontação ideológica e a circulação do saber. Pelo surto construtivo sem precedentes que então ocorreu, esta época consubstanciou-se como uma das mais fecundas na História da Arte em Portugal, legando-nos uma arquitetura plena de simbolismo e significados. Neste contexto, torna-se essencial perceber de que modo estas construções, fruto de uma matriz dinâmica, se concretizam numa desejável síntese: pragmática e eficiente. É fundamental indagar acerca da sua capacidade de questionar a importação de modelos e de que modo problematizam a origem e o sentido das suas «formas e ideias».
Workshop de Estudos Medievais da Universidade do Porto, 2016 , 2017
O estudo da viagem em História da Arte assume-se como um importante instrumento para a aferição d... more O estudo da viagem em História da Arte assume-se como um importante instrumento para a aferição da mobilidade do conhecimento. Colocadas ao serviço do projeto de arquitetura – a viagem e a circulação artística – permitem que a conceção e a materialização do edificado possam transcender largamente os contextos e as realidades locais e imediatas, revelando a troca de experiências e o conhecimento de outros cenários.
Num segundo momento, a viagem – na sua vertente de experimentação e descoberta – poderá também assumir-se como metáfora da revisitação historiográfica e da revisão de conceitos que, a exemplo das novas tendências historiográficas, pretendemos levar a cabo. Reportando-nos ao período da Idade Média, sabemos que a circulação de «formas e ideias», potenciando a confrontação ideológica e a incorporação de novos saberes, contribuiu também para a formação do gosto de mecenas e de autores. Surge assim o interesse em estudar a figura de D. Afonso, Conde de Ourém, um dos mais prestigiados viajantes deste período. Entre 1429 e 1458 terá realizado cinco longas viagens pela Europa, Terra Santa e Norte de África. As obras que mandou executar em Ourém e Porto de Mós revelam um estilo gótico erudito e dão-nos uma visão do cosmopolitismo do seu mentor. Da mesma forma, o triunfo do «gosto mudéjar» em Portugal é associado à viagem e à descoberta, neste caso a visita do rei D. Manuel I a Castela, em 1498. Aqui foi
possível conciliar a questão do gosto com a presença em Portugal de uma mão-de-obra bastante qualificada, de pedreiros, nas comunidades árabes.
Por fim, importa indagar de que forma este entendimento do «outro», com o seu
conjunto de «formas e ideias» e a necessária e consequente atitude reflexiva em relação ao conhecimento e à sua origem promovem a integração e a formulação de respostas vernaculares, mas simultaneamente originais e profundamente identitárias.
The study of the travel in Art History is assumed as an important tool for measuring the mobility of knowledge. Placed at the service of architectural design – the travel and the artistic circulation – allow that the proposed building could largely transcend the contexts of local and immediate realities, revealing the exchange of experiences. Secondly, travel – in her trial face of experience and discovery – could also be assumed as a metaphor for historiographical revisiting and to the revision of concepts that, as the example of the new historiographical tendencies, we intend to pursue. Referring to the Middle Ages, we know that the movement of «forms and ideas», enhancing the ideological confrontation and the incorporation of new knowledge, also contributed to the formation of the taste of patrons and authors. This raised the interest in studying D. Afonso, Count of Ourém, one of the most prestigious travelers of this period. Between 1429 and 1458 he has carried out five extended trips to Europe, the Holy Land and North Africa. The works ordered by him in Ourém and Porto de Mós reveal an erudite Gothic style and give us a vision of the cosmopolitanism of his mentor. Similarly, the triumph of the «mudejar taste» in Portugal is also associated with travel and discovery, in this case with the visit of King D. Manuel I to Castile in 1498. Here it was possible to reconcile the issue of taste with the presence in Portugal of a well-qualified workforce, of masons, in Arab communities. Finally, it is important to ask how this understanding of the «other», with its set of «forms and ideas» and the necessary and consequent reflective approach to knowledge and its origin promote the integration and development of vernacular responses, but simultaneously original and deeply identitarian.
Sphera Mundi - Arte e Cultura no Tempo dos Descobrimentos, Oct 2015
A viagem enquanto instrumento ao serviço do projeto de arquitetura permite que a materialização d... more A viagem enquanto instrumento ao serviço do projeto de arquitetura permite que a materialização desta possa transcender largamente os contextos locais. Um edifício ou obra arquitetónica reflete trocas de experiências e o conhecimento de outras realidades. A circulação de formas e ideias durante a Idade Média potenciou a confrontação ideológica e a incorporação de novos saberes que de outra forma não seriam tangíveis. Também hoje é preciso voltar a ver (e rever) o nosso património construído. A viagem permite um novo olhar: mais informado. É necessário ver “para além dos estilos”, com uma atitude reflexiva e numa perspectiva ancorada pelo conhecimento e pela experiência espacial.
Call for Papers by Tiago Trindade Cruz
Porto, 25th-27th january 2017.
Submissions must include: title (English and Portuguese/Spanish),... more Porto, 25th-27th january 2017.
Submissions must include: title (English and Portuguese/Spanish), name of the author(s), filiation, abstract (maximum of 2000 characters), correspondent thematic line indication, 3 to 5 keywords and a short biography of each author (maximum of 800 characters).
Porto, 25th-27th january 2017.
Submissions must include: title (English and Portuguese/Spanish),... more Porto, 25th-27th january 2017.
Submissions must include: title (English and Portuguese/Spanish), name of the author(s), filiation, abstract (maximum of 2000 characters), correspondent thematic line indication, 3 to 5 keywords and a short biography of each author (maximum of 800 characters).
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Conference Presentation by Tiago Trindade Cruz
Na implementação de um modelo de análise interdisciplinar, o desenho digital do convento de Monchique, na cidade do Porto, recorre ao desenho como instrumento de confronto de diferentes fontes de investigação e aferição de formas, cronologias e funções. Na sua relação com o lugar, e nas especificidades decorrentes da arquitetura conventual mendicante feminina, permite uma interpretação de escalas, estratigrafias de construção e de ocupação, afirmando o Desenho Digital como instrumento privilegiado de investigação em Estudos do Património.
Finally, it demonstrates the rigor in complying with scientific methodologies that use digital drawing for knowledge of the built heritage, as well as in the international charters and doctrines that inform these matters, namely the “London Charter” (2006 and 2009), the “Seville Principles” (2011-12), the “Berlin Charter” (2015), the “ICOMOS Charter for Interpretation and Presentation of Cultural Heritage Sites” (2008) and the “ICOMOS Charter on Cultural Tourism” (1999).
The use of ICT, providing new forms of accessing and organizing knowledge, has become an increasingly central and essential process in the field of digital heritage. The management of content disseminated through ICT acts as a basic element in the overall communication and sustainability of knowledge. ICT not only broadens the scope of research but also serves to disseminate it to a wider and more diverse audience in an interactive manner.
On the other hand, the implementation of research projects in the field of digital heritage – based on history of art and history of architecture – leads to the exploration of approaches with the aim of recovering, analysing and interpreting lost or otherwise invisible/transformed heritage assets within the urban landscape. By extension, they allow us to not only question how these strategies are used to reinsert the absent/transformed historical city in its multiple layers within the contemporary environment but also to assess the connection of civil society with its (in)visible legacy. In conclusion, the multidisciplinary nature of this approach is the key focus, an approach that effectively combines digital humanities, history, history of art, architecture and information technology.
Neste contexto, torna-se essencial perceber de que modo estas construções, fruto de uma matriz dinâmica, se concretizam numa desejável síntese: pragmática e eficiente. É fundamental indagar acerca da sua capacidade de questionar a importação de modelos e de que modo problematizam a origem e o sentido das suas «formas e ideias».
O crescimento recente das cidades, com o fenómeno associado da periferia, tem dado origem a uma condição diferente daquilo que estávamos habituados. A cidade periférica não corresponde à nossa ideia tradicional de cidade. Surge imprevista, escapando às nossas previsões e ao nosso controlo. Esta imprevisibilidade vulnerabiliza as cidades. Há que desenvolver novas estratégias de planeamento que ultrapassem os limites administrativos das e actuem a um nível intermunicipal.
A investigação das formas da expansão urbana é essencial no sustentáculo de uma linha de investigação que permita um planeamento coerente nas novas áreas de expansão e uma qualificação de áreas degradadas.
Umas das ideias que associamos aos tecidos periféricos é que estão para lá do limite, para lá de uma ordem estabelecida e reconhecida. O conceito de periferia, tal como foi entendido até ao início da Revolução Industrial, era justamente compreendido como uma demarcação dos limites de uma cidade. O border line onde o construído se confrontava com o não construído e o natural com o artificial.
É frequente associarmos as áreas de expansão periférica a algo que está para além de uma ordem reconhecida, sem formas de consolidação precisa.
Actualmente, a tarefa de definição de uma condição periférica revela-se impossível. Já não é possível confortarmo-nos com a definição dicotómica entre centro/periferia. De acordo com as palavras de Luís Santiago Baptista, esta «(…) já não permite captar satisfatoriamente a condição urbana contemporânea», Apesar disto, e « (…) mesmo perante as dificuldades para compreender a condição urbana contemporânea a partir dessa dualidade disciplinar [centro e periferia], ela não deixa de estar naturalmente presente nas cidades que habitamos» .
Uma nova atitude implica também um reconhecimento da necessidade de proceder a recentralizações. Josep Luís Sert diz-nos: «Para acabar com este desordenado processo de descentralização é preciso criar uma corrente contrária, quer dizer, o que poderíamos chamar recentralização.»
A recentralização pressupõe um questionar acerca das novas oportunidades programáticas e tipológicas que podem ser veiculadas pelas novas áreas de expansão urbana das cidades e que potencial poderá derivar das novas definições de periferia.
Book chapter by Tiago Trindade Cruz
Serão as viagens dos descobrimentos portugueses, ponto de partida para uma realidade internacional globalizada acompanhados por uma atitude reflexiva em relação ao conhecimento ancorado numa forte ligação ao seu contexto de origem? Esta é tanto mais eficaz quanto maior for a capacidade de investigar sobre o sentido das coisas e as suas raízes.
A historiografia da arte portuguesa tem-nos demonstrado a importância da viagem como possibilidade de cruzamento de influências e como esta contribui para a formação do gosto de mecenas e de autores.
Em Portugal, tal como noutros países, a questão impõe-se nestas duas diferentes perspetivas. Sendo essencial entender o nosso enquadramento na realidade da Europa mediterrânica, é também impositivo perceber de que forma este enquadramento lhe permitiu desenvolver uma resposta tão particular. Serão as edificações deste período apenas importações de modelos ou, traduzem, em sim mesmas, uma perspetiva coerente e original? A interação de diferentes culturas e diferentes locais introduz uma matriz dinâmica que se concretiza, na realidade nacional, em edifícios ricos de simbolismo e de significado. A arquitetura da época manuelina inaugura uma nova forma de encarar o espaço. A sua unicidade e a funcionalidade mostram um momento particular na arquitetura portuguesa
A história da arquitetura é feita sobretudo de descontinuidades. Todavia, as permanências deverão também ser tidas em conta. A linguagem clássica da arquitetura sempre esteve presente por todo o Mediterrâneo. A análise da arquitetura terá que ser feita a partir de um raciocínio lógico. De acordo com A. Zaragoza Catalán, apenas na nossa época é possível apreciar de que modo as influências formais do norte francês se refletiram nas poderosas tradições construtivas locais.
Há que fazer uma nova leitura, por cima dos estilos (Carrera Santamaria, 2012). Fernando Távora diria: o estilo não conta, conta sim a relação entre a obra e a vida. (Alves Costa, 2001).
During this period, Siza presented two unbuilt proposals for Ponte Avenue, aimed at solving the urban void created by demolitions in the 1940s. These demolitions were carried out as part of a sanitisation policy influenced by earlier proposals by architects such as Marcello Piacentini in 1938 and Giovanni Muzzio in 1940, along with a political-ideological strategy promoted by the dictatorial regime to monumentalise the Cathedral. This vision is partially sustained in Siza’s 1968 proposal, commissioned for the eastern side of the avenue. In contrast, Siza’s design in the 2000s, which aimed for a contemporary morpho-typological reconstruction of the old fabric, focused on healing urban scars. The three decade-long span between Siza’s designs reflects the evolving perspectives in spatial planning and preservation in pre-existing built contexts.
Moreover, in the 1970s, Álvaro Siza was actively engaged in several projects within the Historic Centre of Porto, including a collaboration with the Commission for Urban Renewal of the Ribeira/Barredo Area (CRUARB), for the intervention of two buildings in Reboleira Street (1977). Additionally, in the Lada neighbourhood, situated in the Ribeira district, Siza aimed to revitalise a deteriorated area through a combination of renovation and new construction (1976). These designs demonstrate Álvaro Siza’s respect for authenticity and cultural values while providing valuable insights into sustainable intervention, balancing preservation and contemporary creation.
metodologias de investigação em História da Arquitetura. Tendo como objetivo refletir sobre o conceito de Paisagem Patrimonial, parte‑se da antiga estrutura monástica de Monchique, na cidade do Porto, como laboratório experimental de investigação arquitetónica e urbana. Sabemos que a tecnologia digital permite reconstituir elementos de outras épocas, cuja passagem do tempo transformou ou fez desaparecer. Neste contexto, e com recurso ao desenho digital, procura‑se reconhecer o património edificado e as estruturas urbanas através de uma interpretação sincrónica e
diacrónica, atenta aos diferentes períodos históricos e às suas especificidades.
Num segundo momento, a viagem – na sua vertente de experimentação e descoberta – poderá também assumir-se como metáfora da revisitação historiográfica e da revisão de conceitos que, a exemplo das novas tendências historiográficas, pretendemos levar a cabo. Reportando-nos ao período da Idade Média, sabemos que a circulação de «formas e ideias», potenciando a confrontação ideológica e a incorporação de novos saberes, contribuiu também para a formação do gosto de mecenas e de autores. Surge assim o interesse em estudar a figura de D. Afonso, Conde de Ourém, um dos mais prestigiados viajantes deste período. Entre 1429 e 1458 terá realizado cinco longas viagens pela Europa, Terra Santa e Norte de África. As obras que mandou executar em Ourém e Porto de Mós revelam um estilo gótico erudito e dão-nos uma visão do cosmopolitismo do seu mentor. Da mesma forma, o triunfo do «gosto mudéjar» em Portugal é associado à viagem e à descoberta, neste caso a visita do rei D. Manuel I a Castela, em 1498. Aqui foi
possível conciliar a questão do gosto com a presença em Portugal de uma mão-de-obra bastante qualificada, de pedreiros, nas comunidades árabes.
Por fim, importa indagar de que forma este entendimento do «outro», com o seu
conjunto de «formas e ideias» e a necessária e consequente atitude reflexiva em relação ao conhecimento e à sua origem promovem a integração e a formulação de respostas vernaculares, mas simultaneamente originais e profundamente identitárias.
The study of the travel in Art History is assumed as an important tool for measuring the mobility of knowledge. Placed at the service of architectural design – the travel and the artistic circulation – allow that the proposed building could largely transcend the contexts of local and immediate realities, revealing the exchange of experiences. Secondly, travel – in her trial face of experience and discovery – could also be assumed as a metaphor for historiographical revisiting and to the revision of concepts that, as the example of the new historiographical tendencies, we intend to pursue. Referring to the Middle Ages, we know that the movement of «forms and ideas», enhancing the ideological confrontation and the incorporation of new knowledge, also contributed to the formation of the taste of patrons and authors. This raised the interest in studying D. Afonso, Count of Ourém, one of the most prestigious travelers of this period. Between 1429 and 1458 he has carried out five extended trips to Europe, the Holy Land and North Africa. The works ordered by him in Ourém and Porto de Mós reveal an erudite Gothic style and give us a vision of the cosmopolitanism of his mentor. Similarly, the triumph of the «mudejar taste» in Portugal is also associated with travel and discovery, in this case with the visit of King D. Manuel I to Castile in 1498. Here it was possible to reconcile the issue of taste with the presence in Portugal of a well-qualified workforce, of masons, in Arab communities. Finally, it is important to ask how this understanding of the «other», with its set of «forms and ideas» and the necessary and consequent reflective approach to knowledge and its origin promote the integration and development of vernacular responses, but simultaneously original and deeply identitarian.
Call for Papers by Tiago Trindade Cruz
Submissions must include: title (English and Portuguese/Spanish), name of the author(s), filiation, abstract (maximum of 2000 characters), correspondent thematic line indication, 3 to 5 keywords and a short biography of each author (maximum of 800 characters).
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Na implementação de um modelo de análise interdisciplinar, o desenho digital do convento de Monchique, na cidade do Porto, recorre ao desenho como instrumento de confronto de diferentes fontes de investigação e aferição de formas, cronologias e funções. Na sua relação com o lugar, e nas especificidades decorrentes da arquitetura conventual mendicante feminina, permite uma interpretação de escalas, estratigrafias de construção e de ocupação, afirmando o Desenho Digital como instrumento privilegiado de investigação em Estudos do Património.
Finally, it demonstrates the rigor in complying with scientific methodologies that use digital drawing for knowledge of the built heritage, as well as in the international charters and doctrines that inform these matters, namely the “London Charter” (2006 and 2009), the “Seville Principles” (2011-12), the “Berlin Charter” (2015), the “ICOMOS Charter for Interpretation and Presentation of Cultural Heritage Sites” (2008) and the “ICOMOS Charter on Cultural Tourism” (1999).
The use of ICT, providing new forms of accessing and organizing knowledge, has become an increasingly central and essential process in the field of digital heritage. The management of content disseminated through ICT acts as a basic element in the overall communication and sustainability of knowledge. ICT not only broadens the scope of research but also serves to disseminate it to a wider and more diverse audience in an interactive manner.
On the other hand, the implementation of research projects in the field of digital heritage – based on history of art and history of architecture – leads to the exploration of approaches with the aim of recovering, analysing and interpreting lost or otherwise invisible/transformed heritage assets within the urban landscape. By extension, they allow us to not only question how these strategies are used to reinsert the absent/transformed historical city in its multiple layers within the contemporary environment but also to assess the connection of civil society with its (in)visible legacy. In conclusion, the multidisciplinary nature of this approach is the key focus, an approach that effectively combines digital humanities, history, history of art, architecture and information technology.
Neste contexto, torna-se essencial perceber de que modo estas construções, fruto de uma matriz dinâmica, se concretizam numa desejável síntese: pragmática e eficiente. É fundamental indagar acerca da sua capacidade de questionar a importação de modelos e de que modo problematizam a origem e o sentido das suas «formas e ideias».
O crescimento recente das cidades, com o fenómeno associado da periferia, tem dado origem a uma condição diferente daquilo que estávamos habituados. A cidade periférica não corresponde à nossa ideia tradicional de cidade. Surge imprevista, escapando às nossas previsões e ao nosso controlo. Esta imprevisibilidade vulnerabiliza as cidades. Há que desenvolver novas estratégias de planeamento que ultrapassem os limites administrativos das e actuem a um nível intermunicipal.
A investigação das formas da expansão urbana é essencial no sustentáculo de uma linha de investigação que permita um planeamento coerente nas novas áreas de expansão e uma qualificação de áreas degradadas.
Umas das ideias que associamos aos tecidos periféricos é que estão para lá do limite, para lá de uma ordem estabelecida e reconhecida. O conceito de periferia, tal como foi entendido até ao início da Revolução Industrial, era justamente compreendido como uma demarcação dos limites de uma cidade. O border line onde o construído se confrontava com o não construído e o natural com o artificial.
É frequente associarmos as áreas de expansão periférica a algo que está para além de uma ordem reconhecida, sem formas de consolidação precisa.
Actualmente, a tarefa de definição de uma condição periférica revela-se impossível. Já não é possível confortarmo-nos com a definição dicotómica entre centro/periferia. De acordo com as palavras de Luís Santiago Baptista, esta «(…) já não permite captar satisfatoriamente a condição urbana contemporânea», Apesar disto, e « (…) mesmo perante as dificuldades para compreender a condição urbana contemporânea a partir dessa dualidade disciplinar [centro e periferia], ela não deixa de estar naturalmente presente nas cidades que habitamos» .
Uma nova atitude implica também um reconhecimento da necessidade de proceder a recentralizações. Josep Luís Sert diz-nos: «Para acabar com este desordenado processo de descentralização é preciso criar uma corrente contrária, quer dizer, o que poderíamos chamar recentralização.»
A recentralização pressupõe um questionar acerca das novas oportunidades programáticas e tipológicas que podem ser veiculadas pelas novas áreas de expansão urbana das cidades e que potencial poderá derivar das novas definições de periferia.
Serão as viagens dos descobrimentos portugueses, ponto de partida para uma realidade internacional globalizada acompanhados por uma atitude reflexiva em relação ao conhecimento ancorado numa forte ligação ao seu contexto de origem? Esta é tanto mais eficaz quanto maior for a capacidade de investigar sobre o sentido das coisas e as suas raízes.
A historiografia da arte portuguesa tem-nos demonstrado a importância da viagem como possibilidade de cruzamento de influências e como esta contribui para a formação do gosto de mecenas e de autores.
Em Portugal, tal como noutros países, a questão impõe-se nestas duas diferentes perspetivas. Sendo essencial entender o nosso enquadramento na realidade da Europa mediterrânica, é também impositivo perceber de que forma este enquadramento lhe permitiu desenvolver uma resposta tão particular. Serão as edificações deste período apenas importações de modelos ou, traduzem, em sim mesmas, uma perspetiva coerente e original? A interação de diferentes culturas e diferentes locais introduz uma matriz dinâmica que se concretiza, na realidade nacional, em edifícios ricos de simbolismo e de significado. A arquitetura da época manuelina inaugura uma nova forma de encarar o espaço. A sua unicidade e a funcionalidade mostram um momento particular na arquitetura portuguesa
A história da arquitetura é feita sobretudo de descontinuidades. Todavia, as permanências deverão também ser tidas em conta. A linguagem clássica da arquitetura sempre esteve presente por todo o Mediterrâneo. A análise da arquitetura terá que ser feita a partir de um raciocínio lógico. De acordo com A. Zaragoza Catalán, apenas na nossa época é possível apreciar de que modo as influências formais do norte francês se refletiram nas poderosas tradições construtivas locais.
Há que fazer uma nova leitura, por cima dos estilos (Carrera Santamaria, 2012). Fernando Távora diria: o estilo não conta, conta sim a relação entre a obra e a vida. (Alves Costa, 2001).
During this period, Siza presented two unbuilt proposals for Ponte Avenue, aimed at solving the urban void created by demolitions in the 1940s. These demolitions were carried out as part of a sanitisation policy influenced by earlier proposals by architects such as Marcello Piacentini in 1938 and Giovanni Muzzio in 1940, along with a political-ideological strategy promoted by the dictatorial regime to monumentalise the Cathedral. This vision is partially sustained in Siza’s 1968 proposal, commissioned for the eastern side of the avenue. In contrast, Siza’s design in the 2000s, which aimed for a contemporary morpho-typological reconstruction of the old fabric, focused on healing urban scars. The three decade-long span between Siza’s designs reflects the evolving perspectives in spatial planning and preservation in pre-existing built contexts.
Moreover, in the 1970s, Álvaro Siza was actively engaged in several projects within the Historic Centre of Porto, including a collaboration with the Commission for Urban Renewal of the Ribeira/Barredo Area (CRUARB), for the intervention of two buildings in Reboleira Street (1977). Additionally, in the Lada neighbourhood, situated in the Ribeira district, Siza aimed to revitalise a deteriorated area through a combination of renovation and new construction (1976). These designs demonstrate Álvaro Siza’s respect for authenticity and cultural values while providing valuable insights into sustainable intervention, balancing preservation and contemporary creation.
metodologias de investigação em História da Arquitetura. Tendo como objetivo refletir sobre o conceito de Paisagem Patrimonial, parte‑se da antiga estrutura monástica de Monchique, na cidade do Porto, como laboratório experimental de investigação arquitetónica e urbana. Sabemos que a tecnologia digital permite reconstituir elementos de outras épocas, cuja passagem do tempo transformou ou fez desaparecer. Neste contexto, e com recurso ao desenho digital, procura‑se reconhecer o património edificado e as estruturas urbanas através de uma interpretação sincrónica e
diacrónica, atenta aos diferentes períodos históricos e às suas especificidades.
Num segundo momento, a viagem – na sua vertente de experimentação e descoberta – poderá também assumir-se como metáfora da revisitação historiográfica e da revisão de conceitos que, a exemplo das novas tendências historiográficas, pretendemos levar a cabo. Reportando-nos ao período da Idade Média, sabemos que a circulação de «formas e ideias», potenciando a confrontação ideológica e a incorporação de novos saberes, contribuiu também para a formação do gosto de mecenas e de autores. Surge assim o interesse em estudar a figura de D. Afonso, Conde de Ourém, um dos mais prestigiados viajantes deste período. Entre 1429 e 1458 terá realizado cinco longas viagens pela Europa, Terra Santa e Norte de África. As obras que mandou executar em Ourém e Porto de Mós revelam um estilo gótico erudito e dão-nos uma visão do cosmopolitismo do seu mentor. Da mesma forma, o triunfo do «gosto mudéjar» em Portugal é associado à viagem e à descoberta, neste caso a visita do rei D. Manuel I a Castela, em 1498. Aqui foi
possível conciliar a questão do gosto com a presença em Portugal de uma mão-de-obra bastante qualificada, de pedreiros, nas comunidades árabes.
Por fim, importa indagar de que forma este entendimento do «outro», com o seu
conjunto de «formas e ideias» e a necessária e consequente atitude reflexiva em relação ao conhecimento e à sua origem promovem a integração e a formulação de respostas vernaculares, mas simultaneamente originais e profundamente identitárias.
The study of the travel in Art History is assumed as an important tool for measuring the mobility of knowledge. Placed at the service of architectural design – the travel and the artistic circulation – allow that the proposed building could largely transcend the contexts of local and immediate realities, revealing the exchange of experiences. Secondly, travel – in her trial face of experience and discovery – could also be assumed as a metaphor for historiographical revisiting and to the revision of concepts that, as the example of the new historiographical tendencies, we intend to pursue. Referring to the Middle Ages, we know that the movement of «forms and ideas», enhancing the ideological confrontation and the incorporation of new knowledge, also contributed to the formation of the taste of patrons and authors. This raised the interest in studying D. Afonso, Count of Ourém, one of the most prestigious travelers of this period. Between 1429 and 1458 he has carried out five extended trips to Europe, the Holy Land and North Africa. The works ordered by him in Ourém and Porto de Mós reveal an erudite Gothic style and give us a vision of the cosmopolitanism of his mentor. Similarly, the triumph of the «mudejar taste» in Portugal is also associated with travel and discovery, in this case with the visit of King D. Manuel I to Castile in 1498. Here it was possible to reconcile the issue of taste with the presence in Portugal of a well-qualified workforce, of masons, in Arab communities. Finally, it is important to ask how this understanding of the «other», with its set of «forms and ideas» and the necessary and consequent reflective approach to knowledge and its origin promote the integration and development of vernacular responses, but simultaneously original and deeply identitarian.
Submissions must include: title (English and Portuguese/Spanish), name of the author(s), filiation, abstract (maximum of 2000 characters), correspondent thematic line indication, 3 to 5 keywords and a short biography of each author (maximum of 800 characters).
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multidisciplinar, reconstituir o processo de construção da cidade de Santa
Maria da Feira. Aqui poderemos encontrar obras de importantes arquitectos
portugueses do século XX: Fernando Távora, Viana de Lima e Rogério de
Azevedo, entre outros.
Os casos de estudo revelam-nos também os programas construtivos
estabelecidos pelos sucessivos governos nacionais e declaram os desígnios
definidos pelos respectivos para a nação portuguesa. No seu conjunto
traduzem a memória de um passado colectivo e são documentos históricos. O
seu estudo, salvaguarda e protecção é de interesse histórico e nacional.
Pretende-se como objectivo final estabelecer uma rota / percurso que articule
o património construído e que promova o seu conhecimento. A materialização
deste projecto será feita através de um mapa – disponibilizado em suporte físico
e de forma iterativa, num sítio da Internet criado propositadamente para o
efeito.
Com especial enfoque no Património Arquitectónico das Cidades Portuguesas no Séc. XX, entre 1910 – 1974, a exposição “Cidade e Arquitectura”, contempla 10 trabalhos de investigação sobre os municípios de: Caldas da Rainha, Cascais, Figueira da Foz, Mação, Maia, Oliveira de Azeméis, Porto, Santa Maria da Feira, Vila de Rei, e conta com o apoio de todos os Municípios referidos e da Fundação Millennium bcp.
No âmbito desta exposição, realiza-se, no próximo dia 23 de maio, pelas 17h30m, a tertúlia onde será presentado o trabalho de investigação "Vila da Feira 1910 - 1974 - Processo de construção de uma cidade", de Tiago Cruz.