UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
ESCOLA DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS
MESTRADO EM LETRAS
ALEXANDRE RODRIGUES NUNES
FANFICTION À LUZ DA PEDAGOGIA DOS MULTILETRAMENTOS EM AULAS
DE LÍNGUA INGLESA:
AMPLIAÇÃO DE REPERTÓRIO E PROPICIAÇÃO DE AFFORDANCES PARA
UMA APRENDIZAGEM CRÍTICA
SÃO PAULO
2024
ALEXANDRE RODRIGUES NUNES
FANFICTION À LUZ DA PEDAGOGIA DOS MULTILETRAMENTOS EM AULAS
DE LÍNGUA INGLESA:
AMPLIAÇÃO DE REPERTÓRIO E PROPICIAÇÃO DE AFFORDANCES PARA
UMA APRENDIZAGEM CRÍTICA
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Letras da
Universidade Federal de São Paulo como
requisito para obtenção do título de Mestre
em Letras, na área de concentração de
Estudos Linguísticos, Linguagens em
Novos Contextos.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Antonieta Megale
SÃO PAULO
2024
Na qualidade de titular dos direitos autorais, em consonância com a Lei de direitos autorais
nº 9610/98, autorizo a publicação livre e gratuita desse trabalho no Repositório
Institucional da UNIFESP ou em outro meio eletrônico da instituição, sem qualquer
ressarcimento dos direitos autorais para leitura, impressão e/ou download em meio
eletrônico para fins de divulgação intelectual, desde que citada a fonte.
NUNES, A. R.
Fanfiction à luz da Pedagogia dos Multiletramentos em Aulas de
língua inglesa: ampliação de repertório e propiciação de Affordances
para uma aprendizagem crítica / Alexandre Rodrigues Nunes – 2024 –
210 f.
Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-graduação em Letras). –
São Paulo, Guarulhos: Universidade de São Paulo (UNIFESP). Escola
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH).
Orientadora: Drª. Antonieta Megale.
Título em inglês: Fanfiction through the lens of multiliteracies
pedagogy in English language classes: Expanding repertoire and
providing affordances for critical learning.
1. Pedagogia dos Multiletramentos. 2. Affordances. 3. Interacionismo
Sociodiscursivo. 4. Fanfictions I. Antonieta Megale. II. Fanfiction à luz da
Pedagogia dos Multiletramentos em Aulas de língua inglesa: ampliação
de repertório e propiciação de Affordances para uma aprendizagem
crítica.
ALEXANDRE RODRIGUES NUNES
FANFICTION À LUZ DA PEDAGOGIA DOS MULTILETRAMENTOS EM AULAS
DE LÍNGUA INGLESA:
AMPLIAÇÃO DE REPERTÓRIO E PROPICIAÇÃO DE AFFORDANCES PARA
UMA APRENDIZAGEM CRÍTICA
Dissertação de Mestrado para Exame de
Banca de Qualificação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Letras da
Universidade Federal de São Paulo como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Letras, na área de
concentração de Estudos Linguísticos,
Linguagens em Novos Contextos.
Aprovação em: 29 de fevereiro de 2024.
Banca Examinadora de Qualificação:
_____________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Antonieta Megale (Orientadora)
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-Guarulhos)
_____________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Rita Jover Faleiros (Titular Interno)
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-Guarulhos)
_____________________________________________________
Prof. Dr. Marcos Cesar Polifemi (Titular Externo)
Faculdade Cultura Inglesa (FCI-São Paulo)
_____________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Andressa Cristina Molinari (Suplente)
Universidade Federal Fluminense (UFF)
Este trabalho é dedicado à minha família,
à minha orientadora e à UNIFESP por
terem proporcionado apoio e
oportunidade para meus estudos em um
momento tão importante da minha vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus por ter proporcionado a minha vida e o ânimo
em todo o meu percurso profissional como professor e educador, bem como ao longo
da jornada acadêmica.
Imensamente, à minha esposa Tatiane Santos Nunes, acadêmica, enfermeira,
amiga, mãe e uma mulher incrível – que sempre acreditou em mim e ofereceu todo o
apoio necessário. Outra mulher que fortaleceu minha vida e minha jornada é a minha
mãe, Eunice Rodrigues Nunes. Ela sempre esteve ao meu lado em orações e com o
suporte emocional que precisei.
Ao meu filho, Samuel Santos Nunes, por ter proporcionado a tarefa desafiadora
e prazerosa de ser pai e amigo em tempos de grandes conflitos geracionais e
familiares. Do seu jeito, sempre me ajudou nos momentos que mais precisei.
Ao meu pai, meu irmão, aos familiares e amigos que compreenderam a minha
ausência em eventos sociais, pois compreendem e apoiam meu crescimento
acadêmico e profissional, sempre.
À Professora Doutora Antonieta Megale por sempre acreditar em mim ao longo
de uma jornada acadêmica e de vida. Há pessoas que Deus coloca em nossas vidas
para fazer com que a nossa história seja abençoada. Essa pessoa é a Profa. Dra.
Antonieta Megale.
À UNIFESP, ao programa de Letras, aos professores e às professoras que
proporcionaram muito conhecimento e enriqueceram meu repertório. Em especial, à
Professora Doutora Rita Jover-Faleiros, ao Professor Doutor Marcos Cesar Polifemi e
à Professora Doutora Andressa Cristina Molinari por terem proporcionado uma Banca
de Qualificação com riqueza de sugestões e apontamentos, assim como por terem
proporcionado muitos ensinamentos ao longo do processo de escrita da minha
dissertação.
Ao colégio em que trabalho, à direção e à coordenação por terem permitido a
minha pesquisa junto à instituição. Da mesma forma, agradeço aos alunos e a seus
familiares por terem colaborado com a minha pesquisa.
Às colegas, orientandas da Profa. Dra. Antonieta Megale, mestrandas Gabriela
Pinsdorf e Gabriela Dantas, por terem estado comigo ao longo dessa jornada e terem
sido grandes apoios para mim.
“Fanfiction is a way of the culture repairing
the damage done in a system where
contemporary
myths
are
owned
by
corporations instead of owned by folk”.
Henry Jenkins
“Fanfiction é uma maneira da cultura
reparar os danos causados em um sistema
em que mitos contemporâneos são de
propriedade de corporações, em vez de
serem de propriedade do povo”.
Henry Jenkins1 (tradução nossa)
1
Trecho extraído do artigo “In TV's Dull Summer Days, Plots Take Wing on the Net”, escrito por Amy
Harmon no The New York Times, em 18 de agosto de 1997. Disponível em:
https://www.nytimes.com/1997/08/18/business/in-tv-s-dullsummer-days-plots-take-wing-on-thenet.html. Acesso em: 20 dez. 2023.
RESUMO
Esta pesquisa de mestrado objetivou investigar como os repertórios linguísticos de
estudantes de inglês são ampliados na produção midiática em consonância com a
Cultura Participativa (Jenkins, 2009) e individuar quais affordances (Gibson, 2015;
Paiva, 2010; Van Lier, 2000) são propiciadas por meio de uma sequência didática
construída à luz da Pedagogia dos Multiletramentos (Rojo, 2012/2013; GNL,
1996/2021) – que culmina na produção de textos do gênero fanfiction (Sachs, 2019;
Rojo, 2012; Jenkins, 2006/2009). Dessa forma, o estudo centralizou o olhar
investigativo nos temas levantados pelos jovens do nono ano dos anos finais do
Ensino Fundamental, mediante suas narrativas ficcionais midiáticas e publicadas em
uma plataforma de circulação de fanfictions. A análise dos textos produzidos pelos
alunos foi realizada a partir dos conteúdos temáticos abordados nas fanfictions
provenientes da perspectiva do Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart, J.;
Bronckart, E., 2017; Guimarães, 2007; Bronckart, J. 2006/2008). Os resultados
obtidos apontaram para compreensão da aprendizagem por meio da Pedagogia dos
Multiletramentos em sintonia com a Cultura Participativa e na produção escolarmidiática, assim como para a compreensão das affordances que são propiciadas nas
aulas de língua inglesa, com a aplicação da sequência didática proposta, na produção
escrita de fanfictions por alunos e na responsabilização do processo de ensinoaprendizagem.
Palavras-chave: pedagogia dos multiletramentos; affordances; interacionismo
sociodiscursivo; fanfictions.
ABSTRACT
This research aims at investigating how the linguistic repertoires of English students
are expanded in media production in consonance with Participatory Culture (Jenkins,
2009) and at investigating which affordances (Gibson, 2015; Paiva, 2010; Van Lier,
2000) are provided through a didactic sequence built in the light of the Pedagogy of
Multiliteracies (Rojo, 2012/2013; GNL, 1996/2021) that culminates in the production of
fanfiction texts (Sachs, 2019; Rojo, 2012; Jenkins, 2006/2009). In this way, the study
focuses on the investigative aspect of the themes raised by young people in the ninth
grade of middle school in their fictional media narratives and published on a fanfiction
dissemination platform. The analysis of the texts produced by the students will be
based on the thematic contents aligned with the perspective of Socio-discursive
Interactionism (Bronckart, J.; Bronckart, E., 2017, Guimarães, 2007; Bronckart, J.
2006/2008). We hope to contribute, with this study, to a greater understanding of
learning through the Pedagogy of Multiliteracies in agreement with Participatory
Culture and in school-media production, as well as for the understanding of the
resources that are offered in the English classes with the use of the proposed didactic
unit, in the production of fanfictions by students, and in the accountability of the
teaching-learning process.
Keywords:
the
pedagogy
interactionism; fanfiction.
of
multiliteracies;
affordances;
socio-discursive
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Multiletramentos: metalinguagens para descrever e interpretar os elementos
de design das diferentes modalidades de significado .......................... 32
Figura 2 - Mapa dos Multiletramentos ....................................................................... 33
Figura 3 - Tumblr: página de edição e publicação ..................................................... 78
Figura 4 – “Animal Farm” ‘G2’: What if... (Tumblr) ..................................................... 78
Figura 5 - Lista de documentos inseridos no Atlas.ti ................................................. 83
Figura 6 - Lista de códigos usados no Atlas.ti ........................................................... 84
Figura 7 - Grupos de códigos .................................................................................... 85
Figura 8 - Grupos de códigos e códigos relacionados............................................... 86
Figura 9 - Rede de códigos do Grupo de códigos Política ........................................ 87
Figura 10 - Lista de documentos com as respostas ao questionário eletrônico (Google
Forms) .................................................................................................. 89
Figura 11 - Lista de códigos nos textos das respostas do Questionário Eletrônico
(Google Forms)..................................................................................... 89
Figura 12 - Grupos de códigos nos textos das respostas do Questionário Eletrônico
(Google Forms)..................................................................................... 90
Figura 13 - Pesquisa de Texto (palavra ‘control’) no software Atlas.ti ..................... 105
Figura 14 - Pesquisa de Texto (palavra ‘control’ e sinônimos) no software Atlas.ti. 105
Figura 15 - Os três níveis da arquitetura textual ...................................................... 107
Figura 16 - Pesquisa Expressões Regulares (conectivo ‘after’) no software Atlas.ti
............................................................................................................ 115
Figura 17 - Pesquisa Expressões Regulares (pronome relativo ‘who’) no software
Atlas.ti ................................................................................................. 117
Figura 18 - Pesquisa Expressões Regulares (expressão ‘what if’) no software Atlas.ti
............................................................................................................ 120
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Estrutura de temas e questões sociais do currículo de língua inglesa do
Ensino Fundamental anos finais do colégio ......................................... 50
Quadro 2 - Gêneros textuais e conteúdos linguístico-discursivos de língua inglesa do
Ensino Fundamental anos finais do colégio ......................................... 51
Quadro 3 - Síntese dos instrumentos de coleta ...................................................... 54
Quadro 4 - Número de recorrência de Palavras-chave ou hashtags das fanfictions
.............................................................................................................. 79
Quadro 5 - Fanfictions usadas para base de dados do grupo Política cujas respostas
ao questionário digital acompanham a coleta de dados....................... 90
Quadro 6 - Representação do método de análise de textos de J. Bronckart (1999)
.............................................................................................................. 92
Quadro 7 - Tipos de affordances propiciadas ........................................................ 125
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO .............................................................................................. 13
2
REPERTÓRIOS EM CENA .......................................................................... 19
2.1
CONCEITO DE REPERTÓRIO E SUPERDIVERSIDADE ........................... 19
2.2
REPERTÓRIO DO PROFESSOR ................................................................ 22
2.3
REPERTÓRIO DOS ESTUDANTES ............................................................ 23
3
MULTILETRAMENTOS ................................................................................ 25
4
FANFICTIONS .............................................................................................. 34
5
AFFORDANCES ........................................................................................... 39
6
PRINCÍPIOS EPISTEMOLÓGICOS E PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS ...................................................................................... 45
6.1
METODOLOGIA ........................................................................................... 45
6.2
CONTEXTO DA PESQUISA ......................................................................... 48
6.3
PARTICIPANTES DA PESQUISA ................................................................ 48
6.4
CONTEXTO DE PRODUÇÃO E DO CURSO DE LÍNGUA INGLESA .......... 49
6.5
INSTRUMENTOS/PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ............... 53
6.6
LITERATURA E PROCEDIMENTOS DE LEITURA ..................................... 55
6.6.1
O trabalho com a literatura nas aulas de língua inglesa ......................... 56
6.6.2
Leitura da obra literária “Animal Farm” de George Orwell ..................... 57
6.6.3
Procedimentos de leitura ........................................................................... 58
6.7
A SEQUÊNCIA DIDÁTICA ............................................................................ 62
6.8
ASPECTOS ÉTICOS QUE ENVOLVERAM A PESQUISA ........................... 71
6.9
PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE ................................................................ 73
7
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS FANFICTIONS ................................. 74
7.1
O RECORTE DA ANÁLISE DAS FANFICTIONS ......................................... 77
7.2
A ANÁLISE DAS FANFICTIONS ESCRITAS PELOS ALUNOS .................. 91
7.2.1
Contexto de produção ................................................................................ 92
7.2.2
Arquitetura interna do texto ..................................................................... 106
8
CONCLUSÃO ............................................................................................. 126
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 130
APÊNDICE A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP ................................ 136
APÊNDICE B – APRESENTAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA PARA OS
ALUNOS DO NONO ANO .......................................................................... 154
APÊNDICE C – TERMOS DE CONSENTIMENTO E ASSENTIMENTO ................ 156
APÊNDICE D – CONTEÚDOS TEMÁTICOS DE TODAS FANFICTIONS
PRODUZIDAS PELOS ALUNOS ............................................................... 163
ANEXO A – FANFICTIONS SELECIONADAS PARA ANÁLISE ........................... 174
ANEXO B – RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO ELETRÔNICO (GOOGLE FORMS)
CORRESPONDENTES ÀS FANFICTIONS SELECIONADAS PARA
ANÁLISE .................................................................................................... 205
13
1
INTRODUÇÃO
Ao longo da minha carreira como professor de língua inglesa e portuguesa em
que atuo no Ensino Fundamental e Médio, tenho refletido sobre os processos
educacionais referentes aos diferentes momentos abarcados pela educação, bem
como quanto às práticas pedagógicas abordadas em pesquisas acadêmicas da área
da Linguística em Novos Contextos. Deparei-me com ampla referência bibliográfica
no decurso dos últimos anos apontando para discussões sobre movimentos
educacionais do processo de ensino-aprendizagem de línguas, sobre abordagens e
metodologias ativas, sobre os (novos) contextos diversos inclusos em sala de aula.
Também, aproximei meus estudos às pesquisas acadêmicas sobre o trabalho com
gêneros discursivos/textuais não canônicos focalizando o ensino de línguas e a
produção midiática colaborativa em ambiente escolar.
Atravessado por um caminho didático com constante indagações sobre como
o repertório do aluno pode ser ampliado e como sua aprendizagem pode tornar-se
mais crítica, dediquei os últimos anos da minha prática didática a um intenso processo
formativo no colégio em que trabalho, por meio de cursos de formação de professores
e compartilhamento de abordagens, metodologias, e práticas didáticas utilizadas nas
aulas de língua inglesa. Esse processo de formação possibilitou práticas de trabalho
com os Multiletramentos e com gêneros discursivos, até então não utilizados por mim
em sala de aula. Ainda, por meio de muita troca com os formadores, pude questionar(me) sobre o processo de ensino-aprendizagem que promove maior criticidade para o
educando.
Provocado, a partir dessas interações e com as discussões propostas nesses
momentos de formação, estive em contato com temas referentes à cultura escolar e
à produção dos estudantes, tais como as escritas midiáticas, a interação e a circulação
dos textos produzidos por eles e discussão de assuntos sobre o compartilhamento, a
interação e a circulação dos textos produzidos por eles e que, muitas vezes, não
extrapolam as paredes da sala de aula.
Essas provocações auxiliaram-me a desenhar um estudo do gênero fanfiction
à luz da Pedagogia dos Multiletramentos (Grupo Nova Londres, 1996/2021) e da
Cultura Participativa (Jenkins, 2006/2006b/2009), focalizando as affordances que são
propiciadas na escrita de fanfictions e, que posteriormente, são publicadas em uma
plataforma de circulação desse gênero. Neste estudo, compreendemos, por
14
affordances, as oportunidades de aprendizagem, na complexidade dos fatores
contextuais, que são propiciadas nas relações estabelecidas pelo estudante com o
ambiente, com os colegas, com os professores, focalizando o desenvolvimento
linguístico do estudante (Paiva, 2009; Van Lier, 2000, 2004, 2008; Gibson, 1984,
2015).
Paiva (2009) propõe que affordance seja traduzido como “propiciamento” e que
seja compreendido por meio do contexto em que ele é inserido, pois, para a autora, a
aprendizagem da língua inglesa pode acontecer de uma forma, em um contexto como
segunda língua, diferentemente de outro contexto como língua estrangeira, ou em
imersão.
Compreendemos a Cultura Participativa como um movimento de convergência
da cultura digital com os novos letramentos, e sua definição aborda alguns aspectos
que Jenkins (2006a) aponta como sendo integrantes de:
1. Um sujeito que tem relativamente poucas barreiras com expressão artística
e engajamento social;
2. Um sujeito que tem muita disposição para criar e compartilhar suas
criações com outros;
3. Um sujeito que tem algum tipo de mentoria informal cujo conhecimento do
que é mais experiente é passado para os menos experientes;
4. Um grupo em que os membros acreditam que suas contribuições são
importantes;
5. Um grupo em que os membros se sentem conectados em algum grau uns
com os outros (ao menos eles importam-se com o que outras pessoas
pensam sobre o que eles criaram) (Jenkins, 2006a, n.p., tradução nossa2).
O autor acrescenta que o termo designado por ele como Cultura de
Convergência denota mudanças tecnológicas, industriais, culturais e sociais no modo
como as mídias circulam em nossa cultura. Ele exemplifica como histórias que
seguem vários tipos de plataformas midiáticas são adaptadas ou (re)criadas em
diferentes modalidades ou gêneros (mídias): romances que se transformam em séries
televisivas, ou dramas radiofônicos que se tornam tirinhas e (histórias em quadrinhos)
HQ, ou até mesmo parques de diversão que têm atrações que são inspiradas nas
grandes franquias. Ele reforça que a Cultura de Convergência
2
No texto original: “With relatively low barriers to artistic expression and civic engagement; with strong
support for creating and sharing one’s creations with others; with some type of informal mentorship
whereby what is known by the most experienced is passed along to novices; where members believe
that their contributions matter; where members feel some degree of social connection with one another
(at the least they care what other people think about what they have created).”
15
[...] representa a fluidez do conteúdo por meio de múltiplas plataformas
midiáticas, a cooperação múltipla entre as indústrias de mídia, e o
comportamento migratório das audiências midiáticas que vão atrás de
qualquer lugar para achar os tipos de entretenimento que elas querem
experienciar. Convergência é a palavra que aborda a descrição tecnológica,
industrial, cultural, e de mudanças sociais, dependendo de quem está falando
e do que se acredita que está sendo dito (Jenkins, 2016, n.p., tradução
nossa3).
Ainda, o autor enfatiza que os consumidores de mídia começam a procurar
novos caminhos para obter as informações de seus interesses e fazem uso de mídias
até então marginalizadas. Um exemplo é o uso de blogs e de fóruns de discussão que
abordam temas relacionados e de interesse. Esse movimento de convergência de
mídias é amplamente discutido por Jenkins (2009, 2006a, 2006b) e leva-o a definir a
Cultura Participativa.
Em um sistema midiático, poderíamos tradicionalmente compreender
produtores e consumidores como dois papéis separados de um sujeito ao procurar
informações, mas essa visão é transformada em sujeitos participantes que interagem
uns com os outros em constante (re)criação. Como Jenkins (2006b) argumenta, a
convergência acontece no cérebro desse sujeito, pois a forma de compreender um
ambiente midiático ultrapassa a perspectiva de sujeito consumidor e alcança uma
atitude ativa de produtor de mídia, ao mesmo tempo que a consome.
Nesse sentido, Buckingham (2019) discorre sobre a mudança nas mídias e
suas implicações nocivas ao processo educacional. Ele argumenta que
[...] a educação midiática não é sobre usar mídias ou tecnologia como
ferramentas, como auxílio para o ensino, ou certamente como equipamentos
de obtenção de dados. Não é sobre alertar os jovens acerca de vários
‘comportamentos ruins’ as quais as mídias oportunizam. Nem mesmo é
simplesmente sobre o desenvolvimento de habilidades técnicas, ou sobre
oferecer oportunidades aos jovens de expressar-se por meio das mídias. É,
todavia, centrada em desenvolver a compreensão (e leitura) crítica
(Buckingham, 2019 - Posição 322 de 1651 da Versão Kindle, tradução
nossa4, grifo nosso).
3
No texto original: “By convergence, I mean the flow of content across multiple media platforms, the
cooperation between multiple media industries, and the migratory behavior of media audiences who
would go almost anywhere in search of the kinds of entertainment experiences they wanted.
Convergence is a word that manages to describe technological, industrial, cultural, and social changes,
depending on who's speaking and what they think they are talking about.”
4
No texto original: “Media education is not about using media or technology as tools, as teaching aids,
or indeed as data-gathering devices. It is not about warning young people against the various forms of
‘bad behaviour’ that media are seen to encourage. Nor is it simply about developing technical skills, or
providing young people with opportunities to express themselves through media. Rather, as I intend to
explain, it is centrally concerned with developing critical understanding.”
16
Para compreender melhor as narrativas midiáticas, definimos que o gênero
fanfiction, ou fanfic como abreviação, representa a união entre dois vocábulos da
língua inglesa: fan (fã) e fiction (ficção). Esse gênero é também denominado como
uma manifestação do universo dos fãs (fandom) e representa as narrativas
desenvolvidas e exploradas em um universo midiático e de circulação que se relaciona
com as mídias de cultura popular. As fanfictions circulam de forma nativa em blogs,
fóruns e, inclusive, em alguns aplicativos dedicados às narrativas pertencentes a esse
universo. A reescrita de narrativas ou de enredos na perspectiva da intertextualidade
data os séculos XVII e XVIII, quando alguns autores (re)criavam narrativas produzindo
versões diferentes para a mesma obra, até mesmo recriando finais felizes para
algumas delas. A partir da década de 1960, temos os primeiros registros de fanzines
de ficção científica (junção dos termos em inglês: fan – fã e zine – magazine, revista).
Um exemplo é a fanzine com ilustrações da premiada série estadunidense Star Trek
(Vasconcelos; Martins, 2019).
Movimentos sociais e culturais que exploram culturas diversas inspiram a
vontade de aproximação de gêneros discursivos e textuais que são de uso e
circulação entre jovens. Por sua vez, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
indica que trabalhos que objetivam a análise de diferentes formas de manifestação da
compreensão ativa dos textos que circulam em redes sociais e os gêneros textuais
que conformam essas práticas de linguagem devem ser abordados no processo de
ensino-aprendizagem para ampliar a compreensão de textos que pertencem a esses
gêneros e possibilitar uma participação mais qualificada do ponto de vista ético,
estético e político nas práticas da linguagem cultural e digital (Brasil, 2017).
Com o propósito de congregar os anseios que levaram ao design desta
pesquisa, compreendemos que o gênero fanfiction, por vezes, marginalizado como
gênero textual e literário no ambiente escolar, poderia ser o gênero textual de aporte
para a produção textual e midiática nas aulas de língua inglesa com alunos do nono
ano do Fundamental. Em sintonia com as práticas de sala de aula deste professor e
pesquisador, os movimentos pedagógicos da Pedagogia dos Multiletramentos
compuseram a base teórica para a elaboração da sequência didática, cujo produto é
a produção de fanfictions, apontando na direção de uma aprendizagem crítica e
transformada. Na medida em que as práticas e os movimentos pedagógicos da
sequência didática permitiram caminhos para aprendizagem aos estudantes,
abordamos as affordances propiciadas como possibilidades de ampliação do
17
repertório dos aprendizes, assim como da aprendizagem da língua inglesa de forma
mais próxima do jovem. A seguir, revelamos alguns elementos essenciais deste
trabalho acadêmico.
Após esse breve panorama que explica o tema da nossa pesquisa,
estabelecemos que objetivamos investigar se os repertórios linguísticos de estudantes
de inglês são ampliados na produção midiática em consonância com a Cultura
Participativa e, também, individuar quais affordances são propiciadas por meio de uma
sequência didática construída à luz da Pedagogia dos Multiletramentos, que culmina
na produção de textos do gênero fanfiction. Assim, levantamos as questões que
direcionaram nosso olhar investigativo:
•
Como a escrita de fanfictions amplia o repertório linguístico dos alunos
em aulas de língua inglesa?
•
Como a escrita criativa ficcional de fanfictions contribui para a produção
de Cultura Participativa?
•
Quais affordances são propiciadas na produção de fanfictions?
•
Qual é a percepção dos alunos acerca da aprendizagem por meio dos
affordances propiciadas?
Realizamos, de acordo com o supramencionado, uma pesquisa bibliográfica
pela qual buscamos compreender a produção acadêmica sobre fanfictions nos últimos
dez anos, pois até a data deste estudo não encontramos pesquisas com o mesmo
escopo, e acreditamos na relevância desse tema para a pesquisa acadêmica.
Percebemos que, como um gênero midiático de ampla circulação no mundo dos fãs
e dos jovens, há muitas pesquisas que estudam esse gênero textual, mas que se
distanciam do nosso foco de pesquisa.
Em consonância a esse achado, delimitamos a nossa pesquisa bibliográfica
relacionando-a com os assuntos pertinentes ao tema deste estudo, como affordances
e ampliação de repertório linguístico-discurso, em aulas de língua inglesa. Deparamonos, então, com estudos relacionados às áreas de cultura, midialidade, letramento,
multiletramento, multimodalidade, literatura, e das áreas de estudos sociais e
comportamentais (além da área da tecnologia da informação). Dessa forma, a partir
do nosso levantamento com base nos repositórios disponíveis, percebemos que este
trabalho abordaria o estudo de fanfictions incorporando a Cultura Participativa e a
Pedagogia dos Multiletramentos como parte da pesquisa.
18
Este estudo foi realizado com alunos do nono ano do Ensino Fundamental de
um colégio privado da cidade de São Paulo, por meio da aplicação de uma sequência
didática à luz da Pedagogia dos Multiletramentos, em aulas de língua inglesa, no
segundo semestre de 2022. A sequência didática centrou-se na produção de
fanfictions.
A divisão deste estudo está organizada em mais sete capítulos a partir desta
introdução. No segundo capítulo, abordamos os repertórios em cena. A seguir,
apresentamos o conceito de repertório e superdiversidade (Busch, 2012/2015) e
descrevemos o repertório do professor e pesquisador, e o repertório dos estudantes.
No terceiro capítulo, discutimos sobre a contribuição da Pedagogia dos
Multiletramentos (Megale; Liberali, 2019; Rojo, 2012; GNL 1996/2021) para um
processo de ensino-aprendizagem com práticas transformadoras e críticas. No
capítulo quatro, focalizamos o gênero fanfiction (Sachs, 2019; Rojo, 2012), discutimos
o uso desse gênero em sala de aula e discutimos a Cultura Participativa (Jenkins,
1992) por meio da produção midiática de fanfictions. No capítulo cinco, discorremos
sobre como as affordances (Gibson, 2015; Aronin; Singleton, 2010/2012; Silva, 2015;
Van Lier, 2000) aplicam-se ao aprendizado da língua inglesa. No capítulo seis,
abordamos o trabalho com a literatura e os processos de leitura (Jover-Faleiros, 2020;
Rouxel, 2020; Hébert, 2008) que fundamentam a produção de fanfictions em
intertextualidade com a obra literária, descrevemos a metodologia da nossa pesquisa
e detalhamos a sequência didática que foi elaborada à luz da Pedagogia dos
Multiletramentos, focalizando a produção da fanfictions. Essas narrativas ficcionais
escritas por alunos do nono ano do Fundamental tornaram-se objeto de análise deste
estudo. No capítulo sete, apresentamos a análise de fanfictions a partir dos conteúdos
temáticos abordados com a perspectiva do Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart,
J.; Bronckart, E., 2017; Bronckart, J. 2006/2008) e as discussões pertinentes ao nosso
estudo. Por fim, fechamos o estudo com nossas considerações finais.
19
2
2.1
REPERTÓRIOS EM CENA
CONCEITO DE REPERTÓRIO E SUPERDIVERSIDADE
Repertório é um termo amplamente usado na área da educação e nos estudos
sociais como na designação dos critérios de correção da redação do ENEM, por
exemplo, em que, na Competência II, a definição e o descritor para o termo dão-se na
perspectiva de que “o repertório sociocultural se configura como toda e qualquer
informação, fato, citação ou experiência vivida que, de alguma forma, contribui como
argumento para a discussão proposta pelo participante” (INEP, 2019, p.10).
Nas acepções do termo no dicionário5, há referências no que tange às artes –
como em conjunto de peças teatrais ou composições musicais –, assim como em
relação à música – como em conjunto de peças musicais realizadas durante um
concerto. Encontramos, ainda, definição da área jurídica – como reunião de leis,
pareceres e jurisprudências. Das definições presentes no dicionário, identificamos que
repertório é um conjunto de conhecimentos.
Ao considerar a pluralidade de significados que o termo repertório pode assumir
em língua portuguesa, refletimos acerca da acepção do dicionário focalizando o
conjunto de conhecimentos em sintonia com o repertório sociocultural do material do
INEP e traçamos um paralelo semântico com o conceito de repertório que iremos
apresentar nesta seção, bem como o conceito de superdiversidade para compor a
nossa visão dos repertórios em cena que compõem este estudo.
Busch (2012) apresenta o conceito de repertórios linguísticos heteroglóssicos
e faz um panorama histórico desde a década de 1960, com base nos estudos de
Gumperz
(1964).
Este
sociolinguista
estadunidense,
em
uma
perspectiva
interacionista, chamou inicialmente de repertório verbal, uma visão multilíngue que
comporta todas as línguas e dialetos que o falante faz uso, e toma como sua ótica de
análise a comunidade de fala. Ele assinala que qualquer sujeito em um espaço e
tempo, com frequente interação, comporta um conjunto de conhecimentos linguísticos
e sociais que agregam e conformam seu repertório.
Busch (2012) revisita o conceito proposto por Gumperz (1964) de comunidade
de fala a partir da noção de superdiversidade de Vertovec. Por superdiversidade,
5
Dicionário Houaiss versão eletrônica. Disponível em: https://houaiss.uol.com.br/. Acesso em: 23 set.
2022.
20
compreendemos, à luz de Vertovec (2007 apud Busch, 2012, p.3), que ele utiliza esse
conceito para descrever o fenômeno da mobilidade global em expansão, o qual
constitui novas e complexas formações sociais e práticas de redes de trabalho
(networking) que vão além das afiliações tradicionais, incluem a diferenciação dos
status imigração e seus títulos e restrições de direitos concomitantes, experiências de
mercado de trabalho, perfis de gênero e idade. Blommaert (2010) destaca que os
processos atuais de globalização são vistos como parte de processos maiores, mais
longos e mais profundos, pelos quais eles representam um estágio particular de
desenvolvimento. Esse desenvolvimento é real, todavia, mudanças na infraestrutura
econômica
e
tecnológica
têm
especialmente
afetado
o
que
atualmente
compreendemos como mobilidade.
Busch (2012) aponta que, mesmo tendo abordagens e autores que defendem
certa
estabilidade
em
comunidades
de
prática,
dadas
as
condições
de
superdiversidade, as mudanças nessas comunidades acontecem de forma rápida e
dinâmica. Com base nessa perspectiva, a autora cunha a noção de repertório. Diante
disso, Busch (2015) salienta que o repertório linguístico é constituído como uma
“bagagem” linguística, e os falantes são constituídos pelos discursos sobre a língua e
suas formas de falar, além de ampliar o conceito por meio da perspectiva corpórea do
repertório, pois também são considerados os sentimentos e as sensações que os
falantes experienciam a si mesmos como falantes “pelos olhos e ouvidos dos outros”
(Busch, 2015, p. 2). Busch (2015) também se utiliza o conceito de heteroglossia de
Bakhtin (1981a apud Busch, 2015, p. 3) para sugerir a ideia de pluralidade de línguas
individuais e, para a autora, as línguas nomeadas6 constituem o repertório de forma
congregada.
Busch (2015) acrescenta que o conceito aborda as dimensões de
multidiscursividade, diversidade linguística, e multiplicidade de vozes é inerente a
6
Compreendemos o conceito de língua nomeada conforme Rocha e Megale (2021, p. 3 – nota de
rodapé), que resgatam a noção de que as línguas nomeadas são entidades sociais, não meramente
linguísticas (Jørgensen et al., 2011; Makoni; Pennycook, 2010 apud Rocha; Megale, 2021 p. 3; Heller,
2007). Blommaert e Ramptom (2011, p. 4 apud Rocha; Megale, 2021, p.4) esclarecem que as línguas
nomeadas representam construções ideológicas historicamente ligadas à instituição dos Estados
nacionais no século XIX. Estas foram moldadas como "artefatos ideológicos de enorme influência" que
sustentaram o modelo emergente de Estado. Nessa perspectiva, uma língua nomeada, conforme a
definição de Otheguy, García e Reid (2015 apud Rocha; Megale, 2021, p 4.), é caracterizada pela
filiação social, política e étnica de seus falantes. Esses autores elucidam que as duas línguas nomeadas
de um sujeito bilíngue existem apenas em uma percepção externa de seu multilinguismo. Do ponto de
vista do falante, há apenas seu repertório, o qual é inerente somente ao falante e não está associado
a qualquer língua nomeada (Otheguy: García; Reid, 2015 apud Rocha; Megale, 2021, p. 3).
21
qualquer forma de língua viva, estabelecendo um “diálogo das línguas” (Bakhtin,
1981a, p. 94 apud Busch, 2015, p. 4). Sob o contexto de globalização, falantes
participam de espaços de comunicação podem ser organizados de forma sequencial,
em paralelo, ou de forma justaposta, ou até em sobreposição. De forma simultânea,
cada espaço agora ganha seu próprio regime (sua própria regra); sendo que espaço
é compreendido aqui como constituído socialmente e constitutivo: constantemente
produzido e reproduzido em práticas sociais e linguísticas repetidas (Busch, 2015).
De acordo com Busch (2012), ainda sobre a perspectiva interacionista de
Gumperz (1964 apud Busch, 2012, p. 2), a conexão entre estilo da fala (speech style)
e relações sociais não é absoluta e assume destaque nos debates atuais acerca do
fenômeno de language crossing e translanguaging7,8. Em alguns estudos empíricos
com jovens britânicos, Rampton (1995 apud Busch, 2012, p. 3) identificou, a
alternância frequente de códigos linguísticos e trocas desses códigos em certa
variedade que geralmente não são pertencentes a eles.
Essas trocas entre campos sociais e étnicos levantam questões sobre
legitimação cujos participantes dessas comunidades precisam negociar em seus
encontros. Esse ponto leva-nos às noções de translanguaging – que se focalizam
menos nessas trocas de códigos e dão luz aos recursos empregados pelos falantes
na construção de significado e ao que as práticas heteroglóssicas significam aos
falantes. Bloommaert (2010 apud Busch, 2012 p. 4) refere-se explicitamente ao
conceito de repertório e argumenta que, considerando repertório e competência, o
foco deveria ser não nas línguas imóveis, mas em recursos móveis.
Busch (2015) ressalta que o conceito de repertório linguístico pode estar
relacionado às situações em que os falantes percebem que estão falando outra língua
ao perceber o estranhamento de quem está em contato com eles. Ela destaca que
7
O termo ‘language crossing’ pode ser traduzido para o português como "cruzamento de línguas" ou
"mistura de línguas". Essa expressão é frequentemente usada para descrever situações em que
pessoas alternam entre diferentes línguas nomeadas durante uma conversa ou interação. O termo
‘translanguaging’ pode ser traduzido ‘translinguagem’.
8
Para as autoras Rocha e Megale (2021), “de forma abrangente, essas noções se contrapõem à
orientação ou ideologia monolíngue, que estabiliza a premissa de que as línguas nomeadas,
compreendidas como um conjunto autossuficiente de signos e como um símbolo da identidade
nacional, devem manter-se livres da contaminação pela mistura com outras línguas, a fim de que a
homogeneidade linguística e cultural possa ser mantida e que a comunicação seja bem-sucedida”
(Canagarajah, 2013 apud Rocha; Megale, 2021, p.7). Ainda, no mesmo artigo, as autoras resgatam o
que García e Wei (2014 apud Rocha; Megale, 2021, p. 7) referem à translinguagem: “como as múltiplas
práticas discursivas vivenciadas pelos falantes, com o propósito de construir sentidos, compreender e
exprimir seus mundos bilíngues”.
22
todos os recursos mobilizados por esses falantes são fundamentais para essa
composição do repertório. Blommaert e Backus (2013 apud Busch, 2015 p. 6)
exploram o ponto de que a aprendizagem linguística se dá em ambientes e situações
formais, mas também nos encontros informais como um patchwork de recursos e
habilidades.
Esses encontros formais e informais com as línguas são perpassados por
ideologias linguísticas, e Bourdieu (1991 apud Busch, 2015, p. 7) expõe a distinção
que se dá por meio da aprendizagem mediante as línguas, no curso da socialização
inscrita no corpo de uma pessoa e traduzida em hábito, bem como o autor reforça o
quanto as relações de poder político e social são produzidas e reproduzidas usando
distinções linguísticas. Portanto, para Busch (2015), o repertório constitui-se como
uma
estrutura
de
camadas
cronotopas,
entrelaça-se
com
elementos
sociais/interativos e com elementos históricos/políticos e pessoais/biográficos.
Posto isso, conforme a tecitura do repertório para esta pesquisa, descrevemos
sobre o repertório do professor e dos estudantes a seguir.
2.2
REPERTÓRIO DO PROFESSOR
Sou professor de inglês e português e pesquisador deste estudo. Sou brasileiro
e tenho quarenta e dois anos de idade. Estudei inglês em escolas de idiomas durante
minha infância e pré-adolescência; espanhol, quando jovem adulto. Comecei a minha
carreira como professor em institutos de idiomas com foco no ensino de língua inglesa,
também, trabalhei com inglês para negócios em empresas. Após a graduação em
Letras, lecionei em alguns colégios da rede privada da cidade de São Paulo, ensinado
inglês, português e literatura para alunos do Ensino Fundamental e do Médio. Fiz
especialização no ensino de língua inglesa.
Ao longo de minha trajetória, lecionei inglês em colégios judaicos e tive contato
com essa cultura e com a língua hebraica moderna. A língua hebraica deu-se em usos
de expressões corriqueiras no desempenho do meu trabalho em colégios judaicos,
como forma de socialização com colegas da comunidade judaica e, em grande parte,
por curiosidade de um idioma distante de meu contato cultural. O espanhol apresenta
menor contato frequente, mas destaco o uso em leitura acadêmica e o contato social
com amigos. Quanto ao uso da língua inglesa, ocorre em grande parte do meu
trabalho, no consumo cultural e de entretenimento, além do uso acadêmico.
23
No decurso dos últimos anos, lecionando inglês para adolescentes do Ensino
Fundamental, percebi que o consumo de literatura em língua inglesa pelos jovens não
se dá somente por livros clássicos, até mesmo como sugestão de leitura pelos
educadores, mas inclui livros de best-sellers, adaptação dos clássicos no formato de
histórias em quadrinhos e até outras mídias, como séries baseadas em textos
literários. Em sala de aula, percebi frequente comentário dos alunos acerca de fanfics
que eles têm contato tanto como leitores quanto como escritores. Deparei-me, assim,
com um gênero textual até então desconhecido por mim e que poderia ser
interessante para meu repertório como leitor ou como professor.
Ao pesquisar sobre esse gênero textual, encontrei muitas fanfictions em
intertextualidade com obras literárias de meu interesse e derivadas de séries ou de
filmes. Esse mundo midiático e literário fez com que eu ampliasse minha compreensão
acerca do trabalho com a literatura como parte do currículo de língua inglesa. Dessa
forma, comecei a fazer pequenos movimentos pedagógicos objetivando aproximação
às sugestões de leitura de fanfics dos alunos, mas delimitando uma seleção àquelas
que apresentavam referências aos clássicos lidos nas aulas. Nesse movimento,
percebi uma diversidade de intervenções que os escritores de fanfiction fazem acerca
das personagens, dos temas relacionados com a obra, ou seja, uma pluralidade de
sentidos (re)construídos que são típicos desse gênero textual.
Com a minha inquietação como professor e pesquisador, tive oportunidade de
apresentar um projeto de mestrado que se centralizou nos conteúdos temáticos
abordados na escrita de fanfiction em intertextualidade com a literatura, sob a
perspectiva da Pedagogia dos Multiletramentos, pois, por meio dos movimentos
pedagógicos estabelecidos nessa pedagogia, acredito que o estudante se torna mais
crítico em seu processo de aprendizagem.
2.3
REPERTÓRIO DOS ESTUDANTES
Os estudantes participantes desta pesquisa apresentavam variadas trajetórias
que constituíam repertórios linguístico e cultural diversos. Em sua maioria, os alunos
e alunas estudavam inglês em escolas de idiomas e em um colégio privado na cidade
de São Paulo, local de coleta de dados para esta pesquisa. Alguns estudantes
relataram que tinham parentes na Espanha, França, Inglaterra, nos Estados Unidos
da América, e um pequeno grupo, em Israel; e apresentaram-se como falantes de
24
espanhol, francês, inglês e hebraico, além do português; dá destacar, ainda, que
viajam com frequência para países em que eles podem praticar a oralidade e a escrita
da língua inglesa.
No contato contínuo em sala de aula, os estudantes também relatavam viagens
frequentes ao redor do mundo, em grande parte aos países da Europa e da América
do Norte e destacavam o uso da língua inglesa em suas experiências sociais e
turísticas, além de consumo cultural e de entretenimento. As línguas nomeadas
mencionadas anteriormente são em grande parte utilizadas para a comunicação com
familiares e amigos que residem no exterior. Os estudantes pertencem a uma classe
socioeconômica bastante privilegiada.
O grupo de alunos que fez parte desta pesquisa apresentava um nível de
proficiência de inglês aproximado ao B29 e uma desenvoltura muito boa em relação à
produção oral, participando das aulas ministradas em língua inglesa, fazendo
apresentações e participando de debates orais com fluência avançada. Da mesma
forma em relação à leitura e à escrita, os estudantes trabalhavam com textos
informativos, acadêmicos e literários que exigiam um domínio linguístico-discursivo
mais elaborado.
Na próxima seção, discorremos sobre a Pedagogia dos Multiletramentos e
refletimos sobre os movimentos pedagógicos que favorecem uma aprendizagem mais
crítica e com práticas transformadas, por meio dos quais os educandos passam a ser
valorizados como sujeitos produtores de sentido, levando em consideração a
diversidade de seu repertório.
9
Um aluno denominado B2, usuário independente, com base no Quadro Europeu Comum de
Referência para as Línguas disponível, “é capaz de compreender as ideias principais em textos
complexos sobre assuntos concretos e abstratos, incluindo discussões técnicas na sua área de
especialidade. É capaz de comunicar com certo grau de espontaneidade com falantes nativos, sem
que haja tensão de parte a parte. É capaz de exprimir-se de modo claro e pormenorizado sobre uma
grande variedade de temas e explicar um ponto de vista sobre um tema da atualidade, expondo as
vantagens
e
os
inconvenientes
de
várias
possibilidades”.
Disponível
em:
https://www.britishcouncil.org.br/quadro-comum-europeu-de-referencia-para-linguas-cefr. Acesso em:
23 set. 2022.
25
3
MULTILETRAMENTOS
Nesta seção, discutimos a contribuição da Pedagogia dos Multiletramentos
enquanto perspectiva transformadora e crítica de formação de sujeitos e
discorreremos sobre seus movimentos pedagógicos, que sustentaram a elaboração e
a implementação da sequência didática empregada neste estudo, e a importância
dessa pedagogia para nosso trabalho.
A contemporaneidade e os desafios da educação, sobretudo, no âmbito de
aulas de línguas adicionais, demandam estudos e pesquisas acerca de práticas
pedagógicas que levam em consideração multiplicidades de linguagens e de
diversidade cultural. Rojo (2012) aborda a questão da cultura descentralizada e
marginalizada e reforça que o ambiente escolar abriga espaço pedagógico para textos
além dos cânones, fortalecendo nova ética e novas estéticas. Ela acrescenta que, na
multiplicidade de linguagens nos textos de circulação impressos ou não, em mídias
audiovisuais, digitais ou não, os elementos semióticos fazem parte da construção de
sentido. Nessa direção, a autora explica que “é o que tem sido chamado de
multimodalidade ou multissemiose dos textos contemporâneos, que exigem
multiletramentos” (Rojo, 2012, p.19). Essas práticas pedagógicas foram discutidas e
sintetizadas em um manifesto escrito pelo Grupo Nova Londres10, em 1996, e o
conceito que as congrega foi denominado de Pedagogia dos Multiletramentos.
O manifesto abriu caminho para outros estudos recentes na área de Linguística
Aplicada11 e instigou novas práticas no processo de ensino-aprendizagem que
dialogam com a perspectiva de uma aprendizagem crítica, por meio de práticas
transformadoras e voltada a um futuro social mais diverso.
O Grupo Nova Londres (doravante GNL) (1996/2021, p. 102) aponta que “a
pedagogia é uma relação de ensino-aprendizagem que cria o potencial para a
construção de condições de aprendizagem que conduzam a uma participação social
10
O manifesto do Grupo Nova Londres foi originalmente escrito em 1996, com o título “A Pedagogy of
Multiliteracies: Designing Social Futures”, pela Harvard Educational Review e foi traduzido em 2021,
por Deise Nancy de Morais, Gabriela Claudino Grande, Rafaela Salemme Bolsarin Biazotti, Roziane
Keila Grando, na revista digital “Linguagem em Foco” do Programa de Pós-Graduação em Linguística
Aplicada da Universidade Estadual do Ceará.
11
Em uma pesquisa bibliográfica breve que fizemos nos portais de periódicos (CAPES e SCIELO) e
em bibliotecas e repositórios de Teses e Dissertações (UNICAMP, USP e UNIFESP), no período dos
últimos dez anos, encontramos acentuado número de trabalhos acadêmicos relacionados com a
Pedagogia dos Multiletramentos e, em muitos deles, há estudos acerca de práticas de ensino de língua
inglesa, o trabalho com os gêneros textuais e discursivos, com multimodalidade e as TICs.
26
plena e equitativa” e contrasta com a visão tradicional da pedagogia do letramento,
que aborda uma língua padrão, nacional e governada por regras, sob uma perspectiva
monolíngue e monocultural. Em seguida, o GNL (1996/2021, p. 102) reforça os
objetivos propostos no manifesto que visam ocupar o espaço dessa visão tradicional
com um aspecto mais globalizado dos contextos diversos de nossas sociedades
atuais, proporcionando uma ampliação do “escopo da pedagogia do letramento para
dar conta do contexto de nossas sociedades cultural e linguisticamente diversas”.
Somando-se a isso, Rojo e Moura (2012, p. 13) caracterizam os
multiletramentos contrastando-os com o conceito de letramentos (múltiplos) e enfatiza
que o conceito de multiletramentos
[...] aponta para dois tipos específicos e importantes de multiplicidade
presentes em nossas sociedades, principalmente urbanas, na
contemporaneidade: a multiplicidade cultural das populações e a
multiplicidade semiótica de constituição dos textos por meio dos quais ela se
informa e se comunica.
A respeito dessa pedagogia discutida no manifesto, Liberali (2021) analisa que
a Pedagogia dos Multiletramentos reforça a transformação da educação, fortalecendo
o movimento contrário à educação tecnicista. Ela argumenta que a compreensão dos
letramentos como práticas sociais possibilita a circulação de uma multiplicidade de
vozes no processo educativo, ou seja, a Pedagogia dos Multiletramentos centraliza o
educando no processo de criação de novos sentidos e de novas formas de
aprendizagem.
Nesse sentido, Rojo (2012) argumenta que essa pedagogia precisa ser
implementada para comportarmos a pluralidade de culturas e a diversidade de
linguagens que fazem parte do conceito dos multiletramentos e do (re)significar,
pontuando o elemento transformador da educação, conforme Liberali (2021) aponta
como desafio. Acerca do (re)siginificar, aspecto fundante dessa pedagogia, Megale e
Liberali (2019, p. 68-69) assinalam o movimento do “significar letrando” até o
“significar multiletrando” que, no primeiro, o sujeito compreende(-se no) o contexto
para a mudança existir, passando a assumir um papel de atuação e ação; no segundo,
o sujeito compreende(-se na) a realidade e constrói possibilidades de intervenção,
pois a presença dele “não é apenas silenciosa, passiva, receptiva; tem potencial
transformador” (Megale; Liberali, 2019 p. 68-69).
27
Megale e Liberali (2019) ressaltam ainda que essa perspectiva de
multiletramento e do significar multiletrando focaliza seus esforços em uma resistência
ao tecnicismo e a uma dimensão conservadora da produção de conhecimento e
fortalece “a inclusão dos sujeitos no mundo letrado, que só faz sentido [para as
autoras e nós compartilhamos da mesma visão] se proporcionar[mos] a ampliação de
sua inserção política e de participação social” (Megale; Liberali, 2019, p.70).
Em consonância com o GNL (2021) e Liberali (2021), partimos do princípio,
neste estudo, de que a Pedagogia dos Multiletramentos pode contribuir para uma
aprendizagem mais significativa e crítica, com um caráter transformador. Desse modo,
defendemos a ideia de que os repertórios linguísticos desse sujeito em formação
desfrutam do espaço e do tempo de aprendizagem dele, ampliando a multiplicidade
dos letramentos pelos quais ele será sujeito durante a escolarização. Nesse sentido,
a Pedagogia dos Multiletramentos é importante para proporcionaruma formação ao
sujeito, objetivando sua participação plena e equitativa na construção de futuros
sociais.
As linguagens necessárias para a construção de sentido estão em crescente
mudança e são cruciais para a construção de futuros sociais. Esse constante
movimento linguístico-social afeta o meio da vida profissional, da cidadania e do
mundo da vida (a vida privada) dos sujeitos e, por meio dessas esferas, com a toada
de uma educação plural e multifacetada, podemos corroborar as práticas
transformadoras.
Com a mudança na vida profissional do período “pós-fordiano”, a linguagem
muda de registro, pois, anteriormente, o ambiente corporativo objetivava um sistema
com comandos claros, formais e precisos, e agora aborda uma linguagem informal,
oral e interpessoal. Dessa forma, o espelho da vida profissional já denota uma
flexibilidade e abertura a diferentes discursos, muito menos estáticos e repetitivos.
Essa abertura também afeta diretamente a perspectiva de educação corporativa – não
mais de treinamentos de processos tecnicistas.
No mesmo sentido, especificamente sobre o contexto da educação no Brasil,
Queiroz (2020) argumenta que os modelos de produção e acumulação pautados no
taylorismo/fordismo apresentaram sinais de exaustão nos primeiros anos da década
de 1970, o que acarretou, nos anos de 1980 e 1990, serem instituídos novos modelos
de organização do trabalho e pedagógicos/educacionais, com a finalidade de formar
um sujeito competente e capaz de realizar, com eficiência, várias tarefas e funções.
28
Como professores e pesquisadores, compreendemos as novas demandas do
mundo do trabalho e da cidadania e ressaltamos a forma como a economia tem
mudado as relações de trabalho e do trabalhador. De acordo com Rosa (2016, p. 36)
as novas condições de trabalho fortalecem
[...] a natureza multimodal e multicultural da Pedagogia dos Multiletramentos
[e] pode ser o passo a mais que a escola precisa, o passo em direção ao
entendimento dos novos discursos e das novas relações de poder e de
trabalho estabelecidas pela nova economia.
Na mesma direção, as condições do exercício da cidadania exigem “práticas
mais ativas de participação social, na qual as pessoas assumam o papel de
governantes de suas comunidades” (Cope; Kalantzis, 2000a, 2007, 2009; Rojo, 2009
apud Rosa, 2016, p. 37).
Em continuidade à exortação acerca das mudanças do mundo de trabalho, o
grupo acrescenta que o âmbito da vida privada também aponta na mesma direção. O
GNL (1996/2021, p.113) argumenta que “assim como geopolíticas globais têm
mudado, o papel das escolas também mudou fundamentalmente. Diversidade
linguística e cultural agora são questões críticas e centrais”. Dessa forma, a visão
anterior de “civismo” monocultural e nacionalista exige um movimento ao pluralismo
cívico, ou seja, “independentemente dos indicadores culturais da pessoa (como
língua, dialeto e registro), o acesso à riqueza, ao poder e a símbolos deve ser possível”
(GNL, 1996/2021, p.113).
Por essa crença de que a sala de aula é um espaço-tempo socialmente
necessário para a formação do sujeito e deu seus futuros, alinhamo-nos à visão de
que a diversidade cultural e linguística em sala de aula promove espaço para dar voz
aos grupos que historicamente foram subalternizados. Como os autores do GNL
(1996/2021, p. 114) argumentam,
[...] os estudantes justapõem diferentes línguas, discursos, estilos e
abordagens, eles têm um ganho substantivo em habilidades metacognitivas
e metalinguísticas e na habilidade de refletir criticamente sobre sistemas
complexos e suas interações.
Dessa maneira, a esfera do mundo cívico beneficia-se pela expansão dos
repertórios culturais e linguísticos desses sujeitos em formação, o que nos leva,
inexoravelmente, à mudança da vida privada. O ambiente em que vivemos passou de
29
espaço restrito acerca de gênero, orientação sexual, etnia para um ambiente aberto e
exposto, em que a vida privada ganha a atenção da mídia de massa, e esses assuntos
tornam-se parte da linguagem conversacional de interesse do mundo público, dos
produtos midiáticos e, certamente, do âmbito social de distintos espaços.
Com a acentuada mudança da vida do trabalho, da vida pública e da vida
privada, o termo “comunidade” é, de acordo com GNL (1996/2021, p.116),
“frequentemente usado para descrever as diferenças que agora são tão críticas”, pois
se compreende que é um processo que quebra barreiras do âmbito privado, relaciona
posicionamentos críticos e estabelecidos de um sujeito para com a comunidade em
que ele está inserido e estende a multicamadas dos mundos da vida, porque:
Como as pessoas são simultaneamente membros de múltiplos mundos da
vida, suas identidades têm múltiplas camadas, que se relacionam de maneira
complexa umas com as outras. Nenhuma pessoa é membro de uma única
comunidade. Em vez disso, elas são membros de comunidades múltiplas e
sobrepostas – comunidades do trabalho, de interesses e afiliações, de etnias,
de gênero, e assim por diante (Kalantzis, 1995 apud GNL, 1996/2021, p.106).
É possível, portanto, afirmar, como discutimos anteriormente, que os autores
do GNL (1996/2021) discutem o que as escolas fazem e podem fazer para desenhar
os futuros sociais dos estudantes. Eles argumentam que “transformar as escolas e o
letramento escolar são duas questões muito amplas e também estritamente
específicas, uma parte crítica de um projeto social maior” (GNL, 1996/2021, p.118). E
apresentam o que definem como o projeto da Pedagogia dos Multiletramentos, os
designs12 de significado para os objetivos curriculares focalizando os futuros sociais.
Para o GNL (1996/2021), os designs de sentido constituem “o quê” da
pedagogia dos multiletramentos e alinham-se às inovações do ambiente de trabalho,
sobretudo, o termo design e sua utilização na proposta pedagógica defendida. Eles
fortalecem uma visão de construção de significados ativos e dinâmicos, pois “qualquer
atividade semiótica, incluindo o uso da língua, para produzir ou consumir textos
[envolve os] designs disponíveis, designing e redesigned” (GNL, 1996/2021 p.120).
Elementos
estruturantes
de
um
conceito
de
discurso
em
que
engloba,
respectivamente, recursos para a construção de significados, o trabalho realizado por
12
Utilizamos o termo design como no original e alinhamos a utilização do termo conforme o GNL
(1996/2021, p.120-121) destaca que “o conceito de design conecta-se poderosamente com o tipo de
inteligência criativa que os melhores profissionais precisam ter para serem capazes de, continuamente,
redesenhar suas atividades no próprio ato da prática” e acrescentam que “é um conceito
suficientemente rico para fundamentar um currículo de linguagem e uma pedagogia”.
30
meio dos designs disponíveis no processo semiótico, e os recursos reproduzidos e
transformados (GNL, 1996/2021).
Os autores do GNL (1996/2021, p.120) definem os designs disponíveis como
“os recursos para o design – incluindo as gramáticas dos mais variados sistemas
semióticos” e reforçam que (GNL, 1996/2021, p.121) “existem convenções de design
específicas – os designs disponíveis – que tomam a forma de discursos, estilos,
gêneros [textuais], dialetos e vozes”. Eles acrescentam que há ainda “a experiência
linguística e discursiva dos envolvidos nesse designing, em que um momento do
design é contínuo e uma continuação de determinadas histórias” (GNL, 1996/2021 p.
122).
O desigining é o processo que transforma conhecimentos por meio de
(re)construções e representações da realidade e, pelo qual, o sujeito transforma-se
no processo, construindo novos conhecimentos ou significados, denominando essa
relação dos recursos de sentido como redesigning. Concordamos, portanto, com os
autores do GNL (1996/2021, p. 124) quando argumentam que
[...] por meio desse processo de design, os construtores de significado se
refazem. Eles reconstroem e renegociam suas identidades. Não apenas o
redesigned é construído ativamente, mas é também uma evidência das
maneiras pelas quais a intervenção ativa no mundo, que é o designing,
transforma o designer.
Ainda, acerca dos designs, o projeto do GNL (1996/2021) aborda o
desenvolvimento de uma metalinguagem pelo estudante (designer de sentidos) e pelo
professor
(designer
de
propostas
pedagógicas),
com
suas
respectivas
funcionalidades e características de ferramentas ou recursos para analisar as
linguagens, dessa forma, consolidando a característica transformadora (e formadora)
da Pedagogia dos Multiletramentos.
A esse respeito, Rojo (2013) aponta que para esses multiletramentos nem
sempre a escrita manual dá conta das possibilidades de criação de sentidos, portanto,
são necessárias novas ferramentas como de tratamento de imagem, edição de
imagem e som, entre outras. A autora argumenta que esses novos textos exigem
novos letramentos no processo de letramento do estudante porque se tornam
hipertextos e hipermídias, uma vez que esse sujeito em formação (em letramento)
está em contato com esses textos a todo momento. A mídia digital e a multimídia
fazem parte do escopo textual com o qual o estudante se depara na sociedade. Essa
31
gama de textos multimodais e hipermidiáticos exige ferramentas de design que
comportam a multiplicidade cultural e semiótica.
O GNL (1996/2021) reúne os aspectos teóricos em uma pedagogia que focaliza
esse designing do processo de ensino-aprendizagem com a visão da sociedade e da
mente em uma correlação complexa e interação ativa de quatro fatores:
•
•
•
•
Prática Situada – baseada no mundo de design dos alunos e nas
experiências de design;
instrução Explícita – através da qual os alunos moldam para si
próprios uma metalinguagem explicita do design;
enquadramento Crítico – que relaciona os significados aos seus
contextos e finalidades sociais;
prática Transformada – na qual os alunos transferem e recriam
designs de significado de um contexto para outro (GNL, 1996/2021,
p. 133-134).
A representação (Figura 1) a seguir mostra a relação complexa dos fatores que
o GNL (1996/2021) pode proporcionar em seu projeto pedagógico. Exploramos,
adiante, a construção de significados por meio dessa relação dos multiletramentos na
escola.
32
Figura 1 - Multiletramentos: metalinguagens para descrever e interpretar os elementos de design das
diferentes modalidades de significado
Fonte: GNL (2021, p. 133)
Sobre questões pertinentes à escola, Rojo (2012) traça um panorama do
manifesto do GNL e aborda como a Pedagogia dos Multiletramentos pode ser
desenvolvida por meio dos designs mencionados. Ela expõe o fazer pedagógico à luz
da Pedagogia dos Multiletramentos (GNL, 1996/2021) centralizando as práticas
pedagógicas que transformem o estudante em criador de sentidos, capaz de
transformar os discursos e significados de forma consciente, analisando tanto a
recepção quanto a produção dos textos. E, ainda, explica a relação dos fatores
apresentados pelo GNL (1996/2021) compreendendo a formação do estudante em
33
um usuário funcional, um criador de sentidos, um analista crítico e um transformador,
como podemos ver no Mapa dos Multiletramentos13 (Figura 2):
Figura 2 - Mapa dos Multiletramentos
Criador de sentidos
Usuário funcional
•
•
•
Competência Técnica
Conhecimento Prático
Transformador
Analista crítico
•
Entende que tudo o
que é dito e estudado é
fruto de seleção prévia
Entende como
diferentes tipos de
texto e tecnologias
operam
•
Usa o que foi
aprendido de novos
modos
Fonte: adaptado de Decs e UniSA (2006 apud Rojo, 2012, p. 29)
Nessa figura, observamos que o Mapa dos Multiletramentos comporta a visão
com a qual identificamos o nosso estudo, de uma forma crítica e transformadora do
processo de aprendizagem, possibilitando ao educando uma perspectiva de
letramento que amplia as possibilidades de aprendizagem.
Nesta seção, refletimos sobre os movimentos propostos pela Pedagogia dos
Multiletramentos e que orientam a elaboração da sequência didática empregada neste
estudo e descrita na seção da Metodologia. Acreditamos que os multiletramentos
proporcionam realizações em que o educando assume papel central em seu processo
de aprendizagem, produzindo sentidos e conhecimentos diversos que compõem seu
repertório.
Na próxima seção, abordamos o trabalho com o gênero fanfiction em aulas de
língua inglesa sob a perspectiva da Pedagogia dos Multiletramentos.
13
Quadro disponível no texto de Rojo (2012 p. 29).
34
4
FANFICTIONS
Neste capítulo, examinamos o gênero fanfiction e como compreendemos a
utilização desse gênero textual sob a perspectiva de uma aprendizagem por meio das
tecnologias da informação e da comunicação (TICs) (Rojo, 2013) – em consonância
com a utilização de gêneros textuais não canônicos em sala de aula de língua inglesa
– por uma perspectiva dos multiletramentos. Ainda, observamos um aspecto
específico desse gênero mediante a Cultura Participativa (Jenkins, 1992).
O gênero fanfiction, ou fanfic como abreviação, representa a união entre dois
vocábulos da língua inglesa: fan (fã) e fiction (ficção). Esse gênero textual midiático é
também derivado do universo dos fãs (fandom) e denota narrativas desenvolvidas e
exploradas em um universo midiático e de circulação que se relaciona com as mídias
de cultura popular. As fanfictions estão presentes em sites, blogs, fóruns e até em
alguns aplicativos dedicados às narrativas pertencentes a esse universo. Contudo a
reescrita de narrativas ou de enredos na perspectiva da intertextualidade14 data dos
séculos XVII e XVIII, quando alguns autores já (re)criavam narrativas gerando versões
diferentes para a obra original. A partir da década de 1960, encontramos os primeiros
registros de fanzines (junção dos termos fan – fã e zine – magazine, revista) de ficção
científica. Um exemplo é a fanzine com ilustrações da premiada série estadunidense
Star Trek (Vasconcelos; Martins, 2019).
Ainda sobre como se revela o gênero fanfiction, Sachs (2021, p. 33) coloca: “a
partir de outro trabalho ficcional que os inspira, do qual se aproveitam elementos
narrativos variados, como os personagens, o espaço, o tempo e alguns segmentos do
enredo”. Dessa forma, a concepção do gênero fanfiction fortalece a nossa
compreensão de que a narrativa “designa uma história fictícia, derivada de um
determinado trabalho ficcional preexistente, escrita por um fã daquele original”
(Vargas, 2005, p. 21 apud Sachs, 2019, p. 34). Sachs (2021) ainda aponta para a
tradução do termo para português e que, mesmo aqui no Brasil, os termos fanfiction,
ou simplesmente, fanfics, ou ainda, fics, são utilizados pelos jovens produtoresconsumidores desse gênero textual. O autor ainda destaca que “nem toda fanfic deriva
14
Compreendemos intertextualidade “em sentido amplo, presente em todo e qualquer texto, como
componente decisivo de suas condições de produção. Isto é, ela é condição mesma da existência de
textos, já que há sempre um já-dito, prévio a todo dizer. Segundo J. Kristeva, criadora do termo, todo
texto é um mosaico de citações, de outros dizeres que o antecedem e lhe deram origem” (\Koch; Elias,
2008, p. 86).
35
necessariamente de outro trabalho ficcional [...] há uma infinidade de fanfics
inspiradas em celebridades, atores, cantores e outros membros de grupos musicais”
(Sachs, 2021, p. 34).
Todavia, ao nosso olhar investigativo deste trabalho, coube a delimitação desse
gênero textual ao trabalho com a literatura, mas reconhecemos que, inerente ao
gênero textual, outras referências culturais aparecem na produção das fanfictions
escritas pelos alunos.
Em sua obra seminal, Jenkins (1992) analisa as formas com que os fãs
(re)escrevem seus programas televisivos favoritos e, da mesma forma, as fanfictions
de seus interesses. Ele destaca que as abordagens adotadas pelos fãs indicam
estratégias típicas da comunidade dos fãs em relação à interpretação, apropriação e
reconstrução desses textos. O autor apresenta essas abordagens e explica os tipos
de escrita de fanfictions que denotam mais do que uma reprodução do texto primário
(o cânone), os fãs representam e reescrevem o texto “reparando ou tirando aspectos
insatisfatórios, desenvolvendo interesses não explorados suficientemente” (Jenkins,
1992, p.173). A seguir, destacamos esses tipos de fanfictions:
a) Recontextualização: os fãs escrevem pequenas cenas que não fazem parte
do texto canônico, com as quais, eles discutem condutas de personagens
que não são apresentadas na obra original, mas que motivam discussões
acerca de comportamentos produzidos.
b) Expansão da linha temporal: alguns personagens apresentam histórias
prévias que não são exploradas no texto primário. Os fãs utilizam desse
elemento da narrativa e escrevem sobre eventos que aconteceram antes da
abertura da obra. Da mesma forma, quando a obra original termina de forma
abrupta, os fãs tendem a expandir a narrativa desenvolvendo elementos
que ficaram insatisfatórios.
c) Refocalização: muitos escritores de fanfiction continuam o foco da história
nos protagonistas, porém alguns deslocam o foco para personagens
secundários.
d) Realinhamento moral: um dos tipos de refocalização em que os fãs mudam
a questão moral presente no texto original e utilizam os vilões como
protagonistas.
e) Mudança de gênero textual: os fãs trabalham a relação das ações do enredo
com as personagens, fazendo com que os momentos que definem as
36
personagens sejam desenvolvidos em detrimento dos eventos dominantes
do enredo. Como Jenkins (1992) destaca, os fãs procuram traços
alternativos do gênero textual, por meio de estratégias interpretativas que
constituem características textuais.
f) Crossovers: considerando que a mudança do gênero da fanfiction busca
alternativas nos construtos textuais, o tipo Crossover ultrapassa limites
entre textos. Nele, personagens de diferentes “universos” midiáticos cruzam
barreiras e interagem na obra primária, carregando com eles suas
características e certas estruturas narrativas.
g) Deslocamento de personagens: é uma forma mais radical de (re)criação.
Os fãs tiram características de personagens, atribuindo-lhes novos nomes
e identidades. Esse tipo de fanfiction relaciona-se com o anterior e pode
proporcionar novos “universos” para futuras criações.
h) Personalização: essa fanfiction permite uma aproximação das experiências
dos fãs ao mundo ficcional do texto canônico.
i) Intensificação emocional: como as histórias do texto primário costumam
colocar ênfase na motivação e na psicologia das personagens, os fãs
também costumam centralizar seus olhares para momentos de crise da
narrativa. Esse tipo de fanfiction acentua conflitos psicológicos e de
personalidade.
j) Erotização: como a produção de fanfiction contempla um ambiente de
(re)produção midiático sem restrições dos criadores da obra primária, os
fãs, frequentemente, exploram dimensões eróticas dos personagens e de
suas histórias.
Azzari e Custódio (2013) apresentam um estudo sobre a produção textual
colaborativa e centralizam o estudo nas fanfictions, por meio da proposição da escrita
criativa, da metalinguagem e da cultura participativa. Elas apontam a questão em
confluência com uma das questões de pesquisa deste projeto: a transgressão do
clássico na escola por meio da produção (hiper)textual da fanfiction. As autoras
avançam o estudo à luz da pedagogia dos multiletramentos e definem os (re)designs
da produção midiática como “os traços de transformação deixados no mundo social.
Os textos do design tornam-se o redesenho, novas fontes de sentido no jogo aberto
e dinâmico das subjetivadas e dos sentidos” (Cope; Kalantzis, 2009a apud Azzari;
37
Custódio, 2013, p. 82). Elas acrescentam que é “dessa forma que o mundo é
modificado, como consequência do trabalho transformacional do design” (Azzari;
Custódio, 2013, p. 82).
No mesmo estudo, a questão da autoria e escrita colaborativa é abordada, e
as autoras apontam reflexão consonante com o nosso estudo, pois compreendemos
que a produção de hipertextos e mídias em intertextualidade com a literatura canônica
possibilita a
[...] remixagem de diferentes textos, a circulação em rede desses enunciados,
certamente, uma nova função-autor apontada e atrelada à noção do
nascimento do leitor como sujeito engajado, com mais possibilidades de
leituras, debates e produções que podem promover o seu protagonismo
(Azzari; Custódio, 2013, p. 84).
Sobre esse sentido, as TICs contribuem para uma aprendizagem com
processos criativos e estabelecem “aproximações e associações inesperadas,
juntando significados anteriormente desconexos e ampliando a capacidade de
interlocução por meio das diferentes linguagens que tais recursos propiciam” (Martinsi,
2008 apud Martines, 2018, p. 2). Para Rojo (2012, p. 21), as TICs apresentam um
aspecto dos multiletramentos que extrapolam a escrita manual e possibilitam os novos
letramentos com os hipertextos e as hipermídias. O gênero fanfiction ancora um
trabalho com essa visão “hiper” dos letramentos, com o uso tecnológico da escrita
digital e redesenha a perspectiva de consumo e de produção.
O pesquisador Jenkins (1992) aponta que a produção do mundo dos fãs
(fandom) transformou a produção cultural em uma Cultura Participativa que reformula
“a experiência do consumo midiático em produções de novos textos, certamente de
uma nova cultura e uma nova comunidade” (Jenkins, 1992, p. 46, tradução nossa).
Com esse movimento cultural dos fãs, vimos possibilidades da questão da
autoria/autoridade, pois, como Jenkins (1992) observa, os fãs, até então
consumidores, constituem produção midiática que ganha força fora do controle dos
produtores que detinham certo poder, certa autoridade acerca da produção cultural.
Ele ainda certifica que esse empoderamento produtivo de mídias e produção cultural,
agora fãs produtores, permite que os fãs questionem e critiquem ideologias e
conceitos sobre a produção de cultura de massa (Jenkins, 1992).
A intertextualidade inerente à escrita de fanfictions costuma estar relacionada
à produção cultural popular, mas há um número grande que estabelece relação aos
38
cânones literários. Um exemplo de fanfiction em intertextualidade com uma obra
literária é analisado por Bamman e Milli (2016), que analisam as fanfictions por uma
perspectiva computacional e destacam pontos importantes sobre a questão do
cânone e das possibilidades criativas dos escritores desse gênero textual e midiático.
Eles apresentaram resultados empíricos de uma pesquisa acerca da produção de
fanfictions em intertextualidade com as obras “Pride and Prejudice” (da escritora
britânica Jane Austen; em português, “Orgulho e Preconceito”) e “Sherlock Holmes”
(do escritor escocês Arthur Conan Doyle).
Do corpus selecionado, os autores identificaram que a escrita de fanfictions do
escopo da pesquisa era predominantemente feita em inglês. Eles destacam a
diferença entre os cânones e as fanfictions, pois a forma com que as narrativas das
fanfictions se apresentam pode dar ênfase em características das histórias que os fãs
gostariam que as narrativas canônicas tivessem (Bamman; Milli, 2016, p. 2049).
Ainda no mesmo sentido sobre a escrita desse gênero textual, a fanfiction tem
como autoria os jovens educandos e eles abordam assuntos e temas nas obras
midiáticas que consomem e (re)produzem. Como discutimos nesta seção, esse
gênero textual possibilita ao fã mais interação com o cânone. Com relação ao trabalho
pedagógico
com
literatura,
acreditamos
que
a
escrita
de
fanfiction
em
intertextualidade com o gênero literário pode proporcionar uma prática social do
mundo dos fãs (fandom) e, desse modo, um letramento digital e literário conforme
abordamos nesta seção.
Neste estudo, a obra de George Orwell, “Animal Farm”, é o cânone que provoca
a produção escrita de fanfictions, nas aulas de língua inglesa, com os alunos do nono
ano do Fundamental. No capítulo seis, abordamos o trabalho com a literatura e os
processos de leitura (Jover-Faleiros, 2020; Rouxel, 2020; Hébert, 2008) que
fundamentam a produção de fanfictions em intertextualidade com a obra literária,
como focalizamos nesta pesquisa. Na próxima seção, discorremos sobre affordances
à luz de alguns autores (Gibson, 2015; Silva, 2015; Paiva, 2010, 2011; Van Lier, 2000,
2002, 2004), uma vez que tivemos como objetivo investigar as affordances que são
propiciadas em aulas de língua inglesa, nesse sentido, possibilitando uma
aprendizagem mais autônoma.
39
5
AFFORDANCES
Nesta seção, versamos sobre o conceito de affordances, discutimos a teoria
geral de Gibson (2015) e seus desdobramentos, também, discorremos sobre como os
affordances aplicam-se ao aprendizado de língua inglesa. Por fim, abordamos a
contribuição dessa teoria para esta pesquisa.
O termo affordance é definido, no dicionário on-line Cambridge, como “um uso
ou propósito que algo pode ter e que as pessoas notam como parte da forma como
veem ou experienciam”15 (tradução nossa). Gibson (2015) cunhou o termo affordance
explicando a visão teórica de que o ambiente e as superfícies constituem um meio
para a vida dos animais e o ambiente oferece aos animais terreno, água, fogo, objetos,
outros animais, como forma de subsistência. O verbo em inglês afford, cuja acepção
em português é “oferecer, providenciar, dar”16, representa o significado que Gibson
atribuiu ao criar a palavra affordance. Ele acrescenta que o termo engloba mais do
que o ambiente físico pode oferecer, sobretudo, as possibilidades de agir nele. O autor
destaca que podemos nomear as funções dos objetos e de outros animais e classificálas, mas para perceber as affordances, não precisamos necessariamente nos atermos
a essas funções ou classificações, sendo possível atribuir-lhes valores e significados
com os quais podemos propiciar as affordances.
Relacionando o termo ao processo de aprendizagem de línguas, Paiva (2009)
propõe que affordance seja traduzido como “propiciamento” e que seja compreendido
pelo contexto em que ele é inserido, pois, para a autora, a aprendizagem da língua
inglesa pode acontecer de uma forma em um contexto como segunda língua,
diferentemente de outro contexto como língua estrangeira, ou em imersão. A autora
destaca que utilizamos a língua para “agir no mundo, para perceber e para interpretar
as ações sociais da linguagem em nossa volta” (Paiva, 2009, p.3). Ela ainda aponta o
15
“A use or purpose that a thing can have, that people notice as part of the way they see or experience
it”. Definição do termo “affordance” no dicionário digital Cambridge Dictionary, disponível em:
https://dictionary.cambridge.org/us/dictionary/english/affordance. Acesso em: 04 abr. 2023. Em
pesquisa no dicionário on-line Houaiss da Língua Portuguesa, o termo não apresenta acepção; e é
indicada uma definição do site Wikipédia: “Affordance termo inglês, sem tradução atualmente no
português, mas que, neste contexto, poderia ser facilmente traduzido por ‘reconhecimento’ ou
‘oportunidade’, é a qualidade de um objeto que permite ao indivíduo identificar sua funcionalidade sem
a necessidade de prévia explicação, o que ocorre intuitivamente ou baseado em experiências
anteriores”. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Affordance Acesso em: 04 abr. 2023.
16
A definição do Cambridge Dictionary on-line é “to allow someone to have something pleasant or
necessary”. O dicionário já traz uma tradução que foi utilizada em nosso texto.
40
termo “propiciamentos de ordem individual” – que utilizam as perspectivas de
“motivação, autonomia, agenciamento e interpretação” (Paiva, 2009, p.3).
Sobre o agir no meio ambiente, Van Lier (2004) argumenta que as relações
entre os elementos do meio com seus habitantes, assim como as relações que outros
integrantes desse meio têm entre si, oferecem uns aos outros affordances, que são
percebidas (notadas), uma vez que são relevantes. Ele aponta que “percepção, ação
e interpretação fazem parte de um processo dinâmico” (Van Lier, 2004, p. 105). Silva
(2015) acrescenta que essa ação apresenta oportunidades de interação por meio da
língua. Com o foco na língua e nas interações do ambiente linguístico, mobilizadas
por meio dos repertórios dos falantes, acreditamos que as affordances proporcionam
um ambiente propício para a aprendizagem e
[...] o aprendiz em ação em um ambiente propício a aprendizagem, apropria
sentindo (e formas linguísticas) na ação, e juntamente com outros constrói
estruturas de funcionamento efetivas. Os aprendizes devem se engajar,
assim a aprendizagem emana deles, ao invés de ser dispensada a eles (Van
Lier, 2004, p. 222, tradução nossa17).
Essas relações dão-se com o próprio sujeito e para com os outros, focalizando
a interação dos indivíduos e o meio (Gumperz, 1982; Stubbs, 1983 apud Silva, 2015,
p. 7). Por isso, a noção de affordance como o artefato linguístico ganha destaque no
processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa. Na linguística aplicada, o
conceito de affordance é tratado como um processo semiótico e, dessa forma,
mediado de forma simbólica. A informação simbolicamente estará disponível e é
invariável, porém a affordance apenas pode ser percebida com o observador (Silva,
2015).
Em vista que o ambiente centraliza a concepção simbólica por meio da
interação, no processo de ensino-aprendizagem de línguas, o estudante deve ter
oportunidades a eventos da fala, participar desses eventos de forma ativa, (re)criar
situações e agir sobre/nelas para o seu desenvolvimento linguístico. Consideramos
de suma importância que as relações, interações e práticas façam parte das práticas
pedagógicas, que estejam refletidas nos materiais tanto de uso do aprendiz quanto o
que compõe o ambiente em que ele se encontra, assim como que o currículo reflita
17
Texto original: “The unit of learning is therefore the learner in action in a learnable environment,
appropriating meaning (and linguistic forms) in action, and jointly with others building structures of
effective functioning. Learners must be engaged, so that the learning emanates from them, rather than
being delivered to them.”
41
nessas relações para que os affordances sejam variados, permitindo assim uma
aprendizagem contextualizada e com atividades linguístico-discursivas significativas
para que os estudantes fiquem engajados com a língua, com os sujeitos e com o
ambiente que constituem essa aula, ou esse contexto de aprendizagem.
Ao percorrer a teoria de affordances, observamos que as oportunidades de
aprendizagem da língua precisam ser percebidas pelo aprendiz, no uso da língua
inglesa, em nosso caso, por meio da interação ou mesmo que se encontram em
objetos ou no ambiente (Larsen-Freeman; Cameron, 2008 apud Silva, 2015, p. 64).
Neste caminho, Silva (2015) apresenta três tipos de affordances: ambientais,
tecnológicos e linguísticos. Acerca de affordances ambientais, podemos destacar os
espaços e os tempos que são percebidos na situação ou prática social em que os
aprendizes são inseridos. Os tecnológicos comportam softwares, aplicativos,
ferramentas e materiais no ambiente virtual, inclusive a internet, que apresentam
condições de aprendizagem. A autora menciona que as affordances linguísticos
dividem-se em três níveis: o nível de estrutura, o nível de significado e o nível de
gerenciamento da interação (Silva, 2015).
Aronin e Singleton (2012) ampliaram a perspectiva de affordances e de uso da
língua e apresentaram a noção de affordances linguístico social e individual.
Affordances de língua na sociedade, segundo os autores, derivam da visão da
ecologia apresentada por Gibson (2015), mas, de certa forma, acarretam formas
diferentes por uma dimensão maior do que a física. Eles resgatam o que Gibson
(2015) defende sobre a percepção do indivíduo na perspectiva de affordance
linguístico individual, pois essa percepção apresenta duas extremidades, uma
subjetiva e outra objetiva, e a informação observada está para os dois polos – um
propicia o ambiente e o outro copropicia o indivíduo.
Essas percepções de affordances apontadas por Aronin e Singleton (2012)
coadunam
com
uma
conscientização
linguística
(language
awareness)
e
metalinguística sobre o processo do aprendiz, pois está relacionada com a affordance
linguística individual, como aprendiz e usuário de línguas (Aronin; Singleton, 2012, p.
315, tradução nossa).
Nesse sentido, Scarantino (2002/2003 apud Aronin; Singleton, 2012) discorre
sobre duas escalas de oposição sobre a classificação de affordances: os que são
42
certos de ser propiciados e outros que provavelmente são, as affordances de
acontecimento e as affordances com objetivo18. Segundo a categorização:
a) Affordances que são certas de ser propiciadas apresentam circunstâncias
que certamente irão existir, por exemplo, o ensino de língua inglesa em
nosso país, oferecido de forma curricular em território nacional.
b) Affordances que são provavelmente propiciadas apresentam circunstâncias
que poderão existir, por exemplo, o ensino de língua inglesa e de língua
espanhola em nosso país, pois, em alguns colégios, há demanda e oferta
de outras línguas, mas não há garantia de que irão existir para todos, o
tempo todo. Como Scarantino (2002/2003) aponta, essa affordance pode
levar a uma abordagem menos eficaz na aprendizagem de línguas.
c) Affordances com objetivo que “tornam um evento relacionado com um
organismo um FAZER”19 (Scarantino, 2003, p. 958 apud Aronin; Singleton,
2012, p.317-318, grifo da autora).
d) Affordances de acontecimento referem-se a uma manifestação das
circunstâncias desencadeadoras do propiciamento de affordances, por
exemplo, aprender um idioma envolve um fazer (affordance com objetivo),
ter contato com espanhol, por exemplo, ao visitar Buenos Aires, permitiria
uma exposição ao idioma, um contato, um acontecimento, sem objetivo de
estudar formalmente a língua nomeada.
Em outras palavras, o fazer é um evento desencadeado por uma seleção de
um objetivo, enquanto acontecimento não é desencadeado. Podemos
imaginar affordances de objetivo demandam tempo e energia e são mais
difíceis de notar-se e de implementar do que as affordances de
acontecimento. [...] Affordances de acontecimento e os que são certo de
serem propiciados parecem ser mais preditores de sucesso para com a
aprendizagem de línguas. Por outro lado, talvez para alguns indivíduos,
estabelecer um objetivo e uma motivação [para aprender línguas] os
impulsionaria a atingir maiores níveis de sucesso20 (Aronin; Singleton, 2012,
p. 318, tradução nossa).
18
No texto original, “Andrea Scarantino (2003) suggested two scales of opposition with respect to the
classification of affordances: surefire versus probability affordances and happening versus goal
affordances. These can be briefly characterized as follows” (Aronin; Singleton, 2012, p. 317).
19
No texto original. “What makes an organism-involving event a DOING” (Scarantino, 2003, p. 958 apud
Aronin; Singleton, 2012, p. 317-318)
20
No texto original, “in other words, doings are events triggered by the selection of a goal, while
happenings are not so triggered. We can imagine that goal affordances are more time- and energyconsuming and are more difficult to pick up on and implement than happening affordances. […]
Happening and sure-fire affordances seem to be stronger predictors of success with language learning.
On the other hand, maybe for some individuals, goal setting and motivation would push them to higher
43
Portanto, as affordances linguísticas são propiciadas por meio da comunicação
via uma língua ou línguas, e quando essa comunicação acontece em uma
comunidade (exemplo: família, país, etc.), em um momento específico, denominamos
de affordances linguístico social, enquanto a comunicação que propicia a interação de
um indivíduo com uma ou várias línguas denominamos de affordances linguístico
individual.
Ainda, no mesmo sentido da compreensão das affordances propiciadas nas
aulas de língua inglesa, temos o aspecto das affordances constituídas na ecologia do
construto do ambiente escolar, de acordo com Van Lier (2008), como uma perspectiva
ecológica que focaliza a aprendizagem de línguas em um amplo sentido incluindo o
indivíduo, o ambiente e seus artefatos históricos e culturais, o que engloba mais
sentidos do que as palavras que são faladas ou escritas. Do ponto de vista de uma
pedagogia ecológica, todas as ações de comunicação envolvem múltiplas relações
estabelecidas por todos os elementos constituídos pelos sujeitos e pelo ambiente que
os cercam e esse ecossistema pedagógico propicia atividades pedagógicas que
comportam as affordances para a aprendizagem (Van Lier, 2008).
Ao considerar a perspectiva ecológica, cujo espaço pedagógico é um ambiente
de affordances propiciadas de múltiplas formas, tanto no aspecto da instituição
escolar, da sala de aula, dos espaços e tempos educacionais quanto nas relações
com o professor e com os educandos, com as tecnologias, etc., é possível
destacarmos algumas das affordances que estavam no escopo desta pesquisa e que
propiciaram oportunidades de aprendizagem ao estudante, sujeito desta pesquisa.
As affordances do meio ambiente são o ambiente de aulas ministradas somente
em língua inglesa, o aspecto social que a língua adicional apresenta para esses
estudantes, uma vez que eles viajam frequentemente a países falantes desse idioma
e têm contato com familiares e amigos que falam inglês, ou, até mesmo, no destaque
que a língua inglesa ganha em suas conversas espontâneas ou em trocas de
mensagens nas redes sociais, por exemplo. O uso do acervo desse idioma no
ambiente da biblioteca da instituição também contribui para as oportunidades de
enriquecimento de repertório, assim como auxilia nas pesquisas acadêmicas e
científicas.
success levels. One must be- ware, of course, of seeing the differentiation of these categories in
absolute terms” (Aronin; Singleton, 2012, p. 318).
44
Outras affordances oferecidas ao estudante são o uso frequente de
ferramentas (softwares) e aplicativos21 em língua inglesa para estudo de projetos de
leitura, como o aplicativo da Microsoft, OneNote, como ferramenta de escrita de diário
de leitura digital, utilizado em conjunto com a leitura literária; o portal do curso de
inglês do nono ano é elaborado na língua adicional com a linguagem Moodle, assim
como o Google Classroom, utilizado como ferramenta de escrita em processo. Há um
affordance institucional denominado de Núcleo de Educação Digital na instituição em
questão cujos educadores auxiliam os projetos pedagógicos do ciclo com foco no
letramento digital do estudante.
Ainda, podemos reforçar o uso em sala de aula de multimídia, inclusive, como
gênero textual midiático, a leitura e a produção de fanfictions, por meio da plataforma
Tumblr. Essa última affordance digital e tecnológica é o gênero de produção dos
alunos na Sequência Didática elaborada para a coleta de dados desta pesquisa. A
composição metodológica e a análise deste estudo retomaram as affordances
propiciadas pela instituição de ensino privada em questão e oferecidas por meio dos
movimentos pedagógicos instaurados para o ensino de língua.
O nosso estudo apreende o conceito da teoria de affordance e suas
categorizações abordadas nesta seção, objetivando a análise de uma aprendizagem
que pode indicar mais autonomia e consciência do educando, investigando, portanto,
as affordances que são propiciadas em aulas de língua inglesa, na escrita de
fanfictions. Na próxima seção, discorreremos sobre a metodologia do nosso trabalho
e apresentamos a sequência didática que foi aplicada para a coleta de dados.
21
A instituição (locus de obtenção de dados desta pesquisa) fornece ao estudante o pacote com os
aplicativos da Microsoft e do Google como ferramentas educacionais.
45
6
PRINCÍPIOS EPISTEMOLÓGICOS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esta seção visa apresentar os princípios epistemológicos e os procedimentos
metodológicos que compõem esta pesquisa. Apresentamos a metodologia de
pesquisa, o contexto e os participantes deste estudo. Ainda, o contexto de produção
do curso de inglês do nono ano do Ensino Fundamental anos finais e os instrumentos
e procedimentos de coleta de dados são descritos nesta seção, com os procedimentos
de leitura empregados para a leitura da obra cânone, “Animal Farm”, de George
Orwell.
Por fim, apresentamos os aspectos éticos que envolvem esta pesquisa e os
procedimentos de análise adotados, assim como a abordagem dos conteúdos
temáticos de J. Bronckart (1999) e dos princípios do Interacionismo Sociodiscursivo.
6.1
METODOLOGIA
O presente estudo caracteriza-se por ter desenvolvido uma pesquisa qualitativa
que visou investigar se os repertórios linguísticos de estudantes de inglês são
ampliados na produção midiática em consonância com a Cultura Participativa e,
também, objetivou investigar quais affordances são propiciadas por meio de uma
sequência didática construída à luz da Pedagogia dos Multiletramentos, que culmina
na produção de textos do gênero fanfiction.
Como citado por Flick (2017 apud Paiva, 2019), a pesquisa qualitativa, além de
compreender os fenômenos sociais, também permite a descrição e a explicação, ou
a tentativa de explicação, desses fenômenos com base em sua produção e em
consonância com os contextos em que esses elementos de produção são inseridos.
Esta pesquisa focalizou a experiência de produção de narrativas ficcionais, fanfictions,
produto de intertextualidade com obra literária supracitada, parte fundamental de um
trabalho realizado a partir de uma sequência didática à luz da Pedagogia dos
Multiletramentos. Este estudo teve como perguntas de pesquisa:
•
Como a escrita de fanfictions amplia o repertório linguístico dos alunos
em aulas de língua inglesa?
•
Como a escrita criativa ficcional de fanfictions contribui para a produção
de Cultura Participativa?
•
Quais affordances são propiciadas na produção de fanfictions?
46
•
Qual é a percepção dos alunos acerca da aprendizagem por meio dos
affordances propiciadas?
Esta pesquisa contou com um método de “observação participante”, pois, como
Marques (2016) reforça em seu artigo, não há neutralidade de um pesquisador ao
realizar um estudo no ambiente em que ele é inscrito como membro atuante, neste
caso, como professor e pesquisador que designa seu lócus e seu objeto os mesmos
de sua atuação, e com os mesmos educandos participantes da pesquisa, que outrora,
eram/são seus alunos. Portanto, esta pesquisa tem uma abordagem qualitativa com
a perspectiva de um pesquisador que também é um ‘observador participante’.
Sobre a abordagem de um observador participante na coleta de dados na
pesquisa acadêmica, Marques (2016) discute a situação delicada que existe no
processo de coleta de dados, pois a observação e a coleta de informações
necessárias para uma pesquisa não distanciam totalmente de forma objetiva a
presença e o olhar do pesquisador. Ele argumenta que a crença cuja experiência
prévia do pesquisador-observador não pode influenciar no olhar investigativo é
certamente questionada, uma vez que, por exemplo, um pesquisador que não tenha
tido contato prévio com uma turma de alunos, ao “‘apenas observar’ e coletar dados,
ele já interferiu sobre a dinâmica daquela turma de alunos” (Marques, 2016, p. 265).
Para as autoras Marconi e Lakatos (2010), o observador da pesquisa, ao
coletar os dados, pode tornar-se um observador não participante, porém sua presença
em campo pode ser compreendida como algo artificial; por sua vez, quando ele já faz
parte da comunidade ou do grupo investigado, o observador agrega-se ao grupo, e o
processo da coleta de dados pode tornar-se mais fluído. Elas ressaltam que o desafio
é que o pesquisador precisa delimitar de forma objetiva e científica seus métodos,
pois haverá sempre a complexa relação entre o observador e o observado.
Nesse sentido, Gil (2002, p. 55) define que a pesquisa participante “caracterizase pela interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas”. O
autor reforça que os dados dependem, de certa forma, do comportamento do
pesquisador e das relações estabelecidas com o grupo pesquisado, todavia a
objetividade científica exigida não é necessariamente comprometida. Ele reforça o
fato de que, como em qualquer pesquisa acadêmica, os dados precisam ser
sistematizados e a coleta organizada em banco de dados, por exemplo. Somando-se
a isso, Minayo (2013, p. 71) argumenta que a observação participante
47
[...] tem um sentido prático, pois permite ao pesquisador desvencilhar-se de
prejulgamentos e de interpretações prontas, uma vez que é no convívio com
o grupo estudado que o observador percebe as questões realmente
relevantes e que compreende aspectos que, aos poucos, vão aflorando,
[ajudando a] desvendar as contradições entre as normas e regras e as
práticas vividas cotidianamente pelo grupo ou instituição observados.
A interação do pesquisador e professor pode contribuir para a relação com os
alunos como participantes de uma pesquisa acadêmica, pois há uma familiaridade
com o espaço da sala de aula, com as rotinas já estabelecidas com a turma, e, da
mesma forma, uma familiaridade com o professor, que aqui também é o pesquisador.
E, como a autora aponta, há uma possibilidade de situações que não podem ser
previamente planejadas e que podem ser observadas e problematizadas na coleta e
em posterior análise.
Ainda nesse sentido, Marques (2016, p. 278-281) discute sobre a pesquisa com
a observação participante, ele sugere alguns passos para o trabalho com essa
abordagem:
a. Considerar que a observação participante demanda um processo longo
de coleta dados.
b. O observador pode buscar auxílio de um intermediário, fazendo com que
alguns registros ou observações possam ter mais organização e que,
em eventual necessidade, o contato com os sujeitos da coleta possa ter
alguém próximo a eles para o contato mais dinâmico.
c. Mostrar-se diferente do grupo pesquisado, pois o participante precisa
lembrar-se do seu papel dentro da comunidade ou do grupo,
diferenciando quando o faz como o observador da pesquisa.
d. O observador deve ter consciência de que também está sendo
observado, visto que sua interação social será compreendida como
parte dos papéis desempenhados durante a pesquisa.
e. Saber quando o observador deve perguntar, ouvir ou até mesmo calarse.
Considerando as sugestões oferecidas por Marques (2016), esta investigação
caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa com a observação participante, uma
48
vez que a aplicação da sequência didática aconteceu durante as aulas de língua
inglesa do professor, que é também o pesquisador deste estudo.
6.2
CONTEXTO DA PESQUISA
A pesquisa foi realizada em um colégio particular na cidade de São Paulo, na
região da Zona Oeste, que comporta aproximadamente 800 alunos do Ensino
Fundamental 2. Os estudantes do nono ano configuram 200 alunos desse ciclo. Há
seis turmas de nono, organizadas pela instituição em turmas que são denominadas
de 9ºA ao 9ºF, cada turma com uma média de 35 alunos. Parte integrante da carga
horária e da grade curricular dos alunos, o componente curricular ‘Língua Inglesa’
configura-se com quatro aulas semanais, de 50 minutos cada.
Os alunos são divididos em dois grupos em suas aulas de inglês. O grupo 1,
denominado pela instituição como ‘G1’, comporta aproximadamente metade dos
alunos da turma, que foram previamente classificados ou organizados de acordo com
o nível linguístico considerado de básico ao independente22. O grupo 2, denominado
como ‘G2’, comporta os demais alunos com o nível linguístico do independente ao
proficiente. O professor de inglês, e pesquisador, atua somente com os alunos do ‘G2’,
aproximadamente cem alunos. A professora parceira que atua com o grupo ‘G1’ e
seus respectivos alunos não fizeram parte da pesquisa.
6.3
PARTICIPANTES DA PESQUISA
Os alunos do nono ano do Ensino Fundamental 2 têm idades de 14 e 15 anos.
São alunos do denominado ‘G2’. Apresentam nível de proficiência em língua inglesa,
em sua maioria, do B2 (Usuário Independente) ao C1 (Proficiência Operativa Eficaz)23.
Há alguns alunos que são B1 (Intermediário)24 e que, ao longo da escolaridade do
ciclo, foram reclassificados como alunos do ‘G2’.
22
Usamos a nomenclatura básica à proficiente em consonância ao projeto pedagógico do colégio, que
utilizou uma aproximação dos seus grupos de inglês no Ensino Fundamental aos níveis de competência
linguística do Quadro Comum Europeu de Referência para Línguas (CEFR). Disponível em:
https://www.cambridgeenglish.org/br/exams-and-tests/cefr/. Acesso em: 10 jul. 2023.
23
Termos usados no Quadro Comum Europeu de Referência para Línguas (CEFR) – disponível em:
https://www.britishcouncil.org.br/quadro-comum-europeu-de-referencia-para-linguas-cefr. Acesso em:
10 jul. 2023.
24
A descrição dos níveis de proficiência dos alunos, de acordo com o CEFR, são: B1 (Independente –
Intermediário), que “é capaz de compreender as questões principais, quando é usada uma linguagem
49
6.4
CONTEXTO DE PRODUÇÃO E DO CURSO DE LÍNGUA INGLESA
O curso de língua inglesa do Ensino Fundamental anos finais do colégio em
questão é estruturado por meio de quatro aulas semanais desde o sexto ano até o
nono ano. As aulas de inglês têm duas organizações de níveis por aproximação,
agrupados e denominados por ‘G1’ e ‘G2’, conforme descrição nas subseções
anteriores. Há dois professores por série, um para cada agrupamento, totalizando seis
professores e professoras de inglês para os anos finais do Fundamental.
O panorama curricular do curso de língua inglesa aborda temas e questões
sociais que são essenciais para o acesso a informações do Brasil e do mundo, por
meio da língua inglesa. Alguns temas são estruturados em interdisciplinaridade por
meio de projetos de série e outros são escolhidos como conteúdos-base para a
seleção de textos e de livros literários. No quadro a seguir, demonstramos os temas
e as questões que contemplam o currículo.
clara e estandardizada e os assuntos lhe são familiares (temas abordados no trabalho, na escola e nos
momentos de lazer, etc.). É capaz de lidar com a maioria das situações encontradas na região onde se
fala a língua-alvo. É capaz de produzir um discurso simples e coerente sobre assuntos que lhe são
familiares ou de interesse pessoal. Pode descrever experiências e eventos, sonhos, esperanças e
ambições, bem como expor brevemente razões e justificações para uma opinião ou um projeto”. B2
(Independente – Usuário Independente), que “é capaz de compreender as ideias principais em textos
complexos sobre assuntos concretos e abstratos, incluindo discussões técnicas na sua área de
especialidade. É capaz de comunicar com certo grau de espontaneidade com falantes nativos, sem
que haja tensão de parte a parte. É capaz de exprimir-se de modo claro e pormenorizado sobre uma
grande variedade de temas e explicar um ponto de vista sobre um tema da atualidade, expondo as
vantagens e os inconvenientes de várias possibilidades”. C1 (Proficiente com Proficiência operativa
eficaz) que “é capaz de compreender um vasto número de textos longos e exigentes, reconhecendo os
seus significados implícitos. É capaz de se exprimir de forma fluente e espontânea sem precisar
procurar muito as palavras. É capaz de usar a língua de modo flexível e eficaz para fins sociais,
acadêmicos e profissionais. Pode exprimir-se sobre temas complexos, de forma clara e bem
estruturada, manifestando o domínio de mecanismos de organização, de articulação e de coesão do
discurso”. O CEFR pode ser acessado em: https://www.britishcouncil.org.br/quadro-comum-europeude-referencia-para-linguas-cefr. Acesso em: 10 jul. 2023.
50
Quadro 1 - Estrutura de temas e questões sociais do currículo de língua inglesa do Ensino Fundamental
anos finais do colégio
Série
Temas e Questões Sociais
6º ano
Aquecimento Global, Representações de passado e de futuro
(memórias individuais e coletivas) e Cidadania Digital.
7º ano
Notícias, Recorte histórico do Sul dos Estados Unidos da América que
marca a escravidão e o racismo e Histórias de vida.
8º ano
Negritude e Resistência, Direitos Humanos e Conscientização e
Proteção da Terra.
9º ano
Direitos Humanos e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável,
Racismo e os tipos de racismo, Questões sociais do presente e
Empatia.
Fonte: elaboração própria
Os conteúdos linguístico-discursivos, os gêneros textuais e os livros literários
que permeiam o currículo apresentam um desenvolvimento gradual de complexidade
das habilidades e competências referentes à oralidade, à escuta, à escrita e à leitura,
assim como compõem uma ampliação do repertório literário e cultural do educando.
No quadro a seguir, organizamos esses conteúdos a fim de representar a progressão
estabelecida.
Os gêneros textuais e literários, assim como os conteúdos linguísticodiscursivos instituídos no desing do currículo de língua inglesa no Ensino Fundamental
anos finais do colégio (lócus da coleta de dados) estão em consonância com o que
encontramos na BNCC. Como estabelecido na BNCC25 (Brasil, 2018, p. 241), o foco
do ensino da língua inglesa centraliza no aspecto “da função social e política do inglês”
e na “ampliação da visão de letramento, ou melhor, dos multiletramentos, concebida
também nas práticas sociais do mundo digital” (Brasil, 2018, p. 242).
No quadro adiante, também apresentamos a estrutura curricular com ênfase
nos denominados eixos organizadores da BNCC, conforme o eixo da leitura por meio
de práticas de leitura em inglês que reforçam o trabalho com o reconhecimento do tipo
de texto mediante estratégias de leitura e compreensão de texto, e que também
contemplam a análise do contexto de produção e seus efeitos na construção de
sentidos, assim como acerca da reflexão crítica de temas abordados. Podemos ver
que a escolha dos textos, dos gêneros e dos títulos dos livros literários apresenta
consonância com esses aspectos e apontam para a ampliação do repertório textual e
literário do educando.
25
Item 4.1.4. referente à Língua Inglesa.
51
Relativamente ao eixo da escrita, a BNCC considera os aspectos processual e
colaborativo, assim como enfatiza o objetivo da escrita como prática social. Sobretudo,
o documento destaca a escrita como um processo autoral com foco na progressão de
textos verbais para textos mais elaborados, desse modo, contribuindo para “para o
desenvolvimento de uma escrita autêntica, criativa e autônoma” (Brasil, 2018, p. 245).
Podemos ver esse caminho pedagógico na complexidade e nos desafios impostos na
produção escrita do nono ano, pois há constante uso de textos de circulação das áreas
sociais para compor base da escrita de textos argumentativos mais elaborados.
Quadro 2 - Gêneros textuais e conteúdos linguístico-discursivos de língua inglesa do Ensino
Fundamental anos finais do colégio
Série
6º ano
7º ano
8º ano
Gêneros textuais e Literários
Climate Change (Greta Thunberg), The Fun
They Had (Asimov), Sophia, the Robot,
Fantastic Mr. Fox (Roald Dahl), Heritage sites
(Mapa Interativo), Apostila com foco em
estratégias de leitura, Livro de Memórias
(Memory Scrapbook), Hugo Cabret, Prince
Siddhartha – The Kind Prince, Think Before You
Post (Cidadania Digital).
Breaking News, Adventures of Huckleberry
Finn, Mangrove Forest, Dr. Jekyll & Mr. Hyde
The Outsiders, Blackness & Resistance
(Coletânea de Poemas com foco na negritude)
e Textos informativos relacionados ao Projeto
Terra.
Human Rights (Leitura da Declaração dos
Direitos Humanos), Sustainable Development
Goals
(Leitura
dos
Objetivos
de
Desenvolvimento Sustentável), Leitura de
notícias e artigos de opinião relacionados às
questões sociais da atualidade, To Kill a
Mockingbird (Harper Lee), Racismo e Questões
Raciais na língua inglesa (História dos Estados
Unidos e do Brasil) UN Position Papers
(Documentos oficiais das Nações Unidas para
posicionamento argumentativo), Diário de
Leitura para a leitura do livro literário (Reading
Journal), Debates, Coletânea de contos
(Estrutura do Conto e foco na produção de um
e-book de contos com crítica social, trabalho
com a escrita empática e linguagem figurada),
“Animal Farm” (George Orwell) e Fanfictions.
Fonte: elaboração própria
9º ano
Conteúdos linguísticodiscursivos
Descrição de lugares (adjetivos e uso
do verbo There to be), Comparativos,
Passado Simples e Gerúndio no
Passado (Simple Past and Past
Continuous), Futuro, Imperativo e
Modal
para
expressar
aconselhamento (Should)
Passado Simples e Gerúndio no
Passado (Simple Past and Past
Continuous),
Present
Perfect,
Construção de Perguntas, Modais e
Formas da Narrativa (Can, Could, Be
able to, Used to, Would), Expressões
de tempo e conectivos.
Present Perfect, Past Perfect (revisão
e ampliação das estruturas da
narrativa),
Collocations,
Modais
(Must, May, Might, Could, Can’t),
Futuro, Condicionais (1º e 2º)
Conectivos e Marcas do Discurso
Oral e Escrito, Position Paper e
Editorial, Voz Passiva, Linguagem
Figurada, Estrutura da Narrativa do
Conto literário, Argumentação e
estratégias argumentativas para a
escrita de textos argumentativos
típicos das Nações Unidas e para o
Debate de opinião), Condicionais e
Estruturas Hipotéticas (If Clauses 1º
ao 3º, Mixed, Wishes and Regrets, If
Only, What If), Tempos e Estrutura da
Narrativa para Contos literários e
Relative Clauses.
52
No currículo estabelecido, há temais transversais que acarretam projetos de
séries, denominados, na instituição de ensino, Eixos de Série: no 6º ano, Integração,
Organização e Hábitos de Estudo; Representação e Alteridade; no 7º ano, Diferentes
Formas de Registro e Estudo; Respeito e Convívio com as Diferenças; no 8º ano,
Direitos Humanos; Pesquisa, Registro e Cooperação; e no 9º ano, Autonomia,
Argumentação e Síntese. Como muito do trabalho com esses eixos aproxima-se do
letramento digital, o colégio possui um departamento para projetos digitais
(denominado Núcleo de Educação Digital) tanto no âmbito de formação dos
educadores e das equipes administrativas e gerenciais da instituição quanto no
quesito de estabelecer parceria com projetos de série (inter- e multidisciplinares) ou
com os cursos disciplinares. Ainda, o colégio possui um grupo de especialistas na
educação com foco em inclusão, denominado de Núcleo de Práticas Inclusivas, que
contempla aspectos importantes da educação inclusiva nos projetos de série e
disciplinares.
No sentido de oferecer uma estrutura complementar aos componentes do
currículo, como a língua inglesa que faz parte do Núcleo Comum, o colégio oferece
atividades diversificadas (Ensino Religioso, Educação Artística – Artes Visuais,
Música, Expressão Corporal – Educação Física, Convivência e Ética). Ademais, a
estrutura curricular dispõe de aulas de apoio para trabalho específico com habilidades
e competências curriculares que exigem mais prática e estudo. Há atividades
extracurriculares que abordam artes e atividades físicas, assim como oficinas de
linguagens e tecnologias, em algumas, a língua inglesa é requisito necessário, como
a oficina Social Innovation26 – estudo de estratégias de Design Thinking27 e trabalho
26
A oficina Social Innovation é disciplina extracurricular optativa e anual, oferecida ao aluno do nono
ano de forma complementar ao seu currículo, e constitui em seu programa aspectos da Comunidade
Internacional de Inovação Social (IDIN, sigla em inglês; disponível em: https://www.idin.org/ ) que, com
o laboratório D-Lab do MIT (Massachusetts Institute of Technology’s D-Lab, disponível em: https://dlab.mit.edu/ ) centralizam projetos de ação e inovação social com aspectos da engenharia social, das
arquiteturas urbana e rural, com o olhar para as comunidades carentes e sociedades desfavorecidas
em âmbito global. O curso oferece ao aluno a oportunidade de aprender técnicas de engenharia e
arquitetura focalizando trabalhos com materiais recicláveis. O estudante aprende como lidar com
problemas sociais e propor soluções em parcerias com as comunidades e projetos sociais existentes.
Por fim, há a possibilidade de o aluno viajar para o MIT, em Boston, nos Estados Unidos, para uma
imersão de uma semana no MIT D-Lab e expandir seus conhecimentos já adquiridos no curso. O curso
é ministrado em inglês.
27
Design Thinking é um modelo de pensamento e uma metodologia de inovação social para questões
sociais com o foco na Empatia, na Experimentação e na Prototipação, centralizado “no ser humano,
altamente colaborativo, experimental, otimista e visual”, de acordo com o site do SEBRAE
(https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/design-thinking-inovacao-pela-criacao-de-valor-parao-cliente,c06e9889ce11a410VgnVCM1000003b74010aRCRD). Acesso em: 06 out. 2023.
53
com comunidades a fim de desenvolver projetos de inovação social. Como ampliação
do projeto curricular, a instituição oferece projetos interdisciplinares de Estudo do
Meio, assim como viagens para o Canadá (em modalidade de intercâmbio) e para os
Estados Unidos, Boston, com foco na ampliação dos estudos de inovação social.
O currículo está organizado em três períodos (trimestres) e, ao longo de cada
um, os alunos são avaliados de forma processual, por meio de diferentes instrumentos
de avaliação. Os instrumentos de avaliação são constituídos por atividades avaliadas
com foco na leitura e compreensão de textos, mediante provas focalizando aspectos
linguístico-discursivos, pela produção escrita em processo, e, ainda, por meio de
apresentações orais e debates orais. O processo avaliativo conta com etapas de
(auto)regulação, regulação em pares e com constante feedback. Os alunos têm
acesso aos conceitos ou às marcações como avaliações parciais ao longo do período.
Ao término do trimestre, conceitos (A-E) são atribuídos aos alunos. Sendo
compreendidos como A, aproveitamento plenamente satisfatório, de nível excelente,
até E, aproveitamento insatisfatório, de nível muito fraco.
6.5
INSTRUMENTOS/PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
Foi desenvolvida pelo professor-pesquisador uma sequência didática à luz da
Pedagogia dos Multiletramentos (Silva, 2016; Rojo; Moura, 2012; GNL, 1996) em que
o produto foi a produção de uma fanfiction (Sachs, 2019; Jenkins, 2009). A leitura
crítica e análise da obra de George Orwell28, que aconteceu ao longo e com a
sequência didática, fez parte da produção das fanfictions por meio da intertextualidade
e dos aspectos típicos do gênero fanfiction e da Cultura Participativa.
A sequência didática abordou o estudo do gênero fanfiction, os respectivos
recursos discursivos, os conceitos de Cultura Participativa (Jenkins, 2009) e utilizou o
estudo das formas hipotéticas da língua inglesa (condicionais, expressões com
condicional e de caráter hipotético29) como disparador para a produção da sinopse da
28
“Animal Farm” (qualquer edição em inglês que não seja adaptada pode ser utilizada pelos alunos).
Apresentamos aqui alguns exemplos das construções linguísticas em inglês para ilustrar os
condicionais, “If the main character of this story had not died, what would he have done?” (Se a
personagem principal não tivesse morrido, o que ela teria feito?) e para ilustrar as expressões com
condicionais e com caráter hipotético, “What if a secondary character was a spy?” (E se uma
personagem secundária fosse uma espiã?).
29
54
fanfiction que também foi escrita pelos alunos, pois ela compreende parte integrante
do gênero textual. A escrita da fanfiction foi realizada em duplas ou trios.
Após a publicação das fanfictions em um blog (Tumblr), os alunos preencheram
um questionário com perguntas acerca da escolha das temáticas de suas produções.
O questionário foi elaborado de forma digital usando o Google Forms. Houve uma
seleção das fanfictions escritas pelos estudantes seguindo os critérios de aceite da
participação da pesquisa pelo aluno30 e da produção finalizada e postada dos textos.
Obtivemos 47 fanfictions, escritas em duplas ou trios e 61 alunos responderam aos
questionários.
Sintetizamos, no quadro a seguir, os instrumentos de coleta, suas funções para
a coleta (e posterior análise) e os dados gerados:
Quadro 3 - Síntese dos instrumentos de coleta
Instrumento
Sequência Didática
Questionário
Forms)
(Google
Função
Desenvolver
um
design
de
aprendizagem por meio dos
movimentos da Pedagogia dos
Multiletramentos com foco no
gênero
Fanfiction
em
intertextualidade com a obra
“Animal
Farm”,
e
propiciar
affordances para a aprendizagem
da língua inglesa. Com base na SD,
o aprendiz percorre um caminho
didático que contribui para uma
aprendizagem mais crítica e
autônoma.
Compreender como o estudante
estabeleceu relação com a obra
canônica ao produzir a fanfiction.
Dados gerados
47 fanfictions
duplas ou trios.
escritas
em
122 respostas no questionário,
pois 61 alunos responderam ao
questionário que contém duas
perguntas.
Fonte: elaboração própria
As subseções anteriores concentraram o detalhamento da metodologia de
pesquisa deste estudo, do contexto e dos participantes desta pesquisa. A descrição
do contexto de produção dos alunos e do curso de inglês do nono ano foram o ponto
principal dos elementos da última subseção. A seguir, discorremos sobre os princípios
epistemológicos do trabalho com a literatura e dos procedimentos de leitura.
30
Como os alunos eram menores de 18 anos, o Termo de Assentimento ao aluno e o Termo de
Consentimento Livre Esclarecido aos pais dos alunos fizeram parte do critério mencionado.
55
6.6
LITERATURA E PROCEDIMENTOS DE LEITURA
Discutimos, a seguir, o trabalho com a literatura nas aulas de língua inglesa e
a nossa compreensão sobre a literatura como parte integral da formação do sujeitoleitor nas aulas de inglês. Descrevemos como se desenvolveu a leitura da obra
literária de George Orwell (“Animal Farm”31), que é fundamental para o design da
Sequência Didática desenvolvida para este estudo. Por fim, discutimos os
procedimentos de leitura que contemplaram parte essencial do currículo de língua
inglesa do objeto desta pesquisa.
Primordialmente, destacamos que o nosso trabalho reforça a característica da
inquietação do professor-pesquisador quanto ao processo de ensino-aprendizagem
da língua inglesa sob um olhar crítico acerca do seu próprio caminho de formação e
sobre sua própria didática. O presente estudo apresenta a concepção sobre o ensino
de língua inglesa de forma complexa, pois compreendemos que o ensino de uma
língua adicional condiz com um mundo plural, enriquecedor de repertórios e subjetivo
(ou repleto de subjetividades).
Na mesma direção, a composição do currículo de língua inglesa, a nosso ver,
deve abordar mais do que as habilidades linguísticas fundamentais, certamente, tem
de possibilitar a leitura literária como objeto de estudo, como papel formador na visão
do sujeito-leitor e como característica fundante da multiculturalidade. Em consonância
com o que as autoras Dalvi, Rezende e Jover-Faleiros (2020, p. 9-10), que
argumentam sobre o trabalho com a literatura na escola, a proposta foi de
[...] trabalhar sempre de modo integrativo, entendendo e pensando a leitura
e a escrita literárias, o ensino de literatura, o sujeito leitor de literatura, a
formação de professores, os materiais didáticos, os currículos e métodos de
ensino de leitura e literatura como faces de um mesmo desejo: contribuir para
a apropriação da leitura e da escrita (e, em particular, das leituras e escritas
literárias) por sujeitos inseridos em espaços e tempos de educação formal e
não formal.
Somando-se a isso, os aspectos destacados por Lerner (2002) fortalecem a
nossa visão do trabalho com a literatura. A autora expõe a necessidade do
desenvolvimento da escrita e da literatura como práticas sociais vitais do processo de
ensino-aprendizagem, pois, para criarem sentidos, os estudantes precisam produzir
31
Decidimos manter o título da obra de George Orwell em inglês (“Animal Farm”) para reforçarmos que
a obra lida é a original e não adaptada ou traduzida.
56
textos que expressem suas ideias ou para informar fenômenos sobre o mundo. Para
produzi-los, os estudantes precisam de processos de leitura que favoreçam as
diferentes leituras tanto dos textos que chegam na escola quanto as leituras críticas
dos textos que circulam na sociedade. Portanto, compreendemos a leitura literária
essencial para o processo de produção de sentidos e de desenvolvimento linguístico
no que tange ao processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa. Os
procedimentos, a seguir, organizaram a leitura da obra literária que derivam as
fanfictions produzidas pelos alunos.
6.6.1 O trabalho com a literatura nas aulas de língua inglesa
O ensino de literatura, conforme Jover-Faleiros (2019), está inserido em uma
discussão social e histórica quanto aos procedimentos metodológicos, que compõem
pesquisas a respeito, e didáticos, que são aplicados em sala de aula. Essa discussão
aborda aspectos que dividem o dever ler e o prazer de ler com o qual as propostas do
ensino de literatura historicamente focalizam suas didáticas. Para a autora, o trabalho
com a literatura aponta para o sentido de um objeto de estudo que possibilita o
desenvolvimento das habilidades estruturantes da leitura e que proporcionam uma
autonomia do leitor nas práticas institucionais. No sentido de acrescentar à discussão
do trabalho com a literatura, Rouxel (2020) aponta que, antes de pensarmos em como
trabalharemos com a literatura, precisamos definir qual é o nosso objetivo (ampliação
do repertório cultural, compartilhamento de valores, etc.) e que literatura queremos
ensinar (texto canônico, o contemporâneo, fragmento ou obra integral etc.). Rouxel
(2020, p. 20-21) argumenta que
[...] pensar o ensino da literatura e suas modalidades práticas supõe que se
defina a finalidade desse ensino. É a formação de um sujeito leitor livre,
responsável e crítico — capaz de construir o sentido de modo autônomo e de
argumentar sua recepção — que é prevista aqui. É também, obviamente, a
formação de uma personalidade sensível e inteligente, aberta aos outros e
ao mundo que esse ensino da literatura vislumbra.
A autora acresce que, para instituir a formação desse aluno sujeito-leitor,
devemos levar em consideração a literatura ensinada e ação do professor. Na
perspectiva do sujeito-leitor, o professor e o aluno precisam compreender que não há
57
um sentido ou uma interpretação da obra que seja única, convencionada e imutável,
mas que saberes serão construídos na leitura da obra literária.
Rouxel (2020 p. 21-22) destaca os saberes sobre os textos (“conhecimento dos
gêneros, poética dos textos, funcionamento dos discursos”), os saberes sobre si
(“expressão de um pensamento pessoal e de um julgamento de gosto assumidos,
afirmação de uma subjetividade em ato na leitura”) e os saberes sobre o ato léxico ou
saberes metaléxicos, pois “se é conveniente encorajar a leitura subjetiva, é também
conveniente ensinar os alunos a evitarem uma subjetividade desenfreada, fonte de
delírio interpretativo”.
Complementando o aspecto do ensino de literatura, Rouxel (2020) destaca a
importância da escolha das obras literárias e reforça que, para refinar o gosto pela
literatura, o professor deve diversificar os gêneros literários, assim como “propor obras
das quais eles extrairão um ganho simultaneamente ético e estético, obras cujo
conteúdo existencial deixe marcas” (Rouxel, 2020, p. 23). Ela observa o grau de
dificuldade cuja obra proposta deve apresentar de acordo com a modalidade de
leitura, de forma autônoma fora de sala de aula, ou em sala de aula, de forma
individual ou coletiva.
Compreendemos, portanto, que esses aspectos são essenciais para o trabalho
com a literatura também em aulas de língua inglesa, com o objetivo de possibilitar um
processo de ensino-aprendizagem acerca da leitura e da escrita pautado no
desenvolvimento do sujeito-leitor, ampliando o repertório cultural e linguísticodiscursivo desse estudante. Compreendemos, também, que os aspectos social,
cognitivo e metacognitivo do trabalho com a literatura em sala de aula estão
estritamente ligados com os objetivos e com as práticas de leitura literária que o
professor propõe (Hébert, 2008).
Na sequência, aprofundamos o trabalho com a obra literária, na aula de língua
inglesa, do nono ano do Ensino Fundamental anos finais e detalhamos a
compreensão do repertório literário oferecido aos educandos nesta proposta de
trabalho com a literatura, complementando os procedimentos de leitura da obra
literária que resultam na escrita das fanfictions.
6.6.2 Leitura da obra literária “Animal Farm” de George Orwell
58
Para início desta subseção, cabe destacar brevemente o caminho da escolha
do livro “Animal Farm” de George Orwell como parte do currículo de língua inglesa
que compõe objeto desta pesquisa. Os professores de inglês do nono ano do Ensino
Fundamental anos finais fazem uma seleção de livros, alinhada aos objetivos do curso
e aos projetos da série, com o intuito de proporcionar aos estudantes a ampliação de
seu repertório literário a partir do trabalho com uma diversidade rica de autores e
gêneros literários aos alunos. Dessa forma, o primeiro livro trabalhado com os alunos
do nono ano do curso de inglês é “To Kill a Mockingbird”32 da autora Harper Lee. O
trabalho com essa obra dá-se em diálogo com um projeto curricular transdisciplinar
que atravessa todo o currículo da Educação Básica do colégio em questão,
denominado como projeto de diversidade e inclusão.
No segundo trimestre, é trabalhada uma seleção de contos da escritora norteamericana Eudora Welty33, com outros contos selecionados de autoras34 renomadas
que abordam temas relacionados com racismo, discriminação, feminismo, luta de
classes, minorias, e que complementam o trabalho com a escrita empática com crítica
social.
Por fim, no último trimestre, o livro “Animal Farm”, de George Orwell, é
escolhido por possibilitar um diálogo com as disciplinas de História e Geografia, em
relação aos estudos disciplinares sobre ditadura e autoritarismo, assim como abordar
as discussões acerca das questões políticas atuais. É recomendado ao aluno uma
leitura complementar de férias do livro do mesmo autor, “1984”.
6.6.3 Procedimentos de leitura
A leitura da obra literária “Animal Farm” (de George Orwell) acontece em um
momento do curso de língua inglesa em que alguns procedimentos de leitura, já
32
Decidimos manter o título em inglês com o objetivo de reforçamos que a leitura é feita da obra original
e não adaptada. Essa obra pode ser encontrada em português como “O Sol é para Todos” (Harper
Lee).
33
O livro que foi usado pelo professor-pesquisador é “The Collected Stories of Eudora Welty” para
selecionarmos alguns contos. O conto principal do livro é o “The Whistle”. Outros contos são
selecionados com temáticas aproximadas que abordam crítica social e que tratam aspectos de um
projeto feito sob a perspectiva de desenvolvimento de uma escrita empática. Essa obra não tem
tradução em português.
34
Por uma visão que há do professor-pesquisador juntamente com sua dupla (professora do colégio
que divide a disciplina de língua inglesa com ele), assim como em consonância com movimentos para
ampliar o número de autoras com as quais os alunos têm contato em sua Educação Básica, alguns
contos da Chimamanda Ngozi Adichie e da Maya Angelou fazem parte da seleção de contos.
59
trabalhados anteriormente no ano letivo, favorecem para uma maior autonomia e
interação em sala de aula, possibilitando um papel mais autoral do estudante tanto
em relação à leitura e às discussões com base na obra literária quanto na escrita das
fanfictions em intertextualidade com essa obra literária.
Os alunos trabalham com a leitura do livro da autora Herper Lee e utilizam de
leituras feitas em sala de aula com grupos de leitura. Como Jover-Faleiros (2020)
aponta, uma articulação favorável para a aprendizagem mais autônoma da leitura
literária e ao mesmo tempo sob uma perspectiva colaborativa, os círculos de leitura
beneficiam o caminho didático da literatura como o objeto de ensino-aprendizagem.
Essa atividade pedagógica comporta o dever ler por meio de atividades escolares com
o prazer de ler por meio da atividade individual de cada leitor, focalizando as
(re)leituras que cada sujeito-leitor faz da obra e, que por meio dos círculos de leitura,
os sentidos possíveis criados do texto literário ganham aspecto de produção coletiva,
de interação social, ou seja, sob uma perspectiva da aproximação da leitura escolar
ao aspecto da atividade social da leitura.
Os círculos de leitura que são realizados com os alunos, desde o início do nono
ano, abordam uma estratégia de trabalho com o texto literário como é sugerido por
Hébert (2008) como círculos de leitura entre pares (CLP35). Os alunos trabalham em
grupos com quatro ou cinco integrantes e, para cada aluno, há um papel a ser
desempenhado ao longo da leitura de capítulos designados em momentos ou etapas
da leitura. Há um rodízio desses papéis ao longo da leitura da obra, em sua
completude, objetivando a experienciação e o desenvolvimento das habilidades de
leitura e escrita de cada papel por todos os alunos do círculo de leitura.
Os papéis adotados36 pelos alunos são de Diretor de Discussões, Criador de
Conexões, Criador de Resumos, Especialista em Vocabulário e Seletor de Passagens
do Texto. Conforme explica Daniels (2002) os quatro papéis básicos do círculo de
leitura podem ser combinados de acordo com o trabalho sugerido com a literatura.
Descrevemos a seguir os papéis que utilizamos.
Diretor de Discussões escreve perguntas que guiam discussões em grupo e
mantém o foco nas atividades de leitura. O Criador de Conexões escreve conexões e
35
Adotamos a sigla CLP conforme Jover-Faleiros (2020) utiliza para se referir aos círculos de leitura
em pares, em seu texto, ao apontar Hébert (2006). Todavia o texto que utilizamos da mesma autora
(Hébert, 2008) está em inglês e não precisamos fazer nenhuma tradução para a referenciação à sigla.
36
Utilizamos os seguintes papéis em inglês, respectivamente, Discussion Director, Connection Maker,
Summarizer, Word Wizard e Passage Picker.
60
relações que ele estabelece sobre sua leitura da obra e, também, escreve as relações
e as conexões estabelecidas por cada integrante do grupo. As conexões são do texto
para com o texto, do texto para consigo mesmo, e do texto para com o mundo. O
Criador de Resumos tem como função principal organizar um resumo da obra, ao
término dos CLP, mas, ao longo desse processo, esboça pequenos resumos dos
capítulos e revisa esses resumos junto com as informações e as discussões no grupo.
Ainda, o papel do Especialista em Vocabulário procura em dicionários as
acepções das palavras que ele não conhece ou aquelas que o grupo coloca como
dificultadoras de compreensão do texto. Para esse papel, o estudante elabora uma
espécie de glossário com a acepção e um exemplo do uso da palavra ou da expressão
em contexto discursivo-linguístico mais familiar para o aluno. O último papel, o Seletor
de Passagens do Texto, seleciona partes do texto e relê essas partes juntamente com
o grupo e propõe discussões sobre elementos literários e estilo do autor.
Compreendemos o papel do professor ao planejar e utilizar esses papéis nos
círculos de leitura como de apoio ao processo da leitura e dos papéis, de organização
das atividades de cada membro do grupo, ou do círculo, e de gestão da atividade de
leitura, entretanto centralizando em sua função de facilitador, como explica Daniels
(2020).
No mesmo tempo didático centrado na prática dos CLP, o professor resgata
práticas de leitura dos anos iniciais do Fundamental e das séries posteriores, que
contemplam atividades de registro ao longo da leitura, como feito no oitavo ano, uma
espécie de mapa das personagens. Com esses procedimentos de leitura que fazem
parte das habilidades e competências de leitura do estudante, o professor avança no
quesito do registro ao longo da leitura, mas enfatiza aspectos do sujeito-leitor na
produção de diários de leitura37. Os diários de leitura do nono ano em aulas de língua
inglesa são confeccionados de forma eletrônica. Os alunos aprendem a utilizar o
aplicativo (ou software, OneNote), que faz parte do pacote de editores eletrônicos de
texto, cujo acesso é garantido como parte desse pacote para cada aluno do colégio.
Com esse aplicativo, o estudante fica com uma espécie de fichário virtual. Ele utiliza
abas ou fichários para cada atividade realizada com foco na leitura da obra sob a
perspectiva individual e autônoma nas leituras feitas fora de sala de aula, assim como
organiza seus registros das CLP, e ainda complementa seus diários de leitura com as
37
Em inglês, reading journals.
61
suas percepções, suas ideias, suas dúvidas etc. ao longo das aulas e das atividades
com foco na leitura da obra literária.
O professor escolheu o formato digital do diário de leitura para favorecer tanto
o compartilhamento das informações entre os pares quanto para a leitura do
professor, os feedbacks oferecidos pelo professor e pelos alunos durante os CLP, e,
por fim, com a finalidade de possibilitar a avaliação da produção do diário de leitura
pelo professor. O diário de leitura é feito ao longo da leitura do livro “To Kill a
Mockingbird”, durante o primeiro semestre do curso de inglês.
Nesse sentido, Hébert (2008) argumenta que a leitura e a compreensão de
textos exigem habilidades de leitura mais complexas e, para que a aprendizagem
dessas habilidades seja estimulada, deve haver dinâmicas de pequenos grupos, o
que os CLP proporcionam. A autora acrescenta que “[CLP] e discussões literárias
feitas em pares oferecem um contexto social de aprendizagem que ajudam as
crianças a elaborar suas compreensões”38 (Hébert, 2008, p. 31).
No segundo semestre do curso de inglês, os procedimentos de leitura literária
focalizam na leitura de contos, e os alunos desempenham, de forma individual e mais
autônoma, as leituras feitas fora da sala de aula, assim, objetivando o
aperfeiçoamento ou a utilização das habilidades de leitura e escrita (desenvolvidas
por meio dos papéis) desempenhadas anteriormente nos CLP. O trabalho com os
contos resulta em uma produção de um e-book com contos escritos pelos alunos,
individualmente, inspirados em histórias reais que eles leem, ouvem e são expostos,
através de narrativas de pessoas que estão próximos a eles e que, por meio dessas
narrativas, a crítica social aos aspectos diversos da desigualdade social ficam
evidentes.
No terceiro trimestre do curso de inglês, é feita a leitura da obra de George
Orwell, e o trabalho com os CLP é resgatado e aprofundado em duplas ou trios,
modificando o formato dos grupos e ampliando as possibilidades de desenvolvimento,
assim como possibilitando maior interação nos sentidos construídos acerca da obra
literária. Neste momento do curso de língua inglesa e no ano letivo, o aluno já
percorreu um caminho longo e pleno de atividades de leitura e escrita do texto literário.
Com essa etapa do processo de ensino-aprendizagem da leitura literária em sala de
aula, os CLP são feitos em duplas ou trios, experienciando (e revisitando) os papéis
38
No texto original, “Literature circles or peer-led exploratory discussions of literature would seem to
offer a social learning context that helps children to construct their comprehension”.
62
trabalhados com a obra literária do primeiro semestre do ano letivo (“To Kill a
Mockingbird”, da autora Harper Lee), porém com aprofundamento nas funções de
cada papel, incluindo as compreensões do texto literário por meio de contextos
históricos e geopolíticos que os alunos estudam nos outros componentes curriculares.
Por fim, o trabalho com “Animal Farm” (de George Orwell) resulta em um
trabalho intertextual com o gênero fanfiction. Ainda, com o trabalho focalizando o
gênero fanfiction, o professor destaca as características das plataformas de
publicação e escrita de fanfictions disponíveis na internet e trabalha elementos
linguísticos e discursivos pertinentes às estruturas hipotéticas da língua inglesa que
estão presentes nas sinopses das fanfictions.
A seguir, apresentamos a sequência didática elaborada e utilizada para a coleta
de dados, com o detalhamento dos movimentos pedagógicos, à luz da Pedagogia dos
Multiletramentos, e que focalizou o gênero fanfiction.
6.7
A SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Descrevemos adiante o percurso pedagógico utilizado com os alunos para o
trabalho com o gênero fanfiction em intertextualidade com a obra de George Orwell,
“Animal Farm” (“A Revolução dos Bichos” ou “A Fazenda dos Animais”, em edição
mais recente), sob a perspectiva da Pedagogia dos Multiletramentos. Elaboramos a
sequência didática com a compreensão dos elementos que a constituem de acordo
com Zabala (1998, p. 18) como “um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas
e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio
e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos”.
Temática: Fanfiction à luz da Pedagogia dos Multiletramentos
Prática Social: Leitura, Produção e Compartilhamento de fanfictions em
intertextualidade com a obra “Animal Farm” de George Orwell
Competências específicas da BNCC
63
Eixo Oralidade
(EF09LI01) Fazer uso da língua inglesa para expor pontos de vista, argumentos
e contra-argumentos, considerando o contexto e os recursos linguísticos
voltados para a eficácia da comunicação.
(EF09LI04) Expor resultados de pesquisa ou estudo com o apoio de recursos,
tais como notas, gráficos, tabelas, entre outros, adequando as estratégias de
construção do texto oral aos objetivos de comunicação e ao contexto.
Eixo Leitura
(EF09LI05) Identificar recursos de persuasão (escolha e jogo de palavras, uso
de cores e imagens, tamanho de letras), utilizados nos textos publicitários e de
propaganda, como elementos de convencimento.
(EF09LI08) Explorar ambientes virtuais de informação e socialização,
analisando a qualidade e a validade das informações veiculadas.
(EF09LI09) Compartilhar, com os colegas, a leitura dos textos escritos pelo
grupo, valorizando os diferentes pontos de vista defendidos, com ética e
respeito.
Eixo Escrita
(EF09LI12) Produzir textos (infográficos, fóruns de discussão on-line,
fotorreportagens, campanhas publicitárias, memes, entre outros) sobre temas
de interesse coletivo local ou global, que revelem posicionamento crítico.
Eixo Conhecimentos Linguísticos
64
(EF09LI13) Reconhecer, nos novos gêneros digitais (blogues, mensagens
instantâneas, tweets, entre outros), novas formas de escrita (abreviação de
palavras, palavras com combinação de letras e números, pictogramas, símbolos
gráficos, entre outros) na constituição das mensagens.
(EF09LI14) Utilizar conectores indicadores de adição, condição, oposição,
contraste, conclusão e síntese como auxiliares na construção da argumentação
e intencionalidade discursiva.
(EF09LI15) Empregar, de modo inteligível, as formas verbais em orações
condicionais dos tipos 1 e 2 (If-clauses). Na SD os alunos estudam as “situações
hipotéticas” (hypothetical situations) ou as orações que estabelecem a relação
de condicional e são utilizadas para comunicar/expressar situações do passado,
presente e futuro. Ou seja, situações prováveis e até impossíveis e de planos
futuros.
Eixo Dimensão Intercultural
(EF09LI19) Discutir a comunicação intercultural por meio da língua inglesa
como mecanismo de valorização pessoal e de construção de identidades no
mundo globalizado.
Objetivos:
Analisar o uso das estruturas e situações hipotéticas da língua inglesa (If
Clauses, What if, If Only...) em sinopses de Fanfictions.
Produzir uma fanfiction em intertextualidade com a obra de George Orwell,
“Animal Farm”.
Desenvolver o letramento digital por meio do gênero fanfiction.
65
Reconhecer as características do gênero fanfiction.
Produzir textos multimodais e que evidenciem aspectos multiculturais do gênero
fanfiction.
Produzir textos colaborativos pertencentes ao gênero fanfiction em ambiente
digital usando a língua inglesa.
Turma/ grupo (faixa etária): 9º ano (14 anos)
Duração: 9 aulas de 50 minutos
Procedimentos
Aula 1 (Prática Situada)
Professor disponibiliza um questionário breve do Google Forms com duas
perguntas: 1. Você conhece ou já leu fanfictions? Respostas Sim ou Não e 2.
Se sim, qual leu e gostou bastante? Resposta curta.
Em seguida, professor disponibiliza uma Word Cloud39 para que os alunos
possam compartilhar títulos ou temas de fanfictions que já leram; para os alunos
que não leram, quais temas de fanfictions eles gostariam de ler.
Professor abre os resultados do questionário em gráfico das perguntas 1 e 2, e
inspeciona com a turma o que é interessante nesse gênero textual, o que os
levou a lê-lo e quais eles acham mais interessantes e gostariam de recomendar
para a turma.
39
As Nuvens de palavras (word clouds) são representações visuais de palavras que dão ênfase às
palavras mais frequentes. As palavras mais frequentemente adicionadas pelos membros da audiência
da atividade proposta, por meio de seus smartphones ou de computadores, são destacadas em
primeiro plano, ou no plano central com fonte maior e em destaque. Essa forma de visualização auxilia
os apresentadores a capturar rapidamente informações da audiência, ressaltar as respostas mais
comuns e apresentar os dados de forma acessível a todos.
66
A seguir, alunos visitam os sites (disponibilizados no Google Classroom40 ou
Portal
do
Curso
–
Ambiente
Virtual
de
Aprendizagem):
https://www.wattpad.com/stories/fan-fiction
https://www.tumblr.com/tagged/fanfiction?sort=top e https://www.fanfiction.net/
em duplas ou trios.
Alunos procuram por fanfictions relacionadas com obras que eles conhecem, já
leram ou se interessam.
Professor abre uma discussão sobre a percepção dos alunos acerca do gênero,
da sua circulação, do uso pelos leitores, e quais são os tipos de leitores.
Aula 2 (Prática Situada e Instrução Evidente)
Professor retoma a aula anterior com os títulos recomendados pelos alunos no
questionário do Google Forms (pergunta 2).
Professor abre algumas das fanfictions recomendadas e projeta na lousa.
Os alunos apontam algumas características que eles reconhecem que são
típicas das fanfictions e que são comuns nos três sites indicados pelo professor:
professor destaca a sinopse das fanfictions e a ausência dela nos sites, e a
função da sinopse para esse gênero textual.
Professor apresenta o vídeo Henry Jenkins on Participatory Culture: Big
Thinkers disponível em: https://youtu.be/1gPm-c1wRsQ e aponta algumas
40
O Google Classroom (ou Google Sala de Aula) é uma plataforma on-line desenvolvida pelo Google
para facilitar a gestão e a comunicação entre professores e alunos em um ambiente educacional virtual.
Permite a criação de salas de aula virtuais, compartilhamento de materiais educacionais, atribuição de
tarefas e interação, simplificando o processo de ensino e aprendizagem. É amplamente usado em
contextos educacionais para organização e interação dos membros da sala de aula. O aplicativo está
disponível em: https://edu.google.com/intl/ALL_br/workspace-for-education/classroom/. Acesso em: 08
ago. 2022.
67
questões para resposta em duplas ou trios e, posterior, discussão em duplas e
com a turma toda:
Qual é o interesse pelo pesquisador e Dr. Henry Jenkins?
Por que ele se interessou em estudar o que os adolescentes fazem após o
período escolar?
O que é Cultura Participativa?
O que é Cultura Popular?
O que é fandom/comunidade de fãs?
O que o Dr. Henry Jenkins diz sobre a Aliança Herry Potter?
Qual é a importância dessa comunidade de fãs para a sociedade?
O que o Dr. Henry diz sobre a importância dessa cultura participativa para a
educação?
Em duplas ou trios, os alunos discutem o que entenderam do vídeo e
compartilham suas respostas.
Com a turma toda, professor conceitualiza a cultura participativa, fandom e,
propriamente, o gênero fanfiction.
Aula 3 (Instrução Evidente e Enquadramento crítico)
Professor retoma os conceitos apresentados na aula anterior resgatando a
discussão.
Professor abre os sites de fanfiction indicados e aponta a pesquisa por “Animal
Farm”.
Alunos analisam as diferenças e similaridades com a obra original (o cânone).
68
Alunos atentam para as linguagens utilizadas e para os elementos da narrativa
que foram empregados.
Professor discute com os alunos essas diferenças e semelhanças com o
original.
Professor aponta para o conceito de intertextualidade, reforçando que há um
limite em que a obra produzida/derivada pode atingir para não se distanciar
totalmente da obra original.
Professor discute com os alunos acerca da crítica social e política presente no
cânone “Animal Farm”, e se houve e/ou como as fanfictions analisadas
apresentam esses elementos.
Ampliação: professor compartilha com os alunos os Tumblrs/blogs criados em
anos anteriores e discute com os alunos.
Aula 4 (Instrução Evidente e Enquadramento crítico)
Professor resgata as fanfictions em intertextualidade com “Animal Farm” e
destaca o uso de estruturas ou situações hipotéticas que compõem o texto da
sinopse.
Professor apresenta as estruturas linguísticas e frases correlativas de hipótese
(E se Old Major não tivesse morrido e estivesse na casa da fazenda observando
e controlando tudo que aconteceu?/What if Old Major had not died and had kept
himself inside the farmhouse watching and controlling every action?)
Professor destaca o uso dessa estrutura hipotética e condicional e elenca, com
os alunos, outras expressões ou estruturas que eles conhecem que também
69
apresentam esse uso e que eles encontram nas sinopses das fanfictions; what
if, if Only, if clauses (2nd and 3rd, and mixed)
Professor apresenta essas estruturas com usos referentes à obra “Animal Farm”
por meio de uma apresentação em Power Point.
Professor disponibiliza exercícios com essas estruturas no Google Classroom
ou no portal do curso.
Alunos continuam as práticas e os exercícios disponibilizados como tarefa.
Aula 5 (Enquadramento crítico e Prática Transformada)
Checagem das práticas e dos exercícios (tarefa)
Professor apresenta a proposta de escrita da fanfiction em intertextualidade com
“Animal Farm”, em duplas ou trios, que apontem algo que os alunos queiram
ampliar, dizer, discutir, denunciar, etc.
Alunos discutem as ideias para a produção da fanfiction e desenham um esboço
(outline) do texto; apontando o(s) capítulo(os) da obra lida, as personagens que
estarão envolvidas, a temática que escolheram, o elemento estruturante e
disparador hipotético (What if...).
Tarefa de casa: alunos escrevem a sinopse de suas fanfictions e a postam no
Google Classroom.
Aula 6 (Prática Transformada)
Alunos verificam a devolutiva do professor sobre as sinopses.
Alunos discutem, nas duplas ou trios, a devolutiva e alinham pontos
necessários.
70
Alunos refletem sobre o esboço do texto e dialogam com o professor acerca das
ideias das fanfictions.
Professor apresenta uma rubrica da primeira versão e explica cada critério de
produção e avaliação; abre para sugestões e dúvidas, contando com a
contribuição dos alunos (com ênfase na sinopse e no esboço/desenho da
narrativa).
Alunos escrevem a primeira versão da fanfiction.
Postam a primeira versão no Google Classroom, juntamente com a sinopse.
Aula 7 (Prática Transformada)
Alunos sentam-se com outra dupla ou trio e compartilham o documento postado
no Google Classroom.
Alunos utilizam a rubrica da primeira versão; questionam alguns pontos que não
estão claros ou apresentam pontos a melhorar na sinopse e na narrativa.
Alunos postam novamente a primeira versão com alterações feitas em
regulação com os pares.
Aula 8 (Prática Transformada)
Professor apresenta a rubrica da versão final (com ênfase na intertextualidade,
na produção de elementos multimodais que compõem o texto e na publicação
no Tumblr).
Professor apresenta a plataforma Tumblr e como a utilizar para a publicação
das fanfictions.
71
Alunos focalizam a produção/edição dos elementos multimodais (imagens, tipo
de letras, tamanho da fonte, etc.) e fazem as alterações desejadas em formato
de rascunho no Tumblr, manipulando a plataforma e discutindo sobre os efeitos
que querem produzir em seus textos digitais.
Aula 9 (Prática Transformada)
Com as devolutivas do professor, alunos entregam a versão final no Google
Classroom e publicam seus textos no Tumblr com os elementos multimodais
elaborados como publicação final.
Alunos compartilham com os colegas suas fanfictions publicadas.
Alunos comentam as fanfictions dos colegas no Tumblr.
Alunos produzem um QR Code das fanfictions com a expressão disparadora
(What if...) que reflete a sinopse e afixam nos corredores das salas de aula da
série.
Avaliação
Checagem da tarefa de casa (exercícios das estruturas hipotéticas).
Sinopse da fanfiction (com ênfase na estrutura linguística/situação hipotética
disparadora).
Primeira versão da fanfiction (com ênfase na sinopse e no desenho da
narrativa).
Versão final da fanfiction (com ênfase na intertextualidade, na produção de
elementos multimodais que compõem o texto e na publicação no Tumblr).
6.8
ASPECTOS ÉTICOS QUE ENVOLVERAM A PESQUISA
72
Conforme a seriedade do fazer científico em todas as áreas do conhecimento,
essa pesquisa restou em consonância aos processos éticos do Comitê de Ética da
Universidade Federal de São Paulo, assim como em sua submissão à Plataforma
Brasil, sob o Certificado de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE) de número
60362222.3.0000.5505, juntamente e sob a supervisão da orientação em respeito às
normas e às exigências de um trabalho com extremo rigor quando se envolve seres
humanos de forma direta ou indireta (Apêndice A).
Consideramos os aspectos éticos pertinentes a uma pesquisa em um ambiente
escolar e em respeito aos participantes – os adolescentes e suas famílias. Para isso,
foi apresentado este estudo para os alunos do grupo denominado ‘G2’; por meio de
uma apresentação de slides como parte introdutória dos estudos do gênero fanfiction
e como abertura da sequência didática elaborada (Apêndice B).
Explicamos aos alunos que eles teriam total liberdade de aderirem ou não à
pesquisa, concordando em disponibilizar seus textos para o corpus desta pesquisa.
Ainda, reforçamos que eles poderiam desistir da pesquisa em qualquer momento.
Após o assentimento, eles participaram do questionário que foi aplicado ulteriormente
à conclusão da sequência didática. Em todo o momento, o anonimato foi garantido
aos alunos.
Considerando o aspecto essencial do anonimato na pesquisa científica, o
endereço eletrônico da plataforma (blog/Tumblr), que foi utilizada para a publicação
das narrativas ficcionais (fanfictions), não foi divulgado neste trabalho.
Como os estudantes eram menores de 18 anos de idade, suas famílias
receberam um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) com as mesmas
informações no Termo de Assentimento dos alunos, reforçando que, em nenhum
momento, informações pessoais e particulares foram requeridas ou utilizadas,
somente as produções textuais e as respostas dos questionários feitas pelos alunos,
garantindo sempre o anonimato. Também, em consonância ao processo ético da
pesquisa acadêmica, os pais dos alunos puderam concordar ou não com a
participação da pesquisa em qualquer momento de sua realização (Apêndice C).
O colégio recebeu uma carta solicitando a permissão da realização da pesquisa
com as mesmas explicações que os pais receberam, acrescida da solicitação de
auxílio da coordenação do colégio para o envio dos TCLE para as famílias dos alunos
por meio digital. Houve concordância e apoio em todo esse processo da parte da
direção e coordenação do colégio.
73
Em todas as etapas desta pesquisa foi respeitado o direito de sigilo de
informações pessoais e privadas, conforme a Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais (LGPD), pois, para este trabalho, reforçamos que somente tratamos das
produções textuais dos alunos e de suas respostas aos questionários.
Consideramos alguns riscos pertinentes desse estudo para estudantes
envolvidos, como a associação que eles poderiam fazer de suas participações (ou
não) à pesquisa com as notas/os conceitos obtidos de suas produções textuais. Esse
ponto foi reforçado nos documentos de assentimento e consentimento, pois, em
nenhum momento, houve associação da pesquisa à qualidade da produção e aos
objetivos educacionais e pedagógicos estabelecidos pelo professor.
6.9
PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE
As fanfictions foram analisadas, como se expõe na seção a seguir, a partir do
quadro de análise dos conteúdos temáticos sob a perspectiva e teoria do
Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) (Bronckart, J., 1999). As respostas aos
questionários foram analisadas em consonância com o método de análise de textos,
com foco nos conteúdos temáticos para compreender os caminhos de escolha dos
alunos pelos temas e os discursos que interpelam esses sujeitos para com as suas
escolhas.
Analisamos também as affordances propiciadas nas práticas da escrita de
fanfictions. Investigamos, dessa maneira, como ocorreu a percepção do estudante
sobre sua autonomia e criticidade acerca do seu processo de aprendizagem nas aulas
de língua inglesa, por meio da sequência didática desenvolvida e aplicada.
Ainda, de acordo com a Pedagogia dos Multiletramentos (Rojo, 2012; GNL,
1966), analisamos a partir dos resultados obtidos da aplicação da sequência didática
e das produções das fanfictions, e das respostas aos questionários, se foi possível
atingir maior criticidade e qualidade nas produções dos alunos.
74
7
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS FANFICTIONS
Iniciamos esta seção abordando o método de análise de textos de J. Bronckart
(1999; 2006a; 2006b) e os elementos principais do Interacionismo Sociodiscursivo
(ISD) (Bronckart, J., 2021; Bronckart, J.; Bronckart, E., 2017, Guimarães; Machado;
Coutinho, 2007) que fundamentaram nossa análise. Em seguida, apresentamos a
análise das fanfictions e as discussões pertinentes ao nosso estudo, também, sobre
as affordances oferecidas no processo de ensino-aprendizagem nas aulas de língua
inglesa.
O conceito do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD), para J. Bronckart (2006b),
considera o desenvolvimento humano ligado intrinsicamente às interações sociais de
uso da linguagem em um contexto sócio-histórico. O autor defende que os gêneros
textual-discursivos são as ferramentas principais no desenvolvimento humano e
argumenta que “é necessário analisar, primeiramente, as características do agir
coletivo, porque é nesse âmbito que se constroem tanto o conjunto dos fatos sociais
quanto as estruturas e os conteúdos do pensamento consciente das pessoas”
(Bronckart, J., 2006a, p. 137).
Nesse
sentido,
o
ISD
assinala
que
os
gêneros
textuais
são
os
megainstrumentos do agir linguageiro e que os sujeitos se apropriam desses gêneros
para interagir em diversas situações sociais (Resende, 2019). Sobre o aspecto do
agir de linguagem, J. Bronckart (2006a) explica que o comportamento de qualquer
organismo é denominado como o agir e, na espécie humana, a forma dessa ação
configura-se em um agir comunicativo, sendo por meio da linguagem e das atividades
coletivas que essa atividade de ação se torna ações de linguagem, ou seja, são “[as]
estruturas de cooperação/colaboração que organizam as interações dos indivíduos
com o meio ambiente” (Bronckart, J., 2006a p. 138). Nesse sentido, conseguimos
estabelecer relação direta desse ponto do ISD com as affordances propiciadas na
produção escrita e digital de fanfictions, pois, como apontado por Gibson (2015) e Van
Lier (2008)41, affordances estão presentes no meio ambiente e nas relações
estabelecidas do aprendiz com as possibilidades diversas oferecidas ao seu redor.
Com tal perspectiva, J. Bronckart (2006a) acrescenta que o agir se materializa
também nos textos, porquanto eles se tornam “correspondentes empíricos/linguísticos
41
Ver capítulo 5 deste trabalho.
75
das atividades de linguagem de um grupo, e [...] de uma determinada ação de
linguagem” (Bronckart, J., 2006a, p. 139). Em consonância com essa ótica,
compreendemos que o texto é uma unidade comunicativa e oferece elementos para
análise da composição/elaboração de sentidos. No aspecto das atividades sociais, a
partir do agir linguageiro, J. Bronckart (1999 apud Resende, 2019, p. 24) organiza um
quadro de análise de gêneros textual-discursivos:
1. as condições (ou contexto) de produção dos textos;
2. a infraestrutura geral do texto (plano textual global, tipos de
discurso e tipos de sequência textual);
3. mecanismos de textualização (conexão, coesão nominal e
verbal);
4. mecanismos enunciativos (vozes enunciativas e modalização).
A análise proposta por J. Bronckart (1999) destaca dois aspectos: o contexto
de produção do texto e de sua arquitetura interna. No aspecto do contexto de
produção, consideramos os parâmetros do mundo físico (o emissor, receptor, espaço,
momento de produção), do mundo social e subjetivo, como elementos da interação
comunicativa e, sobretudo, os conteúdos temáticos, isto é, os assuntos abordados.
No aspecto da arquitetura interna do texto, J. Bronckart (2006a) aponta para a
infraestrutura textual, para os mecanismos de textualização e os enunciativos. O autor
destaca que há dois elementos que compõem a infraestrutura do texto: o plano geral
do texto e o tipo de discurso. J. Bronckart (1999) realça a organização do conteúdo
temático e a estrutura em que o texto é apresentado, como o plano geral do texto, e
explica que o discurso se estrutura por meio das formas linguísticas específicas que
instituem os gêneros – sendo que essas formas linguísticas relativamente estáveis
não podem ser consideradas em detrimento do contexto ou das atividades de
linguagem.
Ainda sobre essa perspectiva, Striquer (2014, p. 317) acrescenta que
[...] quando o conteúdo temático de um texto está relacionado a fatos
passados ou futuros, atestáveis pela história ou imaginários, a organização
do discurso acontece a partir de marcas de uma disjunção entre o mundo
discursivo e as coordenadas que envolvem o emissor, o receptor, ao lugar e
ao momento físico da produção do texto. [...] Já quando o conteúdo temático
se relaciona direta ou indiretamente com o emissor, o receptor, o lugar ou o
momento da produção, ou são acessíveis às coordenadas da ação de
linguagem, a organização do discurso acontece com elementos que mostram
a conjunção entre o conteúdo e as coordenadas.
76
A autora explica que, à luz do método de análise de textos de J. Bronckart
(1999), se o tema não tiver relação com o agente produtor do texto, a conjunção
acontece no mundo das personagens do texto com o mundo discursivo autônomo,
acarretando o discurso relatado interativo. Ela acrescenta os aspectos de conjunção
e disjunção, de autonomia e efeito que resultam nos tipos de discurso: “narração,
discurso interativo, relato interativo e discurso teórico” (Striquer, 2014, p. 318).
Os mecanismos de textualização são estruturados pela combinação lógica,
temporal e hierárquica para a elaboração do conteúdo temático. São os mecanismos
de textualização a conexão, que funciona como organizador do plano geral do texto,
da estruturação dos tipos de discurso e das sequências frasais; a coesão nominal,
que focaliza os temas, as personagens e a progressão do texto; e, ainda, a coesão
verbal, que estrutura a organização temporal mediante os verbos e a relação
hierárquica das ações e dos acontecimentos no texto.
Em suma, os mecanismos enunciativos estabelecem a coerência pragmática
do texto, apresentando os julgamentos, opiniões e sentimentos corriqueiros, ou seja,
permeando-o com as vozes que o constituem em relação ao conteúdo temático.
Nesse aspecto, as vozes e as modalizações são as instâncias enunciativas
(Bronckart, J., 2006a). As vozes são as entidades que se apresentam sobre o que é
enunciado e podem ser do autor empírico, aquele que profere comentários ou
avaliações sobre o conteúdo temático, ou as vozes sociais, que não são agentes dos
acontecimentos (utilizadas para articular avaliações sobre o conteúdo), ou, ainda, as
vozes das personagens, que implicam visões de pessoas e instituições como agentes
dos acontecimentos.
Ainda sobre os mecanismos enunciativos, as modalizações funcionam no texto
como uma tradução dos comentários ou avaliações enunciadas por qualquer voz
acerca dos conteúdos temáticos. Elas podem ser lógicas ou epistêmicas e relacionamse “ao julgamento do humano e marca o domínio do certo, do saber, da crença, ou
seja, situa-se no eixo do conhecimento” (Hoffmann; Sella, 2009, p. 5 apud Striquer,
2014, p. 321). Além disso, há as modalizações deônticas, que apresentam as
avaliações das vozes enunciativas pautadas sobre os valores sociais. As
modalizações apreciativas e as pragmáticas também constituem construto
enunciativo de avaliações, sendo que a primeira evoca o ponto de vista do avaliador;
e a última, as intencionalidades, as razões e as ações do agente enunciador (Striquer,
2014).
77
Baseados no método de análise de textos, focalizando os conteúdos temáticos
(Bronckart, J., 1999), compreendemos o escopo de nossa análise das fanfictions
escritas pelos alunos do nono ano. Nas subseções a seguir, explicitamos como se
deu o recorte da análise, por meio do uso de uma ferramenta digital (software), para
identificar a recorrência temática predominante nessas narrativas ficcionais e
apresentamos a análise das fanfictions – tecendo, por fim, as considerações finais.
7.1
O RECORTE DA ANÁLISE DAS FANFICTIONS
Nesta seção, descrevemos o procedimento utilizado para delimitar o recorte
feito para análise das fanfictions através da ferramenta digital Atlas.ti42, com foco na
codificação dos elementos textuais e discursivos que evidenciaram a enunciação do
conteúdo temático abordado nos textos.
Iniciamos nosso caminho da análise das fanfictions escritas pelos alunos do
nono ano com um olhar para as hashtags ou palavras-chave (Apêndice D) que eles
utilizaram para compor seus textos e publicá-los na plataforma Tumblr. Podemos ver
o design da publicação dos alunos nas figuras 3 e 4, a seguir.
42
“Atlas.ti é uma poderosa ferramenta para análise qualitativa de grandes quantidades de texto,
imagens, áudio e vídeo. Ela oferece uma variedade de ferramentas para desempenhar funções de
análise de dados em qualquer abordagem sistêmica com foco em dados que não podem ser
significativamente analisados por meio de abordagens formais e estatísticas.” (Texto extraído do
Manual do usuário. Disponível em: https://manuals.atlasti.com/Mac/en/manual/Intro/Introduction.html
Acesso em: 26 nov. 2023, tradução nossa).
Texto original: “ATLAS.ti is a powerful workbench for the qualitative analysis of larger bodies of textual,
graphical, audio, and video data. It offers a variety of tools for accomplishing the tasks associated with
any systematic approach to unstructured data, i.e., data that cannot be meaningfully analyzed by formal,
statistical approaches.”
78
Figura 3 - Tumblr: página de edição e publicação
Fonte: elaboração própria
Figura 4 – “Animal Farm” ‘G2’: What if... (Tumblr)
Fonte: elaboração própria
79
Nesse sentido, tomamos os aspectos dos conteúdos temáticos presentes
nessa parte pré-textual das fanfictions (palavras-chave ou hashtags) e organizamolos em um quadro de recorrência dos conteúdos temáticos (Quadro 4). Sobretudo,
descrevemos a disposição das narrativas ficcionais na plataforma em que os textos
foram publicados. Percorremos os textos na plataforma do topo da tela para a parte
inferior, rolando a página, identificando os elementos textuais aplicados.
As fanfictions são dispostas com seus títulos, autoria, sinopse e palavras-chave
ou hashtags que indicam o tipo de fanfiction, e, por meio deles, compreendemos que
são indicativos prévios dos conteúdos abordados nas fanfictions. Ademais, os léxicos
empregados indicam recursos usados, entre outros, por exemplo AU (do inglês,
Alternative Universe, ou Universo Alternativo). Mantivemos esses termos em inglês,
uma vez que eles são utilizados pelos autores de fanfictions com essa grafia, mesmo
quando escritos em português.
Quadro 4 - Número de recorrência de Palavras-chave ou hashtags das fanfictions
Palavras-chave/Hashtags43 Número de fanfiction que apresentam os termos
Política
21
Relacionamento
8
Revolução
7
AU
5
Crossover
4
44
LGBTQ+
4
Amor
4
Fantasia
3
Manipulação
3
Capitalismo
2
Corrupção
2
Ditadura
2
Comida
2
Horror/Terror
2
Dinheiro
2
Poema
2
43
Os termos utilizados aqui foram traduzidos, uma vez que as fanfictions e todos os elementos escritos
na plataforma Tumblr foram escritos em inglês.
44
Utilizamos a sigla LGBTQ+ aqui, pois os estudantes-autores das fanfictions assim o fizeram. Contudo
reconhecemos que a sigla LGBTQIAP+, que abrange maior espectro da comunidade, é reconhecida
oficialmente por órgãos públicos, como explicam o Comitê de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade
e a Secretaria de Comunicação Social do TRT-RS, no site do TRT da 4ª Região (RS). Disponível em:
https://www.trt4.jus.br/portais/trt4/modulos/noticias/465934 Acesso em: 10 nov. 2023.
80
Palavras-chave/Hashtags43 Número de fanfiction que apresentam os termos
Romance
2
Sexismo
2
Pós-morte
1
Autoritarismo
1
Conspiração
1
Crime
1
Egito
1
Feminismo
1
Luta
1
Gênero
1
História
1
Indústria
1
Liderança
1
Mágica
1
Distúrbio Mental
1
Rebelião
1
Religião
1
Vingança
1
Rússia x Ucrânia
1
Shakespeare
1
Escravidão
1
Rede Social
1
Espiritualidade
1
Fonte: elaboração própria
Ao analisar a recorrência dos termos utilizados como palavras-chave (ou
hashtags) que indicam os assuntos ou temas centrais das fanfictions, podemos
observar que “política” é o conteúdo mais empregado. Essa temática é a mesma
desenvolvida pelo autor da obra canônica e vemos aqui uma permanência do tema,
com derivações ou ampliações por meio de outras palavras-chave, como “revolução”,
“manipulação e “capitalismo”, por exemplo.
Compreendemos que, como assinala J. Bronckart (1999), as condições de
produção estabelecem um nível do texto que aponta para arquitetura de sua criação,
e percebemos a relação possível do contexto social no momento da produção desse
texto. A escrita das fanfictions deu-se em um momento do ano que houve o período
de eleição para presidente do Brasil, atravessado por uma polarização do momento
histórico-político do nosso país, sobretudo, acompanhada de discussões do professor
com os alunos ao longo da leitura da obra literária e da escrita da fanfiction. Portanto,
81
podemos identificar a temática latente do contexto político impressa na estrutura da
narrativa de grande parte das fanfictions, o que não se restringe somente a essa
temática composicional, pois detectamos também que os conteúdos sobre
“relacionamentos” são bem constantes, por exemplo.
A obra de George Orwell, ‘Animal Farm’, apresenta a temática das relações de
poder entre os animais da fazenda, assim como as questões políticas que eles
enfrentam, uma vez que o sistema político, ‘Animalism’, é implementado pelos animais
que estão em posição de privilégio em detrimento de todos os outros que denotam
outras classes de animais. De certa forma, um tema inerente à construção da
arquitetura da obra canônica de Orwell refere-se aos relacionamentos das
personagens e aos diferentes níveis da “sociedade” da fazenda dos animais, com isso,
estabelecendo conflitos de interesses, de ideologias e de poder.
Por conseguinte, podemos entender que as discussões derivadas do trabalho
com a literatura em aulas de língua inglesa com base na composição da sequência
didática, e que culminam na produção escrita das fanfictions, representam também o
contexto de produção e de enunciação do gênero discursivo das fanfiction e
reverberam na infraestrutura geral dos textos.
Ainda sobre a recorrência das palavras-chave, mesmo com menor frequência,
outros léxicos pertencem ao mesmo campo semântico enunciado no texto canônico
de Orwell. Todavia surgiram termos que apontam para um contexto de produção
pertinente às temáticas dos jovens e dos assuntos que os atravessam em seus quinze
anos de idade: “romance”, “sexismo”, “pós-morte”, “feminismo”, “distúrbio mental”,
“rede social”, somente para ilustrar alguns. Como J. Bronckart (1999, p.153, grifo do
autor) argumenta
[...] as representações mobilizadas, desde que não se ancoram em nenhuma
origem específica, organizam-se inevitavelmente em referência mais ou
menos direta às coordenadas gerais do mundo da ação de linguagem em
curso. Os fatos então são apresentados como sendo acessíveis no mundo
ordinário dos protagonistas da interação de linguagem: eles não são
narrados, mas mostrados, ou expostos.
O autor acrescenta que há uma distinção do narrar e do expor. Na ordem do
mundo do narrar, o construto discursivo situa-se em outro lugar, mas, ao mesmo
tempo, torna-se parecido com o que o leitor pode assimilar, como no gênero do
romance, ou do conto, com suas características próximas do mundo ordinário do leitor.
82
Até mesmo o gênero fábula, tendo os animais características humanas, por exemplo,
estrutura uma composição ficcional que o leitor pode avaliar e interpretar com critérios
de validade do mundo, mesmo que de forma parcial. No construto discursivo do
mundo do expor, para J. Bronckart (1999), não necessariamente o leitor encontrará
características do mundo ordinário do leitor como no mundo do narrar, pois os
construtos ficcionais podem estar “exclusivamente nos critérios de elaboração e de
validação dos conhecimentos no mundo ordinário” (Bronckart, J., 1999, p. 154). Desse
modo, notamos que as narrativas ficcionais das fanfictions apresentam o construto
discursivo do narrar e, de forma implicada pelo mundo dos jovens, revelam o construto
do expor conjugado com sua composição temática como mecanismo enunciativo.
No sentido de explicitar o recorte dos dados para a análise, como obtivemos
um total de 47 fanfictions escritas em duplas ou trios de alunos do nono ano,
precisamos estreitar o corpo da nossa análise e confirmar a recorrência temática das
fanfictions. Para esse trabalho, utilizamos a ferramenta digital (software Atlas.ti)45 –
que possibilitou um recorte mais específico e criterioso. Após adquirirmos a licença de
estudante/pesquisador, utilizamos o Manual do Usuário46 para compreender mais as
funcionalidades e os recursos do software. Exportamos para o programa os arquivos
das fanfictions (47 arquivos de texto) e preparamos as codificações no corpo de cada
texto, como podemos ver na figura 5.
45
Generosamente, a Professora Doutora Andressa Molinari apresentou as funcionalidades dessa
ferramenta e explicou os princípios básicos para a utilização desse software no tratamento de grande
volume de dados textuais, o que foi o nosso caso. Também, tecemos agradecimentos ao Professor
Doutor Marcos Polifemi por ter percebido a utilização dessa ferramenta como facilitadora para a nossa
análise durante a Banca de Qualificação.
46
Disponível em: https://manuals.atlasti.com/Mac/en/quicktour/Intro/Introduction.html. Acesso em: 10
nov. 2023.
83
Figura 5 - Lista de documentos inseridos no Atlas.ti
Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor
Posto isso, percebemos que a ferramenta disponibiliza o Gerenciador de
Documentos, em que os textos são dispostos em uma lista que permite ao usuário do
programa selecionar os textos e utilizar a etapa de codificação – é possível de ser
visualizada tanto na parte de baixo da tela do programa, por meio de gráficos de barra,
para identificar a recorrência das codificações nos textos, assim como é possível
visualizar os trechos codificados em cada documento. Esses trechos são descritos,
no software, como “citações”.
Uma ferramenta extremamente importante para esse processo de análise
prévia dos dados foi a codificação dos textos47, porque permite a marcação de trechos
47
De acordo com o Manual de Usuário do Atlas.ti, a codificação é “a funcionalidade central do ATLAS.ti
que permite você ‘dizer’ ao software onde estão as coisas interessantes nos seus dados... o principal
objetivo de categorizar seus dados é marcar [nos textos] coisas que os definem ou os organizam. No
processo de categorização, comparamos segmentos dos dados e procuramos por similaridades. Todos
os elementos similares podem ser agrupados sob um mesmo nome. Nomeando uma coisa, nós a
conceitualizamos e delimitamo-la ao mesmo tempo” (Friese, 2019, tradução nossa). Texto citado no
item
Codificação
dos
Dados
–
Conceitos
Básicos.
Disponível
em:
https://manuals.atlasti.com/Mac/en/quicktour/Codes/CodingDataBasicConcepts.html Acesso em: 10
nov. 2023.
Texto original: "Coding is a core function in ATLAS.ti that lets you “tell” the software where the interesting
things are in your data. ... the main goal of categorizing your data is to tag things to define or organize
them. In the process of categorization, we compare data segments and look for similarities. All similar
elements can be grouped under the same name. By naming something, we conceptualize and frame it
at the same time" (Friese, 2019, n.p.).
84
dos textos e possibilita nomear essas partes para que pudéssemos estabelecer
critérios de recorte temático, assim como utilizar esses dados para compor a análise
dos conteúdos temáticos. Vemos, a seguir, na figura 6, a composição desse recurso
do programa.
Figura 6 - Lista de códigos usados no Atlas.ti
Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor
Ainda sobre a utilização do programa, a codificação no Atlas.ti foi elaborada
mediante um procedimento de leitura atento dos textos de cada arquivo e da seleção
das partes dos textos, nomeando-as com palavras que denotam os conteúdos
temáticos, os tipos de fanfiction, os tipos de discurso e, de forma primária, as vozes
que estão presentes nos textos, assim como recursos utilizados pelos alunosescritores de fanfiction ao produzirem seus textos em intertextualidade com a obra
literária “Animal Farm”, de George Orwell. Utilizamos também como códigos as
escolhas lexicais feitas pelos alunos ao escreverem as hashtags ou palavras-chave
nos corpos dos arquivos. Escolhemos fazer as inserções dos códigos no programa
em língua inglesa para compor uma codificação mais harmoniosa à língua adicional
usada na escrita das fanfictions. Com o mesmo escopo de organizarmos a
codificação, utilizamos o recurso de agrupamento dos códigos em grupos de códigos
85
(Figura 7) para compor grupos temáticos que reunissem as repetições dos códigos
para aproximarmos à recorrência temática.
Figura 7 - Grupos de códigos
Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor
No agrupamento dos códigos, o programa permite nomearmos as temáticas
centrais, que foram baseadas nos grupos temáticos levantados previamente através
das hashtags ou palavras-chave inseridas nas fanfictions. Verificamos quantos
códigos nomeados nos trechos dos textos remetiam-se a uma certa temática.
Identificamos, assim, o grupo ‘Politics’ (Política) com maior recorrência e os códigos
relacionados: Autoritarismo/Ditadura, Traição, Companhia, Controle, Corrupção,
Golpe, Democracia, Economia, Ideologia, Liderança, Política, Luta por poder,
Propaganda, Revolução, Retórica, Estratégia e Guerra. Dispusemos aqui a tradução
em língua portuguesa dos termos em língua inglesa listados no grupo de códigos
(Figura 8).
86
Figura 8 - Grupos de códigos e códigos relacionados
Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor
Como a codificação dos textos no software constitui uma rede de dados, uma
inter-relação dos códigos, utilizamos uma análise da relação desses códigos no grupo
‘Politics’ por meio de uma representação gráfica de rede disponível no Atlas.ti
conforme podemos ver na figura 9, a seguir.
87
Figura 9 - Rede de códigos do Grupo de códigos Política
Fonte: Construção de rede de códigos feita no Atlas.ti e produzida pelo autor
Podemos compreender, na representação gráfica de rede, como a relação dos
códigos é estabelecida construindo um encadeamento dos trechos das fanfictions que
se aproximam, de forma temática, do contexto de política. Podemos ressaltar a
associação central do termo Revolução (‘Revolution’), temática essa presente na obra
“Animal Farm”, de George Orwell, e que, por sua vez, estabelece relação com
Controle, Guerra e Traição. O termo Controle é associado com Autoritarismo/Ditadura
e Ideologia e Propaganda como propriedade do termo Estratégia. Corrupção
apresenta-se como parte de Golpe e de Traição. O termo Política é destacado entre
a relação Economia e Democracia. Guerra e Revolução apontam para liderança em
associação. Claramente, ocorreram outras relações e associações estabelecidas.
Utilizamos dessas intersecções como forma de estreitar as relações dos códigos da
rede Política.
88
No intuito de delimitarmos o corpo de textos para a nossa análise,
selecionamos as fanfictions correspondentes ao grupo temático de maior recorrência,
o de Política (‘Politics’), e obtivemos 27 fanfictions nesse grupo temático. Contudo,
como em nossa coleta de dados apresentamos aos alunos um questionário eletrônico
(Google Forms) com duas perguntas (Pergunta 1: O que levou você a escolher essa
temática; e Pergunta 2: Como você estabeleceu relação com o texto original, “Animal
Farm”, de George Orwell?), que são essenciais para a investigação das affordances
oferecidas no processo de aprendizagem, estreitamos a seleção dos textos no grupo
temático com 19 fanfictions que acompanham as respostas (ver Anexos A e B).
Portanto, oito fanfictions não apresentaram respostas ao questionário e, por isso, não
compuseram o nosso corpo de análise.
No mesmo sentido de codificar os textos das respostas ao questionário
eletrônico, utilizamos também o Atlas.ti e seguimos o mesmo procedimento: inserimos
as respostas ao questionário, correspondente ao número das fanfictions, sendo que
as respostas às duas perguntas do questionário estão no mesmo documento (Figura
10). Em continuidade, fizemos a codificação dos textos das respostas com marcações
temáticas relacionadas àquelas que fizemos nos textos das fanfictions (Figura 11).
Por sua vez, também agrupamos os códigos e, por meio desses grupos, pudemos
identificar algumas palavras que evidenciam aspectos tanto sobre produção das
narrativas quanto sobre a percepção de affordances propiciadas no processo de
reflexão e metacognição na escrita das fanfictions (Figura 12).
89
Figura 10 - Lista de documentos com as respostas ao questionário eletrônico (Google Forms)
Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor
Figura 11 - Lista de códigos nos textos das respostas do Questionário Eletrônico (Google Forms)
Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor
90
Figura 12 - Grupos de códigos nos textos das respostas do Questionário Eletrônico (Google Forms)
Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor
Para finalizar a explicitação do processo de recorte dos dados e no sentido de
organizar uma lista com as fanfictions que compuseram parte da análise, dispomos
das fanfictions em sua integridade com a configuração/formatação utilizada pelos
alunos na postagem de seus textos (ver Anexo A). E, para sintetizar essa lista com as
fanfictions analisadas, organizamos o quadro 5 a seguir.
Quadro 5 - Fanfictions usadas para base de dados do grupo Política cujas respostas ao questionário
digital acompanham a coleta de dados
Fanfiction 2
Fanfiction 3
Fanfiction 7
Fanfiction 9
Fanfiction 10
Fanfiction 11
Fanfiction 12
Fanfiction 16
Fanfiction 20
Fanfiction 22
Fanfiction 24
Fanfiction 25
Fanfiction 32
Fanfiction 34
Fanfiction 36
Fanfiction 40
Fanfiction 42
Fanfiction 44
Fanfiction 46
RUN! THE PIGS ARE COMING OUT…
The falling of the farm
Snowball's Journey
The SeaWorld Rebellion
THE HISTORY BEHINDS NESTLÉ COMPANY
The evil mind behind it all
The real owner of the dream
The Resurgence of Snowball
Till death do us apart?
Unity Is Strength… But the Strength is Individual
The Obscure Regime
A change in the course of history!
Ham: the Crumble of an Empire
Humanitarian war
(Farm)bidden Love
A Journal Which Fell in the Wrong Hands
Animal Media
Mollie's $ystem
Lovewar letters
Fonte: elaboração própria
Finalmente, após desenhar a delimitação do corpo de textos para a nossa
análise e expor os procedimentos adotados para a composição da lista de fanfictions,
focalizamos, na próxima seção, a análise das narrativas ficcionais escritas pelos
alunos do nono ano, mediante o método de análise de textos desenvolvido pelo
Interacionismo Sociodiscursivo (ISD).
91
7.2
A ANÁLISE DAS FANFICTIONS ESCRITAS PELOS ALUNOS
Nesta seção, apresentamos a análise das fanfictions escritas pelos alunos
utilizando o método de análise de textos desenvolvido pelo ISD (Striquer, 2014;
Bronckart, J., 1999) e convergimos nosso olhar investigativo para a ampliação do
repertório linguístico e das affordances propiciadas dos alunos em aulas de língua
inglesa, por meio da produção de fanfictions, trabalhando a obra “Animal Farm”, de
George Orwell. Percorreremos os elementos do método de análise de textos
considerando as fanfictions e respostas dos alunos ao questionário eletrônico (Google
Forms).
De acordo com o método de análise de textos de J. Bronckart (1999), a forma
como os signos são organizados no interior de um texto evidencia propriedades das
condutas humanas e reforça a perspectiva do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD),
que considera a produção dos gêneros textuais como situações de comunicação e
obras do agir linguageiro. No método de análise proposto, inicialmente, observa-se o
aspecto ativo e prático das condutas humanas e, em seguida, as condutas verbais,
pois como advoga J. Bronckart (2008, p. 75) “os discursos apresentam sempre um
caráter dialógico: eles se inscrevem em um horizonte social e se dirigem a um
auditório social”. Assim, o método de análise de textos proposto por J. (1999) atenta
para o contexto de produção do gênero textual e sua arquitetura interna.
Striquer (2014) organiza os elementos considerados na análise de textos pelo
método de J. Bronckart (1999). Apresentamos, a seguir, o quadro delineado pela
autora.
92
Quadro 6 - Representação do método de análise de textos de J. Bronckart (1999)
Contexto de produção
Arquitetura interna
Parâmetros do mundo físico: emissor, receptor,
espaço e momento que o texto é produzido.
Infraestrutura textual: plano geral do texto, tipos
de discurso, tipos de sequências, formas de
planificação.
Parâmetros do mundo social e subjetivo:
elementos da interação comunicativa que
integram valores, normas e regras.
Mecanismos de textualização: conexão, coesão
nominal e coesão verbal.
Conteúdo temático do texto, ou seja, o assunto
no texto tratado.
Mecanismos enunciativos: vozes e marcação
das modalizações presentes em um texto.
Fonte: Striquer (2014, p. 316)48
O esquema ilustra os dois elementos do método de análise de textos
desenvolvido por J. Bronckart (1999): o contexto de produção e a arquitetura interna
do texto. A nossa abordagem organizacional, à luz do proposto por Striquer (2014),
organizou a análise em segmentos, inicialmente nos centramos no contexto de
produção, que abrange parâmetros do mundo físico, social e subjetivo, bem como o
conteúdo temático. Em seguida, concentramo-nos na análise da arquitetura interna
das fanfictions, explorando a infraestrutura textual, os mecanismos de textualização e
enunciativos.
7.2.1 Contexto de produção
Consideramos o contexto de produção das fanfictions como ponto de partida
da nossa análise e condizente à produção escrita dos alunos do nono ano. Para tal
organização, façamos uma breve retomada desse contexto que resulta na escrita do
gênero textual fanfiction pelos alunos do nono ano pertencentes ao grupo denominado
‘G2’49 dos anos finais do Ensino Fundamental do colégio em que este estudo foi
48
A autora denominou esse quadro, em seu artigo, como tabela. Nós a redefinimos como um quadro,
de acordo com os documentos Normas para Teses e Dissertações da UNIFESP. Disponíveis em:
https://site.unifesp.br/bibliotecacsp/servicos/normas-teses-dissertacoes e
https://ppg.unifesp.br/sociais/images/manual_normalizacao_trabalhos_academicos.pdf
respectivamente. Acesso em: 12 dez. 2023. De acordo com os documentos, os quadros são definidos
“como uma apresentação de dados para explicar ou simplificar o entendimento do texto, sem análise
estatística”.
49
O grupo ‘G2’ configura o grupo de alunos com o nível linguístico do independente ao proficiente, de
acordo com o Quadro Comum Europeu de Referência para Línguas (CEFR), disponível em:
93
desenvolvido. Os estudantes fizeram a leitura da obra de George Orwell (“Animal
Farm”) para somente então estudarem o gênero fanfiction. Ao estudar o gênero
textual, os estudantes percorreram uma sequência didática, elaborada pelo professorpesquisador, à luz da Pedagogia dos Multiletramentos, que resultou na escrita de
fanfictions em intertextualidade com a obra literária lida. Ainda, publicaram seus textos
em um blog (ver Figuras 3 e 4).
O contexto de produção das fanfictions carrega outros aspectos que são
importantes para a compreensão do processo de produção e refletem a perspectiva
da Cultura Participativa (Jenkings, 1992), como os parâmetros do mundo físico, do
social e subjetivo. Estudamos esses indicadores imbricados ao contexto de produção
das narrativas ficcionais a seguir.
7.2.1.1 Parâmetros do mundo físico
No sentido de aprofundarmos o contexto de produção, faz-se necessária a
descrição dos parâmetros do mundo físico que constituíram o agir linguageiro, ou seja,
o ato de comunicação por meio desse gênero textual. Destacamos, dessa maneira, a
relação emissor e receptor, que mesmo estando permeada por interlocutores
diversos, ao considerar a complexidade do ambiente escolar e a riqueza dos alcances
culturais por meio do trabalho com a literatura, pode ser descrita como uma relação
entre estudante e professor, e entre estudantes.
A obra literária de George Orwell, em língua inglesa, foi apresentada aos alunos
e foram desempenhadas atividades de leitura em sala de aula e para casa, como
descrito na seção 6.6. Consideramos, nesta etapa didática do trabalho com a
literatura, momentos distintos da relação emissor e receptor. O papel de emissor pôde
ser também realizado por outros estudantes, estabelecendo emissor e receptor
exclusivamente por estudantes, como nos momentos de círculos de leitura e
discussões sobre a obra. Dessa forma, o emissor inicial do trabalho pedagógico
proposto foi o professor de inglês de um colégio particular da cidade de São Paulo,
também pesquisador responsável por este estudo, que selecionou a obra literária
“Animal Farm”, em sintonia ao projeto pedagógico institucional, e desenvolveu o
https://www.britishcouncil.org.br/quadro-comum-europeu-de-referencia-paralinguascefr#:~:text=O%20Quadro%20Europeu%20Comum%20de,a%20profici%C3%AAncia%20em%
20um%20idioma Acesso em: 12 dez. 2023.
94
trabalho com esse gênero textual, assim como os movimentos pedagógicos
elaborados na sequência didática.
Certamente, o emissor-professor transpõe em seu trabalho aspectos
concernentes à discussão sobre tirania, ditadura, controle, poder, política, etc.,
assuntos inerentes à obra literária e em consonância com o currículo de língua inglesa
do nono ano, conforme disposto no capítulo 6. Sobretudo, o emissor-estudante pôde
vivenciar os movimentos pedagógicos estipulados para o trabalho com a literatura,
como descritos na sequência didática. Seguramente, o emissor-estudante também
nutriu o contexto de produção com outras temáticas relacionadas direta ou
indiretamente com os assuntos abordados pelo professor.
Ainda sobre o contexto de produção das fanfictions, notamos que o momento
de produção (entre agosto e outubro de 2022) já indicava estreita relação com a
política nacional, pois, no Brasil, em meados do segundo semestre do mesmo ano,
estivemos em um momento decisivo do processo eleitoral para presidente e
governador e, mais uma vez, as questões democráticas e a polarização50 no país
ficaram em pauta durante o ano: grande destaque nos meios de comunicação, ânimos
acirrados e debates frequentes (também, dentro do ambiente escolar).
Consideramos a sala de aula (de um colégio privado, na cidade de São Paulo)
como o principal lugar de produção das narrativas ficcionais, com oportunidade de a
produção ser feita também fora desse ambiente. Notamos que cinco fanfictions das
19 analisadas centralizaram os parâmetros do mundo físico, como as questões do
mundo real ou sobre acontecimentos da atualidade: Fanfiction 2 (RUN! THE PIGS
ARE COMING OUT), Fanfiction 9 (The SeaWorld Rebellion), Fanfiction 34
(Humanitarian War), Fanfiction 42 (Animal Media) e Fanfiction 44 (Mollie’s $ystem).
Nas respostas à pergunta 1 do questionário eletrônico (“O que levou você a
escolher essa temática?”), sobre as Fanfictions 2 e 9, por exemplo, os estudantes
sinalizaram a vontade de escrever seus textos sobre acontecimentos do mundo real
ou sobre algo atual, reforçando a importância ou relevância do contexto histórico-
50
Recomendamos a leitura do artigo “Polarização e contexto: medindo e explicando a polarização
política no Brasil” escrito por Mario Fuks e Pedro Henrique Marques para a compreensão do contexto
de
polarização
no
Brasil.
Disponível
em:
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/op/article/view/8671918 Acesso em 24 dez. 2023.
Também, sugerimos a leitura do mapa eleitoral online desenvolvido pelo cientista político e professora
da UFRJ, Josué Medeiros, intitulado “Eleições 2022: polarização e nacionalização de todas as
disputas”, disponível em: https://diplomatique.org.br/eleicoes-2022-polarizacao-e-nacionalizacao-detodas-as-disputas/ Acesso em: 24 dez. 2023.
95
social e da atualidade para a produção das fanfictions. Vemos ainda a estreita relação
com o mundo físico, ao qual emissor-estudante estabelece relação com
acontecimentos de cunho geopolíticos, como na resposta à pergunta 1 do
questionário, em que os estudantes afirmaram ter tido a intenção de abordar um
assunto atual:
O que me levou a escolher minha temática foi a situação atual da guerra da
Ucrânia, queria refletir o contexto atual no cenário do animal farm. (Resposta
à Pergunta 1 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 34)
O que me levou a escrever sobre essa temática foi o tempo atual, onde todos
podem ser influenciado [sic] pela internet. (Resposta à pergunta 1 do
questionário eletrônico sobre a Fanfiction 42)
Sobre as Fanfictions 34 e 42, os estudantes abordaram aspectos do mundo
contemporâneo, respectivamente, quando indicaram, nos títulos de suas narrativas,
indícios temáticos sobre a guerra da Ucrânia e sobre a influência da mídia ou das
redes sociais. Os estudantes-autores das Fanfiction 34 (The Humanitarian War)
responderam à pergunta 1 do questionário afirmando que quiserem refletir a situação
atual do conflito entre a Rússia e a Ucrânia51 por meio da recontextualização de seu
texto, permanecendo o elemento do texto original de Orwell acerca dos conflitos de
interesse e da luta pelo poder, todavia reconstruindo o contexto da fanfiction com as
questões geopolíticas envolvidas na guerra da Rússia e da Ucrânia. A narrativa da
Fanfiction 42 (Animal Media) aborda a situação atual em que a internet e as redes
sociais, mais especificamente, podem influenciar a opinião e as ações das pessoas.
Os estudantes-autores dessa fanfiction estabeleceram uma relação com o papel de
propagandista político do personagem Squealer, da obra original, com a ideia de que
todos podem ser influenciados pela internet. Esse tema tem estado em destaque nas
discussões políticas e midiáticas desde o final de 2022, em grande parte, por questões
de uso propagandista e de manipulação da opinião pública acerca das eleições ou
sobre as decisões de órgãos de poder público, sobretudo, esse contexto fortalece a
51
Para compreensão da situação entre a Rússia e a Ucrânia, recomendamos a leitura do texto “Rússia
e Ucrânia: a complicada história que conecta (e divide) os dois países”, publicado no site da National
Geographic Brasil. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2022/02/russia-eucrania-a-complicada-historia-que-conecta-e-divide-os-dois-paises Acesso em: 31 dez. 2023.
96
problemática sobre as responsabilidades (ou a falta de responsabilidade) das ações
nas redes sociais.52
Ainda sobre o parâmetro do mundo físico, os estudantes tiveram contato com
estudos histórico-sociais pertinentes ao contexto de produção da obra literária de
Orwell. Logo, esse caminho pedagógico e literário também estimulou a vontade de
refletir sobre aspectos históricos e políticos na produção da fanfiction que se
relacionavam diretamente com o mundo físico e atual, como podemos observar na
explicação dos estudantes-autores da Fanfiction 44 (Mollie’s $ystem)
O livro “Animal Farm” representa uma sociedade socialista, representante à
Rússia. Em nossa história quisemos representar uma sociedade neoliberal
capitalista, que é o oposto polar à descrita no livro, trazendo uma visão
interessante ao leitor. (Resposta à pergunta 1 do questionário eletrônico por
dois estudantes que escreveram a Fanfiction 44)
Eu levei em consideração que o livro faz criticas [sic] ao sistema comunista e
que sempre haverá problemas envolvendo a sociedade. A minha fanfic quis
abordar críticas a outros sistemas, no caso o capitalismo, no qual usei o
personagem mais relacionado aos privilégios que esse sistema traz, Mollie.
(Resposta à pergunta 1 do questionário eletrônico por dois estudantes que
escreveram a Fanfiction 44)
Desde a escrita do título dessa fanfiction (Mollie’s $ystem) evidencia-se a
intencionalidade criativa dos estudantes em demarcar a questão do capitalismo por
meio do cifrão que substitui a letra S na palavra em inglês System (Sistema) para
propor um sistema capitalista idealizado por uma das personagens secundárias da
obra (Mollie) que, por sua vez, simboliza a burguesia ou a elite.
Nesse sentido, conseguimos estabelecer as primeiras affordances propiciadas
à aprendizagem em língua inglesa como o recorte tempo-espaço condizente à coleta
de dados, os aspectos sócio-históricos da obra literária e o próprio recurso cultural do
trabalho com a literatura em língua inglesa. Sobre esse aspecto, o trabalho com o
gênero fanfiction no ambiente escolar torna o repertório literário do estudante em
objeto de estudo e aproxima as questões pertinentes ao gênero textual como também
uma affordance oferecida ao educando. Inclusive, podemos identificar outra
affordance por meio do trabalho com a multimodalidade oferecida com o uso da escrita
52
Podemos localizar notícias sobre o poder público e as consequências para a sociedade sobre a
discussão do Marco Civil da Internet, por exemplo. Recomendamos a localização on-line de notícias
atuais no portal de notícias sobre as ações do poder público acerca dessa temática no portal JOTA,
disponível em: https://www.jota.info/tudo-sobre/marco-civil-internet Acesso em: 31 dez. 2023.
97
das fanfictions de forma digital, ou seja, pelo editor de texto e ferramentas de edição
(como estilos de fontes de texto, possibilidades de edição de letras e símbolos etc.),
possibilitando maior criatividade na produção textual.
Reforçando o contexto de produção como o lugar propício para práticas sociais,
atos comunicativos, acesso a culturas, neste caso, por meio da língua inglesa, e
próspero do agir linguageiro como parâmetros do mundo físico, o ambiente da sala de
aula também reflete os movimentos pedagógicos à luz da Pedagogia dos
Multiletramentos, como discorremos no capítulo 3. Inspirado pelo manifesto do GNL
(1996/2021) e as discussões sobre o quanto práticas transformadoras podem
contribuir para uma perspectiva de aprendizagem mais crítica e para um futuro social
mais diverso, o professor-pesquisador elaborou a sequência didática com foco no
trabalho com o gênero fanfiction (ver capítulo 6), (re)desenhando o percurso de
ensino-aprendizagem do planejamento do curso e das aulas de língua inglesa do nono
à luz dos multiletramentos. Esse aspecto da Pedagogia dos Multiletramentos favorece
o (re)design pedagógico das aulas de língua inglesa e possibilita ao ambiente de sala
de aula a (res)significação de práticas didáticas e amplia a diversidade de linguagens.
Em decorrência dos parâmetros do mundo físico, a relação estabelecida com
o emissor e o receptor das fanfictions torna-se interpelada pelas normas, regras e
valores do mundo social e subjetivo, como aprofundamos a seguir.
7.2.1.2 Parâmetros do mundo social e subjetivo
Sobre os parâmetros do mundo social e subjetivo, essenciais para a
compreensão mais detalhada do contexto de produção das fanfictions, os estudantes
depararam-se, no contexto escolar, com projetos interdisciplinares (segundo semestre
de 2022) abordando temas voltados à democracia e aos direitos humanos, inclusive,
contextualizados ao longo da leitura da obra literária de Orwell. Percebemos a
preocupação dos estudantes-autores em se aproximarem das questões sociais e
políticas. Identificamos esses aspectos do mundo social e subjetivo, a partir do
interesse explícito dos estudantes, em seis das 19 narrativas ficcionais escritas pelos
alunos do nono ano. Eles estão representados nos textos da Fanfiction 9 (The
SeaWorld Rebellion), Fanfiction 10 (THE HISTORY BEHIND NESTLÉ COMPANY),
Fanfiction 12 (The real owner of the dream), Fanfiction 20 (Till death do us apart?),
98
Fanfiction 24 (The Obscure Regime), Fanfiction 40 (A Journal Which Fell in the Wrong
Hands) e Fanfiction 46 (Lovewar letters).
Notamos, em algumas respostas à pergunta 1 do questionário (“O que levou
você a escolher essa temática?”), por exemplo, na resposta sobre a escrita da
Fanfiction 12 (The real owner of the dream)53:
Eu escolhi essa temática porque eu achei que seria algo interessante e ao
mesmo tempo uma coisa que parece um absurdo, a manipulação, mas não
está muito distante de coisas que acontecem na realidade. (Resposta à
pergunta 1 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 12)
Evidentemente, os autores dessa narrativa ficcional, mesmo que seja
considerada uma situação paradoxal a manipulação presente na narrativa de Orwell,
veem possibilidades de retratar a realidade que os cerca por meio da escolha temática
abordada na fanfiction escrita por eles.
Sobre os elementos da interação comunicativa, exemplificamos essa
perspectiva interacionista por meio da resposta à pergunta 1 do questionário aplicado
aos estudantes, na coleta de dados que indaga o motivo pelo qual o autor da fanfiction
considerou a temática escolhida
A sexist society that doesn't give rights and independence for women.54
(Resposta à pergunta 1 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 24)
Na resposta escrita em inglês, identificamos uma marca discursiva e expressiva
da interação presente no texto enunciado, os valores e crenças do enunciador por
meio de características e do léxico do discurso feminista que denuncia uma sociedade
que não garante às mulheres seus direitos e não associa independência ao papel da
mulher.
Além disso, como J. Bronckart (1999) estabeleceu no método proposto, os
valores, as normas e as regras sociais imprimem aspecto característico do
enunciador, como podemos ver também, por exemplo, na resposta à pergunta 1 do
questionário, acerca da temática escolhida, da Fanfiction 20 (Till death do us apart?),
Eu escolhi essa temática porque eu acho muito importante colocar em mente
que mesmo a pessoa presando por uma coisa, no caso os porcos ela faz a
53
54
“O verdadeiro dono do sonho” (tradução nossa).
“Uma sociedade sexista que não dá direitos e independência às mulheres” (tradução nossa).
99
mesma coisa, isso mostra a hipocrisia das pessoas constantemente.
(Resposta à pergunta 1 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 20)
Primeiramente, o título dessa fanfiction estabelece relação semântica com a
expressão “até que a morte nos separe”, típica dos votos proferidos por casais em
momento de matrimônio. Podemos perceber que, para os autores, a situação
representada de um possível casamento entre personagens da obra canônica
(“Animal Farm”) também exprime suas crenças de como um relacionamento entre
personagens deveria ser em forma de casamento. Identificamos isso a partir das
marcas lexicais tipicamente representadas por meio da situação matrimonial. Todavia,
ao ler a sinopse da Fanfiction 20, percebemos que a proposição hipotética do que
aconteceria na narrativa se a personagem Old Major não tivesse morrido porque
estava velha, mas porque há um sistema de matança na fazenda, algo como um
matadouro de animais. Tal proposição ainda apontaria para uma finalidade da
fazenda, que faria parte do fornecimento de carne animal para a indústria de
processamento de carnes.
Chama nossa atenção que a expressão utilizada como título da narrativa
ficcional escrita pelos estudantes, em primeira leitura, remeteria ao contexto de
relacionamento entre personagens, ou matrimônio, todavia podemos compreender,
com uma leitura detalhada da sinopse e do texto, que há certa relação com o termo
morte da expressão (Até que a morte nos separe), e que, possivelmente, a expressão
possa ter simbolizado a cumplicidade da relação das personagens Old Major com
outros animais da fazenda para que eles fossem fiéis à revolução, como em um voto
matrimonial.
Ainda sobre os valores, percebemos que o ponto central na resposta à pergunta
1 sobre a Fanfiction 20, os autores explicam que o que os levou à temática escolhida
foi a ação hipócrita das pessoas que estimam por fazer algo, tornam-se pessoas
contraditórias fazendo a mesma coisa que outrora seria o cerne de um
posicionamento social e crítico. Esse aspecto do mundo social e subjetivo fica mais
evidente quando consideramos o conteúdo das respostas à pergunta 2 (Como você
estabeleceu relação com o texto original, "Animal Farm", de George Orwell?) sobre
essa mesma fanfiction:
Eu escrevi uma historia [sic] como uma continuação para aonde (sic) os
animais vão e por que eles são ‘presos’ nessa fazenda.
100
É relação é que ainda sim tem essa força dos humanos na vida dos animais.
(Respostas à pergunta 2 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 20)
Para os estudantes-autores do texto, a perspectiva do entendimento sobre os
animais, que ficam sem saída da fazenda, justificar-se-ia em um sistema de matança,
de processamento de carnes, imposto pelo fato de que os humanos que decidem o
destino dos animais. Aspecto do mundo real que impõe sentido à crueldade vivida
pelos animais, que, na obra original de Orwell, seria com o fato do controle e do poder
sobre a camada da sociedade que serviria aos que estão no poder. Na proposta
hipotética criada, os estudantes-autores representam o aspecto político-social aludido
à indústria de processamento de carnes.
No mesmo sentido de destacarmos o parâmetro do mundo subjetivo nas
fanfictions, em consonância com Cultura Participativa (Jenkins, 1992), os estudantes
imprimem às suas narrativas características pessoais e da visão de mundo desse
sujeito, como podemos individuar nas respostas à pergunta 2 sobre as Fanfiction 9
(The SeaWorld Rebellion) e Fanfiction 10 (THE HISTORY BEHINDS NESTLÉ
COMPANY)
Eu criei uma narrativa em que o acidente do SeaWorld era na verdade uma
ação intencional da baleia para se juntar a revolução. (Resposta à pergunta
2 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 9)
Criamos uma narrativa que o acontecimento no Sea World foi intencional já
que fazia parte de uma revolução dos animais, já situada no livro. (Resposta
à pergunta 2 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 9)
Eu escolhi esse tema pois achei muito interessante falar sobre maus tratos.
Foi um jeito que achei de relacionar os animais com os maus tratos de um
jeito criativo e diferente, trazendo a marca Nestle, que é muito famosa nos
dias de hoje. (Respostas à pergunta 2 do questionário eletrônico sobre a
Fanfiction 10)
Observamos o contexto social e do mundo real invadindo as fanfictions com
temáticas e questões sociais que extrapolam alguns elementos da narrativa original
de Orwell, contribuindo para uma autoria maior e consciente das temáticas abordadas
nas narrativas ficcionais. As respostas à pergunta 2 do questionário sobre as
Fanfictions 9 e 10 denotam o movimento de escrita das fanfictions com características
de convergência de cultura, que se dá de forma coletiva e permite a construção de
uma “mitologia pessoal, a partir de pedaços e fragmentos de informações extraídos
101
do fluxo midiático e transformados em recursos através dos quais compreendemos
nossa vida cotidiana” (Jenkins, 2009, p. 31).
Nas duas fanfictions destacadas anteriormente, percebemos que, para cada
sujeito-autor dos textos, houve uma composição coletiva para escolher a temática e a
relação com a obra original. Para os estudantes-autores da Fanfiction 9, o acidente
no parque aquático Sea World55 envolvendo uma baleia (Tilikum56) que teria recebido
maus-tratos de sua treinadora/cuidadora e, em um certo dia, teria atacado essa
pessoa, ressignificou o aspecto do enredo de “Animal Farm” em que os animais
também foram maltratados pelo dono da fazenda (Mr. Jones). Como esse elemento
da história foi utilizado pelo porco/javali (Old Major) para justificar a adesão dos
animais à causa da revolução contra os humanos, os estudantes-autores atentaramse para esse elemento e ressignificaram-no utilizando de um acontecimento do mundo
real.
De uma forma semelhante, os estudantes-autores da Fanfiction 10 criaram uma
narrativa ficcional acerca de como a empresa Nestlé57 poder-se-ia ter utilizado dos
produtos derivados de animais, como o leite, por exemplo, sob um sistema horrível (e
hipotético, é claro) para obtenção de seus produtos-base na produção de chocolate,
leite em pós, entre outros. Os autores dessa fanfiction também escolheram o elemento
dos maus-tratos a animais para valorizar uma narrativa que, ao mesmo tempo,
denunciaria um escândalo no mundo industrial, como também criaria a justaposição
da narrativa original acerca da revolução, da revolta dos animais contra os maus-tratos
recebidos pelos homens.
No mesmo sentido de identificar parâmetros do mundo social e subjetivo na
análise de texto, segundo J. Bronckart (1999), encontramos os interesses pessoais
dos estudantes demarcados de forma explícita nos textos da Fanfiction 40 e 46.
Destacamos que os interesses dos estudantes-autores, portanto dos emissores do
contexto de produção, aparecem de forma inerente à produção textual e de cultura
com a escrita de fanfictions, como discorremos no capítulo 3 sobre o gênero fanfiction.
Os estudantes-autores da Fanfiction 40 (A Journal Which Fell in the Wrong
Hands) explicaram que se interessam por investigações e por história de detetives.
55
Sea World é a marca registrada e o nome de um parque aquático norte-americano.
Reportagem sobre o acontecimento com a baleia Tilikum do parque aquático pode ser lida em
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2010/04/100429_baleiaseaworldfn Acesso em: 27 dez. 2023.
57
Nestlé é a marca registrada e nome de uma empresa do setor de alimentos e bebidas.
56
102
Como abordaram uma trama cuja morte do personagem Old Major não é de causas
naturais como na obra original de Orwell, mas por assassinato, eles estabeleceram
vínculo com a subjetividade do olhar que têm para o campo da literatura e das histórias
de detetive, conforme o estilo e a composição textual produzidas. Da mesma forma,
a Fanfiction 46 (Lovewar letters) apresenta uma narrativa baseada no estilo e no
interesse literário do romance, com os quais os estudantes-autores instituem forte
ligação, como detectamos nas respostas à pergunta 1:
Um dia eu e minha parceira estávamos [sic] brainstorming e surgiu a ideia de
fazer um romance, pensamos que muita gente ja [sic] iria fazer do Napoleon
com o Snowball e queriamos [sic] fazer algo diferente. Para nós a Mollie era
uma personagem que ainda dava para ser mais explorada e partimos dai [sic]
para escrever nossa história.
Eu escolhi essa temática porque eu me interesso por histórias de amor, tanto
porque tenho facilidade de escrever sobre esse tema quanto que acho
interessante o assunto de amores impossíveis, que no caso da minha
fanfiction seria entre Clover e Molly [sic]. (Respostas à Pergunta 1 do
questionário eletrônico sobre a Fanfiction 46)
No sentido de produzir uma narrativa ficcional em que o emissor estabelece
relação de interesse e cujo contexto de produção constitui-se do mundo social e
subjetivo, os estudantes-autores negociaram a escrita da fanfiction com o estilo de um
romance, mesmo com proporção e alcance literários distintos e não pertinentes ao
gênero fanfiction. Sobretudo, os estudantes-autores declararam que gostam de
histórias amor e veem uma facilidade em escrever narrativas do gênero romance,
além de declararem o interesse em desenvolver um enredo sobre amores
impossíveis.
Ainda sobre o aspecto da relação emissor-receptor, os parâmetros do mundo
social e subjetivo coadunam o lugar dos estudantes e de seus interesses como
contexto de produção e de práticas dos multiletramentos, conforme propostos na
sequência didática elaborada pelo professor-pesquisador (ver capítulo 6.7). De acordo
com Liberali (2021), a Pedagogia dos Multiletramentos, ao centralizar o processo
educativo no educando, fortalece a transformação da educação por meio letramentos
como práticas sociais e abre caminho para a multiplicidade de vozes. Caminho esse
que favorece a criação de novos sentidos e de novas formas de aprendizagem, como
observamos nas respostas dos estudantes-autores destacadas anteriormente e
exemplificadas a seguir:
103
Minha historia [sic] é como se fosse uma continuação do livro contando a
historia {sic] dos descendentes dos personagens do livro formando o contexto
da guerra da Ucrânia. (Respostas à pergunta 2 do questionário eletrônico
sobre a Fanfiction 32).
Eu utilizei a personagem da prosa Mollie como centro da minha fanfic, no qual
ela desenvolve um novo sistema que supera o de animal farm [sic],
futuramente a levando ter uma ambição tão grande que ela compra animal
farm [sic], que na minha fanfic havia chegado a sua decadência. Esse novo
sistema vai contra todos os princípios de animal farm [sic], tanto os antigos
quanto os novos, no qual ainda existe diferenças. privilegios [sic]
explicitamente, muito proximo [sic] ao perfil do capitalismo. (Respostas à
pergunta 2 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 44).
Eu fiz um final alternativo, em que um dos personagens do livro que haviam
saído da história voltam. No caso, nós escolhemos fazer o Snowball voltar e
inicar [sic] uma nova revolução contra o sistema egoísta e corrupto de
Napoleon. (Respostas à pergunta 2 do questionário eletrônico sobre a
Fanfiction 46).
Mormente, como Megale e Liberali (2019) advogam, o aspecto fundamental da
Pedagogia dos Multiletramentos, que é o de (re)significar a educação, possibilita que
o papel do emissor-receptor assuma papel de atuação e ação, assim como o de
construir possibilidades de intervenção e de transformação.
Como também apontamos o nosso olhar analítico para as affordances
propiciadas, e em continuidade ao que já destacamos na seção anterior, podemos
enfatizar o propiciamento das affordances de acontecimento com foco no ensino da
língua inglesa. Em todos os movimentos pedagógicos oferecidos por meio de práticas
de leitura, escrita, discussão e formalização do trabalho com o gênero fanfiction, os
estudantes tiveram um ambiente favorável para uma aprendizagem contextualizada e
abundante em interação/integração com os outros emissores e receptores dispostos
no ambiente de sala de aula, em rodas de leitura, em aulas expositivas e dialogadas.
De acordo com o que discorremos no capítulo 5, em consonância com Van Lier
(2004) e Gibson (2015), o ambiente e as interações oferecidas nele são fundamentais
para as ofertas de oportunidades de aprendizagem e realçamos as affordances do
aspecto da interação com as ferramentas digitais que oferecem contato genuíno com
o gênero (neste caso, as fanfictions) por meio do uso dos blogs de veiculação do
gênero.
Neste ponto de nossa análise, percebemos que os parâmetros do mundo físico,
social e subjetivo, que compõem elementos essenciais do contexto de produção,
104
estão em seu interior inter-relacionados de forma intrínseca ao conteúdo temático,
como discorremos na continuidade.
7.2.1.3 Conteúdo temático
A análise do contexto de produção também considera um elemento central do
texto, que é o conteúdo temático. Para Bakhtin (2011), o conteúdo temático constituise, indissoluvelmente, da construção composicional e do estilo como construto do
enunciado como um todo e, por meio do conteúdo temático, analisamos o que pode
ser dito dentro de uma interação verbal. Esse aspecto do campo da comunicação
tornou-se o objetivo central do nosso olhar investigativo, pois compreendemos que a
seleção de recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais reflete o agir linguageiro nas
fanfictions, dessa maneira, estabelecendo um objeto complexo atravessado pelas
vozes e pelos repertórios dos autores do texto.
Podemos ver agrupamentos lexicais que apontam para o assunto do texto
tratado, conforme a apresentação desta análise e como os conteúdos temáticos estão
dispostos no Apêndice D e sintetizados no quadro 5 – organizado com as palavraschave ou hashtags e as sinopses. Essa organização permite uma visualização geral
das temáticas abordadas em todas as fanfictions produzidas pelos alunos do nono
ano. Contudo, para auxiliar a análise de conteúdos temáticos, utilizamos a ferramenta
Pesquisa de Texto do software Atlas.ti e escolhemos uma palavra que frequentemente
é associada aos temas abordados como corrupção, ditadura, revolução e terrorismo.
Dessa forma, pesquisamos a palavra controle (‘control’, em inglês) no grupo
das 19 fanfictions selecionadas como recorte temático do grupo ‘Politics’, conforme
explicamos o processo na seção 7.1. Com a utilização da ferramenta de análise de
textos do software, identificamos o léxico de forma explícita somente em duas
fanfictions, Fanfictions 12 e 25 (Figura 13), em três parágrafos dos textos. Sobretudo,
ao utilizar a opção do software por refazer a pesquisa nos textos selecionados e optar
em buscar palavras sinônimas do mesmo campo lexical de ‘control’, pudemos
identificar em quase todas as fanfictions desse grupo temático (Figura 14), – em 216
parágrafos.
105
Figura 13 - Pesquisa de Texto (palavra ‘control’) no software Atlas.ti
Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor
Figura 14 - Pesquisa de Texto (palavra ‘control’ e sinônimos) no software Atlas.ti
Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor
106
A pesquisa de texto realizada com a ferramenta do software Atlas.ti forneceu
elementos para compor a nossa análise de texto com foco no conteúdo temático.
Dessa forma, compreendemos que o conteúdo temático já delimitado pelo nosso
recorte apresentou, como assunto central e comum nas 19 fanfictions, a relação de
controle e poder por meio da polissemia da palavra política, em formato de ditadura,
revolução,
manipulação,
sistemas
de
poder,
etc.
Esse
procedimento
de
decomposição dos aspectos do método de análise de textos, como proposto por J.
Bronckart (1999), acarreta um olhar mais detalhado da composição textual e do estilo
da escrita. Observamos fanfictions com narrativas centradas em algumas
personagens que tomaram caminhos distintos daqueles da obra original, como, em
alguns textos, os estudantes-autores empregaram um estilo reflexivo-crítico por meio
de acontecimentos do mundo social e físico.
O aspecto amplo do repertório literário que tem grande influência no trabalho
com a literatura em aulas de língua inglesa, assim como a perspectiva do repertório
superdiverso do construto linguístico dos estudantes, conforme ponderamos no
capítulo 2, constituem affordances propiciadas em sua fundamentação, tanto no
aspecto da elaboração da sequência didática e os planos de aula, sob à luz da
Pedagogia dos Multiletramentos, feitos pelo professor e pesquisador, quanto no
aspecto do estudante como foco desse processo de ensino-aprendizagem.
Por fim, algumas fanfictions abordaram a mesma temática sobre política, poder
e controle, mas fizeram uso de metáforas e símbolos construídos através de temas
inter-relacionados como sistema capitalista, cartas de amor e (na) guerra, que narram
a luta de personagens, o sofrimento delas em meio a sistemas de poder e controle, a
opressão, a violência vivida pelas personagens, e até mesmo uma composição
figurativa sob a ótica de uma certa resistência aos sistemas e às ideologias impostas.
Esse aspecto leva-nos a analisar a arquitetura interna das fanfictions.
7.2.2 Arquitetura interna do texto
De acordo com J. Bronckart (2021), o esquema geral do modelo desenvolvido
sob a perspectiva do Interacionismo Sociodiscursivo considera a arquitetura interna
do texto como o conjunto de operações psicolinguísticas que constitui o produto
textual – o produto da atividade linguageira –, e apresenta três níveis hierárquicos: a
107
infraestrutura do texto, as operações que garantem a coerência temática e a coerência
interativa. O autor (Bronckart, J., 2006a, p. 145) argumenta que os gêneros textuais
existem e convivem no ambiente da linguagem e “se acumulam historicamente num
subespaço dos ‘mundos de obras e de culturas’”, ou como ele denomina os préconstruídos da atividade cultural humana. Sobre esse ponto, J. Bronckart (2006a)
acrescenta que as referências desse pré-construído podem ser identificadas no
intertexto, na arquitetura interna do texto, conduzindo o olhar investigativo de nossa
análise à intertextualidade estabelecida na escrita das fanfictions.
Nesse sentido, J. Bronckart (2006a) esclarece que há dois elementos que
devem ser compreendidos sobre os processos de interação de textos:
De um lado, a preexistência de gêneros de textos no espaço estruturado do
arquitexto; de outro, os mecanismos de interação entre todo texto (qualquer
que seja seu gênero), que remetem a uma problemática completamente
outra; a da capacidade de autorreflexividade de ilimitada da linguagem
humana, da qual esses fenômenos são uma das manifestações empíricas
(Bronckart, J., 2006a, p. 145. Grifos do autor).
Essa distinção leva-nos a compreender a relação do contexto de produção e
da arquitetura dos textos como duas faces de um processo composicional do texto,
cuja estrutura pode ser analisada em níveis mais profundos da construção do texto,
ou do produto do agir linguageiro. J. Bronckart (2006a) expõe, na figura a seguir, a
representação um esquema mais detalhado da análise da arquitetura textual.
Figura 15 - Os três níveis da arquitetura textual
INFRAESTRUTURA
TIPOS DE
DISCURSO
COERÊNCIA
TEMÁTICA
COERÊNCIA
PRAGMÁTICA
(Processos Isotópicos)
(Engajamento enunciativo)
CONEXÃO
GESTÃO DAS
VOZES
COESÃO
NOMINAL
EVENTUAIS
SEQUÊNCIAS
Fonte: J. Bronckart (2006a, p. 147)
COESÃO
VERBAL
MODALIZAÇÕES
108
No sentido de analisarmos os três níveis da arquitetura textual, o esquema de
J. Bronckart (2006a, 1999) ilumina caminho percorrido a seguir em que estudamos a
infraestrutura textual, os mecanismos de textualização (coerência temática) e os de
enunciação (coerência pragmática), ao mesmo tempo buscamos estabelecer relação
com as affordances propiciadas, respeitando os níveis hierárquicos da arquitetura
textual das fanfictions produzidas pelos alunos do nono ano.
7.2.2.1 Infraestrutura textual
A infraestrutura textual consiste em um nível mais profundo da arquitetura do
texto e é definida “pelas características do planejamento geral do conteúdo temático
[...] e pelos tipos de discursos mobilizados e suas modalidades de articulação”
(BRONCKART, J., 2006a, p. 148. Grifo do autor). Dessa forma, analisamos o plano
geral das fanfictions através da estrutura em que são apresentadas, para então
identificarmos o tipo de discurso que compõe esse gênero.
De acordo com J. Bronckart (1999), as formas linguísticas que classificam os
tipos de discurso não podem ser consideradas de forma dissociada do contexto no
qual elas estão inseridas, pois elas se encontram diretamente ligadas ao agir
linguageiro e às dimensões práticas do ato comunicativo. Sendo assim, podemos
considerar as 19 fanfictions do corpo de nossa análise relacionadas diretamente com
o contexto de produção e com marcas de interação com o mundo do emissor e do
receptor.
Nessa perspectiva, o conteúdo temático de todas as fanfictions estabelece
relação com fatos históricos e está em intertextualidade com obra “Animal Farm” de
George Orwell, uma vez que a essência do gênero fanfiction é a sua ligação temática
com a obra denominada canônica, com o qual o mundo fandom, ou o mundo/reino
dos fãs, está em direta e constante inter-relação (como discorremos no capítulo 4).
Consequentemente, como a narrativa ficcional escrita pelos estudantes-autores é
produto de uma ponderação hipotética, criativa e do interesse desses autores, sobre
o que aconteceria na obra original (ou canônica, sob o olhar do fandom) se um
caminho narrativo distinto fosse levado em consideração, toda a composição textual
aponta para o tipo de discurso da ordem do narrar.
109
Sobre esse aspecto, J. Bronckart (2006a) afirma que as operações contidas
nos tipos de discurso intervêm nessas operações do intertexto e apresentam duas
marcas conjugadas: disjunção/conjunção e implicação/autonomia. Ele explica que
Para a primeira (disjunção/conjunção) ou as coordenadas que organizam o
conteúdo temático verbalizado são explicitamente colocadas a distância das
coordenadas gerais da situação de produção do agente (ordem do
NARRAR), ou elas não o são (ordem do EXPOR). Para a segunda
[implicação/autonomia], ou as instâncias de agentividade verbalizadas são
colocadas em relação com o agente produtor e sua situação de ação da
linguagem (linguageira) (implicação), ou elas não o são (autonomia). O
cruzamento do resultado dessas decisões produz, então, quatro “atitudes de
locuções” que chamamos de mundos discursivos: NARRAR implicado,
NARRAR autônomo, EXPOR implicado, EXPOR autônomo (Bronckart, J.,
J2006a, p. 151. Grifos do autor).
Nesse mesmo sentido, o autor acrescenta que esses aspectos analisados em
seu método permitiram identificar configurações de unidades e de processos da língua
que denotam esses mundos discursivos e ele, assim, denominou os quatro tipos de
discurso: “discurso interativo, discurso teórico, relato interativo e narração” (Bronckart,
J., 2006a, p. 151. Grifos do autor).
Neste ponto de nossa análise, consideramos o tipo de discurso da ordem do
narrar, pois o conteúdo temático das fanfictions relacionou-se com fatos passados ou
até com situações hipotéticas do futuro, estritamente ligados à história (situada pelo
contexto histórico-social de produção da obra de Orwell) e imensamente conectados
ao imaginário do sujeito-leitor e escritor desse gênero textual. Portanto, o discurso das
fanfictions apresenta-se organizado com marcas de disjunção entre o mundo
discursivo e as coordenadas que integram o emissor, o receptor, o lugar e,
intrinsecamente, ao mundo físico, social e subjetivo da produção do texto
(STRIQUER, 2014). Dessa forma, observamos o recurso de ancoragem no aspecto
da disjunção nos trechos iniciais das fanfictions:
After 25 years of the animal revolution at the Animal Farm, Mr. Jones, (…)
(Fanfiction 3)
After a while of the animal revolution at the Animal Farm, Mr. Jones (…)
(Fanfiction 10)
One day, many years before the Revolution, a young pig simply appeared in
front of the Manor Farm. (Fanfiction 12)
For quite a while, the animals learned to live with the inequality that reigned
over the newly renamed Manor Farm. (Fanfiction 32)
110
Years have passed and now all animals of the old farm are dead, there is a
new generation in a new farm, (…) (Fanfiction 34)
Five years had passed [sic] and Napoleon still ruled the animal farm.
(Fanfiction 42)
It has been a week since she had last seen Mollie. (Fanfiction 46)58
Devido à disjunção com esses recursos constituídos de marcação temporal,
presentes nas sete fanfictions apresentadas, entendemos que o recurso de
ancoragem comum é de uma expressão indicativa de espaço-tempo para situar o
leitor como a narrativa ficcional escrita pelos estudantes-autores insere-se na
composição da narrativa original. Desse modo, há o entrelaçamento da narração do
fandom com a do autor (George Orwell), reforçando a característica intertextual do
gênero fanfiction. Da mesma forma, esse recurso situa as personagens no espaçotempo da narrativa original e não há a localização do espaço-tempo da ação de
produção do texto, acarretando ao intertexto a denominada operação de autonomia,
de acordo com J. Bronckart (2006a).
A marcação de ancoragem das outras 13 fanfictions ocorre com a descrição de
uma cena, de uma característica ou ação de alguma personagem, situando-a também
no espaço-tempo da narrativa original, como vemos nos trechos introdutórios das
fanfictions.
My Dear Beloved Squealer, You’ve probably noticed that I’m not ruling the
sh!tty farm anymore. (Fanfiction 2)
After Napoleon made the deal with the humans they started to work in the
farm and share power with Napoleon. (Fanfiction 3)
Snowball eyes glistened as he presented the windmill idea to the animals on
the farm. (Fanfiction 7)
Napoleon ordered all the animals to assemble in the yard. When they were all
gathered together, Napoleon emerged from the farmhouse, with his nine huge
dogs frisking around him and barking, which scared the animals. (Fanfiction
11)
58
Depois de 25 anos da revolução na Fazenda dos Animais, Mr. Jones, (…) (Fanfiction 3) / Depois de
um tempo após a revolução na Fazenda dos Animais, Mr. Jones (...) (Fanfiction 10) / Um dia, muitos
anos antes da Revolução, um jovem porco simplesmente apareceu na frente da Manor Farm.
(Fanfiction 12) / Por um bom tempo, os animais aprenderam a viver com a desigualdade que reinava
sobre a recém-batizada Manor Farm. (Fanfiction 32) / Anos se passaram e agora os animais da fazenda
antiga estão mortos, há uma nova geração em uma nova fazenda, (...) (Fanfiction 34) / Cinco anos
tinham passado e Napoleon ainda comandava a fazenda dos animais. (Fanfiction 42) / Faz uma
semana que ela tinha visto a Mollie. (Fanfiction 46). Tradução nossa.
111
It was fall. All the leaves were the color of gold. Ironic, since gold could save
all the animals. A leaf fell from a tree in the grave of the sheep who had died
in the Battle of Cowshed. Benjamin was there. (Fanfiction 16)
Old Major knew he was going to die because he had a strange dream [sic]
and he was thinking of communicating to the other animals about it. (Fanfiction
20)
Animal Farm. The members of this community lived in constant change,
conforming to the transformations of their government, that is, the footsteps
of which leader they would follow. (Fanfiction 22)
While the other animals put a lot of effort into helping the farm, Clover spent
her days watching the fields and their hard work through the small stable's
window, wanting really badly to be there. (Fanfiction 24)
The animals, as always, were working like slaves to rebuild the windmill as
fast as possible. The first step they had to work on was to dig a hole in the
ground, but this time something unusual happened. (Fanfiction 25)
In their secret spot, Mollie is comforting Snowball, saying she believes in him,
that he is the true leader of the farm [sic] and she hopes Napoleon doesn’t
exile him. (Fanfiction 36)
Old Major’s journal: I can’t take this life anymore, I’m getting too old to live like
this, Mr. Jones is making me starve out here, and I don’t want it anymore. But
how am I going to make some difference? I guess I will need to get rid of Mr.
Jones, (…) (Fanfiction 40)
Mollie didn't originally plan on fleeing. She wasn't a coward, well she was, but
she didn't want to be one. The rebellion promised to improve the quality of
their lives, but the rebellion only increased her working hours and calluses.
She wasn't happier like Old Major promised, she was depressed, she couldn't
take it anymore, and eventually, she left. (Fanfiction 44)59
59
Meu querido e amado Squealer, você provavelmente notou que eu não estou mais administrando a
m* da fazenda (Fanfiction 2) (Ocultamos o léxico ofensivo representado também de forma indireta e
oculta em sh!tty na fanfiction) / Depois de Napoleon ter feito o acordo com os humanos, eles começam
a trabalhar na fazenda e dividir o poder com Napoleon. (Fanfiction 3) / Os olhos de Snowball brilharam
assim que ele apresentou a ideia do moinho de vento para os animais da fazenda. (Fanfiction 7) /
Napoleon ordenou que todos os animais se reunissem no quintal. Quando eles todos estavam juntos
reunidos, Napoleon surgiu da casa da fazenda, com seus nove grandes cachorros agitados ao redor
dele e latindo, o que assustou os animais. (Fanfiction 11) / Era o outono. Todas as folhas estavam com
a cor de ouro. Irônico, uma vez que o ouro poderia salvar todos os animais. Uma folha caiu de uma
árvore no túmulo da ovelha que tinha morrido na batalha chamada de Battle of Cowshed. Benjamin
estava lá. (Fanfiction 16) / Old Major sabia que ele iria morrer porque ele teve um sonho estranho e ele
estava pensando em comunicar para os outros animais sobre isso. (Fanfiction 20) / A Fazenda dos
Animais. Os membros dessa comunidade viviam em constante mudança, de acordo com as
transformações de seu governo, ou seja, [seguindo] os passos que cada líder dava. (Fanfiction 22) /
Enquanto os animais se esforçavam em ajudar a fazenda, Clover passava seus dias observando os
campos e o trabalho duro dos animais através de uma janela pequena do estabulo, querendo muito
que ela estivesse lá. (Fanfiction 24) / Os animais, como sempre, estavam trabalhando como escravos
para reconstruir o moinho de vento o mais rápido possível. O primeiro passo que eles tinham que fazer
era trabalhar na abertura de um buraco no chão, mas dessa vez alguma coisa incomum aconteceu.
(Fanfiction 25) / No lugar secreto, Mollie está confortando Snowball, dizendo que ela acredita nele, que
ele é o verdadeiro líder da fazenda e ela espera que Napoleon não o expulse. (Fanfiction 36) / Diário
do Old Major: eu não consigo lidar com isso mais, estou ficando muito velho para viver dessa forma,
Mr. Jones está me fazendo passar fome aqui e eu não quero mais isso. Mas como eu vou fazer alguma
diferença? Eu acho que eu vou precisar dar um jeito no Mr. Jones, (...) (Fanfiction 40) / Mollie não tinha
originalmente planejado de fugir. Ela não era covarde, bem ela era, mas ela não queria ser. A rebelião
112
No mesmo sentido de inserir o espaço-tempo da fanfiction na narrativa original
de Orwell, a Fanfiction 9 é a única cujo contexto do mundo real alonga-se na
introdução como recurso de ancoragem, pois, até o quarto parágrafo, a nova
personagem (a baleia Tilikum) é apresentada em seu ambiente (no tanque de um
parque aquático), e a cena descrita toma espaço da fanfiction até o ponto que outra
personagem (uma pomba) usa a expressão típica do discurso político e situada na
obra original “Olá, meu camarada!”60, dessa maneira, anunciando a transição desse
novo espaço-tempo do contexto do mundo real como parte integrante da narrativa
ficcional construída. Por conseguinte, poderíamos denominar como a única fanfiction
que emprega a locução do narrar implicado, pois há a necessidade de demonstrar a
implicação do conteúdo do mundo real em um espaço e tempo ligados diretamente
com a produção do texto (Striquer, 2014).
Ainda neste ponto de nossa análise, atentamos para o sequenciamento
estruturado na composição textual do intertexto que configura modos particulares da
planificação do texto. De acordo com Adam (1990 apud Brockart, 1999, p. 218), as
sequências apresentam uma disposição contínua ou linear do conteúdo temático e
são
[...] modelos abstratos de que os produtores e receptores de textos dispõem,
definíveis, ao mesmo tempo, pela natureza das macroposições que
comportam e pelas modalidades de articulação dessas macro proposições
em uma estrutura autônoma.
Portanto, a forma sequencial das 19 fanfictions escritas pelos alunos do novo
ano constitui-se em sequência narrativa, pois o tema é amparado em um processo
inicial de conflito, criando uma tensão que procura estabelecer transformações à
estrutura da narrativa e objetiva a resolução desse conflito, focalizando um estado de
equilíbrio. Em sua construção, a sequência narrativa institui uma ordem cronológica
dos acontecimentos.
Neste nível hierárquico da arquitetura interna do texto, reforçamos as
affordances propiciadas e descritas nos elementos analisados na seção anterior
prometeu melhorar a qualidade de vida deles, mas a rebelião só aumentou as horas de trabalho dela
e os calos. Ela não estava mais feliz como Old Major prometeu, ela estava depressiva, ela não
aguentava mais, e no final, ela foi embora. (Fanfiction 44). Tradução nossa.
60
Trecho original da Fanfiction 9: “Hello, my fellow comrade!” said one of the pigeons, landing on the
rock closest to the whale” (Trecho do quinto parágrafo).
113
(7.2.1) e compreendemos que, deste nível em diante, os elementos linguísticos da
língua inglesa desenvolvidos no nono ano e, especificamente, as estruturas
hipotéticas e os condicionais focalizadas no trabalho com o gênero fanfiction,
conforme sequência didática elaborada (ver capítulo 6.7), representam affordances
linguísticas oferecidas ao desenvolvimento dos objetivos linguístico-discursivos do
curso do nono ano.
Analisamos o planejamento geral do texto em composição do conteúdo
temático, assim como discorremos acerca dos tipos de discurso que são articulados
nas fanfictions. A seguir, analisamos os mecanismos de coerência temática e
pragmática.
7.2.2.2 Mecanismos de textualização
O conteúdo temático também é estruturado por articulações lógicas,
hierárquicas e temporais que auxiliam em sua estruturação; e os mecanismos de
textualização ou de coerência temática tomam a função dessas articulações na
arquitetura interna do texto. A conexão, a coesão nominal e a coesão verbal são os
três grandes conjuntos de mecanismos de textualização.
De acordo com J. Bronckart (2006a), os mecanismos de conexão fornecem a
marcação dos traços de progressão temática e são pertinentes aos processos
isotópicos ou de referenciarão na construção temática do texto. Eles são
organizadores textuais que “podem se aplicar ao plano geral do texto, às transições
entre tipos de discurso, às transições entre frases de uma sequência, ou, ainda, às
articulações mais locais entre frases sintáticas” (Bronckart, J., 2006a, p. 148). Os
mecanismos de coesão nominal funcionam para inserir os temas e as personagens
novas no texto e certificam a sua retomada ou a sua continuidade, na sequencialidade
do texto, por meio do aparelhamento de unidades e estruturas anafóricas ou de
repetição. Ainda, os mecanismos de coesão verbal garantem “a organização temporal
e/ou hierárquica dos processos (estados, eventos ou ações) verbalizados no texto e
são essencialmente realizados pelos tempos verbais” (Bronckart, J., 2006a, p. 148).
Para organizar um caminho que leve a nossa análise a esses mecanismos,
criamos categorias em consonância com os conteúdos trabalhados no nono ano
(como discorremos no capítulo 6.4). Contemplando os processos de conexão,
definimos a categoria dos conectivos (Linking Words) para a composição da
114
sequência narrativa. Para os mecanismos de coesão nominal, especificamos a
categoria de orações relativas (Relative Clauses) para determinar a inserção das
personagens na narrativa. Especialmente, deliberamos à categoria tempos verbais os
elementos da estrutura hipotética ou dos condicionais (If Clauses 2nd and 3rd, Mixed,
Wishes and Regrets, If Only, What If) que centralizam a proposição da escrita da
fanfiction (ver capítulos 6.6 e 6.7) e que foram usados nas sinopses das fanfictions
para criar a ponderação ‘E se algo acontecesse na história que...’ (What if...). Contudo
esse mecanismo de coesão verbal estabelece situação imaginária ou hipotética (nas
sinopses das fanfictions) que comporta os tempos verbais da narrativa (Narrative
Tenses) como mecanismo de estruturação ou narração, presentes no texto das
fanfictions. Usamos, portanto, essas categorias para observar como os mecanismos
de textualização são desenvolvidos e estão presentes nas fanfictions.
7.2.2.2.1 Processos de conexão
Os conectivos são palavras ou expressões que unem as frases, as orações e
os parágrafos no corpo do texto, estruturando a conexão de ideias e desenvolvendo
a sequencialidade coerente do texto. Para a pesquisa de expressões utilizadas no
corpo dos textos de nossa análise, utilizamos o programa Atlas.ti com o recurso
disponível denominado de Pesquisa de Expressões Regulares, como podemos ver no
exemplo da pesquisa do conectivo ‘after’ (depois, em seguida) nas sentenças do corpo
de 19 fanfictions.
115
Figura 16 - Pesquisa Expressões Regulares (conectivo ‘after’) no software Atlas.ti
Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor
A nossa primeira categoria de análise é estabelecida pelos conectivos para a
composição da sequência narrativa, denominados de ‘Linking Words', com a
funcionalidade de organizar a sequência dos eventos e acontecimentos das 19
fanfictions escritas pelos alunos do nono ano. Observamos que o conectivo ‘after’
(depois, em seguida) e expressões derivadas do mesmo sentido, construídas com
‘after’, como ‘long after’ (muito tempo depois) (Fanfiction 3), ‘shortly after’ (pouco
tempo depois) (Fanfiction 25), foram recursos de continuidade da sequência narrativa
presentes em 14 das fanfictions (Fanfictions 3, 9, 10, 11, 20, 25, 32, 34, 36, 40, 44,
46). Deram-se outras recorrências do mesmo léxico, mas elas tiveram funções
gramaticais e textuais diferentes na língua inglesa, como no caso da Fanfiction 46, na
frase ‘Slowly, she went after the pigeons (...)’ (Vagarosamente, ela foi atrás das
pombas).
Notamos também que a expressão ‘after that’ (depois disso) foi utilizada em
duas fanfictions (Fanfiction 25 e 32) e ‘afterwards’ (após, em seguida) em uma
fanfiction (Fanfiction 42). Outra expressão que conecta a sequência narrativa e que é
muito comum foi ‘when’ (quando); e encontramos o uso desse conectivo em 18
116
narrativas ficcionais (Fanfiction 2, 3, 7, 10, 11, 12, 16, 20, 22, 24, 25, 32, 34, 36, 40,
42, 44, 46). Outro conectivo que costuma constar no repertório de narrativas em língua
inglesa é ‘next’ (em seguida, próximo). Ele foi usado em cinco das fanfictions,
frequentemente com a composição da expressão ‘the next day’ (no próximo dia) e ‘the
next morning’ (na próxima manhã) (Fanfictions 22, 24, 25, 40, 44). Outro conectivo
‘later’ (mais tarde, depois) é frequentemente usado com a composição de expressões
temporais com as palavras ‘day’ (dia), ‘night’ (noite), ‘week’ (semana), ‘hour’ (hora) e
‘minute’ (minuto). Encontramos esse conectivo em sete fanfictions (Fanfictions 10, 11,
24, 32, 40, 42, 44). Outra expressão conectiva da sequência narrativa pouco usada
‘in the meantime’ (enquanto isso) constava em somente duas das fanfictions
(Fanfiction 3 e 20). O conectivo ‘finally’ (finalmente) foi utilizado em nove fanfictions
(Fanfictions 10, 12, 16, 20, 32, 36, 40, 44, 46).
No sentido de estruturar suas narrativas ficcionais, os estudantes-autores
tomaram caminhos criativos e particulares do intertexto e fizeram uso de processos
de conexão regulares por meio dos conectivos que organizam a sequencialidade das
fanfictions de forma variada. Por meio da amostragem que realizamos neste ponto da
análise, podemos perceber que a estruturação da sequência narrativa apresenta
conectivos mais elementares e outros em expressões derivadas deles. Todavia os
conectivos certificam o processo de conexão das ideias e dos eventos narrados.
Tomamos, a seguir, os mecanismos de coesão nominal com o olhar à categoria
de orações relativas (Relative Clauses) que são usadas para a inserção das
personagens nas fanfictions.
7.2.2.2.2 Mecanismos de coesão nominal
Seguimos a análise dos mecanismos de coesão nominal considerando a
categoria de orações relativas (Relative Clauses), usadas na fanfiction para inserir as
personagens no texto. Essas orações têm a função de ligar informações e
características às personagens. Elas são construções compostas pelos pronomes
relativos (Relative Pronouns) ‘who’ (quem), ‘which’ (qual ou quais), ‘whose’ (cujo ou
cuja), ‘whom’ (quem ou para quem) e ‘that’ (que). Há dois tipos de orações relativas:
a explicativa e a restritiva. A oração relativa explicativa acrescenta um sentido
dispensável para a compreensão total da frase, podendo ser até suprimida. A oração
relativa restritiva acresce sentido indispensável à frase e não pode ser suprimida.
117
Também utilizamos o recurso de Pesquisa de Expressões Regulares do
software Atlas.ti para identificar a composição desses mecanismos nas 19 fanfictions.
Ocorreu um uso expressivo das orações relativas com a função de apresentar as
personagens ou lhes atribuir características pertinentes à estrutura da narrativa,
fortalecendo a coesão nominal, como podemos ver na figura a seguir. A utilização, por
exemplo, do pronome relativo ‘who’ (quem), que a norma de gramática da língua
inglesa aponta para o uso somente relacionado com personagens pessoas e não
animais, na composição da fanfiction, acarreta o uso relacionado às personagens
animais, como no recurso de personificação, tipicamente usada como coesão nominal
em fábula. A obra “Animal Farm”, de George Orwell, é denominada como uma fábula
sobre o poder ou, como algumas editoras apresentam a obra, uma sátira política, uma
alegoria, ou, ainda, uma novela. Sendo assim, o uso das personagens com
características humanas impõe o uso do pronome relativo (‘who’/quem) para os
animais personagens da obra literária.
Figura 17 - Pesquisa Expressões Regulares (pronome relativo ‘who’) no software Atlas.ti
Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor
118
Identificamos o uso dos pronomes relativos: ‘who’ (quem) em 17 das 19
fanfictions; ‘which’ (qual) em 11 fanfictions; ‘whose’ (cujo, cuja) em uma fanfiction;
‘whom’ (a quem, quem) não foi usado. Como o uso da palavra ‘that’ (que) como
pronome relativo era o léxico de nosso interesse, fez-se necessário diferenciarmos
seu uso para diferentes formas gramaticais: ‘that’ (aquele, aquela, aquilo) como
pronome demonstrativo, ‘that’ (isso, esse, essa) usado para mencionar ou referir-se
ao que já foi mencionado anteriormente, também, como mecanismo de coesão
nominal, mas não pertencente à categoria determinada. Logo, o ‘that’ (que) com a
função de relacionar características a alguma personagem com a mesma função dos
outros pronomes apareceu em todas fanfictions. Observamos que, em grande maioria
de orações relativas, o uso das orações relativas restritivas é mais frequente para
associar alguma características a personagens.
Percorremos as fanfictions do recorte de nossa análise contemplando os
mecanismos de coesão nominal (Relative Clauses). A seguir, damos continuidade à
apreciação dos mecanismos de coesão verbal para completar a análise dos recursos
de coesão temática.
7.2.2.2.3 Mecanismos de coesão verbal
No sentido de analisar os mecanismos de textualização nesse nível da
estrutura da composição textual, tomamos o que J. Bronckart (2006a) afirma sobre os
mecanismos de coesão verbal. Ele refere que esses mecanismos
[...] são essencialmente realizados pelos tempos verbais. Essas marcas
estão, no entanto, em interação com os tipos de lexemas verbais aos quais
elas se aplicam, assim como com outras unidades de valor temporal
(notadamente os advérbios e os organizadores textuais), e sua distribuição
depende, além disso, mais claramente do que para os dois mecanismos
precedentes, dos tipos de discurso nos quais ocorrem (Bronckart, J., 2006a,
p. 148-149. Grifo do autor).
Em virtude do grande número de produções textuais que temos em nossa
análise e com base na explicação de J. Bronckart (2006a) acerca da distribuição dos
tempos verbais da narrativa (Narrative Tenses) e sua composição com advérbios e
organizadores textuais com ancoragem temporal e sequencial, reforçamos que o tipo
de discurso da ordem do narrar presente nas 19 fanfictions abarca os mecanismos de
119
coesão verbal e, da sequencialidade, do construto da narrativa em resposta à situação
hipotética circunscrita na proposição apresentada nas sinopses das fanfictions.
Essa parte textual da composição do gênero fanfiction apresenta os recursos
temporais subordinados aos elementos da estrutura hipotética ou dos condicionais (If
Clauses 2nd and 3rd, Mixed, Wishes and Regrets, If Only, What If). A sinopse tem a
função de apresentar brevemente o tema da fanfiction e o ponto de intertextualidade
com a obra original, com a qual a fanfiction fez paralelo para o desenvolvimento do
seu enredo. Todavia como a proposta de escrita de fanfictions descrita na sequência
didática (ver capítulo 6.7) requeria uma ponderação hipotética de o que aconteceria
na história “Animal Farm” se algo proposto pelos estudantes-autores fosse
desenvolvido em uma narrativa ficcional, compreendemos que os elementos
estruturantes do condicional e recursos hipotéticos apresentam um mecanismo de
coesão verbal disparador para os tempos verbais da narrativa e, certamente, da
própria constituição das fanfictions.
Sobre esse aspecto, utilizamos o mesmo recurso do programa Atlas.ti
(Pesquisa de Expressões Regulares) e pesquisamos pela expressão de ponderação
hipotética em inglês ‘what if’ (e se/e se algo acontecesse) que é a expressão-chave
do estudo do gênero fanfiction, proposição essa que também ganhou destaque na
arte do blog (Tumblr) onde as fanfictions foram publicadas (ver Figura 4). Podemos
ver na página do software Atlas.ti a busca nas sinopses por essa expressão hipotética
a seguir.
120
Figura 18 - Pesquisa Expressões Regulares (expressão ‘what if’) no software Atlas.ti
Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor
Encontramos a expressão ‘what if’ (e se/e se acontecesse) em 14 das 19
fanfictions, especificamente, nas sinopses dessas fanfictions. A expressão ‘if only’ (se
apenas), que denota uma condição indireta e certo arrependimento em língua inglesa,
que também conota um sentido hipotético, foi usada em somente uma fanfiction. Os
condicionais dos denominados de segundo e terceiro tipos (‘2nd and 3rd Conditionals’)
e os chamados ‘mixed’ (‘misturados’), que misturam os dois tipos, foram empregados
em quatro fanfictions (Fanfiction 2, 3, 25 e 46).
Os condicionais de segundo e terceiro tipos têm a função gramatical e
semântica de elaborar condições irreais (‘unreal conditionals’), pois eles expressam
condições hipotéticas. Como podemos observar nos trechos das fanfictions
If it wasn’t for me [sic] we would still be slaves of the Jones [sic] family, or
worse, we would be their meals. (Fanfiction 2. Second Conditional)
If the pigs had a way to travel back in time, they would for sure try to change
the course of history in their favor. (Fanfiction 25, trecho da sinopse. Second
Conditional)
If Benjamin had changed after the book’s storyline, he would have created
various movements. (Fanfiction 3, trecho da sinopse. Third Conditional)
121
O tipo denominado de ‘mixed’ combina elementos da segunda condicional com
a terceira, como no trecho usado na sinopse da Fanfiction 3 e no texto da Fanfiction
46, para refletir um acontecimento hipotético com base na estrutura da narrativa
original com especulação em um possível desfecho
If pigs had decided to help the other animals, what would happen? (Fanfiction
3, trecho na sinopse. Mixed Conditional)
If she truly loved Mollie, she would have controlled herself and kept it.
(Fanfiction 46. Mixed Conditional)
Realizamos a análise dos mecanismos de coesão verbal e certificamos que
eles asseguraram organização do espaço-tempo da estrutura da narrativa nas 19
fanfictions. Também, corroboramos a ideia de J. Bronckart (2006a) no aspecto da
composição textual referente a esses mecanismos, no que tange sua dependência
direta ao tipo do discurso das fanfictions, que é da ordem do narrar. Esses elementos
linguísticos são reflexo das affordances linguísticas oferecidas no curso de inglês do
nono ano do colégio em questão e contemplam ampliação do repertório linguístico e
de desenvolvimento da proficiência com maior sofisticação da língua inglesa. A seguir,
examinamos as fanfictions com o olhar para a coerência pragmática a partir dos
mecanismos enunciativos.
7.2.2.3 Mecanismos enunciativos
Os mecanismos enunciativos constituem o nível da hierarquia textual
responsável pela coerência pragmática da arquitetura interna do texto. Neste nível, o
engajamento enunciativo é representando pela gestão das vozes e nas modalizações.
De acordo com J. Bronckart (2006a, p. 149), “esses mecanismos não se encontram
diretamente relacionados à progressão temática” e estão em menor subordinação aos
elementos que antecedem ou aos que prosseguem na linha da estrutura sintagmática
do texto. O autor explica que os mecanismos enunciativos
[...] contribuem para o estabelecimento da coerência pragmática do texto,
explicitando, de um lado, as diversas avaliações (julgamentos, opiniões,
sentimentos), que podem ser formuladas a respeito de um outro aspecto do
conteúdo temático e, de outro, as próprias fontes dessas avaliações
(Bronckart, J., 1999, p. 319).
122
Em vista disso, J. Bronckart (2006a, 1999) explica que a distribuição das vozes
no texto aponta para instâncias que representam o que é manifesto ou expresso em
um texto. Elas podem não ser marcadas por elementos linguísticos específicos, mas
podem ser distinguidas por três conjuntos de vozes: a do autor, as sociais e as de
personagens. A voz do autor é aquela que comenta ou avalia o conteúdo temático,
como em um artigo científico, por exemplo. As vozes sociais ou de instituições sociais
são aquelas que não estão diretamente implicadas nos acontecimentos, porém são
mencionadas ou citadas com o intuito de compartilhar suas avaliações sobre o
conteúdo temático. Finalmente, as vozes de personagens, como Striquer (2014, p.
321) explica, “são aquelas que denotam as vozes de pessoas e de instituições
humanizadas implicados como agentes dos acontecimentos, exemplo: no romance, a
voz do protagonista”.
Ainda sobre o engajamento enunciativo, destacamos que a produção das
fanfictions é resultante de um redesign do caminho pedagógico idealizado na
sequência didática elaborada pelo professor-pesquidador (ver capítulo 6.7) à luz da
Pedagogia dos Multiletramentos. Compreendemos que o trabalho pedagógico com
esse gênero textual (fanfiction) em intertextualidade com o gênero literário mais
clássico (canônico) e em sintonia à Cultura Participativa (ver capítulo 4) favorece
práticas pedagógicas e sociais em língua inglesa (nosso contexto de análise), que
incorporam o repertório do educando e ampliam as possibilidades de uma
aprendizagem mais crítica e autônoma, ou seja, de uma prática transformada. Por
consequência, como os autores do Grupo Nova Londres (GNL) (1996/2021)
amparam, os designs disponíveis no trabalho com o gênero textual produzem (novos)
discursos e estilos, abarcando práticas linguísticas e discursivas por meio das vozes,
como recursos enunciativos nos e dos textos.
No sentindo de atentar para a gestão das vozes nas fanfictions, analisamos as
19 fanfictions e, em todos os textos, as vozes de personagens são os recursos
utilizados como a instância enunciativa da composição textual, refletindo seus valores,
suas crenças, ou seja, as vozes dos estudantes materializaram-se nas fanfictions por
meio das vozes de personagens. Diante disso, resgatamos a perspectiva de Busch
(2015), cujo conceito de repertório comporta a multiplicidade de vozes em práticas
sociais e no agir linguageiro (ver capítulo 2.1). Para a autora, o diálogo das línguas
compõe a trama de uma tecitura linguística complexa e diversa por meio das
123
dimensões de multidiscursividade em um espaço de comunicação constituído de
práticas sociais e linguísticas.
Mediante esse aspecto do repertório, compreendemos que tanto no texto das
fanfictions como nas respostas ao questionário eletrônico, os estudantes fizeram uso
de seus repertórios. Busch (2015) advoga acerca dos recursos mobilizados pelos
falantes que são fundamentais na composição do repertório e, assim, identificamos o
aspecto da multidiscursividade tanto nos conteúdos temáticos abordados nas
fanfictions como nos textos em que os alunos falaram sobre como tiveram a ideia do
tema de seus textos. O questionário, por exemplo, foi distribuído de forma eletrônica,
em português, por fazer parte da pesquisa acadêmica, e mesmo assim observamos
que alguns alunos responderam em português, mas com léxicos em inglês, como o
nome da obra literária ou das personagens, ou ainda responderam às perguntas do
questionário totalmente em inglês, como é o caso das respostas dos estudantesautores das Fanfictions 24 e 36.
Nos textos das fanfictions, os conteúdos temáticos denotam as vozes do
emissor, dos estudantes-autores, mediante segmentos de frases composicionais dos
textos e, por conseguinte, representando assuntos que são de seus interesses ou que
atravessam os discursos desses sujeitos-estudantes, como nos temas: nazismo,
autoritarismo, ditadura, teoria da conspiração, maus-tratos aos animais, manipulação,
poder, hipocrisia, vingança, sexismo, guerra, influência da internet, sociedade
neoliberal capitalista, histórias de amor, amor proibido, comunidade LGBTQIAP+.
Portanto, temas pertinentes aos assuntos que foram instigados por meio de
affordances propiciadas pelo ambiente de aprendizagem, pela pedagogia abordada,
pelas didáticas utilizadas, pela tecnologia disponível, pelos estudos linguísticodiscursivos em língua inglesa. Além do estímulo para a aprendizagem, os temas
também são derivados dos repertórios e conhecimento cultural e de mundo dos
alunos, assim como de seus interesses, os quais ganham espaço, em sala de aula,
para serem compartilhados entre colegas e, dentro da comunidade escolar,
ampliados, enriquecidos e multiplicados.
Conforme o quadro 6, análise dos níveis da arquitetura textual de J. Bronckart
(2006a), a coerência pragmática ainda comporta as modalizações como forma de
evidenciar os julgamentos ou avaliações sobre o conteúdo temático abordado nos
textos. J. Bronckart (2006a, p. 149, grifo do autor) explica que a modalização “se
realiza por meio de unidades ou conjuntos de unidades linguísticas de níveis muito
124
diferentes, que chamamos de modalidades: tempo verbal no futuro do pretérito,
auxiliares de modalização, certos advérbios, certas frases impessoais etc.”.
Nesse sentido, Striquer (2014), em consonância com J. Bronckart (1999,
2006a) e Koch (2000), apresenta as modalizações em quatro funções: as
modalizações lógicas, ou epistêmicas, as deônticas, as apreciativas e as pragmáticas.
As modalizações lógicas ou epistêmicas são utilizadas como marcas da avaliação do
emissor sobre o conteúdo temático acerca dos valores de verdade, ou seja, dos
valores situados no eixo do conhecimento. As modalizações deônticas demarcam a
avaliação do emissor sobre o conteúdo temático acerca dos valores sociais. Essas
duas modalizações apareceram nos textos por meio dos tempos verbais do
condicional, advérbios, auxiliares e orações impessoais. As modalizações
apreciativas são “as avaliações acontecem mais subjetivamente pela voz que avalia,
[...] apresentada do ponto de vista do avaliador como sendo boas, más, estranhas,
etc.” (Striquer, 2014, p. 321). Os advérbios ou orações adverbiais que exprimem essa
avaliação (felizmente, infelizmente, por exemplo) são marcas dessas modalizações.
Ainda, as modalizações pragmáticas assinalam as avalições que contribuem “para a
responsabilização de um agente, sobre o poder-fazer do agente, de sua
intencionalidade, suas razões e capacidades de ação” (Striquer, 2014, p. 322). Como
acontece no uso de auxiliares de modo que explicam as intenções do agente.
Destacamos as marcações dos condicionais e das expressões hipotéticas, ou
do tempo verbal do futuro do pretérito nas fanfictions, como os mecanismos de
responsabilidade enunciativas de modalização epistêmicas e deônticas utilizados em
todas as sinopses das fanfictions para evocar o imaginário e as ponderações
hipotéticas e condicionais das narrativas ficcionais em intertextualidade com a obra
de Orwell. Essas duas modalidades estabelecidas nas 19 fanfictions respondem à
proposta de escrita da fanfiction, sobretudo, reforçam as vozes enunciativas e
denotam julgamentos de valor sobre as verdades dos estudantes-autores e sobre
valores sociais
Mais uma vez, reforçamos que as affordances linguísticas propiciadas ao longo
da sequência didática, com foco no gênero fanfiction, permitiram um alto grau de
elaboração na produção escrita dos estudantes em relação ao nível linguísticodiscursivo, também, de coesão e coerência textuais, de multidiscursividade e de
alcance cultural e literário. Organizamos o quadro a seguir com os tipos de
affordances propiciadas e conceituadas ao longo de nossa análise:
125
Quadro 7 - Tipos de affordances propiciadas
Tipo de affordances
Affordances do meio ambiente
Affordances tecnológicas
Affordances linguísticas
Elementos relacionados
Ambiente escolar, sala de aula, aulas de língua
inglesa, interação em grupos como em círculos
de leitura.
Internet e computadores, escrita das fanfictions
por meio da ferramenta de edição de texto (Word
ou Google Docs) e da plataforma (blog) de leitura
e publicação de fanfictions (Tumblr)
Conectivos (linking words), orações relativas
(relative clauses), elementos da estrutura
hipotética ou dos condicionais (if clauses 2nd and
3rd, mixed, wishes and regrets; expressões if
Only, what if) e verbos da narrativa (narrative
tenses).
Fonte: elaboração própria
Identificamos, também, que os movimentos pedagógicos elaborados à luz da
Pedagogia dos Multiletramentos centralizaram os estudantes como emissoresreceptores (autores) no processo de ensino-aprendizagem. Mormente, seus
repertórios contribuíram, de forma significativa, para esse processo, fortalecendo
práticas educativas (transformadas e críticas) acerca do gênero fanfiction, desse
modo, enunciando os valores de mundo dos estudantes, evidenciando seus
interesses e, por conseguinte, ampliando seus repertórios.
126
8
CONCLUSÃO
No percurso de pesquisa acadêmica estabelecido para esta dissertação,
apresentamos os repertórios em cena e revelamo-los de suma importância para o
fazer científico e para o olhar pedagógico inter-relacionados. As obras literárias e
acadêmicas, sobretudo as produções textuais de autoria de estudantes, entrelaçaramse para compor o objeto de análise deste estudo. Ressignificamos o olhar investigativo
para com o texto produzido no ambiente escolar e em língua inglesa. E, nesse
contexto,
compreendemos
a
prática
transformada
(e
transformadora),
a
aprendizagem autônoma e crítica como caminho vivido pelo educando e (re)designed
pelo professor-pesquisador a partir de uma sequência didática elaborada à luz da
Pedagogia dos Multiletramentos. Em contato com a produção de fanfictions (escritas
por alunos do nono ano dos anos finais do Ensino Fundamental), atentamos também
para o propiciamento de affordances que favoreceram o desenvolvimento linguísticodiscursivo da língua inglesa.
As fanfictions produzidas pelos estudantes-escritores, sujeitos-leitores e
autores, e pertencentes da Cultura Participativa, foram desenvolvidas ao longo do
segundo semestre de 2022. A coleta de dados, resultante do caminho pedagógico
percorrido na sequência didática, aconteceu em aulas de língua inglesa, com um
grupo de alunos do nono ano. Após postar suas fanfictions em um blog, eles
receberam um questionário eletrônico com a finalidade de investigar o processo da
escolha temática na escrita de fanfictions em intertextualidade com a obra literária de
George Orwell (“Animal Farm”).
Aos sujeitos dessa pesquisa que se voluntariaram em ceder suas narrativas
ficcionais para compor objeto de análise deste estudo, por serem jovens estudantes,
os aspectos éticos e de proteção de informação foram seguidos à risca e garantiram
um ambiente agradável, adequado ao fazer científico e não menos trabalhoso.
Para o processo da coleta de dados, mantivemos frequente contato com os
estudantes, com seus pais e com o colégio – do qual recebemos autorização e apoio
para realizar a nossa pesquisa. Percorremos um período de três meses para
conseguir todos os consentimentos e assentimentos requeridos. Houve dificuldade,
entretanto, com o contato eletrônico, por e-mail, com os pais dos alunos. Também,
insistimos para os estudantes lembrarem-se de responderem ao termo de aceite por
e-mail, mesmo que com a negativa. Contudo, mais uma vez, os sujeitos envolvidos
127
mostraram-se favoráveis a este estudo, uma vez que aceitaram o compartilhamento
de suas fanfictions ou por meio do consentimento de seus pais. Destacamos também
o desafio enfrentado ao longo da redação desse trabalho certificando, em todos os
momentos, a valoração necessária aos processos teóricos, metodológicos, éticos e
de formação acadêmica (do professor-pesquisador) em um curto espaço de tempo
oferecido pelo programa de mestrado.
Ainda sobre o objeto da nossa análise, obtivemos um número expressivo de
textos (47 fanfictions) e respostas do questionário eletrônico (61 estudantes
responderam ao questionário, considerando que havia duas perguntas, totalizamos
122 textos de respostas). Com a utilização do programa Atlas.ti, fizemos um
levantamento de recorrência temática abordada pelos estudantes em suas fanfictions
e delimitamos a nossa análise em 27 fanfictions – com a temática central sobre
política. Entretanto, como necessitávamos das respostas do questionário eletrônico,
porém nem todos os estudantes-escritores desse grupo temático responderam às
questões, chegamos a 19 fanfictions para a nossa análise (incluindo as respectivas
respostas ao questionário eletrônico).
Para considerar os resultados obtidos em nossa pesquisa, retomamos os
objetivos desenhados para este estudo, que eram o de investigar como os repertórios
linguísticos de estudantes (em aulas de língua inglesa) são ampliados na produção
de fanfictions em consonância com a Cultura Participativa, bem como o de averiguar
quais affordances são propiciadas por meio de uma sequência didática construída à
luz da Pedagogia dos Multiletramentos, que culmina na produção de textos do gênero
fanfiction.
No mesmo sentido, resgatamos as perguntas de pesquisa para, então,
seguirmos com as considerações:
•
Como a escrita de fanfictions amplia o repertório linguístico dos alunos
em aulas de língua inglesa?
•
Como a escrita criativa ficcional de fanfictions contribui para a produção
de Cultura Participativa?
•
Quais affordances são propiciadas na produção de fanfictions?
•
Qual é a percepção dos alunos acerca da aprendizagem por meio dos
affordances propiciadas?
128
A escrita das fanfictions, em intertextualidade com a obra literária à luz da
Pedagogia dos Multiletramentos, mostrou-se campo produtivo para a nossa análise,
pois, por ser um gênero de circulação do estudante dessa faixa etária, conseguimos
observar a articulação discursiva e textual realizada em todos os textos. Percebemos
a ampliação do repertório linguístico dos alunos tanto na composição textual quanto
nas respostas às questões do questionário eletrônico, pois há mecanismos
enunciativos que denotam esse aspecto. Ademais, os parâmetros do mundo social e
subjetivo marcam a infraestrutura textual assim como o contexto de produção, com
isso, desenvolvendo os objetivos linguístico-discursivos estabelecidos ao curso de
inglês do nono ano.
Sobre a escrita de fanfictions, notamos que sua produção coadunou a Cultura
Participativa e a Pedagogia dos Multiletramentos de forma a considerar o aspecto
central e de grande relevância o estudante-escritor (autor) e permitir que, por meio
desse gênero, em interação com outros textos, a produção textual ressignificasse os
discursos entrelaçados em sua arquitetura. Ainda, a produção dessas narrativas
ficcionais favoreceu o compartilhamento dos interesses e conhecimentos dos
estudantes. Um gênero que é típico e genuinamente pertencente ao fandom (mundo
dos fãs) e aproxima-se do clássico e do ambiente educacional como forma cultural e
pedagógica do agir linguageiro e do ato comunicativo.
As perguntas do questionário eletrônico visaram oferecer oportunidade ao
educando de explicitar o processo de escolha temática e da relação intertextual
estabelecida com a obra original, clássica e canônica (como os ficwriters, ou escritores
de fanfiction, denominam a obra clássica da qual as fanfictions deste trabalho
derivaram ou com a qual elas se relacionaram). Identificamos, portanto, diversos
elementos textuais e discursivos que fortaleceram a interação e a representação
enunciativa de forma consciente, crítica e autônoma, a respeito do ato linguageiro na
produção de fanfictions em consonância com a Cultura Participativa, e sobre a
valorização do processo de aprendizagem segundo os movimentos pedagógicos e os
multiletramentos.
Nesse mesmo sentido, as affordances propiciadas desde o início do trabalho
literário (e com os procedimentos de leitura) que antecederam aquele com as
fanfictions (pela sequência didática elaborada), até a escrita em processo das
narrativas ficcionais e o compartilhamento delas, ao longo de todo esse processo,
129
destacamos as affordances oferecidas e organizadas em três tipos: ambientais,
tecnológicas e linguísticas (ver Quadro 7).
As respostas ao questionário eletrônico mostraram, de forma indireta, a
percepção dos alunos acerca das affordances propiciadas. Todavia destacamos a
perspectiva adotada neste trabalho, que toma o propiciamento de affordances no
processo ensino-aprendizagem como base para uma aprendizagem significativa e
torna os processos pedagógicos e educativos do ambiente escolar, em nosso caso, o
espaço propício para a aprendizagem. Dessa maneira, também celebramos a
conscientização crítica do processo de produção das fanfictions, como podemos
observar nas respostas ao questionário.
Sobre o aspecto da prática transformada resultante de um trabalho pedagógico
elaborado à luz da Pedagogia dos Multiletramentos, compreendemos que os
estudantes-autores verbalizaram, de forma responsável, consciente e crítica, acerca
do seu processo de aprendizagem e sobre a produção de fanfictions. As respostas ao
questionário denotaram tais aspectos. As ponderações hipotéticas nas sinopses das
fanfictions materializaram esses mecanismos enunciativos e discursivos sobre o agir
linguageiro, especificamente sobre o conteúdo temático (político).
Em suma, o design investigativo de nossa pesquisa abre caminho para
pesquisas
futuras
derivadas
de
princípios
epistemológicos
aproximados
e
procedimentos metodológicos semelhantes ao caminho desenhado neste trabalho.
Pesquisas que possam contribuir ainda mais para compreendermos o trabalho com
gêneros textuais contemporâneos, o aspecto dos multiletramentos em aulas de língua
inglesa e a perspectiva de repertórios que visa ampliar a mobilidade e as
possibilidades discursivas e agentivas do estudante no mundo. Aspectos esses que
são essenciais para futuros estudos derivados das premissas e dos direcionamentos
presentes na BNCC.
De modo particular, esta dissertação pode incentivar caminhos investigativos
sobre os processos de aprendizagem mais autônomos e críticos, mediante
proposições acadêmicas e pedagógicas da Pedagogia dos Multiletramentos e pode,
também, expandir o alcance das pesquisas sobre o propiciamento de affordances
para a aprendizagem.
130
REFERÊNCIAS
ADAM, J. M. Éléments de linguistique textuelle. Liège: Mardaga, 1990. In:
BRONCKART, J. P. Atividade de Linguagem, textos e discursos: por um
interacionismo sóciodiscursivo. Trad. Anna Rachel Machado. São Paulo: Educ,
1999. p. 225.
ARONIN, L.; JESSNER, U. Spacetimes of Multilingualism. In: DAGMARA, G. et al.
(Eds.). Researching Second Language Learning and Teaching from a
Psycholoinguistic Perscpective. Studies in Honour of Danuta Gabrys-Baker
(23-35). Berlin: Springer International Publishing, 2016. Disponível em:
https://www.academia.edu/25615244/Spacetimes_of_Multilingualism Acesso em: 28
jul. 2023.
ARONIN, L.; SINGLETON, D. Affordances theory in multilingualism studies.
Studies in Second Language Learning and Teaching. Poznan, Polonia:
Department of English Studies, Faculty of Pedagogy and Fine Arts, Adam Mickiewicz
University, 2012. Disponível em: http://www.ssllt.amu.edu.pl Acesso em: 26 jul. 2023.
AZZARI, E. F.; CUSTÓDIO, M. A. Fanfics, Google Docs... a produção textual
colaborativa, In: ROJO, R. (Org.). Escol@ conectada: os multiletramentos e as
TICs. São Paulo: Parábola, 2013. p. 73.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 6. ed. São Paulo Martins Fontes, 2011.
BAMMAN, D.; MILLA, S. Beyond Canonical Texts: a computational analysis of
Fanfiction. In: PROCEEDINGS OF THE 2016 CONFERENCE ON EMPIRICAL
METHODS IN NATURAL LANGUAGE PROCESSING. Anais... Austin, Texas, EUA,
2016. p. 2048-2053.Disponível em: https://aclanthology.org/D16-1218 Acesso em: 20
jul. 2023.
BLOOMAERT, J. The Sociolinguistics of Globalization. Globalization, superdiversity and multilingualism. Cambridge: Cambridge University Press, 2010a.
Disponível em: https://www.cambridge.org/core/books/sociolinguistics-ofglobalization/6A394CC8645B1BF34C56147896739121. Acesso em: abr. 2023.
BLOOMAERT, J. The Sociolinguistics of Globalization. Repertoires and
competence. Cambridge: Cambridge University Press, 2010b. Disponível em:
https://www.cambridge.org/core/books/sociolinguistics-ofglobalization/6A394CC8645B1BF34C5614789673912 Acesso em: abr. 2023.
BLOMMAERT, J.; BACKUS, A. Superdiverse Repertoires and the Individual.
Multilingualism and Multimodality - Current Challenges for Educational Studies. The
Future of Education Research, Holanda, v. 2, 2013.
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(INEP). ENEM Redações 2019 – Material de Leitura. Módulo 04. Competência II.
Disponível em:
131
https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2020/Competencia_
2.pdf Acesso em: 03 jul. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Brasília: MEC, 2018. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_sit
e.pdf Acesso em: 28 jul. 2023.
BRONCKART, J. P. Teorias da linguagem: nova introdução crítica. Trad. Luzia
Bueno et al. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2021.
BRONCKART, J. P. O agir nos discursos: das concepções teóricas às concepções
dos trabalhadores. Trad. Anna Rachel Machado, Maria de Lourdes Meirelles
Matencio. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2008.
BRONCKART, J. P. Atividade de linguagem, discurso e desenvolvimento
humano. Campinas: Mercado das Letras, 2006a.
BRONCKART, J. P. Interacionismo Sóciodiscursivo: uma entrevista com Jean Paul
Bronckart. Revista Virtual de Estudos da Linguagem – ReVEL, [s. l.], v. 4, n. 6,
mar. 2006b.
BRONCKART, J. P. Atividade de Linguagem, textos e discursos: por um
interacionismo sóciodiscursivo. Trad. Anna Rachel Machado. São Paulo: Educ,
1999.
BRONCKART, J. P.; BRONCKART, E. B. (Org.). As unidades semióticas em ação:
estudos linguísticos e didáticos na perspectiva do interacionismo sociodiscursivo.
Campinas, SP: Mercado de Letras, 2017.
BUCKINGHAM, D. The Media Education Manifesto. Cambridge, Reino Unido:
Polity Press, 2019. Versão Kindle.
BUSCH, B. Linguistic repertoire and Spracherleben, the lived experience of
language. Working Papers in Urban Language & Literacies, Paper 148. 2015.
Disponível em:
https://heteroglossia.net/fileadmin/user_upload/publication/WP148_Busch_2015_Lin
guistic_repertoire_and_Spracherleben-libre.pdf Acesso em: abr. 2023.
BUSCH, B. The linguistic repertoire revisited. Applied Linguistics, Oxford, v. 33, n.
5, 2012. doi: http://doi10.1093/applin/ams056
DALVI, M. A.; REZENDE, N. L.; JOVER-FALEIROS, R. (Orgs.). Leitura de literatura
na escola. [Recurso eletrônico]. São Paulo: Parábola, 2020.
DANIELS, H. Literature Circles: Voice and Choice in Book Clubs and Reading
Groups. 2. ed. Ontário, Canadá: Pembroke Publishers, 2002.
132
FIORIN, J. L. Modalização: da língua ao discurso. ALFA: Revista de Linguística,
São Paulo, v. 44, 2001. Disponível em:
https://periodicos.fclar.unesp.br/alfa/article/view/4204 Acesso em: 4 jan. 2024.
GIBSON, J. J. The Ecological Approach to Visual Perception. Classic Edition.
New York, EUA: Psychology Press, 2015.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
GRUPO NOVA LONDRES - GNL. Uma Pedagogia dos Multiletramentos: Projetando
Futuros Sociais. Tradução de Deise Nancy de Morais, Gabriela Claudino Grande,
Rafaela Salemme Bolsarin Biazotti, Roziane Keila Grando. Revista Linguagem em
Foco, Fortaleza, CE, v.13, n.2, p. 101-145, 2021. Disponível em:
https://revistas.uece.br/index.php/linguagemem-foco/article/view/5578 Acesso em: 2
jul. 2022.
GUIMARÃES, A. M. M.; MACHADO, A. R.; COUTINHO, Antónia (Orgs.). O
interacionismo sociodiscursivo: questões epistemológicas e metodológicas.
Campinas, SP: Mercado de Letras, 2007.
GUMPERZ. J. J. Discourse Strategies. Cambridge: Cambridge University Press,
1982.
GUMPERZ, J. J. Linguistic and social interaction in two communities. American
Anthropologist, New Jersey, v. 66, n. 6, p. 137-153, 1964. Disponível em:
https://www.jstor.org/stable/668168 Acesso em: 28 jul. 2023.
HÉBERT, M. Co-elaboration of meaning in peer-led literature circles in secondary
school: The interplay between reading modes, quality of talk, and collaboration
modes. L1-Educational Studies in Language and Literature, Exeter, Reino Unido,
v. 8, n. 3, p. 23-55, 2008. Disponível em: https://l1research.org/article/view/264
Acesso em: 15 out. 2023.
JENKINS, H. Welcome to Convergence Culture. In: CONFESSIONS of An ACAFAN. 2016. Disponível em:
http://henryjenkins.org/blog/2006/06/welcome_to_convergence_culture.html Acesso
em: 09 set. 2021.
JENKINS, H. Cultura da Convergência. Trad. Susana Alexandria. São Paulo:
Editora Aleph, 2009.
JENKINS, H. Confronting the Challenges of Participatory Culture: Media
Education for the 21st Century. Chicago: John D. and Catherine T. MacArthur
Foundation, 2006a. Disponível em: https://newlearningonline.com/literacies/chapter7/jenkins-on-participatory-culture Acesso em: 28 jul. 2023.
JENKINS, H. Convergence Culture. Where old and new media collide. New York:
EUA, 2006b.
133
JENKINS, H. Textual Poachers – Television Fans and Participatory Culture. New
York/London: Routledge, 1992.
JOVER-FALEIROS, R. O que se ensina quando se ensina literatura? Considerações
sobre a constituição de um objeto. Estudos de Literatura Brasileira
Contemporânea, [s. l.], n. 57, p. 1-10, 2019. doi: http://10.1590/2316-4018575
Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/estudos/article/view/25930 .
Acesso em: 15 out. 2023.
KOCH, I. G. V. O texto e a construção dos sentidos. 3. ed. São Paulo: Contexto,
2000.
KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os sentidos do texto. 2. ed. São
Paulo: Contexto, 2008.
LARSEN-FREEMAN, D.; CAMERON, L. Complex Systems and Applied
Linguistics. Oxford: Oxford University Press, 2008.
LERNER, D. Ler e escrever na escola – o real, o possível e o necessário. Trad.
Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2002.
LIBERALI, F. O Brincar no Multiletramento Engajado para a construção de Práticas
Insurgentes. Revista de Estudos em Educação e Diversidade, Vitória da
Conquista, BA. v. 2, n. 6, p. 1-26, out./dez. 2021. Disponível em:
http://periodicos2.uesb.br/index.php/reed Acesso em: 2 jul. 2022.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia do trabalho científico. 7. ed. São
Paulo: Atlas, 2010.
MARQUES, J. P. A “Observação participante” na pesquisa de campo em Educação.
Educação em Foco, Belo Horizonte, MG, Ano 19, n. 28, p. 263-284, maio/ago.
2016. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3152710/mod_resource/content/1/Observaca
o%20participante.pdf Acesso em: 26 jul. 2023.
MARTINES, R. S. et al. O uso das TICS como recurso pedagógico em sala de aula.
Educação e Tecnologias – inovação em cenários em transição. In: CONGRESSO
INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS (CIET). ENCONTRO DE
PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (ENPED). Anais... São Carlos,
São Paulo: maio de 2018. Disponível em:
https://cietenped.ufscar.br/submissao/index.php/2018/article/view/337 Acesso em: 3
jul. 2023.
MEGALE, A.; LIBERALI, F. (Orgs.). Alfabetização, Letramento e Multiletramentos
em Tempos de Resistência. São Paulo: Campinas, Pontes Editores, 2019.
MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 33. ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
ORWELL, G. Animal Farm. New York, EUA: Signet Classics, 2020a.
134
ORWELL, G. A Fazenda dos Animais. Trad. Paulo Henriques Britto. São Paulo:
Companhia das Letras, 2020b.
ORWELL, G. A Revolução dos Bichos. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
Versão Kindle.
PAIVA, V. L. M. O. Propiciamento (affordance) e autonomia na aprendizagem de
língua inglesa. In: LIMA, D. C. Aprendizagem de língua inglesa: histórias refletidas.
Vitória da Conquista: Edições UESB, 2009. Disponível em:
http://www.veramenezes.com/publicacoes.html Acesso em: 26 jul. 2023.
QUEIROZ, L. Decolonialidade e Concepções de Língua – Uma crítica linguística
e educacional. Campinas, SP: Pontes Editores, 2020.
RESENDE, D. C. P. O Gênero Textual “Comentário Argumentativo Do
Facebook” No Ensino De Língua Inglesa. 2019. Dissertação (Mestrado em
Ensino) - Universidade Estadual do Norte do Paraná. Cornélio Procópio, 2019.
ROCHA, C. H.; MEGALE, A. H. Translinguagem e seus atravessamentos: da
história, dos entendimentos e das possibilidades para decolonizar a educação
linguística contemporânea. Revista DELTA: Documentação de Estudos em
Linguística Teórica e Aplicada, São Paulo, v. 39, n. 2, , 2023. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/delta/i/2023.v39n2/ Acesso em: 19 set. 2023.
ROJO, R. (Org.). Escol@ conectada: os multiletramentos e as TICs. São Paulo:
Parábola, 2013.
ROJO, R.; MOURA, E. (Orgs.). Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola
Editorial, 2012.
ROSA, A. A. C. Novos letramentos, novas práticas? Um estudo das apreciações
de professores sobre multiletramentos e novos letramentos na escola. 2016.
203f. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) – UNICAMP, Campinas, São Paulo,
2016.
ROUXEL, A. Aspectos metodológicos do ensino da literatura. Trad. Neide Luzia de
Rezende. In: DALVI, M. A.; REZENDE, N. L.; JOVER-FALEIROS, R. (Orgs.). Leitura
de literatura na escola [Recurso eletrônico]. São Paulo: Parábola, 2020.
SACHS, R. S. Incesto e Fan Fiction – entre interdito e transgressão. Campinas,
SP: Ofícios Terrestres Edições, 2021.
SCARANTINO, A. Affordances explained. Philosophy of Science, Cambridge, v.
70, p. 949-961, 2002. doi: http://doi:10.1086/377380
SILVA, A. T. Affordances e Restrições na Interação Interpessoal Escrita Online
durante a aprendizagem de Inglês como Língua Estrangeira. 2015. 526f. Tese
(Doutorado em Letras) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades,
135
Departamento de Letras Vernáculas, Programa de Pós-Graduação em Linguística,
Fortaleza, 2015.
SKAAR, H. Affordances of writing in digital media in and out of school – Comparing
Norwegian 5th-graders’ practices in 2005 and 2017. Nordic Journal of Literacy
Research, [s. l.], v. 6, n. 3, p. 70-90, 2020. doi:
http://dx.doi.org/10.23865/njlr.v6.2034
STRIQUER, M. S. D. O método de análise de textos desenvolvido pelo
Interacionismo Sociodiscursivo. Eutomia, Recife, v. 14, n.1, p. 313-334, dez. 2014.
Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/EUTOMIA/article/view/523 Acesso
em: 16 jul. 2022.
STUBBS, M. Discourse Analysis: The sociolinguistic analysis of natural language.
Oxford: Basil Blackwell, 1983.
THE NEW LONDON GROUP. A Pedagogy of Multiliteracies: Designing Social
Futures. Harvard Educational Review, Massachusetts, v. 66, n. 1, 1996. Disponível
em: https://www.sfu.ca/~decaste/newlondon.htm Acesso em: 2 jul. 2022.
VAN LIER, L. Ecological-semiotic perspectives on educational linguistics. In:
SPOLSKY, B.; HULT, F. M. (Eds.). The Handbook of Educational Linguistics.
Malden, MA: Blackwell, 2008. p. 596-605.
VAN LIER, L. The Ecology and Semiotics of Language Learning - A
Sociocultural Perspective. EUA: Kluwer Academic Publishers, 2004.
VAN LIER, L. From Input to affordance: social-interactive learning from an ecological
perspective. In: LANTOLF, J.P. (Ed.). Sociocultural theory and second language
learning. Oxford: OUP, 2000. p. 145-259.
VASCONCELOS, M. L. M.; MARTINS, V. B. Linguagem digital na escola: projetos
educacionais. São Paulo: Editora Mackenzie, 2019.
136
APÊNDICE A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP
PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
DADOS DO PROJETO DE PESQUISA
Título da Pesquisa: Fan Fiction e Cultura Participativa em aulas de Língua Inglesa
Pesquisador: ANTONIETA HEYDEN MEGALE SIANO
Área Temática:
Versão: 2
CAAE: 60362222.3.0000.5505
Instituição Proponente: Universidade Federal de São Paulo
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio
DADOS DO PARECER
Número do Parecer: 5.656.118
Apresentação do Projeto:
Projeto CEP/UNIFESP n: 0620/2022 (parecer final)
Projeto de Mestrado de Alexandre Rodrigues Nunes
Orientadora Profa. Dra. Antonieta Heyden Megale Siano
Projeto vinculado ao Departamento de Letras, Guarulhos (Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas),
Unifesp.
Este projeto foi avaliado pelo Núcleo Especializado em Pesquisas em Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas (NEPCHS).
-As informações elencadas nos campos "apresentação do projeto", "objetivo da pesquisa", "avaliação dos
riscos e benefícios", e “considerações sobre os termos de apresentação obrigatória” foram retiradas do
arquivo Informações Básicas da Pesquisa (PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_PROJETO_1970753.pdf
postado em 26/06/2022); e do arquivo do projeto detalhado enviado (Projeto_de_Pesquisa_Alexandre.pdf
postado em 26/06/2022).
APRESENTAÇÃO:
Este projeto de pesquisa tem como objetivo o estudo do gênero fan fiction à luz da pedagogia dos
multiletramentos como discutido pela Rojo (2012) a partir da cultura participativa. (JENKINS, 2009).
Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557
Bairro: VILA CLEMENTINO
CEP: 04.023-900
UF: SP
Município: SAO PAULO
Telefone: (11)5571-1062
Fax: (11)5539-7162
E-mail:
[email protected]
Página 01 de 18
137
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP
Continuação do Parecer: 5.656.118
Este estudo será realizado por meio da proposição de uma sequência didática desenvolvida em
consonância com a pedagogia dos multiletramentos (ROJO, 2012; The New London Group, 1996)
focalizando a prática transformada em confluência com a produção colaborativa/participativa. Desta forma, o
estudo centraliza o olhar investigativo nos temas levantados pelos jovens do nono ano do ensino
fundamental de uma escola privada da cidade de São Paulo em suas narrativas ficcionais midiáticas e
publicadas em uma plataforma de circulação de fan fictions. A pesquisa tem como objetivo investigar como
os repertórios linguísticos de estudantes de inglês são ampliados na produção midiática em consonância
com a cultura participativa e investigar quais affordances são propiciadas por meio de uma sequência
didática elaborada à luz da pedagogia dos multiletramentos que culmina na produção de textos do gênero
fan fiction. A análise dos dados será realizada a partir dos conteúdos temáticos como proposto por Bronckart
(2009).
HIPÓTESE:
1. Alunos contribuem com a construção da cultura participativa de forma a olhar o gênero da fan fiction como
uma forma de manifestar temas e/ou conteúdos temáticos que são de extrema relevância e de seus
interesses?
2. O estudo da fan fiction por meio da pedagogia dos multiletramentos possibilita a aprendizagem da língua
inglesa de forma mais crítica e significativa?
3. As affordances são propiciadas/mobilizadas pelos alunos no estudo das fan fictions por meio da
pedagogia dos multiletramentos e permitem maior aprendizagem crítica e consciente?
Objetivo da Pesquisa:
OBJETIVOS GERAIS:
Investigar como os repertórios linguísticos de estudantes de inglês são ampliados na produção midiática em
consonância com a Cultura Participativa e investigar quais affordances são propiciadas por meio de uma
sequência didática elaborada à luz da pedagogia dos multiletramentos que culmina na produção de textos
do gênero fan fiction.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Para alcançar o objetivo geral proposto, as questões de pesquisa a seguir delimitam os objetivos específicos
que encaminham esse projeto de pesquisa:
a. Como a escrita de fan fictions amplia o repertório linguístico dos alunos em aulas de língua
Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557
Bairro: VILA CLEMENTINO
CEP: 04.023-900
UF: SP
Município: SAO PAULO
Telefone: (11)5571-1062
Fax: (11)5539-7162
E-mail:
[email protected]
Página 02 de 18
138
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP
Continuação do Parecer: 5.656.118
inglesa?
b. Como a escrita criativa ficcional de fan fictions contribui para a produção de cultura participativa?
c. Quais affordances são propiciadas na produção de fan fictions?
d. Qual é a percepção dos alunos acerca da aprendizagem por meio das affordances apropriadas?
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
Riscos:
Consideramos que há alguns riscos pertinentes ao estudo para com os estudantes envolvidos, como a
associação que eles podem fazer de suas participações (ou não) à pesquisa com as notas/os conceitos
obtidos de suas produções textuais. Esse ponto será reforçado nos documentos de assentimento e
consentimento, pois em nenhum momento haverá associação da pesquisa à qualidade da produção e aos
objetivos educacionais e pedagógicos estabelecidos pelo professor. Ainda, durante todo o processo de
aplicação da sequência didática e da coleta de dados será respeitado o direito de sigilo de informações
pessoais e privadas conforme a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)11, pois para essa
pesquisa, reforçamos que somente trataremos das produções textuais dos alunos e de suas respostas nos
questionários.
Benefícios:
Compreendemos que essa pesquisa poderá fomentar a discussão sobre a multimodalidade, o
multiletramento, o letramento digital, produções escritas digitais, a Cultura Participativa, e problematizar as
questões de uma aprendizagem crítica tanto para área de Linguagem em Novos Contextos, quanto em
áreas da educação, do letramento, de Letras que abordam temas relacionados. Desta forma, acreditamos
que aos alunos participantes dessa pesquisa, suas produções escritas com foco pedagógico serão
contempladas em um processo de pesquisa acadêmica fortalecendo a importância da produção escolar que
também se torna parte da pesquisa acadêmica. Ao pesquisador/professor que fará parte da observação
participante, o benefício será duplo, pois sua prática pedagógica será interpolada e poderá usufruir muito do
estudo, e ao mesmo tempo, poderá contribuir para estudos posteriores.
Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:
TIPO DE ESTUDO:
Pesquisa qualitativa com a ‘observação participante’.
Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557
Bairro: VILA CLEMENTINO
CEP: 04.023-900
UF: SP
Município: SAO PAULO
Telefone: (11)5571-1062
Fax: (11)5539-7162
E-mail:
[email protected]
Página 03 de 18
139
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP
Continuação do Parecer: 5.656.118
LOCAL: A pesquisa será realizada em um colégio particular na cidade de São Paulo, na região da Zona
Oeste, que comporta aproximadamente 800 alunos do ensino fundamental 2 - Colégio Santa Cruz.
PARTICIPANTES: Os participantes desta investigação são 100 alunos do nono ano do ensino fundamental
2 que têm idades de 14 e 15 anos. São alunos do denominado G2. Apresentam nível de proficiência em
língua inglesa, em sua maioria, do B2 (Usuário Independente) ao C1 (Proficiência Operativa Eficaz). Há
alguns alunos que são B1 (Intermediário) e que ao longo da escolaridade do ciclo foram reclassificados
como alunos do G2.
Alunos do ensino fundamental 2, com idades de 14 e 15 anos.
- Critério de Inclusão: Haverá uma seleção das fan fictions escritas pelos alunos seguindo os critérios de
aceite da participação da pesquisa pelo aluno e pelo seu responsável, e da completude da produção
finalizada e postada dos textos no blog (Tumblr).
- Critério de Exclusão: O critério de exclusão será condizente ao não aceite do aluno ou do responsável em
participar da pesquisa e a não completude da produção escrita da Fan Fiction e não publicada. Como a
produção escrita será feita em duplas ou trios, se algum membro do grupo decidir não participar da
pesquisa, a produção textual do grupo será excluída
PRIMEIRO CONTATO COM OS/AS PARTICIPANTES, E COM SEUS RESPONSÁVEIS: será apresentado
esse estudo para os alunos do grupo denominado “G2” por meio de uma apresentação de slides como parte
introdutória dos estudos do gênero fan fiction e como abertura da sequência didática a ser desenvolvida.
Explicaremos aos alunos que eles têm total liberdade de aderirem ou não à pesquisa concordando em
disponibilizar seus textos para o corpus dessa pesquisa. Ainda, reforçaremos que eles poderão desistir da
pesquisa em qualquer momento. Do assentimento, eles participarão do questionário que será aplicado após
a conclusão da sequência didática. Em todo o momento, o anonimato será garantido aos alunos
- Como os estudantes são menores de 18 anos de idade,suas famílias receberão um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) com as mesmas informações que os alunos receberão,
reforçando que em nenhum momento informações pessoais e particulares dos alunos serão requeridas ou
utilizadas, somente suas produções textuais e as respostas dos questionários. Também, em consonância ao
processo ético da pesquisa acadêmica, os pais dos alunos podem concordar ou não com a participação da
pesquisa em qualquer momento dela.
Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557
Bairro: VILA CLEMENTINO
CEP: 04.023-900
UF: SP
Município: SAO PAULO
Fax: (11)5539-7162
Telefone: (11)5571-1062
E-mail:
[email protected]
Página 04 de 18
140
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP
Continuação do Parecer: 5.656.118
- O colégio receberá uma carta solicitando a permissão da realização da pesquisa com as mesmas
explicações, acrescida a solicitação de auxílio da coordenação no envio dos TCLE para as famílias dos
alunos por meio digital.
- A todo momento será respeitado o direito de sigilo de informações pessoais e privadas conforme a Lei
Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)10, pois para essa pesquisa, reforçamos que somente
trataremos das produções textuais dos alunos e de suas respostas nos questionários
2.
PROCEDIMENTOS:
- Nesta pesquisa, será desenvolvida, pelo pesquisador, uma sequência didática à luz da pedagogia dos
multiletramentos (ROJO e MOURA, 2012; SILVA, 2016; THE NEW LONDON GROUP, 1996; dentre outros)
em que o produto final será uma fan fiction (JENKINS, 2009; SACHS, 2019)). A leitura crítica e análise da
obra de George Orwell (Animal Farm) que acontece ao longo e em conjunto com a sequência didática, fará
parte da produção das fan fictions por meio da intertextualidade e dos aspectos típicos do gênero fan ficction
e da Cultura Participativa.
- A pesquisa apresenta um método de ‘observação participante’, pois compreendemos que não há
neutralidade de um pesquisador ao realizar um estudo no ambiente em que ele é inscrito como membro
atuante, neste caso, como professor e pesquisador que designa seu lócus e seu objeto os mesmos de sua
atuação, e com os mesmos educandos participantes da pesquisa, que outrora, eram/são seus alunos.
Portanto, essa pesquisa terá uma abordagem qualitativa com a perspectiva de um pesquisador que também
é um ‘observador participante’.
- A escrita da fan fiction será feita em duplas ou trios, com aproximadamente 40 produções textuais no total.
Após a publicação das fan fictions em um blog (Tumblr), os alunos preencherão um questionário (Google
Forms) com perguntas acerca da escolha das temáticas de suas produções e abordaremos os conceitos de
propiciamento, affordances para a compreensão da percepção do estudante acerca de maior autonomia e
criticidade na aprendizagem de língua inglesa por meio da escrita ficcional e digital de fan fictions.
- Ao término das etapas da sequência didática, ele/ela formará pequenos grupos (duplas ou trios) para, de
forma colaborativa, produzirem uma fan fiction que expresse intertextualidade com a obra literária. Essa
produção será publicada em um blog (Tumblr) da turma do nono ano, com a finalidade de leitura e
compartilhamento exclusivos aos alunos da série. A sequência didática terá duração aproximada de três
semanas e a leitura da obra de aproximadamente um mês. O tempo didático tem flexibilidade, mas será
ajustado com a finalidade de proporcionar o processo da
Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557
Bairro: VILA CLEMENTINO
CEP: 04.023-900
UF: SP
Município: SAO PAULO
Fax: (11)5539-7162
Telefone: (11)5571-1062
E-mail:
[email protected]
Página 05 de 18
141
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP
Continuação do Parecer: 5.656.118
pesquisa juntamente com os objetivos do curso do nono. O estudante responderá um questionário (Google
Forms) após a produção e publicação das fan fictions como parte final desse caminho didático e
metodológico.
(mais informações, ver projeto detalhado).
Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:
O parecer emitido pelo Sistema CEP/Conep é o documento oficial de aprovação do sistema CEP/CONEP,
disponibilizado apenas por meio da Plataforma Brasil. No CEP-Unifesp o parecer é fortemente baseado nos
textos do protocolo encaminhado pelos pesquisadores e pode conter, inclusive, trechos transcritos
literalmente do projeto ou de outras partes do protocolo. Trata-se, ainda assim, de uma interpretação do
protocolo. Caso algum trecho do parecer não corresponda ao que efetivamente foi proposto no protocolo, os
pesquisadores devem se manifestar sobre esta discrepância. A não manifestação dos pesquisadores será
interpretada como concordância com a fidedignidade do texto do parecer no tocante à proposta do
protocolo.
1-Foram apresentados adequadamente os principais documentos: folha de rosto; projeto completo; cópia do
cadastro CEP/UNIFESP, orçamento financeiro e cronograma.
2-Outros documentos importantes anexados na Plataforma Brasil:
a.
Carta de autorização do Colégio Santa Cruz: Carta_de_Anuencia_Institucional_assinada.pdf postada
em 26/06/2022.
b.
Termo de assentimento: Termo_Assentimento_Alexandre.docx postado em 26/06/2022.
3– O modelo do registro de consentimento foi apresentado pelo(a) pesquisador(a) postado em 26/06/2022.
4-
O
MODELO
E
LINK
DO
QUESTIONÁRIO
ESTÁ
NA
CARTA
RESPOSTA:
https://docs.google.com/forms/d/1z1mNJ1huhLu4LgXCluLJ4UJGIEFsUjkZ7ar_Y1AH7Vs/edit?usp=sharing
Recomendações:
RECOMENDAÇÃO 1- É obrigação do pesquisador desenvolver o projeto de pesquisa em completa
conformidade com a proposta apresentada ao CEP. Mudanças que venham a ser necessárias após a
aprovação pelo CEP devem ser comunicadas na forma de emendas ao protocolo por meio da Plataforma
Brasil.
Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557
Bairro: VILA CLEMENTINO
CEP: 04.023-900
UF: SP
Município: SAO PAULO
Telefone: (11)5571-1062
Fax: (11)5539-7162
E-mail:
[email protected]
Página 06 de 18
142
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP
Continuação do Parecer: 5.656.118
RECOMENDAÇÃO 2- A partir da data de aprovação, é necessário o envio de relatórios parciais
(semestralmente), e o relatório final, quando do término do estudo, por meio de notificação pela Plataforma
Brasil. Os pesquisadores devem informar e justificar ao CEP a eventual necessidade de suspensão
temporária ou suspensão definitiva da pesquisa. Intercorrências e eventos adversos também devem ser
relatados ao CEP-Unifesp por meio de notificação na Plataforma Brasil.
RECOMENDAÇÃO 3- Os pesquisadores deverão tomar todos os cuidados necessários relacionados à
coleta dos dados, assim como, ao armazenamento dos mesmos, a fim de garantir o sigilo e a
confidencialidade das informações relacionadas aos participantes da pesquisa. É recomendado fazer o
download dos dados coletados para um dispositivo eletrônico local, apagando todo e qualquer registro de
qualquer plataforma virtual, ambiente compartilhado ou "nuvem". Os documentos do protocolo de pesquisa
(arquivos de fichas, termos, dados e amostras) devem ser mantidos sob sua guarda por pelo menos 5 anos
após o término da pesquisa.
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:
Respostas ao parecer nº 5554419 de 01 de Agosto de 2022. PROJETO APROVADO.
Título da Pesquisa: Fan Fiction e Cultura Participativa em aulas de Língua Inglesa
Pesquisador Responsável: Antonieta Heyden Megale Siano
CAAE: 60362222.3.0000.5505
RESPOSTA DE PENDÊNCIAS
PENDÊNCIA 1. Verificamos que ha um assistente de pesquisa cadastrado na Plataforma Brasil (Alexandre
Rodrigues Nunes), entretanto o nome do mestrando não consta na capa do projeto detalhado. É importante
que o Alexandre Rodrigues Nunes apareça na capa do projeto, favor incluir.
RESPOSTA 1: Corrigido conforme a orientação acima. Texto acrescido na capa “Assistente de Pesquisa:
Alexandre Rodrigues Nunes”.
PENDÊNCIA ATENDIDA
Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557
Bairro: VILA CLEMENTINO
CEP: 04.023-900
UF: SP
Município: SAO PAULO
Telefone: (11)5571-1062
Fax: (11)5539-7162
E-mail:
[email protected]
Página 07 de 18
143
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP
Continuação do Parecer: 5.656.118
PENDÊNCIA 2. Em relacao ao cronograma:
a. O cronograma informado no formulario de informacoes basicas indica que parte do estudo ja sera iniciada
antes da aprovacao do protocolo (fase de aprovacao + Aplicacao da Sequencia didatica– inicio 22/08/2022).
Adequar o formulario. Lembramos que nenhum estudo pode ser iniciado antes da aprovacao pelo
CEP/UNIFESP (Norma Operacional CNS no 001 de 2013, item 3.3.f).
RESPOSTA 2: Corrigido conforme a orientação acima. Alteração realizada no cronograma do documento
Projeto Detalhado “Projeto_de_Pesquisa_Alexandre_v2_9ago2022” e no documento anexo
“Cronograma_Alexandre_v2_9ago2022”.
PENDÊNCIA ATENDIDA
PENDÊNCIA 3. Nao localizamos o modelo de questionario que sera aplicado ao final das atividades
didaticas. Solicitamos: a. Enviar o modelo de questionario que sera utilizado, pois conforme orientacao da
CONEP, qualquer teor de entrevista ou questionario utilizado em uma pesquisa deve ser analisado pelo
CEP e deve ficar anexado na Plataforma Brasil, junto a todos os outros documentos.
a. Que disponibilizem o link aberto com o questionario no Google Forms para verificacao pelos/as
relatores/as. Lembramos que no cadastro destes formularios online os pesquisadores devem se certificar de
solicitar apenas os dados dos participantes que sao necessarios para a pesquisa.
RESPOSTA 3: Sobre os itens acerca do questionário de pesquisa (Google Forms):
a .
E n v i a m o s
o
l i n k
a b e r t o
c o m o
e d i t o r :
https://docs.google.com/forms/d/1z1mNJ1huhLu4LgXCluLJ4UJGIEFsUjkZ7ar_Y1AH7Vs/edit?usp=sharing
PENDÊNCIA ATENDIDA
PENDÊNCIA 4. Pedimos que detalhem na metodologia quais atividades ja estavam previstas na
programacao das aulas, e quais serao as atividades especificas da pesquisa, indicando as diferencas entre
ambas. Essa informacao devera ser incluida tambem no modelo de registro de consentimento destinado aos
pais/responsaveis, e no modelo do termo de assentimento destinado aos menores.
RESPOSTA 4: Corrigido conforme a orientação acima. Alteração realizada no documento Projeto
Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557
Bairro: VILA CLEMENTINO
CEP: 04.023-900
UF: SP
Município: SAO PAULO
Telefone: (11)5571-1062
Fax: (11)5539-7162
E-mail:
[email protected]
Página 08 de 18
144
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP
Continuação do Parecer: 5.656.118
Detalhado “Projeto_de_Pesquisa_Alexandre_v2_9ago2022” e nos TCLE aos pais/responsáveis e de
Assentimento aos alunos, documentos anexos respectivamente “TCLE_Unifesp_Alexandre_v2_9ago2022” e
“Termo_Assentimento_Alexandre_v2_9ago2022”.
PENDÊNCIA ATENDIDA
PENDÊNCIA 5. Solicitamos que informem, na metodologia, se todos os procedimentos propostos serao
realizados durante o horario de aula, ou se os alunos terao que comparecer na escola em outro horario para
alguma etapa. E se realizados durante a aula, como sera caso alguem nao queira aderir a pesquisa (ficara
fora da sala?).
ORIENTACAO: Caso tenham que se locomover (ir ate a escola em outro horario), esclarecemos que, de
acordo com as Resolucoes da Conep, todos os gastos com transporte e alimentacao serao de
responsabilidade dos pesquisadores (Resolucao CNS 510/2016, Art. 9o, VII), portanto, neste caso, e
necessario incluir esta informacao no campo "orcamento" do formulario de informacoes basicas do projeto e
no TCLE.
RESPOSTA 5: Todos os procedimentos (atividades e etapas) da sequência didática serão realizados em
consonância com os objetivos do curso de Inglês do 9º ano no horário de aula, pois não são atividades
exclusivas desse estudo. Contudo, como exclusivamente o preenchimento do questionário (Google Forms)
será feito pelos alunos optantes por participar da pesquisa, eles receberão um e-mail com o link do
questionário e farão isso em horário que não é horário de aula deles. Alteração realizada no documento
Projeto Detalhado “Projeto_de_Pesquisa_Alexandre_v2_9ago2022”.
PENDÊNCIA ATENDIDA
PENDÊNCIA 6. Nesta pesquisa foi proposta a participacao de adolescentes. Lembramos que o
consentimento do participante da pesquisa devera ser particularmente garantido aquele que, embora
plenamente capaz, esteja exposto a condicionamentos especificos, ou sujeito a relacao de autoridade ou de
dependencia, caracterizando situacoes passiveis de limitacao da autonomia (Art. 11 da Resolucao CNS
510/2016). Assim, descrever quais cuidados serao tomados pelos/as pesquisadores para que os
participantes tenham plena liberdade de decidir sobre a participacao na pesquisa, uma vez que podem estar
em situacao de influencia de autoridade passivel de limitacao de autonomia.
Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557
Bairro: VILA CLEMENTINO
CEP: 04.023-900
UF: SP
Município: SAO PAULO
Telefone: (11)5571-1062
Fax: (11)5539-7162
E-mail:
[email protected]
Página 09 de 18
145
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP
Continuação do Parecer: 5.656.118
RESPOSTA 6: Em concordância com as resoluções apresentadas e os riscos descritos nessa pesquisa,
após a apresentação desse estudo aos alunos (que será feita durante alguns minutos de uma aula) e a após
a explicação oral dos pontos éticos inerentes de uma pesquisa com esse caráter, o professor/pesquisador
irá assegurar oralmente que não há implicação negativa na opção do aluno em não participar e oferecerá
que ele possa colocar seu nome em uma lista de alunos que optem por participar e, em caso de que o aluno
ainda tenha alguma dúvida antes de sua escolha, o professor assegurará em sua fala que o aluno poderá
procurar o professor após o período de aula para sanar suas dúvidas e decidir por participar ou não.
PENDÊNCIA ATENDIDA
PENDÊNCIA 7. Sobre a publicacao em blog (Tumblr), explicar:
a. Em qual Tumblr sera publicado, o (a) autor(a) do blog foi contactado e autorizou?
b. Foi indicado que as fan fictions serao publicadas, sera o texto integral? E quais outras informacoes serao
compartilhadas?
c. Foi indicado que a publicacao tera a finalidade de leitura e compartilhamento exclusivos aos alunos da
serie, explicar como sera feito esse acesso restrito?
d. Como sera caso os alunos decidam nao postar sua fan fiction no blog?
e. Ha previsao de prazo em que o blog ficara disponivel para acesso pelos alunos (exemplo: ate o final do
ano / ficara disponivel enquanto a rede social ficar ativa)?
f. Ha a previsao de que os/as estudantes do 9o. ano tenham acesso ao conteudo do blog. Considerando
que foi indicado que ha 200 estudantes matriculados no 9o. Ano, e que para essa pesquisa esta prevista a
participacao de metade desses (100 estudantes), esclarecer se todos os/as alunos/as terao acesso aos
textos publicados ou se somente terao acesso os/as estudantes vinculados a pesquisa.
g. Sera dada alguma aula/orientacao solicitando que os/as estudantes que terao acesso ao blog nao
compartilhem esses textos em outras redes sociais (WhatsApp, Instagram, Tiktok, etc.)?
RESPOSTA 7: Explicações aos itens apontados:
a.
O professor/pesquisador irá criar um blog (Tumblr) dos grupos (G2) para a publicação das Fan
Fictions.
b.
Serão publicados os textos na íntegra com título, sinopse e o corpo do texto no blog (Tumblr). Além
dos textos, se os alunos optarem em ter seus textos anonimizados, eles poderão, ou também poderão
publicar seus nomes.
Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557
Bairro: VILA CLEMENTINO
CEP: 04.023-900
UF: SP
Município: SAO PAULO
Fax: (11)5539-7162
Telefone: (11)5571-1062
E-mail:
[email protected]
Página 10 de 18
146
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP
Continuação do Parecer: 5.656.118
c.
Todos os alunos irão finalizar seus textos das Fan Fictions como parte integrante do estudo (da
sequência didática) e enviarão ao professor por meio eletrônico em ambiente virtual de aprendizagem
exclusivo do colégio para que possam ter seus textos avaliados e atribuídos a eles conceito. Essa etapa não
depende da pesquisa. Os alunos que não quiserem postar suas Fan Fictions poderão optar em não
compartilhar seus textos sem nenhum problema.
d.
Se os alunos optarem em não publicar seus textos no blog, seus textos serão somente utilizados para
a avaliação do processo de aprendizagem e não constituirá publicação. Eles também não serão utilizados
nessa pesquisa.
e.
Os blogs ficarão disponíveis até o término do aluno letivo. Após esse período, o professor/pesquisador
irá alterar as configurações do blog criado para que ele se torne inativo e fique como arquivo para o
pesquisador desenvolver sua análise.
f.
Os textos das Fan Fictions publicados no blog serão compartilhados exclusivamente com os alunos do
referido grupo G2, com aproximadamente 100 alunos, metade dos alunos cursando o 9º ano. Como a
publicação do texto no blog (Tumblr) é parte integrante da sequência didática, espera-se que os alunos
(optante ou não por participar dessa pesquisa) compreendam os processos de aprendizagem por meio de
uma publicação digital de um gênero textual pertinente e optem pela publicação. Desta forma, a não
publicação no blog somente inviabiliza o texto de ser analisado e de fazer parte do corpo e/ou do objeto de
estudo dessa pesquisa. Reforçamos o fato de que o aluno que optar em não publicar seu texto no blog não
enfrentará nenhum problema, mas como está descrito na metodologia, esse se torna o critério para a
seleção dos textos e para a composição do objeto/corpus dessa pesquisa.
g.
Durante a sequência didática haverá leituras e aulas sobre a publicação e leitura de Fan Fictions,
assim como serão abordadas as questões de autoria. Esses pontos são importantes e fazem parte do
estudo do gênero Fan Fiction. Desta forma, acreditamos que os alunos compreenderão as questões éticas
relacionadas ao compartilhamento de informação e produção intelectual da rede e para com as redes
sociais.
PENDÊNCIA ATENDIDA
PENDÊNCIA 8. No Termo de Assentimento ao participante e garantido que “nao publicaremos nenhum
dado pessoal seu na pesquisa”, no registro de consentimento aos pais e assegurado ao assinar que a
mae/pai/responsavel autoriza "a divulgacao dos dados obtidos neste estudo mantendo em sigilo minha
identidade e da do meu filho/minha filha." Como fica a garantia do
Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557
Bairro: VILA CLEMENTINO
CEP: 04.023-900
UF: SP
Município: SAO PAULO
Telefone: (11)5571-1062
Fax: (11)5539-7162
E-mail:
[email protected]
Página 11 de 18
147
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP
Continuação do Parecer: 5.656.118
anonimato versus o resguardo dos direitos autorais dos alunos/criadores das fan fictions, ja que as mesmas
serao publicadas no Tumblr?
RESPOSTA 8: O blog (Tumblr) será criado para uso exclusivo desse grupo. Conforme será trabalhado com
os alunos durante a sequência didática, será possível aos alunos autores das Fan Fictions em anonimizar
seus textos e até mesmo em criar apelidos, conforme se encontra em publicações do gênero em
sites/fóruns/blogs específicos desse gênero. Contudo, em caso de o aluno sentir-se à vontade em publicar o
texto com seu nome, pediremos aos alunos que utilizem somente seus primeiros nomes.
PENDÊNCIA ATENDIDA
PENDÊNCIA 9. Incluir na metodologia como pretende fazer a devolucao dos resultados da pesquisa aos
participantes e aos seus pais/responsaveis (Resolucao CNS no 510 de 2016, Artigo 3o, Inciso IV).
a. Solicitamos que indiquem se os pais/responsaveis terao acesso as fan fictions que serao produzidas
pelos adolescentes. Incluir essa informacao no modelo de termo de assentimento, e tambem no registro de
consentimento.
RESPOSTA
9:
Alteração
realizada
no
documento
Projeto
Detalhado
“Projeto_de_Pesquisa_Alexandre_v2_9ago2022” e nos TCLE aos pais/responsáveis e de Assentimento aos
alunos, documentos anexos respectivamente “TCLE_Unifesp_Alexandre_v2_9ago2022” e
“Termo_Assentimento_Alexandre_v2_9ago2022”.
PENDÊNCIA ATENDIDA
PENDÊNCIA 10. Em relacao aos riscos da pesquisa, adequar:
a. Verificamos que a redacao dos riscos da pesquisa nao esta com o mesmo teor/conteudo em todas os
documentos anexados neste protocolo de pesquisa. E muito importante que todos os documentos remetam
a mesma informacao, principalmente com relacao aos riscos relacionados aos participantes de pesquisa.
Solicitamos que revisem os documentos e adequem as informacoes nos locais necessarios.
b. Com relacao a metodologia apresentada nos parece que essa pesquisa podera inferir maiores riscos aos
adolescentes, pois os textos criados podem conter descricoes de preferencias desses estudantes
(exemplos: apelidos, nomes usados em redes sociais, personagens favoritos) que
Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557
Bairro: VILA CLEMENTINO
CEP: 04.023-900
UF: SP
Município: SAO PAULO
Fax: (11)5539-7162
Telefone: (11)5571-1062
E-mail:
[email protected]
Página 12 de 18
148
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP
Continuação do Parecer: 5.656.118
possibilitaria a identificacao do autor, mesmo sem a publicacao de seu nome. Neste caso, nos parece que
seria possivel surgir alguma situacao de bulling. Assim, pedimos que reflitam sobre esses aspectos e
reelaborem esse campo.
c. Como os questionarios serao respondidos pelo Google Formularios, e os textos serao publicados em um
blog, incluir no campo “Riscos” do formulario de informacoes basicas, alem dos riscos e beneficios
relacionados com a participacao na pesquisa, aqueles riscos caracteristicos do ambiente virtual, meios
eletronicos, ou atividades nao presenciais, em funcao das limitacoes das tecnologias utilizadas.
Adicionalmente, devem ser informadas as limitacoes dos pesquisadores para assegurar total
confidencialidade e potencial risco de sua violacao (OFICIO CIRCULAR No 2/2021/CONEP/SECNS/MS,
disponivel em: http://conselho.saude.gov.br/images/Oficio_Circular_2_24fev2021.pdf).
RESPOSTA 10: Em relação aos itens apontados:
a.
Fizemos as devidas revisões e alterações nos documentos TCLE aos pais/responsáveis e de
Assentimento aos alunos, documentos anexos respectivamente “TCLE_Unifesp_Alexandre_v2_9ago2022” e
“Termo_Assentimento_Alexandre_v2_9ago2022” inserindo neles o item sobre a LGPD, conforme descrita
no projeto detalhado.
b.
Compreendemos essa situação e, por isso, ao refletirmos sobre esse ponto, reforçamos que
reforçaremos que os alunos poderão anonimizar seus textos nas publicações. Já revisamos a metodologia e
fizemos adequações, conforme apontadas também nas pendências anteriores em consonância com esse
ponto levantado aqui.
c.
Incluído no campo “Informações Importantes” do formulário conforme orientado. Conforme orientado
na Pendência 3, anexamos o link aberto do Google Forms.
PENDÊNCIA ATENDIDA
PENDÊNCIA 11. Sobre o registro de consentimento direcionado aos pais/responsaveis, adequar:
a. Adequar, no inicio do registro de consentimento, o titulo da pesquisa para “Fan Fiction e Cultura
Participativa em aulas de Lingua Inglesa”, pois o titulo deve ser o mesmo em todos os documentos do
protocolo de pesquisa.
b. Incluir no registro de consentimento qual a diferenca entre o conteudo previsto para as aulas e a
participacao na pesquisa.
c. Incluir no registro de consentimento o que sera feito com o/a estudante que optar por nao participar da
pesquisa e/ou desistir da pesquisa durante sua execucao (exemplo: ficara fora da
Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557
Bairro: VILA CLEMENTINO
CEP: 04.023-900
UF: SP
Município: SAO PAULO
Fax: (11)5539-7162
Telefone: (11)5571-1062
E-mail:
[email protected]
Página 13 de 18
149
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP
Continuação do Parecer: 5.656.118
turma, sera alocado em outra disciplina, etc).
d. Informar no registro de consentimento quais serao as pessoas que terao acesso ao blog (todos os
estudantes do 9o. ano ou so os participantes da pesquisa).
e. Informar qual o prazo estimado para que as fan fictions fiquem disponiveis no blog para acesso pelo
publico restrito.
f. Indicar no registro de consentimento quais se serao dadas aulas/esclarecimentos para os alunos que
tiverem acesso ao blog, com a indicacao da responsabilidade e importancia da manutencao do sigilo dessas
publicacoes, e sobre a possibilidade de algum estudante publicar essas fan fictions em outras redes sociais.
g. Indicar, no registro de consentimento, o tempo estimado de preenchimento do questionario.
h. Neste modelo foi indicado apenas o risco de que o/a estudante entenda que sua participacao na pesquisa
sera relacionado aos conceitos que serao atribuidos aos/as estudantes, e nao ha a indicacao dos demais
riscos citados no projeto detalhado, e indicados no formulario de informacoes basicas da pesquisa.
Esclarecer e adequar. Ver pendencia 10.
i. Incluir a informacao sobre a garantia de acesso aos pesquisadores (Resolucao CNS no 510 de 2016,
artigo 17, VIII): “Se voce tiver qualquer duvida em relacao a pesquisa, voce pode entrar em contato com o
pesquisador atraves do(s) telefone(s) [00 0000-0000 (fixo institucional e ramal, celular) – indicar telefones
pessoais e/ou de trabalho que sejam acessiveis], pelo e-mail [
[email protected]], e endereco [Rua/Avenida,
numero, complemento e CEP].”, completar com as informacoes da pesquisadora responsavel: Antonieta
Heyden Megale Siano, nao apenas do Alexandre.
j. O processo de comunicacao do consentimento e do assentimento livre e esclarecido deve ocorrer de
maneira espontanea, clara e objetiva, e evitar modalidades excessivamente formais, num clima de mutua
confianca, assegurando uma comunicacao plena e interativa (paragrafo 1o, art. 5o da Resolucao CNS
510/2016). Diante do exposto, solicita-se que o Registro de Consentimento seja revisado, priorizando a
utilizacao de uma linguagem clara e acessivel. Assim, e necessario explicar de forma simplificada os termos:
multiletramentos, intertextualidade, affordances e fan fictions.
k. Verificamos que no registro de consentimento ha espacos/campos para as assinaturas, porem foi indicado
que os pais receberao por e-mail, explicar como sera o fluxo de assinatura e recebimento desse TCLE;
RESPOSTAS 11: Esclarecimentos aos apontamentos:
a.
Alterado conforme a orientação.
b.
Alteração realizada em resposta às pendências anteriores e em consonância com esse
Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557
Bairro: VILA CLEMENTINO
CEP: 04.023-900
UF: SP
Município: SAO PAULO
Telefone: (11)5571-1062
Fax: (11)5539-7162
E-mail:
[email protected]
Página 14 de 18
150
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP
Continuação do Parecer: 5.656.118
apontamento.
c.
Alterado conforme a orientação.
d.
Alterado conforme a orientação.
e.
Alterado conforme a orientação.
f.
Alterado conforme a orientação.
g.
Alterado conforme a orientação.
h.
Alteração realizada em reposta à pendência 10.
i.
Alterado conforme a orientação.
j.
Alterado conforme a orientação.
k.
Nós compreendemos que as assinaturas se darão pela resposta aos e-mails enviados para os alunos
(Termo de Assentimento de pesquisa) e para os pais (TCLE) com os respectivos documentos. Alteramos
nos documentos e inserimos essa orientação.
Alterações realizadas nos documentos TCLE aos pais/responsáveis e de Assentimento aos alunos,
documentos anexos respectivamente “TCLE_Unifesp_Alexandre_v2_9ago2022” e
“Termo_Assentimento_Alexandre_v2_9ago2022”.
PENDÊNCIA ATENDIDA
PENDÊNCIA 12. Sobre o Termo de Assentimento, adequar:
a. Adequar, no inicio do termo de assentimento, o titulo da pesquisa para “Fan Fiction e Cultura Participativa
em aulas de Lingua Inglesa”, pois o titulo deve ser o mesmo em todos os documentos do protocolo de
pesquisa.
b. Informar, no termo de assentimento, o nome da pesquisadora responsavel (Antonieta Heyden Megale
Siano).
c. O processo de comunicacao do consentimento e do assentimento livre e esclarecido deve ocorrer de
maneira espontanea, clara e objetiva, e evitar modalidades excessivamente formais, num clima de mutua
confianca, assegurando uma comunicacao plena e interativa (paragrafo 1o, art. 5o da Resolucao CNS
510/2016). Diante do exposto, solicita-se que o Registro de Consentimento seja revisado, priorizando a
utilizacao de uma linguagem clara e acessivel. Assim, e necessario explicar de forma simplificada os termos:
repertorios linguisticos, multiletramentos, affordances e fan fictions.
d. Incluir no termo de assentimento qual a diferenca entre o conteudo previsto para as aulas e a participacao
na pesquisa.
Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557
Bairro: VILA CLEMENTINO
CEP: 04.023-900
UF: SP
Município: SAO PAULO
Fax: (11)5539-7162
Telefone: (11)5571-1062
E-mail:
[email protected]
Página 15 de 18
151
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP
Continuação do Parecer: 5.656.118
e. Incluir no termo de assentimento o que sera feito com o/a estudante que optar por nao participar da
pesquisa e/ou desistir da pesquisa durante sua execucao (exemplo: ficara fora da turma, sera alocado em
outra disciplina, etc).
f. Todas as etapas nao estao claras aos participantes e nao sao as mesmas informacoes aos os
responsaveis, como exemplo: no registro de consentimento e escrito que “essa producao sera publicada em
um blog (Tumblr)”, e que sera compartilhado com todos os alunos da sala, porem, no Termo de
Assentimento nao ha mencao, pedimos que padronize e inclua todos os procedimentos realizados.
g. Informar no termo de assentimento se as fan fictions elaboradas serao ou nao disponibilizadas para
leitura pelos pais/responsaveis.
h. Informar no termo de assentimento quais serao as pessoas que terao acesso ao blog (todos os
estudantes do 9o. ano ou so os participantes da pesquisa).
i. Informar qual o prazo estimado para que as fan fictions fiquem disponiveis no blog para acesso pelo
publico restrito.
j. Indicar que o estudante nao sera obrigado a responder nenhuma questao no questionario e o tempo
estimado de preenchimento.
k. Os riscos da pesquisa estao diferentes em todos os documentos. Pedimos que os pesquisadores reflitam
sobre as pendencias apresentadas e reelaborem o conceito de risco dessa pesquisa, como solicitado na
pendencia 10. Apos, adequar os riscos em todos os documentos do protocolo de pesquisa, e tambem neste
termo de assentimento.
l. Incluir a informacao sobre a garantia de acesso aos pesquisadores (Resolucao CNS no 510 de 2016,
artigo 17, VIII): “Se voce tiver qualquer duvida em relacao a pesquisa, voce pode entrar em contato com o
pesquisador atraves do(s) telefone(s) [00 0000-0000 (fixo institucional e ramal, celular) – indicar telefones
pessoais e/ou de trabalho que sejam acessiveis], pelo e-mail [
[email protected]], e endereco [Rua/Avenida,
numero, complemento e CEP].”, completar com as informacoes da pesquisadora responsavel: Antonieta
Heyden Megale Siano, nao apenas do Alexandre.
RESPOSTA 12: Em resposta aos apontamentos:
a.
Alterado conforme a orientação.
b.
Alterado conforme a orientação.
c.
Alterado conforme a orientação.
d.
Alteração feita em consonância com pendências anteriores. Alterado conforme a orientação.
e.
Alteração feita em consonância com pendências anteriores. Alterado conforme a orientação.
Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557
Bairro: VILA CLEMENTINO
CEP: 04.023-900
UF: SP
Município: SAO PAULO
Telefone: (11)5571-1062
Fax: (11)5539-7162
E-mail:
[email protected]
Página 16 de 18
152
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP
Continuação do Parecer: 5.656.118
f.
Alterado conforme a orientação.
g.
Alterado conforme a orientação.
h.
Alterado conforme a orientação.
i.
Alterado conforme a orientação.
j.
Alterado conforme a orientação.
k.
Refletimos sobre a redação dos riscos em todos os documentos e atualizamos em todos eles o ponto
acerca da LGPD. Alteração feita em consonância com pendências anteriores. Alterado conforme a
orientação.
l.
Alterado conforme a orientação.
Alterações realizadas nos documentos TCLE aos pais/responsáveis e de Assentimento aos alunos,
documentos anexos respectivamente “TCLE_Unifesp_Alexandre_v2_9ago2022” e
“Termo_Assentimento_Alexandre_v2_9ago2022”.
PENDÊNCIA ATENDIDA
Considerações Finais a critério do CEP:
Diante do exposto, o Comitê de Ética em Pesquisa – CEP, de acordo com as atribuições definidas na
Resolução CNS n.° 466, de 2012 e/ou Resolução CNS n.° 510, de 2016, e na Norma Operacional n.° 001,
de 2013, do CNS, manifesta-se pela aprovação do protocolo de pesquisa.
1 - O CEP informa que a partir desta data de aprovação toda proposta de modificação ao projeto original,
incluindo necessárias mudanças no cronograma da pesquisa, deverá ser encaminhada por meio de emenda
pela Plataforma Brasil.
2 - O CEP informa que a partir desta data de aprovação, é necessário o envio de relatórios parciais
(semestralmente), e o relatório final, quando do término do estudo, por meio de notificação pela Plataforma
Brasil.
Este parecer foi elaborado baseado nos documentos abaixo relacionados:
Tipo Documento
Arquivo
Informações Básicas PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_P
do Projeto
ROJETO_1970753.pdf
Outros
CARTARESPOSTA_v1_9ago2022.doc
Cronograma
cronograma_Alexandre_v2_9ago202
Postagem
09/08/2022
19:09:56
09/08/2022
19:09:18
09/08/2022
Autor
Situação
Aceito
ALEXANDRE
RODRIGUES
ALEXANDRE
Aceito
Aceito
Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557
Bairro: VILA CLEMENTINO
CEP: 04.023-900
UF: SP
Município: SAO PAULO
Fax: (11)5539-7162
Telefone: (11)5571-1062
E-mail:
[email protected]
Página 17 de 18
153
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP
Continuação do Parecer: 5.656.118
Cronograma
2.docx
18:49:44
RODRIGUES
Aceito
TCLE / Termos de
Assentimento /
Justificativa de
Ausência
TCLE / Termos de
Assentimento /
Justificativa de
Ausência
Projeto Detalhado /
Brochura
Investigador
Declaração de
Instituição e
Infraestrutura
Solicitação
registrada pelo CEP
Termo_Assentimento_Alexandre_v2_9a
go2022.docx
09/08/2022
18:49:34
ALEXANDRE
RODRIGUES
NUNES
Aceito
TCLE_Unifesp_Alexandre_v2_9ago2022
.docx
09/08/2022
18:49:23
ALEXANDRE
RODRIGUES
NUNES
Aceito
Projeto_de_Pesquisa_Alexandre_v2_9a
go2022.pdf
09/08/2022
18:49:08
Aceito
Carta_de_Anuencia_Institucional_assina
da.pdf
26/06/2022
16:11:49
Cadastro_CEP_Alexandre_assinado_fin
al.pdf
26/06/2022
15:59:45
Folha de Rosto
folhaDeRosto_assinada.pdf
26/06/2022
15:58:25
ALEXANDRE
RODRIGUES
NUNES
ANTONIETA
HEYDEN MEGALE
SIANO
ANTONIETA
HEYDEN MEGALE
SIANO
ANTONIETA
HEYDEN MEGALE
SIANO
Aceito
Aceito
Aceito
Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não
SAO PAULO, 21 de Setembro de 2022
Assinado por:
Fernanda Miranda da Cruz
(Coordenador(a))
Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557
Bairro: VILA CLEMENTINO
CEP: 04.023-900
UF: SP
Município: SAO PAULO
Telefone: (11)5571-1062
Fax: (11)5539-7162
E-mail:
[email protected]
Página 18 de 18
154
APÊNDICE B – APRESENTAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA PARA OS
ALUNOS DO NONO ANO
Slide 1
Slide 2
155
Slide 3
Slide 4
156
APÊNDICE C – TERMOS DE CONSENTIMENTO E ASSENTIMENTO
1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
REGISTRO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado a compreender e a assentir a participação do(a) seu(sua) filho(a)
em uma pesquisa acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Letras. O título da pesquisa é “Fan
Fiction e Cultura Participativa em aulas de Língua Inglesa”. O objetivo desta pesquisa é investigar como
os repertórios linguísticos de estudantes de inglês são ampliados na produção midiática em
consonância com a Cultura Participativa e investigar quais affordances (propiciamento e autonomia no
processo de aprendizagem) são articuladas por meio de uma sequência didática elaborada à luz da
pedagogia dos multiletramentos (uma perspectiva de letramento que considera a multiplicidade de
linguagens) que culmina na produção de textos do gênero fan fiction, que é um gênero textual digital
típico dos fãs de uma obra literária, de um filme, de histórias em quadrinho, etc. A pesquisadora principal
e responsável por essa pesquisa é a Profa. Dra. Antonieta Megale, professora colaboradora do
Programa de Pós-Graduação em Letras do Campus Guarulhos, da Escola de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas, da Universidade Federal de São Paulo. O segundo pesquisador responsável por
essa pesquisa é o aluno de Mestrado em Estudos Linguísticos, na linha de pesquisa Linguagem em
Novos Contextos, do mesmo Programa e da mesma Universidade.
Seu filho/Sua filha receberá um termo de assentimento, por ser menor de idade, e a ele/ela
será feita uma apresentação de todo o processo da pesquisa antes de seu início. Todos os participantes
dessa pesquisa receberão os esclarecimentos necessários antes, durante e após a finalização da
pesquisa, e lhe asseguro que os nomes não serão divulgados, sendo mantido o mais rigoroso sigilo
mediante a omissão total de informações que permitam identificá-lo/a.
As informações serão obtidas por meio do seguinte caminho didático: por meio de uma
sequência didática sob à luz da pedagogia dos multiletramentos, seu filho/sua filha estudará o gênero
fan fiction, a Cultura Participativa e os elementos linguístico-discursivos pertinentes ao gênero. Ao longo
dessa sequência didática, ele/ela fará a leitura concomitante da obra literária “Animal Farm” de George
Orwell e desenvolverá o trabalho com os objetivos literários, de acordo com o planejamento do curso
de Inglês do nono ano. Ao término das etapas da sequência didática, ele/ela formará pequenos grupos
(duplas ou trios) para, de forma colaborativa, produzirem uma fan fiction que expresse intertextualidade
com a obra literária. Essa produção será publicada em um blog (Tumblr) da turma do nono ano, com a
finalidade de leitura e compartilhamento exclusivos aos alunos da série. A sequência didática terá
duração aproximada de três semanas e a leitura da obra de aproximadamente um mês. O tempo
didático tem flexibilidade, mas será ajustado com a finalidade de proporcionar o processo da pesquisa
juntamente com os objetivos do curso do nono. As atividades listadas anteriormente são parte
integrante do curso de Inglês do 9º ano e não dependem dessa pesquisa. Seu filho/sua filha responderá
um questionário (Google Forms), atividade exclusiva desse estudo, após a produção e publicação das
fan fictions como parte final desse caminho didático e metodológico. Seu filho/sua filha levará
aproximadamente 15 minutos para responder ao questionário. Todos os alunos do nono ano ‘G2’ terão
acesso aos textos publicados. As Fan Fictions ficarão disponíveis para acesso dos alunos até o término
do ano letivo de 2022 e, posteriormente, serão arquivadas para uso exclusivo do pesquisador. Os
alunos terão aulas e atividades para compreender as questões éticas pertinentes ao compartilhamento
de dados e de informações dos textos das Fan Fictions e do blog. Reforçaremos que seu filho/sua filha
não deverá republicar as Fan Fictions em nenhuma rede social e nem compartilhar os textos.
157
A participação do seu filho/sua filha envolve o risco ético de que ele/ela entenda de forma
errônea que a atribuição de conceito institucional pertinente aos objetivos do curso de Inglês do nono
ano estará relacionada a participação do processo da pesquisa. Ressaltamos que, independentemente
da aceitação de seu filho/sua filha em participar da pesquisa, os conceitos atribuídos pelos objetivos
educacionais, linguístico-discursivos e literários pertinentes à sequência didática não estarão refletidos,
ou seja, se ele/ela decidir por não participar da pesquisa, em nada sua aprendizagem será impactada
e conceitos atribuídos ao longo do processo de ensino-aprendizagem, em nenhuma circunstância,
dependerá da sua participação (ou não) da referida pesquisa acadêmica. Da mesma forma, se ele/ela
decidir participar da pesquisa, os conceitos atribuídos não serão necessariamente “melhores”. Se
ele/ela decidir por não participar da pesquisa, os conceitos atribuídos não serão necessariamente
“piores”. Portanto, reforçamos que o caminho metodológico da pesquisa acadêmica não resultará em
conceito e não interferirá no processo avaliativo pertinente à sequência didática, mas o processo de
ensino-aprendizagem e a avaliação no âmbito do curso e da instituição de ensino terão conceitos
atribuídos que, em nenhuma hipótese, dependerão do aceite ou não do seu filho/sua filha em participar
da pesquisa. Ainda, durante todo o processo de aplicação da sequência didática e da coleta de dados
será respeitado o direito de sigilo de informações pessoais e privadas conforme a Lei Geral de Proteção
de Dados Pessoais (LGPD), pois para essa pesquisa, reforçamos que somente trataremos das
produções textuais dos alunos e de suas respostas nos questionários.
A participação do seu filho/sua filha, entretanto, pode ajudar os pesquisadores a entender
melhor o processo de produção escrita e digital de fan fictions, a compreender a motivação das
escolhas temáticas das fan fictions criadas com a intertextualidade e se o caminho pedagógico proposto
contribui para os objetivos linguístico-discursivos. Ainda, por meio da pesquisa, a participação dele/dela
poderá contribuir para a compreensão do processo de uma aprendizagem mais participativa,
consciente e crítica.
Assim, você está sendo consultado sobre o interesse e disponibilidade de assentir ao seu
filho/filha a participação dessa pesquisa. Você é livre para recusar-se a participação dele/dela, retirar
seu consentimento ou interromper a participação dele/dela a qualquer momento. A recusa em participar
não acarretará nenhuma penalidade. Reforçamos que, em caso da sua não autorização e da opção de
seu filho/sua filha em não participar dessa pesquisa, ele/ela não terá prejuízo pedagógico algum, pois
como descrito anteriormente, as atividades pedagógicas inerentes ao programa do curso de inglês do
9º ano serão realizadas independentemente dessa pesquisa. Ainda, como a única atividade exclusiva
dessa pesquisa aos alunos que optarem em participar será o preenchimento online de um questionário
(Google Forms) que será enviado para preenchimento em horário que não é horário de aula, em caso
de recusa, seu filho não terá prejuízo algum em seu processo de aprendizagem. Da mesma forma, em
qualquer momento durante a pesquisa, ele/ela ou você poderão comunicar por e-mail, ou por qualquer
forma de comunicação apontadas a seguir, que não querem mais participar dessa pesquisa e somente
o preenchimento do questionário não será mais solicitado.
Seu filho/sua filha, e nem você, receberá pagamentos por ser participante da pesquisa, mais
uma vez ele/ela não receberá nota ou conceito institucional por participar da pesquisa. Se houver
gastos com transporte ou alimentação, eles serão ressarcidos pelo pesquisador responsável. Todas
as informações obtidas por meio da participação de seu filho/filha serão de uso exclusivo para esta
pesquisa e ficarão sob a guarda do/da pesquisador/a responsável. Caso a pesquisa resulte em dano
pessoal, o ressarcimento e indenizações previstos em lei poderão ser requeridos pelo participante ou
por seu responsável. Os pesquisadores poderão contar para você e para seu filho/filha os resultados
da pesquisa quando ela terminar, se vocês quiserem saber.
Para maiores informações sobre os direitos dos participantes de pesquisa, leia a Cartilha dos
Direitos dos Participantes de Pesquisa elaborada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
(Conep),
que
está
disponível
para
leitura
no
site:
http://conselho.saude.gov.br/images/comissoes/conep/img/boletins/Cartilha_Direitos_Participantes_d
e_Pesquisa_2020.pdf
Se você tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, você pode entrar em contato com os
pesquisadores responsáveis: Alexandre Rodrigues Nunes, no telefone celular 11 97577-2009 ou pelo
fixo 11 4057-3773 e por e-mail
[email protected]. Ainda, em endereço residencial Rua
São Francisco de Assis, 150 (Apto 113 Bloco 1), na cidade de Diadema, em São Paulo, CEP 09911000; Antonieta Heyden Megale Siano, no telefone celular 11 95486-2788 ou pelo comercial 30345445, em endereço Rua Cincinato Braga, 388 Bela Vista, São Paulo, CEP: 01333-010, ou ainda pelo
e-mail
[email protected].
Este estudo foi analisado por um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). O CEP é responsável
pela avaliação e acompanhamento dos aspectos éticos de todas as pesquisas envolvendo seres
158
humanos, visando garantir a dignidade, os direitos e a segurança de participantes de pesquisa. Caso
você tenha dúvidas e/ou perguntas sobre seus direitos como participante deste estudo, neste caso,
sobre a participação de seu filho/filha, ou se estiver insatisfeito com a maneira como o estudo está
sendo realizado, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal
de São Paulo, situado na Rua Botucatu, 740, CEP 04023-900 – Vila Clementino, São Paulo/SP,
telefones (11) 5571-1062 ou (11) 5539-7162, de segunda a sexta, das 08:00 às 13:00hs ou pelo e-mail:
[email protected].
No caso de permitir que seu filho/sua filha faça parte como participante, você (como
responsável legal pelo seu filho/sua filha) e o pesquisador devem rubricar todas as páginas e assinar
as duas vias desse documento. Uma via é sua. A outra via ficará com o(a) pesquisador(a).
Os participantes dessa pesquisa e seus responsáveis receberão um e-mail após a coleta dos
dados em agradecimento pela disposição em participar do estudo e pela contribuição com a pesquisa.
Receberão também, por e-mail, após a publicação, link para o blog (Tumblr) com as Fan Fictions
publicadas pelos seu filho/sua filha, que terá sido devidamente publicada sob a condição de aceite (ou
não). Posteriormente, os participantes receberão e-mail convite com link disponível para a leitura da
dissertação quando ela estiver devidamente finalizada e aprovada como forma de compartilhamento
dos resultados obtidos com esse estudo.
Por favor, copie o trecho abaixo e cole no corpo de e-mail como resposta ao e-mail enviado para
você com esse documento em anexo, inserindo as suas respectivas informações:
Consentimento do responsável do participante
Eu, abaixo assinado, entendi como é a pesquisa, tirei dúvidas com o(a) pesquisador(a) e
permito meu filho/minha filha participar, sabendo que ele/ela pode desistir em qualquer momento,
durante e depois de participar. Autorizo a divulgação dos dados obtidos neste estudo mantendo em
sigilo minha identidade e da do meu filho/minha filha. Informo que recebi uma via deste documento com
todas as páginas rubricadas e assinadas por mim e pelo Pesquisador Responsável.
Nome
participante:_________________________________________________________________
Assinatura:
_______________________________________
local
data:________________________
do(a)
e
Declaração do pesquisador
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária, o Consentimento Livre e Esclarecido do
representante legal do participante para a participação neste estudo. Declaro que o filho/a filha do
responsável legal do participante receberá um termo de Assentimento Livre Esclarecido. Declaro ainda
que me comprometo a cumprir todos os termos aqui descritos.
Nome da Pesquisadora Principal: __________________________________
Assinatura: ________________________________________
Local/data:__________________________
Nome do segundo Pesquisador: _______________________________________
Assinatura: _________________________________________
Local/data:_______________________
159
2. Termo de Assentimento
TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Olá! Meu nome é Alexandre Rodrigues Nunes e faço parte de um grupo de
pesquisadores, juntamente com a pesquisadora responsável Antonieta Heyden Megale, na
área de Estudos Linguísticos, na linha de pesquisa Linguagem em Novos Contextos da
Universidade Federal de São Paulo. Vamos desenvolver um estudo acadêmico sobre as
produções de fan fictions dos alunos do nono ano. Vamos explicar tudo sobre o estudo tanto
para você quanto para o seu responsável. O estudo irá acontecer no Colégio Santa Cruz.
Você está sendo convidado(a) a participar, como voluntário(a), da
pesquisa que se chama Fan Fiction e Cultura Participativa em aulas de Língua Inglesa
Este documento serve para informar tudo sobre a pesquisa e lembre, você poderá
perguntar tudo o que quiser e a qualquer momento, não fique preocupado(a) ou com
vergonha. A pergunta poderá ser feita a qualquer um de nós. Além disso, para você participar
do estudo, seus responsáveis terão que autorizar e assinar um documento que chama Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido. Entretanto, mesmo que seus pais autorizem, mas você
não deseja participar, a sua vontade prevalecerá. Fique tranquilo(a).
Se não entender alguma palavra ou expressão, não hesite e pergunte!
Vamos lá J
O convite está sendo feito a você porque sua participação, contribuindo com a
fan fiction que você produzirá e a sua reflexão crítica sobre o processo de produção
dela, ajudará os pesquisadores a compreender melhor o processo de aprendizagem
relacionado com a Cultura Participativa, com a produção escrita midiática e
intertextual de forma consciente e crítica.
Ah, importante! Você pode dizer que não quer participar, decisão é sua! Você
pode pensar com calma e conversar com seus responsáveis. Mesmo se você
aceitar agora, você pode mudar de ideia a qualquer momento e dizer que não
quer mais fazer parte. Em todos esses casos você não será prejudicado, penalizado
160
ou responsabilizado de nenhuma forma, pois a participação (não) não estará atrelada
com seu conceito
.
Antes de decidir se você quer participar, você precisa entender por que esta
pesquisa está sendo realizada, todos os procedimentos envolvidos, os possíveis
benefícios, riscos e desconfortos que serão descritos e explicados a seguir.
Leia aqui tudo sobre a pesquisa:
ü Por que está pesquisa está sendo feita? Esta pesquisa está sendo feita para investigar
como os repertórios linguísticos (habilidades e modos de falar) de estudantes de inglês são
ampliados na produção midiática em consonância com a Cultura Participativa e investigar
quais affordances (propiciamento e autonomia no processo de aprendizagem) são articuladas
por meio de uma sequência didática elaborada à luz da pedagogia dos multiletramentos (uma
perspectiva de letramento que considera a multiplicidade de linguagens) que culmina na
produção de textos do gênero fan fiction, que é um gênero textual digital típico dos fãs de uma
obra literária, de um filme, de histórias em quadrinho, etc.
ü Quem pode participar? Alunos do nono ano que produzirão e publicarão uma fan fiction em
intertextualidade com a obra “Animal Farm”, de acordo com os estudos do gênero fan fiction
e os elementos pertinentes a ele. Além disso, quem quiser participar, é claro! Se você não
quiser participar, isso não atrapalhará em nada sua aprendizagem, pois todas as atividades
referentes ao estudo da Fan Fiction já fazem parte dos conteúdos do seu curso de inglês do
9º ano. Você poderá recusar em participar no início, no meio e até no fim da minha pesquisa.
Se não quiser, você somente deixará de preencher o questionário sobre a produção da sua
Fan Fiction. Em qualquer outro momento da pesquisa, basta você entrar em contato comigo
por e-mail, ou por telefone, e irei prontamente retirar seu texto da análise dessa pesquisa e
não utilizarei as suas respostas do questionário, caso você já o tenha respondido.
ü O que vai acontecer durante a pesquisa? Se você quiser participar, nós iremos utilizar seu
texto (sua fan fiction) que será publicada e compartilhada com todos os alunos do seu grupo
e com seus pais, sem identificar seu nome (a não ser que você queira), por questões éticas,
e iremos analisar a escolha dos conteúdos temáticos. Também, iremos aplicar um
questionário (Google Forms) para compreendermos alguns pontos de investigação da nossa
pesquisa. As atividades que você realizará durante o estudo das Fan Fictions não são
exclusivas dessa pesquisa, somente o questionário (Google Forms – que levará
aproximadamente 15 minutos para responder) que será aplicado somente se você optar em
participar desse estudo. Por fim, vamos enviar um e-mail com agradecimentos a você e aos
seus pais/responsáveis, pois vocês terão contribuído imensamente com essa pesquisa. Vocês
Receberão também, por e-mail, após a publicação, link para o blog (Tumblr) com as Fan
Fictions. Posteriormente, vocês receberão e-mail convite com link disponível para a leitura da
dissertação quando ela estiver devidamente finalizada e aprovada como forma de
compartilhamento dos resultados obtidos com esse estudo. Os textos das Fan Fictions serão
publicados pelos alunos do nono ano ‘G2’ e estarão disponíveis até o final do ano letivo de
2022. Posteriormente, vou arquivar todos os textos para a análise desse estudo. É importante
ainda dizer que você terá aulas e atividades durante seus estudos de Fan Fiction para
compreender as questões éticas e de cuidado referentes ao compartilhamento de informações
e publicações autorais em redes sociais. Já adianto que você não poderá republicar os textos
em nenhuma rede social e nem os compartilhar.
161
ü Quais são os riscos para você? Não publicaremos nenhum dado pessoal seu na pesquisa,
mas prevemos que você possa pensar que seu conceito, resultante do processo de
aprendizagem e avaliativo, seja “melhor” ou “pior” dependendo da sua participação ou não.
Não há nenhuma relação com seu conceito e com sua avaliação pedagógica/institucional. Ou
seja, se você participar ou não, sua aprendizagem e, por conseguinte, seu conceito, não terão
impacto. Ainda, durante todo o processo de aplicação da sequência didática e da coleta de
dados será respeitado o direito de sigilo de informações pessoais e privadas conforme a Lei
Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), pois para essa pesquisa, reforçamos que
somente trataremos das produções textuais dos alunos e de suas respostas nos
questionários.
ü Haverá algum benefício? Você vai ajudar muito a área da linguística aplicada, de Letras e
na área acadêmica como um todo. Irá ajudar os pesquisadores a compreender melhor o
processo de aprendizagem por meio da Cultura Participativa, da produção escrita midiática,
de uma aprendizagem mais consciente e crítica. O fazer científico com rigor, ainda mais com
a sua participação, irá contribuir para uma sociedade mais crítica também!
ü E se algo der errado? Caso aconteça algo de errado, você receberá todo cuidado sem
interferência em seu processo de aprendizagem e avaliativo. Você poderá sempre falar com
os pesquisadores para tirar suas dúvidas. Lembre-se, participando ou não do estudo, você
terá conceitos atribuídos de forma institucional que não dependem desse caminho
metodológico da pesquisa acadêmica.
Todas as informações coletadas neste estudo serão confidenciais (seu nome jamais
será divulgado): Somente o pesquisador e/ou equipe de pesquisa terão conhecimento de sua
identidade e nos comprometemos a mantê-la em sigilo.
Os dados coletados serão utilizados apenas para esta pesquisa.
Se houver gastos, como de transporte e alimentação, eles deverão ser ressarcidos
pelo pesquisador responsável.
Quando terminar, se você quiser, a gente pode te contar o que descobrimos, os
resultados da pesquisa e as reflexões que tivemos. Poderemos conversar sempre que quiser!
Em caso de dúvidas sobre a pesquisa, você pode entrar em contato com os
pesquisadores responsáveis: Alexandre Rodrigues Nunes, no telefone celular 11 975772009 ou pelo fixo 11 4057-3773 e por e-mail
[email protected]. Ainda, em
endereço residencial Rua São Francisco de Assis, 150 (Apto 113 Bloco 1), na cidade de
Diadema, em São Paulo, CEP 09911-000; Antonieta Heyden Megale Siano, no telefone
celular 11 95486-2788 ou pelo comercial 3034-5445, em endereço Rua Cincinato Braga, 388
Bela Vista, São Paulo, CEP: 01333-010, ou ainda pelo e-mail
[email protected].
Ainda tem um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) que avaliou este estudo, este
comitê é um órgão que protege o bem-estar dos participantes de pesquisas.
Caso você tenha dúvidas e/ou perguntas sobre seus direitos como participante deste
estudo ou se estiver insatisfeito com a maneira como o estudo está sendo realizado, entre em
contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de São Paulo,
situado na Rua Botucatu, 740, 5. andar (sala 557) CEP 04023-900, Vila Clementino, São
Paulo/SP, telefones (11) 5571-1062 ou (11) 5539-7162, segunda a sexta, das 08:00 às
13:00hs ou pelo e-mail
[email protected].
E aí, quer participar? Faça um x na sua opção.
162
Sim ( )
Não ( )
Se você marcou sim, responda ao e-mail enviado para você com esse
documento em anexo, copiando o trecho abaixo e completando com seu nome:
Declaração do participante
Eu, ___________________________________________, aceito a participar da pesquisa.
Entendi as informações importantes da pesquisa, sei que posso desistir de participar a
qualquer momento e que isto não irá causar nenhum outro problema. Autorizo a divulgação
dos dados obtidos neste estudo mantendo em sigilo a minha identidade. Os pesquisadores
conversaram comigo e tiraram minhas dúvidas.
Assinatura: _______________________________________
data:________________________
Declaração do pesquisador
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o assentimento deste
participante para a participação neste estudo. Declaro ainda que me comprometo a
cumprir todos os termos aqui descritos.
Nome do
Pesquisador:__________________________________________________________
Assinatura: ________________________________________
Local/data:________________________
Nome do
segundo pesquisador: ___________________________________________________
Assinatura: _________________________________________
Local/data:_______________________
163
APÊNDICE D – CONTEÚDOS TEMÁTICOS DE TODAS FANFICTIONS PRODUZIDAS PELOS ALUNOS
FANFICTIONS TÍTULO
FANFICTION 1
Sugar
Mountain
Candy
FANFICTION 2
RUN! THE PIGS
ARE
COMING
OUT…
FANFICTION 3
The falling of the
farm
SINOPSE
PALAVRAS-CHAVE
CLASSIFICAÇÃO DE CONTEÚDO
&
What if the concept of afterlife was introduced to the farm animals
while they were planning their revolution? Read this fanfiction to
discover the answer
What if Napoleon was gay and he had been having an affair with
squealer. What if Snowball also had a little fling with Squealer and
that would be the actual reason he was kicked out of the farm? The
dogs could be double agents that were working for Squealer and
would demand them to expel anyone who wasn’t pure, resembling
e Nazi regime.
Animal Farm, After life, religion, rebellion,
revolution / K+
What if… the Animal Farm fell just like URSS? (Extension of the
original story)
After the main storyline and In the edge of Napoleon’s govern, it was
noticeable the advantages that he possessed over other animals,
even in the point of the pigs suffering disadvantages. The only ones
who prosper would be the ones close to Napoleon, to general
discontent. All the animals form a union against the corrupt
government of the leader pig.If Benjamin had changed after the
book’s storyline, he would have created various movements. If
Clover had some hope yet, she would have led the revolutionary
groups. If pigs had decided to help the other animals, what would
happen? Along with recurrent characters, new characters from
different social classes/species appear to face the slaved reign:
“The Low Class of Pigs”, including Robespierre, the main
representative of this class. Despite the differences, they adapted
in working together against Napoleon and his associates, like
Squealer and his own son, Luís-Sun. Since the original story
followed the Russian Revolution of 1917, this will include the period
of the end of the Soviet Union.
Welcome, animals, big or small, pigs or humans, it really doesn’t
matter, to the Fall of the Farm.
#URSS
#fall
#dictation
#craziness
#K+
#love
#nazi
#lovetriangle
#napoleon
#lovetwists #pov #letter #militias #animalism
/T
164
FANFICTION 4
Modern
Animal
Family Farm
FANFICTION 5
Father
FANFICTION 6
Pigocaust
FANFICTION 7
Snowball's Journey
FANFICTION 8
Living a wild life
What if the worldwide known tv show Modern Family took place in
the Animal Farm world? The 22nd episode of the third season of the
show, one of the most known episodes, takes place at Disneyland
for a family trip.
What if Napoleon had actually raised Clover and Muriel (who is a
male, in this case) as siblings, because their mother, who used to,
long ago, be married to Napoleon, had run away and left her kids
with him. Boxer didn't die, and was married to Clover, who had
together three foals, the older one called Clover The Second, the
middle one called Marie Curie and the younger, Boxer Junior. Muriel
turned out to be gay, and was married to Moses, who together had
adopted an asian monkey who was found lost in animal farm, whose
name was Lily. A decade after, Mollie, who used to be Clover and
Muriel's colleague, came back to Animal Farm with her son,
Benjamin, and was now dating Napoleon, leaving a confusing and
weird relationship within the family.
What if the dogs who were kept from their mother and used by
Napoleon as soldiers wrote a poem about their situation, showing
their point of view about this trauma: It is going to be different than
you expected? Read the poem and find out!
Modern Family, Disney, Animal Farm, Hailey,
Dumphy, Phill, Manny Delgado, Boxer, Gloria
Benjamin, Mollie, Family… / K
What if, just a week before Napoleon talks to the humans, due to
unconventional circumstances, a new, more insane, and even more
extreme figure meets Napoleon, Fuhrer? The deranged
conversations between them are simply hilarious, however due to
intellectual lack of tolerance to different opinions from both sides
they jointly decided that they would fight until only one side was left
standing.
His tail slipped swiftly under the fence as he ran for his life. In a
matter of seconds, running through vast fields, Snowball made up a
clever plan to continue his journey of spreading animalism. When
he arrived at Foxwood farm, Snowball realized that what he
expected was not what was awaiting him. If only he had stayed on
the farm…
Humans from other farms use something they can’t control and
don’t really understand in order to infiltrate Animal Farm and gather
information on the revolution so that they can try to avoid it in their
own farm. The problem is they used magic to become animals
themselves, but they can’t come back to being humans again, and
#war ; #comedy ; #t-rated
father, relationship, Napoleon, dogs, soldiers,
abusive training, pov, poem, Animal Farm,
gaslighting / K+
#horror #snowball #animal farm #fanfic
#torture #pigs / K+
165
FANFICTION 9
The
SeaWorld
Rebellion
FANFICTION 10
THE
HISTORY
BEHINDS NESTLÉ
COMPANY
FANFICTION 11
The
evil
behind it all
FANFICTION 12
The real owner of
the dream
FANFICTION 13
Boxer's Journey
mind
their human friends can’t understand them, as they don't speak
“animal” language. Also, with their animal paws, they can’t undo the
magic by themselves, and their human friends can’t understand
them, so they are stuck as animals forever, or are they gonna find a
solution.
What if Tilikum, the Seaworld whale, killed her coach to join the
Rebellion? The incident that shocked the whole world and started
many controversies, where one of the whales in SeaWorld drowned
her coach, is related to the rebellion on Animal Farm. This is the
other side of the incident, the side that humans do not know.
After 25 years of the animal revolution at the Animal Farm, Mr.
Jones, already with his adult son, Charles, told him the story of his
old farm lost to the animals. Charles was thinking about it for days.
So after a lot of courage he decided to call his friends to the
adventure of winning back his family farm. Was after it that the
Nestle company was created. He was very confident and with his
friend's help, Charles managed to tame the animals and began to
mistreat them by killing to use in the products sold on the farm. The
company started to grow more and more and a while later it became
Nestle. But nobody knew that behind this "great" company the
animals were killed to make the products.
We all know that Squealer skills were rhetorical and he could
manipulate others with his propaganda. He used his speech to
convince all the animals at Animal Farm to accept Napoleon's
decisions. But what if it was actually his decision? What if he was
actually the evil mind behind everything? Squealer was the one
controlling Napoleon all along…
What if Napoleon had planned it all, since the very beginning? What
if he had gone to Manor Farm to search for a place to start his new
revolution? What if Old Major was already old enough to mistake a
tree with a cow, and his dream was nothing but the product of
Napoleon influence? And his death, caused by natural causes, was
not at all natural? This fanfic shows how, since the beginning,
Napoleon was the mind behind it all.
What if Boxer never really died? What if he survived? Boxer had a
plan: find Animal Farm to retrieve his beloved Clover so they could
go away and live together, there is only one problem: when he gets
there, the farm is nowhere to be seen. Follow Boxer and his journey
SeaWorld, Whale, revolution
Nestlé, Charles, Logan, farm, animals,
counterrevolution, tame
lies, thriller,
corruption – T
manipulation,
mysterious,
Corruption, Manipulation, AU / K+
Mystery - Fluffy - Fun - Adventure - Sci-Fi Family
K+
166
FANFICTION 14
Beasts of England
FANFICTION 15
The Pigs’ Rise
FANFICTION 16
The Resurgence of
Snowball
FANFICTION 17
Second Revolution
FANFICTION 18
Animal
Farm:
Bonnie and Clyde
animals’ story
as he makes new friends while trying to find Clover. Read to find out
who these friends are, why Animal Farm is gone and where Clover
is.
What if Napoleon and Snowball never competed with each other,
and instead worked together in order to make the animals thrive?
With their combined intelects could they turn the song “Beasts of
England” into reality? Who would they have to face? Find out in this
fanfic about the animals revolting against the human race in their
quest to conquer all of England. Coming Spring 2022
What if Snowball, Squealer and Napoleon were actually the three
little pigs? Before they got to animal farm, when they were younger,
in the land near the Manor Farm, the three pigs were living their
lives in their tiny family house. Then, it became too little and they
had to build their own houses, which led to: three little furious pigs.
Man had done them wrong and now, more than ever, animals were
after revenge.
As we know, the now again Manor Farm is controlled by the pigs,
who have a strong alliance with the humans. The conditions of life
in the farm have worsened and the animals are even hungrier and
more tired. What would happen if, in the middle of this misery, an
old savior rose from the ashes? What if Snowball came back, with
the help of other animals from outside the farm, ready to give the
animals freedom once and for all? Find out by reading the following
fanfiction!
After the Animal farm was renamed as Manor farm, they maintained
good relationships with the Humans. What if the Humans were only
faking those relationships to capture the animals and take them to
a food industry? Read the following story to find out what really
happened.
We all know the story of Animal Farm, and what the revolution of the
animals turned into, but what if it had a different ending? What if
Boxer never actually died? Have you ever heard of Bonnie and
Clyde? They were an infamous American robbery team that became
notorious in the United States through their flamboyant encounters
with police and the sensationalization of their exploits by the
country’s newspapers. What if Clover and Boxer represented
Bonnie and Clyde? What would they plan and execute, in order to
War, Thriller, Conspiracy, World DominationT rated
#Threelittlepigs #AnimalFarm #Crossover
#Backstory / K
Animal Farm, Snowball, revolution, life
conditions, freedom / K+
Animal Farm,
revolution / T
Humans,
Animal Farm
Bonnie and Clyde
Boxer
Clover
Revenge
Robbery
Murder
T
food
industry,
167
FANFICTION 19
The
PepperSour
Valley
FANFICTION 20
Till death
apart?
do
us
FANFICTION 21
Created by the
poors, stolen by the
riches
save the other animals … and of course, make the pigs pay for what
they did?
What if Mollie came back from the neighboring farm, bringing the
ideology of peace and Sugarcandy mountain into real life? What
would be the limits between spirituality and reality? Would this
impact the result of the rebellion and the attitudes of the other
animals? What would be Mollie’s point of view of the authoritarian
leadership of the pigs?
In this Fan Fiction, she is returning from a “spiritual retreat” and
convinces everyone that the ideology of the Sugarcandy Mountain
can be done in real life. Animals could have that perfect and safe
life, if they wanted, they just needed to be happy with themselves
and follow some paths. Mollie will be their helper to achieve what
they wanted.
We all know that Old Major knew that he was going to die, even
though he wasn't sick. It's important to add that he was already
telling the animals the importance for them to take responsibility
and to take the revolution seriously. Consequently, as soon as the
animals knew their leader had died, they all started wondering how
the Old Major knew that he was going to die and why did he want
them to do the revolution.
What if, then, all of the animals that got "old" and aren't prepared to
die, and would only get to the point when they were sent away to be
killed? What if Old Major, the father of the revolution, didn't actually
die because he was old, but because it was his time to get killed?
What if the animal farm was actually a slaughterhouse, a place
where the humans would feed all of the animals till they got to the
right conditions to be sent to the industries to be killed and sold as
food?
Imagine if a football league was created in the animal farm, how
would the animals react? The most powerful animal there assumed
the command of the money and invested in only one team, as a
symbol of his power and his own will. If a team got more investment,
they win. But if it did not really happen, what would be the
consequences for the leaders team and investor? How shameful
would it be to lose to your biggest rival, even though they didn'’ had
any money invested on them, how would? What would happen to
the rest of the farm and how would they react ? Read our fanfiction
and discover.
Sugarcandy Mountain, Mollie, Heaven,
Spiritual Retreat, Peace, Good life.
K+ - Murder, Manipultion, etc…
K+ teen terror - fiction - dying - food
Box fighting
Money
Superiority
Cheating methods
K- Fanfiction Content Rating
168
FANFICTION 22
Unity Is Strength…
But the Strength is
Individual
FANFICTION 23
The Role
FANFICTION 24
The
Regime
Obscure
FANFICTION 25
A change in the
course of history!
FANFICTION 26
The Farm Runner
The future is unfeasible, what happens is constantly changing.
Everything was going well, a totalitarian government above
everything and everyone but death. Yes, this whole government
goes away, but what happens next? No answers, no planning,
questions and uncertainties. Until then all animals fighting for the
same cause, a union against war… but what if this union becomes
inverted? A war against any alliance or empathy between animals!
Who would rule? Would It be a decision for a just democracy? No,
a wild game in which the most capable and evolved as possible will
have victory in its paws. Who do you think would be the new
Napoleon, the winner of an entire great empire and companion in a
fight for new revolutions?
What if after the start of Napoleon's dictatorship, Boxer died of hard
work and exhaustion. His wife (Clover) wouldn't be seen as a useful
figure in the animal farm society anymore, so Napoleon would sell
her to a circus where her life would change completely and she
would experience a new regime which the sexism would be even
harder to deal with.
#animal farm #napoleon #hunger games
#revange #mystery #surprise
12+
Have you ever wondered what Clover did during those days of hard
work? How about during the nights? What if Clover represented
more than just the women's role in society?The windmill could have
been built if Clover could have helped… Soon, you will be able to
explore Clover's hidden routine and feelings that George Orwell
never exposed to us.
If the pigs had a way to travel back in time, they would for sure try
to change the course of history in their favor. Well… but what if they
actually could do that? After being mysteriously teleported to
Ancient Egypt (a civilization they had never seen before), Napoleon
and Squealer realize this could be the perfect chance for them to
implement animalism in another civilization, so they start to act! If
you want to know how they got there, what they found and much
more, read our FanFic!
Suspense,
feminism.
What if animal farm was a prison that everyone thought was a safe
place, however, all of them who entered it had their memories
erased and did not receive information of the outside World. If an
AnimalFarm
Traitor
Mollie
TheMazeRunner
sexism, procreating, baby horses, slavery,
Clover, circus
K+
abuse,
sabotage,
sexism,
T
AU, peggy sue, Egypt, history, Animal Farm,
Animalism, K+
169
FANFICTION 27
Hoofmade
FANFICTION 28
Napoleon's greed
FANFICTION 29
Finding love: an
animal farm story
FANFICTION 30
The Secret Agent
unexpected situation happened which one of the animals found a
way out to save everyone's freedom.
Through the first chapters of Animal Farm, the figure of Mollie was
used by Orwell to represent the Russian bourgeoisie, who we know
lacked revolutionary appetite and therefore, did not care for the
morals that were being preached. What if after running away Mollie
were to create her own ribbon company, maintaining her luxurious
and capitalist lifestyle? And as she did not apply to the cause of the
revolution and its principles, wouldshe operate her industry with
animal farm’s slave labor force?
Have you ever wondered how the Paraguayan war might possibly
be related to Animal Farm… Well here's how! What if after the
animal revolution Napoleon gets too greedy for territory and
promises his people to build a windmill, while invading other farms.
After visiting far away farms and learning new battle strategies,
Napoleon greed hits him hard and he wants more farmland! Would
he be able to fight all the neighboring farms alone or would there be
too much food on his plate?
What if you didn't prioritize the right things in relationships, people...
and didn't realize the huge consequences in your life until it's too
late?
That's exactly the story that happens in our fanfiction- In an
alternative (not so alternative) animal farm reality, on which the
farmers just cared for the pigs, leaving the rest of the animals falling
into oblivion and tricking them into thinking they weren't good
enough, while the pigs assume a superior mindset where they find
themselves in the right, to oppress and dominate the rest of the
farm, on the pretext that they would love and teach the rest of the
animals what self-love was, something they had never experienced
before.
How will the animals learn to love themselves if no one ever really
loved them?
A story of love, prejudice, oppression and self discovery.
What if Benjamin secretly started teaching the animals how to read
and comprehend what really had happened. How would they be
able to start a second revolution? Read our fanfic and discover how
Benjamin managed to lead a new revolution and if they were able
to reestablish the order in the Manor Farm.
Mollie, bourgeoisie, capitalism, enterprise /
K+
War - Sacrifice - Dictatorship / K+
Self love, romance, non rated
Second revolution, new animalism, order,
benjamin leadership
K+
170
FANFICTION 31
Life or Afterlife?
What is more worth it? Fight to make the world more peaceful or
give up on the world and skip to the afterlife, in the Sugar Candy
Mountain? The animals don’t see it, but they have one of the most
complicated reflections of life on their hands and, more than ever,
their whole destiny to decide. What if they joined a cult so they could
go to the afterlife, without even knowing if it’s real or not?
Have you ever wondered what might have happened to Snowball
during his exile from the farm? What if he came back after all these
years to seek vengeance for Napoleon? How could that impact the
animal's lives and Napoleon's absolute power over them? We came
up with a few ideas on what might have happened after the ending
of the book. A new revolution? A story of revenge? A war between
Napoleon and Snowball? Join us in imagining a new future for
Animal Farm.
Content Rating: K
#afterlife
#life
#reality
FANFICTION 32
Ham: the Crumble
of an Empire
FANFICTION 33
The Letter
Have you ever wondered what would happen if humans entered
Animal Farm by mistake? What if they discovered Snowball's actual
reality wasn't from a traitor? And what if we could read Snowball’s
own testimony? Read our fanfic to find out!
farm, humans, Snowball, letter, trip,
Sugarcandy Mountain, revenge, comrades,
animalism, Napoleon
FANFICTION 34
Humanitarian
What if the Animal Farm story had continued, and now years have
passed, there are new animals on the farm, the original ones have
all passed away. Now the new animals have established their farm
in a country named Russia, they learned about their ancestors and
the snowball history and how he betrayed Animal Farm, they also
discovered that Snowball after running away from the Animal Farm
started another community in Ukraine and his great grandchildrens
were still alive and living there.
FANFICTION 35
Mr. Jones’s mask
What would have happened if Mr. Jones were trans and was having
gender issues, he felt like a woman, and deep inside he wanted to
be just like the girls from school or the women from the town. Mr.
Jones was bullied his whole life for being the “weird” kid. He wasn’t
able to deal and cope with the issues he was having so he took it
out on the animals and mistreated them. He also treated the animals
badly because he wanted to prove that he was a manly man by
putting up a violent man act. Read a poem that reflects upon how
Mr. Jones felt about himself and the world around him. This fanfic
gets the POV of M.r Jones.
Animal farm, revolution, war, revenge, anger,
violence. Rated T
Rating: K
#War, #Conflict, #Rússia, #Ukraine, #Future,
#Farms,
#Fanfic,
#Successors,
#TheBestOne, #RussiaVsUkraine / K+
poem, transgender, gender issues, LGBTQ+,
animal farm, self-discovering, / K+
171
FANFICTION 36
(Farm)bidden Love
FANFICTION 37
Into the tall grass
FANFICTION 38
The Return of the
Revolution
FANFICTION 39
Passion for Success
Have you ever imagined a secret affair between the characters of
''Animal Farm"? In our narrative Mollie doesn't leave the farm.
Considering this, what if Snowball and Mollie were deeply in love
and falling for each other? The only problem was if the pigs found
out, because it was forbidden to have a relationship between a
horse and a pig, since they were from different species, and
different social classes. The pigs were considered the highest in the
political hierarchy, while the horses belonged to the working class.
Keeping this in mind, what do you think would have happened when
Snowball was exiled? Would they find a way to be together ? Read
our fanfic to find out.
What if Mr Jones' unkindness and hatefulness could be understood
as a consequence of something traumatic and extremely
horrendous that happened in his past?
What if Snowball came back? What would happen if Old Benjamin
and Snowball helped each other and tried to overthrow Napoleon
with the help of the animals. This fanfiction takes place after the
battle of the windmill while the animals' morale is down and some of
them are hurting. Snowball would secretly get in touch with the
animals through Old Benjamin and Clover who would create secret
meetings to train strategies to expel Napoleon and restart Old
Major's plan’s. Would that plan finally succeed or once again one of
the leaders wouldn’t be able to share their power with someone
else? Read the fanfic down below.
Romance, forbidden, animal. K+
The "Passion or Success" fanfiction tells the story of a dashing
young fighter named Maverick who's boss is the military chief,
Napoleon Montague. One day he bumped into a stunning young
lady and immediately fell in love with her intelligence, the only issue
is her last name. Ophelia Capulet is the daughter of Napoleon's
nemesis, Snowball Capulet, the duke of Windmill. If Maverick
pursued his love, he would have to sacrifice his job and the dream
of becoming a general, but he doesn't know if he is capable of
staying away from the love of his life. Ophelia has the same
problems, because her father wants to marry her to a powerful
aristocrat, even though she wishes to follow her heart and live the
rest of her life with Maverick. Will they choose family over love?
au
crossover
shakespeare
lovers
strangers to lovers
rivals
military
aristocratic
Return, Snowball, New Revolution, Fanfic,
Animal Farm, Squealer, Old Benjamin,
CLover, Plot Twist
Rating: T
Content Rating:
T
172
FANFICTION 40
A Journal Which Fell
in the Wrong Hands:
FANFICTION 41
Where it all started
FANFICTION 42
Animal Media
FANFICTION 43
Delightfully Violent
FANFICTION 44
Mollie's $ystem
What if Napoleon had poisoned the Old major? And what would
happen if Napoleon found Old Major’s plans? This is a story
narrated by Old Major, in his past life telling his opinions about what
was going on at Animal Farm.
What if something happened to each one of the pigs, before they
got to the manor farm, and that is why they had different
personalities and motivations throughout the book? What if they
develop different mental disorders because of their childhood and
past?
The story occurs before the book. It tells the story of how the three
pigs: Napoleon, Snowball, and Squealer, grew up, and got to the
manor farm. Also, it talks about their personality and mental
disorders, which are manifested not only in the fanfiction, but also
in the book.
What if Squealer created a social media platform to gather
information from animals in a nice way or so it seemed. But later, he
messed with the algorithm to gather confidential information from all
the animals in the farm. Which he, afterwards, used to blackmail
and take advantage of the animals in order to take power and
benefit himself.
As we all know, Napoleon and Snowball hate each other. What
would happen if this was different? But of course they don’t know
this yet. After Snowball’s chase, Napoleon starts to think about him
more than he should. Regret? Guilt? What if this hatred was actually
love? He does not consider this option at first; he is too busy taking
care of the farm. Why would he worry about this when he had
everything he dreamed of at his hands? Read our fanfic to find out.
What happens with Mollie when she leaves the farm? Once Mollie
departs from Animal Farm, a particular hatred of a socialist system
rises within her, and a desire for material goods, consumerism, and
capital drives her ambitions to create a new system. She goes to a
farm that still uses the human coordinating system, and Mollie
introduces a new way of trading the food and actions performed by
the animals. A system led by economical power, in which people
strived to be those to possess the most credit. Mollie initiates a
system of obtaining and exchanging credit between animals that
perform actions within the farm and provides them with credits that
Napoleon, Snowball, Squealer, Animal farm,
Mental disorders, past stories / T
K+ Overthrow/Social Media/ Surveillance/
Authoritarianism
#enemiestolovers #viral #angst #pining
#romance #animalfarm #literaturefanfic
#napoleon #snowball #snowleon #hatred
#internalhomophobia #love #conflict #guilt
#regret/ T
Animal Farm, Capitalism, Work, Money,
Stock Exchange / K+
173
are profited. What if she increases the farm's productivity on a large
scale and gets the farmer's attention?
FANFICTION 45
The
Loink
FANFICTION 46
FANFICTION 47
Forbidden
What if Snowball fell in love with Mr. Jones? What do you think
would happen if there was a love between animals and humans
considering that it was forbidden? Do you think humans would
approve of it? What about the animals? If you want to know what is
going to happen and how everyone is going to react about this, read
"The Forbidden Loink".
prohibited love / discussions / lgbtq / T rated
Lovewar letters
Clover was always in love with Mollie. Afraid that the love wasn’t
mutual, she struggles and keeps it all to herself, mascaring it with a
strange friendship level between lovers and best friends. When
Mollie can’t stand the new system anymore and runs away from the
Animal Farm, Clover has no choice but to mourn. She calls her best
friend Boxer, unaware of his feelings towards her, so she could send
letters and maybe, maybe, keep in contact with Mollie. What she
doesn’t expect is what Boxer and the other animals are capable of
doing to stop this forbidden love. What if Mollie went away looking
for better conditions for her and for her love, Clover. Would Clover
run away with Mollie and leave Animal Farm?
#lovetwists #friends to lovers #gayromance
#lovedepression
T
All animals are gay,
but some animals
are
gayer
than
others
What if Benjamin and Boxer were a couple? Well, that's what
happened. But do you think Napoleon would only sit and approve
their love? No. Our fanfic puts you inside Napoleon’s mind, showing
his deepest fears, emotions and the reasons behind his actions. So
it”s a mix of past, while telling Napoleon’s backstory, and present,
showing how the farm reacts to a gay relationship. To learn about
all the trauma behind this important character and to get to know
Boxer and Benjamin a bit better, read our full story here.
#gay #pride #drama #couple #cute
#cutecouple
#love
#relationship
#childhoodtrauma
#helpnapoleon #sad
#drama #homophobia #fyp #foryou #goviral
#animalfarm #humancity #men
Content rating: T
174
ANEXO A – FANFICTIONS SELECIONADAS PARA ANÁLISE
Fanfiction 2 - RUN! THE PIGS ARE COMING OUT…
Synopsis: What if Napoleon was gay and he had been having an afair with squealer. What if
Snowball also had a little fling with Squealer and that would be the actual reason he was kicked out of
the farm? The dogs could be double agents that were working for Squealer and would demand them
to expel anyone who wasn’t pure, resembeling e natzi regime.
Keywords & Content Rating:: T, #love #nazi #lovetriangle #napoleon #lovetwists #pov #letter
#militias #animalism
Fan Fiction text:
My Dear Beloved Squealer, You’ve probably noticed that I’m not ruling the sh!tty farm
anymore. What am I even saying, of course you did. You must be devastated! Oh and it’s
Napoleon by the way. They were good years, my only regret is that those ungrateful sacks of lice
found out about us, about me at least. Why would they do that? I mean like, I raised them, gave
them the best for a little theatrical protection in return. And that is how they repay me. I feel
horrible and don't know if I’ll survive for much longer, so I took a break to remember the good
times, and I have to say that most of them were with you. Of course there were some rough
patches, like when Snowball got between us. Fortunately the problem was quickly resolved, if
you know what I mean. I still remember his little legs trying to run for his life. Thank god none of
those airheads suspected a thing, they all thought it was about a stupid windmill. And look how
crazy, I became fond of Moses. He was also expelled from the farm. I told him that those things
he said about the sugarcandy mountain would lead to trouble. Animalism was the only acceptable
ideology. First it was just judging, but it escalated to him being banned. I’m not gonna even talk
about the animals that supported him, they didn’t have it easy. I am wondering, how is the farm
now? Did the dogs take over? Did they do something to you? I can’t help but feel betrayed, I
treated all the animals like kings. To say I gave them my all is an understatement and they did
nothing to help me when I needed it. If it wasn’t for me we would still be slaves of the Jones
family, or worse, we would be their meals. I am still shocked with how fast things went. “All
animals are equal, but some are more equal than others” I’m pretty sure they forgot about the
first part, hippocrates. You were always talking about animalism. Those second class animals
were the ones to blame for our problems, not me. Is there any bad in having a little fun without
risking overpopulation? We were actually doing a favor and ensuring everyone had a full-ish
plate. I don’t care that it’s unorthodox, we don’t follow the church. I had never stated that being
goy (I think that’s how humans call it) is wrong. But they thought it was. Those kiss-ass growned
up puppies created their militia. How didn’t I realize? Luckily they loved you. Hope you are good
now. Good years indeed. Unfortunately all good things come to an end. I really thought that things
would start to go south when Snowball made that move on you. However, that only showed how
much you love me. And I have to say, the feeling is mutual. My biggest concern is what the pests
could have done to you. I’ve said it a lot, but I'll say it again. I hope you are alright, I miss you
everyday and I’ll love you till my last breath.
Love, Hunky Boar (my forever favorite nickname)
Squealer folded the letter. He threw half of the bitter cognac of his glass on the paper and drank
the rest. He lit up his phosphor and the love caught up in flames.
“Good work, dogs”
The animals were almost the size of wolves, lying on his feet. “Thank you master. God bless
the Animal Farm”
Fanfiction 3 - The falling of the farm
175
Synopsis: What if… the Animal Farm fell just like URSS? (Extension of the original story)
After the main storyline and In the edge of Napoleon’s govern, it was noticeable the advantages
that he possessed over other animals, even in the point of the pigs suffering disadvantages. The only
ones who prosper would be the ones close to Napoleon, to general discontent. All the animals form a
union against the corrupt government of the leader pig.If Benjamin had changed after the book’s
storyline, he would have created various movements. If Clover had some hope yet, she would have led
the revolutionary groups. If pigs had decided to help the other animals, what would happen? Along with
recurrent characters, new characters from different social classes/species appear to face the slaved
reign: “The Low Class of Pigs”, including Robespierre, the main representative of this class. Despite the
differences, they adapted in working together against Napoleon and his associates, like Squealer and
his own son, Luís-Sun. Since the original story followed the Russian Revolution of 1917, this will include
the period of the end of the Soviet Union.
Welcome, animals, big or small, pigs or humans, it really doesn’t matter, to the Fall of the Farm.
Keywords & Content Rating:
#URSS
#fall
#dictation
#craziness
#K+
Fan Fiction text:
The prodigal son returns home
Yet not to repent, but to plunder and loot
Oh, they murder and demolish,
no shame and sorrow,
not an ounce of remorse
in their hearts, the brutes!
Thy deeds will not come to pass
Without retribution, a scar to remember
A eternal mark, punishment
It will be a bloody ballet
As a retribution to thy traitors
Who call Napoleon a dictator
-Minimus
After Napoleon made the deal with the humans they started to work in the farm and share power
with Napoleon. But, since he doesn’t have a lot of compassion but has a lot of jealousy, the power and
government of the farm was turning into his hands all over again. He started to have the need for more
money, since humans required a salary, in contrast to the other animals. So the farm would have grown
in the worst conditions of work and barely any time for the animals to sleep. This, described by Squealer,
was a plan to grow the farm so animals can live better, since the money used would be spent in new
constructions, better healthcare and infrastructure of the place, so the animals had to work harder so
that would be achieved. The first ones to brag about it were the humans that weren’t used to working so
hard, some of them quitted, but others went to speak with Napoleon himself, they must have been fired
though, since they weren’t seen again in the farm.
In the meantime, some humans started talking to the animals, there wasn’t much of an
awkwardness between them, since most animals today are adapted to see humans in the farm and
Animalism is almost extinct. They would say that the work conditions were unfair and they should join
them in talking. Most animals thought it was a lie and a waste of time, but it caught older animal’s
attention, mainly Clover and Benjamin. The meeting that Napoleon’s did every day since the humans
entered the farm stopped when the humans started protesting. Soon, there were no humans in sight, all
of them were fired or left. Some of the animals thought that some were killed. But they didn’t, what
mattered to them was the work and the hours of sleep that Napoleon promised if they finished working.
But the work never ended. and the hours never came. The ones who didn’t work were brang to the barn
176
and never seen again, some animals say they were imprisoned, others say their flesh were sold in a
butcher shop. When asked for answers, Squealer would change the topic about working.
In the start of sleeping hours, Clover and Benjamin, considered veterans towards the newest
generations and a figure of trust. Upset about the disappearances of both animals and humans, each
night, they would tell a piece of their own story, since the Battle of the Cowshed to the execution of
Snowball’s followers, the stupid listeners didn’t believe it, but the smart ones already had plans of
revolution. But, slowly, all of them started realizing how bad conditions were, even with the humans
leaving.
Slowly, the animals turned to not work as hard as they worked before, thanks to the words of
Benjamin and Napoleon. To the surprise of the workers, Napoleon himself came to a speech about his
concern about working quality. In the middle of the speech, an infuriated duck came into stage and
attempted to attack Napoleon. Quickly, the dogs, known as Napoleon’s defenders, came in and shot the
animal. This was the first time they saw guns in the farm, and the first time newer generations saw the
dogs in action. A long silence came over the stage, the pigs were shocked
about the attack of the hen, and the animals were shocked by the use of the guns. This situation
remained until Napoleon went to the backstage, in his place Squealer comes, even rounder than before,
and says:
-Unfortunate news for you comrades. If one of you breaks the line or starts an horrendous act
like this, you all will receive punishments, like less sleep time, less amount of food. As also, work is now
going to be supervised and sleep time will be 1 hour less than usual. We are all disappointed for your
actions, and for your actions you will receive punishments.
The mood inside the farm was bad and strange. The animals were acting strange and
suspicious around each other. Napoleon and the rest of the farm were thinking the same: we have to
do something about this mood. It was such a serious situation that none was working. They were so
afraid to work with each other that they preferred not to work and not sleep. Finally, after 2 long days,
Napoleon decided to do a speech about the situation in the farm, being followed by his loyal dogs,
pointing guns at the audience:
- My dear comrades, please, let’s stop this ambience that is taking us to the ground.
We can not have another period without food, remember that those times were the
worst. I know, and understand, that you are all upset but you can not make that a
scusse to not work. Please, comtune to work, or the hours of sleep are going to be
reduced again.
That terrible speech made the animals even more nervous. But trusting each other was better.
They made a lot of meetings to prepare a revanche on Napoleon. After many disagreements, arguments
and fights, even though they pretended that all was “good”, they made a plan to get revenge on
Napoleon. The great plan was to poison Napoleon by putting something in his food and drinks. They
just forgot one little thing, Napoleon had pigs to taste his food to see if it was poisoned. At dinner time,
Napoleon called his servant pig, the pig ate the food, the pig died, the pig was buried. The plan failed.
Napoleon began an extreme extrasse, and ordered that some of his most loyal pigs be exterminated,
thinking it was an internal operation. He didn’t know who he could trust now, since his own animals and
friends tried to poison him. The thoughts of the end of the Farm and disappointment of his antecessor,
Old Major, over him scrambling the plans, and felt the distant kackling of Snowball, mocking him as a
leader. Napoleon’s extrasse was so big that he got sick, the animals thought that someone tried to
poison him again, but no, it was the extrasse. Napoleon, the great leader, died of a heart attack, but
actually, his crazy brain killed him.
Squealer announced these news with regret and sadness, but, his expressions quickly changed
to a hidden excitement as he said:
- I am going to take Napoleon’s place now.
The days became longer, the leader became fatter, there wasn’t even an attempt to make
Squealer’s figure stand taller than others, there wasn’t any need, it was already shown in his violence.
Everyone’s conditions became worse, even the pigs had inequalities within them. Although, despite the
rage and anger accumulated, the animal’s hope was slowly draining, the meeting between them was
turning even more depressing. Until, one night, the meeting was interrupted by the entrance of an
animal, the door’s creak was loud enough to shut all the members, even Clover, the most participant
member, looked surprised. They expected the shadow of the dogs to flood the place, but instead found
miserable looking pigs, their clothes were fuelled with grease and their eyes fuelled with rage. The first
one to enter was the thinnest and angriest, he introduced himself as Robespierre:
-We both have the same interest. Even under Napoleon’s commands we suffered, he slowly
wanted to make inequalities between the pigs. Now, Squealer just accelerated this project. So, it’s for
the best for us to revolt against him.
177
-Why should we trust you?- Asked Benjamim- You could just be another Napoleon against
another Snowball.
-Are you one of the veterans?
-Yeah, why?
-Slowly, the principles of Animalism started to become even more distorted. “Two legs good,
four legs better”. To the point of it almost being illegal for pigs to interact with y’all. Now, we’ve seen
how much y’all grew silent after Napoleon’s death, you can’t give up now.
-If you turn your back on us, we’ll not hesitate in considering murders- Said one of the newer
animals.
The place was taken by discussions, if they should or shouldn’t trust the pigs, at the end of the
day, it came down to votation, something uncommon in the farm. It seems that the majority seemed to
trust the pigs, probably impressed by the knowledge of Animalism.
For the rest of the night until the start of the morning they planned what they would do. It was
impressive, despite everything, how well pigs could work with other animals,despite their differences.
In the morning, Squealer was told about the animal’s exhaustion, and went for a speech with
new renovations for the farm, alongside with the news of annexation of a random nearby area. One of
the new renovations was the change of the economic uses to more preferred themes, most of us thought
they were going to invest in the higher class’s conditions. The other one was a way of freedom of
expression, most animals saw this as a way that the pigs can know which class is more discontent, or
which animal, so they can be executed later. After they were sent to work.
The rest of the days, nothing much happened, Robespierre’s party got more influence and they
were preparing for the day of revolution.
When they reached, Robespierre’s party suddenly caused a great impact thanks to the second
renovation. Suddenly impacted, the higher class of pigs didn’t have any idea of what to do. When the
animals started invading the farm, the political center, and successfully took down the government. Many
were killed, but still the experient ones survived, like Clover, Benjamin and
Robespierre.
Squealer, quickly running around the place , until he escaped and never returned to the farm.
With the farm dismantled, many animals decided to leave the place to follow a life of their own,
doing jobs of their preference and gaining salary, some pigs remained there and tried to rebuild a fairer
economy, like Robespierre, but were unsuccessful. We can say that, truly, all the animals became just
like humans, and just like what the Animalism confirmed, and that was achieved not by violence against
them, but by violence against each other in the Fall of the Farm.
https://www.istockphoto.com/br/foto/cofrinho-gordo-com-pessoa-da-urss-gm868861386-144
Fanfiction 7 - Snowball's Journey
Synopsis: His tail slipped swiftly under the fence as he ran for his life. In a matter of seconds,
running through vast fields, Snowball made up a clever plan to continue his journey of spreading
animalism. When he arrived at Foxwood farm, Snowball realized that what he expected was not what
was awaiting him. If only he had stayed on the farm…
Keywords & Content Rating:
K+
#horror #snowball #animal farm #fanfic #torture #pigs
178
Fan Fiction text:
Snowball eyes glistened as he presented the windmill idea to the animals on the farm. The
audience looked at him in awe, such a smart idea that could've never come from any other one of them.
Snowball was an admiration to all, but Napoleon's teeth gritted with fury. Soon enough, a pack of dogs
stormed in the barn, growling and barking, instilling fear in all the animals. As soon as Napoleon's highpitched whining gave the signal, the pack of hounds started chasing after poor Snowball, who ran in
despair for his life.
Everytime he contemplated stopping, he remembered the fierce face the dogs had. They were
hungry for pig bacon. So, until the sun started setting, Snowball continued running, making up for all the
days of bossing around other animals that worked on hours without end.
Finally, when he reached Foxwood Farm, the sun had hid from the horizon and gave way to the
carpet of night that made its way across the Fields of England's sky. Snowball was now walking in the
dark, bats were flying around his head, horses were sleeping, there was no sound except from his steps.
The pig was walking as slow as a turtle, listening to his own breath and feeling the breeze on his neck…
For one fast moment, he looked at the sky and suddenly everything went black.
The pig was dragged across the grass, having his back scratched and prickling with thorns.
When they arrived at their planned destination, rain started to fall and thunder started to crack.
Snowball's arms were tied with rope suspended from the ceiling, his paws were becoming cold
and his fingers were getting more and more purple as time was passing. He tried to scream but his
mouth was stuffed with cloth, the animal was barely breathing… For a sudden moment he felt his soul
leaving his body. Blood oozed out of his nails, being removed one by one. The pain was excruciating,
the poor animal was lost, scared, confused and in unimaginable agony. The final act was a sharp stab
in the pig's well rounded stomach. After that he wasn't even feeling his body or reacting to the pain.
When Snowball woke up from the traumatic event, in the corner of his eye, he vaguely spotted
a shadow. Was he dreaming? It seemed like a large majestic male boar with long tushes that appeared
to never have been cut. Snowball blinked twice to make sure he was not seeing things. The boar opened
his mouth and thanked the farmers for the splendid job they had done with the pig. Maybe rebellion
wasn't an option after all. Instead, comrades stab others behind their backs, just like Old Major had just
done to Snowball.
Fanfiction 9 - The SeaWorld Rebellion
Synopsis: What if Tilikum, the Seaworld whale, killed her coach to join the Rebellion? The
incident that shocked the whole world and started many controversies, where one of the whales in
SeaWorld drowned her coach, is related to the rebellion on Animal Farm. This is the other side of the
incident, the side that humans do not know.
Keywords & Content Rating: SeaWorld, Whale, revolution
Fan Fiction text:
The walls of the tank seemed to be closing up on Tilikum. The 6-meter-walls looked more like
2-meter-long, and it was progressively getting smaller. He hardly remembered the ocean, where he
could swim freely on the coast of Iceland. The memory of his capture still haunted him.
The show was about to start, and hundreds of people were impatiently waiting for him. The day
looked like any other; he would jump in specific ways in clocked times, pretending to love the humans
next to him, acting like nothing was wrong.
Once the show started, he noticed something was weird, multiple pigeons were flying around
the tank he was performing. But they weren't just passing by, they were saying things. In between the
dives, Tilikum could only comprehend certain words such as “rebellion”, “free”, and “justice. The sight of
these pigeons distracted him from his jump and he accidentally fell on the wrong side of the tank,
splashing water right on the electronic equipment responsible for the music. When the water entered
into contact with the equipment, sparks flew in the air and were quickly followed by fire. The crowd,
scared by the flames, started to run away like crazy, causing many people to get hurt in the rush.
Tilikum knew he would be punished. Like so, he was sent to an even smaller tank and stayed
there for hours without food. He was left to starve and could do nothing about it. When his anger started
growing, he remembered the pigeons from the show and looked to the sky, searching for them. It didn't
take long for them to make an appearance.
“Hello, my fellow comrade!” said one of the pigeons, landing on the rock closest to the whale.
Unfamiliar with contact with other animals, Tilikum was skeptical and did not answer at first.
179
“There is no reason not to trust us, we came here to help you, to inform you that you could live
a happy life if you want to…”
“I don’t understand…”
“What if we told you there was a place, not far from here, where the animals are free and don’t
live ruled by humans? Where they only work for themselves?”
“That is impossible” Tilikum could never imagine a life not ruled by humans. He could never
imagine being free.
“It is not” the first pigeon replied “That is the story we came here to tell you. It is the story of
Animal Farm...”
Tilikum had never heard of anything like what happened to the Manor Farm, but as the pigeons
went on with the story, he was getting more inspired and excited about living independently. Still, he did
not want to wait as long as it did for the Animal Farm revolution to take course, he wanted to quickly act
in order to be free for the rest of his life.
At night, long after the pigeons left SeaWorld, Tilikum was thinking through all the ideas he had
for his own rebellion, On contrary to Animal Farm, he was alone, he didn’t have any other animals to
collaborate with a more complicated plan. It had to be simple and effective.
Tilikum did not sleep at all that night, but in the morning the plan was ready, and by the end of
the first show he would be a free whale.
Everything was going as usual. The show was about to start, and hundreds of people were
impatiently waiting for him. The day looked like any other; he would jump in specific ways in clocked
times. But this time he was not going to pretend to love the humans next to him, he was not going to act
like nothing was wrong. The moment was coming.
There were only 10 minutes left of the show, and he was ready. The rest is common knowledge
because the SeaWorld rebellion is known by another name. It is known as the day the evil whale killed
her coach, pulling her down by the hair and drowning the life out of her. Tilikum’s rebellion was all over
the news, but for the whale, it was a failure. He was not free. He was not happy. Everything would be
the same, Humans on top, animals below.
Fanfiction 10 - THE HISTORY BEHINDS NESTLÉ COMPANY
Synopsis:
After 25 years of the animal revolution at the Animal Farm, Mr. Jones, already with his adult
son, Charles, told him the story of his old farm lost to the animals. Charles was thinking about it for days.
So after a lot of courage he decided to call his friends to the adventure of winning back his family farm.
Was after it that the Nestle company was created. He was very confident and with his friend's help,
Charles managed to tame the animals and began to mistreat them by killing to use in the products sold
on the farm. The company started to grow more and more and a while later it became Nestle. But nobody
knew that behind this "great" company the animals were killed to make the products.
Keywords & Content Rating: Nestlé, Charles, Logan, farm, animals, counterrevolution, tame
Fan Fiction text:
After a while of the animal revolution at the Animal Farm, Mr. Jones created a family, got married
and had a son named Charles. During Charles' childhood, his father, Mr. Jones always told him stories
about his life, since Charles loved to hear it. The animal revolution at his father's old farm story, was the
one he liked the most.
Since Charles was a young man, he always thought of having a big company of food. One day,
when Charles was already 25 years old, he started thinking of going to his father's old farm because
realized that it was a good idea to create his company, in that area there were a lot of animals. He said
it to his father about going to the farm and making a counter revolution against the animals with the idea
of winning it back and creating the company. Mr. Jones thought that was a nice idea, but he couldn't go
with him, he was really old and wasn't prepared for it, so he said to his son that the best option for it
would be he going with a friend
Then Charles started making a plan of how he was going to do it. At the beginning he thought
about confronting and killing the animals, but he realized it wasn't a good idea, he would lose food and
good workers. So he decided to call his friend Logan who was a great animal tamer. Charles told Logan
all the story, although he wasn't really confident that it was a good idea. So Charles proposed to Logan
180
that if he went on this adventure with him, he would gain half of the company that they would create, but
he couldn't tell anyone about it. After thinking a lot, Logan accepted it.
They would join it tomorrow, so both of them started preparing all the stuff to go there. Charles
got his father's car and Logan got his objects to tame the animals. The trip would be really long, so they
got food and water. During the night they started preparing themselves to win the farm back from the
animals.
The day finally came, they woke up really early and Charles started driving to the farm, it was a
6 hours drive. Near the destination, Logan got all his stuff to do the taming. The first one to join the
animal farm was Logan, there were a lot of animals, but they were really distracted, so he started taming
some of them, the farm was in his hands. After a couple of hours, Logan won all the farm, he was the
best tamer in his city, so Charles entered there to start making the space that the animals would work
and be killed to transform them into food, he got the objects that his father told him that stayed in his old
house there. They worked a lot on it, it was 2 days of preparing everything for the creation of the
company.
After finishing it, they started killing the animals and transforming them into food. It wasn't an
easy job, so they contracted 10 men to work with them, with the agreement that they couldn't tell anyone
about what happened inside the farm.
They started working hard and finally created the company, named as "Nestlé". Nestlé started
growing more and more, the customers were really choked about the good quality of the products, but
no one knew from where the food came.
Just by lying that the good quality of their products came from, the company was just profiting
and growing, Charles and Logan won a lot of money on it.
After 50 years of the creation of Nestlé, they became the biggest company in the world, and
until today, anyone knows that the food came from the animals, Charles and Logan became the richest
guys in the world.
The secret was kept forever.
Fanfiction 11 - The evil mind behind it all
Synopsis:
We all know that Squealer skills were rhetorical and he could manipulate others with his
propaganda. He used his speech to convince all the animals at Animal Farm to accept Napoleon's
decisions. But what if it was actually his decision? What if he was actually the evil mind behind
everything? Squealer was the one controlling Napoleon all along…
Keywords & Content Rating: (lies, thriller, manipulation, mysterious, corruption - T)
Fan Fiction text:
Napoleon ordered all the animals to assemble in the yard. When they were all gathered
together, Napoleon emerged from the farmhouse, with his nine huge dogs frisking around him and
barking, which scared the animals. They all cowered silently in their places, seeming to know in advance
that some terrible thing was about to happen. Napoleon stood sternly surveying his audience; then he
whistled. Immediately the dogs entered, holding four of the pigs by the ear and dragged them, yelling
with pain and terror, to Napoleon’s feet. The pigs’ ears were bleeding, the dogs had tasted blood. The
audience was quiet. The four pigs waited, trembling, with guilt. Napoleon called them to confess their
crimes. They were the same four pigs that had protested when Napoleon abolished the Sunday
Meetings.They confessed that they had been secretly in touch with Snowball ever since his expulsion,
that they had collaborated with him in destroying the windmill, and that they had entered into an
agreement with him to hand over Animal Farm to Mr. Frederick. They added that Snowball had privately
admitted to them that he had been Jones’s secret agent for years past. When they had finished their
confession, the dogs tore their throats out, and in a terrible voice Napoleon demanded more animals to
confess. Some others confessed. When it was all over, the animals returned to their labor and Napoleon
met Squealer at the farmhouse. Napoleon stood in the kitchen and Squealer came right behind him,
slamming the door. Comrade Napoleon, unlike Squealer, didn’t seem proud of what he had done. His
eyes were tearing up.
“Good job, Napoleon.” - said Squealer
“I don't think this is a good idea, we can't just kill them if they don't agree with us. “- he whispered.
181
“Oh, shut your mouth. I didn't ask for your opinion, just continue obeying me otherwise everyone
will know that you were the one who destroyed and sabotaged the windmill, not Snowball.”- Squealer
contested.
"You were the one who told me to do it." - complained Napoleon.
"Nobody knows that. Do you still want to lead this farm with me?" Said Squealer.
"Yes, sir."- Napoleon answered.
"So continue to do what I tell you to do! I don't want you to think that I'm bribing you, you are my
friend, just don't forget that you are nothing without me." said Squealer, frisking from side to side as he
usually does to convince everyone.
Squealer left Napoleon, who was not convinced at all.
Days later, they had the same conversation behind the farmhouse, in a place where they
thought nobody would see them. Napoleon was even more sure that what they were doing was wrong.
He tried to convince Squealer, but instead of just talking and arguing, Squealer hit Napoleon as hard as
he could.
"Do you want me to kill you, Napoleon? Do as I say and you won't get in trouble."
"Okay, okay." - Napoleon cried. "I won't bother you anymore, I swear."
During the fight, the animals heard someone yelling and ran towards it. They thought that it was
Snowball secretly destroying their work again.
" What's going on?" - said Boxer.
"Nothing. We were just having a conversation. Go back to your work RIGHT NOW." answered
Squealer, not letting Napoleon talk.
The animals were surprised with Squealer. He was ordering things in Napoleon's place. They
had never seen Squealer talking so loudly.
"Who do you think you are to talk to us like this?" - Moses protested. "You are not our leader,
Squealer.”
"What? No, no. You guys misunderstood it. I am just asking you to return to your labor. Napoleon
was the one who asked me to say this, right?" Squealer looked at Napoleon.
"Yes, yes, sure." Napoleon said.
The animals were convinced, so they went back to work.
"Look what you've done, Napoleon. What do you think it would happen if those stupid animals
didn't believe me? You are the dumbest, why did I choose you to be by my side?" Squealer yelled.
Moses was the only one who wasn't convinced, so after the animals left, he stood hidden and
saw the whole scene. He didn’t hear anything, but he noticed Squealer raising his voice while talking to
his leader. He found that strange. From that day on, he tried to pay more attention and figure out what
was going on between Napoleon and Squealer.
A few days later, while Moses was talking to Clover and Benjamin, he saw Napoleon talking to
Squealer through a window of the farmhouse. He immediately left his friends and went towards the place
and stood behind the door. They were talking really loud. He heard Napoleon begging Squealer to stop
making him act so wickedly with the animals in the farm, to stop making the animals submit to such
horrible conditions, to give them more food. They were working too much.
"I can't believe it. Squealer is the evil mind behind it all. He is the one controlling everything and
everyone. Including Napoleon." - whispered Moses.
One day later, Moses talked to the animals and told them what he had seen, the truth behind it
all.. However, since Moses had always made up some tales, such as the Sugarcandy Mountain, many
animals did not believe him and thought that he just wanted to mess with their work.
Those rumors of Squealer’s evil mind spread more and more, reaching Squealer himself, who
wasn't happy at all. He told Napoleon to order all the animals to assemble in the yard. When they were
all gathered together, he demanded Napoleon to explain the situation:
"Comrades. I think all of you have heard about the gossip that has been spread this week. I truly
hope that you guys didn't believe in those things. We're all together in this, fighting for the Animal Farm
to become an influence in the whole country, but you guys need to remember that I am the leader of
this farm! Squealer just obeys me."
"I can't believe you all thought that I would do such a thing!" - cried Squealer ." Animals who
spread those fake rumors only want to weaken our farm, our colectivity, saying that we are liars! They
want to weaken our farm so that Jones returns!
“If Comrade Napoleon says it, it must be right!”- said Boxer.
Moses was there this whole time. He felt betrayed, he knew he was right.
"You don't belong here, traitor!" - yelled one of the animals.
"Get out!" - some others said.
"Get out, Moses! Get out, Moses! Get out, Moses!" - yelled the animals led by Squealer.
182
Napoleon, however, didn't say a word. Squealer was taking over the whole situation.
The poor raven felt even worse and decided to fly away, leaving the Animal farm behind.
Fanfiction 12 - The real owner of the dream
Synopsis: What if Napoleon had planned it all, since the very beginning? What if he had gone
to Manor Farm to search for a place to start his new revolution? What if Old Major was already old
enough to mistake a tree with a cow, and his dream was nothing but the product of Napoleon influence?
And his death, caused by natural causes, was not at all natural? This fanfic shows how, since the
beginning, Napoleon was the mind behind it all.
Keywords & Content Rating: Corruption, Manipulation, AU / K+
Fan fiction text:
One day, many years before the Revolution, a young pig simply appeared in front of the Manor
Farm. After being advertised by his workers, Mr Jones went to see the animal. Even though he seemed
a little suspicious, he was just a pig, so he took him to his farm. Later that day, the foreign pig was
named Napoleon, by the oldest pig and most respected, Old Major.
Over the years, Napoleon started to win the respect and trust of his fellow comrades, being
seen as an inspiration to the young boars and a future leader by the animals. Secretly, every night
Napoleon would go to the farm house, looking for books to help him learn how to read and write. At the
same time, Old Major was getting even older, and even though he was still the most influential and
respected animal in the farm, his mind started to get confused, mixing memories, dreams and the
present. Because of that, Napoleon was selected to be Old Major assistant, taking care of him. Making
sure he would eat all of the meals and sleep on time.
Every night, while Old Major was almost asleep, Napoleon would share his ideas of a revolution.
His plan was to take down the humans and install the first ever animal controlled farm. While he was
sleeping, Napoleon would sing a song that later would be called “Beasts of England”. Old Major couldn’t
really understand it or associate the information, however, Napoleon’s ideas were getting stuck in his
head, making him believe in this possibility, and truly believing that he was the one that came up with
all of that. After some time, before going to sleep, Old Major started sharing “his” ideas with his assistant,
who couldn’t be happier, as if he was already expecting it, and, to Old Major's surprise, he would
encourage him, supporting his ideas and even suggesting him to share it all with the other animals.
On a certain day, all the animals were called for a meeting in the barn by Old Major. A lot of
rumors about the reunion were spreading, but no one was actually ready for it.
That night, Old Major finally shared “his” dream, and all of the animals heard it with all the
attention they could give. The revolution was now installed in their heads, and all of them were looking
forward to the right moment.
After the end of the meeting, they all went to sleep. Old Major was very tired, but nothing could
control his happiness of finally sharing it all, except Napoleon singing “Beasts of England”, which made
him sleep very quickly.
Around midnight, Napoleon left the barn, heading to the farm house, as usual. However, this
time, his goal was not the every-day reading time, but the extraction of a poison. When he was going
back, with a little bottle of smashed amaranthus, the biggest toxin for pigs, he realized the small shadow
following him, and when he turned around, Squealer, a very brilliant talker, was looking directly at him.
“What are you doing awake, Squealer? You should already be asleep.” Said Napoleon, hiding
the bottle behind his back.
“I have to ask you the same question comrade, and don’t even try to hide it, I know what you’re
planning”
Napoleon’ expression was of pure fear, mumbling something back that no one could hear.
“Come on comrade, start speaking”
Napoleon knew that he wouldn’t be able to hide it all from everyone, and he also didn’t want to.
He needed to tell his plan to someone, he needed an alliance. “And why not Squealer?, he thought, “He
would be a very useful ally”.
“I’ll explain it all to you, if you take my side and let me finish”.
“Sure, go ahead”
“As you already know, I’m not originally from this farm. I was born in Scotland, in a big farm,
where our life conditions were terrible and all of the animals were mistreated. I noticed today how you
paid attention to Old Major’s speech. The truth is that those ideas are actually mine, or more specifically,
183
they are from an old boar of my old farm. A few months before I arrived here, we were able to start our
Revolution, and we took control of the farm. However, it didn’t last very long, the humans attacked us,
with guns and explosives, and we were not ready to fight. But here, in Manor Farm, I see a future. All of
my life I reflect of what we did wrong, and now I know the answer. I’m that if we start a new revolution
here,
we
will
succeed,
trust
me,
comrade.”
“That's
impressive,
but
what
about
the
poison?”
“Here is the thing… I know Old Major is very loved and respected here, but he has already
completed his journey. His death is necessary for the revolution, it’s the only way for us to mobilize
everyone. I know it seems way too much, but trust me comrade, it is the only way, and I’m sure Old
Major
would
understand
it.”
Squealer sat there, thinking about what was said to him. The death of their inspiration would be
crossing the line right? But it makes sense… They would really need something to motivate the others,
and this was definitely their best shot.
“When are you planning on ending him?”
“Today would be way too suspicious, so I was thinking about tomorrow. It would also give us a
chance of giving Old Major a good last day. Are you with me?”
Squealer was still in doubt, shaking his head up and down, and then left and right.
“Come on, comrade. I will make sure to teach you how to write and read. You will be a leader,
and with me, we will conquer freedom for all of us.”
After thinking for a few more minutes, Squealer got up and looked right into Napoleon’s eyes.
“Tomorrow night, at the barn. I’ll be there.” And left, hiding in the shadows again.
Napoleon returned to the barn, afraid of tomorrow, but actually relieved that he had taken it off
of his shoulders, and now he had an ally.
The following day went very normal, but Old Major got more food on his meals, and Napoleon
covered his works. Squealer was nowhere to be found, which worried Napoleon way too much. What if
he had given up? What if he had already told the others about it?
As the night started to fall, Old Major was already on his bed, and Napoleon was walking around
him, very anxiously, when finally, someone knocked on the door, and Squealer’s voice asked to come
in.
Napoleon slowly approached the door and opened it, letting a very scared Squealer enter. They
faced each other, hiding every expression, and started heading towards the bed.
“Are you with the… thing?” Said Squealer, so low that he couldn’t barely hear himself.
“Shhhh” Answered Napoleon, agreeing with his hand, and showing the bottle with the red liquid
inside. “Everything is ready, I’m just waiting for you”
Then, they arrived at the top of the bed, looking Old Major from above. Napoleon looked at
Squealer throughout the shadows, and after seeing that he was freezed, he took the stopper out of the
bottle, and slowly the liquid started to fall on Old Major’s snout.
The scene was peaceful, there was no reaction from the pig. His paused breath just paused
forever, and no one would know the real reason. Squealer started to apologize to the body, saying that
it was necessary and explaining the whole situation. Napoleon however, just got away from the bed,
and started to read his plans, looking at what the next step should be. Everything went according to his
plan, and the revolution continued as in the story of ‘Animal Farm’.
Fanfiction 16 - The Resurgence of Snowball
Synopsis: As we know, the now again Manor Farm is controlled by the pigs, who have a strong
alliance with the humans. The conditions of life in the farm have worsened and the animals are even
hungrier and more tired. What would happen if, in the middle of this misery, an old savior rose from the
ashes? What if Snowball came back, with the help of other animals from outside the farm, ready to give
the animals freedom once and for all? Find out by reading the following fanfiction!
Keywords & Content Rating: Animal Farm, Snowball, revolution, life conditions, freedom / K+
Fan Fiction text:
It was fall. All the leaves were the color of gold. Ironic, since gold could save all the animals. A
leaf fell from a tree in the grave of the sheep who had died in the Battle of Cowshed. Benjamin was
there. He liked visiting the grave, to remember a time where the animal's lives actually mattered. "I could
184
have done something. I knew something was wrong when Napoleon started to kill other animals. I was
one of the only animals who knew something was wrong and I was too much of a coward to do anything.
I'm sorry". As he watched the sun set behind the grave, his legs started trembling and he slowly fell to
the ground. He had no more energy and was very hungry. The poor donkey died, full of hunger, full of
guilt. "Don't worry, Benjamin. I will get you justice". Soon, what happened to the donkey would happen
to every animal in Manor Farm.
News about Benjamin's death spread fast, but no animal cared, as they were now used to others
dying. Few known animals were alive: Napoleon, or Mr. Napoleon as he told the animals to call him that
and Squealer. They were living the best life, eating the best food, drinking the best bottles of scotch they
had and not caring about what was happening to the rest. They only came out of the house if the
commandments had to be changed or if they needed to execute another animal. Both of these things
were now done in public, to distance the other animals even more from the pigs. Today, only Napoleon
came out of the house. He was surrounded by angry dogs who would attack any animal who came
close. "Animals of Manor Farm, today I have come to announce the death of a dear friend. My partner's
life has come to an end. Squealer was…". Napoleon kept talking and talking about the life of Squealer,
but the end of his speech was what really mattered. "Tomorrow at dawn will be the funeral. If any animal
does not show up, their rations will be cut".
It was a full moon. Napoleon was already tucked away in the house, now without Squealer. As
usual, the dogs guarded the door of the house, growling lightly to scare off any animals who dared to
try anything. During the night, there was more activity than usual. Most animals thought someone was
setting everything up for the funeral, but some animals knew that something was up. Nevertheless, the
animals went to sleep like every night.
It was now dawn. The animals were going to the place designated for the service. For as long
as the animals could remember, Napoleon would always walk with the dogs, always looking ruthless,
but today, he was alone. The animals could almost feel sympathy toward him. He had lost the only one
who was loyal to him since the beginning of the revolution.
As Napoleon went to give his speech, the animals all settled down to hear what he had to say.
"Good morning, comrades. Today we are joined here today to say goodbye to someone who was very
special to me. Squealer had been with me since the beginning of the revolution. As the years went by,
we only grew closer. He was my best friend and our comrade. Beyond that, he was a symbol of the
revolution and a crucial part to help us take over this farm. In honor of him, I would like to bring back an
old tradition." An old sheep started singing "Beasts of England". Every animal thought she was going to
be killed, but instead of that, Napoleon started singing too. In the blink of an eye, the whole farm was
singing the tune.
Before they could get to half of the song, they heard a tremendous noise. Napoleon, the only
leader they had ever known, fell slowly to the ground, with blood dripping out of his head. He was shot
from behind. The animals were trying to process what had happened when a suspicious figure came
out of the shadows. They had all heard the legends, but they never thought something like this could
happen. An old looking pig started walking towards the animals, and he kept on singing "Beasts of
England".
The killer kept singing until the end of the song. When the animals finally figured out who it was,
the pig started talking. "Comrades, to those who don't know, my name is Snowball. I was once part of
this rebellion, but I was driven out by Napoleon. Lucky for me, I was found, almost dead, by a pack of
wolves, who nursed me back to health. I came here only to find justice for what Napoleon did all of those
years ago to me and what he is doing to you. I am your savior. I am the new and better leader of Animal
Farm."
"Savior? Leader?" - a hen started speaking, - "What are you talking about? We don't need a
new leader, we need food, we need a place to sleep. Maybe things were better when you were here,
but now we just want the minimum to have a decent life. Let's just get out of here, this is crazy".
Every animal besides Snowball started walking toward the exit, when they heard another
gunshot. The "savior" started talking again. "YOU CANNOT LEAVE, I WILL SAVE YOU". This time, the
gunshot called the attention of Napoleon's dogs. In 15 seconds they were there to do what they couldn't
in the past.
The animals all turned their back on their home. As they walked away, they could hear Snowball
scream of pain. Animal Farm had become the worst it had ever been. Chaos, murder, complete
incompetence to help the animals and a uninhabitable place. The animals walked out of Animal Farm,
Manor Farm, Chaos Farm. No one knew what it was and what was going to happen. As they were
looking for a new home, "Beasts of England" filled the air for the last time.
"Beasts of England, beasts of Ireland,
Beasts of every land and clime,
185
Hearken to my joyful tidings
Of the golden future time.
Soon or late the day is coming,
Tyrant Man shall be o’erthrown,
And the fruitful fields of England
Shall be trod by beasts alone.
Rings shall vanish from our noses,
And the harness from our back,
Bit and spur shall rust forever,
Cruel whips no more shall crack.
Riches more than mind can picture,
Wheat and barley, oats and hay,
Clover, beans, and mangel-wurzels
Shall be ours upon that day.
Bright will shine the fields of England,
Purer shall its waters be,
Sweeter yet shall blow its breezes
On the day that sets us free.
For that day we all must labor,
Though we die before it break;
Cows and horses, geese and turkeys,
All must toil for freedom’s sake.
Beasts of England, beasts of Ireland,
Beasts of every land and clime,
Hearken well and spread my tidings
Of the golden future time"
Fanfiction 20 - Till death do us apart?
Synopsis:
We all know that Old Major knew that he was going to die, even though he wasn't sick. It's
important to add that he was already telling the animals the importance for them to take responsibility
and to take the revolution seriously. Consequently, as soon as the animals knew their leader had died,
they all started wondering how the Old Major knew that he was going to die and why did he want them
to do the revolution.
What if, then, all of the animals that got "old" and aren't prepared to die, and would only get to
the point when they were sent away to be killed? What if Old Major, the father of the revolution, didn't
actually die because he was old, but because it was his time to get killed?
What if the animal farm was actually a slaughterhouse, a place where the humans would feed
all of the animals till they got to the right conditions to be sent to the industries to be killed and sold as
food?
Keywords & Content Rating: K+ teen terror - fiction - dying - food
Fan Fiction text:
Old Major knew he was going to die because he had a strange dream and he was thinking of
communicating to the other animals about it. But, instead he started to think about his own life. He knew
that he was going to die even though being in perfect conditions, so he gave up on doing the speech
Old Major had heard a conversation between Mr.Jones and one of his employees saying that
the animals had no future if not for their tragic death. From that on, the old pig built a plan to save the
future of the other animals, having in his sight that it was too late to save himself.
The plan consisted of a revolution against their owner, Mr Jones, and it would be led by the
pigs, who were considered the most clever one's in the farm. The point of the revolution was to push
the humans away, so they would avoid being killed and sold in local markets.
As Old Major knew the day he was going to be assassinated, he decided to call a secret meeting
with the pigs and explained it all to them. As the pigs were very frightened by their unexpected and awful
future, they took the responsibility to look after the other animals, and to run the plan. The pigs decided
that they wouldn't tell the other animals the future so they had to not cause any more distractions, so
186
they just justified the revolution by saying that they were living in horrible conditions and no longer could
be treated as inferiors by humans, so they needed to change it the sooner the better.
As the revolution was happening it all seemed to be going really well. There was a big fight
between the humans and the animals, it lasted days and more days, there was a lot of blood and sweat.
During the nights one part of each group stayed looking out for each other, and after they alternate the
groups. After a long time the revolution was over, and the humans realized that they were weaker and
left the farm. Everything was going how they planned, until the neighborhood farm gave a business
offer that consisted of the idea that the animals could live in peace and have the farm by themselfs, as
long as the leaders of the farm could give them a couple of animals. Right when they received that offer
they immediately thought about declining it, since it went against Old major principales, where all
animals were equal and well treated. However they realized that if they didn't accept the offer the other
farms would make their lives miserable, by torturing them for all infinity, and actually tattle taling them
to other humans, telling them all the benefits of killing the animals, so the pigs began to reconsider their
offer, because it was a life or death situation.
Consequently, the pigs prepared a business meeting only between them to discuss the offer.
They all went to a place in the barn where Old Major principles were hanging on the wall, so they could
always think of them when making important decisions like this. They stayed a long time in this meeting
and the final conclusion they made was that getting rid of some useless animals would be better than
compromising the entire farm. Everyone agreed with this conclusion, in exception of Snowball, he didn't
think this would be the fairest choice, he even threatened the pigs by saying that he would tell the other
animals.
As the pigs didn't like Snowball's position, they decided that he would be sent firstly to the
farmers, to avoid bigger conflicts, because as they knew snowball could do a big revolution just because
he didn't agree with something and they didn't need more problems in their plate. They justified
Snowball's disappearance saying he was an enemy that had betrayed the farm and the animals and
couldn't stay anymore in the farm. The animals didn't look too much into it and let it go easily.
From that day on, Napoleon and the other pigs started getting rid of some of the animals,
however, with the snowball's disappearance and some of the other animals too, everyone else started
to suspect that something was going on. In the meantime the pigs were acting normal, as if nothing was
happening and every time an animal asked the pigs about these animals they kept on saying that
everything was fine.
Further on, even the stupidest animals had in mind that there was something going with the pigs
and that they were hiding something from them. They realized that there was a pattern: all of the lazy
and useless animals were the ones who went missing in the past few days. So, secretly, the animals
built a plan behind the pig's backs, to follow them around and investigate the situation and the
unexplained events.
As soon as they started to go after the pigs, they discovered the whole situation, they were
discredited by the wickedness of the pigs, and how they managed to send away their own friends.
From that day on, they started hunting down the pigs and a big fight had beggin, this time it was
a fight where animals were on both sides, the pigs had already turned on their companions, but this fight
was the turn of the angry animals to take revenge on their fake friends. The pigs were losing very hard
in this fight, so there was a point where they just gave up and went away from the farm.
Since that day, the animals that were left in the farm, built a whole new democratic system, with
no such thing as superiority, every single animal was equal between the others. All of them had a voice
in the farm, and the decisions were all made together. They finally were free, and also, the farmers no
longer bothered them. After years, the animals discovered that the pigs actually gave way more animals
then what they had agreed. In conclusion they not only got rid of the animals because of the deal but
because they enjoyed the opportunity to get rid of the animals who weren't relevant for them or or that
constantly questioned the way that the pigs ruled the farm.
Fanfiction 22 - Unity Is Strength… But the Strength is Individual
Synopsis: The future is unfeasible, what happens is constantly changing. Everything was going
well, a totalitarian government above everything and everyone but death. Yes, this whole government
goes away, but what happens next? No answers, no planning, questions and uncertainties. Until then
all animals fighting for the same cause, a union against war… but what if this union becomes inverted?
A war against any alliance or empathy between animals! Who would rule? Would It be a decision for a
187
just democracy? No, a wild game in which the most capable and evolved as possible will have victory
in its paws. Who do you think would be the new Napoleon, the winner of an entire great empire and
companion in a fight for new revolutions?
Keywords & Content Rating
#animal farm #napoleon #hunger games #revange #mystery #surprise
12+
Fan Fiction text:
Animal Farm. The members of this community lived in constant change, conforming to the
transformations of their government, that is, the footsteps of which leader they would follow. The only
exclusivity that always remained the same,or at least, until that time, was the strength, union and
empathy of the participants among themselves. They used to see themselves as the perfect
combination, the contribution of each one to make the group complete, everyone was essential and
fought for the conquests of others. They lived by the “Union is strength”.
- We are the force. Together we are bigger.
For years they followed Napoleon's footsteps, hanging on his mane, to walk with their ideals,
achieve the goals proposed by him while he was the absolute power of the nation. His supremacy had
many flaws, like everything in life, nothing is perfect, everyone in their confidence and comfort zones.
Besides, they had no other option.
One sunny Sunday, on the day of rest, they went to the stable to gather. What improvements
would be made in the community? What would be their future?
All anxious, renewing the feelings of this golden day… but Napoleon, leader of everything, never
arrived. Did the man fall asleep or go for a walk? Everyone was so worried, the dictator was very
responsible, he didn't waste time. A movement began restlessly, the energy vibrated chaos, screams,
cries.
- What will we do? He was the reason for everything. He was our nation! Who is going
to rule us?"
Everyone let go of Napoleon's mane, let him go. They cried over their leader and made continual
prayers out of fear.
- Go with Old Major, our comrade. Rest and command us in peace, you will forever be
our captain.
Weeks of grief and pure denial had passed since the death of this figure who marked the history
of Animal Farm. The future of the animals was a real question mark. Various theories were courted by
the green grasses of the countryside. Until Squealer's expected instruction of what they would become.
“Until today, you were a group united for a cause. But this cause was crushed for an end,
Napoleon became a star, and now what unites you? It is not known! In fact, nothing, we have no more
plans to unite. Let go, show your powers, fight to see who will be left with the paws in government. Now
the game has begun, the hunger and death games among our community members. Whoever wins is
pure luck. Rules, there are no rules!”
And so began a revolution in search of power, completely mad. Day after day there were
surprises.
They began by destroying the stable, stealing food, cutting each other's fur and claws. In a large
proportion, everything got worse, losing the limit. Democracy was fantasized, speech was commanded
by aggressive and violent oppression.
In the first week there was already a death portrayed of one of the animals. Benjamin was down,
without breathing or a heartbeat, he missed the opportunity of life. As proof of this horrendous attack on
a total innocent, there was a signature written in brownish blood on its hind legs. Who was to blame?
There was no individual, without exceptions, who were not psychologically affected. How did they get
to this point? They cried without even knowing why they were experiencing the maximum radicalism, a
game based on dead and survivors, or else the rest that managed to overcome this inhuman animal
war.
So it went on, the farm turned into individualism and enmities. Before the moon had even
completed one orbit, once again they had been cruelly impacted, Clover was also gone. The same
symbol of strength, in rounded cursive letters, was drawn on her muzzle . The limit of these conflicts
was unreachable, or else, it had already been faced so much that it became invisible. As invisible as the
prospect of the end of all this.
They were such friends, was it possible for them to become so insensitive to each other from
one hour to the next? It seemed so, appearances are always deceiving. The game continued, almost
188
all the members who had previously made a perplexed union, were already watching all this in a third
perspective from heaven, or else, in the sugar mountains that Moses portrayed paradise. Deaths and
deaths. Muriel, Minimus, Jessie and Bluebell… for each it was a different pain, but the despair and
curiosity were even more intense. They were in constant danger and trust no longer existed, everyone
was an enemy there.
The government was in the hands of the last two remaining in the game, the game of life, Boxer
and Squealer lived hiding from each other, whichever had the sharpest claws would be the winner. Poor
Boxer, he was so kind, it was almost impossible to imagine him killing all this society, he was faithful.
Squealer didn't have the guts to do it, at least we didn't think he could, he had always been an extra
among the supremacy of his kind.
After three days, the end of this fierced war was made official, when in the silent dawn of a farm
with only the life of the flora, without a single resident, or in fact, only one, the king of all that,it all came
true. In what was left of the stable, there was a mountain of hay, among the depths were found two
animal bodies, a strong and brutish horse and, a fat and plump pig.
The wind was noisy, all the trees were watching the closing of this piece. Yes, the farm no longer
had the slightest trace of animals, other than the soul of the final “winners” saying goodbye. With big,
thick letters, next to the old Boxer and Squealer, it had the famous red and freshly dried signature,
complemented with a last note.
“The end of the animal species at Manor Farm was like this, fair and remarkable, as well as their
endless attempts to have my strength and power. You animals are just a less developed generation
trying everything to be like us, the superior humans. Until next time, if there is one! Gareth Jones”.
Fanfiction 24 - The Obscure Regime
Synopsis:
Have you ever wondered what Clover did during those days of hard work? How about during
the nights? What if Clover represented more than just the women's role in society?The windmill could
have been built if Clover could have helped… Soon, you will be able to explore Clover's hidden routine
and feelings that George Orwell never exposed to us.
Keywords & Content Rating: T, suspense, abuse, sabotage, sexism, feminism.
Fan Fiction text:
While the other animals put a lot of effort into helping the farm, Clover spent her days watching
the fields and their hard work through the small stable's window, wanting really badly to be there. Her
biggest desire was to be able to use her strong horse body to help in that slow process of building this
huge construction, the windmill. She knew that Boxer offered the best help when it came to physical
labor, so she concluded she could help almost in the same way as he did.
Right after the start of the new life, when the animals succeed in expelling Mr. Jones out of his
farm, the services started. Like every other animal, she grabbed a sickle and a wheelbarrow and started
harvesting the old crops. Yet, she felt judging eyes on her. A few minutes later, Boxer approached her
and commanded her to go back to the stable to take care of the place. She obeyed.
When the sun went down, the animals usually made their ways into their assigned places.
Clover was always in the stable, fluffing the hay and preparing Boxer's plate with his own carrot of the
day and giving hers up, as well, because he demanded it. In his eyes, she obeyed him, because she
was afraid of his strong muscles. However, little did he know that her thinking stood out over his. She
obeyed.
Every day, every week and every month, she was destined to work all day, but inside the house.
Sometimes, Boxer would find stuff to make her busy and the chores were constantly growing. Not only
the chores, but the anger that she held against her husband and society, that did nothing about it.
Nevertheless, she was somehow bonded to the relationship and was scared of leaving him, indeed,
what he could do to her. She obeyed.
As soon as the seasons changed, there was a big celebration about the fall's arrival. There
would be a vast feast, under the bright moon in the sky. The wind was strong and the dry leaves were
fluttering around. Clover was all ready to celebrate the entrance of her favorite season. Her horse hair
was combed and she had orange ribbons on her ears. But as soon as she stepped out of the
stable,looking at her fresh bruises, Boxer commanded that she stay in. She started begging, in spite of
that, Boxer pushed her back and locked the stable wooden door. She obeyed.
189
Her anger rose up to her head and she got furious. She couldn't take that anymore. Her creativity
and intelligence would be useful. The mare started planning her revenge. Since Boxer would be out until
late that night, she would have enough time to put her plan in action . She already had spikes of anger
for a long time, so when she was given the permission to walk around the farm, she would collect food
and tools that could help her in some way. With the hammer's pointy side, that Clover had gotten in one
of her visits to the outside world, she started sketching the stable's sandy ground. In only a few minutes,
she had her entire plan worked out, with the purpose of being respected. While looking for possible
flaws in her plan, her self admiration grew significantly, with the party sounds in the background. Boxer
had told her to stay inside the stable. She didn't obey.
With the loud festive songs and noises outside, Clover knew it was the time to act. She gathered
her tools and ran to the windmill, where she put all her strength and anger into breaking the windmill.
She wanted to be respected by society, and she also wanted to keep Boxer away from the stable for a
longer period of time. With a few strokes, all the hard work and hours of labor fell apart. As soon as she
finished her revenge against the sexist world that she lived in, she ran back to the stable waiting for
Boxer like nothing had ever happened. She didn’t obey.
When her "comrades" woke up the next morning they realized that a crime had been committed,
a horrendous crime. With a loud alarm, the animals were gathered together for a reunion. Napoleon
opened the meeting announcing the terrible news about the night. Napoleon blamed Snowball even
though he thought that Boxer was the one that executed it, because he was the only animal that worked
at night. Napoleon protected Boxer's image, since Boxer was one of his biggest followers and didn't
want to punish him, for example, in front of every animal. Also, he felt the need to blame Snowball and
make all animals hate him. She didn't obey
Napoleon, however, wouldn't let that slip. Boxer was feeling his food taste differently for the next
two days, but thought nothing of it. But it wasn't just a new seasoning. After 48 hours, Boxer lost all of
his strength and was a helpless figure. From the stable, Clover heard the sound of wheels on the dirt
road. A knacker van pulled over and Boxer was put inside it. She had to show all the animals she loved
him so much and couldn't deal with that situation, so she burst the stable's door and tried to,
unsuccessfully, stop the van, but it was already far away. Part of her emotions were genuine, because
she actually loved him, but in another point of view, it was a huge relief devoured her mind. She was
free from him? What now? She didn't obey.
A few instants were needed until she made up her mind about what she would do next. She
galloped to the storage and stole a pot of red paint and a brush. Next, she went out looking for Benjamin
who was, at the same time, mad and sad about Boxer's destination. He liked Clover, they were good
friends, so she knew that he would help her.
As soon as the animal's afternoon work were finished, a new surprise took over the farm. A new
commandment was written on the barn's wall, in red paint. "Females are also equal, from the fields to
the meetings".
Fanfiction 25 - A change in the course of history!
Synopsis: If the pigs had a way to travel back in time, they would for sure try to change the
course of history in their favor. Well… but what if they actually could do that? After being mysteriously
teleported to Ancient Egypt (a civilization they had never seen before), Napoleon and Squealer realize
this could be the perfect chance for them to implement animalism in another civilization, so they start to
act! If you want to know how they got there, what they found and much more, read our FanFic!
Keywords & Content Rating: AU, peggy sue, Egypt, history, Animal Farm, Animalism, K+
Fan Fiction text:
The animals, as always, were working like slaves to rebuild the windmill as fast as possible. The
first step they had to work on was to dig a hole in the ground, but this time something unusual happened.
While one of the sheep was doing the work, she ended up finding a mysterious object that was buried.
She dug more and more, but when all of the object was above the surface, the sheep still had no idea
what it was. Because of that, she notified the other animals, but none of them knew about it besides the
pigs (at least that was what they said). Napoleon and Squealer took the object inside the farmhouse to
analyze it, and the first thing they noticed was that there was something written, however not in English.
The pigs realized they would not be able to understand it alone, so they agreed to call Benjamin, the
190
oldest animal on the farm. Even though he had lived the longest, and experienced various different
things, he knew only a little bit about the object. “It does not seem that someone made this in the past
few days” said Benjamin in a suspicious tone. “This appears to be an object from another civilization,
maybe from ancient Egypt”. Squealer, who was lost in his own thoughts said: “Yes! Of course it’s from
Egypt. We knew this since the beginning and just wanted to see if you were as smart as they say. You
can leave now”. Benjamin did not look convinced, but he left anyway.
Three days passed, and Napoleon was still obsessed with the mysterious object. He was angry
and had no idea what to do with it, so he threw it at the wall! The unexpected happened. A golden light
emerged from the object, which was slightly opening. Suddenly, he and Squealer (who had just entered
the room because of the bright light) got sucked into the object, which, with some kind of “power”,
teleported them to a whole different place.There was sand, different animals, huge statues (that were
similar to the body of a human and the face of a lion) and much more. They were in Ancient Egypt! A
totally different civilization, that in Napoleon’s eyes, was the perfect opportunity to implement animalism.
This way, they could change the way pigs are seen, and create a whole new world!
They first realized that, differently than in Animal Farm, they were despised and regarded as
unclean animals. While they were exploring the “village”, a group of humans started following them,
however, neither Napoleon nor Squealer noticed. Shortly after, they were attacked and quickly
immobilized with ropes! The unknown humans took them to a smelly, ugly and crowded pigsty. Even
though they were captured, Napoleon had everything planned in his mind. The first thing he did was to
count how many pigs there were. “1, 2, 3, 4… 63!” he yelled. The noise caught the pig’s attention, and
it was time for Squealer to act! "Dear pigs, since you all are paying attention, it is the right time to say it.
Aren’t you tired of living in this terrible place? Where I come from is not like this. We pigs have a lot of
potential, and we should not be wasting it here! Yesterday, my friend here, Napoleon, had a dream
where all of us (pigs) had a perfect life, with all we wanted and living in a good place. However, for that
to be done, we had to do a revolution! Who's with me?!”. The pigs whispered to each other and started
thinking about what had just been said. As it always happened, Squealer had convinced all the pigs,
and a new revolution was beginning!
The first thing they had to do was to spread the word, which was successful even though the
cats didn’t agree with the revolution. It was decided, the rebellion would happen at the next full moon.
Three days went by, a lot of planning had been done, “we will invade the palace and kill the pharaoh,
after that, the only thing that will still need to be done will be to prove to the others that we, pigs,are
superiors!” said Squealer. That night, the animals got together and raided the palace. The guards were
quickly taken care of, and after searching all the rooms in the place, there was only one left. They knew
their target was right in front of them, but when Napoleon opened the door ,he was shocked. Besides
the pharaoh that was sleeping for the last time, a cat was there, however it was not just a simple cat, it
was the same from Animal Farm! With surprise in their eyes, both Squealer and Napoleon could not
believe what they had just seen. The animals that were from that timeline kept attacking, and in a matter
of seconds the pharaoh was dead. They were celebrating the victory, but one thing was not clear. The
cat had disappeared like he usually did in Animal Farm. He was never seen again. “Well done,
comrades!” said Squealer. “Now you can go back to your places while me and my friend Napoleon stay
here to work a little bit more. We will make sure everything is under control while you rest”.
The next day would be remembered as an important one. When the sun rose, Squealer was
once again ready, however this would be the most important speech he would do. “For everyone who
is asking, the pharaoh is dead! He was an impostor, and was lying to all of you, both humans and
animals. Besides that, cats are not the right animals to idolatrize. We pigs are gods! For all those years,
we have been treated like trash, but now it is time for you to know the truth. We saved you from the
greater evil”. The humans were shocked, but after some minutes they started to applaud and admire
the pigs, mainly Napoleon and Squealer, who were on top of the sphinx at the time of the speech. A
palace was quickly provided to the pigs, which made the other animals thoughtful. This time, it was
Napoleon's time to say some words. “Cows, camels, chickens and other animals of Egypt. We, pigs,
need this space for us to think about what to do next. We are the brain of the revolution, so this palace
will be used for work”. All animals were ok with that, besides the cats, who were very angry but couldn’t
do anything about it. From there on, everything was in favor of the pigs. They received gold necklaces
and other luxurious items. The sphinx lion style face was changed to a pig face, more specifically
Napoleon’s face. Because they were now considered gods, Egyptian culture turned monotheist, and all
hieroglyphics with other gods were erased or modified to pig characteristics. Finally, the pigs that
eventually died were mummified. The course of history had been changed!
Fanfiction 32 - Ham: the Crumble of an Empire
191
Synopsis: Have you ever wondered what might have happened to Snowball during his exile
from the farm? What if he came back after all these years to seek vengeance for Napoleon? How could
that impact the animal's lives and Napoleon's absolute power over them? We came up with a few ideas
on what might have happened after the ending of the book. A new revolution? A story of revenge? A
war between Napoleon and Snowball? Join us in imagining a new future for Animal Farm.
Keywords & Content Rating: Animal farm, revolution, war, revenge, anger, violence. Rated T
Fan Fiction text:
Ham: the Crumble of an Empire
For quite a while, the animals learned to live with the inequality that reigned over the newly
renamed Manor Farm. The pigs were now just like humans and life only got worse for the animals. The
animals feared to admit it, but it was all just like in Jones' time – or maybe even worse. Now, they were
abused and threatened everyday by their own 'old friends'.
Animalism, which had spread to other farms, was now taking over the British countryside. The
Empire, as Napoleon liked to call it, had truly become a way of life.
However, it wasn't all good, as the empire had its problems. Indeed, the farms were extremely
productive and profitable, but only a few could enjoy the pleasures and luxury that Animalism offered.
Life was unfair at the Empire, as the other animals lived in situations of poverty, while only the pigs, led
by selfish and tyrannical Napoleon, lived the best of life.
One day, the animals woke up and felt something different. They sensed a weird and familiar
presence. They couldn't hide the shock when Snowball called from outside the barn, gathering a meeting
with some of the animals. Snowball was back? Snowball was back! They felt uneasy and scared.
Because of the stories Napoleon had told them about that disgraceful traitor that was Snowball, they
didn't know if they could trust him. Snowball looked different, almost unrecognizable, but the animals
sure could distinguish the Snowball's unmistakable features behind all the dirt and bruises that covered
him. The pig's body was entirely hurt and scratched, and his appearance showed that it had been long
since he had taken a shower – which was now a daily habit among the pigs of Manor Farm.
"That’s Snowball!", screamed one of the sheep, "Run, and don’t listen to this traitor!". Some of
the animals supported the idea and swore at Snowball for all the evil he had done. However, most of
the animals were mind-blown by the old leader's return, and wished to hear what he had to say.
"Friend, you cannot trust everything you hear", said Snowball, in an older, tired voice. "I was
never the traitor. It was evil Napoleon who betrayed Animal Farm and tried to destroy everything we had
created. Now,", he continued, "you can see what he really sought. Power and wealth was all he ever
wished for, and for that, he banished me from my beloved home, Animal Farm."
"No! Why should we trust you? Our beloved leader Napoleon told us all about you. Now, don’t
even try to lie to us.", yelled one of the other sheep, terribly mad at Snowball.
"Sure, then I will tell you the truth about this farm, which you pretend you love! This whole system
of Animalism was all just a lie, in order for us, pigs, to be in charge. I didn’t agree with this, as I thought
it wasn’t fair to the other animals, and for that reason Napoleon chased me out of the Empire I created.
Now, I will tell you guys all about my adventures during all this time I was gone, and help you understand
why I didn’t come back before.."
"It all started when Napoleon made all the dogs chase me out of the farm. For a couple of days,
I stayed outside, ruminating over that betrayal and planning my revenge. I couldn't believe I was getting
kicked out of my own farm. I was angry, so angry, and I never, for even one day, forgot about how evil
Napoleon had betrayed me. I tried to come back that same night, but I couldn't get in, not even if I tried,
as there were dogs guarding every entrance.
"I, then, fled to Mr. Pilkington 's farm. There, I found an abandoned barn, went inside and
crashed for the night. I was exhausted, but I couldn’t sleep. My mind was racing, and I couldn’t
understand. I only wanted the best for the animals, and now I was being punished for it? This didn’t
make sense, it just didn’t! Don't you think it was easy for me to see Napoleon abuse his power and
explore your ingenuity. It hurt me more than it did to you! And with that thought in mind, eventually I fell
asleep."
“I woke up the next morning, and I was angrier, as my back hurt from sleeping on the hard floor
like an uncivilized fool. I wanted to take back what was mine, so I started planning. Everyday from then
on, I worked on my plan, and scouted possible entries of the farm. I couldn't find many breaches, as
from the moment I was banished from the farm, the security system became a lot stricter.”
192
“As of now, after many months of planning, I am here! But I won't be for long, because any
minute now your terrible leader Napoleon and his dogs will come after me. Don´t worry though, I´ll be
back really soon! Meet me after the sunset near the barn if you wish to know the truth about this corrupt…
Oh, ****, they´re coming!!”, Snowball exclaimed as the dogs came rushing after him."
Snowball was able to fled the farm, and went back to the abandoned barn at Mr. Pilkington's
farm. Snowball was thinking a lot, about everything that had happened to him, which lit a fire of rage
inside his heart. He wanted, more than anything, to take down Napoleon. Snowball´s plan was simple,
yet effective: he would go back into the farm, dodging the dogs and would tell the animals the whole
truth about the corrupt system of Animal Farm, and about the selfish and unfair Napoleon. And, if the
animals didn't believe him, Snowball had a card under his sleeve, to really convince the animals.
Snowball had kept some bills and checks from his time at Animal Farm, which proved that Napoleon
was stealing from his own animals. “Certainly, they will believe me now,” Snowball thought. “This proves
everything I've told them.
Napoleon, who was everything but a fool, noticed something was going on in his farm. He was
shocked when he saw the dogs chasing the one and only Snowball.
Some time passed after that, and Snowball sneakily came back into the farm. He met some of
the animals behind the barn, just like he planned. Snowball then showed them the bills that showed
Napoleon and the other animals were buying things for themselves, instead of helping the other animals.
He told them all the lies they had been told and the truth behind them. He explained how Napoleon stole
his ideas and plotted to expel him from the farm. They were in disbelief as they found out that the leader
they had learned to love was robbing them the whole time. They were angry, and this anger spread as
more animals came to see what was going on. Meanwhile, Napoleon and the other pigs had no idea
that a new revolution was about to start.
After more animals gathered and found out the truth, hell struck as animals started screaming,
breaking stuff, and chanting insults against the pigs. "Traitors!", the animals yelled. The dogs came to
the barn after they heard the chaos that was going on, and the other animals attacked them. Many died
and got injured while fighting the dogs off, but eventually they killed them all. This battle was a bloodbath
and the sight was horrible, but now the pigs were vulnerable, and after seeing what was going on from
the big windows of the farm house, scared.
The animals marched to the farmhouse chanting “Four legs good, pigs bad.” The pigs were
scared and were now gathering weapons to defend themselves, including Mr. Jones’s gun, which
Napoleon had grabbed and was now loading bullets into. The animals weren’t scared though, they were
determined to end this corrupt system and kill the pigs who lied to them for years.
The farmhouse doors could only hold the animals for so long, and after they were broken down,
chaos struck, as Napoleon shot any animal in front of him, the sheep jumped some of the pigs, the
horses were kicking the pigs, and etc. The other animals were fighting any pig they saw, and the cows
were lighting the farmhouse on fire.
Snowball sat calmly outside the house, watching as the society he and the other pigs had built
come to an end. Just like that, all the time and effort put into the revolution of Animal Farm would
crumble. The fire spread and started burning everyone inside, as the battle of the pigs came to an end.
All pigs except for Napoleon were already dead, and burning inside the house, as Napoleon ran around
the house escaping kicks and punches. Then, as he tried to run away through the back door of the
house, Snowball, with Mr. Jones' rifle pointed to the door, was just waiting for him to come out.
Napoleon begged for his life to his “old friend”, who came even closer and put the gun on
Napoleon’s head. The BANG was heard across the entire farm, and as Napoleon fell on the floor, dead,
Snowball sighed in relief.
There was not much to celebrate, though, as all the animals were dying inside the burning
house. There were dead bodies spread throughout the fields and blood was in the air. Snowball finally
had the whole farm for himself, but why did it matter?
Snowball broke down crying as he saw all the animals die. He felt like he had just finished his
mission and it was all for nothing. He couldn’t take this pain and, after choosing “Long Live Animal Farm”
as his last words, he took his own life – leaving the farm dead and abandoned.
A few days later, Mr. Jones heard of the news and came back to the farm. "I knew they couldn't
survive without me!", he told everyone. He took back over and, for a couple of weeks, all he ate was
bacon and ham.
Fanfiction 34 - Humanitarian war
Synopsis:
193
What if the Animal Farm story had continued, and now years have passed, there are new
animals on the farm, the original ones have all passed away. Now the new animals have established
their farm in a country named Russia, they learned about their ancestors and the snowball history and
how he betrayed Animal Farm, they also discovered that Snowball after running away from the Animal
Farm started another community in Ukraine and his great grandchildrens were still alive and living there.
Keywords & Content Rating
#War, #Conflict, #Rússia, #Ukraine, #Future, #Farms, #Fanfic, #Successors, #TheBestOne,
#RussiaVsUkraine / K+
Fan Fiction text:
Years have passed and now all animals of the old farm are dead, there is a new generation in
a new farm, they’re the great grandchildrens of the original animals, they had to move the farm to a
country named Russia, due to a big pandemic .
Putchovisky, the great grandchildren of Napoleon, have a big interest in history, and this made
him do a research on Google to know more about his past and the past of his family, with this research
he discovered that there was a traitor in his great grandparents farm his name was SNOWBALL, this
made him more curious about this traitor so he searched more about him and he discovered that
Snowball’s great grandchildrens were still alive, with a new farm in a country named Ukraine.
Putchovisky organized a meeting with all the animals in the farm to decide what they were going
to do about this matter, Demitri the buffalo the leader of the army suggested that they should do a
maneuver to attack Ukraine however Rumanov the big russian dog said it was a stupid idea and that
they should let the past behind sudenly a Eagle named Nykolai came flying to tell news about Ukraine:
-Ukraine is making an alliance with enemy farms!!!!!
-This is unacceptable. We should start a war right now! - said Putchovisky in a high tone - We
should attack them before they attack us!
-Yes! I will prepare the army immediately!- said the general in commanding way
Rumanov, who was against the war, now is the animal that most wanted to participate. He
thought that this was a threat to the life of the kids and all the animals in the farm.
The animals start to march to Ukraine with heavy guns and tanks, on the other side the farm in
Ukraine is living a calm life with no interest in war Zelenmoriky the leader of Ukraine was not even
prepared for a atack.
On the 20th of February Ukraine woke up with a sad news their storage was bombed at night
by the russians, Zelenmoriky said that this was unacepptable and that they alog with their allies are
going to attack if this attitude continues.
That's what happened Demitri spared no effort when it came to war, the russians were using
100% of their power, but the situation, got complicated when the allies of ukraine, which was not able
to defend itself, decided to intervene, to add up the Ukraine population was a very brave and strong with
a lot of strong animals in it like Valerrovisky the mole the leader of the army.
The war continued for 1 more year with lots of disgrace and deaths of innocent people, the farm
in Russia was getting tired of this war and decided to create a masterplan, Putchovisky called all the
animals in the farm to announce the big plan:
-so the plan consites by going underground with our new stone crusher. They are not prepared
for an attack underground, we will conquer Ukraine!!! - said Putchovisky with a smile on his face.
The Russians started to march with their strongest animals including Puchovisky, Demitri and
Rumanov, they started digging a big hole with the stone crusher, when they were passing the border
between Russia and Ukraine they were surprised by Valerrovisky and his whole army waiting for them.
Putchovsky couldn’t believe it was impossible, then the most surprising thing happened.
Rumanov the big russian dog changed sides and started saying that it was cowardice attacking harmless
animals like the ones in Ukraine, they didn’t want any war and still Russia would kill innocent animals.
After this speech Putchovisky only said 4 words:
-you will regret it!
Then all the animals started to kill each other, it was a slaughter only when half of the army of
both sides were dead they started to back off.
The war calmed down after this event Ukraine thought it was over however Russia had other
plans in mind they were going to bomb the energy source of Ukraine. Said and done the energy source
was bombed on the 19th of september, Ukraine couldn’t believe, this war is still happening as i write this
story and the western part of the globe was trying to get involved in it but it was only doing things worst,
they didn’t know what was happening there and they were trying to only fight with they’re own interest
with no compassion for both countries only doing things they’re way.
194
Fanfiction 36 - (Farm)bidden Love
Synopsis: Have you ever imagined a secret affair between the characters of ''Animal
Farm"? In our narrative Mollie doesn't leave the farm. Considering this, what if Snowball and
Mollie were deeply in love and falling for each other? The only problem was if the pigs found out,
because it was forbidden to have a relationship between a horse and a pig, since they were from
different species, and different social classes. The pigs were considered the highest in the
political hierarchy, while the horses belonged to the working class. Keeping this in mind, what
do you think would have happened when Snowball was exiled? Would they find a way to be
together ? Read our fanfic to find out.
Keywords & Content Rating: Romance, forbidden, animal. K+
Fan Fiction text: In their secret spot, Mollie is comforting Snowball, saying she believes in him,
that he is the true leader of the farm and she hopes Napoleon doesn’t exile him.
Napoleon and his followers indeed drive Snowball from the farm and he is exiled. Mollie and
Snowball bid each other goodbye. Mollie promises him that it is a short goodbye and they will meet soon
no
matter
what
or
how.
They embrace and Snowball runs away.
After he leaves, Molly is devastated , she even thinks about killing herself, because cant stand
the pain of living without him. Molly feels genuinely drained, tired of working and to pray for strength to
get up in the morning. The animals start to see the change in her behavior and in her attitudes. They go
talk to her, no one knew about the secret affair, so she couldn't say anything.
Every night, she used to dream about Snowball, and in one of her dreams she sees that they
are living a happy life with a happy family together. In the middle of the night she wakes up feeling
different. She knew she couldn't take it anymore, so she decided to run away to find Snowball, even not
having any idea of where he might be.
Mollie leaves the farm, and starts looking high and low for Snowball, everywhere; Roads,
forests, fields , other farms, both operating and abandoned. A while after searching with no rest to find
him and already losing hope. Mollie was in complete distress but couldn’t go back to the animal farm
she ran away from, she was completely lost.
One day the mare stops at a random farm which at first appeared empty, where she heard a
very familiar sound. She decides to go into the farm and explore. There she notices that in some parts
of the farm there are fields of crops, of corn, wheat, and some fruit trees, all growing.
In the distance she recognizes the noise and the shape of her beloved. She finds herself
overwhelmed with happiness when her eyes set upon her love, Snowball. That moment she started
crying, and so did he. They got closer and hugged each other, that didn’t feel real to them.
They didn’t know how to start talking, they looked at each other deep down in the eyes and
started hugging. Then, they talked for hours and hours. Mollie found out that Snowball had been building
his own farm. With his own fields, trees and house for them to one day start their grounds together.
At first Mollie didn’t like the idea of living in that farm forever, it wasn’t as luxury as she liked, but
the idea of living with Snowball without having to hide their relationship and finally be free of Napoleon
and his followers made her accept the idea of living there.
After a while, Mollie and Snowball found a way to balance each other's interests. Although they
were very different from each other ,their love was bigger than everything. And with that, they really
started complimenting themselves and even catching habits that weren't theirs. When they both were
together , they were the absolute best version of themselves.
One year after Snowball got exiled from the farm, their first child was born.The couple thought
that with that they couldn't be happier, but that was until they found out that they were having twins. A
boy and a girl, Olaf and Beyah. With that, Mollie's dream had literally become the reality. Their farm was
also growing the productions and becoming more beautiful everyday. The pig and the mare wanted to
provide their kids the best things possible, and they achieved that.Olaf ,Beyah Snowball and Molly lived
happily ever after!
195
Image:
Fanfiction 40 - A Journal Which Fell in the Wrong Hands
Synopsis:
What if Napoleon had poisoned the Old major? And what would happen if Napoleon found Old
Major’s plans? This is a story narrated by Old Major, in his past life telling his opinions about what was
going on at Animal Farm.
The story:
Old Major’s journal: I can’t take this life anymore, I’m getting too old to live like this, Mr. Jones
is making me starve out here, and I don’t want it anymore. But how am I going to make some difference?
I guess I will need to get rid of Mr.Jones, but for that, I will need help, I can’t do it by myself… I'm going
to schedule a meeting with every animal on this farm at night in the barn when we won’t be found. I told
Snowball to warn everyone about the meeting.
That night, everyone on the farm was there, except for Moises. I told everyone that we plan to
wait for Mr.Jones to get drunk, and kick him out so that we could create a better place to live, take care
of the farm ourselves and take care of each other. They just don’t know that I plan to create a democracy
here at the farm, my plan is to rise and become the boss out here, but so that can happen I need the
other animals to believe in my democracy plan.
When Mr. Jones arrived, it was time to put the plan into action. Snowball created a tactic to drive
Jones and his men away, and I think that it will work. I would’ve never imagined that he would make
such a good plan, but what matters now is that it worked. Now, with Mr. Jones out of the way, I can
continue with my plan, but now we all shall go to sleep.
The next morning, somehow I could see my own body laying on the bed, I couldn’t move. I
heard the animals calling my name, I answered them, but they kept calling me, it looked like I didn’t say
anything. After they tried to call me a bunch of times, they came to my room and saw my body, they
were shocked by what they were seeing. “Why isn't he moving?” asked Snowball, to which Napoleon
replied “He is dead.”, “But why did he have to die just now?” said Boxer, “I guess he died because he
was too old to continue living”, Napoleon replied, but wait is that what happened? Did I die or did
someone kill me? but who would have done that, oh wait, I drank from a cup that Napoleon gave
me…could that be it??
Later that day, they started to decide who was going to take my place, and the pigs appeared
to be the only ones who wanted it. And well, for me, that’s good, because it maintains my hierarchy. The
animals started voting, Snowball got 18 votes and Napoleon got 15 votes. Not satisfied with the results,
Napoleon sent the puppies up to Snowball to expel him from the Animal Farm. For my happiness,
Napoleon’s plan didn’t fall through, and that made all the animals keep a look out for Napoleon. I really
want to see what Napoleon is going to do, because nothing from my plans ever considered not having
the support of the animals. For now, I guess we can say that Napoleon's plan, to follow my plan, is not
going great…
196
Napoleon proceeded with the 7 commandments, the pigs like I imagined would happen, became
the animals with most power at the manor farm and at least Mr. Jones was far away. My goal now is so
that the other animals don’t find out that Napoleon killed me, because once they know that he killed me
because of my plans, and that he found them, and poisoned me, and want them to work for him.
A few nights later, after everyone went to their sleep, I was watching Napoleon outside, with my
journal, when suddenly we both hear a noise, a bark, “woof woof” when Napoleon turns around, he sees
the puppies, and behind him, Snowball and Boxer trying to understand the situation. When finally they
ask “umm…Napoleon what is that?” “this? oh! this is a, a journal!” “I didn’t know you kept one…can I
see it?” “wait you wanna see it? no you cannot `` ''and why is that?” “because um, the journal is not
mine” “then whose is it?” “Old Major’s of course!” “and why do you have Old Major’s journal??” “because
I found it…and now I can’t stop reading it” “give this to me! now” “I don’t want to” “why do you want to
keep his journal? what did he have in there?””oh nothing much…just some plans” “plans? what was he
planning for?” “that I can’t say…its a surprise” I guess Snowball caught Napoleon completely off guard!
What just happened here? Let’s just hope that no one finds it and read’s it, that would just ruin my life!
The next morning Boxer went to find Snowball, to tell him that they should somehow get rid of
Napoleon for the day to look for the journal. Oh no… where did Napoleon hide this thing!? Let’s hope
that in a good place.
After hours and hours of looking, they had nothing, and I’m starting to wonder where my journal
went, it was nowhere to be found! I’m interested to see what Napoleon did with it… I’m starting to get
used to this dead thing, I can see absolutely everything that's going on! But wait, Napoleon also
disappeared! I haven’t seen him all day!
It’s now nighttime, no one had seen Napoleon until he suddenly appeared. I was asleep so I
don’t know where from but as soon as I heard his voice I woke up. He was talking to the puppies, trying
to get rid of the rest of the pigs. The puppies didn’t seem to understand why the pigs had to leave,
because Napoleon couldn’t explain that he had a plan to become a dictator. After some convincing, it
worked, well kind of. The puppies did try to expel, but Snowball quickly caught up to what was going on,
but he didn’t say anything to anyone. He waited till everyone was asleep again, and went to the same
place that he found Napoleon yesterday.
There he waited, and waited until he finally found an opportunity. He quickly grabbed the journal
from his hands and started to run for his life, and I don’t know what to expect anymore. Why couldn’t
anyone smarter have found my journal? Napoleon lost him but I can still see him. He is digging a hole,
to hide my journal. I hope he forgets where it is.
At this point no one knew what was going on anymore, they were starting to starve and let’s just
hope someone becomes the true dictator.
Like a week later, Snowball still hasn’t found the journal. So I guessed everything was going
well, until I said that, that day he looked for it all day long, and found it. He immediately started to read
all my plans, about how to become the dictator of the Manor Farm, and how to trick them into thinking it
was becoming a democracy.
Snowball was in shock, he called in a meeting with every animal, he then proceeded to read
parts of it and speak parts of it, and then told everyone that Napoleon had it and was trying to follow my
plan, but he had no proof of that. At least not until the puppies all rised to tell them that Napoleon tried
getting rid of the pigs.
Well there wasn’t anything they could do with me, but they made sure that Napoleon confessed
to killing me, and so he got expelled because that would break the commandments..
Fanfiction 42 - Animal Media
Synopsis: What if Squealer created a social media platform to gather information from animals
in a nice way or so it seemed. But later, he messed with the algorithm to gather confidential information
from all the animals in the farm. Which he, afterwards, used to blackmail and take advantage of the
animals in order to take power and benefit himself.
Keywords & Content Rating: K+ - Overthrow/Social Media/ Surveillance/ Authoritarianism
Fan Fiction text:
ANIMAL MEDIA
Five years had passed and Napoleon still ruled the animal farm. Pigs were walking on hind legs
and other animals had trouble differentiating humans from pigs. They also drank lots of booze, all except
197
Squealer, and that was the first thing that put him one step ahead of Napoleon at all times . He knew
booze would affect his brain, and he much preferred to keep it sharp, so he could work on his plans of
overtaking the dictatorship from Napoleon's hooves. Over the years he studied algorithms really hard
from Mr. Jones' book, until he mastered them, and using all of that knowledge, he created a social media
platform which he used to privately survey every single animal on the farm, including the pigs.
Napoleon was starting to increasingly take on human habits and was taking part in them all the
time. He was starting to fail in his responsibilities as a leader and Squealer could notice it, so the only
reasonable action for him to take was to usurp his power. But for him to do such a thing, he would have
to figure out a way of doing so. He couldn't let the other animals realize what was going on until it was
done. This was necessary because the animals idolized Napoleon, and there was nothing he could do
that would make them turn on him, or so we thought…
It was a hot day in the farm, animals were struggling to work in such heat, and there was boxer,
the most loyal comrade to Napoleon, working on getting the rocks to build the windmill, he was feeling
weaker along time but he just wouldn't stop, and he kept repeating many times his mottos like "I will
work harder" or even "Napoleon is always correct", that was until Squealer saw Napoleon whipping
Boxer, and he would keep working like if nothing were happening. That was when he realized that he
had to do something about it.
He started collecting the materials he needed for the plan, first he went to Mr. Pilkington's farm
to see if there's anything he could use. He got cameras, metal parts and everything he would need to
get the algorithms correct. After that, he started assembling the computers and creating the complex
algorithm. It took him months of intense work but just as the cold breeze of winter started coming around,
he finished his project and was ready to present it to the animals the following morning.
It was an easy pitch, everyone adored the new computers and the idea of a network where you
could see what all your friends were up to at all times, even Napoleon quickly fell in love with the
machines, he said it made him feel like a boss in a big corporation, overlooking all of his employees,
what he did not know however, is that the real overlooker, was Squealer, and he didn't let anything pass
him. He could see them when they thought they were unseeable, and knew secrets many thought to be
completely secreted. He knew everything about everyone at all times, and soon enough he would have
all he needed to take command of Napoleon's empire.
Days passed and all he could think about was which act from Napoleon would cause the other
animals to think it was completely absurd to society and animals, so he could blackmail Napoleon. Until
it hit him, and ideas so absurd that no animal would have a choice but to take his side against Napoleon.
What he saw on the dictator's screen, was a recording of him and the other pigs kidnapping animals
from the farm only to let them loose on the forest just so they could hunt them for sport.
In the following morning, Squealer called up all the animals through social media to rally in the
barn, where he would show the videos of the other pigs hunting animals and after eating them. Everyone
on the farm recognized the animals that were being killed and were horrified to see the pigs kill and eat
them without a drop of mercy. Not a single sad reaction, except a smile from Napoleon.
Everyone was in shock and started to yell that Napoleon was a genocide and a psychopath,
aswell as he shouldnt be in power anymore. That's when Squealer seizes the opportunity and gives a
speech for all to hear: "Napoleon was a horrible leader to all of us, but should you choose me as your
new leader, I promise to be a good leader and take care of our farm in the best way possible, I'll be just
and fair to society ad vow to never let anything bad happen to us ever again. I was your savior from
Napoleon and if you allow me, I will lead us to the brightest future this farm has ever seen". After this
speech, all the animals in the farm raised Squealer on his foot while screaming his name and declaring
him the new leader.
Fanfiction 44 - Mollie's $ystem
Synopsis: What happens with Mollie when she leaves the farm? Once Mollie departs from
Animal Farm, a particular hatred of a socialist system rises within her, and a desire for material goods,
consumerism, and capital drives her ambitions to create a new system. She goes to a farm that still
uses the human coordinating system, and Mollie introduces a new way of trading the food and actions
performed by the animals. A system led by economical power, in which people strived to be those to
possess the most credit. Mollie initiates a system of obtaining and exchanging credit between animals
that perform actions within the farm and provides them with credits that are profited. What if she
increases the farm's productivity on a large scale and gets the farmer's attention?
Keywords & Content Rating: Animal Farm, Capitalism, Work, Money, Stock Exchange / K+
198
Fan Fiction text:
Mollie didn't originally plan on fleeing. She wasn't a coward, well she was, but she didn't want
to be one. The rebellion promised to improve the quality of their lives, but the rebellion only increased
her working hours and calluses. She wasn't happier like Old Major promised, she was depressed, she
couldn't take it anymore, and eventually, she left.
A couple of days ago, one of the neighborhood men pet her nose, and for the first time in a
while, she felt like she did before the rebellion started. She felt special in a way she could have her
privileges again and she desired to relive those few seconds of joy.
Mollie craved freedom, and today she knew she had every right to it. At first, it was tough, after
all, she had been living on the farm throughout her whole life, and she had never been left alone. She
knew she would miss Clover and Boxer who'd she had been raised with, and even though she loved
them more than everyone else, she knew that the cause for leaving Animal Farm was bigger than any
sort of affinity she had for her friends. And above all, she would miss the farm, her home, but Mollie
knew deep inside that Manor Farm was dead way before she left. She didn't have anything of great
value from the farm to get, so she looked backward to the Animal farm fence, and went looking for the
man that stroked her nose earlier.
His name was Adrian, Adrian Steven. He was Mr. Steven's only son, who ran a small wheatproducing farm. She briefly recalled a couple of times Mr. Jones bought wheat from the farm a few years
ago, called "Steven's Farm". However, the news came that Steven's Farm hadn't been active lately, and
some rumors even claimed the farm was currently bankrupt!
After a short walk down the dirt road, Mollie found the entrance to the farm. The gates were old
but sturdy and the sign said "Steven's Farm" so the mare didn't think twice. She walked along the little
road and looked around her. The lands were in good condition, but the plantations were relatively small.
She headed towards the main house, which was simple but held a beautiful view of the entire farm, and
although the room was tiny, it had a cozy feeling towards it. It was a cold afternoon and the harsh winter
wind grazed her mane, untangling the golden locks. Mollie quietly waited for Adrien to arrive, in the
hopes he would possibly take her in.
About an hour later, Adrien arrived, he was wearing unintentionally ripped jeans, held by a black
leather belt, a red flannel that happened to be covered in mud which he unbuttoned down, exposing his
fit abdomen. He looked tired and went up to sit on one of the chairs outside his house. Mollie walked
over to him, but because his eyes were closed he didn't notice her. She was only able to grasp his
attention when she happily neighed, waking him up.
"Well hello. What have we got here?" Adrien softly laughed, sitting up "Your Jones' aren't you
dear?"
His amber green eyes sparkled brightly fixed on Mollie, "Well, I was needing a new horse, and
what can I say? Finder's, keeper's am I right?" he smirked to which Mollie replied by bowing her head.
Adrien eventually walked her down to the stable, it was small and messy, but somehow she still
seemed to like it.
"I check on you tomorrow," Adrien promised before heading out.
She looked around her and saw that the horses were looking at her in a judgmental way. Mollie
introduced herself and asked the name of her new companions, but no one seemed to respond.
"Good evening everyone, my name is Mollie, it is a pleasure to meet you all… What are your
names?...."
She wondered if the horses there spoke her language and got extremely confused, but after
lying down in the stall, she sees the horses talking perfectly to each other. Saddened, Mollie falls asleep
wondering if her new life would be better and if she could ever have a good time again. Bothered by the
cold in the stall, she also looked dissatisfied with the place. Even though the other animals didn't seem
to like her, she still felt special whenever she was able to catch Adrien's attention,
Mollie got up and got ready to receive the tasks. A dog rushed in and entered the dark stable.
His name was Dazai and he was quite excited. Mollie liked his spirit and listened carefully.
"Today you'll start the day by taking the firewood that Mr. Steven cut yesterday to the main
house. After that, you will take the sheep's food to the pasture and return to the stable for the meal. So
far that's all. Have a nice day!"
The dog took off in a tremendous run and the horses began to leave the stable to fetch firewood.
Mollie's stall was one of the first ones to the way out and when she began heading, the other horses
trotted out, pushing her and leaving her behind. Mollie was uncomfortable and determined that she
would do the job perfectly to show Adrien and the horses that she was capable of keeping up with them.
199
She then arrives at the agreed place and puts some pieces of firewood on her back, heading towards
the house. The other 4 horses also did the same and kept repeating this process for a few moments.
When Mollie was returning once more to get more firewood she saw Ringo, a skinny brown horse
carrying a huge amount of firewood. He was very tired and could barely steady himself on the floor.
Mollie walked over and offered to help by putting some of the load on her back. She took the firewood
to the house and when she returned there was nothing left. After that, all the horses went to the pasture
to take the bags of food.
"Thank you so much for the help, I don't know how to thank you."
Mollie looked at him casually "You don't have to, it was nothing. What is your name?".
"My name is Ringo, or at least is what Mr. Steven calls me".
"Is a pleasure to meet you, Ringo, I'm Mollie, as you may have already known".
Ringo apologized to her for the moment at the stable. They began to load the bags and
deposit them at the sheep's feeding place. Mollie was extremely tired and couldn't bear to carry any
more weight. Her laziness took over her body and by the third sack, she was already exhausted. Ringo
took advantage of the moment and thanked the mare for helping by bringing her some sacks. Mollie
was very grateful and rested for a few minutes. After all the bags were taken away, the horses returned
to the stable and waited for Adrien. Ringo wanted to introduce Mollie to the rest of the horses.
"Guys, this is Mollie, I wanted to tell you that she helped me a lot today and that you were wrong
about her last night. I think we should give her a chance and even if we have to share our food with one
more horse, we'll have her help and so we will get more conditions for this farm. So I hope you treat her
fairly and kindly"
The horses approach her and introduce themselves
"Hello, my name is Regan, welcome"
"They call me Bennett, I was very impressed with your help today"
"Good afternoon, my name is Maribel, thank you for helping our friend Ringo here."
The last horse, Max, didn't want to introduce himself and continued eating.
After a moment of rest from the horses, Adrien arrived at the stable and went to treat the
animals.
"You all did pretty well today, I'm very pleased with your work! Later this afternoon I'm going to
the city to buy some oil and I'll be taking one of you with me. Who shall be the lucky horse?" He smiled
charmingly, adjusting his dark brown hat.
Mollie and Adrien headed towards the city and passed through wonderful paths between the
various farms in the region. The late afternoon weather was good and when they arrived in the city they
saw people happy and relaxed. Adrien led Mollie toward the town's machine and tool store and tied her
to a pole at the front of the place. Mollie saw Adrien entering the store that had a dirty look but you could
see the image of the place through the window. Mollie saw the salesman bring a huge gallon and put it
on the table and Adrien handed him a bill. The mare found that very interesting and remembered the
exchange of help she had done with Ringo this morning. Adrien handed over his bill and took the gallon
out of the store and placed it firmly in Mollie's cell. He untied her from the post and the two returned to
the farm.
Mollie returned to the stable to rest from the long day. After a while as night fell, Mollie heard
the horses fighting. She approached and saw Maribel and Ringo talking to everyone
"But you don't understand, don't you think that she's here to help? Mr. Steven knows what he's
doing, if he wants to have her on the farm it's because that will be something good"
Max was frowning and replied
"She brings trouble for us Marbibel, can't you see? Our food supply is running low and Adrien
can't take care of this farm alone, sooner or later we'll end up with no food and in bad conditions, we
can't have more animals here"
"Maybe there's something we can do…" Mollie said approaching. "Where I come from, animals
were tired of their lives alongside humans and rebelled as you may already know, but this anguish did
us no good!"
200
"I think we have to support each other and respect what our owners tell us, because they know
what's best for all of us. As you can see, we are still here healthy and strong and we cannot give up."
"We are still healthy, but it is just a matter of time." said Bennet.
Mollie responds "I say we need to settle down and do something to help Adrien, and not sit here
regretting his decisions. Just now I was with him in town and I saw that he exchanges the money he
receives from the wheat for things like tractor oil. I think we could do the same between us. In the
morning Ringo and I exchanged favors and we both had better yields. We should help each other and
try to make this farm more profitable. Only then can we have a good life"
"I agree with Mollie!" Said Maribel
"Let's try to do that tomorrow, if anyone needs help with something, just ask, and we'll be
exchanging favors with each other. Let's share this idea with the other animals, so the whole farm will
benefit."
"Great idea Mollie!" said Ringo.
"It may even work, but how will this make the farm yield more Mollie?" asked Bennet.
"If we exchange favors and help each other, it will not be difficult for anyone to perform their
tasks and we will work more this way because at different times of the day, each animal has a different
income and instead of spending it just doing on your part, help the other as well because we will support
the other and we will improve our own income. With improved yields, we will be able to perform tasks
faster and more efficiently. The tasks will start to increase, but we will consolidate and make the farm
more productive and active"
"Ok then, if we don't have any other ideas let's give it a try" said Max.
The next day, some of the horses worked hard on the first tasks, but later they were already
tired. The others who were lazier in the morning worked hard the rest part of the time helping those who
were tired. Lunch time was barely over and the horses were done with all their chores. Adrien praises
them for their effort and gives them the afternoon off to rest while he plants the wheat.
A part of the horses watched him tend the wheat while the others went to spread the exchange
idea to the rest of the animals. Maribel, Bennett and Mollie watched Mr. Steven carry out the planting.
He organized the seeds into sectors on the ground and used the watering can to water the soil. After a
while of repeating this process, the horses already knew how to plow the land and plant the wheat.
In the evening, upon returning to the stable, all the animals gathered and praised Mollie's plan,
wanting to participate. Mollie was very happy with the result and said that if everyone helped, they would
eventually be able to make the farm very productive.
The days passed and the results were coming. The animals were very productive and they even
worked harder than usual to help the rest even more. After a few weeks, Adrien began to notice that the
farm was bringing great results. The sheep had bred more, the hens had laid more eggs, the dogs had
led the sheep faster, the cows milked more milk, everything was going very well.
Mollie, along with Bennett and Maribel decided to teach the horses how to take care of the land.
One night, when Adrien and the whole farm were already asleep, the horses withdrew from the stable
and went to the wheat fields. They took the bags of seeds and started to deposit the seeds in the holes
they dug, then watered all the seeds planted, just as they watched Adrien do.
The next day, Adrien woke up and went to remove the fur from the sheep, when he came across
a vast area full of soil and planted seeds. At first he was amazed at the length of his plantation, he had
no idea that he had so much land and so much seed. He wondered who had done it all.
The days passed and the plantation only grew and the animals only improved their tasks. When
harvest time approached, the horses had agreed that they would again go out at night and harvest all
the wheat, leaving it in the storage place. When the time came, they went out and harvested all the
wheat and put it all in storage. Adrien finally woke up with the noise already waiting for someone to be
doing something in his land. When he got there he saw all the horses sorting the wheat and was very
glad to see the scene. He helped them and took them back to the stable, where the horses slept
exhausted.
The next day Adrien wanted to talk to the horses and went early to the stable. Regan, Max,
Bennett and Ringo explained the whole story while Adrien stared at Mollie with a smile on his face.
Mollie said she elaborated this plan because the animals would help each other without leaving anyone
tired or worn out. Adrien said he was going to sell all the wheat and use the money to renovate the
stable as a way of thanking the horses. He also said that he was interested in investing in the stock
201
market in order to improve the farm's conditions and ultimately he wanted Mollie to manage the farm's
money because she knew what the animals needed to do.
Weeks passed and the farm began to generate more and more returns. Now they not only had
a stratosphere of wheat, but the resources that were previously only available to be consumed on the
farm could now also be traded, such as milk and eggs and Mollie managed the tasks and exchanges of
shares between the animals with mastery in addition to help Adrien invest his money.
One day Adrien decided to go invest in the stock market. He took Mollie and they went into
town. Mollie was very excited and when Adrien returned from the bank, he told her everything.
"Well, basically I have ownership of a certain percentage of a company's worth, but if the worth
goes down, so will the stock's value. It's quite risky depending on how much money you decide to invest,
but I like living life on the edge, so I invested pretty much every cent I have on a single stock, I think it
was soy or something of the sort."
Mollie stared in shock, how could Adrien spend so much money on one stock? What if the value
decreased so much they went bankrupt? Adrien didn't really seem to care, he was always so relaxed
about stuff, he didn't even research what stock he would invest in!
The following months, the stock's value didn't really seem to change because the economy was
quite stable. Mollie was very glad for that, because she strongly disapproved of Adrien's actions, he
however was underwhelmed, as he expected some sort of lottery-like miracle. Surprisingly, 4 months
after the day Adrien purchased the stock, it's value seemed to double! Apparently the demand for soy
had a huge uprise as it was a cheaper substitute to farm food.
On the consecutive weeks, Mollie was greeted with the unforseen news that Animal Farm was
bankrupt! A smile crept on Mollie's face… They had profited way more than expected, so there was
extra money to spend, and well, like she learned from Adrien, living life on the edge was so much more
fun!
Mollie knew deep inside what she had to do, she was going to buy Animal Farm. The succeding
day, Mollie and Adrien headed to the farm with a proposition on their minds. Entering the gates to the
farm she formerly left was emotionally hard, but she knew she didn't want to be a coward anymore.
"Mollie." Napoleon faced her, his dark eyes piercing her sould.
"I see your selling the farm," she spoke firmly, "we have an offer."
They settled the paperwork, Adrien by her side. And just like that, Animal Farm was now theirs.
Fanfiction 46 - Lovewar letters
Synopsis: Clover was always in love with Mollie. Afraid that the love wasn’t mutual, she
struggles and keeps it all to herself, mascaring it with a strange friendship level between lovers and best
friends. When Mollie can’t stand the new system anymore and runs away from the Animal Farm, Clover
has no choice but to mourn. She calls her best friend Boxer, unaware of his feelings towards her, so
she could send letters and maybe, maybe, keep in contact with Mollie. What she doesn’t expect is what
Boxer and the other animals are capable of doing to stop this forbidden love. What if Mollie went away
looking for better conditions for her and for her love, Clover. Would Clover run away with Mollie and
leave Animal Farm?
Keywords & Content Rating: #lovetwists #friends to lovers #gayromance #lovedepression
T
Fan Fiction text:
It has been a week since she had last seen Mollie. Her perfectly brushed fur, always tidy, was
such a pleasant view… Now that she was gone, Clover almost didn’t have motivation to get up in the
morning at all.
The rain probably wouldn’t stop soon. It has been a week since the rain has started, at least
that was what it seemed like. Like a week. Probably even more. She had lost all her time perception
after Mollie went away. Why did the pony have to be so selfish and run away?
“Come with me darling” Mollie’s words repeated inside Clover’s mind. “Inside this farm we are
sad and starving. We can live happily in our own home. A home only for both of us, can you imagine?”
Mollie’s eyes sparkled dreamly while she proposed such things. Clover would follow her if she didn’t
know that what her friend was saying was untrue. If she left, the only life that would be waiting for them
was hunger and suffering.
202
“We are so much happier here. Why would we risk everything for only an idea?” Clover
answered. Mollie stared at her skeptically.
“Because it’s not an idea. It’s my dream. Our dream” Mollie cried “Don’t you hope for something
better too?” Her last words echoed inside Clover's head. Does she hope for something better? But the
Animal Farm wasn’t already something good? It was better than Jones at least. But something she
couldn’t stand anymore was the lack of the only worth of Clover’s love. And if her stay in the Animal
Farm meant that she couldn’t be with Mollie, she wasn’t sure anymore if the farm was good at all.
Clover’s mind oscillated between the thought of running away and what she would lose if she
left. Mollie was gone, and almost none of the animals cared about it. Napoleon and Snowball were too
busy arguing to care about any of the animals' complaints but their own. It was also no use to try to talk
to any of the other animals left, their lack of empathy towards Clover only made her feel worse. None of
them knew how much her love for Mollie had consumed her, for them they were just friends. Just friends.
The two words hit Clover’s chest like an arrow.
The only thing keeping Clover from leaving everything behind was Boxer. He was the only one
Clover was willing to talk to even weeks after Mollie’s “disappearance”. His black empathic eyes always
stared at her own with such deep concern that it was almost unreal. His free time was almost all spent
by talking and listening to the endless venting of Clover. Boxer probably didn’t have a clue about how
she felt appreciated by all of his effort. Even without knowing that what she felt in relation to Mollie wasn’t
only friendship, he was the only one with the closest version of the truth. Maybe she should finally
explain the whole truth. “After” she thought “I still don’t know how any of the animals would react to this.
A girl being so in love with another girl. I don’t even know if Mollie loves me back”.
Before Mollie’s exit, it wasn’t unusual to find both of the horses flirting with each other. The pet
names and hugs were also very common. Mollie’s favorite one was calling Clover by “darling”. She used
to do this all the time, always managing to draw a smile across the other one's face. That was what kept
Clover hoping for so long, that maybe Mollie also felt the same way. That wasn’t just friendship. Or was
it?
She didn’t have time to answer her own question, Boxer came inside the cellar happily trotting.
His smile suddenly faded away the moment he looked at Clover’s depressing face. Slowly, he came
closer to his friend and asked what was wrong. Clover already knew that Boxer already knew the answer,
but the small act of worrying about what she was so sad about made Clover feel safer.
“I wished that Mollie could hear me somewhat. I feel so lonely without her”
“But you have me!” He said, giving her a warm smile. She looked back at him.
“It’s not the same thing…” She sighed. Boxer made a confused face while he tried to understand
the meaning of the frase. While Clover didn’t explain to him that what she felt towards Mollie wasn’t only
friendship, Boxer wouldn’t know what was the difference between him and her.
“Do you know where she went?” He asked. Yes, she did know. Mollie had runned away to
Foxwood farm, hoping that there she would keep the high quality life that she had with Jones.
“Yes, she is on Foxwood” Clover finally answered “But this doesn’t mean nothing, I still can’t
talk with her”
“Why don’t you write to her?” Boxer suggested. Clover eyes widened, staring at her friend like
he just started talking in another language. She could just write to Mollie. Clover could write to her
everyday and even ask her to visit Animal Farm eventually. The pigeons wouldn’t mind delivering some
letters to Foxwood farm, they already were familiar with their neighbors. That was perfect.
She was about to thank Boxer for the brilliant idea when she realized the worst thing possible,
Clover couldn’t write. Unlike Boxer, she hadn't learned how to write yet.
“Oh no. I don’t know how to write! How can I write to her if I don’t know how to write yet?”
“I can write it for you” He proposed, giving her a shy smile. Clover eyes shined with excitement.
Boxer was such a good friend.
“You are so nice! Thank you Boxer, you’re amazing!” She said, hugging her best friend. Boxer
blushed and said that was the bare minimum he should do to her.
Boxer took the rest of the day off just to help Clover write the letter. It was extremely easier to
find paper and a pen than she had thought, they just had to ask Squealer for one and she was done.
Now, inside the cellar again, Clover was trying to organize her own head in order to tell Boxer exactly
what she wanted to tell Mollie. It was the moment of truth, the moment that not only she would finally
say to Mollie the intensity of her feelings and the moment that Boxer would know why Mollie was so
different from him. Clover took a deep breath, trying to prepare herself for something that she knew she
wasn’t ready for.
“Boxer, are you ready to write all I say to you?” She asked, anxious. Boxer nodded.
“Alright, here we go” Clover took her last breath and started confessing “ ‘Dear Mollie, I don’t
know what to do without you. Since the beginning of our friendship, I had trouble trying to differentiate
203
if you only wanted to stay as friends. And, to my surprise above all, I started to like you more than just
friends. Maybe the flirting conversations were the ones responsible for the feelings I had developed for
you, but…’ ”
Boxer was staring at Clover so intensely that made her lose her track of thought. Something
she said had an extreme reaction inside his mind, so strong that made him even stop writing. Something
was very wrong.
“Boxer, are you ok?” Clover finally asked. Only then he realized how much he was staring at his
friend because he quickly looked away and pretended to feel fine.
“Yeah, yeah sure. That means that…” He looked back at Clover reluctantly “That means that
you like Mollie? Like more than friends?” Clover stayed in a deep silence trying to not lose her mind.
That was it. Now Boxer knew that she liked Mollie more than him.
“Yes,” She said after several minutes. The mood between them both was completely changed.
It was like they were strangers. “I’m sorry Boxer”
“It’s ok” He snapped. Why was he acting so differently? The person sitting in front of Clover for
sure wasn’t Boxer. Clover was feeling like she had just lost her best friend.
“I will continue ok?” He didn’t answer but she continued anyway “ Maybe the flirting
conversations were the ones responsible for the feelings I had developed for you, but I just want to say
that I hope for you to come back. Please Mollie, I just want to talk to you for one more time and then
explain everything. I just hope for us to be alright, because beyond everything, I still want for us to remain
friends. With all my love, Clover. ”
Boxer stopped writing a few minutes after Clover had spoken her last words. Without saying a
thing, he folded the paper twice and aggressively handed it to Clover, leaving her speechless inside the
cellar. She was shocked. That wasn’t what she knew about Boxer. Boxer was the kind, comprehensive
and calm friend who Clover could always count on, but now that she had counted on him for once more,
she had just seen the side of Boxer that she had never seen before. The aggressive, skeptic and
careless side of him. Clover fell on her knees and started sobbing.
It was already night when she left the place. Clover had spent the whole evening crying and it
only made her feel more like trash. She was worthless and now, apart from Mollie, she had lost Boxer
too. She was all alone. Slowly, she went after the pigeons and gave the letter to one of them.
“Send this letter to Foxwood, please” She said so low that it sounded like a whisper. The pigeon
took flight carrying the letter.
It was a turbulent night. Clover took a while to fall asleep, and when she did, she was woken by
a terrible scream. Something was happening. Her heart sped up while she trotted in the direction of the
scream. It was black outside, so dark that she bumped into a crowd of animals. They were surrounding
Napoleon, Snowball and, on their feet, Mollie. Clover’s heart almost stopped when she looked at Molie.
Mollie, who was tied and bruised, was with the worst expression of fear that she had seen in her whole
life. Her clean tidy fur was full of dirt and she was bleeding.
“This evening, I was told that someone in this farm was conspiring against the new system. This
animal, that is sadly still among us, kept in contact with Mollie, that we all know is a traitor. They were
plotting together to knock down the Animal Farm in order to give it back to Jones, so they could be
reunited again. And do you know, comrades, why they want to be reunited? They want to be reunited
because they are in love!” There was commotion among the animals. Mollie was sobbing now.
“Yes, that’s right, comrades, they are in love. And the worst thing is that the animal that is so in
love with Mollie is also a girl!” The comotion of the animals has increased now, the whispers becoming
shouts and the calming murmur becoming a common disbelief. Clover was astonished. She had her
mouth opened, speechless. It was almost like the ground had fallen beneath her feet.
“The love between two of the same sex is forbidden! They are incapable of making new children,
so the only objective of this love is the selfish desire to be together endlessly! Two girls loving each
other is a threat to the Animal Farm!” Napoleon roared. All the animals next to Clover started to shout
too. All of them were agreeing: Something had to be done.
“Our forces had searched after Mollie the moment she had runned away, so she could be
punished for what she had done. Today, we celebrate because new information has arrived making us
capable of arresting Mollie again. Now, finally, we are going to execute her for the crime of high treason.”
Napoleon shouted “For the Animal farm!”
“No!” Mollie cried. But before she could do anything, she was already gone. The only thing left
was blood and the terrified expression of not only Clover but many of the other animals. Clover wanted
to shout, to scream and to protest. She wanted to strangle Napoleon and then cry her eyes out. But the
only thing she did was to stare at Mollie's corpse, feeling absolutely nothing. Nothing at all.
Her love for Mollie had killed her. The useless fact that she couldn’t keep it all to herself made
them find her and then kill her. The letter Clover had written was nothing but a war letter, where she
204
declared her feelings dooming Mollie’s destiny . If she truly loved Mollie, she would have controlled
herself and kept it. She wouldn’t tell Boxer. She wouldn’t tell anyone But she did tell, and now Mollie
was dead. Clover had killed Mollie. Love had killed Mollie. And her love letter had proven to be a war
letter that Mollie would never read.
205
ANEXO B – RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO ELETRÔNICO (GOOGLE FORMS)
CORRESPONDENTES ÀS FANFICTIONS SELECIONADAS PARA ANÁLISE
Fanfictions Título
Pergunta 1: O que levou Pergunta 2: Como você
você a escolher essa estabeleceu relação com o
temática?
texto original, ‘Animal
Farm’, de George Orwell?
Fanfiction 2 RUN!
THE Meu grupo queria fazer algo Meu
grupo
fez
uma
PIGS
ARE atual, original, mas que também continuação da história e
COMING
tratasse de um importante incluímos detalhes que não
OUT…
evento histórico, o nazismo.
apareciam na história original,
mas que também poderiam
A importância do debate sobre ser possíveis de aparecerem,
nazismo, devido ao aumento ou seja, coerentes ao texto.
exponencial de ocorridos nesse Os personagens sao os
sentido. Além disso, criar uma mesmos, a única coisa que
ficção, para debater sobre muda é a situação na qual
masculinidade
tóxica
e eles se encontram e o ponto
homofobia internalizada. Todas de vista.
as
questões
afetavam
diretamente os membros de Demos uma continuidade à
nosso grupo.
história,
mudando
os
desfechos dos personagens.
O que nos levou a escolher Mantivemos a história original,
essa temática foi envolver mas
demos
outras
conceitos da atualidade com o explicações.
texto de animal farm e pensar
em variaveis para a história de Como o texto de George
George Orwell, nesse caso a Orwell, nossa fanfic consegue
questão da cultura LGBT. abordar críticas sociais de
Também adicionamos no texto forma sutíl e interpretativa, por
uma ideologia relaxionada ao meio de metáforas dentro de
nazismo e opressão, onde metáforas.
Squealer é representado como
“mestre” de todas as operações
da animal farm.
Fanfiction 3
The falling of
the farm
Relacionar o fictício da história
de George Orwell com a
continuidade da história em que
o livro foi baseado.
Continuando a história a partir
do fim do livro, tornando-a
maior e com um fim mais
concreto e completo.
Fanfiction 7
Snowball's
Journey
Gostei bastante do personagem
e achei que o desfecho dele
poderia ter sido diferente.
A gente usou o autoritarismo
dos humanos na história, e de
alguns animais entre eles
também, e utilizamos os
mesmos "cenários" utilizados
no livro e não adicionamos
nenhum novo personagem.
Fanfiction 9
The
SeaWorld
Rebellion
Eu achei que seria uma
comparação legal, algo que
aconteceu na vida real que
consegue se relacionar com os
acontecimentos de Animal
Eu criei uma narrativa em que
o acidente do SeaWorld era
na
verdade
uma
ação
intencional da baleia para se
juntar a revolução
206
Farm. Como um teoria da
conspiração
O que me levou a escolher esse
tema
foi
que
é
um
acontecimento real que se
relaciona com Animal Farm.
Fanfiction
10
Fanfiction
11
THE
HISTORY
BEHINDS
NESTLÉ
COMPANY
Queria expressar o frequente
mau trato aos animais em
grandes companhias
Relacionei falando que o filho
do Mr Jones voltou na fazenda
e criou a companhia
Eu escolhi esse tema pois achei
muito interessante falar sobre
maus tratos. Foi um jeito que
achei de relacionar os animais
com os maus tratos de um jeito
criativo e diferente, trazendo a
marca Nestle, que é muito
famosa nos dias de hoje.
Eu escolhi esse tema pois
achei muito interessante falar
sobre maus tratos. Foi um jeito
que achei de relacionar os
animais com os maus tratos
de um jeito criativo e diferente,
trazendo a marca Nestle, que
é muito famosa nos dias de
hoje.
The evil mind
behind it all
O que me levou a escolher essa
temática foi que eu e minha
dupla queríamos dar outra
característica e significado ao
personagem Squiler. Além
disso, queríamos dar um
suspense a mais para a história
e criar algo original que nenhum
outro aluno estava fazendo.
Inclui os personagens da
história
com
suas
características
originais.
Tentei incluir o máximo de
personagens que aparecem
no livro para deixá-la mais
parecida com a narrativa
original.
Achamos legal dar mais
importancia a Squealer e deixálo como malvado, tirando o
peso de Napoleon. também não
tinhamos visto ninguém que
tivesse tido essa ideia, então
achamos (eu e minha dupla)
bem original.
Fanfiction
12
"Criamos uma narrativa que o
acontecimento no Sea World
foi intencional já que fazia
parte de uma revolução dos
animais, já situada no livro."
The
real
owner of the
dream
Eu e minha dupla, ao lermos o
livro original, concordamos que
parecia que o Napoleon já tinha
planejado esse final para a
Revolução,
e
portanto
decidimos na fanfic explorar
melhor essa possibilidade e dar
uma explicação de como
poderia ter acontecido.
Eu escolhi essa temática
porque eu achei que seria algo
interessante e ao mesmo tempo
uma coisa que parece um
absurdo, a manipulação, mas
não está muito distante de
usamos
os
mesmos
personagens,
mesmo
contexto, mas adicionamos
algumas
partes.
Assim,
criamos uma nova narrativa
(squealer como o "evil mind")
e inserimos-a na historia de
George Orwell.
Estebelecemos esta relação
utilizando
as
mesmas
personalidades
para
os
personagens,
além
de
mencionar acontecimentos e
fatos que o texto original
utiliza, como quando o Old
Major conta seu sonho para
todos, e assim misturando
melhor nossa fanfic com o
trabalho de Orwell.
Nós seguimos a mesma ideia
da história, o mesmo contexto
e tudo, mas fizemos que o
Napoleon que estava por trás
207
coisas que
realidade.
Fanfiction
16
The
Resurgence
of Snowball
acontecem
na
de toda revolução desde o
começo.
Foi a única ideia que eu tive e
achei que seria fácil
Usei os mesmos personagens
e o mesmo contexto histórico
Tivemos essa ideia em grupo e
achamos que essa era a melhor
escolha dentre as possíveis.
A história se passa após os
acontecimentos
do
livro
original e se baseia no cenário
do fim do livro.
Foi uma ideia que tivemos de
trazer o Snowball de volta para
a fazenda.
Fanfiction
20
Till death do
us apart?
Lendo o livro, animal farm eu
fiquei curiosa por que o old
major já sabia que ele iria
morrer. como se fosse um
processo que acontecia com
todos, então decidi escrever
uma reposta para isso.
Trouxemos os elementos
originais da história, porém
trazendo uma reviravolta de
Snowball, fazendo com que
ele batesse de frente com
Napoleon.
Eu escrevi uma historia como
uma continuação para aonde
os animais vão e por que eles
são "presos" nessa fazenda.
É relação é que ainda sim tem
essa força dos humanos na
vida dos animais
Eu escolhi essa temática
porque
eu
acho
muito
importante colocar em mente
que mesmo a pessoa presando
por uma coisa, no caso os
porcos ela faz a mesma coisa,
isso mostra a hipocrisia das
pessoas constantemente.
Fanfiction
22
Unity
Is
Strength…
But
the
Strength is
Individual
Escolhi está temática, pois me
trás a ideia da vingança, do que
é a vingança, o que é levar um
pequeno detalhe do passado
como um big deal no presente,
que impacte até o futuro. Como
é impossível prever o que está
por vir, como a nossa sociedade
e vidas pessoais estão cheias
de questões abertas. Me
inspirei no ínicio no filme
"Hunger´s game", mas acabei
viajando atráves do livro e
resolucionando com um final
surprendendo.
Seria uma total continuação
do que lemos, como uma
segunda parte, um jogo
violento entre a comunidade
que se estabelece para
escolherem quem será o
próximo a governar este
reinado, após a morte de
Napoleon. O final consegue
resumir tudo que aconteceu
na história, surprendendo os
leitores.
Fanfiction
24
The Obscure
Regime
A sexist society that doesn't give
rights and independence for
women.
The way Clover lived, a hidden
way. We don't have access to
her life during the ‘Animal
Farm’, so we decided to
explore these possibilities.
208
Fanfiction
25
A change in
the course of
history!
A fanfiction é sobre o egito
antigo. Escolhi essa tematica,
pois no Egito alguns animais
eram idolatrados, como os
gatos, e entao pensei o que
ocorreria se os porcos fossem
para la.
Foram os porcos (Napoleon
and Squealer) que viajaram
para o Egito Antigo. Além
disso eles tentaram fazer a
mesma coisa que fizeram na
Animal Farm. Nesse caso
seria
implementar
o
animalism, mas fazer de tal
jeito que no fim eles sejam os
beneficiados.
Fanfiction
32
Ham:
the
Crumble of
an Empire
Eu queria fazer um final
alternativo, pois após ler o livro,
eu senti que o personagem do
Snowball foi esquecido na
história, e eu queria dar
continuidade a sua história
como opositor do sistema
corrupto de Napoleão. Por isso,
eu decidi fazer uma história em
que ele volta, após ser exilado,
e expõe as mentiras e a
corrupção de Napoleão. Por
isso, eu escolhi essa temática.
Eu fiz um final alternativo, em
que um dos personagens do
livro que haviam saído da
história voltam. No caso, nós
escolhemos fazer o Snowball
voltar e inicar uma nova
revolução contra o sistema
egoísta
e
corrupto
de
Napoleon.
Eu e minha dupla achamos que
seria interessante explorar a
ideia de um retorno de Snowball
e imaginar como seria uma
guerra entre os porcos.
Fanfiction
34
Humanitarian
War
O que me levou a escolher
minha temática foi a situação
atual da guerra da Ucrânia,
queria refletir o contexto atual
no cenário do animal farm.
o que me levou a escolher isso
foi ser um tema atual do nosso
cotidiano que se encaixa a
nossa proposta.
Eu e minha dupla achamos
que
seria
interessante
explorar a ideia de um retorno
de Snowball e imaginar como
seria uma guerra entre os
porcos.
Minha historia é como se
fosse uma continuação do
livro contando a historia dos
descendentes
dos
personagens
do
livro
formando o contexto da guerra
da Ucrânia
Usando seus personagens
passados para criar uma base
para história.
Fanfiction
36
(Farm)bidden
Love
Me and my pair we tought this
would make snese
With the charcters and the
story context
Fanfiction
40
A
Journal
Which Fell in
the
Wrong
Hands:
Eu me interesso muito por
investigações e detetives, tive
essa ideia, e segui com ela.
Eu modifiquei apenas uma
pequena parte do texto, na
qual o Old Major não morre
mas morto, e tem planos para
se tornar um ditador, que são
roubados pelo seu assassino.
Fanfiction
42
Animal Media
O que me levou a escrever
sobre essa temática foi o tempo
atual, onde todos podem ser
influenciado pela internet.
Estabeleci a relação com o
personagem Squealer, isso
por ele ser um propagandista
enganador
209
Fanfiction
44
Mollie's
$ystem
O livro Animal Farm representa
uma
sociedade
socialista,
representante à Rússia. Em
nossa
história
quisemos
representar uma sociedade
neoliberal capitalista, que é o
oposto polar à descrita no livro,
trazendo
uma
visão
interessante ao leitor.
Eu levei em consideração que o
livro faz criticas ao sistema
comunista e que sempre haverá
problemas
envolvendo
a
sociedade. A minha fanfic quis
abordar criticas a outros
sistemas , no caso o
capitalismo, no qual usei o
personagem mais relacionado
aos privilégios que esse
sistema traz, Mollie.
Fanfiction
46
Lovewar
letters
Um dia eu e minha parceira
estavamos brainstorming e
surgiu a ideia de fazer um
romance, pensamos que muita
gente ja iria fazer do Napoleon
com o Snowball e queriamos
fazer algo diferente. Para nós a
Mollie era uma personagem
que ainda dava para ser mais
explorada e partimos dai para
escrever nossa história.
Eu escolhi essa temática
porque eu me interesso por
histórias de amor, tanto porque
tenho facilidade de escrever
sobre esse tema quanto que
acho interessante o assunto de
amores impossíveis, que no
caso da minha fanfiction seria
entre Clover e Molly.
Os persongens são todos os
mesmos, porém prolongamos
a história e elaboramos uma
personagem
da
história.
Como
também
complementamos
com
personagens
adicionais
criados para o tema.
Eu utilizei a personagem da
prosa Mollie como centro da
minha fanfic, no qual ela
desenvolve um novo sistema
que supera o de animal farm,
futuramente a levando ter uma
ambição tão grande que ela
compra animal farm, que na
minha fanfic havia chegado a
sua decadência. Esse novo
sistema vai contra todos os
princípios de animal farm,
tanto os antigos quanto os
novos, no qual ainda existe
diferenças.
privilegios
explicitamente, muito proximo
ao perfil do capitalismo.
Mantemos o Napoleon como o
"ditador" da história e violento.
Na minha fanfiction, eu
mantive as caracteristicas
principais dos personagens
principais, tanto de Boxer,
Clover, Molly ou Napoleon.
Também mantive o fato que
Molly fugiu da fazenda, mas
adicionei o fato que ela e
Clover eram muito amigas,
que achei possivel devido
ambas serem éguas.