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Dissertação Alexandre Rodrigues Nunes

2024, NUNES, A. R.

This research aims at investigating how the linguistic repertoires of English students are expanded in media production in consonance with Participatory Culture (Jenkins, 2009) and at investigating which affordances (Gibson, 2015; Paiva, 2010; Van Lier, 2000) are provided through a didactic sequence built in the light of the Pedagogy of Multiliteracies (Rojo, 2012/2013; GNL, 1996/2021) that culminates in the production of fanfiction texts (Sachs, 2019; Rojo, 2012; Jenkins, 2006/2009). In this way, the study focuses on the investigative aspect of the themes raised by young people in the ninth grade of middle school in their fictional media narratives and published on a fanfiction dissemination platform. The analysis of the texts produced by the students will be based on the thematic contents aligned with the perspective of Socio-discursive Interactionism (Bronckart, J.; Bronckart, E., 2017, Guimarães, 2007; Bronckart, J. 2006/2008). We hope to contribute, with this study, to a greater understanding of learning through the Pedagogy of Multiliteracies in agreement with Participatory Culture and in school-media production, as well as for the understanding of the resources that are offered in the English classes with the use of the proposed didactic unit, in the production of fanfictions by students, and in the accountability of the teaching-learning process.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS MESTRADO EM LETRAS ALEXANDRE RODRIGUES NUNES FANFICTION À LUZ DA PEDAGOGIA DOS MULTILETRAMENTOS EM AULAS DE LÍNGUA INGLESA: AMPLIAÇÃO DE REPERTÓRIO E PROPICIAÇÃO DE AFFORDANCES PARA UMA APRENDIZAGEM CRÍTICA SÃO PAULO 2024 ALEXANDRE RODRIGUES NUNES FANFICTION À LUZ DA PEDAGOGIA DOS MULTILETRAMENTOS EM AULAS DE LÍNGUA INGLESA: AMPLIAÇÃO DE REPERTÓRIO E PROPICIAÇÃO DE AFFORDANCES PARA UMA APRENDIZAGEM CRÍTICA Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de São Paulo como requisito para obtenção do título de Mestre em Letras, na área de concentração de Estudos Linguísticos, Linguagens em Novos Contextos. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Antonieta Megale SÃO PAULO 2024 Na qualidade de titular dos direitos autorais, em consonância com a Lei de direitos autorais nº 9610/98, autorizo a publicação livre e gratuita desse trabalho no Repositório Institucional da UNIFESP ou em outro meio eletrônico da instituição, sem qualquer ressarcimento dos direitos autorais para leitura, impressão e/ou download em meio eletrônico para fins de divulgação intelectual, desde que citada a fonte. NUNES, A. R. Fanfiction à luz da Pedagogia dos Multiletramentos em Aulas de língua inglesa: ampliação de repertório e propiciação de Affordances para uma aprendizagem crítica / Alexandre Rodrigues Nunes – 2024 – 210 f. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-graduação em Letras). – São Paulo, Guarulhos: Universidade de São Paulo (UNIFESP). Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH). Orientadora: Drª. Antonieta Megale. Título em inglês: Fanfiction through the lens of multiliteracies pedagogy in English language classes: Expanding repertoire and providing affordances for critical learning. 1. Pedagogia dos Multiletramentos. 2. Affordances. 3. Interacionismo Sociodiscursivo. 4. Fanfictions I. Antonieta Megale. II. Fanfiction à luz da Pedagogia dos Multiletramentos em Aulas de língua inglesa: ampliação de repertório e propiciação de Affordances para uma aprendizagem crítica. ALEXANDRE RODRIGUES NUNES FANFICTION À LUZ DA PEDAGOGIA DOS MULTILETRAMENTOS EM AULAS DE LÍNGUA INGLESA: AMPLIAÇÃO DE REPERTÓRIO E PROPICIAÇÃO DE AFFORDANCES PARA UMA APRENDIZAGEM CRÍTICA Dissertação de Mestrado para Exame de Banca de Qualificação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de São Paulo como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Letras, na área de concentração de Estudos Linguísticos, Linguagens em Novos Contextos. Aprovação em: 29 de fevereiro de 2024. Banca Examinadora de Qualificação: _____________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Antonieta Megale (Orientadora) Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-Guarulhos) _____________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Rita Jover Faleiros (Titular Interno) Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-Guarulhos) _____________________________________________________ Prof. Dr. Marcos Cesar Polifemi (Titular Externo) Faculdade Cultura Inglesa (FCI-São Paulo) _____________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Andressa Cristina Molinari (Suplente) Universidade Federal Fluminense (UFF) Este trabalho é dedicado à minha família, à minha orientadora e à UNIFESP por terem proporcionado apoio e oportunidade para meus estudos em um momento tão importante da minha vida. AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, a Deus por ter proporcionado a minha vida e o ânimo em todo o meu percurso profissional como professor e educador, bem como ao longo da jornada acadêmica. Imensamente, à minha esposa Tatiane Santos Nunes, acadêmica, enfermeira, amiga, mãe e uma mulher incrível – que sempre acreditou em mim e ofereceu todo o apoio necessário. Outra mulher que fortaleceu minha vida e minha jornada é a minha mãe, Eunice Rodrigues Nunes. Ela sempre esteve ao meu lado em orações e com o suporte emocional que precisei. Ao meu filho, Samuel Santos Nunes, por ter proporcionado a tarefa desafiadora e prazerosa de ser pai e amigo em tempos de grandes conflitos geracionais e familiares. Do seu jeito, sempre me ajudou nos momentos que mais precisei. Ao meu pai, meu irmão, aos familiares e amigos que compreenderam a minha ausência em eventos sociais, pois compreendem e apoiam meu crescimento acadêmico e profissional, sempre. À Professora Doutora Antonieta Megale por sempre acreditar em mim ao longo de uma jornada acadêmica e de vida. Há pessoas que Deus coloca em nossas vidas para fazer com que a nossa história seja abençoada. Essa pessoa é a Profa. Dra. Antonieta Megale. À UNIFESP, ao programa de Letras, aos professores e às professoras que proporcionaram muito conhecimento e enriqueceram meu repertório. Em especial, à Professora Doutora Rita Jover-Faleiros, ao Professor Doutor Marcos Cesar Polifemi e à Professora Doutora Andressa Cristina Molinari por terem proporcionado uma Banca de Qualificação com riqueza de sugestões e apontamentos, assim como por terem proporcionado muitos ensinamentos ao longo do processo de escrita da minha dissertação. Ao colégio em que trabalho, à direção e à coordenação por terem permitido a minha pesquisa junto à instituição. Da mesma forma, agradeço aos alunos e a seus familiares por terem colaborado com a minha pesquisa. Às colegas, orientandas da Profa. Dra. Antonieta Megale, mestrandas Gabriela Pinsdorf e Gabriela Dantas, por terem estado comigo ao longo dessa jornada e terem sido grandes apoios para mim. “Fanfiction is a way of the culture repairing the damage done in a system where contemporary myths are owned by corporations instead of owned by folk”. Henry Jenkins “Fanfiction é uma maneira da cultura reparar os danos causados em um sistema em que mitos contemporâneos são de propriedade de corporações, em vez de serem de propriedade do povo”. Henry Jenkins1 (tradução nossa) 1 Trecho extraído do artigo “In TV's Dull Summer Days, Plots Take Wing on the Net”, escrito por Amy Harmon no The New York Times, em 18 de agosto de 1997. Disponível em: https://www.nytimes.com/1997/08/18/business/in-tv-s-dullsummer-days-plots-take-wing-on-thenet.html. Acesso em: 20 dez. 2023. RESUMO Esta pesquisa de mestrado objetivou investigar como os repertórios linguísticos de estudantes de inglês são ampliados na produção midiática em consonância com a Cultura Participativa (Jenkins, 2009) e individuar quais affordances (Gibson, 2015; Paiva, 2010; Van Lier, 2000) são propiciadas por meio de uma sequência didática construída à luz da Pedagogia dos Multiletramentos (Rojo, 2012/2013; GNL, 1996/2021) – que culmina na produção de textos do gênero fanfiction (Sachs, 2019; Rojo, 2012; Jenkins, 2006/2009). Dessa forma, o estudo centralizou o olhar investigativo nos temas levantados pelos jovens do nono ano dos anos finais do Ensino Fundamental, mediante suas narrativas ficcionais midiáticas e publicadas em uma plataforma de circulação de fanfictions. A análise dos textos produzidos pelos alunos foi realizada a partir dos conteúdos temáticos abordados nas fanfictions provenientes da perspectiva do Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart, J.; Bronckart, E., 2017; Guimarães, 2007; Bronckart, J. 2006/2008). Os resultados obtidos apontaram para compreensão da aprendizagem por meio da Pedagogia dos Multiletramentos em sintonia com a Cultura Participativa e na produção escolarmidiática, assim como para a compreensão das affordances que são propiciadas nas aulas de língua inglesa, com a aplicação da sequência didática proposta, na produção escrita de fanfictions por alunos e na responsabilização do processo de ensinoaprendizagem. Palavras-chave: pedagogia dos multiletramentos; affordances; interacionismo sociodiscursivo; fanfictions. ABSTRACT This research aims at investigating how the linguistic repertoires of English students are expanded in media production in consonance with Participatory Culture (Jenkins, 2009) and at investigating which affordances (Gibson, 2015; Paiva, 2010; Van Lier, 2000) are provided through a didactic sequence built in the light of the Pedagogy of Multiliteracies (Rojo, 2012/2013; GNL, 1996/2021) that culminates in the production of fanfiction texts (Sachs, 2019; Rojo, 2012; Jenkins, 2006/2009). In this way, the study focuses on the investigative aspect of the themes raised by young people in the ninth grade of middle school in their fictional media narratives and published on a fanfiction dissemination platform. The analysis of the texts produced by the students will be based on the thematic contents aligned with the perspective of Socio-discursive Interactionism (Bronckart, J.; Bronckart, E., 2017, Guimarães, 2007; Bronckart, J. 2006/2008). We hope to contribute, with this study, to a greater understanding of learning through the Pedagogy of Multiliteracies in agreement with Participatory Culture and in school-media production, as well as for the understanding of the resources that are offered in the English classes with the use of the proposed didactic unit, in the production of fanfictions by students, and in the accountability of the teaching-learning process. Keywords: the pedagogy interactionism; fanfiction. of multiliteracies; affordances; socio-discursive LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Multiletramentos: metalinguagens para descrever e interpretar os elementos de design das diferentes modalidades de significado .......................... 32 Figura 2 - Mapa dos Multiletramentos ....................................................................... 33 Figura 3 - Tumblr: página de edição e publicação ..................................................... 78 Figura 4 – “Animal Farm” ‘G2’: What if... (Tumblr) ..................................................... 78 Figura 5 - Lista de documentos inseridos no Atlas.ti ................................................. 83 Figura 6 - Lista de códigos usados no Atlas.ti ........................................................... 84 Figura 7 - Grupos de códigos .................................................................................... 85 Figura 8 - Grupos de códigos e códigos relacionados............................................... 86 Figura 9 - Rede de códigos do Grupo de códigos Política ........................................ 87 Figura 10 - Lista de documentos com as respostas ao questionário eletrônico (Google Forms) .................................................................................................. 89 Figura 11 - Lista de códigos nos textos das respostas do Questionário Eletrônico (Google Forms)..................................................................................... 89 Figura 12 - Grupos de códigos nos textos das respostas do Questionário Eletrônico (Google Forms)..................................................................................... 90 Figura 13 - Pesquisa de Texto (palavra ‘control’) no software Atlas.ti ..................... 105 Figura 14 - Pesquisa de Texto (palavra ‘control’ e sinônimos) no software Atlas.ti. 105 Figura 15 - Os três níveis da arquitetura textual ...................................................... 107 Figura 16 - Pesquisa Expressões Regulares (conectivo ‘after’) no software Atlas.ti ............................................................................................................ 115 Figura 17 - Pesquisa Expressões Regulares (pronome relativo ‘who’) no software Atlas.ti ................................................................................................. 117 Figura 18 - Pesquisa Expressões Regulares (expressão ‘what if’) no software Atlas.ti ............................................................................................................ 120 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Estrutura de temas e questões sociais do currículo de língua inglesa do Ensino Fundamental anos finais do colégio ......................................... 50 Quadro 2 - Gêneros textuais e conteúdos linguístico-discursivos de língua inglesa do Ensino Fundamental anos finais do colégio ......................................... 51 Quadro 3 - Síntese dos instrumentos de coleta ...................................................... 54 Quadro 4 - Número de recorrência de Palavras-chave ou hashtags das fanfictions .............................................................................................................. 79 Quadro 5 - Fanfictions usadas para base de dados do grupo Política cujas respostas ao questionário digital acompanham a coleta de dados....................... 90 Quadro 6 - Representação do método de análise de textos de J. Bronckart (1999) .............................................................................................................. 92 Quadro 7 - Tipos de affordances propiciadas ........................................................ 125 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 13 2 REPERTÓRIOS EM CENA .......................................................................... 19 2.1 CONCEITO DE REPERTÓRIO E SUPERDIVERSIDADE ........................... 19 2.2 REPERTÓRIO DO PROFESSOR ................................................................ 22 2.3 REPERTÓRIO DOS ESTUDANTES ............................................................ 23 3 MULTILETRAMENTOS ................................................................................ 25 4 FANFICTIONS .............................................................................................. 34 5 AFFORDANCES ........................................................................................... 39 6 PRINCÍPIOS EPISTEMOLÓGICOS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...................................................................................... 45 6.1 METODOLOGIA ........................................................................................... 45 6.2 CONTEXTO DA PESQUISA ......................................................................... 48 6.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA ................................................................ 48 6.4 CONTEXTO DE PRODUÇÃO E DO CURSO DE LÍNGUA INGLESA .......... 49 6.5 INSTRUMENTOS/PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ............... 53 6.6 LITERATURA E PROCEDIMENTOS DE LEITURA ..................................... 55 6.6.1 O trabalho com a literatura nas aulas de língua inglesa ......................... 56 6.6.2 Leitura da obra literária “Animal Farm” de George Orwell ..................... 57 6.6.3 Procedimentos de leitura ........................................................................... 58 6.7 A SEQUÊNCIA DIDÁTICA ............................................................................ 62 6.8 ASPECTOS ÉTICOS QUE ENVOLVERAM A PESQUISA ........................... 71 6.9 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE ................................................................ 73 7 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS FANFICTIONS ................................. 74 7.1 O RECORTE DA ANÁLISE DAS FANFICTIONS ......................................... 77 7.2 A ANÁLISE DAS FANFICTIONS ESCRITAS PELOS ALUNOS .................. 91 7.2.1 Contexto de produção ................................................................................ 92 7.2.2 Arquitetura interna do texto ..................................................................... 106 8 CONCLUSÃO ............................................................................................. 126 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 130 APÊNDICE A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP ................................ 136 APÊNDICE B – APRESENTAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA PARA OS ALUNOS DO NONO ANO .......................................................................... 154 APÊNDICE C – TERMOS DE CONSENTIMENTO E ASSENTIMENTO ................ 156 APÊNDICE D – CONTEÚDOS TEMÁTICOS DE TODAS FANFICTIONS PRODUZIDAS PELOS ALUNOS ............................................................... 163 ANEXO A – FANFICTIONS SELECIONADAS PARA ANÁLISE ........................... 174 ANEXO B – RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO ELETRÔNICO (GOOGLE FORMS) CORRESPONDENTES ÀS FANFICTIONS SELECIONADAS PARA ANÁLISE .................................................................................................... 205 13 1 INTRODUÇÃO Ao longo da minha carreira como professor de língua inglesa e portuguesa em que atuo no Ensino Fundamental e Médio, tenho refletido sobre os processos educacionais referentes aos diferentes momentos abarcados pela educação, bem como quanto às práticas pedagógicas abordadas em pesquisas acadêmicas da área da Linguística em Novos Contextos. Deparei-me com ampla referência bibliográfica no decurso dos últimos anos apontando para discussões sobre movimentos educacionais do processo de ensino-aprendizagem de línguas, sobre abordagens e metodologias ativas, sobre os (novos) contextos diversos inclusos em sala de aula. Também, aproximei meus estudos às pesquisas acadêmicas sobre o trabalho com gêneros discursivos/textuais não canônicos focalizando o ensino de línguas e a produção midiática colaborativa em ambiente escolar. Atravessado por um caminho didático com constante indagações sobre como o repertório do aluno pode ser ampliado e como sua aprendizagem pode tornar-se mais crítica, dediquei os últimos anos da minha prática didática a um intenso processo formativo no colégio em que trabalho, por meio de cursos de formação de professores e compartilhamento de abordagens, metodologias, e práticas didáticas utilizadas nas aulas de língua inglesa. Esse processo de formação possibilitou práticas de trabalho com os Multiletramentos e com gêneros discursivos, até então não utilizados por mim em sala de aula. Ainda, por meio de muita troca com os formadores, pude questionar(me) sobre o processo de ensino-aprendizagem que promove maior criticidade para o educando. Provocado, a partir dessas interações e com as discussões propostas nesses momentos de formação, estive em contato com temas referentes à cultura escolar e à produção dos estudantes, tais como as escritas midiáticas, a interação e a circulação dos textos produzidos por eles e discussão de assuntos sobre o compartilhamento, a interação e a circulação dos textos produzidos por eles e que, muitas vezes, não extrapolam as paredes da sala de aula. Essas provocações auxiliaram-me a desenhar um estudo do gênero fanfiction à luz da Pedagogia dos Multiletramentos (Grupo Nova Londres, 1996/2021) e da Cultura Participativa (Jenkins, 2006/2006b/2009), focalizando as affordances que são propiciadas na escrita de fanfictions e, que posteriormente, são publicadas em uma plataforma de circulação desse gênero. Neste estudo, compreendemos, por 14 affordances, as oportunidades de aprendizagem, na complexidade dos fatores contextuais, que são propiciadas nas relações estabelecidas pelo estudante com o ambiente, com os colegas, com os professores, focalizando o desenvolvimento linguístico do estudante (Paiva, 2009; Van Lier, 2000, 2004, 2008; Gibson, 1984, 2015). Paiva (2009) propõe que affordance seja traduzido como “propiciamento” e que seja compreendido por meio do contexto em que ele é inserido, pois, para a autora, a aprendizagem da língua inglesa pode acontecer de uma forma, em um contexto como segunda língua, diferentemente de outro contexto como língua estrangeira, ou em imersão. Compreendemos a Cultura Participativa como um movimento de convergência da cultura digital com os novos letramentos, e sua definição aborda alguns aspectos que Jenkins (2006a) aponta como sendo integrantes de: 1. Um sujeito que tem relativamente poucas barreiras com expressão artística e engajamento social; 2. Um sujeito que tem muita disposição para criar e compartilhar suas criações com outros; 3. Um sujeito que tem algum tipo de mentoria informal cujo conhecimento do que é mais experiente é passado para os menos experientes; 4. Um grupo em que os membros acreditam que suas contribuições são importantes; 5. Um grupo em que os membros se sentem conectados em algum grau uns com os outros (ao menos eles importam-se com o que outras pessoas pensam sobre o que eles criaram) (Jenkins, 2006a, n.p., tradução nossa2). O autor acrescenta que o termo designado por ele como Cultura de Convergência denota mudanças tecnológicas, industriais, culturais e sociais no modo como as mídias circulam em nossa cultura. Ele exemplifica como histórias que seguem vários tipos de plataformas midiáticas são adaptadas ou (re)criadas em diferentes modalidades ou gêneros (mídias): romances que se transformam em séries televisivas, ou dramas radiofônicos que se tornam tirinhas e (histórias em quadrinhos) HQ, ou até mesmo parques de diversão que têm atrações que são inspiradas nas grandes franquias. Ele reforça que a Cultura de Convergência 2 No texto original: “With relatively low barriers to artistic expression and civic engagement; with strong support for creating and sharing one’s creations with others; with some type of informal mentorship whereby what is known by the most experienced is passed along to novices; where members believe that their contributions matter; where members feel some degree of social connection with one another (at the least they care what other people think about what they have created).” 15 [...] representa a fluidez do conteúdo por meio de múltiplas plataformas midiáticas, a cooperação múltipla entre as indústrias de mídia, e o comportamento migratório das audiências midiáticas que vão atrás de qualquer lugar para achar os tipos de entretenimento que elas querem experienciar. Convergência é a palavra que aborda a descrição tecnológica, industrial, cultural, e de mudanças sociais, dependendo de quem está falando e do que se acredita que está sendo dito (Jenkins, 2016, n.p., tradução nossa3). Ainda, o autor enfatiza que os consumidores de mídia começam a procurar novos caminhos para obter as informações de seus interesses e fazem uso de mídias até então marginalizadas. Um exemplo é o uso de blogs e de fóruns de discussão que abordam temas relacionados e de interesse. Esse movimento de convergência de mídias é amplamente discutido por Jenkins (2009, 2006a, 2006b) e leva-o a definir a Cultura Participativa. Em um sistema midiático, poderíamos tradicionalmente compreender produtores e consumidores como dois papéis separados de um sujeito ao procurar informações, mas essa visão é transformada em sujeitos participantes que interagem uns com os outros em constante (re)criação. Como Jenkins (2006b) argumenta, a convergência acontece no cérebro desse sujeito, pois a forma de compreender um ambiente midiático ultrapassa a perspectiva de sujeito consumidor e alcança uma atitude ativa de produtor de mídia, ao mesmo tempo que a consome. Nesse sentido, Buckingham (2019) discorre sobre a mudança nas mídias e suas implicações nocivas ao processo educacional. Ele argumenta que [...] a educação midiática não é sobre usar mídias ou tecnologia como ferramentas, como auxílio para o ensino, ou certamente como equipamentos de obtenção de dados. Não é sobre alertar os jovens acerca de vários ‘comportamentos ruins’ as quais as mídias oportunizam. Nem mesmo é simplesmente sobre o desenvolvimento de habilidades técnicas, ou sobre oferecer oportunidades aos jovens de expressar-se por meio das mídias. É, todavia, centrada em desenvolver a compreensão (e leitura) crítica (Buckingham, 2019 - Posição 322 de 1651 da Versão Kindle, tradução nossa4, grifo nosso). 3 No texto original: “By convergence, I mean the flow of content across multiple media platforms, the cooperation between multiple media industries, and the migratory behavior of media audiences who would go almost anywhere in search of the kinds of entertainment experiences they wanted. Convergence is a word that manages to describe technological, industrial, cultural, and social changes, depending on who's speaking and what they think they are talking about.” 4 No texto original: “Media education is not about using media or technology as tools, as teaching aids, or indeed as data-gathering devices. It is not about warning young people against the various forms of ‘bad behaviour’ that media are seen to encourage. Nor is it simply about developing technical skills, or providing young people with opportunities to express themselves through media. Rather, as I intend to explain, it is centrally concerned with developing critical understanding.” 16 Para compreender melhor as narrativas midiáticas, definimos que o gênero fanfiction, ou fanfic como abreviação, representa a união entre dois vocábulos da língua inglesa: fan (fã) e fiction (ficção). Esse gênero é também denominado como uma manifestação do universo dos fãs (fandom) e representa as narrativas desenvolvidas e exploradas em um universo midiático e de circulação que se relaciona com as mídias de cultura popular. As fanfictions circulam de forma nativa em blogs, fóruns e, inclusive, em alguns aplicativos dedicados às narrativas pertencentes a esse universo. A reescrita de narrativas ou de enredos na perspectiva da intertextualidade data os séculos XVII e XVIII, quando alguns autores (re)criavam narrativas produzindo versões diferentes para a mesma obra, até mesmo recriando finais felizes para algumas delas. A partir da década de 1960, temos os primeiros registros de fanzines de ficção científica (junção dos termos em inglês: fan – fã e zine – magazine, revista). Um exemplo é a fanzine com ilustrações da premiada série estadunidense Star Trek (Vasconcelos; Martins, 2019). Movimentos sociais e culturais que exploram culturas diversas inspiram a vontade de aproximação de gêneros discursivos e textuais que são de uso e circulação entre jovens. Por sua vez, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) indica que trabalhos que objetivam a análise de diferentes formas de manifestação da compreensão ativa dos textos que circulam em redes sociais e os gêneros textuais que conformam essas práticas de linguagem devem ser abordados no processo de ensino-aprendizagem para ampliar a compreensão de textos que pertencem a esses gêneros e possibilitar uma participação mais qualificada do ponto de vista ético, estético e político nas práticas da linguagem cultural e digital (Brasil, 2017). Com o propósito de congregar os anseios que levaram ao design desta pesquisa, compreendemos que o gênero fanfiction, por vezes, marginalizado como gênero textual e literário no ambiente escolar, poderia ser o gênero textual de aporte para a produção textual e midiática nas aulas de língua inglesa com alunos do nono ano do Fundamental. Em sintonia com as práticas de sala de aula deste professor e pesquisador, os movimentos pedagógicos da Pedagogia dos Multiletramentos compuseram a base teórica para a elaboração da sequência didática, cujo produto é a produção de fanfictions, apontando na direção de uma aprendizagem crítica e transformada. Na medida em que as práticas e os movimentos pedagógicos da sequência didática permitiram caminhos para aprendizagem aos estudantes, abordamos as affordances propiciadas como possibilidades de ampliação do 17 repertório dos aprendizes, assim como da aprendizagem da língua inglesa de forma mais próxima do jovem. A seguir, revelamos alguns elementos essenciais deste trabalho acadêmico. Após esse breve panorama que explica o tema da nossa pesquisa, estabelecemos que objetivamos investigar se os repertórios linguísticos de estudantes de inglês são ampliados na produção midiática em consonância com a Cultura Participativa e, também, individuar quais affordances são propiciadas por meio de uma sequência didática construída à luz da Pedagogia dos Multiletramentos, que culmina na produção de textos do gênero fanfiction. Assim, levantamos as questões que direcionaram nosso olhar investigativo: • Como a escrita de fanfictions amplia o repertório linguístico dos alunos em aulas de língua inglesa? • Como a escrita criativa ficcional de fanfictions contribui para a produção de Cultura Participativa? • Quais affordances são propiciadas na produção de fanfictions? • Qual é a percepção dos alunos acerca da aprendizagem por meio dos affordances propiciadas? Realizamos, de acordo com o supramencionado, uma pesquisa bibliográfica pela qual buscamos compreender a produção acadêmica sobre fanfictions nos últimos dez anos, pois até a data deste estudo não encontramos pesquisas com o mesmo escopo, e acreditamos na relevância desse tema para a pesquisa acadêmica. Percebemos que, como um gênero midiático de ampla circulação no mundo dos fãs e dos jovens, há muitas pesquisas que estudam esse gênero textual, mas que se distanciam do nosso foco de pesquisa. Em consonância a esse achado, delimitamos a nossa pesquisa bibliográfica relacionando-a com os assuntos pertinentes ao tema deste estudo, como affordances e ampliação de repertório linguístico-discurso, em aulas de língua inglesa. Deparamonos, então, com estudos relacionados às áreas de cultura, midialidade, letramento, multiletramento, multimodalidade, literatura, e das áreas de estudos sociais e comportamentais (além da área da tecnologia da informação). Dessa forma, a partir do nosso levantamento com base nos repositórios disponíveis, percebemos que este trabalho abordaria o estudo de fanfictions incorporando a Cultura Participativa e a Pedagogia dos Multiletramentos como parte da pesquisa. 18 Este estudo foi realizado com alunos do nono ano do Ensino Fundamental de um colégio privado da cidade de São Paulo, por meio da aplicação de uma sequência didática à luz da Pedagogia dos Multiletramentos, em aulas de língua inglesa, no segundo semestre de 2022. A sequência didática centrou-se na produção de fanfictions. A divisão deste estudo está organizada em mais sete capítulos a partir desta introdução. No segundo capítulo, abordamos os repertórios em cena. A seguir, apresentamos o conceito de repertório e superdiversidade (Busch, 2012/2015) e descrevemos o repertório do professor e pesquisador, e o repertório dos estudantes. No terceiro capítulo, discutimos sobre a contribuição da Pedagogia dos Multiletramentos (Megale; Liberali, 2019; Rojo, 2012; GNL 1996/2021) para um processo de ensino-aprendizagem com práticas transformadoras e críticas. No capítulo quatro, focalizamos o gênero fanfiction (Sachs, 2019; Rojo, 2012), discutimos o uso desse gênero em sala de aula e discutimos a Cultura Participativa (Jenkins, 1992) por meio da produção midiática de fanfictions. No capítulo cinco, discorremos sobre como as affordances (Gibson, 2015; Aronin; Singleton, 2010/2012; Silva, 2015; Van Lier, 2000) aplicam-se ao aprendizado da língua inglesa. No capítulo seis, abordamos o trabalho com a literatura e os processos de leitura (Jover-Faleiros, 2020; Rouxel, 2020; Hébert, 2008) que fundamentam a produção de fanfictions em intertextualidade com a obra literária, descrevemos a metodologia da nossa pesquisa e detalhamos a sequência didática que foi elaborada à luz da Pedagogia dos Multiletramentos, focalizando a produção da fanfictions. Essas narrativas ficcionais escritas por alunos do nono ano do Fundamental tornaram-se objeto de análise deste estudo. No capítulo sete, apresentamos a análise de fanfictions a partir dos conteúdos temáticos abordados com a perspectiva do Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart, J.; Bronckart, E., 2017; Bronckart, J. 2006/2008) e as discussões pertinentes ao nosso estudo. Por fim, fechamos o estudo com nossas considerações finais. 19 2 2.1 REPERTÓRIOS EM CENA CONCEITO DE REPERTÓRIO E SUPERDIVERSIDADE Repertório é um termo amplamente usado na área da educação e nos estudos sociais como na designação dos critérios de correção da redação do ENEM, por exemplo, em que, na Competência II, a definição e o descritor para o termo dão-se na perspectiva de que “o repertório sociocultural se configura como toda e qualquer informação, fato, citação ou experiência vivida que, de alguma forma, contribui como argumento para a discussão proposta pelo participante” (INEP, 2019, p.10). Nas acepções do termo no dicionário5, há referências no que tange às artes – como em conjunto de peças teatrais ou composições musicais –, assim como em relação à música – como em conjunto de peças musicais realizadas durante um concerto. Encontramos, ainda, definição da área jurídica – como reunião de leis, pareceres e jurisprudências. Das definições presentes no dicionário, identificamos que repertório é um conjunto de conhecimentos. Ao considerar a pluralidade de significados que o termo repertório pode assumir em língua portuguesa, refletimos acerca da acepção do dicionário focalizando o conjunto de conhecimentos em sintonia com o repertório sociocultural do material do INEP e traçamos um paralelo semântico com o conceito de repertório que iremos apresentar nesta seção, bem como o conceito de superdiversidade para compor a nossa visão dos repertórios em cena que compõem este estudo. Busch (2012) apresenta o conceito de repertórios linguísticos heteroglóssicos e faz um panorama histórico desde a década de 1960, com base nos estudos de Gumperz (1964). Este sociolinguista estadunidense, em uma perspectiva interacionista, chamou inicialmente de repertório verbal, uma visão multilíngue que comporta todas as línguas e dialetos que o falante faz uso, e toma como sua ótica de análise a comunidade de fala. Ele assinala que qualquer sujeito em um espaço e tempo, com frequente interação, comporta um conjunto de conhecimentos linguísticos e sociais que agregam e conformam seu repertório. Busch (2012) revisita o conceito proposto por Gumperz (1964) de comunidade de fala a partir da noção de superdiversidade de Vertovec. Por superdiversidade, 5 Dicionário Houaiss versão eletrônica. Disponível em: https://houaiss.uol.com.br/. Acesso em: 23 set. 2022. 20 compreendemos, à luz de Vertovec (2007 apud Busch, 2012, p.3), que ele utiliza esse conceito para descrever o fenômeno da mobilidade global em expansão, o qual constitui novas e complexas formações sociais e práticas de redes de trabalho (networking) que vão além das afiliações tradicionais, incluem a diferenciação dos status imigração e seus títulos e restrições de direitos concomitantes, experiências de mercado de trabalho, perfis de gênero e idade. Blommaert (2010) destaca que os processos atuais de globalização são vistos como parte de processos maiores, mais longos e mais profundos, pelos quais eles representam um estágio particular de desenvolvimento. Esse desenvolvimento é real, todavia, mudanças na infraestrutura econômica e tecnológica têm especialmente afetado o que atualmente compreendemos como mobilidade. Busch (2012) aponta que, mesmo tendo abordagens e autores que defendem certa estabilidade em comunidades de prática, dadas as condições de superdiversidade, as mudanças nessas comunidades acontecem de forma rápida e dinâmica. Com base nessa perspectiva, a autora cunha a noção de repertório. Diante disso, Busch (2015) salienta que o repertório linguístico é constituído como uma “bagagem” linguística, e os falantes são constituídos pelos discursos sobre a língua e suas formas de falar, além de ampliar o conceito por meio da perspectiva corpórea do repertório, pois também são considerados os sentimentos e as sensações que os falantes experienciam a si mesmos como falantes “pelos olhos e ouvidos dos outros” (Busch, 2015, p. 2). Busch (2015) também se utiliza o conceito de heteroglossia de Bakhtin (1981a apud Busch, 2015, p. 3) para sugerir a ideia de pluralidade de línguas individuais e, para a autora, as línguas nomeadas6 constituem o repertório de forma congregada. Busch (2015) acrescenta que o conceito aborda as dimensões de multidiscursividade, diversidade linguística, e multiplicidade de vozes é inerente a 6 Compreendemos o conceito de língua nomeada conforme Rocha e Megale (2021, p. 3 – nota de rodapé), que resgatam a noção de que as línguas nomeadas são entidades sociais, não meramente linguísticas (Jørgensen et al., 2011; Makoni; Pennycook, 2010 apud Rocha; Megale, 2021 p. 3; Heller, 2007). Blommaert e Ramptom (2011, p. 4 apud Rocha; Megale, 2021, p.4) esclarecem que as línguas nomeadas representam construções ideológicas historicamente ligadas à instituição dos Estados nacionais no século XIX. Estas foram moldadas como "artefatos ideológicos de enorme influência" que sustentaram o modelo emergente de Estado. Nessa perspectiva, uma língua nomeada, conforme a definição de Otheguy, García e Reid (2015 apud Rocha; Megale, 2021, p 4.), é caracterizada pela filiação social, política e étnica de seus falantes. Esses autores elucidam que as duas línguas nomeadas de um sujeito bilíngue existem apenas em uma percepção externa de seu multilinguismo. Do ponto de vista do falante, há apenas seu repertório, o qual é inerente somente ao falante e não está associado a qualquer língua nomeada (Otheguy: García; Reid, 2015 apud Rocha; Megale, 2021, p. 3). 21 qualquer forma de língua viva, estabelecendo um “diálogo das línguas” (Bakhtin, 1981a, p. 94 apud Busch, 2015, p. 4). Sob o contexto de globalização, falantes participam de espaços de comunicação podem ser organizados de forma sequencial, em paralelo, ou de forma justaposta, ou até em sobreposição. De forma simultânea, cada espaço agora ganha seu próprio regime (sua própria regra); sendo que espaço é compreendido aqui como constituído socialmente e constitutivo: constantemente produzido e reproduzido em práticas sociais e linguísticas repetidas (Busch, 2015). De acordo com Busch (2012), ainda sobre a perspectiva interacionista de Gumperz (1964 apud Busch, 2012, p. 2), a conexão entre estilo da fala (speech style) e relações sociais não é absoluta e assume destaque nos debates atuais acerca do fenômeno de language crossing e translanguaging7,8. Em alguns estudos empíricos com jovens britânicos, Rampton (1995 apud Busch, 2012, p. 3) identificou, a alternância frequente de códigos linguísticos e trocas desses códigos em certa variedade que geralmente não são pertencentes a eles. Essas trocas entre campos sociais e étnicos levantam questões sobre legitimação cujos participantes dessas comunidades precisam negociar em seus encontros. Esse ponto leva-nos às noções de translanguaging – que se focalizam menos nessas trocas de códigos e dão luz aos recursos empregados pelos falantes na construção de significado e ao que as práticas heteroglóssicas significam aos falantes. Bloommaert (2010 apud Busch, 2012 p. 4) refere-se explicitamente ao conceito de repertório e argumenta que, considerando repertório e competência, o foco deveria ser não nas línguas imóveis, mas em recursos móveis. Busch (2015) ressalta que o conceito de repertório linguístico pode estar relacionado às situações em que os falantes percebem que estão falando outra língua ao perceber o estranhamento de quem está em contato com eles. Ela destaca que 7 O termo ‘language crossing’ pode ser traduzido para o português como "cruzamento de línguas" ou "mistura de línguas". Essa expressão é frequentemente usada para descrever situações em que pessoas alternam entre diferentes línguas nomeadas durante uma conversa ou interação. O termo ‘translanguaging’ pode ser traduzido ‘translinguagem’. 8 Para as autoras Rocha e Megale (2021), “de forma abrangente, essas noções se contrapõem à orientação ou ideologia monolíngue, que estabiliza a premissa de que as línguas nomeadas, compreendidas como um conjunto autossuficiente de signos e como um símbolo da identidade nacional, devem manter-se livres da contaminação pela mistura com outras línguas, a fim de que a homogeneidade linguística e cultural possa ser mantida e que a comunicação seja bem-sucedida” (Canagarajah, 2013 apud Rocha; Megale, 2021, p.7). Ainda, no mesmo artigo, as autoras resgatam o que García e Wei (2014 apud Rocha; Megale, 2021, p. 7) referem à translinguagem: “como as múltiplas práticas discursivas vivenciadas pelos falantes, com o propósito de construir sentidos, compreender e exprimir seus mundos bilíngues”. 22 todos os recursos mobilizados por esses falantes são fundamentais para essa composição do repertório. Blommaert e Backus (2013 apud Busch, 2015 p. 6) exploram o ponto de que a aprendizagem linguística se dá em ambientes e situações formais, mas também nos encontros informais como um patchwork de recursos e habilidades. Esses encontros formais e informais com as línguas são perpassados por ideologias linguísticas, e Bourdieu (1991 apud Busch, 2015, p. 7) expõe a distinção que se dá por meio da aprendizagem mediante as línguas, no curso da socialização inscrita no corpo de uma pessoa e traduzida em hábito, bem como o autor reforça o quanto as relações de poder político e social são produzidas e reproduzidas usando distinções linguísticas. Portanto, para Busch (2015), o repertório constitui-se como uma estrutura de camadas cronotopas, entrelaça-se com elementos sociais/interativos e com elementos históricos/políticos e pessoais/biográficos. Posto isso, conforme a tecitura do repertório para esta pesquisa, descrevemos sobre o repertório do professor e dos estudantes a seguir. 2.2 REPERTÓRIO DO PROFESSOR Sou professor de inglês e português e pesquisador deste estudo. Sou brasileiro e tenho quarenta e dois anos de idade. Estudei inglês em escolas de idiomas durante minha infância e pré-adolescência; espanhol, quando jovem adulto. Comecei a minha carreira como professor em institutos de idiomas com foco no ensino de língua inglesa, também, trabalhei com inglês para negócios em empresas. Após a graduação em Letras, lecionei em alguns colégios da rede privada da cidade de São Paulo, ensinado inglês, português e literatura para alunos do Ensino Fundamental e do Médio. Fiz especialização no ensino de língua inglesa. Ao longo de minha trajetória, lecionei inglês em colégios judaicos e tive contato com essa cultura e com a língua hebraica moderna. A língua hebraica deu-se em usos de expressões corriqueiras no desempenho do meu trabalho em colégios judaicos, como forma de socialização com colegas da comunidade judaica e, em grande parte, por curiosidade de um idioma distante de meu contato cultural. O espanhol apresenta menor contato frequente, mas destaco o uso em leitura acadêmica e o contato social com amigos. Quanto ao uso da língua inglesa, ocorre em grande parte do meu trabalho, no consumo cultural e de entretenimento, além do uso acadêmico. 23 No decurso dos últimos anos, lecionando inglês para adolescentes do Ensino Fundamental, percebi que o consumo de literatura em língua inglesa pelos jovens não se dá somente por livros clássicos, até mesmo como sugestão de leitura pelos educadores, mas inclui livros de best-sellers, adaptação dos clássicos no formato de histórias em quadrinhos e até outras mídias, como séries baseadas em textos literários. Em sala de aula, percebi frequente comentário dos alunos acerca de fanfics que eles têm contato tanto como leitores quanto como escritores. Deparei-me, assim, com um gênero textual até então desconhecido por mim e que poderia ser interessante para meu repertório como leitor ou como professor. Ao pesquisar sobre esse gênero textual, encontrei muitas fanfictions em intertextualidade com obras literárias de meu interesse e derivadas de séries ou de filmes. Esse mundo midiático e literário fez com que eu ampliasse minha compreensão acerca do trabalho com a literatura como parte do currículo de língua inglesa. Dessa forma, comecei a fazer pequenos movimentos pedagógicos objetivando aproximação às sugestões de leitura de fanfics dos alunos, mas delimitando uma seleção àquelas que apresentavam referências aos clássicos lidos nas aulas. Nesse movimento, percebi uma diversidade de intervenções que os escritores de fanfiction fazem acerca das personagens, dos temas relacionados com a obra, ou seja, uma pluralidade de sentidos (re)construídos que são típicos desse gênero textual. Com a minha inquietação como professor e pesquisador, tive oportunidade de apresentar um projeto de mestrado que se centralizou nos conteúdos temáticos abordados na escrita de fanfiction em intertextualidade com a literatura, sob a perspectiva da Pedagogia dos Multiletramentos, pois, por meio dos movimentos pedagógicos estabelecidos nessa pedagogia, acredito que o estudante se torna mais crítico em seu processo de aprendizagem. 2.3 REPERTÓRIO DOS ESTUDANTES Os estudantes participantes desta pesquisa apresentavam variadas trajetórias que constituíam repertórios linguístico e cultural diversos. Em sua maioria, os alunos e alunas estudavam inglês em escolas de idiomas e em um colégio privado na cidade de São Paulo, local de coleta de dados para esta pesquisa. Alguns estudantes relataram que tinham parentes na Espanha, França, Inglaterra, nos Estados Unidos da América, e um pequeno grupo, em Israel; e apresentaram-se como falantes de 24 espanhol, francês, inglês e hebraico, além do português; dá destacar, ainda, que viajam com frequência para países em que eles podem praticar a oralidade e a escrita da língua inglesa. No contato contínuo em sala de aula, os estudantes também relatavam viagens frequentes ao redor do mundo, em grande parte aos países da Europa e da América do Norte e destacavam o uso da língua inglesa em suas experiências sociais e turísticas, além de consumo cultural e de entretenimento. As línguas nomeadas mencionadas anteriormente são em grande parte utilizadas para a comunicação com familiares e amigos que residem no exterior. Os estudantes pertencem a uma classe socioeconômica bastante privilegiada. O grupo de alunos que fez parte desta pesquisa apresentava um nível de proficiência de inglês aproximado ao B29 e uma desenvoltura muito boa em relação à produção oral, participando das aulas ministradas em língua inglesa, fazendo apresentações e participando de debates orais com fluência avançada. Da mesma forma em relação à leitura e à escrita, os estudantes trabalhavam com textos informativos, acadêmicos e literários que exigiam um domínio linguístico-discursivo mais elaborado. Na próxima seção, discorremos sobre a Pedagogia dos Multiletramentos e refletimos sobre os movimentos pedagógicos que favorecem uma aprendizagem mais crítica e com práticas transformadas, por meio dos quais os educandos passam a ser valorizados como sujeitos produtores de sentido, levando em consideração a diversidade de seu repertório. 9 Um aluno denominado B2, usuário independente, com base no Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas disponível, “é capaz de compreender as ideias principais em textos complexos sobre assuntos concretos e abstratos, incluindo discussões técnicas na sua área de especialidade. É capaz de comunicar com certo grau de espontaneidade com falantes nativos, sem que haja tensão de parte a parte. É capaz de exprimir-se de modo claro e pormenorizado sobre uma grande variedade de temas e explicar um ponto de vista sobre um tema da atualidade, expondo as vantagens e os inconvenientes de várias possibilidades”. Disponível em: https://www.britishcouncil.org.br/quadro-comum-europeu-de-referencia-para-linguas-cefr. Acesso em: 23 set. 2022. 25 3 MULTILETRAMENTOS Nesta seção, discutimos a contribuição da Pedagogia dos Multiletramentos enquanto perspectiva transformadora e crítica de formação de sujeitos e discorreremos sobre seus movimentos pedagógicos, que sustentaram a elaboração e a implementação da sequência didática empregada neste estudo, e a importância dessa pedagogia para nosso trabalho. A contemporaneidade e os desafios da educação, sobretudo, no âmbito de aulas de línguas adicionais, demandam estudos e pesquisas acerca de práticas pedagógicas que levam em consideração multiplicidades de linguagens e de diversidade cultural. Rojo (2012) aborda a questão da cultura descentralizada e marginalizada e reforça que o ambiente escolar abriga espaço pedagógico para textos além dos cânones, fortalecendo nova ética e novas estéticas. Ela acrescenta que, na multiplicidade de linguagens nos textos de circulação impressos ou não, em mídias audiovisuais, digitais ou não, os elementos semióticos fazem parte da construção de sentido. Nessa direção, a autora explica que “é o que tem sido chamado de multimodalidade ou multissemiose dos textos contemporâneos, que exigem multiletramentos” (Rojo, 2012, p.19). Essas práticas pedagógicas foram discutidas e sintetizadas em um manifesto escrito pelo Grupo Nova Londres10, em 1996, e o conceito que as congrega foi denominado de Pedagogia dos Multiletramentos. O manifesto abriu caminho para outros estudos recentes na área de Linguística Aplicada11 e instigou novas práticas no processo de ensino-aprendizagem que dialogam com a perspectiva de uma aprendizagem crítica, por meio de práticas transformadoras e voltada a um futuro social mais diverso. O Grupo Nova Londres (doravante GNL) (1996/2021, p. 102) aponta que “a pedagogia é uma relação de ensino-aprendizagem que cria o potencial para a construção de condições de aprendizagem que conduzam a uma participação social 10 O manifesto do Grupo Nova Londres foi originalmente escrito em 1996, com o título “A Pedagogy of Multiliteracies: Designing Social Futures”, pela Harvard Educational Review e foi traduzido em 2021, por Deise Nancy de Morais, Gabriela Claudino Grande, Rafaela Salemme Bolsarin Biazotti, Roziane Keila Grando, na revista digital “Linguagem em Foco” do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade Estadual do Ceará. 11 Em uma pesquisa bibliográfica breve que fizemos nos portais de periódicos (CAPES e SCIELO) e em bibliotecas e repositórios de Teses e Dissertações (UNICAMP, USP e UNIFESP), no período dos últimos dez anos, encontramos acentuado número de trabalhos acadêmicos relacionados com a Pedagogia dos Multiletramentos e, em muitos deles, há estudos acerca de práticas de ensino de língua inglesa, o trabalho com os gêneros textuais e discursivos, com multimodalidade e as TICs. 26 plena e equitativa” e contrasta com a visão tradicional da pedagogia do letramento, que aborda uma língua padrão, nacional e governada por regras, sob uma perspectiva monolíngue e monocultural. Em seguida, o GNL (1996/2021, p. 102) reforça os objetivos propostos no manifesto que visam ocupar o espaço dessa visão tradicional com um aspecto mais globalizado dos contextos diversos de nossas sociedades atuais, proporcionando uma ampliação do “escopo da pedagogia do letramento para dar conta do contexto de nossas sociedades cultural e linguisticamente diversas”. Somando-se a isso, Rojo e Moura (2012, p. 13) caracterizam os multiletramentos contrastando-os com o conceito de letramentos (múltiplos) e enfatiza que o conceito de multiletramentos [...] aponta para dois tipos específicos e importantes de multiplicidade presentes em nossas sociedades, principalmente urbanas, na contemporaneidade: a multiplicidade cultural das populações e a multiplicidade semiótica de constituição dos textos por meio dos quais ela se informa e se comunica. A respeito dessa pedagogia discutida no manifesto, Liberali (2021) analisa que a Pedagogia dos Multiletramentos reforça a transformação da educação, fortalecendo o movimento contrário à educação tecnicista. Ela argumenta que a compreensão dos letramentos como práticas sociais possibilita a circulação de uma multiplicidade de vozes no processo educativo, ou seja, a Pedagogia dos Multiletramentos centraliza o educando no processo de criação de novos sentidos e de novas formas de aprendizagem. Nesse sentido, Rojo (2012) argumenta que essa pedagogia precisa ser implementada para comportarmos a pluralidade de culturas e a diversidade de linguagens que fazem parte do conceito dos multiletramentos e do (re)significar, pontuando o elemento transformador da educação, conforme Liberali (2021) aponta como desafio. Acerca do (re)siginificar, aspecto fundante dessa pedagogia, Megale e Liberali (2019, p. 68-69) assinalam o movimento do “significar letrando” até o “significar multiletrando” que, no primeiro, o sujeito compreende(-se no) o contexto para a mudança existir, passando a assumir um papel de atuação e ação; no segundo, o sujeito compreende(-se na) a realidade e constrói possibilidades de intervenção, pois a presença dele “não é apenas silenciosa, passiva, receptiva; tem potencial transformador” (Megale; Liberali, 2019 p. 68-69). 27 Megale e Liberali (2019) ressaltam ainda que essa perspectiva de multiletramento e do significar multiletrando focaliza seus esforços em uma resistência ao tecnicismo e a uma dimensão conservadora da produção de conhecimento e fortalece “a inclusão dos sujeitos no mundo letrado, que só faz sentido [para as autoras e nós compartilhamos da mesma visão] se proporcionar[mos] a ampliação de sua inserção política e de participação social” (Megale; Liberali, 2019, p.70). Em consonância com o GNL (2021) e Liberali (2021), partimos do princípio, neste estudo, de que a Pedagogia dos Multiletramentos pode contribuir para uma aprendizagem mais significativa e crítica, com um caráter transformador. Desse modo, defendemos a ideia de que os repertórios linguísticos desse sujeito em formação desfrutam do espaço e do tempo de aprendizagem dele, ampliando a multiplicidade dos letramentos pelos quais ele será sujeito durante a escolarização. Nesse sentido, a Pedagogia dos Multiletramentos é importante para proporcionaruma formação ao sujeito, objetivando sua participação plena e equitativa na construção de futuros sociais. As linguagens necessárias para a construção de sentido estão em crescente mudança e são cruciais para a construção de futuros sociais. Esse constante movimento linguístico-social afeta o meio da vida profissional, da cidadania e do mundo da vida (a vida privada) dos sujeitos e, por meio dessas esferas, com a toada de uma educação plural e multifacetada, podemos corroborar as práticas transformadoras. Com a mudança na vida profissional do período “pós-fordiano”, a linguagem muda de registro, pois, anteriormente, o ambiente corporativo objetivava um sistema com comandos claros, formais e precisos, e agora aborda uma linguagem informal, oral e interpessoal. Dessa forma, o espelho da vida profissional já denota uma flexibilidade e abertura a diferentes discursos, muito menos estáticos e repetitivos. Essa abertura também afeta diretamente a perspectiva de educação corporativa – não mais de treinamentos de processos tecnicistas. No mesmo sentido, especificamente sobre o contexto da educação no Brasil, Queiroz (2020) argumenta que os modelos de produção e acumulação pautados no taylorismo/fordismo apresentaram sinais de exaustão nos primeiros anos da década de 1970, o que acarretou, nos anos de 1980 e 1990, serem instituídos novos modelos de organização do trabalho e pedagógicos/educacionais, com a finalidade de formar um sujeito competente e capaz de realizar, com eficiência, várias tarefas e funções. 28 Como professores e pesquisadores, compreendemos as novas demandas do mundo do trabalho e da cidadania e ressaltamos a forma como a economia tem mudado as relações de trabalho e do trabalhador. De acordo com Rosa (2016, p. 36) as novas condições de trabalho fortalecem [...] a natureza multimodal e multicultural da Pedagogia dos Multiletramentos [e] pode ser o passo a mais que a escola precisa, o passo em direção ao entendimento dos novos discursos e das novas relações de poder e de trabalho estabelecidas pela nova economia. Na mesma direção, as condições do exercício da cidadania exigem “práticas mais ativas de participação social, na qual as pessoas assumam o papel de governantes de suas comunidades” (Cope; Kalantzis, 2000a, 2007, 2009; Rojo, 2009 apud Rosa, 2016, p. 37). Em continuidade à exortação acerca das mudanças do mundo de trabalho, o grupo acrescenta que o âmbito da vida privada também aponta na mesma direção. O GNL (1996/2021, p.113) argumenta que “assim como geopolíticas globais têm mudado, o papel das escolas também mudou fundamentalmente. Diversidade linguística e cultural agora são questões críticas e centrais”. Dessa forma, a visão anterior de “civismo” monocultural e nacionalista exige um movimento ao pluralismo cívico, ou seja, “independentemente dos indicadores culturais da pessoa (como língua, dialeto e registro), o acesso à riqueza, ao poder e a símbolos deve ser possível” (GNL, 1996/2021, p.113). Por essa crença de que a sala de aula é um espaço-tempo socialmente necessário para a formação do sujeito e deu seus futuros, alinhamo-nos à visão de que a diversidade cultural e linguística em sala de aula promove espaço para dar voz aos grupos que historicamente foram subalternizados. Como os autores do GNL (1996/2021, p. 114) argumentam, [...] os estudantes justapõem diferentes línguas, discursos, estilos e abordagens, eles têm um ganho substantivo em habilidades metacognitivas e metalinguísticas e na habilidade de refletir criticamente sobre sistemas complexos e suas interações. Dessa maneira, a esfera do mundo cívico beneficia-se pela expansão dos repertórios culturais e linguísticos desses sujeitos em formação, o que nos leva, inexoravelmente, à mudança da vida privada. O ambiente em que vivemos passou de 29 espaço restrito acerca de gênero, orientação sexual, etnia para um ambiente aberto e exposto, em que a vida privada ganha a atenção da mídia de massa, e esses assuntos tornam-se parte da linguagem conversacional de interesse do mundo público, dos produtos midiáticos e, certamente, do âmbito social de distintos espaços. Com a acentuada mudança da vida do trabalho, da vida pública e da vida privada, o termo “comunidade” é, de acordo com GNL (1996/2021, p.116), “frequentemente usado para descrever as diferenças que agora são tão críticas”, pois se compreende que é um processo que quebra barreiras do âmbito privado, relaciona posicionamentos críticos e estabelecidos de um sujeito para com a comunidade em que ele está inserido e estende a multicamadas dos mundos da vida, porque: Como as pessoas são simultaneamente membros de múltiplos mundos da vida, suas identidades têm múltiplas camadas, que se relacionam de maneira complexa umas com as outras. Nenhuma pessoa é membro de uma única comunidade. Em vez disso, elas são membros de comunidades múltiplas e sobrepostas – comunidades do trabalho, de interesses e afiliações, de etnias, de gênero, e assim por diante (Kalantzis, 1995 apud GNL, 1996/2021, p.106). É possível, portanto, afirmar, como discutimos anteriormente, que os autores do GNL (1996/2021) discutem o que as escolas fazem e podem fazer para desenhar os futuros sociais dos estudantes. Eles argumentam que “transformar as escolas e o letramento escolar são duas questões muito amplas e também estritamente específicas, uma parte crítica de um projeto social maior” (GNL, 1996/2021, p.118). E apresentam o que definem como o projeto da Pedagogia dos Multiletramentos, os designs12 de significado para os objetivos curriculares focalizando os futuros sociais. Para o GNL (1996/2021), os designs de sentido constituem “o quê” da pedagogia dos multiletramentos e alinham-se às inovações do ambiente de trabalho, sobretudo, o termo design e sua utilização na proposta pedagógica defendida. Eles fortalecem uma visão de construção de significados ativos e dinâmicos, pois “qualquer atividade semiótica, incluindo o uso da língua, para produzir ou consumir textos [envolve os] designs disponíveis, designing e redesigned” (GNL, 1996/2021 p.120). Elementos estruturantes de um conceito de discurso em que engloba, respectivamente, recursos para a construção de significados, o trabalho realizado por 12 Utilizamos o termo design como no original e alinhamos a utilização do termo conforme o GNL (1996/2021, p.120-121) destaca que “o conceito de design conecta-se poderosamente com o tipo de inteligência criativa que os melhores profissionais precisam ter para serem capazes de, continuamente, redesenhar suas atividades no próprio ato da prática” e acrescentam que “é um conceito suficientemente rico para fundamentar um currículo de linguagem e uma pedagogia”. 30 meio dos designs disponíveis no processo semiótico, e os recursos reproduzidos e transformados (GNL, 1996/2021). Os autores do GNL (1996/2021, p.120) definem os designs disponíveis como “os recursos para o design – incluindo as gramáticas dos mais variados sistemas semióticos” e reforçam que (GNL, 1996/2021, p.121) “existem convenções de design específicas – os designs disponíveis – que tomam a forma de discursos, estilos, gêneros [textuais], dialetos e vozes”. Eles acrescentam que há ainda “a experiência linguística e discursiva dos envolvidos nesse designing, em que um momento do design é contínuo e uma continuação de determinadas histórias” (GNL, 1996/2021 p. 122). O desigining é o processo que transforma conhecimentos por meio de (re)construções e representações da realidade e, pelo qual, o sujeito transforma-se no processo, construindo novos conhecimentos ou significados, denominando essa relação dos recursos de sentido como redesigning. Concordamos, portanto, com os autores do GNL (1996/2021, p. 124) quando argumentam que [...] por meio desse processo de design, os construtores de significado se refazem. Eles reconstroem e renegociam suas identidades. Não apenas o redesigned é construído ativamente, mas é também uma evidência das maneiras pelas quais a intervenção ativa no mundo, que é o designing, transforma o designer. Ainda, acerca dos designs, o projeto do GNL (1996/2021) aborda o desenvolvimento de uma metalinguagem pelo estudante (designer de sentidos) e pelo professor (designer de propostas pedagógicas), com suas respectivas funcionalidades e características de ferramentas ou recursos para analisar as linguagens, dessa forma, consolidando a característica transformadora (e formadora) da Pedagogia dos Multiletramentos. A esse respeito, Rojo (2013) aponta que para esses multiletramentos nem sempre a escrita manual dá conta das possibilidades de criação de sentidos, portanto, são necessárias novas ferramentas como de tratamento de imagem, edição de imagem e som, entre outras. A autora argumenta que esses novos textos exigem novos letramentos no processo de letramento do estudante porque se tornam hipertextos e hipermídias, uma vez que esse sujeito em formação (em letramento) está em contato com esses textos a todo momento. A mídia digital e a multimídia fazem parte do escopo textual com o qual o estudante se depara na sociedade. Essa 31 gama de textos multimodais e hipermidiáticos exige ferramentas de design que comportam a multiplicidade cultural e semiótica. O GNL (1996/2021) reúne os aspectos teóricos em uma pedagogia que focaliza esse designing do processo de ensino-aprendizagem com a visão da sociedade e da mente em uma correlação complexa e interação ativa de quatro fatores: • • • • Prática Situada – baseada no mundo de design dos alunos e nas experiências de design; instrução Explícita – através da qual os alunos moldam para si próprios uma metalinguagem explicita do design; enquadramento Crítico – que relaciona os significados aos seus contextos e finalidades sociais; prática Transformada – na qual os alunos transferem e recriam designs de significado de um contexto para outro (GNL, 1996/2021, p. 133-134). A representação (Figura 1) a seguir mostra a relação complexa dos fatores que o GNL (1996/2021) pode proporcionar em seu projeto pedagógico. Exploramos, adiante, a construção de significados por meio dessa relação dos multiletramentos na escola. 32 Figura 1 - Multiletramentos: metalinguagens para descrever e interpretar os elementos de design das diferentes modalidades de significado Fonte: GNL (2021, p. 133) Sobre questões pertinentes à escola, Rojo (2012) traça um panorama do manifesto do GNL e aborda como a Pedagogia dos Multiletramentos pode ser desenvolvida por meio dos designs mencionados. Ela expõe o fazer pedagógico à luz da Pedagogia dos Multiletramentos (GNL, 1996/2021) centralizando as práticas pedagógicas que transformem o estudante em criador de sentidos, capaz de transformar os discursos e significados de forma consciente, analisando tanto a recepção quanto a produção dos textos. E, ainda, explica a relação dos fatores apresentados pelo GNL (1996/2021) compreendendo a formação do estudante em 33 um usuário funcional, um criador de sentidos, um analista crítico e um transformador, como podemos ver no Mapa dos Multiletramentos13 (Figura 2): Figura 2 - Mapa dos Multiletramentos Criador de sentidos Usuário funcional • • • Competência Técnica Conhecimento Prático Transformador Analista crítico • Entende que tudo o que é dito e estudado é fruto de seleção prévia Entende como diferentes tipos de texto e tecnologias operam • Usa o que foi aprendido de novos modos Fonte: adaptado de Decs e UniSA (2006 apud Rojo, 2012, p. 29) Nessa figura, observamos que o Mapa dos Multiletramentos comporta a visão com a qual identificamos o nosso estudo, de uma forma crítica e transformadora do processo de aprendizagem, possibilitando ao educando uma perspectiva de letramento que amplia as possibilidades de aprendizagem. Nesta seção, refletimos sobre os movimentos propostos pela Pedagogia dos Multiletramentos e que orientam a elaboração da sequência didática empregada neste estudo e descrita na seção da Metodologia. Acreditamos que os multiletramentos proporcionam realizações em que o educando assume papel central em seu processo de aprendizagem, produzindo sentidos e conhecimentos diversos que compõem seu repertório. Na próxima seção, abordamos o trabalho com o gênero fanfiction em aulas de língua inglesa sob a perspectiva da Pedagogia dos Multiletramentos. 13 Quadro disponível no texto de Rojo (2012 p. 29). 34 4 FANFICTIONS Neste capítulo, examinamos o gênero fanfiction e como compreendemos a utilização desse gênero textual sob a perspectiva de uma aprendizagem por meio das tecnologias da informação e da comunicação (TICs) (Rojo, 2013) – em consonância com a utilização de gêneros textuais não canônicos em sala de aula de língua inglesa – por uma perspectiva dos multiletramentos. Ainda, observamos um aspecto específico desse gênero mediante a Cultura Participativa (Jenkins, 1992). O gênero fanfiction, ou fanfic como abreviação, representa a união entre dois vocábulos da língua inglesa: fan (fã) e fiction (ficção). Esse gênero textual midiático é também derivado do universo dos fãs (fandom) e denota narrativas desenvolvidas e exploradas em um universo midiático e de circulação que se relaciona com as mídias de cultura popular. As fanfictions estão presentes em sites, blogs, fóruns e até em alguns aplicativos dedicados às narrativas pertencentes a esse universo. Contudo a reescrita de narrativas ou de enredos na perspectiva da intertextualidade14 data dos séculos XVII e XVIII, quando alguns autores já (re)criavam narrativas gerando versões diferentes para a obra original. A partir da década de 1960, encontramos os primeiros registros de fanzines (junção dos termos fan – fã e zine – magazine, revista) de ficção científica. Um exemplo é a fanzine com ilustrações da premiada série estadunidense Star Trek (Vasconcelos; Martins, 2019). Ainda sobre como se revela o gênero fanfiction, Sachs (2021, p. 33) coloca: “a partir de outro trabalho ficcional que os inspira, do qual se aproveitam elementos narrativos variados, como os personagens, o espaço, o tempo e alguns segmentos do enredo”. Dessa forma, a concepção do gênero fanfiction fortalece a nossa compreensão de que a narrativa “designa uma história fictícia, derivada de um determinado trabalho ficcional preexistente, escrita por um fã daquele original” (Vargas, 2005, p. 21 apud Sachs, 2019, p. 34). Sachs (2021) ainda aponta para a tradução do termo para português e que, mesmo aqui no Brasil, os termos fanfiction, ou simplesmente, fanfics, ou ainda, fics, são utilizados pelos jovens produtoresconsumidores desse gênero textual. O autor ainda destaca que “nem toda fanfic deriva 14 Compreendemos intertextualidade “em sentido amplo, presente em todo e qualquer texto, como componente decisivo de suas condições de produção. Isto é, ela é condição mesma da existência de textos, já que há sempre um já-dito, prévio a todo dizer. Segundo J. Kristeva, criadora do termo, todo texto é um mosaico de citações, de outros dizeres que o antecedem e lhe deram origem” (\Koch; Elias, 2008, p. 86). 35 necessariamente de outro trabalho ficcional [...] há uma infinidade de fanfics inspiradas em celebridades, atores, cantores e outros membros de grupos musicais” (Sachs, 2021, p. 34). Todavia, ao nosso olhar investigativo deste trabalho, coube a delimitação desse gênero textual ao trabalho com a literatura, mas reconhecemos que, inerente ao gênero textual, outras referências culturais aparecem na produção das fanfictions escritas pelos alunos. Em sua obra seminal, Jenkins (1992) analisa as formas com que os fãs (re)escrevem seus programas televisivos favoritos e, da mesma forma, as fanfictions de seus interesses. Ele destaca que as abordagens adotadas pelos fãs indicam estratégias típicas da comunidade dos fãs em relação à interpretação, apropriação e reconstrução desses textos. O autor apresenta essas abordagens e explica os tipos de escrita de fanfictions que denotam mais do que uma reprodução do texto primário (o cânone), os fãs representam e reescrevem o texto “reparando ou tirando aspectos insatisfatórios, desenvolvendo interesses não explorados suficientemente” (Jenkins, 1992, p.173). A seguir, destacamos esses tipos de fanfictions: a) Recontextualização: os fãs escrevem pequenas cenas que não fazem parte do texto canônico, com as quais, eles discutem condutas de personagens que não são apresentadas na obra original, mas que motivam discussões acerca de comportamentos produzidos. b) Expansão da linha temporal: alguns personagens apresentam histórias prévias que não são exploradas no texto primário. Os fãs utilizam desse elemento da narrativa e escrevem sobre eventos que aconteceram antes da abertura da obra. Da mesma forma, quando a obra original termina de forma abrupta, os fãs tendem a expandir a narrativa desenvolvendo elementos que ficaram insatisfatórios. c) Refocalização: muitos escritores de fanfiction continuam o foco da história nos protagonistas, porém alguns deslocam o foco para personagens secundários. d) Realinhamento moral: um dos tipos de refocalização em que os fãs mudam a questão moral presente no texto original e utilizam os vilões como protagonistas. e) Mudança de gênero textual: os fãs trabalham a relação das ações do enredo com as personagens, fazendo com que os momentos que definem as 36 personagens sejam desenvolvidos em detrimento dos eventos dominantes do enredo. Como Jenkins (1992) destaca, os fãs procuram traços alternativos do gênero textual, por meio de estratégias interpretativas que constituem características textuais. f) Crossovers: considerando que a mudança do gênero da fanfiction busca alternativas nos construtos textuais, o tipo Crossover ultrapassa limites entre textos. Nele, personagens de diferentes “universos” midiáticos cruzam barreiras e interagem na obra primária, carregando com eles suas características e certas estruturas narrativas. g) Deslocamento de personagens: é uma forma mais radical de (re)criação. Os fãs tiram características de personagens, atribuindo-lhes novos nomes e identidades. Esse tipo de fanfiction relaciona-se com o anterior e pode proporcionar novos “universos” para futuras criações. h) Personalização: essa fanfiction permite uma aproximação das experiências dos fãs ao mundo ficcional do texto canônico. i) Intensificação emocional: como as histórias do texto primário costumam colocar ênfase na motivação e na psicologia das personagens, os fãs também costumam centralizar seus olhares para momentos de crise da narrativa. Esse tipo de fanfiction acentua conflitos psicológicos e de personalidade. j) Erotização: como a produção de fanfiction contempla um ambiente de (re)produção midiático sem restrições dos criadores da obra primária, os fãs, frequentemente, exploram dimensões eróticas dos personagens e de suas histórias. Azzari e Custódio (2013) apresentam um estudo sobre a produção textual colaborativa e centralizam o estudo nas fanfictions, por meio da proposição da escrita criativa, da metalinguagem e da cultura participativa. Elas apontam a questão em confluência com uma das questões de pesquisa deste projeto: a transgressão do clássico na escola por meio da produção (hiper)textual da fanfiction. As autoras avançam o estudo à luz da pedagogia dos multiletramentos e definem os (re)designs da produção midiática como “os traços de transformação deixados no mundo social. Os textos do design tornam-se o redesenho, novas fontes de sentido no jogo aberto e dinâmico das subjetivadas e dos sentidos” (Cope; Kalantzis, 2009a apud Azzari; 37 Custódio, 2013, p. 82). Elas acrescentam que é “dessa forma que o mundo é modificado, como consequência do trabalho transformacional do design” (Azzari; Custódio, 2013, p. 82). No mesmo estudo, a questão da autoria e escrita colaborativa é abordada, e as autoras apontam reflexão consonante com o nosso estudo, pois compreendemos que a produção de hipertextos e mídias em intertextualidade com a literatura canônica possibilita a [...] remixagem de diferentes textos, a circulação em rede desses enunciados, certamente, uma nova função-autor apontada e atrelada à noção do nascimento do leitor como sujeito engajado, com mais possibilidades de leituras, debates e produções que podem promover o seu protagonismo (Azzari; Custódio, 2013, p. 84). Sobre esse sentido, as TICs contribuem para uma aprendizagem com processos criativos e estabelecem “aproximações e associações inesperadas, juntando significados anteriormente desconexos e ampliando a capacidade de interlocução por meio das diferentes linguagens que tais recursos propiciam” (Martinsi, 2008 apud Martines, 2018, p. 2). Para Rojo (2012, p. 21), as TICs apresentam um aspecto dos multiletramentos que extrapolam a escrita manual e possibilitam os novos letramentos com os hipertextos e as hipermídias. O gênero fanfiction ancora um trabalho com essa visão “hiper” dos letramentos, com o uso tecnológico da escrita digital e redesenha a perspectiva de consumo e de produção. O pesquisador Jenkins (1992) aponta que a produção do mundo dos fãs (fandom) transformou a produção cultural em uma Cultura Participativa que reformula “a experiência do consumo midiático em produções de novos textos, certamente de uma nova cultura e uma nova comunidade” (Jenkins, 1992, p. 46, tradução nossa). Com esse movimento cultural dos fãs, vimos possibilidades da questão da autoria/autoridade, pois, como Jenkins (1992) observa, os fãs, até então consumidores, constituem produção midiática que ganha força fora do controle dos produtores que detinham certo poder, certa autoridade acerca da produção cultural. Ele ainda certifica que esse empoderamento produtivo de mídias e produção cultural, agora fãs produtores, permite que os fãs questionem e critiquem ideologias e conceitos sobre a produção de cultura de massa (Jenkins, 1992). A intertextualidade inerente à escrita de fanfictions costuma estar relacionada à produção cultural popular, mas há um número grande que estabelece relação aos 38 cânones literários. Um exemplo de fanfiction em intertextualidade com uma obra literária é analisado por Bamman e Milli (2016), que analisam as fanfictions por uma perspectiva computacional e destacam pontos importantes sobre a questão do cânone e das possibilidades criativas dos escritores desse gênero textual e midiático. Eles apresentaram resultados empíricos de uma pesquisa acerca da produção de fanfictions em intertextualidade com as obras “Pride and Prejudice” (da escritora britânica Jane Austen; em português, “Orgulho e Preconceito”) e “Sherlock Holmes” (do escritor escocês Arthur Conan Doyle). Do corpus selecionado, os autores identificaram que a escrita de fanfictions do escopo da pesquisa era predominantemente feita em inglês. Eles destacam a diferença entre os cânones e as fanfictions, pois a forma com que as narrativas das fanfictions se apresentam pode dar ênfase em características das histórias que os fãs gostariam que as narrativas canônicas tivessem (Bamman; Milli, 2016, p. 2049). Ainda no mesmo sentido sobre a escrita desse gênero textual, a fanfiction tem como autoria os jovens educandos e eles abordam assuntos e temas nas obras midiáticas que consomem e (re)produzem. Como discutimos nesta seção, esse gênero textual possibilita ao fã mais interação com o cânone. Com relação ao trabalho pedagógico com literatura, acreditamos que a escrita de fanfiction em intertextualidade com o gênero literário pode proporcionar uma prática social do mundo dos fãs (fandom) e, desse modo, um letramento digital e literário conforme abordamos nesta seção. Neste estudo, a obra de George Orwell, “Animal Farm”, é o cânone que provoca a produção escrita de fanfictions, nas aulas de língua inglesa, com os alunos do nono ano do Fundamental. No capítulo seis, abordamos o trabalho com a literatura e os processos de leitura (Jover-Faleiros, 2020; Rouxel, 2020; Hébert, 2008) que fundamentam a produção de fanfictions em intertextualidade com a obra literária, como focalizamos nesta pesquisa. Na próxima seção, discorremos sobre affordances à luz de alguns autores (Gibson, 2015; Silva, 2015; Paiva, 2010, 2011; Van Lier, 2000, 2002, 2004), uma vez que tivemos como objetivo investigar as affordances que são propiciadas em aulas de língua inglesa, nesse sentido, possibilitando uma aprendizagem mais autônoma. 39 5 AFFORDANCES Nesta seção, versamos sobre o conceito de affordances, discutimos a teoria geral de Gibson (2015) e seus desdobramentos, também, discorremos sobre como os affordances aplicam-se ao aprendizado de língua inglesa. Por fim, abordamos a contribuição dessa teoria para esta pesquisa. O termo affordance é definido, no dicionário on-line Cambridge, como “um uso ou propósito que algo pode ter e que as pessoas notam como parte da forma como veem ou experienciam”15 (tradução nossa). Gibson (2015) cunhou o termo affordance explicando a visão teórica de que o ambiente e as superfícies constituem um meio para a vida dos animais e o ambiente oferece aos animais terreno, água, fogo, objetos, outros animais, como forma de subsistência. O verbo em inglês afford, cuja acepção em português é “oferecer, providenciar, dar”16, representa o significado que Gibson atribuiu ao criar a palavra affordance. Ele acrescenta que o termo engloba mais do que o ambiente físico pode oferecer, sobretudo, as possibilidades de agir nele. O autor destaca que podemos nomear as funções dos objetos e de outros animais e classificálas, mas para perceber as affordances, não precisamos necessariamente nos atermos a essas funções ou classificações, sendo possível atribuir-lhes valores e significados com os quais podemos propiciar as affordances. Relacionando o termo ao processo de aprendizagem de línguas, Paiva (2009) propõe que affordance seja traduzido como “propiciamento” e que seja compreendido pelo contexto em que ele é inserido, pois, para a autora, a aprendizagem da língua inglesa pode acontecer de uma forma em um contexto como segunda língua, diferentemente de outro contexto como língua estrangeira, ou em imersão. A autora destaca que utilizamos a língua para “agir no mundo, para perceber e para interpretar as ações sociais da linguagem em nossa volta” (Paiva, 2009, p.3). Ela ainda aponta o 15 “A use or purpose that a thing can have, that people notice as part of the way they see or experience it”. Definição do termo “affordance” no dicionário digital Cambridge Dictionary, disponível em: https://dictionary.cambridge.org/us/dictionary/english/affordance. Acesso em: 04 abr. 2023. Em pesquisa no dicionário on-line Houaiss da Língua Portuguesa, o termo não apresenta acepção; e é indicada uma definição do site Wikipédia: “Affordance termo inglês, sem tradução atualmente no português, mas que, neste contexto, poderia ser facilmente traduzido por ‘reconhecimento’ ou ‘oportunidade’, é a qualidade de um objeto que permite ao indivíduo identificar sua funcionalidade sem a necessidade de prévia explicação, o que ocorre intuitivamente ou baseado em experiências anteriores”. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Affordance Acesso em: 04 abr. 2023. 16 A definição do Cambridge Dictionary on-line é “to allow someone to have something pleasant or necessary”. O dicionário já traz uma tradução que foi utilizada em nosso texto. 40 termo “propiciamentos de ordem individual” – que utilizam as perspectivas de “motivação, autonomia, agenciamento e interpretação” (Paiva, 2009, p.3). Sobre o agir no meio ambiente, Van Lier (2004) argumenta que as relações entre os elementos do meio com seus habitantes, assim como as relações que outros integrantes desse meio têm entre si, oferecem uns aos outros affordances, que são percebidas (notadas), uma vez que são relevantes. Ele aponta que “percepção, ação e interpretação fazem parte de um processo dinâmico” (Van Lier, 2004, p. 105). Silva (2015) acrescenta que essa ação apresenta oportunidades de interação por meio da língua. Com o foco na língua e nas interações do ambiente linguístico, mobilizadas por meio dos repertórios dos falantes, acreditamos que as affordances proporcionam um ambiente propício para a aprendizagem e [...] o aprendiz em ação em um ambiente propício a aprendizagem, apropria sentindo (e formas linguísticas) na ação, e juntamente com outros constrói estruturas de funcionamento efetivas. Os aprendizes devem se engajar, assim a aprendizagem emana deles, ao invés de ser dispensada a eles (Van Lier, 2004, p. 222, tradução nossa17). Essas relações dão-se com o próprio sujeito e para com os outros, focalizando a interação dos indivíduos e o meio (Gumperz, 1982; Stubbs, 1983 apud Silva, 2015, p. 7). Por isso, a noção de affordance como o artefato linguístico ganha destaque no processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa. Na linguística aplicada, o conceito de affordance é tratado como um processo semiótico e, dessa forma, mediado de forma simbólica. A informação simbolicamente estará disponível e é invariável, porém a affordance apenas pode ser percebida com o observador (Silva, 2015). Em vista que o ambiente centraliza a concepção simbólica por meio da interação, no processo de ensino-aprendizagem de línguas, o estudante deve ter oportunidades a eventos da fala, participar desses eventos de forma ativa, (re)criar situações e agir sobre/nelas para o seu desenvolvimento linguístico. Consideramos de suma importância que as relações, interações e práticas façam parte das práticas pedagógicas, que estejam refletidas nos materiais tanto de uso do aprendiz quanto o que compõe o ambiente em que ele se encontra, assim como que o currículo reflita 17 Texto original: “The unit of learning is therefore the learner in action in a learnable environment, appropriating meaning (and linguistic forms) in action, and jointly with others building structures of effective functioning. Learners must be engaged, so that the learning emanates from them, rather than being delivered to them.” 41 nessas relações para que os affordances sejam variados, permitindo assim uma aprendizagem contextualizada e com atividades linguístico-discursivas significativas para que os estudantes fiquem engajados com a língua, com os sujeitos e com o ambiente que constituem essa aula, ou esse contexto de aprendizagem. Ao percorrer a teoria de affordances, observamos que as oportunidades de aprendizagem da língua precisam ser percebidas pelo aprendiz, no uso da língua inglesa, em nosso caso, por meio da interação ou mesmo que se encontram em objetos ou no ambiente (Larsen-Freeman; Cameron, 2008 apud Silva, 2015, p. 64). Neste caminho, Silva (2015) apresenta três tipos de affordances: ambientais, tecnológicos e linguísticos. Acerca de affordances ambientais, podemos destacar os espaços e os tempos que são percebidos na situação ou prática social em que os aprendizes são inseridos. Os tecnológicos comportam softwares, aplicativos, ferramentas e materiais no ambiente virtual, inclusive a internet, que apresentam condições de aprendizagem. A autora menciona que as affordances linguísticos dividem-se em três níveis: o nível de estrutura, o nível de significado e o nível de gerenciamento da interação (Silva, 2015). Aronin e Singleton (2012) ampliaram a perspectiva de affordances e de uso da língua e apresentaram a noção de affordances linguístico social e individual. Affordances de língua na sociedade, segundo os autores, derivam da visão da ecologia apresentada por Gibson (2015), mas, de certa forma, acarretam formas diferentes por uma dimensão maior do que a física. Eles resgatam o que Gibson (2015) defende sobre a percepção do indivíduo na perspectiva de affordance linguístico individual, pois essa percepção apresenta duas extremidades, uma subjetiva e outra objetiva, e a informação observada está para os dois polos – um propicia o ambiente e o outro copropicia o indivíduo. Essas percepções de affordances apontadas por Aronin e Singleton (2012) coadunam com uma conscientização linguística (language awareness) e metalinguística sobre o processo do aprendiz, pois está relacionada com a affordance linguística individual, como aprendiz e usuário de línguas (Aronin; Singleton, 2012, p. 315, tradução nossa). Nesse sentido, Scarantino (2002/2003 apud Aronin; Singleton, 2012) discorre sobre duas escalas de oposição sobre a classificação de affordances: os que são 42 certos de ser propiciados e outros que provavelmente são, as affordances de acontecimento e as affordances com objetivo18. Segundo a categorização: a) Affordances que são certas de ser propiciadas apresentam circunstâncias que certamente irão existir, por exemplo, o ensino de língua inglesa em nosso país, oferecido de forma curricular em território nacional. b) Affordances que são provavelmente propiciadas apresentam circunstâncias que poderão existir, por exemplo, o ensino de língua inglesa e de língua espanhola em nosso país, pois, em alguns colégios, há demanda e oferta de outras línguas, mas não há garantia de que irão existir para todos, o tempo todo. Como Scarantino (2002/2003) aponta, essa affordance pode levar a uma abordagem menos eficaz na aprendizagem de línguas. c) Affordances com objetivo que “tornam um evento relacionado com um organismo um FAZER”19 (Scarantino, 2003, p. 958 apud Aronin; Singleton, 2012, p.317-318, grifo da autora). d) Affordances de acontecimento referem-se a uma manifestação das circunstâncias desencadeadoras do propiciamento de affordances, por exemplo, aprender um idioma envolve um fazer (affordance com objetivo), ter contato com espanhol, por exemplo, ao visitar Buenos Aires, permitiria uma exposição ao idioma, um contato, um acontecimento, sem objetivo de estudar formalmente a língua nomeada. Em outras palavras, o fazer é um evento desencadeado por uma seleção de um objetivo, enquanto acontecimento não é desencadeado. Podemos imaginar affordances de objetivo demandam tempo e energia e são mais difíceis de notar-se e de implementar do que as affordances de acontecimento. [...] Affordances de acontecimento e os que são certo de serem propiciados parecem ser mais preditores de sucesso para com a aprendizagem de línguas. Por outro lado, talvez para alguns indivíduos, estabelecer um objetivo e uma motivação [para aprender línguas] os impulsionaria a atingir maiores níveis de sucesso20 (Aronin; Singleton, 2012, p. 318, tradução nossa). 18 No texto original, “Andrea Scarantino (2003) suggested two scales of opposition with respect to the classification of affordances: surefire versus probability affordances and happening versus goal affordances. These can be briefly characterized as follows” (Aronin; Singleton, 2012, p. 317). 19 No texto original. “What makes an organism-involving event a DOING” (Scarantino, 2003, p. 958 apud Aronin; Singleton, 2012, p. 317-318) 20 No texto original, “in other words, doings are events triggered by the selection of a goal, while happenings are not so triggered. We can imagine that goal affordances are more time- and energyconsuming and are more difficult to pick up on and implement than happening affordances. […] Happening and sure-fire affordances seem to be stronger predictors of success with language learning. On the other hand, maybe for some individuals, goal setting and motivation would push them to higher 43 Portanto, as affordances linguísticas são propiciadas por meio da comunicação via uma língua ou línguas, e quando essa comunicação acontece em uma comunidade (exemplo: família, país, etc.), em um momento específico, denominamos de affordances linguístico social, enquanto a comunicação que propicia a interação de um indivíduo com uma ou várias línguas denominamos de affordances linguístico individual. Ainda, no mesmo sentido da compreensão das affordances propiciadas nas aulas de língua inglesa, temos o aspecto das affordances constituídas na ecologia do construto do ambiente escolar, de acordo com Van Lier (2008), como uma perspectiva ecológica que focaliza a aprendizagem de línguas em um amplo sentido incluindo o indivíduo, o ambiente e seus artefatos históricos e culturais, o que engloba mais sentidos do que as palavras que são faladas ou escritas. Do ponto de vista de uma pedagogia ecológica, todas as ações de comunicação envolvem múltiplas relações estabelecidas por todos os elementos constituídos pelos sujeitos e pelo ambiente que os cercam e esse ecossistema pedagógico propicia atividades pedagógicas que comportam as affordances para a aprendizagem (Van Lier, 2008). Ao considerar a perspectiva ecológica, cujo espaço pedagógico é um ambiente de affordances propiciadas de múltiplas formas, tanto no aspecto da instituição escolar, da sala de aula, dos espaços e tempos educacionais quanto nas relações com o professor e com os educandos, com as tecnologias, etc., é possível destacarmos algumas das affordances que estavam no escopo desta pesquisa e que propiciaram oportunidades de aprendizagem ao estudante, sujeito desta pesquisa. As affordances do meio ambiente são o ambiente de aulas ministradas somente em língua inglesa, o aspecto social que a língua adicional apresenta para esses estudantes, uma vez que eles viajam frequentemente a países falantes desse idioma e têm contato com familiares e amigos que falam inglês, ou, até mesmo, no destaque que a língua inglesa ganha em suas conversas espontâneas ou em trocas de mensagens nas redes sociais, por exemplo. O uso do acervo desse idioma no ambiente da biblioteca da instituição também contribui para as oportunidades de enriquecimento de repertório, assim como auxilia nas pesquisas acadêmicas e científicas. success levels. One must be- ware, of course, of seeing the differentiation of these categories in absolute terms” (Aronin; Singleton, 2012, p. 318). 44 Outras affordances oferecidas ao estudante são o uso frequente de ferramentas (softwares) e aplicativos21 em língua inglesa para estudo de projetos de leitura, como o aplicativo da Microsoft, OneNote, como ferramenta de escrita de diário de leitura digital, utilizado em conjunto com a leitura literária; o portal do curso de inglês do nono ano é elaborado na língua adicional com a linguagem Moodle, assim como o Google Classroom, utilizado como ferramenta de escrita em processo. Há um affordance institucional denominado de Núcleo de Educação Digital na instituição em questão cujos educadores auxiliam os projetos pedagógicos do ciclo com foco no letramento digital do estudante. Ainda, podemos reforçar o uso em sala de aula de multimídia, inclusive, como gênero textual midiático, a leitura e a produção de fanfictions, por meio da plataforma Tumblr. Essa última affordance digital e tecnológica é o gênero de produção dos alunos na Sequência Didática elaborada para a coleta de dados desta pesquisa. A composição metodológica e a análise deste estudo retomaram as affordances propiciadas pela instituição de ensino privada em questão e oferecidas por meio dos movimentos pedagógicos instaurados para o ensino de língua. O nosso estudo apreende o conceito da teoria de affordance e suas categorizações abordadas nesta seção, objetivando a análise de uma aprendizagem que pode indicar mais autonomia e consciência do educando, investigando, portanto, as affordances que são propiciadas em aulas de língua inglesa, na escrita de fanfictions. Na próxima seção, discorreremos sobre a metodologia do nosso trabalho e apresentamos a sequência didática que foi aplicada para a coleta de dados. 21 A instituição (locus de obtenção de dados desta pesquisa) fornece ao estudante o pacote com os aplicativos da Microsoft e do Google como ferramentas educacionais. 45 6 PRINCÍPIOS EPISTEMOLÓGICOS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Esta seção visa apresentar os princípios epistemológicos e os procedimentos metodológicos que compõem esta pesquisa. Apresentamos a metodologia de pesquisa, o contexto e os participantes deste estudo. Ainda, o contexto de produção do curso de inglês do nono ano do Ensino Fundamental anos finais e os instrumentos e procedimentos de coleta de dados são descritos nesta seção, com os procedimentos de leitura empregados para a leitura da obra cânone, “Animal Farm”, de George Orwell. Por fim, apresentamos os aspectos éticos que envolvem esta pesquisa e os procedimentos de análise adotados, assim como a abordagem dos conteúdos temáticos de J. Bronckart (1999) e dos princípios do Interacionismo Sociodiscursivo. 6.1 METODOLOGIA O presente estudo caracteriza-se por ter desenvolvido uma pesquisa qualitativa que visou investigar se os repertórios linguísticos de estudantes de inglês são ampliados na produção midiática em consonância com a Cultura Participativa e, também, objetivou investigar quais affordances são propiciadas por meio de uma sequência didática construída à luz da Pedagogia dos Multiletramentos, que culmina na produção de textos do gênero fanfiction. Como citado por Flick (2017 apud Paiva, 2019), a pesquisa qualitativa, além de compreender os fenômenos sociais, também permite a descrição e a explicação, ou a tentativa de explicação, desses fenômenos com base em sua produção e em consonância com os contextos em que esses elementos de produção são inseridos. Esta pesquisa focalizou a experiência de produção de narrativas ficcionais, fanfictions, produto de intertextualidade com obra literária supracitada, parte fundamental de um trabalho realizado a partir de uma sequência didática à luz da Pedagogia dos Multiletramentos. Este estudo teve como perguntas de pesquisa: • Como a escrita de fanfictions amplia o repertório linguístico dos alunos em aulas de língua inglesa? • Como a escrita criativa ficcional de fanfictions contribui para a produção de Cultura Participativa? • Quais affordances são propiciadas na produção de fanfictions? 46 • Qual é a percepção dos alunos acerca da aprendizagem por meio dos affordances propiciadas? Esta pesquisa contou com um método de “observação participante”, pois, como Marques (2016) reforça em seu artigo, não há neutralidade de um pesquisador ao realizar um estudo no ambiente em que ele é inscrito como membro atuante, neste caso, como professor e pesquisador que designa seu lócus e seu objeto os mesmos de sua atuação, e com os mesmos educandos participantes da pesquisa, que outrora, eram/são seus alunos. Portanto, esta pesquisa tem uma abordagem qualitativa com a perspectiva de um pesquisador que também é um ‘observador participante’. Sobre a abordagem de um observador participante na coleta de dados na pesquisa acadêmica, Marques (2016) discute a situação delicada que existe no processo de coleta de dados, pois a observação e a coleta de informações necessárias para uma pesquisa não distanciam totalmente de forma objetiva a presença e o olhar do pesquisador. Ele argumenta que a crença cuja experiência prévia do pesquisador-observador não pode influenciar no olhar investigativo é certamente questionada, uma vez que, por exemplo, um pesquisador que não tenha tido contato prévio com uma turma de alunos, ao “‘apenas observar’ e coletar dados, ele já interferiu sobre a dinâmica daquela turma de alunos” (Marques, 2016, p. 265). Para as autoras Marconi e Lakatos (2010), o observador da pesquisa, ao coletar os dados, pode tornar-se um observador não participante, porém sua presença em campo pode ser compreendida como algo artificial; por sua vez, quando ele já faz parte da comunidade ou do grupo investigado, o observador agrega-se ao grupo, e o processo da coleta de dados pode tornar-se mais fluído. Elas ressaltam que o desafio é que o pesquisador precisa delimitar de forma objetiva e científica seus métodos, pois haverá sempre a complexa relação entre o observador e o observado. Nesse sentido, Gil (2002, p. 55) define que a pesquisa participante “caracterizase pela interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas”. O autor reforça que os dados dependem, de certa forma, do comportamento do pesquisador e das relações estabelecidas com o grupo pesquisado, todavia a objetividade científica exigida não é necessariamente comprometida. Ele reforça o fato de que, como em qualquer pesquisa acadêmica, os dados precisam ser sistematizados e a coleta organizada em banco de dados, por exemplo. Somando-se a isso, Minayo (2013, p. 71) argumenta que a observação participante 47 [...] tem um sentido prático, pois permite ao pesquisador desvencilhar-se de prejulgamentos e de interpretações prontas, uma vez que é no convívio com o grupo estudado que o observador percebe as questões realmente relevantes e que compreende aspectos que, aos poucos, vão aflorando, [ajudando a] desvendar as contradições entre as normas e regras e as práticas vividas cotidianamente pelo grupo ou instituição observados. A interação do pesquisador e professor pode contribuir para a relação com os alunos como participantes de uma pesquisa acadêmica, pois há uma familiaridade com o espaço da sala de aula, com as rotinas já estabelecidas com a turma, e, da mesma forma, uma familiaridade com o professor, que aqui também é o pesquisador. E, como a autora aponta, há uma possibilidade de situações que não podem ser previamente planejadas e que podem ser observadas e problematizadas na coleta e em posterior análise. Ainda nesse sentido, Marques (2016, p. 278-281) discute sobre a pesquisa com a observação participante, ele sugere alguns passos para o trabalho com essa abordagem: a. Considerar que a observação participante demanda um processo longo de coleta dados. b. O observador pode buscar auxílio de um intermediário, fazendo com que alguns registros ou observações possam ter mais organização e que, em eventual necessidade, o contato com os sujeitos da coleta possa ter alguém próximo a eles para o contato mais dinâmico. c. Mostrar-se diferente do grupo pesquisado, pois o participante precisa lembrar-se do seu papel dentro da comunidade ou do grupo, diferenciando quando o faz como o observador da pesquisa. d. O observador deve ter consciência de que também está sendo observado, visto que sua interação social será compreendida como parte dos papéis desempenhados durante a pesquisa. e. Saber quando o observador deve perguntar, ouvir ou até mesmo calarse. Considerando as sugestões oferecidas por Marques (2016), esta investigação caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa com a observação participante, uma 48 vez que a aplicação da sequência didática aconteceu durante as aulas de língua inglesa do professor, que é também o pesquisador deste estudo. 6.2 CONTEXTO DA PESQUISA A pesquisa foi realizada em um colégio particular na cidade de São Paulo, na região da Zona Oeste, que comporta aproximadamente 800 alunos do Ensino Fundamental 2. Os estudantes do nono ano configuram 200 alunos desse ciclo. Há seis turmas de nono, organizadas pela instituição em turmas que são denominadas de 9ºA ao 9ºF, cada turma com uma média de 35 alunos. Parte integrante da carga horária e da grade curricular dos alunos, o componente curricular ‘Língua Inglesa’ configura-se com quatro aulas semanais, de 50 minutos cada. Os alunos são divididos em dois grupos em suas aulas de inglês. O grupo 1, denominado pela instituição como ‘G1’, comporta aproximadamente metade dos alunos da turma, que foram previamente classificados ou organizados de acordo com o nível linguístico considerado de básico ao independente22. O grupo 2, denominado como ‘G2’, comporta os demais alunos com o nível linguístico do independente ao proficiente. O professor de inglês, e pesquisador, atua somente com os alunos do ‘G2’, aproximadamente cem alunos. A professora parceira que atua com o grupo ‘G1’ e seus respectivos alunos não fizeram parte da pesquisa. 6.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA Os alunos do nono ano do Ensino Fundamental 2 têm idades de 14 e 15 anos. São alunos do denominado ‘G2’. Apresentam nível de proficiência em língua inglesa, em sua maioria, do B2 (Usuário Independente) ao C1 (Proficiência Operativa Eficaz)23. Há alguns alunos que são B1 (Intermediário)24 e que, ao longo da escolaridade do ciclo, foram reclassificados como alunos do ‘G2’. 22 Usamos a nomenclatura básica à proficiente em consonância ao projeto pedagógico do colégio, que utilizou uma aproximação dos seus grupos de inglês no Ensino Fundamental aos níveis de competência linguística do Quadro Comum Europeu de Referência para Línguas (CEFR). Disponível em: https://www.cambridgeenglish.org/br/exams-and-tests/cefr/. Acesso em: 10 jul. 2023. 23 Termos usados no Quadro Comum Europeu de Referência para Línguas (CEFR) – disponível em: https://www.britishcouncil.org.br/quadro-comum-europeu-de-referencia-para-linguas-cefr. Acesso em: 10 jul. 2023. 24 A descrição dos níveis de proficiência dos alunos, de acordo com o CEFR, são: B1 (Independente – Intermediário), que “é capaz de compreender as questões principais, quando é usada uma linguagem 49 6.4 CONTEXTO DE PRODUÇÃO E DO CURSO DE LÍNGUA INGLESA O curso de língua inglesa do Ensino Fundamental anos finais do colégio em questão é estruturado por meio de quatro aulas semanais desde o sexto ano até o nono ano. As aulas de inglês têm duas organizações de níveis por aproximação, agrupados e denominados por ‘G1’ e ‘G2’, conforme descrição nas subseções anteriores. Há dois professores por série, um para cada agrupamento, totalizando seis professores e professoras de inglês para os anos finais do Fundamental. O panorama curricular do curso de língua inglesa aborda temas e questões sociais que são essenciais para o acesso a informações do Brasil e do mundo, por meio da língua inglesa. Alguns temas são estruturados em interdisciplinaridade por meio de projetos de série e outros são escolhidos como conteúdos-base para a seleção de textos e de livros literários. No quadro a seguir, demonstramos os temas e as questões que contemplam o currículo. clara e estandardizada e os assuntos lhe são familiares (temas abordados no trabalho, na escola e nos momentos de lazer, etc.). É capaz de lidar com a maioria das situações encontradas na região onde se fala a língua-alvo. É capaz de produzir um discurso simples e coerente sobre assuntos que lhe são familiares ou de interesse pessoal. Pode descrever experiências e eventos, sonhos, esperanças e ambições, bem como expor brevemente razões e justificações para uma opinião ou um projeto”. B2 (Independente – Usuário Independente), que “é capaz de compreender as ideias principais em textos complexos sobre assuntos concretos e abstratos, incluindo discussões técnicas na sua área de especialidade. É capaz de comunicar com certo grau de espontaneidade com falantes nativos, sem que haja tensão de parte a parte. É capaz de exprimir-se de modo claro e pormenorizado sobre uma grande variedade de temas e explicar um ponto de vista sobre um tema da atualidade, expondo as vantagens e os inconvenientes de várias possibilidades”. C1 (Proficiente com Proficiência operativa eficaz) que “é capaz de compreender um vasto número de textos longos e exigentes, reconhecendo os seus significados implícitos. É capaz de se exprimir de forma fluente e espontânea sem precisar procurar muito as palavras. É capaz de usar a língua de modo flexível e eficaz para fins sociais, acadêmicos e profissionais. Pode exprimir-se sobre temas complexos, de forma clara e bem estruturada, manifestando o domínio de mecanismos de organização, de articulação e de coesão do discurso”. O CEFR pode ser acessado em: https://www.britishcouncil.org.br/quadro-comum-europeude-referencia-para-linguas-cefr. Acesso em: 10 jul. 2023. 50 Quadro 1 - Estrutura de temas e questões sociais do currículo de língua inglesa do Ensino Fundamental anos finais do colégio Série Temas e Questões Sociais 6º ano Aquecimento Global, Representações de passado e de futuro (memórias individuais e coletivas) e Cidadania Digital. 7º ano Notícias, Recorte histórico do Sul dos Estados Unidos da América que marca a escravidão e o racismo e Histórias de vida. 8º ano Negritude e Resistência, Direitos Humanos e Conscientização e Proteção da Terra. 9º ano Direitos Humanos e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Racismo e os tipos de racismo, Questões sociais do presente e Empatia. Fonte: elaboração própria Os conteúdos linguístico-discursivos, os gêneros textuais e os livros literários que permeiam o currículo apresentam um desenvolvimento gradual de complexidade das habilidades e competências referentes à oralidade, à escuta, à escrita e à leitura, assim como compõem uma ampliação do repertório literário e cultural do educando. No quadro a seguir, organizamos esses conteúdos a fim de representar a progressão estabelecida. Os gêneros textuais e literários, assim como os conteúdos linguísticodiscursivos instituídos no desing do currículo de língua inglesa no Ensino Fundamental anos finais do colégio (lócus da coleta de dados) estão em consonância com o que encontramos na BNCC. Como estabelecido na BNCC25 (Brasil, 2018, p. 241), o foco do ensino da língua inglesa centraliza no aspecto “da função social e política do inglês” e na “ampliação da visão de letramento, ou melhor, dos multiletramentos, concebida também nas práticas sociais do mundo digital” (Brasil, 2018, p. 242). No quadro adiante, também apresentamos a estrutura curricular com ênfase nos denominados eixos organizadores da BNCC, conforme o eixo da leitura por meio de práticas de leitura em inglês que reforçam o trabalho com o reconhecimento do tipo de texto mediante estratégias de leitura e compreensão de texto, e que também contemplam a análise do contexto de produção e seus efeitos na construção de sentidos, assim como acerca da reflexão crítica de temas abordados. Podemos ver que a escolha dos textos, dos gêneros e dos títulos dos livros literários apresenta consonância com esses aspectos e apontam para a ampliação do repertório textual e literário do educando. 25 Item 4.1.4. referente à Língua Inglesa. 51 Relativamente ao eixo da escrita, a BNCC considera os aspectos processual e colaborativo, assim como enfatiza o objetivo da escrita como prática social. Sobretudo, o documento destaca a escrita como um processo autoral com foco na progressão de textos verbais para textos mais elaborados, desse modo, contribuindo para “para o desenvolvimento de uma escrita autêntica, criativa e autônoma” (Brasil, 2018, p. 245). Podemos ver esse caminho pedagógico na complexidade e nos desafios impostos na produção escrita do nono ano, pois há constante uso de textos de circulação das áreas sociais para compor base da escrita de textos argumentativos mais elaborados. Quadro 2 - Gêneros textuais e conteúdos linguístico-discursivos de língua inglesa do Ensino Fundamental anos finais do colégio Série 6º ano 7º ano 8º ano Gêneros textuais e Literários Climate Change (Greta Thunberg), The Fun They Had (Asimov), Sophia, the Robot, Fantastic Mr. Fox (Roald Dahl), Heritage sites (Mapa Interativo), Apostila com foco em estratégias de leitura, Livro de Memórias (Memory Scrapbook), Hugo Cabret, Prince Siddhartha – The Kind Prince, Think Before You Post (Cidadania Digital). Breaking News, Adventures of Huckleberry Finn, Mangrove Forest, Dr. Jekyll & Mr. Hyde The Outsiders, Blackness & Resistance (Coletânea de Poemas com foco na negritude) e Textos informativos relacionados ao Projeto Terra. Human Rights (Leitura da Declaração dos Direitos Humanos), Sustainable Development Goals (Leitura dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), Leitura de notícias e artigos de opinião relacionados às questões sociais da atualidade, To Kill a Mockingbird (Harper Lee), Racismo e Questões Raciais na língua inglesa (História dos Estados Unidos e do Brasil) UN Position Papers (Documentos oficiais das Nações Unidas para posicionamento argumentativo), Diário de Leitura para a leitura do livro literário (Reading Journal), Debates, Coletânea de contos (Estrutura do Conto e foco na produção de um e-book de contos com crítica social, trabalho com a escrita empática e linguagem figurada), “Animal Farm” (George Orwell) e Fanfictions. Fonte: elaboração própria 9º ano Conteúdos linguísticodiscursivos Descrição de lugares (adjetivos e uso do verbo There to be), Comparativos, Passado Simples e Gerúndio no Passado (Simple Past and Past Continuous), Futuro, Imperativo e Modal para expressar aconselhamento (Should) Passado Simples e Gerúndio no Passado (Simple Past and Past Continuous), Present Perfect, Construção de Perguntas, Modais e Formas da Narrativa (Can, Could, Be able to, Used to, Would), Expressões de tempo e conectivos. Present Perfect, Past Perfect (revisão e ampliação das estruturas da narrativa), Collocations, Modais (Must, May, Might, Could, Can’t), Futuro, Condicionais (1º e 2º) Conectivos e Marcas do Discurso Oral e Escrito, Position Paper e Editorial, Voz Passiva, Linguagem Figurada, Estrutura da Narrativa do Conto literário, Argumentação e estratégias argumentativas para a escrita de textos argumentativos típicos das Nações Unidas e para o Debate de opinião), Condicionais e Estruturas Hipotéticas (If Clauses 1º ao 3º, Mixed, Wishes and Regrets, If Only, What If), Tempos e Estrutura da Narrativa para Contos literários e Relative Clauses. 52 No currículo estabelecido, há temais transversais que acarretam projetos de séries, denominados, na instituição de ensino, Eixos de Série: no 6º ano, Integração, Organização e Hábitos de Estudo; Representação e Alteridade; no 7º ano, Diferentes Formas de Registro e Estudo; Respeito e Convívio com as Diferenças; no 8º ano, Direitos Humanos; Pesquisa, Registro e Cooperação; e no 9º ano, Autonomia, Argumentação e Síntese. Como muito do trabalho com esses eixos aproxima-se do letramento digital, o colégio possui um departamento para projetos digitais (denominado Núcleo de Educação Digital) tanto no âmbito de formação dos educadores e das equipes administrativas e gerenciais da instituição quanto no quesito de estabelecer parceria com projetos de série (inter- e multidisciplinares) ou com os cursos disciplinares. Ainda, o colégio possui um grupo de especialistas na educação com foco em inclusão, denominado de Núcleo de Práticas Inclusivas, que contempla aspectos importantes da educação inclusiva nos projetos de série e disciplinares. No sentido de oferecer uma estrutura complementar aos componentes do currículo, como a língua inglesa que faz parte do Núcleo Comum, o colégio oferece atividades diversificadas (Ensino Religioso, Educação Artística – Artes Visuais, Música, Expressão Corporal – Educação Física, Convivência e Ética). Ademais, a estrutura curricular dispõe de aulas de apoio para trabalho específico com habilidades e competências curriculares que exigem mais prática e estudo. Há atividades extracurriculares que abordam artes e atividades físicas, assim como oficinas de linguagens e tecnologias, em algumas, a língua inglesa é requisito necessário, como a oficina Social Innovation26 – estudo de estratégias de Design Thinking27 e trabalho 26 A oficina Social Innovation é disciplina extracurricular optativa e anual, oferecida ao aluno do nono ano de forma complementar ao seu currículo, e constitui em seu programa aspectos da Comunidade Internacional de Inovação Social (IDIN, sigla em inglês; disponível em: https://www.idin.org/ ) que, com o laboratório D-Lab do MIT (Massachusetts Institute of Technology’s D-Lab, disponível em: https://dlab.mit.edu/ ) centralizam projetos de ação e inovação social com aspectos da engenharia social, das arquiteturas urbana e rural, com o olhar para as comunidades carentes e sociedades desfavorecidas em âmbito global. O curso oferece ao aluno a oportunidade de aprender técnicas de engenharia e arquitetura focalizando trabalhos com materiais recicláveis. O estudante aprende como lidar com problemas sociais e propor soluções em parcerias com as comunidades e projetos sociais existentes. Por fim, há a possibilidade de o aluno viajar para o MIT, em Boston, nos Estados Unidos, para uma imersão de uma semana no MIT D-Lab e expandir seus conhecimentos já adquiridos no curso. O curso é ministrado em inglês. 27 Design Thinking é um modelo de pensamento e uma metodologia de inovação social para questões sociais com o foco na Empatia, na Experimentação e na Prototipação, centralizado “no ser humano, altamente colaborativo, experimental, otimista e visual”, de acordo com o site do SEBRAE (https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/design-thinking-inovacao-pela-criacao-de-valor-parao-cliente,c06e9889ce11a410VgnVCM1000003b74010aRCRD). Acesso em: 06 out. 2023. 53 com comunidades a fim de desenvolver projetos de inovação social. Como ampliação do projeto curricular, a instituição oferece projetos interdisciplinares de Estudo do Meio, assim como viagens para o Canadá (em modalidade de intercâmbio) e para os Estados Unidos, Boston, com foco na ampliação dos estudos de inovação social. O currículo está organizado em três períodos (trimestres) e, ao longo de cada um, os alunos são avaliados de forma processual, por meio de diferentes instrumentos de avaliação. Os instrumentos de avaliação são constituídos por atividades avaliadas com foco na leitura e compreensão de textos, mediante provas focalizando aspectos linguístico-discursivos, pela produção escrita em processo, e, ainda, por meio de apresentações orais e debates orais. O processo avaliativo conta com etapas de (auto)regulação, regulação em pares e com constante feedback. Os alunos têm acesso aos conceitos ou às marcações como avaliações parciais ao longo do período. Ao término do trimestre, conceitos (A-E) são atribuídos aos alunos. Sendo compreendidos como A, aproveitamento plenamente satisfatório, de nível excelente, até E, aproveitamento insatisfatório, de nível muito fraco. 6.5 INSTRUMENTOS/PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS Foi desenvolvida pelo professor-pesquisador uma sequência didática à luz da Pedagogia dos Multiletramentos (Silva, 2016; Rojo; Moura, 2012; GNL, 1996) em que o produto foi a produção de uma fanfiction (Sachs, 2019; Jenkins, 2009). A leitura crítica e análise da obra de George Orwell28, que aconteceu ao longo e com a sequência didática, fez parte da produção das fanfictions por meio da intertextualidade e dos aspectos típicos do gênero fanfiction e da Cultura Participativa. A sequência didática abordou o estudo do gênero fanfiction, os respectivos recursos discursivos, os conceitos de Cultura Participativa (Jenkins, 2009) e utilizou o estudo das formas hipotéticas da língua inglesa (condicionais, expressões com condicional e de caráter hipotético29) como disparador para a produção da sinopse da 28 “Animal Farm” (qualquer edição em inglês que não seja adaptada pode ser utilizada pelos alunos). Apresentamos aqui alguns exemplos das construções linguísticas em inglês para ilustrar os condicionais, “If the main character of this story had not died, what would he have done?” (Se a personagem principal não tivesse morrido, o que ela teria feito?) e para ilustrar as expressões com condicionais e com caráter hipotético, “What if a secondary character was a spy?” (E se uma personagem secundária fosse uma espiã?). 29 54 fanfiction que também foi escrita pelos alunos, pois ela compreende parte integrante do gênero textual. A escrita da fanfiction foi realizada em duplas ou trios. Após a publicação das fanfictions em um blog (Tumblr), os alunos preencheram um questionário com perguntas acerca da escolha das temáticas de suas produções. O questionário foi elaborado de forma digital usando o Google Forms. Houve uma seleção das fanfictions escritas pelos estudantes seguindo os critérios de aceite da participação da pesquisa pelo aluno30 e da produção finalizada e postada dos textos. Obtivemos 47 fanfictions, escritas em duplas ou trios e 61 alunos responderam aos questionários. Sintetizamos, no quadro a seguir, os instrumentos de coleta, suas funções para a coleta (e posterior análise) e os dados gerados: Quadro 3 - Síntese dos instrumentos de coleta Instrumento Sequência Didática Questionário Forms) (Google Função Desenvolver um design de aprendizagem por meio dos movimentos da Pedagogia dos Multiletramentos com foco no gênero Fanfiction em intertextualidade com a obra “Animal Farm”, e propiciar affordances para a aprendizagem da língua inglesa. Com base na SD, o aprendiz percorre um caminho didático que contribui para uma aprendizagem mais crítica e autônoma. Compreender como o estudante estabeleceu relação com a obra canônica ao produzir a fanfiction. Dados gerados 47 fanfictions duplas ou trios. escritas em 122 respostas no questionário, pois 61 alunos responderam ao questionário que contém duas perguntas. Fonte: elaboração própria As subseções anteriores concentraram o detalhamento da metodologia de pesquisa deste estudo, do contexto e dos participantes desta pesquisa. A descrição do contexto de produção dos alunos e do curso de inglês do nono ano foram o ponto principal dos elementos da última subseção. A seguir, discorremos sobre os princípios epistemológicos do trabalho com a literatura e dos procedimentos de leitura. 30 Como os alunos eram menores de 18 anos, o Termo de Assentimento ao aluno e o Termo de Consentimento Livre Esclarecido aos pais dos alunos fizeram parte do critério mencionado. 55 6.6 LITERATURA E PROCEDIMENTOS DE LEITURA Discutimos, a seguir, o trabalho com a literatura nas aulas de língua inglesa e a nossa compreensão sobre a literatura como parte integral da formação do sujeitoleitor nas aulas de inglês. Descrevemos como se desenvolveu a leitura da obra literária de George Orwell (“Animal Farm”31), que é fundamental para o design da Sequência Didática desenvolvida para este estudo. Por fim, discutimos os procedimentos de leitura que contemplaram parte essencial do currículo de língua inglesa do objeto desta pesquisa. Primordialmente, destacamos que o nosso trabalho reforça a característica da inquietação do professor-pesquisador quanto ao processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa sob um olhar crítico acerca do seu próprio caminho de formação e sobre sua própria didática. O presente estudo apresenta a concepção sobre o ensino de língua inglesa de forma complexa, pois compreendemos que o ensino de uma língua adicional condiz com um mundo plural, enriquecedor de repertórios e subjetivo (ou repleto de subjetividades). Na mesma direção, a composição do currículo de língua inglesa, a nosso ver, deve abordar mais do que as habilidades linguísticas fundamentais, certamente, tem de possibilitar a leitura literária como objeto de estudo, como papel formador na visão do sujeito-leitor e como característica fundante da multiculturalidade. Em consonância com o que as autoras Dalvi, Rezende e Jover-Faleiros (2020, p. 9-10), que argumentam sobre o trabalho com a literatura na escola, a proposta foi de [...] trabalhar sempre de modo integrativo, entendendo e pensando a leitura e a escrita literárias, o ensino de literatura, o sujeito leitor de literatura, a formação de professores, os materiais didáticos, os currículos e métodos de ensino de leitura e literatura como faces de um mesmo desejo: contribuir para a apropriação da leitura e da escrita (e, em particular, das leituras e escritas literárias) por sujeitos inseridos em espaços e tempos de educação formal e não formal. Somando-se a isso, os aspectos destacados por Lerner (2002) fortalecem a nossa visão do trabalho com a literatura. A autora expõe a necessidade do desenvolvimento da escrita e da literatura como práticas sociais vitais do processo de ensino-aprendizagem, pois, para criarem sentidos, os estudantes precisam produzir 31 Decidimos manter o título da obra de George Orwell em inglês (“Animal Farm”) para reforçarmos que a obra lida é a original e não adaptada ou traduzida. 56 textos que expressem suas ideias ou para informar fenômenos sobre o mundo. Para produzi-los, os estudantes precisam de processos de leitura que favoreçam as diferentes leituras tanto dos textos que chegam na escola quanto as leituras críticas dos textos que circulam na sociedade. Portanto, compreendemos a leitura literária essencial para o processo de produção de sentidos e de desenvolvimento linguístico no que tange ao processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa. Os procedimentos, a seguir, organizaram a leitura da obra literária que derivam as fanfictions produzidas pelos alunos. 6.6.1 O trabalho com a literatura nas aulas de língua inglesa O ensino de literatura, conforme Jover-Faleiros (2019), está inserido em uma discussão social e histórica quanto aos procedimentos metodológicos, que compõem pesquisas a respeito, e didáticos, que são aplicados em sala de aula. Essa discussão aborda aspectos que dividem o dever ler e o prazer de ler com o qual as propostas do ensino de literatura historicamente focalizam suas didáticas. Para a autora, o trabalho com a literatura aponta para o sentido de um objeto de estudo que possibilita o desenvolvimento das habilidades estruturantes da leitura e que proporcionam uma autonomia do leitor nas práticas institucionais. No sentido de acrescentar à discussão do trabalho com a literatura, Rouxel (2020) aponta que, antes de pensarmos em como trabalharemos com a literatura, precisamos definir qual é o nosso objetivo (ampliação do repertório cultural, compartilhamento de valores, etc.) e que literatura queremos ensinar (texto canônico, o contemporâneo, fragmento ou obra integral etc.). Rouxel (2020, p. 20-21) argumenta que [...] pensar o ensino da literatura e suas modalidades práticas supõe que se defina a finalidade desse ensino. É a formação de um sujeito leitor livre, responsável e crítico — capaz de construir o sentido de modo autônomo e de argumentar sua recepção — que é prevista aqui. É também, obviamente, a formação de uma personalidade sensível e inteligente, aberta aos outros e ao mundo que esse ensino da literatura vislumbra. A autora acresce que, para instituir a formação desse aluno sujeito-leitor, devemos levar em consideração a literatura ensinada e ação do professor. Na perspectiva do sujeito-leitor, o professor e o aluno precisam compreender que não há 57 um sentido ou uma interpretação da obra que seja única, convencionada e imutável, mas que saberes serão construídos na leitura da obra literária. Rouxel (2020 p. 21-22) destaca os saberes sobre os textos (“conhecimento dos gêneros, poética dos textos, funcionamento dos discursos”), os saberes sobre si (“expressão de um pensamento pessoal e de um julgamento de gosto assumidos, afirmação de uma subjetividade em ato na leitura”) e os saberes sobre o ato léxico ou saberes metaléxicos, pois “se é conveniente encorajar a leitura subjetiva, é também conveniente ensinar os alunos a evitarem uma subjetividade desenfreada, fonte de delírio interpretativo”. Complementando o aspecto do ensino de literatura, Rouxel (2020) destaca a importância da escolha das obras literárias e reforça que, para refinar o gosto pela literatura, o professor deve diversificar os gêneros literários, assim como “propor obras das quais eles extrairão um ganho simultaneamente ético e estético, obras cujo conteúdo existencial deixe marcas” (Rouxel, 2020, p. 23). Ela observa o grau de dificuldade cuja obra proposta deve apresentar de acordo com a modalidade de leitura, de forma autônoma fora de sala de aula, ou em sala de aula, de forma individual ou coletiva. Compreendemos, portanto, que esses aspectos são essenciais para o trabalho com a literatura também em aulas de língua inglesa, com o objetivo de possibilitar um processo de ensino-aprendizagem acerca da leitura e da escrita pautado no desenvolvimento do sujeito-leitor, ampliando o repertório cultural e linguísticodiscursivo desse estudante. Compreendemos, também, que os aspectos social, cognitivo e metacognitivo do trabalho com a literatura em sala de aula estão estritamente ligados com os objetivos e com as práticas de leitura literária que o professor propõe (Hébert, 2008). Na sequência, aprofundamos o trabalho com a obra literária, na aula de língua inglesa, do nono ano do Ensino Fundamental anos finais e detalhamos a compreensão do repertório literário oferecido aos educandos nesta proposta de trabalho com a literatura, complementando os procedimentos de leitura da obra literária que resultam na escrita das fanfictions. 6.6.2 Leitura da obra literária “Animal Farm” de George Orwell 58 Para início desta subseção, cabe destacar brevemente o caminho da escolha do livro “Animal Farm” de George Orwell como parte do currículo de língua inglesa que compõe objeto desta pesquisa. Os professores de inglês do nono ano do Ensino Fundamental anos finais fazem uma seleção de livros, alinhada aos objetivos do curso e aos projetos da série, com o intuito de proporcionar aos estudantes a ampliação de seu repertório literário a partir do trabalho com uma diversidade rica de autores e gêneros literários aos alunos. Dessa forma, o primeiro livro trabalhado com os alunos do nono ano do curso de inglês é “To Kill a Mockingbird”32 da autora Harper Lee. O trabalho com essa obra dá-se em diálogo com um projeto curricular transdisciplinar que atravessa todo o currículo da Educação Básica do colégio em questão, denominado como projeto de diversidade e inclusão. No segundo trimestre, é trabalhada uma seleção de contos da escritora norteamericana Eudora Welty33, com outros contos selecionados de autoras34 renomadas que abordam temas relacionados com racismo, discriminação, feminismo, luta de classes, minorias, e que complementam o trabalho com a escrita empática com crítica social. Por fim, no último trimestre, o livro “Animal Farm”, de George Orwell, é escolhido por possibilitar um diálogo com as disciplinas de História e Geografia, em relação aos estudos disciplinares sobre ditadura e autoritarismo, assim como abordar as discussões acerca das questões políticas atuais. É recomendado ao aluno uma leitura complementar de férias do livro do mesmo autor, “1984”. 6.6.3 Procedimentos de leitura A leitura da obra literária “Animal Farm” (de George Orwell) acontece em um momento do curso de língua inglesa em que alguns procedimentos de leitura, já 32 Decidimos manter o título em inglês com o objetivo de reforçamos que a leitura é feita da obra original e não adaptada. Essa obra pode ser encontrada em português como “O Sol é para Todos” (Harper Lee). 33 O livro que foi usado pelo professor-pesquisador é “The Collected Stories of Eudora Welty” para selecionarmos alguns contos. O conto principal do livro é o “The Whistle”. Outros contos são selecionados com temáticas aproximadas que abordam crítica social e que tratam aspectos de um projeto feito sob a perspectiva de desenvolvimento de uma escrita empática. Essa obra não tem tradução em português. 34 Por uma visão que há do professor-pesquisador juntamente com sua dupla (professora do colégio que divide a disciplina de língua inglesa com ele), assim como em consonância com movimentos para ampliar o número de autoras com as quais os alunos têm contato em sua Educação Básica, alguns contos da Chimamanda Ngozi Adichie e da Maya Angelou fazem parte da seleção de contos. 59 trabalhados anteriormente no ano letivo, favorecem para uma maior autonomia e interação em sala de aula, possibilitando um papel mais autoral do estudante tanto em relação à leitura e às discussões com base na obra literária quanto na escrita das fanfictions em intertextualidade com essa obra literária. Os alunos trabalham com a leitura do livro da autora Herper Lee e utilizam de leituras feitas em sala de aula com grupos de leitura. Como Jover-Faleiros (2020) aponta, uma articulação favorável para a aprendizagem mais autônoma da leitura literária e ao mesmo tempo sob uma perspectiva colaborativa, os círculos de leitura beneficiam o caminho didático da literatura como o objeto de ensino-aprendizagem. Essa atividade pedagógica comporta o dever ler por meio de atividades escolares com o prazer de ler por meio da atividade individual de cada leitor, focalizando as (re)leituras que cada sujeito-leitor faz da obra e, que por meio dos círculos de leitura, os sentidos possíveis criados do texto literário ganham aspecto de produção coletiva, de interação social, ou seja, sob uma perspectiva da aproximação da leitura escolar ao aspecto da atividade social da leitura. Os círculos de leitura que são realizados com os alunos, desde o início do nono ano, abordam uma estratégia de trabalho com o texto literário como é sugerido por Hébert (2008) como círculos de leitura entre pares (CLP35). Os alunos trabalham em grupos com quatro ou cinco integrantes e, para cada aluno, há um papel a ser desempenhado ao longo da leitura de capítulos designados em momentos ou etapas da leitura. Há um rodízio desses papéis ao longo da leitura da obra, em sua completude, objetivando a experienciação e o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita de cada papel por todos os alunos do círculo de leitura. Os papéis adotados36 pelos alunos são de Diretor de Discussões, Criador de Conexões, Criador de Resumos, Especialista em Vocabulário e Seletor de Passagens do Texto. Conforme explica Daniels (2002) os quatro papéis básicos do círculo de leitura podem ser combinados de acordo com o trabalho sugerido com a literatura. Descrevemos a seguir os papéis que utilizamos. Diretor de Discussões escreve perguntas que guiam discussões em grupo e mantém o foco nas atividades de leitura. O Criador de Conexões escreve conexões e 35 Adotamos a sigla CLP conforme Jover-Faleiros (2020) utiliza para se referir aos círculos de leitura em pares, em seu texto, ao apontar Hébert (2006). Todavia o texto que utilizamos da mesma autora (Hébert, 2008) está em inglês e não precisamos fazer nenhuma tradução para a referenciação à sigla. 36 Utilizamos os seguintes papéis em inglês, respectivamente, Discussion Director, Connection Maker, Summarizer, Word Wizard e Passage Picker. 60 relações que ele estabelece sobre sua leitura da obra e, também, escreve as relações e as conexões estabelecidas por cada integrante do grupo. As conexões são do texto para com o texto, do texto para consigo mesmo, e do texto para com o mundo. O Criador de Resumos tem como função principal organizar um resumo da obra, ao término dos CLP, mas, ao longo desse processo, esboça pequenos resumos dos capítulos e revisa esses resumos junto com as informações e as discussões no grupo. Ainda, o papel do Especialista em Vocabulário procura em dicionários as acepções das palavras que ele não conhece ou aquelas que o grupo coloca como dificultadoras de compreensão do texto. Para esse papel, o estudante elabora uma espécie de glossário com a acepção e um exemplo do uso da palavra ou da expressão em contexto discursivo-linguístico mais familiar para o aluno. O último papel, o Seletor de Passagens do Texto, seleciona partes do texto e relê essas partes juntamente com o grupo e propõe discussões sobre elementos literários e estilo do autor. Compreendemos o papel do professor ao planejar e utilizar esses papéis nos círculos de leitura como de apoio ao processo da leitura e dos papéis, de organização das atividades de cada membro do grupo, ou do círculo, e de gestão da atividade de leitura, entretanto centralizando em sua função de facilitador, como explica Daniels (2020). No mesmo tempo didático centrado na prática dos CLP, o professor resgata práticas de leitura dos anos iniciais do Fundamental e das séries posteriores, que contemplam atividades de registro ao longo da leitura, como feito no oitavo ano, uma espécie de mapa das personagens. Com esses procedimentos de leitura que fazem parte das habilidades e competências de leitura do estudante, o professor avança no quesito do registro ao longo da leitura, mas enfatiza aspectos do sujeito-leitor na produção de diários de leitura37. Os diários de leitura do nono ano em aulas de língua inglesa são confeccionados de forma eletrônica. Os alunos aprendem a utilizar o aplicativo (ou software, OneNote), que faz parte do pacote de editores eletrônicos de texto, cujo acesso é garantido como parte desse pacote para cada aluno do colégio. Com esse aplicativo, o estudante fica com uma espécie de fichário virtual. Ele utiliza abas ou fichários para cada atividade realizada com foco na leitura da obra sob a perspectiva individual e autônoma nas leituras feitas fora de sala de aula, assim como organiza seus registros das CLP, e ainda complementa seus diários de leitura com as 37 Em inglês, reading journals. 61 suas percepções, suas ideias, suas dúvidas etc. ao longo das aulas e das atividades com foco na leitura da obra literária. O professor escolheu o formato digital do diário de leitura para favorecer tanto o compartilhamento das informações entre os pares quanto para a leitura do professor, os feedbacks oferecidos pelo professor e pelos alunos durante os CLP, e, por fim, com a finalidade de possibilitar a avaliação da produção do diário de leitura pelo professor. O diário de leitura é feito ao longo da leitura do livro “To Kill a Mockingbird”, durante o primeiro semestre do curso de inglês. Nesse sentido, Hébert (2008) argumenta que a leitura e a compreensão de textos exigem habilidades de leitura mais complexas e, para que a aprendizagem dessas habilidades seja estimulada, deve haver dinâmicas de pequenos grupos, o que os CLP proporcionam. A autora acrescenta que “[CLP] e discussões literárias feitas em pares oferecem um contexto social de aprendizagem que ajudam as crianças a elaborar suas compreensões”38 (Hébert, 2008, p. 31). No segundo semestre do curso de inglês, os procedimentos de leitura literária focalizam na leitura de contos, e os alunos desempenham, de forma individual e mais autônoma, as leituras feitas fora da sala de aula, assim, objetivando o aperfeiçoamento ou a utilização das habilidades de leitura e escrita (desenvolvidas por meio dos papéis) desempenhadas anteriormente nos CLP. O trabalho com os contos resulta em uma produção de um e-book com contos escritos pelos alunos, individualmente, inspirados em histórias reais que eles leem, ouvem e são expostos, através de narrativas de pessoas que estão próximos a eles e que, por meio dessas narrativas, a crítica social aos aspectos diversos da desigualdade social ficam evidentes. No terceiro trimestre do curso de inglês, é feita a leitura da obra de George Orwell, e o trabalho com os CLP é resgatado e aprofundado em duplas ou trios, modificando o formato dos grupos e ampliando as possibilidades de desenvolvimento, assim como possibilitando maior interação nos sentidos construídos acerca da obra literária. Neste momento do curso de língua inglesa e no ano letivo, o aluno já percorreu um caminho longo e pleno de atividades de leitura e escrita do texto literário. Com essa etapa do processo de ensino-aprendizagem da leitura literária em sala de aula, os CLP são feitos em duplas ou trios, experienciando (e revisitando) os papéis 38 No texto original, “Literature circles or peer-led exploratory discussions of literature would seem to offer a social learning context that helps children to construct their comprehension”. 62 trabalhados com a obra literária do primeiro semestre do ano letivo (“To Kill a Mockingbird”, da autora Harper Lee), porém com aprofundamento nas funções de cada papel, incluindo as compreensões do texto literário por meio de contextos históricos e geopolíticos que os alunos estudam nos outros componentes curriculares. Por fim, o trabalho com “Animal Farm” (de George Orwell) resulta em um trabalho intertextual com o gênero fanfiction. Ainda, com o trabalho focalizando o gênero fanfiction, o professor destaca as características das plataformas de publicação e escrita de fanfictions disponíveis na internet e trabalha elementos linguísticos e discursivos pertinentes às estruturas hipotéticas da língua inglesa que estão presentes nas sinopses das fanfictions. A seguir, apresentamos a sequência didática elaborada e utilizada para a coleta de dados, com o detalhamento dos movimentos pedagógicos, à luz da Pedagogia dos Multiletramentos, e que focalizou o gênero fanfiction. 6.7 A SEQUÊNCIA DIDÁTICA Descrevemos adiante o percurso pedagógico utilizado com os alunos para o trabalho com o gênero fanfiction em intertextualidade com a obra de George Orwell, “Animal Farm” (“A Revolução dos Bichos” ou “A Fazenda dos Animais”, em edição mais recente), sob a perspectiva da Pedagogia dos Multiletramentos. Elaboramos a sequência didática com a compreensão dos elementos que a constituem de acordo com Zabala (1998, p. 18) como “um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos”. Temática: Fanfiction à luz da Pedagogia dos Multiletramentos Prática Social: Leitura, Produção e Compartilhamento de fanfictions em intertextualidade com a obra “Animal Farm” de George Orwell Competências específicas da BNCC 63 Eixo Oralidade (EF09LI01) Fazer uso da língua inglesa para expor pontos de vista, argumentos e contra-argumentos, considerando o contexto e os recursos linguísticos voltados para a eficácia da comunicação. (EF09LI04) Expor resultados de pesquisa ou estudo com o apoio de recursos, tais como notas, gráficos, tabelas, entre outros, adequando as estratégias de construção do texto oral aos objetivos de comunicação e ao contexto. Eixo Leitura (EF09LI05) Identificar recursos de persuasão (escolha e jogo de palavras, uso de cores e imagens, tamanho de letras), utilizados nos textos publicitários e de propaganda, como elementos de convencimento. (EF09LI08) Explorar ambientes virtuais de informação e socialização, analisando a qualidade e a validade das informações veiculadas. (EF09LI09) Compartilhar, com os colegas, a leitura dos textos escritos pelo grupo, valorizando os diferentes pontos de vista defendidos, com ética e respeito. Eixo Escrita (EF09LI12) Produzir textos (infográficos, fóruns de discussão on-line, fotorreportagens, campanhas publicitárias, memes, entre outros) sobre temas de interesse coletivo local ou global, que revelem posicionamento crítico. Eixo Conhecimentos Linguísticos 64 (EF09LI13) Reconhecer, nos novos gêneros digitais (blogues, mensagens instantâneas, tweets, entre outros), novas formas de escrita (abreviação de palavras, palavras com combinação de letras e números, pictogramas, símbolos gráficos, entre outros) na constituição das mensagens. (EF09LI14) Utilizar conectores indicadores de adição, condição, oposição, contraste, conclusão e síntese como auxiliares na construção da argumentação e intencionalidade discursiva. (EF09LI15) Empregar, de modo inteligível, as formas verbais em orações condicionais dos tipos 1 e 2 (If-clauses). Na SD os alunos estudam as “situações hipotéticas” (hypothetical situations) ou as orações que estabelecem a relação de condicional e são utilizadas para comunicar/expressar situações do passado, presente e futuro. Ou seja, situações prováveis e até impossíveis e de planos futuros. Eixo Dimensão Intercultural (EF09LI19) Discutir a comunicação intercultural por meio da língua inglesa como mecanismo de valorização pessoal e de construção de identidades no mundo globalizado. Objetivos: Analisar o uso das estruturas e situações hipotéticas da língua inglesa (If Clauses, What if, If Only...) em sinopses de Fanfictions. Produzir uma fanfiction em intertextualidade com a obra de George Orwell, “Animal Farm”. Desenvolver o letramento digital por meio do gênero fanfiction. 65 Reconhecer as características do gênero fanfiction. Produzir textos multimodais e que evidenciem aspectos multiculturais do gênero fanfiction. Produzir textos colaborativos pertencentes ao gênero fanfiction em ambiente digital usando a língua inglesa. Turma/ grupo (faixa etária): 9º ano (14 anos) Duração: 9 aulas de 50 minutos Procedimentos Aula 1 (Prática Situada) Professor disponibiliza um questionário breve do Google Forms com duas perguntas: 1. Você conhece ou já leu fanfictions? Respostas Sim ou Não e 2. Se sim, qual leu e gostou bastante? Resposta curta. Em seguida, professor disponibiliza uma Word Cloud39 para que os alunos possam compartilhar títulos ou temas de fanfictions que já leram; para os alunos que não leram, quais temas de fanfictions eles gostariam de ler. Professor abre os resultados do questionário em gráfico das perguntas 1 e 2, e inspeciona com a turma o que é interessante nesse gênero textual, o que os levou a lê-lo e quais eles acham mais interessantes e gostariam de recomendar para a turma. 39 As Nuvens de palavras (word clouds) são representações visuais de palavras que dão ênfase às palavras mais frequentes. As palavras mais frequentemente adicionadas pelos membros da audiência da atividade proposta, por meio de seus smartphones ou de computadores, são destacadas em primeiro plano, ou no plano central com fonte maior e em destaque. Essa forma de visualização auxilia os apresentadores a capturar rapidamente informações da audiência, ressaltar as respostas mais comuns e apresentar os dados de forma acessível a todos. 66 A seguir, alunos visitam os sites (disponibilizados no Google Classroom40 ou Portal do Curso – Ambiente Virtual de Aprendizagem): https://www.wattpad.com/stories/fan-fiction https://www.tumblr.com/tagged/fanfiction?sort=top e https://www.fanfiction.net/ em duplas ou trios. Alunos procuram por fanfictions relacionadas com obras que eles conhecem, já leram ou se interessam. Professor abre uma discussão sobre a percepção dos alunos acerca do gênero, da sua circulação, do uso pelos leitores, e quais são os tipos de leitores. Aula 2 (Prática Situada e Instrução Evidente) Professor retoma a aula anterior com os títulos recomendados pelos alunos no questionário do Google Forms (pergunta 2). Professor abre algumas das fanfictions recomendadas e projeta na lousa. Os alunos apontam algumas características que eles reconhecem que são típicas das fanfictions e que são comuns nos três sites indicados pelo professor: professor destaca a sinopse das fanfictions e a ausência dela nos sites, e a função da sinopse para esse gênero textual. Professor apresenta o vídeo Henry Jenkins on Participatory Culture: Big Thinkers disponível em: https://youtu.be/1gPm-c1wRsQ e aponta algumas 40 O Google Classroom (ou Google Sala de Aula) é uma plataforma on-line desenvolvida pelo Google para facilitar a gestão e a comunicação entre professores e alunos em um ambiente educacional virtual. Permite a criação de salas de aula virtuais, compartilhamento de materiais educacionais, atribuição de tarefas e interação, simplificando o processo de ensino e aprendizagem. É amplamente usado em contextos educacionais para organização e interação dos membros da sala de aula. O aplicativo está disponível em: https://edu.google.com/intl/ALL_br/workspace-for-education/classroom/. Acesso em: 08 ago. 2022. 67 questões para resposta em duplas ou trios e, posterior, discussão em duplas e com a turma toda: Qual é o interesse pelo pesquisador e Dr. Henry Jenkins? Por que ele se interessou em estudar o que os adolescentes fazem após o período escolar? O que é Cultura Participativa? O que é Cultura Popular? O que é fandom/comunidade de fãs? O que o Dr. Henry Jenkins diz sobre a Aliança Herry Potter? Qual é a importância dessa comunidade de fãs para a sociedade? O que o Dr. Henry diz sobre a importância dessa cultura participativa para a educação? Em duplas ou trios, os alunos discutem o que entenderam do vídeo e compartilham suas respostas. Com a turma toda, professor conceitualiza a cultura participativa, fandom e, propriamente, o gênero fanfiction. Aula 3 (Instrução Evidente e Enquadramento crítico) Professor retoma os conceitos apresentados na aula anterior resgatando a discussão. Professor abre os sites de fanfiction indicados e aponta a pesquisa por “Animal Farm”. Alunos analisam as diferenças e similaridades com a obra original (o cânone). 68 Alunos atentam para as linguagens utilizadas e para os elementos da narrativa que foram empregados. Professor discute com os alunos essas diferenças e semelhanças com o original. Professor aponta para o conceito de intertextualidade, reforçando que há um limite em que a obra produzida/derivada pode atingir para não se distanciar totalmente da obra original. Professor discute com os alunos acerca da crítica social e política presente no cânone “Animal Farm”, e se houve e/ou como as fanfictions analisadas apresentam esses elementos. Ampliação: professor compartilha com os alunos os Tumblrs/blogs criados em anos anteriores e discute com os alunos. Aula 4 (Instrução Evidente e Enquadramento crítico) Professor resgata as fanfictions em intertextualidade com “Animal Farm” e destaca o uso de estruturas ou situações hipotéticas que compõem o texto da sinopse. Professor apresenta as estruturas linguísticas e frases correlativas de hipótese (E se Old Major não tivesse morrido e estivesse na casa da fazenda observando e controlando tudo que aconteceu?/What if Old Major had not died and had kept himself inside the farmhouse watching and controlling every action?) Professor destaca o uso dessa estrutura hipotética e condicional e elenca, com os alunos, outras expressões ou estruturas que eles conhecem que também 69 apresentam esse uso e que eles encontram nas sinopses das fanfictions; what if, if Only, if clauses (2nd and 3rd, and mixed) Professor apresenta essas estruturas com usos referentes à obra “Animal Farm” por meio de uma apresentação em Power Point. Professor disponibiliza exercícios com essas estruturas no Google Classroom ou no portal do curso. Alunos continuam as práticas e os exercícios disponibilizados como tarefa. Aula 5 (Enquadramento crítico e Prática Transformada) Checagem das práticas e dos exercícios (tarefa) Professor apresenta a proposta de escrita da fanfiction em intertextualidade com “Animal Farm”, em duplas ou trios, que apontem algo que os alunos queiram ampliar, dizer, discutir, denunciar, etc. Alunos discutem as ideias para a produção da fanfiction e desenham um esboço (outline) do texto; apontando o(s) capítulo(os) da obra lida, as personagens que estarão envolvidas, a temática que escolheram, o elemento estruturante e disparador hipotético (What if...). Tarefa de casa: alunos escrevem a sinopse de suas fanfictions e a postam no Google Classroom. Aula 6 (Prática Transformada) Alunos verificam a devolutiva do professor sobre as sinopses. Alunos discutem, nas duplas ou trios, a devolutiva e alinham pontos necessários. 70 Alunos refletem sobre o esboço do texto e dialogam com o professor acerca das ideias das fanfictions. Professor apresenta uma rubrica da primeira versão e explica cada critério de produção e avaliação; abre para sugestões e dúvidas, contando com a contribuição dos alunos (com ênfase na sinopse e no esboço/desenho da narrativa). Alunos escrevem a primeira versão da fanfiction. Postam a primeira versão no Google Classroom, juntamente com a sinopse. Aula 7 (Prática Transformada) Alunos sentam-se com outra dupla ou trio e compartilham o documento postado no Google Classroom. Alunos utilizam a rubrica da primeira versão; questionam alguns pontos que não estão claros ou apresentam pontos a melhorar na sinopse e na narrativa. Alunos postam novamente a primeira versão com alterações feitas em regulação com os pares. Aula 8 (Prática Transformada) Professor apresenta a rubrica da versão final (com ênfase na intertextualidade, na produção de elementos multimodais que compõem o texto e na publicação no Tumblr). Professor apresenta a plataforma Tumblr e como a utilizar para a publicação das fanfictions. 71 Alunos focalizam a produção/edição dos elementos multimodais (imagens, tipo de letras, tamanho da fonte, etc.) e fazem as alterações desejadas em formato de rascunho no Tumblr, manipulando a plataforma e discutindo sobre os efeitos que querem produzir em seus textos digitais. Aula 9 (Prática Transformada) Com as devolutivas do professor, alunos entregam a versão final no Google Classroom e publicam seus textos no Tumblr com os elementos multimodais elaborados como publicação final. Alunos compartilham com os colegas suas fanfictions publicadas. Alunos comentam as fanfictions dos colegas no Tumblr. Alunos produzem um QR Code das fanfictions com a expressão disparadora (What if...) que reflete a sinopse e afixam nos corredores das salas de aula da série. Avaliação Checagem da tarefa de casa (exercícios das estruturas hipotéticas). Sinopse da fanfiction (com ênfase na estrutura linguística/situação hipotética disparadora). Primeira versão da fanfiction (com ênfase na sinopse e no desenho da narrativa). Versão final da fanfiction (com ênfase na intertextualidade, na produção de elementos multimodais que compõem o texto e na publicação no Tumblr). 6.8 ASPECTOS ÉTICOS QUE ENVOLVERAM A PESQUISA 72 Conforme a seriedade do fazer científico em todas as áreas do conhecimento, essa pesquisa restou em consonância aos processos éticos do Comitê de Ética da Universidade Federal de São Paulo, assim como em sua submissão à Plataforma Brasil, sob o Certificado de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE) de número 60362222.3.0000.5505, juntamente e sob a supervisão da orientação em respeito às normas e às exigências de um trabalho com extremo rigor quando se envolve seres humanos de forma direta ou indireta (Apêndice A). Consideramos os aspectos éticos pertinentes a uma pesquisa em um ambiente escolar e em respeito aos participantes – os adolescentes e suas famílias. Para isso, foi apresentado este estudo para os alunos do grupo denominado ‘G2’; por meio de uma apresentação de slides como parte introdutória dos estudos do gênero fanfiction e como abertura da sequência didática elaborada (Apêndice B). Explicamos aos alunos que eles teriam total liberdade de aderirem ou não à pesquisa, concordando em disponibilizar seus textos para o corpus desta pesquisa. Ainda, reforçamos que eles poderiam desistir da pesquisa em qualquer momento. Após o assentimento, eles participaram do questionário que foi aplicado ulteriormente à conclusão da sequência didática. Em todo o momento, o anonimato foi garantido aos alunos. Considerando o aspecto essencial do anonimato na pesquisa científica, o endereço eletrônico da plataforma (blog/Tumblr), que foi utilizada para a publicação das narrativas ficcionais (fanfictions), não foi divulgado neste trabalho. Como os estudantes eram menores de 18 anos de idade, suas famílias receberam um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) com as mesmas informações no Termo de Assentimento dos alunos, reforçando que, em nenhum momento, informações pessoais e particulares foram requeridas ou utilizadas, somente as produções textuais e as respostas dos questionários feitas pelos alunos, garantindo sempre o anonimato. Também, em consonância ao processo ético da pesquisa acadêmica, os pais dos alunos puderam concordar ou não com a participação da pesquisa em qualquer momento de sua realização (Apêndice C). O colégio recebeu uma carta solicitando a permissão da realização da pesquisa com as mesmas explicações que os pais receberam, acrescida da solicitação de auxílio da coordenação do colégio para o envio dos TCLE para as famílias dos alunos por meio digital. Houve concordância e apoio em todo esse processo da parte da direção e coordenação do colégio. 73 Em todas as etapas desta pesquisa foi respeitado o direito de sigilo de informações pessoais e privadas, conforme a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), pois, para este trabalho, reforçamos que somente tratamos das produções textuais dos alunos e de suas respostas aos questionários. Consideramos alguns riscos pertinentes desse estudo para estudantes envolvidos, como a associação que eles poderiam fazer de suas participações (ou não) à pesquisa com as notas/os conceitos obtidos de suas produções textuais. Esse ponto foi reforçado nos documentos de assentimento e consentimento, pois, em nenhum momento, houve associação da pesquisa à qualidade da produção e aos objetivos educacionais e pedagógicos estabelecidos pelo professor. 6.9 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE As fanfictions foram analisadas, como se expõe na seção a seguir, a partir do quadro de análise dos conteúdos temáticos sob a perspectiva e teoria do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) (Bronckart, J., 1999). As respostas aos questionários foram analisadas em consonância com o método de análise de textos, com foco nos conteúdos temáticos para compreender os caminhos de escolha dos alunos pelos temas e os discursos que interpelam esses sujeitos para com as suas escolhas. Analisamos também as affordances propiciadas nas práticas da escrita de fanfictions. Investigamos, dessa maneira, como ocorreu a percepção do estudante sobre sua autonomia e criticidade acerca do seu processo de aprendizagem nas aulas de língua inglesa, por meio da sequência didática desenvolvida e aplicada. Ainda, de acordo com a Pedagogia dos Multiletramentos (Rojo, 2012; GNL, 1966), analisamos a partir dos resultados obtidos da aplicação da sequência didática e das produções das fanfictions, e das respostas aos questionários, se foi possível atingir maior criticidade e qualidade nas produções dos alunos. 74 7 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS FANFICTIONS Iniciamos esta seção abordando o método de análise de textos de J. Bronckart (1999; 2006a; 2006b) e os elementos principais do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) (Bronckart, J., 2021; Bronckart, J.; Bronckart, E., 2017, Guimarães; Machado; Coutinho, 2007) que fundamentaram nossa análise. Em seguida, apresentamos a análise das fanfictions e as discussões pertinentes ao nosso estudo, também, sobre as affordances oferecidas no processo de ensino-aprendizagem nas aulas de língua inglesa. O conceito do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD), para J. Bronckart (2006b), considera o desenvolvimento humano ligado intrinsicamente às interações sociais de uso da linguagem em um contexto sócio-histórico. O autor defende que os gêneros textual-discursivos são as ferramentas principais no desenvolvimento humano e argumenta que “é necessário analisar, primeiramente, as características do agir coletivo, porque é nesse âmbito que se constroem tanto o conjunto dos fatos sociais quanto as estruturas e os conteúdos do pensamento consciente das pessoas” (Bronckart, J., 2006a, p. 137). Nesse sentido, o ISD assinala que os gêneros textuais são os megainstrumentos do agir linguageiro e que os sujeitos se apropriam desses gêneros para interagir em diversas situações sociais (Resende, 2019). Sobre o aspecto do agir de linguagem, J. Bronckart (2006a) explica que o comportamento de qualquer organismo é denominado como o agir e, na espécie humana, a forma dessa ação configura-se em um agir comunicativo, sendo por meio da linguagem e das atividades coletivas que essa atividade de ação se torna ações de linguagem, ou seja, são “[as] estruturas de cooperação/colaboração que organizam as interações dos indivíduos com o meio ambiente” (Bronckart, J., 2006a p. 138). Nesse sentido, conseguimos estabelecer relação direta desse ponto do ISD com as affordances propiciadas na produção escrita e digital de fanfictions, pois, como apontado por Gibson (2015) e Van Lier (2008)41, affordances estão presentes no meio ambiente e nas relações estabelecidas do aprendiz com as possibilidades diversas oferecidas ao seu redor. Com tal perspectiva, J. Bronckart (2006a) acrescenta que o agir se materializa também nos textos, porquanto eles se tornam “correspondentes empíricos/linguísticos 41 Ver capítulo 5 deste trabalho. 75 das atividades de linguagem de um grupo, e [...] de uma determinada ação de linguagem” (Bronckart, J., 2006a, p. 139). Em consonância com essa ótica, compreendemos que o texto é uma unidade comunicativa e oferece elementos para análise da composição/elaboração de sentidos. No aspecto das atividades sociais, a partir do agir linguageiro, J. Bronckart (1999 apud Resende, 2019, p. 24) organiza um quadro de análise de gêneros textual-discursivos: 1. as condições (ou contexto) de produção dos textos; 2. a infraestrutura geral do texto (plano textual global, tipos de discurso e tipos de sequência textual); 3. mecanismos de textualização (conexão, coesão nominal e verbal); 4. mecanismos enunciativos (vozes enunciativas e modalização). A análise proposta por J. Bronckart (1999) destaca dois aspectos: o contexto de produção do texto e de sua arquitetura interna. No aspecto do contexto de produção, consideramos os parâmetros do mundo físico (o emissor, receptor, espaço, momento de produção), do mundo social e subjetivo, como elementos da interação comunicativa e, sobretudo, os conteúdos temáticos, isto é, os assuntos abordados. No aspecto da arquitetura interna do texto, J. Bronckart (2006a) aponta para a infraestrutura textual, para os mecanismos de textualização e os enunciativos. O autor destaca que há dois elementos que compõem a infraestrutura do texto: o plano geral do texto e o tipo de discurso. J. Bronckart (1999) realça a organização do conteúdo temático e a estrutura em que o texto é apresentado, como o plano geral do texto, e explica que o discurso se estrutura por meio das formas linguísticas específicas que instituem os gêneros – sendo que essas formas linguísticas relativamente estáveis não podem ser consideradas em detrimento do contexto ou das atividades de linguagem. Ainda sobre essa perspectiva, Striquer (2014, p. 317) acrescenta que [...] quando o conteúdo temático de um texto está relacionado a fatos passados ou futuros, atestáveis pela história ou imaginários, a organização do discurso acontece a partir de marcas de uma disjunção entre o mundo discursivo e as coordenadas que envolvem o emissor, o receptor, ao lugar e ao momento físico da produção do texto. [...] Já quando o conteúdo temático se relaciona direta ou indiretamente com o emissor, o receptor, o lugar ou o momento da produção, ou são acessíveis às coordenadas da ação de linguagem, a organização do discurso acontece com elementos que mostram a conjunção entre o conteúdo e as coordenadas. 76 A autora explica que, à luz do método de análise de textos de J. Bronckart (1999), se o tema não tiver relação com o agente produtor do texto, a conjunção acontece no mundo das personagens do texto com o mundo discursivo autônomo, acarretando o discurso relatado interativo. Ela acrescenta os aspectos de conjunção e disjunção, de autonomia e efeito que resultam nos tipos de discurso: “narração, discurso interativo, relato interativo e discurso teórico” (Striquer, 2014, p. 318). Os mecanismos de textualização são estruturados pela combinação lógica, temporal e hierárquica para a elaboração do conteúdo temático. São os mecanismos de textualização a conexão, que funciona como organizador do plano geral do texto, da estruturação dos tipos de discurso e das sequências frasais; a coesão nominal, que focaliza os temas, as personagens e a progressão do texto; e, ainda, a coesão verbal, que estrutura a organização temporal mediante os verbos e a relação hierárquica das ações e dos acontecimentos no texto. Em suma, os mecanismos enunciativos estabelecem a coerência pragmática do texto, apresentando os julgamentos, opiniões e sentimentos corriqueiros, ou seja, permeando-o com as vozes que o constituem em relação ao conteúdo temático. Nesse aspecto, as vozes e as modalizações são as instâncias enunciativas (Bronckart, J., 2006a). As vozes são as entidades que se apresentam sobre o que é enunciado e podem ser do autor empírico, aquele que profere comentários ou avaliações sobre o conteúdo temático, ou as vozes sociais, que não são agentes dos acontecimentos (utilizadas para articular avaliações sobre o conteúdo), ou, ainda, as vozes das personagens, que implicam visões de pessoas e instituições como agentes dos acontecimentos. Ainda sobre os mecanismos enunciativos, as modalizações funcionam no texto como uma tradução dos comentários ou avaliações enunciadas por qualquer voz acerca dos conteúdos temáticos. Elas podem ser lógicas ou epistêmicas e relacionamse “ao julgamento do humano e marca o domínio do certo, do saber, da crença, ou seja, situa-se no eixo do conhecimento” (Hoffmann; Sella, 2009, p. 5 apud Striquer, 2014, p. 321). Além disso, há as modalizações deônticas, que apresentam as avaliações das vozes enunciativas pautadas sobre os valores sociais. As modalizações apreciativas e as pragmáticas também constituem construto enunciativo de avaliações, sendo que a primeira evoca o ponto de vista do avaliador; e a última, as intencionalidades, as razões e as ações do agente enunciador (Striquer, 2014). 77 Baseados no método de análise de textos, focalizando os conteúdos temáticos (Bronckart, J., 1999), compreendemos o escopo de nossa análise das fanfictions escritas pelos alunos do nono ano. Nas subseções a seguir, explicitamos como se deu o recorte da análise, por meio do uso de uma ferramenta digital (software), para identificar a recorrência temática predominante nessas narrativas ficcionais e apresentamos a análise das fanfictions – tecendo, por fim, as considerações finais. 7.1 O RECORTE DA ANÁLISE DAS FANFICTIONS Nesta seção, descrevemos o procedimento utilizado para delimitar o recorte feito para análise das fanfictions através da ferramenta digital Atlas.ti42, com foco na codificação dos elementos textuais e discursivos que evidenciaram a enunciação do conteúdo temático abordado nos textos. Iniciamos nosso caminho da análise das fanfictions escritas pelos alunos do nono ano com um olhar para as hashtags ou palavras-chave (Apêndice D) que eles utilizaram para compor seus textos e publicá-los na plataforma Tumblr. Podemos ver o design da publicação dos alunos nas figuras 3 e 4, a seguir. 42 “Atlas.ti é uma poderosa ferramenta para análise qualitativa de grandes quantidades de texto, imagens, áudio e vídeo. Ela oferece uma variedade de ferramentas para desempenhar funções de análise de dados em qualquer abordagem sistêmica com foco em dados que não podem ser significativamente analisados por meio de abordagens formais e estatísticas.” (Texto extraído do Manual do usuário. Disponível em: https://manuals.atlasti.com/Mac/en/manual/Intro/Introduction.html Acesso em: 26 nov. 2023, tradução nossa). Texto original: “ATLAS.ti is a powerful workbench for the qualitative analysis of larger bodies of textual, graphical, audio, and video data. It offers a variety of tools for accomplishing the tasks associated with any systematic approach to unstructured data, i.e., data that cannot be meaningfully analyzed by formal, statistical approaches.” 78 Figura 3 - Tumblr: página de edição e publicação Fonte: elaboração própria Figura 4 – “Animal Farm” ‘G2’: What if... (Tumblr) Fonte: elaboração própria 79 Nesse sentido, tomamos os aspectos dos conteúdos temáticos presentes nessa parte pré-textual das fanfictions (palavras-chave ou hashtags) e organizamolos em um quadro de recorrência dos conteúdos temáticos (Quadro 4). Sobretudo, descrevemos a disposição das narrativas ficcionais na plataforma em que os textos foram publicados. Percorremos os textos na plataforma do topo da tela para a parte inferior, rolando a página, identificando os elementos textuais aplicados. As fanfictions são dispostas com seus títulos, autoria, sinopse e palavras-chave ou hashtags que indicam o tipo de fanfiction, e, por meio deles, compreendemos que são indicativos prévios dos conteúdos abordados nas fanfictions. Ademais, os léxicos empregados indicam recursos usados, entre outros, por exemplo AU (do inglês, Alternative Universe, ou Universo Alternativo). Mantivemos esses termos em inglês, uma vez que eles são utilizados pelos autores de fanfictions com essa grafia, mesmo quando escritos em português. Quadro 4 - Número de recorrência de Palavras-chave ou hashtags das fanfictions Palavras-chave/Hashtags43 Número de fanfiction que apresentam os termos Política 21 Relacionamento 8 Revolução 7 AU 5 Crossover 4 44 LGBTQ+ 4 Amor 4 Fantasia 3 Manipulação 3 Capitalismo 2 Corrupção 2 Ditadura 2 Comida 2 Horror/Terror 2 Dinheiro 2 Poema 2 43 Os termos utilizados aqui foram traduzidos, uma vez que as fanfictions e todos os elementos escritos na plataforma Tumblr foram escritos em inglês. 44 Utilizamos a sigla LGBTQ+ aqui, pois os estudantes-autores das fanfictions assim o fizeram. Contudo reconhecemos que a sigla LGBTQIAP+, que abrange maior espectro da comunidade, é reconhecida oficialmente por órgãos públicos, como explicam o Comitê de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade e a Secretaria de Comunicação Social do TRT-RS, no site do TRT da 4ª Região (RS). Disponível em: https://www.trt4.jus.br/portais/trt4/modulos/noticias/465934 Acesso em: 10 nov. 2023. 80 Palavras-chave/Hashtags43 Número de fanfiction que apresentam os termos Romance 2 Sexismo 2 Pós-morte 1 Autoritarismo 1 Conspiração 1 Crime 1 Egito 1 Feminismo 1 Luta 1 Gênero 1 História 1 Indústria 1 Liderança 1 Mágica 1 Distúrbio Mental 1 Rebelião 1 Religião 1 Vingança 1 Rússia x Ucrânia 1 Shakespeare 1 Escravidão 1 Rede Social 1 Espiritualidade 1 Fonte: elaboração própria Ao analisar a recorrência dos termos utilizados como palavras-chave (ou hashtags) que indicam os assuntos ou temas centrais das fanfictions, podemos observar que “política” é o conteúdo mais empregado. Essa temática é a mesma desenvolvida pelo autor da obra canônica e vemos aqui uma permanência do tema, com derivações ou ampliações por meio de outras palavras-chave, como “revolução”, “manipulação e “capitalismo”, por exemplo. Compreendemos que, como assinala J. Bronckart (1999), as condições de produção estabelecem um nível do texto que aponta para arquitetura de sua criação, e percebemos a relação possível do contexto social no momento da produção desse texto. A escrita das fanfictions deu-se em um momento do ano que houve o período de eleição para presidente do Brasil, atravessado por uma polarização do momento histórico-político do nosso país, sobretudo, acompanhada de discussões do professor com os alunos ao longo da leitura da obra literária e da escrita da fanfiction. Portanto, 81 podemos identificar a temática latente do contexto político impressa na estrutura da narrativa de grande parte das fanfictions, o que não se restringe somente a essa temática composicional, pois detectamos também que os conteúdos sobre “relacionamentos” são bem constantes, por exemplo. A obra de George Orwell, ‘Animal Farm’, apresenta a temática das relações de poder entre os animais da fazenda, assim como as questões políticas que eles enfrentam, uma vez que o sistema político, ‘Animalism’, é implementado pelos animais que estão em posição de privilégio em detrimento de todos os outros que denotam outras classes de animais. De certa forma, um tema inerente à construção da arquitetura da obra canônica de Orwell refere-se aos relacionamentos das personagens e aos diferentes níveis da “sociedade” da fazenda dos animais, com isso, estabelecendo conflitos de interesses, de ideologias e de poder. Por conseguinte, podemos entender que as discussões derivadas do trabalho com a literatura em aulas de língua inglesa com base na composição da sequência didática, e que culminam na produção escrita das fanfictions, representam também o contexto de produção e de enunciação do gênero discursivo das fanfiction e reverberam na infraestrutura geral dos textos. Ainda sobre a recorrência das palavras-chave, mesmo com menor frequência, outros léxicos pertencem ao mesmo campo semântico enunciado no texto canônico de Orwell. Todavia surgiram termos que apontam para um contexto de produção pertinente às temáticas dos jovens e dos assuntos que os atravessam em seus quinze anos de idade: “romance”, “sexismo”, “pós-morte”, “feminismo”, “distúrbio mental”, “rede social”, somente para ilustrar alguns. Como J. Bronckart (1999, p.153, grifo do autor) argumenta [...] as representações mobilizadas, desde que não se ancoram em nenhuma origem específica, organizam-se inevitavelmente em referência mais ou menos direta às coordenadas gerais do mundo da ação de linguagem em curso. Os fatos então são apresentados como sendo acessíveis no mundo ordinário dos protagonistas da interação de linguagem: eles não são narrados, mas mostrados, ou expostos. O autor acrescenta que há uma distinção do narrar e do expor. Na ordem do mundo do narrar, o construto discursivo situa-se em outro lugar, mas, ao mesmo tempo, torna-se parecido com o que o leitor pode assimilar, como no gênero do romance, ou do conto, com suas características próximas do mundo ordinário do leitor. 82 Até mesmo o gênero fábula, tendo os animais características humanas, por exemplo, estrutura uma composição ficcional que o leitor pode avaliar e interpretar com critérios de validade do mundo, mesmo que de forma parcial. No construto discursivo do mundo do expor, para J. Bronckart (1999), não necessariamente o leitor encontrará características do mundo ordinário do leitor como no mundo do narrar, pois os construtos ficcionais podem estar “exclusivamente nos critérios de elaboração e de validação dos conhecimentos no mundo ordinário” (Bronckart, J., 1999, p. 154). Desse modo, notamos que as narrativas ficcionais das fanfictions apresentam o construto discursivo do narrar e, de forma implicada pelo mundo dos jovens, revelam o construto do expor conjugado com sua composição temática como mecanismo enunciativo. No sentido de explicitar o recorte dos dados para a análise, como obtivemos um total de 47 fanfictions escritas em duplas ou trios de alunos do nono ano, precisamos estreitar o corpo da nossa análise e confirmar a recorrência temática das fanfictions. Para esse trabalho, utilizamos a ferramenta digital (software Atlas.ti)45 – que possibilitou um recorte mais específico e criterioso. Após adquirirmos a licença de estudante/pesquisador, utilizamos o Manual do Usuário46 para compreender mais as funcionalidades e os recursos do software. Exportamos para o programa os arquivos das fanfictions (47 arquivos de texto) e preparamos as codificações no corpo de cada texto, como podemos ver na figura 5. 45 Generosamente, a Professora Doutora Andressa Molinari apresentou as funcionalidades dessa ferramenta e explicou os princípios básicos para a utilização desse software no tratamento de grande volume de dados textuais, o que foi o nosso caso. Também, tecemos agradecimentos ao Professor Doutor Marcos Polifemi por ter percebido a utilização dessa ferramenta como facilitadora para a nossa análise durante a Banca de Qualificação. 46 Disponível em: https://manuals.atlasti.com/Mac/en/quicktour/Intro/Introduction.html. Acesso em: 10 nov. 2023. 83 Figura 5 - Lista de documentos inseridos no Atlas.ti Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor Posto isso, percebemos que a ferramenta disponibiliza o Gerenciador de Documentos, em que os textos são dispostos em uma lista que permite ao usuário do programa selecionar os textos e utilizar a etapa de codificação – é possível de ser visualizada tanto na parte de baixo da tela do programa, por meio de gráficos de barra, para identificar a recorrência das codificações nos textos, assim como é possível visualizar os trechos codificados em cada documento. Esses trechos são descritos, no software, como “citações”. Uma ferramenta extremamente importante para esse processo de análise prévia dos dados foi a codificação dos textos47, porque permite a marcação de trechos 47 De acordo com o Manual de Usuário do Atlas.ti, a codificação é “a funcionalidade central do ATLAS.ti que permite você ‘dizer’ ao software onde estão as coisas interessantes nos seus dados... o principal objetivo de categorizar seus dados é marcar [nos textos] coisas que os definem ou os organizam. No processo de categorização, comparamos segmentos dos dados e procuramos por similaridades. Todos os elementos similares podem ser agrupados sob um mesmo nome. Nomeando uma coisa, nós a conceitualizamos e delimitamo-la ao mesmo tempo” (Friese, 2019, tradução nossa). Texto citado no item Codificação dos Dados – Conceitos Básicos. Disponível em: https://manuals.atlasti.com/Mac/en/quicktour/Codes/CodingDataBasicConcepts.html Acesso em: 10 nov. 2023. Texto original: "Coding is a core function in ATLAS.ti that lets you “tell” the software where the interesting things are in your data. ... the main goal of categorizing your data is to tag things to define or organize them. In the process of categorization, we compare data segments and look for similarities. All similar elements can be grouped under the same name. By naming something, we conceptualize and frame it at the same time" (Friese, 2019, n.p.). 84 dos textos e possibilita nomear essas partes para que pudéssemos estabelecer critérios de recorte temático, assim como utilizar esses dados para compor a análise dos conteúdos temáticos. Vemos, a seguir, na figura 6, a composição desse recurso do programa. Figura 6 - Lista de códigos usados no Atlas.ti Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor Ainda sobre a utilização do programa, a codificação no Atlas.ti foi elaborada mediante um procedimento de leitura atento dos textos de cada arquivo e da seleção das partes dos textos, nomeando-as com palavras que denotam os conteúdos temáticos, os tipos de fanfiction, os tipos de discurso e, de forma primária, as vozes que estão presentes nos textos, assim como recursos utilizados pelos alunosescritores de fanfiction ao produzirem seus textos em intertextualidade com a obra literária “Animal Farm”, de George Orwell. Utilizamos também como códigos as escolhas lexicais feitas pelos alunos ao escreverem as hashtags ou palavras-chave nos corpos dos arquivos. Escolhemos fazer as inserções dos códigos no programa em língua inglesa para compor uma codificação mais harmoniosa à língua adicional usada na escrita das fanfictions. Com o mesmo escopo de organizarmos a codificação, utilizamos o recurso de agrupamento dos códigos em grupos de códigos 85 (Figura 7) para compor grupos temáticos que reunissem as repetições dos códigos para aproximarmos à recorrência temática. Figura 7 - Grupos de códigos Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor No agrupamento dos códigos, o programa permite nomearmos as temáticas centrais, que foram baseadas nos grupos temáticos levantados previamente através das hashtags ou palavras-chave inseridas nas fanfictions. Verificamos quantos códigos nomeados nos trechos dos textos remetiam-se a uma certa temática. Identificamos, assim, o grupo ‘Politics’ (Política) com maior recorrência e os códigos relacionados: Autoritarismo/Ditadura, Traição, Companhia, Controle, Corrupção, Golpe, Democracia, Economia, Ideologia, Liderança, Política, Luta por poder, Propaganda, Revolução, Retórica, Estratégia e Guerra. Dispusemos aqui a tradução em língua portuguesa dos termos em língua inglesa listados no grupo de códigos (Figura 8). 86 Figura 8 - Grupos de códigos e códigos relacionados Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor Como a codificação dos textos no software constitui uma rede de dados, uma inter-relação dos códigos, utilizamos uma análise da relação desses códigos no grupo ‘Politics’ por meio de uma representação gráfica de rede disponível no Atlas.ti conforme podemos ver na figura 9, a seguir. 87 Figura 9 - Rede de códigos do Grupo de códigos Política Fonte: Construção de rede de códigos feita no Atlas.ti e produzida pelo autor Podemos compreender, na representação gráfica de rede, como a relação dos códigos é estabelecida construindo um encadeamento dos trechos das fanfictions que se aproximam, de forma temática, do contexto de política. Podemos ressaltar a associação central do termo Revolução (‘Revolution’), temática essa presente na obra “Animal Farm”, de George Orwell, e que, por sua vez, estabelece relação com Controle, Guerra e Traição. O termo Controle é associado com Autoritarismo/Ditadura e Ideologia e Propaganda como propriedade do termo Estratégia. Corrupção apresenta-se como parte de Golpe e de Traição. O termo Política é destacado entre a relação Economia e Democracia. Guerra e Revolução apontam para liderança em associação. Claramente, ocorreram outras relações e associações estabelecidas. Utilizamos dessas intersecções como forma de estreitar as relações dos códigos da rede Política. 88 No intuito de delimitarmos o corpo de textos para a nossa análise, selecionamos as fanfictions correspondentes ao grupo temático de maior recorrência, o de Política (‘Politics’), e obtivemos 27 fanfictions nesse grupo temático. Contudo, como em nossa coleta de dados apresentamos aos alunos um questionário eletrônico (Google Forms) com duas perguntas (Pergunta 1: O que levou você a escolher essa temática; e Pergunta 2: Como você estabeleceu relação com o texto original, “Animal Farm”, de George Orwell?), que são essenciais para a investigação das affordances oferecidas no processo de aprendizagem, estreitamos a seleção dos textos no grupo temático com 19 fanfictions que acompanham as respostas (ver Anexos A e B). Portanto, oito fanfictions não apresentaram respostas ao questionário e, por isso, não compuseram o nosso corpo de análise. No mesmo sentido de codificar os textos das respostas ao questionário eletrônico, utilizamos também o Atlas.ti e seguimos o mesmo procedimento: inserimos as respostas ao questionário, correspondente ao número das fanfictions, sendo que as respostas às duas perguntas do questionário estão no mesmo documento (Figura 10). Em continuidade, fizemos a codificação dos textos das respostas com marcações temáticas relacionadas àquelas que fizemos nos textos das fanfictions (Figura 11). Por sua vez, também agrupamos os códigos e, por meio desses grupos, pudemos identificar algumas palavras que evidenciam aspectos tanto sobre produção das narrativas quanto sobre a percepção de affordances propiciadas no processo de reflexão e metacognição na escrita das fanfictions (Figura 12). 89 Figura 10 - Lista de documentos com as respostas ao questionário eletrônico (Google Forms) Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor Figura 11 - Lista de códigos nos textos das respostas do Questionário Eletrônico (Google Forms) Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor 90 Figura 12 - Grupos de códigos nos textos das respostas do Questionário Eletrônico (Google Forms) Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor Para finalizar a explicitação do processo de recorte dos dados e no sentido de organizar uma lista com as fanfictions que compuseram parte da análise, dispomos das fanfictions em sua integridade com a configuração/formatação utilizada pelos alunos na postagem de seus textos (ver Anexo A). E, para sintetizar essa lista com as fanfictions analisadas, organizamos o quadro 5 a seguir. Quadro 5 - Fanfictions usadas para base de dados do grupo Política cujas respostas ao questionário digital acompanham a coleta de dados Fanfiction 2 Fanfiction 3 Fanfiction 7 Fanfiction 9 Fanfiction 10 Fanfiction 11 Fanfiction 12 Fanfiction 16 Fanfiction 20 Fanfiction 22 Fanfiction 24 Fanfiction 25 Fanfiction 32 Fanfiction 34 Fanfiction 36 Fanfiction 40 Fanfiction 42 Fanfiction 44 Fanfiction 46 RUN! THE PIGS ARE COMING OUT… The falling of the farm Snowball's Journey The SeaWorld Rebellion THE HISTORY BEHINDS NESTLÉ COMPANY The evil mind behind it all The real owner of the dream The Resurgence of Snowball Till death do us apart? Unity Is Strength… But the Strength is Individual The Obscure Regime A change in the course of history! Ham: the Crumble of an Empire Humanitarian war (Farm)bidden Love A Journal Which Fell in the Wrong Hands Animal Media Mollie's $ystem Lovewar letters Fonte: elaboração própria Finalmente, após desenhar a delimitação do corpo de textos para a nossa análise e expor os procedimentos adotados para a composição da lista de fanfictions, focalizamos, na próxima seção, a análise das narrativas ficcionais escritas pelos alunos do nono ano, mediante o método de análise de textos desenvolvido pelo Interacionismo Sociodiscursivo (ISD). 91 7.2 A ANÁLISE DAS FANFICTIONS ESCRITAS PELOS ALUNOS Nesta seção, apresentamos a análise das fanfictions escritas pelos alunos utilizando o método de análise de textos desenvolvido pelo ISD (Striquer, 2014; Bronckart, J., 1999) e convergimos nosso olhar investigativo para a ampliação do repertório linguístico e das affordances propiciadas dos alunos em aulas de língua inglesa, por meio da produção de fanfictions, trabalhando a obra “Animal Farm”, de George Orwell. Percorreremos os elementos do método de análise de textos considerando as fanfictions e respostas dos alunos ao questionário eletrônico (Google Forms). De acordo com o método de análise de textos de J. Bronckart (1999), a forma como os signos são organizados no interior de um texto evidencia propriedades das condutas humanas e reforça a perspectiva do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD), que considera a produção dos gêneros textuais como situações de comunicação e obras do agir linguageiro. No método de análise proposto, inicialmente, observa-se o aspecto ativo e prático das condutas humanas e, em seguida, as condutas verbais, pois como advoga J. Bronckart (2008, p. 75) “os discursos apresentam sempre um caráter dialógico: eles se inscrevem em um horizonte social e se dirigem a um auditório social”. Assim, o método de análise de textos proposto por J. (1999) atenta para o contexto de produção do gênero textual e sua arquitetura interna. Striquer (2014) organiza os elementos considerados na análise de textos pelo método de J. Bronckart (1999). Apresentamos, a seguir, o quadro delineado pela autora. 92 Quadro 6 - Representação do método de análise de textos de J. Bronckart (1999) Contexto de produção Arquitetura interna Parâmetros do mundo físico: emissor, receptor, espaço e momento que o texto é produzido. Infraestrutura textual: plano geral do texto, tipos de discurso, tipos de sequências, formas de planificação. Parâmetros do mundo social e subjetivo: elementos da interação comunicativa que integram valores, normas e regras. Mecanismos de textualização: conexão, coesão nominal e coesão verbal. Conteúdo temático do texto, ou seja, o assunto no texto tratado. Mecanismos enunciativos: vozes e marcação das modalizações presentes em um texto. Fonte: Striquer (2014, p. 316)48 O esquema ilustra os dois elementos do método de análise de textos desenvolvido por J. Bronckart (1999): o contexto de produção e a arquitetura interna do texto. A nossa abordagem organizacional, à luz do proposto por Striquer (2014), organizou a análise em segmentos, inicialmente nos centramos no contexto de produção, que abrange parâmetros do mundo físico, social e subjetivo, bem como o conteúdo temático. Em seguida, concentramo-nos na análise da arquitetura interna das fanfictions, explorando a infraestrutura textual, os mecanismos de textualização e enunciativos. 7.2.1 Contexto de produção Consideramos o contexto de produção das fanfictions como ponto de partida da nossa análise e condizente à produção escrita dos alunos do nono ano. Para tal organização, façamos uma breve retomada desse contexto que resulta na escrita do gênero textual fanfiction pelos alunos do nono ano pertencentes ao grupo denominado ‘G2’49 dos anos finais do Ensino Fundamental do colégio em que este estudo foi 48 A autora denominou esse quadro, em seu artigo, como tabela. Nós a redefinimos como um quadro, de acordo com os documentos Normas para Teses e Dissertações da UNIFESP. Disponíveis em: https://site.unifesp.br/bibliotecacsp/servicos/normas-teses-dissertacoes e https://ppg.unifesp.br/sociais/images/manual_normalizacao_trabalhos_academicos.pdf respectivamente. Acesso em: 12 dez. 2023. De acordo com os documentos, os quadros são definidos “como uma apresentação de dados para explicar ou simplificar o entendimento do texto, sem análise estatística”. 49 O grupo ‘G2’ configura o grupo de alunos com o nível linguístico do independente ao proficiente, de acordo com o Quadro Comum Europeu de Referência para Línguas (CEFR), disponível em: 93 desenvolvido. Os estudantes fizeram a leitura da obra de George Orwell (“Animal Farm”) para somente então estudarem o gênero fanfiction. Ao estudar o gênero textual, os estudantes percorreram uma sequência didática, elaborada pelo professorpesquisador, à luz da Pedagogia dos Multiletramentos, que resultou na escrita de fanfictions em intertextualidade com a obra literária lida. Ainda, publicaram seus textos em um blog (ver Figuras 3 e 4). O contexto de produção das fanfictions carrega outros aspectos que são importantes para a compreensão do processo de produção e refletem a perspectiva da Cultura Participativa (Jenkings, 1992), como os parâmetros do mundo físico, do social e subjetivo. Estudamos esses indicadores imbricados ao contexto de produção das narrativas ficcionais a seguir. 7.2.1.1 Parâmetros do mundo físico No sentido de aprofundarmos o contexto de produção, faz-se necessária a descrição dos parâmetros do mundo físico que constituíram o agir linguageiro, ou seja, o ato de comunicação por meio desse gênero textual. Destacamos, dessa maneira, a relação emissor e receptor, que mesmo estando permeada por interlocutores diversos, ao considerar a complexidade do ambiente escolar e a riqueza dos alcances culturais por meio do trabalho com a literatura, pode ser descrita como uma relação entre estudante e professor, e entre estudantes. A obra literária de George Orwell, em língua inglesa, foi apresentada aos alunos e foram desempenhadas atividades de leitura em sala de aula e para casa, como descrito na seção 6.6. Consideramos, nesta etapa didática do trabalho com a literatura, momentos distintos da relação emissor e receptor. O papel de emissor pôde ser também realizado por outros estudantes, estabelecendo emissor e receptor exclusivamente por estudantes, como nos momentos de círculos de leitura e discussões sobre a obra. Dessa forma, o emissor inicial do trabalho pedagógico proposto foi o professor de inglês de um colégio particular da cidade de São Paulo, também pesquisador responsável por este estudo, que selecionou a obra literária “Animal Farm”, em sintonia ao projeto pedagógico institucional, e desenvolveu o https://www.britishcouncil.org.br/quadro-comum-europeu-de-referencia-paralinguascefr#:~:text=O%20Quadro%20Europeu%20Comum%20de,a%20profici%C3%AAncia%20em% 20um%20idioma Acesso em: 12 dez. 2023. 94 trabalho com esse gênero textual, assim como os movimentos pedagógicos elaborados na sequência didática. Certamente, o emissor-professor transpõe em seu trabalho aspectos concernentes à discussão sobre tirania, ditadura, controle, poder, política, etc., assuntos inerentes à obra literária e em consonância com o currículo de língua inglesa do nono ano, conforme disposto no capítulo 6. Sobretudo, o emissor-estudante pôde vivenciar os movimentos pedagógicos estipulados para o trabalho com a literatura, como descritos na sequência didática. Seguramente, o emissor-estudante também nutriu o contexto de produção com outras temáticas relacionadas direta ou indiretamente com os assuntos abordados pelo professor. Ainda sobre o contexto de produção das fanfictions, notamos que o momento de produção (entre agosto e outubro de 2022) já indicava estreita relação com a política nacional, pois, no Brasil, em meados do segundo semestre do mesmo ano, estivemos em um momento decisivo do processo eleitoral para presidente e governador e, mais uma vez, as questões democráticas e a polarização50 no país ficaram em pauta durante o ano: grande destaque nos meios de comunicação, ânimos acirrados e debates frequentes (também, dentro do ambiente escolar). Consideramos a sala de aula (de um colégio privado, na cidade de São Paulo) como o principal lugar de produção das narrativas ficcionais, com oportunidade de a produção ser feita também fora desse ambiente. Notamos que cinco fanfictions das 19 analisadas centralizaram os parâmetros do mundo físico, como as questões do mundo real ou sobre acontecimentos da atualidade: Fanfiction 2 (RUN! THE PIGS ARE COMING OUT), Fanfiction 9 (The SeaWorld Rebellion), Fanfiction 34 (Humanitarian War), Fanfiction 42 (Animal Media) e Fanfiction 44 (Mollie’s $ystem). Nas respostas à pergunta 1 do questionário eletrônico (“O que levou você a escolher essa temática?”), sobre as Fanfictions 2 e 9, por exemplo, os estudantes sinalizaram a vontade de escrever seus textos sobre acontecimentos do mundo real ou sobre algo atual, reforçando a importância ou relevância do contexto histórico- 50 Recomendamos a leitura do artigo “Polarização e contexto: medindo e explicando a polarização política no Brasil” escrito por Mario Fuks e Pedro Henrique Marques para a compreensão do contexto de polarização no Brasil. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/op/article/view/8671918 Acesso em 24 dez. 2023. Também, sugerimos a leitura do mapa eleitoral online desenvolvido pelo cientista político e professora da UFRJ, Josué Medeiros, intitulado “Eleições 2022: polarização e nacionalização de todas as disputas”, disponível em: https://diplomatique.org.br/eleicoes-2022-polarizacao-e-nacionalizacao-detodas-as-disputas/ Acesso em: 24 dez. 2023. 95 social e da atualidade para a produção das fanfictions. Vemos ainda a estreita relação com o mundo físico, ao qual emissor-estudante estabelece relação com acontecimentos de cunho geopolíticos, como na resposta à pergunta 1 do questionário, em que os estudantes afirmaram ter tido a intenção de abordar um assunto atual: O que me levou a escolher minha temática foi a situação atual da guerra da Ucrânia, queria refletir o contexto atual no cenário do animal farm. (Resposta à Pergunta 1 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 34) O que me levou a escrever sobre essa temática foi o tempo atual, onde todos podem ser influenciado [sic] pela internet. (Resposta à pergunta 1 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 42) Sobre as Fanfictions 34 e 42, os estudantes abordaram aspectos do mundo contemporâneo, respectivamente, quando indicaram, nos títulos de suas narrativas, indícios temáticos sobre a guerra da Ucrânia e sobre a influência da mídia ou das redes sociais. Os estudantes-autores das Fanfiction 34 (The Humanitarian War) responderam à pergunta 1 do questionário afirmando que quiserem refletir a situação atual do conflito entre a Rússia e a Ucrânia51 por meio da recontextualização de seu texto, permanecendo o elemento do texto original de Orwell acerca dos conflitos de interesse e da luta pelo poder, todavia reconstruindo o contexto da fanfiction com as questões geopolíticas envolvidas na guerra da Rússia e da Ucrânia. A narrativa da Fanfiction 42 (Animal Media) aborda a situação atual em que a internet e as redes sociais, mais especificamente, podem influenciar a opinião e as ações das pessoas. Os estudantes-autores dessa fanfiction estabeleceram uma relação com o papel de propagandista político do personagem Squealer, da obra original, com a ideia de que todos podem ser influenciados pela internet. Esse tema tem estado em destaque nas discussões políticas e midiáticas desde o final de 2022, em grande parte, por questões de uso propagandista e de manipulação da opinião pública acerca das eleições ou sobre as decisões de órgãos de poder público, sobretudo, esse contexto fortalece a 51 Para compreensão da situação entre a Rússia e a Ucrânia, recomendamos a leitura do texto “Rússia e Ucrânia: a complicada história que conecta (e divide) os dois países”, publicado no site da National Geographic Brasil. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2022/02/russia-eucrania-a-complicada-historia-que-conecta-e-divide-os-dois-paises Acesso em: 31 dez. 2023. 96 problemática sobre as responsabilidades (ou a falta de responsabilidade) das ações nas redes sociais.52 Ainda sobre o parâmetro do mundo físico, os estudantes tiveram contato com estudos histórico-sociais pertinentes ao contexto de produção da obra literária de Orwell. Logo, esse caminho pedagógico e literário também estimulou a vontade de refletir sobre aspectos históricos e políticos na produção da fanfiction que se relacionavam diretamente com o mundo físico e atual, como podemos observar na explicação dos estudantes-autores da Fanfiction 44 (Mollie’s $ystem) O livro “Animal Farm” representa uma sociedade socialista, representante à Rússia. Em nossa história quisemos representar uma sociedade neoliberal capitalista, que é o oposto polar à descrita no livro, trazendo uma visão interessante ao leitor. (Resposta à pergunta 1 do questionário eletrônico por dois estudantes que escreveram a Fanfiction 44) Eu levei em consideração que o livro faz criticas [sic] ao sistema comunista e que sempre haverá problemas envolvendo a sociedade. A minha fanfic quis abordar críticas a outros sistemas, no caso o capitalismo, no qual usei o personagem mais relacionado aos privilégios que esse sistema traz, Mollie. (Resposta à pergunta 1 do questionário eletrônico por dois estudantes que escreveram a Fanfiction 44) Desde a escrita do título dessa fanfiction (Mollie’s $ystem) evidencia-se a intencionalidade criativa dos estudantes em demarcar a questão do capitalismo por meio do cifrão que substitui a letra S na palavra em inglês System (Sistema) para propor um sistema capitalista idealizado por uma das personagens secundárias da obra (Mollie) que, por sua vez, simboliza a burguesia ou a elite. Nesse sentido, conseguimos estabelecer as primeiras affordances propiciadas à aprendizagem em língua inglesa como o recorte tempo-espaço condizente à coleta de dados, os aspectos sócio-históricos da obra literária e o próprio recurso cultural do trabalho com a literatura em língua inglesa. Sobre esse aspecto, o trabalho com o gênero fanfiction no ambiente escolar torna o repertório literário do estudante em objeto de estudo e aproxima as questões pertinentes ao gênero textual como também uma affordance oferecida ao educando. Inclusive, podemos identificar outra affordance por meio do trabalho com a multimodalidade oferecida com o uso da escrita 52 Podemos localizar notícias sobre o poder público e as consequências para a sociedade sobre a discussão do Marco Civil da Internet, por exemplo. Recomendamos a localização on-line de notícias atuais no portal de notícias sobre as ações do poder público acerca dessa temática no portal JOTA, disponível em: https://www.jota.info/tudo-sobre/marco-civil-internet Acesso em: 31 dez. 2023. 97 das fanfictions de forma digital, ou seja, pelo editor de texto e ferramentas de edição (como estilos de fontes de texto, possibilidades de edição de letras e símbolos etc.), possibilitando maior criatividade na produção textual. Reforçando o contexto de produção como o lugar propício para práticas sociais, atos comunicativos, acesso a culturas, neste caso, por meio da língua inglesa, e próspero do agir linguageiro como parâmetros do mundo físico, o ambiente da sala de aula também reflete os movimentos pedagógicos à luz da Pedagogia dos Multiletramentos, como discorremos no capítulo 3. Inspirado pelo manifesto do GNL (1996/2021) e as discussões sobre o quanto práticas transformadoras podem contribuir para uma perspectiva de aprendizagem mais crítica e para um futuro social mais diverso, o professor-pesquisador elaborou a sequência didática com foco no trabalho com o gênero fanfiction (ver capítulo 6), (re)desenhando o percurso de ensino-aprendizagem do planejamento do curso e das aulas de língua inglesa do nono à luz dos multiletramentos. Esse aspecto da Pedagogia dos Multiletramentos favorece o (re)design pedagógico das aulas de língua inglesa e possibilita ao ambiente de sala de aula a (res)significação de práticas didáticas e amplia a diversidade de linguagens. Em decorrência dos parâmetros do mundo físico, a relação estabelecida com o emissor e o receptor das fanfictions torna-se interpelada pelas normas, regras e valores do mundo social e subjetivo, como aprofundamos a seguir. 7.2.1.2 Parâmetros do mundo social e subjetivo Sobre os parâmetros do mundo social e subjetivo, essenciais para a compreensão mais detalhada do contexto de produção das fanfictions, os estudantes depararam-se, no contexto escolar, com projetos interdisciplinares (segundo semestre de 2022) abordando temas voltados à democracia e aos direitos humanos, inclusive, contextualizados ao longo da leitura da obra literária de Orwell. Percebemos a preocupação dos estudantes-autores em se aproximarem das questões sociais e políticas. Identificamos esses aspectos do mundo social e subjetivo, a partir do interesse explícito dos estudantes, em seis das 19 narrativas ficcionais escritas pelos alunos do nono ano. Eles estão representados nos textos da Fanfiction 9 (The SeaWorld Rebellion), Fanfiction 10 (THE HISTORY BEHIND NESTLÉ COMPANY), Fanfiction 12 (The real owner of the dream), Fanfiction 20 (Till death do us apart?), 98 Fanfiction 24 (The Obscure Regime), Fanfiction 40 (A Journal Which Fell in the Wrong Hands) e Fanfiction 46 (Lovewar letters). Notamos, em algumas respostas à pergunta 1 do questionário (“O que levou você a escolher essa temática?”), por exemplo, na resposta sobre a escrita da Fanfiction 12 (The real owner of the dream)53: Eu escolhi essa temática porque eu achei que seria algo interessante e ao mesmo tempo uma coisa que parece um absurdo, a manipulação, mas não está muito distante de coisas que acontecem na realidade. (Resposta à pergunta 1 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 12) Evidentemente, os autores dessa narrativa ficcional, mesmo que seja considerada uma situação paradoxal a manipulação presente na narrativa de Orwell, veem possibilidades de retratar a realidade que os cerca por meio da escolha temática abordada na fanfiction escrita por eles. Sobre os elementos da interação comunicativa, exemplificamos essa perspectiva interacionista por meio da resposta à pergunta 1 do questionário aplicado aos estudantes, na coleta de dados que indaga o motivo pelo qual o autor da fanfiction considerou a temática escolhida A sexist society that doesn't give rights and independence for women.54 (Resposta à pergunta 1 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 24) Na resposta escrita em inglês, identificamos uma marca discursiva e expressiva da interação presente no texto enunciado, os valores e crenças do enunciador por meio de características e do léxico do discurso feminista que denuncia uma sociedade que não garante às mulheres seus direitos e não associa independência ao papel da mulher. Além disso, como J. Bronckart (1999) estabeleceu no método proposto, os valores, as normas e as regras sociais imprimem aspecto característico do enunciador, como podemos ver também, por exemplo, na resposta à pergunta 1 do questionário, acerca da temática escolhida, da Fanfiction 20 (Till death do us apart?), Eu escolhi essa temática porque eu acho muito importante colocar em mente que mesmo a pessoa presando por uma coisa, no caso os porcos ela faz a 53 54 “O verdadeiro dono do sonho” (tradução nossa). “Uma sociedade sexista que não dá direitos e independência às mulheres” (tradução nossa). 99 mesma coisa, isso mostra a hipocrisia das pessoas constantemente. (Resposta à pergunta 1 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 20) Primeiramente, o título dessa fanfiction estabelece relação semântica com a expressão “até que a morte nos separe”, típica dos votos proferidos por casais em momento de matrimônio. Podemos perceber que, para os autores, a situação representada de um possível casamento entre personagens da obra canônica (“Animal Farm”) também exprime suas crenças de como um relacionamento entre personagens deveria ser em forma de casamento. Identificamos isso a partir das marcas lexicais tipicamente representadas por meio da situação matrimonial. Todavia, ao ler a sinopse da Fanfiction 20, percebemos que a proposição hipotética do que aconteceria na narrativa se a personagem Old Major não tivesse morrido porque estava velha, mas porque há um sistema de matança na fazenda, algo como um matadouro de animais. Tal proposição ainda apontaria para uma finalidade da fazenda, que faria parte do fornecimento de carne animal para a indústria de processamento de carnes. Chama nossa atenção que a expressão utilizada como título da narrativa ficcional escrita pelos estudantes, em primeira leitura, remeteria ao contexto de relacionamento entre personagens, ou matrimônio, todavia podemos compreender, com uma leitura detalhada da sinopse e do texto, que há certa relação com o termo morte da expressão (Até que a morte nos separe), e que, possivelmente, a expressão possa ter simbolizado a cumplicidade da relação das personagens Old Major com outros animais da fazenda para que eles fossem fiéis à revolução, como em um voto matrimonial. Ainda sobre os valores, percebemos que o ponto central na resposta à pergunta 1 sobre a Fanfiction 20, os autores explicam que o que os levou à temática escolhida foi a ação hipócrita das pessoas que estimam por fazer algo, tornam-se pessoas contraditórias fazendo a mesma coisa que outrora seria o cerne de um posicionamento social e crítico. Esse aspecto do mundo social e subjetivo fica mais evidente quando consideramos o conteúdo das respostas à pergunta 2 (Como você estabeleceu relação com o texto original, "Animal Farm", de George Orwell?) sobre essa mesma fanfiction: Eu escrevi uma historia [sic] como uma continuação para aonde (sic) os animais vão e por que eles são ‘presos’ nessa fazenda. 100 É relação é que ainda sim tem essa força dos humanos na vida dos animais. (Respostas à pergunta 2 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 20) Para os estudantes-autores do texto, a perspectiva do entendimento sobre os animais, que ficam sem saída da fazenda, justificar-se-ia em um sistema de matança, de processamento de carnes, imposto pelo fato de que os humanos que decidem o destino dos animais. Aspecto do mundo real que impõe sentido à crueldade vivida pelos animais, que, na obra original de Orwell, seria com o fato do controle e do poder sobre a camada da sociedade que serviria aos que estão no poder. Na proposta hipotética criada, os estudantes-autores representam o aspecto político-social aludido à indústria de processamento de carnes. No mesmo sentido de destacarmos o parâmetro do mundo subjetivo nas fanfictions, em consonância com Cultura Participativa (Jenkins, 1992), os estudantes imprimem às suas narrativas características pessoais e da visão de mundo desse sujeito, como podemos individuar nas respostas à pergunta 2 sobre as Fanfiction 9 (The SeaWorld Rebellion) e Fanfiction 10 (THE HISTORY BEHINDS NESTLÉ COMPANY) Eu criei uma narrativa em que o acidente do SeaWorld era na verdade uma ação intencional da baleia para se juntar a revolução. (Resposta à pergunta 2 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 9) Criamos uma narrativa que o acontecimento no Sea World foi intencional já que fazia parte de uma revolução dos animais, já situada no livro. (Resposta à pergunta 2 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 9) Eu escolhi esse tema pois achei muito interessante falar sobre maus tratos. Foi um jeito que achei de relacionar os animais com os maus tratos de um jeito criativo e diferente, trazendo a marca Nestle, que é muito famosa nos dias de hoje. (Respostas à pergunta 2 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 10) Observamos o contexto social e do mundo real invadindo as fanfictions com temáticas e questões sociais que extrapolam alguns elementos da narrativa original de Orwell, contribuindo para uma autoria maior e consciente das temáticas abordadas nas narrativas ficcionais. As respostas à pergunta 2 do questionário sobre as Fanfictions 9 e 10 denotam o movimento de escrita das fanfictions com características de convergência de cultura, que se dá de forma coletiva e permite a construção de uma “mitologia pessoal, a partir de pedaços e fragmentos de informações extraídos 101 do fluxo midiático e transformados em recursos através dos quais compreendemos nossa vida cotidiana” (Jenkins, 2009, p. 31). Nas duas fanfictions destacadas anteriormente, percebemos que, para cada sujeito-autor dos textos, houve uma composição coletiva para escolher a temática e a relação com a obra original. Para os estudantes-autores da Fanfiction 9, o acidente no parque aquático Sea World55 envolvendo uma baleia (Tilikum56) que teria recebido maus-tratos de sua treinadora/cuidadora e, em um certo dia, teria atacado essa pessoa, ressignificou o aspecto do enredo de “Animal Farm” em que os animais também foram maltratados pelo dono da fazenda (Mr. Jones). Como esse elemento da história foi utilizado pelo porco/javali (Old Major) para justificar a adesão dos animais à causa da revolução contra os humanos, os estudantes-autores atentaramse para esse elemento e ressignificaram-no utilizando de um acontecimento do mundo real. De uma forma semelhante, os estudantes-autores da Fanfiction 10 criaram uma narrativa ficcional acerca de como a empresa Nestlé57 poder-se-ia ter utilizado dos produtos derivados de animais, como o leite, por exemplo, sob um sistema horrível (e hipotético, é claro) para obtenção de seus produtos-base na produção de chocolate, leite em pós, entre outros. Os autores dessa fanfiction também escolheram o elemento dos maus-tratos a animais para valorizar uma narrativa que, ao mesmo tempo, denunciaria um escândalo no mundo industrial, como também criaria a justaposição da narrativa original acerca da revolução, da revolta dos animais contra os maus-tratos recebidos pelos homens. No mesmo sentido de identificar parâmetros do mundo social e subjetivo na análise de texto, segundo J. Bronckart (1999), encontramos os interesses pessoais dos estudantes demarcados de forma explícita nos textos da Fanfiction 40 e 46. Destacamos que os interesses dos estudantes-autores, portanto dos emissores do contexto de produção, aparecem de forma inerente à produção textual e de cultura com a escrita de fanfictions, como discorremos no capítulo 3 sobre o gênero fanfiction. Os estudantes-autores da Fanfiction 40 (A Journal Which Fell in the Wrong Hands) explicaram que se interessam por investigações e por história de detetives. 55 Sea World é a marca registrada e o nome de um parque aquático norte-americano. Reportagem sobre o acontecimento com a baleia Tilikum do parque aquático pode ser lida em https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2010/04/100429_baleiaseaworldfn Acesso em: 27 dez. 2023. 57 Nestlé é a marca registrada e nome de uma empresa do setor de alimentos e bebidas. 56 102 Como abordaram uma trama cuja morte do personagem Old Major não é de causas naturais como na obra original de Orwell, mas por assassinato, eles estabeleceram vínculo com a subjetividade do olhar que têm para o campo da literatura e das histórias de detetive, conforme o estilo e a composição textual produzidas. Da mesma forma, a Fanfiction 46 (Lovewar letters) apresenta uma narrativa baseada no estilo e no interesse literário do romance, com os quais os estudantes-autores instituem forte ligação, como detectamos nas respostas à pergunta 1: Um dia eu e minha parceira estávamos [sic] brainstorming e surgiu a ideia de fazer um romance, pensamos que muita gente ja [sic] iria fazer do Napoleon com o Snowball e queriamos [sic] fazer algo diferente. Para nós a Mollie era uma personagem que ainda dava para ser mais explorada e partimos dai [sic] para escrever nossa história. Eu escolhi essa temática porque eu me interesso por histórias de amor, tanto porque tenho facilidade de escrever sobre esse tema quanto que acho interessante o assunto de amores impossíveis, que no caso da minha fanfiction seria entre Clover e Molly [sic]. (Respostas à Pergunta 1 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 46) No sentido de produzir uma narrativa ficcional em que o emissor estabelece relação de interesse e cujo contexto de produção constitui-se do mundo social e subjetivo, os estudantes-autores negociaram a escrita da fanfiction com o estilo de um romance, mesmo com proporção e alcance literários distintos e não pertinentes ao gênero fanfiction. Sobretudo, os estudantes-autores declararam que gostam de histórias amor e veem uma facilidade em escrever narrativas do gênero romance, além de declararem o interesse em desenvolver um enredo sobre amores impossíveis. Ainda sobre o aspecto da relação emissor-receptor, os parâmetros do mundo social e subjetivo coadunam o lugar dos estudantes e de seus interesses como contexto de produção e de práticas dos multiletramentos, conforme propostos na sequência didática elaborada pelo professor-pesquisador (ver capítulo 6.7). De acordo com Liberali (2021), a Pedagogia dos Multiletramentos, ao centralizar o processo educativo no educando, fortalece a transformação da educação por meio letramentos como práticas sociais e abre caminho para a multiplicidade de vozes. Caminho esse que favorece a criação de novos sentidos e de novas formas de aprendizagem, como observamos nas respostas dos estudantes-autores destacadas anteriormente e exemplificadas a seguir: 103 Minha historia [sic] é como se fosse uma continuação do livro contando a historia {sic] dos descendentes dos personagens do livro formando o contexto da guerra da Ucrânia. (Respostas à pergunta 2 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 32). Eu utilizei a personagem da prosa Mollie como centro da minha fanfic, no qual ela desenvolve um novo sistema que supera o de animal farm [sic], futuramente a levando ter uma ambição tão grande que ela compra animal farm [sic], que na minha fanfic havia chegado a sua decadência. Esse novo sistema vai contra todos os princípios de animal farm [sic], tanto os antigos quanto os novos, no qual ainda existe diferenças. privilegios [sic] explicitamente, muito proximo [sic] ao perfil do capitalismo. (Respostas à pergunta 2 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 44). Eu fiz um final alternativo, em que um dos personagens do livro que haviam saído da história voltam. No caso, nós escolhemos fazer o Snowball voltar e inicar [sic] uma nova revolução contra o sistema egoísta e corrupto de Napoleon. (Respostas à pergunta 2 do questionário eletrônico sobre a Fanfiction 46). Mormente, como Megale e Liberali (2019) advogam, o aspecto fundamental da Pedagogia dos Multiletramentos, que é o de (re)significar a educação, possibilita que o papel do emissor-receptor assuma papel de atuação e ação, assim como o de construir possibilidades de intervenção e de transformação. Como também apontamos o nosso olhar analítico para as affordances propiciadas, e em continuidade ao que já destacamos na seção anterior, podemos enfatizar o propiciamento das affordances de acontecimento com foco no ensino da língua inglesa. Em todos os movimentos pedagógicos oferecidos por meio de práticas de leitura, escrita, discussão e formalização do trabalho com o gênero fanfiction, os estudantes tiveram um ambiente favorável para uma aprendizagem contextualizada e abundante em interação/integração com os outros emissores e receptores dispostos no ambiente de sala de aula, em rodas de leitura, em aulas expositivas e dialogadas. De acordo com o que discorremos no capítulo 5, em consonância com Van Lier (2004) e Gibson (2015), o ambiente e as interações oferecidas nele são fundamentais para as ofertas de oportunidades de aprendizagem e realçamos as affordances do aspecto da interação com as ferramentas digitais que oferecem contato genuíno com o gênero (neste caso, as fanfictions) por meio do uso dos blogs de veiculação do gênero. Neste ponto de nossa análise, percebemos que os parâmetros do mundo físico, social e subjetivo, que compõem elementos essenciais do contexto de produção, 104 estão em seu interior inter-relacionados de forma intrínseca ao conteúdo temático, como discorremos na continuidade. 7.2.1.3 Conteúdo temático A análise do contexto de produção também considera um elemento central do texto, que é o conteúdo temático. Para Bakhtin (2011), o conteúdo temático constituise, indissoluvelmente, da construção composicional e do estilo como construto do enunciado como um todo e, por meio do conteúdo temático, analisamos o que pode ser dito dentro de uma interação verbal. Esse aspecto do campo da comunicação tornou-se o objetivo central do nosso olhar investigativo, pois compreendemos que a seleção de recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais reflete o agir linguageiro nas fanfictions, dessa maneira, estabelecendo um objeto complexo atravessado pelas vozes e pelos repertórios dos autores do texto. Podemos ver agrupamentos lexicais que apontam para o assunto do texto tratado, conforme a apresentação desta análise e como os conteúdos temáticos estão dispostos no Apêndice D e sintetizados no quadro 5 – organizado com as palavraschave ou hashtags e as sinopses. Essa organização permite uma visualização geral das temáticas abordadas em todas as fanfictions produzidas pelos alunos do nono ano. Contudo, para auxiliar a análise de conteúdos temáticos, utilizamos a ferramenta Pesquisa de Texto do software Atlas.ti e escolhemos uma palavra que frequentemente é associada aos temas abordados como corrupção, ditadura, revolução e terrorismo. Dessa forma, pesquisamos a palavra controle (‘control’, em inglês) no grupo das 19 fanfictions selecionadas como recorte temático do grupo ‘Politics’, conforme explicamos o processo na seção 7.1. Com a utilização da ferramenta de análise de textos do software, identificamos o léxico de forma explícita somente em duas fanfictions, Fanfictions 12 e 25 (Figura 13), em três parágrafos dos textos. Sobretudo, ao utilizar a opção do software por refazer a pesquisa nos textos selecionados e optar em buscar palavras sinônimas do mesmo campo lexical de ‘control’, pudemos identificar em quase todas as fanfictions desse grupo temático (Figura 14), – em 216 parágrafos. 105 Figura 13 - Pesquisa de Texto (palavra ‘control’) no software Atlas.ti Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor Figura 14 - Pesquisa de Texto (palavra ‘control’ e sinônimos) no software Atlas.ti Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor 106 A pesquisa de texto realizada com a ferramenta do software Atlas.ti forneceu elementos para compor a nossa análise de texto com foco no conteúdo temático. Dessa forma, compreendemos que o conteúdo temático já delimitado pelo nosso recorte apresentou, como assunto central e comum nas 19 fanfictions, a relação de controle e poder por meio da polissemia da palavra política, em formato de ditadura, revolução, manipulação, sistemas de poder, etc. Esse procedimento de decomposição dos aspectos do método de análise de textos, como proposto por J. Bronckart (1999), acarreta um olhar mais detalhado da composição textual e do estilo da escrita. Observamos fanfictions com narrativas centradas em algumas personagens que tomaram caminhos distintos daqueles da obra original, como, em alguns textos, os estudantes-autores empregaram um estilo reflexivo-crítico por meio de acontecimentos do mundo social e físico. O aspecto amplo do repertório literário que tem grande influência no trabalho com a literatura em aulas de língua inglesa, assim como a perspectiva do repertório superdiverso do construto linguístico dos estudantes, conforme ponderamos no capítulo 2, constituem affordances propiciadas em sua fundamentação, tanto no aspecto da elaboração da sequência didática e os planos de aula, sob à luz da Pedagogia dos Multiletramentos, feitos pelo professor e pesquisador, quanto no aspecto do estudante como foco desse processo de ensino-aprendizagem. Por fim, algumas fanfictions abordaram a mesma temática sobre política, poder e controle, mas fizeram uso de metáforas e símbolos construídos através de temas inter-relacionados como sistema capitalista, cartas de amor e (na) guerra, que narram a luta de personagens, o sofrimento delas em meio a sistemas de poder e controle, a opressão, a violência vivida pelas personagens, e até mesmo uma composição figurativa sob a ótica de uma certa resistência aos sistemas e às ideologias impostas. Esse aspecto leva-nos a analisar a arquitetura interna das fanfictions. 7.2.2 Arquitetura interna do texto De acordo com J. Bronckart (2021), o esquema geral do modelo desenvolvido sob a perspectiva do Interacionismo Sociodiscursivo considera a arquitetura interna do texto como o conjunto de operações psicolinguísticas que constitui o produto textual – o produto da atividade linguageira –, e apresenta três níveis hierárquicos: a 107 infraestrutura do texto, as operações que garantem a coerência temática e a coerência interativa. O autor (Bronckart, J., 2006a, p. 145) argumenta que os gêneros textuais existem e convivem no ambiente da linguagem e “se acumulam historicamente num subespaço dos ‘mundos de obras e de culturas’”, ou como ele denomina os préconstruídos da atividade cultural humana. Sobre esse ponto, J. Bronckart (2006a) acrescenta que as referências desse pré-construído podem ser identificadas no intertexto, na arquitetura interna do texto, conduzindo o olhar investigativo de nossa análise à intertextualidade estabelecida na escrita das fanfictions. Nesse sentido, J. Bronckart (2006a) esclarece que há dois elementos que devem ser compreendidos sobre os processos de interação de textos: De um lado, a preexistência de gêneros de textos no espaço estruturado do arquitexto; de outro, os mecanismos de interação entre todo texto (qualquer que seja seu gênero), que remetem a uma problemática completamente outra; a da capacidade de autorreflexividade de ilimitada da linguagem humana, da qual esses fenômenos são uma das manifestações empíricas (Bronckart, J., 2006a, p. 145. Grifos do autor). Essa distinção leva-nos a compreender a relação do contexto de produção e da arquitetura dos textos como duas faces de um processo composicional do texto, cuja estrutura pode ser analisada em níveis mais profundos da construção do texto, ou do produto do agir linguageiro. J. Bronckart (2006a) expõe, na figura a seguir, a representação um esquema mais detalhado da análise da arquitetura textual. Figura 15 - Os três níveis da arquitetura textual INFRAESTRUTURA TIPOS DE DISCURSO COERÊNCIA TEMÁTICA COERÊNCIA PRAGMÁTICA (Processos Isotópicos) (Engajamento enunciativo) CONEXÃO GESTÃO DAS VOZES COESÃO NOMINAL EVENTUAIS SEQUÊNCIAS Fonte: J. Bronckart (2006a, p. 147) COESÃO VERBAL MODALIZAÇÕES 108 No sentido de analisarmos os três níveis da arquitetura textual, o esquema de J. Bronckart (2006a, 1999) ilumina caminho percorrido a seguir em que estudamos a infraestrutura textual, os mecanismos de textualização (coerência temática) e os de enunciação (coerência pragmática), ao mesmo tempo buscamos estabelecer relação com as affordances propiciadas, respeitando os níveis hierárquicos da arquitetura textual das fanfictions produzidas pelos alunos do nono ano. 7.2.2.1 Infraestrutura textual A infraestrutura textual consiste em um nível mais profundo da arquitetura do texto e é definida “pelas características do planejamento geral do conteúdo temático [...] e pelos tipos de discursos mobilizados e suas modalidades de articulação” (BRONCKART, J., 2006a, p. 148. Grifo do autor). Dessa forma, analisamos o plano geral das fanfictions através da estrutura em que são apresentadas, para então identificarmos o tipo de discurso que compõe esse gênero. De acordo com J. Bronckart (1999), as formas linguísticas que classificam os tipos de discurso não podem ser consideradas de forma dissociada do contexto no qual elas estão inseridas, pois elas se encontram diretamente ligadas ao agir linguageiro e às dimensões práticas do ato comunicativo. Sendo assim, podemos considerar as 19 fanfictions do corpo de nossa análise relacionadas diretamente com o contexto de produção e com marcas de interação com o mundo do emissor e do receptor. Nessa perspectiva, o conteúdo temático de todas as fanfictions estabelece relação com fatos históricos e está em intertextualidade com obra “Animal Farm” de George Orwell, uma vez que a essência do gênero fanfiction é a sua ligação temática com a obra denominada canônica, com o qual o mundo fandom, ou o mundo/reino dos fãs, está em direta e constante inter-relação (como discorremos no capítulo 4). Consequentemente, como a narrativa ficcional escrita pelos estudantes-autores é produto de uma ponderação hipotética, criativa e do interesse desses autores, sobre o que aconteceria na obra original (ou canônica, sob o olhar do fandom) se um caminho narrativo distinto fosse levado em consideração, toda a composição textual aponta para o tipo de discurso da ordem do narrar. 109 Sobre esse aspecto, J. Bronckart (2006a) afirma que as operações contidas nos tipos de discurso intervêm nessas operações do intertexto e apresentam duas marcas conjugadas: disjunção/conjunção e implicação/autonomia. Ele explica que Para a primeira (disjunção/conjunção) ou as coordenadas que organizam o conteúdo temático verbalizado são explicitamente colocadas a distância das coordenadas gerais da situação de produção do agente (ordem do NARRAR), ou elas não o são (ordem do EXPOR). Para a segunda [implicação/autonomia], ou as instâncias de agentividade verbalizadas são colocadas em relação com o agente produtor e sua situação de ação da linguagem (linguageira) (implicação), ou elas não o são (autonomia). O cruzamento do resultado dessas decisões produz, então, quatro “atitudes de locuções” que chamamos de mundos discursivos: NARRAR implicado, NARRAR autônomo, EXPOR implicado, EXPOR autônomo (Bronckart, J., J2006a, p. 151. Grifos do autor). Nesse mesmo sentido, o autor acrescenta que esses aspectos analisados em seu método permitiram identificar configurações de unidades e de processos da língua que denotam esses mundos discursivos e ele, assim, denominou os quatro tipos de discurso: “discurso interativo, discurso teórico, relato interativo e narração” (Bronckart, J., 2006a, p. 151. Grifos do autor). Neste ponto de nossa análise, consideramos o tipo de discurso da ordem do narrar, pois o conteúdo temático das fanfictions relacionou-se com fatos passados ou até com situações hipotéticas do futuro, estritamente ligados à história (situada pelo contexto histórico-social de produção da obra de Orwell) e imensamente conectados ao imaginário do sujeito-leitor e escritor desse gênero textual. Portanto, o discurso das fanfictions apresenta-se organizado com marcas de disjunção entre o mundo discursivo e as coordenadas que integram o emissor, o receptor, o lugar e, intrinsecamente, ao mundo físico, social e subjetivo da produção do texto (STRIQUER, 2014). Dessa forma, observamos o recurso de ancoragem no aspecto da disjunção nos trechos iniciais das fanfictions: After 25 years of the animal revolution at the Animal Farm, Mr. Jones, (…) (Fanfiction 3) After a while of the animal revolution at the Animal Farm, Mr. Jones (…) (Fanfiction 10) One day, many years before the Revolution, a young pig simply appeared in front of the Manor Farm. (Fanfiction 12) For quite a while, the animals learned to live with the inequality that reigned over the newly renamed Manor Farm. (Fanfiction 32) 110 Years have passed and now all animals of the old farm are dead, there is a new generation in a new farm, (…) (Fanfiction 34) Five years had passed [sic] and Napoleon still ruled the animal farm. (Fanfiction 42) It has been a week since she had last seen Mollie. (Fanfiction 46)58 Devido à disjunção com esses recursos constituídos de marcação temporal, presentes nas sete fanfictions apresentadas, entendemos que o recurso de ancoragem comum é de uma expressão indicativa de espaço-tempo para situar o leitor como a narrativa ficcional escrita pelos estudantes-autores insere-se na composição da narrativa original. Desse modo, há o entrelaçamento da narração do fandom com a do autor (George Orwell), reforçando a característica intertextual do gênero fanfiction. Da mesma forma, esse recurso situa as personagens no espaçotempo da narrativa original e não há a localização do espaço-tempo da ação de produção do texto, acarretando ao intertexto a denominada operação de autonomia, de acordo com J. Bronckart (2006a). A marcação de ancoragem das outras 13 fanfictions ocorre com a descrição de uma cena, de uma característica ou ação de alguma personagem, situando-a também no espaço-tempo da narrativa original, como vemos nos trechos introdutórios das fanfictions. My Dear Beloved Squealer, You’ve probably noticed that I’m not ruling the sh!tty farm anymore. (Fanfiction 2) After Napoleon made the deal with the humans they started to work in the farm and share power with Napoleon. (Fanfiction 3) Snowball eyes glistened as he presented the windmill idea to the animals on the farm. (Fanfiction 7) Napoleon ordered all the animals to assemble in the yard. When they were all gathered together, Napoleon emerged from the farmhouse, with his nine huge dogs frisking around him and barking, which scared the animals. (Fanfiction 11) 58 Depois de 25 anos da revolução na Fazenda dos Animais, Mr. Jones, (…) (Fanfiction 3) / Depois de um tempo após a revolução na Fazenda dos Animais, Mr. Jones (...) (Fanfiction 10) / Um dia, muitos anos antes da Revolução, um jovem porco simplesmente apareceu na frente da Manor Farm. (Fanfiction 12) / Por um bom tempo, os animais aprenderam a viver com a desigualdade que reinava sobre a recém-batizada Manor Farm. (Fanfiction 32) / Anos se passaram e agora os animais da fazenda antiga estão mortos, há uma nova geração em uma nova fazenda, (...) (Fanfiction 34) / Cinco anos tinham passado e Napoleon ainda comandava a fazenda dos animais. (Fanfiction 42) / Faz uma semana que ela tinha visto a Mollie. (Fanfiction 46). Tradução nossa. 111 It was fall. All the leaves were the color of gold. Ironic, since gold could save all the animals. A leaf fell from a tree in the grave of the sheep who had died in the Battle of Cowshed. Benjamin was there. (Fanfiction 16) Old Major knew he was going to die because he had a strange dream [sic] and he was thinking of communicating to the other animals about it. (Fanfiction 20) Animal Farm. The members of this community lived in constant change, conforming to the transformations of their government, that is, the footsteps of which leader they would follow. (Fanfiction 22) While the other animals put a lot of effort into helping the farm, Clover spent her days watching the fields and their hard work through the small stable's window, wanting really badly to be there. (Fanfiction 24) The animals, as always, were working like slaves to rebuild the windmill as fast as possible. The first step they had to work on was to dig a hole in the ground, but this time something unusual happened. (Fanfiction 25) In their secret spot, Mollie is comforting Snowball, saying she believes in him, that he is the true leader of the farm [sic] and she hopes Napoleon doesn’t exile him. (Fanfiction 36) Old Major’s journal: I can’t take this life anymore, I’m getting too old to live like this, Mr. Jones is making me starve out here, and I don’t want it anymore. But how am I going to make some difference? I guess I will need to get rid of Mr. Jones, (…) (Fanfiction 40) Mollie didn't originally plan on fleeing. She wasn't a coward, well she was, but she didn't want to be one. The rebellion promised to improve the quality of their lives, but the rebellion only increased her working hours and calluses. She wasn't happier like Old Major promised, she was depressed, she couldn't take it anymore, and eventually, she left. (Fanfiction 44)59 59 Meu querido e amado Squealer, você provavelmente notou que eu não estou mais administrando a m* da fazenda (Fanfiction 2) (Ocultamos o léxico ofensivo representado também de forma indireta e oculta em sh!tty na fanfiction) / Depois de Napoleon ter feito o acordo com os humanos, eles começam a trabalhar na fazenda e dividir o poder com Napoleon. (Fanfiction 3) / Os olhos de Snowball brilharam assim que ele apresentou a ideia do moinho de vento para os animais da fazenda. (Fanfiction 7) / Napoleon ordenou que todos os animais se reunissem no quintal. Quando eles todos estavam juntos reunidos, Napoleon surgiu da casa da fazenda, com seus nove grandes cachorros agitados ao redor dele e latindo, o que assustou os animais. (Fanfiction 11) / Era o outono. Todas as folhas estavam com a cor de ouro. Irônico, uma vez que o ouro poderia salvar todos os animais. Uma folha caiu de uma árvore no túmulo da ovelha que tinha morrido na batalha chamada de Battle of Cowshed. Benjamin estava lá. (Fanfiction 16) / Old Major sabia que ele iria morrer porque ele teve um sonho estranho e ele estava pensando em comunicar para os outros animais sobre isso. (Fanfiction 20) / A Fazenda dos Animais. Os membros dessa comunidade viviam em constante mudança, de acordo com as transformações de seu governo, ou seja, [seguindo] os passos que cada líder dava. (Fanfiction 22) / Enquanto os animais se esforçavam em ajudar a fazenda, Clover passava seus dias observando os campos e o trabalho duro dos animais através de uma janela pequena do estabulo, querendo muito que ela estivesse lá. (Fanfiction 24) / Os animais, como sempre, estavam trabalhando como escravos para reconstruir o moinho de vento o mais rápido possível. O primeiro passo que eles tinham que fazer era trabalhar na abertura de um buraco no chão, mas dessa vez alguma coisa incomum aconteceu. (Fanfiction 25) / No lugar secreto, Mollie está confortando Snowball, dizendo que ela acredita nele, que ele é o verdadeiro líder da fazenda e ela espera que Napoleon não o expulse. (Fanfiction 36) / Diário do Old Major: eu não consigo lidar com isso mais, estou ficando muito velho para viver dessa forma, Mr. Jones está me fazendo passar fome aqui e eu não quero mais isso. Mas como eu vou fazer alguma diferença? Eu acho que eu vou precisar dar um jeito no Mr. Jones, (...) (Fanfiction 40) / Mollie não tinha originalmente planejado de fugir. Ela não era covarde, bem ela era, mas ela não queria ser. A rebelião 112 No mesmo sentido de inserir o espaço-tempo da fanfiction na narrativa original de Orwell, a Fanfiction 9 é a única cujo contexto do mundo real alonga-se na introdução como recurso de ancoragem, pois, até o quarto parágrafo, a nova personagem (a baleia Tilikum) é apresentada em seu ambiente (no tanque de um parque aquático), e a cena descrita toma espaço da fanfiction até o ponto que outra personagem (uma pomba) usa a expressão típica do discurso político e situada na obra original “Olá, meu camarada!”60, dessa maneira, anunciando a transição desse novo espaço-tempo do contexto do mundo real como parte integrante da narrativa ficcional construída. Por conseguinte, poderíamos denominar como a única fanfiction que emprega a locução do narrar implicado, pois há a necessidade de demonstrar a implicação do conteúdo do mundo real em um espaço e tempo ligados diretamente com a produção do texto (Striquer, 2014). Ainda neste ponto de nossa análise, atentamos para o sequenciamento estruturado na composição textual do intertexto que configura modos particulares da planificação do texto. De acordo com Adam (1990 apud Brockart, 1999, p. 218), as sequências apresentam uma disposição contínua ou linear do conteúdo temático e são [...] modelos abstratos de que os produtores e receptores de textos dispõem, definíveis, ao mesmo tempo, pela natureza das macroposições que comportam e pelas modalidades de articulação dessas macro proposições em uma estrutura autônoma. Portanto, a forma sequencial das 19 fanfictions escritas pelos alunos do novo ano constitui-se em sequência narrativa, pois o tema é amparado em um processo inicial de conflito, criando uma tensão que procura estabelecer transformações à estrutura da narrativa e objetiva a resolução desse conflito, focalizando um estado de equilíbrio. Em sua construção, a sequência narrativa institui uma ordem cronológica dos acontecimentos. Neste nível hierárquico da arquitetura interna do texto, reforçamos as affordances propiciadas e descritas nos elementos analisados na seção anterior prometeu melhorar a qualidade de vida deles, mas a rebelião só aumentou as horas de trabalho dela e os calos. Ela não estava mais feliz como Old Major prometeu, ela estava depressiva, ela não aguentava mais, e no final, ela foi embora. (Fanfiction 44). Tradução nossa. 60 Trecho original da Fanfiction 9: “Hello, my fellow comrade!” said one of the pigeons, landing on the rock closest to the whale” (Trecho do quinto parágrafo). 113 (7.2.1) e compreendemos que, deste nível em diante, os elementos linguísticos da língua inglesa desenvolvidos no nono ano e, especificamente, as estruturas hipotéticas e os condicionais focalizadas no trabalho com o gênero fanfiction, conforme sequência didática elaborada (ver capítulo 6.7), representam affordances linguísticas oferecidas ao desenvolvimento dos objetivos linguístico-discursivos do curso do nono ano. Analisamos o planejamento geral do texto em composição do conteúdo temático, assim como discorremos acerca dos tipos de discurso que são articulados nas fanfictions. A seguir, analisamos os mecanismos de coerência temática e pragmática. 7.2.2.2 Mecanismos de textualização O conteúdo temático também é estruturado por articulações lógicas, hierárquicas e temporais que auxiliam em sua estruturação; e os mecanismos de textualização ou de coerência temática tomam a função dessas articulações na arquitetura interna do texto. A conexão, a coesão nominal e a coesão verbal são os três grandes conjuntos de mecanismos de textualização. De acordo com J. Bronckart (2006a), os mecanismos de conexão fornecem a marcação dos traços de progressão temática e são pertinentes aos processos isotópicos ou de referenciarão na construção temática do texto. Eles são organizadores textuais que “podem se aplicar ao plano geral do texto, às transições entre tipos de discurso, às transições entre frases de uma sequência, ou, ainda, às articulações mais locais entre frases sintáticas” (Bronckart, J., 2006a, p. 148). Os mecanismos de coesão nominal funcionam para inserir os temas e as personagens novas no texto e certificam a sua retomada ou a sua continuidade, na sequencialidade do texto, por meio do aparelhamento de unidades e estruturas anafóricas ou de repetição. Ainda, os mecanismos de coesão verbal garantem “a organização temporal e/ou hierárquica dos processos (estados, eventos ou ações) verbalizados no texto e são essencialmente realizados pelos tempos verbais” (Bronckart, J., 2006a, p. 148). Para organizar um caminho que leve a nossa análise a esses mecanismos, criamos categorias em consonância com os conteúdos trabalhados no nono ano (como discorremos no capítulo 6.4). Contemplando os processos de conexão, definimos a categoria dos conectivos (Linking Words) para a composição da 114 sequência narrativa. Para os mecanismos de coesão nominal, especificamos a categoria de orações relativas (Relative Clauses) para determinar a inserção das personagens na narrativa. Especialmente, deliberamos à categoria tempos verbais os elementos da estrutura hipotética ou dos condicionais (If Clauses 2nd and 3rd, Mixed, Wishes and Regrets, If Only, What If) que centralizam a proposição da escrita da fanfiction (ver capítulos 6.6 e 6.7) e que foram usados nas sinopses das fanfictions para criar a ponderação ‘E se algo acontecesse na história que...’ (What if...). Contudo esse mecanismo de coesão verbal estabelece situação imaginária ou hipotética (nas sinopses das fanfictions) que comporta os tempos verbais da narrativa (Narrative Tenses) como mecanismo de estruturação ou narração, presentes no texto das fanfictions. Usamos, portanto, essas categorias para observar como os mecanismos de textualização são desenvolvidos e estão presentes nas fanfictions. 7.2.2.2.1 Processos de conexão Os conectivos são palavras ou expressões que unem as frases, as orações e os parágrafos no corpo do texto, estruturando a conexão de ideias e desenvolvendo a sequencialidade coerente do texto. Para a pesquisa de expressões utilizadas no corpo dos textos de nossa análise, utilizamos o programa Atlas.ti com o recurso disponível denominado de Pesquisa de Expressões Regulares, como podemos ver no exemplo da pesquisa do conectivo ‘after’ (depois, em seguida) nas sentenças do corpo de 19 fanfictions. 115 Figura 16 - Pesquisa Expressões Regulares (conectivo ‘after’) no software Atlas.ti Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor A nossa primeira categoria de análise é estabelecida pelos conectivos para a composição da sequência narrativa, denominados de ‘Linking Words', com a funcionalidade de organizar a sequência dos eventos e acontecimentos das 19 fanfictions escritas pelos alunos do nono ano. Observamos que o conectivo ‘after’ (depois, em seguida) e expressões derivadas do mesmo sentido, construídas com ‘after’, como ‘long after’ (muito tempo depois) (Fanfiction 3), ‘shortly after’ (pouco tempo depois) (Fanfiction 25), foram recursos de continuidade da sequência narrativa presentes em 14 das fanfictions (Fanfictions 3, 9, 10, 11, 20, 25, 32, 34, 36, 40, 44, 46). Deram-se outras recorrências do mesmo léxico, mas elas tiveram funções gramaticais e textuais diferentes na língua inglesa, como no caso da Fanfiction 46, na frase ‘Slowly, she went after the pigeons (...)’ (Vagarosamente, ela foi atrás das pombas). Notamos também que a expressão ‘after that’ (depois disso) foi utilizada em duas fanfictions (Fanfiction 25 e 32) e ‘afterwards’ (após, em seguida) em uma fanfiction (Fanfiction 42). Outra expressão que conecta a sequência narrativa e que é muito comum foi ‘when’ (quando); e encontramos o uso desse conectivo em 18 116 narrativas ficcionais (Fanfiction 2, 3, 7, 10, 11, 12, 16, 20, 22, 24, 25, 32, 34, 36, 40, 42, 44, 46). Outro conectivo que costuma constar no repertório de narrativas em língua inglesa é ‘next’ (em seguida, próximo). Ele foi usado em cinco das fanfictions, frequentemente com a composição da expressão ‘the next day’ (no próximo dia) e ‘the next morning’ (na próxima manhã) (Fanfictions 22, 24, 25, 40, 44). Outro conectivo ‘later’ (mais tarde, depois) é frequentemente usado com a composição de expressões temporais com as palavras ‘day’ (dia), ‘night’ (noite), ‘week’ (semana), ‘hour’ (hora) e ‘minute’ (minuto). Encontramos esse conectivo em sete fanfictions (Fanfictions 10, 11, 24, 32, 40, 42, 44). Outra expressão conectiva da sequência narrativa pouco usada ‘in the meantime’ (enquanto isso) constava em somente duas das fanfictions (Fanfiction 3 e 20). O conectivo ‘finally’ (finalmente) foi utilizado em nove fanfictions (Fanfictions 10, 12, 16, 20, 32, 36, 40, 44, 46). No sentido de estruturar suas narrativas ficcionais, os estudantes-autores tomaram caminhos criativos e particulares do intertexto e fizeram uso de processos de conexão regulares por meio dos conectivos que organizam a sequencialidade das fanfictions de forma variada. Por meio da amostragem que realizamos neste ponto da análise, podemos perceber que a estruturação da sequência narrativa apresenta conectivos mais elementares e outros em expressões derivadas deles. Todavia os conectivos certificam o processo de conexão das ideias e dos eventos narrados. Tomamos, a seguir, os mecanismos de coesão nominal com o olhar à categoria de orações relativas (Relative Clauses) que são usadas para a inserção das personagens nas fanfictions. 7.2.2.2.2 Mecanismos de coesão nominal Seguimos a análise dos mecanismos de coesão nominal considerando a categoria de orações relativas (Relative Clauses), usadas na fanfiction para inserir as personagens no texto. Essas orações têm a função de ligar informações e características às personagens. Elas são construções compostas pelos pronomes relativos (Relative Pronouns) ‘who’ (quem), ‘which’ (qual ou quais), ‘whose’ (cujo ou cuja), ‘whom’ (quem ou para quem) e ‘that’ (que). Há dois tipos de orações relativas: a explicativa e a restritiva. A oração relativa explicativa acrescenta um sentido dispensável para a compreensão total da frase, podendo ser até suprimida. A oração relativa restritiva acresce sentido indispensável à frase e não pode ser suprimida. 117 Também utilizamos o recurso de Pesquisa de Expressões Regulares do software Atlas.ti para identificar a composição desses mecanismos nas 19 fanfictions. Ocorreu um uso expressivo das orações relativas com a função de apresentar as personagens ou lhes atribuir características pertinentes à estrutura da narrativa, fortalecendo a coesão nominal, como podemos ver na figura a seguir. A utilização, por exemplo, do pronome relativo ‘who’ (quem), que a norma de gramática da língua inglesa aponta para o uso somente relacionado com personagens pessoas e não animais, na composição da fanfiction, acarreta o uso relacionado às personagens animais, como no recurso de personificação, tipicamente usada como coesão nominal em fábula. A obra “Animal Farm”, de George Orwell, é denominada como uma fábula sobre o poder ou, como algumas editoras apresentam a obra, uma sátira política, uma alegoria, ou, ainda, uma novela. Sendo assim, o uso das personagens com características humanas impõe o uso do pronome relativo (‘who’/quem) para os animais personagens da obra literária. Figura 17 - Pesquisa Expressões Regulares (pronome relativo ‘who’) no software Atlas.ti Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor 118 Identificamos o uso dos pronomes relativos: ‘who’ (quem) em 17 das 19 fanfictions; ‘which’ (qual) em 11 fanfictions; ‘whose’ (cujo, cuja) em uma fanfiction; ‘whom’ (a quem, quem) não foi usado. Como o uso da palavra ‘that’ (que) como pronome relativo era o léxico de nosso interesse, fez-se necessário diferenciarmos seu uso para diferentes formas gramaticais: ‘that’ (aquele, aquela, aquilo) como pronome demonstrativo, ‘that’ (isso, esse, essa) usado para mencionar ou referir-se ao que já foi mencionado anteriormente, também, como mecanismo de coesão nominal, mas não pertencente à categoria determinada. Logo, o ‘that’ (que) com a função de relacionar características a alguma personagem com a mesma função dos outros pronomes apareceu em todas fanfictions. Observamos que, em grande maioria de orações relativas, o uso das orações relativas restritivas é mais frequente para associar alguma características a personagens. Percorremos as fanfictions do recorte de nossa análise contemplando os mecanismos de coesão nominal (Relative Clauses). A seguir, damos continuidade à apreciação dos mecanismos de coesão verbal para completar a análise dos recursos de coesão temática. 7.2.2.2.3 Mecanismos de coesão verbal No sentido de analisar os mecanismos de textualização nesse nível da estrutura da composição textual, tomamos o que J. Bronckart (2006a) afirma sobre os mecanismos de coesão verbal. Ele refere que esses mecanismos [...] são essencialmente realizados pelos tempos verbais. Essas marcas estão, no entanto, em interação com os tipos de lexemas verbais aos quais elas se aplicam, assim como com outras unidades de valor temporal (notadamente os advérbios e os organizadores textuais), e sua distribuição depende, além disso, mais claramente do que para os dois mecanismos precedentes, dos tipos de discurso nos quais ocorrem (Bronckart, J., 2006a, p. 148-149. Grifo do autor). Em virtude do grande número de produções textuais que temos em nossa análise e com base na explicação de J. Bronckart (2006a) acerca da distribuição dos tempos verbais da narrativa (Narrative Tenses) e sua composição com advérbios e organizadores textuais com ancoragem temporal e sequencial, reforçamos que o tipo de discurso da ordem do narrar presente nas 19 fanfictions abarca os mecanismos de 119 coesão verbal e, da sequencialidade, do construto da narrativa em resposta à situação hipotética circunscrita na proposição apresentada nas sinopses das fanfictions. Essa parte textual da composição do gênero fanfiction apresenta os recursos temporais subordinados aos elementos da estrutura hipotética ou dos condicionais (If Clauses 2nd and 3rd, Mixed, Wishes and Regrets, If Only, What If). A sinopse tem a função de apresentar brevemente o tema da fanfiction e o ponto de intertextualidade com a obra original, com a qual a fanfiction fez paralelo para o desenvolvimento do seu enredo. Todavia como a proposta de escrita de fanfictions descrita na sequência didática (ver capítulo 6.7) requeria uma ponderação hipotética de o que aconteceria na história “Animal Farm” se algo proposto pelos estudantes-autores fosse desenvolvido em uma narrativa ficcional, compreendemos que os elementos estruturantes do condicional e recursos hipotéticos apresentam um mecanismo de coesão verbal disparador para os tempos verbais da narrativa e, certamente, da própria constituição das fanfictions. Sobre esse aspecto, utilizamos o mesmo recurso do programa Atlas.ti (Pesquisa de Expressões Regulares) e pesquisamos pela expressão de ponderação hipotética em inglês ‘what if’ (e se/e se algo acontecesse) que é a expressão-chave do estudo do gênero fanfiction, proposição essa que também ganhou destaque na arte do blog (Tumblr) onde as fanfictions foram publicadas (ver Figura 4). Podemos ver na página do software Atlas.ti a busca nas sinopses por essa expressão hipotética a seguir. 120 Figura 18 - Pesquisa Expressões Regulares (expressão ‘what if’) no software Atlas.ti Fonte: Print da Tela do Software Atlas.ti produzida pelo autor Encontramos a expressão ‘what if’ (e se/e se acontecesse) em 14 das 19 fanfictions, especificamente, nas sinopses dessas fanfictions. A expressão ‘if only’ (se apenas), que denota uma condição indireta e certo arrependimento em língua inglesa, que também conota um sentido hipotético, foi usada em somente uma fanfiction. Os condicionais dos denominados de segundo e terceiro tipos (‘2nd and 3rd Conditionals’) e os chamados ‘mixed’ (‘misturados’), que misturam os dois tipos, foram empregados em quatro fanfictions (Fanfiction 2, 3, 25 e 46). Os condicionais de segundo e terceiro tipos têm a função gramatical e semântica de elaborar condições irreais (‘unreal conditionals’), pois eles expressam condições hipotéticas. Como podemos observar nos trechos das fanfictions If it wasn’t for me [sic] we would still be slaves of the Jones [sic] family, or worse, we would be their meals. (Fanfiction 2. Second Conditional) If the pigs had a way to travel back in time, they would for sure try to change the course of history in their favor. (Fanfiction 25, trecho da sinopse. Second Conditional) If Benjamin had changed after the book’s storyline, he would have created various movements. (Fanfiction 3, trecho da sinopse. Third Conditional) 121 O tipo denominado de ‘mixed’ combina elementos da segunda condicional com a terceira, como no trecho usado na sinopse da Fanfiction 3 e no texto da Fanfiction 46, para refletir um acontecimento hipotético com base na estrutura da narrativa original com especulação em um possível desfecho If pigs had decided to help the other animals, what would happen? (Fanfiction 3, trecho na sinopse. Mixed Conditional) If she truly loved Mollie, she would have controlled herself and kept it. (Fanfiction 46. Mixed Conditional) Realizamos a análise dos mecanismos de coesão verbal e certificamos que eles asseguraram organização do espaço-tempo da estrutura da narrativa nas 19 fanfictions. Também, corroboramos a ideia de J. Bronckart (2006a) no aspecto da composição textual referente a esses mecanismos, no que tange sua dependência direta ao tipo do discurso das fanfictions, que é da ordem do narrar. Esses elementos linguísticos são reflexo das affordances linguísticas oferecidas no curso de inglês do nono ano do colégio em questão e contemplam ampliação do repertório linguístico e de desenvolvimento da proficiência com maior sofisticação da língua inglesa. A seguir, examinamos as fanfictions com o olhar para a coerência pragmática a partir dos mecanismos enunciativos. 7.2.2.3 Mecanismos enunciativos Os mecanismos enunciativos constituem o nível da hierarquia textual responsável pela coerência pragmática da arquitetura interna do texto. Neste nível, o engajamento enunciativo é representando pela gestão das vozes e nas modalizações. De acordo com J. Bronckart (2006a, p. 149), “esses mecanismos não se encontram diretamente relacionados à progressão temática” e estão em menor subordinação aos elementos que antecedem ou aos que prosseguem na linha da estrutura sintagmática do texto. O autor explica que os mecanismos enunciativos [...] contribuem para o estabelecimento da coerência pragmática do texto, explicitando, de um lado, as diversas avaliações (julgamentos, opiniões, sentimentos), que podem ser formuladas a respeito de um outro aspecto do conteúdo temático e, de outro, as próprias fontes dessas avaliações (Bronckart, J., 1999, p. 319). 122 Em vista disso, J. Bronckart (2006a, 1999) explica que a distribuição das vozes no texto aponta para instâncias que representam o que é manifesto ou expresso em um texto. Elas podem não ser marcadas por elementos linguísticos específicos, mas podem ser distinguidas por três conjuntos de vozes: a do autor, as sociais e as de personagens. A voz do autor é aquela que comenta ou avalia o conteúdo temático, como em um artigo científico, por exemplo. As vozes sociais ou de instituições sociais são aquelas que não estão diretamente implicadas nos acontecimentos, porém são mencionadas ou citadas com o intuito de compartilhar suas avaliações sobre o conteúdo temático. Finalmente, as vozes de personagens, como Striquer (2014, p. 321) explica, “são aquelas que denotam as vozes de pessoas e de instituições humanizadas implicados como agentes dos acontecimentos, exemplo: no romance, a voz do protagonista”. Ainda sobre o engajamento enunciativo, destacamos que a produção das fanfictions é resultante de um redesign do caminho pedagógico idealizado na sequência didática elaborada pelo professor-pesquidador (ver capítulo 6.7) à luz da Pedagogia dos Multiletramentos. Compreendemos que o trabalho pedagógico com esse gênero textual (fanfiction) em intertextualidade com o gênero literário mais clássico (canônico) e em sintonia à Cultura Participativa (ver capítulo 4) favorece práticas pedagógicas e sociais em língua inglesa (nosso contexto de análise), que incorporam o repertório do educando e ampliam as possibilidades de uma aprendizagem mais crítica e autônoma, ou seja, de uma prática transformada. Por consequência, como os autores do Grupo Nova Londres (GNL) (1996/2021) amparam, os designs disponíveis no trabalho com o gênero textual produzem (novos) discursos e estilos, abarcando práticas linguísticas e discursivas por meio das vozes, como recursos enunciativos nos e dos textos. No sentindo de atentar para a gestão das vozes nas fanfictions, analisamos as 19 fanfictions e, em todos os textos, as vozes de personagens são os recursos utilizados como a instância enunciativa da composição textual, refletindo seus valores, suas crenças, ou seja, as vozes dos estudantes materializaram-se nas fanfictions por meio das vozes de personagens. Diante disso, resgatamos a perspectiva de Busch (2015), cujo conceito de repertório comporta a multiplicidade de vozes em práticas sociais e no agir linguageiro (ver capítulo 2.1). Para a autora, o diálogo das línguas compõe a trama de uma tecitura linguística complexa e diversa por meio das 123 dimensões de multidiscursividade em um espaço de comunicação constituído de práticas sociais e linguísticas. Mediante esse aspecto do repertório, compreendemos que tanto no texto das fanfictions como nas respostas ao questionário eletrônico, os estudantes fizeram uso de seus repertórios. Busch (2015) advoga acerca dos recursos mobilizados pelos falantes que são fundamentais na composição do repertório e, assim, identificamos o aspecto da multidiscursividade tanto nos conteúdos temáticos abordados nas fanfictions como nos textos em que os alunos falaram sobre como tiveram a ideia do tema de seus textos. O questionário, por exemplo, foi distribuído de forma eletrônica, em português, por fazer parte da pesquisa acadêmica, e mesmo assim observamos que alguns alunos responderam em português, mas com léxicos em inglês, como o nome da obra literária ou das personagens, ou ainda responderam às perguntas do questionário totalmente em inglês, como é o caso das respostas dos estudantesautores das Fanfictions 24 e 36. Nos textos das fanfictions, os conteúdos temáticos denotam as vozes do emissor, dos estudantes-autores, mediante segmentos de frases composicionais dos textos e, por conseguinte, representando assuntos que são de seus interesses ou que atravessam os discursos desses sujeitos-estudantes, como nos temas: nazismo, autoritarismo, ditadura, teoria da conspiração, maus-tratos aos animais, manipulação, poder, hipocrisia, vingança, sexismo, guerra, influência da internet, sociedade neoliberal capitalista, histórias de amor, amor proibido, comunidade LGBTQIAP+. Portanto, temas pertinentes aos assuntos que foram instigados por meio de affordances propiciadas pelo ambiente de aprendizagem, pela pedagogia abordada, pelas didáticas utilizadas, pela tecnologia disponível, pelos estudos linguísticodiscursivos em língua inglesa. Além do estímulo para a aprendizagem, os temas também são derivados dos repertórios e conhecimento cultural e de mundo dos alunos, assim como de seus interesses, os quais ganham espaço, em sala de aula, para serem compartilhados entre colegas e, dentro da comunidade escolar, ampliados, enriquecidos e multiplicados. Conforme o quadro 6, análise dos níveis da arquitetura textual de J. Bronckart (2006a), a coerência pragmática ainda comporta as modalizações como forma de evidenciar os julgamentos ou avaliações sobre o conteúdo temático abordado nos textos. J. Bronckart (2006a, p. 149, grifo do autor) explica que a modalização “se realiza por meio de unidades ou conjuntos de unidades linguísticas de níveis muito 124 diferentes, que chamamos de modalidades: tempo verbal no futuro do pretérito, auxiliares de modalização, certos advérbios, certas frases impessoais etc.”. Nesse sentido, Striquer (2014), em consonância com J. Bronckart (1999, 2006a) e Koch (2000), apresenta as modalizações em quatro funções: as modalizações lógicas, ou epistêmicas, as deônticas, as apreciativas e as pragmáticas. As modalizações lógicas ou epistêmicas são utilizadas como marcas da avaliação do emissor sobre o conteúdo temático acerca dos valores de verdade, ou seja, dos valores situados no eixo do conhecimento. As modalizações deônticas demarcam a avaliação do emissor sobre o conteúdo temático acerca dos valores sociais. Essas duas modalizações apareceram nos textos por meio dos tempos verbais do condicional, advérbios, auxiliares e orações impessoais. As modalizações apreciativas são “as avaliações acontecem mais subjetivamente pela voz que avalia, [...] apresentada do ponto de vista do avaliador como sendo boas, más, estranhas, etc.” (Striquer, 2014, p. 321). Os advérbios ou orações adverbiais que exprimem essa avaliação (felizmente, infelizmente, por exemplo) são marcas dessas modalizações. Ainda, as modalizações pragmáticas assinalam as avalições que contribuem “para a responsabilização de um agente, sobre o poder-fazer do agente, de sua intencionalidade, suas razões e capacidades de ação” (Striquer, 2014, p. 322). Como acontece no uso de auxiliares de modo que explicam as intenções do agente. Destacamos as marcações dos condicionais e das expressões hipotéticas, ou do tempo verbal do futuro do pretérito nas fanfictions, como os mecanismos de responsabilidade enunciativas de modalização epistêmicas e deônticas utilizados em todas as sinopses das fanfictions para evocar o imaginário e as ponderações hipotéticas e condicionais das narrativas ficcionais em intertextualidade com a obra de Orwell. Essas duas modalidades estabelecidas nas 19 fanfictions respondem à proposta de escrita da fanfiction, sobretudo, reforçam as vozes enunciativas e denotam julgamentos de valor sobre as verdades dos estudantes-autores e sobre valores sociais Mais uma vez, reforçamos que as affordances linguísticas propiciadas ao longo da sequência didática, com foco no gênero fanfiction, permitiram um alto grau de elaboração na produção escrita dos estudantes em relação ao nível linguísticodiscursivo, também, de coesão e coerência textuais, de multidiscursividade e de alcance cultural e literário. Organizamos o quadro a seguir com os tipos de affordances propiciadas e conceituadas ao longo de nossa análise: 125 Quadro 7 - Tipos de affordances propiciadas Tipo de affordances Affordances do meio ambiente Affordances tecnológicas Affordances linguísticas Elementos relacionados Ambiente escolar, sala de aula, aulas de língua inglesa, interação em grupos como em círculos de leitura. Internet e computadores, escrita das fanfictions por meio da ferramenta de edição de texto (Word ou Google Docs) e da plataforma (blog) de leitura e publicação de fanfictions (Tumblr) Conectivos (linking words), orações relativas (relative clauses), elementos da estrutura hipotética ou dos condicionais (if clauses 2nd and 3rd, mixed, wishes and regrets; expressões if Only, what if) e verbos da narrativa (narrative tenses). Fonte: elaboração própria Identificamos, também, que os movimentos pedagógicos elaborados à luz da Pedagogia dos Multiletramentos centralizaram os estudantes como emissoresreceptores (autores) no processo de ensino-aprendizagem. Mormente, seus repertórios contribuíram, de forma significativa, para esse processo, fortalecendo práticas educativas (transformadas e críticas) acerca do gênero fanfiction, desse modo, enunciando os valores de mundo dos estudantes, evidenciando seus interesses e, por conseguinte, ampliando seus repertórios. 126 8 CONCLUSÃO No percurso de pesquisa acadêmica estabelecido para esta dissertação, apresentamos os repertórios em cena e revelamo-los de suma importância para o fazer científico e para o olhar pedagógico inter-relacionados. As obras literárias e acadêmicas, sobretudo as produções textuais de autoria de estudantes, entrelaçaramse para compor o objeto de análise deste estudo. Ressignificamos o olhar investigativo para com o texto produzido no ambiente escolar e em língua inglesa. E, nesse contexto, compreendemos a prática transformada (e transformadora), a aprendizagem autônoma e crítica como caminho vivido pelo educando e (re)designed pelo professor-pesquisador a partir de uma sequência didática elaborada à luz da Pedagogia dos Multiletramentos. Em contato com a produção de fanfictions (escritas por alunos do nono ano dos anos finais do Ensino Fundamental), atentamos também para o propiciamento de affordances que favoreceram o desenvolvimento linguísticodiscursivo da língua inglesa. As fanfictions produzidas pelos estudantes-escritores, sujeitos-leitores e autores, e pertencentes da Cultura Participativa, foram desenvolvidas ao longo do segundo semestre de 2022. A coleta de dados, resultante do caminho pedagógico percorrido na sequência didática, aconteceu em aulas de língua inglesa, com um grupo de alunos do nono ano. Após postar suas fanfictions em um blog, eles receberam um questionário eletrônico com a finalidade de investigar o processo da escolha temática na escrita de fanfictions em intertextualidade com a obra literária de George Orwell (“Animal Farm”). Aos sujeitos dessa pesquisa que se voluntariaram em ceder suas narrativas ficcionais para compor objeto de análise deste estudo, por serem jovens estudantes, os aspectos éticos e de proteção de informação foram seguidos à risca e garantiram um ambiente agradável, adequado ao fazer científico e não menos trabalhoso. Para o processo da coleta de dados, mantivemos frequente contato com os estudantes, com seus pais e com o colégio – do qual recebemos autorização e apoio para realizar a nossa pesquisa. Percorremos um período de três meses para conseguir todos os consentimentos e assentimentos requeridos. Houve dificuldade, entretanto, com o contato eletrônico, por e-mail, com os pais dos alunos. Também, insistimos para os estudantes lembrarem-se de responderem ao termo de aceite por e-mail, mesmo que com a negativa. Contudo, mais uma vez, os sujeitos envolvidos 127 mostraram-se favoráveis a este estudo, uma vez que aceitaram o compartilhamento de suas fanfictions ou por meio do consentimento de seus pais. Destacamos também o desafio enfrentado ao longo da redação desse trabalho certificando, em todos os momentos, a valoração necessária aos processos teóricos, metodológicos, éticos e de formação acadêmica (do professor-pesquisador) em um curto espaço de tempo oferecido pelo programa de mestrado. Ainda sobre o objeto da nossa análise, obtivemos um número expressivo de textos (47 fanfictions) e respostas do questionário eletrônico (61 estudantes responderam ao questionário, considerando que havia duas perguntas, totalizamos 122 textos de respostas). Com a utilização do programa Atlas.ti, fizemos um levantamento de recorrência temática abordada pelos estudantes em suas fanfictions e delimitamos a nossa análise em 27 fanfictions – com a temática central sobre política. Entretanto, como necessitávamos das respostas do questionário eletrônico, porém nem todos os estudantes-escritores desse grupo temático responderam às questões, chegamos a 19 fanfictions para a nossa análise (incluindo as respectivas respostas ao questionário eletrônico). Para considerar os resultados obtidos em nossa pesquisa, retomamos os objetivos desenhados para este estudo, que eram o de investigar como os repertórios linguísticos de estudantes (em aulas de língua inglesa) são ampliados na produção de fanfictions em consonância com a Cultura Participativa, bem como o de averiguar quais affordances são propiciadas por meio de uma sequência didática construída à luz da Pedagogia dos Multiletramentos, que culmina na produção de textos do gênero fanfiction. No mesmo sentido, resgatamos as perguntas de pesquisa para, então, seguirmos com as considerações: • Como a escrita de fanfictions amplia o repertório linguístico dos alunos em aulas de língua inglesa? • Como a escrita criativa ficcional de fanfictions contribui para a produção de Cultura Participativa? • Quais affordances são propiciadas na produção de fanfictions? • Qual é a percepção dos alunos acerca da aprendizagem por meio dos affordances propiciadas? 128 A escrita das fanfictions, em intertextualidade com a obra literária à luz da Pedagogia dos Multiletramentos, mostrou-se campo produtivo para a nossa análise, pois, por ser um gênero de circulação do estudante dessa faixa etária, conseguimos observar a articulação discursiva e textual realizada em todos os textos. Percebemos a ampliação do repertório linguístico dos alunos tanto na composição textual quanto nas respostas às questões do questionário eletrônico, pois há mecanismos enunciativos que denotam esse aspecto. Ademais, os parâmetros do mundo social e subjetivo marcam a infraestrutura textual assim como o contexto de produção, com isso, desenvolvendo os objetivos linguístico-discursivos estabelecidos ao curso de inglês do nono ano. Sobre a escrita de fanfictions, notamos que sua produção coadunou a Cultura Participativa e a Pedagogia dos Multiletramentos de forma a considerar o aspecto central e de grande relevância o estudante-escritor (autor) e permitir que, por meio desse gênero, em interação com outros textos, a produção textual ressignificasse os discursos entrelaçados em sua arquitetura. Ainda, a produção dessas narrativas ficcionais favoreceu o compartilhamento dos interesses e conhecimentos dos estudantes. Um gênero que é típico e genuinamente pertencente ao fandom (mundo dos fãs) e aproxima-se do clássico e do ambiente educacional como forma cultural e pedagógica do agir linguageiro e do ato comunicativo. As perguntas do questionário eletrônico visaram oferecer oportunidade ao educando de explicitar o processo de escolha temática e da relação intertextual estabelecida com a obra original, clássica e canônica (como os ficwriters, ou escritores de fanfiction, denominam a obra clássica da qual as fanfictions deste trabalho derivaram ou com a qual elas se relacionaram). Identificamos, portanto, diversos elementos textuais e discursivos que fortaleceram a interação e a representação enunciativa de forma consciente, crítica e autônoma, a respeito do ato linguageiro na produção de fanfictions em consonância com a Cultura Participativa, e sobre a valorização do processo de aprendizagem segundo os movimentos pedagógicos e os multiletramentos. Nesse mesmo sentido, as affordances propiciadas desde o início do trabalho literário (e com os procedimentos de leitura) que antecederam aquele com as fanfictions (pela sequência didática elaborada), até a escrita em processo das narrativas ficcionais e o compartilhamento delas, ao longo de todo esse processo, 129 destacamos as affordances oferecidas e organizadas em três tipos: ambientais, tecnológicas e linguísticas (ver Quadro 7). As respostas ao questionário eletrônico mostraram, de forma indireta, a percepção dos alunos acerca das affordances propiciadas. Todavia destacamos a perspectiva adotada neste trabalho, que toma o propiciamento de affordances no processo ensino-aprendizagem como base para uma aprendizagem significativa e torna os processos pedagógicos e educativos do ambiente escolar, em nosso caso, o espaço propício para a aprendizagem. Dessa maneira, também celebramos a conscientização crítica do processo de produção das fanfictions, como podemos observar nas respostas ao questionário. Sobre o aspecto da prática transformada resultante de um trabalho pedagógico elaborado à luz da Pedagogia dos Multiletramentos, compreendemos que os estudantes-autores verbalizaram, de forma responsável, consciente e crítica, acerca do seu processo de aprendizagem e sobre a produção de fanfictions. As respostas ao questionário denotaram tais aspectos. As ponderações hipotéticas nas sinopses das fanfictions materializaram esses mecanismos enunciativos e discursivos sobre o agir linguageiro, especificamente sobre o conteúdo temático (político). Em suma, o design investigativo de nossa pesquisa abre caminho para pesquisas futuras derivadas de princípios epistemológicos aproximados e procedimentos metodológicos semelhantes ao caminho desenhado neste trabalho. Pesquisas que possam contribuir ainda mais para compreendermos o trabalho com gêneros textuais contemporâneos, o aspecto dos multiletramentos em aulas de língua inglesa e a perspectiva de repertórios que visa ampliar a mobilidade e as possibilidades discursivas e agentivas do estudante no mundo. Aspectos esses que são essenciais para futuros estudos derivados das premissas e dos direcionamentos presentes na BNCC. De modo particular, esta dissertação pode incentivar caminhos investigativos sobre os processos de aprendizagem mais autônomos e críticos, mediante proposições acadêmicas e pedagógicas da Pedagogia dos Multiletramentos e pode, também, expandir o alcance das pesquisas sobre o propiciamento de affordances para a aprendizagem. 130 REFERÊNCIAS ADAM, J. M. Éléments de linguistique textuelle. Liège: Mardaga, 1990. In: BRONCKART, J. P. Atividade de Linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sóciodiscursivo. Trad. Anna Rachel Machado. São Paulo: Educ, 1999. p. 225. 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Este projeto foi avaliado pelo Núcleo Especializado em Pesquisas em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (NEPCHS). -As informações elencadas nos campos "apresentação do projeto", "objetivo da pesquisa", "avaliação dos riscos e benefícios", e “considerações sobre os termos de apresentação obrigatória” foram retiradas do arquivo Informações Básicas da Pesquisa (PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_PROJETO_1970753.pdf postado em 26/06/2022); e do arquivo do projeto detalhado enviado (Projeto_de_Pesquisa_Alexandre.pdf postado em 26/06/2022). APRESENTAÇÃO: Este projeto de pesquisa tem como objetivo o estudo do gênero fan fiction à luz da pedagogia dos multiletramentos como discutido pela Rojo (2012) a partir da cultura participativa. (JENKINS, 2009). Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557 Bairro: VILA CLEMENTINO CEP: 04.023-900 UF: SP Município: SAO PAULO Telefone: (11)5571-1062 Fax: (11)5539-7162 E-mail: [email protected] Página 01 de 18 137 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP Continuação do Parecer: 5.656.118 Este estudo será realizado por meio da proposição de uma sequência didática desenvolvida em consonância com a pedagogia dos multiletramentos (ROJO, 2012; The New London Group, 1996) focalizando a prática transformada em confluência com a produção colaborativa/participativa. Desta forma, o estudo centraliza o olhar investigativo nos temas levantados pelos jovens do nono ano do ensino fundamental de uma escola privada da cidade de São Paulo em suas narrativas ficcionais midiáticas e publicadas em uma plataforma de circulação de fan fictions. A pesquisa tem como objetivo investigar como os repertórios linguísticos de estudantes de inglês são ampliados na produção midiática em consonância com a cultura participativa e investigar quais affordances são propiciadas por meio de uma sequência didática elaborada à luz da pedagogia dos multiletramentos que culmina na produção de textos do gênero fan fiction. A análise dos dados será realizada a partir dos conteúdos temáticos como proposto por Bronckart (2009). HIPÓTESE: 1. Alunos contribuem com a construção da cultura participativa de forma a olhar o gênero da fan fiction como uma forma de manifestar temas e/ou conteúdos temáticos que são de extrema relevância e de seus interesses? 2. O estudo da fan fiction por meio da pedagogia dos multiletramentos possibilita a aprendizagem da língua inglesa de forma mais crítica e significativa? 3. As affordances são propiciadas/mobilizadas pelos alunos no estudo das fan fictions por meio da pedagogia dos multiletramentos e permitem maior aprendizagem crítica e consciente? Objetivo da Pesquisa: OBJETIVOS GERAIS: Investigar como os repertórios linguísticos de estudantes de inglês são ampliados na produção midiática em consonância com a Cultura Participativa e investigar quais affordances são propiciadas por meio de uma sequência didática elaborada à luz da pedagogia dos multiletramentos que culmina na produção de textos do gênero fan fiction. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Para alcançar o objetivo geral proposto, as questões de pesquisa a seguir delimitam os objetivos específicos que encaminham esse projeto de pesquisa: a. Como a escrita de fan fictions amplia o repertório linguístico dos alunos em aulas de língua Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557 Bairro: VILA CLEMENTINO CEP: 04.023-900 UF: SP Município: SAO PAULO Telefone: (11)5571-1062 Fax: (11)5539-7162 E-mail: [email protected] Página 02 de 18 138 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP Continuação do Parecer: 5.656.118 inglesa? b. Como a escrita criativa ficcional de fan fictions contribui para a produção de cultura participativa? c. Quais affordances são propiciadas na produção de fan fictions? d. Qual é a percepção dos alunos acerca da aprendizagem por meio das affordances apropriadas? Avaliação dos Riscos e Benefícios: Riscos: Consideramos que há alguns riscos pertinentes ao estudo para com os estudantes envolvidos, como a associação que eles podem fazer de suas participações (ou não) à pesquisa com as notas/os conceitos obtidos de suas produções textuais. Esse ponto será reforçado nos documentos de assentimento e consentimento, pois em nenhum momento haverá associação da pesquisa à qualidade da produção e aos objetivos educacionais e pedagógicos estabelecidos pelo professor. Ainda, durante todo o processo de aplicação da sequência didática e da coleta de dados será respeitado o direito de sigilo de informações pessoais e privadas conforme a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)11, pois para essa pesquisa, reforçamos que somente trataremos das produções textuais dos alunos e de suas respostas nos questionários. Benefícios: Compreendemos que essa pesquisa poderá fomentar a discussão sobre a multimodalidade, o multiletramento, o letramento digital, produções escritas digitais, a Cultura Participativa, e problematizar as questões de uma aprendizagem crítica tanto para área de Linguagem em Novos Contextos, quanto em áreas da educação, do letramento, de Letras que abordam temas relacionados. Desta forma, acreditamos que aos alunos participantes dessa pesquisa, suas produções escritas com foco pedagógico serão contempladas em um processo de pesquisa acadêmica fortalecendo a importância da produção escolar que também se torna parte da pesquisa acadêmica. Ao pesquisador/professor que fará parte da observação participante, o benefício será duplo, pois sua prática pedagógica será interpolada e poderá usufruir muito do estudo, e ao mesmo tempo, poderá contribuir para estudos posteriores. Comentários e Considerações sobre a Pesquisa: TIPO DE ESTUDO: Pesquisa qualitativa com a ‘observação participante’. Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557 Bairro: VILA CLEMENTINO CEP: 04.023-900 UF: SP Município: SAO PAULO Telefone: (11)5571-1062 Fax: (11)5539-7162 E-mail: [email protected] Página 03 de 18 139 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP Continuação do Parecer: 5.656.118 LOCAL: A pesquisa será realizada em um colégio particular na cidade de São Paulo, na região da Zona Oeste, que comporta aproximadamente 800 alunos do ensino fundamental 2 - Colégio Santa Cruz. PARTICIPANTES: Os participantes desta investigação são 100 alunos do nono ano do ensino fundamental 2 que têm idades de 14 e 15 anos. São alunos do denominado G2. Apresentam nível de proficiência em língua inglesa, em sua maioria, do B2 (Usuário Independente) ao C1 (Proficiência Operativa Eficaz). Há alguns alunos que são B1 (Intermediário) e que ao longo da escolaridade do ciclo foram reclassificados como alunos do G2. Alunos do ensino fundamental 2, com idades de 14 e 15 anos. - Critério de Inclusão: Haverá uma seleção das fan fictions escritas pelos alunos seguindo os critérios de aceite da participação da pesquisa pelo aluno e pelo seu responsável, e da completude da produção finalizada e postada dos textos no blog (Tumblr). - Critério de Exclusão: O critério de exclusão será condizente ao não aceite do aluno ou do responsável em participar da pesquisa e a não completude da produção escrita da Fan Fiction e não publicada. Como a produção escrita será feita em duplas ou trios, se algum membro do grupo decidir não participar da pesquisa, a produção textual do grupo será excluída PRIMEIRO CONTATO COM OS/AS PARTICIPANTES, E COM SEUS RESPONSÁVEIS: será apresentado esse estudo para os alunos do grupo denominado “G2” por meio de uma apresentação de slides como parte introdutória dos estudos do gênero fan fiction e como abertura da sequência didática a ser desenvolvida. Explicaremos aos alunos que eles têm total liberdade de aderirem ou não à pesquisa concordando em disponibilizar seus textos para o corpus dessa pesquisa. Ainda, reforçaremos que eles poderão desistir da pesquisa em qualquer momento. Do assentimento, eles participarão do questionário que será aplicado após a conclusão da sequência didática. Em todo o momento, o anonimato será garantido aos alunos - Como os estudantes são menores de 18 anos de idade,suas famílias receberão um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) com as mesmas informações que os alunos receberão, reforçando que em nenhum momento informações pessoais e particulares dos alunos serão requeridas ou utilizadas, somente suas produções textuais e as respostas dos questionários. Também, em consonância ao processo ético da pesquisa acadêmica, os pais dos alunos podem concordar ou não com a participação da pesquisa em qualquer momento dela. Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557 Bairro: VILA CLEMENTINO CEP: 04.023-900 UF: SP Município: SAO PAULO Fax: (11)5539-7162 Telefone: (11)5571-1062 E-mail: [email protected] Página 04 de 18 140 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP Continuação do Parecer: 5.656.118 - O colégio receberá uma carta solicitando a permissão da realização da pesquisa com as mesmas explicações, acrescida a solicitação de auxílio da coordenação no envio dos TCLE para as famílias dos alunos por meio digital. - A todo momento será respeitado o direito de sigilo de informações pessoais e privadas conforme a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)10, pois para essa pesquisa, reforçamos que somente trataremos das produções textuais dos alunos e de suas respostas nos questionários 2. PROCEDIMENTOS: - Nesta pesquisa, será desenvolvida, pelo pesquisador, uma sequência didática à luz da pedagogia dos multiletramentos (ROJO e MOURA, 2012; SILVA, 2016; THE NEW LONDON GROUP, 1996; dentre outros) em que o produto final será uma fan fiction (JENKINS, 2009; SACHS, 2019)). A leitura crítica e análise da obra de George Orwell (Animal Farm) que acontece ao longo e em conjunto com a sequência didática, fará parte da produção das fan fictions por meio da intertextualidade e dos aspectos típicos do gênero fan ficction e da Cultura Participativa. - A pesquisa apresenta um método de ‘observação participante’, pois compreendemos que não há neutralidade de um pesquisador ao realizar um estudo no ambiente em que ele é inscrito como membro atuante, neste caso, como professor e pesquisador que designa seu lócus e seu objeto os mesmos de sua atuação, e com os mesmos educandos participantes da pesquisa, que outrora, eram/são seus alunos. Portanto, essa pesquisa terá uma abordagem qualitativa com a perspectiva de um pesquisador que também é um ‘observador participante’. - A escrita da fan fiction será feita em duplas ou trios, com aproximadamente 40 produções textuais no total. Após a publicação das fan fictions em um blog (Tumblr), os alunos preencherão um questionário (Google Forms) com perguntas acerca da escolha das temáticas de suas produções e abordaremos os conceitos de propiciamento, affordances para a compreensão da percepção do estudante acerca de maior autonomia e criticidade na aprendizagem de língua inglesa por meio da escrita ficcional e digital de fan fictions. - Ao término das etapas da sequência didática, ele/ela formará pequenos grupos (duplas ou trios) para, de forma colaborativa, produzirem uma fan fiction que expresse intertextualidade com a obra literária. Essa produção será publicada em um blog (Tumblr) da turma do nono ano, com a finalidade de leitura e compartilhamento exclusivos aos alunos da série. A sequência didática terá duração aproximada de três semanas e a leitura da obra de aproximadamente um mês. O tempo didático tem flexibilidade, mas será ajustado com a finalidade de proporcionar o processo da Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557 Bairro: VILA CLEMENTINO CEP: 04.023-900 UF: SP Município: SAO PAULO Fax: (11)5539-7162 Telefone: (11)5571-1062 E-mail: [email protected] Página 05 de 18 141 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP Continuação do Parecer: 5.656.118 pesquisa juntamente com os objetivos do curso do nono. O estudante responderá um questionário (Google Forms) após a produção e publicação das fan fictions como parte final desse caminho didático e metodológico. (mais informações, ver projeto detalhado). Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória: O parecer emitido pelo Sistema CEP/Conep é o documento oficial de aprovação do sistema CEP/CONEP, disponibilizado apenas por meio da Plataforma Brasil. No CEP-Unifesp o parecer é fortemente baseado nos textos do protocolo encaminhado pelos pesquisadores e pode conter, inclusive, trechos transcritos literalmente do projeto ou de outras partes do protocolo. Trata-se, ainda assim, de uma interpretação do protocolo. Caso algum trecho do parecer não corresponda ao que efetivamente foi proposto no protocolo, os pesquisadores devem se manifestar sobre esta discrepância. A não manifestação dos pesquisadores será interpretada como concordância com a fidedignidade do texto do parecer no tocante à proposta do protocolo. 1-Foram apresentados adequadamente os principais documentos: folha de rosto; projeto completo; cópia do cadastro CEP/UNIFESP, orçamento financeiro e cronograma. 2-Outros documentos importantes anexados na Plataforma Brasil: a. Carta de autorização do Colégio Santa Cruz: Carta_de_Anuencia_Institucional_assinada.pdf postada em 26/06/2022. b. Termo de assentimento: Termo_Assentimento_Alexandre.docx postado em 26/06/2022. 3– O modelo do registro de consentimento foi apresentado pelo(a) pesquisador(a) postado em 26/06/2022. 4- O MODELO E LINK DO QUESTIONÁRIO ESTÁ NA CARTA RESPOSTA: https://docs.google.com/forms/d/1z1mNJ1huhLu4LgXCluLJ4UJGIEFsUjkZ7ar_Y1AH7Vs/edit?usp=sharing Recomendações: RECOMENDAÇÃO 1- É obrigação do pesquisador desenvolver o projeto de pesquisa em completa conformidade com a proposta apresentada ao CEP. Mudanças que venham a ser necessárias após a aprovação pelo CEP devem ser comunicadas na forma de emendas ao protocolo por meio da Plataforma Brasil. Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557 Bairro: VILA CLEMENTINO CEP: 04.023-900 UF: SP Município: SAO PAULO Telefone: (11)5571-1062 Fax: (11)5539-7162 E-mail: [email protected] Página 06 de 18 142 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP Continuação do Parecer: 5.656.118 RECOMENDAÇÃO 2- A partir da data de aprovação, é necessário o envio de relatórios parciais (semestralmente), e o relatório final, quando do término do estudo, por meio de notificação pela Plataforma Brasil. Os pesquisadores devem informar e justificar ao CEP a eventual necessidade de suspensão temporária ou suspensão definitiva da pesquisa. Intercorrências e eventos adversos também devem ser relatados ao CEP-Unifesp por meio de notificação na Plataforma Brasil. RECOMENDAÇÃO 3- Os pesquisadores deverão tomar todos os cuidados necessários relacionados à coleta dos dados, assim como, ao armazenamento dos mesmos, a fim de garantir o sigilo e a confidencialidade das informações relacionadas aos participantes da pesquisa. É recomendado fazer o download dos dados coletados para um dispositivo eletrônico local, apagando todo e qualquer registro de qualquer plataforma virtual, ambiente compartilhado ou "nuvem". Os documentos do protocolo de pesquisa (arquivos de fichas, termos, dados e amostras) devem ser mantidos sob sua guarda por pelo menos 5 anos após o término da pesquisa. Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações: Respostas ao parecer nº 5554419 de 01 de Agosto de 2022. PROJETO APROVADO. Título da Pesquisa: Fan Fiction e Cultura Participativa em aulas de Língua Inglesa Pesquisador Responsável: Antonieta Heyden Megale Siano CAAE: 60362222.3.0000.5505 RESPOSTA DE PENDÊNCIAS PENDÊNCIA 1. Verificamos que ha um assistente de pesquisa cadastrado na Plataforma Brasil (Alexandre Rodrigues Nunes), entretanto o nome do mestrando não consta na capa do projeto detalhado. É importante que o Alexandre Rodrigues Nunes apareça na capa do projeto, favor incluir. RESPOSTA 1: Corrigido conforme a orientação acima. Texto acrescido na capa “Assistente de Pesquisa: Alexandre Rodrigues Nunes”. PENDÊNCIA ATENDIDA Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557 Bairro: VILA CLEMENTINO CEP: 04.023-900 UF: SP Município: SAO PAULO Telefone: (11)5571-1062 Fax: (11)5539-7162 E-mail: [email protected] Página 07 de 18 143 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP Continuação do Parecer: 5.656.118 PENDÊNCIA 2. Em relacao ao cronograma: a. O cronograma informado no formulario de informacoes basicas indica que parte do estudo ja sera iniciada antes da aprovacao do protocolo (fase de aprovacao + Aplicacao da Sequencia didatica– inicio 22/08/2022). Adequar o formulario. Lembramos que nenhum estudo pode ser iniciado antes da aprovacao pelo CEP/UNIFESP (Norma Operacional CNS no 001 de 2013, item 3.3.f). RESPOSTA 2: Corrigido conforme a orientação acima. Alteração realizada no cronograma do documento Projeto Detalhado “Projeto_de_Pesquisa_Alexandre_v2_9ago2022” e no documento anexo “Cronograma_Alexandre_v2_9ago2022”. PENDÊNCIA ATENDIDA PENDÊNCIA 3. Nao localizamos o modelo de questionario que sera aplicado ao final das atividades didaticas. Solicitamos: a. Enviar o modelo de questionario que sera utilizado, pois conforme orientacao da CONEP, qualquer teor de entrevista ou questionario utilizado em uma pesquisa deve ser analisado pelo CEP e deve ficar anexado na Plataforma Brasil, junto a todos os outros documentos. a. Que disponibilizem o link aberto com o questionario no Google Forms para verificacao pelos/as relatores/as. Lembramos que no cadastro destes formularios online os pesquisadores devem se certificar de solicitar apenas os dados dos participantes que sao necessarios para a pesquisa. RESPOSTA 3: Sobre os itens acerca do questionário de pesquisa (Google Forms): a . E n v i a m o s o l i n k a b e r t o c o m o e d i t o r : https://docs.google.com/forms/d/1z1mNJ1huhLu4LgXCluLJ4UJGIEFsUjkZ7ar_Y1AH7Vs/edit?usp=sharing PENDÊNCIA ATENDIDA PENDÊNCIA 4. Pedimos que detalhem na metodologia quais atividades ja estavam previstas na programacao das aulas, e quais serao as atividades especificas da pesquisa, indicando as diferencas entre ambas. Essa informacao devera ser incluida tambem no modelo de registro de consentimento destinado aos pais/responsaveis, e no modelo do termo de assentimento destinado aos menores. RESPOSTA 4: Corrigido conforme a orientação acima. Alteração realizada no documento Projeto Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557 Bairro: VILA CLEMENTINO CEP: 04.023-900 UF: SP Município: SAO PAULO Telefone: (11)5571-1062 Fax: (11)5539-7162 E-mail: [email protected] Página 08 de 18 144 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP Continuação do Parecer: 5.656.118 Detalhado “Projeto_de_Pesquisa_Alexandre_v2_9ago2022” e nos TCLE aos pais/responsáveis e de Assentimento aos alunos, documentos anexos respectivamente “TCLE_Unifesp_Alexandre_v2_9ago2022” e “Termo_Assentimento_Alexandre_v2_9ago2022”. PENDÊNCIA ATENDIDA PENDÊNCIA 5. Solicitamos que informem, na metodologia, se todos os procedimentos propostos serao realizados durante o horario de aula, ou se os alunos terao que comparecer na escola em outro horario para alguma etapa. E se realizados durante a aula, como sera caso alguem nao queira aderir a pesquisa (ficara fora da sala?). ORIENTACAO: Caso tenham que se locomover (ir ate a escola em outro horario), esclarecemos que, de acordo com as Resolucoes da Conep, todos os gastos com transporte e alimentacao serao de responsabilidade dos pesquisadores (Resolucao CNS 510/2016, Art. 9o, VII), portanto, neste caso, e necessario incluir esta informacao no campo "orcamento" do formulario de informacoes basicas do projeto e no TCLE. RESPOSTA 5: Todos os procedimentos (atividades e etapas) da sequência didática serão realizados em consonância com os objetivos do curso de Inglês do 9º ano no horário de aula, pois não são atividades exclusivas desse estudo. Contudo, como exclusivamente o preenchimento do questionário (Google Forms) será feito pelos alunos optantes por participar da pesquisa, eles receberão um e-mail com o link do questionário e farão isso em horário que não é horário de aula deles. Alteração realizada no documento Projeto Detalhado “Projeto_de_Pesquisa_Alexandre_v2_9ago2022”. PENDÊNCIA ATENDIDA PENDÊNCIA 6. Nesta pesquisa foi proposta a participacao de adolescentes. Lembramos que o consentimento do participante da pesquisa devera ser particularmente garantido aquele que, embora plenamente capaz, esteja exposto a condicionamentos especificos, ou sujeito a relacao de autoridade ou de dependencia, caracterizando situacoes passiveis de limitacao da autonomia (Art. 11 da Resolucao CNS 510/2016). Assim, descrever quais cuidados serao tomados pelos/as pesquisadores para que os participantes tenham plena liberdade de decidir sobre a participacao na pesquisa, uma vez que podem estar em situacao de influencia de autoridade passivel de limitacao de autonomia. Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557 Bairro: VILA CLEMENTINO CEP: 04.023-900 UF: SP Município: SAO PAULO Telefone: (11)5571-1062 Fax: (11)5539-7162 E-mail: [email protected] Página 09 de 18 145 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP Continuação do Parecer: 5.656.118 RESPOSTA 6: Em concordância com as resoluções apresentadas e os riscos descritos nessa pesquisa, após a apresentação desse estudo aos alunos (que será feita durante alguns minutos de uma aula) e a após a explicação oral dos pontos éticos inerentes de uma pesquisa com esse caráter, o professor/pesquisador irá assegurar oralmente que não há implicação negativa na opção do aluno em não participar e oferecerá que ele possa colocar seu nome em uma lista de alunos que optem por participar e, em caso de que o aluno ainda tenha alguma dúvida antes de sua escolha, o professor assegurará em sua fala que o aluno poderá procurar o professor após o período de aula para sanar suas dúvidas e decidir por participar ou não. PENDÊNCIA ATENDIDA PENDÊNCIA 7. Sobre a publicacao em blog (Tumblr), explicar: a. Em qual Tumblr sera publicado, o (a) autor(a) do blog foi contactado e autorizou? b. Foi indicado que as fan fictions serao publicadas, sera o texto integral? E quais outras informacoes serao compartilhadas? c. Foi indicado que a publicacao tera a finalidade de leitura e compartilhamento exclusivos aos alunos da serie, explicar como sera feito esse acesso restrito? d. Como sera caso os alunos decidam nao postar sua fan fiction no blog? e. Ha previsao de prazo em que o blog ficara disponivel para acesso pelos alunos (exemplo: ate o final do ano / ficara disponivel enquanto a rede social ficar ativa)? f. Ha a previsao de que os/as estudantes do 9o. ano tenham acesso ao conteudo do blog. Considerando que foi indicado que ha 200 estudantes matriculados no 9o. Ano, e que para essa pesquisa esta prevista a participacao de metade desses (100 estudantes), esclarecer se todos os/as alunos/as terao acesso aos textos publicados ou se somente terao acesso os/as estudantes vinculados a pesquisa. g. Sera dada alguma aula/orientacao solicitando que os/as estudantes que terao acesso ao blog nao compartilhem esses textos em outras redes sociais (WhatsApp, Instagram, Tiktok, etc.)? RESPOSTA 7: Explicações aos itens apontados: a. O professor/pesquisador irá criar um blog (Tumblr) dos grupos (G2) para a publicação das Fan Fictions. b. Serão publicados os textos na íntegra com título, sinopse e o corpo do texto no blog (Tumblr). Além dos textos, se os alunos optarem em ter seus textos anonimizados, eles poderão, ou também poderão publicar seus nomes. Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557 Bairro: VILA CLEMENTINO CEP: 04.023-900 UF: SP Município: SAO PAULO Fax: (11)5539-7162 Telefone: (11)5571-1062 E-mail: [email protected] Página 10 de 18 146 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP Continuação do Parecer: 5.656.118 c. Todos os alunos irão finalizar seus textos das Fan Fictions como parte integrante do estudo (da sequência didática) e enviarão ao professor por meio eletrônico em ambiente virtual de aprendizagem exclusivo do colégio para que possam ter seus textos avaliados e atribuídos a eles conceito. Essa etapa não depende da pesquisa. Os alunos que não quiserem postar suas Fan Fictions poderão optar em não compartilhar seus textos sem nenhum problema. d. Se os alunos optarem em não publicar seus textos no blog, seus textos serão somente utilizados para a avaliação do processo de aprendizagem e não constituirá publicação. Eles também não serão utilizados nessa pesquisa. e. Os blogs ficarão disponíveis até o término do aluno letivo. Após esse período, o professor/pesquisador irá alterar as configurações do blog criado para que ele se torne inativo e fique como arquivo para o pesquisador desenvolver sua análise. f. Os textos das Fan Fictions publicados no blog serão compartilhados exclusivamente com os alunos do referido grupo G2, com aproximadamente 100 alunos, metade dos alunos cursando o 9º ano. Como a publicação do texto no blog (Tumblr) é parte integrante da sequência didática, espera-se que os alunos (optante ou não por participar dessa pesquisa) compreendam os processos de aprendizagem por meio de uma publicação digital de um gênero textual pertinente e optem pela publicação. Desta forma, a não publicação no blog somente inviabiliza o texto de ser analisado e de fazer parte do corpo e/ou do objeto de estudo dessa pesquisa. Reforçamos o fato de que o aluno que optar em não publicar seu texto no blog não enfrentará nenhum problema, mas como está descrito na metodologia, esse se torna o critério para a seleção dos textos e para a composição do objeto/corpus dessa pesquisa. g. Durante a sequência didática haverá leituras e aulas sobre a publicação e leitura de Fan Fictions, assim como serão abordadas as questões de autoria. Esses pontos são importantes e fazem parte do estudo do gênero Fan Fiction. Desta forma, acreditamos que os alunos compreenderão as questões éticas relacionadas ao compartilhamento de informação e produção intelectual da rede e para com as redes sociais. PENDÊNCIA ATENDIDA PENDÊNCIA 8. No Termo de Assentimento ao participante e garantido que “nao publicaremos nenhum dado pessoal seu na pesquisa”, no registro de consentimento aos pais e assegurado ao assinar que a mae/pai/responsavel autoriza "a divulgacao dos dados obtidos neste estudo mantendo em sigilo minha identidade e da do meu filho/minha filha." Como fica a garantia do Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557 Bairro: VILA CLEMENTINO CEP: 04.023-900 UF: SP Município: SAO PAULO Telefone: (11)5571-1062 Fax: (11)5539-7162 E-mail: [email protected] Página 11 de 18 147 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP Continuação do Parecer: 5.656.118 anonimato versus o resguardo dos direitos autorais dos alunos/criadores das fan fictions, ja que as mesmas serao publicadas no Tumblr? RESPOSTA 8: O blog (Tumblr) será criado para uso exclusivo desse grupo. Conforme será trabalhado com os alunos durante a sequência didática, será possível aos alunos autores das Fan Fictions em anonimizar seus textos e até mesmo em criar apelidos, conforme se encontra em publicações do gênero em sites/fóruns/blogs específicos desse gênero. Contudo, em caso de o aluno sentir-se à vontade em publicar o texto com seu nome, pediremos aos alunos que utilizem somente seus primeiros nomes. PENDÊNCIA ATENDIDA PENDÊNCIA 9. Incluir na metodologia como pretende fazer a devolucao dos resultados da pesquisa aos participantes e aos seus pais/responsaveis (Resolucao CNS no 510 de 2016, Artigo 3o, Inciso IV). a. Solicitamos que indiquem se os pais/responsaveis terao acesso as fan fictions que serao produzidas pelos adolescentes. Incluir essa informacao no modelo de termo de assentimento, e tambem no registro de consentimento. RESPOSTA 9: Alteração realizada no documento Projeto Detalhado “Projeto_de_Pesquisa_Alexandre_v2_9ago2022” e nos TCLE aos pais/responsáveis e de Assentimento aos alunos, documentos anexos respectivamente “TCLE_Unifesp_Alexandre_v2_9ago2022” e “Termo_Assentimento_Alexandre_v2_9ago2022”. PENDÊNCIA ATENDIDA PENDÊNCIA 10. Em relacao aos riscos da pesquisa, adequar: a. Verificamos que a redacao dos riscos da pesquisa nao esta com o mesmo teor/conteudo em todas os documentos anexados neste protocolo de pesquisa. E muito importante que todos os documentos remetam a mesma informacao, principalmente com relacao aos riscos relacionados aos participantes de pesquisa. Solicitamos que revisem os documentos e adequem as informacoes nos locais necessarios. b. Com relacao a metodologia apresentada nos parece que essa pesquisa podera inferir maiores riscos aos adolescentes, pois os textos criados podem conter descricoes de preferencias desses estudantes (exemplos: apelidos, nomes usados em redes sociais, personagens favoritos) que Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557 Bairro: VILA CLEMENTINO CEP: 04.023-900 UF: SP Município: SAO PAULO Fax: (11)5539-7162 Telefone: (11)5571-1062 E-mail: [email protected] Página 12 de 18 148 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP Continuação do Parecer: 5.656.118 possibilitaria a identificacao do autor, mesmo sem a publicacao de seu nome. Neste caso, nos parece que seria possivel surgir alguma situacao de bulling. Assim, pedimos que reflitam sobre esses aspectos e reelaborem esse campo. c. Como os questionarios serao respondidos pelo Google Formularios, e os textos serao publicados em um blog, incluir no campo “Riscos” do formulario de informacoes basicas, alem dos riscos e beneficios relacionados com a participacao na pesquisa, aqueles riscos caracteristicos do ambiente virtual, meios eletronicos, ou atividades nao presenciais, em funcao das limitacoes das tecnologias utilizadas. Adicionalmente, devem ser informadas as limitacoes dos pesquisadores para assegurar total confidencialidade e potencial risco de sua violacao (OFICIO CIRCULAR No 2/2021/CONEP/SECNS/MS, disponivel em: http://conselho.saude.gov.br/images/Oficio_Circular_2_24fev2021.pdf). RESPOSTA 10: Em relação aos itens apontados: a. Fizemos as devidas revisões e alterações nos documentos TCLE aos pais/responsáveis e de Assentimento aos alunos, documentos anexos respectivamente “TCLE_Unifesp_Alexandre_v2_9ago2022” e “Termo_Assentimento_Alexandre_v2_9ago2022” inserindo neles o item sobre a LGPD, conforme descrita no projeto detalhado. b. Compreendemos essa situação e, por isso, ao refletirmos sobre esse ponto, reforçamos que reforçaremos que os alunos poderão anonimizar seus textos nas publicações. Já revisamos a metodologia e fizemos adequações, conforme apontadas também nas pendências anteriores em consonância com esse ponto levantado aqui. c. Incluído no campo “Informações Importantes” do formulário conforme orientado. Conforme orientado na Pendência 3, anexamos o link aberto do Google Forms. PENDÊNCIA ATENDIDA PENDÊNCIA 11. Sobre o registro de consentimento direcionado aos pais/responsaveis, adequar: a. Adequar, no inicio do registro de consentimento, o titulo da pesquisa para “Fan Fiction e Cultura Participativa em aulas de Lingua Inglesa”, pois o titulo deve ser o mesmo em todos os documentos do protocolo de pesquisa. b. Incluir no registro de consentimento qual a diferenca entre o conteudo previsto para as aulas e a participacao na pesquisa. c. Incluir no registro de consentimento o que sera feito com o/a estudante que optar por nao participar da pesquisa e/ou desistir da pesquisa durante sua execucao (exemplo: ficara fora da Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557 Bairro: VILA CLEMENTINO CEP: 04.023-900 UF: SP Município: SAO PAULO Fax: (11)5539-7162 Telefone: (11)5571-1062 E-mail: [email protected] Página 13 de 18 149 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP Continuação do Parecer: 5.656.118 turma, sera alocado em outra disciplina, etc). d. Informar no registro de consentimento quais serao as pessoas que terao acesso ao blog (todos os estudantes do 9o. ano ou so os participantes da pesquisa). e. Informar qual o prazo estimado para que as fan fictions fiquem disponiveis no blog para acesso pelo publico restrito. f. Indicar no registro de consentimento quais se serao dadas aulas/esclarecimentos para os alunos que tiverem acesso ao blog, com a indicacao da responsabilidade e importancia da manutencao do sigilo dessas publicacoes, e sobre a possibilidade de algum estudante publicar essas fan fictions em outras redes sociais. g. Indicar, no registro de consentimento, o tempo estimado de preenchimento do questionario. h. Neste modelo foi indicado apenas o risco de que o/a estudante entenda que sua participacao na pesquisa sera relacionado aos conceitos que serao atribuidos aos/as estudantes, e nao ha a indicacao dos demais riscos citados no projeto detalhado, e indicados no formulario de informacoes basicas da pesquisa. Esclarecer e adequar. Ver pendencia 10. i. Incluir a informacao sobre a garantia de acesso aos pesquisadores (Resolucao CNS no 510 de 2016, artigo 17, VIII): “Se voce tiver qualquer duvida em relacao a pesquisa, voce pode entrar em contato com o pesquisador atraves do(s) telefone(s) [00 0000-0000 (fixo institucional e ramal, celular) – indicar telefones pessoais e/ou de trabalho que sejam acessiveis], pelo e-mail [[email protected]], e endereco [Rua/Avenida, numero, complemento e CEP].”, completar com as informacoes da pesquisadora responsavel: Antonieta Heyden Megale Siano, nao apenas do Alexandre. j. O processo de comunicacao do consentimento e do assentimento livre e esclarecido deve ocorrer de maneira espontanea, clara e objetiva, e evitar modalidades excessivamente formais, num clima de mutua confianca, assegurando uma comunicacao plena e interativa (paragrafo 1o, art. 5o da Resolucao CNS 510/2016). Diante do exposto, solicita-se que o Registro de Consentimento seja revisado, priorizando a utilizacao de uma linguagem clara e acessivel. Assim, e necessario explicar de forma simplificada os termos: multiletramentos, intertextualidade, affordances e fan fictions. k. Verificamos que no registro de consentimento ha espacos/campos para as assinaturas, porem foi indicado que os pais receberao por e-mail, explicar como sera o fluxo de assinatura e recebimento desse TCLE; RESPOSTAS 11: Esclarecimentos aos apontamentos: a. Alterado conforme a orientação. b. Alteração realizada em resposta às pendências anteriores e em consonância com esse Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557 Bairro: VILA CLEMENTINO CEP: 04.023-900 UF: SP Município: SAO PAULO Telefone: (11)5571-1062 Fax: (11)5539-7162 E-mail: [email protected] Página 14 de 18 150 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP Continuação do Parecer: 5.656.118 apontamento. c. Alterado conforme a orientação. d. Alterado conforme a orientação. e. Alterado conforme a orientação. f. Alterado conforme a orientação. g. Alterado conforme a orientação. h. Alteração realizada em reposta à pendência 10. i. Alterado conforme a orientação. j. Alterado conforme a orientação. k. Nós compreendemos que as assinaturas se darão pela resposta aos e-mails enviados para os alunos (Termo de Assentimento de pesquisa) e para os pais (TCLE) com os respectivos documentos. Alteramos nos documentos e inserimos essa orientação. Alterações realizadas nos documentos TCLE aos pais/responsáveis e de Assentimento aos alunos, documentos anexos respectivamente “TCLE_Unifesp_Alexandre_v2_9ago2022” e “Termo_Assentimento_Alexandre_v2_9ago2022”. PENDÊNCIA ATENDIDA PENDÊNCIA 12. Sobre o Termo de Assentimento, adequar: a. Adequar, no inicio do termo de assentimento, o titulo da pesquisa para “Fan Fiction e Cultura Participativa em aulas de Lingua Inglesa”, pois o titulo deve ser o mesmo em todos os documentos do protocolo de pesquisa. b. Informar, no termo de assentimento, o nome da pesquisadora responsavel (Antonieta Heyden Megale Siano). c. O processo de comunicacao do consentimento e do assentimento livre e esclarecido deve ocorrer de maneira espontanea, clara e objetiva, e evitar modalidades excessivamente formais, num clima de mutua confianca, assegurando uma comunicacao plena e interativa (paragrafo 1o, art. 5o da Resolucao CNS 510/2016). Diante do exposto, solicita-se que o Registro de Consentimento seja revisado, priorizando a utilizacao de uma linguagem clara e acessivel. Assim, e necessario explicar de forma simplificada os termos: repertorios linguisticos, multiletramentos, affordances e fan fictions. d. Incluir no termo de assentimento qual a diferenca entre o conteudo previsto para as aulas e a participacao na pesquisa. Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557 Bairro: VILA CLEMENTINO CEP: 04.023-900 UF: SP Município: SAO PAULO Fax: (11)5539-7162 Telefone: (11)5571-1062 E-mail: [email protected] Página 15 de 18 151 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP Continuação do Parecer: 5.656.118 e. Incluir no termo de assentimento o que sera feito com o/a estudante que optar por nao participar da pesquisa e/ou desistir da pesquisa durante sua execucao (exemplo: ficara fora da turma, sera alocado em outra disciplina, etc). f. Todas as etapas nao estao claras aos participantes e nao sao as mesmas informacoes aos os responsaveis, como exemplo: no registro de consentimento e escrito que “essa producao sera publicada em um blog (Tumblr)”, e que sera compartilhado com todos os alunos da sala, porem, no Termo de Assentimento nao ha mencao, pedimos que padronize e inclua todos os procedimentos realizados. g. Informar no termo de assentimento se as fan fictions elaboradas serao ou nao disponibilizadas para leitura pelos pais/responsaveis. h. Informar no termo de assentimento quais serao as pessoas que terao acesso ao blog (todos os estudantes do 9o. ano ou so os participantes da pesquisa). i. Informar qual o prazo estimado para que as fan fictions fiquem disponiveis no blog para acesso pelo publico restrito. j. Indicar que o estudante nao sera obrigado a responder nenhuma questao no questionario e o tempo estimado de preenchimento. k. Os riscos da pesquisa estao diferentes em todos os documentos. Pedimos que os pesquisadores reflitam sobre as pendencias apresentadas e reelaborem o conceito de risco dessa pesquisa, como solicitado na pendencia 10. Apos, adequar os riscos em todos os documentos do protocolo de pesquisa, e tambem neste termo de assentimento. l. Incluir a informacao sobre a garantia de acesso aos pesquisadores (Resolucao CNS no 510 de 2016, artigo 17, VIII): “Se voce tiver qualquer duvida em relacao a pesquisa, voce pode entrar em contato com o pesquisador atraves do(s) telefone(s) [00 0000-0000 (fixo institucional e ramal, celular) – indicar telefones pessoais e/ou de trabalho que sejam acessiveis], pelo e-mail [[email protected]], e endereco [Rua/Avenida, numero, complemento e CEP].”, completar com as informacoes da pesquisadora responsavel: Antonieta Heyden Megale Siano, nao apenas do Alexandre. RESPOSTA 12: Em resposta aos apontamentos: a. Alterado conforme a orientação. b. Alterado conforme a orientação. c. Alterado conforme a orientação. d. Alteração feita em consonância com pendências anteriores. Alterado conforme a orientação. e. Alteração feita em consonância com pendências anteriores. Alterado conforme a orientação. Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557 Bairro: VILA CLEMENTINO CEP: 04.023-900 UF: SP Município: SAO PAULO Telefone: (11)5571-1062 Fax: (11)5539-7162 E-mail: [email protected] Página 16 de 18 152 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP Continuação do Parecer: 5.656.118 f. Alterado conforme a orientação. g. Alterado conforme a orientação. h. Alterado conforme a orientação. i. Alterado conforme a orientação. j. Alterado conforme a orientação. k. Refletimos sobre a redação dos riscos em todos os documentos e atualizamos em todos eles o ponto acerca da LGPD. Alteração feita em consonância com pendências anteriores. Alterado conforme a orientação. l. Alterado conforme a orientação. Alterações realizadas nos documentos TCLE aos pais/responsáveis e de Assentimento aos alunos, documentos anexos respectivamente “TCLE_Unifesp_Alexandre_v2_9ago2022” e “Termo_Assentimento_Alexandre_v2_9ago2022”. PENDÊNCIA ATENDIDA Considerações Finais a critério do CEP: Diante do exposto, o Comitê de Ética em Pesquisa – CEP, de acordo com as atribuições definidas na Resolução CNS n.° 466, de 2012 e/ou Resolução CNS n.° 510, de 2016, e na Norma Operacional n.° 001, de 2013, do CNS, manifesta-se pela aprovação do protocolo de pesquisa. 1 - O CEP informa que a partir desta data de aprovação toda proposta de modificação ao projeto original, incluindo necessárias mudanças no cronograma da pesquisa, deverá ser encaminhada por meio de emenda pela Plataforma Brasil. 2 - O CEP informa que a partir desta data de aprovação, é necessário o envio de relatórios parciais (semestralmente), e o relatório final, quando do término do estudo, por meio de notificação pela Plataforma Brasil. Este parecer foi elaborado baseado nos documentos abaixo relacionados: Tipo Documento Arquivo Informações Básicas PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_P do Projeto ROJETO_1970753.pdf Outros CARTARESPOSTA_v1_9ago2022.doc Cronograma cronograma_Alexandre_v2_9ago202 Postagem 09/08/2022 19:09:56 09/08/2022 19:09:18 09/08/2022 Autor Situação Aceito ALEXANDRE RODRIGUES ALEXANDRE Aceito Aceito Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557 Bairro: VILA CLEMENTINO CEP: 04.023-900 UF: SP Município: SAO PAULO Fax: (11)5539-7162 Telefone: (11)5571-1062 E-mail: [email protected] Página 17 de 18 153 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP Continuação do Parecer: 5.656.118 Cronograma 2.docx 18:49:44 RODRIGUES Aceito TCLE / Termos de Assentimento / Justificativa de Ausência TCLE / Termos de Assentimento / Justificativa de Ausência Projeto Detalhado / Brochura Investigador Declaração de Instituição e Infraestrutura Solicitação registrada pelo CEP Termo_Assentimento_Alexandre_v2_9a go2022.docx 09/08/2022 18:49:34 ALEXANDRE RODRIGUES NUNES Aceito TCLE_Unifesp_Alexandre_v2_9ago2022 .docx 09/08/2022 18:49:23 ALEXANDRE RODRIGUES NUNES Aceito Projeto_de_Pesquisa_Alexandre_v2_9a go2022.pdf 09/08/2022 18:49:08 Aceito Carta_de_Anuencia_Institucional_assina da.pdf 26/06/2022 16:11:49 Cadastro_CEP_Alexandre_assinado_fin al.pdf 26/06/2022 15:59:45 Folha de Rosto folhaDeRosto_assinada.pdf 26/06/2022 15:58:25 ALEXANDRE RODRIGUES NUNES ANTONIETA HEYDEN MEGALE SIANO ANTONIETA HEYDEN MEGALE SIANO ANTONIETA HEYDEN MEGALE SIANO Aceito Aceito Aceito Situação do Parecer: Aprovado Necessita Apreciação da CONEP: Não SAO PAULO, 21 de Setembro de 2022 Assinado por: Fernanda Miranda da Cruz (Coordenador(a)) Endereço: Rua Botucatu, 740, 5. andar, sala 557 Bairro: VILA CLEMENTINO CEP: 04.023-900 UF: SP Município: SAO PAULO Telefone: (11)5571-1062 Fax: (11)5539-7162 E-mail: [email protected] Página 18 de 18 154 APÊNDICE B – APRESENTAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA PARA OS ALUNOS DO NONO ANO Slide 1 Slide 2 155 Slide 3 Slide 4 156 APÊNDICE C – TERMOS DE CONSENTIMENTO E ASSENTIMENTO 1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido REGISTRO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Você está sendo convidado a compreender e a assentir a participação do(a) seu(sua) filho(a) em uma pesquisa acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Letras. O título da pesquisa é “Fan Fiction e Cultura Participativa em aulas de Língua Inglesa”. O objetivo desta pesquisa é investigar como os repertórios linguísticos de estudantes de inglês são ampliados na produção midiática em consonância com a Cultura Participativa e investigar quais affordances (propiciamento e autonomia no processo de aprendizagem) são articuladas por meio de uma sequência didática elaborada à luz da pedagogia dos multiletramentos (uma perspectiva de letramento que considera a multiplicidade de linguagens) que culmina na produção de textos do gênero fan fiction, que é um gênero textual digital típico dos fãs de uma obra literária, de um filme, de histórias em quadrinho, etc. A pesquisadora principal e responsável por essa pesquisa é a Profa. Dra. Antonieta Megale, professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Letras do Campus Guarulhos, da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade Federal de São Paulo. O segundo pesquisador responsável por essa pesquisa é o aluno de Mestrado em Estudos Linguísticos, na linha de pesquisa Linguagem em Novos Contextos, do mesmo Programa e da mesma Universidade. Seu filho/Sua filha receberá um termo de assentimento, por ser menor de idade, e a ele/ela será feita uma apresentação de todo o processo da pesquisa antes de seu início. Todos os participantes dessa pesquisa receberão os esclarecimentos necessários antes, durante e após a finalização da pesquisa, e lhe asseguro que os nomes não serão divulgados, sendo mantido o mais rigoroso sigilo mediante a omissão total de informações que permitam identificá-lo/a. As informações serão obtidas por meio do seguinte caminho didático: por meio de uma sequência didática sob à luz da pedagogia dos multiletramentos, seu filho/sua filha estudará o gênero fan fiction, a Cultura Participativa e os elementos linguístico-discursivos pertinentes ao gênero. Ao longo dessa sequência didática, ele/ela fará a leitura concomitante da obra literária “Animal Farm” de George Orwell e desenvolverá o trabalho com os objetivos literários, de acordo com o planejamento do curso de Inglês do nono ano. Ao término das etapas da sequência didática, ele/ela formará pequenos grupos (duplas ou trios) para, de forma colaborativa, produzirem uma fan fiction que expresse intertextualidade com a obra literária. Essa produção será publicada em um blog (Tumblr) da turma do nono ano, com a finalidade de leitura e compartilhamento exclusivos aos alunos da série. A sequência didática terá duração aproximada de três semanas e a leitura da obra de aproximadamente um mês. O tempo didático tem flexibilidade, mas será ajustado com a finalidade de proporcionar o processo da pesquisa juntamente com os objetivos do curso do nono. As atividades listadas anteriormente são parte integrante do curso de Inglês do 9º ano e não dependem dessa pesquisa. Seu filho/sua filha responderá um questionário (Google Forms), atividade exclusiva desse estudo, após a produção e publicação das fan fictions como parte final desse caminho didático e metodológico. Seu filho/sua filha levará aproximadamente 15 minutos para responder ao questionário. Todos os alunos do nono ano ‘G2’ terão acesso aos textos publicados. As Fan Fictions ficarão disponíveis para acesso dos alunos até o término do ano letivo de 2022 e, posteriormente, serão arquivadas para uso exclusivo do pesquisador. Os alunos terão aulas e atividades para compreender as questões éticas pertinentes ao compartilhamento de dados e de informações dos textos das Fan Fictions e do blog. Reforçaremos que seu filho/sua filha não deverá republicar as Fan Fictions em nenhuma rede social e nem compartilhar os textos. 157 A participação do seu filho/sua filha envolve o risco ético de que ele/ela entenda de forma errônea que a atribuição de conceito institucional pertinente aos objetivos do curso de Inglês do nono ano estará relacionada a participação do processo da pesquisa. Ressaltamos que, independentemente da aceitação de seu filho/sua filha em participar da pesquisa, os conceitos atribuídos pelos objetivos educacionais, linguístico-discursivos e literários pertinentes à sequência didática não estarão refletidos, ou seja, se ele/ela decidir por não participar da pesquisa, em nada sua aprendizagem será impactada e conceitos atribuídos ao longo do processo de ensino-aprendizagem, em nenhuma circunstância, dependerá da sua participação (ou não) da referida pesquisa acadêmica. Da mesma forma, se ele/ela decidir participar da pesquisa, os conceitos atribuídos não serão necessariamente “melhores”. Se ele/ela decidir por não participar da pesquisa, os conceitos atribuídos não serão necessariamente “piores”. Portanto, reforçamos que o caminho metodológico da pesquisa acadêmica não resultará em conceito e não interferirá no processo avaliativo pertinente à sequência didática, mas o processo de ensino-aprendizagem e a avaliação no âmbito do curso e da instituição de ensino terão conceitos atribuídos que, em nenhuma hipótese, dependerão do aceite ou não do seu filho/sua filha em participar da pesquisa. Ainda, durante todo o processo de aplicação da sequência didática e da coleta de dados será respeitado o direito de sigilo de informações pessoais e privadas conforme a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), pois para essa pesquisa, reforçamos que somente trataremos das produções textuais dos alunos e de suas respostas nos questionários. A participação do seu filho/sua filha, entretanto, pode ajudar os pesquisadores a entender melhor o processo de produção escrita e digital de fan fictions, a compreender a motivação das escolhas temáticas das fan fictions criadas com a intertextualidade e se o caminho pedagógico proposto contribui para os objetivos linguístico-discursivos. Ainda, por meio da pesquisa, a participação dele/dela poderá contribuir para a compreensão do processo de uma aprendizagem mais participativa, consciente e crítica. Assim, você está sendo consultado sobre o interesse e disponibilidade de assentir ao seu filho/filha a participação dessa pesquisa. Você é livre para recusar-se a participação dele/dela, retirar seu consentimento ou interromper a participação dele/dela a qualquer momento. A recusa em participar não acarretará nenhuma penalidade. Reforçamos que, em caso da sua não autorização e da opção de seu filho/sua filha em não participar dessa pesquisa, ele/ela não terá prejuízo pedagógico algum, pois como descrito anteriormente, as atividades pedagógicas inerentes ao programa do curso de inglês do 9º ano serão realizadas independentemente dessa pesquisa. Ainda, como a única atividade exclusiva dessa pesquisa aos alunos que optarem em participar será o preenchimento online de um questionário (Google Forms) que será enviado para preenchimento em horário que não é horário de aula, em caso de recusa, seu filho não terá prejuízo algum em seu processo de aprendizagem. Da mesma forma, em qualquer momento durante a pesquisa, ele/ela ou você poderão comunicar por e-mail, ou por qualquer forma de comunicação apontadas a seguir, que não querem mais participar dessa pesquisa e somente o preenchimento do questionário não será mais solicitado. Seu filho/sua filha, e nem você, receberá pagamentos por ser participante da pesquisa, mais uma vez ele/ela não receberá nota ou conceito institucional por participar da pesquisa. Se houver gastos com transporte ou alimentação, eles serão ressarcidos pelo pesquisador responsável. Todas as informações obtidas por meio da participação de seu filho/filha serão de uso exclusivo para esta pesquisa e ficarão sob a guarda do/da pesquisador/a responsável. Caso a pesquisa resulte em dano pessoal, o ressarcimento e indenizações previstos em lei poderão ser requeridos pelo participante ou por seu responsável. Os pesquisadores poderão contar para você e para seu filho/filha os resultados da pesquisa quando ela terminar, se vocês quiserem saber. Para maiores informações sobre os direitos dos participantes de pesquisa, leia a Cartilha dos Direitos dos Participantes de Pesquisa elaborada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), que está disponível para leitura no site: http://conselho.saude.gov.br/images/comissoes/conep/img/boletins/Cartilha_Direitos_Participantes_d e_Pesquisa_2020.pdf Se você tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, você pode entrar em contato com os pesquisadores responsáveis: Alexandre Rodrigues Nunes, no telefone celular 11 97577-2009 ou pelo fixo 11 4057-3773 e por e-mail [email protected]. Ainda, em endereço residencial Rua São Francisco de Assis, 150 (Apto 113 Bloco 1), na cidade de Diadema, em São Paulo, CEP 09911000; Antonieta Heyden Megale Siano, no telefone celular 11 95486-2788 ou pelo comercial 30345445, em endereço Rua Cincinato Braga, 388 Bela Vista, São Paulo, CEP: 01333-010, ou ainda pelo e-mail [email protected]. Este estudo foi analisado por um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). O CEP é responsável pela avaliação e acompanhamento dos aspectos éticos de todas as pesquisas envolvendo seres 158 humanos, visando garantir a dignidade, os direitos e a segurança de participantes de pesquisa. Caso você tenha dúvidas e/ou perguntas sobre seus direitos como participante deste estudo, neste caso, sobre a participação de seu filho/filha, ou se estiver insatisfeito com a maneira como o estudo está sendo realizado, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de São Paulo, situado na Rua Botucatu, 740, CEP 04023-900 – Vila Clementino, São Paulo/SP, telefones (11) 5571-1062 ou (11) 5539-7162, de segunda a sexta, das 08:00 às 13:00hs ou pelo e-mail: [email protected]. No caso de permitir que seu filho/sua filha faça parte como participante, você (como responsável legal pelo seu filho/sua filha) e o pesquisador devem rubricar todas as páginas e assinar as duas vias desse documento. Uma via é sua. A outra via ficará com o(a) pesquisador(a). Os participantes dessa pesquisa e seus responsáveis receberão um e-mail após a coleta dos dados em agradecimento pela disposição em participar do estudo e pela contribuição com a pesquisa. Receberão também, por e-mail, após a publicação, link para o blog (Tumblr) com as Fan Fictions publicadas pelos seu filho/sua filha, que terá sido devidamente publicada sob a condição de aceite (ou não). Posteriormente, os participantes receberão e-mail convite com link disponível para a leitura da dissertação quando ela estiver devidamente finalizada e aprovada como forma de compartilhamento dos resultados obtidos com esse estudo. Por favor, copie o trecho abaixo e cole no corpo de e-mail como resposta ao e-mail enviado para você com esse documento em anexo, inserindo as suas respectivas informações: Consentimento do responsável do participante Eu, abaixo assinado, entendi como é a pesquisa, tirei dúvidas com o(a) pesquisador(a) e permito meu filho/minha filha participar, sabendo que ele/ela pode desistir em qualquer momento, durante e depois de participar. Autorizo a divulgação dos dados obtidos neste estudo mantendo em sigilo minha identidade e da do meu filho/minha filha. Informo que recebi uma via deste documento com todas as páginas rubricadas e assinadas por mim e pelo Pesquisador Responsável. Nome participante:_________________________________________________________________ Assinatura: _______________________________________ local data:________________________ do(a) e Declaração do pesquisador Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária, o Consentimento Livre e Esclarecido do representante legal do participante para a participação neste estudo. Declaro que o filho/a filha do responsável legal do participante receberá um termo de Assentimento Livre Esclarecido. Declaro ainda que me comprometo a cumprir todos os termos aqui descritos. Nome da Pesquisadora Principal: __________________________________ Assinatura: ________________________________________ Local/data:__________________________ Nome do segundo Pesquisador: _______________________________________ Assinatura: _________________________________________ Local/data:_______________________ 159 2. Termo de Assentimento TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Olá! Meu nome é Alexandre Rodrigues Nunes e faço parte de um grupo de pesquisadores, juntamente com a pesquisadora responsável Antonieta Heyden Megale, na área de Estudos Linguísticos, na linha de pesquisa Linguagem em Novos Contextos da Universidade Federal de São Paulo. Vamos desenvolver um estudo acadêmico sobre as produções de fan fictions dos alunos do nono ano. Vamos explicar tudo sobre o estudo tanto para você quanto para o seu responsável. O estudo irá acontecer no Colégio Santa Cruz. Você está sendo convidado(a) a participar, como voluntário(a), da pesquisa que se chama Fan Fiction e Cultura Participativa em aulas de Língua Inglesa Este documento serve para informar tudo sobre a pesquisa e lembre, você poderá perguntar tudo o que quiser e a qualquer momento, não fique preocupado(a) ou com vergonha. A pergunta poderá ser feita a qualquer um de nós. Além disso, para você participar do estudo, seus responsáveis terão que autorizar e assinar um documento que chama Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Entretanto, mesmo que seus pais autorizem, mas você não deseja participar, a sua vontade prevalecerá. Fique tranquilo(a). Se não entender alguma palavra ou expressão, não hesite e pergunte! Vamos lá J O convite está sendo feito a você porque sua participação, contribuindo com a fan fiction que você produzirá e a sua reflexão crítica sobre o processo de produção dela, ajudará os pesquisadores a compreender melhor o processo de aprendizagem relacionado com a Cultura Participativa, com a produção escrita midiática e intertextual de forma consciente e crítica. Ah, importante! Você pode dizer que não quer participar, decisão é sua! Você pode pensar com calma e conversar com seus responsáveis. Mesmo se você aceitar agora, você pode mudar de ideia a qualquer momento e dizer que não quer mais fazer parte. Em todos esses casos você não será prejudicado, penalizado 160 ou responsabilizado de nenhuma forma, pois a participação (não) não estará atrelada com seu conceito . Antes de decidir se você quer participar, você precisa entender por que esta pesquisa está sendo realizada, todos os procedimentos envolvidos, os possíveis benefícios, riscos e desconfortos que serão descritos e explicados a seguir. Leia aqui tudo sobre a pesquisa: ü Por que está pesquisa está sendo feita? Esta pesquisa está sendo feita para investigar como os repertórios linguísticos (habilidades e modos de falar) de estudantes de inglês são ampliados na produção midiática em consonância com a Cultura Participativa e investigar quais affordances (propiciamento e autonomia no processo de aprendizagem) são articuladas por meio de uma sequência didática elaborada à luz da pedagogia dos multiletramentos (uma perspectiva de letramento que considera a multiplicidade de linguagens) que culmina na produção de textos do gênero fan fiction, que é um gênero textual digital típico dos fãs de uma obra literária, de um filme, de histórias em quadrinho, etc. ü Quem pode participar? Alunos do nono ano que produzirão e publicarão uma fan fiction em intertextualidade com a obra “Animal Farm”, de acordo com os estudos do gênero fan fiction e os elementos pertinentes a ele. Além disso, quem quiser participar, é claro! Se você não quiser participar, isso não atrapalhará em nada sua aprendizagem, pois todas as atividades referentes ao estudo da Fan Fiction já fazem parte dos conteúdos do seu curso de inglês do 9º ano. Você poderá recusar em participar no início, no meio e até no fim da minha pesquisa. Se não quiser, você somente deixará de preencher o questionário sobre a produção da sua Fan Fiction. Em qualquer outro momento da pesquisa, basta você entrar em contato comigo por e-mail, ou por telefone, e irei prontamente retirar seu texto da análise dessa pesquisa e não utilizarei as suas respostas do questionário, caso você já o tenha respondido. ü O que vai acontecer durante a pesquisa? Se você quiser participar, nós iremos utilizar seu texto (sua fan fiction) que será publicada e compartilhada com todos os alunos do seu grupo e com seus pais, sem identificar seu nome (a não ser que você queira), por questões éticas, e iremos analisar a escolha dos conteúdos temáticos. Também, iremos aplicar um questionário (Google Forms) para compreendermos alguns pontos de investigação da nossa pesquisa. As atividades que você realizará durante o estudo das Fan Fictions não são exclusivas dessa pesquisa, somente o questionário (Google Forms – que levará aproximadamente 15 minutos para responder) que será aplicado somente se você optar em participar desse estudo. Por fim, vamos enviar um e-mail com agradecimentos a você e aos seus pais/responsáveis, pois vocês terão contribuído imensamente com essa pesquisa. Vocês Receberão também, por e-mail, após a publicação, link para o blog (Tumblr) com as Fan Fictions. Posteriormente, vocês receberão e-mail convite com link disponível para a leitura da dissertação quando ela estiver devidamente finalizada e aprovada como forma de compartilhamento dos resultados obtidos com esse estudo. Os textos das Fan Fictions serão publicados pelos alunos do nono ano ‘G2’ e estarão disponíveis até o final do ano letivo de 2022. Posteriormente, vou arquivar todos os textos para a análise desse estudo. É importante ainda dizer que você terá aulas e atividades durante seus estudos de Fan Fiction para compreender as questões éticas e de cuidado referentes ao compartilhamento de informações e publicações autorais em redes sociais. Já adianto que você não poderá republicar os textos em nenhuma rede social e nem os compartilhar. 161 ü Quais são os riscos para você? Não publicaremos nenhum dado pessoal seu na pesquisa, mas prevemos que você possa pensar que seu conceito, resultante do processo de aprendizagem e avaliativo, seja “melhor” ou “pior” dependendo da sua participação ou não. Não há nenhuma relação com seu conceito e com sua avaliação pedagógica/institucional. Ou seja, se você participar ou não, sua aprendizagem e, por conseguinte, seu conceito, não terão impacto. Ainda, durante todo o processo de aplicação da sequência didática e da coleta de dados será respeitado o direito de sigilo de informações pessoais e privadas conforme a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), pois para essa pesquisa, reforçamos que somente trataremos das produções textuais dos alunos e de suas respostas nos questionários. ü Haverá algum benefício? Você vai ajudar muito a área da linguística aplicada, de Letras e na área acadêmica como um todo. Irá ajudar os pesquisadores a compreender melhor o processo de aprendizagem por meio da Cultura Participativa, da produção escrita midiática, de uma aprendizagem mais consciente e crítica. O fazer científico com rigor, ainda mais com a sua participação, irá contribuir para uma sociedade mais crítica também! ü E se algo der errado? Caso aconteça algo de errado, você receberá todo cuidado sem interferência em seu processo de aprendizagem e avaliativo. Você poderá sempre falar com os pesquisadores para tirar suas dúvidas. Lembre-se, participando ou não do estudo, você terá conceitos atribuídos de forma institucional que não dependem desse caminho metodológico da pesquisa acadêmica. Todas as informações coletadas neste estudo serão confidenciais (seu nome jamais será divulgado): Somente o pesquisador e/ou equipe de pesquisa terão conhecimento de sua identidade e nos comprometemos a mantê-la em sigilo. Os dados coletados serão utilizados apenas para esta pesquisa. Se houver gastos, como de transporte e alimentação, eles deverão ser ressarcidos pelo pesquisador responsável. Quando terminar, se você quiser, a gente pode te contar o que descobrimos, os resultados da pesquisa e as reflexões que tivemos. Poderemos conversar sempre que quiser! Em caso de dúvidas sobre a pesquisa, você pode entrar em contato com os pesquisadores responsáveis: Alexandre Rodrigues Nunes, no telefone celular 11 975772009 ou pelo fixo 11 4057-3773 e por e-mail [email protected]. Ainda, em endereço residencial Rua São Francisco de Assis, 150 (Apto 113 Bloco 1), na cidade de Diadema, em São Paulo, CEP 09911-000; Antonieta Heyden Megale Siano, no telefone celular 11 95486-2788 ou pelo comercial 3034-5445, em endereço Rua Cincinato Braga, 388 Bela Vista, São Paulo, CEP: 01333-010, ou ainda pelo e-mail [email protected]. Ainda tem um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) que avaliou este estudo, este comitê é um órgão que protege o bem-estar dos participantes de pesquisas. Caso você tenha dúvidas e/ou perguntas sobre seus direitos como participante deste estudo ou se estiver insatisfeito com a maneira como o estudo está sendo realizado, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de São Paulo, situado na Rua Botucatu, 740, 5. andar (sala 557) CEP 04023-900, Vila Clementino, São Paulo/SP, telefones (11) 5571-1062 ou (11) 5539-7162, segunda a sexta, das 08:00 às 13:00hs ou pelo e-mail [email protected]. E aí, quer participar? Faça um x na sua opção. 162 Sim ( ) Não ( ) Se você marcou sim, responda ao e-mail enviado para você com esse documento em anexo, copiando o trecho abaixo e completando com seu nome: Declaração do participante Eu, ___________________________________________, aceito a participar da pesquisa. Entendi as informações importantes da pesquisa, sei que posso desistir de participar a qualquer momento e que isto não irá causar nenhum outro problema. Autorizo a divulgação dos dados obtidos neste estudo mantendo em sigilo a minha identidade. Os pesquisadores conversaram comigo e tiraram minhas dúvidas. Assinatura: _______________________________________ data:________________________ Declaração do pesquisador Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o assentimento deste participante para a participação neste estudo. Declaro ainda que me comprometo a cumprir todos os termos aqui descritos. Nome do Pesquisador:__________________________________________________________ Assinatura: ________________________________________ Local/data:________________________ Nome do segundo pesquisador: ___________________________________________________ Assinatura: _________________________________________ Local/data:_______________________ 163 APÊNDICE D – CONTEÚDOS TEMÁTICOS DE TODAS FANFICTIONS PRODUZIDAS PELOS ALUNOS FANFICTIONS TÍTULO FANFICTION 1 Sugar Mountain Candy FANFICTION 2 RUN! THE PIGS ARE COMING OUT… FANFICTION 3 The falling of the farm SINOPSE PALAVRAS-CHAVE CLASSIFICAÇÃO DE CONTEÚDO & What if the concept of afterlife was introduced to the farm animals while they were planning their revolution? Read this fanfiction to discover the answer What if Napoleon was gay and he had been having an affair with squealer. What if Snowball also had a little fling with Squealer and that would be the actual reason he was kicked out of the farm? The dogs could be double agents that were working for Squealer and would demand them to expel anyone who wasn’t pure, resembling e Nazi regime. Animal Farm, After life, religion, rebellion, revolution / K+ What if… the Animal Farm fell just like URSS? (Extension of the original story) After the main storyline and In the edge of Napoleon’s govern, it was noticeable the advantages that he possessed over other animals, even in the point of the pigs suffering disadvantages. The only ones who prosper would be the ones close to Napoleon, to general discontent. All the animals form a union against the corrupt government of the leader pig.If Benjamin had changed after the book’s storyline, he would have created various movements. If Clover had some hope yet, she would have led the revolutionary groups. If pigs had decided to help the other animals, what would happen? Along with recurrent characters, new characters from different social classes/species appear to face the slaved reign: “The Low Class of Pigs”, including Robespierre, the main representative of this class. Despite the differences, they adapted in working together against Napoleon and his associates, like Squealer and his own son, Luís-Sun. Since the original story followed the Russian Revolution of 1917, this will include the period of the end of the Soviet Union. Welcome, animals, big or small, pigs or humans, it really doesn’t matter, to the Fall of the Farm. #URSS #fall #dictation #craziness #K+ #love #nazi #lovetriangle #napoleon #lovetwists #pov #letter #militias #animalism /T 164 FANFICTION 4 Modern Animal Family Farm FANFICTION 5 Father FANFICTION 6 Pigocaust FANFICTION 7 Snowball's Journey FANFICTION 8 Living a wild life What if the worldwide known tv show Modern Family took place in the Animal Farm world? The 22nd episode of the third season of the show, one of the most known episodes, takes place at Disneyland for a family trip. What if Napoleon had actually raised Clover and Muriel (who is a male, in this case) as siblings, because their mother, who used to, long ago, be married to Napoleon, had run away and left her kids with him. Boxer didn't die, and was married to Clover, who had together three foals, the older one called Clover The Second, the middle one called Marie Curie and the younger, Boxer Junior. Muriel turned out to be gay, and was married to Moses, who together had adopted an asian monkey who was found lost in animal farm, whose name was Lily. A decade after, Mollie, who used to be Clover and Muriel's colleague, came back to Animal Farm with her son, Benjamin, and was now dating Napoleon, leaving a confusing and weird relationship within the family. What if the dogs who were kept from their mother and used by Napoleon as soldiers wrote a poem about their situation, showing their point of view about this trauma: It is going to be different than you expected? Read the poem and find out! Modern Family, Disney, Animal Farm, Hailey, Dumphy, Phill, Manny Delgado, Boxer, Gloria Benjamin, Mollie, Family… / K What if, just a week before Napoleon talks to the humans, due to unconventional circumstances, a new, more insane, and even more extreme figure meets Napoleon, Fuhrer? The deranged conversations between them are simply hilarious, however due to intellectual lack of tolerance to different opinions from both sides they jointly decided that they would fight until only one side was left standing. His tail slipped swiftly under the fence as he ran for his life. In a matter of seconds, running through vast fields, Snowball made up a clever plan to continue his journey of spreading animalism. When he arrived at Foxwood farm, Snowball realized that what he expected was not what was awaiting him. If only he had stayed on the farm… Humans from other farms use something they can’t control and don’t really understand in order to infiltrate Animal Farm and gather information on the revolution so that they can try to avoid it in their own farm. The problem is they used magic to become animals themselves, but they can’t come back to being humans again, and #war ; #comedy ; #t-rated father, relationship, Napoleon, dogs, soldiers, abusive training, pov, poem, Animal Farm, gaslighting / K+ #horror #snowball #animal farm #fanfic #torture #pigs / K+ 165 FANFICTION 9 The SeaWorld Rebellion FANFICTION 10 THE HISTORY BEHINDS NESTLÉ COMPANY FANFICTION 11 The evil behind it all FANFICTION 12 The real owner of the dream FANFICTION 13 Boxer's Journey mind their human friends can’t understand them, as they don't speak “animal” language. Also, with their animal paws, they can’t undo the magic by themselves, and their human friends can’t understand them, so they are stuck as animals forever, or are they gonna find a solution. What if Tilikum, the Seaworld whale, killed her coach to join the Rebellion? The incident that shocked the whole world and started many controversies, where one of the whales in SeaWorld drowned her coach, is related to the rebellion on Animal Farm. This is the other side of the incident, the side that humans do not know. After 25 years of the animal revolution at the Animal Farm, Mr. Jones, already with his adult son, Charles, told him the story of his old farm lost to the animals. Charles was thinking about it for days. So after a lot of courage he decided to call his friends to the adventure of winning back his family farm. Was after it that the Nestle company was created. He was very confident and with his friend's help, Charles managed to tame the animals and began to mistreat them by killing to use in the products sold on the farm. The company started to grow more and more and a while later it became Nestle. But nobody knew that behind this "great" company the animals were killed to make the products. We all know that Squealer skills were rhetorical and he could manipulate others with his propaganda. He used his speech to convince all the animals at Animal Farm to accept Napoleon's decisions. But what if it was actually his decision? What if he was actually the evil mind behind everything? Squealer was the one controlling Napoleon all along… What if Napoleon had planned it all, since the very beginning? What if he had gone to Manor Farm to search for a place to start his new revolution? What if Old Major was already old enough to mistake a tree with a cow, and his dream was nothing but the product of Napoleon influence? And his death, caused by natural causes, was not at all natural? This fanfic shows how, since the beginning, Napoleon was the mind behind it all. What if Boxer never really died? What if he survived? Boxer had a plan: find Animal Farm to retrieve his beloved Clover so they could go away and live together, there is only one problem: when he gets there, the farm is nowhere to be seen. Follow Boxer and his journey SeaWorld, Whale, revolution Nestlé, Charles, Logan, farm, animals, counterrevolution, tame lies, thriller, corruption – T manipulation, mysterious, Corruption, Manipulation, AU / K+ Mystery - Fluffy - Fun - Adventure - Sci-Fi Family K+ 166 FANFICTION 14 Beasts of England FANFICTION 15 The Pigs’ Rise FANFICTION 16 The Resurgence of Snowball FANFICTION 17 Second Revolution FANFICTION 18 Animal Farm: Bonnie and Clyde animals’ story as he makes new friends while trying to find Clover. Read to find out who these friends are, why Animal Farm is gone and where Clover is. What if Napoleon and Snowball never competed with each other, and instead worked together in order to make the animals thrive? With their combined intelects could they turn the song “Beasts of England” into reality? Who would they have to face? Find out in this fanfic about the animals revolting against the human race in their quest to conquer all of England. Coming Spring 2022 What if Snowball, Squealer and Napoleon were actually the three little pigs? Before they got to animal farm, when they were younger, in the land near the Manor Farm, the three pigs were living their lives in their tiny family house. Then, it became too little and they had to build their own houses, which led to: three little furious pigs. Man had done them wrong and now, more than ever, animals were after revenge. As we know, the now again Manor Farm is controlled by the pigs, who have a strong alliance with the humans. The conditions of life in the farm have worsened and the animals are even hungrier and more tired. What would happen if, in the middle of this misery, an old savior rose from the ashes? What if Snowball came back, with the help of other animals from outside the farm, ready to give the animals freedom once and for all? Find out by reading the following fanfiction! After the Animal farm was renamed as Manor farm, they maintained good relationships with the Humans. What if the Humans were only faking those relationships to capture the animals and take them to a food industry? Read the following story to find out what really happened. We all know the story of Animal Farm, and what the revolution of the animals turned into, but what if it had a different ending? What if Boxer never actually died? Have you ever heard of Bonnie and Clyde? They were an infamous American robbery team that became notorious in the United States through their flamboyant encounters with police and the sensationalization of their exploits by the country’s newspapers. What if Clover and Boxer represented Bonnie and Clyde? What would they plan and execute, in order to War, Thriller, Conspiracy, World DominationT rated #Threelittlepigs #AnimalFarm #Crossover #Backstory / K Animal Farm, Snowball, revolution, life conditions, freedom / K+ Animal Farm, revolution / T Humans, Animal Farm Bonnie and Clyde Boxer Clover Revenge Robbery Murder T food industry, 167 FANFICTION 19 The PepperSour Valley FANFICTION 20 Till death apart? do us FANFICTION 21 Created by the poors, stolen by the riches save the other animals … and of course, make the pigs pay for what they did? What if Mollie came back from the neighboring farm, bringing the ideology of peace and Sugarcandy mountain into real life? What would be the limits between spirituality and reality? Would this impact the result of the rebellion and the attitudes of the other animals? What would be Mollie’s point of view of the authoritarian leadership of the pigs? In this Fan Fiction, she is returning from a “spiritual retreat” and convinces everyone that the ideology of the Sugarcandy Mountain can be done in real life. Animals could have that perfect and safe life, if they wanted, they just needed to be happy with themselves and follow some paths. Mollie will be their helper to achieve what they wanted. We all know that Old Major knew that he was going to die, even though he wasn't sick. It's important to add that he was already telling the animals the importance for them to take responsibility and to take the revolution seriously. Consequently, as soon as the animals knew their leader had died, they all started wondering how the Old Major knew that he was going to die and why did he want them to do the revolution. What if, then, all of the animals that got "old" and aren't prepared to die, and would only get to the point when they were sent away to be killed? What if Old Major, the father of the revolution, didn't actually die because he was old, but because it was his time to get killed? What if the animal farm was actually a slaughterhouse, a place where the humans would feed all of the animals till they got to the right conditions to be sent to the industries to be killed and sold as food? Imagine if a football league was created in the animal farm, how would the animals react? The most powerful animal there assumed the command of the money and invested in only one team, as a symbol of his power and his own will. If a team got more investment, they win. But if it did not really happen, what would be the consequences for the leaders team and investor? How shameful would it be to lose to your biggest rival, even though they didn'’ had any money invested on them, how would? What would happen to the rest of the farm and how would they react ? Read our fanfiction and discover. Sugarcandy Mountain, Mollie, Heaven, Spiritual Retreat, Peace, Good life. K+ - Murder, Manipultion, etc… K+ teen terror - fiction - dying - food Box fighting Money Superiority Cheating methods K- Fanfiction Content Rating 168 FANFICTION 22 Unity Is Strength… But the Strength is Individual FANFICTION 23 The Role FANFICTION 24 The Regime Obscure FANFICTION 25 A change in the course of history! FANFICTION 26 The Farm Runner The future is unfeasible, what happens is constantly changing. Everything was going well, a totalitarian government above everything and everyone but death. Yes, this whole government goes away, but what happens next? No answers, no planning, questions and uncertainties. Until then all animals fighting for the same cause, a union against war… but what if this union becomes inverted? A war against any alliance or empathy between animals! Who would rule? Would It be a decision for a just democracy? No, a wild game in which the most capable and evolved as possible will have victory in its paws. Who do you think would be the new Napoleon, the winner of an entire great empire and companion in a fight for new revolutions? What if after the start of Napoleon's dictatorship, Boxer died of hard work and exhaustion. His wife (Clover) wouldn't be seen as a useful figure in the animal farm society anymore, so Napoleon would sell her to a circus where her life would change completely and she would experience a new regime which the sexism would be even harder to deal with. #animal farm #napoleon #hunger games #revange #mystery #surprise 12+ Have you ever wondered what Clover did during those days of hard work? How about during the nights? What if Clover represented more than just the women's role in society?The windmill could have been built if Clover could have helped… Soon, you will be able to explore Clover's hidden routine and feelings that George Orwell never exposed to us. If the pigs had a way to travel back in time, they would for sure try to change the course of history in their favor. Well… but what if they actually could do that? After being mysteriously teleported to Ancient Egypt (a civilization they had never seen before), Napoleon and Squealer realize this could be the perfect chance for them to implement animalism in another civilization, so they start to act! If you want to know how they got there, what they found and much more, read our FanFic! Suspense, feminism. What if animal farm was a prison that everyone thought was a safe place, however, all of them who entered it had their memories erased and did not receive information of the outside World. If an AnimalFarm Traitor Mollie TheMazeRunner sexism, procreating, baby horses, slavery, Clover, circus K+ abuse, sabotage, sexism, T AU, peggy sue, Egypt, history, Animal Farm, Animalism, K+ 169 FANFICTION 27 Hoofmade FANFICTION 28 Napoleon's greed FANFICTION 29 Finding love: an animal farm story FANFICTION 30 The Secret Agent unexpected situation happened which one of the animals found a way out to save everyone's freedom. Through the first chapters of Animal Farm, the figure of Mollie was used by Orwell to represent the Russian bourgeoisie, who we know lacked revolutionary appetite and therefore, did not care for the morals that were being preached. What if after running away Mollie were to create her own ribbon company, maintaining her luxurious and capitalist lifestyle? And as she did not apply to the cause of the revolution and its principles, wouldshe operate her industry with animal farm’s slave labor force? Have you ever wondered how the Paraguayan war might possibly be related to Animal Farm… Well here's how! What if after the animal revolution Napoleon gets too greedy for territory and promises his people to build a windmill, while invading other farms. After visiting far away farms and learning new battle strategies, Napoleon greed hits him hard and he wants more farmland! Would he be able to fight all the neighboring farms alone or would there be too much food on his plate? What if you didn't prioritize the right things in relationships, people... and didn't realize the huge consequences in your life until it's too late? That's exactly the story that happens in our fanfiction- In an alternative (not so alternative) animal farm reality, on which the farmers just cared for the pigs, leaving the rest of the animals falling into oblivion and tricking them into thinking they weren't good enough, while the pigs assume a superior mindset where they find themselves in the right, to oppress and dominate the rest of the farm, on the pretext that they would love and teach the rest of the animals what self-love was, something they had never experienced before. How will the animals learn to love themselves if no one ever really loved them? A story of love, prejudice, oppression and self discovery. What if Benjamin secretly started teaching the animals how to read and comprehend what really had happened. How would they be able to start a second revolution? Read our fanfic and discover how Benjamin managed to lead a new revolution and if they were able to reestablish the order in the Manor Farm. Mollie, bourgeoisie, capitalism, enterprise / K+ War - Sacrifice - Dictatorship / K+ Self love, romance, non rated Second revolution, new animalism, order, benjamin leadership K+ 170 FANFICTION 31 Life or Afterlife? What is more worth it? Fight to make the world more peaceful or give up on the world and skip to the afterlife, in the Sugar Candy Mountain? The animals don’t see it, but they have one of the most complicated reflections of life on their hands and, more than ever, their whole destiny to decide. What if they joined a cult so they could go to the afterlife, without even knowing if it’s real or not? Have you ever wondered what might have happened to Snowball during his exile from the farm? What if he came back after all these years to seek vengeance for Napoleon? How could that impact the animal's lives and Napoleon's absolute power over them? We came up with a few ideas on what might have happened after the ending of the book. A new revolution? A story of revenge? A war between Napoleon and Snowball? Join us in imagining a new future for Animal Farm. Content Rating: K #afterlife #life #reality FANFICTION 32 Ham: the Crumble of an Empire FANFICTION 33 The Letter Have you ever wondered what would happen if humans entered Animal Farm by mistake? What if they discovered Snowball's actual reality wasn't from a traitor? And what if we could read Snowball’s own testimony? Read our fanfic to find out! farm, humans, Snowball, letter, trip, Sugarcandy Mountain, revenge, comrades, animalism, Napoleon FANFICTION 34 Humanitarian What if the Animal Farm story had continued, and now years have passed, there are new animals on the farm, the original ones have all passed away. Now the new animals have established their farm in a country named Russia, they learned about their ancestors and the snowball history and how he betrayed Animal Farm, they also discovered that Snowball after running away from the Animal Farm started another community in Ukraine and his great grandchildrens were still alive and living there. FANFICTION 35 Mr. Jones’s mask What would have happened if Mr. Jones were trans and was having gender issues, he felt like a woman, and deep inside he wanted to be just like the girls from school or the women from the town. Mr. Jones was bullied his whole life for being the “weird” kid. He wasn’t able to deal and cope with the issues he was having so he took it out on the animals and mistreated them. He also treated the animals badly because he wanted to prove that he was a manly man by putting up a violent man act. Read a poem that reflects upon how Mr. Jones felt about himself and the world around him. This fanfic gets the POV of M.r Jones. Animal farm, revolution, war, revenge, anger, violence. Rated T Rating: K #War, #Conflict, #Rússia, #Ukraine, #Future, #Farms, #Fanfic, #Successors, #TheBestOne, #RussiaVsUkraine / K+ poem, transgender, gender issues, LGBTQ+, animal farm, self-discovering, / K+ 171 FANFICTION 36 (Farm)bidden Love FANFICTION 37 Into the tall grass FANFICTION 38 The Return of the Revolution FANFICTION 39 Passion for Success Have you ever imagined a secret affair between the characters of ''Animal Farm"? In our narrative Mollie doesn't leave the farm. Considering this, what if Snowball and Mollie were deeply in love and falling for each other? The only problem was if the pigs found out, because it was forbidden to have a relationship between a horse and a pig, since they were from different species, and different social classes. The pigs were considered the highest in the political hierarchy, while the horses belonged to the working class. Keeping this in mind, what do you think would have happened when Snowball was exiled? Would they find a way to be together ? Read our fanfic to find out. What if Mr Jones' unkindness and hatefulness could be understood as a consequence of something traumatic and extremely horrendous that happened in his past? What if Snowball came back? What would happen if Old Benjamin and Snowball helped each other and tried to overthrow Napoleon with the help of the animals. This fanfiction takes place after the battle of the windmill while the animals' morale is down and some of them are hurting. Snowball would secretly get in touch with the animals through Old Benjamin and Clover who would create secret meetings to train strategies to expel Napoleon and restart Old Major's plan’s. Would that plan finally succeed or once again one of the leaders wouldn’t be able to share their power with someone else? Read the fanfic down below. Romance, forbidden, animal. K+ The "Passion or Success" fanfiction tells the story of a dashing young fighter named Maverick who's boss is the military chief, Napoleon Montague. One day he bumped into a stunning young lady and immediately fell in love with her intelligence, the only issue is her last name. Ophelia Capulet is the daughter of Napoleon's nemesis, Snowball Capulet, the duke of Windmill. If Maverick pursued his love, he would have to sacrifice his job and the dream of becoming a general, but he doesn't know if he is capable of staying away from the love of his life. Ophelia has the same problems, because her father wants to marry her to a powerful aristocrat, even though she wishes to follow her heart and live the rest of her life with Maverick. Will they choose family over love? au crossover shakespeare lovers strangers to lovers rivals military aristocratic Return, Snowball, New Revolution, Fanfic, Animal Farm, Squealer, Old Benjamin, CLover, Plot Twist Rating: T Content Rating: T 172 FANFICTION 40 A Journal Which Fell in the Wrong Hands: FANFICTION 41 Where it all started FANFICTION 42 Animal Media FANFICTION 43 Delightfully Violent FANFICTION 44 Mollie's $ystem What if Napoleon had poisoned the Old major? And what would happen if Napoleon found Old Major’s plans? This is a story narrated by Old Major, in his past life telling his opinions about what was going on at Animal Farm. What if something happened to each one of the pigs, before they got to the manor farm, and that is why they had different personalities and motivations throughout the book? What if they develop different mental disorders because of their childhood and past? The story occurs before the book. It tells the story of how the three pigs: Napoleon, Snowball, and Squealer, grew up, and got to the manor farm. Also, it talks about their personality and mental disorders, which are manifested not only in the fanfiction, but also in the book. What if Squealer created a social media platform to gather information from animals in a nice way or so it seemed. But later, he messed with the algorithm to gather confidential information from all the animals in the farm. Which he, afterwards, used to blackmail and take advantage of the animals in order to take power and benefit himself. As we all know, Napoleon and Snowball hate each other. What would happen if this was different? But of course they don’t know this yet. After Snowball’s chase, Napoleon starts to think about him more than he should. Regret? Guilt? What if this hatred was actually love? He does not consider this option at first; he is too busy taking care of the farm. Why would he worry about this when he had everything he dreamed of at his hands? Read our fanfic to find out. What happens with Mollie when she leaves the farm? Once Mollie departs from Animal Farm, a particular hatred of a socialist system rises within her, and a desire for material goods, consumerism, and capital drives her ambitions to create a new system. She goes to a farm that still uses the human coordinating system, and Mollie introduces a new way of trading the food and actions performed by the animals. A system led by economical power, in which people strived to be those to possess the most credit. Mollie initiates a system of obtaining and exchanging credit between animals that perform actions within the farm and provides them with credits that Napoleon, Snowball, Squealer, Animal farm, Mental disorders, past stories / T K+ Overthrow/Social Media/ Surveillance/ Authoritarianism #enemiestolovers #viral #angst #pining #romance #animalfarm #literaturefanfic #napoleon #snowball #snowleon #hatred #internalhomophobia #love #conflict #guilt #regret/ T Animal Farm, Capitalism, Work, Money, Stock Exchange / K+ 173 are profited. What if she increases the farm's productivity on a large scale and gets the farmer's attention? FANFICTION 45 The Loink FANFICTION 46 FANFICTION 47 Forbidden What if Snowball fell in love with Mr. Jones? What do you think would happen if there was a love between animals and humans considering that it was forbidden? Do you think humans would approve of it? What about the animals? If you want to know what is going to happen and how everyone is going to react about this, read "The Forbidden Loink". prohibited love / discussions / lgbtq / T rated Lovewar letters Clover was always in love with Mollie. Afraid that the love wasn’t mutual, she struggles and keeps it all to herself, mascaring it with a strange friendship level between lovers and best friends. When Mollie can’t stand the new system anymore and runs away from the Animal Farm, Clover has no choice but to mourn. She calls her best friend Boxer, unaware of his feelings towards her, so she could send letters and maybe, maybe, keep in contact with Mollie. What she doesn’t expect is what Boxer and the other animals are capable of doing to stop this forbidden love. What if Mollie went away looking for better conditions for her and for her love, Clover. Would Clover run away with Mollie and leave Animal Farm? #lovetwists #friends to lovers #gayromance #lovedepression T All animals are gay, but some animals are gayer than others What if Benjamin and Boxer were a couple? Well, that's what happened. But do you think Napoleon would only sit and approve their love? No. Our fanfic puts you inside Napoleon’s mind, showing his deepest fears, emotions and the reasons behind his actions. So it”s a mix of past, while telling Napoleon’s backstory, and present, showing how the farm reacts to a gay relationship. To learn about all the trauma behind this important character and to get to know Boxer and Benjamin a bit better, read our full story here. #gay #pride #drama #couple #cute #cutecouple #love #relationship #childhoodtrauma #helpnapoleon #sad #drama #homophobia #fyp #foryou #goviral #animalfarm #humancity #men Content rating: T 174 ANEXO A – FANFICTIONS SELECIONADAS PARA ANÁLISE Fanfiction 2 - RUN! THE PIGS ARE COMING OUT… Synopsis: What if Napoleon was gay and he had been having an afair with squealer. What if Snowball also had a little fling with Squealer and that would be the actual reason he was kicked out of the farm? The dogs could be double agents that were working for Squealer and would demand them to expel anyone who wasn’t pure, resembeling e natzi regime. Keywords & Content Rating:: T, #love #nazi #lovetriangle #napoleon #lovetwists #pov #letter #militias #animalism Fan Fiction text: My Dear Beloved Squealer, You’ve probably noticed that I’m not ruling the sh!tty farm anymore. What am I even saying, of course you did. You must be devastated! Oh and it’s Napoleon by the way. They were good years, my only regret is that those ungrateful sacks of lice found out about us, about me at least. Why would they do that? I mean like, I raised them, gave them the best for a little theatrical protection in return. And that is how they repay me. I feel horrible and don't know if I’ll survive for much longer, so I took a break to remember the good times, and I have to say that most of them were with you. Of course there were some rough patches, like when Snowball got between us. Fortunately the problem was quickly resolved, if you know what I mean. I still remember his little legs trying to run for his life. Thank god none of those airheads suspected a thing, they all thought it was about a stupid windmill. And look how crazy, I became fond of Moses. He was also expelled from the farm. I told him that those things he said about the sugarcandy mountain would lead to trouble. Animalism was the only acceptable ideology. First it was just judging, but it escalated to him being banned. I’m not gonna even talk about the animals that supported him, they didn’t have it easy. I am wondering, how is the farm now? Did the dogs take over? Did they do something to you? I can’t help but feel betrayed, I treated all the animals like kings. To say I gave them my all is an understatement and they did nothing to help me when I needed it. If it wasn’t for me we would still be slaves of the Jones family, or worse, we would be their meals. I am still shocked with how fast things went. “All animals are equal, but some are more equal than others” I’m pretty sure they forgot about the first part, hippocrates. You were always talking about animalism. Those second class animals were the ones to blame for our problems, not me. Is there any bad in having a little fun without risking overpopulation? We were actually doing a favor and ensuring everyone had a full-ish plate. I don’t care that it’s unorthodox, we don’t follow the church. I had never stated that being goy (I think that’s how humans call it) is wrong. But they thought it was. Those kiss-ass growned up puppies created their militia. How didn’t I realize? Luckily they loved you. Hope you are good now. Good years indeed. Unfortunately all good things come to an end. I really thought that things would start to go south when Snowball made that move on you. However, that only showed how much you love me. And I have to say, the feeling is mutual. My biggest concern is what the pests could have done to you. I’ve said it a lot, but I'll say it again. I hope you are alright, I miss you everyday and I’ll love you till my last breath. Love, Hunky Boar (my forever favorite nickname) Squealer folded the letter. He threw half of the bitter cognac of his glass on the paper and drank the rest. He lit up his phosphor and the love caught up in flames. “Good work, dogs” The animals were almost the size of wolves, lying on his feet. “Thank you master. God bless the Animal Farm” Fanfiction 3 - The falling of the farm 175 Synopsis: What if… the Animal Farm fell just like URSS? (Extension of the original story) After the main storyline and In the edge of Napoleon’s govern, it was noticeable the advantages that he possessed over other animals, even in the point of the pigs suffering disadvantages. The only ones who prosper would be the ones close to Napoleon, to general discontent. All the animals form a union against the corrupt government of the leader pig.If Benjamin had changed after the book’s storyline, he would have created various movements. If Clover had some hope yet, she would have led the revolutionary groups. If pigs had decided to help the other animals, what would happen? Along with recurrent characters, new characters from different social classes/species appear to face the slaved reign: “The Low Class of Pigs”, including Robespierre, the main representative of this class. Despite the differences, they adapted in working together against Napoleon and his associates, like Squealer and his own son, Luís-Sun. Since the original story followed the Russian Revolution of 1917, this will include the period of the end of the Soviet Union. Welcome, animals, big or small, pigs or humans, it really doesn’t matter, to the Fall of the Farm. Keywords & Content Rating: #URSS #fall #dictation #craziness #K+ Fan Fiction text: The prodigal son returns home Yet not to repent, but to plunder and loot Oh, they murder and demolish, no shame and sorrow, not an ounce of remorse in their hearts, the brutes! Thy deeds will not come to pass Without retribution, a scar to remember A eternal mark, punishment It will be a bloody ballet As a retribution to thy traitors Who call Napoleon a dictator -Minimus After Napoleon made the deal with the humans they started to work in the farm and share power with Napoleon. But, since he doesn’t have a lot of compassion but has a lot of jealousy, the power and government of the farm was turning into his hands all over again. He started to have the need for more money, since humans required a salary, in contrast to the other animals. So the farm would have grown in the worst conditions of work and barely any time for the animals to sleep. This, described by Squealer, was a plan to grow the farm so animals can live better, since the money used would be spent in new constructions, better healthcare and infrastructure of the place, so the animals had to work harder so that would be achieved. The first ones to brag about it were the humans that weren’t used to working so hard, some of them quitted, but others went to speak with Napoleon himself, they must have been fired though, since they weren’t seen again in the farm. In the meantime, some humans started talking to the animals, there wasn’t much of an awkwardness between them, since most animals today are adapted to see humans in the farm and Animalism is almost extinct. They would say that the work conditions were unfair and they should join them in talking. Most animals thought it was a lie and a waste of time, but it caught older animal’s attention, mainly Clover and Benjamin. The meeting that Napoleon’s did every day since the humans entered the farm stopped when the humans started protesting. Soon, there were no humans in sight, all of them were fired or left. Some of the animals thought that some were killed. But they didn’t, what mattered to them was the work and the hours of sleep that Napoleon promised if they finished working. But the work never ended. and the hours never came. The ones who didn’t work were brang to the barn 176 and never seen again, some animals say they were imprisoned, others say their flesh were sold in a butcher shop. When asked for answers, Squealer would change the topic about working. In the start of sleeping hours, Clover and Benjamin, considered veterans towards the newest generations and a figure of trust. Upset about the disappearances of both animals and humans, each night, they would tell a piece of their own story, since the Battle of the Cowshed to the execution of Snowball’s followers, the stupid listeners didn’t believe it, but the smart ones already had plans of revolution. But, slowly, all of them started realizing how bad conditions were, even with the humans leaving. Slowly, the animals turned to not work as hard as they worked before, thanks to the words of Benjamin and Napoleon. To the surprise of the workers, Napoleon himself came to a speech about his concern about working quality. In the middle of the speech, an infuriated duck came into stage and attempted to attack Napoleon. Quickly, the dogs, known as Napoleon’s defenders, came in and shot the animal. This was the first time they saw guns in the farm, and the first time newer generations saw the dogs in action. A long silence came over the stage, the pigs were shocked about the attack of the hen, and the animals were shocked by the use of the guns. This situation remained until Napoleon went to the backstage, in his place Squealer comes, even rounder than before, and says: -Unfortunate news for you comrades. If one of you breaks the line or starts an horrendous act like this, you all will receive punishments, like less sleep time, less amount of food. As also, work is now going to be supervised and sleep time will be 1 hour less than usual. We are all disappointed for your actions, and for your actions you will receive punishments. The mood inside the farm was bad and strange. The animals were acting strange and suspicious around each other. Napoleon and the rest of the farm were thinking the same: we have to do something about this mood. It was such a serious situation that none was working. They were so afraid to work with each other that they preferred not to work and not sleep. Finally, after 2 long days, Napoleon decided to do a speech about the situation in the farm, being followed by his loyal dogs, pointing guns at the audience: - My dear comrades, please, let’s stop this ambience that is taking us to the ground. We can not have another period without food, remember that those times were the worst. I know, and understand, that you are all upset but you can not make that a scusse to not work. Please, comtune to work, or the hours of sleep are going to be reduced again. That terrible speech made the animals even more nervous. But trusting each other was better. They made a lot of meetings to prepare a revanche on Napoleon. After many disagreements, arguments and fights, even though they pretended that all was “good”, they made a plan to get revenge on Napoleon. The great plan was to poison Napoleon by putting something in his food and drinks. They just forgot one little thing, Napoleon had pigs to taste his food to see if it was poisoned. At dinner time, Napoleon called his servant pig, the pig ate the food, the pig died, the pig was buried. The plan failed. Napoleon began an extreme extrasse, and ordered that some of his most loyal pigs be exterminated, thinking it was an internal operation. He didn’t know who he could trust now, since his own animals and friends tried to poison him. The thoughts of the end of the Farm and disappointment of his antecessor, Old Major, over him scrambling the plans, and felt the distant kackling of Snowball, mocking him as a leader. Napoleon’s extrasse was so big that he got sick, the animals thought that someone tried to poison him again, but no, it was the extrasse. Napoleon, the great leader, died of a heart attack, but actually, his crazy brain killed him. Squealer announced these news with regret and sadness, but, his expressions quickly changed to a hidden excitement as he said: - I am going to take Napoleon’s place now. The days became longer, the leader became fatter, there wasn’t even an attempt to make Squealer’s figure stand taller than others, there wasn’t any need, it was already shown in his violence. Everyone’s conditions became worse, even the pigs had inequalities within them. Although, despite the rage and anger accumulated, the animal’s hope was slowly draining, the meeting between them was turning even more depressing. Until, one night, the meeting was interrupted by the entrance of an animal, the door’s creak was loud enough to shut all the members, even Clover, the most participant member, looked surprised. They expected the shadow of the dogs to flood the place, but instead found miserable looking pigs, their clothes were fuelled with grease and their eyes fuelled with rage. The first one to enter was the thinnest and angriest, he introduced himself as Robespierre: -We both have the same interest. Even under Napoleon’s commands we suffered, he slowly wanted to make inequalities between the pigs. Now, Squealer just accelerated this project. So, it’s for the best for us to revolt against him. 177 -Why should we trust you?- Asked Benjamim- You could just be another Napoleon against another Snowball. -Are you one of the veterans? -Yeah, why? -Slowly, the principles of Animalism started to become even more distorted. “Two legs good, four legs better”. To the point of it almost being illegal for pigs to interact with y’all. Now, we’ve seen how much y’all grew silent after Napoleon’s death, you can’t give up now. -If you turn your back on us, we’ll not hesitate in considering murders- Said one of the newer animals. The place was taken by discussions, if they should or shouldn’t trust the pigs, at the end of the day, it came down to votation, something uncommon in the farm. It seems that the majority seemed to trust the pigs, probably impressed by the knowledge of Animalism. For the rest of the night until the start of the morning they planned what they would do. It was impressive, despite everything, how well pigs could work with other animals,despite their differences. In the morning, Squealer was told about the animal’s exhaustion, and went for a speech with new renovations for the farm, alongside with the news of annexation of a random nearby area. One of the new renovations was the change of the economic uses to more preferred themes, most of us thought they were going to invest in the higher class’s conditions. The other one was a way of freedom of expression, most animals saw this as a way that the pigs can know which class is more discontent, or which animal, so they can be executed later. After they were sent to work. The rest of the days, nothing much happened, Robespierre’s party got more influence and they were preparing for the day of revolution. When they reached, Robespierre’s party suddenly caused a great impact thanks to the second renovation. Suddenly impacted, the higher class of pigs didn’t have any idea of what to do. When the animals started invading the farm, the political center, and successfully took down the government. Many were killed, but still the experient ones survived, like Clover, Benjamin and Robespierre. Squealer, quickly running around the place , until he escaped and never returned to the farm. With the farm dismantled, many animals decided to leave the place to follow a life of their own, doing jobs of their preference and gaining salary, some pigs remained there and tried to rebuild a fairer economy, like Robespierre, but were unsuccessful. We can say that, truly, all the animals became just like humans, and just like what the Animalism confirmed, and that was achieved not by violence against them, but by violence against each other in the Fall of the Farm. https://www.istockphoto.com/br/foto/cofrinho-gordo-com-pessoa-da-urss-gm868861386-144 Fanfiction 7 - Snowball's Journey Synopsis: His tail slipped swiftly under the fence as he ran for his life. In a matter of seconds, running through vast fields, Snowball made up a clever plan to continue his journey of spreading animalism. When he arrived at Foxwood farm, Snowball realized that what he expected was not what was awaiting him. If only he had stayed on the farm… Keywords & Content Rating: K+ #horror #snowball #animal farm #fanfic #torture #pigs 178 Fan Fiction text: Snowball eyes glistened as he presented the windmill idea to the animals on the farm. The audience looked at him in awe, such a smart idea that could've never come from any other one of them. Snowball was an admiration to all, but Napoleon's teeth gritted with fury. Soon enough, a pack of dogs stormed in the barn, growling and barking, instilling fear in all the animals. As soon as Napoleon's highpitched whining gave the signal, the pack of hounds started chasing after poor Snowball, who ran in despair for his life. Everytime he contemplated stopping, he remembered the fierce face the dogs had. They were hungry for pig bacon. So, until the sun started setting, Snowball continued running, making up for all the days of bossing around other animals that worked on hours without end. Finally, when he reached Foxwood Farm, the sun had hid from the horizon and gave way to the carpet of night that made its way across the Fields of England's sky. Snowball was now walking in the dark, bats were flying around his head, horses were sleeping, there was no sound except from his steps. The pig was walking as slow as a turtle, listening to his own breath and feeling the breeze on his neck… For one fast moment, he looked at the sky and suddenly everything went black. The pig was dragged across the grass, having his back scratched and prickling with thorns. When they arrived at their planned destination, rain started to fall and thunder started to crack. Snowball's arms were tied with rope suspended from the ceiling, his paws were becoming cold and his fingers were getting more and more purple as time was passing. He tried to scream but his mouth was stuffed with cloth, the animal was barely breathing… For a sudden moment he felt his soul leaving his body. Blood oozed out of his nails, being removed one by one. The pain was excruciating, the poor animal was lost, scared, confused and in unimaginable agony. The final act was a sharp stab in the pig's well rounded stomach. After that he wasn't even feeling his body or reacting to the pain. When Snowball woke up from the traumatic event, in the corner of his eye, he vaguely spotted a shadow. Was he dreaming? It seemed like a large majestic male boar with long tushes that appeared to never have been cut. Snowball blinked twice to make sure he was not seeing things. The boar opened his mouth and thanked the farmers for the splendid job they had done with the pig. Maybe rebellion wasn't an option after all. Instead, comrades stab others behind their backs, just like Old Major had just done to Snowball. Fanfiction 9 - The SeaWorld Rebellion Synopsis: What if Tilikum, the Seaworld whale, killed her coach to join the Rebellion? The incident that shocked the whole world and started many controversies, where one of the whales in SeaWorld drowned her coach, is related to the rebellion on Animal Farm. This is the other side of the incident, the side that humans do not know. Keywords & Content Rating: SeaWorld, Whale, revolution Fan Fiction text: The walls of the tank seemed to be closing up on Tilikum. The 6-meter-walls looked more like 2-meter-long, and it was progressively getting smaller. He hardly remembered the ocean, where he could swim freely on the coast of Iceland. The memory of his capture still haunted him. The show was about to start, and hundreds of people were impatiently waiting for him. The day looked like any other; he would jump in specific ways in clocked times, pretending to love the humans next to him, acting like nothing was wrong. Once the show started, he noticed something was weird, multiple pigeons were flying around the tank he was performing. But they weren't just passing by, they were saying things. In between the dives, Tilikum could only comprehend certain words such as “rebellion”, “free”, and “justice. The sight of these pigeons distracted him from his jump and he accidentally fell on the wrong side of the tank, splashing water right on the electronic equipment responsible for the music. When the water entered into contact with the equipment, sparks flew in the air and were quickly followed by fire. The crowd, scared by the flames, started to run away like crazy, causing many people to get hurt in the rush. Tilikum knew he would be punished. Like so, he was sent to an even smaller tank and stayed there for hours without food. He was left to starve and could do nothing about it. When his anger started growing, he remembered the pigeons from the show and looked to the sky, searching for them. It didn't take long for them to make an appearance. “Hello, my fellow comrade!” said one of the pigeons, landing on the rock closest to the whale. Unfamiliar with contact with other animals, Tilikum was skeptical and did not answer at first. 179 “There is no reason not to trust us, we came here to help you, to inform you that you could live a happy life if you want to…” “I don’t understand…” “What if we told you there was a place, not far from here, where the animals are free and don’t live ruled by humans? Where they only work for themselves?” “That is impossible” Tilikum could never imagine a life not ruled by humans. He could never imagine being free. “It is not” the first pigeon replied “That is the story we came here to tell you. It is the story of Animal Farm...” Tilikum had never heard of anything like what happened to the Manor Farm, but as the pigeons went on with the story, he was getting more inspired and excited about living independently. Still, he did not want to wait as long as it did for the Animal Farm revolution to take course, he wanted to quickly act in order to be free for the rest of his life. At night, long after the pigeons left SeaWorld, Tilikum was thinking through all the ideas he had for his own rebellion, On contrary to Animal Farm, he was alone, he didn’t have any other animals to collaborate with a more complicated plan. It had to be simple and effective. Tilikum did not sleep at all that night, but in the morning the plan was ready, and by the end of the first show he would be a free whale. Everything was going as usual. The show was about to start, and hundreds of people were impatiently waiting for him. The day looked like any other; he would jump in specific ways in clocked times. But this time he was not going to pretend to love the humans next to him, he was not going to act like nothing was wrong. The moment was coming. There were only 10 minutes left of the show, and he was ready. The rest is common knowledge because the SeaWorld rebellion is known by another name. It is known as the day the evil whale killed her coach, pulling her down by the hair and drowning the life out of her. Tilikum’s rebellion was all over the news, but for the whale, it was a failure. He was not free. He was not happy. Everything would be the same, Humans on top, animals below. Fanfiction 10 - THE HISTORY BEHINDS NESTLÉ COMPANY Synopsis: After 25 years of the animal revolution at the Animal Farm, Mr. Jones, already with his adult son, Charles, told him the story of his old farm lost to the animals. Charles was thinking about it for days. So after a lot of courage he decided to call his friends to the adventure of winning back his family farm. Was after it that the Nestle company was created. He was very confident and with his friend's help, Charles managed to tame the animals and began to mistreat them by killing to use in the products sold on the farm. The company started to grow more and more and a while later it became Nestle. But nobody knew that behind this "great" company the animals were killed to make the products. Keywords & Content Rating: Nestlé, Charles, Logan, farm, animals, counterrevolution, tame Fan Fiction text: After a while of the animal revolution at the Animal Farm, Mr. Jones created a family, got married and had a son named Charles. During Charles' childhood, his father, Mr. Jones always told him stories about his life, since Charles loved to hear it. The animal revolution at his father's old farm story, was the one he liked the most. Since Charles was a young man, he always thought of having a big company of food. One day, when Charles was already 25 years old, he started thinking of going to his father's old farm because realized that it was a good idea to create his company, in that area there were a lot of animals. He said it to his father about going to the farm and making a counter revolution against the animals with the idea of winning it back and creating the company. Mr. Jones thought that was a nice idea, but he couldn't go with him, he was really old and wasn't prepared for it, so he said to his son that the best option for it would be he going with a friend Then Charles started making a plan of how he was going to do it. At the beginning he thought about confronting and killing the animals, but he realized it wasn't a good idea, he would lose food and good workers. So he decided to call his friend Logan who was a great animal tamer. Charles told Logan all the story, although he wasn't really confident that it was a good idea. So Charles proposed to Logan 180 that if he went on this adventure with him, he would gain half of the company that they would create, but he couldn't tell anyone about it. After thinking a lot, Logan accepted it. They would join it tomorrow, so both of them started preparing all the stuff to go there. Charles got his father's car and Logan got his objects to tame the animals. The trip would be really long, so they got food and water. During the night they started preparing themselves to win the farm back from the animals. The day finally came, they woke up really early and Charles started driving to the farm, it was a 6 hours drive. Near the destination, Logan got all his stuff to do the taming. The first one to join the animal farm was Logan, there were a lot of animals, but they were really distracted, so he started taming some of them, the farm was in his hands. After a couple of hours, Logan won all the farm, he was the best tamer in his city, so Charles entered there to start making the space that the animals would work and be killed to transform them into food, he got the objects that his father told him that stayed in his old house there. They worked a lot on it, it was 2 days of preparing everything for the creation of the company. After finishing it, they started killing the animals and transforming them into food. It wasn't an easy job, so they contracted 10 men to work with them, with the agreement that they couldn't tell anyone about what happened inside the farm. They started working hard and finally created the company, named as "Nestlé". Nestlé started growing more and more, the customers were really choked about the good quality of the products, but no one knew from where the food came. Just by lying that the good quality of their products came from, the company was just profiting and growing, Charles and Logan won a lot of money on it. After 50 years of the creation of Nestlé, they became the biggest company in the world, and until today, anyone knows that the food came from the animals, Charles and Logan became the richest guys in the world. The secret was kept forever. Fanfiction 11 - The evil mind behind it all Synopsis: We all know that Squealer skills were rhetorical and he could manipulate others with his propaganda. He used his speech to convince all the animals at Animal Farm to accept Napoleon's decisions. But what if it was actually his decision? What if he was actually the evil mind behind everything? Squealer was the one controlling Napoleon all along… Keywords & Content Rating: (lies, thriller, manipulation, mysterious, corruption - T) Fan Fiction text: Napoleon ordered all the animals to assemble in the yard. When they were all gathered together, Napoleon emerged from the farmhouse, with his nine huge dogs frisking around him and barking, which scared the animals. They all cowered silently in their places, seeming to know in advance that some terrible thing was about to happen. Napoleon stood sternly surveying his audience; then he whistled. Immediately the dogs entered, holding four of the pigs by the ear and dragged them, yelling with pain and terror, to Napoleon’s feet. The pigs’ ears were bleeding, the dogs had tasted blood. The audience was quiet. The four pigs waited, trembling, with guilt. Napoleon called them to confess their crimes. They were the same four pigs that had protested when Napoleon abolished the Sunday Meetings.They confessed that they had been secretly in touch with Snowball ever since his expulsion, that they had collaborated with him in destroying the windmill, and that they had entered into an agreement with him to hand over Animal Farm to Mr. Frederick. They added that Snowball had privately admitted to them that he had been Jones’s secret agent for years past. When they had finished their confession, the dogs tore their throats out, and in a terrible voice Napoleon demanded more animals to confess. Some others confessed. When it was all over, the animals returned to their labor and Napoleon met Squealer at the farmhouse. Napoleon stood in the kitchen and Squealer came right behind him, slamming the door. Comrade Napoleon, unlike Squealer, didn’t seem proud of what he had done. His eyes were tearing up. “Good job, Napoleon.” - said Squealer “I don't think this is a good idea, we can't just kill them if they don't agree with us. “- he whispered. 181 “Oh, shut your mouth. I didn't ask for your opinion, just continue obeying me otherwise everyone will know that you were the one who destroyed and sabotaged the windmill, not Snowball.”- Squealer contested. "You were the one who told me to do it." - complained Napoleon. "Nobody knows that. Do you still want to lead this farm with me?" Said Squealer. "Yes, sir."- Napoleon answered. "So continue to do what I tell you to do! I don't want you to think that I'm bribing you, you are my friend, just don't forget that you are nothing without me." said Squealer, frisking from side to side as he usually does to convince everyone. Squealer left Napoleon, who was not convinced at all. Days later, they had the same conversation behind the farmhouse, in a place where they thought nobody would see them. Napoleon was even more sure that what they were doing was wrong. He tried to convince Squealer, but instead of just talking and arguing, Squealer hit Napoleon as hard as he could. "Do you want me to kill you, Napoleon? Do as I say and you won't get in trouble." "Okay, okay." - Napoleon cried. "I won't bother you anymore, I swear." During the fight, the animals heard someone yelling and ran towards it. They thought that it was Snowball secretly destroying their work again. " What's going on?" - said Boxer. "Nothing. We were just having a conversation. Go back to your work RIGHT NOW." answered Squealer, not letting Napoleon talk. The animals were surprised with Squealer. He was ordering things in Napoleon's place. They had never seen Squealer talking so loudly. "Who do you think you are to talk to us like this?" - Moses protested. "You are not our leader, Squealer.” "What? No, no. You guys misunderstood it. I am just asking you to return to your labor. Napoleon was the one who asked me to say this, right?" Squealer looked at Napoleon. "Yes, yes, sure." Napoleon said. The animals were convinced, so they went back to work. "Look what you've done, Napoleon. What do you think it would happen if those stupid animals didn't believe me? You are the dumbest, why did I choose you to be by my side?" Squealer yelled. Moses was the only one who wasn't convinced, so after the animals left, he stood hidden and saw the whole scene. He didn’t hear anything, but he noticed Squealer raising his voice while talking to his leader. He found that strange. From that day on, he tried to pay more attention and figure out what was going on between Napoleon and Squealer. A few days later, while Moses was talking to Clover and Benjamin, he saw Napoleon talking to Squealer through a window of the farmhouse. He immediately left his friends and went towards the place and stood behind the door. They were talking really loud. He heard Napoleon begging Squealer to stop making him act so wickedly with the animals in the farm, to stop making the animals submit to such horrible conditions, to give them more food. They were working too much. "I can't believe it. Squealer is the evil mind behind it all. He is the one controlling everything and everyone. Including Napoleon." - whispered Moses. One day later, Moses talked to the animals and told them what he had seen, the truth behind it all.. However, since Moses had always made up some tales, such as the Sugarcandy Mountain, many animals did not believe him and thought that he just wanted to mess with their work. Those rumors of Squealer’s evil mind spread more and more, reaching Squealer himself, who wasn't happy at all. He told Napoleon to order all the animals to assemble in the yard. When they were all gathered together, he demanded Napoleon to explain the situation: "Comrades. I think all of you have heard about the gossip that has been spread this week. I truly hope that you guys didn't believe in those things. We're all together in this, fighting for the Animal Farm to become an influence in the whole country, but you guys need to remember that I am the leader of this farm! Squealer just obeys me." "I can't believe you all thought that I would do such a thing!" - cried Squealer ." Animals who spread those fake rumors only want to weaken our farm, our colectivity, saying that we are liars! They want to weaken our farm so that Jones returns! “If Comrade Napoleon says it, it must be right!”- said Boxer. Moses was there this whole time. He felt betrayed, he knew he was right. "You don't belong here, traitor!" - yelled one of the animals. "Get out!" - some others said. "Get out, Moses! Get out, Moses! Get out, Moses!" - yelled the animals led by Squealer. 182 Napoleon, however, didn't say a word. Squealer was taking over the whole situation. The poor raven felt even worse and decided to fly away, leaving the Animal farm behind. Fanfiction 12 - The real owner of the dream Synopsis: What if Napoleon had planned it all, since the very beginning? What if he had gone to Manor Farm to search for a place to start his new revolution? What if Old Major was already old enough to mistake a tree with a cow, and his dream was nothing but the product of Napoleon influence? And his death, caused by natural causes, was not at all natural? This fanfic shows how, since the beginning, Napoleon was the mind behind it all. Keywords & Content Rating: Corruption, Manipulation, AU / K+ Fan fiction text: One day, many years before the Revolution, a young pig simply appeared in front of the Manor Farm. After being advertised by his workers, Mr Jones went to see the animal. Even though he seemed a little suspicious, he was just a pig, so he took him to his farm. Later that day, the foreign pig was named Napoleon, by the oldest pig and most respected, Old Major. Over the years, Napoleon started to win the respect and trust of his fellow comrades, being seen as an inspiration to the young boars and a future leader by the animals. Secretly, every night Napoleon would go to the farm house, looking for books to help him learn how to read and write. At the same time, Old Major was getting even older, and even though he was still the most influential and respected animal in the farm, his mind started to get confused, mixing memories, dreams and the present. Because of that, Napoleon was selected to be Old Major assistant, taking care of him. Making sure he would eat all of the meals and sleep on time. Every night, while Old Major was almost asleep, Napoleon would share his ideas of a revolution. His plan was to take down the humans and install the first ever animal controlled farm. While he was sleeping, Napoleon would sing a song that later would be called “Beasts of England”. Old Major couldn’t really understand it or associate the information, however, Napoleon’s ideas were getting stuck in his head, making him believe in this possibility, and truly believing that he was the one that came up with all of that. After some time, before going to sleep, Old Major started sharing “his” ideas with his assistant, who couldn’t be happier, as if he was already expecting it, and, to Old Major's surprise, he would encourage him, supporting his ideas and even suggesting him to share it all with the other animals. On a certain day, all the animals were called for a meeting in the barn by Old Major. A lot of rumors about the reunion were spreading, but no one was actually ready for it. That night, Old Major finally shared “his” dream, and all of the animals heard it with all the attention they could give. The revolution was now installed in their heads, and all of them were looking forward to the right moment. After the end of the meeting, they all went to sleep. Old Major was very tired, but nothing could control his happiness of finally sharing it all, except Napoleon singing “Beasts of England”, which made him sleep very quickly. Around midnight, Napoleon left the barn, heading to the farm house, as usual. However, this time, his goal was not the every-day reading time, but the extraction of a poison. When he was going back, with a little bottle of smashed amaranthus, the biggest toxin for pigs, he realized the small shadow following him, and when he turned around, Squealer, a very brilliant talker, was looking directly at him. “What are you doing awake, Squealer? You should already be asleep.” Said Napoleon, hiding the bottle behind his back. “I have to ask you the same question comrade, and don’t even try to hide it, I know what you’re planning” Napoleon’ expression was of pure fear, mumbling something back that no one could hear. “Come on comrade, start speaking” Napoleon knew that he wouldn’t be able to hide it all from everyone, and he also didn’t want to. He needed to tell his plan to someone, he needed an alliance. “And why not Squealer?, he thought, “He would be a very useful ally”. “I’ll explain it all to you, if you take my side and let me finish”. “Sure, go ahead” “As you already know, I’m not originally from this farm. I was born in Scotland, in a big farm, where our life conditions were terrible and all of the animals were mistreated. I noticed today how you paid attention to Old Major’s speech. The truth is that those ideas are actually mine, or more specifically, 183 they are from an old boar of my old farm. A few months before I arrived here, we were able to start our Revolution, and we took control of the farm. However, it didn’t last very long, the humans attacked us, with guns and explosives, and we were not ready to fight. But here, in Manor Farm, I see a future. All of my life I reflect of what we did wrong, and now I know the answer. I’m that if we start a new revolution here, we will succeed, trust me, comrade.” “That's impressive, but what about the poison?” “Here is the thing… I know Old Major is very loved and respected here, but he has already completed his journey. His death is necessary for the revolution, it’s the only way for us to mobilize everyone. I know it seems way too much, but trust me comrade, it is the only way, and I’m sure Old Major would understand it.” Squealer sat there, thinking about what was said to him. The death of their inspiration would be crossing the line right? But it makes sense… They would really need something to motivate the others, and this was definitely their best shot. “When are you planning on ending him?” “Today would be way too suspicious, so I was thinking about tomorrow. It would also give us a chance of giving Old Major a good last day. Are you with me?” Squealer was still in doubt, shaking his head up and down, and then left and right. “Come on, comrade. I will make sure to teach you how to write and read. You will be a leader, and with me, we will conquer freedom for all of us.” After thinking for a few more minutes, Squealer got up and looked right into Napoleon’s eyes. “Tomorrow night, at the barn. I’ll be there.” And left, hiding in the shadows again. Napoleon returned to the barn, afraid of tomorrow, but actually relieved that he had taken it off of his shoulders, and now he had an ally. The following day went very normal, but Old Major got more food on his meals, and Napoleon covered his works. Squealer was nowhere to be found, which worried Napoleon way too much. What if he had given up? What if he had already told the others about it? As the night started to fall, Old Major was already on his bed, and Napoleon was walking around him, very anxiously, when finally, someone knocked on the door, and Squealer’s voice asked to come in. Napoleon slowly approached the door and opened it, letting a very scared Squealer enter. They faced each other, hiding every expression, and started heading towards the bed. “Are you with the… thing?” Said Squealer, so low that he couldn’t barely hear himself. “Shhhh” Answered Napoleon, agreeing with his hand, and showing the bottle with the red liquid inside. “Everything is ready, I’m just waiting for you” Then, they arrived at the top of the bed, looking Old Major from above. Napoleon looked at Squealer throughout the shadows, and after seeing that he was freezed, he took the stopper out of the bottle, and slowly the liquid started to fall on Old Major’s snout. The scene was peaceful, there was no reaction from the pig. His paused breath just paused forever, and no one would know the real reason. Squealer started to apologize to the body, saying that it was necessary and explaining the whole situation. Napoleon however, just got away from the bed, and started to read his plans, looking at what the next step should be. Everything went according to his plan, and the revolution continued as in the story of ‘Animal Farm’. Fanfiction 16 - The Resurgence of Snowball Synopsis: As we know, the now again Manor Farm is controlled by the pigs, who have a strong alliance with the humans. The conditions of life in the farm have worsened and the animals are even hungrier and more tired. What would happen if, in the middle of this misery, an old savior rose from the ashes? What if Snowball came back, with the help of other animals from outside the farm, ready to give the animals freedom once and for all? Find out by reading the following fanfiction! Keywords & Content Rating: Animal Farm, Snowball, revolution, life conditions, freedom / K+ Fan Fiction text: It was fall. All the leaves were the color of gold. Ironic, since gold could save all the animals. A leaf fell from a tree in the grave of the sheep who had died in the Battle of Cowshed. Benjamin was there. He liked visiting the grave, to remember a time where the animal's lives actually mattered. "I could 184 have done something. I knew something was wrong when Napoleon started to kill other animals. I was one of the only animals who knew something was wrong and I was too much of a coward to do anything. I'm sorry". As he watched the sun set behind the grave, his legs started trembling and he slowly fell to the ground. He had no more energy and was very hungry. The poor donkey died, full of hunger, full of guilt. "Don't worry, Benjamin. I will get you justice". Soon, what happened to the donkey would happen to every animal in Manor Farm. News about Benjamin's death spread fast, but no animal cared, as they were now used to others dying. Few known animals were alive: Napoleon, or Mr. Napoleon as he told the animals to call him that and Squealer. They were living the best life, eating the best food, drinking the best bottles of scotch they had and not caring about what was happening to the rest. They only came out of the house if the commandments had to be changed or if they needed to execute another animal. Both of these things were now done in public, to distance the other animals even more from the pigs. Today, only Napoleon came out of the house. He was surrounded by angry dogs who would attack any animal who came close. "Animals of Manor Farm, today I have come to announce the death of a dear friend. My partner's life has come to an end. Squealer was…". Napoleon kept talking and talking about the life of Squealer, but the end of his speech was what really mattered. "Tomorrow at dawn will be the funeral. If any animal does not show up, their rations will be cut". It was a full moon. Napoleon was already tucked away in the house, now without Squealer. As usual, the dogs guarded the door of the house, growling lightly to scare off any animals who dared to try anything. During the night, there was more activity than usual. Most animals thought someone was setting everything up for the funeral, but some animals knew that something was up. Nevertheless, the animals went to sleep like every night. It was now dawn. The animals were going to the place designated for the service. For as long as the animals could remember, Napoleon would always walk with the dogs, always looking ruthless, but today, he was alone. The animals could almost feel sympathy toward him. He had lost the only one who was loyal to him since the beginning of the revolution. As Napoleon went to give his speech, the animals all settled down to hear what he had to say. "Good morning, comrades. Today we are joined here today to say goodbye to someone who was very special to me. Squealer had been with me since the beginning of the revolution. As the years went by, we only grew closer. He was my best friend and our comrade. Beyond that, he was a symbol of the revolution and a crucial part to help us take over this farm. In honor of him, I would like to bring back an old tradition." An old sheep started singing "Beasts of England". Every animal thought she was going to be killed, but instead of that, Napoleon started singing too. In the blink of an eye, the whole farm was singing the tune. Before they could get to half of the song, they heard a tremendous noise. Napoleon, the only leader they had ever known, fell slowly to the ground, with blood dripping out of his head. He was shot from behind. The animals were trying to process what had happened when a suspicious figure came out of the shadows. They had all heard the legends, but they never thought something like this could happen. An old looking pig started walking towards the animals, and he kept on singing "Beasts of England". The killer kept singing until the end of the song. When the animals finally figured out who it was, the pig started talking. "Comrades, to those who don't know, my name is Snowball. I was once part of this rebellion, but I was driven out by Napoleon. Lucky for me, I was found, almost dead, by a pack of wolves, who nursed me back to health. I came here only to find justice for what Napoleon did all of those years ago to me and what he is doing to you. I am your savior. I am the new and better leader of Animal Farm." "Savior? Leader?" - a hen started speaking, - "What are you talking about? We don't need a new leader, we need food, we need a place to sleep. Maybe things were better when you were here, but now we just want the minimum to have a decent life. Let's just get out of here, this is crazy". Every animal besides Snowball started walking toward the exit, when they heard another gunshot. The "savior" started talking again. "YOU CANNOT LEAVE, I WILL SAVE YOU". This time, the gunshot called the attention of Napoleon's dogs. In 15 seconds they were there to do what they couldn't in the past. The animals all turned their back on their home. As they walked away, they could hear Snowball scream of pain. Animal Farm had become the worst it had ever been. Chaos, murder, complete incompetence to help the animals and a uninhabitable place. The animals walked out of Animal Farm, Manor Farm, Chaos Farm. No one knew what it was and what was going to happen. As they were looking for a new home, "Beasts of England" filled the air for the last time. "Beasts of England, beasts of Ireland, Beasts of every land and clime, 185 Hearken to my joyful tidings Of the golden future time. Soon or late the day is coming, Tyrant Man shall be o’erthrown, And the fruitful fields of England Shall be trod by beasts alone. Rings shall vanish from our noses, And the harness from our back, Bit and spur shall rust forever, Cruel whips no more shall crack. Riches more than mind can picture, Wheat and barley, oats and hay, Clover, beans, and mangel-wurzels Shall be ours upon that day. Bright will shine the fields of England, Purer shall its waters be, Sweeter yet shall blow its breezes On the day that sets us free. For that day we all must labor, Though we die before it break; Cows and horses, geese and turkeys, All must toil for freedom’s sake. Beasts of England, beasts of Ireland, Beasts of every land and clime, Hearken well and spread my tidings Of the golden future time" Fanfiction 20 - Till death do us apart? Synopsis: We all know that Old Major knew that he was going to die, even though he wasn't sick. It's important to add that he was already telling the animals the importance for them to take responsibility and to take the revolution seriously. Consequently, as soon as the animals knew their leader had died, they all started wondering how the Old Major knew that he was going to die and why did he want them to do the revolution. What if, then, all of the animals that got "old" and aren't prepared to die, and would only get to the point when they were sent away to be killed? What if Old Major, the father of the revolution, didn't actually die because he was old, but because it was his time to get killed? What if the animal farm was actually a slaughterhouse, a place where the humans would feed all of the animals till they got to the right conditions to be sent to the industries to be killed and sold as food? Keywords & Content Rating: K+ teen terror - fiction - dying - food Fan Fiction text: Old Major knew he was going to die because he had a strange dream and he was thinking of communicating to the other animals about it. But, instead he started to think about his own life. He knew that he was going to die even though being in perfect conditions, so he gave up on doing the speech Old Major had heard a conversation between Mr.Jones and one of his employees saying that the animals had no future if not for their tragic death. From that on, the old pig built a plan to save the future of the other animals, having in his sight that it was too late to save himself. The plan consisted of a revolution against their owner, Mr Jones, and it would be led by the pigs, who were considered the most clever one's in the farm. The point of the revolution was to push the humans away, so they would avoid being killed and sold in local markets. As Old Major knew the day he was going to be assassinated, he decided to call a secret meeting with the pigs and explained it all to them. As the pigs were very frightened by their unexpected and awful future, they took the responsibility to look after the other animals, and to run the plan. The pigs decided that they wouldn't tell the other animals the future so they had to not cause any more distractions, so 186 they just justified the revolution by saying that they were living in horrible conditions and no longer could be treated as inferiors by humans, so they needed to change it the sooner the better. As the revolution was happening it all seemed to be going really well. There was a big fight between the humans and the animals, it lasted days and more days, there was a lot of blood and sweat. During the nights one part of each group stayed looking out for each other, and after they alternate the groups. After a long time the revolution was over, and the humans realized that they were weaker and left the farm. Everything was going how they planned, until the neighborhood farm gave a business offer that consisted of the idea that the animals could live in peace and have the farm by themselfs, as long as the leaders of the farm could give them a couple of animals. Right when they received that offer they immediately thought about declining it, since it went against Old major principales, where all animals were equal and well treated. However they realized that if they didn't accept the offer the other farms would make their lives miserable, by torturing them for all infinity, and actually tattle taling them to other humans, telling them all the benefits of killing the animals, so the pigs began to reconsider their offer, because it was a life or death situation. Consequently, the pigs prepared a business meeting only between them to discuss the offer. They all went to a place in the barn where Old Major principles were hanging on the wall, so they could always think of them when making important decisions like this. They stayed a long time in this meeting and the final conclusion they made was that getting rid of some useless animals would be better than compromising the entire farm. Everyone agreed with this conclusion, in exception of Snowball, he didn't think this would be the fairest choice, he even threatened the pigs by saying that he would tell the other animals. As the pigs didn't like Snowball's position, they decided that he would be sent firstly to the farmers, to avoid bigger conflicts, because as they knew snowball could do a big revolution just because he didn't agree with something and they didn't need more problems in their plate. They justified Snowball's disappearance saying he was an enemy that had betrayed the farm and the animals and couldn't stay anymore in the farm. The animals didn't look too much into it and let it go easily. From that day on, Napoleon and the other pigs started getting rid of some of the animals, however, with the snowball's disappearance and some of the other animals too, everyone else started to suspect that something was going on. In the meantime the pigs were acting normal, as if nothing was happening and every time an animal asked the pigs about these animals they kept on saying that everything was fine. Further on, even the stupidest animals had in mind that there was something going with the pigs and that they were hiding something from them. They realized that there was a pattern: all of the lazy and useless animals were the ones who went missing in the past few days. So, secretly, the animals built a plan behind the pig's backs, to follow them around and investigate the situation and the unexplained events. As soon as they started to go after the pigs, they discovered the whole situation, they were discredited by the wickedness of the pigs, and how they managed to send away their own friends. From that day on, they started hunting down the pigs and a big fight had beggin, this time it was a fight where animals were on both sides, the pigs had already turned on their companions, but this fight was the turn of the angry animals to take revenge on their fake friends. The pigs were losing very hard in this fight, so there was a point where they just gave up and went away from the farm. Since that day, the animals that were left in the farm, built a whole new democratic system, with no such thing as superiority, every single animal was equal between the others. All of them had a voice in the farm, and the decisions were all made together. They finally were free, and also, the farmers no longer bothered them. After years, the animals discovered that the pigs actually gave way more animals then what they had agreed. In conclusion they not only got rid of the animals because of the deal but because they enjoyed the opportunity to get rid of the animals who weren't relevant for them or or that constantly questioned the way that the pigs ruled the farm. Fanfiction 22 - Unity Is Strength… But the Strength is Individual Synopsis: The future is unfeasible, what happens is constantly changing. Everything was going well, a totalitarian government above everything and everyone but death. Yes, this whole government goes away, but what happens next? No answers, no planning, questions and uncertainties. Until then all animals fighting for the same cause, a union against war… but what if this union becomes inverted? A war against any alliance or empathy between animals! Who would rule? Would It be a decision for a 187 just democracy? No, a wild game in which the most capable and evolved as possible will have victory in its paws. Who do you think would be the new Napoleon, the winner of an entire great empire and companion in a fight for new revolutions? Keywords & Content Rating #animal farm #napoleon #hunger games #revange #mystery #surprise 12+ Fan Fiction text: Animal Farm. The members of this community lived in constant change, conforming to the transformations of their government, that is, the footsteps of which leader they would follow. The only exclusivity that always remained the same,or at least, until that time, was the strength, union and empathy of the participants among themselves. They used to see themselves as the perfect combination, the contribution of each one to make the group complete, everyone was essential and fought for the conquests of others. They lived by the “Union is strength”. - We are the force. Together we are bigger. For years they followed Napoleon's footsteps, hanging on his mane, to walk with their ideals, achieve the goals proposed by him while he was the absolute power of the nation. His supremacy had many flaws, like everything in life, nothing is perfect, everyone in their confidence and comfort zones. Besides, they had no other option. One sunny Sunday, on the day of rest, they went to the stable to gather. What improvements would be made in the community? What would be their future? All anxious, renewing the feelings of this golden day… but Napoleon, leader of everything, never arrived. Did the man fall asleep or go for a walk? Everyone was so worried, the dictator was very responsible, he didn't waste time. A movement began restlessly, the energy vibrated chaos, screams, cries. - What will we do? He was the reason for everything. He was our nation! Who is going to rule us?" Everyone let go of Napoleon's mane, let him go. They cried over their leader and made continual prayers out of fear. - Go with Old Major, our comrade. Rest and command us in peace, you will forever be our captain. Weeks of grief and pure denial had passed since the death of this figure who marked the history of Animal Farm. The future of the animals was a real question mark. Various theories were courted by the green grasses of the countryside. Until Squealer's expected instruction of what they would become. “Until today, you were a group united for a cause. But this cause was crushed for an end, Napoleon became a star, and now what unites you? It is not known! In fact, nothing, we have no more plans to unite. Let go, show your powers, fight to see who will be left with the paws in government. Now the game has begun, the hunger and death games among our community members. Whoever wins is pure luck. Rules, there are no rules!” And so began a revolution in search of power, completely mad. Day after day there were surprises. They began by destroying the stable, stealing food, cutting each other's fur and claws. In a large proportion, everything got worse, losing the limit. Democracy was fantasized, speech was commanded by aggressive and violent oppression. In the first week there was already a death portrayed of one of the animals. Benjamin was down, without breathing or a heartbeat, he missed the opportunity of life. As proof of this horrendous attack on a total innocent, there was a signature written in brownish blood on its hind legs. Who was to blame? There was no individual, without exceptions, who were not psychologically affected. How did they get to this point? They cried without even knowing why they were experiencing the maximum radicalism, a game based on dead and survivors, or else the rest that managed to overcome this inhuman animal war. So it went on, the farm turned into individualism and enmities. Before the moon had even completed one orbit, once again they had been cruelly impacted, Clover was also gone. The same symbol of strength, in rounded cursive letters, was drawn on her muzzle . The limit of these conflicts was unreachable, or else, it had already been faced so much that it became invisible. As invisible as the prospect of the end of all this. They were such friends, was it possible for them to become so insensitive to each other from one hour to the next? It seemed so, appearances are always deceiving. The game continued, almost 188 all the members who had previously made a perplexed union, were already watching all this in a third perspective from heaven, or else, in the sugar mountains that Moses portrayed paradise. Deaths and deaths. Muriel, Minimus, Jessie and Bluebell… for each it was a different pain, but the despair and curiosity were even more intense. They were in constant danger and trust no longer existed, everyone was an enemy there. The government was in the hands of the last two remaining in the game, the game of life, Boxer and Squealer lived hiding from each other, whichever had the sharpest claws would be the winner. Poor Boxer, he was so kind, it was almost impossible to imagine him killing all this society, he was faithful. Squealer didn't have the guts to do it, at least we didn't think he could, he had always been an extra among the supremacy of his kind. After three days, the end of this fierced war was made official, when in the silent dawn of a farm with only the life of the flora, without a single resident, or in fact, only one, the king of all that,it all came true. In what was left of the stable, there was a mountain of hay, among the depths were found two animal bodies, a strong and brutish horse and, a fat and plump pig. The wind was noisy, all the trees were watching the closing of this piece. Yes, the farm no longer had the slightest trace of animals, other than the soul of the final “winners” saying goodbye. With big, thick letters, next to the old Boxer and Squealer, it had the famous red and freshly dried signature, complemented with a last note. “The end of the animal species at Manor Farm was like this, fair and remarkable, as well as their endless attempts to have my strength and power. You animals are just a less developed generation trying everything to be like us, the superior humans. Until next time, if there is one! Gareth Jones”. Fanfiction 24 - The Obscure Regime Synopsis: Have you ever wondered what Clover did during those days of hard work? How about during the nights? What if Clover represented more than just the women's role in society?The windmill could have been built if Clover could have helped… Soon, you will be able to explore Clover's hidden routine and feelings that George Orwell never exposed to us. Keywords & Content Rating: T, suspense, abuse, sabotage, sexism, feminism. Fan Fiction text: While the other animals put a lot of effort into helping the farm, Clover spent her days watching the fields and their hard work through the small stable's window, wanting really badly to be there. Her biggest desire was to be able to use her strong horse body to help in that slow process of building this huge construction, the windmill. She knew that Boxer offered the best help when it came to physical labor, so she concluded she could help almost in the same way as he did. Right after the start of the new life, when the animals succeed in expelling Mr. Jones out of his farm, the services started. Like every other animal, she grabbed a sickle and a wheelbarrow and started harvesting the old crops. Yet, she felt judging eyes on her. A few minutes later, Boxer approached her and commanded her to go back to the stable to take care of the place. She obeyed. When the sun went down, the animals usually made their ways into their assigned places. Clover was always in the stable, fluffing the hay and preparing Boxer's plate with his own carrot of the day and giving hers up, as well, because he demanded it. In his eyes, she obeyed him, because she was afraid of his strong muscles. However, little did he know that her thinking stood out over his. She obeyed. Every day, every week and every month, she was destined to work all day, but inside the house. Sometimes, Boxer would find stuff to make her busy and the chores were constantly growing. Not only the chores, but the anger that she held against her husband and society, that did nothing about it. Nevertheless, she was somehow bonded to the relationship and was scared of leaving him, indeed, what he could do to her. She obeyed. As soon as the seasons changed, there was a big celebration about the fall's arrival. There would be a vast feast, under the bright moon in the sky. The wind was strong and the dry leaves were fluttering around. Clover was all ready to celebrate the entrance of her favorite season. Her horse hair was combed and she had orange ribbons on her ears. But as soon as she stepped out of the stable,looking at her fresh bruises, Boxer commanded that she stay in. She started begging, in spite of that, Boxer pushed her back and locked the stable wooden door. She obeyed. 189 Her anger rose up to her head and she got furious. She couldn't take that anymore. Her creativity and intelligence would be useful. The mare started planning her revenge. Since Boxer would be out until late that night, she would have enough time to put her plan in action . She already had spikes of anger for a long time, so when she was given the permission to walk around the farm, she would collect food and tools that could help her in some way. With the hammer's pointy side, that Clover had gotten in one of her visits to the outside world, she started sketching the stable's sandy ground. In only a few minutes, she had her entire plan worked out, with the purpose of being respected. While looking for possible flaws in her plan, her self admiration grew significantly, with the party sounds in the background. Boxer had told her to stay inside the stable. She didn't obey. With the loud festive songs and noises outside, Clover knew it was the time to act. She gathered her tools and ran to the windmill, where she put all her strength and anger into breaking the windmill. She wanted to be respected by society, and she also wanted to keep Boxer away from the stable for a longer period of time. With a few strokes, all the hard work and hours of labor fell apart. As soon as she finished her revenge against the sexist world that she lived in, she ran back to the stable waiting for Boxer like nothing had ever happened. She didn’t obey. When her "comrades" woke up the next morning they realized that a crime had been committed, a horrendous crime. With a loud alarm, the animals were gathered together for a reunion. Napoleon opened the meeting announcing the terrible news about the night. Napoleon blamed Snowball even though he thought that Boxer was the one that executed it, because he was the only animal that worked at night. Napoleon protected Boxer's image, since Boxer was one of his biggest followers and didn't want to punish him, for example, in front of every animal. Also, he felt the need to blame Snowball and make all animals hate him. She didn't obey Napoleon, however, wouldn't let that slip. Boxer was feeling his food taste differently for the next two days, but thought nothing of it. But it wasn't just a new seasoning. After 48 hours, Boxer lost all of his strength and was a helpless figure. From the stable, Clover heard the sound of wheels on the dirt road. A knacker van pulled over and Boxer was put inside it. She had to show all the animals she loved him so much and couldn't deal with that situation, so she burst the stable's door and tried to, unsuccessfully, stop the van, but it was already far away. Part of her emotions were genuine, because she actually loved him, but in another point of view, it was a huge relief devoured her mind. She was free from him? What now? She didn't obey. A few instants were needed until she made up her mind about what she would do next. She galloped to the storage and stole a pot of red paint and a brush. Next, she went out looking for Benjamin who was, at the same time, mad and sad about Boxer's destination. He liked Clover, they were good friends, so she knew that he would help her. As soon as the animal's afternoon work were finished, a new surprise took over the farm. A new commandment was written on the barn's wall, in red paint. "Females are also equal, from the fields to the meetings". Fanfiction 25 - A change in the course of history! Synopsis: If the pigs had a way to travel back in time, they would for sure try to change the course of history in their favor. Well… but what if they actually could do that? After being mysteriously teleported to Ancient Egypt (a civilization they had never seen before), Napoleon and Squealer realize this could be the perfect chance for them to implement animalism in another civilization, so they start to act! If you want to know how they got there, what they found and much more, read our FanFic! Keywords & Content Rating: AU, peggy sue, Egypt, history, Animal Farm, Animalism, K+ Fan Fiction text: The animals, as always, were working like slaves to rebuild the windmill as fast as possible. The first step they had to work on was to dig a hole in the ground, but this time something unusual happened. While one of the sheep was doing the work, she ended up finding a mysterious object that was buried. She dug more and more, but when all of the object was above the surface, the sheep still had no idea what it was. Because of that, she notified the other animals, but none of them knew about it besides the pigs (at least that was what they said). Napoleon and Squealer took the object inside the farmhouse to analyze it, and the first thing they noticed was that there was something written, however not in English. The pigs realized they would not be able to understand it alone, so they agreed to call Benjamin, the 190 oldest animal on the farm. Even though he had lived the longest, and experienced various different things, he knew only a little bit about the object. “It does not seem that someone made this in the past few days” said Benjamin in a suspicious tone. “This appears to be an object from another civilization, maybe from ancient Egypt”. Squealer, who was lost in his own thoughts said: “Yes! Of course it’s from Egypt. We knew this since the beginning and just wanted to see if you were as smart as they say. You can leave now”. Benjamin did not look convinced, but he left anyway. Three days passed, and Napoleon was still obsessed with the mysterious object. He was angry and had no idea what to do with it, so he threw it at the wall! The unexpected happened. A golden light emerged from the object, which was slightly opening. Suddenly, he and Squealer (who had just entered the room because of the bright light) got sucked into the object, which, with some kind of “power”, teleported them to a whole different place.There was sand, different animals, huge statues (that were similar to the body of a human and the face of a lion) and much more. They were in Ancient Egypt! A totally different civilization, that in Napoleon’s eyes, was the perfect opportunity to implement animalism. This way, they could change the way pigs are seen, and create a whole new world! They first realized that, differently than in Animal Farm, they were despised and regarded as unclean animals. While they were exploring the “village”, a group of humans started following them, however, neither Napoleon nor Squealer noticed. Shortly after, they were attacked and quickly immobilized with ropes! The unknown humans took them to a smelly, ugly and crowded pigsty. Even though they were captured, Napoleon had everything planned in his mind. The first thing he did was to count how many pigs there were. “1, 2, 3, 4… 63!” he yelled. The noise caught the pig’s attention, and it was time for Squealer to act! "Dear pigs, since you all are paying attention, it is the right time to say it. Aren’t you tired of living in this terrible place? Where I come from is not like this. We pigs have a lot of potential, and we should not be wasting it here! Yesterday, my friend here, Napoleon, had a dream where all of us (pigs) had a perfect life, with all we wanted and living in a good place. However, for that to be done, we had to do a revolution! Who's with me?!”. The pigs whispered to each other and started thinking about what had just been said. As it always happened, Squealer had convinced all the pigs, and a new revolution was beginning! The first thing they had to do was to spread the word, which was successful even though the cats didn’t agree with the revolution. It was decided, the rebellion would happen at the next full moon. Three days went by, a lot of planning had been done, “we will invade the palace and kill the pharaoh, after that, the only thing that will still need to be done will be to prove to the others that we, pigs,are superiors!” said Squealer. That night, the animals got together and raided the palace. The guards were quickly taken care of, and after searching all the rooms in the place, there was only one left. They knew their target was right in front of them, but when Napoleon opened the door ,he was shocked. Besides the pharaoh that was sleeping for the last time, a cat was there, however it was not just a simple cat, it was the same from Animal Farm! With surprise in their eyes, both Squealer and Napoleon could not believe what they had just seen. The animals that were from that timeline kept attacking, and in a matter of seconds the pharaoh was dead. They were celebrating the victory, but one thing was not clear. The cat had disappeared like he usually did in Animal Farm. He was never seen again. “Well done, comrades!” said Squealer. “Now you can go back to your places while me and my friend Napoleon stay here to work a little bit more. We will make sure everything is under control while you rest”. The next day would be remembered as an important one. When the sun rose, Squealer was once again ready, however this would be the most important speech he would do. “For everyone who is asking, the pharaoh is dead! He was an impostor, and was lying to all of you, both humans and animals. Besides that, cats are not the right animals to idolatrize. We pigs are gods! For all those years, we have been treated like trash, but now it is time for you to know the truth. We saved you from the greater evil”. The humans were shocked, but after some minutes they started to applaud and admire the pigs, mainly Napoleon and Squealer, who were on top of the sphinx at the time of the speech. A palace was quickly provided to the pigs, which made the other animals thoughtful. This time, it was Napoleon's time to say some words. “Cows, camels, chickens and other animals of Egypt. We, pigs, need this space for us to think about what to do next. We are the brain of the revolution, so this palace will be used for work”. All animals were ok with that, besides the cats, who were very angry but couldn’t do anything about it. From there on, everything was in favor of the pigs. They received gold necklaces and other luxurious items. The sphinx lion style face was changed to a pig face, more specifically Napoleon’s face. Because they were now considered gods, Egyptian culture turned monotheist, and all hieroglyphics with other gods were erased or modified to pig characteristics. Finally, the pigs that eventually died were mummified. The course of history had been changed! Fanfiction 32 - Ham: the Crumble of an Empire 191 Synopsis: Have you ever wondered what might have happened to Snowball during his exile from the farm? What if he came back after all these years to seek vengeance for Napoleon? How could that impact the animal's lives and Napoleon's absolute power over them? We came up with a few ideas on what might have happened after the ending of the book. A new revolution? A story of revenge? A war between Napoleon and Snowball? Join us in imagining a new future for Animal Farm. Keywords & Content Rating: Animal farm, revolution, war, revenge, anger, violence. Rated T Fan Fiction text: Ham: the Crumble of an Empire For quite a while, the animals learned to live with the inequality that reigned over the newly renamed Manor Farm. The pigs were now just like humans and life only got worse for the animals. The animals feared to admit it, but it was all just like in Jones' time – or maybe even worse. Now, they were abused and threatened everyday by their own 'old friends'. Animalism, which had spread to other farms, was now taking over the British countryside. The Empire, as Napoleon liked to call it, had truly become a way of life. However, it wasn't all good, as the empire had its problems. Indeed, the farms were extremely productive and profitable, but only a few could enjoy the pleasures and luxury that Animalism offered. Life was unfair at the Empire, as the other animals lived in situations of poverty, while only the pigs, led by selfish and tyrannical Napoleon, lived the best of life. One day, the animals woke up and felt something different. They sensed a weird and familiar presence. They couldn't hide the shock when Snowball called from outside the barn, gathering a meeting with some of the animals. Snowball was back? Snowball was back! They felt uneasy and scared. Because of the stories Napoleon had told them about that disgraceful traitor that was Snowball, they didn't know if they could trust him. Snowball looked different, almost unrecognizable, but the animals sure could distinguish the Snowball's unmistakable features behind all the dirt and bruises that covered him. The pig's body was entirely hurt and scratched, and his appearance showed that it had been long since he had taken a shower – which was now a daily habit among the pigs of Manor Farm. "That’s Snowball!", screamed one of the sheep, "Run, and don’t listen to this traitor!". Some of the animals supported the idea and swore at Snowball for all the evil he had done. However, most of the animals were mind-blown by the old leader's return, and wished to hear what he had to say. "Friend, you cannot trust everything you hear", said Snowball, in an older, tired voice. "I was never the traitor. It was evil Napoleon who betrayed Animal Farm and tried to destroy everything we had created. Now,", he continued, "you can see what he really sought. Power and wealth was all he ever wished for, and for that, he banished me from my beloved home, Animal Farm." "No! Why should we trust you? Our beloved leader Napoleon told us all about you. Now, don’t even try to lie to us.", yelled one of the other sheep, terribly mad at Snowball. "Sure, then I will tell you the truth about this farm, which you pretend you love! This whole system of Animalism was all just a lie, in order for us, pigs, to be in charge. I didn’t agree with this, as I thought it wasn’t fair to the other animals, and for that reason Napoleon chased me out of the Empire I created. Now, I will tell you guys all about my adventures during all this time I was gone, and help you understand why I didn’t come back before.." "It all started when Napoleon made all the dogs chase me out of the farm. For a couple of days, I stayed outside, ruminating over that betrayal and planning my revenge. I couldn't believe I was getting kicked out of my own farm. I was angry, so angry, and I never, for even one day, forgot about how evil Napoleon had betrayed me. I tried to come back that same night, but I couldn't get in, not even if I tried, as there were dogs guarding every entrance. "I, then, fled to Mr. Pilkington 's farm. There, I found an abandoned barn, went inside and crashed for the night. I was exhausted, but I couldn’t sleep. My mind was racing, and I couldn’t understand. I only wanted the best for the animals, and now I was being punished for it? This didn’t make sense, it just didn’t! Don't you think it was easy for me to see Napoleon abuse his power and explore your ingenuity. It hurt me more than it did to you! And with that thought in mind, eventually I fell asleep." “I woke up the next morning, and I was angrier, as my back hurt from sleeping on the hard floor like an uncivilized fool. I wanted to take back what was mine, so I started planning. Everyday from then on, I worked on my plan, and scouted possible entries of the farm. I couldn't find many breaches, as from the moment I was banished from the farm, the security system became a lot stricter.” 192 “As of now, after many months of planning, I am here! But I won't be for long, because any minute now your terrible leader Napoleon and his dogs will come after me. Don´t worry though, I´ll be back really soon! Meet me after the sunset near the barn if you wish to know the truth about this corrupt… Oh, ****, they´re coming!!”, Snowball exclaimed as the dogs came rushing after him." Snowball was able to fled the farm, and went back to the abandoned barn at Mr. Pilkington's farm. Snowball was thinking a lot, about everything that had happened to him, which lit a fire of rage inside his heart. He wanted, more than anything, to take down Napoleon. Snowball´s plan was simple, yet effective: he would go back into the farm, dodging the dogs and would tell the animals the whole truth about the corrupt system of Animal Farm, and about the selfish and unfair Napoleon. And, if the animals didn't believe him, Snowball had a card under his sleeve, to really convince the animals. Snowball had kept some bills and checks from his time at Animal Farm, which proved that Napoleon was stealing from his own animals. “Certainly, they will believe me now,” Snowball thought. “This proves everything I've told them. Napoleon, who was everything but a fool, noticed something was going on in his farm. He was shocked when he saw the dogs chasing the one and only Snowball. Some time passed after that, and Snowball sneakily came back into the farm. He met some of the animals behind the barn, just like he planned. Snowball then showed them the bills that showed Napoleon and the other animals were buying things for themselves, instead of helping the other animals. He told them all the lies they had been told and the truth behind them. He explained how Napoleon stole his ideas and plotted to expel him from the farm. They were in disbelief as they found out that the leader they had learned to love was robbing them the whole time. They were angry, and this anger spread as more animals came to see what was going on. Meanwhile, Napoleon and the other pigs had no idea that a new revolution was about to start. After more animals gathered and found out the truth, hell struck as animals started screaming, breaking stuff, and chanting insults against the pigs. "Traitors!", the animals yelled. The dogs came to the barn after they heard the chaos that was going on, and the other animals attacked them. Many died and got injured while fighting the dogs off, but eventually they killed them all. This battle was a bloodbath and the sight was horrible, but now the pigs were vulnerable, and after seeing what was going on from the big windows of the farm house, scared. The animals marched to the farmhouse chanting “Four legs good, pigs bad.” The pigs were scared and were now gathering weapons to defend themselves, including Mr. Jones’s gun, which Napoleon had grabbed and was now loading bullets into. The animals weren’t scared though, they were determined to end this corrupt system and kill the pigs who lied to them for years. The farmhouse doors could only hold the animals for so long, and after they were broken down, chaos struck, as Napoleon shot any animal in front of him, the sheep jumped some of the pigs, the horses were kicking the pigs, and etc. The other animals were fighting any pig they saw, and the cows were lighting the farmhouse on fire. Snowball sat calmly outside the house, watching as the society he and the other pigs had built come to an end. Just like that, all the time and effort put into the revolution of Animal Farm would crumble. The fire spread and started burning everyone inside, as the battle of the pigs came to an end. All pigs except for Napoleon were already dead, and burning inside the house, as Napoleon ran around the house escaping kicks and punches. Then, as he tried to run away through the back door of the house, Snowball, with Mr. Jones' rifle pointed to the door, was just waiting for him to come out. Napoleon begged for his life to his “old friend”, who came even closer and put the gun on Napoleon’s head. The BANG was heard across the entire farm, and as Napoleon fell on the floor, dead, Snowball sighed in relief. There was not much to celebrate, though, as all the animals were dying inside the burning house. There were dead bodies spread throughout the fields and blood was in the air. Snowball finally had the whole farm for himself, but why did it matter? Snowball broke down crying as he saw all the animals die. He felt like he had just finished his mission and it was all for nothing. He couldn’t take this pain and, after choosing “Long Live Animal Farm” as his last words, he took his own life – leaving the farm dead and abandoned. A few days later, Mr. Jones heard of the news and came back to the farm. "I knew they couldn't survive without me!", he told everyone. He took back over and, for a couple of weeks, all he ate was bacon and ham. Fanfiction 34 - Humanitarian war Synopsis: 193 What if the Animal Farm story had continued, and now years have passed, there are new animals on the farm, the original ones have all passed away. Now the new animals have established their farm in a country named Russia, they learned about their ancestors and the snowball history and how he betrayed Animal Farm, they also discovered that Snowball after running away from the Animal Farm started another community in Ukraine and his great grandchildrens were still alive and living there. Keywords & Content Rating #War, #Conflict, #Rússia, #Ukraine, #Future, #Farms, #Fanfic, #Successors, #TheBestOne, #RussiaVsUkraine / K+ Fan Fiction text: Years have passed and now all animals of the old farm are dead, there is a new generation in a new farm, they’re the great grandchildrens of the original animals, they had to move the farm to a country named Russia, due to a big pandemic . Putchovisky, the great grandchildren of Napoleon, have a big interest in history, and this made him do a research on Google to know more about his past and the past of his family, with this research he discovered that there was a traitor in his great grandparents farm his name was SNOWBALL, this made him more curious about this traitor so he searched more about him and he discovered that Snowball’s great grandchildrens were still alive, with a new farm in a country named Ukraine. Putchovisky organized a meeting with all the animals in the farm to decide what they were going to do about this matter, Demitri the buffalo the leader of the army suggested that they should do a maneuver to attack Ukraine however Rumanov the big russian dog said it was a stupid idea and that they should let the past behind sudenly a Eagle named Nykolai came flying to tell news about Ukraine: -Ukraine is making an alliance with enemy farms!!!!! -This is unacceptable. We should start a war right now! - said Putchovisky in a high tone - We should attack them before they attack us! -Yes! I will prepare the army immediately!- said the general in commanding way Rumanov, who was against the war, now is the animal that most wanted to participate. He thought that this was a threat to the life of the kids and all the animals in the farm. The animals start to march to Ukraine with heavy guns and tanks, on the other side the farm in Ukraine is living a calm life with no interest in war Zelenmoriky the leader of Ukraine was not even prepared for a atack. On the 20th of February Ukraine woke up with a sad news their storage was bombed at night by the russians, Zelenmoriky said that this was unacepptable and that they alog with their allies are going to attack if this attitude continues. That's what happened Demitri spared no effort when it came to war, the russians were using 100% of their power, but the situation, got complicated when the allies of ukraine, which was not able to defend itself, decided to intervene, to add up the Ukraine population was a very brave and strong with a lot of strong animals in it like Valerrovisky the mole the leader of the army. The war continued for 1 more year with lots of disgrace and deaths of innocent people, the farm in Russia was getting tired of this war and decided to create a masterplan, Putchovisky called all the animals in the farm to announce the big plan: -so the plan consites by going underground with our new stone crusher. They are not prepared for an attack underground, we will conquer Ukraine!!! - said Putchovisky with a smile on his face. The Russians started to march with their strongest animals including Puchovisky, Demitri and Rumanov, they started digging a big hole with the stone crusher, when they were passing the border between Russia and Ukraine they were surprised by Valerrovisky and his whole army waiting for them. Putchovsky couldn’t believe it was impossible, then the most surprising thing happened. Rumanov the big russian dog changed sides and started saying that it was cowardice attacking harmless animals like the ones in Ukraine, they didn’t want any war and still Russia would kill innocent animals. After this speech Putchovisky only said 4 words: -you will regret it! Then all the animals started to kill each other, it was a slaughter only when half of the army of both sides were dead they started to back off. The war calmed down after this event Ukraine thought it was over however Russia had other plans in mind they were going to bomb the energy source of Ukraine. Said and done the energy source was bombed on the 19th of september, Ukraine couldn’t believe, this war is still happening as i write this story and the western part of the globe was trying to get involved in it but it was only doing things worst, they didn’t know what was happening there and they were trying to only fight with they’re own interest with no compassion for both countries only doing things they’re way. 194 Fanfiction 36 - (Farm)bidden Love Synopsis: Have you ever imagined a secret affair between the characters of ''Animal Farm"? In our narrative Mollie doesn't leave the farm. Considering this, what if Snowball and Mollie were deeply in love and falling for each other? The only problem was if the pigs found out, because it was forbidden to have a relationship between a horse and a pig, since they were from different species, and different social classes. The pigs were considered the highest in the political hierarchy, while the horses belonged to the working class. Keeping this in mind, what do you think would have happened when Snowball was exiled? Would they find a way to be together ? Read our fanfic to find out. Keywords & Content Rating: Romance, forbidden, animal. K+ Fan Fiction text: In their secret spot, Mollie is comforting Snowball, saying she believes in him, that he is the true leader of the farm and she hopes Napoleon doesn’t exile him. Napoleon and his followers indeed drive Snowball from the farm and he is exiled. Mollie and Snowball bid each other goodbye. Mollie promises him that it is a short goodbye and they will meet soon no matter what or how. They embrace and Snowball runs away. After he leaves, Molly is devastated , she even thinks about killing herself, because cant stand the pain of living without him. Molly feels genuinely drained, tired of working and to pray for strength to get up in the morning. The animals start to see the change in her behavior and in her attitudes. They go talk to her, no one knew about the secret affair, so she couldn't say anything. Every night, she used to dream about Snowball, and in one of her dreams she sees that they are living a happy life with a happy family together. In the middle of the night she wakes up feeling different. She knew she couldn't take it anymore, so she decided to run away to find Snowball, even not having any idea of where he might be. Mollie leaves the farm, and starts looking high and low for Snowball, everywhere; Roads, forests, fields , other farms, both operating and abandoned. A while after searching with no rest to find him and already losing hope. Mollie was in complete distress but couldn’t go back to the animal farm she ran away from, she was completely lost. One day the mare stops at a random farm which at first appeared empty, where she heard a very familiar sound. She decides to go into the farm and explore. There she notices that in some parts of the farm there are fields of crops, of corn, wheat, and some fruit trees, all growing. In the distance she recognizes the noise and the shape of her beloved. She finds herself overwhelmed with happiness when her eyes set upon her love, Snowball. That moment she started crying, and so did he. They got closer and hugged each other, that didn’t feel real to them. They didn’t know how to start talking, they looked at each other deep down in the eyes and started hugging. Then, they talked for hours and hours. Mollie found out that Snowball had been building his own farm. With his own fields, trees and house for them to one day start their grounds together. At first Mollie didn’t like the idea of living in that farm forever, it wasn’t as luxury as she liked, but the idea of living with Snowball without having to hide their relationship and finally be free of Napoleon and his followers made her accept the idea of living there. After a while, Mollie and Snowball found a way to balance each other's interests. Although they were very different from each other ,their love was bigger than everything. And with that, they really started complimenting themselves and even catching habits that weren't theirs. When they both were together , they were the absolute best version of themselves. One year after Snowball got exiled from the farm, their first child was born.The couple thought that with that they couldn't be happier, but that was until they found out that they were having twins. A boy and a girl, Olaf and Beyah. With that, Mollie's dream had literally become the reality. Their farm was also growing the productions and becoming more beautiful everyday. The pig and the mare wanted to provide their kids the best things possible, and they achieved that.Olaf ,Beyah Snowball and Molly lived happily ever after! 195 Image: Fanfiction 40 - A Journal Which Fell in the Wrong Hands Synopsis: What if Napoleon had poisoned the Old major? And what would happen if Napoleon found Old Major’s plans? This is a story narrated by Old Major, in his past life telling his opinions about what was going on at Animal Farm. The story: Old Major’s journal: I can’t take this life anymore, I’m getting too old to live like this, Mr. Jones is making me starve out here, and I don’t want it anymore. But how am I going to make some difference? I guess I will need to get rid of Mr.Jones, but for that, I will need help, I can’t do it by myself… I'm going to schedule a meeting with every animal on this farm at night in the barn when we won’t be found. I told Snowball to warn everyone about the meeting. That night, everyone on the farm was there, except for Moises. I told everyone that we plan to wait for Mr.Jones to get drunk, and kick him out so that we could create a better place to live, take care of the farm ourselves and take care of each other. They just don’t know that I plan to create a democracy here at the farm, my plan is to rise and become the boss out here, but so that can happen I need the other animals to believe in my democracy plan. When Mr. Jones arrived, it was time to put the plan into action. Snowball created a tactic to drive Jones and his men away, and I think that it will work. I would’ve never imagined that he would make such a good plan, but what matters now is that it worked. Now, with Mr. Jones out of the way, I can continue with my plan, but now we all shall go to sleep. The next morning, somehow I could see my own body laying on the bed, I couldn’t move. I heard the animals calling my name, I answered them, but they kept calling me, it looked like I didn’t say anything. After they tried to call me a bunch of times, they came to my room and saw my body, they were shocked by what they were seeing. “Why isn't he moving?” asked Snowball, to which Napoleon replied “He is dead.”, “But why did he have to die just now?” said Boxer, “I guess he died because he was too old to continue living”, Napoleon replied, but wait is that what happened? Did I die or did someone kill me? but who would have done that, oh wait, I drank from a cup that Napoleon gave me…could that be it?? Later that day, they started to decide who was going to take my place, and the pigs appeared to be the only ones who wanted it. And well, for me, that’s good, because it maintains my hierarchy. The animals started voting, Snowball got 18 votes and Napoleon got 15 votes. Not satisfied with the results, Napoleon sent the puppies up to Snowball to expel him from the Animal Farm. For my happiness, Napoleon’s plan didn’t fall through, and that made all the animals keep a look out for Napoleon. I really want to see what Napoleon is going to do, because nothing from my plans ever considered not having the support of the animals. For now, I guess we can say that Napoleon's plan, to follow my plan, is not going great… 196 Napoleon proceeded with the 7 commandments, the pigs like I imagined would happen, became the animals with most power at the manor farm and at least Mr. Jones was far away. My goal now is so that the other animals don’t find out that Napoleon killed me, because once they know that he killed me because of my plans, and that he found them, and poisoned me, and want them to work for him. A few nights later, after everyone went to their sleep, I was watching Napoleon outside, with my journal, when suddenly we both hear a noise, a bark, “woof woof” when Napoleon turns around, he sees the puppies, and behind him, Snowball and Boxer trying to understand the situation. When finally they ask “umm…Napoleon what is that?” “this? oh! this is a, a journal!” “I didn’t know you kept one…can I see it?” “wait you wanna see it? no you cannot `` ''and why is that?” “because um, the journal is not mine” “then whose is it?” “Old Major’s of course!” “and why do you have Old Major’s journal??” “because I found it…and now I can’t stop reading it” “give this to me! now” “I don’t want to” “why do you want to keep his journal? what did he have in there?””oh nothing much…just some plans” “plans? what was he planning for?” “that I can’t say…its a surprise” I guess Snowball caught Napoleon completely off guard! What just happened here? Let’s just hope that no one finds it and read’s it, that would just ruin my life! The next morning Boxer went to find Snowball, to tell him that they should somehow get rid of Napoleon for the day to look for the journal. Oh no… where did Napoleon hide this thing!? Let’s hope that in a good place. After hours and hours of looking, they had nothing, and I’m starting to wonder where my journal went, it was nowhere to be found! I’m interested to see what Napoleon did with it… I’m starting to get used to this dead thing, I can see absolutely everything that's going on! But wait, Napoleon also disappeared! I haven’t seen him all day! It’s now nighttime, no one had seen Napoleon until he suddenly appeared. I was asleep so I don’t know where from but as soon as I heard his voice I woke up. He was talking to the puppies, trying to get rid of the rest of the pigs. The puppies didn’t seem to understand why the pigs had to leave, because Napoleon couldn’t explain that he had a plan to become a dictator. After some convincing, it worked, well kind of. The puppies did try to expel, but Snowball quickly caught up to what was going on, but he didn’t say anything to anyone. He waited till everyone was asleep again, and went to the same place that he found Napoleon yesterday. There he waited, and waited until he finally found an opportunity. He quickly grabbed the journal from his hands and started to run for his life, and I don’t know what to expect anymore. Why couldn’t anyone smarter have found my journal? Napoleon lost him but I can still see him. He is digging a hole, to hide my journal. I hope he forgets where it is. At this point no one knew what was going on anymore, they were starting to starve and let’s just hope someone becomes the true dictator. Like a week later, Snowball still hasn’t found the journal. So I guessed everything was going well, until I said that, that day he looked for it all day long, and found it. He immediately started to read all my plans, about how to become the dictator of the Manor Farm, and how to trick them into thinking it was becoming a democracy. Snowball was in shock, he called in a meeting with every animal, he then proceeded to read parts of it and speak parts of it, and then told everyone that Napoleon had it and was trying to follow my plan, but he had no proof of that. At least not until the puppies all rised to tell them that Napoleon tried getting rid of the pigs. Well there wasn’t anything they could do with me, but they made sure that Napoleon confessed to killing me, and so he got expelled because that would break the commandments.. Fanfiction 42 - Animal Media Synopsis: What if Squealer created a social media platform to gather information from animals in a nice way or so it seemed. But later, he messed with the algorithm to gather confidential information from all the animals in the farm. Which he, afterwards, used to blackmail and take advantage of the animals in order to take power and benefit himself. Keywords & Content Rating: K+ - Overthrow/Social Media/ Surveillance/ Authoritarianism Fan Fiction text: ANIMAL MEDIA Five years had passed and Napoleon still ruled the animal farm. Pigs were walking on hind legs and other animals had trouble differentiating humans from pigs. They also drank lots of booze, all except 197 Squealer, and that was the first thing that put him one step ahead of Napoleon at all times . He knew booze would affect his brain, and he much preferred to keep it sharp, so he could work on his plans of overtaking the dictatorship from Napoleon's hooves. Over the years he studied algorithms really hard from Mr. Jones' book, until he mastered them, and using all of that knowledge, he created a social media platform which he used to privately survey every single animal on the farm, including the pigs. Napoleon was starting to increasingly take on human habits and was taking part in them all the time. He was starting to fail in his responsibilities as a leader and Squealer could notice it, so the only reasonable action for him to take was to usurp his power. But for him to do such a thing, he would have to figure out a way of doing so. He couldn't let the other animals realize what was going on until it was done. This was necessary because the animals idolized Napoleon, and there was nothing he could do that would make them turn on him, or so we thought… It was a hot day in the farm, animals were struggling to work in such heat, and there was boxer, the most loyal comrade to Napoleon, working on getting the rocks to build the windmill, he was feeling weaker along time but he just wouldn't stop, and he kept repeating many times his mottos like "I will work harder" or even "Napoleon is always correct", that was until Squealer saw Napoleon whipping Boxer, and he would keep working like if nothing were happening. That was when he realized that he had to do something about it. He started collecting the materials he needed for the plan, first he went to Mr. Pilkington's farm to see if there's anything he could use. He got cameras, metal parts and everything he would need to get the algorithms correct. After that, he started assembling the computers and creating the complex algorithm. It took him months of intense work but just as the cold breeze of winter started coming around, he finished his project and was ready to present it to the animals the following morning. It was an easy pitch, everyone adored the new computers and the idea of a network where you could see what all your friends were up to at all times, even Napoleon quickly fell in love with the machines, he said it made him feel like a boss in a big corporation, overlooking all of his employees, what he did not know however, is that the real overlooker, was Squealer, and he didn't let anything pass him. He could see them when they thought they were unseeable, and knew secrets many thought to be completely secreted. He knew everything about everyone at all times, and soon enough he would have all he needed to take command of Napoleon's empire. Days passed and all he could think about was which act from Napoleon would cause the other animals to think it was completely absurd to society and animals, so he could blackmail Napoleon. Until it hit him, and ideas so absurd that no animal would have a choice but to take his side against Napoleon. What he saw on the dictator's screen, was a recording of him and the other pigs kidnapping animals from the farm only to let them loose on the forest just so they could hunt them for sport. In the following morning, Squealer called up all the animals through social media to rally in the barn, where he would show the videos of the other pigs hunting animals and after eating them. Everyone on the farm recognized the animals that were being killed and were horrified to see the pigs kill and eat them without a drop of mercy. Not a single sad reaction, except a smile from Napoleon. Everyone was in shock and started to yell that Napoleon was a genocide and a psychopath, aswell as he shouldnt be in power anymore. That's when Squealer seizes the opportunity and gives a speech for all to hear: "Napoleon was a horrible leader to all of us, but should you choose me as your new leader, I promise to be a good leader and take care of our farm in the best way possible, I'll be just and fair to society ad vow to never let anything bad happen to us ever again. I was your savior from Napoleon and if you allow me, I will lead us to the brightest future this farm has ever seen". After this speech, all the animals in the farm raised Squealer on his foot while screaming his name and declaring him the new leader. Fanfiction 44 - Mollie's $ystem Synopsis: What happens with Mollie when she leaves the farm? Once Mollie departs from Animal Farm, a particular hatred of a socialist system rises within her, and a desire for material goods, consumerism, and capital drives her ambitions to create a new system. She goes to a farm that still uses the human coordinating system, and Mollie introduces a new way of trading the food and actions performed by the animals. A system led by economical power, in which people strived to be those to possess the most credit. Mollie initiates a system of obtaining and exchanging credit between animals that perform actions within the farm and provides them with credits that are profited. What if she increases the farm's productivity on a large scale and gets the farmer's attention? Keywords & Content Rating: Animal Farm, Capitalism, Work, Money, Stock Exchange / K+ 198 Fan Fiction text: Mollie didn't originally plan on fleeing. She wasn't a coward, well she was, but she didn't want to be one. The rebellion promised to improve the quality of their lives, but the rebellion only increased her working hours and calluses. She wasn't happier like Old Major promised, she was depressed, she couldn't take it anymore, and eventually, she left. A couple of days ago, one of the neighborhood men pet her nose, and for the first time in a while, she felt like she did before the rebellion started. She felt special in a way she could have her privileges again and she desired to relive those few seconds of joy. Mollie craved freedom, and today she knew she had every right to it. At first, it was tough, after all, she had been living on the farm throughout her whole life, and she had never been left alone. She knew she would miss Clover and Boxer who'd she had been raised with, and even though she loved them more than everyone else, she knew that the cause for leaving Animal Farm was bigger than any sort of affinity she had for her friends. And above all, she would miss the farm, her home, but Mollie knew deep inside that Manor Farm was dead way before she left. She didn't have anything of great value from the farm to get, so she looked backward to the Animal farm fence, and went looking for the man that stroked her nose earlier. His name was Adrian, Adrian Steven. He was Mr. Steven's only son, who ran a small wheatproducing farm. She briefly recalled a couple of times Mr. Jones bought wheat from the farm a few years ago, called "Steven's Farm". However, the news came that Steven's Farm hadn't been active lately, and some rumors even claimed the farm was currently bankrupt! After a short walk down the dirt road, Mollie found the entrance to the farm. The gates were old but sturdy and the sign said "Steven's Farm" so the mare didn't think twice. She walked along the little road and looked around her. The lands were in good condition, but the plantations were relatively small. She headed towards the main house, which was simple but held a beautiful view of the entire farm, and although the room was tiny, it had a cozy feeling towards it. It was a cold afternoon and the harsh winter wind grazed her mane, untangling the golden locks. Mollie quietly waited for Adrien to arrive, in the hopes he would possibly take her in. About an hour later, Adrien arrived, he was wearing unintentionally ripped jeans, held by a black leather belt, a red flannel that happened to be covered in mud which he unbuttoned down, exposing his fit abdomen. He looked tired and went up to sit on one of the chairs outside his house. Mollie walked over to him, but because his eyes were closed he didn't notice her. She was only able to grasp his attention when she happily neighed, waking him up. "Well hello. What have we got here?" Adrien softly laughed, sitting up "Your Jones' aren't you dear?" His amber green eyes sparkled brightly fixed on Mollie, "Well, I was needing a new horse, and what can I say? Finder's, keeper's am I right?" he smirked to which Mollie replied by bowing her head. Adrien eventually walked her down to the stable, it was small and messy, but somehow she still seemed to like it. "I check on you tomorrow," Adrien promised before heading out. She looked around her and saw that the horses were looking at her in a judgmental way. Mollie introduced herself and asked the name of her new companions, but no one seemed to respond. "Good evening everyone, my name is Mollie, it is a pleasure to meet you all… What are your names?...." She wondered if the horses there spoke her language and got extremely confused, but after lying down in the stall, she sees the horses talking perfectly to each other. Saddened, Mollie falls asleep wondering if her new life would be better and if she could ever have a good time again. Bothered by the cold in the stall, she also looked dissatisfied with the place. Even though the other animals didn't seem to like her, she still felt special whenever she was able to catch Adrien's attention, Mollie got up and got ready to receive the tasks. A dog rushed in and entered the dark stable. His name was Dazai and he was quite excited. Mollie liked his spirit and listened carefully. "Today you'll start the day by taking the firewood that Mr. Steven cut yesterday to the main house. After that, you will take the sheep's food to the pasture and return to the stable for the meal. So far that's all. Have a nice day!" The dog took off in a tremendous run and the horses began to leave the stable to fetch firewood. Mollie's stall was one of the first ones to the way out and when she began heading, the other horses trotted out, pushing her and leaving her behind. Mollie was uncomfortable and determined that she would do the job perfectly to show Adrien and the horses that she was capable of keeping up with them. 199 She then arrives at the agreed place and puts some pieces of firewood on her back, heading towards the house. The other 4 horses also did the same and kept repeating this process for a few moments. When Mollie was returning once more to get more firewood she saw Ringo, a skinny brown horse carrying a huge amount of firewood. He was very tired and could barely steady himself on the floor. Mollie walked over and offered to help by putting some of the load on her back. She took the firewood to the house and when she returned there was nothing left. After that, all the horses went to the pasture to take the bags of food. "Thank you so much for the help, I don't know how to thank you." Mollie looked at him casually "You don't have to, it was nothing. What is your name?". "My name is Ringo, or at least is what Mr. Steven calls me". "Is a pleasure to meet you, Ringo, I'm Mollie, as you may have already known". Ringo apologized to her for the moment at the stable. They began to load the bags and deposit them at the sheep's feeding place. Mollie was extremely tired and couldn't bear to carry any more weight. Her laziness took over her body and by the third sack, she was already exhausted. Ringo took advantage of the moment and thanked the mare for helping by bringing her some sacks. Mollie was very grateful and rested for a few minutes. After all the bags were taken away, the horses returned to the stable and waited for Adrien. Ringo wanted to introduce Mollie to the rest of the horses. "Guys, this is Mollie, I wanted to tell you that she helped me a lot today and that you were wrong about her last night. I think we should give her a chance and even if we have to share our food with one more horse, we'll have her help and so we will get more conditions for this farm. So I hope you treat her fairly and kindly" The horses approach her and introduce themselves "Hello, my name is Regan, welcome" "They call me Bennett, I was very impressed with your help today" "Good afternoon, my name is Maribel, thank you for helping our friend Ringo here." The last horse, Max, didn't want to introduce himself and continued eating. After a moment of rest from the horses, Adrien arrived at the stable and went to treat the animals. "You all did pretty well today, I'm very pleased with your work! Later this afternoon I'm going to the city to buy some oil and I'll be taking one of you with me. Who shall be the lucky horse?" He smiled charmingly, adjusting his dark brown hat. Mollie and Adrien headed towards the city and passed through wonderful paths between the various farms in the region. The late afternoon weather was good and when they arrived in the city they saw people happy and relaxed. Adrien led Mollie toward the town's machine and tool store and tied her to a pole at the front of the place. Mollie saw Adrien entering the store that had a dirty look but you could see the image of the place through the window. Mollie saw the salesman bring a huge gallon and put it on the table and Adrien handed him a bill. The mare found that very interesting and remembered the exchange of help she had done with Ringo this morning. Adrien handed over his bill and took the gallon out of the store and placed it firmly in Mollie's cell. He untied her from the post and the two returned to the farm. Mollie returned to the stable to rest from the long day. After a while as night fell, Mollie heard the horses fighting. She approached and saw Maribel and Ringo talking to everyone "But you don't understand, don't you think that she's here to help? Mr. Steven knows what he's doing, if he wants to have her on the farm it's because that will be something good" Max was frowning and replied "She brings trouble for us Marbibel, can't you see? Our food supply is running low and Adrien can't take care of this farm alone, sooner or later we'll end up with no food and in bad conditions, we can't have more animals here" "Maybe there's something we can do…" Mollie said approaching. "Where I come from, animals were tired of their lives alongside humans and rebelled as you may already know, but this anguish did us no good!" 200 "I think we have to support each other and respect what our owners tell us, because they know what's best for all of us. As you can see, we are still here healthy and strong and we cannot give up." "We are still healthy, but it is just a matter of time." said Bennet. Mollie responds "I say we need to settle down and do something to help Adrien, and not sit here regretting his decisions. Just now I was with him in town and I saw that he exchanges the money he receives from the wheat for things like tractor oil. I think we could do the same between us. In the morning Ringo and I exchanged favors and we both had better yields. We should help each other and try to make this farm more profitable. Only then can we have a good life" "I agree with Mollie!" Said Maribel "Let's try to do that tomorrow, if anyone needs help with something, just ask, and we'll be exchanging favors with each other. Let's share this idea with the other animals, so the whole farm will benefit." "Great idea Mollie!" said Ringo. "It may even work, but how will this make the farm yield more Mollie?" asked Bennet. "If we exchange favors and help each other, it will not be difficult for anyone to perform their tasks and we will work more this way because at different times of the day, each animal has a different income and instead of spending it just doing on your part, help the other as well because we will support the other and we will improve our own income. With improved yields, we will be able to perform tasks faster and more efficiently. The tasks will start to increase, but we will consolidate and make the farm more productive and active" "Ok then, if we don't have any other ideas let's give it a try" said Max. The next day, some of the horses worked hard on the first tasks, but later they were already tired. The others who were lazier in the morning worked hard the rest part of the time helping those who were tired. Lunch time was barely over and the horses were done with all their chores. Adrien praises them for their effort and gives them the afternoon off to rest while he plants the wheat. A part of the horses watched him tend the wheat while the others went to spread the exchange idea to the rest of the animals. Maribel, Bennett and Mollie watched Mr. Steven carry out the planting. He organized the seeds into sectors on the ground and used the watering can to water the soil. After a while of repeating this process, the horses already knew how to plow the land and plant the wheat. In the evening, upon returning to the stable, all the animals gathered and praised Mollie's plan, wanting to participate. Mollie was very happy with the result and said that if everyone helped, they would eventually be able to make the farm very productive. The days passed and the results were coming. The animals were very productive and they even worked harder than usual to help the rest even more. After a few weeks, Adrien began to notice that the farm was bringing great results. The sheep had bred more, the hens had laid more eggs, the dogs had led the sheep faster, the cows milked more milk, everything was going very well. Mollie, along with Bennett and Maribel decided to teach the horses how to take care of the land. One night, when Adrien and the whole farm were already asleep, the horses withdrew from the stable and went to the wheat fields. They took the bags of seeds and started to deposit the seeds in the holes they dug, then watered all the seeds planted, just as they watched Adrien do. The next day, Adrien woke up and went to remove the fur from the sheep, when he came across a vast area full of soil and planted seeds. At first he was amazed at the length of his plantation, he had no idea that he had so much land and so much seed. He wondered who had done it all. The days passed and the plantation only grew and the animals only improved their tasks. When harvest time approached, the horses had agreed that they would again go out at night and harvest all the wheat, leaving it in the storage place. When the time came, they went out and harvested all the wheat and put it all in storage. Adrien finally woke up with the noise already waiting for someone to be doing something in his land. When he got there he saw all the horses sorting the wheat and was very glad to see the scene. He helped them and took them back to the stable, where the horses slept exhausted. The next day Adrien wanted to talk to the horses and went early to the stable. Regan, Max, Bennett and Ringo explained the whole story while Adrien stared at Mollie with a smile on his face. Mollie said she elaborated this plan because the animals would help each other without leaving anyone tired or worn out. Adrien said he was going to sell all the wheat and use the money to renovate the stable as a way of thanking the horses. He also said that he was interested in investing in the stock 201 market in order to improve the farm's conditions and ultimately he wanted Mollie to manage the farm's money because she knew what the animals needed to do. Weeks passed and the farm began to generate more and more returns. Now they not only had a stratosphere of wheat, but the resources that were previously only available to be consumed on the farm could now also be traded, such as milk and eggs and Mollie managed the tasks and exchanges of shares between the animals with mastery in addition to help Adrien invest his money. One day Adrien decided to go invest in the stock market. He took Mollie and they went into town. Mollie was very excited and when Adrien returned from the bank, he told her everything. "Well, basically I have ownership of a certain percentage of a company's worth, but if the worth goes down, so will the stock's value. It's quite risky depending on how much money you decide to invest, but I like living life on the edge, so I invested pretty much every cent I have on a single stock, I think it was soy or something of the sort." Mollie stared in shock, how could Adrien spend so much money on one stock? What if the value decreased so much they went bankrupt? Adrien didn't really seem to care, he was always so relaxed about stuff, he didn't even research what stock he would invest in! The following months, the stock's value didn't really seem to change because the economy was quite stable. Mollie was very glad for that, because she strongly disapproved of Adrien's actions, he however was underwhelmed, as he expected some sort of lottery-like miracle. Surprisingly, 4 months after the day Adrien purchased the stock, it's value seemed to double! Apparently the demand for soy had a huge uprise as it was a cheaper substitute to farm food. On the consecutive weeks, Mollie was greeted with the unforseen news that Animal Farm was bankrupt! A smile crept on Mollie's face… They had profited way more than expected, so there was extra money to spend, and well, like she learned from Adrien, living life on the edge was so much more fun! Mollie knew deep inside what she had to do, she was going to buy Animal Farm. The succeding day, Mollie and Adrien headed to the farm with a proposition on their minds. Entering the gates to the farm she formerly left was emotionally hard, but she knew she didn't want to be a coward anymore. "Mollie." Napoleon faced her, his dark eyes piercing her sould. "I see your selling the farm," she spoke firmly, "we have an offer." They settled the paperwork, Adrien by her side. And just like that, Animal Farm was now theirs. Fanfiction 46 - Lovewar letters Synopsis: Clover was always in love with Mollie. Afraid that the love wasn’t mutual, she struggles and keeps it all to herself, mascaring it with a strange friendship level between lovers and best friends. When Mollie can’t stand the new system anymore and runs away from the Animal Farm, Clover has no choice but to mourn. She calls her best friend Boxer, unaware of his feelings towards her, so she could send letters and maybe, maybe, keep in contact with Mollie. What she doesn’t expect is what Boxer and the other animals are capable of doing to stop this forbidden love. What if Mollie went away looking for better conditions for her and for her love, Clover. Would Clover run away with Mollie and leave Animal Farm? Keywords & Content Rating: #lovetwists #friends to lovers #gayromance #lovedepression T Fan Fiction text: It has been a week since she had last seen Mollie. Her perfectly brushed fur, always tidy, was such a pleasant view… Now that she was gone, Clover almost didn’t have motivation to get up in the morning at all. The rain probably wouldn’t stop soon. It has been a week since the rain has started, at least that was what it seemed like. Like a week. Probably even more. She had lost all her time perception after Mollie went away. Why did the pony have to be so selfish and run away? “Come with me darling” Mollie’s words repeated inside Clover’s mind. “Inside this farm we are sad and starving. We can live happily in our own home. A home only for both of us, can you imagine?” Mollie’s eyes sparkled dreamly while she proposed such things. Clover would follow her if she didn’t know that what her friend was saying was untrue. If she left, the only life that would be waiting for them was hunger and suffering. 202 “We are so much happier here. Why would we risk everything for only an idea?” Clover answered. Mollie stared at her skeptically. “Because it’s not an idea. It’s my dream. Our dream” Mollie cried “Don’t you hope for something better too?” Her last words echoed inside Clover's head. Does she hope for something better? But the Animal Farm wasn’t already something good? It was better than Jones at least. But something she couldn’t stand anymore was the lack of the only worth of Clover’s love. And if her stay in the Animal Farm meant that she couldn’t be with Mollie, she wasn’t sure anymore if the farm was good at all. Clover’s mind oscillated between the thought of running away and what she would lose if she left. Mollie was gone, and almost none of the animals cared about it. Napoleon and Snowball were too busy arguing to care about any of the animals' complaints but their own. It was also no use to try to talk to any of the other animals left, their lack of empathy towards Clover only made her feel worse. None of them knew how much her love for Mollie had consumed her, for them they were just friends. Just friends. The two words hit Clover’s chest like an arrow. The only thing keeping Clover from leaving everything behind was Boxer. He was the only one Clover was willing to talk to even weeks after Mollie’s “disappearance”. His black empathic eyes always stared at her own with such deep concern that it was almost unreal. His free time was almost all spent by talking and listening to the endless venting of Clover. Boxer probably didn’t have a clue about how she felt appreciated by all of his effort. Even without knowing that what she felt in relation to Mollie wasn’t only friendship, he was the only one with the closest version of the truth. Maybe she should finally explain the whole truth. “After” she thought “I still don’t know how any of the animals would react to this. A girl being so in love with another girl. I don’t even know if Mollie loves me back”. Before Mollie’s exit, it wasn’t unusual to find both of the horses flirting with each other. The pet names and hugs were also very common. Mollie’s favorite one was calling Clover by “darling”. She used to do this all the time, always managing to draw a smile across the other one's face. That was what kept Clover hoping for so long, that maybe Mollie also felt the same way. That wasn’t just friendship. Or was it? She didn’t have time to answer her own question, Boxer came inside the cellar happily trotting. His smile suddenly faded away the moment he looked at Clover’s depressing face. Slowly, he came closer to his friend and asked what was wrong. Clover already knew that Boxer already knew the answer, but the small act of worrying about what she was so sad about made Clover feel safer. “I wished that Mollie could hear me somewhat. I feel so lonely without her” “But you have me!” He said, giving her a warm smile. She looked back at him. “It’s not the same thing…” She sighed. Boxer made a confused face while he tried to understand the meaning of the frase. While Clover didn’t explain to him that what she felt towards Mollie wasn’t only friendship, Boxer wouldn’t know what was the difference between him and her. “Do you know where she went?” He asked. Yes, she did know. Mollie had runned away to Foxwood farm, hoping that there she would keep the high quality life that she had with Jones. “Yes, she is on Foxwood” Clover finally answered “But this doesn’t mean nothing, I still can’t talk with her” “Why don’t you write to her?” Boxer suggested. Clover eyes widened, staring at her friend like he just started talking in another language. She could just write to Mollie. Clover could write to her everyday and even ask her to visit Animal Farm eventually. The pigeons wouldn’t mind delivering some letters to Foxwood farm, they already were familiar with their neighbors. That was perfect. She was about to thank Boxer for the brilliant idea when she realized the worst thing possible, Clover couldn’t write. Unlike Boxer, she hadn't learned how to write yet. “Oh no. I don’t know how to write! How can I write to her if I don’t know how to write yet?” “I can write it for you” He proposed, giving her a shy smile. Clover eyes shined with excitement. Boxer was such a good friend. “You are so nice! Thank you Boxer, you’re amazing!” She said, hugging her best friend. Boxer blushed and said that was the bare minimum he should do to her. Boxer took the rest of the day off just to help Clover write the letter. It was extremely easier to find paper and a pen than she had thought, they just had to ask Squealer for one and she was done. Now, inside the cellar again, Clover was trying to organize her own head in order to tell Boxer exactly what she wanted to tell Mollie. It was the moment of truth, the moment that not only she would finally say to Mollie the intensity of her feelings and the moment that Boxer would know why Mollie was so different from him. Clover took a deep breath, trying to prepare herself for something that she knew she wasn’t ready for. “Boxer, are you ready to write all I say to you?” She asked, anxious. Boxer nodded. “Alright, here we go” Clover took her last breath and started confessing “ ‘Dear Mollie, I don’t know what to do without you. Since the beginning of our friendship, I had trouble trying to differentiate 203 if you only wanted to stay as friends. And, to my surprise above all, I started to like you more than just friends. Maybe the flirting conversations were the ones responsible for the feelings I had developed for you, but…’ ” Boxer was staring at Clover so intensely that made her lose her track of thought. Something she said had an extreme reaction inside his mind, so strong that made him even stop writing. Something was very wrong. “Boxer, are you ok?” Clover finally asked. Only then he realized how much he was staring at his friend because he quickly looked away and pretended to feel fine. “Yeah, yeah sure. That means that…” He looked back at Clover reluctantly “That means that you like Mollie? Like more than friends?” Clover stayed in a deep silence trying to not lose her mind. That was it. Now Boxer knew that she liked Mollie more than him. “Yes,” She said after several minutes. The mood between them both was completely changed. It was like they were strangers. “I’m sorry Boxer” “It’s ok” He snapped. Why was he acting so differently? The person sitting in front of Clover for sure wasn’t Boxer. Clover was feeling like she had just lost her best friend. “I will continue ok?” He didn’t answer but she continued anyway “ Maybe the flirting conversations were the ones responsible for the feelings I had developed for you, but I just want to say that I hope for you to come back. Please Mollie, I just want to talk to you for one more time and then explain everything. I just hope for us to be alright, because beyond everything, I still want for us to remain friends. With all my love, Clover. ” Boxer stopped writing a few minutes after Clover had spoken her last words. Without saying a thing, he folded the paper twice and aggressively handed it to Clover, leaving her speechless inside the cellar. She was shocked. That wasn’t what she knew about Boxer. Boxer was the kind, comprehensive and calm friend who Clover could always count on, but now that she had counted on him for once more, she had just seen the side of Boxer that she had never seen before. The aggressive, skeptic and careless side of him. Clover fell on her knees and started sobbing. It was already night when she left the place. Clover had spent the whole evening crying and it only made her feel more like trash. She was worthless and now, apart from Mollie, she had lost Boxer too. She was all alone. Slowly, she went after the pigeons and gave the letter to one of them. “Send this letter to Foxwood, please” She said so low that it sounded like a whisper. The pigeon took flight carrying the letter. It was a turbulent night. Clover took a while to fall asleep, and when she did, she was woken by a terrible scream. Something was happening. Her heart sped up while she trotted in the direction of the scream. It was black outside, so dark that she bumped into a crowd of animals. They were surrounding Napoleon, Snowball and, on their feet, Mollie. Clover’s heart almost stopped when she looked at Molie. Mollie, who was tied and bruised, was with the worst expression of fear that she had seen in her whole life. Her clean tidy fur was full of dirt and she was bleeding. “This evening, I was told that someone in this farm was conspiring against the new system. This animal, that is sadly still among us, kept in contact with Mollie, that we all know is a traitor. They were plotting together to knock down the Animal Farm in order to give it back to Jones, so they could be reunited again. And do you know, comrades, why they want to be reunited? They want to be reunited because they are in love!” There was commotion among the animals. Mollie was sobbing now. “Yes, that’s right, comrades, they are in love. And the worst thing is that the animal that is so in love with Mollie is also a girl!” The comotion of the animals has increased now, the whispers becoming shouts and the calming murmur becoming a common disbelief. Clover was astonished. She had her mouth opened, speechless. It was almost like the ground had fallen beneath her feet. “The love between two of the same sex is forbidden! They are incapable of making new children, so the only objective of this love is the selfish desire to be together endlessly! Two girls loving each other is a threat to the Animal Farm!” Napoleon roared. All the animals next to Clover started to shout too. All of them were agreeing: Something had to be done. “Our forces had searched after Mollie the moment she had runned away, so she could be punished for what she had done. Today, we celebrate because new information has arrived making us capable of arresting Mollie again. Now, finally, we are going to execute her for the crime of high treason.” Napoleon shouted “For the Animal farm!” “No!” Mollie cried. But before she could do anything, she was already gone. The only thing left was blood and the terrified expression of not only Clover but many of the other animals. Clover wanted to shout, to scream and to protest. She wanted to strangle Napoleon and then cry her eyes out. But the only thing she did was to stare at Mollie's corpse, feeling absolutely nothing. Nothing at all. Her love for Mollie had killed her. The useless fact that she couldn’t keep it all to herself made them find her and then kill her. The letter Clover had written was nothing but a war letter, where she 204 declared her feelings dooming Mollie’s destiny . If she truly loved Mollie, she would have controlled herself and kept it. She wouldn’t tell Boxer. She wouldn’t tell anyone But she did tell, and now Mollie was dead. Clover had killed Mollie. Love had killed Mollie. And her love letter had proven to be a war letter that Mollie would never read. 205 ANEXO B – RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO ELETRÔNICO (GOOGLE FORMS) CORRESPONDENTES ÀS FANFICTIONS SELECIONADAS PARA ANÁLISE Fanfictions Título Pergunta 1: O que levou Pergunta 2: Como você você a escolher essa estabeleceu relação com o temática? texto original, ‘Animal Farm’, de George Orwell? Fanfiction 2 RUN! THE Meu grupo queria fazer algo Meu grupo fez uma PIGS ARE atual, original, mas que também continuação da história e COMING tratasse de um importante incluímos detalhes que não OUT… evento histórico, o nazismo. apareciam na história original, mas que também poderiam A importância do debate sobre ser possíveis de aparecerem, nazismo, devido ao aumento ou seja, coerentes ao texto. exponencial de ocorridos nesse Os personagens sao os sentido. Além disso, criar uma mesmos, a única coisa que ficção, para debater sobre muda é a situação na qual masculinidade tóxica e eles se encontram e o ponto homofobia internalizada. Todas de vista. as questões afetavam diretamente os membros de Demos uma continuidade à nosso grupo. história, mudando os desfechos dos personagens. O que nos levou a escolher Mantivemos a história original, essa temática foi envolver mas demos outras conceitos da atualidade com o explicações. texto de animal farm e pensar em variaveis para a história de Como o texto de George George Orwell, nesse caso a Orwell, nossa fanfic consegue questão da cultura LGBT. abordar críticas sociais de Também adicionamos no texto forma sutíl e interpretativa, por uma ideologia relaxionada ao meio de metáforas dentro de nazismo e opressão, onde metáforas. Squealer é representado como “mestre” de todas as operações da animal farm. Fanfiction 3 The falling of the farm Relacionar o fictício da história de George Orwell com a continuidade da história em que o livro foi baseado. Continuando a história a partir do fim do livro, tornando-a maior e com um fim mais concreto e completo. Fanfiction 7 Snowball's Journey Gostei bastante do personagem e achei que o desfecho dele poderia ter sido diferente. A gente usou o autoritarismo dos humanos na história, e de alguns animais entre eles também, e utilizamos os mesmos "cenários" utilizados no livro e não adicionamos nenhum novo personagem. Fanfiction 9 The SeaWorld Rebellion Eu achei que seria uma comparação legal, algo que aconteceu na vida real que consegue se relacionar com os acontecimentos de Animal Eu criei uma narrativa em que o acidente do SeaWorld era na verdade uma ação intencional da baleia para se juntar a revolução 206 Farm. Como um teoria da conspiração O que me levou a escolher esse tema foi que é um acontecimento real que se relaciona com Animal Farm. Fanfiction 10 Fanfiction 11 THE HISTORY BEHINDS NESTLÉ COMPANY Queria expressar o frequente mau trato aos animais em grandes companhias Relacionei falando que o filho do Mr Jones voltou na fazenda e criou a companhia Eu escolhi esse tema pois achei muito interessante falar sobre maus tratos. Foi um jeito que achei de relacionar os animais com os maus tratos de um jeito criativo e diferente, trazendo a marca Nestle, que é muito famosa nos dias de hoje. Eu escolhi esse tema pois achei muito interessante falar sobre maus tratos. Foi um jeito que achei de relacionar os animais com os maus tratos de um jeito criativo e diferente, trazendo a marca Nestle, que é muito famosa nos dias de hoje. The evil mind behind it all O que me levou a escolher essa temática foi que eu e minha dupla queríamos dar outra característica e significado ao personagem Squiler. Além disso, queríamos dar um suspense a mais para a história e criar algo original que nenhum outro aluno estava fazendo. Inclui os personagens da história com suas características originais. Tentei incluir o máximo de personagens que aparecem no livro para deixá-la mais parecida com a narrativa original. Achamos legal dar mais importancia a Squealer e deixálo como malvado, tirando o peso de Napoleon. também não tinhamos visto ninguém que tivesse tido essa ideia, então achamos (eu e minha dupla) bem original. Fanfiction 12 "Criamos uma narrativa que o acontecimento no Sea World foi intencional já que fazia parte de uma revolução dos animais, já situada no livro." The real owner of the dream Eu e minha dupla, ao lermos o livro original, concordamos que parecia que o Napoleon já tinha planejado esse final para a Revolução, e portanto decidimos na fanfic explorar melhor essa possibilidade e dar uma explicação de como poderia ter acontecido. Eu escolhi essa temática porque eu achei que seria algo interessante e ao mesmo tempo uma coisa que parece um absurdo, a manipulação, mas não está muito distante de usamos os mesmos personagens, mesmo contexto, mas adicionamos algumas partes. Assim, criamos uma nova narrativa (squealer como o "evil mind") e inserimos-a na historia de George Orwell. Estebelecemos esta relação utilizando as mesmas personalidades para os personagens, além de mencionar acontecimentos e fatos que o texto original utiliza, como quando o Old Major conta seu sonho para todos, e assim misturando melhor nossa fanfic com o trabalho de Orwell. Nós seguimos a mesma ideia da história, o mesmo contexto e tudo, mas fizemos que o Napoleon que estava por trás 207 coisas que realidade. Fanfiction 16 The Resurgence of Snowball acontecem na de toda revolução desde o começo. Foi a única ideia que eu tive e achei que seria fácil Usei os mesmos personagens e o mesmo contexto histórico Tivemos essa ideia em grupo e achamos que essa era a melhor escolha dentre as possíveis. A história se passa após os acontecimentos do livro original e se baseia no cenário do fim do livro. Foi uma ideia que tivemos de trazer o Snowball de volta para a fazenda. Fanfiction 20 Till death do us apart? Lendo o livro, animal farm eu fiquei curiosa por que o old major já sabia que ele iria morrer. como se fosse um processo que acontecia com todos, então decidi escrever uma reposta para isso. Trouxemos os elementos originais da história, porém trazendo uma reviravolta de Snowball, fazendo com que ele batesse de frente com Napoleon. Eu escrevi uma historia como uma continuação para aonde os animais vão e por que eles são "presos" nessa fazenda. É relação é que ainda sim tem essa força dos humanos na vida dos animais Eu escolhi essa temática porque eu acho muito importante colocar em mente que mesmo a pessoa presando por uma coisa, no caso os porcos ela faz a mesma coisa, isso mostra a hipocrisia das pessoas constantemente. Fanfiction 22 Unity Is Strength… But the Strength is Individual Escolhi está temática, pois me trás a ideia da vingança, do que é a vingança, o que é levar um pequeno detalhe do passado como um big deal no presente, que impacte até o futuro. Como é impossível prever o que está por vir, como a nossa sociedade e vidas pessoais estão cheias de questões abertas. Me inspirei no ínicio no filme "Hunger´s game", mas acabei viajando atráves do livro e resolucionando com um final surprendendo. Seria uma total continuação do que lemos, como uma segunda parte, um jogo violento entre a comunidade que se estabelece para escolherem quem será o próximo a governar este reinado, após a morte de Napoleon. O final consegue resumir tudo que aconteceu na história, surprendendo os leitores. Fanfiction 24 The Obscure Regime A sexist society that doesn't give rights and independence for women. The way Clover lived, a hidden way. We don't have access to her life during the ‘Animal Farm’, so we decided to explore these possibilities. 208 Fanfiction 25 A change in the course of history! A fanfiction é sobre o egito antigo. Escolhi essa tematica, pois no Egito alguns animais eram idolatrados, como os gatos, e entao pensei o que ocorreria se os porcos fossem para la. Foram os porcos (Napoleon and Squealer) que viajaram para o Egito Antigo. Além disso eles tentaram fazer a mesma coisa que fizeram na Animal Farm. Nesse caso seria implementar o animalism, mas fazer de tal jeito que no fim eles sejam os beneficiados. Fanfiction 32 Ham: the Crumble of an Empire Eu queria fazer um final alternativo, pois após ler o livro, eu senti que o personagem do Snowball foi esquecido na história, e eu queria dar continuidade a sua história como opositor do sistema corrupto de Napoleão. Por isso, eu decidi fazer uma história em que ele volta, após ser exilado, e expõe as mentiras e a corrupção de Napoleão. Por isso, eu escolhi essa temática. Eu fiz um final alternativo, em que um dos personagens do livro que haviam saído da história voltam. No caso, nós escolhemos fazer o Snowball voltar e inicar uma nova revolução contra o sistema egoísta e corrupto de Napoleon. Eu e minha dupla achamos que seria interessante explorar a ideia de um retorno de Snowball e imaginar como seria uma guerra entre os porcos. Fanfiction 34 Humanitarian War O que me levou a escolher minha temática foi a situação atual da guerra da Ucrânia, queria refletir o contexto atual no cenário do animal farm. o que me levou a escolher isso foi ser um tema atual do nosso cotidiano que se encaixa a nossa proposta. Eu e minha dupla achamos que seria interessante explorar a ideia de um retorno de Snowball e imaginar como seria uma guerra entre os porcos. Minha historia é como se fosse uma continuação do livro contando a historia dos descendentes dos personagens do livro formando o contexto da guerra da Ucrânia Usando seus personagens passados para criar uma base para história. Fanfiction 36 (Farm)bidden Love Me and my pair we tought this would make snese With the charcters and the story context Fanfiction 40 A Journal Which Fell in the Wrong Hands: Eu me interesso muito por investigações e detetives, tive essa ideia, e segui com ela. Eu modifiquei apenas uma pequena parte do texto, na qual o Old Major não morre mas morto, e tem planos para se tornar um ditador, que são roubados pelo seu assassino. Fanfiction 42 Animal Media O que me levou a escrever sobre essa temática foi o tempo atual, onde todos podem ser influenciado pela internet. Estabeleci a relação com o personagem Squealer, isso por ele ser um propagandista enganador 209 Fanfiction 44 Mollie's $ystem O livro Animal Farm representa uma sociedade socialista, representante à Rússia. Em nossa história quisemos representar uma sociedade neoliberal capitalista, que é o oposto polar à descrita no livro, trazendo uma visão interessante ao leitor. Eu levei em consideração que o livro faz criticas ao sistema comunista e que sempre haverá problemas envolvendo a sociedade. A minha fanfic quis abordar criticas a outros sistemas , no caso o capitalismo, no qual usei o personagem mais relacionado aos privilégios que esse sistema traz, Mollie. Fanfiction 46 Lovewar letters Um dia eu e minha parceira estavamos brainstorming e surgiu a ideia de fazer um romance, pensamos que muita gente ja iria fazer do Napoleon com o Snowball e queriamos fazer algo diferente. Para nós a Mollie era uma personagem que ainda dava para ser mais explorada e partimos dai para escrever nossa história. Eu escolhi essa temática porque eu me interesso por histórias de amor, tanto porque tenho facilidade de escrever sobre esse tema quanto que acho interessante o assunto de amores impossíveis, que no caso da minha fanfiction seria entre Clover e Molly. Os persongens são todos os mesmos, porém prolongamos a história e elaboramos uma personagem da história. Como também complementamos com personagens adicionais criados para o tema. Eu utilizei a personagem da prosa Mollie como centro da minha fanfic, no qual ela desenvolve um novo sistema que supera o de animal farm, futuramente a levando ter uma ambição tão grande que ela compra animal farm, que na minha fanfic havia chegado a sua decadência. Esse novo sistema vai contra todos os princípios de animal farm, tanto os antigos quanto os novos, no qual ainda existe diferenças. privilegios explicitamente, muito proximo ao perfil do capitalismo. Mantemos o Napoleon como o "ditador" da história e violento. Na minha fanfiction, eu mantive as caracteristicas principais dos personagens principais, tanto de Boxer, Clover, Molly ou Napoleon. Também mantive o fato que Molly fugiu da fazenda, mas adicionei o fato que ela e Clover eram muito amigas, que achei possivel devido ambas serem éguas.