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Um contexto cerâmico tardo-antigo da Casa do Infante (Porto)

2023, Arqueologia em Portugal: 2023 - Estado da Questão

No presente artigo damos a conhecer novos dados relativos à ocupação tardo-antiga e alto-medieval da cidade do Porto através da análise de um contexto estratigráfico selado da Casa do Infante. Este consiste num poço abandonado, do qual se recolheu um conjunto cerâmico diversificado, com relativa homogeneidade cronológica. Entre as diversas produções cerâmicas, identificou-se Terra Sigillata Africana da forma Hayes 52B, assim como envases Late Roman Anfora 1. Associando-se estas importações a um copioso conjunto de cerâmica comum de diversas procedências, atribui-se este contexto ao 1º terço do século V. A partir destes dados procuramos refletir acerca de como a cidade de Portucale se inseria na malha de relações comerciais do Noroeste Peninsular no quadro da transição para o seu período Suevo-Visigótico.

2023 – Estad da Questã Texts Crdenaçã editrial: Jsé Mrais Arnaud, César Neves e Andrea Martins Design grác e paginaçã: Paul Freitas ISBN: 978-972-9451-98-0 Ediçã: Assciaçã ds Arqueólgs Prtugueses, CEAACP, CEIS20 e IAFLUC Lisba, 2023 O cnteúd ds artigs é da inteira respnsabilidade ds autres. Send assim a Assciaçã ds Arqueólgs Prtugueses declina qualquer respnsabilidade pr eventuais equívcs u questões de rdem ética e legal. Desenh de capa: Planta das ruínas de Cnímbriga. © Museu Nacinal de Cnímbriga Api Institucinal: Índice 15 Prefáci Jsé Mrais Arnaud 1. Pré-História 19 O ptencial infrmativ ds Lrge Cutting Tls:  cas de estud da estaçã palelítica d Casal d Azemel (Leiria, Prtugal) Carls Ferreira / Jã Pedr Cunha-Ribeir / Eduard Méndez-Quintas 33 PaleTej – Uma rede de trabalh para a investigaçã e para  patrimóni relacinad cm s Neandertais e pré-Neandertais Telm Pereira / Luís Raps / Silvéri Figueired / Pedr Prença e Cunha / Jã Caninas / Francisc Henriques / Luiz Osterbeek / Pierluigi Rsina / Jã Pedr Cunha-Ribeir / Cristiana Ferreira / Nelsn J. Almeida / Antóni Martins / Margarida Salvadr / Fernanda Susa / Carls Ferreira / Vânia Pirata / Sara Garcês / Hug Gmes 45 A indústria lítica de malhadinhas e  seu enquadrament n patrimóni acheulense d vale d Tej Vânia Pirata / Telm Pereira / Jsé Antóni Pereira 61 O Abrig d Lagar Velh revisitad Ana Cristina Araúj / Ana Maria Csta / Mntserrat Sanz / Armand Lucena / Jan Daura 75 Cntribut para  cnheciment das indústrias líticas pré-históricas d litral de Espsende (NW de Prtugal) Sérgi Mnteir-Rdrigues 95 À vlta da fgueira na pré-história: análise às estruturas de cmbustã d Sul de Prtugal – a Praia d Malhã (Odemira) Ana Rsa 105 O prject LandCraft. A intervençã arquelógica n abrig das Lapas Cabreiras Jã Muralha Cards / Mári Reis / Bárbara Carvalh / Lara Bacelar Alves 119 A cupaçã pré-histórica de Mnte Nv: lcal de cult e de habitat Mári Mnteir / Anabela Jaquinit 135 A frmalizaçã de espaçs públics durante  Calclític n Alt Dur Prtuguês: as Grandes Estruturas Circulares d Castanheir d Vent (V. N. de Fz Côa) Ana Vale / Jã Muralha Cards / Sérgi Gmes / Vítr Oliveira Jrge 149 Em busca da clecçã perdida (1): Vila Nva de Sã Pedr n Museu Municipal de Vila Franca de Xira César Neves / Jsé Mrais Arnaud / Andrea Martins / Mariana Diniz 167 De casa em casa: nvs dads sbre  síti pré-históric d Ri Sec/Ba-Hra (Ajuda, Lisba) Regis Barbsa 179 Um cntribut para  estud das Pntas Palmela das «Grutas de Alcbaça» Michelle Teixeira Sants / Cátia Delicad / Isabel Csteira 195 Mnte da Pnte (Évra): Um cruzament entre  psitiv e  negativ? Inês Ribeir 203 Peças antrpmórcas da necróple megalítica de Alt de Madrras. Abrdagem preliminar a seu estud e valrizaçã n âmbit d Prject TSF – Murça Maria de Jesus Sanches / Maria Helena Barbsa / Nun Rams / Jana Castr Teixeira / Miguel Almeida 219 Apntaments sbre  mnument megalític da Buça da Mó 2, Balugães, Barcels (Nreste de Prtugal) Lucian Miguel Mats Vilas Bas 227 A Mama 1 d Crast, Vale de Cambra. Um mnument singular Pedr Manuel Sbral de Carvalh 241 À cnversa cm s sss: Ppulaçã d Nelític Final/Calclític da Lapa da Bugalheira, Trres Nvas Helena Gmes, Filipa Rdrigues, Ana Maria Silva 253 Ds sss, cacs, pedras e terra à leitura detalhada das práticas funerárias n 3º miléni a.C.:  cas d Hipgeu I d Mnte d Carrascal 2 (Ferreira d Alentej, Beja) Maria Jã Neves 267 Os sepulcrs da Pré-História recente da Quinta ds Pçs (Laga): cntexts e crnlgias Antóni Carls Valera / Lucy Shaw Evangelista / Catarina Furtad / Francisc Crreia 285 Quinta ds Pçs (Laga): Dads bilógics e práticas funerárias ds Sepulcrs da Pré-História Recente Lucy Shaw Evangelista / Eduarda Silva / Sa Ngueira / Antóni Carls Valera / Catarina Furtad / Francisc Crreia 299 Everything everywhere? Denitely nt all at nce. Uma aprximaçã inicial às práticas de prcessament de macrfaunas da Pré-História recente d Centr e Sul de Prtugal Nelsn J. Almeida / Catarina Guint / Antóni Diniz 313 Um síti, duas paisagens: a explraçã de recurss vegetais durante  Meslític e a Idade d Brnze na Fz d Medal (Baix Sabr, Nrdeste de Prtugal) Jã Pedr Teres / María Martín Seij / Rita Gaspar 327 Análise istópica estável (Δ13C) em sediments de sítis arquelógics Virgina Latta / Sara Garcês / Hug Gmes / Maria Helena Henriques / Elena Marrcchin / Pierluigi Rsina / Carmela Vaccar 333 Sbre a presença de sílex na Praia das Maçãs (Sintra) Patrícia Jrdã / Nun Pimentel 345 Lst & Fund. Resultads ds trabalhs de prspecçã arquelógica realizads n vale d Carvalhal de Aljubarrta (Alcbaça, Leiria) Cátia Delicad / Leandr Brges / Jã Mnte / Bárbara Espírit Sant / Jrge Lpes / Inês Sa Silva 357 Análise ds padrões de lcalizaçã das grutas arquelógicas da Arrábida Jã Varela / Nun Bich / Célia Gnçalves 365 Nvs testemunhs de cupaçã pré-histórica na área da ribeira de Santa Margarida (Alt Alentej): ntícia preliminar Ana Cristina Ribeir 2. Proto-História 377 Dinâmicas de Pvament durante a Idade d Brnze n Centr da Estremadura Prtuguesa: O Litral Atlântic Entre as Serras d’Aires e Candeeirs e de Mntejunt Pedr A. Caria 389 Nvs dads sbre s pvads d Brnze Final ds Castels (Beja) e Laç (Serpa) n âmbit d Prjet Odyssey. Cntributs a partir de um levantament drne-LiDAR Miguel Serra / Jã Fnte / Tiag d Pereir / Rita Dias / Jã Hipólit / Antóni Neves / Luís Gnçalves Sec 401 Metais d Brnze Final n Ocidente Ibéric. O cas ds machads de alvad a sul d ri Tej Marta Gmes / Carl Bttaini / Miguel Serra / Raquel Vilaça 411 Dis Sítis, um pnt de situaçã. Primeirs resultads ds trabalhs ns Castrs de Ul e Recarei em 2022 Jã Tiag Tavares / Adriaan de Man 425 Reexões acerca ds aspets técnics e tecnlógics ds artefacts de ferr d Brnze Final / Ferr Inicial n territóri prtuguês Pedr Baptista / Ralph Araque Gnzalez / Bastian Asmus / Alexander Richter 439 Resum de resultads d prjet IberianTin (2018-22) e resultads iniciais d prjet Gld. PT (2023-) Elin Figueired / Jã Fnte / Emmanuelle Meunier / Sa Serran / Alexandra Rdrigues 451 À vlta da Pedra Frmsa. Estud d Balneári Este da Citânia de Briteirs Gnçal Cruz 463 Intercâmbi n primeir miléni A.C., n litral, entre s estuáris ds ris Cávad e Ave Nun Oliveira 481 Castr de Guiões: elements para a recnstituiçã palegegráca e cmpreensã da cupaçã antiga d síti Andreia Arezes / Miguel Almeida / Albert Gmes / Jsé Varela / Nun Rams / André Ferreira / Manuel Sá 493 O Castr da Madalena (Vila Nva de Gaia) n quadr da cupaçã prt-histórica da margem esquerda d Dur Edite Martins de Sá / Antóni Manuel S.P. Silva 507 Uma cabana cm vista para  ri, n Sabugal da Idade d Ferr Inês Sares / Paul Pernadas / Marcs Osóri 519 Cerca d Castel de Chã d Trig (S. Pedr d Esteval, Prença-a-Nva): resultads de três campanhas de escavações (2017-2019) Paul Félix 533 Instruments e artes de pesca n síti prt-históric de Santa Olaia (Figueira da Fz) Sara Almeida / Raquel Vilaça / Isabel Pereira 549 Sbre a inuência da cerâmica grega nas prduções de cerâmica cinzenta d estuári d Tej: um vas emblemátic encntrad nas escavações arquelógicas d Larg de Santa Cruz (Lisba) Elisa de Susa / Sandra Guerra / Jã Pimenta / Rshan Paladugu 563 T buy ne things: trabalhs e perspectivas recentes sbre  cnsum de imprtações mediterrâneas n Sul de Prtugal durante  I miléni a.n.e. Francisc B. Gmes 575 Arquitecturas rientais em terra na frnteira atlântica: nvas abrdagens d Prject #BuildinginNewLands Marta Lrenzn / Benjamín Cutillas-Victria / Elisa Susa / Ana Olai / Sara Almeida / Sandra Guerra 585 Fruts, cultivs e madeira n Castr de Alvarelhs: a arquebtânica d prjet CAESAR Catarina Susa / Filipe Vaz / Daniela Ferreira / Rui Mrais / Rui Centen / Jã Teres 3. Antiguidade Clássica e Tardia 599 A prpósit de machads plids encntrads em sítis rmans d territóri prtuguês e a crença antiga nas “pedras de rai” Fernand Cimbra 611 Unidades Organizativas e Pvament n Extrem Ocidental da Civits Nrte-Lusitana ds internnienses: um ensai Armand Redentr / Alexandre Canha 625 As Termas Rmanas da Quinta d Ervedal (Castel Nv, Fundã) Jana Bizarr 633 Paisagem rural, paisagem lcal: s primeirs resultads arquelógics e arquebtânics d síti da Terra Grande (civits Igeditnrum) Sa Lacerda / Filipe Vaz / Cláudia Oliveira / Luís Seabra / Jã Teres / Ricard Csteira da Silva / Pedr C. Carvalh 649 Recntextualizaçã ds vestígis arquelógics d frum de Cimbra. Uma leitura a partir da cmparaçã tip-mrflógica Pedr Vasc de Mel Martins 665 Síti d Antig (Trre de Vilela, Cimbra): uma pssível vill suburbana de Aeminium Rúben Mendes / Raquel Sants / Carmen Pereira / Ricard Csteira da Silva 679 A fachada nrte da Casa ds Repuxs (Cnímbriga): resultads das campanhas de 2021 e 2022 Ricard Csteira da Silva / Jsé Ruiv / Vítr Dias 693 Intervenções Arquelógicas em Cndeixa-a-Velha n âmbit das acções d Mviment para a Prmçã da Candidatura de Cnímbriga a Patrimóni Mundial da Unesc Pedr Peça / Miguel Pessa / Pedr Sales / Jã Duarte / Jsé Carvalh / Fernand Figueired / Flávi Simões 707 O síti arquelógic de Sã Simã, Penela Sónia Vicente / Flávi Simões / Ana Luísa Mendes 723 O síti arquelógic da Telhada (Vermil, Pmbal) Patrícia Brum / Mariana Nabais / Margarida Figueired / Jã Pedr Bernardes 731 Górgn – um crpus de pus sectile na Lusitânia Carlina Gril / Lídia Fernandes / Patrícia Brum 741 Vill rmana da Herdade das Argamassas. Delta, mtiv de inspiraçã secular. D msaic a café Vítr Dias / Jaquim Carvalh / Crnelius Meyer 755 A Antiguidade Tardia n Vale d Dur:  exempl de Trás d Castel (Vale de Mir, Pegarinhs, Alijó) Tny Silvin / Pedr Pereira / Rdlphe Nict / Laudine Rbin / Yannick Teyssnneyre 771 A Arquelgia Urbana em Braga: prtunidades e desas. O cas de estud da rua Nssa Senhra d Leite, ns 8/10 Fernanda Magalhães / Luís Silva / Letícia Ruela / Dieg Machad / Lara Fernandes / Eduard Alves / Manuela Martins / Maria d Carm Ribeir 785 Balneári rman de Sã Vicente (Penael): prjet de revisã das estruturas cnstruídas e d cntext históric-arquelógic d síti Silvia Gnzález Sutel / Teresa Seir / Juan Dieg Carmna Barrer / Jrge Sampai / Helena Bernard / Claus Seara Erwelein 801 Um cntext cerâmic tard-antig da Casa d Infante (Prt) Jã Luís Vels / Paul Drdi Gmes / Ricard Teixeira / Antóni Manuel S. P. Silva 815 Trabalhs arquelógics n Patarinh (Santa Cmba Dã, Viseu): caracterizaçã de uma pequena área de prduçã vinícla n vale d Dã em épca alt-imperial Pedr Mats / Jã Lsada 831 Sbre a cupaçã tardia da vill da Quinta da Blacha – estud de um cntext de cupaçã da casa rmana Vanessa Dias / Gisela Encarnaçã / Jã Teres 843 Os materiais d síti rman de Eira Velha (Miranda d Crv) cm índice crnlógic das suas fases de cnstruçã Inês Rasteir / Ricard Csteira da Silva / Rui Rams / Inês Simã 859 Cerâmica de imprtaçã em Tlbrig (Cabeç d Vuga, Águeda) Diana Marques / Ricard Csteira da Silva 873 Revisã ds bjets pnderais recuperads na antiga Cnimbrig (Cndeixa-a-Nva, Cimbra) Dieg Barris Rdríguez / Cruces Blázquez Cerrat 885 O cnjunt de pess de tear d síti rman de Almínhas Martim Lpes / Paul Calaveiras / Jsé Carls Quaresma / Jel Sants 901 A terr sigillt e a cerâmica de czinha africana na cidade de Lisba n quadr d cmérci d cidente peninsular – O cas d ediíci da antiga Sede d Banc de Prtugal Ana Beatriz Sants 915 Análise (im)pssível ds espólis arquelógics d síti d Mascarr (Castel de Vide, Prtugal) Sílvia Mnteir Ricard 931 Recnstruind a paisagem urbana de Braga desde a sua fundaçã até à cidade medieval: as ruas cm bjet de estud Letícia Ruela / Fernanda Magalhães / Maria d Carm Ribeir 941 A dinâmica viária n vale d Rabagã: a via XVII e  cntribut ds itineráris secundáris Brun Dias / Rebeca Blanc-Rtea / Fernanda Magalhães 953 Resultads das leituras geísicas de Mnte ds Castelinhs, Vila Franca de Xira Jã Pimenta / Tiag d Pereir / Henrique Mendes / André Ferreira 965 Lc scr: Para uma tpgraa ds lugares simbólics n atual Alentej em épca rmana Antóni Diniz 977 Msaics da área de inuência de Px Ivli Maria de Fátima Abraçs / Licínia Wrench 993 A explraçã de pedras rnamentais na Lusitânia: Primeirs dads de um estud em curs Gil Vilarinh 4. Época Medieval 1009 A necróple da Alta Idade Média d Castr de Sã Dmings (Lusada, Prtugal) Paul André Pinh Lems / Manuel Nunes / Brun M. Magalhães 1025 A transfrmaçã e aprpriaçã d espaç pels ediícis rurais, entre a Antiguidade Tardia e a Idade Média, n trç médi d vale d Guadiana (Alentej, Prtugal) Jã Antóni Ferreira Marques 1037 A recnguraçã d espaç rural na Alta Idade Média. Análise ds marcadres arquelógics n Alt Alentej Rute Cabriz / Sara Prata 1047 O Castel de Vale de Trig (Alcácer d Sal): dads das intervenções arquelógicas Marta Isabel Caetan Leitã 1061 Cnvent de Nssa Senhra d Carm de Mura, um cnjunt de sils medievais islâmics: dads preliminares de uma das sndagens arquelógicas de diagnóstic Vanessa Gaspar / Rute Silva 1075 Ptes meleirs islâmics – Cntribut para  estud da imprtância d mel na Idade Média Rsa Varela Gmes 1085 Luxs e superstições – regists de espóli funerári e utras materialidades nas necróples islâmicas n Gharb al-Andalus Raquel Gnzaga 1097 A Necróple Islâmica d Ribat d Alt da Vigia, Sintra Alexandre Gnçalves / Helena Catarin / Vânia Janeirinh / Filipa Net / Ricard Gdinh 1115 O inédit paviment Cisterciense da cidade de Évra Ricard D’Almeida Alves de Mrais Sarment 1129 D sl para a parede: a intervençã arquelógica n Páti d Castilh n.º 37-39 e a(s) Trre(s) de Almedina da muralha(s) de Cimbra Susana Temud 1145 Utensílis cerâmics de uma czinha medieval islâmica n espaç periurban de al-Ushbuna (1ª metade d séc. XII) Jrge Branc / Rdrig Banha da Silva 1159 O cnvent de S. Francisc de Real na deniçã da paisagem mnástic-cnventual de Braga, entre a Idade Média e a Idade Mderna Francisc Andrade 1169 “Ante  cruzeir jaz  mestre”: resultads preliminares da escavaçã d panteã da Ordem de Santiag (séculs XIII – XVI) lcalizad n Santuári d Senhr ds Mártires (Alcácer d Sal) Ana Rita Balna / Liliana Matias de Carvalh / Sa N. Wasterlain 1181 Prduções cerâmicas da Braga medieval: cultura e agência material Dieg Machad / Manuela Martins 1197 Agricultura e paisagem em Santarém entre a Antiguidade Tardia e  Períd Islâmic a partir das evidências arquebtânicas Filipe Vaz / Luís Seabra / Jã Teres / Catarina Viegas / Ana Margarida Arruda 5. Época Moderna 1215 A necróple medieval e mderna de Benavente: resultads de uma intervençã de Arquelgia Preventiva Jana Zuzarte / Paul Félix 1229 Rua da Judiaria – Castel de Vide: Aspets gerais da intervençã arquelógica na eventual Casa d Rabin Tânia Maria Falcã / Helísa Valente ds Sants / Susana Rdrigues Csme 1239 A cleçã de estanh de Espsende Elisa Maria Gmes da Trre e Frias-Bulhsa 1253 Três brris num cmp de lm: dads preliminares para  estud da vitivinicultura na cidade de Aveir n períd mdern Diana Cunha / Susana Temud / Pedr Pereira 1269 Aveir cm centr prdutr de cerâmica: s vestígis da cina lárica identicada na Rua Capitã Susa Pizarr Vera Sants / Sónia Filipe / Paul Mrgad 1283 A Casa Crdvil: cntribut para  cnheciment de Évra n Períd Mdern Lenr Rcha 1295 Recnstruir a Cidade:  pré e  pós-terramt na Rua das Esclas Gerais, nº 61 (Lisba) Susana Henriques 1305 Lazaret, frtaleza e prisã: arquelgia d Presídi da Trafaria (Almada) Fabián Cuesta-Gómez / Catarina Tente / Sérgi Rsa / André Teixeira / Francisca Alves Cards / Sílvia Casimir 1319 Cnhecer  qutidian d Castel de Palmela entre s séculs XV e XVIII através ds artefacts metálics em liga de cbre Luís F. Pereira 1331 Um frn de cerâmica d iníci da Épca Mderna na Rua Edmnd Bartissl, Setúbal Victr Filipe / Eva Pires / Anabela Castr 1341 A necróple da Igreja Velha d Peral (Prença-a-Nva) Anabela Jaquinit / Francisc Henriques / Francisc Curate / Carla Ribeir / Nun Félix / Fernand Rbles Henriques / Jã Caninas / Hug Pires / Paula Bivar de Susa / Carls Net de Carvalh / Isabel Gaspar / Pedr Fnseca 1357 A materializaçã da mrte em Bucelas entre s séculs XV e XIX. Rituais, semiótica e simblgias Tânia Casimir / Dári Rams Neves / Inês Csta / Flrbela Estevã / Nathalie Antunes-Ferreira / Vanessa Filipe 1369 Ficam s sss e cam s anéis: bjets de adrn e de crença religisa da necróple d Cnvent ds Lóis, Lisba Jã Miguez / Marina Lurenç 1379 “Nã ha sepultura nde se nã tenham enterrad mais de dez cadáveres”: as valas cmuns de épca mderna da necróple d Hspital ds Sldads (Castel de Sã Jrge, Lisba), uma prática funerária de recurs Carina Leiriã / Liliana Matias de Carvalh / Ana Amarante / Susana Henriques / Sa N. Wasterlain 1391 Estud tafnómic de uma cleçã stelógica prveniente da Igreja da Misericórdia em Almada Maria Jã Rsa / Francisc Curate 1403 Variabilidade frmal e prdutiva da cerâmica mderna na cidade de Braga: estud de cas Lara Fernandes / Manuela Martins / Maria d Carm Franc Ribeir 1415 Representações femininas na faiança prtuguesa de Santa Clara-a-Velha: desigualdade, subalternizaçã, emancipaçã Inês Almendra Castr / Tânia Manuel Casimir / Ricard Csteira da Silva 1427 Pder, família, representaçã: a heráldica na faiança de Santa Clara-a-Velha Danil Cruz / Tânia Casimir / Ricard Csteira da Silva 1437 A Chacta de Faiança a us e  signicad scial d seu cnsum em Lisba, ns meads-nais d sécul XVII: a amstragem d Hspital ds Pescadres e Mareantes de Alfama André Bargã / Sara da Cruz Ferreira / Rdrig Banha da Silva 1445 Algumas cnsiderações sbre s artefacts em ligas metálicas descberts n Paláci Sant’Anna em Carnide, Lisba Carls Bavida / Mári Mnteir 1461 Os cachimbs cerâmics ds séculs XVII e XVIII d Paláci Almada-Carvalhais (Lisba) Sara da Cruz Ferreira / André Bargã / Rdrig Banha da Silva / Tiag Nunes 1469 Tróia fumegante. Os cachimbs cerâmics mderns d síti arquelógic de Tróia Miguel Martins de Susa / Tânia Manuel Casimir / Filipa Araúj ds Sants / Mariana Nabais / Inês Vaz Pint 1483 Um cp para muitas garrafas. Algumas palavras sbre um cnjunt de vidrs mderns e cntemprânes encntrads na Praia da Alburrica (Barreir) Carls Bavida / Antóni Gnzález 1495 A Grn Principess di Tscn, um naufrági d sécul XVII n Cab Ras (Cascais) Sa Simões Pereira / Francisc Mendes / Marc Freitas 1503 Cndições ambientais e cntext arquelógic na margem estuarina de Lisba: dads preliminares da sndagem ESSENTIA (Av. 24 de Julh | Rua Dm Luís I) Margarida Silva / Ana Maria Csta / Maria da Cnceiçã Freitas / Jsé Bettencurt / Inês Mendes da Silva / Tiag Nunes / Mónica Pnce / Jacinta Bugalhã 1517 Evluçã ambiental d estuári d Ri Cacheu, Guiné-Bissau: dads preliminares Rute Arvela, Ana Maria Csta, Maria da Cnceiçã Freitas, Rui Gmes Celh 1525 Extrair infrmaçã cultural de madeiras náuticas: uma experiência em Lisba Francisc Mendes / Jsé Bettencurt / Marc Freitas / Sa Simões Pereira 1535 Ferramentas, carpinteirs e calafates a brd da fragata Snt Antóni de Tná (Mmbaça, 1697) Patrícia Carvalh / Jsé Bettencurt 1547 Parede 1, Carcavels 12 e Carcavels 13: três naufrágis da Guerra Peninsular? Jsé Bettencurt / August Salgad / Antóni Fialh / Jrge Freire 1555 Estud zarquelógic e tafnómic de um sil de épca mdern-cntemprânea da Casa Crdvil, Évra Catarina Guint / Nelsn J. Almeida / Lenr Rcha 1569 Uma aprximaçã à Arquelgia de Paisagem: a paisagem uvial e as dimensões da sua explraçã, cmunicaçã e cupaçã Patrícia Alh / Vanda Lucian 1575 Ds Arquivs a Trabalh de Camp:  Estud da Frtaleza de Santa Catarina de Ribamar (Prtimã) Bruna Ramalh Galamba 1583 Paláci Vaz de Carvalh, a diacrnia de um síti: da Pré-História à Cntempranidade Anabela Sá / Inês Mendes da Silva 1595 Um lhr sbre  pssd: apresentaçã ds resultads de uma intervençã arquelógica na Figueira da Fz Brun Freitas / Sérgi Gnçalves / André Dnas-Btt 1607 Tds s metrs cntam, 200 mil ans num quarteirã? O cas das Olarias de Leiria Ana Rita Ferreira / André Dnas-Btt / Cláudia Sants / Luís Csta 6. Época Contemporânea 1625 Navis de ferr: cntributs para uma abrdagem arquelógica as naufrágis de Idade Cntemprânea em Prtugal Marc Freitas / Francisc Mendes / Sa Simões Pereira 1637 Ds peles e ds rebites:  prcess de inventariaçã arquelógic da Central d Biel e da Fábrica de Curtumes d Granj (Vila Real) Pedr Pereira / Fernand Silva 1649 Seminári Mair de Cimbra:  cntribut da arquelgia num espaç em reabilitaçã Cnstança ds Sants / Sónia Filipe / Paul Mrgad / Gina Dias 1663 Paradigmas de Preservaçã e Valrizaçã d Patrimóni Mnumental nas Linhas de Trres Vedras. Abrdagem às intervenções realizadas n Frte da Archeira (Trres Vedras), n Frte 1.º de Subserra e na Bateria Nva de Subserra (Vila Franca de Xira) Jã André Perpétu / Miguel Martins de Susa / Jã Rams 1677 Paviments em mós na arquitetura salia: nvs dads na Amadra Nun Dias / Catarina Blila / Vanessa Dias / Gisela Encarnaçã 1685 O Tej e a industrializaçã: cm Lisba “invadiu”  ri n sécul XIX Inês Mendes da Silva 1695 As Alcaçarias d Duque. A redescberta ds últims banhs públics de Alfama Filipe Sants 1709 Memrial da Serralharia – Arquelgia d Passad Recente n Hspital de Sã Jsé Jã Sequeira / Carls Bavida / Afns Leã 1723 kn, frndj y kumuniddi: Um cas de estud da prduçã e transfrmaçã da cana sacarina na Ribeira ds Engenhs (Ilha de Santiag) Nireide Pereira Tavares 1735 Persnagens Escndidas: À prcura das emções esquecidas das mulheres na indústria prtuguesa. Uma análise arquelógica através de nvas materialidades Susana Pachec / Jel Sants / Tânia Manuel Casimir 1747 Sós mas nã Esquecids. Pr uma Arquelgia da Slidã Jel Sants / Susana Pachec 7. Arte Rupestre 1761 O prjet First-Art (Extensin): determinaçã crnlógica e caracterizaçã ds pigments nas fases iniciais da Arte Rupestre Palelítica Sara Garcês / Hipólit Cllad / Hug Gmes / Virginia Latta / Gerge Nash / Hug Mira Perales / Dieg Fernández Sánchez / Jsé Juli Garcia Arranz / Pierluigi Rsina / Luiz Osterbeek 1771 Mais pert da cnclusã: nv pnt da situaçã da prspecçã e inventári da arte rupestre d Côa Mári Reis 1787 Prpstas metdlógicas para a cnservaçã ds sítis cm Pinturas Rupestres da Pré-História recente n Vale d Côa Vera Mreira Caetan / Fernand Carrera / Lara Bacelar Alves / Antóni Batarda Fernandes / Teresa Rivas / Jsé Santiag Pz-Antni 1801 Alguma cr num fund de gravura: principais cnjunts da pintura pré-histórica d Vale d Côa Lara Bacelar Alves / Andrea Martins / Mári Reis 1815 Desde a crista, lhand para  Tej – s abrigs cm pintura esquemática d Peg da Rainha (Maçã, Prtugal) Andrea Martins 1841 Gravuras rupestres da rcha 2 da Lmba d Carvalh (Almaceda, Castel Branc). Infrmaçã empírica e hipóteses interpretativas Mári Varela Gmes 1859 Um nv lhar sbre as gravuras de labirints:  cas d Castelinh (Trre de Mncrv, Prtugal) Andreia Silva / Sa Figueired-Perssn / Elin Figueired 1875 Os seixs inciss da Idade d Ferr de Sã Crnéli (Sabugal, Alt Côa) Luís Luís / Marcs Osóri / André Tmás Sants / Anna Lígia Vitale / Raquel Vilaça 1891 Entre tpónims e lendas. Explicações das sciedades rurais para  fenómen pdmórc d nrdeste de Trás-s-Mntes Jsé Mreira 1905 Os grats mlinlógics u a realidade (in)visível das magens hidráulicas tradicinais: resultads da aplicaçã de um inédit rteir metdlógic (Lusada, Nrte de Prtugal) Manuel Nunes / Paul André P. Lems 8. Arqueologia Pública, Comunicação e Didática 1923 Patrimóni Mundial e Valr Scial: Uma Investigaçã sbre s Sítis Pré-histórics de Arte Rupestre d Vale d Ri Côa e de Siega Verde Jsé Paul Francisc  Parque Arquescial d Andakatu em Maçã. Bas práticas para a sustentabilidade e disseminaçã d cnheciment cientíc Hug Gmes / Sara Garcês / Luiz Osterbeek / Pedr Cura / Anabela Brralheir / Rdrig Sants / Sandra Alexandre 1943 Vila Nva de Sã Pedr e a Arquelgia Pública – a cnslidaçã de um prject através ds agentes da sua história Jsé M. Arnaud / Andrea Martins / César Neves / Mariana Diniz 1963 O Mnument Pré-históric da Praia das Maçãs (Sintra): atividades de divulgaçã e educaçã patrimnial realizadas n âmbit das recentes escavações arquelógicas Eduard Príri / Catarina Csteira / Teresa Simões 1979 A Idade d Brnze cm ferramenta de Educaçã e Divulgaçã em Arquelgia – O Prjet Outeir d Circ 2022-2023 Sa Silva / Eduard Príri / Miguel Serra 1993 Arquelgia Pública: a Festa da Arquelgia cm cas de estud Carla Quirin / Andrea Martins / Mariana Diniz 2013 Open Huse Arquelgia – a aprximaçã da disciplina cientíca as cidadãs Lídia Fernandes / Carlina Gril / Patrícia Brum 2025 “Cada cavadela sua minhca”: Arquelgia Pública e Cmunicaçã através d cas de estud d Larg d Cret e envlvente em Carnide (Lisba) Ana Caessa / Nun Mta 2037 Grup CIGA: cmunicar e divulgar a cerâmica islâmica Isabel Ináci / Jaquelina Cvaneir / Isabel Cristina Fernandes / Sa Gmes / Susana Gómez / Maria Jsé Gnçalves / Marc Liberat / Gnçal Lpes / Cnstança Sants / Jacinta Bugalhã / Helena Catarin / Sandra Cavac 2047 O Frte de Sã Jã Batista da Praia Frmsa: a recuperaçã virtual e a recnstruçã da memória Dig Teixeira Dias / Sérgi Gnçalves 2059 Entre a Universidade e a prssã: A experiência de um Estági Curricular narrada na primeira pessa Mariana Sants 2069 A Arquelgia e s seus Públics: relaçã ds Arqueólgs cm s utrs Cidadãs n âmbit da Cntempraneidade Flrbela Estêvã / Vítr Oliveira Jrge 2079 Arquelgia e Cmunicaçã na era da Big Data: d síti arquelógic a regist de mnuments e paisagens. Será este um dia FAIR? Ariele Câmara / Ana de Almeida / Jã Oliveira / Daniel Marçal 2091 Expsiçã de Arte-Arquelgia: Artefacts d Descarte Pedr da Silva / Inês Mreira 9. Historiograa e Teoria 2103 Pré-História e “Antrplgia Cultural”: repensar esta interface Vítr Oliveira Jrge 2115 “Onde está  Wally?” Representações de mulheres ns museus de Pré-História Sara Brit 2125 “Criei  hábit de geralmente ignrar”: sexism, assédi e abus sexual em Arquelgia Liliana Matias de Carvalh / Sara Simões / Sara Brit / Jacinta Bugalhã / Miguel Rcha / Maur Crreia / Regis Barbsa / Raquel Gnzaga 2137 O ensin da Arquelgia em Prtugal Jacinta Bugalhã 2149 O Grup Pró-Évra e  curs de arquelgia de 1968: uma primeira aprximaçã a tema Ana Cristina Martins 2161 Andanças na Arquelgia Urbana da Cidade de Cimbra: Um Histrial de Duas Décadas d Prcess Metr Mndeg Antóni Batarda Fernandes 2177 Peixes de Água Dce e Migradres de Prtugal: Sistematizaçã da Infrmaçã Zarquelógica Miguel Rdrigues / Filipe Ribeir / Sónia Gabriel 2191 Extraçã de Cnheciment em Arquelgia: primeirs resultads da aplicaçã a dads prtugueses Iv Sants 2199 A Igreja d Carm de Lisba: um exempl de arquelgia vertical cm 600 ans Célia Nunes Pereira 10. Gestão, Valorização e Salvaguarda do Património 2215 A simplicaçã legislativa e s desas à atividade arquelógica Gertrudes Branc 2223 IPA / IGESPAR, IP / DGPC – Extensã de Trres Nvas: 25 ans Sandra Lurenç / Gertrudes Zambuj / Cláudia Mans 2239 O futur d Patrimóni Arquelógic Subaquátic: Uma perspetiva através d ensin Adlf Silveira Martins / Alexandra Figueired / Claúdi Mnteir / Adlf Miguel Martins 2245 Recomendações de Boas-Práticas em Arqueologia de Ambientes Húmidos Ana Maria Costa / Cândida Simplício / Cristóvão Fonseca / Jacinta Bugalhão / João Pedro Tereso / José Bettencourt / José António Gonçalves / Miguel Lago / Pedro Barros / Rodrigo Banha da Silva 2261 A inventariação e georreferenciação do Património Cultural Marítimo no Endovélico Pedro Barros / Jacinta Bugalhão / Gonçalo C. Lopes / Cristóvão Fonseca / Pedro Caleja / Filipa Bragança / Soa Pereira / Ana Soa Gomes 2273 A piroga monóxila Lima 7 e os desaos que o rio nos apresenta José António Gonçalves / João Marrocano 2291 A paisagem marítima do litoral do Minho. Uma primeira aproximação à paisagem económica de Viana do Castelo Tiago Silva 2301 O projeto TURARQ – Turismo Arqueológico para a compreensão da cultura e das interações ambientais Hugo Gomes / Sara Garcês / Marco Martins / Anícia Trindade / Douglas O. Cardoso / Eduardo Ferraz / Luiz Oosterbeek 2307 Tecnologias de Deteção Remota aplicadas ao Descritor do Património: da prática à reexão Gabriel Pereira / Nuno Barraca / Mauro Correia / Gustavo Santos 2321 Procedimentos a adotar na manipulação de materiais arqueológicos para análises de resíduos orgânicos: as práticas instituídas e os equívocos César Oliveira 2331 Arqueologia da Arquitetura aplicada ao estudo dos espaços construídos: uma metodologia de análise Eduardo Alves / Rebeca Blanco-Rotea 2343 Almada Velha: um projeto municipal de gestão arqueológica André Teixeira / Sérgio Rosa / Telmo António / Rodrigo Banha da Silva / João Gonçalves Araújo / Eva Pires / Beatriz Calapez Santos / Fátima Alves / Francisco Curate / Leonor Medeiros / Joana Esteves / Alexandra P. Rodrigues / André Bargão / Joana Mota 2357 Um projeto de Arqueologia atlântica: a ERA na Madeira Arlette Figueira / Miguel Lago 2365 Abordagens Interdisciplinares para o Estudo Histórico e Arqueológico do Património Têxtil: Experiências e Perspetivas da Ação COST EuroWeb Catarina Costeira / Francisco B. Gomes / Paula Nabais / Alina Iancu 2381 Umas termas debaixo dos vossos pés: o Projeto de Estudo e Valorização do Criptopórtico Romano de Lisboa (CRLx) Nuno Mota / Ana Caessa 2393 Arqueologia Urbana no Município de Coimbra Sérgio Madeira / Ana Gervásio / Clara Sousa / Joana Garcia / Raquel Santo 2407 A Cidade como ponto de (Re)encontro com o seu território Raquel Santos / Ana Gervásio / Clara Sousa / Joana Garcia / Sérgio Madeira 2419 Os antigos sistemas de gestão de água de Coimbra: características formais e estado da arte Paulo Morgado / Sónia Filipe 2433 Ecologias da liberdade: materialidades da escravidão e pós-emancipação no mundo atlântico. Um projeto em curso em Portugal e na Guiné-Bissau Rui Gomes Coelho / Ana Maria Costa / João Tereso / Maria da Conceição Lopes / Maria da Conceição Freitas / Patrícia Mendes / Rute Arvela / Sandra Gomes / Sara Simões / Sónia Gabriel 2441 Centro Interpretativo do Urbanismo e da História do Crato – Resultados da intervenção arqueológica Susana Rodrigues Cosme / Tânia Maria Falcão / Heloísa Valente dos Santos UM CONTEXTO CERÂMICO TARDO­ ­ANTIGO DA CASA DO INFANTE (PORTO) João Luís Veloso1, Paulo Dordio Gomes2, Ricardo Teixeira3, António Manuel S. P. Silva4 RESUMO No presente artigo damos a conhecer novos dados relativos à ocupação tardo-antiga e alto-medieval da cidade do Porto através da análise de um contexto estratigráco selado da Casa do Infante. Este consiste num poço abandonado, do qual se recolheu um conjunto cerâmico diversicado, com relativa homogeneidade cronológica. Entre as diversas produções cerâmicas, identicou-se Terra Sigillata Africana da forma Hayes 52B, assim como envases Late Roman Anfora 1. Associando-se estas importações a um copioso conjunto de cerâmica comum de diversas procedências, atribui-se este contexto o ao 1º terço do século V. A partir destes dados procuramos reetir acerca de como a cidade de Portucale se inseria na malha de relações comerciais do Noroeste Peninsular no quadro da transição para o seu período Suevo-Visigótico. Palavras-chave: Arqueologia Urbana; Contactos Comerciais; Período Suevo-Visigótico; Cerâmica Comum; Terra Sigillata Tardia. ABSTRACT In this paper new data is presented, concerning the Late Antique and Early Medieval occupation of the city of Porto through the analysis of a sealed stratigraphic context of “Casa do Infante”: an abandoned well, from which a diversied ceramic assemblage, with fairly homogenous chronology, was retrieved. Among the diverse ceramic productions, an African Red Slip Ware Hayes 52 bowl was identied, as well as Late Roman 1 Amphorae. Through the association of these imports with a copious group of coarse wares of diverse origins, this context was attributed to the rst third of the 5th century. On the basis of these data this paper strives to reect on how the city of Portucale was inserted into the network of commercial relations in the Peninsular Northwest on the eve of the transition to its Suevi-Visigothic period. Keywords: Urban Archaeology; Commercial Contacts; Suebi-Visigothic Period; Coarse Ware; Late Roman Slip Ware. . INTRODUÇÃO O complexo arqueológico da Casa do Infante permanece um núcleo incontornável do património histórico da cidade do Porto. O conjunto arquitetónico, objeto de uma das mais longas e extensivas escavações feitas na cidade do Porto (1990-2002), celebrizou-se por nele se ter colocado a descoberto uma sequência estratigráca com mais de 1500 anos, de que so- bressaem fases de ocupação correspondentes a dois momentos particularmente icónicos da história da cidade: a instalação de cronologia baixo-medieval dos ediícios da Casa da Moeda e da Alfândega Régia (que ainda hoje delimitam o seu espaço), e, subjazendo a estes, uma parcela da ocupação romana da zona ribeirinha da cidade, sobre a qual nos debruçaremos neste trabalho. Volvidas três décadas sobre os trabalhos de escava- 1. IEM – Instituto de Estudos Medievais; projeto CERPOR (CITCEMCMP); Bolseiro de Doutoramento FCT com a ref. UI/BD/150927/ 2021 / [email protected] 2. CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória / [email protected] 3. CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória; Arqueologia e Património, Lda. / [email protected] 4. CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória (UP); projeto CERPOR (CITCEMCMP) / [email protected] 801 Arqueologia em Portugal / 2023 – Estado da Questão ção que primeiro puseram a descoberto os seus célebres pavimentos de mosaico, levamos hoje a cabo uma apreciação mais aprofundada de algum do espólio cerâmico tardo-antigo e alto-medieval exumado deste complexo, desenvolvida em paralelo com a investigação de doutoramento atualmente levada a cabo por um dos signatários5. Trazemos a este encontro um contexto selado – um poço desativado – situado no extremo sudoeste das ruínas arqueológicas romanas da Casa do Infante, no qual se recolheram copiosos fragmentos de cerâmica em distintos graus de preservação. Como veremos, o espólio apresenta uniformidade cronológica, remontando à tardo-antiguidade. No seu conjunto atestou-se uma larga variedade de formas, fabricos e proveniências. Propomo-nos a dois objetivos. Numa primeira instância, a alargar o conhecimento da sequência de ocupação do sítio arqueológico da Casa do Infante, através da adição de mais um contexto à já complexa leitura da sua estratigraa. Em segundo lugar, não será inadequado tecer algumas considerações sobre os laços comerciais da cidade do Porto durante o ocaso da dominação romana na Península Ibérica. Nas últimas décadas, tem-se vericado uma verdadeira revolução no que concerne as relações comerciais do Noroeste Peninsular durante a Tardo-Antiguidade e os começos da Alta Idade Média. É hoje geralmente aceite que, dissolvido o Império Romano do Ocidente, sobreviveram-lhe rotas comerciais que uniam o Mediterrâneo Oriental e o Norte de África aos territórios das províncias mais ocidentais (Duggan, 2018; Fernández Fernández, 2014). Em centros de consumo atlânticos, têm-se reconhecido quantidades nada negligenciáveis de terra sigillata e de ânfora tardias, em contextos estratigrácos que atingem, inclusivamente, a primeira metade do século VII. Em Bordéus, concretamente, discriminaram-se duas camadas de ocupação atribuíveis aos séculos VI e VII, nas quais se constatou a manutenção da chegada à costa ocidental da Gália de terra sigillata africana e focense (Bonifay, 2012). Esta rota atlântica vogaria em direção a destinos ainda mais setentrionais, atingindo, inclusivamente as Ilhas Britânicas (Campbell, 2007; Duggan, 2013, 2016, 2020). Relativamente à província da Galécia, são numerosos os materiais norte-africanos e, mais sugestivamente, orientais, identicados nos contextos tardios da capital de Bracara Augusta (Delgado, 1988; Delgado et al., 2014; Quaresma & Morais, 2012). De todos os centros de consumo do Noroeste Peninsular, contudo, o mais ilustrativo será o da ria de Vigo, publicado em Fernández, 2014. A quantidade e singularidade do espólio exumado naquela área estuarina permitiu que se denissem três horizontes cronológicos bastante acurados, estabelecidos entre meados do século IV e princípios do VII (Idem, pp. 128-132). Regressando à cidade que nos diz respeito, o conhecimento de Portucale na transição da Antiguidade para a Alta Idade Média (Silva & Real, 2022) conta ainda com numerosas lacunas, sem dúvida por o conhecimento da própria cidade romana ser também muito fragmentário, como recentemente foi reconhecido em trabalho de fundo (Silva, 2021, pp. 553-555). Entre as idiossincrasias da Cale/Portucale romanas, demarca-se o reduzido perímetro amuralhado – coincidente com o do povoado proto-histórico antecedente – o qual, segundo as estimativas mais atualizadas, rondaria apenas os 3,5 ha (Silva, 2010, pp 232). É notória igualmente neste uicus comercial a falta de equipamentos públicos, nomeadamente de um forum, como crê J. Alarcão (2019, p. 8), cuja existência, todavia, não é suportada nem pela topograa urbana nem por quaisquer vestígios epigrácos ou monumentais, ainda que tenha sido admitido, como possibilidade ainda não comprovada arqueologicamente, que na área da atual Praça do Infante D. Henrique pudesse ter existido, em época romana, uma área aberta, porventura para funções comerciais (Real & Silva, 2018, pp. 205-206; Silva, 2021, pp. 564569), de certo modo a meio caminho entre o núcleo primitivo do Morro da Penaventosa6 e a urbanização ribeirinha do atual quarteirão da Casa do Infante. Já quanto à existência de uma área termal são mais 6. “Morro da Sé”, a designação também comummente atribuída a este espaço é, para o período cronológico sobre o 5. Veloso, J. L. – Comércio, Produção e Consumo na Alta Ida- qual nos debruçamos, um anacronismo, uma vez que o con- de Média (400-1100): Uma abordagem através do registo ar- texto aqui apreciado antecede a construção da sé episcopal. queológico da cidade do Porto. Tese em desenvolvimento na Assim sendo, como noutros trabalhos, adotámos o topóni- NOVAFCSH sob a orientação cientíca dos Professores mo “da Penaventosa”, seguindo a A. M. Silva (2021) e Veloso Doutores Catarina Tente, Adolfo Fernández Fernández e (2021), aliás patente em fontes medievais, que não levanta Maria João Branco. problemas de precisão. 802 consistentes os indícios, ainda que indiretos e também sem conrmação arqueológica até hoje (Silva, 2021, pp. 566-569). . O SÍTIO E O CONTEXTO Como se disse, a identicação de expressivas ruínas tardo-romanas nas escavações da Casa do Infante, constituiu, à época, absoluta novidade, sobretudo por permitir a reconstituição planimétrica, ainda que parcial, de uma residência urbana de certo destaque, um vasto ediício (Fig. 3) com vários compartimentos, datável dos séculos IVV/VI, onde apareceram os primeiros pavimentos musivos do uicus romano de Cale/Portucale (Gomes, 2011, 2019; Silva, 2021, pp. 552-560). A reconstituição em planta das ruínas evidenciou restos de várias construções romanas (Gomes, 2011, p. 838), sobressaindo um ediício de grandes dimensões, de orientação urbana signicativamente diversa da medieval e moderna do quarteirão. Trata-se de uma habitação de orientação NO./SE., com dimensões visíveis de cerca de 24 por 20 metros, aparentemente estruturada em torno de um pátio central lajeado a granito, rodeado por quatro alas sensivelmente modulares (Idem, p. 839). Na ala norte deste ediício, dois dos compartimentos conservavam restos de pavimentos forrados com mosaicos, cujo estudo iconográco sugeriu uma datação entre a 2.ª metade do século IV e a 1.ª da centúria seguinte (Gomes, 2011, 2019). O ediício prolongava-se, para sudeste, até perto da margem do rio Douro, possuindo nessa fachada, para vencer o desnível topográco, vários pilares (Gomes, 2011, p. 839) que sugerem a existência de dois ou três pisos. No período tardo-antigo, esta construção deverá ter estado relacionada com funções de poder político ou scal, como decorre do achado, durante as escavações, de duas raras siliquae suevas em prata, cunhadas por ordem do rei Requiário, entre os anos de 448 e 456 (Mendes-Pinto, 1999, p. 413; Barroca, 2017, pp. 36-38; Silva, 2017), e de um ponderal em bronze (Barroca & Silva, no prelo). O contexto agora estudado localiza-se no extremo sudoeste da Casa do Infante, já no exterior do espaço da Alfândega Medieval, mais propriamente a Poente da Torre Sul. O local corresponde a uma casa de gaveto da Rua da Alfândega com a Rua da Fonte Taurina, onde teve sede o Comissariado para a Renovação Urbana da Ribeira Barredo (CRUARB), a qual sucedeu 803 Arqueologia em Portugal / 2023 – Estado da Questão a uma casa quinhentista, conhecida pela Casa da Janela de Canto da Reboleira ou da Quinta da Aveleda, demolida por 1880-1887 para dar origem ao atual ediício. A casa era então propriedade de Thomas Glas Sandeman (Gomes & Teixeira, 2020-2021). No âmbito das escavações arqueológicas que tiveram lugar em momento prévio à obra de reabilitação do Arquivo Histórico Municipal instalado na Casa do Infante, realizou-se neste local uma primeira sondagem em setembro de 1994. Esta intervenção identicou, sob o pavimento lajeado ainda em uso, um aqueduto já desativado de grande dimensão em alvenaria de pedra, com origem no ângulo NE da casa, adossado à parede Oeste da Torre Sul da Alfândega Medieval e com sentido Norte/Sul. A construção desta estrutura implicou o desaparecimento do arranque da vala de fundação da parede da Torre Sul da Alfândega Medieval, mas também da estrutura superior de um poço que se viria a identicar como de época romana e que se posicionava imediatamente sob as paredes laterais do referido aqueduto, escavado no saibro de base (UE 8008). Os sedimentos no interior daquele poço viriam a ser escavados apenas em fevereiro de 2000 correspondendo-lhe as UE 9579 a 9583. O interior do poço foi escavado por Unidades Estratigrácas articiais com 1 m de espessura até ao fundo do mesmo aos 4 m (UE 9580, UE 9581, UE 9582, UE 9583). O enchimento é constituído por pedras, algumas com talhe romano, e abundante material de construção, do tipo tegula e imbrex, e de dolium. A grande maioria do espólio foi identicada nas camadas mais profundas, o que nos sugere não ter havido remeximentos de maior, correspondendo, portanto, a posição dos materiais à sua deposição natural. . OS MATERIAIS CERÂMICOS Contabilizaram-se neste contexto 513 fragmentos cerâmicos. Tal como já vericáramos em outros contextos arqueológicos da cidade (Veloso, 2020; 2021), o espólio apresentava-se gravemente fragmentado. Isto não é surpreendente, visto tratar-se de um contexto urbano, numa área cuja ocupação intensiva implicou numerosos revolvimentos de terras e intrusões no subsolo. Apenas nos foi possível discriminar 21 indivíduos neste conjunto. Por outras palavras, pouco mais de 4% dos fragmentos considerados neste trabalho possibilitaram a identicação das suas formas originais (cf. Tabela 1). Não obstante este contexto poder ser, prima facie, pouco aliciante, duas características da coleção cerâmica motivaram-nos a demorarmo-nos no seu estudo. Em primeiro lugar, moveu-nos o facto de ser um contexto selado, com considerável homogeneidade no respeitante à cronologia do espólio. Esta é uma característica pouco frequente no registo arqueológico portuense, uma vez que o desenvolvimento urbano provocou, inevitavelmente, unidades estratigrácas permeáveis, com elevadas percentagens de material residual e, não raramente, diícil leitura sequencial. Para além disto, cedo nos apercebemos de que, não obstante o facies cerâmico ser constituído eminentemente por restos de bojos, estes fragmentos apresentavam características – nomeadamente decorativas – que possibilitavam a identicação da sua proveniência. Assim sendo, estamos perante o tipo de contexto que raramente encontramos em solo urbano: um contexto fechado representativo de um intervalo cronológico relativamente restrito e que, além do mais, aduz novos elementos à interpretação das relações comerciais da cidade, nomeadamente respeitantes às suas importações. Dividimos o espólio em três categorias: cerâmica comum, cerâmica na e cerâmica de transporte. Comecemos pelo primeiro conjunto. Entre as produções de cerâmica comum, o subgrupo mais numeroso (184 fragmentos) é o da cerâmica comum grosseira, produzida, provavelmente, na capital provincial de Bracara Augusta. Apresenta pastas não muito depuradas, granulares, e com frequentes inclusões. Supõe-se que a sua argila fosse extraída na região de Prado/Ucha, a cerca de 14 km da capital da província da Galécia. Entre os fragmentos desta produção, individualizaram-se 2 potes/panelas e 1 dolium. Supõe-se que 60 a 90% destas produções se destinassem ao armazenamento/ transporte, confeção e consumo de alimentos (Delgado & Morais, 2009, p. 81), pelo que as formas aqui identicadas não suscitam surpresa. A cronologia de produção deste subgrupo é bastante alargada, principiando na viragem do milénio e prolongando-se além do Baixo Império. Relativamente às suas manifestações mais tardias, tenha-se em conta a frigideira proveniente das termas de Braga “posterior ao século V” (Delgado & Morais, 2009, g. 252). Pari passu com as suas congéneres grosseiras, registaram-se 47 fragmentos de cerâmica comum na no interior do poço. Estas distinguem-se daquelas por apresentarem pastas, de resto idênticas, mais bem depuradas e com acabamentos de maior qualidade. Individualizaram-se neste grupo 5 potes/panelas. As importações bracarenses incluem também peças ostentando tratamentos de superície e decoração, entre as quais merecem especial destaque as cerâmicas pintadas (13 fragmentos). Ainda que não nos tenha sido possível reconstituir inequivocamente a forma de nenhuma destas peças, diferenciámos duas colagens particularmente ilustrativas, de perl hipoteticamente globular. São decoradas com bandas horizontais, de cor vermelha e branca. Constatou-se em Braga que a pintura a branco surge nestas peças em contextos posteriores ao último quartel do século IV, sempre associada a bandas vermelhas (Delgado & Morais, 2009, p. 37). Registou-se a ocorrência de produções de engobe vermelho e branco em números muito pouco expressivos (19 e 5 fragmentos, respetivamente). Individualizou-se, contudo, um prato de engobe vermelho. Bracara Augusta não seria, apesar do exposto, o único fornecedor dos envases usados quotidianamente na cidade do Porto. Registou-se, paralelamente a essas produções, uma quantidade considerável de cerâmica comum, cujo centro produtor não nos é possível precisar, mas que deduzimos ser de produção local ou regional. Com efeito, é deste conjunto que provém a maioria das peças integrantes do NMI. Individualizaram-se 3 potes/panelas, 3 tigelas e 1 alguidar. A estas formas mais comuns acrescentamos ainda um recipiente “anforiforme” eventualmente destinado conter líquidos, bem como uma forma aberta, semelhante a um alguidar, também local/regional. É digno de nota procederem deste conjunto os únicos indivíduos de que se preservou a totalidade do perl. O último subgrupo de cerâmica comum distingue-se das demais por apresentar pastas muito granulares, com frequentes inclusões de micas e coloração escura. Apresenta cozedura redutora, frequentemente incerta, com matizes acastanhados e cinzentos. Denominámo-la Cerâmica Comum Micácea de Tradição Indígena por se assemelhar às produções castrejas do Noroeste Peninsular, tanto em morfologia como em tecnologia de manufatura. Trabalhos recentes (Fernández Fernández e Bartolomé Abraira, 2016) têm demonstrado como esta produção vive um verdadeiro oruit em meados do século V, sendo frequente em contextos do século VI e de princípios do VII. Regressaremos à questão da sua data- 804 ção no próximo capítulo. Para já bastará referir que se individualizaram entre os seus 55 fragmentos um pote-panela e um potinho de reduzidas dimensões, formas, aliás, paradigmáticas desta manufatura, destinadas às tarefas de cozinha e armazenamento. A cerâmica comum constitui a maioria do conjunto cerâmico, mas, como referimos, acompanham-na cerâmicas nas e de transporte. O grupo das cerâmicas nas apresentava-se muito fragmentado, o que diculta a identicação das suas formas. Diferenciaram-se, sem que tenha sido possível a sua reconstituição morfológica, 15 bojos de cerâmica cinzenta na e da chamada cerâmica bracarense. Esta última demarca-se por ser executada com pasta caulinítica muito depurada, de cor creme claro, distinta das produções de Ucha/Prado, com paredes nas e superície revestida por um engobe alaranjado ou salmão. Esta produção remonta predominantemente ao Alto Império, razão pela qual estranhamos a sua presença num conjunto, de outro modo, bastante mais tardio. Um elemento diretor bastante relevante para a interpretação deste contexto é um bordo de terra sigillata africana, do tipo Hayes 52B, realizada em fabrico D1. É uma pequena tigela com aba ligeiramente oblíqua. Esta forma é característica do século IV, com sobrevivência em princípios do V. Sendo este um exemplar de maiores dimensões (Ø 22 cm), é provável que seja uma forma tardia. Na face superior da aba, preservou-se decoração aplicada, representando um zoomorfo. Ainda que a sua leitura não seja clara, e parte da imagem se tenha fragmentado, parece-nos representar um felino ou mastim numa possível venatio, tema já reconhecido por J. W. Hayes na sua obra de referência (Hayes, 1972, pp. 76-78) Se o conjunto de cerâmica na era pouco representativo, esta descrição é duplamente verdade para a cerâmica de transporte. Com efeito, estes materiais surgem no contexto arqueológico muito rolados, sem que seja fácil determinar a sua forma. Isolaram-se, todavia, duas paredes de Late Roman Amphora 1. Este contentor, produzido na Cilícia e na ilha de Chipre, teve uma longa vida de produção, remontando os seus exemplares mais precoces a meados do século III e prolongando-se até meados do século VII. O seu verdadeiro ímpeto de exportação para Ocidente, contudo, regista-se a partir da segunda metade do século IV. 805 Arqueologia em Portugal / 2023 – Estado da Questão . O CONTEXTO E RELAÇÕES COMERCIAIS DA CIDADE A relativa uniformidade cronológica do espólio, aliada ao facto de este surgir sobretudo nas unidades estratigrácas de cota mais reduzida, sugere que o processo de aterro terá sido, em toda a probabilidade, um acontecimento único, deliberado. Importa determinar, antes de mais, quando se terá processado esta desativação. O indivíduo de terra sigillata africana Hayes 52B, que atribuímos a nais do século IV/princípios do século V, é um bom ponto de partida, mas será necessário articulá-lo com os outros materiais aqui considerados para que se obtenha uma datação mais precisa. No que diz respeito a outras mercadorias importadas a longa distância, a terra sigillata é aqui acompanhada pelos dois fragmentos de ânfora LRA 1. A sua presença é insipiente, mas não insignicante, uma vez que estes contentores, que serão predominantes na segunda metade do século V e ao longo do século VI, fazem a sua primeira aparição no Noroeste Peninsular em princípios do século V. Igualmente sugestiva é a presença, também em número reduzido, das Cerâmicas Comuns Micáceas de Tradição Indígena. Originalmente interpretadas como manufaturas locais do entorno de Vigo, sabe-se hoje que tiveram uma difusão muito mais alargada, não sendo consensual, todavia, a localização do seu centro produtor. Apesar de estas poderem ser facilmente confundidas com as manufaturas castrejas pré-romanas, as reexões mais recentes fazem remontar a sua primeira aparição ao primeiro terço do século V (Fernández Fernández e Bartolomé Abraira, 2016, pp. 96-100). Posto isto, ainda que a longa vida de produção da forma Hayes 52 nos pudesse levar a recuar a datação do contexto a um momento mais precoce do Baixo Império, a presença das ânforas orientais e das cerâmicas micáceas obriga-nos a remetê-la, no mínimo, ao primeiro terço do século V. O estudo dos demais envases aduz um outro elemento importante a esta discussão: um terminus ante quem. Por volta das décadas centrais do século V, observa-se no Noroeste Peninsular uma verdadeira viragem no que diz respeito às técnicas de fabrico e acabamento da cerâmica comum. Envases tradicionalmente executados com cozedura oxidante dão lugar a produções de cozedura redutora e acabamentos cinzentos, como é o caso das chamadas cinzentas tardias de Lugo e Braga. Os especialistas defendem que este processo terá tido começo no 2º terço do século V, para se consolidar na sua segunda metade (Idem, ibidem, p. 74). Tomando-se em consideração toda a cerâmica comum aqui apreciada, deparamos com a razão de 339 fragmentos de cozedura oxidante para 118 de redutora, o que signica que estas últimas constituem pouco mais de 25% do conjunto. Este contexto ter-se-á formado, assim sendo, entre o começo do século V e a generalização das produções redutoras, em meados da centúria. A existência de materiais Alto-Imperiais no interior do poço não signica, necessariamente, que o seu abandono se tenha processado ao longo de séculos. A cerâmica bracarense, a mais precoce produção que identicámos, restringe-se a 15 fragmentos de bojo, de pequenas dimensões, que nada impede de pertencerem a um só indivíduo. Interrogamo-nos se não poderão corresponder a um jarro ou recipiente semelhante, que tenha caído por acidente no interior do poço e lá cado perdido, séculos antes da sua desativação. As razões por detrás do aterro são mais diíceis de inferir. Será porventura tentador relacionar o abandono com o clima de instabilidade política e social vivida no Noroeste Peninsular nas décadas iniciais do século V – promovido não só pela entrada de Suevos, Vândalos e Alanos na Hispânia entre 409 e 411, mas também pela guerra civil que a precedeu, consequente das usurpações de Constantino III e Máximo. Ainda que a datação do contexto coincida com estes acontecimentos, nenhum dos dados expostos, contudo, aponta para que o poço tenha sido inutilizado numa conjuntura de destruição generalizada. A implantação e consolidação do “Regnum Sueborum” no território da antiga província da Galécia é um processo complexo, com mais subtilezas do que a leitura acrítica da Crónica de Idácio de Chaves talvez possa suscitar. Os dados arqueológicos demonstram que a chegada dos Suevos pode não ter sido, para Portucale, um acontecimento calamitoso. O prato de sigillata africana de tipo Hayes 104C identicado no arqueossítio da rua de D. Hugo, nº 5 (Veloso, 2021, p. 69), comprova que em nais do século VI, a comunidade mantinha ainda ligações comerciais com o Norte de África. É possível que o poço tenha sido encerrado no âmbito de uma reestruturação do espaço que não implica necessariamente um episódio de destruição indiscriminada ou de abandono. Aliás, as já referidas silliquae exumadas também na Casa do Infante, cunhadas em nome do rei Requiário, sugerem que este espaço manteria alguma importância no quadro administrativo ou político da monarquia sueva. A diversidade de produções cerâmicas localizadas no interior do poço demonstra-nos como o “Portucale castrum antiquum” não se encontrava isolado no território. Não é de todo surpreendente a predominância de importações chegadas de Bracara Augusta, sendo esta capital da província romana e, depois, sede régia sueva. Não obstante a redução de importações mediterrâneas constatada nos decénios centrais do século V, a chegada dos Suevos a este território não ocasionou o decesso absoluto das relações comerciais a longa distância. Aliás, a segunda metade do século V e o século VI caracterizam-se por uma revitalização das ligações comerciais com o Mediterrâneo, patente na explosão no Noroeste Peninsular de materiais orientais, tais como sigillata foceense e cipriota (Fernández Fernández, 2014). Estamos, portanto, perante um contexto bastante signicativo para a reconstrução do passado da cidade do Porto, uma vez que constitui uma janela de observação privilegiada para o ocaso do domínio romano do seu território. Situa-se justamente nas vésperas da constituição do Regnum Sueborum e da entrada da cidade no seu período medieval. BIBLIOGRAFIA ALARCÃO, J. (2019) – O nome e os lugares de Portucale. Revista de Portugal. Vila Nova de Gaia. 16, pp. 8-15. BONIFAY, M. 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VELOSO, João Luís (2021) – Ocupação e Consumos no Porto através do Arqueossítio da Rua de D. Hugo, nº 5 (séculos VVIII). Tese de Mestrado, Universidade Nova de Lisboa Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. ANEXO Classe Produção Forma C B A P F TF NMI Cerâmica Comum Local/Regional Pote–Panela 0 2 0 0 3 5 3 Tigela 2 1 0 0 0 3 3 Alguidar 0 0 0 0 1 1 1 Anforiforme 0 1 0 0 0 0 1 Forma aberta ind. 1 0 0 0 0 1 1 Ind. 0 2 1 113 6 122 – Pote–Panela 0 2 0 0 2 4 2 Dolium 0 1 0 10 0 11 1 Ind. 0 1 3 163 2 169 – Pote–Panela 0 0 0 0 5 5 5 Ind. 0 0 0 42 0 0 – Pote–Panela 0 1 0 0 1 2 1 Potinho 0 1 0 0 0 1 1 Ind. 0 0 0 47 5 52 – C. Pintada Ind. 0 2 0 11 0 13 – C. Engobe Vermelho Prato 0 1 0 0 0 1 1 Ind 0 0 0 18 0 18 – C. Engobe Branco Ind. 0 0 0 4 1 5 – 3 15 4 408 26 456 20 0 1 0 0 0 1 1 Comum Grosseira Comum Fina CCMTI Total C.C. Cerâmica Fina Terra Sigillata Africana H52B Ind 0 0 0 3 0 3 – TS Ind. Ind 0 0 0 5 0 0 – C. Bracarense Ind 0 0 0 15 0 15 – C. Cinz. Fina Ind 0 0 0 2 0 2 – C. Fina Ind. Ind 0 0 0 15 0 15 – 0 1 0 40 0 41 1 Total C.F. Cerâmica de Transporte Ânfora Oriental LRA 1 0 0 0 4 0 4 – Ânfora Africana Ind. 0 0 0 1 0 1 – Ânfora Ind. Ind. 0 0 0 10 1 11 – 0 0 1 14 1 16 0 Total C.T. Tabela 1 – Cômputo geral dos fragmentos cerâmicos. 808 Figura 1 – Intervenções arqueológicas com vestígios de época romana na área do centro histórico do Porto envolvente à Casa do Infante (Silva, 2021). 809 Arqueologia em Portugal / 2023 – Estado da Questão Figura 2 – Planta das construções romanas identiicadas na área da Casa do Infante, vendo-se o poço aqui estudado, à esquerda. Autoria: CMP/AHMP/Projeto Arqueológico da Casa do Infante. 810 Figura 3 – Um aspeto do poço romano, na altura da sua escavação, no ano de 2000. Autoria: CMP/AHMP/Projeto Arqueológico da Casa do Infante. 811 Arqueologia em Portugal / 2023 – Estado da Questão Figura 4 – Alguns recipientes de Cerâmica Comum. Comum Grosseira: potes-panelas (a-c), dolium (d); Local/Regional: tigela (e); CCMTI: potinho (f ) e pote-panela (g); C. Engobe Vermelho: tigela (h). Autoria: J. L. Veloso. 812 Figura 5 – Grupos de fabrico de Cerâmica Comum: A – Cerâmica Comum Grosseira; B – Cerâmica Comum Fina; C – Cerâmica Pintada; D – Cerâmica Comum Micácea de Tradição Indígena. Autoria: J. L. Veloso e M. Araújo/CMP/AHMP. Figura 6 – Terra Sigillata Africana D1, Hayes 52B. Autoria: J. L. Veloso. 813 Arqueologia em Portugal / 2023 – Estado da Questão Figura 7 – Cerâmica Bracarense. Autoria: J. L. Veloso e M. Araújo/CMP/AHMP. Figura 8 – Fragmentos de Late Roman Amphora 1. Autoria: J. L. Veloso e M. Araújo/CMP/AHMP. 814