Para onde nos conduz a viagem de dante ?
Dove ci conduce il viaggio di Dante?
Where does Dante’s journey lead us?
Doris Natia Cavallari*
RESUMO: A Itália e sua língua nacional devem muito ao ato revolucionário de um
poeta que se atreveu a romper as barreiras do mundo conhecido e adentrar, em primeira
pessoa, nos mistérios da outra vida, aquele “al di là” esperado, desconhecido e temido,
partindo da tradição (Virgilio) para chegar à “vida nova”, onde a matéria se faz luz. Em
sua jornada, o poeta peregrino passa pelo Inferno, onde antigas criaturas monstruosas
e ferozes punem as paixões e as ilusões de soberba, posse, avidez; pelo Purgatório, o
mundo do meio que é também meio de libertação das ilusões, reino em que a melancolia
se irmana à esperança; ao final dele, o poeta alcança o Paraíso terrestre, pois seu arbítrio
já é “libero, dritto e sano” e lhe permite ascender ao Paraíso, o reino em que o “ben
dell’intelletto” e a contemplação aliam-se à crescente lucidez, em que a comunhão com
o divino se torna real. Ao final de sua busca o “ser com Deus” faz com que o desejo humano seja preenchido de divindade (“ma già volgeva il mio disio e il velle, / sì come rota
ch’igualmente è mossa, / l’Amor che move il sole e l’altre stelle”). Ao chegar ao “ponto
final”, Dante parece esclarecer as dúvidas e temores dos homens de seu tempo, sigilando
finalmente as portas do mundo antigo e suas formas de representação, para nos conduzir
ao mundo moderno, ao Humanismo, o tempo em que o indivíduo está em contato com a
natureza, com a história e o poeta em diálogo constante com sua obra e seu leitor.
PALAVRAS-CHAVE: Dante Alighieri; Viagem; Diálogo; Livre-arbítrio; Indivíduo.
ABSTRACT: L’Italia e la sua lingua nazionale devono molto all’atto rivoluzionario
di un poeta che si azzardò a sfondare le barriere del mondo conosciuto ed inoltrarsi, in
prima persona, nei misteri di un’altra vita, quell’ “al di là”, atteso, sconosciuto e temuto,
partendo dalla tradizione (Virgilio) per raggiungere la “vita nuova”, dove la materia si fa
luce. Nel suo viaggio, il poeta pellegrino attraversa l’Inferno, dove antiche creature mostruose e feroci puniscono le passioni e le illusioni di superbia, di possesso, di avidità;
attraversa anche il Purgatorio, quel mondo intermediario, del mezzo, che è anche mezzo
*Universidade de São Paulo (USP)
[email protected] – (ORCID: 0000-0002-9280-5863)
di liberazione dalle illusioni, regno in cui la malinconia si unisce alla speranza; arrivando in alto il poeta raggiunge il Paradiso terrestre, perché ormai il suo arbitrio è “libero,
dritto e sano” e gli permette di salire al Paradiso, regno in cui il “ben dell’intelletto” e la
contemplazione si coniugano con la crescente lucidità, dove la comunione con il divino
diventa reale. Alla fine della sua ricerca, “l’essere con Dio” fa sì che il desiderio umano
si riempia di divinità (“ma già volgeva il mio disio e il velle, / sì come rota ch’igualmente è mossa, / l’Amor che move il sole e l’altre stelle”). Giunto al “punto finale”, Dante
sembra chiarire i dubbi e le paure degli uomini del suo tempo, sigillando finalmente le
porte del mondo antico e delle sue forme di rappresentazione, per condurci al mondo
moderno, all’Umanesimo, al tempo in cui l’individuo è a contatto con la natura, con la
storia e il poeta in costante dialogo con la sua opera e il suo lettore.
PAROLE-CHIAVI: Dante Alighieri; Viaggio; Dialogo; Libero arbitrio; Individuo.
ABSTRACT: Italy and its national language owe much to the revolutionary act of a
poet who dared to break through the barriers of the known world and enter, first person,
into the mysteries of another life, that expected, unknown and feared “al di là”, starting
from tradition (Virgilio) to reach the “new life”, where matter becomes light. On his
journey, the pilgrim poet passes through Hell, where ancient monstrous and fierce creatures punish the passions and illusions of pride, possession, greed; through Purgatory,
the world of the middle that is also a means of liberation from illusions, a realm in which
melancholy unites with hope; at the end of it, the poet reaches the earthly Paradise,
because his will is “libero, dritto and sano” and allows him to ascend to Paradise, the
realm in which “ben dell’intelletto” and contemplation combine with growing lucidity,
where communion with the divine becomes real. At the end of his search, “being with
God” makes the human desire to be filled with divinity (il mio disio e il velle, / sì come
rota ch’igualmente è mossa / l’Amor che move il sole e l’ altre stelle). Upon reaching the
“end point”, Dante seems to clarify the doubts and fears of the men of his time, finally
sealing the doors of the ancient world and its forms of representation, to lead us to the
modern world, to Humanism, the time in which the individual he is in contact with nature, with history and the poet in constant dialogue with his work and his reader.
KEYWORDS: Dante Alighieri; Journey; Dialogue; Free will, Individual.
O homem sabe muito bem que tudo lhe escapa, não só os bens materiais, cuja posse julgou assegurar, mas também os sentimentos, as alegrias, as exaltações onde
pensou descobrir-se a si próprio se abolem com o minuto que lhes deu a vida. E
eis que pela arte o homem sente que domina e detém enfim o poder de imobilizar e
conservar, não só o que viu à sua volta, mas também o que viveu dentro de si. A arte
permite-lhe apoderar-se para sempre, ele e os seus sucessores, da parte do mundo
que lhe foi oferecida, e ligá-la indissoluvelmente aos pensamentos, às emoções, às
paixões que esta dádiva ou esta conquista despertaram nele, e que lhe deram seu
único e verdadeiro valor.
René Huyghe
Quando morava em Florença, Dante pertencia a uma elite social e cultural, orgulhava-se de
ter um nome de família, era casado com Gemma Donati, também da elite “magnatizia”, isto é,
de uma antiga família de mercadores com pretensões de nobreza. Embora não se identificasse
com a posição ideológica da família Donati (líderes dos guelfos negros), Dante, que era partidário dos guelfos brancos, gozava de grande prestígio social em sua cidade e tinha recursos
econômicos para se dedicar com afinco a suas paixões: os estudos, a poesia e a política.
Os gibelinos e os guelfos, como sabemos, eram dois grandes partidos europeus que tinham
como líderes, respectivamente, o Imperador e o Papa. Em Florença, os gibelinos foram derrotados e expulsos da cidade em 1266, fixando-se em Siena e outras cidades partidárias do poder
imperial. A expulsão dos gibelinos, longe de promover a paz, viu o partido dominante se dividir
entre guelfos brancos, que defendiam uma gestão do Estado mais laica, democrática e com
participação popular, e guelfos negros que acreditavam que a elite da cidade, aliada ao poder da
Igreja, devia guiar os rumos da política e da sociedade.
Deve-se ressaltar que naqueles tempos a política não era uma profissão, mas uma atividade
em tempo parcial exercida por qualquer cidadão do “povo”, entendendo-se por povo, todo
aquele que tivesse uma atividade produtiva própria, do padeiro ao banqueiro (na verdade o
chamado “popolo grasso”), e fosse inscrito em uma das Artes.
As Artes, que foram criadas pelo governo dos guelfos brancos, eram corporações de ofício
que reuniam artesãos, artistas, mercadores e donos de indústrias manufatureiras, desse modo,
todo o cidadão que tivesse uma atividade produtiva se agregava à arte correspondente ao seu
ofício e gozava da liberdade de poder participar de um dos cinco conselhos comunais que contavam com a participação de 676 cidadãos e eram renovados a cada seis meses.
Ao falar das Artes, Cosimo Bartolini Salimbeni Vivai comenta em sua tese, Memórias de
mercadores na Florença comunal do século XIV: os Livros de Família e as “Ricordanze” de
Leonardo di Bartolino Salimbeni, que elas eram
uma típica expressão do espírito que animava o mundo econômico dos centros urbanos medievais: propunha-se, fundamentalmente, conseguir a igualdade de todos os
pertencentes à mesma corporação, com referência aos direitos, às obrigações, às pos-
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sibilidades operativas, com a finalidade de colocar e manter o mercador em condições
de equilíbrio e estabilidade, na verdade, essas corporações ganharam tamanha importância que com o passar do tempo só aqueles que fossem associados podiam exercer
livremente sua profissão e fazer parte da vida política da cidade. (VIVAI, 2020, p, 26).
Um detalhe sobre essas corporações é o fato de os partidários dos guelfos negros serem
impedidos de se inscreverem em uma das Artes, o que limitava sua atividade profissional e os
impedia de exercer cargos políticos e participar dos conselhos comunais. Foi nesse período que
Dante começou sua atividade política, como membro dos conselhos, chegando a fazer parte do
collegio dei priori, função executiva renovada a cada dois meses, entre junho e agosto de 1300.
Apesar do governo dos guelfos brancos proporcionar a participação expressiva do “povo” na
política, o período era marcado por uma grande intolerância com relação aos opositores, de modo
que, quando um partido tomava o poder expulsava os líderes do outro partido da cidade. De fato,
não havia lugar para a oposição e para Dante isso era natural, mas de repente “tudo lhe escapa”.
Enquanto o autor se encontrava em missão diplomática em Roma, em novembro de 1301,
os guelfos negros tomaram o poder e não se limitaram a expulsar os antigos líderes da cidade,
desta feita o partido dominante instaurou processos administrativos contra os priori dos brancos, para “moralizar o estado”, acusando-os de improbidade administrativa e minando definitivamente a participação dos acusados da vida pública da comuna. A tomada da cidade foi brutal,
Alessandro Barbero comenta
Per cinque o sei giorni i Neri uccisero, torturarono, saccheggiarono e incendiarono a
loro piacere. Anche le proprietà di Dante vennero devastate, come ricorda il Bruni:
“gli fu corso a casa, e rubata ogni sua cosa, e dato il guasto alle sue possessioni”.
(BARBERO, 2020, p.128).
Gemma Donati conseguiu esconder as jóias e as escrituras das propriedades da família,
provavelmente avisada pelos parentes do que estava para acontecer; ela ficaria em Florença por
toda a vida, mantendo-se com as rendas dos negócios de família, por direito de seu dote paterno, e nunca mais encontraria Dante (Cf. BARBERO, 2020, op. cit.). Uma vez que fora priore,
o autor foi julgado e condenado em 27 de janeiro de 1302 e em 10 de março do mesmo ano a
pagar uma pesada multa e, mais tarde, seria condenado à fogueira. Em 1315, o autor recusaria
a anistia que lhe foi oferecida tendo sido condenado mais uma vez.
Desde 2008, alguns políticos tentaram solicitar de Florença a “riabilitazione di Dante”, isto
é, a anulação da condenação que seria devida à perseguição política e não a delitos cometidos
pelo poeta. Contudo, este ano, quando comemoramos os 700 anos de seu passamento, o perdão
foi negado por falta de documentação comprobatória, e Dante continua sendo um condenado
de Florença. Após a condenação ao exílio, o poeta nunca mais retornaria a sua cidade e, após
alguns anos de lutas inúteis, decidiria trilhar outro caminho: começa aí sua grande obra. Pela
arte ele terá “o poder de imobilizar e conservar, não só o que viu à sua volta, mas também o que
viveu dentro de si.” (HUYGHE, 1986, p.13)
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Para falar das inovações nas obras dantescas que nos conduzem a novos rumos do fazer
literário, comentarei aqui alguns pontos de um artigo de um jornalista alemão, publicado em 26
de março de 2021, um dia depois do Dantedì, que provocou muita controvérsia entre a crítica e
os leitores na Itália e na Alemanha. O texto do jornalista Arno Widmann do Frankfuter Rundschau1 suscitou grande polêmica ao afirmar que os italianos nada tinham a comemorar, uma vez
que literatura italiana das origens, incluindo a obra de Dante, não era de forma alguma original
e que la prima lirica d’arte madrelingua d’Italia fu scritta in provenzale2, portanto, essa poesia nada mais seria do que uma tradução em “vulgar” da poesia provençal, sem contribuições
inéditas para a literatura.
Para o autor alemão, Dante apresenta uma moral “simplista” (ou ingênua), dividindo seu
mundo entre bons e maus posicionados em compartimentos que remetem a tediosos escritórios
decorados para funções específicas. Ele compara ainda essa “ingenuidade” dantesca à modernidade literária de Shakespeare que teria uma obra moralmente mais aberta e, portanto, mais
importante para as letras mundiais, mesmo porque a obra do autor inglês reconhece o valor
fundamental da família para a sociedade. Conquista, aliás, salienta o jornalista, que se deveria
à revolução luterana. Em outras palavras, o autor parece não somente ser inábil para ler Dante,
mas também demonstra desconhecer o tratado I quattro libri di famiglia3, escritos por Leon
Battista Alberti, entre 1433 e 1440, quase um século antes da reforma de Lutero.
Vale pontuar ainda que Widmann compara Dante a Shakespeare desconsiderando dois aspectos importantes: o período histórico de cada autor e as condições de produção de suas obras.
Dante não é o poeta de corte influenciado pela grandeza da cultura italiana que escreve obras-primas para o deleite da corte e da elite local, como é o caso de Shakespeare; a obra do autor
florentino é produzida em condições de exílio e solidão, é, especialmente, fruto da exclusão e
do lugar do não pertencimento.
Logo, a obra é fruto do “smarrimento” e da solidão do poeta cansado das guerras e das tentativas de acordos políticos ineficazes para que possa voltar para casa; seu retorno será de outro
tipo, seu caminho não o levará mais a Florença, mas a ser um cidadão e um poeta do mundo.
1
O título original é ‘Dante: Die Guten ins Töpfchen, die Schlechten ins Kröpfchen’ (que corresponderia, em
português, a “ Dante: os grãos bons no prato, e os maus no papo”, frase do conto Cinderela, dos irmãos Grimm, que
remete ao seu trabalho de separar as lentilhas boas das ruins).
2
Esta citação consta da página Attomelani.net, na qual são apresentados trechos do original: «Die erste
muttersprachliche Kunstlyrik Italiens wurde auf Provenzalisch geschrieben» e no qual as frases escolhidas para
o comentário, buscam demostrar como a tradução feita pelo jornal Corriere della sera, na tentativa de defender
Widmann, era tendenciosa e não correspondia ao tom áspero e irônico do jornalista alemão. Disponível em:
http://www.attomelani.net/index.php/2021/03/30/articolo-widmann-errori-traduzione-corriere-della-sera/
3
Tratado escrito em vulgar florentino, estruturado em forma de diálogo, como era comum no período, e que
enfatiza a necessidade da atenção à família e às virtudes que, se bem cultivadas, podem vencer os revéses da “fortuna”.
O texto baseia-se nos princípios aristotélicos sobre as virtudes, aplicando-as na educação dos filhos, no respeito aos anciãos, no dever dos pais na educação primorosa de seus filhos para o bem da sociedade e, inclusive, na relação conjugal
que deve se basear no respeito e no amor. Alberti demonstra nesses livros que a família é o núcleo fundamental para a
sociedade equilibrada.
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Ernst Curtius comenta que a Comédia nasceu como a resposta do espírito de Dante a seu
destino: o banimento. O “banimento era apenas a confirmação pessoal de uma perturbação na
essência do mundo. Imperium e Sacerdotium foram expulsos de sua órbita; a Igreja, degenerada
e a Itália desonrada”, o mundo desmantelado que ele precisava arrumar (CURTIUS, 1996. p.
450). E como poderia fazê-lo? Essencialmente com a sua arte, o fruto de seus talentos que ele
não nega oferecer ao leitor.
De todos os comentários apaixonados dos italianos ao texto de Frankfurt, o mais interessante foi o do ministro da cultura Dario Franceschini que se limitou a dizer: “Non ragionam di
lor, ma guarda e passa”4 (Inferno, III, v. 51). Entretanto, não seguirei o conselho do ministro,
pois alguns pontos chamam a atenção no artigo de Widmann: o primeiro deles foi a avaliação
da falta de originalidade ou ineditismo da obra dantesca, já que este é um aspecto importante
para Dante que defende sempre a singularidade de seus escritos. Sendo um grande conhecedor
da cultura a ele precedente, o poeta insiste que a mera repetição seria infecunda, de modo que
oferece suas reflexões para acrescentar algo novo a todos os temas que se propõe a tratar, como
acontece, por exemplo, no De Monarchia, texto escrito em latim, entre 1310 e 1312, no qual
adverte que da boa árvore espera-se bons frutos, de modo que é sua intenção
legar aos pósteros não apenas exibição de ciência, mas principalmente, frutos; para
tanto, tornando evidentes verdades irreveladas.
Sei ao certo que com proveito algum contribui quem não faz senão repetir proposição
anteriormente desenvolvida por Euclides, ou intenta definir a felicidade já definida por
Aristóteles, ou se dispõe a defender a velhice antes defendida por Cícero. A repetição,
por supérflua, mais certamente produzirá fastio do que utilidade. (ALIGHIERI, Monarquia, livro I, proêmio, 2006, p. 31)
O autor demonstra, com esse comentário inicial, que conhece e valoriza as concepções dos
grandes pensadores, mas que também tem algo a acrescentar à matéria proposta. Neste caso,
dispõe-se a examinar as questões relativas aos dois poderes essenciais que se encontram em
desequilíbrio, como já acenado acima: o Império e o Papado.
O escritor florentino elabora a teoria de um Império universal capaz de promover paz, liberdade e justiça sobre a terra, garantindo assim que a humanidade exercite conscientemente
sua liberdade de escolha e de ação, enquanto a Igreja, dispensada de zelar pela justiça entre os
homens, poderia dedicar-se totalmente a preparar as almas imortais para sua salvação.
Em uma das traduções do texto para o português, o tradutor, o escritor Hernâni Donato, em
suas considerações iniciais, observa que Dante realiza uma obra utópica, mas ao contrário dos
utopistas que descrevem as maravilhas de um mundo ideal conquistado, sem demonstrar como
chegar a ele, o autor
4
Vale lembrar que este verso dantesco perpetuou-se como um dito na língua italiana e é usado sempre que
algo é tão insignificante que não merece consideração.
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sinalizou o roteiro de viagem para a bem-aventurança: a limitação de alguns poderes
de Estado que restringem a atividade individual, a interdependência e harmonia (relação de primogênito e progenitor) entre os poderes, a valorização do espiritual e mais
do que isso, do religioso. (DONATO, 2006, p.23).
Para Dante, como para Platão e Agostinho, o homem tem duas naturezas: a humana e a divina
ou imortal e, portanto, são necessários dois poderes em harmonia e igualmente fortes, já que são
indispensáveis para o bem da vida em sociedade e para a felicidade futura dos seres humanos.
O jurista e filósofo austríaco Hans Kelsen cuja obra, A teoria do Estado de Dante Alighieri,
foi traduzida no Brasil e lançada no corrente ano, procura “estabelecer o lugar de Dante na história da Teoria do Estado medieval”, visto que a visão dantesca é “a mais magnífica expressão
da doutrina medieval e, ao mesmo tempo — ao menos em muitos pontos —, a sua superação”
(KELSEN, 2021, p.8).
Kelsen afirma ainda que
Dos quatro problemas fundamentais que ocuparam a vida intelectual de Dante — o
amor, a fé, a ciência e a política —, foi o último que mais permeia seus pensamentos
e sentimentos. A política, a mesma que o levou à prática e que imprimiu à sua vida
uma direção trágica!
Em quase todos os seus escritos, estão presentes ideias políticas e elaborações teóricas
sobre o Estado. Isso vale também para a grande obra de sua vida, a Divina Comédia,
na qual ele trabalhou desde 1300 até um pouco antes de sua morte em 1321. (KELSEN, 2021, p. 62).
Não seria difícil entendermos porque a política esteve sempre presente na obra dantesca,
se considerarmos, com Massimo Cacciari5, que Dante não via a política como remédio para os
nossos pecados, como defendiam Agostinho e Tomás de Aquino — comentados, aliás, pelo
poeta na Monarquia, juntamente com Aristóteles e outros filósofos clássicos —; ela não existe
para controlar nossas más tendências ou coibir nossos pecados, existe porque somos animais
políticos, assim sendo, a política não é um remédio amargo para nossas faltas, mas é inerente
ao próprio sujeito.
Desse modo, pode-se dizer que, para Dante, fazer política nos leva a entrar em contato e
a assumir totalmente nossa natureza humana e é com essa natureza que o autor vai adentrar o
mundo do “al di là”, pois, se na Monarquia Dante explora teoricamente os princípios fundamentais de paz, justiça e liberdade de escolha e de ação, é em sua obra maior que exemplifica
sua necessidade, para que as decisões individuais sejam conscientes e frutíferas. Na Divina
Comédia, Dante elucida que a liberdade de escolha é uma característica da vida humana terrena. Só o homem mortal escolhe e concretiza no seu agir essas escolhas, contudo elas deixarão
marcas na alma imortal, e Dante será testemunha disso ao vê-las e ouvi-las no tempo das coisas
5
Reflexão exposta pelo filósofo italiano na conferência “Dante, la lingua e la politica” Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3RXtpoAsscM
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eternas.
Outro aspecto a se destacar no artigo de Arno Widmann é a fonte de inspiração para a obra
dantesca que, segundo o jornalista, seria de origem mulçumana, visto que naquele período
havia na Europa várias traduções do texto árabe que relata a viagem de Maomé ao Paraíso, e
o autor de Florença devia conhecê-la, sendo ele um grande leitor. Neste caso, Widmann desconsidera não só a tradição greco-latina sobre essa questão (vale lembrar que Virgilio propõe
uma viagem ao outro mundo e Dante afirma e demonstra se basear nele para realizar sua obra),
mas também o fato de o texto dantesco se enquadrar nas Visiones animarum, verdadeiro gênero
literário bastante conhecido na Idade Média, no qual os autores, geralmente religiosos do Norte
da Europa, contam suas visões do outro mundo, como meio de salvação de suas almas pecadoras, através de uma viagem guiada por um emissário celeste. Antes da Comédia, o mais famoso
desses relatos é A visão de Tundal ou Túndalo6 (Visio Tungdali), escrito em 1149 por um monge
cisterciense, de origem irlandesa, que se encontrava no sul da atual Alemanha.
As Visiones animarum, apesar de relatar as visões do “al di là”, são compostas em forma
de monólogos ou contam com reduzidos diálogos entre o protagonista e o anjo que o guia. A
obra de Dante, por sua vez, é marcada não pelo mero relato das visões, mas pelo diálogo direto
com as almas que dão testemunho da sua experiência humana e individual, falam do tempo das
ações e das escolhas, em um momento em que as escolhas e as ações não são mais possíveis.
Como salienta Flávio Aguiar em seu texto “Visões do inferno ou o retorno da aura”, as almas
com as quais Dante dialoga
purgam suas penas no Inferno [e] são visionárias, podendo ver o futuro e o passado.
São cegas para o presente, mas ávidas de presença; ávidas perante essa oportunidade
única que o poeta lhes oferece em sua eternidade muda. Através do olhar e da palavra
do poeta elas têm a oportunidade de aceder à palavra humana, à história. (AGUIAR,
1997, p. 322)
Como observa Curtius, remetendo-se a Carlyle7, em Dante criaram voz dez séculos de silêncio (CURTIUS, 1996, p. 302-03). Há nessas vozes, de acordo com o lugar em que se encontram, lamento, tristeza, desespero, aceitação trágica de seu destino final, no caso do Inferno;
esperança e melancolia, no Purgatório e, finalmente, júbilo pela comunhão com o divino, no
Paraíso. Mas seja qual for o destino dessas almas, Dante possibilita-lhes a retomada da palavra
e do resgate da própria experiência humana. Desse modo, instaura-se na narrativa uma interação permanente dos enunciadores que confrontam suas idéias, pela exposição de diferentes
pontos de vista, conforme o lugar que ocupam. Por meio do relato dos mortos, o poeta-peregri6
Recomendaria para aprofundamento sobre o argumento o texto: ZIERER, A. M.S. A Visão de Túndalo no
contexto das viagens imaginárias ao Além Túmulo: religiosidade, imaginário e educação no medievo. In: Notandum
32 maio-ago 2013 CEMOrOC-Feusp / IJI-Universidade do Porto. Disponível em: http://www.hottopos.com/notand32/07adriana.pdf
7
Thomas Carlyle (1795-1881) foi um importante crítico e ensaísta escocês, de pensamento calvinista que
deu contribuições originais sobre a Comédia.
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no vai reavaliar os próprios valores e as escolhas de sua experiência humana.
Seria oportuno considerar que, no período de Dante, a visão sobre a morte tinha sofrido
uma mudança fundamental em relação à Alta Idade Média, quando era vista como destino
coletivo da espécie. Philippe Ariès, em seu livro História da morte no Ocidente, chama essa
nova percepção de “morte de si mesmo”, ou seja, a morte passa a ser encarada como experiência individual, pois é “pensada como uma separação instantânea da alma e do corpo, seguida
pelo julgamento imediato e particular de cada defunto” (LE GOFF, 2002, p. 243). Como alerta
Beatrice, no canto XXXIII do Purgatório,
Tu nota; e sì come da me son porte,
così queste parole segna a’ vivi
del viver ch’è un correre a la morte.
(Purgatorio, Canto XXXIII, 52-54)
É com a consciência de que “viver é correr para a morte”, ou que esta vida “era curta e de
que a morte, sempre presente em seu âmago, despedaçava suas ambições e envenenava seus
prazeres” (ARIÈS, 2003, p.56), que Dante visita o mundo dos mortos, no momento de sua temporalidade finita, como homem histórico, livre para tomar decisões individuais e praticar ações
que determinarão o seu porvir.
O poeta-peregrino esclarece o valor e a potência da liberdade na discussão apresentada nos
cantos centrais do texto, XVI e XVII do Purgatório, e apresenta a síntese dessa discussão nas
palavras de Marco Lombardo, no canto XVI:
A maggior forza e a miglior natura
liberi soggiacete; e quella cria
la mente in voi, che ‘l ciel non ha in sua cura.
(Purgatorio, Canto XVI, 79-81, grifo nosso)
A afirmação “liberi soggiacete” cela o paradoxo cristão pelo qual só é livre aquele que aceita a lei de Deus, que impõe a cada um a escolha do próprio caminho, pois “la mente in voi, che
‘l ciel non ha in sua cura”. Neste momento, Dante percebe quão rica e perigosa é a liberdade,
não determinação do céu, mas opção individual. Como ele elabora, na Monarquia:
O gênero humano, quando inteiramente livre, otimamente vive.... Tenha-se presente, desde
logo que o princípio fundamental da liberdade é o livre-arbítrio que muitos ostentam na
boca, mas pouco no intelecto. Afirmam a existência do livre-arbítrio, ou seja, o livre julgar
segundo a livre vontade. Afirmando-o dizem verdade, sem contudo enfronharem-se no
real significado das palavras pronunciadas. [...] Digo, porém, que o juízo medeia a apreensão e o apetite. [...] Se o juízo aciona de modo tão cabal o apetite, e se de nenhum modo
for por este influenciado, certmente é livre. Mas se o julgamento, por algum modo resultar
determinado pelo apetite, não será livre. (ALIGHIERI, 2006, p. 47-8)
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Logo, saber escolher é parte do caminho da vida humana e cabe ao indivíduo tomar consciência e posse deste bem precioso, a liberdade de optar e de traçar o próprio destino. Contudo,
a apreensão desta realidade acontece no caminho de Dante pela eternidade, naquela “intensa
recordação da finitude da vida”, como comenta Felipe S. L. Villela (2010, p. 106) , em sua
dissertação O caminho da nossa vida, uma aproximação entre “Ser e tempo” e “Divina Comédia”. O estudioso observa, ainda, que “A consciência da morte, enquanto horizonte no qual
se desenrola o existir, singulariza o homem. Diante da sua finitude, o homem é posto na intransferibilidade da sua existência” (p. 85). Essa intransferibilidade pode ser testemunhada na
Comédia, no canto XXX do Purgatório, quando o nome do poeta é citado uma única vez e ele
terá seu momento individual de contrição e confissão.
Dante, perché Virgilio se ne vada,
non pianger anco, non piangere ancora;
ché pianger ti convien per altra spada.
(Purgatorio, canto XXX, 55-57)
A sentença de Beatrice acontece no momento em que o poeta vê-se novamente sozinho,
sem o guia Virgilio que o levara até ali. Dante está só, pois nesse momento o poeta não é um
representante da humanidade, é apenas indivíduo, contudo agora “libero, dritto e sano” (Purgatorio, canto XXVII, v. 140) é seu arbítrio, como dirá Virgilio em sua despedida. No verso do
mestre latino, aliás, encontra-se sintetizado o grande objetivo da viagem de Dante desde seu
“smarrimento” que o levou à selva escura. O caminho percorrido o conduziu até o momento
em que Virgílio proclama o seu último verso em todo o poema: “per ch’io te sovra te corono e
mitrio” (canto XXVII, v. 142). Com a “coroa e a mitra” da liberdade, Dante torna-se senhor de
si mesmo. Não mais subjugado aos próprios erros nem a suas errâncias, não mais sob as ilusões
de mando e de prestígio social do período florentino, mas livre para o seu caminho verdadeiro;
nessa nova condição, tem a força necessária para enfrentar a si mesmo (e confessar-se), antes
de poder atravessar as barreiras das sombras terrenas e se deixar arrebatar ao mundo celeste,
pelo olhar de Beatrice.
Felipe Villela salienta ainda que
O homem que escolhe, inscrito na sua situação presente, a partir da consciência da
finitude, reconhece-se como o verdadeiro responsável pela vida que vive. O chamado
da consciência convoca o homem para o seu ser culpado; não porque tenha feito algo
de errado, mas porque agora sabe que a sua existência está única e exclusivamente sob
sua responsabilidade. A voz da consciência – voz silenciosa da angústia – que fala a
partir da finitude, convoca o homem a decidir pelo próprio ser, empunhando a responsabilidade do seu ter que ser. (2010, p. 108)
Assim, Dante evidencia que a jornada terrena vivida com consciência individual é o único
modo para legar à coletividade e aos pósteros as almejadas paz, justiça e liberdade e, ainda, é o
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caminho para dignificar a alma e prepará-la para ler o livro da divindade “legato con amore in
un volume/ ciò che per l’universo si squaderna” (Paradiso, canto XXXIII, v 86-7).
Outra questão a se considerar quanto às Visiones animarum, anteriores à Comédia, é o fato
de serem sempre divulgadas em latim pois, mesmo quando o original era escrito em algum
dialeto local, eram traduzidas em língua latina para que alcançassem um maior número de
leitores, uma vez que eram obras destinadas prioritariamente a um público erudito de pares,
capazes de compreender o valor de tais relatos, bem como servirem também de testemunho
para reafirmar o poder da Igreja na Idade Média.
Já a Comédia é escrita na língua nova, acessível ao leitor do “vulgar” e com um trabalho
estilístico preciso para concretizar ideias abstratas, pelas similitudes, comparações e metáforas
da língua que remetem a imagens conhecidas e palpáveis. Outra inovação dantesca é o fato de o
protagonista não ser guiado por um anjo, mas pelo espectro de um autor clássico, um imortal da
literatura como o próprio Dante prediz que se tornará (no canto IV do Inferno que trata do limbo:
“si ch’io fui sesto tra contanto senno”, v. 102). Virgilio é o representante da grandeza humana e
de sua philosofica documenta, isto é, da racionalidade capaz de conduzir o poeta-peregrino até
o Paraíso terrestre, onde o emissário divino não será um anjo, mas a mulher amada que traz no
nome a beatitude.
Beatrice é o feminino salvífico que ajuda o poeta a superar os obstáculos que o ligam à vida
temporária, mortal e efêmera, para experimentar o gozo momentâneo da perfeição paradisíaca
e vivenciar uma fração da visão do absoluto, embora a mente humana seja muito frágil “per far
tesoro” (Paraíso, I , v 10) ou “significar per verba” (Paraíso, I, v.70) a riqueza de tal experiência. Ao visitar o reino celeste,
Dante não pode mais servir-se de similitudes com as paisagens terrenas, nem com o
aspecto figural que caracterizam os personagens com quem nosso herói dialoga nos
dois primeiros reinos; aqui as almas não são mais homens, mas essências iluminadas
do ser, são apenas espíritos em sua pureza original, e a paisagem e a figura transmutam-se em luz e música.
Logo, a poesia deve ser a canora representação da iluminação espiritual e a experiência passa a ser tão interior que “dietro la memoria non può ire” Paradiso, I, v.9).
(CAVALLARI, 2015, p. 40)
Seguindo Dante em sua ascensão percebemos que ele é capaz de responder aos questionamentos sobre as virtudes e sobre a Sagrada Escritura, etapa necessária para se mostrar digno da
visão de Deus. Sendo um estudioso, o poeta é capaz de superar bravamente todas as provas a
que é submetido até alcançar sua meta, demonstrando que para o ser humano que jornadeia na
finitude cada etapa é um aprendizado árduo, em todos os reinos. O Paraíso é o mundo do “ben
dell’intelletto” (Inferno, III, v. 18) e a contemplação conjuga-se com o aumento da lucidez do
poeta que pode admirar a sabedoria da criação e das leis divinas até realizar o grande anelo de
seu espírito humano: o contato direto com o criador, “la Divina Potestate, la Somma Sapienza
e Il Primo Amore” (Inferno, III, v. 5-6).
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Enfim, a inovação dantesca foi tamanha que fez com que as Visiones animarum anteriormente produzidas fossem praticamente esquecidas, sendo alvo de estudos apenas de alguns
especialistas em Idade Média, e talvez o senhor Widmann nunca tenha ouvido falar delas.
Mais uma inovação importante no texto dantesco é o fato de seu poema épico, inspirado
principalmente pela Eneida de Virgilio, não ser uma tragédia, mas uma Comédia escrita em
linguagem remissus et humilis (simples e humilde), isto é, em “língua vulgar”, como deve ser o
gênero “cômico” que, neste caso, remete ainda ao riso dos beatos no Paraíso. Além disso, a obra
dantesca não narra as aventuras de um herói lendário, porta-voz do poder oficial que salva sua
pátria do inimigo, mas a epopéia singular do homem novo, um cristão “smarrito nel mezzo del
cammin”, um protagonista que é o próprio autor da obra contada na língua de seu povo e que
nos mostra a importância da consciência individual para o bem da coletividade.
Ao final da experiência, o poeta não consegue mais traduzir a perfeição e sua palavra perde
o vigor até que declara: “all’alta fantasia qui mancò possa” (Paraíso, XXXIII, v. 142). Neste
momento em que falta à palavra a potência para significar, a poesia se faz silêncio, ou como
diria Francesco De Sanctis, morre junto à fantasia.
“L’Amor che move il sole e l’altre stelle” (Paraíso, XXXIII, v. 145) move também o universo dantesco e toda a literatura italiana da fase genética, como a denomina o crítico Alberto Asor
Rosa, para quem os três gênios, isto é Dante, Petarca e Boccaccio, fundam a literatura laica da
era moderna, que não se opõe à visão religiosa do período, nem desmerece sua importância,
mas se funda na necessidade de
l’individuazione di una sfera di autonomia di scelte espressive e culturali, ispirate a
valori nuovi, che possono anche avere rapporti con quelli antichi, ma delimitano ormai
con esattezza una diversa tipologia dell’operare intellettuale umano. (ASOR ROSA,
1997, p. 35)
Dante propõe-se, em todas as suas obras, a deixar as marcas do indivíduo, de modo que redimensiona de forma revolucionária a posição histórica do homem e da literatura. O banimento
lhe deu a consciência de que, de repente, “tudo lhe escapa” e o fez abdicar da sonhada coroa de
louros, que lhe seria dada pelos contemporâneos se sua obra maior fosse escrita em latim, para
“apoderar-se para sempre, ele e os seus sucessores, da parte do mundo que lhe foi oferecida”
(HUYGHE, 1986, p.13) e para ser o grande poeta da nova língua, dos novos tempos. E sua
obra ressoará ainda entre aqueles “che questo tempo chiameranno antico”, como sentencia seu
trisavô Cacciaguida, no décimo sétimo canto do Paradiso. E não seria de se espantar se daqui a
setecentos anos os homens continuarem a falar de Dante, ou de Shakespeare; quanto ao senhor
Widmann, receio que terá que se contentar com o breve sucesso do corrente ano.
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Referências
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Recebido em: 24/11/2021
Aprovado em: 07/12/2021
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