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SEMENTES RECALCITRANTES: UM APANHADO
RECALCITRANT SEEDS: AN OVERVIEW
Silvana Ohse1*
1 - Docente do Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade, Curso de Agronomia - Universidade
Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa/PR. E-mail:
[email protected]
RESUMO:
A percepção de que as sementes apresentavam diferenças em seus teores de água quando
desligadas da planta-mãe, e consequentemente, variações no período de manutenção da
viabilidade retoma ao início da agricultura, quando povos ao redor do mundo passaram a
ter que produzir alimento em decorrência do crescimento populacional, deixando de ser
exclusivamente extrativistas. No entanto, somente na década de 70 do século XX é que tais
sementes passaram a receber diferentes designações. Denominou-se sementes ortodoxas
aquelas liberadas da planta-mãe com baixos teores de água, tolerando a dessecação,
podendo assim, manter a viabilidade por períodos mais longos de armazenamento, e
recalcitrantes aquelas liberadas da planta-mãe com altos teores de água, não suportando
desidratações significativas, ou seja, tendo sua viabilidade abreviada com a redução do teor
de água, restringindo o período de armazenamento. Na década de 80 criou-se a categoria
das intermediárias, e na de 90 estabeleceu-se um gradiente entre as categorias ortodoxas
e recalcitrantes. A partir de então, o número de pesquisas sobre o tema foi crescente, bem
como a preocupação com a manutenção de germoplasma. No século 21, alguns
especialistas da área consideraram que as sementes recalcitrantes poderiam ser
simplismente chamadas de “sementes imaturas dispersas”, e que o ideal para ampliar o
período de armazenamento, mantendo a viabilidade, seria que essas sementes pudessem
completar a maturação enquanto ligadas à planta-mãe. Sem embargo, na atualidade,
acredita-se que a única opção viável para a conservação a longo prazo de germoplasma
de espécies produtoras de sementes recalcitrantes, além da conservação in situ, é a
criopreservação, não de sementes intactas, mas de embriões e eixos embrionários
excisados.
Palavras-chave: sementes recalcitrantes, sementes ortodoxas, tolerância à dessecação,
longevidade, viabilidade, armazenamento.
ABSTRACT:
The perception that the seeds had differences in their water content when disconnected
from the mother plant, and consequently, variations in the period of maintenance of viability
returns to the beginning of agriculture, when folk around the world started to produce food
as a result of population growth, ceasing to be exclusively extractive. However, it was only
in the 70s of the last century that such seeds began to receive different designations. At that
time, those released from the mother plant with low water contents were called orthodox
seeds, tolerating desiccation, thus being able to maintain viability for longer periods of
storage, and recalcitrant those released from the mother plant with high water contents,
notwithstanding dehydration significant, that is, having its viability abbreviated with the
reduction of the water content, restricting the storage period. In the 1980s the category of
intermediaries was created, and in the 1990s a gradient was established between the
orthodox and recalcitrant categories. Since then, the number of researches on the subject
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has increased, as has the concern with the maintenance of germplasm. In the 21st century,
some experts on the subject considered that recalcitrant seeds could simply be called
"dispersed immature seeds", and that the ideal for extending the storage period, while
maintaining viability, would be that these seeds could complete maturation while linked to
mother plant. Notwithstanding, it is currently believed that the only viable option for the longterm conservation of germplasm of recalcitrant seed-producing species, in addition to in situ
conservation, is cryopreservation, not intact seeds, but of the embryos and embryonic axes excised.
Key-words: recalcitrant seeds, orthodox seeds, desiccation tolerance, longevity, viability,
storage seeds.
1. INTRODUÇÃO
Como estratégia de colonização da biosfera terrestre, sementes de certas
gimnospermas e angiospermas desenvolveram habilidade de suportar a dessecação
estabelecida no final da fase de maturação e após a maturidade fisiológica, permitindo
ampliar sua longevidade por meio de armazenamento em ambientes com baixas
temperaturas e umidade relativa do ar (UR). Tais sementes foram denominadas ortodoxas
(ROBERTS, 1973; MARCOS-FILHO, 2015), incluindo muitas sementes de plantas
cultivadas e de arbóreas tropicais (MARCOS-FILHO, 2015; AZARKOVICH, 2020), podendo
ser somada a outras aptidões que auxiliaram a distribuição da vida no espaço e no tempo,
como por exemplo a dormência (TAIZ et al., 2017; MARQUES et al., 2018). Por outro lado,
nem todas as sementes desenvolveram a habilidade de suportar a dessecação durante e
após a fase de maturação, mantendo seus teores de água altos até a germinação, sendo
então, denominadas recalcitrantes (ROBERTS, 1973; FERREIRA & BORGHETTI, 2004;
BERJAK et al., 2007; AZARKOVICH, 2020). A tolerância à dessecação geralmente é
descrita como um limite de teor de água para a sobrevivência da semente, estabelecida
durante a fase maturação da semente (BARBEDO et al., 2013; XIA et al., 2014; WALTERS,
2015), destacando-se como a principal característica adaptativa dos seres fotoautotróficos
à sobrevivência em habitats terrestres (SMOLIKOVA et al., 2021). Tal convenção distingue
eficientemente sementes ortodoxas de recalcitrantes, visto que apresentam limiares
menores que 0,07 e maiores 0,2 g H2O g MS-1, respectivamente.
Em termos tecnológocos, sementes recalcitrantes não suportam armazenamento
por longos períodos de tempo após seu desligamento da planta-mãe, dado que, à medida
que sofrem dessecação sua vitalidade é proporcionalmente reduzida (FERREIRA &
BORGHETTI, 2004; WALTERS, 2015; AZARKOVICH, 2020). Tal característica dificulta o
armazenamento de sementes de muitas culturas perenes importantes economicamente,
como o chá (Camellia sinensis L.), as frutífera do gênero Citrus sp. (laranjas, limas, limões
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e pomelos), o cacau (Theobroma cacao), a manga (Mangifera indica) e a jaca (Artocarpus
heterophyllus), espécies nobres de madeira como o cedro (Cedrela odorata) e o carvalho
(Quercus sp.), e três das maiores culturas industriais: a seringueira (Hevea brasiliensis), o
coco (Cocos nucifera) e dendê (Elaeis sp.), do qual é produzido o óleo de dendê (CHANDEL
et al., 1995; HONG & ELLIS, 1996). A maioria das recalcitrantes se adapta a climas
tropicais, porém há arbóreas bem adaptadas a zonas temperadas, como o Quercus robur
(FINCH-SAVAGE et al., 1994; 1996).
De acordo com a revisão realizada por Barbedo et al. (2013), sementes
recalcitrantes poderiam ser chamadas de “sementes imaturas dispersas”. Todavia, as
denominações sementes ortodoxas e recalcitrantes surgiram na década de 70 (ROBERTS,
1973), e a partir de então, muitos estudos sobre o tema foram desenvolvidos, resultando
no consenso de que, estes termos não seriam os mais adequados para estudos científicos,
mas sim, para fins tecnológicos (BARBEDO et al., 2013). Na década de 80 criou-se a
categoria das intermediárias, sementes maduras capazes de suportar desidratações leves
(FARRANT et al., 1988; CHIN et al., 1989a; WALTERS, 2015; AZARKOVICH, 2020), e após
1990 estabeleceu-se um gradiente entre as categorias ortodoxas e recalcitrantes (BERJAK
et al., 1990; COSTA et al., 2017; WALTERS, 2015; AZARKOVICH, 2020; YULIANTI et al.,
2020; BALLESTEROS et al., 2021). Desta forma, a compreensão passa a ser a de que as
sementes recalcitrantes apenas se desprendem da planta-mãe em um estádio de
maturação menos avançado que as ortodoxas, e quanto mais imaturas maior o nível de
recalcitrância (BARBEDO, 2018), limitando a ampliação do tempo de armazenamento,
mesmo com a aplicação de qualquer tratamento pós-colheita, inferindo-se que o recurso
mais plausível seria que essas sementes pudessem completar sua maturação enquanto
ligadas à planta-mãe (BARBEDO et al., 2013).
O armazenamento de sementes geralmente oferece o mais seguro, eficiente e
barato método de conservação, entretanto, para espécies que produzem sementes com
alta recalcitrância o processo não é fácil e, muito menos simples (CORNIBEAU & CÔME,
1988). Razão pela qual houve, nas últimas décadas, forte incentivo à procura de métodos
que ampliassem o período de armazenamento de tais sementes, e os menores avanços
em técnicas de armazenamento, tão difíceis de se conseguir para essas espécies, foram e
são de grande valia para os bancos de germoplasmas (BÖRNER & KHLESTKINA, 2019;
BHARUTH & NAIDOO, 2020; O’BRIEN et al., 2020). Ainda assim, os resultados de muitas
e aprofundadas pesquisas demonstram que, a única opção viável para a conservação a
longo prazo de germoplasma de espécies produtoras de sementes recalcitrantes é a
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criopreservação (GONZALES-BENITO & PEREZ-RUIZ, 1992; HOR et al., 2005; WALTERS
et al., 2013; BERJAK & PAMMENTER, 2013; PAMMENTER & BERJAK, 2014; DAVIES et
al., 2018; STRECZYNSKI et al., 2019; BHARUTH & NAIDOO, 2020; O'BRIEN et al., 2020;
BALLESTEROS et al., 2021).
A produção de sementes transformou-se num segmento industrial de suma
importância, sofisticado e imprescindível, principalmente para as culturas da borracha,
dendê (óleo), cacau, citros entre outras, bem como da crescente demanda por sementes
florestais nativas, não só pelos programas de conservação, mas para a produção de mudas
de qualidade para plantios florestais, visando o reflorestamento, a recuperação de áreas
abandonadas e/ou degradadas (GARCIA et al., 2015). Somado a esse contexto, os
crescentes e intensivos programas de melhoramento exigem, geralmente, que essas
sementes sejam manuseadas durante longos períodos de tempo. Não obstante, poucas
são as espécies nativas com testes laboratoriais protocolados nas Regras para Análise de
Sementes (RAS), havendo somente uma referência às sementes recalcitrantes (não
anidrobióticas) e intermediárias, no item “teste de tetrazólio” (BRASIL, 2009), demonstrando
que o mercado de sementes de espécies nativas ainda é incipiente e muito informal
(RIBEIRO-OLIVEIRA & RANAL, 2014).
Ante o exposto, coletar e conservar reservas genéticas de plantas, principalmente
de nativas suscetíveis à extinsão, devido ao desmatamento excessivo e crescente do globo
terrestre torna-se imprescindível, principalmente as das florestas tropicais, onde a perda
média alcançou o número de 3,9 árvores por pessoa por ano no século XXI, decorrente da
acentuada demanda global por commodities (HOANG & KANEMOTO, 2021), e especial
atenção deve ser dada às espécies recalcitrantes e intermediárias em razão do curto
período de viabilidade apresentado por suas sementes. Dessa forma, o objetivo dessa
revisão foi fazer um apanhado sobre alguns aspectos tecnológicos e estratégicos adotados
na conservação de sementes recalcitrantes e intermediárias, com ênfase em espécies
tropicais mais importantes economicamente, ecologicamente e socialmente à humanidade.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Longevidade e viabilidade de sementes
A produção de sementes teve início com o processo de domesticação de plantas,
entretanto, não há respostas exatas sobre datas e localização de como o processo
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aconteceu. Assim, a domesticação e origens agrícolas devem ser compreendidas por meio
de escalas regionais (ZEDER et al., 2006), pressupondo que a domesticação de plantas, e
com isso a produção de sementes visando o reestabelecimento de novos cultivos, tenha
ocorrido muito antes da domesticação de animais (ZEDER et al., 2008). Com a produção
de sementes surge a preocupação em manter os cultivos, garantindo a alimentação dos
mais diferentes povos ao redor do mundo, e consequentemente, com o armazenamento de
sementes, mantendo-as viáveis, no mínimo, até o cultivo subsequente. A conservação dos
recursos genéticos visando futuras utilizações pode se dar por muitos métodos, entretanto,
os melhores resultados são frequentemente alcançados com os tradicionais (conservação
in situ e ex situ) e modernos (conservação in vitro e criopreservação), ou até mesmo pela
combinação de métodos (WALTERS, 2015; STRECZYNSKI et al., 2019), sendo a
conservação ex situ de sementes cerca de 100 vezes mais barata que a preservação in situ
de árvores individuais (LI & PRITCHARD, 2009).
A longevidade de sementes é o período em que as mesmas se mantêm vivas, isto
é, capaz de germinar quando colocada em condições favoráveis, e na ausência de
dormência, ou seja, determinada geneticamente (MARCOS-FILHO, 2015). Contudo, o
verdadeiro período de longevidade das sementes só seria determinado se fosse possível
colocá-las em condições ideais de armazenamento, o que na prática é difícil. É possível,
porém, determinar a viabilidade, que é o efetivo período de vida da semente em
determinada condição ambiental (CARVALHO & NAKAGAWA, 2012). A perda da
viabilidade leva a falhas na germinação, mesmo em condições favoráveis e ausência de
dormência, visto que é uma alteração degenerativa irreversível, causando a morte da
semente (ROBERTS, 1972a; CARVALHO & NAKAGAWA, 2012; CARVALHO &
NAKAGAWA, 2012; MARCOS-FILHO, 2015).
Em 1908, Ewart classificou as sementes em: a) microbióticas (longevidade inferior
a 3 anos), pertencendo ecologicamente às árvores e arbustos de florestas tropicais úmidas,
florestas temperadas e plantas crescidas em ambientes aquáticos; b) mesobióticas
(longevidade entre 3 e 15 anos), espécies ortodoxas com sementes permeáveis revestidas,
incluindo algumas árvores de florestas clímax de regiões temperadas, plantas cultivadas e
plantas ditas "daninhas ou invasoras", e c) espécies macrobióticas (longevidade maior que
15 anos) as quais não mostraram relação especial com a ecologia ou com a distribuição
(HONG & ELLIS, 1996). No entanto, Harrington (1972) classificou as sementes com
longevidade inferior a 10 anos como de vida curta, e as com longevidade maior que 10 anos
como longevas. Desta forma, as sementes recalcitrantes, que apresentam longevidade
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relativamente pequena, variando de dias a poucos meses, encontrar-se-íam nos grupos
microbióticas e de vida curta, destacando-se que as sementes recalcitrantes são
geralmente grandes e as sementes ortodoxas possuem um largo espectro de tamanho
(HONG & ELLIS, 1996).
As condições de armazenamento, as especificidades da espécie e a composição
química das reservas irão influenciar o período de conservação da qualidade fisiológica das
sementes, ou seja, a velocidade de deterioração. Esta é influenciada pelo teor de água das
sementes e ocorrência de pragas e doenças, além da umidade relativa (URar) e
temperatura do ar, tipos de embalagens e teor de O2 no local de armazenamento (ABREU
et al., 2013). Entretanto, por mais acuidasa que seja o manejo durante o armazenamento
de sementes, o processo de deterioração sempre é verificado, podendo ser evidenciado
durante a germinação e o desenvolvimento inicial das plântulas (CARVALHO &
NAKAGAWA, 2012; MARCOS-FILHO, 2015; BONJOVANI & BARBEDO, 2019).
Adicionalmente, o trabalho de Bonjovani & Barbedo (2019) com Inga vera ssp. affinis
demonstrou que nem sempre a aplicação das mesmas técnicas de conservação produz os
mesmos resultados, e que estudos sobre a conservação de sementes recalcitrantes são,
ainda, inconclusivos. Considera-se que o método mais eficiente para ampliar, mesmo que
por curto espaço de tempo, a conservação de sementes recalcitrantes ainda seja a redução
da temperatura no local de armazenamento (BONJOVANI & BARBEDO, 2008), não se
aplicando o processo de secagem para sementes recalcitrantes sensíveis à dessecação
(BONJOVANI & BARBEDO, 2014).
A deterioração é um processo complexo e progressivo que envolve mudanças de
natureza metabólica, bioquímica, citológica, genética e fisiológica. A atividade metabólica é
acelerada principalmente quando o teor de água das sementes é alto e as temperaturas
ambientais também, elevando as taxas respiratórias, e consequentemente, o consumo das
reservas (CARVALHO & NAKAGAWA, 2012; BARBEDO et al., 2013; CACCERE et al.,
2013; MARCOS-FILHO, 2015; ARAÚJO & BARBEDO, 2017). Altos teores de água
favorecem o desenvolvimento de microrganismos, pondedo também, acelerar o processo
de deterioração (CARVALHO & NAKAGAWA, 2012; MARCOS-FILHO, 2015; FRANÇOSO
& BARBEDO, 2016; PARISI et al., 2016). O aumento da atividade respiratória, mesmo na
ausência de germinação, pode aumentar a produção de espécies reativas de oxigêncio
(EROs), tais como O2-, H2O2 e OH-, atuando na degradação de membranas (WALTERS
et al., 2013; TAIZ et al., 2017), o que corrobora com Heydecker (1972), o qual atribui o
processo de deterioração à sequência de eventos que atuam na degradação de
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membranas celulares com consequente perda da permeabilidade, redução dos
mecanismos produtores de energia e biossintéticos, da velocidade de germinação e do
crescimento da plântula, do potencial de armazenamento, da uniformidade de crescimento
numa população de plantas e do estande, aumentando a suscetibilidade a estresses
ambientais (inclusive a microrganismos) e a porcentagem de plântulas morfologicamente
anormais, e, finalmente, a perda do poder germinativo. A redução do poder germinativo é
um dos critérios mais amplamente aceitos para avaliar a deterioração das sementes. O
atraso na germinação é o sinal precoce da perda de qualidade e tem sido usado para
determinar o vigor, principalmente quando o lote de sementes tem seu histórico conhecido
(CARVALHO & NAKAGAWA, 2012; MARCOS-FILHO, 2015).
A tolerância à dessecação é a característica adaptativa dos organimos
fotoautotróficos que mais influencia a sobrevivência em ambientes terrestres (FARRANT &
MOORE, 2011; GAFF & OLIVER,2013; SMOLIKOVA et al., 2021), todavia, com a evolução,
os genes que codificam essa característica adaptativa em plantas terrestres mudaram
(SMOLIKOVA et al., 2021). O estabelecimento dessa característica possibilitou o
armazenamento (conservação) por períodos maiores de tempo de sementes ortodoxas, as
quais podem suportar perdas de água de até 95% mantendo sua viabilidade em condições
ambientais instáveis (MARCOS-FILHO, 2015; CARVALHO & NAKAGAWA, 2012;
SMOLIKOVA et al., 2021). Todavia, mesmo em condições otimizadas durante o
armazenamento, utilizando temperaturas negativas, baixa URar e baixo teor de água
(PAMMENTER & BERJAK, 2014), as sementes ortodoxas não se tornam imortais,
apresentando expectativas de vida caracterizadas como curta, intermediária e longa
(MARCOS-FILHO, 2015), estando na dependência da paralização do metabolismo e da
interrupção da diferenciação intracelular (BERJAK & PAMMENTER, 2013).
As sementes denominadas ortodoxas suportam o processo de dessecação durante
sua maturação no interior do fruto, sendo liberadas pela planta-mãe ou colhidas com menos
de 20% de água (ROBERTS, 1973; CARVALHO & NAKAGAWA, 2012; MARCOS-FILHO,
2015). Para a maioria das espécies de clima temperado, o período de viabilidade aumenta
à medida que decresce a temperatura e a UR no ambiente de armazenamento (ROBERTS,
1972c; MARCOS-FILHO, 2015). Posteriormente, podem ainda suportar secagem artificial
até 5 a 7% de água, aumentando, desta forma, o período de viabilidade, condição em que
a semente pode resistir às adversidades do ambiente, e, não existindo dormência,
reassumirá sua atividade metabólica e germinará quando em condições favoráveis
(MARCOS-FILHO, 2015). A redução da temperatura nestas condições aumentará ainda
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mais o período de viabilidade. Segundo Harrington (1963), a viabilidade de sementes pode
duplicar com a redução de 1% no teor de água e 5,6% na temperatura. Este tipo de semente
foi classificado por Harrington (1972) como de grande longevidade (mais de 10 anos), e,
por MARCOS-FILHO (2015) como macrobióticas (mais de 15 anos) e mesobióticas (de 3 a
15 anos), ao que Roberts (1973) denominou de comportamento ortodoxo, visto que ocorre
na maioria das espécies de clima temperado e subtropical. Em conformidade com Roberts
& King (1980), as sementes de todas as espécies agrícolas e hortículas anuais e bianuais
são ortodoxas.
O "Internatinal Board for Plant Genetic Resources - IBPGR" recomenda para
armazenamento a longo prazo, recipientes herméticos mantidos a temperaturas de -18*C
ou até menos e o teores de água entre 5 a 7%, esperando-se que sob estas condições a
maioria das espécies ortodoxas não apresente declínio significativo na viabilidade de suas
sementes por um século ou talvez mais (BLACK et al., 1998). Além disso, para maximizar
a longevidade das sementes ortodoxas em bancos de germoplasma, onde a refrigeração a
-18 ° C não pode ser fornecida, as sementes devem primeiro ser secas a 20°C para teores
de água de aproximadamente 11% e, em seguida, armazenadas hermeticamente em
temperatura ambiente ou, quando possível, em temperaturas menores, denominado de
armazenamento de sementes “ultra-seco” (ELLIS et al., 1989).
O mecanismo de tolerância à dessecação é adquirido no final da da maturação em
sementes ortodoxas, é descrita como o limite menor de teor de água para a sobrevivência,
estabelecido por meio da síntese de proteínas abundantes na embriogenese tardia (Late
Embryogenesis Abundant - LEA), denominadas também de hidrofilinas (DURE et al., 1981;
BATTAGLIA et al., 2008; BIES-ETHÈVE et al., 2008; AMARA et al., 2014; AZARKOVICH,
2020). Além destas, há participação das proteínas de choque térmico (Heat Shock Proteins
- HST), de oligossacarídeos não redutores e de antioxidantes (SMOLIKOVA et al., 2021), e
quando atingem a maturidade fisiológica (máximo acúmulo de massa seca), inativam os
feixes vasculares que as conectam ao fruto, entrando na fase de dessecação. As proteínas
LEA e as de HST protegem o embrião dos possíveis danos que esta fase pode causar
(BATTAGLIA et al., 2008; KERBAUY, 2008), uma vez que a dessecação é necessária para
que a germinação não seja retomada de imediato na ausência de dormência. As proteínas
LEA
atuam
na
estabilização
estrutural
de
outras
proteínas
desnaturadas
e,
consequentemente das membranas celulares pelas inúmeras ligações de hidrogênio
realizadas durante a dessecação. Adicionalmente sequestram íons, acumulando-os
durante a desidratação celular, protegendo as proteínas de membrana e enzimas dos
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efeitos deletérios, encontrando-se predominantemente no citoplasma (AMARA et al., 2014).
Da mesma forma, as HSP são sintetizadas no final da maturação da semente, promovendo
o dobramento de proteínas recém-sintetizadas, proteção antioxidante, redobramento de
polipeptídeos com estrutura terciária danificada, apresentando capacidade de formar
grandes complexos oligoméricos em situações de estresse, sendo que, os oligômeros
maiores possuem alta atividade chaperona, ou seja, interagem com proteínas danificadas
ou mal dobradas, estabilizando suas estruturas (KALEMBA & PUKACKA, 2007). Tais
mecanismos reguladores permitem que as sementes ortodoxas mantenham a tolerância à
dessecação até a protrusão da radícula durante o processo de germinação (CARVALHO &
NAKAGAWA, 2012; MARCOS-FILHO, 2015; SMOLIKOVA et al., 2021).
A tolerância não é uma medida direta da intensidade do estresse hídrico tolerado
por sementes, nem uma medida de resposta celular ao estresse hídrico (WALTERS, 2015).
Para explicar a variação da tolerância à dessecação e longevidade em sementes de
diversas origens genéticas e condições de crescimento, Walters (2015) sugere que as
mudanças de volume celular deveriam ser consideradas, mensurando diretamente as
respostas ao estresse ou potencial hídrico (DAWS et al., 2006) e à atividade da água
(FARIA et al., 2004), avaliando os danos, à medida que os constituintes celulares se
comprimem, e como a proteção se estabelece, visto que, durante a dessecação, o
citoplasma fluido se solidifica e as relações espaciais recém formadas entre as moléculas
determinam se e por quanto tempo a viabilidade será mantida, como descrito no parágrafo
anterior.
Por outro lado, as sementes recalcitrantes são eliminadas da planta-mãe com alto
teor de água, não apresentando os mecanismos descritos para sementes ortodoxas, o que
aumenta sua sensibilidade à dessecação. Em virtude disso, seu período de
armazenamento é limitado, uma vez que, o alto teor de água propicia a proliferação de
fungos associados à semente, bem como sua germinação pode ser iniciada sem
fornecimento adicional de água (BATTAGLIA et al., 2008), podendo ocorrer, inclusive,
enquanto ligadas a planta-mãe, fenômeno descrito como viviparidade, comuns ao gênero
Inga sp. e Artocarpus heterophyllus (jaca) (CHIN et al., 1989b). A viviparidade é associada
ao alto teor de água das sementes, mas também à ausência ou teores muito baixos de
substâncias inibidoras, tanto na semente como nos frutos (ácido abscísico, cumarina etc.)
(CHIN et al., 1989b).
A viabilidade das sementes resulta de fatores como características genéticas da
espécie ou cultivar, vigor das plantas progenitoras, condições climáticas predominantes
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durante a maturação das sementes, grau de dano mecânico e condições ambientais de
armazenamento (CARVALHO & NAKAGAWA, 2012). Para Marcos-Filho (2015), este último
fator é o mais importante, e dentro deste, a temperatura, a UR e o teor de O2 durante o
armazenamento são os principais fatores determinantes da longevidade (ROBERTS,
1972c; CARVALHO & NAKAGAWA, 2012; MARCOS-FILHO, 2015). Não obstante, vale
ressalta que a perda de espécies é um processo evolutivo normal, e que sem dúvida, muitas
variedades tradicionais de culturas desapareceram antes do advento do moderno
melhoramento científico de plantas, todavia, segundo Harlan (1975) o ritmo da erosão
genética devido à adoção de variedades modernas, mudanças para monocultura,
desmatamento e sobrepastoreio tornou-se maiormente pronunciado desde a Segunda
Guerra Mundial.
2.2 Sementes recalcitrantes
As sementes classificadas como de curta longevidade, recalcitrantes ou
microbióticas são aquelas para as quais a regra geral de redução da temperatura e do teor
de água para o armazenamento não se aplica (sementes ortodoxas), resultando em baixa
viabilidade (HARRINGTON, 1972; ROBERTS 1973; TOLEDO & MARCOS-FILHO, 1977).
No entanto, o termo "recalcitrante" tem sido usado pela falta de um nome mais apropriado,
pois de certa forma passa uma ideia negativa, pressupondo o confronto entre um
comportamento correto ("ortodoxo") e um incorreto ou teimoso ("recalcitrante"). Hanson
(1984) sugeriu o termo "sensível à dessecação", e Berjak et al. (1990) as denominações
"poikilohydrous" e "homoiohydrous" para as ortodoxas e recalcitrantes, com base no fato
de que as primeiras possuem a capacidade de tolerar a desidratação, recuperando-se sem
danos fisiológicos, e as últimas não apresentam redução no teor de água durante a
maturação, apresentando danos irreversíveis quando dessecadas (BERJAK et al., 1992;
BERJAK; PAMMENTER, 2000; BERJAK; PAMMENTER, 2008). Não obstante, o termo
“recalcitrante” é também utilizado para caracterizar sementes que apresentam dormência
profunda ou mecanismo de liberação da dormência desconhecido (WALTERS et al., 2008).
As sementes recalcitrantes não sofrem secagem natural na planta-mãe, sendo
liberadas com alto teor de água, e mesmo quando armazenadas em condições controladas,
sua longevidade é relativamente curta, visto que a redução do teor de água abaixo de um
nível crítico (geralmente alto), acarreta sua morte (KING & ROBERTS, 1979; KING &
ROBERTS, 1980a; PAMMENTER & BERJAK, 2014). Tal fato é decorrente de seus
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embriões permanecerem metabolicamente ativos, o que permite seu armazenamento
apenas até o início da germinação, podendo variar de alguns dias a vários meses, a
depender da espécie, sem precisar de água adicional (PAMMENTER & BERJAK, 2014).
As sementes recalcitrantes são produzidas tanto por plantas que crescem em
ambientes aquáticos, onde não se espera que ocorra secagem natural das sementes, como
por plantas perenes, que adotaram na sua evolução uma estratégia de reprodução na qual
as sementes, geralmente de tamanho grande, são liberadas a intervalos regulares em
ambientes relativamente úmidos, mantendo a sobrevivência da espécie ao longo do tempo,
ou seja, mais do hábito de crescimento perene da planta adulta do que do período de vida
das unidades de propagação (ROBERTS & KING, 1980). Assim, as características
tecnológicas (germinação, dormência e armazenamento) das sementes de espécies
tropicais possuem relação com os mecanismos da regeneração natural de florestas, que
ocorre através da sucessão de espécies. As espécies são divididas de acordo com a época
em que ocorrem na regeneração em: pioneiras, oportunistas de clareiras, tolerantes de
sombra e reprodutivas à sombra. As sementes das espécies pioneiras possuem alta
longevidade e podem permanecer no solo sob o dossel da floresta até que uma clareira
grande possibilite a germinação. As espécies do grupo das oportunistas ou de clareiras
pequenas apresentam sementes com curta longevidade, são muitas vezes aladas e
necessitam períodos secos para sua dispersão; germinam a sombra, mas precisam de
clareiras para o posterior desenvolvimento. O grupo das espécies tolerantes germina,
cresce e se desenvolve à sombra, necessitando da luz direta apenas na fase reprodutiva,
e suas sementes, quando não possuem dormência, germinam quase imediatamente, ao
redor da planta-mãe, apresentando, quase invariavelmente, sementes de curta
longevidade. As espécies recalcitrantes que possuem os menores períodos de viabilidade
são originárias de regiões tropicais úmidas, onde o ambiente adequado para a germinação
é mais ou menos constante ao longo do ano, geralmente não apresentam dormência. As
espécies recalcitrantes originárias de regiões de clima temperado, frequentemente
possuem algum tipo de dormência, comumente relacionada à exigência de baixas
temperaturas, característica que lhes permite manter a viabilidade até que as condições
adversas do inverno tenham passado (ROBERTS & KING, 1980).
Diante dessas considerações, torna-se clara a razão pela qual as espécies
recalcitrantes de importância econômica são, na maioria, frutíferas, tropicais, perenes e/ou
florestais de clima tropical ou temperado. Harrington (1972) criou uma lista de espécies com
comportamento recalcitrante (Tabela 1), registrando que algumas espécies necessitariam
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de estudos mais conclusivos, citando a cerejeira-das-antilhas (Malpighia glabra L.),
jabuticabeira (Myrciaria cauliflora L.), carambola (Averhoa carambola L.), sapoti (Aachras
zapota L.), sapota (Calocarpum sapota L.) e caimito (Chrysophylum cainito L.), além da
pitanga (Eugenia uniflora L.) (BÜLOW et al., 1994). King & Roberts (1980a) apresentaram
um levantamento com maior número de espécies, e o trabalho de Umarani et al. (2015)
vem complementar (Tabela 1).
TABELA 1. Espécies recalcitrantes e intermediária com seus respectivos nomes científicos,
família e autores.
Nome vulgar
Nome científico
Família
Autores
Mangueira
Mangifera indica
Anacardiaceae
Simão (1959); Chacko & Singh, (1971)
Abacateiro
Persea americana
Lauraceae
Aroeira (1962); Neves (1991)
Eryobotrya japonica
Rosaceae
Zink & Ojima (1965)
Mangostão
Garcinia mangostona
Clusiaceae
Winter & Rodriguez-Colon (1953)
Macadâmia
Macadamia ternifolia
Proteaceae
Ojima et al. (1976.)
Cacau
Theobroma cacao
Sterculiaceae
Zink & Rochele (1964)
Seringueira
Hevea brasiliensis
Euphorbiaceae
Cicero et al. (1986).
Tabebuia sp.
Bignoniaceae
Kageyama & Márquez (1981)
Carapa guianensis
Meliaceae
-
Inga edulis
Fabaceae
Bacchi (1961)
Araucaria angustifolia
Araucariaceae
Bianchetti & Ramoss (1981)
Acer spp.
Aceraceae
Bonner (1978)
Carvalho
Quercus spp.
Fabaceae
Bonner (1978)
Nogueira
Juglans sp.
Juglandaceae
Bonner (1978)
Aveleira
Corylus sp.
Betulaceae
Bonner (1978)
Cedrela odorata
Meliaceae
Wang (1975)
Costanea spp.
Fagaceae
Wang (1975)
Faia
Fagus spp.
Fagaceae
Wang (1975)
*
Citrus spp.
Rutaceae
Barton (1965); Umarani et al. (2015)
Myristrica fragrans
Myristicaceae
Umarani et al. (2015)
Jaqueira
Artocarpus heterophyllus
Moraceae
Umarani et al. (2015)
Jamelão
Syzygium cuminii
Myrtaceae
Umarani et al. (2015)
Nêspera
Ipê
Andiroba
Inga
Pinheiro do Paraná
Bôrdo
Cedro
Castanheira
Citros
Noz-moscada
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Lichia
Litchi chinensis
Sapindaceae
Umarani et al. (2015)
Durião
Durio zibethinus
Malvaceae
Umarani et al. (2015)
Nephelium lappaceum
Sapincaceae
Umarani et al. (2015)
Murraya koenigii
Rutaceae
Umarani et al. (2015)
Palmeira
Areca catechu
Arecaceae
Umarani et al. (2015)
Coqueiro
Cocos nucifera
Arecaceae
Umarani et al. (2015)
* Cafeeiro
Coffea spp.
Rubiaceae
Huxley (1964); Umarani et al. (2015)
* Nim
Azadirachta indica
Meliaceae
Sacandé (1997)
Chá-da-Índia
Camellia sinensis
Theaceae
Umarani et al. (2015)
Cravo-da-Índia
Eugenia aromatica; Syzygium aromaticum
Myrtaceae
Umarani et al. (2015)
Pimenta preta
Piper nigrum
Piperaceae
Umarani et al. (2015)
Cinnamomum verum
Lauraceae
Umarani et al. (2015)
Cinnamomum aromaticum
Lauraceae
Umarani et al. (2015)
Cinnamomum canphora
Lauraceae
Roberts (1972)
Avicennia spp.
Avicenniaceae
Umarani et al. (2015)
Dipterocarpus spp.
Dipterocarpaceae
Umarani et al. (2015)
Hopea spp.
Dipterocarpaceae
Umarani et al. (2015)
Shorea robusta
Dipterocarpaceae
Umarani et al. (2015)
Michelia champaca
Magnoliaceae
Umarani et al. (2015)
Eugenia spp.
Myristicaceae
Umarani et al. (2015)
Manguesal
Rhizophora spp.
Rhizoohoraceae
Umarani et al. (2015)
Cipó
Landolphia kirkii
Apocynaceae
Berjak et al. (1990)
Mafurreira
Trichilia emetica
Meliaceae
Sershen et al. (2014)
Populus nigra
Salicaceae
Michalak et al. (2015)
Rambutã
Árvore-do-caril
Caneleira verdadeira
Canela-chinesa ou Cássia
Cânfora
Avicennia
Gurjan
Giam
Árvore de sal
Champaca
Pitangas, uvaias etc.
*
Álamo
Fonte: Harrington (1972), King & Roberts (1980a) e Umarani et al. (2015). *Intermediárias.
2.3 Sementes recalcitrantes versus ortodoxas e sua conservação
De acordo com Bonner (1990) as sementes podem ser agrupadas em quatro
classes quanto às características de armazenamento: i- sementes "verdadeiramente
ortodoxas" podem ser armazenadas por longos períodos com teores de água de 5 a 10%
e temperaturas abaixo de zero; ii- sementes “subortodoxas” podem ser armazenadas nas
mesmas condições, mas por períodos mais curtos devido ao alto teor de lipídios ou
tegumentos finas de sementes; iii- sementes “temperadas recalcitrantes” não podem ser
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secas, mas podem ser armazenadas por 3-5 anos em temperaturas próximas de zero, e
sementes “tropicais recalcitrantes” não podem ser secas e morrem em temperaturas abaixo
de 10-15°C. Entretanto, as sementes recalcitrantes podem também, serem separadas em
três tipos: a) de recalcitrância mínima, as que possuem maior tolerância à perda de água,
apresentando lenta germinação em ausência de água adicional, e maior tolerância às
baixas temperaturas. Geralmente são as espécies de distribuição subtropical e temperada,
como o Quercus spp (carvalhos) e a Araucaria angustifolia (pinheiro do Paraná); b) de
recalcitrância moderada, as que apresentam moderada tolerância à desidratação,
velocidade média de germinação em ausência de água adicional, sendo a maioria das
espécies é sensível às baixas temperaturas. Distribuição tropical, como as espécies
Theobroma cacao (cacau), Azadiracta indica (nim) e Hevea brasiliensis (seringueira), e c)
de recalcitrância alta, as que apresentam baixa tolerância à dessecação, germinando
rapidamente na ausência de água adicional, altamente sensíveis a baixas temperaturas e
distribuídas em floresta e terras úmidas e, exemplo a espécie Avicennia marina (FARRANT
et al., 1988; CHIN et al., 1989a; FERREIRA & BORGHETTI, 2004).
As sementes recalcitrantes são produzidas por dois tipos de plantas: plantas
aquáticas, as quais normalmente não podem ser desidratadas fora da planta, e plantas
perenes com produção de sementes em intervalos regulares, cujas sementes caindo em
ambiente relativamente úmido persistem por certo período, sendo o tempo dependente
mais do hábito de crescimento, do que do estádio de desenvolvimento da unidade de
dispersão (HONG & ELLIS, 1996). Sementes de regiões temperadas como Acer
saccharinum, Quercuss spp. e Aesculus hippocastanum são sensíveis à dessecação, mas
podem ser armazenadas em temperaturas próximas ao congelamento. As sementes podem
dessecar até teores relativamente altos de água, variando de 35-50% e armazenadas com
segurança em temperaturas entre 3 e -3*C (BONNER, 1990; TYLKOWSKI, 1990). As
sementes deste grupo mantêm a longevidade por 12 a 30 meses se mantidas em alta UR,
e se a troca de gases for possível.
Sementes tropicais são usualmente de tamanho grande, podendo ser: a) de origem
arbórea de florestas úmidas, pertencendo às famílias Dipterocarpaceae e Araucariaceae;
b) plantações de importância tropical como a seringueira, cacau e coco, e; frutas tropicais
cultivadas como a manga, jaca, mangosten. Sementes deste grupo são sensíveis à
dessecação e ao frio, sendo intolerantes às temperaturas congelantes (ex.: Hevea
brasiliensis e Nephelium lappaceum). Algumas não toleram temperaturas de 4*C (Shorea
roxburghii) ou igual a 15*C (Theobroma cacao) (CHIN, 1988). Em vista dos efeitos
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deletérios do alto teor de água no armazenamento, as sementes recalcitrantes são de vida
curta. Já sementes ortodoxas mantidas com alto teores de água, sofrem um severo
decréscimo na longevidade.
Alguns gêneros anteriormente classificados como recalcitrantes, tais como Citrus
spp. (BARTON, 1965) e café (Coffea spp.) (HUXLEY, 1964), em estudos posteriores
revelaram-se mais próximas do comportamento ortodoxo, sendo classificadas como
intermediárias, uma vez que mantêm a vabilidade em torno de 10 a 13% de água (KING et
al., 1981; FARRANT et al., 1988; CHIN et al., 1989a). A falha na germinação e morte de
sementes, nos trabalhos mais antigos, passou a ser atribuída ao processo de secagem, e
não mais, ao baixo teor de água das sementes. Entretanto, Umarani et al. (2015) ainda trás
estes gêneros como exemplo de produtoras de sementes recalcitrantes (TABELA 1).
Farrant et al. (1988) observaram que existem diferenças entre as espécies
recalcitrantes no que se refere à tolerância à perda de água e a baixas temperaturas durante
o armazenamento. Os autores afirmam que parece existir uma escala contínua que as
divide em altamente, moderadamente, e pouco recalcitrantes. O enquadramento das
espécies em uma destas categorias deve-se, em parte, a sua região de origem (BONNER,
1990). As sementes pouco recalcitrantes podem suportar maior perda de água antes
perderem a viabilidade, uma vez que, os processos bioquímicos durante a germinação são
muito lentos, razão pela qual permanecem viáveis por períodos relativamente mais longos,
desde que não sejam desidratadas a níveis extremos. Estas espécies possuem uma
distribuição tropical e/ou temperada, onde as condições ambientais não são sempre
favoráveis para o desenvolvimento das plântulas. Conseguem tolerar temperaturas
relativamente baixas, embora nunca zero ou abaixo de zero, devido ao alto teor de água.
As espécies medianamente recalcitrantes são originárias dos trópicos, conservando-se por
várias semanas se o teor de água for mantido alto, germinando mais rapidamente que a
categoria anterior. Nas sementes altamente recalcitrantes, a germinação é iniciada
imediatamente após a liberação pela planta-mãe, e é muito rápida, visto que, não necessita
de água adicional. Geralmente são espécies de florestas tropicais ou ambientes aquáticos,
onde a umidade é alta durante todo o ano. A tolerância à desidratação é muito pequena,
bem como o período em que suportam no armazenamento (FARRANT et al., 1988).
As causas do comportamento recalcitrante têm sido objeto de estudo utilizando
sementes de Avicennia marina, uma espécie originária de mangue, e com o auxílio da
microscopia eletrônica identificaram características diferenciadas das organelas celulares
da radícula (BERJAK et al., 1984; JAK et al., 1984; FARRANT et al., 1986; FARRANT et
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al., 1988; PAMMENTER & BERJAK, 2014). Avaliações realizadas em diferentes fases da
vida de sementes de Avicennia marina desde a liberação pela planta-mãe, e
periodicamente durante o armazenamento com sílica gel demonstram redução de ±45% na
germinação aos 12 dias e perda total da viabilidade aos 14 dias, apresentando teor de água
inicial de 63% (U.b.u), 59% (U.b.u) aos 7 dias e 55% (U.b.u) aos 12 dias de armazenamento
(BERJAK et al., 1984). No entanto, quando do armazenamento com sílica gel e fluxo de ar,
o teor de água nos primeiros 10 dias sofre pouca alteração, caindo rapidamente a partir
desse ponto (PAMMENTER et al., 1984). Em condições de ambiente seco, favorecendo a
desidratação de Avicennia marina, Berjak et al. (1984) observaram aumento na atividade
celular durante os primeiros 4 a 5 dias, assim como células radiculares recém-formadas
compactas, com poucos e pequenos vacúolos; plastídios com pouco material de reserva;
mitocôndrias com matriz mitocondrial transparente e cristas bem definidas e predominância
de polissomas. Semelhantemente, o trabalho de Pammenter et al. (1984) revelou aumento
da atividade celular, caracterizado pelo início de formação de vacúolos, matriz mitocondrial
mais densa, agregação de polissomos, aumento da atividade do complexo de golgi e
nucléolo bem organizado, contendo granulosidades em torno de 4 dias de armazenamento
na mesma espécie. No entanto, o aumento na atividade celular foi considerado semelhante
ao ocorrido em sementes colocadas em condições propícias à germinação (PAMMENTER
et al., 1984). Berjak et al. (1984) constataram aos 12 dias de armazenamento plastídios
densos, vacúolos grandes e numerosos, mitocôndrias menos organizadas, predominância
de monossomas e desorganização do nucléolo, com subsequente redução no teor de água,
desordem crescente em organelas, progredindo, até a fase final de deterioração celular
com a degeneração do protoplasma (±23% U.b.u) e colapso na parede celular (±18%
U.b.u), o que se deu aos 30 dias de armazenamento em sementes de Avicennia marina.
As sementes ortodoxas mantêm sua tolerância à dessecação no armazenamento e durante
os estádios iniciais da germinação até a protusão da radícula (FERREIRA & BORGHETTI,
2004; KERBAUY, 2008). Nas etapas iniciais da germinação dessas sementes, embebição
e processos bioquímicos preparatórios, somente pequena vacuolação ocorre, permitindo
nova desidratação, durante a qual as sementes apresentaram redução na definição de
mitocôndrias e plastídios, decréscimo de polissomas, mudanças essas, semelhantes a da
dessecação sofrida enquanto ligadas à planta-mãe (FERREIRA & BORGHETTI, 2004;
KERBAUY, 2008; TAIZ et al., 2017).
A reidratação induz a germinação em sementes ortodoxas não dormentes, no
entanto, uma vez iniciada a fase de divisão celular e a formação de vacúolos, tornam-se
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intolerantes à desidratação (FERREIRA & BORGHETTI, 2004; KERBAUY, 2008). A perda
da tolerância pode estar correlacionada com a vacuolação, visto que, a maioria dos tecidos
tolerantes à desidratação, incluindo os do embrião das sementes ortodoxas, possui
vacúolos muito pequenos. Ao contrário, as sementes recalcitrantes, quando liberadas pela
planta-mãe possuem água suficiente iniciar o processo germinativo, apresentando aumento
da atividade celular (BERJAK et al., 1984). No entanto, para que a germinação prossiga é
necessário suprimento adicional de água a partir do início da divisão celular, assimilação e
formação de novos tecidos (FARRANT et al., 1988; KERBAUY, 2008). À medida que a
germinação prossegue além da protusão da radícula e assimilação e formação de novos
tecidos, as sementes se tornam sensíveis à dessecação, sendo a quantidade tolerada de
perda de água decrescente até se torna limitante, levando à perda da viabilidade da
semente. Em razão dessa sensibilidade crescente, a velocidade com que as sementes
perdem água pode afetar sua viabilidade, assim, se a secagem for rápida e efetuada antes
da protusão da radícula, as sementes podem tolerar maior perda de água e sobreviver com
menores teores de água. Sementes dessecadas mais lentamente acabam por atingir um
estádio mais avançado no processo germinativo, aumentando a sensibilidade à
desidratação, perdendo a viabilidade mesmo com teor de água mais elevado (FARRANT
et al., 1986; MARCOS-FILHO, 2015).
Estudando as estruturas subcelulares e a viabilidade de sementes intactas secas
em sílica gel e de eixos embrionários isolados que receberam secagem rápida (com fluxo
de ar) de Landolphia kirkii (Apocynaceae), Berjak et al. (1990) detectaram que as sementes
intactas inicialmente possuíam 66% de água, e viabilidade de 95%. Com 15 dias,
apresentavam 54% de água e 50% de viabilidade, e aos 20 dias, 32% de água e 7% de
viabilidade. Constaram também que embriões isolados inicialmente apresentaram 69% de
água e 89% de viabilidade, e a secagem rápida em 10 e 20 minutos, levou-os a
apresentarem 13 e 4% de àgua e viabilidade (observada in vitro) de 81 e 0%, indicando
que, embora o conteúdo das células dos embriões estivesse compacto, a integridade
ultraestrutural foi mantida até 13% de água, ao contrário dos embriões das sementes secas,
mais lentamente (20 min.), que tiveram consideráveis danos subcelulares mesmo com 54%
de água, apresentando muitas células do hipocótilo deterioradas. Os autores sugerem que
a secagem rápida (10 min.) dos embriões permitiu a manutenção da integridade das
membranas intracelulares (BERJAK et al., 1990). Vale ressaltar que, o grupo de espécies
que produzem sementes recalcitrantes, a redução do teor de água abaixo de alguns valores
críticos, os quais geralmente são altos, pode levá-las à morte (ROBERTS, 1973; BERJAK
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et al., 1990). Ademais, mesmo mantendo as sementes recalcitrantes com alto teor de água,
sua longevidade é relativamente curta, variando de algumas semanas para alguns meses,
dependendo da espécie.
A utilização de ácido abscísico (ABA) como inibidor da germinação foi testado em
sementes de Melicoccus bijugatus, Eugenia brasiliensis (GOLDBACH, 1979) e em Ingá
uruguensis (BARBEDO, 1997), método que visa à paralisar ou limitar o crescimento do eixo
embrionário, visando ampliar o período de conservação das sementes recalcitrantes
quando mantidas em meio suficientemente hidratado para evitar sua desidratação abaixo
do teor crítico de água (CHIN et al., 1989a). Barbedo (1997) conseguiu aumentar em 40
dias a viabilidade de sementes de Ingá uruguensis tratadas com 10-4 M de ABA, quando
armazenadas hidratadas e em câmara fria. Goldbach (1979) embebeu sementes de
Eugenia brasiliensis e de Melicocus bijugatus em solução 4 e 10 M de AB), e conseguiu
mantê-las viáveis por 4 e 6 meses, porém observou ocorrência de dormência secundária,
visto que as sementes não germinaram mesmo após a retirada da solução. Para contornar
o problema, usaram na sequência uma solução de ácido giberélico (AG), e a germinação
ocorreu normalmente. Aplicações exógenas de 10-4 M e 10 M de ABA em sementes de
Sesbania marginata retardaram e inibiram a germinação (FINCHER, 1989). A utilização de
eficiente método de identificação da qualidade fisiológica das sementes, combinado com o
uso de baixa temperatura e correta concentração de ABA, possibilita conservar sementes
de Inga uruguensis por aproximadamente dois meses (BARBEDO & CÍCERO, 2000).
Uma das primeiras classificações de longevidade em sementes foi aquela proposta
por Ewart em 1908, que agrupou as sementes em microbióticas, mesobióticas e
macrobióticas, em função dos curtos, médios e longos períodos de viabilidade (HONG &
ELLIS, 1996). O problema com essa classificação é que ela enfatiza o componente genético
de longevidade, enquanto ignora o fato de que a longevidade é também muito mais uma
função do ambiente, o qual pode mais significativo do que diferenças genotípicas, e também
ignora o fato de que o grupo ortodoxo responde ao ambiente de um modo bem diferente do
grupo recalcitrante. A classificação de Ewart foi significativamente reconsiderada, sendo as
sementes microbióticas consideradas equivalentes as recalcitrantes, as mesobióticas
aplicadas a maioria das sementes ortodoxas e a categoria macrobiótica as sementes
ortodoxas que possuem tegumentos impermeáveis à água como algumas fabáceas e
malváceas, sendo portanto, capazes de controlar seu próprio teor de água,
independentemente da umidade externa. Desta forma, segundo Barbedo (2018) ainda
estamos muito distantes de entender as diferenças e semelhanças entre todos os tipos de
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sementes, e tal fato tem sido um entrave para o desenvolvimento de tecnologias de
conservação de plantas.
Segundo Barbedo et al. (2013) a conservação de sementes recalcitrantes ainda é
uma incognita, não havendo distinção clara entre sementes ortodoxas e recalcitrantes, e
quanto maior o número de espécies estudadas, mais difícil tem se tornado sua inclusão em
uma categoria (ortodoxa, recalcitrante ou intermediária). Sugerem também que as
sementes recalcitrantes são, na verdade, sementes ortodoxas que não completaram sua
maturação enquanto ligadas a planta-mãe, o que pode ser atribuído à viviparidade ou à
dispersão em um estádio imaturo, denominando-as de “sementes imaturas dispersas”, e
que os estudos deveriam ser centralizados no processo de término da maturação das
sementes ditas recalcitrantes, por meio da compreensão desta fase em sementes ditas
ortodoxas, o que propiciaria o desenvolvimento de técnicas para amapliar a maturação até
sua conclusão, e consequentemente seu período de armazenamento (DELGADO &
BARBEDO, 2012). Fato que foi relatado por Daws et al. (2004) em sementes de Aesculus
hippocastanum L., Daws et al. (2006) em Acer pseudoplatanus L., cujas sementes
demonstraram dependência das somas de calor durante a maturação, Lamarca et al. (2013)
observaram que variações hídricas e térmicas ambientais durante o desenvolvimento
influenciam na maturação de Eugenia pyriformis.
Para que as sementes recalcitrantes não se deterioram tão prontamente, cuidados
especiais devem ser tomados quanto aos métodos adotados para a colheita,
armazenamento a curto prazo de tempo, embalagem, distribuição e germinação. As
informações sobre esses tópicos têm sido debatidas em uma grande variedade de revistas
científicas, publicações de procedimentos, relatórios, teses e dissertações entre outros
(BHARUTH & NAIDOO, 2020; O’BRIEN et al., 2020). Entretanto, atualmente, acredita-se
que o único meio viável de armazenamento a longo prazo de germoplasma recalcitrante
seja a criopreservação, tecnologia que demanda elevado nível tecnológico e alto custo
(GONZALES-BENITO & PEREZ-RUIZ, 1992; HOR et al., 2005; WALTERS et al., 2013;
BERJAK & PAMMENTER, 2013; PAMMENTER & BERJAK, 2014; BONJOVANI &
BARBEDO, 2014; DAVIES et al., 2018; STRECZYNSKI et al., 2019; BHARUTH & NAIDOO,
2020; O'BRIEN et al., 2020; BALLESTEROS et al., 2021).
Conservar reservas genéticas por meio de sementes, quando viável, é usualmente
mais seguro, mais barato e mais conveniente método de preservação. Como visto, não há
problemas fundamentais no caso de sementes ortodoxas, contudo, ainda não há
metodologia
satisfatória
para
armazenar
sementes
recalcitrantes
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por
períodos
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suficientemente longos visando à conservação genética por meio de banco de
germoplasmas. Diante da natureza recalcitrante, que não permite armazenamento por
períodos muito longos, aponta-se para a conservação de germoplasma de espécies
alógamas em bancos de germoplasma a campo (in situ ou ex situ) como uma coleção viva
(MOTILAL et al., 2013) ou por meio de criopreservação ex situ e in vitro (ADU-GYAMFI &
WETTEN, 2012; MACHALAK et al., 2015; N-GYAMFI et al., 2016).
Diferentes métodos de armazenamento de sementes recalcitrantes têm sido
estudados. Em geral, os que têm apresentado melhores resultados são os que levam em
consideração os fatores limitantes, evitando a perda de água, realizando tratamento
preventivo contra microrganismos, evitando a germinação durante o armazenamento, e
mantendo um suprimento adequado de oxigênio (KING & ROBERTS, 1980b). Estes
mesmos autores realizaram um levantamento bibliográfico sobre teste de conservação de
sementes de cerca de setenta espécies de recalcitrantes. Os métodos mais empregados
foram: sacos de polietileno, recipientes selados, carvão, areia e turfa. São citados o
armazenamento em água, pó de serra, latas, frascos de vidro e esfagno. Para Bonner
(1978), as sementes recalcitrantes se conservam melhor em sacos de polietileno, pois as
perdas de água são evitadas. O mesmo autor, porém, não recomenda o uso de recipientes
herméticos. Alguma troca gasosa deve ocorrer entre as sementes e a atmosfera, pois com
altos teores de umidade, a respiração das sementes ocorre em altas taxas, e o bloqueio
destas trocas pode causar a morte das sementes. Para evitar este fato, recomenda-se
sacos de polietileno com 0,1 mm de espessura, que permitem uma troca de gases suficiente
mas evitam a perda de vapor de água. O uso de baixas temperaturas, que poderiam inibir
estes dois últimos problemas, fica também limitado, pois as sementes recalcitrantes sofrem
danos por temperaturas próximas ou abaixo de zero. Algumas espécies mais suscetíveis
são danificadas mesmo com temperaturas um pouco abaixo da temperatura ambiente (1015*C), como as sementes de cacau (KING & ROBERTS, 1982).
Além dos métodos tradicionais já citados, o uso de soluções para conservar as
sementes em estado de embebição e reguladores de crescimento para inibir a germinação
têm sido testados. Corbineu & Côme (1988) armazenaram sementes de quatro espécies
arbóreas embebidas em soluções aquosa com fungicidas a 1%, em diferentes
temperaturas. Com 5 e 10*C houve morte das sementes ou plântulas germinadas; com
12*C, apenas uma espécie teve morte pelo frio, e com 15*C todas sobreviveram por pelo
menos três meses. Segundo os autores, a dificuldade deste tipo de armazenamento é que
a temperatura tem que ser baixa o suficiente para evitar a germinação ou reduzir a taxa de
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crescimento da plântula, mas isto traz um risco de dano por frio, que pode levar a morte.
Em temperaturas mais altas que evitem esse dano, o crescimento é rápido demais,
impedindo um armazenamento mais prolongado.
Com o objetivo de retardar a germinação de sementes de cacau, King & Roberts
(1982), testaram o uso de diferentes concentrações aquosas de Polietileno glicol 6000 e
8000 (PEG), uma substância de potencial osmótico determinado, o qual controla a entrada
de água nos tecidos, influenciando, desta forma, a taxa de embebição (BRADFORD, 1986).
Secaram as sementes previamente até um ponto em que, a umidade não era tão alta para
provocar a germinação, nem tão baixa para matar a semente, acrescentaram fungicida à
solução de PEG, mas mesmo assim, observaram contaminação microbiana, mantendo a
viabilidade das sementes por apenas um mês. Os autores sugeriram que provavelmente o
ponto crítico de tolerância à dessecação e o ponto de perda de viabilidade sejam muito
próximos.
Por outro lado, devemos lembrar que as sementes não apresentam as mesmas
características genéticas da planta-mãe, uma vez que a polinização cruzada é dominante
em florestas úmidas, assim a conservação de sementes não serve ao propósito de
preservação de germoplasma. Razão pela qual, pode-se criopreservar brotos (ápices ou
gemas axilares) para garantir a fidelidade clonal do germoplasma. Entretanto, a utilização
de brotos de espécies tropicais recalcitrantes apresentam variação no estágio ideal de
desenvolvimento do broto para o sucesso da criopreservação, os agentes crioprotetores
podem ser tóxicos à integridade estrutural, e pode ocorrer estresse oxidativo associado à
lesão por excisão, levando à necrose, desencadeando a morte celular e impedindo a
regeneração dos meristemas apicai em meio de cultura a posteriori (O’BRIEN et al., 2020).
A criopreservação por meio de nitrogênio líquido (NL), utilizando temperaturas de
aproximadamente -196*C, apresenta como o principal problema a sensibilidade à
dessecação, visto que temperaturas tão baixas em tecidos com elevado teor de água pode
causar danos. Tal fato pode ser contornado com o uso de crioprotetores (KING &
ROBERTS, 1980b). Embriões e eixos embrionários quando desidratados muito
rapidamente, podem ter seu teor de água reduzido até níveis semelhantes aos das
sementes ortodoxas maduras, mas seu armazenamento em NL ainda precisa ser estudado
para cada espécie em particular. Chin et al. (1989a) informaram que embriões de algumas
espécies recalcitrantes (Artocarpus heterophyllus, Nephelium lappaceum, Coco nucifera,
Drybalanops aromatica e Hevea brasiliensis) sobrevivem a este tipo de armazenamento.
Por outro lado, sementes maiores, como abacate (Persea americana Mill.), manga
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(Mangifera indica) e durian (Durio zibethinus L.) são sensíveis à dessecação, estresse de
frio e congelamento, características que as tornam inadequadas para banco de sementes
ou criopreservação (WALTERS et al., 2008).
O trabalho de Walters et al. (2008) demonstrou que a taxa de resfriamento em
função do tamanho da amostra e do conteúdo de água impossibilitou que sementes
grandes e hidratadas recalcitrantes sobrevivessem à criopreservação, demonstrando que
sementes recalcitrantes intactas não podem ser criopreservadas, devendo-se utilizar então,
embriões excisados ou eixos embrionários como explantes. Além disso, a desidratação é
um procedimento necessário antes da exposição a temperaturas criogênicas, podendo, no
entanto, causar lesões associadas ao metabolismo, mediadas pela geração não controlada
de espécies reativas de oxigênio (ERO) e falha de sistemas antioxidantes (BHARUTH &
NAIDOO, 2020). Embora a extensão em que isso ocorre possa ser reduzida maximizando
a taxa de secagem (secagem instantânea), não pode ser porém, completamente evitada.
O resfriamento do explante e o reaquecimento após o crioarmazenamento devem ser
necessariamente rápidos, para evitar a cristalização do gelo e efeitos deletéios (BHARUTH
& NAIDOO, 2020; O'BRIEN et al., 2020; BALLESTEROS et al., 2021).
O dano às membranas durante a dessecação de sementes recalcitrantes pode ser
avaliado pelo indicador vazamento de soluto. Entretanto, Chappell et al. (2015) concluiram
que em Spartina alterniflora o vazamento de soluto funcionou mais como artefato da
excisão do embrião do que indicador preciso do dano por dessecação em sementes
recalcitrantes. Para que um método de armazenamento seja relevante para a conservação
genética, é necessário que mantenha a viabilidade das sementes por um período maior do
que aquele desde a semeadura até a produção de sementes, por exemplo, maior do que,
intervalo mínimo de regeneração sexual da planta, pois, do contrário a conservação teria
ainda que se ater na manutenção das plantas em crescimento ou no desenvolvimento de
alguma outra técnica mais complexa e que ainda não foi testada na maioria das espécies,
como cultura de tecidos ou meristemas. Como as espécies recalcitrantes mais importantes
são perenes, sempre apresentando uma considerável fase juvenil de crescimento
vegetativo, o período útil mínimo para conservação genética seria o de pelo menos alguns
anos e no caso de muitas espécies arbóreas seria de vinte anos ou mais. Neste caso, o
armazenamento satisfatório de sementes recalcitrantes ainda não foi atingido.
Os métodos de armazenamento convencionais devem ser melhorados para
sementes recalcitrantes, atentando para temperaturas ambientes e subambientes,
incluindo controle de microrganismos, controle da germinação com o uso de inibidores e
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suprimento da necessidade de oxigênio, em vista do alto custo envolvido para operar
bancos de germoplasmas refrigerados (problema relevante em países subdesenvolvidos).
Estratégias alternativas para manter germoplasma recalcitrante devem ser investigadas,
tais como estabelecimento de bancos de plântulas, estandes de conservação ex situ e
viveiros.
Ante ao exposto, torna-se inquestionável a importância e a necessidade de maiores
estudos acerca da conservação de sementes recalcitrantes, natadamente as de interesse
econômico. Além dos problemas com o armazenamento apontados, as espécies
recalcitrantes enfrentam dificuldade adicional, por serem pouco estudadas, e por não serem
contempladas nas regras de análise de sementes nacionais (BRASIL, 2009) e
internacionais. Este problema é objeto de preocupação por parte da "International Seed
Testing Association", que possui uma comissão encarregada de estudar o assunto. A
inclusão de espécies recalcitrantes nas referidas regras poderia facilitar os trabalhos de
pesquisa e testes de qualidade, conferindo maior confiabilidade aos resultados por operar
como um parâmetro para comparação.
O armazenamento a longo prazo de germoplasma de espécies produtoras de
sementes recalcitrantes é inconclusivo e não pode ser generalizado, devendo-se atentar
para cada espécies de forma isolada. A criopreservação pode vir a se tornar uma opção
para algumas espécies recalcitrantes, no entanto, requer secagem parcial para evitar danos
devido à formação cristais de gelo, todavia, sementes recalcitrantes são geralmente
grandes demais para permitir secagem e resfriamento necessárias à vitrificação e, portanto,
embriões intactos e eixos embrionários excisados são geralmente os explantes eleitos.
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*Autor(a) para correspondência:
Silvana Ohse
Email:
[email protected]
Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa/PR
Recebido: 21/08/2021 Aceite: 12/01/2022
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