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TODO MUNDO FALA PRETUGUES PRINCIPALMENTE QUEM NAO FALA

2023, Conexão Letras

https://doi.org/10.22456/2594-8962.132808

Nessa escrita desejamos tocar as relações entre língua, história e psicanálise para pensar alguma coisa da ordem do cultural em nossa formação social brasileira. Para tanto, mergulhamos no imaginário em torno da trasmissão da língua materna mirando, especialmente, o que Lélia Gonzalez ([1984] 2020) batizou de pretuguês. É também a partir dessa autora, que tanto nos provoca, que também percorremos um imaginário em torno da figura da mãe preta e sua presença nesse processo de transmissão de uma língua, de uma cultura, de uma prática de resistência. Assim, do pretuguês, partimos então em direção a mais uma profundidade imersa nesse imaginário ao olhar para a canção Tia Anastácia, de autoria de Dorival Caymmi. Nesse artigo, acreditamos que seja possível pensar algumas questões mal-ditas, que fazem intervir ao mesmo tempo a dimensão das opressões históricas e das sutilezas eróticas, colocando para os analistas do discurso o incontornável de trabalhar entre as diversas materialidades discursivas, conforme Pêcheux ([1981] 2016, p. 23): “[...] daquilo que, entre a história, a língua e o inconsciente, resulta como heterogeneidade irredutível”. Assim, não propomos um sistema de respostas que apazigue o mal-dito da colonização; nossa tentativa, nessa empreitada, é de provocar a colonialidade pelas suas margens.

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