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Alimento Larval Simulado para Jandaira

2023

aqui tem um documento de como fazer alimento larval para abelhas sem ferrão num geral mais especifico para jandaira, mas q pode ser naturalmente utilizado tambem a mesma receita para outras abelhas sem ferrão.

O Mangangá Solidário Alimento Larval Simulado para Melipona subnitida Informações Gerais Alimento larval simulado. Melíponas e abelhas Apis compartilham muitas semelhanças, mas também muitas diferenças. E uma das diferenças notáveis está na composição do alimento larval. O alimento larval das melíponas é muito diferente e com menor teor proteico que a geleia real. E quem necessita do alimento larval? Basicamente larvas. O alimento larval é regurgitado pelas nutrizes: nutrizes são operárias em sua fase inicial de trabalho, responsáveis pela nutrição das larvas. Esse alimento larval é composto por 40-60% de água, 5-12% de açúcares, 1,119,4% de proteínas e 0,2-1,3% de aminoácidos livres1 (HARTFELDER & ENGELS, 1989). Os mesmos autores do estudo apontam que além dos “componentes solúveis em água”, o alimento larval também contém pólen, na proporção de 15% a 30%. Ou seja, o alimento larval contém água, açúcares oriundos do pólen e do mel, proteínas oriundas da assimilação 1 HARTFELDER, K. & ENGELS, W. (1989). The composition of larval food in stingless bees: evaluating nutritional balance by chemosystematic methods. Insectes Sociaux, 36, p. 1-14. Edição n.º 4, do periódico de Meliponicultura, Culinária, Marcenaria, Fotografia, Humor e BoaVontade das Organizações Jansen Brito & As Abelhas. Material Suplementar da Live de Cera Mista do Prof. Jansen Brito. Conteúdo de autoria de Fernando Martuscelli, cedido para divulgação em todos os canais de comunicação. Agradecimentos ao meliponicultor Kahlil Pereira França. O Manual Santo do Exorcista de Forídeos na próxima edição. O Mangangá Solidário do pólen, mas também proteínas com ação enzimática produzidas pelas nutrizes e, finalmente, aminoácidos livres oriundos da própria digestão do pólen por ação enzimática. Esse mesmo pólen é pólen fermentado? É pólen recém-coletado? Os teores proteicos variam muito, entre gêneros e espécies. Não há como uniformizar um alimento larval único. Os estudos citados do Prof. KLAUS HARTFELDER, especificamente em relação ao alimento larval da Mandaçaia, Melipona quadrifasciata, apontam uma composição de 573,3 miligramas por grama de água, 64,3 miligramas por gramas de açúcares, 1,1 miligrama por grama de proteínas e 2,1 miligramas por grama de aminoácidos. A constatação do Prof. Emérito da Universidade de Hokkaido, Shoichi Francisco SAKAGAMI2 é importante: em todas as espécies de abelhas nativas sem ferrão (ANSF) as células de cria são totalmente provisionadas com alimento larval exatamente antes da oviposição e são fechadas imediatamente depois. E soma-se a observação do Prof. Hartfelder no trabalho já citado: as operárias provisionam as células de cria com grandes quantidades de uma dieta que pode ser facilmente assimilável pela larva e que quase não matura (ou envelhece) durante o longo tempo de armazenagem na célula de cria. Respondendo à pergunta, sobre qual espécie de pólen vai integrar o alimento larval, o mais plausível é: o pólen integralmente fermentado, com pH baixo, capaz de suportar o período de desenvolvimento larval sem se alterar. MENEZES et alii3, tratando dos problemas relacionados à carência de pólen apontam que quando há maior disponibilidade de recursos alimentares, a rainha aumenta a frequência de postura resultando no crescimento da colônia que, por sua vez, reflete em um aumento nas atividades das operarias (NOGUEIRA-NETO, 1997). Por outro lado, em situações de estresse, com pouca disponibilidade de recursos alimentares, ocorre deficiência proteica, o que interfere no desenvolvimento da glândula hipofaringeana de operárias responsáveis pela produção de alimento larval (PENEDO et al., 1976; ZUCOLOTO, 1975; TESTA et al., 1981; Fernandes da Silva et al., 1993). Estudos indicam que nessas circunstâncias as colônias diminuem a quantidade 2 SAKAGAMI, Shoichi Francisco, (1982). Stingless bees. In: Hermann H.R., Ed. Social Insects, vol. 3, Academic Press, New York, p. 361-423. 3 VOLLET-NETO, A.; MAIA-SILVA, C.; MENEZES, C.; VENTURIERI, G. C.; DE JONG, D.; IMPERATRIZ-FONSECA, V. L., (2010). Dietas proteicas para abelhas sem ferrão. ENCONTRO SOBRE ABELHAS, 9., 2010, Ribeirão Preto. Genética e biologia evolutiva de abelhas: anais. Ribeirão Preto: FUNPEC, 2010. p. 121-129. Edição n.º 4, do periódico de Meliponicultura, Culinária, Marcenaria, Fotografia, Humor e BoaVontade das Organizações Jansen Brito & As Abelhas. Material Suplementar da Live de Cera Mista do Prof. Jansen Brito. Conteúdo de autoria de Fernando Martuscelli, cedido para divulgação em todos os canais de comunicação. Agradecimentos ao meliponicultor Kahlil Pereira França. O Manual Santo do Exorcista de Forídeos na próxima edição. O Mangangá Solidário de alimento larval fornecido às larvas, diminuindo o tamanho dos indivíduos produzidos. Consequentemente, a disponibilidade de pólen é fundamental para desenvolvimento da colmeia e aumento da população (Ramalho et al. , 1998; Menezes, 2010). É um ciclo vicioso: a) sem disponibilidade de pólen não há produção de pão de abelhas (bee bread); b) sem pólen fermentado não há alimento larval; c) sem alimento larval suficiente não surgirão abelhas com porte adequado, diminuindo sua carga de pólen, quando exercerem a função de campeiras; d) sem alimento larval não há desenvolvimento adequado das glândulas hipofaringeanas (as mesmas que produziriam enzimas para digestão do pólen e que integrariam o alimento larval); e) sem alimento larval há interrupção de postura; f) sem postura acabam-se as nutrizes e sem nutrizes não há armazenamento de alimento larval, nem processamento deste. Mas, o ponto fundamental do equívoco da alimentação fornecida às abelhas reside na desconsideração do papel relevante da água. Alimento larval, tomando-se como referência o da Melipona quadrifasciata, tem 57,33% de água. Sua consistência será pastosa, jamais seca. Portanto, se as abelhas não tiverem acesso à água, não existirá alimento larval. A figura, portanto, do bombom de pólen, não prescinde do mel e da água para a produção, pelas nutrizes, de alimento larval. Mel, sim, como fonte dos açúcares do alimento larval. E a água provirá tanto do mel, como de coleta específica pelas campeiras. Os trabalhos de FERREIRA, ALMEIDA, MARACAJÁ & CAVALCANTI4 apontam teores de umidade de 27,63% para o mel da Melipona asilvai, de 18,3% para 4 FERREIRA, W.C., ALMEIDA, M.C.B.M., MARACAJÁ, P.B., CAVALCANTI, M.T., (2012). Caracterização dos méis de Apis melífera de diferentes floradas comparado com méis de abelhas indígena Meliponeae. Anais I ENECT / UEPB., Campina Grande: Realize Editora. Edição n.º 4, do periódico de Meliponicultura, Culinária, Marcenaria, Fotografia, Humor e BoaVontade das Organizações Jansen Brito & As Abelhas. Material Suplementar da Live de Cera Mista do Prof. Jansen Brito. Conteúdo de autoria de Fernando Martuscelli, cedido para divulgação em todos os canais de comunicação. Agradecimentos ao meliponicultor Kahlil Pereira França. O Manual Santo do Exorcista de Forídeos na próxima edição. O Mangangá Solidário Melipona scutellaris e de 23,2% para a Melipona subnitida. Porém existem espécies com teores de umidade maiores, especialmente entre as melíponas amazônicas. A Melipona quadrifasciata tem teores de umidade entre 27,2%5 no Maranhão e 34,0% em São Paulo6 . Isto mostra que o mel de Melipona também é um estoque relevante de água, para a produção de alimento larval. Trocando informações com o meliponicultor KAHLIL PEREIRA FRANÇA, sobre a produção de um alimento para a Jandaíra (Melipona subnitida), ele gentilmente compartilhou sua nova técnica de manejo. O alimento proteico por ele fornecido é uma mistura de pólen, mel e água cozidos por 30 a 40 minutos, posto a fermentar por 12 a 15 dias e então diluído quando do fornecimento às colônias. Trabalhando no conceito de KAHLIL este autor tentou sistematizar etapas do processo básico. Primeiramente considerando o pólen desidratado de Apis, cujo teor de umidade não deve ultrapassar 4% (quatro por cento). Esse pólen resfriado em congelador e posteriormente cozido em água (e não na mistura de água com mel), para evitar a formação de hidroximetilfurfural (HMF). O objetivo foi provocar primeiramente um choque térmico e, posteriormente, tentar induzir uma maior fratura dos dois invólucros dos grãos de pólen. Uma mistura de 500 gramas de pólen desidratado com 300 ml de água pura (variações conforme a espécie). Após 15 minutos de cozimento a mistura foi retirada do fogo e deixada esfriar, tendo uma consistência pastosa, mas não líquida. Só então, com a pasta cozida à temperatura ambiente, foram acrescentados 300 ml de mel de ASF e mais o inóculo de samborá da espécie. Essa mistura foi posta a fermentar em recipiente de vidro temperado, por 12 dias. Como KAHLIL em árabe significa amigo, as iniciais de “alimento líquido” levaram o autor a registrar o alimento como AL-KAHLIL. Após a fermentação (rectius, as fermentações), o alimento é dissolvido em água, para chegar próximo a 57,33% de água. O cálculo exato deve 5 KERR, W.E. (1996). Biologia e manejo da Tiúba, a abelha do Maranhão. São Luís: Edufma. 156 p. 6 ALMEIDA, D.; MARCHINI, L.C. Physicochemical and pollinic composition of honey samples of stingless bees (Hymenoptera: Apidae: Meliponini) from the "cerrado" of Pirassununga campus, University of São Paulo, in Pirassununga, State of São Paulo, Brazil. In: Proceedings of the 8th IBRA International Conference on Tropical Bees and VI Encontro sobre Abelhas, Ribeirão Preto, SP, 2004, p. 585. Edição n.º 4, do periódico de Meliponicultura, Culinária, Marcenaria, Fotografia, Humor e BoaVontade das Organizações Jansen Brito & As Abelhas. Material Suplementar da Live de Cera Mista do Prof. Jansen Brito. Conteúdo de autoria de Fernando Martuscelli, cedido para divulgação em todos os canais de comunicação. Agradecimentos ao meliponicultor Kahlil Pereira França. O Manual Santo do Exorcista de Forídeos na próxima edição. O Mangangá Solidário considerar os teores de água contidos no pólen desidratado e no mel de ASF utilizado. Só então deve ser fornecido às colônias. Particularidades da Jandaíra A Jandaíra (Melipona subnitida) tem algumas particularidades: a) pasta em flores de árvores, cipós, arbustos e mesmo ervas. Essa aptidão para explorar e comunicar a outras campeiras a disponibilidade de fontes florais de estratos (alturas) diferentes parece ser uma diferença marcante em relação à Mandaçaia-da-caatinga (Melipona mandacaia), que parece ter dificuldade de instrução ou de compartilhamento de informações. Por isto o pólen básico a ser utilizado para a produção do Alimento Larval Simulado deve ser polifloral (pólen coletado por abelhas em matas, não em plantações). Polens monoflorais, de coco ou girassol, por exemplo, são nutricionalmente pobres. Exceção seja feita à Algaroba (Prosopis juliflora), cujo pólen é extremamente equilibrado e rico. b) a Jandaíra (Melipona subnitida) não diminui a qualidade do seu alimento larval em nenhuma época do ano. A qualidade do alimento larval é constante, em termos de composição e teor proteico. O que ocorre é a diminuição da construção de células (alvéolos) de cria, a diminuição de postura e, consequentemente, a diminuição da população da colônia. Isto significa que o fornecimento do Alimento Simulado (AL-KHALIL) Colônia de Jandaíra (Melipona subnitida) do meliponicultor Larval Kahlil Pereira França, em período de escassez de alimentos. durante o período do fim da fartura Foto e testemunho ocular do autor. (sim, antes mesmo do início da escassez de floradas) e até o início do novo período de fartura (sim, o pólen coletado de fontes naturais vai demandar algum tempo até estar consumível) vai garantir uma postura estável, com mais discos de crias e discos de cria maiores. c) potes de pólen digerido são mantidos fechados quanto há necessidade maior de estabilidade térmica. A manutenção de temperatura estável na área do ninho é necessária para a viabilidade da cria, para que não haja deformação das larvas ou mesmo mortalidade. Por isto a retirada de samborá fresco deve ser feita Edição n.º 4, do periódico de Meliponicultura, Culinária, Marcenaria, Fotografia, Humor e BoaVontade das Organizações Jansen Brito & As Abelhas. Material Suplementar da Live de Cera Mista do Prof. Jansen Brito. Conteúdo de autoria de Fernando Martuscelli, cedido para divulgação em todos os canais de comunicação. Agradecimentos ao meliponicultor Kahlil Pereira França. O Manual Santo do Exorcista de Forídeos na próxima edição. O Mangangá Solidário com cautela: uma pequena quantidade basta como inóculo (iniciador do processo de fermentações). d) o mel de Jandaíra (Melipona subnitida) produzido a partir de pasto natural é o recomendado para a produção do Alimento Larval Simulado (AL-KHALIL). Se não o tiver, use o mel de qualquer melípona disponível. O importante no caso são os açúcares e enzimas já constantes do mel, seja qual for a espécie do gênero Melipona. O mel da Melipona scutellaris e o mel da Melipona flavolineata são praticamente universais em termos de aceitação. Nunca use xarope de água com açúcar diretamente para a produção do Alimento Larval Simulado (AL-KHALIL). e) a Jandaíra (Melipona subnitida) tem um olfato apuradíssimo. Lave as mãos rigorosamente e as seque antes de começar a preparar o Alimento Larval Simulado (AL-KHALIL). Não use roupas com odores fortes, não fume antes e durante a preparação. Em termos de seletividade olfativa as experiências do autor colocam a espécie no mesmo nível de exigência de pureza que a Manduri (Melipona marginata) e que a Rajada (Melipona asilvai). Pólen contaminado será provavelmente rejeitado pela Jandaíra (Melipona subnitida). Não compre pólen em pó. Não use água clorada. Não adicione nada além da receita dada aqui. Acréscimo de sais minerais podem gerar interrupção de postura. Preparo Itens necessários Balança digital Copo para medidas de volume Panela de inox (ao contrário da cera, o pólen é perfeitamente lavável) Colher de silicone ou de madeira, não usada para outros fins Vasilha larga e plana de vidro com tampa Ingredientes 500 gramas de pólen granulado, desidratado. 500 ml de água pura (de osmose reversa ou destilada, preferencialmente. Se não houver, use água mineral ou água filtrada. Clorada nunca.). 300 ml de mel de Jandaíra (Melipona subnitida). 1 pote de samborá fresco de Jandaíra (Melipona subnitida). Execução Edição n.º 4, do periódico de Meliponicultura, Culinária, Marcenaria, Fotografia, Humor e BoaVontade das Organizações Jansen Brito & As Abelhas. Material Suplementar da Live de Cera Mista do Prof. Jansen Brito. Conteúdo de autoria de Fernando Martuscelli, cedido para divulgação em todos os canais de comunicação. Agradecimentos ao meliponicultor Kahlil Pereira França. O Manual Santo do Exorcista de Forídeos na próxima edição. O Mangangá Solidário Coloque a panela de inox com água no fogo. Quando a água ferver, abaixe o fogo para o mínimo e vá acrescentando o pólen aos poucos, 100 gramas a cada 3 minutos e mexa bem. Ao final de 15 minutos, parte da água terá evaporado, a consistência será de um mingau não muito ralo. Desligue o fogo. Deixe esfriar bem. Somente quando estiver frio, à temperatura ambiente, acrescente o mel de Jandaíra (Melipona subnitida) e o samborá fresco. Mexa bastante. O vasilhame que deve receber a mistura deve ser limpo e totalmente seco, a mínima contaminação pode fazer com que outros fungos nocivos se proliferem. Lave suas mãos e seque. Com o auxílio da própria colher derrame todo o conteúdo da mistura no vasilhame e feche. Não coloque no refrigerador, precisa de uma temperatura mais alta que 20º Celsius para as sucessivas fermentações. Temperaturas na casa dos 35º Celsius são recomendadas. Abra uma vez ao dia e com a colher (pode ser uma colher normal de inox aqui) e misture a massa. Repita o procedimento por 12 dias. Aos doze dias será o ponto mínimo da fermentação, o alimento já poderá ser servido. O ideal é que a massa mature mais alguns dias, sempre com a mistura do restante. Porém a concentração, a palatabilidade e o aroma ideais são alcançados com 17 a 20 dias. Ao servir, dilua com água pura, até ter a consistência de um mingau fino. Não guarde em geladeira. Guarde sempre um pouco do alimento fermentado com mais de 20 dias para inocular em um novo lote. Edição n.º 4, do periódico de Meliponicultura, Culinária, Marcenaria, Fotografia, Humor e BoaVontade das Organizações Jansen Brito & As Abelhas. Material Suplementar da Live de Cera Mista do Prof. Jansen Brito. Conteúdo de autoria de Fernando Martuscelli, cedido para divulgação em todos os canais de comunicação. Agradecimentos ao meliponicultor Kahlil Pereira França. O Manual Santo do Exorcista de Forídeos na próxima edição.