Journal articles by Rui Carlos Fonseca
Classical Receptions Journal, 2022
Byzantion Nea Hellás, 2021
Pretende-se analisar a presença homérica na Alexíada de Ana Comnena, em particular o retrato lite... more Pretende-se analisar a presença homérica na Alexíada de Ana Comnena, em particular o retrato literário de Aleixo, que começa por ser apresentado como Héracles nas vitórias contra os rebeldes Ursélio, Nicéforo Briénio e Basilácio, antes da ascensão ao trono imperial. Após a sua proclamação como imperador dos Romanos, a historiadora faz do pai um herói astuto, qual Ulisses, a procurar defender a nau do império contra os sucessivos ataques do normando Roberto Guiscardo, que se comporta como o Aquiles homérico.
I intend to analyze the Homeric presence in Anna Komnene’s Alexiad,
particularly the literary portrait of Alexios, who is first presented as Herakles in
the victories against the rebels Roussel, Nikephoros Bryennios and Basilakios,
before his accession to the imperial throne. After being proclaimed emperor of
the Romans, the historian makes his father a wily hero, like Odysseus, seeking
to defend the empire’s ship against the successive attacks by the Norman Robert
Guiscard, who is shown behaving like the Homeric Achilles.
Byzantine and Modern Greek Studies, 2020
Magical objects play an important role in the fourteenth-century Byzantine vernacular romance "Ka... more Magical objects play an important role in the fourteenth-century Byzantine vernacular romance "Kallimachos and Chrysorroi", not due to their supernatural powers, but rather in order to make the chivalric status of the romance hero stand out, inasmuch as he does not resort to any of them to achieve his goals.
Graeco-Latina Brunensia, 2020
In this paper, I analyze the journey of three brothers told in the late Byzantine romance Kallima... more In this paper, I analyze the journey of three brothers told in the late Byzantine romance Kallimachos and Chrysorrhoe as well as the way in which, along their journey, natural elements and golden objects function as thresholds between human society and the supernatural world.
Studia Philologica Valentina, 2019
About eight centuries after Heliodorus, the Greek novel resurfaced in the twelfth century, in Kom... more About eight centuries after Heliodorus, the Greek novel resurfaced in the twelfth century, in Komnenian Byzantium, and again two centuries later under the Palaiologan dynasty. This latter literary revival was due to the political stability of the imperial Byzantine government, which promoted cultural production, rhetorical education, and patronage networks. Kallimachos and Velthandros, two Palaiologan romances presented as court literature, combine ancient and medieval tropes with rhetorical artistry to blur the boundaries between the artificial and the natural. Castles and objects made of precious metals thus resemble living, natural spaces, and human characters are portrayed in metallurgical, anthomorphic, and zoomorphic terms.
Parekbolai. An Electronic Journal for Byzantine Literature, 2017
This article focuses on the narrative structure of the Byzantine vernacular romance Kallimachos a... more This article focuses on the narrative structure of the Byzantine vernacular romance Kallimachos and Chrysorrhoe. I argue that the first half of the romance is built upon a tripartite pattern, telling the stories of three male characters playing the role of the princess’ suitor. These three male characters are the hero, the rival, and the dragon, and their stories are reshaped and adapted from a common basic plot, each involving a similar set of typical situations and repeated motives.
Neste artigo, discute-se o motivo épico tradicional da luta contra o dragão como etapa necessária... more Neste artigo, discute-se o motivo épico tradicional da luta contra o dragão como etapa necessária à legitimação do perfil heróico no romance bizantino do século XIV Calímaco e Crisórroe. Nesse sentido, comentam-se os três episódios em que Calímaco vence os dragões do castelo, mas nem sempre mediante o confronto directo: se, por um lado, age com valor à semelhança do guerreiro homérico, por outro lado, herdeiro dos modelos helenísticos, deixa-se levar pela indolência amorosa.
Os deuses, retratados nos poemas homéricos por uma “sublime frivolidade” (Reinhardt) e uma “super... more Os deuses, retratados nos poemas homéricos por uma “sublime frivolidade” (Reinhardt) e uma “superlativação das qualidades humanas” (Rocha Pereira), observam, das moradas olímpicas, as acções e os sofrimentos dos mortais, que tomam como objecto de interesse e por causa dos quais se desentendem em discussões assíduas. As divindades homéricas, potentes nos contactos com os homens, funcionam como motor das narrativas épicas.
Na Batracomiomaquia, a actuação na esfera divina determina igualmente a sucessão dos acontecimentos entre os seres terrenos, bem como o desenlace da guerra (anti-)heróica dos ratos contras as rãs. Neste poema herói-cómico, como pretendo demonstrar, as divindades adoptam, em versão paródica, as qualidades dos seus modelos homéricos: mostram-se figuras ao mesmo tempo domésticas e beligerantes, implacáveis e risíveis.
The warfare described in The Battle of the Frogs and Mice (ancient Greek poem of uncertain author... more The warfare described in The Battle of the Frogs and Mice (ancient Greek poem of uncertain authorship and dating which we know to have been used as a school text in the Byzantine period) is commonly read as a parody of the Iliad, because it imitates by parody the warfare between Achaeans and Trojans warriors. However, an analytical reading allows us to conclude the existence of another argument besides the one related with war: the argument of the journeys, specifically the journeys of Odysseus celebrated by Homer in The Odyssey.
In this article I intent to analyze on how the journeys of Odysseus cross the universe of this mock-heroic poem, on how they are adulterated and transmuted through parodic imitation, remarking what kind of new interpretations they acquire in the new literary context. Odysseus’ adventures (from Troy to Ithaca) are twelve and all of them are mocked in this little poem, though some more explicitly than others. The encounter with the Cyclops, the descent into Hell and the sinking of Odysseus (after his departure from Ogygia) are examples of some Odyssey episodes recurrently imitated in The Battle of the Frogs and Mice.
Book by Rui Carlos Fonseca
Homero, cujo legado originou desde a Antiguidade as mais variadas recriações artísticas, ocupa o ... more Homero, cujo legado originou desde a Antiguidade as mais variadas recriações artísticas, ocupa o lugar de autoridade primordial sobre todas as matérias no âmbito da cultura e da educação gregas. Assim o julgam autores como Xenófanes, Platão e Pausânias 1 . No campo dos estudos literários, a épica homérica congrega diferentes formas e tipos de discurso, nela se podendo encontrar as raízes de muitos dos géneros que emergiram e se desenvolveram posteriormente. Devido ao seu carácter versátil, que lhes permite configurarem-se como simbiose intergenológica, os cantos épicos da tradição grega apresentam-se, por regra, como um omnibus genus 2 . A celebração de feitos notáveis, de homens e de deuses, contribui para o estatuto solene da epopeia, o que não significa, porém, que este género consagrado trate exclusiva e exaustivamente de assuntos graves. Na verdade, o enredo épico absorve e incorpora recursos pertencentes a modalidades literárias consideradas menores, como é possível observar na composição da Ilíada ou da Odisseia, onde se aglomeram, por exemplo, os catálogos, as invectivas, as preces, os lamentos, as máximas, as adivinhações e as histórias de animais. Por tal, Homero, o mais insigne dos poetas, autor de obras elevadas, criou também as bases de uma outra espécie de poesia, que engloba as obras de estatuto inferior 3 .
Edited books by Rui Carlos Fonseca
Dedans, dehors et à travers: perspectives littéraires et comparatistes sur le seuil / In, Out and Through: Literary and Comparative Perspectives on Thresholds, 2024
De l’Antiquité classique à la contemporanéité, notre organisation de l’espace, du temps, du savoi... more De l’Antiquité classique à la contemporanéité, notre organisation de l’espace, du temps, du savoir, notre interprétation des relations que les êtres humains tissent entre eux et avec le monde environnant, notre représentation de la délicate articulation entre dimension terrestre et dimension surnaturelle de l’existence, finissent toutes, tôt ou tard et de manière plus ou moins explicite, par se confronter avec la notion de « seuil ». Mais qu’est-ce qu’un « seuil » ? La question est plus complexe qu’il n’y paraît.
En convoquant des spécialistes de différents domaines d’études littéraires et artistiques et en faisant dialoguer une grande variété d’approches et perspectives, ce volume n’entend pas forcer une réponse illusoirement univoque et catégorique, ce qui ne pourrait se faire qu’au prix de simplifications excessives et trompeuses, mais, bien au contraire, il vise à rendre compte de la richesse sémantique et symbolique, ainsi que des ambiguïtés foncières, de cette notion complexe et polymorphe qui défie toute pensée binaire.
A Literatura Clássica ou os Clássicos na Literatura: Presenças Clássicas nas Literaturas de Língua Portuguesa, vol. 6, 2023
O volume que agora se publica é já o sexto da série em que se reúnem ensaios e testemunhos de aut... more O volume que agora se publica é já o sexto da série em que se reúnem ensaios e testemunhos de autores em torno da pervivência dos clássicos gregos e latinos nas literaturas de língua portuguesa (neste caso, obras e autores portugueses e brasileiros), dando voz a estudiosos e investigadores que mostram como este domínio das Humanidades se encontra não só vivo, mas florescente. Os ensaios, apresentados no VI Colóquio Internacional A Literatura Clássica ou os Clássicos na Literatura (31 de Janeiro-2 de Fevereiro de 2022), escolhidos após processo de avaliação científica, mostram claramente a presença dos clássicos gregos e latinos desde os quinhentistas e autores de seiscentos até ao século XIX (podem ler-se dois artigos sobre obras de Camilo Castelo Branco), passando para obras contemporâneas, recuperando a leitura dos clássicos em obras de Aquilino Ribeiro e de Natália Correia, de António Osório ou António Franco Alexandre ou de R. Lino e Paulo Teixeira, de Gonçalo M. Tavares ou a escritora brasileira Christina Ramalho.
A Literatura Clássica ou os Clássicos na Literatura: Presenças Clássicas nas Literaturas de Língua Portuguesa, vol. 5, 2021
Este é já o quinto volume da série (2012, 2014, 2017, 2019 e 2021) que dá corpo aos estudos que, ... more Este é já o quinto volume da série (2012, 2014, 2017, 2019 e 2021) que dá corpo aos estudos que, com periodicidade bianual, foram apresentados nos Congressos que o Centro de Estudos Clássicos vem promovendo nesta linha de investigação – a que se ocupa das relações entre os clássicos e a literatura de expressão portuguesa de todas as épocas. Na presente edição, contamos com a presença de estudiosos ilustres como T.F. Earle ou José Ribeiro Ferreira, Fernando J.B. Martinho e Isabel Capeloa Gil, compondo a tela da atenção a textos portugueses antigos e modernos, com incidência em autores e obras do século XX e outras mesmo do século XXI, bem como a outros casos das literaturas em língua portuguesa. Os investigadores vindos de Espanha e do Brasil, a que se juntam doutores e mestres incluindo vários das mais jovens gerações, mostram nos seus estudos a amplitude do leque de incidência das questões a que nos dedicamos. Tornam além disso firme a nossa certeza de que as Humanidades não só estão vivas como se proclamam como um campo aberto. Isso mesmo se sublinha nos textos dos escritores que estiveram presentes neste congresso, exemplificando um fundo de cultura clássica activo e carregado de bons frutos nas letras pátrias.
A Literatura Clássica ou os Clássicos na Literatura: Presenças Clássicas nas Literaturas de Língua Portuguesa, 2019
A prolífica relação entre as literaturas clássicas, a literatura portuguesa e outras escritas na ... more A prolífica relação entre as literaturas clássicas, a literatura portuguesa e outras escritas na língua de Camilo fica uma vez mais evidenciada com os textos críticos insertos neste volume, o quarto da série de livros e de outros tantos congressos que o Centro de Estudos Clássicos vem levando a bom porto. Com esta publicação tornam-se acessíveis aos leitores estudos que, juntando-se aos que editámos anteriormente, mostram à evidência que as relações com mitos, temas e motivos, textos e modos herdados dos clássicos são pertinentes e estimulam os investigadores capazes de cruzar referências. Muitos mais haverá, pelo que continuaremos a promover esta série de encontros científicos e a publicação dos ensaios que os perpetuam. (Prefácio)
Book chapters by Rui Carlos Fonseca
A Literatura Clássica ou os Clássicos na Literatura, vol. 6, 2023
Neste ensaio, discutem-se alguns temas e episódios da épica greco-latina presentes em Viriato Trá... more Neste ensaio, discutem-se alguns temas e episódios da épica greco-latina presentes em Viriato Trágico de Brás Garcia de Mascarenhas. Este é um poema épico seiscentista, composto após a Restauração da Independência de 1640, mas publicado postumamente em 1699. O herói é Viriato, que lidera a resistência militar dos Lusitanos contra a ocupação romana no século II a. C. Tratando-se de uma narrativa bélica, permeiam-na não só um profundo sentimento de patriotismo nacional, como também o ideal do código heróico da Ilíada. Tal como no poema homérico, também o poeta português exalta a entrega incondicional à guerra, enfrentando-se o risco da morte, como meio para se obter renome e glória imperecível, porque “a fama se alcança com perigo” (V.T. I, 3), “sem grã sangue não há grã vitória” (V.T. I, 8) e “vive eternamente” quem morre a combater pela pátria (V.T. IV, 62). São também analisados episódios inspirados nas epopeias antigas. Brás Garcia de Mascarenhas serve-se do repositório de histórias, temas e motivos que configuram o género épico. São disso exemplo a chegada do herói ao templo de uma deusa, onde observa com grande admiração pinturas que retratam “toda a militar glória terrena” e “os varões mais singulares” (cantos de abertura de V.T. e da Eneida); as expedições nocturnas em território inimigo (canto 4 de V.T., canto 10 da Ilíada e canto 9 da Eneida); e o episódio em que dois combatentes, de exércitos adversários, decidem não combater um contra o outro (canto 5 de V.T. e canto 6 da Ilíada).
Pestes e Epidemias, 2022
A Peste Negra difundiu-se do Oriente para Ocidente, tendo afectado uma parte significativa das po... more A Peste Negra difundiu-se do Oriente para Ocidente, tendo afectado uma parte significativa das populações medievais de quase todo o mundo. Constantinopla, a capital do Império Bizantino, foi especialmente afligida por sucessivas vagas epidémicas ao longo dos séculos XIV e XV, muito devido à sua posição geográfica privilegiada e ao comércio marítimo com vários portos do Mediterrâneo. Apesar do grave impacto da doença e dos elevados índices de mortalidade, são muito poucas as descrições da peste na historiografia bizantina tardia. Os últimos séculos do império correspondem a um período conturbado da sua história, pelo que os historiadores dão preferência ao relato de acontecimentos políticos e militares, no contexto dos quais fazem referências breves à peste entre os Bizantinos. No século XV, Laonico Calcocondilas transmite informações pontuais sobre a origem, propagação e natureza letal da peste, no excurso sobre os Germanos. Antes dele, no século XIV, Nicéforo Grégoras e João Cantacuzeno descrevem o ambiente em Constantinopla sob os efeitos da peste de 1347 e 1348, informando sobre a disseminação geográfica, os sintomas, o estado de espírito dos cidadãos, as mortes ou eventual recuperação dos infectados, pondo sobretudo em evidência o carácter indomável da epidemia e a manifesta vulnerabilidade da população. Neste ensaio, apresento traduções portuguesas inéditas destes três historiadores, analisando as suas descrições da peste a partir dos dados históricos disponíveis e dos seus modelos literários.
The Black Death spread from East to West, affecting a significant part of medie¬val populations around the world. Constantinople, the capital of the Byzantine Empire, was especially afflicted by successive epidemic waves throughout the 14th and 15th centuries, largely because of its privileged geographical position and maritime trade with various Mediterranean ports. Despite the severe impact of the disease and the high mortality rates, there are very few descriptions of the plague in late Byzantine historiography. The last centuries of the empire corresponded to a troubled period in its history, so historians prefer to report political and military events, in the context of which they make brief references to the plague among the Byzantines. In the 15th century, Laonikos Chalkokondyles conveys synoptic infor¬mation about the origin, propagation and lethal nature of the plague, in the excursus on the Germans. Before him, in the 14th century, Nikephoros Gregoras and Ioannes Kantakouzenos describe Constantinople’s state under the effects of the plague of 1347 and 1348, reporting on the geographic spread, symptoms, state of mind of citi¬zens, deaths or eventual recovery of the infected, above all highlighting the indo¬mitable nature of the epidemic and the manifest vulnerability of the population. In this essay, I present unpublished Portuguese translations by these three historians, analysing their descriptions of the plague from the available historical data and their literary models.
A Literatura Clássica ou os Clássicos na Literatura, vol. 5, 2021
O poema épico seiscentista de Gabriel Pereira de Castro, Ulisseia ou Lisboa Edificada, é composto... more O poema épico seiscentista de Gabriel Pereira de Castro, Ulisseia ou Lisboa Edificada, é composto por dez cantos: os primeiros cinco celebram as viagens de Ulisses, os últimos cinco, a guerra na Lusitânia para a fundação da cidade lusa. Cada metade do poema oferece um relato de Ulisses: nos cantos II e III, o herói conta a Circe as viagens por que passou desde a partida de Tróia, e, no canto VI, conta a Górgoris, rei da Lusitânia, a guerra entre os Aqueus e os Troianos. Neste ensaio, pretendo analisar o canto VI da Ulisseia do ponto de vista do modelo homérico da Ilíada. Ulisses, participante da guerra de Tróia, inicia a sua narração com as origens míticas do conflito e termina com o incêndio da cidade. Se, por um lado, alguns episódios pertencem à tradição épica antiga (como, o rapto de Helena e o cavalo de madeira – este último aproveitado do modelo vergiliano), outros há directamente plasmados a partir da Ilíada homérica (como, o duelo entre Páris e Menelau, a aristeia de Diomedes, o duelo entre Heitor e Ájax – transmutado no duelo entre Heitor e Creonte –, a doloneia, a patrocleia, o duelo entre Aquiles e Heitor).
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Journal articles by Rui Carlos Fonseca
I intend to analyze the Homeric presence in Anna Komnene’s Alexiad,
particularly the literary portrait of Alexios, who is first presented as Herakles in
the victories against the rebels Roussel, Nikephoros Bryennios and Basilakios,
before his accession to the imperial throne. After being proclaimed emperor of
the Romans, the historian makes his father a wily hero, like Odysseus, seeking
to defend the empire’s ship against the successive attacks by the Norman Robert
Guiscard, who is shown behaving like the Homeric Achilles.
Na Batracomiomaquia, a actuação na esfera divina determina igualmente a sucessão dos acontecimentos entre os seres terrenos, bem como o desenlace da guerra (anti-)heróica dos ratos contras as rãs. Neste poema herói-cómico, como pretendo demonstrar, as divindades adoptam, em versão paródica, as qualidades dos seus modelos homéricos: mostram-se figuras ao mesmo tempo domésticas e beligerantes, implacáveis e risíveis.
In this article I intent to analyze on how the journeys of Odysseus cross the universe of this mock-heroic poem, on how they are adulterated and transmuted through parodic imitation, remarking what kind of new interpretations they acquire in the new literary context. Odysseus’ adventures (from Troy to Ithaca) are twelve and all of them are mocked in this little poem, though some more explicitly than others. The encounter with the Cyclops, the descent into Hell and the sinking of Odysseus (after his departure from Ogygia) are examples of some Odyssey episodes recurrently imitated in The Battle of the Frogs and Mice.
Book by Rui Carlos Fonseca
Edited books by Rui Carlos Fonseca
En convoquant des spécialistes de différents domaines d’études littéraires et artistiques et en faisant dialoguer une grande variété d’approches et perspectives, ce volume n’entend pas forcer une réponse illusoirement univoque et catégorique, ce qui ne pourrait se faire qu’au prix de simplifications excessives et trompeuses, mais, bien au contraire, il vise à rendre compte de la richesse sémantique et symbolique, ainsi que des ambiguïtés foncières, de cette notion complexe et polymorphe qui défie toute pensée binaire.
Book chapters by Rui Carlos Fonseca
The Black Death spread from East to West, affecting a significant part of medie¬val populations around the world. Constantinople, the capital of the Byzantine Empire, was especially afflicted by successive epidemic waves throughout the 14th and 15th centuries, largely because of its privileged geographical position and maritime trade with various Mediterranean ports. Despite the severe impact of the disease and the high mortality rates, there are very few descriptions of the plague in late Byzantine historiography. The last centuries of the empire corresponded to a troubled period in its history, so historians prefer to report political and military events, in the context of which they make brief references to the plague among the Byzantines. In the 15th century, Laonikos Chalkokondyles conveys synoptic infor¬mation about the origin, propagation and lethal nature of the plague, in the excursus on the Germans. Before him, in the 14th century, Nikephoros Gregoras and Ioannes Kantakouzenos describe Constantinople’s state under the effects of the plague of 1347 and 1348, reporting on the geographic spread, symptoms, state of mind of citi¬zens, deaths or eventual recovery of the infected, above all highlighting the indo¬mitable nature of the epidemic and the manifest vulnerability of the population. In this essay, I present unpublished Portuguese translations by these three historians, analysing their descriptions of the plague from the available historical data and their literary models.
I intend to analyze the Homeric presence in Anna Komnene’s Alexiad,
particularly the literary portrait of Alexios, who is first presented as Herakles in
the victories against the rebels Roussel, Nikephoros Bryennios and Basilakios,
before his accession to the imperial throne. After being proclaimed emperor of
the Romans, the historian makes his father a wily hero, like Odysseus, seeking
to defend the empire’s ship against the successive attacks by the Norman Robert
Guiscard, who is shown behaving like the Homeric Achilles.
Na Batracomiomaquia, a actuação na esfera divina determina igualmente a sucessão dos acontecimentos entre os seres terrenos, bem como o desenlace da guerra (anti-)heróica dos ratos contras as rãs. Neste poema herói-cómico, como pretendo demonstrar, as divindades adoptam, em versão paródica, as qualidades dos seus modelos homéricos: mostram-se figuras ao mesmo tempo domésticas e beligerantes, implacáveis e risíveis.
In this article I intent to analyze on how the journeys of Odysseus cross the universe of this mock-heroic poem, on how they are adulterated and transmuted through parodic imitation, remarking what kind of new interpretations they acquire in the new literary context. Odysseus’ adventures (from Troy to Ithaca) are twelve and all of them are mocked in this little poem, though some more explicitly than others. The encounter with the Cyclops, the descent into Hell and the sinking of Odysseus (after his departure from Ogygia) are examples of some Odyssey episodes recurrently imitated in The Battle of the Frogs and Mice.
En convoquant des spécialistes de différents domaines d’études littéraires et artistiques et en faisant dialoguer une grande variété d’approches et perspectives, ce volume n’entend pas forcer une réponse illusoirement univoque et catégorique, ce qui ne pourrait se faire qu’au prix de simplifications excessives et trompeuses, mais, bien au contraire, il vise à rendre compte de la richesse sémantique et symbolique, ainsi que des ambiguïtés foncières, de cette notion complexe et polymorphe qui défie toute pensée binaire.
The Black Death spread from East to West, affecting a significant part of medie¬val populations around the world. Constantinople, the capital of the Byzantine Empire, was especially afflicted by successive epidemic waves throughout the 14th and 15th centuries, largely because of its privileged geographical position and maritime trade with various Mediterranean ports. Despite the severe impact of the disease and the high mortality rates, there are very few descriptions of the plague in late Byzantine historiography. The last centuries of the empire corresponded to a troubled period in its history, so historians prefer to report political and military events, in the context of which they make brief references to the plague among the Byzantines. In the 15th century, Laonikos Chalkokondyles conveys synoptic infor¬mation about the origin, propagation and lethal nature of the plague, in the excursus on the Germans. Before him, in the 14th century, Nikephoros Gregoras and Ioannes Kantakouzenos describe Constantinople’s state under the effects of the plague of 1347 and 1348, reporting on the geographic spread, symptoms, state of mind of citi¬zens, deaths or eventual recovery of the infected, above all highlighting the indo¬mitable nature of the epidemic and the manifest vulnerability of the population. In this essay, I present unpublished Portuguese translations by these three historians, analysing their descriptions of the plague from the available historical data and their literary models.
Among the 44 Cruz e Silva’s Pindaric odes, 18 rewrite the myth of the Trojan War, from its beginnings with Eris (Odes I-II) to its outcome with the imperishable fame of the most conspicuous Homeric fighters (Ode XLII). These 18 compositions (re)tell, in a neoclassical style, the main scenes and themes of the Iliad and Odyssey, alluding directly to their heroes’ deeds. Achilles’ wrath and Hector’s death are topics repeatedly brought up in Cruz e Silva’s Pindaric poetry as models of courage and patriotism for national heroes. This chapter offers a discussion of Cruz e Silva’s neoclassical representation of the Trojan War. To this effect, an interdisciplinary approach is adopted, showing how the Portuguese poet handles the mythological material from Homer and Pindar. In this way, he initiated in 18th-century Portuguese literature a new literary genre, the Pindaric ode. By dealing with Poetry and History, Cruz e Silva perpetuated the life and fame of national heroes long after their deaths.
chamadas fábulas épicas ou epopeias animalescas, estreitando os influxos que esse género recebe do seu modelo. O eixo estrutural de base deste estudo consiste na premissa de que
enquanto na epopeia antiga, na homérica em particular, os heróis agem muitas vezes como bestas ferozes, como mostram vários símiles, nas narrativas épicas animalescas, por outro
lado, os animais são dotados de estatuto heróico.
In ancient Greece, it was very common students learn the greatness of Homeric epic in a playful way, from short stories of animals, characters they already knew from fable. Thus, the first contact with the poems of Homer was made by reading/
listening texts of pedagogical content that showed animals behaving as mighty heroes of epic tradition. In this essay, I intent to exploit the universe of the so-called epic fables or
beast epic, tightening the influxes that this mixed gender get from its model. The structural axis of this study is based on the premise that while in ancient epic, the Homeric one, heroes often behave like beasts, as many similes show, in beast epic, on the other hand, animals are provided with heroic status.
Neste capítulo, reflectirei sobre a subversão do valor encomiástico da poesia épica antiga n’ O Hissope de Cruz e Silva, poema herói-cómico português, que celebra, num estilo alto e sublimado, próprio da epopeia, uma das mais frívolas questiúnculas ocorridas na Sé de Elvas, na segunda metade de setecentos, entre o Deão José Lara e o Bispo D. Lourenço de Lancastro. Demonstrarei que o poema em causa glorifica, de forma paródica e satírica, acções grosseiras e insignificantes, inserindo a realidade social, não num passado heróico, mas num presente vicioso e ordinário. Assiste-se, assim, neste texto, a uma imitação dos recursos épicos não para imortalizar feitos gloriosos, mas para preservar a memória de bagatelas.
Significativo é o episódio (cuja análise dou especial atenção) em que Vidigal entretém o banquete em casa do deão, no canto VII de O Hissope. O padre cantor afirma categórico que deixará em silêncio os grandes sucessos “em mais remotos tempos celebrados”, optando por glorificar a memoranda Elvas com o relato musical de três incidentes triviais nela ocorridos.
A selecção dos autores e dos textos desta Colectânea não foi casual, nem aleatória. Tem, ainda assim, muito de subjectivo. Dos tratados hipocráticos a Paulo de Egina, seleccionámos os textos que considerámos os mais representativos da tradição médica antiga sobre ginecologia e os que, no nosso entender, mais influenciaram os autores posteriores. Uma vez que esta publicação resulta da investigação realizada no âmbito do projecto “Gynecia: Rodrigo de Castro Lusitano e a tradição médica antiga sobre ginecologia e embriologia” (PTDC/FER-HF-C/31187/2017), um dos factores que nos levaram a este conjunto de textos foi a relevância que Castro lhes atribui na sua obra A medicina completa das mulheres, o primeiro tratado de ginecologia publicado por um autor português.
Sponsored by University of Liverpool.
Organized by Kenneth Kitchell, Guendalina Taietti, Katia Margariti.
November 2-3, 2024, and January 11-12, 2025
Desde 2011, reunimos investigadores de várias formações e especialidades, que discutem e confrontam abordagens sobre a recepção da Antiguidade Greco-Latina nas Literaturas Portuguesa, Brasileira e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. Essa partilha de ideias incide num leque muito amplo de temas, autores, obras, períodos temporais, géneros literários, que mostram a presença da literatura da Grécia e da Roma antigas e a sua contínua adaptação, transformação e (re)visitação por autores modernos.
O colóquio de 2022 conta com a participação de mais de duas dezenas de oradores, provenientes de instituições nacionais e internacionais – Aveiro, Braga, Coimbra, Lisboa, Brasil, Espanha e França. Haverá também uma mesa-redonda com a presença dos escritores Luís Filipe Castro Mendes, Pedro Eiras e João Moita.