A pergunta titulo deste trabalho retoma o slogan “Ser diferente e normal”, que e parte da campanh... more A pergunta titulo deste trabalho retoma o slogan “Ser diferente e normal”, que e parte da campanha criada para uma organizacao nao-governamental que atende portadores de Sindrome de Down. O objetivo e a inclusao social da pessoa com deficiencia e o primeiro passo foi propor a inclusao de um grupo de diferentes no grupo dito normal. No video de lancamento da campanha, o diferente, identificado como normal, e mostrado por meio de exemplos – um negro com cabelo black-power, um skin-head, um corpo tatuado, um corpo feminino halterofilico, uma familia hippie, uma garota com sindrome de Down. A visao da adolescente dancando reduz, de certo modo, o efeito imaginario que vai alem da sindrome, uma vez que apenas o corpo com seus olhinhos puxados se destacam, e nao se interrogam questoes cognitivas. Minha proposta e refletir sobre o estatuto paradoxal do exemplo, tal como e trabalhado nesse video: se, por definicao, um exemplo mostra de fato seu pertencimento a uma classe, pode-se concluir qu...
Em virtude das diversas vias que se abrem, este trabalho carece necessariamente de algo que se po... more Em virtude das diversas vias que se abrem, este trabalho carece necessariamente de algo que se possa chamar de método, no sentido de não se pretender sistemático. O objetivo é acompanhar, na medida do possível, o movimento do que se põe em tradução, no sentido mais amplo do termo, e as formas como nessa tarefa a alteridade é acolhida, rejeitada, irredutível. O que aqui se ensaia é uma travessia de corpo e linguagem, que erra entre a tradução e a loucura, sabendo que o que resiste à compreensão pode aparecer apenas pelo que sua ausência comemora.
O objetivo da Comissão de Verdade e Reconciliação (CVR), instituída na África do Sul em julho de ... more O objetivo da Comissão de Verdade e Reconciliação (CVR), instituída na África do Sul em julho de 1995 e estendendo-se até agosto de 1997, é possibilitar uma reconciliação nacional, evitando o banho de sangue e instaurando a paz civil. Dizer a verdade, a full disclosure, é o que se exige de cada um que pede a anistia. Não se trata, portanto, de uma anistia geral, concedida de forma automática. Uma vez que a comissão sustenta que é possível "fazer coisas com as palavras", busca-se nas narrativas e nos testemunhos de todos os envolvidos uma verdade suficiente para produzir um consenso, o reconhecimento do passado e a assunção dos crimes, em oposição a uma cultura de impunidade. Nesse contexto, minha proposta é pensar a relação entre tradução e testemunho, pensar o intérprete tradutor como testemunha, sublinhando o fato de que a língua da Comissão, o inglês, é uma língua de tradução, não é a língua das vítimas nem dos torturadores. Abstract The Truth and Reconciliation Commiss...
A pergunta título deste trabalho retoma o slogan “Ser diferente é normal”, que é parte da campanh... more A pergunta título deste trabalho retoma o slogan “Ser diferente é normal”, que é parte da campanha criada para uma organização não-governamental que atende portadores de Síndrome de Down. O objetivo é a inclusão social da pessoa com deficiência e o primeiro passo foi propor a inclusão de um grupo de diferentes no grupo dito normal. No vídeo de lançamento da campanha, o diferente, identificado como normal, é mostrado por meio de exemplos – um negro com cabelo black-power, um skin-head, um corpo tatuado, um corpo feminino halterofílico, uma família hippie, uma garota com síndrome de Down. A visão da adolescente dançando reduz, de certo modo, o efeito imaginário que vai além da síndrome, uma vez que apenas o corpo com seus olhinhos puxados se destacam, e não se interrogam questões cognitivas. Minha proposta é refletir sobre o estatuto paradoxal do exemplo, tal como é trabalhado nesse vídeo: se, por definição, um exemplo mostra de fato seu pertencimento a uma classe, pode-se concluir qu...
Retomam-se as propriedades lingüísticas do brincar nas quais a criança destaca-se sujeito para ab... more Retomam-se as propriedades lingüísticas do brincar nas quais a criança destaca-se sujeito para abordar a singularidade da operação de transposição da experiência para o registro da encenação. Tal transposição permite apontar a operação de escrita, inscrita no brincar, por meio da análise das relações entre a noção freudiana de figurabilidade e a encenação lúdica. Formula-se então a hipótese de que a encenação do brincar é operação de escrita posto que seus traços se oferecem para ser lidos, mesmo que não sejam, de todo, legíveis. As conseqüências dessa constatação para a direção do tratamento de crianças legitimam a intervenção no brincar da criança como ato que pode restituir sua potência simbólica, nas graves psicopatologias.
O objetivo da Comissão de Verdade e Reconciliação (CVR), instituída na África do Sul em julho de ... more O objetivo da Comissão de Verdade e Reconciliação (CVR), instituída na África do Sul em julho de 1995 e estendendo-se até agosto de 1997, é possibilitar uma reconciliação nacional, evitando o banho de sangue e instaurando a paz civil. Dizer a verdade, a full disclosure, é o que se exige de cada um que pede a anistia. Não se trata, portanto, de uma anistia geral, concedida de forma automática. Uma vez que a comissão sustenta que é possível "fazer coisas com as palavras", busca-se nas narrativas e nos testemunhos de todos os envolvidos uma verdade suficiente para produzir um consenso, o reconhecimento do passado e a assunção dos crimes, em oposição a uma cultura de impunidade. Nesse contexto, minha proposta é pensar a relação entre tradução e testemunho, pensar o intérprete tradutor como testemunha, sublinhando o fato de que a língua da Comissão, o inglês, é uma língua de tradução, não é a língua das vítimas nem dos torturadores.
Resumo: O saber-fazer do tradutor, do ponto de vista ético, poderia ser visto como soma de sabere... more Resumo: O saber-fazer do tradutor, do ponto de vista ético, poderia ser visto como soma de saberes acumulados em sua experiência de traduzir. Talvez não baste. Talvez seja preciso contar com o estranhamento que o texto põe em cena, e que solicite uma tradução que se ponha à escuta do que nessa escrita perturba e dá lugar ao equívoco, e que busque uma sintonia que dê voz ao que resiste, mas que também ceda à partilha de seus silêncios. Esse saber-fazer exige um manejo do tempo e uma disposição ao imprevisto, ao improviso e, quem sabe, a um ato de criação.
Considerado por diversos autores uma forma de criacao literaria, o chiste e uma faculdade linguag... more Considerado por diversos autores uma forma de criacao literaria, o chiste e uma faculdade linguageira especial. Condensando e deslocando materiais verbais, recombina-os em formas inusitadas, de acordo com uma sintaxe que Freud encontra em acao nos processos inconscientes. Linguisteria (que introduz na linguistica, por um chiste, a fala da histerica), e como Lacan nomeia uma linguistica que inclua o poetico na ordem propria da lingua. Nessa linguisteria, que reconhece a ordem do inconsciente, encontro um lugar para os chistes, tentando fazer com que ressoe nela o riso que eles provocam. O carater de um chiste esta em sua forma linguistica. Parto dessa constatacao de Sigmund Freud. O teste e simples: dizer com outras palavras, parafrasear, destroi o efeito chistoso, nao surpreende, nao faz rir. Segundo Freud, um chiste nao se prefacia, um momento antes, na9 se sabe que chiste se ira fazer [...] e sente-se algo indefinivel,que Freud compara com uma ausencia {Absenz}, um subito deixar d...
L'A. developpe quelques reflexions sur les travaux d'Austin et sur la theorie des actes d... more L'A. developpe quelques reflexions sur les travaux d'Austin et sur la theorie des actes de parole en philosophie du langage, examinant au passage la classification des actes de parole proposee par Searle. Il analyse egalement comment s'articule dans ce contexte la division en deux composantes semantique/pragmatique
A pergunta titulo deste trabalho retoma o slogan “Ser diferente e normal”, que e parte da campanh... more A pergunta titulo deste trabalho retoma o slogan “Ser diferente e normal”, que e parte da campanha criada para uma organizacao nao-governamental que atende portadores de Sindrome de Down. O objetivo e a inclusao social da pessoa com deficiencia e o primeiro passo foi propor a inclusao de um grupo de diferentes no grupo dito normal. No video de lancamento da campanha, o diferente, identificado como normal, e mostrado por meio de exemplos – um negro com cabelo black-power, um skin-head, um corpo tatuado, um corpo feminino halterofilico, uma familia hippie, uma garota com sindrome de Down. A visao da adolescente dancando reduz, de certo modo, o efeito imaginario que vai alem da sindrome, uma vez que apenas o corpo com seus olhinhos puxados se destacam, e nao se interrogam questoes cognitivas. Minha proposta e refletir sobre o estatuto paradoxal do exemplo, tal como e trabalhado nesse video: se, por definicao, um exemplo mostra de fato seu pertencimento a uma classe, pode-se concluir qu...
Em virtude das diversas vias que se abrem, este trabalho carece necessariamente de algo que se po... more Em virtude das diversas vias que se abrem, este trabalho carece necessariamente de algo que se possa chamar de método, no sentido de não se pretender sistemático. O objetivo é acompanhar, na medida do possível, o movimento do que se põe em tradução, no sentido mais amplo do termo, e as formas como nessa tarefa a alteridade é acolhida, rejeitada, irredutível. O que aqui se ensaia é uma travessia de corpo e linguagem, que erra entre a tradução e a loucura, sabendo que o que resiste à compreensão pode aparecer apenas pelo que sua ausência comemora.
O objetivo da Comissão de Verdade e Reconciliação (CVR), instituída na África do Sul em julho de ... more O objetivo da Comissão de Verdade e Reconciliação (CVR), instituída na África do Sul em julho de 1995 e estendendo-se até agosto de 1997, é possibilitar uma reconciliação nacional, evitando o banho de sangue e instaurando a paz civil. Dizer a verdade, a full disclosure, é o que se exige de cada um que pede a anistia. Não se trata, portanto, de uma anistia geral, concedida de forma automática. Uma vez que a comissão sustenta que é possível "fazer coisas com as palavras", busca-se nas narrativas e nos testemunhos de todos os envolvidos uma verdade suficiente para produzir um consenso, o reconhecimento do passado e a assunção dos crimes, em oposição a uma cultura de impunidade. Nesse contexto, minha proposta é pensar a relação entre tradução e testemunho, pensar o intérprete tradutor como testemunha, sublinhando o fato de que a língua da Comissão, o inglês, é uma língua de tradução, não é a língua das vítimas nem dos torturadores. Abstract The Truth and Reconciliation Commiss...
A pergunta título deste trabalho retoma o slogan “Ser diferente é normal”, que é parte da campanh... more A pergunta título deste trabalho retoma o slogan “Ser diferente é normal”, que é parte da campanha criada para uma organização não-governamental que atende portadores de Síndrome de Down. O objetivo é a inclusão social da pessoa com deficiência e o primeiro passo foi propor a inclusão de um grupo de diferentes no grupo dito normal. No vídeo de lançamento da campanha, o diferente, identificado como normal, é mostrado por meio de exemplos – um negro com cabelo black-power, um skin-head, um corpo tatuado, um corpo feminino halterofílico, uma família hippie, uma garota com síndrome de Down. A visão da adolescente dançando reduz, de certo modo, o efeito imaginário que vai além da síndrome, uma vez que apenas o corpo com seus olhinhos puxados se destacam, e não se interrogam questões cognitivas. Minha proposta é refletir sobre o estatuto paradoxal do exemplo, tal como é trabalhado nesse vídeo: se, por definição, um exemplo mostra de fato seu pertencimento a uma classe, pode-se concluir qu...
Retomam-se as propriedades lingüísticas do brincar nas quais a criança destaca-se sujeito para ab... more Retomam-se as propriedades lingüísticas do brincar nas quais a criança destaca-se sujeito para abordar a singularidade da operação de transposição da experiência para o registro da encenação. Tal transposição permite apontar a operação de escrita, inscrita no brincar, por meio da análise das relações entre a noção freudiana de figurabilidade e a encenação lúdica. Formula-se então a hipótese de que a encenação do brincar é operação de escrita posto que seus traços se oferecem para ser lidos, mesmo que não sejam, de todo, legíveis. As conseqüências dessa constatação para a direção do tratamento de crianças legitimam a intervenção no brincar da criança como ato que pode restituir sua potência simbólica, nas graves psicopatologias.
O objetivo da Comissão de Verdade e Reconciliação (CVR), instituída na África do Sul em julho de ... more O objetivo da Comissão de Verdade e Reconciliação (CVR), instituída na África do Sul em julho de 1995 e estendendo-se até agosto de 1997, é possibilitar uma reconciliação nacional, evitando o banho de sangue e instaurando a paz civil. Dizer a verdade, a full disclosure, é o que se exige de cada um que pede a anistia. Não se trata, portanto, de uma anistia geral, concedida de forma automática. Uma vez que a comissão sustenta que é possível "fazer coisas com as palavras", busca-se nas narrativas e nos testemunhos de todos os envolvidos uma verdade suficiente para produzir um consenso, o reconhecimento do passado e a assunção dos crimes, em oposição a uma cultura de impunidade. Nesse contexto, minha proposta é pensar a relação entre tradução e testemunho, pensar o intérprete tradutor como testemunha, sublinhando o fato de que a língua da Comissão, o inglês, é uma língua de tradução, não é a língua das vítimas nem dos torturadores.
Resumo: O saber-fazer do tradutor, do ponto de vista ético, poderia ser visto como soma de sabere... more Resumo: O saber-fazer do tradutor, do ponto de vista ético, poderia ser visto como soma de saberes acumulados em sua experiência de traduzir. Talvez não baste. Talvez seja preciso contar com o estranhamento que o texto põe em cena, e que solicite uma tradução que se ponha à escuta do que nessa escrita perturba e dá lugar ao equívoco, e que busque uma sintonia que dê voz ao que resiste, mas que também ceda à partilha de seus silêncios. Esse saber-fazer exige um manejo do tempo e uma disposição ao imprevisto, ao improviso e, quem sabe, a um ato de criação.
Considerado por diversos autores uma forma de criacao literaria, o chiste e uma faculdade linguag... more Considerado por diversos autores uma forma de criacao literaria, o chiste e uma faculdade linguageira especial. Condensando e deslocando materiais verbais, recombina-os em formas inusitadas, de acordo com uma sintaxe que Freud encontra em acao nos processos inconscientes. Linguisteria (que introduz na linguistica, por um chiste, a fala da histerica), e como Lacan nomeia uma linguistica que inclua o poetico na ordem propria da lingua. Nessa linguisteria, que reconhece a ordem do inconsciente, encontro um lugar para os chistes, tentando fazer com que ressoe nela o riso que eles provocam. O carater de um chiste esta em sua forma linguistica. Parto dessa constatacao de Sigmund Freud. O teste e simples: dizer com outras palavras, parafrasear, destroi o efeito chistoso, nao surpreende, nao faz rir. Segundo Freud, um chiste nao se prefacia, um momento antes, na9 se sabe que chiste se ira fazer [...] e sente-se algo indefinivel,que Freud compara com uma ausencia {Absenz}, um subito deixar d...
L'A. developpe quelques reflexions sur les travaux d'Austin et sur la theorie des actes d... more L'A. developpe quelques reflexions sur les travaux d'Austin et sur la theorie des actes de parole en philosophie du langage, examinant au passage la classification des actes de parole proposee par Searle. Il analyse egalement comment s'articule dans ce contexte la division en deux composantes semantique/pragmatique
Esta coletânea marca os 10 anos do evento Encontro que, nesta VI edição, manteve a diversidade ta... more Esta coletânea marca os 10 anos do evento Encontro que, nesta VI edição, manteve a diversidade tanto de temas quanto de palestrantes, nacionais e estrangeiros, como tem sido desde o primeiro Encontro. A versão on-line possibilitou que tivéssemos a participação de pessoas de todas as regiões do Brasil e também de vários outros países. O Encontro aborda todos os tipos de tradução, entre elas a técnica, a literária, a audiovisual (audiodescrição, legendagem, dublagem), a interpretação oral (interpretação de conferências, interpretação comunitária), as traduções intermídias. A organização é compartilhada por professoras da UNICAMP e da USP, com a participação de alunos das duas universidades, tanto de graduação quanto de pós-graduação, o que também tem se mostrado uma experiência bastante rica de diálogo e troca de conhecimentos.
Uploads
Papers by Viviane Veras
O Encontro aborda todos os tipos de tradução, entre elas a técnica, a literária, a audiovisual (audiodescrição, legendagem, dublagem), a interpretação oral (interpretação de conferências, interpretação comunitária), as traduções intermídias. A organização é compartilhada por professoras da UNICAMP e da USP, com a participação de alunos das duas universidades, tanto de graduação quanto de pós-graduação, o que também tem se mostrado uma experiência bastante rica de diálogo e troca de conhecimentos.