O presente texto traz uma análise semântica da expressão ‘pra caralho’, tratando-a como um modifi... more O presente texto traz uma análise semântica da expressão ‘pra caralho’, tratando-a como um modificador de grau que atua simultaneamente em duas dimensões do significado, a dimensão veri-condicional e a dimensão uso-condicional. Depois de fazer uma descrição das interpretações possíveis que tal expressão suscita, apresentamos uma análise semântica que aproxima ‘pra caralho’ de ‘muito’, na dimensão veri-condicional, argumentando que ‘pra caralho’ lida com graus mais altos do que ‘muito’; do ponto de vista uso-condicional, ‘pra caralho’ veicula estados emocionais não-neutros do falante, que podem ter relação com surpresa ou quebra de expectativa. Nossa análise toma como base fundamentos da semântica de graus para adjetivos escalares.Palavras-chave: semântica formal; modificadores; semântica de graus.
Neste artigo, investigamos itens expressivos (IEs) do português brasileiro que aparecem nas estru... more Neste artigo, investigamos itens expressivos (IEs) do português brasileiro que aparecem nas estruturas [D IE de DP] (“a merda das chaves”) e em sua versão invertida, i.e. com o expressivo posposto ao DP caracterizado, [DP de IE] (“as chaves de merda”). Fazemos um breve inventário de IEs que apresentam esse comportamento, e então exploramos suas interpretações. Como conclusão, argumentamos, seguindo Basso (2020), que a [D IE de DP] é exclusivamente uso-condicional, com interpretações local e não-local, e que a estrutura [DP de IE] veicula conteúdos mistos (simultaneamente veri- e uso-condicional), com interpretação exclusivamente local.
Este artigo tem como objetivo discutir usos de demonstrativos do Português Brasileiro ainda não a... more Este artigo tem como objetivo discutir usos de demonstrativos do Português Brasileiro ainda não analisados na literatura, os demonstrativos de kinds (DK), da forma “aquele(a) N”. Esses itens se diferenciam dos usos anafóricos e dêiticos dos demonstrativos, além dos usos NDNS (WOLTER, 2006; KING, 2001), indefinidos (WOLTER, 2006; ABBOTT, 2010; PRINCE, 1981;), emotivos (WOLTER, 2006; LAKOFF, 1974) e dêitico-discursivos (ROBERTS, 2002) por se referirem a kinds, isto é, a espécies ou a tipos indicados pelo nominal. Desse modo, o que é compartilhado por ambos os interlocutores é um tipo, espécie ou kind expresso pelo nominal e não um referente único determinado. Isso resulta do fato de os DKs não preservarem familiaridade no nível dos indivíduos, mas sim no nível dos kinds, e por isso podemos considerar DKs como definidos. Além disso, os DKs se referem a kinds altos na escala, isto é, a exemplos exemplares de kinds. Assim, DKs se referem a kinds que (i) não apresentam unicidade e familia...
RESUMO: O presente texto apresenta um teste de aceitabilidade e um teste de tempo de leitura para... more RESUMO: O presente texto apresenta um teste de aceitabilidade e um teste de tempo de leitura para sentenças como (1) 'João leu o livro por uma semana', tomadas com a seguinte interpretação: João não está mais lendo o livro e não leu o livro até o fim; essa é a interpretação de detelicização. Segundo de Swart (1998, 2000) e outros, sentenças como essas deveriam ser mal-formadas e interpretadas apenas mediante coerção, entendida como reinterpretação contextual para resolver conflitos entre argumentos e funções semânticas. No presente caso, adjunto do tipo 'por X tempo' apenas se combinariam com eventos atélicos, i.e., que não têm ponto final. Ao se combinaram com evento télicos, que têm ponto final, geram um conflito de tipos que deve ser resolvido mediante a alegada coerção. Nossos experimentos, no entando, não detectam nenhuma contraparte empírica dessa coerção, como maior tempo de processamento de (1) frente a 'João leu o livro em uma semana', em que apenas ...
Our work hypothesis is that phonotactics is best described by non-categorical, probabilistic bias... more Our work hypothesis is that phonotactics is best described by non-categorical, probabilistic biases, embodied in the lexicon as constraints on lexical forms which are emergent properties of the operation of dynamical systems that shape language behaviour. In order to investigate if these biases are robust enough to help a learner infer the phonotactic constraints of a language, we developed a connectionist model of an aspect of vowel-to-vowel phonotactics: harmony and contour, namely the tendency for vowels to share or avoid repetition of phonic properties. A Simple Recurrent Network was trained to predict the next phone in the word. No phonetic information was supplied to the network. The network was able to learn a significant amount of phonetic knowledge only from the distributional biases embodied in the lexicon. For example, the model was able to correctly differentiate between vowels and consonants and to discriminate between the dynamics of contour and harmony.
The dossier "Semantics, Pragmatics and Formal Syntax" brings together works that deal w... more The dossier "Semantics, Pragmatics and Formal Syntax" brings together works that deal with linguistic phenomena in the scope of formal approaches, with emphasis on the meaning and structure of expressions and linguistic constructions. Some of the papers belonging to this dossier were presented at the III Colloquium of Referential Semantics (III CSR), which took place in August 2019 at the Federal University of Sao Carlos (UFSCar), and which was invited by Professor Veneeta Dayal of Yale University.
Alfa : Revista de Linguística (São José do Rio Preto), 2015
O presente artigo revê a literatura relacionada a um tipo particular de operador, supostamente pr... more O presente artigo revê a literatura relacionada a um tipo particular de operador, supostamente presente em línguas naturais, chamado de “operador-monstro”. Esse operador tem a característica de poder mudar o contexto de avaliação de itens indexicais sob seu escopo. Sua existência foi inicialmente negada por Kaplan (1989), em seu famoso texto sobre a semântica dos itens indexicais, e, posteriormente, autores como Schlenker (2003) e Anand (2006) argumentaram que tais operadores de fato existem em línguas naturais, com base tanto em dados de línguas indo-europeias quanto de outras famílias linguísticas. Contudo, analisando com cuidado a literatura, é possível notar, nos vários autores que se debruçaram sobre o tema, diferentes definições desse operador. Neste artigo, após apresentar o conceito de operador-monstro conforme postulado por Kaplan (1989) e defender sua existência com base em dados do português brasileiro (PB), argumentamos a favor de uma definição para esse operador que sej...
A maioria dos trabalhos em Aktionsart e Aspecto pressupõe que os verbos estativos formem uma clas... more A maioria dos trabalhos em Aktionsart e Aspecto pressupõe que os verbos estativos formem uma classe homogênea e que possam ser facilmente identificados por testes distribucionais baseados na (in)compatibilidade com o imperativo (I), com a perífrase progressiva (PP) e com certos tipos de adjuntos temporais (AT). Nas primeiras seções deste trabalho, analisamos dados do Português Brasileiro (PB) contrários a essa visão. Mostramos que alguns estativos são compatíveis com a PP, com o I, ou ambos, e também com os tipos de AT tidos como problemáticos. Nas últimas seções, desenvolvendo uma idéia inicial proposta pelo Prof. John Schmitz, sustentamos que, considerando-se o PB, a classe dos estativos deve ser subdividida em subclasses cujo comportamento face a I, PP e AT pode ser previsto pela interação de traços semânticos como [± controle ] e [± mudança ].
O presente ensaio analisa a distinção entre semântica e pragmática considerando o tipo de argumen... more O presente ensaio analisa a distinção entre semântica e pragmática considerando o tipo de argumentos e entidades que cada disciplina mobiliza em suas explicações. Argumentaremos que a pragmática, em suas teorizações, lança mão de algum conceito de "aposta", seja ao apelar para a cooperação do falante, seja ao utilizar explicações como "a intenção do falante é/era..."; a semântica, por sua vez, não utiliza nenhuma noção de "aposta" e suas explicações envolvem o conceito de proposição, que remete, mas não coincide, com condições de verdade e sentido literal. Essa maneira de apresentar a distinção entre semântica e pragmática pode ser chamada de interna, pois se sustenta nos argumentos que os pesquisadores utilizam em suas pesquisas, encaixadas, por eles mesmos, numa ou noutra dessas disciplinas. Autores que tratam dessa mesma distinção caracterizando o que a semântica e a pragmática devem estudar situam-se em posições externas às disciplinas, e normativizam sobre elas, porque estabelecem o que deve ser uma e outra. Apropriando-nos de uma idéia de Michel Lahud (1977), diremos que os mistérios da pragmática (ou seja, o que ela toma como pressuposto, mas não define) remetem à filosofia da mente e da ação; diremos também que a semântica tem como mistério o conceito de proposição, provavelmente tratado pela filosofia da lógica. Seus mistérios são, pois, outros. PALAVRAS-CHAVES: semântica, pragmática, proposição, intenção, teoria da ação Com teorias tanto filosóficas quanto científicas pode-se explicar os conceitos teóricos usados, não pela sua definição, mas através de seu uso na explicação dos fenômenos.
In this paper we develop two kinds of reflections about the Portuguese sentence O associado do si... more In this paper we develop two kinds of reflections about the Portuguese sentence O associado do sindicato é geralmente um antigo comerciário (verbatim translation: "The member of the Union is generally a former clerk"), an instance of a construction that is frequently found in the data which served as the basis for the Project "Estudo da Gramática do Português Falado", a countrywide research project that aims at describing the variety of Brazilian Portuguese used in urban settings. What turns such sentences into a interesting interpretation problem is the fact that the adverb geralmente is a quantifier over persons (the members of the union) instead of having its customary frequency reading. In the first part of the paper, we try to portray the kind of linguist that is puzzled by such phenomena. In doing so, we outline what are, in our opinion, the main commitments of formal semantics. In the second part of the paper, we discuss what semantic constraints are met when the quantifier reading of geralmente is triggered, and what kind of semantics is required to derive the two meanings of geralmente from a single lexical entry. Quando recebemos o convite que resultou na elaboração deste trabalho 1 , respondemos que gostaríamos de escrever um texto até certo ponto irresponsável. Será precisamente esse o sentido geral desta exposição, e isso por dois motivos: em primeiro lugar, porque as coisas
Este artigo apresenta três abordagens para as sentenças meteorológicas como ‘Tá chovendo’: (i) de... more Este artigo apresenta três abordagens para as sentenças meteorológicas como ‘Tá chovendo’: (i) defende que ‘chover’ é um predicado de zero-lugar; (ii) afirma que ‘chover’ tem um espaço argumental para localização; e, (iii) a Abordagem Indexical, que declara que ‘chover’ é um indexical, pois depende do contexto para receber seu valor semântico. Uma vez aceita a Abordagem Indexical para as sentenças meteorológicas, é possível encontrar um monstro no domínio espacial, que assim é definido por Kaplan (1989) por mudar o contexto de avaliação dos indexicais em seu escopo. O monstro, nesses casos, é o verbo de dizer que permite que ‘tá chovendo’ seja avaliado em relação à localização do contexto reportado e não em relação à localização do contexto de proferimento – único contexto disponível de acordo com a teoria kaplaniana. A existência de monstros espaciais acaba com uma assimetria com relação ao contexto kaplaniano, pois a coordenada espacial era a única que até então não era alvo de um...
O artigo discute aspectos sintáticos e semânticos da expressão intensificadora puta, a partir de ... more O artigo discute aspectos sintáticos e semânticos da expressão intensificadora puta, a partir de uma abordagem formal do significado. Embora apareça precedendo um nome dentro do sintagma nominal, argumentamos que semanticamente o termo modifica a combinação do nome com um adjetivo, seja ele explícito ou não. Se o adjetivo estiver implícito, ele sempre faz avaliação positiva; ao passo que se estiver explícito, a avaliação positiva ou negativa depende da conotação do adjetivo adjunto do nome. Mostramos também que isso desencadeia uma ambiguidade estrutural, vista em sintagmas como uma puta festa legal, que pode designar “uma festa muito boa e legal” ou “uma festa muito legal”. Argumentamos também que puta contribui para as condições de verdade, sendo similar ao significado de muito, isto é, alça o padrão contextual da escala dada pelo adjetivo; enquanto no plano expressivo designa envolvimento subjetivo do falante, sendo, portanto, um item veri- e uso-condicional, um item misto.
Neste trabalho, investigamos no quadro da semântica formal as preposições de trajetória do portug... more Neste trabalho, investigamos no quadro da semântica formal as preposições de trajetória do português brasileiro (PB) representadas por ‘de’, ‘por’, ‘até’ e ‘para’. Utilizando a tipologia para essa classe desenvolvida por Zwarts (2005, 2008), buscaremos uma classificação e uma interpretação semântica para esses itens. Além disso, sabendo que certos PPs direcionais podem alterar propriedades dos eventos denotados pelo VP, objetivamos compreender o comportamento dessa classe frente às propriedades acionais dos eventos. Assim, discutindo a relação entre os domínios verbal e preposicional, demonstraremos que preposições e PPs não-cumulativos e direcionados para o ALVO da trajetória, desde que incluam esse ponto em sua denotação, podem alterar a telicidade do evento. Dentre as classes discutidas, apenas as preposições de FONTE não permitem uma leitura télica para um VP de movimento porque tratam da posição mínima de uma trajetória espacial.
DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada
RESUMO Neste artigo, analisamos com dados do português brasileiro a proposta sintático-semântica ... more RESUMO Neste artigo, analisamos com dados do português brasileiro a proposta sintático-semântica de Svenonius (2006, 2010) para as chamadas “estruturas axiais”, construções como ‘em frente a’ que são interpretadas como denotando uma região espacial projetada a partir de um FUNDO. Depois de avaliarmos criticamente a proposta de Svenonius (2006, 2010), que defende um núcleo funcional específico para abrigar lexemas como ‘frente’, apresentamos a solução de Matushansky e Zwarts (no prelo), que defendem que esse tipo de item é, na verdade, um “nome fraco”. Ao analisarmos as estruturas axiais do PB, argumentamos a favor da abordagem de Matushansky e Zwarts (no prelo).
Resumo: Neste artigo, apresentamos uma proposta de análise de algumas das várias interpretações p... more Resumo: Neste artigo, apresentamos uma proposta de análise de algumas das várias interpretações possíveis do verbo 'dar', baseada nos conceitos de papéis temáticos e de hierarquia temática. Nossa análise permite dar conta de uma gama considerável de interpretações desse verbo, por meio de ferramentas independentemente motivadas, considerando uma grade temática básica para ele e uma hierarquia que permite gerar outras interpretações além daquela canônica, com três argumentos. Ao final, relacionamos nossa proposta com algumas estruturas fixas e semifixas do verbo 'dar'.
O presente texto traz uma análise semântica da expressão ‘pra caralho’, tratando-a como um modifi... more O presente texto traz uma análise semântica da expressão ‘pra caralho’, tratando-a como um modificador de grau que atua simultaneamente em duas dimensões do significado, a dimensão veri-condicional e a dimensão uso-condicional. Depois de fazer uma descrição das interpretações possíveis que tal expressão suscita, apresentamos uma análise semântica que aproxima ‘pra caralho’ de ‘muito’, na dimensão veri-condicional, argumentando que ‘pra caralho’ lida com graus mais altos do que ‘muito’; do ponto de vista uso-condicional, ‘pra caralho’ veicula estados emocionais não-neutros do falante, que podem ter relação com surpresa ou quebra de expectativa. Nossa análise toma como base fundamentos da semântica de graus para adjetivos escalares.Palavras-chave: semântica formal; modificadores; semântica de graus.
Neste artigo, investigamos itens expressivos (IEs) do português brasileiro que aparecem nas estru... more Neste artigo, investigamos itens expressivos (IEs) do português brasileiro que aparecem nas estruturas [D IE de DP] (“a merda das chaves”) e em sua versão invertida, i.e. com o expressivo posposto ao DP caracterizado, [DP de IE] (“as chaves de merda”). Fazemos um breve inventário de IEs que apresentam esse comportamento, e então exploramos suas interpretações. Como conclusão, argumentamos, seguindo Basso (2020), que a [D IE de DP] é exclusivamente uso-condicional, com interpretações local e não-local, e que a estrutura [DP de IE] veicula conteúdos mistos (simultaneamente veri- e uso-condicional), com interpretação exclusivamente local.
Este artigo tem como objetivo discutir usos de demonstrativos do Português Brasileiro ainda não a... more Este artigo tem como objetivo discutir usos de demonstrativos do Português Brasileiro ainda não analisados na literatura, os demonstrativos de kinds (DK), da forma “aquele(a) N”. Esses itens se diferenciam dos usos anafóricos e dêiticos dos demonstrativos, além dos usos NDNS (WOLTER, 2006; KING, 2001), indefinidos (WOLTER, 2006; ABBOTT, 2010; PRINCE, 1981;), emotivos (WOLTER, 2006; LAKOFF, 1974) e dêitico-discursivos (ROBERTS, 2002) por se referirem a kinds, isto é, a espécies ou a tipos indicados pelo nominal. Desse modo, o que é compartilhado por ambos os interlocutores é um tipo, espécie ou kind expresso pelo nominal e não um referente único determinado. Isso resulta do fato de os DKs não preservarem familiaridade no nível dos indivíduos, mas sim no nível dos kinds, e por isso podemos considerar DKs como definidos. Além disso, os DKs se referem a kinds altos na escala, isto é, a exemplos exemplares de kinds. Assim, DKs se referem a kinds que (i) não apresentam unicidade e familia...
RESUMO: O presente texto apresenta um teste de aceitabilidade e um teste de tempo de leitura para... more RESUMO: O presente texto apresenta um teste de aceitabilidade e um teste de tempo de leitura para sentenças como (1) 'João leu o livro por uma semana', tomadas com a seguinte interpretação: João não está mais lendo o livro e não leu o livro até o fim; essa é a interpretação de detelicização. Segundo de Swart (1998, 2000) e outros, sentenças como essas deveriam ser mal-formadas e interpretadas apenas mediante coerção, entendida como reinterpretação contextual para resolver conflitos entre argumentos e funções semânticas. No presente caso, adjunto do tipo 'por X tempo' apenas se combinariam com eventos atélicos, i.e., que não têm ponto final. Ao se combinaram com evento télicos, que têm ponto final, geram um conflito de tipos que deve ser resolvido mediante a alegada coerção. Nossos experimentos, no entando, não detectam nenhuma contraparte empírica dessa coerção, como maior tempo de processamento de (1) frente a 'João leu o livro em uma semana', em que apenas ...
Our work hypothesis is that phonotactics is best described by non-categorical, probabilistic bias... more Our work hypothesis is that phonotactics is best described by non-categorical, probabilistic biases, embodied in the lexicon as constraints on lexical forms which are emergent properties of the operation of dynamical systems that shape language behaviour. In order to investigate if these biases are robust enough to help a learner infer the phonotactic constraints of a language, we developed a connectionist model of an aspect of vowel-to-vowel phonotactics: harmony and contour, namely the tendency for vowels to share or avoid repetition of phonic properties. A Simple Recurrent Network was trained to predict the next phone in the word. No phonetic information was supplied to the network. The network was able to learn a significant amount of phonetic knowledge only from the distributional biases embodied in the lexicon. For example, the model was able to correctly differentiate between vowels and consonants and to discriminate between the dynamics of contour and harmony.
The dossier "Semantics, Pragmatics and Formal Syntax" brings together works that deal w... more The dossier "Semantics, Pragmatics and Formal Syntax" brings together works that deal with linguistic phenomena in the scope of formal approaches, with emphasis on the meaning and structure of expressions and linguistic constructions. Some of the papers belonging to this dossier were presented at the III Colloquium of Referential Semantics (III CSR), which took place in August 2019 at the Federal University of Sao Carlos (UFSCar), and which was invited by Professor Veneeta Dayal of Yale University.
Alfa : Revista de Linguística (São José do Rio Preto), 2015
O presente artigo revê a literatura relacionada a um tipo particular de operador, supostamente pr... more O presente artigo revê a literatura relacionada a um tipo particular de operador, supostamente presente em línguas naturais, chamado de “operador-monstro”. Esse operador tem a característica de poder mudar o contexto de avaliação de itens indexicais sob seu escopo. Sua existência foi inicialmente negada por Kaplan (1989), em seu famoso texto sobre a semântica dos itens indexicais, e, posteriormente, autores como Schlenker (2003) e Anand (2006) argumentaram que tais operadores de fato existem em línguas naturais, com base tanto em dados de línguas indo-europeias quanto de outras famílias linguísticas. Contudo, analisando com cuidado a literatura, é possível notar, nos vários autores que se debruçaram sobre o tema, diferentes definições desse operador. Neste artigo, após apresentar o conceito de operador-monstro conforme postulado por Kaplan (1989) e defender sua existência com base em dados do português brasileiro (PB), argumentamos a favor de uma definição para esse operador que sej...
A maioria dos trabalhos em Aktionsart e Aspecto pressupõe que os verbos estativos formem uma clas... more A maioria dos trabalhos em Aktionsart e Aspecto pressupõe que os verbos estativos formem uma classe homogênea e que possam ser facilmente identificados por testes distribucionais baseados na (in)compatibilidade com o imperativo (I), com a perífrase progressiva (PP) e com certos tipos de adjuntos temporais (AT). Nas primeiras seções deste trabalho, analisamos dados do Português Brasileiro (PB) contrários a essa visão. Mostramos que alguns estativos são compatíveis com a PP, com o I, ou ambos, e também com os tipos de AT tidos como problemáticos. Nas últimas seções, desenvolvendo uma idéia inicial proposta pelo Prof. John Schmitz, sustentamos que, considerando-se o PB, a classe dos estativos deve ser subdividida em subclasses cujo comportamento face a I, PP e AT pode ser previsto pela interação de traços semânticos como [± controle ] e [± mudança ].
O presente ensaio analisa a distinção entre semântica e pragmática considerando o tipo de argumen... more O presente ensaio analisa a distinção entre semântica e pragmática considerando o tipo de argumentos e entidades que cada disciplina mobiliza em suas explicações. Argumentaremos que a pragmática, em suas teorizações, lança mão de algum conceito de "aposta", seja ao apelar para a cooperação do falante, seja ao utilizar explicações como "a intenção do falante é/era..."; a semântica, por sua vez, não utiliza nenhuma noção de "aposta" e suas explicações envolvem o conceito de proposição, que remete, mas não coincide, com condições de verdade e sentido literal. Essa maneira de apresentar a distinção entre semântica e pragmática pode ser chamada de interna, pois se sustenta nos argumentos que os pesquisadores utilizam em suas pesquisas, encaixadas, por eles mesmos, numa ou noutra dessas disciplinas. Autores que tratam dessa mesma distinção caracterizando o que a semântica e a pragmática devem estudar situam-se em posições externas às disciplinas, e normativizam sobre elas, porque estabelecem o que deve ser uma e outra. Apropriando-nos de uma idéia de Michel Lahud (1977), diremos que os mistérios da pragmática (ou seja, o que ela toma como pressuposto, mas não define) remetem à filosofia da mente e da ação; diremos também que a semântica tem como mistério o conceito de proposição, provavelmente tratado pela filosofia da lógica. Seus mistérios são, pois, outros. PALAVRAS-CHAVES: semântica, pragmática, proposição, intenção, teoria da ação Com teorias tanto filosóficas quanto científicas pode-se explicar os conceitos teóricos usados, não pela sua definição, mas através de seu uso na explicação dos fenômenos.
In this paper we develop two kinds of reflections about the Portuguese sentence O associado do si... more In this paper we develop two kinds of reflections about the Portuguese sentence O associado do sindicato é geralmente um antigo comerciário (verbatim translation: "The member of the Union is generally a former clerk"), an instance of a construction that is frequently found in the data which served as the basis for the Project "Estudo da Gramática do Português Falado", a countrywide research project that aims at describing the variety of Brazilian Portuguese used in urban settings. What turns such sentences into a interesting interpretation problem is the fact that the adverb geralmente is a quantifier over persons (the members of the union) instead of having its customary frequency reading. In the first part of the paper, we try to portray the kind of linguist that is puzzled by such phenomena. In doing so, we outline what are, in our opinion, the main commitments of formal semantics. In the second part of the paper, we discuss what semantic constraints are met when the quantifier reading of geralmente is triggered, and what kind of semantics is required to derive the two meanings of geralmente from a single lexical entry. Quando recebemos o convite que resultou na elaboração deste trabalho 1 , respondemos que gostaríamos de escrever um texto até certo ponto irresponsável. Será precisamente esse o sentido geral desta exposição, e isso por dois motivos: em primeiro lugar, porque as coisas
Este artigo apresenta três abordagens para as sentenças meteorológicas como ‘Tá chovendo’: (i) de... more Este artigo apresenta três abordagens para as sentenças meteorológicas como ‘Tá chovendo’: (i) defende que ‘chover’ é um predicado de zero-lugar; (ii) afirma que ‘chover’ tem um espaço argumental para localização; e, (iii) a Abordagem Indexical, que declara que ‘chover’ é um indexical, pois depende do contexto para receber seu valor semântico. Uma vez aceita a Abordagem Indexical para as sentenças meteorológicas, é possível encontrar um monstro no domínio espacial, que assim é definido por Kaplan (1989) por mudar o contexto de avaliação dos indexicais em seu escopo. O monstro, nesses casos, é o verbo de dizer que permite que ‘tá chovendo’ seja avaliado em relação à localização do contexto reportado e não em relação à localização do contexto de proferimento – único contexto disponível de acordo com a teoria kaplaniana. A existência de monstros espaciais acaba com uma assimetria com relação ao contexto kaplaniano, pois a coordenada espacial era a única que até então não era alvo de um...
O artigo discute aspectos sintáticos e semânticos da expressão intensificadora puta, a partir de ... more O artigo discute aspectos sintáticos e semânticos da expressão intensificadora puta, a partir de uma abordagem formal do significado. Embora apareça precedendo um nome dentro do sintagma nominal, argumentamos que semanticamente o termo modifica a combinação do nome com um adjetivo, seja ele explícito ou não. Se o adjetivo estiver implícito, ele sempre faz avaliação positiva; ao passo que se estiver explícito, a avaliação positiva ou negativa depende da conotação do adjetivo adjunto do nome. Mostramos também que isso desencadeia uma ambiguidade estrutural, vista em sintagmas como uma puta festa legal, que pode designar “uma festa muito boa e legal” ou “uma festa muito legal”. Argumentamos também que puta contribui para as condições de verdade, sendo similar ao significado de muito, isto é, alça o padrão contextual da escala dada pelo adjetivo; enquanto no plano expressivo designa envolvimento subjetivo do falante, sendo, portanto, um item veri- e uso-condicional, um item misto.
Neste trabalho, investigamos no quadro da semântica formal as preposições de trajetória do portug... more Neste trabalho, investigamos no quadro da semântica formal as preposições de trajetória do português brasileiro (PB) representadas por ‘de’, ‘por’, ‘até’ e ‘para’. Utilizando a tipologia para essa classe desenvolvida por Zwarts (2005, 2008), buscaremos uma classificação e uma interpretação semântica para esses itens. Além disso, sabendo que certos PPs direcionais podem alterar propriedades dos eventos denotados pelo VP, objetivamos compreender o comportamento dessa classe frente às propriedades acionais dos eventos. Assim, discutindo a relação entre os domínios verbal e preposicional, demonstraremos que preposições e PPs não-cumulativos e direcionados para o ALVO da trajetória, desde que incluam esse ponto em sua denotação, podem alterar a telicidade do evento. Dentre as classes discutidas, apenas as preposições de FONTE não permitem uma leitura télica para um VP de movimento porque tratam da posição mínima de uma trajetória espacial.
DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada
RESUMO Neste artigo, analisamos com dados do português brasileiro a proposta sintático-semântica ... more RESUMO Neste artigo, analisamos com dados do português brasileiro a proposta sintático-semântica de Svenonius (2006, 2010) para as chamadas “estruturas axiais”, construções como ‘em frente a’ que são interpretadas como denotando uma região espacial projetada a partir de um FUNDO. Depois de avaliarmos criticamente a proposta de Svenonius (2006, 2010), que defende um núcleo funcional específico para abrigar lexemas como ‘frente’, apresentamos a solução de Matushansky e Zwarts (no prelo), que defendem que esse tipo de item é, na verdade, um “nome fraco”. Ao analisarmos as estruturas axiais do PB, argumentamos a favor da abordagem de Matushansky e Zwarts (no prelo).
Resumo: Neste artigo, apresentamos uma proposta de análise de algumas das várias interpretações p... more Resumo: Neste artigo, apresentamos uma proposta de análise de algumas das várias interpretações possíveis do verbo 'dar', baseada nos conceitos de papéis temáticos e de hierarquia temática. Nossa análise permite dar conta de uma gama considerável de interpretações desse verbo, por meio de ferramentas independentemente motivadas, considerando uma grade temática básica para ele e uma hierarquia que permite gerar outras interpretações além daquela canônica, com três argumentos. Ao final, relacionamos nossa proposta com algumas estruturas fixas e semifixas do verbo 'dar'.
A negação é uma característica básica de toda língua natural, e sua compreensão é fundamental par... more A negação é uma característica básica de toda língua natural, e sua compreensão é fundamental para lidarmos com sentenças falsas ou contraditórias, resultantes da aplicação do operador de negação a uma sentença. Em semântica e pragmática formal, estudar a negação é também interessante por destacar sua interação com outros operadores como quantificadores e modalizadores. Neste artigo, analisaremos a negação em Wapichana, uma língua indígena brasileira, da família Arawak, falada em Roraima, na Venezuela e na Guiana, tomando como aporte teórico a Semântica Formal. Dividimos este artigo do seguinte modo: na primeira seção, faremos uma tipologia mínima sobre a negação nas línguas naturais; na sequência, caracterizaremos a língua Wapichana entre as línguas naturais, discutindo questões relacionadas à sua tipologia. Na seção 3, passaremos à discussão sobre a negação nessa língua, abordando, nas subseções de 3.1 a 3.4, alguns de seus diferentes aspectos, quais sejam, a diferença entre as ne...
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