Papers by Theophilos Rifiotis
Horizontes Antropológicos, 2024
O ensaio destaca a pluralidade de eleições etnográficas que descrevem e analisam o digital e suas... more O ensaio destaca a pluralidade de eleições etnográficas que descrevem e analisam o digital e suas formas cada vez mais complexas de constituir a vida. Nas últimas décadas, a antropologia tem problematizado, por diferentes caminhos, a concepção de social ou sociedade como sendo a reunião de indivíduos humanos e seus modos de representação, ação, convivência e pertencimento. Isso inclui a emergência de coletivos situacionais e contingentes, definidos, por exemplo, pela partilha de moléculas, por códigos binários e genéticos, ou pela combinação de dados minerados por algoritmos. Ainda que projetadas como globais, essas tecnologias encontram resistência e mobilizam interesses difusos, ganhando novos contornos nas práticas localizadas. Computadores pessoais e softwares de modelagem, aplicativos e redes sociais da internet, algoritmos e DNA, inteligência artificial e organismos geneticamente modificados constituem um amplo e complexo amálgama que intersecta tecnologias digitais e da vida. Elas dão forma a mundos múltiplos, modulados por combinações matemáticas, técnicas, arranjos e transformações biológicas. Um futuro que já está presente há algum tempo, embora mal distribuído, seja nas formas emergentes de constituição do social ou nas antropologias interessadas nela.
Revista De Antropologia, Nov 11, 2014
RESUMO: O ponto de partida e o eixo argumentativo do presente texto é a questão do sujeito dos di... more RESUMO: O ponto de partida e o eixo argumentativo do presente texto é a questão do sujeito dos direitos. Trata-se de uma questão central nos debates sobre a construção da "cultura dos Direitos Humanos" que tem sido negligenciada, deixando em aberto todo um campo de reflexão sobre a dimensão vivencial dos sujeitos. Considero o sujeito dos direitos como um projeto político e analítico, urgente e fundamental, para o atual momento de consolidação dos Direitos Humanos no Brasil, e gostaria aqui de defender uma vez mais a necessidade de pesquisas sobre os sujeitos sócio-históricos a partir dos quais são construídas e apropriadas valorizações e simbolizações que formam o leque de leituras dos Direitos Humanos. Entendo que trazer estas questões para o debate é um modo de superar antagonismos e dicotomias e procurar ser mais efetivo no projeto de uma "cultura da paz". Além do mais, a própria ideia de "cultura da paz" prescinde de uma noção dinâmica e complexa de cultura, supere a noção de repertório e de variável a ser analisada. Considera-se, minimamente, que a cultura seja entendida como um "arranjo" em que os sujeitos atuam dando e criando significados para a sua ação.
Revista Estudos Feministas, Aug 1, 2015
de um estudo de inspiração etnográfica, que utilizou como fonte de pesquisa entrevistas com opera... more de um estudo de inspiração etnográfica, que utilizou como fonte de pesquisa entrevistas com operadoras/os do direito e diários de campo, construídos a partir de observação de audiências e análise documental de processos penais. A pesquisa mostrou que as práticas rotineiras das/os operadoras/es do direito
Texto publicado originalmente no livro "Ensaios Antropológicos sobre Moral e Ética organizado", o... more Texto publicado originalmente no livro "Ensaios Antropológicos sobre Moral e Ética organizado", organizado por Roberto Cardoso de Oliveira e Luís Roberto Cardoso de Oliveira, pela Editora Tempo Brasileiro em 1996. A presente publicação foi autorizada por Luís Roberto Cardoso de Oliveira, a quem agradecemos a generosa deferência. * (N.T.) Traduzido por Fernanda Cardozo e Tatiana Dassi com revisão técnica de Theophilos Rifiotis, a partir do original intitulado "Beyond good and evil? Questioning the anthropological discomfort with morals" (publicado em Anthropological Theory, volume 8, n. 4, 2008, p. 333-344). Agradecemos a Didier Fassin a gentileza em permitir a tradução e a publicação do seu trabalho neste livro.
Revista de Ciências Sociais, 2006
Runa, Dec 19, 2019
Fernanda Cruz Rifiotis y Theophilos Rifiotis jóvenes depositan por veces sus expectativas y anhel... more Fernanda Cruz Rifiotis y Theophilos Rifiotis jóvenes depositan por veces sus expectativas y anhelos de cambio de vida, y también sus frustraciones y revueltas con los cambios en las relaciones y los lazos familiares. En resumen, el CT actúa como productor de sujetos, los cuales a su vez resisten y subvierten sus funciones al relacionarse con él.
Resumo O livro Corporeidade e Terceira Idade: a marginalização do corpo do idoso de Regina Simões... more Resumo O livro Corporeidade e Terceira Idade: a marginalização do corpo do idoso de Regina Simões é um desdobramento de um trabalho de dissertação de mestrado, realizado a partir de dados obtidos junto aos alunos do Programa da Universidade da Terceira Idade da Universidade Metodista de Piracicaba em Piracicaba-SP. Com a resenha tivemos a intenção de analisar o aspecto metodológico, em torno dos limites da obra para um público especializado. Apesar das limitações metodológicas encontradas no livro, entendemos ...
Theophilos Rifiotis propõe uma sistematização de pistas de pesquisa para o estudo da judicializaç... more Theophilos Rifiotis propõe uma sistematização de pistas de pesquisa para o estudo da judicialização da “violência de gênero” e das chamadas práticas alternativas. O capítulo é resultante de uma trajetória de mais de vinte anos de pesquisa sobre a judicialização da “violência de gênero”. Nesse ensaio, ela é pensada tanto a partir de seu valor como instrumento para a mudança social – como uma alavanca – quanto a partir da sua dinâmica como lócus de disputas entre modelos de socialidade de gênero e entre modos de regulação social – ou seja, como uma arena. O texto consiste de uma espécie de roteiro-piloto que, semelhante a um balão de ensaio de meteorologistas, é lançado como experimento de teste de um conjunto de indicações para a pesquisa. O ensaio está articulado em torno de seis eixos: 1) Estado e políticas públicas; 2) questões sobre a categoria “violência”; 3) judicialização da “violência de gênero”; 4) judicialização e juridicização; 5) questões sobre sujeito, normatividade e vitimização; e 6) elementos para uma abordagem arqueológica. Esses seis eixos cobrem um vasto escopo de questões cuja pertinência e rendimento analítico precisam ser postos à prova de modo integrado a partir de outras perspectivas analíticas e mesmo de outras disciplinas.
Revista Estudos Feministas, 2001
Anuário Antropológico, 2018
Entre l'État, les institutions et les sujets: Considérations sur l'assujettissement, la résistanc... more Entre l'État, les institutions et les sujets: Considérations sur l'assujettissement, la résistance et les moralités Theophilos Rifiotis UFSC Ce n'est donc pas le pouvoir, mais le sujet qui constitue le thème général de mes recherches. M. Foucault, Dits et écrits Ce texte vient d'une présentation faite dans le cadre du groupe de travail "Rethinking the concept of moral economy: anthropological perspectives" au Congrès de l'EASA (European Association of Social Anthropologists) à Milan en 2017. 1 Face à la pluralité conceptuelle de la notion d'économie morale, il faut discuter son potentiel heuristique et sa portée théorique pour le développement d'une anthropologie critique, ou d'une anthropologie morale, comme l'a très bien défini Didier Fassin (2008). La notion d'économie morale est devenue centrale dans mes recherches et mon enseignement. Cette notion clé m'a offert de nouvelles possibilités analytiques du problème théorique qui me préoccupe: la violence. Particulièrement, la judiciarisation de la violence du genre et la place du sujet qui sont des questions issues de longues années de recherches de terrain et de directions de thèses, que je vais tâcher d'expliquer. Quant à l'importance du sujet pour les études des économies morales, je commencerai en situant mon parcours de recherche par rapport à la morale et à la question du sujet, et les raisons qui m'ont poussées à discuter les possibilités qu'elles offrent à la théorie des économies morales. 2 Ensuite, pour aller plus en avant dans le dialogue avec les économies morales, le texte prendra la forme d'une exégèse, disons dialogique de l'Introduction du livre "Juger, réprimer, accompagner. Essai sur la morale de l'État" (Fassin et al., 2013), ce qui me permettra de discuter les fondamentaux de la praxis, tel que je l'envisage dans ce texte et leurs rapports avec une approche par la notion de sujet. De telle sorte que cette Introduction sera Entre l'État, les institutions et les sujets: Considérations sur l'assujettissement, la résistance et les moralités 338
Ilha, Dec 5, 2014
A publicação de Jogo, Ritual e Teatro: um estudo antropológico do Tribunal do Júri, de Ana Lúcia ... more A publicação de Jogo, Ritual e Teatro: um estudo antropológico do Tribunal do Júri, de Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer (2012), representa uma importante contribuição para o campo da Antropologia Jurídica no Brasil. Trata-se de uma obra inovadora que introduz o leitor na instância emblemática do Direito Penal através de uma pesquisa etnográfica. Nela apresenta-se de modo claro e sistemático a contribuição teórica e metodológica da Antropologia para o estudo do Tribunal do Júri, descortinando-se suas práticas e significados. Originada de uma pesquisa etnográfica nos Tribunais do Júri de São Paulo entre 1997 e 2001, e escrita como tese de doutorado defendida na Universidade de São Paulo, o livro, publicado em 2012 pela Editora Terceiro Nome, na coleção "Antropologia Hoje", é de grande atualidade acadêmica. Uma primeira qualidade do livro é estar assentado em sólidos conhecimentos da Antropologia e numa significativa pesquisa etnográfica, tendo como referência teórica central os trabalhos C. Geertz, e está apoiada principalmente na obra clássica de J. Huizinga sobre os jogos, de V. Turner e R. da Matta e seus estudos sobre o ritual, e G. Balandier sobre a teatralidade do poder. Configura-se assim uma rica base teórica a partir da qual a autora constrói a sua filiação à perspec
Cadernos Pagu, Dec 1, 2015
Violência, Justiça e Direitos Humanos: reflexões sobre a judicialização das relações sociais no c... more Violência, Justiça e Direitos Humanos: reflexões sobre a judicialização das relações sociais no campo da "violência de gênero"* Theophilos Rifiotis** Resumo A constante ampliação da pauta de reivindicações sociais por direitos, lidos especialmente na chave dos direitos humanos, sua tradução em termos morais e a judicialização das relações sociais são as questões centrais deste texto. Proponho aqui uma análise dos modos de produção da justiça nos casos de "violência de gênero" em dois momentos: um primeiro, anterior à Lei 11340/2006, a partir de uma releitura de trabalhos etnográficos, no âmbito da Delegacia da Mulher de João Pessoa, focando especialmente o que pode ser chamado de "mediação policial"; num segundo momento, apresento uma reflexão de práticas de produção de justiça no âmbito da aplicação da Lei 11340 observadas entre 2008 e 2009 em Florianópolis, destacando a adoção do "perdão judicial" nas chamadas "audiências de ratificação". Finalmente, proponho uma reflexão sobre as dimensões moral e política das lutas por direitos, e sobre o tipo específico de judicialização que se estabelece em tal processo das lutas por direitos no campo da "violência de gênero".
Anuário Antropológico, Dec 1, 2018
Entre l'État, les institutions et les sujets: Considérations sur l'assujettissement, la résistanc... more Entre l'État, les institutions et les sujets: Considérations sur l'assujettissement, la résistance et les moralités Theophilos Rifiotis UFSC Ce n'est donc pas le pouvoir, mais le sujet qui constitue le thème général de mes recherches. M. Foucault, Dits et écrits Ce texte vient d'une présentation faite dans le cadre du groupe de travail "Rethinking the concept of moral economy: anthropological perspectives" au Congrès de l'EASA (European Association of Social Anthropologists) à Milan en 2017. 1 Face à la pluralité conceptuelle de la notion d'économie morale, il faut discuter son potentiel heuristique et sa portée théorique pour le développement d'une anthropologie critique, ou d'une anthropologie morale, comme l'a très bien défini Didier Fassin (2008). La notion d'économie morale est devenue centrale dans mes recherches et mon enseignement. Cette notion clé m'a offert de nouvelles possibilités analytiques du problème théorique qui me préoccupe: la violence. Particulièrement, la judiciarisation de la violence du genre et la place du sujet qui sont des questions issues de longues années de recherches de terrain et de directions de thèses, que je vais tâcher d'expliquer. Quant à l'importance du sujet pour les études des économies morales, je commencerai en situant mon parcours de recherche par rapport à la morale et à la question du sujet, et les raisons qui m'ont poussées à discuter les possibilités qu'elles offrent à la théorie des économies morales. 2 Ensuite, pour aller plus en avant dans le dialogue avec les économies morales, le texte prendra la forme d'une exégèse, disons dialogique de l'Introduction du livre "Juger, réprimer, accompagner. Essai sur la morale de l'État" (Fassin et al., 2013), ce qui me permettra de discuter les fondamentaux de la praxis, tel que je l'envisage dans ce texte et leurs rapports avec une approche par la notion de sujet. De telle sorte que cette Introduction sera Entre l'État, les institutions et les sujets: Considérations sur l'assujettissement, la résistance et les moralités 338
Revista Katálysis, Dec 1, 2008
Judiciarização das relações sociais e estratégias de reconhecimento: repensando a 'violência conj... more Judiciarização das relações sociais e estratégias de reconhecimento: repensando a 'violência conjugal' e a 'violência intrafamiliar' Resumo: Trata-se de um ensaio sobre os movimentos sociais que lutam contra a 'violência conjugal' e contra a 'violência intrafamiliar', colocando em debate especialmente a estratégia da chamada 'conquista de ganhos jurídicos'. Aborda-se, inicialmente, a noção de 'violência', problematizando a sua pertinência teórica e seus limites analíticos. Num segundo momento, discute-se a centralidade e/ou exclusividade das medidas no âmbito da judiciarização, especialmente a Delegacia da Mulher, e seus limites e dilemas em termos de lutas por reconhecimento social. A seguir, apresenta-se um esboço da teoria sobre lutas por reconhecimento social fundamentado na obra de Axel Honneth, destacando a base moral das demandas por justiça e a complexidade de sua tradução em termos de direitos. Finalmente, o trabalho aponta para uma leitura crítica da judiciarização das relações sociais, insistindo sobre o caráter tridimensional das lutas por reconhecimento e a pluralidade da agenda política no campo da 'violência conjugal' e 'violência intrafamiliar'.
Sociedade E Estado, Jun 1, 2004
Social movements that fight against impunity in cases of "conjugal violence" are, at the same tim... more Social movements that fight against impunity in cases of "conjugal violence" are, at the same time, local and global movements whose transversal dimension represents a great challenge and shows the need for comparative research among local solutions. The Women's Police Department is a dispositif of the judiciary police implemented in Brazil as part of the fight against impunity and for the extension of access to justice. In this article, we present a rereading of the ethnographic research conducted at the Women's Police Department of João Pessoa (in the State of Paraiba, Brazil), based on the study of Canadian policies and experiences in Quebec, particularly at the Montreal Urban Community Police Department (SPCUM). In sum, this text is an essay on the "particularity" of a Brazilian experience and aims to contribute to the discussion of that type of "judiciarization" process.
DOAJ (DOAJ: Directory of Open Access Journals), 2012
The starting point for anthropology in cyberspace is the idea of “communication mediated by the c... more The starting point for anthropology in cyberspace is the idea of “communication mediated by the computer”. Such an idea presupposes, explicitly or implicitly, a certain exteriority of the technical objects and, at the same time, it circumscribes agentive capacity exclusively to human beings. The present paper proposes a critical reflection about these assumptions by exploring a twofold theoretical and methodological inspiration. Firstly, it approaches the classical matrix about technique in “traditional societies”, as it was first conceived by M. Mauss, as a reference and it analyses the specificity attributed to the modern condition regarding technique. In a second and complementary moment , the paper advances as it systematizes the contemporary debates about agency and explores the limits of the human/technical dichotomy. Here it dwells specifically on the works of B. Latour, and the notion of cyborg. It is thus a rereading of the classical anthropological perspective regarding the approach of technique and the questioning of the modern notion of object-technical as it is applied to cyberspace. Finally, the paper discusses notions such as “usage”, “appropriation” and “representation” of technical objects in the anthropological studies in cyberspace.
Revista Katálysis, Jan 12, 2008
Judiciarização das relações sociais e estratégias de reconhecimento: repensando a 'violência conj... more Judiciarização das relações sociais e estratégias de reconhecimento: repensando a 'violência conjugal' e a 'violência intrafamiliar' Resumo: Trata-se de um ensaio sobre os movimentos sociais que lutam contra a 'violência conjugal' e contra a 'violência intrafamiliar', colocando em debate especialmente a estratégia da chamada 'conquista de ganhos jurídicos'. Aborda-se, inicialmente, a noção de 'violência', problematizando a sua pertinência teórica e seus limites analíticos. Num segundo momento, discute-se a centralidade e/ou exclusividade das medidas no âmbito da judiciarização, especialmente a Delegacia da Mulher, e seus limites e dilemas em termos de lutas por reconhecimento social. A seguir, apresenta-se um esboço da teoria sobre lutas por reconhecimento social fundamentado na obra de Axel Honneth, destacando a base moral das demandas por justiça e a complexidade de sua tradução em termos de direitos. Finalmente, o trabalho aponta para uma leitura crítica da judiciarização das relações sociais, insistindo sobre o caráter tridimensional das lutas por reconhecimento e a pluralidade da agenda política no campo da 'violência conjugal' e 'violência intrafamiliar'.
Uploads
Papers by Theophilos Rifiotis
Entendemos que este trabalho é uma etapa preliminar de reavaliação a ser retomada criticamente pelos especialistas das sociedades negro-africanas. Para lançar a nossa própria reflexão, nos perguntaríamos: se o rei ou sacerdote é identificado com a própria natureza e exerce um controle sobre ela, se ele é considerado um “deus”, por que matá-lo, ou, parodiando um texto clássico, Pourquoi le tuer?
No campo da antropologia, as questões etárias têm tido uma presença constante, independentemente da área cultural ou momento histórico estudados. A importância desta temática mostrou-se particularmente significativa no estudo do complexo conjunto de fenômenos que teve lugar entre os anos 50 e 70, e que recebeu a designação genérica de “conflito de gerações”. Atualmente, com o significativo crescimento da população idosa, que está transformando a pirâmide etária da população mundial, o envelhecimento tornou-se uma questão da maior importância.
Minha apresentação será concentrada no que tenho chamado de judicialização das relações sociais. Arriscaria dizer, desde já, que esse é um tema quente. E creio que a Defensoria Pública possa ser pensada, ao mesmo tempo, como um espelho da judicialização e como um lugar para a reflexão sobre essa mesma judicialização.
é a questão do sujeito dos direitos. Trata-se de uma questão central nos
debates sobre a construção da “cultura dos Direitos Humanos” que tem
sido negligenciada, deixando em aberto todo um campo de reflexão sobre a
dimensão vivencial dos sujeitos. Considero o sujeito dos direitos como um
projeto político e analítico, urgente e fundamental, para o atual momento
de consolidação dos Direitos Humanos no Brasil, e gostaria aqui de defender
uma vez mais a necessidade de pesquisas sobre os sujeitos sócio-históricos a
partir dos quais são construídas e apropriadas valorizações e simbolizações
que formam o leque de leituras dos Direitos Humanos. Entendo que
trazer estas questões para o debate é um modo de superar antagonismos e
dicotomias e procurar ser mais efetivo no projeto de uma “cultura da paz”.
Além do mais, a própria ideia de “cultura da paz” prescinde de uma noção
dinâmica e complexa de cultura, supere a noção de repertório e de variável
a ser analisada. Considera-se, minimamente, que a cultura seja entendida
como um “arranjo” em que os sujeitos atuam dando e criando significados
para a sua ação.
PALAVRAS-CHAVE: Direitos humanos, violência, lutas de reconhecimento,
judicialização.
Chapitre : Ancestrality age conflicts in black societies.
ethinking age in Africa: colonial, post-colonial, and contempo-
rary interpretations of cultural representations / edited By Mario .I Aguilar.
ISBN 1-59221-494-0 (hard cover) - ISBN 1-59221-495-9 (pbk.)
A série dos Seminários Mapeando Controvérsias, iniciada em 2013, tem contribuído para a difusão de trabalhos pioneiros e novos experimentos etnográficos envolvendo os debates sobre simetrização, hibridismo, distribuição de agência, redes sociotécnicas, multiespécies, tecnossocialidades, biossocialidades, os quais representam, por sua vez, um amplo e diversificado conjunto de desafios que, no nosso entender, configuram um campo de tensões aporéticas contemporâneas para a produção antropológica. Uma primeira publicação de resultados dos nossos Seminários foi o dossiê “Simetrização, Hibridismo e Agência na Antropologia”, publicado na Revista Ilha (volume 17, n. 2, 2015), organizado por Theophilos Rifiotis, Jean Segata e Oscar Calavia Saez. Um segundo desdobramento dos nossos Seminários foi a publicação dos trabalhos apresentados, em 2016, no IV Seminário Mapeando Controvérsias Contemporâneas na Antropologia, no formato de livro, sob os auspícios editoriais da Associação Brasileira de Antropologia, com apoio do CNPq, CAPES e FAPESC – esse livro, intitulado “Políticas Etnográficas no Campo da Cibercultura”, foi organizado por Jean Segata e Theophilos Rifiotis.
A presente obra é composta de seis capítulos, todos inscritos num esforço que os aproxima, para além da diversidade dos recortes temáticos e dos distintos referenciais teóricos. Rompendo com os debates epistemológicos, todos os trabalhos aqui publicados trazem uma marca comum: a problematização, a fricção ontológica, na feliz expressão cunhada por Frédéric Keck, Ursula Regehr e Saskia Walentowitz (2008, p. 35) na Introdução ao dossiê “Anthropologie: le tournant ontologique en Action”. Trata-se de um conjunto de trabalhos que operam, a partir de referências particulares, com o desdobramento das multiplicidades – as “políticas ontológicas”, de que falava John Law (2014, p. 143) – e que mantêm, sem dúvida, forte relação com os trabalhos de Eduardo Viveiros de Castro, Marilyn Strathern, Isabelle Stengers e Bruno Latour, dentre outros autores que vêm contribuindo para esse grande projeto antropológico. Portanto, não se trata de uma simples reunião de trabalhos voltados a uma temática específica: nosso projeto editorial supõe que cada leitor, conforme seus interesses, possa encontrar, num ou noutro destes capítulos, cruzamentos com suas próprias pesquisas. Nesse sentido, o presente livro foi concebido com a ambição de servir a diferentes leitores – não exclusivamente do campo antropológico – que estejam interessados em dispor de um mapeamento plural das controvérsias contemporâneas na antropologia e, a partir daí, ampliar e aprofundar seus próprios argumentos e modos de fazer seus trabalhos etnográficos.
239 Theophilos Riϐiotis; Marlise Matos
sistema prisional e jurídico marcados pela falta de infra-estrutura e pela morosidade que colocam em questão a produção e a resposta da justiça assim como o respeito à própria cidadania. Numa fórmula, intencionalmente ambígua e paradoxal, diríamos que é verdade que estamos longe do passado do regime de ditadura militar, promovendo ações de combate e enfrentamento às muitas faces das desigualdades sociais que corroem o país e, num sentido mais geral, com avanços na promoção dos direitos de cidadania, porém convivendo com dinâmicas de um passado que ainda não passou.
En líneas muy generales, en los 23 procesos observamos que las víctimas están divididas entre hombres y mujeres, con pequeña prevalencia de estas, cuyas edades oscilaban entre 41 y 50 años. Todos los acusados son de sexo masculino con edades entre los 18 y 30 años, generalmente con educación secundaria incompleta y que mantenían actividades laborales variadas o indeterminadas. Llamó nuestra atención el hecho de que los acusados en la mayoría de los casos residían en la misma casa con sus padres o en sus proximidades, o bien, mantenían una actividad de trabajo conjunta o relacionada, mostrando un grado significativo de proximidad entre ellos. Esta es una cuestión que podría figurar como objeto específico de análisis para otra investigación. Pero para los objetivos de nuestra investigación un perfil general de los procesos nos pareció poco provechoso. Así, damos paso a continuación a la presentación de los cuatro procesos que nos propusimos examinar.
cibercultura no Brasil, e, desde a sua constituição em 1996, vem
enfrentando os desafios e possibilidades colocadas pela cibercultura,
em pesquisas cuja chave mestra é a etnografia. Deslocando o debate
generalista, extralocalizado e autoexplicativo que caracteriza tradições
ensaísticas sobre as quais parte dessa produção tem sido desenvolvida,
a etnografia posiciona e situa a cibercultura para o lugar
onde ela é produzida e significada cotidianamente, ou seja, nas práticas,
experiências e sensibilidades da vida vivida e não daquela imaginada.
Ali, onde pessoas, artefatos e outros seres são cruzados e
coproduzidos com e pelas tecnologias digitais, a antropologia reivindicada
pelo GrupCiber é aquela que põe em revisão constante a
sua agenda de teoria, método e atuação. Esse tem sido o esforço
empreendido pelo grupo ao longo destes anos e, por conseguinte,
tornou-se o eixo estruturante das nossas atividades. Trata-se da
defesa de políticas etnográficas para o campo da cibercultura, e é o que
procuramos sistematizar ao longo do presente livro.
Estratégias de negociação e pactuação em rede de serviços públicos inter-institucionais.
http://trajetvi.ca/files/publications/repenser-la-judiciarisation-de-la-violence-conjugale-solidarit-2c-victimisation-et-agentivit-2017.pdf
Université de Montréal - 2011
SVS-6525 B : Approches critiques de la violence intrafamiliale et conjugale et des modèles d'intervention sociale
Le champ d'étude de la violence, des conflits sociaux et des Droits de la Personne est sans doute central dans les processus politiques contemporains, ainsi que pour la recherche scientifique. Cependant, malgré son importance, la richesse des travaux empiriques acumulés au cours des dernières décades, ainsi que les développements théoriques atteints, nous sommes présentements soumis à un ensemble des questions sur les fondements de nos conceptes et nos pratiques sociales, particulièrement en ce qui concerne la violence intra-familiale et de genre. En fait, ce champ d'étude demeure attaché à des objets de rechercher héritier des "problèmes sociaux", c'est-à-dire qu'ils n'ont pas atteint le nécessaire développement théorique. Nous nous proposons de mettre à jour des débats contemporains et essayer d’en dégager les grandes lignes de la construction d'une tradition critique dans ce domaine, tout particulièrement à partir d’un approche anthropologique.
Le séminaire est donc une introduction à l'étude des phénomènes sociaux appelés "violence" dont le but est de mettre en évidence son caractère pluriel et la règle de formation du champ de recherche. Il sera question le caractère moral de la "traduction" du problème sociale "violence" en concept scientifique. La révision de la littérature spécialisée doit permettre d'exposer les fondements théoriques, la construction symbolique de la "violence", ainsi que d'analyser les "mouvements sociaux de lutte pour la reconnaissance" et les Droits de la Personne. Nous allons analyser les fondements théoriques et les problèmes empiriques de recherche, ainsi que les questions d'éthiques et les lieux des interventions sociales tout particulièrement dans le domaine de la sécurité public et la justice.