Politicas Linguísticas by Christiane Dias
A questão da cultura concebida como capital simbólico ou, conforme Bourdieu (2000), capital cultu... more A questão da cultura concebida como capital simbólico ou, conforme Bourdieu (2000), capital cultural, requer especial atenção, sobretudo ao abordar o assunto em um recorte sociolinguístico, mais precisamente em uma perspectiva dos estudos das Políticas Linguísticas. Bourdieu cunhou a expressão "capital cultural" com o intuito de analisar situações de classe nas sociedades. Esse capital cultural, dentro do sistema capitalista vigente, acaba por hierarquizar também as culturas, dando a algumas destas o status de subculturas de classe ou de setores de classe, cujas condições de vida determinam as minúcias destas culturas, quais sejam os gostos, os estilos, os valores, as estruturas psicológicas, as ideologias etc. A partir de tais aspectos, molda-se o perfil dessas culturas o que possibilita, segundo Bourdieu, a distinção entre a burguesia tradicional da nova pequena burguesia e esta da classe trabalhadora.
Propomos uma reflexão, com base nos documentos oficiais que estabelecem as políticas linguísticas... more Propomos uma reflexão, com base nos documentos oficiais que estabelecem as políticas linguísticas em Timor-Leste, confrontando-os com as práticas relativas ao uso da língua portuguesa em ambientes diversos na capital, Díli. A intenção é perceber como a concorrência entre os idiomas institucionalizados se reflete na constituição da paisagem linguística da cidade e interfere no uso da língua portuguesa. Adotamos o conceito de política linguística de Calvet (2007) -"conjunto de escolhas conscientes referentes às relações entre língua(s) e vida social" -diferenciando de planejamento linguístico -"implementação prática de uma política linguística, em suma, a passagem ao ato". Landry & Bourhis (1997) definem paisagem linguística como a combinação de "língua das placas de sinalização pública, os quadros de propaganda, os nomes de ruas e lugares, as placas comerciais e os avisos públicos em prédios governamentais (...) de um determinado território, região ou aglomeração urbana". Coletamos amostras visuais que mostram o uso da língua portuguesa e demais idiomas previstos na constituição, durante as ações de cooperação internacional, do Programa de Qualificação de Docentes e Ensino de Língua Portuguesa -PQLP/CAPES. Observamos que a paisagem linguística em Díli nem sempre privilegia as línguas oficiais estabelecidas pela constituição de Timor-Leste, o que evidencia uma dissonância entre a "política linguística" e o "planejamento linguístico". Assim, propomos a discussão sobre os efeitos da verticalidade das políticas linguísticas e o desfavorecimento proporcionado quanto ao uso dos idiomas em seus ambientes linguísticos, o qual aparentemente compromete os objetivos sociais do uso das línguas e o próprio planejamento linguístico.
Papers by Christiane Dias
Veredas, Dec 28, 2023
Disponível em: https://pqlp.ufsc.br/ Trajeto feito por mim (Florianópolis-São Paulo-Barcelona-Sin... more Disponível em: https://pqlp.ufsc.br/ Trajeto feito por mim (Florianópolis-São Paulo-Barcelona-Singapura-Díli), existem ainda voos que passam por Chile e Austrália. O conceito de translinguagem é discutido por Ofelia García (2009), entre outros. As práticas translíngues consistem, grosso modo, na mobilização de várias línguas para a construção do sentido e da inteligibilidade em um mesmo discurso.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressã... more Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Linguística, Florianópolis, 2015.Este estudo nasce do interesse da autora de problematizar as políticas linguísticas em contextos de antigas colônias portuguesas. Nesse caso, especificamente, é uma tentativa de compreender as dinâmicas do(s) discurso(s) que permeia(m) a oficialização da língua portuguesa em Timor-Leste e sua relação com as práticas linguísticas cotidianas adotadas pela população que vive e transita em Díli, capital do país e também por timorenses que escolheram estudar no Brasil. Um dos objetivos desse trabalho é tentar relatar a construção discursiva da política linguística timorense, por meio de documentos que definem as políticas linguísticas institucionais e, a partir daí, confrontar essa análise com outra, a das práticas linguísticas cotidianas. Timor-Leste é o único país asiático integrante da Comunidade dos Países de Língua Portugue...
Working Papers em Linguística
http://dx.doi.org/10.5007/1984-8420.2015v16n2p139As turbulências históricas e políticas vivenciad... more http://dx.doi.org/10.5007/1984-8420.2015v16n2p139As turbulências históricas e políticas vivenciadas em Timor-Leste motivaram uma decisão política estatal pela co-oficialização da língua portuguesa no pequeno país multilíngue asiático. Esta decisão, no entanto, embora pretenda caracterizar o país como lusófono “de direito”, configura a criação de uma “comunidade imaginada” lusófona (ANDERSON, 2008) uma vez que as políticas linguísticas “de fato” revelam que a língua portuguesa está longe de constituir uma unanimidade nas práticas cotidianas, ocupando um lugar exógeno e distante para muitos indivíduos timorenses. As relações de poder em suas instâncias macro e micro (FOUCAULT, 1997) produzem a emergência de uma língua que atenda interesses diversos, cumprindo inclusive papel segregante e uma hierarquização linguística. A reflexão proposta por este trabalho consiste na problematização acerca da presença do idioma lusitano em Timor-Leste e as tensões produzidas pelas relações de poder ...
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