Papers by Diogo Porto da Silva
Estética e Filosofia da Arte: Coletânea de Artigos e Ensaios, 2023
Ōnishi Yoshinori (1888 - 1959) consolidou as bases filosóficas nas quais a estética japonesa se d... more Ōnishi Yoshinori (1888 - 1959) consolidou as bases filosóficas nas quais a estética japonesa se desenvolveria. No presente capítulo, apresentamos como Ōnishi lida com o tema que se tornou central à estética japonesa: a natureza. Tomamos como nosso objeto de análise sua obra publicada postumamente, em 1988, O Espírito da Arte Oriental, nos focando em suas considerações acerca do espírito da arte e consciência mítica, a cultura estética oriental e a distinção entre arte e poesia. Sua filosofia estética fundamenta bases mais sólidas para pensar a relação entre estética japonesa e natureza para além das numerosas representações naturais com as quais nos deparamos na arte japonesa.
PHILÓSOPHOS, 2020
O artigo se propõe a uma investigação da potência filosófica pre-sente na poesia japonesa clássic... more O artigo se propõe a uma investigação da potência filosófica pre-sente na poesia japonesa clássica conhecida como waka. O aspecto formal mais proeminente do waka é a sua curta estrutura composta geralmente de 31 sílabas moraicas divididas, respectivamente, em 5 versos de 5, 7, 5, 7 e 7 sílabas cada. Para erguer-se como uma forma poética, o waka emprega o re-curso rítmico da pausa e uma retórica que vinculam cada poema individual ao todo da tradição através de precedentes. Defendemos que na tradição in-telectual constituída pelo waka há uma filosofia do real – que denominamos intertextualidade do real – que entende a realidade como vazia e imperma-nente. Dessa forma, seria o waka a forma mais adequada através da qual ex-primir o real uma vez que ele é mais profundo e excelente a medida em que cria um movimento de esvaziamento e tornar impermanente através de seus recursos formais e retóricos: seu cerne, sua disposição e significado (nossas traduções do termo japonês “kokoro”) e suas palavras (“kotoba”).
Tetsugaku: International Journal of the Philosophical Association of Japan, 2019
In this paper, we interpret the Japanese philosopher Kuki Shūzō's The Problem of Contingency (偶 然... more In this paper, we interpret the Japanese philosopher Kuki Shūzō's The Problem of Contingency (偶 然 性 の 問 題), focusing on the understanding of contingency as a strategic means to acquire a metaphysical way of doing philosophy. Kuki defines contingency as the negation of necessity and, thus contingency breaks what he considers to be necessity's main feature: identity. This negation of necessity by contingency will follow all the modalities Kuki attributes to necessity (categorical, hypothetical, and disjunctive), giving birth to contingent counterparts to each of them. Furthermore, Kuki associates necessity to the being and contingency to nothingness. Considering metaphysics the kind of inquiry that goes beyond the being, that is, beyond necessity, Kuki argues for the proximity between contingency and metaphysics. As contingency negates identity itself, the metaphysical way of doing philosophy can be understood as one which main concern is difference, that is, what does not resolve itself in an identity. However, it does not mean that difference completely lacks identity or necessity, instead difference points toward a complex relationship in which the being is penetrated by nothingness and nothingness is on the way to being. The way of philosophizing based upon difference bears in mind this complexity between the being and nothingness, allowing one to deal with what comes out from the chance encounters that we face. For Kuki, chance encounters are brought about by contingency, there where what could be or not be is still unclear and everything that happens is a surprise. Surprise is a fundamental element for metaphysics, as Kuki understands it, because it will be, rather than identity and the being, the first impulse toward philosophizing.
Modernos & Contemporâneos - International Journal of Philosophy, 2018
Resumo: A chamada estética japonesa é formada por um conjunto de termos, dentre eles mono no awar... more Resumo: A chamada estética japonesa é formada por um conjunto de termos, dentre eles mono no aware, yūgen, sabi, wabi. Tais termos são invocados como representações de uma sensibilidade estética própria do Japão que teria fortes raízes em uma antiga tradição. Em nosso artigo, analisamos a estética japonesa como um discurso que fornece os modos através dos quais fala-se sobre essa suposta consciência do belo particular aos japoneses. Nesse sentido, propomos traçar os elementos de uma poética da estética japonesa. Apontamos três elementos que constituiriam tal poética: 1) a adoção dos conceitos de belo e arte vindos da filosofia ocidental como condutores da estética japonesa; 2) a afirmação de uma sensibilidade tradicional e particular ao Japão que teria seu fundamento teórico no conceito de simbolismo da modernidade ocidental; e 3) a intraduzibilidade dos termos pertencentes à estética japonesa a idiomas ocidentais, posicionando-a como antagônica ao ocidente, ao mesmo tempo em que representa o todo do oriente. Por fim, argumentamos que o discurso da estética japonesa ainda se encontra presente na atualidade, sendo utilizado como o fundamento filosófico para afirmações sobre a pureza e perenidade da "japonisidade".
Abstract: The so called Japanese Aesthetics is constituted of a collection of terms, among them mono no aware, yūgen, sabi, wabi. Such terms are invoked as the representation of an aesthetical sensibility unique to Japan with strong roots in an ancient tradition. In this paper, we analyze the Japanese Aesthetics as a discourse that provides the means through which a consciousness of the beauty supposed unique to the Japanese is dealt with. For that matter, we intend to draw the components of a Japanese aesthetics’ poetics. Thus, we point out three components that would constitute such poetics: 1) the adoption of the concepts of beauty and art coming from the Western philosophy as the Japanese Aesthetics’ guide lines; 2) the affirmation of a traditional and unique sensibility of Japan which the theoretical foundation would be the Western modernity’s concept of symbolism; and 3) the untranslatability of the terms belonging to the Japanese Aesthetics to Western languages opposing it to the West while, at the same time, representing the entire East. Finally, we argue that the Japanese Aesthetics discourse is still present now being used as the philosophical base to statements about the “purity” and “continuity” of “japanesness.”
Resumo: O artigo apresenta a discussão acerca da filosofia comparada através das dificuldades de ... more Resumo: O artigo apresenta a discussão acerca da filosofia comparada através das dificuldades de se considerar como parte da disciplina da filosofia pensamentos não-ocidentais. Analisando argumentos contra a aceitação de filosofias não-ocidentais como filosóficas e os desafios da disciplina chamada filosofia comparada, propomos uma redefinição de filosofia comparada; não como comparação de filosofias ou filosofia da comparação, mas como como aquele modo de filosofar que permitiria a ocidentais lidarem com filosofias não-ocidentais de modo inclusivo. Seguindo este programa de filosofia comparada, apontamos dois elementos da hermenêutica filosófica de Hans-Georg Gadamer que poderiam contribuir para esta empreitada: distância e diálogo. A distância vista positivamente, daria origem à experiência hermenêutica da compreensão que inicia-se com o encontro com outro, a alteridade. Colocando-nos em diálogo com o outro, abrimos a possibilidade de termos nossa compreensão transformada ao aceitar a verdade que o outro nos diz.
Palavras-chaves: Filosofia Comparada. Hermenêutica. Filosofia não-ocidental. Hans-Georg Gadamer. Diálogo.
Abstract: The article introduces the discussion regarding comparative philosophy through the difficulties of considering non-Western thoughts as part of philosophy. By analyzing arguments against the acceptance of non-Western philosophies as philosophical and the challenges faced by the discipline called comparative philosophy, we claim a redefinition of comparative philosophy, nor as comparison of philosophies neither as philosophy of comparison, rather as a kind of philosophize that would allow Westerners to deal with non-Western philosophies in a inclusive fashion. Following this program for comparative philosophy, we stress two elements within Hans-Georg Gadamer's philosophical hermeneutics that would contribute in such an enterprise: distance and dialogue. Distance, regarded in a positive way, would give birth to a hermeneutical experience in which understanding starts with the encounter with the other, the otherness. Putting ourselves in dialogue with the other, we open up to the possibility of having our understanding been transformed by accepting what is said to us by the other.
RESUMO: Compreendendo "filosofia comparada" como a disciplina filosófica que lida com as filosofi... more RESUMO: Compreendendo "filosofia comparada" como a disciplina filosófica que lida com as filosofias ou pensamentos não-ocidentais, pretendemos discutir como uma certa definição de filosofia informa a própria aproximação de ocidentais a filosofias não-ocidentais. Tendo como foco algumas práticas de filosofia comparada, mostraremos que, apesar de todos os esforços dos filósofos comparativistas, elas falham por ainda se guiarem por conceitos e metodologias nascidos e desenvolvidos no ocidente, sendo alheios à alteridade, pois a filosofia ocidental somente recentemente começou a se preocupar com a alteridade. Como alternativa, propomos uma reformulação de duas práticas basilares da atividade filosófica: ler e traduzir. Através desta reformulação, acreditamos que poderemos, enquanto pesquisadores treinados na filosofia ocidental, alcançarmos uma aproximação da filosofia não-ocidental que seja mais dialógica e aberta à alteridade. Este caminho desembocará na questão do idioma e sua relevância ao próprio fazer filosófico. A filosofia japonesa nos fornecerá um caso de pensamento idiomático onde a potência filosófica surge antes da "idiomaticidade" desta língua do que do conteúdo cultural que serviria como objeto à filosofia. Assim, pensamos que um filosofar transformado pelos idiomas permite a inclusão da alteridade do não-ocidental no diálogo que faz a filosofia.
ABSTRACT: Understanding "Comparative Philosophy" as the philosophical discipline that deals with non-Western philosophies or thinking, we intend to discuss a certain definition of philosophy that informs the approach of Westerners to non-Western philosophies. Focusing on some comparative philosophy endeavors, we hope to show that, despite all comparative philosophers' efforts, these endeavors fail because they are still driven by concepts and methodologies born and raised in the West, thus alien to otherness because only recently Western philosophy begun to concern itself with otherness. As an alternative, we claim a reformulation of two basic philosophical activities: reading and translating. By means of this reformulation, we believe that we can as scholars trained in Western philosophy reach an approach to non-Western philosophy that would be more dialogical and opened toward otherness. This path will lead to questions concerning the idiom and its relevance to philosophizing itself. Japanese philosophy will provide us a case of idiomatic thinking wherein a philosophical strength arises from this language's "idiomaticity" rather than its cultural content that would be a subject to philosophy. Therefore, we think that a philosophizing transformed by the idioms would allow the inclusion of the non-Western otherness in the dialogue that builds philosophy.
IV Jornadas Internacionales de Hermenéutica 2015 Actas, 2015
Aproximando-nos dos fenômenos da leitura e da tradução como são pensados pela hermenêutica filosó... more Aproximando-nos dos fenômenos da leitura e da tradução como são pensados pela hermenêutica filosófica e a desconstrução, pretendemos tirar as contribuições para a questão da filosofia comparada.
Ler não é uma operação que retoma a situação original do texto (como a intenção do autor ou o contexto histórico de sua origem), muito menos trata-se da busca de um sentido transcendental a animar o sentido do texto. A leitura se faz enquanto jogo criando um espaço onde não se trata mais da objetividade imanente do texto, nem mesmo da subjetividade do leitor. Este espaço onde leitor e texto são jogados, acreditamos, se faz pelo próprio caráter gráfico ou de escritura do texto, onde as palavras, os sinais gráficos, mas também o próprio espaço em branco que se encontra no texto não se remetem para fora de si, ou seja à referência, ao significante etc, mas sim uns aos outros. Antes da identidade entre signo e significado, seria a diferença entre signos gráficos a criarem um espaço de jogo no qual sentidos podem ser acordados entre leitor e texto.
A tradução é, ao mesmo tempo, uma tarefa necessária e impossível, pois, de nossa caracterização anterior da leitura, não haveria no texto um significado transcendental para ser transposto para a língua alvo, também, dado a diferença dos signos gráficos entre as línguas, o tradutor não poderia simplesmente transcrevê-los na língua alvo da tradução.
A filosofia comparada lidaria com uma questão similar àquela da tradução. Impossibilitada de definir os "conceitos" da filosofia oriental, pois, mesmo se houvesse um sentido que os definissem fora do jogo do texto, incorreria no risco de impor-lhe a lógica da filosofia ocidental. Por outro lado, tendo-lhe que explicá-lo em outra língua, a filosofia comparada perde o jogo da escritura que caracteriza a alteridade do texto oriental.
A questão da leitura, acreditamos, pode proporcionar uma atitude filosófica propícia à questão. Pensando-se a leitura como tradução, a tarefa da filosofia comparada seria a de recriar um espaço de jogo que não irrompa em uma interpretação, mas que possibilite a interpretação no momento da leitura. Assim, uma filosofia comparada relevante seria aquela que ao refrear sua ânsia de determinação, de identidade, faça-se como um espaço de jogo a possibilitar compreensões outras e diferentes.
九州大学哲学会創立50周年記念, Dec 2014
本論文は、九鬼周造(1888-1941) の『「いき」の構造』(1930)の第三章「「いき」の外延的構造」を中心にしつつ、如何なる形式の美学において「いき」が取り扱われているかを解明することを目... more 本論文は、九鬼周造(1888-1941) の『「いき」の構造』(1930)の第三章「「いき」の外延的構造」を中心にしつつ、如何なる形式の美学において「いき」が取り扱われているかを解明することを目的にする。九鬼は、「いき」論に用いている方法論は解釈学だと述べているが、第三章では或る趣味体系の一員として「いき」を取り扱っているため、彼が用いている方法は解釈学より美学論ではないかという問題が生じる。論文の第一節と第二節では、「いき」の外延的構造における分析方法を解明する。その分析方法においては、「いき」と関連している趣味――上品、下品、派手、地味、意気、野暮、渋味、甘味――が分析される。先ず、二つ一対の趣味の組み合わせ四組と「いき」が如何なる関係性があるのかが分析される。次に、それらの対になった組み合わせは、人性的一般存在と異性的特殊存在といった二つの公共圏に分けられ、それらの趣味の対立性はさらに、価値判断か非価値判断かの区別に基づくとされ、これによって「いき」の外延的構造が成立する。第三節では、「「いき」の外延的構造」の場合と非常によく似ている分析方法を用いる他の九鬼の著作、「風流に関する一考察」(1937)に触れる。「いき」と同様に「風流」も或る美学体系に属するが、「いき」と異なって「風流」は趣味とは呼ばれず、耽美的経験と呼ばれている。なぜ九鬼は、「いき」論と同様の分析方法を用いた「風流」論を美学として認めながら、「いき」論の方だけを解釈学としているのか。第四節では、その問いへの答えを試みる。ニーチェの芸術哲学における享受的美学と能動的美学の区別を踏まえて、「いき」論と風流論における美学体系を分類する。「いき」は、趣味として理解されているため鑑賞者中心の美学であり、享受的美学である。すなわち、「いき」論は如何なる美感・感性・美意識であるかを解説する美学論である一方、「風流」は、美的生活を目指す美学であるため創造者中心の美学論である。九鬼にとって風流論は風流人の芸術家への道を明らかにする美学であるため、能動的美学、詩作論であるとされているのである。最後に結論として、『「いき」の構造』の方法論的な意義を論じる。
The paper deals with Kuki's Propor sur le temps and Metaphysics of Literature. The paper defines ... more The paper deals with Kuki's Propor sur le temps and Metaphysics of Literature. The paper defines then analyses the notion of Aesthetics in Kuki's text by focusing mainly on the oriental time that he characterizes as transmigration as well as how such a temporality is expressed within Japanese art. We consider that with Kuki’s Metaphysics of Literature the constant concern is to support a conception of literature as a pure intuition of the present.
Books by Diogo Porto da Silva
Estudos Japoneses em Foco: Singularidades e Trajetórias Contemporâneas, 2020
Em torno da obra do filósofo japonês Kuki Shūzō, A Estrutura do “Iki” (1930), sempre houve a disc... more Em torno da obra do filósofo japonês Kuki Shūzō, A Estrutura do “Iki” (1930), sempre houve a discussão de sua pertença ou não ao nihonjinron. Por outro lado, é de aceitação unanime a sua afirmação sobre a intraduzibilidade do “iki” a línguas europeias. Neste artigo, pretendemos demonstrar que a disputa acerca das disposições políticas da obra de Kuki é perene exatamente porque aceitou-se de pronto a intraduzibilidade do “iki”. Buscando no interior da obra possibilidades interpretativas que retirem A Estrutura do “Iki” da esfera do nihonjinron, propomos a tradução de “bom gosto” para o “iki”. Para tal, traçaremos paralelos entre a análise da estrutura extensiva do “iki” realizada por Kuki que, então, entende-o como gosto e a teoria do gosto empreendida pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu. O resultado é que o “iki”, agora traduzido por “bom gosto”, revela-se, contrariamente à corrente interpretação da obra de Kuki, não como um modo de ser particular da etnia japonesa, capaz de manifestar seu “espírito” que, assim, se oporia ao da “cultura ocidental”, mas, antes, um estilo de vida particular dos citadinos de Edo que constituía uma distinção entre estes e outras classes sociais do período, como a dos samurais ou dos campesinos. Assim, a particularidade do “bom gosto”, em sua concretude e factualidade – estas as diretrizes metodológicas seguidas pelo próprio Kuki –, se mostraria não em contraposição ao ocidente, mas sim gerando diferenças ou distinções internas à cultura japonesa. Consequentemente, impedindo com isso qualquer interpretação do “bom gosto” pelos filtros do nihonjinron que tem como um de seus fundamentos a identidade homogênea e unitária de toda cultura japonesa.
Ao pensarmos na estética japonesa, logo nos vem à mente a beleza das flores de cerejeira em plena... more Ao pensarmos na estética japonesa, logo nos vem à mente a beleza das flores de cerejeira em plena floração. Na poética e na estética clássica do pensamento japonês, encontramos um termo específico para descrever essa beleza; diz-se "mono no aware". O termo, que já foi traduzido como "o pathos das coisas", "a tristeza das coisas" e "a afetividade das coisas", fala de um sentimento que nos toma diante de algo de uma estonteante beleza efêmera. Usamos o exemplo das flores de cerejeira que dentre uma semana florescem em seu esplendor e perdem rapidamente suas pétalas, mas podemos também experimentar o "mono no aware" ao lermos um poema a contar-nos de amantes a anteciparem o nascer do sol e, com ele, a eminência da separação, os filmes de Ozu e os escritos de Kawabata também já foram descritos como ricos em "mono no aware". Nosso trabalho pretende, através de pensadores japoneses clássicos e contemporâneos, como Motoori Norinaga, Onishi Yoshinori e Watusji Testuro, circunscrever a estética da beleza melancólica presente no "mono no aware". Com isso, esperamos demonstrar a relevância filosófica da estética e do pensamento japonês (que não se resumem apenas ao "mono no aware") que nos revela fenômenos ainda não pensados pela tradição filosófica ocidental, abrindo-nos assim novas possibilidades para pensar de forma mais abrangente e relevante isto que veio a ser conhecido como experiência estética.
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Papers by Diogo Porto da Silva
Abstract: The so called Japanese Aesthetics is constituted of a collection of terms, among them mono no aware, yūgen, sabi, wabi. Such terms are invoked as the representation of an aesthetical sensibility unique to Japan with strong roots in an ancient tradition. In this paper, we analyze the Japanese Aesthetics as a discourse that provides the means through which a consciousness of the beauty supposed unique to the Japanese is dealt with. For that matter, we intend to draw the components of a Japanese aesthetics’ poetics. Thus, we point out three components that would constitute such poetics: 1) the adoption of the concepts of beauty and art coming from the Western philosophy as the Japanese Aesthetics’ guide lines; 2) the affirmation of a traditional and unique sensibility of Japan which the theoretical foundation would be the Western modernity’s concept of symbolism; and 3) the untranslatability of the terms belonging to the Japanese Aesthetics to Western languages opposing it to the West while, at the same time, representing the entire East. Finally, we argue that the Japanese Aesthetics discourse is still present now being used as the philosophical base to statements about the “purity” and “continuity” of “japanesness.”
Palavras-chaves: Filosofia Comparada. Hermenêutica. Filosofia não-ocidental. Hans-Georg Gadamer. Diálogo.
Abstract: The article introduces the discussion regarding comparative philosophy through the difficulties of considering non-Western thoughts as part of philosophy. By analyzing arguments against the acceptance of non-Western philosophies as philosophical and the challenges faced by the discipline called comparative philosophy, we claim a redefinition of comparative philosophy, nor as comparison of philosophies neither as philosophy of comparison, rather as a kind of philosophize that would allow Westerners to deal with non-Western philosophies in a inclusive fashion. Following this program for comparative philosophy, we stress two elements within Hans-Georg Gadamer's philosophical hermeneutics that would contribute in such an enterprise: distance and dialogue. Distance, regarded in a positive way, would give birth to a hermeneutical experience in which understanding starts with the encounter with the other, the otherness. Putting ourselves in dialogue with the other, we open up to the possibility of having our understanding been transformed by accepting what is said to us by the other.
ABSTRACT: Understanding "Comparative Philosophy" as the philosophical discipline that deals with non-Western philosophies or thinking, we intend to discuss a certain definition of philosophy that informs the approach of Westerners to non-Western philosophies. Focusing on some comparative philosophy endeavors, we hope to show that, despite all comparative philosophers' efforts, these endeavors fail because they are still driven by concepts and methodologies born and raised in the West, thus alien to otherness because only recently Western philosophy begun to concern itself with otherness. As an alternative, we claim a reformulation of two basic philosophical activities: reading and translating. By means of this reformulation, we believe that we can as scholars trained in Western philosophy reach an approach to non-Western philosophy that would be more dialogical and opened toward otherness. This path will lead to questions concerning the idiom and its relevance to philosophizing itself. Japanese philosophy will provide us a case of idiomatic thinking wherein a philosophical strength arises from this language's "idiomaticity" rather than its cultural content that would be a subject to philosophy. Therefore, we think that a philosophizing transformed by the idioms would allow the inclusion of the non-Western otherness in the dialogue that builds philosophy.
Ler não é uma operação que retoma a situação original do texto (como a intenção do autor ou o contexto histórico de sua origem), muito menos trata-se da busca de um sentido transcendental a animar o sentido do texto. A leitura se faz enquanto jogo criando um espaço onde não se trata mais da objetividade imanente do texto, nem mesmo da subjetividade do leitor. Este espaço onde leitor e texto são jogados, acreditamos, se faz pelo próprio caráter gráfico ou de escritura do texto, onde as palavras, os sinais gráficos, mas também o próprio espaço em branco que se encontra no texto não se remetem para fora de si, ou seja à referência, ao significante etc, mas sim uns aos outros. Antes da identidade entre signo e significado, seria a diferença entre signos gráficos a criarem um espaço de jogo no qual sentidos podem ser acordados entre leitor e texto.
A tradução é, ao mesmo tempo, uma tarefa necessária e impossível, pois, de nossa caracterização anterior da leitura, não haveria no texto um significado transcendental para ser transposto para a língua alvo, também, dado a diferença dos signos gráficos entre as línguas, o tradutor não poderia simplesmente transcrevê-los na língua alvo da tradução.
A filosofia comparada lidaria com uma questão similar àquela da tradução. Impossibilitada de definir os "conceitos" da filosofia oriental, pois, mesmo se houvesse um sentido que os definissem fora do jogo do texto, incorreria no risco de impor-lhe a lógica da filosofia ocidental. Por outro lado, tendo-lhe que explicá-lo em outra língua, a filosofia comparada perde o jogo da escritura que caracteriza a alteridade do texto oriental.
A questão da leitura, acreditamos, pode proporcionar uma atitude filosófica propícia à questão. Pensando-se a leitura como tradução, a tarefa da filosofia comparada seria a de recriar um espaço de jogo que não irrompa em uma interpretação, mas que possibilite a interpretação no momento da leitura. Assim, uma filosofia comparada relevante seria aquela que ao refrear sua ânsia de determinação, de identidade, faça-se como um espaço de jogo a possibilitar compreensões outras e diferentes.
Books by Diogo Porto da Silva
Abstract: The so called Japanese Aesthetics is constituted of a collection of terms, among them mono no aware, yūgen, sabi, wabi. Such terms are invoked as the representation of an aesthetical sensibility unique to Japan with strong roots in an ancient tradition. In this paper, we analyze the Japanese Aesthetics as a discourse that provides the means through which a consciousness of the beauty supposed unique to the Japanese is dealt with. For that matter, we intend to draw the components of a Japanese aesthetics’ poetics. Thus, we point out three components that would constitute such poetics: 1) the adoption of the concepts of beauty and art coming from the Western philosophy as the Japanese Aesthetics’ guide lines; 2) the affirmation of a traditional and unique sensibility of Japan which the theoretical foundation would be the Western modernity’s concept of symbolism; and 3) the untranslatability of the terms belonging to the Japanese Aesthetics to Western languages opposing it to the West while, at the same time, representing the entire East. Finally, we argue that the Japanese Aesthetics discourse is still present now being used as the philosophical base to statements about the “purity” and “continuity” of “japanesness.”
Palavras-chaves: Filosofia Comparada. Hermenêutica. Filosofia não-ocidental. Hans-Georg Gadamer. Diálogo.
Abstract: The article introduces the discussion regarding comparative philosophy through the difficulties of considering non-Western thoughts as part of philosophy. By analyzing arguments against the acceptance of non-Western philosophies as philosophical and the challenges faced by the discipline called comparative philosophy, we claim a redefinition of comparative philosophy, nor as comparison of philosophies neither as philosophy of comparison, rather as a kind of philosophize that would allow Westerners to deal with non-Western philosophies in a inclusive fashion. Following this program for comparative philosophy, we stress two elements within Hans-Georg Gadamer's philosophical hermeneutics that would contribute in such an enterprise: distance and dialogue. Distance, regarded in a positive way, would give birth to a hermeneutical experience in which understanding starts with the encounter with the other, the otherness. Putting ourselves in dialogue with the other, we open up to the possibility of having our understanding been transformed by accepting what is said to us by the other.
ABSTRACT: Understanding "Comparative Philosophy" as the philosophical discipline that deals with non-Western philosophies or thinking, we intend to discuss a certain definition of philosophy that informs the approach of Westerners to non-Western philosophies. Focusing on some comparative philosophy endeavors, we hope to show that, despite all comparative philosophers' efforts, these endeavors fail because they are still driven by concepts and methodologies born and raised in the West, thus alien to otherness because only recently Western philosophy begun to concern itself with otherness. As an alternative, we claim a reformulation of two basic philosophical activities: reading and translating. By means of this reformulation, we believe that we can as scholars trained in Western philosophy reach an approach to non-Western philosophy that would be more dialogical and opened toward otherness. This path will lead to questions concerning the idiom and its relevance to philosophizing itself. Japanese philosophy will provide us a case of idiomatic thinking wherein a philosophical strength arises from this language's "idiomaticity" rather than its cultural content that would be a subject to philosophy. Therefore, we think that a philosophizing transformed by the idioms would allow the inclusion of the non-Western otherness in the dialogue that builds philosophy.
Ler não é uma operação que retoma a situação original do texto (como a intenção do autor ou o contexto histórico de sua origem), muito menos trata-se da busca de um sentido transcendental a animar o sentido do texto. A leitura se faz enquanto jogo criando um espaço onde não se trata mais da objetividade imanente do texto, nem mesmo da subjetividade do leitor. Este espaço onde leitor e texto são jogados, acreditamos, se faz pelo próprio caráter gráfico ou de escritura do texto, onde as palavras, os sinais gráficos, mas também o próprio espaço em branco que se encontra no texto não se remetem para fora de si, ou seja à referência, ao significante etc, mas sim uns aos outros. Antes da identidade entre signo e significado, seria a diferença entre signos gráficos a criarem um espaço de jogo no qual sentidos podem ser acordados entre leitor e texto.
A tradução é, ao mesmo tempo, uma tarefa necessária e impossível, pois, de nossa caracterização anterior da leitura, não haveria no texto um significado transcendental para ser transposto para a língua alvo, também, dado a diferença dos signos gráficos entre as línguas, o tradutor não poderia simplesmente transcrevê-los na língua alvo da tradução.
A filosofia comparada lidaria com uma questão similar àquela da tradução. Impossibilitada de definir os "conceitos" da filosofia oriental, pois, mesmo se houvesse um sentido que os definissem fora do jogo do texto, incorreria no risco de impor-lhe a lógica da filosofia ocidental. Por outro lado, tendo-lhe que explicá-lo em outra língua, a filosofia comparada perde o jogo da escritura que caracteriza a alteridade do texto oriental.
A questão da leitura, acreditamos, pode proporcionar uma atitude filosófica propícia à questão. Pensando-se a leitura como tradução, a tarefa da filosofia comparada seria a de recriar um espaço de jogo que não irrompa em uma interpretação, mas que possibilite a interpretação no momento da leitura. Assim, uma filosofia comparada relevante seria aquela que ao refrear sua ânsia de determinação, de identidade, faça-se como um espaço de jogo a possibilitar compreensões outras e diferentes.