Artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. RE... more Artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. RESUMO Este texto pretende apontar aspectos da agência moral aristotélica, que pressupõe que existe algo, o caráter, que sustenta a existência de linhas robustas do ponto de vista do comportamento, moral, da nossa constituição moral, e que acaba por definir o modo pelo qual agimos, e, por conseguinte, operando como algo que realmente nos define. Essa noção de caráter é majoritária entre os comentadores de Aristóteles, ainda que interpretações distintas possam ser defendidas sobre o alcance dessa disposição de caráter em Aristóteles. Tal concepção grassou ao longo dos tempos, mas vem sendo questionada-ao menos sua leitura mais tradicional-por estudos recentes acerca da psicologia social, que atenua ou rejeita a ideia de um caráter que sustente a nossa agência moral, afirmando que não é este, mas as situações que determinam o agir. Nessa perspectiva, temos especialmente Nisbet, Ross, Doris e Harman, os quais, a partir dos resultados concernentes à psicologia social experimental, chegam a afirmar que não haveria isto que entendemos por caráter, o que implicaria em um sério problema para a conhecida ética das virtudes, já que esta requer, na maior parte de suas formulações, a ideia de um caráter absolutamente robusto (Harman), que nos permitiria prever o comportamento de um agente em uma dada circunstância (Doris).
Resumo: Este texto busca apresentar duas teses absolutamente incompatíveis acerca do caráter. (i)... more Resumo: Este texto busca apresentar duas teses absolutamente incompatíveis acerca do caráter. (i) uma delas, denominada situacionista, baseada em investigações da psicologia moral contemporânea, sustenta que não há traços robustos que nos definam, que não há a ideia mesma de caráter, e que que todas as ações são determinadas pelas circunstâncias. Outra (ii) apresenta uma visão dura acerca do caráter a partir da ética aristotélica, sustentando que há algo que nos define, o caráter, e que uma vez adquirido, torna-se incontornável. Por fim, o artigo indicará que há passagens na ética de Aristóteles que permitem defender uma leitura alternativa para (i) e (ii). Palavras-chave: Caráter, falta de caráter, circunstâncias. Abstract: This text seeks to present two absolutely incompatible theories about character. (i) One of them, called situationist, based on contemporary moral psychology research, maintains that there are no robust traits that define us, that there is the idea of character, and that all actions are determined by circumstances. The other (ii) presents a harsh vision of character from Aristotelian ethics, arguing that there is something that defines us – character – which, once acquired, becomes unavoidable. Finally, the article indicates that there are passages in the ethics of Aristotle that allow an alternative reading to (i) and (ii). Este texto pretende apontar, preliminarmente, aspectos da agência moral aristotélica, que pressupões que existe algo, o caráter, que pressupõe linhas robustas do ponto de vista do comportamento moral, da nossa constituição moral, e que acaba por definir o modo pelo qual agimos, e, por conseguinte, operando como algo que realmente nos define.
Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pelotas, Brasil, CNPq resumo No livro dois da Ética Nico... more Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pelotas, Brasil, CNPq resumo No livro dois da Ética Nicomaqueia, Aristóteles afirma com clareza que a prática reiterada de ações virtuosas leva à constituição de uma determinada disposição de caráter, ou seja, o hábito funcionaria como uma segunda natureza, em função da fixidez e estabilidade da disposição por ele constituída, o que aparentemente impediria qualquer modificação no que concerne ao caráter. O problema é que várias passagens do Corpus Aristotelicum parecem contradizer esta asserção, permitindo uma leitura diferente daquela que sugeriria a ideia do hábito como algo que operasse de modo similar à natureza. Este artigo propõe-se investigar se é possível uma leitura que permita, nas Éticas, bem como em outras obras do Corpus Aristotelicum, a possibilidade da mudança de caráter, da decadência ou da reforma moral, bem como sua implicação na investigação sobre o problema do determinismo e da responsabilidade moral. palavras-chave hábito; disposição de caráter; responsabilidade moral; determinismo; Aristóteles; Ética Nicomaqueia O modo pelo qual adquirimos a virtude moral É deveras reconhecido o modo pelo qual Aristóteles concebe a aquisição da virtude moral. Ele delineia seu argumento no segundo livro da Ética Nicomaqueia, onde afirma que a virtude moral é adquirida pela prática reiterada de ações virtuosas, ou seja, pelo hábito (1103a17) de agir de determinada maneira, diferentemente da virtude intelectual cuja aquisição tem origem no ensinamento. Recebido em 30 de maio de 2013. Aceito em 15 de julho de 2013.
Há uma tendência nos estudos atuais no sentido de considerar a ética aristotélica, de algum modo,... more Há uma tendência nos estudos atuais no sentido de considerar a ética aristotélica, de algum modo, determinista. O presente artigo busca analisar uma passagem específica do livro IX da Ethica Nicomachea, onde Aristóteles questiona se devemos continuar amigos de um homem bom que se tornou mau. Essa passagem é interpretada de modos distintos pelos comentadores, tais como, por exemplo, Bodéüs e Irwin, que tratam a passagem a partir de perspectivas distintas. Irwin a entende como tratando da mudança de caráter do agente, enquanto Bodéüs nega categoricamente esse tipo de leitura. A intenção precípua deste artigo é mostrar as possíveis nuanças interpretativas, bem como propor, incipientemente, uma indicação de solução, embora não definitiva, dada a complexidade que advém de variadas passagens do corpus aristotelicum sobre o tema. Palavras-chave: mudança de caráter, amizade, homem bom, determinismo, libertarianismo.
Este texto buscará demonstrar o caráter fundamental desempenhado pelas circunstâncias da ação ou ... more Este texto buscará demonstrar o caráter fundamental desempenhado pelas circunstâncias da ação ou das particularidades do caso na ética aristotélica, especialmente quando Aristóteles analisa a concepção de epieikeia (equidade). Na discussão da epieikeia, é ressaltada a relação das particularidades e das regras gerais, deixando antever a prioridade da primeira em função da opacidade das últimas. Isto não significa afirmar um particularismo estrito, pois as regras ou princípios gerais ainda tem um papel a desempenhar, ainda que não seja um papel determinante. Palavras-chave: epieikeia, particularismo estrito, regras, particularismo moderado.
Resumo: Na Ética Nicomaquéia, Aristóteles desenvolve duas concepções distintas e contraditórias n... more Resumo: Na Ética Nicomaquéia, Aristóteles desenvolve duas concepções distintas e contraditórias no que concerne à felicidade (eudaimonía). Este texto tentará mostrar que esta contradição é apenas aparente, que o texto aristotélico permite a de-Abstract: In the Nicomachean Ethics, Aristotle develops two different and conflicting conceptions about happinnes (eudaimonía). This paper will try to show that this contradiction is only apparent, that the aristotelian text allows for the support of a perfectly consistent and coherent conception about happiness, with the assist of a key idea, the idea of self-sufficiency (autarkéia).
Resumen: Uno de los pasajes más complejos de la Ethica Nicomachea hace referencia al derecho natu... more Resumen: Uno de los pasajes más complejos de la Ethica Nicomachea hace referencia al derecho natural. En las pocas líneas que le dedica Aristóteles al problema, sustenta una concepción que parece contradecir toda una lectura concerniente al derecho natural, centrada en su carácter inmutable. Este artículo intenta reconstruir la argumentación aristotélica que se encuentra en las éticas y en la Retórica, tratando de mostrar que, más allá de una aparente contradicción, es posible encontrar una tesis coherente y satisfactoria acerca del derecho natural a partir de lo que sucede "la mayoría de las veces" (hõs epì tò polú ), lo que tornaría comprensible su mutabilidad. Palabras clave: justo por naturaleza, justo por convención, hõs epì tò polú, bien común Abstract: One of the most complex passages in the Ethica Nicomachea deals with natural right. In the few lines dedicated by Aristotle to this issue he maintains a conception that seems to contradict the understanding of natural right focused on its perpetual nature. This paper will try to reconstruct the aristotelian argumentation in his ethics and in the Rhetoric in order to try to demonstrate that beyond an apparent contradiction it is possible to find a coherent and satisfactory thesis about natural right from what happens "for the most part" (hõs epì tò polú ), which would turn understandable its variability. Key words: justice by nature, justice by law, hõs epì tò polú, common good 1 EN V 10, 1134b18-1135a5. Diánoia, volumen LIV, número 63 (noviembre 2009): pp. 133-155.
RESUMO -Este artigo discute a questão da responsabilidade moral em Aristóteles e, especialmente, ... more RESUMO -Este artigo discute a questão da responsabilidade moral em Aristóteles e, especialmente, em Harry Frankfurt e Alexandre de Afrodísia, buscando identificar se a mesma é compatível com o determinismo.
In the Nicomachean ethics book II, Aristotle presents his well known doctrine of the mean (mesov ... more In the Nicomachean ethics book II, Aristotle presents his well known doctrine of the mean (mesov th~). This doctrine has brought a certain perplexity due to a possible inconsistency because it would not present any practical or advisory force. One of the critics about it tries to demonstrate its inadequacy, since a more rigorous approach of certain moral virtues would show that it is not the case of a mean between two vices, one by excess and other by deficiency (mesov th~ de; duv o kakiwǹ, thǹ me; n kaq j uJ perbolh; n th` de; kat j e[ lleiyin), but of correct and incorrect objects. This paper will try to demonstrate that that interpretation does not find any textual evidence in the aristotelian ethics, since a reconstruction of such doctrine would sustain its consistency in qualitative terms, especially if we point out that the final purpose of the virtue is the noble (tou` kalou` e{ neka), in conformity with the prescriptions of the right reason (oj rqo; lov go~).
The essential intent of this paper is to elucidate the meaning of the term pros hêmas appearing i... more The essential intent of this paper is to elucidate the meaning of the term pros hêmas appearing inside the Aristotelian definition of moral virtue. In this definition, after having established the genus of virtue as a disposition ( hexis), Aristotle offers his specific difference, i.e., being a mean pros hêmas (relative to us). What is the meaning of "relative to us"? Relative to us as specie? Relative to the moral agent? Relative to the character? Every one of these possibilities will be analyzed, in an attempt to demonstrate that none of them fulfills the Aristotelian intent, because us in the expression "relative to us" seems to point out to circumstances in which the agent is involved with, what seems to be asserted in several passages of the Nicomachean Ethics.
A Série Dissertatio Filosofia, uma iniciativa do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Filosofia (sob o ... more A Série Dissertatio Filosofia, uma iniciativa do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Filosofia (sob o selo editorial NEPFIL online) em parceira com a Editora da Universidade Federal de Pelotas, tem por objetivo precípuo a publicação de estudos filosóficos relevantes que possam contribuir para o desenvolvimento da Filosofia no Brasil nas mais diversas áreas de investigação. Todo o acervo é disponibilizado para download gratuitamente. Conheça alguns de nossos mais recentes lançamentos.
A Revista Dissertatio de Filosofia, n. 36 (org. João Hobuss), vinculada ao PPGFIL - UFPel, aprese... more A Revista Dissertatio de Filosofia, n. 36 (org. João Hobuss), vinculada ao PPGFIL - UFPel, apresenta um Dossiê sobre a Filosofia Antiga com artigos sobre Parmênides, Sofistas, Platão, Aristóteles e estoicos: (http://www2.ufpel.edu.br/isp/dissertatio/dissertatio-36.htm).
Offering a engaging and accessible portrait of the current state of the field, A Companion to Nat... more Offering a engaging and accessible portrait of the current state of the field, A Companion to Naturaslim shows students how to think about the relation between Philosophy and Science, and why is both essencial and fascinating to do so. All the authors in this collection reconsider the core questions in Philosophical Naturalism in light of the challenges raised in Contemporary Philosophy. They explore how philosophical questions are connected to vigorous current debates - including complex questions about metaphysics, semantics, religion, intentionality, pragmatism, reductionism, ontology, metaethics, mind, science, belief and delusion, among others – showing how these issues, and philosopher’s attempts to answer them, matter in the Philosophy. In this sense, this collection is also compelling and illuminating reading for philosophers, philosophy students, and anyone interested in Naturalism and their place in current discussions.
14 pode ser controlada, não por um especialista, mas por alguma contenção, mesmo a contragosto, o... more 14 pode ser controlada, não por um especialista, mas por alguma contenção, mesmo a contragosto, o que não é algo realmente simples.
In this article I shall attempt to give an account of the most important aspects of Aristotle's v... more In this article I shall attempt to give an account of the most important aspects of Aristotle's view of chance. I shall start with Aristotle's metaphysical account of chance, since this is where Aristotle explains the meaning of chance. I shall then move on to Aristotle's application of chance in his physics, and then proceed to the use of chance in his ethics. Finally I shall examine his rejection of determinism, which is closely related to his account of chance.
A origem do interesse renovado acerca das virtudes pode ser encontrada na ética grega, sobretudo ... more A origem do interesse renovado acerca das virtudes pode ser encontrada na ética grega, sobretudo em Aristóteles, mas também em Platão ou nos estoicos. Essa tradição grassou por longo período, quando foi relegada a um segundo plano, como foco da filosofia moral, pelas éticas peculiares à filosofia moderna, seja a ética kantiana, seja o utilitarismo.
Artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. RE... more Artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. RESUMO Este texto pretende apontar aspectos da agência moral aristotélica, que pressupõe que existe algo, o caráter, que sustenta a existência de linhas robustas do ponto de vista do comportamento, moral, da nossa constituição moral, e que acaba por definir o modo pelo qual agimos, e, por conseguinte, operando como algo que realmente nos define. Essa noção de caráter é majoritária entre os comentadores de Aristóteles, ainda que interpretações distintas possam ser defendidas sobre o alcance dessa disposição de caráter em Aristóteles. Tal concepção grassou ao longo dos tempos, mas vem sendo questionada-ao menos sua leitura mais tradicional-por estudos recentes acerca da psicologia social, que atenua ou rejeita a ideia de um caráter que sustente a nossa agência moral, afirmando que não é este, mas as situações que determinam o agir. Nessa perspectiva, temos especialmente Nisbet, Ross, Doris e Harman, os quais, a partir dos resultados concernentes à psicologia social experimental, chegam a afirmar que não haveria isto que entendemos por caráter, o que implicaria em um sério problema para a conhecida ética das virtudes, já que esta requer, na maior parte de suas formulações, a ideia de um caráter absolutamente robusto (Harman), que nos permitiria prever o comportamento de um agente em uma dada circunstância (Doris).
Resumo: Este texto busca apresentar duas teses absolutamente incompatíveis acerca do caráter. (i)... more Resumo: Este texto busca apresentar duas teses absolutamente incompatíveis acerca do caráter. (i) uma delas, denominada situacionista, baseada em investigações da psicologia moral contemporânea, sustenta que não há traços robustos que nos definam, que não há a ideia mesma de caráter, e que que todas as ações são determinadas pelas circunstâncias. Outra (ii) apresenta uma visão dura acerca do caráter a partir da ética aristotélica, sustentando que há algo que nos define, o caráter, e que uma vez adquirido, torna-se incontornável. Por fim, o artigo indicará que há passagens na ética de Aristóteles que permitem defender uma leitura alternativa para (i) e (ii). Palavras-chave: Caráter, falta de caráter, circunstâncias. Abstract: This text seeks to present two absolutely incompatible theories about character. (i) One of them, called situationist, based on contemporary moral psychology research, maintains that there are no robust traits that define us, that there is the idea of character, and that all actions are determined by circumstances. The other (ii) presents a harsh vision of character from Aristotelian ethics, arguing that there is something that defines us – character – which, once acquired, becomes unavoidable. Finally, the article indicates that there are passages in the ethics of Aristotle that allow an alternative reading to (i) and (ii). Este texto pretende apontar, preliminarmente, aspectos da agência moral aristotélica, que pressupões que existe algo, o caráter, que pressupõe linhas robustas do ponto de vista do comportamento moral, da nossa constituição moral, e que acaba por definir o modo pelo qual agimos, e, por conseguinte, operando como algo que realmente nos define.
Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pelotas, Brasil, CNPq resumo No livro dois da Ética Nico... more Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pelotas, Brasil, CNPq resumo No livro dois da Ética Nicomaqueia, Aristóteles afirma com clareza que a prática reiterada de ações virtuosas leva à constituição de uma determinada disposição de caráter, ou seja, o hábito funcionaria como uma segunda natureza, em função da fixidez e estabilidade da disposição por ele constituída, o que aparentemente impediria qualquer modificação no que concerne ao caráter. O problema é que várias passagens do Corpus Aristotelicum parecem contradizer esta asserção, permitindo uma leitura diferente daquela que sugeriria a ideia do hábito como algo que operasse de modo similar à natureza. Este artigo propõe-se investigar se é possível uma leitura que permita, nas Éticas, bem como em outras obras do Corpus Aristotelicum, a possibilidade da mudança de caráter, da decadência ou da reforma moral, bem como sua implicação na investigação sobre o problema do determinismo e da responsabilidade moral. palavras-chave hábito; disposição de caráter; responsabilidade moral; determinismo; Aristóteles; Ética Nicomaqueia O modo pelo qual adquirimos a virtude moral É deveras reconhecido o modo pelo qual Aristóteles concebe a aquisição da virtude moral. Ele delineia seu argumento no segundo livro da Ética Nicomaqueia, onde afirma que a virtude moral é adquirida pela prática reiterada de ações virtuosas, ou seja, pelo hábito (1103a17) de agir de determinada maneira, diferentemente da virtude intelectual cuja aquisição tem origem no ensinamento. Recebido em 30 de maio de 2013. Aceito em 15 de julho de 2013.
Há uma tendência nos estudos atuais no sentido de considerar a ética aristotélica, de algum modo,... more Há uma tendência nos estudos atuais no sentido de considerar a ética aristotélica, de algum modo, determinista. O presente artigo busca analisar uma passagem específica do livro IX da Ethica Nicomachea, onde Aristóteles questiona se devemos continuar amigos de um homem bom que se tornou mau. Essa passagem é interpretada de modos distintos pelos comentadores, tais como, por exemplo, Bodéüs e Irwin, que tratam a passagem a partir de perspectivas distintas. Irwin a entende como tratando da mudança de caráter do agente, enquanto Bodéüs nega categoricamente esse tipo de leitura. A intenção precípua deste artigo é mostrar as possíveis nuanças interpretativas, bem como propor, incipientemente, uma indicação de solução, embora não definitiva, dada a complexidade que advém de variadas passagens do corpus aristotelicum sobre o tema. Palavras-chave: mudança de caráter, amizade, homem bom, determinismo, libertarianismo.
Este texto buscará demonstrar o caráter fundamental desempenhado pelas circunstâncias da ação ou ... more Este texto buscará demonstrar o caráter fundamental desempenhado pelas circunstâncias da ação ou das particularidades do caso na ética aristotélica, especialmente quando Aristóteles analisa a concepção de epieikeia (equidade). Na discussão da epieikeia, é ressaltada a relação das particularidades e das regras gerais, deixando antever a prioridade da primeira em função da opacidade das últimas. Isto não significa afirmar um particularismo estrito, pois as regras ou princípios gerais ainda tem um papel a desempenhar, ainda que não seja um papel determinante. Palavras-chave: epieikeia, particularismo estrito, regras, particularismo moderado.
Resumo: Na Ética Nicomaquéia, Aristóteles desenvolve duas concepções distintas e contraditórias n... more Resumo: Na Ética Nicomaquéia, Aristóteles desenvolve duas concepções distintas e contraditórias no que concerne à felicidade (eudaimonía). Este texto tentará mostrar que esta contradição é apenas aparente, que o texto aristotélico permite a de-Abstract: In the Nicomachean Ethics, Aristotle develops two different and conflicting conceptions about happinnes (eudaimonía). This paper will try to show that this contradiction is only apparent, that the aristotelian text allows for the support of a perfectly consistent and coherent conception about happiness, with the assist of a key idea, the idea of self-sufficiency (autarkéia).
Resumen: Uno de los pasajes más complejos de la Ethica Nicomachea hace referencia al derecho natu... more Resumen: Uno de los pasajes más complejos de la Ethica Nicomachea hace referencia al derecho natural. En las pocas líneas que le dedica Aristóteles al problema, sustenta una concepción que parece contradecir toda una lectura concerniente al derecho natural, centrada en su carácter inmutable. Este artículo intenta reconstruir la argumentación aristotélica que se encuentra en las éticas y en la Retórica, tratando de mostrar que, más allá de una aparente contradicción, es posible encontrar una tesis coherente y satisfactoria acerca del derecho natural a partir de lo que sucede "la mayoría de las veces" (hõs epì tò polú ), lo que tornaría comprensible su mutabilidad. Palabras clave: justo por naturaleza, justo por convención, hõs epì tò polú, bien común Abstract: One of the most complex passages in the Ethica Nicomachea deals with natural right. In the few lines dedicated by Aristotle to this issue he maintains a conception that seems to contradict the understanding of natural right focused on its perpetual nature. This paper will try to reconstruct the aristotelian argumentation in his ethics and in the Rhetoric in order to try to demonstrate that beyond an apparent contradiction it is possible to find a coherent and satisfactory thesis about natural right from what happens "for the most part" (hõs epì tò polú ), which would turn understandable its variability. Key words: justice by nature, justice by law, hõs epì tò polú, common good 1 EN V 10, 1134b18-1135a5. Diánoia, volumen LIV, número 63 (noviembre 2009): pp. 133-155.
RESUMO -Este artigo discute a questão da responsabilidade moral em Aristóteles e, especialmente, ... more RESUMO -Este artigo discute a questão da responsabilidade moral em Aristóteles e, especialmente, em Harry Frankfurt e Alexandre de Afrodísia, buscando identificar se a mesma é compatível com o determinismo.
In the Nicomachean ethics book II, Aristotle presents his well known doctrine of the mean (mesov ... more In the Nicomachean ethics book II, Aristotle presents his well known doctrine of the mean (mesov th~). This doctrine has brought a certain perplexity due to a possible inconsistency because it would not present any practical or advisory force. One of the critics about it tries to demonstrate its inadequacy, since a more rigorous approach of certain moral virtues would show that it is not the case of a mean between two vices, one by excess and other by deficiency (mesov th~ de; duv o kakiwǹ, thǹ me; n kaq j uJ perbolh; n th` de; kat j e[ lleiyin), but of correct and incorrect objects. This paper will try to demonstrate that that interpretation does not find any textual evidence in the aristotelian ethics, since a reconstruction of such doctrine would sustain its consistency in qualitative terms, especially if we point out that the final purpose of the virtue is the noble (tou` kalou` e{ neka), in conformity with the prescriptions of the right reason (oj rqo; lov go~).
The essential intent of this paper is to elucidate the meaning of the term pros hêmas appearing i... more The essential intent of this paper is to elucidate the meaning of the term pros hêmas appearing inside the Aristotelian definition of moral virtue. In this definition, after having established the genus of virtue as a disposition ( hexis), Aristotle offers his specific difference, i.e., being a mean pros hêmas (relative to us). What is the meaning of "relative to us"? Relative to us as specie? Relative to the moral agent? Relative to the character? Every one of these possibilities will be analyzed, in an attempt to demonstrate that none of them fulfills the Aristotelian intent, because us in the expression "relative to us" seems to point out to circumstances in which the agent is involved with, what seems to be asserted in several passages of the Nicomachean Ethics.
A Série Dissertatio Filosofia, uma iniciativa do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Filosofia (sob o ... more A Série Dissertatio Filosofia, uma iniciativa do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Filosofia (sob o selo editorial NEPFIL online) em parceira com a Editora da Universidade Federal de Pelotas, tem por objetivo precípuo a publicação de estudos filosóficos relevantes que possam contribuir para o desenvolvimento da Filosofia no Brasil nas mais diversas áreas de investigação. Todo o acervo é disponibilizado para download gratuitamente. Conheça alguns de nossos mais recentes lançamentos.
A Revista Dissertatio de Filosofia, n. 36 (org. João Hobuss), vinculada ao PPGFIL - UFPel, aprese... more A Revista Dissertatio de Filosofia, n. 36 (org. João Hobuss), vinculada ao PPGFIL - UFPel, apresenta um Dossiê sobre a Filosofia Antiga com artigos sobre Parmênides, Sofistas, Platão, Aristóteles e estoicos: (http://www2.ufpel.edu.br/isp/dissertatio/dissertatio-36.htm).
Offering a engaging and accessible portrait of the current state of the field, A Companion to Nat... more Offering a engaging and accessible portrait of the current state of the field, A Companion to Naturaslim shows students how to think about the relation between Philosophy and Science, and why is both essencial and fascinating to do so. All the authors in this collection reconsider the core questions in Philosophical Naturalism in light of the challenges raised in Contemporary Philosophy. They explore how philosophical questions are connected to vigorous current debates - including complex questions about metaphysics, semantics, religion, intentionality, pragmatism, reductionism, ontology, metaethics, mind, science, belief and delusion, among others – showing how these issues, and philosopher’s attempts to answer them, matter in the Philosophy. In this sense, this collection is also compelling and illuminating reading for philosophers, philosophy students, and anyone interested in Naturalism and their place in current discussions.
14 pode ser controlada, não por um especialista, mas por alguma contenção, mesmo a contragosto, o... more 14 pode ser controlada, não por um especialista, mas por alguma contenção, mesmo a contragosto, o que não é algo realmente simples.
In this article I shall attempt to give an account of the most important aspects of Aristotle's v... more In this article I shall attempt to give an account of the most important aspects of Aristotle's view of chance. I shall start with Aristotle's metaphysical account of chance, since this is where Aristotle explains the meaning of chance. I shall then move on to Aristotle's application of chance in his physics, and then proceed to the use of chance in his ethics. Finally I shall examine his rejection of determinism, which is closely related to his account of chance.
A origem do interesse renovado acerca das virtudes pode ser encontrada na ética grega, sobretudo ... more A origem do interesse renovado acerca das virtudes pode ser encontrada na ética grega, sobretudo em Aristóteles, mas também em Platão ou nos estoicos. Essa tradição grassou por longo período, quando foi relegada a um segundo plano, como foco da filosofia moral, pelas éticas peculiares à filosofia moderna, seja a ética kantiana, seja o utilitarismo.
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