Papers by Karina Fadini
Bate-papo com educadores linguísticos: letramentos, formação docente e criticidade, 2019
Por muitos e muitos anos o que tem sido reconhecido como ciência é um sistema de normas que nos d... more Por muitos e muitos anos o que tem sido reconhecido como ciência é um sistema de normas que nos dizem o caminho a seguir, orientando mas também nos podando, e que requerem verdades universais através de fatos analisados e, mesmo que nós pesquisadores, como todo ser humano, sejamos considerados “únicos”, precisamos nos encaixar nos “modelos” escolhidos por “criadores” da cientificidade para podermos ter a aceitação acadêmica.
Seríamos capazes de distinguir quem foram/são esses criadores da cientificidade? Eles ainda vivem para nos julgar, e aceitar (ou não)? E mais... de onde vem o empoderamento desfrutado por revistas, artigos, livros, etc., um poder de determinar “faça de acordo com o que quero”, ou seu fato será (des)considerado apenas uma opinião?
Essa reiterada predominância da dita metodologia científica, centrada na universalidade de fatos, caracterizada por uma escrita formal, acadêmica e rebuscada, por um autor que fala de outros autores mais antigos e mais importantes(?), ou que faz com que o pesquisador escreva em segunda pessoa do plural para incluir o próprio orientador (como se orientador e orientando não discordassem de nada), ou mesmo em terceira pessoa para esconder ‘toda’ sua subjetividade (será?), parece estar sendo, pelo menos ligeiramente, ameaçada.
Tem-se apresentado como alternativa uma espécie de “metodologia da problematização subjetiva”, com grande potencial para preparar o pesquisador não só em suas reflexões teóricas, mas também em sua prática profissional e cidadã, fatores tão requeridos em nossa sociedade contemporânea de rápidas transformações.
Vem dessa ideia, por exemplo, a pesquisa Autoetnográfica, construída a partir da observação do pesquisador sobre o que é aplicado na sua própria realidade, podendo ter a participação de terceiros, mas sempre a partir de seu próprio olhar sobre um fato. Afinal, poderia ele ter o olhar de outro, não sendo ele o outro? Trata-se de um processo de auto-ação-reflexão, não para a criação de hipóteses, mas para aplicações possíveis à realidade do seu contexto e sua trajetividade, e consequente reflexão e teorização acerca delas.
No contexto de pesquisa na sala de aula, ao problematizarmos a necessidade do professor de reconhecer deficiências e sucessos na educação, a incessante busca, avaliação, criação/adequação e atualização das metodologias e dos materiais disponíveis, sempre (re)questionar suas visões de língua, linguagem e educação mas também a visão de sociedade, do currículo e do seu papel como professor, perguntamos, além de tamanha responsabilidade que carrega com sua prática, o que mais é preciso para um professor criar sua autoetnografia e conseguir fazer com que a ciência lhe dê crédito e reconhecimento por isso?
Percebemos, ainda, que muitas vezes na escrita acadêmica existe uma separação entre “nós” e “eles” à medida que nos reconheçamos como professores ou como pesquisadores. Isto é, quando me coloco ‘somente’ como professora de línguas, refiro-me aos pesquisadores da linguística dizendo que “eles” têm a função de estudar sobre determinados fatos educacionais, ao passo que, na função de pesquisadora da linguística, refiro-me aos professores como observadores de uma prática que cabe a “eles”. Ou seja, ora pertenço a um grupo, e ora pertenço ao outro. Sob essa perspectiva, gostaríamos de saber o que falta para que professores que também são pesquisadores possam se incluir e serem reconhecidos cientificamente em ambos grupos ao mesmo tempo, para que haja uma transição em sua (nossa) escrita e também na (nossa) fala ao reconhecermo-nos em ambos papeis ao mesmo tempo? E, afinal, o que faz do pesquisador um pesquisador? Não seria todo professor um pesquisador em sua sala de aula?
Por fim, e ainda acerca desse distanciamento entre “dois mundos” que, na verdade, são um só, questionamos: como aproximar o campo acadêmico dos professores em prática, e vice-versa? E como seguirmos, a partir daí, para o desenvolvimento de uma inteligência mais coletiva acerca de fatos linguísticos e educacionais, talvez por meio de autoetnografias colaborativas?
A DIVERSIDADE DE FAZERES EM TORNO DA LINGUAGEM: UNIVERSIDADES, FACULDADES E EDUCAÇÃO BÁSICA EM AÇÃO, 2019
Trazemos a público um livro que retrata a dinamicidade das ideias das sessões coordenadas do IV C... more Trazemos a público um livro que retrata a dinamicidade das ideias das sessões coordenadas do IV Congresso de Estudos Linguísticos (IV Conel), realizado na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), nos dias 16 e 17 de novembro de 2017, sob o tema "Língua, discurso e política: desafios contemporâneos". Esse livro é constituído por 23 capítulos, envolvendo 88 pessoas, um produto final de 23 das 26 sessões coordenadas. Salientamos a importância deste tipo de sessão pelo fato de se configurar como um espaço democrático de troca de fazeres, em que os/as protagonistas e as narrativas são plurais, ou seja, transitam por Universidades, por Faculdades, por escolas estaduais e municipais.
Caderno do II CONEL, 2013
Este trabalho visa refletir sobre o potencial pedagógico do Voicethread, uma ferramenta da intern... more Este trabalho visa refletir sobre o potencial pedagógico do Voicethread, uma ferramenta da internet que permite a criação e compartilhamentos de mídias para o ensino de Língua Inglesa como L2 em uma escola regular, principalmente para a promoção da produção oral e reflexão do papel do professor como direcionador de tarefas. Com base em estudos já realizados sobre a produção oral online em comparação com a interação face a face, espera-se a verificação de hipóteses pré-estabelecidas, através de uma pesquisa híbrida longitudinal, com dados coletados através de testes (de fluência e acurácia) e questionários (perguntas com gradação).
XI CONGRESSO BRASILEIRO DE LINGUÍSTICA APLICADA LINGUÍSTICA APLICADA PARA ALÉM DAS FRONTEIRAS, 2015
Esta pesquisa propõe uma reflexão sobre o papel da tecnologia na educação em geral e no ensino-ap... more Esta pesquisa propõe uma reflexão sobre o papel da tecnologia na educação em geral e no ensino-aprendizagem de Inglês como língua adicional (L2) especificamente. Para tanto, o estudo revisa estudos sobre o papel da língua inglesa e da tecnologia no ensino abordando temas como letramento digital e letramento crítico. A metodologia de pesquisa é qualitativa e os dados foram coletados por meio de entrevistas, observações de aula e questionários aplicados a professores de Inglês em formação de um curso de Licenciatura em Letras - Inglês. A análise contrasta as crenças dos professores em formação com o papel da tecnologia e da língua inglesa no atual cenário contemporâneo. Resultados do estudo sugerem que os professores em formação entendem que o papel da tecnologia no ensino de Inglês é importante, porém ainda periférico e limitado pelas condições de inclusão e uso nos diversos contextos educacionais.
Cadernos do IL, 2019
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: (a) Os autores mantêm os di... more Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: (a) Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista. (b) Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista. (c) Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado. (d) Os autores estão conscientes de que a revista não se responsabiliza pela solicitação ou pelo pagamento de direitos autorais referentes às imagens incorporadas ao artigo. A obtenção de autorização para a publicação de imagens, de autoria do próprio autor do artigo ou de terceiros, é de responsabilidade do autor. Por esta razão, para todos os artigos que contenham imagens, o autor deve ter uma autorização do uso da imagem, sem qualquer ônus financeiro para os Cadernos do IL. POLÍTICA DE ACESSO LIVRE Esta revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona sua democratização.
Letramentos, políticas linguísticas e educação linguística em contexto capixaba, 2019
Estamos vivenciando, no momento em que se publica esta obra, um ataque às áreas das humanidades, ... more Estamos vivenciando, no momento em que se publica esta obra, um ataque às áreas das humanidades, mais especificamente às formações docentes realizadas em âmbitos universitários estaduais e federais em nosso país. Os letramentos, bem como as políticas linguísticas e educacionais, que têm como princípio uma educação com vistas à emancipação crítica e cidadã por parte dos educandos. Assim, o livro está dividido em três partes: a primeira discorre sobre os letramentos, sob vieses teóricos e práticos; a segunda explora as interfaces entre os letramentos e os estudos linguísticos; já a terceira focaliza as políticas linguísticas.
DOWLOAD gratuito em: https://www.pimentacultural.com/letramentos-politicas
Based on the concept of 'produsage' (Bruns, 2008), the present study suggests ways to use and pro... more Based on the concept of 'produsage' (Bruns, 2008), the present study suggests ways to use and produce contents using web 2.0 tools for the teaching-learning of English as an additional language (L2). Finardi, Prebianca and Momm (2013) suggest that in the globalized world we live in, some knowledge of English and digital literacy are important skills to access information online. Finardi and Porcino (2014) reviewed the role of technology in L2 learning, concluding that internet has changed the way we use, learn and teach languages. Based on these assumptions, the present study aims at offering a review of internet tools to support, integrate and/or complement L2 classes teaching/learning/using. The tools reviewed and proposed may lead to creative productions in L2, as well as offer opportunities to use the language in contextualized manners. Another objective of the proposal is to enable L2 teachers/learners/users to develop their digital literacy defined as the ability to find, evaluate, utilize, share, and create content using information technologies and the internet (Casey & Bruce, 2010). Overall, five tools were reviewed-each one for a different teaching/learning/using purpose. Results of the analysis of tools reviewed in this study seek to contribute to the informed use of technology in L2 teaching/learning/using.
The aim of this study is to analyze affordances and limitations of some web 2.0 interfaces for th... more The aim of this study is to analyze affordances and limitations of some web 2.0 interfaces for the teaching and learning of English as foreign, second or additional language (hereafter L2) in the flipped classroom format. With that aim, the study analyzed four digital interfaces with web 2.0 tools for L2 teaching/learning in regards to their potential to the flipped classroom approach to develop both linguistic and digital literacy. The four online spaces analyzed were the Edmodo (https://www.edmodo.com), the Socrative
This study aims to reflect on English education from and to the twenty-first century. Therefore, ... more This study aims to reflect on English education from and to the twenty-first century. Therefore, the study examines the concepts of digital literacy and critical literacy and the roles of technology, foreign language and English teacher in the contemporary scene. The study also analyses an initial education course of English teachers from a federal university of southeastern Brazil. The research methodology is qualitative ( DORNYEI , 2007), and data were collected from a literature to form a corpus of classroom observation in the discipline of Estágio Supervisionado, required for the degree course in Languages – English, and questionnaires and interviews applied to students and teachers of this discipline . The results of the analysis in this study suggest that the teacher education in the university investigated falls short of what is expected for the teaching of English and of the twenty-first century.
Este artigo se propõe a analisar e validar a importância da produção dos sentidos metafóricos dur... more Este artigo se propõe a analisar e validar a importância da produção dos sentidos metafóricos durante o processo de tradução de músicas apresentadas em sala de aula. Para tanto, traduções da música "Firework", de Katy Perry, feitas por usuários de internet, serão utilizadas como exemplifi cação. Dessa forma, busca-se entender de que forma (e se) os tradutores podem controlar expressões metafóricas e que efeito isso tem para o próprio texto traduzido. Nessa perspectiva, a metáfora é compreendida dentro dos processos histórico-sociais e culturais que lhe são dados como suporte para a produção de seus signifi cados.
Thesis Chapters by Karina Fadini
This dissertation reflects on the English teacher education in and for the twenty-first century. ... more This dissertation reflects on the English teacher education in and for the twenty-first century. With that aim, the study analyzes pre-service teachers' and teacher educators' beliefs in an English teaching degree course from a federal university in southeast Brazil. The theoretical framework includes a review of official documents and policies for English teaching and the incorporation of technology in education, the concepts of digital and critical literacy, in addition to the roles of technology, the foreign language and the English teacher in the contemporary context. The research methodology is hybrid (DORNYEI, 2007), and the analysis is based on grounded theory (GLASER, 1998). Most data were collected in the disciplines of English Practicum I and II of the investigated course through questionnaires and interviews applied to the teacher educators and pre-service teachers over three semesters, and documents of the analyzed course. The test results suggest that the teacher education at the university investigated is somewhat aligned with what is expected for the teaching of English in and for the twenty-first century. The study concludes with some suggestions for initial teacher education, especially with regards to the incorporation of digital technologies in English language teaching practices.
Keywords: initial English teacher education. Technology in English teaching. Roles of English, digital technology and English teacher.
Conference Presentations by Karina Fadini
Este estudo tem como objetivo refletir sobre a as implicações da globalização no ensino do e para... more Este estudo tem como objetivo refletir sobre a as implicações da globalização no ensino do e para o século XXI, focalizando principalmente no ensino de língua inglesa e no uso de novas tecnologias na educação linguística brasileira. O embasamento teórico consiste na revisão de políticas educacionais para o ensino de línguas estrangeiras e para o uso de tecnologias presentes nos documentos oficiais de educação do Brasil como os Parâmetros Curriculares Nacionais, as Orientações Curriculares Nacionais e a Lei de
Drafts by Karina Fadini
Reflexões pessoais sobre a Linguística Aplicada Crítica ter passado a ser um campo da Linguística... more Reflexões pessoais sobre a Linguística Aplicada Crítica ter passado a ser um campo da Linguística Aplicada, e sobre os papéis de professores-pesquisadores.
Books by Karina Fadini
Capítulo 8 do livro "Línguas, c(C)ultura(s) e Educação Linguística"
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Papers by Karina Fadini
Seríamos capazes de distinguir quem foram/são esses criadores da cientificidade? Eles ainda vivem para nos julgar, e aceitar (ou não)? E mais... de onde vem o empoderamento desfrutado por revistas, artigos, livros, etc., um poder de determinar “faça de acordo com o que quero”, ou seu fato será (des)considerado apenas uma opinião?
Essa reiterada predominância da dita metodologia científica, centrada na universalidade de fatos, caracterizada por uma escrita formal, acadêmica e rebuscada, por um autor que fala de outros autores mais antigos e mais importantes(?), ou que faz com que o pesquisador escreva em segunda pessoa do plural para incluir o próprio orientador (como se orientador e orientando não discordassem de nada), ou mesmo em terceira pessoa para esconder ‘toda’ sua subjetividade (será?), parece estar sendo, pelo menos ligeiramente, ameaçada.
Tem-se apresentado como alternativa uma espécie de “metodologia da problematização subjetiva”, com grande potencial para preparar o pesquisador não só em suas reflexões teóricas, mas também em sua prática profissional e cidadã, fatores tão requeridos em nossa sociedade contemporânea de rápidas transformações.
Vem dessa ideia, por exemplo, a pesquisa Autoetnográfica, construída a partir da observação do pesquisador sobre o que é aplicado na sua própria realidade, podendo ter a participação de terceiros, mas sempre a partir de seu próprio olhar sobre um fato. Afinal, poderia ele ter o olhar de outro, não sendo ele o outro? Trata-se de um processo de auto-ação-reflexão, não para a criação de hipóteses, mas para aplicações possíveis à realidade do seu contexto e sua trajetividade, e consequente reflexão e teorização acerca delas.
No contexto de pesquisa na sala de aula, ao problematizarmos a necessidade do professor de reconhecer deficiências e sucessos na educação, a incessante busca, avaliação, criação/adequação e atualização das metodologias e dos materiais disponíveis, sempre (re)questionar suas visões de língua, linguagem e educação mas também a visão de sociedade, do currículo e do seu papel como professor, perguntamos, além de tamanha responsabilidade que carrega com sua prática, o que mais é preciso para um professor criar sua autoetnografia e conseguir fazer com que a ciência lhe dê crédito e reconhecimento por isso?
Percebemos, ainda, que muitas vezes na escrita acadêmica existe uma separação entre “nós” e “eles” à medida que nos reconheçamos como professores ou como pesquisadores. Isto é, quando me coloco ‘somente’ como professora de línguas, refiro-me aos pesquisadores da linguística dizendo que “eles” têm a função de estudar sobre determinados fatos educacionais, ao passo que, na função de pesquisadora da linguística, refiro-me aos professores como observadores de uma prática que cabe a “eles”. Ou seja, ora pertenço a um grupo, e ora pertenço ao outro. Sob essa perspectiva, gostaríamos de saber o que falta para que professores que também são pesquisadores possam se incluir e serem reconhecidos cientificamente em ambos grupos ao mesmo tempo, para que haja uma transição em sua (nossa) escrita e também na (nossa) fala ao reconhecermo-nos em ambos papeis ao mesmo tempo? E, afinal, o que faz do pesquisador um pesquisador? Não seria todo professor um pesquisador em sua sala de aula?
Por fim, e ainda acerca desse distanciamento entre “dois mundos” que, na verdade, são um só, questionamos: como aproximar o campo acadêmico dos professores em prática, e vice-versa? E como seguirmos, a partir daí, para o desenvolvimento de uma inteligência mais coletiva acerca de fatos linguísticos e educacionais, talvez por meio de autoetnografias colaborativas?
DOWLOAD gratuito em: https://www.pimentacultural.com/letramentos-politicas
Thesis Chapters by Karina Fadini
Keywords: initial English teacher education. Technology in English teaching. Roles of English, digital technology and English teacher.
Conference Presentations by Karina Fadini
Drafts by Karina Fadini
Books by Karina Fadini
Seríamos capazes de distinguir quem foram/são esses criadores da cientificidade? Eles ainda vivem para nos julgar, e aceitar (ou não)? E mais... de onde vem o empoderamento desfrutado por revistas, artigos, livros, etc., um poder de determinar “faça de acordo com o que quero”, ou seu fato será (des)considerado apenas uma opinião?
Essa reiterada predominância da dita metodologia científica, centrada na universalidade de fatos, caracterizada por uma escrita formal, acadêmica e rebuscada, por um autor que fala de outros autores mais antigos e mais importantes(?), ou que faz com que o pesquisador escreva em segunda pessoa do plural para incluir o próprio orientador (como se orientador e orientando não discordassem de nada), ou mesmo em terceira pessoa para esconder ‘toda’ sua subjetividade (será?), parece estar sendo, pelo menos ligeiramente, ameaçada.
Tem-se apresentado como alternativa uma espécie de “metodologia da problematização subjetiva”, com grande potencial para preparar o pesquisador não só em suas reflexões teóricas, mas também em sua prática profissional e cidadã, fatores tão requeridos em nossa sociedade contemporânea de rápidas transformações.
Vem dessa ideia, por exemplo, a pesquisa Autoetnográfica, construída a partir da observação do pesquisador sobre o que é aplicado na sua própria realidade, podendo ter a participação de terceiros, mas sempre a partir de seu próprio olhar sobre um fato. Afinal, poderia ele ter o olhar de outro, não sendo ele o outro? Trata-se de um processo de auto-ação-reflexão, não para a criação de hipóteses, mas para aplicações possíveis à realidade do seu contexto e sua trajetividade, e consequente reflexão e teorização acerca delas.
No contexto de pesquisa na sala de aula, ao problematizarmos a necessidade do professor de reconhecer deficiências e sucessos na educação, a incessante busca, avaliação, criação/adequação e atualização das metodologias e dos materiais disponíveis, sempre (re)questionar suas visões de língua, linguagem e educação mas também a visão de sociedade, do currículo e do seu papel como professor, perguntamos, além de tamanha responsabilidade que carrega com sua prática, o que mais é preciso para um professor criar sua autoetnografia e conseguir fazer com que a ciência lhe dê crédito e reconhecimento por isso?
Percebemos, ainda, que muitas vezes na escrita acadêmica existe uma separação entre “nós” e “eles” à medida que nos reconheçamos como professores ou como pesquisadores. Isto é, quando me coloco ‘somente’ como professora de línguas, refiro-me aos pesquisadores da linguística dizendo que “eles” têm a função de estudar sobre determinados fatos educacionais, ao passo que, na função de pesquisadora da linguística, refiro-me aos professores como observadores de uma prática que cabe a “eles”. Ou seja, ora pertenço a um grupo, e ora pertenço ao outro. Sob essa perspectiva, gostaríamos de saber o que falta para que professores que também são pesquisadores possam se incluir e serem reconhecidos cientificamente em ambos grupos ao mesmo tempo, para que haja uma transição em sua (nossa) escrita e também na (nossa) fala ao reconhecermo-nos em ambos papeis ao mesmo tempo? E, afinal, o que faz do pesquisador um pesquisador? Não seria todo professor um pesquisador em sua sala de aula?
Por fim, e ainda acerca desse distanciamento entre “dois mundos” que, na verdade, são um só, questionamos: como aproximar o campo acadêmico dos professores em prática, e vice-versa? E como seguirmos, a partir daí, para o desenvolvimento de uma inteligência mais coletiva acerca de fatos linguísticos e educacionais, talvez por meio de autoetnografias colaborativas?
DOWLOAD gratuito em: https://www.pimentacultural.com/letramentos-politicas
Keywords: initial English teacher education. Technology in English teaching. Roles of English, digital technology and English teacher.