History

Trataremos aqui de um tema ainda pouco estudado na história da colonização portuguesa: a pena do degredo nas leis do século XVII. Comparando dois importantes códigos legais desse período, as Ordenações Filipinas de 1603 e o Regimento do Santo Ofício de 1640, observaremos alguns pontos importantes desse tipo específico de exílio moderno: quem eram as pessoas degredadas e quais seus grupos sociais; em quais crimes era aplicado; quais os locais comuns de degredo; a estratificação social, os títulos de nobreza e a aplicação diferenciada das penas; seu uso para a colonização; comutação de penas e perdão real. Também serão destacados as confluências e conflitos entre as Justiças secular e inquisitorial. Tudo isso será feito pelo viés teórico da história cultural.

O artigo intenciona analisar as relações judaico-cristãs no contexto das cruzadas, no Ocidente medieval cristão, visando compreender a origem do sacrifício ritual judaico, denominado santificação do Nome divino (Kidush ha Shem) e da acusação de crime ritual judaico. O foco da análise é a temática do sangue que é ampla e tem suas raízes nas origens de cada uma das religiões. O bojo do tema são as interações entre duas religiões, que tentam se isolar e manter seu grupo impermeável ao outro, mas que na prática se influenciam mutuamente. O processo culmina com a estigmatização dos judeus e uma tendência a associa-los ao campo da malignidade.

Este artigo almeja entender a presença do Diabo no ciclo da vida das comunidades judaicas medievais. O Judaísmo é estritamente monoteísta não oferecendo espaço para algum tipo de dualismo, tampouco a teologia judaica aceita a existência do Diabo. Entretanto, a realidade é distante da teoria: os judeus, especialmente as camadas menos cultas de sua população, de fato crêem e temem o Diabo. Os rabinos e eruditos devem levar em conta estas crenças e superstições. Esta contradição é transparente nas tradições e nos costumes do Judaísmo medieval. Há explicações opostas sobre os significados destes rituais/cerimônias, celebrações e símbolos: algumas são eruditas e filosóficas, já outras são apenas significados populares de superstições e crenças.

O status jurídico da minoria judaica no baixo Império se alterou após a ascensão do Cristianismo, à religião de Estado. No período iniciado com Constantino o Grande e tendo como momento definidor o Concílio de Nicéia (325), percebemos um processo de perda dos direitos de cidadania e uma crescente hostilidade dos legisladores baixo imperiais em relação à minoria judaica. Estes saem do status de cives romani e religio licita e passam a ser denominados nefaria sectam. Com a promulgação da coletânea de leis denominada Codex Theodosianus se consolida uma jurisdição que acentua a perda dos direitos plenos de cidadania, determina inúmeras restrições e impedimentos legais à parcela judaica da população do Império 2 .

RESUMO: No presente artigo, pretendemos discutir como o bispo Isidoro de Sevilha concebia a "questão judaica". Neste sentido nos propomos a analisar a sua obra Fide Catholica ex veteri et novo testamento contra judaeos, na qual ele tenta demonstrar a Verdade cristã e a cegueira judaica. Seu propósito era obter a solução do problema judaico, através da conversão dos judeus. Ele acreditava que esta era via para completar a Sexta Era da história universal cristã e acelerar a aproximação do juízo final. PALAVRAS-CHAVE: Isidoro de Sevilha, Judaísmo, exegese, apologética, visigodos O Autor e o contexto Isidoro de Sevilha (560-633) é o autor de uma vasta obra, vive num período no qual as monarquias bárbaras haviam substituído o Império Romano, na sua parte ocidental, e criado uma aguda fragmentação do poder. Devido à perda de unidade política, houve por bem, elaborar um projeto que visava à reordenação da realidade. Ele compreendia o importante papel da Igreja num mundo em desagregação e concebia o momento em que vivia como o limiar de uma era e o momento-chave para a conclusão da finalidade da história. De acordo a sua compreensão do mundo, influenciada pela concepção históricofilosófica de Agostinho de Hipona, vivia-se na "Sexta Era" que havia sido iniciada com a primeira vinda do Redentor e teria sua consumação na segunda vinda do Cristo, ou seja, o Juízo Final. Este mundo seria substituído pelo Reino de Deus na Terra. A sua atitude reflete essa concepção e a percepção do papel fundamental da Igreja no  Professor do Departamento e do programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Espírito Santo.

O REI DAVID indícios e suspeitas nas entrelinhas do texto indícios e suspeitas nas entrelinhas do texto indícios e suspeitas nas entrelinhas do texto indícios e suspeitas nas entrelinhas do texto indícios e suspeitas nas entrelinhas do texto O rei David é um personagem de extrema importância para judeus e cristãos. Iniciador de uma dinastia real denominada Casa de David que pretende ser o tronco de uma linhagem essencial para a consecução do plano divino na História: dessa família viria o Messias. A exegese judaica e cristã tende a exaltar suas evidentes qualidades, mas se exime de uma leitura política do texto bíblico dos dois Livros de Samuel. Este texto pretende desconstruir a sacralidade e refletir sobre o político que age por razões de Estado e por vezes em oposição à Lei de Deus. Um personagem polissêmico, complexo e repleto de contradições que o humanizam e ampliam sua importância. P P P P P A L A O nosso objeto de pesquisa é um entre os personagens mais marcantes da cultura e do imaginário ocidental: o rei David. Ele é considerado pelo Judaísmo como o iniciador de uma dinastia real e tronco da linhagem messiânica. Um de seus descendentes seria o Libertador do povo de Israel e o Redentor da humanidade no final dos tempos. O Cristianismo altera em parte esta concepção, mas a mantém em essência: o Cristo que redime a humanidade e que retorna no Juízo Final descende da casa de David e é inserido na profecia através desta vinculação. David é, portanto, um marco de referência das religiões monoteístas, visto ser respeitado e benquisto no Alcorão, mesmo sem ter o mesmo papel marcante que na Bíblia.

Resumo: Este artigo visa a elaborar uma breve análise da evolução do status feminino entre os hebreus/ judeus no período do primeiro e do segundo Templos. Fazendo uso do texto bíblico como fonte principal de informação, mas buscando alternar visões diversas e até contraditórias dos espaços e tempos da mulher no cotidiano do trabalho, do estudo e da religião. O trabalho faz um recorte de tempo amplo por pretender observar as continuidades e as alterações de concepção dos direitos e da participação social e religiosa da mulher em um vasto período. Percebe que a diversidade de atitudes tem certa coerência: as mulheres na sociedade tradicional e patriarcal eram mais participantes e atuavam no espaço público mais do que vieram a atuar no período posterior ao cativeiro da Babilônia (586-536 a.E.C.), 1 também denominado período do segundo Templo (c. 589 a.E.C. -70 d.E.C.) Palavras-chave: mulheres, Judaísmo, religião.

A proposta deste artigo é analisar a concepção dos pecados capitais na produção de Isidoro de Sevilha, a partir de sua obra magna o "Livro das Sentenças", na qual descreve sua visão de mundo, sob a ótica da Cristandade e da teleologia agostiniana. O foco central é a construção de uma sociedade cristã que almeja combater o mal encarnado no diabo e em seus aliados, pela extirpação do pecado e pela construção de uma vanguarda de fiéis que se engajariam na luta das virtudes contra os vícios. O eixo da saúde pública permeia esse projeto que visa a atingir a redenção e a segunda vinda de Cristo sob o Milênio redentor.

RESUMO O presente artigo é resultado de pesquisa realizada junto à comunidade judaica de Curitiba entre os anos 1988 e 2004. Seu eixo de reflexão está centrado nas questões da identidade e da continuidade judaica nas comunidades criadas no Brasil, no início do século XX, a partir do estudo de caso de Curitiba. PALAVRAS CHAVES: judeus-Judaísmo-identidade Identity and Assimilation: the crossing of the Atlantic or the Exodus of the twentieth century. The dilemmas of Jewish identity: a case study. ABSTRACT This article is the result of research conducted with the Jewish community of Curitiba between the years 1988 and 2004. Its line of thinking focuses on issues of identity and continuity of Jewish communities established in Brazil, from the case study of Curitiba.

Introdução O termo Messias vem do hebraico. O verbo LEASHIACH significa ungir com o óleo sagrado. Os Pactos Uma das maneiras de ler e interpretar o texto bíblico visualiza uma seqüência de Pactos imbricados através do texto e insinuando uma continuidade. Sendo o livro escrito por diversos autores em diferentes épocas, não se pode dizer que essa sucessão de Pactos seja intencional ou premeditada. Há possibilidade de que os editores do texto da Bíblia hebraica (ou Antigo Testamento, numa linguagem cristã) tenham ordenado e direcionado alguns trechos para criar, no seio dessa obra coletiva, uma ordenada e crescente seqüência de Pactos. O primeiro é um Pacto entre Deus e a família patriarcal, seja na pessoa de Abraão, seja na pessoa de Isaque ou Jacob. O Livro do Gênesis está repleto de Revelações e afirmações divinas de que os descendentes dos Patriarcas seriam os herdeiros do Pacto, da posse da terra de Canaã e de uma relação privilegiada com Deus. Na seqüência, Moisés recebe confirmações que ampliam a dimensão do Pacto: do clã dos patriarcas às tribos essa promessa se amplia. A etapa final desse Pacto será a universalização da Redenção a todos os povos e a humanidade como um todo, que se consolida na palavra de alguns dos profetas clássicos. O texto editado se reescreve e adapta: de forma coerente, a promessa feita a Abraão se amplia à humanidade. Um Pacto intermediário serve de eixo de ligação entre esses dois Pactos: seria um Pacto entre a monarquia israelita e Deus. Sendo inicialmente um Pacto de "proteção" e sacralização da casa real e da instituição monárquica, tende a se mesclar no contexto do plano divino da história e se tornar um elemento catalisador de determinadas funções, entre as quais a de executor da redenção do povo e da humanidade como um todo. O rei sagrado se torna o Salvador. A casa de David irá gerar o Redentor.