Vários episódios da cena cultural brasileira nas décadas de 1940 e 1950 associaram figuras e enca... more Vários episódios da cena cultural brasileira nas décadas de 1940 e 1950 associaram figuras e encarnações do sagrado cristão a representações ou temáticas da negritude. Em especial, as expressões "anjo negro" e "Cristo negro" obtiveram destaque fora do comum nos debates pela imprensa, principalmente (mas não exclusivamente) por causa da encenação em 1948 da peça Anjo negro, de Nelson Rodrigues, e do Concurso do Cristo de Cor, certame artístico promovido pelo Teatro Experimental do Negro, em 1955. Entre esses dois pontos, a caçada jornalística a Gregório Fortunato, chefe da segurança de Getúlio Vargas, apelidado de "o anjo negro" acrescentou uma dimensão política à expressão. O presente artigo examina o entrecruzamento desses debates a fim de compreender melhor os modos como o racismo brasileiro foi posto em xeque e, ao mesmo tempo, reafirmado, perfazendo um movimento contraditório de emancipação e opressão.
Decolonizing the canon is not only about admitting that
art history has been shaped by colonial s... more Decolonizing the canon is not only about admitting that art history has been shaped by colonial structures – it also means breaking up those structures. Based on his own experience in the academic world, where his subject area is still regarded as marginal, the Brazilian art historian Rafael Cardoso asks how we can expand the canon and whether this action could mark the beginning of the process of its decolonization. Cardoso emphasizes the anti-imperialist dimensions of “decolonization” as a term, which is currently undergoing a kind of semantic inflation and is increasingly used in a metaphorical way. According to the author, the aim is not to achieve diversification while maintaining existing structures in place; instead, there needs to be a fundamental decentering of the geographic and racialized power structure that grew out of colonialism.
A recepção da Semana de Arte Moderna pela imprensa do Rio de Janeiro, então capital federal, a... more A recepção da Semana de Arte Moderna pela imprensa do Rio de Janeiro, então capital federal, ajuda a elucidar como o movimento foi avaliado em sua época. O impacto contemporâneo da Semana foi bem menor do que sugere a historiogra!ia que a consagrou após 1945. O presente artigo examina a cobertura dada à Semana nos principais órgãos jornalísticos do Distrito Federal entre o momento logo anterior à sua realização e o !inal de 1925. Identi!ica-se uma disputa intensa em torno da liderança modernista, em que Oswald de Andrade e Mário de Andrade buscavam a!irmar sua respectiva ascendência, ambos em relação a Graça Aranha, então visto amplamente como iniciador e chefe do movimento. As divisões entre facções são re!letidas no alinhamento de veículos como os jornais O País e Correio da Manhã, assim como a revista Careta, que ao antagonizar o movimento, ajudou a lhe dar projeção.
Precursores do modernismo no Brasil fora do Sudeste acabaram esquecidos pela Semana de Arte Moder... more Precursores do modernismo no Brasil fora do Sudeste acabaram esquecidos pela Semana de Arte Moderna e pelos acontecimentos que se seguiram.
A consagração da Semana de Arte Moderna pela história cultural é fenômeno que data da década ... more A consagração da Semana de Arte Moderna pela história cultural é fenômeno que data da década de 1940. O artigo analisa a reinvenção discursiva da Semana por meio dos escritos de Tristão de Athayde, Lourival Gomes Machado, Luís Martins, Ruben Navarra, Robert C. Smith e Nestor Victor, entre outros críticos. Aponta-se a correspondência epistemológica e metodológica entre dois mitos originários, gerados nessa época e ainda vigentes: a tese de que o movimento modernista redescobriu o Brasil profundo, resgatando a negritude do apagamento, e a noção de que o modernismo brasileiro seria uma retomada das raízes do período colonial.
Entre as décadas de 1940 e 1960, os artistas Dimitri Ismailovitch e Maria Margarida Soutello, amb... more Entre as décadas de 1940 e 1960, os artistas Dimitri Ismailovitch e Maria Margarida Soutello, ambos de origem europeia e imigrados ao Brasil, produziram juntos uma série de obras representando figuras negras e versando sobre temáticas ligadas à afro-brasilidade. O presente artigo examina essa produção e discute sua primeira recepção, com o objetivo de tentar compreender sua inserção no contexto cultural da época. Longe de entender essas obras como mera apropriação cultural, aprofunda-se a análise daquilo que será chamado aqui de ‘imaginação diaspórica’. Argumenta-se que a condição de deslocamento e dupla consciência dos artistas, característica do exílio, canalizou seu olhar sobre a negritude para um esforço de reinvenção identitária por meio da mascarada e do misticismo. O aspecto carnavalesco da cultura brasileira permitiu que essa construção imaginária prosperasse, se constituindo em realidade social.
Resumo: A fonte Ramos Pinto, instalada no Rio de Janeiro desde 1906, é caso ímpar para se pensar ... more Resumo: A fonte Ramos Pinto, instalada no Rio de Janeiro desde 1906, é caso ímpar para se pensar a relação entre vandalismo e iconoclastia. A peça é alvo de ataques cujo histórico se relaciona às políticas de remoção de favelas. O fato abre espaço para uma reflexão sobre exclusão social e a preservação do patrimônio histórico.
Panorama: Journal of the Association of Historians of American Art, 2020
The self-referentiality with which discussions of decolonization are conducted within the Anglosp... more The self-referentiality with which discussions of decolonization are conducted within the Anglosphere reveals a structural inability to think beyond the world view bequeathed to the present by centuries of English-speaking dominion.
O presente artigo examina a relação entre intelectuais e autonomia política no meio c... more O presente artigo examina a relação entre intelectuais e autonomia política no meio cultural brasileiro, enfocando um estudo de caso histórico: a atuação de dois dos principais líderes do movimento modernista, Mário de Andrade e Oswald de Andrade, à época do Estado Novo. Em especial, são analisados aqui o contexto de dois pronunciamentos públicos realizados por eles: as palestras “O movimento modernista” (1942) e “O caminho percorrido” (1944), respectivamente. De que modo esses autores reagiram diante da forte pressão da ditadura varguista para controlar os meios de informação e o discurso cultural? Mário de Andrade apostou na tentativa de se aproximar do poder público, mas posteriormente se arrependeu e empreendeu uma autocrítica. Oswald de Andrade, envolvido com os meios comunistas, manteve-se longe do favor oficial a essa época. As decorrências de suas respectivas atitudes são indicativas da difícil posição do intelectual brasileiro perante o autoritarismo do Estado.
The present article examines the relationship between intellectuals and political autonomy in the Brazilian cultural context, focusing on a historical case study: the actions of two of the most important leaders of the modernist movement, Mário de Andrade and Oswald de Andrade. Special consideration is given to two
lectures delivered by them, “The modernist movement” (1942) and “The path trodden” (1944), respectively. How did these authors react to powerful pressures by the Vargas dictatorship to control information and cultural discourse? Mário de Andrade attempted to draw near to the authorities, but afterwards publicly expressed regret and self-criticism. Oswald de Andrade, engaged in communist circles, kept a distance from official patronage at the time. The results of their respective attitudes are indicative of the difficult position of Brazilian intellectuals faced with an authoritarian State.
Review of exhibition "Bodenlos – Vilém Flusser und die Künste /
Without Firm Ground – Vilém Fluss... more Review of exhibition "Bodenlos – Vilém Flusser und die Künste / Without Firm Ground – Vilém Flusser and the Arts", at Akademie der Künste, Berlin; 19 November 2015 – 10 January 2016
Resenha da publicação Books and Periodicals in Brazil 1768-1930, organizada por Ana Cláudia Suria... more Resenha da publicação Books and Periodicals in Brazil 1768-1930, organizada por Ana Cláudia Suriani da Silva e Sandra Guardini Vasconcelos.
O presente artigo examina a discussão de “arte moderna” no jornal Correio da Manhã, um dos princi... more O presente artigo examina a discussão de “arte moderna” no jornal Correio da Manhã, um dos principais diários brasileiros do século 20, entre os anos de 1924 e 1937. Ao seguir detalhada e sistematicamente a cobertura dada pelo jornal a esse tema, constata-se que o assunto era percebido à época de modo bastante distinto da narrativa ascendente construída pela historiografia posterior. O artigo dedica atenção particular à correlação entre arte moderna e o contexto político imediato, focando nas conexões do meio artístico com debates ideológicos vigentes. Evidencia-se a constituição gradativa de um discurso associando arte moderna a comunismo, que atinge seu ápice com uma campanha anticomunista inflamada no momento logo após a sublevação militar de novembro de 1935. É considerado e revisto o papel de atores importantes no percurso histórico da arte moderna no Brasil, de diversas tendências – com destaque para Graça Aranha, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, José Oiticica e Carlos Maul. O propósito da pesquisa é fornecer dados originais que complementem a visão consagrada do movimento modernista, a qual evidencia tendência a privilegiar fontes produzidas pelos próprios atores do movimento e seus herdeiros, assim como fontes exclusivas às artes plásticas. A compreensão alargada da recepção da arte moderna torna possível avaliar com mais nuance e complexidade seu impacto histórico.
The traditional appraisal that artists in Brazil were unable or unwilling to depict black subject... more The traditional appraisal that artists in Brazil were unable or unwilling to depict black subjects, during the Imperial and early Republican periods, is at odds with much of what was actually produced. Following from the success of abolitionist imagery in the mid-nineteenth century, a number of visual artists in Brazil were actively establishing a critical discourse that linked race and inequality as early as the 1890s, two decades before such critiques became widespread in literature and the social sciences. Specific works by Eliseu Visconti, Antonio Ferrigno and Modesto Brocos are singled out and examined, in this respect. The final section of the text examines the issue of self-representation, focusing on the work of Arthur Timótheo da Costa in the 1900s and 1910s. A marked contrast exists between the relatively neglected efforts of these artists and the much lauded drive of Brazilian Modernism to embrace the theme of race, after 1922.
Concinnitas (Revista do Instituto de Artes da Uerj), v2, n23, Dec 2013
Resenha de livros e artigos publicados sobre história da arte brasileira, no exterior, durante o ... more Resenha de livros e artigos publicados sobre história da arte brasileira, no exterior, durante o biênio 2012/2013, assim como de exposições que abordam a arte brasileira por um crivo histórico. Breve contextualização da mudança de perspectiva que vem tentando inserir a arte brasileira numa história da arte global, desde a década de 1990.
The history of nineteenth-century Brazilian art has undergone enormous transformation over the pa... more The history of nineteenth-century Brazilian art has undergone enormous transformation over the past twelve years, to the point where it has been arguably re-written with regard to the output of the preceding century. The present essay attempts to provide a critical overview of the bibliography produced during the interval between 2000 and 2012, focusing primarily on books but also taking into account catalogues, journals, scholarly articles and websites. These are situated, in turn, in their institutional and professional contexts, so as to map the scholarship currently being produced. The review is broken down into evaluations of the state of the art in the 1990s; general surveys; landscape and other genres; biographies and monographs; thematic approaches; internet resources; and a brief summary of the institutional landscape. Special attention is given to non-elite histories of art and trans-disciplinarity as fronts that still pose a particular challenge to the further development of the field.
Discussions of Brazilianness in art have a substantial history prior to the Modernist focus on 'b... more Discussions of Brazilianness in art have a substantial history prior to the Modernist focus on 'brasilidade' in the 1930s. This article looks at the development of such ideas from Manuel de Araújo Porto-Alegre in the 1850s to Mário de Andrade in the 1920s, linking prevailing discourses to the historical context in which they arose and gained currency.
O campo da história da arte foi sacudido por grandes transformações metodólogicas e temáticas dur... more O campo da história da arte foi sacudido por grandes transformações metodólogicas e temáticas durante as décadas de 1970 e 1980, principalmente no mundo anglo-americano. A chamada "nova história da arte" trouxe à pauta novos autores e assuntos, dentre os quais uma ênfase renovada em questões ligadas à história social, como classe, raça e gênero. Em decorrência dessas mudanças, o antigo paradigma de "connoisseurismo" sofreu forte rejeição, alterando velhas práticas e substituindo-as com nova ênfase em estruturas teóricas advindas das ciências sociais. Essa "nova" história da arte -nem tão nova assim -nunca foi inteiramente assimilada no Brasil. O presente artigo fornece um panorama dos principais autores e temas ligados a essa transformação, com o intuito de introduzir ao leitor as bases dessa visão, hoje amplamente aceita.
Vários episódios da cena cultural brasileira nas décadas de 1940 e 1950 associaram figuras e enca... more Vários episódios da cena cultural brasileira nas décadas de 1940 e 1950 associaram figuras e encarnações do sagrado cristão a representações ou temáticas da negritude. Em especial, as expressões "anjo negro" e "Cristo negro" obtiveram destaque fora do comum nos debates pela imprensa, principalmente (mas não exclusivamente) por causa da encenação em 1948 da peça Anjo negro, de Nelson Rodrigues, e do Concurso do Cristo de Cor, certame artístico promovido pelo Teatro Experimental do Negro, em 1955. Entre esses dois pontos, a caçada jornalística a Gregório Fortunato, chefe da segurança de Getúlio Vargas, apelidado de "o anjo negro" acrescentou uma dimensão política à expressão. O presente artigo examina o entrecruzamento desses debates a fim de compreender melhor os modos como o racismo brasileiro foi posto em xeque e, ao mesmo tempo, reafirmado, perfazendo um movimento contraditório de emancipação e opressão.
Decolonizing the canon is not only about admitting that
art history has been shaped by colonial s... more Decolonizing the canon is not only about admitting that art history has been shaped by colonial structures – it also means breaking up those structures. Based on his own experience in the academic world, where his subject area is still regarded as marginal, the Brazilian art historian Rafael Cardoso asks how we can expand the canon and whether this action could mark the beginning of the process of its decolonization. Cardoso emphasizes the anti-imperialist dimensions of “decolonization” as a term, which is currently undergoing a kind of semantic inflation and is increasingly used in a metaphorical way. According to the author, the aim is not to achieve diversification while maintaining existing structures in place; instead, there needs to be a fundamental decentering of the geographic and racialized power structure that grew out of colonialism.
A recepção da Semana de Arte Moderna pela imprensa do Rio de Janeiro, então capital federal, a... more A recepção da Semana de Arte Moderna pela imprensa do Rio de Janeiro, então capital federal, ajuda a elucidar como o movimento foi avaliado em sua época. O impacto contemporâneo da Semana foi bem menor do que sugere a historiogra!ia que a consagrou após 1945. O presente artigo examina a cobertura dada à Semana nos principais órgãos jornalísticos do Distrito Federal entre o momento logo anterior à sua realização e o !inal de 1925. Identi!ica-se uma disputa intensa em torno da liderança modernista, em que Oswald de Andrade e Mário de Andrade buscavam a!irmar sua respectiva ascendência, ambos em relação a Graça Aranha, então visto amplamente como iniciador e chefe do movimento. As divisões entre facções são re!letidas no alinhamento de veículos como os jornais O País e Correio da Manhã, assim como a revista Careta, que ao antagonizar o movimento, ajudou a lhe dar projeção.
Precursores do modernismo no Brasil fora do Sudeste acabaram esquecidos pela Semana de Arte Moder... more Precursores do modernismo no Brasil fora do Sudeste acabaram esquecidos pela Semana de Arte Moderna e pelos acontecimentos que se seguiram.
A consagração da Semana de Arte Moderna pela história cultural é fenômeno que data da década ... more A consagração da Semana de Arte Moderna pela história cultural é fenômeno que data da década de 1940. O artigo analisa a reinvenção discursiva da Semana por meio dos escritos de Tristão de Athayde, Lourival Gomes Machado, Luís Martins, Ruben Navarra, Robert C. Smith e Nestor Victor, entre outros críticos. Aponta-se a correspondência epistemológica e metodológica entre dois mitos originários, gerados nessa época e ainda vigentes: a tese de que o movimento modernista redescobriu o Brasil profundo, resgatando a negritude do apagamento, e a noção de que o modernismo brasileiro seria uma retomada das raízes do período colonial.
Entre as décadas de 1940 e 1960, os artistas Dimitri Ismailovitch e Maria Margarida Soutello, amb... more Entre as décadas de 1940 e 1960, os artistas Dimitri Ismailovitch e Maria Margarida Soutello, ambos de origem europeia e imigrados ao Brasil, produziram juntos uma série de obras representando figuras negras e versando sobre temáticas ligadas à afro-brasilidade. O presente artigo examina essa produção e discute sua primeira recepção, com o objetivo de tentar compreender sua inserção no contexto cultural da época. Longe de entender essas obras como mera apropriação cultural, aprofunda-se a análise daquilo que será chamado aqui de ‘imaginação diaspórica’. Argumenta-se que a condição de deslocamento e dupla consciência dos artistas, característica do exílio, canalizou seu olhar sobre a negritude para um esforço de reinvenção identitária por meio da mascarada e do misticismo. O aspecto carnavalesco da cultura brasileira permitiu que essa construção imaginária prosperasse, se constituindo em realidade social.
Resumo: A fonte Ramos Pinto, instalada no Rio de Janeiro desde 1906, é caso ímpar para se pensar ... more Resumo: A fonte Ramos Pinto, instalada no Rio de Janeiro desde 1906, é caso ímpar para se pensar a relação entre vandalismo e iconoclastia. A peça é alvo de ataques cujo histórico se relaciona às políticas de remoção de favelas. O fato abre espaço para uma reflexão sobre exclusão social e a preservação do patrimônio histórico.
Panorama: Journal of the Association of Historians of American Art, 2020
The self-referentiality with which discussions of decolonization are conducted within the Anglosp... more The self-referentiality with which discussions of decolonization are conducted within the Anglosphere reveals a structural inability to think beyond the world view bequeathed to the present by centuries of English-speaking dominion.
O presente artigo examina a relação entre intelectuais e autonomia política no meio c... more O presente artigo examina a relação entre intelectuais e autonomia política no meio cultural brasileiro, enfocando um estudo de caso histórico: a atuação de dois dos principais líderes do movimento modernista, Mário de Andrade e Oswald de Andrade, à época do Estado Novo. Em especial, são analisados aqui o contexto de dois pronunciamentos públicos realizados por eles: as palestras “O movimento modernista” (1942) e “O caminho percorrido” (1944), respectivamente. De que modo esses autores reagiram diante da forte pressão da ditadura varguista para controlar os meios de informação e o discurso cultural? Mário de Andrade apostou na tentativa de se aproximar do poder público, mas posteriormente se arrependeu e empreendeu uma autocrítica. Oswald de Andrade, envolvido com os meios comunistas, manteve-se longe do favor oficial a essa época. As decorrências de suas respectivas atitudes são indicativas da difícil posição do intelectual brasileiro perante o autoritarismo do Estado.
The present article examines the relationship between intellectuals and political autonomy in the Brazilian cultural context, focusing on a historical case study: the actions of two of the most important leaders of the modernist movement, Mário de Andrade and Oswald de Andrade. Special consideration is given to two
lectures delivered by them, “The modernist movement” (1942) and “The path trodden” (1944), respectively. How did these authors react to powerful pressures by the Vargas dictatorship to control information and cultural discourse? Mário de Andrade attempted to draw near to the authorities, but afterwards publicly expressed regret and self-criticism. Oswald de Andrade, engaged in communist circles, kept a distance from official patronage at the time. The results of their respective attitudes are indicative of the difficult position of Brazilian intellectuals faced with an authoritarian State.
Review of exhibition "Bodenlos – Vilém Flusser und die Künste /
Without Firm Ground – Vilém Fluss... more Review of exhibition "Bodenlos – Vilém Flusser und die Künste / Without Firm Ground – Vilém Flusser and the Arts", at Akademie der Künste, Berlin; 19 November 2015 – 10 January 2016
Resenha da publicação Books and Periodicals in Brazil 1768-1930, organizada por Ana Cláudia Suria... more Resenha da publicação Books and Periodicals in Brazil 1768-1930, organizada por Ana Cláudia Suriani da Silva e Sandra Guardini Vasconcelos.
O presente artigo examina a discussão de “arte moderna” no jornal Correio da Manhã, um dos princi... more O presente artigo examina a discussão de “arte moderna” no jornal Correio da Manhã, um dos principais diários brasileiros do século 20, entre os anos de 1924 e 1937. Ao seguir detalhada e sistematicamente a cobertura dada pelo jornal a esse tema, constata-se que o assunto era percebido à época de modo bastante distinto da narrativa ascendente construída pela historiografia posterior. O artigo dedica atenção particular à correlação entre arte moderna e o contexto político imediato, focando nas conexões do meio artístico com debates ideológicos vigentes. Evidencia-se a constituição gradativa de um discurso associando arte moderna a comunismo, que atinge seu ápice com uma campanha anticomunista inflamada no momento logo após a sublevação militar de novembro de 1935. É considerado e revisto o papel de atores importantes no percurso histórico da arte moderna no Brasil, de diversas tendências – com destaque para Graça Aranha, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, José Oiticica e Carlos Maul. O propósito da pesquisa é fornecer dados originais que complementem a visão consagrada do movimento modernista, a qual evidencia tendência a privilegiar fontes produzidas pelos próprios atores do movimento e seus herdeiros, assim como fontes exclusivas às artes plásticas. A compreensão alargada da recepção da arte moderna torna possível avaliar com mais nuance e complexidade seu impacto histórico.
The traditional appraisal that artists in Brazil were unable or unwilling to depict black subject... more The traditional appraisal that artists in Brazil were unable or unwilling to depict black subjects, during the Imperial and early Republican periods, is at odds with much of what was actually produced. Following from the success of abolitionist imagery in the mid-nineteenth century, a number of visual artists in Brazil were actively establishing a critical discourse that linked race and inequality as early as the 1890s, two decades before such critiques became widespread in literature and the social sciences. Specific works by Eliseu Visconti, Antonio Ferrigno and Modesto Brocos are singled out and examined, in this respect. The final section of the text examines the issue of self-representation, focusing on the work of Arthur Timótheo da Costa in the 1900s and 1910s. A marked contrast exists between the relatively neglected efforts of these artists and the much lauded drive of Brazilian Modernism to embrace the theme of race, after 1922.
Concinnitas (Revista do Instituto de Artes da Uerj), v2, n23, Dec 2013
Resenha de livros e artigos publicados sobre história da arte brasileira, no exterior, durante o ... more Resenha de livros e artigos publicados sobre história da arte brasileira, no exterior, durante o biênio 2012/2013, assim como de exposições que abordam a arte brasileira por um crivo histórico. Breve contextualização da mudança de perspectiva que vem tentando inserir a arte brasileira numa história da arte global, desde a década de 1990.
The history of nineteenth-century Brazilian art has undergone enormous transformation over the pa... more The history of nineteenth-century Brazilian art has undergone enormous transformation over the past twelve years, to the point where it has been arguably re-written with regard to the output of the preceding century. The present essay attempts to provide a critical overview of the bibliography produced during the interval between 2000 and 2012, focusing primarily on books but also taking into account catalogues, journals, scholarly articles and websites. These are situated, in turn, in their institutional and professional contexts, so as to map the scholarship currently being produced. The review is broken down into evaluations of the state of the art in the 1990s; general surveys; landscape and other genres; biographies and monographs; thematic approaches; internet resources; and a brief summary of the institutional landscape. Special attention is given to non-elite histories of art and trans-disciplinarity as fronts that still pose a particular challenge to the further development of the field.
Discussions of Brazilianness in art have a substantial history prior to the Modernist focus on 'b... more Discussions of Brazilianness in art have a substantial history prior to the Modernist focus on 'brasilidade' in the 1930s. This article looks at the development of such ideas from Manuel de Araújo Porto-Alegre in the 1850s to Mário de Andrade in the 1920s, linking prevailing discourses to the historical context in which they arose and gained currency.
O campo da história da arte foi sacudido por grandes transformações metodólogicas e temáticas dur... more O campo da história da arte foi sacudido por grandes transformações metodólogicas e temáticas durante as décadas de 1970 e 1980, principalmente no mundo anglo-americano. A chamada "nova história da arte" trouxe à pauta novos autores e assuntos, dentre os quais uma ênfase renovada em questões ligadas à história social, como classe, raça e gênero. Em decorrência dessas mudanças, o antigo paradigma de "connoisseurismo" sofreu forte rejeição, alterando velhas práticas e substituindo-as com nova ênfase em estruturas teóricas advindas das ciências sociais. Essa "nova" história da arte -nem tão nova assim -nunca foi inteiramente assimilada no Brasil. O presente artigo fornece um panorama dos principais autores e temas ligados a essa transformação, com o intuito de introduzir ao leitor as bases dessa visão, hoje amplamente aceita.
The Primitivist Imaginary in Iberian and Transatlantic Modernisms, edited by Joana Cunha Leal and Mariana Pinto dos Santos, 2024
North Atlantic discussions of primitivism often take for granted that the concept operates in a s... more North Atlantic discussions of primitivism often take for granted that the concept operates in a single direction: outwards from Western Europe and North America towards the Southern Hemisphere. 1 The primitivist gaze is considered a projection of the colonizing self, simultaneously appropriating and subordinating the colonized other. That view of primitivism as a strictly ethnographic project, part and parcel of the larger colonial enterprise, has rightly been contested. 2 Such a binary understanding not only ignores the longer history of the idea but also obscures what Samuel Spinner has called "the primitivisms that flowered in the shadows of Europe's empires". 3 The primitivism of the Celtic revival, Russian Neo-primitivism, Jewish primitivism, the so-called Black primitivism of the Négritude movement and the Harlem Renaissance: to differing degrees, these phenomena sought emancipation from hegemonic modernity by reversing the direction of the primitivist gaze towards the self. 4 The preceding list of "eccentric primitivisms" can be expanded to include an example from Latin America: the avant-gardist anthropophagic movement (henceforth, Antropofagia) in 1920s Brazil. 5 Latin American societies frequently blur the lines that divide elite from popular, colonizer from colonized, Western from non-Western, and such ambiguities and tensions are present in Antropofagia. Although the movement explicitly affirmed its opposition to European culture-and, indeed, employed the term "colonial mentality" in 1929-its rhetorical strategies failed to gain a foothold outside the Europeanized elites it criticized and from which it drew its membership. 6 The point of the present discussion is not to dismiss Antropofagia's anticolonialist credentials, but rather to situate its anti-primitivism as a means of working through the relationship between primitivism and coloniality. Antropofagia needs to be contextualized within the broader dimension of Brazilian society in the 1920s. The First World War was a turning point in Latin American perceptions of the presumed cultural superiority of Europe. With Europeans engaged in mutual slaughter, the question was openly asked: who were the real barbarians? The war swelled a wave of nationalist selfaffirmation in Brazil, surging with the creation of the National Defence League in 1916, championed by poet Olavo Bilac, and cresting around the centennial of independence from Portugal in 1922. The task of affirming a new national conscience was explicitly taken up in 1916 by the Revista do Brasil, an influential cultural magazine in São Paulo that shaped the outlook of the young artists and intellectuals who burst onto the scene with the Modern Art Week, in 1922. 7 Beneath the shining surface of nationalism lay a powerful undercurrent of anxiety about identity. At a time when the notion of brasilidade was in its infancy, ideas of Brazilian culture remained far from unified. 8 Huge waves of immigration from Europe, Asia, and the Middle East, between the 1890s and 1910s, altered demographics and provoked apprehensions that the nation was losing its ethnic cohesion. In parallel, the struggles of Afro-descendant peoples to claim their rightful place within a society in which slavery was still a living memory cannot be dissociated
Arrival Cities: Migrating Artists and New Metropolitan Topographies in the 20th Century, edited by Burcu Dogramaci, Mareike Hetschold, Laura Karp Lugo, Rachel Lee & Helene Roth, 2020
Seismografen und Orientierungsspiegel: Bilder der Welt in kurzen Kunstgeschichten, edited by Leena Crasemann, Benjamin Fellmann & Yannis Hadjinicolaou, 2022
Overview and analysis of the painting A República (1896) by Manuel Lopes Rodrigues.
Uwe Fleckner & Elena Tolstichin, eds. Das verirrte Kunstwerk: Bedeutung, Funktion und Manipulation von "Bilderfahrzeugen" in der Diaspora. Berlin: De Gruyter, 2020
Anthropophagy identifies the conflict existing between the Carib Brazil, the real one, and the ot... more Anthropophagy identifies the conflict existing between the Carib Brazil, the real one, and the other one that only bears the name. Because in Brazil, one must distinguish between the elite, European, and the people, Brazilian. We side with the latter against the former.« 1
Tore Kristensen, Anders Michelsen & Frauke Wiegand, eds. Transvisuality: the Cultural Dimension of Visuality. Volume II: Visual Organizations. Liverpool: Liverpool University Press., 2015
A significant shift in regimes of viewing has been taking place over the past three decades, whic... more A significant shift in regimes of viewing has been taking place over the past three decades, which demands radical reconsideration of how and why we engage with images. As keyboards, touch screens and handheld appliances reinsert the body directly into processes of looking, the conception of spectatorship that prevailed from Renaissance perspective to televison - i.e. seeing directionally over a distance from a fixed vantage point - is considerably relieved of its primacy. The very nature of the gaze needs to be re-examined in light of this momentous change. This essay attempts to recover a phenomenological (Merleau-Ponty) and psychoanalytic (Lacan) understanding of vision as an extension of the flesh, applying it to some of the theoretical readings of spectatorship and the gaze that have prevailed in art history and visual culture since the 1980s and 1990s, in the hope of updating them for the digital era.
São Paulo, Editora Blucher, 2009
Documentação da 9³ Bienal Brasileira de Design Gráfico - 2009
IS... more São Paulo, Editora Blucher, 2009 Documentação da 9³ Bienal Brasileira de Design Gráfico - 2009 ISBN: 9788521204756 http://www.blucher.com.br/produto/04756/anatomia-do-design
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Papers by Rafael Cardoso
art history has been shaped by colonial structures – it
also means breaking up those structures. Based on
his own experience in the academic world, where his
subject area is still regarded as marginal, the Brazilian
art historian Rafael Cardoso asks how we can expand
the canon and whether this action could mark the
beginning of the process of its decolonization. Cardoso
emphasizes the anti-imperialist dimensions of “decolonization” as a term, which is currently undergoing a
kind of semantic inflation and is increasingly used in a
metaphorical way. According to the author, the aim is
not to achieve diversification while maintaining existing
structures in place; instead, there needs to be a fundamental decentering of the geographic and racialized
power structure that grew out of colonialism.
The present article examines the relationship between intellectuals and political autonomy in the Brazilian cultural context, focusing on a historical case study: the actions of two of the most important leaders of the modernist movement, Mário de Andrade and Oswald de Andrade. Special consideration is given to two
lectures delivered by them, “The modernist movement” (1942) and “The path trodden” (1944), respectively. How did these authors react to powerful pressures by the Vargas dictatorship to control information and cultural discourse? Mário de Andrade attempted to draw near to the authorities, but afterwards publicly expressed regret and self-criticism. Oswald de Andrade, engaged in communist circles, kept a distance from official patronage at the time. The results of their respective attitudes are indicative of the difficult position of Brazilian intellectuals faced with an authoritarian State.
Without Firm Ground – Vilém Flusser and the Arts", at Akademie der Künste, Berlin; 19 November 2015 – 10 January 2016
art history has been shaped by colonial structures – it
also means breaking up those structures. Based on
his own experience in the academic world, where his
subject area is still regarded as marginal, the Brazilian
art historian Rafael Cardoso asks how we can expand
the canon and whether this action could mark the
beginning of the process of its decolonization. Cardoso
emphasizes the anti-imperialist dimensions of “decolonization” as a term, which is currently undergoing a
kind of semantic inflation and is increasingly used in a
metaphorical way. According to the author, the aim is
not to achieve diversification while maintaining existing
structures in place; instead, there needs to be a fundamental decentering of the geographic and racialized
power structure that grew out of colonialism.
The present article examines the relationship between intellectuals and political autonomy in the Brazilian cultural context, focusing on a historical case study: the actions of two of the most important leaders of the modernist movement, Mário de Andrade and Oswald de Andrade. Special consideration is given to two
lectures delivered by them, “The modernist movement” (1942) and “The path trodden” (1944), respectively. How did these authors react to powerful pressures by the Vargas dictatorship to control information and cultural discourse? Mário de Andrade attempted to draw near to the authorities, but afterwards publicly expressed regret and self-criticism. Oswald de Andrade, engaged in communist circles, kept a distance from official patronage at the time. The results of their respective attitudes are indicative of the difficult position of Brazilian intellectuals faced with an authoritarian State.
Without Firm Ground – Vilém Flusser and the Arts", at Akademie der Künste, Berlin; 19 November 2015 – 10 January 2016
Documentação da 9³ Bienal Brasileira de Design Gráfico - 2009
ISBN: 9788521204756
http://www.blucher.com.br/produto/04756/anatomia-do-design