Jota
e Clarice viviam uma relação desgastada sem cumplicidade e tudo motivava
brigas. Movido pela esperança Jota programou um passeio no domingo ao Parque Municipal.
Outrora muitas vezes estiveram por lá vendo peixinhos da lagoa e comendo
pipocas, que jogavam às escondidas dos vigilantes para os peixes e marrecos.
Jota
estava todo entusiasmado com humor e risos, que chamava atenção das pessoas pelo
parque ou que passavam em direção ao Hospital da Escola de Medicina. Neste
instante avistou o fotografo ambulante e pediu a Clarice, para tirar uma foto
juntos, no que ela aceitou para alegria do fotografo e aceleração do coração de
Jota, que circulava com muito receio.
Jota
olhou para a floricultura da Rua Bahia, que naquele domingo estava aberta,
pediu licença e rapidamente alcançou o outro lado da rua, de onde veio com um
lindo buquê de rosas vermelhas, que depositou nas mãos de Clarice com um beijo,
que ela lhe ofereceu a testa, para temor de Jota. Assim prosseguiram até
encontrar um banco junto da lagoa. Sentaram bem juntinhos, quando o pequeno vendedor
de picolés veio ao encontro. Jota comprou dois picolés, deixou um bom trocado
com o garoto, que saiu radiante gritando a marca do seu picolé.
Mas
o diabo também circula ao domingo, mesmo sem vestir um Prada. Dizem que anda pelas
praças com seu Kit de façanhas. E foi assim que o diabo de minissaia foi
avistado por Clarice, que sentiu o picolé derreter pelas mãos. O de Jota caiu
no chão ao ver. Era a ex-namorada uma mulata de olhos verdes motivo das brigas
e da relação estremecida. Ela sorriu de longe para Jota, que empalidecido abaixou
a cabeça. Sentiu que todo esforço estava se diluindo como o picolé na caçada
quente. Assim ficou petrificado.
Quando
se recuperou, percebeu que Clarice já atravessava a Avenida Afonso Pena e acenava
para um táxi, mas sem as rosas vermelhas que lhe ofertara. O mundo lhe caiu
sobre os ombros, olhou em volta para os olhares dos transeuntes e pode ver o
buquê de rosas cintilando e circundado pelos peixinhos. Dos seus olhos as
lagrimas se suicidavam no corrimão de proteção da lagoa. Sentiu cheiro de
enxofre e ainda ouviu um o som de um risinho sinistro um pouco além. Nem quis
conferir, mas sabia que o diabo estava ali.
Toninho
15/02/2017
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