Já ontem dei
aqui conta dos festejos em São Bento ao serem conhecidas as previsões da OCDE que apontam para um recuo da economia portuguesa, em 2012, da ordem dos 3,2% e para um aumento do desemprego, com este a atingir, segundo a previsão, os 13,8%.
Devo, no entanto, confessar que não me tinha ainda apercebido que os festejos em São Bento são agora uma rotina quase diária, senão mesmo diária. É que todos os dias, ou quase, estão a surgir "boas" notícias. Hoje, por exemplo, ficámos a saber que "
para os consumidores, as perspectivas sobre a evolução da economia e da situação financeira do seu agregado familiar nunca foram tão más" e em relação "às empresas, o pessimismo é transversal a todos os sectores". (extracto da notícia:"Confiança das famílias e das empresas bate mínimo histórico")A percepção dos consumidores e das empresas vai, pois, no sentido de que a economia portuguesa está a acelerar, e bem mais do que o previsto, em direcção ao empobrecimento que é, como o próprio Passos Coelho proclamou, a meta do seu governo.
Cá temos, sendo assim, mais um bom motivo para o governo celebrar. Ou antes, dois motivos. É que, a manter-se este ritmo, é muito provável que a economia portuguesa bata no fundo ainda antes do fim de 2012. E depois de bater no fundo, não havendo possibilidade de recuo, só restam duas hipóteses: ou permanece no fundo, ou cresce. Não sei qual das duas hipóteses é a mais provável. Seja como for, certo é que segunda hipótese (a do crescimento) não é inteiramente de descartar. A verificar-se esta hipótese há que reconhecer que o ministro Álvaro tinha razão quando, aqui há dias, anunciou para o final de 2012 o início do fim da crise. O que me leva a acreditar que o ministro Álvaro, ao contrário do que se tem dito dele, é um homem lúcido. O seu anúncio, revela, com efeito que ele, pelo menos, já tem plena consciência de que caminhamos para a pobreza a um ritmo imparável.
Será que tanta lucidez não merece também ser festejada?