...parece que qualquer passo que dou afasta-me a mim mesma para além da carne ousada a alma desprendida e eu não sou eu nem outra como dizia o poeta porque assisto-me impotente na marcha indiferente em cãmara lenta até ao final dos dias de quem quem quer que seja até dos meus e a sombra que pestaneja à luz do fogo do meu olhar não é mais do que um abrir e fechar de olhos que demora uma eternidade até conseguir ver alguma coisa de jeito...defeito meu... ...somente silhuetas de um tempo que as sombras não apagam...noites de medo que exalam sentidos esquecidos...variações de humor por um vestir de pele sem roupa quente...o tempo não apaga...aumenta, não de forma desigual... aumenta no tempo... no meu... tempo cronométrico..aquele me faz ver sem ponteiros a deslocação da vida... ...em que as sombras se queimam a contra luz como se fossem asas de borboletas semi-apagadas na noite quente e nua...a pele transparente marcada pelo tempo cronométrico inspira expira a vida voraz entre os soluços da morte...em qualquer tempo...o teu, o meu, o deles...
...maldito tempo......refugio em ti entre grãos de areia...não desertifico o meu eu ...queima o pouco das cores...refaz tela ...se justo dá-me cor...nos azuis de mariposa...no movimento da garça...no pelicano me escondo das sombras que trago...enleva o meu dar...vem, deixa sair desta caverna...atrasa o meu tempo!!! ...entre grãos de areia a tempestade de nada saber...o eu passa a dois quando a sombra se põe atrás de mim e é artista impregnado na sua obra de tintas e de pincéis sem nexo e sem direcções sendo cada uma delas semelhante a pequenos oásis que voam a cada aproximação...e a cada fuga do Tempo...a caverna está em mim e quem está nela conhece o meu monstro...sou eu o próprio tempo...
...um diálogo a duas vozes, coerente, mesmo que parecendo algo alucinado, que foi surgindo a partir do primeiro texto a rosa (su), e com continuação a azul (do bono_poetry, do blog TEMPOCRONOMÉTRICO), e depois a rosa novamente, azul, e assim sucessivamente...
Sugestão musical: álbum "Cascade", de PETER MURPHY