Postdoctoral Researcher at the Interdisciplinary Observatory on Climate Change (OIMC), hosted by the Department of Political Science at the Institute of Social and Political Studies, State University of Rio de Janeiro (IESP/UERJ). The postdoctoral research is funded by the Bolsa Nota 10 Program of the Carlos Chagas Filho Foundation for Research Support of the State of Rio de Janeiro (FAPERJ).Recipient of the 2024 Best Doctoral Thesis Award in Human Sciences from the University of São Paulo (USP) and an Honorable Mention in the CAPES National Thesis Competition. Holds a PhD (2024) and a Master's in Sociology (2017) from USP, both supported by the São Paulo Research Foundation (FAPESP), as well as a Bachelor's degree in Social Sciences (2015) from USP.Member of the Steering Committee of the Religion and Ecology Unit at the American Academy of Religion. Member of the Working Group on Right-Wing Ecologies, hosted by the International Society for the Study of Religion, Nature, and Culture - ISSRNC. Coordinator, with prof. Reginaldo Prandi, of the research group "Religious Diversity in Secularized Society", linked to the National Council of Scientific and Technological Development (CNPq). Conducts interdisciplinary research in the fields of Religion and the Environment, focusing on topics such as climate obstruction, disinformation networks, environmental policies, the moralization of ecological discourses, the sacralization of nature, greenwashing, transnational anti-environmentalism, the involvement of religious actors in the public sphere, secularization, and modernization theories. Email: [email protected]
[Pesquisador de Pós-Doutorado no Observatório Interdisciplinar das Mudanças Climáticas, sediado no Departamento de Ciência Política do IESP/UERJ, com projeto aprovado no Programa Nota 10 da FAPERJ. Premiado como autor da melhor tese da área de Ciências Humanas da USP em 2024, tendo também recebido Menção Honrosa no Concurso Nacional de Teses da CAPES. Doutor (2024) e Mestre em Sociologia (2017) pela USP, com pesquisas financiadas pela FAPESP, e Bacharel em Ciências Sociais (2015) também pela USP. Membro do comitê diretivo da unidade de Religião e Ecologia da Academia Americana de Religião (American Academy of Religion - AAR). Membro do grupo de pesquisa sobre Ecologias Religiosas de Direita da Sociedade Internacional para o Estudo da Religião, Natureza e Cultura (International Society for the Study of Religion, Nature, and Culture - ISSRNC). Coordenador, junto com o Prof. Reginaldo Prandi, do grupo de estudos Diversidade religiosa na sociedade secularizada, vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Desenvolve pesquisas interdisciplinares nas áreas de Religião e Meio Ambiente, analisando temas como: obstrução climática, redes de desinformação, políticas ambientais, moralização de discursos ecológicos, sacralização da natureza, greenwashing, antiambientalismo transnacional, participação de atores religiosos na esfera pública, secularização e teorias da modernização. Email: [email protected]]
Supervisors: Carlos Milani, Reginaldo Prandi, and Laurel Kearns
[Pesquisador de Pós-Doutorado no Observatório Interdisciplinar das Mudanças Climáticas, sediado no Departamento de Ciência Política do IESP/UERJ, com projeto aprovado no Programa Nota 10 da FAPERJ. Premiado como autor da melhor tese da área de Ciências Humanas da USP em 2024, tendo também recebido Menção Honrosa no Concurso Nacional de Teses da CAPES. Doutor (2024) e Mestre em Sociologia (2017) pela USP, com pesquisas financiadas pela FAPESP, e Bacharel em Ciências Sociais (2015) também pela USP. Membro do comitê diretivo da unidade de Religião e Ecologia da Academia Americana de Religião (American Academy of Religion - AAR). Membro do grupo de pesquisa sobre Ecologias Religiosas de Direita da Sociedade Internacional para o Estudo da Religião, Natureza e Cultura (International Society for the Study of Religion, Nature, and Culture - ISSRNC). Coordenador, junto com o Prof. Reginaldo Prandi, do grupo de estudos Diversidade religiosa na sociedade secularizada, vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Desenvolve pesquisas interdisciplinares nas áreas de Religião e Meio Ambiente, analisando temas como: obstrução climática, redes de desinformação, políticas ambientais, moralização de discursos ecológicos, sacralização da natureza, greenwashing, antiambientalismo transnacional, participação de atores religiosos na esfera pública, secularização e teorias da modernização. Email: [email protected]]
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Artigos by Renan William dos Santos
Este artigo estuda a influência da filiação religiosa na opinião de eleitores e de seus representantes no Congresso Nacional, compara a opinião dos eleitores classificados segundo a religião declarada e analisa a opinião do conjunto dos congressistas e daqueles pertencentes à chamada bancada evangélica, formada por congressistas evangélicos não pentecostais e pentecostais. Também mostra que a religião influencia pouco a opinião de eleitores e congressistas nos temas de natureza econômica e estrutural e marca mais a opinião em temas do comportamento e moralidade, além de constatar que a bancada evangélica se move ora na direção de seus eleitores, ora na do conjunto dos congressistas, distinguindo-se como grupo sobretudo por sua preocupação com a moral sexual.
[The article aims to discuss the conflicts of framing and counter-framing raised by the environmental mobilization of the Catholic Church in Brazil. In the first part, it is presented how the Brazilian priests maneuvered, in the last decades, the frameworks established by the official Catholic ecotheology created in the Vatican. Then, the analysis proceeds to the main characteristics of the anti-environmentalist contests carried out by the Instituto Plinio Corrêa de Oliveira (IPCO) [Plinio Corrêa de Oliveira Institute], a kind of think tank of Brazilian Catholic conservatism. Finally, some convergences between the frames proposed by the IPCO and members of the current federal government in Brazil are examined.]
O artigo compara as relações de religiões brasileiras com a esfera política a partir de dois planos distintos: o das concepções políticas dos fiéis e o da atuação eleitoreira das igrejas. São utilizados como fonte principal dados de uma pesquisa nacional de opinião conduzida no ano de 2016 pelo Instituto Datafolha. Procuramos compatibilizar aqui o diagnóstico sociológico de avanço da modernidade religiosa, a partir do qual a religião em seus moldes tradicionais se torna cada vez mais sujeita a bricolagens de fiéis alheios às regulações institucionais, com a constatação do crescente poder de influência eleitoral de igrejas evangélicas em comparação com as demais instituições religiosas.
Por ocasião do quinquagésimo aniversário da conclusão do Concílio Vaticano II, o artigo procura mostrar como a religião muda para responder a demandas impostas pela mudança social, econômica e política. Considerando o caso brasileiro, são analisados os movimentos católicos das Comunidades Eclesiais de Base e da Renovação Carismática em oposição ao crescimento evangélico pentecostal. O artigo é focado na orientação da conduta, participação política e secularização.
If until a few decades ago it was "natural" to say that "being Brazilian" or "being Argentine" was almost synonymous with "being a Catholic", today it is no longer so. In both countries religious identity is no longer a substitute for nationality or citizenship. Moreover, because of this intense process of denaturalization and remission of beliefs, religious identity is no longer bound to any other type of imperative. In our modernity, which, at least in this sense, is not distinguished by our location in the global South, religion, like so many other things in one's life, is an object of personal choice that can be revised and replaced at any time. The articles in the dossier seek to analyze the various sociological repercussions of this change in the two contexts in question.
Trata-se de uma introdução ao dossiê: “Religião e Modernidade: As várias faces da religiosidade no Brasil e na Argentina”
Se até poucas décadas atrás era “natural” dizer que “ser brasileiro” ou “ser argentino” era quase um sinônimo de “ser católico”, hoje já não é mais assim. Nos dois países a identidade religiosa já não é mais um sucedâneo da nacionalidade, ou da cidadania. Aliás, em razão desse intenso processo de desnaturalização e flexibilização das crenças, a identidade religiosa já não é ligada a mais nenhum tipo de imperativo. Em nossa modernidade – que, ao menos nesse sentido, não se distingue por nos localizarmos no Sul global –, a religião, como tantas outras coisas da vida de cada um, é, sim, um objeto de escolha pessoal, que pode ser revista e substituída a qualquer momento. Os artigos reunidos no dossiê procuram analisar as várias repercussões sociológicas dessa mudança nos dois contextos em questão.
Thesis Chapters by Renan William dos Santos
Este trabalho se propõe a analisar sociologicamente a incorporação e transmutação pela Igreja Católica de um dos mais candentes temas da atualidade: a questão ecológica. A análise contou com o uso de um banco de dados no qual foram compilados praticamente todos os discursos pontifícios disponíveis sobre ecologia, desde o primeiro, proferido por Paulo VI, em 1970, passando por João Paulo II e Bento XVI, até chegar aos primeiros anos do pontificado de Francisco, que se colocou sob os holofotes mundiais com sua encíclica ecológica Laudato Si’. Primeiramente, foi feita uma reconstrução histórica dos contextos sociais que moldaram o surgimento e desenvolvimento das preocupações ambientais, ainda sem o envolvimento da Igreja Católica. Para a condução da análise, foram construídos três tipos ideais de ambientalismo: o esotérico, o racionalista e o moralista. Esse último dividido entre os subtipos intra e extramundano. Diferentes reflexões ambientalistas foram examinadas por meio dessa tipologia. Demonstrou-se como as causas apontadas e as soluções propostas podem seguir variadas direções conforme o sentido atribuído ao meio ambiente. Por vezes, essas perspectivas não só se diferenciam, mas também se contrapõem. Incluindo-se tardiamente nessa discussão, a Igreja Católica muitas vezes procurou desqualificar os raciocínios ecológicos presentes nas demais perspectivas, que poderiam redundar em concepções pagãs ou materialistas, contrárias a fé cristã. A Igreja Católica tem efetuado uma série de novas interpretações de seus tradicionais ensinamentos, como a teologia da criação, postulando que é o abandono dessa orientação religiosa que gerou a crise ambiental. Além disso, não haveria como purificar o meio ambiente físico sem antes purificar o meio ambiente humano, pois ambos teriam sido poluídos pelo pecado. A solução da crise ecológica dependeria, desse modo, de mudanças comportamentais em consonância com a moralidade tradicionalmente pregada pela orientação católica. Por fim, explicita-se como essa forma conservadora com a qual a Igreja Católica lida com o problema ambiental está relacionada ao processo de secularização.
Talks by Renan William dos Santos
Este artigo estuda a influência da filiação religiosa na opinião de eleitores e de seus representantes no Congresso Nacional, compara a opinião dos eleitores classificados segundo a religião declarada e analisa a opinião do conjunto dos congressistas e daqueles pertencentes à chamada bancada evangélica, formada por congressistas evangélicos não pentecostais e pentecostais. Também mostra que a religião influencia pouco a opinião de eleitores e congressistas nos temas de natureza econômica e estrutural e marca mais a opinião em temas do comportamento e moralidade, além de constatar que a bancada evangélica se move ora na direção de seus eleitores, ora na do conjunto dos congressistas, distinguindo-se como grupo sobretudo por sua preocupação com a moral sexual.
[The article aims to discuss the conflicts of framing and counter-framing raised by the environmental mobilization of the Catholic Church in Brazil. In the first part, it is presented how the Brazilian priests maneuvered, in the last decades, the frameworks established by the official Catholic ecotheology created in the Vatican. Then, the analysis proceeds to the main characteristics of the anti-environmentalist contests carried out by the Instituto Plinio Corrêa de Oliveira (IPCO) [Plinio Corrêa de Oliveira Institute], a kind of think tank of Brazilian Catholic conservatism. Finally, some convergences between the frames proposed by the IPCO and members of the current federal government in Brazil are examined.]
O artigo compara as relações de religiões brasileiras com a esfera política a partir de dois planos distintos: o das concepções políticas dos fiéis e o da atuação eleitoreira das igrejas. São utilizados como fonte principal dados de uma pesquisa nacional de opinião conduzida no ano de 2016 pelo Instituto Datafolha. Procuramos compatibilizar aqui o diagnóstico sociológico de avanço da modernidade religiosa, a partir do qual a religião em seus moldes tradicionais se torna cada vez mais sujeita a bricolagens de fiéis alheios às regulações institucionais, com a constatação do crescente poder de influência eleitoral de igrejas evangélicas em comparação com as demais instituições religiosas.
Por ocasião do quinquagésimo aniversário da conclusão do Concílio Vaticano II, o artigo procura mostrar como a religião muda para responder a demandas impostas pela mudança social, econômica e política. Considerando o caso brasileiro, são analisados os movimentos católicos das Comunidades Eclesiais de Base e da Renovação Carismática em oposição ao crescimento evangélico pentecostal. O artigo é focado na orientação da conduta, participação política e secularização.
If until a few decades ago it was "natural" to say that "being Brazilian" or "being Argentine" was almost synonymous with "being a Catholic", today it is no longer so. In both countries religious identity is no longer a substitute for nationality or citizenship. Moreover, because of this intense process of denaturalization and remission of beliefs, religious identity is no longer bound to any other type of imperative. In our modernity, which, at least in this sense, is not distinguished by our location in the global South, religion, like so many other things in one's life, is an object of personal choice that can be revised and replaced at any time. The articles in the dossier seek to analyze the various sociological repercussions of this change in the two contexts in question.
Trata-se de uma introdução ao dossiê: “Religião e Modernidade: As várias faces da religiosidade no Brasil e na Argentina”
Se até poucas décadas atrás era “natural” dizer que “ser brasileiro” ou “ser argentino” era quase um sinônimo de “ser católico”, hoje já não é mais assim. Nos dois países a identidade religiosa já não é mais um sucedâneo da nacionalidade, ou da cidadania. Aliás, em razão desse intenso processo de desnaturalização e flexibilização das crenças, a identidade religiosa já não é ligada a mais nenhum tipo de imperativo. Em nossa modernidade – que, ao menos nesse sentido, não se distingue por nos localizarmos no Sul global –, a religião, como tantas outras coisas da vida de cada um, é, sim, um objeto de escolha pessoal, que pode ser revista e substituída a qualquer momento. Os artigos reunidos no dossiê procuram analisar as várias repercussões sociológicas dessa mudança nos dois contextos em questão.
Este trabalho se propõe a analisar sociologicamente a incorporação e transmutação pela Igreja Católica de um dos mais candentes temas da atualidade: a questão ecológica. A análise contou com o uso de um banco de dados no qual foram compilados praticamente todos os discursos pontifícios disponíveis sobre ecologia, desde o primeiro, proferido por Paulo VI, em 1970, passando por João Paulo II e Bento XVI, até chegar aos primeiros anos do pontificado de Francisco, que se colocou sob os holofotes mundiais com sua encíclica ecológica Laudato Si’. Primeiramente, foi feita uma reconstrução histórica dos contextos sociais que moldaram o surgimento e desenvolvimento das preocupações ambientais, ainda sem o envolvimento da Igreja Católica. Para a condução da análise, foram construídos três tipos ideais de ambientalismo: o esotérico, o racionalista e o moralista. Esse último dividido entre os subtipos intra e extramundano. Diferentes reflexões ambientalistas foram examinadas por meio dessa tipologia. Demonstrou-se como as causas apontadas e as soluções propostas podem seguir variadas direções conforme o sentido atribuído ao meio ambiente. Por vezes, essas perspectivas não só se diferenciam, mas também se contrapõem. Incluindo-se tardiamente nessa discussão, a Igreja Católica muitas vezes procurou desqualificar os raciocínios ecológicos presentes nas demais perspectivas, que poderiam redundar em concepções pagãs ou materialistas, contrárias a fé cristã. A Igreja Católica tem efetuado uma série de novas interpretações de seus tradicionais ensinamentos, como a teologia da criação, postulando que é o abandono dessa orientação religiosa que gerou a crise ambiental. Além disso, não haveria como purificar o meio ambiente físico sem antes purificar o meio ambiente humano, pois ambos teriam sido poluídos pelo pecado. A solução da crise ecológica dependeria, desse modo, de mudanças comportamentais em consonância com a moralidade tradicionalmente pregada pela orientação católica. Por fim, explicita-se como essa forma conservadora com a qual a Igreja Católica lida com o problema ambiental está relacionada ao processo de secularização.
[The aim is to present some preliminary results of my ongoing PhD research, seeking to clarify not only the ongoing pro-ecotheological engagement initiatives, but also the countermovements they have raised in certain sectors of the Brazilian religious field]
O objetivo maior deste trabalho é afiar algumas das armas conceituais que dispomos na sociologia da religião, com foco específico nos conceitos de secularização e secularismo. Procura-se abordar como ambos os conceitos são manejados não somente por pensadores como Talal Asad e José Casanova, que muito tratam do tema, mas também por autores brasileiros cujas análises justificam uma revisão crítica. Na sessão inicial, é feito um destrinchamento da categoria secularização a partir de dois eixos principais: 1) a derrocada cultural de instituições e ideários religiosos, que antes desempenhavam o papel de matriz organizadora do mundo social; 2) a subtração de fundamentos metafísicos sagrados, que outrora garantiam legitimidade ao poder político. Já a segunda sessão discute: 1) como o processo de secularização possibilitou a coexistência de diferentes crenças religiosas e, em paralelo, a afirmação pública de ideais contrários a essas crenças; 2) os problemas decorrentes do uso do inconsistente conceito de secularismo ora enquanto categoria de identidade, ora como qualificador de uma ideologia, ou ainda como categoria analítica e descritiva. Ao final deste exercício argumentativo, esperamos que se possa reconhecer, com nitidez, a não conformidade necessária entre o fenômeno social definido como secularização e a identidade que é nomeada de secularista.
O esforço principal na presente pesquisa foi concentrado na coleta e análise interna dos discursos salvacionistas, principalmente os de cunho ambiental. Procurou-se identificar as condições sociais, as instituições, interesses em conflito e agentes especialistas por trás dessa pretensão moderna de criar – via desenvolvimento (sustentável) científico, político ou econômico e em oposição à mera espera religiosa ou ações mágico-místicas – um reino livre de qualquer necessidade, doença, maldade, poluição, desperdício, enfim, um reino dourado que se assemelha àquele sonhado pelos diversos movimentos milenaristas ao longo dos tempos.
O objetivo desta pesquisa foi analisar os discursos apocalípticos sobre as "profecias maias" e o fim do mundo previsto para dezembro de 2012.
Em 21 de dezembro de 2012, estava marcado mais um fim do mundo. Dessa vez profetizado pelos maias, que através de uma mítica sabedoria teriam elaborado o maior de seus calendários para acabar justamente nessa data. Em momento algum, entretanto, as divindades maias eram evocadas como atores importantes na consumação da profecia. Nem deuses de outras civilizações. Os agentes desse quadro apocalíptico pareciam vir, em sua maioria, dos medos e anseios construídos a partir da ciência ocidental moderna: asteroides, tsunamis, erupções solares etc. O que os elementos que compõe essa nova escatologia podem dizer sobre a sociedade contemporânea em que vivemos? Nesse artigo, procurou-se coletar e analisar as diversas falas produzidas sobre esse caso das profecias maias veiculadas em reportagens especiais para televisão, artigos de jornal e revistas, e postagens em blogs. A partir daí, buscou-se interpretar os novos papéis assumidos pelas profecias apocalípticas no nosso mundo ocidental cada vez mais globalizado, modernizado e desencantado.
Com o lançamento da encíclica Laudato Si’ pelo papa Francisco (2015), o engajamento ecológico da igreja católica, que já data da década de 1970, ganhou enorme destaque em âmbito mundial. Uma das dimensões mais importantes do discurso ambientalista católico é a assim chamada “ecologia moral”, ou “ecologia humana” e, mais recentemente, com o papa Francisco, “ecologia integral”. Basicamente, trata-se da ideia de que a purificação do meio físico depende da purificação do meio humano. Tanto o ambiente material quanto o social, e até a mesmo o “ambiente interior”, o corpo, seriam passíveis de “poluição”. Aí entram em cena as pautas moralistas: qualquer conduta contrária às normas católicas do agir (a homossexualidade, a prática do aborto, a eutanásia, o uso de contraceptivos etc.) é transformada em uma conduta antinatural e, por conseguinte, antiecológica. O texto procura analisar o surgimento e refinamento desse discurso moralista/ambientalista usado pela igreja católica, relacionando-o com o conceito sociológico de secularização. A hipótese é que essa reciclagem do discurso moralista católico está ligada à sua tentativa de permanecer relevante num mundo cada vez mais alheio à moral tradicional.
[Serão discutidas aqui algumas das iniciativas de lideranças, instituições e movimentos ambientalistas católicos e evangélicos no Brasil que procuram atribuir um sentido religioso à adoção de condutas ecologicamente corretas. A tentativa de “religiocizar” a pauta ambiental não é despropositada, pois dependendo do conteúdo que se postule como ameaça ecológica, determinadas categorias específicas de percepção e de avaliação serão simbolicamente eficientes. Tanto o funcionamento do capitalismo quanto a disseminação da imoralidade, por exemplo, podem ser percebidos como a raiz dos problemas ambientais. Desses diferentes “enquadramentos” do problema ecológico, podem surgir diferentes disposições que irão fundamentar, por sua vez, a formação de diferentes identidades coletivas. Ora, um enquadramento religioso da questão ecológica tende, justamente, a “elevar o valor” dos serviços oferecidos pela religião em dada sociedade. Trata-se, assim, de uma tendência do mercado de bens e produtos em geral que deságua também no mercado da salvação: o oferecimento de “produtos” cada vez mais “ecologicamente corretos”.]
Excerpt: "Those who claim that the support of the Pentecostal churches was crucial in Bolsonaro's election are actually reversing cause and effect: it is not because they supported Bolsonaro that he won; it's because they realized that Bolsonaro would win that they came to support him"