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sexta-feira, março 14, 2008

Lubango - Huila

Abraçando a Serra da Leba - Lubango

Huila com certeza, dentre as províncias que visitei, é que tem a melhor estrutura. Além disso Lubango é uma cidade linda, conhecida por seus moradores como a Europa da África. O frio durante o dia e principalmente à noite dá o ar aconchegante a esse lugar.
Lubango, a Europa Africana

Logo na chegada ao aeroporto uma indicação de que estamos em um dos lugares mais altos e de Angola. Lubango, segundo a indicação, está há mais 1700 m de altura. A primeira coisa que se avista ao chegar é o morro do Cristo rei.

Chama muita atenção a infra-estrutura da cidade, as ruas asfaltadas e limpas juntamente com casas muito bonitas. Passei pelo hospital que está em reformas, realmente uma grande estrutura condizente com população da cidade que é de um milhão de habitantes.
Residência de Lubango

Lubango é famoso não só pelo seu clima como também pela serra da Leba. Me faltam as palavras para descrever tamanha beleza, é com certeza um dos lugares mais lindos que tive oportunidade de conhecer. A estrada da serra visa ligar o Namibe a Huila. Dizem que antes da estrada era necessário dar um contorno muito grande. A obra foi realizada por uma mulher, uma inglesa. Fico imaginando como deve ter sido essa aventura.
Serra da Leba

Como se não bastasse a estrada, que é uma beleza estonteante, no mesmo local uma cachoeira maravilhosa. O barulho das águas preenche lugar como se fosse uma música. Um frio gostoso da serra dá um ar todo romântico. As nuvens, que se formam no local, ficam abaixo do seu olhar, parece que estamos acima do céu. Nesse dia em especial um espetáculo a mais. Por trás das nuvens do fim de tarde, o sol projetava uma luz. Não consigo achar definição melhor para essa luz que “ a imagem de Deus”.
Cachoeira

Todo visitante ou morador de Angola deveria conhecer Lubango. Realmente vale muito a pena o passeio.

Luz entre as núvens

quarta-feira, novembro 07, 2007

Dundo – A cidade das mangueiras

Província de Lunda Norte


Viagem a província de Lunda Norte ao município de Dundo. A viagem foi bem tranqüila se desconsiderar-mos as 2 horas de atraso no aeroporto. É como dizem: Tirando o que está ruim, o resto está bom.

Não sei bem o porque, mas desde que pisei no aeroporto as 5:30 h que só penso em queda de avião. Fiquei tempo todo tentando me concentrar em outra coisa, mas nada. Comecei a me preocupar afinal eu nunca me vem a cabeça isso, muito menos tenho medo de avião. Quando vi a aeronave que iríamos viajar foi que o medo bateu. A fuselagem era toda em metal, sem pinturas, com uma cara de ferro-velho. Pintada apenas, na parte superior, estava escrito “A serviço da TAAG transportes aéreos Angolanos”.

Avião da TAAG com escada na traseira


Outra novidade, não foi necessária escada para subir no avião, por trás da calda baixava uma escada. Eu nunca havia viajado em uma aeronave assim. O que não tem solução, solucionada está, um olhar no futuro e pé na estrada.

Na chegada outra surpresa, paramos no meio da pista e descemos pela mesma escada da calda. Fomos desembarcados a espera das bagagens em um galpão ou seria um armazém. Alguns entulhos pelo local e todos os passageiros se amontoam de pé a espera da bagagem. Demora muito, uns 30 mim, mas chega a nossa bagagem. Todas as malas foram colocadas na caçamba de uma camionete. Depois de entrar no armazém o motorista desligou o carro e cada um que pegue a sua mala. Na saída do galpão, novamente uma revista no meu passaporte e no visto.

Aeroporto do Dundo


A primeira impressão do Dundo são as mangueiras, elas estão por toda parte da cidade. Dos dois lados pista só se vem as imensas árvores, todas enfileiradas. Realmente muito bonito. A cidade é muito verde e parece um grande condomínio de luxo fechado, pois nenhuma das casas tem muro. Os jardins são bem cuidados e há grama por todo lugar, eu disse grama e não mato.

Mangueiras enfileiradas por toda cidade


A cidade parece um grande condomínio fechado


As arvores estão carregadas e ao chegar na pousada, no final da tarde, sai para dar uma volta a pé. Muitas pessoas comem mangas com as mãos, mais a frente, no que seria uma grande praça apenas com gramado e algumas arvores, está acontecendo uma animada partida de futebol.

Pousada


Continuo caminhando e vejo uma agencia bancária e um supermercado. No centro do dois uma rotunda com um grande obelisco. Os jardins da cidade me encantam e nesse obelisco tudo está bem tratado ou em reforma.

Banco da cidade


Obelisco do Dundo


As ruas estão molhadas, choveu muito pela manhã, a caminhada tem um cheiro molhado de terra. Sinto-me caminhando em uma cidade de filme americano, tipo Small Vile.

Apensar da guerra se vê todo cuidado que a população tem com a sua querida e distante cidade. Ainda há muito mais o que conhecer no Dundo.


A cidade é muito verde e a manhã chuvosa deixa um cheiro gostoso de terra molhada

sexta-feira, agosto 03, 2007

Huambo - Guia turístico

Encontrei um guia turístico de Angola que fala um pouco sobre cada província – Guia Turístico Oficial 2006/7 www.guiaturisticoangola.co.ao. Como o produto tem por objetivo divulgar Angola e não é vendido, visando abranger o acesso a esse, o coloquei no blog.

Os textos abaixo foram retirados desse guia e dão uma descrição mais detalhada sobre a província e principalmente sua capital. Um ponto interessante é que a capital de Huambo foi preparada para ser a capital de Angola. O nome da cidade chegou a se chamar Nova Lisboa e era residência de muitos portugueses. Talvez pela presença desses estrangeiros o Huambo foi uma das províncias mais destruídas durante a guerra.

Sites sobre Huambo
www.guiaturisticoangola.co.ao
www.huambodigital.net
pt.wikipedia.org/wiki/Huambo_(prov%C3%ADncia)

Spíndola e mulheres de Huambo


Geral

A província de Humabo está localizada na parte centro do país e tem 11 municípios, Huambo (Capital) Bailundo, Ekunha, Caála, Katchiungo, Londuimbale, Longonjo, Mungo, Tchindjenje, Tchicala Tcholohanga e Ucuma, e cobre uma superfície de 34.270 km2.

O clima é tropical de altitude, com uma estação ceca e fria e uma estação chuvosa, onde o calor quase não se faz sentir, pois as precipitações são constantes. As temperaturas médias anuais chegam a ser inferiores a 19ºC.

O grupo étnico majoritário é o Ovimbundo. A agricultura é o principal fator econômico da população.

A 8 de agosto de 1912 foi fundada a cidade de Huambo, que em 1928 foi batizada com o nome de Nova Lisboa. Foi proposta para Capital de Angola o que não aconteceu, pois Luanda tinha melhor posicionamento a nível de contatos pelo mar. Já foi considerada uma das mais bonitas cidades de Angola. A língua nacional mais usada na província é o Umbundo.


Como Chegar

Existe um aeroporto – Albano Machado – no Humabo com 2.800 de extensão e capacidade para aviões de pequeno e grande porte.

A linha férrea funciona para passageiros e carga do Humabo para Calenga e regresso, quatro vezes ao dia.

O acesso por via rodoviária pode ser feito a partir de Luanda, passando pelo Kwanza Sul ou por Benguela.


Visitar

Huambo – Na cidade existem vários jardins e viveiros municipais. A sua zona florestal e os campos de cultura de flores mostram a diversidade da flora existente, onde sobressai uma coleção de dálias, com mais de 500 variedades.

Parque Almirante Américo Tomás – Situado no centro da cidade, têm um parque para crianças e uma estufa-fria.

Museu Antropológico – no Humabo – Museu municipal – com seções de etnografia, quadros e fotografias.

Nove estátuas – Estão espalhadas pelos jardins da cidade de Huambo.

Ruínas da Embala Grande – A cerca de 20 km de Huambo.

Túnel subterrâneo – Onde se abrigou o Soba (chefe) Cambundo.

Morro de Santo Antônio de Bailundo – Local onde se encontra o túmulo do rei Ekuikui

Ilha dos amores – Em Ekunha

Paços do Conselho – Onde está situada a biblioteca Constantino Kamoli

Reserva Florestal do Kavongue – Tem 39 km2 de área

Morro do Moço – O ponto mais alto de Angola com 2.619m, encontra-se a sul de Londuidale.

quarta-feira, junho 13, 2007

Rally – A volta para casa

Acordando no acampamento

Ainda bem, acordei sem ressaca. A primeira coisa que gosto de fazer ao acordar no fim de semana é tomar um banho, só que água doce pelas próximas horas será impossível. Saio do carro, minha cama na última noite, o dia amanhece frio e com um sol tímido das 6:00 h da manhã. Acordar cedo é ótimo pois deixa o dia longo e hoje ainda vai acontecer muito coisa nesse rally.

Já tem algumas pessoas conversando perto da fogueira, logo descubro que foram os que não conseguiram dormir direito. À noite tivemos alguns problemas, eu que estava literalmente desmaiado nem notei, algumas pessoas rondaram o acampamento. Como haviam muitos objetos desprotegidos como o som e o gerador, foi necessário alguns corajosos para ficar de vigia. Esse é um lado ruim do acampamento, segurança. Mesmo aqui em Angola, onde a criminalidade é bem menor que no Brasil, é difícil para um Recifense, acostumado com minha terra, não se sentir desconfortável passando a noite em uma praia. Ainda bem que tudo correu bem.

Sergio é um dos que já está acordado, ele me chama para uma caminhada que eu prontamente... não aceito. Ta maluco, acabei de acordar, vou ficar na preguiça um tempão antes de despertar. Vai lá Kamba, depois me conta.
As gaivotas me dão bom dia

Sento sozinho, numa manha cinza, sem nuvens, a beira do mar. O silencio me conforta e abriga o meu imaginário dando segurança a minha memória. Algumas das viagens que já fiz, lugares que conheci. Reflito sobre meus objetivos e o que desejo... Faço a velha pergunta: O que eu quero ser quando crescer? O mar calmo como um grande campo de verde de cana de açúcar que tantas vezes vi ai viajar pelas estradas Pernambucanas, minha terra. O silencio e a boa sensação de estar sozinho, mas não me sentir só, é quebrado com a chegada de dezenas de gaivotas que descansam em um pequeno terral formado pela maré baixa. Elas voam na minha frente e parecem se mostrar para mim, para esse viajante que veio de tão longe, do outro lado do oceano, e que agradece pelo espetáculo. Bem na minha frente elas mergulham e saem com um belo peixe na boca. Uma, duas, três, várias vezes e eu tenho certeza que eu quero ser uma gaivota quando crescer. Consegui até fazer um vídeo de uma delas mergulhando e saindo com o peixe.

Quanto estava no mais profundo dos pensamentos e com aquele sorriso bobo no rosto sou trazido a realidade, minha adrenalina sobre. Quatro Angolanos vem pela praia, estou com a minha máquina fotográfica novinha nas mãos e com o mp3 no ouvido. Acostumado ao Brasil começo a me despedir deles, acabei de paga-los. Quando dei conta dos rapazes já era tarde de mais. Foi então que eles pararam na minha frente e puxaram conversa. “E ai chefe, bom dia. Vamos jogar um futebol? Você joga?” Ah eu tinha certeza, estavam só me enrolando, e não havia mais ninguém no acampamento atrás de mim. Sergio foi caminhar, os outros acho que deitaram já que eu estava acordado. Eu estava sozinho. “Oi, obrigado, mas acabei de acordar, ainda estou com sono e nem tomei café. Todo pessoal esta dormindo, estou com fome.” Um deles tem o cabelo amarelo e senta ao meu lado, na verdade deita. To ferrado, agora é relaxar e torcer para alguém do acampamento aparecer. Com mais alguns minutos eles falam entre eles, quimbundo que não entendo. Logo depois levantam-se, se apresentam, apertam minha mão e vão embora. Antes porem me dizem que se eu quiser jogar bola é só procura-los em uma barraca logo mais à frente onde eles estão. Nem acredito, não fui roubado. Fico aliviado e vejo o que a violência do Brasil faz conosco, só agora a adrenalina vai baixando, e eu que tinha certeza. Ainda bem, nada aconteceu.

O pessoal começa a levantar e um café da manha a base de leite, pão, queijo e presunto é providenciado. Me animo e vou fazer um “Mata Bicho”. Mata bicho é como os Angolanos chama o café da manha, uma gíria. Estava bom, desculpe está ótimo, eu estava morrendo de fome. Aqueles momentos meus, a beira da água, até me fizeram esquecer que eu não havia comido. Sérgio chega e depois de comer ao lado da fogueira, que ainda tem algumas brasas, sentamos novamente a beira do mar para conversar. Mais pessoas se aproximam, estão todos acordando, devagar, e com mais alguns minutos já tem uma turma boa ao nosso lado. Todos estão lembrando da noite anterior, do luau. A risada foi sonora ao lembrar do Soba dando em cima das mulherada. Teve ainda o Soba dançando Ilarié, eu lembro a todos, fiz até um vídeo.

Sergio com muita coragem diz que vai tomar um banho de mar. Quando ele entra avisa que a água está fria mas muito boa. Tomo coragem, tiro a camisa e num só pulo caio dentro. Foi apenas o tempo de colocar a cabeça do lado de fora e dar um grito. “Ahhhh que água fria.” Fria não, gelada, mas depois que acostumou foi uma sensação incrível, eu agora acordara, estava pronto para outra.

Lá pelas 10:00 h da manhã o pessoal começa a falar em levantar acampamento, mas com tamanha lentidão que somente as 11:00 h é que o negócio começa. Com uma hora de trabalho parece que nem passamos pela praia, tudo nos carros. É hora de deixar a areia e guardar na lembrança as imagens dessa viajem maravilhosa. Ainda bem que tenho aminha máquina para me ajudar. O blog vai ter uma excelente história nos próximos dias.

Antes mesmo de sair do acampamento, já dentro dos carros e com tudo empacotado, o pensamento coletivo era o desejo que os carros não atolassem na volta. Uma coisa foi quando os carros pararam na ida, todo mundo queria ajudar, mas agora, depois da farra, o desejo era chegar em casa e tomar um bom banho. Chuveiro, toalha nova, roupa limpa e nada de areia e bunda do lado de fora. Para a nossa sorte os motoristas na volta já sabiam o que fazer e não atolamos uma vez sequer.
Caminho de volta

Ninguém quer que o passeio acabe e ainda há tempo para mais uma parada. O Barsulo fica no caminho de volta e decidimos por um pit stop, apenas o tempo suficiente para beliscar alguma coisa e tomar uma coca-cola, afinal já são mais de 13:00 h.

O lugar, o Barsulo, é realmente incrível. Um pedaço do paraíso que o dono, um brasileiro, criou com carinho. Os preços, em compensação, não são nada encantadores. Por um sanduíche e uma coca paguei o equivalente a R$ 50,00. Fui xingando o resto do caminho para casa.
Pit Stop no Barsulo

A paisagem na volta me acalma e eu relevo, ta na chuva é para se molhar. Seguindo o caminho passamos pelas mesmas lugares que agora parecem diferentes, estão ainda mais bonitos. Em um mangue, nada mais Recifense que um mangue, descansam dezenas pássaros que parecem flamingos, só que brancos. Tiro uma foto e falo na mesma hora: “Essa vai para o blog!”
Pássaros e mangue, cenário recifense

Quando chegarmos à estrada já é fim de tarde e ainda há tempo para tirar algumas fotos da vegetação. Iniciei essa história, a primeira foto, com um grande Imbodeiro. Vou terminar com ele também.
Imbodeiro

O por do sol começa a ser ensaiado novamente. Olho para o horizonte e como se fosse uma criança faço um desejo à mão natureza. Tenho uma sensação engrada de certeza que vai acontecer. Desejo novas aventuras como a que acabei de realizar. Por fim penso na minha família, mando um beijo para ela apenas com o meu coração, e me perco nos pensamentos e na imaginação olhando para as belezas da África.
Meu rosto diz tudo sobre a viagem

terça-feira, junho 12, 2007

Rally Acampamento

O caminho não foi nada mal, mas o melhor ainda estava por vir. Primeiro paramos no local mais distante da ilha, o mais próximo possível do continente. O que dizer? Lindo, na verdade quase, uma quantidade de lixo absurda no local inviabilizou o acampamento. Decidimos voltar um pouco e procurar um outro ponto da praia.

Eu e Sérgio na chegada ao Acampamento

Andamos uns 200 metros de volta e encontramos uma área protegida com águas calmas. Do lado direito o continente, do lado esquerdo a ilha, à frente o oceano em todo seu esplendor. Palavras de exaltação ao cenário não me faltam, na verdade, me faltam, como esse país é bonito, como as belezas naturais são suntuosas e exuberantes. Estamos perto da perfeição, não fosse a quantidade de lixo eu diria que o paraíso é aqui.

Os carros são alinhados e descemos todos, Fernando lidera o grupo e dá as primeiras instruções: “Vamos lá pessoal, limpar a praia! Henrique e Spíndola, cuidem da cozinha”. Vamos nessa, era isso mesmo que eu estava esperando. Todos estão muito dispostos, ainda é início de tarde e temos muito tempo pela frente com o sol que não mais nos castiga e sim nos agracia com sua presença. Muitos sacos de lixo na mão e o local fica decente, agora sim. Enquanto isso eu e Henrique descarregamos duas churrasqueiras, quatro caixas térmicas, duas mesas, e um monte de tranqueira. O local está escolhido onde ficará a churrasqueira. Logo atrás dela é montada a iluminação para a noite e o gerador é colocado a uns 30 metros de distância.
Descendo acampamento

Samia se junta ao grupo da cozinha, começa a preparar as verduras e arrumar os apetrechos. Enquanto isso vou cortando e temperando o frango e a carne. Henrique está ocupado acendendo o fogo. Com mais meia hora já temos algumas carnes assando e a turma faminta já está reclamando; “Essa carne não sai não?”. Todos reunidos na cozinha, sempre o lugar mais prestigiado de uma festa, bom, pelo menos até ficarem de barriga cheia. O fogo está a toda e os primeiro petiços ficam prontos. Muita cerveja e vinho e uma picanha que parece ter sido escolhida a dedo.

Já tem algumas pessoas tomando banho no mar, que por sinal estava gelado, bem mais frio em Recife onde as águas são quentes. Outra turma vai atrás de lenha para a fogueira que servirá para aquecer a festa da noite. Não sei como conseguiram, mas vieram transportando um tronco de coqueiro que foi a salvação. Muito graveto, algumas coisas que eu nem sei o que eram e estava tudo pronto, agora é só curtir.
Por do Sol

Fui para o mar, estava realmente muito bom. A vida é feita desses momentos, me sinto feliz e sinto falta das pessoas que amo. Penso neles a todo o momento, nessa viagem então...

A tarde desce mansinha com uma cor caramelo parece querer deixar tatuada na memória toda sua beleza, isso é África. Sinto-me livre, o dono do mundo, tenho certeza que hoje posso até pegar o sol. Duvida?
A natureza na minha mão

Com o crepúsculo aquela preguiça começa a bater e quanto o sol vai embora, no início da noite, acontece algo que não esperei. Todos se preparam para tomar banho, isso mesmo banho. Trouxeram vários tonéis com água doce para tirar o sal do dia e deixar todo mundo xeirosinho para o luau. Vou para trás de um carro e levo o meu sabonete e o xampu e me delicio com um legitimo banho de cuia. Putz, a toalha, estou molhando parecendo um cachorro no fim de semana quando é hora do banho. Esqueci a toalha, não acredito. Sozinho atrás do carro, no escuro, toma a decisão, vou secar ao vento. Ahh a liberdade, essa minha idéia não podia ser melhor. Só que a prática é bem diferente da teoria, rapaz que frio. Quando tirei tudo e fiquei com a bunda do lado de fora, branca feito leite, e o vento bateu, uhhh. Pulava na esperança de secar logo, cheguei quase a sobrar para ver se ia mais rápido. Totalmente seco eu não estava, mas não agüentava mais ficar naquela cena de lagoa azul. Cueca, bermuda, camisa, colocando antes um bom desodorante. Por fim um perfume e eu estava pronto para a farra. A sensação é maravilhosa, eu realmente adoro tomar banho.

No meio do acampamento a turma se anima para mais uma rodada de churrasco. Fico ao largo, perto da fogueira que ajudo a acender, na verdade minha ajuda foi mais o tal do apoio moral. O fogo subiu rádio e o que estava bom ficou ainda melhor. Preparamos alguns milhos e batata doce para serem colocadas no fogo. Voltei para a churrasqueira para pilotá-la.

Acho que foi o vinho, mas comecei a queimar alguns pãezinhos que estavam sendo colocados no fogo, eu simplesmente esquecia deles. O som ligado a toda tocava músicas brasileiras, Jota Quest, Ivete, até Xuxa apareceu já no fim da festa. Nada mal eh?

Eu bebi pouco, apenas algumas garrafas de vinho. Isso é pouco? KKKK. Contudo houveram pessoas que chutaram o pau da barraca, sem nomes pediram. Foi uma onda. O soba, que comentei no post anterior, foi uma dessas pessoas. Ele ficou louco, começou a cantar todas as meninas do acampamento, queria porque queria uma mulher para ele. Virou para Fernando e falou: “Cadê a minha? Como fico sem?”. As meninas correram de medo. No fim da festa, naquela hora da Xuxa, o soba já havia tomado todas e eu consegui fazer um vídeo dele dançando Ilarié. Impagável....
Luau

Por volta de uma da manha a bebida simplesmente acabou e com ela a festa. Nunca vi uma festa encerrar tão rápido, parecia até combinado. Ouvem que capotasse na areia, havia também a turma das barracas, eu fui para um dos carros e dormi sozinho. Sozinho é o modo de dizer, havia uma comunidade de mosquitos ali dentro, tenho certeza que estava acontecendo alguma convenção de muriçocas dentro do carro, não é possível. Muito repelente, mas com tanto vinho da cabeça eu pedi liça aos mosquitos, baixei o banco e dormi que parecia estar em Recife, na minha cama.

Tenho certeza que vou sonhar, estou dormindo feliz.

quinta-feira, junho 07, 2007

Rally - chegada ao acampamento

Imbodeiro

Depois de trinta minutos na estrada avistamos um grande Imbodeiro. É uma árvore realmente grande com o diâmetro do tronco tão grande, mas tão grande que algumas precisariam de umas 20 pessoas para abraçá-la. Certa vez vi um documentário da Regina Case, ela falava sobre essa árvore que no Brasil é conhecida como Baobá. A lenda na África, onde o programa foi filmado, diz que o Imbodeiro era uma árvore muito vaidosa, por ser maior que as outras e muito bonita. Então Deus como castigo a retirou da terra e a colocou de cabeça para baixo. Realmente, na maior parte do ano, quando não há folhas na árvore, os galhos mais parecem a raiz da planta.

Entramos na estrada de terra, todos estão realmente empolgados e os primeiros solavancos do Rally começam a ser sentidos, apenas um aperitivo para o que vinha pela frente. Fred a essa altura começa a se soltar e fazemos uma primeira parada na estrada, motivo, pegar uma cerveja em um dos carros que transportava toda bebida. Uma rodada para todo mundo, o sol até não está tão quente, mas tudo é motivo para tomar uma. Monta todo mundo nos carros e vamos em frente.

Fotos, muitas fotos, fico pensando a todo instante no blog e nas imagens que quero colocar lá. Registro tudo, a posição é boa já que estou na frente da caminhonete que viaja de vidro aberto. Gostaria de mostrar as pessoas tudo que estou vendo. Tenho tanta coisa para contar, tantas histórias imagino olhando esse cenário. Gostaria de escrever um livro. Não espalha, mas tenho um desejo enorme de ser escritor. Louco não?

Soba

Mais um integrante vai ser adicionado à aventura. No meio do caminho paramos em uma casa simples. A construção de barro lembra uma casa de taipa. Existe um pequeno roçado de macaxeira e alguns legumes. Dois pés de goiaba e uma espécie de mesa, feita com palha de coqueiro. Sobre essa mesa, peixes secando. É um alimento típico da população esse peixe seco, geralmente servido com a macaxeira e forma de fungi. Da casa sai um senhor que vim descobrir é bem mais velho do que aparenta. Pensei que ele tivesse uns 50 anos, mas na verdade já passara dos 70. Seu nome esqueci, contudo a forma como todos o chamam, ou melhor, o seu “título”, é Soba.

Soba é um tipo de líder comunitário, um cassique. O mais interessante é que o Soba tem poder político, administrativo e realiza até pequenos julgamentos dentro da sua comuna. Comuna é um espaço de terra que pode compreender alguns bairros. As comunas existem dentro e fora da cidade e nesse caso, como estamos em um meio rural, é uma área bem grande onde quem manda é o soba. Se existe uma briga em casa ou entre visinhos, o soba é chamado para resolver e o que ele falar é lei. Se o governo quer instalar uma escola no local, tem que antes falar com soba. Se o governo disser que vai ficar do lado esquerdo e o soba disse que vai ser do lado direito, vale o que o soba disser. Alem disso se ele disser que não vão colocar escola nenhuma a decisão vai ser essa.

Sobe o soba, outra rodada de cervejas e pé na estrada. O primeiro carro a atolar é o menor de todos, uma Tucson. O carro é parecido com uma Ecosporte e vai conduzido por João Pedro. Desce todo mundo, corda, pá, mão, vale tudo e todo mundo ajudando, pense numa empolgação, parece até que gostaram por temos parado. Hora de baixar os pneus, isso vai ajudar no off-road. Puxa para cá, empurra para lá e o carro sai. Antes de seguirmos viajem mais uma rodada de cerveja. Estou achando que essa bebida não vai dar nem para chegar ao acampamento.

Baixando pneus

Fotos, fotos, fotos. Por incrível que pareça e apesar da quantidade de areia e terra fofa, é possível ver muitas marcas de pneu de carro. No caminho muitas casas, quer de nativos, quer de veraneio. Existem algumas casas pré-fabricadas, descobri depois que eram de pessoas que são autorizadas pelos proprietárias a ficar ali, contudo não podiam construir em alvenaria para não fixar residência. Essas cassas de madeira são utilizadas nos finais de semana, casa de praia.

Chegamos a um campo com grandes palmeiras. Dou nome ao lugar de terra de gigantes. Uma vegetação baixa cobre quase todo campo. No meio grandes gigantes, palmeiras que sozinhas já seriam esplendorosas, mas juntas, UAU. As imagens são incríveis e fico pensando nas pessoas que amo e como gostaria que elas estivessem aqui. Minha irmã iria adorar a aventura. Parar, xixi, cerveja e novamente pé na taboa. Vamos aos trancos e barrancos, literalmente, e essa é a melhor parte. Henrique dirige muito bem, ele me disse que já tem experiência com rallys e que possui uma Toyota no Brasil só para isso. Em um dos buracos dou uma cabeçada no retrovisor que está doendo até agora (exagero danado). Serio mesmo doeu pra caramba, mas para tudo na vida existe uma solução e para resolver essa só tem um jeito. PASSA AI MAIS UMA CERVEJA!!!
Terra de gigantes

Passado os gigantes chegamos no local mais difícil de travessia, uma faixa de terra que quando a maré enche muito cobre e transforma a península em uma verdadeira ilha. A areia é muito fofa e com certeza teremos muito trabalho para atravessar. Os carros atolam com uma facilidade impressionante, deu bobeira já era. A Tucson, coitada, depois de muito parar, foi rebocada o resto do caminho por uma grande Toyota que faz parte da expedição. São 6 carros em um cenário que mais parece as dunas de Natal, lindo, o que mais posso dizer? De um lado o mar protegido da península e do outro lado o oceano aberto. O dia está calmo, com pouco vento, assim, tanto de um lado como do outro as águas estão bem calmas. Outra parada, mais uma cerveja. Pensei agora em uma música para esse rally ela seria mais ou menos assim: 360 quilômetros, 360 quilômetros, para um pouquinho, cerveja pra dentro, 360 quilômetros. Lembra dessa música?

Passamos por pequenas casas e por um bar que reconheço, já vim aqui algumas vezes de barco, seu nome Barsulo. Atravessando toda a península chegamos ao ponto mais próximo do continente, pronto, ora de descer e montar acampamento. Ao descer do carro a primeira pessoa que vejo é Sérgio, que veio no carro das bebidas e já estava mais para lá do que pra cá. A turma se junta e é hora de montar o acampamento.

quarta-feira, maio 30, 2007

Rally por Angola - Início

Sérgio chegou 15 dias ante de mim a Angola. Uma semana depois da sua chegada ele foi convidado a um rally que serviu como uma ótima forma de integração. Desde o dia que nos conhecemos que ele fala, com empolgação, como foi a sua aventura. As fotos são incríveis e eu fiquei morrendo de vontade que acontecesse novamente.

Semana passada, com um feriado chegando na sexta-feira 25/05, dia da África, foi combinado um novo passeio. Dessa vez o acampamento seria na ilha do Mussulo. Bom, a ilha que na verdade é uma península, tem uma passagem pela qual é possível se chegar num bom 4X4. A idéia era procurar um ponto na ponta da “ilha” e montar as barracas. Seriam 5 carros com 4 pessoas por carro e um aparato grande. Dentre as tranqueiras estão: 2 churasqueiras, 6 barracas, colchões de ar, gerador, luminárias, muita comida e um bocado de bebida.

Acordei 6:40 h sonolento, mas sem a ajuda do despertador, isso é um bom sinal. Juro que pensei em desistir, dois dias inteiros na praia, sem banho, fiquei pensando como seria. A minha consciência só ficava pensando que se fosse minha irmã, ela não perderia esse passeio por nada desse mundo. Criei coragem, levantei da cama e comecei a aprontar uma pequena mala. A barriga roncou e fui à cozinha, Sérgio já estava por lá preparando um sanduba, encarei um corn flakes. Na mala duas camisas, uma bermuda, duas cuecas, escova de dentes e produtos de uso pessoal, máquina fotográfica e MP3. Alguns remédios são necessários, principalmente uma para o nariz, que vive entupido, nada como o bom e velho Sorine. Sérgio, que descei na frente, já me ligava perguntando se eu havia desistido, a essa altura eu já estava na porta.

As descobertas começaram na hora em que coloquei o meu pé lá em baixo. No carro, um Nissan cabine dupla, três estranhos. Henrique, o motorista, um cara bem legal, um pouco mais velho, na faixa dos 45. Fred, um novato em Angola, chegado a10 dias, ainda estava cara de assustado. Por fim Samia, médica, uma figura. Pedi para ir na frente, sem problemas, combinei de voltar atrás com Fred. Equipe montada, vamos ao que interessa.

Os papos começam naquele clima de “conversa de elevador”, sabe como é, um gelo. Fred por sinal poderia nesse momento de cubo de gelo, não deu um piu. Samia fala pelos cotovelos e eu vou na onda. Henrique dá umas risadas e como já está a mais de 3 anos em Angola, comenta sobre a sua experiência. Depois dele o que tem mais tempo sou eu, quase 8 meses agora. Samia está aqui a pouco mais de 2 meses e está ansiosa para primeira volta ao Brasil.

A aventura está só começando.