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quarta-feira, junho 13, 2007

Rally – A volta para casa

Acordando no acampamento

Ainda bem, acordei sem ressaca. A primeira coisa que gosto de fazer ao acordar no fim de semana é tomar um banho, só que água doce pelas próximas horas será impossível. Saio do carro, minha cama na última noite, o dia amanhece frio e com um sol tímido das 6:00 h da manhã. Acordar cedo é ótimo pois deixa o dia longo e hoje ainda vai acontecer muito coisa nesse rally.

Já tem algumas pessoas conversando perto da fogueira, logo descubro que foram os que não conseguiram dormir direito. À noite tivemos alguns problemas, eu que estava literalmente desmaiado nem notei, algumas pessoas rondaram o acampamento. Como haviam muitos objetos desprotegidos como o som e o gerador, foi necessário alguns corajosos para ficar de vigia. Esse é um lado ruim do acampamento, segurança. Mesmo aqui em Angola, onde a criminalidade é bem menor que no Brasil, é difícil para um Recifense, acostumado com minha terra, não se sentir desconfortável passando a noite em uma praia. Ainda bem que tudo correu bem.

Sergio é um dos que já está acordado, ele me chama para uma caminhada que eu prontamente... não aceito. Ta maluco, acabei de acordar, vou ficar na preguiça um tempão antes de despertar. Vai lá Kamba, depois me conta.
As gaivotas me dão bom dia

Sento sozinho, numa manha cinza, sem nuvens, a beira do mar. O silencio me conforta e abriga o meu imaginário dando segurança a minha memória. Algumas das viagens que já fiz, lugares que conheci. Reflito sobre meus objetivos e o que desejo... Faço a velha pergunta: O que eu quero ser quando crescer? O mar calmo como um grande campo de verde de cana de açúcar que tantas vezes vi ai viajar pelas estradas Pernambucanas, minha terra. O silencio e a boa sensação de estar sozinho, mas não me sentir só, é quebrado com a chegada de dezenas de gaivotas que descansam em um pequeno terral formado pela maré baixa. Elas voam na minha frente e parecem se mostrar para mim, para esse viajante que veio de tão longe, do outro lado do oceano, e que agradece pelo espetáculo. Bem na minha frente elas mergulham e saem com um belo peixe na boca. Uma, duas, três, várias vezes e eu tenho certeza que eu quero ser uma gaivota quando crescer. Consegui até fazer um vídeo de uma delas mergulhando e saindo com o peixe.

Quanto estava no mais profundo dos pensamentos e com aquele sorriso bobo no rosto sou trazido a realidade, minha adrenalina sobre. Quatro Angolanos vem pela praia, estou com a minha máquina fotográfica novinha nas mãos e com o mp3 no ouvido. Acostumado ao Brasil começo a me despedir deles, acabei de paga-los. Quando dei conta dos rapazes já era tarde de mais. Foi então que eles pararam na minha frente e puxaram conversa. “E ai chefe, bom dia. Vamos jogar um futebol? Você joga?” Ah eu tinha certeza, estavam só me enrolando, e não havia mais ninguém no acampamento atrás de mim. Sergio foi caminhar, os outros acho que deitaram já que eu estava acordado. Eu estava sozinho. “Oi, obrigado, mas acabei de acordar, ainda estou com sono e nem tomei café. Todo pessoal esta dormindo, estou com fome.” Um deles tem o cabelo amarelo e senta ao meu lado, na verdade deita. To ferrado, agora é relaxar e torcer para alguém do acampamento aparecer. Com mais alguns minutos eles falam entre eles, quimbundo que não entendo. Logo depois levantam-se, se apresentam, apertam minha mão e vão embora. Antes porem me dizem que se eu quiser jogar bola é só procura-los em uma barraca logo mais à frente onde eles estão. Nem acredito, não fui roubado. Fico aliviado e vejo o que a violência do Brasil faz conosco, só agora a adrenalina vai baixando, e eu que tinha certeza. Ainda bem, nada aconteceu.

O pessoal começa a levantar e um café da manha a base de leite, pão, queijo e presunto é providenciado. Me animo e vou fazer um “Mata Bicho”. Mata bicho é como os Angolanos chama o café da manha, uma gíria. Estava bom, desculpe está ótimo, eu estava morrendo de fome. Aqueles momentos meus, a beira da água, até me fizeram esquecer que eu não havia comido. Sérgio chega e depois de comer ao lado da fogueira, que ainda tem algumas brasas, sentamos novamente a beira do mar para conversar. Mais pessoas se aproximam, estão todos acordando, devagar, e com mais alguns minutos já tem uma turma boa ao nosso lado. Todos estão lembrando da noite anterior, do luau. A risada foi sonora ao lembrar do Soba dando em cima das mulherada. Teve ainda o Soba dançando Ilarié, eu lembro a todos, fiz até um vídeo.

Sergio com muita coragem diz que vai tomar um banho de mar. Quando ele entra avisa que a água está fria mas muito boa. Tomo coragem, tiro a camisa e num só pulo caio dentro. Foi apenas o tempo de colocar a cabeça do lado de fora e dar um grito. “Ahhhh que água fria.” Fria não, gelada, mas depois que acostumou foi uma sensação incrível, eu agora acordara, estava pronto para outra.

Lá pelas 10:00 h da manhã o pessoal começa a falar em levantar acampamento, mas com tamanha lentidão que somente as 11:00 h é que o negócio começa. Com uma hora de trabalho parece que nem passamos pela praia, tudo nos carros. É hora de deixar a areia e guardar na lembrança as imagens dessa viajem maravilhosa. Ainda bem que tenho aminha máquina para me ajudar. O blog vai ter uma excelente história nos próximos dias.

Antes mesmo de sair do acampamento, já dentro dos carros e com tudo empacotado, o pensamento coletivo era o desejo que os carros não atolassem na volta. Uma coisa foi quando os carros pararam na ida, todo mundo queria ajudar, mas agora, depois da farra, o desejo era chegar em casa e tomar um bom banho. Chuveiro, toalha nova, roupa limpa e nada de areia e bunda do lado de fora. Para a nossa sorte os motoristas na volta já sabiam o que fazer e não atolamos uma vez sequer.
Caminho de volta

Ninguém quer que o passeio acabe e ainda há tempo para mais uma parada. O Barsulo fica no caminho de volta e decidimos por um pit stop, apenas o tempo suficiente para beliscar alguma coisa e tomar uma coca-cola, afinal já são mais de 13:00 h.

O lugar, o Barsulo, é realmente incrível. Um pedaço do paraíso que o dono, um brasileiro, criou com carinho. Os preços, em compensação, não são nada encantadores. Por um sanduíche e uma coca paguei o equivalente a R$ 50,00. Fui xingando o resto do caminho para casa.
Pit Stop no Barsulo

A paisagem na volta me acalma e eu relevo, ta na chuva é para se molhar. Seguindo o caminho passamos pelas mesmas lugares que agora parecem diferentes, estão ainda mais bonitos. Em um mangue, nada mais Recifense que um mangue, descansam dezenas pássaros que parecem flamingos, só que brancos. Tiro uma foto e falo na mesma hora: “Essa vai para o blog!”
Pássaros e mangue, cenário recifense

Quando chegarmos à estrada já é fim de tarde e ainda há tempo para tirar algumas fotos da vegetação. Iniciei essa história, a primeira foto, com um grande Imbodeiro. Vou terminar com ele também.
Imbodeiro

O por do sol começa a ser ensaiado novamente. Olho para o horizonte e como se fosse uma criança faço um desejo à mão natureza. Tenho uma sensação engrada de certeza que vai acontecer. Desejo novas aventuras como a que acabei de realizar. Por fim penso na minha família, mando um beijo para ela apenas com o meu coração, e me perco nos pensamentos e na imaginação olhando para as belezas da África.
Meu rosto diz tudo sobre a viagem

terça-feira, junho 12, 2007

Rally Acampamento

O caminho não foi nada mal, mas o melhor ainda estava por vir. Primeiro paramos no local mais distante da ilha, o mais próximo possível do continente. O que dizer? Lindo, na verdade quase, uma quantidade de lixo absurda no local inviabilizou o acampamento. Decidimos voltar um pouco e procurar um outro ponto da praia.

Eu e Sérgio na chegada ao Acampamento

Andamos uns 200 metros de volta e encontramos uma área protegida com águas calmas. Do lado direito o continente, do lado esquerdo a ilha, à frente o oceano em todo seu esplendor. Palavras de exaltação ao cenário não me faltam, na verdade, me faltam, como esse país é bonito, como as belezas naturais são suntuosas e exuberantes. Estamos perto da perfeição, não fosse a quantidade de lixo eu diria que o paraíso é aqui.

Os carros são alinhados e descemos todos, Fernando lidera o grupo e dá as primeiras instruções: “Vamos lá pessoal, limpar a praia! Henrique e Spíndola, cuidem da cozinha”. Vamos nessa, era isso mesmo que eu estava esperando. Todos estão muito dispostos, ainda é início de tarde e temos muito tempo pela frente com o sol que não mais nos castiga e sim nos agracia com sua presença. Muitos sacos de lixo na mão e o local fica decente, agora sim. Enquanto isso eu e Henrique descarregamos duas churrasqueiras, quatro caixas térmicas, duas mesas, e um monte de tranqueira. O local está escolhido onde ficará a churrasqueira. Logo atrás dela é montada a iluminação para a noite e o gerador é colocado a uns 30 metros de distância.
Descendo acampamento

Samia se junta ao grupo da cozinha, começa a preparar as verduras e arrumar os apetrechos. Enquanto isso vou cortando e temperando o frango e a carne. Henrique está ocupado acendendo o fogo. Com mais meia hora já temos algumas carnes assando e a turma faminta já está reclamando; “Essa carne não sai não?”. Todos reunidos na cozinha, sempre o lugar mais prestigiado de uma festa, bom, pelo menos até ficarem de barriga cheia. O fogo está a toda e os primeiro petiços ficam prontos. Muita cerveja e vinho e uma picanha que parece ter sido escolhida a dedo.

Já tem algumas pessoas tomando banho no mar, que por sinal estava gelado, bem mais frio em Recife onde as águas são quentes. Outra turma vai atrás de lenha para a fogueira que servirá para aquecer a festa da noite. Não sei como conseguiram, mas vieram transportando um tronco de coqueiro que foi a salvação. Muito graveto, algumas coisas que eu nem sei o que eram e estava tudo pronto, agora é só curtir.
Por do Sol

Fui para o mar, estava realmente muito bom. A vida é feita desses momentos, me sinto feliz e sinto falta das pessoas que amo. Penso neles a todo o momento, nessa viagem então...

A tarde desce mansinha com uma cor caramelo parece querer deixar tatuada na memória toda sua beleza, isso é África. Sinto-me livre, o dono do mundo, tenho certeza que hoje posso até pegar o sol. Duvida?
A natureza na minha mão

Com o crepúsculo aquela preguiça começa a bater e quanto o sol vai embora, no início da noite, acontece algo que não esperei. Todos se preparam para tomar banho, isso mesmo banho. Trouxeram vários tonéis com água doce para tirar o sal do dia e deixar todo mundo xeirosinho para o luau. Vou para trás de um carro e levo o meu sabonete e o xampu e me delicio com um legitimo banho de cuia. Putz, a toalha, estou molhando parecendo um cachorro no fim de semana quando é hora do banho. Esqueci a toalha, não acredito. Sozinho atrás do carro, no escuro, toma a decisão, vou secar ao vento. Ahh a liberdade, essa minha idéia não podia ser melhor. Só que a prática é bem diferente da teoria, rapaz que frio. Quando tirei tudo e fiquei com a bunda do lado de fora, branca feito leite, e o vento bateu, uhhh. Pulava na esperança de secar logo, cheguei quase a sobrar para ver se ia mais rápido. Totalmente seco eu não estava, mas não agüentava mais ficar naquela cena de lagoa azul. Cueca, bermuda, camisa, colocando antes um bom desodorante. Por fim um perfume e eu estava pronto para a farra. A sensação é maravilhosa, eu realmente adoro tomar banho.

No meio do acampamento a turma se anima para mais uma rodada de churrasco. Fico ao largo, perto da fogueira que ajudo a acender, na verdade minha ajuda foi mais o tal do apoio moral. O fogo subiu rádio e o que estava bom ficou ainda melhor. Preparamos alguns milhos e batata doce para serem colocadas no fogo. Voltei para a churrasqueira para pilotá-la.

Acho que foi o vinho, mas comecei a queimar alguns pãezinhos que estavam sendo colocados no fogo, eu simplesmente esquecia deles. O som ligado a toda tocava músicas brasileiras, Jota Quest, Ivete, até Xuxa apareceu já no fim da festa. Nada mal eh?

Eu bebi pouco, apenas algumas garrafas de vinho. Isso é pouco? KKKK. Contudo houveram pessoas que chutaram o pau da barraca, sem nomes pediram. Foi uma onda. O soba, que comentei no post anterior, foi uma dessas pessoas. Ele ficou louco, começou a cantar todas as meninas do acampamento, queria porque queria uma mulher para ele. Virou para Fernando e falou: “Cadê a minha? Como fico sem?”. As meninas correram de medo. No fim da festa, naquela hora da Xuxa, o soba já havia tomado todas e eu consegui fazer um vídeo dele dançando Ilarié. Impagável....
Luau

Por volta de uma da manha a bebida simplesmente acabou e com ela a festa. Nunca vi uma festa encerrar tão rápido, parecia até combinado. Ouvem que capotasse na areia, havia também a turma das barracas, eu fui para um dos carros e dormi sozinho. Sozinho é o modo de dizer, havia uma comunidade de mosquitos ali dentro, tenho certeza que estava acontecendo alguma convenção de muriçocas dentro do carro, não é possível. Muito repelente, mas com tanto vinho da cabeça eu pedi liça aos mosquitos, baixei o banco e dormi que parecia estar em Recife, na minha cama.

Tenho certeza que vou sonhar, estou dormindo feliz.

terça-feira, novembro 21, 2006

Mussulo, mais uma das maravilhas de Angola!

Próximo ao litoral de Luanda existem duas ilhas que se sobressaem à paisagem por sua beleza e proximidade. Uma delas, a ilha do Mussulo, que também forma a baía do Mussulo, fomos visitar uma desses finais de semana.

A ilha tem praias belíssimas e de tão belas até o presidente José Eduardo tem uma casa lá. Se sobressaem as paisagens os peixes, que pulam na frente do barco, os manguezais, muitas casa de praia e uma areia branquinha e bem limpa. A água é bem quente, agradável e muito limpa, apesar de um pouco turva.

Para chegar a ilha fomos de barco, apesar de parecer obvio a minha afirmação, na maré baixa, por se tratar de uma baía, é possível se passar de carro por uma faixa de terra que se forma. Contudo para realizar essa travessia tem que ser bom de 4x4 e possuir um excelente carro.

Existem muitos barcos de pescadores e essa atividade parece ser ainda muito boa na capital, pois, a geografia ajuda e até o momento não vi grandes barcos de pesca, apenas pequenas embarcações.

Pescar é uma das coisas que pretendo fazer aqui. O litoral de Angola é famoso por sua riqueza e é possível ver nos mercados grandes peixes de 50, 100 quilos pescados próximo a cidade. Em um dos restaurantes que gosto de ir, Lua Nova, de um português, que chega a ser engraçado de tão grosseiro, há muitas fotos das pescarias dele. Dentre os peixes alguns de mais de 100 quilos como um Mero que pude identificar nas foto. Gosto muito de pescar e com certeza esse será um dos meus passeios aqui.

Ficamos em um bar chamado Barssulo, realmente muito lindo. Eles construíram umas palhoças na beira da praia, cada uma com duas espreguiçadeiras. Perto, por trás, um bar que serve de tudo, desde drinks exóticos há refeições, e claro a especialidade são os frutos do mar. Os preços não são baratos, mas sinceramente, por um lugar como esse, vale cada centavo.

As fotos foram todas tiradas no passeio, abaixo delas uma pequena legenda.


Cachorro na Janela!


Saída para o Mussulo


Vista da ilha distante


Casas de praia do Mussulo


Tô em paz


Embarcações para a ilha


A ponta do barco


Oh vidinha mais ou menos!!!


Eu e Fred


Os Kambas


Praia no Barssulo


Praia no Barssulo 2


Instalações do Barssulo


Barssulo 2


Volta para casa