segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

De verões

Hotel Room - Edward Hopper


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Os papeis atirados no chão da sala.

O sol vertendo seu sangue lá fora;

Gotas de suor jorrando da testa,

molhavam os pedaços da vida.

Vida! Sem idade para esperanças, olhava o passado atirado no chão.

mas houve um tempo de acreditar:

tempo de cartas e roteiros de viagem,

olhos navegando no passado,

como se fosse o ante(ontem) latejante.

Todas aquelas palavras contavam de lugares, falavam de pessoas,

uma melancolia de verões (ou)tonos do passado.

Visitava sons, aromas e sabores.

Ao voltar, atirava no lixo a vida que fluía de cada pedaço de papel.

Outras estações sucediam, e o suor,

- que o sol impunha ao verão –

borrava a visão e talvez fossem lágrimas de um verão de transição, de mudanças,

que há anos lhe espreitavam a existência,

sorrateiramente disseminando a necessidade de intervir.

Outros papeis e outras viagens

rolavam atiçados pelo sopro quente

e a urgência em tomar a vida de volta,

deixar para trás as angústias de sempre

O sol ... queimava sua alma.

Mesmo estando à sombra sentia

o sangue do sol gotejando pela testa.



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30-31/01/2011

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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Luas de verão

Clive Head


Nas horas que a lua crescia, o asfalto assemelhava-se a estradas escorregadias que levavam ao encontro de si mesmo. Apesar da claridade que proporcionava, na verdade não conduzia a lugar algum. Não se tratava de destino, era o caminho que sangrava de uma dor – ausente – de prazer fortuito, impossível e inconfessável. Segue o sol se sentindo lua e seguia a trilha, achando que era avenida. No desencontro entre sensação e realidade, observava os próprios passos e as pegadas alheias à frente e ao lado. Perseguia um rosto que se desmanchava tal e qual um relógio de Dali. No líquido que vertia, desvendava mistérios nas imagens fundidas ao asfalto derretido. Por agora, apenas a escuridão afagava os pensamentos acalorados de verão sem mar e de lua opaca, quando o sol somente permitia ficar suspenso por um fio, quarando a imaginação.

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19/01/2011
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