28.3.13

Sobre Orlando, de Virginia Woolf




«Ontem de manhã desesperava… Não conseguia arrancar de mim uma palavra, e finalmente pousei a cabeça nas minhas mãos: mergulhei a caneta na tinta, e escrevi estas palavras, como que automaticamente, numa folha em branco: Orlando, Uma Biografia… Ocorreu-me como poderia revolucionar a biografia numa noite…» [Virginia Woolf a Vita Sackville-West, 9 de Outubro de 1927]

Zygmunt Bauman, Carlos Vaz Marques e Pedro Mexia no Festival Literário da Madeira





Zygmunt Bauman, Carlos Vaz Marques e Pedro Mexia juntam-se a autores como Naomi Wolf e Antonio Scurati, na terceira edição do Festival Literário da Madeira, que irá decorrer de 1 a 7 de Abril no Teatro Municipal Baltazar Dias, no Funchal.
 


Zygmunt Bauman, sociólogo polaco, considerado um dos maiores pensadores da actualidade, começou a sua carreira académica na Universidade de Varsóvia, tendo passado também pelo Canadá, EUA e Grã-Bretanha. Na Universidade de Leeds foi professor titular e é actualmente professor emérito de Sociologia. A sua obra atravessa a sociologia, a ética, a política, estudos culturais e os media, a partir do seu conceito fundamental – o da modernidade líquida, marcada por uma ausência de laços duradouros ou significativos. Em Portugal, tem publicados na Relógio D’Água Confiança e Medo na Cidade, Amor Líquido, A Vida Fragmentada e Modernidade e Ambivalência.
 


Carlos Vaz Marques é autor do programa Pessoal e Transmissível, na TSF. Coordena o Governo Sombra, programa semanal com Pedro Mexia, João Miguel Tavares e Ricardo Araújo Pereira. É responsável pela colecção Literatura e Viagens, das edições Tinta-da-China. Este ano, a versão portuguesa da revista Granta chega às bancas sob a sua direcção. Na Relógio D’Água publicou Pessoal… E Transmissível.



Pedro Mexia foi cronista e crítico do Diário de Notícias entre 1998 e 2007 e um dos grandes impulsionadores da blogosfera portuguesa. Revelou-se no DN-Jovem, uma rubrica, mais tarde suplemento. Autor de uma crónica semanal no Expresso, além de uma coluna mensal na revista LER, Pedro Mexia foi subdirector e director interino da Cinemateca Portuguesa, é membro do Governo Sombra. Publicou vários livros de poesia e várias colectâneas de crónicas. Na Relógio D’Água publicou Vida Oculta e brevemente sairá Corso.

A chegar às livrarias: Guerra Conjugal, de Dalton Trevisan




«Nesses contos e novelas, diria que Dalton Trevisan se antecipou à geração brasileira dita do mimeógrafo ou marginal na captação dessas cenas do quotidiano, entre o trágico e o pícaro, como se antecipou às gerações mais modernas até na concisão.»
Arnaldo Saraiva, JL, junho de 2012
 
«… as suas curtas e irónicas epifanias atingem a revelação das elípticas personagens de Maupassant e Tchékhov.»
Bruce Allen, Library Journal

«O dom de Dalton Trevisan é a habilidade de escolher e destacar um único momento, um lampejo, poucas linhas de diálogo, e projetar artisticamente esse microcosmo de vida.»
Robert A. McLean, Boston Globe


27.3.13

A chegar às livrarias: Clarice Lispector





A Maçã no Escuro (1961) foi o primeiro dos três romances publicados por Clarice Lispector nos anos sessenta. Em 1964 surgiria A Paixão segundo G. H. e, em 1969, Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, onde abandona as noções tradicionais do género.
Foi no decurso de uma estada em Torquay, em Inglaterra, que Clarice Lispector começou a tomar notas para aquele que seria o mais longo dos seus livros, só terminado em Washington, em 1956. Durante a escrita das numerosas versões de A Maçã no Escuro, a autora ouviu até à exaustão a Quarta Sinfonia de Brahms, número que se exprime no livro como símbolo do mundo criado e de vida.
É um romance de iniciação, através da busca individual de Martim, que, pensando ter cometido um crime, se refugia num hotel e depois numa fazenda. Deslumbrante e psicologicamente denso, este livro tem as marcas mais pessoais da autora, pois nele tudo se relaciona numa criação que é ao mesmo tempo narrativa e exercício espiritual.




«A aterradora magnificência de A Paixão segundo G. H. colocou o romance entre os mais importantes do século. Pouco antes da sua morte, na sua última visita ao Recife, Clarice disse a um repórter que, de todos os seus livros, era esse que “correspondia melhor à sua exigência como escritora”. A obra inspirou uma gigantesca bibliografia, mas, na época em que foi publicada, parece ter sido quase ignorada.»
[Benjamin Moser, em Clarice Lispector, Uma Vida]

26.3.13

Obra dramática de Shakespeare na Relógio D’Água





A Relógio D’Água vai publicar, por acordo com o grupo de investigação «Shakespeare e o Cânone Inglês», do CETAPS – Centre for English, Translation and Anglo-Portuguese Studies da Faculdade de Letras do Porto, a tradução de toda a obra dramática de William Shakespeare. O projecto é coordenado pelo professor Manuel Gomes da Torre.
Com esta colecção pretende-se «oferecer uma imagem actual e coerente da obra dramática de Shakespeare, através de um plano de tradução que obedece a critérios amplamente discutidos e rigorosamente definidos, e que beneficia de um aturado estudo sobre o autor, o seu tempo e a sua obra».
Os primeiros títulos, a publicar ao longo do próximo mês, são Romeu e Julieta, com tradução de Filomena Vasconcelos, Henrique IV (Parte I e Parte II), tradução de Gualter Cunha, e Bem Está O Que Bem Acaba, tradução de Manuel da Torre.
Com esta iniciativa, procurou-se trazer Shakespeare para o século XXI, tornando-o acessível na nossa língua, ao mesmo tempo que se evidencia «a dimensão histórica e transcultural da sua obra».

25.3.13

«Menina Lora», de Junot Díaz, vence prémio de conto do Sunday Times




O escritor Junot Díaz, vencedor de um Pulitzer e de uma Bolsa MacArthur, derrotou escritores como Sarah Hall, Toby Litt, Ali Smith, Mark Haddon e Cynan Jones ao receber o inglês de conto Sunday Times EFG Private Bank.
Sobre «Menina Lora» Junot Díaz disse: «Muitos rapazes com quem cresci tiveram, na adolescência, destas relações sexuais difíceis de classificar com mulheres mais velhas. O que desalenta é que, como pensamos nestes rapazes como já hipersexuais (…), tendemos a não considerar este tipo de relação como criminosa ou abusiva, como fazemos quando envolvem raparigas. Quis meter-me mesmo no meio desta terrível ambivalência. E também quis fazer justiça a essa atmosfera de medo apocalíptico de meados dos anos 80 em que cresci. (…) Penso que esta é uma daquelas histórias de sexo e apocalipse, o meu próprio New Jersey, Meu Amor.»
O conto valeu ao autor 30 mil libras e faz parte de É assim Que A Perdes, recentemente publicado pela Relógio D’Água.

A Relógio D’Água Editores na blogosfera



 

No blogue Bibliotecário de Babel, José Mário Silva transcreve os primeiros parágrafos de Riso na Escuridão, de Vladimir Nabokov: «Era uma vez um homem chamado Albinus que vivia em Berlim, na Alemanha. Era rico, respeitável, feliz; certo dia abandonou a mulher por causa de uma amante jovem; amava; não era amado; e a sua vida acabou em desastre.
Isto é a história toda e podíamos tê-la deixado por aqui se não fosse o proveito e o prazer no contar; e embora haja numa pedra tumular espaço de sobra para conter, encadernada em musgo, a versão resumida da vida de um homem, os pormenores são sempre bem-vindos.»

Sobre A Rapariga sem Carne, de Jaime Rocha




No suplemento Atual do Expresso de 2 de Março de 2013, Manuel de Freitas escreveu sobre o último livro de poesia de Jaime Rocha (Mulher Inclinada com Cântaro, ed. Volta d’Mar), dizendo: «Em 2012, Jaime Rocha publicou dois livros excecionais em que a questão do género se torna absolutamente secundária. De facto, se A Rapariga sem Carne (Relógio D’Água) é muito mais do que uma novela, Mulher Inclinada com Cântaro excede os 18 “cantos” do poema que parece ser, afirmando-se como uma intensa narrativa “virada para o fundo do mar”.»

22.3.13

Sobre Clarice Lispector





«E Ivan Lessa relata como o pessoal reagia à chegada dos textos de Clarice enviados por correio dos Estados Unidos à redação (…): “Chegava tudo por carta. Lembro daquele, ‘A Menor Mulher do Mundo’. Sensacional. Apareciam os envelopes americanos, a gente voava lá. Feito exemplar da New Yorker.”» [Ivan Lessa, A Gazeta Mercantil, 7-9 de Maio de 1999, citado por Nádia Battella Gotlib em Clarice Fotobiografia.]


«A Menor Mulher do Mundo» é um dos contos de Laços de Família, de Clarice Lispector.

21.3.13

Slavoj Zizek (n. 21-03-1949)


fotografia de David Levene


«Viver no Fim dos Tempos (…) é um excelente exemplo dessa prolixidade e da vastidão de um olhar que incorpora a capacidade de questionar as dimensões menos visíveis mas não menos obsidiantes do mundo atual. (…) O resultado pretende ser, como o próprio Zizek declara, a produção de “um livro de combate”, no qual o risco do confronto e da busca de uma ordem mais justa representa a única via para a superação do “ponto zero apocalíptico” com o qual presentemente nos confrontamos. Vale a pena tomá-lo a sério e passar algum do nosso tempo útil a lê-lo.» [Rui Bebiano, Ler, Novembro de 2011]


 

De Slavoj Zizek, a Relógio D’Água publicou Bem-Vindo ao Deserto do Real, Elogio da Intolerância, A Subjectividade por Vir, As Metástases do Gozo, A Marioneta e o Anão, A Monstruosidade de Cristo, O Sujeito Incómodo, Violência, Da Tragédia à Farsa, além de Viver no Fim dos Tempos.

Sobre Física no Dia-a-Dia, de Rómulo de Carvalho





Na Time Out de 20 de Março de 2013, na secção Na Prateleira, com as novidades acabadas de chegar à redacção, pode ler-se: «Já se chamou Física para o Povo, agora é Física no Dia-a-Dia e continua um clássico: 73 respostas, em tom de conversa entre amigos, “a perguntas que nunca nos fizemos”, como porque é que as gotas são redondas ou os balões sobem.»

20.3.13

Friedrich Hölderlin (20-03-1770/06-06-1843)





 

«A importância dos escritos literários e da prosa filosófica de Friedrich Hölderlin para leitores como Hegel e Schelling ou Heidegger, Benjamin ou De Man não pode ser exagerada, e a inacabada peça trágica de Hölderlin, A Morte de Empédocles, é uma das suas mais enigmáticas criações.» [Gerhard Richter]
Além de A Morte de Empédocles, a Relógio D’Água publicou também Poemas, com tradução de Paulo Quintela.
 

Amores, de Henry Green





No blogue É difícil encontrar um blog bom pode ler-se uma citação de Amores, de Henry Green, traduzido por José Miguel Silva.

19.3.13

Dom Quixote no São Luiz



 

Hoje, 19 de Março, no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa, pelas 21h, continua a leitura (quinzenal) de Dom Quixote, de Miguel de Cervantes.
A sessão de hoje é dedicada aos capítulos 2, 3 e 4 da Segunda Parte da obra e conta com a presença do economista José Tavares e da equipa da peça A Visita da Velha Senhora.
Em 2005, a Relógio D’Água publicou O Engenhoso Fidalgo D. Quixote de la Mancha, com tradução de José Bento e gravuras de Lima de Freitas.

Sobre É assim Que A Perdes, de Junot Díaz





No suplemento Atual, do Expresso de 16 de Março de 2013, José Mário Silva escreveu sobre É assim Que A Perdes, de Junot Díaz: «O magnífico novo livro de Junot Díaz continua a contar-nos a vida de uma personagem fascinante, um dominicano perdido nos labirintos do amor. (…) Díaz chegar a ser genial neste tipo de detalhes, que resumem tudo numa frase ou numa expressão. Lemos “Grandes nuvens brancas paradas no céu, gente a lavar carros com mangueiras, música na rua” e não é preciso mais para imaginarmos um bairro latino. Depois de o amante sair, uma mulher vê que no lavatório “os pelos da barba dele estremecem sobre gotas de água, agulhas de bússola”. De regresso à ilha para visitar a família, uma dominicana pousa os presentes sobre os joelhos, “como se levasse ali os ossos de um santo”. Quem a observa é Yunior, que viaja no mesmo avião, a tentar desesperadamente reconciliar-se com uma namorada. Ele avisa logo que “ se isto fosse outro tipo de história”, falaria de Santo Domingo, do mar com “aparência de prata rasgada” e da rua onde nasceu, ainda indecisa sobre “se quer ser um bairro de lata ou não”. Nada disso acontece porque o “tipo de história” que Yunior nos pretende contar gira praticamente em torno de um único tema: a sua infidelidade compulsiva.»

18.3.13

Sobre Stéphane Mallarmé [18-03-1842/09-09-1898]




«Uma tradução pode ser uma obra de arte em si mesma. É o caso desta tão subtil, original e estranhamente fiel versão para português de duas pequenas obras-primas de Stéphane Mallarmé: L’Après Midi d’un Faune e Jamais un coup de dés n’abolira le basard. Armando da Silva Carvalho, também ele excelente poeta e hábil manipulador da palavra, chamou à sua tradução, cheia de ritmo e de inteligência, A Tarde dum Fauno e Um Lance de Dados.» [Urbano Tavares Rodrigues, em «Rol de Livros» no sítio da Gulbenkian]
 
 

15.3.13

Sobre Fala, Memória, de Vladimir Nabokov






«O livro de memórias de Nabokov descreve a sua infância e os anos anteriores à sua emigração para os Estados Unidos, em 1940 — mas não é exactamente isso. (…) Como sempre, a prosa de Nabokov é impecável, brilhante, devastadora, e os seus modos ousados e divertidos até fazem listas de familiares parecer fascinantes.» [Fala, Memória, de Vladimir Nabokov, na lista dos melhores livros de memórias literárias de todos só tempos apresentada no sítio Flavorwire.]

14.3.13

Albert Einstein [14-03-1879/18-04-1955]





«Auto-Retrato (1935)

Daquilo que é significativo na nossa vida, mal nos damos conta, e isso não é por certo coisa que interesse aos demais. Que sabe um peixe acerca da água em que nada durante toda a sua existência?»
[in Como Vejo a Ciência, a Religião e o Mundo]

 
 

Este livro reúne textos retirados de Como Vejo o Mundo, Ideias e Opiniões e Os Meus Últimos Anos. No seu conjunto constituem uma reflexão de Einstein sobre a sua própria vida, a ciência e os cientistas, a educação, a cultura, a política e a religião.

Famoso pela sua teoria da relatividade que tranformou a ciência moderna, Einstein foi também um dos mais inovadores e radicais pensadores do século XX. Os seus textos mostram um particular talento para ir directamente ao essencial dos problemas. E isso tanto no que se refere a aspectos morais, à natureza humana e à guerra nuclear, como à relatividade e gravitação.

13.3.13

O Feiticeiro de Oz regressa ao cinema



 

Em O Feiticeiro de Oz (1900), de L. Frank Baum, durante um ciclone no Kansas, Dorothy e o seu cãozinho Toto são transportados até à mágica Terra de Oz, onde animais selvagens falam, sapatos prateados têm poderes mágicos e as bruxas bondosas oferecem protecção em troca de um beijinho. Dorothy acaba por se tornar também inimiga da Bruxa Malvada do Oeste. Com os seus novos amigos, o Espantalho, o Lenhador de Lata e o Leão Cobarde, depara-se com inúmeros perigos no caminho para a Cidade das Esmeraldas, onde terá de se encontrar com o Feiticeiro de Oz para que conceda a cada um aquilo que mais deseja.
Em 1939, o livro deu origem ao filme com o mesmo nome, protagonizado por Judy Garland e considerado um clássico da história do cinema.
Na semana passada estreou nos cinemas nacionais Oz, O Grande e Poderoso, de Sam Raimi, com as participações de James Franco, Rachel Weisz, Michelle Williams e Mila Kunis. O filme é uma prequela à história de O Feiticeiro de Oz, e conta como o Feiticeiro chegou à Terra de Oz e se tornou o seu senhor.
Dado o êxito do filme, a Disney já confirmou a intenção de produzir uma continuação, o que poderá significar uma nova adaptação da obra de L. Frank Baum, que a Relógio D’Água publicou em 2007 numa tradução de Margarida Periquito e que inclui as ilustrações originais de W. W. Denslow.

Sobre Migalhas Filosóficas, de Soren Kierkegaard





No suplemento Atual do Expresso de 19 de Janeiro de 2013, Luís M. Faria escreveu sobre Migalhas Filosóficas, de Soren Kierkegaard: «Reconhecido como um dos pais do existencialismo, a qualidade imaginativa do seu estilo, a oposição à autoridade religiosa e a própria coincidência de obras de diversos géneros no seu corpus — diários, ensaios, panfletos, etc. — também contribuem para o tornar apelativo. Neste pequeno livro autodescrito como folheto e aparentemente escrito por um monge do século VII, investiga-se a questão da fé e da medida em que a sua verdade pode ser aprendida. Terreno familiar e no qual, como de costume, os elementos psicológicos são pelo menos tão importantes como os lógicos.»

 

De Soren Kierkegaard a Relógio D’Água publicou também Temor e Tremor, A Repetição e OuOu, Um Fragmento de Vida.

12.3.13

Jack Kerouac [12-03-1922 - 21-10-1969]




«Mudou a minha vida como mudou a de todos.» [Bob Dylan sobre Pela Estrada Fora]


De Jack Kerouac a Relógio D’Água publicou Pela Estrada Fora, Big Sur, Os Vagabundos do Dharma, Os Subterrâneos, Duluoz, O Vaidoso – Uma Educação Aventurosa, 1935-46, Tristessa e Pela Estrada Fora – O Rolo Original.
 

Raul Brandão (12-03-1867/05-12-1930)





Maria João Reynaud, professora de Literatura Portuguesa da Universidade do Porto e responsável pela edição de História Dum Palhaço e A Morte do Palhaço publicada pela Relógio D’Água, em entrevista à Lusa, contou que o autor de Vida e Morte de Gomes Freire ou de El-Rei Junot «pôs radicalmente em causa as concepções literárias vigentes» da sua época e abriu o romance à reflexão metafísica, destacando ainda a «actualidade» e a «universalidade» do grande sonho de Raul Brandão, assim enunciado pelo próprio: «Espero pelo dia — mesmo na cova o espero — em que acabe a exploração do homem pelo homem.» [Disponível na página do Sol]

 

De Raul Brandão, a Relógio D’Água já publicou Memórias (Tomos I, II e III), A Farsa, História Dum Palhaço e A Morte do Palhaço, Vida e Morte de Gomes Freire e El-Rei Junot.

A Relógio D'Água na blogosfera





No blogue Bibliotecário de Babel, José Mário Silva transcreve os primeiros parágrafos de É assim Que A Perdes, de Junot Díaz:

«Não sou má pessoa. Eu sei que isto soa defensivo, pouco escrupuloso, mas é verdade. Sou como toda a gente: fraco, cheio de falhas, mas basicamente bom. A Magdalena, porém, não tem a mesma opinião.»

11.3.13

Dalton Trevisan, «o grande prosador do Brasil»





No caderno LIV do jornal i de 9 de Março, Vanda Marques entrevista Alcir Pécora, um dos membros do júri do Prémio Camões, a propósito do vencedor em 2012: Dalton Trevisan, «o grande prosador do Brasil».



Sobre a importância de Dalton Trevisan na literatura brasileira, Alcir Pécora diz: «Desde os anos 60, Dalton fornece um dos modelos mais influentes e bem realizados do gênero do conto no Brasil. De sua geração, no gênero, apenas Rubem Fonseca o iguala como padrão de influência, mas com qualidade menos regular de realização. Também é uma literatura que conversa com outros gêneros literários, como a poesia e o haikai, e com linguagens de toda sorte, do comercial de TV à revista pornográfica», acrescentando que a obra de Dalton se distingue da dos seus contemporâneos pelo «apuro estilístico, aplicado com minúcia e obsessão de poeta construtivista; a capacidade de descrição e análise de tipos sórdidos; a emulação baixa de modelos literários altos; a emulação alta de linguagens baixas; a consistência do conjunto da obra; o menoscabo dos aparelhos promocionais.»

 

De Dalton Trevisan, a Relógio D’Água já publicou Cemitério de Elefantes, O Vampiro de Curitiba, Novelas nada Exemplares e o romance A Polaquinha. Ainda este mês sairá Guerra Conjugal e A Trombeta do Anjo Vingador chegará às livrarias em Abril.

A chegar às livrarias: Fala, Memória - Uma Autobiografia Revisitada, de Vladimir Nabokov




Nabokov foi um dos raros escritores exilados pela Revolução de Outubro de 1917 que preservou na memória da Rússia da sua infância como paraíso perdido a que nunca quis regressar.
A sua obra não é, pois, um ajuste de contas com os acontecimentos que destruíram as paisagens da sua infância e juventude.
Fala, Memória é um dos mais deslumbrantes livros que alguém escreveu sobre o seu passado. Talvez porque, para Nabokov, mais importante do que a política ou a vida usual, era a arte sob a forma da escrita, o amor, o voo colorido das borboletas, a recusa da vulgaridade e os problemas de xadrez.


«O presente trabalho colecciona recordações pessoais sistematicamente correlacionadas, que em termos geográficos se estendem de São Petersburgo a Saint-Nazaire e abrangem trinta e sete anos, de Agosto de 1903 a Maio de 1940, com incursões várias a um espaço-tempo posterior.» [Do Prefácio de Vladimir Nabokov]

8.3.13

James Joyce e Fernando Pessoa no Lisboa Irish Festival




Acontece amanhã na Lx Factory o Lisboa Irish Festival 2013, que, sob a direcção de Conor Gillen, celebra as artes e a cultura irlandesas. É no âmbito desta iniciativa que, amanhã, às 17 h, será feita a apresentação «James Joyce and Fernando Pessoa: Myth, Exile and Multiplicity», por Bartholomew Ryan. Também na Ler Devagar, António Feijó, João Tordo e Richard Zenith discutirão a literatura irlandesa e portuguesa.

Sobre É assim Que A Perdes, de Junot Díaz




Junot Díaz, sobre É assim Que A Perdes, em entrevista a João Bonifácio: «A ideia era escrever um livro sobre as formas como os homens evitam a intimidade. Uma dessas formas é serem mulherengos. Eu estava interessado na intimidade, que implica uma certa igualdade, ou o reconhecimento das diferenças. O Yunior foge da intimidade, estraga a intimidade traindo, fugindo, não fazendo as decisões difíceis que precisa de fazer.» [ípsilon, 8-3-2013]
 

 

No ípsilon do Público de 8 de Março de 2013, João Bonifácio escreve sobre É assim Que A Perdes, de Junot Díaz: «Strictu factu, É assim Que A Perdes é um conjunto de contos em que um homem, quase sempre Yunior, trai as suas companheiras. Pelo fim do livro torna-se claro que Yunior não é um mero hedonista impenitente (embora seja um mentiroso patológico) e nunca encontrou um lugar para a sua pele de dominicano crescido num subúrbio; torna-se claro que a perda e a solidão o obrigam a questionar a sua incapacidade para confiar numa mulher, a questionar a sua capacidade de empatia. E torna-se também claro que o que estivemos até então a ler é um relato — fragmentado — das traições de Yunior escrito pelo próprio, o seu livro sobre a infidelidade, o seu regresso à escrita.»

 

Llansol e Emily Dickinson na Letra E do Espaço Llansol





Amanhã, 9 de Março, pelas 17 horas, Ana Luísa Amaral, que assina a tradução de Cem Poemas, de Emily Dickinson, publicada pela Relógio D’Água, fala da poeta e de Maria Gabriela Llansol.
Serão lidos poemas de Emily Dickinson em traduções de M. G. Llansol, Ana Luísa Amaral e João Barrento e também textos de Llansol sobre Emildy Dickinson. Pode assistir-se ainda a uma exposição: Dickinson no espólio de M. G. Llansol.
A entrada é livre e o Espaço Llansol fica na Rua Dr. Alfredo Costa, 3, 1º F/E, em Sintra.
 
«(…) textos que desafiam a tradição de poesia enquanto comunicação e oferecem à linguagem literária um lugar de destaque e autonomia mais próximo da estética que informa a poesia Moderna.» [Do Posfácio de Ana Luísa Amaral a Cem Poemas]

7.3.13

Sobre 50 Poemas, de Tomas Tranströmer





«Tranströmer é um poeta muitíssimo atento às mais pequenas vibrações do mundo sensível: a luz que bate num rosto adormecido, tornando mais vívido o sonho que agita os olhos sob as pálpebras; o ruído urbano que atravessa as paredes de uma catedral e invade o súbito silêncio do órgão. As “bonitas sobras da experiência” que dão origem ao poema estão em todo o lado.»

 
No blogue Bibliotecário de Babel, José Mário Silva disponibiliza na íntegra a crítica a 50 Poemas, de Tomas Tranströmer, publicada na revista Ler de Setembro de 2012.

A Relógio D’Água na blogosfera



 

No blogue Poesia & Lda., João Paulo Sousa escreve sobre A Poesia do Pensamento, de George Steiner:
«A linguagem é, então, o cerne do ensaio que culmina do modo atrás referido. O propósito do autor de After Babel (1975) [Depois de Babel, Relógio D’Água, 2002] é o de revelar os nexos indestrutíveis entre a poesia e o pensamento, partindo do princípio de que ambas as actividades humanas se produzem no interior da linguagem e dela não podem, portanto, prescindir. Este ponto, que correria o risco de parecer demasiado óbvio e pouco consentâneo com a elaboração de uma obra com a ambição de A Poesia do Pensamento, é desenvolvido por Steiner ao longo de um percurso histórico iniciado na Grécia clássica e que culmina no século XX, com a paradoxal e insuficientemente esclarecida relação entre um filósofo de simpatias nazis e um poeta judeu.»

6.3.13

Elizabeth Barrett Browning [06-03-1806 — 29-06-1861]






«Conta-se que um dia, já depois de casados, Elizabeth entrou no gabinete do marido [Robert Browning] com um maço de papéis na mão, e, pousando-o na sua mesa de trabalho, disse “lê isto”, e retirou apressadamente. Robert leu o que ela tinha deixado. Eram 44 lindíssimos sonetos, escritos desde a data do seu primeiro encontro até àquele dia. Melhor, era um poema, com estanças em forma de sonetos, que relatava, passo a passo, toda a evolução do espírito de Elizabeth, desde o desânimo e as hesitações do princípio, quando se lhe tinha imposto a evidência do seu amor, até à vitória final, na gratidão sem limites, na paz, na felicidade.» [Do prefácio de Manuel Corrêa de Barros a Sonetos Portugueses]